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Dê adeus às desculpas - joaocordeiro.com.br

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João Cordeiro<<strong>br</strong> />

<strong>Dê</strong> <strong>adeus</strong> <strong>às</strong> <strong>desculpas</strong>


Introdução<<strong>br</strong> />

O que é Accountability e o que você vai<<strong>br</strong> />

ganhar conhecendo mais so<strong>br</strong>e essa virtude<<strong>br</strong> />

“Não basta fazer o nosso melhor,<<strong>br</strong> />

temos que fazer o que é necessário.”<<strong>br</strong> />

Winston Churchill<<strong>br</strong> />

A palavra inglesa Accountability não tem uma tradução perfeita na nossa língua.<<strong>br</strong> />

Durante algum tempo, usei o neologismo Respondabilidade ® , criado e registrado<<strong>br</strong> />

por mim. Tenho ouvido as palavras responsividade e imputabilidade, mas são<<strong>br</strong> />

usadas mais frequentemente na administração pública. Nas empresas privadas,<<strong>br</strong> />

quase sempre o termo Accountability está vinculado à delegação de poderes. A<<strong>br</strong> />

pessoa que recebe autoridade recebe também, junto <strong>com</strong> ela, a atribuição de uma<<strong>br</strong> />

grande responsabilidade. Mesmo que delegue responsabilidade e autoridade a<<strong>br</strong> />

terceiros, ainda assim será o responsável final perante seu superior. Se numa<<strong>br</strong> />

mesma frase encontrássemos os termos responsibility e accountability,<<strong>br</strong> />

poderíamos dizer que a primeira é a responsabilidade primária e a segunda é a<<strong>br</strong> />

responsabilidade final.<<strong>br</strong> />

Na vida pessoal, dizemos que uma pessoa é Accountable quando responde<<strong>br</strong> />

inteiramente por si e por seus atos, assumindo total responsabilidade por eles.<<strong>br</strong> />

Nos ambientes onde as pessoas trabalham <strong>com</strong> baixos níveis de Accountability,<<strong>br</strong> />

ouvem-­‐se <strong>desculpas</strong> de toda espécie. Muitos dedos apontam possíveis culpados<<strong>br</strong> />

para qualquer falha: a equipe é fraca, o fornecedor se confundiu, o clima mudou,<<strong>br</strong> />

o mercado não reagiu, o trânsito parou, o sistema travou... Todas as<<strong>br</strong> />

circunstâncias são alegadas <strong>com</strong>o razões para o fracasso. Só o que não se vê é<<strong>br</strong> />

alguém assumindo a responsabilidade por ele. Mas, quando um projeto é bem<<strong>br</strong> />

sucedido ou uma meta é atingida, sempre aparece alguém que vira os holofotes<<strong>br</strong> />

para si, apoderando-­‐se de todos os méritos do sucesso. A mesma pessoa<<strong>br</strong> />

apresentará justificativas e apontará culpados, se algo der errado ou a meta não<<strong>br</strong> />

for atingida.<<strong>br</strong> />

Observem: é <strong>com</strong>o se o sucesso fosse individual (“Eu atingi a meta!”) e o fracasso,<<strong>br</strong> />

fosse coletivo (“Nós erramos!”). Para alguns líderes, fracassos são sempre<<strong>br</strong> />

apresentados na terceira pessoa do plural: “Eles pisaram na bola!” Uma liderança<<strong>br</strong> />

conivente, que permite que esse tipo de cultura contamine uma empresa, talvez<<strong>br</strong> />

nem perceba a grande oportunidade que está proporcionando aos seus<<strong>br</strong> />

concorrentes.<<strong>br</strong> />

Mas há salvação: a Accountability pode ser aprendida. Quanto mais cedo, melhor.<<strong>br</strong> />

Quem realmente incorpora essa filosofia de vida passa a influenciar outras<<strong>br</strong> />

pessoas, que também <strong>com</strong>eçam a vivenciá-­‐la. No ambiente de trabalho, isso se<<strong>br</strong> />

torna parte da cultura empresarial, <strong>com</strong> elementos que levam as pessoas a se<<strong>br</strong> />

sentir <strong>com</strong>o donas da empresa, responsáveis, <strong>com</strong> autonomia, a<strong>br</strong>açando a<<strong>br</strong> />

transparência e o enfrentamento de idéias. Uma empresa que valoriza a<<strong>br</strong> />

Accountability pode ser uma grande pedra nos sapatos dos seus concorrentes.


Enfim: responsabilidade, iniciativa, proatividade, ‘espírito de dono’ e<<strong>br</strong> />

Accountability são conceitos interligados que fazem parte de uma única filosofia<<strong>br</strong> />

de vida e influenciam a qualidade de todas as nossas escolhas e decisões. Quem<<strong>br</strong> />

tem essas posturas e atitudes fortemente enraizadas faz escolhas mais maduras,<<strong>br</strong> />

diretamente relacionadas ao sucesso. Se você age assim, todos saberão que você<<strong>br</strong> />

sabe do que fala, cumpre o que promete e que, se algo não der certo por alguma<<strong>br</strong> />

falha sua, você vai assumir a responsabilidade e reparar o erro. Se você é uma<<strong>br</strong> />

pessoa Accountable, os outros têm certeza de que podem contar <strong>com</strong> você. Sua<<strong>br</strong> />

palavra é uma extensão do seu caráter, é a expressão da sua verdade. O inverso é<<strong>br</strong> />

verdadeiro: pessoas unaccountable têm nítida ausência dessas atitudes e são<<strong>br</strong> />

consideradas “um encosto” pelos outros, <strong>com</strong> um histórico de fracassos na vida<<strong>br</strong> />

pessoal e profissional,.<<strong>br</strong> />

A Accountability é o que leva alguém a tomar para si a responsabilidade diante<<strong>br</strong> />

de um desafio e gerar respostas <strong>com</strong> resultados, jamais inventando <strong>desculpas</strong><<strong>br</strong> />

