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Energia Solar Fotovoltaica – Uma opção para eletrificação no semi ...

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<strong>Energia</strong> <strong>Solar</strong> <strong>Fotovoltaica</strong> – <strong>Uma</strong> opção <strong>para</strong> eletrificação rural <strong>no</strong> <strong>semi</strong>-árido <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>Kleber Marcelo Braz Carvalho, Genivaldo Barbosa dos Santos e Pollyanna FerreiraUNIFACS – Universidade SalvadorMestrado em Regulação da Indústria de <strong>Energia</strong>O <strong>semi</strong>-árido <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong> ocupa 841.260,9 km 2 de área da Região Nordeste, assolada por diversosproblemas geopolíticos, dentre estes, podemos destacar a falta de energia elétrica na zona rural.Segundo o Censo 2000 o total de pessoas sem energia elétrica dos estados que fazem parte do<strong>semi</strong>-árido <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong> (excluindo o estado do Maranhão) é de cerca de seis milhões de pessoas.Atingindo com maior intensidade a zona rural que de acordo com o IBGE, o País possui 29,4%dos domicílios rurais sem os serviços de energia elétrica, contra 2,6% da zona urbana.O acesso à energia elétrica não deve ser visto apenas sob os aspectos técnicos e/ou econômico esim como questão de natureza social e política, isto porque a solução deste problema proporcionamaiores oportunidades e variedade de alternativas <strong>para</strong> os indivíduos, possibilitando o acesso adiversos serviços essenciais, a melhoria da qualidade de vida, a educação, abastecimento de água,iluminação, comunicação e informação, entretenimento e saúde, condições de direito que todocidadão deve ter acesso.É grande o impacto <strong>para</strong> esta parcela da população excluída do processo de eletrificação e, asconseqüências disto geraram grandes custos sociais ao Estado. Doenças respiratórias associadas agases liberados pela queima de combustíveis <strong>para</strong> iluminação, redução da renda familiar, devidoa altos custos de combustíveis de queima, pilhas, baterias automotivas e outras formasalternativas arcaicas que venha suprir as necessidades energéticas e de iluminação, são alguns dosfatores causadores deste impacto.Entre as formas alternativas <strong>para</strong> solução deste impasse social, os sistemas descentralizados degeração de energia elétrica, via energia solar fotovoltaica (FV), representa uma das opções <strong>para</strong> o<strong>semi</strong>-árido <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong> quando se trata de satisfazer às necessidades energéticas de populaçõesdispersas, de difícil acesso, de baixa renda familiar e baixo consumo energético.


A tec<strong>no</strong>logia fotovoltaica tem provado sua viabilidade também <strong>no</strong> bombeamento de água edessalinização de água salobra. Iniciativas neste sentido foram realizadas pelo PRODEEM(Programa de Desenvolvimento Energético de Estados e Municípios), programa do Ministériodas Mimas e <strong>Energia</strong>, tem propiciado a instalação de sistemas fotovoltaicos <strong>para</strong> bombeamentode água <strong>no</strong> <strong>semi</strong>-árido. Na Bahia já foram instalados 195 sistemas deste tipo, sendo 134 peloPRODEEM e 31 com recursos do gover<strong>no</strong> do Estado. O uso de dessalinizador implantado <strong>no</strong>interior do estado do Ceara, <strong>no</strong> município de Caucaia, é um exemplo o sistema de dessalinizaçãoutilizando a tec<strong>no</strong>logia de osmose reversa acionada por painéis fotovoltaicos que beneficia 150famílias.O uso energia da FV <strong>no</strong> <strong>semi</strong>-árido <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong> é tecnicamente viável, pois possuímos uma grandeincidência de raios solares. Segundo estudos da CHESF (Companhia Hidroelétrica do SãoFrancisco), o índice de radiação solar do Nordeste é de 11.400 MW (megawatts) por a<strong>no</strong>, valorpróximo da potência instalada da Usina Hidrelétrica de Itaipu de 12.600 MW (megawatts).Além de satisfazer a necessidade de energia elétrica de locais remotos, distantes das redes deeletricidade convencionais, o uso do sistema fotovoltaico é importante <strong>para</strong> formação de umaconsciência ecológica <strong>para</strong> o consumo energias limpas.


Utilização de multimeios na realização de reforço escolar –uma ação de voluntariadoRosana Lucia Machado Sampaio SantosMarizélia Silva SantosGidalte Nascimento da SilvaEscola Agrotécnica Dr. Francisco Martins da SilvaIntroduçãoA visão do processo educativo tem sofridomodificações através dos tempos. E isso se faz necessário porestar a mesma atrelada as mudanças sociais, servindo muitasvezes como espelho destas. A procura, por parte doselementos constituintes do sistema educativo, em busca deuma ação mais efetiva junto à comunidade escolar <strong>no</strong>stransporta a tentativas de acertos, tantas vezes resumidas emerros, os quais leva-<strong>no</strong>s a um <strong>no</strong>vo aprendizado.A “revolução informática” causou mudanças na áreado conhecimento, pondo em xeque o papel da escola.Segundo Marques et al (1986), a relação de ensi<strong>no</strong> éuma relação de comunicação por excelência, que visa aformar e informar; e instrumentos que possam se encaixarnesta dinâmica têm sempre a possibilidade de servir aoensi<strong>no</strong>. Livro, vídeo, fotografia, computadores e outros sãoformas de comunicar conhecimentos e, como tais, interessamà educação. É justamente por serem instrumentos decomunicação que seu uso torna-se problemático. Sãoproblemáticos porque chegam à escola desligados de umanecessidade claramente expressa por ela, e chegam tambémdesligados de uma matéria específica. E são problemáticos,


ainda, porque oferecem uma <strong>no</strong>va forma de comunicar oconhecimento, forma essa que influi diretamente sobre ametodologia de ensi<strong>no</strong> e a modifica <strong>no</strong> seu aspecto técnico,podendo até fazê-la rever as suas bases teóricas e filosóficas.Empregar um livro, um vídeo ou até uma simples fotografiasignifica modificar a relação alu<strong>no</strong>-conhecimento, a relaçãoalu<strong>no</strong>-professor e a relação escola-sociedade.A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional(9394/96) dá ao Ensi<strong>no</strong> Médio a característica determinalidade, o que significa assegurar a todos os cidadãos aoportunidade de consolidar e aprofundar os conhecimentosadquiridos <strong>no</strong> Ensi<strong>no</strong> Fundamental; aprimorar o educandocomo pessoa humana; possibilitar o prosseguimento deestudos; garantir a pre<strong>para</strong>ção básica <strong>para</strong> o trabalho e acidadania; dotar o educando dos instrumentos que o permitam“continuar aprendendo”, tendo em vista o desenvolvimento dacompreensão dos “fundamentos científicos e tec<strong>no</strong>lógicos dosprocessos produtivos”.Segundo a Comissão Internacional sobre Educação<strong>para</strong> o século XXI, da UNESCO, a educação deve cumprir umtriplo papel: econômico, científico e cultural, devendo serestruturada em quatro alicerces: aprender a conhecer,aprender a fazer, aprender a viver e aprender a ser.Ao ampliarmos <strong>no</strong>sso entendimento de que a escolanão se resume a quatro paredes já que esta encontra-seinserida em um contexto social, e que a procura doconhecimento deve partir do próprio educando, numaafirmativa da sua posição como cidadão atuante e crítico, oqual futuramente terá que posicionar-se e buscar o seu espaçocomo indivíduo ativo, profissionalmente, traçamos um esboço


de trabalho o qual serviu como ponto de partida e estágiopre<strong>para</strong>tório vislumbrando estes fins.Este trabalho teve como objetivos:- Incentivar a participação cooperativa e solidária de alu<strong>no</strong>s ealunas da 3ª série do ensi<strong>no</strong> médio junto a comunidade escolarnuma mostra de sua capacidade intelectual e cidadã;- Elevar a auto-estima dos alu<strong>no</strong>s e alunas;- Trabalhar as dificuldades de aprendizagem dos alu<strong>no</strong>s ealunas utilizando como elementos facilitadores instrumentostec<strong>no</strong>lógicos, familiarizando-os com os mesmos.MetodologiaO trabalho surgiu das necessidades acadêmicasapresentadas pelos alu<strong>no</strong>s do curso de regularização do fluxoescolar (segmento A) nas diferentes disciplinas estudadas, oque incentivou a atuação dos alu<strong>no</strong>s da 3ª série do cursomédio, num trabalho de voluntariado de ministração de aulasjunto a turma.A realização da atividade se deu na EscolaAgrotécnica Dr. Francisco Martins da Silva, situada na cidadede Feira de Santana-BA, tendo esta a maioria do seu alunadooriundo da zona rural.O trabalho foi desenvolvido durante 2 meses, sendo asaulas ministradas em tur<strong>no</strong> oposto ao freqüentado pelosalu<strong>no</strong>s. Para tanto o mesmo apresentou as seguintes fases:1ª) Indicação, pelos professores pertencentes ao quadro doprograma de regularização do fluxo escolar, dos alu<strong>no</strong>s queprecisavam de reforço escolar, bem como os assuntos a seremabordados durante o período do projeto;


2ª ) Divisão dos alu<strong>no</strong>s monitores em grupos por disciplina:Português, Matemática, História e Geografia; Ciências;3º) Formulação, junto com os grupos, de cro<strong>no</strong>grama detrabalho, <strong>no</strong> qual se estabeleceu os dias de reunião dentro dosgrupos e entre os grupos <strong>para</strong> programação das aulas eavaliação do projeto;4º) Acompanhamento dos alu<strong>no</strong>s monitores na pre<strong>para</strong>çãodas atividades e tira-dúvidas pelos professores.Foram disponibilizados <strong>para</strong> os alu<strong>no</strong>s monitoresprojetor de slides, vídeo e computadores, materiaisnecessários <strong>para</strong> a ministração das suas aulas. Um maioraprofundamento dos mesmos nas matérias lecionadas foirealizado por meio de livros e consultas a internet.Durante o projeto os alu<strong>no</strong>s monitores puderamcolocar em prática os conhecimentos adquiridos ao longo deseus estudos, ligando a teoria o seu uso, trazendo <strong>para</strong> o seudia-a-dia o que haviam aprendido enquanto estudantes.A eles foi dada a oportunidade de se colocarem <strong>no</strong>lugar do professor e praticarem a cidadania, agindo comocidadãos participantes de uma sociedade e sujeitos demudança.A avaliação dos alu<strong>no</strong>s do fluxo escolar foi realizadaatravés dos resultados obtidos pelos mesmos nas disciplinascitadas. Vale salientar que, além de ser observado ocrescimento do alu<strong>no</strong> em relação aos conteúdos trabalhados,foi principalmente observado o crescimento do mesmo comopessoa crítica e participativa. Os alu<strong>no</strong>s monitores foramavaliados quanto a capacidade dos mesmos de reflexão e usodo que foi aprendido, mudança de comportamento eposicionamento.


Resultados e ConclusõesAo final do projeto foi aberta uma discussão com aparticipação de todos os envolvidos como também da direçãoda escola, onde foi dado espaço <strong>para</strong> a colocação de opiniõesquanto ao trabalho realizado. Nela concluímos que:- O projeto deveria ter sido realizado logo <strong>no</strong> início do a<strong>no</strong>letivo, quando então teríamos um maior tempo <strong>para</strong>trabalharmos as dificuldades de aprendizagem apresentadaspelos alu<strong>no</strong>s;- Colocar-se <strong>no</strong> lugar do professor fez com que os alu<strong>no</strong>smonitores tivessem uma melhor visão do papel exercido peloseducadores tanto em sala de aula quanto na vida dos seusalu<strong>no</strong>s;- Tal atividade pode ser realizada não só pelos alu<strong>no</strong>s de sériesmais adiantadas como também entre os próprios colegas emuma turma, em forma de monitoria;- O uso de instrumentos tec<strong>no</strong>lógicos surtiu um ótimo efeito <strong>no</strong>aprendizado e interesse dos alu<strong>no</strong>s, estimulando as aulas;- A auto-estima tem que ser trabalhada em primeiro pla<strong>no</strong>dentro de uma escola, sendo que nessa etapa todos oscomponentes do processo educativo devem se engajar.Quanto a isso observamos que os alu<strong>no</strong>s que partici<strong>para</strong>m doreforço possuíam uma baixa estima a qual dificultava o seuaprendizado.- Oferecer aos alu<strong>no</strong>s diferentes metodologias de trabalhoengajando-os <strong>no</strong> processo facilitou em muito a suaaprendizagem por prender sua atenção e direcionar seusesforços.- Os alu<strong>no</strong>s trabalhados, em sua totalidade, necessitavam deuma maior atenção em relação ao fator afetivo, apresentando


um comportamento diferenciado <strong>no</strong> final do projeto do que oapresentado <strong>no</strong> início, sendo que muitas vezes isto na foidemonstrado em sala de aula <strong>no</strong>rmal.- Os alu<strong>no</strong>s monitores apresentaram, durante o transcorrer dotrabalho, mudanças visíveis em seus comportamentostornando-se estes mais seguros quanto aos seusconhecimentos.- Houve uma boa aceitação dos alu<strong>no</strong>s monitorados em relaçãoao projeto, podendo o mesmo ser observado através dafrequência e participação destes.Todas as atividades realizadas pelos alu<strong>no</strong>s durante oprojeto foram guardadas em pastas individuais, as quais eramfrequentemente analisadas pelos alu<strong>no</strong>s monitores, sendo queestes a cada aula a<strong>no</strong>tavam suas observações quanto as aulas eos alu<strong>no</strong>s, discutindo-as posteriormente.Os alu<strong>no</strong>s monitores utilizaram durante todo o projetoe nas diversas disciplinas o computador como instrumentocomplementar em suas aulas, assim como o vídeo e o projetorde slides, pondo em prática os conhecimentos adquiridos.Ao finalizarmos este projeto, percebemos que todosganhamos muito e perdemos pontos negativos, então, aindapresentes em nós. Nos tornamos mais gente, por <strong>no</strong>ssentirmos úteis, por termos dado um maior sentido as <strong>no</strong>ssasvidas através das realizações de outras pessoas. Notamos quenunca é tarde <strong>para</strong> nada, e não <strong>no</strong>s cabe julgarmos aos outrose querermos determinar-lhes um fim. Cada um possui dentrode si um mundo, e <strong>no</strong>s é muito mais interessante eenriquecedor quando o dividimos, pois ele se expande, crescetanto que atinge os que encontram-se ao <strong>no</strong>sso redor, mostrase,re<strong>no</strong>va-se e <strong>no</strong>s liberta. O que todos nós tivemos certeza


absoluta após esta caminhada é que deveríamos tê-lacomeçado antes e sempre.Referências BibliográficasMarques, C. P. C.; Mattos, M. I. L. de; la Taille, Y. de.Computador e Ensi<strong>no</strong>: uma aplicação à língua portuguesa.Série Princípios. Ed. Ática, São Paulo, 1986. 96 p.Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais:ensi<strong>no</strong> médio. Brasília: Ministério da Educação, 1999.Valdez, Daniel. As relações interpessoais e a Teoria da Mente<strong>no</strong> contexto educativo. Pátio Revista Pedagógica. A<strong>no</strong> VI,N.º 23, Setembro/Outubro, 2002. Ed. Artmed. p. 24-26.Badejo, M. L. Ensinando é que se aprende. Pátio RevistaPedagógica. A<strong>no</strong> VI, N.º 23, Setembro/Outubro, 2002. Ed.Artmed. p. 44 – 48.Silva, M. Sala de Aula Interativa. Rio de Janeiro. Ed. Quartet.2ª ed. 2001. 219 p.


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA - UEFSI FEIRA DO SEMI-ÁRIDORESUMO EXPANDIDOTÍTULO: PROJETO NASCENTES DO PARAGUAÇUNOME: JÚLIA MARIA SANTANA SALOMÃO et al. Coordenadora do Projeto.INSTITUIÇÃO: CENTRO DE RECURSOS AMBIENTIAIS – CRA (Coordenador do Projeto)CESAT / CONDER / CAR/ DIVISA / EBDA / SFC / SRH (Co-executores)INTRODUÇÃOA gestão dos recursos hídricos se coloca como prioridade <strong>para</strong> a melhoria da qualidade de vida deuma região, requerendo ações contínuas e compartilhadas, que possibilitem o aproveitamento dopotencial natural e a promoção do desenvolvimento regional em bases sustentáveis, contandocom a participação das comunidades locais.Em 24 de dezembro de 2002, o Gover<strong>no</strong> do Estado da Bahia, por meio do CRA – Centro deRecursos Ambientais; DDF – Diretoria de Desenvolvimento Florestal (atual Superintendência deDesenvolvimento Florestal e Recursos Hídricos – SFC); SRH – Superintendência de RecursosHídricos; EBDA – Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola; CESAT – Centro de Estudosda Saúde do Trabalhador; DIVISA – Diretoria de Vigilância e Controle Sanitário; CONDER –Companhia de Desenvolvimento Urba<strong>no</strong> do Estado da Bahia; CAR – Companhia deDesenvolvimento e ação Regional, firmou convênio com o Ministério do Meio Ambiente –MMA, com o objetivo de implementar as atividades inerentes ao Programa Nacional de MeioAmbiente – PNMA II, Componente Gestão Integrada de Ativos Ambientais, por intermédio doProjeto Nascentes do Paraguaçu, buscando o envolvimento dos atores sociais locais, na gestãoparticipativa e compartilhada dos recursos ambientais da região do Alto Curso do Rio Paraguaçu.O Alto Curso da Bacia Hidrográfica do Rio Paraguaçu compreende 22 (vinte e dois) municípiospertencentes às Microrregiões Homogêneas de<strong>no</strong>minadas, segundo o IBGE, de Chapada


Diamantina (quatorze municípios, ocupam 83,8 % da área), Chapada Diamantina Meridional,(cinco municípios ocupam 9,7 % da área) e Piemonte da Diamantina (três municípios, ocupando6,5 % da área).A área definida <strong>para</strong> a execução do projeto, envolve 16 municípios: Andaraí, Barra da Estiva,Boninal, Bonito, Iraquara, Ibicoara, Lajedinho, Lençóis, Morro do Chapéu, Mucugê, Palmeiras,Piatã, Seabra, Nova Redenção, Utinga e Wagner.Com o intuito de minimizar os impactos ambientais existentes <strong>no</strong>s municípios da área deabrangência do projeto, protegendo-se os mananciais, as nascentes e matas ciliares, o projetopretende desenvolver ações, com vistas a reduzir o uso em 20 % de agrotóxicos e fertilizantes;estimular nas pequenas propriedades rurais ribeirinhas a redução de 15 % do consumo de água<strong>para</strong> irrigação; reduzir em 20 % a área de incêndios florestais; recuperar 800 hectares de matasciliares e 200 hectares da cobertura vegetal nas nascentes do Alto Curso do Rio Paraguaçu;reduzir o extrativismo vegetal predatório através da implantação de 600 hectares de “roças demadeira” orgânica; promover a gestão adequada de 100 % dos resíduos sólidos.Estas ações foram priorizadas com a participação das lideranças comunitárias locais em<strong>semi</strong>nário realizado <strong>para</strong> discussão do pré-projeto, ocasião em que foram confirmados osprincipais problemas ambientais existentes na área, quais sejam: intoxicação de trabalhadoresrurais e seus familiares pelo uso indiscriminado de agrotóxicos, principalmente na olericulturairrigada, o uso excessivo da água <strong>para</strong> irrigação, a supressão vegetal das nascentes e matasciliares, as queimadas não controladas, a erosão dos solos, o assoreamento e poluição dosrecursos hídricos superficiais e subterrâneos por esgotos e resíduos sólidos domésticos e acontaminação por agrotóxicos e fertilizantes químicos.Os objetivos do projeto são:• Melhorar a qualidade e garantir a disponibilidade hídrica do Alto Curso da Bacia do RioParaguaçu, contribuindo <strong>para</strong> o desenvolvimento regional sustentável e a melhoria daqualidade de vida.• Promover o uso de técnicas agropecuárias ambientalmente sustentáveis e desenvolverações de vigilância ambiental em saúde com ênfase em agrotóxicos, fertilizantes e água<strong>para</strong> consumo huma<strong>no</strong>;• Proteger as áreas de nascentes e preservar e/ou recuperar as áreas de matas ciliares naspequenas propriedades rurais ribeirinhas;


• Promover a gestão integrada dos resíduos sólidos urba<strong>no</strong>s, atuando sobre o planejamento,a operação dos serviços e a destinação final adequadas de 13 municípios distribuídos nassub-bacias do Rio Cocho, Rio Bonito, Rio Utinga, Rio Santo Antônio, Rio São José, RioPreto e na Calha Principal do Rio Paraguaçu.Para tanto, o projeto fundamenta-se na concepção sistêmica, tendo como unidade deplanejamento o Alto Curso da Bacia do Rio Paraguaçu, entendido como um conjunto deelementos interdependentes. Para efeito de análise dos problemas ambientais e das propostas deintervenção dividiu-se a área em setores ou Sub-Bacias, de acordo com a importânciasocioambiental dos seus principais tributários, sem perder de vista o peculiar interesse dosmunicípios na gestão do território.METODOLOGIADiante da grande extensão territorial do Alto Curso do Paraguaçu que abrange 22 municípios,optou-se em concentrar as atividades nas mesmas áreas, de forma a solucionar os problemasambientais identificados, evitando-se a pulverização espacial e temporal das ações.Desse modo, <strong>para</strong> intervenção do projeto, foram priorizados 16 municípios tomando como baseos seguintes critérios: a) presença de nascentes e mananciais relevantes; b) os impactosambientais (uso de agrotóxicos e fertilizantes sintéticos, destinação final inadequada dos resíduossólidos - lixões, uso excessivo da água na irrigação, queimadas, desmatamentos); c) apresentaraproximadamente 80% do território municipal inserido <strong>no</strong> Alto Curso da Bacia do Paraguaçu; d)nível e grau de organização social (associativismo); e) existência expressiva de peque<strong>no</strong>sprodutores rurais; f) grau de interesse em participar do projeto.As ações de intervenção <strong>para</strong> o primeiro a<strong>no</strong>, Fase 1, iniciarão a partir da nascente - calhaprincipal do Alto Curso da Bacia do Rio Paraguaçu – composto pelos municípios de Barra daEstiva, Ibicoara, Mucugê, Andaraí e Nova Redenção.As ações de apoio e planejamento serão desenvolvidas, neste mesmo período, em toda a área deabrangência do projeto.


As ações de intervenção <strong>para</strong> o primeiro a<strong>no</strong>, Fase 1, iniciarão a partir da nascente - calhaprincipal do Alto Curso da Bacia do Rio Paraguaçu – composto pelos municípios de Barra daEstiva, Ibicoara, Mucugê, Andaraí e Nova Redenção.Considerando-se que os impactos ambientais locais decorrem da forma como os recursos naturaissão apropriados pelos diferentes segmentos econômicos e sociais, a estratégia de execuçãobasear-se-á nas seguintes premissas:- Articulação e integração com os projetos do Componente Desenvolvimento Institucionaldo PNMA II ( Licenciamento Ambiental e Monitoramento da Qualidade da Água);- Articulação intersetorial nas esferas federal, estadual e municipal <strong>para</strong> estimular apotencialização das ações convergentes já existente, de forma a promover a maximizaçãodos benefícios e a redução de custos envolvidos <strong>no</strong> projeto;- Participação dos diversos atores sociais (órgãos governamentais, ONG’s, universidades,instituições de pesquisa, associações comunitárias, setores produtivos) na elaboração eexecução do projeto.As intervenções do projeto se darão a partir da atuação integrada dos órgãos co-executores edemais parceiros, adotando-se as seguintes linhas de ação:a) Adoção de técnicas agroecológicas, de irrigação sustentável e de sistemas agroflorestais,junto aos peque<strong>no</strong>s produtores rurais localizados em áreas ribeirinhas.Para a mudança do atual modelo agrícola, com vistas a sustentabilidade ambiental <strong>no</strong> Alto Cursodo Rio Paraguaçu, serão realizados cursos de capacitação, implantados Centros de Difusão(CEDAIS) e Unidades Agroecológicas de Produção (UPAIS, UPSAFs), ações de fortalecimentoda cadeia produtiva orgânica e da organização social dos peque<strong>no</strong>s produtores rurais e prestaçãode assistência técnica.Serão realizados cursos de capacitação <strong>para</strong> peque<strong>no</strong>s agricultores e técnicos de órgãos públicos,com o objetivo de transferir tec<strong>no</strong>logias agropecuárias sustentáveis (agroecologia, irrigação esistemas agroflorestais), como forma de dis<strong>semi</strong>nação do conhecimento.As UPAIS, serão implantadas em áreas de peque<strong>no</strong>s produtores rurais, com vínculos associativose que cultivam olerícolas, envolvendo 450 peque<strong>no</strong>s produtores com área média de 1 hectare. Acada a<strong>no</strong> serão selecionados e capacitados 150 agricultores. As UPAIS estarão localizadas nasSub-Bacias do Rio Utinga (municípios de Utinga, Wagner); do Rio Santo Antonio (município deIraquara); do Rio Cochó (municípios de Seabra e Boninal) e na calha principal do Paraguaçu


(município de Mucugê), possibilitando a formação de agentes multiplicadores, que estarãocomprovando a viabilidade econômica e as vantagens da produção agroecológica <strong>para</strong> a saúdepública e <strong>para</strong> o meio ambiente.As áreas, objeto de intervenção, serão selecionadas a partir de um diagnóstico elaborado com aparticipação das associações de peque<strong>no</strong>s produtores rurais.Para a operação das UPAIS serão distribuídos kits de irrigação, constituídos de adutoras,mangueiras, canalizações, <strong>no</strong>s sistemas de gotejamento e micro aspersão e demais insumosnecessários, a serem adquiridos pelo projeto e entregues aos peque<strong>no</strong>s produtores selecionados.Estes assinarão um Termo de Compromisso, implicando em responsabilidades dos beneficiárioscom o projeto.As UPSAFs, serão implantadas nas áreas de peque<strong>no</strong>s produtores de café irrigado ou não, quetenham vínculos associativos, situadas nas margens dos rios.As áreas objeto dessas intervenções serão: a calha principal do rio Paraguaçu (Barra da Estiva,Ibicoara e Mucugê); a sub-bacia do Cochó (Piatã, Boninal); a sub-bacia do Bonito (Bonito,Wagner).Para a implantação das UPSAFs, será realizado um levantamento das áreas críticas utilizando-sede interpretação das imagens de satélites que cobrem a região, complementando-se com visitas''in loco", <strong>para</strong> diagnóstico, registro fotográfico e georreferenciamento das áreas.Os equipamentos e demais insumos necessários a essa prática serão adquiridos pelo projeto edoados aos produtores selecionados, que assinarão um Termo de Compromisso.Assim, os CEDAIS, as UPAIS e as UPSAF deverão constituir-se, também, em áreas dedemonstração de técnicas agroecológicas, <strong>para</strong> o público interessado.Por meio de um estudo de mercado, estímulo a parcerias entre organizações governamentais enão governamentais <strong>para</strong> apoio e intercâmbio técnico, propõe-se estimular o associativismo dospeque<strong>no</strong>s produtores, objetivando a diminuição de custos, agregação de valor na produção(certificação de produto diferenciado <strong>no</strong> mercado) com a eliminação da intermediação nacomercialização. Para os produtos oriundos da olericultura irrigada serão implantadas unidadesmunicipais de comercialização (feiras-verdes) composta de boxes <strong>para</strong> os associados que sedisponham a produzir dentro dos princípios e práticas da agroecologia. Este espaço comunitáriodeverá localizar-se próximo a feira livre local.


Nas UPAIS e UPSAFs, a assistência técnica será prestada por profissionais vinculados aos órgãospúblicos da extensão rural, capacitados pelo projeto, e, complementarmente, por empresas e/ouONGs com comprovada experiência em agroecologia e irrigação sustentável.b) Descentralização das ações de vigilância ambiental em saúde, com ênfase em agrotóxicos,fertilizantes e água <strong>para</strong> o consumo huma<strong>no</strong>Dos 16 municípios que integram o projeto foram selecionados 12, levando-se em conta osseguintes critérios de elegibilidade:a) municípios onde predominam as culturas que utilizam agrotóxicos;b) cultivos próximos a nascentes e mananciais;c) municípios onde existe cobertura do Programa de Saúde da Família - PSF.Assim, foram selecionados os seguintes municípios: Barra da Estiva, Ibicoara, Mucugê, Andaraí(Calha principal do Rio Paraguaçu); Bonito (Sub-bacia do Rio Bonito); Wagner, Utinga, Lençóis(Sub-bacia do Rio Utinga); Iraquara, (Sub-bacia do Rio Santo Antônio); Piatã, Boninal, Seabra,(Sub-bacia do Rio Cochó).Para a vigilância ambiental da qualidade da água <strong>para</strong> o consumo huma<strong>no</strong> os municípiosprecisam ter acesso à internet e equipe de vigilância sanitária.Serão realizados cursos de formação de agentes multiplicadores <strong>para</strong> a vigilância ambiental emsaúde, com ênfase em agrotóxicos, fertilizantes e água <strong>para</strong> o consumo huma<strong>no</strong> junto aosprofessores, agentes comunitários de saúde, técnicos de instituições públicas, membros de ONG`se dos sindicatos dos trabalhadores e produtores rurais.Para os profissionais de saúde serão realizados cursos básicos de vigilância ambiental emagrotóxicos, visando a municipalização das ações de saúde ambiental e do trabalhador.As Comissões Municipais de Vigilância Ambiental em Agrotóxicos serão criadas <strong>no</strong>s 12municípios escolhidos, com representação de órgãos afins e da sociedade civil organizada, comvistas ao estabelecimento de estratégias locais de planejamento e intervenção <strong>para</strong> oenfrentamento conjunto da problemática do uso de agrotóxico. Serão realizados cursos decapacitação avançada <strong>para</strong> os membros das Comissões.Para a recuperação de 200 hectares em áreas de nascentes e 800 hectares de matas ciliares serárealizado um levantamento das áreas críticas, por meio da aquisição e interpretação das cincoimagens de satélites que cobrem toda a região do projeto, complementando-se com visitas ''inloco" <strong>para</strong> diagnóstico, registro fotográfico e georreferenciamento das áreas. Será realizada a


identificação e o mapeamento <strong>para</strong> atualização de SIG já existente na DDF e o quantitativo dasáreas a serem recuperadas por propriedade. Com a participação das associações e sindicatos depeque<strong>no</strong>s, médios e grandes produtores rurais será realizado o cadastramento dos proprietários aserem envolvidos <strong>no</strong> projeto.Serão produzidas mudas de espécies nativas e frutíferas, através da adequação do viveiro florestaldo município de Iraquara e implantação de dois viveiros florestais <strong>no</strong>s municípios de Utinga eIbicoara, <strong>no</strong>s CEDAIS. Esses viveiros devem apresentar um pla<strong>no</strong> de sustentabilidade pósprojeto. Serão adquiridas mudas de espécies nativas e frutíferas junto aos produtores rurais locais.c) Estímulo às alternativas sustentáveis de geração de renda <strong>para</strong> peque<strong>no</strong>s produtores,através da implantação de florestas produtivas com espécies de rápido crescimento,Programa Roças de Madeira - PRMPara diminuir a pressão sobre cerca de 600 hectares da vegetação nativa serão identificadas asáreas prioritárias, por meio da aquisição e interpretação das cinco imagens de satélites quecobrem toda a região do projeto, complementando-se com visitas ''in loco" <strong>para</strong> diagnóstico,registro fotográfico e georreferenciamento das áreas. Será realizado o mapeamento através deSIG e levantado o quantitativo das áreas a serem implantadas as florestas produtivas. Com aparticipação das associações de produtores rurais será realizado o cadastramento dos peque<strong>no</strong>sproprietários rurais que serão envolvidos <strong>no</strong> projeto.Como forma de sensibilizar e mobilizar os produtores rurais <strong>para</strong> a implantação de 600 hectaresdas "roças de madeira" serão realizadas reuniões de divulgação dessa atividade, envolvendo aDDF, a EBDA, os sindicatos rurais, as associações de produtores rurais e dos assentados dereforma agrária, as prefeituras municipais e ONGs.Serão também realizados cursos <strong>para</strong> capacitação de peque<strong>no</strong>s produtores rurais na implantação emanutenção da floresta nas sub-bacias e na calha principal, como também a promoção depalestras de educação ambiental voltada às comunidades locais.d) Minimização de resíduos sólidos e adequação da destinação finalA estratégia de desenvolvimento do trabalho deverá ocorrer de forma integrada, envolvendo ocorpo técnico do órgão responsável pelos serviços de limpeza urbana das prefeituras municipais,a sociedade civil organizada e o cidadão. Deverão ser realizadas sucessivas reuniões utilizando-semetodologia que incluam dinâmicas educativas a partir de uma pedagogia cognitiva, valorizandoo conhecimento dos participantes. O trabalho de educação ambiental deverá ser executado por


sub-bacias, de forma regionalizada, difundindo uma cultura de preservação da área, tomando poreixo temático o lixo.De acordo com o que seja definido <strong>no</strong>s estudos dos PGIRS <strong>para</strong> a destinação final do lixo de cadamunicípio deverá ser fomentada a seletividade de resíduos domiciliares, considerando apossibilidade de incentivar a gestão dos bioresíduos, onde se incluem os resíduos verdes, defeiras livres, restaurantes, hotéis.Deverá ser fomentada a implantação de unidades de triagem e compostagem, considerando umageração estimada de 70 % de resíduos orgânicos.As soluções <strong>para</strong> destinação final deverão prever uma abrangência temporal <strong>para</strong> 15 a<strong>no</strong>s e <strong>para</strong>os PGIRS 5 a<strong>no</strong>sCom relação ao planejamento <strong>para</strong> operação dos serviços que compõem um sistema de limpezaurbana dos municípios onde ocorrerão intervenções, apenas o município de Seabra apresentaPla<strong>no</strong> de Gerenciamento que está em fase de elaboração pela Prefeitura, com apoio financeiro daCAR. Doze municípios serão contemplados com a elaboração do PGIRS.Para a destinação final deverão ser encontradas soluções adequadas <strong>para</strong> doze municípios eampliada a solução existente <strong>no</strong> município de Mucugê.Os municípios de Barra da Estiva,Lajedinho e Morro do Chapéu, embora com parte do seu território dentro da bacia, não terãointervenção em resíduos sólidos devido às áreas dos seus respectivos lixões encontrarem-se forados limites da área de abrangência do projeto.Serão formalizados Termos de Compromisso com as prefeituras municipais, responsabilizandoaspela operação e manutenção dos Sistemas de Limpeza Urbana - SLU e de destinação final queserão implementados. Além disso, as prefeituras deverão se responsabilizar pela execução darecuperação dos “lixões” existentes.Serão elaborados PGIRS, <strong>para</strong> os municípios de: Utinga, Wagner (Sub-bacia do Utinga); Lençóis,(Sub-bacia do Rio São José); Palmeiras (Sub-bacia do Rio Preto); Bonito (Sub-bacia do Bonito);Piatã, Boninal (Sub-bacia do Cochó); Iraquara (Sub-bacia do Santo Antônio), Mucugê, Andaraí,Ibicoara, Nova Redenção (Calha principal do Rio Paraguaçu).Esses PGIRS considerarão na sua concepção as peculiaridades de cada localidade e oplanejamento deverá estar associado a sua implementação, à capacitação do pessoal operacionaldo sistema, a um programa de educação ambiental que atinja a comunidade e à seleção de área<strong>para</strong> solução do desti<strong>no</strong> final do lixo.


Os PGIRS serão implementados junto ao setor responsável pelo sistema de limpeza urbanadas prefeituras municipais. A implementação do PGIRS de Seabra ocorrerá, desde que o pla<strong>no</strong>seja finalizado pela CAR.Deverá ser elaborado um programa de treinamento <strong>para</strong> o pessoal operacional, contemplandouma visão sistêmica da limpeza urbana, da higiene, segurança e saúde do trabalhador.O Programa será realizado <strong>no</strong>s 13 municípios inserindo a temática lixo, buscando relacioná-lacom a saúde pública e o meio ambiente. Em cada município deverá ser incentivada e promovida acriação de núcleos de educação ambiental, a implantação da coleta seletiva, a criação de hortascomunitárias e a compostagem doméstica.Será elaborado o Pla<strong>no</strong> Social de reintegração dos catadores e seus familiares, através docadastramento e de alternativas construídas em conjunto com as Prefeituras, cujo municípioapresente esse tipo de atividade.Deverão ser implantados sistemas de destinação final e revisado/ampliado o sistema que vemsendo utilizado <strong>no</strong> município de Mucugê.O modelo tec<strong>no</strong>lógico a ser adotado deverá prever a redução do resíduo a ser aterrado. Deverãoser elaborados projetos básicos e executivos incluindo elementos construtivos. Deverá serprevista a transferência de tec<strong>no</strong>logia operacional dos sistemas às prefeituras através detreinamento, capacitação e do acompanhamento da pré-operação durante três meses.Serão escolhidas duas áreas <strong>para</strong> a destinação final adequada de lixo com a implantação de aterrosimplificado <strong>no</strong>s municípios de Utinga e Palmeiras, devido a poluição dos recursos hídricos quevem ocorrendo nestes municípios.e) Fortalecimento das brigadas de combate às queimadas não controladasSerão realizadas atividades voltadas <strong>para</strong> o fornecimento de equipamentos <strong>para</strong> as brigadas decombate a incêndios existentes na região, mantidas por Organizações Não Governamentais -ONGs, localizadas <strong>no</strong>s municípios de Palmeiras (sede, Vale do Capão, Vale do Cercado, Campode São João), Lençóis, Andaraí, Mucugê e Ibicoara.OBSERVAÇÕES FINAISO projeto pretende desenvolver atividades que permitam a mudança do atual modelo agrícolautilizado na região e <strong>no</strong> uso dos recursos naturais. Para tanto, propõe tec<strong>no</strong>logias sustentáveis, a


exemplo da agroecologia, sistemas de irrigação poupadora de água e sistemas agroflorestais,tendo em vista o desenvolvimento sustentável, bem como a replicabilidade após o térmi<strong>no</strong> domesmo. A articulação, integração e participação constituem-se as premissas básicas do projeto. Oenvolvimento do poder público e da sociedade do Alto Curso da Bacia do Rio Paraguaçupermitiu a construção desse projeto, expressa <strong>no</strong> atendimento ao convite de participação,registrando <strong>no</strong> <strong>semi</strong>nário regional de discussão do pré-projeto a presença de 120 liderançassociais (setores do gover<strong>no</strong> federal, estadual, prefeituras, associações comunitárias, gruposambientalistas, ONGs, sindicatos de trabalhadores rurais, universidades, empresas de consultoria,setores produtivos, federação dos trabalhadores na agricultura, escolas) que de formacompartilhada e organizada impulsionarão aspectos produtivos e potencializarão as dimensõessocioambientais e político-institucional previsto <strong>no</strong> projeto.Desde sua elaboração o projeto vem dando ênfase ao aspecto de ação social (ação comunitária),relacionando-o à construção da cidadania e da melhoria das condições de vida da região,buscando estabelecer compromissos de todos com os processos estratégicos de desenvolvimento.Esta prática vem permitindo o exercício da participação com responsabilidade social e de diálogoentre os diversos atores sociais envolvidos.REFERÊNCIASSECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS. Centro de RecursosAmbientais. Projeto Nascentes do Paraguaçu. Salvador: CRA, 2002. 106 p.


Universidade Estadual de Feira de SantanaI Feira do Semi – Árido: Troca de Idéias e de ProdutosSeção de Comunicações CoordenadasTÍTULO: CAT – Conhecer, Analisar eTransformar a História da Ralidade Rural <strong>no</strong> Semi-árido.AUTORA: Alexandra Vieira de Carvalho SantanaNOME: Alexandra Vieira de Carvalho SantanaFILIAÇÃO INSTITUCIONAL: estudante de História daUEFSTITULAÇÃO : bolsista da PROEXE-MAIL: xandacarvalho@yahoo.com.brENDEREÇO: Feira de Santana - BA. Av. Maria Quitéria,Conjunto João Paulo II, n5.580, Bairro cidade <strong>no</strong>va.Cep:44034-470. Tel. 3483-89 83ORIENTADORA: Nacelice Barbosa Freitas \ Professora deGeografia – Dep. CHF -UEFS.O projeto de Educação Rural CAT, atua em parceria entre aUniversidade Estadual de Feira de Santana - UEFS, oMovimento de Organização comunitária - MOC e <strong>no</strong>vemunicípios (Araci, Cansanção, Capim Grosso, Conceição doCoité, Retirolândia, Valente, Riachão do Jacuipe, SantoEstevão, Santa Luz ) do <strong>semi</strong>-árido baia<strong>no</strong>. Busca-se, atravésda metodologia aplicada a transformação da educação, comoforma de ampliar o exercício da cidadania. O projeto CATresulta da discussão sobre a educação <strong>no</strong> meio Rural, iniciadanum encontro sobre educação rural promovido pelo MOC ecoordenado pelo Serviço de Tec<strong>no</strong>logias Alternativas -SETRA em 1993. A partir daí a área de história tem como


objetivo fundamental buscar o desenvolvimento do sensocrítico do alu<strong>no</strong>/aluna, bem como do/a professor/professora,<strong>no</strong> que diz respeito a história do lugar, e as formas da inserçãodeste, <strong>no</strong> mundo. Com base <strong>no</strong> método de Paulo Freire deação-reflexão-ação, propõe-se, Conhecer a história e arealidade do homem e da mulher do campo, além deAnalisar os elementos que compõem esta realidade, com ointuito de Transformá-la, mediante uma postura políticopedagógicadesenvolvida através de um aprendizadorecíproco entre estes sujeitos. Isto ocorre de forma processuale contínua e se inicia na percepção de que a práxis históricarural, resulta do verdadeiro conhecimento da realidadeestudada.Palavras chaves: Conhecer. Analisar. Transformar.Realidade Rural.


O HOMEM, SUJEITO ATIVO DE SUA HISTÓRIA E SEU DESTINO.Sueli Miranda Lima São Bernardo*Reinaldo Freitas Sobrinho**O Município de Antônio Cardoso, que abriga uma população de 11.621 habitantes, assimdistribuídos: 2.317 na zona urbana e 9.304 na zona rural, banhado <strong>no</strong> lado sul pelo lago- barragemPedra do Cavalo, localizado na região Semi- árida do Estado da Bahia, guarda semelhanças dosmunicípios carentes que existem em todo o Brasil, sob o aspecto de disponibilidade de água <strong>para</strong> oconsumo huma<strong>no</strong> e produção; condições de moradia da população de baixa renda; transporte; nívelde escolaridade e de saúde.É um município que vive uma história de luta por uma organização da sociedade civil e suasentidades, buscando saídas <strong>para</strong> o estado de sofrimento e empobrecimento constante, que oclassifica entre os 100 mais pobres da Bahia.O início de sua luta se deu através de grupos de produtores rurais nas comunidades onde apenasuma Associação formalizada existia que era a de Santo Estevão Velho. Esse processo deorganização foi incentivado pela antiga Emater-Ba, e neste período o que mais dificultava oandamento dos trabalhos era a ausência de lideranças capacitadas, <strong>para</strong> dirigir as entidades, eausência de planejamento. A partir daí, o Município foi convocado <strong>para</strong> viver a primeiraexperiência na questão pública participativa, via processo de capacitação, na construção do Pla<strong>no</strong>de Desenvolvimento Rural Sustentável - PMDRS, onde estavam incluídas definições claras devalores e visão de futuro.Depois da experiência vivida na construção do PMDRS, as comunidades mais uma vez foramconvocadas a assumir o processo de construção de seu desenvolvimento de forma participativa,através do Programa Faz Cidadão, programa este que conta com o assessoramento e execução daEmpresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S/A – EBDA, que através dos seus técnicos,realizou as etapas de mobilização, sensibilização e capacitação, promovendo a gestão participativa,visando um salto qualitativo <strong>no</strong> desenvolvimento das organizações <strong>no</strong> sentido da melhoria daqualidade de vida das suas famílias, e o sentimento de co-criadores deste processo e dos seusresultados, seguindo a metodologia do Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável – DLIS.A participação ativa do Poder público local, comunidades, associações, grupos organizados,ONGS, igrejas, sindicatos, conselhos, tem sido de fundamental importância <strong>para</strong> o alcance dosobjetivos propostos..Entre os resultados visíveis está o processo organizacional, ainda que de forma não linear, poisnem sempre todos os resultados aparecem <strong>no</strong> curto ou médio prazo. A visão de futuro, consciênciada cidadania e espírito de participação e de co-responsabilidade, com inserção do cidadão <strong>no</strong>desenvolvimento auto-sustentável vem sendo construído. Já temos entretanto como produto, oresgate da feira livre que possibilitou o escoamento da produção e geração de ocupação e renda,não só deste município como também de seus vizinhos, promovendo a integração com o municípiode Cabaceiras do Paraguaçu.O principal desafio é promover, em nós mesmos e <strong>no</strong>s grupos, as mudanças culturais necessárias<strong>para</strong> repensar a sustentabilidade e organizar processos educativos que favoreçam essas mudanças;pensar num mundo rural sustentável com atividades de diversas naturezas, que contemplem abusca e a construção da qualidade de vida; integrar o desenvolvimento do município numaperspectiva regional; fazer com que o poder público assuma efetivamente seu papel representativodas comunidades e multiplicar de maneira crítica e criativa as experiências mais bem sucedidas <strong>no</strong>processo de organização social.Caminhamos com a intenção de os munícipes sentirem-se capazes de promover mudanças nadireção desejada, integrando e influenciando o poder público na elaboração das políticas públicas.*Sueli Miranda Lima São Bernardo é Técnica Agrícola da EBDA de Santo Estevão-BA.**Reinaldo Freitas Sobrinho é Eng.º Agrô<strong>no</strong>mo do Centro de Profissionalização de Apicultores eFloricultores da EBDA Regional de Feira de Santana-BA.


Universidade Estadual de Feira de SantanaI Feira do Semi-Árido : Troca de Idéias e de ProdutosSeção de Comunicação CoordenadasTÍTULO: Educação Rural e GeografiaOutora : Janaina Novaes SobrinhoNome: Janaina Novaes SobrinhoFiliação Institucional: Estudante de Geografia – UEFSTitulação: Bolsista da PROEXE-mail: Jana<strong>no</strong>vaes@bol.com.brEndereço: Conjunto Feira VI, Rua E, Caminho 17, Nº16Cep: 44021-00-Feira de Santana. Fone: 224-0913 ou(75)9995-3032Orientadora: Nacelice Barbosa Freitas. Departamento deCiências Humanas e Filosofia – UEFS. Área de Geografia.O Projeto CAT ( Conhecer, Analisar e Transformar arealidade rural) atua em parceria com o Movimento deOrganização Comunitária - MOC , Universidade Estadualde Feira de Santana - UEFS e <strong>no</strong>ve municípios (Araci,Valente, Cansanção, Capim Grosso, Riachão do Jacuipe,Conceição do Coité, Retirolândia, Santa Luz, SantoEstevão) da região do <strong>semi</strong>-árido baia<strong>no</strong>. O projeto surgiucomo resultado de discussões e análises referentes aforma como é desenvolvida a educação do meio rural. Oproposta principal, centra-se na aplicação de metodologiaespecífica <strong>para</strong> educação do meio rural, especificamentenas séries iniciais do ensi<strong>no</strong> fundamental. Atua naformação continuada de professores, visando contribuir<strong>para</strong> um desenvolvimento local, integrado e sustentável,da comunidade em que se insere. Sendo assim, parte darealidade e à ela volta-se, ou seja, ação-reflexão-ação,conforme a proposta de Paulo Freire. É importanteressaltar que ensinar e aprender não são atribuições dediferentes sujeitos, mas momentos indissociáveis de açãointerativa entre professor/professora, o/a alu<strong>no</strong>/aluna afamília e a comunidade, reunidos na prática coletiva de“compreender e ler o mundo”(Paulo Freire). E nesta


perspectiva, diversas são as atividades desenvolvidasbuscando ampliação do conhecimento geográfico do lugarem relação ao mundo, tendo por objetivo analisar oespaço social, construído e em construção. Propõem-seportanto, orientar o alu<strong>no</strong> <strong>para</strong> compreender o mesmo emtodas as suas dimensões, isto é, política, social, cultural,histórica e econômica, encaminhando <strong>para</strong> situar-se deforma crítica e pensando-o numa perspectiva futura. Destaforma, a interação dos saberes produzem uma relaçãohomem-natureza mais coerente, especificamente <strong>no</strong>campo.Palavras-Chaves: Educação Rural - Geografia


DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO: UMA EXPERIÊNCIA EXITOSANA COMUNIDADE DE BOA VISTA, MUNICÍPIO DE SANTA BÁRBARADaniel Rebouças DouradoO processo de planejamento rural, historicamente, se deu de forma descendente, sem que osagricultores pudessem contribuir. Em sentido contrário a este modelo, a EBDA/Prorenda,vem desenvolvendo na comunidade de Boa Vista, a metodologia DRP – Diagnóstico RuralParticipativo.Esta metodologia, oportuniza a plena participação do agricultor familiar <strong>no</strong> planejamento dodesenvolvimento, passando este, de mero absorvedor de pacotes tec<strong>no</strong>lógicos, a formador depropostas, de acordo com a sua ótica e lógica, onde o mesmos atua como agente propositivo enão como mero espectador.Esta metodologia participativa tem a pretensão de oferecer subsídios, firmemente alicerçados,aos administradores públicos das esferas, municipal e estadual, <strong>para</strong> que as verdadeirasaspirações comunitárias transformem-se em pla<strong>no</strong>s, programas e metas de gover<strong>no</strong>,invertendo completamente o fluxo de planejamento rural.Faz-se necessária a consolidação de uma rede de parcerias, envolvendo organizações públicase privadas, comprometidas com a agricultura familiar, que contribua na dinamização depropostas orientadas ao real desenvolvimento rural, que deve ser sustentável, estável, garantira produtividade, a equidade e a qualidade de vida ao agricultor familiar, interagindo demaneira eficaz entre as áreas econômicas, sócio-cultural e ambiental, de forma a maximizar oemprego, gerando renda desconcentrada, promovendo a biodiversidade, a diversidadecultural, o incremento da oferta de ¨produtos limpos¨, com vistas a soberania alimentar e apermanência digna do agricultor familiar <strong>no</strong> campo.Daniel Rebouças Dourado é Engº Agrô<strong>no</strong>mo, Chefe do Escritório de Santa Bárbara, Regionalde Feira de Santana.


PORTAL DO ALVORADA: CONSTRUINDO A CIDADANIABernizzeth ZorthéaRosentina Zallio CoelhoDurante os oito últimos meses, um projeto mobilizou todos os colaboradores doCETEAD. Trata-se do Projeto Alvorada, que através do Portal do Alvorada, um núcleo criadopelo Gover<strong>no</strong> Federal, em uma tentativa de diminuir As desigualdades sociais dos municípiosmais pobres do país, conscientiza a população sobre sua condição dentro da sociedade e sobrea importância da participação comunitária <strong>para</strong> a melhoria das condições de vida.A coordenadora técnica do Portal do Alvorada <strong>no</strong> CETEAD, Edelzuita Anjos Silva,esclarece que de acordo com a proposta do Gover<strong>no</strong> Federal o Portal é um meio de acesso aosbenefícios do projeto Alvorada. Para que os 15 programas do projeto – presentes nas áreas deEducação, Saúde , Geração de renda – chegassem à população, cumprindo seus objetivos, eranecessário ter um intermediário que servisse como ponte entre o Projeto e a população,difundindo as informações necessárioas <strong>para</strong> que se tivesse acesso aos benefícios, eacompanhando a realidade de cada comunidade, além de desenvolver atividades sócioeducativas,culturais, esportivas e de lazer de acordo com as especificidades e interesse decada ,município.Dos 399 municípios contemplados pelo projeto Alvorada, <strong>no</strong> Estado da Bahia 255estão sob a supervisão, orientação e responsabilidade do CETEAD – encarregado pelaimplantação desses 255 portais, que devem existir em cada município contemplado peloProjeto. É cumprido o seu papel de viabilizador das ações do projeto Alvorada, que o Portalcadastra as famílias, identifica suas carências, reúne informações e busca os recursosnecessários <strong>para</strong> que as condições de vida da população dos municípios que possuem IDH(Índice de Desenvolvimento Huma<strong>no</strong>) inferior ou igual a 0.5 melhore.O ProcessoPara implantar os portais, foi necessário fazer um recrutamento, seleção e capacitaçãode supervisores regionais <strong>para</strong> que estes atuassem nas 19 microregiões, divididas <strong>para</strong> aimplantação do projeto – conta a coordenadora do portal. A participação do poder municipal émuito importante <strong>para</strong> que o Projeto tenha os resultados esperados. Porém o fato de implantaro Portal <strong>no</strong> município não garante que os recursos disponibilizados pelo Projeto Alvoradasejam liberados <strong>para</strong> o município. O Portal é apenas um facilitador do processo.Todo o trabalho de implantação dos Portais foi feito pela Secretaria de Estado eAssistência Social, vinculada ao Ministério da previdência e Assistência Social.O Portal é implantado <strong>no</strong> município após a disponibilização, por parte de PrefeituraMunicipal, de um espaço físico, e da formação de uma equipe composta por 7 pessoas,responsáveis pelo Portal do município.


O AcompanhamentoOs supervisores selecionados pelo CETEAD, responsáveis pelas microrregiões, vêmmensalmente ao CETEAD <strong>para</strong> prestar informes das diferentes realidades encontradas.Segundo Rosentina Zalio Coelho, coordenadora adjunta do portal <strong>no</strong> CETEAD, 90,19% dameta de implantação dos portais foi cumprida, motivo de orgulho <strong>para</strong> as coordenadoras.É preciso esclarecer que o trabalho de implantação dos Portais <strong>no</strong> município é umtrabalho contínuo e envolve toda a comunidade. A partir de dezembro, os equipamentos deTV, vídeo e de informática foram 230 Portais implantados até o memento.Novos HorizontesOutro Projeto, interligado ao projeto Alvorada, está sendo desenvolvido peloCETEAD, em parceria com o Cenafoco, buscando formar agentes sociais, capazes de liderar apartir da criação de valores comunitários e de cidadania.Dentro deste Projeto, 5 cursos devem ser ministrados às populações dos municípiosque têm o Portal implantado: Gestão Social, Empreendedor Social, Meio Ambiente,Voluntariado e direitos Huma<strong>no</strong>s.Cinqüenta cursos de Gestão Social foram ministrados em municípios-sede, além deoutros como o Meio Ambiente, Direitos Huma<strong>no</strong>s e o Voluntariado. Os dois Projetos seintegram e têm o mesmo fim: promover os direitos huma<strong>no</strong>s e melhorar as condições de vidadas famílias mais pobres.Os FrutosNão é só isso, graças à conquista de um termo aditivo que prorroga até o dia 31 demarço o convênio firmado entre o CETEAD, Setras e Secomp, estas ações continuarãotrazendo mecanismos que possibilitem diminuir as desigualdades sociais existentes, <strong>no</strong>smunicípios. ‘E deste modo que os gestores municipais, preocupados com a melhoria daqualidade de vida dos moradores, participarão dos <strong>semi</strong>nários regionais organizados atravésdeste convênio.Temas como Delis, Protagonismo Juvenil, Direito e Cidadania e Fortalecimento, estãosendo abordados <strong>no</strong>s <strong>semi</strong>nários sobre de Desenvolvimento de Territórios ConstruindoEstratégias, realizadas em 19 regiões empreendendo 407 municípios. Para a realização destes<strong>semi</strong>nários, o CETEAD firmou uma parceria com o Ides e Ambus, e contará com aparticipação do Winrock Internacional do brasil e da Ceasb.


A Educação Física <strong>no</strong> meio rural:(re)valorizando <strong>no</strong>sso conhecimentoVamberto Ferreira Miranda FilhoAcadêmico do curso de licenciatura em Educação Física – UEFSLuís Vitor Castro JúniorProfessor da Universidade Estadual de Feira de SantanaNós educadores andarilhos da boca do sertão baia<strong>no</strong>, na região do <strong>semi</strong>-árido,contemplando a natureza, cultivando a sensibilidade ensinada por Paulo Freire e valorizando osconceitos que as culturas dominadas ou as culturas de resistência produzem, desenvolvemos umprojeto de extensão de<strong>no</strong>minado CAT (Conhecer – Analisar – Transformar). Este acontece emparceria entre a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), o Movimento deOrganização Comunitária (MOC) e as Prefeituras Municipais das cidades de Araci, CapimGrosso, Conceicão do Coité, Retirolândia, Riachão do Jacuípe, Santa Luz, Santo Estevão eValente. O trabalho consiste em construir coletivamente uma metodologia específica que atendaconcretamente a realidade do meio rural. Para tanto, os sujeitos desse processo são aprendizes:alu<strong>no</strong>s, professores, coordenadores e assessoria. A elaboração do fazer pedagógico é fruto dosencontros intermunicipais entre educadores, os quais ocorrem numa perspectiva dialógica. Em<strong>no</strong>ssa convivência temos observado que há uma melhoria do ensi<strong>no</strong> por meio da qualificaçãopermanente do professor, pela aplicação duma metodologia baseada na análise da realidade, peloenvolvimento da família e pelo favorecimento da permanência do alu<strong>no</strong> na escola. Contudo, oCAT não traz soluções <strong>para</strong> todos os problemas de educação <strong>no</strong> <strong>semi</strong>-árido, mas dá umasignificativa contribuição <strong>no</strong> sentido de afirmar a identidade dum povo sofrido em busca datranscendência e da justiça social. Na área específica da Educação Física valorizamos os jogos eas brincadeiras da cultura local enquanto patrimônio cultural, portanto, deve ser incorporado aoespaço escolar de modo a vivenciarmos, analisarmos e transformarmos num ciclo de aquisição eprodução de conhecimento.


