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Editorial<br />
É proibido falhar!<br />
“A inovação é uma das coisas mais difíceis<br />
onde estive até hoje a trabalhar”. A confissão<br />
é de Murteira Nabo, o gestor que aceitou<br />
presidir à Cotec depois de uma carreira<br />
profissional de mais de 30 anos, os últimos<br />
dos quais à frente do grupo PT. “É um projecto<br />
difícil de agarrar”,<br />
reforça o número um<br />
da recém criada Associação<br />
Empresarial para a Inovação na<br />
entrevista que publicamos nesta edição<br />
das <strong>500</strong> <strong>maiores</strong> <strong>empresas</strong> portuguesas<br />
não financeiras por vendas em 2002, que<br />
tem como tema de capa precisamente a<br />
inovação.<br />
Percebe-se porquê. A inovação - entendida<br />
como a aplicação de novos conhecimentos,<br />
resultando em novos produtos, processos<br />
ou serviços, ou na melhoria significativa<br />
de alguns dos seus atributos – é a única<br />
estratégia sustentável para Portugal conseguir<br />
atingir os níveis de desenvolvimento<br />
dos países mais avançados. Nesta matéria,<br />
a edição que tem nas suas mãos traz boas e<br />
más notícias.<br />
Começando pelas más notícias, a economia<br />
portuguesa revela um fraco desempenho<br />
relativamente à média comunitária em<br />
quase todos os indicadores associados à ciência,<br />
tecnologia e inovação, concluem Catarina<br />
Selada e José Rui Felizardo, da Inteli<br />
– Inteligência em Inovação, uma das poucas,<br />
infelizmente, instituições portuguesas<br />
a pensar esta área, no artigo de diagnóstico<br />
que (re)publicamos na página 12 desta edição.<br />
Em 2002, as despesas de investigação<br />
& desenvolvimento (I&D) nacionais não<br />
ultrapassam 0,83 por cento do produto<br />
interno bruto (PIB), contra 1,88 por cento<br />
de média da União Europeia (UE). Comparando<br />
com países do nosso campeonato,<br />
estamos à frente da Grécia (0,68 por cento<br />
em 2000), mas atrás da Espanha (0,96 por<br />
cento). Nos países nórdicos que, segundo a<br />
Cotec, são o modelo a seguir, as despesas<br />
em I&D ultrapassam os três por cento do<br />
PIB, meta fixada pela UE para 2010, como<br />
são os casos da Finlândia (3,37 por cento)<br />
e da Suécia (3,78 por cento). Acresce que a<br />
maior parte da factura da I&D em Portugal é<br />
paga pelo Estado. As <strong>empresas</strong> contribuem<br />
com menos de um terço (32,5 por cento),<br />
praticamente metade da média comunitária<br />
(65,5 por cento).<br />
Passando às boas notícias, o crescimento<br />
das despesas em I&D em percentagem do<br />
PIB, em Portugal, acelerou nos últimos<br />
anos. No período 1995-2001, o rácio I&D/<br />
PIB progrediu a um ritmo médio anual de<br />
6,6 por cento. Contudo, para atingir a meta<br />
de três por cento do PIB em I&D, em 2010,<br />
precisaríamos de crescer 15 por cento/ano a<br />
partir de 2000.<br />
CARLOS ROSADO DE CARVALHO<br />
“Estamos perante uma situação típica<br />
de falha de mercado (ou melhor de falha de<br />
sistema) que exige a intervenção das políticas<br />
públicas, sendo necessário um conjunto<br />
de apoios que empurrem as <strong>empresas</strong> para<br />
o círculo virtuoso da produtividade e competitividade”,<br />
alertam<br />
Catarina e José Rui,<br />
no segundo artigo que<br />
assinam nesta edição. Num texto dedicado<br />
às soluções para o problema da inovação<br />
em Portugal, os dois especialistas apontam<br />
para a necessidade de focalizar a política<br />
de inovação, estabelecendo prioridades em<br />
termos de programas e acções, sob pena de<br />
prevalecer a dispersão de esforços e a sobreposição<br />
de iniciativas.<br />
A questão é quem vai liderar o processo<br />
de implementação da estratégia e do plano<br />
de acção para a inovação. Ao nível da política<br />
pública, o actor encontra-se formalizado<br />
do ponto de vista da estrutura organizativa<br />
no Governo, respondem Selada e Felizardo.<br />
Já do lado das estratégias empresariais<br />
– essenciais para o sucesso do processo em<br />
construção –, existem várias alternativas de<br />
liderança desde as <strong>empresas</strong>-âncora até aos<br />
centros tecnológicos empresariais, passando<br />
por redes de cooperação inter-empresariais<br />
e associações empresariais.<br />
A inovação é a única estratégia<br />
de desenvolvimento sustentável<br />
para Portugal. Como remata<br />
Murteira Nabo na entrevista<br />
que abre esta edição,<br />
apesar de difícil de agarrar,<br />
o projecto é muito estimulante,<br />
porque por aí pode passar<br />
a mudança do país, se tivermos<br />
sucesso. Temos de ter, concluo eu<br />
Independentemente do modelo que<br />
vier a ser escolhido, existem já no país<br />
estratégias empresariais de sucesso nesta<br />
matéria. O PÚBLICO seleccionou para si<br />
alguns mestres portugueses da inovação<br />
(ver página 22 e seguintes), cujo exemplo<br />
deve ser seguido.<br />
Como remata Murteira Nabo na entrevista<br />
que abre esta edição, apesar de difícil<br />
de agarrar, a inovação é um projecto muito<br />
estimulante, porque por aí pode passar a<br />
mudança do país, se tivermos sucesso. Temos<br />
de ter, concluo eu.<br />
FICHA TÉCNICA<br />
DIRECTOR José Manuel Fernandes<br />
EDITORES Carlos Rosado de Carvalho, José<br />
Manuel Rocha e Manuel Abreu.<br />
REDACÇÃO Anabela Campos, Clara Teixeira,<br />
Cristina Ferreira, Dulce Furtado, Inês G. Sequeira,<br />
João Ramos de Almeida, Luís Miguel Viana, Luísa<br />
Pinto, Lurdes Ferreira, Rita Siza e Rosa Soares.<br />
COLABORAÇÕES ESPECIAIS Catarina<br />
Selada e José Rui Felizardo (Inteli - Inteligência<br />
em Inovação), Fátima Azevedo e Rui Nunes.<br />
FOTOGRAFIA Adriano Miranda, Carlos Lopes,<br />
Daniel Rocha, David Clifford, Isabel Amorim,<br />
Luís Ramos, Miguel Madeira, Miguel Silva, Nuno<br />
Santos, Pedro Cunha e Rui Gaudêncio.<br />
SECRETARIADO Isabel Anselmo<br />
BANCO DE DADOS Servitrade<br />
GRAFISMO Gil Lourenço e Marco Neves<br />
PAGINAÇÃO Marco Neves<br />
INFOGRAFIA João Lázaro<br />
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