nem apontando culpados quando algo de errado ocorre. É uma grande virtude,<<strong>br</strong> />

algo no<strong>br</strong>e, um valor inato em todo ser humano. É um estado de alerta que<<strong>br</strong> />

desenvolve nossa percepção – e uma percepção aguçada e ampliada faz <strong>com</strong> que<<strong>br</strong> />

nossas escolhas e decisões sejam cada vez melhores.<<strong>br</strong> />

Todos nascemos <strong>com</strong> este software de super-­‐responsabilidade pré-­‐instalado. Em<<strong>br</strong> />

alguns de nós ele já está ativado, em outros pode travar de vez em quando, mas<<strong>br</strong> />

há pessoas em quem essa virtude encontra-­‐se inativa. Mantê-­‐la assim ou ativá-­‐la,<<strong>br</strong> />

apertando a tecla ‘Instalar’, depende de uma decisão deliberada e consciente de<<strong>br</strong> />

cada um. Inicializar esse programa significa escolher sermos pessoas melhores<<strong>br</strong> />

do que somos. Gera uma versão mais avançada de nós mesmos, <strong>com</strong> reflexos em<<strong>br</strong> />

todos os aspectos de nossas vidas: na família, no trabalho, no país e no planeta.<<strong>br</strong> />

Ao conhecer mais e melhor a Accountability, você vai passar a ser:<<strong>br</strong> />

• Uma pessoa melhor e mais <strong>com</strong>pleta, porque vai despertar uma<<strong>br</strong> />

virtude que já tinha, mas estava adormecida dentro de você. Quando<<strong>br</strong> />

parar de culpar os outros ou as circunstâncias por não atingir seus<<strong>br</strong> />

objetivos pessoais, você adquire relevância no seu trabalho e na sua<<strong>br</strong> />

família. Você se torna uma importante fonte de soluções, não de<<strong>br</strong> />

problemas. Fica mais consciente das suas responsabilidades e também<<strong>br</strong> />

dos seus limites <strong>com</strong>o pessoa e <strong>com</strong>o cidadão.<<strong>br</strong> />

• Um pai ou mãe melhor, porque aprenderá a lidar melhor <strong>com</strong> seus<<strong>br</strong> />

filhos, ajudando-­‐os a ser indivíduos especiais, independentes e mais<<strong>br</strong> />

responsáveis pelas próprias decisões. Toda pessoa bem sucedida é fruto<<strong>br</strong> />

de uma sucessão de circunstâncias. Crianças maravilhosas são aquelas<<strong>br</strong> />

que aprendem desde cedo a importância do respeito, da disciplina e da<<strong>br</strong> />

transparência, elementos estreitamente ligados à Accountability. Pais<<strong>br</strong> />

maravilhosos têm filhos maravilhosos.<<strong>br</strong> />

• Um líder melhor, porque vai se tornar um líder mais <strong>com</strong>pleto, menos<<strong>br</strong> />

tolerante para <strong>com</strong> níveis baixos de Accountability e mais exigente<<strong>br</strong> />

consigo mesmo. Por extensão, você será mais exigente <strong>com</strong> seu time,<<strong>br</strong> />

procurando reunir no seu quadro pessoas melhores, adultos especiais.<<strong>br</strong> />

Seus feedbacks serão mais precisos, porque serão baseados em micro-­‐


atitudes dos seus colaboradores,. Você terá uma percepção que só os<<strong>br</strong> />

líderes verdadeiramente Accountable desenvolvem.<<strong>br</strong> />

• Um gestor mais focado em atingir metas, porque vai passar a se<<strong>br</strong> />

concentrar mais no seu esforço pessoal, em vez de simplesmente esperar<<strong>br</strong> />

ajuda dos outros (clientes, equipe de colaboradores) ou das<<strong>br</strong> />

circunstâncias (mercado, concorrentes, clima, etc.).<<strong>br</strong> />

• Uma pessoa <strong>com</strong> maiores chances de so<strong>br</strong>evivência em situações de<<strong>br</strong> />

emergência, porque as pessoas que se mantêm em ativo estado de<<strong>br</strong> />

alerta, <strong>com</strong> suas ‘antenas ligadas’, tomando a responsabilidade para si<<strong>br</strong> />

nos momentos certos têm muito mais chances de so<strong>br</strong>eviver do que as<<strong>br</strong> />

que esperam chegar o socorro.<<strong>br</strong> />

A Accountability é uma virtude poderosa, que traz benefícios enormes para o<<strong>br</strong> />

indivíduo e para as pessoas à sua volta. Talvez não seja garantia de sucesso, mas<<strong>br</strong> />

nunca encontrei alguém que seja bem sucedido sem ser Accountable em todos os<<strong>br</strong> />

aspectos de sua vida.<<strong>br</strong> />

Essa atitude pode, no entanto, ser mal <strong>com</strong>preendida: mais de uma vez<<strong>br</strong> />

entrevistei pessoas que, por terem muita iniciativa, foram vistas pelos colegas<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o “puxa-­‐saco” ou <strong>com</strong>o “fazedores de média” <strong>com</strong> o patrão. Da mesma forma,<<strong>br</strong> />

um empregador pode não perceber que uma idéia revolucionária apresentada<<strong>br</strong> />

por um colaborador seja reflexo de seu <strong>com</strong>prometimento <strong>com</strong> a empresa.<<strong>br</strong> />

Nas próximas páginas, quero explicar não apenas o que é Accountability, mas,<<strong>br</strong> />

além disso, mostrar <strong>com</strong>o esse modelo de pensamento pode melhorar a vida de<<strong>br</strong> />

cada um de nós, <strong>com</strong>eçando por nossas casas, permeando as escolas, as empresas<<strong>br</strong> />