ASSOCIATIVISMO RURAL E URBANO: UMA ALTERNATIVA DEDESENVOLVIMENTO SOCIAL E ECONÔMICOEdivaldo Pacheco de OliveiraA partir do Convênio de Cooperação Técnica, firmado entre a EBDA e a Prefeitura Municipal deVárzea da Roça, em janeiro/93, foi possível a execução de um projeto de desenvolvimento sócioeconômicodo meio rural e urba<strong>no</strong>, utilizando na prática o sistema de trabalho associativo, tendocomo base a organização comunitária e a participação de trabalhadores de todas as regiões domunicípio de Várzea da Roça.Na primeira etapa, efetuou-se um diagnóstico superficial do município, caracterizando-se asprincipais comunidades rurais e urbanas, ao tempo em que foram sendo identificados seus maioresproblemas, bem como analisadas as alternativas viáveis de soluções, que viessem promover amelhoria das condições de vida dos habitantes.Na segunda etapa, atendeu-se prioritariamente às associações legalizadas, em número de quatro,revigorando-se e colocando em atividade plena, já que haviam sido criadas a partir de grupos deprodutores rurais, na década de oitenta, por técnicos da EMATER-BA, mas que se encontravampouco estimuladas na forma de entidades representativas organizadas.Na terceira etapa, baseado <strong>no</strong> conhecimento da realidade do município, especialmente dozoneamento agrícola e da densidade populacional, atendeu-se à demanda de comunidades rurais eurbanas, <strong>para</strong> organizarem-se legalmente e participar do processo produtivo, sendo fundadas,organizadas e legalizadas várias associações comunitárias.Com a fundação da UNAVAR – União das Associações de Várzea da Roça, em 20 de abril de1995, e apoio técnico da EBDA, essa Entidade Civil, resultante das ações do Convênio deCooperação Técnica, passou a coordenar o trabalho associativista do município, congregando 29Associações filiadas e aproximadamente 2.000 produtores associados, representando os diversossegmentos da eco<strong>no</strong>mia local.Como resultados alcançados, pode-se destacar os convênios firmados entre Associações, Prefeiturae CAR – Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional, Órgão da Secretaria do PlanejamentoCiência e Tec<strong>no</strong>logia do Estado da Bahia, através do Programa Produzir: construção de doismoinhos comunitários <strong>para</strong> produção de fubá de milho; construção de três casas de farinhacomunitárias; instalação de um sistema simplificado de abastecimento de água <strong>para</strong> dois povoados ecomunidades rurais; abertura de quatro aguadas públicas <strong>no</strong> meio rural; instalação de uma rede deenergia elétrica <strong>para</strong> dois povoados; complementação da rede de energia elétrica da sede domunicípio; dois tratores agrícolas (de pneus); construção de uma oficina de costura e artesanato;duas batedeiras de cereais; dois postos telefônicos.O Comitê Municipal do Programa de Geração de Emprego e Renda do Banco do Nordeste foiconstituído em 1994, já tendo sido contratadas 735 operações de crédito (individual e coletivo),totalizando 2.771.000,00 aplicados <strong>no</strong> município de Várzea da Roça, em benefício dos produtoresrurais principalmente, mas também do meio urba<strong>no</strong>. O Agente de Desenvolvimento do Banco doNordeste atende aos produtores rurais desse município, na sede da UNAVAR, toda quinta-feira e naprimeira sexta-feira de cada mês, quando se realiza a Reunião Ordinária da Assembléia Geral daUNAVAR.Através da SEAGRI/CORA-Secretaria da Agricultura/Coordenação de Reforma Agrária eAssociativismo foram repassados recursos financeiros <strong>para</strong> aquisição de silos metálicos,ferramentas agrícolas, pulverizadores, e distribuídas sementes de hortaliças, feijão e milho; foirecebido apoio técnico constante nas Associações.Edvaldo Pacheco de Oliveira é Eng o Agrô<strong>no</strong>mo, M.Sc. do Centro de Profissionalização de Apicultores e Floricultoresda EBDA Regional de Feira de Santana-BA.


Entre a EBDA e a Prefeitura, foi firmado convênio <strong>para</strong> instalação do Posto Avançado, na sede domunicípio de Várzea da Roça, viabilizando, assim, as atividades de elaboração de projetosprodutivos, como também a transferência de tec<strong>no</strong>logias a produtores diversos, funcionando na sededa UNAVAR.O Posto da ADAB-Agência Estadual de Defesa Agropecuária, foi instalado <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 1998, na sededa UNAVAR, com apoio da Prefeitura ao trabalho associativista e aos produtores rurais(especialmente aos criadores).O bom estágio de organização e desenvolvimento comunitário em que se encontra o município deVárzea da Roça, foi fator decisivo <strong>para</strong> aprovação e implantação do Projeto de Irrigação do Jacuipe,que beneficiará centenas de produtores rurais do município.Em razão da existência, funcionamento e reivindicação de Associações Comunitárias do municípiode Várzea da Roça, o K F W está implantando um sistema de abastecimento de água de 13 km, emsubstituição ao já existente, com maior capacidade de suprimento de água à população adjacente.Está em vigor convênio firmado entre a Universidade Solidária, Prefeitura e UNAVAR, quepermite a visita de estudantes universitários, <strong>para</strong> desenvolver ações <strong>no</strong> município, com base <strong>no</strong>trabalho associativista, já tendo recebido três grupos de 20 estudantes, <strong>no</strong>s últimos 03 a<strong>no</strong>s.O projeto de elevação do nível social e econômico do município de Várzea da Roça, baseado naterceira via de desenvolvimento, é coordenado pela UNAVAR, uma Entidade Civil, quejuntamente com as Associações filiadas, e apoio técnico da EBDA, define as prioridades de ação,<strong>para</strong> as microrregiões do município sendo realizadas pelos esforços mútuos dos associados, mastambém, buscando a parceria com Instituições governamentais e não governamentais.Acredita-se que o maior benefício com a continuidade desse trabalho associativo e participativo é aprática da organização e convivência comunitária, o que certamente resultará em mais união,parceria, integração, trabalho e desenvolvimento, proporcionando assim melhorias nas condiçõesde vida da população desse município.


ARTIGO TÉCNICO-ACADÊMICOÁrea Temática: AmbienteANÁLISE DA PARTICIPAÇÃO POPULAR NA GESTÃO AMBIENTAL DO SEMI-ÁRIDO BAIANO: APRECIAÇÃO EM FEIRA DE SANTANA.Ana Cacilda Reis ConceiçãoAcadêmica do 9º semestre do Curso de Direito da UEFS-BA ( bolsista da Pesquisa DireitoAmbiental e Participação Popular <strong>no</strong> Semi-Árido Baia<strong>no</strong>- PROBIC/UEFS). Orientador Prof. Dr.Julio Cesar de Sá da Rocha ( DCIS-UEFS).O conceito de participação popular só poderá ser compreendido se inter-relacionado a outros,como democracia, cidadania e poder. A princípio, a participação popular pressupõe umredirecionamento da democracia representativa, na medida em que estabelece uma redistribuiçãodo poder, que não mais fica adstrito àqueles entes estatais, mas repartido entre eles e membros dasociedade civil, até então alijados das esferas decisórias estatais. O escopo da participaçãopopular é o de facilitar e tornar efetiva a troca de informações e experiências entre cidadãos eEstado, <strong>para</strong> que estas sejam consideradas <strong>no</strong>s processos decisórios. Desta forma, o conceito departicipação popular aqui trabalhado dirá respeito à forma de interlocução entre o Estado e osatores sociais e à formulação de políticas públicas ambientais que atendam às demandasapresentadas pela coletividade. Para que a participação popular não se restrinja ao pla<strong>no</strong> teórico,fazem-se necessárias medidas que a impulsionem, uma vez que a cultura individualista enraizadana sociedade capitalista impõe à participação uma série de obstáculos. Dentre os mecanismos departicipação com o poder público demandados pelos movimentos sociais e sociedade civilorganizada a partir da década de 1970, ressalta-se a participação em conselhos municipais dediferentes características, que é considerada uma das formas de atuação dos cidadãos alternativasao sistema político tradicional. Para contemplar a participação da sociedade civil na gestão dosrecursos ambientais, o arcabouço <strong>no</strong>rmativo brasileiro prevê, dentre outras medidas, a instalaçãode Conselhos Municipais de Meio Ambiente, que deverão estar interligados à Política Nacionaldo Meio Ambiente (PNMA). Estes Conselhos são compostos por membros representativos dopoder público e da sociedade civil que, em conjunto e <strong>no</strong> âmbito municipal, deverão deliberarsobre <strong>no</strong>rmas e padrões de qualidade ambiental, bem como sobre o licenciamento <strong>para</strong>localização e funcionamento de atividades potencialmente impactantes ao meio ambiente;


formular a política ambiental; orientar a educação ambiental; fornecer subsídios técnicosrelacionados à proteção do meio ambiente, às indústrias, empresas comercias , produtores ruraisetc. Em Feira de Santana, o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente – CONDEMA –foi instituído e regulamentado, respectivamente, pelas Leis nº 1515/1991 e 1612/1992. Ocorreque este espaço originariamente pensado como possibilidade de interação entre poder público esociedade civil, com funções consultivas e deliberativas, não vem sendo adequadamenteutilizado. O CONDEMA não se reúne desde outubro de 2000.Neste período, pode-se perceberuma degradação da situação ambiental de Feira de Santana, que apresenta problemas sérios depoluição so<strong>no</strong>ra, de poluição do solo, relativos ao lixo produzido, às diversas lagoas existentesetc. Desta forma, entende-se que a efetiva atuação de um órgão colegiado, capaz de se mostrarenquanto lócus privilegiado <strong>para</strong> a interlocução entre a sociedade civil e o poder público, nasquestões ligadas ao meio ambiente, seria de fundamental importância <strong>para</strong> a criação de umambiente equilibrado que pudesse ser usufruído, de forma mais adequada, pelas presentes efuturas gerações.Mas <strong>para</strong> isso exige-se a necessidade de organização da sociedade; umamudança de postura dos gestores públicos por uma concepção partilhada de poder; e demandasde participação das várias comunidades.


A ASSOCIAÇÃO DOS PEQUENOS AGRICULTORES DO MUNICÍPIO DE VALENTE(APAEB) E O DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO SISALEIRA DA BAHIAEdinusia Moreira C. Santos 1INTRODUÇÃO - A APAEB é uma Associação de peque<strong>no</strong>s agricultores com sede <strong>no</strong> municípiode Valente mas que atua em 17 municípios da Região Sisaleira, todos localizados <strong>no</strong> <strong>semi</strong>-áridobaia<strong>no</strong> (figura 01). O <strong>semi</strong>-árido baia<strong>no</strong>, e por conseqüência a Região Sisaleira, são analisados,na maioria das vezes, somente a partir dos problemas que apresentam, ora tratados pelo viés dasestiagens, ora pelo viés da culturasisaleira. Esse trabalho é de sumaimportância pois analisa a forma comouma Associação de Peque<strong>no</strong>sAgricultores promove oDesenvolvimento com a utilização dospróprios elementos regionais, ou seja, éimportante porque além de apresentaras potencialidade de uma região tratadageralmente como problemática, analisao processo de DesenvolvimentoRegional impulsionado a partir de açõesda sociedade civil organizada, o queserve <strong>para</strong> demonstrar a força que asociedade tem e pode utilizar <strong>para</strong> nãoficar apenas na dependência do poderpúblico institucionalizado.DESCRIÇÃO DO PROCESSO - Esse trabalho é parte de uma pesquisa mais ampla desenvolvida<strong>no</strong> Mestrado em Geografia da Universidade Federal da Bahia, onde além de trabalhar a questão1 Professora Substituta do DCHF/UEFS, Mestre em Geografia - UFBA e Doutoranda pela Universidade Federal deSergipe.


do Desenvolvimento Regional foi analisada a reorganização espacial impulsionada pelo trabalhoda APAEB na Região Sisaleira da Bahia. Para o tratamento específico do DesenvolvimentoRegional, após a revisão de literatura onde buscou-se agregar concepções de desenvolvimentoque ultrapassassem a concepção eco<strong>no</strong>micista, adotou-se a concepção do eco<strong>no</strong>mista SérgioBoisier. Segundo esse autor <strong>para</strong> analisar o processo de Desenvolvimento Regional é necessárioidentificar a existência de alguns princípios que são característicos de um autênticodesenvolvimento regional:i)Um creciente proceso de auto<strong>no</strong>mia regional de decisión, que significa capacidadesregionales cada vez mayores <strong>para</strong> definir su próprio estilo de desarrollo y <strong>para</strong> usarinstrumentos de política congruentes com tal decisiónii) <strong>Uma</strong> creciente capacidad regional <strong>para</strong> apropiar parte del excedente económico alligenerado a fin de reivertirlo en la propia región y así, diversificar su base económica yconferir sustentabilidad de largo plazo a su crecimento.iii) Un creciente movimiento de inclusión social, concepto que de<strong>no</strong>ta simultáneamente,una mejoría sistemática en la repartición del ingreso regional entre las personas y unapermanente posibilidad de partcipación de la población en las decisiones de competenciade la región.iv) Un creciente proceso de concientización y movilización social en tor<strong>no</strong> de laprotección ambiental y del manejo racional de los recursos naturales de la región.v) una creciente autopercepción colectiva de “pertenencia” regional, es decir, deidentificación de la población con su región (BOISIER, 1996, p. 35).Assim, realizou-se uma caracterização minuciosa das atividades desenvolvidaspela APAEB na Região Sisaleira, <strong>para</strong> que fosse possível analisar a existência dos princípiossupracitados <strong>no</strong> processo desencadeado por essa Associação. Ou seja, caracterizou-se asatividades desencadeadas pela associação, avaliando a existência desses princípios.RESULTADOS - “Promover o desenvolvimento social e econômico da região sisaleirabuscando a elevação da qualidade de vida de sua população” (APAEB, 2000b, p. 01) éfinalidade definida pelo Novo Estatuto Social da APAEB que demonstra que o direcionamentodas atividades dessa associação já se orienta <strong>para</strong> uma promoção do Desenvolvimento Regional,essa associação de peque<strong>no</strong>s agricultores passou a vislumbrar algo maior que o trabalho em prolda coletividade que representa.Sabendo, <strong>no</strong> entanto, que promover o desenvolvimento de uma região não é algosimples e rápido; que é necessário desencadear um processo demorado, quando se deseja,realmente, realizar mudanças estruturais, embora alguns elementos regionais possam ser


modificados rapidamente, chama-se a atenção <strong>para</strong> esse processo porque se acredita que aautenticidade do desenvolvimento será alcançada com a observância dos princípios apontados porBoisier(1996).Mesmo sendo o Estado o agente teoricamente responsável pelo desenvolvimentoregional, a ação governamental, nessa região, é apenas marcada por atividades paliativas e que,ao invés de desenvolver a auto<strong>no</strong>mia regional, cria sempre mais laços de dependência. Ou seja,essa ação materializa-se, tanto a nível estadual quanto federal, através de ações emergenciais,como as frentes de serviço. A respeito dessa problemática, Silva (1999) afirma que existem“ridículas frentes de serviço que só servem mesmo <strong>para</strong> colocar mais dinheiro <strong>no</strong> bolso dosexploradores e assassinar a auto-estima do trabalhador” (p 12). É perceptível a forma como aauto<strong>no</strong>mia é deixada de lado, pois essas frentes de serviço são ações desenvolvidas, apenas, <strong>no</strong>speríodos mais trágicos da seca. A inexistência de políticas públicas, que objetivem resolver deuma vez esse problema regional, deixa a maioria dos trabalhadores rurais à mercê da sorte.Mas, em se tratando especificamente do desenvolvimento, o discurso estatal atualafirma que o Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável “(...) tem seu marco teóricoapoiado <strong>no</strong> enfoque de desenvolvimento sustentável - caracterizado pela continuidade das açõesao longo do tempo, revalorização da base física e territorial e compromisso com as geraçõesatuais e futuras, principalmente em relação ao uso racional dos recursos naturais - na busca deser eco<strong>no</strong>micamente eficiente, socialmente justo, ambientalmente responsável e politicamentefundamentado na participação da sociedade” (CAR, 1999, p. 9).O que não se pode esquecer é que se trata de discurso, vez que as ações continuamas mesmas e não há nem sinal de auto<strong>no</strong>mia como elemento inspirador.Além de tudo isso, <strong>para</strong> ratificar a importância regional da ação da APAEB, amesma publicação estatal afirma, sobre essa, que “(...) suas propostas e sua experiência comomodelo de intervenção não governamental (...) deve ser estimulado e incorporado ao Programa”(ibid, p. 12).Assim, a APAEB, em todas as suas atividades, tem como princípio basilar aauto<strong>no</strong>mia, a liberdade através da melhoria das condições de vida, da aquisição de <strong>no</strong>vosconhecimentos e tec<strong>no</strong>logia. Segundo Boisier (1996), atrelado à questão da crescente auto<strong>no</strong>mia,<strong>para</strong> decidir o estilo de desenvolvimento, está a utilização de políticas coerentes com essadecisão. A política adotada pelo atual Gover<strong>no</strong> do Estado da Bahia não condiz com o discurso,


nem com relação ao desenvolvimento, nem aos aspectos de participação da sociedade e muitome<strong>no</strong>s aos aspectos relacionados à revalorização da base física e territorial. Só se essarevalorização for <strong>para</strong> uso de agentes exter<strong>no</strong>s à região, como <strong>no</strong> caso da construção deinfraestrutura <strong>para</strong> as indústrias, que estão sendo instaladas <strong>no</strong>s municípios de Conceição doCoité, a VIA UNO e a COTESI.A APAEB desenvolve o seu trabalho sempre na busca de tec<strong>no</strong>logias adaptáveisao <strong>semi</strong>-árido, como a perfuração de poços artesia<strong>no</strong>s, a utilização e dis<strong>semi</strong>nação do uso daenergia solar, além do trabalho de reorganização da propriedade e valorização dos elementosregionais como o sisal, o ariri e o caroá.O trabalho com o sisal é uma das atividades mais marcantes de geração deauto<strong>no</strong>mia, pois, enquanto o gover<strong>no</strong> estadual atrai <strong>para</strong> a região empresas de outros países <strong>para</strong> aexploração do sisal, garantindo apenas o emprego <strong>para</strong> a população regional como, por exemplo,uma Indústria de Fiação Portuguesa que será implantada em Conceição do Coité, a APAEB,mesmo enfrentando muitas dificuldades, vai conseguindo agregar cada vez mais valor <strong>para</strong> osisal, produzindo várias mercadorias com essa fibra (tapetes, carpetes, jogos de banheiro, portacanetas,entre outros) e com a mão-de-obra regional. Significa dizer que todo o conjunto regionalse beneficia com a ação da APAEB. Através da industrialização do sisal e da produção de peçasartesanais com fibras regionais, ganham os funcionários que estão diretamente ligados àprodução; os produtores, porque acontece a valorização do produto; a eco<strong>no</strong>mia regional, porquepassa a circular mais dinheiro e o lucro não sai da região.Essa auto<strong>no</strong>mia gerada pelas atividades econômicas favorece a tomada dedecisões, que objetivam a estruturação de uma conjuntura política regional mais participativa,através dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento, Fórum da Cidadania (Valente), cursossobre Políticas Públicas, como busca de participação mais efetiva na definição dos rumosregionais.Esses elementos apontados como geradores de auto<strong>no</strong>mia econômica e política<strong>para</strong> uma decisão consciente podem ser ratificados pelos dados abaixo relacionados, que mostrama repercussão da ação da APAEB <strong>no</strong> Desenvolvimento Regional, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2001: 207agricultores participantes de intercâmbio <strong>para</strong> conhecer outras experiências bem sucedidas deconvivência com a seca <strong>no</strong> Nordeste; 2.114 agricultores treinados em 93 cursos; 28 poçosperfurados na região; 280 famílias acompanhadas por assistência técnica; 65 artesãs tirando o


sustento do trabalho com fibras de sisal, ariri e caroá; 288 pessoas treinadas em 10 cursos deformação em Políticas Públicas (APAEB, 2002b).Associado à geração de auto<strong>no</strong>mia está a apropriação de parte do excedenteeconômico gerado regionalmente que tem garantido uma diversificação da base produtivaregional, isso porque a APAEB extrapolando as atividades “comumente“ atribuídas a umaassociação e envolvendo-se em atividades econômicas como a Batedeira Comunitária, o Posto deVendas, a Indústria de Tapetes e Carpetes, passou a deixar na região parte do excedenteeconômico: salários acima da média regional; impostos; comercialização <strong>no</strong> Posto de Vendas deprodutos regionais; financiamentos de outras atividades. Além disso, cresceram também asatividades que não possuem dimensão econômica, ou seja, além da Escola Família AgrícolaAvani de Lima Cunha (EFA) que já existia, em 1993, a APAEB possui hoje um clube social, aescola de informática e cidadania e atividades direcionadas diretamente <strong>para</strong> seus associados.O crescimento das atividades desenvolvidas pela APAEB, além do apoio recebidodas entidades parceiras nacionais e internacionais, é garantido pela apropriação do excedenteeconômico gerado por suas atividades produtivas. Os dados a seguir apresentam alguns númerosda apropriação regional do excedente econômico, em 2001: 2,8 milhões pagos em salários; 1,3milhões pagos em serviços prestados; 4 milhões em matéria-prima comprada dos agricultores;932 mil pagos de INSS e FGTS; 619 mil pagos de ICMS e PIS; 4,2 milhões em depósitos à vistae a prazo <strong>no</strong> SICOOB-COOPERE (Cooperativa Valentense de Crédito Rural Ltda.) (APAEB,2002b).Não se pode deixar de mencionar que o excedente econômico fica também nasmãos dos agricultores, peque<strong>no</strong>s criadores e peque<strong>no</strong>s empresários, quando a APAEB compracom preços mais altos as peles de ovi<strong>no</strong>s e capri<strong>no</strong>s, o leite <strong>para</strong> o laticínio, os diversos produtos<strong>para</strong> a comercialização <strong>no</strong> Posto de Vendas.Atuar numa região onde a pobreza da maioria da população é uma realidadecentenária e conseguir um crescente movimento de inclusão social não é uma tarefa fácil. Oprocesso que precisa ser desencadeado é muito difícil, e se torna ainda mais em função da parcatradição do povo brasileiro em cooperar, em se associar. Na estrutura desigual da sociedadebrasileira, baiana e do sertão a tarefa é ainda pior em função dos baixos índices de escolarização epolitização social.A luta pela inclusão social foi buscada inicialmente <strong>para</strong> os associados, contudo,


com o crescente número de atividades e possibilidade de desenvolvimento da auto<strong>no</strong>mia, diversasações passaram a beneficiar outros indivíduos da comunidade regional, através da COOPERE,diversos agricultores tiveram acesso a financiamentos, que lhes possibilitaram uma melhoria nascondições de vida e, por conseqüência, uma maior inclusão social.A promoção social, é uma das linhas básicas de atuação. Em 1999, essa entidaderealizou uma pesquisa, buscando diag<strong>no</strong>sticar as melhorias que tinham sido proporcionadas aseus funcionários e associados. Constatou-se que as melhorias vão desde a compra de umabicicleta, importante meio de transporte <strong>para</strong> quem vive na zona rural, até a aquisição de imóvelurba<strong>no</strong>.A população de Valente, assim como grande parte da população brasileira,enfrenta o problema da habitação e, por isso, a APAEB estruturou três loteamentos <strong>para</strong> seremcomercializados junto a seus funcionários. “A primeira experiência foi há três a<strong>no</strong>s e o sucessoda idéia motivou a <strong>no</strong>va empreitada. A associação comprou o terre<strong>no</strong> e vai vender os lotesparceladamente aos funcionários” (FOLHA DO SISAL, nº72, 2001, p. 04), facilitando o acesso aum bem tão desejado e concentrando esforços em tor<strong>no</strong> da inclusão social.Outras atividades possibilitam a inclusão social de forma indireta, pois fornecemelementos que provocam o desenvolvimento do indivíduo, o crescimento pessoal, <strong>no</strong>s maisdiversos aspectos, e a participação consciente na sociedade, como a EFA, a Escola de Informáticae Cidadania e o Projeto Descobrir que trabalha a questão da socialização através da educaçãofísica e a valorização da cultura regional, com o patrocínio das mais variadas atividades culturaisda Região, como o Movimento da Quixabeira, o São João de Maio, as Festas de Vaqueiros, entreoutras. Em dados absolutos, pode-se apresentar alguns resultados de 2001: 120 crianças eadolescentes participando da Educação Física através do projeto Descobrir; 120 alu<strong>no</strong>scapacitados na <strong>no</strong>va escola de informática e cidadania; 96% de aprovação e 0 % de evasãoescolar na EFA (APAEB, 2002b).Além dessas formas de inclusão social, é necessário que se analise o elemento queregionalmente possui maior valor visível: a geração de empregos (figura 03). São, atualmente,811 empregos diretos <strong>para</strong> trabalhadores que passaram a possuir salários acima da média regionale todos os direitos trabalhistas. Embora pareça um escândalo ressaltar esse aspecto,regionalmente, essa garantia é considerada um milagre. Com relação ao pagamento de saláriosacima da média regional, <strong>no</strong>ssa pesquisa contatou que a Batedeira Comunitária paga melhor do


que outras batedeiras <strong>no</strong>s municípios de Valente e Retirolândia. Ressalta-se também que, nasduas batedeiras, utilizadas comoparâmetro, não se verificou nenhumtrabalhador com carteira assinada.Com relação à indústria, épossível fazer uma com<strong>para</strong>ção entre aIndústria de Tapetes e Carpetes Valente ea Indústria de Calçados VIA UNO, tãovangloriada pelo poder público.Enquanto a primeira paga um saláriomínimo a apenas 6,2 % dos funcionáriosa segunda paga o salário mínimo a 95%dos seus funcionários. .10008006004002000FIGURA 03VALENTE: EMPREGOS DIRETOS GERADOS PELAAPAEB - 1993-200184120162320492552790 804 8111993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001A<strong>no</strong>Empregos GeradosFONTE: APAEB, Relatórios Anuais – 1994- 2001.ELABORAÇÃO: Edinusia Moreira C. Santos.O lazer, promovido pelo Clube Social construído pela APAEB, é uma outra formaencontrada por essa associação <strong>para</strong> a inclusão social. O clube possui salão de dança, piscinas,bar, campo de futebol, quadra poliesportiva, onde são oferecidas possibilidades efetivas desocialização.Atrelado a todo esse processo de promoção e inclusão social com auto<strong>no</strong>mia está apreocupação com a conscientização e mobilização em tor<strong>no</strong> da preservação ambiental, podendoser destacadas algumas atividades:• A Campanha de Replantio do Sisal: Durante a Década de 80 e início daDécada de 90, grande parte dos sisalais foi destruída e os espaços passaram a ser utilizados <strong>para</strong> odesenvolvimento de outras atividades produtivas como a pecuária extensiva. Além da diminuiçãoda área ocupada pela cultura sustentáculo regional, a destruição dos sisalais origina uma áreamaior sem vegetação, ocasionando uma maior aridez, e, além disso, as áreas que possuem sisalplantado são consideradas como reflorestadas, embora o sisal não seja uma planta nativa. AAPAEB, com essa campanha enfatizou o quanto o sisal é necessário, tanto <strong>para</strong> a eco<strong>no</strong>miaregional quanto <strong>para</strong> o meio ambiente.• O Reflorestamento da Região: Por realizar as suas atividades sempre deforma integrada, além de utilizar plantas nativas, a APAEB utiliza também plantas frutíferas eforrageiras. Isso garante o reflorestamento, a alimentação <strong>para</strong> os animais e uma alimentação


mais rica em frutas <strong>para</strong> os agricultores. A APAEB trabalha, também, com outras estratégias,como a campanha “Plante e Ganhe”, em que o agricultor que consegue manter vivo o maiornúmero de plantas é premiado com aparelhos de TV, de rádio, entre outros.• A utilização da <strong>Energia</strong> <strong>Solar</strong>: A energia solar, tanto <strong>para</strong> uso domésticoquanto <strong>para</strong> a eletrificação das cercas e criação de ovi<strong>no</strong>s e capri<strong>no</strong>s, é incentivada e viabilizadapela APAEB. Motiva-se a utilização de uma fonte energética abundante na região, porqueaproveita o sol que está presente, praticamente todos os dias do a<strong>no</strong>, <strong>no</strong> <strong>semi</strong>-árido. Essa energia,além de ser abundante, não provoca nenhum impacto ambiental mas, mesmo assim, o gover<strong>no</strong>atual prefere investir na eletrificação rural, mesmo sendo conhecido o grandioso impacto causadoao ambiente pelas barragens necessárias <strong>para</strong> a produção de energia elétrica, além do custo maiselevado. Essa escolha estatal é demonstrada em propagandas televisivas, mostrando o ProgramaLuz <strong>no</strong> Campo, que realiza a eletrificação rural e já garantiu mais de 100.000 ligações. Além dosbenefícios com<strong>para</strong>tivos com relação à energia hidroelétrica, a utilização da energia solar naRegião Sisaleira substitui os antigos candeeiros, alimentados por óleo diesel ou querosene,combustíveis altamente poluentes.Para fortalecer todo o processo de desenvolvimento caracterizado é necessáriodesenvolver a consciência e a valorização do pertencimento regional. O próprio <strong>no</strong>me da regiãomostra a alternativa <strong>para</strong> a valorização regional: o sisal. Sua melhor utilização e crescenteaceitação dos produtos fabricados com sua fibra tem orgulhado muitos trabalhadores rurais queestavam com a sua auto-estima muito baixa. No entanto, o sisal não é o bastante, afinal essevegetal se adaptou bem ao que hoje se chama Região Sisaleira, por esse espaço possuir um clima<strong>semi</strong>-árido, ou seja, é preciso fazer a comunidade regional perceber que, embora o discursopredominante alardeado sobre este espaço <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong> seja o da terra da seca, da miséria, da fome,as possibilidades oferecidas podem ser utilizadas <strong>para</strong> a construção de uma região mais forte,afinal, como afirma Euclides da Cunha em sua obra Os Sertões: “o sertanejo é antes de tudo umforte”.Essa luta de valorização regional, com as possibilidades oferecidas, pode serpercebida através do Programa de Convivência com a Seca, <strong>no</strong> trabalho de pre<strong>para</strong>ção dos filhosdos agricultores realizado na EFA, <strong>no</strong>s diversos cursos e palestras realizados <strong>para</strong> a comunidaderegional sobre a viabilidade da região, desde que utilizando as técnicas e culturas adequadas. Essabusca pela valorização do que é regional, esse sentir-se orgulhoso por pertencer a essa região é


atificada quando analisamos um dos slogans utilizado pela associação: ”O Sertão tem tudo quese precisa. Se faltar, a gente inventa”.Quando os indivíduos que constituem a Região Sisaleira ganharem consciência da gamade possibilidades oferecidas e da forma como utilizá-las, na estruturação dessa região, poderáocorrer, realmente, um processo de mudança. Haverá, então, uma comunidade consciente e aberta<strong>para</strong> possibilidades, já que todo o trabalho da APAEB tem buscado a estruturação de uma regiãomais autô<strong>no</strong>ma, o fortalecimento regional <strong>para</strong> a participação dos indivíduos na definição dasmudanças e <strong>no</strong> rumo do seu próprio desenvolvimento.OBSERVAÇÕES FINAIS: “No <strong>semi</strong>-árido, cidadania e convivência com a seca são quasesinônimos. Porque é devido às difíceis condições de sobrevivência na região que a pobrezacampeia e os poderosos aproveitam <strong>para</strong> negar e desrespeitar os direitos dos pobres” (APAEB,2001, p. 31). É justamente em função da percepção dessa situação que as atividadesimpulsionadas pela APAEB buscam desenvolver a auto<strong>no</strong>mia dos peque<strong>no</strong>s agricultores e dapopulação regional, <strong>para</strong> que eles não fiquem à margem do processo de desenvolvimento; aocontrário, sejam os responsáveis pela busca e implementação do próprio desenvolvimento.Mesmo sabendo que existem entraves políticos regionais que dificultam oprocesso de desenvolvimento é necessário que sejam reconhecidas as mudanças efetivadas naregião, a partir da atuação da APAEB.Assim, o exemplo da APAEB é emblemático <strong>para</strong> ratificar os efeitos dodesenvolvimento regional endóge<strong>no</strong>. No entanto, esse processo de desenvolvimento será maissólido e fácil à medida que <strong>no</strong>vos agentes dele participarem, trazendo modificações regionais.Acreditando nessa possibilidade é de se esperar que o trabalho da APAEB possa congregar outrosgrupos da sociedade civil.REFERÊNCIAAPAEB. Relatório Anual-2000. Valente: APAEB, 2001.APAEB. Relatório Anual-2001. Valente: APAEB, 2002a.APAEB. Alguns números da contribuição da APAEB <strong>para</strong> o desenvolvimento regional em 2002.Folheto Informativo. Valente: APAEB, 2002b.


BOISIER, S. Modernidad y Territorio. In: Cader<strong>no</strong>s del Instituto Lati<strong>no</strong>america<strong>no</strong> y del Caribede Planificacion Econômica y Social,nº 42. Santiago do Chile:ILPES, 1996.COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO E AÇÃO REGIONAL - CAR (BA). Alternativassócio-econômicas <strong>para</strong> o desenvolvimento da Região Sisaleira. Salvador: CAR, 1994.COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO E AÇÃO REGIONAL - CAR (BA). Programa deDesenvolvimento Regional Sustentável – PDRS - Nordeste da Bahia. Salvador: CAR, 1999.JORNAL FOLHA DO SISAL [Associação dos Peque<strong>no</strong>s Agricultores do Município de Valente].Valente. n. 72, out, 2001.OLIVEIRA, I. F. de et al. Avaliação de uma caminhada de luta e resistência. Valente:APAEB, 2000.SANTOS, E. M. C. A Sociedade Civil Organizada e a (Re) Organização Espacial <strong>no</strong> Semi-Árido Baia<strong>no</strong>: O Caso da APAEB – Valente. Feira de Santana: UEFS, 2000. (Mo<strong>no</strong>grafia deEspecialização).SANTOS, E. M. C.; SILVA, O. A. Educação e Cidadania: Escola Rural é Exemplo Para Bahia.Jornal Tema Livre. A<strong>no</strong> V, n. 57, set, Salvador, IAT/SEC, 2002.SANTOS, E. M. C. Reorganização Espacial e Desenvolvimento da Região Sisaleira daBahia: O papel da Associação dos Peque<strong>no</strong>s Agricultores do Município de Valente. Salvador:UFBA, 2002. (Dissertação de Mestrado).SILVA, A. L. et al. APAEB: uma história de fibra, luta e subsistência. Valente: APAEB, 1993.SILVA, O. A. da. A Geografia e a Imagem do Nordeste Brasileiro: Construção ouDesconstrução <strong>no</strong> Espaço Escolar? Feira de Santana: UEFS, 1999. (Mo<strong>no</strong>grafia deEspecialização).SILVA, S. C. B. de M. e; SILVA, B. C. N. Reinventando o Território: Tradição e Mudança naRegião do Sisal-Bahia. In: Revista de Desenvolvimento Econômico. A<strong>no</strong> III. n. 05. Salvador:DCSA2/UNIFACS, 2001.


ARTIGO TÉCNICO-ACADÊMICOÁrea Temática: AmbienteAÇÃO POPULAR: UMA SOLUÇÃO PARA O PROBLEMA AMBIENTAL NO SEMI-ÁRIDO.Ma<strong>no</strong>ela Franco.Estudante de Direito da UEFS-BA (bolsista da Pesquisa Direito Ambiental e ParticipaçãoPopular <strong>no</strong> Semi-Àrido Baia<strong>no</strong>- PROBIC/UEFS). Orientador Prof. Dr. Júlio Cesar de Sá daRocha (DCIS-UEFS).A crise ambiental que vive hoje o mundo decorre do constante conflito entre a lógica do lucro e anecessidade de pensar e agir em prol da qualidade de vida, do meio ambiente. A superação dessacrise perpassa pela implantação de uma eco<strong>no</strong>mia ambiental e pela efetivação dodesenvolvimento sustentável. Contudo, a viabilização desses meios de superação não se dásomente pela ação do poder público, imprescindível é a participação da sociedade civil por meiodas vias que lhe são oferecidas ou por quaisquer outras que atinjam o fim colimado, a tutelaambiental.Dentre os meios ofertados na esfera constitucional <strong>para</strong> a tutela de bens ambientais, está a açãopopular. Essa é um instituto de democracia direta, através do qual o cidadão que a intenta age em<strong>no</strong>me próprio am<strong>para</strong>ndo direito próprio do povo, atingindo a plenitude da cidadania.A ação popular é um instituto antigo, presente <strong>no</strong>s ditames jurídicos desde o Direito Roma<strong>no</strong>. NoBrasil, ela encontrou assento constitucional a partir da Carta de 1934. Contudo, sua regulação e apossibilidade de tutelar bens ambientais através dela aconteceu somente em 1965 com a Lei4.717. A Carta de 1988, <strong>no</strong> inciso LXXIII do art. 5 o , deixou mais clara a utilização da açãopopular <strong>para</strong> proteção do meio ambiente e, a partir daí, a interpretação que tem sido dada <strong>para</strong> seuuso relativo à proteção ambiental é a mais dilatada possível, fazendo-se ressalvas apenas <strong>para</strong> oobjeto da ação, o qual deve ser ato lesivo em curso de prática, ainda não consumado, pois aícaberia a re<strong>para</strong>ção do da<strong>no</strong>, situação em que incidiria a ação civil pública.Contudo, não se observa a utilização desse instrumento <strong>para</strong> a proteção ambiental. Prova disto, éo resultado obtido pelo Núcleo de Pesquisa do Curso de Direito que constatou a ausência depropositura da ação popular ambiental na comarca de Feira de Santana.Sendo diversas as possibilidades de utilização da ação popular, por que não trazê-la <strong>para</strong> arealidade do <strong>semi</strong>-árido como forma de instrumentalizar a atuação da população local na lutadiária contra os problemas ambientais de que sofre essa região?


O <strong>semi</strong>-árido ocupa um quinto do território nacional, abrangendo <strong>no</strong>ve Estados (Maranhão, Piauí,Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia) e totalizando quaseum terço da população do país. É uma região de ecossistemas frágeis e que não tem tido o devidogerenciamento de seus recursos naturais, sendo perceptível a supremacia da lógica do lucro e demedidas paliativas que não implementam o desenvolvimento da área.Assim como na crise ambiental global, os problemas do <strong>semi</strong>-árido não serão resolvidos por meiode políticas públicas tão somente. A participação de atores que vivenciam a realidade éindispensável.O <strong>semi</strong>-árido e qualquer outro espaço é viável quando existe vontade individual, coletiva, políticae preocupação com a sustentabilidade e a ação popular é um instrumento acessível, é umamaneira eficaz de participação e pode ser uma forma sertaneja de buscar a vida.


ARTIGO TÉCNICO-ACADÊMICOÁrea Temática: AmbienteO PROJETO DE TRANSPOSIÇÃO DO RIOFRANCISCO E A LEI Nº 9433/1997: IMPLICAÇÕESJURÍDICO-AMBIENTAIS PARA O SEMI-ÁRIDOCarla Santa Bárbara VitórioEstudante de Direito da UEFS-BA( monitora da disciplina deDireito Ambiental, orientada pelo Prof. Dr. Julio César de Sáda Rocha - DCIS-UEFS).O presente resumo se propõe a identificar e expor asprincipais análises que <strong>no</strong>rteiam a construção do artigo OPROJETO DE TRANSPOSIÇÃO DO RIO FRANCISCOE A LEI Nº 9433/1997: IMPLICAÇÕES JURÍDICO-AMBIENTAIS PARA O SEMI-ÁRIDO.Este terá comofundamento central fazer um <strong>para</strong>lelo entre o projeto do rioSão Francisco e a Lei nº 9433/1997 que institui a PolíticaNacional de Recursos Hídricos, e as possíveis implicações<strong>para</strong> a região Semi-Árida.Por meio de uma análise queprezará sobretudo os aspectos jurídicos, serão discutidasquestões em tor<strong>no</strong> do surgimento, das características,polêmicas e viabilidade do mencionado projeto, em confrontocom os princípios, fundamentos e instrumentos do DireitoAmbiental.Utilizando-se o método analítico, propõem-seabordagens, principalmente sob o enfoque jurídico, dequestões em tor<strong>no</strong> dos motivos que levaram a nãoimplantação do projeto de transposição, suas reaispossibilidades de concretização, e se ele é ou não uma boa


alternativa <strong>para</strong> driblar a seca <strong>no</strong>rdestina; bem como, em fazerrecortes com o diploma legal, em especial a Lei nº 9433/1997,ressaltando aspectos relevantes de que trata a <strong>no</strong>rma, comoplanejamento e gerenciamento das bacias <strong>para</strong> a implantaçãoe implementação de políticas públicas relativas aos recursoshídricos.Serão ressaltados outros aspectos <strong>no</strong> desenrolar damencionada análise, como o andamento de ações <strong>no</strong>Judiciário em tor<strong>no</strong> do projeto, a necessidade de participaçãoda sociedade civil e as implicações desse em questõesrelativas à seca <strong>no</strong> Nordeste e à escassez de água, e de outrosrelacionados a problemáticas da região Semi-Árida.A seca <strong>no</strong>rdestina será discutida além de aspectosrelativos à irregularidade climática, ganhando dimensões maiscomplexas, tanto históricas, políticas, sociais quantoeconômicas, que ultrapassam questões meramente técnicas,<strong>para</strong> que os resultados auferidos possam se adequar à idéia deuma transposição que não deva ser tida como a soluçãoimediata <strong>para</strong> o fim dos problemas ocasionados por àquela.O problema da escassez de água será tratado emcorrelação com a seca <strong>no</strong> Nordeste e o atual projeto detransposição, por meio de análises em tor<strong>no</strong> das causas,conseqüências e alternativas propostas. O problema daescassez será abordado de forma a engendrar questões queultrapassem o simples aumento da oferta de água <strong>para</strong>relacionar-se com outras ligadas ao gerenciamento dademanda.E por fim, serão feitas algumas considerações sobre aspossibilidades atuais de concretização do projeto, em especialsob aspectos jurídicos, e se a transposição é um caminhoencontrado <strong>para</strong> o Semi-Árido, como também quais seriam as


possíveis implicações dela <strong>para</strong> as comunidades mais carentesda região.


ARTIGO TÉCNICO-ACADÊMICOÁrea Temática: AmbienteAS LAGOAS FEIRENSES E O DIREITO AMBIENTAL: UMA PROBLEMÁTICA DOSEMI-ÁRIDO BAIANO.Gilsely Barbara Barreto Santana.Estudante de Direito da UEFS-BA (bolsista da Pesquisa Direito Ambiental e ParticipaçãoPopular <strong>no</strong> Semi-Àrido Baia<strong>no</strong>- PIBIC/CNPQ). Orientador Prof. Dr. Julio Cesar de Sá da Rocha(DCIS-UEFS).(INTRODUÇÃO) O trabalho investiga a relação entre a proteção legal aos recursos hídricos(lagoas feirenses) e as especificidades destes <strong>no</strong> e <strong>para</strong> o <strong>semi</strong>-árido, assim sendo, indaga-se aeficácia e efetividade da proteção legal aos recursos hídricos frente à manutenção da vida(dignidade e qualidade) em contextos sociais distintos, marcados por desequilíbrios e exclusões.O município de Feira de Santana está localizado <strong>no</strong> agreste baia<strong>no</strong> (zona intermediária entre olitoral e o sertão), com 80% de sua área inscrita na definição geopolítica do Polígo<strong>no</strong> das Secas,constituindo-se enquanto o maior entroncamento rodoviário do <strong>no</strong>rte-<strong>no</strong>rdeste. Taiscaracterísticas se relacionam com a singularidade geográfica do município - a abundância derecursos hídricos, advindos da existência de três bacias hidrográficas que são alimentadas pelasmúltiplas nascentes, lagoas e rios do município. Os processos de formação, povoamento eocupação do município de Feira de Santana revelam diversas problemáticas referentes àimportância dos recursos hídricos <strong>no</strong> <strong>semi</strong>-árido, requerendo uma compreensão que interrelacionea singularidade e diversidade do ecossistema com as esferas social, histórica eeconômica das áreas e dos sujeitos sociais envolvidos. (METODOLOGIA) O objeto dessetrabalho é a análise das lagoas feirenses e a proteção legal destinada, mediante o instrumentojurídico dos espaços ambientais (proteção a porções parciais e ou totais de territórios com finsde preservação), dessa maneira, utilizando o método sociológico, isto é, empírico e analítico,inter-relaciona-se o objeto com a problemática dos recursos hídricos <strong>no</strong> <strong>semi</strong>-árido.(RESULTADOS E CONCLUSÕES) A existência humana <strong>no</strong> planeta perpassa por interferênciase modificações na natureza, assim, tal interferência tem gerado a degradação ambiental, querelativamente aos recursos hídricos explicita-se numa série de problemáticas: escassez, poluição,destruição, mercadorização etc. Relativamente à degradação ambiental das lagoas feirenses, a


ação antrópica manifesta-se em edificações comerciais e residenciais irregulares, lançamentos deesgotos residenciais e detritos industriais, ao assoreamento e processos de lixiviação. Face àsproblemáticas, a proteção jurídica as lagoas feirenses não é efetiva, apontando reflexões em tor<strong>no</strong>da Eficácia e Legitimidade da Proteção Legal. Por fim, a importância das lagoas feirenses naformação sócio-histórica do município relaciona-se com a questão dos recursos hídricos <strong>no</strong> <strong>semi</strong>áridoe suas implicações sociais, econômicas e políticas. Logo, a proteção ambiental tem umcaráter simbólico frente à garantia do direito ao meio ambiente equilibrado, revelando os limitesda tutela ambiental em contextos capitalistas de produção, bem como, uma necessidade de(re)avaliação da participação popular.


O SEMI-ÁRIDO E AS IMAGENS DO NORDESTE BRASILEIRO. 1Onildo Araujo Da Silva 2INTRODUÇÃO - Esse trabalho foca as imagens do Nordeste brasileiro a partir de uma análise darepresentação social da seca, em municípios do Semi-Árido Baia<strong>no</strong>.A seca <strong>no</strong> <strong>semi</strong>-árido <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>, sempre foi utilizada como elemento dejustificativa da miséria. Na construção do discurso das elites, usa-se o fenôme<strong>no</strong> natural,invertem-se papéis, confunde-se o real com o mitológico e legitima-se a instituição da mentira;constroem-se máscaras sociais, reeditadas nas mais diversas escalas e com rebatimentosdiferenciados <strong>no</strong>s vários setores da sociedade.Nesta perspectiva, a questão central deste trabalho analisa como a escola, eparticularmente a matéria Geografia, contribui <strong>para</strong> (re) construir ou (des) construir o mito daseca, através da formulação de conceitos fundamentais <strong>para</strong> a leitura das imagens do NordesteBrasileiro. Para tanto, delimitamos <strong>no</strong>sso objetode pesquisa a três escolas públicas dosmunicípios de São Domingos, Retirolândia eValente, localizados <strong>no</strong> <strong>semi</strong>-árido baia<strong>no</strong>.Os municípios envolvidos napesquisa fazem parte do <strong>semi</strong>-árido baia<strong>no</strong> que,segundo a Companhia de Desenvolvimento eAção Regional – CAR – Ba. (1995), é aquelaregião cuja área coincide com a área de domínioda caatinga; embora se admita que os limites nãosejam os mesmos, possuindo a caatinga limitesexclusivamente naturais, enquanto os do <strong>semi</strong>áridoconstituem-se num misto de limitesnaturais e políticos. (figura 01). Devido às1 Artigo resumo da mo<strong>no</strong>grafia de conclusão do Curso de Especialização em Geografia do Semi-Árido Brasileiro,realizado na Universidade Estadual de Feira de Santana – Bahia.2 Professor de Geografia – UEFS, Mestre em Engenharia de Produção.


características da <strong>no</strong>ssa problemática, os municípios são significativos, uma vez que estãosituados <strong>no</strong> <strong>semi</strong>-árido, em uma região das mais tradicionais – a região do sisal.PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS - A pesquisa, da qual resultou a mo<strong>no</strong>grafia aquisintetizada, pretendeu entender a contribuição do ensi<strong>no</strong> de geografia <strong>para</strong> a (re) construção daimagem do Nordeste Brasileiro, enfatizando posicionamentos de professores e alu<strong>no</strong>s. Nestesentido, selecionamos as escolas envolvidas neste estudo considerando o número de alu<strong>no</strong>smatriculados. Levando-se em consideração que os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997)objetivam que ao final do ensi<strong>no</strong> fundamental o alu<strong>no</strong> esteja apto a exercer a cidadania,decidimos trabalhar com alu<strong>no</strong>s que estão completando esta etapa – 8 ª série, de sorte queaplicamos 196 questionários <strong>para</strong> os alu<strong>no</strong>s das três escolas, de forma aleatória e em todos ostur<strong>no</strong>s de funcionamento. Após esta etapa, os dados dos questionários foram tabulados eresultaram em tabelas ou foram organizados na forma de relato; buscando-se inserir elementosqualitativos de análise. Em seguida, realizamos entrevistas com todos os 05 professores, queensinam geografia de 5 a a 8 a série nas três escolas pesquisadas. Os dados obtidos foramorganizados na forma de relato de depoimentos.Entendendo que os dados primários podem ser enriquecidos com outros dadosescolares mais amplos, realizamos uma análise dos projetos pedagógicos das escolas. Estes dadosforam organizados em peque<strong>no</strong>s relatórios analíticos e contextualizados com os dados primários.Para uma análise mais detalhada desses dados recomendamos a leitura completa do trabalhomo<strong>no</strong>gráfico, aqui referenciado.RESULTADOS - As principais imagens do Nordeste aparecem tanto em argumentaçõescientíficas, onde se esboça preocupações com sua gênese e comunicação, quanto diretamente nagrande mídia.A primeira e mais efetiva imagem do Nordeste Brasileiro é aquela da caatingaressequida [...] “a indefectível carcaça de um boi e os retirantes, magros, com seus poucospertences entrouxados e equilibrados sobre a cabeça. Eram as “vidas secas” de Gracilia<strong>no</strong>Ramos, cujo protesto contra a ordem social injusta era apropriada e usada politicamente”(CASTRO, 1992. p. 59)Portanto, é difícil, na maioria das vezes, negar o que o olho vê, ou seja, realmenteem alguns períodos, a caatinga se ressente da água, mas seu ciclo natural lhe permite sobreviver


na condição climática predominante. O gado, porém, morre. Algumas pessoas migram outraspassam fome. A situação de seca generalizada é apenas um momento da dinâmica total, ou seja, éapenas um aspecto da dinâmica da paisagem <strong>semi</strong>-árida. Na presença da água tudo se refaz.Porém, esse dado momento (o da seca) projeta-se como se fosse a dinâmica total.Com o tempo, mudou um pouco o enfoque das discussões e à imagem da secasoma-se a imagem da exploração onde “o Nordeste passou de vítima de condições climáticas, domercado internacional e de tarifas cambiais, a vítima, também, da superexploração capitalista,imposta pelos centros de acumulação mundiais através de seus aliados, <strong>no</strong> caso, os centros deacumulação nacionais” (ibid, p. 65).Temos agora então, um Nordeste pobre, seco, miserável e ao mesmo tempoexplorado. As elites internas estão sempre isentas de qualquer “culpa”. O que conta é a imagem,mesmo que essa não corresponda aos fatos reais em sua totalidade. Assim, resta saber quemconstrói este <strong>no</strong>rdeste e sua imagem. Quem a projeta? Como difunde e faz ser aceita comoverdade? “No Nordeste, o papel da sua elite é inequívoco, tanto na definição do caráter regionalcomo na projeção de sua imagem” (ibid, p. 36.).Nesse trabalho, partimos do princípio de que a imagem é produto de umarepresentação social que, além de ser criada precisa ser comunicada; fazer-se impor comoverdade. O <strong>no</strong>sso princípio assim se esclarece: <strong>no</strong> Nordeste brasileiro a representação social éproduzida pela elite que dela se beneficia. A imagem entendida como vinculada diretamente aopla<strong>no</strong> das percepções, é imposta via instituições dispares aos indivíduos membros do quadroregional. <strong>Uma</strong> vez legitimada como imagem social, essa é projetada <strong>no</strong> cenário nacional einternacional mais amplo, como forma de reivindicações de intervenções espaciais, ou ainda, ocaminho inverso permite legitimar a imagem <strong>no</strong> pla<strong>no</strong> nacional e internacional e depois imporaos membros do quadro regional como verdade absoluta. Para isso serviu, e serve até hoje, aimagem social do Nordeste brasileiro.Mesmo estando clara a imagem mais efetiva do Nordeste, Castro (1996), chamaatenção <strong>para</strong> o redimensionamento da estrutura produtiva regional, via fruticultura irrigada, e aconseqüente formulação de <strong>no</strong>vos discursos <strong>para</strong> legitimar <strong>no</strong>vos interesses. Esse aspectoprovoca um redimensionamento, fruto de modificações espaciais localizadas (mas efetivas) quecomeçam a difundir um <strong>no</strong>vo discurso, principalmente a respeito do fenôme<strong>no</strong> seca.


Acrescentaríamos a isso, o fato desse <strong>no</strong>vo discurso só se transformar em imagem projetada, sepassar a fazer parte de uma <strong>no</strong>va representação social. Daí o seu caráter incipiente.Observa-se hoje na região um duplo discurso, ou um discurso contraditório, sobre anatureza <strong>semi</strong>-árida, e esta dualidade deve ser objeto de investigação pelos <strong>no</strong>vos níveisde conflito que ela pode conter. Quanto aos termos do discurso, resumidamente temos:um, mais antigo e mais ubíquo, que atribui à natureza dificuldades que explicam osproblemas socio-econômicos da região. Mesmo que a base explicativa recorra a teoriaseconômicas bem elaboradas, uma leitura mais atenta da documentação produzida na esobre a região, não terá dificuldades em encontrar inúmeras referências às dificuldadesimpostas pelo clima, ou ao clima, como uma das causas dos problemas vividos naregião; outro, mais recente, que vê na escassez pluviométrica, que dificulta areprodução de pragas, e na fertilidade de grandes extensões de solos um e<strong>no</strong>rmepotencial <strong>para</strong> a agricultura irrigada de caráter empresarial, ou o agrobusiness. O climaaqui é um recurso inestimável, redentor, capaz de fazer surgir uma <strong>no</strong>va Califórnia, commais vantagens que a outra, por que não tem uma estação com temperaturas baixas”(CASTRO, 1996, p.297-298).A autora chama atenção <strong>para</strong> os agentes construtores desses discursos ao afirmar:“Os responsáveis por estes discursos são atores regionais, porém de tipos e interesses bemdiferentes: o primeiro é elaborado por segmentos importantes da elite política, com e<strong>no</strong>rmepoder de assimilação e reprodução; o segundo é mais restrito a uma parcela pequena do meioempresarial e da administração pública, que encontra <strong>no</strong> sol uma matéria-prima essencial, seja<strong>para</strong> a fruticultura irrigada, seja <strong>para</strong> o turismo. (ibid, p. 298)Ainda com referência ao “Nordeste do turismo”, a perspectiva atual apresentaenfoque particular, gestando uma <strong>no</strong>va imagem, que se associa à imagem do “Nordeste dafruticultura irrigada”, <strong>no</strong> que se refere ao sol como matéria-prima fundamental.Temos então a reafirmação da <strong>no</strong>ssa questão. À medida que o espaço geográfico se(re) constrói ou se (re) organiza, sujeitos sociais criam <strong>no</strong>vas identidades ao qual vãocorresponder <strong>no</strong>vas representações sociais. Dessas, o que efetivamente se generaliza é a <strong>no</strong>vaimagem. Assim, temos <strong>no</strong> Nordeste Brasileiro uma imagem “antiga” e a gestação de uma “<strong>no</strong>varepresentação social” que ainda não conseguiu generalizar a imagem que a ela se associa. Ointeressante é que ambas usam a mesma matéria-prima: o clima <strong>semi</strong>-árido como elementocentral das imagens projetadas.A imagem de Nordeste predominante na grande mídia e na maioria dos discursosdos políticos <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>s, como argumentamos anteriormente, é marcada pela influência doselementos da natureza <strong>semi</strong>-árida. Ou seja, a área de clima <strong>semi</strong>-árido (que abrange cerca de 61


% do território da região) possui uma dinâmica que define períodos longos de estiagem (ciclos de2 a<strong>no</strong>s, podendo chegar a até 4 a<strong>no</strong>s em algumas áreas), exigindo uma interação humana com anatureza que considere o fator chuva como limitante. Sabemos que a água existe. No entanto, suadisponibilidade generalizada depende da organização da sociedade <strong>para</strong> seu uso “racional”. Alémdisso, esse aspecto é característico apenas da área <strong>semi</strong>-árida, não podemos esquecer do outroNordeste do litoral, “úmido e sombreado”, onde se projeta a “imagem do turismo”.A grande questão é que a imagem da terra da seca e da miséria foi produzida egeneralizada de forma que um dado momento da paisagem (o da seca, pois a imagemdesconsidera os “a<strong>no</strong>s bons” – de chuva) se generaliza como imagem total. Nordeste passa a sersinônimo de seca, miséria, sofrimento, etc.Essa é uma imagem que precisa ser lida. Para interagir com uma representaçãosocial o sujeito precisa de instrumentos <strong>no</strong> pla<strong>no</strong> dos conceitos que lhe permita “ver” umainterface entre imagem e realidade, já que a primeira define-se como uma analogia com o realque representa. Daí a função da escola, e da Geografia escolar, <strong>para</strong> fornecer ao estudanteconceitos básicos.Representação social e espaço se articulam, na medida que afirmamos existir umarepresentação social de determinados espaços. Essa é construída por várias vias, coletivas eindividuais, tornando-se efetivamente social à medida que passa a condicionar a percepção damaioria dos indivíduos, socialmente organizados. Segundo Penin (1994) Moscovic define asrepresentações sociais como sistemas de preconcepções, imagens e valores que têm significadocultural próprio e persistem independentemente das experiências individuais (grifo <strong>no</strong>sso).Ao construir espaço e fazer parte desse, identificando-se com ele, o indivíduoatribui individual e coletivamente, valores aos elementos espaciais. Esses valores resultam emimagens apropriadas a partir da representação social.A representação social do espaço geográfico, como veremos posteriormente, tendea generalizar a imagem. É justamente a partir da obtenção dos códigos específicos da geografia,que o alu<strong>no</strong> poderá ler essas imagens projetadas.Assim, em função de sua amplitude, esse trabalho não objetiva discutirdiretamente a elaboração deste instrumental na escola mas sim captar qual a mais efetiva imagemde Nordeste <strong>para</strong> alu<strong>no</strong>s e professores.


