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A Rua em Movimento

nstituições: • FASC ( Fundação de Assistência Social e Cidadania) & • Prefeitura de Porto Alegre Porto Alegre - RS Diagramação do Livro e Capa '' A Rua em Movimento ''

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20<br />

A “Situação de rua” para além de Determinismos:<br />

explorações conceituais<br />

as dinâmicas de “apropriação”, “instalação” e “incorporação” que<br />

recortam modos de inserção urbana particulares e constro<strong>em</strong><br />

o lugar habitado como um território. “Apropriar-se” de alguma<br />

coisa, diz o autor, está longe de ser simplesmente tomar como<br />

propriedade, é colocar nela sua marca, modelá-la. Em sentido<br />

próximo, “instalar-se” pode ser definido como a prática que visa<br />

fazer corresponder um espaço que se pretende ocupar às práticas<br />

cotidianas, envolvendo os sentidos de adaptação e adequação.<br />

A “incorporação” diz respeito às dinâmicas de relacionamento<br />

do corpo com o meio ambiente, práticas de incorporação do<br />

ambiente (Kasper, 2006:26).<br />

Esses três processos de ordenação do espaço e do t<strong>em</strong>po<br />

pod<strong>em</strong> ser aproximados ao que Magni (1994 e 2006) descreveu<br />

como sendo dinâmicas fundamentais que recortam a experiência<br />

da itinerância e não fixação domiciliar: uma relação singular com<br />

o espaço, com o corpo e com as coisas 4 . O espaço existencial tornase,<br />

assim, um espaço dinâmico que abriga existências espaciais e<br />

t<strong>em</strong>porais particulares. A rua aparece, nesse sentido, como um<br />

espaço de relações sociais e simbólicas, as quais não se reduz<strong>em</strong><br />

a um significado puramente pragmático de resposta a fins<br />

específicos (trabalho, dormitório etc) ou respond<strong>em</strong> puramente<br />

a necessidades básicas de vida. “Estar” na rua não é apenas uma<br />

estratégia de sobrevivência ou moradia, mas um modo específico<br />

de se constituir a existência, mediado por sentidos sobre a<br />

habitação e pelas tramas de relações que a circunscrev<strong>em</strong> (Schuch,<br />

2007).<br />

Sujeitos com Agência Política<br />

Em que pese às variadas definições para o que hoje são<br />

chamadas pessoas “<strong>em</strong> situação de rua”, pode-se aqui questionar<br />

a centralidade que esse ente – a rua – ocupa na produção de<br />

sujeitos definidos a partir de sua classificação nesse segmento<br />

populacional. Embora a procura por definições conceituais menos<br />

estigmatizantes e abertas à contingência e à heterogeneidade<br />

dessa experiência social tenha sido um esforço dos agentes e das<br />

instituições implicados na construção e na recepção das políticas<br />

4<br />

Outros trabalhos também afirmam essas especificidades, como, por ex<strong>em</strong>plo, Costa (2006) e<br />

Perrot (1988).

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