– desde as menores até as grandes corporações – e infiltrando-­‐se nas instituições<<strong>br</strong> />

governamentais. Quero mostrar <strong>com</strong>o cada um pode tomar para si a<<strong>br</strong> />

responsabilidade, gerando respostas <strong>com</strong> resultados positivos.<<strong>br</strong> />

Meu desejo é que você encontre aqui não só conceitos que ajudem a<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preender melhor o que é a Accountability, mas, além disso, descu<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

ferramentas práticas para o seu dia a dia.<<strong>br</strong> />

Você pode ter relacionamentos melhores e mais produtivos, em casa e no<<strong>br</strong> />

trabalho, a partir do momento em que tomar consciência dessa nova tecnologia<<strong>br</strong> />

de relacionamento. Será um marco divisório a partir do qual você vai gerar<<strong>br</strong> />

resultados melhores em todas as áreas da sua vida. Quando essa nossa<<strong>br</strong> />

consciência, sua e minha, expandir-­‐se, tomar volume, atingir mais e mais<<strong>br</strong> />

pessoas, seremos melhores. Teremos um país melhor.


Capítulo 1<<strong>br</strong> />

As pessoas bem sucedidas e a Accountability<<strong>br</strong> />

A relação entre ser bem-sucedido<<strong>br</strong> />

e a Accountability<<strong>br</strong> />

“Falta de responsabilidade é esperar<<strong>br</strong> />

que alguém faça as coisas por nós”<<strong>br</strong> />

John Lenon<<strong>br</strong> />

Por que algumas pessoas são bem sucedidas na vida pessoal e no trabalho,<<strong>br</strong> />

enquanto outras fracassam? Por que alguns se tornam um transtorno para as<<strong>br</strong> />

suas famílias, são uns ‘malas’ no momento de dividir uma conta <strong>com</strong> os amigos,<<strong>br</strong> />

causam arrependimento nas empresas que os contratam e são um peso para a<<strong>br</strong> />

sociedade, querendo sempre levar vantagem em tudo?<<strong>br</strong> />

Enquanto isso, outros são o orgulho dos seus pais, adoráveis para seus amigos e<<strong>br</strong> />

parceiros, insubstituíveis no trabalho e vistos <strong>com</strong>o pessoas indispensáveis para<<strong>br</strong> />

a sociedade. O que determina isso? Por que em uma mesma família, que<<strong>br</strong> />

supostamente educou todos os filhos da mesma maneira, acontece de dois<<strong>br</strong> />

irmãos terem desempenhos tão diferentes em suas carreiras? Quando uma<<strong>br</strong> />

empresa oferece a mesma oportunidade de crescimento para todos os<<strong>br</strong> />

colaboradores, por que nem todos progridem?<<strong>br</strong> />

Ser bem sucedido é colecionar pequenas e constantes vitórias ao longo da vida,<<strong>br</strong> />

tanto na dimensão profissional quanto na pessoal. O equilí<strong>br</strong>io é fundamental.<<strong>br</strong> />

Ser bem sucedido significa ver um saldo positivo ao olhar para trás, para o<<strong>br</strong> />

passado. Não está necessariamente relacionado a grandes contas bancárias, mas<<strong>br</strong> />

é pouco provável que existam pessoas bem sucedidas morando embaixo dos<<strong>br</strong> />

viadutos.<<strong>br</strong> />

Na vida ou no trabalho, não podemos<<strong>br</strong> />

contar sempre <strong>com</strong> a sorte<<strong>br</strong> />

“Muitos pensam que ter talento é uma<<strong>br</strong> />

sorte; ninguém percebe que ter sorte<<strong>br</strong> />

pode ser uma questão de talento.”<<strong>br</strong> />

Jacinto Benavente y Martinez<<strong>br</strong> />

Tenho um pouco de pena daqueles que imaginam que a sorte é o fator<<strong>br</strong> />

preponderante para alguém ser bem sucedido. Quem valoriza a sorte acredita<<strong>br</strong> />

também em azar. Para alguns, essa é uma explicação confortável para os<<strong>br</strong> />

próprios fracassos, permitindo conviver <strong>com</strong> o sucesso alheio.<<strong>br</strong> />

A sorte pode determinar uma vitória em uma partida de um jogo, mas não explica<<strong>br</strong> />

a conquista de um campeonato. Sorte ou azar podem justificar um episódio<<strong>br</strong> />

isolado, mas não explicam resultados consistentes ao longo de uma vida. Atribuir


tudo à sorte e esperar uma ajuda do universo é transferir a responsabilidade<<strong>br</strong> />

para o acaso.<<strong>br</strong> />

Quando se pensa que o bilionário Eike Batista teve algumas grandes perdas e<<strong>br</strong> />

sempre reconstruiu suas empresas, não dá para atribuir sua fortuna à sorte ou a<<strong>br</strong> />

um pistolão no início da trajetória de empreendedor. Da mesma forma, é pouco<<strong>br</strong> />

provável Cesar Cielo simplesmente tenha tido sorte em todos os seus recordes,<<strong>br</strong> />

que Ayrton Senna tenha sido apenas um grande sortudo e que Gisele Bündchen<<strong>br</strong> />

tenha chegado a ser ‘a’ übermodel por mera sorte, num mundo cheio de moças<<strong>br</strong> />

bonitas, muitas delas cobiçando a mesma carreira. Ninguém pode se convencer<<strong>br</strong> />

de que a Seleção Brasileira de Vôlei conquistou seus nove títulos mundiais por<<strong>br</strong> />

causa do azar que a<strong>com</strong>eteu os outros times, e certamente não foi por pura sorte<<strong>br</strong> />

que Roberto Carlos vendeu 120 milhões de discos em cinquenta anos de carreira.<<strong>br</strong> />

Michael Schumacher ganhou sete títulos mundiais de Fórmula 1 por sorte? Foi<<strong>br</strong> />

também a sorte que determinou as cinqüenta e seis vitórias de Muhammad Ali?<<strong>br</strong> />