Para captar a imagem de Nordeste apreendida pelos alu<strong>no</strong>s, solicitamos que essesidentificassem uma palavra que se relaciona diretamente com o Nordeste Brasileiro, elaborassemum desenho e um comentário sobre o mesmo. Para os professores pedimos que também fizessemum comentário e um desenho sobre a Região Nordeste do Brasil.Quando os alu<strong>no</strong>s foram questionados sobre qual palavra vem imediatamente àcabeça, ao ouvirem a expressão Região Nordeste do Brasil, as respostas predominantes foram:seca – 46.3 %; fome – 9.1 %; desemprego – 6.6 %; miséria – 5.1 % ; pobreza – 4.5 %; sisal - 3.0%. Outras palavras aparecem sempre abaixo de 2 % como: paz, morte e felicidade.No que se refere aos desenhos, a análise dos seus componentes <strong>no</strong>s indicou que osalu<strong>no</strong>s representam o Nordeste, a partir das seguintes temáticas predominantes: Seca – 64.0 % dototal de alu<strong>no</strong>s entrevistados; Sisal – 13.8 % do total de alu<strong>no</strong>s, e; Agricultura – 3.0 % do total dealu<strong>no</strong>s envolvidos neste estudo. Verificamos que as outras temáticas aparecem de forma muitorestrita como, por exemplo, as desigualdades sociais que aparecem <strong>no</strong>s desenhos de apenas 0.5 %dos alu<strong>no</strong>s entrevistados.A seca, na análise dos desenhos é ratificada como a imagem predominante. Noentanto, aparece um dado <strong>no</strong>vo – o destaque determinado <strong>para</strong> o sisal. Essa planta (conhecidatambém como agave) é uma cactácea que contém em sua palha (uma espécie de folha de sisal),uma fibra utilizada <strong>para</strong> a produção de fios, cordas, tapetes, etc. É típica de áreas <strong>semi</strong>-áridas,pois se adaptam muito bem às condições ambientais. As grandes plantações de sisal constituem abase da eco<strong>no</strong>mia da região, na qual as escolas envolvidas neste estudo estão inseridas.É natural, que não conhecendo bem a totalidade que constitui o NordesteBrasileiro, boa parte dos alu<strong>no</strong>s empreste à região as características do lugar onde eles vivem.Além disso, seca e sisal se relacionam diretamente, pois esta última é sempre responsabilizadapelas crises na eco<strong>no</strong>mia sisaleira regional.Com referência à temática dos comentários, percebe-se que mais uma vez ofenôme<strong>no</strong> seca predomina. No entanto, os percentuais caem um pouco e começam a apareceroutras relações. No que se refere ao número total de alu<strong>no</strong>s, temos como predominantescomentários que articulam a região Nordeste aos seguintes fenôme<strong>no</strong>s: Seca – 45.3 %; Seca egover<strong>no</strong> – 10.2 %; Pobreza – 10.1 %; Trabalho e desemprego – 8.1 %, e; Boa região <strong>para</strong> se viver– 4.1 %.


Esses dados indicam uma relação interessante entre <strong>no</strong>ssos três procedimentos. Noprimeiro, a imagem imediata predominante é a da seca. No segundo (desenho), os alu<strong>no</strong>scomeçaram a relacionar a seca a outros elementos – principalmente políticos e sociais. Chegandofinalmente <strong>no</strong> terceiro procedimento (comentário), há uma tentativa de explicação da imagem querepresentaram. Isso significa que na tentativa de explicação, ocorre também uma imediatatentativa de leitura da imagem. Esse fenôme<strong>no</strong> ficou evidente na "demora" dos alu<strong>no</strong>s <strong>para</strong>fazerem os comentários e até mesmo, <strong>no</strong> grande percentual (14.2 %) que não conseguiu fazê-lo.Argumentamos então que a diminuição gradativa do número de alu<strong>no</strong>s queassociaram Nordeste e seca deve-se a essa tentativa "incompleta" de decodificar uma imagem, jáhá muito internalizada. Faltou a estes alu<strong>no</strong>s o instrumental conceitual que permitiria entender anatureza e a sociedade como relativamente “autô<strong>no</strong>mas”.Os elementos apresentados <strong>no</strong>s permitem constatar que a maioria dos alu<strong>no</strong>sacreditam na imagem do Nordeste como terra da miséria e da seca. Apenas um grupo restrito,principalmente na Escola Valente, tenta criticar a própria imagem que expressa, num passo inicial<strong>para</strong> a sua superação. Claro está, que a imagem de mais de 70 % dos alu<strong>no</strong>s é aquela imortalizadana obra “Vidas Secas”, de Gracilia<strong>no</strong> Ramos. A partir desta constatação, trataremos a seguir, decaracterizar as imagens dos professores de geografia das escolas envolvidas neste estudo.Buscamos identificar essas imagens/representações, através de desenhos ecomentários elaborados pelos docentes. A partir dos dados tabulados podemos delimitar doisgrupos: 1) Professores que acreditam <strong>no</strong> mito da seca, ressaltando o uso político do “problema”:neste conjunto os professores representam o Nordeste como região problema do Brasil,principalmente em função da seca. Só aparecendo a possibilidade da irrigação. Não aparecemoutras imagens como a do Nordeste do turismo, por exemplo. Além disso, Nordeste e coisas boasnão se articulam diretamente nestas imagens. 2) Professores que afirmaram existir a secaapresentando uma visão crítica das imagens projetadas sobre o Nordeste: diferente do grupoanterior estes professores possuem uma imagem onde aparece a contradição entre o bom e oruim. O quadro natural não é esquecido, porém se insere o político como fundamental. A região évista na diversidade que possui, como um conjunto complexo e contraditório.Podemos afirmar então, a partir dos dados coletados, que na Escola SãoDomingos, os professores de geografia possuem uma imagem idêntica a dos seus alu<strong>no</strong>s, ou seja,o <strong>no</strong>rdeste é a terra da seca – da miséria. Já na Escola Retirolândia, um professor acredita <strong>no</strong> mito


da seca e outro tem um posicionamento mais crítico. Foi justamente nesta escola, que os alu<strong>no</strong>sapresentaram maior heterogeneidade de opiniões. Finalmente na Escola Valente, o únicoprofessor de Geografia, possui uma visão que não permite dizer que acredita <strong>no</strong> mito da seca.Nesta Escola existe um grupo significativo de alu<strong>no</strong>s que se destacam na leitura das imagensprojetadas.Seria o professor capaz de influenciar na obtenção dos instrumentos básicos <strong>para</strong> aleitura das imagens projetadas? Acreditamos que sim, desde que esse seja capaz de produzir osaber escolar.CONSIDERAÇÕES FINAIS - Constatamos que a mais efetiva imagem do Nordeste Brasileiro<strong>para</strong> os alu<strong>no</strong>s envolvidos neste estudo é aquela associada à seca, ou seja, aquela que é projetadaa partir de um momento da dinâmica da paisagem do <strong>semi</strong>-árido <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>.Ora, <strong>para</strong> entender que a seca provoca uma (entre as varias possíveis) imagem énecessário partir de uma abordagem conceitual – pla<strong>no</strong> das pré – concepções. Verifica-se que<strong>para</strong> a grande maioria dos alu<strong>no</strong>s, a seca é causa dos problemas do Nordeste. Está claro quedurante os a<strong>no</strong>s de escola (oito <strong>no</strong> mínimo), conceitos fundamentais como os de natureza,sociedade, lugar, espaço geográfico, região, etc., não foram trabalhados de forma que os alu<strong>no</strong>sos aprendessem significativamente. Se esses conceitos tivessem sidos internalizados, os alu<strong>no</strong>spossuiriam instrumentos <strong>para</strong> ler as imagens projetadas. Poderiam então caracterizar o Nordeste,não como a “terra da miséria”, provocada pela determinação natural. Isso é fundamental namedida em que esses alu<strong>no</strong>s constroem e poderão reconstruir o espaço onde vivem. Terconsciência da possibilidade de mudança é pré-requisito tão básico <strong>para</strong> essa, quanto à própriaação de mudar. Acreditar <strong>no</strong> mito significa podar sua própria ação <strong>para</strong> a mudança antes mesmoque ela seja projetada.Mas, por que nas escolas pesquisadas, a intervenção não é adequada, <strong>para</strong> forneceros instrumentos que permitam aos alu<strong>no</strong>s ler as imagens projetadas sobre determinados espaçosgeográficos?Defendemos aqui que o professor é o sujeito intencional e fundamental <strong>no</strong>processo ensi<strong>no</strong>-aprendizagem. Em primeiro lugar, esse precisa estar qualificado e comprometidocom a educação em geral e com o ensi<strong>no</strong> de Geografia em particular; em segundo lugar, aqualificação deve ser atualizada e deve fornecer a auto<strong>no</strong>mia necessária, <strong>para</strong> que ele transforme


o saber científico em saber escolar, atentando <strong>para</strong> as peculiaridades dos elementos didáticos,psicopedagógicos, sociais, econômicos e culturais, <strong>no</strong> qual está envolvido juntamente com osseus alu<strong>no</strong>s (cf. Cavalcanti, 1998).Entretanto, não podemos querer que a intervenção pedagógica adequada seresponsabilize por toda a função social da escola. Ela é uma instituição social e em seu contextose faz e se refaz contradições inerentes ao contexto social da comunidade na qual se insere.O professor e a escola devem fornecer elementos essenciais (<strong>no</strong> pla<strong>no</strong> dosconceitos), sem esquecer que a vida cotidiana é também procedimentos e atitudes muitas vezesformulados em outros contextos: igreja, sindicatos, etc., de forma que a definição de dadarepresentação social deve considerar o papel de quem a elabora e a comunica. Neste estudoconsideramos que <strong>no</strong> Nordeste o papel das elites, principalmente política, é fundamental.Assim, queremos observar que <strong>no</strong> município de São Domingos, há 10 a<strong>no</strong>s (desde1989 quando o município foi criado), apenas um grupo político (e um partido) está <strong>no</strong> poder; emValente e Retirolândia um mesmo grupo mantém-se <strong>no</strong> poder há mais de 30 a<strong>no</strong>s (famíliasRamos/Mota e Martins respectivamente). Estes grupos aliam-se aos grupos ditos “tradicionais”do Estado da Bahia, onde é comum o uso da seca como “fábrica de votos”. Ao mesmo tempo,verificou-se na estrutura das escolas estaduais baianas <strong>no</strong>meação <strong>para</strong> cargos de direção e vicediração,onde o diretor era <strong>no</strong>meado pelos grupos políticos dominantes, de forma que a mudançafoi relativamente dificultada. Não estamos dizendo que a culpa da “ineficiência da escola” é dogover<strong>no</strong>, como geralmente se afirma. Queremos sim, reafirmar que o projeto político-pedagógicoda escola pode ser transformador ou conservador, dependendo da dinâmica social, na qual aescola está inserida.Ora, numa escola onde se confirma a não existência (caso das escolas Retirolândiae São Domingos) de profissionais qualificados adequadamente, onde o Estado ou Município nãoprovocam mecanismo <strong>para</strong> essa qualificação, onde a sociedade (principalmente pais de alu<strong>no</strong>s)não cobra uma <strong>no</strong>va dinâmica, não podemos querer que os alu<strong>no</strong>s obtenham conhecimentosuficiente <strong>para</strong> se formarem cidadãos.Ao acreditar <strong>no</strong> mito da seca, o alu<strong>no</strong> passa a acreditar <strong>no</strong> discurso das elites,tornando-se então vulnerável à exploração. Ao mesmo tempo, esses alu<strong>no</strong>s serão considerados osindivíduos “instruídos” da comunidade, formadores de opinião. Alguns até passam a serprofessores antes mesmo de concluir o ensi<strong>no</strong> médio. Isso provoca uma inércia, uma vez que a


maioria da população não exerce seus direitos e deveres, a estrutura social desemboca <strong>para</strong> ofamoso paternalismo político que caracteriza a maior parte do Nordeste Brasileiro há váriasdécadas. O mito da seca legitima a miséria e isenta as elites de qualquer “culpa”; a resposta dehoje ainda é a mesma de 15 a<strong>no</strong>s atrás: Deus quer assim...REFERÊNCIABRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: história egeografia. Brasília: MEC/SEF,1997.BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: egeografia. Brasília: MEC/SEF,1998.CASTRO, I. E. O Mito da Necessidade. Discurso e Prática do Regionalismo Nordesti<strong>no</strong>. Riode Janeiro: Bertrand Brasil, 1992.____________ Seca Versus Seca. Novos Interesses, Novos Territórios, Novos Discurso <strong>no</strong>Nordeste. In: Brasil: Questões Atuais da Reorganização do Território. Rio de Janeiro:Bertrand Brasil, 1996.CAVALCANTI, L. de S. .Geografia, Escola e Construção de Conhecimentos. Campinas:Papirus, 1998.COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO E AÇÃO REGIONAL – CAR (BA). QualidadeAmbiental <strong>no</strong> Semi-Árido da Bahia. Salvador, 1995.GERARDI, L. H. de O. & SILVA, B. C. N. S. Quantificação em Geografia. São Paulo: Difel,1981.JOLY, .M. Introdução a Análise da Imagem. Campinas: Papirus,.1996.LACOSTE, Y. A Geografia – Isso Serve, em Primeiro Lugar, Para Fazer a guerra.Campinas: Papirus, 1997.PENIN, S. T. de S. A Aula: Espaço de Conhecimento, Lugar de Cultura. Campinas: Papirus,1994.PEREIRA, D.A.C. Geografia escolar: conteúdos e/ou objetivos? In: Cader<strong>no</strong> prudenti<strong>no</strong> degeografia: geografia e ensi<strong>no</strong>. No. 17, Presidente Prudente: AGB, 1995.VIGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo; Martins Fontes, 1996.


CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO E ASPECTOS SÓCIO-ECONÔMICOS DODISTRITO DE JAGUARA, FEIRA DE SANTANA – BAHIAMarilda SANTOS-PINTO 1, Angela Cardoso SOUZA 2, Jane Claúdia Teixeira FRANÇA 2, Maria José MarinhoREGO 31- Departamento de Ciências Exatas, UEFS2- Programa de iniciação científica PROBIC-UEFS, Licenciatura em Geografia – UEFS3- Departamento de Geoquímica, Instituto de Geociências – UFBAINTRODUÇÃOA caracterização ambiental e sócio-econômica de uma região é uma ferramentaimportante <strong>para</strong> a gestão, de modo sustentável, de seus recursos naturais respeitando asfragilidades de cada ambiente e as necessidades de seus habitantes. Neste contexto, o Distrito deJaguara, situado na parte <strong>no</strong>roeste do município de Feira de Santana, a porta de entrada do <strong>semi</strong>áridobaia<strong>no</strong>, é o alvo deste trabalho. O objetivo é descrever o meio físico, ter um pa<strong>no</strong>ramageral das atividades econômicas desenvolvidas e suas consequências sobre o meio ambientecontribuindo assim <strong>para</strong> o aumento das informações já existentes sobre o distrito (Lima et al.,1999; Santos et al., 1999; Silva et al., 1999; Barbosa, 2000).Com uma área aproximada de 344 Km 2 , o distrito de Jaguara limita-se à <strong>no</strong>rte com osmunicípios de Tanquinho e Candeal, à oeste e sudoeste com o município de Anguera, à leste como Distrito de Maria Quitéria e ao sul com o distrito de Governador João Durval Carneiro. Oacesso, a partir de Feira de Santana, é feito pela BR-116 <strong>no</strong>rte em direção à estrada do Feijão,BA-052. Depois de se trafegar 12,7 km por esta última, dobra-se à direita numa estrada de terraque vai cortar todo o distrito longitudinalmente. A sede, Jaguara, encontra-se a 11 quilometros, àsmargens do Rio Jacuípe. Outros povoados importantes são Barra, Sete Portas, Lagoa d’água eRio do Peixe, ao <strong>no</strong>rte, e Morrinhos ao sul. O distrito é banhado pelos rios perenes Jacuípe e doPeixe e vários tributários intermitentes que, devido a irregularidade do regime de chuvas, passama maior parte do tempo secos.


METODOLOGIAAs bases cartográficas utilizadas <strong>para</strong> o desenvolvimento desta pesquisa foram o Mapa deFeira de Santana e seus Distritos (IBGE 2000), as cartas topográficas de Santo Estevão (FolhaSD-24-V-BIII) e Serrinha (Folha SC-24-Y-D-VI), escala 1: 100 000 (SUDENE, 1977),ampliadas <strong>para</strong> a escala 1:50 000, e fotografias aéreas na escala 1:60 000. Para o estudo doclima, foram utilizados dados da estação meteorológica de Jaguara (1964-1983). Umquestionário, aplicado junto a 20 familias em fazendas, povoados e em Jaguara, forneceuinformações sobre aspectos sócio-econômicos, fauna e flora (Souza, 2002; França, 2003). Estesdois últimos dados, acrescidos àqueles fornecidos pelo herbáreo da UEFS, permitiramcaracterizar a vegetação da área. A identificação dos tipos de solos foi baseada na descriçãofísica de perfis pedológicos em barrancos de estrada e trincheiras além de tradagens comprofundidade de até 150 cm e na classificação do solo da EMBRAPA (1999).CLIMADe acordo com os dados metereológicos da estação de Jaguara (latitude 12º 07’,longitude 39º 07’, altitude 190m) <strong>para</strong> o período 1964-1983 (SEI, 1999), o clima do distrito e'tipo Dd A' a' (<strong>semi</strong>-árido) na classificação de Thornthwaite & Matter. O período mais chuvosoocorre <strong>no</strong>s meses de janeiro à março com precipitação entre 84,9 e 95,6 mm. A precipitaçãomédia anual foi de 822,8 mm, tendo os meses de agosto, setembro e outubro seus me<strong>no</strong>resíndices (38,7 à 47,0 mm). Essa distribuição gera deficiência hídrica em todos os meses do a<strong>no</strong>. Atemperatura média anual foi de 24,7°C, com máxima de 26,5°C e mínima de 22,0°C.FLORA E FAUNAO inventário da flora <strong>no</strong> distrito de Jaguara realizado através de entrevistas e visualização,juntamente com dados do Herbário da UEFS, conforme as classificações do RADAM BRASIL(1981), indicam que as espécies vegetais encontradas são compatíveis com os domínios deFloresta Estacional Decidual e Estepe (caatinga) (Souza & França, 2002). Os representantes doprimeiro domínio são: amargoso (Aspidosperma aff), aroeira (Astronium urunduva), angico(Piptadenia), calumbi (Mimosa Hostillis), barriguda (Cavanillisia sp), umburana-de-cambão(Busera leplophleos), caatinga-de-porco (Caesalpinia pyramidalis), incó (Capparis yco), pauroxo(Peltogyne sp), tingui (Picramnia sp), barauna (Shi<strong>no</strong>psis brasiliensis), pau-d’arco


(Tabebuia chrystriche), cajazeira (Spondias lutea), itapicurú (Goniorrha chis marginata),quixabeira (Bromélia sartoum). Como representante da vegetação do tipo Estepe as espéciesencontradas são: gravatá (Honhen-bergia aff. Catingae), licorizeiro (Syagrus coronata),mandacaru (Cereus jamacaru), palmatória-de-espinho (Opuntia palmadora), umbuzeiro(Spondias tuberosa), calumbi (Mimosa Hostillis), mulungu (Erythrina velutina), pau-ferro(caesalpina ferrea), velame (Croton campestris), quixabeira (bromélia sartoum ), carrancudo(Poecilanthe ulei), cansanção (Cnidoscolus urens) e jurema ( Mimosa melacocentra).Os animais mencionados pelos moradores foram: gavião, garça, rolinha, urubu, marreca,canário, periquito, papagaio, jacú, pássaro-preto, bem-te-vi, sofrer, cardeal, quero-quero, pomba,coleiro, coelho, preá, raposa, tatú, cachorro-do-mato, mocó, sussuarana (citada pela população,mas nunca vista pessoalmente), veado, sariguê, rato, gambá, camaleão, calango, teiú e as cobrasjibóia, cascavél, papa-pinto, cainana, jaracuçú, cobra verde e coral.A ação antrópica, através de queimadas, desmatamentos e destoca da vegetação rasteira<strong>para</strong> a formação de pastagens <strong>para</strong> a criação de gado e o preparo do solo <strong>para</strong> a agricultura desubsistência, é responsável pela destruição da vegetação primária e, em consequência, odiminuição da ocorrência de diversos animais que têm seus habitats destruídos a exemplo doveado, tatu e cachorro do mato..GEOMORFOLOGIAOs compartimentos regionais do relevo representados <strong>no</strong> distrito são o das DepressõesPeriféricas e Interplanálticas e o dos Planaltos Pré-litorâneos (CEPLAB, 1980). Localmente,considerando o Rio Jacuípe, na altura da cidade de Jaguara, como limite, duas duas zonas podemser consideradas: <strong>no</strong>rte e sul. Ao <strong>no</strong>rte, o relevo apresenta-se suave ondulado, com cotas entre160 e 200m, a forte ondulado pela presença de morros testemunhos agrupados com cotas quevariam de 436 a 544m e que se alinham na direção NW/SE, de forma <strong>para</strong>lela as drenagens,evidenciando um forte controle geológico. Ao sul, o relevo é suavemente ondulado com cotasmédias de 160 metros. No limite sudeste, pela presença do início da Serra de São José, o relevopassa a ser ondulado com cotas de 240 a 369m.


SOLOSRego (1998, 1999) agrupou os solos da região de Feira de Santana conforme a suaocorrência sobre os tabuleiros ou embasamento cristali<strong>no</strong>. Para as áreas do embasamento, onde seencontra a a área de estudo (Barbosa & Dominguez, 1996), foram citados os bru<strong>no</strong> não cálcicos,cambissolos eutróficos, litólicos e litossolos.O mapeamento preliminar dos solos do distrito de Jaguara na escala 1: 50 000 (SantosPinto, 2002), indicou a presença dos seguintes tipos de solo:PLANOSSOLO HÁPLICO arênico - ocorrendo na porção <strong>no</strong>roeste do Distrito de Jaguara,associa-se ao relevo pla<strong>no</strong> a suave ondulado. São solos pouco profundos a profundos, de coresescuras (bru<strong>no</strong> oliváceo escuro, bru<strong>no</strong> escuro, bru<strong>no</strong> acinzentado muito escuro), imperfeitamentedrenados e com sequência de horizontes A-Bt-C. Apresenta um horizonte A moderado, detextura are<strong>no</strong>sa e média que contrasta abruptamente com um horizonte Bt muito adensado, detextura argilosa e muito argilosa, estrutura moderada ou forte em blocos angulares ocorrendo,também, prismática e colunar. O caráter vértico pode estar associado. O teor sali<strong>no</strong>, constatadoem campo por pontos esbranquiçados e gosto salgado, evidencia que localmente eles podem serconsiderados solódicos. Embora as cores escuras sejam indicadoras de boa fertilidade, ohorizonte B endurecido e a concentração elevada de sais localmente, restringem parcialmente, outotalmente, o seu uso na agricultura.LUVISSOLO HIPOCRÔMICO Órtico - solos que variam de pouco profundos a profundos (70 a148 cm) que ocorrem <strong>no</strong>s relevos suaves ondulados e ondulados sempre nas partes maisabaciadas. São solos argilosos, com gradiente textural, estrutura em blocos angulares e coresescuras que variam do bru<strong>no</strong> acinzentado podendo chegar ate’ o preto. Eles ocorrem emassociação com os cambissolos e neossolos.CAMBISSOLO HAPLICO - associados ao relevo suave ondulado, são solos rasos, comprofundidade em tor<strong>no</strong> de 40cm, bem drenados, com cores variando de bru<strong>no</strong> amarelado escuro abru<strong>no</strong> acinzentado muito escuro. A sequência de horizontes é A-Bi-C ou A-Bi-C-R. O horizonteA moderado apresenta textura argilosa, média e siltosa. O horizonte Bi possui textura argila amédia e estrutura forte pequena/média em blocos angulares. Os perfis argilosos, ocasionalmente,apresentam caráter vértico. Naqueles de textura média, o perfil pode tender a um neossolo com odesaparecimento de Bi. A baixa profundidade do perfil é um fator limitante <strong>para</strong> a produçãoagrícola.


NEOSSOLOS LITÓLICOS - classe de solo de maior representatividade <strong>no</strong> distrito, são rasos (


população local, a Prefeitura Municipal de Feira de Santana, em convênio com o Gover<strong>no</strong> doEstado, colocou 15.000 peixes.CONCLUSÕESApesar do distrito de Jaguara estar inserido na zona do <strong>semi</strong>-árido baia<strong>no</strong>, a presença dedois rios perenes é responsável pelo desenvolvimento da região. A atividade econômica principalé a pecuária que encontra dificuldades <strong>no</strong>s períodos secos. As características climáticas,geomorfológicas e pedológicas restringem a agricultura a de subsistencia. A extração de areiados rios é uma alternativa principalmente <strong>no</strong>s períodos de estiagem.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBARBOSA, L. M. (cord).Recursos Naturais e um Painel Didático: rochas, minerais, fósseis,sedimentos e solos. Relatório atividades de pesquisa (1998-2000)-UEFS, Feira de Santana,2000.134p.BARBOSA, J.S.F.; DOMINGUEZ, J.M.L. (coord). Mapa geológico do Estado da Bahia, escala1:1.000.000. Salvador. SME, Coordenação de Produção Mineral. 1996.EMBRAPA.. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Centro Nacional De Pesquisas DeSolos, Rio de Janeiro. 1999. 412 p.FRANÇA, J.C.T. Caracterização do meio físico da parte sul do Distrito de Jaguara. Relatóriofinal de iniciação científica PROBIC/UEFS. 2003IBGE. Mapa do Município de Feira de Santana e seus distritos, escala 1: 100 000. 2000IBGE. Censo 2000.


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MERCADO E PRODUÇÃO AGROPECUÁRIALívia Dias de Azevedo - Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFSLuciene Gomes Matos - Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFSSidélia Castro de Oliveira 1 - Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFSNo período de 02 a 10 de setembro do a<strong>no</strong> de 2000, realizou-se uma pesquisa de campo<strong>no</strong>s municípios de Coração de Maria e Conceição do Jacuípe, os quais fazem parte da microregiãohomogênea de Feira de Santana, com o objetivo de estudar o mercado e a produçãoagropecuária nestas referidas cidades.Na cidade de Coração de Maria, o estudo foi direcionado basicamente <strong>para</strong> o cultivo damandioca, cujo produto final pode ser a farinha, beijú, biscoito de goma, tapioca, dentre váriosoutros. E <strong>para</strong> que fosse necessário realizar este estudo, visitou-se uma propriedade na qual seplantava a mandioca, que <strong>no</strong>s forneceu todas as informações que serviram de embasamento <strong>para</strong>a realização deste trabalho. No entanto, é importante ressaltar que o produtor visitado, Sr. José daSilva, não é detentor dos meios de produção, o mesmo era funcionário a muitos a<strong>no</strong>s dessapropriedade, e o do<strong>no</strong> da fazenda, “permitiu” que ele plantasse em suas terras (3 hectares), sob acondição de meeiro. Essa mesma fazenda possui 200 tarefas ou 88 hectares, mas somente 22tarefas são destinadas ao cultivo da mandioca, as demais, são destinadas a pastagens, plantasfrutíferas e cultivo de milho, que em muitas vezes é plantado junto à mandioca, ou seja,intercalando o plantio do milho em relação a mandioca.Segundo o agricultor, Sr. José, o ciclo da mandioca, ou seja, desde o plantio até a colheita,leva em média doze meses. E esse cultivo começa pela limpeza da área a ser cultivada, emseguida, o solo que <strong>no</strong> caso da propriedade em voga é are<strong>no</strong>so, é arado utilizando-se umatec<strong>no</strong>logia rudimentar (a própria enxada, ou o arado feito por tração animal), e adubado comesterco de gado. Com o terre<strong>no</strong> já pre<strong>para</strong>do, este é dividido em leras com espaçamento de 2 m1 Graduandas do curso Licenciatura em Geografia.


entre uma lera e outra, e então se planta a maniva 2 com uma distância de 50 cm entre uma cova eoutra.Percebemos ainda, que o grande problema <strong>para</strong> se plantar mandioca, é que como estapossui um ciclo produtivo relativamente longo (um a<strong>no</strong> aproximadamente), é muito vulnerável àscondições do clima, ou seja, a estiagem prolongada ou muita chuva é um problema <strong>para</strong> esse tipode cultura, além das pragas como lagartos e ratos que comem a mandiocas ou suas folhas. Paracombater os lagartos, o produtor utiliza uma técnica natural, <strong>para</strong> não comprometer o plantio, queé a utilização de mel nas folhas, porém é importante ressaltar, que essa praga não chega aacarretar a perda total da safra.Para a realização dessa cultura, constatou-se a não utilização de implementos agrícolas(tratores, sistema de irrigação) e insumos (agrotóxicos, fertilizantes) e que os possíveis custosneste cultivo eram provenientes da transformação da mandioca em outro produto, uma vez que amesma não é colocada <strong>no</strong> mercado in natura,ou seja, nem nenhum tipo de beneficiamento. Dessaforma, o ônus dessa cultura é em função do combustível <strong>para</strong> movimentar o motor da moedeira 3 ,sacos <strong>para</strong> acondicionar a farinha, transporte do produto da propriedade até o mercado onde afarinha será comercializada, alimentação (lanche/almoço) do produtor quando o mesmo se dirigeao mercado e a pedra (imposto pago pelo produtor <strong>para</strong> que sua mercadoria possa sercomercializada num espaço definido dentro do mercado).No entanto, <strong>para</strong> que a mandioca chegue até o mercado deverá impreterivelmente passarpela “casa de farinha”, onde se dá sua transformação que acontece da seguinte maneira: aprincipio, a mandioca é limpa e descascada, logo após é triturada na moedeira, em seguida amassa triturada é colocada em sacos de náilon, uns sobre os outros, numa prensa (peça artesanal,confeccionada de madeira, que compreende uma “caixa” com vários furos com uma tampa) <strong>para</strong>que seja retirado todo excesso de água da mandioca.Após este estágio a massa fica sólida (petrificada), tendo a necessidade de ser passada<strong>no</strong>vamente na moedeira. Posteriormente esta massa é peneirada e levada ao for<strong>no</strong> (comaproximadamente 50°C) <strong>para</strong> torração. <strong>Uma</strong> vez torrada, é <strong>no</strong>vamente peneirada e ensacada,estando então, pronta <strong>para</strong> ser inserida <strong>no</strong> mercado consumidor. No entanto, é importante2 Tolete do caule da mandioca, cortado <strong>para</strong> plantio; muda de mandioca.3 Instrumento de moer a mandioca.


salientar que todo esse processo que ocorre na “casa de farinha” é manual, com exceção do motorque move a moedeira, e a mão-de-obra empregada nesse processo e essencialmente familiar.Depois que a mandioca passa por todas essas etapas (plantio, colheita e beneficiamento), oprodutor só consegue vender um saco de farinha de mandioca contendo 50 kg apenas por R$ 8,00(oito reais). Fato esse que vem desestimulando muitos produtores, principalmente os peque<strong>no</strong>sque muitas vezes têm deixado a mandioca estragar <strong>no</strong> pé, preferem não colher, deixando o matotomar conta da plantação, em razão do baixo preço de mercado da farinha.Assim, podemos auferir como razão desse desestímulo, a falta de acesso dos peque<strong>no</strong>sprodutores a créditos <strong>no</strong>s bancos, <strong>para</strong> que possam investir em máquinas mais modernas <strong>para</strong> acasa de farinha, tratores <strong>para</strong> a plantação, compra de terra, implementos agrícolas, etc. Alémdisso, sofrem com a marginalização da cultura de subsistência, pois não existe uma políticaagrícola, por parte do gover<strong>no</strong>, <strong>para</strong> assegurar o preço mínimo da produção da mandioca, a fim degarantir ao produtor um pouco de lucro. Muito pelo contrário, o que se verifica é o total descasocom o peque<strong>no</strong> agricultor, com créditos negados, preço do seu produto em baixa, dentre outrosfatores que contribuem <strong>para</strong> tirar/afastar o homem do campo daquilo que ele sabe fazer, plantar.E em conseqüência dos fatores acima mencionados, muitos agricultores acabam por searriscar num mundo desconhecido e competitivo das cidades grandes, em busca de um possívelemprego que lhe assegure um salário <strong>para</strong> sustentar sua família, salário esse, que muitas vezesnão conseguem <strong>para</strong> atender as necessidades básicas de sobrevivência.A outra propriedade visitada foi em Conceição do Jacuípe a 27 Km de Feira de Santana,mas desta vez com objetivo de buscar informações sobre o cultivo de hortaliças. A plantação dehortaliças foi inserida na cidade de Conceição do Jacuípe pioneiramente por japonês,posteriormente um sergipa<strong>no</strong> resolveu plantar, e vendo que estava “dava certo”, os moradores dareferida cidade resolveram plantar também. E hoje já existe uma cooperativa comaproximadamente 50 produtores (que pagam uma taxa de adesão de R$ 300,00 <strong>para</strong> terem direitoa sementes mais baratas, orientação de um agrô<strong>no</strong>mo e mercado garantido), além dos produtoresparticulares que se dedicam exclusivamente ao cultivo de hortaliças.Para a realização desse estudo visitamos a propriedade do Sr. Elieser, conhecido na regiãocomo “Sr. Dunga”. O Sr. Elieser é um peque<strong>no</strong> agricultor que se dedica exclusivamente àplantação hortaliças. Sua propriedade (particular) possui 4 tarefas de terras, os quais sãoutilizados quase que totalmente <strong>para</strong> essa cultura.


Segundo o Sr. Dunga, a grande vantagem desse tipo de cultivo é o seu ciclo produtivo quevaria entre 35 dias (inver<strong>no</strong>) até 45 (verão), ou seja, o tempo que leva entre a plantação e acolheita é muito curto, fato esse que favorece a obtenção mais rápida do que foi investido peloprodutor.A plantação de hortaliças se faz da seguinte maneira: com o auxílio de um trator, oprodutor limpa/pre<strong>para</strong> a terra a ser cultivada, e em seguida aduba a mesma com esterco de gado,pois o solo desta propriedade é are<strong>no</strong>so. O passo seguinte é abrir as leras 4 . Após este estágio, éfeito o plantio obedecendo a um espaçamento de 20 cm entre uma planta e outra.São vários os tipos de hortaliças cultivadas, uma delas é o coentro, que é plantado atravésde sementes (cada lata de 100 gramas de sementes dá <strong>para</strong> plantar em média 30 leras). Essa latade sementes, custa em tor<strong>no</strong> de R$ 7,00 <strong>para</strong> os cooperados, e R$ 10,00 <strong>para</strong> os não cooperados.A alface também cultivada na propriedade é adquirida através da muda, assim como acebolinha, foto esse que praticamente anula o custo/investimento por parte do produtor, pois umavez que os mesmos não são vendidos, esses são replantados e vendidos posteriormente, anulandoassim, os gastos com sementes, e o prejuízo causado pela perda do produto já que as hortaliçassão muito perecíveis.Entre os pontos culminantes do ciclo produtivo das hortaliças estão o rabanete com 25 diase a salsa que tem o ciclo mais longo em tor<strong>no</strong> de 60 dias. Esta última é muito sensível asmudanças climáticas, e requer um maior cuidado por parte do agricultor, como cobrir toda a leradurante os dias de sol muito forte até que as mudas brotem. Por isso, tem um preço diferenciado<strong>no</strong> mercado.Estima-se que a margem de lucro obtido pelo Sr. Dunga com as suas hortaliças é bastanteconsiderável em termos relativos, ficando em tor<strong>no</strong> de R $ 350,00 a R$ 400,00 por semana. Alémde que foi observado que alguns tipos de cultura tinham uma maior procura durante determinadaépoca do a<strong>no</strong>, como <strong>no</strong> inver<strong>no</strong> a demanda por hortelã aumenta, em função da sua utilização <strong>para</strong>a confecção de xarope caseiro <strong>para</strong> amenizar os sintomas do resfriado.Como o Sr. Dunga faz parte da cooperativa dos Trabalhadores Rurais da Cidade deConceição do Jacuípe, ele tem a sua disposição auxilia técnico de um agrô<strong>no</strong>mo, sementes maisbaratas, acesso facilitado a créditos bancários, e principalmente um mercado certo <strong>para</strong> suaprodução, motivos esses que viabilizam a continuação da plantação de hortaliças, uma vez que o4 Colunas de terra com espaçamento de 1 metro entre uma e outra.


custo de investimento é relativamente baixo e o retor<strong>no</strong> é compensatório e rápido, levando-se emconsideração basicamente o ciclo produtivo das hortaliças.Diante dessas duas situações abordadas, percebemos que se trata de realidades e culturasdiferentes, e, portanto, existem diferenças contundentes que se<strong>para</strong>m o cultivo da mandioca e dashortaliças. Em outras palavras, o ônus empregado pelo produtor, levando-se em consideração aociclo produtivo dessas culturas, e o retor<strong>no</strong> que essa mercadoria oferece ao produtor é de umadiferença muito grande, inclusive em se tratando de padrões de vida.De um lado temos um peque<strong>no</strong> produtor, sem crédito, sem terra, cultivando um produtocom ciclo produtivo longo, incerteza da produção (em função das condições do tempo)dificuldade na transformação do produto, gasto com transporte <strong>para</strong> escoar a mercadoria,mercado incerto e restrito, além do baixo preço dessa mercadoria <strong>no</strong> mercado. Do outro ladotemos um peque<strong>no</strong> produtor também, mas dessa vez com crédito facilitado, com propriedadeprivada, com auxílio de um técnico agrô<strong>no</strong>mo, com baixo custo de investimento, com sementesmais baratas, sem despesas de transformação e transporte da mercadoria, produto valorizado emercado consumidor garantido.Inferimos, dessa forma, que a falta de apoio, suporte e de incentivos à produção <strong>para</strong> ostrabalhadores rurais por conta dos órgãos governamentais ainda é muito grande e preocupante,visto que a maioria desses trabalhadores são desprovidos dos meios necessários tanto <strong>para</strong> aprodução, como <strong>para</strong> beneficiamento e venda de seus produtos. Assim, como pudemos observar aorganização social, seja ela representada por sindicatos ou cooperativas é a melhor maneira de seproduzir com confiabilidade.


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BENEFICIAMENTO ARTESANAL DE CARNE DE CAPRINO E/OU OVINOPERNIL DEFUMADOAntonio Gonçalves Serafim da Silva*Juvêncio Antonio Magalhães Xavier **O recurso tec<strong>no</strong>lógico apresentado destina-se ao peque<strong>no</strong> produtor que deseja agregar valor aprodutos cárneos de capri<strong>no</strong>s e ovi<strong>no</strong>s com a produção pernil defumado, obtendo maior valor derevenda com a comercialização de produtos de alta qualidade higiênica e gustativa. Com o uso demão-de-obra familiar, há geração de ocupação remunerada. Na comercialização <strong>para</strong> atacadista, oretor<strong>no</strong> econômico é <strong>no</strong> mínimo de 100% sobre o custo da carne utilizada. A defumação é umprocesso de conservação de alimentos bastante antigo. Consiste em submeter o alimento a umprocesso de cura e exposição à fumaça, proveniente da queima de serragem umedecida, onde osagentes conservantes liberados agregam sabor característico e aumentam o tempo de conservaçãodo alimento. Os métodos de processamento são de fácil entendimento, mas é necessário que oprodutor atente <strong>para</strong> algumas exigências sanitárias dos órgãos legais de vigilância sanitária decada Estado ou Município onde reside, tais como <strong>no</strong>rmas de higiene, instalações adequadas,eboas práticas de obtenção da matéria prima e de processamento. Processo de produção: Pernil decapri<strong>no</strong> ou ovi<strong>no</strong> 10kg(100%). Ingredientes que devem ser misturados na mesma ordem descritaa seguir <strong>para</strong> preparo de uma solução a ser injetada nas peças: água gelada, um litro (10%); sal,180g (1,8%); condimento de presunto Califórnia, 100g (1%); agente de cura pó húngaro, 15g(0,15%); krakoline, 20g (0,20%) e Fixador A 80, 20g (0,20%). Injetar em vários pontos da peçade forma que fique uniformemente distribuído. Acomodar as peças injetadas em um recipienteplástico ou de i<strong>no</strong>x <strong>para</strong> imersão na solução seguinte: água com 2% de sal (aproximadamente 6litros) mais condimento de presunto Califórnia, 100g; agente de cura pó húngaro, 15g; krakoline,20g e Fixador A 80, 20g. Manter em geladeira, de 2 a 7 0 C, ou similar, por um período mínimode 24 horas. Retirar as peças e pendurar <strong>para</strong> escorrer a salmoura por 1:30 a 2:00h. Colocar <strong>no</strong>for<strong>no</strong> (alvenaria ou tonel adaptado) aquecido com fonte de calor, à base de carvão vegetal a 600 C, por duas horas. Em seguida, elevar a temperatura do for<strong>no</strong> <strong>para</strong> 80 0 C, fechar a chaminé ecolocar um recipiente com brasas e serragem ou maralhava de maçaranduba, mantendo comintensa produção de fumaça, durante quatro horas ou até atingir a cor amarela desejada. Retirar afonte de fumaça e manter a chaminé aberta com o for<strong>no</strong> ainda a 80 0 C, até o pernil atingir atemperatura interna de 70 0 C (ponto de cozimento). Retirar a peça do for<strong>no</strong>, lavar em águacorrente (tratada) e banhar com solução de urucum k 400, <strong>para</strong> manter a cor amarela maisatrativa. Deixar as peças descansando ao ambiente até esfriar. Embalar em filme de PVC ou emsacos de nylon a vácuo. Conservar ao ambiente ventilado por 15 dias, ambiente resfriado por 90dias e congelado por 6 meses. O pernil defumado pode ser consumido frio ou aquecido. Capri<strong>no</strong>se ovi<strong>no</strong>s jovens produzem cortes mais tenros e me<strong>no</strong>res com maior facilidade decomercialização. Outros cortes da carcaça podem ser utilizados na produção de lingüiça (frescaou defumada), hambúrguer ou patê. Divulgue bem o seu produto e promova degustação <strong>para</strong>formar mercado.* Antonio Gonçalves Serafim da Silva é Médico Veterinário MS, da EBDA de Juazeiro-BA*** Juvêncio Antonio Magalhães Xavier é Engenheiro de Alimentos.


Educação Ambiental junto à comunidade impactada peloprojeto de irrigação Jacuípe: os saberes populares e aconstrução de um espaço sustentável.A Educação Ambiental é um processo de aprendizagem que visa organizar asociedade local em tor<strong>no</strong> de suas vocações econômicas, sociais e culturais ,na formade uma visão compartilhada e de desejabilidade ,empregando tec<strong>no</strong>logiasapropriadas <strong>para</strong> o aumento das potencialidades evitando os da<strong>no</strong>s ambientais,conhecendo e utilizando <strong>no</strong>vas oportunidades, experiências, comportamentos ereflexões, assim, como desenvolver habilidades coerentes com a realidade local. Opresente trabalho foi realizado junto à comunidade de agricultores familiares,produtores do empreendimento de irrigação , Jacuípe, desenvolvido pelo gover<strong>no</strong> doEstado da Bahia , instalado <strong>no</strong> município de Várzea da Roça localizado na região<strong>semi</strong>-árida do estado , onde a eco<strong>no</strong>mia é baseada na pecuária e na agriculturafamiliar , sendo o feijão e mandioca o principal cultivo. A comunidade local éorganizada através da associação comunitária LameroII ; buscando conhecê-la emrelação a sustentabilidade econômica , com conservação da natureza, visandorefletir sobre o aspecto sócio-ambiental da localidade , o trabalho retrata umapesquisa cuja a coleta de dados feita a partir da história de vida, diálogo com acomunidade <strong>para</strong> a realização de diagnóstico, dentro de metodologia participativas;observação direta, questionário, oficinas coletivas onde foram discutidos os seguintetemas: geração de renda, meio ambiente, políticas públicas de educação e saúde, <strong>no</strong>propósito de analisar os problemas locais. Buscou-se perceber as convergências edivergências existentes entre os sistemas agrícolas tradicionais locais e o sistemaagrícola produtivo.As conclusões centrais do trabalho evidenciaram que atec<strong>no</strong>logia utilizada pela agricultura irrigada provocou transformações bastantessignificativas <strong>para</strong> essas famílias agrícolas , aonde se observava através dodesmatamento de várias espécies nativas, como ,o ouricuri, e as relações sociaismodificadas <strong>para</strong> atender a uma produção em maior escala. A convivência estreitado agricultor familiar com a irrigação levanta a questão e gera o desafio depromover um desenvolvimento respeitando a diversidade e a capacidade produtivados ambientes naturais, assim, como a utilização adequada dos recursos hídricos. Ocaso estudado aponta a Educação Ambiental como uma proposta capaz de estimulara revalorização o saber popular, reintegrar o homem à natureza e viabilizar aprodução agrícola em bases sustentáveis, discutindo as possibilidades e limites dosaber científico.Reijane Almeida Santos – Estudante de Especialização em Educação Ambiental<strong>para</strong> a Sustentabilidade – UEFSJerônimo Rodrigues Souza – Orientador; Professor do DCIS-UEFS, Mestre emDesenvolvimento Rural UFBA.


DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL: UMA ANÁLISE SOBRE AATUAÇÃO DOS CMDRSANA MARTA GONÇALVES SOARES E SIMONE DA SILVA SANTOSUNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA - UEFS / PRÓ-REITORIA DEEXTENSÃOA gestão pública <strong>no</strong> Brasil tende cada vez mais, ao envolvimento e a participação dos diversosatores e segmentos da sociedade, tendo como eixo central os interesses coletivos de espaçoscomo comunidade, município e região. Constituindo-se assim em desafio que ainda não estámuito claro <strong>para</strong> o poder público local e <strong>para</strong> a sociedade civil organizada , <strong>no</strong> caso, os CMDRS -Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável.Fruto de um projeto criado em parceria da UEFS, com a Federação dos Trabalhadores <strong>para</strong>Agricultura – FETAG, e o Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA e apoiado pelosparceiros locais (prefeitura, sindicato e associações), esta proposta visa melhorar o nível deinformação sobre os CMDRS, a partir do processo de formação de seus conselheiros.Os municípios <strong>no</strong>s quais os conselheiros foram capacitados, têm um perfil eminentementevoltado <strong>para</strong> agricultura familiar de caráter periférico, ou seja, sem ou com uma mínima estrutura<strong>para</strong> viabilizar as condições de produção. Nesse sentido, as linhas de atuação da política agrícolado Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF vêm contribuindosensivelmente <strong>para</strong> propiciar uma melhoria da qualidade de vida, uma vez que possibilitacondições <strong>para</strong> o aumento da capacidade produtiva.A intenção do <strong>no</strong>sso trabalho é de analisar o desenvolvimento e a atuação dos CMDRS comoagentes de uma proposta participativa de gestão social. <strong>Uma</strong> vez que há visões distintas quanto aoseu papel: A concepção mais tradicional vê o CMDRS apenas como instrumento a partir do que osagricultores fazem a fiscalização dos investimentos do PRONAF/Infra-estrutura e serviços.


Seu papel aqui seria fazer com que os recursos chegassem ao seu fim sem desvios e comalgum grau de envolvimento da comunidade. De outro lado, algumas concepções mais recentes têm destacado que o processo dedesenvolvimento precisa incorporar outras dimensões que não só as linhas definanciamento <strong>para</strong> agricultura, porque o meio rural não é somente um meio de produçãoagrícola. As regiões mais dinâmicas são justamente as que conseguem alcançar maior graude diversificação das eco<strong>no</strong>mias locais, integrando diferentes setores, fortalecendo asrelações sociais.O projeto efetiva-se a partir de uma metodologia qualitativa, voltada à abordagem doDesenvolvimento Local Sustentável, com atividades diversificadas, a fim de permitir maiorparticipação do grupo. Através da análise dos resultados, evidencia-se que a <strong>no</strong>ção dosconselheiros acerca da atuação do CMDRS restringe-se à concepção voltada <strong>para</strong> as linhas definanciamento, por isso, a necessidade da construção de uma identidade que desvincule de“Conselho do PRONAF” <strong>para</strong> agente promotor do Desenvolvimento Rural Sustentável.Atuar nesse processo permite observar limites conceituais que a dinâmica social e a conjunturahistórica trazem à tona e a necessidade de buscar re-significações <strong>para</strong> esses conceitos, repensandoa formação acadêmica numa perspectiva democrática de reflexão sobre a realidadebrasileira.Diante do perfil apresentado pelos CMDRS, há evidência de que onde permanecem reflexos dacultura política de centralização, a atuação dos Conselhos na gestão social é prejudicada - vistoque o desenvolvimento sustentável precisa ser também entendido como desenvolvimentopolítico, <strong>no</strong> que se refere a permitir uma melhor representação dos diverso atores, especialmentedaqueles segmentos majoritários e que sempre são excluídos do processo pelas elites locais -assim como a falta de uma estrutura mínima de recursos logísticos e informações básicas.


Convivência do homem com a seca e a produção pecuária.Jorge de Almeida: Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A – EBDA.E-mail: joralm@cruz.mma.com.brO brasileiro talvez até tenha se acostumado e não mais estranhe, ao ver quase todos osa<strong>no</strong>s nas manchetes dos jornais e programas de radio e televisão, <strong>no</strong>tícias estarrecedoras dosefeitos causados pelas secas prolongadas <strong>no</strong> Nordeste do Brasil. Quem nunca presenciou ouconviveu com comunidades onde esse fenôme<strong>no</strong> se fez presente, possivelmente não faça idéia doque ela representa <strong>para</strong> a população humana, rebanhos, meio ambiente e conseqüentemente <strong>para</strong>o país. A seca provoca uma série de efeitos negativos como por exemplo perdas expressivas <strong>no</strong>sprincipais rebanhos (bovi<strong>no</strong>, capri<strong>no</strong> e ovi<strong>no</strong>) e nas lavouras, principalmente as de subsistênciacomo feijão, milho e mandioca; secam as fontes de água <strong>para</strong> o consumo huma<strong>no</strong> e animal;aumenta o desemprego <strong>no</strong> campo e nas cidades; diminui a arrecadação de impostos; reduz o nívelde crescimento da região; causa aumento da mortalidade infantil devido à desnutrição, provoca oêxodo rural e o inchaço das grandes cidades.A região <strong>semi</strong>-árida do <strong>no</strong>rdeste brasileiro ocupa aproximadamente de 75 % das áreas dosEstados do Maranhão, Ceará, Piauí, R. G. do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe eBahia, que estão localizados <strong>no</strong> chamado Polígo<strong>no</strong> das Secas.Existe uma série de tec<strong>no</strong>logias e práticas <strong>para</strong> a produção pecuária na região <strong>semi</strong>-áridacomo exemplos podemos citar: a) o Sistema C B L (caatinga, buffel e leucena), o qual é umsistema alternativo <strong>para</strong> alimentação de bovi<strong>no</strong>s, capri<strong>no</strong> e ovi<strong>no</strong>s, utilizando basicamente avegetação nativa da caatinga, com o capim buffel e a leucena ou outra legumi<strong>no</strong>sa formadora debanco de proteína, associados a outros recursos forrageiros, tais como: palma, sorgo, milheto,maniçoba, melancia de cavalo, ensilagem, fenação, amonização de palhas e restos de cultura, etc.;b) o manejo da caatinga (manipulação da vegetação lenhosa), prática que consiste namodificação da estrutura da vegetação lenhosa, com a finalidade de se obter um incremento naprodução de forragem na caatinga, pelo aumento da disponibilidade de folhas de árvores earbustos, e pela maior produção de fitomassa do estrato herbáceo ; c) produção e conservação deforragens como ensilagem, fenação e amonização de palhas e restos de culturas; d) diversificaçãodas criações adaptadas à região <strong>semi</strong>-árida como capri<strong>no</strong>s, ovi<strong>no</strong>s deslanados, galinha caipira e


ovi<strong>no</strong>s adaptados às condições desta região; e) melhoramento genético dos animais; f) profilaxiados rebanhos e redução dos mesmos através do descarte de matrizes e de animais poucodesenvolvidos; g) produção de mel silvestre.Esta série de tec<strong>no</strong>logias e práticas são acessíveis e coerentes com a realidade do <strong>no</strong>ssohomem do campo. Devem ser aplicadas e de maneira devida, pois assim contribuirãodecisivamente <strong>para</strong> a convivência do homem com as estiagens prolongadas, obtenção de índicesexpressivos na produção e produtividade pecuária e fixação da população na zona rural.


DEFENSIVO NATURAL: uma alternativa <strong>para</strong> o <strong>semi</strong>-áridoEdilza dos Reis Silva *Di<strong>no</strong>rah Lobo dos Santos Souza **Romualdo de Almeida ***Um grupo de técnicos da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola – EBDA, visandocontribuir com um <strong>no</strong>vo modelo de desenvolvimento agroecológico sustentável, que utilize osrecursos naturais de forma harmoniosa, promova equilíbrio ambiental e torne a vida <strong>no</strong> planetamais saudável, resolveu catalogar a utilização de alguns defensivos agrícolas naturais comoalternativa ao modelo de desenvolvimento agrícola convencional, que beneficioupreferencialmente a grande indústria química e mecânica, promovendo desastre ecológico,contaminação dos rios, mortes de milhares de trabalhadores, contribuindo, também, <strong>para</strong> amigração do homem do campo <strong>para</strong> as grandes cidades.Considerando que a agricultura orgânica se apresenta, neste contexto, como uma alternativasócio-econômica viável em face da sua grande e crescente aceitação pelo mercado consumidor, acatalogação destas tec<strong>no</strong>logias alternativas propiciará a divulgação de técnicas mais simples, debaixo custo e ecologicamente corretas.O sistema alternativo de produção realiza o manejo fitossanitário através do combate integradode pragas e doenças, identificando a espécie de praga e/ou doença presente nas plantas,verificando se realmente o ataque é intenso e justifica uma intervenção. É importante lembrarque toda praga tem pelo me<strong>no</strong>s um inimigo natural.A agricultura orgânica tem contribuído <strong>para</strong> a redução do uso de agrotóxico em todo o mundo.***Eng a Agrô<strong>no</strong>ma, MSc , Responsável Técnico do Laboratório Oficial de Análise de Sementesda EBDA Regional de Feira de Santana.Socióloga Esp. em Saúde Pública, Coordenadora do Núcleo de Comunicação da EBDARegional de Feira de Santana.***Técnico Agrícola da EBDA Regional de Feira de Santana.


PRESERVAÇÃO E AVALIAÇÃO IN SITU E EX SITU DECAPRINOS NATIVOS DO TIPO REPARTIDAAntonio Gonçalves Serafim da Silva*Frederico Medeiro Rodrigues**Farouk Zacharias***José Hugo Félix Borges****O efetivo capri<strong>no</strong> nacional está em tor<strong>no</strong> de 12 milhões de cabeças, cabendo ao Nordeste 91% dototal e à Bahia 33%, representando 4 milhões. No Estado há significativa concentração dessespeque<strong>no</strong>s ruminantes <strong>no</strong>s municípios de Juazeiro, Casa Nova, Sento Sé, Uauá, Curaçá, Jaguararie Senhor do Bonfim, onde se detém cerca de 60% desse efetivo, com predominância de animaisdo tipo Sem Raça Definida (SRD) e algumas representações de raças nativas como a Marota,Moxotó e os tipos Canindé, Gurguéia e Repartida, além de se contar com raças introduzidascomo Mambrina, Anglonubiana e Bhuj e de seus mestiços, proporcionando redução da presençade indivíduos dos tipos nativos, considerados adaptados às condições do <strong>semi</strong>-árido. O objetivodo subprojeto é a recomposição do rebanho de capri<strong>no</strong>s do tipo Repartida, da EBDA, a avaliação,a seleção de animais superiores, <strong>para</strong> preservação do ecotipo e <strong>para</strong> futuros trabalhos demelhoramento genético, tornando-os disponíveis aos rebanhos do Nordeste por meio dacrioconservação a ser conduzida pelo CNPCapri<strong>no</strong>s. O trabalho está sendo conduzido na EstaçãoExperimental de Caraíba, <strong>no</strong> distrito de Pilar – Município de Jaguarari-BA, com duração de trêsa<strong>no</strong>s consecutivos, a partir de 2001, iniciado com um rebanho de 56 matrizes e dois reprodutores,sendo 26 matrizes remanescentes do rebanho da EBDA e os demais foram adquiridos decriadores da região. O acasalamento é controlado de forma que aleatoriamente cada reprodutorcubra 28 matrizes, durante a estação de monta de 60 dias/a<strong>no</strong>. O desmame ocorre aos 112 dias deidade. O acompanhamento ponderal das crias será avaliado <strong>no</strong> nascimento, e aos 28, 56, 84, 112,168 e 365 dias de idade. Serão registrados intervalos entre partos, prolificidade e peso dasmatrizes ao desmame das crias, idade e peso à primeira cobrição. Os machos e fêmeas sãoavaliados quanto às características de ganho em peso diário, do nascimento à desmama e, desta,ao primeiro a<strong>no</strong> idade. A análise estatística será realizada pelo programa SAS (1990) <strong>para</strong> dadosdescritivos, por meio do método de quadrados mínimos <strong>para</strong> repetições nas subclasses (Harvey,1990).* Antonio Gonçalves Serafim da Silva é Médico Veterinário, MS da EBDA Regional de Juazeiro** Frederico Medeiro Rodrigues é Médico Veterinário MS da EBDA de Salvador*** Farouk Zacharias, Médico Veterinário da SEAGRI**** José Hugo Félix Borges é Engº Agrô<strong>no</strong>mo da EBDA Regional de Juazeiro-Ba


EFEITO DO ESTRESSE SALINO SOBRE A PRODUÇÃODE BIOMASSA EM PLÂNTULAS DE UMBUZEIRO(Spondias tuberosa) CULTIVADAS EM SOLUÇÃONUTRITIVA. Magnólia Góes Silva¹, Solange Maria Costa deAmorim². ¹Aluna Pós-Graduação em Botânica/UEFS;²Laboratório de Ecofisiologia Vegetal/UEFS.(sqmag<strong>no</strong>lia@bol.com.br)RESUMO: o umbuzeiro (Spondias tuberosa) é uma plantanativa do <strong>semi</strong>-árido do Nordeste brasileiro, que apresentauma produção significativa, possibilitando o extrativismo deseu fruto por peque<strong>no</strong>s agricultores, constituindo-se em fontecomplementar de renda e, muitas vezes, como única renda<strong>para</strong> algumas famílias rurais. Um dos fatores ecológicos queprovoca sérios problemas na produção agrícola, em especial<strong>no</strong> Nordeste brasileiro é a salinidade dos solos. Com oobjetivo de avaliar a produção de biomassa da parte aérea e daraiz em plântulas de umbuzeiro submetidas ao estresse sali<strong>no</strong>,realizou-se um experimento na Unidade Experimental HortoFlorestal, UEFS, em indivíduos micorrizados e nãomicorrizados, cultivados em solução nutritiva de Hoagland,com três níveis de NaCl (0, 100 e 150 mM) durante <strong>no</strong>ve dias.O delineamento estatístico foi inteiramente casualisado comquatro repetições. O aumento dos níveis de sal resultou emum decréscimo na produção de biomassa tanto da parte aéreaquanto das raízes <strong>no</strong>s dois grupos de plântulas, não havendodiferença estatística entre os indivíduos micorrizados e nãomicorrizados. O efeito depressivo da salinidade sugere que oumbuzeiro apresenta baixa produção limitada em solossali<strong>no</strong>s.


