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EUGEN VON BOHM-BAWERK Teoria Positiva do Capital

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~---<strong>EUGEN</strong> <strong>VON</strong> <strong>BOHM</strong>-<strong>BAWERK</strong><strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong><strong>do</strong> <strong>Capital</strong>~õõeu~1~ ..4 v- ~?"/ A...~ 'f,\\Volume 11 !~ ').P".(Excursos)'ti u \1 • Il lI


~; """_--'.~'C:C. _"._,,-----'---""ÍndiceVOLUME 11Excurso I - Esclarecimentos Mais Detalha<strong>do</strong>s e Provas para a Regra da MaiorProdutividade <strong>do</strong>s Méto<strong>do</strong>s Indiretos de Produção <strong>Capital</strong>ista 7Excurso 11 - Relação de Freqüência Entre as Invenções Novas que Prolongamo Perío<strong>do</strong> de Produção Vigente e as que o Encurtam............... 37Excurso III - Certas Objeções Meto<strong>do</strong>lógicas Contra a Minha Tese da MaiorProdutividade <strong>do</strong>s Méto<strong>do</strong>s Indiretos de Produção mais Longos......... 49Excurso IV - Papel que Desempenha a "Escolha Sábia" ("Selection") na Regrade Maior Produtividade de Méto<strong>do</strong>s Indiretos de Produção mais Longos 63Ex


~...., ~'r-.- ~ .-"."-::.=-, = :\1 - Motivação de Atos Econômicos Presentes por Necessidades~ _~"'::-ê5 . 179=:


EXCURSO IEsclarecimentos Mais Detalha<strong>do</strong>s e Provas para a Regra da MaiorProdutividade <strong>do</strong>s Méto<strong>do</strong>s Indiretos de Produção <strong>Capital</strong>ista(Para a Seção I <strong>do</strong> Livro Segun<strong>do</strong> da <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>)o conjunto de fatos que fundamenta a regra mencionada no título deste Excursoe por mim já apresenta<strong>do</strong> na primeira edição desta obra quase com as mesmaspalavras, 1 nesse meio tempo foi objeto de múltiplas dúvidas e impugnações.Puseram-se em dúvida os fatos, em sua qualidade de fatos, por mim afirma<strong>do</strong>s.Declararam insuficiente o material comprobatório aduzi<strong>do</strong> em abono <strong>do</strong>s mesmose fizeram referência a certos outros fatos, cuja existência os autores se consideraramautoriza<strong>do</strong>s a interpretar como argumentos ou provas contra os fatos afirma<strong>do</strong>s pormim.Considero absolutamente bem-vin<strong>do</strong> o aparecimento dessas objeções. Se minhatese da produtividade maior <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s indiretos de produção capitalista forcorreta, ela enuncia um fato de importância fundamental para nossa ciência; fatoque, para a formação e a explicação <strong>do</strong>s fenômenos da Economia Política, talvezseja de importância similar à que tem a célebre "lei da produtividade decrescente<strong>do</strong> solo". Questões factuais desse gênero não admitem incerteza durante muito tempo.Se dúvidas com relação a elas são possíveis - e que são possíveis demonstra-ojustamente a experiência mais recente -, então devem ser solucionadas, quantoantestanto melhor. Aliás, confesso de público que seu aparecimento constitui grandesurpresa para mim. Ao formular a tese, agora posta em dúvida, não tinha a mínimaidéia de que com ela estaria enuncian<strong>do</strong> algum conhecimento novo ou de difícildescoberta; ao contrário, acreditava estar apenas dan<strong>do</strong> uma formulação literáriamais acertada e sobretu<strong>do</strong> mais isenta de pressupostos, em relação à fórmula antigada "produtividade <strong>do</strong> capital", a uma experiência positiva, por si evidente, que é familiartanto ao prático quanto à Ciência Econômica. Todavia, uma vez que tais dúvidassurgiram, elas me impõem a grata obrigação de uma pesquisa ainda mais1 Só alterei pouquíssímas palavras, na linha de uma formulação ainda mais diligente e cuida<strong>do</strong>sa: quanto ao ccn:2úccpropriamente dito. não houve nenhuma mudança.


8 TEORIA POSITIVA DO CAPITALprofunda, que só pode vir a beneficiar tanto a clareza quanto também o acerto deminha tese, da qual deduzo tantas e tão importantes conclusões. 2Meus críticos levantaram a questão a respeito das provas nas quais fundamentariaminha tese. Mas a questão de como consigo provar minha tese tem de ser percebidaconvenientemente pela outra, saber o que tenho a demonstrar como sen<strong>do</strong>minha tese. Uma explicação mais precisa <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> e <strong>do</strong> alcance de minha tesenão somente constituirá uma preparação que ajudará a aclarar a questão das provas,mas ao mesmo tempo proporcionará a desejada oportunidade de solucionarjá, como que a meio caminho, uma série de supostas contraprovas, que não haviamsi<strong>do</strong> dirigidas contra o conteú<strong>do</strong> real de minha tese, mas apenas contra algoque erroneamente se havia considera<strong>do</strong> como tal; efetivamente parece que, de todasas interpretações errôneas que, devi<strong>do</strong> à natureza <strong>do</strong> assunto, eram de to<strong>do</strong> malimagináveis, nenhuma foi poupada amim e à minha tese. O leitor terá logo oportunidadede julgar até que ponto isso ocorreu com ou sem culpa minha.A. EsclarecimentosA tese por mim enunciada afirma que uma a<strong>do</strong>ção ou seu prolongamento, sabiamenteescolhi<strong>do</strong>s,3 de méto<strong>do</strong>s indiretos de produção que levam tempo, via deregra 4 levam a um resulta<strong>do</strong> técnico maior, isto é, a obter mais ou melhores produtoscom o mesmo dispêndio de forças produtivas originárias. 5 Antes de exporcom maior precisão o conteú<strong>do</strong> positivo incluí<strong>do</strong> nessa afirmação, considero oportunoantecipar algumas observações negativas.Antes de tu<strong>do</strong>, minha tese não quer dizer que, literalmente e sem exceção alguma,qualquer prolongamento de qualquer méto<strong>do</strong> de produção necessariamenteacarrete maior produtividade; que um méto<strong>do</strong> de produção, só por ser mais longo,mesmo que escolhi<strong>do</strong> cegamente ou até de forma inadequada, necessariamentetambém tenha que ser mais produtivo. Pelo contrário, minha tese restringe esse efeitoexpressamente a prolongamentos "sabiamente escolhi<strong>do</strong>s~ e além disso deixa abertaa possibilidade para a ocorrência de exceções, pois afirma que o cita<strong>do</strong> efeito ocorreapenas "via de regra", ou, como me expressei na primeira edição, "em geral". Expressode forma antitética: nem to<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> mais longo é melhor, mas entre osméto<strong>do</strong>s mais longos há regularmente os que também são melhores. Isso tem comoefeito prático o seguinte: aquele que quiser e puder prolongar seus méto<strong>do</strong>sde produção nunca precisa temer que;' assim fazen<strong>do</strong>, não os estaria também me­Ihoran<strong>do</strong>. 6Eis por que, se alguém pretendeu que, para demonstrar minha tese, eu deveriater prova<strong>do</strong> que to<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de produção mais longo - portanto, também umméto<strong>do</strong> não sabiamente escolhi<strong>do</strong>! - aumenta a produtividade, ou se alguém aduziuexemplos individuais ou engendrou exemplos nos quais determina<strong>do</strong> prolongamento(não sabiamente escolhi<strong>do</strong>) não torna mais produtivo determina<strong>do</strong> processode produção individual, e considerou a possibilidade ou a existência de tais casos2 Fiz uma primeira tentativa nessa linha em outra ocasião, fora <strong>do</strong> contexto da presente obra, em meus três estu<strong>do</strong>s sobre"Einige slriltige Fragen der Kapitalstheorie'" (publica<strong>do</strong>s no ano de 1899 na Zeltschrift fuer Volkswirtschaft. Sozialpolitikund Verwaltung, e em 1900 em livro independente), sobretu<strong>do</strong> no primeiro e em uma parte <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> desses estu<strong>do</strong>s.A exposição que segue incorporará uma parte de minha exposição de então - algumas coisas textualmente, outras reelaboradas-, mas além disso desenvolverá alguns pontos de vista novos, aos quais fui leva<strong>do</strong> pelo curso da discussão literáriasubseqüente.3 Ver <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong> <strong>do</strong> <strong>Capital</strong>. São Paulo, Nova Cultural, 1986. v.l, p. 38, 109, 143.4 Ver <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong> <strong>do</strong> CapItal. v.l,p. 112, 111.5 Ver <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong> <strong>do</strong> <strong>Capital</strong>. v.l,p. 1096 Esse efeito positivo será ainda explica<strong>do</strong> mais adiante com exatidão completa.


EXCURSO 1 9como prova contra minha tese,7 tu<strong>do</strong> isso assenta em um entendimento errôneodesta última. 8Além disso, minha tese de mo<strong>do</strong> algum significa que um aumento da produtividadesó possa ser obti<strong>do</strong> prolongan<strong>do</strong> os méto<strong>do</strong>s indiretos de pródução ou queum progresso técnico só seja possível com um tal prolongamento. Ao contrário, salienteiexpressamente que muitas vezes uma invenção bem-sucedida pode fazer surgirtambém um méto<strong>do</strong> de produção melhor e também mais curto. 9 O que minhatese afirma não é que o prolongamento <strong>do</strong>s processos de produção seja o únicocaminho que leva a aumentar a produtividade, mas apenas que tal prolongamentorepresenta um caminho que normalmente garante uma produtividade maior. Porisso, novamente se interpretou erroneamente minha tese ao se objetar, como supostaprova contra minha afirmação, a existência de um ou até de muitos casos nosquais se pode obter um produto maior por meio de méto<strong>do</strong>s de produção maiscurtos. lONão preciso sequer explicar que é um equívoco ainda mais grosseiro, de to<strong>do</strong>alheio ao assunto, apontar-me, em tom de contraprova, casos em que se trata deum encurtamento <strong>do</strong> tempo de trabalho requeri<strong>do</strong> para fabricar um produto, portanto,recte, de uma diminuição da quantidade de trabalho, medida em termos detempo. E, no entanto, em meio ao zelo polêmico, até essa confusão ocorreu a certosautores, inclusive a autores muito conceitua<strong>do</strong>s. ll7 Landry, por exemplo (L'lntérêt du <strong>Capital</strong>, p. 286), me lança em forma de dúvida a pergunta se to<strong>do</strong> aperfeiçoamentoou toda multiplicação <strong>do</strong>s instrumentos de produção tem de cobrir seus custos, e acredita poder demonstar essa objeçãoe o meu erro com o seguinte exempio: se alguém retirou a água de seu terreno colocan<strong>do</strong> tubos de drenagem, uma dupli­cação subseqüente <strong>do</strong>s tubos ou o fato de ele quadruplicar, decuplicar ou centuplicar os tubos de drenagens dificilmentecobrirá sequer os custos de tal aumento de despesa! Também Effertz deturpa minha tese ao reproduzi-la nestes termos:"M. de Bohm-Bawerk prétend que l'augmentation de la durée de la production augmente toujours la productivité".' (An­tagonismes Économiques. Paris, 1906, p. 106.)8 Na primeira edição de minha obra talvez eu tenha feito menos <strong>do</strong> que teria si<strong>do</strong> aconselhável para evitar expressamenteessa interpretação errônea. É verdade que não deixei de salientar expressamente, em algumas ocasiões, que minha tesese limita a méto<strong>do</strong>s de produção "sabiamente escolhi<strong>do</strong>s", porém não repeti expressamente sempre de novo essa restriçãoem todas as ocasiões, e sobretu<strong>do</strong> não o fiz no caso de citações ou formulações resumidas de minha tese (como, por exemplo,na 1? ed., p. 97, 274). Assim, um leitor menos avisa<strong>do</strong>, que se fixasse apenas no teor de uma única passagem, enão no contexto global, podia cair nessa interpretação errônea. Evidentemente, isso significava atribuir-me uma opiniãotão manifestamente errônea, diria quase absurda, que o simples excesso <strong>do</strong> suposto erro poderia ter chama<strong>do</strong> a atençãoe ter leva<strong>do</strong> a um reexame mais cuida<strong>do</strong>so. Que, porém, essa interpretação errônea tenha podi<strong>do</strong> ocorrer ou perdurarmesmo depois de .minhas exposições totalmente explícitas constantes nos estu<strong>do</strong>s sobre "Einige strittige Fragen der Kapitalstheorie"é realmente difícil entender. Mostra apenas quão pouco valor muitos críticos atribuem a uma reprodução corretadas opiniões por eles impugnadas, quan<strong>do</strong> afinal é óbvio que para uma ~'c,ússão cientificamente fecunda das opiniõesa primeira condição básica é a reprodução correta das mesmas, 8 Cjue <strong>do</strong> contrário a crítica, com excessiva facilidade, baixaao nível de uma rixa inútil. Mais adiante ainda inlJestiy-arei especificamente - face a uma tentativa de interpretação inteli~gente de I. Fisher, mas que leva ao erro - que influência o requisito <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s indiretos de produção "sabiamente esco­lhi<strong>do</strong>s" exerce sobre o caráter de minha regra; ver adiante o Excurso IV.9 Ver <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong> <strong>do</strong> <strong>Capital</strong>. v. I, p. 112, nota 8.10 Incorreu nesse erro, por exemplo, B. Bleicher, de maneira bem cuida<strong>do</strong>sa e reticente, ao escrever, em sua recensão deminha obra: "Tem-se (... ) quase a impressão de que, segun<strong>do</strong> Bohm, to<strong>do</strong> e cada progresso têcnico determinaria um dispêndiomaior de tempo e de capital", e objeta, a seguir, a esta minha "aparente opinião", que "de forma alguma é absolutamentenecessário que se torne mais longa a duração <strong>do</strong> processo de produção, se quisermos que este se torne mais produtivo".("Gegenwart und Zukunft in der Wirtschaft". In: Jahrb. f. Nat. Oek. un Statistik. Nova série. v. 20, 1890, p. 346.) Outroscríticos, menos cuida<strong>do</strong>sos, levantaram a mesma objeção de maneira menos excrupulosa: por exemplo Schade em suacrítica - aliás, muito pouco escrupulosa - à minha teoria, nos Anna/en des deutschen Reiches, ano 39, 1906, p.269: "Juntamente com a duração <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção - afirma Bohm-Bawek - aumenta a quantidade <strong>do</strong> produto.Nem seu novo estu<strong>do</strong> conseguiu convencer-nos disso. Pois o progresso da ciência natural possibilita um aproveitamentomais racional das forças naturais e com freqüência suficiente indica o caminho para produzir, em tempo mais curto <strong>do</strong>que até agora a mesma ou maior quantidade de bens de qualidade igual". Similarmente Effertz. Antagonismes Économi·ques, p. 410. Quanto a Lexis. ver adiante.11 Foi Rodbertus que colocou o germe dessa confusão. quan<strong>do</strong>. em uma descrição da natureza <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produçãocapitalista - aliás, perfeitamente correta <strong>do</strong> ponto de vista objetivo -, introduziu a expressão equívoca de que tal "via, "Bohm-Bawerk pretende que o aumento da duração da produção aumenta sempre a produtividade". (N. <strong>do</strong> T.)


10 TEORIA POSITIVA DO CAPITALDepois dessas observações negativas, esclarecen<strong>do</strong> o que minha tese não querdizer, procurarei agora, com a máxima clareza possível, ilustrar o que ela afirma positivamente,e qual o alcance desse seu conteú<strong>do</strong> positivo.To<strong>do</strong>s os méto<strong>do</strong>s de produção hoje usuais, ou que concorrem com os usuaispara substituí-los, uma vez devem ter si<strong>do</strong> imagina<strong>do</strong>s ou descobertos; por conseguinte,to<strong>do</strong>s eles se baseiam em "invenções" antigas ou novas. Além disso, to<strong>do</strong>seles - excetua<strong>do</strong>, talvez, o ato de colher amoras silvestres ou ajuntar lenha no mato- estão liga<strong>do</strong>s a um méto<strong>do</strong> indireto qualquer, no senti<strong>do</strong> por mim descrito,méto<strong>do</strong> este que ora é apenas curto - como é o caso da confecção de anzóis parapescar -, ora é de duração considerável - como o caso da construção de ferroviaspara o transporte de bens ou da instalação de cabos submarinos para o intercâmbiode mensagens comerciais.Evidentemente, até certo ponto é questão de mera casualidade se méto<strong>do</strong>s deprodução inventa<strong>do</strong>s mais tarde exigem um méto<strong>do</strong> mais breve ou um mais longo<strong>do</strong> que os anteriormente em uso e suplanta<strong>do</strong>s por eles, ou, em outros termos, seinvenções novas envolvem um encurtamento ou um prolongamento <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> deprodução até então vigente no mesmo ramo de produção. De qualquer mo<strong>do</strong>, nãohá como estabelecer uma lei fixa a respeito disso: não há possibilidade de enquadrarde antemão em normas fixas os sucessos <strong>do</strong> gênio inventivo, nem no tocanteao principal - a saber, o grau <strong>do</strong> aumento de produtividade <strong>do</strong> novo méto<strong>do</strong> ­nem no que concerne a circunstâncias secundárias, como é a duração <strong>do</strong> méto<strong>do</strong>indireto de produção determina<strong>do</strong> pelo novo méto<strong>do</strong>. Na prática, sem dúvida deparamoscom grande número de casos <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is tipos. Houve e continua haven<strong>do</strong>muitas invenções novas que, em relação ao mo<strong>do</strong> de produção usual até então,envolvem um prolongamento <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção. São como mais adiante veremos,e também comprovaremos, aquelas invenções cujo aproveitamento envolveuma necessidade de capital maior <strong>do</strong> que o então existente. Há também muitas invençõesque, em relação ao méto<strong>do</strong> antes usual, se distinguem ao mesmo tempopela dupla vantagem, a saber, a de proporcionar mais produto, e isto depois de umperío<strong>do</strong> médio de espera mais breve <strong>do</strong> que o até então vigente.Também sobre a relação de freqüência recíproca <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is tipos de invençõesnão há como fazer um pronunciamento seguro. Creio que somente de mo<strong>do</strong> bemgeral se pode afirmar com segurança - sem que, porém, dessa afirmação dependaalgo de essencial para minha tese - que as invenções vantajosas, que envolvemum prolongamento <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção, são as mais numerosas e até as muitomais numerosas. Essa minha convicção radica em diversos motivos. Por um la<strong>do</strong>,a evidência mostra que um número extraordinariamente eleva<strong>do</strong> de invenções importantese de longo alcance demanda a criação de grandes investimentos de capital,de longa duração e estáveis, portanto aquele tipo principal de um "trabalho feitoanteriormente" e que prepara de longa data o resulta<strong>do</strong> final da produção. Por outroindireta" conduz "mais rapidamente" ao objetivo. (Das Kapita/, p. 236.) A ulterior especificação, acrescentada a esse enuncia<strong>do</strong>,naturalmente só o justifica no senti<strong>do</strong> de que através da via indireta se encurta o tempo de trabalho necessário ("'evidentemente,o trabalho indireto (... ) e o trabalho direto (...) soma<strong>do</strong>s têm de produzir uma quantidade maior de utilidade<strong>do</strong> que se o trabalho indireto tivesse si<strong>do</strong> também trabalho direto"). Contu<strong>do</strong>, a expressão "mais rapidamente", que nãoé expressamente explicada. em virtude de seu duplo senti<strong>do</strong>, convida fortemente a confusões, nas quais de fato muitosautores posteriores caíram. Isso aconteceu de mo<strong>do</strong> particularmente craso, por exemplo, com B. Stolzmann, que, ao parafrasearos dizeres de Rodbertus que acabamos de citar, diz que "'uma via indireta sensata sempre leva, no global, mais rapidamente"ao objetivo, queren<strong>do</strong> colocar essa proposição, correta para o encurtamento <strong>do</strong> tempo de trabalho, como umasuposta prova contra a ocorrência de um prolongamento <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção. (Sozial~ Kategorie. Berlim, 1896, p.325 et seq.) Além disso. Lexis; ver a recensão. altamente instrutiva para nossa questão, feita por ele <strong>do</strong> livro de Wicksellsobre Wert. Kapita/ und Rente, publicada no Schmollers Jahrbuch, v. XIX, p. 332 et seqs.• bem como minha resposta detalhadaem "Einige strittige Fragen der Kapitalstheorie~ p. 19 et seqs., e no Excurso 11, que segue.


,t:"c­EXCCRSC :la<strong>do</strong>, por menos possível que seja calcular o que o gênio inventivo é capaz de cc:"'.­seguir no caso individual, a longo prazo e de acor<strong>do</strong> com a lei <strong>do</strong>s grandes núrnerc5não pode deixar de exercer influência o simples fato de que é muito mais fác:: ­~-~e, portanto, pode-se conseguir com muito mais facilidade e freqüência - atender."'­mediante o processo de uma nova invenção, à única exigência de conseguir urnC5produto maior <strong>do</strong> que atender ao mesmo tempo a duas exigêpcias, isto é, a de conseguiro produto maior por meio de um méto<strong>do</strong> mais curto. E exatamente a mesmar,:.1:'::coisa que ocorre neste outro caso: é muito mais fácil construir locomotivas ou mac:'quinário para navios, mais forte, quan<strong>do</strong> as máquinas mais fortes podem ao mesf;_=mo tempo ter um peso próprio maior, <strong>do</strong> que solucionar o problema de construirmáquinas mais fortes com peso menor. Com efeito, foi a dificuldade de resolver esteúltimo problema que fez malograrem durante tanto tempo os esforços no senti<strong>do</strong>.... 'Çde construir uma aeronave dirigívelJ12=,.,-Entretanto, como já afirmei, minha tese em nada depende da prova de deter­:Xminada relação de freqüência entre invenções "que prolongam" e invenções "que:~encurtam". Para mim é suficiente constatar o que a evidência ensina e, quanto saiba.~:,êaindanão foi posto em dúvida por ninguém até hoje, a saber, que houve e há umgrande número de invenções cujo aproveitamento está associa<strong>do</strong> a um prolonga­I:,,"mento <strong>do</strong>s processos de produção anteriormente em uso.E agora, antecipan<strong>do</strong>, tenho de expor uma idéia de§tinada a encontrar sua aplicaçãoprincipal em outras partes da teoria <strong>do</strong> capital. E que o aproveitamento de~ ,02 ­todas as invenções tecnicamente vantajosas e que estão associadas a algum méto<strong>do</strong>indireto que leva tempo, demanda também uma condição material prévia. Quem~:.€­ quiser vincular suas provas produtivas correntes (trabalho e recursos <strong>do</strong> solo) a processosde produção que só podem trazer seus frutos maduros após decorri<strong>do</strong> um~"" perío<strong>do</strong> intermediário mais ou menos longo, já deve estar provi<strong>do</strong> de outra fontepara atender às necessidades de bens desse perío<strong>do</strong> intermediário. Em outras pala­J.:E:'r_'c('-r:vras, precisa-se, de uma forma ou outra, de estoques de meios de subsistência parao perío<strong>do</strong> intermediário, durante o qual ainda não estão disponíveis os frutos <strong>do</strong>processo de produção demora<strong>do</strong> a ser a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>. E naturalmente se precisará de estoquestanto maiores de meios de subsistência, quanto mais longos forem os méto<strong>do</strong>sde produção que se a<strong>do</strong>tarem. Na vida comercial comum, costuma-se exprimiresse fato banal dizen<strong>do</strong> que o aproveitamento de certas invenções associadas a longospreparativos demanda muito "capital" - expressão que não é nem totalmentecorreta nem totalmente incorreta, mas sobre a qual já demos a explicação mais exataem outro Jugar. 13Em relação a essa condição material prévia há uma diferença profunda e repletade conseqüências entre as invenções que encurtam o perío<strong>do</strong> de produção e asque o prolongam. Para as primeiras, essa condição prévia sempre já está cumpridade antemão; sua falta não pode nem impedir nem retardar consideravelmente oaproveitamento da respectiva invenção. Com efeito, se já anteriormente estava realmenteem curso uma produção que representava um méto<strong>do</strong> indireto ainda maisIT""­·4'­c."~: 12 Um terceiro argumento - que, aliás, não se estriba apenas em avaliações de medição visual dificilmente conrroiá':el.5e em considerações gerais de probabilidade, mas em fatos estatisticamente controláveis - resultará <strong>do</strong> nexo - a ser demonstra<strong>do</strong>mais adiante - existente entre o pena<strong>do</strong> médio de produção e a quantidade de capital existente em uma ecopnomia nacional. O aumento <strong>do</strong> capital nacional per capita da população, que pode ser observa<strong>do</strong> em todas as economias~


12 TEORIA POSITIVA DO CAPITAL,;i jIj11ilongo, necessariamente deve haver na respectiva economia ou na economia da naçãotambém os necessários estoques de meios de subsistência, até para um méto<strong>do</strong>de produção indireto mais longo, e tanto mais para o méto<strong>do</strong> de produção maisbreve, exigi<strong>do</strong> pela nova invenção. Por ess,e la<strong>do</strong>, portanto, o aproveitamento destaúltima não depara com obstáculo algum. E possível, por outro la<strong>do</strong>, que esse aproveitamentoseja retarda<strong>do</strong> por outros fatores, durante determina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, modera<strong>do</strong>,em virtude de certas dificuldades nunca totalmente ausentes no caso daimplantação de um novo processo; por exemplo, a manutenção <strong>do</strong> segre<strong>do</strong> sobreo novo processo ou sua patenteação, o desconhecimento ou in<strong>do</strong>lência <strong>do</strong>s empresários,o interesse de aproveitar ainda por algum tempo equipamentos antigos, masainda bem conserva<strong>do</strong>s, e outroS.]4 Contu<strong>do</strong>, após um perío<strong>do</strong> de transição relativamentebreve, suficiente para superar essas "resistências de atrito", a nova invençãoestará implantada em toda a linha e estará completamente suplanta<strong>do</strong> o processoantigo, inferior tanto em produtividade quanto em rapidez. Ao contrário, o obstáculode uma "falta de capital", de eliminação muito mais lenta e mais difícil superação,não pode desempenhar e não desempenhará aqui pape! algum, desde que o alcanceda invenção e de sua dupla vantagem - a de acarretar um produto maiorcom uma exigência de capital menor - seja conheci<strong>do</strong> e reconheci<strong>do</strong>.]5A isso associa-se uma outra conseqüência, altamente relevante para o nossotema. A economia da nação nunca acumula em estoque invenções vantajosas queencurtam o perío<strong>do</strong> da produção. Sejam estas poucas ou muitas, elas não se acumulam.A seu aparecimento segue sempre seu aproveitamento imediato, aliás, seuaproveitamento total, até o fim. Decorri<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> de transição relativamente breveque for suficiente para superar as "resistências de atrito" acima referidas, elas ocupamde forma tão exclusiva e generalizada o lugar <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produção maisantigos, que simplesmente já não resta margem alguma para sua "nova introdução".O aproveitamento dessas invenções já pertence ao esta<strong>do</strong> de conservação, não maisao progresso. Se quisermos que haja nova oportunidade para progresso a partir destafonte, é necessário que ocorram novas invenções. Se elas permanecem em esta<strong>do</strong>"estacionário" em relação aos conhecimentos da técnica de produção, por um perío<strong>do</strong>longo, então será inteiramente a oportunidade de a respectiva economia da naçãoaumentar, pelo emprego de uma invenção que encurte o tempo, a produtividade<strong>do</strong> processo de produção anterior. A consecução de maiores resulta<strong>do</strong>s de produçãopor meio de méto<strong>do</strong>s de produção que encurtam o tempo é, como atualmentese gosta tanto de dizer, um fenômeno "dinâmico", e não "estático", na Economia Polí­1 tica. Aliás, maiores resulta<strong>do</strong>s deles decorrentes - gostaria de observar isto de pas­1114 Este último elemento exercerá um papel sobretu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> o novo méto<strong>do</strong> é mais breve que o antigo, mas tem de sera<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> em uma direção bem diferente, de sorte que os equipamentos antigos simplesmente não são aproveitáveis para~o novo processo. Nesse caso, se o novo processo fosse a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> repentinamente e em toda linha, de uma vez só, em lugar1 <strong>do</strong> antigo, no primeiro momento, a despeito <strong>do</strong> encurtamento <strong>do</strong> processo, seria necessário um aumento de recursos a1investir, uma vez que os recursos já investi<strong>do</strong>s estariam amarra<strong>do</strong>s nos equipamentos antigos e a aquisição de equipamen­.1tos diferentes e novos, além <strong>do</strong>s velhos, demandaria uma vinculação de recursos adicionais. Todavia, com o desgaste sucessivo<strong>do</strong>s equipamentos velhos, os reCUrsos que de outra forma teriam si<strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>s para substituir os eqUipamentosJvelhos desgasta<strong>do</strong>s podem ser investi<strong>do</strong>s no novo processo, para o qual devem ser suficientes e sobrar, na pressuposiçãoque fizemos de que o processo novo representa um méto<strong>do</strong> mais curto que o antigo. Apresentei explicações ainda maisprecisas sobre eSSe tema em minhas "Strittige Fragen", p. 31 et seqs., para onde remeto os leitores que desejarem da<strong>do</strong>sainda mais precisos.15 É possível que uma "falta de capital" individual desempenhe um papel, enquanto o inventor, por um la<strong>do</strong>, não quiserabrir mão de seu conhecimento e, por outro la<strong>do</strong>, não conseguir inspirar plena confiança na rentabilidade de sua invenção.Sem dúvida, é possível que, não sen<strong>do</strong> ele mesmo capitalista, depare com muitas dificuldades para ele mesmo conseguircapitais necessários para aproveitar sua invenção: como é sabi<strong>do</strong>, este é um destino freqüentemente reserva<strong>do</strong> aos investi<strong>do</strong>res!Entretanto, se quisermos ser exatos, trata-se, no caso, de dificuldades individuais de crédito, que não têm absolutamentenada a ver com a outra questão de se há ou não, dentro da economia nacional, o capital necessário para aproveitarum méto<strong>do</strong> reconheci<strong>do</strong> como vantajoso e disponível aos empresários da produção para ser utiliza<strong>do</strong>.-,:i...iJ3


EXCURSO I13z: -_êdeempresários ou decorrentes da conjuntura <strong>do</strong> que com a taxa normal de jurossagem, e à guisa de antecipação - se relacionam muito mais com ganhos pessoais~-== :


14 TEORIA POSITNA DO CAPITALsoman<strong>do</strong>-se numa quantidade tão grande que nem mesmo os recursos da naçãomais rica nem de longe são suficientes para efetivar na prática to<strong>do</strong>s esses prolongamentosvantajosos da produção ofereci<strong>do</strong>s pelo esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s conhecimentos técnicos.Não podemos deixar-nos iludir sobre essa situação pelo fato de os capitalistasmuitas vezes recearem aplicar seus capitais crescentes à taxa de juros atualmenteem vigor ou pelo fato de muitos desses empregos parecerem não-rentáveis <strong>do</strong> pontode vista econômico, porque a vantagem de produção a eles associada não cobrea despesa de juros à taxa usuaL Na realidade, o que existe aqui não é, de mo<strong>do</strong>algum, excesso de capital e falta de oportunidades remunera<strong>do</strong>ras de aplicação; pelocontrário, a situação é esta: o capital disponível é insuficiente para aproveitar to<strong>do</strong>sos méto<strong>do</strong>s indiretos e vantajosos de produção; em conseqüência disto, dentreas muitas oportunidades de aplicação vantajosas escolhem-se sempre apenas as maisvantajosas, e o grau de vantagem até onde a seleção e o aproveitamento pode serfeito com o capital existente determina a respectiva taxa de juros a partir da insuficiência<strong>do</strong> capitaLDa mesma forma que, em se tratan<strong>do</strong> <strong>do</strong>s níveis <strong>do</strong>s nossos cursos d'água, nãose costuma considerar como ponto zero a ausência total de água - que poderiaser designa<strong>do</strong> como ponto zero absoluto -, mas determina<strong>do</strong> ponto mais alto, maisou menos o que corresponde ao nível normal da água, exatamente assim é precisodistinguir, também na questão da rentabilidade de méto<strong>do</strong>s indiretos de produção,um duplo ponto zero. Primeiramente, um ponto zero relativo, que já inclui em sia taxa de juros usual, de sorte que, portanto, uma aplicação que proporciona o jurousual, mas nada mais <strong>do</strong> que isso, designa o ponto zero, ao passo que essas aplicaçôes,que proporcionem, sim, um juro, mas inferior ao costumeiro, são consideradascomo abaixo de zero e passam por "não-rentáveis". Ao la<strong>do</strong> deste, há, porém,em segun<strong>do</strong> lugar, também um ponto zero absoluto, localiza<strong>do</strong> onde o prolongamento<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de produção realmente não rende nada em absoluto, isto é, onde,empregan<strong>do</strong>-se o méto<strong>do</strong> de produção mais longo, com cada unidade de meiosprodutivos (por exemplo, com cada dia de trabalho), não se obtém absolutamentenenhum acréscimo de produto em relação ao méto<strong>do</strong> mais curto. Ora. entre os <strong>do</strong>ispontos zero há uma zona extraordinariamente larga, na qual um prolongamento <strong>do</strong>méto<strong>do</strong> de produção ajuda a conseBuir um aumento de produto, mas este aumentoé inferior à taxa de juros usual. E evidente que, para a questão <strong>do</strong> aumento daprodutividade técnica - a única que está em discussão aqui -, toda essa vastazona ainda tem de ser somada aos "méto<strong>do</strong>s indiretos de produção vantajosos'. Apenasnão são tão vantajosos como os que foram escolhi<strong>do</strong>s pelo escasso capital para seremaproveita<strong>do</strong>s antes; por essa razão, por ora ainda ficam de la<strong>do</strong>, pois, para aproveitarsua pequena vantagem ter-se-ia de arrancar um capital de uma aplicação aindamais lucrativa. Contu<strong>do</strong>, tais méto<strong>do</strong>s de produção ainda esperam pelo seu aproveitamentoe, como demonstra a experiência, pouco a pouco chegam a ser aproveita<strong>do</strong>s,na medida em que aumenta o estoque de capital da sociedade e - segun<strong>do</strong>a bela e expressiva comparação de Turgot - a taxa decrescente de juros, que éao mesmo tempo "o efeito e o indica<strong>do</strong>r da abundância <strong>do</strong> capital" (l'effet et l'indicede J'abondance des capitaux), os faz emergir <strong>do</strong> mar da não-rentabilidade (relativa).Na realidade, dificilmente podemos fazer uma idéia exagerada da infinidade <strong>do</strong>sprolongamentos de produção vantajosos conheci<strong>do</strong>s em da<strong>do</strong> momento e só nãoexecuta<strong>do</strong>s por falta de "capital". 16 Ao se tentar obter uma visão geral não se devepensar somente nas "invenções" propriamente ditas que dão na vista e que aindars16 Ver, acima, a observação à página 11 deste Excurso."""


EXCLRSC :ç-- "­ não encontraram seu aproveitamento pleno - se bem que somente esse grupo ..é~.:? ­::-::5represente uma quantidade poderosa e ponderável, sobretu<strong>do</strong> pelo volume de ex'­gências quanto a investimentos de capital: pensemos, por exemplo, na colossal r.e­S-..35cessidade de investimento que provocou e continua a provocar apenas meia dúz'a~r::2de idéias inventivas <strong>do</strong>s últimos cem ou cento e cinqüenta anos, como a invençãoIC.-' ­das máquinas a vapor, das ferrovias, <strong>do</strong> telégrafo, incluin<strong>do</strong> os cabos submarinos.X~2c·::;<strong>do</strong> telefone, da transmissão de energia elétrica e similares. Acontece que, além dasinúmeras invenções novas, que exigem um adiantamento maior de trabalho ante­-;-.2­riormente realiza<strong>do</strong>, há um número ainda maior de vantagens de produção há muir::;­to vulgarizadas, há muito sequer consideradas como "invenções", apesar de elas nem~_~2de longe ainda terem esgota<strong>do</strong> seu campo de aplicação possível. Muitas delas são~_=-:sde natureza tão especial que só podem encontrar aplicação em determina<strong>do</strong>s seto­~ ~~res de produção, como, por exemplo, a adubação artificial ou as instalações de dre­5~~nagem na agricultura. Mas muitas outras são de natureza geral, poden<strong>do</strong>, pelo menoscom adaptações apropriadas, ser transferidas com proveito para os mais diversos:-.Ê:oramos de produção - fato <strong>do</strong> qual mais adiante ainda terei oportunidade de fazerk:--:auma aplicação especial ao nosso tema. A esses tipos mais gerais pertence, por exemr.?:.~splo, o princípio da condução, que encontra as mais diferentes aplicações nas diver­~c:.sosas formas de condução de água potável, condução de forças hidráulicas, condução..:"'"de água salgada, condução de gás, fios telegráficos e telefônicos, transmissão de.'- .::-.energia elétrica etc.; o tipo da instalação de segurança, representa<strong>do</strong> pelas cercas,",;,~,=)sebes e estacas <strong>do</strong>s campos, pelos muros, grades etc. em fábricas e oficinas, pelas1':':3­fechaduras de porta contra assaltos, pelas trancas em cofres das lojas, pelas caixas­~ê:-::­fortes e similares, pelos diques, pára-raios, extintores de incêndio, os aparelhos de('2:-:­,,- alarme etc., destina<strong>do</strong>s à proteção contra as forças da natureza; além disso, o tipo-~­. '::;'­<strong>do</strong>s locais e recipientes para conservação, suscetíveis de construção tão diferente,como celeiros, cocheiras e armazéns <strong>do</strong>s agricultores, depósitos, adegas, almoxari­:-'.'C J5fa<strong>do</strong>s da indústria e <strong>do</strong> comércio atacadista, armários, lojas, caixas, garrafas, frasl'~:-.:equinhos etc. <strong>do</strong> varejista, <strong>do</strong> farmacêutico; os tão numerosos tipos de máquinas eI :.:; ~3instrumentos mais simples: alavancas, roldanas, parafusos, manivelas, transmissões,te :'0foles, ventila<strong>do</strong>res etc.~_2:--~­Seria fácil prolongar a lista ao infinito, mas quero apenas mencionar ainda um~c :'e.tipo que admite a aplicação mais universal, apresenta a relação mais clara e mais'.?:::adireta com um prolongamento <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção e ao mesmo tempo é o>e::"".a::que menos tem em si da natureza de uma invenção: é simplesmente a fabricaçãoré :::.2­mais resistente de quaisquer instrumentos de produção, edifícios, máquinas, instru­a=~:'­mentos, trilhos, <strong>do</strong>rmentes etc. E verdade que to<strong>do</strong>s os instrumentos de produção,..--.:asem exceção, podem ser fabrica<strong>do</strong>s com grau diferente de durabilidade, determina­a::~:'­<strong>do</strong> ou pela escolha de um material de durabilidade diferente (madeira mole, madeiradura; telhas, pedras de cantaria; ferro fundi<strong>do</strong>, ferro forja<strong>do</strong>, aço Bessemer l ) ouc--~­~_~.:,r)pela diferença de cuida<strong>do</strong> na fabricação. Nesse caso, a fabricação mais durável nor­~_'" 2.malmente acarreta um dispêndio maior de unidades de meios produtivos, por exemplo-=~:2dias de trabalho. Ela encerrará uma vantagem técnica de produção, em nosso senti­::', ?<strong>do</strong>, enquanto 1 ? o aumento de durabilidade for maior <strong>do</strong> que o aumento de meiosi .=.= 5-.~,):",',2~_ -. ='ê:17 "Enquanto". como digo no texto, e disse também. de forma textualmente igual, em minhas "Strittige Fragen", p. 24 erSt:~., evidentemente não significa de mo<strong>do</strong> algum "sempre": assim como em minha opinião nem to<strong>do</strong> prolongamento àeum méto<strong>do</strong> de produção tem necessariamente de aumentar a produtividade dele, tampouco pensei ou penso que todaconstrução mais resistente de um instrumento sempre e necessariamente tem de ir aliada a uma vantagem técnica daprodUÇão. Não obstante. esta última opinião me foi falsamente atribuída mais de uma vez; entre outros. por Landry (1ntérêrdu <strong>Capital</strong>. p. 2.H3: "... cette construction plus soignée ne peut manquer d'accroí'tre le produit"; afirmação semelhante tambémna p. 286). Ver agora também minhas explicações na nova Seção 11, introduzida no Livro Segun<strong>do</strong> da <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>v. I, p. 117 et seqs.


16 TEORIA POSITNA DO CAPITALprodutivos a serem necessariamente sacrifica<strong>do</strong>s para esse fim. Se, por exemplo,uma máquina, de construção menos sólida, custar 100 dias de trabalho e durar 5anos, e a de construção mais sólida custar 150 dias de trabalho e durar 10 anos,é evidente que a construção mais sólida significa um méto<strong>do</strong> de produção tecnicamentemais vantajoso, pois no primeiro caso o dia de trabalho é remunera<strong>do</strong> com5 x100 365 = 1825 , prestaçoes - d'" lanas de serVIço 'd a maquma. ' , e no segun <strong>do</strong> com10 {S5 65 = 24,33 prestações diárias de serviço. Mas é igualmente claro que aconstrução mais resistente significa um prolongamento <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de produção. Comefeito, duran<strong>do</strong> a produção de cinco anos, as unidades de trabalho investidas nafabricação da máquina realizam seus serviços produtivos, em média, já 2 1/2 anosapós terminar a fabricação da máquina, ao passo que no caso de uma produçãoque dura dez anos isso só acontece cinco anos após o término da máquina.Contra essa minha avaliação generosa da margem que sempre permanece aberta,mesmo sem invenções, a prolongamentos de produção vantajosos, há bem poucoo Prof. Taussig, com o qual aliás me alegro muitíssimo em concordar no tocantea muitos pontos de vista, levantou a seguinte objeção, estribada num motivo interessante:se, diz ele, pressupusermos que os conhecimentos técnicos estão estacionários(condition in which the arts are stationary) , não se pode, sem ser inconseqüente,supor que um aumento de capital se possa também traduzir num aumento de outrosinstrumentos, melhores <strong>do</strong> que os já utiliza<strong>do</strong>s até agora, pois a passagem paraoutros intrumentos melhores seria já uma decorrência "<strong>do</strong> progresso e da invenção"(improuement and inuention); ao contrário, segun<strong>do</strong> ele, só se pode levar em contaaquelas oportunidades de aumento de produtividade que resultam de um aumentoou de uma multiplicação exatamente <strong>do</strong>s mesmos instrumentos que existiam atéagora. Quanto à medida em que é possível ainda obter um acréscimo de produtode um simples acúmulo de instrumentos antigos (old-fashíoned toolsl, Taussig acreditapoder considerá-Ia muito reduzida - tão reduzida que, em sua opinião, a nãoser que novas invenções abram novas oportunidades de emprego, já um aumentorelativamente pequeno <strong>do</strong> capital existente na economia da nação esgotaria totalmenteessa medida e faria com que fossem nulas as oportunidades abertas paraprolongamentos vantajosos da produção,18Gostaria de começar observan<strong>do</strong> que, segun<strong>do</strong> me parece, a diferença entrea colocação <strong>do</strong> Prof. Taussig e a minha é mais puramente quantitativa <strong>do</strong> que essencial.Com efeito, quanto às outras conclusões que penso tirar de minhas tesesacima desenvolvidas, nada há de essencial que dependa de ser amplo ou restritoesse campo de oportunidades abertas, mas não cobertas pelo estoque de capitalexistente na economia nacional - desde que exista; ora, sua existência tambémnão é negada por Taussig. 19 Aliás, quanto saiba, dessa divergência apenas quantitativaele não tirou nenhuma outra conclusão contra os fundamentos de minha teoria,Mesmo assim, creio que a verdade objetiva me impõe o dever de complementarminhas exposições anteriores, salientan<strong>do</strong> especialmente aqueles pressupostos que,em meu entender, contrariam a concepção de Taussig.Creio que Taussig deixa totalmente fora de consideração uma parte <strong>do</strong> campoexistente, e quanto à outra parte, atribui-lhe dimensões excessivamente reduzidas.18 TAUSSIG. "<strong>Capital</strong>, Interest and Diminishing Returns". In: Quarter/y Journa/ of econamics. v. XXii, maio de 1908, 'p.333 et seq., sobretu<strong>do</strong> p. 355-360.19 Na citada obra, à p. 355, ele apenas supõe que o emprego de capital que aumentou simpiesmente para multiplicar osinstrumentos "antigos", "muito em breve" levaria a um esta<strong>do</strong> em que não haveria mais nenhum outro aumento de produtividade.::~~_::l~5' ~3::rrO,,:,'aSl:t:'n. :,F.rr!é-ai-=-.-':3:cé =J:,.::r= J- -~ .-~-]-,=-5-.:::...s- 'â::::-~ _"':'::11'~I


E:';C:;;:::::Supõe precipitadamente que um esta<strong>do</strong> estacionário <strong>do</strong>s conhecimentos Cc :02::,.::::de produção só admite uma cópia absolutamente exata <strong>do</strong>s instrumentos já e;;;S:2:'.'_:::.: :::lteso Na realidade não é assim. Com efeito, a verdade é que sempre já se conhe:2:':'~~ ::: s.muitas coisas, que até agora apenas não se conseguiu executar porque o cálc.:.::- --":?­econômico não o permitiu. Os técnicos sempre já conhecem certos instrumemcô:: :':1ou qualidades tecnicamente exímias de instrumentos, cuja fabricação e aproveito­: : "'1 mento efetivos no momento são obstaculiza<strong>do</strong>s pela ~falta de capital" - ou. paroexprimir a coisa de maneira como ela costuma entrar nos motivos <strong>do</strong>s práticos -._.2 Gpor sua rentabilidade ainda por demais reduzida, comparada com a taxa de juros_ ::nvigente. Nenhum empresário <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de conhecimentos técnicos e comerciais de[­xará de ter clareza sobre o fato de que uma fábrica instalada em um sistema mode­:: = :'.alar, se funcionar racionalmente, tem que ter uma estrutura diferente, deven<strong>do</strong> ser:::'.:::lS:._=3.0mais capitalista se o juro <strong>do</strong> capital, em vez de ser 1% for de 5%; e nenhum delestampouco terá receio de efetuar tal mudança em sua fábrica - mesmo nãoc,,:-:a.se alteran<strong>do</strong> o esta<strong>do</strong> atual de conhecimentos técnicos e sem ter de esperar por no­vas invenções -, caso a taxa vigente de juros baixar para 1%. Há bastante aperfei­: :"::0·:=':'.::eçoamentos técnicos que hoje se conhecem e cuja introdução prática o empresário.-.:ederiam2 ou 3%, ao passo que a taxa de juros em vigor ainda é de 4 ou 5%. E.após fazer cuida<strong>do</strong>samente o cálculo, só deixa de efetuar agora porque eles só renõ:=.:'0­·_2:,:e.para citar, a título de exemplo, apenas algumas das possibilidades mais palpáveise mais gerais, há sempre alguma oportunidade aberta para, por meio de uma cons­2 ::)'1­:". :: =.:atrução mais resistente e mais durável de uma fábrica, pela escolha de um perío<strong>do</strong>de alternância mais longo para o abate das florestas das quais se extrai a madeira-: ~o·para construção etc., conseguir, à custa <strong>do</strong> montante e da duração <strong>do</strong> investimento:::: :-'.tade capital, uma vantagem técnica que anteriormente, sen<strong>do</strong> a taxa de juros mais:""'2-.:0::': =.!éalta, teria si<strong>do</strong> uma vantagem apenas técnica, mas não econômica. Em suma, mes­:: .:.·..::0mo não haven<strong>do</strong> novas invenções, há margem não somente para copiar servilmenc:::resehaviam fabrica<strong>do</strong> até agora.te o antigo, mas também para fabricar instrumentos de qualidade que de fato não3. "",-aoPois bem, parece-me que Taussig simplesmente não levou em conta esse setor,.::-=-_~:-:to:: :::cl·que é melhor ilustra<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> a' diferença de qualidade <strong>do</strong>s equipamentos,qualidade esta da qual desfrutam hoje realmente as fábricas mais bem montadas,~ :: =.raem comparação com aqueles equipamentos que já hoje se lhes poderia racionalmentedar e se lhes daria efetivamente, sem o acréscimo de novas invenções, caso': 2:'.:redeixasse de existir a pressão da atual escassez de capital e da correspondente taxa't--== 25­:::: :2ôesde juros.No que tange à avaliação da margem dentro da qual mesmo uma imitação ser­':'2 ô::-.:ovi] e exata com multiplicação de instrumentos já existentes pudesse levar a um au­: ::::::almento de produtividade técnicas,20 recomen<strong>do</strong> considerar as seguintes simplest=-:-. ~-2:l1ponderações, confrontan<strong>do</strong>-as: quão poucas são, por um la<strong>do</strong>, as empresas que,c_~~.~:mesmo no país mais rico <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, atingiram o auge em termos <strong>do</strong> equipamento1.:: :20­mais perfeito possível no atual estágio da técnica, e, por outro la<strong>do</strong>, quão grander_~=--.:aré, portanto, a quantidade de capital que, mesmo nos países mais ricos, seria ainda== : "J.e.preciso investir para assimilar, até a última das empresas mais atrasadas, o equipamentode to<strong>do</strong> o trabalho nacional às empresas-modelo mais avançadas! E que di­C:::':.:Jo·_':-..:.a5.ferença existe, além disso, no tocante ao equipamento médio, entre essas naçõesmais ricas e as economias nacionais medianamente abastadas, e sobretu<strong>do</strong> as mais. ~: ~ :)20 Não posso salientar demais que, para a questão aqui em pauta, trata-se apenas de uma produtividade técnica maiort-=: :=.:- :'5 por unidade de meios produtivos, por exemplo, por dia de trabalho, e não de rentabilidade econômica, que já pressupõe~ : -: :--> a taxa de juros vigente. Ver supra, p. 14 deste Excurso.


-~ ~- -~--18 TEORIA POSITIVA DO CAPITALatrasadas! Poderá alguém pensar, por exemplo, que o aumento de uma simples fra­ção no atual estoque de capital da Rússia poderia ser suficiente para elevar to<strong>do</strong>o equipamento da economia nacional russa em to<strong>do</strong>s os ramos da produção e <strong>do</strong>comércio, ao nível das empresas modelares mais avançadas da Inglaterra ou da Bél­gica? Não é plenamente manifesto que isso exigiria antes uma multiplicação <strong>do</strong> es­toque de capital original? E, para ao menos mencionar uma cifra concreta, que podeservir para ilustrar as grandezas aqui em pauta: para o fim de 1905 calculou-se oinvestimento em capital nas ferrovias construídas até então em aproximadamente182 275 bilhões de marcos. Justamente essa invenção, que já tem quase um séculode idade e é altamente eficiente <strong>do</strong> ponto de vista técnico, já está relativamente avan­çada em seu aproveitamento; não obstante, será que alguém ousaria afirmar quecom isso já se construiu a quarta parte, ou mesmo apenas a décima parte, das fer­rovias que, agin<strong>do</strong> racionalmente, se deverão construir e se construirão de fato naeconomia mundial, na medida em que o capital crescente e a taxa de juros decres­cente o permitirem?21Resumamos os elementos importantes para nosso tema.Os méto<strong>do</strong>s inventa<strong>do</strong>s no decurso da evolução <strong>do</strong> espírito humano para melhorartecnicamente a produção de bens estão, ao menos em grande parte,22 associa<strong>do</strong>sa um prolongamento <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produção anteriormente em uso.Na medida em que isso ocorre, a execução efetiva de tais prolongamentos, mesmoque já estejam superadas todas as demais dificuldades que obstam à inovação, estáainda condicionada pelo outro pressuposto, isto é, que o estoque disponível de meiosde subsistência tenha atingi<strong>do</strong> um montante suficiente para cobrir o tempo de esperaprolonga<strong>do</strong>. Pela experiência sabemos que o montante efetivo <strong>do</strong> estoque de meiosde subsistência acumula<strong>do</strong>, mesmo nas nações mais ricas, e tanto mais nas menosabastadas, está muito aquém <strong>do</strong> montante que seria necessário para o aproveitamentoexaustivo de to<strong>do</strong>s os prolongamentos da produção tecnicamente vantajosose conheci<strong>do</strong>s em determina<strong>do</strong> momento. Por isso, sempre se aproveitaráefetivamente apenas uma parte, aliás, pelo caminho da seleção, a parte mais lucrativa<strong>do</strong>s prolongamentos da produção possíveis, de acor<strong>do</strong> com o estágio <strong>do</strong>s conhecimentostécnicos. Enquanto isso os prolongamentos da produção restante, que,embora tecnicamente ainda vantajosos, o são menos <strong>do</strong> que os prolongamentosa eles preferi<strong>do</strong>s, têm de esperar para ver se e quan<strong>do</strong> um aumento de capital acu­ ="-12mula<strong>do</strong> permitirá também sua execução. Daqui resulta que to<strong>do</strong> aquele que no pre­-_:"JJsente - e também em qualquer momento, ao menos com base na experiência deque dispomos - tiver a condição material para a<strong>do</strong>tar um méto<strong>do</strong> de produçãoprolonga<strong>do</strong>, a saber, um capital suficiente para isto,. dispõe de uma oportunidade,~:?sempre aberta, de conseguir uma produtividade técnica maior pelo prolongamento:,,1.'::::lde um processo de produção atualmente em vigor. Tais oportunidades estão abertasa qualquer um. Para isso não é preciso ser mesmo inventor de méto<strong>do</strong>s de produção"sabiamente escolhi<strong>do</strong>s" nem esperar por tal invenção: as respectivas invenções'já estão disponíveis em estoques; elas são acessíveis a to<strong>do</strong> aquele que conhecer:: '::'121 É possível que nesse ínterim sobrevenha outra invenção, mais eficiente, em lugar das ferrovias, e que a ulteríor divulgaçãodestas seja obstaculizada ou impedida; contu<strong>do</strong>, nesse caso o aproveitamento dessa nova invenção também exigirá .c ....1:.um investimento de capital; e de mo<strong>do</strong> algum há certeza de que este possa ser menor. Sei perfeitamente que, para o tema-:-iiI1Il"--~.~discuti<strong>do</strong> contra Taussig, não posso levar em conta a necessidade de investimento no caso de invenções novas; mas natu·ralrnente tampouco se pode levar em conta nenhum obstáculo para o esgotamento <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s velhos por invenções ~!novas. Aliás, quase ousaria externar a seguinte suspeita: será que talvez, por ser visivelmente baixa a avaliação de Taussig, ~não entrou em jogo uma preocupação por tal obstaculização violenta, preocupaçâo esta inadmissível neste contexto, mas~-:::lII!!~e7JZinvoluntária e inconsciente? Já na denominação old fashioned too1s nos soa involuntariamente aos ouvi<strong>do</strong>s uma idéia deutilidade e aplicabilidade diminuídas, idéia esta da qual é tão necessário quanto difícil libertar-se totalmente, na questão"'-'olIque nos ocupa.2Z Como observei acima, poderia afirmar sem escrúpulos: "na maioria <strong>do</strong>s casos". Contento·me com a formulação <strong>do</strong> tex~=--I!. lito, porque para meu tema é importante apenas que minha afirmação tenha essa extensão.


EXCURSO I19os méto<strong>do</strong>s de produção de sua profissão na medida apropriada para um empresárc-rio da produção, e só esperam, em grande quantidade, por quem lhes possibilitec: a execução efetiva, por dispor de um capital adicional.c: Além disso, tais oportunidades estão espalhadas em número elevadíssimo emr112.- to<strong>do</strong> o vasto campo da produção. Sem dúvida, não é estritamente necessário quee~­em cada momento, cada ramo de produção e cada estágio de um ramo de produ­C2ção ofereça tal oportunidade; mas é extremamente provável que essa oportunidade: ::; exista; em to<strong>do</strong> caso, isso é muito mais provável que o contrário. Pois, por um la<strong>do</strong>,r:.:2sabemos que mesmo invenções e vantagens de produção mais antigas costumam~::'acumular-se com suas oportunidades de emprego menos lucrativas; por isso, teria~-- de ser um puro acaso a eventualidade de determina<strong>do</strong> ramo de produção nunca[:':2ter si<strong>do</strong> atingi<strong>do</strong>, nem em tempos antigos nem em época recente, por alguma int€:'-venção associada a um prolongamento <strong>do</strong> processo de produção, ou então - o~.a que também seria contrário a toda probabilidade - que invenções ocorridas, desse"'E,5-gênero, já tivessem si<strong>do</strong> todas elas exaustivamente aproveitadas até o ponto zerode sua rentabilidade técnica, ainda que nesse meio tempo a escassez de capital narespectiva economia nacional certamente nunca tivesse desapareci<strong>do</strong> inteiramente.r..e -Por outro la<strong>do</strong>, como também já observamos, certas invenções, e sobretu<strong>do</strong> certas:5- vantagens de produção generalizadas, têm uma aplicabilidade tão geral que admi­1S':).tem uma adaptação a quase cada ramo de produção, que seria, não digo a priori,l":.Oimpensável, mas um acaso extremamente raro determina<strong>do</strong> ramo de produção não?s:áser atingi<strong>do</strong> por nenhum desses tipos gerais. Acredito, de fato, e aqui está a prova~GSprática mais simples para o que digo, que não há um único empresário de produ­~'-2­ção, com competência em qualquer ramo, que hesite em aperfeiçoar o sistema daff:JSsua fábrica 23 caso se lhe coloque à disposição capital à vontade.~.:.sAssim sen<strong>do</strong>, to<strong>do</strong> aquele que tem condições de prolongar processos de pro­:::a­dução tem também condições de obter maiores resulta<strong>do</strong>s técnicos. Tem essas conc:-C)­dições, como disse acima, "no presente e tam\;>ém em qualquer momento, ao menostarácom base na experiência de que dispomos". E verdade que, com o aumento paularc::-tino <strong>do</strong> capital nacional,24 as velhas oportunidades vão sen<strong>do</strong> aproveitadas, uma:0­ camada depois da outra, e vão desaparecen<strong>do</strong>. Mas também o espírito inventiva:"":2. não pára, e dentre as novas invenções que sobrevêm, uma grande parte é <strong>do</strong> tipor.:osdaquelas cuja execução demanda um prolongamento <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produçãoiK"j­anteriormente em uso, e estas acrescentam nova§ camadas ao estoque que vai di­F2­ minuin<strong>do</strong>, de mo<strong>do</strong> que este nunca se esgota. E um processo similar àquele em


20 TEüRlA POSITIVA DO CAPITALprevisível. Sem dúvida, o processo não pode prolongar-se literalmente até o infini­tO. 26 Além disso, é certo que, como já observei bem de início,27 há uma tendênciapara um abrandamento sucessivo <strong>do</strong> fenômeno, para uma diminuição sucessiva <strong>do</strong>saumentos de produtividade associa<strong>do</strong>s a prolongamentos <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produçãosempre continua<strong>do</strong>s. Entre outras coisas - quero agora acrescentar -, tambémporque, progredin<strong>do</strong> muito o prolongamento <strong>do</strong>s processos de produção, começaa atuar um motivo extremamente simples de natureza matemática, fazen<strong>do</strong> com queas oportunidades para novos prolongamentos vantajosos da produção necessaria­mente se têm de tornar paulatinamente menos numerosos, ao menos relativamen­te. Com efeito, quanto maior já for o perío<strong>do</strong> de produção em que se pára na técnicade produção, tanto mais avança para frente o marco delimita<strong>do</strong>r que separa as no­vas invenções em invenções que "prolongam" o perío<strong>do</strong> de produção e as que o"encurtam"; a margem para estas últimas torna-se cada vez maior, a margem paraas primeiras cada vez menor, e isso não pode, com o tempo e na grande médiaglobal, deixar de influir sobre a relação de freqüência entre as duas: essa relaçãose alterará a favor das invenções que encurtam. 28 Por exemplo, caso se pare, emalgum ramo de produção, num perío<strong>do</strong> de produção de três anos, um novo méto<strong>do</strong>de produção inventa<strong>do</strong> e de produtividade brilhante, que exigir um perío<strong>do</strong> dequatro anos, pertencerá à categoria das invenções que prolongam o perío<strong>do</strong> de produção.Se, porém, já se tivesse para<strong>do</strong> num perío<strong>do</strong> de produção de seis anos, exatamentea mesma nova invenção brilhante já teria pertend<strong>do</strong> à categoria das invençõesque encurtam o perío<strong>do</strong> de produção. No primeiro caso teria ajuda<strong>do</strong> a aumentarainda mais a montanha <strong>do</strong>s prolongamentos de produção vantajosos em aberto;no segun<strong>do</strong> caso não somente não lhe acrescenta nada, senão que ajuda a diminuiressa montanha, na medida em que sua introdução libera capital, que pode seremprega<strong>do</strong> para o aproveitamento de outros prolongamentos da produção quaisquerque aguardam sua efetiva execuçã0 29Entretanto, penso que seria mais ousa<strong>do</strong> aquele que afirmasse esgotamento <strong>do</strong>sprolongamentos de produção vantajosos para algum momento previsível e praticamentepróximo para a humanidade que desenvolve atividades econômicas 30 <strong>do</strong>que aquele que, como eu, conta não com uma continuidade infinita da nossa regra,:,-'=::-~já que antes de se esgotar sempre recebe uma complementação mediante novas invenções, que também determinam umprolongamento <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção. Ora, uma vez que para minha teoria é totalmente indiferente se esse estoque,disponí\lel para ser utiliza<strong>do</strong>, é praticamente inesgotável por este ou aquele mütivo - desde que de fato seja, na prática,inesgotável -, essa djferença de opmião, puramente quantitativa, só nos separa provisoriamente em um ponto que é irrele­vante para a essência da teoria.26 Fisher observa, d~ mo<strong>do</strong> perfeitamente correto, que "a terra limitada nunca pode ter um produto ilimita<strong>do</strong>" e que, por­tanto, mesmo que continuem sem fim os aumentos de produtividade, estes não podem chegar a um máximo infinito, senãoque apenas - mais ou menos à guisa de progressões assintóticas - poderiam aproximar-se infinitivamente de um máximofinito. (Rale o[ fnterest. p. 67.) Esta úlltma fórmula seria perfeitamente conciliável, <strong>do</strong> ponto de vista matemáltco, com minhaopinião de que os aumentos de produtividade apresentam uma tendência sucessivamente decrescente. Não obstante,não me sinto inclina<strong>do</strong> nem tenho interesse teórico em afirmar uma continuidade "infinita" de atuação de minha regra,nem mesmo nesse senti<strong>do</strong>, física e matematicamente possível.27 Ver Teoría Positíva. v. I, p. 111 et seqs28 Com isso naturalmente não se quer dizer que as invenç6es que encurtam o perío<strong>do</strong> de produção passem logo a consti­tuir a maioria - o que considero totalmente improvável para um futuro muito longínquo -, mas de imediato, mesmopermanecen<strong>do</strong> sempre minoria, apenas se tornam uma minoria percentua[mente maior.Z9 Ver acima, nota 24 deste Excurso. A idéia desenvolvida no texto, se invertida. é apropriada para demonstrar como éinadequada a suposição de que a tendência da evoluçao possa, em caráter dura<strong>do</strong>uro, mover·se na linha de um encurta­mento sempre maior <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s de produção; ver a exposição mais precisa sobre o assunto no Excurso n.30 Como, por exemplo, Landry. L'Intérêt du <strong>Capital</strong>, p. 290 et seg.: "( ...l iI est vraisemblable qu'au-dessus d'une certainedurée d'attente proche de celle des productions effectiuement organisées iI n'y a plus d'allongement qui augmente le produitde l'unité de capital". t:l(J "É verossímil que acima de certa duraçao de espera próxima da das produções efetivamente organizadas já não há pro·longamento que aumente o produto por unidade de capilar. (N. <strong>do</strong> Ed.)j---1 _


E:'C'K~=.;:= :ea. Podemos, pois, exprimir nossas idéias também na fórmula que segue: :-'.2'.': :-.::­L:: 2;10­ven<strong>do</strong> progresso no esta<strong>do</strong> de nosso conhecimento técnico, prolongamentos rcc.e·'c.;: ;10­ nais <strong>do</strong>s processos de produção vigentes regularmente levam a uma produti\'icc::eC::-:; atécnica maior, ao passo que encurtamentos levam necessariamente a uma dim:n'~:­ção da produtividade técnica.,-c';::-.di­"Não haven<strong>do</strong> progresso", disse eu; isso me leva a uma última idéia, que tam­" --:-.2to­ bém só posso abordar à guisa de antecipação, mas que tem de ser expressa a firr:L ';:-.cão.de complementar com ela, mediante comparação, uma afirmação anterior, tambémt~~.2Tl­ela feita à guisa de antecipação. A existência das oportunidades para prolongamens:.::recetos vantajosos da produção e ameaça de resulta<strong>do</strong>s menores no caso de abreviação~: :~e. <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção constituem fatos de natureza estática. São também fatos==:""a­que pertencem ao esta<strong>do</strong> de conservação das economias nacionais. Não é a persisc::-.cecetência desses fatos que supõe alterações dinâmicas <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> vigente, mas inversae_'" :e·mente, é seu desaparecimento que pressuporia tais alterações. Um encurtamento)~-=~~a­<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção sem prejuízo para o produto só é possível por motivo e:.=: :-:-.2:J te em decorrência de uma nova invenção que encurta o perío<strong>do</strong> de produção. Uma:::." .:nc.;:,,'..10­vez esgotada esta última, ou seja, uma vez que ela se tiver imposto generalizada­mente em lugar <strong>do</strong> processo antes em uso, no novo esta<strong>do</strong> de conservação passa~;;.::;ema valer novamente de imediato a regra de que um encurtamento <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de.cc'" ex-produção só é possível às expensas da produtividade. Essa regra só deixa de valer: :-:-.::-.-:\'q sempre que e enquanto ocorrerem novas invenções que encurtam o perío<strong>do</strong> decc =cn­produção e as alterações da técnica de produção, determinadas por essas novas in­,,2mvenções, ainda não estiverem implantadas totalmente. Em senti<strong>do</strong> inverso, a oportunidadepara prolongamentos vantajosos da produção só poderia desaparecer em~:~ :·::ri­ virtude <strong>do</strong> fato dinâmico de um aumento poderoso <strong>do</strong>s estoques de capital. Mesmo:2""cr:a­que nosso conhecimento não se enriqueça com absolutamente nenhuma invenção;..c ~. :,550 nova que envolva prolongamentos da produção, o atual estoque de oportunidades;-;; :-.,::·;as deste gênero, ainda não aproveitadas, poderia continuar a permanecer inesgota<strong>do</strong>cc :-:1àis para sempre - mesmo que tal estoque fosse tão pequeno quanto pensa Taussig:-:-.2 c:<strong>do</strong> -, caso não ocorresse uma alteração dinâmica em outro fator, a saber, caso não: :.:::-no ocorresse um aumento <strong>do</strong> estoque de capital, não só em termos absolutos, mas,~" :~!10 também em termos relativos, em relação ao número de habitantes, aumento estel~-.·.es-(de capital) cujos excedentes relativos teriam que ser suficientes para desencalhar~: - ;Jor to<strong>do</strong> esse estoque de oportunidades ainda não aproveitadas. Na realidade atuam'''' CC'J.e­incessantemente alterações dinâmicas nos <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s da relação: constantemente se,~e :eria fazem novas invenções que prolongam e outras que encurtam o perío<strong>do</strong> de produ­,E" ceveção, e o estoque de capital se altera constantemente, tanto em termos absolutos comoem termos relativos. Essas alterações dinâmicas mudam constantemente aintensidade de nosso fenômeno, enfraquecem-no ou reforçam-no alternadamente,sem nunca fazê-lo desaparecer dentro de nossa experiência totalY Seria, porém, no!'!""".: ::: :JrQesta<strong>do</strong>de conservação que sua existência estaria mais segura: como afirmei acima,:...:: =_'" -2ssa ele é um fenômeno estático. 38-..:c -,:es'":':- _-:ia­~--=:: : ::::l.to::r:'"~-':;5"110influência de uma taxa de juros crescente. Sem dúvida, muitas vezes, mesmo diminuin<strong>do</strong> o estoque de capital, uma deterio·~: -~ :-.::a. ração decisiva da empresa é retardada por novas invenções; o que se diz no texto aparecerá com tanto mais clareza quan<strong>do</strong>o empobrecimento de uma nação vai de mãos dadas com sua decadência cultural.E: .: :~ .=. si­ 37 A fim de eliminar expressamente um equívoco, aliás só possível a uma análise superficial, observo que uma impossibili­C~ - :_~e:os dade passageira de encontrar alguma aplicação lucrativa para determina<strong>do</strong>s capitais em determinadas situações não é iné­1:'" _ -=. ~~:Tti­dita na experiência até agora. Contu<strong>do</strong>, a razão de tal fenómeno visivelmente sempre esteve apenas em alguma dificuldade=_=--:: empassageira, de natureza pessoal ou concreta, e nunca em uma pletora efetiva geral de capital em relação às oportunidades:-: -2'_;e~Tes de aplicação em aberto. Ver também a exposição acima. p. 13 et seq.L_-=~: -=Jora 38 Evidentemente, não se poderá ampliar o conceito de "estático" ou "estacionário" de mo<strong>do</strong> tão estranho e contraditórioP-'; _ ,2 ~:;'::J a como o fez Bortkiewitsch em seu zelo polêmico. Partin<strong>do</strong> da conhecida afirmação de Clark de que o juro <strong>do</strong> capital só


24 TEORIA POSITNA DO CAPITALE enquanto anteriormente tive oportunidade de dizer que os ganhos e aumentosde produtividade relaciona<strong>do</strong>s com as invenções "dinâmicas" que encurtam operío<strong>do</strong> de produção têm mais a ver com os ganhos pessoais <strong>do</strong>s empresários ecom os ganhos devi<strong>do</strong>s à conjuntura <strong>do</strong> que com os juros propriamente ditos,39agora me cabe, à guisa de comparação, salientar que os ganhos e prejuízos conexoscom o nosso fenômeno estático estão intimamente relaciona<strong>do</strong>s com a taxa normal<strong>do</strong>s juros propriamente ditos, juros estes que constituem também eles um fenômenoestático na nossa economia nacional. Mas tu<strong>do</strong> isso é mostra<strong>do</strong> com clareza aindamaior em outras partes desta obra. 40B. ProvasTem-se pergunta<strong>do</strong> que provas posso aduzir para demonstrar ser correta minhatese da produtividade maior de méto<strong>do</strong>s de produção mais longos. Presumo e esperoque várias de minhas exposições anteriores, embora primariamente destinadasa esclarecer minhas afirmações, tenham propicia<strong>do</strong> ao leitor, já a caminho, muitoensejo e material para confrontar minhas afirmações com os fatos a ele familiares;- -:::..,­- - -".- ­::-pode ser adequadamente explica<strong>do</strong> como um fenômeno estMico a partir de razões está.ticas, esforça-se ele - contra aexplicação <strong>do</strong> juro, dada por mim, a qual, entre outras coísas, parte também da maior produtividade <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s indiretosde produção mais longos - por construir a objeção de que O fenômeno '"só parece aplicável a uma sociedade que est~progredin<strong>do</strong>, e não também a uma que está estagnada~. Pois - assim argumenta ele -, a coexistência de méto<strong>do</strong>s deprodução de graus de produtividade diferentes, pressuposta (na suposição dele!) em meu raciocínio, "indica um progressotécnico que se realiza no presente ou teve lugar em epóca anterior". (Jahrbuch de Schmoller, v. XXX, p. 962.) As palavraspor mjm colocadas em grifo não admitem nenhum outro senti<strong>do</strong>, no contexto <strong>do</strong> argumento, senão que Bortkiewitschsó reconhece como "estacionário" o esta<strong>do</strong> de uma sociedade, se realmente ela não faz progressos no presente nem osfez jamais no passa<strong>do</strong>. Entretanto, é óbvio que tal restrição <strong>do</strong> conceito de "estacionário'" não somente é totalmente arbitráriae inteiramente inusitada, senão que, além disso, priva o conceito de toda e qualquer justificativa de existência, uma vezque, nesse sen·ti<strong>do</strong>, a partir <strong>do</strong>s dias de Adão e Eva, simplesmente não seria mais imaginável um esta<strong>do</strong> estacionário; damesma forma como jamais poderia haver alguma "lebre sentada" se. ao atribuirmos esse predica<strong>do</strong>, não nos contentássemoscom o fato de a lebre estar sentada realmente, mas além disso exigíssemos que também anteriormente ela não setivesse movimentadQ! Ora, é fácil de ver que com essa concepção Bortkiewitsch acaba também com seu próprio argumento,pois na Unha dela também o próprio juro só poderia existir em uma sociedade "em progresso", uma vez que to<strong>do</strong> jurono mínimo pressupõe a existência de um capital, e este, se não agora, pelo menos anteriormente deve ter si<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong>por um "progresso" na formação <strong>do</strong> capital'39 Ver supra, p. 12 et seq.411 No caso de leitores que se interessarem por detalhes teóricos. solicito além disso que consultem, para toda esta seçâoo Estu<strong>do</strong> I de minhas "Strittige Fragen". Em particular quero remeter a certas exposições, não repetidas aqui, sobre a extensãoem que preciso afirmar e provar minha regra, para poder basear as conclusões que dela tiro em minha teoria (v.I,p. 56 et seqs.). Para exposições em detalhe permito-me também chamar a atenção para os Excursos li e IV, que seguem.Finalmente, quanto à obra de Cassei (Nalure and Neressity of fnteresl. 19031. que, aliás, é prevalentemente dirigida contramim, e que considero como um <strong>do</strong>s enriquecimentos mais interessantes da literatura mais recente sobre o capitaL emboranela ressalte uma visível faita de reflexão atenta e imparcial, talvez não seja supérfluo observar ainda, a título de orientação,que quanto ao esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s fatos discuti<strong>do</strong>s no presente Excurso, manifestamente Casse! tem quase exatamente a mesmaposição que eu, ainda que utilize uma terminologia diferente. Atribui ao termo ~perro<strong>do</strong> de produção" um senti<strong>do</strong> bemdiferente <strong>do</strong> meu, e aborda a parte mais importante daquilo que denomino a a<strong>do</strong>ção de méto<strong>do</strong>s indiretos de produçãotecnicamente vantajosos e mais longos, isto é, a construção de produtos intermediários de duração longa, como máquinas,ferrovias, canais, reservatórios de água e simila:-es, sob a denominação de "substituição <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> capital por outros fatoresde produção" (p. 122 el seq.). Mas tu<strong>do</strong> o que ele na realidade afirma sobre a possibilidade '·praticamente ilimitada" (p.108) de tais aplicações de capital iemicamente vantajosas. sobre a insuficiência constante <strong>do</strong> supp/y of waiting existente,sobre o papel da taxa de juros na escolha das aplicações de capital efetivamente viáveis, dentre o númerO muito maiordas aplicações desse gênero apenas possíveis, e especialmente sobre isto, a saber, que muitos destes últimos, com baixada taxa de juros, se transformam imediatamente de "possibilidades técnicas~ em "vantagens econômicas" e atingem a realizaçãoefetiva, e que, no ca:;;o de desaparecer totalmente o juro, não existiria "absolutamente nenhum limite determinável"(absolute/y no ascertainable !im;ts) para a extensão <strong>do</strong> desejo de waiting derivante de tais possibilidades (p. 121): tu<strong>do</strong> issocertamente significa um reconheeímento pleno e, ao mesmo tempo, uma avaliação muito generosa da mencionada amplazona de aperfeiçoamentos da produção em aberto, afirmada também por mim. Em várias de suas colocações, Cassei éaté um pouco mais apodítico e vai mais longe <strong>do</strong> que eu quan<strong>do</strong>, partin<strong>do</strong> de tais considerações, considera a idéia <strong>do</strong>desaparecimento total <strong>do</strong> juro como um "absur<strong>do</strong> absoluto" (p. 109). exprimin<strong>do</strong> a opinião de que "não merece consideraçãoséria, para qualquer perío<strong>do</strong> futuro que seja" (p. 123). um atendimento completo da demanda desse gênero, coma qual se deve contar no caso da ausência de juros--- .­ .~__ -: -= =. '::l- - -:.«- ~ - - j=~ ::-.=~---~;:::c....::-5ã:::.:-_.:: 1


EXCURSO I25~ ~ ::.·..:men­E- :_:-:am ol::~'";;:§.C:os e!~ ~~ :':toS. 39~;; :::c:exos~'.=. -. :>rmall~ :,":-.':>me­:: .:..~ ~zc. ain­:~~:=. ~.:nha=;;_~.: e es­:-:~ :estina­"_- :-:. muitolê C=.:-:-'Jares;;.,[ .:: -= - :Dnrra a-.::-:.:::: .:-.J.iretos:c..,: :.::,õ: :·..:e está:'" :õ -é:~~os dec..: .:. _- :'Jgresso.::-' .:.._~ :;a;avras=_,,;: ~':-_~~2·J,.itsch, :-"-';:-';"':::-:2 "":e~ os~:--i:-:';; ::~:,jrráría.:.::::~-:-::. ..,;~a vez~: -:.~: :-ário: da:: . :: :: -.:':::-i:ásser--::--.;:-=::: íão sey-::-: ::':-;".lmen­.~~:: =:-/ :~~:==/:J~~d~: :., ,,:e '2çao.L: _ :-.: ::"2 s. exten­- - -, :~:c'a Ivl.: _-:: 32guem.~---: : _. ~:G contraE -:::: -.=. 2~bora:_ : :-:: ::-_""~:ação,~--i:-.~ ::: :-:1esma- _~ ""'-::'0 bemrr~:'~ :,:: ::-:d.ução- ::- : -:-.~quJnas,ll :':+ = _=:5 ratores


26 TEORIA POSITNA DO CAPITALceções, mas apenas como uma regra muito generalizada, razão pela qual a exigênciade demonstrar empiricamente sua validade para to<strong>do</strong>s os tipos de produção debens materiais exige propriamente de mim que prove até mais <strong>do</strong> que aquilo queafirmei. Mas não quero insistir nisso, já que realmente considero quase universala validade da minha regra, mesmo que não precise afirmar isso para as conclusõesa serem por mim tiradas. Em contrapartida, importa lembrar outra coisa. Mesmolá onde se trata de uma demonstração empírica de leis propriamente ditas e maisexigentes, não é nem necessário nem usual - e isso em todas as ciências - verificarindividualmente e sem exceção to<strong>do</strong>s os casos submeti<strong>do</strong>s à lei. Basta, e temde bastar, a verificação da regra -com base em um número suficiente de casos típicos,desde que ao mesmo tempo se tenha condições de tornar plausível que se tratarealmente de casos típicos, isto é, desde que se consiga mostrar que é provável,'1_, _"TIpor motivos intrínsecos, que também os casos não explicitamente pesquisa<strong>do</strong>s nãoapresentam, no tocante ao aspecto decisivo, um comportamento diferente <strong>do</strong> <strong>do</strong>scasos aduzi<strong>do</strong>s à guisa de exemplo. E a maneira mais simples de conseguí-\o é pes­quisar os motivos que nos casos típicos geraram o resulta<strong>do</strong> em questão, revelan<strong>do</strong>­se então que o alcance desses motivo,s não está limita<strong>do</strong> aos casos específicos <strong>do</strong>exemplo, mas são de natureza geral. E natural que também uma tal regra, que se 7""3:õ 2:=_L·~.':::±Lf::.d.­demonstrou ser intrinsecamente provável, possa ser derrubada a qualquer momen­~ ::e.ito por uma contraprova positiva. Mas enquanto não se aduzir tal contraprova, tem­-w.:..::Jese o direito de considerar como verdadeira a regra afirmada em tais condições, mesmo:J~sem ter efetua<strong>do</strong> especificamente a demonstração de experiência empírica para ca­-':r-l\;da caso individual. Por exemplo, não há dúvida de que temos o direito de enunciar --,­~o princípio de que a velocidade da água corrente tende a aumentar juntamente com r: ~: ia intensidade <strong>do</strong> declive, mesmo que não se tenha antes medi<strong>do</strong> em concreto os :-:r. .... ~declives de todas as correntes de água da terra e sua velocidade; basta ter feito posi­:0_-::'tivamente a verificação em determina<strong>do</strong> número de casos, ter adquiri<strong>do</strong> a convic­ção de que têm validade geral as causas que estão à base desse fenômeno e queaté agora esta convicção não tenha si<strong>do</strong> anulada por contraprovas práticas. Ou en­=':. ~oí!!tão, para aduzir também um exemplo tira<strong>do</strong> de nossa própria ciência: não creio que -~-,os numerosíssimos adeptos da "lei <strong>do</strong>s custos", desenvolvida já por Adam Smith,:;..: T::Àestejam inclina<strong>do</strong>s a só considerar como completa uma verificação empírica sufi­ :-1:r"" :3ciente da mesma, depois que se tiver consegui<strong>do</strong>, literalmente para cada ramo daprodução de bens materiais em especial, a comprovação empírica de que o preço"natural" ou "normal" <strong>do</strong> respectivo produto coincide com a soma total <strong>do</strong>s juros _ J":' lIie salários despendi<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong>s os estágios da produção que cooperam em suatotalidade, ou, como dizem outros, <strong>do</strong> "trabalho e abstínence" - pois tal comprova­ -,-::,~ção toparia com dificuldades bem semelhantes às que ocorrem em nosso caso. 44 :JPois bem, penso que - e este é um segun<strong>do</strong> elemento da demonstração, quejá acrescentei à minha tese nas explicações que precedem - aduzi razões dignasde consideração para a probabilidade interna da regra por mim afirmada. Pesquisei,em uma investigação explícita, ilustrada também por exemplos, as causas dessa regrae tenho por certo havê-Ias encontra<strong>do</strong> num elemento que certamente não épeculiar apenas aos casos escolhi<strong>do</strong>s à guisa de exemplo, senão que é de aplicaçãoe alcance muito geral. Enxerguei - e nisso concor<strong>do</strong> tanto com Menger 45 quantocom Rodbertus 46 - a importância <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s indiretos de produção capitalistano fato de submetermos a nosso poder, antecipadamente, condições ou causas naturaismais remotas <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> da produção - o qual almejamos como meta ­.. Ver também o Excurso III que segue.45 Grundsaetze der Volkswirtschaftslehre. Viena. 1871, p. 28 et seq.46 Por exemplo, Das Kapital, p. 236 el seq..::.:--:"'....... -:'11= 7"3!!CiiiI- -.:' j


EXCURSO I 272:~:gên­~;30 de e nos assegurarmos sua ajuda para executar a ulterior obra da produção: "Cada via-_o: que indireta" - afirmei eu - "significa o aproveitamento de uma força auxiliar que é~:-.:·.2rsalmais forte ou mais hábil <strong>do</strong> que a mão humana; cada prolongamento da via indire­.c.:.:sõesta significa um aumento das forças auxiliares, que passam a servir ao homem, e~·12smoum desvio de uma parte <strong>do</strong> ônus da produção, <strong>do</strong> trabalho humano, escasso e dis­; " :-:1ais pendioso, para as forças da natureza, de que dispomos em superabundância",47·.eriJi­Apresentei e apresento, porém, ainda uma terceira prova para minha tese. Ela: e tem de mo<strong>do</strong> algum é, <strong>do</strong> ponto de vista <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>, uma tese nova, que ainda preci­:SC5 típi­se de confirmação ou prova, senão que <strong>do</strong> ponto de vista <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> coincide'" 5e tra­com outra proposição, para a qual já há muito tempo temos tanto a demonstração'-·.ável,empírica plena quanto o reconhecimento da teoria, aliás por parte das mais diversas::5 não correntes teóricas, a saber, com a proposição da assim chamada "produtividade <strong>do</strong>:: <strong>do</strong>s capital".: é pes­ Se despirmos essa proposição de to<strong>do</strong>s os significa<strong>do</strong>s secundários minuciosose~:O:l<strong>do</strong>­que costumam ser introduzi<strong>do</strong>s nela pelos teóricos da produtividade, permanece~:-.c:s <strong>do</strong> como esqueleto nu de fatos o seguinte: o trabalho é tanto mais produtivo quantoC·...:2 semais estiver equipadQ com recursos capitalistas. Estas últimas palavras são expres­~.::-:1en­sas pelas diversas escolas em variantes um tanto diferentes. Os teóricos da produti­.::. cem­ vidade e os adeptos de outras teorias ligadas aos juros costumam dizer: "(00') com:-:-.25moquanto mais recursos capitalistas o trabalho tiver si<strong>do</strong> equipa<strong>do</strong> pelo capitalista que:: :::20 ca­ forma ou recebe capital", ao passo que os teóricos socialistas, por seu turno, dizem:2-.::-,ciar"com quanto mais recursos capitalistas o próprio trabalho se tiver equipa<strong>do</strong>".48 Quan­~_ce com to ao fato, porém, de que o trabalho nacional é mais produtivo se for secunda<strong>do</strong>::eco ospor um capital de 50 florins por cabeça <strong>do</strong> que se não for secunda<strong>do</strong> por capital:-:c ;Josi­algum, e é ainda mais produtivo se o capital for de 500 florins, e ainda mais se~ cc:-,,'ic­ o capital for de 5 ·000 ou de 10 000 florins - quanto a esse fato, penso não haverc e quedúvida alguma, nem por parte de um prático da técnica da produção ou <strong>do</strong> comér­J.l en­cio, nem por parte de um teórico de qualquer corrente que seja. Presumo que nem-e:: quemesmo Lexis tenha dúvida quanto a isso. A questão, portanto, só pode ser esta:r. 5:-:1ith. se tenho ou não razão ao afirmar que o produzir com auxílio de um capital maiorc::: sufi­por cabeça é a mesma coisa que a<strong>do</strong>tar méto<strong>do</strong>s de produção mais longos no sen­~:-:-.o da ti<strong>do</strong> acima explica<strong>do</strong> de minha teoria.: ;Jreço Ora, penso que isso é uma coisa de clareza até axiomática, e ao mesmo tempo,tc5 .''.lrasuma vez perfeitamente entendida, uma ajuda tão importante para imaginarmos toe~.sua <strong>do</strong> o resto que gostaria de pedir a to<strong>do</strong> leitor benévolo que não deixe de fazer elec.;Jrova­mesmo sua própria comprovação, de forma independente.c ::OSO.44 Que é propriamente o "capital"? Ele é - como se costuma designá-lo numaç~:. que definição que, embora não sen<strong>do</strong> totalmente correta pelos cânones escolares, no~ ::gnas mínimo é bem acertada, grosso mo<strong>do</strong> - "trabalho executa<strong>do</strong> anteriormente".49 Um~;;~uisei,capital pequeno representa evidentemente pouco trabalho executa<strong>do</strong> anteriormencessare­te, e um capital grande representa muito trabalho executa<strong>do</strong> anteriormente; um catê':-:ão é pital de 50 florins, por exemplo, se o salário anual comum <strong>do</strong> trabalho for de 300ç.::açãoflorins, só poderá representar, na melhor das hipóteses, um sexto de um ano de" C'.lanto trabalho, 50 ao passo que um capital de 500 florins ou de 5 000 florins, nas mes­2::·:ralistai:.:sas na­:":':2ta ­47 <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong> <strong>do</strong> <strong>Capital</strong>. v. 1, p. 38.48 Por exemplo, Rodbertus. Das Kapital. p. 250 et seq .• 264 et seq. Duehring. Cursus der Notional·und SozioJoekonomie.Berlim, 1873. p. 183.49 Para ser mais preciso deve-se dizer: força produtiva acumulada, adiantada, que pode ser nâo só trabalho. mas tambémforça natural de valor ou recurso <strong>do</strong> solo; ver <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>. v.l, p. 127.se Provavelmente ainda muito menos, pois por um la<strong>do</strong> entra em jogo em grande parte um trabalho qualifica<strong>do</strong> mais bem,emunera<strong>do</strong>, e por outro la<strong>do</strong> o valor <strong>do</strong>s bens de capital disponíveis de forma alguma pode ser reduzi<strong>do</strong> exclusivamentea trabalho, respectivamente a salários, senão que em parcela considerável contém outrossim juros incorri<strong>do</strong>s, lucros, ga­lhos de monopólio e similares. Aliás, aqui se trata apenas de números proporcionais indica<strong>do</strong>s à guisa de exemplo.


28 TEORIA POSITIVA DO CAPITALmas condições, há de representar mais <strong>do</strong> que to<strong>do</strong> um ano de trabalho, respectivamentemuitos anos de trabalho.Ora, os bens de consumo maduros de que o povo precisa e que consome durantecada ano são naturalmente produzi<strong>do</strong>s mediante uma cooperação <strong>do</strong> trabalhoantigo, disponível em forma de capital, com o trabalho novo corrente que sobrevemdurante o ano presente. Por exemplo, as roupas que o povo deseja e compra noano corrente sã-o produzidas por uma cooperação <strong>do</strong>s alfaiates - e talvez também<strong>do</strong>s tecelões -que trabalham no ano corrente com o trabalho passa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s agricultores,fiandeiros, tecelões, mineiros, construtores de máquinas etc., trabalho este latenteno teci<strong>do</strong>, no fio, na lã, nos teares, nas máquinas de costura, no carvão etc.que aí estão. Sem en~rar em detalhes sobre as possíveis divisões <strong>do</strong> trabalho antigoe acumula<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com os respectivos anos de execução, e em problemas similares,51parece-me evidente que, caso se disponha de pouco "trabalho antigo, otrabalho antigo e o novo têm que mesclar-se, nessa cooperação, numa relação emque pre<strong>do</strong>mina o trabalho novo corrente. Igualmente óbvio é que, em conseqüência,é impossível que seja longo o tempo de espera médio que decorre entre a aplicação<strong>do</strong> trabalho e a colheita de seus frutos maduros para o consumo. Se, <strong>do</strong> trabalho,cujos frutos desfrutamos no ano corrente, apenas uma parte - que em to<strong>do</strong> casoé inferior a 1/6 52 - remonta a um ano anterior, e o resto <strong>do</strong> trabalho pertence aoperío<strong>do</strong> corrente, manifestamente o tempo médio de espera não pode ser senãode um ano. Ao contrário, se o estoque de capital existente for de 500 ou de 5 000florins per capita - portanto, aten<strong>do</strong>-nos ao número proporciona! acima suposto,representar 1 2/3 ou 16 2/3 de anos-trabalho "antigo 53 -, é evidente que o trabalhoantigo coopera na fabricação <strong>do</strong>s produtos que amadurecem no ano correntenuma proporção bem diferente, isto é, muito maior, com o trabalho novo; a issocorresponde, com a mesma evidência, um tempo de espera médio muito mais longo<strong>do</strong> que no primeiro caso.Ou então, se quisermos recorrer a uma analogia a fim de tornar a coisa aindamais clara para a imaginação: se de determina<strong>do</strong> ponto de partida enviarmos continuamente,em determina<strong>do</strong>s intervalos iguais, por exemplo, a cada hora, mensageirospara determina<strong>do</strong> ponto, é evidente que o número de mensageiros queestiverem ao mesmo tempo a caminho nos dará uma expressão exata <strong>do</strong> comprimento<strong>do</strong> caminho entre o ponto de partida e o ponto de destino. Se, por exemplo,ao mesmo tempo estiverem a caminho seis mensageiros, é óbvio que o caminhonão pode ser de mais de seis horas, ao passo que, se o caminho tiver o comprimentode 20 horas, o primeiro mensageiro atinge o ponto final apenas no momentoem que o mensageiro n? 21 deixar o ponto de partida, de mo<strong>do</strong> que estarão acaminho, simultaneamente, não menos <strong>do</strong> que 20 mensageiros. Pois bem: uma economianacional envia diariamente um dia nacional de trabalho ou, se quisermoscalcular com uma unidade maior, envia mensalmente um mês-trabalho para o pontoobjetivoda fabricação de bens maduros para o consumo. A quantidade de capitalexistente indica quantos desses meses-trabalho estão ao mesmo tempo "a caminho".Trata-se de trabalho já executa<strong>do</strong> como tal, mas que ainda não atingiu a meta finalda maturidade para o consumo. Se, pois, ten<strong>do</strong>-se um capital de 50 florins por cabeça,não tivermos ao mesmo tempo a caminho mais <strong>do</strong> que <strong>do</strong>is meses-trabalho,~:'~ :~: =r':::"'IT:-=r:-..::::: .:_~:-:...:::.-~~ , -; :~~=5:":'-,~~:,.-:ç:-:-,,->21:; :':'=>,;3.:.~=;S:l-: :,=:::;:";;-::"'- ..3;:.:-~: -:,151 Quanto a esse tema, ver a seção relativa à formação <strong>do</strong> capita\, v.I às p. 129 et seqs. supra, bem como certas exposi­ções sobre a relação entre o fun<strong>do</strong> de subsistência e o perío<strong>do</strong> de produção, que se encontram em minha TeOria <strong>Positiva</strong>.52 O capital disponível, que representa 1/6 de ano-trabalho, em caso algum é totalmente consumi<strong>do</strong> no ano corrente, paísem parte ele certamente inclui também capitais fixos que sobram para anos subseqüentes53 A rigor, também esses números deveriam ser diminuí<strong>do</strong>s até porque, quanto mais antigas forem as reservas de capitalexistentes, tanto maior é a parcela que em seu valor têm os juros emprega<strong>do</strong>s e tanto menor é a parcela <strong>do</strong> trabalho des­pendi<strong>do</strong>, Contu<strong>do</strong>, podemos desprezar essas nuanças sutis sem prejuízo para o tema que nos cabe ilustrar.• ':~"'3,::-- ..- ="11


EXCURSO I29'O:Jectiva-:S50 indica, de maneira inequívoca, uma duração média mais curta <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s:::e produção a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s, <strong>do</strong> que se, sen<strong>do</strong> o estoque de capital dez ou cem vezess: :-rle du­ :naior, forem 20 ou 200 os meses-trabalho que se encontram simultaneamente no:: -= rraba­ esta<strong>do</strong> de produtos intermediários ainda não maduros para o consumo.;;.:"=,revemAcredito que isso seja evidente. Se o for, é também evidente que tenho e tive:":"::Jra noo direito de aduzir o fato notório da produtividade maior <strong>do</strong> trabalho equipa<strong>do</strong> comz :imbém 'Jm capital maior, com toda a notoriedade que caracteriza esse fato - também co­;; agricul­ mo material comprobatório para minha tese, idêntica, <strong>do</strong> ponto de vista <strong>do</strong> conteú­: 2ste la­ <strong>do</strong> - da produtividade maior <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s indiretos de produção mais longos; éc.~· .. ão etc.evidente que pude sentir-me autoriza<strong>do</strong> a invocar globalmente, em favor de minha-.: antigo tese, "a experiência unânime de toda a técnica de produção", bem como aduzir que.';: :nas si­-os fatos pertinentes da experiência são universalmente conheci<strong>do</strong>s e familiares a:::"".::go", ocada um", que a referida lei empírica está "sobejamente" comprovada e "é confirma­.::;ão em da com certeza total pela experiência diária". 54-'Oeqüên­Pará o observa<strong>do</strong>r que reflete sobre os fatos, porém, estes oferecem ainda vá­=-.;: a apli­ rias outras demonstrações. Elas precisam apenas ser extraídas deles, por meio de=-abalho,uma espécie de operação de raciocínio, ou talvez, para falar mais corretamente, de: :ti caso operação da imaginação, da qual não pode dispensar-se ninguém que queira ocupar­:-:';::"".ce ,aose com os problemas <strong>do</strong> capital, com alguma chance de compreendê-los; ou seja,..;:r senãoé preciso ser capaz de imaginar correta e plasticamente os fatos que se ajustam a:.;: :, 000 uma suposição expressa com palavras - aliás. não somente o la<strong>do</strong> da imagem,'O ":;Josto,sobre o qual o olhar cai automaticamente, mas também o la<strong>do</strong> inverso._2otra­A uma dessas operações de raciocínio já acenei acima, apontan<strong>do</strong> que o "ter: -=!Tente de esperar" é o único traço <strong>do</strong> processo de produção capitalista que fundamenta.:. a isso e explica a notória dependência <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res em relação aos capitalistas. 55:-:-.::'s lon-Creio poder deixar o desenvolvimento mais preciso dessa idéia, sem outros comentários,à reflexão <strong>do</strong> próprio leitor; ele terá condições de relacionar também os diver­;;:: ainda sos graus da dependência (que, por exemplo, para o trabalha<strong>do</strong>r de empresas~.:'O conti­ fortemente capitalistas é incomparavelmente maior <strong>do</strong> que de empresas nas quais~, :-:-:ensa­ a posição de empresário já pode ser ocupada com um capital mínimo) com uma".~s que duração diferente <strong>do</strong> tempo de espera necessário; também não se deixará iludir,:ompri­no caso, saben<strong>do</strong> que o motivo decisivo das diferenças aqui existentes não pode2:':2mplo,ser procura<strong>do</strong> nas dificuldades técnicas maiores, associadas a uma desenvolvida di­:::r':1inhovisão <strong>do</strong> trabalho, na incapacidade técnica <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, de a mesma pessoa,~_;J::men­por exemplo, construir máquinas e criar ovelhas, pois esta dificuldade poderia ser-:- :mento eliminada mediante uma hábil organização de grupos maiores de trabalha<strong>do</strong>res que2'O:arão ase associassem em vista de uma atividade comunitária; acontece que mesmo a or­_:::a eco­ganização mais hábil não é capaz de solucionar o problerr.a <strong>do</strong> ter de esperar, se_.sermosnão houver um estoque de meios de subsistência!56: oonto­:.;: capital:::::inho". 54 Quanto saiba, contra o valor concludente desse argumento - que apresentei pela primeira Ve2 em minhas "StrittigeFragen" - se têm levanta<strong>do</strong>, na literatura publicada desde então, objeções por parte de <strong>do</strong>is autores (Fetter e Schade),-..;::a finalsen<strong>do</strong> que um terceiro (Landry) fez uma observação um pouco menos clara contra ele, que, porém, provavelmente teve.'O :lor ca­também a intenção de manifestar um ceticismo -da parte de seu autor. Ultimamente também Davenport en<strong>do</strong>ssou as objeções;-=-~oalho,formuladas por Fetter. De vez que dificilmente existe outra questão mais apropriada para servir como pedra detoquepara aferir se alguém raciocina com clareza em Economia Política, e sobretu<strong>do</strong> se às expressões que utiliza correspondemidéias corretas e de acor<strong>do</strong> com a realidade - requisito da máxima importância em toda a teoria <strong>do</strong> capital -, queroconv\dar também meus leitores a refletir com precisão absoluta sobre o substrato ideológico das referidas objeções. Fá-Io-eiem um Exeurso próprio (VI:-:::-:=.~ 02xposi­ 55 Ver <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong> <strong>do</strong> <strong>Capital</strong>. v. I, p. 109 et seqs.-: -: .:::':JsitiUQ. 56 Quanto saiba, nenhum de meus críticos se ocupou com esse argumento, aliás já apresenta<strong>do</strong>, em sua concepção bási­::-:-'::-:2. pOIS ca. na primeira edição de minha obra - deven<strong>do</strong>~se isso, talvez, ao temor e à aversão, hoje tão difundi<strong>do</strong>s, contra tu<strong>do</strong>o que se pareça a uma argumentaçao de tipo "'dedutivo". Mesmo assim. penso que não seria injusto exigir daqueles críticos. '-' :ô :apital que não querem reconhecer nos méto<strong>do</strong>s indiretos de produção que "levam tempo" a característica da produção capitalista,"-,C0 des·que procurem eles mesmos refletir sobre como poderia continuar a subsistir essa notória dependência <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res,se eliminássemos essa característica de "levar tempo", que é por eles contestada


30 TEORIA POSITIVA DO CAPITALQuero a seguir orientar para mais uma demonstração. Quero novamente partirde um fato notório da vida econômica prática, <strong>do</strong> qual não receio que algum demeus críticos esteja propenso a duvidar, seja da sua realidade, seja da sua notoriedade.Com efeito, quan<strong>do</strong> em uma economia nacional o estoque existente de capitalaumenta em relação à população, por experiência sabemos que, embora nãoocorra a impossibilidade absoluta de encontrar alguma aplicação razoável para o capitalaumenta<strong>do</strong>, conforme o caso, surge, eventualmente, a impossibilidade de encontraruma aplicação tão lucrativa quanto a que tinham os capitais antigos até agoraexistentes; conforme as circunstâncias, os novos capitais têm de contentar-se comoportunidades de emprego menos vantajosas, que até agora se recusavam aproveitar;essa necessidade tem um nexo recíproco - familiar tanto aos práticos quanto,desde Turgot, à Ciência - com uma concomitante baixa da taxa de juros: aplicaçõesaté agora não-rentáveis, que antes estavam abaixo <strong>do</strong> nível da taxa vigentede juros, sobem, com a baixa desta, acima da superfície.57Quanto a isso também não pode haver mal-entendi<strong>do</strong>s: tal baixa da taxa dejuros, como fenômeno que acompanha o aumento de um capital nacional, ocorrecom tanto mais certeza quanto mais estagnada estiver a técnica de produção. Invençõeslucrativas que surgissem em grande número poderiam teoricamente absorvero aumento de capital, mesmo sem baixar a taxa de juros, poden<strong>do</strong> até fazer estaúltima disparar para as alturas, ao passo que, se não houver progresso técnico, abaixa da taxa de juros costuma ser inevitável. Podemos, pois, sem controvérsia, partirdas seguintes suposições reais: quan<strong>do</strong> permanece estacionária a técnica de'produçãoe aumenta o capital per capita da população, pela experiência sabemos queo capital crescente, se bem que não costume permanecer absolutamente inaproveitável,costuma ser obriga<strong>do</strong> a encontrar sua aplicação em oportunidades de aplicaçãomenos lucrativas, haven<strong>do</strong> simultaneamente uma baixa da taxa de juros.Que significa isso na realidade? Que evento real há por detrás da frase "<strong>Capital</strong>que aumenta procura e encontra sua aplicação em oportunidades menos lucrativas"?Antes de tu<strong>do</strong>, não se pode pensar que as novas oportunidades de aplicaçãoaproveitadas sejam ou possam ser simplesmente oportunidades de aplicação adicionais- como se to<strong>do</strong>s os processos de produção existentes permanecessem emcurso sem alteração e sem diminuição, e além deles tivessem início outros processosadicionais, com novas oportunidades de aplicação. Pois para tais processos deprodução puramente adicionais se precisaria, entre outras coisas, também de trabalha<strong>do</strong>resadicionais, e pelo nosso ponto de partida real - aumento <strong>do</strong> capital percapita da população - não dispomos desse acréscimo de trabalha<strong>do</strong>res. Seria perfeitamenteadequa<strong>do</strong> imaginar que isso acontecesse, no caso de uma outra suposiçãoreal, que, porém, pela experiência, justamente não costuma levar a uma baixataxa de juros e a uma canalização <strong>do</strong> investimento de capital para oportunidadesde aplicação até agora não-rentáveis; seria a pressuposição de a população aumentare o capital crescer na mesma proporção com ela, mas não crescer per capita.Nessa hipótese, sim, poderia ocorrer que to<strong>do</strong>s os processos de produção atualmentevigentes contin uassem a funcionar totalmente inaltera<strong>do</strong>s, e além deles osnovos habitantes a<strong>do</strong>tassem, com o novo capital, os mesmos processos de produçãocomo processos de produção adicionais. Teríamos então uma simples adiçãoou multiplicação, e não uma mudança qualitativa da situação antiga: o <strong>do</strong>bro depessoas, com o <strong>do</strong>bro de capital, poderia executar o <strong>do</strong>bro de processos de produçãoidênticos.:::2. :: ":'i:;;~~~,~~~:::2:=:


EXCURSOI31Ao contrário, nosso ponto de partida real pressupõe que aumente apenas o ca­-:';: partirpital; a hipótese é, portanto, ou que o capital aumenta, enquanto a população per­=_~_:n de manece igual - e este é o caso mais simples ao qual se assemelham plenamente= =-_J:orie­ as demais variantes, quanto a seu efeito -, ou então que os <strong>do</strong>is aumentam, mas" :::.;: capi­ o capital o faz em proporção superior à população, ou, finalmente, que, permane­~:::~" não cen<strong>do</strong> estável (ou até diminuin<strong>do</strong>) o capital, a população diminui (respectivamente,: -=.:-=. o ca­ diminui em proporção menor). Uma vez que, como dissemos, as duas últimas va­.;: ::::2 en­ riantes se assemelham totalmente à primeira suposição mais simples quanto a seu=:2 agora efeito - penso não ser necessário provar formalmente também isso -, na ulteriorc.:--~ com análise de nosso caso quero partir da forma mais simples <strong>do</strong> mesmo, isto é, aumen­-: =:=,!Ovei­ to <strong>do</strong> capital, permanecen<strong>do</strong> igual a população, sen<strong>do</strong> que esse suposição, como:~ ::..:anto, dissemos, não coloca à ilossa disposição trabalha<strong>do</strong>res adicionais para novos pro­C~ cplica­ cessos de produção adicionais além <strong>do</strong>s já existentes, que continuam em andamen­..:::.:genteto sem alteração e sem redução. 58 Não podemos, portanto, imaginar o processo realque se esconde atrás da fórmula da "procura de oportunidades de aplicação menos= :-=-xa de rentáveis por parte <strong>do</strong> capital que aumenta" sob a imagem de algum aumento <strong>do</strong>.=._ :>corre atual volume de produção - todas as empresas somadas não ocuparão depois nemâ::: ~:lvenmaisnem menos trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> que antes -, senão que devemos pensar em=~sorveruma mudança <strong>do</strong>s processos de produção até agora vigentes.~=22! esta Uma mudança em que senti<strong>do</strong>? Na linha das possibilidades, poderia ser uma:2:=-.:CO, amudança nos objetivos da produção, ou então uma mudança somente nos métoo2's_c.par­<strong>do</strong>s de produção. Nossas pressuposições não oferecem nenhuma base para pensar-=: :epro­ em alguma alteração importante ou sequer pre<strong>do</strong>minante nos objetivos da produ­E:C"_:S queção, ou seja, no senti<strong>do</strong> de que as pessoas agora se voltariam para outros tipos de=-_='J!ovei­bens de consumo, passan<strong>do</strong> a desejá-los e a produzi-los. E sabi<strong>do</strong> que os tipos de=.;: -"plica­ bens produzi<strong>do</strong>s, mesmo quan<strong>do</strong> ocorrem fortes mudanças dinâmicas, costumam:-...:.~os.alterar-se relativamente pouco numa economia nacional, além <strong>do</strong> que, aliás, excluí­.c -C apitaI mos de nossas suposições reais todas as outras alterações dinâmicas que não sejam:C:O::\;as"?o aumento <strong>do</strong> estoque de capital. Por isso, preferencialmente só poderemos pensar=::~caçãoem simples mudanças no méto<strong>do</strong> da produção. Casual e esporadicamente é até:'=':3:> adi­possível que sejam fabrica<strong>do</strong>s alguns tipos completamente novos de bens materiais,~S3-2:-:1 em mas no essencial as pessoas continuarão a produzir os mesmos bens materiais queC~ :::-oces­ até agora, apenas segun<strong>do</strong> um méto<strong>do</strong> de produção diferente. 59>:-=~sos de E agora me aproximo <strong>do</strong> ponto a partir <strong>do</strong> qual resultam conclusões interessan­: ::::.;: :raba­:.=.;: _:cl perS2C:c per­t:-= s-Jposi­58 Por precaução, quero, de passagem, perguntar também, à guisa de hipótese, se o aumento <strong>do</strong> capital não poderia tercomo efeito típico o de, "através <strong>do</strong> aumento da oportunidade de trabalho". utilizar uma percentagem maior da populaçãol."":":" oaixa - sem que esta aumente -, por exemplo, diminuin<strong>do</strong> o número <strong>do</strong>s desemprega<strong>do</strong>s ou intensifican<strong>do</strong> o trabalho executa­<strong>do</strong> por mulheres e por crianças etc., de sorte que, por essa via, sem sair de nossa hipótese, mesmo sem dispor de mais,-_:-:::adespessoas, poderíamos dispor de mais trabalha<strong>do</strong>res para a produção adicional. A isso cabe contrapor o seguinte. Primeira­~: =_men­ mente, a experiência nos mostra que o que ocorre não é esse efeito típico, mas antes bem o contrário. O percentual <strong>do</strong>s:;.,:- ::: :pita. tecnicamente assim chama<strong>do</strong>s "desemprega<strong>do</strong>s" dificilmente é menor nas complexas relações macrocapitalistas das naçõesricas <strong>do</strong> que em economias nacionais carentes de capital, e com toda a certeza, inversamente, a percentagem de trabalha­Ç3: ctual<strong>do</strong>resprodutivos ativos é decididamente menor em países ricos de capital - devi<strong>do</strong> à proibição <strong>do</strong> trabalho de mulheresr: :,,_25 os e crianças, que mais pesa na referida percentagem. Por exemplo, segun<strong>do</strong> os últimos recenseamentos conheci<strong>do</strong>s, na Áustriase contaram 51,5% da popuiação total como "ativos". ao passo que na Alemanha. bem mais rica, apenas 42,7%; na=..;: o!odu­Inglaterra e no País de Gales. 44,5%; nos Países Baixos, 37,8%; na Itália, mais pobre, novamente 53,2%, Em segun<strong>do</strong>é 3::iição lugar, no caso de um aumento <strong>do</strong> número <strong>do</strong>s "que trabalham" em razâo dessa fonte, sempre ainda poderia tratar-se ape­::: -:::0 de nas de poucos percentuais ou frações de percentuais, ao passo que o aumento relativo de capital pode também representarmuitos percentuais, e nesse caso com certeza náo pode ser compensa<strong>do</strong> por aquele aumento muito menor. Aliás, quantoc.;: o:-odusaiba,essa afirmação, que foi por mim aventada apenas por precaução, e foi por mim mesmo descartada de antemão,até hoje ainda não foi feita por mais ninguém.50 Análises muito boas e ciaras sobre o fato de que toda mudança da reiação entre capital e trabalho acarreta uma altera­çào de to<strong>do</strong> o processo de produção, respectivamente <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produção em sua totalidade, encontram-se no estu­<strong>do</strong> - que nesse ponto é brilhante - de Clark, Distribution Df Wealth. p, 159 et seq. 170, 174 et seq.. 186 et seq_ Quantoà estabilidade das metas da produção. ver também Schumpeter. Wesen und Hauptinhalt der theoretischen Nationaloeko­nomie_ Leipzig, 1908, p, 127 et seq_ e 569 et seq_


32 TEOR1A POSITIVA DO CAP1TALtes para nosso tema. Que propriedades deve necessariamente apresentar o novométo<strong>do</strong> de produção a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>, em relação ao antigo, para que em virtude da mudançano estoque de capital e das conseqüências resultantes dessa mudança se possainverter a relação de rentabilidade <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is méto<strong>do</strong>s de produção? Com efeito,o méto<strong>do</strong> de produção agora a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> não é uma invenção nova, por estarmos supon<strong>do</strong>que a técnica de produção está estacionária: ele já era conheci<strong>do</strong> antes, epor isso, para ser anteriormente preteri<strong>do</strong> a favor <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de produção antes emuso, deve ter si<strong>do</strong> menos rentável <strong>do</strong> que este último, na antiga situação. Na situaçãoatual, porém, para que o novo méto<strong>do</strong> de produção seja preferi<strong>do</strong> ao antigo,é inversamente ele que deve ser o mais rentável E essa inversão deve ser explicávela partir de um fenômeno concomitante característico da abundância de capital queJ1!1I>Zaumentou, sen<strong>do</strong> natural termos de pensar, em primeira linha, na baixa da taxade juros, que por experiência sabemos costuma estar associada ao aumento de capita1.6D Teremos, pois, de perguntar: em que situação pode acontecer que um méto<strong>do</strong>de produção até agora menos rentável se transforme em méto<strong>do</strong> mais rentável,simplesmente em virtude de uma baixa da taxa de juros?Um economista matemático saberia, sem muito esforço, englobar to<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>spertinentes numa fórmula matemática simples. Quero procurar deduzir essa fórmula,com um pouco mais de palavras, mas talvez também de maneira maiscompreensível para muitos leitores, de uma explicação baseada apenas em exemplosnuméricos. Suponhamos que com o processo de produção até agora usualtenha si<strong>do</strong> possível, com o dispêndio de 1 000 dias-trabalho,61 produzir 1 000 uni­:':'=':'~dades de uma espécie qualquer de produto e que o dispêndio de trabalho tenhaem média antecedi<strong>do</strong> de <strong>do</strong>is anos o término da fabricação <strong>do</strong> produto final madu­-:; ...:: ,:",::­ro. Se até agora o salário tivesse si<strong>do</strong> de 1 florim por dia e a taxa de juros de 5%,o dispêndio total da produção, pelo processo antigo, teria si<strong>do</strong>, para 1 000 unidadesde produto, de 1 000 florins de salário mais 100 florins de juros de capital (jurossobre 1 000 florins durante <strong>do</strong>is anos), no total, portanto, de 1 100 florins. Suponhamosque agora ocorra como fenômeno concomitante de um aumento relativo<strong>do</strong> capital, uma baixa da taxa de juros para 4%. Que características deverá entãoapresentar um méto<strong>do</strong> de produção, para poder atender ao mesmo tempo à duplaexigência, isto é, de ser o menos rentável a uma taxa de juros de 5%, e o maisrentável a 4%?Vejamos. Poderá um méto<strong>do</strong> de produção que com 1 000 dias-trabalho pro­:~.:.: ~ ~31duz também ele apenas 1 000 unidades de produto, ser agora o mais rentável? Sem: -:':-=:Jdúvida! mas sob uma condição: já que l1ão poupa nada em salário, em relação ao- ~ ~ ]méto<strong>do</strong> antigo, deveria, para ser mais rentável, poupar em juros, e para isso seuperío<strong>do</strong> médio de produção teria que ser mais curto que no processo antigo. Se,=-=.,-_::llpor exemplo, o tempo médio de espera for de apenas 1 1/2 ano, em vez de 2 anos,como anteriormente, os custos <strong>do</strong> novo processo serão assim calcula<strong>do</strong>s, para fabricar1 000 unidades <strong>do</strong> produto: 1 000 florins de salário, além de 4% de juros sobre1 000 florins durante 1 1/2 ano = 60 florins, portanto, no total, 1060 florins, en­- ""::::"'::""-=-cIquanto os custos <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> antigo seriam calcula<strong>do</strong>s, consideran<strong>do</strong> a baixa da taxade juros, também em 1 000 florins de salário, além de 4 % de juros sobre 1_0-',':"';; :::;-~000":-'1:":;:!li" :-~':J_-::..-- :-'-:-:3Ji.-- =.:: -~'60 Em segunda linha, também num aumento de salário, correlativo à baixá da taxa de juros. Todavia, o leitor 108:0 se convenceráde que nossa argumentação, por um la<strong>do</strong>, nâo precisa levar em conta essa segunda alteração, apenas presumida,e, por outro, a argumentaçâo também nâo é atrapalhada por ela: nosso raciocínio é acerta<strong>do</strong> em qualquer caso, quer abaixa <strong>do</strong> juro acarrete ou não um aumento <strong>do</strong> salário.61 Para simplificar o exemplo. prescin<strong>do</strong> <strong>do</strong>s valiosos serviços <strong>do</strong> solo: suponhamos que a produçao se realize em terrenosque não proporcionam renda!_--..:. -='>..l­:.-:: :< ':CI


EXCURSO [33[~=.: o novo[=~ da mur.:::=.se pos­=~:-:l efeito,,...=.:-:nos su­::::: =.ntes, ec :::1tes em; :"a situa­=.::: antigo,r 2xplicávelc=';J:tal que:-:.=. da taxa~:-.:J de ca­E ·Jm mé­~ ~entável,'=:::5 os dat::-25sa fór­r:2:~a mais2:-:-' ex~m­c=~a usual:. ~:OO uni­:"::--.0 tenhac.=-: madu­C5 ::ie 5%,- :"::1idadest: .~=.: Ouros:::-5. Supo­e ,elativo.-~,á entãox ~ dupla~ o mais:·=-.:,0 pro­i·.,:':') Semr~.::ção aoê :550 seuL·::30. Se,:-2 2 anos,~ =-,a fabri­florins para <strong>do</strong>is anos = 80 florins, portanto, no total, em 1 080 florins. 62 Por conseguinte,o primeiro <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is processos seria.agora, na realidade, o mais rentável.Todavia, é igualmente claro, à primeira vista, que não foi só agora que ele se tornouo mais rentável, mas já antes deve ter si<strong>do</strong> o mais rentável. Pois, sen<strong>do</strong> a taxa vigentede juros 5%, as despesas teriam si<strong>do</strong> de 1 000 florins de salário, além de 5% dejuros sobre 1 000 florins durante 1 1/2 ano = 75 florins; portanto, no total, apenas1 075 florins, em comparação com 1 100 florins no caso <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de produçãoefetivamente emprega<strong>do</strong> até agora. Portanto, é impossível que um processo que apresentaa mesma produtividade técnica por unidade de meios de produção (dia detrabalho) atenda ao mesmo tempo às duas condições estipuladas.Da mesma forma, isso é impossível com um proceso cuja produtividade técnicapor unidade de meios de produção fosse ainda menor <strong>do</strong> que no caso <strong>do</strong> processode produção até agora em uso. Com efeito, também nesse caso seria, sim, pensávelque ele superasse em rentabilidade o processo anteriormente utiliza<strong>do</strong>; todavia, umavez que no caso a unidade de produto está onerada de salário maior, esta só poderiaser compensada por uma economia ainda maior nos juros; esta, porém, pressuporiaum encurtamento tanto maior <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção, e um tal processo,com a taxa de juros mais alta, vigente antes, necessariamente teria si<strong>do</strong> já anteriormenteo mais rentável. 63Por isso, a necessária "inversão" da relação de rentabilidade só pode ocorrer noterceiro caso imaginável, isto é, a favor de um processo de produção que ultrapassaem produtividade técnica o realmente utiliza<strong>do</strong> até agora, isto é, com a mesma quantidadede unidades de meios de produção produz uma quantidade maior de unidadesde produto. Que tal processo mais produtivo possa agora ser também o maisrentável, não há necessidade de explicar. Mas poderá ele - e como? - ao mesmotempo atender à segunda condição, a saber, que, apesar de sua produtividade técnicamaior, anteriormente era o processo menos rentável? Muito simples! Anterior­mente ele estava onera<strong>do</strong> com uma cota de salário menor por unidade de produto,devi<strong>do</strong> à sua produtividade maior. Para que essa vantagem perdesse sua eficácia,e no balanço global pudesse ocorrer a pre<strong>do</strong>minância de uma desvantagem, eranecessário que a despesa de juros para o salário adianta<strong>do</strong> superasse um montanteainda superior à economia feita com salário; ora, isso é possível e ocorre no casode processos de produção de perío<strong>do</strong> de produção correspondentemente mais longo.Traduzamos isso em cifras para o nosso exemplo. Suponhamos que, além <strong>do</strong>processo realmente em uso, já antes se tenha conheci<strong>do</strong> outro, que teria permiti<strong>do</strong>produzir, com 1 000 dias-trabalho, 1 020 unidades de produto, ou, o que é o mes­mo, 1 000 unidades de produto com aproximadamente 980 (precisamente 980,39)dias-trabalho, mas com um tempo de espera médio mais longo de 2 1/2 anos. OsC-:::5 sobre~= ":1S. encomsalários quanto no item "montante <strong>do</strong> capital", <strong>do</strong> qual é preciso computar juros para o tempo médio de espera. AL'. =- da ta­ única diferença entre os <strong>do</strong>is cálculos de custos continuaria a ser a seguinte: sobre o mesmo capital incidem, no caso <strong>do</strong>:laVOC:2 1 000processo, juros durante apenas 1 1/2 ano, ao passo que no caso <strong>do</strong> processo antigo os juros incidem durante 2 anos.:r :.;:: se Con­~~ : ~2sumida,"!': :::.~: quer a;E ~ ~ :errenos:)2 Se em decorrência da baixa da taxa de juros o salário tivesse subi<strong>do</strong>, os números absolutos mudariam, mas nâo a proporção.Pois o aumento <strong>do</strong> salário influiria uniformemente sobre os <strong>do</strong>is cálculos de custos, tanto no item <strong>do</strong>s dispêndiosEsta é a razão pela qual no cálculo numérico de nossos exemplos podem prescindir da suposição de um concomitante2umento de salário.'3 Por exemplo, um processo que com 1 000 dias-trabalho só produz 980 unidades <strong>do</strong> produto demandaria, para produ­zir 1 000 unidades <strong>do</strong> produto, aproximadamente 1 020 dias-trabalho, portanto um gasto com salários de 1 020 florins.Se quisermos que, não obstante, seu custo total seja inferior a 1 080 florins (custo <strong>do</strong> processo até agora em uso, com"ma taxa de juros de 4%), os juros exigi<strong>do</strong>s para o capital adianta<strong>do</strong> de 1 020 florins deveriam ser inferiores ao montantede 60 florins. Essa condição ainda não seria atendida por um processo com tempo médio de espera de 1 1/2 ano, maso seria, por exemplo, por um processo com um tempo de espera de 1 1/4 ano. Esse processo, porém, já com uma taxade juros de 5%, teria exigi<strong>do</strong> custos de apenas 1 083,75 florins (1 020 florins de salários + 63,75 florins de juros de 5%durante 1 1/4 ano), em comparação com 1 100 florins de custo <strong>do</strong> processo efetivamente usa<strong>do</strong> até agora.


34 TEORIA POSITIVA DO CAPITALcustos desse processo, sen<strong>do</strong> a taxa de juros vigente 5%, teriam si<strong>do</strong> os seguintes:despesa com salários para 1 000 unidades de produto, 980 florins; despesa comjuros sobre 980 florins para 2 1/2 anos a 5%, 122,5 florins; no total, portanto, 1 102,5florins, ou seja, 2,5 flprins a mais <strong>do</strong> que pelo proceso efetivamente usual. Entretanto,sen<strong>do</strong> a taxa de juros vigente de 4 %, os custos <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> processo são os seguintes:980 florins de despesa com salários + 98 florins de despesa de juros sobre980 florins por 2 1/2 anos a 4%, portanto, no total, 1 078 florins, ou seja, 2 florinsa menos <strong>do</strong> que exigiria o processo até agora usual com taxa de juros de 4%.Encontramos, portanto, na realidade, o tipo procura<strong>do</strong> -- aliás, o único possível- <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de produção cuja rentabilidade "se inverte"; ele deve ser tecnicamentemais produtivo <strong>do</strong> que o méto<strong>do</strong> de produção até agora usual, mas ao mesmotempo deve ser mais demora<strong>do</strong> <strong>do</strong> que este. Naturalmente, não se pode sem maisinverter essa proposição e pretender afirmar, digamos, que to<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de produçãoque seja ao mesmo tempo mais produtivo e mais demora<strong>do</strong> esteja justamentepassan<strong>do</strong> por uma inversão: méto<strong>do</strong>s que, sen<strong>do</strong> de menor monta o aumento deprodutividade técnica, são bem mais demora<strong>do</strong>s. permanecerão os menos rentáveis,dentro de' certo limite, também com uma taxa de juros mais baixa, ao passoque méto<strong>do</strong>s que, sen<strong>do</strong> significativo o aumento de produtividade, demandam apenasum prolongamento insignificante <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção, terão si<strong>do</strong> mais rentáveismesmo já com uma taxa de juros mais elevada 64 Pode-se, porém, afirmar, comome exprimi, que to<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de produção cuja rentabilidade se inverte deve aomesmo tempo ser mais produtivo e mais demorad0 65Do que ficou dito quero agora tirar duas aplicações. Primeiramente, quero chamara atenção para o fato - que de qualquer forma não deixa de ser interessante- de que as assim chamadas "oportunidades de aplicação menos vantajosas" que,como se diz na linguagem vulgar, o capital que aumentou é obriga<strong>do</strong> a procurarquan<strong>do</strong> a técnica de produção está estagnada, são e na verdade têm de ser, namaioria pre<strong>do</strong>minante <strong>do</strong>s casos, oportunidades de produção tecnicamente mais vantajosas,cuja vantagem técnica só havia si<strong>do</strong> anteriormente suplantada pela desvantagem<strong>do</strong> ônus de uma taxa de juros maior, devi<strong>do</strong> à circunstância secundária <strong>do</strong>perío<strong>do</strong> de produção mais longo. .Em segun<strong>do</strong> lugar, gostaria de tirar para meu tema a conclusão final anunciadadesde o início. Quem não quiser negar o fato, comprova<strong>do</strong> pela experiência, de queo capital que aumenta, permanecen<strong>do</strong> estacionária a população e também a técnicade produção, procura e encontra oportunidades de aplicação menos lucrativas,pelo que dissemos tem também de supor e admitir que, nas condições mencionadas,deve haver'méto<strong>do</strong>s de produção tecnicamente mais produtivos com perío<strong>do</strong>de produção mais longo, os quais estão à disposição para serem aproveita<strong>do</strong>s pelocapital que está aumentan<strong>do</strong>; em outras palavras, tem de reconhecer a existência,por mim afirmada, da zona de prolongamentos da produção mais rentáveis, e istoindependente de invenções novas.Entretanto, esse reforço direto <strong>do</strong>s motivos de convicção para meu tema nãoé a única vantagem, nem a principal, em função da qual ousei apresentar aos leitoresuma exposição detalhada tão longa e - quanto a isso não tenho nenhuma ilusão- para a maioria deles também tão enfa<strong>do</strong>nha. O que me interessava era expor,-:r- _.~ c =",,"':"'3~:::;-= (iLfT::: -:: -c -:::..~ ~.::): ==-'=_::c-.=- .::...: =:;EC: :': :: _ --=:1L,ic::.: ~: -:.:ri=-=C,=,:: -:: :,"_~j:e:; .. C=__- ==" ..::.:JX: 2:..-~=' -:-. ::~5-:r:: ..;: ~ =:2-:1~ =-_...: --=~--::~ ::c:bt=-:~_'~ ---.-- ~-::~.,:.:=..: s: -~~.li:-:=- >.: ~ :=.:-.: d':::1-:: _-= :. -_:='::..1--:: _=:-: :i:: '=:--õ': -õ -õ: ==.:-:1:2-: : =:: :=.'.::..;;;;a-õ :: - .-::: :20=,_=-,: .~:: =1.- ..--õ: :-õ~ ::3:i-::=...::.õ-::JI64 Para ser bem preciso, a relação pode ser ass!m formulada, o prolongamento <strong>do</strong> tempo de espera no caso <strong>do</strong> méto<strong>do</strong>"inverti<strong>do</strong>" tem de estar para com a maior produtividade deste numa relação tal que esta última, no caso de a taxa dejuros ser maior, tem de ser mais que compensada pelo ônus maior de juros, ao passo que, no caso de a taxa de jurosser menor, não é totalmente compensada.65 Manten<strong>do</strong> nossa pressuposição de aumento <strong>do</strong> capital. Se o capital diminuir e a taxa de juros aumentar, nem precisoafirmar que aconteceria exatamente o oposto. A série da inversão manteria méto<strong>do</strong>s de produção tecnicamente menosprodutivos com perío<strong>do</strong> de produção mais curto, que antes eram os menos rentáveis deví<strong>do</strong> a sua produtividade menor,mas que no caso de aumentar a taxa de juros se tornam os mais rentáveis devi<strong>do</strong> aos juros menores.=..:.:::--;::-:: :"~~~ :.=-.=:-:: :-':~:"'"':_'3: --="--.:: ~:jm


õ ,,~;'Jintes:com:õ::~"a-:= : 102,5... =-:-.rretan­: ".~:: os se­":':-~õ sobre.:: 2 florins-õ ::2 4%..-:::::, possí­5-2: :ecnica­;: ::: :nesmo'" S2:n mais:2 ;Jrodu­'..:.õ:amente_:-::2nto de.;: -:: õ rentá­.=: :::: passo::::-. apenas..." :2:"táveis~.::: como':2 ::eve ao:: .2:0 cha­.:-:e:2ssante:,,3S que,: :: 70curar: ::2 ser, na:", ~- Jis uan­~.:: ::esvan­:-:':ária <strong>do</strong>~ 3:_:iciada:"'.~:: de quet02::-. 3. técni­J>5 .:.::::ativas,s ::-.2:Jciona­:c::-. "Jerío<strong>do</strong>12::::=8S peloG e:·.:srência,1i·.2's e isto~_ :2::la nãote"' ::':,s leito­E-:-:jma ilu­:c 2:3 expor,EXCURSO I 35não só em termos gerais, mas, com base num exemplo concreto, um assunto comoo que precisa e ao mesmo tempo exige que se acrescente correta e claramente àsfórmulas gerais, que constantemente estão na boca, o conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong>s fatos por elasdesigna<strong>do</strong>s. Considero que uma das falhas mais sensíveis na discussão havida atéagora em torno <strong>do</strong>s problemas <strong>do</strong> capital reside no fato de a maioria <strong>do</strong>s participantesestar tão pouco habituada e treinada para cumprir esse dever, a rigor tão evidente,de um raciocínio correto, pois afinal é evidente que, se alguém diz uma coisa,antes de tu<strong>do</strong> é preciso que ele mesmo saiba claramente e explique com clarezao que diz. Mas, ao passo que não há quase nenhum autor que escreva sobre osproblemas <strong>do</strong> capital e que não opere ocasionalmente com essas fórmulas correntes<strong>do</strong> aumento absoluto e relativo <strong>do</strong> capital, da abertura de oportunidade e deaplicação mais lucrativas, da passagem compulsória para oportunidades menos lucrativase similares, inversamente não há quase um único autor que repute necessárioacompanhar essas fórmulas com uma descrição detalhada e correta <strong>do</strong>s fatosreais cobertos por elas. Isso obviamente porque eles mesmos não encontram nessasfórmulas absolutamente nada que não seja claro ou necessite de explicação. Na verdade,a clareza aparente não é afinal outra coisa senão apenas a famigerada clarezaàas águas pouco profundas. Aliás, dentre as raras tentativas nessa linha, que algunsautores individuais foram obriga<strong>do</strong>s a fazer em determinadas ocasiões, boa partedelas ainda caiu no erro: obviamente, devi<strong>do</strong> ao menosprezo das exigências que es-'sa tarefa impõe, não tanto à força de raciocínio <strong>do</strong>s autores, mas à exatidão, ao esforçoe à atenção deles. Somente isso explica certos deslizes que saltam aos olhose que neste campo têm si<strong>do</strong> cometi<strong>do</strong>s por pesquisa<strong>do</strong>res aliás cuida<strong>do</strong>sos e perspicazes.66 Se, com esse único exemplo elabora<strong>do</strong> com precisão. eu tiver consegui<strong>do</strong>estimular para uma vigilância e um cuida<strong>do</strong> maiores <strong>do</strong> que os usuais, estimariaque isso é o mais valioso ganho. não somente para nosso tema em pauta, mas tambémpara to<strong>do</strong> o nosso assunto.Em favor de nosso tema tenho. finalmente, a acrescentar mais um último motivoafirmativo de convicção, que a rigor é apenas um argumentum ad hominem,eficaz somente para quem é adepto de determinada concepção, aliás bem difundida.NO'caso de alguém que adere à opinião - em qualquer de suas variantes ­de que a natureza <strong>do</strong> capital tem algo a ver com uma demora de tempo (abstinence,waiting, delay, defasagem de tempo entre o presente e o futuro, e similares),;Jarece estranho e contraditório que se oponha ao fato de eu caracterizar a produ­;ão capitalista como uma a<strong>do</strong>ção de méto<strong>do</strong>s indiretos de produção demora<strong>do</strong>s,2 à minha teoria das vantagens de utilizar perío<strong>do</strong>s de produção mais longos; por::>utro la<strong>do</strong>, quem - como o fazem tantos - em sua própria exposição da teoria<strong>do</strong> capital associa idéias da teoria da produtividade a idéias da teoria da abstinência,ele mesmo invoca de um só fôlego uma "produtividade maior" que só se pode con­"eguir à custa de uma "demora temporal": e se tais autores, apesar disso, impugnam::linha tese da produtividade maior <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produção mais longos, não es­:ão fazen<strong>do</strong> outra coisa - assim me parece - senão impugnar justamente a ex­"Jressão mais clara daquilo que eles mesmos também estão ensinan<strong>do</strong>, ainda que::e maneira menos clara.i :"~: =:::l méto<strong>do</strong>::=.: :-


EXCURSO IIRelação de Freqüência Entre as Invenções Novas que Prolongamo Perío<strong>do</strong> de Produção Vigente e as que o Encurtam(Para a Seção I <strong>do</strong> Livro Segun<strong>do</strong> da <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>)Na página 10 <strong>do</strong> Excurso I observei - sem daí deduzir conclusões essenciais:Jara minha teoria - que aquelas invenções que envolvem um prolongamento <strong>do</strong>:>erÍo<strong>do</strong> de produção até agora em uso são certamente mais numerosas - conside­,avelmente mais numerosas - <strong>do</strong> que as que acarretam um encurtamento <strong>do</strong> pe­:-:o<strong>do</strong> de produção vigente. Em contrapartida, alguns autores têm afirma<strong>do</strong> exatamente') contrário. Para Horace White, por exemplo, o encurtamento <strong>do</strong>s processos de pro­:ução constitui o traço mais marcante e característico <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> industrial moder­:'.0. acreditan<strong>do</strong> ele que os <strong>do</strong>is méto<strong>do</strong>s de produção, os que prolongam e os queencurtam, <strong>do</strong>minam juntos o mun<strong>do</strong>, "mas com uma pre<strong>do</strong>minância a favor <strong>do</strong>s':;:timos", os que encurtam o perío<strong>do</strong> de produção.! E Lexis é ainda mais incisivoem suas afirmações. Atribui a minha teoria a suposição de que os progressos técni­=::lS. por levarem ao emprego de máquinas cada vez mais aperfeiçoadas e recorre­,em a trabalhos preparatórios cada vez mais complexos, via de regra envolvem um::rolongamento <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção, e contesta essa suposição nos seguintes:ennos: "Gostaria, porém, de afirmar que, desde o início <strong>do</strong> desenvolvimento cultu­~l. a tendência <strong>do</strong> progresso técnico tem caminha<strong>do</strong>, com sucesso crescente, noõenti<strong>do</strong> de diminuir, sim, o número de trabalha<strong>do</strong>res que nas diversas empresas cor­,esponde a um mesmo capital, mas ao mesmo tempo com um encurtamento <strong>do</strong>:e,Ío<strong>do</strong> de produção". 2.":.·"ical Science Quarterly. v. VII, março de 1892, p. 143._':~,buch de Schmoller, v. XIX, p. 334. Externamente poderia parecer que também Cassei se associe aos ?lutores acima:--:2 :'05. com uma afirmação até bem decidida:"We may state at once, that there seems to be a general tendency in thec :~::ion of shortening the periods of production" (Nature and Necessity of lnterest, p. 125.) Acontece que essa afirmação-.§.: ~l2ve, na boca de Cassei, ter o significa<strong>do</strong> que se deveria pressumir com base em seu teor, pois o autor costuma muitas. -:=::02 5 utilizar uma terminologia divergente e especial. Por um la<strong>do</strong>, não entende por "perío<strong>do</strong> de produção", via de regra,:::: __.J que nós outros entendemos nessa controvérsia, mas - considero isso diretamente desnorteante e lamentável ­'="'-05 a duração <strong>do</strong>s diversos estágios de trabalho ou das frações <strong>do</strong> processo de produção em sua totalidade, ou o tempo-= :~::. -:: qual o empresário tem de Íazer uma despesa em seu "processos de produção'" (op. cil., p. 123 et seq.); e, por outro.c::: 3.oorda uma parte notável e im-portante <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s indiretos de produção que levam tempo, isto é, a construção-:. =- _:::':zação de meios produtivos de longa duração, como máquinas, instalações fabris e similares, não sob o termo waiting: ':'aduction, mas sob o termo, terminologicamente oposto, de waiting for consumption (cf. p. 121, nota 6 da <strong>Teoria</strong> Posi­!). Consideran<strong>do</strong> que, afora isso, Cassei expressa posições que, <strong>do</strong> ponto de vista <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> objetivo, são plena­-"::-~i acertadas sobre nOS50 tema (ver acima, Excurso I, p. 24, nota 40), prefiro não supor que com a afirmação supra'.::' pretendeu confessar-se partidário da opinião de White e Lexis.37


38 TEORIA POSITNA DO CAPITALo senti<strong>do</strong> dessas palavras só pode ser o de que Lexis, sem negar a ocorrênciade invenções que "prolongam" o perío<strong>do</strong> de produção, supõe uma pre<strong>do</strong>minânciatal das invenções que encurtam que <strong>do</strong> balanço das duas resulta um encurtamentoprogressivo <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s de produção; e, já que além disso ele supõe que a tendêncianesse senti<strong>do</strong> já começou no início <strong>do</strong> desenvolvimento cultural e a partirdali atuou "com sucesso crescente", na sua linha de pensamento os méto<strong>do</strong>s de produçãohoje em uso em to<strong>do</strong> caso devem ser em média mais curtos <strong>do</strong> que os pratica<strong>do</strong>sno "início <strong>do</strong> desenvolvimento cultural".Penso que o erro desse resulta<strong>do</strong> final, que salta aos olhos, por si só é suficient~para mostrar que devem ter ocorri<strong>do</strong> vários erros no raciocínio que a ele levou. Everdade que não conhecemos por autópsia os méto<strong>do</strong>s de produção utiliza<strong>do</strong>s noinício <strong>do</strong> desenvolvimento culturaL mas dispomos de informações bastante precisassobre as características <strong>do</strong>s mesmos, através <strong>do</strong>s conhecimentos histórico-culturaise etnográficos que temos sobre eles, mesmo porque certas tribos incultas e atrasadasainda hoje conservam a situação reinante "no início <strong>do</strong> desenvolvimento cultural".Pois bem, creio que basta repetir de certa maneira mais popular e mais claraa questão ora em discussão, para convencer imediatamente o leitor de que Lexisse deve ter equivoca<strong>do</strong> no tocante aos resulta<strong>do</strong>s reais da evolução histórica havidaaté hoje. Basta-me perguntar: nossos méto<strong>do</strong>s de suprimento econômico <strong>do</strong> séculoXX apresentam mais semelhanças ou mais diferenças com um sistema de "viverda mão para a boca" <strong>do</strong> que os méto<strong>do</strong>s de suprimento <strong>do</strong>s hodiernos negros <strong>do</strong>Sul ou das tribos germânicas <strong>do</strong> tempo de Tácito ou mesmo da época <strong>do</strong>s carolíngios?Não é porventura evidente, à primeira vista, que os primitivos méto<strong>do</strong>s deprodução <strong>do</strong>s tempos em que não havia capital ou este era escasso ao menos nagrande média, só podem ter proporciona<strong>do</strong> seus precários resulta<strong>do</strong>s bem imediatamente.da mão para a boca? E porventura as grandes quantidades de "trabalhoexecuta<strong>do</strong> anteriormente", que estão presentes nos vultosos investimentos de capitaldas na~ões ricas e tecnicamente avançadas, e que em grande parte foram "executa<strong>do</strong>santeriormente" não só para meses ou anos, mas muitas vezes para decêniose às vezes para séculos, não obrigam inequivocamente a a<strong>do</strong>tar méto<strong>do</strong>s um poucomais longos, que hoje levam da mão que trabalha para a boca que consome? Conseqüentemente,não será evidente, à primeira vista, mesmo sem uma reflexão precisasobre a situação, a nível de princípio, que é impossível que os intervalos de tempoda produção primitiva, já de início tão pequenos, se tenham encurta<strong>do</strong> ainda mais,em medida sempre "crescente", através de alguns milênios?O próprio Lexis não teria deixa<strong>do</strong> de perceber a evidente improbabilidade desseresulta<strong>do</strong>, se tivesse examina<strong>do</strong> clara e explicitamente os fatos nos quais o mesmodevia manifestar-se. Contu<strong>do</strong>, certos traços da sua argumentação permitem versem dificuldade que, no decurso global desta, o autor sofreu a influência de determinadasidéias obscuras e confusas, que em parte o induziram a confusões e emparte o impediram de enxergar certas contradições que lhe escaparam.Antes de tu<strong>do</strong>, já de saída Lexis começou por não entender os fatos nos quaisse insere o tema principal da discussão, a saber, o encurtamento <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção,com tanta clareza quanto seria necessária para poder evitar de to<strong>do</strong> o perigode confundir este encurtamento com o encurtamento de outras grandezas de tempo,que exercem um papel no decurso da produção. Por exemplo, ele computa semmais é1 favor de sua tese o "ganho de tempo" que se "tem consegui<strong>do</strong>, no decursode nosso século, em to<strong>do</strong>s os setores da produção e <strong>do</strong> comércio, em decorrência<strong>do</strong>s novos meios de transporte".3 Não há dúvida de que esse "ganho de tempo", em=-::=- = : ='-f-:-~-'-:=t~':'_02~·"'~~~:1: _" :'ÕI: '':''.i- = 2: : --=::'-J3 op. cito p. 334.


