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Competência Docente na Perspectiva de Paulo Freire - Sinpro/RS

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histórica vocação – <strong>Freire</strong>, 1981b: 45), a do não se conformar: projetar e transformar. Nãohaveria ação huma<strong>na</strong> se não houvesse uma realida<strong>de</strong> objetiva (...), assim como se ohomem nõa fosse um “projeto”, um mais além <strong>de</strong> si, capaz <strong>de</strong> captar sua realida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>conhecê-la para transformá-la (<strong>Freire</strong>, 1981b: 42). Compreen<strong>de</strong>mos a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> projetarcomo uma competência-tronco, seja porque po<strong>de</strong> gerar outras, por envolver outras tantasou ainda por articular um <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do conjunto <strong>de</strong> competências. Nesta medida, o gran<strong>de</strong>papel dos educadores —tanto pais quanto professores— é resgatar a dinâmica <strong>de</strong> projeto epossibilitar a construção <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> existência por parte dos educandos. É isto que osmeninos e meni<strong>na</strong>s, jovens e adultos, estão ar<strong>de</strong>ntemente solicitando hoje, ainda que àsvezes <strong>de</strong> forma atabalhoada.Naturalmente, existem diferentes níveis <strong>de</strong> projeto. O projeto macro-social resignificatodos os outros. Não substitui os <strong>de</strong>mais: só com uma visão <strong>de</strong> mundo não se faz<strong>na</strong>da; se não houver, p. ex., um projeto político-pedagógico, não se organizaa<strong>de</strong>quadamente a escola; se o professor não tiver um projeto <strong>de</strong> ensino-aprendizagem, nãorealiza um bom trabalho em sala; se o sujeito não tiver um projeto <strong>de</strong> vida, fica perdido. Sóque o projeto <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> cada um está ligado a uma visão, a um futuro, a um horizonte <strong>de</strong>possibilida<strong>de</strong>. Isto é fundamental: resgatar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sonhar. <strong>Paulo</strong> <strong>Freire</strong> insistianisto: infeliz do educador que <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> sonhar! (cf. 1982: 99). Devemos consi<strong>de</strong>rar que arealida<strong>de</strong> não é só o que está dado; é o que está dado mais o sonho <strong>de</strong> mudança, uma vezque nosso sonho também faz parte <strong>de</strong>sta realida<strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rada <strong>na</strong> sua totalida<strong>de</strong>. Nãopo<strong>de</strong>mos ter diante da vida uma atitu<strong>de</strong> meramente adaptativa. Tal comportamento épróprio do animal. O ser humano é tarefa, é projeto. O nosso gran<strong>de</strong> papel é este: apontarpara um mundo novo —para nós mesmos e para nossos alunos—, afirmar a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> que o mundo po<strong>de</strong> ser mudado. Projeto significa a crença, a esperança, a confiança, <strong>de</strong>que as coisas po<strong>de</strong>m ser diferentes do que vêm sendo. Quem disse, p. ex., que só po<strong>de</strong>existir globalização com exclusão? Globalização exclu<strong>de</strong>nte é uma forma <strong>de</strong> ser. Mas seacreditamos que é o homem quem faz a história, a história vem sendo assim, mas po<strong>de</strong> serdiferente: a história é um campo <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s. Olhar o mundo como possibilida<strong>de</strong> e nãocomo <strong>de</strong>terminismo, algo inexorável (cf. <strong>Freire</strong>, 1997). Este é um papel fundamental doeducador: convidar os meninos e as meni<strong>na</strong>s para estarem com gosto no mundo.Por seu caráter ativo, o sujeito sempre atribui um significado às coisas com as quaisentra em contato. No <strong>de</strong>curso <strong>de</strong> sua experiência <strong>de</strong> estudos, <strong>de</strong> uma forma ou <strong>de</strong> outra, oaluno dá um significado à escola; só que, muitas vezes, este sentido não é <strong>na</strong>da favorável:“A escola não serve para <strong>na</strong>da, não tem valor para minha vida”. O que está em questão é aatribuição <strong>de</strong> um significado relevante, emancipatório!Os sonhos não <strong>na</strong>scem prontos; há evolução nos projetos. Uma coisa é o sonho <strong>de</strong>uma criança <strong>na</strong> Educação Infantil; outra, a do jovem termi<strong>na</strong>ndo o Ensino Médio ou aUniversida<strong>de</strong>. Mas se o aluno não encontrar uma dinâmica <strong>de</strong> projeto no interior da escola,ficará bem mais difícil alimentar o seu. Vejam que isto in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>doconteúdo concreto: a exigência é haver <strong>na</strong> escola uma dinâmica <strong>de</strong> projeto. Numaconcepção pluralista, que reconhece a diversida<strong>de</strong>, os conteúdos <strong>de</strong> cada projeto, vão<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do momento, da realida<strong>de</strong>, das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada um. O professor, estandovivo, estará aberto, buscando e apontando relações, janelas, possibilida<strong>de</strong>s. Enfatizamosque neste processo, mais do que discutir um ou outro sonho, o que está em questão é oresgate da dinâmica <strong>de</strong> projeto, visto o <strong>de</strong>smonte que houve neste campo.Na primeira pági<strong>na</strong> <strong>de</strong> Educação como Prática da Liberda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pois do Prefácio <strong>de</strong>Weffort, <strong>Paulo</strong> <strong>Freire</strong> já <strong>de</strong>monstra toda a clareza em relação à inexistência da neutralida<strong>de</strong>5

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