TÍTULO: ESTUDO ETNOBOTÂNICO COMO SUBSÍDIO PARA RESGATE DE CULTURAPOPULARAna Carolina da Cunha RodriguesMestranda do curso de Botânica da Universidade Estadual de Feira de Santana.INTRODUÇÃOPlantas sempre foram usadas como meio eficaz <strong>para</strong> curar diversas doenças, desde que ohomem começou a entender sua participação <strong>no</strong> meio ambiente e que este fornecia os elementosessenciais <strong>para</strong> sua vida.Os métodos de cura eram baseados <strong>no</strong> empirismo, buscando um aproveitamento ou nãodos princípios ativos (VAN DEN BERG, 1982). O que mais tarde, <strong>no</strong> final da Idade Média, seriao que os alquimistas chamavam de quintessência, “o princípio portador das propriedadescurativas” (RODRIGUES, 2001).Com o passar do tempo o homem dito “civilizado” perdeu a raiz de sua existência ecomeçou a dar maior valor aos medicamentos industrializados. Atuavam com eficácia, apesar dosefeitos colaterais, mas foram surgindo doenças graves e muito difíceis de se chegar a uma cura. Apartir daí se iniciou um resgate das culturas populares e a busca desse conhecimento empíricopassou a ser uma corrida <strong>para</strong> a descoberta de <strong>no</strong>vas substâncias e a validação de <strong>no</strong>vos remédios.Segundo AMOROZO (1996) há muitos exemplos de drogas com ação farmacodinâmicaderivadas de plantas que são usadas na chamada medicina popular e que foram incorporadas àfarmacopéia, dois deles são os curares e os digitálicos. ELISABETSKY (1991) ainda reforça aimportância da et<strong>no</strong>botânica <strong>para</strong> a procura de <strong>no</strong>vas drogas, e AMOROZO (1996) explica queisso pode trazer uma gama de informações úteis como base <strong>para</strong> estudos fitoquímicos,agronômicos e farmacológicos, eco<strong>no</strong>mizando tempo e investimentos.Enfim, a et<strong>no</strong>botânica faz com que se planeje a pesquisa em cima do conhecimentoempírico e a partir daí testar essa informação cientificamente.Quando se faz um estudo et<strong>no</strong>botânico, não se está apenas buscando o conhecimento doindivíduo mas a experiência acumulada ao longo da história que foi transmitida pelas váriasgerações além de <strong>no</strong>vas experiências compartilhadas pela geração atual. Não se torna umconhecimento estagnado <strong>no</strong> tempo, mas progressivamente adaptado às <strong>no</strong>vas realidades, dentro


dos seus dois modelos: da ciência e do senso comum, respectivamente do saber e do conhecer(TOLEDO, 1992).A maior dificuldade do pesquisador está em extrair as informações sem interferir naresposta e nas atitudes do entrevistado, em ser apenas um agente passivo da entrevista. Masquando se fala com os verdadeiros atores sociais, que são os indivíduos das comunidades rurais,das tribos e de culturas tradicionais, há um certo receio e introspecção. Por isso, tem que se tomarcuidado <strong>para</strong> que não haja omissão de algumas informações. Então, como poderia havercredibilidade nas respostas? Os chamados “agentes da ciência moderna” têm que mudar aconcepção de que são apenas agentes transmissores de conhecimento, aquele conhecimento queacham ser unicamente correto, ainda arraigado, <strong>para</strong> serem alu<strong>no</strong>s de uma prática que tem umalonga história de interação com o ecossistema, e que se mostra mais adequada e até mesmo maiseficiente em alguns casos.TOLEDO (1992) ainda diz que a moderna civilização se desenvolveu em cima dadestruição da natureza e do ambiente rural e que esse desenvolvimento se baseia em apenas doispressupostos. O primeiro seria a falsa idéia da inferioridade das culturas rurais com relação aosagentes da ciência moderna; e o segundo seria a tese central do cientificismo, de que a ciência é aúnica forma válida de conhecimento, capaz de resolver os problemas associados ao manejo dosrecursos naturais.Com a tomada de consciência do conceito e do objetivo da et<strong>no</strong>ecologia, e de todas assuas correntes precursoras, que está justamente na busca de um conhecimento e experiênciasalternativas, começou a ocorrer uma destruição do mo<strong>no</strong>pólio epistemológico imposto pelaciência.Mas como fazer um estudo et<strong>no</strong>botânico sem a interferência do pesquisador <strong>no</strong>sresultados e sem omissão de informações por parte do entrevistado? Em um estudo realizado porRODRIGUES (2001) <strong>no</strong> Povoado Sapucaia, área rural localizada <strong>no</strong> município de Cruz dasAlmas – Bahia, foram obtidas informações sócio-econômicas e também quanto ao uso dasplantas <strong>para</strong> fins medicinais. Este estudo serviu <strong>para</strong> diag<strong>no</strong>sticar a comunidade local com relaçãoao poder aquisitivo X uso de plantas, além das doenças mais comuns e quais as espécies maisindicadas, e com isso pôde-se perceber e reafirmar a importância do conhecimento popular comobase e servindo de subsídio <strong>para</strong> outros estudos científicos.


METODOLOGIAAMOROZO (1996) comenta que <strong>para</strong> uma pesquisa em et<strong>no</strong>botânica, deve-se se basearem dois pontos: a coleta das plantas e a coleta de informações sobre as mesmas.Para início da pesquisa foi feito um contato prévio com a enfermeira e duas agentescomunitárias, todas também moradoras do povoado. Esse primeiro contato foi <strong>para</strong> explicar a elasos objetivos do trabalho e <strong>para</strong> que intercedessem junto aos outros moradores, de uma maneiraque não houvesse desconfiança da verdadeira finalidade da pesquisa e se acostumassem com aparticipação na mesma.Foram feitas entrevistas <strong>semi</strong>-estruturadas, através de um questionário sócio-econômico(figura 1), com os membros de 75 famílias, escolhidas ao acaso com o intuito de ratificar o baixopoder aquisitivo dessas famílias, verificar a incidência de doenças, e o crescente uso de plantasmedicinais <strong>para</strong> cura das enfermidades ou abrandamento de seus sintomas.Figura 1 – Questionário utilizado durante as entrevistas.UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAINSTITUTO DE BIOLOGIATRABALHO DE MONOGRAFIAQUESTIONÁRIO SÓCIO-ECONÔMICORua:____________________________________________________________ Casa n.º_________1- Quantas pessoas moram na residência?__________________________________2- Qual a renda total da família?__________________________________3- Alguém faz uso constante de remédios? Quais?_______________________________________________________________________________4- Quais os casos de doenças na família?_____________________________________________________________________________________5- Alguém já utilizou alguma planta medicinal por conta própria? Quais e <strong>para</strong> quê?______________________________________________________________________________6- Tem alguma plantada <strong>no</strong> quintal ou jardim? Quais? Ou, se adquiriu na feira, quanto custou?_____________________________________________________________________________________7- De onde vem esse conhecimento sobre ervas?( ) pais e avós ( ) tv ( ) revistas ( ) vizinhos ( ) outros__________________________________


AMOROZO (1996) diz que em sociedades tradicionais, como é o caso de comunidadesrurais, a transmissão do conhecimento é feita oralmente e passado dentro do próprio grupodoméstico e de parentesco, sempre os mais jovens acompanhando os mais velhos nas coletas,trabalhos nas lavouras e <strong>no</strong> cuidado com os doentes. É uma transmissão teórico-prática ondeocorre a absorção de todas as codificações, <strong>no</strong>menclaturas, crenças, etc. Além disso, geralmenteos remédios <strong>para</strong> os problemas que ocorrem nas mulheres são mais conhecidos pelas mulheres etambém as plantas que estão distribuídas próximo à residência. Já <strong>para</strong> os homens, a tendência éconhecer melhor os ambientes mais distantes, mas isso não é regra.Então, <strong>para</strong> o registro dos dados foi utilizada a linguagem do indivíduo e foram a<strong>no</strong>tadosda mesma maneira que foram apresentados, sem nenhum tipo de alteração ou interpretação, e nãohouve escolha de quem responderia as perguntas, se um ou mais membros, se jovens ou idosos.As plantas que se encontravam em condições fe<strong>no</strong>lógicas foram coletadas e à cada umafoi anexada uma ficha de identificação que continha, entre outros dados, hábito, cor dainflorescência e <strong>no</strong>me popular. Elas foram pre<strong>para</strong>das <strong>para</strong> prensagem de acordo com ametodologia usual e levadas à estufa a 60ºC. Para a identificação forma usadas chaves ebibliografias específicas como Freire (1943), Martius (1840/1906), Lewis (1987) e Bonnier &Layens (1993), e ainda consultados os acervos dos Herbários Alexandre Leal Costa (ALCB) doInstituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia e Antônio Nonato Marques (BAH) daEBDA, Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola.O sistema de classificação utilizado foi o de Cronquist (1986) e o material está depositado<strong>no</strong> ALCB.RESULTADOSPor se tratar de um povoado tipicamente rural, foi constatado que os moradores conviviamcom dois tipos de ambientes: são encontradas áreas regularmente manejadas, que são as terrasprodutivas (fazendas e sítios), os jardins e os quintais; e as áreas improdutivas, que são osterre<strong>no</strong>s que foram abandonados.As famílias eram tradicionalmente rurais, mas o baixo preço dos produtos, fazia com queeles mudassem suas culturas, algumas fazendas implantavam a pecuária, ou abandonavam asterras e o serviço <strong>no</strong> campo <strong>para</strong> procurar emprego na cidade.


O questionário reafirmou principalmente o baixo poder aquisitivo da população, com 84%das famílias tendo um salário mínimo, naquele período, como renda mensal, cerca de R$150,00,sendo que haviam residências com apenas 1 morador enquanto outras abrigavam 16 pessoas.7,6% dessas residências tinham algum morador com doença que necessitava de algum tipo deassistência médica e uso de medicamentos (figura 3).Figura 3 - Percentagens de cada doença dos moradores do PovoadoSapucaia - Cruz das Almas - Bahia - 2000/20014,9%1,6%1,6%1,6%13,1%3,3%4,9%1,6%1,6%11,5%8,2%1,6%39,3%1,6% 3,3% Hipertensão- 39.3%Epilepsia-1.6%Coração-8.2%Diabete-11.5%Tireóide-1.6%Coluna-1.6%Doença mental-4.9%Alcoolismo-3.3%Garganta-13.1%Deficiência B-1.6%Próstata-1.6%Hemorróida-1.6%Sinusite-3.3%Alergia-4.9%Colesterol alto-1.6%A hipertensão despontava em primeiro lugar, com 39,3% e isso pode demonstrar doisproblemas principais: pode ser uma expressão ge<strong>no</strong>típica ou: os problemas os quais se pensavaexistirem apenas nas grandes cidades, como estresse e problemas financeiros, estão seexpressando com relativa rapidez e intensidade <strong>no</strong>s moradores, que tinham uma vida simples esaudável, típica de interior. Segue-se problemas de garganta, com 13,1%, diabete, com 11,5%, eproblemas de coração, com 8,2%.Mesmo com esses problemas de saúde, 62,7% desses moradores doentes não utilizavamos medicamentos alopáticos, recorriam às propriedades curativas encontradas nas plantas e,segundo eles, com a mesma eficiência ou até melhor, pois não descreviam sintomas de efeitoscolaterais.As plantas e os seus usos se encontram na tabela abaixo (tabela1).


Tabela 1 – Plantas citadas pelos moradores do Povoado SapucaiaNome vulgar Nome científico Uso popularMentrasto Acalypha ambiodonta Muell. Dores em geralArg. ALCB049708Água-de-elefanteAlpinia speciosa K. Schum. Pressão alta, problemas doALCB049723coração, calmante, pós-parto,problemas menstruais, doresem geralCarambola Averrhoa carambola Linn. Pressão alta e diabeteALCB049707Pata-de-vaca Bauhinia monandra Kurz. DiabeteALCB049716Picão Bidens pilosa Linn. Inflamação, problemas deALCB049711pressão e renaisCoerana Cestrum laevigatum Schl. EmolienteALCB049714Mastruz Che<strong>no</strong>podium ambrosioides L. Vermes e gripeALCB049726Maria-milagrosa Cordia curassavica (Jacq.) TonturaRoem & Schult. ALCB049717Cabeça-de-formiga Croton lobatus L. ALCB049702 InflamaçõesSuspiro-brancoGomphrena desertorum Mart. Calmante, problemas deALCB049701pressão e coraçãoCrista-de-galo Heliotropium indicum Linn. Hematomas <strong>no</strong>s olhosALCB049710Rosedá Lawsonia inermis L. UnheiroALCB049721Cordão-de-são-francisco Leo<strong>no</strong>tis nepetifolia (L.) R. Br. Dores em geralALCB049704Erva-cidreira Lippia alba N. E. BrownALCB049722Alfazema Lippia lycioides Steud.ALCB049712Quioiô Ocimum campechianum MillALCB049709Pressão alta, calmante,flatulência, dores em geral, malestarDor de cabeçaDores em geral, problemas deestômago, flatulência, evitarderrame cerebralDores em geralAnador Pfaffia glomerata (Spreng)Pedersen ALCB049719Quebra-pedraPhyllanthus niruri (L. em.) Müll. Cálculos renais, problemas deArg. ALCB049728fígadoTranchagem Plantago major L. ALCB049725 Controlar pressão, inflamação eproblemas de gargantaAlfavaquinha-de-cobra Peperomia pellucida Kunt. et Dor de barriga, gripe eH.B.K. ALCB049713problemas de pressãoGeratataca Petiveria alliaceae L. Sudorífica e diuréticaALCB049705Brilhantina Pilea microphylla Liebm. Dor de barrigaALCB049727Hortelã-grossoPlectranthus amboinicus (Lour.) CalmanteSpreng. ALCB049718


Tabela 1 - Plantas citadas pelos moradores do Povoado Sapucaia (continuação)Nome vulgar Nome científico Uso popularCapeba Pothomorphe umbellata Miq. Dor de barriga, problemas deALCB049715fígado e rimSabugueiro Sambucus nigra L. Gripe, sarampo, catapora,ALCB049706induzir vômitoGerebãoStachytarpheta dichotoma Vahl. Dor de barriga, problemas deALCB049703fígadoCravo-de-defuntoTagetes patula L. ALCB049720 GripeAlumã Ver<strong>no</strong>nia condensata Baker. Dores em geral, problemasALCB049724causados por bebidasCONCLUSÃOApesar do crescimento <strong>no</strong> número de estudos, principalmente et<strong>no</strong>botânicos eet<strong>no</strong>farmacológicos, ainda existe muito trabalho a ser feito, pois em um país como o Brasil amaior parte da flora ainda é quimicamente desconhecida, confirma-se pelas grandes extensões deflorestas sem nenhum tipo de pesquisa, apesar do acelerado processo de degradação ambiental.O trabalho com plantas medicinais é continuado e não se finda com o estudoet<strong>no</strong>botânico. Ele mesmo comprova sua grande importância na busca de <strong>no</strong>vas drogas compotencial <strong>para</strong> combater não só os sintomas, mas que possam anular sua causa. Ele não refleteapenas um resgate de uma cultura popular tradicional, mas com ele se inicia um criterioso estudointerdisciplinar em busca da cura de doenças que afetam a humanidade, esperando-se com issomelhorar a qualidade de vida do indivíduo.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASAMOROZO, MARIA CHRISTINA DE MELLO. A abordagem et<strong>no</strong>botânica na pesquisa deplantas medicinais. In: Di Stasi, Luiz Claudio (org.). Plantas Medicinais: arte e ciência. Umguia de estudo interdisciplinar. São Paulo: UNESP, 1996. 230p.BONNIER, GASTON; LAYENS, GEORGES DE. Claves <strong>para</strong> la Determinatión de PlantasVasculares. Barcelona: Ediciones Omega S.A.. 1993. 398 p.:il.


ELISABETSKY, E. Sociopolitical, eco<strong>no</strong>mical and ethical issues in medicinal plant research.Journal of Eth<strong>no</strong>pharmacology. V. 32, p. 235 – 239. 1991.FREIRE, CARLOS VIANA. Chaves Analíticas. 3ª edição. Rio de Janeiro: Oficina Gráfica doJornal do Brasil. 1943. Apostilas.LEWIS, G. P. Legumes of Bahia. Royal Botanic Gardens Kew. 1987. 323 p.:il.MARTIUS, C. F. P. von et al. Flora Brasiliensis. Mônaco, Lipsiai apud Frid. Fleischer inComm. 1840/1906.RODRIGUES, ANA CAROLINA DA CUNHA. Levantamento das Plantas MedicinaisUtilizadas <strong>no</strong> Povoado Sapucaia – Cruz das Almas – Bahia. Salvador, 2001, 75 p.:il.Mo<strong>no</strong>grafia (Bacharelado em Ciências Biológicas) – Instituto de Biologia , Universidade Federalda Bahia – UFBA.TOLEDO, M. P. What is eth<strong>no</strong>ecology? Origins, scope and implications of a rising discipline.Et<strong>no</strong>ecológica. 1(1): 5 – 21. 1992.VAN DEN BERG, MARIA ELISABETH. Plantas Medicinais na Amazônia – Contribuiçãoao seu conhecimento sistemático. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico eTec<strong>no</strong>lógico. 1982. 223 p.:il.


O papel das ONG´s (Organizações Não Governamentais) e associações <strong>no</strong> Meio Rural de Irecê –BA: o caso da CáritasCarlos Ney Nascimento de Oliveira, Rita de Cássia Coelho da Silva – graduandos de Geografia –UEFS.O município de Irecê está localizado <strong>no</strong> <strong>no</strong>roeste da Bahia, numa região <strong>semi</strong> – árida, possuindocomo principal base econômica a agricultura ,predominando as culturas de sequeiro (feijão,milho e mamona) extremamente dependentes das condições naturais. O que também torna apopulação rural (cerca de 10.000 pessoas, SEI.94) subordinados ao clima, principalmente, devidoaos baixos investimentos por parte do Estado. Neste contexto, a sociedade civil e a própriapopulação rural organizam-se na busca de soluções <strong>para</strong> os principais problemas. Partindo destepressuposto, o presente trabalho objetiva analisar o papel das ONG´s e associações, eespecificamente a ação da Cáritas <strong>no</strong> Meio Rural de Irecê. Por isso realizou-se levantamentobibliográfico a respeito do município, entrevista <strong>semi</strong> – estruturada e análise de campo.Verificou-se que as principais entidades atuantes são: GARRA (Grupo de Apoio e de ResistênciaRural e Ambiental), Sindicato dos Produtores Rurais, COPIRECÊ (Cooperativa de Irecê),Sindicato dos Trabalhadores Rurais e a Cáritas. A Cáritas constitui-se num programa de açãosocial da Igreja Católica, existente <strong>no</strong> município há pouco mais de 3 a<strong>no</strong>s, tem como objetivomelhorar a qualidade de vida das comunidades rurais, e atua, principalmente em 2 linhas de ação:oficinas e capacitações, e a construção de cisternas, totalizando 200 já construídas e beneficiando7 comunidades extrapolando a zona rural de Irecê. Assim, observa-se que as ONG´s eassociações, ressaltando-se a Cáritas, despontam como agentes de grande relevância social eeconômica <strong>para</strong> a população de Irecê.


Análise do período “chuvoso” principal de Feira de Santana, como subsidio <strong>para</strong> aagricultura.Carlos Ney Nascimento de Oliveira – graduando de Geografia – pesquisador / bolsistaEstação Climatológica 83221 – UEFS / INMET. Gildarte Barbosa da Silva (orientador)Prof. Ms Detec. Coordenador da Estação Climatológica 83221 – UEFS / INMET.As atividades agrícolas na região de Feira de Santana são extremamente dependente dascondições climáticas, e por ser uma área <strong>semi</strong> – árida as precipitações pluviométricasadquirem importância fundamental sendo o fator mais influenciador das condiçõesambientais, pois alem do efeito direto que determina sobre o balanço da água, influenciaoutras variáveis (independentes) como temperatura do ar e do solo, umidade evaporaçãoe radiação solar. Desta forma a quantidade e intensidade da mesma pode determinar osucesso ou o fracasso da atividade agrícola. Partindo deste pressuposto o presentetrabalho objetiva analisar climaticamente o período “chuvoso” principal, época em queocorre o ápice das atividades agrícolas em Feira de Santana.Para tanto realizou-seanálise estatística dos dados coletados diariamente na Estação Climatológica da UEFS,durante 1993 – 2002. Calculou-se os desvios em relação à <strong>no</strong>rmal climatológica, oÍndice de Variabilidade Temporal de Precipitação, o SPI (Índice de PrecipitaçãoPadronizada), Índice de seca anual <strong>para</strong> estação chuvosa, e a variabilidade deprecipitação do período chuvoso principal. Observou-se que o período chuvoso“principal” da Normal Climatológica (a media do período 1945 – 1983) corresponde a 5meses, indo de Março a Julho, <strong>no</strong>s últimos 10 a<strong>no</strong>s restringiu-se a 3 meses, Abril aJulho devido aos me<strong>no</strong>res índices de precipitação anual, 11% me<strong>no</strong>res que a NormalClimatológica, porém representa em média 34,4% do total anual. Dos 10 a<strong>no</strong>s emestudo, a freqüência do período “chuvoso” principal ser realmente o de maior índicepluviométrico foi de 70%. Por outro lado pelo calculo do SPI, o período apresentou 1seca severa, 2 secas moderadas, 3 secas suaves, 3 vezes foi chuvoso moderado e 1 muitochuvoso; freqüência de 60% <strong>para</strong> qualquer tipo de seca. Diante disso, verifica-se que operíodo chuvoso é regular, porém o total de precipitação é irregular confirmado peloíndice de variabilidade igual a 0,35 considerado alto; o que é muito prejudicial <strong>para</strong> aagricultura.Palavras- Chave: Precipitação Pluviométrica, Normal Climatológica – agricultura.


PERÍODO DE DEFICIÊNCIAS E EXCEDENTES HÍDRICOS EM FEIRA DESANTANA – BACarlos Ney Nascimento de Oliveira – Pesquisador/Bolsista EstaçãoClimatológica 83221/UEFS Gildarte Barbosa da Silva (orientador) Prof.Ms.DETEC Coordenador da Estação Climatológica 83221/UEFSA Universidade Estadual de Feira de Santana através do Departamento de Tec<strong>no</strong>logiaempenhada <strong>no</strong> estudo e monitoramento dos elementos climáticos tomou como meta a utilizaçãoda Estação Climatológica <strong>para</strong> prover benefícios ao homem do campo da região <strong>semi</strong>-árida daBahia, tentando, juntos, solucionar problemas de ordem agroclimática. Diante disto, o presentetrabalho objetiva analisar e caracterizar os períodos de deficiência e excedentes hídricos, <strong>para</strong>subsidiar os agricultores a melhor investirem na produção. Realizou-se análise estatística dosdados de precipitação, temperaturas, umidade, evaporação e insolação coletados diariamente naEstação Climatológica da UEFS durante 1993-2002, e os dados da <strong>no</strong>rmal climatológica (médiado período: 1945-1983) fornecidos pela SUDENE. Calculou-se a evapotranspiração diária,mensal e anual segundo o método de Thorntwaite (1962), foram elaborados balanços hídricosmensais, e anuais segundo Thorthwaite e Matther (1958) e determinados os períodos úmidos,subúumidos, subsecos e secos. Observou-se, que a média de precipitação do período (769,3 mm)foi 11% me<strong>no</strong>r que a <strong>no</strong>rmal climatológica (869,9 mm) demonstrando pequena tendência dadiminuição dos excedentes hídricos, e logicamente aumento da deficiência hídrica anual, a qualpassou de 380,7 mm, na média histórica a 562,3 <strong>no</strong> período 1993-2002. Para a média dos 10a<strong>no</strong>s, o balanço hídrico demonstrou deficiência hídrica em 11 meses, com uma leve reposição emjunho, enquanto que na <strong>no</strong>rmal climatológica há 4 meses com excedente (abril, maio, junho ejulho) 1 com reposição (março) e 1 com retirada (agosto) e 6 com deficiência. Em relação afreqüência, <strong>para</strong> 1993-2002, janeiro, fevereiro e setembro apresentaram 100% de déficit, e maio ejunho apresentaram 60% e 50% de excedentes. Diante disso, verifica-se que os meses maisregulares em deficiência são os de primavera/verão, e os de excedente os meses deouto<strong>no</strong>/inver<strong>no</strong>.


GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE LICURI (Syagrus coronata (Mart.) Becc.): EFEITODO ARMAZENAMENTO E TRATAMENTOS PRÉ-GERMINATIVOS. Manuela Oliveirade Souza Rodrigues 1 , Noeli Oliveira Santana Carvalho 1 , Iara Cândido Crepaldi 2 e ClaudinéiaRegina Pelacani 2 . 1 Pós-graduação em Botânica – UEFS; 2 Departamento de CiênciasBiológicas – UEFS.O licuri (Syagrus coronata (Mart.) Becc.) é uma palmeira que possui diversas utilidades, <strong>no</strong>entanto a exploração não planejada tem colocado a espécie em risco. Estudos que possamesclarecer sobre o conhecimento da espécie são fundamentais <strong>para</strong> a preservação. Essetrabalho objetiva avaliar o efeito da idade pós-colheita na germinação sob diferentescondições de armazenamento das sementes de licuri; examinar o efeito da embebição e doácido giberélico na aceleração e uniformização desse processo e acompanhar o crescimento edesenvolvimento inicial de plântulas. Sementes recém-colhidas foram armazenadas em:temperatura ambiente (29 ± 2 ºC), câmara fria (5 ± 2 ºC), ambiente saturado e ambiente combaixa umidade, durante 30, 60 e 90 dias consecutivos, exceto o controle (idade 0), que eraimediatamente semeado em terra e areia (2:1). Para avaliar o efeito da embebição nagerminação, sementes com e sem endocarpo foram mantidas em água destilada por 0 a 96horas. Solução de ácido giberélico nas concentrações de 0 a 1000ppm foram fornecidas assementes durante 0 a 48 horas. As sementes foram arranjadas sobre papel germitest emantidas em câmara de germinação a 30°C, com fotoperíodo de 12 horas. Utilizou-se lotes de100 sementes divididas em 5 repetições de 20 sementes <strong>para</strong> cada tratamento. Diâmetro docolo, altura e número de folhas foram avaliadas mensalmente em plântulas de licuri com 5meses de idade cultivadas em terra, terra + adubo orgânico e terra + NPK, mantidas sob 50%de lumi<strong>no</strong>sidade e luz plena. Os resultados quanto ao armazenamento indicaram que assementes em todas as idades apresentaram me<strong>no</strong>res taxas de germinação quando com<strong>para</strong>dasao controle (61%). Em termos de temperatura ambiente, em todas as idades, as sementesmostraram comportamento semelhante, sendo elevada a taxa de germinação em temperaturaambiente (53%). Para baixa temperatura, a relação idade/taxa de germinação foi inversamenteproporcional, mas em todos os casos o desempenho da germinação é significativamenteme<strong>no</strong>r quando com<strong>para</strong>da com a temperatura ambiente. O parâmetro umidade (alta e baixa)parece não interferir na taxa de germinação. Quanto ao efeito da embebição a germinaçãoiniciou-se <strong>no</strong> 2º e 16º dia após a semeadura <strong>para</strong> as sementes sem endocarpo e comendocarpo, respectivamente. As maiores taxas de germinação nas sementes com endocarpoocorreram quando embebidas por 24 h (49%) e 96 h (36%). Já nas sementes sem endocarpo,


observou-se que exposição superior a 48h promoveu a deterioração dos tecidos. Soluções deácido giberélico parece não ter efeito expressivo na germinação quando com<strong>para</strong>dos com ocontrole (31%), <strong>no</strong> entanto a maior concentração (1000 ppm) promoveu uma germinação de52% e 50%, quando exposta a 12 e 48 h, respectivamente. Em relação ao desenvolvimento deplântulas evidenciou-se um maior crescimento, <strong>para</strong> todos os parâmetros avaliados, quandomantidas sob cultivo de 50% de luz.


Potencialidades de frutos de quixabeira (Sideroxylon obtusifolium Penn.) <strong>no</strong> Semi-ÁridoNordesti<strong>no</strong>, determinados através das características físico-química dos frutos e correlaçãoentre caracteres da produção.Marlon da Silva Garrido 1 Luciene do Nascimento Mendes 1 Ruberval Leone Azevedo 21Estudantes de Pós-graduação do Mestrado em Ciências Agrárias da Universidade Federal daBahia (UFBA). Cruz das Almas - BA. (E-mail: garrido@ibahia.com).2 Estudante da Escola de Agro<strong>no</strong>mia da Universidade Federal da Bahia. Cruz das Almas - BA.INTRODUÇÃOA quixabeira é uma espécie que ocorre na região da caatinga <strong>no</strong> Nordeste, na restinga dacosta litorânea do Ceará e do Rio Grande do Sul, <strong>no</strong> Pantanal Mato-Grossense, sendo muitofreqüente <strong>no</strong> Vale do São Francisco. É característica das várzeas úmidas e da beira de rios dacaatinga arbórea, das restingas litorâneas e da mata chaquenha do Pantanal Mato-Grossense.Ocorre preferencialmente em solo argilosos e ricos em cálcio e apresenta uma distribuiçãopredominantemente descontínua ao longo da área que ocupa. A árvore é perenifolia e possui copadensa e elegante, sendo utilizada com sucesso na arborização rural em fazendas, tanto <strong>no</strong>Pantanal Mato-Grossense como na região Nordeste. A madeira também é usada em carpintaria e<strong>no</strong> artesanato, como na modelagem de esculturas (carrancas). Os frutos, de<strong>no</strong>minados dequixabas, são comestíveis e avidamente procurados por pássaros e outros animais silvestres. Acasca tem aplicações medicinais. A espécie floresce durante os meses de outubro e <strong>no</strong>vembro,quando há o surgimento de <strong>no</strong>va folhagem. Os frutos amadurecem <strong>no</strong>s meses de janeiro efevereiro. Produz anualmente uma abundante quantidade de sementes viáveis, que sãodis<strong>semi</strong>nadas <strong>no</strong>rmalmente pela avifauna (Lorenzi, 1998).Considerando as dificuldades impostas pelo clima da região Semi-Árida aos produtoresrurais, é de crucial importância a busca de alternativas que não incorram em custos elevados deimplantação e risco de adaptação, comuns nas culturas tradicionais (milho, feijão, mandioca),mas que possam influenciar positivamente na renda dos produtores, de modo a colaborar <strong>para</strong> suafixação, evitando os conhecidos problemas provenientes do êxodo rural (Ramos, 19--).No presente trabalho, apresentamos a quixabeira como uma alternativa potencial, quepode ajudar a diminuir os problemas relacionados acima, graças as características próprias da


espécie. Desta forma, foram realizadas avaliações físico-químicas dos frutos de quixaba e estudode correlação entre caracteres da produção de frutos da safra 2000/2001 provenientes domunicípio de Santa Terezinha – BA, <strong>no</strong> intuito de gerar dados que possam servir de base <strong>para</strong>estudos futuros de produtos derivados do fruto da quixabeira, como licores, vinhos, doces egeléias, ou mesmo que permitam ações governamentais que venham a trazer alternativaspotenciais que supram a necessidade de geração de renda aos peque<strong>no</strong>s produtores da região.MATERIAL E MÉTODOSOs frutos coletados <strong>para</strong> as análises físico-químicas, foram provenientes do município deSanta Terezinha, localizado a 12º 46’de latitude Sul e 39º 32’ de longitude Oeste de Greenwich.O clima característico é <strong>semi</strong>-árido com temperatura média anual de 24,3º C e pluviosidademédia anual de 582 milímetros, concentrada de <strong>no</strong>vembro a janeiro. A altitude é de 240 metros.Os dados foram coletados em 80 frutos colhidos totalmente ao acaso de algumas plantasda população mencionada. As análises físico-químicas, foram realizadas <strong>no</strong> Laboratório deFisiologia Vegetal da Embrapa Mandioca e Fruticultura, localizado na cidade de Cruz das Almas,Bahia. Para a determinação do pH foi utilizado um potenciômetro de leitura direta <strong>no</strong> aparelho(Digimed, modelo DM 20). Os Sólido Solúveis Totais (SST) foram determinados usando-se umrefratômetro fixo (ABBE modelo MARK II), com as amostras a uma temperatura de 20ºC(Método refrattométrico, 1973). A acidez foi analisada pelo método de titulação com soluçãopadronizada de NaOH 0,1N e a fe<strong>no</strong>lftaleína como indicador (Método acidimétrico, 1980) e oresultado expresso em g/100g (com ácido cítrico). O rendimento aproximado foi calculadoatravés do peso de polpa dividido pelo peso total dos frutos e expresso em percentagem. Adensidade foi estabelecida utilizando-se a fórmula de peso sobre volume (g/cm 3 ). O diâmetro e ocomprimento foram obtidos por meio de paquímetro, sendo suas unidades expressas em mm. Opeso determi<strong>no</strong>u-se pelo uso de balança analítica digital, com precisão de quatro dígitos.Os frutos utilizados <strong>para</strong> o trabalho de correlação, também foram coletados de populaçãode quixaba <strong>no</strong> município de Santa Terezinha-BA. O conhecimento das relações entre oscaracteres vinculados à produção reveste-se de uma importância fundamental <strong>no</strong>s projetos demelhoramento genético, uma vez que sugere a determinação da alteração em um fator quando oprocesso de seleção é praticado em outro. Os objetivos deste trabalho foram: 1) Quantificar as


correlações fe<strong>no</strong>típicas entre três caracteres relacionados à produção e 2) Efetuar estudos deregressão linear entre eles. Os caracteres abordados foram o peso do fruto, medido em gramas, ocomprimento do fruto, medido em milímetros, e o diâmetro do fruto, também medido emmilímetros. Os dados foram coletados em 40 frutos colhidos totalmente ao acaso de algumasplantas da população mencionada. As análises estatísticas (testes de média, análise de variância,estudo de correlação e regressão) foram realizadas através do programa SAEG-5.RESULTADOS E DISCUSSÃOCom relação às características físico-químicas analisadas, foram obtidos valores de 24,13o Brix <strong>para</strong> os frutos de quixaba (Tabela 1). Devido a ausência de informações sobre a cultura, e aimpossibilidade de se com<strong>para</strong>r este valor com frutos de outras regiões ou colheitas, comparou-seo resultado com os valores obtidos <strong>para</strong> a uva, a qual apresenta 15 o Brix (Gorgatti Neto et al.,1993). Nota-se que o fruto da quixabeira possui grande potencialidade <strong>para</strong> a produção de doces,compotas, vinhos e licores.Tabela 1. Resultados médios obtidos através de análises químicas de frutos de quixaba dasafra 2000/2001CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS MÉDIAS DESVIO PADRÃOPH 4,35 0,229SST (ºBrix) 24,13 0,057Acidez (em g de ácido cítrico/100g de amostra) 0,40 0,000


O baixo rendimento de polpa (Tabela 2) é compensado pela elevada produtividade porplanta, segundo informação dos produtores que convivem na região onde a planta é abundante.Acredita-se que a produção de uma única planta pode chegar a 60kg de frutos por safra.Por se tratar de uma árvore adaptada a região do Semi-Árido, tal como o umbuzeiro, a quixabeirapode vir a ter um aumento expressivo em sua produtividade, se for condicionada a adubação etécnicas adequadas de irrigação e manejo, a exemplo do que vem sendo feito com o umbuzeiro.Adicionalmente, uma seleção de plantas com características superiores certamente aumentará aprodutividade e qualidade da produção.Tabela 2. Resultados médios obtidos através de análises físicas de frutos de quixabada safra 2000/2001CARACTERÍSTICAS FÍSICAS MÉDIAS DESVIO PADRÃORendimento de polpa (%) 20,89 *Comprimento (mm) 13,50 0,889Diâmetro (mm) 10,47 0,797Densidade (g/cm 3 ) 0,814 0,008Peso (g) 0,971 0,162*O rendimento foi mensurado utilizando-se 450g de frutos, tendo um rendimento de polpa de 94g.Em relação ao estudo das correlações obtidas, foram positivas e significativas, o que éum indício de que fatores genéticos podem estar envolvidos nas três associações consideradas. Osvalores referentes à correlação entre o peso do fruto e o comprimento do fruto, à correlação entreo peso do fruto e o diâmetro do fruto e à correlação entre o comprimento do fruto e o diâmetro dofruto foram, respectivamente, 0,72, 0,90 e 0,52 (Tabela 3).


Tabela 3. Correlações fe<strong>no</strong>típicas entre os caracteres peso do fruto, comprimentodo fruto e diâmetro do fruto, em quixabeira.CORRELAÇÕES FENOTÍPICAS 1VALORESPF x CF 0,72 *PF x DF 0,90 *CF x DF 0,52 *1 PF: peso do fruto (gramas); CF: comprimento do fruto (milímetros); DF: diâmetro do fruto.* Significativo a 1 % pelo Teste T.As análises de regressão linear visando estabelecer as relações entre os três caracteresrevelaram equações com diferentes coeficientes de determinação. A equação que estabelece opeso do fruto em função do diâmetro do fruto apresenta o maior coeficiente de determinação(Tabela 4).Tabela 4. Equações de regressão linear entre os três caracteres considerados com osrespectivos coeficientes de determinação (R 2 ) e os respectivos testes de significância (F).VARIÁVEIS 1 EQUAÇÕES R 2 FINDEPENDENTESDEPENDENTESCF PF Y = 0,13 x – 0,84 0,52 41,15*DF PF Y = 0,18 x – 0,99 0,82 169,03*CF DF Y = 0,47 x + 4,15 0,27 14,25*1 PF: peso do fruto (gramas); CF: comprimento do fruto (milímetros); DF: diâmetro do fruto (milímetros).* Significativo a 1 %.De acordo com os resultados obtidos neste trabalho, e sendo a cultura adaptada a regiãoSemi-árida, podemos considerar a quixaba como uma fonte alternativa de renda aos peque<strong>no</strong>sprodutores rurais da região, pois, seus frutos apresentam características adequadas aoprocessamento e fabrico de licores, doces e geléias. Nota-se entretanto, que existe a necessidadede estudos que desenvolvam técnicas de aproveitamento dos frutos e trabalhos <strong>no</strong> sentido dedivulgar tais técnicas aos produtores. Cabe neste sentido, a inserção de ações governamentais,que impulsionem o desenvolvimento destas tec<strong>no</strong>logias.


Tais ações permitiriam, a inclusão dos produtores <strong>no</strong> setor agroindustrial, peloprocessamento dos frutos, via cooperativa (por exemplo), agregando valor ao produto, gerandooportunidades de emprego, contribuindo com a elevação da renda familiar e valorização dopeque<strong>no</strong> produtor rural, criando incentivos à permanência deste na região.CONCLUSÕES• Os frutos de quixaba analisados físico-quimicamente, evidenciaram seu potencial <strong>para</strong>produção de doces, compotas, vinhos e licores pelo seu elevado grau Brix e baixa acidez.• Necessita-se entretanto, de estudos posteriores <strong>para</strong> o melhor aproveitamento da quixaba,possibilitando mais uma alternativa <strong>para</strong> o desenvolvimento da comunidade rural daregião Semi-Árida.• Os resultados obtidos do estudo correlação, permitem concluir que tanto o comprimentocomo o diâmetro está positivamente correlacionado com o peso do fruto e que o diâmetroé mais determinante que o comprimento na manifestação do peso.• A cultura apresenta excelente potencial de utilização <strong>para</strong> geração de renda aos peque<strong>no</strong>sprodutores rurais do Semi-árido, <strong>para</strong> tanto, faz-se necessária a atuação de órgãosgovernamentais e universidades <strong>no</strong> intuito de dar suporte técnico ao planejamento edesenvolvimento de futuras ações.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASGORGATTI NETTO, A.; et al. Uva <strong>para</strong> exportação: procedimentos de colheita e póscolheita. Brasília: EMBRAPA-SPI, 1993. p.40. (Série publicações técnicas FRUPEX; 2).LORENZI, H. Árvores brasileiras: Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreasnativas do Brasil. Editora Plantarum, Nova Odessa - SP, ed. 2. 1998.MÉTODO refrattométrico. London. Laboratory thechniques in food analysis. Lond.,Butterworths, London. 1973. p. 58-60.MÉTODO acidimétrico, The Association of Official Analytical Chemists, D.C. 12 th ed. 1980,1018p.RAMOS, S. Problemas na difusão de tec<strong>no</strong>logias aos peque<strong>no</strong>s produtores do NordesteSemi-Árido. Brasília, Revista de Eco<strong>no</strong>mia e Sociologia Rural, ed. especial 1979 a 1998 (CD-ROM) .


PRESERVAÇÃO E FOMENTO DE SUÍNOS DA RAÇA PIAUPARA O ESTADO DA BAHIAAlberto de Almeida Alves*No Nordeste, especialmente <strong>no</strong> Estado da Bahia, apesar do maior retor<strong>no</strong> econômico de seproduzir o suí<strong>no</strong> do tipo carne (raças exóticas), observa-se grande número de peque<strong>no</strong>sprodutores com a criação de suí<strong>no</strong>s de raças nacionais (90% do rebanho existente),caracterizando este tipo de exploração por baixos índices de produtividade, animais com grandeporcentagem de gordura e abatidos tradicionalmente após prolongado período de recria eengorda. A produção final obtida destina-se ao consumo familiar e à comercialização em feiraslivres, através de intermediários. Nessa situação, é raro o produtor atender às reais necessidadesdo mercado e/ou use alguma técnica aprimorada de manejo.Visando interferir nesta realidade, instalou-se na Unidade de Execução de Pesquisa do Paraguaçuda Gerência Regional de Itaberaba – EBDA – Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola, acriação de suí<strong>no</strong>s puros da raça Piau, <strong>para</strong> preservar a raça e fomentar a atividade da sui<strong>no</strong>culturaatravés da distribuição de matrizes e reprodutores aos criadores de todo o Estado. Aliado a estetrabalho de melhoramento dos índices de produtividade e zootécnicos, com a introdução de umaraça nacional de reconhecida prolificidade, rusticidade e precocidade, estamos realizando práticasde manejo racional e científico, socialmente apropriados à pequena produção.O plantel existente de suí<strong>no</strong>s da raça Piau, na Unidade Experimental de Pesquisa do Paraguaçu,encontra-se estabilizado em 3 reprodutores, 20 matrizes e 5 fêmeas nulí<strong>para</strong>s que produzirão 250bacuris/a<strong>no</strong> <strong>para</strong> distribuição a 73 peque<strong>no</strong>s produtores, previamente selecionados porextensionistas dos escritórios locais da EBDA.Os resultados, quanto aos índices zootécnicos alcançados, <strong>no</strong>s trabalhos realizados na EstaçãoExperimental, são: Leitões nascidos vivos/parto/porca 8,6; leitões desmamados/parto/porca 6,47;peso dos animais ao nascer 1,26; peso dos animais apartados com 40 dias 6,7. Estes índices sãoinferiores aos preconizados <strong>para</strong> uma sui<strong>no</strong>cultura tecnificada de raças exóticas, mas muitosuperiores aos índices zootécnicos obtidos na sui<strong>no</strong>cultura de manejo tradicional, com autilização de raças nacionais.* Alberto de Almeida Alves é Engº Agrô<strong>no</strong>mo, Subgerente de Pesquisa da EBDA, Itaberaba-BA


ASPECTOS DA INFECÇÃO NATURAL DE OVINOS POR HELMINTOSGASTRINTESTINAIS NO MUNICÍPIO DE SERRA PRETA – BA.JOSÉ ROBERTO MORAIS DE MELLO 11 MÉDICO VETERINÁRIO - PREFEITURA MUNICIPAL DE SERRA PRETAUm dos fatores limitantes da ovi<strong>no</strong>cultura são as vermi<strong>no</strong>ses gastrintestinais, consideradas comoa principal causa de mortalidade nesta espécie. O objetivo deste trabalho é estudar as variaçõesestacionais da infecção natural de ovi<strong>no</strong>s por helmintos gastrintestinais <strong>no</strong> município de SerraPreta – Bahia. Foram utilizados 32 animais, dos quais mensalmente, em datas pré estabelecidas,<strong>no</strong> período de abril de 2002 a janeiro de 2003, coletou-se amostras <strong>para</strong> realização da contagemde ovos por grama de fezes (OPG), através da técnica de GORDON e WHITLOCK (1939).Dosificações estratégicas foram realizadas na dependência do resultado do OPG e das condiçõesclimáticas observadas. Nos resultados obtidos, a positividade foi de 57,33%, sendo que <strong>para</strong> ovosdo tipo Strongyloidea, o grau de infecção variou de leve a pesado, com predominância deinfecção moderada. O número de OPG de fezes apresentou aumento <strong>no</strong>s meses do períodochuvoso do a<strong>no</strong>, com pico <strong>no</strong> mês de maio/2002. Gêneros Haemonchus e Trichostrongylus foramobservados na coprocultura com significativo aumento do número de larvas por grama de fezes(LPG) <strong>no</strong>s meses de maio e agosto/2002. Não foram observadas infecções por Cestódeos.


MORTALIDADE DE OVINOS JOVENS EM PROPRIEDADES RURAIS NOMUNICÍPIO DE ARACI – BA.JOSÉ ROBERTO M. DE MELLO 1 .1 ESCRITÓRIO MUNICIPAL DE ARACI – GERÊNCIA REGIONAL DE SERRINHAEMPRESA BAIANA DE DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA – EBDA.A ovi<strong>no</strong>cultura é uma atividade de grande importância sócio-econômica na região do <strong>semi</strong>-áridobaia<strong>no</strong>, porém é nítida a baixa produtividade pela não adoção de tec<strong>no</strong>logias de baixo-custo,causando diversos prejuízos como alta mortalidade de animais jovens. Realizou-se inquérito em06 propriedades rurais analisando-se registros e apontamentos feitos pelos produtores rurais. Osdados foram tabulados e transformados em gráficos e tabelas. Observou-se que a média da taxade mortalidade nas propriedades estudadas foi de 47,60 e 52,08 <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s de 2001 e 2002,respectivamente. Os animais nascidos durante a época seca – julho a dezembro – tiveram umataxa de mortalidade 40,20% maior que os animais nascidos entre janeiro a junho, época daschuvas. Conclui-se que dentre outras medidas, é necessário evitar os nascimentos na época seca,pois isto compromete a sobrevivência dos cordeiros e a produção leiteira das ovelhas, forneceralimentos de boa qualidade, principalmente na fase do desmame, adotar medidas sanitárias e decontrole de reprodução – período de cobertura – e, desta maneira, reduzir a taxa de mortalidade.


IMPLANTAÇÃO DO CURSO BÁSICO DE MANEJO SANITÁRIO EMCAPRINOVINOCULTURA NO MUNICÍPIO DE ARACI – BA.JOSÉ ROBERTO M. DE MELLO 1 .1 ESCRITÓRIO MUNICIPAL DE ARACI – GERÊNCIA REGIONAL DE SERRINHAEMPRESA BAIANA DE DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA – EBDA.A capri<strong>no</strong>vi<strong>no</strong>cultura tem se tornado uma atividade relevante <strong>no</strong> <strong>semi</strong>-árido baia<strong>no</strong> tendo suaimportância sócio-econômica traduzida na sobrevivência das populações rurais. Porém, muitasdificuldades são enfrentadas pelos produtores devido a problemas de manejo sanitário enutricional. Com relação ao manejo sanitário, o Escritório Municipal da EBDA em Araci – BA,tem realizado um Curso Básico de Manejo Sanitário - CBMS, <strong>no</strong> qual os produtores obtêminformações sobre controle de doenças – bacterianas, virais e <strong>para</strong>sitárias, uso de fichas decontrole individual, vacinas, cuidados com a fêmea e o recém-nascido, desinfecção de instalações<strong>no</strong> total de 16 horas aula. Nas aulas teóricas, são expostos problemas enfrentados <strong>no</strong> dia-a-dia,onde a troca de experiências entre o instrutor e o instruendo ajudam a encurtar a distância entre astécnicas a serem utilizadas. Já as aulas práticas são realizadas em currais das propriedadesselecionadas sendo que na última sessão são distribuídos questionários objetivos <strong>para</strong> avaliaçãodo grau de entendimento do curso proposto. O acompanhamento aos produtores após realizaçãodo curso é de fundamental importância <strong>para</strong> obtenção de bons índices de produtividade ediminuição das doenças que afetam a capri<strong>no</strong>vi<strong>no</strong>cultura.


RESUMOPôster I Feira do Semi-ÁridoBesouros em Licuri: potenciais polinizadores ou predadores?Leila Mara Cruz Nascimento e Priscila Paixão LopesUniversidade Estadual de Feira de Santana, Departamento de Ciências Biológicas,Laboratório de EntomologiaSyagrus coronata (MARTIUS) Becari é uma Arecaceae arbórea com caule tipo estipe, temdistribuição tropical, e floração contínua durante praticamente o a<strong>no</strong> todo. Apresentainflorescências monóicas, onde se concentra uma grande quantidade de recursos alimentares <strong>para</strong>os curculionídeos, como flores masculinas e femininas, pólen, endocarpo, tecidos reprodutivos,espata e epiderme. A abertura das flores masculinas e femininas ocorre em períodos distintos. Asflores masculinas permanecem abertas por aproximadamente quatro dias, caindo após esteperíodo, e em seguida as flores femininas abrem-se e permanecem abertas por sete dias. Plantatípica da caatinga, o licurizeiro é uma das espécies vegetais mais importantes <strong>para</strong> a população<strong>no</strong>rdestina, apresentando uma variedade de formas de uso como fonte de alimentos e <strong>para</strong> oartesanato. Desta forma, o consumo de flores pelos curculionídeos poderia comprometer suareprodução (esterilização das flores masculinas), e conseqüentemente o crescimento daspopulações. Por outro lado, alguns curculionídeos são citados como polinizadores de palmeiras,se utilizando de partes de flores, mas simultaneamente, promovendo a formação de frutos. Opresente trabalho teve como objetivo principal determinar quais espécies de Curculionidaeutilizam o licuri como recurso, a fim de posteriormente determinar o efeito dessas espécies sobrea produção de sementes, e assim permitir tanto o manejo de espécies potencialmente da<strong>no</strong>sas,como a conservação de espécies que apresentem impacto positivo sobre as populações naturais delicuri. Fizemos um levantamento das espécies de Curculionidae encontradas nas inflorescênciasmasculinas e respectivas espatas em Licuris de duas áreas da região de Feira de Santana, BA(Campus da UEFS e Matinha dos Pretos). As inflorescências com flores masculinas recémabertas foram ensacadas e cortadas, <strong>no</strong> laboratório submetidas a agitação (insetos se soltam dasflores) e choque térmico (entorpece e facilita o manuseio), e posteriormente foi feita a triagem.Os curculionídeos coletados foram enviados <strong>para</strong> o Prof. Sérgio Vanin <strong>para</strong> identificação. Foram


amostradas 9 inflorescências <strong>no</strong> Campus da UEFS e 14 na Matinha dos Pretos, sendo que foramencontradas treze e oito morfoespécies, respectivamente, sendo sete espécies em comum(Microstates ypsilon, Andrantobius bondari, Ancylorrhinchus trapezicollis e quatro espécies nãoidentificadas), totalizando quatorze espécies. Todas essas foram amplamente distribuídas, mas asespécies mais abundantes foram M. ypsilon e A. bondari. Bondar menciona o registro de 12espécies em Licuri. Nem todas as morfoespécies foram positivamente identificadas a ponto deconfirmarmos quais das espécies citadas por Bondar foram re-amostradas, <strong>no</strong> entanto, em <strong>no</strong>ssaamostragem essa riqueza já foi suplantada, com coletas em apenas 2 localidades. Apesar de, emestudo prévio, ter sido detectado um certo grau de da<strong>no</strong> aos grãos de pólen por curculionídeos,não há como afirmarmos ainda que todas as espécies impõem da<strong>no</strong> ou mesmo são efetivaspolinizadoras, pois as flores femininas não foram amostradas abertas, de forma que não sabemosse as mesmas espécies transitam pelas flores masculinas e femininas. O presente estudo épreliminar quanto à determinação do papel dos insetos <strong>no</strong> ciclo do Licuri, mas é positivo nademonstração da importância do Licuri como fonte de recursos <strong>para</strong> a fauna nativa, suportandoaté 7 espécies por inflorescência.


A FAMÍLIA POLYGALACEAE NA REGIÃO DE CATOLÉS, CHAPADA DIAMANTINA, BAHIA, BRASILElaine Barbosa Miranda-Silva & Lucia<strong>no</strong> Paganucci de Queiroz. Universidade Estadual de Feirade Santana. (emiranda@uefs.br).O presente trabalho apresenta o levantamento das espécies de Polygalaceae da região de Catolés,localizada na Chapada Diamantina (BA). A família Polygalaceae é composta por 16-18 gêneros e1300 espécies com ampla distribuição, porém sem representação na Nova Zelândia e regiõesártica e antártica. Para o Brasil são referidas ca. 200 espécies das quais 48 ocorrem na Bahia. Asespécies foram identificadas a partir da análise do material coletado pelo Projeto Flora deCatolés, <strong>no</strong> período de 1991 - 1993 e por coletas recentes, além da consulta às obras clássicas,tipos depositados em herbários e fotos de tipos obtidas em herbários do exterior. Sãoapresentadas chaves de identificação <strong>para</strong> gêneros e espécies, descrições, ilustrações ecomentários sobre caracteres morfológicos, fe<strong>no</strong>logia e distribuição geográfica das espécies. Afamília está representada na área por 26 táxons: B. barbeyana Chodat, B. brevifolia (Benth.)Klotzch ex A. W. Benn., B. martiana A. W. Benn., B. velutina A. W. Benn., Polygala sp1, P.glochidiata Kunth, P. harleyi Marques var. harleyi, P. harleyi Marques var. intermedia Marques,P. hebeclada DC., P. hygrophila Kunth, P. multiceps Mart. ex A. W. Benn., P. oxyphylla DC., P.paniculata L., P. poaya Mart., P. pseudosericea Chodat, P. trichosperma Lineu, P. sericea A. W.Benn., P. sincorensis Chodat, P. spectabilis DC., P. tenuis DC., P. timoutou Aubl., P. urbaniiChodat, Polygala sp., Pteromonnina exalata (A. W. Benn.) Eriksen, Securidaca diversifolia (L.)S. F. Blake e S. tomentosa A. St.-Hil. et Moq.