EXCURSOIl 39: :;2:1cia certo senti<strong>do</strong>, é incontestável e significativo, a saber, no senti<strong>do</strong> de que com nossos-:-~:1ciamodernos meios de transporte, este último se faz com rapidez incomparavelmente:":-:-.entomaior <strong>do</strong> que sem eles, assim, por ferrovia o transporte se faz mais rapidamente.;: " ten­ <strong>do</strong> que por ro<strong>do</strong>via. Entretanto, em se tratan<strong>do</strong> <strong>do</strong> tempo médio de espera envolvi­" :Jartir <strong>do</strong> nas atividades dedicadas ao transporte de merca<strong>do</strong>rias, certamente não se po­:,:; pro­ de, por outro la<strong>do</strong>, esquecer a contrapartida <strong>do</strong>s tempos de espera extraordinariamente: 5 ;n-ati- longos, exigi<strong>do</strong>s pelos estágios preparatórios <strong>do</strong> transporte por ferrovia, da construçãodas ferrovias, da fabricação das locomotivas e <strong>do</strong>s vagões, incluin<strong>do</strong> as condi­_':ent~ções prévias para estas, a saber, as fábricas de máquinas e suas instalações e também':;', :)'.1. Ea extração de carvão para mover as locomotivas, e assim por diante. Concluir dire­,,::,3 no tamente, <strong>do</strong> fato de que se trafega com mais rapidez pela ferrovia pronta, para um:= ~ ecisas encurtamento de to<strong>do</strong> o "perío<strong>do</strong> de produção" em questão, significa, portanto, co­: _.:·.1rais meter o mesmo erro que se cometeria, em se tratan<strong>do</strong> da fabricação de roupas,.;: ,,:,asa­ ao concluir, <strong>do</strong> fato de que com máquina de costura se cose mais rapidamente, que:: :ultu­ o méto<strong>do</strong> indireto de fabricação é mais curto, quan<strong>do</strong> na realidade é mais longo;,,5 clara significa confundir a duração <strong>do</strong> estágio final de um processo com a duração <strong>do</strong>T •_,:; LeX1Sprocesso inteiro. Contra esse erro já adverti explicitamente antes, no decurso da <strong>Teoria</strong>" :-_covida <strong>Positiva</strong> 4: 32culo Além disso, em seu raciocínio Lexis confunde os <strong>do</strong>is conceitos basicamente:,:; -\'iver diferentes de "tempo de espera" e "tempo de trabalho"_ Por exemplo, para explicar..: :,':)3 <strong>do</strong> que os progressos na técnica de fabricação de máquinas não necessariamente pre­~ ~c:wlín­ cisam vir acompanha<strong>do</strong>s de um prolongamento <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção. pede que:: :')5 de ·se considere que a fabricação de uma máquina mais eficiente não precisa custar-_2 :-.:)S namais tempo <strong>do</strong> que a de uma máquina menos perfeita". Na verdade, para que o::-:-:edia-argumento seja cogente, ele evidentemente deve ter pensa<strong>do</strong> no tempo de espera.-,::,c:::alhoMas ele logo fundamenta e parafraseia essa afirmação com estas palavras, que se­.;: :apital guem de imediato: "O espírito inventivo descobriu uma forma nova e mais adequa­-2:~eC1Jta­da, mas a conformação <strong>do</strong> material segun<strong>do</strong> a mesma não precisa exigir mais trabalho:,:;:ênios<strong>do</strong> que o que antes se precisava despender para o meio de produção menos pro­-=-_ :Joucodutivo". Eis que aqui o pensamento visivelmente derrapou para a categoria tempo~,:;~Con­ de trabalho. 5E'",';.'J pre­Entretanto, a prova mais contundente de que Lexis esteve longe de ter umac,:; :empoidéia clara <strong>do</strong> alcance de suas premissas e conclusões está na sua suposição de que::" mais, o encurtamento sucessivo <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção, por ele afirma<strong>do</strong>, vai de mãosdadas com uma "diminuição" <strong>do</strong> "número de trabalha<strong>do</strong>res que corresponde a um:,,:e des­capital igual"6 Eis aí a autocontradição evidente! Pois "a diminuição <strong>do</strong> número de:5 : mes­ trabalha<strong>do</strong>res correspondente a um capital igual" significa <strong>do</strong>tar o trabalha<strong>do</strong>r com~__:2m veruma cota maior de capital, ou o aumento da cota de capital per capita; isso, por:2 deter­ sua vez, significa - como exponho com to<strong>do</strong>s os detalhes nos Excursos I e V e:.,;< e em como, segun<strong>do</strong> enten<strong>do</strong>, é diretamente evidente - que na relação entre trabalhocorrente, presente, e trabalho antigo executa<strong>do</strong> anteriormente, a relação entre o tra­"_: 5 quaisbalho executa<strong>do</strong> anteriormente e o trabalho corrente se altera em favor <strong>do</strong> primeiro;c :::e pro­portanto, para cada trabalha<strong>do</strong>r ocupa<strong>do</strong> no trabalho presente, se fez com que an­I : :Jerigo Teriormente trabalhassem mais trabalha<strong>do</strong>res, ou então trabalha<strong>do</strong>res em número~ :e tem­ :gual mas durante um tempo mais longo; em suma, significa que se prolongou a;:-.::a sem/ :ecursoc:::ênciar:-_;:;o. emduração média <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de produção. E, no entanto, Lexis supõe que o progres­c Ci. <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>, v. I, p. lU et seqs., Quanto a isso, ver minha exposição mais detalhada nas "Strittige Fragen", p. 17 et seqs,: -.".?f a citação verbal na <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>. v. I~ p. 62.


40 TEORIA POSITIVA DO CAPITALso técnico revela esse sintoma inequívoco de perío<strong>do</strong>s de produção prolonga<strong>do</strong>s,"porém simultaneamente com encurtamento <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção"17O que dissemos até aqui mostra com suficiente clareza que Lexis foi induzi<strong>do</strong>por considerações equívocas a emitir um juízo errôneo sobre a evolução havida atéhoje: desde o início <strong>do</strong> desenvolvimento cultural nossos méto<strong>do</strong>s de produção certamentenem sempre foram encurta<strong>do</strong>s mais ainda, pelo contrário, a evolução certamente começou com um prolongamento <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produção.Mesmo assim, porém, se poderia ainda perguntar se White e Lexis não teriamtalvez razão quanto ao futuro: isto é, se a esse processo de prolongamento não deverátalvez novamente seguir um processo de encurtamento, que, com o ulteriorprogresso da técnica, tenderia a reconduzir novamente a duração <strong>do</strong>s processos àdimensão das épocas primitivas e a aproximar novamente nossa produção, não notocante à produtividade de seus resulta<strong>do</strong>s, mas no tocante à duração de seus processos,à produção momentânea e sem capital, o que naturalmente não iJoderia"ocorrer sem que houvesse ao mesmo tempo uma nova diminuição <strong>do</strong> capital constituí<strong>do</strong>por um "trabalho executa<strong>do</strong> anteriormente".Não se pode afirmar que tu<strong>do</strong> isso seja pura e simplesmente impensável; emúltima análise isso depende de desenvolvimentos técnicos, e em relação a estes temosto<strong>do</strong>s os motivos para ser muito cautelosos com a palavra "impossível". Todavia,mesmo sem termos a faculdade de fazer profecias sobre o que a evolução técnicanos pode trazer, podemos constatar que características especiais esta teria de, apresentarpara poder conduzir a esse resulta<strong>do</strong>: e quem quiser pode, também, basea<strong>do</strong>nestas nossas constatações, formular uma conjetura sobre a probabilidade ou improbabilidadede tal evento.Naturalmente, o caminho que leva a esse evento teria de passar por um acúmulode invenções que encurtam, e, diria, de invenções autênticas que realmenteencurtam o perÍo<strong>do</strong> de produção, e não de invenções que só encurtam um estágioindividual <strong>do</strong> processo, e em compensação torna necessária a intervenção de outrosestágios, mais longos, como as ferrovias e as máquinas de costura, ou então:~de estágios que encurtam, sim, o tempo de trabalho, mas não o tempo médio deespera, no senti<strong>do</strong> por mim explica<strong>do</strong>. E se o evento quiser ser um encurtamento~icontínuo, sempre crescente, <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção, naturalmente teriam que:'ir:~suceder-se, umas às outras, séries inteiras de invenções, com efeito encurta<strong>do</strong>r cada:Z::ilvez mais intenso.Não cabe dúvida de que isso é possÍvel; mas é inegável que isso se torna tantomais difícil, e por isso também mais improvável, quanto mais avança<strong>do</strong> já estivero processo de encurtamento. Se um perío<strong>do</strong> de produção, que no estágio atual da-.;r ,técnica leva três anos, tiver si<strong>do</strong> encurta<strong>do</strong> para <strong>do</strong>is anos, em virtude de uma invençãoque encurta, e se, a seguir, tiver si<strong>do</strong> encurta<strong>do</strong> para um ano em virtudede uma segunda invenção desse gênero, e em virtude de uma terceira tiver si<strong>do</strong>~ ~-11jencurta<strong>do</strong> para meio ano, é claro que fica notavelmente limitada a margem ainda.::~aberta para outras invenções que encurtem. Certamente continua ainda a ser teori­1~camente possível que uma quarta, uma quinta e uma sexta invenções possam re­;::.~duzir ainda mais o perío<strong>do</strong>, de meio ano para meio mês, para meia semana e mesmo::~rol::_ .J:..i::l!~~- ,_.D7 Schade, em Anna/en de, deutschen Reichs, 1906. p. 270, quer vir em auxílio de Lexis, afirman<strong>do</strong> que suas palavras"o número de trabalha<strong>do</strong>res correspondente a um capital igual" teriam si<strong>do</strong> entendidas pelo autor como sen<strong>do</strong> "o númerode trabalha<strong>do</strong>res necessários para fabricar o mesmo item de capital". Não creio que Lexis tenha motivo:; para expressarqualquer reconhecimento por uma tentativa de interpretaçâo que contradiz tanto ao teor quanto ao senti<strong>do</strong> da passageme.m questão. Em contraposição, Spiethoff afirma sem rodeios que "'as objeções levantadas por Lexis, se analisadas commaior cuida<strong>do</strong>, se apresentam como interpretações errôneas". (Die Lehre vom Kapital, p. 47,)


EXCURSO II: .. ;J<strong>do</strong>s,para meio dia, mas isso se torna cada vez menos provável; em contrapartida, tornasecada vez mais provável o inverso, a saber, que uma invenção nova, que aumente-:..Jzi<strong>do</strong>a produtividade <strong>do</strong> trabalho, em comparação com o curto perío<strong>do</strong> de duração al­~;..::a atécança<strong>do</strong>, não caia mais <strong>do</strong> la<strong>do</strong> das invenções "que encurtam", mas <strong>do</strong> la<strong>do</strong> das: _ ::OJ cer­"que prolongam", e que, por conseguinte, a duração <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de um ramo de.:::'::::J cerproduçãoque já sofreu repeti<strong>do</strong>s encurtamentos, se inverta em seu curso, no senti<strong>do</strong>de voltar a prolongar o perío<strong>do</strong> de produção. Isso é provável pela mesma razão~:: :2riamevidente, em virtude da qual, no jogo de da<strong>do</strong>s, é mais fácil e mais provável um: -~J delancede oito pontos ganhar nos lanches subseqüentes <strong>do</strong> que um lance de apenas: _::2fiorquatro ou três pontos: ou pelo mesmo motivo pelo qual, na extração sucessiva de~: :" 350S à vários números de uma roda da fortuna com 90 números, é mais provável que o'::: :-~o nosegun<strong>do</strong> número extraí<strong>do</strong> seja inferior ao primeiro extraí<strong>do</strong>, se o primeiro extraí<strong>do</strong>~';':3 protiversi<strong>do</strong> o número 80, <strong>do</strong> que se o primeiro número extraí<strong>do</strong> tivesse si<strong>do</strong> o núme­~: ::::::::!eriaro 10, o 5 ou o 2. 8 Conseqüentemente, um encurtamento progressivo <strong>do</strong>s perío­:::::::. cons<strong>do</strong>sde produção acabaria, mais ce<strong>do</strong> ou mais tarde, por colocar ele próprio umlimite a si mesmo, por meio de obstáculos crescentes, mesmo que - como pressu­3:::'.2:: empusemos tacitamente até agora, neste raciocínio - to<strong>do</strong> sucesso de uma invenção:: ",3:"S tequeencurta significasse realmente já um encurtamento <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> médio de pro­. ",- Todaduçãoefetivamente vigente na economia nacional.;~: :.2cnicaAcontece, porém - e com isso abor<strong>do</strong> uma tendência contrária que é ainda::: =2 apreincomparavelmentemais importante -, que o efeito das invenções que encurtam: c:::3e.a<strong>do</strong>de mo<strong>do</strong> algum vai tão longe; já antes ele encontra forças contrárias de outro gênero.::" ::'J im-As invenções que encurtam afetam inicialmente apenas determina<strong>do</strong> processode determina<strong>do</strong> ramo de produção. Nesse seu campo de atuação especial, na reali­..:':: acúdadeelas substituem um processo até agora mais longo pelo processo mais curto:2.=.::nenterecém-inventa<strong>do</strong>. Com isso ficam libera<strong>do</strong>s - como expus no devi<strong>do</strong> lugar 9 ­...:': 23tágiomontantes parciais daqueles meios de subsistência que até agora eram necessários;;~: :e ou­ para <strong>do</strong>tar um méto<strong>do</strong> indireto mais longo, ou seja, segun<strong>do</strong> a concepção popular,_ :...: 2ntãopartes <strong>do</strong> "capital" até agora investi<strong>do</strong> no respectivo ramo de produção. Que acontej:':• .e:io dece com essas parcelas de capital liberadas? Será que elas permanecerão para sem­:_~'='::lentopre ociosas? Certamente que não; procurarão uma aplicação rentável, em algum:=::-.::::-:1 que;Jonto da economia nacional em que ainda houver tais aplicações lucrativas. Ora,~=C" cada :al aplicação se abre em to<strong>do</strong> ramo de produção que, em época antiga ou recente,::ver si<strong>do</strong> atingi<strong>do</strong> por alguma invenção vantajosa que prolongue o perío<strong>do</strong> de pro­EC :~. c. tantodução e que ainda não tiver si<strong>do</strong> aproveitada até o fim. O encurtamento de um: ~ 2stiver ;Jrocesso de produção, uma vez bem-sucedi<strong>do</strong>, abre uma oportunidade para execuêC::::Jal da :ar um prolongamento - que aumenta a produtividade e que até agora era inexe­:,,"'::-:1a in­ :üível por falta de recursos - de outro processo de produção e, por conseguinte,::::-. ·,:rtude :co balanço geral e na média, os méto<strong>do</strong>s d~ produção a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s na respectiva eco­! :::',2, si<strong>do</strong> :1omia nacional não se tornam mais curtos. E possível, por exemplo, que o processo~2::-. ainda :a fabricação <strong>do</strong> aço seja tão simplifica<strong>do</strong> e encurta<strong>do</strong>, em razão de uma nova inê.~e, teori­ ':enção, que a produção <strong>do</strong> aço demande a vinculação de um capital menor <strong>do</strong>): 33am re­ :''Je até agora; nesse caso, porém, o capital de que se passa a dispor talvez procureê" :-:lesmo41E : _::.: ?alavras.- :: : lúmero: :-_= 2xpressar~: :::;:2.ssagem-=--=_~::::as com. Contra essa comparação talvez se objete que no jogo de da<strong>do</strong>s e na. roda da fortuna as chances não sofrem e não po­:,;:Tl sofrer nenhuma influênc1a, ao passo que os técnicos Inventores asplram deliberadamente a um encurtamento <strong>do</strong> pe­-':-:10 de produção, em razão <strong>do</strong> ganho nos juros, a ele associa<strong>do</strong>. Tenho de reconhecê-lo, mas ao mesmo tempo importa-':-. êr em conta que o objetivo principal da invenção é melhorar a produtividade <strong>do</strong> trabalho, e que a importância dessa me­- :;ia costuma pesar muito mais para o resulta<strong>do</strong> econômico global <strong>do</strong> que a duração <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção, de mo<strong>do</strong>:;-2 os inventores normalmente não têm motivo para evitar um prolongamento não excessivo <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção.=- ~ :Jualquer forma, esse fator não tem peso sufiCIente para inverter em sua direção o movimento das chances resultante:3 ;>robabilidade matemática, que ele quanto muito pode diminuir.- =:"curso I, p. 19, nota 24, e p. 20


~.. --------------~~---_ ..-_.. _....-----_.._.42 TEORIA POSITNA DO CAPITALe encontre aplicação em instalações de irrigação ou de drenagem para fins agrícolas,ou para incrementar a adubação artificial, ou na fabricação de motores a gáspara artífices, ou para equipar hotéis com eleva<strong>do</strong>res, e assim por diante, enquantoem algumas dessas aplicações, mencionadas à guisa de exemplo, ou das inúmerasoutras não mencionadas, houver possibilidade de auferir alguma vantagem de produçãoassociada a um prolongamento <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> indireto de produção, que atéagora não pôde ser realiza<strong>do</strong> somente por "falta de capital"; e enquanto ainda houveralguma dessas possibilidades, os encurtamentos de produção bem-sucedi<strong>do</strong>s secompensarão automaticamente com prolongamentos da produção por estes possi·bilita<strong>do</strong>s, e simplesmente não ocorrerá um encurtamento <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> médio da produçãonacionaLPresumo que tarto White como Lexis deixaram de levar em conta essa contrapartidacompensatória <strong>do</strong>s encurtamentos de produção bem-sucedi<strong>do</strong>s, e por essarazão, com excessiva precipitação, basean<strong>do</strong>-se no aumento de invenções que encurtam,afirmaram um crescente aumento <strong>do</strong> encurtamento <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produçãoa nível nacionaL Não há dúvida de que, como observa Lexis muito corretamente,"a técnica sempre procura encurtar o perío<strong>do</strong> de produção", e é certo que nesse seuesforço ela consegue um êxito significativo e até "crescente", no senti<strong>do</strong> de que aumentasempre mais o número absoluto das invenções que encurtam (até porquetambém as chances para um encurtamento bem-sucedi<strong>do</strong> aumentam tanto mais quantomaior for a duração que já tiverem atingi<strong>do</strong> os méto<strong>do</strong>s de produção efetivamenteutiliza<strong>do</strong>s, e essa duração, ao contrário <strong>do</strong> que supõe Lexis, tem aumenta<strong>do</strong>constantemente, desde o início <strong>do</strong> desenvolvimento cultural); acontece, porém, queo efeito que todas essas invenções que encurtam poderiam ter exerci<strong>do</strong> sobre a duração<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> médio de produção nacional foi e é até agora sempre totalmenteabsorvi<strong>do</strong> pejos novos prolongamentos postos em prática, possiblita<strong>do</strong>s pelos recursospoupa<strong>do</strong>s com os encurtamentos. Diria até que os méto<strong>do</strong>s de produção sempreforam, em média, ainda mais prolonga<strong>do</strong>s, na medida em que o aumento <strong>do</strong>capital nacional (per capita da população) tem ofereci<strong>do</strong> os recursos para isso. Efetivamente,até agora o andamento da duração média <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção nacionalnão tem si<strong>do</strong> determina<strong>do</strong> pela relação numérica entre invenções que encurtame invenções que prolongam, mas - uma vez que nunca houve falta de invençõesque prolongam e que ainda não foram aproveitadas - sempre e apenas pelo andamentoda formação <strong>do</strong> capital nacionaLComo deveriam ser as coisas, para que não pudesse mais ocorrer tal compensação<strong>do</strong> efeito de encurtamentos da produção bem-sucedi<strong>do</strong>s?Também aqui se faz mister precaução e cuida<strong>do</strong> no julgar. Sem dúvida, seriamuito natural pensar que para isso bastaria tão-somente que as invenções que encurtamnão tivessem sucesso apenas esporadicamente em alguns ramos de produção,mas em to<strong>do</strong>s eles - o que certamente não estaria totalmente fora daspossibilidades da técnica. Poder-se-ia pensar que, nesse caso, em to<strong>do</strong>s os ramosos processos até agora mais longos seriam de uma vez substituí<strong>do</strong>s por processosnovos, mais curtos, não poden<strong>do</strong> então deixar de acontecer que também a médiada duração da produção nacional se encurtasse, mesmo porque nesse caso to<strong>do</strong>sos ramos de produção, sem exceção, liberariam excedentes de recursos investíveis,para os quais pareceria já não haver ramos capazes de absorvê-los.Contu<strong>do</strong>, essa idéia seria errônea, e com isso passo a abordar um ponto tãoimportante quanto interessante <strong>do</strong> ponto de vista <strong>do</strong>s princípios.Que significam afinal as palavras: "uma invenção que encurta é bem-sucedida"?Simplesmente este fato: descobre-se um novo processo, que é mais curto e maisvantajoso <strong>do</strong> que o processo efetivamente em uso até agora. Ora, isso de mo<strong>do</strong>:,.-:;- - --.:.. ­- :~:~"--'-~,~-" :c:.\­_-:T:-- :: ''":1-_"....,-=- .= -­:-r.::_:-=~---=--=


al:jum é a mesma coisa que afirmar que o cita<strong>do</strong> processo é "mais curto e mais'Jantajoso <strong>do</strong> que qualquer outro processo que se possa imaginar"; pois bem, é precisamenteem torno dessa diferença que versa toda a nossa questão. Ilustremos es­sa diferença e seu alcance prático por meio de um exemplo numérico.Suponhamos que um processo até agora em uso para fabricar determina<strong>do</strong> produtoapresente um perío<strong>do</strong> de produção de três anos, e que ele remunere cadadia de trabalho despendi<strong>do</strong> com 10 unidades <strong>do</strong> produto. Consegue-se agora fazeruma invenção bem-sucedida, que remunera o dia-trabalho com 12 unidades <strong>do</strong> produtoe além disso reduz o perío<strong>do</strong> de produção a um ano. O novo processo é maiscurto e mais vantajoso que o antigo, e por isso certamente será preferi<strong>do</strong> ao antigO.lOMas já significará isso que ele será preferi<strong>do</strong> a qualquer outro processo, e queportanto justamente esse processo de um ano de duração, com a produtividade de12 unidades de produto por dia-trabalho, será e permanecerá o que ocupará o lugar<strong>do</strong> processo suplanta<strong>do</strong>?Isso estaria garanti<strong>do</strong> se - e obviamente só então - o novo processo inventa<strong>do</strong>fosse, em termos técnicos, absolutamente o melhor de que se tem conhecimentoagora, após a invenção - isto é, se não se tivesse conhecimento de absolutamente'lenhuma variante <strong>do</strong> mesmo ou de outro processo, da quaL prolongan<strong>do</strong>-se o processo,se pudesse conseguir algo a mais, em termos de aumento <strong>do</strong> produto pordia-trabalho, mesmo que esse aumento fosse extremamente pequeno. Se, ao contrário,se tivesse conhecimento, com base nas novas conquistas da técnica, por exemplo,de uma variante <strong>do</strong> processo recentemente descoberto, a qual permitisse, comum prolongamento <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção para <strong>do</strong>is anos, uma produção de 12.3unidades por dia-trabalho, e de uma segunda variante, que. aumentan<strong>do</strong>-se o pe­=-;rlcos.:: gás=~anto: -:-,eras":2 pro­=_2 até.::" 'lou­.:::::JS se::: :Jossi­::=. pro·: :'ltra­: r essa.:: _2 en­: ::r:Jdu­~-=.-:-.2nte,==2 seu:: _2 au­:: :rque..s =.'-Jan­'. =-:'len­-.2 :-.:a<strong>do</strong>~- queEXCURSO II 43,2 :: du­ río<strong>do</strong> de produção para três anos, permitisse aumentar o rendimento <strong>do</strong> dia-trabalho:.::.-:-.ente: 5 ,2cur­2::: sem­2-:0 <strong>do</strong>: E=:feti­~: -:acio­~:-':..:rtam,.2:-.ções~-2_~ an-.: -:-.?en­:" seria:":2 en­r:',:: das2 ':: :odu­~ ,::mosr: :2SS0Sc ~édia~: ::J<strong>do</strong>s.-.2 s::'.-eis,::-::) tãoc2::da"?: 2 mais~ :'lo<strong>do</strong>para 12,5 unidades <strong>do</strong> produto, imediatamente surgiria o problema de uma escolha:será que, se em lugar <strong>do</strong> processo antigo (com perío<strong>do</strong> de produção de trêsanos e 10 unidades <strong>do</strong> produto por dia-trabalho) - processo este a ser indubitavelmentesubstituí<strong>do</strong> -- se deve introduzir o novo processo inventa<strong>do</strong>, com um perío<strong>do</strong>de produção de um ano e 12 unidades de produto, ou a variante com perío<strong>do</strong>:le <strong>do</strong>is anos e 12,3 unidades de produto, ou a variante com perío<strong>do</strong> de produçãode três anos e 12,5 unidades de produto por dia-trabalho? E poderia talvez concorrercom essas possibilidades ainda uma quarta: um processo com perío<strong>do</strong> de produçãode dez anos e 12,6 unidades <strong>do</strong> produto por dia-trabalho, processo este <strong>do</strong>qual já se tinha conhecimento ao tempo <strong>do</strong> processo antigo, mas que na época,apesar de apresentar mais vantagem <strong>do</strong> ponto de vista técnico, não se podia pôrem prática, em razão da "falta de capital".Com base em que critério se haverá de optar? Quanto a isso não pode haverdúvida alguma: o que decidirá será a rentabilidade econômica; está é determinadapela taxa de juros vigente, e esta, por sua vez, é apenas um sintoma de ação intermediáriada escassez ou abundância <strong>do</strong>s estoques de "capital" (rede: de meios desubsistência) disponíveis na respectiva economia nacional em relação às oportunidadesexistentes de prolongamentos da produção lucrativos. Se na economia na­cional houver oportunidades suficientes para prolongamentos lucrativos da produçãopara ocupar to<strong>do</strong> o "estoque de capital" disponível em aplicações que remuneramum retardamento de um ano <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> de trabalho em uma proporção maior<strong>do</strong> que na de 12 : 12,3 (= 100 : 102,5), e se em conseqüência se fixar uma taxa- Isso já aconteceria se o novo processo inventa<strong>do</strong> apresentasse apenas a mesma vantageOl <strong>do</strong> ponto de vista técnico2 fosse mais curto; nesse caso a vantagem econômica decisiva já seria assegurada pela economia nos juros, em decorrência::J encurtamento.


44 TEORIA POSITIVA DO CAPITALde juros de mais de 2 1/2%. ter-se-á que escolher, em nosso ramo de produçãoespecífico, o méto<strong>do</strong> de produção de um ano com a produtividade de 12 unidadesde produto: todas as variantes de duração mais longa são inexeqüíveis e não-rentáveisdevi<strong>do</strong> à "falta de capital". Se as demais oportunidades disponíveis na economia nacional,de efetuar prolongamentos da produção de um ano com um aumento daprodutividade de 100 : 102,5, não fossem suficientes para ocupar to<strong>do</strong> o estoquede capital da nação, mas este fosse absorvi<strong>do</strong> pelo fato de se descer a oportunidadesmenos produtivas, que, porém, ainda permitissem um aumento de produtividademaior <strong>do</strong> que na proporção de 12,3 : 12,5 (= 100 : 101,6), a taxa de jurosse fixaria entre 2 1/2 e 1,6%, e sob a influência dela se teria de escolher o méto<strong>do</strong>de produção de <strong>do</strong>is anos com a produtividade de 12,3 unidades de produto, aopasso que para os méto<strong>do</strong>s de produção de duração mais longa novamente o capitalseria "por demais escasso" e a taxa de juros seria "cara demais", e assim pordiante. IISuponhamos agora que em nossa economia nacional da nova invenção queencurta, com a escassez de capital correspondente, a taxa ôe juros vigente tivessesi<strong>do</strong> de 4%, e que a invenção que encurta afete apenas um único ramo de produção,não muito amplo em comparação C0m a economia total: nesse caso temosuma probabilidade infinitamente grande de que a liberação de capital nesse ramode produção não será suficiente para fazer a taxa de juros em toda a economia nacionaldescer abaixo de 2 1/2%. Em razão disso, na prática se introduzirá e se manterápor tempo indetermina<strong>do</strong> a invenção que encurta, em seu tipo original nãoaltera<strong>do</strong> (perío<strong>do</strong> de produção de um ano com 12 unidades de produção por diatrabalho).Em contrapartida, as variantes tecnicamente ainda melhores, conhecidasmas de duração mais longa, permanecem excluídas por tempo indetermina<strong>do</strong>, emrazão da escassez de capital".Que aconteceria, porém, se, na linha da hipótese a ser por nós investigada ­certamente bem pouco provável, mas mesmo assim tecnicamente possível -, to­_1<strong>do</strong>s os ramos da produção fossem de uma vez afeta<strong>do</strong>s por invenções análogas queiencurtam? A maneira mais simples de se concretizar essa hipótese seria a seguinte:Itodas as suposições que até agora formulamos para um ramo de produção se con­1 cretizariam para to<strong>do</strong>s os ramos de produção, de uma vez e de forma igual; conse­1 qüentemente, um exército de invenções paralelas que e;1curtam permitiria encurtar,1ijIem to<strong>do</strong>s os ramos de produção. o perío<strong>do</strong> de produção atual, de (literalmente ouem média) três anos para (literalmente ou em média) um ano. e com isso permitiriamaumentar a produtividade <strong>do</strong> dia-trabalho. de 10 para 12 unidades <strong>do</strong> produto,Paralelamente a isso. suponhamos que se tenha conhecimento agora de que emto<strong>do</strong>s os ramos de produção existem variantes <strong>do</strong> processo que permitem. em to<strong>do</strong>seles. com um prolongamento para <strong>do</strong>is anos, conseguir uma produtividade diáriade 12,3 unidades <strong>do</strong> produto, com um prolongamento para três anos, uma produtividadediária de 12,5 unidades <strong>do</strong> produto, e com um prolongamento para dez anos.uma produtividade diária de 12,6 unidades <strong>do</strong> produto.Se agora, analogamente ao que acontece no caso da invenção isolada que prolonga,se introduzisse absolutamente em to<strong>do</strong>s os ramos de produção. o perío<strong>do</strong>r'''' .I.--'-~,-


EXCURSO li45:==uçãode produção de um ano em lugar <strong>do</strong> de três anos até agora vigente, ficariam libera­_-::iades<strong>do</strong>s 2/3 <strong>do</strong> capital total até agora investi<strong>do</strong> na produção nacional. 12 Esses 2/3 ha­':",cáveisveriam de procurar uma aplicação lucrativa, Pela suposição feita, para isso não teriam==-=-,:a na-outras oportunidades senão os cita<strong>do</strong>s novos prolongamentos <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de pro­"'.TO dadução, com os aumentos de produtividade também menciona<strong>do</strong>s. Teria agora de­,,::TOquesapareci<strong>do</strong> o motivo que anteriormente impossibilitava a concretização deles. Não=:-:'Jnida­há outras oportunidades de aplicação ainda mais remunera<strong>do</strong>ras e que rivalizem,:= Jutivi­ que poderiam atrair com prioridade melhor to<strong>do</strong> o capital da nação, e por essa ra­: :2 juros zão também a alta taxa de juros, que anteriormente as excluía, baixa para um nível= =-=-,éto<strong>do</strong> a ser agora novamente fixa<strong>do</strong>. O novo equilíbrio surgirá quan<strong>do</strong> os 2/3 libera<strong>do</strong>s=::"::0, ao <strong>do</strong> capital nacional tiverem encontra<strong>do</strong> sua aplicação por meio da introdução da:" J capi­ variante mais longa de três anos (a de <strong>do</strong>is anos supriria e amarraria apenas um:::::::0 por <strong>do</strong>s 2/3 libera<strong>do</strong>s e continuaria a deixar pendente outro terçol), e em razão dissoa taxa de juros se tiver fixa<strong>do</strong> em 1,6%. A variante de dez anos, de duração ainda-=30 que mais longa e que remunera com um aumento de produtividade relativamente mui­:2 :'vesse to pequeno, continuará excluída devi<strong>do</strong> à "falta de capital".::" ;Jrodu­ O resulta<strong>do</strong> final seria, portanto, que, apesar de um sucesso universal de inven­::: = Temos ções que encurtam o perío<strong>do</strong> de produção, o perío<strong>do</strong> de produção da sociedade,::::2 ramo como tal não teria si<strong>do</strong> encurta<strong>do</strong>, mas se teria fixa<strong>do</strong> no nível até agora vigente, : :-:,:a na­ de três anos. O tipo original mais curto das invenções que encurtam teria si<strong>do</strong> então" ::2 man­ novamente aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> em favor de sua variante mais longa, ou - no caso ideal::'.al nãode uma configuração totalmente "sem problema", que já representaria diretamente,~ -:or dia­ o resulta<strong>do</strong> final - teria si<strong>do</strong> completamente preteri<strong>do</strong>; tu<strong>do</strong> isso, sob uma condi­=-:".ecidasção: que o novo processo inventa<strong>do</strong> seja, sim, tecnicamente melhor que o até ago­,-::::10, em ra em uso, mas não seja tecnicamente o melhor imaginável, que simplesmente nãopossa ser supera<strong>do</strong> em produtividade técnica por nenhum processo mais longo, qual­;;:;ada -­quer que seja ele.'.2. -. to­Até onde costuma chegar, na realidade, o alcance de invenções bem-sucedidas~.: ;as que que encurtam o perío<strong>do</strong> de produção? Somente até o modesto ponto de sobrepu­::eguinte:jar tecnicamente o processo mais longo em uso, ou mais além, até o ponto máximo~: ::e con­ absoluto, que <strong>do</strong>mina tu<strong>do</strong>, até o ponto de sobrepujar tecnicamente qualquer pro­_:: .. conse­cesso mais longo imaginável? Creio que a experiência e a reflexão fazem com queê ~ :'.curtar,esta última hipótese se apresente de imediato como improvável. Antes podemosL=-=-,ente ouenunciar a seguinte proposição, que talvez seja para<strong>do</strong>xal na sua formulação, mas::: :Jermiti- que logo se torna evidente, se explica<strong>do</strong> seu conteú<strong>do</strong> objetivo: a regra da maior:=' ;Jrodu­produtividade técnica de méto<strong>do</strong>s indiretos e mais longos de produção, tal comoc" :;ue em a expliquei, não suspende seu efeito por um momento sequer, nem mesmo em,=-=-. em to­ relação a uma invenção que encurta; ela mantém sua validade, sem interrupçãoe::::2 diáriae sem abrandamento, mesmo no campo mais peculiar da invenção que encurta,::: ::roduti­ a saber, naquele processo específico que acaba de nascer por intermédio dela.:: ::2Z anos, Como imaginar isso? Quero mostrá-lo primeiro com base num exemplo, aliás,intencionalmente um exemplo que um de meus opositores citou como tipo de uma::: ::ue pro­ invenção que indubitavelmente encurta. 13 Ele diz respeito à extração <strong>do</strong> óleo. Até= :Jerío<strong>do</strong> agora o óleo era extraí<strong>do</strong> pelo méto<strong>do</strong> indireto da pesca da baleia. ,Construíam-senavios, estes eram equipa<strong>do</strong>s, tripula<strong>do</strong>s e envia<strong>do</strong>s para o oceano Artico para pescarbaleias, de cuja gordura se extraía o óleo. Agora se faz a feliz descoberta de que-.: ,_::, de juros-;.~ ::ltrocluzir..:.~: -:. 'Jroce<strong>do</strong>-, '''


46 TEORIA POSITIVA DO CAPITALem casa, talvez a poucas milhas <strong>do</strong> local de consumo, se encontra o óleo prontono subsolo, em grande abundância, bastan<strong>do</strong> apenas perfurar o lençol de petróleo.Temos aí certamente um caso óbvio de uma simplificação <strong>do</strong> processo, que estáassociada a um encurtamento considerável <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção, em relação aoprocesso complexo e longo da pesca da baleia.No entanto, igualmente óbvio é também que o próprio aproveitamento dessainvenção que encurta, desde o primeiro momento, é regi<strong>do</strong> pela regra de que osméto<strong>do</strong>s indiretos de produção mais longos ajudam a conseguir um produto maior.Ou será que o méto<strong>do</strong> mais direto de perfuração, isto é, empregan<strong>do</strong> diretamentea força humana, ou, na melhor das hipóteses, com pá e picareta, ou com brocamanual, é o mais produtivo? Porventura não é muito mais produtivo a<strong>do</strong>tar o méto<strong>do</strong>indireto, construir uma broca acionada à máquina mecânica e acioná-Ia ou comuma máquina a vapor ou com energia hidráulica conduzida para o local, ou comenergia elétrica, conseguida mediante a conversão de uma energia hidráulica localizadaperto ou longe'? Ou então qual é o processo mais produtivo: transportar o petróleoextraí<strong>do</strong> <strong>do</strong> local da perfuração para o local de consumo pelo méto<strong>do</strong> direto,utilizan<strong>do</strong> um veículo costumeiro que transita na estrada costumeira (cuja construção,aliás, já significa também ela um "méto<strong>do</strong> indireto"!), ou então, utilizan<strong>do</strong> primeiromuito trabalho já executa<strong>do</strong> anteriormente, construir uma ferrovia, ou quemsabe instalar um sistema de tubos, pelo qual o petróleo extraí<strong>do</strong> é leva<strong>do</strong> para acidade sem necessidade de carga e descarga'? Em suma, a despeito da invenção,e no próprio campo da invenção, é manifesto que permanece verdadeira e atuante,na prática, a regra de que méto<strong>do</strong>s indiretos mais longos acarretam uma produtividademaior. 14Ora, não temos absolutamente nenhum motivo para supor que outros casosde invenções que encurtam o perío<strong>do</strong> de produção apresentem natureza diferente.As comportas de nosso conhecimento técnico, por motivos que me empenhei emexpor com o máximo cuida<strong>do</strong> em outro lugar desta obra, 15 estão atopetadas de cimaaté em baixo de conhecimentos de vantagens de produção, adquiri<strong>do</strong>s há muitotempo ou recentemente, vantagens estas que poderiam ser colhidas através deuma transformação <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produção, aliás em uso, recorren<strong>do</strong> a mais capitale a outros méto<strong>do</strong>s indiretos e longos, e que só não puderam até agora serefetivamente colhidas devi<strong>do</strong> ao obstáculo da insuficiência de capital. Sem dúvidaé pensável, mas pouquíssimo provável, que um novo processo inventa<strong>do</strong>, que encurtao perío<strong>do</strong> de produção em relação ao processo em uso até agora, tenha característicastais que em to<strong>do</strong> o seu decurso não possua absolutamente nenhum pontode partida técnico ao qual seja possível associar algum <strong>do</strong>s numerosos e varia<strong>do</strong>stipos de prolongamentos vantajosos da produção que se pode associar a cada um_, _.,-=,:.-1:~r--~ -~- -~-~.- .. :: _.3"; =- - ,I.:- -~-- =i::114 SCHADE. Op. cit, p. 270. Acredita ele dever objetar à minha exposição o seguinte comentário, à guisa de despachosumário: "Como se, ao se mudar o sistema de extração de petróleo, se tivesse começa<strong>do</strong> a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> .mais primitivo!A única coisa que pode estar em discussão é se, quan<strong>do</strong> se começou a perfurar petróleo. de acor<strong>do</strong> com O estágioda técnica de então, o petróleo foi extraí<strong>do</strong> em perío<strong>do</strong> mais curto <strong>do</strong> que o óleo de baleia.~ Confesso que não consigoperceber a lógica que une essas duas proposições entre si e com o tema em discussão. Justamente se, na época em quese começou a perfurar para extrair petróleo, se deixou de usar os méto<strong>do</strong>s mais primitivos, que certamente não eram entãodesconheci<strong>do</strong>s, por exemplo a perfuração com enxada e picareta, e em vez disso logo se começou com um processo menos primitivo e mais longo, temos aí a melhor prova de que já no momento da invenção se estava diante não só de umúnico processo possível mas de vários tipos diferentes de processos ou variantes de perfuração de petróleo, os quais apresentamuma "duração" e uma produtividade diferentes, no senti<strong>do</strong> da minha concepção. O saber com qual <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>sda série completa - to<strong>do</strong>s eles conheci<strong>do</strong>s ao mesmo tempo -, méto<strong>do</strong>s estes que a técnica oferece como alternativasopcionais, se começa realmente, e o saber se e quantas das variantes "mais pobres de capital" se há de preterir, tu<strong>do</strong> issoé um fator para cuja decisão é decisivo saber até que ponto se dispõe de capital.Em to<strong>do</strong> caso, não é verdade que a únicacoisa "'em discussão" seja saber se o primeiro processo utiliza<strong>do</strong> para extrair petróleo <strong>do</strong> solo era mais curto <strong>do</strong> que oemprega<strong>do</strong> para obter o óleo de baleia' ­15 Excurso I, p. 13 et seqs._ :.-a


EXCURSO II47: "J~onto=~:~óleo.=":2 está·~:õ=ao ao- :: :iessa::" =.·Je os_:: :c, aior.,,:,::-::ente-:::-:-. ::Jroca:: : :néto­': -:: J com: j com:': :ocali­::-:::~ o pe­=: ::.reto,:õ : ::lstru­=::-.::0 pri­: _ quem:_ ::lara a-.2i)ção," :õ:..;ante,:~::iutivi-_-=--:: ô casos: ::2~ente.=,,:-.~ei em~=:Õô de ci­:' -2, mui­:õ-=-,,','és de:õ :-:-.ais ca­:õ:ora ser":---: :iúvida:: :::Je en­; :2:-.ha ca­,:-._:-:", ponto" '.criadas:õ :da ums..:: :,,: :-2spacho.=: ~ ::0..5 prim:ti­.estágio-:. - c:onsigo. ~--:: - :.:: 2m que-,~ ~ ,:::'":'::l entãoo:- :+ =:e:;so me­~ - ~ = ~S ce um- ~ =. _ô,is apre­~_ :: ~ :-:1éto<strong>do</strong>sr - ~ :.?~nativas~~-. :-J<strong>do</strong> issoib:~ :'_2 a única=-_:-:: :0 que o<strong>do</strong>s processos hoje em uso. Diria que teria si<strong>do</strong> preciso, como no caso da Hidra deLema, não somente haver amputa<strong>do</strong> uma cabeça, mas ter cauteriza<strong>do</strong> o própriolocal em que a cabeça assentava, e de tal maneira que ali não houvesse mais possibilidadede crescer nova cabeça. Não bastaria que o novo méto<strong>do</strong> inventa<strong>do</strong> fossemas curto <strong>do</strong> que o em uso até então, mas teria de ter a propriedade de, no pontono qual ele uma vez encurtou, fazer desaparecer e fracassar todas as inumeráveischances que prolongam o perío<strong>do</strong> de produção. Ora, até agora parece que não háexemplo de invenções que tenham essa peculiaridade. Mesmo as invenções queencurtam e são as mais bem-sucedidas não constituem um non plus ultra de invenção,senão que logo abrem lugar a variantes que aperfeiçoam, para cuja concretização,na maioria <strong>do</strong>s casos, de mo<strong>do</strong> algum se precisa esperar por novas invenções,mas apenas por acréscimo de novo capital, que possibilite sua implementação. 16Observamos diariamente que processos de invenção nova patentea<strong>do</strong>s, que são utiliza<strong>do</strong>sem diversos estabelecimentos autoriza<strong>do</strong>s a empregá-los, de mo<strong>do</strong> algumsão incorpora<strong>do</strong>s em dispositivos de fábrica totalmente idênticos, senão que logosão altera<strong>do</strong>s em seu equipamento técnico, em aspectos principais e secundários;lá onde uma fábrica usa energia a vapor, possivelmente uma outra usa energia hidráulicatransformada em eletricidade, uma terceira pode aperfeiçoar a energia hidráulicadisponível mediante construções hidráulicas artificiais, tubulações, instalaçãode reservatórios destina<strong>do</strong>s a represar e coletar a água e instalações similares, quepor sua vez estarão ausentes em outras empresas; uma empresa pode inserir esteirasrolantes movidas eletricamente, entre as diversas partes de sua fábrica, quan<strong>do</strong>uma outra se contenta com fazer o transporte com carroças puxadas por cavalos;a própria fábrica pode ser construída com graus diferentes de solidez e durabilidade(construção de madeira ou de pedra; escoa<strong>do</strong>uros de água de tipo comum, ou cimenta<strong>do</strong>s,ou feitos com blocos de pedra) e assim por diante; por outro ía<strong>do</strong>, váriasoutras melhorias, já hoje conhecidas de to<strong>do</strong>s, possivelmente sejam por ora adiadaspor to<strong>do</strong>s para tempos futuros, em que a taxa de juros estiver mais baixa.Lá onde as coisas decorrem assim ou de maneira semelhante - e pessoalmenteteria problema em citar um único exemplo em que as coisas decorram de outraforma -, na hidra <strong>do</strong> processo de produção logo cresce novamente a cabeça amputada.A técnica, que já tem novamente conhecimento de méto<strong>do</strong>s melhores emais longos, dá o estímulo para isso, sen<strong>do</strong> que o elemento alimenta<strong>do</strong>r é o capitallibera<strong>do</strong> pelo encurtamento bem-sucedi<strong>do</strong> e que procura aplicação no organismoda economia. Se o elemento alimenta<strong>do</strong>r disponível não acarretasse crescimentoorgânico, a técnica teria de impedi-lo decididamente: com efeito, to<strong>do</strong>s os méto<strong>do</strong>sde produção mais longos, pelos quais o elemento alimenta<strong>do</strong>r poderia ser recebi<strong>do</strong>e processa<strong>do</strong>, teriam de ser tecnicamente piores (ou, no mínimo, tecnicamente nãomelhores) que aquele méto<strong>do</strong> encurta<strong>do</strong>r que levou à SUe eliminação. E se o eJe­:nento alimenta<strong>do</strong>r, rejeita<strong>do</strong> em um ponto, não fosse avidamente acolhi<strong>do</strong> e utiliza<strong>do</strong>pelo organismo em outro ponto, para produzir um novo crescimento, cada um:ios inúmeros ramos de produção e cada um <strong>do</strong>s inúmeros processos de produção:eria de estar coroa<strong>do</strong> por tal invenção categoricamente encurta<strong>do</strong>ra e de caráter:onclusivo: em parte alguma a técnica já não teria conhecimento de algum proces­50 mais longo que sobrepujasse a última invenção em prod utividade!- ::'ssa proposição não contradiz ao afirma<strong>do</strong> na página 41, a saber, que toda invenção encurta<strong>do</strong>ra libera capital e que,__ ~ conseguinte, imediatamente depois <strong>do</strong> sucesso de uma invenção encurtaciora, deve haver capital disponível para um-".:) prolongamento. Pois o novo prolongamento <strong>do</strong> processo que acaba de ser encurta<strong>do</strong> pode ser menos lucrativo <strong>do</strong>: _-2 outros prolongamentos possíveis de outros processos de produção. Nesse caso, naturalmente o capital libera<strong>do</strong> será". ":ldica<strong>do</strong> por estes últimos, sen<strong>do</strong> que o primeiro, na mesma linha que outros prolongamentos que oferecem lucro igual,-: ~ :J8de ser concretiza<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> houver um aumento positivo <strong>do</strong> capital da nação


' .. :; :SCJ48 TEORIA POSITIVA DO CAPITALQue as coisas possam evoluir dessa forma, repito, é possível. Tal evolução, esó ela, poderia, por motivos <strong>do</strong> desenvolvimento técnico,17 levar a um novo encurtamentodura<strong>do</strong>uro e progressivo <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> médio da produção nacionaL A probabilidadede ocorrer esse tipo de evolução depende da probabilidade da ocorrênciadas condições às quais ela está vinculada. Elaborar com toda a clareza essas condições,face às vagas conjeturas de White e de Lexis, foi a tarefa - de mo<strong>do</strong> algumsupérflua, segun<strong>do</strong> me parece - que me propus no presente Excurso._.e-~ c..~?-:...:-...:~id.j=zr;:: ~.~J!!, - ~-4 d"-co - - =j'::::.~:=-:::.::..:---..]3.:.2 :. =':-'í:-~ -::: -":1=> -~-...,-~=: '~-f~ -= -= ~.s..= :- ': -,';~" -- - -­17 Em contraposição a motivos <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> acúmulo de capital: uma nação que voltasse a empobrecer naturalmente seriaobrigada a tornar a a<strong>do</strong>tar méto<strong>do</strong>s de produção mais curtos, mas em compensação inferiores <strong>do</strong> ponto de vista técnico


EXCURSO III.:ção. e-.: 2ncur­=. :~ pro­L': :::ênciaõ=.õ condi­:::: 31gumCertas Objeções Meto<strong>do</strong>lógicas Contra a Minha Tese da MaiorProdutividade <strong>do</strong>s Méto<strong>do</strong>s Indiretos de Produção Mais Longos(Para a Seção I <strong>do</strong> Livro Segun<strong>do</strong> da <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong> e paraas p. 24 et seq. <strong>do</strong> Excurso I)Na discussão literária em torno da tese acima citada, objeções de caráter meto<strong>do</strong>lógicoou pertinentes à teoria <strong>do</strong> conhecimento têm desempenha<strong>do</strong> um papeltalvez não muito claro, mas que sem dúvida não deixam de ter influência. Elas foramlevantadas primeiro por Lexis, mais tarde por r. Fischer, não sem variantes interessantes,sen<strong>do</strong> além disso ulteriormente divulgadas por muitos outros, simplesmenteatravés de citações de aprovação, sem que tais autores tenham feito uma exposiçãoprópria. Todas elas partem da dificuldade ou impossibilidade de determinar com precisãoa duração <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s médios de produção, aos quais se refere minha tese,e com base nesse ponto de partida procuram despertar ceticismo contra a citadatese como tal, apenas com algumas diferenças de detalhe. Vejamos primeiro o quediz Lexis.Exprimin<strong>do</strong> o conteú<strong>do</strong> de minha tese em termos matemáticos como o "princípio<strong>do</strong> nexo funcional entre a duração <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção e a produtividade<strong>do</strong> trabalho", levanta ele a seguir a questão da possibilidade de prová-lo e objeta.nesse contexto, que não é "evidente como se poderia, com base na experiência,obter a função p (o montante <strong>do</strong> produto <strong>do</strong> trabalho, com determinada duração<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção) para os diversos setores da produção, tanto mais que emcada produção é preciso começar com a produção <strong>do</strong>s meios de produção (e porque não também com a produção <strong>do</strong>s instrumentos que serviram para a fabricação<strong>do</strong>s instrumentos utiliza<strong>do</strong>s?)". 1Rapidamente e com facilidade nos entederemos acerca <strong>do</strong>s fatos que estão àJase dessa objeção. Pois não tenho problema algum em admitir - como já insinuei:\0 texto de meu livro - que na prática realmente esbarramos com grandes dificuldades- na maioria <strong>do</strong>s casos, até com dificuldades insuperáveis - para determi­:lar com exatidão o "perío<strong>do</strong> médio de produção" ou o "perío<strong>do</strong> médio de espera"2Jahrbuch de Schmoller. v XIX, p. 334.- Quanto ao senti<strong>do</strong> desses <strong>do</strong>is conceitos e a relação entre eles, ver <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong> <strong>do</strong> <strong>Capital</strong>. v.I, p. 115 et seq,r.~ _-;. -:-:ente seria, ~:a técnico.49


50 TEORIA POSITIVA DO CAPITALque corresponde a determina<strong>do</strong> processo de produção. Lexis está coberto de razão:não se pode, no caso, levar em conta apenas os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> último estágio da produção- provavelmente fáceis de serem analisa<strong>do</strong>s -, no qual o respectivo bem deconsumo é fabrica<strong>do</strong>, mas se deve também incluir no cálculo da média as cotas detrabalho que beneficiam esse bem de consumo - <strong>do</strong>s meios de produção despendi<strong>do</strong>sem sua fabricação, juntamente com seus respectivos perío<strong>do</strong>s de tempo; epara se poder, por sua vez. fazer isso com precisão, impõe-se remontar também aosda<strong>do</strong>s e cotas análogas <strong>do</strong>s meios de produção emprega<strong>do</strong>s para produzir essesmeios de produção e. além disso, remontar aos meios de produção que servirampara produzir os primeiros meios de produção, e assim por diante - e após percorrermosalguns passos nesse itinerário de investigação, os da<strong>do</strong>s ainda mais remotoscontinuarão a escapar à comprovação. Quem ousaria ainda pretender determinarcom exatidão que fração <strong>do</strong> tempo de trabalho que se empregou na fabricação dedetermina<strong>do</strong> marteh deve ser atribuída à confecção de um casaco de teci<strong>do</strong> cosi<strong>do</strong>com uma máquina de costura, casaco este cuja fabricação se utilizou um martelo,martelo este em cuja fabricação houve a cooperação daquele primeiro martelo'? Porconseguinte, na realidade e na prática, nunca se poderá falar - ou pelo menosisso só será possível nos mais raros casos de exceção - de uma medição a posterioriexata desse perío<strong>do</strong> médio de produção.Em contrapartida, creio que, na maioria <strong>do</strong>s casos, tecnólogos experientes certamenteconseguem uma idéia apenas provisória e aproximativa da duração <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>médio de produção. Com efeito, as contribuições muito remotas e que se perdemtotalmente na escuridão <strong>do</strong> tempo, via de regra também perdem rapidamente importânciade acor<strong>do</strong> com o seu grau de distância (se, por exemplo, nosso martelocoopera na fabricação de 10 000 outros martelos, e um destes últimos colabora nafabricação de 10 000 máquinas de costura, e uma máquina de costura coopera nafabricação de 10 000 casacos, é apenas de um bilíonésímo a minúscula parcela queentra no cálculo de produção de um casaco, de um dia de trabalho que talvez tenhacusta<strong>do</strong> a fabricação daquele martelo); por isso, tais contribuições só influirão sobrea média em medida insignificante, ao passo que a grandeza da referida média dependesobretu<strong>do</strong> da grandeza e da distribuição, a ser avaliada com precisão sofrível,das contribuições de trabalho prestadas nos últimos anos. Além disso, quanto à totalidadede to<strong>do</strong>s os produtos soma<strong>do</strong>s, o perío<strong>do</strong> médio de produção pode serdetermina<strong>do</strong> ainda de outro mo<strong>do</strong> - aliás, também aqui, com uma segurança muitoaproximativa. Com efeito, na medida em que - conforme mostrei em minha <strong>Teoria</strong><strong>Positiva</strong>, em outro context0 3 - a duração <strong>do</strong> tempo médio de espera, que osprodutores de uma nação podem impor-se, é determinada pelo montante <strong>do</strong> "fun<strong>do</strong>de subsistência" nacional - que coincide aproximadamente com a soma <strong>do</strong> capitale <strong>do</strong>s bens de consumo existentes na nação - e uma vez que, além disso,na prática a margem que esse montante permite para o prolongamento <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>sde produção costuma ser plenamente aproveitada, pode-se, partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> montanteda riqueza da nação, forneci<strong>do</strong> pelas estatísticas, tirar certa conclusão - semdúvida cautelosa - sobre a duração média <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s de produção em um país(que, naturalmente, por motivos técnicos é muito diferente para as diversas espéciesde produtos). Todavia, os <strong>do</strong>is tipos de conhecimentos - como também admitode muito bom gra<strong>do</strong> -, em razão da pouca atenção que se tem dispensa<strong>do</strong> a esseaspecto <strong>do</strong> problema. até agora só podem ser considera<strong>do</strong>s adquiri<strong>do</strong>s em grau bemreduzi<strong>do</strong>.3 Na 2~ ed. alemã. p. 337·345~',-;~~-;~-di"~:;:; -;";""j:: ~~':',.:::J~ -'-~~;::.:"~:'-',::-".:.od:,':'::'r'~", .,~=-~ :-,C1l::r,.:, : -: ::JJ!"3':::::~" ~',,::--: i:~, ::It'·- ..:::;lir ~I'!~:~':,~, ,ililllI~II\'I~II~'l:1iII!--:i1!III:1~:".:.iIIIiICit.,'JCliIJImw' "]rr,"':::l;L,,~J'''b;


EXCURSO li! 51=,2 ra7iío:Pois bem, que é que se pode concluir dessa situação, para nosso problema?.': ::Jrodu­Certamente se poderia concluir dela uma reserva bem séria contra a possibilijemdedade de demonstrar empiricamente minha tese, se esta afirmasse alguma determi­::ltasdenada relação numérica entre a duração <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção e a grandeza <strong>do</strong>::2spenproduto<strong>do</strong> trabalho: se, por exemplo, eu tivesse elabora<strong>do</strong> o esquema numéric0 4:~ :-:1pO; emuitas vezes utiliza<strong>do</strong> em meu livro com a intenção e a pretensão de que em deter­~:2maosmina<strong>do</strong> ramo da produção ou na média de to<strong>do</strong>s eles, em determina<strong>do</strong> momento_:::r essesrealmente se pode conseguir, com perío<strong>do</strong> de produção de um ano, um resulta<strong>do</strong>'aviramde 350 unidades de produto ou de valor, com perío<strong>do</strong> de <strong>do</strong>is anos, um de 450,' ;Jercorcomperío<strong>do</strong> de produção de três anos, um de 530 etc., ou então, também, se mes­" :emotos mo sem afirmar a ocorrência de determinaGas cifras absolutas, eu tivesse afirma<strong>do</strong>,2:aminara existência de alguma determinada relação numérica entre a duração <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>.::::.cão dede produção e o montante <strong>do</strong> produto; se, por exemplo, eu tivesse afirma<strong>do</strong> que,:: ~osi<strong>do</strong><strong>do</strong>bran<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> de produção, <strong>do</strong>bra também o produto, ou então não <strong>do</strong>bra,. -:'lartelo,mas aumenta pela metade, ou de um quarto, ou de alguma outra determinada cota:-:2 lo? Porou número proporcional. Quero de muito bom gra<strong>do</strong> reconhecer que realmente se­.: menosria difícil imaginar, para uma afirmação destas ou semelhante, uma prova pela ex­: :: posteperiência,sem antes constatar numericamente tanto as durações concretas <strong>do</strong>sperío<strong>do</strong>s quanto os números indica<strong>do</strong>res <strong>do</strong> produto <strong>do</strong>s mesmos; exatamente as­~",~_tes cersimcomo, por exemplo, o princípio de que a intensidade da luz diminui ao quadrai::<strong>do</strong>'pe<strong>do</strong>com o aumento da distância, por via empírica só pode ser demonstra<strong>do</strong> se depoisx perdemque se tiver condição de medir efetivamente e com precisão tanto intensidades con­:-.2:lte im­::retas da luz quanto distâncias concretas.": marteloOcorre que não afirmei nada de semelhante. Pelo contrário. com o máximo de: .=-::Jora naênfase imaginável rejeitei tal interpretação de minha tese e <strong>do</strong> esquema utiliza<strong>do</strong> pac::Dera nara sua explicação. Esclareci expressamente que nesse campo não há possibilidade:-::'2Ia que:Je estabelecer nenhuma espécie de cifras determinadas: nem cifras determinadas-.2Z t8nhaabsolutas nem cifras relativas. A única determinação numérica afirmada por minhaL:-~O sobre:2se é a de que um prolongamento de um perío<strong>do</strong> de produção leva a algum aur2diadementode resulta<strong>do</strong>, (, se bem que esse aumento de resulta<strong>do</strong> seja de grandeza su­:: 50frível,::essivamente decrescente.;lk:o à ta­Cabe agora perguntar se também para convencer-se dessa tese com base nal ::;:Jde serexperiência não há outro meio senão basear-se em um conhecimento positivo exa­~::a muito:0 da duração numérica <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s de produção correspondentes aos diversosr:~~a. Teo­:pos de processos técnicos e <strong>do</strong>s produtos <strong>do</strong> trabalho que se pode consegUir comr-=-. que os2les.t.:: :0 "fun­Lexis parece supô-lo, pois conhecia todas estas minhas explicações expressas,,r.C <strong>do</strong> ca­,2 ~o entanto persistiu em formular sua objeção. Se, porém, supôs isso, em to<strong>do</strong>J-2:-:1 disso,:350 não se preocupou ulteriormente em fundamentar esta sua suposição; ele ape­C::5 perío­~,as "atirou" sua objeção, mas não a explicitou. E isso vale também - é preciso que:: ::0 monã::-sem1:". 'j m paíst= espécies ',·'er, po~ exemplo. <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>. Na 1 ~ ed. alem~, p. 402 et seqs':ertamente não todas, mas um número sU7iciente delas, para dai: se poder deduzir com alguma segurança uma lei em'r admito: ':1ca'-::: a esse . Tecria Positiua <strong>do</strong> <strong>Capital</strong>. v.l. p. 112.::-:-au bem- 2ste último complemento restritivo já não e~1tra em questão aqui, uma vez que Lexis cer:amente não pretenderá contes­..::.;" a restrição expressa por ele. Aliás, é de admirar que te:1ha surgi<strong>do</strong> também a seguinte varicmte: um autor crítico, sem: -,vidar de minha tese básica de que prolongan<strong>do</strong> os méto<strong>do</strong>s indiretos de produção se pode conseguir aumentos de pro: Jtividade, põe em dúvida apenas a cláusula restritiva aposta à mesma, referente à· tendência à diminuição desse aumento=-' produtividade. (Prol. MACVANE, em seu estu<strong>do</strong>, "Bbhm·Bawerk on Value and Wages". In: Quarter1v Journal of Econo·- cs. Outubro de 1890. p. 24 et seqs., sobretu<strong>do</strong> p. 35 et seqs) PelSO que essa variante na realidade lão signi:ica outra: _.sa senão a suposição de que as árvores crescem até o céu Ver também minha réplica no Quartp.r!v JOllrna/. Janeiro_é 1896, p. 143 et seqs


52 TEORIA POSITIVA DO CAPITALo diga abertamente uma vez no interesse de nossa ciência - para muitas outras objeçõesmeto<strong>do</strong>lógicos que hoje com tanto gra<strong>do</strong> e tão facilmente se entremeiam nosmais diversos campos da teoria econômica. Há um tipo dessas objeções que gostariade qualificar de "discussões meto<strong>do</strong>lógicas". Em vez de solucionar um problemateórico de natureza concreta em seu próprio terreno, com os argumentos objetivospertinentes, entremeia-se uma objeção de caráter meto<strong>do</strong>lógico e dessa forma seprocura desviar a discussão para outro campo, que costuma ser bem amplo. Conformeo caso, isso pode ser plenamente justifica<strong>do</strong> e até inevitável, creio, porém,não ser injusto exigir que em tal caso aquele que levanta a objeção meto<strong>do</strong>lógicano mínimo diga com precisão por que e contra o que a formula - que ele mesmomostre o fio meto<strong>do</strong>lógico até 0 ponto em que e com tanta clareza que se possaver exatamente o tipo e o ponto em que a objeção meto<strong>do</strong>lógica incide na argumentaçãoobjetiva para cuja contestação ela é formulada. Simplesmente lançar umescrúpulo meto<strong>do</strong>lógico, que não se explicita, se não que com ele em geral apenasse suscita uma postura de ceticismo contra uma proposição que se ataca - semdúvida não com a intenção <strong>do</strong> semper aliquid haeret, mas muitas vezes com esseresulta<strong>do</strong> -, considero isso um procedimento pouco digno de imitação e ao mesmotempo como uma inversão indevida <strong>do</strong> ônus de provar: quem formula umaobjeção meto<strong>do</strong>lógica no mínimo tem o dever de deixar claro aonde quer chegarcom seu raciocínio, e não exigir <strong>do</strong> outro que se aventure a esmo para dentro <strong>do</strong>oceano de discussões meto<strong>do</strong>lógicas e nesse oceano procure cada conjetura possívele lute contra ela.Teria' fica<strong>do</strong> muito grato a Lexis, portanto, se ele de alguma forma tivesse revela<strong>do</strong>também os motivos intermediários por q~e haveria de ser indispensável, paraa demonstração de minha tese - apesar de ela não ter nenhum conteú<strong>do</strong> numéricodetermina<strong>do</strong> -, uma definição numérica das durações <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s que ocorremna prática. Na falta dessa indicação por parte de Lexis, no interesse da questãoquero acomodar-me e excepcionalmente também a<strong>do</strong>tar o méto<strong>do</strong> de inverter oônus da prova: quero, portanto, de minha parte, tentar expor que é possível convencerseempiricamente de minha tese, mesmo sem efetuar medições numéricas exatas,e até possível atingir essa convicção por mais de um caminho epistemológico denatureza inteiramente empírica.Antes de tu<strong>do</strong>, é fácil ver que se pode chegar ao juízo simples de que o resulta<strong>do</strong>de produção de um méto<strong>do</strong> indireto mais longo sobrepuja o de um mais curto,já com base em avaliações puramente comparativas, sem qualquer medição realdas respectivas durações <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s e das cifras indica<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>. Tambémnesse caso ocorre exatamente o que acontece no exemplo análogo acima aduzi<strong>do</strong>,<strong>do</strong> juíw sobre as intensidades luminosas. Se eu quisesse verificar por via empíricaa tese numericamente especializada de que a intensidade da luz diminui ao quadra<strong>do</strong>à medida em que aumenta a distância; que, portanto, <strong>do</strong>bran<strong>do</strong> a distância, aintensidade luminosa é de apenas um quarto, e triplican<strong>do</strong> a distância ela é de apenasum nono, e assim por diante, eu teria certamente que poder medir exatamentetanto as distâncias quanto também as intensidades luminosas, utilizan<strong>do</strong> eventualmenteaparelhos fotométricos especiais. Se, porém, se tratar de verificar a tese simplesde que, aumentan<strong>do</strong> a distância, a intensidade luminosa diminui, sem que sediga em que proporção, nesse caso a verificação empírica dessa tese é feita por qualquerpessoa que, transitan<strong>do</strong> à noite pela rua, primeiro tem de chegar mais pertoda luminária da rua para poder ler uma carta. Ela não precisa saber a quantos passosde distância da fonte luminosa está aqui, onde consegue ler a carta, e a quantospassos da fonte luminosa estava antes, no ponto em que ainda não conseguia lera.carta; tampouco ela precisa saber a quantas "velas normais" a intensidade lumino­- -:. -':. - -­---- --,~ - - -~-------- -­- ~ -------


EXCURSO III :J2.: _=-3.S obje­~'":3.m nos; :..>2 gostar.;=~:)blemac, :"::jetivosSê. :xma ser::::J Con­'E.: porém,le=:::ológica2.ê mesmolE 52 possaC2 :-'.a argue.3.:1çar umte:?. apenas303 - sem~ oom esseo '" ao mes­~~la umaC,,:,?; chegar~ :2nt~0 <strong>do</strong>Í'"=:..:~a possít',ê5serevers§.\el.paraJ~o, numéri­'5 c.'Je ocor­:.:: questão.2 ::-,:;erter o~. oJ:1vencer­~03.5 exatas,: : :ógico dei2 J resulta­~.a:s curto,2 ::cào reall-=.'::~ Tam­I 3::;:-]a adu­'.=3 empírica3::; quadra­:.5tància, a:!2 2 de ape­2'.3.tamenteL eventualr3. tese simse:::que se±:3. ;:lar qualr'":".ais perto[:" 3.:-'.toS pas­'" 3. quantosJ:-'5eguia lera:ê lumino-sa corresponde no caso: e todavia tanto para ela como para qualquer outra pessoaé evidente que agora sua distância da-fonte luminosa é menor e que essa distânciamenor corresponde uma intensidade luminosa maior.Pois bem, da mesmíssima forma, em se tratan<strong>do</strong> de nossa questão, em inúmeroscasos é absolutamente evidente que certos méto<strong>do</strong>s produtivos são mais demora<strong>do</strong>sque outros. mas também mais produtivos. Para julgar que a pesca com anzolrequer mais preparação e proporciona maior resulta<strong>do</strong> que o simples recolher peixesatira<strong>do</strong>s pelas ondas na praia, e que a pesca com rede, por sua vez, é maisdemorada e mais prod utiva <strong>do</strong> que a pesca com anzol, na verdade não se precisanem ter um conhecimento numérico de quantas horas, dias ou meses exigem ostrabalhos preparatórios da confecção <strong>do</strong> anzol, da construção <strong>do</strong>s barcos de pesca,da confecção das redes e assim por diante, nem de uma estatística de produçãonumericamente exata desses diversos tipos de processos. Basta a simples mediçãovisual para ensinar-nos, aqui e em inúmeros outros casos, pertinentes aos mais diversosramos de produção, em casos que também são suficientemente numerosospara permitir ver uma tendência típica no senti<strong>do</strong> de que o prolongamento <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>sde prod ução favorece um aumento <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> da produção.Este último conhecimento pode ser obti<strong>do</strong> também mediante uma segunda viade conhecimento, independente da anterior, e que apresenta uma peculiaridade particularmenteinteressante <strong>do</strong> ponto de vista meto<strong>do</strong>lógico. Com efeito, enquanto aprimeira via <strong>do</strong> conhecimento, que acabamos de apresentar, embora sem pressuporuma medição exata, pressupõe, no mínimo, a formação de um juízo comparativo,por mais rude que seja, sobre grandezas que se referem ao processo produtivointeiro, a sua duração e a sua produtividade, a segunda via de conhecimento nãoexige nem sequer tal conhecimento aproximativo das referidas grandezas globais:não se precisa, literalmente, ter sequer uma idéia, nem da duração total <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>de produção, nem da grandeza <strong>do</strong> produto que nele se pode em média obter comuma unidade de trabalho por vez. para se poder juntar comprovações empíricas totalmenteconfiáveis de que, em conformidade com minha tese, mediante um prolongamento<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> global, se pode também obter um aumento <strong>do</strong> produto.Essa afirmação talvez pareça estranha, mas é absolutamente manifesto que elaé correta. Também aqui, a melhor maneira de demonstrar isso é recorrer a umaanalogia. Um riacho serpenteia em numerosas curvas através de um vale que apresentaum declive suave, até derramar-se na planície. Um proprietário de terra, quegostaria de colocar em movimento um moinho, mas para isso o declive atual <strong>do</strong>riacho não é suficiente, encurta as curvas <strong>do</strong> riacho, no trecho que passa pelo seuterreno, dan<strong>do</strong> ao riacho um leito novo e retifica<strong>do</strong> nesse trecho de seu curso, conseguin<strong>do</strong>assim, nesse trecho, um declive maior, suficiente para movimentar o moinho.Nessas circunstâncias, duas coisas são claras como a luz <strong>do</strong> sol. Primeiro, éde to<strong>do</strong> evidente que, só com base nesse fato, se pode afirmar e saber com confiabilidadecompleta que também o curso total <strong>do</strong> riacho foi encurta<strong>do</strong>, mesmo que nãose tivesse a mínima idéia <strong>do</strong> comprimento total desse curso - mesmo que, por exemplo,esse curso nunca tivesse si<strong>do</strong> medi<strong>do</strong>, não tivesse jamais si<strong>do</strong> assinala<strong>do</strong> emnenhum mapa geográfico; e até mesmo nem sequer se soubesse onde o riacho nasce!Nem mesmo é necessário que se saiba de quanto o curso <strong>do</strong> riacho foi encurta<strong>do</strong>naquele trecho: se de 300 ou de 600 metros, ou de qualquer montante que seja,desde que se saiba ou se veja que o curso foi encurta<strong>do</strong> nesse trecho, evidentementesem com isso afetar o comprimento <strong>do</strong> curso superior e <strong>do</strong> curso inferior; sabe-setambém que em sua totalidade o curso foi encurta<strong>do</strong>. Em segun<strong>do</strong> lugar, não é menosclaro que o declive <strong>do</strong> riacho, no global, foi aumenta<strong>do</strong>. Se o declive de umtrecho foi aumenta<strong>do</strong> e no curso superior e no inferior permanceram inaltera<strong>do</strong>s


54 TEORIA POSITIVA DO CAPITALo comprimento e a distância vertical, portanto os elementos <strong>do</strong> declive, é claro quedeve ter si<strong>do</strong> aumenta<strong>do</strong> o declive total, resultante da média de duas grandezas parciaisinalteradas e de uma que se tornou maior; também aqui, para emitir esse juízo,não se requer nem a mínima idéia concreta da grandeza absoluta <strong>do</strong> declive queo riacho apresentava, antes ou depois.Pois bem, exatamente esta é a situação da questão que nos ocupa. Mesmo quesó se enxergue uma parte <strong>do</strong> processo total de trabalho, via de regra é totalmenteclaro em que senti<strong>do</strong> determinadas alterações técnicas que se fazem nessa parte deveminfluenciar o processo global. Se, por exemplo, na alfaiataria o trabalho manualde um contingente maior de oficiais for substituí<strong>do</strong> pelo trabalho mecânico de umcontingente menor de oficiais, ou, para falar mais corretamente, se a atividade dealguns oficiais de alfaiate que trabalhavam no último estágio <strong>do</strong> processo global queleva a produzir roupas for substituída pela atividade de vários mineiros, trabalha<strong>do</strong>resem indústria siderúrgica, construtores de máquinas e similares que trabalhamdireta e indiretamente na fabricação de máquinas de costura, portanto em um estágiode produção bem anterior, é, sem mais. evidente que em virtude dessa alteraçãonecessariamente foi prolonga<strong>do</strong> o tempo médio de espera <strong>do</strong> processo produtivoglobal da produção de roupas. Mesmo que não tenhamos absolutamente nenhumaidéia - nem tenhamos nenhuma preocupação de tê-la - sobre quão longo é operío<strong>do</strong> de produção constituí<strong>do</strong> globalmente pelas atividades - que se mesclamumas às outras - <strong>do</strong>s agricultores que produzem a lã bruta, <strong>do</strong>s fiandeiros que confeccionamo fio, <strong>do</strong>s tecelões que com o fio fabricam o teci<strong>do</strong>, <strong>do</strong>s construtores demáquinas que produzem as máquinas de fiação e os teares, <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res deconstrução que produzem os edifícios de fábricas, <strong>do</strong>s inúmeros outros trabalha<strong>do</strong>resque produzem os instrumentos e materiais auxiliares necessários, finalmente <strong>do</strong>salfaiates que confeccionam as roupas prontas, é claro como um axioma que a substituiçãode tais trabalha<strong>do</strong>res que trabalhavam imediatamente antes da fabricação<strong>do</strong> produto final pronto para o consumo, e portanto trabalhavam com um tempode espera mais breve, por outros trabalha<strong>do</strong>res que têm de trabalhar em estágiostécnicos anteriores, portanto com um tempo de espera mais longo, é claro que talsubstituição tem de fazer aumentar. no global, o tempo médio de espera. Similarmente,é também claro que, se a citada mudança tiver provoca<strong>do</strong> um aumento daprodutividade <strong>do</strong> trabalho dentro da parte na qual ocorreu, deve ter aumenta<strong>do</strong>também a produtividade média <strong>do</strong> trabalho no processo produtivo global. Mesmoque aquilo que conseguimos observar seja apenas que se poupou trabalho na parteatingida pela mudança - por exemplo, pelo fato de a atividade de cada três oficiaisde alfaiate, que se tornaram dispensáveis, é compensada pela atividade de cada<strong>do</strong>is trabalha<strong>do</strong>res ocupa<strong>do</strong>s na produção de máquinas de costura - já é claro quea parte que se tornou mais produtiva, junto com as partes que permaneceram inalteradas- qualquer que seja o grau de produtividade absoluta delas -, tem de constituiruma média de produtividade maior <strong>do</strong> que antes.Ora, a experiência não deixa de oferecer abundante material de prova similar,a partir <strong>do</strong> qual se podem reconhecer. da maneira indireta mas inequívoca que acabamosde descrever, prolongamentos <strong>do</strong> processo de produção e aumentos da médiade produtividade como suas seqüelas, sen<strong>do</strong> que a abundância desse materialpermite convencer-nos por via empírica de que realmente prolongamentos <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>de produção, no senti<strong>do</strong> da tese por mim afirmada, costumam ou não levara maiores resulta<strong>do</strong>s na produção, sem que para isso seja necessário conhecer emedir diretamente, por um la<strong>do</strong> - o que não é possível, na realidade -, os perío<strong>do</strong>sde produção em sua totalidade, e, por outro la<strong>do</strong>, as cifras médias indica<strong>do</strong>rasd~ produtividade e ligadas aos cita<strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s de produção. Por conseguinte, não_ 1!ilü:n-"é!:":"'UT~. =-;lt{ 1_ :JiL....'~.:lii 1::;;~:l!II!!!!li:l!Ii!!':::::DI!3'liI'"5!lIIiíil!!!!!Jl"'T'iíi!!!l'"'lIII!I':­'''CHIlIlI''


EXCURSO 1II55:::: que -.3Via justificativa para levantar contra minha tese o cita<strong>do</strong> escrúpulo liga<strong>do</strong> à teoria::.:::s par­ =a conhecimento - mesmo prescindin<strong>do</strong> <strong>do</strong> fato de que minha tese se baseia ain­,.o :·.lízo,:3. em numerosos outros fundamentos, diversos da verificação empírica direta, aliás_."" que:: Cmica atingida pelo cita<strong>do</strong> escrúpulo.De maneira geral, I. Fisher en<strong>do</strong>ssa as afirmações de Lexis com uma citação-.: que =e aprovação." Não obstante, porém, em um parágrafo de sua obra The Rate of::-:-.2nte "::erest - parágrafo que no Indice vem intitula<strong>do</strong> "Crítica <strong>do</strong> Conceito de um Perío<strong>do</strong>::::':2 de­ '.lédio de Produção Defini<strong>do</strong> por Bohm-Bawerk" - objeta em particular que esse-ô.:1ual~eu conceito carece de uma definição suficiente para servir de base para as condu­:2 um o ::es que preten<strong>do</strong> basear nele 9:; :::=2 de Fisher começa por citar a explicação numérica que na página 114 et seq. <strong>do</strong>::::. que t2Xto dei sobre meu conceito <strong>do</strong> tempo médio de espera, respectivamente <strong>do</strong> "pe­:::.::a<strong>do</strong>­:'a<strong>do</strong> médio de produção",1O e constata que a média que tenho em mente é a as­:::: ..-,am :m chamada "média aritmétic'a ponderada" <strong>do</strong>s matemáticos (weighted arithmetical_-. 2stá­·-·:ean). Diz, porém, que há ainda muitos outros méto<strong>do</strong>s de tirar uma média; há,. ::.[era­ ::; or exemplo, médias aritméticas, geométricas e "harmônicas", as quais muitas vezes: :.ltivo ,e distinguem essencialmente da média empregada por mim; entre outras coisas,- -.uma :::) mesmo exemplo numérico no qual eu chego a uma média de 5,6 anos de tem­-;: é o ::; a de espera, eu atribuiria a média geométrica obtida de O anos. E por isso Fisher."",:lam:::redita dever primeiro ainda fazer-me esta pergunta: por que motivo considero que_"" con­: méto<strong>do</strong> correto para tirar uma média é o méto<strong>do</strong> por mim utiliza<strong>do</strong>?!!~: >.?s d'e Também a Fisher eu teria si<strong>do</strong> muito grato se tivesse revela<strong>do</strong> os motivos inter­::""sde-.ediários pelos quais nessas suas afirmações e perguntas baseia a objeção que le­:::.--:::<strong>do</strong>­. ô.nta sobre a "carência de definição" (Iack of sufficient definite ness) de meu conceito-:"" <strong>do</strong>s =2 tempo médio de espera. De minha parte devo confessar abertamente que não::: O'.lbs­ : :::nsigo ver nenhum nexo entre o tema que pretende provar seus argumentos. Com::::3ção""ce:to, que tem a ver a multiplicidade <strong>do</strong>s conceitos de média existentes com a defi­:""mpo- .ção ou indefinição de meu conceito de média se, como é efetivamente o caso,"" ::§gios ~.l não me limito a simplesmente mencionar uma denominação de senti<strong>do</strong> poliva­: _e tal ."":1\e, mas assinalei como sen<strong>do</strong> meu conceito de média, de maneira totalmente::.-..-:'Iar­-equívoca, determina<strong>do</strong> conceito de média, e o defini com explicações numéricas.2.--:0 da ::;:ecisas que juntei à denominação? Porventura não assinalei meu conceito com tantar""".ra<strong>do</strong>::;,ecisão e clareza que o próprio Fisher nem por um momento sequer teve dúvida'-12smo:2 que minha média é uma "média aritmética ponderada"? E porventura a própria,.:: ::;,arte ::; agunta de Fisher, interrogan<strong>do</strong> por que considero meu tipo de cálculo de médiaO' ::: :tiais : ":arreto", não pressupõe que esse meu conceito de média está perfeitamente de­="" :ada: -.<strong>do</strong>?~::::: que Se assim é, ter-se-ia podi<strong>do</strong> talvez duvidar se é materialmente correto meu prin­;::-:1al­:':;io enuncia<strong>do</strong> com precisão, mas certamente não se poderia pôr em dúvida o:"" :ons- ::::0 de ele ser bem defini<strong>do</strong>. No máximo ter-se-ia podi<strong>do</strong> dU'Jidar se aquele nexo~e.j entre produtividade e duração média <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, afirma<strong>do</strong> por minha tese, se:~'lar,."",ifica exatamente para a média por mim assinalada. Fisher poderia ter tenta<strong>do</strong>,_""aca--23ar que existe tal nexo real para alguma grandeza a ser designada como tempo::" mé­ ---2dio de espera, ou poderia ter tenta<strong>do</strong> explicar que existe, sim, tal nexo real, masc:- "terial- ~o para a média aritmética ponderada por mim assinalada e sim para alguma ou­; :::: pe­~: .evar:-"":er e~ :; erío­- - ê Rate of Interest, p. 58, nota 3:e Cit, p. 56::- :'ore a relação entre os <strong>do</strong>is conceitos, ver <strong>Teoria</strong> PositivQ, Op. cit" v.J. p. 115.c::::oras. .'.e may ask. why particular method of averaging which B6hm·Bawerk employs is assumed by him to be the corree!:t"". :lão -,- Op. cit., p. 56.


--56 TEORIA POSITIVA DO CAPITALtra média, por exemplo a geométrica ou a harmônica. Mas estão simplesmente ausentesem Fisher objeções ou argumentos desse tipo Pelo contrário, explicouexpressamente que nenhuma objeção tem a opor contra minha proposição "de que,quanto mais longe for esse perío<strong>do</strong> médio de produção, tanto maior é também oproduto"; 12 ora, ele não poderia fazer tal concessão material simultaneamente a favorde vários "senti<strong>do</strong>s" diversos, senti<strong>do</strong>s estes divergentes de minha proposição,entre si quanto ao conteú<strong>do</strong>, como também não poderia fazê-la em branco, em favorde algum senti<strong>do</strong> indetermina<strong>do</strong> qualquer. senão que só poderia fazê-la em favorde uma proposição que tem um senti<strong>do</strong> defini<strong>do</strong>. 13Que se pretende afinal, nesse contexto, com a estranha pergunta por que considero"correto" (correct) justamente meu méto<strong>do</strong> de calcular a média? A melhormaneira de mostrar que essa pergunta nada tem a ver com o problema da "definição"de meu conceito é recorrer a uma analogia. Há um princípio da física quediz que a intensidade da luz decresce em progressão geométrica juntamente coma distância da fonte luminosa, e que o decréscimo ocorre na proporção <strong>do</strong> quadra<strong>do</strong>em relação à distância. Ora, também aqui não há somente essa progressão, masmuitos outros tipos de "progressões" - provavelmente, não menos <strong>do</strong> que há tiposde "médias". Também aqui há, por exemplo. "progressões geométricas" e "aritméticas"e dentro de cada uma dessas espécies há por sua vez, um sem-número de variedades.Pois bem: pretender-se-á porventura exigir também <strong>do</strong> físico que primeirodiga por que utilizou exatamente essa progressão e não algum outro tipo qualquerde "progressão" em seu princípio. antes de querer reconhecer seu princípio como"suficientemente defini<strong>do</strong>"? Porventura isso não significaria manifestamente confundira questão da correção material de um princípio com a questão de sua definiçãoprecisa? Além disso, não será uma forma estranha de perguntar pela correção materialpedir ao autor que explique por que não afirmou algo diferente daquilo quequis afirmar, somente porque esse algo diferente tem uma denominação semelhante')Será que, para não ser censura<strong>do</strong> por falta de clareza, realmente terei primeirode explicar por que motivo os fatos que me levam a formular minha tese não meparecem se adequar a uma outra tese que lá assinala um tempo médio de esperade zero anos, quan<strong>do</strong> na linha de minha tese o que ocorre é um tempo médio deespera de 5,6 anos?Cada coisa em seu lugar: de bom gra<strong>do</strong> tenho respondi<strong>do</strong> e continuo a respondera argumentos levanta<strong>do</strong>s contra a correção material de minha tese; mas queesses argumentos sejam apresenta<strong>do</strong>s com a indicação clara <strong>do</strong> que pretendem provar.Devo, porém, insistir em que, por se cometer confusão ao apresentar argumentos,não se confunda nem se altere também o objetivo da demonstração, e que, soba influência incontrolada de argumentos explicita<strong>do</strong>s apenas pela metade, que namelhor das hipóteses só poderiam ter a ver com a correção de minha tese, não sedesperte um ceticismo injustifica<strong>do</strong> contra a clareza e a precisão da mesma.Mas Fisher tem ainda outros motivos - quiçá melhores - para levantar tal objeçãoCom efeito - continua ele -, mesmo que a questão de uma "formulaçãocorreta" <strong>do</strong> tempo médio de espera estivesse satisfatoriamente solucionada para umartigo individual. tem-se de continuar a perguntar de que maneira se devem combi­12 P 58 associada à p. 55: "passing QVef the second stEp (t;J€ proposltion tildt the longer th15 average production period.the greater will be the prüduct) to which no objection [S offpred..."13 Se não se hesitar entre d:versos tipos de :nédia. mas se tiver em mente um único deermina<strong>do</strong> tipo da mesma, semp'~há que decidir univacamente a questão de qual dentre <strong>do</strong>is perío<strong>do</strong>s C~ produç50 compara<strong>do</strong>s represpnti'l a média maislonga, mesmo em CdSD5 casuistic.Jmente complicarios c:)mo os que Fisher descreve no Apêndice ao capo IV, § 2 (p 352)A .questão da rentabilidade econômica maior cu menor. para a qual o exemplo engenhosamente excogitjjUU por Fishersem dúvida abre u:na casuística interessante, faz parte ue uma problemática diferente


EXCURSO!ll 57-~~.reau-::ar entre si os tempos médios diversos <strong>do</strong>s artigos 14 para encontrar o tempo mé­~':;:Jlicou~:o comum a eles. Ora, nessa pergunta haveriam de aflorar, aliás em medida bem~ -~>? que,:-:lais intensa, todas as dificuldades, bem conhecidas, suscitadas pela construção de2:~::-ém o.:m número-índice adequa<strong>do</strong>.,õ'::2 a faIsso certamente é verdade se nos propusermos a tarefa de construir o perío<strong>do</strong>.~:= Jsição,:nédio de produção de toda a economia nacional à guisa de mosaico, com os perío­: 2m faiosde produção anteriormente determina<strong>do</strong>s para to<strong>do</strong>s os diversos tipos indivi­"=2m fa­::uais de bens: mas quem se proporá tal tarefa, e quem terá necessidade de propor-sea tarefa dessa forma? E sobretu<strong>do</strong> qual será, afinal, o fio da argumentação de Fis­~ _2 con­~er.:... :-:lelhorfio este que ele, infelizmente, de novo deixa de apresentar? Afinal, o item aser prova<strong>do</strong> deve ser a "carência de definição" dé meu "conceito" <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> médio= -jefinideprodução nacional. Ora, que tem a ver a precisão de um conceito com as dificul­'õ:a que,õ-.:2 comdades de determinada maneira de calcular - aliás desnecessária e não-prática ­~lma: :'-ladradeespera da produção global da nação não é em nada menos claro ou mais com­grandeza concreta englobada por esse conceito? O conceito <strong>do</strong> tempo médioõõ~o. masp!exo dQ que o conceito <strong>do</strong> tempo médio de espera de um ramo individual de pro­~ .-3. tipos"o.::Imétimaior:da mesmíssima forma como - creio que também aqui o mo<strong>do</strong> mais brevedução. E uma média <strong>do</strong> mesmo tipo, se excetuarmos o fato de a abrangência ser:: Je vadeesclarecer tu<strong>do</strong> é uma analogia - o conceito <strong>do</strong> "peso específico da terra" é exa­:=::meirotamente tão claro e simples quanto o conceito <strong>do</strong> peso específico médio de um martelo=.:alqlferou de uma escrivaninha. Em concreto, certamente é possível que seja muito mais: : comofácil obter-se o. peso específico de um martelo, constituí<strong>do</strong> de um cabo de madeira~ ~ Jnfuneuma cabeça de ferro, <strong>do</strong> que o peso específico médio da terra inteira. porém ob­~,õc:nição,õviamente isso não tem absolutamente nada a ver com a precisão <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is concei­:~o matos.Aliás, observe-se de passagem: para se chegar ao conceito <strong>do</strong> peso específico:: _:.0 que,: -:-2Ihanvoltapor todas as diversas pequenas médias resultantes <strong>do</strong>s inúmeros corpos ter­médio da terra inteira, ninguém achará necessário ou adequa<strong>do</strong> primeiro fazer a:=:;meirorestres constituí<strong>do</strong>s de materiais de pesos diferentes: ninguém exigirá que. antes de""3.0 me,õ 2sperase poder reconhecer o conceito da média global como "suficientemente claro", setenha de mostrar um méto<strong>do</strong> correto e utilizável de compor a grande média da terrar:- ~ :::0 deinteira com as pequenas médias, a serem anteriormente obtidas, de to<strong>do</strong>s os diversosmartelos, escrivaninhas, máquinas, casas etc" bem como de to<strong>do</strong>s os demaisê :


58 TEORIA POSITIVA DO CAPITALEntretanto, será talvez que essas dificuldades práticas de medição - cuja existênciae grandeza novamente reconheço com a máxima honestidade - bastam paraque meu conceito <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> médio de produção seja cientificamenteinaproveitável? Possivelmente também Fisher tinha em mente a idéia - que já tiveramem mente vários outros autores, sobretu<strong>do</strong> Lexis, por ele cita<strong>do</strong> com en<strong>do</strong>sso- de que sobre fatores cuja grandeza não se conhece e não se tem condição demedir não há como basear nenhuma explicação teórica confiável; ou será que talvezo que ele queria dizer era apenas isto (ou então, também isto), ao afirmar quemeu conceito carece de uma precisão suficiente "para constituir um fundamento paraas conclusões que nele preten<strong>do</strong> basear"?Também nesse caso, Fisher teria facilita<strong>do</strong> a mim e aos leitores a avaliação desuas objeções se, ao invés da afirmação genérica de que minhas conclusões carecemde "fundamento suficiente", tivesse menciona<strong>do</strong> alguma determinada conclusãoindividual, e com base nela tivesse mostra<strong>do</strong> como e por que ela não éconcludente, por faltar a citada precisão. Teriam então necessariamente apareci<strong>do</strong>os elos intermediários de sua argumentação. que na atual infelizmente não aparecem.Devi<strong>do</strong> a isso, novamente eu seria obriga<strong>do</strong> a aventurar-me a esmo no oceanodas discussões meto<strong>do</strong>lógicas para guerrear contra objeções apenas conjeturaisou no máximo insinuadas.Acontece que já empreendi alhures 1t esta campanha, sob o título "A Teorizaçãocom Grandezas Desconhecidas", leva<strong>do</strong> por uma formulação um pouco maisclara - aliás, não muito -, dada por Lexis à mesma objeção. Uma vez que discussõesmeto<strong>do</strong>lógicas de per si extravasam o objetivo da presente obra, posso permitirme,neste contexto, uma simples remessa às minhas exposições mais precisas feitasna época. Gostaria apenas de acrescentar um argumento para ilystrar o assunto demaneira popular, uma espécie de argumentum ad hominem. E a ponderação deque nenhum teórico, qualquer que seja a corrente teórica à qual está filia<strong>do</strong>, é capazde, na prática, evitar de teorizar com grandezas desconhecidas e não medidas. Consideremos,por exemplo, a <strong>do</strong>utrina sobre o preço, cuja abordagem sem dúvida nãopode faltar em nenhum sistema teórico. A maioria <strong>do</strong>s autores de Economia Políticaensina um nexo entre o preço <strong>do</strong>s bens e os custos de produção. Ao fazerem-no,na maioria <strong>do</strong>s casos não se limitam a referir-se de maneira bem superficial aos "custosem dinheiro" <strong>do</strong> último estágio de produção, mas acrescentam uma análise aprofundada<strong>do</strong>s custos de produção, pela qual estes devem ser entendi<strong>do</strong>s ou comosen<strong>do</strong> os salários e juros despendi<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong>s os estágios da produção soma<strong>do</strong>s,ou então como sen<strong>do</strong> as parcelas de trabalho (quantidade de trabalho ou penosidade<strong>do</strong> trabalho) e de sacrifícios de espera ou de abstenção, despendidas em to<strong>do</strong>sos estágios de produção soma<strong>do</strong>s.Entretanto, quem afinal tem condição de conhecer ou medir efetivamente asgrandezas aqui invocadas? Quem será capaz de indicar ou comprovar a posterioriquanto, na história concatenada da produção de um bem, se gastou em saláriose quanto em juros, para fabricar o referi<strong>do</strong> bem? Quem tivesse de dizer isto, teriaantes de conhecer exatamente os mesmos da<strong>do</strong>s cuja impossibilidade de averiguaçãoacabamos de apontar como sen<strong>do</strong> o obstáculo que impede uma medição aposteriori exata <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s médios de produção. Para poder fornecer a soma <strong>do</strong>ssalários conti<strong>do</strong>s no montante global "custos em dinheiro <strong>do</strong> último estágio de produção",tal pessoa teria antes de tu<strong>do</strong> que conhecer o montante de todas as parcelasde trabalho que se teve de despender até as etapas preparatórias mais longínqüas.-- --=. -~:--.:: :: :~=- -: -~:- --.:::::16 "Einige strittige Fragen der Kapitalstheorie". Estu<strong>do</strong> 11, sobretu<strong>do</strong> Seção 4 deste Estu<strong>do</strong>


EXCURSO III 59portanto para a produção <strong>do</strong>s meios de produção <strong>do</strong> produto acaba<strong>do</strong>, e além disso~ 2xis­ para os próprios meios de produção destes últimos, e novamente para os meios:~:-:-: pa­ de produção destes e assim por diante, deven<strong>do</strong> também conhecer a fração dessas:::-:2nte parcelas que beneficia a unidade <strong>do</strong> produto acaba<strong>do</strong>, e finalmente também - dis­~ ::ve­ so não quero sequer falar -- o montante <strong>do</strong>s respectivos salários; e para poder ob­- :')SSOter a somatória <strong>do</strong>s juros incorri<strong>do</strong>s, deveria além disso conhecer a distância temporal~~:J de na qual todas essas parcelas e frações individuais foram despendidas, distância esta:'_2 talparaa qual incidem pagamentos de juros, que o preço <strong>do</strong> produto acaba<strong>do</strong> tem- ~~ ::Jue de remunerar. Pois bem, se conhecessemos esses da<strong>do</strong>s, teríamos em mãos tam­: =;Jara bém os da<strong>do</strong>s para a medição exata <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> médio de produção! Quem entãoexplica o conceito <strong>do</strong>s custos decisivos para determinar o preço de mo<strong>do</strong> tal que~=~o deneles computam os incômo<strong>do</strong>s e agruras subjetivos <strong>do</strong> trabalho, bem como os sa­;; ::are­ crifícios subjetivos impostos pela abstenção ou pela espera, invoca grandezas cuja:::1clu­apuração e somatória é evidentemente ainda menos exeqüíveL Quem, ao contrá­:-.ão ério,' como os socialistas, afirma que o único elemento decisivo é o dispêndio de::~2ci<strong>do</strong>quantidades de trabalho, certamente depara apenas com a metade das dificuldades::;:;are­que acabo de apontar, porém já essa metade basta para tornar impossível uma me­:: :xea­ dição exata a posteriori.2:uraisE até aqueles que absolutamente nada querem ensinar sobre o nexo entre ospreços <strong>do</strong>s bens e os custos de produção, mas se limitam ao item mais elementar_~ :J~tzadetodas as <strong>do</strong>utrinas sobre o preço, a saber, a lei da "oferta e procura", topariam::: :nais com o maior problema ao terem de prestar contas sobre seu ou nosso conhecimen­::;;cus­to da intensidade concreta desses fatores, pois querer saber a abrangência concreta:2~:,ütirdaprocura por um bem, em intensidade e extensão, significaria pretender ter um:;; :2itas conhecimento concreto <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, altamente indivídual, das tendências, das neces­_-::0 desidades e <strong>do</strong> poder de compra de inúmeras pessoas individuais! Não obstante, ne­:ão denhum teórico verá problema em exprimir as relações típicas entre a grandeza <strong>do</strong>~ ::3.paz preço de merca<strong>do</strong> e o esta<strong>do</strong> da oferta e procura em uma das conhecidas fórmulas;; Con­ de lei, e em atribuir a essas fórmulas de lei um valor real para a explicação, mesmo.:'::iãoque não tenha noção alguma de quantos são os interessa<strong>do</strong>s em comprar e os inte­:=::lítica ressa<strong>do</strong>s em vender que aparecem em um merca<strong>do</strong> concreto qualquer e que cifras':::-:-.-no,de preço estão interiormente decidi<strong>do</strong>s a manter na procura e na oferta, em caso-:..:stosextremo! Conhecer as relações típicas que existem entre determinadas grandezas-2 ':;Jro­ em geral e conhecer os da<strong>do</strong>s concretos que as referidas grandezas apresentam de_ ::omocaso para caso, são duas coisas totalmente diferentes, sen<strong>do</strong> que o conhecimento-::-..:::os, - teórico - <strong>do</strong> primeiro tipo de mo<strong>do</strong> algum está sempre liga<strong>do</strong> a um conheci­- : ;;:da­ mento, de caso para caso, <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s concretos <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> tipo. Ao se tratar de- ::J<strong>do</strong>s suas próprias exposições teóricas, nenhum teórico "esqueceu" isso nem se deixouconfundir por isso; e no entanto justamente esse "esquecimento", sempre evita<strong>do</strong>,: -.:2 as com êxito quan<strong>do</strong> se trata de defender a própria causa, constitui um elemento tácitoõ:-:;riorinaqueles raciocínios vagos que, partin<strong>do</strong> de uma falta de conhecimento de da<strong>do</strong>s;; ~~rios positivos, tentam deduzir uma postura de ceticismo contra a correção ou a confiabi­: :eria lidade de conhecimentos teóricos. 17': ~:;ua­::: :30 a-~ <strong>do</strong>s:::,:: oro­~~='elasQuanto à relação entre "da<strong>do</strong>s- e "teoria", ver também minhas "Strittige Fragen-, p. 75 et seqs. A concepção quase lei­-::: üas, ga. que está tão difundida sobre esse tema, seria muito beneficiada por uma discussão a nível de princípios. Talvez levea uma discussão desse gênero o livro de Schumpeter, publica<strong>do</strong> recentemente, Das Wesen und der Hauptinhalt der theore­:~schen Nationaloekonomie, 1908, que toma posiçao também quanto a esse problema, aliás de maneira peculiar ao autor:;Jerspicaz, altamente estimulante e com um radicalismo que ataca energicamente qualquer confusão, mas não isento deJma série de exageros.


60 TEORIA POSITIVA DO CAPITALFinalmente, Fisher acrescenta um comentário cético a uma observação feita ocasionalmentepor mim nos seguintes termos: "Aliás, é muitíssimo provável que nos<strong>do</strong>is casos da<strong>do</strong>s como exemplo alguma fração de um dia de trabalho já tenha si<strong>do</strong>despendida há séculos: todavia, em razão de sua insignificância, dificilmente ela podeinfluir na média, e por isso pode ser desprezada, na maioria <strong>do</strong>s casos."18 Fisherpergunta, em tom de dúvida, o que me dá a certeza de que as contribuiçõesprovenientes de um passa<strong>do</strong> longínqüo são, devi<strong>do</strong> à sua insignificância, "grandezasque podem ser desprezadas", e acredita que se deveria ter prova<strong>do</strong> essa afirmaçãode que é sempre decrescente a grandeza <strong>do</strong>s elos mais remotos da série matemática.19Antes de tu<strong>do</strong> observo que não pensei em enunciar uma afirmação de validadegeral deste ou de semelhante conteú<strong>do</strong>. Conforme o leitor pode deduzir <strong>do</strong> teore <strong>do</strong> contexto de minha observação, para mim se tratava apenas de suposições àguisa de exemplo, cuja ocorrência efetiva expressamente pressupus não para to<strong>do</strong>sos casos, mas tão-somente para "a maioria <strong>do</strong>s casos". Ora, que as contribuiçõesremotíssimas, separadas <strong>do</strong> presente por uma longa série de elos e, conseqüentemente, por uma longa distância temporal. na maioria <strong>do</strong>s casos representam realmenteapenas frações insignificantes <strong>do</strong> dispêndio total para o produto final, creioque, para demonstrar isso, se pode aduzir. como motivo de convicção perfeitamentesuficiente, e até como uma espécie de "prova", considerações como a que umpouco antes aduzi, a título de exemplo, no tocante à contribuição <strong>do</strong> martelo ­que dista apenas quatro elos - na fabricação <strong>do</strong> casaco de teci<strong>do</strong>. Que em váriosoutros casos de outro gênero a situação é outra e que, por exemplo, em se tratan<strong>do</strong>da despesa global incorrida para formar uma plantação de pinheiros que boje tema idade de cem anos, os trabalhos de reflorestamento executa<strong>do</strong>s há cem anos atrásnão representam uma parcela insignificante, mas provavelmente a parte principal,quanto a isso nem eu nutro a mínima dúvida.Mas isso não é o principal; a coisa principal é, de novo, aonde o autor querchegar com essa objeção cética, mesmo que ela fosse plenamente fundada. Qual<strong>do</strong>s elos de minhas conclusões teóricas seria abala<strong>do</strong> se mesmo as contribuiçõesmais remotas nunca constituíssem uma "quantidade desprezível"?Pois bem, para minha teoria é totalmente indiferente se as contribuições remotassão ou não uma grandeza que se pode desprezar. Essa diferença só tem efeitono campo da medição ou avaliação prática de durações de perío<strong>do</strong>s concretos: casose possa desprezar as contribuições prestadas em data que se perde na escuridãode um passa<strong>do</strong> remoto, poder-se-á calcular ou ao menos avaliar o tempo de esperamédio que decorre em determina<strong>do</strong> processo de produção, com muito mais facilidade<strong>do</strong> que se tivermos que estender o cálculo e a medição também aos elos remotos e remotíssimos, E é só isso. Essas dificuldades práticas só afetariam algumade minhas conclusões teóricas se o conhecimento de relações típicas gerais, existentesentre determinadas grandezas, equivalesse a um conhecimento das cifras reaisque essas grandezas apresentam no caso individual. Que isso são duas coisas diferentes,procurei mostrá-lo anteriormente. Não é claro se é a isso que Fisher querchegar com seu argumento cético, ou se a conclusão que pretende tirar é outra.Infelizmente, também aqui ele se limita a suscitar uma dúvida a respeito de algumacircunstância real qualquer, e nesse ponto interrompe sucintamente seu argumento;. -\.__ "J-3118 Ver <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong> <strong>do</strong> <strong>Capital</strong> v. I, p. 114.19_ "Such an assertion as to the convergence of the mathematical series in question should recelve substantlation" The Ra­te of fnterest, p. 58.


EXCURSO!lI61~: :2ita oca­~"~. Jue nos:: :2:,.ha si<strong>do</strong>''-:2elapo­:::õ:S.-l~ Fis­: -2'ouições-;:~andezas:: ::.':!"maçãoõ~:e mate­: ::2 valida­_:::: <strong>do</strong> teor_:= :sições à: :=':~a to<strong>do</strong>s: - ::. Duições-.s2qüente­~'-:2Om real­'~. al. creio,,:-:2:tamen­: ': aue um--:-.a;te-Io ­2 ,,:':1 váriosõ" :,atan<strong>do</strong>_" :-'.oje tem::-. ::~os atrás:~ :J:'ncipaJ,::..::cr querl:::::a. Qual-2'ouições::-S2S remo­=- - :2:':1 efeito:-'.::2ms: ca­2: 2scuridão': ::2 espera, :-::-.20:5 facilic:selos reê--:-algumacs existen­:.2as reais.: :sas dife­Fõ:'.er quer-::: é outra.:::2 alguma:::-;:Jmento;a respeito de onde ou de que maneira a citada dúvida possa ter uma importânciapara a estrutura de minhas teorias, Fisher não dá nem sequer uma indicação.Gostaria de encerrar este Excurso com duas observações. Muito leitor há deencarar como dispêndio desnecessário de trabalho polêmico em torno de detalheso fato de eu haver respondi<strong>do</strong> a umas poucas linhas de observações, apenas atiradasno papel por Lexis e Fisher, com quase outras tantas páginas de exposiçõespormenorizadas e muitas vezes sutis. Entretanto, por mais para<strong>do</strong>xal que isso pareça,tive de ser tão explícito exatamente porque meus opositores foram tão sucintos.Se meus opositores tivessem explicita<strong>do</strong> seus argumentos céticos com tanta clarezae exatidão que tivesse fica<strong>do</strong> bem claro o ponto no qual a objeção deles ataca meusraciocínios teóricos, também eu teria podi<strong>do</strong> limitar-me a analisar esse ponto individuaipreciso, e provavelmente teria podi<strong>do</strong> obter clareza com muito mais facilidadee brevidade. Acontece que o fato de essas objeções céticas serem vagas faz comque elas sejam duplamente perigosas e de difícil refutação. Duplamente perigosasporque semeiam essa espécie de desconfiança vaga que, como sabemos por experiência,é tão fácil de despertar e tão difícil de erradicar de novo, e para a qual valecom tanta propriedade o dito <strong>do</strong> aliquid haeret; duplamente difíceis de refutar porquea refutação, para ser segura, tem de esgotar todas as possibilidades que nãoforam explicitadas e tem de responder a argumentos apenas presumi<strong>do</strong>s. A essetrabalho penoso quis e precisei submeter-me num caso-amostra, esperan<strong>do</strong> que issovenha a beneficiar não só esse caso, mas to<strong>do</strong> um tipo de polêmica científica.Efetivamente, com toda a certeza também no futuro se levantarão objeções da ordemda teoria <strong>do</strong> conhecimento ou de natureza meto<strong>do</strong>lógica, e será preciso solucionálasobjetivamente; todavia, considero que para to<strong>do</strong>s os que colaboram na buscada verdade seria um grande progresso e uma grande facilitação se os autores detais objeções futuramente sentissem a obrigação de assinalar, no mínimo de maneirareconhecível, o ponto de partida e o ponto de chegada e, se necessário, tambémos elos intermediários essenciais de seu raciocínio.Finalmente, uma vez que coincidiu que, na discussão desse "caso-amostra", tivede dirigir minhas réplicas polêmicas sobretu<strong>do</strong> contra I. Fisher, não gostaria de deixarde expressar aqui o reconhecimento explícito de que exatamente nele vejo um<strong>do</strong>s opositores mais leais - na medida em que nossas concepções se opõem, oque felizmente não ocorre no tocante a muitas questões importantes -, bem comoum escritor que se distingue em grau particularmente eleva<strong>do</strong> pelas seguintes virtudeshabituais: profundidade, exatidão e precisão de raciocínio. Por outro la<strong>do</strong>, nãome parece haver nenhum argumento mais forte para provar a natureza periculosamentesedutora das impressões céticas acima descritas <strong>do</strong> que o fato de mesmo umautor de qualidades tão exímias não haver consegui<strong>do</strong> acautelar-se suficientementecontra elas.The Ra·


EXCURSO IVPapel que Desempenha a "Escolha Sábia" ("Selection") naRegra da Maior Produtividade de Méto<strong>do</strong>s Indiretos deProdução mais Longos(Para a Seção I <strong>do</strong> Livro Segun<strong>do</strong> da <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong> e para a p. 9, nota 8 <strong>do</strong>Excurso I)o Prof. I. Fisher a<strong>do</strong>tou, em relação a minha tese da maior produtividade deméto<strong>do</strong>s indiretos de produção mais longos, uma postura que não é totalmente clara.No texto de seu livro registra como "segun<strong>do</strong> passo", no itinerário que me levaa supor uma "superioridade técnica" <strong>do</strong>s bens presentes em relação aos futuros, oprincípio de que "quanto mais longo for o perío<strong>do</strong> médio de produção, tanto maioro produto",l e declara expressamente não querer levantar nenhuma objeção contraeste "segun<strong>do</strong> passo".2 Essa afirmação talvez levasse a esperar que Fisher tivessea intenção de concordar com esse princípio, no senti<strong>do</strong> em que o enunciei ecomentei explicitamente. Na realidade, porém, em uma nota justamente aposta aessa declaração de concordância remete a um Apêndice,3 no qual dá a minha teseuma outra interpretação, muito menos ampla <strong>do</strong> que aquela que eu mesmo haviada<strong>do</strong>. Eis por que sou obriga<strong>do</strong> a considerar também Fisher, a despeito de suadeclaração formal de concordância comigo, como um autor que contesta materialmenteminha tese da maior produtividade <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s indiretos de produção quelevam tempo; aliás, a nossa divergência de opinião versa principalmente em torno<strong>do</strong> ponto caracteriza<strong>do</strong> no título <strong>do</strong> presente Excurso.Para deixar a margem mínima possível de fontes de erros nesta matéria quetanto convida a equívocos, quero citar aqui os pronunciamentos de Fisher em seuteor completo."That long processes (assuming their length to be measurable) are more productivethan short processes is, as Bohm-Bawerk says, a general fact, not a necessary truth. Thereason lies in selection. It is not true that, of ali possible productive processes, the longest1 FI5HER. I. The Rale of lnterest. p. 552 "Passing aver lhe second step. lo which no objeclion is offered .!'. Op. cit" p. 58.3 Op. cit., Apêndice ao Capo IV, § 3, p. 353 el seqs.63


64 TEORIA POSITIVA DO CAPITALare the most productive: but it is true that. of ali productive processes actually employedthe longest are also the most productive. No one will select a long way unless it is atthe same time the a better way. Ali the long but unproductive processes are weede<strong>do</strong>ut. The following illustration will make the process clear"."Suppose that by means of 100 days' labour invested to-day we can obtain a product01 100 units one year hence ar 01 250 two years hence, of 50 three years hence, of300 four years hence, of 250 five years hence. of 320 six years hence. of 100 sevenyears hence. 01 300 eight years hence etc. - a series which we take quite at ran<strong>do</strong>m.Out of this series of choices there will be eliminated those of 3, 5, 7. and 8 years, foreach of these is outclassed by preceding choices. Thus, the 5-year period yielding 250will be oversha<strong>do</strong>wed by the 4-year period yielding 300: for this prospective returno beingnot only larger but earlier. will have a higher present value Elirninating, then. these ineligiblecases. we have left. to choose fram. the 1. 2, 4, and 6 year periods. Of these. thatone will be chosen of which the return will have the highest present value: and the presentvalue will depend on lhe rate 01 inlerest'.4Fisher mostra a seguir, com base em uma ilustração gráfica, que, a uma taxade juros de 5%, a escolha que assegura o maior valor no presente é a <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>de produção de quatro anos, com o resulta<strong>do</strong> de 300 unidades; a uma taxa de ju~ros de 2% é a escolha <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de seis anos como resulta<strong>do</strong> de 320 unidades;à taxa de juros de 10% é a escolha <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de dez anos com o resulta<strong>do</strong> .de250 unidades, mas que a escolha nunca pode ser a <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de três, cinco, seteou oito anos.Onde está o ponto em que nossas duas opiniões divergem entre si? Para deixarisso claro, precisamos antes de tu<strong>do</strong> examinar qual é o senti<strong>do</strong> possível e intenc:ona<strong>do</strong>por uma afirmação de Fisher, cujo senti<strong>do</strong> ainda não é suficientemente unívoco.apesar de to<strong>do</strong> o e'llpenho no senti<strong>do</strong> de falar claro. Trata-se da afirmação negativade que não é verdade (lue, de to<strong>do</strong>s os processos de produção "possíveis", "os maislongos" são os mais prudutivos. Se com isso Fisher não quisesse negar outra coisasenão aquilo que eu mesmo neguei acima, à página 8 et seq. <strong>do</strong> Excurso l, a saber,que nem to<strong>do</strong>s os métoJos indiretos de produção mais longos, só pelo fato de seremmais longos, têm necessariamente de ser também mais produtivos, estaríamosem perfeita concordância. Para exprimir-nos com a clareza absoluta que se impõeaqui: via de regra, a duração de determina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> não é representada cada vezapenas por um único méto<strong>do</strong> de produção, que seria o único possível, senão quedentre as inúmeras combinações técnicas possíveis costumará haver uma pluralidadeou multiplicidade de méto<strong>do</strong>s que representam a mesma duração média, a despeitode toda a diversidade individual e também de toda a diversidade no tocanteao resulta<strong>do</strong>. Assim como'para atingir a meta de uma caminhada, que pode ser4 "'Que os processos longos (supon<strong>do</strong>-se que sua duraçao possa ser mec1iud) são mais produtivos <strong>do</strong> q'J€ os proc~ssoscu'ins, é, no dizer de Bohm-Bawerk, um fato genérico, nâo urna verdade necessária. O motivo está na escolho Não éverdade que, dentre to<strong>do</strong>s os processos de produção possíveis, os mais longos sejam os mais produtivos; mas é verdadeque, dentre lo<strong>do</strong>s os processos de produção efetivamente emprega<strong>do</strong>s, os mais longos são também os mais produtivos.Ninguém escolherá um caminho longo se este não for ao mesmo tempo um caminho melhoL To<strong>do</strong>s os processos longosmas improdutivos são elimina<strong>do</strong>s. A ilustração que segue esclarecerá esse procedimento"."Suponhamos que com o trabalho de 100 dias. mvesti<strong>do</strong> hoje. possamos obter um produto de 100 unidades daqui aum ano, ou de 250 daqui a <strong>do</strong>is anos. de 50 daqui a três anos, de 300 daqui a quatro anos, de 250 daqui a cinco anos.de 320 daqui a seis anos, de 100 daqui a sete anos, de 300 uaqui a oito anos etc. - série esta que a<strong>do</strong>tamos bem aesmo. Dentre essa série de opções serão eliminadas as de 3, 5, 7 e 8 anos, pois cada uma delas é descartada por opçõesanteriores. Assim sen<strong>do</strong>. o perío<strong>do</strong> de 5 anos, que produz 250, será sobrepuja<strong>do</strong> pelo perío<strong>do</strong> de 4 anos Que produz 300,uma vez que esse resulta<strong>do</strong> prospectivo, por ser nào somente maior, mas também ser obti<strong>do</strong> antes, terá um valor maiorno presente. Haven<strong>do</strong>, pois, elimina<strong>do</strong> esses casos que não podem ser escolhi<strong>do</strong>s, restam, para nossa escolha, os perío<strong>do</strong>sde 1, 2, 4 e 6 anos. Dentre estes, escolher-se-á aquele cujo resulta<strong>do</strong> tiver o maior valor no presente; ora, o valor no presentedependerá da, taxa de juros". (N. <strong>do</strong> T.I-.r:!r~~:~:-~:'" =r::.,;: =r":~~':I,:-:O~ 'iw2"/Ii!;:".,;


EXCURSOIV65,-- :.ed,,' -:,0 aI.'. ~2::ed:': :::::iuct-:-:e. of,o2ven:"-.:iom.." ,,:,0. forc -; 250:::- :ceing:2,~ 'neli­:,o',o.lhatt ::2 pre­-= taxa'::,/o<strong>do</strong>,", ::::e jur::::ades;_~=::::o"de'::. setel= ::::eixar'.:.Jna<strong>do</strong>_-.:',oco,:"'2;ativa=:: mais:== coisa. "' saber,e= ::e se­.:=:-'"amos~ ::Tlpõe,:o.=::a vez::"'~:J que;. ..;~alida­2. a des­::·cante=::e ser: --:.:essos-:: :\ao é~" 2rdade= =:Jtivos.::::' .ongos,:-::: :aqul a- -:J anos,:.- =:: Dem a::. opções'--:Jz300.~ majorê-río<strong>do</strong>s-:0 pre-::~:ngida, em via absolutamente reta, em uma hora, é possível trilhar numerosos ca­:-:linhos. indiretos diferentes de duração igual, por exemplo de cinco horas, exata­:-:lente da mesma forma pode haver, e de fato sempre haverá, toda uma série de:-:léto<strong>do</strong>s de produção bons e maus, antiqua<strong>do</strong>s e modernos, adequa<strong>do</strong>s e inadequa<strong>do</strong>s,efetivamente executa<strong>do</strong>s e rejeita<strong>do</strong>s, por serem impraticáveis ou talvez atémesmo absur<strong>do</strong>s. Esses méto<strong>do</strong>s, em última análise, entram to<strong>do</strong>s eles em questãocomo "possíveis" e, na somatória <strong>do</strong>s elementos <strong>do</strong>s quais se compõem, representamuma mesma duração média igual de cinco anos. Ora, seria certamente errôneoafirmar que to<strong>do</strong>s os méto<strong>do</strong>s de produção de cinco anos de duração, mesmo osmais inadequa<strong>do</strong>s, só pelo fato de serem "os mais longos", têm de suplantar em produtividadeto<strong>do</strong>s os méto<strong>do</strong>s de produção possíveis de duração mais curta. Pelocontrário, é perfeitamente possível, por exemplo, que haja três diferentes méto<strong>do</strong>sde duração de cinco anos, dentre os quais um, com 100 dias-trabalho, permita obterum produto de 300, o segun<strong>do</strong>, menos adequa<strong>do</strong>, apenas um produto de 200,e um terceiro, ainda menos adequa<strong>do</strong>, apenas um produto de 20, ao passo quedentre os méto<strong>do</strong>s de produção "possíveis" de quatro anos de duração talvez se encontreao mesmo tempo um que com 100 dias-trabalho permita conseguir uma produçãode 280 unidades <strong>do</strong> produto.Com as mais diversas explicações, diretas e indiretas, afirmativas e negativas,procurei defender-me contra a exigência injusta - que aliás não tem esta<strong>do</strong> totalmenteausente 5 - de enunciar minha regra da maior produtividade <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>sde produção mais longos naquele senti<strong>do</strong> inadmissível. Reivindiquei a propriedadede proporcionar um produto maior <strong>do</strong> que processos de produção mais curtos,6não para "to<strong>do</strong>s", mas somente para certos méto<strong>do</strong>s de produção mais longos, "escolhi<strong>do</strong>ssabiamente" ou "com habilidade", com o que também eu atribui certo pape!à "seleção". Logo veremos se esse papel é exatamente o mesmo que lhe atribui Fisher.Salientei também( expressamente, que nem to<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de produção maislongo necessariamente tem de ser melhor <strong>do</strong> que qualquer méto<strong>do</strong> mais curto, eque não é somente um méto<strong>do</strong> de produção mais longo que pode ser melhor <strong>do</strong>que um mais curt0 7 Falan<strong>do</strong> positivamente, precisei o conteú<strong>do</strong> e o alcance da regrapor mim afirmada - aliás, explican<strong>do</strong> expressamente que no caso não se tratade uma lei estritamente científica, mas apenas de uma regra empírica, se bem que"de aplicação extremamente vasta, provavelmente até universal"8 - com as seguintesproposições: "Há sempre ocasiões para conseguir um produto maior por meiode um prolongamento <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> indireto de produção" e "Méto<strong>do</strong>s de produçãomais curtos não costumam ser os mais produtivos dentre to<strong>do</strong>s os imagináveis, sen<strong>do</strong>que costuma haver méto<strong>do</strong>s indiretos de produção mais longos que são aindamais produtivos <strong>do</strong> que eles".9 Ou então, para expressá-lo agora naquela formulaçãoque, em comparação com os pronunciamentos de Fisher, com mais clareza destacao ponto importante no caso: "Entre os méto<strong>do</strong>s de produção conheci<strong>do</strong>s, da<strong>do</strong>o respectivo estágio de nossos conhecimentos sobre as técnicas de produção e que,portanto, estão à escolha se não houver uma nova invenção, via de regra o melhorméto<strong>do</strong> de produção mais longo que se conhece é tecnicamente mais produtivo<strong>do</strong> que o melhor méto<strong>do</strong> de produção conheci<strong>do</strong> dentre os mais curtos."Será que Fisher. em seus pronunciamentos sobre o assunto, desejará admitirVer acima, Excurso l, p. 8 et seqs.Positiue Theorie. 2? ed. p. 11, 86, 91."Strittige Fragen", p. 7, 39: e já na Positiue Theorie, 2" ed. p. 91. nota L"Strittige Fragen", p 38."Strittige Fragen", p 38..~


66 TEORIA POSITIVA DO CAPITALo que acabo de dizer? Receio que não! E verdade que isso ainda não resulta comclareza de sua frase negativa, pois esta, como mostrei, de per si admitiria tambémuma interpretação ainda conciliável com minha concepção. Mas essa conclusão meparece resultar daquelas afirmações de Fisher que se destinam a delimitar e explicarpositivamente o âmbito de sua concepção. Primeiramente, já o teor de sua concessãopositiva é por demais restrito, ao limitar a validade <strong>do</strong> princípio da maior produtividade<strong>do</strong>s processos de produção mais longos aos "efetivamente emprega<strong>do</strong>s"(actual/y employed; é o próprio Fisher que destaca especialmente com grifo essaspalavras restritivas'). Ao contrário, de minha parte tenho de enfatizar ao máximoque essa regra vai além <strong>do</strong>s processos efetivamente emprega<strong>do</strong>s, pois a to<strong>do</strong> momentose conhece uma grande quantidade de méto<strong>do</strong>s de produção mais longose tecnicamente mais produtivos, que - devi<strong>do</strong> à insuficiência <strong>do</strong> capital disponívelà economia nacional, ou, no que se manifesta sintomaticamente essa insuficiência,devi<strong>do</strong> ao fato de a taxa de juros vigente no país ser excessivamente alta, da qualesses méto<strong>do</strong>s não conseguiriam se livrar para a duração prolongada da produçãoapesar de sua maior produtividade técnica - na realidade não podem ser emprega<strong>do</strong>se portanto não devem, no senti<strong>do</strong> de Fisher, ser enumera<strong>do</strong>s entre os actual/yemplayed, mas entre os "passible" processes. Segun<strong>do</strong> a ilustração feita pelopróprio Fisher, por exemplo um processo de produção de seis anos com uma produtividadede 320 unidades <strong>do</strong> produto, sen<strong>do</strong> a taxa de juros de 5%, embora tecnicamentesupere o processo de produção de quatro anos, que tem uma produtividadede 300 unidades, não poderia ser efetivamente emprega<strong>do</strong>, só poden<strong>do</strong> entrar emquestão como processo "possível".Em segun<strong>do</strong> lugar, a conclusão supra resulta também da configuração das cifrasilustrativas que Fisher dá a sua tese. Com efeito. deliberadamente ele colocaas cifras que expressam a produtividade <strong>do</strong>s processos de produção de duração diferente"totalmente a esmo" (quite at rondam). e o faz - casualmente ou de propósito- de tal maneira que em to<strong>do</strong> caso contradizem a minha concepção sobre oesta<strong>do</strong> típico <strong>do</strong>s fatos. Pois em sua lista - que. note-se bem, pretende representaruma lista <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produção "possíveis". genericamente suscetíveis de escolha(series af chaices) -, ao número de produtividade de 320 unidades <strong>do</strong> produto,que ele supõe atingível num processo de produção de seis anos, faz seguir osnúmeros mais baixos de produtividade, de apenas 100 e 300, como sen<strong>do</strong> aquelescujo alcance é possível, amplian<strong>do</strong>-se o processo para a duração de sete, respectivamenteoito anos. Por conseguinte, em seu exemplo, destina<strong>do</strong> a ilustrar o alcancede sua tese, exclui positivamente, mediante as cifras que escolhe para o exemplo,a possibilidade de se obter um aumento da produtividade, prolongan<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong>de produção de seis para sete ou oito anos. Se Fisher supusesse, como eu, queessa possibilidade está aberta a cada momento, ou ao menos dentro de uma perfeitaregularidade, naturalmente teria podi<strong>do</strong> escolher de outra forma os números deseu ~xemplo e não poderia ter coloca<strong>do</strong> os mesmos totalmente at rondam.E verdade que também segun<strong>do</strong> minha concepção há uma margem muito grandepara casualidade realmente não sujeita a nenhuma regra, e que portanto pode serilustrada também por números escolhi<strong>do</strong>s cegamente. Com efeito, prescindin<strong>do</strong> <strong>do</strong>snúmeros bem concretos sobre cuja grandeza naturalmente nunca será possível estabelecerde antemão regras gerais, é coisa sempre de puro acaso sem regra, comomuitos méto<strong>do</strong>s de produção diferentes, seja de mesma duração temporal, seja deduração diferente, se tornam e permanecem conheci<strong>do</strong>s no decurso <strong>do</strong> tempo, eem que relação de produtividade estão entre si os méto<strong>do</strong>s de produção que nãoestão ou não estão mais à altura <strong>do</strong>s conhecimentos técnicos, que, por serem excessivamentepouco produtivos, há muito foram praticamente elimina<strong>do</strong>s, ou, por-::.- - ­-- ~ -.: ~-:' -:.-,-=.:---e- ':.--:.~';'5i!


