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foucault-nascimento-da-biopolc3adtica1

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4 NASCIMENTO DA BIOPOLlTlCA AULA DE 10 DE JANEIRO DE 1979"Govemo" portanto no sentido estrito, mas "arte" tambem,"arte de govemar" no sentido estrito, pois por "arte degovemar" eu nao entendia a maneira como efetivamente asgovemantes govemaram. Niio estudei nem quero estu<strong>da</strong>ra pratica govemamental real, tal como se desenvolveu, determinandoaqui e ali a situa~iio que tratamos, os problemaspostos, as taticas escolhi<strong>da</strong>s, os instrumentos utihzados,forjados ou remodelados, etc. Quis estu<strong>da</strong>r a arte degovemar, isto e, a maneira pensa<strong>da</strong> de govemar 0 melharpossivel e tambem, ao mesmo tempo, a reflexiio sobre amelhor maneira possivel de govemar. Ou seja, procureiapreender a instancia <strong>da</strong> reflexiio na pratica de gov;mo esobre a pratica de govemo. Em certo sentido, se voces qillserem,0 que eu quis estu<strong>da</strong>r foi a consciencia de si do governo,e alias esse termo IIconsci€mcia de si" me incomo<strong>da</strong>,niio yOU emprega-lo porque preferiria dizer que 0 que e~procurei e gostaria tambem este ano de procurar captar ea maneira como, dentro e fara do govemo, em todo caso 0mais pr6ximo possivel <strong>da</strong> pratica govemamental, tentou-seconceitualizar essa pratica que consiste em govemar. Costariade tentar determinar a maneira como se estabeleceuo dominio <strong>da</strong> pratica do govemo, seus diferentes objetos,suas regras gerais, seus objetiv~s de conjunto,a fim de govemar<strong>da</strong> melhor maneira posslve!. Em suma e, eligamos, 0estudo <strong>da</strong> racionaliza~iio<strong>da</strong> pratica govemamental no exercicio<strong>da</strong> soberania politica.Isso implica imediatamente certa op~iio de metodo, sobrea qual procurarei enfim tomar urn dia de manelra malSdeti<strong>da</strong>, mas gostaria desde ja de lhes indicar que optar porfalar ou partir <strong>da</strong> pratica govemamental e, evidentemente,uma maneira explicita de deixar de lado como obJeto pnmelro,primitivo, <strong>da</strong>do, urn certo numero de no~6es, como, parexempla, 0 soberano, a soberania, 0 po:,o, as.suditos, 0 ~~tado,a socie<strong>da</strong>de civil- todos esses UniverSalS que a analIsesociol6gica, assim como a analise hist6rica e a analise <strong>da</strong>filosofia politica, utiliza para explicar efetivamente a praticagovemamental. Eu gostaria de fazer preclsamente 0 m-verso, isto e, partir dessa pratica tal como ela se apresenta,mas ao mesmo tempo tal como ela e refleti<strong>da</strong> e racionaliza<strong>da</strong>,para ver, a partir <strong>da</strong>i, como pode efetivamente 50 constituir,um certo numero de coisas, sobre 0 estatuto <strong>da</strong>s quaissera evIdent::mente necessaria se interrogar, que sao 0 Estadoe a socle<strong>da</strong>de, 0 soberano e os suelitos, etc. Em outraspal~vras, em vez de partir dos universais para deles deduzirfenomenos concretos, ou antes, em vez de partir dos universals~omo grade :Ie mteligibili<strong>da</strong>de obrigat6ria para urncerto ~urnero de praticas concretas, gostaria de partir dessaspraticas concretas e, de cetta modo, passar os universaispela grade dessas praticas. Niio que se trate do que se podenachamar de uma redu~iio historicista, redu~iio historicistaess~ que consi~tiria em que? Pais bern, precisamente,em partir desses umversais tais como siio <strong>da</strong>dos e em vercomo a hist6ria, ou os modula, ou os modifica, ou estabeIe­Ce Hnalmente sua niio-vali<strong>da</strong>de. 0 historicismo parte douniversal e passa-o, de certo modo, pelo ralador <strong>da</strong> hist6ria.Meu problema e 0 inverso elisso. Parto <strong>da</strong> decisiio, ao mesmotempo te6rica e metodol6gica, que consiste em dizer:suponhamos que os universais niio existem; e formulo nesse~omento a questiio il hist6ria e aos historiadores: comovoces podem escrever a hist6ria, se niio admitem a priorique algo como 0 Estado, a socie<strong>da</strong>de, 0 soberano os sudit.?os eXlste. E _ra a mesma questiio que eu formulava'quandom<strong>da</strong>gava, nao se a loucura eXlste, you examinar se a hist6­ria me <strong>da</strong>, me remete alga como a loucura; nao, ela nao meremete algo COmo a loucura, logo a loucura niio existe. Niioera esse 0 raciocinio, nao era esse 0 meto<strong>da</strong>, de fato. a metodoconsis~a em dizer: suponhamos que a loucura niioeXlsta. Qual e, por conseguinte, a hist6ria que podemos fazerdesses dlferentes acontecunentos, dessas diferentes praticasque, aparen;emente, s'; pautam por esse suposto algoque e a loucura? Portanto e exatamente 0 inverso do historicismoque eu gostaria de estabelecer aqui. Na<strong>da</strong>, portanto,de mterrogar os universais utilizando como metodo CrIticoa hist6ria, mas partir <strong>da</strong> decisiio <strong>da</strong> inexistencia dos uni-5

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