Painel:Semi-Árido Baia<strong>no</strong>. Características Demográficas Gerais: 1980-2000Autoras:Diva Maria Ferlin Lopes - socióloga, mestranda em geografia da UFBA etécnica da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia.divaferlin@sei.ba.gov.br.Patricia Chame Dias - Especialista em educação, mestranda em Geografia daUFBA e técnica da Superintendência De Estudos Econômicos e Sociais daBahia. patriciadias@sei.ba.gov.br.Resumo:Com base <strong>no</strong>s dados dos censos Demográficos de 1980, 1991 e 2000, esse trabalhoanalisou algumas das principais características demográficas das três Grandes Áreas daBahia: o Litoral, Semi-Árido e Cerrado. Tal divisão partiu da delimitação oficial de <strong>semi</strong>árido(SUDENE), da divisão da Bahia em Regiões Econômicas (SEPLAN) e do perfil geralde ocupação e desenvolvimento das diferentes partes do território estadual. Comparou-seo Semi-Árido às demais Grandes Áreas em relação ao volume populacional, densidadedemográfica e ritmos de crescimento total, urba<strong>no</strong> e rural e evidenciou-se que essa porçãoda Bahia, a maior em termos territoriais, ao longo das últimas décadas detinha a maiorparte do contingente demográfico do Estado, embora apresentando sucessivas quedas doseu peso relativo em relação ao conjunto estadual. Quanto ao ritmo de crescimento total,revelou taxas inferiores ás das demais Áreas em 1980-1991 e em 1991-2000, e nessesegundo período observou perdas demográficas líquidas. Para as áreas urbanas e rurais,nas três Grandes Áreas ocorreu retração das taxas de crescimento. Contudo, dadas asalterações de perímetros urba<strong>no</strong>s e rurais ocorridas <strong>no</strong> último período, não se pode avaliaro significado das mesmas ou da evolução do grau de urbanização. Em termos de pesopopulacional, o Semi-Árido contava com a segunda maior população urbana e mais dametade da população rural da Bahia.1


DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS PARA A PRODUÇÃOORGÂNICA SUSTENTÁVEL DE ABACAXI NO SEMI-ÁRIDO BAIANO.Alberto de Almeida Alves*Domingo Haroldo Rudolfo Conrado Reinhardt**Na Bahia, quarto produtor nacional de abacaxi, com mais de 90 milhões de frutos colhidos, emcerca de 4.000 ha, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2000 (IBGE, 2001), o município de Itaberaba respondia por cerca de25% desta produção. Nesta região do <strong>semi</strong>-árido baia<strong>no</strong>, onde a produção agropecuária éfreqüentemente afetada ou até inviabilizada por períodos longos de deficiência hídrica <strong>no</strong> solo, acultura do abacaxi se tor<strong>no</strong>u o principal sustentáculo sócio-econômico a partir dos trabalhos depesquisa e extensão rural desenvolvidos em parceria da EBDA e Embrapa. No final da década de80, <strong>no</strong> município de Itaberaba, existiam 20 produtores que cultivavam aproximadamente 40 ha deabacaxi, representando me<strong>no</strong>s de 2% da produção estadual. Em 2002, a EBDA e diversosparceiros realizaram um censo agrícola <strong>no</strong> município de Itaberaba que confirmou a existência de700 produtores de abacaxi em 1400 hectares com a cultura, gerando cerca de 4.000 empregosdiretos e indiretos e colocando em circulação mais de 10 milhões de reais por a<strong>no</strong>.O fruto produzido é de boa qualidade, tendo, em geral, boa aceitação <strong>no</strong>s mercados regionais e deoutros estados. A produtividade está acima da média nacional de 23.000 frutos/ha, tendo crescidoacentuadamente <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s, em resposta à aplicação de tec<strong>no</strong>logias geradas ou adaptadas etransferidas pela EBDA – Gerência Regional de Itaberaba e Embrapa - Mandioca e Fruticultura.No entanto, o custo ambiental da atividade tem sido preocupante, e a sua sustentabilidade amédio e longo prazo, praticamente impossível, se ajustes não forem realizados <strong>no</strong> sistema atualde produção, que é tipicamente baseado <strong>no</strong> modelo convencional, com o uso de adubos químicos,indutores florais artificiais e do controle predominante químico das principais doenças e pragas.Tem sido observado que os ótimos resultados obtidos <strong>no</strong>s plantios, em áreas virgens, declinamrapidamente <strong>no</strong>s cultivos subseqüentes, nas mesmas áreas, com a redução do crescimento, vigor eprodutividade das plantas, o que leva os produtores a cada vez mais avançarem na destruição davegetação natural da caatinga <strong>para</strong> a instalação de <strong>no</strong>vos abacaxizais. Estima-se que dentro depoucos a<strong>no</strong>s parte da vegetação natural terá desaparecido, o que, além dos prejuízos ambientais,levará à diminuição da produtividade e, sobretudo, da qualidade dos frutos obtidos na região,podendo afetar decisivamente <strong>no</strong> agronegócio regional de abacaxi, com reflexos altamentenegativos sobre grande parcela da população desta região.* Alberto de Almeida Alves, Engº Agrô<strong>no</strong>mo, Subgerente de Pesquisa da EBDA de Itaberaba** Domingo Haroldo Rudolfo Conrado Reinhardt, Eng. Agrô<strong>no</strong>mo M.Sc da Embrapa Mandioca


EFEITO DA IDADE PÓS-COLHEITA NA QUEBRA DE DORMÊNCIA DE Melocactusglaucescens Buining & Brederoo (CACTACEAE)Rosineide Braz Santos FONSECA,Camila Almeida Figueiredo SILVA, Claudinéia ReginaPELACANI, Iara Cândido CREPALDI, Ligia Silveira FUNCHUniversidade Estadual de Feira de SantanaMelocactus glaucescens é uma espécie endêmica do município de Morro de Chapéu-Bahia.Possui características morfológicas peculiares como, cladódio azulado quando jovem ecefálio branco que atraem colecionadores de todo o mundo. Devido ao extrativismo ecomércio ilegal <strong>para</strong> fins ornamentais essa espécie encontra-se criticamente ameaçada deextinção (Red List da IUCN). Apesar disso pouco se conhece sobre a espécie,principalmente com relação à germinação. Este trabalho objetivo averiguar o efeito daidade pós-colheita na quebra de dormência de M. glaucescens, contribuindo <strong>para</strong> o manejoe cultivo da espécie, em horto, <strong>para</strong> comercialização. Em um delineamento inteiramente aoacaso, sementes de seis idades diferentes foram colocadas <strong>para</strong> germinar em placas de petriforradas com papel germitest, sob fotoperíodo de 12 horas, em câmara de germinação a30ºC. Utilizou-se lotes de 50 sementes por repetição (5). O número de sementesgerminadas foi registrado diariamente, durante quinze dias, sendo a protusão da radícula ocritério adotado <strong>para</strong> considerar a semente como germinada. As taxas de germinaçãotransformadas em arcose<strong>no</strong> apresentaram diferenças ao nível de significância de 1%(F=124,65; CV=27,81). Sementes recém-colhidas de M. glaucescens e com até 108 dias deidade mostraram um grau de dormência bastante acentuado. A germinação começou a seelevar após 134 dias de idade pós-colheita, sendo significativamente maior após 308 dias deidade, alcançando 68% de sementes germinadas. A quebra de endodormência com ácidos,nas condições estabelecidas acima, está também sendo investigada.


A Ocupação Urbana da Lagoa grande <strong>no</strong> Município de Feira de Santana.Autoria: Antonia dos Reis Salustiana EvangelistaUniversidade Estadual de Feira de SantanaIntroduçãoO município de Feira de Santana constitui-se num importante entrepostocomercial do <strong>no</strong>rte <strong>no</strong>rdeste. Apesar de pertencer a região <strong>semi</strong>-árida, o município jápossui dezenas de lagoas, o que lhe confere clima de transição sub-úmido, porém essaclassificação climática, apresenta alterações ao longo dos a<strong>no</strong>s devido a degradação daslagoas as quais possuem importância histórica, pois a origem do município estáassociada a tais ecossistemas.No entanto, a partir da década de setenta, com o desenvolvimento industrial,vivenciado pelo município, favoreceu o aumento da migração de pessoas <strong>para</strong> a cidade,devido ainda a sua privilegiada posição geográfica. Porém, essa população não foiabsorvida totalmente pelas industrias, por diversos fatores, o que possibilitou aocupação de áreas inóspitas da cidade, evidenciada pela ocupação e degradação daslagoas em particular a lagoa grande, localizada na área periférica do centro da cidade.Portanto a importância desse trabalho reside na possibilidade de alertar apopulação e as autoridades competentes a respeito das condições da lagoa grande, afimque providencias sejam tomadas <strong>para</strong> recuperação e conservação desse manancial devalor histórico. Outro fator a considerar é o aspecto estético, pois essa lagoa está situadanuma área <strong>no</strong>bre da cidade, além das questões sanitárias, devido a proliferação dedoenças, como conseqüências da população da lagoa.Objetivos:⇒ Relacionar a ocupação urbana com processo de degradação ambiental na Lagoagrande.⇒ Analisar o uso que a população faz da lagoa.⇒ Analisar o tipo de impacto ambiental sofrido pela lagoa.Metodologia:• Levantamento bibliográfico


• Levantamento cartográfico dos mapas temáticos: rodoviário, climático e dos bairrosdo município.• Análise através de uma tabela dos impactos sofridos pela lagoa (diretos, indiretos,reversíveis e irreversíveis).• Trabalho de campo e realização de entrevista informal.Observações finais ou conclusões• A lagoa é ocupada por pessoas de baixa renda, as quais na maioria trabalham <strong>no</strong>mercado informal.• Devido a falta de esgotamento sanitário, há ocorrência de vermi<strong>no</strong>se e doenças depele.• Deposição de esgoto doméstico na lagoa, causando impacto direto na mesma.Referências bibliográficasFREITAS, Nacelice Barbosa. Urbanização em Feira de Santana: Influencia daIndustrialização 1970 – 1996. Tese: professor da UEFS.NUNES MAIA, Maria de Fátima da Silva. Lixo: Soluções Alternativas – projeções apartir da experiência – Universidade Estadual de Feira de Santana, 1997.ROSSI,O. L. S. Geomorfologia Aplicada as EIA s RIMA s . Cap. 6, In: GUERRA, J. A.T. e CUNHA, S. B. Geomorfologia e Meio Ambiente. Rio de Janeiro: Betrand Brasil,1994.


ADSORÇÃO DE ÁCIDOS ORGÂNICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA SOBRECARVÃO ATIVADOKelle Oliveira Silva a e Suzana Modesto de Oliveira Brito bDepartamento de Ciências Exatas, Universidade Estadual de Feira de SantanaKm 03, BR 116 Campus Universitário, Feira de Santana, BA, 44031-460a Aluna de Iniciação Científica, Graduanda em Ciências Farmacêuticas.b Doutor em Química Analítica, Prof. Adjunto.A remoção de substâncias orgânicas naturais em efluentes aquosos tem sido objeto deestudo em diversos centros de pesquisa, <strong>para</strong> produção de água dentro dos padrões depotabilidade. Métodos de clarificação primária, incluindo flotação e sedimentação, não sãoefetivos <strong>para</strong> remoção dessas substâncias sem um tratamento químico simultâneo.Processos baseados na se<strong>para</strong>ção com membranas, coagulação e troca iônica também sãousados <strong>para</strong> este fim, mas o alto custo é sua principal desvantagem. As técnicas detratamento fundamentadas em processos de coagulação, seguidas de se<strong>para</strong>ção por flotaçãoou sedimentação, apresentam uma elevada eficiência na remoção de material particulado.No entanto, na remoção de cor e compostos orgânicos dissolvidos, mostram-se ineficientes.O carvão ativado tem a capacidade de adsorver a maioria dos poluentes orgânicos emefluentes, mas o desempenho de um processo de tratamento com carvão ativado depende dotipo de carvão e das características do efluente, além das condições de operação. Osprocessos de adsorção em carvão ativado apresentam uma eficiência significativamentemaior eu outros processos. <strong>Uma</strong> das maneiras de caraterizar a natureza do carvão ativado éa obtenção da isoterma de adsorção, que é uma medida da quantidade adsorvida por gramade adsorvente a uma temperatura constante. Existem cinco tipos de isoterma mais comuns,que descrevem a adsorção de moléculas em diversos tipos de superfícies. Para descreveressas isotermas, são usadas várias equações (Langmuir, Freundlich e Dubinin-Raduskevich). Para determinar o grau de adsorção de um material sobre o carvãotrabalhamos com soluções de adsorbato em diferentes concentrações, mantendo a massa deadsorvente constante. Três diferentes tipos de carvão ativado foram utilizados nessainvestigaçào: o carvão ativado presente <strong>no</strong>s filtros de água POZZANI; o carvão ativadomarca REAGEM e uma terceira marca com <strong>no</strong>me comercial SYNTH. Como adsorbatosutilizou-se ácido acético, ácido salicílico, ácido cítrico e ácido ascórbico. O ácido acéticoque é um adsorbato conhecido <strong>para</strong> estimativas de capacidade de adsorção de carvõesativados. Os resultados obtidos estão descritos na forma de isotermas de adsorção obtidas apartir da equação de Langmuir. As isotermas dos carvões dos filtros Pozzani e SYNTHindicam uma alta capacidade de adsorção <strong>para</strong> os ácidos testados, obedecendo a isoterma deLangmuir, característica de sólidos microporosos. O carvão Reagem não obedece aisoterma de Langmuir e <strong>no</strong>vos experimentos serão realizados <strong>para</strong> verificar o tipo deadsorção que ocorre sobre esse carvão. A capacidade de adsorção, embora sejasignificativa, não pode ser determinada com os dados obtidos.


AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE ORAL AGUDA DOS FRUTOS DA ALGAROBA(Prosopis juloflora DC) PARA ANIMAIS DE LABORATÓRIOAna Rita Pedreira Lapa Bautista *Eduardo Luiz Trindade Moreira**Samuel Araújo da Silva***Maria José Moreira Batatinha****A algaroba é uma legumi<strong>no</strong>sa arbórea xerófita muito resistente à seca, de rápidocrescimento, tendo início de produção econômica dos frutos aos cinco a<strong>no</strong>s, podendoatingir, em média, 15 t/ha/a<strong>no</strong>, por planta. As vagens contêm, aproximadamente, 15% deproteína bruta na MS, amadurecem entre setembro e dezembro, época em que há déficitforrageiro, sendo utilizada em muitas regiões do <strong>semi</strong>-árido como principal e, muitas vezes,única alternativa <strong>para</strong> a alimentação animal.Na Paraíba e Rio Grande do Norte, a enfermidade de<strong>no</strong>minada “cara-torta” acometeubovi<strong>no</strong>s intoxicados naturalmente com uma dieta à base de vagens de algaroba. Figueredo ecolaboradores, em 1995/96, e Menezes, em 1998, reproduziram experimentalmente embovi<strong>no</strong>s o quadro observado <strong>no</strong> campo, ou seja, desvio lateral da cabeça durante amastigação, ptose mandibular, atrofia dos masseteres e profusão parcial da língua.Alguns pesquisadores sugerem que o efeito tóxico das vagens pode estar relacionado, diretaou indiretamente, à ação dos alcalóides piperidínicos (juliprosopina e juliprosina). Aavaliação da toxicidade aguda dos frutos da algaroba e da mistura de alcalóides teve comoobjetivo identificar o potencial tóxico e o modo de ação bem como estabelecer o regime dedoses que deverão ser utilizadas em estudos subagudos posteriores. A farinha de algaroba(EMEPA, dezembro 2001) foi desengordurada com éter de petróleo e posteriormenteextraída com meta<strong>no</strong>l <strong>para</strong> obtenção do extrato metanólico (EM). Parte do extrato foi, porsua vez, submetido à marcha (acidificação/alcalinização/extração com clorofórmio) <strong>para</strong>obtenção da fração alcalóidica (FA).Para avaliação da toxicidade, foi adotado o protocolo da OECD <strong>para</strong> testes agudos,utilizando seis ratos Wistar, adultos, por sexo e por dose. Um grupo de animais recebeu, porvia oral (gavagem) a farinha de algaroba (FAL), veiculada à carboximetil celulose 0,5%(CMC) e, outro, o EM, em água destilada, ambos na dose de 2000 mg/kg. Tanto o ganho depeso dos animais quanto o peso relativo dos órgãos (fígado, rins, baço, adrenais e testículos)estiveram dentro das faixas de <strong>no</strong>rmalidade estabelecidas pelo controle histórico. Não foramobservadas alterações clínicas e necroscópicas, exceto o aumento na diurese de algunsanimais, especialmente fêmeas (03/12). FAL e EM apresentaram baixa toxicidade, ou seja,DL 50 de 2000 mg/kg.No teste com FA, veiculada em CMC, foram utilizadas as doses de 1000, 625 e 390 mg/kg.Foram observadas as seguintes alterações clínicas e comportamentais: redução na atividadegeral, <strong>no</strong> to<strong>no</strong> muscular e marcha a<strong>no</strong>rmal, com tempo de aparecimento/reversibilidade eintensidade relacionados à dose, e aumento na diurese de alguns animais (04/18). Nãoforam registradas alterações à necropsia. Embora a DL 50 encontrada tenha sidorelativamente alta, ou seja, superior a 1000 mg/kg, pôde-se observar que o quadro em ratosé sugestivo, também, da ação dos alcalóides sobre o sistema motor.* Bióloga, MS, da Central de Laboratórios da Agropecuária da EBDA.** Médico Veterinário, Dr., da Escola de Medicina Veterinária da UFBA.***Acadêmico de Medicina Veterinária da UFBa, estagiário da EBDA.****Médica Veterinária, Dra., da Escola de Medicina Veterinária da UFBA.


O GÊNERO CATTLEYA LINDL. (ORCHIDACEAE) NO ESTADO DABAHIA. Cruz, DaianeTrabuco1, Borba, Eduardo Leite2, vanden Berg, Cássio2. 1Iniciação Científica, UniversidadeEstadual de Feira de Santana; 2Professor Depto. CiênciasBiológicasUEFS.(Daianetrabuco@bol.com.br).Cattleya (Orchidaceae) é um gênero exclusivamente Neotropical, com cerca de 50 espéciesreconhecidas. Este gênero é um dos mais importantes da família pelo valor ornamental de suasespécies. Todas as espécies têm sido bastante coletadas na natureza <strong>para</strong> comercialização, e afreqüência com a qual ocorre esta procura tem levado a uma redução e desaparecimento de váriaspopulações e conseqüentemente ameaça de extinção de algumas espécies. Porém, as espécies dogênero são muito pobremente representadas em coleções de herbário. O Brasil é o país com omaior número de espécies (28), das quais 23 são endêmicas. O objetivo deste trabalho é arealização do levantamento das espécies ocorrentes <strong>no</strong> estado da Bahia, e melhorar oconhecimento da distribuição geográfica, bem como levantar informações ecológicas efe<strong>no</strong>lógicas das espécies <strong>no</strong> estado, através de coleções de herbário, coletas e bibliografia. Até omomento foram encontradas <strong>no</strong>ve espécies <strong>no</strong> estado da Bahia. Destas, cinco ocorremexclusivamente na Mata Atlântica (C. granulosa, C.kerrii, C. schilleriana, C. tigrina, C.warneri), uma exclusivamente na caatinga (C. tenuis), uma exclusivamente em campos rupestres(C. elongata) e duas na Mata Atlântica e caatinga (C. aclandiae, C.amethystoglossa). Destasespécies, quatro são endêmicas do estado: C. aclandiae, C. amethystoglossa, C. kerrii e C. tenuis.Além destas, existe uma espécie (C. guttata)que embora citada <strong>para</strong> alguns autores não foiencontrada <strong>no</strong> estado até o momento. Cattleya elongata, a única espécie rupícola do gênero, é aespécie mais abundante <strong>no</strong> estado, ocorrendo ao longo de toda a Chapada Diamantina, e a maisbem representada em coleções de herbário.


METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DE GUIAS DE CAMPO DE BIODIVERSIDADE DELEGUMINOSAS DA CAATINGA NA BAHIA. Nunes, T.S. 1 ; Stradmann, M.T.S. 2 ; Costa, J.A.S. 1 ;Queiroz, L.P.de 1 ; Allkin, B. 3 ; Lawrence 5 , A. Ferreira, A.P.L. 2 , Lima, M. 4 & Carneiro, A.S. 1 . 1Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS); 2 Serviço de Assessoria a OrganizaçõesPopulares Rurais (SASOP); 3 Centro Nordesti<strong>no</strong> de Informações sobre Plantas (CNIP); 4Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa; 5 Universidade de Oxford.(jascosta@hotmail.com)O Projeto Guias de Campo de Biodiversidade é um projeto integrado com participação de trêspaíses: Brasil (UEFS, SASOP, CNIP, AS-PTA, APNE), Bolívia (FAN, FRP) e Inglaterra(Green College-Oxford, RGB-KEW, DFID). No Brasil, foi detectado que o uso de plantas dacaatinga na alimentação animal, como uma forma de subsistência, demanda umasistematização de diversas informações e sua difusão <strong>no</strong>s meios técnicos, gerando assim, umagrande necessidade de reunir informações sobre plantas forrageiras encontradas nesteambiente, visando auxiliar <strong>no</strong> uso racional dos recursos naturais do <strong>semi</strong>-árido. Diante dessepa<strong>no</strong>rama, este projeto tem como objetivo a elaboração de dois guias de campo voltados <strong>para</strong>diferentes públicos. O primeiro Guia trata de 21 espécies de legumi<strong>no</strong>sas forrageiras e atendea técnicos que assessoram comunidades rurais. O outro Guia possui cerca de 250 espécies delegumi<strong>no</strong>sas e tem como público, naturalistas (ecologistas, zoólogos, biólogos, agrô<strong>no</strong>mos,etc.), ambos visando a valorização da biodiversidade da caatinga, através do fomento do usode espécies nativas deste bioma. Para o desenvolvimento do Projeto, as etapas metodológicasseguidas foram: a) coleta e identificação das espécies a serem trabalhadas; b) fotografia eilustração das espécies; c) descrição das espécies e entrada das informações em um banco dedados; d) realização de testes com o público alvo <strong>para</strong> definição de conteúdo e apresentação;e) editoração e impressão dos guias. Os resultados obtidos derivam de um processo deconstrução participativa com naturalistas, técnicos e agricultores das comunidadestrabalhadas, e servirão de subsídios <strong>para</strong> elaboração de um Manual Metodológico sobre Guiasde Campo de Biodiversidade. O primeiro produto do Projeto Guias é o guia <strong>para</strong> técnicosagrícolas, contendo informações de uso, manejo e descrições de espécies de legumi<strong>no</strong>sas dacaatinga de maior importância <strong>para</strong> agricultores de comunidades rurais na Bahia, e queocorrem em vários Estados do Nordeste. (CNPq).


LEVANTAMENTO DA FAMÍLIA LEGUMINOSAE NA CAATINGA DO MUNICÍPIO DEITIÚBA-BAHIA. Janaina Gelma Alves do Nascimento & Lucia<strong>no</strong> Paganucci de Queiroz ..Universidade Estadual de Feira de Santana – Bahia (janaina@uefs.br).A Família Legumi<strong>no</strong>sae possui aproximadamente 18.000 espécies distribuídas em cerca de 670gêneros, classificadas em três subfamílias: Caesalpinioideae, Mimosoideae, Papilio<strong>no</strong>ideae.Destaca-se por apresentar-se como a família com maior riqueza de espécies na caatinga. Sãoplantas de hábito muito variado, desde grandes árvores a ervas anuais ou perenes. As folhas sãosempre de disposição alternas, pari ou imparipinadas, com estípulas ou não. As flores apresentamsimetria apresenta simetria radial a fortemente zigomorfa com ovário súpero, unicarpelar eunilocular; o fruto pode ser do tipo lomento, legume ou folículo, dentre outros. A área amostradaestá localizada <strong>no</strong> município de Itiúba distando cerca de 377km, ao <strong>no</strong>rte, da capital do estadobaia<strong>no</strong>. Duas áreas de amostragem foram selecionadas: a encosta da Serra de Itiúba, que seapresenta revestida por floresta estacional decidual e o pedipla<strong>no</strong> sertanejo, formado por umavegetação caatinga arbórea. Este trabalho teve como objetivo realizar um levantamento da famíliaLegumi<strong>no</strong>sae na caatinga de Itiúba, elaborar um checklist das espécies encontradas compre<strong>para</strong>ção de chaves de identificação <strong>para</strong> as espécies e analisar padrões de distribuição dealgumas espécies. Levantamentos <strong>para</strong> a caatinga do Nordeste do Brasil consta de 309 espécies,destas foram encontradas 35 espécies, distribuídas em 10 tribos, sendo 10 espécies deCaesalpinioideae, 10 espécies de Mimosoideae e 15 de Papilio<strong>no</strong>ideae. Estas espécies foramagrupadas quanto a distribuição, em três tipos: 3 espécies distribuídas <strong>no</strong> arco pleistocênico,como Anadenathera colubrina var. cebil; (Vell.) Brenan, 8 espécies endêmicas de caatinga, comoCaesalpinia pyramidalis var. pyramidalis Tul. e Mimosa ophthalmocentra Mart. ex Benth., e 17espécies com ampla distribuição, como Senna spectabilis (DC.) H.S. Irwin & Barneby. Foramencontradas 7 espécies ruderais ou invasoras, como Chamaecrista serpens (L.) Greene eCrotalaria incana L.Palavras chaves: legumi<strong>no</strong>sae, levantamento, caatinga1. Bolsiata Probic-Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana. 2. Professororientador do Departamento de Ciencias Biológicas da UEFS.


A FAMÍLIA ANACARDIACEAE NA CHAPADA DIAMANTINA, BAHIA, BRASILCosme Correia dos Santos, Teonildes Sacramento Nunes & Lucia<strong>no</strong> Paganucci deQueiroz. Universidade Estadual de Feira de Santana (ccorreia47@hotmail.com).A Chapada Diamantina está localizada <strong>no</strong> centro do território baia<strong>no</strong> e constitui a porçãosetentrional da Cadeia do Espinhaço. Está constituída por um conjunto de montanhasdisjuntas. Inícia-se na Serra de Jacobina, Bahia (10º 00’S) e estende-se em direção sul atéa Serra do Ouro Branco <strong>no</strong> município de Ouro Preto, Minas Gerais (21º 25, 5’S).Apresenta grande variedade de tipos vegetacionais, predominando os campos rupestresmas ocorrem também campos cerrados (“gerais”), cerrados de altitude e diferentes tiposde florestas como as pluvio-nebulares, ciliares e as de grotão. A família Anacardiaceaeinclui cerca de 80 gêneros e 600 espécies, com distribuição predominantimentepantropical, com alguns gêneros ocorrendo nas regiões temperadas, da Ásia, Europa eAmérica do Norte. Caracteriza-se por apresentar folhas inteiras ou compostas, dediposição alterna, sem estípulas ou estas são decíduas. Flores pequenas, incospícuas,brancas ou amarelo-esverdeadas, hermafroditas, ou de sexo se<strong>para</strong>dos, às vezes emplantas dióicas, de simetria radial. A família está representada na Chapada Diamantinapor 11 espécies distribuidas em 8 gêneros: Anacardium humile St. Hil., Apterokarpusgardneri (Engl.) Rizzine, Astronium graveolens Jacq., Lithraea molleoides (Vell.) Engl.,Myracroduon urundeuva Engl., Schi<strong>no</strong>psis brasiliensis Engl., Spodias tuberosa Arr. Cam.,Tapirira guianensis Aubl., T. marchandii Engl., T. obtusa (Benth.) Mitchell. e T.peckoltiana Engl.


A FAMÍLIA PASSIFLORACEAE NAS CAATINGAS DA BAHIA. TeonildesSacramento Nunes 1,2 & Lucia<strong>no</strong> Paganucci de Queiroz 2 . 1. Programa de Pós-Graduaçãoem Botânica/UEFS, 2. Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana(teo@mail.uefs.br).A família Passifloraceae é predominantemente tropical e subtropical e possui cerca de 20gêneros distribuídos em 650 espécies, pertencentes a 21 subgêneros. Caracteriza-se pelohábito de trepadeiras herbáceas, raramente ervas, arbustos ou árvores, estípulas foliáceas,algumas vezes decíduas, gavinhas axilares, folhas alternas, com glândulas sésseis ouestipitadas <strong>no</strong> pecíolo, lâmina foliar simples ou lobada a partida, brácteas 3 na, verticiladasou dispersas na base do botão floral, algumas vezes decíduas, hipanto tubular,campanulado ou cilíndrico, sépalas e pétalas em número de 5, geralmente coloridas, coroade filamentos de 2 a várias séries, androginóforo, opérculo, límen e anel nectaríferopresentes, anteras 5, dorsifixas, ovário com placentação parietal, estigmas 3, fruto baga,indeiscente, sementes alveoladas, foveoladas ou reticuladas, envolvidas por um arilomucilagi<strong>no</strong>so. Na Bahia, a família está representada <strong>no</strong>s diversos ecossistemas, sendoencontradas desde áreas de mata atlântica até caatinga, passando por cerrado e camporupestre e regiões brejosas. A caatinga constitui o bioma mais característico do Nordestedo Brasil, predominando uma fisio<strong>no</strong>mia dominada por arbustos espinhosos, pequenasárvores decíduas e cactáceas. Na caatinga a família está representada por 7 espécies:Passiflora cincinnata Mast., P. foetida L., P. luetzelburgii Harms, P. kermesina Link &Otto, P. misera Kunth, P. recurva Mast. e P. setacea DC. todas de ampla distribuiçãogeográfica.


USO DA URINA DE VACA COMO FONTE ALTERNATIVA DE NITROGÊNIO EPOTÁSSIO PARA A CULTURA DO AMENDOIM (Arachis hipogea L.)Carla da Silva Sousa¹; Bru<strong>no</strong> de Oliveira Dias¹; Cássia da Silva Sousa¹; Demóstenes Vieira deAlmeida¹; José Carlos Ribeiro Carvalho²; João Albany Costa²INTRODUÇÃODe acordo com Silva (1985), o amendoim (Arachis hypogea L.) é nativa da América doSul (Brasil) levado ao velho mundo <strong>no</strong> período colonial, é hoje, cultivada por todos os paísestropicais e subtropicais. Em <strong>no</strong>sso país, o Arachis hypogea L. é uma das mais importantesculturas de sua eco<strong>no</strong>mia agrícola. Apesar de ser produzido em quase todo o territórionacional está concentrado praticamente na Região Sul, especialmente <strong>no</strong> Estado de São Paulo,que responde por mais de 80% da produção brasileira. O principal mercado consumidor é aindústria de óleos alimentícios.Conforme Bennema (1970), o amendoim pode ser cultivado com êxito em uma largafaixa de tipos de solos. Entretanto, pelo modo peculiar de frutificação, devem-se observar ascondições agrícolas do solo que influenciam na produção, principalmente aquelasrelacionadas com a maturação, qualidade e colheita do amendoim. Para cultura, são maisfavoráveis os solos de textura média, de coloração clara, friáveis, bem supridos de cálcio ecom moderada quantidade de matéria orgânica. Os solos com suficiente provisão de cálcioproduzem frutos com maior percentagem de sementes.A planta de amendoim é capaz de associar-se com bactérias do gênero Bradyrhizobiumsp. formando nódulos nas raízes. Nos nódulos infectados pela bactéria eficiente, o nitrogênioatmosférico (N) é reduzido e transferido <strong>para</strong> a planta a qual pode desenvolver-seindependentemente da adição de adubo nitrogenado. Estas bactérias fixam o nitrogênio do ar,fornecendo à planta sob a forma de sais nitrogenados, em troca de outros compostosnutrientes dados pelas legumi<strong>no</strong>sas, esse processo é intensificado e mais eficiente quando assementes são previamente i<strong>no</strong>culadas. A i<strong>no</strong>culação das sementes de amendoim em soloscontendo população autotóctone é recomendada pelo Instituto Agronômico de Campinas <strong>para</strong>aumentar a eficiência do processo (Giardini, 1980)__________________________1Acadêmicos de Agro<strong>no</strong>mia - Escola de Agro<strong>no</strong>mia da UFBA. Cruz das Almas-BA. . CEP: 44380-000. karlha@bol.com.br2Professores da Escola de Agro<strong>no</strong>mia – UFBA. Cruz das Almas-BA. CEP: 44380-000.


Para Ernani e Gianello (1983), os sucessivos aumentos verificados ultimamente <strong>no</strong>preço dos adubos minerais fizeram com que os técnicos brasileiros, dedicassem maior atençãoà obtenção de fontes fertilizantes mais baratas que as tradicionais. Muitos estudos começarame outros foram intensificados com fosfatos naturais, rochas potássicas, fixação biológica denitrogênio e, mais recentemente, adubos verdes e materiais orgânicos.O cloreto de potássio de<strong>no</strong>minado comercialmente <strong>no</strong>s Estados Unidos muriato depotassa, é o fertilizante potássico mais empregado <strong>no</strong> mundo. Este adubo contém 60% deK 2 O, é solúvel em água e pode ser aplicado juntamente com outros adubos nitrogenados efosfatados, sem causar qualquer reação desfavorável. Este fertilizante contém 96% de KCl e3,5% de NaCl.A uréia, CO(CH 2 ) 2 , é um fertilizante nitrogenado de uso relativamente recente e apenasnas últimas décadas ela vem se firmado de forma incontestável como uma das melhoresopções. As restrições ao uso do produto diziam respeito a propriedades físicas indesejáveis;devido à higroscopicidade do produto, a possíveis perdas de nitrogênio por volatilizaçãoquando usado na superfície de solos e a toxidez <strong>para</strong> as plantas de biureto, que ocorre comoimpureza na uréia. Porém, esse fertilizante nitrogenado apresenta a vantagem de serconcentrado, contendo 42% do elemento. No solo, a uréia é hidrolizada pela ação de enzimas(urease), transformando-se em amônia, que é facilmente absorvida pelas raízes. Estatransformação, em condições propícias de umidade e temperatura, pode processar-se emquestão de horas (Raij, 1991).Para a Comissão Estadual de Fertilidade do Solo (1989), a adubação nitrogenada não érecomendada na cultura do amendoim, em virtude das raças de Rhizobium, atualmentedisponíveis, serem eficientes na fixação do nitrogênio atmosférico.Segundo Lopes et al (1976), os resultados de alguns ensaios sobre a adubaçãonitrogenada dessa cultura são contraditórios, sendo que, na maioria dos casos, não hárespostas convenientes <strong>para</strong> indicar uma <strong>no</strong>rma de adubação nitrogenada <strong>para</strong> a cultura doamendoim. Por outro lado são praticamente inexistentes os estudos sobre a fixação simbióticado nitrogênio através de sua cultura.Em relação aos adubos fosfatados Malavolta (1979), descreve que existem diversosadubos fosfatados <strong>no</strong> comércio. Eles diferem na sua concentração em fósforo e solubilidade,ou seja, varia a riqueza em fósforo pelo adubo, e também seu aproveitamento pelas plantas,podendo-se dizer que de modo geral quanto mais solúvel o adubo, maior seu aproveitamento.


Para Kiehl (1985), a vermicompostagem como adubação orgânica, é uma tec<strong>no</strong>logia naqual se utilizam as minhocas <strong>para</strong> digerir a matéria orgânica, provocando sua degradação. Asminhocas podem produzir composto em curto espaço de tempo, se as condições foremfavoráveis, contendo nutrientes em maior concentração que o solo onde se encontram,promovendo assimilação mais fácil pelas raízes.Os técnicos da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro(Pesagro), assim como agricultores do município de Morrinhos – RJ, fizeram testes com aurina de bovi<strong>no</strong>s e concluíram que o produto é um excelente nutriente e muito eficaz <strong>no</strong>controle de pragas e doenças dos vegetais. Os estudos começaram em 1992, numa tentativabem sucedida de recuperar plantas de abacaxi atacadas pela fusariose, doença fungica atéentão considerada incurável, que causa da<strong>no</strong>s de até 70% na produção final. Ao analisar aurina bovina <strong>no</strong> laboratório, os técnicos da Pesagro confirmaram não só o controle dafusariose do abacaxi, mas também de outras doenças provocadas por fungos. A provávelsubstância responsável pela recuperação das plantas, é de<strong>no</strong>minada catecol – ami<strong>no</strong>ácido jápesquisado em Israel e caracterizado por aumentar a resistência das plantas. Por causa dessesestudos, produtores de cacau do Sul da Bahia, decidiram testar a urina bovina <strong>no</strong> controle devassoura de bruxa, doença que vem devastando as lavouras da região. Os primeirosresultados, indicaram a redução de até 95% na incidência da doença e aumento de 40% <strong>no</strong>número de frutos colhidos por planta. Para evitar reações químicas indesejáveis, a urina nãodeve entrar em contato com materiais metálicos e, antes de ser misturada com a água deveficar em repouso, em recipiente fechado, por três dias (Pereira, 2001).A urina de vaca é um produto orga<strong>no</strong>-mineral, o que lhe confere fácil absorção via foliargraças a organização complexa dos minerais em condições orgânicas (quelatos). A análise daurina bovina, fermentada por oito dias, apresentou 14 tipos de nutrientes (Urina, 2001).Gadelha (2000), descreve que a urina de vaca contém substâncias que, reunidas,melhoram a saúde das plantas. Dentre elas, o potássio, que é o elemento químico de maiorquantidade na urina de vaca, atua na planta aumentando o aproveitamento de água,tornando as paredes dos tecidos mais duras, com maior resistência de colheita àarmazenagem e <strong>no</strong> transporte, diminuindo as perdas, acentuando a eficiência da adubaçãonitrogenada e eliminando o excesso de nitrogênio nas folhas, o que, consequentementediminui o efeito atrativo <strong>para</strong> a incidência de pragas e doenças. Já o enxofre, aumenta aprodução de proteínas, tornando os produtos mais nutritivos e o sódio aumenta o teorcarote<strong>no</strong>, tornando os produtos mais atrativos <strong>para</strong> o comércio. Os fenóis aumentam a reaçãodas plantas ao ataque de doenças, sendo o catecol, o mais importante na urina enquanto que o


ácido indolacético, é um hormônio de crescimento, que existe naturalmente em todas asplantas, sendo também encontrado na urina, de acordo com a concentração aumenta avelocidade de crescimento das plantas e favorece a formação de raízes, podendo proporcionarcolheitas mais precoces.Além disso, os testes realizados revelaram vantagens na utilização do produto como:não é tóxico, diminui o uso de agrotóxicos, praticamente não tem custo; substitui em parte oadubo químico, aumenta a produção; melhora a qualidade e o padrão dos frutos. O uso daurina de vaca na agricultura é uma tec<strong>no</strong>logia inédita <strong>no</strong> Brasil e poderá mudar o perfil dapequena produção rural regional, já que o produtor certamente diminuirá a dependência deprodutos químicos de fora da produtividade, contribuindo <strong>para</strong> o aumento do padrão de vidafamiliar e não promovendo risco à saúde do produtor e do consumidor (Gadelha 2000).A urina de vaca deve ser misturada com água na proporção correta <strong>para</strong> cada cultura.Quantidades maiores que as indicadas pelo teste de campo podem causar da<strong>no</strong>s às plantas. Aaplicação da mistura poderá ser feita <strong>no</strong> solo ou em pulverizações sobre as plantas. Aaplicação <strong>no</strong> solo é feita principalmente em fruteiras, por ocasião da primeira aplicação,visando ao desenvolvimento de raízes. Em pulverização, a urina é aplicada da mesma maneiraque o produtor utiliza <strong>para</strong> aplicar produtos químicos. Os intervalos de aplicação deverão serrespeitados <strong>para</strong> cada cultura, de acordo com os teste de campo (Gadelha, 2000).Acredita-se que a urina de vaca resolve duas questões básicas <strong>para</strong> o produtor rural:inibe o uso de defensivos químicos, reduzindo o custo da produção agrícola, bem comoefeitos prejudiciais causados ao meio ambiente. Além disso, a urina de vaca é um produtonatural, não causa riscos à saúde do produtor e do consumidor, reduzindo assim, os riscos decontaminação do solo e água, provocados pelos adubos químicos. Também, verificou-se outravantagem na utilização da urina de vaca, como o atraso na maturação dos frutos tratados,aumento <strong>no</strong> número de brotações, folhas e frutos.Dessa forma, essa tec<strong>no</strong>logia poderá mudar o perfil da pequena produção rural, pois oprodutor certamente diminuirá a dependência de produtos químicos, que aumenta o custo deprodução. Objetivou-se com esta pesquisa avaliar a influência de diferentes dosagens deurina de vaca na <strong>no</strong>dulação e produtividade da cultura do amendoim (Arachis hipogaea L.),bem como, avaliar a utilização como fonte de nitrogênio e potássio, em substituição aosadubos minerais.


MATERIAL E MÉTODOSO experimento foi conduzido na Escola de Agro<strong>no</strong>mia da Universidade Federal daBahia, <strong>no</strong> município de Cruz das Almas –Ba; em Latossolo Amarelo álico coeso dosTabuleiros Costeiros, sob condições de casa de vegetação, empregando como planta respostao amendoim (Arachis hypogae,L).O delineamento experimental adotado foi de blocos inteiramente casualizados,constando de 6 tratamentos e 4 repetições. Os tratamentos constantes da pesquisa foram: T1 –adubação NPK; T2 – adubação NPK + vermicomposto; T3 – vermicomposto + adubaçãofosfatada; T4 – vermicomposto + adubação fosfatada + 3mL de urina de vaca de 3 em 3 dias;T5 – vermicomposto + adubação fosfatada + 3mL de urina de vaca de 6 em 6 dias; e T6 –vermicomposto + adubação fosfatada + 3mL de urina de vaca de 9 em 9 dias. Conformeanálise química do solo e Manual de adubação e calagem <strong>para</strong> o Estado da Bahia (ComissãoEstadual de Fertilidade do Solo, 1989), foram usados 100kg/ha (0,50g/vaso) de uréia,100kg/ha (2 g/vaso) de superfosfato simples e 100kg/ha (0,50g/vaso) de cloreto de potássio,como fontes NPK respectivamente. Os adubos fosfatados, potássico e o vermicompostousados na proporção de 20.000kg/ha, foram incorporados ao solo <strong>no</strong> momento do plantio.Enquanto, que o adubo nitrogenado foi aplicado em solução 15 dias pós-plantio. Comoparcela experimental, foram utilizados vasos de cerâmica com capacidade de 6 kg desubstrato.Aos 10 dias pós plantio o desbaste foi realizado, onde foram plantadas 3sementes/vaso, e posteriormente retirou-se 2 plântulas, permanecendo a mais vigorosa. Aurina de vaca foi aplicada semanalmente <strong>no</strong> substrato a partir do 12º dia pós-plantio, comofonte de nitrogênio e potássio, <strong>no</strong>s tratamentos citados, diluída em 300 mL de água/vaso. Aos60 dias pós plantio foi feita a coleta de dados. Para análise das variáveis estudadas: peso daprodução, massa seca da raiz e massa seca da parte aérea. Foi utilizado o teste de Duncan, naanálise da variância da com<strong>para</strong>ção entre as médias.


RESULTADOS E DISCUSSÃORAIZ0,6MATERIA SECA (g)0,50,40,30,20,10T1 T2 T3 T4 T5 T6T1T2T3T4T5T6TRATAMENTOSFig.1 – Influência da aplicação de urina de vaca sobre a produção de massa secada parte aérea em relação ao uso de adubação mineral na cultura do amendoim.Podemos observar na Fig. 1 e 2, que os resultados obtidos <strong>no</strong>s tratamentos T1 e T2eqüivaleram aos rendimentos proporcionados pelo T4, de modo que na freqüência deaplicação de 3 em 3 dias supriu as necessidades de nitrogênio e potássio da cultura. Pesquisasrealizadas pela PESAGRO, comprovaram que a urina de vaca de acordo com a concentraçãoaumenta a velocidade de crescimento das plantas e favorece a produção de raízes, podendo atéa proporcionar colheitas precoces, isso porque a urina de vaca é composta também de algumassubstâncias orgânicas, entre elas catecol e ácido indolacético e outras, o que lhes conferecaracterísticas fungicidas, fungistáticos e indutores de desenvolvimento vegetativo.PARTE AEREAMATERIA SECA (g)121086420T1 T2 T3 T4 T5 T6T1T2T3T4T5T6TRATAMENTOSFig.2 – Efeito da freqüência de aplicação de urina de vaca na produção de massaseca da raiz com<strong>para</strong>da com o uso de adubação mineral na cultura do amendoim.


PESO DA PRODUÇÃOPESO EM (g)1086420T1 T2 T3 T4 T5 T6TRATAMENTOST1T2T3T4T5T6Fig.3 – Efeito da freqüência de aplicação de urina de vaca sobre o peso daprodução de grãos de amendoim quando com<strong>para</strong>da com a adubação mineral.No caso da figura 3, analisando o peso da produção, é possível observar que o T5, foisuperior aos demais onde a adubação fosfatada, juntamente com outros nutrientes presentes naurina proporcionaram maior desenvolvimento das sementes. De acordo com o “InventárioTec<strong>no</strong>lógico do Amendoim”, elaborado pela Embrapa (1976), o amendoim extrai quantidadesgrandes de nutrientes. É altamente exigente em disponibilidade de fósforo, e a presença desteelemento nas fórmulas de adubação tem promovido aumentos de produtividade até na ordemde 54%.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBENNEMA, J.;BEEK, K. J.; CAMARGO, M.N. Interpretação de levantamento de solos <strong>no</strong>Brasil, primeiro esboço; um sistema de classificação de aptidão de uso da terra <strong>para</strong>levantamento de reconhecimento de solos. Rio de Janeiro, Div. de Pedologia e Fertilidade doSolo, 1970. v.3COMISSÃO ESTADUAL DE FERTILIDADE DO SOLO. Manual de adubação ecalagem <strong>para</strong> o Estado da Bahia. 2. Ed. Salvador,CEPLAC/EMATERBA/EPABA/NITROFERTIL, 1989.ERNANI, R. R. & GIANELLO, C. Revista Brasileira de Ciência do Solo. v.6, n.2 maio/ago1983, p. 119-124


GADELHA, R.S.S. Informações sobre a utilização da urina de vaca nas lavouras. Rio deJaneiro: PESAGRO, 2000 3p.GIADINI, A. R. Efeito na população natural de Rhizobium sp., estirpes selecionadas, eépocas de aplicação de nitrogênio, na produção de amendoim (Arachis hypogea L.)Piracicaba, 1980. 62p. Dissertação (Mestrado) – Escola Superior de Agricultura Luiz deQueiróz, Universidade de São Paulo.KIEL. Edmar José. Fertilizantes Orgânicos. Piracicaba: Ed. Agronômica “Ceres” Ltda., 1985.492 p.LOPES, E.S.; et al. Observações da <strong>no</strong>dulação natural em cultivares de amendoim. Bragantia,35 (20): XI-XIII, 1976.MALAVOLTA, Eurípedes. Manual de química agrícola: adubos e adubação.3.ed. São Paulo:Ed. Agrô<strong>no</strong>mica Ceres, 1981. 602 p.PEREIRA, S.R. Urina de vaca, adubo e defensivo natural. [S.l.]: Sociedade Brasileira deZootecnia, 2001. Disponível em:. Acesso 13 de abril de 2001.RAIJ, B.V. Fertilidade do solo e adubação. São Paulo: Ed. Agronômica “Ceres” Ltda., 1991.343 p.SILVA, O. Manual prático e técnico de agricultura. 2ª ed. São Paulo: Ed. InstitutoCampineiro de Ensi<strong>no</strong> Agrícola, 1985, 524 p.URINA de vaca <strong>no</strong> coco e abacaxi. Disponível em:. Acesso 13 de abril de 2001


INFLUÊNCIA DA APLICAÇÃO DE URINA DE VACA NA NODULAÇÃO EPRODUTIVIDADE DA CULTURA DO FEIJÃO (Vigna unguiculata)Cássia da Silva Sousa¹; Gabriel Barreto Macêdo¹; Carla da Silva Sousa¹; Marcos Fernandes Pintoda Cunha¹; João Albany Costa²; José Carlos Ribeiro de Carvalho²INTRODUÇÃOO feijão caupi [Vigna unguiculata (L) Walp.] também conhecido por feijão de corda oufeijão macassar é considerado alimento de capital importância na Região Nordeste do Brasil,suprindo parcialmente as deficiências protéicas da população. É muito utilizado em pratos típicosda culinária Nordestina, sendo, pois, apreciado pelo seu sabor e cozimento fácil (Vieira, 1988;Oliveira et al, 2001). Na Bahia, esta legumi<strong>no</strong>sa responde por aproximadamente produzido <strong>no</strong>país, correspondendo a cerca de 305.000 toneladas (Vieira, 1988).A planta pode ser cultivada em locais com temperatura variando entre 20 e 35 0 C, sendomuito sensível a variações extremas na umidade do solo, temperatura do ar, ventos, sendotambém muito susceptível a doenças e pragas (Abril, 1990; Portes, 1988).O feijão caupi, embora exigente em nutrientes, pode ser cultivado em solos com regularteor de matéria orgânica e razoável fertilidade. Nestes casos, adubações minerais e orgânicas sãonecessárias, devendo-se antes observar a viabilidade econômica da aplicação do adubo. Em suma,o uso de fertilizantes orgânicos tem proporcionado bom rendimento das culturas, além demelhorar os aspectos físicos e biológicos do solo (Mello et al., 1988). Dentre os adubos orgânicosmais utilizados na produção agrícola citam-se os estercos bovi<strong>no</strong>, capri<strong>no</strong>, ovi<strong>no</strong>, de galinha,composto de lixo, de biodigestores e adubos verdes (Kiehl, 1985).Atualmente, <strong>no</strong>vos produtos orgânicos têm sido utilizados na produção agrícola com oobjetivo quer de otimizar a produção, quer combater pragas e doenças. Dentre estes citam-se overmicomposto e a urina de vaca, este último objeto de analise da viabilidade técnico-científicado seu uso por produtores rurais, principalmente olericultores.A urina de vaca é um produto orga<strong>no</strong>-mineral, o que lhe confere fácil absorção via foliargraças a organização complexa dos minerais em condições orgânicas (quelatos). A análise da__________________________1Acadêmicos de Agro<strong>no</strong>mia - Escola de Agro<strong>no</strong>mia da UFBA. Cruz das Almas-BA. . CEP: 44380-000.cassiasilvas@bol.com.br2Professores da Escola de Agro<strong>no</strong>mia – UFBA. Cruz das Almas-BA. CEP: 44380-000.


urina bovina, fermentada por oito dias, apresentou 14 (quatorze) tipos de nutrientes (macro emicro). Além desses nutrientes, segundo pesquisas da Pesagro, a urina é composta também dealgumas substâncias orgânicas, entre elas o catecol, o ácido indol acético e outras, o que lhesconfere características fungicidas, fungistáticas e indutores de desenvolvimento vegetativo. “Invitro” mostrou-se eficiente <strong>no</strong> controle de fungos e bactérias, como fusartose sp, xanthomona,erwinia e outras (Urina, 2001)Gadelha (1999), descreve que a urina de vaca contém substâncias que, reunidas, melhorama saúde das plantas, tornando-as mais resistentes às pragas e doenças. Dentre elas o potássio queé o elemento químico de maior quantidade na urina de vaca que atua na planta aumentando oaproveitamento de água, tornando as paredes dos tecidos mais duras, com maior resistência decolheita à armazenagem e <strong>no</strong> transporte, diminuindo as perdas, acentuando a eficiência daadubação nitrogenada e eliminando o excesso de nitrogênio nas folhas, o que, consequentemente,diminui o efeito atrativo <strong>para</strong> a incidência de pragas e doenças. Já o enxofre, aumenta a produçãode proteínas, tornando os produtos mais nutritivos e o sódio aumenta o teor carote<strong>no</strong>, tornandoos produtos mais atrativos <strong>para</strong> o comércio. Os fenóis aumentam a reação das plantas ao ataquede doenças, sendo o catecol o mais importante na urina enquanto que o ácido indolacético é umhormônio de crescimento que existe naturalmente em todas as plantas, sendo também encontradona urina, de acordo com a concentração aumenta a velocidade de crescimento das plantas efavorece a formação de raízes, podendo proporcionar colheitas mais precoces. Para Guimarães(1999), dosagens de urina elevadas podem causar da<strong>no</strong>s às plantas.Além disso, os testes realizados revelaram vantagens na utilização do produto como: não étóxico, diminui o uso de agrotóxicos, praticamente não tem custo; substitui em parte o aduboquímico, aumenta a produção; melhora a qualidade e o padrão dos frutos. Em hortaliças o uso daurina de vaca é recomendado em pulverizações foliares semanais, na concentração de 0,5%,<strong>para</strong>: tomateiro, pimentão, pepi<strong>no</strong>, feijão, vagem e couve; já <strong>para</strong> o quiabo, jiló e beringela, omelhor resultado foi obtido, com mistura de 1 L de urina de vaca em 100 L de água pulverizadanas plantas de 15 em 15 dias e <strong>para</strong> tomate, pepi<strong>no</strong>, feijão de vagem, alface e couve, a mesmaproporção, sendo a pulverização semanal. O uso da urina de vaca na agricultura é umatec<strong>no</strong>logia inédita <strong>no</strong> Brasil e poderá mudar o perfil da pequena produção rural regional, já que oprodutor certamente diminuirá a dependência de produtos químicos de fora da produtividade,


contribuindo <strong>para</strong> o aumento do padrão de vida familiar e não promovendo risco à saúde doprodutor e do consumidor (Gadelha 1999).Portanto, o objetivo deste estudo é analisar a resposta do uso de diferentes épocas deaplicação da urina de vaca <strong>no</strong> feijoeiro (Vigna unguiculata) em relação a matéria seca da raiz eparte aérea.MATERIAL E MÉTODOSO ensaio foi conduzido na casa de vegetação em Latossolo Amarelo álico coeso dosTabuleiros Costeiros do Departamento de Química Agrícola e Solos da Escola de Agro<strong>no</strong>mia daUniversidade Federal da Bahia, <strong>no</strong> município de Cruz das Almas, Estado da Bahia, que seencontra a 12º 40'39'' de latitude Sul, 39º06'23'' de longitude Oeste de Greenwich, a 220 metrosde altitude, clima do tipo Aws de transição entre Af e Aw. A temperatura média anual é de 24,5ºC, com umidade relativa média anual de 80% e precipitação pluvial média anual de 1,197 mm(EMBRAPA, 1991).O delineamento experimental adotado foi de blocos inteiramente casualizados, constandode cinco (05) tratamentos e cinco (05) repetições. O solo coletado fora submetido a secagem emtemperatura ambiente, peneirada – terra fina seca ao ar (TFSA) – e posteriormenteacondicionadas em vasos de cerâmica com capacidade de três (03) kg de substrato. Ostratamentos constantes da pesquisa foram: T1 – TFSA; T2 – TFSA + vermicomposto +adubaçãofosfatada; T3 – TFSA + vermicomposto + adubação fosfatada + 3mL de urina de vaca de 3 em 3dias (08 doses); T4 – TFSA + vermicomposto + adubação fosfatada + 3mL de urina de vaca de 6em 6 dias (04 doses); e T5 – TFSA + vermicomposto + adubação fosfatada + 3mL de urina devaca de 9 em 9 dias (03 doses). Foram usados 100kg/ha (2 g/vaso) de superfosfato simples (P 2 O 5 )e vermicomposto na proporção de 20.000kg/ha, sendo incorporados ao solo <strong>no</strong> momento doplantio (Comissão Estadual de Fertilidade do Solo, 1989).Aos 10 dias pós plantio o desbaste foi realizado, onde foram plantadas 3 sementes/vaso, eposteriormente retirou-se 2 plântulas, permanecendo a mais vigorosa. A urina de vaca foiaplicada semanalmente <strong>no</strong> substrato a partir do 15º dia pós-plantio, como fonte de nitrogênio epotássio, <strong>no</strong>s tratamentos citados, diluída em 300 mL de água/vaso. Aos 36 dias pós plantio foifeita a coleta de dados. As variáveis estudadas <strong>no</strong> trabalho foram: peso da produção, massa secada raiz, massa seca da parte aérea e número de nódulos, que foram submetidos a teste F e análisede regressão.


RESULTADOS E DISCUSSÃOOs resultados na análise física da matéria seca da parte aérea, sistema radicular e<strong>no</strong>dulação do feijoeiro estão representados nas tabelas 1, 2 e 3.Os valores encontrados <strong>para</strong> o rendimento de matéria seca do sistema radicular, da parteaérea e do número de nódulos nas raízes permitem concluir que o uso de urina de vaca favorece odesenvolvimento mais acelerado dos parâmetros fisiológicos supracitados. Isto pode serexplicado pela existência do hormônio de crescimento – ácido indolacético - na urina, o que, emconcentrações elevadas, favoreceria a formação de vasto sistema radicular e maior velocidade dedesenvolvimento da parte aérea (Gadelha, 2000).TABELA 1 – Peso de matéria seca da parte aérea do feijoeiro (Vigna unguiculata) cultivado emcasa de vegetação em Cruz das Almas, BahiaTratamentoMatéria seca (g/pl)R 1 R 2 R 3 R 4 R 5T 1 --- 0,96 1,05 1,12 1,20T 2 1,41 1,63 1,31 1,72 1,51T 3 4,32 4,71 5,09 4,77 5,01T 4 2,89 2,19 3,21 3,51 2,98T 5 1,80 1,72 1,50 2,00 1,83TABELA 2 – Peso de matéria seca do sistema radicular do feijoeiro (Vigna unguiculata)cultivado em casa de vegetação em Cruz das Almas, BahiaTratamentoMatéria seca (g/pl)R 1 R 2 R 3 R 4 R 5T 1 --- 0,1 0,1 0,1 0,1T 2 0,2 0,3 0,2 0,3 0,2T 3 0,8 1,0 0,7 0,8 0,7T 4 0,4 0,3 0,3 0,3 0,4T 5 0,2 0,3 0,2 0,3 0,4


TABELA 3 – Quantidade de nódulos <strong>no</strong> sistema radicular do feijoeiro (Vigna unguiculata)cultivado em casa de vegetação em Cruz das Almas, BahiaTratamenton.º de nódulos/raizR 1 R 2 R 3 R 4 R 5T 1 --- 22 25 17 18T 2 26 32 36 20 31T 3 52 60 45 50 52T 4 31 33 40 42 30T 527 27 29 31 30 35Houve significância na freqüência de aplicação do produto tanto em nível de 5% quantode 1% de probabilidade (Tabela 04). Isto sugere dizer que o uso de urina de vaca utilizado nafreqüência de 3 em 3 dias garante um desenvolvimento mais uniforme e garante colheitas maisprecoces (Guimarães, 2001).TABELA 4 – Média dos tratamentos <strong>para</strong> peso matéria seca do sistema radicular, parte aérea e<strong>no</strong>dulação das raízes <strong>no</strong> feijoeiro (Vigna unguiculata) – Tukey (0,05)Tratamento Raiz (g/pl) Parte Aérea (g/pl) NodulaçãoT 3 0,80 a 4,78 a 51,8 aT 4 0,34 b 2,96 b 35,2 bT 5 0,28 b 1,77 c 30,4 b,cT 2 0,20 b,c 1,52 c,d 29 b,cT 1 0,10 c 1,08 d 20,5 c(1) Os valores que apresentam as mesmas letras são estatisticamente iguais.A maior dificuldade de se trabalhar com insumos orgânicos é a não homogeneidade denutrientes em sua composição, ficando dependente, principalmente, da manejo sanitário ealimentar dado aos animais e da qualidade do material original. Entretanto, sabe-se que o insumoem questão possui uma razoável de potássio e nitrogênio. Segundo Oliveira & Thung (1988), nãose conhece nenhum caso de deficiência de potássio em feijão ou aumento da produção de vagenspela adição deste nutriente, visto os solos brasileiros terem razoáveis teores do mesmo. Porém,


Haag et. al. (1967) citado por Oliveira & Thung (1988), estudando seleção de absorção denutrientes pelo feijoeiro (Phaseolus vulgaris) em casa de vegetação, perceberam que o potássio éo pela sua função de ativador de enzimas, contribuindo diretamente <strong>para</strong> a fotossíntese. Suadeficiência causaria uma necrose internerval das folhas. No ensaio, <strong>no</strong>tou-se que as plantas nãoapresentaram tal característica, sendo a urina de vaca adequado supridor de potássio (K).Quanto ao nitrogênio, por ser uma legumi<strong>no</strong>sa, o feijão consegue absorver este elementodo meio por meio das bactérias do gênero Rhizobium. Porém, com a adição de nitrogênio <strong>no</strong>substrato, há depleção da ação deste microseres, o que acarreta uma me<strong>no</strong>r <strong>no</strong>dulação <strong>no</strong>s sistemaradicular das plantas hospedeiras. Na literatura consultada, não houve referência á adição dequaisquer fertilizantes orgânicos e <strong>no</strong>dulação de raízes, por isso, não se pôde afirmar comsegurança seu real efeito sobre a atividade das bactérias Rhizobium.Pelas figuras 1, 2 e 3, abaixo, percebe-se claramente a influência positiva da urina de vacasobre o peso da matéria seca dos parâmetros fisiológicos estudados. Porém, <strong>no</strong>tou-se que as retasapresentam crescimento indeterminado, não apresentando ponto de máximo, o que não écondizente com o uso de insumos agrícolas, pois após um determinado nível de uso (quantidade),há a tendência de estabilização e até inflexão da curva. Este resultado pode ser conseguido talvezcom uma maior freqüência de aplicação da urina de vaca.MASSA SECA DA RAIS (g/pl)0,90,80,70,60,50,40,30,20,10y = 0,186x - 0,06R 2 = 0,79390 3 4 8FREQUÊNCIA DE APLICAÇÕESFigura 1 – Efeito linear entre freqüência de aplicações e rendimento de matéria seca do sistemaradicular do feijoeiro (Vigna unguiculata).