~;::5..::ta com':: ~ambém.:.:":5ao me:- ,:: explicar":':: conces­-c:- produ­, ;;:-~ga<strong>do</strong>s";~IO essas~c :náximo~ ~J<strong>do</strong> mo­:':::5 longos::5Doníve!5:..:~~iência,:.::. da qual:;:-odução,.::, emprec::eos ac­~e:ta pelo"::TIa pro­.-::-ora tec­::..:r:vidade2:-::rar em2:: das cit.2coloca:..:.:-c.ção di­:2 propósobreoe;:,:-esentar5 =e escoe:produ­: s23uir osIc aqueles,e5pectiealcance


68 TEORlA POSITNA DO CAPITALda maior produtividade <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s indiretos de produção mais longos, segun<strong>do</strong>nossas duas opiniões.Se esüver interpretan<strong>do</strong> corretamente as afirmações de Fisher sobre esse ponto,uele vê a coisa assim: simplesmente não existe aqui uma regra objetiva baseadaem motivos naturais, pertinentes à técnica de produção; o que existe é apenasa aparência de tal regra, a qual nos é ilusoriamente sugerida por uma escolha;' quena verdade é feita apenas por nós mesmos. Na verdade, opina Fisher, os processosde produção mais longos muitas vezes só apresentam um produto igual - ou atémenor - ao <strong>do</strong>s processos mais curtos: acontece que naturalmente não os escolhemospara a<strong>do</strong>tá-los na prática. "pois ninguém escolherá um caminho mais longose este não for ao mesmo tempo um caminho melhor". Assim é que to<strong>do</strong>s os casosque não se ajustam à pretendida "regra" são elimina<strong>do</strong>s (weeded out) por uma "escolha"feita por nós, desaparecem de consideração, restan<strong>do</strong> como casos efetivamenteconcretiza<strong>do</strong>s apenas aqueles que se ajustam à "regra". Se tu<strong>do</strong> se reduzissea isso, na realidade a regra supostamente observada não se basearia em da<strong>do</strong>s objetivose naturais quaisquer, senão que a regra seria criada apenas por nós mesmos,mediante a escolha feita por nós: para sermos mais corretos, seria nossa própriaescolha que nos faria crer na existência de tal regra. "The reason (of the generalfaet that long processes are more productive than short processes) lies in selection".12Esse mo<strong>do</strong> de entender diverge <strong>do</strong> meu em um ponto bem essencial e de princípio:Fisher nega a existência de uma regra objetiva fundada já nos fatos pertinentesà técnica de produção. e eu afirmo a experiência de ta! regra objetiva. Segun<strong>do</strong>Fisher, existe apenas a aparência de uma regra. sen<strong>do</strong> ela apenas conseqüência deuma escolha feita e gerada por essa escolha. ao passo que, segun<strong>do</strong> minha tese,a regularidade já se inscreve nos fatos, que existem antes e independentemente denossa escolha; Fisher reconhece apenas uma regularidade nos processos de produçãoefetivamente escolhi<strong>do</strong>s, ao passo que eu afirmo uma regularidade nos processosde produção que se abrem à escolha.Depois de tantos erros, mesmo da parte de autores tão claros como Lexis e Fisher,preciso conseguir urna clareza da qual não se possa fugir, e isso a qualquerpreço, mesmo que seja o de uma exposição ainda mais monótona. Peço excusas11 Já que o próprio ProL Fisher, em seu Prefácio (p_ \/rlIJ. informa a seus leitores que o capítulo de sua obra dedica<strong>do</strong>a minha teoria <strong>do</strong>s juros foi objeto de troca de idéias por carta entre nós, antes da publicação de sua ourel, creio que tambémeu, sem cometer indiscrição, posso referir-me a essa correspondência privada, na medida em que isso for desejável ouaté indispensável para esclarecer o problema científico. Isso me parece acontecer exatamente aqui, onde dificilmente seconsegue uma compreensão plena <strong>do</strong> atual texto de Fisher sem um comentário hauri<strong>do</strong> da história da origem <strong>do</strong> mesmo.Com efeito, originalmente, em um parágrafo especial. Fisher havia expressamente impugna<strong>do</strong> como "conten<strong>do</strong> erros" mi~nha propos,ção da maior produtividade <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s indlIetos de produção mais longos Quan<strong>do</strong>. por bondade dele, tiveocasião de examinar o respectivo capítulo, pouco antes de sua impressão, pude, por correspondência, remeter para algumaspassagens de minha <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong> <strong>do</strong> <strong>Capital</strong>, e sobretu<strong>do</strong> de mínhas "Strittige Fragen", que explicam meus própriospontos de vista. O fato de Fisher não ter leva<strong>do</strong> em conta essas passagens me indicava d. probabilidade de que a contestaçàodessa proposição por parte de Fisher se devia essencialmente ao futo de ele nào h?lver entendi<strong>do</strong> corretamente minhasposições, e de que talvez simp(~smente não existisse uma divergência material de opinião entre nós. Em virtude de umacasuahdade peculiar, Fisher de fato até ali ainda não havia toma<strong>do</strong> conhecimento <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> de minhas "Strittige Fragen",mas, após esse esclarecimento, visivelmente também teve a lmpressao de que nossas concepções coincidiam no essencial.Diante dessa mudança de convicção, eliminou de sua exposição o tom polêmico, que no original era intencional: suprimíro parágrafo de seu texto dedica<strong>do</strong> a contestar minha proposição, declaran<strong>do</strong> expressamente, ao contrário, que "não levantavanenhuma objeção" contra ela. e também omitiu uma ou outra expressão que precisava melhor sua tese para fins polêmicos.Agora, porém, a análise atenta de seu "Apêndice"', que permaneceu, me revela que nossas opiniões continuam anão coincidir no ponto que para mim é o mais essencial. Para a interpretação ·1e seu texto, que na nova redação foi excessIvamenteabrevia<strong>do</strong> e se tornou um pouco ohscuro Quanto a seu alcance, par ~ce-me que várias nuanças omItidas <strong>do</strong> textooriginal conservam seu valor, na medida em que sua omissão não foi motivada por uma mudança da própria opinião deFisher, mas apenas no tato de ele presumir que podia dispensar-se de defender polemicamente seu ponto de vista.12 Ainda nais drástica é a formulação no texto original intencion?lao por Fisher: "lt is true only in the sense that those longprocesses which fail to be more productive than shorter processes are intentiona!ly discarded ... 1t is this weeding out whichgiyes rise to the illusion that there is some natural conneetion between the lenghth of the processes and its productivitv":-ti


52;un<strong>do</strong>2552 pon­'.:: Jasea­€ ::penas~ .~.a, que=~::essos-JU atéC =: 5 esco­:-. :::5 longo':' :5 casos..::na "es­..: 5 efetiva­: ~eduzisse::::<strong>do</strong>s ob­~ :-:lesmos,"ê própriac-.2general;;.;: :ection", 122 ::ie prin­:õ ::Jertinen­~ ~egun<strong>do</strong>~c::':2ncia der:'.lla tese,!2~lente de~ ::e produr:"proces­~:xis e Fis­:: qualquer';':' excusas.." : :'a dedica<strong>do</strong>:-,;: _ ':;:Je também-:- .:!esejável ouo::: :"::cilmente ser~:""; -:-. <strong>do</strong> mesmo.;.::;-_::o erros" mi­Cc:ede dele, tive,-


70 TEORIA POSITNA DO CAPITALvidade. Entretanto, naturalmente sempre haverá necessariamente, entre to<strong>do</strong>s osméto<strong>do</strong>s de produção ou variantes de méto<strong>do</strong>s de produçªo que pertencem a ume mesmo tipo de duração, algum que é o mais produtivo. E possível, por exemplo,que a determina<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> conhecimento e das possibilidades técnicas, dentredez méto<strong>do</strong>s de produção diferentes, conheci<strong>do</strong>s e de duração igual de um ano,o mais produtivo seja aquele que com 100 dias-trabalho permite fabricar 300 unidadesde determinada espécie de produto. Teríamos aqui um fato inteiramente objetivoda ordem da técnica de produção, o qual sob aspecto algum P..ressupõe umaescolha, e muito menos a execução efetiva de uma escolha feita. E verdade quese a pessoa tiver motivo para pôr em prática justamente um <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produçãode um ano de duração, seguramente só escolherá o que for melhor; todavia,a circunstância de que, com determina<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> conhecimento e da capacidadetécnicos, entre to<strong>do</strong>s os processos de produção de um ano que se conhecem, umé o mais produtivo <strong>do</strong> ponto de vista técnico, e este possibilita uma produção de300 unidades; essa circunstância, como fato objetivo pertinente à técnica de produção,existe anteriormente a qualquer escolha e independentemente dela.Exatamente da mesma forma, se for o mesmo o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> conhecimento eda capacidade técnicos, entre to<strong>do</strong>s os méto<strong>do</strong>s de produção de <strong>do</strong>is anos, quepossivelmente podem ser emprega<strong>do</strong>s para fabricar a mesma espécie de produto,algum deles é objetivamente o mais produtivo; e o mesmo acontece entre os méto<strong>do</strong>sde produção de três anos, os de quatro, os de cinco, e assim por diante.Ora, se os fatos são tais - e penso que realmente o são - que o méto<strong>do</strong> deprodução objetivamente mais produtivo entre os de um ano, no menciona<strong>do</strong> esta<strong>do</strong><strong>do</strong> conhecimento e da capacidade técnicos, é suplanta<strong>do</strong> pelo objetivamente maisprodutivo dentre os méto<strong>do</strong>s de produção de <strong>do</strong>is anos, e este, por sua vez, é suplanta<strong>do</strong>pelo melhor méto<strong>do</strong> conheci<strong>do</strong> de três anos de duração, e este é sobrepuja<strong>do</strong>pelo melhor méto<strong>do</strong> de produção conheci<strong>do</strong> de quatro anos, e assim por diante,daqui resulta uma regra da produtividade crescente <strong>do</strong>s melhores méto<strong>do</strong>s de produçãopossíveis, que se estriba numa base exclusivamente objetiva e tem validadeantes e independentemente de qualquer escolha, tanto quanto acontece com a regraobjetiva de que as vias de ligação mais curtas entre Hamburgo, de um la<strong>do</strong>,e Frankfurt, Munique, Milão, Florença e Roma, de outro, aumentam na seqüênciamencionada. Não é o fato de se fazer uma escolha que introduz uma graduaçãonum material primitivo de possibilidades de escolha, senão que o material primitivojá revela uma graduação natural e regular, ao menos em certas zonas, aliás exatamentenas mais importantes para se fazer a escolha. Ora, isso é obscureci<strong>do</strong> pelainterpretação dada por Fisher.Quero agora procurar mostrar, no campo de nossa própria ciência, de que maneiraessa interpretação de Fisher é falha e onde está a falha; procurarei fazê-lo comaquela clareza que é exigida pela complexidade maior e mais interessante <strong>do</strong> assunto.A melhor forma de fazê-lo é partir de fenômenos econômicos paralelos e afins.Com efeito, há na vida econômica numerosas leis exatamente da mesma naturezae que em particular também apresentam exatamente a mesma relação - mal entendidapor Fisher - com uma "escolha", sen<strong>do</strong> que esta última também desempenhaum papel em todas as leis econômicas. Comecemos pelo exemplo mais trivial,por ser o melhor.Com relação a todas as espécies de bens que não têm o caráter de bens "livres",normalmente damos maior valor a uma quantidade maior deles <strong>do</strong> que a uma quantidademenor; por exemplo, <strong>do</strong>is dólares terão para nós valor maior <strong>do</strong> que um dólar,e três dólares terão valor maior <strong>do</strong> que <strong>do</strong>is; ou, então, sempre daremos maiorvalor a três hectares de terra cultivável fértil <strong>do</strong> que a <strong>do</strong>is hectares, e a <strong>do</strong>is hectaresI~----- ---__ .c: .. ~-:::: -:::::'~- ...... _.._-=-":::- - -- ;:..::.- -- - -=-::~=-;: =....--:: ~=i~:~- - ,..,~- -C- _..::._=_1-:: ="":Õ:-:-. ~,,~;_:'":::õ~':;=_~_2-_:-::.­ = .::; = '.'- ­ - - --­ --­ -'j


:::-e :o<strong>do</strong>s os,:-cem a um:.=: exemplo,r.~c=.s. dentre:e 'Jm ano,::.:" 300 uni­~:-:lente ob­~"-":'Jõe uma;.e:~ade que:: :::eprodu­. =: todavia,~ =i:;Jacidade.-'.ec:em, um::'::ução de.i: '::e produ­.. -:::::-::-.,õ :~::Jento e~ i::;os, que:,õ produto,:::-,õ os méto­: ':::ante.:-:-:éto<strong>do</strong> de~: -.=.<strong>do</strong> esta­~:-.e:;te maisi: ·,ez. é su­2 ::obrepu­: :::::Jr diante,,:'::: de pro­:- ,alidadee:Jmare­:'" -"::TI la<strong>do</strong>,e ~eqüência: ;:-=.duação:3: :ximitivo:': :é.s exata­::-2::<strong>do</strong> pelaC,õ :ue ma­:::.z2~io comE =.~ assun­,: =" e afins.".=. :-:atureza- :TIal enl:e::emper:-.:,:':: trivial,lõ


72 TEORIA POSITIVA DO CAPITAL.- - -- - :..----- --- - - - - - -- -- - ::.­- - - - - ---vel que, em paridade de condições. se pode colher mais de <strong>do</strong>is hectares de terracultivável <strong>do</strong> que de um, e que com <strong>do</strong>is dias de trabalho se pode obter mais produto<strong>do</strong> que com um.Note-se bem: pode-se obter, e de mo<strong>do</strong> algum necessariamente se tem de obter.Pois também aqui há inúmeras oportunidades de emprego diferentes. respectivamente-- em se tratan<strong>do</strong> de meios de produção - méto<strong>do</strong>s de produção diferentes:há os que são adequa<strong>do</strong>s e os que são inadequa<strong>do</strong>s, os que são antiqua<strong>do</strong>s e osque estão de acor<strong>do</strong> com o estágio da técnica: e também aqui há de acontecer muitasvezes que, em se a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> um méto<strong>do</strong> de produção menos adequa<strong>do</strong>, talvezsupera<strong>do</strong>, de <strong>do</strong>is hectares de terra se obtenha menos produto <strong>do</strong> que se pode obterde um hectare. utilizan<strong>do</strong>-o da maneira mais adequada. Mas as cifras irregularesindica<strong>do</strong>ras de produtividade <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s inadequa<strong>do</strong>s ou menos adequa<strong>do</strong>s ­e aqui o weed out de Fisher desempenha realmente o seu papel - são eliminadas,no caso de avaliações comparativas. pelo fato de sempre se basear a avaliação decada objeto na possibilidade de emprego ou no méto<strong>do</strong> de produção mais bem escolhi<strong>do</strong>,no senti<strong>do</strong> acima explica<strong>do</strong>, ou seja. no "cume":para ficarmos na imagemacima utilizada. Ora, o fato de os "cumes" pertencentes a quantidades desiguais setornarem sempre tanto maiores, dentro da mesma série, quanto maiores forem asquantidades avaliadas. eis uma lei puramenre técnica que não tem absolutamentenada a ver com uma escolha e muito menos é uma lei destituída de fundamentonatural ou técnico e se deva à ação de uma "seleção", Não creio que alguém se sentissetenta<strong>do</strong> a interpretar também essa -regra" como um efeito exclusivo da se/ection,de acor<strong>do</strong> com a fórmula final de Fisher. Pelo contrário, a regra <strong>do</strong> valor cadavez maior de quantidades maiores da mesma espécie de bens l :, se baseia visivelmenteem duas premissas. Primeiro, na premissa de que avaliamos cada bem e cadaquantidade de bens de acor<strong>do</strong> com aquele emprego que teríamos de escolherpara concretizar, pelo princípio da economicidade. dentre to<strong>do</strong>s os mo<strong>do</strong>s de utilizaçãopossíveis. ou seja, pelo emprego mais bem escolhi<strong>do</strong>: nessa primeira premissaatua efetivamente a escolha. Em segun<strong>do</strong> lugar. a mencionada regra se baseiana premissa de que o melhor emprego existente - e portanto aberto à escolha -.da quantidade maior de bens é sempre melhor <strong>do</strong> que o melhor emprego existenteda quantidade menor. Essa premissa não tem absolutamente nada a ver com umaescolha. Ou ela existe como uma regra natural ou técnica, ou ela simplesmente nãoexiste. Se - o que sem dúvida dificilmente conseguiríamos imaginar por contradizera toda a experiência - mesmo o mais adequa<strong>do</strong> emprego de uma quantidademaior de bens não permitisse obter maior resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> que se pode conseguir comuma quantidade menor, mas apenas o mesmo resulta<strong>do</strong>, ou até menor. nesse casotambém não teria cumprimento a regra de que a quantidades maiores sempre seatribui valor maior <strong>do</strong> que a quantidades menores. E nesse caso nem mesmo a escolhadas melhores oportunidades de emprego respectivas seria capaz de fazer-noscrer na aparência de tal regra.Como já dissemos, nossa vida econômica apresenta uma série de regularidadesou leis baseadas na intervenção de uma "escolha" - característica para qualqueratividade econômica - em um conjunto efetivo de possibilidades de escolha,sen<strong>do</strong> esse conjunto já regularmente gradua<strong>do</strong> em alguma direção. A título de exemplocito a lei da utilidade marginal e <strong>do</strong> valor da unidade de bens, que decrescem àmedida que aumenta o estoque de bens, lei esta cuja validade tem como pressulSPenso que leitores sofrivelmente atentos perceberão, mesmo sem comentário, que essa regra pode coexistir sem contradiçãocom a outra regra. baseada na experiência, de que, aumentan<strong>do</strong> a quantidade, em paridade de condições o valorda- unidade tende a ser menor.


E ~ ::e terra. --:" 3is pro­:,õ--:" de ob­:' ~2specti­, ::::2rentes:_::::os e os;;".::er mui­'=::'J. talvezE -::ode ob­~2gulares::: ..;a<strong>do</strong>s ­E-_':"'.inadas,,::.ação deê.~ Dem escc::magem:" ô:guais se~ô :orem ãSc _-':Tamente- - ::amentol~ -~. se sen­:: ::a se/ec­-alor cada~a visivell::-2m e ca­:" 2scolheri::-ô de utili­!~:: premis­:: ô2 baseia"ô::olha ­~::- existentef. ::Dm uma:::-:2nte não,~ .::ontradi­:_antidade~;:Jir comlesse caso:'-e~pre se,ô~o a es­, :3zer-nos.0. :ularida­:;~a qual­E 2scolha,E -exemplo::::-escem à::: ;Jressu­::- :~ --:-. contra­=;:-::-5 o valorEXCURSO IVposto, além da escolha <strong>do</strong> respectivo emprego mais econômico, também a existênciada lei objetiva de Gossen sobre a diminuição <strong>do</strong> prazer; se isto, que atualmenteé uma exceção no caso de algumas poucas espécies de necessidades - por exemplo,no da paixão de colecionar - ou para os primeiríssimos estágios de uma satisfaçãoainda insuficiente - por exemplo, no caso <strong>do</strong> prazer senti<strong>do</strong> por uma pessoaque sofre de sede ao sorver as primeiras gotas -, se aplicasse de mo<strong>do</strong> generaliza<strong>do</strong>e o desejo de prazer aumentasse regularmente à medida que se desfruta <strong>do</strong> prazer,ao invés de diminuir, nesse caso certamente também a avaliação de uma unidadepertencente a um estoque maior ocorreria de mo<strong>do</strong> bem diferente <strong>do</strong> que pela leida utilidade marginal decrescente. Penso, além disso, que a validade da lei <strong>do</strong>s custosse funda numa base combinada de mo<strong>do</strong> semelhante; o mesmo vale com relaçãoà lei de Gresham sobre a expulsão da moeda boa pela moeda má, com relaçãoà regra empírica <strong>do</strong> efeito da divisão <strong>do</strong> trabalho na redução <strong>do</strong>s custos, à teoriada renda fundiária <strong>do</strong>s terrenos mais férteis 16 e <strong>do</strong>s terrenos mais bem localiza<strong>do</strong>s,bem como com relação à importante lei da "produtividade decrescente <strong>do</strong> solo". Especialmenteesta última constitui uma contrapartida tão exata e por isso tão instrutivapara minha regra da maior produtividade <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produção mais longosque faço questão de ainda ilustrar expressamente sua estrutura análoga, apesar deto<strong>do</strong> o risco de prolixidade.Como é sabi<strong>do</strong>, a lei da assim chamada "produtividade decrescente <strong>do</strong> solo"significa que, empregan<strong>do</strong>-se mais capital e trabalho em determina<strong>do</strong> terreno, viade regra pode-se aumentar o resulta<strong>do</strong> a ser obti<strong>do</strong> <strong>do</strong> terreno, mas - a menosque sobrevenham nesse meio tempo novas invenções e descobertas de aperfeiçoamentodas técnicas agrícolas - o aumento <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> ocorre em uma proporçãomenor <strong>do</strong> que o aumento <strong>do</strong>s gastos; significa que, por exemplo, se 10 trabalha<strong>do</strong>resconseguem produzir 1 000 quintais de trigo em determinada área, caso se identifiqueo cultivo da terra, <strong>do</strong>bran<strong>do</strong> o número de trabalha<strong>do</strong>res para 20, só se consegueobter um aumento inferior ao <strong>do</strong>bro, por exemplo, apenas um aumento para 1 800quintais, e triplican<strong>do</strong> o número de trabalha<strong>do</strong>res, para 30, só se consegue, tambémaqui, um aumento menor, por exemplo, para 2 SOO quintais, e assim por diante.Esse "pode-se" vale exatamente no mesmo senti<strong>do</strong> bem nuança<strong>do</strong> no qual, segun<strong>do</strong>minha regra, "pode-se" via de regra conseguir uma produtividade maior prolongan<strong>do</strong>o méto<strong>do</strong> indireto de produção. Nos <strong>do</strong>is casos, o "pode-se" significa, porum la<strong>do</strong>, mais <strong>do</strong> que uma simples possibilidade casual, cuja ocorrência ou nãoocorrêncianão seria mais certa <strong>do</strong> que o resulta<strong>do</strong> de da<strong>do</strong>s no jogo - significauma possibilidade assegurada, com cuja concretização se pode contar,17 caso seproceda racionalmente. Contu<strong>do</strong>, essa "possibilidade assegurada" está, de um la<strong>do</strong>,tão longe de uma simples casualidade quanto, de outro, de um "necessariamenteter de ser"; pois essa possibilidade pode vir a ser sempre perdida por culpa própria,mediante um ato irracional ou menos racional. Assim sen<strong>do</strong>, nos <strong>do</strong>is casos essaregra peculiar se baseia na ação de uma escolha racional dentre uma série de possibilidadesobjetivas de escolha, série esta já regularmente graduada. Certamente alei da produtividade decrescente <strong>do</strong> solo não poderia aparecer se as pessoas a<strong>do</strong>­1(, Com efeito, essa pressupõe 1) que os proprietários <strong>do</strong>s terrenos escolham a utilização reconhecida no momento comoa mais adequada (cultivam seus terrenos da maneira no momento usual no país). e 2) que. utilizan<strong>do</strong> os terrenos da maneIramais adequada, os mais férteis proporcionam um produto maior <strong>do</strong> que os menos férteis. Evidentemente, o fenômenoda renda fundiária e as leis típicas de sua grandeza desaparecenam se faltasse nem que fosse um desses <strong>do</strong>is pressupostos- portanto, se o <strong>do</strong>no <strong>do</strong> terreno mais fértil utilizar sua terra de forma inadequada ou contrária ao bom senso. ou se nãofosse um fato objetivamente certo que, haven<strong>do</strong> uma utilização tecnicamente à altura, o terreno mais fértii produz mais<strong>do</strong> que o menos fértil17 Evidentemente, com aquele risco que nunca falta, mesmo nas instituições que na prática são "mais seguras~. e CUJa consideração- não preciso sequer afirmá-lo - é uma questão bem diferente73


74 TEORIA POSITIVA DO CAPITALtassem seus méto<strong>do</strong>s de produção baseadas apenas em um cego "quase", ou se propositadamenteescolhessem méto<strong>do</strong>s piores <strong>do</strong> que aquele que em cada caso é omelhor e é acessível a seu conhecimento e sua capacidade. Essa lei não pode dispensara colaboração de uma escolha racional. Mas tampouco a escolha sozinhabastaria para gerar essa regularidade peculiar. A escolha pode selecionar em cadacaso o melhor méto<strong>do</strong> que se pode a<strong>do</strong>tar, com determinada combinação de forçasprodutivas, de acor<strong>do</strong> com o esta<strong>do</strong> atingi<strong>do</strong> pela capacidade produtiva, masnão é capaz de determinar as cifras indica<strong>do</strong>ras da produtividade desse méto<strong>do</strong>;ela pode escolher os "cumes", mas não é capaz de determinar a altura deles Os"cumes" têm a altura antes da escolha e independentemente dela. E se o melhorméto<strong>do</strong> hoje acessíveL de acor<strong>do</strong> com o hodierno estágio <strong>do</strong> conhecimento, paraocupar 10. 20. 30, 40, 50 trabalha<strong>do</strong>res em determinada área de terra, leva a produzir1 000, 1 800, 2 500, 3 100, 3 600 quintais de trigo, essa graduação regulartem motivos objetivos, naturais, de ordem da técnica de produção. que têm de seraduzi<strong>do</strong>s para explicar a regularidade e que, como é sabi<strong>do</strong>, são efetivamente aduzi<strong>do</strong>spela química agrícola,. As invenções têm altera<strong>do</strong> o ponto de partida da série,e continuarão a alterá-lo. E possível que há cem anos o ponto de partida da sérietenha si<strong>do</strong> mais baixo - em lugar de 1 000, talvez somente 500 -, ao passo quedentro de mais cem anos talvez será de 2 000. Entretanto, em todas as épocas dasquais possuímos experiências e observações que nos foram transmitidas se pôdeobservar que, sem que a técnica evolua, simplesmente utilizan<strong>do</strong> os méto<strong>do</strong>s maisracionais conheci<strong>do</strong>s na época, aumentan<strong>do</strong> o dispêndio na agricultura se pode conseguirum aumento gradua<strong>do</strong> e peculiarmente decrescente da produtividade <strong>do</strong> solo,fenômeno que o fator escolha, considera<strong>do</strong> sozinho, é totalmente insuficiente paraexplicar.Não menos certo é que, de acor<strong>do</strong> com as experiências de to<strong>do</strong>s os tempos<strong>do</strong>s quais temos conhecimento, um aumento <strong>do</strong> capital disponível aos trabalha<strong>do</strong>res- isto é, como procurei ilustrar alhures, uma mescla maior de trabalho "anterior"com trabalho corrente - ou a a<strong>do</strong>ção de méto<strong>do</strong>s de produção que remuneramem média mais tarde o dispêndio de trabalho, permitem auferir vantagens no resulta<strong>do</strong>da produção; o fato de tais vantagens serem acessíveis. eis um fato pertinenteà técnica de produção; o fato de não se deixar perder as vantagens acessíveis. eisuma coisa que depende de uma escolha racional.Contu<strong>do</strong>, a analogia na estrutura <strong>do</strong>s fatos que acabamos de comparar se ampliacom mais um traço interessante, pelo fato de nos <strong>do</strong>is campos de fenômenoscompara<strong>do</strong>s se efetuar uma dupla escolha: uma "pré-escolha" preparatória e u'ma"escolha principar. A que aqui denomino "pré-escolha" seleciona. entre to<strong>do</strong>s os méto<strong>do</strong>spertencentes a um e mesmo tipo de produção, o melhor de caso para caso;ela identifica, portanto, o melhor entre os méto<strong>do</strong>s de um ano de duração, o melhorentre os de <strong>do</strong>is anos, o melhor entre os de três anos etc., ou, no campo da"produtividade decrescente <strong>do</strong> solo", o melhor, entre os méto<strong>do</strong>s de trabalho poucointensivos, com os quais se faz com que determinada área de terra seja cultivadapor apenas 10 trabalha<strong>do</strong>res, e a seguir o melhor méto<strong>do</strong> entre os mais intensivos,que na mesma área de terra emprega 20 trabalha<strong>do</strong>res, e assim por diante. Essapré-escolha, por exemplo, haveria de excluir to<strong>do</strong>s os méto<strong>do</strong>s de cultivo agrícolacom os quais, empregan<strong>do</strong>-se 10 trabalha<strong>do</strong>res, se poderia obter, na citada áreade terra, menos de 1 000 quintais de trigo e identificaria como representante dessegrau de intensidade, para ser objeto da escolha principal, apenas o melhor méto<strong>do</strong>que permite obter, com a citada combinação de forças produtivas, 1 000 quintais;analogamente, a escolha eliminaria <strong>do</strong> próximo grau de intensidade to<strong>do</strong>s os méto<strong>do</strong>sque com 20 trabalha<strong>do</strong>res permitem conseguir menos de 1 800 quintais de trirlé:':2: :.'J2õõ"'õ -:-:.2 - J~:':;ê C'" :2:-:~ :=. '"J~efe~2:-. ~ :: ::-=_ .... ~:Jta:~ =~ ~ =J: J;2:-':]2 -:;:2:;"'Õ"':::?::C:::':;:2r",:,.::?' ~:~: :2:aç2C :-: ~s2:'õ2 a5D':;::: ;;:".a. Da :-:.C:::::'2.-a o s:?- :2? ";'00 c;:'.. :a:-:::,:; 5 ano:' :,:0--::.::'5ponce: ? -?;~2:n:ca c.2 ;::-:~:':;:ltes ce :2-.5:,-?guintes :2 :-:-,=:..;e dif:c'l:c',2 -:"-= ,:;río<strong>do</strong> =:-? ::::~ :"', dep",:- -=2:-!Entre 2:'::.':::::odutl\:ca:,:;~ 'pré-eõ:::a'-.a expl'::a;~::;:nClpa,. :~:-:::las não :: ?:a:':2 maio: ::: =1


:=..: se pro­:=:: :aso é o~:= :ode dis­-~ sozinha:::- 2m cada.=:=~= de for­,:_::·,a. mas,~" ==léto<strong>do</strong>:~.= :=21es. Os~ : melhor-"- :0. para2.3. a pro­:: ~: regular':~:-:l de ser-.':::lte adu­::.= ia série.::.= da série: :::sso que~:Jcas dasú se põde~:: ::os mais-2 :ode con­.:~::2 <strong>do</strong> so­' ::2:1te para:=" tempos-=-.==alha<strong>do</strong>­~ : -::nterior":-2:--:uneram-, ::0 resul­:= : 2:tinente,::,,,\'eis, eis: .=:-::: se am­:.:::rômenos:=:-:a e u'ma:: :,5 os mé­- ::::a caso;'=:::J. o me­::=::.mpo da: ::.:-.0 pouco:: :ultivada~:-.:2nsivos,: :::-.te. Essa.. := agrícola:::::da área-::::-.te desse-- :: méto<strong>do</strong>.: : quintais;: ~ :JS méto­-::::5 de trii'I-1t~,EXCURSOIVgo. No campo <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produção de natureza capitalista de intensidadediferente a pré-escolha eliminaria, por exemplo, to<strong>do</strong>s os processos de produçãode um ano com produtividade inferior a 300 unidades <strong>do</strong> produto por 100 diastrabalho,to<strong>do</strong>s os processos de <strong>do</strong>is anos com uma produtividade inferior a 320unidades, e assim por diante.Há depois uma segunda escolha, bem diferente, cuja função é determinar qualdesses "melhores" méto<strong>do</strong>s de produção deve ser escolhi<strong>do</strong> para ser efetivamentea<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>. Enquanto a pré-escolha identifica em cada caso o melhor representantede cada tipo de produção, a escolha principal seleciona, entre os tipos de produçãoassim representa<strong>do</strong>s, o melhor tipo nas circunstâncias efetivas. Ela decide sobre ograu da intensidade de operação e sobre o grau de "capitalismo" a ser utiliza<strong>do</strong>. Nessa"escolha principal" atuam também outras considerações. diferentes das pertinentesà técnica de produção. Enquanto as considerações sobre a técnica de produçãoasseguram ao melhor representante de cada tipo uma primazia absoluta com relaçãoaos representantes menos bons <strong>do</strong> mesmo tipo, e enquanto é certo, por exemplo(excetuan<strong>do</strong>-se o caso de um erro ou de obstáculos de ordem inteiramenteindividual). que um méto<strong>do</strong> que com vinte trabalha<strong>do</strong>res produz em determinadaárea de terra 1 800 quintais de trigo, quaisquer que sejam os preços <strong>do</strong> trigo, tema preferência absoluta com relação a um outro méto<strong>do</strong> que, com as mesmas forçasprodutivas (portanto 20 trabalha<strong>do</strong>res), só consegue um produto de 1 600 quintais,permanece completamente aberta a questão se é mais vantajoso produzir 1 800quintais de trigo empregan<strong>do</strong> 20 trabalha<strong>do</strong>res (o melhor representante <strong>do</strong> segun<strong>do</strong>grau de intenSidade) ou 1 000 quintais empregan<strong>do</strong> 10 trabalha<strong>do</strong>res (o melhorrepresentante <strong>do</strong> primeiro grau de intensidade). E sabi<strong>do</strong> que não existe nenhumapreferência absoluta, <strong>do</strong> ponto de vista da técnica de produção, de um méto<strong>do</strong> deoperação mais intensivo com relação a um menos intensivo, ou vice-versa. mas sobesse aspecto, entre outros fatores o preço <strong>do</strong>s produtos exerce uma influência decisiva.Da mesma forma, o grau superior de produtividade gera, dentro <strong>do</strong> mesmograu de capitalismo, uma preferência absoluta, mas de mo<strong>do</strong> algum a gera entregraus diferentes <strong>do</strong> mesmo; 500 unidades dentro de 5 anos, sempre e qualquer queseja o grau de preocupação com o futuro, terão uma preferência certa com relaçãoa 400 unidades dentro de 5 anos, mas já é outra questão se 500 unidades dentro:ie 5 anos têm a preferência com relação a 400 unidades dentro de 4 anos, e para:esponder a essa questão há que levar em conta, além de considerações sobre a:écnica de produção, também as ponderações relacionadas com as avaliações dife­:entes de bens presentes e bens futuros, ponderações estas que Fisher resume nosseguintes termos, que não são incorretos se atendermos ao resulta<strong>do</strong> prático, masJ,ue dificilmente caraetelizam bem o nexo causal existente: escolher-se-á sempre aquele"Jerío<strong>do</strong> de produção cujo resulta<strong>do</strong> tiver o maior valor no presente e este, segun<strong>do</strong>2ie, dependerá da taxa de juroS. 18Entre essas duas "escolhas", na dedução e explicação de minha regra da maior::I:odutividade <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s indiretos de produção mais longos, somente a primeira,~ ·pré-escolha", desempenha um papel- aliás o mesmo que desempenha também:la explicação da lei da produtividade decrescente <strong>do</strong> solo. A segunda, a "escolhao:incipal", também desempenha uma função dentro de minha teoria global <strong>do</strong> juro,:-:las não para a dedução de minha premissa de ordem da técnica de produção,::a maior produtividade técnica de méto<strong>do</strong>s indiretos de produção mais longos, mas. Com efeito, creio que a verdade é o inverso: a taxa de juros, a taxa de merca<strong>do</strong> na relação de troca entre bens presen­-.;:~ e bens futuros, deriva da relação entre as avaliações <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is tipos de bens e não <strong>do</strong>mina primariamente essa relação75


76 TEORIA POSI1lVA DO CAPITALsomente na dedução de ulteriores conclusões a partír dessa premissa.Talvez devamos agora ser gratos a Fjsher pelo fato de, devi<strong>do</strong> a sua objeçãocética, ter-nos obriga<strong>do</strong> a pesquisar uma vez ex professo e em profundidade a relação- de altíssimo interesse, <strong>do</strong> ponto de vista <strong>do</strong>s princípios, e certamente nãode entendimento fácil - que a "escolha" tem com a origem de certas regras ou leisempíricas de nossa vida econômica. A exposição e a ilustração que o próprio fisherfaz desse tema certamente confunde, como terá fica<strong>do</strong> claro com o que acabamosde expor. Antes de tu<strong>do</strong>, ela suprime de to<strong>do</strong> justamente a função principal característicada "pré-escolha" - isto é, a seleção <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produção que de casopara caso são os melhores entre os vários ou muitos que pertencem ao mesmo tipo.Pelo fato de, em seu esquema <strong>do</strong>s processos de produção possíveis, ela afirmar deantemão que cada tipo é representa<strong>do</strong> por um único méto<strong>do</strong>, silencia ou suprimeexatamente os casos ,Tlais numerosos e típicos de uma "pré-escolha", que eliminaincondicionalmente certos méto<strong>do</strong>s por motivos puramente de ordem da técnicade produção; em lugar disso, desloca o campo de tal pré-escolha para um setorem que ela também pode, teoricamente, ocorrer. mas no qual, na realidade. acontecemuito mais raramente e não como tipo, mas antes como exceção, ou seja, parao campo da decisão entre vários tipos de produção diferentes.Além disso, Fisher necessariamente confunde o leitor <strong>do</strong> ponto de vista táticoe também dificulta o conhecimento <strong>do</strong> assunto - já de per si de difícil compreensão- pelo fato de, por um la<strong>do</strong>, reconhecer formalmente meu second step, despertara impressão de que a exposição dele coincide com o conteú<strong>do</strong> de minharegra, ao passo que, tanto na exposição <strong>do</strong>s fatos como em sua maneira de explicálos,na realidade está em contradição comigo.Para finalizar. creio que Fisher induz em erro também <strong>do</strong> ponto de vista material,pois os fatos não correspondem àquilo que ele supõe. Quanto a isso, pensojá ter convenci<strong>do</strong> suficientemente os leitores em outra parte. Com o que acabo dedizer, porém, penso haver-lhes facilita<strong>do</strong> a aceitação confiante das razões anteriormenteapresentadas. Refletin<strong>do</strong> sobre outros casos análogos, nos quais o princípioda seleção invoca<strong>do</strong> por Fisher também desempenha um papel, e sobretu<strong>do</strong> refletin<strong>do</strong>sobre a lei da produtividade decrescente <strong>do</strong> solo, lei que apresenta um paralelismoexato com minha regra, espero que os leitores adquiram a certeza de que aescolha sozinha não é capaz de criar todas essas leis e de que o reconhecimentode uma influência da escolha não nos isenta da necessidade de admitir a presença,nas possibilidades de escolha, de outras leis objetivas, baseadas em razões naturaisou técnicas, sen<strong>do</strong> que nossa escolha apenas atua sobre as mencionadas possibilidadesde escolha.~:=, ....::=al:: a :\fê~[J


=-\CURSO V_:: objeção:::::2 a rela­;--2 :1 te nãoC::5 ou leis~-:: ~~o Fisher; :::abamos:::::. caracte­[_c" de caso,c"smo tipo.~ ::c'rmar de:: _ 5uprime:_2 elimina:a técnica-:: -.:m setor::::e. acon_ 5eía. para.5ta tático::mpreenc5tep, des­:: ::2 minha• :2 explicá­.5ta mate­550. penso:c" acabo de;.2 5 anterior­; : ;Jrincípio·c":-.:<strong>do</strong> refle­I _ -:l paralelê'::::e que a:r :-.2cimento::. ;Jresença.Cc" 5 naturais':5 possibiliSobre a Questão, se "Produzir com mais <strong>Capital</strong> per Capita"E a Mesma Coisa que "Produzir com Méto<strong>do</strong>s de ProduçãoIndiretos mais longos"(Para a Seção I <strong>do</strong> Livro Segun<strong>do</strong> da <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong> e para ap. 29, nota 54 <strong>do</strong> Excurso I)A concludência das provas que, no tocante ao tema acima, apresentei, primei­:0 em minhas "Strittige Fragen" e agora reproduzi antes no Excurso I, à página 27c"t seqs.. tem si<strong>do</strong> posta em dúvida, no decurso <strong>do</strong>s últimos anos, por vários auto­~2S. que têm fundamenta<strong>do</strong> seu ponto de vista ora mais pormenorizadamente, ora-:lenos. Entre os pronunciamentos pertinentes destaca-se o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> Prof. Fettersobre "The Rundabout Process in the Interest Theory".l em to<strong>do</strong> caso pela manei­~3. relativamente pormenorizada como aborda a matéria, bem como pelo visível desejo<strong>do</strong> au10r de empreender uma pesquisa sólida e aprofundada sobre o pontoem litígio. E obviamente a essas propriedades características que ele deve certa au­:CJridade, conquistada rapidamente: multiplicam-se as citações de adesão, sen<strong>do</strong> que::lesmo autores tão perspicazes e cuida<strong>do</strong>sos como I. Fisher e Davenport não hesi­:3.ram em expressar sua adesão aos raciocínios críticos de Fetter, em termos breves-:las calorosos e sem reservas 2 Apesar disso - ou melhor, justamente por isso -,:2nho de pedir aos leitores que não se poupem o trabalho de uma revisão crítica:lrópria e bem precisa dessa questão controversa, a qual, melhor que qualquer ou­:ra, me parece ser típica para ilustrar tanto as exigências quanto os perigos <strong>do</strong> racio­:fnio teórico nesse campo da pesquisa.A argumentação de Fetter culmina em quatro objeções formuladas em formaJe pontos; duas delas, aliás, me parecem simplesmente não atingir o tema em dis­:ussão. Quero começar antecipan<strong>do</strong> algumas poucas observações sobre as quatroobjeções.A primeira delas é a seguinte: "Na concepção de Bohm-Bawerk o fator Naturezanão é parte integrante <strong>do</strong> capital; entretanto. se os fatores naturais, o solo fértilQuarter/y Journa/ 01 Econornics. v.XVII, novembro de 1902, p. 163 et seqs.- FISHER The Rale ol Inlerest, p. 58; DAVENPORT Value aed Distribution. Chicago, 1908, p. 207 et seqs., sobretu<strong>do</strong>= 207, nota 15. Confesso que não me teria si<strong>do</strong> muito fácil formar uma idéia de to<strong>do</strong> clara da posição de Davenport em~2jação a nosso problema partin<strong>do</strong> exclusivamente de seu texto. Por esse motIvo. na exposição que segue me abstive de- cluir também os pronunciamentos de Davenport; ater-me-eí simplesmente a Fetter, cujo ponto de vista, a julgar pela nota::::lma citada, deve representar também a posiçao de Davenport, ao menos no essencial.77


78 TEORIA POSITIVA DO CAPITALe as forças naturais não forem igualmente grandes per capita (as greatper capital,também a produtividade técnica <strong>do</strong> capital que aumentou pode ser menor <strong>do</strong> queantes. Por isso. sua (de Bohm-Bawerk) conclusão só pode ser convincente caso seacrescente a cláusula de que também o montante e a influência <strong>do</strong>s fatores naturaisdevem aumentar relativamente. Em um caso extremo imaginável, o estoque maiorde capital poderia, com sua influência técnica, ser mais <strong>do</strong> que compensa<strong>do</strong> poruma <strong>do</strong>tação com fatores naturais diminuída em relação ao número de cabeças"3Não consigo ver que nexo possa haver entre o conteú<strong>do</strong> dessa afirmação e otema caracteriza<strong>do</strong> pelo título <strong>do</strong> respectivo parágrafo ("Failure of the Argument toIdentify Increase of <strong>Capital</strong> and Roundaboutness"). Mesmo prescindin<strong>do</strong> disso, porém,o que Fetter apresenta aqui é simplesmente um fato absolutamente incontestee até evidente, aliás, de uma forma que induz em erro e ao mesmo tempo de mo<strong>do</strong>equivoca<strong>do</strong> no tom de uma objeção. Com efeito. é na realidade totalmente óbvioque, se fizermos com que um capital maior coopere com uma área menor de terraou com um terreno pior. o resulta<strong>do</strong> global da cooperação entre os <strong>do</strong>is fatores possivelmenteseja menor <strong>do</strong> que antes. e não maior Mas é igualmente claro que nãose pode simplesmente testar a produtividade de um <strong>do</strong>s fatores com base na variação<strong>do</strong> produto global de <strong>do</strong>is fatores. se os <strong>do</strong>is sofrerem alteração. Se um capitalmaior é tecnicamente mais produtivo <strong>do</strong> que um capital menor -- e este é o únicoproblema com o qual o argumento de Fetter poderia ter um nexo -, isso se comprova,evidentemente, no fato de com um capital maior se obter, em paridade decircunstâncias. mais produto <strong>do</strong> que com um capital menor - portanto, no fato denum terreno bom se conseguir mais com um capital maior <strong>do</strong> que com um menore de, num terreno mau, se conseguir mais com um capital maior <strong>do</strong> que com ummenor E que essa maneira logicamente correta de comprovação depõe a favor deminha tese e não contra ela, o próprio Fetter dificilmente porá em dúvida. Aliás,é possível que com seu postula<strong>do</strong> de que a <strong>do</strong>tação natural necessariamente deveter permaneci<strong>do</strong> "de grandeza igual", Fetter originalmente não tenha queri<strong>do</strong> expressaroutra coisa senão essa máxima totalmente correta e de to<strong>do</strong> óbvia. Acontece.porém, que desse trilho correto e lógico ele se deixou desencaminhar por uma fraseinexata, ou melhor. incorreta, na medida em que precipitada e erroneamente qualificae interpreta a diminuição <strong>do</strong> produto comum de <strong>do</strong>is fatores como sen<strong>do</strong> a diminuiçãoda produtividade de um deles. como uma diminuição da "produtividadetécnica <strong>do</strong> capital que aumentou". Essa inexatidão de expressão leva a uma alocaçãoerrônea. Erroneamente alocam-se ao capital diferenças na produtividade <strong>do</strong> fatorNatureza, que, como eu preferiria exprimir, alocam-se a determina<strong>do</strong> méto<strong>do</strong>de produção diferenças na qualidad~ de forças produtivas originárias, da produçãopor méto<strong>do</strong>s indiretos mais longos. E um grande enigma saber como Fetter, umaslinhas depois, pôde chegar a transformar o postula<strong>do</strong> posto no início, de uma <strong>do</strong>taçãonatural "de grandeza igual': no postula<strong>do</strong> de uma <strong>do</strong>tação natural "proporcionalmenteaumentada" (increasing proportionally); um postula<strong>do</strong> ou uma cláusuladesse gênero não encontra base alguma nem nos fatos nem nas afirmações precedentes<strong>do</strong> próprio Fetter, e nem sequer em seus erros; esse postula<strong>do</strong> é errôneoem to<strong>do</strong>s os senti<strong>do</strong>s.Uma segunda objeção culmina na censura de que contradigo meu próprio conceitode capital pelo fato de, por um la<strong>do</strong>, excluir a terra de meu conceito de capitale, por outro, afirmar que, não obstante, o capital é "força natural valiosa ou recurso<strong>do</strong> solo" acumula<strong>do</strong>s. 4 Essa objeção talvez tenha seu pleno interesse para o proble­" Op. cito p. 169.40p cit.. p. 170 et seq.--,­- -:. - -'­:: ::J:':- -'~


EXCURSO V79·~ .="r capital,:C:-.Jr <strong>do</strong> que=,,:-:e caso se: ~es naturais:;:::: :: ue maior,:: e~sa<strong>do</strong> porce cabeças"3~::-:-:ação e o.':'.:::;ument to.c:: -:.Jisso, po­-:e ::lconteste,:::; de mo<strong>do</strong>l.~2:lte óbvio,e - Jr de terra,s ~:: :ores pos­::',:J que não:: ::oe na varia­5e..:m capitalõs:e é o únicoSS) se com­. :::;ridade deI:: :10 fato de::-..:m menorC_2 com um>:'" 3 favor de:: .:>.da. Aliás,::::-.ente deve_e:.:::o expres­,':: .-\contece,:: :: :.lma frase~:-e:lte quali­:: sen<strong>do</strong> a di­=:: :::utividade':: ·...::na aloca­: . :ade <strong>do</strong> fa­:- :::~ méto<strong>do</strong>c:: produção: =2 ,,-er, umasc".lma <strong>do</strong>ta­~= -:Jroporcio­_:':'.a cláusula-:- ::;ôes prece­: :::: é errôneo_ ::::Sprio con­'e ::: de capitaléS:: JU recurso;:::::-:: o proble-ma da formulação mais correta <strong>do</strong> conceito de capital, mas também dificilmente apresentaalgum nexo com o tema em discussão, a saber, se produzir com capitais maioresé a mesma coisa que produzir com méto<strong>do</strong>s indiretos mais longos. Por isso, omitoaqui expô-la e discuti-Ia com maior precisão, e também para sua refutação restrinjomea fazer a seguinte observação sucinta: com razões igualmente válidas ou igualmenteinfundadas, Fetter poderia ter levanta<strong>do</strong> a objeção paralela de que por umla<strong>do</strong> excluo o trabalho <strong>do</strong> conceito de capital e por outro la<strong>do</strong> digo que o capitalé também "trabalho executa<strong>do</strong> anteriormente e acumula<strong>do</strong>'!Somente a terceira objeção atinge realmente o tema em discussão. Ela se relacionacom o fato - que não só admito candidamente, mas que até saliento bemexpressamente - de que o valor <strong>do</strong>s bens de capital não se reduz inteira e exclusivamentea salários, senão que em grande parte encerra também juros acumula<strong>do</strong>s,lucros, ganhos de monopólio e similares.s Fetter consideraria plausível concluir deum capital maior per capita para uma duração maior <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção, casosempre se pudesse reduzir o valor <strong>do</strong> capital inteira e exclusivamente ao trabalho."Se pudéssemos sempre reduzir o valor <strong>do</strong> capital a trabalho, e se duas somas decapital fossem proporcionais ao trabalho nelas investi<strong>do</strong>, nesse caso a duração <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>de produção seria. em média, o quociente da divisão <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> capital pelo valorde um ano-trabalho. Todavia, toda unidade de capital que representa as outras fontes<strong>do</strong> capital perturba e falsifica essa proporção. Se 150 <strong>do</strong>s 300 florins de capital consistiremem juros acumula<strong>do</strong>s, o capital representa um perío<strong>do</strong> de produção de apenas meioano: se 250 <strong>do</strong>s 300 florins de capital consistirem em juros acumula<strong>do</strong>s, o perío<strong>do</strong> deprodução seria de apenas 1/6 de um ano, exatamente tanto quanto se o capital fosseapenas de 50 florins, que no entanto se devem inteiramente a trabalho".Por isso, Fetter só admitiria minha conclusão de que um aumento <strong>do</strong> capitalé a mesma coisa que um prolongamento <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de produção, com a cláusula-:.Je que o aumento represente exclusivamente trabalho e não juros acumula<strong>do</strong>s ou]anh,os de monopólio".6 .E certo que o Prof. fetter não controlou os cálculos com o lápis na mão ao:Jrojetar essas objeções. E impossível que ele tenha testa<strong>do</strong> numericamente quera correção da idéia que fez <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> de minha tese, quer o alcance de suas::róprias afirmações, pois to<strong>do</strong> cálculo feito com clareza confirma minha concepçãoe refuta a dele. Além disso, porém, no ponto de partida de tu<strong>do</strong> está um entendi­:":'lento errôneo de minha <strong>do</strong>utrina.Com efeito, Fetter quer atribuir-me algo que simplesmente não afirmei e que,:Jelo contrário, eu mesmo considero errôneo, e baseia nessa minha suposta afirma­;ão conclusões que se destinam a levar meu raciocínio ad absurdum, as quais, po­:ém, na realidade contradizem tanto meu raciocínio quanto os fatos. Com efeito,::bsolutamente nada tenho a ver com a idéia, a mim atribuída por Fetter, de que3 partir da relação numérica <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> capital com o montante <strong>do</strong> salário <strong>do</strong> ano­::abalho se pode sem mais calcular como quociente a duração absoluta <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>:::2 produção. Peço ao leitor que leia, no contexto e com atenção, minhas afirma­;5es pertinentes nas páginas 27 et seqs. <strong>do</strong> Excurso 1. Dar-se-á conta de que meaostive, com o máximo cuida<strong>do</strong> - e o fiz bem deliberadamente -, de, a partir de.'er acíma, Excurso 1. p. 27, nota 50. Para comodidade <strong>do</strong> leitor, cito minhas próprias atirmaçoes - que na época es~::. am à disposição de Fetter em minhas "Strittige Fragen" - não por este último escrito. mas pelo texto da 3 ~ edição da~~.JríQ <strong>Positiva</strong>, que se encontra nas mãos <strong>do</strong> leitor, respectivamente pelo texto <strong>do</strong> Excurso I. De propósito não alterei em- :::'a o teor das respectivas passagens.:Jp cit., p. 170.


80 TEORIA POSITNA DO CAPITALminhas suposições numéricas, a título de exemplo, sobre a grandeza <strong>do</strong>s capitaise sobre a grandeza <strong>do</strong> salário, calcular quaisquer números fixos para a duração <strong>do</strong>srespectivos perío<strong>do</strong>s de produção; limito-me antes a sempre tirar conclusões apenasno tocante à proporção das durações <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s de produção e mesmo assimsem mencionar números fixos para essa proporção. Limito-me sempre a dizerque a uma das suposições comparadas corresponde cada vez um tempo de espera- ou uma duração <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produção a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s - "mais longo", e à outracorresponde um tempo de espera "mais curto"; não digo, no caso, nem qual é aduração absoluta <strong>do</strong>s respectivos tempos de espera, nem digo de quanto a duraçãode um tempo de espera ultrapassa a <strong>do</strong> outro. nas questões dadas: no máximo digoque sua duração será "muito" maior. 7Fiz tu<strong>do</strong> isso por boas razões e me admiro que Fetter não as tenha visto, a despeitode uma observação minha que tão facilmente lhe poderia ter indica<strong>do</strong> o caminhocorreto, a saber, de que não quis entrar n uma análise mais pormenorizada <strong>do</strong>s"detalhes sobre as possíveis classificações <strong>do</strong> trabalho antigo acumula<strong>do</strong>, por anos.e similares". Efetivamente, para a formação da média <strong>do</strong> tempo de espera nem to<strong>do</strong>trabalho "executa<strong>do</strong> anteriormente" tem o mesmo valor. mas anos mais antigos aumentammais esse valor <strong>do</strong> que anos mais recentes. Se trabalho presente e trabalhoexecuta<strong>do</strong> anteriormente se mesclarem em partes iguais, ou seja, um ano-trabalhopresente coopera com um ano-trabalho executa<strong>do</strong> anteriormente - ano este incorpora<strong>do</strong>em bens de capital quaisquer-o nesse caso o tempo médio de espera serámuito mais curto se o trabalho executa<strong>do</strong> anteriormente houver si<strong>do</strong> totalmente feitono ano anterior, <strong>do</strong> que se, por exemplo. ele se distribuir pelos últimos 26 anose em média já tiver si<strong>do</strong> executa<strong>do</strong>, digamos. há 13 anos. Para determinar exatamentede quanto é menor a duração média <strong>do</strong> tempo de espera <strong>do</strong> primeiro casoem comparação com o <strong>do</strong> segun<strong>do</strong>, haveria ainda que fazer suposições mais precisaspara saber em que momento <strong>do</strong> ano presente ficam prontos, em média, os produtosmaduros para o consumo, e quanto dista. em relação a esse "ficar pronto".o trabalho presente, executa<strong>do</strong> nesse ano; todavia. mesmo sem um cálculo exato.já com uma simples inspeção visual se verá que o tempo médio de espera, no segun<strong>do</strong>caso, aumentará não apenas o <strong>do</strong>bro - logo se verá por que motivo destacojustamente esta cifra -, mas o aumento será de um múltiplo muito maior queeste. 8E qual será o montante <strong>do</strong> capital que corresponderia às duas hipóteses') No- - - =':'~-- -:-1. -::.. _:______ -27 ""( .. ) e a isso corresponde, evidentemente, um tempo médio de espera muito mais longo <strong>do</strong> que no primeiro caso" (p31); " (... ) isso denota, de maneira inequívoca, uma duração média menor <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produção a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s, <strong>do</strong> quese etc." Ip. 31)S Será um múitip]o entre sete vezes e treze vezes. Se supusermos que os bens de consumo produzi<strong>do</strong>s no ano correnteficam prontos cada vez imediatamente após o emprego <strong>do</strong> trabalho presente neles despendi<strong>do</strong>, e uniformemente duranteo ano ínteiro, e portanto, em média fjcam prontos no meio <strong>do</strong> ano, teremos, como tempo médio de espera para o processo- • .=de produção em sua totalidade, no primeiro caso, ~ ou seja. meio ano (tempo médio de espera no caso <strong>do</strong> anode trabalho executa<strong>do</strong> no ano anterior, 1 ano; no ano corrente, O; médIa global <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is anos de trabalho 1/2), e nosegun<strong>do</strong> caso. f. ou seja, 6 1/2 anos. portanto 13 vezes mais <strong>do</strong> que no primeiro caso. Ao contrário, se supusermos.numa hipótese extrema, que to<strong>do</strong>s os bens de consumo produzi<strong>do</strong>s no ano corrente só ficam prontos no último dia <strong>do</strong>ano. e portanto também o trabalho executa<strong>do</strong> no ano corrente distar ainda em média meio ano <strong>do</strong> térmmo <strong>do</strong> produto,~teremos como conseqüência. para o primeiro caso, a fórmula ] ]/2 2 + ]/2 =1 ano. e para o segun<strong>do</strong>, a fórmula131/2 2+ 1 1/2 ~ 7 anos (Quanto ã relação entre "tempo médio de espera" e "perío<strong>do</strong> de produção", ver minha observaçãoà p. 115 da <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong> <strong>do</strong> <strong>Capital</strong>. v.I~:::-_~,:::---~r---:2: "


EXCURSO V81:: :::" capitais_~~ção <strong>do</strong>sr_" ::,es ape­-""mo as­'-::~2 a dizer::: ::2 espera:" " à outra:- Jual é ac ~ 3uração: ~


82 TEORIA POSITIVA DO CAPITALjuros de 250 florins e, portanto, o dispêndio original com salários tiver sextuplica<strong>do</strong>em razão <strong>do</strong>s juros acumula<strong>do</strong>s, atingin<strong>do</strong> 300 florins, esse dispêndio com saláriosem to<strong>do</strong> caso deve ter ocorri<strong>do</strong> muitíssimo antes - em média já no mínimo trintaanos atrás, se, por exemplo, a taxa de juros fosse de 5%. 10 Por conseguinte, o capitalde 300 florins. <strong>do</strong> qual 250 se devem a juros acumula<strong>do</strong>s, representa 1/6de ano-trabalho que tem em média a "idade" de 30 anos. Ora, da cooperação de1/6 de ano-trabalho de 30 anos de "idade" com o ano-trabalho presente <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>rmuni<strong>do</strong> com esse capital, de mo<strong>do</strong> algum resulta, como calcula Fetter, omesmo tempo médio de espera de aproximadamente 1/6 de ano, como aconteceno caso de um capital de apenas 50 florins, mas um tempo médio de espera muitasvezes mais longo - e também consideravelmente maior (e não, como pensa Fetter,um perío<strong>do</strong> seis vezes mais curto) <strong>do</strong> que no caso de um capital de 300 florins quecontivesse apenas salários e nada de juros acumula<strong>do</strong>s. llConseqüentemente, o exemplo, se bem calcula<strong>do</strong>, não somente confirma queum aumento de capital devi<strong>do</strong> ao acúmulo de juros também denota a ocorrênciade um prolongamento <strong>do</strong> tempo de espera, mas até revela uma influência particularmentepotenciada desse tipo, Podemos ilustrar da seguinte maneira mais geralas razões muito claras nas quais se baseia essa influência: se o componente de jurosde um capital aumenta<strong>do</strong> crescer numa proporção maior <strong>do</strong> que a quantidade detrabalho incorporada no capital, isso é um sintoma de que não só o trabalho executa<strong>do</strong>anteriormente se mistura com o trabalho presente numa proporção maior (osintoma de um prolongamento <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção admiti<strong>do</strong> por Fetter), mastambém que é, em média, mais antigo o trabalho executa<strong>do</strong> anteriormente e queentra na mistura, e portanto pesa ainda mais no aumento da média de espera. Porconseguinte, a presença de componentes de juros no capital aumenta<strong>do</strong>, longe dediminuir a força de meu argumento - a saber, de que um capital aumenta<strong>do</strong> denotaum perío<strong>do</strong> de produção que foi prolonga<strong>do</strong> -, pelo contrário reforça aindamais a validade <strong>do</strong> argumento.Ao expor meu argumento, na oportunidade eu havia deixa<strong>do</strong> de fazer valer tambémesse efeito reforça<strong>do</strong>r <strong>do</strong> componente <strong>do</strong>s juros, pois se o fizesse teria si<strong>do</strong> obriga<strong>do</strong>- como o demonstra esta exposição - a introduzir em minha ilustração outrassuposições numéricas complexas e cálculos relativos à idade <strong>do</strong> trabalho executa<strong>do</strong>anteriormente, e isso em detrimento da brevidade e da clareza de uma argumentaçãoque, em minha convicção, já era suficientemente clara, mesmo sem o menciona<strong>do</strong>reforço. Por isso, referi-me a essa complexidade reforça<strong>do</strong>ra apenas em umanota, observan<strong>do</strong> que "podemos desprezar essas nuanças sutis, em detrimento parao tema que nos cabe ilustrar": 12 no próprio texto, contentei-me em pressupor queas quantidades de trabalho contidas nos capitais aumenta<strong>do</strong>s crescem em medida=-;: :_.=.:- '::. - - - 3li--- --­._- ---.- - --.>: - :-'110 De acor<strong>do</strong> com as tabelas de juros, estes duplicam a cada 13 anos!11 Com efeito, o cálculo dá, para a cooperação de 1/6 de ano de trabalho, executa<strong>do</strong> há trinta anos atrás, como um anode trabalho presente: íl/6 x 30 + 1 x O) : 7/6 = 5: 7/6 ~ 30: 7 = 4 217 anos. O cálculo análogo para uma cooperaçãode 1/6 de ano de trabalho, realiza<strong>do</strong> no ano anterior, com um ano de trabalho realiza<strong>do</strong> no ano corrente teria da<strong>do</strong> comoresulta<strong>do</strong> (1/6x 1 + 1x O) : 7/6 = 1/6 . 7/6 ~ 1/7. portanto exatamente 30 vezes menosl Finalmente, para a cooperaç50de um ano de trabalho realiza<strong>do</strong> inteiramente no ano anterior. com um ano de trabalho executa<strong>do</strong> no ano corrente,teríamos (1 X 1 + 1 xO): 2 ~ 1: 2 = 1/2. E <strong>do</strong> confronto entre as três cifras resulta o seguinte: a um aumento de capital:de 50 para 300 florins, aumento este devi<strong>do</strong> exclusivamente ao aumento <strong>do</strong> trabalho incorpora<strong>do</strong>, corresponde, nas supo-­sições <strong>do</strong> exemplo, um prolongamento <strong>do</strong> tempo de espera, de 1/7 para 1/2 ano. Ao contrário, a um aumento igual <strong>do</strong>capital, de 50 para 300 florins, mas devi<strong>do</strong> a juros acumula<strong>do</strong>s, corre~ponde, nas mesmas suposições, um prolongamentoainda muito maior <strong>do</strong> tempo médio de espera, de 1/7 para 4 2/7 anos! - Alterações nas suposições mais precisas decálculo (ver supra, nota 8 da p. 80 <strong>do</strong> presente Excurso) podem alterar as cifras concretas, mas em princfpio não o resulta<strong>do</strong>que enunciei acima, no texto.12 p. 28, noto 53 <strong>do</strong> Excurso I- '-",--~- ::-:5~,,'.....a


:;llica<strong>do</strong>: salários-:-. o trinta1:2. o caó2:1ta1/6~ção de':::> traba­::etter, oeconteceTa muitassa Fetter,cr:ns que.ema queC::mênciaê particu­"leiS geralde juros;::ciade de-..J execu­:-:1aior(o~er), mas,:e e queera. Por'>::mge de.:a<strong>do</strong> de­,;a ainda'.der tams'<strong>do</strong>obri­.ão outrasxecuta<strong>do</strong>'Sumentacnencioemumaento para'..;por que:-: medidaEXCURSO Vexatamente proporcionaJ13 e que, portanto, permanece igual a proporção em quesalários e juros entram na mistura - e fiz isso em termos cuida<strong>do</strong>sa e corretamenteescolhi<strong>do</strong>s, que em toda parte deixam margem também à referida complexidadereforça<strong>do</strong>ra. 14 Agora, porém, gostaria de constatar expressamente que teria ti<strong>do</strong>motivo justo para pressupor a presença de uma cota ascendente <strong>do</strong> componentejuros em um montante aumenta<strong>do</strong> <strong>do</strong> capital da nação. Pois é manifesto que háa máxima probabilidade, e até certo ponto até uma necessidade matemática de queacúmulos de trabalho executa<strong>do</strong>s anteriormente contenham trabalho tanto mais antigoquanto maior for o acúmulo. Para ilustrar isso de maneira realista: se o acúmuloenglobar apenas um ano de trabalho nacional executa<strong>do</strong> anteriormente, no casoextremo se poderia imaginar que esse ano de trabalho consistisse exclusivamentede trabalho feito no ano anterior. Se, porém, o acúmulo englobar três anos de trabalhonacional, manten<strong>do</strong>-se a mesma suposição extrema. o acúmulo teria de conter,além de trabalho <strong>do</strong> ano anterior, no mínimo também trabalho <strong>do</strong> penúltimoe <strong>do</strong> antepenúltimo ano, e portanto trabalho que, em média, é mais antigo <strong>do</strong> queno primeiro caso. 15 Naturalmente, a isso corresponderá um acréscimo especial devalor de capital em virtude de juros acumula<strong>do</strong>s, e com a mesma naturalidade tambémum prolongamento maior <strong>do</strong> tempo médio de espera <strong>do</strong> que se o aumentode trabalho executa<strong>do</strong> anteriormente tivesse conti<strong>do</strong> apenas trabalho da mesma idade.Ora, a argumentação de Fetter desconhece totalmente e por princípio esse papel<strong>do</strong> elemento juros.Fetter ignorou também - em pontos decisivos, se bem que não de mo<strong>do</strong> tãobásico - o papel que em nossa questão desempenham os ganhos de monopóliopossivelmente conti<strong>do</strong>s no capital. Com efeito, um aumento <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> capital quese devesse exclusivamente a ganhos de monopólio auferi<strong>do</strong>s, na realidade não denotariaum prolongamento <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de produção a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>, e sob esse aspectoa objeção de Fetter não erra aqui tão basicamente quanto errou no tocante ao componentejuros. Erra, porém, em outros pontos essenciais.Antes de tu<strong>do</strong>, Fetter dá à sua objeção uma formulação incorreta, que vai muitoalém de seu justo alcance. Estabelece a fórmula de que "um aumento <strong>do</strong> capitalsó significa um prolongamento <strong>do</strong> processo de produção (is identical with a moreroundabout process) se o aumento representar apenas trabalho e não (juros acumula<strong>do</strong>sou) ganhos de monopólio". E uma formulação falsa. Para ser correta, afórmula final deve ser justamente invertida: o "apenas" deve referir-se aos ganhosde monopólio e o "não" deve referir-se ao trabalho. A form ulação correta terá deser esta: "Um aumento <strong>do</strong> capital só não significará um prolongamento <strong>do</strong> processode produção quan<strong>do</strong> o aumento representar apenas ganhos de monopólio e nãotrabalho". Na hipótese de o capital, num momento anterior, representar quatro anos­83'::-:-.J um ano...:. :Joperação2. :3<strong>do</strong> como~ :: coopera­.=. - : corrente,-' :e capital,:':-:: .1as supo­'-.:0 igual <strong>do</strong>r:.: :Jgamento2.~ ;:: :-ecisas de,õ: : resulta<strong>do</strong>i:3 Atente-se para as palavras "na mesma relação" e "manten<strong>do</strong> o número proporcional acima suposto", à p. 27, e a seguira. referência a "números proporcionais a título de exemplo", à p. 27, nota 50.A Observe-se a expressão "no caso extremo" à p. 27 et seq., em conexão com as notas, as quais expõem que e por que:lão é possível atingir esse máximo.:5 Um item concreto e individual de capital certamente bem pode representar até mais <strong>do</strong> que um ano-trabalho executa­~o no ano anterior, isto é, os anos inteiros de trabalho realiza<strong>do</strong> no ano anterior por mais de um trabalha<strong>do</strong>r. Todavia,:lOSSO argumento só tem a ver com o capital nacional total, respectivamente com os "anos-trabalho nacional"'. Não precisosequer observar que a suposição, extremamente drástica <strong>do</strong> texto, de que um ano-trabalho nacional acumula<strong>do</strong> no capital:ia nação consista exclusivamente em trabalho executa<strong>do</strong> no ano anterior é possível <strong>do</strong> ponto de vista matemático, masJ.ificilmente o é <strong>do</strong> ponto de vista econômico, pois para a continuação sucessiva da produção e para a manutenção <strong>do</strong>2stoque de capital existente é necessária uma mistura harmônica <strong>do</strong>s diversos anos de trabalho. Uma reflexão precisa sobre25se elemento facilmente levará o leitor a convencer-se da procedência <strong>do</strong> argumento de que acúmulos maiores de traba­~:,o em média devem ser também acúmulos de trabalho mais antigo, mesmo para o caso normal da composição <strong>do</strong> capital~ue é usual na prática. Aliás, leitores que desejarem refletir mais sobre esse tema farão bem em ter sempre presentes tam­"')ém as exposições sobre as condições típicas de composição <strong>do</strong> capital, que se encontram na seção sobre "a teoria da'ormação <strong>do</strong> capital".


84 TEORIA POSITIVA DO CAPITALtrabalho e, conseqüentemente, um montante de capital de 1 200 florins, e posteriormenteaumentar para 2 100 florins, sen<strong>do</strong> que desse montante se deva reduzir1 800 florins a seis anos-trabalho executa<strong>do</strong>s anteriormente e incorpora<strong>do</strong>s no capital,e 300 florins se devam a ganhos de monopólio (quanto aos juros, cujo papeljá esclarecemos anteriormente, deixemo-los aqui totalmente de la<strong>do</strong>), é claro que- e isso não poderá ser contesta<strong>do</strong> nem mesmo com base na própria argumentaçãode Fetter - essa situação denota um prolongamento <strong>do</strong> tempo médio de espera,se bem que o aumento <strong>do</strong> capital não represente apenas "trabalho". Emcontrapartida, se o capital de 1 200 aume:1tasse para 1 SOO florins, mas de mo<strong>do</strong>que, como antes, o capital aumenta<strong>do</strong> incorpore apenas quatro anos-trabalho, e oaumento para 1 500 florins se deva apenas a um maior ganho de monopólio, nessecaso não haveria a registrar nenhum prolongamento <strong>do</strong> tempo médio de esperaem relação à força produtiva elementar trabalho, mas somente porque aqui to<strong>do</strong>o aumento se deve exclusivamente a ganho de monopólio e absolutamente nenhumaparcela <strong>do</strong> mesmo se deve a trabalho executa<strong>do</strong> anteriormente. Creio que issoestá claro.Mas há que atender ainda ao seguinte. Inverten<strong>do</strong>-se a fórmula - com a qualconcor<strong>do</strong> inteiramente, após essa inversão - é evidente que se reduz substancialmenteo fato no qual Fetter pensa poder fundamentar seu contra-argumento. Queo estoque de capital de uma economia nacional - e note-se que em toda a nossadiscussão está em pauta somente esse "capital social", como gostaria de sublinharexpressamente e foi muito bem observa<strong>do</strong> também pelo próprio Fetter 1ó - aumenteapenas em virtude de ganhos de monopólio, eis um pressuposto já à primeiravista muito mais restrito e muito mais excepcional <strong>do</strong> que o outro pressuposto, asaber, que o capital da economia nacional aumente também em virtude de ganhosde monopólio, além de outros aumentos. E provavelmente a maioria <strong>do</strong>s colegasde especialidade estaria disposta a reconhecer comigo, apenas com base nessa ponderaçãoe sem outra investigação ulterior, que minha argumentação vale no mínimopara to<strong>do</strong>s os aumentos normais de capital até agora observa<strong>do</strong>s na realidade.Pois se hoje o "estoque de capital per capita" é maior na economia nacional austrÍaca<strong>do</strong> que na russa, é melhor na alemã <strong>do</strong> que na austríaca e na inglesa é maior<strong>do</strong> que na alemã, ninguém pretenderá arriscar-se a afirmar efetivamente que emalgum desses casos a diferença de grandezas se deva apenas a maiores ganhos demonopólio incorpora<strong>do</strong>s ao capitaL da mesma forma que o aumento histórico paulatino<strong>do</strong> estoque de capital dentro de cada uma dessas economias nacionais jamaisfoi um aumento devi<strong>do</strong> exclusivamente a ganhos de monopólio. Poderia, portanto,conforme disse, conseguir com muita facilidade o reconhecimento de que minhaargumentação é correta para os casos normais, sen<strong>do</strong> que o contra-argumento deFetter só a invalidaria em casos excepcionais e que fogem à normalidade.Todavia, não preciso nem mesmo dar-me por satisfeito com esse reêo(lhecimento.Se levarmos até o fim nossa reflexão sobre o tema, veremos antes qué"G contraargumentode Fetter não pode invalidar min ha argumentação nem sequer em casosexcepcionais que fogem da normalidade. Isso por <strong>do</strong>is motivos. Primeiramente,há fortes razões para afirmar que a situação de um aumento <strong>do</strong> valor de troca deto<strong>do</strong> um estoque de capital de uma economia nacional, exclusivamente em razãode aumentos de valor devi<strong>do</strong>s a ganhos de monopólio, não somente não pode ocorrercomo exceção rara, mas em princípio simplesmente não pode acontecer, pois, dentrode tal totalidade, aumentos <strong>do</strong> valor de troca de uma parte sempre têm que le-. - - - - - -­- ---- --.: ~ = : =-o':-:---:. - - -­---- - - - ---- - ---- - - -.. ­ ~.--:::..""; --~- '. '":. - .:: ­:-'.:::= -­- - - --- .- - - -- ..Ib·Por exemplo, op. cit., p. 166.- -~ - -;~


IEXCURSO v85:: =SIer~=Jzir-_: ca­::3Del- :ue~.·2:: Ia­-:o s;>eem~_'Jc.cr~ = 2 C- 255-22 :::;2~a-i-r' r:~--.:-:0 :SSO:: :''';c_e- c:c:­Que-_ :Jssac---.:~_~ar:":-:1ené:-:1e:rac ~~,),G:::::-.hos: ~


86 TEORIA POSITIVA DO CAPITALde mo<strong>do</strong> algum podem apresentar comportamento diverso daquele que realmenteapresentam. Quero procurar esclarecer isso na devida ordem.Antes de tu<strong>do</strong>, Fetter entende erroneamente o papel das cifras de dinheiro queaduzo em meu exemplo, a título de ilustração. Estas de mo<strong>do</strong> algum constituemo sinal de que passo para um "senti<strong>do</strong>" (sense) ou conceito diferente de capital emuito menos para o "conceito de valor <strong>do</strong> capital". o qual sempre contesto da maneiramais enérgica. 1') Ao contrário. quan<strong>do</strong> falo de um "capital maior", em to<strong>do</strong> odecurso de minha argumentação sempre e uniformemente só tenho em mira umaquantidade maior ou melhor de bens de capital. Quan<strong>do</strong>, porém - como o exigiao objetivo que perseguia -, quis exprimir e ilustrar graus diferentes apresenta<strong>do</strong>spor essas grandezas. para isso precisei de algum recurso de expressão que envolvagrandeza, aliás um que permitisse exprimir. de maneira uniforme e numericamente.tanto a idéia de um "mais" quanto a de um "melhor"; para esse fim dispunha dassomas de valor. representadas por quantidades reais de bens, de grandezas diferentes,as quais não somente constituem um recurso de expressão de per si plenamenteadequa<strong>do</strong>. que to<strong>do</strong>s utilizam para o mesmo fim e portanto são um recurso deexpressão perfeitamente compreensível a to<strong>do</strong>s. mas constituem até o' único recursod§ expressão abrangente e possível.E estranho que me veja obriga<strong>do</strong> a dizer isso contra o Prof. Fetter. que, comopartidário <strong>do</strong> "conceito de valor <strong>do</strong> capital". deve estar ainda muito mais convenci<strong>do</strong>disso <strong>do</strong> que eu mesmo. Inegavelmente, o capital da nação é uma soma <strong>do</strong>s maisheterogêneos bens de capital concretos. Ora. para somar precisa-se de um denomina<strong>do</strong>rcomum. Sabe Fetter, no mínimo tão bem quanto eu. que esse denomina<strong>do</strong>rcomum não pode ser o número de unidades - pois nesse caso uma máquina avapor contaria exatamente tanto quanto uma lima ou uma furadeira manual -, nempode ser o comprimento ou a largura ou a medida cúbica <strong>do</strong>s bens de capital, ouseu peso ou qualquer outra unidade física de medição; o único denomina<strong>do</strong>r comumque se pode utilizar sem cair no absur<strong>do</strong>. o único <strong>do</strong> qual se pode predicartanto um "mais" como um "melhor" é o valor. Eis porque mesmo autores que realmentetêm em mira um conceito de capital diferente. um autêntico "conceito de valor<strong>do</strong> capital", como, por exemplo, Clark, não conseguiram ilustrar uma <strong>do</strong>taçãocom mais ou melhores bens de capital de outra forma senão supon<strong>do</strong> um capitalde mais "dólares per capita";20 e se eu convidasse o próprio Praf. Fetter a proporuma outra expressão 'que permita ilustrar, numa cifra abrangente, grandezas reaise diferentes de capital per capita. provavelmente nem ele teria outra saída. 21 Entretanto,creio ter deixa<strong>do</strong> suficientemente claro, em minhas exposições sobre o conceito, ,- -~tLl Ver <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong> <strong>do</strong> <strong>Capital</strong>. v.l. Livro Primeiro. Seção [[I, p. 80 et seqs2() CLARK Olstribution of Weolth. p. 174 et seqs.: ele efetua sua grande pesquisa de pnncípio sobre a "produtividade <strong>do</strong>capital" com base num exemplo no qual. para ele - repetin<strong>do</strong> a própria expressão de Fetter. op. Clt., p. 166 -, Q greaterua!ue expression de ....100000 dólares per capita~ sem problema stonds for a greater number ar better quailtl) of phl/slca!agents; de maneira absolutamente explícita ele explica e interpreta a diminujção da cota de dinheiro per capita, de 100 000<strong>do</strong>llars per man para half a hundred lousand <strong>do</strong>llars per man, como um pioramento efetivo da <strong>do</strong>tação com instrumentosreais da produção. o qual leva a uma diminUIção <strong>do</strong> produto. Idem em Oistríbution. p. 159 e em muitas outras passagens21 Não li sua excelente obra Principies procuran<strong>do</strong> averiguar especificamente se em alguma parte ele mesmo efetua a equiparaçâoilustrativa - que objeta faltar em minha obra - entre "mais florins ou dólares per capita" e "mais ou melhoresinstrumentos per capita": impliCitamente. ela certamente r~sulta, por exemplo, <strong>do</strong> confronto entre as p. 115 e 169. onde,por um la<strong>do</strong>, o capital é defini<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> economics wea/th expressed in terms of the general unit of ua/l1e e, poroutro, é apresenta<strong>do</strong> como efeito geral de uma poupança que aumenta o investimento de capital to rQise the efflciencyof prodl1ction. Talvez alguém pudesse pensar que eu expressaria os aumentos graduais da <strong>do</strong>tação real de capital, se bemque de uma forma um tanto mais complexa e monótona, também dizen<strong>do</strong> que cada trabalha<strong>do</strong>r, que anteriormente dispunhade apenas um exemplar de cada espécie de itens de capital. passa depois a dispor de dez, respectivamente de cemexemplares. Mas teríamos aqui uma forma absolutamente inadequada de ilustrar, Pois, como sabe muito bem o próprioFetter (Roundabout Processo p. 166). e como o expôs magistralmente em particular Clark (Oistnbution. p. 159 et seq . 17D).um aumento de capital se expressa muito mais numa melhoria qualitativa da <strong>do</strong>tação de capital <strong>do</strong> que num acúmuloquantitativo de itens iguais. o qual muitas vezes representaria para O trabalha<strong>do</strong>r mais embaraço <strong>do</strong> que vantagem.,


~EXCURSO V87ê_~-:::-..,:~~ ~ _'::-2~~ :='-:...;.r - ~-E ::.car~ :",al­:'" ':a­:~::cão::::::ta]I::: ;Jor; :",ais. :'n­.: C2'to- o =""' :io_-~-õ :::rer- . ~ cal'00:..-:::~!Os~-..:~2ns.: :: ";:=Jui­-.,; -.'Jrescede." .;: por~. ~'1cy~-::: :::'em..;. : ::,pu­:-:: :emcc: capital e particularmente às páginas 86 et seqs. de meu texto, que a medição~ :: soma de bens de capital, de acor<strong>do</strong> com o montante de seu valor, é coisa bem::'2rente de aban<strong>do</strong>nar a idéia de bens de capital e a<strong>do</strong>tar um "conceito de valor"::: capital.Em minha pena. portanto, as cifras crescentes expressas em dinheiro, de 50 flo­',5, 500 florins, 5 000 florins etc. per capita, não significavam que eu estava aban­:: Jnan<strong>do</strong>, mas apenas ilustran<strong>do</strong> - aliás, de uma forma perfeitamente adequada- a suposição real - introduzida desde o início em minha argumentação e manti­:::: cegamente em to<strong>do</strong> o seu decurso - de que "o trabalho está lastrea<strong>do</strong> em mais-"cursos capitalistas". Se alguma dúvida tivesse ainda podi<strong>do</strong> persistir sobre isso, de­.eria ter si<strong>do</strong> eliminada pelo comentário explicativo que acompanha as cifras em::nheiro, utilizadas para fins ilustrativos. pois imediatamente traduzi as cifras maiores'" ~ dinheiro em quantidades maiores de forças produtivas concretizadas, e portanto'-a mesma suposição de estoques reais e maiores de capital. para cuja ilustração:,:cabara de introduzir as cifras indica<strong>do</strong>ras de valores.Acontece que Fetter não só me acusa de a<strong>do</strong>tar o "conceito de valor" <strong>do</strong> capital.::.Je expressamente contesto, mas além disso me impinge um uso tão exagera<strong>do</strong>:::2sse conceito que não ocorreu nem sequer aos partidários reais <strong>do</strong> mesmo. Pareceacusar-me de haver estabeleci<strong>do</strong> um teorema, de validade geral e absolutamente'2m exceção, no tocante às relações <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> capital com a duração <strong>do</strong>s perío­::'JS de produção, de um la<strong>do</strong>, e com a produtividade da produção, de outro. Argulentacomo se em algum lugar eu tivesse afirma<strong>do</strong> o princípio geral de que um-:lontante maior de valor tenha que representar. em todas as circunstâncias, mesmo'~as mais excepcionais, um capital real maior, tempos de espera mais longos e pro­:::utividade maior - pois <strong>do</strong> contrário não teria podi<strong>do</strong> lançar em meu rosto, em:: Jm de objeção. o caso <strong>do</strong>s ganhos de monopólio ou <strong>do</strong>s valores raros como sen<strong>do</strong>.:m caso em que um valor maior não precisa vir acompanha<strong>do</strong> de um perío<strong>do</strong> de:Jrodução mais longo"2 e de uma produtividade maior, e não poderia ter deduzi<strong>do</strong>=Jue não tem cabimento uma conclusão que (na suposição dele!) tirei."Na verdade, nada é mais alheio à minha intenção <strong>do</strong> que pretender estabelecer~al teorema de ordem geral. Pejo contrário, era e continua sen<strong>do</strong> para mim plenamenteclaro que, <strong>do</strong> la<strong>do</strong> da evolução <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s bens de capital. pode havercausas específicas que não têm absolutamente nada a ver com a grandeza real <strong>do</strong>capital, com sua produtividade técnica e com o perío<strong>do</strong> de produção por ele representa<strong>do</strong>.Por isso, é evidente que em parte alguma enunciei, nem explícita nem im­0licitamente. o referi<strong>do</strong> teorema, que considero falso. De mo<strong>do</strong> explícito, naturalmente:lão o enunciei de mo<strong>do</strong> algum: e o que eu implicitamente tencionava dizer - etinha de tencionar dizer -, ao utilizar minhas cifras em dinheiro para fins ilustrativos,também não inclui o referi<strong>do</strong> teorema, mas o exclui: trata-se da cláusula "emparidade de circunstâncias", absolutamente óbvia em toda ilustração, da ausênciade compexidades especiais, que obstaculizam o objetivo de ilustrar.A coisa é muito simples e natura!. Por que motivo Fetter não me impingiu tambémo teorema geral de que to<strong>do</strong> capital que representa um número maior de florins,em todas as circunstâncias, portanto também no caso de alteração <strong>do</strong> valor<strong>do</strong> dinheiro, tem de representar um capital real maior, com produtividade maior eméto<strong>do</strong>s indiretos de produção mais longos? Porque era por demais evidente queeu só podia e queria ilustrar um capital real maior, com base em número maior de_l Ver acima, p. 79 et seqscJ "The conc!uslon he draws therefore is no! theoretícaily sound- Op. cit., p. 167.


88 TEORIA POSITIVA DO CAPITALflorins, na suposição tácita de o valor <strong>do</strong> dinDeiro não sofrer alteração, sob a cláusulaimplícita de "paridade de circunstâncias" E óbvio que o objetivo ilustrativo exigeessa cláusula restritiva, e por isso to<strong>do</strong> leitor que esteja disposto a penetrar na intençãoevidente <strong>do</strong> autor há de subentendê-Ia, mesmo que ela não tenha si<strong>do</strong> expressamenteenunciada. Nem Clark considerou necessário acrescentar expressamentea cláusula de que se supõe não ter havi<strong>do</strong> alteração <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> dinheiro, quantopara fins ilustrativos indica as cifras de "100 000 dólares por pessoa" e "50 000 dólarespor pessoa"; ele confiou. com razão. na evidência dessa cláusula, que resulta<strong>do</strong> contexto.Exatamente o mesmo acontece, em relação ao nosso tema, também com a ocorrênciade valores raros especiais - no caso de se poder imaginar que esse fenôme·no se torne universal, afetan<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o estoque de capital da economia nacionaLSe o valor em dinheiro cair para a metade. é manifesto que um capital de "100 florinsper capita" ilustra não um capital maior. mas apenas um capital real igual àqueleque antes estava representa<strong>do</strong> por "50 florins per capita"; e se a ocorrência deformações de preços em decorrência de monopólio ou de valores raros <strong>do</strong>braremem média o valor <strong>do</strong>s bens de capital existentes - suposta sempre a possibilidadede tal processo -, é igualmente óbvio que uma expressão de valor de "100 florinsper capita", após essa mudança, ilustra. também aqui, não um capital maior, masapenas um capital real igual àquele que. antes dessa alteração, estava representa<strong>do</strong>pela expressão de valor de "50 florins per capita". Por isso, quem, como eu ou Clark,ou quem quer que seja, quiser ilustrar capitais reais maiores por meio de somas devalores maiores, evidentemente deverá excluir de sua suposição os <strong>do</strong>is incidentesimpeditivos - juntamente com to<strong>do</strong>s os demais incidentes eventualmente imagináveis- e ter em mente, expressa ou tacitamente. a cláusula "em paridade de circunstâncias".Limitei-me a fazer isso tacitamente. pois para mim não havia nenhummotivo especial para destacar expressamente o óbvió?4 Muito menos havia essa necessidadeem relação aos valores raros: com efeito, se, como ainda espero mostrarmais adiante, é simplesmente impossível que ocorra to<strong>do</strong> o caso suposto por Fetter,certamente não precisava excluir, mediante uma cláusula expressa, sua ocorrência,já de per si impensável!Mas ainda permanece em aberto uma questão: será que eu não deveria ter estabeleci<strong>do</strong>esse teorema geral de um nexo universal da soma de valor com a produtividadee com a duração <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção - teorema que, na realidade,não estabeleci -, para poder deduzir minha ulterior argumentação em favor da identidade<strong>do</strong> "produzir com mais capital per capita" com o produzir mediante méto<strong>do</strong>sde produção indiretos mais longos? - A análise dessa questão nos revelará tambémo segun<strong>do</strong> equívoco, mais profun<strong>do</strong>, em que Fetter se encontra no tocante atoda a estrutura lógica de minha argumentação.Entre quais idéias quer minha argumentação estabelecer um nexo? Entre a notória"produtividade <strong>do</strong> capital". tão amplamente reconhecida, de um la<strong>do</strong>, e o prolongamento<strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produção indiretos, <strong>do</strong> outro. Minha argumentaçãopretende ser uma espécie de argumentum ad hominem em relação a to<strong>do</strong>s aquelesteóricos das mais diversas correntes que, em qualquer versão que seja, acreditamna "produtividade <strong>do</strong> capital", mostran<strong>do</strong>-lhes que, se quiserem ser conseqüentes.têm de admitir também a produtividade <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produção indiretos maislongos. 25- - -- --.:; - -:. - -::;- ~";:-:I::=-~:J- - --- .- - -~._~24 Para partidários efetivos <strong>do</strong> verdadeiro "conceito de valor", que vêem a essência <strong>do</strong> capital no próprio valor, teria si<strong>do</strong>antes necessário discutir expressamente casos de incongruência entre "grandeza <strong>do</strong> valor" e "grandeza <strong>do</strong> capital",125 Sob esse aspecto, também Fetter viu muito bem o caráter de minha argumentação, ao falar, à p. 164 et seq., <strong>do</strong> agree·


.:. _.::: -= -­~. -::"'.--"::-:: -~.::--- -::>_~:--:::-::-~~::.~-~-::::c __ ::.:-.­I~~ =-.;:~ __ ~::.:-- :. =cc:-~= ~-::~"~:-:-.2-- ::':~(::-1C.~: - __!I_; :lCr-::.à~U2~~'=-.:'a C2:::: ::"are,-.:;"~_L _::.:-=.aC2~Lorins:::. :;, ma;;,.2 ó'2:ltaac: ..: Clark.":~asde:~.::JentesE:-:;aginá­~::~ de cir­I" ..enhumc 2ssa ne-~: _:ostrar:- _. Fetter..: : ,rência.I=-':: ter esr." produ­,.,:'didade,,. 3a iden­:cléto<strong>do</strong>s.::rá tam­:xante a-:Te a no­20.pro­~.2ntação5 aqueles::=,editam.c~üentes,,:':os maisEXCURSO V89~.::;. teria si<strong>do</strong>:,,~Ital"1.-: ~ <strong>do</strong> agree-Para esse fim, naturalmente eu tinha de mostrar que os casos típicos nos quais,ó'2.:Jun<strong>do</strong> a opinião <strong>do</strong>mmante, ocorre o "fato notório da produtividade maior <strong>do</strong>::,::oalho <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de capital maior", isto é, os casos nos quais ocorre uma produtivi­:::de maior da produção, produtividade esta que se explica como decorrência de_::1a nova cooperação, respectivamente maior, de capital, se apresentam ao mes­-:~o tempo como casos de méto<strong>do</strong>s de produção indiretos prolonga<strong>do</strong>s. Ao contrá­- :'. não interessam à minha argumentação casos nos quais não ocorre esse fato:ó Sbvio que a prova que me cabe dar de uma coincidência entre os casos de méto­::os de produção indiretos prolonga<strong>do</strong>s e aqueles casos de produtividade aumenta­::a. os quais a opinião vigente considera como casos de produtividade maior efetivada,:aracterística <strong>do</strong> emprego de capitais maiores, não tem absolutamente nada a ver::Jm casos em que simplesmente não ocorre uma produtividade maior que devaó'er assim interpretada.Pois bem: a que la<strong>do</strong> pertence o produzir com -mais capital per capita", no sen­::<strong>do</strong> por mim intenciona<strong>do</strong> e explica<strong>do</strong>, isto é. o produzir com uma <strong>do</strong>tação de capi­:21\ que representà um montante de valor maior, pelo fato de constar de mais bens::e capital ou de bens de capital melhores? Sem dúvida, pertence ao primeiro la<strong>do</strong>:2 o caso clássico da produtividade. Segun<strong>do</strong> a opinião de to<strong>do</strong>s, ele leva a um au­:nento real da produtividade, e, no entender jambém de to<strong>do</strong>s, esse aumento deveó'2r atribuí<strong>do</strong> ao emprego de capital maior. E por isso que eu tinha de apresentar:: "to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>", também para esse caso. meu argumentum ad hominem, demons­:ran<strong>do</strong> que esse caso de aumento indiscutível de produtividade é idêntico ao casoie perío<strong>do</strong>s de produção prolonga<strong>do</strong>s.Em contrapartida, a que la<strong>do</strong> pertence o produzir com "mais capital per capita",:lO senti<strong>do</strong> de Fetter, a saber, o produzir com uma <strong>do</strong>tação de capital que representa'Jm montante maior de valor, não por constar de mais bens de capital ou bens de:::apital melhores, mas simplesmente em razão da ocorrência de valores raros especiais?Ele pertence ao segun<strong>do</strong> la<strong>do</strong>, com toda a certeza: não é um caso de produtividade.A produtividade técnica da produção nacional em nada aumenta pelo fatode as mesmas máquinas, instrumentos, matérias-primas etc., possuí<strong>do</strong>s pela nação,sofrerem um aumento de seu valor global em razão da ocorrência de valores raros- sempre supon<strong>do</strong> possível ta! ocorrência; isso, da mesma forma como a produçãonacional não se torna mais produtiva pelo fato de, em razão de uma baixa <strong>do</strong>dinheiro para a metade de seu valor, o estoque de capital, inaltera<strong>do</strong> <strong>do</strong> ponto devista material. exprimir-se agora numa soma de dinheiro duas vezes maior. Sei queconcor<strong>do</strong> inteiramente com Fetter quanto às duas coisas. Pois bem, justamente porisso tais casos de aumentos exóticos ou nominais de valor <strong>do</strong> capital nacional simplesmentenão afetam meu problema. Ninguém é de opinião que estes sejam casosde produtividade <strong>do</strong> capital, e por isso também meu argumentum ad hominem nadatem a ver com eles. Minha argumentação não apresenta lacuna nem falha lógicapelo fato de não poder interpretar também esses pseu<strong>do</strong> casos de um "maior" empregode capital como casos de méto<strong>do</strong>s de produção indiretos prolonga<strong>do</strong>s. Muitopelo contrário, ela estaria comprometida se essa interpretação conseguisse isso; eaqui se revela toda a profundidade <strong>do</strong> equívoco de que é vítima Fetter no que cancerneà verdadeira natureza da questão.Fetter como que inverte o fronte natural da prova: elementos que reforçam ecorroboram minha argumentação, ele os joga contra mim à guisa de objeções. Objetamentde minha tese with the old proposrtion that capital is produtiue. e ao caracterizar com as palavras que seguem o interesseque tenho no êxito da comprovação desse agreement: "He (isto é, Bóhm-Bawerk) wlll gam for the one (proposition)ali the authority and bellef that atlaches to the other among economic students".


90 TEORIA POSiTIVA DO CAPITALme. em tom de refutação, que à ocorrência de ganhos de monopólio no valor <strong>do</strong>capital não corresponde um prolongamento <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção - se bem queao mesmo tempo saiba perfeitamente que a ocorrência de tais ganhos de monopólio ou de valores raros não vem acompanhada de nenhum aumento de produtividadetécnica. Na verdade. seria ao contrário uma refutação ou no mínimo um sérioproblema para minha argumentação se também para esse caso se pudesse provarum prolongamento <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produção indiretos. pois então estaríamos diantede um caso de prolongamento de méto<strong>do</strong>s de produção indiretos. no qual falhariaa afirmada identidade com os casos de aumento de produtividade de capitais aumenta<strong>do</strong>s l Numa segunda ocasião. Fetter. ao inverso. deduz que minha conclusãoé falha. exatamente <strong>do</strong> fato de aumentos de valores raros não envolverem um aumentode produtividade técnica, embora ao mesmo tempo saiba perfeitamente ­e ele mesmo tenha até objeta<strong>do</strong> - que tampouco envolvem prolongamento <strong>do</strong>tempo de espera. Naturalmente, nada poderia ter si<strong>do</strong> mais fatal para mim <strong>do</strong> quepoder-se efetuar também para esse caso a prova - de que Fetter sente falta -- <strong>do</strong>aumento de produtividade técnica, pois então teríamos um caso de "aumento deprodutividade <strong>do</strong> capital aumenta<strong>do</strong>", que eu não teria consegui<strong>do</strong> explicar comoum caso de prolongamento de méto<strong>do</strong>s de produção indiretos. Na realidade. é antesmanifesto que as duas coisas que Fetter. pela ordem. me objeta. depõem a meufavor: uma argumentação que visa provar um paralelismo entre a a<strong>do</strong>ção de méto<strong>do</strong>sde produção indiretos mais longos e a ocorrência <strong>do</strong> fenômeno da produtividade<strong>do</strong> capital só pode levar vantagem se. em casos nos quais notoriamente não háaumento da produtividade, também não há prolongamento <strong>do</strong> tempo de espera.e vice-versa!Mas tu<strong>do</strong> isso foi apenas uma etapa introdutória para a objeção de Fetter; sobreela se baseia sua objeção principal. ainda mais forte. Ela culmina na objeção de um"círculo vicioso"."O argumento" - diz textualmente Fetter - "encerra um círculo vicioso ilusório. porjá inciuir nele a taxa de juros (by implying the rate of interest). Quan<strong>do</strong> se utiliza umconceito de valor varia o 'montante de capital' que corresponde a um da<strong>do</strong> produto anual,juntamente com a taxa de desconto à qual se efetua a capitalização Se a taxa de JUrosvigente for de 20%, um produto an ual avalia<strong>do</strong> em 10 envolve uma capitalização de50; no entanto, se a taxa de juros cair para 1%. o mesmo produto envolve uma capitalizaçãode 500?é Por isso. <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is componentes <strong>do</strong> princípio de que um capital maiorsignifica uma produtividade maior num méto<strong>do</strong> indireto mais longo. a primeira parteé insustentável se não for complementada por uma cláusula, a saber. sob condição deque a taxa de juros tenha permaneci<strong>do</strong> a mesma. Acontece que é justamente a mudançada taxa de juros que ele (a saber. Bohm-Bawerk) tenta explicar com uma mudançana produtividade técnica?7Vejo nessa cadeia de conclusões um exemplo clássico e altamente instrutivo desseserros dialéticos que provêm <strong>do</strong> fato de o concludente juntar palavras sem ter presentes,com a clareza. a figelidade e a totalidade necessárias, os fatos que as palavraspretendem identificar. E assim que simplesmente se juntam externamente palavras26 A cifra correta é 1 000; mas a cifra obviamente errada não tem importância para o caso27 Op. Clt.. p. 169


EXCURSO vcujos respectivos conteú<strong>do</strong>s se contradizem entre si. O exemplo é duplamente ins­~rutivo por ocorrer com teóricos tão perspicazes e cuida<strong>do</strong>sos com Fetter e I. Fisher.Incluo imediatamente Fisher. pois este não só aprova globalmente a exposição deFetter com uma citação de aprovação, mas também porque em suas próprias obras::eu reforço a essa dialética ilusória que está à base da objeção de Fetter. .A conclusão falsa está na opinião de que uma alteração da taxa de juros pode:~fluir simultaneamente e no mesmo senti<strong>do</strong> no valor de troca de to<strong>do</strong>s os tipos::2 bens e que. conseqüentemente, um estoque de bens de uma economia nacional:lteira. que permaneceu inaltera<strong>do</strong> em sua composição real. pode aumentar ou di­:-:1ínuir na soma total de seu valor de troca, de acor<strong>do</strong> com as oscilações da taxa::2 juros.Faz aproximadamente sessenta anos que J. Stuart Mil! coroou sua exposição.:30 evidente quanto brilhante, sobre o conceito <strong>do</strong> valor de troca <strong>do</strong>s bens. com..:ma das comparações mais claras que já se utilizou em nossa ciência:"É tão impossível que coisas trocadas umas pelas outras caiam todas de preço ou subamtodas quanto é imrossívei que. de <strong>do</strong>ze aposta<strong>do</strong>res de corrida. cada um deles ultrapasseos demais. ou que. de 100 árvores. cada uma sobrepuje as demais".Mil! tinha na época motivo para recordar essa verdade evidente àqueles que::netendiam deduzir um aumento <strong>do</strong> valor de troca de to<strong>do</strong>s os bens, de um au­:nento <strong>do</strong> salário, já que, segun<strong>do</strong> ele, o trabalho e o salário constituem um elemen­:J na produção de to<strong>do</strong>s os bens. Ele lhes mostrou, de maneira essencialmente correta,cão só a impossibilidade <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>, mas também o ponto no qual se introduziu"ürrateiramente o erro em sua conclusão. apontan<strong>do</strong>-lhes a reciprocidade que ­30 menos no caso de o resulta<strong>do</strong> da produção não se alterar - tem de haver entreôalários altos e lucros e juros baixos. Se não nos esquecermos de levar em conta2sse reverso <strong>do</strong> aumento <strong>do</strong>s salários, não chegaremos ao resulta<strong>do</strong> de que um au­:-:lento <strong>do</strong>s salários acarreta um aumento <strong>do</strong> valor de to<strong>do</strong>s os bens. mas antes ao:esulta<strong>do</strong>, bem diferente, de que, em se tratan<strong>do</strong> de bens em cujos custos de fabricação- falan<strong>do</strong> popularmente - entram salários e juros. nas proporções corres­')ondentes à média da economia nacional, o valor de troca deles permanece mais~u menos inaltera<strong>do</strong>. ao passo que, em se tratan<strong>do</strong> de bens em cujos custos de'abricação os salários <strong>do</strong> trabalho entram em percentual acima da média. seu valor:le troca aumenta. e em se tratan<strong>do</strong> de bens em cuja fabricação o trabalho aumen­~a<strong>do</strong> entra abaixo da média, seu valor de troca há de baixar.Ao que parece, já faz tanto tempo que sabemos isso, e o sabemos como um:ato tão pacífico que tivemos tempo para esquecê-lo novamente. Pois é materialmenteo mesmo erro, já combati<strong>do</strong> tão vitoriosamente por Mill, que ressuscita agora'1ovamente em Fisher e Fetter - apenas com a variante de que associam um aumentogeral <strong>do</strong> valor de to<strong>do</strong>s os bens não a um aumento <strong>do</strong> salário. mas a urnaoaixa da taxa de juros e com mais uma variante. a saber, que colocam em primeiroplano não a propriedade que a taxa de juros tem de influenciar o montante <strong>do</strong>scustos, mas a outra propriedade dela. de servir como regula<strong>do</strong>r da capitalização.Fisher parte da afirmação de que o preço de cada bem é igual ao valor desconta<strong>do</strong><strong>do</strong>s serviços futuros dele espera<strong>do</strong>s, e a isso associa a conclusão de que, permanecen<strong>do</strong>inaltera<strong>do</strong> o valor desses serviços, um aumento ou uma queda da taxade juros necessariamente acarreta uma queda ou um aumento <strong>do</strong> valor de to<strong>do</strong>sos bens 28 Um esclarecimento que segue um pouco mais adiante 29 permite ver que91" The Rate of Interest p 225.29 Op cit. p. 227.


J~_.92 TEORIA POSITNA DO CAPITALFisher não pensa aqui em queda e aumento iguais de to<strong>do</strong>s os bens, mas numainfluência em grau menor sobre os elos da cadeia mais próximos ao serviço finalmaduro para o consumo, e numa influência em grau maior sobre os elos mais distantes<strong>do</strong> mesmo, mas visivelmente pensa numa influência simultânea sobre to<strong>do</strong>sos elos, no mesmo senti<strong>do</strong> - o que é uma impossibilidade lógica, pensarmos emtermos de valor de troca real. Com efeito, a essência da suposta alteração da taxade juros está numa mudança da condição de troca entre serviços temporalmentedistantes e serviços temporalmente próximos: um aumento da taxa de juros significauma influência mais forte <strong>do</strong>s §erviços próximos e uma influência mais fraca <strong>do</strong>sserviços distantes, e vice-versa. E evidente, portanto, que, aumentan<strong>do</strong> a taxa dejuros, bens que incorporam prevalentemente serviços próximos hão de aumentarsua influência proporcional em relação a bens que incorporam sobretu<strong>do</strong> serviçosdistantes, e vice-versa. Por conseguinte, alteran<strong>do</strong> devidamente o que anteriormenteficou dito soare o salário, se poderá e deverá dizer mais ou menos p seguinte:se houver um aumento da taxa de juros, permanecerá inaltera<strong>do</strong> o valor de trocade bens que incorporam serviços próximos e distantes em mistura mais ou menosmédia: em contrapartida, no caso de bens em cuja utilidade estiverem fortementerepresenta<strong>do</strong>s, em medida superior à média, serviços muito distantes, seu valor detroca há de cair, e, ao contrário, no caso de bens em cuja utilidade estiverem fortementerepresenta<strong>do</strong>s, em medida inferior à média, serviços distantes, seu valor detroca real há de aumentar.Que Fisher, em sua afirmação, deve também ter pensa<strong>do</strong> no valor de troca real- ou pelo menos tinha de fazê-lo -, resulta <strong>do</strong> fato de ele elaborar sua definiçãobásica <strong>do</strong> conceito de ualue com base na condição de troca em relação a bens dequalquer espécie que seja, e não exclusivamente em relação ao dinheiro,30 e <strong>do</strong> fatode em to<strong>do</strong> caso haver deixa<strong>do</strong> de comentar expressamente que o simultâneoaumento <strong>do</strong> valor de troca de to<strong>do</strong>s os bens, respectivamente a diminuição de seuvalor de troca, pressupostos no raciocínio dele, são um aumento ou uma diminuição<strong>do</strong> valor apenas aparentes e nominais, aumento ou diminuição estes que, segun<strong>do</strong>ele, só ocorrem em relação a determinada espécie de bens, escolhida comocritério de preço, sen<strong>do</strong> que naturalmente a causa da alteração deveria estar <strong>do</strong> la<strong>do</strong>desta última esp'écie de bens e também deveria ter si<strong>do</strong> especialmente explicadapor Fisher. Por outro la<strong>do</strong>, se Fisher tivesse pessoalmente esta<strong>do</strong> atento a esse conflitológico, dificilmente teria da<strong>do</strong> sua adesão sem reservas à argumentação de Fetter,que encerra o mesmo conflito lógico em medida ainda maior.Efetivamente, também a objeção de Fetter, que acima reproduzimos textualmente,pressupõe que o estoque <strong>do</strong> capital nacional, realmente inaltera<strong>do</strong> e não aumenta<strong>do</strong>em sua produtividade técnica, só pode aumentar em seu valor capitaliza<strong>do</strong>, dez.vezes (recte, vinte vezes), em razão de uma redução da taxa de juros, de 20 para1%.31 Que em sua argumentação não se trata de itens de capital isola<strong>do</strong>s - paraos quais isso seria possível e correto -, mas <strong>do</strong> estoque inteiro da economia nacional,sabemo-lo pelo repeti<strong>do</strong> reconhecimento, por parte dele, de que em nossa dis­:-:. •.=_-=:..::::::1:~30 Natu.e of <strong>Capital</strong> and /ncome, p. 13-15. "The value 01 a certain amount 01 one kind 01 wealth is the quantity 01 someolher kind for which it would be exchanged (.. .)' lp. 13). Uma página adiante, numa tabela ilustrativa, o valor não vemexpresso em dinheiro mas em alqueires de trigo, e na p. 15 vem a observação de que a expressão lhe value 01 wealthé uma incomplete phrase enquanto não se tiver acrescenta<strong>do</strong> em que tipos de outros bens se quer medi~la, se em ouroou em algum oulTo artigo qualquer.31 Com efeito, pelo lato de Fetter me objetar que de um aumento <strong>do</strong> montante <strong>do</strong> capital só se pode concluir para umaumento de produtividade se não se alterar a taxa de juros, ele deve considerar possível que, alteran<strong>do</strong>-se a taxa de juros,o montante de valor <strong>do</strong> capital pode aumentar, sem que aumente sua produtividade real; que, portanto, em outras paJilvras,alterações na taxa de juros podem acarretar uma alteração <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> capital, mesmo que a quantidade real e aprodut,vidade <strong>do</strong> capital não se alterem...


:-.umafinal" dis­:o<strong>do</strong>s" emê taxar:1entes~3nifi­C~ <strong>do</strong>s~;,:a de:entar:-:'cosr:1en­":":1te:::-oca..e'1OS-:-:ente:::J:- de:::Jrte­::- de.ente,e. real'"::ção:-.S deo far'~~:1eoe seu.'nui­12. sec::Jmoo la­::ada:onefet­2'1ta­. dez.;:1ara;:larac.cio­dis­:'~ s::ne: ·"em_2Girh~ :uroC...=' um:: :...~os," oala·.:.::: e aEXCURSO Vcussão se trata sempre exclusivamente de toda a economia nacional 32 Não hánenhum indício que permita concluir que o referi<strong>do</strong> aumento generaliza<strong>do</strong> <strong>do</strong> valorseria apenas nominal, provoca<strong>do</strong> por uma baixa correspondente <strong>do</strong> critério de medição;aliás, com tal interpretação a objeção como tal perderia toda a sua força, Permanece,portanto, a afirmação da impossibilidade lógica de que aumentesimultaneamente de vinte vezes o valor de troca de to<strong>do</strong>s os bens que têm valorde capital, ao passo que só seria logicamente possível e acertada a proposição, bemdiferente, de que a redução da taxa de juros altera a relação de troca <strong>do</strong>s bens "capitaliza<strong>do</strong>s"dentro da massa global, de que permanece inaltera<strong>do</strong> o valor de trocade bens cuja utilidade tem deterrninada composição média - sen<strong>do</strong> eles como umeixo em torno <strong>do</strong> qual ocorre uma rotação -, de que aumentam de valor bensde determinada composição extrema e de que diminuem de valor bens que apresentama composição extrema oposta. 33Contu<strong>do</strong>, Fetter ainda radicaliza o conflito lógico com um acréscimo que estáausente em Fisher. Este último havia inseri<strong>do</strong> em seu raciocínio a cláusula: "desdeque permaneça inaltera<strong>do</strong> o valor <strong>do</strong>s serviços futuros espera<strong>do</strong>s". Pode-se deixarem suspenso a questão se e em que senti<strong>do</strong> essa pressuposição de Fisher é possí­':el, ou então se aquelas alterações de valor que resultam como conseqüência ne­:essária de uma alteração da taxa de juros não deveriam talvez elas mesmas atingir,em suas ulteriores conseqüências, também o valor <strong>do</strong>s próprios serviços futuros. Masfetter insere em seu raciocínio uma suposição ainda muito mais preocupante. Substituia cláusula fisheriana <strong>do</strong> valor inaltera<strong>do</strong> <strong>do</strong>s serviços <strong>do</strong>s respectivos bens decapital por uma cláusula <strong>do</strong> valor inaltera<strong>do</strong> de seu produto anual;34 e o critério decapitalização escolhi<strong>do</strong> - de um "produto anual", de 10 deduz-se, com uma taxade juros de 20%, um valor de capital de 50 - revela que por "produto anual" nãoé possível que se entenda um produto bruto, que poderia coincidir com o valor <strong>do</strong>sserviços anuais <strong>do</strong> respectivo estoque de capital, mas que o mesmo deve representarjá o produto líqui<strong>do</strong> <strong>do</strong> capital. Por conseguinte, Fetter supõe, de um fôlego, queum estoque de capital realmente inaltera<strong>do</strong>, com produtividade técnica inalterada,baixan<strong>do</strong> a taxa de juros de 20 para 1%, gera o mesmo produto líqui<strong>do</strong> que atéagora; e isso, note-se bem, vale, segun<strong>do</strong> ele, não somente para algum item de capitalconcreto individual qualquer - o que seria perfeitamente possível afirmar,supon<strong>do</strong>-se condições especiais que fixem de antemão o produto líqui<strong>do</strong> -, maspara to<strong>do</strong> o estoque de capital da economia nacional, já que só este está em questãoem toda a discussão. Mas que estranha "baixa da taxa de juros" é esta que, nadisputa entre capital e trabalho, deixa simplesmente tu<strong>do</strong> como estava, que ao capitalrealmente inaltera<strong>do</strong> atribui como produto líqui<strong>do</strong> exatamente o mesmo que antes?Pois a taxa de juros não é apenas um ponto de referência para a capitalização,mas tem também, e antes de tu<strong>do</strong>, uma importância real para a distribuição <strong>do</strong> pro­" Op. dt.. p. 166 e 168 na nota. Sob certo aspecto Fetter chega até a exagerar esse reconhedmento.33 Por precaução quero, de passagem, posicionar-me ante a objeção possível de que não ~,e trata <strong>do</strong> estoque de to<strong>do</strong>sos bens tou! court, mas somente <strong>do</strong> estoque de to<strong>do</strong>s os bens de capital, conceito este que para mim é no mínimo bem:nais restrito. A isso, porém, cabe responder duas coisas, Primeiramente, também os bens de capital incluem somente bensda composição de to<strong>do</strong> diversa, de sorte que também para o número mais restrito deles seria impossível a mudança uniformede valor pressuposta por Fetter. Em segun<strong>do</strong> lugar, o motivo que Fetter indica para a mudança de valor é totalmente:miversal, de maneira que, se for váli<strong>do</strong>, deveria valer pura e simplesmente para to<strong>do</strong>s os bens - o que é um,a impossibilidade<strong>do</strong> ponto de vista da lógica. Com efeito, é óbvio que o mesmo tipo de capitalização, bem como o fato de ela ser::1fluencíada pela taxa de juros, se observa não somente no caso <strong>do</strong>s "'meios de produção produzi<strong>do</strong>s", mas basicamenteTambém no das espécies de bens excluídas de meu conceito de capital, isto é, no caso da terra e <strong>do</strong>s bens de consumo- cuja utilidade é de duração mais curta ou mais longa. Em relação a Fisher, esse ponto não tem importância alguma,pois, como se sabe, ele engloba em seu conceito de capital to<strong>do</strong>s os bens sem distinção.34 "'(...) an annual product valued at ten supports a capitalisation of fifty: but if the interest faHs to 1 per cent, the sameproduct supports five hundred". Op. cit., p. 169.93


94 TEORIA POSITIVA DO CAPITALduto nacional: alterações da taxa de juros significam, exatamente como as alterações<strong>do</strong> salário, uma mudança <strong>do</strong> critério de distribuição entre capital e trabalho.Portanto, uma "baixa da taxa de juros" que deixa inalterada a parte <strong>do</strong> capitalinaltera<strong>do</strong> J5 é, na verdade, uma "alteração <strong>do</strong> critério de distribuição", que não éuma alteração <strong>do</strong> critério de distribuição, - uma palavra utilizada abusivamente,uma contradictio in adiecto, uma impossibilidade lógica -- exatamente como o aumentoparalelo e simultâneo <strong>do</strong> valor de troca de to<strong>do</strong>s os bens de capital. que nocaso teriam de sobrepujar-se reciprocamente em valor, na trocaiE com base em tais pressuposições Fetter constrói seu ponto de vista, a partir<strong>do</strong> qual a minha argumentação se lhe apresenta como um círculo vicioso: será quese precisa de uma prova mais forte para o acerto e também para a necessidade deminha advertência e de meu pedi<strong>do</strong>, sempre de novo repeti<strong>do</strong>s de decênios paracá, no senti<strong>do</strong> de que, em se tratan<strong>do</strong> <strong>do</strong>s raciocínios tão infinitamente difíceis dateoria <strong>do</strong> capital, se faça o máximo possível para que todas as idéias introduzidasnesses raciocínios tenham uma clareza plástica total, e no senti<strong>do</strong> de que se eviteuma dedução dialética partin<strong>do</strong> de palavras cujo conteú<strong>do</strong> é vago ou confuso paraa inteligência? Justamente pesquisa<strong>do</strong>res como Fisher e Fetter - disso estou convenci<strong>do</strong>- certamente têm quanto a isso o mesmo pensamento que eu, ao nível<strong>do</strong>s princípios, e por isso me per<strong>do</strong>arão a coragem de ter urgi<strong>do</strong> a validade desselegítimo princípio também em relação a eles.Posso ser bem mais breve em relação a uma tentativa de refutação deSchade 36Schade opõe a meu "pretenso axioma-'- a seguinte pergunta:"Como se há de proceder, se a meta (o número máximo de produtos de consumoda mesma espécie - de acor<strong>do</strong> com o conhecimento <strong>do</strong> momento sobre a situação)está apenas a determinada distância e no entanto se quer ocupar o máximo possívelde mensageiros (meses de trabalho. capitais)? Faz-se com que eles marchem simultaneamentee por caminhos paralelos em direção à meta 38 Aumenta-se o capital paraque este, por caminhos paralelos. ajude a conseguir um suprimento maior de bens deconsumo, isto é, aumentam-se as empresas manten<strong>do</strong> o melhor processo então existentee a correspondente duração <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>. Se, em conseqüência <strong>do</strong>s progressos da técnica,ainda se conseguir encurtar o peno<strong>do</strong>. pode-se fundar tanto mais empresas paralelas.Portanto, o número <strong>do</strong>s mensageiros. a quantidade <strong>do</strong> capital existente, não dá nenhumainformação sobre a duração <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s"39Schade empenhou-se pouquíssimo no senti<strong>do</strong> de elaborar o conteú<strong>do</strong> objetivopara as expressões que emprega. Investiga os efeitos de um aumento <strong>do</strong> capital e,note-se bem, de um aumento per capita, pois esta é a pressuposição de meu raciocínio,contesta<strong>do</strong> por ele, e também ele mesmo, algumas linhas mais adiante, incluiexpressamente no campo de aplicação de sua argumentação o caso de uma popu­_. -=....,Nem preciso observar que, aumentan<strong>do</strong> realmente o estoque de capital, seria conciliável um montante global inaltera­3,::;'<strong>do</strong> da parcela de capital com uma mudança real nas condições de distribuição ou com uma baixa real da taxa de juros;ao contrário. se o estoque de capital permanecer realmente inaltera<strong>do</strong>. naturalmente isso nâo é possíveL36 Bohm-Bawerks Zinstheorie und seine Stellung zur Produktivitaetstheorie". In: Annalen des deutschen Reíches. Ano 39,1906. p. 225-238 e 263-289. O artigo inteiro ofereceria ampla matéria para correções de to<strong>do</strong> tipo; fixo-me exclusivamenteno ponto aborda<strong>do</strong> no texto. pois ele diz respeito a um tema importante e pouco analisa<strong>do</strong> na literatura económíca, sen<strong>do</strong>que a dlscussao sobre o referi<strong>do</strong> ponto sempre pode ser útil para esclarecer o menciona<strong>do</strong> tema.37 Ver acima, Excurso L p. 27 et seqs18 '"'A meta não é pensada como um ponto individual, senão que jnclui muitos pontos de uma linha reta que corre parale­lamente à reta na qual estão localiza<strong>do</strong>s os pontos de partida". (Observação de Schade.)39 Op. cH, p. 271.


to:: - -= .~ =-=c =.:.~10-. _~,:::- .::::.t-:: ::-::"::"-:: .-:C:- ­-. ­.-:_: ~ -. ­:=:. 2.:_ ~-: -: -.1­EXCURSO V_ôção que permanece numericamente estacionária 4ü Pois bem, ele quer ver o efeito~cpico de tal aumento de capital no fato de que não são os méto<strong>do</strong>s de produção::;ue sofrem prolongamento, mas que se aumenta o número de méto<strong>do</strong>s de produçãoparalelos de duração igual.Mas que significa esse mo<strong>do</strong> de falar? Inicialmente Schade explica que por ele2ntende o aumento das "empresas" (Betríebe ou Unternehmungen) nas quais se produz,manten<strong>do</strong> o processo e a duração <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> então em uso. Nessa explicação~á ainda um vestígio de duplicidade de senti<strong>do</strong> gramatical, a qual, é bem verdade,desaparece de imediato se inquirirmos o senti<strong>do</strong>, mas que de qualquer forma possi­~ilitou a Schade fugir ao uso daquelas expressões na verdade adequadas e inequí­,,-ocas que necessariamente teriam logo revela<strong>do</strong> a autocontradição em que incorre.Com efeito. <strong>do</strong> ponto de vista puramente formal. a expressão "aumento das empre·sas" (Fermehrung der Betriebe) poderia também significar um processo pelo qual,sem qualquer alteração no âmbito global da produção nacional, simplesmente seaumentaria o número das unidades de produção. com simultânea redução de suagrandeza média. Se, por exemplo, numa economia nacional existem 10 000 000de trabalha<strong>do</strong>res produtivos. até agora distribuí<strong>do</strong>s em SOO 000 empresas independentes,entenden<strong>do</strong>-se a expressão em seu senti<strong>do</strong> puramente verbal se poderiaobter um "aumento das empresas", distribuin<strong>do</strong> os mesmos 10 000 000 de trabalha<strong>do</strong>resprodutivos pelo <strong>do</strong>bro de empresas independentes, e em conseqüênciadiminuin<strong>do</strong> a grandeza média da unidade de produção, reduzin<strong>do</strong> o número médiode 20 trabalha<strong>do</strong>res ocupa<strong>do</strong>s numa empresa para, em média, 10 trabalha<strong>do</strong>res.Tal processo seria possível, dentro das pressuposições da discussão, sem qualquercontradição, ou ao menos sem contradição básica. Mas é natural que Schade nãopode ter pensa<strong>do</strong> nisso, pois tal pressuposição seria totalmente indiferente para otema em discussão. Afinal, não se compreenderia como é possível "ocupar" plenamenteum capital que aumentou - digamos, por exemplo, que tenha duplica<strong>do</strong>per capita - fazen<strong>do</strong> trabalhar o mesmo número de trabalha<strong>do</strong>res da mesma formaque até agora, apenas distribuin<strong>do</strong>-os em um número maior de pequenos grupos- da mesma forma como certamente não se conseguirá encontrar empregopara o <strong>do</strong>bro de espingardas, dispon<strong>do</strong> <strong>do</strong> mesmo número de solda<strong>do</strong>s a equiparcom espingardas, em um número duplo de companhias, constituídas da metadede solda<strong>do</strong>s. Além disso, seria contra toda a experiência supor que o efeito típicode um aumento de capital per capita possa consistir em redução <strong>do</strong> porte das unidadesde produção, portanto em retrocesso de uma empresa grande para uma empresapequena'Porisso. Schade certamente pensou e deve ter pensa<strong>do</strong> no outro senti<strong>do</strong>, maisforte, das expressões que empregou: por "aumento das 'empresas" entendeu nãoum simples aumento das unidades de produção, mas um aumento da extensão global<strong>do</strong> processo produtivo, associa<strong>do</strong> ou não a um aumento <strong>do</strong> número de unidadesde produção. Precisan<strong>do</strong> mais: entende dizer que em todas as empresas, consideradasem conjunto, as manipulações <strong>do</strong> processo de produção em uso são feitas damaneira até agora em uso, mas em número maior <strong>do</strong> que até agora, umas ao la<strong>do</strong>das outras; isso, por sua vez, significa - para utilizar finalmente o termo correto.evita<strong>do</strong> por Schade -, empregan<strong>do</strong>, em todas as empresas, consideradas em seuconjunto, mais pessoas. mais trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> que até agora, mas da maneira atéagora em uso. Ora, isso contradiz frontalmente as suposições das quais Schade par­:u. pois ele supõe que a população não aumentou, ten<strong>do</strong> aumenta<strong>do</strong> o capital per95? 271, último parágrafo: "quer se trate de um aumento ou de um esta<strong>do</strong> estacionário da população",


96 TEORIA POSITIVA DO CAPITAL: '::P:[Q. Donde então tirar o <strong>do</strong>bro de trabalha<strong>do</strong>res para ocupar um capital que du­::;::ou. se a população não aumentou? E se a tivéssemos, que seria <strong>do</strong> aumento'::2 capital per capita? Por conseguinte, o argumento de Schade, se leva<strong>do</strong> Jogica­Tente até o fim, desemboca numa dupla impossibilidade lógica: que um aumentoco capital per capita deveria levar a ocupar mais cabeças <strong>do</strong> que as que existem,e que o mesmo aumento per capita, em virtude <strong>do</strong> aumento de cabeças - tiradaS<strong>do</strong> ar - não pode significar um aumento per capita. 41Finalmente, encontro em Landry42 o seguinte comentário à minha comparação<strong>do</strong> número de mensageiros que se encontram simultaneamente a caminho dameta:"La comparaison n'est pas immédiatement probante. parce que le cas des bâteaux 43est trop simple: les bâteaux partent pour accomplir un trajet qui est toujors le même;les mois ou les années de travail que la société dépense n'arriveront pas tous à destination- come dirait Bohm-Bawerk - dans le même temps"44-'Não sei com certeza até onde Landry tencionava chegar com sua observaçãocética de que minha comparação não é "diretamente concludente". Pretenderá duvidarda própria força probatória de meu raciocínio. ou teria apenas deseja<strong>do</strong> queo exemplo escolhi<strong>do</strong>, "excessivamente simples". fosse estrutura<strong>do</strong> de mo<strong>do</strong> que umacomplexidade ocorrente na vida econômica prática se espelhe com fidelidade totalnum exemplo igualmente complexo? Considerei supérfluo fazê-lo. Com efeito, dagrandeza <strong>do</strong> capital nacional em sua totalidade, respectivamente <strong>do</strong> número <strong>do</strong>s "mesesde trabalho nacional" acumula<strong>do</strong>s no capital nacional em sua totalidade, nadaconcluo para a duração <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de prod ução individuais de ramos de produçãoindividuais, mas apenas para a duração da média de to<strong>do</strong>s os méto<strong>do</strong>s de produçãoindividuais a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s 45 Ora, essa média é uma só, e por isso pude, em meuexemplo, contar tranqüilamente apenas com uma distância (justamente a média)da meta da produção. Naturalmente, nada seria mais fácil <strong>do</strong> que reproduzir fielmente,também no exemplo, a complexidade, enfatizada por Landry, existente nosfenômenos da vida econômica real. Nesse caso, em nosso exemplo bastaria quea cada hora fizéssemos partir não cada vez um mensageiro para uma e mesma meta,mas, por exemplo, cada vez dez mensageiros para dez metas localizadas a distânciasdiferentes; nesse caso, o número de mensageiros que estão simultaneamentea caminho de cada uma dessas dez metas espelharia a distância dessa meta individuai(que não nos interessa) e a soma de to<strong>do</strong>s os mensageiros que se encontramsimultaneamente a caminho, dividida por dez. espelharia a distância média (que nosinteressa) daquelas dez metas de produção, ou seja, a "duração média <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s'-11 Não preciso esclarecer que. mesmo no caso de uma população que aumenta, só poderia ter aplicação um aumento<strong>do</strong> capital proporcional à população. mas não o "aumento per caplte" na linha das 'déias de Schade: tampouco precisoesclarecer que. para o objetivo visa<strong>do</strong> por sua argumentação. seria insuficiente também a informação de que a falta <strong>do</strong>número de trabalha<strong>do</strong>res pode ser compensada. digamos. pelo aproveitamento de pessoas até agora desocupadas ou peloprolongamento <strong>do</strong> tempo de serviço a:é agora usual. Quanto a isso, ver também as exposições no Excurso L p. 31. nota58. Aliás. não há nenhuma base para afirmar que o próprio Schade tenha incluí<strong>do</strong> este ou outros detalhes no quadrode suas considerações'2 Untérét du <strong>Capital</strong>. p. 281, nota.43 Landrj' traduz meus Boten {mensageiros) por bâteaux (Boote = barcos!) - um equívoco de ordem língüística, aliástotalmente inofensivo para o problema em pauta.44 ~A comparação não é imediatamente concludente, porque o caso <strong>do</strong>s navios é excessivamente simples: os barcos par­1em para realizar um trajeto que é sempre o mesmo: os meses ou anos de trabalho que a sociedade aespende não chegam,o<strong>do</strong>s ao destino -- como dirio Bbhm-Bawerk - ao mesmo tempo". IN. <strong>do</strong> TI45 Ver supra. Excurso l. p. 28, "(.) Se I... ) não estiverem a caminho. ao mesmo tempo. mais <strong>do</strong> que <strong>do</strong>is meses de traba­lho. isso denota lnequiv_ocamente uma duração média menor <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produção a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s (. .. )"~ - ­:"-"=1-': ::DJ~......-:;'cr:-;--;~~~~--;.~~~-r9:;,t~~::'F õiE'-: -;


i..-= __ ­:.:- =~-",.:=-::EXCURSO V:Jrodução a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s". Aquilo que no exemplo simplifica<strong>do</strong> é representa<strong>do</strong> pelos- .::.eros proporcionais de seis e de vinte mensageiros que se encontram simulta­-e':.:nente a caminho seria então representa<strong>do</strong> pelos números, multiplica<strong>do</strong>s por dez,:~ :JO e de 200 mensageiros que se encontram simultaneamente a caminho, núme­-: ~ estes que, ao final, se reduzem também eles à mesma média.)Jo caso de Landry pretender não somente contestar essa configuração técnicacompração - que aliás considero supérflua ~, mas ter em mente uma dúvida-d: acerca <strong>do</strong> car~ter concludente <strong>do</strong> meu raciocínio, devo dizer que em to<strong>do</strong> caso-"J me deu oportunidade de conhecer a natureza de sua objeção 4b97li =_t"::: :- - :'E _ .. _E~ ~_2--= -=:- -=. ­:-_~: ~c::. ­::~:~~.::-.2~:e-- . - -':::.~ :"";2l:: ~.2-:~=.\':-c.~:-a.m_~~lOS:C ::05::. _-:-.enro::-':::C1S0'Õ.:a <strong>do</strong>c_ ;>elo~ _ nota::Jadro=::: aliás::5 par­:-.2gamc~ "aba·":''::-Penso Já ter de refutar uma polêmIca, sem dúvida direta, de Landry, em sua ohra mais antiga L'UtUlté Socia/e, Paris,:901, p. 218-224, pois ela está superada pela tomada de posição um tanto diferente em sua obra posterior, poden<strong>do</strong>-sesupor que o próprio Landry já não pretende manter suas posições de então, extremamente contestáveis. Afora os aqUIdtscuti<strong>do</strong>s, não ten-ho depara<strong>do</strong>, na literatura econômica, até agora publicada, com outros vestígios de uma reflexão crítica,ndependente datese defendida no presente Excurso. Em particular, não creio que CasseI. Das Recht ou! den volien Arbeit,sertrag. p. 104, tenha queri<strong>do</strong> polemizar contra essa tese É verdade que de per si apresenta um tom bem polêmico a tesea:lí·.expressa, de que "de mo<strong>do</strong> algum se pode dizer que se possa considerar o aumento de capitaf como uma forma de;>rolongamento <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção'". Mas Cassei fundamenta essa tese com um exemplo no qual pressupõe que apopulação e o capital aumentam "de mo<strong>do</strong> totalmente igual" de 1%, exemplo este que, portanto, não pode ter absoluta,mente nenhum-a referência à mjnha tese, que pressupõe de maneira absolutamente expressa um aumento de capital percapi-lD. De vez que'é impossível que isso tenha escapa<strong>do</strong> a Casse!' é mais plausível supor que seu pronunciamento, apesarde seu teor categórit:o, vise alguma outra afirmação ~ talvez a de que nem to<strong>do</strong> aumento de capitaL e particularmente;1ão um aumento- apenas absoluto, necessariamente significa um prolongamento <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção -, proposiçãoesta com a qual naturalmente concordaria inteiramente


:::':CURSO VIResposta às Objeções <strong>do</strong> Dr. Robert Meyer Contra a MinhaCrítica à <strong>Teoria</strong> da ExploraçãoPara a p. 96, nota 7 da <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>)Num volumoso Apêndice de sua obra Das Wesen des Einkommens (p. 270:o.té 298), o Dr. Meyer levantou uma série de objeções críticas contra certas afirma­;ões feitas por mim no decurso de minha crítica da teoria da exploração de Rodber­:-..1S. (Geschichte und Kritik der Kapitalzínstheorien, p. 391 et seqs.; 2° ed.; p. 466"t seqs., 4? ed.; p. 345 et seqs.) De per si o tema da controvérsia não é de muita:nportância, pois se trata <strong>do</strong> acerto ou não de uma apresentação numérica feita::or mim apenas a título de exemplo; todavia, o tema adquire importância científica:leio fato de a referida crítica não ser propriamente o objetivo da crítica <strong>do</strong> Dr. Me­~'er, mas servir-lhe apenas como ponto de partida para desenvolver nela algumas'déias positivas de significa<strong>do</strong> geral a nível de princípio. Assim sen<strong>do</strong>, posso permitir-me:esponder um pouco mais detalhadamente, tanto mais que o DI. Meyer muito gen­:ilmente me solicitou explicações.Devo começar reconhecen<strong>do</strong> com gratidão que o Dr. Meyer se empenhou mui­:íssimo e com o máximo de consciência por penetrar no espírito de minha pesquisae por manter-se isento de interpretações errôneas de minhas palavras, que teriamamplia<strong>do</strong> de maneira supérflua e estéril o status controversiae. Somente em um pontoele incorreu numa interpretação errônea, a despeito de to<strong>do</strong> o cuida<strong>do</strong> que teve- infelizmente esse ponto era bem decisivo, cuja interpretação errônea fez com queele entendesse mal to<strong>do</strong> o resto. Observo logo que essa interpretação errônea foimotivada por uma expressão passível de várias interpretações e que utilizei sem umaexplicação mais precisa; apesar disso, porém, devo declinar toda responsabilidadepor tal interpretação, já que expressamente e repetidas vezes (páginas 393, 394, 2~ed.; p. 468, 4~ ed.; p. 347 et seq.) eu havia remeti<strong>do</strong> à minha <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>, quesó agora segue, para explicar o assunto com mais precisão.Vamos, pois, ao assunto. Eu havia objeta<strong>do</strong> aos socialistas em geral e em particulara Rodbertus, que deram uma interpretação contestável ao princípio, em si mesmoinconstestável, de que a to<strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r cabe o vaJor pleno de seu produto. Comefeito, se é verdade que na esteira desse princípio se pode exigir ou que o trabalha<strong>do</strong>rreceba agora o valor presente pleno de seu produto, ou que receba no futuroo valor total futuro <strong>do</strong> mesmo, os cita<strong>do</strong>s autores exigem que o trabalha<strong>do</strong>r recebajá agora o valor futuro total de seu produto. E procurei, por meio de um exemplo99


100 TEORIA POSITIVA DO CAPITALnumérico, ilustrar o erro latente nessa falsa interpretação <strong>do</strong> "direito ao produto total<strong>do</strong> trabalho". Para isso utilizei o exemplo de uma máquina que é fabricada despenden<strong>do</strong>cinco anos-trabalho sucessivos e. uma vez pronta. tem um valor de merca<strong>do</strong>de 5 500 florins. Lancei então a pergunta: qual é o valor <strong>do</strong> produto parcial fabrica<strong>do</strong>no primeiro ano de trabalho, e portanto qual é o salário parcial natural para oprimeiro ano de trabalho'? Respondi a essa pergunta, primeiro em formulação negativa,afirman<strong>do</strong> que o valor desse produto não pode ser de 1 100 florins, comofacilmente se poderia pensar, pois 1 100 florins representam o quinto <strong>do</strong> valor damáquina pronta. quan<strong>do</strong> no primeiro ano de trabalho só está fabricada a quintaparte de uma máquina que só ficará pronta dentro de mais quatro anos e que émenos devi<strong>do</strong> à diferença existente entre o valor de bens presentes e· bens futuros.Como cifra positiva indica<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> produto <strong>do</strong> primeiro ano apontei o montantede 1 100 florins, pressupon<strong>do</strong> uma diferença de avaliação (vulgarmente denominada"taxa de juros". a qual Meyer, utilizan<strong>do</strong> uma expressão plenamente correta.mas menos pop:..dar, denomina "diferencial de tempo") de 5% ao ano, deixan<strong>do</strong> ajustificativa dessa colocação para uma exposição futura.Mais tarde investiguei com base em que critério cinco trabalha<strong>do</strong>res que trabalhamem conjunto e no regime de divisão <strong>do</strong> trabalho na fabricação da máquinadeveriam repartir entre si o produto de 5 500 fiorins, chegan<strong>do</strong> ao seguinte resulta<strong>do</strong>:se a distribuição ocorrer somente no fim <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> total de produção, os trabalha<strong>do</strong>resindividuais não podem receber o mesmo montante, senão que ostrabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s primeiros estágios. que têm que esperar mais tempo pela sua remuneração,têm mais a receber, ao passo que aqueles <strong>do</strong>s estágios posteriores têma receber um montante correspondente menor: supon<strong>do</strong> uma diferença de valorde 5% entre bens presentes e bens futuros (vulgarmente, uma taxa de juros de 5%),,,-. :afirmei que a distribuição deve ocorrer de acor<strong>do</strong> com o seguinte critério:"O trabalha<strong>do</strong>r que primeiro começou a trabalhar e que tem de aguardar sua remu·neração ainda quatro anos após seu primeiro ano de trabalho, recebe, no fim <strong>do</strong>qulóto ano 1 200osêgun<strong>do</strong>. que tem de aguardar três anos. . 1 150QJeiceiro. que aguarda <strong>do</strong>is anos 1 100J, quarto, que aguarda um ano ,..... . 1 050.0 último, que recebe seu salário imediatamente após o términode seu trabalho ..... ........... .. . 1 000Total .... 5500"Uma vez que - toman<strong>do</strong> por base um diferencial de tempo de 5% e desprezan<strong>do</strong>os juros <strong>do</strong>s juros - 1 200 florins daqui a quatro anos valem tanto quanto1 000 florins presentes, justifica-se não somente a avaliação provisória feita anteriormente,na qual eu havia equipara<strong>do</strong> o produto <strong>do</strong> primeiro ano de trabalho aum montante de 1 000 florins presentes, mas também minha outra afirmação ­que já não preciso desenvolver aqui - de que, no caso <strong>do</strong> exemplo, caso cadatrabalha<strong>do</strong>r receba seu salário imediatamente após a prestação de seu serviço, osalário justo e natural é o montante de 1 000 florins e não o de 1 100 florins.Até aqui minhas afirmações fluem coerentemente. Pois bem: Meyer me objeta- para irmos de imediato ao ponto principal - que a avaliação <strong>do</strong> produto parcial<strong>do</strong> primeiro ano, de 1 000 florins presentes, contradiz a meus próprios pressupostos.Segun<strong>do</strong> ele, pela minha própria suposição o trabalha<strong>do</strong>r processa 1/5 de umamáquina que estará pronta dentro de quatro anos e que valerá então'& 500 florins;todavia, o valor presente de tal máquina inteira, supon<strong>do</strong>-se um diferencial de tem­':'-' -'