Guga venceu em Roland Garros porque a bolinha, o vento e a quadra<<strong>br</strong> />

conspiraram a favor dele?<<strong>br</strong> />

Certamente todas essas pessoas tiveram, além do talento natural para a atividade<<strong>br</strong> />

que escolheram, uma formação que lhes permitiu construir uma carreira de<<strong>br</strong> />

grande sucesso. Quais atitudes os levaram a distinguir-­‐se tanto dos outros? César<<strong>br</strong> />

Cielo, por exemplo, filho de um médico e uma professora de educação física<<strong>br</strong> />

especializada em natação, treina de segunda a sexta-­‐feira, de manhã e à tarde, e<<strong>br</strong> />

aos sábados pela manhã, além de ingerir de 6 mil a 8 mil calorias por dia. Uma<<strong>br</strong> />

medalha de ouro em natação não se faz durante os 21 segundos que dura a<<strong>br</strong> />

travessia da piscina. Outras pesssoas citadas acima também têm uma história de<<strong>br</strong> />

preparação familiar que os levou ao sucesso. O empreendedor Eike Batista disse<<strong>br</strong> />

numa entrevista: “Minha mãe, Jutta Batista, me fez entender que ter disciplina faz<<strong>br</strong> />

uma enorme diferença na vida. Eu tinha por volta de 13 anos quando ela<<strong>br</strong> />

conversou <strong>com</strong>igo so<strong>br</strong>e o assunto. Acordar cedo, cumprir as tarefas, os horários,<<strong>br</strong> />

ser sempre pontual nos <strong>com</strong>promissos. No fundo, tudo é disciplina, e ela me<<strong>br</strong> />

ajudou em todos os aspectos. O que ela me ensinou também foi absolutamente<<strong>br</strong> />

vital para o meu trabalho, <strong>com</strong>o empreendedor e criador de novos negócios.<<strong>br</strong> />

Cumprir as metas traçadas, <strong>com</strong> disciplina e constância, e executar os projetos<<strong>br</strong> />

até o fim. Cumprir todas as regras, sem pular etapas.” Empresas que contrataram<<strong>br</strong> />

Giselle Bündchen <strong>com</strong>o modelo contam que ela dá sempre um follow-­‐up aos seus<<strong>br</strong> />

trabalhos, interessando-­‐se pelos resultados: procura saber se as vendas<<strong>br</strong> />

cresceram, se os clientes <strong>com</strong>entaram a campanha, o desfile... Além disso, atua<<strong>br</strong> />

constantemente em prol do meio ambiente. Tanto que foi premiada pela<<strong>br</strong> />

Universidade de Harvard, em maio de 2011, <strong>com</strong>o a Cidadã Ambiental 2011.<<strong>br</strong> />

As atitudes que as pessoas bem-­‐sucedidas tomam diante das dificuldades – ou<<strong>br</strong> />

nos momentos de ‘azar’ – revelam sempre <strong>com</strong>prometimento e Accountability.<<strong>br</strong> />

Quando, em 2010, foi revelada uma fraude contábil de 4 bilhões de reais<<strong>br</strong> />

praticada por diretores do Banco PanAmericano, seu fundador, Senor A<strong>br</strong>avanel,<<strong>br</strong> />

mais conhecido <strong>com</strong>o Silvio Santos, deu em garantia seus bens pessoais e suas<<strong>br</strong> />

empresas (44 ao todo, entre as quais a rede de televisão SBT, a fá<strong>br</strong>ica de<<strong>br</strong> />

cosméticos Jequiti e o hotel Jequitimar). “Ele <strong>com</strong>pareceu prontamente e nunca<<strong>br</strong> />

se furtou da responsabilidade, não tentou fugir do <strong>com</strong>promisso <strong>com</strong> a imagem,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> os clientes, os credores e os empregados”, disse na época o diretor de


Fiscalização do Banco Central, Alvir Hoffmann. Esse tipo de atitude pode explicar<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o um homem que aos quatorze anos <strong>com</strong>eçou a vida profissional <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

camelô chegou a construir um grande império empresarial.<<strong>br</strong> />

Enfim: talvez nem todas as pessoas Acoountable sejam bem sucedidas, mas<<strong>br</strong> />

certamente é impossível ser bem sucedido sem ter um <strong>com</strong>portamento<<strong>br</strong> />

Accountable.<<strong>br</strong> />

Inteligência a<strong>br</strong>e portas,<<strong>br</strong> />

mas não as mantém abertas.<<strong>br</strong> />

“A inteligência é quase inútil<<strong>br</strong> />

para quem não tem mais nada.”<<strong>br</strong> />

Alexis Carrel<<strong>br</strong> />

Assim <strong>com</strong>o tenho pena daqueles que depositam sua esperança de sucesso<<strong>br</strong> />

exclusivamente em algum golpe de sorte, tenho pena também dos que acreditam<<strong>br</strong> />

que inteligência é tudo. Sem dúvida é uma vantagem <strong>com</strong>preender questões cujo<<strong>br</strong> />

entendimento está acima da <strong>com</strong>preensão da maior parte das pessoas, ter uma<<strong>br</strong> />

capacidade acima do normal para incorporar novas habilidades, armazenar<<strong>br</strong> />

conhecimento e memorizar fatos, situações, números, nomes e datas. Mas a<<strong>br</strong> />

inteligência é apenas um dos muitos recursos da nossa mente. Não garante<<strong>br</strong> />

sucesso nem estabilidade financeira. O mundo está cheio de inúteis geniais,<<strong>br</strong> />

profundos conhecedores de algum assunto, mas incapazes de transformar seu<<strong>br</strong> />

conhecimento em produto vendável: serviços, processos ou sistemas que possam<<strong>br</strong> />

trazer benefícios a eles mesmos e à sociedade. É <strong>com</strong>o ter ouro debaixo da terra,<<strong>br</strong> />

sem garimpá-­‐lo. Para que serve? Uma mente <strong>br</strong>ilhante pode a<strong>br</strong>ir portas; pode<<strong>br</strong> />

fazer alguém conquistar um posto cobiçado, dando uma primeira impressão<<strong>br</strong> />

magnífica. Um entrevistador inexperiente pode se deixar seduzir pelo <strong>br</strong>ilho do<<strong>br</strong> />

entrevistado. Mas dificilmente a inteligência, sozinha, mantém uma pessoa em<<strong>br</strong> />

qualquer posição no organograma de uma empresa. Há muitos gênios<<strong>br</strong> />

desempregados. E pelos mais variados motivos.<<strong>br</strong> />

Comparo uma inteligência acima da média <strong>com</strong> a altura de um excelente jogador<<strong>br</strong> />

de basquete ou de vôlei. É importante que um atleta profissional seja alto? Claro!<<strong>br</strong> />