MASSA SECA DA PARTEAÉREA (g/pl)6543210y = 1,0982x + 0,011R 2 = 0,90710 3 4 8FREQUÊNCIA DE APLICAÇÕESFigura 2 – Efeito linear entre freqüência de aplicações e rendimento de matéria seca daparte aérea do feijoeiro (Vigna unguiculata).NODULAÇÃO6050403020100y = 7,12x + 21,1R 2 = 0,97350 3 4 8FREQUÊNCIA DE APLICAÇÃOFigura 3 – Efeito linear entre freqüência de aplicações e número de nódulos <strong>no</strong> sistema radiculardo feijoeiro (Vigna unguiculata).CONCLUSÃO‣ uso de urina de vaca na dose de 3mL <strong>no</strong> feijão-caupi (Vigna unguiculata) é recomendado <strong>no</strong>intervalo de 03 (três) em 03 (três) dias; e‣ Há a necessidade de se aumentar a freqüência de aplicação da urina de vaca <strong>para</strong> saber oponto de máximo rendimento.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASCOMISSÃO ESTADUAL DE FERTILIDADE DO SOLO. Manual de adubação e calagem<strong>para</strong> o Estado da Bahia. 2.Ed. Salvador, CEPLAC/EMATERBA/EPABA/NITROFERTIL, 1989.EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Mandioca e Fruticultura. Boletimagrometeorológico – 1986/1989. –Cruz das Almas, 1991, 10p.GADELHA, R.S.S. Informações sobre a utilização da urina de vaca nas lavouras. Rio de Janeiro:PESAGRO, 2000, 3p.GUIMARÃES, N. Urina de vaca como fungicida. Disponível em: http://www.widesoft.com.br.Acesso 13 de abril de 2001KIEHL, E. J. Fertilizantes orgânicos. Piracicaba, SP: Agronômica Ceres Ltda., 1985, 492p.MELLO, A. F. et al. Fertilidade do solo. São Paulo: Nobel, 1983.OLIVEIRA, A. P. et al. Rendimento de feijão-caupi cultivado com esterco bovi<strong>no</strong> e adubomineral. Horticultura brasileira, Brasília, v.19, n.01, p.81-84, março 2001.OLIVEIRA, I. P. de; THUNG, M. D. T. Nutrição mineral. [In]: Cultura do feijoeiro – fatoresque afetam a produtividade. Piracicaba, SP: POTAFOS, 1988, p.175-212.PORTES, T. de A. Ecofisiologia. [In]: Cultura do feijoeiro – fatores que afetam a produtividade.Piracicaba, SP: POTAFOS, 1988, p.125-156.URINA de vaca <strong>no</strong> coco e abacaxi. Disponível em:http:www.geocities.com.br/jersey2a/urinadevaca.html. Acesso 13 de abril de 2001.


VIEIRA, C. Perspectiva da cultura do feijão e de outras legumi<strong>no</strong>sas de grão <strong>no</strong> país e <strong>no</strong>mundo. [In]: Cultura do feijoeiro – fatores que afetam a produtividade. Piracicaba, SP:POTAFOS, 1988, p.3-19.VIEIRA, J. L. T. M. Produção e comercialização <strong>no</strong> Brasil. [In]: Cultura do feijoeiro – fatoresque afetam a produtividade. Piracicaba, SP: POTAFOS, 1988, p.21-35.


AVALIAÇÃO DO ÍNDICE SALINO DE DIFERENTES MATERIAS FERTILIZANTESNA QUALIDADE FISIOLÓGICA DO FEIJÃO CAUPI (VIGNA SINENSIS).Cassia da Silva Sousa¹; Carla da Silva Sousa¹; José Carlos Ribeiro de Carvalho²INTRODUÇÃOOs fertilizantes podem deixar <strong>no</strong> solo um resíduo ácido, neutro, ou alcali<strong>no</strong>, dependendo desua composição. Além disso, sendo sais, eles aumentam a pressão osmótica da solução em que sedissolvem (Raij, 1991).A formação de solos sali<strong>no</strong>s ou sódicos ocorrem em climas <strong>semi</strong>-áridos de lixiviaçãopronunciada possibilita acúmulo de sais <strong>no</strong> solo. A situação pode ser muito agravada com airrigação, já que a água utilizada sempre carreia sais <strong>para</strong> o solo (Raij, 1991).A salinidade afeta o crescimento das plantas, principalmente pelo aumento da pressãoosmótica do meio, reduzindo a disponibilidade de água. O efeito sobre as plantas afetam asproduções muito antes dos sintomas visuais tornarem-se aparentes. Além do efeito na pressãoosmótica, alguns componentes que podem ocorrer em solos sali<strong>no</strong>s carbonato de sódio ou borax,prejudicando diretamente as plantas. Os efeitos da salinidade sobre as plantas variam <strong>para</strong>espécies e cultivares (Raij, 1991).A concentração de fertilizantes, junto ou próximo às sementes ocasiona prejuízos àgerminação e “queima” das plantas germinadas. É sempre recomendável a colocação defertilizantes, abaixo e ao lado das sementes, pois além de evitar a queima, propicia melhoraproveitamento dos nutrientes (Coelho, 1973).O excesso de sais na zona radicular prejudica a germinação, desenvolvimento eprodutividade das plantas. Isso porque a maior concentração da solução irá exigir da planta maisenergia <strong>para</strong> conseguir absorver água, uma energia que será desviada dos processos metabólicosessenciais (Tomé Jr., 1997).Lima (1999), trabalhando com uréia, calcário, superfosfato simples, e cloreto de potássio,verificou que independente do índice sali<strong>no</strong> (maior ou me<strong>no</strong>r), qualquer material fertilizantemanufaturado quando em contacto direto com a semente, prejudica sobremodo o percentual degerminação das sementes; e que os fertilizantes uréia e cloreto de potássio independente do modode aplicação são mais da<strong>no</strong>sos a germinação do feijão (Phaseolus vulgaris L.).__________________________1Acadêmicos de Agro<strong>no</strong>mia - Escola de Agro<strong>no</strong>mia da UFBA. Cruz das Almas-BA. . CEP: 44380-000.cassiasilvas@bol.com.br2Professor da Escola de Agro<strong>no</strong>mia – UFBA. Cruz das Almas-BA. CEP: 44380-000.


A uréia é um fertilizante nitrogenado de uso relativamente recente e apenas nas últimasdécadas ela vem se firmado de forma incontestável como uma das melhores opções. As restriçõesao uso dos produtos diziam respeito a propriedades físicas indesejáveis; devido ahigroscopicidade do produto, a possíveis perdas de nitrogênio por volatização quando usado nasuperfície de solos e a toxidez <strong>para</strong> as plantas de biureto, que ocorre como impurezas na uréia.Outro aspecto importante é em relação ao elevado índice sali<strong>no</strong> (75), o que de<strong>no</strong>ta em umapreocupação redobrada, já que formas incorretas de utilização levará a da<strong>no</strong>s na germinação edesenvolvimento das culturas (Raij, 1991).O fosfato de Araxá ou Apatita de Araxá é proveniente de Minas Gerais, apresentando 31%de óxido de fósforo dos quais 6% são solúveis em ácido cítrico à 2% (Malavolta, 1967).Em relação a adubos fosfatados Malavolta, (1967) descreve que existem diversos adubosfosfatados <strong>no</strong> comércio. Eles diferem na sua concentração em fósforo e solubilidade.MATERIAL E MÉTODOSO ensaio foi conduzido em um latossolo amarelo, <strong>no</strong> Campo Experimental II (Polite<strong>no</strong>), daEscola de Agro<strong>no</strong>mia da UFBA, <strong>no</strong> município de Cruz das Almas-BA.O delineamento experimental casualizado, com parcelas subdivididas constando de quatrotratamentos: fosfato de Araxá; superfosfato triplo; uréia; e a testemunha (sem fertilizante); ecinco subtratamentos sendo as diferentes localizações dos fertilizantes <strong>no</strong> solo: <strong>no</strong> sulco deplantio se<strong>para</strong>do da semente por uma camada de solo (L1); <strong>no</strong> sulco de plantio em contato diretocom as sementes (L2); colocado a lanço com incorporação (L3); a lanço sem incorporação (L4);em sulco lateral em relação ao de plantio (L5). As parcelas foram construídas de 5 m², com doisblocos.O material de propagação foram sementes de feijão (Vigna sinensis), o espaçamento foi de0,2X 0,5m. Foram empregados 50g de cada material fertilizante por metro linear de sulco.Analisou-se o índice de germinação de feijão. As análises estatísticas foram realizadas pelo testede Duncam a 5% de probabilidade, mediante o programa SAS-institute


RESULTADOS E DISCUSSÃOAs adubações visam devolver ao solo elementos nutritivos que foram absorvidos pelasculturas ou perdidos por diferentes formas. Embora pareça uma prática fácil, as respostas dasculturas às adubações tem indicado o contrário. Para se obter resposta satisfatória as adubaçõesdeve-se atentar <strong>para</strong> alguns pontos, tais como, quantidade a ser aplicada, época e modo deaplicação, além de seu comportamento <strong>no</strong> solo.Os melhores índices de germinação foram verificados, na fig.01, <strong>para</strong> as localizações L3 eL5 sem diferença estatística à 5%, onde as sementes não tiveram contacto direto com os materiaisfertilizantes, resultados estes semelhantes ao de Coelho (1973) que retrata o prejuízo agerminação de sementes quando colocados juntos ou muito próximos às sementes.% de germinação100806040200BAABCBCCL1 L2 L3 L4 L5Localizações dos FertilizantesL1L2L3L4L5Fig.01 – Efeitos das diferentes localizações dos materiais fertilizantes (L1-Fundo do sulco sem contacto comas sementes; L2- Fundo do sulco com as sementes em contacto; L3- a lanço sem contacto com as sementes; L4- alanço com as sementes em contacto; L5- em sulco <strong>para</strong>lelo ao de plantio) na germinação do feijoeiro ( Vignasinensis), 2002Efeitos da aplicação, em diferentes localizações de materiais fertilizantes na germinação deplantas de feijão caupi são apresentados na tabela – 1. Nos tratamentos com o fosfato de Araxá omelhor índice de germinação (95 a 90%) se obteve aplicando o fertilizante <strong>no</strong> fundo do sulco e alanço sem prévia cobertura e incorporação deste material, respectivamente, ficando em contactocom as sementes. Já <strong>no</strong>s tratamentos com o superfosfato simples verifica-se os melhores índices(95; 80 e 80%) se obteve, quando não foram semeadas em contacto direto com o fertilizante,sendo que o tratamento com uréia a melhor resposta (40%) foi obtida quando semeadas em sulco


lateral ao de adubação, resultados estes semelhantes ao trabalho de Lima (1999), que demonstraque independente da localização a uréia é o fertilizante mais da<strong>no</strong>so a germinação de sementes.FERTILIZANTES Sem fertilizante Fosfato de Araxá SuperfosfatotriploUréiaL1 85 A 65 B 80 A 05 BL2 85 A 95 A 25 B 00 BL3 90 A 85 AB 80 A 15 BL4 85 A 90 A 50 BA 00 BL5 90 A 65 B 95 A 40 A‣ Letras iguais em colunas demonstram que as médiass não diferiram estatísticamente, e letras diferentes emcolunas demosntraram diferença estatística a nível 5% de probabilidade.Quanto ao material fertilizante o que apresentou melhor resultado <strong>para</strong> a variável estudada,foi o fosfato de Araxá (80%), não diferindo estatisticamente a 5%, com os resultados referentes atestemunha (87%).% de germinação10080604020AABCSFFASTUR0SF FA ST URFertilizantesFig.02 – Efeitos de diferentes materiais fertilizantes (SF – Sem aplicação de fertilizante; FA – fosfato deAraxá; ST – Superfosfato triplo; UR – Uréia ) na germinação do feijoeiro ( Vigna sinensis)


CONCLUSÕESO fosfato de Araxá em contacto direto com a semente, não exerceu influência nagerminação do feijão ( Vigna sinensis), já o superfosfato triplo e a úreia, exerceram efeitosnegativos.Independente do modo de localização, quanto maior for os índices sali<strong>no</strong>s dos fertilizantes,maiores são os da<strong>no</strong>s a germinação das sementes.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS‣ LIMA, G.S.; CARVALHO, J.C.R. Influência do índice sali<strong>no</strong> de adubos na germinaçãode sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L.)In: SEMINÁRIO ESTUDANTIL DEPESQUISA, 18., 1999, Salvador, Livro de resumos. PRPPG-UFBA, 1999.‣ MALAVOLTA, E. Manual de Química Agrícola: adubos e adubação. 2 ed. São Paulo: Ceres,1967. 606p.‣ RAIJ, B. V. Fertilidade do solo e adubação. Piracicaba: Ceres, 1991. 343p.‣ TOMÉ Jr., J.B. Manual <strong>para</strong> interpretação de análise de solo. Guaíba: Agropecuária,1997. 247p.


INVESTIGAÇÃO DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO RIZOMA DE SPIRANTHERAODORATISSIMAFabrício Souza Silva, Angélica Maria LuccheseLaboratório de Química de Produtos Naturais e Bioativos - Departamento de Ciências Exatas -Universidade Estadual de Feira de Santana - BaA utilização de plantas <strong>no</strong> tratamento e cura de enfermidades é muito difundida, especialmenteem regiões com indicadores econômicos adversos, se constituindo por vezes na única alternativade tratamento terapêutico empregada. A observação sobre o uso popular de plantas medicinaispode auxiliar estudos de investigação química que têm como objetivo a descoberta de <strong>no</strong>vassubstâncias bioativas. As folhas e raízes da espécie S. odoratissima, objeto de estudo destetrabalho, são empregadas pela população na forma de decocto, <strong>no</strong> vinho ou aguardente, contrareumatismo, gota, infecção do rim e inflamações em geral. Esta planta é conhecida pela açãodiurética e depurativa, mas seu uso em grande quantidade causa coceira, diarréia e vômito. Éespécie que pertence a família Rutaceae e pode ser encontrada na Bolívia e <strong>no</strong> Brasil. No Brasilela ocorre naturalmente desde o estado de Mato Grosso até a Bahia, onde está presente naChapada Diamantina, em matas de transição entre cerrado e caatinga. É um arbusto de 2 a 3 mde altura com folhas, flores, frutos e caule subterrâneo aromáticos, sendo conhecidapopularmente como "acabadeira" ou "sarrinha" na Bahia. Sua importância como objeto deinvestigação está ligada, não somente ao seu uso medicinal, como ao fato de ser uma espécievulnerável, estando incluida na lista de espécies ameaçadas de extinção por fatores comodestruição do habitat, distribuição restrita e com populações em declínio e isoladas. Os estudosrealizados até o momento levaram a identificação de substâncias pertencentes as classes deterpe<strong>no</strong>s e fenil-propanóides, tanto na casca da raiz quanto na parte interna. Outras classes desubstâncias, como alcalóides, flavonas, flavonóis, resinas e tani<strong>no</strong>s catéquicos também foramdetectados e estão em fase de isolamento e purificação.Agradecimentos: FINEP, PIBIC/CNPQ, PROBIC/UEFS


A CRIAÇÃO DE ABELHAS SEM FERRÃO (APOIDEA; APIDAE; MELIPONINA)COMO ATIVIDADE ECOSSUSTENTÁVEL NO POVOADO DE JEQUITIBÁ, MUNDONOVO – BAHIA,DIAS, C.S. 1,2 , SOUZA, B.A. 2 , MACHADO, C. S. 2 , SANTOS, U. S 1,3 . ALVES, R. M. de O. 2,4& I. F.SANTANA 1,5Palavras-Chaves: Meliponicultura; abelhas sem ferrão; desenvolvimento sustentadoAs abelhas pertencentes à subtribo Meliponina (Apoidea; Apidae; Apini) são insetos eussociaiscom ampla distribuição tropical, e que, devido ao alto valor de mercado de seu mel, são alvo daação extrativista de “meleiros”. Para evitar a extinção dessas abelhas torna-se necessário odesenvolvimento de uma consciência ecológica na população e a adoção de métodos racionais decriação (Meliponicultura). Localizado <strong>no</strong> município de Mundo Novo – BA (40º28´23”W;11º51´34”S), o Povoado de Jequitibá por muito tempo foi referência na criação empírica deabelhas sem ferrão. No entanto, desde a introdução das abelhas africanizadas (Apis melliferascutellata) muitos produtores abandonaram a criação de meliponíneos, partindo <strong>para</strong> a prática deuma apicultura de subsistência ou ainda <strong>para</strong> o extrativismo. Embora ainda possua o status deprodutora de mel de abelhas sem ferrão, raramente se encontra na região tal produto, estando umpeque<strong>no</strong> número de enxames acomodados em cortiços e manejados com baixo nível tec<strong>no</strong>lógico,além da inexistência de pessoal capacitado <strong>para</strong> a aplicação de técnicas de manejo relacionadascom a criação racional. Com o projeto “Meliponicultura <strong>no</strong> Vale” a ASAMEL - Associação deApicultores e Meliponicultores do Vale do Paraguaçu, juntamente com órgãos parceiros (EBDA,EA-UFBA, EAF – Catu, EFA – Ruy Barbosa) tem promovido a restauração/implantação dacriação de abelhas sem ferrão <strong>para</strong> evitar que a atividade se extinga nessa e em outras localidadespertencentes ao vale do Paraguaçu. Estão sendo utilizados diversos recursos técnicos, que vãodesde entrevistas até a capacitação dos produtores locais através de cursos, palestras e reuniõesperiódicas abrangendo quatro etapas quadrimestrais: 1.ª - restauração/implantação da atividade;2ª - condução; 3.ª - conclusão e 4.ª - apresentação dos resultados. Atualmente estão sendocapacitados 30 produtores <strong>para</strong> trabalhar com as abelhas uruçu (Melipona scutellaris), mandaçaia(M. quadrifasciata anthidioides) e jataí (Tetragonisca angustula), que são as espécies maisadaptadas ao micro-clima do Povoado. As avaliações são feitas a cada dois meses, através decursos, reuniões e de visitas técnicas. Este trabalho também serve de suporte <strong>para</strong> outros,relacionados com mercado de produtos, índice tec<strong>no</strong>lógico, educação ambiental, perspectivasmercadológicas e preservação de espécies. Paralelamente também estão sendo executadasatividades de levantamento da melissofauna e melissoflora local, caracterização da produtividadee construção de um meliponário-modelo.1 ASAMEL - Associação de Apicultores e Meliponicultores do Vale do Paraguaçu / UNEB –Campus XII - Itaberaba – BA E-mail: cs.dias@ig.com.br2 Departamento de Fitotecnia, Escola de Agro<strong>no</strong>mia – UFBA – Cruz das Almas – BA3 Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola – Gerência Itaberaba - BA4 Escola Agrotécnica Federal de Catu - BA5 UNEB – Campus II - Alagoinhas – Ba / Escola Família Agrícola – Ruy Babosa - BA


ADSORÇÃO DE METAIS EM SOLUÇÃO AQUOSA SOBRE CARVÃO ATIVADONathaly de Souza Batista a , Suzana Modesto de Oliveira Brito bDepartamento de Ciências Exatas, Universidade Estadual de Feira de SantanaKm 03, BR 116 Campus Universitário, Feira de Santana, BA, 44031-460a Aluna de Iniciação Científica, Graduanda em Ciências Farmacêuticasb Doutor em Química Analítica, Prof. Adjunto<strong>Uma</strong> das principais causas de contaminação da água é a presença de metais tóxicos. Estes sãoprovenientes de agrotóxicos, indústrias ou de fontes naturais e tem provocado a degradação demuitos corpos d'água. <strong>Uma</strong> alternativa atraente <strong>para</strong> descontaminação de água é a utilização deprocessos de adsorção, visto que se trata de um método prático e de baixo custo. Nesse contexto oprojeto "Obtenção de Carvão Ativado a partir do Ouricuri", com o subprojeto "Adsorção deMetais em Solução Aquosa sobre Carvão Ativado" está sendo desenvolvido <strong>no</strong> Laboratório deCatálise e adsorção da UEFS. O objetivo geral do projeto é desenvolver procedimentos <strong>para</strong>viabilizar a montagem de sistemas de purificação utilizando adsorventes de baixo custo e altaeficiência. O resíduo sólido da produçào de óleo de licuri parece ser adequado <strong>para</strong> produção decarvão ativado e esse carvão pode ser usado em sistemas de purificação de água, com remoçào demetais. Este resumo apresenta os primeiros resultados obtidos <strong>no</strong>s testes de remoção de cobre,ferro e zinco em solução aquosa. Para avaliar a adsorçào de metias, utilizamos um carvàopresente em filtros de água, que era colocado em contato com soluções de diferentesconcentrações dos metais estudados à temperatura constante. As isotermas de adsorçào foramentão construídas utilizando-se a equação de Langmuir. Os resultados encontrados mostram que oíon Fe(II) apresenta os melhores parâmetros de adsorção sobre o carvão ativado, seguido peloZn(II) e pelo Cu(II). Esses resultados podem ser entendidos com base na relação carga/raiodesses íons. O íon com maior relação carga/raio é o Cu II. Como a superfície do carvão é apolar,quanto me<strong>no</strong>s polarizante for o íon (me<strong>no</strong>r relação carga/raio) melhor a adsorção sobre o carvãoativado. Assim, espera-se que o Fe II seja mais adsorvido, seguido pelo Zn II e Cu II, o que foiconfirmado <strong>no</strong>s experimentos. A proximidade entre as capacidades de sorção do Zn II e Cu II é


atribuída a diferença entre os raios iônicos desses íons. Embora seja me<strong>no</strong>s polarizante, o Zn temmaior raio que o Cu, o que diminui a adsorção pela saturação dos sítios devido ao impedimentoestérico. Esse fator justifica também a diferença entre a adsorção do Zn e do Fe, embora suasrelações carga/raio sejam próximas. O pH da solução não parece ter influência sobre a capacidadede adsorção dos íons Cu II, Fe II e Zn II. No entanto,<strong>para</strong> outros íons, ainda não testados, o pHpode ser um fator determinante da adsorção. A influência do raio iônico e da relação carga/raiona adsorção ficou comprovada <strong>no</strong>s experimentos. Observa-se que esses efeitos são concorrentes,ou seja, íons com alta relação carga/raio (Cu 2+ ) podem apresentar capacidades semelhantes a íonsde me<strong>no</strong>r relação carga/raio (Zn 2+ ), apenas pelo fato de que quanto maior o raio iônico maior obloqueio dos sítios de adsorção (impedimento estérico) e me<strong>no</strong>r a capacidade de sorção. Ocomportamento de adsorção dos íons testados obedece a isoterma de Langmuir, apresentandouma curva característica de adsorção sobre sólidos microporosos (Isoterma Tipo I).


MANDIOCA:POTENCIALIDADE ECONÔMICA E ALTERNATIVA PARA A FOMERui Caldas Brandão *Produto básico <strong>para</strong> a agricultura familiar, a mandioca (Manihot esculenta Crantz) é cultivadaem regiões tropicais e tem como característica a fácil adaptação a diferentes condições declima e solo. Aliada à sua rusticidade e utilizada de várias formas, merece a atenção especialde <strong>no</strong>ssos planejadores, pesquisadores, agricultores e do setor agroindustrial brasileiro.Utilizada pelos indígenas antes dos europeus desembarcarem nestas terras, a mandioca éconsiderada a mais brasileira das plantas econômicas. Atualmente é difundida em todos osEstados, sendo o Paraná, a Bahia e o Pará os principais produtores. É o sexto produto agrícolanacional e tem o Nordeste como a principal região produtora.Além da farinha de mesa, principal desti<strong>no</strong> do beneficiamento da mandioca, mais decinqüenta subprodutos são conhecidos, indo desde a utilização do amido (fécula) em diversostipos de beijus, na panificação como aditivo à farinha de trigo, até a produção de álcoolcombustível, fonte de energia re<strong>no</strong>vável.O objetivo deste artigo é divulgar as potencialidades da cultura da mandioca (raiz e parteaérea) e a sua participação econômico-social <strong>para</strong> o país, contribuindo na mobilização dasociedade civil organizada na busca de alternativas <strong>para</strong> a macroregião do <strong>semi</strong>-áridobrasileiro, fazendo coro aos diversos estudos e experiências positivas de entidades e ONGs eem especial ao trabalho que a equipe de extensionistas da EBDA da Região de Feira deSantana vem desenvolvendo, de<strong>no</strong>minado “Programa de Revitalização da Cultura daMandioca <strong>para</strong> o Município de Feira de Santana”. É um Projeto em fase de elaboração, emparceria com a EMBRAPA- Mandioca e Fruticultura e APAEB, tendo como intento omelhoramento de cultivares, o aperfeiçoamento do sistema de produção, garantindo oaumento da produtividade, além do aspecto de verticalização da produção com amodernização das casas de farinha comunitária, implantação de fecularias <strong>no</strong> município e adivulgação da utilização de raiz e parte aérea da mandioca na alimentação humana e animal.* Eco<strong>no</strong>mista, Esp. em Eco<strong>no</strong>mia e Gestão Pública – Extensionista da EBDA, Regional deFeira de Santana- BA.


AVALIAÇÃO DO IMPACTO SÓCIO-CULTURAL DO PROGRAMA SAÚDE DAFAMÍLIA (PSF) NO MUNICÍPIO DE SERRA PRETA-BAHIA.CRUZ, M.F.A. 1 , MELLO, J.R.M 1 .1Secretaria Municipal de Saúde – Serra Preta - BahiaIntrodução: Segundo o Ministério da Saúde, 1997, o Programa Saúde da Família (PSF) possuicomo objetivos gerais: reorientação do modelo assistencial, ênfase na atenção básica, definiçãode responsabilidades entre os Sistemas de Saúde e a população. O Programa segue a política dacomplementaridade, não existindo como um atendimento isolado, devendo ser a porta de entradados usuários (SESAB, 1996; BECH, 2000). Ao focalizar nas interações, nas práticas discursivas aconstrução das realidades sociais, abrem-se caminhos <strong>para</strong> se organizar a Saúde Coletiva sob umaperspectiva mais democrática, já que suas ações podem ser constantemente construídas ereconstruídas na organização da saúde local (CAMPOS, 1997; COHN, 1999). Objeto:Entendendo que a proposta do PSF não opera num vácuo social, mas <strong>no</strong> interior de práticascotidianas que historicamente vêm construindo a assistência em saúde (PUSTAI, 1994;VASCONCELOS, 2000), detectou-se a necessidade de uma avaliação integrada emultidisciplinar do impacto sócio-cultural após sua implantação <strong>no</strong> município de Serra Preta–Bahia. Objetivos: Descrever as mudanças comportamentais e culturais em tor<strong>no</strong> do processosaúde/doença, desde representações e práticas culturais relevantes <strong>para</strong> tal processo, a estratégiasutilizadas pela família <strong>no</strong> enfrentamento de problemas de saúde, proporcionando um espaço,entre a comunidade e as equipes de saúde, <strong>no</strong> qual se possa ativamente (re)construir as ações doPSF, adequando-as às suas necessidades. Metodologia: O referencial metodológico insere-se naperspectiva da metodologia qualitativa descritiva de investigação, envolvendo recursosdiversificados, focalizando famílias, agentes de saúde e intercâmbio entre eles. O local de estudoe aquisição de dados são duas áreas onde foram implantadas 02 equipes do PSF através daSecretaria Municipal de Saúde do município de Serra Preta, a partir de fevereiro de 2001. Acoleta de dados foi feita através da constituição de um diário de campo, entrevistasaudiogravadas, aplicação de questionários, aliando abordagens intensivas, de cunho et<strong>no</strong>gráfico eavaliações extensivas, de natureza epidemiológica. Conclusões: A análise pré-liminar dosresultados, apontam a necessidade de se considerar as diferentes racionalidades e interesses eatores que compõem o objeto em questão. Trata-se, sobretudo, de reconhecer a família como


espaço privilegiado de constituição, desenvolvimento, crise e resolução dos problemas de saúdeindividuais e coletivos.REFERÊNCIAS:BECH, J. (2000). Polêmica com PSF: contradições e <strong>no</strong>vos desafios. In: Conferência Nacional deSaúde – [online] disponível na Internet http://www.datasus.gov.br/cns.Brasil/ Ministério da Saúde (1997). Saúde da Família: uma estratégia <strong>para</strong> a reorganizaçãodo modelo assistencial. Secretaria de assistência à saúde. Coordenação de Saúde naComunidade. Brasília-DF, o autor.CAMPOS, G.W. de S., (1997). Reforma da reforma: repensando a saúde. 2ª edição, SãoPaulo: HUCITECCOHN, A. (1999) A saúde na Previdência Social e na Seguridade Social: antigos estigmas e<strong>no</strong>vos desafios. In: COHN, A. & ELIAS, P.E. Saúde <strong>no</strong> Brasil. Políticas e organização dosserviços. (pp 67-94) São Paulo: Cortez.PUSTAI, O.J. (1994). Apontamentos <strong>para</strong> uma avaliação crítica do Programa de saúde daFamília. Revista Saúde Unijuí. A<strong>no</strong> II, n 04, julho/dezembro. Inijuí: Editora Unijuí.SESAB (Secretaria de Saúde do Estado da Bahia), 1996. Atenção à Saúde da família <strong>no</strong> Estadoda Bahia. Salvador: SESAB – Grupo de Trabalho Modelo Assistencial (documento inter<strong>no</strong>)VASCONCELOS, E.M., (2000) Os movimentos sociais <strong>no</strong> setor de saúde: um esvaziamento ouuma <strong>no</strong>va configuração? In: Valla, V.V. (org) Saúde e Educação. RJ: DP&A. pp 33-59.


A PRÉ-HISTÓRIA E O SEMI-ÁRIDOProfa. Dra. Marjorie Cseko Nolasco, Profa. Msc. Glaúcia Trinchão, Ada Ravana Costa Moura 1 ,Hermili<strong>no</strong> Danilo de Carvalho 2 , Carlon Castro Cruz 3 .Oliveira dos Brejinhos encontra-se a 610km de Salvador - BA, dentro do <strong>semi</strong>- árido baia<strong>no</strong>,mais especificamente na bacia hidrográfica do rio Paramirim, guarda parte da pré-história daAmérica do Sul, em dezenas de sítios rupestres espalhados nas serras que limitam o vale docitado rio. Dentre estes sítios, dezessete já foram cadastrados e descritos, apresentando-se emdois circuitos preferenciais, que induzem caminhos pré-históricos, possivelmente ligados a sítiosde caça, visto que foi encontrado um sítio paleontológico, provavelmente de mega-faunamamífera pleistocênica. Os sítios estudados apresentam uma técnica de execução de pintura àtinta, exceto um sítio de desenhos incisos; com dominância de cor vermelha, podendo ser atétricromático; e de motivos geométricos, apesar de não ser incomum a mistura com temáticanaturalista de todos os tipos exceto armas. Os pigmentos parecem ter origem vegetal, a saber: opigmento vermelho origina- se de um fungo de cactácea, o pigmento amarelo da raiz de açafrão eo abóbora do fruto Buriti; hipotéses em estudo. Para o pigmento preto ainda não foi encontradafonte provável. A pesquisa intitulada Mapeamento de Sítios Rupestres de Oliveira dos Brejinhos 4, encerrou seu primeiro a<strong>no</strong> em março/2003. Sua continuidade prevê <strong>para</strong> o segundo a<strong>no</strong> olevantamento de mais 17 sítios rupestres, a identificação de <strong>no</strong>vos sítios paleontológicos, e osestudos sobre: a origem dos pigmentos e da hipótese de trilhas pré-históricas <strong>no</strong> <strong>semi</strong>-áridobaia<strong>no</strong>, informações e pesquisas que em muito contribuiriam <strong>para</strong> o entendimento da circulaçãodos povos primitivos <strong>no</strong> Brasil e na América do Sul.1Bolsista PROBIC; 2 Voluntário; 3 Técnico - Responsável em Oliveira dos Brejinhos; 4 Projeto de Pesquisadesenvolvido com o apoio do PROINPE e do Convênio UEFS/CRA - Base Caatinga. Grupo de Pesquisa CNPqGeociências e Recursos Naturais, linha de pesquisa Reconstrução ambiental e tec<strong>no</strong>gênese.


RESUMOALTERNATIVA DE CONVIVENCIA COM O SEMI-ARIDOAutores - Idvandro Nery de Brito e Maicon Leopoldi<strong>no</strong> de AndradeInstituição – MOC – Movimento de Organização ComunitáriaO MOC - Movimento de Organização Comunitária <strong>no</strong>s seus 35 a<strong>no</strong>s de existênciavêm desempenhando ao longo de sua história, juntamente com agricultores e agricultoras,universidades, sindicatos, associações, cooperativas e demais organizações da sociedadecivil, trabalhos que propiciam o desenvolvimento huma<strong>no</strong> com qualidade de vida e geraçãode renda, e é justamente nesta pluralidade de indivíduos e troca de idéias que essestrabalhos se sustentam tanto logisticamente quanto operacionalmente.A convivência com o <strong>semi</strong>-árido têm sido o sustentáculo de todas essas ações,visto que a assistência técnica, gerenciamento e armazenamento de água e crédito seencontram em todos os projetos executados, abrangendo temas como: gênero e segurançaalimentar. Contudo todos os trabalhos executados são gerenciados e administrados pororganizações da sociedade civil, onde as mesmas fiscalizam e participam de todo processometodológico e operacional, caracterizando assim, em projetos de emancipação popular.<strong>Uma</strong> assistência técnica de qualidade é o que se busca <strong>para</strong> poder realmenteconviver com o <strong>semi</strong>-árido, com técnicas acessíveis a agricultura familiar e juntamente coma prática de ação - reflexão - ação, o planejamento da propriedade torna-se uma atividadede interação entre o técnico e a família, projetando em conjunto todas as ações que possamgarantir a sustentabilidade da propriedade, onde o ponto de partida é um diagnóstico <strong>para</strong>conhecer in locu a propriedade e como se comporta a gestão familiar , <strong>para</strong> só a partir daítomar conhecimento ( técnico e família ) da viabilidade de um projeto.No que diz respeito ao crédito, as cooperativas tem sido o instrumento de viabilização daspropostas dos(as) agricultores(as) <strong>para</strong> obtenção dos financiamentos, tendo como produto ofundo rotativo <strong>para</strong> a potencialização de <strong>no</strong>vos projetos <strong>para</strong> <strong>no</strong>vas famílias. No entanto<strong>para</strong> o fomento destas atividades, o MOC, conta com o apoio de entidades governamentaise não governamentais que apoiam estas iniciativas, tanto custeando o corpo técnico, como<strong>para</strong> financiamentos de projetos. Como exemplo disto, foi protagonizado o projetoprosperar, que conta com a participação de 19 técnicos agrícolas e 6 agrô<strong>no</strong>mos, atuandoem 31 municípios do <strong>semi</strong>-árido baia<strong>no</strong>, atingindo cerca de 4660 famílias do Programa deErradicação do Trabalho Infantil e 81 comunidades com assistência técnica permanente,onde a Secretaria do Trabalho e Ação Social do Estado, Comissão de Erradicação doTrabalho Infantil e a Secretaria de Ação Social do Gover<strong>no</strong> Federal são os principaisfinanciadores do projeto, daí então, são projetos que possibilitam a oportunidade deconstrução, desde o a<strong>no</strong> de 2001, de uma proposta de assistência técnica, onde a sociedadeorganizada possa visualizar os resultados e propor <strong>no</strong>vas alternativas.Aí então entra o papel das cooperativas de crédito que são instituições financeirascom grande importância <strong>para</strong> a promoção do desenvolvimento local sustentável e entidadesque estão diretamente ligadas aos diversos programas do MOC. a gestão das finanças locaise de serviços financeiros pelas cooperativas de crédito, é componente fundamental daeco<strong>no</strong>mia solidária, onde <strong>no</strong> Estado da Bahia até o final de 2002 possuía 31 postos deatendimento, com 16500 associados em 41 municípios baia<strong>no</strong>s.


Com estas ações, espera-se uma sensibilidade de outros atores, que as possam levar<strong>para</strong> um patamar de discussões em uma esfera maior, onde através do endossodestas alternativas, o <strong>semi</strong>-árido seja palco de um <strong>no</strong>vo incremento com ênfase <strong>no</strong>desenvolvimento local, e os agricultores possam ter uma melhor qualidade de vida.


PROGRAMA DE PROFISSIONALIZAÇÃO DE PRODUTORES RURAIS DA EBDA.Heitor Lima Ribeiro Filho *Edivaldo Pacheco de Oliveira**Procurando contribuir na busca do desenvolvimento do peque<strong>no</strong> produtor rural, a EmpresaBaiana de Desenvolvimento Agrícola - EBDA tem buscado formas que incorporem <strong>no</strong>voscomponentes educativos, metodológicos, técnicos, gerenciais e analíticos, que proporcionem amelhoria da sua qualidade de vida. Nesse sentido, teve início, em 1996, um conjunto de açõesvisando à implantação do Programa de Profissionalização de Produtores Rurais, buscandocorrigir a baixa capacitação dos produtores e da mão-de-obra utilizada <strong>no</strong> setor. Esta propostabaseou-se na experiência exitosa do Estado de Santa Catarina, desenvolvida pela sua Empresa dePesquisa Agropecuária, Epagri.Foram inicialmente implantados dois centros de treinamento, um em Palmas de Monte Alto eoutro em Aramari, <strong>para</strong> capacitação de produtores de algodão e leite, respectivamente.Posteriormente implantaram-se mais seis centros: Jaguarari (capri<strong>no</strong>s e ovi<strong>no</strong>s), Feira de Santana(pecuária), Amélia Rodrigues (apicultura e floricultura), Conceição do Almeida (fruticultura),Itambé (bovi<strong>no</strong>cultura de corte), Utinga (Irrigação). Estas estruturas recebem produtores de todoo estado, dispondo de alojamento, cozinha, salas de aula, unidades didáticas e de todos osrecursos necessários <strong>para</strong> a capacitação dos agricultores.<strong>Uma</strong> seqüência progressiva de módulos, didaticamente classificados como básicos, técnicos,agro-industriais e artesanais, compõe a estruturação dos cursos, que em alguns casos tem cargahorária superior a 200 horas.Foram capacitados mais de uma centena de instrutores, <strong>no</strong> aspecto metodológico de ensi<strong>no</strong> <strong>para</strong>adultos, na área de administração rural básica, como também <strong>no</strong> conhecimento técnico específico<strong>para</strong> cada produto.Os cursos têm como proposta “aprender fazendo e fazer compreendendo”, por isso mais de 75%da sua carga horária é composta por demonstrações práticas e dinâmicas de grupo que tornam oaprendizado um processo atrativo e gratificante.O produtor profissionalizado tem um papel importante na sua comunidade, o de multiplicador detec<strong>no</strong>logias, sendo um forte auxiliar <strong>no</strong> trabalho do extensionista, principalmente quando estastec<strong>no</strong>logias dão resultados econômicos satisfatórios.Utilizando-se de conhecimentos teóricos e práticos que possibilitem uma intervenção eficientesobre os recursos naturais das suas propriedades, sem agredir o meio ambiente, os produtoresaperfeiçoam seus processos produtivos e desenvolvem produtos de melhor qualidade comagregação de valor.Este trabalho conta principalmente com recursos do Programa Nacional da Agricultura Familiar– Pronaf, recursos do Estado e de diversos parceiros, entre estes, prefeituras municipais, escolastécnicas, cooperativas, ONG´s etc. Possui interface com outros programas de desenvolvimentoe/ou capacitação; entre estes, destacamos o Programa de Modernização da Pecuária – Procamp eo Prorenda.*Heitor Lima Ribeiro Filho é Médico Veterinário, MSc. do Centro de Profissionalização dePecuaristas da EBDA Regional de Feira de Santana-BA.**Edvaldo Pacheco de Oliveira é Engº Agrô<strong>no</strong>mo, M.Sc. do Centro de Profissionalização deApicultores e Floricultores da EBDA Regional de Feira de Santana-BA.


REALIDADE RURAL – OBJETO DE PESQUISA NO ENSINO DE CIÊNCIAS DENTRO DAPROPOSTA DO CAT (CONHECER, ANALISAR, TRANSFORMAR).Elizângela Alves Lubari<strong>no</strong>, estagiária bolsista extensão; Maria Aparecida Paim de Cerqueira,orientadora;UEFS;Escola Básica. bio.liz@bol.com.brO projeto CAT (Conhecer, Analisar, Transformar) visa uma formação continuada <strong>para</strong>professores que atuam na zona rural que queiram basear sua ação na realidade rural onde a Escolaestá inserida, buscando valorizar o meio ambiente, o homem do campo, sua cultura e seu trabalhonas diversas disciplinas, dentre estas, a de Ciências.A característica marcante deste projeto comcitado anteriormente é a valorização da realidade do trabalho e da cultura do homem do campotendo o calendário agrícola como base <strong>para</strong> elaboração do seu planejamento, neste sentido omaterial escolar de que dispõe-se não é apenas canetas, cader<strong>no</strong>s, papel e livros. Nesta disciplinaespecialmente, aproveita-se mais: a imensa riqueza da natureza (solo, adubo orgânico,plantio,sementes, folhas,gravetos, colheita, chuvas, água, animais,etc.); a riqueza incomensuráveldos grupos huma<strong>no</strong>s que compõem a comunidade, com seus valores( a solidariedade, a justiça, asimplicidade, o partilhar) próprios do povo do campo; a riqueza das festas, das manifestaçõesculturais, comemorações, comidas, lutas, conquistas, etc., não apenas datas oficiais, mas da vidada própria comunidade;o relato de sua origem, suas peculiaridades, sua história. Todos estessubsídios tornam-se então instrumento de pesquisa e transforma a vida do estudante em objetode conhecimento o que proporciona maior interesse e participação não só do alu<strong>no</strong>, mas tambémda família dele e de sua comunidade. Assim constrói-se e amplia-se o conhecimento e ao mesmotempo utiliza-o como ferramenta de transformação <strong>para</strong> melhoria da educação bem como da vidacampesina. Neste processo não há apenas um que ensina e os outros que aprendem, todos osenvolvidos são agentes multiplicadores do bem estar <strong>no</strong> campo. O referencial teórico destainvestigação está fundamentado na educação problematizadora, libertadora e promotora datransformação social de Freire e <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> de ciências contextualizado, problematizado, integradoe interdisciplinar. Enfim é possível perceber que, partindo da realidade do alu<strong>no</strong>, tendo comoâncora o enfoque acima, existe a possibilidade de promover o ensi<strong>no</strong> de ciências na escola rural,torná-lo significativo, assim como, concluiu-se que a “ invasão cultural” inibe o processo deaprendizagem de ciências e termina por afastar o alu<strong>no</strong> rural e a família da escola. Reforça-setambém a idéia de que a interação construtiva entre o ensi<strong>no</strong> de ciências e o cotidia<strong>no</strong> do alu<strong>no</strong>contribui <strong>para</strong> uma melhor qualidade de vida dos educandos rurais. Este processo se concretiza de


forma participava e integrada entre o professor, o alu<strong>no</strong> e a família. Busca-se assim também,oferecer uma educação de qualidade e que contribua <strong>para</strong> a implementação de políticas públicaseducacionais que atendam às características e necessidades da população rural como <strong>no</strong>s orienta aLDB <strong>no</strong> artigo 28.


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANADEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃONÚCLEO DE ALFABETIZAÇÃORESUMO DO TRABALHO: Leitura e significado: a interação de crianças de alfabetizaçãocom textos narrativos - histórias e contosUm dos objetivos mais importantes da escola, desde o início da aprendizagem, é formar oleitor competente. Espera-se com isso que, ao final do Ensi<strong>no</strong> Fundamental, os alu<strong>no</strong>s saibamutilizar estratégias de leitura que lhes possibilitem tornar-se leitores capazes de ler <strong>para</strong> alémdas letras, compreender o texto lido atribuindo-lhe significado mediante sua interação autorleitor.Com base nessas afirmações é que se colocou o <strong>no</strong>sso interesse de estudo <strong>no</strong> Projeto deAlfabetização: formação continuada de professores de zona rural, com a seguinte questão: Comocrianças de alfabetização, na faixa etária de 07 a 11 a<strong>no</strong>s, de escolas municipais, do município deAramari, compreendem textos narrativos - histórias e contos.Para a realização do estudo usamos como procedimentos metodológicos: 1. Entrevista comos professores <strong>para</strong> analisar o que compreendem e como trabalham histórias e contos. 2. Leiturade histórias e contos; reconto, pausas protocoladas, partindo de categorias de análise comoconhecimentos prévios e lingüísticos e habilidades cognitivas.


Casos e causos: a experiência da contação de histórias na alfabetização de jovens e adultosJurema Cintra BarretoUniversidade Estadual de Santa CruzA contação de histórias foi o instrumento utilizado <strong>no</strong> processo de letramento dejovens e adultos participantes do Programa Alfabetização Solidária <strong>no</strong> Município de SantaTerezinha (BA), região com vegetação intermediária, oscilando entre caatinga, mata, e algunstrechos de clima influenciado pela altitude.Neste ato de valorização do saber-fazer dos educando estavam envolvidos 250 alu<strong>no</strong>s,1 coordenadora municipal, 1 monitora pedagógica, equipe que conseguiu por em prática esteprojeto, sobre <strong>no</strong>ssa coordenação setorial. Romper com os modelos tradicionais de alfabetização,valorizando os textos de conhecimento popular das comunidades rurais ou produzidos pelospróprios educandos, a fim de resgatar a memória cultural através da oralidade, formando umasólida ponte entre o processo oral e o escrito. Fugir do mecanicismo e da alienação, criandosituação de aprendizado onde os alu<strong>no</strong>s não são objetos de cognição, mas sujeitos deste, sãocontadores de histórias e futuros leitores. Introduzir a narrativa <strong>para</strong> a aquisição dos <strong>no</strong>vosconhecimentos de forma me<strong>no</strong>s ansiosa e fazer com que estes textos sejam o material de trabalho<strong>para</strong> as cópias (exercício motor), as discussões e <strong>para</strong> a retirada das palavras geradoras que darãoinício ao estudo das famílias silábicas e por fim das letras: esta é a inversão cognitiva quetrabalhamos nas aulas de capacitação dos alfabetizadores realizadas na UESC.E, por fim também é objetivo: formar em casa um grande ciclo de leitura, pois quandoa criança voltar da escola, ela encontrará pessoas tão motivados quanto elas, pessoas quevalorizaram o aprender e querem agora aprender com outras. Os primeiros cader<strong>no</strong>s de histórias,contadas e escritas pelos educandos, foram resgatados em dezembro de 2002 com o fim domódulo então vigente, e pretendemos continuar esta atuação com a continuidade destas atividadese a divulgação posterior deste material como símbolo cultural daquelas <strong>no</strong>ve localidades ruraisenvolvidas.


A ATUAÇÃO DO PROGRAMA ALFABETIZAÇÃO SOLIDÁRIA NOS MUNICÍPIOSDO SEMI-ÁRIDO BAIANOVanda Almeida da Cunha 1 , Sonia Maria Freitas de Cerqueira 2 (orientadora)Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFSPró-reitoria de Extensão 1,2IntroduçãoO Programa Alfabetização Solidária (PAS) na UEFS, atua em 25 municípios <strong>no</strong> Estado da Bahia,desses 84% encontram-se na região <strong>semi</strong>-árida. Sabendo-se das dificuldades pelas quais ostrabalhadores rurais enfrentam devido às peculiaridades climáticas das faixas <strong>semi</strong>-áridas, ondeexistem municípios em que a precipitação varia entre 150mm a 250mm/a<strong>no</strong>, faz-se necessárioque as instituições e a própria sociedade civil, possam planejar e implementar trabalhos quevenham a diminuir as mazelas que as comunidades dessas áreas enfrentam. Assim, oanalfabetismo é um dos mais graves problemas enfrentados pela população residentes nessasáreas, pois a não inserção ao mundo letrado tem provocado uma série de entraves na vida detantas famílias do <strong>semi</strong>-árido, de forma que a diminuição e/ou erradicação do analfabetismotorna-se uma necessidade urgente.METODOLOGIAA metodologia adotada pela equipe de trabalho do PAS na UEFS é pautada em fundamentosteóricos-metodológicos que subsidia o alu<strong>no</strong> <strong>para</strong> a aquisição da lecto-escrita , <strong>no</strong> sentido detorná-lo mais independente na busca por soluções de problemas. Assim, é realizada umacapacitação com os alfabetizadores que atuarão nas classes, havendo ainda, uma capacitaçãocontinuada ao longo do módulo de 5 meses. O trabalho de sensibilização, baseado em aulas,palestras, discussões, dinâmicas de grupo, é voltado <strong>para</strong> a valorização das capacidadesindividuais e coletivas de cada comunidade, seus costumes, sua cultura, potencialidades naturaise econômicas, pois entendemos que dessa forma o aprendizado da leitura e da escrita, tãoimportante <strong>para</strong> essas pessoas, fica mais próximo, já que sua realidade é vivenciada em sala aula.ResultadosO trabalho com a alfabetização de jovens e adultos tem promovido mudanças significativas navida dos alfabetizandos atendidos pelo Programa, os principais resultados são:• Busca pela aquisição da leitura e escrita como fonte de saber que liberta;


• Auto<strong>no</strong>mia dos alfabetizandos da cidade e do campo na administração e comercializaçãode sua força de trabalho;• Maior interação entre a comunidade e o poder público na conquista de melhorias <strong>para</strong> ascomunidades;• Conscientização dos alfabetizandos da necessidade de uma atuação mais participativanas associações e cooperativas existentes nas comunidades rurais;• Organização dos alu<strong>no</strong>s trabalhadores rurais visando discutir coletivamente saídas <strong>para</strong>melhor convivência com a falta d`água <strong>no</strong> <strong>semi</strong>-árido.CONCLUSÕESO analfabetismo é um empecilho que se traduz em significativa dificuldade <strong>no</strong> momento em queo agricultor necessitar de financiamentos nas instituições bancárias, na assinatura de contratos eaté na comercialização de seus produtos. Dessa forma, aprender ler, escrever, exercer com maisauto<strong>no</strong>mia sua cidadania é uma batalha a ser vencida por todos aqueles que compõe a sociedadenas mais diversas instâncias. Dessa maneira, o PAS tem contribuído de forma significativa, poistem oportunizado a muitos trabalhadores outros caminhos <strong>para</strong> viver e ver a vida. Assim, essaspessoas podem atuar de forma mais participativa na construção de uma vida com melhoresoportunidades e perspectivas de crescimento individual e coletivo.


A EXPERIÊNCIA DA ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA E BENEFICENTE DE BELAVISTA DE VÁRZEA DO MEIO – VARZEA DA ROÇA/BAUNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA – UEFSVanda Almeida da CunhaINTRODUÇÃOAs regiões Semi-Àridas são marcadas pela falta de chuvas, sol forte, altas temperaturas, queacabam por provocar uma série de dificuldades <strong>para</strong> os agricultores que retiram da terra osustento das suas famílias. Diante desses entraves, o associativismo vem se caracterizando comouma das alternativas que pode vir a proporcionar melhor convivência com a seca. Seguindo essaperspectiva, foi criada em 12 de fevereiro de 2002, a Associação Comunitária e Beneficente BelaVista de Várzea do Meio, distrito de Várzea de Roça/BA. A associação é uma das alternativasque os agricultores possuem <strong>para</strong>, coletivamente, angariar idéias e recursos <strong>para</strong> a comunidade,aumentando a produção e melhorando a qualidade dos produtos oriundos da região.METODOLOGIAO trabalho está pautado em visitas a reuniões dos associados, que ocorrem <strong>no</strong> último sábado decada mês, onde observou-se a dinâmica de trabalho dos associados, pautada em discussões dostemas que estejam relacionados aos interesses dos agricultores. Foram realizadas ainda,entrevistas com o presidente da associação e outros membros, <strong>no</strong> sentido de identificar quais asprincipais conquistas e as metas a serem implementadas <strong>para</strong> 2003. Realizou-se também visitasaos plantios dos agricultores.RESULTADOSApesar do pouco tempo de existência, a associação já possui os seguintes resultados:• Busca junto aos órgãos competentes <strong>para</strong> a à aquisição de sementes <strong>para</strong> o plantio naépoca do inver<strong>no</strong> e trovoada;• Aquisição de um trator, que é usado na comunidade como um todo, onde os associadospossuem 70% de desconto a cada hora trabalhada pela máquina;• A associação atende ao maior números de solicitações feita pelo trabalhadores <strong>no</strong> que serefere a utilização do trator;


• Está sendo viabilizado uma sede <strong>para</strong> as reuniões mensais, pois o salão utilizadoultimamente é emprestado;• Os trabalhadores estão implementado um projeto de plantio comunitário <strong>para</strong> este a<strong>no</strong>,com a participação de mais de 40 famílias;• Realização de mutirões <strong>para</strong> trabalhos na propriedade de cada associado.CONCLUSÕESAs ações desenvolvidas pela Associação Comunitária de Bela Vista de Várzea do Meio, éuma tentativa de união da comunidade, tendo o associativismo como uma das saídas viáveis<strong>para</strong> a minimização dos problemas enfrentados pelos trabalhadores rurais das regiões <strong>semi</strong>áridos.É <strong>no</strong>tório o comprometimento dos trabalhadores na administração da associação, e aconsciência de ajuda mútua. Dessa forma, apesar do pouco tempo de criação, essa associaçãopossui muitos êxitos, pois já conseguiu engajar boa parte dos agricultores e a comunidade <strong>no</strong>processo de valorização das potencialidades locais. O trabalho desenvolvido por essaorganização vem oportunizando aos membros e à comunidade uma outra perspectiva deconvivência com a seca, e uma <strong>no</strong>va visão sobre a possibilidade produtiva de suas pequenaspropriedades.


Utilização de multimeios na realização de reforço escolar –uma ação de voluntariadoRosana Lucia Machado Sampaio SantosMarizélia Silva SantosGidalte Nascimento da SilvaEscola Agrotécnica Dr. Francisco Martins da SilvaIntroduçãoA visão do processo educativo tem sofridomodificações através dos tempos. E isso se faz necessário porestar a mesma atrelada as mudanças sociais, servindo muitasvezes como espelho destas. A procura, por parte doselementos constituintes do sistema educativo, em busca deuma ação mais efetiva junto à comunidade escolar <strong>no</strong>stransporta a tentativas de acertos, tantas vezes resumidas emerros, os quais leva-<strong>no</strong>s a um <strong>no</strong>vo aprendizado.A “revolução informática” causou mudanças na áreado conhecimento, pondo em xeque o papel da escola.Segundo Marques et al (1986), a relação de ensi<strong>no</strong> éuma relação de comunicação por excelência, que visa aformar e informar; e instrumentos que possam se encaixarnesta dinâmica têm sempre a possibilidade de servir aoensi<strong>no</strong>. Livro, vídeo, fotografia, computadores e outros sãoformas de comunicar conhecimentos e, como tais, interessamà educação. É justamente por serem instrumentos decomunicação que seu uso torna-se problemático. Sãoproblemáticos porque chegam à escola desligados de umanecessidade claramente expressa por ela, e chegam tambémdesligados de uma matéria específica. E são problemáticos,


ainda, porque oferecem uma <strong>no</strong>va forma de comunicar oconhecimento, forma essa que influi diretamente sobre ametodologia de ensi<strong>no</strong> e a modifica <strong>no</strong> seu aspecto técnico,podendo até fazê-la rever as suas bases teóricas e filosóficas.Empregar um livro, um vídeo ou até uma simples fotografiasignifica modificar a relação alu<strong>no</strong>-conhecimento, a relaçãoalu<strong>no</strong>-professor e a relação escola-sociedade.A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional(9394/96) dá ao Ensi<strong>no</strong> Médio a característica determinalidade, o que significa assegurar a todos os cidadãos aoportunidade de consolidar e aprofundar os conhecimentosadquiridos <strong>no</strong> Ensi<strong>no</strong> Fundamental; aprimorar o educandocomo pessoa humana; possibilitar o prosseguimento deestudos; garantir a pre<strong>para</strong>ção básica <strong>para</strong> o trabalho e acidadania; dotar o educando dos instrumentos que o permitam“continuar aprendendo”, tendo em vista o desenvolvimento dacompreensão dos “fundamentos científicos e tec<strong>no</strong>lógicos dosprocessos produtivos”.Segundo a Comissão Internacional sobre Educação<strong>para</strong> o século XXI, da UNESCO, a educação deve cumprir umtriplo papel: econômico, científico e cultural, devendo serestruturada em quatro alicerces: aprender a conhecer,aprender a fazer, aprender a viver e aprender a ser.Ao ampliarmos <strong>no</strong>sso entendimento de que a escolanão se resume a quatro paredes já que esta encontra-seinserida em um contexto social, e que a procura doconhecimento deve partir do próprio educando, numaafirmativa da sua posição como cidadão atuante e crítico, oqual futuramente terá que posicionar-se e buscar o seu espaçocomo indivíduo ativo, profissionalmente, traçamos um esboço


de trabalho o qual serviu como ponto de partida e estágiopre<strong>para</strong>tório vislumbrando estes fins.Este trabalho teve como objetivos:- Incentivar a participação cooperativa e solidária de alu<strong>no</strong>s ealunas da 3ª série do ensi<strong>no</strong> médio junto a comunidade escolarnuma mostra de sua capacidade intelectual e cidadã;- Elevar a auto-estima dos alu<strong>no</strong>s e alunas;- Trabalhar as dificuldades de aprendizagem dos alu<strong>no</strong>s ealunas utilizando como elementos facilitadores instrumentostec<strong>no</strong>lógicos, familiarizando-os com os mesmos.MetodologiaO trabalho surgiu das necessidades acadêmicasapresentadas pelos alu<strong>no</strong>s do curso de regularização do fluxoescolar (segmento A) nas diferentes disciplinas estudadas, oque incentivou a atuação dos alu<strong>no</strong>s da 3ª série do cursomédio, num trabalho de voluntariado de ministração de aulasjunto a turma.A realização da atividade se deu na EscolaAgrotécnica Dr. Francisco Martins da Silva, situada na cidadede Feira de Santana-BA, tendo esta a maioria do seu alunadooriundo da zona rural.O trabalho foi desenvolvido durante 2 meses, sendo asaulas ministradas em tur<strong>no</strong> oposto ao freqüentado pelosalu<strong>no</strong>s. Para tanto o mesmo apresentou as seguintes fases:1ª) Indicação, pelos professores pertencentes ao quadro doprograma de regularização do fluxo escolar, dos alu<strong>no</strong>s queprecisavam de reforço escolar, bem como os assuntos a seremabordados durante o período do projeto;


2ª ) Divisão dos alu<strong>no</strong>s monitores em grupos por disciplina:Português, Matemática, História e Geografia; Ciências;3º) Formulação, junto com os grupos, de cro<strong>no</strong>grama detrabalho, <strong>no</strong> qual se estabeleceu os dias de reunião dentro dosgrupos e entre os grupos <strong>para</strong> programação das aulas eavaliação do projeto;4º) Acompanhamento dos alu<strong>no</strong>s monitores na pre<strong>para</strong>çãodas atividades e tira-dúvidas pelos professores.Foram disponibilizados <strong>para</strong> os alu<strong>no</strong>s monitoresprojetor de slides, vídeo e computadores, materiaisnecessários <strong>para</strong> a ministração das suas aulas. Um maioraprofundamento dos mesmos nas matérias lecionadas foirealizado por meio de livros e consultas a internet.Durante o projeto os alu<strong>no</strong>s monitores puderamcolocar em prática os conhecimentos adquiridos ao longo deseus estudos, ligando a teoria o seu uso, trazendo <strong>para</strong> o seudia-a-dia o que haviam aprendido enquanto estudantes.A eles foi dada a oportunidade de se colocarem <strong>no</strong>lugar do professor e praticarem a cidadania, agindo comocidadãos participantes de uma sociedade e sujeitos demudança.A avaliação dos alu<strong>no</strong>s do fluxo escolar foi realizadaatravés dos resultados obtidos pelos mesmos nas disciplinascitadas. Vale salientar que, além de ser observado ocrescimento do alu<strong>no</strong> em relação aos conteúdos trabalhados,foi principalmente observado o crescimento do mesmo comopessoa crítica e participativa. Os alu<strong>no</strong>s monitores foramavaliados quanto a capacidade dos mesmos de reflexão e usodo que foi aprendido, mudança de comportamento eposicionamento.