~EXCURSO VJ 101;;:­.:I..-.:la de 5%, não é, segun<strong>do</strong> Meyer, de 5 000, mas apenas de 4 583,3 florins, e 1/5:lisso não é 1 000, mas apenas 916,6 florins. Segun<strong>do</strong> Meyer, essa contradição vem:lo fato de em meu exemplo eu calcular ao mesmo tempo com duas taxas de jurosdiferentes, ou seja, ao calcular as parcelas devidas aos trabalha<strong>do</strong>res, calculo real­:nente com uma taxa de juros de 5%, ao passo que ao calcular o aumento progress'vo<strong>do</strong> valor da máquina, opero com uma taxa de apenas 2,5%: pois para que:) valor inicial da máquina, de 5 000 florins, possa, dentro de quatro anos, aumen­:ar para 5 500 florins, a taxa de juros deve ser de 2,5%, de acor<strong>do</strong> com a seguinte{órmula:. 100 x 500Taxa de Juros (p) = 5 000 x 4 (' numero d e anos ) ep = 50 000 : 20 000 = 2.5A primeira impressão que se tem dessa argumentação. apresentada com clarezae segurança, é certamente a de que ela é cogente <strong>do</strong> ponto de vista lógico e:natemático. E, no entanto, to<strong>do</strong> esse aparato de com provação erra o alvo em razãode uma única palavra erroneamente interpretada: em razão <strong>do</strong> inofen?ivo termo "quintaparte", ao qual Meyer dá uma interpretação um pouco diferente <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> que o:erm9 possuía na linha da minha teoria.E que, ao medir as parcelas devidas a várias pessoas que colaboram numa obracoletiva, há que distinguir com precisão entre o ponto de vista técnico ou físico eo:) econômico. Quan<strong>do</strong> um Thorwaldsen, juntamente com um canteiro comum que:) ajuda a talhar grosseiramente o bloco de mármore, cria uma maravilhosa estátua<strong>do</strong> valor de 10 000 táleres, a contribuição física <strong>do</strong> canteiro na produção da estátuafacilmente pode ter si<strong>do</strong> tão grande ou até maior <strong>do</strong> que a <strong>do</strong> artista; <strong>do</strong> ponto devista econômico, porém, certamente se deve atribuir a este último a parcela maior. 1Toman<strong>do</strong> por base certo ponto de vista técnico aproximativo, o trabalha<strong>do</strong>r <strong>do</strong> primeiroano de nosso exemplo, pelo fato de haver contribuí<strong>do</strong> com um de cinco turnosanuais, realizou exatamente 115 da obra; é nesse senti<strong>do</strong> aproximativo queempreguei, em meu exemplo, a palavra "quinto", o que também procurei insinuar(à p. 392, 2~ ed.; p. 468, 4~ ed.; p. 346) ao falar de um "quinto <strong>do</strong> trabalho técni·co". Do ponto de vista econômico, porém, o trabalha<strong>do</strong>r <strong>do</strong> primeiro ano realiza mais<strong>do</strong> que um quinto, pois seu turno anual é o de maior valor e o mais produtivo.Assim como bens presentes têm mais valor <strong>do</strong> que bens futuros, da mesma formatrabalho presente tem mais valor <strong>do</strong> que trabalho futuro e se, por exemplo, a máquinafor fabricada no qüinqüênio de 1909 até 1913 inclusive, o turno de trabalhode 1909 vale mais <strong>do</strong> que o turno de 1910 e este, por sua vez, vale mais <strong>do</strong> queo de 1911, e assim por diante. Eis por que também na alocação econômica se atribuiaos diversos turnos uma cota de grandeza diferente <strong>do</strong> produto: aos primeirosturnos, e antes de to<strong>do</strong>s, ao primeiro, se atribui mais <strong>do</strong> que 115, e


102 TEORIA POSITIVA DO CAPITALem florins de 1913. Se fizermos o cálculo postnumeran<strong>do</strong>. de acor<strong>do</strong> com o esquemapor mim estabeleci<strong>do</strong> acima, no ano de 1913 o trabalha<strong>do</strong>r <strong>do</strong> primeiro turnoterá de receber, pelo trabalho que prestou no ano de 1909. 1 200 florins, o trabalha<strong>do</strong>rda segun<strong>do</strong> turno. 1 150, o terceiro. 1 100, o quarto, 1 050 e o quinto, 1 100.Se fizermos o cálculo anticipan<strong>do</strong> - na prática, isso ocorreria assim: no ano de 1909contratam-se os trabalha<strong>do</strong>res para o serviço a ser presta<strong>do</strong> nos anos 1909/13 ese lhes paga antecipadamente o salário correspondente ao trabalho a ser presta<strong>do</strong>somente nos anos futuros -, sem dúvida se teria de pagar, se o pagamento forfeito no fim de 1909, a soma calculada por Meyer, de 4583,3 florins, como sen<strong>do</strong>o valor total <strong>do</strong> produto a ser distribuí<strong>do</strong>, valor total este referi<strong>do</strong> ao momento atua!:todavia, a distribuição dessa soma não se faria de mo<strong>do</strong> que cada trabalha<strong>do</strong>r recebesseum quinto, portanto 916,6 florins, como pensa Meyer. senão de mo<strong>do</strong> queo primeiro trabalha<strong>do</strong>r receba 1 000 florins. o segun<strong>do</strong>, apenas 958,33, o terceiro,916,66, o quarto, 875 e o quinto, 833,33 florins 2Acontece que normalmente não se calcula nem anticipan<strong>do</strong> nem postnumeron<strong>do</strong>,mas de mo<strong>do</strong> contínuo: pagam-se os trabalha<strong>do</strong>res em prestações, imediatamenteapós a realização de cada prestação de serviço Nesse caso, de que maneirase expressa a remuneração desigual <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res? - A resposta é tão para<strong>do</strong>xalquanto simples: no pagamento <strong>do</strong> mesmo montante de salário: cada um recebeum salário anual de 1 000 florins, mas aquele que trabalhou no turno de maior valor,o de 1909, recebe 1 000 florins de 1909, o trabalha<strong>do</strong>r que prestou serviço somenteno turno de 1910, recebe apenas florins de 1910, e assim por diante.Acredito que com esse esclarecimento se resolvem todas as objeções. Se atribuíao produto parcial produzi<strong>do</strong> no primeiro ano um valor de 1 000 florins, não pretendiafirmar que o valor da máquina inteira, referi<strong>do</strong> ao momento anterior. seriade 5 000 florins - pois disso teria sem dúvida resulta<strong>do</strong> uma percentagem anualde aumento de apenas 2,5%, e não de 5% -, senão que minha intenção era afirmarque o valor antecipa<strong>do</strong> da máquina inteira é de apenas 4 583.3 florins. poréma contribuiçªo econômica <strong>do</strong> primeiro turno anual para essa soma é mais <strong>do</strong> queum quinto. E verdade que não expliquei isso expressamente e de bom gra<strong>do</strong>: reconheçoque minha expressão "quinta parte", apesar <strong>do</strong> acréscimo, uma vez feito. dapalavrinha "técnico". era de molde a induzir muito fortemente à interpretação dadapela Dr. Meyer. Todavia. penso que também o Dr. Meyer, de seu la<strong>do</strong>. há de reconhecer,com igual prontidão, que eu não podia introduzir em meu exemplo essadistinção tão sutil quanto importante. sêm ao mesmo tempo dar ao referi<strong>do</strong> exemploconfiguração que, para o esta<strong>do</strong> de minhas exposições de então. seria tremendamenteprolixa e difícil, e que fiz o máximo possível para evitar interpretações;: Essas cifras foram calculadas exatamente pela mesma fónrU]d peja qual Meyer (op. cit., p. 277) calculou o \.!alor Totalda máquma em 4 583.3 florins. Essa fórmula nào é totalmente exata. por não levar em conta os Juros <strong>do</strong>s jLros. mas foideliberadamente escolhida por Meyer porque tambérr. eu. nas exposições feitas em meu voluIT,€ I e por ele criticadas, haviadesp:-eza<strong>do</strong> os juros <strong>do</strong>s jur()~ Na. suposiç50 de um ddcr8ncial de tempo de 5%, pi'lra SP.rem plenamente corretas as respectivascifras seriam as seguintes:Valor presente de uma máqUina que dentro de quatro anos valerá 5 500 florins 4 524.85 florinsSerá u seguinte a distrlbuiçao dessa soma, se essl2 valor for distribuí<strong>do</strong> aos trabalha<strong>do</strong>res no final <strong>do</strong> primeiro ano de trabalho:para o trabalha<strong>do</strong>r <strong>do</strong> primeiro anopara o trabalha<strong>do</strong>r <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> anopara o trabalha<strong>do</strong>r <strong>do</strong> terceiro ano.para o trabalha<strong>do</strong>r <strong>do</strong> quar:o anopara o trabalha<strong>do</strong>r <strong>do</strong> quinto anoTotal995.36 florins947.96 florins90Z.8Z f10nns859.82 florins818.88 florins4 524.84 florins(Cálculo pelas tabelas <strong>do</strong>s juros compostos de Spitzer. p.120)


EXCURSO VI 103:~-: :


EXCURSO VII<strong>Teoria</strong> <strong>do</strong> Valor <strong>do</strong>s Bens Complementares (<strong>Teoria</strong> da Alocação)(Para as p. 183 et seqs. da <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>)A teoria <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s bens complementares e a teoria da alocação, nela incluída,é um elo intermediário indispensável, como que a chave lógica para qualquerteoria da distribuição. Uma vez que na rica evolução teórica <strong>do</strong>s últimos vinte anosjustamente o problema da distribuição tem ocupa<strong>do</strong> absolutamente o primeiro plano<strong>do</strong> interesse, seria de esperar que o mesmo interesse tivesse beneficia<strong>do</strong> tambéma teoria da alocação e tivesse suscita<strong>do</strong> uma elaboração particularmente intensa <strong>do</strong>sproblemas tão importantes quanto difíceis que a caracterizam. Todavia, a realidadefoi diferente.Os teóricos de nosso tempo podem ser dividi<strong>do</strong>s em quatro grupos, muito desiguaisem número, no que concerne a sua posição diante <strong>do</strong> problema da alocaç.ão.Um primeiro grupo, que conta com muitos representantes, sobretu<strong>do</strong> entre osteóricos americanos, considera o problema da alocação resolvi<strong>do</strong>, sem discutir muitosobre ele, e aplica as idéias da teoria da alocação, já com confiança inteiramentesegura, à execução da teoria da distribuição. O representante mais expressivo dessegrupo é J. B. Clark, cuja teoria da distribuição é, na verdade, uma única grande teoriada alocação aplicada. 1Um segun<strong>do</strong> grupo, também ele representa<strong>do</strong> por numerosos autores, prescindede uma discussão <strong>do</strong> problema da alocação exatamente pelo motivo oposto: estátão profundamente convenci<strong>do</strong> da insolubilidade <strong>do</strong> mesmo que se contenta emexpressar essa sua convicção em tom de evidência, sem considerar necessário indicarpormenorizadamente os motivos. 2Um terceiro grupo, constituí<strong>do</strong> por número bem menor de autores, dá-se aotrabalho de apontar, mais ou menos detalhadamente, os motivos de sua postura,também de negação cética. 31 Cf. SCHUMPETER. Wesen und Houptinholt der tneoretischen Notionoloekonomie. leipzig. 1908, p. 244.2 Por exemplo, SCHOENBERG. "Arbeilslohn" In: Handwoerterbuch der Staotswlssenschaften. 2· ed., v. I, p. 882: "(..)pois é impossível determinar que parcela cabe ao desempenho individual das diversas forças produtivas no resulta<strong>do</strong> globar.Posição similar em PIERSTORFE "Unlernehmergewinn". No mesmo Handwoerterbuch, 3~ ed., v. VIII. p. 97; e emmuitos outros autores3 Por exemplo, CASSEL. Recht ouf den vollen Arbeitsertrag Goettingen, 1900, p. 11 et seqs.; L1EFMANN. Ertrag undEinkommen. Jena, 1907, p. 31 et seqs.; STOLZMANN. Zweck in der Volkswirtschaft. Berlim, 1909, p. 741 et seqs.105


106 TEORIA POSITIVA DO CAPITALFinalmente. são extremamente poucos os que se empenharam em resolver positivamenteo problema da alocação. discutin<strong>do</strong>-o pormenorizadamente. Para to<strong>do</strong>o longo perío<strong>do</strong> decorri<strong>do</strong> entre a publicação da 1 a e da 3 a edição de minha obra11889 até 1909), só seria capaz de citar <strong>do</strong>is autores que o fizeram: Wieser. cujaanálise clássica <strong>do</strong> problema da alocação foi publicada exatamente junto com a primeiraedição da <strong>Teoria</strong> Positiua <strong>do</strong> <strong>Capital</strong>. e Schumpeter, que tratou <strong>do</strong> mesmotema. recentemente. em duas publicações que se sucederam rapidamente. INão preciso confrontar-me explicitamente com os autores que duvidam da possibilidadede solucionar o problema da alocação O que há a dizer sobre eles. disseo Wieser. de mo<strong>do</strong> tão insuperavelmente claro e convjncente que não posso fazercoisa melhor <strong>do</strong> que remeter para o que ele escreveu. E verdade que discor<strong>do</strong> dele.como ainda se verá mais adiante. em nOSSél concepção sobre o conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong> problemada alocação. quanto a uma nuança pequena mas não destituída de importância.Falan<strong>do</strong> com mais precisão. parece-me que Wieser confunde duas concepções<strong>do</strong> problema da alocação. ao passo que eu tenciono defender como minha apenasuma delas. a mais modesta. a menos ampla. :\aturalmente. as exposições mais amplasde Wieser beneficiam tanto mais e com tanto mais segurança a minha: no "mais"que Wieser tenta provar está incluí<strong>do</strong> - aliás de maneira absolutamente indubitável- o "menos" que eu afirmo.Invoco. portanto. as exposições. bem conhecidas a to<strong>do</strong> especialista. feitas porWieser às páginas 70-76 de sua obra Natuerlicher Wert para djzer que a praxe econômicanão somente é capaz de solucionar o problema da alocação para seus objetivos.mas também precisa resolvê-lo e de fato o resolve: reporto-me além disso àspáginas 73-75 e às páginas 78-79. para dizer em que senti<strong>do</strong> se deve entender oproblema da alocação <strong>do</strong> ponto de vista econômico. em contraposição ao problemada alocação sob o ponto de vista "físico" e sob o "mora!".":; Wesen un Hauptinha/t der theorelischen Nationaloekonomie 190;;'-;. p 213 et seqs., sobretu<strong>do</strong> 243 et seqs.: e"Bemerkungen ueber das ZurechnungsprabIem". In: Ze:tschrift fuer Sozio/politik und Verwo/tung. v. 18. 1909. p.79 et seqs, Talvez se devesse men<strong>do</strong>nar neste contexto também KRAUS (Zur Theone des ~\/ertes, 1901). que não apresentounenhuma tentativa de solução própria, mas contribuiu com algumas observações críticas boas e fecundas (p. 105 et seqs.J.Bem recentemente - entre a redação e a impressão <strong>do</strong> presente Excurso - apareceram ainda algumas contribuições dignasde menção de AFTALlüN. "Lxs Trais Notions de la Productivlté" In. Rel'ue d'Économle Politlque. Ano 25.1911. Sobretu<strong>do</strong>capo li e III da Parte Primeira. p. 151 et seqs.; e de BRODA "Di e Loesungen des ZurechnungsprabIems" In: Zeitschriftfuer Volksucirtschoft etc.. V. 20. 1911. p. 353 et seqs') Podemos reunir nesta nota algumas das frases mais marcantes de \.,I,jieser. se bem que não goste de isolá-las <strong>do</strong> contextototaL muito mais convicente, no qual seu autor as apresentou. 't.) Na prática nmguém se contenta em dizer que o produtoé de\"i<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s os fatores de produção em conjunto, senão que cada um entende e pratica. se bem que com perfeiçãomaior ou menor. a arte da distribuição <strong>do</strong> produto. Um bom comerciante tem·de saber e sabe o que lhe rende um jornaleiro.o que lhe rende um bom trabalha<strong>do</strong>r. qual a rentabilidade de uma máquina, com que custo deve contar para a matériaprima.que rendimento lhe traz este terreno e qual aquele. Se não o soubesse, teria condição de comparar de maneiraglobal as despesas e o resulta<strong>do</strong> da produção. e não teria absolutamente nenhuma informação, se o resulta<strong>do</strong> ficou aquém<strong>do</strong>s gastos." - Por que motivo, em determina<strong>do</strong> momento, to<strong>do</strong>s os empresários que operam em determina<strong>do</strong> ramo defabricação passam <strong>do</strong> trabalho manual para o uso de máquinas. que anteriormente não consideravam rentável? Por quemotivo nesta terra se pratica em toda parte a agricultura mais intensivamente <strong>do</strong> que naquela? (... ) Quanto mais a produçãoprogride. com tanto mais exatidão se desenvolve seu cálculo e tanto mais se desenvolve a arte da distribuição <strong>do</strong> produtoA 'economia-modelo' calcula tu<strong>do</strong>. Entretanto, mesmo o agricultor mais bronco. mesmo o rude selvícula calcula, ainda quecom imprecisão e aproximativamente. Também ele pode, se bem que muito imperfeitamente. executar o processo parao qual os instintos e a confiança o <strong>do</strong>taram por natureza. O camponês que mora isola<strong>do</strong> na montanha diz para si mesmoque este campo vale mais <strong>do</strong> que aquele. o que só pode fazer se entender a arte de distinguir o produto <strong>do</strong> campo daquele<strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res que colaboram, <strong>do</strong>s lnstrumentos e materiais." (. .. ) "A segunda dificuldade consiste em colocar correta"mente o problema". A maioria <strong>do</strong>s autores "considera a questão por demais elevada e assim transforma aquilo que ao homemsimples é uma coisa simples e natural em um enigma de sofística minuciosa. <strong>do</strong> qual a seguir afirmam, com razão,que ele não tem solução, Querem saber que parte <strong>do</strong> produto comum, <strong>do</strong> ponto de vista físico. cada fator produziu. oude que parte <strong>do</strong> efeito cada fator foi a causa física. Ora, não há possibilidade de se saber isso. ( ) Se quisermos encontrara regra da distribuiçao <strong>do</strong> produto usada na prática, temos de colocar a questão de maneira bem diferente, temos de colocálano senti<strong>do</strong> da prática. temos de colocá-Ia com simplicidade..." A uma excelente analogia com a alocação jurídica e <strong>do</strong>Direito penal segue esta frase: "Também no caso da distribuição <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> produtivo não se trata de uma explicaçãocàusal completa, mas de uma alocação adequadamente restritiva, só que não em perspectiva jurídica. mas econômica.";.1'


EXCURSOVU 107r ­i:- -­!. ~ ~ -:: ­c':. _"':;...;.­De meu próprio ponto de vista, a essa remissão global gostaria de acrescentar"menas ainda uma reserva e um reforço que visa a esclareceI', Em primeiro lugaL2~ pessoalmente gostaria que se evitasse sempre a expressão "repartição <strong>do</strong> produto",várias vezes empregada por WieSCL para, em lugar dela. utilizan<strong>do</strong> outra expressão.também muitas vezes empregada por Wieser, falar sempre apenas de uma""identificação da cota <strong>do</strong> produto devida a cada um <strong>do</strong>s fatores individuais", e expressõessimilares: logo se evidenciará o motivo dessa nuança. E gostaria també_mde, em meu próprio nome, salientar com a máxima clareza e decisão que a questaoa ser solucionada no problema da alocação <strong>do</strong> ponto de vista econômico - a sa­~2L que cota de um produto comum se deve à colaboração de um {ator individual_ ':-2 mo<strong>do</strong> algum se identifica com o outro problema. isto é, que cot~ d? p.ro... dut 9::. . -2 ser atribuída, "por ·justiça". ao respectivo fataL no processo de dlstnbUlçao. E.2::clade que, pela própria natureza da coisa, a grandeza das cotas <strong>do</strong> produto a se­:'2m alocadas <strong>do</strong> ponto de vista econômico não pode ser algo totalmente indireren­:e para o juízo no tocante ao problema da justiça, senão que. pelo contrário. paraemitir tal juizo, também essa grandeza deve ser levada em conta de uma forma ouce outra, por ser ela u ma premissa, além de outras, de natureza real e importante.talvez até muito importante. Entretanto, de mo<strong>do</strong> algum a resposta às duas questõesprecisa coincidiL Ao afirmar-se que à colaboração de um fator se deve economicamentedeterminada cota <strong>do</strong> produto comum. de forma alguma está defini<strong>do</strong>também que necessariamente a esse fator se deve, em nome da justiça, alocar justamentea mesma cota, sen<strong>do</strong> perfeitamente possível que, em razão da influênciade outras considerações, também elas importantes para o problema da justiça. a"cota justa" seja diferente da "cota a ser alocada <strong>do</strong> ponto de vista econômico"." Issopoderá ocorrer com facilidade e freqüência sobretu<strong>do</strong> em casos em que, devi<strong>do</strong>a formações <strong>do</strong> tipo monopólio, se aglomeram grandes quantidades de fatores deprodução em unidades fechadas. Assim corno de um "estoque fecha<strong>do</strong>" de benspode depender muitíssimo mais <strong>do</strong> que a utilidade marginal da unidade multiplicadapelo número de unidades contidas no estoque,' da mesma forma é possível quese deva alocar a um estoque compacto de fatores de produção, como "dependente"dele, uma cota muito maior <strong>do</strong> produto, <strong>do</strong> que aquela que se teria de alocar àmesma quantidade <strong>do</strong> mesmo fator de produção se ela se tivesse apresenta<strong>do</strong> empequenas quantidades parciais concorrentes: e não é absolutamente óbvio que nessecaso o juízo <strong>do</strong> ponto de vista da justiça deva coincidir cegamente com o juízosobre a alocação emitida para uma cota maioL s---(. .. ) "Como exemplo de que a alocação neste senti<strong>do</strong> é admissível e exeqtií'veL ap12nas UJIl caso. Dois campos. um fértile outro pobre, os <strong>do</strong>is Cl:ltíva<strong>do</strong>s exatamente com os mesmos meios, proporcionam produtos cesigLais. A que fater sedeve atribJir a produtividade maior da terra r:1elhor: à semente. ao adubo, ao aradu. ao trabalho - que estão presç:>ntç:>stanto num caso como no outro -, ou antes à própria terra e a sua maior fertilidade? Ninguém terá dúvida sobre a decisão.nem há de chocar-se com o fato de que também a produtividade maior supra não teria podi<strong>do</strong> ser atingida sem cerealpara semeadura. arlubo. ara<strong>do</strong> e trabalho. Toman<strong>do</strong> as coisas como são na realidade, da posse da terra melhor dependemais e tanto mais quanto a referida produtividade maior representa'~() Mais adiante tr;:waremos conhecim12nto com um fenô:neno cuja conseqüência necessária é até a seguín:e: Já onde eleocorre. as "cotas justas" si11plesmente não podem coincidir com as "cotas a serem alocadas": isso acontece quan<strong>do</strong> as cotasa serem alocad?ls se sobrepõem totalmente ou em parte Aliás, este é um ponto no qual a opinião de Wieser difere es.sencialmenteda minha.7 Cf. Teorin <strong>Positiva</strong> <strong>do</strong> <strong>Capital</strong> v. 1. p. 173.s Se Wieser. aiém de explicações repetidas e bem explícítas de que. re~olv~n<strong>do</strong>-se o problema da alocação econômicapor ele pesquisa<strong>do</strong>. nem por ;550 fica soluciona<strong>do</strong> o problema da distribuição "justa" (por exemp!rJ. p. 79. 93 e mu'tas outraspassagens), não obstante numa passagem (p. 76) tira conseq'jências no tocante ao julgamento moral das atuais condiçõesde rlistrihuição. à "'iustificação" de certas graduações na remuneração, à defesa contra objeções de "arbitrariedade" e ·'in.'ustiça";~sso sem dúvida não signif:ca, nem mesmo na linha dele, uma confusão entre os <strong>do</strong>!s problemas diferentes. mas apenasumêl referência ao fato - inE\.;itáve: e inerente à natureza das coisas - de que ta:nbém nâo se pode ignorar as condiçõesda alocação econômica na emissão de juízos morais como premis::ias de natureza objeth:a. Estou cOllvencino de que a maioriana:; afirmações - e justamente as mais decisivas - sobre a insoJubilldade <strong>do</strong> problema da alocação se baseia simplesmente


108 TEORIA POSITIVA DO CAPITALEm contraposição, o problema da alocação econômica revela sua importânciadireta antes de tu<strong>do</strong> para a avaliação <strong>do</strong>s fatores complementares e individuais daprodução e, na medida em que na avaliação subjetiva <strong>do</strong>s mesmos se baseia tambéma formação de seu preço, e nesta, por sua vez, a distribuição efetiva <strong>do</strong> produto,o problema da alocação econômica revela sua importância também na explicaçãoteórica das condições efetivas da distribuição. '!Eis por que, se de um la<strong>do</strong> posso dar com reconhecimento minha adesão quaseplena às afirmações de Wieser. na medida em que elas se referem à natureza<strong>do</strong> problema da alocação sob o prisma econômico, sen<strong>do</strong> total essa adesão no quetange à afirmação da possibilidade da solução desse problema, lamento dever constatarque entre nossos pontos de vista sobre a solução positiva correta <strong>do</strong> problemaexiste uma divergência que, embora talvez não seja muito profunda, de qualquermo<strong>do</strong> é séria. Depois de um perío<strong>do</strong> de vinte anos, em que nossas duas opiniõesse defrontaram sem nenhum comentário, quero agora tentar esclarecer os pontosde divergência.Contra minha tentativa de solução, que. contin uan<strong>do</strong> a construir sobre certosfundamentos lança<strong>do</strong>s por Carl Menger. publiquei primeiro no ano de 188.6 emmeu estu<strong>do</strong> sobre a teoria <strong>do</strong> valor econômico <strong>do</strong>s bens 11 ) e a partir dati incorporei.sem alteração, em minha <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong> <strong>do</strong> <strong>Capital</strong>. Wieser formulou uma sériede objeções Algumas delas contestam que minha tentativa de solução seja correta,ao passo que outras afirmam que ela é insuficiente.A objeção principal refere-se ao seguinte ponto:Tanto Menger como eu, com base em nossa concepção <strong>do</strong> problema, alocamosa cada um de vários elementos complementares. e isso como base para suaavaliação, a totalidade <strong>do</strong> prod uto resultante que deixaria de existir na falta <strong>do</strong> cita<strong>do</strong>elemento complementar. Isso leva a uma conseqüência que Wieser acredita deverqualificar como logicamente conh·aditó!ia. A exposição dele, dirigida contra Menger~ se bem que, <strong>do</strong> ponto de vista material, suas afirmações me atinjam da mesmaforma ~, é a seguinte:"Suponhamos que, utilizan<strong>do</strong>-se o mais racional plano de produção, três elementosprodutivos, conjuga<strong>do</strong>s, prometem um produto cujo valor é de 10 unidades de valor.Caso se utilizassem os mesmos três elementos de outra forma, combina<strong>do</strong>s com outrosgrupos, eles na verdade aumentariam seu produto, mas contradiz ao pressuposto <strong>do</strong>mais racional plano de produção afirmar que também eles poderiam aumentar o produnumaconfusão equívoca <strong>do</strong>s diversos problemas aqui em pauta. Por exemplo. a palavra de Mil!. citada com freqüência.de que a tentatIva de distinguir as parcelas que cabem às duas condições igualmente necessárias para um efeito na produção<strong>do</strong> mesmo. equivaleria à tentativa "de determinar que metade de uma tesoura contribui mais para cortar. ou qual <strong>do</strong>fatores 5 e 6 contribui mais para o produto de 30" (Grundsaelze. v. I, capo I. § 3). essa palavra de Mil!. digo, foi escrita.como resulta <strong>do</strong> contexto. apenas com vistas ao problema da alocação física; MiI1 simplesmente desconhecia o problemada alocação econômica, que só foi claramente formula<strong>do</strong> em conexão com a teoria da utilidade marginal. Também o mo<strong>do</strong>de falar de Casse} !T!0stra claramente que, ao emitir seus categóricos juízos de rejeição, ora tem em mente o problemada alocação física ("E e continua sen<strong>do</strong> impossível uma distribuição de um produto resultante de fatores absolutamentenecessários <strong>do</strong> ponto de uista técnico. com base no nexo causal existente entre produto e jator de produção"; op. cit .. p.19). ora tem em vista o problema da "justiça distributiva" ("no essenciaL o problema da distribuição justa é impossíve]"';op. Clt .. p. 24. Quanto a isso, ver ainda p. 11. 12. 15. 20. 25). Da mesma forma Liefmann - que em suas ambiciosasconstruções de mo<strong>do</strong> algum gosta de amarrar-se com preocupaçoes pedantes em relação a detalhes - parte da suposiçãode que a teoria da alocação, por ele contestada com as mais fortes expressões, tenta solucionar o problema "da alocaçãolu~la aos fatores de produção" (Erlrag und Einkommen. p. 35.)Y E possível que Cassei de mo<strong>do</strong> algum tencionasse protestar contra essa concepçao e contra esse serviço da teoria daalocaçao. Talvez se deva interpretar nesse senti<strong>do</strong> sua reiterada adesão a certas idéias de nossa teoria da alocação (porexemplo, às p. 18 e 21) em conexão com a observação de que aqui estariam em ação apenas os mesmos elementos queatuam também nos fatores de força de oferta e procura Ipor exemplo. à p. 24 el seqsi e que determinam a distribuição"vigente" e "tradicional" (por exemplo, à p. 24 et seqs.). De qualquer forma, porém, nesse caso ter-se-ia deseja<strong>do</strong> que oautor expressasse seus pontos de vista com mais clareza; contra eles, aliás. haveria que lembrar muitas coisas em detalhe.10 Foi nessa forma que Wieser conheceu minha tentativa de solução ao redigir sua obra Natuerlicher Wert.to de lC -,lhor. (. -~segund:especia. ­inseri de ~-:"Cor..:: sresulta:-.::~ ­total da :-2mente. ::~ ..ao fina~. :.:to<strong>do</strong>s c" :


EXCURSO VII 109- --r- ~ ~ ~-=: .. - ~:-= ~:ç~-:~~::: =-2­::- ;2":E:'~.a'O=:_~:::_~:;s- ::::>~ ::::3to de 10 unidades de valor, pois <strong>do</strong> contrário a combinação escolhida não seria a melhor.(...) Suponhamos que esses três elementos, utiliza<strong>do</strong>s de outra forma que nãosegun<strong>do</strong> o melhor plano - que exige que eles sejam combina<strong>do</strong>s entre si num grupoespecial -, proporcionem um produto de 9 unidades, pelo fato de cada um deles serinseri<strong>do</strong> em um grupo diferente e seu produto aumentasse de 3 unidades"."Como se calcularia o valor de cada um deles segun<strong>do</strong> Menger? A partir <strong>do</strong> produtoresultante no caso de perda. Esse resulta<strong>do</strong> é, de início, de la unidades - o produtototal da melhor combinação, rompida -, sen<strong>do</strong>, porém, que dessas 10, 6 entram novamente,devi<strong>do</strong> a outra utilização <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is elementos excedentes, que não se perderam:ao finaL portanto. o produto é de 4. igual para cada um <strong>do</strong>s três bens. Isso daria, parato<strong>do</strong>s os três juntos, o valor de 12, o que, porém é impossível, pois. na melhor utilização,não proporcionam mais <strong>do</strong> que o produto 10".11A fonte de nossa divergência de opinião e ao mesmo tempo - assim me parece- a fonte de um erro da parte de Wieser está na pequena frase destacada "1itálico: "isso daria, para to<strong>do</strong>s os três juntos, o valor de 12". Wieser considera comoum axioma que o valor de uma soma de bens ("to<strong>do</strong>s os três juntos") deve ser igualà soma <strong>do</strong>s valores individuais de seus elementos. Ou então. como ele já havia formula<strong>do</strong>antes em outra passagem de seu livro: ·Um estoque tem um valor que equivaleao produto da multiplic?ção <strong>do</strong> número de unidades pela respectiva utilidademarginal". 12 Isso é um erro. E erra<strong>do</strong> tanto para um estoque de bens iguais - parao qual Wieser havia originalmente desenvolvi<strong>do</strong> o suposto axioma - como tambémpara um estoque de bens complementares desiguais. para o qual quer agoratransferir o axioma geral lá obti<strong>do</strong>. E erra<strong>do</strong> lá. pois com "vários bens Juntos" nãose garante mais vezes uma e mesma utilidade, mas várias satisfações de necessida·des, diferentes e via de regra de importância desigual. Como expus antes, na página172 de minha <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>: com cinco sacos de cereal "juntos", o colono nãogarante cinco vezes o prazer de manter papagaios. mas com eles garante sua sobrevivência+ a conservação de sua saúde + a obtanção de carne para sua alimentação+ o prazer de desfrutar de aguardente de trigo + o prazer de manter papagaios.Assim como a soma dessas satisfações de necessidades, em sua importância, nãoequivale ao prazer, cinco vezes soma<strong>do</strong>, de manter papagaios, da mesma forma ovalor da soma de cinco sacos de cereal não equivale ao valor individual, soma<strong>do</strong>cinco vezes, de um saco de cereal.Aliás, Wieser tem perfeita consciência disso em certa passagem de seu livro,ao dizer, à página 21 et seqs, que "de vez em quan<strong>do</strong>" também estoques maioresde bens são avalia<strong>do</strong>s como "um to<strong>do</strong> único e indivisível". Nesse caso, quem avaliadeve "calcular conjuntamente a soma total de utilidades que pode esperar, começan<strong>do</strong>pela maior utilidade que os bens <strong>do</strong> estoque podem, conforme sua espécie,proporcionar, até chegar à utilidade marginal, fixada pela grandeza <strong>do</strong> estoque eda necessídade, sen<strong>do</strong> que a soma de todas essas utilidades lhe dá o valor". Contu<strong>do</strong>,infelizmente Wieser se deixa desviar dessa visão correta e envereda por certosdesvios dialéticos, aos quais chega através da construção <strong>do</strong> bizarro conceito de uma"soma de todas as partes", que seria diferente <strong>do</strong> "to<strong>do</strong> umfica<strong>do</strong>", sen<strong>do</strong> que a gran---~-.:: -;:II Natueriicher Wert. p. 81 et seqs. o caso, cun~truí<strong>do</strong> contra Menger. se transposto para a hipótese utilizada por mim co·,mo exemplo, à p. 184 et seqs. de minha <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>, assumiria a seguinTe configuração: segun<strong>do</strong> minha orientaçào.o bem A. na qualidade de bem complementar. teria de ser avalia<strong>do</strong> em 100 - (20 + 30). portanto em 50; o bemBem 100 - (lO + 30). portanto em 60; e o bem C em 100 - (10 +20). portanJo em 70. Como. porém. to<strong>do</strong> o grupocomplementar só vale 100. é impossível ~ assim argumenta Wieser --- que os três elementos que o compõem valham50, 60 e 70, o que soma<strong>do</strong> daria 180. Parece que Davenport está realmente propenso a concordar em nome própriocom o silogismo de Wieser (Va/ue and Distribution. p. 471) ao qual de início apenas faz referência Ip. 360).]2 Natuerlicher Wert, p. 24".. ,,,,.-,,~,~. '''~''r'' "'''''lf''''"'''''''''~~


110 TEORIA POSITIVA DO CAPITALdeza de seu valor diferiria da grandeza <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> to<strong>do</strong> uni<strong>do</strong> tanto "quanto a resistênciade todas as varas individuais (difere) da resistência <strong>do</strong> feixe completo devaras".13 Sua argumentação é a seguinte:Wieser acaba de desenvolver sua conhecida lei da utilidade marginal com baseno exemplo de um pobre que diariamente recebe <strong>do</strong>is pedaços de pão: de um delesele precisa para matar sua fome extrema e <strong>do</strong> outro para garantir o atendimentodaquele grau de necessidade de alimentação que se faz sentir tão logo se mata afome extrema, que Wieser denomima o grau 2 da escala de utilidades, ou, sucintamente."grau de utilidade 2". Depois de explicar que nesse caso um de <strong>do</strong>is pãesiguais tem de ter o valor <strong>do</strong> grau de utilidade 2. que é sua utilidade marginal. eleprossegue:"Mas isso ainda não basta. Dentre <strong>do</strong>is bens. não é somente um que tem o valor <strong>do</strong>grau de utilidade 2. mas cada qual deies. qualquer que se escoiha. Nenhum <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ispedaços de pão. em nosso exemplo. enquanto o <strong>do</strong>no ainda possuir os <strong>do</strong>is juntos, temo valor que cabe à satisfação da fome extrema. pois enquanto o <strong>do</strong>no ainda possuiros <strong>do</strong>is juntos. simplesmente não está exposto a esse perigo extremo. Ele pode dar cadaum <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is. qualquer que seja, enquanto conservar o outro. sem perder a coberturapara o caso extremo. Ora, se cada um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is pedaços tem o valor <strong>do</strong> grau de utilidade2. os <strong>do</strong>is juntos têm o <strong>do</strong>bro desse l'aior. E três pedaços têm o triplo <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>grau de utilidade. e quatro pedaços têm o ouádruplo <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> grau 4 - e um estoquetem um valor equivalente ao produto da multiplicação <strong>do</strong> número de unidades (ou<strong>do</strong> número de quantidades parciais) pela respectiva utilidade marginal"No meio dessa argumentação, que de um começo plenamente correto conduz.segun<strong>do</strong> me parece, a um final incorreto. há uma proposição de natureza dialética,na qual as palavras parecem funcionar, mas a própria coisa não funciona mais. Trata-seda conclusão dialética de que, se cada um de <strong>do</strong>is pedaços tem o valor <strong>do</strong> graude utilidade 2. os <strong>do</strong>is juntos têm de ter "o <strong>do</strong>bro desse valor". Isso parece ser umaconclusão cogente <strong>do</strong> ponto de vista lógico e matemático, mas é uma pseu<strong>do</strong> conclusão,que se evidencia no momento em que no lugar da palavra "valor" se colocao senti<strong>do</strong> dessa palavra. No espírito da <strong>do</strong>utrina com um a Wieser e a mim, a qualtambém o próprio Wieser formula, e bem expressamente, em várias passagens (porexemplo em Ueber den Ursprung und d/e Hauptgesetze des wírtschaftlichen Wertes,p. 127), a ocorrência <strong>do</strong> valor está ligada à dependência de alguma utilidade.e a grandeza <strong>do</strong> valor está ligada à importância da utilidade dependente. Se colocarmosesse conteú<strong>do</strong> objetivo das palavras utilizadas no silogismo de Wieser, obtemosuma proposição que tem mais ou menos o seguinte teor ou ao menos o seguintesenti<strong>do</strong>: "Se de cada um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is pedaços depende uma utilidade <strong>do</strong> grau 2, <strong>do</strong>s<strong>do</strong>is pedaços juntos depende o <strong>do</strong>bro da utilidade desse grau". Testa<strong>do</strong> à luz desseconteú<strong>do</strong> objetivo, o referi<strong>do</strong> silogismo enganoso logo se comprova falso. Com efeito,<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is pedaços juntos de mo<strong>do</strong> algum depende, no caso <strong>do</strong> exemplo, o <strong>do</strong>bro<strong>do</strong> efeito de utilidade <strong>do</strong> grau 2, mas, com toda a clareza, uma utilidade <strong>do</strong> grau2 e uma utilidade <strong>do</strong> grau 1. 14=-- .':':::'-:---~ = =-~- ~,:- '. -.U Natuerlicher Wert. p. 2314 Numa situação diferente não há dúvida de que poderia casuisticamente ser correta a palavra de Wieser, isto é, numasituação na qual o estoque de bens existentes tivesse como contrapartida uma série de necessidades ou utilidades, dasquais tivessem a mesma importância. Por exemplo, se houvesse uma terceira unidade de bens e lhe correspondesse umaterceira utilidade, que não tivesse um grau de utilidade menor <strong>do</strong> que a segunda, mas o mesmo grau de utilidade queesta, nesse caso. seria muito bem possível e correto duas unidades juntas, das quais dependeriam realmente duas utilidades<strong>do</strong> mesmo grau (o 2?), terem esse valor duas vezes. Mas isso já não valeria mais para todas as três juntas e muito menospara o estoque inteira, para o qual Wieser continua sua conclusão. Ultimamente, Brada ("Die Loesungen des Zurechnungs­


EXCURSO VII 111:'. resis­Se, porém. formos em busca da última raiz <strong>do</strong> erro que escapou a Wieser. parecer=2to de me que ela está no seguinte. Wieser tem toda a razão em afirmar que cada unidade<strong>do</strong> estoque, por exemplo. cada um <strong>do</strong>s cinco sacos de cereal de meu exemplo <strong>do</strong>: =:-'l base colono. tantas vezes utiliza<strong>do</strong>. é avalia<strong>do</strong> como "última unidade". pela utilidade mar­:~..:m de­ginal; há que admitir também que esse tipo de avaliação, em certo senti<strong>do</strong>. é simull-:':mentotaneamente aplica<strong>do</strong> a todas as unidades individuais <strong>do</strong> estoque. Todavia - e isso~"" :-'lata a parece não haver si<strong>do</strong> suficientemente considera<strong>do</strong> por Wieser -. esse tipo de ava­_ ~~cintaliação,apesar de sua simultaneidade, só pode ser sempre uma avaliação alternativa==5 pães e nunca cumulativa. Cada um <strong>do</strong>s cinco sacos pode alternativamente ser avalia<strong>do</strong>c.;:-.al. elecomo "último". porque justamente enquanto pode ser alternativamente reserva<strong>do</strong>ao atendimento <strong>do</strong> quinto e último grupo de necessidades; mas nunca será possívelque to<strong>do</strong>s os cinco sacos sejam avalia<strong>do</strong>s cumulativamente como "últimos" sacos,.?lor <strong>do</strong>pois é impossível que to<strong>do</strong>s os cinco sacos possam ser cumulativamente reserva<strong>do</strong>s::)s <strong>do</strong>is._ - :)s. temao atendimento <strong>do</strong> último grupo de necessidades, o que determina o valor. O sacoA só pode ser o "últimd' sob a condição de que ao atendimento <strong>do</strong>s quatro grupos:: õ :Jossuirt-ô ::?; cadade necessidades mais importantes sejam destina<strong>do</strong>s os sacos B, C, D e E; por sua: ::::ertura vez, o saco B só pode ser o "último" sàb a condição - inconciliável com a condição_:" ~itilida­ anterior - de que ao atendimento <strong>do</strong>s quatro grupos de necessidades mais impor­. ?:ar <strong>do</strong> tantes se destinem os sacos A, C. D e E. e assim por diante. Ou então. para a<strong>do</strong>tar­~ _~ esto­ mos também aqui uma fórmula dialética, mas de uma dialética correta: de cinco:õ::es (ousacos de um estoque, certamente cada um deles pode. alternativamente. ser classifica<strong>do</strong>como "último". ou seja, pode ser alternativamente o último. mas um estoquede cinco sacos nunca pode constar simultaneamente de cinco "últimos" sacos, se­:: :::i:lduz. não que sempre só poderá constar de um último, um penúltimo. um antepenúltimo:::'.lética.e assim por diante; exatamente da mesma forma que, de cinco homens. cada um~ -:-,ata-se deles pode alternativamente ser coloca<strong>do</strong>. uma vez que la<strong>do</strong> a la<strong>do</strong>, como o último" :: J grau da esquerda. mas nunca é possível que to<strong>do</strong>s os cinco figurem cumulativamente: o"', uma como os últimos da esquerda. Antes da disposição definitiva pode existir para cadaum, "ao mesmo tempo". mas apenas "alternativamente". a possibilidade de ser classio""=olocafica<strong>do</strong> como o último da esquerda. mas não existe. em qualquer momento que se­::- :; qual ja. a possibilidade de to<strong>do</strong>s os cinco serem efetivamente coloca<strong>do</strong>s ao mesmo tempos",-~ (por como o último da esquerda. 15r-~': Wer­ A esse caráter alternativo da avaliação pela "utilidade marginal" contradiz a cu­. :'8ade. mulação, praticada por Wieser, <strong>do</strong>s valores avalia<strong>do</strong>s em base alternativa. Se Wie­:::'" colo-ser levar objetivamente a sério sua palavra "juntos"; se, portanto. ao falar <strong>do</strong> valor~:. obte- que têm "os <strong>do</strong>is bens juntos" e "to<strong>do</strong>s os três juntos"; se perguntar realmente o que~;luintea posse conjunta e simultânea de to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>is ou de to<strong>do</strong>s os três bens garante._ 2. <strong>do</strong>sem termos de utilidade para o bem-estar. não pode somar cifras válidas só alternati­~ _.:: desse vamente. cifras que se excluem mutuamente em sua possibilidade de concretização::1 efei- e que nunca poderão concretizar-se "juntas". Do ponto de vista puramente aritméti­:: :iobro:: = grau'.:: J can­probJems" In: Zeitschrift fuer Volkswirtschoft etc.. v. 20. p. 378 et seqs.) se esforçou por construir mais outras situaçõescasuísticas às quais se aplicaria a fórmula de Wieser. Não há dúvida de que existem tais situações e algumas delas podematé ser bem importantes na prática. Se, porém. Broda (p. 374 et seqs.) parece supor que Wieser. ao formular seu princípio.só teve em vista situações desse gênero e apenas não formulou essa sua opinião com perfeição absoluta, e em conseqüêncianão a defendeu com clareza suficiente contra interpretações errôneas. a isso há que objetar que o próprio Wieser desennumavolve sua fórmula com base numa situação de que parte. mas para a qual ela não serve. nem casuisticamente. e que além::: =:?s. das disso nada há nele que permita depreender que pretende reivindicar para sua fórmula apenas uma validade casuística limi­,- :--:~~2 umatada e nào uma validade ao nível <strong>do</strong>s princípios: finalmente. há que objetar que Wieser em to<strong>do</strong> caso tira de seu princípio.- :.:.-.:e que formula<strong>do</strong> de maneira geral, conseqüências que vão além dessas peculiaridades casuísticas.:.~ _. :-dadeslS Essencialmente a mesma objeção foi formulada contra Wieser já por Kraus. o qual afirma que este comete um "equívo­.~ ~enosco", pois. sem perceber. em lugar da interpretação disjuntiva das palavras "cada bem" coloca a interpretação conjuntiva,--_~:.Jngs­"" em lugar d"" um quilibet (qualquer um) coloca um unusquisque (cada um) Zur Theorie des Wertes, p. 108 et seqs


112 TEORIA POSITIVA DO CAPITAL<strong>do</strong>;: :;tos ­ah:-o-::mc~ ::o ""o =QL;:- ==1 _ "Q" 0'0'202 ~ 0­~ =- - .-:?-'-~ :::.i- ,~co. não cabe dúvida de que se pode somar tais cifras que têm validade alternativamente:não se pode, porém, alimentar a ilusão de com isso obter mais <strong>do</strong> que umasoma de cifras, vazia e puramente aritmética, que não é uma verdadeira soma devalor: o senti<strong>do</strong> objetivo que estava por detrás de cada uma dessas cifras a1ternati­'ias individuais é excluí<strong>do</strong> pela cumulação, inadmissível <strong>do</strong> ponto de vista objetivo.E exatamente como se, numa loteria com 1 000 bilhetes e um prêmio de 100 000florins, cada bilhete tivesse a possibilidade de ganhar 100 000 florins: não há dúvidade que se pode no caso fazer a brincadeira aritmética de adicionar numericamenteas mil possibilidades de ganhar, obten<strong>do</strong>-se assim a soma de 100 milhõesde florins: mas é óbvio que essa cifra não tem mais o senti<strong>do</strong> de designar uma somade ganho exeqüível e possível, pois é claro que mais <strong>do</strong> que 100000 florins nãoé possível ganhar efetivamente!Justamente por isso não se pode tirar de somas numéricas imaginárias dessetipo - mesmo que queiramos arquitetá-las de forma puramente aritmética - quaisquerconclusões_objetivas para setores nos quais o "juntos" realmente precisa sertoma<strong>do</strong> a sério. E uma presunção inadmissível e destituída de qualquer fundamentoobjetivo pretender que a pseu<strong>do</strong> "soma <strong>do</strong> valor total", resultante da adição numérica<strong>do</strong>s valores individuais alternativos, se calculada de maneira correta. devanecessariamente coincidir com o verdadeiro valor total - a ser calcula<strong>do</strong> com baseem princípios bem diferentes - <strong>do</strong> grupo fecha<strong>do</strong> de bens, que constitui uma unidadereal. Ora, é exatamente essa presunção inadmissível que Wieser comete comsua maneira de tirar conclusões objetivas para a teoria <strong>do</strong>s bens complementares,partindc das mencionadas pseu<strong>do</strong>-somas <strong>do</strong> valor total.Se há algo que é um valor total autêntico no senti<strong>do</strong> objetivo e mais rigorosoda palavra é o valor que um grupo fecha<strong>do</strong> de bens complementares deriva da colaboraçãoconjunta <strong>do</strong>s mesmos. Ora, Wieser sabe muito bem - já citei acima aexposição que sobre isso faz à página 21 et seqs. de Natuerlicher Wert - que, nocaso de verdadeiras avaliações <strong>do</strong> valor total, aplicadas a um "to<strong>do</strong> unifica<strong>do</strong>", o valorglobal <strong>do</strong> to<strong>do</strong> de forma alguma precisa coincidir com a soma númerica <strong>do</strong>s valoresindividuais (alternativos), respectivamente - no caso de unidades de bens iguaiscontidas no estoque - com o valor individual multiplica<strong>do</strong> pelo número de unida-'des. Por isso, na citada passagem. muito corretamente ele se abstém de, a partirda não-coincidência <strong>do</strong> valor global (aqui maior) <strong>do</strong> to<strong>do</strong> com a soma numéricadas suas partes, tirar quaisquer conclusões contra o acerto <strong>do</strong> valor individual atribuí<strong>do</strong>a cada unidade individual. Exatamente com a mesma coisa com a qual eleJá - com razão - não se escandalizou, quer escandalizar-se aqui, em se tratan<strong>do</strong><strong>do</strong>s bens complementares. O verdadeiro valor global <strong>do</strong> grupo complementar nãopode, por motivos exatamente da mesma natureza que se verificam no caso <strong>do</strong> "estoquefecha<strong>do</strong>", coincidir com a soma numérica <strong>do</strong>s valores individuais alternativosde suas partes integrantes. 1b E, apesar disso, Wieser exige aqui tal coincidência. comose fosse uma necessidade lógica, e da não-coincidência quer deduzir uma provacontra a correção <strong>do</strong>s cálculos de valor que Menger e eu fizemos. Na hipótesede um valor individual de 4 para cada uma das três unidades - assim pensa ele- "isso daria, para to<strong>do</strong>s os três juntos, o valor de 12, o que, porém, é impossível,pois na melhor utilização não proporcionam mais <strong>do</strong> que o produto 10".Ora, o que por esse motivo realmente não seria possível, seria apenas que tokQue a discrepância ocorre aqui no senti<strong>do</strong> oposto - o valor total de um estoque fecha<strong>do</strong> de bens não complementaresé sempre maior, e o de um grupo fecha<strong>do</strong> de bells complementares é sempre menor <strong>do</strong> qlJe a SOme numérica <strong>do</strong>svalores individuais alternativos - se explica muito simplesmente pejo feto de que de cada unidade não complementardepende - respectivamente, com ela se perde - apenas ao menor utilidade marginal, ao passo que de cada unidade complementardepende além disso toda a vantagem da cooperação.


EXCURSO VII 113:::2mativa­:: :ue uma~:: 30ma de-= o "lternati­3::: objetivo.cC: 100000!:':: ~á dúvi­:- ··..;merical:: milhões:- _:-:la somai : : :-:ns não. ~~GS desse::: - quais­:::2cisa ser: _::damen­::::cão nu­::-:-2:~. deva: :Jm base_. .:ma uni­:: -:-.21e com'c: ::-.2ntares,::0 ~igoroso':::. a da co­'.:c: 3:::ima a-, q.ue, no=::::o.ova­:-::: <strong>do</strong>s va­: : -2:lS iguais: :':


__ .....TEORIA POSITIVA DO CAPITALdades juntas, no mínimo, por 7, ao passo que as três juntas só estaria disposto avendê-las no mínimo por 10 (sen<strong>do</strong> que, também aqui, de nada importa se a unidadese deve à proposta de compra de um e mesmo interessa<strong>do</strong> na compra, ouà concorrência de várias propostas de compra separadas, que porém só seriam aceitasou rejeitadas cumulativamente). No entanto, a cifra de 3 1/3, indicada por Wieserpara uma unidade, não poderia desempenhar nenhuma função na prática, nemteria por que desempenhá-Ia. O mesmo vale - nem preciso dizê-lo - no caso dacompra das unidades individuais para o grupo.Por conseguinte, Wieser se equivoca ao afirmar que a avaliação <strong>do</strong>s bens produtivoscomplementares com base naquela "grandeza média" tem "um senti<strong>do</strong> correta"e que "esse mo<strong>do</strong> de calcular" é o "único conveniente na prática". Pelo contrário,esse mo<strong>do</strong> de calcular só é inofensivo quan<strong>do</strong> permanecer "imprático", enquantofor puramente platônico. Assim, por exemplo, é possível que um comerciante quepossui aquele grupo, em seus registros contábeis lance não somente o valor <strong>do</strong> grupointeiro - o que é plenamente correto - com 10, mas também, se sentir a necessidadede ainda destacar especialmente as unidades individuais em seu balanço,lance mesmo assim para cada unidade individual o valor de 3 1/3, se assim lheaprouver. Mas, em to<strong>do</strong> caso, agiria mal se de alguma forma, se guiasse, na prática,por essa avaliação contábil. Por exemplo, seria obviamente erra<strong>do</strong> - e acarretariauma perda real - se por acaso vendesse tal unidade pelo preço de 3 2/3, queultrapassa aquela avaliação contábil e portanto pareceria ser um preço compensa<strong>do</strong>r.Mesmo como meio de controle para a produção, da qual Wieser também falaexpressamente, essa avaliação nâo seria uma orientaçâo correta, levan<strong>do</strong> a erro. Suponhamos,por exemplo, a hipótese de. estar em questão uma nova possibilidadede produção, na qual uma das três unidades pudesse ser empregada Gomo umautilidade de 3 2/3. A avaliação de apenas 3 1/3, deduzida, conforme a orientaçãode Wieser, <strong>do</strong> emprego complementar, não impediria nesse caso dar ao bem o empregode 32/3, que tem valor maior em comparação com essa avaliação. Entretanto,isso naturalmente seria de novo um erro, pois, pelo fato de romper-se o grupocomplementar, perder-se-ia uma utilidade de 4, que não estaria suficientemente compensadapelo acréscimo da nova utilidade de 3 2/3. Na realidade, não seria aquelagrandeza média equilibrada, que Wieser denomina "contribuição produtiva" (p. 90)- grandeza esta que foi obriga<strong>do</strong> a arquitetar por força de uma suposta necessidadelógica de uma dialética errônea -, mas a "parcela" total "que depende da cooperação<strong>do</strong> bem produtivo individual" <strong>do</strong> produto, que é decisiva para a avaliação(subjetiva) deste último.Foi sem dúvida a mesma suposta necessidade lógica - que parecia não permitirnenhuma outra saída possível - que sugeriu a Wieser duas outras afirmaçõesque considero objetivamente errôneas e que em meu entender contradizem ao mesmotempo o próprio espírito da teoria wieseriana. A primeira delas é por Wieser formuladacomo nova objeção contra Menger e contra mim. O nosso erro - acreditaele - está em aferir o valor de bens produtivos complementares supon<strong>do</strong> a faltaou a perda deles."A hipótese normal e decisiva com base na qual se afere o valor de um bem não éa de sua perda, mas a de sua posse pacífica e de seu uso adequa<strong>do</strong>. (...) Toda combinaçãoprodutiva só revela o efeito pleno de seus elementos quan<strong>do</strong> a posse é pacífica eportanto não tenho condições de averiguar o valor - que recebo e <strong>do</strong> qual desfrutoquan<strong>do</strong> possuo (o bem) pacificamente - se supuser dissolução da combinação e meperguntar o que tenho realmente <strong>do</strong>s bens tais como estão à minha disposição. O quedecide sobre o valor são os empregos produtivos que estão em primeiro linha, os quesão cs ~linha.:,;interes.s.:que seWie~e~se objeti\atifica exa2.-~de repre~2,to ponto 2:1havê-lo :2::ainda ma:s ilas que CC5C1da avaL:.c~cdade de ~211sua ausê:-.c-..costume.:-:-: Y.proporc'.c:-.é'.Imoment: .:.diatamer.:2man<strong>do</strong> c>crcombina~:'5les isolac':.:-:lque um e.=-:rJAeB-c5ponham: ~ ,C, que H-2 :.<strong>do</strong>, terie. ::; 31ou seja. a' .:::.ie a utilica:::eessa ava':;:}:;estou ab:;:Jcer, no ca~::l18 Op. cir : ,;2.19 7eoria ,=:=:.-~~,.:..aprovaçãc := :.:: :a!corda zelos-::._~ ~1havia con:2E::=-=-=751 et seqs .!....ntantas Ve2.e:3· : lde um bec:-. :.=de que mê.~:-: ;iIna econoc_:: ~adestituída, =, ""'"um juízo - ::.~ ldessas fi:.;: =--'35para fins ::é :~~ou baixas ;'~::- ..eou se, err. ._;-=-.- zuma idéie 3-:':'!:'"~ 1uma prop:~ :li!tocante à c:€'2t;iitem mas s..:- ; iemcompf-_~um "enfu;.;: :~--:iE


EXCURSO VII 115I':c ::::'sposto a~C:-:3 se a unia::J:npra, oux--:":::m aceitas1c ::


116 TEORIA POSITIVA DO CAPITALque essa avaliação se funda na consideração <strong>do</strong> "que se obtém com a posse <strong>do</strong>bem C, como também na consideração "<strong>do</strong> emprego produtivo que é o melhore o diretamente intenciona<strong>do</strong>". isto é. <strong>do</strong> emprego complementar, e certamente nãocom base em um emprego que "está" apenas "em segunda lin ha" e a ser concretiza<strong>do</strong>"apenas no caso excepcional de um transtorno".Suponhamos agora que nosso administra<strong>do</strong>r de fato adquira o bem C por umpreço qualquer que não atinge plenamente a avaliação de 4 - pois a compra deverácomportar ainda uma vantagem - e que ele, no momento subseqüente à aquisiçãoe antes que possa ocorrer qualquer alteração na situação, se pergunte novamentepelo vapor que o bem C tem para ele nessa situação. Não pode haver dúvida algumade que agora ele avaliará esse valor exatamente com a mesma cifra e exatamentepelo mesmo motivo que o avaliou um momento antes, com vistas à aquisiçãoque tencionava fazer. Ele certamente dispõe agora. no bem C, da mesma condiçãoda obtenção de uma diferença de valor de 4, da mesma condição da a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong>melhor emprego produtivo tenciona<strong>do</strong>. com a qual havia um momento antes avalia<strong>do</strong>o bem em 4 e havia deseja<strong>do</strong> adquiri-lo exatamente para esse emprego. Nadamu<strong>do</strong>u, a não ser a forma gramatical verbal na qual se deve agora expressar o mesmojuízo sobre o valor. Antes nosso administra<strong>do</strong>r deu ao bem o valor de 4, emvista <strong>do</strong> aumento de utilidade de 4, que desejava conseguir com a aquisição <strong>do</strong>bem; agora ele o avalia pelo mesmo acréscimo de utilidade de 4, que ele agoragarantiu com a' posse pacífica <strong>do</strong> bem. Por sua vez, este é exatamente o mesmoacréscimo de utilidade que ele haveria de perder caso anulasse a aquisição, casovendesse a um outro interessa<strong>do</strong> o bem <strong>do</strong> qual está de posse, ou caso o utilizassepara qualquer outro fim, ou caso viesse a perdê-lo, por qualquer infelicidade. A representaçãoda perda não é outra coisa senão o raciocínio mais natural para verificaro que a posse garante, e de mo<strong>do</strong> algum é a introdução de um novo critérioobjetivo de avaliação. Wieser comete um equívoco ao imputar a mim e a Mengera afirmação de que. em nossa concepção, os "empregos que estão em segunda linhae que só se concretizam no caso excepcional de um transtorno decidem sobreo valor" (p. 83), ou que nós "supomos um processo da economia diferente daquelesobre o qual se estrutura a economia" (p. 89). Pelo contrário, a avaliação de 4 baseia-setotalmente na concretização <strong>do</strong> "melhor" emprego produtivo planeja<strong>do</strong>. A avaliaçãocom base na utilidade que está em segunda linha - no exemplo seria a utilidadede 3 - só haveria de ocorrer, na linha de minha <strong>do</strong>utrina com respeito ao bemC, se entrasse em questão não somente a falta <strong>do</strong> bem C, mas também, e antes,a falta de outro elemento <strong>do</strong> grupo complementar. Se, por exemplo, <strong>do</strong> grupo complementaradquiri<strong>do</strong>, fosse vendi<strong>do</strong> o bem A - aliás; certamente por um preço tambémele não inferior a 4 -, nesse caso o bem C teria de ser avalia<strong>do</strong> em 3, pelasua utilidade subsidiária. Todavia, nesse caso essa redução <strong>do</strong> valor não seria deforma alguma conseqüência de se calcular o valor <strong>do</strong> bem C pela perda de utilidadeque se deveria à falta imaginada dele, mas seria conseqüência de uma alteraçãoocorrida na situação, alteração esta que teria ocorri<strong>do</strong> em virtude de outra falta, asaber, a falta real <strong>do</strong> bem AEntretanto, Wieser é obriga<strong>do</strong> a recorrer ainda a um segun<strong>do</strong> artifício, contestávele, em meu entender, contrário aos princípios, pela própria <strong>do</strong>utrina dele. Comefeito, ele mesmo vê, com toda a clareza, que da cooperação de um bem produtivocomplementar individual depende real e exatamente tanto da utilidade marginal quantosupomos Menger e eu, e mais <strong>do</strong> que ele mesmo coloca como base para a avaliação<strong>do</strong> bem produtivo. Com isso ele se sente obriga<strong>do</strong> a aban<strong>do</strong>nar basicamenteo princípio de que o valor de um bem é medi<strong>do</strong> com base na grandeza da utilidadeque dele depende; explica ele que a "contribuição produtiva" - assim a denomina


EXCURSO VII 117-::: ~,e <strong>do</strong> - decisiva para a formação <strong>do</strong> valor é "por princ:pio menor <strong>do</strong> que a parcela que~ -:-.elhor depende da co laboração."2u~'::-.:enãoAcredito que com isso Wieser aban<strong>do</strong>nou uma idéia que não somente constituic - :~etiza-um pilar de toda a teoria da utilidade margil)aL mas que ele mesmo não pode dispensarcomo fundamento de sua <strong>do</strong>utrina. E verdade que Wieser evitou enunciá-loC ;::Jr umcomo princípio fundamental de mo<strong>do</strong> tão explícito como o fizeram Menger e eul:-;::~a de­e os demais representantes da teoria da utilidade marginal. Mas também ele não::,:: ~ aqui­ pôde evitar, na esteira de suas exposições e explicações, relacionar a formação <strong>do</strong>~: . :::Tlente valor <strong>do</strong>s bens com a utilidade que deles depende 21 e, o que é o mais decisivo, não~':3 algu­ há nenhuma outra idéia pela qual seja possível relacionar a grandeza <strong>do</strong> valor com~.:::"'men­a grandeza da utilidade marginal. Admitin<strong>do</strong>-se, como o faz Wieser, muito acerta­2.:..::siçãodamente, que a utilidade marginal é a "menor utilidade ainda permitida no respecti­:: :--:dição vo caso". essa idéia sozinha ainda não contém uma razão suficiente pela qual essac: ;ão <strong>do</strong> menor utilidade permitida deva determinar também o valor de exemplares de bens:.-.:es ava­que são efetivamente destina<strong>do</strong>s e utiliza<strong>do</strong>s para proporcionar não sua utilidade,?';.: \fadamas uma outra, maior. Ainda falta um elo lógico intermediário para ligar tambémiC:' :) mes­essa utilidade a esses bens; ora, esse elo intermediário indispensável não pode ser.:,:: ·t em outra coisa senão a idéia, não formulada por Wieser como tese, mas de qualquerL,,;ão <strong>do</strong>forma empregada na fundamentação de seu princípio, de que a referida menor uti­E.e agoralidade permitida é aquela que de fato depende <strong>do</strong> dispor <strong>do</strong> bem a ser avalia<strong>do</strong>.-c ~esmo O próprio Wieser não deixa de ter escrúpulos quanto à sua construção,22 mas~i:. caso acredita encontrar uma desculpa e um fundamento para ela no "fato universalmen­I _ ::::zasse te conheci<strong>do</strong> de que to<strong>do</strong> elemento produtivo constitui o fundamento não só para~::e A re­ seu próprio valor, mas sempre também para o valor <strong>do</strong>s demais fatores da produiC.~::'.erifi­ ção".23 f\i a medida em que isso ocorrer - tal é manifestamente o raciocínio de Wie­.: ::-'tério ser -, uma parte da utilidade que depende de um bem complementar é desviadac \fengerpara a formação <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s demais elementos complementares, e portanto ela2:: "::-.da li­ mesma não pode beneficiar também a formação <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> bem respectivo. Se,i,;;-:- 50breem nosso exemplo, da colaboração <strong>do</strong> bem C, depende uma utilidade de 4 e se.E ::2queleem razão dessa sua colaboração complementar, o valor <strong>do</strong>s bens A e B tambémf :: 25eia-se aumentam algo acima de 3 - valor este que já teriam ti<strong>do</strong> como unidades isoladas2.2::ação -. manifestamente acredita Wieser que o fundamento da formação <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>i _:':dade bem C não pode mais ser a utilidade total e dependente 4 - da qual, segun<strong>do</strong>: ::J bem ele, saiu uma cota para a avaliação <strong>do</strong>s bens A e B -, mas apenas o resto que,:: Jntes, permanece após a dedução dessa cota._:: :: com­O fato de o acréscimo da unidade final de um grupo complementar ser capaz,':::J tam­ de aumentar também o valor <strong>do</strong>s demais elementos <strong>do</strong> mesmo - que, por exem­:-. '3. pela plo, o fato de se achar a segunda luva pertecente a um par confere um valor tam­,e:ia de bém à luva que até agora não tinha utilidade - foi observa<strong>do</strong> com muito acerto'::..lTílida­por Wieser; no entanto, está errada sua interpretação. O fato de um bem, em razão3.:2raçãode sua colaboração. aumentar também a utilidade e o valor de outros bens não jus­=. ~=!ta, a: : :1lestá­.'::. Com2u Natuer!icher Wert. p. 9021 Por exemplo Ursprung und Hauptgesetze des wirtschaftlichen Wertes. p. 127: '·Sente·se que de um bem individual quese possui depende o mais impor:ante desejo que pode ser satisfeito por um bem dessa espécie. No caso de se possuir:~: ':utivo duas unidades. n~o se pode sentir que de uma unidade individual depende o mais importante desejo". "Em relação aosbens, as pessoas se comportam como egoístas que só apreciam o amigo na necessidace, justamente quan<strong>do</strong> têm necessi­-.::. quandadedele. Por isso. em sua avaliação só têm valor bens econômicos de cuja posse sentem que de fato depende efetivamen­~:: '" ava­ te a satisfação de suas necessidades". (Artigo "Grenznutzen", na 2~ ed. <strong>do</strong> Handwoerterbuch der Stactswissensch.often de~:2:Tlente Conrad-Lexis. v. IV. p. 777. coluna 1.)22 "O processo de Menger é sem dúvida mais simples e mais claro. A distinção que temos de fazer entre 'contribuição' (Bei­_


118 TEORIA POSITIVA DO CAPITi\Ltifica uma dedução para sua própria avaliação, mas um título para a mesma Porque motivo, por exemplo, um eleva<strong>do</strong>r que o proprietário da casa coloca gratuitamenteà disposição de seus inquilinos tem, apesar disso, um valor para o <strong>do</strong>no dacasa? Ou então, <strong>do</strong>nde vem o valor de um freio automático em bom funcionamentopara vagões ferroviários, o valor de uma estrada de acesso para uma mina ouo valor de um local ou de um direito de patente que geram monopólio de venda?A utilidade de to<strong>do</strong>s esses bens complementares esgota-se totalmente no fato deaumentarem a utilidade e o valor de outros bens - no fato de as moradias comeleva<strong>do</strong>r gratuito serem alugadas a preço mais alto. as merca<strong>do</strong>rias monopolizadasserem vendidas a preço mais alto, os vagões provi<strong>do</strong>s de bons dispositivos de frenagemterem desempenho melhor e mais seguro. Por conseguinte, nesses exemplostoda a utilidade de um bem se reduz ao fato de aumentar a utilidade e o valor deoutros bens complementares, e se porventura isso representasse realmente uma deduçãopara o valor <strong>do</strong> primeiro bem, como pensa Wieser, simplesmente não sobrariavalor algum para ele mesmo - o que contradiz tanto aos fatos quanto à idéiafundamental, comum a nós to<strong>do</strong>s, da teoria da utilidade marginal.A verdade é que toda utilidade que depende efetivamente de um bem beneficiasua avaliação, sen<strong>do</strong> que não faz e não pode fazer diferença alguma, no caso,se essa utilidade, que depende dele, é uma utilidade direta para a satisfação dasnecessidades, ou é uma utilidade indireta que de uma forma ou de outra perpassaou atinge outros bens. Um bem é importante para meu bem-estar também quan<strong>do</strong>e porque depen<strong>do</strong> dele, se e quan<strong>do</strong> obtenho de outros bens, em termos de utilidade:também essa utilidade alheia é nesse caso uma utilidade que devo a ele, utilidadeque, portanto. deve ser alocada também a ele. Se Wieser se deixou desviar desseda<strong>do</strong>, é claro que também aqui só o fez movi<strong>do</strong> pela idéia errônea de ter de evitaruma suposta contradição lógica, que consistiria em ter de atribuir imediatamentea mesma utilidade a vários bens e alocá-la ao mesmo tempo a eles como sen<strong>do</strong>seu valor. No entanto, como me esforcei por demonstrá.-Io já. acima, isso não é nenhumacontradição. A verdade é que efetivamente devemos ao mesmo tempo avárias condições indispensáveis de uma utilidade essa mesma utilidade: e de fatose aloca a todas elas o valor. "ao mesmo tempo, mas obviamente apenas de maneiraalternativa, <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> que já expliquei difusamente. A melhor prova disso resideno fato - certamente admiti<strong>do</strong> também por Wieser - de que o possui<strong>do</strong>r de nossogrupo complementar não estará disposto a desfazer-se da posse de nenhum <strong>do</strong>strês bens A, B. e C por um preço abaixo de 4. Cada um deles vale 4 para ele, demo<strong>do</strong> igual e ao mesmo tempo, enquanto possuir os <strong>do</strong>is outros bens. Evidentemente,só em senti<strong>do</strong> alternativo, nunca cumulativo; em se tratan<strong>do</strong> de <strong>do</strong>is dessesbens juntos, estará disposto a vendê-los já por 7 e to<strong>do</strong>s os três juntos por 10.Talvez me seja lícito ousar presumir que Wieser, que tanto e tão elogiavelmentefez para distinguir os diversos problemas que confluem sob a denominação de alocação,tenha si<strong>do</strong> leva<strong>do</strong> a a<strong>do</strong>tar essa postura no tocante à nossa questão controversaem virtude de um pequeno resquício de obscuridade que pode ter sobra<strong>do</strong>,mesmo no caso dele. Com efeito, a "alocação" econômica <strong>do</strong> produto, que determinao valor subjetivo <strong>do</strong>s bens produtivos, é algo bem diferente da "adjudicação" distributivareal, da distribuição real <strong>do</strong> produto entre os fatores que contribuem parasua obtenção, e por isso também é regida por condições lógicas bem diferentes dasque regem estas. Pois bem, Wieser certamente não ignorou totalmente essa distinção,mas também não a fez de maneira suficientemente limpa e clara. Com efeito,considera também a alocação como uma autêntica "distribuição", embora se realizea enas em pensamento e ocasionalmente também lhe dá expressamente essa de­:" - -~= - ~I- :3


EXCURSO VlI 119-~ '~a. Por:::.~ a ;:~atuitaê: ::::mo dai- : : :~amenr:::-:~::laou: > ',enda?" .. : :ato dec:a::::3.S com:- : -.: Jlizadas.:,:::2 frena­(, ",emplos..alor de- :,,_ma de­" -?-:·sobra­,~--- à idéiaoenefi­:-. a '-. o caso,:-.:,':::ão das-.:::: ::erpassa:~- :uan<strong>do</strong>:' :::"utilida­: " -". utilida­,'" ,·.ar desse:,,: ::: 2 evitar" ::::::amente:: --: sen<strong>do</strong>s: -?-o é ne­:e:npo a.-:; ~ de fato~" :::e manei­:::"~J reside.:::::::e nos­-" - 'C.um <strong>do</strong>s-.: a:a ele, de." ::·.:dente­:::::s desses: ~ ::or 10.;- ::·.21mente::?-: de alo­:s:~: contro­:~: ~c;.bra<strong>do</strong>,_" ::etermi­~ : a:.3.o" dis­-: _2m para=~:e:ltes das~ ,,,a distin­=- =:-:1 efeito,-a "2 realize:-:~ 2ssa de-nominação: 24 por isso de antemão a subordina a um postula<strong>do</strong> lógico provenienteda idéia de distribuição, que de mo<strong>do</strong> algum é um postula<strong>do</strong> lógico para nosso verdadeiroproblema da alocação Com efeito, uma e mesma cota <strong>do</strong> produto naturalmentesó pode ser efetivamente distribuída uma vez, e portanto as cotas efetivamentedistribuídas, se forem simplesmente somadas umas às outras, de fato. sempre têmde dar como resulta<strong>do</strong> a cifra <strong>do</strong> produto total, nem mais nem menos. O que nadistribuição real é produto <strong>do</strong> ga<strong>do</strong> manti<strong>do</strong> pelo agricultor não pode. com nenhumapartícula, ser ao mesmo tempo produto <strong>do</strong> solo ou <strong>do</strong> trabalho agrícola, e viceversa.Em contrapartida, os Juízos que estão à base <strong>do</strong> valor subjetivo - o fato deque não se conseguiria certa parte <strong>do</strong> produto sem a colaboração de um elementocomplementar individual e, sob esse aspecto, ela é "devida" ao elemento que colabora~- podem muito bem interferir um no outro e sobrepor-se: a mesma parte <strong>do</strong>produto pode, nesse senti<strong>do</strong>, ser "devida" e alocada ao mesmo tempo a vários elementos.2 ', Ora, as avaliações subjetivas <strong>do</strong>s bens produtivos só têm a ver com Juízosde alocação desse gênero: deles derivam, da maneira que se conhece e somentemediante um processo secundário e como resultantes que correm entre as avaliações,os preços <strong>do</strong>s bens produtivos, e mediante esses preços decorrem, finalmente,as cotas de distribuição efetivas, estas sim regidas pelo postula<strong>do</strong> wieseriano.Em outras palavras, o problema da alocação econômica distingue-se não só<strong>do</strong> problema da distribuição justa, <strong>do</strong> qual Wieser com razão o diferenciou tão expressamente,mas também se distingue <strong>do</strong> problema da distribuição pura e simples,<strong>do</strong> qual. infelizmente, Wieser não o separou com tanta clareza - talvez pelo fatode haver desenvolvi<strong>do</strong> as leis de seu "Valor Natural" sob a hipótese de uma economiasem comércio e por isso não se viu na necessidade de elaborar o processo dadistribuição efetiva com clareza tal que necessariamente tenha si<strong>do</strong> obriga<strong>do</strong> a vera diferença entre as cotas realmente distribuídas e as alocadas para efeito da avaliaçãosubjetiva. E verdade que a distribuição efetiva - na medida em que é influenciadapor fatores econômicos - se explica totalmente a partir <strong>do</strong>s juízos de alocaçãoque determinam as avaliações subjetivas: acontece, porém, que ela deve ser explicadaa partir deles em duas etapas. As cotas alocadas não coincidem diretamentecom as cotas realmente distribuídas - ou só coincid,em em condições casuísticasbem especiais -, senão que primeiro explicam e determinam apenas a grandezadas avaliações subjetivas feitas <strong>do</strong>s bens produtivos - avaliações estas com as quaisna realidade coincidem completamente; entretanto, é só em uma segunda etapa,subseqüente, que as cotas efetivas de distribuição decorrem como resultantes dasavaliações subjetivas determinadas pela alocação. 2024 Por exemplo Notuerlicher Wert. p. 85 na nota: cf. também SCHUMPETER Bemerkungen. p. 91 et seqs.25 Talvez Wieser tivesse podi<strong>do</strong> encontrar em sua brilhante analogia com a alocação jurídico-penal (Natuerlicher Wert, p.74) também a característica de que o resulta<strong>do</strong> total de um delito pode ser aloca<strong>do</strong> ao mesmo tempo, e de maneira plenamentelógica, a vários réus. por exemplo ao autor e ao fautor <strong>do</strong> crime.26 A situação casuística na qual as cotas efetivas de distribuição coincidem totalmente. ou pelo menos quase totalmente.com as cotas "alocadas" é aquela de uma concorrência forte e ao mesmo tempo dispersa. É por esse motivo que Clark,em sua teoria da distribuição. desenvolvida por ele justamente na hipótese de uma concorrência totalmente livre, pôdechegar a resulta<strong>do</strong>s tão acerta<strong>do</strong>s, conquanto também ele não explique "em duas etapas", mas conclui diretamente da alocaçãopara a distribUição. Também em minha obra há de se encontrar várias exposições que explicam como, no caso deconcorrência em massa, livre e dispersa, o efeito limita<strong>do</strong>r das avaliações subjetivas baseadas em juízos de alocação seaproxima de um efeIto diretamente determínante. Ver, por exemplo no v.I, a exposição à p. 185 et seqs. e. no tocanteà formação da taxa de Juros de merca<strong>do</strong>, à p. 371 et. seqs. - Salvo engano meu, temos a mesma distinção de princípioentre as cotas "alocadas" e as efetivamente distribuídas, respectivamente da superposição parcial das cotas <strong>do</strong> produto totala serem alocadas aos diversos fatores, também naquilo que Aftalion, em suas observações sobre o problema da alocação- tão interessantes quanto perspicazes - registra e caracteriza como um "leve erro no cálculo da alocação" (!égere erreur<strong>do</strong>ns le coleul de l'imputotion). "Les Trois Nolions de la Productivité" In: Reuue d'Économie Politique Ano 25. 1911. p.160 et seqs. No caso. Aftalion constatou tu<strong>do</strong> aquilo que existe de real e que há que observar em relação a esse fenômeno,


120 TEORIA POSITIVA DO CAPITALUm leve perigo de confundir a "alocação" com uma "distribuição" de cotas <strong>do</strong>este ::-'~.;:~produto talvez esteja sempre presente à primeira denominação. 27 Certamente isso ~l~:: :,não pode constituir motivo suficiente para banir totalmente <strong>do</strong> uso científico o con­"segu:"'_::::ceito, plenamente adequa<strong>do</strong> e até muito feliz - desde que devidamente explica­ soluçi§.:: ~ _~<strong>do</strong> - e o termo alocação. Contu<strong>do</strong>, tenho aqui um motivo a mais para ater-me ção rei: ..à fomulação sistemática externa sob a qual até agora tenho trata<strong>do</strong> <strong>do</strong>s problemase qUE :i:~';:aqui em pauta. Com efeito, prefiro tratá-los sob o título geral de uma "teoria <strong>do</strong> va­em te=-:-:;lor <strong>do</strong>s bens complementares". Por um la<strong>do</strong>, essa formulação é a que melhor corres­cos c:"'. ::_S


EXCURSO VII 121, :::::5 <strong>do</strong> 'este inseri<strong>do</strong> na <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>, no final da página 187. 31:" -.:e isso Mas será que o "expediente" previsto por aqueles <strong>do</strong>is esquemas "primeiro" ec: :: con­ "segun<strong>do</strong>" oferece também uma solução efetiva <strong>do</strong>s problemas que demandam talE ":':;Jlica­solução? Acredito poder afirmar que sim. Em minha opinião, ele oferece uma solui::::e[-me ção real, ao mesmo tempo correta e suficiente, <strong>do</strong>s problemas existentes no caso1:-: :.emas e que carecem de solução: ao mesmo tempo ela oferece mais e mais corretamente,r::: :'J va­em termos de solução, <strong>do</strong> que oferece a abordagem <strong>do</strong>s mesmos casos esquemátic~ :: ::Jrres­ cos analisa<strong>do</strong>s pelo próprio Wieser.iC::;§.O <strong>do</strong>Meu esquema "primeiro" diz que cada um de vários bens complementares nãot_~. casosubstituíveis e também não-suscetíveis de outro emprego deve ser avalia<strong>do</strong> como: ,,~. con­ "unidade fina!", pelo valor global <strong>do</strong> grupo inteiro, mas como "parcela" é destituí<strong>do</strong>! :.:e tipo de valor. Eis uma solução definida para um problema que exige uma solução defi­,,':;:;(3 for­nida. Pois nossa experiência real nos mostra que, se analisarmos corretamente a::.:::: :::oue é situação que nos leva a avaliar uma unidade individual de um grupo complemeni::;:: :ução tar, de mo<strong>do</strong> algum nos comportamos com perplexidade ou hesitação na avaliaçãode tais unidades individuais, senão que, de acor<strong>do</strong> com a situação, emitimos umê-:-." ~avia juízo bem defini<strong>do</strong> - exatamente o expresso por minha fórmula. O fato de minhai -=~::::ureifórmula prever a possibilidade de uma dupla avaliação não a torna indefinida ou,=:: c sufi­ indecisa, pois ela não prevê a possibilidade de duas avaliações divergentes para uma-.-=-::=-quee mesma conjuntura, mas cada vez determinada avaliação para cada uma de duasf:.:-.§.o deconjunturas diferentes. A situação real que estimula o ato concreto de avaliação fixaré: :;:-:1ples sempre ao mesmo tempo determinada conjuntura à qual a avaliação deve aplicar­':' ::;Jenasse, e para essa conjuntura minha fórmula dá uma solução precisa e clara. Quem,-:-::.'':: suapor exemplo, possui duas unidades de bens, A e B, que, cooperan<strong>do</strong> uma com ac=. J pro­outra, lhe propiciam um produto total de 100 unidades de valor e recebe uma pro­:::::: ~uas posta de compra de bem A, para orientar sua decisão se e a que preço deve desfazer-sec C'J:ltrada posse desse bem A, terá de formar um juízo sobre o valor desse bem e basears:-::..':l)eÍs"esse juízo sobre o fato de que o bem A é para ele a unidade final de um grupo".e:-:1en­complementar que sem ele se desfaz; e, de acor<strong>do</strong> com isso, atribuir-lhe-à o valor::::~. dú- integral de 100 unidades e não há de vendê-lo abaixo desse preço. Se a propostade compra ocorresse não para o bem A, mas para o bem B, o fato faria com queE:-:-.'" <strong>do</strong>seste fosse caracteriza<strong>do</strong> como unidade final e avalia<strong>do</strong> com base nele. Se ele só tic:",teovesse o bem A, haveria de avaliá-lo corretamente como destituí<strong>do</strong> de valor e have­>: .-\ liás, ria de considerar vantagem se conseguisse o preço mínimo pelo mesmo. E se,~.:'" por finalmente, lhe surgisse uma oportunidade de adquirir o bem B que lhe falta, agiria}.::.:-braforacionalmente e poderia oferecer por ele até o preço de 100 unidades de valor. Emsuma, cada situação que aparece gera determinada conjuntura e suscita um juízode valor claro e correspondente à referida conjuntura.Que acontece, porém, se nosso administra<strong>do</strong>r possui duas unidades e de mo<strong>do</strong>algum pensa em desfazer-se da posse de uma delas, mas antes tenciona conser­=- ~.,: 50bre­ ,:;:ar as duas juntas e utilizá-Ias juntas para conseguir a utilidade complementar delas?: - :2 queE claro que neste caso a situação prática não caracteriza uma conjuntura definida. : - --:'"":::::;5. sór.=. :Õ::"".:ida­na qual ele teria de avaliar determinada unidade individual, mas também a situação~~ -:: .,; .: Jrretosimplesmente não lhe dá nenhum motivo prático para formar-se um juízo de valor:--~:" -.:~. quesobre uma das duas unidades. E se não obstante o fizer, será um juízo puramenteacadêmico e não um juízo defini<strong>do</strong> destina<strong>do</strong> a orientar um ato tenciona<strong>do</strong>. 32 Nai:~:2;ão lI.;:=-.,:: -=-:-2sentecc; .=. seguir31 Muito corretamente já Schumpeter ("Bemerkungen ueber das Zurechnung sproblem-. In: Zeitschriftfuer Vo/kswirtschaft,Sozialpolitik und Verwaltung. v. 18, 1909, p. 124 et seqs.) deu a mesma resposta à objeção de Wieser. Da mesma forma.agora, BRaDA. op. cit., p. 363.~: _ ;;;0 Zu· 32 Para orientá-lo em sua decisão, já firme no senti<strong>do</strong> de manter e empregar as duas unidades unificadas, deve ter servi<strong>do</strong>um juízo anterior - também ele emiti<strong>do</strong> absolutamente na linha de minha fórmula - de que as duas unidades, emprega­


122 TEORIA POSITIVA DO CAPITALtura1mente ele pode emitir tal juízo puramente acadêmico, nesse caso deve tambémno mínimo encarar, de igualmente acadêmico o fato <strong>do</strong> isolamento <strong>do</strong>s bens atéagora uni<strong>do</strong>s, da dissolução <strong>do</strong> grupo, e então chegará também aqui, exatamentede acor<strong>do</strong> com minha fórmula, ao juízo de valor acadêmico de que essa unidadeque dissolve o grupo em virtude de seu suposto isolamento ou de sua saída <strong>do</strong> grupovale 100 como unidade final, a outra sobra após a pressuposta dissolução <strong>do</strong>grupo não vale nada, por ser parcela isolada. Se ele - o que aliás não teria diretamenteconseqüências práticas prejudicadas - formar seu juízo acadêmico de mo<strong>do</strong>diferente, por exemplo avalian<strong>do</strong> cada um <strong>do</strong>s bens igualmente em 50, ou umem 75 e outro em 25, teríamos também aqui um juízo acadêmico falso. Prova dissoé que aquele que assim avaliasse teria de precaver-se para não ser cobra<strong>do</strong> a sériopor essa avaliação, numa ocasião prática que porventura aparecesse posteriormente,por exemplo ao chegar uma proposta de compra de 80 unidades de valor poruma das duas unidades; e prova disso é também o fato de que, se ele perder umadas duas unidades - por exemplo, em razão de um incêndio -, certamente sentiráque empobreceu não de 50 ou 70 unidades de valor, mas de 100.Por conseguinte, penso poder reivindicar que minha fórmula representa o espelhoexplicativo para os processos reais da vida prática e fornece uma resposta clarae de solução para to<strong>do</strong>s os problemas levanta<strong>do</strong>s pela vida real.O mesmo não acontece com Wieser. Dá ele a seguinte orientação para o casoanalisa<strong>do</strong> no esquema "primeiro":"Suponhamos que a vida de um caça<strong>do</strong>r dependa de ele matar, com o último cartuchoque possui, um animal selvagem que o ameaça. Se o tiro errar o alvo, tu<strong>do</strong> estáperdi<strong>do</strong>. A espingarda e o cartucho juntos têm aqui um valor que pode ser calcula<strong>do</strong>com exatidão. Seu valor, em conjunto, é igual ao valor <strong>do</strong> acerto <strong>do</strong> tiro, nada maisnada menos. Em contrapartida, não há maneira alguma de se calcular o valor da espingardae <strong>do</strong> cartucho considera<strong>do</strong>s isoladamente. São duas incógnitas, as quais só existeuma equação. Se as denominarmos x e y e se supusermos que o resulta<strong>do</strong> favorávelé igual a 100, tu<strong>do</strong> o que podemos definir sobre o valor deles está conti<strong>do</strong> na equaçãox + y = 100"33.-:: :~:: .õ::-:t:J~ ~._:-J=- =_2Constato duas coisas. A fórmula de Wieser não consegue aqui dar nenhumasolução definida; além disso, o mínimo de afirmação positiva que ela contém excluiexatamente a solução correta: se x e y têm de repartir-se, de acor<strong>do</strong> com algumcritério qualquer, na soma de 100, para cada um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is está excluí<strong>do</strong> que seuvalor possa conseguir a cifra integral de 100. Precisamente esta é a verdadeira solução.Se faltar apenas um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is, se, por exemplo, o cartucho que o caça<strong>do</strong>r quercolocar na espingarda cair no mato, "tu<strong>do</strong> está perdi<strong>do</strong>". O valor de cada um <strong>do</strong>s<strong>do</strong>is bens "é igual ao valor <strong>do</strong> acerto <strong>do</strong> tiro, nada mais nada menos".Acredito não ser necessário comentar tão minuciosamente meu esquema "segun<strong>do</strong>".Quem se tiver da<strong>do</strong> ao trabalho de acompanhar a exposição sobre o esquema"primeiro" com seu próprio raciocínio crítico terá condições, mesmo sem orientaçãoespecial, de comprovar, mediante um raciocínio bem análogo, que minha fórmula"segunda" fornece, para cada situação que se enquadrar nela, uma solução definidae ao mesmo tempo correta, que corresponde ao comportamento que se observaefetivamente nas pessoas. Em contrapartida, meu comentário à tentativa de soluçãoconcorrente de Wieser tem de ser um pouco nuança<strong>do</strong>. Antecipo que o exemdase avaliadas como unidade fechada, têm um valor de 100, ao passo que como parcelas isoladas fora <strong>do</strong> grupo fecha<strong>do</strong>não têm valor algum, razão pela qual se deve racionalmente optar pelo emprego como unidade fechada.33 Natuerlícher Wert, p. 85.


EXCURSO VII 123'.," :::mbémpIo concreto com base no qual Wieser trava sua polêmica contra a concepção de:" :2r1S até Menger e a minha - o exemplo, já tão discuti<strong>do</strong> por nós, <strong>do</strong>s três bens A, B e C,;:::·.=.:::mente<strong>do</strong>s quais cada um gera, isoladamente, uma utilidade de 3, e os três uni<strong>do</strong>s geramR...::--,ídade uma utilidade total complementar de 10 - apresenta uma situação que justamente[::=. ::io gru­ se enquadra no esquema "segun<strong>do</strong>" (vários bens não-substituíveis, mas que isola<strong>do</strong>s~:_ção <strong>do</strong>podem ter outro emprego). E verdade que Wieser dá uma solução definida parat2:--.=. direta­esse caso, como vimos: avalia cada um <strong>do</strong>s três bens precisamente em 3 1/3 uni­:..:: ::.e mo­ dades de valor. 34 Mas também já nos convencemos de que essa solução é errô­::"_JU umnea; ela contradiz o agir real das pessoas, o qual, para orientar-se corretamente,F~=·.a dissoexige uma avaliação de 4 unidades de valor por bem. 35 E, finalmente, impõe-se2:::': a sériomais uma observação. Creio que o mo<strong>do</strong> de Wieser tratar o caso "segun<strong>do</strong>" não;;:,,:-::,rmenéconseqüente em relação ao seu mo<strong>do</strong> de tratar o caso "primeiro". Ao que parece,E ·.::.or porno caso "segun<strong>do</strong>" os três elementos <strong>do</strong> grupo têm para com o excedente de 1, que~=::'2r uma depende <strong>do</strong> emprego complementar - excedente este que a utilidade complementarr..2:':!e sen­total de 10 deixa sobrar em relação à utilidade de 9, atingível no caso de emprego[isola<strong>do</strong> <strong>do</strong>s elementos - , exatamente a mesma relação lógica e real que no caso5-2:-:.:C o es­"primeiro" os elementos <strong>do</strong> grupo têm com a utilidade total a ser conseguida com~-: : 5ta ela­ o emprego complementar deles; pois bem, por que motivo Wieser, em um <strong>do</strong>s casos,falou de uma equação com várias incógnitas, que não forneceria bases sufi­.::-:: 'J casocientes para uma distribuição e para um cálculo preciso <strong>do</strong> valor e, no outro caso,distribuiu e avaliou com precisão, se as bases aqui também são poucas?Depois <strong>do</strong> caso em que concorrem vários bens não-substituíveis a crítica de Wieser~-:-. c cartu­ à minha teoria se volta ainda para o caso em que confluem no mesmo grupo vários:; :"':::0 estáou muitos bens "substituíveis" e à minha tentativa de solução como caso "terceiro"?= :=.:cuJa<strong>do</strong>opõe o seguinte comentário cético:-.=::'3 maiscc c=. espin­2:., ;::' existe "Porventura também não confluem sempre mais de um e mesmo muitos <strong>do</strong>s benstc '?',orável'substituíveis'? O valor deles, que na prática é determina<strong>do</strong> em cada caso recorren<strong>do</strong>-='2cJaçãoa seu outro emprego e avaliação, já que o outro emprego sempre ocorre ele mesmoem combinação com bens complementares, deve teoricamente sempre ser primeiro desvincula<strong>do</strong>da combinação - entretanto, como é possível isso senão conhecen<strong>do</strong>-se a-.2:-:JlUmaregra da distribuição?"36I2~. exclui:-:-. algumSe enten<strong>do</strong> bem essa objeção, ela denuncia uma espécie de explicação em cír­:: ::...;e seuculo vicioso. Segun<strong>do</strong> Wieser, minha explicação não resolve o problema. Para ava­::2~ê. solu<strong>do</strong>selementos de outro grupo complementar, no qual, porém, existe o mesmo pro­liar os elementos de um grupo complementar me baseio, segun<strong>do</strong> ele, na avaliação


124 TEORIA POSITIVA DO CAPITALao bem A, sen<strong>do</strong> que AI, por ser utiliza<strong>do</strong> da maneira mais racional num grupocomplementar, é capaz de gerar, juntamente com dOIS outros bens, D e E, umautilidade de 8 unidades de valor Que este é o emprego mais racional <strong>do</strong>s três bensAI, D e E, bem como a grandeza da utilidade dali resultante, eis uma suposiçãode natureza real, um "da<strong>do</strong>" exatamente <strong>do</strong> mesmo gênero que a primeira suposiçãoque o próprio Wieser coloca à base de seu exemplo, de que o emprego maisracional <strong>do</strong>s bens A, B e C é seu emprego complementar, e de que utilidade daliresultante é uma utilidade de 10 unidades. Este "da<strong>do</strong>" é um da<strong>do</strong> da técnica deprodução, o qual não exige nem admite explicação por parte da teoria econômica- da mesma forma como a teoria econômica não estaria chamada ou obrigadaa explicar, no exemplo <strong>do</strong> colono com os cinco sacos de cereal, que e por que.entre as necessidades <strong>do</strong> colono, a necessidade de aguardente de cereal vem depoisda necessidade de alimentação com carne e que importância se atribui à satisfaçãode cada uma dessas duas necessidades,Pois bem, eis outro da<strong>do</strong> da técnica de produção: no caso de dissolver-se ogrupo A j ,D e E, algum emprego <strong>do</strong>s bens D e E tem de ser o segun<strong>do</strong> mais racional,assim como que utilidade ou aumento de utilidade se pode conseguir dessesegun<strong>do</strong> emprego mais racional, Suponhamos. por exemplo, que os bens D e E.como verdadeiros bens complementares, de to<strong>do</strong> isola<strong>do</strong>s simplesmente nâo sirvampara nada, que, unifica<strong>do</strong>s num grupo de <strong>do</strong>is elementos, D e E, juntos sópossam gerar uma utilidade de 4; mas que, se. na falta de outro bem flutuante ­com o qual possam novamente ser unifica<strong>do</strong>s para formar um grupo de três elementos-, forem acrescenta<strong>do</strong>s, como quarto elemento. a outros grupos de trêselementos, jd existentes. um deles seja capaz de aumentar o produto de tal grupode três elementos. de 2.3 unidades. e o outro. de 2.2 unidades.Dentro desses pressupostos. de natureza perfeitamente real, resolve-se totalmentee com clareza, tanto "na prática" como na "teoria", o problema <strong>do</strong> valor de um exemplarda espécie de bens A Se a situação for tal que o <strong>do</strong>no <strong>do</strong> bem A tem ocasiãode avaliá-lo como "unidade finar <strong>do</strong> grupo complementar A + B + C, não o avaliaráem 4 unidades de valor. como no caso da "insubstitutibilidade" <strong>do</strong> mesmo, masapenas em 3.5: agird assim. basea<strong>do</strong> na ponderação de que. no caso de perdê-lo,garantiria para si a conservação da utilidade complementar total desse grupo, nomontante de 10. retiran<strong>do</strong> o exemplar substituível AI de seu emprego complementar,e de que com a dissolução deste último sofreria apenas um prejuízo de utilidadede 8 - (2,3 + 2,2) = 3,5 unidades de valor. Essa obtenção <strong>do</strong> "valor de substituição"3?de um exemplar A com 3,5 ocorre claramente a partir da situação indicadae não pressupõe nenhuma outra "distribuição" problemática de outro gênero: nempara a prática nem para a teoria, se esta for o espelho fiel da prática e explicar osatos práticos a partir <strong>do</strong>s motivos, juízos e situações que estão à base deles,Ao contrário, se a situação fosse tal que o <strong>do</strong>no <strong>do</strong> bem A tivesse ocasião deavaliá-lo não como unidade final <strong>do</strong> grupo A, B, C, mas como parcela isolada, aavaliação não se alteraria, permanecen<strong>do</strong> em 3, com base na utilidade que o bemA é capaz de proporcionar isoladamente. pela hipótese <strong>do</strong> exemplo. Pois para substituiro bem A nesta sua última função nunca poderia racionalmente entrar em questãoo desvio <strong>do</strong> possível substituto A 2 de um emprego que garante a utilidade maiorde 3,5 e por isso não pode ocorrer a avaliação com base no "valor de substituição".Por conseguinte, no caso contempla<strong>do</strong> a avaliação <strong>do</strong> bem A não oscilaria entre4 e 3, como no caso da sua substitutibilidade. mas entre 3,5 (como unidade final),;: - ,- ~.:.. =- :337 Ver no texto da <strong>Teoria</strong> Positiua, v.I. p. 185 et seqs., em "Terceiro", ponto 1.


EXCURSO VII 125_- .. ~grupo_ ~ ~. uma~: ' :~.25 bens[" ': , .. Dosição- é ~:: 5Jposi­C:-:::C:'::D mais__ - ~~-=e dali:': :~'::':ca de':- ': .:;: ::nomi­: .. .:: ~rigada'" é :::Jr que,:é ':. 2m de­:=-.:: ... 3 satis­: ": .', 2r-se o-:.::. "':laisra­-'é':: .. 'r desse'::é:-~ D e E,.,: -.::.:; :lão sir­. '::ltos só: ..:.:ante­: '::é .::"ês ele­-.. ::':: ~ de três'::é :::. grupo:'.c: .::: :ô.:mente'::é .. :-:-: exem­,'é- xasião__ "~.::oava­-':;'-:0. mas.::.:; :::2rde-Jo,.s-= ~=..;po, no.::: :-.:::Jlemen­.::.:; ~::lidader .::.:; ::Jbstitui­: ~: ::ldicada=-~--.':;:::J: nem.:; .:;~?licar os'" .::.:; .2S.i: : :3::ião de':::::Jiada, a':: .. 20bem:: ::: :o:a subs­- .:;:C. questão':~::~2 maior.: .. .:: ::::tuição'.-.::::'a entre-- :::je final)e 3 (como parcela); ou então, para sermos mais corretos na expressão, não seriaa aualiação que oscilaria, senão que. de acor<strong>do</strong> com a oscilação ou a alteração dasituação, a avaliação seria ou de 3,5 ou de 3, mas em qualquer caso sempre demo<strong>do</strong> claro e defini<strong>do</strong>.Finalmente, se para a possível substituição não entrasse em questão somenteuma única unidade AI, mas centenas ou milhares de exemplares iguais, seria extremamenteprovável - exatamente como expus em meu texto sobre o caso "terceiro",ponto 2, e não preciso repetir aqui - que também as cifras indica<strong>do</strong>ras da'ltilidade <strong>do</strong>s numerosos empregos em aberto para esses muitos exemplares de bensnão estariam separadas entre si por distâncias grandes e abruptas, mas apresentariamuma seqüência gradual quase contínua e isso teria como conseqüência ­também aqui. pelo motivo exatamente indica<strong>do</strong> no texto - que a margem, sempreexistente, em princípio, entre a avaliação como unidade final e a avaliação comoparcela, se reduziria a uma grandeza "totalmente insignificante" e que, portanto,não entraria mais em questão. na prática, Aqui temos um ponto em que - repetin<strong>do</strong>um termo utiliza<strong>do</strong> por Wieser em senti<strong>do</strong> menos adequa<strong>do</strong> - a prática na realidadeé capaz de "resolver mais facilmente" o probema <strong>do</strong> que a teoria, Na teoriapura e matematicamente exata, também em relação aos bens substituíveis semprehaverá ainda uma diferença de avaliação. conforme esses bens tiveram de ser avalia<strong>do</strong>scomo unidade final ou como parcelas. Com efeito, ao nível da teoria sempreé decisivo saber se é possibilita<strong>do</strong> ou balda<strong>do</strong> aquele emprego complementar especialque estava primariamente destina<strong>do</strong> para a unidade a ser avaliada; isso sempreaumenta ou diminui de um número as ocasiões de necessidade que se contrapõemao número disponível de unidades <strong>do</strong>s bens e por isso sempre desloca também deum número. para cima ou para baixo, o "último emprego" que entra em questãopara a utilidade marginal. Se, porém, os <strong>do</strong>is empregos que entram alternativamenteem questão para a posição de "último simplesmente não se diferenciarem notocante à sua importância - o que pode muito bem ocorrer - , ou a diferençaentre eles for de grandeza que praticamente não entra em questão - o que acontececom muita freqüência - , nesse caso também as avaliações como unidade finale como parcela coincidem na prática e os bens substituíveis que têm essapropriedade recebem, como me expressei, um "valor e um preço fixos" e "independentesda concretização <strong>do</strong> emprego complementar individual". Não consigo ver porque essa explicação deixaria algo sem definição ou sem solução.Finalmente, se a mesma situação ocorrer ao mesmo tempo com vários ou muitoselementos substituíveis de um grupo, ela se amplia e se torna a mais complexa,porém a natureza <strong>do</strong> problema não se altera; nem por isso a situação terá algumelemento novo que impeça a solução teórica precisa da mesma.Eis por que em toda a linha não posso considerar como procedente a objeçãode insuficiência que Wieser levantou contra minha tentativa de solução. Enten<strong>do</strong>,sim, perfeitamente porque motivo Wieser, partin<strong>do</strong> de seu ponto de vista uma vezescolhi<strong>do</strong>, tinha de chegar gradualmente a todas as suas objeções: tu<strong>do</strong> está emfunção de um e mesmo primeiro erro. Trata-se <strong>do</strong> erro de que em meu caso "primeiro',confluin<strong>do</strong> vários bens insubstituíveis, segun<strong>do</strong> Wieser seria impossível umaalocação e uma avaliação definidas, de que aqui só haveria uma equação com duasincógnitas. Se realmente não houvesse possibilidade de dar uma solução definidaao caso "primeiro", realmente o mesmo aconteceria com o caso "segun<strong>do</strong>" e tam·bém com o "terceiro', pois os casos "segun<strong>do</strong>" e "terceiro" também encerram o problemaexistente no caso "primeiro", se bem que em extensão quantitativamentemenor - no caso "segun<strong>do</strong>", o problema é limita<strong>do</strong> ao excedente que a utilidade


126 TEORIA POSITIVA DO CAPITALce ','.. _complementar deixa em relação ao emprego subsidiário <strong>do</strong>s elementos <strong>do</strong> grupo,3S'e no caso "terceiro" o problema é limita<strong>do</strong> à diferença infinitesimal -, que na práticaé totalmente insignificante na maioria <strong>do</strong>s casos, mas em teoria tem de ser levadase:-.:: =em conta - entre a avaliação como unidade final e como parcela, O preconceitode Wieser está em ele considerar logicamente inadmissíveis juízos de alocação quese sobrepõem total ou parcialmente e que alocam uma mesma parcela <strong>do</strong> produtoa vários fatores como dependentes deles e que conseqüentemente levam a avaliaçõesbem determinadas; em razão disso, Wieser vai em busca de uma alocação deoutro gênero, de uma "distribuição" <strong>do</strong> valor total - obtida diretamente já na etapada alocação - em cotas puramente justapostas e somadas, que juntas completame esgotam exatamente o valor total. Ora, temos aí certamente uma quadratura <strong>do</strong>círculo, que Wieser não conseguiu encontrar e que não havia necessidade de encontrarpara resolver to<strong>do</strong>s os problemas que nos vêm realmente <strong>do</strong>s fatos: a explicaçãoda avaliação subjetiva <strong>do</strong>s bens produtivos nos vem totalmente <strong>do</strong>s juízos dealocação acima descritos, que conforme as circunstâncias se sobrepõem; quanto àexplicação, também ela necessária, da distribuição efetiva <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s da produção,que é feita por meio da formação <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s bens produtivos, tambéma conseguimos totalmente mediante a segunda etapa de nossa explicação de <strong>do</strong>isestágios: ela nos manda procurar a resultante a partir das mesmas avaliações subjetivas<strong>do</strong>s bens produtivos que a primeira etapa de nossa explicação deduziu <strong>do</strong>sjuízos de alocação que se sobrepõem, E simplesmente não existe aqui um terceiroproblema que tenha algum interesse para nós.Como resu lta<strong>do</strong> destas longas discussões, penso poder defender a opinião deque as idéias e considerações que apresentei para minha teoria <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s benscomplementares, inspiran<strong>do</strong>-me em idéias básicas de Menger, contêm to<strong>do</strong>s os elementosde uma solução ao mesmo tempo adequada e completa <strong>do</strong>s problemas aserem aqui levanta<strong>do</strong>s, O fato de ter-me aqui confronta<strong>do</strong> tão pormenorizadamentecom os pontos de vista divergentes de Wieser deve-se a um grande número de razões:primeiramente à importância básica, depois à notória e extrema complexidade' •._. ..:'1desse assunto, até agora tão precariamente estuda<strong>do</strong>, e não em último lugar ao fato_. ;:.,- -:::. . - ....Iiİde ter de defender meu ponto de vista diante de um pesquisa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> gabarito deWieser. Tenho a impressão de que. no tocante a problemas atinentes à alocação,só tinha o direito de exigir <strong>do</strong>s leitores que divirjam <strong>do</strong> juízo <strong>do</strong> altamente beneméri­to autor da teoria da alocação depois de mostrar-lhes claramente e de maneira irre­torquível essa necessidade de divergir. -~.: "Basean<strong>do</strong>-me no que disse em relação a Wieser, posso ser tanto mais sucintona apresentação de certas complementações às quais me leva também à recentíssimadiscussão <strong>do</strong>s mesmos problemas por parte de Schumpeter. A exposição deSchumpeter, em grande parte cheia de méritos, contém uma crítica pormenorizadada teoria da alocação de Wieser,:19 uma crítica igualmente detalhada de minha tentativade soluçã0 40 e, finalmente. a tentativa de solução <strong>do</strong> próprio autor. 41Considero basicamente acertada a crítica de Schumpeter à teoria da alocação- :_ ."1:::: :: .:"'~- _':-~--II!38 Em nosso 8xempio, tantas vezes utiliza<strong>do</strong>, é o excedente de 1, flue sobra da utilidade complementar total 10, em relaçãoà soma <strong>do</strong>s empregos subsidiários <strong>do</strong>s três elementos <strong>do</strong> grupo, no montante 3 para cada um e que, portanto, totalizam 9.39 "Bemerkungen ueber das Zurechnungsproblem". In: Zeitschrift fuer Volkswirtschaft, Soziaipolitik und Verwaltung. v. 18,1909, p. 79 et seqs., especialmente p. 86·112.40 Ibid, p. 112·1324l' Wesen und Hauptinhalt der theoretischen Nationa/oekonomie. 1908, p. 243·259. Aliás. também aqui são espalhadasvárias observações críticas sobre a teoria de Wieser e a minha.:-::-.:: - ..;]I:..:....-: - .Jl:J--::. :~-';:::'::s;;:".:.a:


EXCURSO VII 127~ õ :0 grupo,38 ~=~2 na práti­:::2 õer levada= -:: :-econceito2 ::.:::cção quer=2:: :::0 produto~.::::1 a avaliat-::,,:ocação de,~-:2 .'á na etapat~ :::õ ::ompletam,ê :: ..:"iratura <strong>do</strong>:~õi:ade de en­': õ c::':::Js: a expli­~:2 ::::s juízos de~ :2-:-.: quanto à~: >, da pro~u­_=.:5. tambem[: _::::: ~ão de <strong>do</strong>is!~. ::.~::.~ções subje­:~::: :eduziu <strong>do</strong>s!:: _. ·..:m terceiro!-:: - ::. opinião de, '. ::. :':- <strong>do</strong>s bens~- :::::::05 os ele­:::: õ -:::-::Jblemas a2 - ::: :-:zadamente, - ~ :-:ero de raê:::::: :-:-:plexidade-:- ::: ._;ar ao fato:: :abarito de':2: ~ alocação,:~ -:2 "='eneméri­:~ :-.::.neira irre­:-:-.::':S sucintoÉ - ~ :-ecentíssi­~- 2


128 TEORIA POSITNA DO CAPITALma de trigo. Sem dúvida, Schumpeter nãer teria podi<strong>do</strong> cair neste outro equívocose já tivesse consegui<strong>do</strong> clareza sobre um fato que eu desde então tivera igualmenteocasião de fazer objeto de exposição explícita em relação a tais equívocos, a saber,o fato de que também uma "utilidade total" pode ser uma utilidade marginal no significa<strong>do</strong>mais autêntico e mais literal da palavra. A utilidade pela qual se avaliam"três sacos de trigo" de um estoque de cinco sacos é, indubitavelmente, uma utilidadetotal - como demonstro expressamente acima (p. 138 et seqs.) -, a qual englobaempregos de importância desigual e crescente; mas também não há dúvida de queé ao mesmo tempo uma verdadeira utilidade marginal, pois ela não é a utilidademarginal de três sacos quaisquer, mas a utilidade total <strong>do</strong>s "últimos três sacos", queengloba os grupos de necessidades menos importantes, com os números indica<strong>do</strong>resde menor importância 1, 2 e 3. Analogamente - para tirarmos um exemplotambém <strong>do</strong> tema <strong>do</strong>s bens complementares -, toda utilidade de um grupo complementaré seguramente uma "utilidade total" num senti<strong>do</strong> legítimo dessa palavra.No caso de se possuir, por exemplo, 100 grupos A, B, C, certamente·um dessesgrupos é avalia<strong>do</strong> pela utilidade total <strong>do</strong> último grupo, por ser esta sua utilidade marginal;e no caso de se submeter à avaliação dez desses grupos como unidade fechada,para essa avaliação é decisiva uma utilidade total, que merece essa denominaçãoem duplo senti<strong>do</strong> e que ao mesmo tempo é com certeza uma verdadeira utilidademarginal, a saber, a utilidade <strong>do</strong>s últimos 10 grupos <strong>do</strong>s 100 disponíveis!O segun<strong>do</strong> equívoco perturba<strong>do</strong>r está em Schumpeter imputar-me que, na explicação<strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s bens produtivos, não levo em conta to<strong>do</strong>s os empregos produtivosnos quais eles colaboram, senão que excluo "um ou alguns deles" comodestituí<strong>do</strong>s de influência. E sumamente provável que ele aluda aqui àquelas afirmaçõesem que eu havia dito que bens de produção ou bens-custos substituíveis e disponíveisem exemplares numerosos encerram um "preço e um valor fixos",independentes da concretização ou não <strong>do</strong> emprego complementar individualYNa verdade, porém, conforme acabo de comentar bem explicitamente, e conformejá antes se podia depreender <strong>do</strong> contexto, com clareza suficiente,48 em princípionão excluo nem um único <strong>do</strong>s empregos produtivos em aberto de tal influênciasobre a formação <strong>do</strong> valor. Minha afirmação, mal interpretada por Schumpeter, nãoqueria propriamente dizer outra coisa senão isto: a influência - que em princípioexiste - de um emprego complementar individual, sob certas condições casuísticas,pode na prática tornar-se insensível e irrelevante - fato este confirma<strong>do</strong> indubitavelmentepela experiência real, fato que o próprio Schumpeter não se nega areconhecer. 49Ora, esses equívocos formam uma trama tão indecifrável na crítica de Schumpeterà minha tentativa de solução que dificilmente é possível constatar com clarezase ainda restaria algo - e o quê - das objeções críticas se delas fossem elimina<strong>do</strong>sto<strong>do</strong>s os pressupostos equívocos juntamente com todas as conseqüências deles decorrentes.Por isso, creio poder dispensar a mim e meus leitores <strong>do</strong> trabalho de umaanticrítica que desça a pormenores, tanto mais que Schumpeter, com to<strong>do</strong>s os equívocos,tem consciência de estar muito próximo, <strong>do</strong> ponto de vista <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>, demini':=.cipa: ,nos ~;mer.::ele. C:mer.:'"elim::-.'::jeti\:c:-:­mine.:'- - '"',€c:'='--I47 A objeção de Schumpeter, não muito clara, tem sua formulação relativamente mais clara em Wesen und Hauptinhalt,p. 251 e 252. comparada com a p. 253. Sobretu<strong>do</strong> a afirmação, que se encontra à p. 252, de que a concepção que eleme atribui "ignora o aumento de valor, que é a conseqüência de uma nova possibilldade de emprego para um bem deprodução·, só pode ser entendida nessa linha. A mesma objeção, mesclada a várias argumentações deduzidas da primeirainterpretação errônea acima citada, está materialmente contida também em Bemerkungen. p. 127-13148 Ver v.l, p. 185 et seqs. (sobretu<strong>do</strong> na nota 41 da p. 186) da <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong> e p. 124 et seqs. <strong>do</strong> presente Excurso.49 "I...) pode, pois, acontecer que C.) o novo emprego quase não exerça nenhuma influência (.. ) Mas isso não vale demo<strong>do</strong> geral - se bem que na prática valha quase sempre - nem vale à guisa de princípio·. (Wesen und Houp'inha/t, p. 254)(- - ;-=.­:'.:(T-;;: -:s


EXCURSO VII 129:; ~::"o equívoco:~. 2~a igualmente-:., ::os, a saber,:-:-. :::-ginal no sig­: 21 se avaliam[:~.lma utilidadea. qual en·globaf:. :::::',ida de que:~:; é a utilidade~2S sacos", quel:-:-.2~as indica<strong>do</strong>­:'0 :..:m exemplo_:-:-. grupo com­C :::2ssa palavra.;:::-.:2·um dessesa..l::lidade mar­.1:-.'dade fecha­Ei: :::enominaçãoa.:::e:ra utilidadeç: :; :-.\·eis!-:-:-.e que, na ex­3 ;:: :-:-:preg,~s pro­.::-'O :1eles como; ~:,-,elas afirma­L.:'S~:uíveis e dis­.:-:-. " alor fixos",;:=-~ ::1dividual. 47:a.:-:-:ente, e con­:'


EXCURSO VIIIo Valor de Bens Produtivos e a Relação Entre o Valor e os Custos(Para a Seção I, Subseção VII <strong>do</strong> Livro Terceiro, p. 189 et seqs.da <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>)A relação entre o valor e os custos sempre tem ofereci<strong>do</strong> matéria inesgotávelpara controvérsias científicas. Também eu já tive ocasião, repetidas vezes, de participardelas, sen<strong>do</strong> que na maioria <strong>do</strong>s casos isso aconteceu fora <strong>do</strong> âmbito desta obra,em vários escritos especialmente destina<strong>do</strong>s ao esclarecimento de problemas controversos.1 Não tenciono aqui voltar novamente aos pontos já discuti<strong>do</strong>s nesses escritos.Todavia, em relação à exposição <strong>do</strong>gmática <strong>do</strong> assunto que incorporei notexto de minha <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong> ventilaram-se desde então questões que em partesão novas e em parte foram apresentadas de uma forma e em uma direção tão novas,em relação a de antes, que também elas podem ser consideradas novas. Duasdelas, que me parecem apresentar interesse maior para a teoria, serão discutidasa seguir. A primeira diz respeito à suposição, inserida em minha exposição, de queos mesmos bens de produção podem servir para gerar produtos de utilidade marginale valor diferentes e, a segunda, se refere ao nexo causal que se supõe haverentre o valor <strong>do</strong>s produtos e o valor <strong>do</strong>s bens de produção.Ao expor como se determina o valor <strong>do</strong>s bens de produção que admitem empregosdiferentes, eu havia pressuposto como possível e até como típica a situaçãoem que produtos de espécie diferente, que podem ser fabrica<strong>do</strong>s com a mesma espéciee quantidade de bens de produção, podem, nos diversos setores de necessidadespara as quais servem, apresentar utilidade marginal e valor desiguais; paraessa situação elaborei a fórmula de que o valor da unidade de meios de produçãoé regi<strong>do</strong> pela utilidade marginal e o valor de seu produto de menor valor. 2 Ora,contra essa colocação se objetou que, se a economia for conduzida de forma racional,essa situação pressuposta simplesmente não pode ocorrer. Pois se, de acor<strong>do</strong>com o princípio da economicidade, se dispuser da posse <strong>do</strong>s bens de tal mo<strong>do</strong> que1 Ver em particular meus estu<strong>do</strong>s "Zwischenworl zur Wertlheorie" e "Werl, Kosten und Grenznulzen". In: Jahrbuecher fuerNational Oekonomie de Conrad. Nova série, v. 21 e Série 3, v. 3, bem como "Der !etzte Masstab des Gueterwerles". In:Zeilschrijt fuer Volksw., Sozialpolitik und Verwa/tung. v. 3 (1894).2 Ver no v.l o texto de minha <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>. p. 193 et seqs.131


132 TEORIA POSITIVA DO CAPITALela assegura um máximo de utilidade, se deverá - assim se objetou - distribuiresta utilidade pelos diversos empregos em quantidades tais que a unidade de bensem toda parte .tenha a mesma utilidade marginal. 3 Contra a observação - inseridapara justificar minha suposição efetiva e ilustrada com o exemplo da estufa <strong>do</strong>quarto - de que em diversos setores de necessidades a escala da utilidade quese pode conseguir com outros exemplares de bens não decresce de forma contínua,mas abrupta,4 objetou-se que a ocorrência de diferenças de qualidade: analogamenteao que acontece com qualquer divisibilidade <strong>do</strong>s bens, deve conduzir, tambémaqui, a uma seqüência gradual absolutamente contínua das necessidadesdependentes e conseqüentemente a um nivelamento total das utilidades marginaisdependentes:se:-.2 ~ ;;:Jc~:: :: ~~:-:-'.2. :::~"Ninguém escolhe entre as possibilidades de ter uma ou duas estufas em seu quarto.Acontece que entre a pequena estufa de ferro, na qual podemos aquecer também nossarefeição, e o aquecimento central com chaminés de efeito decorativo, há uma sérieinfinita de maneiras possíveis de satisfazer a necessidade de aquecimento, uma série quepodemos tranqüilamente entender como contínua. (...) Nesse caso, porém, a referidalei tem validade geral e todas as utilidades marginais de to<strong>do</strong>s os tipos de emprego <strong>do</strong>sbens têm de ser iguais - to<strong>do</strong>s os valores de quantidades bem pequenas de bens devemser iguais entre Si".5Antes mesmo de verificar se essa objeção é realmente correta, gostaria de constatarde antemão uma coisa: ainda que a objeção fosse plenamente fundada em tu<strong>do</strong>o que é real, ela não afetaria nenhuma idéia essencial de minha teoria, mas no máximoa forma externa em que é apresentada. Pelo contrário, as idéias essenciais deminha teoria apenas receberiam uma expressão ainda mais precisa e mais rigorosa.Com efeito, o caso <strong>do</strong>s bens de produção que admitem empregos varia<strong>do</strong>s se resolveriaentão exatamente pela simplicíssima fórm ula segun<strong>do</strong> a qual eu já antes haviadesenvolvi<strong>do</strong> o valor <strong>do</strong>s bens de produção suscetíveis de uma única maneira deuso; da situação e da exposição desapareceria tu<strong>do</strong> o que pudesse despertar sequera aparência de que, na relação <strong>do</strong>s bens de produção com seus produtos, ovalor <strong>do</strong>s bens de produção poderia ser o elemento determinante e o valor <strong>do</strong>s produtoso elemento determina<strong>do</strong>.Isso aconteceria da maneira seguinte. Suponhamos, por um momento, que tu<strong>do</strong>o que é real se comporte de fato exatamente da forma como Schumpeter desejasupor: que exista no tocante a todas as espécies de bens uma divisibilidade perfeitae infinita e que a importância <strong>do</strong>s movimentos concretos de necessidade, a seremsatisfeitos cada vez com uma partícula mínima <strong>do</strong>s bens, decresça em to<strong>do</strong>s os setoresde necessidades na forma de uma linha ou curva totalmente contínua. Na hipótesede a situação ser esta, eu teria de adaptar a apresentação de minha <strong>do</strong>utrinada maneira que segue:Se quiser agir racionalmente, um indivíduo que administra terá d.e dispor de.-.--._- -.... ..::. _:- -,- _.--:;. ­.- ===--::- - - - - -.­--_._--­3 SCHUMPETER. "Bemerkungen ueber das Zurechnungsproblem". In: Zeitschrift fuer Volkswirtschaft. v. 18, p. 128: "Seeu der a um bem, vários empregos, por acaso as utilidades marginais não devem ser iguais em to<strong>do</strong>s eles? E por acasosuas unidades nao devem produzir em to<strong>do</strong>s eles a mesma utilidade marginaL se é que meu patrimônio tem de proporcionar~me o máximo de utilidade? Sem dúvida. pois se assim não fosse eu estaria satisfazen<strong>do</strong> mais algumas necessidades <strong>do</strong>que outras, estaria deixan<strong>do</strong> de satisfazer certos desejos, que são exatamente tão intensos quanto outros, e portanto estariaobten<strong>do</strong> uma utilidade menor <strong>do</strong> que aquela que tenho possibilidade de conseguir" É verdade que Schumpeter me fazessa objeção em um contexto diferente, ainda mais específico, isto é, ao fazer uma crítica de minha <strong>do</strong>utrina sobre o valor<strong>do</strong>s bens complementares: entretanto, a objeção deve em teoria valer plenamente também - e até elT! primeiríssima linha- contra minhas exposições sobre o valor de bens de produção suscetíveis de empregos múltiplos.4 Também aqui. ver <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong> <strong>do</strong> <strong>Capital</strong> v. I, p 193.5 SCHUMPETER. "Bemerkungen". Op. cito p. 129.--- ~--- - - - - ..- -


EXCURSO Vlll 133::s::-:buirseu estoque total de meios de produção de serventia múltipla de tal mo<strong>do</strong> que an­! :'2 bens tes de tu<strong>do</strong> fabrique tantos exemplares - respectivamente garanta a fabricação <strong>do</strong>s- ::-"seri­ mesmos - ou quantidades parciais daquelas espécies de bens de consumo quees:.;:a <strong>do</strong>servem para os tipos de necessidades mais importantes, quantos forem necessários:'=:2 quepara a satisfação <strong>do</strong>s desejos mais importantes dentro desses tipos de necessidadesc:: :-,.::nua, - portanto, utilizan<strong>do</strong> nosso esquema apresenta<strong>do</strong> à página 165 <strong>do</strong> texto <strong>do</strong> volu­~-:3]ogameI, por exemplo, para satisfazer às necessidades concretas que apresentam o nú­L..::.:. tam­mero de importância 10. Se com a fabricação <strong>do</strong>s exemplares (quantidade.s parciais)E:~~:iadesde bens de consumo necessários para isso ainda não se esgotar o estoque de unir:-.~:ginaisdades de meios de produção, assegurar-se-á a satisfação das necessidades que têma importância 9, o que acontecerá da maneira seguinte: daquelas espécies de bens<strong>do</strong>s quais já foram fabrica<strong>do</strong>s "primeiros exemplares" para satisfazer necessidadese _ :~arto.concretas <strong>do</strong> grau de utilidade 10, fabricar-se-ão ainda "segun<strong>do</strong>s exemplares" parar.:-2~ nossatisfazeras necessidades concretas mais importantes depois das primeiras e daque­_-:-:~ série3 3-2:-.2 quelas espécies de bens cujo círculo de necessidades simplesmente não apresenta ne­=. ~éerida nhuma necessidade mais importante que a <strong>do</strong> grau de importância 9, fabricar-se-áC~2:jO <strong>do</strong>s cada vez um "primeiro exemplar" para a satisfação justamente dessas necessidades.Ê :-e~~5 de- Se o estoque de meios de produção ainda então não se esgotar, assegurar-se-ãoparitariamente "terceiros exemplares" da primeira espécie de bens "segun<strong>do</strong>s exemplares"da segunda e "primeiros exemplares" daquelas espécies de bens cujo círculo! ::::-'iStatar de necessidades apresentar como necessidade concreta mais importante uma <strong>do</strong>2:-:-: tu<strong>do</strong> grau de importância 8, e assim por diante. Pois bem, em algum nível de importân­~ :-',0 má- cia das necessidades a prover terminará e deverá terminar finalmente o estoque de~~::ais demeios de produção. Suponhamos que isso aconteça no grau de importância 4, deI, orosa. sorte que cada vez o último exemplar fabrica<strong>do</strong> em cada espécie de bens atendas s.2 :-esol-a uma necessidade da importância 4 e não disponha mais de meios de produçãor_:-2.S._ haviasuficientes para produzir ainda outros exemplares de bens, com os quais se poderia~':':""'.2:,a dedescer até a satisfação de necessidades <strong>do</strong> grau de importância 3: nesse caso uma~",:-:ar se­ unidade de meios de produção será avaliada em 4, com base na utilidade marginalc·=:_ :os, o(paritária) e no valor que tem a "última" unidade de bens fabricável com ela. Pois,~ :::5 pro- da perda de uma unidade de meios de produção dependeria a posse a menos deum bem de consumo de utilidade marginal 4, e dessa dependeria a perda da satisc::Je tu­ fação de uma necessidade de importância 4.~.;;;:- ":eseJa Com tal apresentação de minha <strong>do</strong>utrina eu certamente não teria aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>", "J2rfeita absolutamente nada <strong>do</strong>s princípios da mesma. Sem dúvida teria desapareci<strong>do</strong> da~ ::: serem exposição a referência ao valor de um "produto <strong>do</strong> menor valor" - já que, nas su­~ ::5 seto- posições reais feitas, to<strong>do</strong>s os produtos provenientes <strong>do</strong> mesmo bem de produção\a hipó­ teriam de ter exatamente o mesmo valor -, mas teria permaneci<strong>do</strong> a referência::: ::Jtrina a um "emprego <strong>do</strong> menor valor" ou a uma "satisfação de neceSSidade", os quais eramo elemento propriamente impulsor e atuante também na fórmula <strong>do</strong> "produto <strong>do</strong>:: s:cor de menor valor". Ter-se-ia, digamos assim, apenas salta<strong>do</strong> uma etapa intermediária, supérfluana situação concreta, e em compensação os elos atuantes da argumentaçãoestariam mais diretamente liga<strong>do</strong>s entre si. De qualquer forma, também nessa hipó­:28: "Se tese estaria expressa com clareza igual a idéia básica de minha tese, dé que o valor-=- :::::- aCljSO:---:: ::-cionar­ <strong>do</strong>s bens de produção é forma<strong>do</strong> com base na lei da utilidade marginal e deriva':~'; :e:es <strong>do</strong> da utilidade marginal proporcionada por seus produtos.':-.::::-~: estariaEntretanto, tinha e tenho muitos motivos para não amarrar minha exposição- ="=Ô-';- '""!le faz=-: :~,:; '.J vdlur à hipótese de uma situação tão idealizada e que pressupõe a existência de um equ;­;',-,:: -3 linhalíbrio total e eterno.Primeiramente, já porque, mesmo dentro de uma organização plenamente racional,em muitas espécies de bens ocorrem constante e inevitavelmente, por [!,oti­


134 TEORIA POSITIVA DO CAPITALvos técnicos. distâncias na escala da utilidade que se pode obter com outros exemplaresde bens. As diferenças de qualidade às quais alude Schumpeter em relação a meuexemplo das estufas de quarto não são capazes de impedir isso. A influência dessasdiferenças permite, sim, reduzir alguma coisa a uma seqüência gradual contínua eque decresce de maneira b,em paulatina, mas não tu<strong>do</strong> e particularmente não aquiloque aqui está em jogo. E sim, uma observação e uma idéia correta, que lá onde :ientram em jogo. de alguma forma. diferenças de qualidade na escolha daquele tipode qualidade no qual se deseja adquirir um bem de consumo procura<strong>do</strong>, se podee se deve. agin<strong>do</strong> racionalmente. dispor de tal mo<strong>do</strong> <strong>do</strong>s meios de aquisição (dinheiroou forças produtivas) disponíveis para isso. que a última unidade de meiosde aquisição gera o mesmo acréscimo de utilidade em to<strong>do</strong>s os tipos de emprego.Se, por exemplo, existirem estufas de quarto de 80 graus diferentes de qualidade.cujo preço de aquisição, entre 20 e 100 florins. varia de cadà vez de um florim,certamente se pode e se deve. agin<strong>do</strong> racionalmente, a<strong>do</strong>tar aquela escolha na qualo último florim acrescenta<strong>do</strong> ao preço de aquisição, por exemplo o 71?, em virtudeda melhoria de qualidade em relação ao tipo que se pode conseguir com 70florins, proporcione exatamente tanto aumento de vantagem ou comodidade quantoé o aumento de utilidade ou a utilidade marginal que a respectiva pessoa. de 1acor<strong>do</strong> com suas condições patrimoniais e de renda, pode conseguir. com um florim,em to<strong>do</strong>s os demais setores de necessidades. Entretanto. isso de mo<strong>do</strong> algumimpede que a unidade fechada <strong>do</strong> bem."estufa" - na qual têm de juntar-se 71 detais unidades de dinheiro ou de bens de produção - como unidade fechada <strong>do</strong>bem represente, nesse caso, uma utilidade marginal que ultrapassa de muito e abruptamentea utilidade da última melhoria de qualidade, respectivamente o correspondentemúltiplo dessa utilidade. Com efeito, da unidade fechada <strong>do</strong> bem "estufa"depende, em cumulação inseparável. caso se possua apenas uma única dessas unidades,não somente a comodidade da última melhoria de qualidade, devida ao dispêndio<strong>do</strong> 71 0florim, mas dela dependem, além dessa comodidade, to<strong>do</strong>s os serviçosde utilidade mais importantes que a estufa como um to<strong>do</strong> presta, serviços estes quevão gradualmente até a conservação da saúde e talvez até da vida. Por isso - comosabe muito bem justamente Schumpeter - a utilidade total que depende <strong>do</strong>dispor da unidade de bem "estufa" é muito mais <strong>do</strong> que o correspondente a 71 vezeso acréscimo de utilidade da última melhoria de qualidade, e portanto tambémpode ser muito mais <strong>do</strong> que a utilidade marginal que geram 71 florins - em conjuntoou separa<strong>do</strong>s - em olltros setores de emprego nos quais as condições técnicasnão exigem uma confluência de unidades <strong>do</strong> bem de tão vasta gama de serviços.Em outras palavras, a utilidade total que depende da única estufa - que, no casode exemplares únicos, coincide com a "utilidade marginal" <strong>do</strong>s mesmos (ver no v.l,texto da <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>, p.169 e 173) - acusará distâncias abruptas em relação àutilidade marginal assegurada em outros setores de emprego pelo último produto,consegui<strong>do</strong> com o mesmo dispêndio de 71 florins: a estufa representará um produto"de maior valor", em relação ao qual de mo<strong>do</strong> algum é supérflua ou até inadequadaa relação a um produto de valor menor ou <strong>do</strong> menor valor, fabricável coma mesma quantidade de meios de produção. Quem em sua economia tiver de adquirirou substituir tal estufa, disporá de seu estoque de meios de produção literalmentede mo<strong>do</strong> tal que 71 unidades 6 <strong>do</strong> mesmo sejam utilizadas para fabricar umproduto de valor maior e o resto <strong>do</strong> estoque seja ao mesmo tempo utiliza<strong>do</strong> em6 Ou pelo menos 70, se em relação à 71~ unidade quisermos fazer valer a concepção de Schumpeter. de que ela só servepara conseguir a última melhoria de qualidade, a <strong>do</strong> menor valor.