Os técnicos se impressionam, o time se motiva, os torcedores se entusiasmam. A<<strong>br</strong> />

altura pode ser decisiva para que alguém seja contratado e escalado para jogos<<strong>br</strong> />

importantes. Mas um dos jogadores da atual seleção <strong>br</strong>asileira de basquete<<strong>br</strong> />

masculino, o Nezinho, tem 1,85 m de altura, menos do que muitos jogadores<<strong>br</strong> />

profissionais que não conseguem chegar ao time nacional. Quando <strong>com</strong>eça a<<strong>br</strong> />

treinar, um jogador não pode contar só <strong>com</strong> sua altura, força ou seu talento nato:<<strong>br</strong> />

precisa mostrar quão sério pode ser, <strong>com</strong>o profissional. É só <strong>com</strong> muito treino,<<strong>br</strong> />

determinação, persistência, disciplina e espírito de equipe que ele realmente vai<<strong>br</strong> />

se beneficiar dos diferenciais que recebeu da natureza. Seriedade na profissão<<strong>br</strong> />

envolve também a capacidade de lidar <strong>com</strong> o feedback do técnico, dos colegas, a<<strong>br</strong> />

capacidade de aprender <strong>com</strong> seus erros e principalmente de pegar para si a<<strong>br</strong> />

responsabilidade pelos fracassos, sabendo dividir os méritos das vitórias. Um


jogador que põe a culpa de uma derrota em outros mem<strong>br</strong>os do time e se gaba de<<strong>br</strong> />

ser o grande responsável pelas vitórias não tem nenhuma chance de se destacar.<<strong>br</strong> />

A inteligência aliada ao esforço não determina necessariamente o sucesso<<strong>br</strong> />

duradouro. É preciso algo mais. Alguém duvida que o fundador da Gurgel, fá<strong>br</strong>ica<<strong>br</strong> />

de automóveis totalmente <strong>br</strong>asileira, fosse inteligente e esforçado? Desde a<<strong>br</strong> />

juventude, João Augusto de Amaral Gurgel sonhava <strong>com</strong> um carro <strong>br</strong>asileiro.<<strong>br</strong> />

Estudou engenharia na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e, <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

trabalho de conclusão do curso, apresentou um veículo de dois cilindros, o ‘Tião’.<<strong>br</strong> />

Ouviu de um dos professores: "Carro não se fa<strong>br</strong>ica, Gurgel, carro se <strong>com</strong>pra!".<<strong>br</strong> />

Quase foi reprovado.<<strong>br</strong> />

Visionário, criador e inovador, fez pós-­‐graduação nos Estados Unidos e em 1958<<strong>br</strong> />

montou um fá<strong>br</strong>ica de plásticos e de fi<strong>br</strong>a de vidro, a Moplast. Em 1969, fundou a<<strong>br</strong> />

Gurgel Motores em Rio Claro, no interior de São Paulo. Lá, para orgulho de<<strong>br</strong> />

muitos <strong>br</strong>asileiros, <strong>com</strong>eçou a produzir o Ipanema, primeiro carro cem por cento<<strong>br</strong> />

nacional. Todos os carros da Gurgel tinham nomes que homenageavam o Brasil,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o Xavante, Carajás e Tocantins. Em 1981, quando nenhuma montadora<<strong>br</strong> />

levava a sério veículos hí<strong>br</strong>idos ou elétricos, Amaral Gurgel lançou o Itaipu. Ele<<strong>br</strong> />

tinha um bom relacionamento <strong>com</strong> o governo e forneceu veículos para o exército<<strong>br</strong> />

por muitos anos. Mas, em 1990, quando Fernando Collor de Melo assumiu a<<strong>br</strong> />

presidência, o mercado <strong>br</strong>asileiro, fechado desde 1976, foi aberto para as<<strong>br</strong> />

importações. Isto foi ótimo para muita gente, mas provocou uma grande crise nas<<strong>br</strong> />

empresas que vicejavam protegidas pela restrição aos importados. No caso dos<<strong>br</strong> />

automóveis, especificamente, quase todas as grandes marcas passaram a ser<<strong>br</strong> />

vendidas no Brasil. Até o Lada russo! Com o real valendo 1 dólar, o sonho de ter<<strong>br</strong> />

um carro importado passou a ser acessível. E o que aconteceu <strong>com</strong> Gurgel?<<strong>br</strong> />