Resultados e ConclusõesAo final do projeto foi aberta uma discussão com aparticipação de todos os envolvidos como também da direçãoda escola, onde foi dado espaço <strong>para</strong> a colocação de opiniõesquanto ao trabalho realizado. Nela concluímos que:- O projeto deveria ter sido realizado logo <strong>no</strong> início do a<strong>no</strong>letivo, quando então teríamos um maior tempo <strong>para</strong>trabalharmos as dificuldades de aprendizagem apresentadaspelos alu<strong>no</strong>s;- Colocar-se <strong>no</strong> lugar do professor fez com que os alu<strong>no</strong>smonitores tivessem uma melhor visão do papel exercido peloseducadores tanto em sala de aula quanto na vida dos seusalu<strong>no</strong>s;- Tal atividade pode ser realizada não só pelos alu<strong>no</strong>s de sériesmais adiantadas como também entre os próprios colegas emuma turma, em forma de monitoria;- O uso de instrumentos tec<strong>no</strong>lógicos surtiu um ótimo efeito <strong>no</strong>aprendizado e interesse dos alu<strong>no</strong>s, estimulando as aulas;- A auto-estima tem que ser trabalhada em primeiro pla<strong>no</strong>dentro de uma escola, sendo que nessa etapa todos oscomponentes do processo educativo devem se engajar.Quanto a isso observamos que os alu<strong>no</strong>s que partici<strong>para</strong>m doreforço possuíam uma baixa estima a qual dificultava o seuaprendizado.- Oferecer aos alu<strong>no</strong>s diferentes metodologias de trabalhoengajando-os <strong>no</strong> processo facilitou em muito a suaaprendizagem por prender sua atenção e direcionar seusesforços.- Os alu<strong>no</strong>s trabalhados, em sua totalidade, necessitavam deuma maior atenção em relação ao fator afetivo, apresentando


um comportamento diferenciado <strong>no</strong> final do projeto do que oapresentado <strong>no</strong> início, sendo que muitas vezes isto na foidemonstrado em sala de aula <strong>no</strong>rmal.- Os alu<strong>no</strong>s monitores apresentaram, durante o transcorrer dotrabalho, mudanças visíveis em seus comportamentostornando-se estes mais seguros quanto aos seusconhecimentos.- Houve uma boa aceitação dos alu<strong>no</strong>s monitorados em relaçãoao projeto, podendo o mesmo ser observado através dafrequência e participação destes.Todas as atividades realizadas pelos alu<strong>no</strong>s durante oprojeto foram guardadas em pastas individuais, as quais eramfrequentemente analisadas pelos alu<strong>no</strong>s monitores, sendo queestes a cada aula a<strong>no</strong>tavam suas observações quanto as aulas eos alu<strong>no</strong>s, discutindo-as posteriormente.Os alu<strong>no</strong>s monitores utilizaram durante todo o projetoe nas diversas disciplinas o computador como instrumentocomplementar em suas aulas, assim como o vídeo e o projetorde slides, pondo em prática os conhecimentos adquiridos.Ao finalizarmos este projeto, percebemos que todosganhamos muito e perdemos pontos negativos, então, aindapresentes em nós. Nos tornamos mais gente, por <strong>no</strong>ssentirmos úteis, por termos dado um maior sentido as <strong>no</strong>ssasvidas através das realizações de outras pessoas. Notamos quenunca é tarde <strong>para</strong> nada, e não <strong>no</strong>s cabe julgarmos aos outrose querermos determinar-lhes um fim. Cada um possui dentrode si um mundo, e <strong>no</strong>s é muito mais interessante eenriquecedor quando o dividimos, pois ele se expande, crescetanto que atinge os que encontram-se ao <strong>no</strong>sso redor, mostrase,re<strong>no</strong>va-se e <strong>no</strong>s liberta. O que todos nós tivemos certeza


absoluta após esta caminhada é que deveríamos tê-lacomeçado antes e sempre.Referências BibliográficasBadejo, M. L. Ensinando é que se aprende. Pátio RevistaPedagógica. A<strong>no</strong> VI, N.º 23, Setembro/Outubro, 2002. Ed.Artmed. p. 44 – 48.Marques, C. P. C.; Mattos, M. I. L. de; la Taille, Y. de.Computador e Ensi<strong>no</strong>: uma aplicação à língua portuguesa.Série Princípios. Ed. Ática, São Paulo, 1986. 96 p.Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais:ensi<strong>no</strong> médio. Brasília: Ministério da Educação, 1999.Seed/MEC/Unirede. TV na escola e os desafios de hoje.Módulo 2: usos da televisão e do vídeo na escola. 2ª ed..Silva, M. Sala de Aula Interativa. Rio de Janeiro. Ed. Quartet.2ª ed. 2001. 219 p.Valdez, Daniel. As relações interpessoais e a Teoria da Mente<strong>no</strong> contexto educativo. Pátio Revista Pedagógica. A<strong>no</strong> VI,N.º 23, Setembro/Outubro, 2002. Ed. Artmed. p. 24-26.


Utilização de multimeios na realização de reforço escolar –uma ação de voluntariadoRosana Lucia Machado Sampaio SantosMarizélia Silva SantosGidalte Nascimento da SilvaEscola Agrotécnica Dr. Francisco Martins da SilvaA visão do processo educativo tem sofridomodificações através dos tempos e a “revolução informática”causou mudanças na área do conhecimento, pondo em xequeo papel da escola.Segundo a Comissão Internacional sobre Educação<strong>para</strong> o século XXI, da UNESCO, a educação deve cumprir umtriplo papel: econômico, científico e cultural, devendo serestruturada em quatro alicerces: aprender a conhecer,aprender a fazer, aprender a viver e aprender a ser.Ao ampliarmos <strong>no</strong>sso entendimento de que a escolanão se resume a quatro paredes já que esta encontra-seinserida em um contexto social, e que a procura doconhecimento deve partir do próprio educando, iniciamos estetrabalho tendo como objetivos: incentivar a participaçãocooperativa e solidária de alu<strong>no</strong>s e alunas da 3ª série doensi<strong>no</strong> médio junto a comunidade escolar numa mostra de suacapacidade intelectual e cidadã; elevar a auto-estima dosalu<strong>no</strong>s e alunas; trabalhar as dificuldades de aprendizagemdos alu<strong>no</strong>s e alunas utilizando como elementos facilitadoresinstrumentos tec<strong>no</strong>lógicos, familiarizando-os com os mesmos.O trabalho surgiu das necessidades acadêmicasapresentadas pelos alu<strong>no</strong>s e alunas do curso de regularizaçãodo fluxo escolar, o que incentivou a atuação dos alu<strong>no</strong>s e


alunas da 3ª série do curso médio, num trabalho devoluntariado de ministração de aulas.A realização da atividade se deu na EscolaAgrotécnica de Feira de Santana-BA, com duração de doismeses.Após a seleção dos alu<strong>no</strong>s que apresentavam maioresdificuldades de aprendizado e os assuntos a seremtrabalhados, foi feito um cro<strong>no</strong>grama de trabalhoestabelecendo os dias de reunião <strong>para</strong> avaliação contínua doprojeto e acompanhamento dos monitores.Para os alu<strong>no</strong>s monitores foram disponibilizadosprojetor de slides, vídeo e computadores, materiaisnecessários <strong>para</strong> a ministração das suas aulas.Na avaliação dos alu<strong>no</strong>s vale salientar que, além deser observado o crescimento do mesmo em relação aosconteúdos trabalhados, foi principalmente observado ocrescimento deste como pessoa crítica e participativa. Osalu<strong>no</strong>s monitores foram avaliados quanto a sua capacidade dereflexão e uso do que foi aprendido, mudança decomportamento e posicionamento.Ao final do projeto concluímos que: o projeto deveriater sido realizado logo <strong>no</strong> início do a<strong>no</strong> letivo; o uso deinstrumentos tec<strong>no</strong>lógicos serviu como um facilitador deaprendizagem, estimulando as aulas; os alu<strong>no</strong>s quepartici<strong>para</strong>m do reforço escolar possuíam uma baixa estima aqual dificultava o seu aprendizado e, em sua totalidade,necessitavam de uma maior atenção em relação ao fatorafetivo, apresentando um comportamento diferenciado <strong>no</strong>final do projeto; os alu<strong>no</strong>s monitores demonstraram mudançasvisíveis em seus comportamentos, tornando-se estes maisseguros quanto aos seus conhecimentos.


Percebemos que todos ganhamos muito e perdemospontos negativos, então, ainda presentes em nós. O que todostivemos certeza, após esta caminhada, é que deveríamos tê-lacomeçado antes e sempre.


ARTIGO DE OPINIÃOA EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DECONSCIENTIZAÇÃO PARA A PRESERVAÇÃO DOS RECURSOSHÍDRICOSMARISA OLIVEIRA DE ALMEIDAUNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANAPROFESSORA DE QUÍMICADEPARTAMENTO DE EXATASFeira de Santana2003


1. INTRODUÇÃOSuperar a escassez de água e a má qualidade da água <strong>para</strong> o abastecimento público é ogrande desafio da sociedade do século XXI.Nos últimos cinqüenta a<strong>no</strong>s, a população mundial triplicou e o consumo de águaaumentou seis vezes. Em <strong>para</strong>lelo a esse fato, 30% das reservas hídricas já foram detonadas pelomau uso do ambiente, como a destruição das matas ciliares, a contaminação por esgotosdomésticos e dejetos industriais, a salinização de lençóis e aterros e o assoreamento dos rios.Previsões estimam que 1/3 da população mundial sofrerá com a escassez de água potável<strong>no</strong>s próximos 25 a<strong>no</strong>s, perspectiva que antecipa tensões internacionais e graves problemasinter<strong>no</strong>s.Acabar com o desperdício, evitar a poluição e preservar com maior rigor as baciashidrográficas está se tornando, em todos os países, uma preocupação comum.No caso específico do Brasil, é lamentável observar que <strong>no</strong> país, detentor das maioresreservas de água doce do planeta, existe ainda, por parte dos gover<strong>no</strong>s e da população, um certodesinteresse pela conservação dos ecossistemas aquáticos. Isso se traduz, principalmente, naquase ausência de programas de educação ambiental que abordem a questão do uso e proteção daágua, contribuindo assim, <strong>para</strong> um cenário onde a destruição dos ecossistemas aquáticos é um dosgraves problemas ambientais nacionais.Apesar de em alguns lugares já haver falta de água <strong>no</strong> aspecto de quantidade, a qualidadeainda é o maior problema de água <strong>no</strong> Brasil. Temos cerca de 100 mil cursos d’água, todospoluídos em algum grau.Me<strong>no</strong>s de 40 % dos brasileiros pobres dispõe de água tratada adequadamente e apenas 25% deles utilizam serviço de esgoto.A água acaba se transformando em veículo de doenças quesangram U$ 400 milhões anuais do SUS. 72 % dos leitos hospitalares são ocupados por pacientesvítimas de doenças transmitidas através da água. A combinação de água potável e esgotamentosanitário poderia reduzir 25 % dos casos de diarréia e 55 % da mortalidade infantil em geral.Ao lado da má qualidade da água, <strong>no</strong>sso país formou em 5 séculos uma populaçãoespecializada em desperdícios. Somos campeões mundiais do gasto desnecessário de água:


índices de perdas assustadores nas companhias de água e um desperdício inconcebível por parteda população. Tira-se mais água por dia do que os rios e barragens conseguem repor.Mudar os hábitos da população <strong>no</strong> Brasil, onde prevalece o equivocado conceito de quetemos água em abundância, é apenas um dos desafios que se apresenta; outros desafios sãoreduzir o nível de degradação da água, através de medidas como conservação, melhoria dosaneamento básico, redução da utilização de pesticidas, produção industrial mais limpa egerenciamento do consumo.É preciso que o gover<strong>no</strong> dê exemplo e comece a agir, porém também é importante que ocidadão participe através de programas de educação ambiental que abordem a questão do uso eproteção da água.A participação da população é um componente fundamental <strong>para</strong> o sucesso de qualquerpolítica nas áreas de Saneamento e Meio Ambiente. Afinal de contas será ela a grandebeneficiada ou a grande vítima de tudo o quer vier a ser feito.


2. PANORAMA BRASILEIROO Brasil é <strong>no</strong> contexto mundial, um país considerado como sendo privilegiado pelasreservas importantes de recursos hídricos que possui: detém cerca de 12% de toda água docesuperficial do planeta. Temos ao mesmo tempo o maior rio, o rio Amazonas, e o maior aqüíferodo mundo, o aqüífero Guarani. Talvez por isso, o Brasil nunca se preocupou em eco<strong>no</strong>mizarágua, pois este recurso sempre foi considerado inesgotável pela população.Apesar de dispormos do maior potencial hídrico do planeta, convivemos também comuma distribuição desigual dos recursos hídricos. Isso porque 80% do volume total dessas águasestão concentradas na região Norte, que tem a me<strong>no</strong>r densidade populacional do país – apenas5% dos brasileiros. Portanto, 95% da população brasileira têm de dividir os 20% das águasrestantes. Na região Nordeste, onde vivem 29% dos brasileiros, a água disponível dos rioscorresponde a me<strong>no</strong>s de 2,5%, o que acarreta uma escassez crônica.A Bahia é um dos estados brasileiros atingidos pela escassez hídrica. Cerca de 69% doterritório baia<strong>no</strong> está <strong>no</strong> <strong>semi</strong>-árido, região povoada por mais de seis milhões de habitantes. Aquantidade de água proveniente da chuva <strong>no</strong> estado é grande. A dificuldade reside <strong>no</strong> processo deacúmulo devido às barragens ociosas. Temos recursos naturais, mas não <strong>no</strong>s lugares certos.O crescimento e a urbanização do país <strong>no</strong>s últimos 30 a<strong>no</strong>s, as estiagens cíclicas que têmcastigado o Sul e o Sudeste e a deterioração dos grandes rios brasileiros deixaram evidente que afalta de água não afeta somente o Nordeste, onde metade dos 1.785 municípios já estáenfrentando as primeiras secas do século XXI.Apesar de em alguns lugares já haver falta de água, <strong>no</strong> aspecto de quantidade, a qualidadeainda é o maior problema de água <strong>no</strong> Brasil.Nas regiões Norte e Centro-Oeste, jogam-se metais tóxicos, como o mercúrio do garimpo,<strong>no</strong>s rios. No Sul, a ameaça está <strong>no</strong>s produtos químicos dos pesticidas agrícolas. No Sudeste, ovolume de esgoto aumenta com a concentração urbana. Represas e mananciais agonizam dianteda depredação ambiental, das ligações clandestinas, de esgoto, do lançamento de detritosquímicos, da ocupação de áreas próximas aos reservatórios.


A dependência de reservas subterrâneas pode trazer problemas <strong>no</strong> futuro, se a produçãonão ocorrer de forma auto-sustentável ou se as águas forem poluídas. E, nesse caso, tornarem-sepraticamente impossíveis de ser aproveitadas, tendo em vista que as reservas subterrâneasdemoram milhares de a<strong>no</strong> <strong>para</strong> serem despoluídas.Ao lado da má qualidade da água <strong>no</strong>sso país formou em cinco séculos uma populaçãoespecializada em desperdício. Somos campeões mundiais de gasto desnecessário de água: índicesde perdas assustadores nas companhias de água e um desperdício inconcebível por parte dapopulação.A cada dia é maior a quantidade de água retirada dos rios e maior e mais diversa apoluição neles descarregada. Os atuais índices de desperdício são alarmantes. Na agricultura, porexemplo, 60% da água utilizada são desperdiçados pela quantidade excessiva empregada, pelaaplicação fora do período de necessidade das plantações, pela irrigação em horários impróprios –como <strong>no</strong>s de maior evaporação -, pelo uso de técnicas inadequadas ou falta de sistemas deirrigação.Megaprojetos de irrigação, voltados <strong>para</strong> o mercado exportador, ameaçam as águas do rioSão Francisco, já ocorrendo, nessa região, destruição das matas nativas, problemas de salinizaçãodos solos, uso excessivo de adubos químicos e pesticidas, além de um grave quadro deexploração e exclusão social das populações ribeirinhas.O Brasil segue a tendência mundial de gastar maior percentual de água na agricultura,mas, diferentemente dos outros países, aqui se gasta mais água <strong>no</strong> abastecimento doméstico que<strong>no</strong> industrial. Segundo o IBGE o país consome 59% na agricultura, 18,6% na indústria e 22,4%<strong>no</strong> abastecimento doméstico.No Brasil um dos aspectos mais críticos é o excessivo consumo e desperdício <strong>no</strong> usoresidencial. Além do uso de tec<strong>no</strong>logias inadequadas também temos um grave problema deperdas <strong>no</strong> processo de distribuição. Entre 30% a 70% da água tratada são perdidos <strong>no</strong> sistema dedistribuição. Esse valor representa em média, um volume de água suficiente <strong>para</strong> abastecer umapopulação de 36 milhões de pessoas durante um a<strong>no</strong>.Mas o problema do desperdício torna-se ainda mais grave quando o <strong>semi</strong>-árido <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>sofre problemas crônicos de abastecimento de água, acarretando graves conseqüências sociais, aexemplo do êxodo rural e da explosão demográfica nas cidades.


Embora castigado pela seca, o sertão <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong> abriga 22% dos 58 trilhões de metroscúbicos das águas subterrâneas existentes <strong>no</strong> Brasil. Os especialistas garantem que, a cada a<strong>no</strong>pelo me<strong>no</strong>s 65 bilhões de metros cúbicos poderiam ser retirados do subsolo sem comprometer asreservas do subsolo. Infelizmente, a estrutura de captação instalada, via poços e bombas, ésuficiente <strong>para</strong> captar apenas 4,3 bilhões de metros cúbicos por a<strong>no</strong>.As águas subterrâneas poderiam ser mais bem aproveitadas, não fosse o elevadodesperdício. Entre 30% e 40% dos poços artesia<strong>no</strong>s abertos <strong>no</strong> sertão <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong> estãodesativados.Responsável por mais de 50% da água disponível <strong>no</strong> Nordeste, o rio São Franciscoatravessa os estados de Minas Gerais e Bahia, passando por Pernambuco, Alagoas e Sergipe,banhando 446 municípios. Tem na piscicultura e navegação a fonte de renda da populaçãoribeirinha. Em toda a bacia, vivem 14 milhões de pessoas, numa área de 630 mil quilômetrosquadrados. É o único rio perene do <strong>semi</strong>-árido. Do seu curso de 2.700 quilômetros, 58% atravessao polígo<strong>no</strong> das secas. A água é utilizada <strong>para</strong> o consumo huma<strong>no</strong>, abastecimento industrial eagrícola.A falta de uma política séria de recuperação e preservação ambiental e, os investimentossem critérios técnicos transformaram o rio São Francisco <strong>no</strong>s últimos quinze a<strong>no</strong>s numa artériafluvial em rápido processo de degradação, deixando marcas irreparáveis de destruição ao longodo rio – <strong>no</strong>s aspectos hídricos e ambientais.As grandes barragens alteraram o curso natural da cheia e vazante, o desmatamento doscerrados e matas ciliares <strong>para</strong> implantação de mo<strong>no</strong>culturas, provocaram a secagem das nascentese o assoreamento do rio.Os grandes projetos de irrigação desestruturaram a produção do mercado local eaumentaram os bolsões da miséria. A ação de agropecuaristas, de indústrias e o lixo das cidadesribeirinhas causaram a poluição, inviabilizando o transporte fluvial.


3. A ÁGUA E A EDUCAÇÃO AMBIENTALA educação ambiental como forma de preservar e demonstrar a importância dos recursoshídricos é um assunto que somente começou a ser abordado <strong>no</strong> final da década de 70. Até hoje,em ple<strong>no</strong> século XXI, não é difícil encontrar pessoas que não consideram a importância doproblema da escassez da água potável.No Brasil, a questão que se coloca diante da população não é da disponibilidade ou faltade água, mas sim da maneira como esse recurso está sendo utilizado, provocando uma aceleradaperda de qualidade, em especial nas regiões urbanizadas ou industrializadas.A conservação dos mananciais está intrinsecamente ligada a condições de preservaçãoambiental, educação e saúde além, é claro, de uma gestão de recursos hídricos que envolvam nãosó a classe governante como também, e principalmente as comunidades, órgãos ambientais einstituição de ensi<strong>no</strong> e pesquisa.<strong>Uma</strong> característica fundamental <strong>para</strong> uma boa política de meio ambiente é o alto grau departicipação popular.Mas do que em qualquer outro aspecto de <strong>no</strong>ssa vida, as decisões sobre os assuntosligados à ecologia e ao meio ambiente necessitam, além das informações científicas, de umagrande participação da população, que afinal de contas será a grande beneficiada ou a grandevítima de tudo o que vier a ser feito.A participação das pessoas é importante e elas precisam ser formadas <strong>para</strong> exercer seupapel, seja como técnicos, políticos, eco<strong>no</strong>mistas, formadores de opinião e líderes de quaisquergrupos organizados.E tudo começa através da sensibilização e da informação. Trata-se de uma educaçãoinformal adquirida através da leitura de jornais, da participação em <strong>semi</strong>nários, <strong>no</strong>s programas detelevisão e rádio, <strong>no</strong>s partidos políticos, <strong>no</strong>s sindicatos, nas igrejas e em todos os meios quepermitam às pessoas exercitarem o aprendizado e a consciência das mudanças e dos problemasdo presente e do futuro.


Quando se trata de educar <strong>para</strong> o uso racional da água, metodologias e processos devemse juntar a tec<strong>no</strong>logias e técnicas na tentativa de reunir um problema que é físico, econômico,mas também social e ecológico.A conscientização da necessidade de conservação e recuperação dos recursos naturais,que possui sua base na Educação Ambiental, pode ser mais bem desenvolvida quando se aplicamos conceitos de educação em situações reais, que permitem inter-relacionar o cotidia<strong>no</strong> daspessoas, e suas atividades, com o ambiente ao seu redor.Situação em que as pessoas envolvidas <strong>no</strong> processo utilizam a realidade à sua volta comoinstrumento de aprendizado, proporcionando maior entendimento e imediata aplicação doconhecimento.Disciplinar o uso da água, principalmente nas regiões críticas, é a melhor alternativa, alémde se mostrar o perigo da contaminação dos mananciais. A sociedade e os órgãos públicos devemestar juntos em projetos voltados <strong>para</strong> a proteção das nascentes e contra os depósitos aleatórios deresíduos sólidos.Simples ações, na maioria das vezes, são o caminho <strong>para</strong> atingirmos grandes objetivos, edevemos, sempre que possível, empregá-las em <strong>no</strong>ssa luta pela conservação da vida.É preciso reconhecer o papel crucial das mulheres na questão do uso e da conservação daágua. Em algumas comunidades, sua participação é fundamental <strong>para</strong> o abastecimento doméstico,já que chegam a percorrer a pé alguns quilômetros acompanhadas de seus filhos <strong>para</strong>encontrarem e trazerem sobre suas cabeças potes de barro cheios de água, o que <strong>no</strong>rmalmentesignificará a única cota de água diária disponível <strong>para</strong> toda sua família.Qualquer política de educação ambiental <strong>para</strong> proteção dos recursos hídricos deve passarpor uma “alfabetização ecológica” dessas mulheres, pois são elas na verdade que gerenciam o usoda água, determinando o quanto vai ser gasto <strong>para</strong> beber, lavar e pre<strong>para</strong>r a comida.A “Declaração de Dublin sobre água e Desenvolvimento Sustentável” (1992) reconheceem seu 3º princípio que a mulher desempenha um papel central <strong>no</strong> abastecimento, gestão eproteção da água.Isso se torna particularmente mais acentuada na região do <strong>semi</strong>-árido, onde muitasfamílias são chefiadas por mulheres, já que os homens partiram em direção as grandes cidades a


procura de melhores condições de trabalho, deixando a mercê das mulheres o papel de cuidar dosfilhos e do pedaço de terra onde moram.Gover<strong>no</strong> e instituições não-governamentais, associados ou não, devem trabalhar nacriação de programas e projetos de Educação Ambiental que procurem abordar a questão dosrecursos hídricos de forma global a partir de uma visão integrada da bacia hidrográfica emecanismos de funcionamento dos sistemas aquáticos.Para isso devemos criar mecanismos eficientes de informação, através de programaseducacionais formais e não-formais, <strong>para</strong> as ONGs, gover<strong>no</strong>s, instituições internacionais e opúblico, sobre a importância da água doce <strong>para</strong> a <strong>no</strong>ssa saúde, bem-estar e eco<strong>no</strong>mia; sobre aescassez dos recursos hídricos, sobre o impacto das várias práticas de utilização de água e anecessidade de proteger e conservar <strong>no</strong>ssos recursos hídricos finitos.São necessários programas educacionais, que <strong>para</strong>lelamente à formação e capacitação depessoal técnico especializado, sejam capazes de formar o cidadão apto a compreender e colaborarnas ações de preservação, recuperação e manutenção das <strong>no</strong>ssas reservas de água.Devemos estimular ações de educação ambiental <strong>para</strong> evitar que os recursos hídricossejam usados de maneira crimi<strong>no</strong>sa e imprópria, dificultando a própria sobrevivência dasespécies.


4. CONCLUSÃOSuperar a escassez e a má qualidade da água <strong>para</strong> o abastecimento público é o grandedesafio da sociedade mundial do século XXI.A gestão da água, como de todo planeta, precisa ser vista dentro de uma “<strong>no</strong>va ética”, derespeito e integração à natureza.Precisamos urgentemente redirecionar <strong>no</strong>ssa sociedade <strong>para</strong> um <strong>no</strong>vo modelo que internalizeconceitos como eqüidade, sustentabilidade e solidariedade.Sem efetivas mudanças comportamentais na sociedade moderna e uma correta aplicaçãode diretrizes de proteção ambiental, o sistema aquático mundial experimentará em poucasdécadas um verdadeiro colapso ecológico.Neste contexto, o Brasil vive o <strong>para</strong>doxo de ser uma das maiores potências em água doce<strong>no</strong> mundo e ao mesmo tempo conviver com situações de seca comparáveis aos países comescassez hídrica, já que nunca se preocupou em eco<strong>no</strong>mizar água, pois este recurso sempre foiconsiderado inesgotável pela população.O gover<strong>no</strong> deve fazer a sua parte e começar a agir, através de uma política de gestão derecursos hídricos, que invista na melhoria do saneamento básico, reduzindo o nível de degradaçãoda água, o índice de perdas, diminuindo a utilização de pesticidas e buscando uma produçãoindustrial mais limpa, mas é preciso que a população participe.As pessoas devem incorporar <strong>no</strong> seu dia-a-dia os conceitos de preservação e isto só seconsegue através da educação e da participação dos meios de comunicação. É importante que ostemas ambientais estejam presentes <strong>no</strong>s meios de comunicação, não só em campanhasgigantescas em momento de escassez, mas continuamente com o sentido de melhor informar eorientar a população.Temos que cuidar da “alfabetização ecológica” de <strong>no</strong>ssa gente, partindo das palavrasgeradoras de sentido, ou seja, dos problemas ambientais que integram o cotidia<strong>no</strong> de cada um.As comunidades devem participar de campanhas de educação sanitária e ambiental sobrea importância da preservação e do uso racional da água. Essas intervenções são fundamentais <strong>no</strong>


desenvolvimento da gestão participativa dos recursos hídricos. Não devendo se esquecer que amulher desempenha um papel central <strong>no</strong> abastecimento, gestão e proteção da água.Os usuários devem formar associações comunitárias que assumam as ações de operação emanutenção dos sistemas de abastecimento.Para isso é necessário desenvolver atividades de educação ambiental e formação derecursos huma<strong>no</strong>s a partir de uma visão integrada da bacia hidrográfica e dos mecanismos defuncionamento dos sistemas aquáticos.


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CONSERVAÇÃO DA POLPA DO FRUTO DO IMBUZEIRO (Spondias tuberosaArruda) EM TEMPERATURA AMBIENTENilton de Brito Cavalcanti 1 ; Soraia Vilela Borges 2 ; José Barbosa dos Anjos 1 ;Geraldo Milanez Resende 1 ; Luiza Teixeira de Lima Brito 1RESUMO: O objetivo deste trabalho foi obter a polpa do fruto do fruto do imbuzeiro(Spondias tuberosa Arruda) e testar a sua conservação em temperatura ambiente naentressafra <strong>para</strong> a produção de doce em massa por peque<strong>no</strong>s agricultores, visando apossibilidade do aproveitamento deste fruto como alternativa alimentar e fonte decomplementação da renda.PALAVRAS-CHAVE: processamento, doce, imbu, NordesteCONSERVATION THE PULP FRUIT THE IMBU TREE (Spondias tuberosa Arruda)IN TEMPERATURE AMBIENTABSTRACT: The objective of this study was to produce and test the conservation of pulp offruit the imbu trees (Spondias tuberosa Arruda) in temperature ambient for production of thesweet paste for small farmers, seeking the possibility of utilization this fruit as foodalternative source of complementation of income.KEYWORDS: processing, sweet, imbu tree, NortheastINTRODUÇÃO: O imbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda) é uma importante fruteira nativada região <strong>semi</strong>-árida do Nordeste, cuja produção estimada em mais de 300 kg de frutos porplanta/a<strong>no</strong>, torna-se a principal fonte de renda <strong>para</strong> maioria das famílias de peque<strong>no</strong>sagricultores que fazem seu extrativismo. Do fruto pode-se obter diversos produtos, comdestaque <strong>para</strong> o suco, o doce em massa, a imbuzada, o licor, o xarope, entre outros(CAVALCANTI et al., 2000).No período da safra do imbuzeiro que ocorre, geralmente de dezembro a março, osagricultores colhem os frutos e os vende nas margens das rodovias, <strong>no</strong>s centros urba<strong>no</strong>s daregião e <strong>para</strong> atravessadores que levam grande quantidade de frutos <strong>para</strong> as capitais do1 Pesquisadores da Embrapa Semi-Árido. Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semi-Árido. Caixa Postal 23. 56300-970. Petrolina, PE. E-mail: nbrito@cpatsa.embrapa.br2 Departamento de Tec<strong>no</strong>logia de Alimentos/UFRRJ. CEP 23851-970 Seropédica – RJ.


Nordeste, principalmente, Salvador onde é comercializada e consumida “in natura” mais de90% da produção brasileira de imbu.A sazonalidade e perecibilidade do fruto do imbuzeiro, que uma vez colhido, e em condiçõesambientais de preservação dura entre dois a três dias, leva a uma grande perda da safra devidoà falta de uma infra-estrutura <strong>para</strong> o aproveitamento do mesmo (MAIA et al., 1998).Para evitar perdas da produção de frutos, o pre-resfriamento que proporciona a remoção docalor da matéria-prima após a colheita, antes do transporte, armazenamento e processamentoda produção é uma alternativa <strong>para</strong> redução dos desperdícios. No caso do fruto do imbuzeirocujo maior volume de produção é consumido “in natura” este procedimento <strong>para</strong> conservaçãopode ser aplicado <strong>para</strong> o aproveitamento do excedente da produção que se perde <strong>no</strong> campo,possibilitando o seu aproveitamento na entressafra.Por outro lado, <strong>no</strong> meio rural <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong> não existe condições <strong>para</strong> que os peque<strong>no</strong>sagricultores que fazem o extrativismo do fruto do imbuzeiro possam utilizar as técnicas deconservação de resfriamento. Daí há necessidade de desenvolver-se e/ou adaptar-sealternativas que possam contribuir <strong>para</strong> o aproveitamento racional do fruto do imbuzeiro nascondições destes agricultores.MATERIAL E MÉTODOS: O trabalho visando a conservação da polpa de imbu emtemperatura ambiente foi realizado de fevereiro a <strong>no</strong>vembro de 2002 com frutos de imbuzeirocolhidos em diversas plantas de ocorrência espontânea na área de caatinga da Embrapa Semi-Arido em Petrolina - PE. O trabalho foi realizado em três etapas. 1) na primeira etapa, foramcolhidos nas plantas os frutos de imbu inchado (estágio entre o imbu verde e o maduro) e osfrutos maduros (frutos após a maturação plena) colhidos após a queda em baixo das plantas.Na segunda etapa que ocorreu após a colheita, os frutos foram lavados em água potável deforma manual por imersão em recipiente plástico contendo solução de hipoclorito de sódio emconcentração de 10 ppm, por 10 minutos, seguida de lavagem em água corrente. Após alavagem os frutos foram submetidos a cozimento em água a 80° C por 3 minutos <strong>para</strong> retiradada polpa e em seguida foi escorrida a água e passados os frutos em peneira com tela de 1,0mm <strong>para</strong> obtenção da polpa. A polpa foi acondicionada em vidros com tampa de metal comcapacidade <strong>para</strong> 500 ml. Depois do envasamento os vidros foram levados ao banho-maria auma temperatura de 80°C por 20 segundos, seguido de resfriamento rápido em água corrente<strong>para</strong> inativa as reações químicas e ezimáticas que podem causar deterioração da polpa. Após o


esfriamento os vidros com a polpa foram acondicionados em caixas de papelão fechadas eidentificadas e estocados em sala com temperatura ambiente (28°C) por 30, 60, 90 e 180 dias.Na terceira etapa foram realizadas as análises físico-química de composição das polpas(umidade, acidez, açúcares redutores não redutores, sólidos solúveis e pH em amostras daspolpas <strong>no</strong> Departamento de Tec<strong>no</strong>logia de Alimentos da UFRRJ e microbiológicas(ocorrência de bolores e leveduras) <strong>no</strong> Instituto Adolfo Lutz. Posteriormente, foi processadodoce em massa com a polpa de cada tratamento utilizando-se 500 g de polpa <strong>para</strong> 250 g deaçúcar. Os tratamentos consistiram em: 1) polpa de frutos inchados e; 2) polpa de frutosmaduros. Para avaliação da aceitação dos doces foi realizada análise sensorial com 56provadores não-treinados, com o objetivo de se determinar qual tipo de doce que apresentariaas melhores características orga<strong>no</strong>lépticas (aparência, sabor e acidez), utilizando-se o método<strong>para</strong> análise sensorial proposto por MORAES (1985) com o uso de uma escala hedônica (1-desgostei muitíssimo, 2- desgostei muito, 3- desgostei regularmente, 4- desgosteiligeiramente, 5- indiferente, 6- gostei ligeiramente, 7- gostei regularmente, 8- gostei muito, 9-gostei muitíssimo).RESULTADOS E DISCUSSÕES: As características físico-químicas e microbiológicas dapolpa de frutos do imbuzeiro tipo inchado preservada em temperatura ambiente <strong>no</strong> períododos 30 aos 180 dias estão apresentadas na Tabela 1. Verifica-se que houve pouca variaçãoentre os valores obtidos <strong>no</strong> dia da armazenagem e <strong>no</strong> final do período de avaliação. O valordo teor de umidade da polpa aos 180 dias foi de 89,93%, próximo ao encontrado por BISPO(1989), FERREIRA (2000) e PINTO et al. (1999) <strong>para</strong> polpa do imbu inchado.


TABELA 1. Caracterização físico-química e microbiológica da polpa de imbu inchadopreservada em temperatura ambiente, durante o período de 180 dias dearmazenamento.Tempo de armazenamento (dias)Composição da polpa defrutos de imbu inchados 0¹ 30 60 90 120 180Umidade (%) 87,94 88,24 87,94 87,94 88,97 89,93Acidez (%) 1,36 1,38 1,40 1,41 1,41 1,42Açúcares redutores (%) 5,34 5,33 5,36 5,36 5,37 5,27Açúcares não redutores (%) 1,28 1,29 1,28 1,27 1,28 1,27Sólidos solúveis (°Brix) 9,76 9,78 9,96 10,06 10,06 10,10pH 2,78 2,79 2,78 2,78 2,78 2,78Bolores e leveduras 10 2 FC/g 10 2 UFC/g 10 3 UFC/g 10 3 UFC/g 10 3 UFC/g 10 3 UFC/g(¹) Polpa analisada após o processamento.A acidez total da polpa de 1,42 aos 180 dias foi maior que os valores encontrados por PINTOet al. (1999) que foi de 1,3 <strong>para</strong> polpa do imbu inchado e abaixo dos valores obtidos porBISPO (1989) e FERREIRA (2000) que foram de 1,66 e 1,45, respectivamente. A análi<strong>semi</strong>crobiológica da polpa apresentou valores de 10 2 UFC/g <strong>no</strong> dia do processamento e umapequena elevação a partir dos 60 dias com valores de 10 3 UFC/g, embora estes valorespermaneçam dentro dos padrões estabelecidos (máximo de 10 3 ) e semelhantes ao encontradospor PINTO et al. (1999) que foi de 10 2 UFC/g.Na Tabela 2, pode-se observar que as características físico-químicas e microbiológicas dapolpa de frutos do imbuzeiro tipo maduro preservado em temperatura ambiente <strong>no</strong> períododos 30 aos 180 dias, apresentaram pouca variabilidade em função do período dearmazenamento. Os valores obtidos <strong>para</strong> acidez e pH aos 180 dias que foram de 1,42 e 2,78,respectivamente, estão próximos dos obtidos por PINTO et al. (1999; 2000). Essa mesmatendência ocorreu <strong>para</strong> bolores e leveduras com uma pequena elevação aos 60 diaspermanecendo constante até o final da avaliação.


TABELA 2. Caracterização físico-química e microbiológica da polpa de imbu maduropreservada em temperatura ambiente, durante o período de 180 dias dearmazenamento.Tempo de armazenamento (dias)Composição da polpa defrutos de imbu maduros 0¹ 30 60 90 120 180Umidade (%) 89,16 89,28 89,45 90,04 90,19 90,54Acidez (%) 1,72 1,73 1,73 1,74 1,74 1,76Açúcares redutores (%) 5,83 5,88 5,89 5,90 5,91 5,92Açúcares não redutores 1,36 1,35 1,36 1,34 1,36 1,35(%)Sólidos solúveis (°Brix) 11,36 11,36 11,56 11,68 11,76 11,88pH 2,72 2,73 2,74 2,73 2,74 2,72Bolores e leveduras 10 3 UFC/g 10 3 UFC/g 10 3 UFC/g 10 3 UFC/g 10 3 UFC/g 10 3 UFC/g(¹) Polpa analisada após o processamento.A preferência dos provadores, em termos de aparência, sabor e acidez do doce processadocom a polpa do imbu inchado armazenada aos 180 dias é apresentado na Figura 1, onde sepode observar que 48,21 e 39,29% dos provadores indicaram o atributo "gostei muito" <strong>para</strong>aparência e o sabor, respectivamente. Em relação à acidez, 41,07% dos provadores indicaramo atributo "desgostei regularmente". Esses resultados são semelhantes aos obtidos por PINTOet al. (1999).


% de provadores6050403020100Aparência Sabor Acidez1 2 3 4 6 7 8 9Escala hedônicaEscala hedônica1- Desgostei muitíssimo2- Desgostei muito3- Desgosteiregularmente4- Desgosteiligeiramente5- Indiferente6- Gostei ligeiramente7- Gostei regularmenteFIGURA 1. Teste de degustação <strong>para</strong> aparência, sabor e acidez do doce processado compolpa de imbu inchado aos 180 dias de armazenamento.Na análise sensorial do doce processado com a polpa do imbu maduro (Figura 2) aos180 dias após o armazenamento, pode-se observar que 41,07 e 48,21% dos provadoresindicaram o atributo "gostei muito" <strong>para</strong> aparência e o sabor, respectivamente. Para a acidezdeste tipo de doce, 50% dos provadores indicaram o atributo "gostei muitíssimo". Esseatributo indicado <strong>para</strong> a acidez, deve-se principalmente, ao fato de que, a polpa obtida dosfrutos do imbu maduro, apresenta um pH me<strong>no</strong>r do que a polpa do imbu inchado. PINTO etal. (1999; 2000) também encontraram resultados semelhante na análise sensorial do doceprocessado com polpa de imbu maduro.% de provadores6050403020100Aparência Sabor Acidez1 2 3 4 6 7 8 9Escala hedônicaFIGURA 2. Teste de degustação <strong>para</strong> aparência, sabor e acidez do doce processado compolpa do imbu maduro aos 180 dias de armazenamento.CONCLUSÕES: A polpa do fruto do imbuzeiro inchado e maduro armazenadas emtemperatura ambiente, conservam suas características físico-química e microbiológicas


podendo ser uma alternativa <strong>para</strong> o aproveitamento do fruto na entressafra. O doceprocessado com a polpa dos frutos do imbuzeiro inchados e maduros armazenadas emtemperatura ambiente preserva as características orga<strong>no</strong>lépticas dos frutos e podem ser umafonte de renda alternativa <strong>para</strong> os agricultores que fazem o extrativismo desta espécie.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:BISPO, E. S. Estudo de produtos industrializáveis do umbu (Spondias tuberosa Arr. Câmera).Fortaleza, CE: UFC, 1989. 119p. (Dissertação de Mestrado).CAVALCANTI, N. B.; RESENDE, G. M.; BRITO, L. T. L. Processamento do fruto doimbuzeiro (Spondias tuberosa Arr. Cam.) Ciênc. agrotec., Lavras, v. 24, n. 1, p. 252-259,jan./mar., 2000.FERREIRA, J. C. Efeitos do congelamento ultra-rápido sobre as características físicoquímicase sensoriais de polpa de umbu (Spondias tuberosa Arruda Câmera) durante aarmazenagem frigorificada. Campina Grande, PB: UFPB, 2000. 112p. (Dissertação deMestrado).MAIA, G. A.; OLIVEIRA, G. S. F. de.; GUIMARÃES, A. C. L. Curso de especialização emtec<strong>no</strong>logia e processamento de secos e polpas tropicais: processamento industrial. Brasília –DF: ABEAS, 1998. V. 8. 60p.MORAES, M. A. C. Métodos <strong>para</strong> avaliação sensorial dos alimentos. 5. ed. Campinas:UNICAMP, 1985. 89p.PINTO, P. R.; BORGES, S. V.; CAVALCANTI, N. B. ANÁLISE Química e sensorial dedoce em massa de umbu verde e maduro. In.: JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DAUFRRJ, 9. Rio de Janeiro, 1999. Anais… UFRRJ. p. 424-425.PINTO, P. R.; BORGES, S. V.; CAVALCANTI, N. B.; OLIVEIRA, V. M.; DELIZA, R.Efeito de variáveis do processamento de doce em massa de umbu verde e maduro sobre suaqualidade e aceitação. In.: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DEALIMENTOS, 17. Fortaleza, 2000. Fortaleza: SBCTA/UFC, 2000. V.1.


APROVEITAMENTO DAS RAÍZES DO IMBUZEIRO(Spondias tuberosa Arruda)Nilton de Brito Cavalcanti 1 ; Geraldo Milanez Resende 1 ; Carlos Antônio Fernandes Santos 1 ; JoséBarbosa dos Anjos 1 ; Luiza Teixeira de Lima Brito 1RESUMO: Este trabalho teve como objetivo produzir e testar à aceitação de três formas deutilização do xilopódio do imbuzeiro, obtidos de plantas aos 120 dias de crescimento visandoa possibilidade do seu aproveitamento como alternativa alimentar e fonte de complementaçãoda renda dos peque<strong>no</strong>s agricultores da região <strong>semi</strong>-árida do Nordeste. O trabalho foi realizado<strong>no</strong> período de janeiro a dezembro de 2002, em uma área sob tela sombrite com redução de luzde 50%, em temperatura ambiente na Embrapa Semi-Árido em Petrolina - PE. Utilizou-se odelineamento experimental em blocos ao acaso, com três tratamentos e quatro repetições. Ospicles do xilopódio do imbuzeiro obtido de plantas aos 120 dias de crescimento, processadocom salmoura de 2,5% de sal comum e 0,5% de ácido ascórbico foi o mais preferido pelosprovadores, seguido dos picles processado com a salmoura de 2,5% de sal e 0,5% de ácidocítrico. O xilopódio in natura não obteve boa aceitação quanto à textura.PALAVRAS-CHAVE: imbuzeiro, renda, extrativismo, Nordeste.USE OF THE ROOTSES THE IMBU TREE (Spondias Tuberosa ARRUDA)ABSTRACT: The objective of this study was to produce and test acceptance of three types ofpickles of the truffle obtained imbu trees (Spondias tuberosa Arr. Cam.) of plants from 120days of growth, in order to find and alternative source of food and income for the smallfarmers of the <strong>semi</strong>-arid region Northeast Brazilian. The work was accomplished in the periodof January to December of 2002, in an area under screen sombrite with reduction of light of50%, in temperature it sets in Semi-arid Embrapa in Petrolina - PE. The experimentaldelineamento was maybe used in blocks to the, with three treatments and four repetitions. Thepickles of the truffle the obtained imbu tree of plants to the 120 days of growth, processedwith salmoura of 2.5% of common salt and 0.5% of ascorbic acid was it more preferred by thefitting room, followed by the pickles processed with the salmoura of 2.5% of salt and 0.5% ofcitric acid. The truffle in natura did <strong>no</strong>t obtain good acceptance as the texture.KEYWORDS: imbu tree, income, extraction, Northeast.________________________1 Pesquisadores da Embrapa Semi-Árido. Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semi-Árido. Caixa Postal 23. 56300-970. Petrolina, PE. E-mail: nbrito@cpatsa.embrapa.br


2INTRODUÇÃO: <strong>Uma</strong> das principais fontes de renda dos peque<strong>no</strong>s agricultores <strong>no</strong> Nordesteé o extrativismo vegetal. Entre as plantas que proporcionam esta atividade, o imbuzeiro(Spondias tuberosa Arruda) é a que mais se destaca devido a possibilidade do seuaproveitamento em diversas formas, tais como, suco, doce, imbuzada, licor, xarope etc.Diversos trabalhos constatam a capacidade que esta planta tem <strong>para</strong> contribuir com odesenvolvimento da região, de forma especial, com a sua industrialização caseira (ANJOS,1999; CAVALCANTI et al. 2000; MENDES, 1990).O crescente interesse dos consumidores por frutos tropicais, aliado ao número cada vez maiorde pequenas indústrias de processamento de frutas <strong>para</strong> produção de polpa, poderá tornar osprodutos derivados do imbuzeiro, um rentável negócio agrícola. Nas plântulas de imbuzeiro,aos 30 dias de idade a raiz principal atinge um comprimento em tor<strong>no</strong> de 12 cm e umdiâmetro na porção tuberculada de 20 mm (LIMA, 1994). A partir desta fase, o xilopódio jápode ser utilizado <strong>para</strong> o processamento de picles, tornando-se assim, mais uma alternativa deaproveitamento do imbuzeiro, contribuindo <strong>para</strong> sua preservação e <strong>para</strong> melhoria dascondições de vida dos agricultores, através da renda obtida com esta atividade.MATERIAL E MÉTODOS: Foram plantadas 3600 sementes de imbu em canteiros comárea de 3 x 1 m com 30 cm de profundidade com substrato de areia lavada em 3 repetiçõescom sementes provenientes da mesma planta. O trabalho foi realizado <strong>no</strong> período de janeiro adezembro de 2002 em uma área sob tela sombrite com redução de luz de 50%, emtemperatura ambiente na Embrapa Semi-Árido em Petrolina – PE. Os canteiros foramirrigados diariamente com uma lâmina de água de 0,75 mm durante o período dedesenvolvimento das mudas. Aos 120 dias de crescimento, foram colhidas as plântulas eretirado os xilopódios <strong>para</strong> o processamento dos picles com o seguinte fluxograma: colheitadas plantas; lavagem em água corrente por 5 minutos; corte do xilopódio; retirada da casca doxilopódio; lavagem do xilopódio em água clorada por 30 minutos; classificação;acondicionamento em vidros; adição da salmoura; branqueamento em água (80°C) por 30minutos e; tratamento térmico por 40 minutos em banho Maria a 96°C. Para o processamentodo picles, utilizou-se uma salmoura pre<strong>para</strong>da com 50 g de sal, 10 g de ácido cítrico e 10 g deácido ascórbico, adicionados a 2000 ml de água. Os picles foram acondicionados em vidroscom capacidade de 500 ml, contendo em média 333,33 g de salmoura e 166,67 g de xilopódioe armazenado em temperatura ambiente por trinta dias.A análise sensorial foi realizada através de testes de degustação por um painel de 84degustadores não treinados, <strong>para</strong> avaliação da aparência, sabor e textura, utilizando-se uma


3escala hedônica de 9 pontos recomendada por MORAES (1990). Os tratamentos seconstituíram por três diferentes formas de apertização: 1) xilopódio in natura; 2) picles comácido cítrico (C 6 H 8 C 7 ) e; 3) picles com ácido ascórbico (C 6 H 8 O 6 ). Para análise dos dados,utilizou-se o delineamento experimental em blocos ao acaso, com três tratamentos e quatrorepetições.RESULTADOS E DISCUSSÕES: Na Figura 1, pode-se observar os aspectos das plantas doimbuzeiro utilizadas <strong>para</strong> o processamento de picles. A altura média das plântulas aos 120dias de crescimento foi de 77,86 cm, com um diâmetro basal do caule de 0,88 cm. Osxilopódios apresentaram um tamanho médio de 15,26 cm, com diâmetro variando entre 2,98 a3,83 cm. O peso médio dos xilopódios foi de 47,27 g. Esses valores referentes às dimensõesdas plântulas são semelhantes aos encontrados por MENDES (1990) e LIMA (1994).Figura 1. Plantas de imbuzeiro com xilopódios aos 120 dias de crescimento.A preferência dos provadores <strong>para</strong> o xilopódio in natura é apresentado na Figura 2, onde sepode observar que 42,27% dos provadores indicaram o atributo "gostei muito" <strong>para</strong> aaparência e 22,53% foram indiferentes em relação ao sabor. A textura do xilopódio in naturaapresentou maior dureza, o que dificultou sua mastigabilidade pelos degustadores, dos quais,52,86% indicaram o atributo "desgostei muitíssimo". Esses resultados são semelhantes aosencontrados por ISEPON et al. (1997) em relação à textura dos picles de couve-flor.


4% de provadores6050403020100Aparência Sabor Textura1 2 3 4 5 6 7 8 9Escala Hedônica1- Desgostei muitíssimo2- Desgostei muito3- Desgostei regularmente4- Desgostei ligeiramente5- Indiferente6- Gostei ligeiramente7- Gostei regularmente8- Gostei muito9- Gostei muitíssimoEscala hedônicaFigura 2. Teste de degustação <strong>para</strong> aparência, sabor etextura do xilopódio do imbuzeiro in natura.O picles com ácido cítrico (Figura 3), obteve a maior pontuação <strong>para</strong> a textura, com 51,25%dos provadores indicando o atributo "gostei regularmente". Para a aparência e o sabor,23,47% dos provadores indicaram o atributo "gostei muito". Esses resultados indicam que oprocessamento dos picles altera de forma positiva as suas características orga<strong>no</strong>lépticas, comdestaque <strong>para</strong> a textura, onde o processamento proporcio<strong>no</strong>u uma me<strong>no</strong>r dureza dos picles,que possibilitou melhor mastigabilidade pelos degustadores. Esses atributos, também foramencontrados por MONTEIRO (1984) e LARMOND (1987) quando avaliaram à aceitação deprodutos utilizando a escala hedônica.% de provadores6050403020100Aparência Sabor Textura1 2 3 4 5 6 7 8 9Escala hedônicaFigura 3. Teste de degustação <strong>para</strong> aparência, sabor e textura do piclesdo xilopódio do imbuzeiro processado com ácido cítrico.


5O picles do xilopódio processado com ácido ascórbico (Figura 4), obteve a maior pontuação<strong>para</strong> a textura, com 41.56% dos provadores indicando o atributo "gostei muito". Para aaparência e o sabor, 37,33 e 39,25% dos provadores, respectivamente, indicaram o atributo"gostei regularmente". Outros 8,33% dos degustadores indicaram o atributo "gosteimuitíssimo" <strong>para</strong> o sabor.% de provadores50403020100Aparência Sabor Textura1 2 3 4 5 6 7 8 9Escala hedônicaFigura 4. Teste de degustação <strong>para</strong> aparência, sabor e textura do piclesdo xilopódio do imbuzeiro processado com ácido ascórbico.A análise de variância dos dados obtidos indicou que, em relação à aparência, não houvediferença significativa entre as formas de utilização do xilopódio do imbuzeiro, mesmo que, oxilopódio in natura tenha obtido a maior média. Quanto ao sabor, o picles processados comácido cítrico e ascórbico, obtiveram as maiores médias, sendo o picles processados com ácidoascórbico o mais preferido pelos degustadores. O picles processados com ácido ascórbicoproporcionaram um sabor mais salgado, o que obteve a maior preferência dos provadores. Jáo sabor do picles processado com ácido cítrico, apresentou um sabor ligeiramente salgado.Por outro lado, o xilopódio in natura apresentou um sabor mais adocicado, <strong>para</strong> qual osdegustadores apresentaram certa indiferença. Em relação à textura, foram detectadasdiferenças significativas entre o xilopódio in natura e os processados com os ácidos, quanto àdureza e mastigabilidade, embora essas diferenças sejam pequenas estatisticamente, naavaliação sensorial, a textura do xilopódio in natura foi determinante <strong>para</strong> a não aceitação domesmo pelos degustadores.


6CONCLUSÕES: O picles do xilopódio do imbuzeiro obtido de plantas aos 120 dias de crescimento,processado com salmoura de 2,5% de sal comum e 0,5% de ácido ascórbico foi o mais preferido pelosprovadores, seguido do picles processado com a salmoura de 2,5% de sal e 0,5% de ácido cítrico;O xilopódio in natura não obteve boa aceitação quanto à textura. Nesta forma de apresentaçãoa consistência do xilopódio não permite uma boa mastigabilidade. No entanto, houve umpercentual significativo de provadores que gostaram da aparência e do sabor desta forma deutilização do xilopódio.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:ANJOS, J. B. Extrator de sucos vegetais a vapor. Petrolina: Embrapa-CPATSA. 1999. 3p.(Embrapa-CPATSA. Comunicado Técnico, 85)CAVALCANTI, N. B.; RESENDE, G. M.; BRITO, L. T. L. Processamento do fruto doimbuzeiro (Spondias tuberosa Arr. Cam.). Ciênc. Agrotec., Lavras, v. 24, n. 1, p.252-259,jan./mar., 2000.ISEPON, J. S.; CAMPOS, S. C. B.; SENO, S.; SEIXAS, E. S. Avaliação sensorial de piclesde couve-flor (Brassica oleracea var. Botrytis): diferentes cultivares. In II Simpósio Lati<strong>no</strong>America<strong>no</strong> de Ciências de Alimentos, Campinas,. Resumos. Campinas. 1997. 178p.LARMOND, E. Laboratory methods for sensory evaluation of food. Ontario, AgricultureCanada. 1987. 74p.LIMA, R. S. Estudo Morfo-anatômico do sistema radicular de cinco espécies arbóreas de umaárea de Caatinga do município de Alagoinha-PE. Tese Mestrado. Recife, UFRPE. 1994.103 p.MENDES, B. V. 1990. Umbuzeiro (Spondias tuberosa Arr. Cam.): importante fruteira do<strong>semi</strong>-árido. Mossoró. ESAM. 66p. il. (ESAM. Coleção Mossoroense, Série C - v. 554).MONTEIRO, C. L. B. Técnicas de avaliação sensorial. 2ed. Curitiba, UFPR/CEPPA. 1984.101p.MORAES, M. A. C. Métodos <strong>para</strong> avaliação sensorial dos alimentos. 7 ed. Campinas:UNICAMP. 1990. 93p.