EXCURSO VIII 135~:'" :-:'plaresc-=:"meu: : ê: jessasc:-:~nua é! - ~J aqui­._~ .~ onde:::: _>?]e tipo.: ~e pode~õ~30 (di­: =~ meios~ "":".prego.=_:::;dade,_-:-- ~lorim,L:-:: :--a quali,,"';1 virtu­: ..: ::Jm 70:ê: =2 quan­;:2 õ:30a. de:: - ~m fio­: =: alguma,:-,,2 71 der.;:::-.ada <strong>do</strong>=: -2 abrup­:::cespon­€~ -estufa":"õ5as uni­'.: == ao dis­; : 5 5erviços~5 ~ ,,:es que~~: - co­''''=~:lde <strong>do</strong>-:~ ': 71 ve­.:: :jmbém- ~:;) conl:.~:25 técni­:: '" "",rviços._i :-,0 caso.2!' no v.l,~ !'2:ação à.:: =roduto._~. produ­':::2 inade­~'::~·.el com. i:r de ad­_: ~c literal­=:':-:car um=:'.Ll.<strong>do</strong> em:: _-:


136 TEORIA POSITIVA DO CAPITALvalor <strong>do</strong> estoque de bens. Todavia, o que conseguimos com nosso esforço não éimpedir uma perturbação da harmonia obtida, mas restabelecer novamente a harmoniaperdida. O equilíbrio de uma economia viva não deve ser coloca<strong>do</strong> em paralelocom o equilíbrio de uma pessoa que está tranqüilamente parada, mas deveser compara<strong>do</strong> ao equilíbrio de uma pessoa andan<strong>do</strong>, que a cada passo aban<strong>do</strong>nae perde o que até agora era uma situação de equilíbrio para readquiri-la e perdê-lanovamente com o próximo passo.Sen<strong>do</strong> essa a situação, seria até um erro meto<strong>do</strong>lógico, uma espécie de hyste·ron próteron,7 eu a<strong>do</strong>tar como ponto de partida preestabeleci<strong>do</strong> para a teoria umasituação que só vem a ocorrer como resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s atos econômicos a serem explica<strong>do</strong>spor essa mesma teoria. A maioria de nossos atos econômicos e sobretu<strong>do</strong>aqueles que envolvem uma disposição sobre nossos meios de aquisição ou os nossosmeios de produção é provocada por uma prévia ou até prevista perturbação<strong>do</strong> suprimento harmônico de bens e é orientada por juízos de valor que pressupõema existência dessas perturbações, a existência da falta de bens provocada peloconsumo e fatores similares. Se meu casaco de inverno estiver gasto ou mo tiveremrouba<strong>do</strong>, o motivo que me levará a utilizar meus recursos, sobretu<strong>do</strong> e antes de acrescentaralgo à cobertura de bens em outros setores de necessidades, para repor meuindispensável casaco de inverno, não será certamente um juízo de valor que determineo equilíbrio da cobertura de bens em to<strong>do</strong>s os setores de necessidade em vista<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>, a ser obti<strong>do</strong> antes com a compra <strong>do</strong> casaco de inverno, de que minhanecessidade de vestir seja então satisfeita até o mesmo nível das demais espéciesde necessidades mediante um casaco de inverno de qualidade correspondente; seriaimpossível que tal juízo de valor visan<strong>do</strong> ao equilíbrio da satisfação e da utilidademarginal pudesse constituir um fundamento para a aquisição <strong>do</strong> casaco de inverno,que tem caráter preferencial; na verdade, o que me estimula e leva a essa aquisiçãopreferencial <strong>do</strong> casaco é obviamente a ponderação oposta de que, no tocante à espéciede bens "casaco de inverno", estou menos bem supri<strong>do</strong> <strong>do</strong> que no tocanteàs outras espécies, de que meus meios de aquisição, aplica<strong>do</strong>s para esse fim, meproporcionam um acréscimo maior de utilidade <strong>do</strong> que se fossem utiliza<strong>do</strong>s paraaumentar os estoques de outras espécies de bens, em suma, de que a utilidade marginale o valor <strong>do</strong> casaco de inverno que me falta são maiores <strong>do</strong> que a utilidademarginal e o valor de outros bens, que poderia adquirir com o mesmo gasto e acrescentara meu estoque de bens. Da mesma forma, o faminto certamente não compraráos víveres necessários basea<strong>do</strong> na ponderação de que já não precisará delesquan<strong>do</strong> tiver sacia<strong>do</strong> sua fome, mas com base na consideração oposta, fundadana situação atual de que necessita deles para poder saciar a fome. Portanto, o nivelamentocompleto de todas as utilidades marginais é certamente a meta, mas nãoo ponto de partida para aqueles atos econômicos que visam a restabelecer novamenteo equilíbrio perdi<strong>do</strong> <strong>do</strong> suprimento e também não é o ponto de partida realpara aquelas avaliações <strong>do</strong>s bens que orientam esses atos a serem executa<strong>do</strong>s antes 8Na realidade, tais irregularidades na graduação das utilidades marginais ocorremna vida econômica real com freqüência extraordinariamente grande, por estaou aquela das razões apresentadas, que atuam em caráter constante ou temporá­7 Colocação <strong>do</strong> último corno primeiro. (N. <strong>do</strong> T)8 Aliás, possivelmente para uma outra série de avaliações, destinadas a orientar uma série posterior de atos econômicos,destina<strong>do</strong>s à execução da primeira série, já pressuposta por eles. Disso ainda falaremos majs adiante.ri0 9 Te:-..".:li<strong>do</strong>, Pê:::' "~a título :~ .­que ui:"::.:::.'- ou p2 : :ta, e pc:,­encaaeC'::- ~ção é ,C': :_com bC':o" -.ção a e."O Iua, quC'::-::direta ~'::' :;com ao : ,,"os me o=-:· : ~fone PC'::::' _"rege" C, ::. 'êde mi-:.::. c.ela: pa:::. ~se a seç_.: :enqua;:::::. ­hipote:::::. ;-:-Jzão, aC2.:":''':Jexisten:eo -.iCc:: .. :prope:o: ::mesmc :_"eu meo;-:-:e indire:::. --:.'nor \/c..C:·utilidacé -.mesmc :,,:-:A B e :_ :um \:c..C: :Jsubstit:..:: ~ Cipna U" .. :::':prod~:c ::.:'-]:\ ê :,,::.,mo n~c 2'':':à águê :~ safirmê ::_"Ei"S -'c "-,nos cc. ::-:-::::- ~:em:-E_=~~: ::::ao \.G.::~ :-:: -: -:~purar:-:.::::-:.-: - -~­~a.·: ~_.,: ::._~­Er.1 e:-: -: - :':..: -=de S:~__ - -:-::-.:-­


EXCURSO VIll 137c ~:':Jrço não éF. :: :-.'?:lte a har­: : :=':::0 em paé=.::: =. mas devet.:::':': aban<strong>do</strong>nac:- -=. e perdê-la::~:e de hyste­;:: =. :'?oria uma:: :'erem expli­::' 2 :,obretu<strong>do</strong>c ~: :::.'J os nosi::::::e:l:urbação:::: :::..:e pressuir:::.::: :ada pejo[ - ::-::J tiveremc_- :~:' de acresê-=',e:::lor meuL: r :~e deter­,: =.::e em vistaC2 :..ie minha:-:- ::.:' espéciesc: ::: - :ente; se­'2 :: =. :Jtilidade:::: :e :nvemo,~:':' =. =. quisiçãoc: ::::::'.te à est:.::: TOcante",:':'2 -:m, me~--=::: os paraC.::::::e mare=''':Iilidade[:::'c::: e acresce:.~o Com-E::: õ:::á deles:=.= :Jndada:::C:::. o nive­:: ~âS nao:_2 :::2: nova­::: ::::-::da real.i::::::: õ antes. 8~ :=.::' Ocor­:e :::or estal. :2:'1porá­- ~:: ~- JmICOS,ri0 9 Tenho, porém, ao mesmo tempo ainda um terceiro motivo, particularmente váli<strong>do</strong>,para não prescindir dessas discrepâncias ocorrentes na realidade, nem mesmoa título de mera hipótese. Pois os casos de existência de produtos de valor maior,que ultrapassam o montante de seus custos. são justamente aqueles que oferecem- ou pelo menos parecem oferecer - o fundamento mais forte à concepção oposta,e por mim contestada, da lei <strong>do</strong>s custos. Pois são casos inegáveis nos quais oencadeamento causal entre o valor <strong>do</strong>s produtos e o valor de seus bens de produçãoé tal que o valor <strong>do</strong>s produtos, inicialmente de valor maior, tem que ajustar-secom base no valor de seus bens de produção, o qual é relativamente fixo em relaçãoa eles. Conforme tive ocasião de expor na página 195 et seq. da <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>,quan<strong>do</strong> refletimos sobre quanto vale para nós um produto de utilidade marginaldireta maior, temos de dizer: vale exatamente tanto quanto os meios de produçãocom os quais poderíamos fabricar novamente o produto em cada momento. Sãoos mesmos casos que despertam uma impressão tão forte, quase irresistivelmenteforte para uma observação superficial, de que "em definitivo" não é a utilidade que"rege" o valor <strong>do</strong>s produtos, mas os custos. Ora, se eu queria convencer <strong>do</strong> acertode minha tese tinha de esclarecer esses casos que aparentemente conflitam comela; para esse fim, naturalmente tinha de reconhecer e mostrar a existência delese a seguir procurar mostrar que e como, apesar da aparência em contrário, eles seenquadram em minha maneira de explicar; todavia, de mo<strong>do</strong> algum podia abstrairhipoteticamente deles. Tal procedimento me teria infalivelmente, e com toda a razão,acarreta<strong>do</strong> a censura de suprimir, com suposições hipotéticas, fatos sem dúvidaexistentes na realidade, quan<strong>do</strong> estes ameaçam tomar-se incômo<strong>do</strong>s para minha tese.Contu<strong>do</strong>, quem quiser refletir sobre o problema até o fim provavelmente estarápropenso a opor-me ainda outra pergunta cética: será que não contradigo a mimmesmo quan<strong>do</strong> em casos desse gênero falo de produtos de "valor maior" e a seguireu mesmo afirmo que eles são avalia<strong>do</strong>s apenas com o montante de seus custose indiretamente com base na utilidade marginal <strong>do</strong> bem de produção afim <strong>do</strong> menorvalor? Posso porventura continuar a falar da estufa de meu exemplo, com autilidade marginal direta de 200. como sen<strong>do</strong> um produto "de valor maior", se aomesmo tempo demonstro, no v.I, à página 194 et seq. que os diversos produtosA, B e C, fabr1cáveis com a mesma quantidade de meios de produção, não têmum valor diferente, mas que também "um exemplar C, devi<strong>do</strong> à oportunidade desubstituição proporcionada pela produção, não vale 200, de acor<strong>do</strong> com sua própriautilidade marginal, mas apenas 100, de acor<strong>do</strong> com a utilidade marginal <strong>do</strong>produto afim A, que é o <strong>do</strong> menor valor?"Na realidade também aqui não há nenhuma contradição, da mesma forma comonão existe no caso <strong>do</strong> moleiro de meu texto (página 158, v.I), que, em relaçãoà água de seu riacho, dispõe '3.0 mesmo tempo de <strong>do</strong>is juízos de valor: um, no qualafirma que a água "tem valor" e outro, no qual afirma que a água "não tem valor".9 Elas são as mais marcadas num setor que aliás ultrapassa o campo puramente interno da economia e já atinge fenômenosda troca e <strong>do</strong> valor de troca. isto é, na discrepância, extremamente freqüente, <strong>do</strong> valor de troca de muitos produtosem relaçê.o ao valor de troca de outros bens que têm com eles "'afinidade de produção" e ao mesmo tempo em relaçãoao valor de troca de meus '"bens de produção" ou "custos", Todavia, os fenômenos análogos ocorreriam também no âmbitopuramente interno da economia, desde que houvesse campo para isso numa produção própria suficientemente diversificada,o que aliás não é fácil acontecer no sister:na da divisão <strong>do</strong> trabalho no caso de uma economia individual, mas ocorreraem economias coletiyas de grande porte, por exemplo naquelas organizadas em base socialista. Contra o "ponto de partida"de Schumpeter, ver agora também as colocações claras e perspicazes de MAYER, Hans. "Eine neue Grundlegung der theoretischenNationalekonomie". In: Zeitschrift fuer Volkswirtschaft, Soziaipolitik und Verwaitung. v. 20 (1911), p. 189 et seqs.


138 TEORIA POSITNA DO CAPITALAssim como lá eram conciliáveis os juízos de valor aparentemente contraditórios,por se referirem a uma situação diferente - isto é, a quantidades diferentes <strong>do</strong> mesmobem, submetidas à avaliação como unidade -, da mesma forma também aquieles são entre si conciliáveis, por se referirem a pressuposições reais diferentes, nasquais o avalia<strong>do</strong>r baseia sua avaliação. A avaliação com base nos "custos" é umaavaliação condicional, fundada no fato - como que antecipa<strong>do</strong> com base numaexpectativa fundada - de que o bem a ser avalia<strong>do</strong>, que em si é de valor maior,no caso de necessidade pode ser novamente e em tempo fabrica<strong>do</strong> por um ato deprodução, ou então pode ser substituí<strong>do</strong>. Mentalmente a avaliação com base noscustos considera já efetuada a substituição, novamente satisfeita a necessidade devalor maior e descontada a falta no processo de substituição da quantidade consumidade meios de produção na nova produção; e, depois de tomadas todas essasmedidas, ela calculá onde ocorrerá em última linha a falta, chegan<strong>do</strong> então à falta<strong>do</strong> produto de outra espécie mais facilmente dispensável, que, aliás, ter-se-ia podi<strong>do</strong>produzir com a mesma quantidade de meios de produção.Essa maneira de fazer uma idéia sobre o que propriamente depende, no tocantea nosso bem-estar, da posse ou não-posse de um bem passível de reprodução,é para a maioria das situações práticas e <strong>do</strong>s objetivos a maneira apropriada, razoávele portanto natural e lícita, e por isso é também utilizada na prática, justamentenessas situações. Por exemplo, ela é a maneira absolutamente indicada ao se analisarpara quais fins o bem a ser avalia<strong>do</strong> pode ser utiliza<strong>do</strong> e para quais não, porestar abaixo <strong>do</strong> nível <strong>do</strong> valor, e se e a que preço ele pode ser vendi<strong>do</strong>, se e comque prejuízo ele pode ser da<strong>do</strong> de presente, e assim por diante. Todavia, esse mo<strong>do</strong>de calcular de forma alguma é o único lícito para todas as situações e finalidades.Sobretu<strong>do</strong> ele não é admissível onde a substituição em tempo por meio da produçãonão for garantida - é por isso que vemos que em tais situações a avaliaçãocom base nos custos não tem aplicação na prática, perde sua validade, passan<strong>do</strong>-seentão a aplicar-se a avaliação com base na utilidade marginal direta superior. A avaliaçãocom base nos custos é também ilógica e inadmissível toda vez que se tratade orientar e tomar a própria decisão sobre se um bem suscetível de reproduçãopode e deve ser reproduzi<strong>do</strong> de fato, portanto ao projetarmos a ordem de nossaprodução, ao tomarmos disposições sobre nossos meios de produção ou de aquisição.Quan<strong>do</strong> reflito se, em determina<strong>do</strong> caso, devo assegurar a substituição de umbem mediante o emprego da quantidade necessária de bens de produção, certamentenão posso partir da suposição de que essa substituição já está garantida; equan<strong>do</strong>, para orientar essa minha decisão, tenho de imaginar as conseqüências quea não-substituição <strong>do</strong> respectivo bem acarretaria para meu bem-estar, certamentenão posso avaliar as conseqüências da não-substituição perguntan<strong>do</strong> de que teriade privar-me no caso de ter efetua<strong>do</strong> a substituição. Ora, é exatamente isso quefaz a avaliação com base nos custos, a qual, portanto, seria aqui totalmente ilógica,e de fato não é empregada por ninguém nesse caso. Se o fosse, ela teria de colocarnosna situação <strong>do</strong> burro de Buridan. Pois se de antemão não déssemos mais valorao bem cuja aquisição ou reaquisição está em pauta, mas apenas lhe déssemos omesmo valor que aos bens que teríamos de sacrificar para adquiri-lo, faltaria aquelemínimo de vantagem, aquele mínimo de ganho de valor que seria capaz de fazernosdecidir pela aquisição. Não teríamos nenhum motivo para optar pela execuçãode um ato que em termos de valor nos custa tanto quanto nos rende.Na realidade, em tal situação é perfeitamente correto conscientizar-nos de queda aquisição <strong>do</strong> respectivo bem - por exemplo, da substituição da única estufa,necessária no quarto, ou <strong>do</strong> único casaco de inverno em nosso guarda-roupa ­depende mais, para nosso bem-estar, <strong>do</strong> que da aquisição <strong>do</strong> produto mais dispensável,que de outra forma -ainda poderíamos adquirir com o mesmo gasto e cujautilidade marginal e valor determina o valor <strong>do</strong>s próprios meios de substituição. Em3_~":::; ::..::::3:: :: j;=-::~ :~:2 -:~:.j,::;.:2 1-.


EXCURSO \1::r~? ::iitórios,I:~:: ::io mest~.c2maqui2~~-.:es, nas;::::- é umaC?::2 numai? :~ maior,. -::-. ato de-:-. case nos~5::::iade de


140 TEORIA POSlTIVA DO CAPITALNa época mais antiga pre<strong>do</strong>minava, como é sabi<strong>do</strong>, a opinião de que a causalidadeparte <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s bens de produção. Aliás, essa opinião se consoli<strong>do</strong>u, inicialmente,em circunstâncias que eram pouco favoráveis para identificar o núcleo dacontrovérsia a nível <strong>do</strong>s princípios. O fato de os autores não haverem analisa<strong>do</strong> assutilezas <strong>do</strong> problema da causalidade, mas falarem com certa ingenuidade da "causa"e da "dependência" <strong>do</strong> valor, mais ou menos no mesmo senti<strong>do</strong> em que tambémse costuma usar esses termos nos racioCÍnios da prática, não significou muito,pois, conforme veremos, também esse uso lingüístico ingênuo tem um senti<strong>do</strong> bome justifica<strong>do</strong>. Também não perturbou muito o fato de que então - na época <strong>do</strong>sclássicos - com a denominação de "valor" se entendia sempre apenas o valor detroca objetivo ou preço <strong>do</strong>s bens, pois, embora o valor subjetivo e o preço de formaalguma se identifiquem, a relação causa! corre na mesma direção <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is: é inegávelque a controvérsia exige para a relação causal entre o preço <strong>do</strong>s produtos e opreço de seus bens-custos a mesma decisão que é exigida para a relação entre osvalores subjetivos das duas partes. Ao contrário, a colocação <strong>do</strong>s problemas foi sensivelmenteprejudicada pela circustância de que simplesmente não se dirigiu a investigaçãoe a afirmação para o valor (ou preço) <strong>do</strong>s bens-custos em relação aovalor <strong>do</strong>s produtos, mas para o conceito global "custos", sen<strong>do</strong> que além disso Ricar<strong>do</strong>explicou o conceito desses custos, que determinam o valor, de tal maneiraque o valor <strong>do</strong>s bens-custos ficou totalmente em segun<strong>do</strong> plano: o que Ricar<strong>do</strong> caracterizacomo a "causa" e o "regula<strong>do</strong>r definitivo" <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s produtos é a quantidade<strong>do</strong> trabalho-custo necessário para a fabricação de um produto e não a soma<strong>do</strong> valor de troca representada pelo trabalho despendi<strong>do</strong> II Se Ricar<strong>do</strong> já tivesseelabora<strong>do</strong> o problema da maneira como ele está hoje no primeiro plano de interesse, não se pode em absoluto prever com segurança que também teria atribuí<strong>do</strong> aoJ--.:l;;l:


EXCLK:3C: .: : -~ 3 causa]j­;;.- : :'.1. inicial­:: : :- :Jcleo da- ':-.3i:sa<strong>do</strong> as=:':::2 da "cau­~:--- :;ue tam­:-- : : JU muito.=- ~.:o:-::<strong>do</strong> bom-=~'Joca <strong>do</strong>sr'o~ :' valor dei:~:: 3e forma; c: o é inegá­; :::::utos e o~'o:~: entre os'~---33 foi sen­'" :::: a termino­- - - -::: ::mento, se=-" - c; da ordems-:-_ -::: seu pano.: : ., :5 detalhes",.c-'::-~2 com cau­:,:: -::: ::::fnio, sim­::""",:",::- ~§·.els para a~: : -=:::: .lustamen­.:=: .::,:::e em rela­"~ : ~ -: 'JntestávelS_:.~ :::_~::'5 e efeitos,.,: - : ::~ :-ecíprocas;... :.~ :: :-,;:~erência à.:~ _ ~.c. simples,:?..:-: - -:-:-. exemplo:~ 'cnção, loi-~~ - oc2d by thevalor <strong>do</strong>s bens de produção o mesmo efeito causa<strong>do</strong>r sobre o valor <strong>do</strong>s pc:::: __:>que atribui aos "custos". Pelo menos em se tratan<strong>do</strong> de um caso especial deSSe: ::-­blema. ele defende exatamente a opinião oposta. já que. concordan<strong>do</strong> esse:'.c?.­mente com as conhecidas e categóricas afirmações de A. Smith, também ele defe::::2a opinião de que o alto preço <strong>do</strong>s cereais não é o "efeito" da renda da terra. me"a "causa" da mesma. e portanto. nesse caso especial, deduz causalmente o valo:e o preço <strong>do</strong> bem de produção "recurso <strong>do</strong> solo" <strong>do</strong> valor e <strong>do</strong> preço de seu produto"cereal". 12Mais tarde. como se sabe, mudaram as opiniões sobre o conteú<strong>do</strong> da assimchamada "lei <strong>do</strong>s custos" Passan<strong>do</strong> por uma evolução paulatina, não isenta de oscilaçõespouco claras, acabou-se por afirmar - pelo menos fora <strong>do</strong> círculo <strong>do</strong>s socialistas- uma coincidência <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s bens. não mais com as quantidades detrabalho latentes nos bens, mas com a soma de valor representada pelos elementos<strong>do</strong>s custos. Com isso o conceito de custos se transformou, de um conceito técnico.que era de Ricar<strong>do</strong>, para um conceito de valor. No que concerne. porém, à relaçãocausal entre custos e valor <strong>do</strong> produto, de início a afirmação, que se tornara tradicionalem virtude da <strong>do</strong>utrina clássica, de que a função de "causa" caberia aos custos.passou desapercebidamente também para o conceito transforma<strong>do</strong> de custos e semanteve para ele ainda durante algum tempo, se bem que as condições <strong>do</strong> problemaem to<strong>do</strong> caso já fossem agora de certo mo<strong>do</strong> diferentes <strong>do</strong> que eram para oconceito de custos de Ricar<strong>do</strong>; pois a afirmação de que circustâncias técnicas quaisquerpodem influir causalmente sobre o valor <strong>do</strong>s produtos representa certamenteuma posição lógica diferente de afirmar que o valor <strong>do</strong>s bens-custos estão para ovalor de seus produtos como a causa está para o efeito. Todavia, enquanto os autoresnão se conscientizaram expressamente dessa nova colocação <strong>do</strong> problema, aconcepção antiga pôde ainda manter-se ingenuamente até certo ponto; depois dessaconscientização, porém. a manutenção dessa concepção antiga teria obriga<strong>do</strong> aensinar que o valor <strong>do</strong>s bens de produção seria por princípio o elemento primárioe o valor <strong>do</strong>s produtos o elemento deriva<strong>do</strong>; a uma tal afirmação. como se compreende,já não havia ninguém que pudesse e quisesse aderir. Como retardatárioisola<strong>do</strong> entra ainda Dietze! na nova fase da colocação <strong>do</strong> problema. Com efeito, mesmodepois da consciente transformação <strong>do</strong> conceito <strong>do</strong>s "custos" em uma soma <strong>do</strong>valor, ele ainda fez a tentativa de atribuir aos custos uma influência definitiva e determinantesobre o valor de seus produtos. na linha da tradição clássica; U mas aodefender essa concepção foi obriga<strong>do</strong> a fazer afirmações que não eram conciliáveisnem entre si nem com o próprio tema J4 e que, quanto saiba, nessa forma já nãoencontraram outros adeptos.Assim sen<strong>do</strong>, das três concepções imagináveis no tocante à relação causal, desapareceuda disputa a primeira opinião - inicialmente favorecida em decorrênciade uma colocação obscura <strong>do</strong> problema -, de que a prioridade causal estaria como valor <strong>do</strong>s bens produtivos; e desde então as opiniões se agrupam apenas em tor­12 Ib,d.: "Com is not high because a rent is paid, but a rent is paid because com is high". (.) "11 the high pnce of comwere the effect, and not the cause 01 renl. (.)"13 No estu<strong>do</strong> sobre "Die klassische Werttheorie und die Theorie vom Grenznutzen". In.: Jahurbuecher de Conrad. Novasérie, v. 20 (1890). p. 561 et seqs.14 Com efeito, Dietzel afirma que o valor <strong>do</strong>s bens de produção e o valor <strong>do</strong>s bens de consumo "se condicionam mutua­mente", dizen<strong>do</strong> que cada um é a causa <strong>do</strong> outro, que "'o valor <strong>do</strong> produto (aparece) como causa <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> bem co?produção" e que "o valor <strong>do</strong> bem de produção aparece como causa <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> produto". ("Zur klassischen Wert - U1:::Preistheorie". In: Jahurbuecher de Conrad. Série 3. v. 1 (1891), p. 694.) Quanto às objeções lógicas contra essa pos:çãc- que, além <strong>do</strong> mais. dificilmente seria capaz de fundamentar uma posição privilegiada dús custos como causa deter:T1lnante "definitiva" <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s bens -. ver meu estu<strong>do</strong> sobre "Wert, Kosten und Grenznulzen". Ibid. Série 3. v. 3 (1892p. 321 et seqs., sobretu<strong>do</strong> p 359 et seqs. e 366.


._ :::õ ::":c5 outras poslçoes imagmaveis. Da maneira seguinte. A idéia da teoria::: "'::-.::=ade marginal havia sugeri<strong>do</strong> procurar a prioridade causal no la<strong>do</strong> da utilidaoecios oens e <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s bens de consumo, determina<strong>do</strong> pela utilidade marginal.Jevons havia apresenta<strong>do</strong> essa idéia de maneira um tanto impetuosa e sem c1áusu­.cõ." voltan<strong>do</strong> ela nos escritos <strong>do</strong>s teóricos austríacos <strong>do</strong> valor marginal, não semJma série de explicações e restrições que tinham a finalidade de defendê-la contracertos equívocos naturais. 16 Entretanto, os adversários dessa concepção já não afirmavam,como antes, o contrário, isto é, uma prioridade causal <strong>do</strong>s bens-custos, masa paridade causal plena nos <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s da relação. Em favor dessa concepção reivindicamo fato de que ela é defensável somente se quisermos dar importância aocunho científico das idéias e das expressões usadas. Os custos de produção e a utilidademarginal se determinam reciprocamente, e não um após o outro, na formade algum encadeamento causal qualquer. "Com a mesma seriedade podemos discutirse numa tesoura a lâmina que corta um pedaço de papel é a superior ou ainferior, ou se o valor é determina<strong>do</strong> pela utilidade ou pelos custos de produção.Se segurarmos com firmeza uma lâmina da tesoura e a operação de corte for efetuadamovimentan<strong>do</strong> a segunda lâmina, certamente podemos dizer, tranqüilamentee com poucas palavras, que o corte é feito pela segunda; mas essa afirmaçãonão é totalmente precisa e só pode ser desculpada enquanto insistir em ser umaexplicação apenas popular e não uma explicação rigorosamente científica daquiloque aconteceu na realidade". Segun<strong>do</strong> os adversários, a opinião de Jevons e <strong>do</strong>steóricos austríacos <strong>do</strong> valor marginal insiste, com um mo<strong>do</strong> de falar não menos unilaterale mais popular <strong>do</strong> que cientificamente correto, em uma prioridade da utilidade,assim como a concepção clássica mais antiga havia reivindica<strong>do</strong> uma prioridade<strong>do</strong>s custos. Naquela concepção superficial e popular, para o movimento <strong>do</strong> preçodentro de perío<strong>do</strong>s curtos está em primeiro plano mais a procura, a "utilidade", aopasso que para perío<strong>do</strong>s mais longos mais a oferta, os "custos". Ao contrário, parauma investigação científica refletida e aprofundada sobre as causas causantes, simplesmentenão há nenhuma prioridade, mas paridade total.!7O exímio erudito que apresentou essas concepções infelizmente se ateve emsua exposição àquela formulação externa <strong>do</strong> problema sob a qual este entrou inicialmenteem nossa ciência e desde então geralmente tem si<strong>do</strong> discuti<strong>do</strong>: com efeito,fiel à maneira tradicional de falar, ele coloca "utilidade" e "custos" um diante <strong>do</strong>outro, como rivais que disputam a prioridade causal, que ele acaba por negar aos<strong>do</strong>is, em sua decisão. Ao contrário, não baseou sua pesquisa, ao menos externamente,na aperfeiçoada colocação <strong>do</strong> problema que em pronunciamentos isola<strong>do</strong>sjá aparece em Jevons 18 e encontrou sua formulação explícita com os teóricos austríacos<strong>do</strong> valor marginal, 19 isto é, que se deve pesquisar a relação causal entre o- -- - --_._.~- -- _. - ..= _.-= - '- ';j- ::I:.. - - -3:...:: - -­- ::"'-:: - -­0­• --- j15 Nas suas conhecidas e freqüentemente ciladas afirmações: "Value depends entirely upon utility". Principies 2" ed., p.1 "Its value (o valor <strong>do</strong> trabalho) must be determined by the value of the produce, not the value of the produce by thatof lhe labour~ Ibid. p. 179. Cf. sobretu<strong>do</strong> também o desenvolvimento, muitas vezes cita<strong>do</strong>, <strong>do</strong> nexo causal entre cosi evalue, na p. 178 el seqs.16 Fui leva<strong>do</strong> a isso sobretu<strong>do</strong> pela controvérsia iniciada por Dietzel, bem como pela ambigüidade <strong>do</strong> conceito de custos,conceito que recentemente foi enriqueci<strong>do</strong> pela interpretação como disutifity cost; cf. meu estu<strong>do</strong> anteriormente cita<strong>do</strong> "Wert,Kosten und Grenznutzen", bem como o artigo sobre o "Letzter Masstab des Gueterwerts". In: Zeitschrifl fuer Volkswirlschaft,Sozia!politik und Verwallung. v. 3 (1894), p. 185 el seqs.. sobretu<strong>do</strong> 191 el seqs.17 MARSHALL. Principies of Política! Economy. 4° ed., na tradução alemã de 1905, segun<strong>do</strong> a qual cito aqui e a seguir.p. 360 et seqs., 481. 482, 485 et seqs. Resumi as numerosas afirmações de Marshall sobre nosso tema, aqui dispersas,em parte textualmente e em parte pelo senti<strong>do</strong>. Uma vez que Marshall é um representante exímio e ao mesmo tempo típico<strong>do</strong>s pontos de vista aqui reproduzi<strong>do</strong>s, acredito poder dispensar-me totalmente de aduzir outros autores.18 Por exemplo, na afirmação citada acima, ã p. 176, nota 15. de que o valor <strong>do</strong> trabalho é determina<strong>do</strong> pelo valor <strong>do</strong>produto, e não o valor <strong>do</strong> produto pelo <strong>do</strong> trabalho19 Por exemplo, já em MENGER. C Grundsaetze. p. 124.·'0 -:J-- ;-::',~


EXCURSO VIII 143, :::2'0 da teoria1=: J da utilidat:=:::2 marginal.;,= " sem cláusur~:-.::Lnão sem~-=ê-la contra~:~J já não afire-.::-custos,mas:::-.:epção rei­~:-:-::ortância aox::.:ção e a utili­) ";:;J, na formae ;:Kldemos disisJDerior ou a:: :~ produção.'€ :orte for efe­::::::Iqüilamen­2s::a afirmaçãot:" 2:11 ser uma,-::":ca daquilo~ ~ 2\;Ons e <strong>do</strong>sl~: r:1enos uni­:a:::e da utilidal:-:-::;Jrioridade1.:' ~:J <strong>do</strong> preço. --::Ldade", aoc::-:rário, para'::;~S:1ntes, simeS2 ateve em5:2 entrou ínít::::2:-.:S externa­2-::JS isola<strong>do</strong>s; :2:Sricos aus­::..;sa] entre o- ,.= es.· 2" ed., p." =c::'uce by lhal== -:;-=. entre cost e:-: - :-2 :J de custos,,-" - ., ,"a<strong>do</strong> "Wert,,e- . -: ~su.:irtschQft,-- =:"-. e a seguir,.O o:c' dispersas,0:::;:-: :-empo típico';r~ ~ê:: ::-::.0 valor <strong>do</strong>valor <strong>do</strong>s produtos, de um la<strong>do</strong>, e o valor <strong>do</strong>s bens de produção, <strong>do</strong> outro. É possívelque Marshall tenha ti<strong>do</strong> razões bem fortes para tratar o problema utilizan<strong>do</strong> ain·da a terminologia antiga, tanto mais que o próprio Jevons, contra o qual sobretu<strong>do</strong>se dirigiu, se movimentou pre<strong>do</strong>minantemente dentro da velha terminologia de utilidadee custos, Acontece que o termo-chave "custos" é em si tão indetermina<strong>do</strong>e ambíguo que não temos sequer a possibilidade de formar um juízo claro sobreo senti<strong>do</strong>, muito menos sobre a justificativa da decisão de Marshall, antes de havermosdesentranha<strong>do</strong> desse termo ambíguo aquilo que interessa e deve interessar emnossa controvérsia,Em meu estu<strong>do</strong> sobre o "Critério Último <strong>do</strong> Valor <strong>do</strong>s Bens" afirmei que a palavra"custos" tem no mínimo três significa<strong>do</strong>s, objetivamente de to<strong>do</strong> diversos, paraos quais se reivindica, por parte de diferentes defensores da "lei <strong>do</strong>s custos", a coincidênciaempírica <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s bens com os "custos", Esses três significa<strong>do</strong>s sãoa tal ponto objetivamente diferentes que no caso não se trata de três interpretaçõesdiversas da mesma situação, afirmada em comum, mas da afirmação de três situaçõesobjetivamente diversas, De to<strong>do</strong>s aqueles que concordam na fórmula verbalde que os valores <strong>do</strong>s bens ao final acabam coincidin<strong>do</strong> com os "custos", uns afirmammaterialmente uma coincidência <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s bens com a quantidade <strong>do</strong> trabalhoa ser despendi<strong>do</strong> para a produção <strong>do</strong>s bens, outros afirmam uma coincidênciacom a grandeza <strong>do</strong> sofrimento (disutility) que o trabalho e outros sacrifícios pessoais(waiting, abstinence) a serem feitos na produção de bens impõem aos produtores eum terceiro grupo afirma uma coincidencia com o valor <strong>do</strong>s meios de produçãoa serem despendi<strong>do</strong>s. 20 Ora, são três situações inteiramente diversas, que em partetêm de excluir-se mutuamente e em parte no mínimo podem excluir-se, 21Ora, é óbvio que uma discussão sobre a origem causal de uma coincidênciasó tem um senti<strong>do</strong> razoável entre aqueles que no caso têm em vista a mesma coincidênciareal; <strong>do</strong> contrário se argumenta mutuamente com equívocos permanentes,Não tenho nenhuma delegação para interpretar autenticamente o pensamento deMarshall. Mas já que também Marshall emite julgamento sobre minha conceituação,desejo, a fim de limpar o terreno para a controvérsia, no mínimo deixar bem claraa opinião com a qual entro nela; talvez possa presumir que ela seja também a opiniãoda maioria <strong>do</strong>s outros teóricos austríacos <strong>do</strong> valor marginal, se bem que tambémno caso deles não tenha delegação alguma para falar. Desejo, portanto, assentaro seguinte:Meus pronunciamentos sobre as relações causais nas quais se funda a validadeda "lei <strong>do</strong>s custos", não têm absolutamente nenhuma relação com aquela (pretendida)variante da lei <strong>do</strong>s custos que afirma uma coincidência <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s bens coma quantidade <strong>do</strong> trabalho despendi<strong>do</strong> na produção, Não teria senti<strong>do</strong> para mim aderira alguma opinião sobre os motivos mais íntimos dessa coincidência, pois nego essaprópria coincidência como fato.Minhas opiniões desenvolvidas na Subseção VII da <strong>do</strong>utrina sobre o valor, acercada causalidade existente entre "valor e custos", também não têm nenhuma relaçãocom aquela variante da lei <strong>do</strong>s custos que afirma uma coincidência <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>sLU Op. cit., p. 191 et seqs. Não <strong>do</strong>u aqui importância à distinção, salientada pelo autor em muitas passagens. entre o mé­to<strong>do</strong> "sincrônico" e o "histórico" de calcular os sacrifícios na produção, avalia<strong>do</strong>s com base em seu valor, pois a longo prazonão há diferença objetiva entre esses <strong>do</strong>is méto<strong>do</strong>s de cálculo: a coincidência <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s bens com os "custos de produ­ção em dinheiro" para o empresário (méto<strong>do</strong> de cálculo sincrôriico) e com os juros e salários sucessivamente despendi<strong>do</strong>sdurante to<strong>do</strong> o decurso da produção, abrangen<strong>do</strong> os diversos estágios da divisão <strong>do</strong> trabalho, juros e salários, aos quaisse reduzem. no méto<strong>do</strong> histórico de cálculo, os custos em dinheiro despendi<strong>do</strong>s pelo empresário <strong>do</strong> último estágio de pro­dução. não se excluem reciprocamente, mas antes se incluem., Cf. "Letzter Masstab", p. 195 et seqs.21 "Letzter Masstab", p. 197 et seqs., 205.


......_._---------"144 TEORIA POSITIVA DO CAPITALbens com a grandeza <strong>do</strong>s sacrifícios, em termos de sofrimento pessoal ou incômo<strong>do</strong>(disuti/ity), a serem feitos na produção <strong>do</strong>s bens. Pronunciei-me a respeito dessavariante em outra subseção de meu texto, a VIII. Recapitulan<strong>do</strong>, digo que de mo<strong>do</strong>algum nego totalmente a realidade de tal coincidência, porém só a encontro efetivadanuma extensão muito menor e em condições muito mais excepcionais <strong>do</strong> quesupõem aqueles que nela querem basear uma "lei <strong>do</strong>s custos" de validade geral.Há realmente aqui uma regra interessante e digna de nota, mas ela se aplica emcasos muito menos numerosos e - eis o que aqui interessa particularmente - emparte em casos diferentes daqueles engloba<strong>do</strong>s pela grande regra empírica da coincidênciapermanente entre os preços <strong>do</strong>s bens reproduzíveis à vontade e os custosde produção <strong>do</strong>s mesmos: a regra de que falo não é objetivamente a grande e popularregra <strong>do</strong>s custos, tão conhecida a to<strong>do</strong>s os teóricos e práticos e tão credenciada<strong>do</strong> ponto de vista empírico. E, em decorrência <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> e <strong>do</strong> caráter bemdiferentes das duas regras, também não é de mo<strong>do</strong> algum idêntica a relação causalentre os elementos essencialmente diversos, que atuam em uma e em outra. Porisso, o que ensino sobre a relação causal naquela que denomino a lei <strong>do</strong>s custosnão pretende e não pode sem mais valer para a relação causal entre os fatores completamentediferentes que atuam na law of disutility.O que ensino sobre a prioridade causal da utilidade marginal em relação aoscustos ou, formulan<strong>do</strong> melhor, o que ensino, ao dizer que o valor <strong>do</strong>s bens-custosderiva ele mesmo - por intermédio <strong>do</strong> valor de seus produtos - de uma utilidademarginal, s.ó se refere àquela terceira variante da lei <strong>do</strong>s custos que afirma uma coincidência<strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s produtos com o valor <strong>do</strong>s bens-custos <strong>do</strong>s mesmos. Somenteentre aqueles que concordam no tocante ao fato de tal coincidência, pode surgir aoutra pergunta sobre de que espécie é o nexo causal que, na opinião de to<strong>do</strong>s, existeentre os valores <strong>do</strong>s produtos e o <strong>do</strong>s bens de produção - se, como afirmo eu,de um la<strong>do</strong>, a saber, o valor <strong>do</strong>s produtos tem aqui prioridade causal ou se, comoparece afirmar Marshall, caso seus pronunciamentos possam ao menos ser referi<strong>do</strong>sa esse tema, reina paridade causal plena.Contu<strong>do</strong>, antes de se poder discutir com utilidade essa questão, temos de cuidarque, devi<strong>do</strong> à ambigüidade de um segun<strong>do</strong> termo, que aqui desempenha inevitavelmenteuma função, não argumentemos mutuamente com equívocos. Trata-s'eda palavra "causa", Em que senti<strong>do</strong> se poderá qualificar uma circunstância individual- seja ela a "utilidade marginal", sejam os "custos" - como "a causa" ou a razãoúltima ou definitiva que determina o valor <strong>do</strong>s bens e sua grandeza.Quanto a isso, já em ocasião anterior me pronunciei com toda a clarezadesejáveF2 e me alegro por ter encontra<strong>do</strong>, ao menos para essa minha formulação<strong>do</strong> problema, a adesão plena também de autores que em princípio são meus adversários.23 Escrevia eu na ocasião:"Tal afirmação nunca pode ter o senti<strong>do</strong> de que com ela se estaria mencionan<strong>do</strong> literalmenteo último elo da cadeia de causas e efeitos que conduz ao valor <strong>do</strong>s bens. Éantes evidente que tanto a 'utilidade marginal' como os 'custos' são apenas, e só podemser, elos dessa cadeia causal; elos que por sua vez são eles mesmos determina<strong>do</strong>s pormuitas outras circustâncias que estão ainda mais longe; a utilidade marginal, por exémpio,como acabei de dizer, é determinada pelas relações entre a necessidade e o estoque;a necessidade, por sua vez, por vários elementos de natureza fisiológica, moral,22 "Wert, Koslen und Grenznulzen" In: Jahrbuecher de Conrad. Série 3, v. 1II (1892), p. 353 et seqs.23 Por exemplo, SCHARLING. Grenznulzenlheorie und Grenzwertlehre 11. In: Jahrbuecher de Conrad. Série 3, v. 27, p.158 et seqs.. 163.-- =,~_--,,"---f..~


EXCURSO VIII 145'ncômo<strong>do</strong>r",õ::>eito dessa~~e de mo<strong>do</strong>: :: :". LIa efetiva­~: -.a:5 <strong>do</strong> quea.: :::ade geral.~ aplica emc"nte - em:~.:a da coin­:'" " os custos:-:-ande e po­~-: :redencia­~ :3.ráter bem"'.3cão causal:~. ~utra. PorÍE. :::os custos; :3:ores com­- ~ e.ação aos'Õ :ens-custos~~.a utilidadel.= ·-.lma coinl:õSomentep·:'::e surgir aE :::::os, exisc::i:rmo eu,: _ õe. como:: õ õer referi­E~.:5 de cui­I:: "nha inevi­~=:5 Trata-s'e::=. :ndividual:' ::.; a razão::: =. a clarezal .~:rmulação~.":JS adver­::-.an<strong>do</strong> lite­' ::·::s bens. É2 só podem::-::-.a<strong>do</strong>s por=. :lor exem­:2 e o esto­~';=a. moral.~,-~ 3. v. 27, p.cultural e histórica; o estoque, por fatos da Natureza, da técnica de produção, da evoluçãointelectual, da organização da sociedade, das condições jurídicas e. da propriedadeetc. De maneira totalmente análoga, também os 'custos' de forma alguma são um fatoúltimo, senão que por sua vez são determina<strong>do</strong>s, entre outras coisas, por exemplo, pelariqueza natural em condições de produção, pela fertilidade <strong>do</strong> solo e similares, e peloesta<strong>do</strong> da técnica de produção; este, por seu turno, (é determina<strong>do</strong>) pelo grau de desenvolvimentointelectual, pela grandeza da força de trabalho e da vontade de trabalhar<strong>do</strong>s produtores; esta, por sua vez, em parte pela propensão natural, em parte pela educaçãoe formação; esta, por seu turno, pela organização da sociedade e da administração,pelo esta<strong>do</strong> da formação geral e profissional etc., quase sem fim"."Quan<strong>do</strong>, com uma assim chamada lei <strong>do</strong> valor, se diz que uma circunstância determinao valor, isso só significa que se está mencionan<strong>do</strong> um elo central intermediárioparticularmente destaca<strong>do</strong> da cadeia causal praticamente infinita que conduz ao valor<strong>do</strong>s bens como efeito final; isto é, aquele elo no qual se unifica, pela última vez, comoque no ponto focal de uma lente convergente, o efeito de todas as múltiplas causas reaise determinantes ainda mais remotas. Ilustremos isso com o exemplo da utilidade marginal:a grandeza <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s bens é determinada - se nosso mo<strong>do</strong> de pensar for correto- primeiro com base na importância da 'necessidade dependente', e esta éulteriormente determinada como sen<strong>do</strong> a 'última necessidade ainda atendida' ou comosen<strong>do</strong> a 'utilidade marginal'. Nesta temos pela última vez reuni<strong>do</strong> em um to<strong>do</strong> único oefeito de todas as complexas circunstâncias que influenciam indiretamente o valor - gos'to, moda, condições de produção etc., etc.: todas estas e milhares de outras circunstânciasinfluenciam o valor pelo fato de antes terem influencia<strong>do</strong> a utilidade marginal.Entretanto, se retrocedermos mais um passo, já não podemos mencionar uma, mas devemosmencionar no mínimo duas causas determinantes - a necessidade e o estoque-, e se retrocedermos aindam mais, talvez mencionaremos dez, vinte ou cem causascoordenadas que determinam o valor". 24o leitor atento observará que nesta passagem, exatamente como Marshall, falode fatores "coordena<strong>do</strong>s", de causas determinantes <strong>do</strong> valor que atuam paritariamente,e talvez se perguntará, não sem surpresa, onde então haveria ainda nesse caso umadiferença entre nossas duas concepções. Ela está numa diferença à primeira vistabem insignificante na denominação <strong>do</strong>s elementos aos quais reconhecemos a posiçãode causas de atuação paritária <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s bens. As duas causas parciais <strong>do</strong>valor <strong>do</strong>s bens que realmente atuam paritariamente e em conjunto denomino-as"necessidade" e "estoque", ou "necessidade" e "cobertura". A esses fatores pode-sena realidade aplicar com pleno acerto a comparação de Marshall das duas lâminasda tesoura. Pessoalmente vou ainda um passo mais longe. Admito ainda de bomgra<strong>do</strong> que nesse caso - no que concerne aos preços constantes <strong>do</strong>s bens - nãose deve pensar apenas na cobertura direta com bens de consumo já prontos, mastambém na cobertura indireta com bens-custos e forças produtivas existentes. Háque pensar, além disso, também na capacidade técnica de desempenho <strong>do</strong>s bensna produção e na satisfação das necessidades, pois evidentemente não é indiferenteque quantidade de bens, <strong>do</strong> ponto de vista técnico ou fisiológico, é necessáriapara satisfazer uma necessidade, que quantidade de carvão, por exemplo, de acor<strong>do</strong>com o esta<strong>do</strong> da técnica de calefação, é necessária para gerar uma temperaturaagradável no quarto, e tampouco é indiferente que quantidade de bens de consu­24 Exageran<strong>do</strong>~se no empenho de enumerar absolutamente to<strong>do</strong>s os elementos de alguma forma capazes de exercer influência,é sabi<strong>do</strong> que se chega a um conceito de causa extremamente amplo, em virtude <strong>do</strong> qual se chega a caracterizar"o esta<strong>do</strong> global <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> na última partícula de tempo" como a causa <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> ocorrente na partícula detempo subseqüente. É manifesto que em nossa controvérsia nada temos a ver com esse conceito de causa de abrangência.total. Aliás, nenhum <strong>do</strong>s autores que participaram dessa controvérsia jamais fez referência a ele.


-_..._---­146 TEORIA POSITIVA DO CAPITALmo se pode produzir, de .acor<strong>do</strong> com o estágio atingi<strong>do</strong> pela técnica de produção,com determina<strong>do</strong> estoque de bens de produção. Por isso, gostaria de dizer: causasdeterminantes <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s bens, totalmente coordenadas, são, por um la<strong>do</strong>, o esta<strong>do</strong>das necessidades que exigem satisfação, de acor<strong>do</strong> com sua quantidade e importância,e, por outro la<strong>do</strong>, o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s meios diretos e indiretos de cobertura,de acor<strong>do</strong> com seu número e produtividade técnica: ou, em última linha e em caráterdurável, o esta<strong>do</strong> das necessidades de um la<strong>do</strong> e o esta<strong>do</strong> das forças produtivasdisponíveis, <strong>do</strong> outro.No reconhecimento da paridade desses <strong>do</strong>is elementos gostaria de ir até o pontode renunciar totalmente a reivindicar uma prioridade causal das necessidades emface <strong>do</strong>s meios de cobertura, com base no argumento de que é das necessidadesque parte o impulso no senti<strong>do</strong> de conseguir meios de cobertura e de que, por exemplo,a extensão e a urgência das necessidades de alimentação da população influenciacausalmente a quantidade de cereais que é cultivada. Não reivindico esse argumentoporque ele me parece ter força apenas para as relações de quantidade em que sãoproduzidas as diversas espécies individuais de bens ou para os empregos defini<strong>do</strong>ssegun<strong>do</strong> os quais é distribuí<strong>do</strong> nosso fun<strong>do</strong> original de forças produtivas, e não parecevaler para a própria grandeza desse fun<strong>do</strong>, que em última linha é decisiva. Antesconsidero o esta<strong>do</strong> das necessidades da população, por um la<strong>do</strong>, e, por outro,o esta<strong>do</strong> da <strong>do</strong>tação disponível a essa ~opulação - <strong>do</strong>tação em termos das forçasprodutivas elementares Natureza e trabalho - como grandezas definidas para cadamomento e que estão em pé de paridade causal plena no tocante à influência sobreo valor <strong>do</strong>s bens. .Será que agora é possível - e com isso chego ao ponto propriamente candenteda controvérsia - substituir esse par causal realmente paritário pelo par de conceitos"utilidade marginal" e "custos" em contraposição igual?25 Com toda a certeza,não! Pois a necessidade (ou a demanda) representa apenas uma metade <strong>do</strong> complexodas causas <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s bens: a utilidade marginal é, da maneira como acimaexplicamos, uma causa intermediária <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s bens. na qual já estão incorporadase atuam conjuntamente as duas metades. A utilidade marginal resulta ela mesmada relação entre necessidade e cobertura. Coisa análoga vale também <strong>do</strong>s custos,se por eles entendermos - no único senti<strong>do</strong> que pode entrar em questão para nossacontrovérsia - a soma de valor representada pelos bens-custos; o quanto valemos bens de produção a serem emprega<strong>do</strong>s para a produção de um bem de consumo,isso de mo<strong>do</strong> algum depende só da. oferta de bens de produção, só de suaquantidade e produtividade técnica, mas também, e muito, da necessidade em relaçãoa eles, que é indicada pela necessidade em relação a seus produtos e parte<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> das necessidades a serem atendidas. Portanto, também a "soma <strong>do</strong>s custos"não é o representante de uma metade <strong>do</strong> complexo de causas <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>sbens, senão que também ela é um elo intermediário ou central da cadeia causal,no qual já se juntaram, como que no ponto focal de uma lente convergente, tambémos efeitos das duas metades; também ela é uma resultante da cobertura e danecessidade, da oferta e da procura.Daqui se depreende, primeiro, o seguinte: em to<strong>do</strong> caso não se aplica a com­~ •• -=..: - ­ .:..J: =-: =- '"-':..-::',=---~j'~~ - --~_'=.. - _.....::- :~25 Para Marshall, as grandezas às quais, com base na analogia das lâminas da tesoura, ele atribui paridade causal plenana determinação <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s bens, são às vezes a utilidade e os custos (p. 360). às vezes a utilidade marginal e os custos(por exemplo. p. 485: "O princípio <strong>do</strong>s custos de produção e o princípio da utilidade marginal são sem dúvida partes integrantescorrelatas da lei da oferta e da procura, que governa tu<strong>do</strong>" etc.) e. finalmente. também a oferta e a procura (ibid.),ou então os custos de produção e a procura (p. 360 et seqs.). Naturalmente, não tenho absolutamente nada a objetar contraa. substituição equivalente de necessidade e cobertura por oferta e procura. Quanto a outras substituições, parecem-meestar nas objeções a serem expostas no texto..,-~


~":C":~.3=C" J:odução,::22:: causasr:-..,:<strong>do</strong>. o es­'"=:::::de e im­:" ::Jbertura,E: " em cará­:::.õ ::yodutivas~ :: 2'-:é o pon- ,~~-5::::ades emr" :essidadesI'Ó' :lor exem­~:' ':1fluencia;,.:; :::-gumento! ,,:":,: que são~.: ô defini<strong>do</strong>s~. 2 :1ão pa­C2 :s:va. Ant::or outro,cs ~as forças2.S :J ara cada,--2 :".c:a sobre?-:2 :anden­::::: de cone2'-a certeza,}::2 :::0 come:::::)acimac.-.:orpora­":.:.3 ela mesr.:::::-s custos,2i,: ;:lara nos·U::':-.:O valem"' :::e consu­:. ,,:: de sua::::" em rela­L:::ô e parter:- a :::os cusk.alor<strong>do</strong>sC2.a causal,r;2:".:e. tam­:


148 TEORIA POSITIVA DO CAPITAL::: =~ =~2 C ';;n é importante para nós. Também é claro que não se pode falar de uma;Jâí.cade <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is: que é para nós importante o meio que apreciamos somente porcausa de seu objetivo, é pura conseqüência <strong>do</strong> fato de antes ser importante paranós o objetivo. Acredito que dificilmente preciso temer ser contradito no tocante atu<strong>do</strong> isso. Entretanto, quem concor<strong>do</strong>u comigo até aqui terá de continuar a concordartambém com respeito ao ponto controverso propriamente dito, a avaliação <strong>do</strong>sbens de produção. Se é certo que também os bens de produção são bens, é igualmentecerto que são por nós avalia<strong>do</strong>s apenas como meios em função de nossosobjetivos humanos de bem-estar, e não menos certo é que eles haurem sua importânciaou seu valor da importância de seu objetivo final, portanto da importânciadas necessidades cuja satisfação nos permitem. Somente que no caso deles a conexãocausal, respectivamente teleológica,27 que os liga a seu objetivo final, tem etapasintermediárias. O objetivo final só é atingi<strong>do</strong> mediante causas intermediárias,em cuja produção reside o fim próximo <strong>do</strong>s bens de produção. O objetivo final emfunção <strong>do</strong> qual valorizamos um campo de trigo é a satisfação de nossa necessidadede alimentação. O fim próximo, porém, ao qual ele serve, o único pelo qual elepode atingir esse objetivo final, é a produção de trigo; por sua vez, o objetivo próximodeste é, analogamente, a preparação de farinha, cujo fim próximo, por sua vez,é o preparo <strong>do</strong> pão; e finalmente o objetivo deste é o objetivo final de toda a sérieinteira, isto é, a satisfação da necessidade de alimentação. Ora, se existe entre a importância<strong>do</strong> fim e a importância <strong>do</strong> meio uma ligação causal, e se esta é tal quea importância <strong>do</strong> fim determina a importância <strong>do</strong> meio, parece-me que em últimaanálise simplesmente não se pode négar que na formação <strong>do</strong> valor cabe uma prioridadecausal ao valor <strong>do</strong>s bens mais próximos ao objetivo final - a fonte <strong>do</strong> valor-, portanto primeiro aos bens de consumo e, de mo<strong>do</strong> geral, aos produtos, emrelação a seus respectivos meios de produção. Esse valor está entre a fonte <strong>do</strong> valore os bens de produção, e mais perto da fonte. O juízo de que o alcance de determina<strong>do</strong>objetivo da vida depende de um elo longínquo da cadeia, não pode atingireste último se antes não tiver si<strong>do</strong> formula<strong>do</strong> para to<strong>do</strong>s os elos mais próximos dacadeia de causas.Assim sen<strong>do</strong>, creio que não é um mo<strong>do</strong> de falar abusivo e não-científico ­o qual, "se refletirmos", não possamos a<strong>do</strong>tar -, senão que é absolutamente corretodizer que o valor <strong>do</strong>s bens de ordens mais remotas depende <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s bens deordens mais próximas. ou então que ele decorre deste último. É efetiva e logicamentecorreto basearmos nosso juízo sobre o valor de um bem de produção no juízosobre o valor de seu produto. Esse é um fundamento sempre racional, e conformeas circunstâncias também um fundamento em si mesmo suficiente. Desde que saibamoscomo fato que determina<strong>do</strong> produto tem valor para nós, isso basta para podermoscom plena segurança deduzir o outro juízo, de que também têm valor para nósos meios de produção <strong>do</strong>s quais depende a consecução <strong>do</strong> produto que tem valor.-;:.-.;:.-- ...,utlljdade que determina o valor, a utilidade "'marginal"; ela poderá tentar interpretar isso dialeticamente de molde a parecerque o valor <strong>do</strong> meio "determina a importância <strong>do</strong> objetivo que dele depende". Mas é só jogan<strong>do</strong> com a ambigüidade queessa maneira de raciocinar poderia dar a impressão de que a importância <strong>do</strong> meio exerce influência sobre a importânciade um objetivo. Na verdade, uma mudança na importância de um meio (por exemplo, pelo fato de aumentar a quantidade<strong>do</strong> material da Natureza, até agora raro) em nada altera a importância de qualquer um <strong>do</strong>s fins passíveis de serem concretiza<strong>do</strong>spor esse meio; o que faz é apenas com que outro, dentre os fins cuja importância permaneceu inalterada, ocupeo lugar <strong>do</strong> último fim, dependente <strong>do</strong> cita<strong>do</strong> meio ou capaz de ser concretiza<strong>do</strong> por ele; e mesmo essa ordem de prioridade,como é fácil ver, não é primariamente causada peja importância <strong>do</strong> meio, mas pela importância definida <strong>do</strong>s outros objetivos,que concorrem pelo mesmo meio, de sorte que é sempre a importância <strong>do</strong>s fins que influencia a importância <strong>do</strong>smeios, e nunca vice-versa. Em contrapartida, sempre se poderá observar que uma alteração na importância <strong>do</strong>s objetivosproduz uma alteração real e imediata na importância <strong>do</strong>s meios que servem aos respectivos fins.27 "To<strong>do</strong> nexo teleológico é ao mesmo tempo um nexo causal". PAULSEN. Einleitung in die Phi/osophie. Berlim. 1892,p. 224.


~ ~e uma'r:'2~te por'3.:-",e para) ::,cante ar::: concor­L::cão <strong>do</strong>s-:õ ~ igual­:::2 ~ossosSLc 'mporr.::::o saibaa:-:õ:::ader­::c,a nós",':-:-: '.'alor.:·c,:: .:. ;: E'irecer.;-_ ==:2 que;. ~- -= : :-:àncla.:. : _::-.::::iacie!""'::- :: -,:retitE-~:,ocupe=~ =, :c,::ade,:'_~:~ :'ojeti­(: ~- ::3. <strong>do</strong>s:.-:,:: : :-e:ivQs~- - :592,f~'~~~:~:~:EXCURSO VIII 149\lão há necessidade de, para fundamentar esse juízo, em cada caso percorrer re­Troativamente a corrente causal inteira até indentificar a necessidade de dependentea ser satisfeita pelo último produto finaL Deixamos de fazê-lo em inúmeros casos:lOS quais seria por demais incômo<strong>do</strong> e complexo decompor a cadeia causal inteira,sobretu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong>, em razão de fenômenos de troca, tal processo nos levaria a en­[rar nos círculos de necessidades de outras pessoas. Muitas vezes sabemos por sintomasinequívocos - por exemplo pela existência de um preço de merca<strong>do</strong> - quedetermina<strong>do</strong> produto intermediário tem valor, e pela grandeza precisa <strong>do</strong> valor desseproduto determinamos que valor devemos atribuir aos meios de produção <strong>do</strong>squais depende a obtenção desses produtos intermediários - de maneira semelhantecomo o matemático que opera com logaritmos pode, em número incontável de vezes,simplesmente limitar-se a consultar os logaritmos na tabela logarítmica, ao invésde desenvolvê-los a partir de seus elementos.Todas essas idéias podem ser também testadas na prática, em to<strong>do</strong>s os senti<strong>do</strong>sHá uma série de exemplos nos quais a dependência, por mim afirmada, <strong>do</strong>..'alar <strong>do</strong>s meios de produção em relação ao valor de seus produtos aparece da ma­:teira mais evidente, e, por outro la<strong>do</strong>, não há um único caso que, se analisa<strong>do</strong> comcuida<strong>do</strong>. se possa aduzir como prova <strong>do</strong> contrário ou mesmo apenas como provade uma relação paritária entre os <strong>do</strong>is; pode surgir uma aparência transitória de quesso ocorre, mas essa aparência não resiste muito tempo a uma análise cuida<strong>do</strong>sa.Vejamos antes alguns exemplos flagrantes <strong>do</strong> primeiro tipo. Máquinas de fabricargelo certamente perderão seu valor se o gelo perder o seu. e isso por causasque não surgiram nas máquinas de fabricação de gelo nem passaram por elas e:tem afetaram de algum mo<strong>do</strong> a necessidade de gelo, senão que se localizam bemespecificamente na etapa intermediária "valor <strong>do</strong> gelo"; por exemplo, no caso de'se dispor constantemente e em abundância de gelo natural, por haverem surgi<strong>do</strong>extensas áreas de água parada, que resultaram de uma regulagem efetuada em al­;um rio e que favorecem a formação natural de gelo. Ou então. para aduzir tam­:,ém aqui o exemplo muito utiliza<strong>do</strong> e altamente ilustrativo <strong>do</strong> vinho e <strong>do</strong> vinhe<strong>do</strong>:e Johannisberg: todas as circunstâncias que reduzem o valor e que atuarem inde­;Jendentemente <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> vinho de Johannisberg. após haverem afeta<strong>do</strong> o valor:lo produto vinho, diminuin<strong>do</strong>-o. não deixarão de ter uma outra conseqüência, isto2. influenciar também, no mesmo senti<strong>do</strong>, o valor <strong>do</strong>s vinhe<strong>do</strong>s de Johannisberg:"Tias de mo<strong>do</strong> algum ocorrerá o inverso. Se, por exemplo, em virtude de um movi­"Tiento de abstinência, de caráter religioso ou higiênico, ou de uma proibição oficial:le consumir vinho, ou de uma mudança da moda ou <strong>do</strong> gosto, desaparecer uma::>arte essencial da procura <strong>do</strong> vinho em geral, ou <strong>do</strong> vinho <strong>do</strong> Reno em especial.seguramente o valor <strong>do</strong> vinho de Johannisberg baixará, e essa baixa certamentese propagará como fenômeno conseqüente também para o valor <strong>do</strong>s vinhe<strong>do</strong>s deJohannisberg. Ao contrário, se por exemplo, em decorrência de um sucesso legisla­:ivo <strong>do</strong>s reforma<strong>do</strong>res <strong>do</strong> direito de posse da terra cuja renda apresenta fortíssimocaráter de monopólio, os vinhe<strong>do</strong>s de Johannisberg fossem sujeitos a um impostode 80% sobre seu produto líqui<strong>do</strong>, sem dúvida baixaria o valor <strong>do</strong>s vinhe<strong>do</strong>s, mas2 igualmente indubitável que essa baixa não atingiria o valor <strong>do</strong> vinho de Johannisberg.Em outros casos - muito freqüentes, como de bom gra<strong>do</strong> admito - causasque atuam <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s bens de produção hão de ao final influenciar o valor deambos - <strong>do</strong>s produtos e <strong>do</strong>s bens de produção - no mesmo senti<strong>do</strong>; e foramsobretu<strong>do</strong> os casos desse tipo que em época mais antiga despertaram a impressãoquase irresistível de que a prioridade causal cabe aos custos e que em época maisrecente, perden<strong>do</strong> terreno essa opinião insustentável, levam vários autores a pelomenos defender a posição de paridade total <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is. Penso aqui em <strong>do</strong>is grupos


IrS150 TEORIA POSITIVA DO CAPITALfortes e importantes de casos: o primeiro é aquele em que um aumento dê quantidadeem que determina<strong>do</strong>s bens de produção estão disponíveis, por exemplo a descobertade jazidas novas e particularmente produtivas de um mineral, dá o impulsopara um barateamento generaliza<strong>do</strong> tanto desse mineral quanto <strong>do</strong>s produtos comele fabrica<strong>do</strong>s (por exemplo tanto <strong>do</strong> cobre quanto <strong>do</strong>s vasos de cobre. baixelas,fios etc.): e o segun<strong>do</strong> é aquele em que um aperfeiçoamento da técnica de produçãogera uma "redução <strong>do</strong>s custos de produção", descreven<strong>do</strong> com mais precisão- o que é agora imprescindível para nossos fins - que a mesma quantidade debens de produção. por exemplo de matérias-primas e de trabalho, pode agora sertransformada numa quantidade maior de produtos acaba<strong>do</strong>s ou, o que significa amesma coisa, expresso de outra forma, que uma quantidade já menor de bens deprodução pode ser transformada na mesma quantidade de produtos, o que por suavez atua no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> barateamento <strong>do</strong>s produtos exatamente da mesma formaque o aumento da quantidade disponível <strong>do</strong>s bens de produção.Todavia, de propósito falei acima de "causas que atuam <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s bens deprodução" e não de "causas que atuam <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s bens de produção".Com efeito, parece-me que, mesmo que o impulso causal tenha parti<strong>do</strong> de circunstânciaspertinentes ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s bens de produção, o encadeamento causal ulterioré tal que o valor <strong>do</strong>s bens de produção no mesmo não ocorre antes <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>sprodutos, mas depois dele. A freqüência maior de um meio de produção é (indiretamente)Cqusa <strong>do</strong> valor menor <strong>do</strong> produto. mas, não obstante, o valor menor <strong>do</strong>smeios de r-kodução, que também decorre indiretamente da freqüência maior, nãoé causa, mas conseqüência <strong>do</strong> valor menor <strong>do</strong> produto. O encadeamento é, pois,o seguinte: o aumento da quantidade de cobre leva a uma quantidade maior deprodutos de cobre; esta leva a uma satisfação mais intensa das necessidades queexistem em relação a produtos dessa espécie: com isso o lugar da "necessidade dependente"é toma<strong>do</strong> por uma necessidade menos importante e com isso se reduza utilidade marginal e o valor <strong>do</strong>s produtos de cobre e também, finalmente, a utilidademarginal e o valor <strong>do</strong> bem de produção cobre, decorrentes da utilidade marginale <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s produtos de cobre. Entretanto, o aumento da quantidade de cobrenão pode, por si só e independentemente <strong>do</strong>s efeitos conseqüênciais e intermediáriosdescritos, atuar sobre o valor <strong>do</strong> cobre. O aumento da quantidade não desvalorizade imediato e incondicionalmente, mas apenas se tiver si<strong>do</strong> um aumento emrelação à necessidade; e sobre o esta<strong>do</strong> da satisfação e nossas necessidades o aumentoda quantidade <strong>do</strong>s bens de produção atua somente por intermédio de umaumento da quantidade de produtos. A desvalorização atinge os bens de produção,que aumentaram de quantidade, não já em razão <strong>do</strong> fato técnico <strong>do</strong> aumento <strong>do</strong>smesmos, mas apenas <strong>do</strong> la<strong>do</strong> oposto, isto é, da diminuição das necessidades dependentes,causada pela maior quantidade de produtos. Se, por algum motivo qualquer(por exemplo, em conseqüência de um aumento paralelo e casual danecessidade, digamos, de cabos elétricos), apesar desse aumento de quantidade,não ocorrer uma redução das necessidades dependentes, também não ocorre a redução<strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s bens de produção. 2828 Isso não impede que a baixa <strong>do</strong> valor e <strong>do</strong> preço provavelmente se produza antes nos merca<strong>do</strong>s de cobre bruto, nosquais primeiro se faz notar mecanicamente o aumento da oferta, <strong>do</strong> que nos merca<strong>do</strong>s de produtos acaba<strong>do</strong>s de cobre,Com efeito, como já o reconheceu com muito acerto Menger (Grundsaetze, p. 124 até 126), o valor <strong>do</strong>s bens "de ordemsuperior", pela lógica, não se orienta pelo valor que têm no presente os respectivos bens de "ordem inferior", mas pelo valorprevisível que os mesmos bens provavelmente terão r:,aquele perío<strong>do</strong> futuro no qual pode ser efetuada a transformação<strong>do</strong>s bens de produção de hoje em produtos acaba<strong>do</strong>s. E possível que nesse meio tempo o suprimento com produtos acaba·Q~" ~:antes ~:-:-:~mente: =­náve:5 " :: =<strong>do</strong> pc=~~ ::acomec,,: ::anos. ,,~ ::­o seu ~~=::_a ac~::-.. :'~'2


..,-'EXCURSO VIII 151",-:: da quanti­,:~",:-:-.plo a des­L :§ o impulso5 =~:::utos comc ~ =~'" baixelas,:-::: de produ­-. -::::: precisão:: _:::" tidade de::: : ='" agora ser=-'" significa a-:-. : ~ ::::e bens de: ::Je por sua; -.",:::na forma:: :::::5 bens de; :,: ;:Jrodução".[::: de circuns­, : ::..:::al ulterior:'5 :::: valor <strong>do</strong>s:_:~J é (indireê:'~:-nenor <strong>do</strong>s':.:: :-naior, não~-'::".:O é, pois,c=.:", maior de:",::::::::ades que,,:2::::idade de­:- .::::0 se reduzL -:-.2:1te, a utilic_:a.demargi­:=:::e de cobre50 '" .:-: rermediá­" :"~o desvalo­:: ::..:mento em~:: :a.des o au­~ª::::o de um:; :2 produção,j =-_mento <strong>do</strong>s-2::::idades de­: :-:::otivo qual­-2 :asual da"" ':Jantidade,~: Xorre a re­.:-:: :: ::e bruto, nos::':':::='::'5 de cobre=:0 c~c,s "de ordem!""":~. -:-.35 pelo valor~:.:. ::. ::ansformaçâo.: - :~:,::iutos acaba-Que isso não é apenas uma sucessão dialética na exposição <strong>do</strong> processo, masantes uma sucessão verdadeiramente causal no acontecer reaL pode ser perfeitamentecomprova<strong>do</strong> naqueles casos, não freqüentes mas de qualquer forma imagináveise <strong>do</strong>cumentáveis a partir da realidade, nos quais uma intervenção artificial<strong>do</strong> poder público detém a parte retrocedente <strong>do</strong> movimento. Por exemplo, podeacontecer que o poder público, por lei ou por contrato não rescindível de muitosanos, se obrigue a comprar a produtores priva<strong>do</strong>s de certos bens produtivos to<strong>do</strong>o seu produto a determina<strong>do</strong> preço (digamos toda a safra de folhas de fumo paraa administração monopolizada pelo Esta<strong>do</strong>). Na hipótese de o produto <strong>do</strong>brar e deele ser transforma<strong>do</strong> em quantidade dupla de produtos acaba<strong>do</strong>s, a primeira parte<strong>do</strong> processo causal se efetua de mo<strong>do</strong> perfeitamente normal: o aumento da oferta<strong>do</strong>s bens de produção leva a um aumento da oferta <strong>do</strong>s produtos. esta leva a umsuprimento maior <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res, este conduz a uma diminuição da utilidademarginal e esta deve levar a uma baixa <strong>do</strong> valor e <strong>do</strong> preço <strong>do</strong>s produtos acaba<strong>do</strong>s.Também este último elo ainda pode muito bem ocorrer no caso <strong>do</strong> exemplo; provavelmentenão - em razão de motivos fiscais manifestos - pelo fato de o detentor<strong>do</strong> monopólio <strong>do</strong> fumo fazer baixar seus preços internos de monopólio, mas pelofato de este, para não ter de impedir que os preços internos baixem, jogar uma partemaior <strong>do</strong>s produtos de fumo no merca<strong>do</strong> externo, a preços diminuí<strong>do</strong>s. Mas arepercussão retroativa sobre o valor <strong>do</strong>s bens de produção é coibida: o preço rebaixa<strong>do</strong><strong>do</strong>s produtos de fumo vendi<strong>do</strong>s ao exterior não terá a mínima repercussãosobre o valor e o preço <strong>do</strong>s terrenos utiliza<strong>do</strong>s no país para a cultura <strong>do</strong> fumo, <strong>do</strong>sinventários econômicos etc., pois a fixação artificial <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> produto intermediário"folhas de fumo" coíbe a repercussão retroativa, e aliás só esta. 29Aliás, com esse exemplo posso argumentar de maneira ainda mais breve e maisdireta em favor de minha tese. Alteremos o exemplo, supon<strong>do</strong> - o que aliás é ocaso mais freqüente na prática - que as áreas em que se pode cultivar fumo sejamlimitadas e que além disso o preço pago pelo Esta<strong>do</strong> possa ser periodicamente altera<strong>do</strong>- por exemplo a cada vinte anos. Suponhamos que os planta<strong>do</strong>res de fumo,por motivos que não têm absolutamente nada a ver com condições econômicas- digamos, por meio de uma pressão política de seus deputa<strong>do</strong>s sobre a administraçãopública -, consigam impor um aumento <strong>do</strong> preço de compra para os próxi­.mos vinte anos. Poderá alguém duvidar de que, nesse caso, esse aumento <strong>do</strong> preço<strong>do</strong>s - que ainda se caracteriza pela escassez - mantenha e necessariamente tenha de manter também seu valor por oraainda aproximadamente no patamar antigo. Entretanto, a previsão de que, decorri<strong>do</strong> um perío<strong>do</strong> de produção, em virtude<strong>do</strong> suprimento mais abundante, ocorrente até ali, diminuirá a utilidade marginal e o valor <strong>do</strong>s produtos acaba<strong>do</strong>s para osconsumí<strong>do</strong>res - e conseqüentemente também seu preço -, muito logicamen~e gerará uma redução da intensidade daprocura que os produtores de produtos de cobre desenvolvem no merca<strong>do</strong> de cobre bruto e que eles calculam com baseno valor futuro pressuposto para seus produtos, e consequentemente fará baixar o preço da matéria-prima. Se os produtoressoubessem com certeza que nesse meio tempo é de se esperar um aumento da necessidade e se, conseqüentemente,apesar <strong>do</strong> aumento da oferta, pressupusessem um valor e um preço inalteradamente eleva<strong>do</strong> <strong>do</strong>s produtos de cobre, tambémpara o futuro, racionalmente fariam concorrência pelo aumento de estoques de cobre bruto, sem diminUIr a itensidadede sua procura, e não ocorreria nem sequer uma baixa passageira <strong>do</strong> preço <strong>do</strong> cobre bruto. Aliás, também a tática meramentemecânica <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> sempre exerce 'alguma influência; todavia, esta é bem passageira; pode talvez retardar a influênciadas causas determinantes que atuam nos grandes traços da SItuação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, mas não é capaz de impediressa influência.29 De maneira similar atuam prêmios de exportação concedi<strong>do</strong>s pelo governo - tais como os conheci<strong>do</strong>s prêmios paraa exportação de açúcar, só recentemente aboli<strong>do</strong>s em decorrência da convenção de Bruxelas -, os quais geram para umproduto um adicional fixo sobre o preço no merca<strong>do</strong> mundial. Como é sabi<strong>do</strong>, o aumento maciço <strong>do</strong> cultivo de beterrabahavia anteriormente leva<strong>do</strong> a um aumento maciço da produção de açúcar e esta levara a uma superprodução crítica ea uma grande biaxa <strong>do</strong> preço <strong>do</strong> açúcar no merca<strong>do</strong> mundial (nomeadamente no país consumi<strong>do</strong>r que é a Inglaterra!).mas deixara de ocorrer a influência da alteração de valor sobre o bem de produção "beterraba para fabricação de açúcar"- com cujo aumento necessariamente começou tecnicamente e, por lei natural, o aumento da produção de açúcar -,pois o adicional artificial de preço, cria<strong>do</strong> pelo prêmio de exportação concedi<strong>do</strong> pelo governo, coibiu essa influência. aliásjustamente apenas a influência sobre esse setor da alteração global.


=:.::,,~~, POSITIVA DO CAPITALIİ':2~:: ::~C' conseqüência um aumento <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s terrenos credencia<strong>do</strong>s para o: _,::\C :::2 fumo, aumento este que se manifestará no aumento da renda de arren­C:::-:-.2:1to que se pode conseguir durante os próximos vinte anos e de que o enca­C23:T-ento causal visivelmente conduz <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> produto fumo para o valor <strong>do</strong>:2'":1 de produção terra e serviços da terra, ao passo que de maneira alguma há::Jmo imaginar um efeito paritário <strong>do</strong> valor da terra sobre o valor <strong>do</strong> produto?Ou então, cito os conheci<strong>do</strong>s fenômenos referentes ao valor e ao preço, provoca<strong>do</strong>spela legislação referente ao imposto incidente sobre produtos alcoólicos, vigenteem alguns países <strong>do</strong> continente europeu, O imposto sobre produtos alcoólicosé cobra<strong>do</strong>, em alguns países, em duas taxas diferentes; um "contigente" fixo, quena maioria <strong>do</strong>s casos não esgota totalmente a necessidade total da economia nacional,paga uma taxa menor e o resto da produção paga a taxa maior, e o direitode produzir "álcool de contingente" é concebi<strong>do</strong> a certos locais de produção, de acor<strong>do</strong>com determina<strong>do</strong> critério, Naturalmente, o "álcool de contigente" consegue um preçomaior que o "álcool fora <strong>do</strong> contigente", sen<strong>do</strong> que a diferença de preço podeir até o montante total da diferença entre as duas taxas tributárias. E com a mesmanaturalidade aumenta consideravelmente o valor daqueles locais de produção, daquelasfábricas de álcool e daquelas propriedades rurais ligadas a uma destilaria agrícola,<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s que estão de um "contigente" maior; também aqui é clara a dependência<strong>do</strong> valor da propriedade rural privilegiada para com a grandeza <strong>do</strong> preço <strong>do</strong> álcoolde contigente, da mesma forma como é manifesto, inversamente, que o valor das propriedadesagrícolas privilegiadas não pode exercer nenhum efeito sobre o valor <strong>do</strong>álcool de contigente. Não se pode dizer que o valor <strong>do</strong> álcool de contingente sebasearia tanto no valor das propriedades agrícolas privilegiadas quanto este se baseiano valor <strong>do</strong> álcool de contigente (relação esta que Marshall ilustra em seu exemplodas bolas que se apóiam mutuamente; op, cit., p. 484), senão que cada um apenasfornece a base, mas sem receber nenhuma base. E o mesmo vale sem dúvida tambémda cadeia causal: introdução de taxas protecionistas maiores para a agricultura,aumento <strong>do</strong> preço <strong>do</strong>s cereais e <strong>do</strong> ga<strong>do</strong>, aumento <strong>do</strong> valor das propriedades fundiárias- mas não vice-versa! A concessão, no caso de certas propriedades fundiárias,de privilégios pessoais a seus <strong>do</strong>nos - por exemplo o direito de usar um títulode nobreza ou a concessão de direitos privilegia<strong>do</strong>s de voto -, pode sem dúvidaaumentar o valor dessas propriedades, mas certamente não o valor <strong>do</strong>s cereais, produto<strong>do</strong> solo!Em suma, creio que de mo<strong>do</strong> algum os antigos empregavam uma expressãocorriqueira irrefletida e não-científica ao dizerem que os terrenos proporcionam umarenda elevada porque o preço <strong>do</strong>s cereais é eleva<strong>do</strong>; pejo contrário, penso que afórmula recentemente posta em circulação, que afirma a influência recíproca plenamenteparitária, apesar da aparência que ostenta, de ser cientificamente mais exata.na verdade é o mo<strong>do</strong> de não falar menos profun<strong>do</strong>, mais superficial - pelo menosse quis referir-se ao tema <strong>do</strong> qual venho tratan<strong>do</strong>, isto é. à relação causal entre ovalor <strong>do</strong>s produtos e o valor <strong>do</strong>s bens de produção <strong>do</strong>s mesmos 30- ... ,- _.. -::;­--~--'------.'.2:-":. :-.: ::""­- -~ - = ~:.._._ =: =::':cÕ -- :::. __ ~30 Davenport descreveu bastante bem o nexo causal existente, nos seguintes termos: "Human needs and their relative intensitybeing assumed, the vaJue-causaJ sequence runs from reJative scarcity of agents to relative scarcity of products; fromrelative scarcity of products to high exchange power of products - high value. relativeIy high price; Irom relativeIy highprice of products to relatively high remuneration of agentes; from relatively high remuneration of agents to relativeIy highpresent worth of agents" (Value and Distribution. p. 569 et seqs.; de maneira bem similar. p. 350 et seqs.. onde acrescentaainda o seguinte: "On the supply side. the primary term of the causal series is the instrumental goods and powers - butnot these goods and powers in their ualue aspecf'.) - A célebre cadeia causal de Jevons ("Cost of production determinessupply. Supply determines final degree of utility. Final degree of utility determines value" Theory of Politieal Economy.2~ ed.. p. 179) é falha em razão da duplicidade ou até triplictdade de senti<strong>do</strong>s da palavra "custos". que pode significartanto certos fatos técnicos ocorrentes <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s bens-custos quanto a soma de valor total <strong>do</strong>s bens-custos a serem emprega<strong>do</strong>s,quanto também, finalmente. custos "pessoais': enquadráveis na disutifity. A mesma ambigüidade <strong>do</strong> termo passou:~.-.:~: -c:;­


EXCURSO VIII 153l: :: :')5 para o!- =:: de arrenoC='-:2 o enca­~= = \alor <strong>do</strong>-= =;uma há:: :~oduto?::"'=CJ. provo­=:::S!icos, vi­_:: o 3lcoólicos!:-='" ::xo, que: - : :-:-:'a nacio­:: '" o direito;.~: :::2 acor<strong>do</strong>~ ;_2 um pre­" ::",ço pode:= ---:3 mesmac:: ::.-:ção, dac'",,=aria agrí­: =",=,endênciaE::' '::0 álcool". =..:~ das pro­,=", : '.-alor <strong>do</strong>:-:-gente se:: ",,,:e se ba­~_ exemplo.:: .-::-:-: apenas: >da tamc=. =~:cultura,~'" '::-=.des funi.::::",,,fundiá­,",=:.: m título.x:-:-: dúvidacc::: c:: ais. pro­:": ",:':pressão: :-",m uma.;:-,,0 que a::::3 plena­- 3:5 exata.:".= :T1enos_,,= entre o- -,õ ::- :"21ative in­: - = .: :..:cts: trom~ -, =:"'ely high., ".eiy high. - .::-= :::rescenta2:5 - but:-?:ermines- :.:: -=conomy.=:cê significar~ :-': --:: -:-: empre­.;:--:: passouEssa crítica não precisa necessariamente atingir a Marshall, ou pelo menos nãoprecisa atingi-lo totalmente, na medida em que, como já observei acima, ele evitoucentrar sua colocação <strong>do</strong> problema particularmente na relação entre os ualores <strong>do</strong>s<strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s e, em sua fórmula de paridade, se contentou com a antiga e menos precisacontraposição entre "utilidade" e "custos"; pois ainda há interpretações imagináveisnas quais essas palavras-chaves designam fatores que efetivamente estão emrelação de paridade entre si. ,lI Todavia, dificilmente se poderá deixar de objetar aMarshall o fato de não ter visto com clareza suficiente as diversas ramificações <strong>do</strong>problema em cuja discussão entra, bem como o fato de ele haver especificamenteoposto sua fórmula de paridade, em tom de contra-afirmação justificativa, mesmoem relação a autores cujas afirmações se referiram especialmente à relação de ualorentre produtos e bens de produçã0 32 Da mesma forma, parece-me que Marshallrevela um forte desconhecimento da problemática científica ao afirmar que tambémas concepções defendidas por mim e por outros teóricos austríacos <strong>do</strong> valor marginal,ao contrário da "despreocupação" e <strong>do</strong> unilateralismo ricardiano, o qual salientoucom exclusividade excessiva as causas <strong>do</strong> preço duráuel. consideram de formaexcessivamente unilateral "as causas de alterações momentâneas e de oscilações devalor de curta duração",B Pois de mo<strong>do</strong> algum nós consideramos os "estoques" como"fixos", como supõe Marshall ao descrever os <strong>do</strong>is unilateralismos 34 Muito pelocontrário, o problema cuja análise nos mereceu a censura de Marshall resultoujustamente ao investigarmos a influência conforma<strong>do</strong>ra e modifica<strong>do</strong>ra exercida constantementepela produção sobre a diferença de grandeza desses "estoques", e ao nosempenharmos em pesquisar até sua última raiz o mecanismo dessa coincidênciaentre o valor <strong>do</strong>s produtos e o valor de seus bens-custos, coincidência esta que éa condição para que se estabeleça determina<strong>do</strong> preço relativamente constante, Portanto,se Marshall nos censurou por supormos estoques "fixos", foi por havermosd~monstra<strong>do</strong> a flexibilidade e a mobilidade <strong>do</strong>s estoq ues, sempre influencia<strong>do</strong>s pelaprodução; e se ele nos censurou por considerarmos unilateralmente as oscilaçõesde valor de curta duração, foi precisamente por havermos pesquisa<strong>do</strong> as condições<strong>do</strong>s preços constantes'também para i;1 polêmica que Marshall (op. cit., p. 483 et seqs.) conduz contra essa afirmação de Jevons. Em contrapartida.posso remeter à minha distinção clara entre as "condições técnicas de produção" e a "'soma de valor", feita em meu artigo"Wert. Kosten und Grenznutzen", p. 354 et seqs, e p. 360.:11 Por exemplo, se as identifjcarmos com "procura" e "oferta", ou com "necessidade" e "cobertura", ou então se sob o termocustos entendermos não o valor <strong>do</strong>s bens-custos. mas apenas os últimos fatos técnicos ocorrentes da parte <strong>do</strong>s bens deprodução, fatos estes que influenciam a abundância <strong>do</strong> estoque de bens a ser cont:egui<strong>do</strong> por meio da produção (ver supra,p. 188 et seqs.); além disso, se nos referirmos ao segun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s significa<strong>do</strong>s acima (p. 178 et seqs.) apresenta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> termocustos (= sacrifício pessoal):12 Ver o Apêndice de Marshall ao capítulo 14 <strong>do</strong> LIVro Quinto, p. 486 (os <strong>do</strong>is últimos parágrafos). Talvez não seja supér­fluo observar que também os autores aqui incluí<strong>do</strong>s por Marshall em sua crítica tinham, sim, que apresentar uma partede suas respectivas afirmações, atenden<strong>do</strong> à situação tática de então, sob os termos "'utilidade e custos" ou "valor e custos".mas que não deixaram de, no decurso dessas duas pesquisas, formular o problema da maneira como eu mesmo o estouaqui apresentan<strong>do</strong> a meus leitores. Sob esse aspecto, permito-me remeter sobretu<strong>do</strong> a meus artigos sobre o "Letzter Masstabdes Gueterwerts" e sobre "Wert, Kosten und Grenznutzen" e, neste último, especialmente as exposições às p. 354 etseqs. e 360. Ali já se encontrará desenvolvida com clareza total a posição de que produtos e bens de produção del.remseu valor conjuntamente a certas "'causas terceiras", mas que a posição <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is no encadeamento causal ....não (ê) paritária".pejo contrário "a derivação <strong>do</strong> valor. em última análise, <strong>do</strong>s mesmos fatos causa<strong>do</strong>res, para os meios de produção, só ocorreatravés <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s produtos" (op. cit., p. 360). - Se, como também aconteceu, se tentou refutar a opinião, a mimatribuída. de que a causa <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s bens de produção está no valor de seus produtos, argumentan<strong>do</strong> que os bens deprodução, por motivos que ocorrem neles mesmos, têm de ter valor. e que a causa de seu valor não pode ser atribuídaa outros bens, devo observar que, como se depreende~<strong>do</strong> que expus, esse argumento de mo<strong>do</strong> algum contradiz minhaopinião real, mas apenas uma formulação e interpretaçâo extremada da mesma. contra a qual minhas explicações, apre'sentadas com suficiente clareza, deve-riam ter me protegi<strong>do</strong>33 Op, clt, p. 486, em conexão com p. 360 et seqs.," P 360.


EXCURSO IXPosição <strong>do</strong> "Sofrimento <strong>do</strong> Trabalho" (Disutility) no Sistemada <strong>Teoria</strong> <strong>do</strong> Valor(Para as p. 196 et seqs. da <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>)Um grupo numeroso e respeitável de autores julgou dever atribuir, no sistemada teoria <strong>do</strong> valor, uma posição muito mais importante e mais central a um conjuntode fatos que eu utilizei apenas como material para construir um "caso excepcional".Esses autores partem, no caso, de uma idéia que de per si está plenamentena linha da teoria da utilidade marginal, que foi também enunciada pelos própriosfunda<strong>do</strong>res dessa teoria e contra cuja precisão não há objeção alguma. Com efeito,tanto Gossen quanto Jevons já observaram que, analogamente ao que acontececom a continuação e repetição de atos de prazer iguais, onde o prazer associa<strong>do</strong>.ao consumo tende sempre a diminuir, também no caso de continuação e repetiçãode esforços de trabalho costuma aumentar sempre mais o desprazer associa<strong>do</strong> aoesforço <strong>do</strong> trabalho. Disso tiraram a conclusão, perfeitamente correta, de que temde chegar um ponto para além <strong>do</strong> qual uma continuação <strong>do</strong> prosseguimento <strong>do</strong>trabalho proporcionaria ao trabalha<strong>do</strong>r mais desprazer <strong>do</strong> que o prazer que ele poderiaauferir <strong>do</strong> produto <strong>do</strong> prolongamento <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de trabalho; pois to<strong>do</strong> aumentode produto que o trabalha<strong>do</strong>r conseguir mediante uma nova hora de trabalhoacrescentada à sua obra <strong>do</strong> dia produz, pela lei <strong>do</strong> aumento <strong>do</strong> sofrimento <strong>do</strong> trabalho,um sacrifício pessoal cada vez maior. Por isso, o trabalha<strong>do</strong>r "livre" interromperáseu trabalho no ponto em que um ulterior prosseguimento <strong>do</strong> mesmo geraria maissofrimento <strong>do</strong> que o prazer gera<strong>do</strong> pelo aumento de bens a ser ganho com a continuação<strong>do</strong> trabalho. E assim fazen<strong>do</strong>, o sofrimento inerente à última fração <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>de trabalho se equilibra exatamente com a utilidade da última unidade de bensproduzida justamente por aquela última fração de trabalho. Ocorre nesse ponto, comodiz Jevons, a final equivalence of labour and utility.) E no mesmo ponto de interseçãoentre a curva descendente da utilidade e a curva ascendente <strong>do</strong> sofrimento<strong>do</strong> trabalho se fixa também o valor da unidade <strong>do</strong> produto: sua grandeza coincide. The Theory of Polítical Economy. 2 a ed.. p. 192.155~­;-~


156 TEORIA POSITIVA DO CAPITALsos é r.:o::.:rEdge" ::-Jcasos::" imente .. ,norm:: ,,~deve~ ~:::mede :,,~tanto com a grandeza da utilidade marginal quanto com a grandeza (igual a estaúltim,a, apenas que negativa) <strong>do</strong> sofrimento marginal (a final disutility). 2E significativo que o próprio Jevons, que já havia desenvolvi<strong>do</strong> essa idéia complena clareza, não reconheceu nisso motivo para ver no "sofrimento marginal" umrival equipara<strong>do</strong> à "utilidade marginal" na sistemática de sua teoria <strong>do</strong> valor, senãoque julgou dever ater-se à sua conhecida afirmação de que value depends entirelyupon utility 3 Entretanto, muitos <strong>do</strong>s autores posteriores pensaram dever tirar a con­seqüência evitada por ele. Quem fez isso, com predileção, foram sobretu<strong>do</strong> teóricosingleses e americanos; desde então há que distinguir até certo ponto uma ala aus­tríaca e uma ala anglo-americana na teoria da utilidade marginal. A primeira, em­bora constate certos "casos de exceção", crê que encontra a solução unicamenteno princípio da utilidade marginal, ao passo que a segunda atribui aos <strong>do</strong>is princípios.da utilidade marg;nal e da disuti/ity, na teoria geral <strong>do</strong> valor, uma posição si­métrica e por vezes até atribuem à disutility uma posição superior.A tese da simetria completa parece-me estar representada, com pureza típicaperfeita, por Edgeworth,4 e a tese da superioridade sistemática da disutility porClark, que, recorren<strong>do</strong> a um raciocínio dialético bem complexo de muitos elos, co­loca como "critério último' ou "última unidade" <strong>do</strong> valor, o "sofrimento suporta<strong>do</strong>pela sociedade na última unidade de tempo <strong>do</strong> trabalho diário".5 Ao que me pare­ce, entre os defensores de uma posição simétrica da disutility há que enquadrar tambémto<strong>do</strong>s os numerosos autores que atribuem aos "custos" uma influência paritáriasobre o valor e conseqüentemente vêem o real cost como uma sombra de "sacrifí­cios pessoais", de "esforços", "incômo<strong>do</strong>s" e "sacrifícios de abstenção" e aos quais per­tence, entre outros, também Marshall. 6 Até onde vai, afinal, a divergência entre asduas alas?Essa divergência não precisa ser muito profunda, se eliminarmos determina<strong>do</strong>equívoco, cometi<strong>do</strong> com freqüência mas não inevitável, <strong>do</strong> qual ainda terei ocasiãode falar especificamente. No caso favorável, a diferença pode ser muito mais de for­mulação <strong>do</strong> que propriamente de conteú<strong>do</strong>. Talvez a melhor maneira de ilustrar issoserá expor por que motivo eu prefiro a formulação "não simétrica" da ala austríaca,embora também eu reconheça sem reservas a lei <strong>do</strong> aumento <strong>do</strong> sofrimento <strong>do</strong> tra­balho, que constitui o fundamento da formulação oposta.Com efeito, essa lei só pode levar à coincidência entre valor, utilidade marginale sofrimento marginal se, além disso, admitirmos como premissa real que o traba­lha<strong>do</strong>r, como afirma Jevons, é "livre". E isso deveria, nesse caso, significar que otrabalha<strong>do</strong>r tem o poder de dimensionar, totalmente de acor<strong>do</strong> com a sua própriaconveniência, a medida de desempenho que ele quiser assumir, de acor<strong>do</strong> coma duração ou a intensidade <strong>do</strong> trabalho, que ele tem o poder de interromper seuserviço diário a qualquer hora, quarto de hora ou minuto que quiser, ou prolongá­lo até qualquer limite que queira. Ora, esse pressuposto efetivo em minha opiniãosó ocorre numa minoria bem reduzida de casos, conforme já apontei em minha <strong>Teoria</strong><strong>Positiva</strong> (página 197 et seqs.). Sem dúvida, pode-se discutir se essa minoria de ca­temp: .:: Juma "2':---:para ::.::_"rem cs :::-\ .sÔo:Que. ::e .. ~lho) t.~ _~ce ve:::.JE issc ~.:'.:na<strong>do</strong> ::"mente ::..:-:;teríar.-:.::s "nar. .:0.. _:Jcence:-.:"últir..ê_::..1de ap:::::;;.- pa~::. S


EXCURSOIX 157::...;ct a esta;~ :::éia com:=~;::Ial" um'.=.~:. senão,~ :5 entirelyr :.~=: a con­L.:: ~ teóricos1:-.= ala ausr-:-:2ira,em­:..--::camente; :: ~ 's princí­: :: :,sição si·: _~2za típica:s~,~:!ity por::: 5 ,,]os, co­:: s...;porta<strong>do</strong>_" ~e parer_=drartam­~:= paritáriac :::" "sacrifí­)oS : dais per­::.? entre as:2:2:mina<strong>do</strong>",,2: ocasião:-. ::'5 de for­! :....;strar issoiê :::Jstríaca,~:o <strong>do</strong> tra­:2 :narginaJ_,: o traba­:êr que o5:':c própria-::::<strong>do</strong> com~:~per seu- :::ro]ongá­~;.:: opinião__";~a <strong>Teoria</strong>:::-:a de ca­- :: ::5 Op. di,Ó _ "C .<strong>do</strong> sobre:, 1894, p.• :~ et seqs.:., 'ihe Ulti·sos é realmente tão pequena, como penso eu, se, como opina, por exemplo, o Prof.Edgeworth,7 ela engloba grupos um pouco mais numerosos e mais importantes decasos de aplicação. Todavia, ninguém pretenderá afirmar que essa mobilidade total·mente livre <strong>do</strong> tempo de trabalho e <strong>do</strong> incômo<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho representa o casonormal em nossa situação econômica vigente; pois bem, já por isso penso não sedever tratá·la como um caso normal na teoria <strong>do</strong> valor; que o valor <strong>do</strong>s bens semede pela grandeza <strong>do</strong> sofrimento suporta<strong>do</strong> na última e mais penosa unidade detempo <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong> dia não é um princípio da teoria geral <strong>do</strong> valor, mas apenasuma regra parcial - muito interessante e em to<strong>do</strong> caso digna de registro -, válidapara aquele grupo de casos, mais ou menos restrito, nos quais precisamente ocorremos pressupostos reais da referida coincidência. .A isso há que acrescentar uma segunda observação, Mesmo aqueles casos emque, devi<strong>do</strong> à livre mobilidade <strong>do</strong> tempo de trabalho (ou da intensidade <strong>do</strong> trabalho)há uma coincidência entre utilidade marginal e sofrimento marginal, permaneceverdade que o valor <strong>do</strong>s bens é medi<strong>do</strong> pela utilidade marginal <strong>do</strong>s mesmos.E isso não só é correto, mas também já está em si mesmo suficientemente determina<strong>do</strong>.Se falássemos não da "utilidade marginal", mas apenas da "utilidade", certamenteainda seria necessária uma complementação, uma determinação mais precisa;teríamos de indicar ainda um segun<strong>do</strong> elemento, cujo ponto de interseção coma linha descendente da utilidade produz e identifica determina<strong>do</strong> grau de utilidade,Acontece. porém, que essa determinação já a temos no elemento "utilidade marginal".A utilidade marginal já é um ponto de interseção, o ponto no qual a linha descendenteda utilidade cruza a linha da cobertura de bens: a utilidade marginal é aúltima utilidade coberta. E essa determinação permanece de pé também no campode aplicação da regra da final disutility, Pois essa regra, por sua vez, contém apenas- para seu campo de aplicação limita<strong>do</strong> - uma causa determinante secundáriade grandeza da cobertura. A cobertura vai até ao ponto em que o aumento decrescentede utilidade da cobertura aumentada ainda supera o sofrimento crescente, Mastambém aqui o valor se fixa no ponto de interseção entre necessidade e cobertura,ao nível da utilidade marginal. As causas secundárias mais remotas pejas quais acobertura vai exatamente até aqui ou até lá não fazem parte, no caso, da teoria geral<strong>do</strong> valor - da lei geral <strong>do</strong> valor -, da mesma forma como dela não faz parte, porexemplo, a discussão sobre os monopólios, que também ilustra uma causa secundáriada extensão da cobertura; e isso, não somente porque as respectivas causasdeterminantes atuam apenas num campo de aplicação particular limita<strong>do</strong>, mas tambémporque já são causas secundárias, que não se somam à utilidade marginal,mas estão por trás dela, e portanto já estão, de certo mo<strong>do</strong>, incluídas e consideradasna utilidade marginal.Em razão disso, creio que, se formos lógicos, para formular a lei geral <strong>do</strong> valorjá é suficiente o princípio da utilidade marginal e que a ulterior coincidência entrea utilidade marginal e o sofrimento marginal fornece apenas o material para umadeterminação adicional particular, que tem validade dentro da lei geral da utilidademarginal; mais ou menos da mesma forma que também a ulterior coincidência dautilidade marginal de um produto com a utilidade marginal <strong>do</strong>s bens de produção<strong>do</strong> mesmo, respectivamente com a utilidade marginal <strong>do</strong>s demais bens afins na produção- coincidência na qual reside o essencial da assim chamada "lei" empírica"<strong>do</strong>s custos" - não dever ser apresentada na lei geral <strong>do</strong> valor, mas também elaé apenas uma determinação adicional particular, que vale para determina<strong>do</strong> campo- Cf nosso debate sobre o assunto em Economic Journal v IV (1894), p 518 et seqs. e 719 et seqs.


158 TEORIA POSITIVA DO CAPITALde aplicação mais restrito, dentro da lei geral da utilidade marginal.Se, porém, como penso eu, o princípio da utilidade marginal se cumpre totalmentee em sua pureza naqueles casos nos quais utilidade e sofrimento se nivelamcom inteira liberdade, como posso, não obstante, falar de "casos de exceção" - como fiz em meu texto -, nos casos em que a medição <strong>do</strong> valor é feita com baseno "sofrimento gera<strong>do</strong> pelo trabalho"? A resposta é muito simples Os casos que eutinha em vista naquele contexto são outros casos; são casos em que o sofrimento<strong>do</strong> trabalho e a utilidade marginal justamente não se nivelam, senão que neles, conformeexplicitamente indiquei como característica da situação, "o sofrimento é menor<strong>do</strong> que a utilidade marginal positiva <strong>do</strong> bem".8 Com efeito, o nivelamento exatoentre os <strong>do</strong>is depende da condição técnica de que todas as grandezas a coincidirementre si sejam divisíveis ao infinito. Tanto o perío<strong>do</strong> de trabalho como seu produtodeveriam ser passíveis de ser decompostos em partículas infinitamente pequenas,para que tanto a linha ascendente <strong>do</strong> sofrimento <strong>do</strong> trabalho quanto a linha descendenteda utilidade corram de maneira totalmente igual, sem saltos, e se possa interromperà vontade as duas exatamente no ponto de interseção, qualquer que esteseja. Se, porém, em um ou no outro. ou tanto em um como no outro, não houveressa divisibilidade completa, se for possível graduar o tempo de trabalho ou o produto<strong>do</strong> trabalho, ou os <strong>do</strong>is, apenas em saltos, em unidades maiores, nesse casoo término de uma unidade técnica não coincide - ou então ele só coincide emvirtude de um acaso totalmente excepcional - com o ponto de interseção exatoentre utilidade e sofrimento, o esforço <strong>do</strong> trabalho tem de ser interrompi<strong>do</strong> num pontoem que a última unidade de bens adquirida com ele ainda gera uma utilidade maior<strong>do</strong> que o sofrimento associa<strong>do</strong> ao esforço. na medida em que a próxima unidadecompleta, que poderia ser ganha mediante outro prolongamento <strong>do</strong> esforço, já produziriauma utilidade menor, que não mais compensaria o sofrimento desse esforço.Nesses casos não há coincidência entre utilidade marginal e sofrimento marginal,e o valor <strong>do</strong>s bens, que necessariamente tem de separar-se de uma dessas duasgrandezas desiguais, segue - de acor<strong>do</strong> com a idéia condutora de toda a nossateoria <strong>do</strong> valor - a menor das duas. portanto o sofrimento <strong>do</strong> trabalho, que é inferiorà utilidade marginal positiva. No caso de nosso exemplo (<strong>do</strong> cartão de ingressopara a festa da coroação). avalio o cartão de ingresso pelo incômo<strong>do</strong> que me custariasolicitá-lo, incômo<strong>do</strong> este que é em algum grau inferior ao prazer positivo de participarda festa, pois aqui não há um equilíbrio exato entre o incômo<strong>do</strong> e o prazer;com efeito, não é tornan<strong>do</strong> minha requisição <strong>do</strong> cartão de ingresso um pouquinhomais trabalhosa ou moralmente mais penosa que consigo acrescentar a meu prazerde participar da festa da coroação exatamente aquela parcelazinha insignificante quefaria eqUilibrarem-se exatamente as duas parcelazinhas acrescentadas <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s,ao prazer e ao peso. Em casos que apresentam esta ou semelhante característica,portanto, o valor <strong>do</strong>s respectivos bens não se mede efetivamente pela sua utilidademarginal positiva, e por isso foi necessário abrir uma rubrica de exceção para taiscasos relaciona<strong>do</strong>s com a fórmula da utilidade marginal. Todavia, a explicação queacabo de dar sobre as premissas efetivas desses casos de exceção há de mostrarcom clareza ainda maior que eu tinha boas razões para caracterizá-los como casosexcepcionais bem raros e de importância mínima. Pois em boa parte <strong>do</strong>s casos ­e provavelmente também em sua parte maior e mais importante - nos quais o perío<strong>do</strong>de trabalho e o sofrimento <strong>do</strong> trabalho se movimentam com liberdade total,a utilidade marginal e o sofrimento marginal coincidem exatamente, e então tam­béIT. :: ._casos =-c -c:<strong>do</strong>is ::-:: -::Pro: ==;-:0me:-::i: - ~:entre:: :::­que:: =--:onós ._..--:=que~::.:: ::Ut::~2::=~ ...,t:\"c =-= _­......-, -~L.t:: - - :- ­.....,........., ;::1 .... - - ::.~- _.. _.",c..::-=_-""~~---:..':::~ - _ . .=-'.'::: - - - -­:'02 ==-_~-=-:--.c... :: :.:;prc:_.::- J.< Ver <strong>Teoria</strong> Posltiua, vI, p. 197


,~EXCURSO IX 159bém o valor <strong>do</strong>s bens é aferi<strong>do</strong> pela utilidade marginal: tais casos não são, pois.~~~ :otal- casos de exceção. mas justamente casos em que se cumpre a lei da utilidade marginal.-.elamE agora retorno à pergunta anteriormente formulada: até onde vai a diferençac - co­ entre a opinião que acabo de expor e as opiniões de Edgeworth ou de Clark? Creio[~. base que a diferença não é de mo<strong>do</strong> algum grande. Salvo engano meu, não há entre~ ='Je eu nós uma diferença de princípio. senão que nossa divergência versa apenas sobre!é'":-~ento <strong>do</strong>is pontos bastante secundários. Por um la<strong>do</strong>, diferimos - como já constatou o!."::" con­ Prof. Edgeworth. muito corretamente'! - na "avaliação de quantidades que simplest=2 me· mente não admitem uma medição exata". isto é. no juízo aproximativo sobre a fre­-== exato qüência <strong>do</strong>s casos em que se verificam os pressupostos para uma coincidência entre~. =:=iirem utilidade marginal e sofrimento marginal. e conseqüentemente para a aplicação efe­::::Jdutotiva de uma law of disutility: Edgeworth considera que tais casos são bem mais nu­:: =..ienas, merosos <strong>do</strong> que penso eu. Contu<strong>do</strong>. mesmo assim concordamos plenamente eml :::2scen­duas coisas: que esses casos em qualquer hipótese representam apenas uma fraçãos.,~ :nter­ de to<strong>do</strong>s os casos e que afora esses casos o valor se mede exclusiuamente pela utili­~'je este dade marginal. e que mesmo nesses casos o valor se mede também pela utilidade:: :-:ouver marginal, com a qual o valor deve coincidir, tanto quanto com o sofrimento margi­:_ J pro­nal de grandeza igual. Em segun<strong>do</strong> lugar. diferimos também sobre que formulação,.,.,2 caso é mais adequada para esse fato. conheci<strong>do</strong> e reconheci<strong>do</strong> pelas duas partes. Quan­:::::::e emto a mim parece que atende melhor a este fato afirmar que para a teoria geral <strong>do</strong>?::: exato valor o único critério <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s bens é a utilidade marginal, dizen<strong>do</strong> que a coinci­;~. ponto dência condicional. verificada em uma parte <strong>do</strong>s casos. entre a utilidade marginalce ~aiore o sofrimento marginal, é uma regra parcial subordinada e secundária; Edgeworth..:'.:dadeparece preferir proclamar essa coincidência como o tipo geral e ideal, <strong>do</strong> qual é lo­-:'á pro­go obriga<strong>do</strong> a admitir numerosas e importantes exceções. Quanto à própria coisa.;..,e esfor­porém, não precisamos divergir. nem nos casos em que a utilidade marginal é o~'~'ginal,único critério possível, nem naqueles em que, além disso, ocorre sua coincidênciaí;Õ"., duascom o sofrimento marginal; essa divergência atinge mais a sistemática <strong>do</strong> que o coni:ó :Jossa teú<strong>do</strong> da <strong>do</strong>utrina dele e da minha.L.::: 2 infe­Isso vale até em relação a Clark, que. aliás, <strong>do</strong> ponto de vista sistemático, me, .-.;resso parece haver atira<strong>do</strong> bem inadequadamente além <strong>do</strong> alvo, quan<strong>do</strong>, partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> mes­":"".2 custa­ mo fato. postula para a disuti/ity a posição de único "critério último <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s'::: :::e par­ bens". Com efeito, não consigo ver que essa excentricidade sistemática tenha exerci­::: ')razer; <strong>do</strong> alguma influência prática sobre o conteú<strong>do</strong> objetivo das <strong>do</strong>utrinas de Clark. Pois:_~uinhoele constrói sua brilhante "teoria da distribuição" totalmente sobre a idéia da finalE _ prazerproductiuity, cujo princípio atuante é por sua vez totalmente o princípio da utilidade'=::'.:e quemarginal, o princípio da "utilidade decrescente". produzida por quantidades crescen­:::ois 1a­ tes. Com efeito, somente post festum - para assim falarmos -, depois de, nos prio:::::erísti­ meiros 23 capítulos de sua obra sobre The Distribution of Wealth, haver termina<strong>do</strong>.,;::1idadede construir sua teoria da distribuição, Clark introduz, em um 24? capítulo adicio­:: :óra tais naI. a disutility como the ultimate unit of ualue, mas - assim me parece - sem;30 que de alguma forma aban<strong>do</strong>nar o princípio de que a base de seu raciocínio é a final~.ostrarproductiuity e a final utility. Se este último capítulo não tivesse si<strong>do</strong> escrito. dificil­~.::: casos mente se sentiria falta dele. Ele não reforça nem enfraquece a cogência da teoria:::~.,os ­ da distribuição que antecede. Não lhe acrescentra novos fundamentos <strong>do</strong>s quais de­:ó., o pe­penderia a firmeza da mesma e por isso esta não pode ser afetada em nada se,:.2 total, como acredito. falharem as complexas construções dialéticas desse capítulo 24. E.:3J tam·se não posso en<strong>do</strong>ssar totalmente e em to<strong>do</strong>s os pontos a brilhante teoria da distri­., Economic Journal. v. IV (setembro de 1894). p. 519


-160 TEORIA POSITNA DO CAPITALbuição de Clark - se bem que com ela concorde em grande parte -, a nossa maneiradivergente de abordar a disutility não partilha em absolutamente nada dessasdiferenças, pois Clark baseia sua teoria geral da distribuição, exatamente como eu,na utilidade marginal positiva, e quanto àqueles detalhes em que a disutility realmentechega a exercer uma influência determinante, também eu, tanto quanto ele,estou plenamente disposto a atribuí-los a essa influência da disutilityl0Contu<strong>do</strong>, bem outra seria a situação, se os defensores da law of disutility ­da "lei" segun<strong>do</strong> a qual o valor se fixa no ponto de interseção da utility <strong>do</strong>s bense da disutility <strong>do</strong> trabalho que produz os bens - pensassem que com ela indicamou interpretam o verdadeiro conteú<strong>do</strong> da grande lei empírica <strong>do</strong>s custos, da greatRicardian law of cost. Isso não seria mais uma sistemática contestável, mas um graveerro objetivo. Uma coisa é dizer que. dentro de determina<strong>do</strong>s pressuspostos, ovalor <strong>do</strong>s bens tende a nivelar-se com o "sofrimento marginal" <strong>do</strong> trabalho de produçãoe outra coisa, bem diferente, é afiPllar que - sen<strong>do</strong> outros os pressupostos- o valor (e o preço) dôs bens tende a igualar-se, nesse senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> termo, ao valor(e ao preço) <strong>do</strong>s bens de produção ou ·custos" emprega<strong>do</strong>s para a produção <strong>do</strong>smesmos. O fato de o trabalha<strong>do</strong>r. que é totalmente livre em seu fazer e em seudeixar de fazer, interromper seu trabalho no ponto em que o sentimento crescentede desprazer não seria mais compensa<strong>do</strong> pela utilidade descrescente <strong>do</strong> produtode horas de serviço subseqüentes e ainda mais penosas para ele, absolutamentenada tem a ver com o fato, assinala<strong>do</strong> por Ricar<strong>do</strong>, de que "em paridade de circunstâncias"llum bem cuja fabricação custa o <strong>do</strong>bro de trabalho costuma também tero <strong>do</strong>bro de valor, e com o fato comprova<strong>do</strong> pela experiência - fato cujo conteú<strong>do</strong>na essência coincide com o anterior e que rege toda a nossa práxis econômica ­de que o valor e o preço <strong>do</strong>s bens reproduzíveis à vontade, por muito tempo, semedem pela soma de seus custos de produção. Não estamos aqui diante de umae mesma lei, cuja expressão popular e econômica em dinheiro seria o nivelamentoentre as somas <strong>do</strong> preço e as somas <strong>do</strong>s custos e cujo significa<strong>do</strong> mais profun<strong>do</strong>,escondi<strong>do</strong> atrás da figura <strong>do</strong> dinheiro. seria o nivelamento entre o prazer marginale o sofrimento marginal; mas antes deparamos com duas leis totalmente diferentesentre si no tocante ao conteú<strong>do</strong> e à abrangência.Procurei convencer os leitores disso, com o máximo de ênfase e de clareza possíveis,num trabalho anterior. isto é, em meu estu<strong>do</strong> sobre o "Letzter Masstab desGueterwerts"; ao que parece, minha tentativa até agora ainda não surtiu to<strong>do</strong> o efeitopor mim deseja<strong>do</strong>. Por isso, gostaria de reforçar aqui minhas afirmações de entãocom algumas observações adicionais; antes disso, porém, quero lembrar, e em formacondensada, os fatos cogentes que já então apresentei expressamente. Antesde tu<strong>do</strong>, afirmei que já o caJTlpo de aplicação das duas leis é totalmente diverso.O campo de aplicação da lei empírica <strong>do</strong>s custos é, de mo<strong>do</strong> geral, bem mais amplo.Ele engloba com certeza - para citar um único exemplo - também tais benscuja produção, pelo tipo de SUa fabricação, ocorre com tempo de trabalho fixo esalário fixo pago por tempo de serviço, onde, portanto, simplesmente não há margempara a utilidade <strong>do</strong> produto depender da final disutility da última fração de trabalho.Ao mesmo tempo, o campo de aplicação muito mais restrito da law of disutilityengloboEla po:",nopól:c :"repro::: ....:pios - :da grar.:grand22passa;",,=­A 2",ra me:, _parte:::: õvo ,-..=mer;:,:~-2:em ;J2-""e 0"-'2 :.',..:::.. -­me:--.:: :"];m::a:a ­seja ::-.:'"nica. ,,­sim :::-:-:que. r?""!ligar::: :freC~: :"cer'a -2,gUrT.a :,facr:::::§.cor.:::-- _31xão :::-:-.pie:--.:::-:-eco'r.:.:210.:-:-:2:;,.....,-- - ­-__ ",,!G: _ _ I:::: '. =-::­1lU Entre outras coisas. certamente não deixarei de atribuir à influência da disutWty certas diferenças no montante <strong>do</strong> saláriopara ocupações que impõem um grau inusitadamente grande ou pequeno de sacnfício ou incômoco. como tambémlhe atribuo a diferença de preço entre os produtos desses diversos setores de trabalho; cf. meu arllgo sobre o "Letzter Md,~S~tab des Gueterwerts", p. 203 et seqs e minhas observaçães sobre o mesmo tema no Economic Journal. Dezembro de 1894,p. 722 et seqs.11 Essa cláusula destina-se a levar em conta as conhecidas "modificações", desenvolvida.~ nas Seções IV e V de seu capí­. tulo "On Vatue", que requerem um investimento de capital de porte diferente Ou de duração desigual- - :~ :--:1-.;:-_::--: - ~


----EXCURSOIX 161- :: :1ossa ma­-:-:: -ada dessas:-.-::-:2 como eu,:: :s:.


