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O papel da experimentação no ensino de ciências - QNEsc

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48<br />

Figura 2: Esquema representativo do<br />

sistema <strong>de</strong> simulação miçanga/cilindro/<br />

êmbolo móvel.<br />

enfoque estereoquímico. Nesse caso,<br />

torna-se bastante mais difícil confrontar<br />

o alu<strong>no</strong> com uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> concretamente<br />

observável, já que em nível<br />

molecular a ciência opera com mo<strong>de</strong>los<br />

radicalmente abstratos. Não há<br />

como estabelecer correspondências<br />

diretas entre os mo<strong>de</strong>los concretos <strong>de</strong><br />

estrutura molecular e as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

moleculares trata<strong>da</strong>s na educação<br />

básica, o que não significa que tenhamos<br />

que abandonar prematuramente<br />

essa proposta e <strong>no</strong>s ren<strong>de</strong>rmos ao<br />

<strong>no</strong>menclaturismo predominante nas<br />

estratégias <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong>ssa disciplina.<br />

Esta é exatamente a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

preparar o alu<strong>no</strong> para instalar-se <strong>no</strong><br />

estágio que alguns têm insistido em<br />

chamar <strong>de</strong> nível formal <strong>de</strong> pensamento.<br />

A manipulação <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los bola–<br />

vareta <strong>de</strong>senvolve <strong>no</strong> alu<strong>no</strong> uma habili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

cognitiva muito importante para<br />

a compreensão dos fenôme<strong>no</strong>s químicos<br />

na dimensão microscópica, que<br />

é a espaciali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s representações<br />

moleculares. Habituados a reconhecer<br />

as moléculas em representações <strong>de</strong><br />

fórmulas moleculares, como CH 4 , raramente<br />

se cria oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> para o<br />

alu<strong>no</strong> ter percepção tridimensional do<br />

tetraedro (Figura 3a), figura geométrica<br />

que constitui a base para a representação<br />

<strong>da</strong>s fórmulas estruturais <strong>da</strong>s<br />

moléculas que contém átomos <strong>de</strong> carbo<strong>no</strong><br />

(Figura 3b). Trata-se portanto <strong>de</strong><br />

conferir certa concretu<strong>de</strong> à representação<br />

molecular necessária ao engajamento<br />

do indivíduo <strong>no</strong> processo <strong>de</strong><br />

transição <strong>de</strong> um nível concreto para o<br />

nível formal <strong>de</strong> pensamento.<br />

No entanto, ao permanecer na<br />

representação tridimensional, corre-se<br />

o risco <strong>de</strong> estagnar sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

elaborar seus próprios mo<strong>de</strong>los mentais.<br />

Deve-se subsidiar a transição do<br />

estágio <strong>de</strong> observação<br />

do mo<strong>de</strong>lo bola–vareta<br />

concomitante a sua fixação<br />

imagética na<br />

memória, para um<br />

estágio <strong>de</strong> apropriação<br />

<strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo, <strong>no</strong> qual<br />

o alu<strong>no</strong> possa alterá-lo<br />

conforme a situaçãoproblema<br />

que lhe é<br />

apresenta<strong>da</strong>. Nessa<br />

fase <strong>de</strong> transição, po<strong>de</strong>-se<br />

operar com<br />

outra mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

simulação, capaz <strong>de</strong><br />

incorporar outros mo<strong>de</strong>los<br />

representativos<br />

<strong>da</strong>s estruturas moleculares,<br />

a simulação computacional. Por<br />

meio <strong>de</strong>ssa mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>, o alu<strong>no</strong> po<strong>de</strong>rá<br />

perceber que o conceito <strong>de</strong><br />

ca<strong>de</strong>ia carbônica po<strong>de</strong> vir a ser representado<br />

por uma opção ‘esqueleto’<br />

(Figura 4a), na qual as ligações entre<br />

os átomos <strong>de</strong> carbo<strong>no</strong>, e entre estes e<br />

a)<br />

b)<br />

Figura 3: Representações do átomo <strong>de</strong><br />

carbo<strong>no</strong>. a) Figura geométrica do tetraedro.<br />

b) Mo<strong>de</strong>lo bola–vareta <strong>da</strong> molécula <strong>de</strong><br />

meta<strong>no</strong>.<br />

Não há como<br />

estabelecer<br />

correspondências<br />

diretas entre os<br />

mo<strong>de</strong>los concretos <strong>de</strong><br />

estrutura molecular e<br />

as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

moleculares trata<strong>da</strong>s<br />

na educação básica;<br />

isso não significa que<br />

tenhamos que <strong>no</strong>s<br />

ren<strong>de</strong>rmos ao<br />

<strong>no</strong>menclaturismo<br />

predominante nas<br />

estratégias <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong><br />

<strong>de</strong>ssa disciplina<br />

os <strong>de</strong> hidrogênio, estão representa<strong>da</strong>s,<br />

ou ter a <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> preenchimento espacial,<br />

próximo ao conceito <strong>de</strong> nuvem<br />

eletrônica, por uma outra opção (Figu-<br />

ra 4b), na qual as varetas<br />

não po<strong>de</strong>m<br />

mais ser percebi<strong>da</strong>s<br />

e as bolas passam a<br />

se sobrepor. Finalmente,<br />

a própria capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> rotação<br />

espacial do mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> estrutura molecular,<br />

simulado na tela<br />

do computador, portanto<br />

na bidimensionali<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

confere<br />

uma interação inusita<strong>da</strong><br />

com os mo<strong>de</strong>los<br />

moleculares, animando-os<br />

<strong>de</strong> acordo<br />

com as idiossincrasias<br />

do mo<strong>de</strong>lo mental do sujeito, em<br />

estágio inicial <strong>de</strong> elaboração.<br />

O <strong>papel</strong> <strong>da</strong> <strong>experimentação</strong> por simulação<br />

certamente não é o <strong>de</strong> substituir<br />

a <strong>experimentação</strong> fe<strong>no</strong>me<strong>no</strong>lógica<br />

proposta originalmente. Deve-se,<br />

em muitos casos, respeitar inclusive a<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> exposição dos grupos aos<br />

experimentos: em primeiro lugar, o<br />

a)<br />

b)<br />

Figura 4: Representações <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias<br />

carbônicas <strong>da</strong> molécula <strong>de</strong> propa<strong>no</strong>. a)<br />

Esqueleto. b) Espaço preenchido.<br />

QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Experimentação e Ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong> Ciências N° 10, NOVEMBRO 1999

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