Pessoas muito inteligentes têm mais dificuldade que as outras para mudar de<<strong>br</strong> />

opinião. Quando se apegam a uma idéia, fica difícil para essas pessoas perceber<<strong>br</strong> />

outras oportunidades e visualizar as escolhas que podem fazer. Gurgel tinha<<strong>br</strong> />

algumas opções: poderia continuar fa<strong>br</strong>icando seus carros <strong>com</strong> motores e<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>ponentes vindos de outros países ou poderia passar a importar carros e<<strong>br</strong> />

retomar sua produção aos poucos, conforme a reação do mercado. Mas ele<<strong>br</strong> />

continuou preso à ideia do carro “100% nacional”. Quatro anos depois que as<<strong>br</strong> />

importações foram liberadas, teve que pedir concordata. Percebemos que<<strong>br</strong> />

depositou confiança excessiva no governo e no consumidor. Mas governo e<<strong>br</strong> />

consumidores mudam... E é preciso saber mudar <strong>com</strong> eles. Depositar excesso de<<strong>br</strong> />

expectativa nos outros (mercado, governo, cliente, etc.) é uma forma de jogar a<<strong>br</strong> />

responsabilidade para fora de nós, para as circunstâncias. E isso é o oposto de<<strong>br</strong> />

ser Accountable.<<strong>br</strong> />

Na vida pessoal e profissional não basta fazer o melhor, temos que fazer o que for<<strong>br</strong> />

necessário para sermos bem sucedidos. E o que é necessário é um grande esforço<<strong>br</strong> />

para nos tornarmos cada vez melhores. Isso diz respeito <strong>às</strong> nossas escolhas, que<<strong>br</strong> />

vão sendo feitas todos os dias. Quem escolhe ser bem sucedido assume a<<strong>br</strong> />

responsabilidade pela sua vida.


Por que não basta ser responsável?<<strong>br</strong> />

O mundo não é mais o mesmo.<<strong>br</strong> />

“Não vamos procurar consertar a culpa pelo passado,<<strong>br</strong> />

vamos aceitar nossa responsabilidade pelo futuro”<<strong>br</strong> />

John F. Kennedy<<strong>br</strong> />

O mundo mudou demais nas últimas décadas e fomos nos ajustando, <strong>às</strong> vezes<<strong>br</strong> />

sem tomar consciência dos detalhes dessa mudança e de <strong>com</strong>o elas afetaram<<strong>br</strong> />

nossas vidas.<<strong>br</strong> />

Há trinta anos, dizia-­‐se que quem falasse um segundo idioma, de preferência o<<strong>br</strong> />

inglês, teria o seu futuro profissional garantido. Será que isso ainda é verdade? Se<<strong>br</strong> />

alguém respondeu “sim”, decerto está pensando em fluência absoluta e<<strong>br</strong> />

pronúncia perfeita, algo que só se consegue falando a língua estrangeira desde a<<strong>br</strong> />

infância ou então depois de uma longa vivência no exterior — exceto no caso das<<strong>br</strong> />

raras pessoas dotadas de uma audição fora do <strong>com</strong>um. Mas, hoje, o bom falante<<strong>br</strong> />

de um segundo idioma ocidental vai <strong>com</strong>petir no mercado de trabalho <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

pessoas que falam japonês, árabe e mandarim.<<strong>br</strong> />

Cinquenta anos atrás, quando alguém era contratado por uma grande empresa,<<strong>br</strong> />

pensava em trabalhar lá para “sempre”. Ainda na década de 1980, alguns amigos<<strong>br</strong> />

meus, quando foram admitidos na IBM, ouviram o diretor da fá<strong>br</strong>ica de Sumaré<<strong>br</strong> />

dizer que poderiam rasgar seus currículos, pois nunca mais precisariam procurar<<strong>br</strong> />

outro emprego. Será que ainda é assim? Naquele tempo, o profissional era<<strong>br</strong> />

chamado de ‘funcionário’. Hoje é um colaborador. O chefe era chamado de<<strong>br</strong> />

supervisor. Hoje é gestor, acumula as funções de liderança e gerência.<<strong>br</strong> />

Administra, coordena pessoas e gerencia recursos. A remuneração, que era<<strong>br</strong> />

chamada de salário, era fixa. Hoje ela se <strong>com</strong>põe normalmente de de fixo+bônus,<<strong>br</strong> />

e os bônus são vinculados ao cumprimento de metas. Se o profissional atingir<<strong>br</strong> />

essas metas (e em muitas empresas ele tem de atingi-­‐las, se quiser permanecer<<strong>br</strong> />

no emprego), vai ter que se esforçar mais e mais, a cada mês, pois essas metas<<strong>br</strong> />

são elevadas constantemente e o profissional tem que superar a si mesmo o<<strong>br</strong> />

tempo todo.<<strong>br</strong> />

Há vinte anos, um chefe não se preocupava muito <strong>com</strong> o clima organizacional, a<<strong>br</strong> />

qualidade de vida no ambiente de trabalho. Hoje o clima não só é avaliado, <strong>com</strong>o,<<strong>br</strong> />

em algumas empresas, parte da remuneração de alguns diretores está vinculada<<strong>br</strong> />

à melhora do clima em sua área.<<strong>br</strong> />

Há trinta anos ninguém falava em cultura corporativa. Edgar Schein formalizou<<strong>br</strong> />

suas idéias so<strong>br</strong>e o assunto em 1985, no livro Organizational Culture and<<strong>br</strong> />

Leadership 1 . Quando a novidade era discutida em rodas de amigos, alguém<<strong>br</strong> />

precisava gastar muito tempo para explicar aos outros esse conceito. Hoje, um<<strong>br</strong> />

gestor não alinhado <strong>com</strong> os valores e princípios da empresa, ou seja, <strong>com</strong> a sua<<strong>br</strong> />

1 Edição <strong>br</strong>asileira: Cultura Organizacional e Liderança, editora Atlas, 1ª edição em 2009, tradução de<<strong>br</strong> />

Ailton Bomfim Brandão a partir da terceira edição em inglês.