162 TEORIA POSITIVA DO CAPITALEXCL::;;da verdadeira lei empírica <strong>do</strong>s custos. A quem admite isso - e creio não precisartemer que o negue alguém que refletir efetivamente sobre a hipótese - é impossívelque deixe de convencer-se de que a disutility não pode ser o princípio eficazda lei empírica <strong>do</strong>s custos, que esta e a law of disutility são duas regras totalmenteindependentes uma da outra.Assim sen<strong>do</strong>, a sistemática logicamente correta da teoria <strong>do</strong> valor parece-meser a seguinte. Como ponto de partida da teoria <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s bens há que colocaro princípio generalíssimo de que a grandeza <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s bens se mede pela grandeza<strong>do</strong> ganho de bem-estar que depende <strong>do</strong>s mesmos. Esse princípio generalíssimodeve ser assim des<strong>do</strong>bra<strong>do</strong>: o ganho de bem-estar dependente, na maioriaabsolutamente <strong>do</strong>minante <strong>do</strong>s casos, consiste numa utilidade marginaJ14 positiva<strong>do</strong>s bens e. numa pequena minoria casuística de casos, consiste em evitar um sofri­"ComEmento inerente à aquisição e inferior à utilidade marginal. Dentro da lei da utilidademarginal há que estabdecer então duas regras parciais secundárias, que se cruzamem seu campo de aplicação, a saber, a de que a utilidade marginal que determinao valor <strong>do</strong>s bens tende, em determinadas condições, a além disso nivelar-se como sofrimento inerente à aquisição <strong>do</strong>s mesmos (/aw of disutility) e a de que, em determinadasoutras condições, ela tende a nivelar-se, através <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s bens-custos,(Para pcom a utilidade marginal e o valor de to<strong>do</strong>s os bens "de produção afim" (lei <strong>do</strong>scustos propriamente dita). As duas regras parciais, das quais a segunda é de longe C:1a mais importante, deixam margem ainda para um conjunto considerável de casossentar: Clque não obedecem a nenhuma das duas e nos quais a utilidade marginal é não chen G;somente um motivo determinante atuante, mas ao mesmo tempo o único.objeçc-eAo que parece, esses da<strong>do</strong>s ainda' não foram observa<strong>do</strong>s com suficiente clarezadas se:!pela ala anglo-americana da teoria da utilidade marginal, ou pelo menos não sãoga<strong>do</strong> ê iexpostos com clareza suficiente e de maneira suficientemente explícita. Durante al­ breve -:-,.gum tempo as duas leis essencialmente distintas, da disutility e <strong>do</strong>s custos empíri­ A:1cos, eram até confundidas entre si - confusão cujo germe foi lança<strong>do</strong> já por Adam maçã :xSmith, com sua conhecida afirmação de que é o toi1 and trouble <strong>do</strong> trabalho quee fina:::"'constitui os custos propriamente ditos e o "preço real" <strong>do</strong>s bens. Não quero aquisegu:-:::Ediscutir em detalhe [" se e até que ponto essa confusão perdura ainda hoje. Não há mire""- !tdúvida de que já se lançaram os fundamentos para um equacionamento <strong>do</strong>s concada1::1trastes que ameaçavam separar a ala austríaca da anglo-americana. As posições <strong>do</strong><strong>do</strong> 0-':2Prof. Edgeworth, por exemplo, pelo menos hoje já não parecem diferir das minhasele, ~?em princípio, mas apenas em uma avaliação quantitativa <strong>do</strong> campo de aplicação.-tem C:".. da law of disutility](' - se é que um dia a divergência entre nós <strong>do</strong>is foi além desoprazeIse ponto. Não há cOmo negar. porém, que mesmo em obras recentíssimas não es­Oqtão totalmente ausenles os sintomas de uma imprecisão que perdura e em to<strong>do</strong> casonão pJCé bem raro chegar-se com toda a clareza ao seguinte reconhecimento decisivo: quesas re~se fale somente de conceitos diferentes de custos - o que geralmente costuma ocorreruma::a-, mas também, com precisão de clareza, de leis <strong>do</strong>s custos diferentes e paralelasda de de se chegue a delimitar claramente o conteú<strong>do</strong>, o mecanismo e o campo de aplicases,ê.:lção das mesmas. Se prosseguir a discussão em torno desse tema, talvez se consigadifere:-::eliminar inteiramente a divisão entre as duas alas da moderna teoria <strong>do</strong> valor, acláus-.:~qual em meu entender é totalmente supérflua.1,1 Esse termo deve seI entendi<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong> ilustra<strong>do</strong> na nota :'8 da p 199 da <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>. v.L", Sobre toda a questão da confusão. ver meu estu<strong>do</strong> sobre o "Letzter Masstab". p. 207 et seqs. I ZU" :-


EXCURSO X- - ~ ~ precisar" - 2 impossí­:- - :''Jio eficaz[:"":=: :~talmentel. :;: :; arece-me__ ~ :;'~o2 colocare:;~ 'Je\a gran­~ :; ;2neralíssi­:~ ~a maioria~- :=.~" positiva". ::=~ um sofri­:-= :a utilidade::: _~ se cruzam.;: _~ :::eterminac' -2,ar-se com:-2 :; .:e. em dec::-2:lS-custos,, :=' :-c.- (lei <strong>do</strong>s::= 2 de longe::-~.-2. de casosr a:;:>al é não:: _:-::co.'::.-2:-,te clareza__.-2 •. :s não são== Jurante al­: _s:as empíri­:; i 'Jor Adam::: ,.::-:=oalho que~:: :uero aqui;. :-. :.'02 Não há:-2-:: <strong>do</strong>s conto_::),Jsições <strong>do</strong>=-_: :as minhas:: :2 aplicação5 '::. além dess.s.:-c.csnão esa-2:-C. to<strong>do</strong> caso: :;2:isivo: quec~.::na ocorrer::-2: e paralelas-:-:: J de aplicai'.-22 se consigar.:= ::0 valor, a"Comensurabilidade" de Grandezas <strong>do</strong> Sentimento(Para página 233 et seqs.)Contra meus enuncia<strong>do</strong>s sobre esse tema - enuncia<strong>do</strong>s que eu já havia apresenta<strong>do</strong>em teor quase idêntiçp em meus Grundzuege der Theorie des wirtschaftli·chen Gueterwerts (1886) - Cuhellevantou recentemente (em 1907) uma série deobjeções que enumero entre as contribuições mais esmeradas e mais bem pensadassobre esse tema extraordinariamente complexo; em razão disso, sinto-me obriga<strong>do</strong>a analisá-Ias com cuida<strong>do</strong> um pouco maior <strong>do</strong> que seria possível fazê-lo numabreve nota de rodapé ao próprio texto.A meu exemplo ilustrativo - <strong>do</strong> menino que seguramente não quer trocar suamaçã por menos de sete ameixas, que hesita em relê-ção a uma oferta de sete ameixase finalmente troca a maçã por oito ameixas -, Cuhel objeta em primeiro lugar oseguinte: precisamente na linha da lei da utilidade marginal, no caso de se consumiremsete ou oito ameixas uma atrás da outra, o prazer hauri<strong>do</strong> no consumo decada ameixa não permanece igual, mas em cada ameixa sucessiva se torna menor<strong>do</strong> que o prazer desfruta<strong>do</strong> nas ameixas anteriores: conseqüentemente, segun<strong>do</strong>ele, o prazer desfruta<strong>do</strong> no consumo das sete ou das oito ameixas de mo<strong>do</strong> algumtem de ser - como pressuporia meu raciocínio - sete ou oito vezes maior <strong>do</strong> queo prazer hauri<strong>do</strong> no consumo de uma ameixa, sobretu<strong>do</strong> no consumo da primeira. 1O que há de real nessa objeção está correto; todavia, seu alcance naturalmentenão pode, já <strong>do</strong> ponto de vista puramente externo, ser maior <strong>do</strong> que o das premissasreais nela estabelecidas, sen<strong>do</strong> certo, em to<strong>do</strong> caso, que estas cobrem apenasuma parte <strong>do</strong>s casos abrangi<strong>do</strong>s pela minha hip..9tese original, totalmente desprovidade cláusulas. Por conseguinte, a objeção de Cuhel impõe, na melhor das hipóteses,apenas uma diferenciação casuística na apresentação de meu exemplo,diferenciação à qual já atendi, no texto de minha <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>, inserin<strong>do</strong> algumascláusulas restritivas, 2 mas que agora quero fazer com toda a clareza.;.vhile I admlt..,: ,-,--'Ong different"''',,: 3'Ohm-Bawerk;': - : ~ : .Journal. Se-1 Zur Lehre von den Beduerfnissen. § 264 e 268 el seqs2 Ver <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>, v.I, p. 214 el seqs.163


164 TEORIA POSITIVA DO CAPITALCom efeito, dentro da hipótese - aventada a título de exemplo e destituídade maiores detalhes - da troca das ameixas, tal como a apresentei no ano de 1886,podem ocorrer os seguintes casos diferentes:Primeiro caso: o menino tenciona consumir as sete ou oito ameixas, a receberem troca, uma imediatamente após a outra. mas sabe que nesse caso elas produzemum prazer decrescente ~ leva isso em conta ao fazer o cálculo que determinasua decisão. A objeção de Cuhel vale para esse caso, em seu alcance externo; eo aicance interno da objeção é em to<strong>do</strong> caso ta! que aqui não se pode tirar nenhumaconclusão direta de que o prazer proporciona<strong>do</strong> pelo consumo de uma maçãsupera de determina<strong>do</strong> múltiplo o prazer (que é desigual!) proporciona<strong>do</strong> por umaameixa. Se o alcance interno da objeção vai no caso ainda mais longe, e se significaalgo para o cerne de minha argumentação, eis um detalhe que ainda teremos ocasiãode examinar.Segun<strong>do</strong> caso: o menino não tenciona consumir as ameixas, a receber em troca,uma imediatamente após a outra, mas em intervalos tais que não entra emação a lei gosseniana <strong>do</strong> decréscimo <strong>do</strong> prazer: seja porque isso é dita<strong>do</strong> pelas própriascircunstâncias secundárias externas na hipótese em questão - por exemplo,porque em troca de sua maçã o menino adquire apenas o direito de, em sete diasdiferentes, apanhar da ameixeira <strong>do</strong> vizinho, à sua escolha, cada vez uma ameixamadura -, seja porque, embora adquirin<strong>do</strong> as sete ameixas todas de uma vez, sepropõe expressamente consumi-las a intervalos maiores para desfrutar <strong>do</strong> prazer pleno.Note-se de passagem que tal hipótese de mo<strong>do</strong> algum conteria algo de particularmenteimprovável ou de exótico. Pelo contrário, agin<strong>do</strong> de maneira semelhante, toda<strong>do</strong>na-de-casa que compra um pacote de cinco quilos de café, no cálculo quefizer <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> mesmo, sem dúvida não pensará em utilizar toda essa quantidadede café de uma só vez, para uma única refeição a ser saturada com o prazer <strong>do</strong>café, mas contará com o fato de que os cinco quilos de café serão utiliza<strong>do</strong>s economicamenteem numerosas porções que satisfarão sempre de novo, e sem decréscimo<strong>do</strong> prazer, a necessidade de café, que sempre se repete periodicamente noscostumeiros intervalos entre o café da manhã e o jantar. Esse caso, já d9 ponto de vistapuramente externo, simplesmente não é atingi<strong>do</strong> pela objeção de Cuhel até agoradiscutida.Terceiro caso: o menino simplesmente não reflete mais detidamente sobre sepretende consumir as ameixas a intervalos ou uma imediatamente atrás da outra,pois a experiência <strong>do</strong> "decréscimo <strong>do</strong> prazer" lhe é ou totalmente desconhecida oupelo menos não é por ele conscientizada durante seu processo de reflexão; e nafalta de tal distinção, supõe sem mais, em seu julgamente ingênuo - se bem quetalvez errôneo -, ser igualo prazer derivante de cada uma das seJe ameixas. Saltaaos olhos que também esse caso não é atingi<strong>do</strong> pela objeção de Cuhel; sua importânciapara toda essa controvérsia ainda será examinada com maiores detalhes maisadiante.Contu<strong>do</strong>, C~hel, com cautela digna de elogios, já previu a possibilidade destasou semelhantes réplicas, toman<strong>do</strong> ele mesmo posição diante de uma delas - aque corresponde ao nosso "segun<strong>do</strong> caso" - nos seguintes termos: poder-se-ia "objetarnão ser necessário medir o esta<strong>do</strong> de bem-estar, depois de consumir uma maçã,com o esta<strong>do</strong> de bem-estar, depois de consumir ameixas uma imediatamenteapós a outra, mas com o esta<strong>do</strong> de bem-estar depois de ameixas consumidas a intervalosmaiores". "Entretanto" - assim prossegue ele, refutan<strong>do</strong> a réplica de suaprópria autoria - "essa objeção demonstra ser improcedente se considerarmos quenão dispomos de meio algum para certificar se são iguais entre si os esta<strong>do</strong>s de bemestardepois de uma ameixa consumida em dias diferentes. Mesmo utilizan<strong>do</strong> essemétc:: :a ur:'::::dele5 o~a urr.:: ;seja ,c='de C­me G-=~ses 0_:< ::uma -=:,réplÚ"pelo ::segu:'-:"bem :3bem-.:'o:ta<strong>do</strong> ::~soa. -2::bem--25:depc:: :terrr.::--. ::o be:--:-- :teso :-2:-::aqu: ~"em 5-2_taçãc::.,inte:--.õ':::'cobr:- ...;equ:·,::.'um \::::sim :::_


EXCURSO x 165: ::2::t:tuída: ::2 1886,, ~ :eceber2 ~:: ;Jrodu­, ::2:ermina2


166 TEORIA POSITIVA DO CAPITALminerais mediante a conhecida escala de dureza de Mohs (de dez graus), méto<strong>do</strong>com o qual, apesar da expressão em números, não se consegue constatar outracoisa senão que a dureza a determinar é igual a uma outra, a<strong>do</strong>tada com o padrão,ou que é maior.;Penso que Cuhel, a despeito <strong>do</strong> grande cuida<strong>do</strong> e da circunspecção que empregounessa argumentação, errou no ponto decisivo. E isso se deve ao fato de nãohaver diagnostica<strong>do</strong> com clareza suficiente o tema que é objeto de controvérsia entrenós <strong>do</strong>is; além disso, não se ateve com coerência a seus próprios conceitos econseqüentemente exagerou as exigências para a prova que me compete fornecer,de uma forma que não corresponde nem à natureza <strong>do</strong> objeto controverti<strong>do</strong> nemaos conceitos expressos por ele mesmo sobre o assunto no decurso <strong>do</strong> debate.O ponto em torno <strong>do</strong> qual versa o debate é o tipo de "determinação numérica"que se expressa nos juízos por nós feitos acerca da diferença de intensidades desentimentos. Cuhel distingue aqui, em primeiríssima linha, e muito acertadamente,entre uma "medição" e uma simples comparação ou mesmo "graduação" (skalíeren)."Na comparação entre duas grandezas, cada uma delas serve como critériode medição para a outra, ao passo que, no caso da medição das mesmas, as duastêm um terceiro padrão de medição, que lhes é comum, isto é, a respectiva unidadede medição ou de peso, respectivamente um múltiplo da mesma. Em se tratan<strong>do</strong>da comparação entre duas grandezas que não são iguais por acaso, basta indicarqual das duas é maior <strong>do</strong> que a outra; todavia, a comparação não apura de quantoela é maior; ao contrário, no caso de medição é preciso determinar numericamentea que produto da unidade de medição é igual a grandeza a ser medida, pois medirsignifica encontrar um número que indica quantas vezes uma grandeza, que se supõeser uma unidade, está contida na grandeza a ser medida". E a essa primeiradefinição estrita da medição acrescenta, como requisito igualmente rigoroso paraa possibilidade de tal medição, que "exista uma unidade de medição que esteja disponívelem tantos exemplares totalmente iguais e que permanecem iguais, que comelas se possa compor uma grandeza que seja igual à grandeza a ser medida". (§ 262,alínea 1). "Contu<strong>do</strong>, em suas exposições subseqüentes, Cuhel chega a dar uma interpretaçãobem ampla, sob os aspectos mais diversos, desse conceito de medição. Afirma"não" ser "essencial poder aplicar mecanicamente um padrão de medição concretoà grandeza a ser medida, como se faz, no caso de medições de comprimento, como metro e a trena"; admite também uma "medição indireta"; afirma não ser necessáriosequer "perceber simultaneamente~o padrão de medição, poden<strong>do</strong>-se tambémmedir com um "padrão imaginário" como, por exemplo, quan<strong>do</strong> queremos determinara altura de uma casa, haven<strong>do</strong> deixa<strong>do</strong> o metro em casa. Segun<strong>do</strong> ele, costumamosdenominar tal méto<strong>do</strong> de "estimativa", que, porém, constitui também ela uma.ta~utêntica medição "no senti<strong>do</strong> mais amplo", senti<strong>do</strong> mais amplo ao qual o pr9priotCuhel declara querer ater-se. Nesse contexto, para o conceito de medição Cuhel..se contenta com um simples "procurar indicar" - em contraposição ao "encontrar"anteriormente exigi<strong>do</strong> - o múltiplove abre mão também <strong>do</strong> requisito da "exatidão"(§ 262, alínea 2) 4 E, finalmente, Cuhei ainda observa expressamente num parágrafo(274) extensivo tanto à "medição" como à "graduação" (skalieren), que a ocorrênciade "erros" não afeta a utilidade dessas determinações para fins de explicaçãoteórica. "Pois" - assim se expressa, estriban<strong>do</strong>-se numa afirmação semelhante feita3 Op, cit. § 264-2734 o autor se expressa de mo<strong>do</strong> simíJar também no § 263. última alínea. onde afirma que também um "grau muito menorde 'exatidão" não constitui obstáculo para reconhecer determina<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> como uma verdadeira mediçãopor mirr: _como cc:-.s.valor ecc:- ::qüência_:-:,explicar :-.3,Evic,,-:denomi:-~damem: :.necessitê ::so, poré:-:-.revê a ~::::"restrito " :-:,duais cc:- =-~mas ser.c:


...._._....__..__...._-----_.EXCURSO X 167__ :iléto<strong>do</strong>E::õ.:,,~ outra~. :: ;:ladrão,ã: cueem­::::::' de não:c-: ·.é~sia en­:::: :-.ceitos e~:" ::Jrnecer,.,,:-::cio nem:: :ebate.: :-...:mérica"-.~:ades de:..:::::amente,;~: - I:skalie­;:-:-:: critério:::~ as duas:'.:: :.midade~~ ~atan<strong>do</strong>'ê~:G indicar=. :2 quanto:-2~camente, := eis medir. c·..:e se su­;s:: ;:lrimeira;'::~JSO para'" -2s:eja dis­::.5. cue comió-·(§ 262,=.-.Terpretaiç~=.Afirma~:: concreto


168 TEORIA POSITIVA DO CAPITALmente quan<strong>do</strong> o terreno a pisar não for totalmente uniforme ou quan<strong>do</strong> para a mediçãose utilizam os passos de pessoas diferentes -, por exemplo quan<strong>do</strong>, por ocasiãolo erre::que e:":"::de um treinamento em campo, um oficial manda medir a distância entre <strong>do</strong>is obje­Q_-o::"]tos localiza<strong>do</strong>s em direção exatamente oposta ao ponto em que estão localizadasas fórr. _"'suas tropas e, para poupar tempo, não manda que a distância total a ser medida se des·.. =seja percorrida por um e mesmo homem, senão que cada um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is trechos opostosé ineX2:~seja percorri<strong>do</strong> por um solda<strong>do</strong> diferente. Dessa forma obtém-se uma medição ine­tre vá;;: sxata, uma medição com "limites de erro", erro de cuja existência e grandeza nós mes­ várias :::mos podemos ou não tomar consciência; mas apesar disso o processo permanecementE:-§sempre uma medição e essa circunstância certamente não transforl1}a a naturezaNão SE :::-i<strong>do</strong> processo numa "graduação" (skalieren). Como sabe muito bem CuheI, há, de o grei... :Eum la<strong>do</strong>, uma "medição" executada com precisão, uma medição feita com impreci­ trata-sE ~são, e uma "medição" meramente aproximativa, e, de outro, um "graduar" (skalie­ vaçôES E:ren) executa<strong>do</strong> com precisão, um skalieren executa<strong>do</strong> com imprecisão e um skalieren sultaé.c :.puramente aproximativo;6 mas em to<strong>do</strong> caso a inexatidão de um processo não poimagi:-.~:ê'de transformá-lo de uma medição em um skalieren, tampouco como,inversamen­ pense :~te, a exatidão de um processo não transformaria de um skalieren numa medição. cução :2Por isso, de mo<strong>do</strong> algum uma deficiência no requisito da igualdade "completa" dall_ :=-'unidade de medição torna impossível qualquer medição, como quer objetar Cuhel;deterr...:-.ipara uma medição podemos e devemos contentar-nos com a exigência de uma igual­distân:=dade "aproximativa" das unidades de medição utilizadas, sen<strong>do</strong> que os desvios em é esse :..5relação à igualdade "completa" podem no caso concreto ser bem significativos, sem cia<strong>do</strong>s ::.:que isso tenha outra conseqüência que a medição ser altamente imprecisa, já quedição :_lo processo continua sen<strong>do</strong>, por sua natureza, uma medição. recor.E:


L :: - .:.: para a mel::-.:.:. por ocasião.:: ~ - :~2 <strong>do</strong>is obje­~ ~:~.: localizadas:::::: :: ser medida::: _5 ~ ~ :::hos opostos.- :: :-:-.edição ine­~:: - :2Za nós mes­.:~ 55::: permanece~::: :.-:-.:: a natureza~- ~..:nel, há, de'" ::: :::::Jm impreci­.::::::.lar" (skalie­~ -: ~"::T1 skalieren.:::::: :::~5S0 não po­-= - :::::wersamen­- - _:-:la medição.C~ -:::omple1a" dal~: ::::::.:etar Cuhel;:::: :2 uma igual­L~ ::: 5 desvios emc:;-.::cativos, sem:"'-::::2cisa, já que~S,::::: em particu­:.5::: -:::emonstrar",r.:~ :::-.::lada carac­~. :::::es de medi­E:.2m mesmo~ ::: ~ue erronea­~: ..:m "procurar~ 52: determina­::- ::::: uma verda­.: ~::: tornan<strong>do</strong>-se,~ ::~ui, segun<strong>do</strong>::: ::::::::ão teórica e, ~:sia, vale exa­~::-. :losso exem­-:-.::::2smente não::? a medir era-~ :-nan<strong>do</strong>u me­:::-.::2sto que co­..:.5::::,s que servemr:-.~ :::ção bem er­;;)2: ::;ue simples­.:::: ser defeituo­~::-. p:o o fato deEXCURSO x 169que a tropa <strong>do</strong> oficial atira bem fora <strong>do</strong> verdadeiro alvo, por se haver feito um cálculoerra<strong>do</strong> da distância de tiro.Quem atentar para o alcance de to<strong>do</strong>s esses detalhes e considerar novamenteas fórmulas genéricas que Cuhel me objeta, se convencerá formalmente de que elese desvia <strong>do</strong> tema em pauta. Objeta-me que a medição de esta<strong>do</strong>s de bem-estaré inexeqüível na prática, por não ser possível demonstrar a igualdade completa entrevários esta<strong>do</strong>s e porque "não há absolutamente como certificar qual dentre asvárias condições numéricas ocorre na realídade".8 Acontece, porém, que simplesmentenão é este o objeto em discussão - nem para mim nem para ele mesmo.Não se trata de determinar, com todas as garantias de correção e exatidão objetiva,o grau de intensidade que ocorre na realidade entre <strong>do</strong>is septimentos ou esta<strong>do</strong>s;trata-se apenas, como o diz de maneira muito mais correta Cuhel em várias observaçõesesparsas, de simplesmente "procurar indicar", operação que pode ser o resulta<strong>do</strong>de uma simples avaliação subjetiva, de um operar com padrões simplesmenteimaginários, sem pretensão de exatidão e até sem pretensão de~ser correta! Ora,penso qu~ absolutamente nenhuma das objeções levantadas por Cuhel obsta à execuçãode tal operação, caracteriza<strong>do</strong> também em meu texto como tal.Ilustremos isso mais uma vez com a máxima clareza, com base no exemplo dadeterminação de distâncias, Nosso oficial. com sua tropa, vê surgir o inimigo a certadistância. Não tem absolutamente condições para "certificar" com objetividade qualé essa distân_cia "na realidade". Faltam-lhe para isso to<strong>do</strong>s os rigorosos requisitos enuncia<strong>do</strong>spor Cuhel. Falta-lhe o número suficiente de "exemplares" da unidade de mediçãoque sejam "comprovadamente" e "completamente" iguais; não pode sequerrecorrer ao sucedâneo imperfeito que é a medição por passos, operação que já nãotem mais a possibilidade de mandar executar. E no entanto tem de formar um juízosubjetivo, por mais falho que seja, sobre a grandeza numérica da distância que osepara <strong>do</strong> inimigo, porque precisa mandar sua tropa disparar sobre ele e porquepara isso tem de determinar se seus solda<strong>do</strong>s devem regular a "mira" de suas espingardaspara a distância de 400 ou de 800 ou de 1 200 passos etc, Nessa situaçãode emergência, mesmo sem quaisquer garantias e provas, é obriga<strong>do</strong> a procuraravaliar de alguma forma o múltiplo de passos que o separa <strong>do</strong> inimigo; fá-lo-á, porexemplo, aplican<strong>do</strong> mentalmente o padrão meramente imaginário - digamos a distânciade cada 100 passos - ao terreno que separa as duas tropas, fazen<strong>do</strong> aplicaçãodesse padrão tantas e tantas vezes sucessivamente e, na medida <strong>do</strong> possível,se empenhará e deverá empenhar-se em aplicar essa medida cada vez de maneiraigual, ainda que na realidade essas unidades de medição possam ser extremamentedesiguais, por exemplo em decorrência da avaliação incorreta <strong>do</strong>s efeitos da perspectiva.Em qualquer caso, porém, ocorrerá como fato um juízo numérico sobre agrandeza da distância; esse fato há de influenciar como motivo o agir - no presentecaso, a operação de atirar por parte <strong>do</strong>s solda<strong>do</strong>s -, sen<strong>do</strong> que o acerto <strong>do</strong> juízoserá verifica<strong>do</strong>, na melhor das hipóteses, só posteriormente, pelo resulta<strong>do</strong> daoperação,Na vida econômica encontramo-nos constantemente numa situação bem análoga,na qual somos obriga<strong>do</strong>s a agir. Também nós temos continuamente que "atirar"- digamos assim -, e para isso temos constantemente de mirar, se não quisermosagir de forma totalmente desplanejada, mas agir economicamente; ora, esse mirar,nos inúmeros casos em que se trata de conseguir um prazer ou evitar um desprazer8 CUHEL Op. cit, § 267 no final e § 273


-:-::'ORIA POSITIVA DO CAPITAL- conceden<strong>do</strong> de bom gra<strong>do</strong> aos anti-he<strong>do</strong>nistas que além destes há outros objeti- .,'05 -. se quisermos agir racionalmente, deverá ser orienta<strong>do</strong> por um juízo subjetivosobre a grandeza (intensidade e duração) de um prazer ou desprazer. No caso, commuita freqüência a situação pode ser tal que é suficiente uma simples comparação,um juízo sobre se duas grandezas de prazer são iguais ou se uma delas é maior eeventualmente qual é a maior - por exemplo, isso ocorre quan<strong>do</strong> se trata de decidirsobre duas utilizações que se excluem mutuamente, no caso de um e mesmobem. Mas talvez, com a mesma freqüência, e até com maior freqüência - procureiapontar exemplos para isso em meu texto -, não seja suficiente um juízo tão imprecisopara nossos objetivos práticos, da mesma forma como não bastaria para nossooficial instruir seus solda<strong>do</strong>s sobre a operação de atirar o juízo de que, de duas colunasinimigas que está ven<strong>do</strong>, uma está mais distante que a outra. Muitíssimas vezesa situação prática nos obriga a determinar numericamente nosso agir, a somar emdeterminadas grandezas os meios ou bens que proporcionam prazer ou confrontálosentre si em determina<strong>do</strong>s múltiplos, sen<strong>do</strong> que essa determinação numérica denosso agir exige, se quisermos que este último não seja puramente arbitrário, queantes se formem juízos numéricos sobre o grau de intensidade de alegrias a seremdesejadas ou a serem sacrificadas em favor delas. Precisamos de tais juízos se quisermosagir racionalmente; e formamos tais juízos porque temos necessidades deles.Formamo-los, incorretamente ou corretamente, e talvez com muito mais freqüênciaincorretamente <strong>do</strong> que corretamente, sem aparelhos de medição objetivos garantidamentecorretos, e até sem qualquer aparelhagem externa objetiva, basea<strong>do</strong>s apenasem avaliações vagas - subjetivas, quiçá extremamente engana<strong>do</strong>ras e nãocontroladas - da intensidade de impressões da esfera sentimental, impressões quena melhor das hipóteses experimentamos parcialmente no momento, mas que reproduzimosprevalentemente apenas em nossa imaginação, talvez com análise correta,talvez com análise incorreta, e talvez até sem nenhuma análise de elementosque também influenciam o acerto de tais avaliações sobre graus de intensidade, comoos fenômenos da perspectiva influenciam as estimativas que fazemos das dimensõesde comprimento ou de altura.vEm minha opinião, é aqui que se deve inserir a referência de Cuhel ao prazergradualmente decrescente que pode advir <strong>do</strong> consumo de um número maior deameixas - e não entre os argumentos contra a possiblidade de uma "medição". Senosso menino - que iguala o prazer derivante de uma maçã ao prazer proveniente<strong>do</strong> consumo de sete ameixas - de maneira ingênua simplesmente não pensa napossibilidade de uma diferença de prazer ligada ao consumo de cada ameixa igualao prazer de consumir uma maçã à soma de sete prazeres por ele considera<strong>do</strong>s iguais,derivantes de cada ameixa, ou seja, a sete vezes o tal prazer considera<strong>do</strong> individualmente;ao fazer isso, age de maneira análoga à de alguém que, no caso de um pinheirode 10 metros de altura - cuja altura quer avaliar a olho nu .....:..., aplica à árvore,mentalmente e a olho, uma vez depois da outra, uma grandeza que avalia em ummetro, sem sequer refletir se, levan<strong>do</strong>-se em conta os efeitos da perspectiva, aquiloque parece ser igual é realmente igual. E se a seguir nosso menino levar em contaa possibilidade <strong>do</strong> decréscimo de prazer e, ao formar seu juízo numérico, imaginarexpressamente que o prazer derivante <strong>do</strong> consumo de cada ameixa tem aquela grandezaque se consegue obter desfrutan<strong>do</strong> plenamente e distribuin<strong>do</strong> sabiamente asquantidades a serem consumidas de uma só vez, nesse caso assemelha-se àqueleque, ao avaliar alturas, elimina cautelosamente <strong>do</strong> cálculo os efeitos engana<strong>do</strong>resda perspectiva, mudan<strong>do</strong> sucessivamente, por exemplo, o ponto a partir <strong>do</strong> qualele mesmo olha. Finalmente, se nosso menino avaliar o prazer derivante <strong>do</strong> consumode uma maçã igualan<strong>do</strong>-o à soma <strong>do</strong>s prazeres derivantes <strong>do</strong> consumo de seteameixas. :=.:mente a;;::se assetT.e.-ifluência c::ciente de::acom base -.=.pIo, tornê. : :,1na med:çê-:um pinhe:~:sete grar.=~mentam :_:1nosso me:-..:-.é igual à ;~=.':mo de se:2Dese: 3de o pró:::-:quer recc:-. ~.•nações cc: ~mo grau c_ecom a es:=..".oser chatT.ê.oade durezê : Japresenta : ;ele é ma:: ::dureza. C:.:-.:ricas da C':~2:derada co:-:-. Jquan<strong>do</strong> C.22lgun<strong>do</strong>, 'ss: :sebo, mas ::;Jimpossíve. :imaior <strong>do</strong> :,,;No c.e ito. Entreia~.:~nem qualc_iza, e o te,:e:justamente ;J<strong>do</strong>s" (skae-:considera:: :tão duro c_,e o 1? g,a_razão -C_2za, à SOlT.:: :de dureza ::.- de que:9 "Concors:;- : ~ :zeres menC-::-2: ;;.:entender _ ..também Ué' ;:­10 Op. Clt.


i :: ..:~os objeti­: ._:2::) subjetivo, .:: caso, com~ :::::-:1paração,i",=.õ é maior elê ::-=.:a de deci­! _:-:-. e mesmo'c =. - procurei"':": ..:'zo tão im­2:- =. :Jara nosso_ :.:: '::luas colu­_.:'õs:mas vezes=- =somar emr :: _ confrontá­,: -..:mérica de2O:c:rrário, que1E~.cs a serem~ ...:'zos se quic.::ss:dadesder:-:=.:sfreqüência~o


172 TEORIA POSITIVA DO CAPITAL<strong>do</strong> 2° grau de dureza; ora, por motivo inteiramente análogo, tampouco se podedizer que a dureza de um mineral de um grau de dureza superior seja igual a qualquersoma de durezas menores desiguais de outros minerais. Pois também a somade grandezas desiguais pressupõe em última análise uma relação com alguma grandezaigual considerada como padrão, grandeza que é representada - ou pelo menosse supõe sê-lo - nas grandezas desiguais em número desigual. Deve estardeterminada ou poder ser determinada a mútua relação de grandeza entre duas ouvárias grandezas desiguais - com base em alguma unidade de medição comuma elas - para que seja possível juntá-las numa soma, e portanto para se poder dizeralgo sobre a relação de grandeza dessa soma com uma outra grandeza. Só possojuntar as grandezas desiguais 7 e 5 em uma soma e só posso constatar que estaé igual à grandeza simples 12 ou a uma outra soma, de 8 mais 4, porque tenhocondição de comparar cada uma dessas grandezas com a unidade comum "1" emedi-las por ela. Se as grandezas 7 e 5 não tivessem nenhuma relação fixa de grandezaentre si, nunca se poderia dizer até onde vai a soma delas ou qu~ grandezaessa soma atinge: a obtenção de múltiplos, o multiplicar, operação que Cuhel consideratão diferente da operação de somar, não difere basicamente da adição, daoperação de somar, sen<strong>do</strong> o multiplica<strong>do</strong>r apenas uma subespécie casuística da adição,da soma; trata-se de multiplicar e somar várias grandezas iguais entre si. Mas mesmoao somar grandezas desiguais é preciso poder julgar o grau da desigualdade;e também para isso há necessidade de tomar como referência alguma grandeza últimae igual, que sirva como unidade, grandeza que deve estar presente no mínimona imaginação. A adição de grandezas desiguais já pressupõe, por assim dizer, quetenha previamente ocorri<strong>do</strong> uma adição de grandezas iguais (isto é, o julgamentosobre a grandeza das grandezas que são entre si desiguais em relação à grandezada unidade igual contida em todas elas). Onde uma das duas operações for possível,por essa mesma razão é possível também a outra; e onde uma das duas é impossível,por esse motivo é impossível também a outra. Isso vale igualmente paragraus de dureza e para intensidades <strong>do</strong> sentimento, mas com o resulta<strong>do</strong> oposto.Na determinação da dureza é impossível a obtenção de múltiplos, mas impossívelé também a adição de graus de dureza desiguais. Em contrapartida, vno caso dasintensidades <strong>do</strong> sentimento e <strong>do</strong>s "esta<strong>do</strong>s", como reconhece o próprio Cuhel, é possíveladicionar grandezas desiguais, e por isso também não pode ser impossível somargrandezas iguais ou, o que dá no mesmo, determinar um múltiplo de umagrandeza; e justamente por isso não há como colocar a determinação numérica <strong>do</strong>sesta<strong>do</strong>s e das intensidades de sentimento em pé de igualdade com o skalieren pelaescala de dureza, mas se deve diferenciá-las. Trata-se de uma espécie de determinaçãonumérica que vai além <strong>do</strong> skalieren e se enquadra naquele tipo mais rico dedeterminação que reivindiquei em minhas exposições, aliás com formulação suficientementecuida<strong>do</strong>sa, como me parece. 11No ;;:--:::supõe o õ;;~respone;; _:sobre a c:.­ato psíq~=Jreta ou ':- ==.sidade c _-.o proceõõ = :e odes;; =sentime:-::Ore.. :-Ó~intérpre:;; :'não ter.: -;;deverie c:':2sentime:-:=s"Se :_~jas inte:-õ:'sentam: _'"nos pro:: ===porcioPê.:: =ao sac:e= ",fidisporr.c õ:;timentoõ :. "um deleõ ;;valor IT'.ê..==um é UI.. õ2tivamer.:;; Si(tem Ve:C= ­efetiva tc:- ~tivamer.:;; ::ção <strong>do</strong> ;;õ::.:de gran::;;=.=:meio d;; =-:de valo: =ctas de s-::. ::zir dessê. :: =.totalme:-~;;intensicê. =;;não terr. :-;;em vár:ê.õ =11 No caso, pouco importa se Cuhel tem razão ao afirmar. à guisa de complemento, que "na realidade, para a emissãode Juízos economicos corretos e para 'uma deCIsão racionar em coisas de economia. é plenamente suficiente saber se asoma de um número maior de prazeres menores, embora desiguais entre si. é maior ou menor <strong>do</strong> que um único prazermaior", e que R por isso o juízo sobre quantas vezes um prazer maior de determinada espécie supera um prazer menor deoutra espécie é totalmente supérfluo para o administra<strong>do</strong>r prá.tico e para a teoria econômÍca" (§ 268), Creio que tambémnessa afirmação éuhel não tem plena razão. pois pode haver situações casuístlcas - se bem que raras - que para seremdeedidas requerem uma avaliação que visa diretamente à ootenção de determina<strong>do</strong> múltiplo. Sem dúvida, na grande maioria<strong>do</strong>s casos pode ser suficiente um juízo de grandeza sobre uma soma de grandezas desiguais. porém. pelos motivos apresenta<strong>do</strong>sno texto, acredito poder considerar também esses casos como favoráveis à minha tese. Entretanto, para distinguirtambém externamente entre a operação direta com um múltiplo e a operação indireta - múltiplo que creio poder verem qualquer adição - e para que nada haja a desejar quanto ao cuida<strong>do</strong> na formulação, na presente reprodução de minhas<strong>do</strong>utrmas, publicadas em sua essênCia Já em 1886 nos' Grundzuege", à avaliação direta de múltiplos acrescentei outrasoperaçõ>õ ~de seu :=-:­valor 5U: -=-'e grande::::: _..numénc.:: ::::lc Op. c:l':lSecc-:: _o sintoIT.:= -: -õ _ção"';eà::tion to a~ ~- .- =:lha! aloc2 :Cc­


_:: 3e pode; --:=.: a qual­,~C::-:-. a soma::_; _:-:la gran­:: _ :;elo me­=-2';e estar'-::--2 juas ou,:~: comum,,' -:: : :er dizer;:::: Só posso::=,,- ~ue esta:-: ::.:e tenho::: -=-.'.:m "1" ec,=. je gran­: _ -2, .:;randeza" =:.:hel con­=. =.::::ção, da'::=. :a adição,'.las mes­-2 s:ualdade;:-=.:deza últi­" :--.J mírimo- :::'zer, que--::gamento~ grandeza-2 3 :or possí­'3 :Jas é im­:-:-.ente para~-:=.:o oposto.3 ::-:lpossível".:: caso das_:--.21. é pos'~.-:::5sível sor:.~.:de uma. _:-:-:érica <strong>do</strong>s':: :eren pela-2 :etermina­:-:-=,'5 rico de~ --::ação sufi­EXCURSO X 173No entanto, resta ainda uma questão a discutir. Toda a minha exposição pressupõeo seguinte encadeamento no curso <strong>do</strong> processo de motivação, ao qual correspondeum encadeamento análogo no curso da explicação teórica: o julgamentosobre a grandeza (intensidade e duração) de determina<strong>do</strong> prazer ou desprazer é umato psíquico específico. A intensidade (e a duração) <strong>do</strong> sentimento, constatada (corretaou incorretamente) por esse ato psíquico específico, confere orientação e intensidadea um desejo desperta<strong>do</strong>; e o desejo, finalmente, motiva nosso agir. Analisan<strong>do</strong>o processo de trás para frente, o agir teria, portanto, de ser explica<strong>do</strong> por um desejoe o desejo, com sua intensidade, por um julgamento anterior sobre grandezas desentimento.Ora, tem-se afirma<strong>do</strong> com freqüência - e também Cuhel se fez até certo pontointérprete desse ponto de vista - que a referência a intensidades de sentimentonão tem nenhuma serventia para explicar intensidades de desejos, pois o que sedeveria fazer é o inverso: da intensidade <strong>do</strong> desejo concluir para a intensidade <strong>do</strong>ssentimentos."Se quisermos determinar" - afirma CuheP2 - "qual de <strong>do</strong>is sentimentos cujasintensidades, respectivamente valores, distam apenas pouco entre si ou apresentamqualidades totalmente heterogêneas - como. por exemplo, o prazer quenos proporciona um banho frio num dia quente de verão e aquele que nos é proporciona<strong>do</strong>pela audição de uma sinfonia de Beethoven, ou aquele que sentimosao saciar uma fome intensa - é mais forte, respectivamente tem valor maior, nãodispomos para isso de nenhum outro meio senão determinar para qual desses sentimentosa vontade se decide num caso concreto no qual só é possível concretizarum deles, e daí concluir que esse sentimento é o mais intenso, respectivamente temvalor maior. Da mesma forma, para saber qual de <strong>do</strong>is sentimentos - <strong>do</strong>s quaisum é um sentimento de prazer e o outro de <strong>do</strong>r, quan<strong>do</strong> suas intensidades, respectivamenteseus valores, não apresentam muita diferença entre si - é mais intenso(tem valor maior), não há outro meio senão concluir a partir da direção da decisãoefetiva tomada pela vontade da pessoa. Portanto, a relação de intensidade (respectivamentede valor) <strong>do</strong>s sentimentos não constitui um meio para conhecer a condição<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s desejos por ela desperta<strong>do</strong>s, senão que, inversamente, é a relaçãode grandeza <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s desses desejos que em muitíssimos casos constitui o únicomeio de que dispomos para determingr a relação de.intensidade (respectivamentede valor) <strong>do</strong>s sentimentos em pauta". Cuhel, que acredita poder aduzir como avalistasde sua posição, entre outros, também Wieser, Jevons e Bain,13 pretende deduzirdessa posição, como aplicação prática, que a Economia Política deveria renunciartotalmente a deduzir, para fins de explicação, a intensidade <strong>do</strong>s desejos a partir deintensidades <strong>do</strong> sentimento - procedimento <strong>do</strong> qual, segun<strong>do</strong> ele, simplesmentenão tem necessidade de seu ponto de vista científico e que além disso a envolveriaem várias questões ainda controvertidas no âmbito da ciência invocada, a saber,._-. : :::'3 a emissão: -:::-:2 saber se a_- Jníco prazer- -: -::':2:' menor de., cue também- :: _.e para serem~ -:: ;:'~:lde maioria-- - ~ - '. ~s apresen­:.-- :~;a distinguir:_-:: :"2.:::' poder ver-':::·:::.lção de mi­-=- :~-õ~::entei outrasoperações que :3,10 "no mínImo muito semelhantes" (ver página 214 da <strong>Teoria</strong> PositiuQ. v,l). Aliás. também éuheL partin<strong>do</strong>-=le seu ponto de vista, chega às mesmas conclusões que eu no tocante à Justificação e à utilidade científica da. teoria <strong>do</strong>;:alor subjetivo. Mesmo que a "determinação numérica", a nós acessível, da dinâmica entre intensidades de sentimentos2 grandezas de esta<strong>do</strong> tivesse apenas o caráter de uma simples comparação e skalieren. na opinião dele tal determinação'LUmérica bastaria para produzir e fundamentar aquela avaliação <strong>do</strong>s bens que cabe à teoria <strong>do</strong> valor er:onômico explicar." Op. Clt, § 259". Se com a razão ou não, não quero discutir. De Wieser (p. 180. nota 1) cita esta frase "Basta que possamos indicarD sintoma pelo qual se conhecem os graus de importância. Importa a Insistência com a qual se deseja que ocorra a satisfação":e à p. 185, nota 1. cita a frase de Bain. aduzida por Jevons (Politica/ Economl,.'. p. 14): ··h is only an identical proposition to affirm Ihat lhe grealest of two pleasures, ar what appears such, sways the resulting action: for it is this resulting dctionthat alone determines which is the greater".


TEORIA POSITIVA DO CAPITALser cc:'.:a Psicologia -, não deven<strong>do</strong> a Economia Política, em sua explicação <strong>do</strong> fenômeno vérT. =3:::0 ·,aior. ir além <strong>do</strong> "desejo de utilizar" bens. 14 Se. ':::.:­Tenho plena consciência de que aqui tocamos num ponto ainda obscuro dadec:::~­Psicologia, mas, por boas razões, que já aprese~ntei em outra ocasião,15 não gosta­<strong>do</strong> C~:-.ria de fugir dele da forma recomendada por Cuhel. Prefiro - plenamente cons­ ante:~ :., .ciente de estar fazen<strong>do</strong>, como "não especialista", uma invasão na área da PsicologiaJa 0::'S2:- juntar algumas experiências e observações, se bem que de um leigo em Psicolo­ em ~::.:jgia, quve em meu entender, depõem a favor de meu ponto de vista e militam contra só cs :o de Cuhel; aliás, gostaria, além disso, de observar que essa questão controversainte:-,,:tem de ser analisada ao nível <strong>do</strong>s princípios e dificilmente poderia admitir respostasde J=~::.2diferentes para setores parciais giferentes <strong>do</strong> sentimento e <strong>do</strong> desejo, como pareceo Mê::2supor ou pelo menos admitir Cuhel.E nc~­Primeiramente alguns detalhes.tir c -2 "':Um magnífico raio ilumina por um momento o céu tempestuoso à noite,a esc ::'.:mostran<strong>do</strong>-me um espetáculo da Natureza que. para mim, acarreta um grande pra­ <strong>do</strong> C~ ]zer estético. Pois bem, por que caminho terei toma<strong>do</strong> consciência de que meu pra­ na 0::=5zer foi "grande"? Será que realmente foi apenas pelo fato de o referi<strong>do</strong> prazer despertarnític:=um desejo de intensidade correspondente? E que desejo terá si<strong>do</strong> este? Um desejoque eu teria ti<strong>do</strong> durante o próprio momento <strong>do</strong> prazer e cujo objeto seria o prazer repe:~ ,presente na ocasião? Acontece que aquilo que já se possui não pode mais ser obje­ ti<strong>do</strong> -:=to de desejo. 10 Ou teria si<strong>do</strong> um desejo que só sobrevém após passar o momento qua:s :2de prazer passageiro? Mas também nesse caso ele não poderia ter por objeto aquelecorrê"~prazer, mas apenas uma repetição <strong>do</strong> mesmo; acontece que o prazer a ser repeti<strong>do</strong> ha\'e~ -:é diferente <strong>do</strong> primeiro; além disso, como sabemos por experiência, em muitíssimoscasos ele é menos intenso; por conseguinte, a intensidade <strong>do</strong> desejo repeti<strong>do</strong> não pene =


, :,,:-:ômenoc:õcuro da:-.~O gosta­"':-.:e const?õ:cologia!:-:- Psicolo­'2:-:-1 contra:: :-.:roversaê:' ~espostas1'":-. J parece.:: à noite,[:::::·.de pra­2 :-:-.eu pra­':' :espertarL -:. desejo-.:: J prazer:3 3er obje­-:-.Jmento12:: aquele2~ ~epeti<strong>do</strong>~. _::'ssimos:,,::<strong>do</strong> não: ::-"azer, já" :30 bem.: :: 3 casos,::2 <strong>do</strong> de­: ~epeti<strong>do</strong>,2:::0')17 Se~-: da "deê:J for sóc: pode­=-2::za<strong>do</strong> e! :: ::1tensir::-decep­~3 :Cle não[" :-.õ:dade.,: :Cle ad­=::: desejar.c-. p. 26:~ ': _-: Jsições,- = ~ atuais: .::-~§;:!a. que~ :-::-: :-nentos_ :ontexIvém da audição de um canto polifônico que ouço soar repentinamente na floresta?EXCURSO X 175Se. para fugir a essa conseqüência, apesar <strong>do</strong> que acabamos de dizer, quiséssemosdecidir-nos a tomar como índice de intensidade adequa<strong>do</strong> para aferir a intensidade<strong>do</strong> desejo repeti<strong>do</strong>, não o prazer subseqüente repeti<strong>do</strong>, mas o primeiro prazer, queantecedeu, haveríamos de contradizer da mesma forma a outros fatos. Pois, comojá observei. é um fato notório que, em se tratan<strong>do</strong> de repetições de atos de prazer,em razão <strong>do</strong> prazer menor que por experiência sabemos advir deles. via de regrasó os desejamos com intensidade correspondentemente menor, e portanto essaintensidade seria um critério totalmente errôneo para medir o primeiro sentimentode prazer, que é maior e já passou. Por exemplo, há anos atrás escalei uma vezo Matterhorn e lembro-me bem vivamente haver senti<strong>do</strong> na ocasião um grande prazer.E no entanto, desde então - e ainda hoje -, não tenho o mínimo desejo de repetira escalada. Conseqüentemente, a ausência de intensidade <strong>do</strong> desejo de repetira escalada - ou talvez a intensidade até negativa - deveria, como índice adequa·<strong>do</strong> de intensidade, referi<strong>do</strong> ao primeiro ato de prazer, já passa<strong>do</strong>, levar a negar quena ocasião tive um prazer. o que é contradito pela minha recordação perfeitamentenítida.A esta altura se poderia tentar objetar o seguinte: o fato de eu hoje não desejarrepetir a escalada <strong>do</strong> Matterhorn não significa que não desejo se repita o prazer senti<strong>do</strong>na primeira vez, mas apenas que, devi<strong>do</strong> à mudança das circunstâncias nasquais teria de repetir a escalada (por exemplo, em razão <strong>do</strong> cansaço maior em decorrênciade minha idade, que aumentou nesse meio tempo, ou em razão de nãohaver mais o "encanto da novidade" e similares), hoje não poderia mais esperar delao mesmo prazer, mas apenas um prazer menor, que considero não valer mais apena desejar; indubitavelmente, porém, desejaria - se isto fosse possível - experimentarde novo, exatamente como naquela ocasião, os sentimentos então vivencia·~.<strong>do</strong>s. Admitamos isso sem problema. Entretanto, em primeiro lugar, tanto Cuhel comoi' seus avalistas não se referem à intensidade de um desejo vazio e platônico, comofonte de conhecimento de intensidade de sentimento, mas a "decisões da vontadeefetivamente tomadas" e constatáveis na prática, ou até a "atos resultantes" das mesmas(Bain). Em segun<strong>do</strong> lugar, a medição da intensidade de desejos platônicos não~concretiza<strong>do</strong>s certamente não toparia com dificuldades menos numerosas nem comj~ dificuldades diferentes daquelas que levaram os defensores das concepções por mimimpugnadas a duvidar da possibilidade de uma percepção direta de intensidadesde sentimento; e em terceiro lugar, o próprio raciocínio que acaba de ser objeta<strong>do</strong>já contém vários elementos que pressupõem um juízo direto sobre intensidade desentimento e não o deduzem das intensidades de desejos.Penso, portanto, que a hipótese de que só podemos tomar consciência da intensidade<strong>do</strong>s nossos sentimentos pelo caminho indireto da aferição da intensidadede desejos a eles associa<strong>do</strong>s, não somente não facilita a tarefa de explicar satisfatoriamenteos fenômenos com que deparamos, senão que, ao contrário, a dificultae a torna artificial, sem que haja necessidade disso. Essa minha afirmação pareceser confirmada por inúmeros exemplos, dentre os quais quero reduzir apenas alguns.Suponhamos que nos submetemos a um tratamento dentário que nos acarreta muita<strong>do</strong>r. Será que efetivamente percebemos o fato de que o tratamento nos causa muita<strong>do</strong>r, somente de maneira indireta, na medida em que provocamos uma "decisãoda vontade", pelo fato de que nosso desejo de fugir à <strong>do</strong>r sobrepuja um outro desejoe com isso demonstra sua "intensidade" maior? Que aconteceria então se aqueledesejo não vencer, se nos decidíssemos suportar tranqüilamente o tratamento, apesarda <strong>do</strong>r? Nesse caso, na melhor das hipóteses, ficamos saben<strong>do</strong> apenas que nossosentimento de <strong>do</strong>r é menos intenso <strong>do</strong> que, por exemplo, os sentimentos-!ffl~i#',


176 TEORIA POSITIVA DO CAPITAL,'ence<strong>do</strong>res da vergonha, da consideração de evitar futuras <strong>do</strong>res de dente e similares.que nos detiveram de gritar ou pular e fugir <strong>do</strong> tratamento <strong>do</strong>loroso: de mo<strong>do</strong>algum. porém, podemos saber. a partir disso, que foi "intenso" o próprio sentimentosubjacente menos intenso. E no entanto sabe disso to<strong>do</strong> aquele que experimentaesse sentimento nas mãos <strong>do</strong> dentista, Porventura não é infinitamente mais plausívele ao mesmo tempo infinitamente mais simples supor que somos capazes de percebere julgar a intensidade de nossos sentimentos diretamente, já que osexperimentamos diretamente? Ou então, citan<strong>do</strong> outro exemplo: cada um de nósé capaz de, com objetividade histórica não perturbada pela intervenção de nenhumdesejo, constatar, a partir da sua recordação, se determina<strong>do</strong>s sentimentos experimenta<strong>do</strong>sno passa<strong>do</strong> foram fortes ou fracos em termos absolutos e qual deles foio mais forte. Lembro-me com muita exatidão, por exemplo, que determina<strong>do</strong> ataquede "lumbago" que sofri no ano de 1894, em termos absolutos foi muito <strong>do</strong>lori<strong>do</strong>e foi bem mais <strong>do</strong>lori<strong>do</strong> que ataques semelhantes que tive antes e depois. Ondeestariam aí os "desejos", cuja intensidade seria o único critério para indicar-me a intensidade<strong>do</strong>s respectivos sentimentos? Hoje não há nenhum desejo que interfiranesse juízo retrospectivo; e, em to<strong>do</strong> caso, há muito tempo esqueci totalmente sena época houve desejos - e quais seriam estes desejos, aliás estéreis - de escapardaquelas <strong>do</strong>res violentas que concorreram com algum outro desejo e o venceram.Se hoje guar<strong>do</strong> em minha lembrança algo no tocante àquelas vivências - e nãohá dúvida alguma de que guar<strong>do</strong> algo na lembrança -, não se trata de uma lembrançaretrospectiva sobre o esta<strong>do</strong> e a relação de intensidade de meus desejos deentão, mas simplesmente uma lembrança retrospectiva de impressões de sentimentoexperimentadas na época; e se consigo reproduzir em minha memória tais impressõespassadas, juntamente com a determinação de suas intensidades,necessariamente devo também ser capaz de, na mesma determinação, tomar consciênciadelas como foram originalmente. Ou então, ainda para recorrer a outro exemplo:muitos psicólogos 18 supõem - e esta suposição parece-me confirmar-se plena~mente também por experiências pessoais- haver sentimentos sem desejos, ou pelomenos sem desejos conscientes, que seriam prova<strong>do</strong>s com outros desejos emrelação ao pre<strong>do</strong>minante. Posso, por exemplo, ao ouvir uma música sublime, regalarmeno prazer mais puro, sem ter nenhum outro desejo. Além disso, a intensidade<strong>do</strong> desejo pode estar em desarmonia com a intensidade <strong>do</strong> sentimento que a provoca;o esta<strong>do</strong> de "resignaçãd', por exemplo, caracteriza-se por uma pouca intensidade<strong>do</strong> desejo, sem que necessariamente os sentimentos tenham que ser fracosou estar embota<strong>do</strong>s. 19..Em suma, ao que me parece, a tese de que baseamos nosso juízo sobre a in­tensidade de nossos próprios sentimentos,20 nas decisões tomadas pela vontade naí]8 Por exemplo, EHRENFELS. System der Werttheorie. I. p. 13.]9 EHRENFELS Op. cit, 14. Abstenho·me de acumular exemplos ilustrativos e sobretu<strong>do</strong> de desenvolvê-Ins mais de!a­lhadamente e de esgotar por mteiro o conteú<strong>do</strong> de argumentação <strong>do</strong>s mesmos, pois não sen<strong>do</strong> especialista no assuntonão preten<strong>do</strong> aqui elaborar um capítulo da Psicologia, mas apenas justificar o ponto de vista que, com base em minhaprópria análise <strong>do</strong>s fatos da experiência a mim acessíveis, considero oportuno esposar como economista político, em setratan<strong>do</strong> de uma questão relevante para a Economia Política e ainda não definitivamente equacionada peja Psicologia especializada.20 Que para terceiros a relação das intensidades de sentimentos de outras pessoas só se manif~std por meio das decisoesda vontade a<strong>do</strong>tadas por elas na prática, e que a decisâo da vontade pode servir COJl".O base extrínseca para conhecera relação entre intensidades de sentimentos. evidentemente são questões totalmente diferentes: a decisão da vontade poderiaservir como ta! base de conhecimento ( mas não única!) mesmo quan<strong>do</strong>, como creio poder supor. no caso de umaescolha consciente entre desejos, a decisão de nossa vontade é precedida por um juízo, forma<strong>do</strong> independentemente, quea fundamenta, sobre as grandezas <strong>do</strong>s sentimentos em questãc·. Se um comerciante calcula a rentabilidade da compra de.~: ,fazer qL':'::ra espec~..::extremê':"-:::ner, pc:2 =2de preo:_::,'estímuc =..zasdes-::-:bem di:2:2:"com ek:~:mam <strong>do</strong>es:"".panhaé:s ::graus e~:=2·zer. Alé ':". :'exatas e ::1bém ele, :2sidades :. ~ se objeti\'.:. .,:",vantajoso ~-::-,menos O L.:-, ::21 É man;:


: óC 5:mila·::óC :na<strong>do</strong>-::-:Iento: óC :::nenta:: o "J lausí­~, ::e per­::Je os- =e nós-2:1hum: 5 experi­L =2les foi~:- ::':0 ata.­L:: :::olori­":5 Ondec--:-.e a in­; ~:l terfiraL-:-ente se:~ 25capar"-':-.=eram.; - e não_-:-.a lem­=-':52.ios de5-'::".timen­~::: :ais im­2:"5:dades,'-:-.::' cons­_=-J exem­:--52 plena~:':5. ou pe­[25eios em-:. ;egalarr.:2:1sidadeC":2 a pro­1::: :ntensi­52, fracos;.: :,e a in­',: -.:ade na~ ~ "-:-.àis detai.~:- J assunto::-- -2.:11 minha• ;:::J, em se:::::::;iaespe­'::::3 decisões- :: :onhecer:, .:-.:ade po­',: :'::3: de umajE-- o:: -.2:1te. que:: :.:: :::nprél de.::-: ~ ~:;l Trieste,:-.':;ncepçãotradicional sobre a relação entre intensidades <strong>do</strong>s sentimentos e intensidade<strong>do</strong>s desejos.Talvez alguns especialistas estranhem o fato de neste Excurso eu haver evita<strong>do</strong>fazer qualquer referência à conhecida "lei psicológica básica" e à abundante hteraiuraespecializada dedicada à mesma. Na verdade, no caso dessas pesquisas - aliásextremamente interessantes - que levaram a estabelecer as leis de Weber e de Fechner,parece-me tratar-se de questões essencialmente distintas daquelas que tinhamde preocupar-nos no presente Excurso, Nelas trata-se de determinar grandezas para'estímulos sensorais e sensações, ao passo que aqui se trata de determinar grandezasde sentimentos de prazer e de desprazer, Ora, estes podem percorrer caminhosbem diferentes, mesmo quan<strong>do</strong> são desperta<strong>do</strong>s por estímulos sensoriais, Sabe-se,com efeito, que mesmo estímulos e sensações desse gênero, que de per si costumamdespertar sentimentos de prazer, em seu aumento de forma alguma são acompanha<strong>do</strong>spor um aumento paralelo <strong>do</strong> sentimento de prazer e que, pelo contrário,graus extremos <strong>do</strong>s estímulo sempre costumam despertar sentimentos de desprazer.Além <strong>do</strong> mais, as pesquisas de Fechner versam sobre o problema das mediçõesexatas e objetivamente corretas das intensidades das sensações, problema que, tambémele, de per si, não entra em questão no caso de nosso tema análogo das intensidades<strong>do</strong>s sentimentos. Não afirmei serem exeqüíveis na prática medições exatase objetivamente corretas de intensidades <strong>do</strong>s sentimentos; o que afirmei foi simplesvantajosoencomendar o café em Trieste, mas de mo<strong>do</strong> algum ela terá si<strong>do</strong> o fundamento propriamente dito - e muitomenos o único - para ele mesmo saber isso, pois é evidente que ele hauriu anteriormente esse conhecimento de seu cálculo!21 É manifesto que pouca serventia têm os da<strong>do</strong>s da experiência que Cuhel pretende deduzir. em abono de sua tese, <strong>do</strong>scasos nos quais a vontade tem de tomar uma decisao entre <strong>do</strong>is sentimentos de intensidade aproximadamente iguaL Ofato de não se poder constatar uma diferença entre essas instâncias - diferença que não existe ou pelo menos não é perceptívela nossos orgãos - obviamente não constitui uma prova contra a suposição de que os referi<strong>do</strong>s órgãos podemser capazes de constatar e transmitir à nossa consciência as próprias grandezas entre as quais existe a referida diferençaimperceptível. Quan<strong>do</strong> sou obriga<strong>do</strong> a decidir qual dentre <strong>do</strong>is pinheiros, de altura mais ou menos igual, considero o maisalto, posso até sentir perplexidade em formar um juízo seguro sobre a direção e a grandeza da diferença, basea<strong>do</strong> numacomparação visuaL e, no entanto, seria erro manifesto supor que a fonte da qual tiro meu juízo sobre a grandeza e as relaçõesde grandeza <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is pinheiros não é a inspeção visual, mas minha decisão, em última análise tomada por mim mesmo.De resto, se observarmos com cuida<strong>do</strong>, mesmo nos casos aduzi<strong>do</strong>s por Cuhel, poderemos sempre constatar ou queformamos um juízo antecedente à decisão da vontade, juízo que versa expressamente sobre a diferença de grandeza <strong>do</strong>ssentimentos rivalizantes - e nesse caso a deCisão da vontade, a nós imposta pelas circunstâncias, em última análise é tomadacom base na arbitrariedade conscientemente subjetiva (talvez por meio de um "cara ou coroa" popu!ar!) -. ou entãoque em nossa consciência encontramos um juízo antecedente sobre uma diferença mínima de grandeza (quiça tambémum juízo hesitante, mas no qual, justamente no momento da decisão da vontade, uma das opiniões venceu), juízo sobreo qual posteriormente se baseou a decisão da vontade. Em nenhum desses casos a decisão da vontade teria si<strong>do</strong> a fonteinterna de conhecimento para nosso juízo sobre 6. grandeza. Também não pode haver dúvida alguma de que nossa incapacidadede constatar uma diferença (imperceptível ou simplesmente inexistente) entre as grandezas de <strong>do</strong>is sentimentos podeestar associada a uma incapacidade total para constatar se as grandezas ,çomparadas eram grandes ou pequenavs emtermos absolutos - o que evidentemente também depõe contra a tese de CuheJ. Finalmente, sei muito bem que Cuhelnão precisa admitir que toda a argumentaç~o contrária acima aduzida por mim vale especificamente para ele, Com efeito,da insuficiência da percepção interna para o conhecimento de diferenças imperceptíveis de sentimentos ele pessoalmentenão tira a conseqüência genera\izante de que a percepção interna é insuficiente como fonte de conhecimento de intensidadesde sentimentos em to<strong>do</strong>s os casos de que para conhecermos estas últimas dependeríamos por princípio das decisõesde nossa vontade na prática. Todavia, com isso Cuhel chega a uma solução dupla numa questão que. como já mencioneiacima {p. 192 et seqs.J. me parece não somente admitir, mas exigir necessariamente uma única solução - e nisso parecemehaver uma violação quase ainda mais grave <strong>do</strong>s princípios que regem a pesquisa.


178 TEORIA POSITIVA DO CAPITALmente a realidade de procedimentos que têm por conteú<strong>do</strong> uma avaliação subjetivade intensidades <strong>do</strong>s sentimentos, por mais falha e inexata que ela seja. Em razãodisso, os fatos e os argumentos são totalmente diferentes num caso e no outro. Assimcomo não seria justo eu invocar, por exemplo, a validade da lei de Fechner comoargumento para as teses que defen<strong>do</strong>, da mesma forma não preciso considerarcomo válidas contra as minhas teses, que são totalmente diferentes, objeções levantadascontra a plena validade da referida lei.MotÚ'aiFutura5(Para asFc.5­a com~"'!sideraç~cmotiva~-,E::-. ;ção he:J"dime:-.s~deterrr:::-"<strong>do</strong> praz


EXCURSO XIê;~:: subjeti­.~ ::m razão: :Jtro. As­:-


:~I~'TEORlA POSITIVA DO CAPITALftham foi preenchi<strong>do</strong> por autores posteriores, que fizeram afirmações cujo conteú<strong>do</strong>vai além.Fê-lo antes de tu<strong>do</strong> Jevons. que tem um significa<strong>do</strong> especial para esse problema,por ser um autor que escreve sobre Economia Política e sobre Psicologia.Basean<strong>do</strong>-se visivelmente e também declaradamente em Bentham - não interessan<strong>do</strong>aqui se, ao fazê-lo, tencionava apenas expor mais detalhadamente uma <strong>do</strong>utrinajá intuída por Bentham ou se tencionava conscientemente complementá-la Z-, introduz a idéia intermediária de que já no presente ocorre um verdadeiro ato<strong>do</strong> sentimento, que corresponde ao ato <strong>do</strong> sentimento futuro, um present anticipatedfeeling, "um sentimento presente antecipa<strong>do</strong>", cuja intensidade, no seu entender,é inferior à intensidade <strong>do</strong> sentimento futuro correspondente, na mesmaproporção em que este último for mais longínquo no tempo. Por conseguinte, a forçade motivação de um sentimento ainda futuro é explicada dizen<strong>do</strong> que dele derivaum sentimento atual já presente, que produziria a motivação, sen<strong>do</strong> que a redução<strong>do</strong> valor atribuí<strong>do</strong> ao sentimento futuro e da força de motivação baseada nesse valoré atribuída ao fato de que a intensidade <strong>do</strong> sentimento presente antecipa<strong>do</strong> éser em cada caso inferior à intensidade da própria necessidade futura "antecipada"- inferior em uma porcentagem proporcional à distância no tempo.:i A essa con·cepção, na escassa literatura sobre Economia Política que entra na análise dessesproblemas, aderiram plenamente Sax 4 e Lujo Brentano,5 sen<strong>do</strong> que isoladamenteela é ainda defendida também na Psicologia especializada mais recente. 6Considero essa concepção totalmente insatisfatória e inaceitável. Quero exporos fatos e motivos que me levaram a esse parecer, primeiro reproduzin<strong>do</strong>-os exatamentecom as mesmas palavras com as quais já na primeira edição da <strong>Teoria</strong> Positi­va me pronunciei sobre essa questão.l(f,1futuro),mosI'Quan<strong>do</strong> Jevons - escrevia eu na ocasião! - chama de present antecipated fee·ling. 'sentimento presente antecipa<strong>do</strong>', o fenômeno psíquico que nos impulsiona a pro­ver a necessidades futuras e a avaliar bens futuros (Polítical Economy, 2 a ed., p. 37),usa uma expressão muito favorável para induzir em erros. Com eíeito, há que distinguirduas coisas basicamente diferentes, que Jevons me parece não haver distingui<strong>do</strong> devi­damente. Uma coisa é imaginarmos mentalmente um prazer íuturo (ou um sofrimentoe com base nessa representação avaliarmos a intensidade presumível <strong>do</strong> mes­mo, e coisa totalmente diferente é afirmar que nessa própria representação mental senti­um prazer, uma 'alegria antecipada' presente e real. Um exemplo: Tencionoempreender uma viagem à Itália. Basea<strong>do</strong> em experiências pessoais ou em descriçõesouvidas ou lidas, imagino mentalmente os prazeres da viagem e faço uma avaliação tãoelevada da intensidade <strong>do</strong>s mesmos que a sua consecução me parece valer um sacrifí­cio de 500 florins. Acontece que, ao descrever os futuros prazeres da viagem, nasce tam­bém uma alegria antecipada, presente e real: o pensar na viagem produz em mim um2 Já Cuhel, op. cit., p. 293, assinalou corretamente a existência de uma nuança quI'! diferencia as duas formulações.-' JE<strong>VON</strong>S PolíUcal Econorny. 2' ed. p. 374 Grundlegung p. 178 et seqs., 314,S Versuch emer Theorie der BedlJerfnisse, p. 9 e1 seqs.. 35 et seqs. Aqui Brentano deriva <strong>do</strong> "sofrimentu e da alegria futuros", "necessidades presentes" com sensações de desprazer e de prazer produzidas no present12 e atribui a estas últImas Ulllaintensidade que. embora seja inferior à intensidade da própria sensação futura esperada, de acor<strong>do</strong> com a distância destaúltima no tempo. para produzir um ato de provimento tem de superar a intensIdade total de todas as pDssibílidades deprazer presentes e concorrentes que deve sobrepujar. Com essa equiparaçao da força de motivaçã.o e dd tntensidade <strong>do</strong>ssentimentos presentes Rantecipa<strong>do</strong>s"', Brentano embarca manifestamente na concepção de Jevons-SaxI, Por exemplo, por KREIBIG. Psychologische Grundlegung eines Syslems der Werttheorle. 1902. p. 91 et seqs. Não cabeaqui definir se a mesma construçao esteve presente, por exemplo, em Meinong. quan<strong>do</strong> este afirma que a observação davida diáTla mostra, em seu entender, que "'a distância <strong>do</strong> objeto em relaçao ao presente. portanto o adiamento para o futuro,dimmui a intensidade <strong>do</strong> sentimento'~ Psychologisch-ethische Untersuchungen zur Weruheone, 1894. p. 517 P 216. nota 91. da <strong>Teoria</strong> Pos:tlVa <strong>do</strong> <strong>Capital</strong>. v Ipraz


EXCURSO XI 181::'Jnteú<strong>do</strong>""õõ2 proble­, ='õ:ologia.- ~:: :nteres­:2 _:,!a <strong>do</strong>u­:0:: :-:-.entá-la 2r::=.:eiro ato:-: ::nticipa­: õ,:o'''; enten­- =. mesma:-_:-.:e. a for­:,:0 :,:ole deri­:2 =. :edução::=. :-esse va­.-:,:o:::pa<strong>do</strong> é-=.-:2:ipada".:... 2ssa con­,=..õ2 desses.:::::amenter:.::L2"O expor:: :: - JS exatalo::::o::: Positi­" : .= :;ted fee­;'" :: -.a a pro­I ~:: p.37),: _'" ::stinguir~-;_::io devi­~ õ:'rimento:- ~. :0 mes­-~-::al senti-Tenciono- :2scrições=. . =..:ação tãoE: ':::1 sacrifí­:- -. =.sce tam­~:- :nim um-- ~ .ações-:: :: -:::;ria futu­"o _ '_:-"as uma~·~-_:ia desta" : ,cades de'o -, cade <strong>do</strong>s:;:-:::1\ão cabedaprazer atual, mas um prazer que em to<strong>do</strong> caso tem uma intensidade bem diferente, provavelmentemuitíssimo inferior à das alegrias da própria viagem; se estas últimas valerempara mim 500 florins, a alegria antecipada talvez não valha para mim mais <strong>do</strong> que5 florins, o que se pode comprovar, por exemplo, pelo fato de eu estar disposto a gastarapenas isso, e não mais, para comprar uma descrição da viagem que me introduza nomun<strong>do</strong> de imaginações que me dá prazer. Pois bem, a cifra concreta é no caso totalmenteindiferente. Simplesmente não há como determinar uma relação de grandeza constanteou regular entre 'alegria principal' e 'alegria antecipada', senão que a referida relaçãovaria ao máximo, de acor<strong>do</strong> com as pessoas, as disposições e as circunstâncias. No casode pessoas sonha<strong>do</strong>ras e <strong>do</strong>tadas de muita fantasia, por exemplo, que costumam excitar-semuito com sua própria imaginação, as 'alegrias antecipadas' podem ocorrer com relativaintensidade, ao passo que, em se tratan<strong>do</strong> de pessoas bem sóbrias e que trabalham coma razão, ao contrário, tais 'alegrias antecipadas' podem ocorrer com intensidade extremamentebaixa. Para nossas finalidades basta constatar duas coisas: primeiro, que a intensidadeda alegria principal futura, imaginada. e a da alegria antecipada, sentida nopresente, constituem duas grandezas diferentes: e segun<strong>do</strong>. que na grande maioria <strong>do</strong>scasos a intensidade da alegria antecipada é muitíssimo menor <strong>do</strong> que a alegria principal,e não apenas uns pontos percentuais menor-o"Pergunta-se agora: de qual dessas duas intensidades se trata, no caso de nossa avaliaçãode bens futuros e da tomada de nossas decisões econômicas - que ocorre em paralelocom a referida avaliação -, com vistas a pro\'er a necessidades futuras? Quantoa isso não pode pairar dúvida alguma: o fator determinante é a intensidade da alegriaprincipal futura, avaliada com base na imaginação (respectivamente a intensidade <strong>do</strong>sofrimento futuro a afastar). A um bem que me serve para satisfazer uma necessidadecuja intensidade, com base na razão. avalio em 100. atribuirei também um valor de 100,e não de 1, mesmo que, na consideração aLUa i e antecipada da mesma, sinta apenasuma alegria antecipada atual de intensidade 1. Da mesma forma, ao escolher se devoou não prover a determinada necessidade futura ou a qual dentre várias devo dar aprioridade, procurarei tomar a decisão. com a máxima imparcialidade possível, com baseem minha avaliação racional <strong>do</strong> prazer futuro. e não com base no grau de minhaexcitação sentimental de agora. (Que não raro permitimos que nosso juízo claro sejaturba<strong>do</strong> por este último fator. e portanto este exerce uma influência indireta sobre asnossas decisões, eis um fenômen o que nada tem a ver com o que acabo de afirmar.)Se - o que acredito não ocorrer - ainda houvesse alguma dúvida acerca <strong>do</strong> que expus,ela pode ser eliminada apontan<strong>do</strong> o seguinte fato notório e comprova<strong>do</strong> pela experiência:sonha<strong>do</strong>res entusiáticos, nos quais as imaginações de eventos futuros produzememoções sentimentais muito vivas no presente, de mo<strong>do</strong> algum costumam ser os quecom mais eficiência atendem economicamente a seus interesses futuros; bem pelo contrário.quem o faz são as pessoas que calculam friamente, cujo juízo sóbrio e racionalsobre as situações futuras pouco ou nada é influencia<strong>do</strong> por emoções sentimentais concomitantes"."Acontece que Jevons confundiu basicamente essas coisas. Para ele nossos atos econômicossão motiva<strong>do</strong>s por 'sentimentos presentes', cuja intensidade. conforme a distânciano tempo, fica alguns pontos percentuais aquém da intensidade das alegrias esofrimentos futuros e portanto devem ter para com estes últimos uma relação de 95 :100, quan<strong>do</strong> na verdade não há nada mais certo <strong>do</strong> que o seguinte: é verdade queimaginamos - aliás antecipadamente - sentimentos de intensidade semelhante, mascertamente não os sentimos como present feeling. Da maneira ainda mais forte, Sax- que en<strong>do</strong>ssou a posição de Jevons nessa matéria, obviamente sem verificá-la pessoalmente- desenvolveu ainda mais o mesmo equívoco. Sax fala de um 'pré-sentir'- a ser bem distingui<strong>do</strong> <strong>do</strong> simples 'pré-saber' - as necessidades futuras ((3rundlegung,p. 178 et seqs.), partin<strong>do</strong> desses pré·sentimentos constrói até 'necessidades presentes'reais e 'sensações de necessidades' reais, apenas com a diferença de que estas, conformea distância no tempo, seriam um pouco menos intensas <strong>do</strong> que a própria necessidadecorrespondente e direta <strong>do</strong> presente (p. 314), Dificilmente Sax terá leva<strong>do</strong> em contaa enormidade de suplícios que teríamos de aturar constantemente se tivéssemos realmenteque sentir em nossa previsão, e com uma intensidade bem pouco menor, todas~j


182 TEORIA POSITIVA DO CAPITALas necessidades e sofrimentos futuros contra os quais nos defendemos mediante aprevisão". 8Hoje, se atendermos ao enfoque mais abrangente que nesse meio tempo setem dispensa<strong>do</strong> ao mesmo tema na mais moderna teoria psicológica <strong>do</strong> valor, pensoque não podemos contentar-nos simplesmente com as colocações que acabamosde reproduzir, mas considero-as como uma introdução perfeitamente adequadaao problema, na medida em que elas já dirigem a atenção tanto para os mais relevantesgrupos de fatos a serem considera<strong>do</strong>s nessa questão quanto para as maisimportantes possibilidades de entender que rivalizam entre si: partin<strong>do</strong> dessa baseserá possível chegar com facilidade a essa visão mais abrangente, hoje necessária.De imediato gostaria de separar, com a maior nitidez possível, fatos de um la<strong>do</strong>e interpretações ou elaborações de outro, e em primeiro lugar falar exclusivamentedaquilo que pode ser considera<strong>do</strong> como fato incontestável; além disso, a fim de excluircom segurança aquela influência perturba<strong>do</strong>ra que, a partir da controvérsiaainda não solucionada <strong>do</strong> he<strong>do</strong>nismo, poderia eventualmente afetar a pesquisa queaqui nos ocupa, gostaria de limitar as investigações de antemão àqueles casos nosquais se trata de necessidades de natureza he<strong>do</strong>nística, portanto de necessidadesem cuja satisfação procuramos concientemente obter ou aumentar um esta<strong>do</strong> deprazer, afastar ou amenizar um esta<strong>do</strong> de desprazer; gostaria de limitá-las de certomo<strong>do</strong> ao grande campo he<strong>do</strong>nístico que, mesmo na opinião <strong>do</strong>s anti-he<strong>do</strong>nistas,sem qualquer dúvida existe dentro de to<strong>do</strong> esforço humano e sobretu<strong>do</strong> dentro <strong>do</strong>esforço econômico.Como fatos relevantes para nosso problema, dentro <strong>do</strong>s quais há que procuraruma solução psicológica satisfatória, parece-me que, em parte em virtude da concorrênciaunânime ou pelo menos prevalecente <strong>do</strong>s psicólogos e em parte - e sobretu<strong>do</strong>- por uma observação atenta, externa e interna, <strong>do</strong> real, podemos assentarcom segurança os seguintes pontos incontestáveis:1. Da consideração de sentimentos de prazer a serem por nós consegui<strong>do</strong>s nofuturo ou de sentimentos de desprazer que nos ameaçam no futuro derivam, deuma forma ou de outra, avaliações e motivações que ocorrem já no presente.2. A respectiva grandeza <strong>do</strong> valor ou a respectiva força de motivação apresentaum nexo funcional com a intensidade <strong>do</strong> prazer ou <strong>do</strong> desprazer futuros. Ela nãoé, porém, igual à mencionada intensidade, ou o é apenas casualmente e em caráterexcepcional; normalmente ela é meIJor <strong>do</strong> que seria caso se tratasse de sentimentosde prazer e de desprazer presentes. E um deriva<strong>do</strong> da intensidade original, apresentan<strong>do</strong>alguma diferença em relação a esta (aliás, de mo<strong>do</strong> algum se trata de umadiferença constante), mas de qualquer forma é um evidente deriva<strong>do</strong> da referida.. z intensidade original: quanto mais intenso for, em paridade de circunstâncias (igualI - distância no tempo, consideração igualmente clara, temperamento igual e similares),o prazer - ou desprazer - futuro, tanto maior será também sua grandeza deS valor e sua força de motivação no presente. 9<strong>do</strong> c:..proz,;"inte:E::1me:-::2me:-.:::"ou 2:-:-::g05::: :ler:1 ::::1por x:me:-.:2.core::;pre::-2:-:atos ::~so'cor 5:giCê s.:ria ê...~~ser.. 2'1teú:.:: !ser.::.:":)te fê:.jnas ::~sorrE jprc. ::::bre : .~: _2 :;.~-il8 Muito acertadamente, Kraus (op. cit., p. 78) con)ecturou que na época eu ainda não conhecia as colocações originade Bentham; conseqüentemente, eu só podia basear-me no extrato para reprodução que elas haviam envia<strong>do</strong> para a EconomiaPolítica, aliás na forma em que esse extrato apareceu na literatura da Economia Política. De resto, parece-me quemesmo o conhecimento <strong>do</strong> original não teria podi<strong>do</strong> alterar nada na crítica feita a Jevons e Sax. Bem estranha parece-mea segurança ingênua com a qual Brenúmo, vinte anos depoís <strong>do</strong> aparecimento desta crítica, e sem se preocupar o mínimocom a mesma, volta a apresentar as idéias nela refutadas: será que dá tão pouco valor aos fatos e argumentos por mimaduzj<strong>do</strong>s ou será que é tão omisso no cuida<strong>do</strong> em rever o que ele afirma? Ver adiante também as considerações que façono fjnal <strong>do</strong> presente Excurso.9 Presumo - sem ter plena certeza disso - que também Meinong, op. cit., p. 51, pretendeu reconhecer exatamente amesma coisa como fato confirma<strong>do</strong> pela experiência ao afírmar serem perfeitamente possíveis "nexos regulares" entre "avaliaçõespresentes", após o que, assim prossegue: "Também a observação da vida diária de que a distância <strong>do</strong> objeto em-.-~-~-~~-~- '.::- -- --,:


EXCURSO XI 183::':~l€a7".::0 se.: :len­c:'aba­2:uada1:.5' relei5'Tlaiss.:: Dase255ária..:-:-: la<strong>do</strong>:':-:-:i?ntet :2 ex­~::.érsia:.5.3. que5


184 TEORIA POSIT1VA DO CAPITALsobre a intensidade, fundadas em juízos, sem dúvida podem diferir - e na maioria<strong>do</strong>s casos diferem realmente - da intensidade efetiva com a qual os referi<strong>do</strong>s sentimentosde fato ocorrem no futuro.4. Finalmente, não há divergência alguma de opinião ou dúvida de que a representação,mais ou menos viva, de esta<strong>do</strong>s futuros gera<strong>do</strong>res de prazer ou desprazercostuma atuar já no presente, produzin<strong>do</strong> algum sentimento. Ocorrem, já nopresente, sentimentos reais de prazer e de desprazer que acompanham as referidasrepresentações. A representação e expectativa ardentes de um esta<strong>do</strong> de prazer futurodesperta um sentimento de prazer presente <strong>do</strong> tipo daquele que na citação supracaracterizei como "alegria antecipada"; e a representação e a expectativa opostasde um esta<strong>do</strong> sentimental futuro indeseja<strong>do</strong> suscita um sentimento de desprazer presenteque, de acor<strong>do</strong> com o grau de certeza com a qual a ocorrência futura <strong>do</strong> sentimentoprincipal desagradável é esperada, se costuma denominar "preocupação"ou "temor".12 A intensidade desses ·sentimentos antecipa<strong>do</strong>s" atuais costuma sermenor 13 - aliás, notavelmente menor. e não apenas menor de alguns graus percentuais,ou mesmo de um numero considerável de graus percentuais - <strong>do</strong> quea intensidade <strong>do</strong> sentimento principal que lhes está à base, poden<strong>do</strong> até chegar aser totalmente imperceptível, de sorte que se pode com alguma razão duvidar setais sentimentos antecipa<strong>do</strong>s presentes necessariamente têm de ocorrer em cada casode um desejo e de um ato volta<strong>do</strong> para sentimentos principais futuros. Ehrenfelsaduziu uma série de exemplos muito bons de que mesmo desejos e atos que têmpor objetivo consciente afastar um mal tão grande como o que se costuma considerara perda da vida, por parte de pessoas por hábito familiarizadas com os respectivosperigos de vida - como pedreiros. marceneiros, alpinistas, muitas pessoasempregadas em fábricas, em navios e na estrada de ferro -, podem ser executa<strong>do</strong>ssem nenhuma emoção perceptível <strong>do</strong> sentimento, estan<strong>do</strong> o autor propenso a concluirdaí que esses sentimentos concomitantes até "poderiam atingir a intensidadezero, isto é, poderiam desaparecer inteiramente". 14 Com isso ele confirma a observaçãojá feita acima, de que é possivel prover eficientemente, e talvez até da maneiramais eficiente, a interesses futuros com base em "cálculos frios", de uma "avaliaçãoracional sóbria das situações futuras", que "pouco ou nada é influenciada por excitaçõessentimentais concomitantes". Para ressaltar bem claramente o ponto salientecom base em um ou outro <strong>do</strong>s inúmeros exemplos que se oferecem: quan<strong>do</strong>, porocasião de excursões pelas montanhas, chego a uma encosta mais íngreme e maiscoberta de neve, ou a uma encosta de geleira, na qual o pé necessariamente escorregase não estiver provi<strong>do</strong> de equipamentos, costumo ou colocar as guarniçõesde aço para subir ou encarregar o guia de talhar com a picareta para gelo os degrausrestantes na encosta congeiada. A não ser que se trate de escarpas tão íngremesque permanecem perigosas mesmo com esses recursos artificiais, as duas coisasocorrem sem a mínima emoção sentimental desagradável, se bem que com o objetivoperfeitamente consciente de que o que se quer evitar com isto é escorregar oucair no precipício, o que de outra forma seria inevitável. Coisa similar acontece quantoà costumeira operação de "prender-se à corda" quan<strong>do</strong> se pisa sobre geleiras cheiasde fendas. E coisa semelhante vale também quanto a numerosas operações quecada um de nós executa no dia a dia. Quan<strong>do</strong>, em um rígi<strong>do</strong> dia de neve, resolvovestir o casaco de inverno quente e me passa pela cabeça a idéia de que, se vestir- -::-- -~~- ::. - - ;.::. .1::: ~ ':'_::J~::.-=--= ~::=~~~_7: ...12 CUHEL Op. cit. § 25.13 CUHEL Op. cit., § 2714 Op cit p. 15 et seqs


EXCURSO Xl 185- =. :Tlaioria-=:-.:: :·s senti­::~ ::~e a re­;:'::2~' au des­::::-:-2:Tl. já no[ =.õ ~eferidas:~ :J~azer fuê:.:ação su­~:.. a opostas~õ~ ~azer pre­[- ~~a <strong>do</strong> senr~=::Jpação"c: õ:'Jma ser:õ ;;aus per­" - <strong>do</strong> queê:~ chegar a: :: _',idar se~. cada caso:~ ::hrenfelsCõ Jue têm:::- ::c'onside­: : õ ~espeetil:aõJessoas~ ~:':e~uta<strong>do</strong>s:~:-.SJ a con­- :e:lsidade~a a obser­:~ ::a manei­.. :: ·:L·aliação.a :: Cf excita­:-:c salientec'_l:.:l<strong>do</strong>, porr~:-:-.e e mais-=-.~:-.:e escor­~ ;~arnições;~:C! os deas:30 íngre­::..: as coisas:::-:-: o obje­,:: ::egar ou:~ ce quanto.-::':.3.S cheias,,~a;ões quee.2. resolvo_-::. se vestirroupa leve, correria o risco de contrair uma pneumonia, não é necessâno que aesse pensamento se associe alguma emoção sentimental perceptível, da mesma formacomo quan<strong>do</strong>, ao comer peixe, não estou preocupa<strong>do</strong> em evitar engolir espinhas,ou quan<strong>do</strong> desço com cuida<strong>do</strong> uma escada em espiral íngreme.Ora, penso que nessa característica, que propositadamente destaquei com ênfasee que se pode observar no grupo de fatos apresenta<strong>do</strong>s no ponto 4, pode-seprimeiramente basear com segurança uma conclusão negativa, que também tireiem minha citação acima reproduzida, a saber: essa espécie de "sentimentos antecipa<strong>do</strong>s",senti<strong>do</strong>s como realmente presentes, cuja existência está comprovada comcerteza plena como sen<strong>do</strong> um fenômeno freqüente, mas que talvez não ocorra necessariamentee absolutamente em to<strong>do</strong>s os casos, não pode ser aqueie fenômenopsíquico no qual se baseia o valor e a força de motivação <strong>do</strong>s sentimentos princi·pais futuros. Pois esses sentimentos principais mantêm seu valor e sua força de motivaçãomesmo nos casos em que os "sentimentos antecipa<strong>do</strong>s" da espécie descritae deles deriva<strong>do</strong>s simplesmente não ocorreram em concreto, ou pelo menos nãoem um grau constatávei e perceptível; e sobretu<strong>do</strong> a grandeza <strong>do</strong> valor e o correspondentegrau da força de motivação proveniente <strong>do</strong> sentimento principal têm tãopouca relação com a intensidade <strong>do</strong> sentimento antecipa<strong>do</strong> que se tem de renunciara atribuir a esta última intensidade qualquer papei na explicação <strong>do</strong> valore daforça de motivação <strong>do</strong>s sentimentos de prazer e de desprazer futuros. Com efeito,entre outras coisas se poderá observar que, no caso de conflito de um sentimentoprincipal futuro com um outro sentimento presente. vence o primeiro, desde quesua intensidade seja considerada bem maior e ainda que a intensidade <strong>do</strong> "sentimentoantecipa<strong>do</strong>", dele deriva<strong>do</strong>, possa ser consideravelmente menor <strong>do</strong> que a intensidade<strong>do</strong> sentimento presente concorrente e sobrepuja<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong>, por exemplo,a correia das guarnições de aço colocadas nos sapatos me aperta um pouco e a<strong>do</strong>r que sinto me causa desprazer, haverei de suportar como mal menor esse desprazerem consideração ao perigo de vida a evitar - perigo que existiria se tirasseas guarnições -, ainda que, ao considerar racionalmente o perigo de vida, de mo<strong>do</strong>algum tenha ocorri<strong>do</strong> em mim - ou pelo menos não em grau notável - um"sentimento antecipa<strong>do</strong>" que se deva caracterizar como sentimento de desprazer presente.Poder-se-á outrossim observar casos nos quais, de <strong>do</strong>is sentimentos futurosconflitantes entre si, entre cuja concretização há que optar, cada um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is despertaum sentimento antecipa<strong>do</strong>, mas no caso vence aquele sentimento principalcuja sensação antecipada foi a menos tntensa. Quan<strong>do</strong>, por exemplo, na qualidadede alpinista, numa situação crítica, na qual um movimento inadequa<strong>do</strong> me acarretariaperigo de vida, vejo aproximar-se de meu corpo um verme inofensivo mas queme repugna, e a representação de um contato corporal com o mesmo desperta emmim um sentimento antecipa<strong>do</strong> e bem vivo dessa repugnância que me ameaça,apesar disso nada farei para evitar o verme, mesmo que a representação <strong>do</strong> perigode vida provoca<strong>do</strong> por um movimento for apreendida apenas a nível da inteligência,sem ser acompanha<strong>do</strong> de nenhuma emoção perceptível de sentimento.Resta agora colocar ainda uma última questão de fato: será que, além da espéciede "sentimentos antecipa<strong>do</strong>s' 15 que acabo de descrever - os quais, pelo ex­:::, Quero observar de passagem - 58' bem que isso já não diga respeito ao assunto em pauta - que os cita<strong>do</strong>s sentimen­!os antecipa<strong>do</strong>s, que podem ser desperta<strong>do</strong>s pela representação de sentimentos principais futuros. têm uma contrapartida;Jlenamente congruente em sentimentos presentes que podem Ser desperta<strong>do</strong>s peja representação de emoções sentimentaisjá passadas. Ao recordar-m~ de algum prazer ou desprazer passa<strong>do</strong>, a e~sa recordação pode associar-se- uma emoção'sentimental, cuja intensidade, porém. também ela não tem nenhuma relaçào precisa com a intensidade <strong>do</strong> sentimento principalpassa<strong>do</strong>, poden<strong>do</strong>, mesmo que os sentimentos principais sejam muito intensos, reduzir-se a zero. ou pelo menos nãoser sequer perceptível (grau este que não conseguimos mais distinguir da ausência pura e Simples de qualquer emoçãosentimental).


186 TEORIA POSITIVA DO CAPITALposto, não podem com segurança ser suscita<strong>do</strong>res e porta<strong>do</strong>res da força de motivação<strong>do</strong>s sentimentos principais futuros - não há realmente outra espécie de verdadeirossentimentos presentes, que sejam desperta<strong>do</strong>s pela expectativa de sentimentosfuturos, e aos quais se possa atribuir, com razão mais fundamentada, a explicaçãoda grandeza <strong>do</strong> valor e da força de motivação desses mesmos sentimentos futuros?Penso que diversos psicólogos operam com essa suposição; entretanto, eu pessoalmentenão tenho podi<strong>do</strong> encontrar nem verificar, em minha própria percepção,a existência de tais sentimentos presentes. Como verdadeiros sentimentos, eles emto<strong>do</strong> caso teriam de ter alguma intensidade. Ora, com a mesma certeza com queafirmo ser capaz de distinguir e verificar, em minha percepção interna: 1) a intensidadecom a qual um sentimento se faz efetivamente presente ao se concretizar; 2)a intensidade que atribuímos, mediante um juízo, a um sentimento (passa<strong>do</strong> ou futuro)apenas representa<strong>do</strong> no momento, como sen<strong>do</strong> a intensidade que oCClHeuou ocorrerá por ocasiã8 da concretização <strong>do</strong> mesmo (trata-se, no caso, da intensidadede um sentimento representa<strong>do</strong>, avaliada mediante um juízo); e 3) a intensidadede um "sentimento antecipa<strong>do</strong>" presente <strong>do</strong> tipo descrito, desperta<strong>do</strong> pelarepresentação de um prazer ou um desprazer futuros - com a mesma certeza medeclaro incapaz de descobrir ou constatar, em minha percepção interna, mais outrosentimento real e presente, deriva<strong>do</strong> de um prazer futuro ou de sua representação,<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de outro - um quarto! - grau de intensidade, ou pelo menos um sentimentopresente de grau de intensidade tal que a partir dele se pudesse com naturalidadeexplicar a avaliação empírica e a força de motivação de sentimentos futuros.Afirmei há pouco: penso que diversos psicólogos operam com essa suposição.Com efeito, confesso abertamente que seus pronunciamentos sobre a matéria nãosão tão claros e transparentes que eu possa atrever-me a atribuir-lhes com certezaplena determinada opinião, precisa e formulada de maneira totalmente isenta deambigüidade. Talvez - provavelmente - uma boa parte dessa minha incerteza sedeva a mim mesmo, sobretu<strong>do</strong> à falta de familiaridade profissional com todas asnuanças da terminologia por eles utilizada. Entretanto, não gostaria de debitar tu<strong>do</strong>a mim mesmo. Não quero empreender crítica psicológica de detalhe, pois esta poderiafacilmente ser refutada como crítica proveniente de um não especialista emPsicologia. Quero apenas fazer duas observações de natureza geral a fim de esclarecerminha posição na matéria. Antes de tu<strong>do</strong>, teria espera<strong>do</strong> e deseja<strong>do</strong> que as elaboraçõespropostas por psicólogos sempre fossem nitidamente delimitadas edistinguidas, por explicações bem explícitas e sem hesitações, de to<strong>do</strong>s os demaisgrupos de fatos que acabei de citar, sobre os quais possivelmente também se poderiafundar uma construção diferente - expectativa que infelizmente só em casosmuito raros se cumpre plenamente, mas em geral ela é sensivelmente frustrada. Segundaobservação: o fato de a respectiva terminologia especializada dispor de expressõescomo lustbetonte Vorstel/ung, Gefuehlsdispositionen, affective logic, fee/ingcomo "embodied meaning", felt meaning e similares, e de ela se servir de bom gra<strong>do</strong>e com abundância dessas expressões, talvez se deva interpretar como sintomade que existem na realidade fenômenos psíquicos cujas nuanças peculiares só possamser expressas justamente por meio da composição, e <strong>do</strong> "nuançamento", tambémela peculiar, das citadas denominações; de que, portanto, estas sejamdenominações perfeitamente corretas para uma coisa perfeitamente correta. Todavia,por outro la<strong>do</strong>, é natural supor que denominações, que, digamos assim, comcada pé procuram sua fundamentação em outro setor <strong>do</strong>s eventos da esfera psicológica,oferecem também uma tentação bem perigosa de se ficar balançan<strong>do</strong> entreafirmações imprecisas, poden<strong>do</strong>-se abusar delas à guisa de refúgios cômo<strong>do</strong>s parauma argumentação vaga. Repito: não preten<strong>do</strong> aqui radicalizar em nada, fazen<strong>do</strong>uma C:-:::Jsenta:::=.stativa5 :~nenhL::":'"..fosse :~::P,,:obrige.~-:'me a::-2'.'real E =.:C-~ - ,cipac::,moti\=.;lc\uíde. =.cuja '.:-:~'cente.C2:fatos :.=.valor 2 ipor r.:: 5:futurc:'T- ..:um C:':'"sidaCE :iinter\E:--'have;'=.avo;.:'::':to ca":53vaçãc :i,preser.:€moti\2.;,exclu]parec" ~mentE]conte. 'Jde to:::)Ih E55= ::-=bucr. :~. ~1: D:'.~:~"a rr.e:;."":"".= "Jdefec oc : 1mer.:-E :-:-:CimpO::::'-·Ltuali:::c:~ ::para ~~:.:...;rem ::'.-:=nurr. -:-llltosC_=:'--:1enlr~:_~decc-~-JpOC-2 .::.-~nô!"T"":: ~ !


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lc,3TEORIA POSITIVA DO CAPITALaqui, portanto, uma questão ainda em aberto, um problema parcial não resolvi<strong>do</strong>e que portanto precisa de solução, mas que, para felicidade da Ciência Econômica,só me parece necessitar de solução para o cumprimento pleno da tarefa científica<strong>do</strong>s psicólogos, ao passo que para os objetivos de explicação específicos <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>resde EcoflOmia Política não interessa em nada de que maneira os psicólogospossam preencher a lacuna entre sua explicação e os referi<strong>do</strong>s fatos,suficientemente comprova<strong>do</strong>s. To<strong>do</strong>s os raciocínios que tenho de apresentar paraexplicar o valor maior de bens presentes e também para explicar b fenômeno <strong>do</strong>juro <strong>do</strong> capital estão suficientemente comprova<strong>do</strong>s, desde que eu consiga ancoráloscom certeza suficiente no fato, suficientemente comprova<strong>do</strong> como fato, de quea avaliação e a força de motivação de sentimentos futuros é intermediada peja opiniãoque formamos acerca da intensidade previsível desses sentimentos futuros. Quaisquerque sejam as características destes detalhes psicológicos mais íntimos dessaintermediação, nada muda no curso das explicações ligadas ao fato dessa intermediação.Possivelmente alguns críticos, que gostariam simplesmente que nós, da EconomiaPolítica, deixássemos de falar quan<strong>do</strong> se trata de questões psicológicas, considerarãoparticularmente ousadas e indevidas as incursões que neste Excurso fizemosno campo da Psicologia. Por isso, para justificar ainda mais as razões pelas quaisnós, da Economia Política, justamente nas questões psicológicas aqui em debate,procuramos a orientação por conta própria, ao invés de basear-nos numa "<strong>do</strong>utrinareinante" e abalizada, a nós oferecida pela Psicologia especializada, quero, para finalizar,acrescentar alguns apontamentos característicos, que mostram claramente queno caso simplesmente não existe uma "<strong>do</strong>utrina reinante" abalizada. Com efeito, enquantonós procuramos informações mais precisas sobre quais das funções psíquicaselementares e em que encadeamento as funções <strong>do</strong> imaginar, <strong>do</strong> julgar, <strong>do</strong> sentire <strong>do</strong> desejar se relacionam entre si. ainda se continua a discutir, no âmbito da psicologiaespecializada, sobre a questão, absolutamente básica, de se todas essas funções- e quais delas - devem ser distinguidas umas das outras como funçõesautônomas. Um moderno Compêndio de Psicologia ~- e talvez justamente um "Compêndio"tipo manual de instrução, que tem por objetivo fornecer uma "exposiçãoglobal <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> atual", de tipo geral e facilmente compreensível, da disciplina pertinente,constitua no caso uma fonte de informação ainda mais instrutiva <strong>do</strong> que aspróprias monografias de pesquisa - diz-nos que, no tocante à questão de se o desejose deve entender apenas como uma forma determinada <strong>do</strong> sentir, "os psicólogosde hoje não concordam entre si. como não concordam a respeito da distinçãoentre imaginar e julgar; e h.á um número notável de tentativas no senti<strong>do</strong> de reduzir,mediante alguma análise, o desejo a simples elementos <strong>do</strong> sentimento ou até daimaginação". E como defensores de tais teses estranhas citam-se nomes como Wundt,Franz Brentano, Ehrenfels, Kuelpe e Ebbinghaus. 1B Além disso, no tocante ao fenômenoda "intensidade", que desempenha um papel tão relevante em toda a teoria<strong>do</strong> valor, tanto <strong>do</strong> ponto de vista econômico quanto psicológico, além de opiniõesque em toda linha relacionam da maneira mais íntima a grandeza <strong>do</strong> valor com intensidade<strong>do</strong> sentimento e até com diferenças entre intensidades de sentimentos, deparamoscom opiniões que só atribuem intensidade a uma parte <strong>do</strong>s sentimentos quefundamentam o valor, opiniões que simplesmente negam gualquer intensidade 19ao desejo, bem como ao "amor e ódio" e finalmente também opíniões que atribuempode:- C_of ane:=ra n~: ~:da cc:-::-.;:ocas:~:de dê :,um te::: ..vaçãc =­se até ::jmoti .. : ::Jnos é:='Jserva:- ::.1a co;s:::: (te abe:-:::::está9: :::mas ê:".:ejos, a::~-:simples:-:­aind:: :-::-.icerta:-:-.~conté:-::-..tudios: ::tre o ;:,'::5próv:::·ção. r::sE-.. c.també:-::­plexô.s :",sar u:-:"::Econc:-::­um m::-:­discu::::~:trina ::::::juízos ;:O'.:Refiro-:-:[:'.:2 ~queSl?':: ::que (;:os:recUSê~-::ra <strong>do</strong>:: "adeq'G::::tos fu:_~med:c"õcanse c _prese r .:e:\:: ::18 WITASEK. Grund/inien der Psychologie. C0010 v. 115 da Biblioteca FiI(Jsófico. L.eipzig. 1908. p. 8019 BRENTANO. Franz. sesun<strong>do</strong> EHRENFELS Werttheorie. L p. 274 e 11. p. 2212(i UR~":"2] \\':~.":'.: =-~22 Vê'i._:


:". ~:: resolvi<strong>do</strong>ê ::: ::onômica,!:" '".: 3. científicat:::: 5 <strong>do</strong>s pes­~ :JS psicólof~:-.::osfatos,f"" 5e !1tar parat2- :::meno <strong>do</strong>.:-5:;a ancorá­;:::0. de queiê:::3. pela opi­:..:-_ros. Quais­E:-=~os dessa:,;: 553. interme­:5 ::a Econoé·;-.:as,consi­;.=: ..:rso fizemos~:5 ;:elas quais.:. 2m debate,.:-:-:: -<strong>do</strong>utrina2r: Dara fina­::::~ente que::-:- efeito, en­-::es psíqui­J;3.r. <strong>do</strong> sentir:::: ::ia psico­L:: 5 essas fune:-:-')funções--2.1m "Com­::: '"2xposição~::;;i:na perti­:'. ::::10 que asc :e se o de·:- -::S psicólo­; :3. distinção:: :e reduzir,::: ')u até da:: --:-.0 Wundt,'::::lte ao fe­-. :::da a teo­::-. :e opiniões" ::.J:" com in­::--:-.entos, de­::::-:-.entos que:" :2:-:sidade 19c _" atribuemEXCURSO XI 189poder de determinar as grandezas <strong>do</strong> valor a certas "formas de afetividade" (jormsof affectivity), sem levar absolutamente em conta sua própria intensidade. 20 Isso paranão falarmos das intermináveis divergências de opinião a respeito <strong>do</strong> problemada comensurabilidade das intensidades <strong>do</strong> sentimento, já mencionadas em outraocasião! E enquanto o supracita<strong>do</strong> compêndio dedica 217 páginas à primeira metadeda parte especial - A Psicologia da Vida Intelectual -, só consegue dedicarum total de 51 páginas à segunda "metade" - A Psicologia da Vida Sentimental-, à qual cabe tratar <strong>do</strong>s sentimentos e desejos, incluin<strong>do</strong> a <strong>do</strong>utrina sobre a motivação.Eis como o autor justifica esta "desproporção": a pesquisa científica dedicouseaté agora à vida intelectual em medida muito maior <strong>do</strong> que à vida sentimental,motivo pelo qual é natural que neste campo se disponha de resulta<strong>do</strong>s muito menosacaba<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que naquele; além disso, porém, o autor sente-se obriga<strong>do</strong> a observarque mesmo naquele reduzi<strong>do</strong> número de páginas terá que <strong>do</strong>minar "a referênciaa coisas que hoje ainda constituem problema, bem como outras questões totalmenteabertas". Particularmente quanto à <strong>do</strong>utrina sobre o sentimento, afirma que, "noestágio atual da Psicologia, não se deve falar propriamente da teoria <strong>do</strong> sentimento,mas antes de várias teorias <strong>do</strong> sentimento"; no que concerne à Psicologia <strong>do</strong>s desejos,afirma que, "na medida em que ela pretende oferecer resulta<strong>do</strong>s seguros ousimplesmente apresentar rigoroso caráter científico, ela está hoje em seus inícios,ainda mais que a Psicologia <strong>do</strong>s sentimentos".21 O mesmo Compêndio - o quecertamente não causa estranheza, se atendermos ao que acima foi exposto - nãocontém uma linha sequer sobre aqueles problemas especiais com que depara o estudiosode Economia Política que, como eu, tem de elaborar a relação existente entreo presente e o futuro na Economia. Em tais circunstâncias, lançar mão <strong>do</strong>s recursospróprios, mesmo que isso seja recurso de diletante, na verdade não é uma usurpação,mas uma necessidade!Evidentemente, já tive oportunidade de observar várias vezes, de passagem, quetambém os estudiosos de Economia Política que abordaram essas questões complexasnem sempre demonstraram mão habili<strong>do</strong>sa. Entretanto, talvez deva dispensaruma referência mais <strong>do</strong> que simplesmente ocasional a um pesquisa<strong>do</strong>r deEconomia Política altamente conceitua<strong>do</strong>, que só bem recentemente, portanto emum momento em que já pôde dispor da visão completa da literatura produzida peladiscussão levada a efeito até agora, apareceu em plena forma como teórico da <strong>do</strong>utrinasobre as necessidades, e que nesse contexto não deixou de tomar posição, comjuízos expressos com muita autoridade, também sobre os problemas aqui debati<strong>do</strong>s.Refiro-me a Lujo Brentano.Infelizmente, sou obriga<strong>do</strong> a considerar justamente a intervenção dele nessasquestões, muito mais como causa<strong>do</strong>ra de confusão <strong>do</strong> que tomo benéfica. Pensoque desde o ínicio Brentano não conseguiu encontrar o caminho da clareza porrecusar-se a fazer uma distinção que dificilmente se pode dispensar, a distinção clara<strong>do</strong>s fatos com os quais temos de lidar nesses problemas. Ele considera "nãoadequa<strong>do</strong>"distinguir entre necessidades presentes e futuras, porque mesmo eventosfuturos "produzem determina<strong>do</strong> desejo e um agir a ele correspondente só namedida em que despertam sentimentos de desprazer e de prazer no presente", econseqüentemente "também sofrimento e alegria futuros provêm de necessidadespresen tes". 22Não quero dizer se sobretu<strong>do</strong> o primeiro desses <strong>do</strong>is princípios, que constitui'" URBAN. Va!uation, Its Nature and Laws, p 120 et seqs." WITASEK. Op. cit, p. 315 et seqs.. 343·34922 Versuch einer Theorie der Beduerfnlsse. Munique. 1908. p 9.


~9D TEORIA POSITIVA DO CAPITALpess: c.o ponto de partida para to<strong>do</strong> o resto, é realmente tão indubitável quanto supõe Bren­ras: 2õ:itano, pois já acima tomamos conhecimento de fatos que levam a duvidar. 23 Toda­mas '_:;via, mesmo que o referi<strong>do</strong> princípio fosse realmente de to<strong>do</strong> indubitável, é evidente lida:::'2 :::que aquilo que denomino necessidade futura, por exemplo a necessidade de ali­de e ::'5mentação para o dia de amanhã, é um fenômeno psíquico totalmente diferente da­ algL.2 :-::quela "necessidade presente" que Brentano se permite derivar desta última e afirma<strong>do</strong> 12',3ser uma "necessidade" presente "de prover ao futuro".24 O fato de se falar <strong>do</strong> segun­a ne:25<strong>do</strong> desses <strong>do</strong>is fenômenos na teoria das necessidades não isenta de maneira algu­ da :":2:.ma da necessidade de tomar conhecimento também da existência da primeira;25 e tenr.:: .:sobretu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> o ponto que propriamente interessa no problema consiste justoa pI"::-:em explicar de que maneira necessidades futuras se transformam em "presentes",mes:":-.:respectivamente como podem despertar motivações presentes a seu próprio favor,em ~"'.~é uma má preparação para uma investigação clara desse tema simplesmente'eliminarcomo "não-adequada" a distinção entre necessidades presentes e futuras.o fo~:::.~Na verdade, também no próprio Brentano a natureza das coisas acaba demons­ sidac:", 5tran<strong>do</strong> ser mais forte <strong>do</strong> que o propósito um tanto teimoso <strong>do</strong> sistematiza<strong>do</strong>r, e quan<strong>do</strong> tes- ':: ~ele em determinada ocasião é leva<strong>do</strong> pelo contexto a expor descritivamente o que des5ê ;,entende propriamente ao falar de "prover ao futuro", a categoria rejeitada das "ne­ das :-.2:cessidades futuras" se introduz involuntariamente também em sua própria exposi­esta!' '::->ção,26 Contu<strong>do</strong>, é só excepcionalmente, como que contra a vontade e por engano zerO. ê· _que lhe escapa essa expressão clara e precisa. Normalmente a substitui, por princí­ mime ~ipio, pela expressão vaga e confusa de uma provisão "para o futuro':..- com a qual,um 52'"porém, <strong>do</strong> ponto de vista <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>, só pode querer denominar as necessidades come 5-


~-,:,,~, .. ;.r"~=:- __:,-:";,,__EXCURSO XI 191s ~:Jõe Bren­.-.:~r.23 Toda­_ é evidente,:::::3e de ali­:::erente dat~.ae afirmaa: :io segunr.3~eiraalgu­;:~meira;2s e: ~siste justo~_ -:Jresentes",)~::prio favor,;:-:-~!1te elimi­::.:turas.0:3 demonsr.e quan<strong>do</strong>r..~!1te o que:::a das "ne­;::-:a exposi­~ ;: ·:::,r engano[: ;:lor princí­:::::n a qual,~,:; :::essidades:,:;:::essidadesI ~ de mo<strong>do</strong>~ra<strong>do</strong>ras de; .,:·;adas emE~. aos maisfuturas,~;§.o~s::iades dea:-~ralmente,n"r-.:ano tem:. ::.mção daoê. "õo é nelc:::ede proa:=.logaessa~a:::es objetit::.uma vez",::ar a pos­.::-euiamenc:~lturo, os:':3: de uma=-::: -:ão "existi­:--.,:-:: e alegria_~::.-- ~,;"-',timentos.:: _- 2"-'.:a. e tam_: ::r., p. 31pessoa, a ser provida, contêm elas mesmas, em sua maior parte, necessidades futuras;estas não estão fora <strong>do</strong>s quadros de necessidades objetivas como algo estranho,mas justamente dentro deles, por serem seu conteú<strong>do</strong> principal. No entanto, a rivalidadeque Brentano estabelece entre a presumida espécie sui generis de necessidadee as demais espécies de necessidades objetivas lembra fortemente um duelo quealguém travaria consigo mesmo. Por isso, não é de admirar que Brentano tenha si<strong>do</strong>leva<strong>do</strong>, com essa rivalidade tão bizarra, a afirmações estranhas como esta: quea necessidade de "prover ao futuro" é colocada, pela maioria das pessoas, depoisda necessidade de divertir-se (!) e antes da necessidade de cura (1),27 e depois setenha visto obriga<strong>do</strong> a salientar, como se fosse uma peculiaridade digna de nota,a prioridade, muito compreensível, que as necessidades futuras conseguem co'nquistar,mesmo fora dessa hierarquia maravilhosa, prioridade que, segun<strong>do</strong> ele, ocorre mesmoem relação a outras espécies de necessidades, hierarquicamente mais importantes. 28Merece, além disso, observar-se que a concepção e a terminologia de Brentanoo forçam a entender até a simples garantia ou cobertura para a satisfação de necessidadescomo uma satisfação efetiva de necessidades. Pois as "necessidades presentes"por ele arquitetadas reduzem-se apenas a um "prover", um garantir: a ocorrênciadessa garantia já constitui, portanto, o cumprimento pleno <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> das referidasnecessidades, o "prazer" que representa sua satisfação. 29 A simples "garantia deestar protegi<strong>do</strong> contra a ameaça de uma carência no futuro" já proporciona "prazer",30a simples perspectiva <strong>do</strong> preso de ser liberta<strong>do</strong> dentro de dez anos, <strong>do</strong> famintoque aguarda um alimento que lhe foi prometi<strong>do</strong> para amanhã, lhes proporcionaum sentimento de prazer no presente, que, segun<strong>do</strong> Brentano, se deve entendercomo sen<strong>do</strong> o respectivo ato adequa<strong>do</strong> de satisfazer as correspondentes necessidadesde provimento. Naturalmente, sua consideração exige além disso também a verdadeirasatisfação das respectivas necessidades futuras propriamente ditas - às quais,evidentemente, Brentano não quer dar essa denominação. Faz menção delas soba denominação de ocorrência "rear' e próxima "<strong>do</strong> prazer",31 expressão esta na qualtalvez soe involuntariamente a sensação de que o que merece o predica<strong>do</strong> de prazer"real" não é a "satisfação" da "necessidade de garantir", mas somente a satisfaçãoda n~cessidade real propriamente dita.E também com essa concepção e essa terminologia que Brentano aborda o problemaque nos ocupa. Pergunta pela "medida de bem-estar" que é "proporcionadapela satisfação das necessidades". Ela depende obviamente de <strong>do</strong>is fatores: da "força"(ou intensidade) com a qual é senti<strong>do</strong> o bem-estar e de sua duração. Comomotivo determinante da intensidade da sensação de prazer, Brentano registra a "proximidade<strong>do</strong> prazer no tempo", expressan<strong>do</strong>-se nos seguintes termos: "E importantesaber, para a intensidade das sensações de prazer, se eles ocorrem no presente ouSe há que esperá-las somente no futuro?"32Nesse contexto Brentano confunde até gramaticalmente os <strong>do</strong>is fenômenos <strong>do</strong>27 Op. cit., p. 30: "6. Depois da necessídade de divertir-se. no caso da maioria das pessoas. vem. em ordem de urgência.a necessidade de prouer ao futuro..." "7. A necessidade de cura, embora de certo mo<strong>do</strong> seja um complemento da necessida­de absoluta de sobreviver, não obstante é muito menos sentida <strong>do</strong> que todas as necessidades anteriormente citadas" (p.31). Ver também v.1. <strong>Teoria</strong> PosillUa. p 162, nota 1428 "Ela leva então" (isto é, quan<strong>do</strong> aumenta a cultura e a possibilidade de prever necessidades futuras e de a<strong>do</strong>tar medidaspara satisfazê-Ias) "não somente a limitar o gasto para satisfazer a necessidade de diversão, mas também a limitar o gastopara ganhar a subsistência. impon<strong>do</strong>-se também como freio ao <strong>do</strong>mínio cego <strong>do</strong> instinto sexual"' Op, cit., p. 31.29 Cf. também a definição de satisfação de necessidade feita por Brentano na p. 4: "Denomina-se necessidade to<strong>do</strong> senti­mento de desprazer. assocía<strong>do</strong> ao desejo de eliminá-lo. elimínan<strong>do</strong> a carência que o produz; e a eliminação da carênciaé denominada satisfação da necessidade. fruição, prazer"lO Op. cit, p. 10.11 P 36.12 Op. cito p. 35 É meu o itálico na palavrinha "elas"


192 TEORIA POSITIVA DO CAPITALprazer: o <strong>do</strong> presente e o <strong>do</strong> futuro. Não observa que seu princípio condutor só temsenti<strong>do</strong> se as sensações de prazer <strong>do</strong> início da frase forem sensações de prazer absolutamentepresentes e as <strong>do</strong> fim da frase não forem "elas" - como afirma erroneamenteBrentano -, mas outras sensações de prazer, que pertencem ao futuro. Comefeito, se Brentano já no início da frase realmente estivesse pensan<strong>do</strong> nas mesmassensações de prazer que "há que esperar somente no futuro", sua frase levaria à monstruosidadede afirmar que as sensações de prazer ocorrentes no futuro sofrem umadiminuição em relação a sua própria intensidade, que são menos intensas <strong>do</strong> queelas mesmas - o que Brentano obviamente não pode haver tenciona<strong>do</strong> afirmar;o que ele tenciona afirmar é manifestamente bem outra coisa, a saber, que certassensações de prazer presentes, na suposição de Brentano produzidas antecipadamente,têm uma intensidade menor <strong>do</strong> que aquelas outras sensações, futuras, pelÇlsquai~ são produzidas.E possível que no caso se trate apenas de uma falta fatal de habilidade estilística,incorrida casualmente por um autor que normalmente é tão versa<strong>do</strong> na forma.Entretanto, dificilmente a pena se teria deixa<strong>do</strong> levar com tanta facilidade ao errose também na cabeça não tivesse havi<strong>do</strong> certa confusão, se Brentano não estivesseexcessivamente propenso a supor que as necessidades presentes sentidas antecipadamenterepresentam plenamente as necessidades presentes e as substituem e sobretu<strong>do</strong>se, nessa sua opinião preconcebida, não tivesse atribuí<strong>do</strong> às necessidadespresentes, que representam as futuras, ainda certas outras propriedades, em virtudedas quais elas se tornaram, para ele, muito mais semelhantes aos senti<strong>do</strong>s futurospor elas representa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que o são na realidade; semelhança que facilitou a confusãoentre uns e outros, por parte <strong>do</strong> autor. Numa palavra, a pena de Brentanodificilmente se teria deixa<strong>do</strong> levar tão facilmente ao erro se o autor não tivesse transforma<strong>do</strong>erroneamente as necessidades presentes, sentidas antecipadamente, emsósias das necessidades futuras, também no tocante à intensidade atribuída às primeiras.É nesse ponto que interfere novamente aquele pressuposto tão simplório e contrárioa toda a experiência, que foi uma vez expresso por Jevons e por Sax, queo enunciaram sem autocontrole e sem serem adverti<strong>do</strong>s criticamente por outros;é, porém, estranho que Brentano o repita hoje, com a mesma segurança ingênua,depois de feita a citada advertência crítica: ele atribuiu às necessidades presentespor ele arquitetadas basicamente a mesma intensidade de sensação presente quetêm as necessidades futuras que as prevêem, apenas com uma diferença percentualpro rata tempo ris. Em outras palavras, Brentano postula a existência de intensidadesde sentimentos presentes, que teriam toda 'a força de motivação que cabe aosrespectivos sentimentos futuros.Que tal suposição faria com que nossa vida econômica diária, no que tangea prover às necessidades <strong>do</strong> futuro, fosse povoada de um sem-número de sentimentosde prazer e de desprazer os mais intensos - <strong>do</strong>s quais, alías, feliz ou infelizmente,na realidade não percebemos nenhum traço -, já o observei acima (p. 179)em relação a Sax, de forma bem genérica. Em se tratan<strong>do</strong>, porém, da formulaçãoespecífica de Brentano, há algo mais a objetar.Brentano dá-nos a seguinte orientação: "To<strong>do</strong> aquele que guarda um bem, emlugar de desfrutar dele no presente, mostra com isso que a antecipação de um prazera ser espera<strong>do</strong> no futuro, ou o afastamento de uma desvantagem futura, lheproporciona um prazer presente maior <strong>do</strong> que se desfrutasse <strong>do</strong> bem no presente'~33Reflitamos um pouco sobre isso. Imaginemos um milionário em marcos, que3:·)' P 9 et seqs. Os itállcos são meus.adminisr:-~ (000 mare:>senquanto :Jtano, essa. :digna de :-.::Jse bem: S2'Smenta nc :i<strong>do</strong>s, no vasível e plc~5por si sóáserem reS2C'o milioná:-: Jcos, um;:::3consegu:~ Sómilhão.'""' =so opost::: ;nunciar. :-.:::apreciadc 3.recursos::: : 1falta -. ::;,que a te::::=,presente: ::guel lhe ::~:prios pra.z2~o dinheirc ~ainda ma::::lmendigo 3:a renúnc:c õaos qua:3 S


EXCURSO XI 193:: - ::.ltor só tem, : -= ;Jrazer abso­, =':-.r:-:-:a erronea­: ::: '·.lturo. Com::: :-'.as mesmas€ .-=:·.3.na à monst_r: ",ofrem uma.-:-=:-'.",as <strong>do</strong> quec ::-'. 3.<strong>do</strong> afirmar:;.õ::",r. que certas::::'" antecipada­€ õ '~turas, pelast: ~ ::::ade estilísti­::-",::::8 na forma.::::~::ade ao erroc:: -.ão estivesseE-:::as antecipaõ_:õ:'tueme so­~õ :-.ecessidades':::,:;õ. em virtude:;'''':-.:'<strong>do</strong>s futuros'" '::::litou a con­"-:: :::e Brentano:-':::: :\'esse trans­::-'::.:amente, em':' :r:~uída às pri­! õ:-:-.:Jlório e con­; '" :J'or Sax, que[",-:':; por outros;~":':::lça ingênua,'.::.:es presentes;~: :Jresente que~"':-.ça percentualé:::: :ie intensida­.'::: :ue cabe aos:: :lO que tange.:" --:-.ero de senti­.õ :eliz ou infeliz­,: ::::'ma (p. 179). ::a formulação~:::: um bem, em::;ão de um pra­=;2:TI futura, lhe:-="Y] no presen­-=:-:-: marcos, queadministra com competência, que eufere de seu milhão uma renda anual de 40000 marcos e se contenta em consumir cada ano essa renda em prazer presente,enquanto o principal de 1 milhão é por ele "guarda<strong>do</strong>" para o futuro. Segun<strong>do</strong> Brentano,essa abstenção no tocante ao prazer presente tem a seguinte conseqüênciadigna de nota: ela não só não reduz esse prazer presente, mas até o aumenta. Notesebem: segun<strong>do</strong> a construção de Brentano, o que aumenta, por efeito <strong>do</strong> adiamentono tempo, não é o prazer global, que pode ser auferi<strong>do</strong> desses bens soma<strong>do</strong>s,no presente e no futuro conjuntamente - o que seria perfeitamente compreensívele plausível -, mas apenas a parte <strong>do</strong> prazer <strong>do</strong>s bens desfrutada no presente,por si só já aumenta pelo fato de se subtraírem bens de consumo ao presente eserem reserva<strong>do</strong>s para o futuro. Com efeito, Brentano explica-nos textualmente queo milionário já no presente aufere <strong>do</strong> "guardar", <strong>do</strong> não-consumir o milhão de marcos,um prazer que é ainda maior que to<strong>do</strong>s os prazeres presentes que teria podi<strong>do</strong>conseguir se consumisse imediatamente para seu prazer toda a importância de 1milhão. 34 E agora completamos o quadro, lançan<strong>do</strong> um olhar também para o casooposto, para o pobre coita<strong>do</strong> que está a definhar de fome, que é obriga<strong>do</strong> a renunciar,no presente, aos prazeres, ardentissimamente deseja<strong>do</strong>s e por ele altamenteaprecia<strong>do</strong>s, e a deixar de satisfazer suas necessidades porque tem de guardar osrecursos com os quais poderia conceder-se esses prazeres - <strong>do</strong>s quais sente muitafalta -, digamos para pagar o aluguel de moradia <strong>do</strong> próximo trimestre. Aconteceque a teoria de Brentano garante também a ele os mais abundantes prazeres nopresente: com efeito, também o "guardar" o montante necessário para pagar o aluguellheproporciona prazeres no presente, que são ainda maiores <strong>do</strong> que os própriosprazeres ardentissimamente deseja<strong>do</strong>s de que teria podi<strong>do</strong> desfrutar gastan<strong>do</strong>o dinheiro que guar<strong>do</strong>u! O definhar, já no presente que o provoca, proporciona prazerainda maior <strong>do</strong> que o saciar a fome! Portanto, trate-se de um milionário ou de ummendigo, simplesmente não se consegue ficar priva<strong>do</strong> de prazer no presente, poisa renúncia sempre proporciona ao presente prazeres ainda maiores <strong>do</strong> que aquelesaos quais se tentou renunciar!Infelizmente, isto é apenas construção teórica de Brentano, e não realidade empírica.Aliás, uma construção teórica que, como é fácil convencer-se, <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong>sprazeres calcula com dupla escrita. Normalmente - e acredito que com bons motivos- costuma-se entender as coisas assim: no uso <strong>do</strong>s bens tem-se a opção entredesfrutar, com eles, um prazer presente ou um prazer futuro, mas a decisão é tomadacom base na grandeza que se atribui ao prazer - sem querermos negar to<strong>do</strong>sos tipos de erros e equívocos que justamente nessa espécie de escolha interferemcom tanta facilidade, freqüência e intensidade. Aliás, em caso de necessidade, a decisãoé simples: basta que o balanço <strong>do</strong> prazer, no caso de uso alternativo, seja apenasum pouco (apenas o perceptível) mais favorável <strong>do</strong> que no caso <strong>do</strong> outro usoalternativo, para se optar pelo uso que, no global, proporciona maior prazer. Entretanto,Brentano permite optar pelo uso em favor <strong>do</strong> futuro apenas em condiçõesnas quais o prazer total derivante para ele for necessariamente mais que duas vezesmaior <strong>do</strong> que o prazer derivante da satisfação de uma necessidade presente, a serpor ele sobrepujada. Pois pressupõe que já o prazer presente, proveniente da satisfaçãoda necessidade presente de prover, é maior <strong>do</strong> que o prazer que se teria podi<strong>do</strong>conseguir consumin<strong>do</strong> o bem no presente e além disso acresce naturalmenteainda o prazer "real" a ser consegui<strong>do</strong> a seu tempo, o qual, por sua vez (de acor<strong>do</strong>:14 Cf. também a passagem paralela na nota à [J, lO, plenamente concordante 100 marcos capitalll..a<strong>do</strong>s por alguém "lheproporcionam no presente um prazer maior <strong>do</strong> que se os empregasse para atender às necessidades citadas em primeirolugar (de alimentação, vestuário, moradIa, lazer diversão)"


19-+ TEORIA POSITIVA DO CAPITALcom a p. 35 et seqs.), também tem de ser maior <strong>do</strong> que o antecipa<strong>do</strong>, com umdesconto pro rata temporis de prazer <strong>do</strong> prover dele deriva<strong>do</strong>. Por conseguinte, emBrentano a motivação em favor <strong>do</strong> ato de prover pressupõe que de seu la<strong>do</strong> há<strong>do</strong>is prazeres, <strong>do</strong>s quais cada um por si só já é maior <strong>do</strong> que aquele prazer presenteao qual serão preferi<strong>do</strong>s. Onde será que Brentano - que entrou na pesquisa dateoria das necessidades com a bandeira de um "pesquisa<strong>do</strong>r realista" (p. 3) - descobriuou vivenciou os fatos que teriam podi<strong>do</strong> fornecer-lhe o fundamento para todasessas afirmações e construções?Receio que o desenvolvimento desse setor da teoria dificilmente consiga encontrarnas idéias de Brentano um ponto de partida para dar proseguimento a umainvestigação fecunda; pelo contrário, o melhor a fazer é considerar a abordagemdele como uma página de erro - aliás, erro bastante póstumo. O melhor é simplesmentevirar essa página.Relação (de Bens J{Para as p'~..A ·-co-­<strong>do</strong>s mé:= :.'- aliás. = ~e gerar.-: _~conseq-:';~-:o conju:-::coincice e~teorias :::::: ;pouco cce1pital; a!L:explícitc =_que o e:-;Até me;;:-.(interpre::::;;com "v=:­juro <strong>do</strong> c:::;nômicc· ==ção ao ~


::::J. com um:-_~2guinte, em:'" ~eu la<strong>do</strong> há: ~::z€r presente~:: ;Jesquisa da• := 3) - des­C-2:1to para to­::2 :onsiga en­_.:-:-:ento a uma:: abordagem!--""Jf é simples-EXCURSO XIIRelação da "Terceira Causa" da Superioridade de Valorde Bens Presentes com os Dois Primeiros Motivos(Para as p. 283 et seqs.)A "terceira causa" por mim aduzida pretende provar que a produtividade maior<strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produção indiretos que levam tempo constitui um motivo parcial- aliás, o mais poderoso entre várias causas parciais que cooperam no mesmo senti<strong>do</strong>e geram uma superioridade de valor <strong>do</strong>s bens presentes em relação aos futuros e.conseqüentemente. o fenômeno <strong>do</strong> juro <strong>do</strong> capital. Como expus repetidas vezes,o conjunto original de fatos ao qual me reporto ao deduzir esta minha terceira causacoincide em conteú<strong>do</strong> com os mesmos fatos nos quais as outroras tão difundidasteorias da produtividade, evidentemente dan<strong>do</strong> a esses fatos uma interpretação umpouco diferente, baseavam, com exclusividade absoluta, a explicação <strong>do</strong> juro <strong>do</strong> capital;aliás, o reconhecimento <strong>do</strong>s referi<strong>do</strong>s fatos constitui também um pressuposto,explícito ou implícito, das teorias rivais <strong>do</strong> uso e da abstinência: 1 trata-se <strong>do</strong> fato deque o emprego ou a utilização de capital acarreta resulta<strong>do</strong>s produtivos maiores.Até mesmo na teoria socialista <strong>do</strong> juro - evidentemente, dan<strong>do</strong> também ela umainterpretação diferente <strong>do</strong>s fatos -, a produtividade maior da produção que operacom "produtos intermediários" desempenha determina<strong>do</strong> papel na explicação <strong>do</strong>juro <strong>do</strong> capital, na medida em que, segun<strong>do</strong> Rodbertus, a primeira condição "econômica"para que haja renda reside numa produtividade maiàr <strong>do</strong> trabalho em relaçãoao mínimo indispensável para a manuntenção <strong>do</strong> próprio trabalha<strong>do</strong>r, sen<strong>do</strong>que esse aumento da produtividade <strong>do</strong> trabalho deve ser atribuí<strong>do</strong>, entre outros fatores,ao emprego de méto<strong>do</strong>s de produção melhores e de instrumentos mais aperfeiçoa<strong>do</strong>s,por conseguinte às vantagens técnicas <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de produção "capitalista",entenden<strong>do</strong>-se a palavra nesse senti<strong>do</strong>. 2 Assim sen<strong>do</strong>, e da<strong>do</strong> o notório nexo ­palpável na vida prática - que existe entre o grau de produtividade <strong>do</strong> capital eo montante da renda necessária para a utilização <strong>do</strong> mesmo, certamente não hánada de admirar que também minha teoria <strong>do</strong> juro atribua aos cita<strong>do</strong>s fatos um lugarpróprio e eminente na explicação <strong>do</strong> fenômeno <strong>do</strong> juro; pelo contrário, muitoVer a productlUeness and prospectlUeness <strong>do</strong> capitaL de MarshL'l111'RODBERTU5 50zio!e Fragen. p. 77 el seqs, Das Kapilo/ p 2:,6 el seqs195


',,"196 TEORIA POSITIVA DO CAPITALmais estranho seria - e, digamos, para a maioria <strong>do</strong>s autores isso teria si<strong>do</strong> at~impensável - uma teoria <strong>do</strong> juro excluir totalmente a produtividade maior <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>sde produção capitalista <strong>do</strong> rol <strong>do</strong>s fatores que dão origem ao juro. 3Ocorre, porém, que a teoria <strong>do</strong> capital é rica em surpresas; uma das mais estranhase ao mesmo tempo mais interessantes é que, nos últimos anos, vários pesquisa<strong>do</strong>resrenoma<strong>do</strong>s, e que se distinguem justamente pela perspicácia teórica, têmdirigi<strong>do</strong> sua crítica precisamente contra esta parte de minha explicação <strong>do</strong>s juros.lrving Fisher e Bortkiewicz concordam em negar qualquer justificativa à existênciade minha "terceira causa", Sem negar os fatos aos quais me refiro,4 Bortkiewicz acreditadever negar "que esse fato possa contribuir para a explicação <strong>do</strong> juro <strong>do</strong> capital";5Fisher, por sua vez, afirma que a superioridade de valor <strong>do</strong>s bens presentesem relação aos futuros, por mim demonstrada - e com razão, quanto ao resulta<strong>do</strong>-, "não tem absolutamente nada a ver com o pressuposto da produtividade maior<strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produção indiretos mais longos".6 Conseqüentemente, os <strong>do</strong>is autoresexcluem totalmente a maior produtividade <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produção capitalista<strong>do</strong> rol <strong>do</strong>s fatores que dão origem ao juro <strong>do</strong> capital e ambos se empenhamem demonstrar que só um erro de raciocínio pode ter-me leva<strong>do</strong> a atribuir a essefato da técnica da produção um lugar na mencionada lista de fatores; na verdade,segun<strong>do</strong> eles, aquilo que em minhas argumentações atribuo à "terceira causa" comosen<strong>do</strong> seu efeito específico em favor da superioridade de valor <strong>do</strong>s bens presentes,seria sempre apenas um efeito <strong>do</strong> primeiro ou <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> motivo por mimaduzi<strong>do</strong>s.O fato de nessas objeções não se haver questiona<strong>do</strong> a verdade ou inverdade<strong>do</strong>s fatos, mas sim o acerto ou não de mo<strong>do</strong>s de argumentar, imprimiu a toda apolêmica um cunho especial. Ela se tornou inusitadamente abstrata e inusitadamentedifícil. Tal como ela se desenvolveu, considero-a talvez como o mais penoso episódioem nossa caminhada, já em si mesma tão trabalhosa. Em parte isso se deveuao próprio assunto. Discussões sobre o acerto formal no raciocinar, conduzidas numterreno que apresenta, como se sabe, a maior complexidade de conteú<strong>do</strong>: eis umasituação capaz de pôr à prova, de antemão, qualquer espécie de perspicácia polêmicae até mesmo de sutileza polêmica, Mas também os que participaram desta controvérsiafizeram sua parte. Não sei se toda esta polêmica teria si<strong>do</strong> possível semcerto prazer em fazer dialética artificial e em recorrer a para<strong>do</strong>xos sutis; de qualquerforma, essas características estiveram tão presentes nesta polêmica que um de meusopositores não consegue esconder ele mesmo a impressão de que será acusa<strong>do</strong>de estar lutan<strong>do</strong> com "razões escolásticas",? embora ele pessoalmente acredite nãoestar fazen<strong>do</strong> outra coisa senão colocar "escolástica contra escolástica".Deixo aos leitores a tarefa de emitir mais adiante um juízo sobre isso. Mas deantemão creio poder permitir-me uma observação. Acredito que nenhum leitor, etambém nenhum de meus opositores, tem a mínima dúvida de que, se hoje de repenteo fato da produtividade maior <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produção capitalista deixassede ex


EXCURSO XII 197~2 :'~c si<strong>do</strong> atér~:':::)[ <strong>do</strong>s mé­:' '~..:.ro. 3~ mais estra­~~os pesquiê:eórica, têm;Z= <strong>do</strong>s juros.'ê à existênciar.::-;::ewicz acre­I ~·.lIo <strong>do</strong> capire:-,spresentesc ~o resulta<strong>do</strong>t-;:::iade maior[E os <strong>do</strong>is aul


198 TEORIA POSITIVA DO CAPITALsentar no mesmo momento quantidades de produto diferentes, sen<strong>do</strong> que o primeirosempre levará vantagem sobre o segun<strong>do</strong>, o segun<strong>do</strong> sobre o terceiro e assim por diante,Isso é exposto sistematicamente na <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong> <strong>do</strong> <strong>Capital</strong> como segue:QUADRO 1"Um mês de trabalho <strong>do</strong> ano de'- '"a\~ -o~ ~ o::l '""O '


EXCURSO XII 199. _~ = Drimeiro~" - ~or dian­::-0:..:: _c.s~2o.,.g"'=l'""l~:';:::2 O início,= =. :-:oelhor re­2-.:2 enigmáti­-: :..::ores. Em:-.2:cio para:


200 TEORIA POSITIVA DO CAPITAL­de um la<strong>do</strong>, °e, <strong>do</strong> outro, 500, Por conseguinte, o resulta<strong>do</strong> ao qual se chega dessatabela de'. 2forma seria um non liquet, pois nada se sabe sobre as relações de valor entre os bensque se i:-.=':de consumo distantes entre si no tempo,pregos p~='"Tem-se, porém, a liberdade de fazer as comparações de outra forma, isto é, descen­de procL,;;i<strong>do</strong> diagonalmente, Nesse caso se chega sempre a quantidades iguais de produto, que que pla:-. =:0porém ocorrem em tempos diferentes, A questão é se essas diferenças de tempo acarre­a vanta;e:'!tam alguma diferença para a medição <strong>do</strong> valor; é claro que a resposta a essa perguntalongos. =:'5depende de se reconhecer ou não os motivos que segun<strong>do</strong> B6hm-Bawerk geram umadiferença de valor entre bens de consumo presentes e futuros, Em outras palavras, sodestave;: 5sos me:cõ ;mos leva<strong>do</strong>s a recorrer aos <strong>do</strong>is primeiros motivos <strong>do</strong> juro <strong>do</strong> capitaL"Não há por que estranhar que assim seja, Pois os meios de produção, segun<strong>do</strong> aproblerr.ê' iteoria da utilidade marginal, recebem seu valor <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s bens de consumo para cuja .A 1.2Jfabricação servem; se, portanto, temos meios de produção disponíveis em tempos cjife­Bortkie\'.~::1rentes, é natural supor que só podem ocorrer diferenças de valor entre eles na medida afirmati\ :::-:em que os bens de consumo deles resultantes são fabrica<strong>do</strong>s em tempos diferentes, Se, missa 52:-=porém, for the sake of argument (para efeito de argumentação), eliminarmos o tempomia nac::-.como fator determinante <strong>do</strong> valor para os bens de consumo, esse elemento perde seu<strong>do</strong> estoc..:i:significa<strong>do</strong> como fator determinante <strong>do</strong> valor também para os bens de produção, Entendeproduçã'::se isso de imediato se efetuarmos a comparação entre as respectivas quantidades deproduto conforme acima, isto é, descen<strong>do</strong> em diagonais,e só en:~:2tocante ê j"Também é fácil convencer-se da mesma coisa se compararmos entre si números queestão cada vez na mesma horjzontaL Pois nesse caso os desvios para mais e os desvios ver a u!.. :para menos se equilibrariam, E exatamente com base nesse princípio que B6hm-Bawerk qual te!.. -;faz suas comparações, e ele só chega a um resulta<strong>do</strong> diferente porque, proceden<strong>do</strong> de indireto ~ :lforma arbitrária e inadequada para o problema, interrompe as séries de números a se­de proà..:;~rem comparadas entre si. Ele faz coincidir o ponto final <strong>do</strong>s mais longos dentre os perío­ <strong>do</strong> que :-.~<strong>do</strong>s de produção em questão, como ponto final <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de tempo abrangi<strong>do</strong> pelonão pOG2:1'plano econômico <strong>do</strong> produtor, sem indicar os motivos para isso",micos. :-:-:=.:emprego 2o ponto basilar em torno <strong>do</strong> qual tem de girar a argumentação e a contraadmiss:c2.argumentação é muito acertadamente caracteriza<strong>do</strong> nas palavras iniciais e nas palaafirma:c:. avras finais dessa longa exposição polêmica. Trata-se da justificativa e <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> daexemplc J"interrupçã9" das séries de números que são inseridas na comparação em forma1889) c::-::de tabela. E óbvio que não se pode continuar a comparação literalmente até o infisepode :1nito, pois em algum ponto haverá que interrompê-Ia. Também é evidente que parade vista :21a discussão ao nível <strong>do</strong>s princípios é totalmente indiferente o comprimento absolutoquantiGa ::tdas séries de números compara<strong>do</strong>s, e que per si "não importa em nada" interromcanteà C;~,per as séries com o 7?, o 8? ou o 20? ano; contu<strong>do</strong>, é certamente de importânciatocante a:decisiva - e até aqui Bortkiewicz ainda colocou o problema bem corretamentede temp:::saber se supomos que o último ano compara<strong>do</strong>, qualquer que seja o número absofatouma 5luto que ele apresentar, em relação a oytros pressupostos, ainda está dentro de deseriaPOõ"1termina<strong>do</strong> limite ou já está fora dele. E aqui que Bortkiewicz e eu divergimos.penden:.:::-:Bortkiewicz quer que o 7? ano, com o qual concluo minha comparação na tafavoráve:'?bela, seja também o limite máximo até o qual se pode continuar a fazer um prolon·ou de\'::':::gamento <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produção indiretos,17 e insiste em que a comparação namenor 02produto :~17 É manifesto que Bortkiewicz pensa aqui até numa impossibilidade física de um prolongamento maior <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de Em:-2:;produção indiretos, pois indica como produto atingível com produção de oito anos de duração a grandeza zero. Todavia,para nosso problema é importante apenas se como 7? ano já se atinge ou não o limite da produtividade maior de ulterioresneira ale..:;prolongamentos da produção, limite que em to<strong>do</strong> caso ainda ocorre antes de acontecer a impossibiiidade física. Natural­de proC:-:.. .;;mente, a imposição de Bortkiewicz, que vai mais longe, inclui a que vai menos longe. O próprio Bortkiewicz afirma issodade de.,numa passagem posterior - não mais contida na citação supra --, pois para to<strong>do</strong>s os perío<strong>do</strong>s de produção de duraçãosuperior a sete anos coloca como produto não zero, mas sempre 500 (que é igual ao produto de sete anos de duração.ção <strong>do</strong> :::::"a mais longa que ainda proporciona uma produtividade maior P 955), Contu<strong>do</strong>, para o nosso problema é indiferenteminha Ie~colocar zero ou 500; o essencial é supor ou não a ocorrência de um aumento <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s da produção ainda alémargume:-::::::<strong>do</strong> sétimo ano.


~~~~1~EXCURSO XII 201c '"'" chega dessa:'_':: 2:1tre os bens-= .,,:0 é, descen­; :~ ::roduto, que, :~ tempo acarre­2 =essa perguntaE:'., ~:~: geram umai--:=." ;:>alavras, so­2:..:::_;~:.segun<strong>do</strong> ac - ;_:DO para cuja= ~:-:. tempos dite­:-~ ~,2S na medida):5 :::'ferentes. Se,::-=':-:7\OS o tempo2-~:,to perde seur:.::: ..:;ão. Entende­~s :'-,antidades de:-~ s: :1úmeros que:-:, =.:s e os desvios:-_~ 3ühm-Bawerk~ ::~oceden<strong>do</strong> de:~ :;;J,meros a se­:5 :211tre os perío­~.: =.:rangi<strong>do</strong> pelo~':~::: e a contra­::~.=:s e nas palai


202 TEORIA POSITIVA DO CAPITALque se me apresentava - a saber, no pressuposto de que o estoque de bens presentesnão é suficiente para o aproveitamento exaustivo de to<strong>do</strong>s os prolongamentosde produção possíveis e que ainda permitem obter quantidade maior de produto.Já na primeira edição. para explicar a origem <strong>do</strong> ágio sobre bens presentes, recorriexpressamente a esta razão intermediária, a saber, esse efeito provém necessariamente<strong>do</strong> fato de a procura de bens presentes superar numericamente a oferta <strong>do</strong>smesmos; e a fundamentação que já na época dei para esse fato que se observaem cada economia nacional foi a seguinte:"A ofelia é (...), mesmo na nação mais rica, limitada pelo estoque de bens que nomomento compõem o patrimônio da nação. Ao contrário. a procura é praticamente ilimitada:no mínimo ela vai até o ponto em que, prolongan<strong>do</strong> o processo de produção,ainda é possível aumentar a quantidade de produto; ora, esse limite, mesmo na naçãomais rica, ainda ultrapassa de muito o estoque atualmente existente"18Pois bem: se assim é, que significa a eXlgencia, colocada por Bortkiewicz, deque eu efetue a comparação relativa ao valor, com base na suposição de que asdestinações produtivas das quais ainda derivam avaliações decisivas de nossos meiosde produção ultrapassam a zona da produtividade maior de méto<strong>do</strong>s de produçãoindiretos mais longos? Não significa outra coisa senão exigir de mim que comproveminha tese supon<strong>do</strong> premissas para as quais não a formulei; significa exigir de mimque primeiro exclua, pelas circunstâncias secundárias supostas, a atuação de umacausa aduzida por mim e, a seguir, que mesmo assim teste positivamente a sua ação;ou então, para falar diretamente, significa exigir de mim que investigue e comprovea influência da existência de oportunidades inexploradas para prolongamentos daprodução tecnicamente produtivos sobre a superioridade de valor de bens presentes,pressupon<strong>do</strong> que não existem mais oportunidades inexploradas desse gênero!!'!Conseqüentemente quan<strong>do</strong>, em minha pesquisa, me cabia verificar se a existênciade oportunidades ainda inexploradas para prolongamentos da produção tecnicamenteprodutivos pode e deve ter influência, e que influência, sobre a origem<strong>do</strong> juro, não só não procedi "arbitrariamente", nem "de maneira inadequada parao problema"; pelo contrário, fiz aquilo que a natureza <strong>do</strong> problema me impunha,introduzin<strong>do</strong> nas premissas o fator a ser verifica<strong>do</strong> e, em decorrência, "interrompen<strong>do</strong>"inevitavelmente minhas séries de números, ao supor que o limite da zona damaior produtividade não está aquém, mas além <strong>do</strong> ponto de interrupção. Efetivamente,o perío<strong>do</strong> de tempo para cujas necessidades dirigimos planejadamente nossapreocupação de prover - destinan<strong>do</strong> nossos meios de produção a sua satisfação- e cujas necessidades, portanto, podem exercer uma influência sobre as avalia-I,'"' 1 a edição. p 3S:i: 3 d ed. p 540 et seqs.: nesta ed . p .331 el )cqs Quanto a isso. vel aInda líllnhdS explicações eesclarecImentos postE:'nores. extremamente explícitos_ em minhas 'Stnltlgl' Fragefl" (sobretu<strong>do</strong> d p 25 et seqs, e 40 et seqs.)e agora também no Excurso 1. p, 19 et seqs'l) Aliás. Bortklí?U.... ICL vc.\tou postenormente mais uma vez a esse estranho postula<strong>do</strong> ml'to<strong>do</strong>lóg1co, Com efeito. quer exigIr.como "pedra de toque" para aferir se é correta Lima teona que vê no Juro <strong>do</strong> capItal não um "ganho extru passageiro".mas. como acontece com minha teoria. "um tipo de renda de existência permanente". que ela consiga comprovar-se também"quan<strong>do</strong> a duraçao <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>::. de produção é tecnicamente compulsória, dI:? sorte que não há possibilidade de escolhaentre méto<strong>do</strong>s diferentes" Op cit .. p 970 t?t st?qs Quanto ao resulta<strong>do</strong>. temos aqui novamente a seguinteo fato, por mim aduzi<strong>do</strong>. da diferença de produti\..'idade dE: méto<strong>do</strong>s de duração diferente, tem de comprovar que capazclt' dar origem ao JUro mesmo quan<strong>do</strong> o falo como tal simplesmente não existe. Já que só é tecnicamente possível umúniCO méto<strong>do</strong>. com uma única duração! Tenho, porém. a satisfação de acrescentar que essa afirmação posterior de Bortklf:!\,.I..il(2 é apresentada em conexão com sua opinião - que já conhecemos - de que o conhecimento simultâneo de vimosméto<strong>do</strong>s de produção de produtil.!idade dIferente contradiz à suposição de uma condição "estática" da sociedade. únicacondição que. segun<strong>do</strong> ele. pode dar origem a uma renda estática, partin<strong>do</strong>-se dessa premissa. realmente seria conseqüente colocar o referi<strong>do</strong> postula<strong>do</strong>: contu<strong>do</strong>. a premissa em si mesma certamente é falsa! (Ver supra, Excurso L p 23. nota 38)ções que:~da refer:c:'": ;longos E~mico feit: :dade qL:.2conscie:Y2 ~<strong>do</strong>s mes~:'remotas "2aumento =.longe, cc~replanta~_ -:senvolvir:-.2 .um sécu:::de duraç~:Nenhum :é":senvolV":r:-.2 :mento C2 :­Mas:: :de prod''':';~precisa 52: :nada zo:-.'":por umc -_de Bort;';:,:',;formulaç~ :ainda nê.:,Mas :- ~ção série" =.porque 52.::meus trÊ" ­plesmen:2 .211 Escolhe C",algumas c,:: . ­vidade me ­necessídaC:,;. ::de: o far r;· ­cálculo ecexemplom('l \/ez ar::estes queno tempc21 Talvez"';média de :-~julguei es~'-::<strong>do</strong> meu te"::<strong>Positiva</strong> ;:: - ~ '.::diversos 5":::::-":;específico~ :oÕ :.no caso C2 ::: ~­perío<strong>do</strong> C2 :.,:;-=e a primE::::-:: - -::.bem reme:::-:gl ante de _- -­<strong>do</strong> clara~.::­com n.>s'";::até o queínfluêrlC!c: .~-;uma pre~~


EXCURSO XII 203::-2ns pre­'::-:.: :'.gamen­:- :::.c: ::>roduto.~-:.c:5. recorri-:- -2cessaria­:: .': ::: :erta <strong>do</strong>sl.c: '.c: observa'" ~.c:·-.O que no7::- :c::nente ili­: :c :Jrodução.,~-: :ia nação::: ~-::2wicz, de~: :::2 que as- ::: 550S meiosC2 ::>rodução~ _2 comprove.,:,cc de mimic::f::-, de uma::.c: :: sua ação:" .c: comprove". c.'::-:12ntos da, :2:',5 presen­:2: 52 gênero l !'!'. c::~ se a exis­;::::: ::: ução tece:~2 a origemC2'::'Jada para-2:-npunha,- :2:-Yompen­2 ::3 zona da~:: c~o. Efetiva­~:::::~ente nos­5 _:: satisfação:: :::-2 as avalia­-_ "plicaçoe'J ec ·~o et seqs,):0. quer ex i­passageiro",_. -.: :-')var se tam--; :,de de esco­'-:e ex.igência:- ,- que é capaz'Jossível um~:' de Bortk.ie20 de vários- .:>dade. única::: conseqüenc:!3 nota 38,)ções que fazemos <strong>do</strong>s bens de produção, em parte alguma e nunca se estende alémda referida zona de produtividade maior de méto<strong>do</strong>s de produção indiretos maislongos. Em parte alguma e nunca se conseguirá observar que, num cálculo econômicofeito conscientemente, fazemos um investimento em função de uma necessidadeque se situa além dessa zona 20 Em parte alguma observaremos queconscientemente empreguemos meios de produção de mo<strong>do</strong> tal que os resulta<strong>do</strong>s<strong>do</strong>s mesmos beneficiem apenas um conjunto de necessidades temporalmente maisremotas se o adiamento <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> não prometer ser ainda remunera<strong>do</strong> por umaumento quantitativo <strong>do</strong> mesmo. Se for o caso, olhamos para longe, e até muitolonge, com nossos planos de produção para o futuro - por exemplo, no caso dereplantar uma parte da floresta de carvalhos que foi derrubada, cujo perío<strong>do</strong> de desenvolvimentopara abate for de 100 anos, nosso olhar abrange nada menos deum século inteiro: todavia, nunca vamos além <strong>do</strong> ponto em que o último acréscimode duração não venha acompanha<strong>do</strong> de um acréscimo de produtividade maior.Nenhum refloresta<strong>do</strong>r racional estenderá para além de 200 anos o perío<strong>do</strong> de desenvolvimentode uma espécie de árvore que encontra o limite natural de seu aumentode madeira com 200 anos!21Mas por que será que nunca ultrapassamos a referida zona. com nossos planosde produção sérios? Tenho plena consciência de que também essa pergunta aindaprecisa ser colocada e respondida. Com efeito. se não ultrapassássemos a mencionadazona somente porque sempre seríamos impedi<strong>do</strong>s de fazê-lo, por natureza,por uma outra de minhas "três causas". ainda haveria que falar sobre a exigênciade Bortkiewicz; é verdade que nesse caso esta seria de certo mo<strong>do</strong> falha em suaformulação, mas <strong>do</strong> ponto de vista <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> ainda permaneceria algo nela queainda não está plenamente soluciona<strong>do</strong> pelo que foi dito até agora.Mas não é isso o que ocorre Deixamos de estender nossos planos de produçãosérios além da zona <strong>do</strong>s prolongamentos da produção vantajosos, não somenteporque sejamos impedi<strong>do</strong>s de fazê-lo. por natureza, já em razão de um outro <strong>do</strong>smeus três motivos; portanto, não somente porque, por motivos psicológicos, simplesmentenão levamos em conta, ou não mais levamos em conta com intensidade(li) Escolho essa expressa0 para com ela exclUIr de imediato uma objeçao equívoca que se pretend;sse deduzir <strong>do</strong> fato dealgumas de nOSSd~ instituiçoes ecunômicas benetlcarem wn:bém um perío<strong>do</strong> que está c('rtamente alem da zona de p~odu!,vidade malOf. Se hOJe instalo em meu jardim UIT', oanco Cc ,)edra. ele pode talvez durar 2 000 anos e atender alllda anecessidade <strong>do</strong> 4? milênio depois <strong>do</strong> nascimento de Cnsto Acontece que não instalei o banco em função dessa necessidade:O fato de o efeito <strong>do</strong> bõnco estender-se a esse conlun;r) de necessidades é um efeito secu ndário Indiferent(' para meucálculo econômIco, pOIS o plano de produção não fOI decldi<strong>do</strong> nem de qualquer forma modifica<strong>do</strong> em funçao disso (porexemplo. na execução técnica <strong>do</strong> banco). Em nossa qut'sTao. porém. o que naturalmente interessa é simplesmente se alguma veL aplicamos meios de pro'Jução em função de um ODjetlvO situa<strong>do</strong> para além da zona de produtividade maior. meiosestes que não teríamos s.i<strong>do</strong> obriga<strong>do</strong>s a aplicar Imedlatamente <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> em função de objetivos mais próximosno tempo.'!] Talvez nao seja :nteiramente supérfluo observar aquI. a título de esclarecimento, o seguinte: é verdade que a duraçaomédia <strong>do</strong> períoc!íJ de produção ('m uma economia naCional abrange apenas um número reduzi<strong>do</strong> de anos (eu mesmojulguei estimá-Ia em apenas dez anos. mesmo no caso de "riqueza extraordinária de uma nação" - por exemplo. à p. 331<strong>do</strong> meu texto!); entretanto. essa média se compc)e - como não deix('i de obsen.'ar em diversas passagens de minha Teorlo<strong>Positiva</strong> (por exemplo à p. 141. 37R et seqs.J - de perío<strong>do</strong>s específicos de duração muito diferente. de acor<strong>do</strong> com osdiversos setores de produção. conforme as condlçc5es específicas de cada um deles: além disso. mesmo esses perío<strong>do</strong>sespecíficos de produção rarament(' ou nunca são perío<strong>do</strong>s "preenchi<strong>do</strong>s uniformemente" (ver <strong>Teoria</strong> Positiua, p. 115). orano caso de distribuição não unlforme <strong>do</strong>s Investimentos sucessivos. mesmo que a média seja reduzida. pode ha\/er umperío<strong>do</strong> de tempo bem longo. em termos absoluto~, entre o emprego <strong>do</strong>s diversos investimentos aplica<strong>do</strong>s sucessiv'amentee a primeira necessidade satisfeita por eles. sen<strong>do</strong> que tais investimentos parciais em função de satisfação de necessidariesbem remotas (que podem distar. por exemplo. muitos decênios ou até um século inteiro) ainda continuam a ser parte integIante de um processo de produção situa<strong>do</strong> dentro da zona da produtividade maior Se Bortkiewicz se tivesse conscientiza<strong>do</strong> claramente disso. teria refleti<strong>do</strong> mais. antes de fazer com que os produtores. em seus cálculos de avaliação, "contem"com resulta<strong>do</strong>s (op. ci! . p. 954) que só teriam condição de conseguir num perío<strong>do</strong> situa<strong>do</strong> para além <strong>do</strong> limite extremoaté o qual chega o efeito <strong>do</strong> prolongamento <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produçao indiretos: sob esse aspecto. talvez tenha exerci<strong>do</strong>influênCia prejudicial o fato de ele haver a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> para seu exemplo - a despeito de tratar-se apenas de um exemplo ­umcl premissa num~rica excessivamente baixa. em Virtude da qual. para 80rtkiewicz. o referi<strong>do</strong> limite já é atingi<strong>do</strong> em sete anos


204 TEORIA POSITIVA DO CAPITALsuficiente, necessidades ainda mais remotas, ou porque -- é assim que distingo àpágina 291 de minha <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong> minha "primeira causa" da "terceira causa" ­uma "diferença nas condições de suprimento, derivante de outra causa", já nos obrigariaa restringir nossa atividade produtiva, com exclusividade absoluta, aos perío<strong>do</strong>sde necessidades mais próximos no tempo. Na verdade, às páginas 290 et seqs.de minha <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong> empenhei-me em mostrar, por uma contra-argumentação,que, mesmo que os <strong>do</strong>is outros motivos por natureza não atuassem de mo<strong>do</strong> algum,o mero fato da produtividade maior de méto<strong>do</strong>s de produção indiretos maislongos, pela influência que se lhe atribui, teria de gerar alterações tais no equilíbriovigente das condições de suprimento e das avaliações e adaptação tal das medidasprodutivas à situação alterada que só isso seria suficiente para resultar uma superioridadede valor <strong>do</strong>s bens presentes em relação aos futuros; essa demonstração, comome parece, me dá o direito de considerar meu terceiro motivo como um fator'cuja ação não depende nem das causas psicológicas de uma subavaliação de necessidadesfuturas nem de uma "diferença de condições de suprimento devida a outracausa" (primeiro motivo).Mas tu<strong>do</strong> isso será examina<strong>do</strong> e demonstra<strong>do</strong> especificamente com a máximaexatidão em outro contexto. Com efeito, a mesma objeção retoma, quanto a meuconteú<strong>do</strong>, também em I. Fisher; aliás, devi<strong>do</strong> à argumentação menos tortuosa e maistransparente que caracteriza esse autor, retoma em formulação mais clara e menosobscurecida por acréscimos dialéticos acessórios que tantas vezes e tão seriamenteembaraçam o caminho reto da descoberta da verdade. Portanto, ao tratar de I. Fisher,voltaremos a deparar com o cerne da questão controvertida, interessante <strong>do</strong>ponto de vista <strong>do</strong>s princípios, em um contexto mais adequa<strong>do</strong> para esclarecê-lo.Aqui continuarei por ora a desembaraçar o caminho de um cipoal dialético em queo problema principal foi envolvi<strong>do</strong> especialmente por Bortkiewicz.Em sua polêmica acima reproduzida, Bortkiewicz acredita que "há liberdade defazer" as comparações da tabela de maneira diferente da minha, "isto é, descen<strong>do</strong>em diagonaf;22 nesse caso se obtêm sempre quantidades iguais de produto, porémem tempos diferentes. Não há dúvida de que "há liberdade" para isso, como se exprimeBortkiewicz, com lógica um tanto velada; afinal, por que não seria lícito compararentre si os da<strong>do</strong>s registra<strong>do</strong>s na linha diagonal? Mas é igualmente certo que,se o objetivo da comparação for verificar o valor, não há liberdade de compararapenas em diagonal: é preciso nesse caso comparar na diagonal e na horizontal.Pois a linha diagonal apresenta apenas os resulta<strong>do</strong>s úteis que as unidades de meios' .de produção, disponíveis em tempos diferentes e a serem comparadas no tocantea seu valor, têm condição de produzir se for idêntico o tipo de utilização técnicadas mesmas. Por exemplo, a linha diagonal que no diagrama de Bortkiewicz mostraem toda parte o número 350, assinala exclusivamente os resulta<strong>do</strong>s úteis que osmeses de trabalho compara<strong>do</strong>s produziriam num perío<strong>do</strong> de produção de três anos,se a utilização técnica <strong>do</strong>s meios de produção for idêntica; a linha diagonal que emtoda parte apresenta o número 500 mostra os resulta<strong>do</strong>s úteis num perío<strong>do</strong> de produçãode sete anos, se a utilização for a mesma. Ora, as unidades de meios de produção,pelo pressuposto que está à base de toda a pesquisa e sem dúvida correspondetambém à vida real, admitem empregos diferentes, entre os quais se pode optarlivremente; assim, em nosso exemplo, se quisermos "interromper" no 7? ano, cadamês de trabalho admite no mínimo oito mo<strong>do</strong>s de emprego diferentes (para produçãono momento, para produção de duração de um ano, de <strong>do</strong>is anos e assim por22'Ver supra, p 199, bem como o diagrama ali reproduzi<strong>do</strong>, modifica<strong>do</strong> na linha de Bortkiewicz.diante, até :: 1que admite :-:-;lor, dentre ~= =frontar ent"e shipótese er:-: ::.que se pOCê :;algum asse~--=valor- o c...:ede gravidc2e .mas isso r. ê. =ra. 24 Para c=:-:"'o procedil..e-:deve-se ve:-:~:de necessfc::::i,ra cada urr: :: =versos em::;,?:faça tanto':-:: ­Mas hé. =:zer o confrc·:-.~tcorda certc:-:-edas necess'c.=.;bém em q ...:"e a cobertu,:: Icimos ou C:-:-.~É óbvio qL:" 5pleno das :-.":'versa: não se !vamente cC ~centar ao c_:assim os f~:5':mina<strong>do</strong> gn':;:·Jmente ofe,,,::,.demonstra, ::tipo de erre ~de, em de5:::·.~se faz o cc :-.:';1Compc,elcom o vaio, :Jna!". Come :Aos mesmos -:1ou nos <strong>do</strong>'5 .Z223 No sentic: =:: --="," Aliás, Bcc:·,.::que ele afirr;..:: :: -:valor <strong>do</strong>s be:-_~ :-.: :-'mente entre 3 ,: -: amo procede:-:-:::~ :~.ltivéssemos c -.: ::: :Tjbensdeco-.3 .. - :de consume -.: ~: ":-llo fato de se~.: - -:::ra Fisher. c;'c, ":C',,;


EXCURSO XII 205::: _-:: :::stingo à:-:::=. :ausa" ­;c_? :10S obri­L:='. ::os perío­=.: :';J et seqs.=-:;- .::-:tentação,r. ::'-:: :no<strong>do</strong> al­- ::,etos mais::: -.:: equilíbrioE. ::':'-: medidas:- _ :--.3. superio­: :: :- õ::-ação. coc:::--.::: um fator.::.=.:::ão de ne­::: ::'2-. ida a ouc::::.a máxima::: _=':1to a meu:::::·...:osa e mais; ::: .:,-,a e menos~::: "eriamente:::::3, de r. Fis­~ :-::'2ssante <strong>do</strong>::: 2 "clarecê-lo.:.:,-:~:::::o em quet-?":cerdade de;::::: 2. descen<strong>do</strong>~::: ::·.lto, poréms...:. ::omo se ex­~r..3 lícito com­"'-.:2 certo que,i", :2 comparar" -=. horizontal.:::::2S de meios"~:3" :10 tocante. .:::::ção técnicar_-::2',~'icz mostra::: ,,:::eis que osZ::: :ie três anos,:3;:::':1al que em;:-2~o<strong>do</strong> de pro­'" -:.2ios de pro­::::: :::orresponde" :"--2 pode optar:: -o ano, cada"': para produ­:-. ::" e assim pordiante, até a produção em perío<strong>do</strong> de sete anos). Contu<strong>do</strong>, o ualor de um bemque admite mo<strong>do</strong>s de emprego diferentes deriva sempre <strong>do</strong> emprego de maior valor,dentre to<strong>do</strong>s aqueles entre os quais há opção. 23 Se, portanto quisermos confrontarentre si os valores de vários desses bens, há que assegurar que em qualquerhipótese em cada um <strong>do</strong>s bens compara<strong>do</strong>s se introduza o emprego de maior valorque se pode fazer opcionalmente dele. Ora, a comparação "em diagonal" de mo<strong>do</strong>algum assegura isso. Ela pode talvez incluir casualmente to<strong>do</strong>s os empregos de maiorvalor - o que ocorrerá se casualmente to<strong>do</strong>s os bens confronta<strong>do</strong>s tiverem seu centrode gravidade econômico no mesmo dentre os oito mo<strong>do</strong>s de emprego opcionais;mas isso não acontece necessariamente e nem é provável que por natureza ocorra24 Para comparar o valor de maneira correta e com base segura, há que a<strong>do</strong>taro procedimento segui<strong>do</strong> por mim nas páginas 288-290 da <strong>Teoria</strong> Positiua. Primeirodeve-se verificar qual, dentre os empregos opcionais que podem atender ao grupode necessidades consideradas pelo administra<strong>do</strong>r. é o melhor, o de maior valor, paracada um <strong>do</strong>s bens compara<strong>do</strong>s, deven<strong>do</strong>-se a seguir confrontar entre si esses diversosempregos de maior valor; ora, essa operação exige que a comparação sefaça tanto na diagonal como na horizontal.Mas há outra maneira, talvez mais clara. para evidenciar que é inadmissível fazero confronto apenas "em diagonal", quan<strong>do</strong> se compara o valor. Bortkiewicz concordacertamente comigo em que o valor deriva sempre da relação entre o esta<strong>do</strong>das necessidades e o da cobertura disponível para as mesmas; concordamos tambémem que, no caso, evidentemente se deve confrontar entre si as necessidadese a cobertura da forma como estas se contrapõem entre si na realidade, sem acréscimosou omissões arbitrárias <strong>do</strong> la<strong>do</strong> das necessidades ou <strong>do</strong> la<strong>do</strong> da cobertura.É óbvio que se falsearia a situação e o resulta<strong>do</strong>, se quiséssemos opor ao esta<strong>do</strong>pleno das necessidades, digamos, apenas a metade <strong>do</strong>s meios de cobertura, ou viceversa:não se pode nem deixar de considerar uma necessidade que pertence efetivamenteao grupo de necessidades que existe cobertura, nem inversamente, acrescentarao grupo de necessidades uma necessidade não contida nele, contrarian<strong>do</strong>assim os fatos; e também <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s meios de cobertura, confronta<strong>do</strong>s com determina<strong>do</strong>grupo de necessidades, não se pode nem ignorar uma cobertura efetivamenteoferecida por eles, nem forjar uma cobertura inexistente. Ora, podemosdemonstrar que na comparação <strong>do</strong> valor "em diagonal" se comete justamente essetipo de erro e isso de forma unilateral, inconseqüente e destituída de imparcialidade,em desfavor de uma das duas quantidades de meios de produção entre as quaisse faz o confronto.Comparemos, por exemplo, o valor de um mês de trabalho <strong>do</strong> ano de 1888com o valor de um mês de trabalho <strong>do</strong> ano de 1889, utilizan<strong>do</strong> o "méto<strong>do</strong> diagonal".Como observa com muito acerto Bortkiewicz, toparemos então sempre comos mesmos números: portanto, por exemplo, nos <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s com o número 470,ou nos <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s com o número 500. Mas quan<strong>do</strong> deparamos nos <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s com23 No senti<strong>do</strong> da regra exposta no texto, à p. lí9 et seqs., e esclarecida para prevenir mal-entendi<strong>do</strong>s.24 Aliás, Bortkiewicz recusa-se também a admitir esse fato, recorren<strong>do</strong> a um silogismo inconcludente. Com efeito, eis oque ele afirma à p. 955: "Se os meios de produção, de acor<strong>do</strong> com a teoria da utilidade marginal. recebem seu valor <strong>do</strong>valor <strong>do</strong>s bens de consumo para cuja. produção servem; se. portanto. tivermos meios de produção que distam temporalmenteentre si, é plausível su por que só podem ocorrer diferenças de valor entre eles na medida em que os bens de consumoprocedentes deles forem fabrica<strong>do</strong>s em termos diferentes" Na verdade. porém. só seria "plausível supor"' isso se nãotivéssemos a possibilidade de escolher livremente a duração <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção e com ela também a quantidade <strong>do</strong>sbens de consumo que podemos conseguir. Somente se o perío<strong>do</strong> de produção fosse rígida mente determina<strong>do</strong>, os bensde consumo provenientes de meios Je produção disponíveis em momentos não simultâ.neos só poderiam distinguir-se "pelofato de serem fabrica<strong>do</strong>s em tempos diferentes" Aliás, quanto a isso. ver também as exposições feitas adiante em relaçãoa Fisher, que repete esse erro de Bortkiell,.licz


~: ~ -:-EORIA POSITIVA DO CAPITALo número 470? Quan<strong>do</strong> no caso <strong>do</strong> mês de trabalho <strong>do</strong> ano de 1889 - o qualsó no ano de 1895 é capaz de apresentar a quantidade de produto 470 atingívelnum perío<strong>do</strong> de produção de seis anos - acrescentarmos também as necessidades<strong>do</strong> ano de 1895, ou seja, quan<strong>do</strong> supusermos que o indivíduo que avalia incluino âmbito de sua análise econômica em to<strong>do</strong> caso também as necessidades <strong>do</strong> anode 1896. Ora, nessa hipótese, como poderemos fazer que o mesmo indivíduo, quan<strong>do</strong>faz a avaliação comparativa <strong>do</strong> mês de trabalho <strong>do</strong> ano de 1888, pare na consideraçãodas necessidades <strong>do</strong> ano de 1894 e na quantidade de produto 470, que estemês de trabalho é capaz de produzir, num perío<strong>do</strong> de produção de seis anos, paraas necessidades <strong>do</strong> ano de 1894? Ou uma coisa ou outra! Quanto às necessidades<strong>do</strong> ano de 1895, ou elas entram ou não entram no âmbito da análise econômicaque influencia a avaliação e, portanto, ou fazem ou não fazem parte <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> denecessidades" decisivo e a calcular. Se entram, evidentemente também devem serincluídas na avaliação <strong>do</strong> mês de trabalho <strong>do</strong> ano de 1888 e não se pode, ao compararo valor, esquecer que para essas necessidades se pode auferir de um mêsde trabalho de 1888, em perío<strong>do</strong> de produção de sete anos, uma quantidade de500, portanto mais <strong>do</strong> que <strong>do</strong> mês de trabalho de 1889. Ou então não entram;e nesse caso também não entram para o mês de trabalho de 1889 nem se pode,para esse mês, falar da quantidade de produto 470, que ele só teria condição deproduzir para um perío<strong>do</strong> que não comporta necessidades econômicas dignas deconsideração; se, ao contrário, as últimas necessidades incluídas na análise são as<strong>do</strong> ano de 1894, vê-se que a quantidade máxima de produto que se pode contrapora este grupo de necessidades mediante o mês de trabalho de 1889 é apenasa quantidade de 440, que é menor e se pode conseguir em perío<strong>do</strong> de produçãode cinco anos. Pode-se supor à vontade qualquer grupo de necessidades como sen<strong>do</strong>a última considerada por um indivíduo, em seus cálculos econômicos e sobre o valor;contu<strong>do</strong>, este "último" grupo sempre só pode ser um e não <strong>do</strong>is diferentes aomesmo tempo. Acontece que a comparação "diagonal" conta ao mesmo tempo com<strong>do</strong>is grupos últimos diferentes, o que é ilógico e contraditório. 25Outro silogismo, destina<strong>do</strong> a refutar minha concepção da influência independentede minha "terceira causa", é assim formula<strong>do</strong> por Bortkiewicz: 26"Somos assim reconduzi<strong>do</strong>s em especial à 'primeira causa' <strong>do</strong> juro <strong>do</strong> capital, aduzi<strong>do</strong>por Bohm-Bawerk; que no caso se trata justamente dessa 'primeira causa' e não de alguma'terceira' causa qualquer independente, depreende-se muito claramente da consideração<strong>do</strong> caso especial cuja peculariedade consiste em não haver possibilidade deescolha quanto à duração <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção. Suponhamos, por exemplo, queno esquema de Bohm-Bawerk um perío<strong>do</strong> de produção de 7 anos seja indica<strong>do</strong> pelascondições da técnica. Nessa hipótese to<strong>do</strong>s os números da tabela que são menores que500 teriam que ser substituí<strong>do</strong>s por O e uma comparação, por exemplo, entre o mêsde trabalho de 1888 e o de 1889 daria. até o exercício econômico de 1894, O <strong>do</strong>s <strong>do</strong>isla<strong>do</strong>s, para o exercício econômico de 1895 daria, de um la<strong>do</strong>, 500 e <strong>do</strong> outro, O, e parato<strong>do</strong>s os exercícios econômicos posteriores daria 500 nos <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s"."Ora, se efetuarmos a comparação da maneira errônea cara a Bohm-Bawerk, isto é,25 Nessa parte da argumentação de Bortkiewicz vinga-se também sua estranha suposição, acima já apontada. de que emminhas tabelas a comparaçao se faz entre as avaliações de produtores diferentes. Pois. se de fato se tratasse da avaliaçãode pessoas diferentes. pelo menos nã.o estaria o priori excluí<strong>do</strong> que cada um pudesse conSiderar e levar em conta. COlllO"último': um outro ano de necessidades diferente. enquanto a contradição denunciada no texto talvez tivesse de tornar-sepatente também para Bortklewicz caso ele tit'esse toma<strong>do</strong> consciência suficientemente clara <strong>do</strong> fato de que se trata de comparaçõesde valor feitas <strong>do</strong> ponto de vista de uma e mesma pessoaLl) lnfelizmente sou novamente obriga<strong>do</strong> a citar textualmente. pois. como logo se verá. toda a maneira de conclUIr se equilibrasobre as palavrasse acs::-,::cia!. c;..:~rioriciê=~segu:,= =dapr2:':',;men:2 =cia!. c= :proc,-=~ =ço (]'-~ ~.À bas2 =maneira '.",'ele, meu 2,,:::to<strong>do</strong>s de ::=jgos (os P~2"-2Em comr=.:: =meu eSC'..:2-:quantidá~2perío<strong>do</strong> é" ;tanto que:-.~,ções dife~':;:-lque a ca..;,,=.isto é, a ;::.~.-wlonga.Entre:=':l"suponhe:':', Jmas é o :.:.- :si mesmc. ",ele. núm,:;~:a "pecuj:a:-.2'nhuma p:"sduração ;::~21ma forme :.anos, ter:=. Jcompara::sno resu!Ia:: Jperío<strong>do</strong> c" ;anos) e c:-:contrário, :::-:Bortkie\~= ;terceiro r..::de escol~.=. "ferente - :-.Cde prodü;scrioridade =.;::Em S-2:jpor BOrt~:2·.ta, para c':;:127 Op_ c:r -= -::--;2H É isso =._.:caso-exe:-:~-= :


EXCURSO XJl 207,~~:. - o qualC ..: - J atingível~ -," cessidades,_" ::',alia inclui,-,,:::::;es <strong>do</strong> ano=-,'::':0, quan<strong>do</strong>" -,:: considera­: ":-=1. que este~,,~ anos, para~ ~ :~2cessidades~_o" econômica


208 TEORIA POSITNA DO CAPITALvas" nas quais a superioridade de valor de bens presentes ocorre mesmo sem minhaterceira causa? Seria a mesma lógica que pretender afirmar que a chuva não temabsolutamente nada a ver com o fato de as estradas ficarem molhadas, por havercasos em que as estradas ficam molhadas mesmo sem chuva - por exemplo, quan<strong>do</strong>a administração ro<strong>do</strong>viária manda molhá-Ias. Minha tese não pretende afirmar queminha terceira causa seja o único motivo possível de uma superioridade de valorde bens presentes; se afirmasse isso, é claro que até instâncias negativas seriam suficientespara abalar esse motivo; a verdade é que prevejo três causas, independentesentre si, para a mencionada superioridade de valor, e assim sen<strong>do</strong> é óbvio quea superioridade de valor pode ocorrer também já por força de uma das duas outrascausas, sem qualquer cooperação da terceira. Bortkiewicz simplesmente não teriaprecisa<strong>do</strong> dar-se ao trabalho de ir em busca de um caso desse gênero, inventan<strong>do</strong>.artificialmente seu "caso especial". Pelo contrário, em meu próprio texto teria encontra<strong>do</strong>o reconhecimento repeti<strong>do</strong> e expresso de que é muito grande o número detais casos; mencionei toda uma série - aliás uma série que de forma algullia é exaustiva- de situações típicas, das quais cada uma abrange um sem-número de casosindividuais e todas elas têm em comum o fato de serem capazes de gerar uma superioridadede valor <strong>do</strong>s bens presentes mesmo sem a colaboração da "terceira catísa".29Por isso, mesmo na linha de minha teoria, naturalmente não háabsolutamente nada a estranhar se num caso concreto, mesmo após eliminar a terceiracausa, pelas pressuposições efetivas <strong>do</strong> caso relativas a uma superioridade devalor <strong>do</strong> mês mais antigo de meios de produção, não é de estranhar, digo, se, apósa referida eliminação, a situação resultante for tal, pelos pressupostos, que o mêsmais antigo de meios de produção produzir, para o grupo de necessidades a seremprovidas, 500 unidades <strong>do</strong> produto, enquanto o mês mais recente de trabalho compara<strong>do</strong>não produz absolutamente nada! Para poder tirar uma conclusão correta parasua tese, isto é, para a irrelevância de minha terceira causa, Bortkiewicz precisariater estabeleci<strong>do</strong> e prova<strong>do</strong> uma premissa diferente e muito mais exigente: precisariater prova<strong>do</strong> que a cooperação, supostamente irrelevante, da terceira causa, podeser dispensada não somente em outro caso, no qual a superioridade de valor <strong>do</strong>sbens presentes casualmente já está assegurada pelas características casuais normais<strong>do</strong> caso, senão que se pode eliminá-la em to<strong>do</strong>s os casos em que supostamenteinfluencia, sem alterar o resulta<strong>do</strong>; ora, o que se prova é exatamente o contrário,como ficou demonstra<strong>do</strong> na alínea "primeiramente", supra.Por conseguinte, salta aos olhos que Bortkiewicz se equivocou nas exigênciaslógicas de sua maneira de concluir, e penso ter o direito de observar que dificilmenteele mesmo teria podi<strong>do</strong> deixar de perceber a inconcludência de seu argumentose tivesse procura<strong>do</strong> denominar os elementos lógicos <strong>do</strong> mesmo com termos clarose diretos. Se tivesse utiliza<strong>do</strong> palavras diretas e destituídas de floreios, certamentenunca teria ousa<strong>do</strong> afirmar que um único caso em que a superioridade de valorde bens presentes se verifica mesmo sem a cooperação de minha terceira causa;já autoriza a concluir que essa terceira causa não é capaz de gerar tal superioridadede valor. Só mesmo toda a ambigüidade <strong>do</strong> "caso especial" apresenta<strong>do</strong> como "caso~exemplo" e toda a nebulosidade <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s de falar utiliza<strong>do</strong>s mais adiante por Bortkiewicz,quan<strong>do</strong> fala da "co-aplicabilidade" de meu raciocínio, segun<strong>do</strong> a qual este"não é capaz de prestar o serviço que pela minha teoria está destina<strong>do</strong> a prestar",para poder apresentar seu silogismo sem chocar, mesmo que apenas formalmente!29 Ver <strong>Teoria</strong> Posítiva. p. 276 et seqs., a capacidade de as duas primeiras causas, independentemente da terceira, gerarema superioridade de valor <strong>do</strong>s bens presentes está formulada de mo<strong>do</strong> particularmente explícito nas pt'ginas 278 e 294.Apenas:que minha l~mo tempo D'Quanto saibaessencial pa:êsos prodUIc~;::ocorrerá is...."C.alteradas se :1ao mesmo :2lmissa conce;::>1vez ter perc.óiminhas colo:..como come::1méto<strong>do</strong> de prnão someme<strong>do</strong>s diferen:2:5da situação ":JFinalme:"1da falta crô:-.xconjecturas S(realmente e. Jem sua totiGdkiewicz exdc.:.:desse termo. Ixar marger:-. ,de mo<strong>do</strong> a~?Jcomo parecetrata de uma jsão plenamerconceito descco, mas os ....Bortkiewic:z ;:Jnão precisa::.atalhadamemedadeiro Cê.psubsistênc:a. lguagem p()?~os casos e:-:-:Quamo 2<strong>do</strong> tal em ~'J30 Op. cit.. p, ,:.c,.31 Elas corres:.:-,:a;32 Op. cit., p':.c"'-­33 Op. cit.. P ':.c o34 Ver, por ex2--::MAlém disso. c>c-=.s':lIcorreta, tamc~- :::2? edição. j.J ";='::'35 Do contrá=-: C:: ..1!loutra coisa 32-_~: :-rce contraste .::- :=---õ.contrário cer:::=.-:-~acima citade. ,;: :: '=:'


EXCURSO XII 209~:-:-. =sem minha=:-. ";':a não temc:~s. Dor haver"-2:-:-;Jlo. quan<strong>do</strong>".:" afirmar que'C:~=ie de valor:-. ~õ õeriam sufi­::: ::-.::1ependen­[: = 2 óbvio que=~5 duas outras:'~-.:e não teriaê ~= ::lventan<strong>do</strong>:'0::= :eria encon­[" = '1úmero deC.c.::na é exausr:::;-.erode casosE ::,,:-ar uma su­C~- -:erceira caLí­1" ,,:-::e não há's ~ ~:ninar a ter­L:~,::::oridade der. ::go. se, apósi::: 5. que o mês5::e.:::es a serem,:: ::e.balho comsi::correta para[t2·.·::cz precisaria;"':-.:e: precisariaé:? ::ausa, podeC~ =e valor <strong>do</strong>sC2.ô'Jais normaisE õ.:oostamente::".:2 ocontrário,l -e.5 exigências. ::..:e dificilmen­::-2': argumentoC':"'. :ermos claros!:=5. certamente'r=e.de de valort :,,:-ceira causa;1:. 5·.:oerioridade~: =~omo "casoc:e.:ltepor Bort­=- == a qual este'.e.2a a prestar",a5 :,:;rmalmente!. --: ::::. ~.;:~ceira, gerarem'" :, ~ c.as 278 e 294.Apenas de passagem gostaria de notar que Bortkiewicz supõe erroneamenteque minha teoria pressupõe por princípio que necessariamente se aplicam ao mesmotempo méto<strong>do</strong>s de produção diferentes, de graus de produtividade diferente 3üQuanto saiba, postulo apenas que há opção entre méto<strong>do</strong>s diferentes, não sen<strong>do</strong>essencial para mim que tais méto<strong>do</strong>s diferentes sempre sejam utiliza<strong>do</strong>s por diversosprodutores ao mesmo tempo, paralelamente. Sem dúvida, na prática sempreocorrerá isso, pois é absolutamente improvável que um méto<strong>do</strong> que em condiçõesalteradas se recomenda como melhor seja de repente a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> em toda a linha eao mesmo tempo por to<strong>do</strong>s os produtores; entretanto, isso não constitui uma premissaconceptualmente necessária para minhas conclusões. Bortkiewicz poderia talvezter percebi<strong>do</strong> sem dificuldade também isso, se tivesse ti<strong>do</strong> presentes, por exemplo,minhas colocações às páginas 414-424 da segunda edição,31 nas quais a Tabela IIIcomo comentário a ela acrescenta<strong>do</strong> pressupõe e ilustra o pre<strong>do</strong>mínio de um únicométo<strong>do</strong> de produção, como sen<strong>do</strong> o melhor, ao passo que a Tabela IV pressupõenão somente como possível, mas até como necessária, a coexistência de <strong>do</strong>is méto<strong>do</strong>sdiferentes, mas coloca isso expressamente como uma peculiaridade de escolhada situação bem específica exemplificada na Tabela IV.Finalmente, Bortkiewicz se volta ainda, numa longa polêmica, contra a "teseda falta crônica de capita!",32 que me é atribuída, e se entrega a toda uma série deconjecturas sobre o que não posso ter entendi<strong>do</strong> por "falta de capita!", sobre o querealmente entendi com esse termo e o que deveria ter entendi<strong>do</strong> com ele. Rejeitoem sua totalidade, tanto a polêmica como as conjecturas. Pois, curiosamente, Bortkiewiczexclui de suas conjecturas precisamente a interpretação que eu mesmo deidesse termo, e o dei, aliás, de maneira tão clara e explícita que me parece não deixarmargem a equívoco. Aliás, no que tange à própria expressão "falta de capital",de mo<strong>do</strong> algum ela é um termo preciso de minha própria teoria, cunha<strong>do</strong> por mim,como parece supor Bortkiewicz;33 pelo contrário, repetidas vezes expliquei que setrata de uma expressão usual na linguagem vulgar, mas de per si não é uma expressãoplenamente correta; expliquei que, para aquelas questões nas quais o referi<strong>do</strong>conceito desempenha uma função, o que interessa não é o capital no senti<strong>do</strong> técnico,mas os meios de subsistência. 34 Mas essa diferença formal - provavelmenteBortkiewicz passou por cima dela 35 e em to<strong>do</strong> caso a ignorou - de per si aindanão precisaria ter significa<strong>do</strong> muito, porque na maneira por mim explicada mais detalhadamente(<strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>, p. 124 et seqs.; 2? ed. p. 99 et seqs.) também o verdadeirocapital constitui uma parte, e bem decisiva, <strong>do</strong> estoque de meios desubsistência, razão pela qual, após ter adverti<strong>do</strong> que essa expressão corrente na linguagempopular não é totalmente correta, eu mesmo me permiti utilizá-Ia em to<strong>do</strong>sos casos em que me parece não se exigir maior precisão.Quanto ao conteú<strong>do</strong> propriamente dito, entendi por "falta de capita!" um esta<strong>do</strong>tal em que o estoque de meios de subsistência de que dispõe uma economia30 Op. cit.. p. 960, 964, 970.31 Elas correspondem às páginas 607·617 da 3~ edição e às páginas 367·374 desta edição.32 Op. cit., p. 964·97033 Op. cit., p. 965 et seqs.34 Ver, por exemplo, <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>. 2° edição. p. 92, nota 1; p. 100 et seqs., p. 429; "Strittige Fragen", p. 25, nota LAlém disso, ocasionalmente expressei essa minha reserva pessoal contra uma expressão que não considero inteiramentecorreta, também colocan<strong>do</strong>-a vez por outra entre aspas dentro de minha própria exposição (por exemplo, <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>,2~ edição. p. 429 e "Strittige Fragen". p. 25). .35 Do contrário, ele não teria podi<strong>do</strong> (p. 965) basear sua crítica na constatação de que\ "para mim, capital não significaoutra coisa senão bens que servem à finalidade de continuar a produção ulterior" (já que também a seguir sempre estabele­ce contraste entre o fator de produção capital e os outros <strong>do</strong>is fatores de produção, que são a terra e o trabalho) e <strong>do</strong>contrário certamente também não teria ti<strong>do</strong> o direito de, sen<strong>do</strong> leal, silenciar em absoluto, em sua polêmica, minha reservaacima citada e com certeza não totalmente indiferente para a interpretação de meu pensamento acerca da "falta de capital"!


210 TEORIA POSITIVA DO CAPITALnacional não é suficiente para executar to<strong>do</strong>s os prolongamentos da produção tecnicamentevantajosos e em aberto, de sorte que se impõe escolher, dentre as inúmerasoportunidades de emprego compensa<strong>do</strong>ras, as mais compensa<strong>do</strong>ras, escolhaque necessariamente acarreta um ágio sobre os bens presentes. Essa idéia atravessacomo um cordão vermelho meu livro inteiro, de maneira que não há propriamentenecessidade de éitar passagens concretas em seu abono; mesmo assim, remeto expressamenteaos enuncia<strong>do</strong>s da página 112, nota 9 (página 92 da 2? edição), quejá prenunciam o tema, e à posterior exposição sobre o "merca<strong>do</strong> de meios de subsistênciaem geral" em minha '<strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong> (páginas 336-356 da 2? edição, 525-544da 3~ edição, 322-332 desta edição), além das exposições bem detalhadas em minhas"Strittige Fragen" (sobretu<strong>do</strong> à págma 25 et seqs.). Uma vez que justamenteessa minha concepção efetiva não foi apreendida por Bortkiewiez em sua polêmica,pouca utilidade teria em entrar mais detalhadamente nela; insisto, isso sim, emdissociar-me em absoluto daquelas concepções - em meu entender nem felizes'nem claras - que o próprio Bortkiewicz apresenta acerca <strong>do</strong> tema "falta de capital"nas páginas 966 a 970 de seu estu<strong>do</strong>, concepções que, em sua pressuposição, deveriam"racionalmente" ter si<strong>do</strong> também as minhas.B) Irving FisherI. Fisher3 6 estrutura sua crítica em uma seqüência de pontos bem ordena<strong>do</strong>sque favorece muitíssimo a clareza e a transparência da argumentação. Com muitoprazer sigo o exemplo dele, tanto mais que há raciocínios que conduzem atravésdesta matéria extremamente difícil e emaranhada, os quais, embora de mo<strong>do</strong> algumsejam idênticos, são pareci<strong>do</strong>s e se cruzam, o que representa um convite extremamentetenta<strong>do</strong>r para confundi-los entre si. Acredito que a maneira mais segurade escapar a essa confusão é procurar não visualizar coisas demais de uma vez só,mas procurar acompanhar cada um <strong>do</strong>s respectivos raciocínios separadamente atéo fim.Fisher expõe sua crítica à minha <strong>do</strong>utrina por etapas, em quatro parágrafos (§4-7) <strong>do</strong> capítulo IV, que trata da "B6hm-Bawerks Theory". Primeiro quero acompanháloexatamente nessas etapas críticas; depois, numa quinta etapa, acrescentada pormim, quero tentar acompanhar os assunto também em seu aspecto positivo e, emespecial, com uma crítica à própria tentativa de solução apontada por Fisher, aclararplenamente o alcance das idéias utilizadas por ele e por mim.1) § 4 de Fisher e seu Apêndice MatemáticoComo Bortkiewicz, também Fisher aborda primeiro, em sua crítica, as tabelasapresentadas na minha <strong>Teoria</strong> às páginas 288-289 (na 2~ edição, páginas 281-285).Considera "correto o resulta<strong>do</strong>" delas, mas acredita que incorro "em erro, atribuin<strong>do</strong>qualquer parcela que seja desse resulta<strong>do</strong> ao fato de os processos mais longos seremos mais produtivos". Com efeito, em minhas tabelas já pressuponho a existênciade um ou de <strong>do</strong>is outros motivos de uma superioridade de valor <strong>do</strong>s bens presentes(cobertura relativamente maior <strong>do</strong> futuro ou subavaliação <strong>do</strong> futuro em razão daperspectiva), poden<strong>do</strong>-se demonstrar, segun<strong>do</strong> ele, que são estes elementos, e somenteeles, que sempre geram a superioridade de valor <strong>do</strong>s bens presentes, mos­trada nas cêJmaneira Ú;-Jmente soe aa um proc..:1'nada a ve~ rAo ap,~servar de ::;:~ros da qu~a tendênc'c aquer hipót2Sla superior.:::anúmeros ::-o:.isulta<strong>do</strong> se :.1::longos nãc fiprodutividê :::.centes (po, ~tação mate~de investirT.21ção uma ::!l"Su;Y'"'1cessas :2utilidac2sde 18E-~.QUADRO ~.Um mês c-:::Para o exerc~econômico <strong>do</strong>188~1889189C189:etc"QU2~21que a :::=:ximac:: ::;Ida séri-2 ~essa pc: ."cessaT.:::-":.supos:ç~:..na prir:-:-::::J36 Rate of interest. Nova York, 1907.:~7 Op. cít..3" Op. cit.. -.~.:"" - o


.11;r:.:::ução tece:-.::-eas inú­:;cas. escolhaÉ".~ atravessalr:;priamentet~emeto ex­€ ::::ção), queN,:OS de sub­;.ãc. 525-544lo2::as em mie'ustamenteL.~ polêmica,:ôs U4 etc., isto é, que o máximoda primeira série de pu, que se refere a 1888, é maior <strong>do</strong> que o máximo da segundasérie, relativa a 1889 (naturalmente, na hipótese de que existam máximos). Para efetuaressa prova, procuramos o máximo da segunda série. Digamos que este seja P3 U4' Necessariamenteeste é menor <strong>do</strong> que P3 U3 na primeira série; com efeito, já que, pelasuposição, u4 < U3, segue que P3 U4 < P3 u3. Ou seja, necessariamente deve haverna primeira série um termo (term) que é maior <strong>do</strong> que o termo máximo na segunda.


----------------------------212 TEORIA POSITIVA DO CAPITALsérie. A fortíorí o termo máximo da primeira série deve ser maior <strong>do</strong> que o termo máxi­fica mol:-.~mo da segunda série. Em outras palavras, o valor para 1888 supera o valor para 1889, Mas ::desde que as utilidades marginais decresçam, não importan<strong>do</strong> se as produtividades aumentemou não".de nOSSê .O q~


EXCURSO XII 213=_" :, tenno máxi­. . ~Dr para 1889,::-:':·..ltividades au­':-.2da com tanto';::-:1 tantos leito­:-.:::-:1ente cogen­=-=::; e depois fa­::. inverten<strong>do</strong> o.-2~ utilizou contra::: -,strar de forma·::-:::iade de valor_e ela é correta.".:ê. número por:-;"."Jma premissa-.:10 apenas que.:: :Jrodução maisl~S curto - que,.:: :::e concluir de==. segunda série.r =::; que P4 U4 na> segue que P3 U4! :;':-:1 termo que éE:::Jr elemento nar:-. :utras palavras,::-.2~OS indica<strong>do</strong>resC25 marginais der:=lese.c2:1dente. Fisher.:::-:-oneamente su­1:~emissas refutam; :::.;.;.e na realidadec ~m senão art·"-:::::iade maneiraI :e to<strong>do</strong> evidente, =.".le. mesmo quei 5·..;perioridade de:-ê:-.c:a dessa supeã::() terceiro moti­C...5 motivos juntos,r.:':: :1atural que te­; :-:ão importan<strong>do</strong>rz.:-:-,Oém os númet:-.;os. Exatamen­~::cialmente, elefica molha<strong>do</strong>, não importan<strong>do</strong> se além disso chove ou não.Mas que alcance tem essa constatação, tão correta quanto evidente, no âmbitode nossa controvérsia?O que Fisher teria podi<strong>do</strong> afirmar legitimamente aqui seria que casos-teste dessegênero, justamente por isso não podem - ou pelo menos não podem sem maisnem menos - ser adequa<strong>do</strong>s para, com base neles, testar afirmativamente a atuaçãoindependente <strong>do</strong> terceiro motivo. Há que admitir sem hesitar que, da ocorrênciada superioridade de valor, supon<strong>do</strong>-se estas circustâncias concomitantes - emvirtude das quais tal superioridade já está de antemão garantida -, de fato não épossível deduzir nenhuma prova contundente a favor da afirmada influência da produtividademaior, pelo menos enquanto não se adaptar ou se aprimorar devidamentea verificação <strong>do</strong> ponto de vista meto<strong>do</strong>lógico. 40 Se Fisher se tivesse limita<strong>do</strong>a objetar que aquela parte de minha exposição que já havia incorpora<strong>do</strong> em suaspremissas a ação <strong>do</strong> primeiro motivo ou <strong>do</strong> segun<strong>do</strong>, por si só ainda não provounada de decisivo no tocante à influência independente <strong>do</strong> terceiro motivo, de minhaparte só poderia concordar plenamente com ele.Entretanto, uma coisa é dizer que determinada afirmação ainda não está afirmativamenteprovada com determinada exposição (ou melhor, com determinadaparte de uma exposição) e outra é dizer que a própria afirmação é falsa ou estárefutada. A argumentação da primeira etapa de Fisher, e particularmente a <strong>do</strong> seuApêndice Matemático, não contém absolutamente nada que possa autorizar umaconclusão no segun<strong>do</strong> senti<strong>do</strong> aponta<strong>do</strong>. Com efeito, para provar ou refutar quedetermina<strong>do</strong> fato (em nosso caso a produtividade maior de méto<strong>do</strong>s de produçãomais longos) pode ou não ser uma causa independente de determina<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>não adianta afirmar - e é só isso que se afirma na "primeira etapa" - que o resulta<strong>do</strong>pode ocorrer também sem o referi<strong>do</strong> fato, no caso de atuarem também outrascausas suficientes <strong>do</strong> mesmo resulta<strong>do</strong> - a afirmação de que a chuva molha o pavimentoda estrada certamente não é refutada provan<strong>do</strong> que o pavimento pode ficarmolha<strong>do</strong> também sem chuva, se a administração ro<strong>do</strong>viária molhar artificialmentea estrada -; a verdade é que a maneira de verificar a ocorrência supra consisteem inquirir se o resulta<strong>do</strong> ocorre ou deixa de ocorrer quan<strong>do</strong> o fato é coloca<strong>do</strong>,mas todas as demais causas que entram em questão são excluídas. Ora, a primeiraetapa simplesmente não se ocupa com essa verificação. E no entanto, em vez deFisher se conscientizar claramente - e também seus leitores - <strong>do</strong> alcance muitomais restrito de sua primeira etapa, faz o contrário: introduz nessa primeira etapavárias expressões que necessariamente dão a impressão que atribui já a essa partede sua exposição valor de refutação contra minhas <strong>do</strong>utrinas; nomeadamente emse tratan<strong>do</strong> <strong>do</strong> seu Apêndice, dá-lhe o pretencioso título de uma "Refutação Matemática"de minha afirmação sobre o motivo da superioridade de valor <strong>do</strong> trabalhopresente: assim sen<strong>do</strong>, não é de admirar que também em seus leitores tenha surgi<strong>do</strong>a idéia, tão fortemente errônea, de que a lógica ali desenvolvida - na realidadeincontestável - refutaria efetivamente alguma das minhas afirmações, quan<strong>do</strong> naverdade ela constata apenas uma verdade totalmente inofensiva, que tanto ele comoeu concordamos em reconhecer.Mas será que a primeira etapa de Fisher, embora sem refutar minha afirmaçãoem si mesma, não refuta ao menos algo <strong>do</strong> que eu disse para prová-Ia? - Tambémisso não ocorre. Pois o leitor atento há de notar o seguinte. Antes de tu<strong>do</strong>, para. õ: :c..s theory (referin<strong>do</strong>·..; -.. forcible" Economic40 Por exemplo, testan<strong>do</strong> diferenças de grau na superioridade de valor. resultantes <strong>do</strong> acréscimo <strong>do</strong> terceiro motivo aos<strong>do</strong>is outros, e similares.


214 TEORIA POSITIVA DO CAPITALevidenciar numericamente meu princípio, formula<strong>do</strong> e demonstra<strong>do</strong> primeiro emtermos gerais (p. 277 et seqs. da 2~ edição, p. 285 et seq. desta edição), não aduzisomente aquele exemplo da tabela, contra o qual Fisher objeta que ele já pressupõecomo atuantes os <strong>do</strong>is outros motivos da superioridade <strong>do</strong> valor; pelo contrário, disserepetidas vezes e expressamente (p. 280-283) que a comparação em forma de tabelanecessariamente leva ao mesmo resulta<strong>do</strong>, "qualquer que seja o esta<strong>do</strong> das avaliaçõessubjetivas" e "quaisquer que sejam os possíveis números indica<strong>do</strong>res daquantidade de produto e <strong>do</strong> valor da unidade nos diversos anos", e desafiei o leitora efetuar qualquer alteração que quisesse nos números (p. 280). Acontece que aexperiência com Fisher mostra que certamente teria si<strong>do</strong> mais prudente, de minhaparte, não somente apresentar tais tipos diferentes de comprovação de mo<strong>do</strong>genéricoe apenas teoricamente, mas efetuá-los eu mesmo minuciosamente, com cifras,incorporan<strong>do</strong> nelas também casos em que a utilidade marginal não decresce de mo<strong>do</strong>contínuo, mas aumenta, ou varia de outra forma: isso sem dúvida teria mata<strong>do</strong> aobjeção da "primeira etapa" de Fisher já antes de ela nascer. Todavia, é óbvio quepara a coisa em si mesma não pode fazer diferença alguma se uma idéia aduzidacomo prova é apresentada no texto com muitos ou poucos detalhes: a exposiçãose torna mais ampla, mas a lógica como tal não muda nem se torna melhor pelofato de os exemplos numéricos comprovativos e aduzi<strong>do</strong>s para provar serem efetivamenteapresenta<strong>do</strong>s no texto em to<strong>do</strong>s os seus detalhes; o que é decisivo é queeles - não importan<strong>do</strong> quem os calcula detalhadamente e onde o faz - dêemo resulta<strong>do</strong> afirma<strong>do</strong> pelo autor - e este é realmente o caso, como nos convenceremosexplicitamente dentro em breve.Mas, além disso, eu só no início introduzi no referi<strong>do</strong> exemplo da tabela, queconstitui objeto da impugnação de Fisher, a cooperação - de que ele sente falta- <strong>do</strong>s "<strong>do</strong>is primeiros motivos" (p. 281-283), eliminan<strong>do</strong>-a sucessivamente no decursode minha exposição (a partir da p. 284 da 2~ edição). Fiz as duas coisas pormotivos expressamente explica<strong>do</strong>s. Incluí aquela cooperação, inicialmente, nas premissasde minha ilustração, para que esta fosse de certo mo<strong>do</strong> "correspondente aoreal" (p. 284). Uma vez que na vida real também o "primeiro" e o "segun<strong>do</strong> motivo"sempre atuam, fiz com que a influência deles entrasse, de início, também nos númerosindica<strong>do</strong>res da utilidade marginal; eles foram escolhi<strong>do</strong>s a título de exemploe constituem uma série decrescente; com isso, para mim a prova <strong>do</strong>s números temuma força bem ilustrativa nessa sua parte inicial - devo salientar estas palavras -,mas não uma força de prova. Todavia, tive consciência plena e explícita desse fato(p. 284), bem como <strong>do</strong> fato de no início "já haver introduzi<strong>do</strong> na hipótese comoatuantes" aquelas duas outras causas que geram um aumento de valor, e por isso,quanto à demonstração propriamente dita de que o meu "terceiro motivo" é independente<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is outros motivos, só a apresentei na parte final de minha exposição,na qual eliminei novamente da suposição a colaboração inicial <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is outrosmotivos (p. 284-286). Por conseguinte, em minha intenção, aquela parte de umaparte de minha exposição, contra a qual Fisher dirige as objeções da sua "primeiraetapa", não precisava e não precisa ter nenhum ônus de prova. 41Acrescentamos agora, para os leitores, a fim de eliminar qualquer possibilidadede dúvida, algumas tabelas a título de exemplo, traduzidas em números e <strong>do</strong> tipo41 Por essa razão. também na presente 4~ edição de meu livro mantive basicamente inaltera<strong>do</strong> o curso de minha exposição,embora tivesse si<strong>do</strong> fácil para mim anular de antemão a objeção de Físher analisada até aqui. escolhen<strong>do</strong> um exemplonumérico diferente para a apresentação da tabela. Efetuei apenas uma leve alteração estilística na formulação. para assegurarque não permaneça sequer a aparência - no caso de esta ter existi<strong>do</strong> anteriormente - de que a parte de minhasilustrações numéricas que opera com a premissa de uma utilidade marginal derivante de outras causas exigiria não somenteilustrar o que já disse anteriormente, mas também aduzir novas provas e que vão mais longe, <strong>do</strong> ponto de vista objetivo.que aCê::aumer:::o efeito :::,:nui no~::~QUA:CC=Para JeC!J:,";"!QUA.: cc =Um :--.~;'Para"eCC.~1A:-:-:.gentes -:'o mês :::'"pelo :l§...:=contrê ~E ê.~dele ê ,;;


•It': ::-:meiro em;2.:' . não aduzi~'Õ:",.? pressupõe j:::-.:rário, disse ;~r :yma de ta­ ~;,$E5-.2:::0 das ava­;i;.(f=- :::::a<strong>do</strong>res dac2õdiei o leitor'-:: ~:tece que a12-.:2. de minhaé2 ~o<strong>do</strong> gené­:-::2 com cifras,C"2õ{:e de mo<strong>do</strong>:2:-:a mata<strong>do</strong> a::: 2 óbvio queê. ::::éia aduzidaE5 a exposiçãoc.:: :-:telhor pelo w~.r. =-:- õerem efeti­ ", :::2:isivo é que: ~az - dêem !, -.: õ convence- 1l''.ito::::': tabela, que i2 2:2 sente falta.:':~ente no de­:"::':õ coisas porr2-.:e. nas pre­~2 õ:Jondente aoe;~'1<strong>do</strong> motivo";".-.:ém nos nú­-_: de exemploõ :-.:Jmeros tem-:-::õ palavras -,'::::::a desse fato-.:-.Jótese como:::: e por isso, I- ::'\'0" é inde- J:-:".::1ha exposi- Í::: ::: õ <strong>do</strong>is outros !.': : :':rte de uma t::' õJa "primeira;2~ :Jossibilidade:".2:0S e <strong>do</strong> tipo.:~ mmha exposi­-,: -.<strong>do</strong> um exemplo-- _ :::;30. para assegu­__ ':. ::: ;Jarte de minhas,...=~ :.:!a não somente-':e vista objetivoEXCURSO XIIque acabamos de expor. Na Tabela I que segue, ilustramos o efeito supon<strong>do</strong> umaumento constante da utilidade marginal, de 5 até 5, 7, e na Tabela 11 ilustramoso efeito de uma utilidade marginal que de início aumenta de 5 até 8 e depois diminuinovamente até 4.QUADRO 4 TABELA IUm mês de trabalhoDisponível no ano de 1888 Disponível no ano de 1889produzproduzPara o exercícioeconômico de Unidades Soma UnidadesUtilidadeUtilidadeSoma<strong>do</strong>marginal<strong>do</strong> <strong>do</strong>marginal<strong>do</strong>produto valor produtovalor1888 100 S.U SOO - 5,0 -1889 200 5 1 1 020 100 5,1 5101890 280 5.2 1456 200 5,2 1 0401891- ~350 :l.,) 1 S55 280 5,3 14841892 400 5.4 2 160 350 5.4 18901893 440 5.5 2420 400 5.5 22001894 470 CJ'J 2632 440 5.6 24641895 500 :l.1 2850 470 5,7 2679QUADRO 5 TABELA !fUm mês de trabalhoDisponível no ano de 1888 Disponível no ano de 1889Para o exercícioproduzproduzeconômico de UnidadesUtilidadeSoma UnidadesUtilidadeSoma<strong>do</strong>marginal<strong>do</strong> <strong>do</strong>marginal<strong>do</strong>produto valor produto valor1888 ') --100 500 51889 200 6 1 200 100 6 6001890 280 7 1960 200 7 14001891350 8 2800 280 8 22401892 400 7 2800 350 7 24501893 440 6 2640 400 6 24001894 470 5 2350 440 5 22001895 500 4 2000 470 4 1880Ambas as tabelas, como era de se esperar, não obstante suas suposições divergentesno tocante à evolução da utilidade marginal, apresentam concordemente parao mês de trabalho mais antigo, o de 1888, valores máximos maiores (destaca<strong>do</strong>spelo itálico) <strong>do</strong> que para o mês de trabalho mais recente, de 1889: 2 850 e 2 800,contra 2 679 e 2 450.E agora ainda um terceiro exemplo de comprovação. Quero tomar por basedele a seguinte variante: a utilidade marginal, no global, mostra tendência a decres­215


216 TEORIA POSITIVA DO CAPITALcer. mas não de mo<strong>do</strong> contínuo e sim bruscamente em intervalos. Suponhamos,QUA::)=-=:por exemplo, que a utilidade marginal seja, para os <strong>do</strong>is primeiros anos, 5; paraUm r.-..~:os <strong>do</strong>is anos seguintes, 4, e a partir <strong>do</strong> 5? ano decresça para zero. Essa variante refle­tiria, por exemplo, em grandes traços, o efeito que em minha <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong> 42 atri­buo à consideração que se tem pela incerteza da vida. Num primeiro perío<strong>do</strong>, maisPara o ,o'Jpróximo, esse fator não exerce absolutamente nenhum efeito de redução <strong>do</strong> valor;economnum segun<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, um pouco mais longínquo, faz diminuir um pouco o valore num terceiro perío<strong>do</strong>, o mais longínquo, para o qual excluímos totalmeJ1te a possibilidadede a pessoa ainda estar viva, ele elimina totalmente o valor. E claro quepara uma investigação geral não tem importância o número de anos que atribuímosa cada um desses três perío<strong>do</strong>s, bem como o número e a rapidez <strong>do</strong>s saltos bruscos.Façamos agora a comparação de valor para esse tipo. Aliás, desta vez, para com- ,pletar a prova contra Fisher, quero, bem de acor<strong>do</strong> com sua própria orientação, fazera comparação de valor também para to<strong>do</strong>s aqueles casos alternativos que podemocorrer no tocante à produtividade de processos de produção mais longos: portanto,para o caso de produtividade crescente (segun<strong>do</strong> meu esquema usual; TabelaIII), para o caso de a produtividade permanecer invariável (por exemplo, com cadavez 300 unidades de produto por mês de trabalho; Tabela IV), para produtividade QC.-\=: =- =:'decrescente (diminuin<strong>do</strong>, de 100 unidades <strong>do</strong> produto, na produção para o mo­ Um :-:-.~:mento, para 90 unidades, em perío<strong>do</strong> de produção de um ano, para 80 em perío<strong>do</strong>de produção de <strong>do</strong>is anos etc., até 30 unidades, em perío<strong>do</strong> ae produção desete anos; Tabela V) e finalmente para o caso de no início a produtividade aumentare depois novamente diminuir (com a série 100, 200, 300, 200, 100 etc.; Tabela VI).Para: lecor-:rQUADRO 6 TABELA 1I1Um mês de trabalhoPara o exercícioeconômico deDisponível no ano de 1888 Disponível no ano de 1889produzproduzUnidades<strong>do</strong>produtoUtilidademarginalSoma<strong>do</strong>valorUnidades<strong>do</strong>produtoUtilidademarginalSoma<strong>do</strong>valor1888 100 5 500 - 5 -1889 200 5 1000 100 5 5001890 280 4 1 120 200 4 8001891 350 4 1 400 280 4 1 1201892 400 O - 350 O -1893 440 O- -­400 O1894 470 O - 440 O -1895 500 O - 470 O -Que é que nos mostram essas tabelas? Mostram-nos que os valores máximos(destaca<strong>do</strong>s pelo itálico) para os meses de trabalho compara<strong>do</strong>s, de 1888 e 1889,são desiguais, favorecen<strong>do</strong> o mês de trabalho mais antigo somente na primeira dasquatro tabelas (III), ao passo que em todas as outras três são iguais. Indicam, portanto,que sen<strong>do</strong> idênticas as premissas no tocante à grandeza da utilidade marginal,a superioridade <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> mês de trabalho mais antigo se verificou naquelecaso em que se manteve como suposição, na linha de minha tese, a produtividademaior <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produção mais longos e que não se observou a superioridadede valor naqueles casos em que a mencionada produtividade maior foi elimina­QUA.=:=-. =:Um :-:-.~;Para : ~econ:,n'2 P 280 et seqs (2' edição. p. 270).


-EXCURSO XII 217~ -:J:mhamos,; i::"", ::'5. 5; paraG '. ~ante refle­: .-:: :s:riua 42 atri­:: :=2:-'o<strong>do</strong>, mais[_::~:: <strong>do</strong> valor;:=::..:.co o valor~-:-2;:Le a possi­:::- ::: claro que:: -,: atribuímos, ~::.~:Js bruscos.'.2::, oara com­:: :-:2~tação, fa­, :: = :,ue podem~ :-.;:J5: portan­:: _5~al; Tabela::=.::, com cada: ~:=:-::,Jutividadeã:: ;Jara o moi:3 =, em perío­E :::~odução de.',=::=e aumen­~:: : Tabela VI).l>~ de 1889r1te;,r


218 TEORIA POSITIVA DO CAPITALda das premissas. Em outras palavras, as quatro últimas tabelas demonstramexatamente aquilo que Fisher pretendeu refutar com seu raciocínio basea<strong>do</strong> em premissasinsuficientes, a saber, a relevância de meu terceiro motivo para a ocorrênciada superioridade <strong>do</strong> valor. 43Eu poderia construir muitos outros exemplos de tabelas, com cifras sempre diferentese que confirmariam que minha tese é correta. Mas há um caminho maisbreve e mais simples para isso. Trata-se da via algébrica, que o próprio Fisher meindicou com seu exemplo. Já no início antecipei essa prova algébrica, poden<strong>do</strong> agoravoltar novamente a ela com tanto mais razão, depois de to<strong>do</strong>s esses esclarecimentose demonstrações especiais. Ela ilustra, de uma forma que tem validade geral, que,quaisquer que sejam os u, isto é, as utilidades marginais, o mês de trabalho mai~antigo sempre tem de apre'>entar um valor maior <strong>do</strong> produto <strong>do</strong> que o mês de trabalhomais recente, desde que, de acor<strong>do</strong> com minha tese, aumentem constantementeos números indica<strong>do</strong>res da produtividade de méto<strong>do</strong>s de produção mais longos.Naturalmente, sei muito bem que Fisher tem a levantar, contra muita coisa queacabo de dizer aqui e disse anteriormente, outras objeções, além das levantadas emsua "primeira etapa"; em particular, sei que contra a inversão que acabo de fazerde sua demonstração algébrica tem pronto mais um argumento, que necessariamenteterá de introduzir-nos profundamente nas últimas sutilezas de um problema que jáem si é bem difícil e sutil. Mas isso diz respeito somente a essas outras etapas posterioresde sua crítica global, cujo fundamento examinaremos na devida ordem e nodevi<strong>do</strong> lugar. Aqui, o que me interessava era apenas defender-me, digamos assim,contra uma espécie de assalto lógico que, a meu ver, Fisher tentou na primeira etapa,tiran<strong>do</strong> já nela conclusões precipitadas e antecipadas. 442) § 5 de FísherNessa sua "segunda etapa", Fisher emprega o seguinte méto<strong>do</strong> de refutação, respectivamentesua maneira de concluir. Elimina totalmente da suposição de minhastabelas, fornecidas a título de exemplo, a influência <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is "primeiros motivos" oque é feito supon<strong>do</strong> que o número indica<strong>do</strong>r da "utilidade marginal reduzida" sejaplenamente igual para to<strong>do</strong>s os anos, a saber, 5. Com isso chega ao Quadro lO.Fisher comenta esse quadro primeiro nos seguintes termos:"Os números que aparecem nas colunas indica<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> valor são aqui absolutamenteiguais para 1888 e 1889; por isso, também o máximo da primeira coluna, se é que aquihá um máximo, deve ser igual ao máximo da segunda coluna".A seguir complementa numericamente essa tabela - complementação que éinteressante e ao mesmo tempo coincide com o real. Com efeito, observa, com plenoacerto, que mesmo em minha hipótese da produtividade maior de méto<strong>do</strong>s deprodução mais longos o produto de uma unidade de trabalho nunca pode aumentaraté o infinito, senão que no máximo pode aproximar-se assintoticamente de uma43 Talvez alguém possa pensar que os números desse exemplo representariam apenas um caso excepcional raro e elabora<strong>do</strong>de mo<strong>do</strong> particularmente artificial. Seria um erro_ Com efeito, o que interessa não são as cifras concretas, mas o tipo;ora, a ocorrência de um tipo de utilidade marginal que não decresce de forma contínua. mas permanece estacionáriapor algum tempo ou por longo tempo. e só decresce em perío<strong>do</strong>s mais remotos. é tão freqüente quanto importante. Comefeito, em todas as pessoas que poupam o principal de seu patrimônio para o futuro, os fatores <strong>do</strong> primeiro e <strong>do</strong> segun<strong>do</strong>motivo se mesclam e se compensam de tal forma que. no que tange precisamente a esses <strong>do</strong>is motivos, deles resultariapara um futuro próximo, ou pelo menos não excessivamente remoto - isto é, na medida em que não for excessivamenteimprovável que ainda estejam vivas -, equjualência entre os bens presentes e os futuros, conforme expus em minha <strong>Teoria</strong>Positiua, p. 283, nota 23, bem como na p. 319 et seqs. No caso de tais pessoas e ce tais situações. somente o acréscimo<strong>do</strong> terceiro motivo é um elemento decisivo para que ocorra superioridade de bens presentes sobre os futuros44 O leitor atento não terá dificuldade em reconhecer nela, apesar da mudança nas circunstâncias secundárias e na formulaçãodialética, o mesmo disparate lógico que tivemos de constatar acima, à p. .195_et seqs., contra BortkiewiczQUADReUm m~o -­Pa:"!grandezc. -.iunidade,: ~~importa:~ =' :mo, isto 2. ebens pre':~,Ser§. ::: jdutividac.:: ~indepen é':::-i<strong>do</strong>s oUI~=': ;ao que c.::!se encar.2;iprecisão ::" Iflita clarc.::-.':um pm;::Cor:-. ".-:silogísticc. ­festo qU2 '"não pUé2~ ;caso de 2':--':;é um me::'.'exc/usiL':; -.- ivalência .=-:temos ac'~trata-se é"deparar ~ :::~5 Ver ac: - ~ =-,4b É clare -=_~ ::duto, se..--.:::: =-:­da argu::-",,--;:.~47 Op. CC "4H É assl"":"" :_~as etapas"lhe fac' .will mar:J>;: -: :-­da prefer~- - :: :."os <strong>do</strong>is :::- - .:.. ~


EXCURSO XII 219ê5 :2monstram~c:..::::o em pre­~:: :::xorrência:~::': ':empre di­- ::::-:-.inho maisé:::-.: Fisher me. :: : ::2n<strong>do</strong> agora2'::õõ,ecimentos::: =i' geral, que,[2 :::-::'::lalho mais_i' :: :':lês de trar:i':-:-. constanteç~:::':lais longos.- _c::: coisa que:"i'.antadas em, :: :::::0 de fazer=-i' :2,:sariamente::::.2ma que jáê': i':apas poste­.::::: :::>rdem e no::;:::mos assim,- ': ::rimeira eta­__ :i':·.ltação, res­5- :~: de minhas= :: ': motivos" oê' :2:uzida" seja:::: Quadro 10.==,:olutamente-:: ,'" é que aqui:-i'-:ação que é":i' :'.a.. com ple­::2 :':léto<strong>do</strong>s de::: :::Jde aumen­:-=~2:1te de umaQUADRO 10Um mês de trabalhoTABELA VIIPara o exercícioeconômico deDisponível no ano de 1888 Disponível no ano de 1889produzproduzUnidades Utilidade<strong>do</strong>marginalprodutoSoma<strong>do</strong>valorUnidades Utilidade<strong>do</strong>marginalprodutoSoma<strong>do</strong>valor1888 100 5 500 - 5-1889 200 5 1000 100 5 5001890 280 5 1 400 200 5 1 0001891 350 5 1 750 280 5 14001892 400 5 2000 350 5 1 7501893 440 5 2200 400 5 20001894 470 5 2350 440 5 22001895 500 5 2500 470 5 23502500grandeza máxima finita. 45 Se, por exemplo, esse máximo finito da série for 1 000unidades <strong>do</strong> produto, Fisher acredita poder concluir que "um mês de trabalho, nãoimportan<strong>do</strong> se está disponível no ano de 1888 ou 1889, terá o mesmo valor máximo,isto é, exatamente 1 000,46 e não existirá nenhuma 'superioridade técnica' <strong>do</strong>sbens presentes em relação aos futuros, qualquer que ela seja".47Será que essas afirmações contêm uma refutação de minha tese de que a produtividademaior <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produção capitalista constitui um terceiro motivoindependente da superioridade de valor <strong>do</strong>s bens presentes, motivo este diferente<strong>do</strong>s outros <strong>do</strong>is? Obviamente é esta a convicção de Fisher. Contu<strong>do</strong>, similarmenteao que acontece na "primeira etapa", também aqui é mais a impressão global quese encarrega de gerar essa convicção, como se o autor tivesse pensa<strong>do</strong> em unir comprecisão pedante um elo ao outro de seu silogismo, até ver-se que o último elo conf1itaclaramente com minha tese. E, no entanto, também aqui teria si<strong>do</strong> muito útilum pouco de pedantismo da parte dele.Com efeito, se fizermos, em lugar de Fisher, a tentativa de completar sua cadeiasilogística ~ que ele mesmo mais insinua <strong>do</strong> que explicitamente efetua ~, é manifestoque ela pressupõe o seguinte elo lógico intermediário: se meu terceiro motivonão puder ser responsabiliza<strong>do</strong> pela superioridade de valor <strong>do</strong>s bens presentes nocaso de estarem ausentes os <strong>do</strong>is outros motivos, isso é uma prova de que ele nãoé um motivo autônomo, existente além deles, senão que o efeito deve ser atribuí<strong>do</strong>exclusivamente aos <strong>do</strong>is outros motivos. 48 Em outros termos, Fisher postula a equivalêncialógica entre "sem mim, não" e "exclusivamente por causa de mim". Ora,temos aqui novamente uma pseu<strong>do</strong>-conclusão, tirada de premissas insuficientes; aliás,trata-se de uma pseu<strong>do</strong>-conclusão baseada num protótipo com que costumamosdeparar a cada passo no descuida<strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de pensar e de falar <strong>do</strong> dia d dia, mas::.: raro e elabo­- - ~~~:c.~, mas o tipo::~~- .:: - -;ó-:e estacionária~::·ortante. Com_. - -:::-:::' e <strong>do</strong> segun<strong>do</strong>: ~ :::2ies resultaria,- ~cessivamente~ -::~ minha <strong>Teoria</strong>- -ê -.:2 o acréscimo. _ :'-.lTOS.: _- =i::"ias e na for­-~ 3cntkiewicz.~5 Ver acima. Excurso I. p. 20. nota 26.4b É claro que. ao falar de '·1 he same maximum value", Fisher deveria ter Indica<strong>do</strong> a cifra 5 000 (1 000 unidades de pro­duto, sen<strong>do</strong> 5 a utilidade marginal reduzida) e não 1000. Entretanto. isso não tem nenhuma importância para o cursoda argumentação.47 Op cit., p. 66 et seqs.4H É assim que Físher caracteriza" repetidas vezes e com a máxima clareza seu tema. que permanece o mesmo em todasas elapas "( .. 1 thal these elemenls, and these alone, produce the advanlage of present over lhe luture goods· (p. 62):"lhe facl is Ihal lhe only reason (para a superioridade de valor <strong>do</strong> mês de trabalho presente) is Ihal to-days investmentwill mature earlier...'· (p. 70-71); a assim chamada superioridade técnica deriva "toda a sua força" ("derives aI! it5 force'")da preferência de um prazer anterior em relação a um prazer posterior: o pretenso "terceiro motivo" não é outra coisa senão"os <strong>do</strong>is primeiros motivos em forma disfarçada" ("is only the first two circunstances in disguise", p. 71).


22C'TEORIA POSITIVA DO CAPITAL:lem por isso ele deixa de constituir o tipo de uma forma de pensar descuidada e;ncorreta.Vejamos primeiro um exemplo. Um convalescente, em sua primeira saída decasa, passeia por uma rua, na qual se quebra um pedaço de moldura <strong>do</strong> teto deuma casa, e a moldura que cai o mata. Não há dúvida de que a pessoa não teriasi<strong>do</strong> morta se tivesse adia<strong>do</strong> sua saída de casa - saída que talvez tenha ocorri<strong>do</strong>ce<strong>do</strong> demais ou prematuramente, levan<strong>do</strong>-se em conta seu esta<strong>do</strong> de convalescência;ora, nada mais natural, para o mo<strong>do</strong> de pensar e falar vulgar, <strong>do</strong> que tecer oseguinte comentário ao fato: "o que matou o homem foi exclusivamente sua teimosia;se, como}o<strong>do</strong>s aconselhavam, ele tivesse adia<strong>do</strong> sua saída de casa, hoje aindaestaria vivo". E claro que esse comentário é objetivo e logicamente falso, no tocanteà palavra "exclusivamente". lncorren<strong>do</strong> num exagero dialético, em vez de afirmar quea saída prematura de casa exerceu sobre o efeito uma influência indispensável paraeste último, afirma uma coisa bem diferente, a saber, que a saída de casa, sozinha,produziu to<strong>do</strong> o efeito. Igualmente óbvio é que o fato de a saída prematura de casaser indispensável para a ocorrência <strong>do</strong> aconteci<strong>do</strong> não constitui fundamento lógicosufiente para negar à queda da moldura a função de uma causa no mínimo paritáriae independente <strong>do</strong> ocorri<strong>do</strong>, juntamente com a saída prematura: com toda certeza,não se pode dizer que a pedra que caiu seja apenas "uma outra forma da saídaprematura" <strong>do</strong> convalescente.Pois bem, a argumentação de Fisher baseia-se exatamente no mesmo exagerodialético, cometen<strong>do</strong> o mesmo salto lógico. Quero primeiro preparar ainda melhora compreensão disso, com um segun<strong>do</strong> exemplo, que pela sua característica se aproximaainda mais de nosso caso. Suponhamos que um canhão de assédio dispare,mediante uma carga de pólvora, granadas explosivas com carga de melinita contraas trincheiras inimigas. As granadas que acertam e que ao acertarem explodem, produzemum considerável efeito de tiro. Perguntemos agora pelas causas desse efeitode tiro. Ninguém há de duvidar de que nesse caso a carga de melinita das granadas,juntamente com a carga de pólvora <strong>do</strong> canhão - que teria da<strong>do</strong> o impulsoàs granadas e, mesmo sem a explosão, já teria produzi<strong>do</strong> determina<strong>do</strong> efeito de tiro,se bem que menor - tem de ser qualificada paritariamente como uma causa parcialautônoma <strong>do</strong> efeito de tiro efetivamente ocorri<strong>do</strong>, e que a enumeração das causasparciais desse efeito de tiro evidentemente seria incorreta e incompleta sequiséssemos mencionar apenas a carga de pólvora <strong>do</strong> canhão. E nesse juízo certamenteninguém quererá deixar-se enganar pela objeção dialética de que sem a cargade pólvora a granada simplesmente não teria explodi<strong>do</strong> na trincheira inimiga,e portanto o referi<strong>do</strong> efeito de tiro teria deixa<strong>do</strong> de ocorrer, concluin<strong>do</strong> supostamentedaí que to<strong>do</strong> o efeito de tiro deva ser atribuí<strong>do</strong> exclusivamente à carga de pólvora,alegan<strong>do</strong> que a pretensa segunda causa independente - a "carga de rnelinita"- seria apenas "a primeira causa disfarçada".Ora, exatamente tão insuficiente e engana<strong>do</strong>ra é a premissa de Fisher em relaçãoà conclusão que tira dela. Mesmo que fosse realmente verdade que simplesmentenão pode haver uma influência de meu terceiro motivo sem que ao mesmotempo ou antes atue um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is outros motivos - disso falaremos ainda, ao tratarmosda "quarta etapa" de Fisher -, de forma alguma seguiria disso que meu terceiromotivo não é uma "causa independente" da superioridade <strong>do</strong> valor de benspresentes e que ele pode estar ausente numa enumeração correta e completa ­como a que eu empreendi - <strong>do</strong>s motivos parciais da referida ocorrência. Tambémaqui a demonstração de Fisher é errônea. Na melhor das hipóteses ela poderia provarque os <strong>do</strong>is primeiros motivos são indispensáveis, mas de mo<strong>do</strong> algum é capazde provar que o terceiro motivo não tem influência: este ainda pode continuar aser um :-:-. =~',primeiro, :-:- ::pendente ::::mente de :-:-.':autôno~:: :: =que dispe==.Estra- '-."nha tese 0 =::dentes e :_ô::icorrespo:-. ::"dada sitL;e::~:difica<strong>do</strong>;e 'ô =:de valor:: =,Faça:-:- =ôsível, de :::,,,,e seguncc :-:-:anos - ,:" ~<strong>do</strong> prod:..::= ::subseqüe:-.:"sderia à s':_,,:.cessidade e ~uma forte ,e::sa<strong>do</strong>. AIÉ:-:-. .::Jsário pare:: 5­o indivíó: 3temente :...:eano anor:-:-::..se nivele ~ .:.partimos" ::>turba<strong>do</strong>s e =:está assoe:::',rem erro:-.e:::­sagem c;...:"concepçce, :Veja:-:-.=~.<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is -:::-­"terceiro ~. =:::esqueme ::e::;dução ir: é';,e:río<strong>do</strong> de ::,=.::porém rr:'''-:2:diferente ,,_:perío<strong>do</strong>:'e ~lmendadc :: =1de escol:--.~ edetermir'i"c::um proc...::="1') Op Clt. -:: -­


EXCURSO XII 221~ [23cuidada e'--2,~::saída de:_-:: -::0 teto de.c =: =: =:: não teria:-:~,,-,3. ocorri<strong>do</strong>2 =:::walescên­: = :ue tecer o.:: -:2 sua teimo­'ê;o:: ~oje ainda::.0 = :lO tocante: :2 ?firmar que==::: -: :lsável para: =::3a. sozinha,c::-:-,:::ura de casa=::.:-:-:ento lógico~,::-:;mo paritá­=:::TI toda cer­, ' : ::na da saída~,-:;;:TlO exagero:: ::,:lda melhort2~3~ca se apro­::0;;2:J.io dispare,~21;nita contra-:'.:J:odem, prol:-::;;iesse efeito:.:-::: das grana­::::') o impulso== 2:eito de tiro,~~:-,G causa par·.,:;:::.cão das cau­-~ompleta se..: ;;02 ,iuízo certa­, :, _e sem a car­- =~,eira inimiga,: = oJpostamen­::::;0. de pólvo­:-;:::. de rnelinita",:=o~er em rela­[2 :ue simples­:..:e ao mesmo:3 :::":lda, ao tra­=-= :Je meu terc.â:orde bens~ -: completa ­r~~,:::a. Também..::::' ;Joderia pro­: ::,;um é capaz:·:-:continuar aser um motivo parcial tão atuante e tão autônomo <strong>do</strong> efeito total quanto os <strong>do</strong>isprimeiros motivos - exatamente como a moldura caída foi uma causa parcial independenteda morte <strong>do</strong> convalescente, juntamente com sua saída prematura e exatamenteda mesma forma que a carga de melinita da granada foi uma causa parcialautônoma <strong>do</strong> efeito de tiro ocorri<strong>do</strong>, juntamente com a carga de pólvora <strong>do</strong> canhãoque disparou as granadas,Estranha-me realmente que Fisher, em seu diligente empenho de testar se minhatese é correta, tenha efetua<strong>do</strong>, pela ordem, várias verificações falsas e inconcludentese justamente não lhe ocorreu fazer a mais natural de todas, que realmentecorresponde ao caso: ou seja. investigar se o acréscimo de meu terceiro motivo adada situação, respectivamente sua não presença, exerce ou não uma influência modifica<strong>do</strong>rasobre a ocorrência - respectivamente sobre o grau - da superioridadede valor <strong>do</strong>s bens presentes.Façamos essa comprovação com base num exemplo isento, na medida <strong>do</strong> possível,de todas as fontes de erro. Suponhamos que o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s fatores <strong>do</strong> "primeiroe segun<strong>do</strong> motivo" seja tal, por sua natureza, que dele resulte para os primeiros quatroanos - de 1888 até 1891 - um esta<strong>do</strong> estável da utilidade marginal da unidade<strong>do</strong> produto, de 5, para o ano de 1892, uma utilidade marginal de 8 e para os anossubseqüentes, novamente, uma utilidade marginal de 5, Essa hipótese corresponderiaà situação seguinte: alguém, em virtude das condições externas, tem uma necessidadee uma renda estáveis, porém essa renda. num ano no meio da série, sofreuma forte redução pelo fato de no referi<strong>do</strong> ano vencer uma dívida contraída no passa<strong>do</strong>.Além disso, quero supor que a renda estável atinge apenas o mínimo necessáriopara a sobrevivência. Com esse traço excluo que nos anos mais bem provi<strong>do</strong>so indivíduo a<strong>do</strong>te medidas de poupança para o pagamento da dívida, conseqüen·temente que as condições de suprimento <strong>do</strong>s anos normais se nivelem com as <strong>do</strong>ano anormal, que em decorrência também a utilidade marginal da unidade de bensse nivele e, finalmente, por um la<strong>do</strong>, se suspenda novamente a premissa da qualpartimos e, por outro, em virtude da introdução de efeitos secundários sejam perturba<strong>do</strong>se obscureci<strong>do</strong>s os efeitos primários de determinada situação, com o queestá associa<strong>do</strong> também certo perigo de efeitos resultantes <strong>do</strong> processo global a seremerroneamente considera<strong>do</strong>s como causas <strong>do</strong> processo. Aliás, seja dito de passagemque justamente esse erro parece haver influencia<strong>do</strong> funestamente asconcepções de Fisher sobre nosso tema.Vejamos, portanto, como ficam as coisas se for considera<strong>do</strong> como fixo o esta<strong>do</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong>is "primeiros motivos", da maneira descrita, varian<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s referentes ao"terceiro motivo": suponhamos primeiro, na Tabela I que segue, e na linha de meuesquema permanente, que ocorra tanto a produtividade maior de méto<strong>do</strong>s de produçãoindiretos mais longos quanto a liberdade total de escolha no tocante ao perío<strong>do</strong>de produção a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>; na Tabela II demos como excluída a produtividade maior,porém manten<strong>do</strong>-se a liberdade de escolha entre méto<strong>do</strong>s de produção de duraçãodiferente (supon<strong>do</strong> um produto de 300 unidades, que permanece igual para cadaperío<strong>do</strong> de produção); e, finalmente, na Tabela III (na linha de uma proposta recomendadapor Bortkiewicz 49 ), suponhamos que esteja também excluída a liberdadede escolha e que, em virtude de condições técnicas, se esteja obriga<strong>do</strong> a a<strong>do</strong>tardeterminada duração <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção, por exemplo de cinco anos, comum produto de 300 unidades.,y Op. cit., p. 956.


-222 TEORIA POSITIVA DO CAPITALCL'ADRO 11TABELA IUm mês de trabalhoQUADRO 12Disponível no ano de 1888 Disponível no ano de 1889produzproduzPara o exercícioeconômico de Unidades Soma UnidadesSomaUtilidadeUtilidade<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>do</strong><strong>do</strong>marginalvalormarginalprodutoprodutovalor1888 100 5 500 - 51889 200 5 1 000 100 5 5001890280 5 1400 200 5 1 0001891350 5 1 750 280 5 14001892400 8 3200 350 5 28001893 440 5 2200 400 5 2000'1894470 5 2350 440 5 22001895500 5 2500 470 5 2350TABELA IIUm mês de trabalhoQUADRO 13Disponível no ano de 1888 Disponível no ano de 1889produzproduzPara o exercícioeconômico de UnidadesSoma UnidadesUtilidadeUtilidadeSoma<strong>do</strong> <strong>do</strong>marginal<strong>do</strong>marginal<strong>do</strong>produto valor produto valor~-1888 300 5 150051889 300 5 1 500 300 5 15001890 300 5 1500 300 5 15001891 300 5 1500 300 5 15001892300 8 2400 300 8 24001893 300 5 1500 300 5 1 5001894300 5 1500 300 5 1 5001895 300 5 1500 300 5 1500TABELA IIIUm mês de trabalhoPara o exercícioeconômico deDisponível no ano de 1888 Disponível no ano de 1889produzproduzUnidades Utilidade<strong>do</strong>marginalprodutoSoma<strong>do</strong>valorUnidades Utilidade<strong>do</strong>marginalproduto-Soma<strong>do</strong>valor~-1888 - 5 - - 5-1889 - 5 - - 5 -1890 - -5-5 -1891 - 5 5 -1892 - 8- -8 -1893 300 5 1500 - 5 -1894 - 5 - 300 5 1 5001895 - 5 - -5 -Se 3obriga,::"':um de e:~meiro e::.;1 500, .:: 1ao passemero ::-:..iindicac=~las esp.::jOCs.?:tivos·. .:: ~balho P:-2valor ê-::JTabela Lrío<strong>do</strong> C2 .ora supe::­dade ce '\quan<strong>do</strong>. ~produt:·.:lvo e nêc ica a su:: 1não são (poderr. ;.perior.c::(aos ma:sKa:..Jvia, ao ::1já tamc-2;-, possC'gina 2::,esta<strong>do</strong> c:sariame:-:lclusiva:-:-ede proCJlmeira a;::rcontra-o:'demos 2JIse ide:".:iivimos S2'lCo:::gunda s21quer q:':2em grc-::lde trab::termo CJum P :-:-.~P aume:-.1mente ...::1res que]P3 U.; Cê !50 Ver :::_:~:.


11':' de 1889i.ZIC"'l.ê_Soma<strong>do</strong>valor50010001400:; 800200022002350I!::' de 1889iLZ":t'P:d,Soma<strong>do</strong>valor15001 50015002400150015001500il:~,_, de 1889lUiCErr


224 TEORIA POSITIVA DO CAPITALde ser maior <strong>do</strong> que o termo subseqüente P4 U 5 da mesma série - se U 5 for me·nor <strong>do</strong> que u4, já que o outro fator <strong>do</strong>s produtos compara<strong>do</strong>s, isto é, P4, é maior<strong>do</strong> que P3' Por conseguinte, a presença de um máximo final no decurso da segundasérie já pressupõe, segun<strong>do</strong> Fisher, um decréscimo <strong>do</strong>s u, ou seja, a presençade um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is "primeiros motivos" - o que constituiria uma prova de que a superioridadede valor não se deve à produtividade maior <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de produçãoindiretos mais longos, mas exclusivamente aos <strong>do</strong>is primeiros motivos. 51Ora, isso é exatamente a mesma pseu<strong>do</strong>conclusão que atribuir a morte <strong>do</strong> convalescenteexclusivamente à sua saída prematura de casa, ou atribuir o efeito detiro da granada carregada com melinita exclusivamente à carga de pólvora <strong>do</strong> canhão:é uma confusão entre o "sem mim, não" e o "exclusivamente por causa demim". ou então, para exprimir-nos em linguagem bem escolar, uma confusão e.ntreuma oposição apenas contrária e uma oposição contraditória. As possibilidades nãos" esgotam nas duas alternativas -seguintes: um efeito só pode ocorrer ou sem que'surja determina<strong>do</strong> fato ou exclusivamente em virtude desse fato; se assim fosse realmente,da não-ocorrência da primeira alternativa se poderia sem mais concluir paraa ocorrência da segunda. A verdade é que existe também a terceira possibilidade:que um efeito não possa ocorrer sem que surja determina<strong>do</strong> fato, mas nem por issoele ocorre exclusivamente em virtude desse fato, poden<strong>do</strong> ser gera<strong>do</strong> por esse fatoem conjunto com um outro fato que ainda sobrevém; ora, as conclusões precipitadasde Fisher pulam tranqüilamente por cima dessa terceira possibilidade.Não quero, porém, responder à dialética abstrata com a qual meu insigne oponenteopera contra mim, apenas com outra dialética abstrata - se bem que, comoespero, com dialética abstrata correta; quero expor a questão ao leitor também deum mo<strong>do</strong> mais concreto, que facilite o seu julgamento. Suponhamos que me ofereçamum crédito - denominemo-lo crédito A - que me dá o direito de adquirir,à vontade, ou três quintais de trigo numa propriedade rural argentina ou <strong>do</strong>is quintaisde trigo em Viena, onde moro. Oferecem-me também um segun<strong>do</strong> crédito, queme daria o direito de adquirir três quintais de trigo em Viena. Sem dúvida, dareimais valor ao crédito 13, preferin<strong>do</strong> adquirir este a adquidr o crédito A. E por quê?Quero responder a essa pergunta, primeiro, com dialética unilateral conscientementeerrônea, e o farei sucessivamente em senti<strong>do</strong> oposto, com o mesmo mo<strong>do</strong> deconcluir.Primeira resposta: Somente porque prefiro Viena como lugar de pagamento.Pois, se para mim fosse totalmente indiferente receber três quintais de trigo em Vienaou na Argentina, também os <strong>do</strong>is créditos teriam o mesmo valor em minha avaliação.Segunda resposta: Somente porque o crédito 13 me proporciona. para Viena,uma quantidade maior <strong>do</strong> que o cheque A, e eu prefiro a quantidade maior à quantidademenor. Pois. se os <strong>do</strong>is créditos me oferecessem, para Viena, a mesma quantidadede trigo - por exemplo, se também o crédito B só me proporcionasse <strong>do</strong>isquintais de trigo, ou se também o crédito A me proporcionasse três quintais de trigoem Viena - ou então se, por algum motivo qualquer, eu não preferisse a quantidademaior - por exemplo, porque em Viena só consigo um emprego útil para<strong>do</strong>is quintais de trigo, e um terceiro quintal seria para mim totalmente inaplicávele destituí<strong>do</strong> de utilidade -, nesse caso, apesar de preferir Viena como lugar de pa-SI Fisher não expôs detalhadamente essa contra-objeção em suas pubiicações, mas a insinuou de maneira suficientemen"te inteligível para entendi<strong>do</strong>s, mediante as cláusulas, expressas reiteradamente. "if there be a maxlfnum" (op_ cit p. 66)."Qssuming of course that maxima exist" (p_ 355). Aliás. o Praf. Fisher teve a gentileza de orientar-me sobre essa sua concepção,por ocasião de uma correspondência epistolar entre nós <strong>do</strong>is. Ver acima. Excurso IV, p. 68. nota 11.gamento. ~:-:ligual.As d..:::~No caso. :: "B funda-~~ :lugar de p::~ferida me.'~ :Je a molé',,:::::,melinita éG..~ ,de acorde c:sa reflexãc Jcaso conc:-~1se as CO!.::'.;,em aber:':: "três quin:::~como me:::','Viena CO""-:;'em Vien:: ::;base no ::-2:mais <strong>do</strong> ::":2tivo deci~:·. ::mento \":2:-';me prop:::-;:-:com ba~" -.'Ore.. :: ;da quar::::::'3em nosSê '::'1quantida:::~ ,damos ". ::.5abatidas. ::: Jlhe atrib-..:~~~ou só c,,:--.canos. pc~~ jque hoi" :~lresta de ~ =~a floreScê :-:-,.deira. el:: :-"iser emV~;icom a ".2~:exerce u::-::o vinho '.~Jpor Fisn~:exclusi\'ê::-."3) § 6 02 .=-jNes:~ ;::nan<strong>do</strong> ::~ y.to no e:,'..:::l ique à~.22produto ::,;,-


EXCURSO XII 225.:: ~, for me·é maiors: =" segun­= ;:>resença'=_easupe­:" :rodução>~'::-:e<strong>do</strong>con­: : efeito de:.. :ra <strong>do</strong> ca­:.: r causa de)_c~são entrec_=ades não. : _ sem queL:". :osse realc:::-:ciuir parar::.: ~s:bilidade:-,,:-:-: por isso;:: : r esse fato[.,:s :Jrecipita­(==::e.i -.~'gne opo­=-:-. =ue. comoir :=':-:lbém de:_" :-:le ofere­: =2 adquirir.: _ ::ois quin­.: ::édito, que: >:da, darei~_ ~ por quê?s::entemen­-=: mo<strong>do</strong> de.= :gamento.~.;O em Vie­:-. r:-.:nha ava­:e.ra Viena,~ ::or à quan­:-.,,~ma quanc::::iasse <strong>do</strong>is:-.:e.:s de trigo:_õ~e a quantir2;cútil para.:2 ':-laplicável..:gar de pa­-~ ~..:!icientemen­·c cit.. p. 66).~ ~~~ sua concep-gamento, em minha avaliação também aqui os <strong>do</strong>is créditos teriam valor inteiramenteigual.As duas conclusões são falsas, por ser unilateral a dialética que lhes está à base.No caso, a verdade bem evidente é a seguinte: a superioridade de valor <strong>do</strong> créditoB funda-se na ocorrência paritária <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is motivos, a saber, prefiro Viena comolugar de pagamento, e o crédito B me oferece para esssa praça de pagamento preferidamais <strong>do</strong> que o crédito A - exatamente da mesma forma que a saída de casae a moldura que caiu, respectivamente a carga de pólvora <strong>do</strong> canhã9 e a carga demelinita das granadas foram causas paritárias <strong>do</strong>s efeitos em questão. E possível que,de acor<strong>do</strong> com a natureza peculiar da ocasião em que é feita nossa análise, em nossareflexão ocupe o primeiro lugar ora um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is motivos, ora o outro e que, nocaso concreto, o motivo "decisivo" seja ora um, ora outro <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is. Por exemplo,se as condições fossem tais que, dentro das duas alternativas que o crédito A deixaem aberto, eu desse a preferência à primeira delas. e portanto desse mais valor atrês quintais de trigo na Argentina <strong>do</strong> que a <strong>do</strong>is em Viena, nesse caso apareceriacomo motivo decisivo para a superioridade de valor <strong>do</strong> crédito B a preferência deViena como praça de pagamento: prefiro o crédito B porque prefiro os três quintaisem Viena aos três quintais na Argentina, que eu teria escolhi<strong>do</strong> e adquiri<strong>do</strong> combase no crédito A. Ao contrário, se já <strong>do</strong>is quintais em Viena ~lessem para mimmais <strong>do</strong> que três quintais na Argentina, em minha reflexão se destacaria como motivodecisivo a superioridade quantitativa que o crédito B tem para o lugar de pagamentoViena: prefiro o crédito B porque prefiro os três quintais em Viena, que eleme proporciona, aos <strong>do</strong>is quintais em Viena. que eu teria escolhi<strong>do</strong> e adquiri<strong>do</strong>com base no crédito A. Espero que isso seja suficientemente claro.Ora, o que acontece com a diferença de lugar. de um la<strong>do</strong>, e com o aumentoda quantidade para o lugar preferi<strong>do</strong>, de outro. exatamente a mesma coisa ocorre,em nossa questão, com a mera diferença de tempo, de um la<strong>do</strong>, e o aumento daquantidade <strong>do</strong> produto para o perío<strong>do</strong> de tempo preferi<strong>do</strong>, <strong>do</strong> outro. Por que motivodamos mais valor a uma floresta de cem anos. na qual as árvores ainda não foramabatidas, <strong>do</strong> que a uma de oitenta anos, nas mesmas condições? Certamente nãolhe atribuiríamos valor maior se para nós fosse totalmente indiferente obter já hojeou só dentro de vinte anos a quantidade de madeira contida na floresta de 100anos, pois decorri<strong>do</strong>s os vinte anos menciona<strong>do</strong>s, terá cem anos também a florestaque hoje tem oitenta. Ora, com a mesma certeza também não atribuiríamos à florestade 100 anos mais valor, se já hoje ela não contivesse mais madeira <strong>do</strong> quea floresta mais nova, de 80 anos, ou seja, se, em razão de sua quantidade de madeira,ela não "fosse tecnicamente superior" à floresta mais nova, poden<strong>do</strong>, pois,ser empregada opcionalmente num perío<strong>do</strong> anterior, por exémplo no presente. Ecom a mesma certeza, na avaliação superior de um vinho velho bem conserva<strong>do</strong>,exerce uma influência - que não pode s~mplesmente se negada - o fato de queo vinho velho é melhor <strong>do</strong> que o novo! E um equívoco dialético a tentativa, feitapor Fisher, de atribuir a superioridade técnica <strong>do</strong>s meios produtivos mais antigosexclusivamente a fatores determinantes de outro gênero.3) § 6 de FisherNeste parágrafo Fisher tenta ilustrar ainda mais sua pressumida refutação, alternan<strong>do</strong>as premissas reais de minhas tabelas freqüentemente utilizadas, em um pontono qual acredita poder mudá-las para ser fiel à realidade: pensa ele, com efeito,que às vezes, a partir de determina<strong>do</strong> ponto, diminui novamente a quantidade deproduto que se pode conseguir prolongan<strong>do</strong> ainda mais o perío<strong>do</strong> de produção.


226 TEORIA POSITIVA DO CAPITALOperan<strong>do</strong> com essa suposição, chega ao diagrama seguinte:QUADRO 14Produto de um mês de trabalho disponívelPara o exercíciono ano deeconômico de1888 1889 1890 1891 18921888 100 - -- -1889200 100 - - -1890 280 200 100 - -1891 350 280 200 100-1892 400 350 280 200 1001893440 400 350 280 2001894470 440 400 350 2801895500 470 440 400 3501896490 500 470 440 4001897480 490 500 470 4401898460 480 490 500 4701899430 460 480 490 500jl)()(J410 430 460 480 490c:::>i5:Ql ,Se nessa hipótese excluirmos, como no § anterior, a atuação <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is primeirosmotivos, fazen<strong>do</strong> com que a utilidade marginal da unidade de produto seja constantemente5, chega-se a uma tabela que apresenta como "cifras indica<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> valor"as cifras da presente tabela multiplicadas por 5, sen<strong>do</strong> que como valor máximopara to<strong>do</strong>s os cinco meses de trabalho compara<strong>do</strong>s, de 1888 a 1892, aparece uniformemente2 500 como cifra indica<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> valor. Fisher acompanha esse resulta<strong>do</strong>com o seguinte comentário textual:"Nossa conclusão é a de que, se eliminarmos os <strong>do</strong>is primeiros motivos, eliminamostotalmente também a superioridade <strong>do</strong>s bens presentes em relação aos futuros, e queportanto se demonstra inexistente o pretenso terceiro motivo da superioridade técnica".52Quanto a isso, tenho a observar o seguinte:Primeiramente, não creio que Fisher tenha base para aduzir a vida real parademonstrar que, aumentan<strong>do</strong> a duração <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção, a quantidade deproduto obtida com a unidade de meios de produção tende positivamente a diminuirde novo a partir de determina<strong>do</strong> ponto.53 Mas não preten<strong>do</strong> insistir nisso, poispara as conclusões de Fisher basta apenas que cesse de ocorrer, a partir de um momentoqualquer, um ulterior aumento da quantidade de produto - possibilidadeque em princípio admiti sem mais, se bem que a considero muito remota. 54Se, porém - como certamente se pode fazer numa hipótese aduzida a títulode exemplo -, supusermos que o ponto-limite de mudança já está tão próximoque ele ocorre com uma duração da produção de sete anos e com uma quantidadede produto de 500 unidades e se, em conexão com essa circustância, supusermostambém - como faz Fisher - que, de acor<strong>do</strong> com os planos de produção a<strong>do</strong>ta­52 Op. cit, p 69 70.')] Sobre isso, ver meu Excu rso I, p. 2l.54 Também quanto a ísso, ver meu Excurso I, p. 19-21o..


EXCURSO XII 227--l!.c::::,§:~g.~og.Õ:.:' ;:JrimeirosG seja cons­:cras <strong>do</strong> va­L':: r máximoa;:arece uni­>::-.2 resulta<strong>do</strong>e~minamos'-:-..:ros, e que::2 técnica", 52O: real paral~:-,tidade dele~te a dimi­:lisso, pois:e um mop.::,:,sibilidade:-:lota. 54da a título20 próximo:;uantidades:.Jpusermos'..:ção a<strong>do</strong>ta-<strong>do</strong>s no ano de 1888 que estão à base das avaliações <strong>do</strong> ano de 1888, <strong>do</strong> presentvalue in 1888,55 já se pode a<strong>do</strong>tar medidas efetivas extensivas até o ano de 1899- portanto até muito além da referida zona de sete anos, poden<strong>do</strong>-se investir todasas forças produtivas disponíveis nos processos de produção mais longos, de seteanos, que ainda comportam uma produtividade maior, e portanto não se precisadeixar de aproveitar nem uma única oportunidade para prolongamentos da produçãoainda mais produtivos - nesse caso, essa hipótese acaba dan<strong>do</strong> na mesmapressuposição real na qual também Bortkiewicz baseou uma das suas tentativas derefutação e que já comentei expressamente acima. nas páginas 199 et seqs.posicionan<strong>do</strong>-me contra o autor, Em suma, trata-se da pressuposição da existênciade um fun<strong>do</strong> de subsistência suficiente para se aproveitar plena e exaustivamenteto<strong>do</strong>s os prolongamentos da produção possíveis ainda associa<strong>do</strong>s a um aumentoda produtividade; ora, simplesmente não afirmei. de mo<strong>do</strong> algum, a influência dem.eu terceiro motivo no caso dessa hipótese. que até agora nunca se concretizoude fato, permanecen<strong>do</strong> apenas literalmente "imaginável". Portanto, concor<strong>do</strong> inteiramentecom Fisher em que, se os pressupostos reais forem estes, haverá uma igualdadetotal de valor entre os meses de trabalho de 1888 e os de 1892; isso, porém,não porque o "terceiro motivo" não possa em princípio ser um motivo independente,ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is primeiros motivos. mas porque nessas condições concretas esseterceiro motivo simplesmente não atua. Y' Ao contrário, a maneira de concluir deFisher - o qual, de um "sem os <strong>do</strong>is primeiros motivos", não conclui para um efeito"exclusivamente em decorrência <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is primeiros motivos" - é aqui exatamentetão errada quanto o foi na cadeia final <strong>do</strong> parágrafo anterior; digo mais: a maneiramelhor e mais contundente de reduzi-la ao absur<strong>do</strong> é a formulação que Fisher lhedeu dessa vez. Procuremos apenas aplicar ao caso-exemplo <strong>do</strong> convalescente mortopela moldura que caiu <strong>do</strong> teto a maneira de concluir copiada textualmente deFisher: "Nossa conclusão é a de que. se eliminarmos a saída prematura <strong>do</strong> convalescente,eliminamos também seu acidente mortal, e que portanto se demonstra inexistenteo pretenso segun<strong>do</strong> motivo da queda da moldura"! Quem estaria dispostoa concordar com essa conclusão de Fisher?Incorrem exatamente no mesmo disparate lógico as reflexões com as quais Fishertermina seu § 6 e com as quais desemboca em uma conclusão também falsa,já tirada por Bortkiewicz;57"Efetivamente, o único motivo pelo qual alguém pode preferir o produto de um mêsde trabalho investi<strong>do</strong> hoje, ao produto de um mês de trabalho investi<strong>do</strong> no ano próximo,está em que o investimento de hoje amadurece antes <strong>do</strong> que o investimento <strong>do</strong>ano próximo. Ao se plantar uma árvore frutífera que trará frutos dentro de quatro anos,preferiremos um trabalho hoje disponível para tal planta:;ão a uma quantidade igual detrabalho disponível somente no ano que vem; e isso porque, se a plantação for adiadaaté o ano que vem, também o fruto será adia<strong>do</strong> de um ano, já que nesse caso ele sóamadurece dentro de cinco anos conta<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong> presente e não dentro de quatroanos. Nada se altera nesse fato ,essencial, se se fala da possibilidade de uma série demaneiras de investir diferentes. E verdade que um mês de trabalho presente pode seremprega<strong>do</strong> para plantar árvores que crescem lentamente ou para plantar árvores quecrescem rapidamente; mas o mesmo vale para um mês de trabalho <strong>do</strong> ano que vem.A assim chamada 'superioridade técnica <strong>do</strong>s bens presentes em relação aos futuros' de­55 FI5HER. Op. cil.. p. 7056 Se, ao contrário, supusermos que o fun<strong>do</strong> de su bsistência é insuficiente, chegamos à variante analisada no § 7 de Fis­her, na qual ocorre imediatamente uma superioridade de valor <strong>do</strong> mês de trabalho mais antigo; ver abaixo.57 Ver supra, p. 205, nota 24.


-:: =''\1.-\ POSITIVA DO CAPITAL:-',2: :Dda a sua força da superioridade <strong>do</strong> prazer anterior em relação ao posterior, prove­-2:-'.:2 de cada processo de produção. O pretenso 'terceiro motivo' dessa superioridade:::'='0 oens presentes não é outra coisa senão os <strong>do</strong>is primeiros motivos disfarça<strong>do</strong>s". C,HA isso replico simplesmente: é ou não é verdade que, mesmo no exemplo deF;sher. temos sempre a dupla opção, a saber, conseguir, com o mês de trabalhomais antigo, ou o mesmo número de frutos para um momento anterior ou tambémmais frutos para o mesmo momento, como se conseguiria com um mês de trabalhodisponível no ano próximo? E se temos esta dupla opção, em nome de que lei daLógica teremos de, à guisa de condena<strong>do</strong>s, olhar sempre apenas para a primeiraalternativa e fechar hermeticamente os olhos para a segunda, como se ela sequerexistisse? Fisher teria razão se houvesse uma lei que nos obrigasse a sempre fazer,no tocante a forças produtivas, um uso exatamente paralelo de nosso direito de op.­ção entre as diversas possibilidades de emprego que nossos meios produtivos admitem;teria razão se, de acor<strong>do</strong> com o lema de Mefisto de que "no primeiro temosliberdade e no segun<strong>do</strong> somos escravos", tivéssemos, sim, condição de escolher sequeremos empregar indetermina<strong>do</strong> mês de trabalho numa produção momentâneaou numa de um ano, ou numa de <strong>do</strong>is anos, três anos etc., mas quan<strong>do</strong>, em setratan<strong>do</strong> de um mês de trabalho presente, nos tivéssemos decidi<strong>do</strong> por determinadaprodução, por exemplo de três anos, também em face de um mês de trabalho<strong>do</strong> ano próximo fossemos obriga<strong>do</strong>s a decidir-nos pelo mesmo emprego num perío<strong>do</strong>de produção de três anos; nesse caso, realmente, se o mês de trabalho presentetem uma superioridade de valor em relação ao <strong>do</strong> ano próximo, tê-la-ia"exclusivamente porque" preferimos a fruição anterior (de uma quantidade igual <strong>do</strong>produto) à fruição posterior.Ocorre que nossa liberdade de escolha vai além; não precisamos optar paralelamente,podemos optar também divergin<strong>do</strong> ou convergin<strong>do</strong>. Podemos encarar apossibilidade de utilizar forças produtivas não-simultâneas também como meios parao mesmo objetivo, para satisfazer as necessidades de um e mesmo perío<strong>do</strong> detempo e nesse caso, naturalmente, elas só podem servir com empregos diferentes:é natural que ~ara o conjunto de necessidades <strong>do</strong> ano de 1892 o mês de trabalhode 1888 só pode servir em perío<strong>do</strong> de produção de quatro anos, e o mês de trabalhodisponível em 1889 só em produção de três anos de duração. E no caso detal escolha convergente em favor de um e mesmo objetivo - escolha com que deparamosinúmeras vezes na vida ou ao menos encaramos em nossos juízos de valorcomo sen<strong>do</strong> a melhor opção disponível -, ocorre uma "superioridade técnica"59das forças produtivas mais antigas sobre as mais recentes, que não pode ser negadapor nenhuma dialética e que, por sua vez, exerce uma influência de forma algumapuramente dialética, mas extremamente real sobre a avalição <strong>do</strong>s meios de produção"mais antigos": quan<strong>do</strong> um madeireiro derruba simultaneamente uma florestade 100 anos e uma de oitenta, dará mais valor à de cem anos simplesmente porqueela tem mais madeira; e quan<strong>do</strong> tomamos uma parte de nosso vinho como "velho"e uma outra como recente, daremos mais valor ao velho simplesmente porque ele5H Op. cit., p. 70-71. Físher repete o mesmo sofisma também ao longo de sua exposição positiva, de forma extraordinariamentesedutora, ao demonstrar. à p. 89 et seqs., que a time preference em favor de um bem de capital mais antigo emrelação a um mais recente se basela no fato de a ....renda" proveniente daquele (com a palavra "renda". em sua terminologia.Fisher entende os serviços de utilidade finais e prontos para o consumo, presta<strong>do</strong>s pero bem de capital) se torna disponí\ielmais ce<strong>do</strong>. Também esse pnncípio, apesar de aparentar a certeza de um axioma, só pode ser aceito cum grano salis. Comdeito, também aqui - de mo<strong>do</strong> análogo ao que acontece com o que está dito acima. no texto - não Se pode esquecerde que não há nada que nos obrigue a auferir <strong>do</strong> bem de capital mais antIgo serviços de utilidade prontos mais ce<strong>do</strong> parao consumo; podemos. por escolha nossa, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> um caminho mais longo, auferir dele também outros serviços de utdldade -. e mais maduros - para o mesmo momento, e a time preference pode basear-se 'também nissQSY Em certo momento (p. 72) Fisher denomina essa superioridade técnica de "ilusão" (delusion)!é O me:~:~não é ~:-:-_(E se?nossa e5-:::J- no se:-.:em 188'1 •go ecor.::'!quantid,,:::_maior de:Jvelho cC:"}cer. É r.::: ·.asa de !T.~:':'"parágrai::: ::trar seu -:-2houver ::=.:{de grav:é::.:tunidade ;J.;bre a for.:-:aforma m.:.=:a mold~'21ra da quei,da prema:J.segurame:lJca da 'SI.:;:"460 Para U~. :::=,:;um moti\": :~ ;:r.sem que :.:: ~então, cas: - _-;:des sem!y~ ~~-.=razão suf.:...:::-:::: jnão se a:...:::" -;:Ialgo que õ.':, 1"'motivo :J:-::-:'"verdadei~c=:-_2-cpentinan:>2:-:';- :H!mais !onQ=: : ~~ma, p. 19~ :::1também ;o:õ:."dialética j: 2 --= ~...;:necessida.:::2 ':.3CreIo ter ::-=-=.: ~tranqüilos. ;:3:3quais se p::.;: :':!são deco~2 -:,;:: japerfeiço::== .:._-!~~t:~~~ãUo =~~ ;~~motivo. e :~ -,-=:Oi.:o da eco:"",::":""_.,:, :totaimentE .- :..:-;adas máqu:~=-= ::: Iguerra de =-~~ ':'l~de assédi:: :~atingiraiv:.:: -:watingi<strong>do</strong>; =< ~, :ibaterias 1'";,:='_: .~"::que na pré: :::::-1:mo<strong>do</strong> de c., -õportanto- _- .:. Jser uma p:-- =-=a<strong>do</strong> que co::- =' ,


EXCURSO XII 229prove­


230 TEORIA POSITIVA DO CAPITAL4) § 7 de FisherPara comprovar a "independência" de meu terceiro motivo em relação aos <strong>do</strong>isprimeiros motivos, entre outras coisas eu havia também pressuposto uma situaçãona qual a ação <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is primeiros motivos inicialmente está totalmente excluída; seem tal situação começar a atuar única e exclusivamente o terceiro motivo, expliqueique este produz como seu efeito conseqüencial uma "diferença nas condições desuprimento", <strong>do</strong>nde julguei poder concluir que essa terceira causa "não somente estálonge de ter de derivar sua própria força e ação de uma diferença nas condiçõesde suprimento devida a uma outra causa, senão que, ao contrário, ela mesma écapaz de, se necessário, gerar tal diferença". 61Fisher reproduz essa minha exposição em tradução verbal e só raramente emtradução um pouco mais livre, não apresentan<strong>do</strong> nenhuma objeção contra minhadescrição <strong>do</strong> andamento efetivo das coisas, mas acompanhan<strong>do</strong> a conclusão quetirei com o seguinte comentário crítico: meu argumento significa, no entender dele,que se os <strong>do</strong>is outros fatos gera<strong>do</strong>res <strong>do</strong> juro estiverem ausentes, voltam novamentea ocorrer em virtude da escolha de méto<strong>do</strong>s de produção indiretos. "Em outraspalavras, a superioridade técnica <strong>do</strong>s bens presentes produz o juro, geran<strong>do</strong> novamenteos <strong>do</strong>is outros motivos. Ora, isso equivale a reconhecer que a 'superioridadetécnica' depende de fato, no tocante à sua força, desses <strong>do</strong>is outros motivos, e nãoé 'independente"'.62Antes de tu<strong>do</strong>, parece-me que aqui Fisher joga um tanto com as palavras, colocan<strong>do</strong>e interpretan<strong>do</strong> as palavras de mo<strong>do</strong> diferente daquele em que eu havia coloca<strong>do</strong>e interpreta<strong>do</strong> em minha exposição, e conseqüentemente alteran<strong>do</strong> um poucoo objeto da polêmica. Com efeito, ignora o teor verbal acima cita<strong>do</strong> de meu argumento,com o qual reivindico a independência indubitável de meu terceiro motivo"em relação a uma diferença nas condições de suprimento, derivante de outra cau·~a". Teria si<strong>do</strong> simplesmente impossível contestar meu argumento nesse teor verbal.Fisher certamente não tenciona afirmar que, dentro <strong>do</strong>s pressupostos por mim apresenta<strong>do</strong>s,a ação de meu terceiro motivo ainda "dependeria" de haver ou de associar-senecessariamente uma diferença nas condições de suprimento, derivante de outracausa - que, por exemplo, deveria ainda ocorrer ou associar-se um <strong>do</strong>s casos típicosda situação de emergência momentânea, dentre os que enumerei sob o títulode "Primeiro Motivo" (em razão de uma má colheita de um dano por incêndio, dedesemprego e similares) ou de "carreira em ascensão" (por exemplo, no caso de principiantesnuma carreira científica ou artística). Portanto, Fisher responde em tom polêmico,propriamente a uma coisa um pouco diferente daquela que eu havia afirma<strong>do</strong>na respectiva passagem; e se, mesmo apesar de seu cuida<strong>do</strong> grande e digno deconhecimento, pôde deixar-se levar a esse erro de argumentar fora das premissasde minha tese, foi porque, em razão de um infeliz acaso, reproduziu em traduçãoum pouco mais livre, dentro de sua citação - que no resto é verbal - a passagemdecisiva no caso, omitin<strong>do</strong> justamente as palavras características. 63Entretanto, mesmo se considerarmos a relação <strong>do</strong> terceiro motivo não com umadiferença nas condições de suprimento, proveniente de outra causa - diferença daqual eu havia fala<strong>do</strong> -, mas com a diferença nas condições de suprimento criadapelo próprio terceiro motivo, parece-me que Fisher, jogan<strong>do</strong> um tanto com as pala­61 Ver Teona Positiua. 2~ ed. alemã, p. 285 et seqs. São as mesmas afirmações que se encontram agora nas p. 290 etseqs desta edição; solicito aos leitores que leiam novamente as referidas páginas62 Op. cit., p. 72.63 Com efeito, Fjsher traduz minhas palavras "de uma diferença derivante de outra causa" com as palavras "from any suchdifference", que não coincidem com as minhas, nem quanto ao teor nem quanto ao senti<strong>do</strong>.I.'re'.~. ::-"'t;\E, e=-:-.bu: 2.: "1depe:-. ::lque "':=-:-.,im'e~~:::lsec::':e-.Jre~~ ?=:­por'.e-"]a :=-:-.::"'."de'. ,::~::.ali e'.':::"'~de :-:-: :=':-.'só ':)~=. ane:ê.~ -:""1ção ::-,::.Jde;e~ .:..a aç~: :tra~ ::::.<strong>do</strong> :'f:::\~


EXCURSO XII 231IÇ~': aos <strong>do</strong>is.:-:-? situação! ",:~:~uída; sec.: expliquei::.::-,::::ções de;..: :-::ente estáa.õ :ondições~ : :-:lesma é::=::-:lente em:::-::ra minhaJ:-~ :.'J.são quer::2:-:der dele,r, :'lovamen­I, -::m outras!:"?:-<strong>do</strong> nova­;;.;.::2:ioridadec :',os, e nãoc...?,'"as, colo­.: ~ navia co­~.:-"m pouco[2 :-:-,eu argur::2~0motivoi", :Jutra cau­E :2or verbal.c :-:lim apre­::2 associar-sec:,:: de outra,: 5 :asos típi­'- 500 o título--.:endio, de.::a~o de prin­2:-:-, tom po­


------------------------------------------~232 TEORIA POSITIVA DO CAPITALse a administração econômica for correta, a ter como conseqüência também umsuprimento mais abundante <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s futuros mais longínquos, para os quais justamenteproduz seus frutos mais abundantes 65 Por isso, para não obstante se podersupor constância nas condições de suprimento, temos de introduzir no exemploalguma premissa casuística que, pelo seu tipo e intensidade, compense a mencionadatendência. Se então se demonstrar que, a despeito da constância das condiçõesde suprimento, a produtividade maior <strong>do</strong>s processos de produção indiretos maislongos acarreta uma superioridade de valor <strong>do</strong>s meios de produção mais antigos,isso confirma que o próprio suprimento mais abundante de perío<strong>do</strong>s futuros - quenormalmente a acompanha - só pode ser um efeito conseqüencial secundário enão, como afirma Fisher, a causa indispensável e propriamente gera<strong>do</strong>ra da superioridadede valor.Voltemos ao exemplo apresenta<strong>do</strong> acima às páginas 221 et seqs., que preçisa,para o presente objetivo, apenas ser um pouco modifica<strong>do</strong>. Imaginemos um administra<strong>do</strong>rque vive na base <strong>do</strong> mínimo necessário para a subsistência, o qual, comuma necessidade em geral constante, ganha anualmente seu mínimo para a subsistência.de 2 400 unidades de produto, utilizan<strong>do</strong> sua força de trabalho no perío<strong>do</strong>de produção de um ano, que lhe é possível de acor<strong>do</strong> com seus meios, produzin<strong>do</strong>200 unidades de produto por mês de trabalho, sen<strong>do</strong> que a utilidade marginal daunidade de produto é constantemente 5. Suponhamos que essa constância de suprimentoseja agora ameaçada para um exercício econômico individual, por exemploo de 1892, pelo fato de nesse exercício ocorrer um aumento da necessidadede 960 unidades de produto - por exemplo, porque vence uma dívida desse montante,ou então por efeito da necessidade prevista de nesse ano assumir passageiramenteno suprimento um membro da família, incapaz de obter renda, e cujo sustentoaté agora era provi<strong>do</strong> por outra fonte ou por razões similares - de tal mo<strong>do</strong> que,se o ganho continuasse a ser de 2 400 unidades de produto, a utilidade marginalsubiria de 5 para 8. Suponhamos agora que a esta altura nosso administra<strong>do</strong>r receba,de um vizinho qualquer, a oferta bem-vinda de trocar um ano de trabalho nopresente por um ano de trabalho no futuro. O vizinho propõe-lhe trabalhar no anode 1890 para nosso administra<strong>do</strong>r, sob a condição de que este, em compensação,trabalhe para o vizinho no ano de 1891. Essa proposta abre a seguinte possibilidade.Normalmente, nosso administra<strong>do</strong>r teria emprega<strong>do</strong> seu tri'lbalho de 1891, emprodução de um ano, para satisfazer as necessidades de 1892. Essa cobertura ficaagora eliminada, porque no ano de 1891 trabalhará para o vizinho. Se, porém, emcompensação fizer o vizinho trabalhar no ano de 1890 para as necessidades <strong>do</strong> anode 1892, isso pode ocorrer em produção de <strong>do</strong>is anos, com uma produção de 280unidades de produto por mês, portanto com a produção de 3 360 unidades de probSAssinalo de passagem que nunca se teria podI<strong>do</strong> travar toda essa estranha controvérsia sobre a independência <strong>do</strong> terceira motivo se, por um la<strong>do</strong>, os <strong>do</strong>is outros motivos não estivessem sempre, digamos assim. onipresentes na realidadeempírica e se, por outro la<strong>do</strong>, além disso, o próprio terceiro motivo não produzisse sempre certos efeitos retroatIvos sobreo esta<strong>do</strong> da abundàncía <strong>do</strong> suprimento, portanto sobre fatos <strong>do</strong> "primeiro motivo" Em decorrência disso. a realidade empíricasempre mostra uma coexistência <strong>do</strong>s fatos e efeitos de to<strong>do</strong>s os três motivos, com o que, conseqüentemente, fica frustra<strong>do</strong>aquele teste de independência, que consistiria em observar que na prática ou no experimento empírico o terceiro motivoproduz os efeitos a ele atribuí<strong>do</strong>s também quan<strong>do</strong> estão total e indiscutivelmente excluí<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os fatos passíveis de seremassocia<strong>do</strong>s ao primeiro e ao segun<strong>do</strong> motivos. Para decifrar os nexos causais eXIstentes, somos antes obriga<strong>do</strong>s a desistirde uma via de demonstração empírica pura - via que simplesmente não admitiria divergências de opinião, mas infelizmenteé impossível no caso - e a<strong>do</strong>tar a via de uma argumentação dialética, que infelizmente costuma deixar margem bem amplaa obscuridades e confusões e, além disso, em seu penoso trabalho de convencer, é obrigada a arrostar aqui com maisum impecilho muito incômo<strong>do</strong>, pois justamente a maneira de argumentar que mais se aproxima da prova empírica ­denominá-la-ia via da "experimentação de idéias" - força a forjar hipóteses rebuscadas e complicadas. Com efeito, paraidentíficar com pureza o mo<strong>do</strong> de atuar <strong>do</strong> terceiro motivo - mesmo que seja apenas a título de exemplo - há que avaliare eliminar artificialmente, por meio de suposições especiais, as influências onipresentes <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is outros motivos. Eis porque é natural o caráter seletivo <strong>do</strong> exemplo aduzi<strong>do</strong> acima no texto e de outros exemplos afins, utiliza<strong>do</strong>s por mimduto ~:~960 C::-.:'bertu~ê. ::da u


~t ~=':-:lbémum:: c" quais jus­:-::~=.:-: te se poi:":-. J exemplo[5-= 3. mencio­=:::: ::as condi­=- ::,etos mais:- ::::5 antigos,:'~":~D5 - que~ :',mdário el: ~3. da supee..:eprecisa,te" um admi­: qual, comç: :::~3 a subsisc:-.D perío<strong>do</strong>; ::roduzin<strong>do</strong>~ ~.3rginal da2:-.cla de su­=_::lor exem­-~cessidade= ::'2sse mont::: assageira­C":'J sustentoL :":':CJ<strong>do</strong> que,=::2 marginalE3.<strong>do</strong>r rece­! :::-3balho noc..-.3, no ano: --:-::lensação,2 :: Dssibilida­:~ :891, emc : 2rtura fica. ::-Jrém, em1-="::25 <strong>do</strong> anoLC3.0 de 2802.=:25 de pro­:':-::- _~-.cla <strong>do</strong> ter­--, - s realidade-. _ :::::\/05 :'lobre:: ---:::: =.=.:::ie empíri­.::--,::: ~·:a frustra<strong>do</strong>-.-;-:-?:ro motivo:-: : .:.~~~·;eis de se­:': -:.= :05 a desis­: -;~ ....1felizmente~ :-~.:-;-; bem am­";::- = com mais:. 2~pírlca ­- -?:elto, para-.:: ~ue avaliar- ". ~s. Eis por:t': -: =:::::r mim.EXCURSO XII 233duto por ano de trabalho; nesse caso, após a cobertura da necessidade extra de960 unidades de produto, à necessidade normal corresponderia novamente a coberturacostumeira de 2 400 unidades, <strong>do</strong>nde também para a utilidade marginalda unidade resultaria o antigo montante de 5. 66Qual a conclusão disso para nosso problema? Acompanhemos nosso administra<strong>do</strong>rna reflexão que faz sobre se deve ou não aceitar a oferta que lhe é feita. Comcerteza, aceitá-la-á cheio de alegria e com isso em tu<strong>do</strong> manifestará primeiramenteque considera o ano de trabalho mais antigo, que lhe é ofereci<strong>do</strong>, como mais valioso<strong>do</strong> que o ano de trabalho mais recente, a ser troca<strong>do</strong> por este. E por quê? Aquinão há nenhuma possibilidade de escapatórias dialéticas: seguramente, aceitará aproposta única e exclusivamente em razão da "superioridade técnica" da mesma,porque ela produz mais para o conjunto de necessidades <strong>do</strong> ano de 1892 - conjuntoao qual em to<strong>do</strong> caso teria si<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong> cada um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is anos de trabalhocompara<strong>do</strong>s na mencionada situação -, porque lhe assegura 3 360 unidades deproduto contra apenas 2 400 unidades que o ano de trabalho 1891 teria podi<strong>do</strong>proporcionar. E essa superioridade de valor <strong>do</strong> ano de trabalho mais antigo é aquiproduzida pela superioridade técnica. sem que esse efeito tivesse que ser produzi<strong>do</strong>por alguma diferença nas condições de suprimento <strong>do</strong>s diversos exercícios econômicos,por algum "suprimento mais abunóante" <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> mais longínquo e porum "suprimento precário" <strong>do</strong> mais próximo. Já que as condições de suprimento, queencontram seu expoente na utilidade marg:nal e no valor da unidade de produto,permaneceram inalteradas, e a utilidade marginal. de 5, permaneceu constante. Ecom isso confirma-se novamente que o suprimento precário <strong>do</strong> presente não é ­como afirma Fisher - o "único caminho" pelo qual a produtividade maior <strong>do</strong>s processosde produção de duração mais longa pode gerar uma superioridade de valor<strong>do</strong>s bens presentes; comprova-se que o suprimento mais abundante de perío<strong>do</strong>sfuturos - que normalmente tende a advir da referida produtividade maior - é apenasum outro fenômeno conseqüencial concomitante da mesma causa, mas não a causaeficiente propriamente dita da superioridade de valor.E há mais <strong>do</strong> que isso. A tendência a um suprimento mais abundante <strong>do</strong> futuroe a uma redução da utilidade marginal dali decorrente se faz sentir também em nossoexemplo; somente que o peso dessa tendência é altera<strong>do</strong> pela tendência contrária,concomitante a ela e resultante <strong>do</strong> suposto aumento da necessidade, Ela éimpedida. por essa tendência contrária, de reduzir a utilidade marginal da unidadeno exercício econômico de 1892 abaixo <strong>do</strong> nível 5, o que de outra forma certamenteaconteceria, e só pode fazer-se sentir no fato de que ela faz a utilidade marginalbaixar de 8 - nível este que a utilidade marginal teria, não fosse a produtividademaior <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção prolonga<strong>do</strong> para <strong>do</strong>is anos - até o nível de 5.Suponhamos agora por um momento que esse efeito redutor não ocorresse~ que a utilidade marginal - sob o efeito <strong>do</strong> aumento da necessidade - não so­(,1, Do ponto de vista material. conseguir-se-ia exatamente o mesmo resulta<strong>do</strong> se a oferta <strong>do</strong> vizinho não fosse de trocarum mês de trabalho de 1890 por um de 1891. mas 2 400 Unidades de produto <strong>do</strong> ano de 1891 por 2 400 unidades deproduto <strong>do</strong> ano de 11592 Nesse caso, nosso administra<strong>do</strong>r podem viver no ano de 1891 <strong>do</strong>s produtos de 1891 a ele em·presta<strong>do</strong>s: teria assim libera<strong>do</strong> seu próprio ano de trabalho de 1890 - com o qual. <strong>do</strong> contrário, teria ti<strong>do</strong> de prover àsnecessidades <strong>do</strong> ano de 1891 - e poderia, com ele, em perío<strong>do</strong> de produção de <strong>do</strong>is anos, fabricar 3 360 unidades deproduto para as necessidades <strong>do</strong> ano de 1892, poden<strong>do</strong> com estas pagar, no ano de 1892, o empréstimo de 2 400 unida·des e com as 960 unidades restantes cobrir a necessidade extraordinária, ao passo que para atender à necessidade normalde 2400 unidades disporia <strong>do</strong>s frutos <strong>do</strong> ano de trabalho de 1891, que na modalidade antiga teria si<strong>do</strong> Invesli<strong>do</strong> numperío<strong>do</strong> de produção de um ano. Espero que nenhum leitor estranhe o fato de eu basicamente não levar em conta. nestapesquisa a nível <strong>do</strong>s princípios, as dificuldades técnicas que sem dúvida obstariam a tais alterações <strong>do</strong> processo de produçãoe particularmente à demarcação precisa de anos de trabalho inteiros (no tocante à "continuação da produção", semprenecessária!. A consideração dessas dificuldades não faria outra coisa senão tornar o exemplo pesa<strong>do</strong> e diftcultar a compreensão<strong>do</strong> mesmo, e. em contrapartida, em nada conseguiria afetar o princípio como tal----- ~~~~~~~-