Cultura, pode ser desligado, ainda que cumpra metas e apresente bons<<strong>br</strong> />

resultados.<<strong>br</strong> />

Vinte anos atrás já se faziam avaliações de desempenho, mas apenas voltadas<<strong>br</strong> />

para um aumento de salário ou uma promoção. Hoje as avaliações de<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>portamento e atitude são freqüentes, <strong>com</strong> foco, principalmente, no<<strong>br</strong> />

desenvolvimento profissional.<<strong>br</strong> />

A legislação também mudou: na década de 1980, podia-­‐se dizer qualquer coisa a<<strong>br</strong> />

um colaborador ou colega de trabalho e, se ele não gostasse do que ouviu, isso<<strong>br</strong> />

não tinha a menor importância. Hoje, todos precisam estar atentos ao emitir suas<<strong>br</strong> />

opiniões so<strong>br</strong>e qualquer assunto, seja no ambiente de trabalho, seja em reuniões,<<strong>br</strong> />

em entrevistas de desligamento, em festas e até mesmo nas redes sociais.<<strong>br</strong> />

Recentemente, uma estudante de Direito foi demitida do escritório de advocacia<<strong>br</strong> />

em que trabalhava, por ter publicado no Twitter um <strong>com</strong>entário preconceituoso.<<strong>br</strong> />

Hoje, além de ser criativo, o gestor precisa gerar um ambiente que estimule seus<<strong>br</strong> />

colaboradores a também desenvolver a criatividade e a inovação. O gestor tem<<strong>br</strong> />

que ser mais do que simplesmente responsável: precisa ter sensibilidade e<<strong>br</strong> />

percepção para enxergar longe, adiantar-­‐se, ter iniciativa para antecipar os<<strong>br</strong> />

movimentos do mercado, ver oportunidades e gerar resultados. Essas são as<<strong>br</strong> />

características que as empresas esperam encontrar em um líder.<<strong>br</strong> />

Nossa noção de responsabilidade<<strong>br</strong> />

também deveria ter mudado<<strong>br</strong> />

“A frase ‘Eu preciso resolver esse problema’<<strong>br</strong> />

indica uma atitude mais eficaz e tem<<strong>br</strong> />

resultados mais rápidos do que<<strong>br</strong> />

‘alguém precisa fazer alguma coisa<<strong>br</strong> />

para resolver esse problema’ ”<<strong>br</strong> />

da Sabedoria Popular<<strong>br</strong> />

A partir do momento em que uma pessoa genuinamente entende o conceito de<<strong>br</strong> />

Accountability, ou seja, de pegar para si a responsabilidade e gerar respostas<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> resultados, sua contribuição para consigo mesma e para <strong>com</strong> os outros ao<<strong>br</strong> />

seu redor eleva-­‐se a um estágio mais alto. Quando a nossa responsabilidade é<<strong>br</strong> />

expandida ao máximo, nós nos tornamos melhores filhos, melhores pais,<<strong>br</strong> />

melhores líderes, melhores pessoas. E é de pessoas melhores que todo o planeta<<strong>br</strong> />

precisa.<<strong>br</strong> />

Nos próximos anos, provavelmente, vamos assistir a uma mudança ainda maior<<strong>br</strong> />

nas relações entre as pessoas, especialmente no ambiente corporativo. O mundo<<strong>br</strong> />

vai continuar mudando e nossa concepção de responsabilidade precisa<<strong>br</strong> />

a<strong>com</strong>panhar essas alterações. As estruturas hierárquicas devem tornar-­‐se menos<<strong>br</strong> />

rígidas; a colaboração será cada vez mais esperada e valorizada. O trabalho deixa<<strong>br</strong> />

de estar preso a uma sala, uma mesa ou uma cadeira. O profissional pode<<strong>br</strong> />

continuar trabalhando a partir de diferentes lugares, <strong>com</strong>unicando-­‐se em tempo<<strong>br</strong> />

real <strong>com</strong> a empresa, sem a supervisão do chefe. Até mesmo nos ambientes fa<strong>br</strong>is<<strong>br</strong> />

as linhas de produção vão refletir essas mudanças. Em toda parte, a relação <strong>com</strong>


os colaboradores deve sofrer alterações provocadas pelo novo Código Civil ou<<strong>br</strong> />

por pressão dos sindicatos.<<strong>br</strong> />

Temos menos tempo do que tínhamos no século passado? Ou será que isso é<<strong>br</strong> />

apenas uma sensação? Se o tempo é curto, devemos aproveitá-­‐lo construindo<<strong>br</strong> />

algo positivo para nós e para os outros. Não podemos desperdiçá-­‐lo em atitudes<<strong>br</strong> />

mesquinhas. Apontar culpados pelos problemas à nossa volta, em vez de<<strong>br</strong> />

procurar corrigir esses problemas, é uma forma pouco produtiva para usar o<<strong>br</strong> />

tempo que temos. Justificar nossos erros de forma a esquivar-­‐nos da<<strong>br</strong> />

responsabilidade por eles pode parecer uma boa solução imediata, mas terá<<strong>br</strong> />

conseqüências negativas so<strong>br</strong>e o resto do nosso tempo de vida.<<strong>br</strong> />

Se esperamos que as soluções para nossa vida pessoal e profissional venham dos<<strong>br</strong> />

outros – dos nossos pais, das instituições, do governo, da empresa, do cônjuge, do<<strong>br</strong> />

nosso gestor, das circunstâncias, sejam elas quais forem, vamos continuar a<<strong>br</strong> />

culpar o mundo pelos nossos sonhos não concretizados.<<strong>br</strong> />

Quanto de responsabilidade<<strong>br</strong> />

devemos assumir na nossa vida?<<strong>br</strong> />

“Quando a responsabilidade é<<strong>br</strong> />

assumida, passa a ser prioridade”<<strong>br</strong> />

Antonio Luis Macedo<<strong>br</strong> />

Todos nós somos pessoas Accountable, até certo ponto. Mas cabem duas<<strong>br</strong> />

perguntas:<<strong>br</strong> />

1. Quão Accountable somos?<<strong>br</strong> />

2. Quando estamos dispostos a ser Accountable?<<strong>br</strong> />

A classificação por níveis, abaixo, foi feita apenas para facilitar nossa<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preensão, para nos ajudar a perceber que sempre é possível subir para um<<strong>br</strong> />

patamar superior de Accountability, independente do nível em que estamos.<<strong>br</strong> />