234 TEORIA POSITIVA DO CAPITALfresse redução, permanecen<strong>do</strong> em 8. Que aconteçeria nesse caso com a superioriaquiape~.;dade de valor <strong>do</strong> ano de trabalho mais antigo? - E manifesto que ela não somenteparte. tc:-::icontinuaria a existir, mas até existiria em grau maior. Pois é natural que 3 360 uniaestru::":3dades representam, se cada uma delas valer 8, uma soma de valor maior <strong>do</strong> que3 360 unidades a um valor individual de 5 por unidade;67 com a mesma evidênpodemõ-


J~ :::0 queê2';idên­:: ::2 valorJr":.::::or daa_:"".::I mais~ üvesse~SSD com­e: - cuja; :-:-.2to<strong>do</strong>s~ :::2 ser al.:-.:. reduz~.2r.08 emr_= :::onco­:ê..:sa pro­E '::;'Je age1':::: o prec-2:'.cia<strong>do</strong>~~:duzem!:"".:2:1aS deI 2 ;Jrofun­K mesmotê. que se'!::::ula nuêScausas::: :::io quec.:,a de ju­:~:erest!);:2 s::1gularê de 10n­....s..:ais sãoê:;'esentoEXCURSO XII 235s":;Jeriori­I ,,"::nente:-50 uni­aqui apenas um extrato - desvincula<strong>do</strong> tanto da ordem de exposição quanto, emparte, também da terminologia de Fisher - daquilo que me parece ser como quea estrutura básica de sua teoria sobre o juro, esperan<strong>do</strong> que desta vez eu·não tenhaincorri<strong>do</strong>, pelo menos no essencial, em equívocos e imprecisões, que dificilmentepodem ser inteiramente evita<strong>do</strong>s num caso como este.Se entendi bem, Fisher se baseia mais ou menos nos mesmos fatos que tambémeu utilizo para explicar o fenômeno <strong>do</strong> juro, porém ordena-os de maneira dis­tinta, operan<strong>do</strong> uma generalização diferente. Exatamente como eu, também ele colocano centro da teoria <strong>do</strong> juro a superioridade de valor <strong>do</strong>s bens presentes em relaçãoaos futuros, superioridade que ele denomina time preference. 72 No que concerne,porém, aos meus três motivos dessa superioridade de valor, funde-os propriamenteem um único motivo, isto é, na diferença das condições de suprimento, no fato deos perío<strong>do</strong>s econômicos presentes (ou mais próximos ao presente) disporem de meioscomparativamente menos abundantes para satisfazer a necessidade. O raciocínio delepercorre as seguintes etapas.O ponto de partida é o princípio, que já conhecemos, de que a superioridadede valor <strong>do</strong>s bens presentes em relação aos futuros se reduz propriamente a umapreferência dada a utilidades (denominadas "renda", in come na terminologia de FisherJ73anteriores em relação a utilidades posteriores.A possibilidade de ocorrer ou não tal superioridade de valor da renda madurapara o consumo presente (ou, generalizan<strong>do</strong>, "anterior") depende "da corrente totalde renda futura" de uma pessoa, ou seja, da quantidade e da distribuição, notempo, da renda com a qual se conta, da "abundância relativa" da mesma nos perío<strong>do</strong>smais próximos e nos mais longínquos. Se a renda de um perío<strong>do</strong> mais remotofor particularmente abundante, seu proprietário estaria propenso a sacrificar umagrande parte da mesma em troca de uma parte relativamente menor de renda presente.(p. 92). Esse princípio - como observa Fisher (p. 93), certamente com razão- corresponde ao princípio da teoria geral sobre o preço, segun<strong>do</strong> a qual a utilidademarginal de cada artigo depende da quantidade <strong>do</strong> respectivo artigo. No essencial,o princípio corresponde também como observa Fisher em outro lugar (p. 98)e também aqui com razão - ao meu "primeiro motivo".74 Os fatos pertinentes ameu "segun<strong>do</strong> motivo" (previsão, auto<strong>do</strong>mínio, brevidade e incerteza da vida) tam­bém têm validade para Fisher, mas ele engloba a influência deles sobretu<strong>do</strong> na fórmulaum tanto misteriosa de que essa influência só atua sobre a "forma da função",que, segun<strong>do</strong> ele, exprime a dependência da time preference em relação à renda.(p. 103). Na opinião dele, a time preference depende, para cada indivíduo, essencialmentede sua renda, sen<strong>do</strong> que apenas a forma dessa dependência varia deacor<strong>do</strong> com as circustâncias supra mencionadas (p. 109). Em meu entender, o que72 "This 'time-preference' (namely the preference for present over future goods) is the central fact In the theory of interesf'Rate Df lnterest, p. 88. Consideran<strong>do</strong> essa identidade da idéia básica e uma concordância - também ela bastante ampla:=ara essa - no tocante aos fatos nos quais nós <strong>do</strong>is baseamos em última análise a explicação <strong>do</strong> juro, o próprio Fisher qualifica--:: 3. primei­ sua "apresentação da teoria <strong>do</strong> juro" como uma "forma" da "teoria <strong>do</strong> ágio" elaborada por mim; mas, segun<strong>do</strong> ele, a sua. eior totai se diferencia da minha sobretu<strong>do</strong> pela exclusão da "'superioridade técnica <strong>do</strong>s bens presentes" e pela introdução explícita~::"=::-_:2 a partir <strong>do</strong> conceito de "renda" de Fisher. P. 87 et seqs. Em uma pequena publicação posterior, que só me chegou durante a impressãodesta obra. Fisher introduz a denominação de impatience theory para sua própria teoria, mas continua a caracterizá-lacomo uma simples ·'modificação da teoria <strong>do</strong> ágio de B6hm-Bawerk··. "The ImpatienceTheory of Interesf· Extrato da Revis~_-: - §: há con­ta Scientia. In: Riuista di Scienza, v. IX, 1911. p. 386. Quanto ao conteú<strong>do</strong>. também essa publicação posterior eslá inteira·:"dade demente na linha da obra principal anterior sobre The Rate aÍ In teres!.73 P 89_.:.-:::: pressu-74 É verdade que Fisher afirma essa identificação somente quanto à influência da time-shape. isto é, da distribuição darenda no tempo, além da qual menciona também a grandeza absoluta (size). a "composição'· e a "probabilidade' da renda.~~=::3 por Fis­como motivos determinantes dã time-preference. Entretanto, a renda é a tal ponto o motivo determinante decísivo peloqual tem de passar. em to<strong>do</strong> caso, a ação mais indireta <strong>do</strong>s demais motivos determinantes que acredito pode passar totalmentepor cima destes últimos, em minha exposição, voltada apenas para_os aspectos principais.


.. ,.~ ,~ORlA POSITNA DO CAPITAL:=:3C..e~ pretende dizer na verdade com isso pode ser dito de forma muito mais sim­:: ..;03 e natural dizen<strong>do</strong>, por exemplo, que a forte time preference <strong>do</strong> esbanja<strong>do</strong>r irre­:::.;0:::::0 advém <strong>do</strong> fato de ele, por subestimar a necessidade <strong>do</strong> futuro, em razão da~(úa àe previsão ou da pouca força de vontade, considera a relação cobertura­:-:2cessidade no futuro como muito mais favorável <strong>do</strong> que na realidade é, e conseqüentementeimagina - ainda que erroneamente - haver um suprimento superabundanteno futuro e um suprimento precário no presente. 75 De qualquer forma,ao raciocinar assim, Fisher reduz também meu segun<strong>do</strong> motivo à fórmula geral deum suprimento mais abundante ou menos abundante no presente e no futuro.Entretanto, essa distribuição, no tempo, da corrente total de renda de uma pessoano presente e no futuro, da qual depende tão basicamente a time preférence,é ela mesma influenciada essencialmente pelo mo<strong>do</strong> de agir <strong>do</strong> próprio indivíduo.A distribuição, no tempo, da renda que um indivíduo pode auferir para si <strong>do</strong> patrimôniode bens de que dispõe, não lhe é ditada rigidamente ou de maneira inalterávelde fora, mas é o próprio indivíduo que sempre pode escolher entre maneirasdiferentes de distribuí-la: ele dispõe de um sem-número de "opções". Os meios deexecutar tal escolha são o contrair e dar empréstimos, a compra e venda e simplesmenteo variar o mo<strong>do</strong> de utilizar os bens disponíveis: pode-se escolher entre "gastar"e "investir" e também entre investir a prazo mais curto e a prazo mais longo,entre formas de produção diferentes, que produzem a corrente de seus frutos emperío<strong>do</strong>s de tempo desiguais. 76 Quem, por exemplo, dispõe de um patrimônio que,na forma natural em que se encontra até agora, não lhe traria nenhuma renda nosprimeiros anos, mas em anos posteriores lhe proporcionaria uma renda abundante(como, por exemplo, a posse de uma floresta formada há pouco tempo), tem condiçõesde transformar essa corrente de renda irregular em uma corrente de rendaregular, toman<strong>do</strong> empréstimos nos primeiros anos e pagan<strong>do</strong> os empréstimos nosanos posteriores.Aliás, a escolha entre as diversas correntes de renda abertas à "opção" é semprefeita com base no critério da utilidade máxima (the maximum desiderability) , sen<strong>do</strong>que o juízo sobre qual das correntes de renda abertas à opção é a most desirabletem de harmonizar-se com os princípios que regem a taxa de juros. 77 Eis por quesempre se opta por aquela corrente que, de acor<strong>do</strong> com a taxa de juros <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>,representa o máximo de valor presente. 78 "A escolha depende - como salientaFisher com letras espacejadas - da. taxa de juros~ 79Acontece que a execução dessas operações tem, entre outros, também o efeitode fazer com que o grau da time preference - que originalmente pode ser muito75 Essa construção é insinuada por Fisher. por exemplo na p_ 103. nota 2. É por ela que talvez se explique também a se­guinte contradição aparente de Fjsher: na p. 88 afirma que a time-preference é mais ou menos o mesmo que aquilo queeu denomino "subavaliação <strong>do</strong> futuro por efeito da perspectiva". mas na p. 98 declara que a dependência da time-preJerencecom relação à distribuição da renda no tampo se identifica praticamente com meu primeiro motivo.76 Fisher iluslra isso. (p. 139 et seqs.) com base no exemplo <strong>do</strong> proprietário de um terreno, que pode opcionalmente utili~zar o mesmo como mina de exp/oràção, como campo de cultivo ou como terreno para florestas. No primeiro caso (manten<strong>do</strong>­se a premissa de que o minério já está aberto e seu veio mais rico fica próximo à superfície), de início ele teria a "renda"mais abundante; mais tarde, à medida que se for esgotan<strong>do</strong> o minério, terá uma renda cada vez menor; e ao final, depoisde inteiramente esgotada a mina, já não terá renda alguma_ No caso de utilização <strong>do</strong> terreno para fins agrícolas, teria umarenda sempre igual durante to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> da utilização; no caso de utilizar o terreno para o cultivo de florestas, nos primei­ros anos após a plantação, não conseguiria renda alguma, e, em compensação, nos perío<strong>do</strong>s posteriores, auferiria uma rendacrescente. Manifestamente, este é o ponto e esta é a forma em que Fisher toma conhecimento <strong>do</strong>s fatos conexos com adiferença de duração <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção, portanto de meu "terceiro motivo", e os insere em sua construção teórica.77 Op. cito p. 139.78 "C ..) lhe choice among the oplions will simply depend on lhe one which gives lhe maximum present value reckonedaI lhe markel rale of interesl". P 140.79 P 145.diferem2 -jse fixe. ::::::-i<strong>do</strong>. Se. ·c?::'shape) 22 :auto<strong>do</strong>r:-:'-.,;ca<strong>do</strong>. o c~Se pelo ~~:::distribu:ç ~::­monize c:::-:­rate pe33:: anas 50(;."a fim C2Isso teré. __presem2<strong>do</strong> indi\:::-.:uma pe33::"de emV2::::ca<strong>do</strong>, pc 3·;ou seja. :'::'mos de32:~Este ~ (cativo c.,;.;osomente ::O pc:'.1presentes Jgrau da 3-':;:pessoais ::03a taxa Cê. 31e para o :::1de merCê.J,:pessoa] c:::-:­e efeito 2 'jde prefe~2:JOco:-:-"Fisher. é=. :mente c.':""ou veno.",- ,lo que FsC."cia <strong>do</strong> j ..:~::suprime:,.:::80 Op. Cit C81 P 131:,~:et seqs.. ;:0:. ~~ .:ainda a ~)-_:".--:..::::pela qua: - o ,


EXCURSO XI! 237:-:lais simt::::-3<strong>do</strong>rirre­,:~. ,azão da~ = :::Jbertura­[,:: ~. e conser-:;-:osupera­1:,.: :..:er forma,r ~.3 geral deE -: futuro.l :2 dma pes­[2 ."::'eference,ir: ::ldiVíduo.C:: 'O: <strong>do</strong> patri­C':~;ê. \nalterá­;--=:-2 maneiras::::'0 meios de:::: e simples­-.,::, e:ltre "gasr::-:-:ais longo,;.õ _'O :rutos em~=-::-:-.ônio que,c.:: ,enda nos::3 3bundantetem con­~:-:e de rendar:,~'Olimos nos~;~:- é semprer::~'ry), sen<strong>do</strong>I""es: desirable- :::5 por que:: 'O ::::0 merca­: ::TlO salien­:-:-: é:T1 o efeito~::2 ser muito: _-: ~3.;nbém a se­: _2 aquilo que_....: _.: '-e-preference~ - 31mente utili­:: ~::: ::manten<strong>do</strong>­'Õ -õ :~:-ja a "renda"-õ: .::::: ~jnaJ. depois: :: ~-':: :~5. teria uma- --Õ:~:=3. nos primei­~ ::: _.:"",;:::-:-:a uma renda:::lexos com a.::: - - :::-:..:ção teórica. :::>..le reckoneddiferente "de acor<strong>do</strong> com os temperamentos diferentes" <strong>do</strong>s diversos indivíduos ­se fixe, para to<strong>do</strong>s os indivíduos, no mesmo nível, isto é, na taxa de juros de merca<strong>do</strong>.Se, para algum indivíduo, de acor<strong>do</strong> com a "distribuição temporal" inicial (timeshape)de sua corrente de renda e de acor<strong>do</strong> com seu grau individual de previsão,auto<strong>do</strong>mínio e similares, a taxa pessoal da time preference divergir da taxa de merca<strong>do</strong>,o próprio indivíduo, mediante operações de tomar ou conceder émpréstimose pelo fato de simplesmente escolher entre as "opções" de que dispõe, ajustará adistribuição de sua renda no tempo de tal mo<strong>do</strong> que a sua preference-rate se harmonizecom a interest-rate <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. Aqueles que inicialmente têm uma preferenceratepessoal mais alta (por exemplo, de 10%, quan<strong>do</strong> a taxa de merca<strong>do</strong> é de apenas5%) venderão uma parte de sua renda futura, relativamente mais abundante,a fim de obterem um aumento de sua renda presente, relativamente mais escassa.Isso terá por efeito aumentar o valor da renda futura e diminuir o valor da rendapresente. Esse processo se prolongará até o ponto em que a preference-rate pessoal<strong>do</strong> indivíduo se iguale novamente à taxa de juros de merca<strong>do</strong>. "Em outras palavras,uma pessoa cuja preference-rate ultrapassa a taxa de juros, operará como toma<strong>do</strong>rde empréstimo até o ponto em que as duas taxas se igualem".80 Essa taxa de merca<strong>do</strong>,por sua vez, tem de fixar-se no ponto no qual o merca<strong>do</strong> atinge o equilíbrio,ou seja, no ponto em que houver um equilíbrio exato (cancel) entre os empréstimosdeseja<strong>do</strong>s e os concedi<strong>do</strong>s (the loans and borrowings). 81Este é o pensamento de Fisher. Cabe agora perguntar: qual é o fio lógico explicativoque percorre esse raciocínio que, na intenção de Fisher, deve explicar nãosomente o montante <strong>do</strong> juro, mas também a existência <strong>do</strong> juro?82O ponto a explicar é a superioridade de valor (time preference) que os benspresentes obtêm em relação aos futuros. Fisher afirma com toda a clareza que ograu da superioridade de valor no merca<strong>do</strong> é determina<strong>do</strong> casualmente pelas taxaspessoais de preferência <strong>do</strong>s diversos indivíduos. Segun<strong>do</strong> ele, para cada indivíduoa taxa da superioridade de valor no merca<strong>do</strong> é um fato da<strong>do</strong> e relativamente fixo,e para o processo no qual ele tem de fazer concordar sua taxa pessoal com a taxade merca<strong>do</strong>, a taxa de juros <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> se lhe apresenta como causa e sua taxapessoal como efeito. "Todavia, para a sociedade como um to<strong>do</strong>, a seqüência de causae efeito é a oposta". Para a sociedade, a taxa de juros é determinada pelas taxasde preferência <strong>do</strong>s indíviduos. 83Ocorre que a taxa de preferência pessoal de cada indivíduo depende, segun<strong>do</strong>Fisher, da natureza de sua corrente de renda, ou seja, de como esta é definitivamentealterada e fixada pelo processo de tomar ou dar empréstimos, de comprarou vender. 9A Portanto, se nessa referência à "natureza da renda" interpolarmos aquiloque Fisher afirmou sobre ela no início,85 em última análise ele explica a existência<strong>do</strong> juro a partir <strong>do</strong> suprimento relativamente mais escasso <strong>do</strong> presente e <strong>do</strong>suprimento relativamente mais abundante <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s econômicos futuros, ou se­80 Op. cit., p. 119; de maneira geral. p. 117 et seqs.. com exempios ilustrativos detalha<strong>do</strong>s.81 P 131-133 § 3; p. 150 § 5. Fisher apresenta um resumo completo em pontos, para a first approximation, na p. 132et seqs., para a second approximation na p. 150. A third approximaUon. que além desses elementos só leva em contaainda a "incerteza" da renda, não tem absolutamente nenhum interesse para nossa questão, ao nível <strong>do</strong>s princípios - razãopela qual, na exposição das duas primeiras etapas da <strong>do</strong>utrina fisheriana, já excluí dela to<strong>do</strong>s os detalhes não relacionaoioscom a linha principal da explicação.82 p. 9383 P 130 et seqs.84 'The rate of time-preference of each individual for present income, as compared with remate income. depends uponlhe character of his income-slream. as final/y modified and determined by the very act of borrowing ar lending. buyingar sel/ing". P 132.85 'The time-preference depends on the relative abundance of the early and remote income or what we may call the-timeshapeof the income stream". P 92; ver também supra, p. 235.


23STEORIA POSITIVA DO CAPITALia. de como é esse suprimento entre as pessoas individuais após a execução de tobemcc:-:-,nhecer:-. :''das as operações de equalização exigidas para que haja concordância entre as taxasde preferência individual e a taxa de juros' <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. Es:::.:86Ora, por diversas razões ponderáveis penso ser insustentável essa maneira deAL~-.-:-:.apresentar o nexo existente entre os fatos que levam à superioridade <strong>do</strong>s bens predessac:'~:-:valor rc.:::.:sentes.À primeira vista, pareceria ser uma idéia de simplicidade imponente reduzir tovalorc: 5da esr:-..::-_<strong>do</strong>s os motivos da superioridade de valor a um motivo único, que seria a diferençana relação necessidade-cobertura; e certamente é uma construção ao mesmo temcasso:::exige C2 :po engenhosa e, a despeito de toda a aparência de para<strong>do</strong>xo, correta, fazer, porexemplo, desembocar também a influência de um espírito esbanja<strong>do</strong>r numa escascorresL'::lde be:-:5 5sez <strong>do</strong> suprimento no presente, ainda que esta seja apenas imaginada pela pessoa.Todavia, a uma análise mais precisa, essa idéia de simplicidade imponente se revelade exÊ:-:-.::ainda:; :'5demasiadamente simples para poder satisfazer plenamente. Com efeito, ela pretenpossib:::::ide afirmar ou demais ou de menos. Afirma de menos, se a invocarmos de formaapenas bem geral, sem determinar com precisão uma forma concreta e definida àL':: ~qual a referida "relação necessidade-cobertura" deve ter-se ajusta<strong>do</strong>. Nesse caso, aque 1 c. ..::idéia é verdadeira, mas não diz nada, por ser um truísmo vazio. Pois para to<strong>do</strong> aquelede Fi:':-.2~que - como fazemos tanto Fisher quanto eu - deduz a grandeza <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>se conS2'::;bens da relação necessidade-cobertura é por demais evidente que diferenças no vaqueU"- ívável c..:ilor pressupõem uma diferença na relação necessidade-cobertura, e dificilmente aexplicação da diferença de valor dê um passo real à frente afirman<strong>do</strong> que diferençaso pad~ê:_de valor entre bens presentes e futuros geralmente se devem a diferenças na relaçãoque elê Jnecessidade-cobertura, que a circustância que deve exercer influência sobre a relao<strong>do</strong> S"::)1mento 25ção de valor entre bens presentes e futuros deve, qe uma forma ou de outra, intalde~:Jfluenciar também a relação necessidade-cobertura. E certo, em to<strong>do</strong> caso, que nãose esgota nessa afirmação. a questão <strong>do</strong>s motivos da superioridade de valor <strong>do</strong>s bens"relaç~: ~presentes; mas é por detrás dessa primeira constatação geral - que praticamenteporcio:-.~não passa de uma simples repetição <strong>do</strong> problema, com palavras diferentes - quetotal C2 2que e~surge a questão <strong>do</strong>s motivos concretos reais que influenciam as condições de necomp::...'?J1cessidade e cobertura de tal mo<strong>do</strong> que daí resulta constantemente uma superioridaea ut~::,de <strong>do</strong>s bens presentes. E aqui essa unidade - na qual, sem dúvida, desembocanovamente tu<strong>do</strong>, no estágio <strong>do</strong> efeito final - tem de dividir-se numa pluralidadede va:c~de motivos parciais específicos e concretos. ções C2 !Ou então, como dizíamos, o referi<strong>do</strong> princípio pretende afirmar mais <strong>do</strong> a que2 qul;.:aimencionada evidência geral; pretende privilegiar uma forma bem precisa da relaçãodas cc:-.:necessidade-cobertura como sen<strong>do</strong> a única possível da qual derivaria uma superiodeme..:-::Jutilidaceridade de valor <strong>do</strong>s bens presentes; é realmente isso o que Fisher tem em mentecom seu princípio. Postula que a única constelação possível da relação necessidadeabunc::....tal <strong>do</strong> ;cobertura, da qual possa derivar uma mais-valia de valor <strong>do</strong>s bens presentes, é umsuprimento relativamente mais escasso de bens de consumo no presente. EntretanautilCêc6 por:­to, um recurso tão preciso às condições de necessidade e cobertura afirma demais:ele não tem fundamento na realidade; e, pelo fato de Fisher ainda acrescentar, emserá r..?)1sua explicação, o detalhe de que o menciona<strong>do</strong> suprimento escasso <strong>do</strong> presenteem re.i:.;:deve necessariamente ter resulta<strong>do</strong> da execução das "opções" nivela<strong>do</strong>ras que co<strong>do</strong>pá:::-ide 9 ::::1contrá:-.cPc:s,'"Ib No resumo feito para a second approxlmation já não se acentua expressamente que é decisiva para a taxa de preferênciapessoal a condição de suprimento depOIS de efetuadas todas as operações de ajuste; diz-se aqui simplesmente que"Each individuars preference rate depends upon hls Income·stream" Ip. 150. § 2). Contu<strong>do</strong>, o contexto em sua globalidadenâo deixa dúvida de que também aqui o autor pretende afirmar aquela corrente de renda definitiva que é a "dele", apósefetuar a escolha entre as opções disponíveis.8?P2:~~88 t\c .-:~-,as miro -_~~ ...,


_.----_.,,_._-_ _-----­EXCURSO XII 239=:~;30 de to·E ~:'"2 as taxasê -:-.aneira dec::: Jens pre­~.:" ~2duzir to­:.:: :: diferença:-:-.2smo tem­,:=. :azer, por. -. "::cla escas­~ ::2.a pessoa.02:....:2 se revela~: 2la preten­-:-::: de formaê " 2efinida à:""sse caso, ar=. :)::.10 aquele::: ,,'alor <strong>do</strong>s~--:' .... cas no va­=::~'lmente a~ _" diferençasç:::: :La relação= :: :Dre a rela­: :" outra, inc.::s).que não\=.:::x <strong>do</strong>s bens! :::aticamente'-" .....:e5 - quer~;:3es de nelê~'Jperioridaê::esembocar." ;>luralidaderr ,,:5 <strong>do</strong> a que-...õ? da relação_:-::a superio­2:-:-. em mente-2cessidade­';;::2:'.tes, é um-:2 Entretan­.::-:-.a demais:"scentar, em:0 presente~.:: : ~as que co­, .,., de preferên·: -:.2smente que- ._ 3 ~lob~.Hda~e:.~ 00 dele, aposnhecemos, a isso acresce ainda a objeção de uma confusão entre causa e efeito,bem como a de cometer um círculo vicioso na explicação.Esclareçamos isso pela ordem.Afirmo primeiramente que, embora seja correto afirmar que toda diferença devalor radica necessariamente numà diferença na relação necessidade-cobertura, dentrodessa afirmação dada Fisher fabricou para si um padrão excessivamente unilateralda estrutura que essa relação deveria ter para fundamentar uma superioridade devalor <strong>do</strong>s bens presentes. No pensamento dele, uma mais-valia <strong>do</strong>s bens presentesexige de forma inteiramente apodítica que o suprimento <strong>do</strong> presente seja mais escasso<strong>do</strong> que no futuro e que conseqüentemente a utilidade marginal da unidadede bens seja necessariamente maior no presente <strong>do</strong> que no futuro. Ora, isso nãocorresponde à realidade; já demonstrei isso aduzin<strong>do</strong> provas em contrário, a títulode exemplo em outro contexto, que a isso me deu ocasião. 87 Mesmo assim, porém,ainda gostaria de elucidar por que o padrão de Fisher é unilateral e a que outraspossibilidades ele fecha a porta.Um quintal de trigo, num ano de boa safra, normalmente terá menos valor <strong>do</strong>que 1 quintal de trigo num ano de safra menos boa. Por quê? Na linha <strong>do</strong> padrãode Fisher, certamente porque o suprimento no ano de safra menos boa é escassoe conseqüentemente é alta a utilidade marginal de 1 quintal. Todavia, é muito provávelque <strong>do</strong>is quintais de trigo, mesmo num ano de boa safra, yalham mais <strong>do</strong>que um quintal de trigo num ano de safra menos boa. Por quê? E manifesto queo padrão de Fisher não serve para explicar essa diferença de valor, na medida emque ela ocorrer na realidade. Nesse caso, a mais-valia não ocorre no la<strong>do</strong> <strong>do</strong> suprimentoescasso da utilidade marginal alta da unidade de bens, mas no la<strong>do</strong> oposto,o <strong>do</strong> suprim~nto abundante e <strong>do</strong> valor seguramente menor da unidade de "1 quintalde trigo". E manifesto que o motivo está antes numa alteração bem diferente da"relação entre necessidade e cobertura", a saber, no fato de 2 quintais de trigo proporcionaremà necessidade de trigo mais cobertura <strong>do</strong> que 1 quintal: a utilidadetotal de 2 quintais de trigo é maior <strong>do</strong> que a utilidade total de 1 quintal. E, ao passoque em nossa primeira comparação a diferença de valor entre os diversos quintaiscompara<strong>do</strong>s era tanto maior quanto mais variassem as condições de suprimentoe a utilidade marginal da unidade, no segun<strong>do</strong> caso, ao contrário, a superioridadede valor <strong>do</strong>s "2 quintais" será tanto maior quanto menor for a diferença nas condiçõesde suprimento e no montante da utilidade marginal da unidade: o valor <strong>do</strong>s2 quintais sobrepujará tanto mais o valor de 1 quintal quanto menos a melhoriadas condições de suprimento decorrente da quantidade maior e a diminuição dautilidade marginal reduzirem o valor total <strong>do</strong>s 2 quintais. Se, por exemplo, a utilidademarginal de 1 quintal <strong>do</strong> estoque escasso for 5 e a utilidade marginal de 1 quin­tal <strong>do</strong> estoque mais abundante for apenas 3, o valor de 2 quintais <strong>do</strong> estoqueabundante superará o valor <strong>do</strong> quintal <strong>do</strong> estoque esçasso na proporção de apenas6 por 5. Ao contrário, se for menor a diferença na abundância <strong>do</strong> suprimento e sea utilidade marginal da unidade <strong>do</strong> estoque mais abundante baixar apenas para 4,5,será maior a diferença de valor em favor <strong>do</strong>s 2 quintais <strong>do</strong> estoque mais abundante,em relação ao quintal <strong>do</strong> estoque mais escasso; será maior, digamos, na proporçãode 9 por 5. 88 Isso mostra que, em casos desse gênero, a "abundância" no senti<strong>do</strong><strong>do</strong> padrão de Fisher não é causa que dá origem à diferença de valor, mas, pelocontrário, é uma causa que reduz essa diferença.Pois bem, o caminho pelo qual meios de produção presentes, em virtude dao87 P. 232 et seqs. <strong>do</strong> presente Excurso88 No tocante à exatidão das cifras e à aplicação da multiplicação para obtenção <strong>do</strong> valor de quantidades maiores, veras minhas múltiplas reservas. por exemplo à p. 234 et seqs. <strong>do</strong> presente Excurso, e à p. 287 <strong>do</strong> texto de minha <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>


.2-.+0 TEORIA POSITIVA DO CAPI,'ALprodutividade maior de processos de produção mais longos, obtém uma superiori­ duz ,edade de valor sobre meios de produção futuros não passa por aqueles motivos, em não 2..razão <strong>do</strong>s quais 1 quintal de um estoque mais escasso vale mais <strong>do</strong> que 1 quintalmeiosde um estoque mais abundante, mas por aqueles outros motivos em razão <strong>do</strong>s quaisA su;>E2 quintais valem mais <strong>do</strong> que 1 quintaL Se um mês de trabalho <strong>do</strong> ano de 1888, que ascom um processo de produção de três anos, puder ser transforma<strong>do</strong> em 350 uni­refer..j~dades de produto para o ano de 1891, e se um mês de trabalho <strong>do</strong> ano de 1889em 7c:.só puder ser transforma<strong>do</strong> em 280 unidades de produto para o mesmo conjuntogero'.;de necessidades <strong>do</strong> ano de 1891, e se ao mesmo tempo as duas coisas forem ostotaL;)jmelhores empregos que em to<strong>do</strong> caso seriam da<strong>do</strong>s aos respectivos meses de tra­e 35'="balho, a superioridade de valor <strong>do</strong> mês de trabalho mais antigo se baseia no- fatoma: ade ele proporcionar, para o mesmo conjunto de necessidades, mais meios de co­tra~,3':O:...1,bertura <strong>do</strong> que o mês de trabalho mais recente, a saber, 350 unidades de produtoA i(contra 280, O fato de no caso a utilidade marginal de uma de 350 unidades deca~s:_produto poder ser OI' tornar-se menor <strong>do</strong> que a utilidade marginal de uma de ape­feitê ::xnas 280 unidades de produto é uma circunstância secundária que seguramente nãover :~,5ié essencial para a ocorrência da referida superioridade de valor, mas, ao contrário,pre5


p",::ori­'C5 emc ":::Jtal~ ::uais~ ~ :388,5·~ uni­E 1889)~.:~.mto!'!",,:TI os:" tra­:-. = fato. :2 co­:~:duto~:25 dec" ape­~:-,:2 nao::-::-ário,t;:anto,~é2rida:""a de2 55a cír­:":2 me[; . causa:::: :-:luitasr: :naior!ê:-::JS ­:2 2quili­"_ :nuitosr = resu/­:- _:TI pe­~..:~asde'C :-:lenoré: :uturoê::Jpção: :iispo­=~óximo;:2S. de:::Iara o-ê,j~ total: :-:0 pre­~êrginal'" " dimi­":".2~O me­_:-:dades':"ê soma:..::uro.ê5 condí­,~2:Jça da_, 5e pro-EXCURSO XlI 241duz realmente, ao final, aquela situação pressuposta pelo padrão de Fisher. Estenão é, porém, o ponto no qual começa o processo da superioridade de valor demeios de produção presentes em relação a futuros, mas o ponto no qual ele cessa.A superioridade de valor já estava presente antes e tinha que estar presente já antesque as medidas nivela<strong>do</strong>ras - seguramente geradas por ele - pudessem levar aoreferi<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> final. Todavia, o impulso que teve a força de transferir as opçõesem favor <strong>do</strong> futuro para além <strong>do</strong> ponto de utilidade marginal igual e que já antesgerou a superioridade de valor <strong>do</strong>s bens presentes provém <strong>do</strong> seguinte conjuntototalmente heterogêneo de motivos: duas unidades de bens valem mais <strong>do</strong> que umae 350 valem mais <strong>do</strong> que 280, e conseqüentemente um bem que se pode transformarem 350 unidades de produto tem de valer mais <strong>do</strong> que um bem só permitetransformar-se em apenas 280 unidades <strong>do</strong> mesmo produto.Há duas maneiras de comprovar que essa minha explicação <strong>do</strong> encadeamentocausal é a que corresponde aos fatos. A primeira dessas duas comprovações já foifeita por mim. Com efeito, pelo fato de, no exemplo aduzi<strong>do</strong> à página 233, eu haverinseri<strong>do</strong> entre as premissas <strong>do</strong> exemplo o pressuposto de que o suprimento nopresente e no futuro mais próximo é o mínimo indispensável para a subsistência,excluí a execução de opções nivela<strong>do</strong>ras entre o presente - que nada tem a destinarao futuro - e o futuro; e o resulta<strong>do</strong> foi este: com isso de mo<strong>do</strong> algum foi excluídaa superioridade de valor <strong>do</strong> bem presente sobre o bem futuro, mas ela ocorreu,sen<strong>do</strong> até conciliável com uma igualdade da utilidade marginal no presente e nofuturo!89 Donde se infere que a causa da superioridade de valor não pode estar noselementos que faltam ao exemplo da<strong>do</strong>.Ao que me parece, uma segunda comprovação está contida na consideraçãosimples que farei a seguir. O que são, afinal, em sua essência, essas "opções" acimadescritas, pelas quais subtraímos algo <strong>do</strong> suprimento de bens <strong>do</strong> presente para emtroca obtermos uma "renda" mais abundante no futuro? São verdadeiras poupançasque se faz ao proceder assim. E quanto maior extensão se der a essas opções, tantomais abundante é a poupança que se faz, tanto maior é a quantidade de bens quese subtrai ao serviço <strong>do</strong> presente e se transfere para o serviço <strong>do</strong> futuro. Ora, to<strong>do</strong>mun<strong>do</strong> concorda em que a abundância da poupança é um fator que certamentenão tem como ulterior conseqüência aumentar a taxa de juros ou sequer gerar aexistência <strong>do</strong> juro, senão que, pelo contrário, tende a diminuir sua dimensão. Ora,inverten<strong>do</strong> as coisas em sua argumentação, Fisher apresenta-se de um mo<strong>do</strong> comose as medidas de poupança, pelo fato de tirarem <strong>do</strong> presente em favor <strong>do</strong> futuro,criassem a causa <strong>do</strong> juro, e como se uma intensificação das medidas de poupança,pelo fato de provocar um despojamento ou "suprimento menor" <strong>do</strong> presente, porisso mesmo devesse gerar, à guisa de efeito conseqüente, uma diferença maior devalor entre bens presentes e futuros, portanto um aumento da dimensão <strong>do</strong> juro!Ora, é óbvio que não é assim, nem pode ser; o que ocorre é que Fisher, repetin<strong>do</strong>conscientemente um erro já cometi<strong>do</strong> por Carver, entendeu de maneira errôneaa relação causal existente entre duas séries de fatos que efetivamente apresentamnexo causal entre si. Se já existir, como fato, superioridade <strong>do</strong>s bens presentes ouo fenômeno <strong>do</strong>s juros, ocorrem, como efeitos, medidas de poupança que, se foremexatos o cálculo e o procedimento econômicos, devem ir tão longe que a abundância<strong>do</strong> suprimento no presente e no futuro aumenta, e o montante da utilidade marginalda unidade de bens no presente e no futuro diminui - da forma em que o89 Ver supra, p. 234 et seqs. Naturalmente, resulta<strong>do</strong> semelhante ocorreria também se o motivo que impede uma trocaentre os bens a serem aplica<strong>do</strong>s a serviço <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s mais próximos e <strong>do</strong>s mais remotos não forma redução de suprimentoao mínimo para a subsistência, mas qualquer outro motivo de natureza factual.III


242 TEORIA POSITIVA DO CAPITAL'1(1 Enquanto os estoques crescentes de meios para a subsistência, que naturalmente são aumenta<strong>do</strong>s em virtude de cadapoupança, permitem levar o aproveitamento <strong>do</strong>s prolongamentos vantajosos da produção disponíveis a um ponto maisprofun<strong>do</strong> da escala descendente <strong>do</strong> aumento da produtividade. Cf. <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>, p. 473 et seqs.91 Geschichte und Kritik. 4" ed., p. 502 et seqs.SUê': '.22cace: ::1descrevi detalhadamente na página 385 de minha <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>. E quanto maisalto for o juro como fato da<strong>do</strong>, tanto mais as medidas de poupança teriam de conti­nuar até um aumento tanto maior das condições de suprimento, no caso de se procederde maneira perfeitamente econômica. Mas a execução efetiva dessas medidasie poupança tem então o efeito de abrandar e reduzir o fenômeno <strong>do</strong> juro - deuma forma sobejamente conhecida com base na experiência e suficientemente ex­plicada também pela minha teoria 91JPois bem, Carver e Fisher, leva<strong>do</strong>s pela ligação inseparável entre os <strong>do</strong>is fatos,incorreram em erro no que concerne ao nexo causal, e consideraram erroneamentecomo causa <strong>do</strong> juro aquilo que é um efeito dele - aliás, trata-se até de um fatorque, entre as suas conseqüências, tem justamente o efeito de abrandar' o juro.Posicionan<strong>do</strong>-me contra Carver, já ilustrei isso alhures e penso havê-lo feito de for­ma suficientemente deté:lhada e clara,91 poden<strong>do</strong> fazer valer também aqui, contraFisher, o que escrevi na ocasião. Parece-me, porém, que além disso cabe para os<strong>do</strong>is autores também a seguinte consideração. O erro comum aos <strong>do</strong>is é um erroda mesma estrutura lógica de alguém que quisesse ver a causa da origem de dife­renças locais de preço nos negócios de arbitragem, gera<strong>do</strong>s pelo aproveitamentodessas diferenças. Ver-se-á que também esses <strong>do</strong>is fenômenos sempre andam jun­tos. Lá onde surgem diferenças locais de preço, não deixarão de ocorrer negóciosde arbitragem; e quanto maiores forem as diferenças de preço, tanto mais se intensi­ficarão os negócios de arbitragem. Contu<strong>do</strong>, é óbvio que seria totalmente erra<strong>do</strong>entender essa coexistência como se a causa das diferenças de preço estivesse nosnegócios de arbitragem, e a causa <strong>do</strong> montante das diferenças de preço estivessena intensidade <strong>do</strong>s negócios de arbitragem. A verdade é outra: é muito fácil ver quea existência anterior da diferença de preço é a causa e a ocorrência de negóciosde arbitragem é a conseqüência, aliás uma conseqüência capaz de gerar, por rea­ção, um abrandamento <strong>do</strong> fenômeno causa<strong>do</strong>r da mesma, se bem que incapaz de .suprimi-lo totalmente. Exatamente da mesma forma, na questão que nos ocupa,o juro, como fato já existente, gera aquele conjunto de medidas de poupança quelevam a poupança ainda para além <strong>do</strong> ponto de utilidade marginal igual no presen­te e no futuro, na medida em que continuam a subtrair ao presente meios de aten­dimento às necessidades, até que o valor de uma soma menor de bens seja igualao valor de um número de unidades de bens futuros, número este aumenta<strong>do</strong> nomontante correspondente à taxa de juros; e a a<strong>do</strong>ção dessas medidas de poupançaajuda, por reação, a reduzir paulatinamente o montante <strong>do</strong> juro - ou seja, da diferençainicial de valor entre bens presentes e futuros -, sem ser capaz de eliminarinteiramente o fenômeno da diferença de valor. Ora, Fisher e Carver vêem erronea­mente a causa que dá origem à deSigualdade em fatores que, pelo contrário, agemno senti<strong>do</strong> de abrandar essa desigualdade, sen<strong>do</strong> apenas incapazes de fazê-la desaparecertotalmente.Com essa falta de clareza a respeito <strong>do</strong>s nexos causais realmente existentes, .nãoé de admirar que, finalmente, a argumentação de Fisher ainda desemboque numcírculo vicioso na explicação - e aqui está minha terceira objeção. Efetivamente,há um círculo vicioso quan<strong>do</strong>, por ordem, Fisher explica: a taxa de juros da socie­dade é determinàda pelas taxas de preferência (the rates of time preference) <strong>do</strong> in­divíduo (por exemplo, à página 131); essa taxa individual de time preference, pormcõ ::i115 -~inc: .. =ltacc ::a pc:::::se :-.=...."':1a reõ:..;,Í!VOCê': ~emp~::Jnão :2"~de \":5'taFishe~ 1F:.slpenc~ (E, no


EXCURSO XII 243=·~a.~tomaisi::-:-. de conti­-:: ::e se pro­~c.:3 medidas:: .''jro - de.:2:nente ex­:3 :iois fatos,~:~eamente::2 um fator::iar o juro.~e:to de for­=-::ui. contra.a.:€ para os,~ é um erro~€"1 de dife­:: ':eitamento::':idam jun­~2~ negócios::.:3 :3e intensi­~.2:;te erra<strong>do</strong>é~\'esse nos:: estivesse~:J ver que:':2 negócios~~. por rea­€ ':;capaz de~ :-.os ocupa,)oupança:;e'.a.. da dife­: :':2 eliminare:-:-: erronea­[::-ário. agemhzê-Ia desa­:Se '1tes,nãoIt-:Jque numfe-tvamente,os da socie­Er:ce) <strong>do</strong> inf,::"'ence,porsua vez, "depende" <strong>do</strong> "caráter da corrente de renda", na forma por ele suposta paracada indivíduo, depois da execução daquelas operações de tomar e dar empréstimos,de comprar e vender (p. 132) que têm por efeito (de acor<strong>do</strong> com a página118) "ajustar" a time-shape da corrente de renda de tal mo<strong>do</strong> que a preference-rateindividual se harmonize com a taxa de juros. Nesse raciocínio, o juro nos é apresenta<strong>do</strong>como sen<strong>do</strong> uma resultante, e a formação dessa resultante nos é explicadaa partir daquelas características <strong>do</strong>s componentes, que estes assumiram depois dese harmonizarem com a resultante. Ora, isso não significa outra coisa senão quea resultante encontra a sua explicação em si mesma.Aliás, o próprio Fisher percebeu perfeitamente que seu tipo de explicação provocaa objeção de círculo vicioso, e num parágrafo especial (§ 5 <strong>do</strong> capo VIII)empenhou-se seriamente em defender-se de antemão contra ela. Mas a tentativanão teve sucesso, em meu entender. Pelo contrário, sua defesa revela-nos pontosde vista extremamente contestáveis sobre a natureza de uma explicação para qualFisher foi seduzi<strong>do</strong> pela sua maneira matemática de pensar e tratar o tema.Fisher reconhece abertamente que (em sua argumentação) "a taxa de juros dependede uma série de fatores que em última análise dependem da taxa de juros".E, no entanto, segun<strong>do</strong> ele, essa cadeia de conclusões não constitui um círculo vicioso,como pareceria, já que segun<strong>do</strong> ele o último passo não é a simples inversão<strong>do</strong> primeiro (for the iast step is not the inuerse of the first). 92 Passa então Fisher atentar mostrar, com base num exemplo tira<strong>do</strong> <strong>do</strong> campo da Matemática, quan<strong>do</strong>~xiste um círculo vicioso real e quan<strong>do</strong> existe um círculo vicioso apenas aparente.Suponhamos que queremos saber a estatura de um pai, quan<strong>do</strong> sabemos que aestatura dele é o triplo da de seu filho. Mas para saber a estatura <strong>do</strong> pai temos desaber também algo sobre a <strong>do</strong> filho. Pois bem, se não nos informar nada mais, senãoque a estatura <strong>do</strong> filho se distingue da estatura <strong>do</strong> pai pelo <strong>do</strong>bro de sua própria,certamente o problema é "em círculo vicioso e insolúvel", pois a segunda frasereconduz à primeira, sen<strong>do</strong> apenas uma inversão disfarçada da primeira. Contu<strong>do</strong>,se nos dizem que a estatura <strong>do</strong> filho se distingue da <strong>do</strong> pai "pelo quádruplo de suaprópria estatura, menos quatro pés", parece - mas não é verdade - que se estariadeterminan<strong>do</strong> em círculo vicioso a estatura <strong>do</strong> pai pela <strong>do</strong> filho e a estatura <strong>do</strong> filhopela <strong>do</strong> pai; na realidade, porém, segun<strong>do</strong> Fisher, temos aqui uma solução <strong>do</strong> problema:o pai tem seis pés de estatura, o filho tem <strong>do</strong>is. "O simples fato de cada umadessas duas grandezas ser especificada por meio de uma relação com a outra (isspecified in terms of the other) ainda não denota um círculo vicioso".Ora, Fisher pensa que exatamente a mesma coisa ocorre com sua explicaçãoda taxa de juros. Também aqui considera que o "problema" está suficientemente "defini<strong>do</strong>",pois também aqui, segun<strong>do</strong> ele, há tantas gmndezas determinantes e "independentes"entre si (determining conditions) quantas são as grandezas "desconhecidas".Afirma então, numa exposição mais longa - e de maneira perfeitamente corretae acertada -, que existe sempre uma única taxa de juros, a qual atende ao mesmotempo às duas condições, a saber, que to<strong>do</strong>s os indivíduos orientem sua opção pordeterminadas correntes de renda com base na referida taxa, e que se equilibremperfeitamente entre si a procura e a oferta de empréstimos, produzidas por essasopções. A cada taxa de juros corresponde determina<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> das "opções"; todavia,a uma única taxa de juros corresponde um esta<strong>do</strong> tal das opções, no qual aoferta e a procura de empréstimos se equilibram perfeitamente no merca<strong>do</strong>, e estaé, segun<strong>do</strong> ele, "a taxa de juros específica que soluciona o problema" (the particular""'--:-_-=~ de cadac - ;:::O:lto mais920p. ci!., p. 147.--~-~------------- _.-­


244 TEORIA POSITIVA DO CAPITALrate of interest, which wil/ solve the problem). Por exemplo, no caso de uma taxa círCL':. :de juros de 5% é possível que as opções produzidas por essa taxa de juros sejamnão :=,tais que a procura de empréstimos seja inferior à oferta; por sua vez, no caso deum? ~2uma taxa de juros de 4%, é possível que as opções provocadas por essa taxa dea tex:juros sejam tais que a oferta de empréstimos seja inferior à sua procura; somenteé OL::-~a uma taxa de juros determinada e média, por exemplo de 4 1/2%, podem ocorrerforIT.:: ~simultaneamente as duas coisas, a saber, que as opções provocadas por essa taxaC~de juros tenham simultaneamente a propriedade de "equilibrar" exatamente o merca<strong>do</strong>.pro::',,:::Tu<strong>do</strong> isso seria muito bonito se a "solução" da matemática e a solução causal deproc:2:"problemas" fossem a mesma coisa, ou ao menos fossem duas coisas afins. Aconte­juro::=ce que a descoberta de determinada grandeza que se ajusta a determinadaspremisjuros.;jeit? 2 Ssas diferentes e a explicação da referida grandeza são duas coisas completamentediferentes. No exemplo de Fisher, <strong>do</strong> pai e <strong>do</strong> filho, a "solução <strong>do</strong> problema" dadação s:ipor ele consiste em ficarmos saben<strong>do</strong> que o pai tem seis pés de estatura. Mas nãofeita:-:-.'ficamos saben<strong>do</strong> absolutamente nada sobre por que a estatura dele é de seis pés.a ice:-.:Não há a mínima relação causal entre a estatura <strong>do</strong> pai e a estatura <strong>do</strong> filho. Mas,se :C2:­mesmo lá onde há nexos causais, a solução matemática - a qual sempre concluifad:-:-2simplesmente <strong>do</strong> conheci<strong>do</strong> para o desconheci<strong>do</strong> - pode concluir tanto <strong>do</strong> efeito o P:::Jpara a causa quanto da causa para o efeito. Se me derem <strong>do</strong>is da<strong>do</strong>s, a saber, asão ::-:capacidade volumétrica de uma piscina e o número de dias necessários para enchê-Iaatin;=de água proveniente de uma fonte, com eles sou capaz de calcular a abundância são ~da fonte; esta última está "perfeitamente definida" pelos da<strong>do</strong>s conheci<strong>do</strong>s. Aqui,tores ;portanto, a grandeza da causa está perfeitamente definida por da<strong>do</strong>s relativos à gran­sas ::'2deza <strong>do</strong> efeito. Inversamente, se eu conhecesse a abundância da fonte e o tempoou ~~~am'::~~necessário para encher a piscina, naturalmente seria capaz de concluir, por cálculo,para a capacidade volumétrica e de enchimento da piscina, portanto da grandeza um ::::da causa para a grandeza <strong>do</strong> efeito. A definição precisa é neutra em relação ao pro­mo '-::-:blema da casualidade, não ten<strong>do</strong> absolutamente nada a ver com ele.das :-:-.iPor isso mesmo, a "definição precisa" de um "problema" não significa ainda de paz,:: 5mo<strong>do</strong> algum que se esteja de posse de uma solução causal adequada <strong>do</strong> problemanos :::'em pauta e sobretu<strong>do</strong> não significa em absoluto uma garantia de que a explicaçãoforr:-:::.esteja isenta de círculo vicioso. Mesmo em se tratan<strong>do</strong> de um problema matemáticoaUIT.2~preciso, pode-se raciocinar em círculo vicioso. Parece-me que foi exatamente esteout:'::so erro cometi<strong>do</strong> por Fisher. Não há dúvida de que há uma única taxa de juros pos­bor:: Sisível que corresponde àquele esta<strong>do</strong> das opções que "equilibra" exatamente o mer­terr:-::-",ca<strong>do</strong>: o problema está defini<strong>do</strong>, <strong>do</strong> ponto de vista matemático. Mas essa definição<strong>do</strong> '-::1matemática não diz absolutamente nada sobre que tipo de influência causal existearb;,::,,3'entre os menciona<strong>do</strong>s fatos. Essa interpretação causal ainda tem de ser feita de for­po ::'Jma independente. No caso <strong>do</strong> pai e <strong>do</strong> filho, fomos obriga<strong>do</strong>s a dizer que não hárelé;:absolutamente nenhum nexo causal real entre a estatura de um e de outro; no casoda fonte e <strong>do</strong> enchimento da piscina, no qual há uma interdependência matemátic.perfeitamente paritária entre os três da<strong>do</strong>s - a abundância da fonte, o tempo ne­cessário para encher a piscina e a dimensão <strong>do</strong> espaço enchi<strong>do</strong> com água -, foibr~ --~co:-: __muito fácil ver que a causa deve ser procurada na abundância da fonte e o efeitone:" :::'-,deve ser procura<strong>do</strong> no enchimento da piscina. Assim sen<strong>do</strong>, mesmo estan<strong>do</strong> preci­ e :- ~ :--õsamente definida a taxa de juros que coexiste com determina<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> das opçõesC~-~ ::: ~:::~Ó c':,,:e o equilíbrio <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, ainda existe margem para uma interpretação <strong>do</strong> nexoa:...:.,;; : = ::.~causal realmente existente entre causa e efeito e, conseqüentemente, ainda existe,;,--:-­infelizmente, margem para divergências nessa interpretação, e sobretu<strong>do</strong> ainda hámargem também para um círculo vicioso. A "definição precisa" não imuniza - comoparece pensar Fisher - contra um círculo vicioso real na explicação. Ora, esse


E ?::tda existe,'-_:0 ainda há_=-=-. ...::tiza - co­, - ~., Ora, esse-~-----_.._­EXCURSO XII 245: :-2 :Jma taxa:-2~,OS sejam~ :-.:) caso der -2s.sa taxa de[_~ somente:·:·:2m ocorrer,-=: r essa taxal.:-2 =: merca<strong>do</strong>.".::~: causal de-=""'::-.5Acontec-:::as premisc:-:-.~letamenter: ::."ema" dada~=-_,=. Mas não€ :e seis pés.=:: :':Iho. Mas,"":-:-.:Jre conclui::::-.:'0 <strong>do</strong> efeito::: 5 a saber, aS -: ::_!Cl enchê-la~ 30undância[-2::00S. Aqui,E.=.:::VOS à granr:-2e o tempoc :Jor cálculo,,: ~3 grandeza--2::;ão ao pro­2.~::- :':.::a ainda de:c :0 problema12 :: explicação:-::: :-:1atemático~.:::?mente estec :2 juros posa:-:-.2nteo mer­.:: ::sa definiçãol.:: :c.usal existes;.:;, :eita de for­~, .J.ue não há: ...::ro: no casoc:: :-:1atemátic.E :. tempo ne­:-:- água -, foic :-.:e e o efeito-2s:an<strong>do</strong> preci­,:::: =ias opções:.::::ão <strong>do</strong> nexocírculo vicioso existe efetivamente no instante em que Fisher explica a taxa de jurosnão como uma resultante das preference-rate originárias <strong>do</strong>s indivíduos, mas comouma resultante das preference-rate (<strong>do</strong>s indivíduos) resultantes, harmonizadas coma taxa de merca<strong>do</strong> e com base na taxa de merca<strong>do</strong>; pois isso, na realidade, nãoé outra coisa senão explicar a formação da taxa de juros a partir da taxa de jurosformada, ou seja, explicar a resultante a partir da resultante. 93Cabe finalmente citar ainda outro traço peculiar à maneira de Fisher tratar oproblema <strong>do</strong> juro, que também pode ter contribuí<strong>do</strong> para falsear toda a visão <strong>do</strong>problema. Com efeito, Fisher não separa, como fiz eu, a explicação da origem <strong>do</strong>juro <strong>do</strong> capital da explicação da taxa de juros, mas intencional e expressamente rejeitaessa separação, limitan<strong>do</strong> sua exposição aos fatores que determinam a taxa dejuros; é que, em seu entender, "a definição da taxa de juros inclui também a definiçãosobre se a taxa necessariamente deve ser sempre superior a zero".94 Isso é perfeitamentecorreto, se entendi<strong>do</strong> cum grano salis. Entretanto, esse méto<strong>do</strong> dificultaa identificação clara <strong>do</strong>s fatores que dão origem ao juro, pois estes de mo<strong>do</strong> algumse identificam com os fatores que determinam a taxa de juros, ao contrário <strong>do</strong> quefacilmente se poderia pensar à luz de uma análise superficial e ao contrário <strong>do</strong> queo próprio Fisher talvez tenha imagina<strong>do</strong>, To<strong>do</strong>s os fatores que dão origem ao jurosão indiscutivelmente também fatores determinantes da taxa de juros efetivamenteatingida, mas, inversamente, nem to<strong>do</strong>s os fatores determinantes da taxa de jurossão também fatores que dão origem ao juro; pelo contrário, eles podem até ser fatores(supera<strong>do</strong>s l ) que impedem a ocorrência <strong>do</strong> juro. Ao perguntarmos pelas causasde uma inundação, certamente não se poderá enumerar entre elas as represasou reservatórios de água, introduzi<strong>do</strong>s no leito <strong>do</strong> rio para evitar ou pelo menosamenizar enchentes, ou outro elemento conexo com estes; e no entanto eles sãoum fator determinante da altura da enchente que acaba ocorren<strong>do</strong>. Eles atuam comoum obstáculo contra a ocorrência da inundação, isto é, contra a ultrapassagemdas massas de água levadas pelo rio por sobre suas margens; e embora sejam incapazesde impedir inteiramente essa ultrapassagem no caso determina<strong>do</strong>, pelo menosatuam suavizan<strong>do</strong> a dimensão da enchente. Pois bem, exatamente da mesmaforma, além das verdadeiras causas da origem - que são aquelas que geram ouaumentam a superioridade <strong>do</strong>s bens presentes sobre os futuros -, existem tambémoutras circunstâncias que, pelo contrário, tendem a reduzir essa superioridade, emborasejam fracas demais para suprimi-Ia inteiramente; são sem dúvida fatores determinantesda taxa de juros, e no entanto indiscutivelmente não são causas da origem<strong>do</strong> juro. Têm para com a existência <strong>do</strong> juro a mesma relação que os negócios dearbitragem têm para com a existência de diferenças locais de preço, ou que o "escapo"que regula o movimento <strong>do</strong> relógio tem com o movimento <strong>do</strong> maquinismo <strong>do</strong>relógio.'),1 Justamente a ilustração <strong>do</strong> próprio Fisher apresenta alguns traços que quase evidenciam o que na verdade ocorre. Se,Fisher, por exemplo, demons!Oa Ip. 148: ver supra, p. 244) que, ocorren<strong>do</strong> determina<strong>do</strong>s fatos originários (correntes derenda e taxas de preferência individuais no início), a taxa de juros de 5% não pode ser aquela na qual o merca<strong>do</strong> se equilibra.então quais podem ser as forças em virtude das quais a taxa de juros é reduzida daquele nível que não é possível.como definitivo, para o nível necessário e possível como definitivo de 4 1/2%? Porventura não é claro que essa alteraçãonecessária só pode ser produzida pelo esta<strong>do</strong> de forças originárias que ainda está em busca <strong>do</strong> equilíbrIo <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>.e não pelo esta<strong>do</strong> de forças que resulta ao final, depois de totalmente atingi<strong>do</strong> o equilíbrio <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>'l Pois é evidenteque a causa de uma alteração necessária nunca pode ser um esta<strong>do</strong> que só pode ocorrer depois de efetuada a mudança'lO procedimento de Fisher em nossa questão parece-me oferecer um exemplo muito instrutivo <strong>do</strong>s perigos meto<strong>do</strong>lógicosque podem resultar da preponderância de uma análise matemático-formalística e sobretu<strong>do</strong> <strong>do</strong> fato de se privilegiar a "idéiade função" em relação à "idéia de causalidade" Tal atitude é um engo<strong>do</strong> para a pessoa tranqüilizar-se prematuramentenum ponto em que apenas se chegou a constatar uma "interdependência claramente definida", e anestesia a vigilância quese deve ter contra os erros. ainda Possíl./eis a esta altura, na interpretação causal <strong>do</strong>s fatos conexos. Quanto a isso, vero Excurso VIII, p. 140, nota 10."" Op. Clt. p. 93


246 TEORIA POSITIVA DO CAPITALme:-::~JOra, Fisher, ao tratar <strong>do</strong> problema, não separou de forma clara e explícita osfatores determinantes da origem <strong>do</strong> juro <strong>do</strong>s fatores que determinam a taxa de ju­ros, e por isso foi mais fácil escapar-lhe à atenção o fato de que aquele indiscutívelfator determinante <strong>do</strong> juro que reside nas medidas de poupança, geradas pela pró­pria existência <strong>do</strong> juro,95 e que com sua ação tende a abrandar o fenômeno <strong>do</strong> ju­ro, não é um fator da origem <strong>do</strong> juro!prin::: ::de :::,,5entre :5rios. :..;a qL::=.den::-: :que :-:-.€Assim, pois, não obstante reconhecer que a argumentação de Fisher impõe omaior respeito em razão de sua coesão e profundidade, contra ela tive de levantartoda uma série de objeções das mais sérias. A despeito destas considero a teoriade Fisher uma das mais significativas realizações no campo da teoria <strong>do</strong> capital euma tentativa muito interessante de apresentar em generalização diferente e aindamais simples os fatos nos quais assenta a "teoria <strong>do</strong> ágio" <strong>do</strong> juro. Contu<strong>do</strong>, pelasrazões que expus em detalhe, não posso considerar bem-sucedida essa tentativa epenso que, em comparação com ela, a concepção por mim defendida merece nomínimo a preferência relativa.E para finalizar, ainda uma observação.Facilmente eu teria podi<strong>do</strong> vulgarizar toda a contravérsia travada por Fisher eBortkiewicz. Com efeito, <strong>do</strong> ponto de vista formal, ela gira propriamente apenas emtorno de um detalhe, a saber, se o "terceiro motivo" por mim aduzi<strong>do</strong>, cuja influênciaefetiva sobre o fenômeno <strong>do</strong> juro não é contestada, ou pelo menos não o é expressamente,96é um motivo independente para além <strong>do</strong> "primeiro motivo", ou é ummero motivo parcial dentro <strong>do</strong> "primeiro motivo". Portanto, trata-se diretamente apenasde uma simples questão de nomenclatura.Ora, eu poderia muito bem ter-me limita<strong>do</strong> simplesmente a fazer as seguintesconstatações: que tal questão de nomenclatura tem de per si uma importância meramentesecundária; que eu mesmo, por iniciativa própria, considerei, de per si, perfeitamentediscutível agrupar os motivos de tal mo<strong>do</strong> que o primeiro deles se fundacom o terceiro,97 que, demais a mais, eu tinha formalmente razão ao dispor os motivosda forma que o fiz, pois meu terceiro motivo está indiscutivelmente fora demeu primeiro motivo, na medida em que explicara que meu terceiro motivo consistenas diferenças de condições de suprimento, decorrentes "de outra causa"98 - detalheeste que parece, aliás, haver escapa<strong>do</strong> a meus <strong>do</strong>is adversários. Todavia, essaabordagem formalística da controvérsia teria desvia<strong>do</strong> a atenção e a discussão dasdivergências objetivas muito mais profundas que desempenham um papel na motivação<strong>do</strong> ponto de vista formalmente divergentes de meus opositores. Essas divergênciasobjetivas, uma vez presentes no pensamento da teoria econômica, certamenteteriam leva<strong>do</strong>, mais ce<strong>do</strong> ou mais tarde, também a conclusões de maior relevância,razão pela qual preferi abordá-las já na primeira ocasião que se me ofereceu e submetêlasao julgamento daqueles colegas de especialidade que se interessem pelos últimosfundamentos teóricos <strong>do</strong> juro <strong>do</strong> capital. Acontece aqui o mesmo que ocorreem determinadas lides jurídicas, nas quais o objetivo reclama<strong>do</strong> é uma bagatela,mas nos "consideran<strong>do</strong>s" o julgamento é feito acerca das questões jurídicas de princípio,da máxima importância: é uma bagatela, se o "terceiro motivo" é extrinsecal)5Respectivamente, naquela parte das medidas de poupança que é provocada justamente pela existêncía <strong>do</strong> juro; outraparte das medidas de poupança seria a<strong>do</strong>tada mesmo sem o juro - como é sobejamente conheci<strong>do</strong> e foi salienta<strong>do</strong> comfreqüência suficiente (por exemplo por Carver e Landry).96 Ver supra. p. 196. sobretu<strong>do</strong> nota 4.97 Ver a nota à p. 290 da minha <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>. presente já nas duas primeíras edições98 <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>. 2' ed., p. 286; ver supra, p'. 230 <strong>do</strong> presente Excurso.


___ u_~_"'".. "" """,,, .. - -'-"'""""O.....~ _EXCURSO XII 247


EXCURSO XIIIRelativo à Evolução Histórico-DoutrinaI <strong>do</strong> Sistema <strong>do</strong>sBens duráveis no Quadro da <strong>Teoria</strong> <strong>do</strong> <strong>Capital</strong>. Algumas GlosasCríticas às <strong>Teoria</strong>s <strong>do</strong> Juro de CasseI e Landry(Para as p. 117 et seqs. e 293 et seqs. da <strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>)A idéia de que a fabricação de bens mais duráveis, analogamente ao que ocorrecom os fatos de técnica da produção conheci<strong>do</strong>s sob a denominação básica de"produtividade <strong>do</strong> capital", exerce uma influência causal sobre a origem e a taxa dejuros <strong>do</strong> capital penetrou na teoria moderna <strong>do</strong> capital através das etapas que seguem.O primeiro que viu e analisou tal conexão foi Rae; aliás, partin<strong>do</strong> das condiçõesda técnica de produção ocorrentes na fabricação de tipos mais duráveis da mesmaespécie de bens, só o fez até concluir para a necessidade de uma baixa da taxa dejuros quan<strong>do</strong> se passa a fabricar tais tipos mais duráveis. Com efeito, Rae vê commuito acerto que a fabricação de um tipo mais durável de uma espécie de bensremunera o dispêndio adicional de trabalho. via de regra exigi<strong>do</strong> por ela, somenteem um perío<strong>do</strong> posterior e vê, também aqui com perfeito acerto, que, para remunerarcom o mesmo percentual de ganho o referi<strong>do</strong> dispêndio adicional de trabalhopara um perío<strong>do</strong> intermediário cada vez mais longo, a produtividade de ulterioresacréscimos de trabalho teria de crescer numa progressão geométrica, respectivamenteo mesmo acréscimo em duração <strong>do</strong> respectivo bem teria de ser produzi<strong>do</strong> por umacréscimo decrescente de trabalho em progressão geométrica - o que, segun<strong>do</strong> ele,é impossível a longo prazo. 1 E justamente por isso que, em seu entender, a fabricaçãode tipos mais duráveis tem necessariamente de acarretar a diminuição <strong>do</strong> percentuah:lerentabilidade. Entretanto, Rae ainda não chegou a ir além dessa constatação,que aliás não deixa de ser importante e de conter germes fecun<strong>do</strong>s. Em particular,ele ainda não aplica essa idéia para explicar a origem <strong>do</strong> juro <strong>do</strong> capital: deduz dela_não propriamente uma causa da existência <strong>do</strong> juro,2 mas antes apenas um elementoregula<strong>do</strong>r da taxa de juros - aliás um fator que impede o juro de manter-se numpatamar mais eleva<strong>do</strong>. Em decorrência, não dá destaque ao aspecto vantajoso, efavorável ao suprimento <strong>do</strong> juro, da relação técnico-produtiva existente entre o aumento<strong>do</strong>s gastos de produção e o aumento da durabilidade (o aumento da durabilidadedesproporcional em relação ao aumento <strong>do</strong>s gastos); ao contrário, destaca'0 aspecto negativo, desfavorável à manuntenção durável de uma taxa de juros mais1 Cf. minha Geschichte und Kntik. 4~ ed, p. 285.2 Quanto aos conceitos nos quais Rae procurou basear sua explicação propriamente dita <strong>do</strong> juro <strong>do</strong> capital, ver minhaGeschichte und Kritik. 4~ ed., p. 294 et seqs249


-:-=:OR!A POSITIVA DO CAPITAL:: •• G peio fato de não ser possível um acréscimo igual de duração por meio de um das. Têr -:,1a::réscimo adicional de trabalho que decresce em progressão geométrica). Como que dãc :3é sabi<strong>do</strong>. as idéias de Rae, até o momento de sua redescoberta literária por Mixter tambérT. " .lem 1897), não tiveram influência nenhuma sobre a evolução ulterior.riormer,:i'O próximo passo foi da<strong>do</strong> por mim, quan<strong>do</strong>, no primeiro de meus três estu<strong>do</strong>sNa:~:-asobre Algumas Questões Controversas da <strong>Teoria</strong> <strong>do</strong> <strong>Capital</strong> (1899), à página 24mariami'-:4et seqs., vi na fabricação mais demorada de bens de produção uma forma de pro­tivo, de\i':-.longar méto<strong>do</strong>s de produção indiretos demora<strong>do</strong>s, e conseqüentemente a inseri naobra, a õ,,:série daqueles fatos de técnica de produção que exercem um influência causal so­bre to<strong>do</strong> o fenômeno <strong>do</strong> juro, tanto sobre a origem dele como sobre sua taxa; aofazê-lo, não deixei de formular - sucintamente, mas também com clareza - a pre­missa técnico-produtiva da referida influência. dizen<strong>do</strong> que "o aumento de duraç,ãoé maior <strong>do</strong> que o aumento <strong>do</strong>s meios de produção a despender, aumento este ne­Cassi'ocessário para esse fim". A maneira mais concisa de caracterizar o estágio <strong>do</strong>utrinairia gera, =:alcança<strong>do</strong> com esse passo talvez consista em dizer que com isso se compreendeucontra a:.:.apenas uma parte <strong>do</strong> fenômeno, isto é, apenas os fenômenos ocorrentes nos bens <strong>do</strong> ele. G =rde produção duráveis: mas essa parte foi plenamente aplicada às outras tarefas dera" (p. SS'explicação da teoria <strong>do</strong> capital. Propositadamente passo aqui por cima da explica­que eu r.i':ção <strong>do</strong> juro a partir de bens de consumo duráveis, explicação que já apresentei na liosa cor. :<strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong> <strong>do</strong> <strong>Capital</strong> (1889), pois ela não revela uma influência que, partin<strong>do</strong>o probler.~<strong>do</strong> fenômeno <strong>do</strong>s bens de consumo duráveis, explicaria a origem <strong>do</strong> fenômeno <strong>do</strong>seI dá u:-:-ajuro em geral; pelo contrário, apenas aplica a teoria geral <strong>do</strong> juro <strong>do</strong> capital, basea­é pago p2.:da num complexo diferente de causas, para explicar os fenômenos específicos <strong>do</strong>lista; e fL;:-.::juro ocorrentes em bens de consumo duráveis: os fenômenos ocorrentes em bens ma únicc :de consumo duráveis não têm aqui o papel de explicar (juntamente com outras causasum e meS:-::lparciais), senão que figuram exclusivamente como fenômenos explica<strong>do</strong>s. Tampoucosegun<strong>do</strong> i':-icabe mencionar, nesse quadro global de evolução <strong>do</strong>utrinaI, as abordagens que apreço pc;:teoria mais antiga <strong>do</strong> uso apresentou sobre o tema <strong>do</strong>s bens duráveis: isso, em partepaga G P:2:pelo mesmo motivo, em parte por que tais abordagens desembocam em caminhos juro é a 25:=totalmente diferentes, aliás errôneos.<strong>do</strong> capi:c 'Depois de mim, o próximo passo foi da<strong>do</strong> por Cassei (Das Recht aufden voIlenCor.::~Arbeitsertrag, 1900; e Nature and Necessity of Interest, 1903) e, mais ou menostradicior.ê.:-:ao mesmo tempo e da mesma forma, por Landry (L'Utilité Sociale, 1901; e L'Intérêtconceituê':,du <strong>Capital</strong>, 1904). Os <strong>do</strong>is autores, introduzin<strong>do</strong> os bens de consumo duráveis, es­de autorestendem a análise à totalidade <strong>do</strong>s bens duráveis, e os <strong>do</strong>is enquadram to<strong>do</strong> esseforam cC:-.õ:grupo mais amplo de fenômenos entre as causas da origem <strong>do</strong> juro <strong>do</strong> capital; Cas­nativame:-:;selo faz qualifican<strong>do</strong> (Nature, p. 96 et seqs.) o waiting for consumption of durable,so, aliás. :"jgoods como primeiro e mais importante (most important) setor de toda a demanda cada L:-:-.~for waiting, sen<strong>do</strong> que o juro se origina <strong>do</strong> fato de este último sobrepujar o supplymente !Lr.':of waiting; e Landry o faz (L'Intérêt, p. 91 et seqs. e 146) enumeran<strong>do</strong> como sextaser levaé:sdas causas, em virtude das quais o capital recebe um juro, "a possibilidade de pro­<strong>do</strong> não e'~.~duzir bens de consumo duráveis, aos quais se atribui mais valor <strong>do</strong> que a bens con­tência de ::...'sumíveis cuja fabricação demanda o mesmo dispêndio".3 Assim sen<strong>do</strong>, os <strong>do</strong>is de "uso .::autores têm o mérito de haver efetua<strong>do</strong> uma generalização, que era necessária. Emincluí<strong>do</strong> err:minha opinião, porém, o mérito <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is fica diminuí<strong>do</strong> pelo fato de terem feitosiderar c: r:­retroceder a solução <strong>do</strong> problema, ao des<strong>do</strong>brarem os fios de explicação que par­das temê::;tem das referidas causas da origem <strong>do</strong> juro, em si mesmas corretamente caracteriza­4 CasseI 2-:' -; "faz Lanc~-_ :._1 Cito aqui apenas as obras mais tardias <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is autores. já que as de publicação anterior foram por eles superadas sob as duas ­to<strong>do</strong>s os aspectos - a Hás também na própria avaliação deles.~ Op. c;[ -.:::


_"'"....._ ... ·=='"-"'"~=7""'=C_.·.,,·"'.,._.,C"'--_~~·· .g""......,.....=_"".~.,..".,~ ..,',:,"'''''~.'--- __ ~~--_..­EXCURSO XIII 251[-= :: :e umComo:: :: ~ ~lixter.~:, 25tu<strong>do</strong>s:: é.;na 24-:-~::. =:e pro~:: .--:seri na:::.'.,;sal so~E :e.xa; aoz - a pre~:-= ::uração!::: 2ste ne~[ ::::>utrinal:-.:: ~ 2endeu'-': :-.::>s bens; :,,-~efas dec::. 2xplica~1'"252:itei na~. "Jartin<strong>do</strong>t::-=-eno <strong>do</strong>c::. .. basea~c:::cos <strong>do</strong>,5 2m bens~~s causas_"-::1pOUCO;.;: -.5 que a: 2m parte: :e.minhosr:: 2 "1 vollenc''': menos_ 2 :"''Intérêt.:-é.',eis, es­:::·<strong>do</strong> esse:.:: ::a1: Cas­:-- durable,"- iemand~ J supply:c~,o sexta':::2 de pro­~ C2ns concos <strong>do</strong>is5s3.ria, Em.;::-em feito::ue par­:::.:-3cteriza­das, Têm eles razão em acrescentar uma nova causa parcial, mas falham na explicaçãoque dão tanto às causas parciais antigas quanto às novas, e com isso deterioramtambém a explicação global a partir das outras causas parciais já conhecidas ante~riormente,Naturalmente, não posso emitir esse juízo sem fundamentá~lo pelo menos su~mariamente; por isso, antecipo aqui algumas análises que, pelo seu conteú<strong>do</strong> obje~tivo, deveriam encontrar seu lugar propriamente na outra parte principal da minhaobra, a saber, na História e Crítica das <strong>Teoria</strong>s <strong>do</strong> Juro,Cassei parte <strong>do</strong> pressuposto de que "a teoria <strong>do</strong> juro é apenas um la<strong>do</strong> da teoriageral <strong>do</strong> preço" (p. 62), e conseqüentemente o juro é um preço - afirmaçãocontra a qual certamente não se pode, de per si, objetar nada - e portanto, segun<strong>do</strong>ele, o problema <strong>do</strong> juro deve ser trata<strong>do</strong> como "um problema de oferta e procura"(p. 55) - e também contra isso evidentemente não há nada a objetar, se bemque eu mesmo não consiga ver nesse da<strong>do</strong>, bastante óbvio, uma conquista tão valiosacomo o fazem Cassei e Landry.4 A questão central na qual está conti<strong>do</strong> to<strong>do</strong>o problema é naturalmente esta: "A troco de que se paga juro?" A essa questão Casse!dá uma dupla resposta bem singular. Responde ao mesmo tempo que o juroé pago pelo "uso <strong>do</strong> capital" e que ele é pago por uma "espera" (waiting) <strong>do</strong> capitalista;e funde essas duas respostas, aparentemente discrepantes e contraditórias, numaúnica, comentan<strong>do</strong> que as duas denominações designam uma e mesma coisa,um e mesmo objeto, que apenas é visto, pelas duas partes, de <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s diferentes:segun<strong>do</strong> ele, a espera é o sacrifício em troca <strong>do</strong> qual o capitalista é indeniza<strong>do</strong> pelopreço pago no juro, e o uso <strong>do</strong> capital é a vantagem em troca da qual o mutuáriopaga o preço que consiste no juro; <strong>do</strong> la<strong>do</strong> da oferta, o objeto pelo qual se pagajuro é a espera, e <strong>do</strong> la<strong>do</strong> da procura esse objeto (objetivamente idêntico) é o uso<strong>do</strong> capita1. 5Como se sabe, tanto o waiting quanto o "uso <strong>do</strong> capital" têm si<strong>do</strong> considera<strong>do</strong>stradicionalmente como o tão procura<strong>do</strong> suporte <strong>do</strong> juro, por parte de certas teoriasconceituadas e amplamente difundidas; até agora, porém - pelo menos por partede autores que fizeram questão de falar com clareza -, nunca esses <strong>do</strong>is fatoresforam considera<strong>do</strong>s suporte <strong>do</strong> juro <strong>do</strong> capital, cumulativamente, mas sempre alternativamente,ou seja, fatores de explicação que se excluem mutuamente; sobre isso,aliás, falaremos mais adiante, Todavia. sabe-se também que, de há muito tempo,a cada uma das duas mencionadas teorias se tem levanta<strong>do</strong>, de forma minuciosamentefundamentada e em to<strong>do</strong> caso com argumentos que até certo ponto devemser leva<strong>do</strong>s a sério, a objeção de que o suporte autônomo <strong>do</strong> juro por elas postula<strong>do</strong>não existe na verdade; tem-se-lhes objeta<strong>do</strong> que não há como demonstrar a existênciade alguma "abstinência" ou alguma "espera", nem qualquer espécie imaginávelde "uso <strong>do</strong> capital" que seja um elemento de tal forma autônomo e já não estejaincluí<strong>do</strong> em outro fator remunera<strong>do</strong> pelo preço <strong>do</strong>s bens, de sorte que se possa considerarcomo remuneração específica desse elemento, o juro, no senti<strong>do</strong> das referidastentativas de explicação; pelo contrário, tem-se objeta<strong>do</strong> que todas as tentativas: : _-::: ~adas 50b4 Cassel·enaltece esse da<strong>do</strong> como Q "fundamento de uma teoria científica <strong>do</strong> jurá' (op. cit., p. 55) e, similarmente ao quefaz Landr~J (<strong>do</strong> qual ainda falaremos adiante), atribui a máxima importâ.ncia à esquematização de toda a matéria segun<strong>do</strong>as duas categorias oferta e procura.S Op. cit.. p. 37, 48, 63, 67 e muitas outras passagens.


252 TEORIA POSITIVA DO CAPITAL­de tabricar esse algo autônomo a partir de ou juntamente com outros fatores emo conee.::::questão acabam num equívoco cálculo duplo ou em especulações místicas total­ incorre 2:-:-.mente irreais. Sobretu<strong>do</strong> no que concerne ao "uso <strong>do</strong> capital", as diferentes interpre­ conee:l::: :."tações dadas a esse conceito foram examinadas criticamente, sen<strong>do</strong> exaustivamente abstratc. .::.-=testadas as possíveis vicissitudes que possam ocorrer na relação <strong>do</strong> pretenso "mero advert:== :uso" com o valor <strong>do</strong>s próprios bens e com os de seus serviços; e uma vez que nãoeliminé.-:=:::se conseguiu demonstrar uma saída satisfatória - em nenhuma direção - <strong>do</strong> labi­ a expre:::s~{rinto lógico ao qual se é conduzi<strong>do</strong> pela hipótese <strong>do</strong> "mero uso", acabou-se fazen<strong>do</strong> que se :::::~aos eventuais defensores futuros da teoria <strong>do</strong> uso independente <strong>do</strong> capital o apelo que to== :"no senti<strong>do</strong> de "afinal demonstrarem positivamente a existência desse 'uso durável'com o::: =_=diferente <strong>do</strong> consumo, uso pela qual supostamente se paga o juro, e de dizer com ou use. =.-=muita clareza em que consiste propriamente tal uso".6 <strong>do</strong> va]c~-Sen<strong>do</strong> essa a situação, para um autor que no ano de 1903 quisesse retornar <strong>do</strong>s be:-.:::- :::a essas idéias e <strong>do</strong>utrinas antigas certamente haveria algum motivo para não fazê-lã - o il::-: ':Jsem apresentar alguns esclarecimentos e sem discuti-las: seja para mostrar que eo preçe :':por que não considerava procedentes as referidas objeções levantadas já contra asporver.:_~formulações antiga.s da teoria da abstinência e <strong>do</strong> uso, seja para expor os motivoszias e c.::: :::.'"pelos quais considerava não estar exposta a essas objeções, em particular, sua for­ e dú\'·:c.=.::: '2mulação nova e modificada, seja, finalmente, para em to<strong>do</strong> caso atender ao apeloa crítieê :-.=-'no senti<strong>do</strong> de falar com maior clareza. Infelizmente, Cassei não se sentiu obriga<strong>do</strong>a qual C:=~-,a entrar em nenhuma dessas discussões nem a dar nenhum desses esclarecimen­por ele .:-'.'tos; contenta-se, basicamente, em reqfirmar, com ingenuidade e cheio de confian­A:::~1ça, as antigas teses postas em dúvida. E verdade que lhes acrescentou também algunslhas iCé:.=.-~elementos novos - e talvez tenha pensa<strong>do</strong> que com isso havia cria<strong>do</strong> uma situação surpree:-. :2tão modificada que as antigas objeções já não o atingiriam; acontece que seus no­tal"; ses..::-::vos acréscimos não mudaram nada no essencial, estan<strong>do</strong> ainda mais longe de me­nominc.::02lhorar algo na situação; não somente não eliminam nenhuma das objeções que jáMas es:::·= amilitavam contra a <strong>do</strong>utrina antiga, mas, pelo contrário, às objeções antigas acres­não fo::-:-.:::'5centam ainda outras novas. ditório. :-:-.=O primeiro acréscimo de Cassei consiste em explicar que o pretenso uso <strong>do</strong> por ur:e ::~capital "consiste no uso de certa quantidade de vaiar durante determina<strong>do</strong> tempo". Noter:e:::::: :>Parece quase que com essa afirma..Ç:ão Cassei pensou haver realmente atendi<strong>do</strong> ao prio are ::.::?apelo de falar com mais clareza. E certo, pelo menos, que coloca essa afirmaçãoe o de _s=::diretamente em conexão com a pergunta expressamente formulada: "In what con­os <strong>do</strong>:::: C.=sists the use of capital?", e com a intenção manifesta de eliminar a "imprecisão" da mente :::::::.=referida expressão, notada e lamentada por ele mesmo (p. 45); acredita até poder var de ::: =-=.5enaltecer expressamente sua fase explicativa - cuja autoria atribui a Turgot,7 afir­ disso :2:-:-. :mação não totalmente incontestável - dizen<strong>do</strong> que ela "nunca foi posteriormente um u::::: ': 1superada em clareza e precisão" (p. 20 et seqs.).por pc,-2 jMas será que realmente o conceito problemático de uso <strong>do</strong> capital ganhou algo para '''::-:-. :,::em clareza e plasticidade pelo fato de, a partir de agora, em lugar de uso de bens<strong>do</strong> nc.:":~=":concretos se falar de uso <strong>do</strong> vaiar <strong>do</strong>s mesmos? Sera que, pelo contrário, com issotransfe~2-.=o:=~'2de SLê::: ::"'"16 Quanto ao fator "abstinência" <strong>do</strong> qual o waiting se distingue apenas por ser uma terminologia melhor - ver a exposição ele fo:-=:~detalhada em minha Geschichte und Kritik der Kapitalzinstheorien. 4' ed., p. 241 el seqs quanto à variante especial <strong>do</strong>desv::-.·:_.=o!wailing, ver também as p. 481 el seqs. (em relação a Marshall). p. 482 el seqs quanto ao fator "uso <strong>do</strong> capital", cf. ibid ..tranSI2:-:::-.:p. 172 et seqs, bem como <strong>Teoria</strong> Posiliva, 2' ed. alemã. p. 302 el seqs., sobretu<strong>do</strong> 311 (nesta edição. p. 302 el seqs..respectivamente 307J7 No que concerne à autoria de Turgot, em outra oportunidade (<strong>Teoria</strong> <strong>Positiva</strong>, 4~ edição, p. 22 na nota) já observei queCasseI. em sua tradução. corrigiu arbitrariamente o texto de Turgot num detalhe que de mo<strong>do</strong> algum é indiferente, justa·mente para o ponto em controvérsia: traduz o plural ualeurs de Turgot - plural que ocorre, por exemplo. também nas b Tec-, c:··expressões valeurs mobilieres. ualeus accumulées, ualeurs produites etc. - pelo singular value, palavra que no mínimo 9 "It " oc'" :tem sentl<strong>do</strong> diferente. des:"",,' ,­


"~?j'.~.~~._=>O""'"""".,.=-'"=_,.-~..,.~- ~ ..EXCURSO XIII 253; :=.-ores em o conceito não se tornou ainda mais místico? Porventura esse mo<strong>do</strong> de falar não~:::::as total­incorre em todas as capciosidades e confusões às quais conduz o misticismo de um::~: :nterpre­ conceito de capital desvincula<strong>do</strong> <strong>do</strong>s bens de capital e orienta<strong>do</strong> para uma soma_:::::-,amente abstrata de valor - capciosidades e confusões para as quais a crítica também havia::~:-.::o "mero adverti<strong>do</strong> bem explicitamente,8 sen<strong>do</strong> que CasseI também aqui nada fez para-.~ cue não eliminá-Ias ou evitá-las? Que coisa ou que processo haveremos de imaginar como:: - '<strong>do</strong> labi­ a expressão "uso <strong>do</strong> valor"? E se já estamos à procura de um conteú<strong>do</strong> palpável..-::2 fazen<strong>do</strong> que se possa atribuir ao referi<strong>do</strong> conjunto de palavras, porventura não é verdade-:3.: o apelo que toda tentativa desse gênero clama formalmente por um confronto explicativo_:: J durável' com os outros conceitos porta<strong>do</strong>res - certamente legítimos - <strong>do</strong> termo utilização2 :::'zer com ou uso; clama por uma explicação e ordenação da relação existente entre o "uso<strong>do</strong> valor" - pelo qual supostamente se paga o juro líqui<strong>do</strong> <strong>do</strong> capital - e o "usoê:::2 retornar <strong>do</strong>s bens" ou seus "serviços", pelos quais se paga ora - no caso de bens duráveisc -~o fazê-lo - o juro bruto, que inclui o juro líqui<strong>do</strong>. ora - no caso de bens consumíveis ­,cõ:::-ar que eo preço de compra <strong>do</strong>s próprios bens. o qual não inclui um juro líqui<strong>do</strong>? Em suma,; •§. contra as porventura toda tentativa real desse gênero. que não se contenta com palavras vaé:::: motivoszias e altissonantes, não desemboca compulsoriamente em todas aquelas questões'-_:c.:-. sua for­e dúvidas e sobretu<strong>do</strong> naquelas alternativas e dilemas fatais que já há muito tempoe2: ao apelo a crítica havia levanta<strong>do</strong> contra o "mero uso <strong>do</strong> capital" independente, crítica com:::..: obriga<strong>do</strong> a qual CasseI acredita não precisar preocupar-se em razão <strong>do</strong> termo "uso <strong>do</strong> valor"$c:3.recimen­por ele inventa<strong>do</strong> e acrescenta<strong>do</strong>?) ::2 confian­ A segunda inovação que Cassei acrescenta ao material antigo, comum às ve­:-:-2m algunslhas idéias da teoria da abstinência, de um la<strong>do</strong>. e da teoria <strong>do</strong> uso, de outro, é a~::-.3. situação surpreendente explicação que dá para a identidade <strong>do</strong> waiting com o "uso <strong>do</strong> capic.":2seus no·tal"; segun<strong>do</strong> ele, os <strong>do</strong>is são uma e mesma coisa, tratan<strong>do</strong>-se apenas de duas de­C:-;8 de me­nominações sinônimas, de acor<strong>do</strong> com o ponto de vista pelo qual a coisa é encarada.e;5es que já Mas essa afirmação pode ser uma verdade científica? Por acaso é possível - sec::;as acres-não formos violentos com relação às palavras e não lhes dermos um senti<strong>do</strong> contraditório,mas o senti<strong>do</strong> que têm na linguagem usual - afirmar que o ato de esperar'


~ -:-::JR:-'; POSITIVA DO CAPITALaos r",:22:2::'.a:-r.ente transferi<strong>do</strong> e remunera<strong>do</strong> no juro - terceiro objeto que em parte aI·deria. .::':'~:-:1a menciona ou descreve -; pelo contrário, com a máxima ênfase possível afiroe da S~i::'.2: que esses <strong>do</strong>is atos são o objeto transferi<strong>do</strong> e são uma e mesma coisa, coisa:::êntica. E com isso nos impõe efetivamente a difícil tarefa de modificar e remanejarbilida'::2não a:~,de tal forma nosso conceito de "espera por,um prazer" que esse acaba coincidin<strong>do</strong>com nosso conceito de "uso" e vice-versa. E difícil não lembrar aqui <strong>do</strong> Polônio, dealiás. :-:2Shakespeare, com sua nuvem, que representa um camelo, mas ao mesmo tempoelem2:-:i"pro\'a :representa também uma <strong>do</strong>ninha e uma baleia!CasseI chegou até a tentar uma demonstração formal, que pretende forçar nosuso.e:-.'blemá:::csa fantasia rebelde a convencer-se, através de uma conclusão lógica, da existênciadialét::Jda referida identidade, difícil de se entender. Parte da afirmação de que sua conceiontolé::ituação <strong>do</strong> "uso <strong>do</strong> capital" - aceita já por Turgot e ratificada por Menger - definera<strong>do</strong> ~-;este último como uma' "grandeza aritmética".mentc cser pe::l"Disso se infere diretamente que o uso <strong>do</strong> capital é uma grandeza bidimensional, umaD;~,vez que sua medida constitui determinada soma de valor multiplicada pelo tempo deuso Cthe measure of it being a certain sum of value into the time of use'). Ora, está évigentea mesma medida que a medida para o waiting; e em conseqüência disso podemos con·e se e:.;rcluir que a espera e o uso <strong>do</strong> capital designam uma e mesma coisa ('and consequently<strong>do</strong>utr.:-.êwe may infer that waiting and use of capital denote lhe same thing')".lOde Cassmas a...~:iMas porventura isso não é uma dialética visivelmente precipitada e precária?nal. c:::Mesmo que se tratasse de duas coisas que existissem efetiva e indubitavelmente,expos:;zo fato de se poder aplicar o mesmo padrão de medição ou a mesma fórmula matepecta::1no cas:)mática às duas dificilmente seria uma prova plenamente válida para sua identidadematerial - sobretu<strong>do</strong> se, como acontece aqui, são tão fortes os motivos intrínsecoso da 7:que depõem contra a possibilidade da identidade entre elas. Ocorre que, no caso,pect·,:sde mo<strong>do</strong> algum se trata de "fatores elementares" de existência indubitável; a verdadessa:,nomasde é que a existência das duas coisas é apenas postulada por hipóteses para explicação,aliás por hipóteses que, na concepção até hoje vigente sobre a matéria, têm- Pc.ssi<strong>do</strong> consideradas rivalizantes entre si, hipóteses explicativas que se excluem reciseI.c?sdele :-.:procamente. E uma vez que as duas hipóteses tinham por escopo explicar o juro<strong>do</strong> capital - o qual é ele mesmo "bidimensional", isto é, aumenta com a grandeza,oferta. ida soma de capital e <strong>do</strong> tempo de aplicação da mesma - é muito natural, e simdefer:sJ'ra, ec: :iplesmente não pode ser diferente, que também cada um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is motivos de expliposiç§:cação invoca<strong>do</strong>s seja necessariamente "bidimensional", pois <strong>do</strong> contrário já seria clarode antemão que ele não pode ser o verdadeiro motivo explicativo. E é igualmenteP-2:1parc:a~natural que isso vale não somente para a "abstinência" e para o "uso", mas também:Jpara to<strong>do</strong>s os outros suportes <strong>do</strong> juro, postula<strong>do</strong>s pelas mais diversas e contraditóriasteorias <strong>do</strong> juro; vale também para o "trabalho de poupar", também para a "exl1l)~c"aploração" e também para minha diferença de valor entre o presente e o futuro. maJ-2-:-= ,- =-e-~. ~~Assim sen<strong>do</strong>, parece-me bem funda<strong>do</strong> conceber a questão da seguinte forma:fato,e, .: '"JSe CasseI tiver outros motivos - e motivos autônomos - para afirmar que existe, 12 hi. ~ _-::.--=como fator de produção elementar e autônomo, de um la<strong>do</strong>, o waiting e, de outro, mISSê.:: -::- -­<strong>do</strong> ff'- ~ -"'-­um "uso <strong>do</strong> valor", bem como para afirmar que as coisas designadas com esses terdist:r-.:::._ .mos, e realmente existentes, são materialmente idênticas entre si, é possível e ne­ preçc. -:::-.....;:cessário que esses outros motivos sejam evidentes. Acontece que Cassei se equivoca,pago" ..troce" : :-~se pensar que esses outros motivos - no caso de existirem - encontram o mínimo preçc -:::


~~__. '~'~C'''''''''''-''"'"''~''''''~'"''-'-


256 TEORIA POSITIVA DO CAPITALconstato que to<strong>do</strong>s os defensores da teoria <strong>do</strong> uso que elaboram com alguma clarezaa idéia <strong>do</strong> uso autônomo <strong>do</strong> capital e não se limitaram simplesmente a utilizar,já .. :::._0em caráter ocasional e sem comentário, a expressão polivalente de use Df capital, 13que :e5colocaram seu "uso <strong>do</strong> capital" não somente - como faz Cassei - <strong>do</strong> la<strong>do</strong> da "protéú"cura", mas também, de maneira clara e explícita, <strong>do</strong> la<strong>do</strong> da "oferta". Os seruices pro­SOp2~.:::jductifs de Say, a Kapitalnutzung (uso <strong>do</strong> capital) de Hermann, a Kapitaluerfuegung e - es(dispor <strong>do</strong> capital) de Menger, são, exatamente da mesma forma que a "abstinência"car.-:::-.:-,Cde Senior, partes integrantes <strong>do</strong>s gastos da produção e, como tais, seguramente sãotati,,'c ::""um fator da "oferta". Sobretu<strong>do</strong> Herman e Menger explicam com a máxima clareza san::: :::que o uso <strong>do</strong> capital é um "bem econômico" propriamente dito, que deve ser cedi<strong>do</strong>ele :C·.-2pelo capitalista e remunera<strong>do</strong> no preço. 14 Ora, essa posição é certamente inconciprec:5.c·.~liável com o conjunto característico de idéias da teoria da abstinência ou <strong>do</strong> waitiTJg.desr':·...:~jOs <strong>do</strong>is grupos de teorias destacam os sacrifícios da produção que figuram <strong>do</strong> la<strong>do</strong>da oferta, e os <strong>do</strong>is destacam também outros elementos últimos. Os defensores da que :=~teoria da abstinência, não conseguin<strong>do</strong> encontrar um elemento sacrifício que faça<strong>do</strong> '-c.::parte <strong>do</strong> universo <strong>do</strong>s bens, recorrem, para chegar até esses elementos, ao sacrifíciomisre:-: :'5pessoal <strong>do</strong> waiting, o qual subordina - com ou sem razão - como segun<strong>do</strong> sacri­ no te: c.cofício elementar ao sofrimento pessoal inerente ao trabalho. Ao contrário, a teoria <strong>do</strong> wair'r;


waiting.-::1 <strong>do</strong> la<strong>do</strong>"':1sores da:::, que façaê:) sacrifício--'::1<strong>do</strong> sacri­~ c teoria <strong>do</strong>::;utro bem. -'-150 <strong>do</strong> cac'': sacrifícior:'".:eitos delae, :omo um-,ele e que,I ::::::> -uso <strong>do</strong>te :1ão é porç~essa tam­IE'smente co­~ as idéias~ .:: ::)mo o fize­: ~22 na nota).a; ::.;-~ ~:eralS.'ê. -:':S::lência tamtE=:- -:. :a abstínên­!c-_-:: -:-. recebe <strong>do</strong>s~..-_:; -= :em o direitoc:;,,:.,;- __ =--.:>2. Segun<strong>do</strong>ô ' 'ecd'<strong>do</strong> por al­::::. ~


258 TEORIA POSITIVA DO CAPITAL­­caso de emprestá-lo! Mas tu<strong>do</strong> isso é secundário: em última análise, pode-se chegarà verdade plena <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> a ser explica<strong>do</strong>, tanto com uma como outra ordenaçãoexterna da matéria.Quanto ao conteú<strong>do</strong> material da explicação, nossas duas teorias concordam bastantenuma boa extensão. A diferença maior e propriamente característica pareceestar na construção de elos intermediários por meio <strong>do</strong>s quais deduzimos o fenômeno<strong>do</strong> juro de certos fatos que tanto Landry como eu concordamos em tomarcomo ponto de partida - a saber, a "produtividade <strong>do</strong> capita!", que ele menciona C.:';:como quarto motivo para a "obtenção <strong>do</strong> juro", e a produção vantajosa de bens deconsumo duráveis, que ele cita como sexto motivo. 20 Landry rejeita ou' pelo me­tc:-:­nos põe em dúvida minha teoria <strong>do</strong>s "méto<strong>do</strong>s de produção indiretos vantajosos",não aceitan<strong>do</strong> também o fato de eu fazer a explicação passar por uma diferençade valor entre bens presentes e futuros;21 em seu lugar, introduz um outro elo explicativo,mais breve, destina<strong>do</strong> a criar uma ligação direta entre os menciona<strong>do</strong>s fatosbásicos e o juro <strong>do</strong> capital,22 ao passo que para mim esse elo denota falta declareza no pensamento, além de ser objetivamente erra<strong>do</strong> e contraditório em si mesmo.C21Vejamos primeiro a "produtividade <strong>do</strong> capita!". Landry coloca o problema <strong>do</strong>juro de forma perfeitamente correta, ao afirmar que é preciso explicar a diferençade valor, o écart, que, no caso de produção de longa duração, existe entre o valore =<strong>do</strong>s bens de capital (bens de produção) emprega<strong>do</strong>s e o valor <strong>do</strong> produto <strong>do</strong>s mes­mos. Há ampla concordância entre nós <strong>do</strong>is também quanto aos pontos de partidada teoria <strong>do</strong> valor. Landry ensina a teoria <strong>do</strong> valor, centrada na utilidade marginal• «;P·-·'(utiJité-limite) , e ensina também a lei <strong>do</strong>s custos na linha da mesma concepção ­inserida na teoria da utilidade marginal - em que eu apresento a referida lei. Final­ r.. :=mente, concorda comigo também na premissa - de extrema importância para todap~:.(a teoria <strong>do</strong> capital - de que o valor <strong>do</strong>s bens de produção deriva <strong>do</strong> valor de seusprodutos. Mas nossa discordância começa, por assim dizer, no meio dessa frase.Enquanto para mim vale sem ressalvas o princípio de que o valor <strong>do</strong>s bens de S:. :;produção equivale basicamente à utilidade marginal e ao valor <strong>do</strong>s produtos quese pode produzir com eles, Landry acrescenta à premissa maior análoga ("un bienproductif vaut nécessairemente les utilités qu'i! procure"23) a seguinte cláusula limitativae que fnnda uma exceção: "quand ces utilités <strong>do</strong>ivent être perçues tout deC sosuite"24 (p. 74). Ao contrário, se essas utilidades forem obtidas apenas mais tarde,pc:"na opinião de Landry pode também ocorrer coisa diferente, ou seja, pode ocorrerp,,:::que o valor <strong>do</strong> bem de produçâo não seja totalmente equivalente à utilidade pro­ ];.,,5porcionada pelo mesmo. "Pois" - sublinho esse "pois" digno de nota - "uma utili­ \'2_ 1dade varia (varie) de acor<strong>do</strong> com o momento em que dela desfrutamos, e o fatoG:SJ<strong>do</strong> adiantamento temporal de um prazer, de uma alteração na distribuição de nos­ 1.::: .sas rendas em favor <strong>do</strong> futuro, pode diminuir a soma de nosso bem-estar ('peut di­ç.?c.minuer la somme de notre bien-être')". rr:Temos aqui, segun<strong>do</strong> enten<strong>do</strong>, um funesto desvio lógico; se ele escapa facilmenteà atenção <strong>do</strong> leitor, é só porque'Landry nâo percorreu ele mesmo, cQm c\a-2C op. cit., p. 146.21 Op. cit., p. 197 et seqs.; sobretu<strong>do</strong> p. 200 et seqs., 211, 217,219,222 et seqs. Uma anticrítica exaustiva - lanto aqui li,,'"pc:ie-::;cc:.scomo alhures - levar-me-ia longe demais. Em passagens esparsas de meu Ilvro toquei em alguns pontos, de acor<strong>do</strong> comas oportunidades que se me ofereciam. .22"II faut dane em regle générale faire découler directement i'intérét de la productivité du capitai".' Op. cit., p. 217.23 "Um bem de produção vale necessariamente aquilo que valem as utilidades que ele proporciona". (N. <strong>do</strong> T)-- -:,24 "Quan<strong>do</strong> essas utilidades forem obtidas imediatamente". IN. <strong>do</strong> T)::: ~II:.: :,~C2 5o ','2, "Como regra geral, portanto, há que derivar o juro diretamente da produtividade <strong>do</strong> capital" (N <strong>do</strong> T)


..-~..~.~'-~_="--,"",OZ~·"'"-'==_"",=oc= __·",,,"",,-_.__o ",-~,~~=.;~_. ---~EXCURSO Xlii 259c::am bas­~:c. parece1::5 o fenô­; 2;TI tomar? ;no2ncionac,:o bens del: ;Jo2lo me­l.c::1tajosos",12 ::Jerençal:::-O elo ex­:'::-la<strong>do</strong>s fa­K:::ê falta de':":. s: mesmo.Irc:lema <strong>do</strong>:: diferença~::-o2 o valorcc <strong>do</strong>s mes­15 ':02 partidace marginal>:-.::o2pção­éc lei. Final­:::: para toda:a.


-. ~=?_~-:.. ?OSITIVA 00 CAPITALpc:'",,_'.:::::-2ôôêr:1eme toma<strong>do</strong> como ponto de partida por Landry; ou então se o valor <strong>do</strong> to. c::::::: ::..::c. pela pressuposição, diminuísse para m - n, mas o -valor <strong>do</strong> bem de pro­ ne ~::_c§~ ci:minuísse ainda mais, por exemplo para m - 2n - mas tal hipótese não pc ::i:,,~ ;,e:1huma base nem nos fatos nem no raciocínio <strong>do</strong> próprio Landry. pre'3A isso Landry talvez queira objetar que só se estará propenso a empregar umVê.::':;e:n de produção para uma produção que leva tempo, se com ela se obtiver mais de ::;:;roduto <strong>do</strong> que se poderia obter <strong>do</strong> mesmo bem de produção com uma produção:nstantânea. Por isso, não se pode - como eu acabo de fazer - comparar <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is o ô,,~la<strong>do</strong>s a mesma quantidade p de produto; pelo contrário, no caso de uma produçãopo: Sique leva tempo, se deve contar com um produto maior. Perfeitamente de acor<strong>do</strong>! no: ;Acontece que, se pensarmos e calcularmos corretamente, mesmo assim o que mu­Viê~jmes"l'da são apenas os símbolos numéricos que aparecem no cálculo, mas nada mvdano resulta<strong>do</strong> propriame'1te dito. Façamos novamente o cálculo, de mo<strong>do</strong> correto Po: ~5e claro. Do mesmo bem de produção podemos, opcionalmente, obter, em produ­ ser:-: :ção momentânea, a quantidade p de produto, com o valor m, ou então, em produ­ no ,,3ção que leva tempo, uma quantidade maior de produto, p + q, a qual, portanto,cio:-:ase também ela estivesse disponível no momento, deveria ter um valor maior <strong>do</strong> queas c:~a quantidadep de produto - portanto, digamos, o valor m + n. Mas se for correta de ,,:~a afirmação de Landry de que o adiamento para o futuro tem o efeito de diminuirreL =­o valor <strong>do</strong> bem, a quantidade de produto p + q, como quantidade futura de bens,tOCê:1,não pode reivindicar o mesmo valor pleno m + n - valor este que teria como aC:ê:1quantidade de bens disponível no momento -, senão que deve necessariamentedes::.=sofrer uma diminuição de valor - por exemplo uma diminuição correspondenteà grandeza n, deven<strong>do</strong>, pois, seu valor baixar para m; e, naturalmente, o mesmo:~valor reduzi<strong>do</strong> m será também o valor <strong>do</strong> bem de produção. Por conseguinte, tam­mas:bém aqui não ocorre o écart entre os <strong>do</strong>is, afirma<strong>do</strong> por Landry: esse écart só poaiC2~deria vir a ocorrer se, contrarian<strong>do</strong> às premissas e incorren<strong>do</strong> em contradição, <strong>do</strong>s ­pretendessemos supor que o efeito de redução <strong>do</strong> valor, proveniente <strong>do</strong> fato de sede se:adiar para o futuro a fruição <strong>do</strong>s bens, passa, sim, ao bem de produção que está à -12em segunda linha, mas simplesmente não ocorre no produto que está em primeira <strong>do</strong>s ::1linha e que proporciona o prazer diminuí<strong>do</strong>, e pretendessemos supor que sua utili­a L::::'dade e seu valor não diminuem mas permanecem m + n; se isso, porém, "acontegas::~cesse, não haveria como explicar por que motivo, se a utilidade, apesar <strong>do</strong> adiamento,dac2'não diminui, o valor <strong>do</strong> bem de produção que proporciona essa utilidade não dimi-,bler:-:anuída diminuiria de m + n para m.Como afirmei acima, Landry não esclareceu tu<strong>do</strong> isso; em parte porque apre­pare.":senta toda a sua argumentação apenas um tanto em esboço, sem explicitar muito;nee, tmas sobretu<strong>do</strong> porque, para designar os números de unidades e as grandezas derios ::Jvalor <strong>do</strong> produto - que é preciso distinguir bem um <strong>do</strong> outro -, não utiliza, como lor.;:)acabo de fazer por boas razões, <strong>do</strong>is símbolos diferentes (p para a quantidade <strong>do</strong>produto e m para o valor <strong>do</strong> mesmo), mas um único símbolo, m; assim fazen<strong>do</strong>,me:-:lLandry encobre muitas ambigüidades e, em to<strong>do</strong> caso, se desobriga de falar com de ~:aquela clareza que só pode provir <strong>do</strong> confronto explícito e comparativo entre as duas po: 2:grandezas. Assim, por exemplo, não há absolutamente nada a objetar a estas pala­-. :.:Jvras de Landry (que continuam a citação acima transcrita: "Pour avoir un surcroftesr: :'1de revenu de m dans l'avenir, souvent nous ne consentirons à céder dans le présent de 2:1que m - n")26 se - como insinua a expressão "aumento de renda" - entendermosda::"'26 "Para termos um acréscimo de renda m no futuro, muitas vezes só consentíremos. no presente, em ceder m - n"' (N<strong>do</strong> T)


EXCURSO XIII 2ó:­c --por m e por m - n, quantidades de bens, números de unidades de bens. Entretan­to, com as palavras subseqüentes "l'instrument productif qui <strong>do</strong>nnera m pourra ainsine valoir que m - n",27 Landry desvia a interpretação <strong>do</strong> símbolo m para o campo<strong>do</strong> valor e dessa forma deduz, de premissas que só são corretas para outra interpretação<strong>do</strong> símbolo m, uma conclusão - falsa - em favor de uma diferença deIC -valor. Mais adiante ainda terei oportunidade de falar de um terceiro motivo da faltq........ .: .: de clareza por parte <strong>do</strong> autor. ;.- -,~-Ao afirmar acima que Landry se desobriga de falar com clareza, quero dizer, - o seguinte. Landry fala de uma "diminuição" da utilidade. Essa idéia encerra em si,r- - -=.por seu próprio conceito, uma comparação: a utilidade "diminuída" tem de ser "me­C~: :nor" em comparação com alguma outra grandeza qualquer. Aqui, por exemplo, obviamenteem comparação com aquela utilidade que teria si<strong>do</strong> proporcionada pelamesma quantidade de bens se esta tivesse esta<strong>do</strong> disponível sem adiamento no tempo.~1_ + -=Por isso, não é possível mostrar concretamente a ocorrência de uma "diminuição",r:·=_sem de certo mo<strong>do</strong> traçar as coordenadas em relação às quais se alterou a posiçãor:·: _.no espaço, ocorren<strong>do</strong> então determinada "diminuição" da utilidade, se esta for rela­~----cionada comas mencionadas coordenadas. Ora, se Landry, sem fixar exatamente.as coordenadas, dá um valor de m ou de m + n a um produto qualquer, pelo fatode ele não fazer a referida relação comparativa não se vê se a "diminuição" já ocorreu~ - - ­L~ ~ou não, no cálculo de seu valor; permanece, portanto, certa falta de clareza, notocante aos pressupostos, que - como também veremos ainda mais claramenteadiante - favorece extremamente a possibilidade de descaminhos que passaramdesapercebi<strong>do</strong>s tanto ao autor como aos leitores.A idéia de que o valor <strong>do</strong>s bens de produção deriva <strong>do</strong> valor de seus produtos,mas não precisa equivaler a ele se houver uma defasagem de tempo, é como quea idéia-chave para toda a teoria' de Landry. Ele a introduz - nos termos acima cita<strong>do</strong>s- primeiro para o caso <strong>do</strong>s "instrumentos de produção raros", não suscetíveis...-':: :--::de serem aumenta<strong>do</strong>s à vontade, os quais, devi<strong>do</strong> à sua raridade, não obedecem- - .-- à "lei <strong>do</strong>s custos" e a seguir a estende também aos bens de produção sujeitos à lei-:--::.:--.= <strong>do</strong>s custos. Entende por "custos" - inteiramente de acor<strong>do</strong> com minha posição ­a utilidade marginal <strong>do</strong>s outros produtos que se podem produzir com os mesmosc -:,,­gastos de produção, aliás (p. 163) a utilidade marginal <strong>do</strong> produto "de menor utili­~--dade" que se pode produzir com o mesmo dispêndio. Partin<strong>do</strong> dessa base, o problema<strong>do</strong> juro, na medida em que está conexo com a produtividade <strong>do</strong> capital, recebepara Landry o seguinte aspecto: com os mesmos bens de produção produ~m-sec==-::-paralelamente bens de consumo para uso imediato, por meio da produção instantânea,e, por meio de méto<strong>do</strong>s de produção que levam tempo, produtos intermediá­: ...... :::rios que só proporcionam utilidade para o consumo dentro de um p'erío<strong>do</strong> maislongo. Pela lei <strong>do</strong>s custos, o preço <strong>do</strong>s menciona<strong>do</strong>s bens de produção se fixa aonível da utilidade marginal <strong>do</strong>s outros produtos que se podem conseguir sem adia­~- .= = mento de tempo; suponhamos, por exemplo, que esta seja m. No entanto, a utilidademarginal e também o preço <strong>do</strong>s produtos que só se podem conseguir mais tarde,por exemplo dentro de três anos, permanecem maiores - por exemplo m + n­-, caso esses bens "não sejam prÇlduzi<strong>do</strong>s em quantidade excessiva" (p. 88); e or-- -'­estoque total <strong>do</strong>s respectivos meios de produção é reparti<strong>do</strong> entre os <strong>do</strong>is setoresE:~--de emprego de mo<strong>do</strong> tal que a diferença entre m e m + n não é eliminada, a utili­~.:5dade marginal <strong>do</strong>s produtos que se podem conseguir de imediato e <strong>do</strong>s que só seE~- -'27 "Assim o instrumento de produção que produzirá m poderá valer apenas m - n". (N <strong>do</strong> T)


262 TEORIA POSITIVA DO CAPITALpodem obter mais tarde não é nivelada para uma grandeza média entre m e m +ar';>n, que seria, digamos, m'. E por quê? Aqui entra novamente o leimotiv de Landry,com o qual acredita poder explicar bem diretamente a existência da diferença: "pordezale":aJque o adiamento para o futuro, na maioria <strong>do</strong>s casos, diminui a soma total <strong>do</strong> nossobem-estar" (diminue par lui-même la somme totale de notre bién-être"), e consese:::qüentemente na maioria <strong>do</strong>s casos não convém "gastar m' para obter m' daqui atrês anos" (p. 81).cO::-:lVolto, porém, a perguntar: onde fica, nesse cálculo, o efeito que o adiamentom -no tempo tem, no senti<strong>do</strong> de reduzir o valor daqueles produtos que efetivamentena ::;proporcionam a utilidade diminuída pelo adiamento? Afinal, Landry toma ou nãolor. ::a sério sua afirmação sobre a diminuição da utilidade? E se a toma a sério ~ comoespeltemos evidentemente que supor -, onde e como calculou essa diminuição nos proda~~ive! ::1dutos que têm de ser atingi<strong>do</strong>s por essa diminuição? Há de se entender que a exprcópressão <strong>do</strong> valor m + n - com a qual ele conta -, vale antes ou depois de selevar em conta a dedução em razão da "diminuição da utilidade"? Se a deduçãocor:-:ainda não tivesse si<strong>do</strong> levada em conta, naturalmente ainda se deveria considerá-lade :Ce incluí-la no cálculo, pois não podemos deixar de levar a sério uma afirmação deoc :0,'2.:':31Landry; ele não tem o direito de afirmar uma diminuição da utilidade e fazer o cálp,eç:>culo como se não a tivesse afirma<strong>do</strong>. Nesse caso, porém, da expressão de valorr:às 5.lnão diminuída, m + n, ainda teríamos de subtrair o efeito da diminuição, que opróprio Landry calculou como sen<strong>do</strong> n (para o bem de produção), e com isso teríae::-:;:,,,se COfmos, para o valor <strong>do</strong> produto, a mesma grandeza m que para o bem de produçãoou bem-custo; e a diferença entre os <strong>do</strong>is, que Landry quer explicar "diretamente­=a =:""1com sua forma de concluir, não somente não estaria explicada, mas até teria desapareci<strong>do</strong>da pressuposição.;=1'C:::...oOu, então, a dedução <strong>do</strong> valor já foi levada em conta. Talvez, ou até provavelmente,dentro <strong>do</strong> raciocínio de Landry, teríamos de imaginar isso da maneira seguinte:em virtude da "produtividade <strong>do</strong> capital~ os méto<strong>do</strong>s de produção com capitaiproporcionam um produto maior, p + q, <strong>do</strong> que aquele que se poderia conseguircom produção instantânea. Esse produto maior, se não tivesse a desvantagem <strong>do</strong>adiamento no tempo, teria, em paridade das demais circustâncias, o valor maiorm + n em relação ao valor m, que é o da quantidade menor de produto p, a quaise poderia conseguir com produção instantânea. Em virtude da referida desvantagem,porém, o valor m + n deveria diminuir para m. Acontece que a esse efeito---3redutor <strong>do</strong> valor, que é decorrência <strong>do</strong> adiamento no tempo, se contrapõe, por sua ~=.;~: ;::'::-::~-:::Jvez, como elemento que tem o efeito oposto de aumentar o valor, a "raridade", queLandry introduz, mediante a cláusula supracitada - de que "não se pode produzirtaisbens "em quantidade excessiva"28 -, como causa e condição <strong>do</strong> afirma<strong>do</strong> aumento<strong>do</strong> valor e que na realidade, pelo seu gênero, certamente poderia ter o efeitcde equilibrar ou compensar novamente o efeito de redução <strong>do</strong> valor, próprio <strong>do</strong>':.


~~ +:-.:::ry,-por­-.J550C:15e­~~'Jia:-.ento-:-:ente_ :1ão:'Jmo·5 pro­:: ex­::e se:::.;ção:.e~á-la.3- de;~~=ál-".alor::..:e o:2na­)~:'·Jção~"e:cte"~ ::2sa­",êxel­,,~? se­:apitaI.seguir~:-:c <strong>do</strong>, -aior? J.ual5". ,ntaeefeitoC'=~ sua[2- que.: :"lzir"~::::: aue2:eitor:~'J <strong>do</strong>ê.~ -:: -: :'Jit~.~ =:~ :2:11- :'.)1"EXCURSO XIII 253adiantamento no tempo, de mo<strong>do</strong> que o valor <strong>do</strong> produto, mesmo depois de 5elevar em conta a diminuição decorrente <strong>do</strong> adiantamento, poderia manter a grandezade m + n.Entretanto, se for essa a suposição da qual temos de partir, na linha de Landry,se o produto que se pode obter de um bem de produção, ainda depois da deduçãocompensatória da redução <strong>do</strong> valor, em decorrência <strong>do</strong> aóiamento, tem o valor dem + n, que outro motivo poderia ainda haver para computar pela segunda vez,na transferência desse valor <strong>do</strong> produto para o bem de produção, a redução <strong>do</strong> valor,de qualquer forma já computada? Ou então se quisermos adaptar o racioCÍnioespecificamente à validade da lei <strong>do</strong>s custos, suposta por Landry: como seria possívelque nesse caso o estoque de bens de produção seja reparti<strong>do</strong> entre as duas modalidadesde emprego de tal mo<strong>do</strong> que permaneça a diferença entre os valores <strong>do</strong>sprodutos, m e m + n? Não seria totalmente antieconômico, na produção de benscom utilidade adiada, parar já numa utilidade marginal de m + n (por exemplode 105) - utilidade marginal que, note-se bem, ainda continuaria a ser m + nou 105 mesmo depois de se ter leva<strong>do</strong> plenamente em conta e compensa<strong>do</strong> a des,vantagem inerente ao adiamento - e, ainda por cima, na outra modalidade de empregodescer até uma utilidade marginal de m (por exemplo de 100)? Porventuranão seria um peca<strong>do</strong> contra a Economia numa modalidade de emprego contentarsecom uma utilidade de 100, enquanto amplian<strong>do</strong>-se a segunda modalidade deemprego, embora talvez não se conseguin<strong>do</strong> uma utilidade plena de 105 (em razãoda diminuição da "raridade" <strong>do</strong>s respectivos produtos por causa da ampliação daprodução!), ainda se poderia em to<strong>do</strong> caso conseguir mais <strong>do</strong> que 100, portantosucessivamente 104, 103, 102 etc. de utilidade efetiva, já não onerada por nenhumadedução? Porventura o processo de transferência de unidades de bens de produção,<strong>do</strong> tipo de emprego menos compensa<strong>do</strong>r para o tipo de emprego maiscompensa<strong>do</strong>r, não deveria prolongar-se até o ponto em que a unidade <strong>do</strong> produtoproporciona a mesma utilidade marginal e o mesmo valor <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s, mediantea regulagem das quantidades e <strong>do</strong>s valores <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s? Em outras palavras, nessascircustâncias não deveria necessariamente ocorrer exatamente aquele fenômenocuja não ocorrência Landry pretende fundamentar e explicar, isto é, o' nivelamento,a "equalização" das utilidades marginais inicialmente diferentes?Lamento muito ter de dizer que Landry não dá absolutamente nenhuma explicaçãopara o écart, ou seja, a diferença de valor entre produtos e bens de produção,diferença na qual reside o problema <strong>do</strong> juro, mas apenas aparenta externamentedar tal explicação, alteran<strong>do</strong> contraditoriamente os pressupostos reais <strong>do</strong>s quais parte;lamento muito ter de dizer que ele ora toma a sério, ora não toma a sério suaafirmação de que a utilidade diminui em razão de adiamento no tempo. Lembra-sedessa afirmação toda vez que fala <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s bens de produção e esquece-a ­ou pelo menos deixa de levá-la em conta - toda vez que faJa <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s produtos.Considera simultaneamente a utilidade adiada como diminuída, como pequenà,para com isso reduzir o valor <strong>do</strong>s bens de produção que a proporcionam. Eno mesmo instante considera novamente como não reduzida e grande, em virtude<strong>do</strong> aduzi<strong>do</strong> requisito da raridade, a mesma utilidade adiada - proporcionada pelosprodutos fabrica<strong>do</strong>s com os bens de produção -, para poder então novamente elevaressa mesma utilidade acima <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s outros produtos fabrica<strong>do</strong>s com osmesmos bens de produção, e conseqüentemente também acima <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s própriosbens de produção, valor que justamente acabara de reduzir mediante a suposiçãooposta de uma utilidade diminuída <strong>do</strong>s produtos <strong>do</strong>s mesmos. Cria assim oespaço para a diferença de valor - que pretende explicar -, simplesmente comsuas próprias premissas contraditórias, e apenas encobre essas contradições comI


-:::::;.:.~. :;OS:TlI.;A DO CAPITAL:."- _ :::a obscuridade, que continua a <strong>do</strong>minar toda a sua exposição. Evita to<strong>do</strong> ços" ::::.:a:c:uer cálculo exato e completo <strong>do</strong> valor, constantemente salta passos interme­ aos=:~~os 'essenciais desse cálculo e sobretu<strong>do</strong> silencia totalmente sobre os efeitos quere,a:e:n. para o cálculo, a ocorrência simultânea <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is postula<strong>do</strong>s por ele afirma<strong>do</strong>sha',­e que agem um contra o outro, a saber, o <strong>do</strong> adiamento, que faz o valor diminuir,dL:.rie a raridade, que faz o valor aumentar.o ·.cQuem opera com uma idéia explicativa que traz a contradição em sua próprianãoraiz dificilmente consegue explicar as coisas detalhadamente mediante um sistemacompleto sem casualmente ter de tocar também em detalhes nos quais já não é· 50:"!mais possível esconder a contradição, pois esta se torna patente. Quero aduzir duasapeprovas disso, tiradas da <strong>do</strong>utrina de Landry. A primeira é oferecida por aqueles ca­toósos nos quais entra em jogo o que Landry denomina sacrifice capitalistique. De acorpo ç~com a explicação que o próprio autor dá desse conceito, e também como dá a en­lo~.tender sua adesão incondicional à idêntica <strong>do</strong>utrina de Carver,29 Landry pressupõePe!"tque, para uma parte <strong>do</strong>s capitalistas - aliás exatamente aquela parte cuja existên­ <strong>do</strong> '(cia é decisiva para a origem e a taxa de juros <strong>do</strong> capita)3D -, o adiamento acarre­de,ta um sacrifício real em termos de utilidade. Esse sacrifício ocorre pelo fato de ocapitalista, atraí<strong>do</strong> pelo juro, poupar tanto que o perío<strong>do</strong> futuro, em favor <strong>do</strong> qualele poupa, fica mais bem supri<strong>do</strong>, em comparação com o esta<strong>do</strong> das necessidades,<strong>do</strong> que o perío<strong>do</strong> presente, <strong>do</strong> qual são deduzi<strong>do</strong>s os meios de cobertura; isso, pelalei da utilidade marginal, leva a uma diminuição da utilidade marginal das impor­d::Jtâncias poupadas e transferidas para um perío<strong>do</strong> mais bem supri<strong>do</strong>, e conseqüente­uemente a um sacrifício positivo de utilidade, sacrifício que, segun<strong>do</strong> Carver e Landry,qL:etem de ser compensa<strong>do</strong> pelo juro: o juro é necessário para, mediante um aumentoprc


EXCURSO XiI; ).:;:;~.-:""3 LO<strong>do</strong> ços", que o uso <strong>do</strong> hem de longa duração - l?or exemplo a casa - proporcionará:_:erme­aos seus mora<strong>do</strong>res 31 exatamente a mesma superioridade de utilidade marginal, em::05 que relação aos bens de consumo não duráveis fabricáveis com os mesmos custos, quei_ .. ,a<strong>do</strong>shavia reivindica<strong>do</strong>, nas passagens acima citadas, para os próprios bens de consumoc:::::::luir,duráveis. Se já isso permite concluir que Landry, com muito acerto, considera queo valor <strong>do</strong> próprio bem é idêntico ao valor da soma de seus serviços, e certamente;:róprianão lhe é inferior, o próprio autor elimina qualquer dúvida a respeito, com outra. 5:Stema afirmação à página 195, na qual, citan<strong>do</strong> e aderin<strong>do</strong> ao pronunciamento que fiz.§. :lão é sobre a questão, diz ser um "fato inegável que o preço de um bem representa não:.," duas apenas o valor desse bem em si - se assim se puder dizer -, mas também o de'_2.es ca­todas as utilidades que se pode auferir desse bem". Portanto, segun<strong>do</strong> essas afirma­.:: êcor<strong>do</strong> ções, to<strong>do</strong>s os serviços de um bem durável, em termos de utilidade marginal e va­::á a en­lor, não têm valor superior ao <strong>do</strong> próprio bem durável, não têm primazia sobre ele.é255:..lpÕePergunto agora: como explicar, dentro da linha de raciocínio de Landry, o juro líqui­. ex:stên­ <strong>do</strong> de que esses bens não obstante são porta<strong>do</strong>res? Pois à medida que se desfrutaC êcarre­de to<strong>do</strong>s os serviços, que evidentemente não podem proporcionar ao proprietárioê:: de omais <strong>do</strong> que o valor total que têm, o bem como tal, com to<strong>do</strong> o seu valor, se conso­:::J qualme em virtude de seu desgaste sucessivo; e se o valor consumi<strong>do</strong> equivaler ao valor:::ades,trazi<strong>do</strong>, portanto se o "desgaste" equivaler ao ."rendimento bruto", como pode sobrar'.55::>. pelaum rendimento líqui<strong>do</strong>, que indubitavelmente é e tem de ser o juro propriamente~ ::-:·"por­ dito <strong>do</strong> capital? No caso <strong>do</strong>s bens de produção, Landry havia pelo menos cria<strong>do</strong>.: ::':ente­ um pretexto dialético para levar adiante sua conclusão, com a afirmação - se bemE •.:>:ldry, que errônea - de que o valor <strong>do</strong>s bens de produção é inferior ao valor de seusê"::-:1entoprodutos de utilidade adiada: os bens de produção sacrifica<strong>do</strong>s na produção valem..::'~:::ademenos <strong>do</strong> que as utilidades definitivas proporcionadas por eles, ou seja, valem apeê"::-:--1 pe­ nas m, contra o m + n proporciona<strong>do</strong>. Ocorre que aqui o próprio Landry eliminou>ê -.:::IU na a possibilidade de concluir dessa forma. Se as utilidades a serem proporcionadas:n-:2 'ite àpelo bem de consumo durável valem m + n, também o próprio bem de consumor,§ :-:--.. per­ durável vale m + n; e se ele mesmo é sacrificante, com to<strong>do</strong> o seu valor, para ­:..:z-" ape­ e durante - a obtenção de todas as referidas utilidades, onde fica a diferença ne­~2:-,:O decessária para que haja o juro líqui<strong>do</strong>?32s-.~ér;·eu-Procuremos, porém, esgotar todas as possibilidades lógicas: talvez se pudesseainda querer encontrar uma saída na linha de Landry, alegan<strong>do</strong> que nessa questão::ê::.entese deve distinguir entre "valor" e "preço" e que os "preços" podem aqui evoluir de~~:: For­ maneira diferente <strong>do</strong>s "valores". Efetivamente, Landry faz uma vez a afirmação (também;c ::e lon­ ela materialmente incorreta, em meu entender) de que o preço <strong>do</strong>s bens duráveisi:€5 parapode ser inferior à sua "utilidade marginal" e portanto também seu valor, caso o preiz:...andry ço fosse pago antes da obtenção da utilidade (p. 96); e com isso se poderia - aoê::ropria­E 32 - é- -5-2 pro­31" e'est que le coút de cette maison, e'est à dire J'utilité limite du moins utile des biens non durabJes qu'on créerait à lal·.v.que,pJace, est inférieur à la somme des utilités que la jouissance de la maison procurera aux habítants de celle-cí..."o32 'Note-se, de passagem, a contradição bem evidente entre a p. 95, onde Landry atribui aos bens de consumo duráveis·:..:casasum preço que é apenas igual à utilidade marginal <strong>do</strong>s bens de conSumo consumíveis que se podem obter com os mesmos2 .:cação custos, e a p. 146, onde, faian<strong>do</strong> <strong>do</strong>s mesmos bens duráveis, afirma que "seront plus appréciés que les biens non durables<strong>do</strong>nt la création exige les mêmes dépenses". a; =-'cndryQuanto à possibilidade de escapar a essa contradição, recorren<strong>do</strong>, por exemplo,a urna distinção entre preço e valor, ver ainda o que continuo a expor, no texto~ .-\5 afirc.:~32r\'ia"(... ) é que o custo dessa casa, isto é, a utilidade marginal <strong>do</strong> menos útil <strong>do</strong>s bens não duráveis, que se produziria emseu lugar, é inferior à soma das utilidades que o uso da casa proporcionará aos habitantes desta última..." (N. <strong>do</strong> 1.) Op.r:::. -: :. ..z.scit., p. 163. A palavrinha "não" (non durables) foi omitida por Landry, em razão de um erro tipográfico que prejudica osenti<strong>do</strong>, mas é manifesto que to<strong>do</strong> o contexto a exige(] "Serão mais valorIza<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que os bens não duráveis cuja produção demanda os mesmos gastos". (N. <strong>do</strong> 1.)


-::::=,:0:"-'. POSITIVA DO CAPITAL:-:-.~:-.JÔ :10 plano dialético - abrir ainda a seguinte possibilidade: a utilidade margi­-.": ;; o 'valor" de to<strong>do</strong>s os serviços de um bem durável não seriam superiores à C. i..:::::::ade marginal e ao valor desse bem em si mesmo, mas o preço deles poderiaCOC~S2f superior ao preço dele, caso no próprio bem o preço seja inferior ao valor, semque essa inferioridade ocorra, porém, nos serviços; e nesse caso o preço maior des­':as últimas poderia ainda, após efetuada a amortização, deixar margem para umjuro líqui<strong>do</strong> no montante da diferença <strong>do</strong> preço. \ ;::'0Mas, primeiramente, esse expediente haveria de levar a um enigma novo e certamenteinsolúvel, a saber: por que razão meios de bem-estar de valor completamenteigual, que proporcionam até uma utilidade idêntica, haveriam de ter preçosdésiguais? Em segun<strong>do</strong> lugar, o suposto fato da diferença de preço justamente nãoocorrer como fato. Com efeito, o próprio bem e to<strong>do</strong>s os seus serviços têm normalmenteum e mesmo preço. Isso se evidencia de imediato, desde que, como o exigequalquer comparação correta, <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s se pressuponham circunstâncias secundáriasiguais e sobretu<strong>do</strong> se excluam diferenças que perturbem a comparação, dife­cerenças que de mo<strong>do</strong> algum estão nas merca<strong>do</strong>rias a serem comparadas, mas nobem-preço, como, por exemplo, a diferença de tipos de moeda utiliza<strong>do</strong>s p,ara pagaro preço, ou também a diferença das condições de pagamento <strong>do</strong> preço. E manifestoque, se for correta, a comparação exige uma premissa igual: ou, por exemplo,o:..que tanto o preço de compra <strong>do</strong> próprio bem quanto o preço de compra <strong>do</strong>s serviçosproporciona<strong>do</strong>s por ele (digamos, o aluguel de 20 anos, no caso de um piano)sejam ambos pagos a vista no momento <strong>do</strong> fe.chamento <strong>do</strong> contrato ou então que,inversamente, tanto o preço de compra <strong>do</strong> próprio bem quanto o aluguel de seusT~-=_~serviços sejam pagos numa longa série de prestações anuais. No primeiro caso, nor­malmente a soma paga (adiantadamente) pelo a.luguel de to<strong>do</strong>s os serviços comcerteza baixará, coincidin<strong>do</strong> com o preço de compra a vista <strong>do</strong> próprio bem e, nosegun<strong>do</strong>, a soma total paga em prestações pela compra <strong>do</strong> próprio bem não seráinferior à soma <strong>do</strong>s aluguéis pagos sucessivamente. Entretanto, naturalmente nãose pode considerar como "preços iguais" números de unidades de bens-preços desi­guais e também não cifras de preços iguais com condições de pagamento desiguais,e vice-versa. 100 florins pagos a vista e 100 florins pagos em vinte prestações anuaisiguais não são preços iguais, mas preços muito desiguais, e vice-versa. O pagamen­to de um preço maior, escalona<strong>do</strong> através de muitos anos, pode materialmente re­: presentrar um preço igual ao que é o pagamento a vista de um preço menor.Penso que isso é diretamente claro e evidente. Ocorre que essa evidência, conquantonão seja explicitamente negada por Landry, é na realidade menosprezadapor ele, pelo fato de ele considerar simplesmente as cifras mecânicas indica<strong>do</strong>ras<strong>do</strong> preço, e a partir delas argumentar para o campo <strong>do</strong> valor, na medida em que,de acor<strong>do</strong> com a modalidade de pagamento, ora supõe que o montante <strong>do</strong> preçoatinge a grandeza da utilidade marginal e <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> bem vendi<strong>do</strong>, ora supõe quec;;ele é inferior a essa grandeza. Como se, para a relação <strong>do</strong> preço de uma merca<strong>do</strong>riacom a utilidade marginal e seu valor subjetivo, pudesse fazer alguma diferença re­cc!':presentar externamente um preço, materialmente idêntico, em uma ou em outradentre várias modalidades de pagamento equivalentes! Como se fosse lícito suporque uma casa só poderia ser paga por sua utilidade marginal e por seu valor plenose for vendida em prestações, ao passo que no caso de venda a vista devesse sempreser vendida abaixo de sua utilidade marginal e de seu valor!Isso me leva a apontar um terceiro motivo da desconcertante falta de clareza,das constantes ambigüidades dialéticas que caracterizam a argumentação de Landry.Afinal, o problema <strong>do</strong> juro. em toda a linha, tem a ver com bens que atravessamo tempo e cuja relação com a economia humana é influenciada e alterada, durante


,,:,,;,~,,-,,~,,,,-,_.?,,,----~~~~."EXCURSO XIlI 267~~::-. semê..::- ::ies­:;~ um


::=?~.;. POSITIVA DO CAPITAL E:x:c:;ra o ce'1<strong>do</strong>s :,::::1sem 2S:;:::c-- ~ Jorigaria inevitavelmente - a ele e a sua explicação - a entrar naquelese3::-::1hos que propositadamente quer aban<strong>do</strong>nar, a saber: explicar a matéria recor­~2:-.6o à idéia da diferença de valor entre bens presentes e futuros, que está no cen­::-:,6e minha teoria <strong>do</strong> juro. Ora, o que Landry quer é exatamente eliminar esseeGr.1inho indireto, que reputa supérfluo e falho: o objetivo de seu livro é contraporà minha explicação "indireta" uma explicação "direta" <strong>do</strong> juro, partin<strong>do</strong> da produtivi­dade <strong>do</strong> capital; a eliminação de meu mo<strong>do</strong> de entender as coisas é o progressoque Landry pretende trazer, progresso para o qual ele quer oferecer "o guia seguroque faltou até agora", em sua opinião. 33 Essa sua aversão chega ao ponto de, mes­mo onde apresenta a seus leitores minha <strong>do</strong>utrina, à guisa de simples exposição,reformulá-la involuntariamente em termos de sua própria terminologia confusa e,com isso, naturalmente deturpan<strong>do</strong>-a quase ao ponto de torná-Ia incom­Re1ari.preensível. 34A<strong>do</strong>taiEm meu mo<strong>do</strong> de entender, a "explicação direta" que Landry apresenta parao fenômeno <strong>do</strong> juro é uma ilusão, à, qual ele mesmo foi induzi<strong>do</strong> - e pretendeinduzir-nos - por um sistema de ambigüidades dialéticas. Se em cada passagemem que Landry empregou uma expressão obscura, confusa ou ambígua introduzir­mos nos silogismos dele uma posição definida, clara e unívoca, o efeito será ou umacontradição flagrante ou então uma pura recapitulação, que nada explica, <strong>do</strong>s pró­(Para aprios fatos a serem explica<strong>do</strong>s, e nunca será uma verdadeira explicação: onde o en­cadeamento das idéias pretende explicar alguma coisa, constata-se que no decurso),:<strong>do</strong> silogismo o autor alterou o senti<strong>do</strong> de termos homônimos e que foi só em virtu­ não 2S~de dessa alteração de senti<strong>do</strong> que ele conseguiu deixar a impressão ilusória de quebens :: ~(é concludente a idéia aduzida para explicar as coisas. 35de ir


.. """=.-"~~,--""""."-~ ..~;~.:;;:,,~~~,....,,.,,,,-,,,,=-...,,-""~EXCURSO XIV::-~ :.aqueles:,,:.2~.a recoro2~é.::-:-.::iar esse.2 :ontrapor=::: ;:::rodutivi­: :;rogresso;-...:a seguro-:: de. mes­;: exposição,~_::: :onfusa e,.é-:a incom­:lO cen­f:'2~nta para2 pretende=a ;:assagem-a ::itroduzir­~~ ou uma.:.:.a. <strong>do</strong>s pró­: :1de o en­:2 :-.0 decurso. S:: 2m virtur.:=-é;:ade queRelativo à Grandeza <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Inicial Necessário para seA<strong>do</strong>tar um Perío<strong>do</strong> de Produção .de Determinada Duração(Para a p. 328)No caso de se a<strong>do</strong>tar um perío<strong>do</strong> de produção de um ano, e se esse perío<strong>do</strong>não estiver dividi<strong>do</strong> em outros estágios, de sorte que da produção resultam novosbens prontos para o consumo só depois de decorri<strong>do</strong> o ano inteiro, é manifesto quede início deve haver um fun<strong>do</strong> de subsistência que contenha o necessário para amanutenção <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res durante o ano inteiro e que já deve estar pronto parao consumo. Se o fun<strong>do</strong> de subsistência for S, e o necessário para a manutenção<strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res durante o ano for J, temos, no caso de produção de um aliO,sem estágios,-:. -_- _.:-::. :ão enfati­:


~::::R:.-'\ POSITrVA DO CAPITAL::-.:e::-ameme a produção da quantidade pronta em 2/3, os trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> segun­:'::. estágio levam até 2/3 a produção pronta em 1/3 e os trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> primeiro2s:ágio começam a produção de uma nova quantidade necessária para a manutençã.odurante mais um ano, deixan<strong>do</strong>-a pronta em 1/3 - com isso, no fim <strong>do</strong> anose recompõe o status quo ante e fica assegura<strong>do</strong> o suprimento sem solução de continuidade.Aqui, portanto,S = 1 J + 2/3 J + 1/3 J = 2 J..Analogamente, no caso de produção em perío<strong>do</strong> de quatro anos, com estágiosde um ano cada, S deve ser igual a(1 + 3/4 + 1/2 +'1/4) J = 21/2J;no caso de produção em perío<strong>do</strong> de cinco anos, S deve ser igual a(1 + 4/5 + 3/5 + 2/5 + 1/5) J = 3 J;no caso de produção em perío<strong>do</strong> de seis anos, S deve ser igual a(1 + 5/6 + 4/6 + 3/6 + 2/6 + 1/6) J = 3 1/2 J;nC? caso de produção em perío<strong>do</strong> de sete anos, S deve ser igual aA:-.?.:'de me:: ::1/2 J - ­(1/2 - ~e assir :.(Ta::-.:":um fu:.::<strong>do</strong> que =.Se .02':feitame:-.:2subsis:2:-. jperíoc:: :étêncic. :02::-.de pro:. .... '"Positil::' e.a mais :::.(1 + 6/7 + 5/7 + 4/7 + 3/7 + 2/7 + 1/7) J = 4 J;no caso de produção em perío<strong>do</strong> de dez anos, S deve ser igual a(1 + 9/10 + 8/10 + 7/10 + 6/10 + 5/10 + 4/10 + 3/10 + 2/10 + 1/10)J = 51/2 J.Se examinarmos com mais precisão essas séries de números, facilmente descobriremosa lei que lhes está à base: cada perío<strong>do</strong> de produção requer um fun<strong>do</strong>de meios de subsistência que contenha a cobertura para meio ano a mais <strong>do</strong> quea metade <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção.Continuemos agora a pesquisa, supon<strong>do</strong> uma divisão diferente <strong>do</strong>s estágios deprodução - digamos, por exemplo, que os estágios sejam de meio ano -, sen<strong>do</strong>totalmente indiferente se o trabalho é executa<strong>do</strong> com. ou sem divisão <strong>do</strong> trabalho,sen<strong>do</strong> essencial apenas que a cada meio ano a produção global forneça bens prontospara'o consumo. Para levar adiante uma produção de um ano de duração, comestágios de meio ano, precisa-se, para meio ano - durante o qual ainda não seproduzem novos bens prontos para o consumo -, de quantidade total pronta parasatisfazer a necessidade; para um segun<strong>do</strong> meio ano, precisa-se de uma quantidad",pronta apenas pela metade. Nesse caso, durante cada semestre se consome a cotapronta, os trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> estágio terminam a fabricação da cota que estavapronta pela metade e os trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> primeiro estágio começam a fabricaçãode uma nova cota e a fabricam até a metade - e com isso se recompõe ostatus quo. Portanto,S é igual a 1/2 J + 1/2x1/2 J = 1/2 J + 1/4 J = 3/4 J.


___._.~=""""."",~::.··,~="=o,= ~~~~~.:::~.·~Ien­EXCURSO XIV 271:: = õ2gun­[ :::-.:-:ieiroAnalogamente, no caso de produção de <strong>do</strong>is anos de duração, com estágiosde meio ano, precisa-se de.~ :: ano 1/2 J + 1/2x3/4 J + 1/2x1/2 J + 1/2x1/4 J = (1/2 + 3/8 + 1/4 + 1/8) J~= :2 con- = 11/4 J.No caso de produção de três anos de duração, precisa-se d'e(1/2 + 1/2x5/6 + 1/2x4/6 + 1/2x3/6 + 1/2x2/6 + 1/2x1/6 1/2~ 2õ:3g10S + 5/12 + 4/12 + 3/12 + 2/12 + 1/12) J = 1 3/4 J.,e assim por diante.Também aqui a lei de base é clara: haven<strong>do</strong> estágios de meio ano, requer-seum fun<strong>do</strong> de subsistência que contenha cobertura para um quarto de ano a mais<strong>do</strong> que a metade <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produçãoSe levássemos a pesquisa ainda mais adiante, constataríamos, de maneira perfeitamenteanáloga, que no caso de os estágios serem de um trimestre, o fun<strong>do</strong> desubsistência deve conter cobertura para 1/8 de ano, a mais <strong>do</strong> que a metade <strong>do</strong>perío<strong>do</strong> de produção; e no caso de os estágios serem mensais, o fun<strong>do</strong> de subsistênciatem de conter cobertura para meio mês a mais <strong>do</strong> que a metade <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>de produção. E isso leva à formulação geral apresentada à página 328, da <strong>Teoria</strong><strong>Positiva</strong>, a saber, que o fun<strong>do</strong> de subsistência deve ser suficiente para meio estágioa mais <strong>do</strong> que para a metade <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de produção.10)":2 :2ÕCO­~,.-.- ::-.r:<strong>do</strong>c:::::: :J:J.e~.i::·=õ ::2- -....;;"""''''''''''-- ....... --'~ ::-.=:~~~...... ::;.€-õ ::~::-.­~;,ê.: ::: ~.= :-.~: 312~"::-.~ '::=':-2.=--.:.=== ....~::2 :: :::êC ~:"2 25­ ~a ~':-~:.c­ ~~.c :-:-.;-..:..e c ~~[~:7~ l~i:.,

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