Evidentemente, não se pode quantificar nem representar <strong>com</strong> gráficos e<<strong>br</strong> />

percentuais um conceito tão abstrato.<<strong>br</strong> />

Nível I<<strong>br</strong> />

Níveis de Accountability<<strong>br</strong> />

Percebe e assume 10% das oportunidades de tomar a responsabilidade para<<strong>br</strong> />

si.<<strong>br</strong> />

Os 90% restantes são deixados para “as circunstâncias”.<<strong>br</strong> />

Quem age nesse nível são crianças pequenas, mimadas ou adultos<<strong>br</strong> />

problemáticos.<<strong>br</strong> />

Nível II Percebe e assume 20% da responsabilidade, deixando para as circunstâncias<<strong>br</strong> />

os restantes 80%.<<strong>br</strong> />

Agem nesse nível crianças mimadas, adolescentes problemáticos e adultos<<strong>br</strong> />

imaturos.


Nível III Percebe e assume 40% das responsabilidades e culpa as circunstâncias por<<strong>br</strong> />

60% das ocasiões em que não as assumiu.<<strong>br</strong> />

Trabalham nesse nível adultos <strong>com</strong>uns, normais. Grande parte da sociedade<<strong>br</strong> />

age assim, uns um pouco acima, outros um pouco abaixo, dependendo da<<strong>br</strong> />

educação que receberam em casa e na escola e da cultura das primeiras<<strong>br</strong> />

empresas que trabalharam.<<strong>br</strong> />

Nível IV Percebe e assume 60% das responsabilidades à sua volta e deposita nas<<strong>br</strong> />

circunstâncias o restante 40%.<<strong>br</strong> />

Agem nesse nível os adultos normais, aqueles que, quando motivados ou<<strong>br</strong> />

incentivados, transformam-se em colaboradores.<<strong>br</strong> />

Nível V Percebe e assume 80% das responsabilidades à sua volta e responsabiliza<<strong>br</strong> />

as circunstâncias por apenas 20% dos seus fracassos ou das<<strong>br</strong> />

responsabilidades recusadas. .<<strong>br</strong> />

Agem nesse nível os adultos especiais, os Accountable.<<strong>br</strong> />

Nível VI<<strong>br</strong> />

Percebe e assume 100% da responsabilidade, não delegando nada para<<strong>br</strong> />

outros, e jamais culpando as circunstâncias.<<strong>br</strong> />

Agem nesse nível pessoas que so<strong>br</strong>eviveram a desastres e que saíram de<<strong>br</strong> />

situações muito difíceis por conta própria. Esses adultos super-Accountable<<strong>br</strong> />

assumem responsabilidades que na realidade não cabem a eles (<strong>com</strong>o os<<strong>br</strong> />

idosos que depois de aposentados ainda trabalham para sustentar filhos e<<strong>br</strong> />

netos).<<strong>br</strong> />

Não re<strong>com</strong>endo que ninguém se insira espontaneamente no nível VI, de 100% de<<strong>br</strong> />

responsabilidade assumida, a menos que se trate de uma questão de<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>evivência, em que muitas pessoas desco<strong>br</strong>em em si uma força so<strong>br</strong>e-­‐<<strong>br</strong> />

humana. Agir no nível VI é não ter vida própria, é viver para os outros. Mas todos<<strong>br</strong> />

podem trabalhar no nível V, <strong>com</strong> 80% de Accountability. Se fosse assim, o mundo<<strong>br</strong> />

não seria melhor?<<strong>br</strong> />

É claro que você pode se inserir em diferentes níveis, dependendo da situação, da<<strong>br</strong> />

ocasião, do ambiente, do cargo, da autonomia e de muitos outros fatores. Uma<<strong>br</strong> />

pessoa pode funcionar em um nível no trabalho, mas em outro <strong>com</strong> a família.<<strong>br</strong> />

Se a Accountability é uma virtude,<<strong>br</strong> />

por que não ensinam isso nas escolas?<<strong>br</strong> />

A Responsabilidade e o Respeito deveriam<<strong>br</strong> />

ser pesquisados, estudados e ensinados<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o matéria do Relacionamento<<strong>br</strong> />

Humano, nas escolas.<<strong>br</strong> />

Alvaro Granha Loregian<<strong>br</strong> />

O que faz da Accountability uma virtude? Ela nos faz pessoas melhores,<<strong>br</strong> />

contribuindo positivamente para o nosso meio, a sociedade e o planeta.


Essa virtude é ensinada em algumas escolas, nos Estados Unidos. Uma instituição<<strong>br</strong> />

fundada pelo Dr. Specer Kagan reúne anualmente diretores e professores da pré-­‐<<strong>br</strong> />

escola, do ensino Básico (o chamado First Grade) e do Fundamental (High School)<<strong>br</strong> />

em encontros no Kagan Summer Institute para reciclá-­‐los em diversas<<strong>br</strong> />

habilidades. Há cursos específicos para ensinar <strong>com</strong>o desenvolver a<<strong>br</strong> />

Accountability nas crianças.<<strong>br</strong> />

Na Finlândia, visitei uma escola em Nedervetil onde a Accountability era<<strong>br</strong> />

ensinada de diversas formas diferentes. Crianças maiores almoçavam <strong>com</strong> as<<strong>br</strong> />

menores, para ajudá-­‐las a <strong>com</strong>er, e ajudavam também os pequenos em trajetos<<strong>br</strong> />

curtos, na volta para casa.<<strong>br</strong> />

Mas, mesmo que isso fosse ensinado em todas as escolas, a responsabilidade dos<<strong>br</strong> />

pais de formar seus filhos para que se transformem em adultos Accountable não<<strong>br</strong> />

se reduz. É deles a responsabilidade principal.<<strong>br</strong> />

Nos adultos, a Accountability pode ainda ser desenvolvida, através de Feedback e<<strong>br</strong> />

Coaching.

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