<strong>Energia</strong> solar <strong>para</strong> aquecimento, secagem e refrigeraçãoDenis Gilbert Francis DavidDepartamento de Física – Universidade Estadual de Feira de Santanae-mail : denis@uefs.br tel: (75) 225-9933Alem de ser uma fonte de energia gratuita, a energia solar tem também a propriedade de seruma energia limpa. Em primeiro lugar porque não emite nenhuma poluição, ao contrário daqueima dos combustíveis químicos (lenha, carvão, petróleo, gás, etc.), ou nucleares (urânio,plutônio). Em segundo lugar porque, se for bem utilizada, ela não modifica globalmente obalanço térmico do Planeta: ela só faz emprestar uma parcela da energia solar incidente, erestitui-la em seguida. Ela não modifica então nem a composição da atmosfera, nem acomposição do subsolo, nem o aspecto do solo. Ela pode ser integrada de modo harmoniosocom o ambiente natural.No caso do Interior da Bahia, existem condições excepcionalmente boas <strong>para</strong> a utilização daenergia solar. O tipo de clima, o <strong>semi</strong>-árido, com uma presença quase permanente de sol, compoucas nuvens, e de forte intensidade (cerca de 700 a 800 W/m² ao meio dia, de inver<strong>no</strong> averão), é muito favorável. A utilização da energia solar por comunidades com recursoslimitados pode representar então <strong>para</strong> elas um fator de desenvolvimento significativo.Um dos objetivos maiores de <strong>no</strong>sso projeto é desenvolver e aplicar sistemas movidos àenergia solar <strong>para</strong> a região do <strong>semi</strong>-árido, colocando essa energia a serviço das populações,<strong>para</strong> aquecer a água necessária a transformação de gêneros alimentícios, <strong>para</strong> secar frutas,ervas e grãos, enfim <strong>para</strong> refrigerar e conservar produtos leiteiros e carnes.Alguns projetos já foram realizados: aquecimento de leite <strong>no</strong> processo de pasteurização(Fazenda Guanabara – Serrinha), aquecimento de água <strong>para</strong> a pre<strong>para</strong>ção de frangos(FrigoFrango – Feira de Santana). Um projeto de secador de frutas está começando, emcolaboração com o Movimento de Organização Comunitário (MOC). Enfim, uma geladeirasolar, funcionando sobre o principio de adsorção / desorção de vapor por um material porosoestá sendo desenvolvida <strong>no</strong> Departamento de Física da UEFS. Esses projetos serãoapresentados em um pôster.


BENEFICIAMENTO ARTESANAL DO LEITE DE CABRALICOR DE LEITE DE CABRAGeraldo Magalhães*Antonio Gonçalves Serafim da Silva**O licor de leite de cabra é uma bebida <strong>no</strong>va, porém já conhecida em outros estados do Nordeste.A tec<strong>no</strong>logia é difundida pela EBDA - Centro de Profissionalização de Capri<strong>no</strong>cultores, <strong>no</strong>distrito do Pilar, Município de Jaguarari-BA. A exemplo de outros produtos, procurou-se adaptaruma tec<strong>no</strong>logia que correspondesse às reais condições da capri<strong>no</strong>cultura brasileira, adotandotec<strong>no</strong>logia simples que pudesse chegar ao produtor de leite sem causar grande impacto naestrutura já existente em sua propriedade. A geração de produtos simples <strong>para</strong> produção artesanalde laticínios, como o licor de leite de cabra, motivará o produtor rural <strong>para</strong> produzir gerandoocupação de mão-de-obra e fortalecendo eco<strong>no</strong>micamente a sua exploração de capri<strong>no</strong>s pois oretor<strong>no</strong> econômico é da ordem de 240% sobre o custo de produção. Os objetivos dessatec<strong>no</strong>logia buscam contribuir <strong>para</strong> verticalizar a exploração de capri<strong>no</strong>s, agregar qualidade aosprodutos derivados do leite. Os métodos de processamento são de fácil entendimento, mas énecessário que o produtor atente <strong>para</strong> as exigências sanitárias dos órgãos legais de vigilância domunicípio onde reside, a exemplo de ordenha higiênica, instalações higiênicas e pasteurização doleite.È uma bebida <strong>no</strong>va, porém já conhecida em outros estados do Nordeste, tendo boa aceitação <strong>no</strong>mercado.Ingredientes: Leite de Cabra pasteurizado com aquecimento a 65 0 C, por 30 minutos eresfriamento brusco até 15 0 C (1.000ml), aguardente de cana (800 ml), água (1.000 ml), açúcar(500 g) e essência de morango (2 ml).Preparo do mel: ferver um litro de água com 500g de açúcar até o ponto de caramelização. Apósesfriar, colocar o mel, o leite, a aguardente e a essência em um liquidificador e bater por doisminutos. Utilizar um coador de tecido (morim) previamente esterilizado (fervura de 20 minutos)<strong>para</strong> coar a mistura. Envasar em recipiente esterilizado (garrafas de vidro ou plástica). O produtofinal terá cor rósea e sua conservação é de 30 dias, em prateleira (ambiente ventilado) e de 90dias quando mantido sob refrigeração, 2 a 7 0 C (geladeira).* Geraldo Magalhães é Engº Agrô<strong>no</strong>mo, Chefe de Campo do Centro de Profissionalização deCapri<strong>no</strong>cultores da EBDA do Regional de Juazeiro-BA.** Antonio Gonçalves Serafim da Silva é Médico Veterinário, MSc. da EBDA do Regionalde Juazeiro -Ba


INFORMATIZAÇÃO DO HERBÁRIO HUEFS- HERBÁRIO DA UNIVERSIDADEESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA - BAHIA. Teonildes Sacramento Nunes, Kelly ReginaBatista Leite, Maria José Sampaio Lemos Costa, Elaine Barbosa Miranda, Reyjane Patrícia deOliveira & Lucia<strong>no</strong> Paganucci de Queiroz. Universidade Estadual de Feira de Santana.O Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana, foi cirando em março de 1980, comorequisito básico <strong>para</strong> o reconhecimento do Curso de Licenciatura em Ciências Habilitação emBiologia, tendo como primeiro registro Zornia myriadena Benth. (Legumi<strong>no</strong>sae). Encontra-seindexado <strong>no</strong> Index Herbariorum com a sigla HUEFS, e conta atualmente com 70.000 espécimes,totalmente informatizado, sendo o terceiro maior herbário do Nordeste brasileiro e o segundo doEstado da Bahia. O presente trabalho pretende divulgar o método de informatização adotado peloHUEFS. O sistema de gerenciamento de dados utilizado é o Herbário 2.0 desenvolvido peloprofessor Dr. Lucia<strong>no</strong> Paganucci de Queiroz, gerenciado pelo Access 7.0, uma ferramenta doMicrosoft Office. Este software está baseado em amostras (espécimes), permitindo a entrada dedados por número de amostra, número de tombo ou outro parâmetro. Este permite armazenardados específicos, sendo adequado <strong>para</strong> consultas diversas, confecção de rótulos, relatórios,"checklist", guias de remessa, etc. O banco de dados está organizado pelo número de tombo doherbário HUEFS (material de referência), e sua estrutura baseia-se numa tabela geral com osdados obtidos pelos coletores, dados de <strong>no</strong>menclatura e fe<strong>no</strong>logia. As maiores vantagens daimplantação desse software como gerenciador do banco de dados são: a) linguagem simples <strong>para</strong>a entrada das informações por técnicos não especializados; b) permitir a realização de consultasespecíficas de acordo com a necessidade do pesquisador; c) me<strong>no</strong>s trabalho é requerido <strong>para</strong>utilização dos dados e respostas às consultas; d) fornecer garantia na integridade do banco dedados; e) possibilitar o intercâmbio com outros programas da área da botânica, utilizados emoutras instituições , como o DBASE, BRAHMS, FOXBASE, entre outros. O processo deinformatização do acervo (<strong>no</strong> início com 17.000 espécimes), durou três a<strong>no</strong>s, contando com doisfuncionários (tempo integral), quatro estagiários (20 horas semanais), trabalhando em doiscomputadores.


OS VINTES ANOS DO HERBÁRIO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DESANTANA (HUEFS). Milene Maria da Silva, Maria José Sampaio Lemos Costa & ReyjanePatrícia de Oliveira. Universidade Estadual de Feira de Santana – Bahia (lemos@uefs.br).O Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana (HUEFS), foi criado em março de1980, pelo Dr. Larry R. Noblick, como requisito básico <strong>para</strong> o reconhecimento do Curso deLicenciatura em Ciências Habilitação em Biologia, tendo como primeiro registro Zorniamyriadena Benth. (Legumi<strong>no</strong>sae). O HUEFS está indexado <strong>no</strong> Index Herbariorum e inclui hojecerca de 70.000 números, considerado o terceiro maior herbário do Nordeste. Com o objetivo deconhecer a flora brasileira, muitas coletas têm sido realizadas ao longo dos a<strong>no</strong>s, estando osmateriais depositados <strong>no</strong>s herbários do Brasil e do exterior. Para um conhecimento participadodesta flora, torna-se imprescindível o uso de um sistema de informações que facilite a consulta ospesquisadores. Todas as amostras que chegam ao HUEFS, passam pelo processo de herborização,sendo logo após cadastradas <strong>no</strong> banco de dados, montadas em exsicatas e inseridas na coleção.Além do cadastramento das <strong>no</strong>vas amostras, também é realizada a atualização dos dadosexistentes, efetivando uma maior agilidade na troca de informações entre herbários. São aindarealizadas inúmeras consultas <strong>para</strong> atender às necessidade dos pesquisadores e bolsistas dosdiversos projetos. Possibilita também o intercâmbio com vários herbários nacionais einternacionais visando a identificação do material por especialistas, a manutenção do sistema depermuta, servindo <strong>no</strong> futuro como material com<strong>para</strong>tivo <strong>para</strong> confirmar identificações.


A FAMÍLIA ARISTOLOCHIACEAE NA CHAPADA DIAMANTINA, BAHIA,BRASIL Maria José Sampaio Lemos Costa, Teonildes Sacramento Nunes & Lucia<strong>no</strong>Paganucci de Queiroz. Universidade Estadual de Feira de Santana (lemos@uefs.br).O presente trabalho é o resultado do levantamento da família Aristolochiaceae na ChapadaDiamantina (Bahia), contribuindo <strong>para</strong> o conhecimento da flora desta região. A ChapadaDiamantina localiza-se <strong>no</strong> centro do território baia<strong>no</strong> e constitui a porção setentrional daCadeia do Espinhaço. Caracteriza-se por áreas planálticas e serranas intercaladas pelasdepressões periféricas e interplanálticas, com altitude alcançando mais de 2.000 metros <strong>no</strong>Pico do Barbado. Os estudos foram baseados em materiais de herbário e bibliografiaespecializada. A família Aristolochiaceae compreende 7 gêneros com ca. de 450 espéciesdistribuídas <strong>no</strong>s trópicos e regiões de clima temperado, sendo o gênero Aristolochia omais representativo, com ca. de 350 espécies. É um grupo mo<strong>no</strong>filético sustentado peloovário ínfero e flores sintépalas. Caracteriza-se pelo hábito de ervas, lianas ou arbustos,folhas e alternas simples, algumas vezes lobadas, inteiras, estípulas foliáceas, florbissexual, radiada a bilateral com três pétalas, tubular ou em forma de S, estamesusualmente seis a doze. Frutos capsulares septicidas. No Brasil ocorrem cerca de 62espécies. Para a região foram levantadas cerca de 7 espécies, encontradas em áreas demata, campo rupestre e carrasco: A. brasiliensis Mart ex Zucc., apresenta lábio superiordilatado em lâmina ondulada, base cordada e ápice emarginado, com venação e manchasvermelho-clara, sobre fundo verde-amarelado. A. birostris Duch., apresenta folhas ovalcordada,perianto com lobos labiais estipitados sobre a fauce, obovais ou oblongados, compequena cauda aguçada. A. gigantea Mart. ex Zucc., apresenta folhas delto-cordiforme,largamente cordadas na base. A. papillaris Mast., apresenta lábios com papilasverruciformes <strong>no</strong> disco, margens lisas, ramos e folhas com tricomas esparsos. A. pohlianaDuch., apresenta lábio superior prolongado em longa cauda linear, lábio inferior largo,agudo e folhas orbiculares-ovaladas. A. pubescens Willd., apresenta folhas me<strong>no</strong>res elábios ovalados. A. trilobata L., apresenta folhas glabras, base do .lábio obcordada, ecauda linear, torcida.


CHECKLIST DAS ESPÉCIES DE CACTACEAE DO MORRO DO AGENOR –MILAGRES, BAHIA. Andrade, Cassia Tatiana1; Ferraro, Anapaula S.D. 1; Jardim, JomarGomes 1; Nunes, Teonildes Sacramento 1; Silva-Pereira, Viviane. 1; Smidt, Eric C. 1 &Zappi, Daniela C. 1 1. Alu<strong>no</strong>s de Pós-graduação em Botânica – Universidade Estadual deFeira de Santana. 2. Royal Botanic Gardens – Kew. (jjard@ig.com.br)Os inselbergs são formas de relevo isoladas sobre pedipla<strong>no</strong>s. As formas de relevo presentes<strong>no</strong> pedipla<strong>no</strong> de Milagres podem ser consideradas um exemplo de inselbergs dispostos emgrupo. A área de estudo abrangeu o Morro do Age<strong>no</strong>r, situado <strong>no</strong> Município de Itatim, naregião de Milagres, Bahia (12º 42´S e 39º 46´W), ca. 400 m.s.m. Esta região é caracterizadapor apresentar uma vegetação predominante arbórea e <strong>semi</strong>caducifólia na base do morro, emais diversificada na encosta, coberta por uma vegetação arbustiva com poucas arvoretasdesenvolvendo-se sobre solo are<strong>no</strong>so, com muitos seixos e pedregulhos desprendidos, me<strong>no</strong>sespessos e mais are<strong>no</strong>so que aquele encontrado na mata da base. No ápice o solo épraticamente ausente, restringindo-se a pequenas depressões ou fissuras. A família Cactaceaeé caracterizada botanicamente pela presença de caules especializados, com aréolas ondedesenvolvem-se os espinhos e a parte reprodutiva. É uma família endêmica do Novo Mundo,com várias importâncias econômicas. Nas Américas elas ocorrem do Canadá à Patagônia,mais freqüentemente em regiões de clima seco. Algumas espécies estão incluídas na lista deespécies vulneráveis e criticamente ameaçadas de extinção da CITES (Convention onInternational Trade in Endangered Species), por isso um dos problemas da família <strong>no</strong> Brasilestá na ocorrência restrita de unidades de conservação, que possam proteger as espéciesterrestres que ocorrem em caatinga e campos rupestres das regiões Nordeste e Sudeste.Foram encontradas oito espécies: Arrojadoa penicillata (Gürcke) Britt. & Rose, Cereusjamacaru DC., Melocactus oreas Miquel, M. salvadorensis Wedermann, Pilosocereusgounellei (Weber) Byl. & Row., P. pentaedrophorus (Cels) Byl. & Row., Tacinga inamoena(K.Schum) N.P.Taylor e T. palmadora (Britton & Rose) N.P.Taylor. São apresentadosilustrações, chaves <strong>para</strong> identificação das espécies e descrição das espécies. <strong>Uma</strong> melhorinvestigação da área se justifica <strong>para</strong> complementar a lista e melhor observar a ecologia dasespécies.


A FAMÍLIA PASSIFLORACEAE A.L.JUSS. NO ESTADO DA BAHIA, BRASILNunes, T.S. 1 & Queiroz, L.P. de 2 1 – Aluna de Mestrado em Botânica, 2 – ProfessorOrientador/Universidade Estadual de Feira de Santana Departamento de Ciências Biológicas –Herbário HUEFS - Av. Universitária, s/n. 44031-460 – Feira de Santana, Bahia, Brasil(teo@uefs.br).O Estado da Bahia está localizado na região Nordeste e ocupa uma área de 567.295,3 Km 2 , o querepresenta 6,64% do território do Brasil e 36,34% do Nordeste. A possui grande diversidade declimas regionais que, de um modo geral, podem ser considerados como tropicais megatérmicos,com diferenças marcantes <strong>no</strong> regime pluviométrico. De acordo com o levantamento doRadambrasil (1981), encontram-se climas úmido a superúmido, com mais de 2.000 mm anuais eelevado excedente hídrico durante a maior parte do a<strong>no</strong>, clima úmido, com 1.750 a 2.000 mmanuais, clima subúmido, com 800 a 1.500 mm anuais, e clima <strong>semi</strong>-árido, com 500 a 800 mmanuais e deficiência hídrica durante a maior parte do a<strong>no</strong>. Associada a esta diversidade climáticae topográfica, encontram-se vários tipos vegetacionais e praticamente todos os grandes biomasbrasileiros estão representados <strong>no</strong> Estado. Assim, são encontradas formações de mata atlântica,restinga, vegetação de dunas e manguezais, matas mesófilas, cerrados, caatinga e camposrupestres. Além destas grandes formações, há ainda grande número de formações locais, comoinselbergs, dunas interioranas, matas de grotão, matas de encosta etc. A família Passifloraceae épredominantemente tropical e subtropical e possui cerca de 20 gêneros e 650 espécies. No Brasilocorrem 4 gêneros, Mitostemma, Dilkea, Tetrastylis e Passiflora com cerca de 120 espécies, amaioria subordinada ao gênero Passiflora L., com cerca de 400 espécies de lianas descritas,predominantemente neotropicais. Ocorre nas áreas mais quentes da América com algumasespécies na Ásia e Austrália e uma espécie em Madagascar. Caracteriza-se por apresentar plantastrepadeiras com gavinhas, folhas simples ou lobadas, com estípulas, flores vistosas, solitárias,raramente em inflorescências. Foram encontradas <strong>para</strong> o Estado, 31 espécies e 5 variedadespertencentes a dois gêneros: Passiflora (6 subgêneros), com 30 espécies e 5 variedades, incluindouma espécie <strong>no</strong>va encontrada <strong>no</strong> municípios de Mucugê e Ibicoara, e Tetrastylis, com apenasuma espécie T. ovalis (Vell.) Killip. Apresentamos como resultado final um levantamento das


espécies da família Passifloraceae <strong>no</strong> Estado da Bahia, chaves de identificação, descrição,ilustração e mapas de distribuição geográfica <strong>no</strong> Estado das espécies encontradas, bem como adiag<strong>no</strong>se da <strong>no</strong>va espécie.


PORTULACACEAE DO ESTADO DA BAHIA,BRASILAlexa Araujo de Oliveira 1Ana Maria Giulietti 2As Portulacaceae representam um importante componente da Flora da Bahia, sendofreqüentemente citada em vegetações como caatinga, campos rupestres, restinga e cerrado.A família caracteriza-se por serem ervas anuais ou perenes, suculentas com ramificaçõeseretas ou prostradas incluindo cerca de 30 gêneros e aproximadamente 500 espécies comdistribuição cosmopolita, predominando nas regiões tropicais e subtropicais. Este trabalhoteve como objetivo realizar o levantamento das espécies de Portulacaceae do Estado daBahia, contribuindo <strong>para</strong> o Projeto Flora da Bahia. Foram realizadas análises de espécimes1 coletados <strong>no</strong> estado da Bahia e depositados <strong>no</strong>s herbários: ALCB, CEPEC, BAH, HRB,HUEFS, IPA e PEUFR e das coletas realizadas durante o desenvolvimento deste trabalho.As identificações foram feitas com base na literatura específica e nas determinações deespecialistas encontradas <strong>no</strong>s herbários estudados. No Brasil ocorrem dois gêneros e 16espécies com ampla distribuição Talinum Adans. possui ovário súpero, enquanto quePortulaca L. possui ovário ínfero. Foram reconhecidas <strong>no</strong>ve espécies de Portulaca: P.elatior Mart., P. halimoides L., P. hirsutissima Camb., P. mucronata Link., P. oleracea L.,P. umbraticola Kunth e P. werdermannii Poelln. E duas espécies de Talinum: T.paniculatum (Jacq.)Gaertn. e T. triangulare (Jacq.)Willd.. Dentre as espécies estudadasPortulaca werdermannii foi referida como possivelmente endêmica <strong>para</strong> a Bahia.1 Aluna de Doutorado do PPGBot-UEFS, Bolsista FAPESB.(alexaaraujo@hotmail.com)2Departamento de Ciências Biológicas- UEFS.


BIOLOGIA REPRODUTIVA E ASPECTOS FENOLÓGICOS DE Byrsonimamicrophylla ADR. JUSS. (MALPIGHIACEAE) NA RESTINGA DA APA DOABAETÉ, BAHIA. Costa, Cristiana Barros Nascimento 1 ; Costa, Jorge Antonio Silva 1 .1. Doutorado PPGBot-UEFS, bolsistas FAPESB (criseco@hotmail.com ) e CAPES(jascosta@hotmail.com)A família Malpighiaceae apresenta 65 gêneros com maior número de espécies ocorrentes<strong>no</strong> Novo Mundo, cuja principal característica é produção de óleo floral através deelaióforos epitelias presentes <strong>no</strong> cálice. Byrsonima microphylla é uma espécie arbustiva,endêmica da restinga da Bahia. A biologia floral, o sistema reprodutivo, fe<strong>no</strong>logia epolinizadores desta espécie foram estudadas na restinga da APA do Abaeté, Salvador(12 o 56’S e 38 o 20’O), durante o período de julho de 2000 a janeiro de 2002. Forammarcados 20 indivíduos <strong>para</strong> acompanhamento da fe<strong>no</strong>logia. O estudo do sistemareprodutivo foi realizado através de testes de polinização cruzada, auto-polinização manual,espontânea e geito<strong>no</strong>gamia em flores previamente ensacadas. A produção natural de frutosfoi avaliada através de grupo controle. A razão pólen-óvulo foi também analisada <strong>para</strong>com<strong>para</strong>ção dos resultados. A viabilidade polínica foi realizada através do teste comcarmim acético. Observações dos visitantes florais foram realizadas entre 06:00h e 18:00h.Esta espécie apresenta padrão contínuo de floração em nível de comunidade. As flores sãopentâmeras, andróginas, apresentam cálice com dez elaióforos e suas pétalas são alvo-rosas,sendo a pétala superior amarela, que funciona como guia de orientação <strong>para</strong> o pouso deabelhas da tribo Centridini. B. microphylla possui antese diurna ocorrendo em diferenteshorários da manhã. A viabilidade polínica é alta, apresentando 97,59% de pólens viáveis.Os tratamentos de polinização manual sugerem que a espécie seja xenógama facultativacom maior formação de frutos por polinização cruzada (74%) do que por auto polinizaçãomanual (20%). O grupo controle apresentou 56% de formação de frutos. Os resultados decampo demonstram a não aplicabilidade da análise da razão pólen-óvulo <strong>para</strong> esta espécie.Os principais visitantes florais são abelhas do gênero Centris, especialistas na coleta deóleo floral, com destaque <strong>para</strong> Centris leprieuri como principal polinizadora devido a suaalta freqüência de visitas.


COLEÇÃO DE TIPOS DO HERBÁRIO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRADE SANTANA. Teonildes Sacramento Nunes, Maria José Sampaio Lemos Costa , ReyjanePatrícia de Oliveira, Elaine Barbosa Miranda, Milene Maria da Silva, Kelly Regina BatistaLeite & Lucia<strong>no</strong> Paganucci de Queiroz. UEFS. (kleite@mail.uefs.br).O Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana foi criado em março de 1980,como requisito básico <strong>para</strong> o reconhecimento do curso de Licenciatura em CiênciasHabilitação em Biologia, tendo como primeiro registro Zornia myriadena Benth.(Legumi<strong>no</strong>sae). O primeiro curador foi o Dr. Larry R. Noblick e atualmente é o Dr.Lucia<strong>no</strong> P. de Queiroz. Encontra-se indexado ao Index Herbariorum com a sigla HUEFS,com cerca de 52.000 espécimes, sendo o terceiro maior herbário do Nordeste brasileiro. Opresente trabalho pretende contribuir <strong>para</strong> a divulgação dos tipos <strong>no</strong>menclaturais existentes<strong>no</strong> HUEFS. Os tipos <strong>no</strong>menclaturais incluem a exsicata e cópia da obra princeps. Além deexsicatas, a coleção de tipos compreende também, cibachromes (imagens de alta resolução)provenientes do Herbário do Royal Botanic Gardens – Kew, adquiridas através do Projetode Repatriamento de dados do Herbário de Kew <strong>para</strong> a Flora da Bahia, com a aquisição de550 fotótipos, totalizando 962 tipos, correspondentes a 595 espécies, 162 gênerospertencentes a 35 famílias. A distribuição de tipos por famílias é: na forma de cibachromesGramineae (212), Passifloraceae (177), Myrtaceae (149), Rubiaceae (86), Verbenaceae(83), Legumi<strong>no</strong>sae (55), Loranthaceae (25), Cactaceae (19), Turneraceae (9),Euphorbiaceae (6), Vochysiaceae (4), e na forma de exsicatas: Legumi<strong>no</strong>sae (5),Compositae (3), Melastomataceae (3), Eriocaulaceae (3), Turneraceae (2), Sterculiaceae(2), Bromeliaceae (1), Lamiaceae (1), Solanaceae (1), Sterculiaceae (1), Vochysiaceae (1),Solanaceae (1), Simaroubaceae (1), Rutaceae (1) e Cyperaceae (1). Neste trabalhoapresentamos um Checklist por família, gênero e espécie, incluindo dados de coletor,número, data, local de coleta e a respectiva categoria do tipo, de acordo com o CódigoInternacional de Nomenclatura Botânica, além da bibliografia de referência.


EFEITO DE DIFERENTES DOSES DO HERBICIDA TRIFLURALINA NAQUALIDADE FISIOLÓGICA DE PLANTAS DE AMENDOIM (Arachis hypogaea L.)Carla da Silva Sousa ¹; Cássia da Silva Sousa ¹; Gean Carlo Soares Capinan¹; Paulo Wanderleyde Sousa Pereira¹; Maria de Fátima da Silva Pinto Peixoto²INTRODUÇÃOO amendoim é uma planta dicotiledônea da família Legumi<strong>no</strong>sea, subfamíliaPapilio<strong>no</strong>ideae, gênero Arachis, sendo as espécies mais importantes do gênero: A. hypogaea L.,A. prostata Benth e A. nhambiquarea Hoehne, onde as variedades cultivadas pertencem aprimeira espécie (Passos et al, 1973).Um dos fatores que aumentam o custo da produção, é a competição das plantas daninhas,com a cultura nas primeiras semanas após a emergência. Na cultura do amendoim ocorrem doisperíodos críticos da atuação de plantas daninhas: primeiro quando as plantas são muito pequenase segundo após o início da frutificação. (Woodroof 1973, citado por Laca-Buendia, 1981).O uso de herbicidas na cultura do amendoim tem sido grande devido a praticidade eeficiência de modo geral. Podem ser usados herbicidas em pré-emergência ou pós-emergência,dependendo da infestação da área, produtos disponíveis e equipamentos.A trifluralina é um herbicida pré-emergente usado <strong>para</strong> controlar gramas e ervas daninhasde folhas largas e é comumente usado nas lavouras dos Estados Unidos (Ace, 2001).A trifluralina não é muito móvel <strong>no</strong> solo. É altamente absorvido pelo solo e quase insolúvelem água. Apesar de não ser muito suscetível ao movimento em água a trifluralina pode mover-sejuntamente com partículas do solo e assim torna-se associada aos sedimentos flutuantes em água.Entretanto contaminação por trifluralina não é esperada que ocorra <strong>no</strong> lençol freático (Hertwig,1983).O cultivo do amendoim (Arachis hypogeae L.) é uma atividade agrícola especialmenteindicada <strong>para</strong> regiões de solos are<strong>no</strong>sos, principalmente <strong>no</strong> Nordeste, e de particular importância<strong>para</strong> a re<strong>no</strong>vação de pastagens e reforma de canaviais. Com o aumento da área cultivada, quecaracteriza a agricultura moderna, tem-se observado o uso intensivo de produtos químicos como__________________________1Acadêmicos de Agro<strong>no</strong>mia - Escola de Agro<strong>no</strong>mia da UFBA. Cruz das Almas-BA. . CEP: 44380-000.karlha@bol.com.br2Professores da Escola de Agro<strong>no</strong>mia – UFBA. Cruz das Almas-BA. CEP: 44380-000.


herbicidas, se tornando uma necessidade primordial a intensificação de estudos visando conhecero comportamento e desti<strong>no</strong> dos pesticidas <strong>no</strong>s diversos ecossistemas.Um dos problemas mais limitantes da produção das culturas é a competição exercida pelasplantas invasoras. Quando não há o controle a tempo, por qualquer motivo, a produção éprejudicada, pois elas interferem na colheita e são hospedeiros intermediários de pragas edoenças. O controle de plantas daninhas constitui-se uma prática indispensável <strong>para</strong> obtenção demaior produtividade.A dosagem do produto a ser aplicada varia de acordo ao tipo de solo: solos are<strong>no</strong>sos leves1,2 L.ha -1 solos are<strong>no</strong>-argilosos (médio) 1,8 L.ha -1 ; e solos argilosos (pesados) 2,4 L.ha –1(Hertwig, 1983). Em solos com muita matéria orgânica ou argilosos é necessário maiorquantidade aplicada <strong>para</strong> maior efetividade na aplicação (Fedlink, 2001).Segundo Gelmine e Trani (1996), a trifluralina é essencialmente adsorvida pelo caulículo esecundariamente pelas radículas das plantas em início de germinação. Sua translocação éinsignificante e tem como principal mecanismo de ação a capacidade de afetar a divisão celular<strong>no</strong>s tecidos meristemáticos, inibindo a germinação de sementes bem como a formação de <strong>no</strong>vascélulas na radícula e caulículo. Em culturas instaladas em locais onde o solo foi tratado com esseherbicida foram observados resíduos apenas na região das raízes que se encontravam em contatocom o mesmo por outro lado, nessas condições não foram detectados resíduos nas folhas frutos esementes em análises realizadas onde a sensibilidade foi de até 5 ppb.Peixoto (2002), testando doses de trifluralina (0,0; 1,5; 2,0; 4,0 L. ha –1 ), verificou umdecréscimo <strong>no</strong> peso da massa seca da parte aérea e da raiz, <strong>no</strong> índice de velocidade deemergência, número e massa seca dos nódulos com o aumento das doses aplicadas.MATERIAL E MÉTODOSO ensaio foi conduzido na casa de vegetação do Departamento de Química Agrícola eSolos da Escola de Agro<strong>no</strong>mia da Universidade Federal da Bahia, <strong>no</strong> município de Cruz dasAlmas – Bahia Brasil, que se encontra a 12º 40'39'' de latitude Sul, 39º06'23'' de longitude Oestede Greenwich, a 220 metros de altitude, clima do tipo Aws de transição entre Af e Aw. Atemperatura média anual é de 24,5º C, com umidade relativa média anual de 80% e precipitaçãopluvial média anual de 1,197 mm.


O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com quatro tratamentos(testemunha dose zero; 1,5 L. ha -1 ; 2,0 L. ha -1 e 4,0 L.ha -1 do produto comercial) e 3(três)repetições. As doses 1,5 e 2,0 L. ha -1 são indicadas <strong>para</strong> a cultura do amendoim segundoRodrigues & Almeida (1998).Para cada repetição utilizaram-se bandejas de plásticos de 50cm x 70cm x 10cm, tendocomo substrato o solo Latossolo Amarelo álico coeso, representativo da região do RecôncavoBaia<strong>no</strong>, pertencente à zona dos tabuleiros costeiros. O solo foi regado e aplicado as doses detrifluralina, recomendado <strong>para</strong> a cultura do amendoim nas dosagens de 0 L.ha -1 ; 1,5 L.ha -1 ; 2,0L.ha -1 e 4,0 L.ha -1 , sendo a aplicação feita em pré-plantio incorporado com um regador manualcom capacidade de 2 litros, antes da semeadura.O plantio foi feito distribuindo-se as sementes nas bandejas, em 5 linhas, perfazendo umtotal de 50 sementes/bandeja.Após 30 dias da semeadura, as plantas foram retiradas das bandejas, colocadas em sacosplásticos e imediatamente transportadas ao laboratório <strong>para</strong> determinação dos seguintesparâmetros: comprimento da planta, massa seca da parte aérea, massa seca da raiz.RESULTADOS E DISCUSSÃODe acordo coma Figura 1, constatou-se que o herbicida quando foi utilizado em pequenasdosagens (1,5 e 2,0 L. ha -1 ) favoreceu a germinação. Entretanto, a utilizar a dose de 4,0 L. ha -1 ,verificou-se que o aumento da dosagem do herbicida provocou um decréscimo nesse índice, oque também foi constatado por Rodrigues & Almeida (1995), que explicam esse fato devido aocomprometimento do processo de divisão celular.% de germinação1009590858075Y=-1,713x² + 5,3621x + 89,974R²=0,99920 1,5 2 4Doses (L.ha-1)Figura 1 – Percentagens de germinação de amendoimsubmetidas a diferentes doses de trifluralina.


Quanto a altura, observou-se que, independente da dosagem aplicada, o uso do herbicidaTrifluralina promove uma redução do crescimento da planta, sendo este um fator negativo.Notou-se, de acordo com a Figura 2, que as dosagens de 1,5 e 2,0L.ha -1 tiveram um efeito me<strong>no</strong>sdeletério em relação à dosagem de 4,0 L.ha -1 , quando houve um decréscimo de aproximadamente50% na altura.Altura das plantas (cm)60504030Y = 0,7204x² -9,955x + 60,10820R² = 0,93371000 1,5 2 4Doses (L. ha -1 )Figura 2 – Acúmulo de massa seca na parte aérea de plantas deamendoim submetidas a diferentes doses de trifluralina.Verificou-se que crescentes concentrações do herbicida promoveram uma diminuição <strong>no</strong>peso da massa seca tanto da parte aérea quanto das raízes das plantas analisadas. Isso ocorreuprincipalmente em decorrência da capacidade do herbicida inibir os processos metabólicos <strong>no</strong>scotilédones do amendoim reduzindo a utilização das reservas cotiledonais.Quanto a massa seca da parte aérea (MSPA), <strong>no</strong>tou-se, conforme Figura 3, que as dosagensde 2,0 e 4,0 L.ha -1 , foram as que mais provocaram redução nesse índice. Provavelmente, isso sedeveu à ação do herbicida sobre o metabolismo da planta, interferindo na translocação denutrientes da parte aérea, retardando o seu desenvolvimento.Massa seca da parteaérea (g)0,80,60,40,20Y = 0,8367x² - 5,7046x + 34,51R² = 0,95890 1,5 2 4Dose s (L.ha -1 )Figura 3 – Altura de plantas de amendoim submetidas adiferentes doses de trifluralina.


Os efeitos também foram evidentes sobre a massa seca da raiz (MSR) – Figura 4. Asdosagens de 2,0 e 4,0 L.ha -1 , foram as que promoveram maiores reduções nessa variável. Adosagem de 1,5 L.ha -1 , promoveu um decréscimo me<strong>no</strong>r na produção de matéria seca.Massa seca da raiz (g)0,20,150,10,050Y = 0,1305x² + 0,0147x + 6,6535R² = 0,94380 1,5 2 4Doses (L.ha -1 )Figura 4 – Acúmulo de massa seca das raízes de plantas deamendoim submetidas a diferentes doses de trifluralina.CONCLUSÕES‣ A utilização de Trifluralina na cultura do amendoim com dosagem de 4,0 L.ha -1 , promoveuum decréscimo na germinação;‣ Independente da dosagem utilizada, a Trifluralina promoveu redução na altura das plantas e<strong>no</strong> acúmulo de matéria seca tanto da parte aérea quanto de raízes; e‣ A dosagem mais recomendada é de 1,5L.ha -1 , por apresentar efeito me<strong>no</strong>s deletério sobre asvariáveis analisadas.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASACE. Disponível: Site ACE (2003). URL://ace.ace.orst.edu/info/extoxnet/pips/triflura.htm(consultado em 08/02/2003).BCG. Disponível: Site URL: www.bcg.org.au/trial98/trial%202.06.htm. (consultado em05/02/2003).FEDLINK. Disponível: Site FEDLINK (1998). URL:www.fedlink.com/library/epalib/haps/triflural.html. (consultado em 05/02/2003).


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INVESTIGAÇÃO BIOLÓGICA DOS EXTRATOS DE Hypenia salzmanniJosé Carlos Rodrigues Filho 1 , Olavo Souza Rodrigues 1 , Angélica Maria Lucchese 1 , Aníbalde Freitas Santos Júnior 21- Laboratório de Química de Produtos Naturais e Bioativos – Departamento de CiênciasExatas - UEFS.2- Laboratório de Toxicologia - Departamento de Saúde – UEFS.O trabalho desenvolvido faz parte do projeto “Estudo da composição química de óleosvoláteis extraídas de plantas do <strong>semi</strong>-árido”, que entre outros objetivos visa estabelecerprotocolos de investigação <strong>para</strong> a realização de testes biológicos utilizando os extratos deplantas da família Labiatae. A família Labiatae possui cerca de 5000 espécies <strong>no</strong> mundo,das quais cerca de 394 estão localizadas <strong>no</strong> Brasil. O gênero Hypenia pertence a triboOcimeae, que possui várias espécies com relato de uso na medicina popular. A espécie H.salzmannii foi coletada <strong>no</strong> campus da UEFS e se<strong>para</strong>da em caule e folhas. Das folhas foramobtidos os extratos hexânico e metanólico por maceração. A abordagem fitoquímica dessesextratos foi realizada, com detecção de flavonóis, flavo<strong>no</strong>nas, flavo<strong>no</strong>nóis, fenóis, basesquaternárias e xantonas <strong>no</strong> extrato hexânico e de esteroides, triterpe<strong>no</strong>ides, flavonóis,flavo<strong>no</strong>nas, flavo<strong>no</strong>nóis, tani<strong>no</strong>s, antocianinas, catequinas, xantonas e antocianidinas <strong>no</strong>extrato metanólico. Estes extratos foram também submetidos aos ensaios de toxicidadeutilizando a Artemia salina LEACH, que é um microcrustáceo bastante utilizado <strong>no</strong>s testede citotoxicidade e fracionamento de compostos bioativos de produtos naturais. Os doisextratos apresentaram citotoxicidade frente ao organismo teste nas concentrações entre 500e 1000 ppm, indicando a presença de substâncias com atividade biológica. Este ensaio detoxicidade será utilizado <strong>para</strong> monitorar as próximas etapas de isolamento e purificaçãodessas substâncias.Agradecimentos: FINEP, PROBIC/UEFS.


ÓLEO ESSENCIAL DE HYPTIS LEUCOCEPHALALucia<strong>no</strong> Nascimento Freitas 1 , Lucia<strong>no</strong> Paganucci de Queiroz 2 , Angélica Maria Lucchese 11 - Laboratório de Química de Produtos Naturais e Bioativos - Departamento de Ciências Exatas,2 - Departamento de Ciências Biológicas - Universidade Estadual de Feira de Santana - BaO trabalho desenvolvido faz parte do projeto "Estudo da composição química de óleos voláteisextraídos de plantas da região do <strong>semi</strong>-árido", que está investigando plantas aromáticas do <strong>semi</strong>áridopertencentes as famílias Rutaceae, Legumi<strong>no</strong>sae e Labiatae. A família Labiatae <strong>no</strong> Brasilestá representada por 20 gêneros nativos e cerca de 394 espécies, dos quais 6 gêneros e 19espécies podem ser encontradas na caatinga. O gênero Hyptis, que compreende cerca de 300espécies, possui vários representantes na caatinga sem relatos de estudos químicos na literatura.As espécies pertencentes a este gênero são aromáticas, algumas recomendadas pela medicinafolclórica <strong>no</strong> tratamento de infecções gastrointestinais, dores e em infecções de pele. Estautilização popular pode estar relacionada a presença de metabólitos secundários comoterpenóides e fenilpropanóides, substâncias <strong>no</strong>rmalmente encontradas em óleos voláteis. Aespécie H. leucocephala foi coletada <strong>no</strong> campus da UEFS e se<strong>para</strong>da em caule, folha e flores.Destes materiais foram obtidos os óleos essenciais por hidrodestilação (3 h), em um aparelho dotipo Clevenger. A composição química foi determinada por cromatografia gasosa acoplada a umespectrômetro de massas, detectando-se que os óleos obtidos são compostos por misturas demo<strong>no</strong>terpe<strong>no</strong>s e sesquiterpe<strong>no</strong>s, com a presença majoritária de borneol, acetato de isobornila,cariofile<strong>no</strong>, germacre<strong>no</strong> D, germacre<strong>no</strong> B, γ-eleme<strong>no</strong> e caudi<strong>no</strong>l.Agradecimentos: FINEP, PROBIC/UEFS


DESENVOLVIMENTO DO FITOTERÁPICO ALBIEXPECFabrício Souza Silva 1 ; Lucia<strong>no</strong> Nascimento Freitas 1 , Lucia<strong>no</strong> Paganucci de Queiroz 2 ,Angélica Maria Lucchese 1 , Sandra Virgínia Alves Hohlemwergwe 31. Laboratório de Química de Produtos Naturais e Bioativos – LPQNBio – UEFS2. Departamento de Ciências Biológicas - UEFS3. Departamento de Saúde - UEFSO gênero Albizia (Legumi<strong>no</strong>sae) compreende cerca de 100 espécies, encontradasprincipalmente <strong>no</strong>s países tropicais, possuindo vários estudos químicos relatados naliteratura. Dentro desse gênero encontra-se a espécie Albizia lebbeck que é comumentechamada de “siris” <strong>no</strong> Quênia e “fava” na região Nordeste do Brasil, caracterizando-sepor ser uma árvore de médio a grande porte e por possuir uma casca de caule áspera, decor parda e avermelhada <strong>no</strong> interior. Tal espécie vem sendo utilizada na medicinapopular como expectorante. O material vegetal (casca do caule) foi coletado <strong>no</strong>município de Riachão do Jacuípe (Ba), sendo que a espécie foi identificada e depositadauma exsicata <strong>no</strong> herbário da UEFS (HUEFS) com o número 64928. O material vegetalfoi reduzido a peque<strong>no</strong>s pedaços e submetido ao processo de maceração com umamistura de água e eta<strong>no</strong>l 1:1 <strong>para</strong> obtenção do extrato seco. Este foi obtido comrendimento de 20% e <strong>no</strong> mesmo detectou-se a presença de saponinas e tani<strong>no</strong>scatéquicos. O xarope simples foi pre<strong>para</strong>do com açúcar refinado e água sobaquecimento e agitação; 2 g do extrato seco foram incorporadas ao xarope simples <strong>para</strong>obtenção do fitoterápico ALBIEXPEC.


A tribo Mutisieae Cass. (Compositae) <strong>no</strong> município de Mucugê, Bahia. Edlaine Carvalho deOliveira 1 , Nádia Roque 2 1 Laboratório de Taxo<strong>no</strong>mia Vegetal, Labio sala-01, Km 03, Av.Universitária s/n, Universidade Estadual de Feira de Santana (edlainecarvalho@zipmail.com.br),2 Universidade Federal da Bahia, Instituto de Biologia, Campus Universitário de Ondina,Salvador.O município de Mucugê localiza-se na Chapada Diamantina, 13º00’05’’S e 41º22’19’’W, comaltitude de 984m, e vegetação predominante de campos rupestres. Compositae é representada porca. 1535 gêneros e aproximadamente 23000 espécies, arranjadas em 17 tribos. A tribo Mutisieae,com ca. 76 gêneros e 1000 espécies, caracteriza-se pelos ramos do estilete sem pilosidade abaixoda bifurcação, e anteras com apêndices basais caudiformes. O presente trabalho consiste <strong>no</strong>levantamento florístico e estudo taxonômico das espécies da tribo Mutisieae <strong>no</strong> município deMucugê. Foram realizadas coletas de material botânico na região e visitas aos principaisherbários do estado (ALCB, CEPEC, HRB, HUEFS). Na área de estudo, a tribo está representadapor quatro gêneros e seis espécies: Chaptalia (C. integerrima (Vell.) Burkart), Gochnatia (G.blanchetiana (DC.) Cabrera; G. paniculata (Less.) Cabrera), Richterago (R. discoidea (Less.)Kuntze.) e Trixis (T. pruskii D. J. N. Hind; T. vauthieri DC.). Gochnatia é o maior gênero datribo, com ca. 67 espécies, e é considerado um táxon crucial <strong>para</strong> o entendimento da filogenia deMutisieae. Richterago é um gênero endêmico do Brasil e das 17 espécies descritas, R. discoidea éa única que ocorre <strong>no</strong> estado da Bahia. Trixis é um gênero neotropical e das espécies presentesem Mucugê, T. vauthieri estende sua distribuição <strong>para</strong> os campos rupestres de Minas Gerais e T.pruskii, que foi recentemente descrita como endêmica <strong>para</strong> o município. Chaptalia integerrima éuma espécie amplamente distribuída em território nacional. São apresentados chaves deidentificação, ilustrações e comentários <strong>para</strong> cada espécie.


PROJETO INSTITUTO DO MILÊNIO DO SEMI-ÁRIDO: BIODIVERSIDADE,BIOPROSPECÇÃO E CONSERVAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS. Ana MariaGiulietti & Everton Fabia<strong>no</strong> da Silva. Universidade Estadual de Feira de Santana(imsear@uefs.br).O <strong>semi</strong>-árido ocupa 11,5% do território nacional mas sua população apresenta ospiores indicadores sociais do país. Tentando oferecer soluções <strong>para</strong> melhoria dascondições de vida destas pessoas, instituições de pesquisa e ensi<strong>no</strong> da regiãotem buscado desenvolver infra-estrutura e atrair profissionais qualificados eparticipado de projetos cooperativos, mas o conhecimento produzido ainda éincipiente merecendo ações imediatas <strong>para</strong> fortalecê-las. Nesse contexto, foiproposto o Projeto Instituto do Milênio do Semi-Árido, unindo estas instituições emuma rede de efetiva interação. Partindo do conhecimento publicado sobre abiodiversidade regional, foram realizadas coletas intensivas em vários Estados doNordeste, visando a produção de uma lista da flora e fauna nativos do <strong>semi</strong>-árido.Este produto é a base <strong>para</strong> pesquisa sobre a composição química de produtosnaturais e suas substâncias farmacologicamente ativas, visando desenvolver<strong>no</strong>vos produtos a serem usados contra as principais doenças endêmicas. Asespécies promissores estão sendo estudadas em relação às estratégias depropagação e conservação ex-situ. Ao mesmo tempo, estudos sobre recursoshídricos em realização, serão combinados com dados de biodiversidade <strong>para</strong>construir modelos <strong>para</strong> uso e manejo dos mananciais bem como projetos derecuperação das áreas mais seriamente danificadas. Este programa envolve odesenvolvimento de quatro linhas de pesquisa: Biodiversidade, Bioprospecção,Conservação de Recursos Genéticos e Conservação de Recursos Hídricos. Estessão integrados através de linhas virtuais <strong>para</strong> maximizar uso de equipamento,informação e recursos huma<strong>no</strong>s, bem como formação e fixação de profissionaisna região. A meta final deste projeto é assegurar o uso racional dos recursosnaturais e a melhoria da qualidade de vida da população local.


O gênero Cambessedesia DC. (MELASTOMATACEAE), em Rio de Contas - ChapadaDiamantina, Bahia, Brasil. Santos, Andrea K.A. 1 Giulietti, Ana M.2 , Silva, Tânia R.S.1.Graduanda em Ciências Biológicas, PIBIC/CNPq-UEFS; Professora do Departamento deCiências Biológicas-UEFS. E-mail: deakarla@bol.com.brO município de Rio de Contas, localiza-se a aproximadamente 13º34'S e 41º57'O e possui umaárea de 895 Km 2 com altitudes variando entre 600 e 1900 m. De 600-900 m, encontram-se asáreas de caatinga e mata seca, entre 900-1100 m os cerrados e entre 1100-1900 os camposrupestres. Melastomataceae é uma família pantropical com cerca de 150 gêneros eaproximadamente 4500 espécies, sendo que <strong>no</strong> Brasil ocorrem 63 gêneros com 1500 espécies.Este trabalho é parte do levantamento florístico do município de Rio de Contas, iniciado pelaFlora do Pico das Almas. Nos últimos seis a<strong>no</strong>s foram realizadas intensivas coletas cobrindotodos os tipos de vegetação. As amostras foram observadas sob estereomicroscópio, feitasdescrições, pranchas e chave de identificação. O gênero Cambessedesia (DC.) é endêmico doBrasil, representado por 22 espécies, geralmente restritas aos campos rupestres da Bahia, MinasGerais e Goiás. Em Rio de Contas ocorrem 7 espécies: Cambessedesia hermogenesiiA.B.Martins, possui folhas e ramos glabros, folhas oval-elípticas, flores vermelhas com a baseamarela, C. gracilis Wurdack, apresenta a folha linear, glabra, uma nervura, pétalas amarelas; C.hilariana (St. Hil. Ex Bompland) DC. apresenta folhas glabras, linear-oblongaspseudofasciculadas, pétalas vermelhas com a base amarela, C. membranacea Gardn. subsp.Bahiana A.B.Martins, possui folhas levementes buladas na face superior e tricomas dendróidesna face inferior, pétalas vermelhas com a base amarela; C. purpurata Schrack & Mart. possuifolhas glabras, com 7 nervuras, pétalas amarelas; C. rupestris A.B. Martins, possui folhas com 5nervuras não decorrentes do pecíolo, apêndice dorsal, semelhante a um calcar <strong>no</strong> conectivo e C.tenuis Markgraf apresenta folhas pecioladas, com 3 nervuras e pétalas vermelhas com a baseamarela.


Título: SERTÃO SOFRIDORita de Cássia Ferreira HaggeMestre em Geoquímica e Meio Ambiente - UFBAProfessora da Universidade Estadual de Feira de Santana - Bae-mail: rehagge @ig.com.brTelefone: 992854691. INTRODUÇÃOComo cidadã <strong>no</strong>rdestina, cujas raízes provém do <strong>semi</strong>-árido baia<strong>no</strong>, neta de vaqueiro das caatingas domunicípio de Araci, situado ao <strong>no</strong>rte de Feira de Santana, e como geógrafa e educadora, tenho asatisfação de contribuir com a I Feira do Semi-Árido, através de uma troca de idéias, que se tornaurgente face à existência de grande leque de temas a respeito dessa região, os quais necessitam dediscussão.O presente artigo tem como objetivo comunicar sobre problemas ambientais verificados ao longo dotempo de experiências como professora e pesquisadora.Alguns problemas ambientais foram constatados na pesquisa de mestrado, sobre geomorfologia e meioambiente em Araci-Ba, que resultou em dissertação, outros foram observados por ocasião de pesquisascom trabalhos de campo, sobre bacias hidrográficas e municípios do <strong>semi</strong>-árido, realizadas emdisciplinas ministradas na UFBA, e UNEB e UEFS <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s de 2000 a 2003.2. METODOLOGIATais estudos seguiram metodologias e fundamentações teóricas que buscam a análise da paisagemgeográfica, sobretudo <strong>no</strong> aspecto ambiental, e que constam de coleta de dados bibliográficos ecartográficos, interpretação de mapas, descrições de campo, mapeamentos e relatórios técnicos comregistros fotográficos.


3. PROBLEMAS AMBIENTAIS DO SEMI-ÁRIDOPercebe-se ainda hoje o “determinismo” que se estabeleceu <strong>para</strong> justificar a pobreza do Nordestebrasileiro, agravada pelo fato de 75% dessa região de planejamento estar em área de clima tropical<strong>semi</strong>-árido.O Nordeste <strong>semi</strong>-árido ocupa uma área global de aproximadamente 10% do território brasileiro. Combase na extensão geral do ecossistema de caatinga, e independentemente das variações de <strong>semi</strong>-aridez,essa sub-região abrange uma área em tor<strong>no</strong> de 800.000 km 2 (Ab’Saber, 1974).A respeito do significado de região <strong>semi</strong>-árida, estabeleceu-se que ela abrange toda área limitada pelaisoieta de 800 mm/a<strong>no</strong> e que inclui municípios cujas precipitações são inferiores a esta. Vale salientarque em sua área mais central as precipitações estão em tor<strong>no</strong> de 400mm, sobretudo ao <strong>no</strong>rte da Bahia,Pernambuco e Paraíba.Dentro do <strong>semi</strong>-árido encontram-se ilhas de umidade definidas geograficamente como “brejos”, queapresentam condições hídricas condicionadas por chuvas orográficas ou por solos úmidos, de boapermeabilidade onde afloram lençóis freáticos.3.1. Destruição do Ecossistema de CaatingaCaatinga significa, na língua Tupi-Guarani, mata rala, às vezes de<strong>no</strong>minada mata branca. Trata-se deuma vegetação xerófita, própria de climas quentes com escassa pluviosidade, e que se adapta a solospedregosos e fracas condições edáficas.A caatinga da região <strong>semi</strong>-árida <strong>no</strong>rdestina, estando condicionada à tal ambiente morfoclimático epedológico, é constituída de vegetais xeromórficos e lenhosos mo<strong>no</strong>foliados e deciduais e apresentagrande biodiversidade florística.


Essa cobertura vegetal cobria originalmente toda a área <strong>semi</strong>-árida, com diferenciações decorrentes dasvariações climáticas, topográficas e pedológicas, que resultam em caatingas predominantementearbórea, arbóreo-arbustiva ou arbustivo-herbácea, com cactáceas de alto ou baixo porte.Como exemplos de espécies arbóreas temos juazeiro, umbuzeiro, baraúna, de espécies arbustivas temose como cactáceas de alto porte o mandacaru e o facheiro.Estudos realizados detectaram a degradação do ecossistema de caatinga <strong>no</strong> Nordeste através daexploração da vegetação nativa pelo uso de forrageiras e da produção de lenha e carvão. SegundoMendes, B. V. (1995), práticas anti-ecológicas como exemplo atear fogo nas forrageiras <strong>para</strong> queimaros espinhos, tem contribuído <strong>para</strong> a crescente diminuição de muitos vegetais.Ainda segundo este estudioso do <strong>semi</strong>-árido, a agricultura de sequeiro (fevereiro a julho) é consideradade alto risco (seca) e de baixa produtividade e assim a agricultura intensiva, consumidora de insumosmoder<strong>no</strong>s só é aconselhável nas áreas irrigadas. Exemplo disso foi verificado em Araci, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 94,com o prejuízo na lavoura de milho.Outro fator que tem contribuído <strong>para</strong> a destruição da caatinga <strong>no</strong> Nordeste é a pecuária extensivatradicional, sem controle, que tem exercido uma pressão muito grande sobre as forrageiras, afetando abiodiversidade local, tanto pela eliminação lenta das plantas mais palatáveis, como pela desestruturaçãodo solo pelo pisoteio excessivo. A pecuária tem afetado o ecossistema de quase toda a região visto queela alterou a biodiversidade pelas mudanças provocadas nas populações de herbívoros nativos, por termudado a composição florística da vegetação nativa usada <strong>para</strong> pastoreio e pela substituição porespécies introduzidas.O extrativismo também tem atuado como um fator que vem prejudicando o ecossistema de caatinga,sobretudo pela coleta de madeira <strong>para</strong> cercas, carpintaria, lenha e carvão (<strong>para</strong> uso doméstico e olarias).No município de Araci observou-se grandes áreas desmatadas, sobretudo <strong>no</strong>s períodos secos, em que,não havendo produção agrícola, o que se vê são terre<strong>no</strong>s com solos nus, expostos à erosão.


3.2. Poluição dos RiosOs rios da região <strong>semi</strong>-árida apresentam regime hídrico irregular em função das condições deirregularidade <strong>no</strong> regime pluviométrico e dos solos are<strong>no</strong>sos que retém água, o que resulta emdiminuição do escoamento dos rios tributários. A maioria dos rios e riachos possuem caráterintermitente já que encontram-se na maior parte do a<strong>no</strong> secos.Estudos realizados sobre as Bacias dos rios Itapicuru e Pojuca constataram que, mesmo com aexistência dos Pla<strong>no</strong>s Diretores de Bacias Hidrográficas, elaborados pela Secretaria de RecursosHídricos, a situação dos rios baia<strong>no</strong>s reflete a total ausência de atenção e fiscalização ao cumprimentoda legislação que rege a utilização e conservação dos recursos hídricos.Na bacia do Itapicuru, rio baia<strong>no</strong> de médio porte, foram detectados vários problemas ambientais, taiscomo a destruição de nascentes em Jacobina por antigas minerações, a poluição das águas, causada pordejetos das cidades em seu curso, como exemplo Caldas de Jorro e Jorrinho, e até a presença decurtumes tradicionais como verificado em Tuca<strong>no</strong> (Hagge,2001).No balneário de Jorrinho, o rio Itapicuru é utilizado <strong>para</strong> evacuação dos esgotos dos bares e hotéis, enas suas margens são tratados os bodes servidos <strong>no</strong>s bares, além de ser depositado lixo local. Essapoluição é bem visível à montante, na cidade de Cipó.A degradação que o curtume de Pedra Branca (Tuca<strong>no</strong>) causa ao rio Itapicuru, decorre do processo delavagem das peles de animais (bois, vacas, carneiros) <strong>no</strong> rio e posterior embebecimento em várioscochos contendo água e soda cáustica, que á trocada retornando ao rio. Ao processo acrescenta-se o usodo angico (vegetal em extinção) em grande quantidade, <strong>para</strong> amenizar o odor do couro. O resultadodessa prática é o assoreamento do rio, a poluição química e orgânica e a destruição da mata ciliar.Verificou-se que tal atividade só beneficia poucos moradores, os do<strong>no</strong>s do curtume, ficando o resto dacomunidade relegada ao sustento por outras atividades.


Presenciou-se também a degradação de nascentes durante os estudos realizados na bacia do rio Pojuca,que embora esteja na sua maior parte situada <strong>no</strong> Recôncavo <strong>no</strong>rte, possui nascentes <strong>no</strong> <strong>semi</strong>-árido, naregião de Santa Bárbara e Feira de Santana. Constatou-se córregos de nascentes, cortados porbarramento em fazendas e pela rodovia, nas imediações da estrada <strong>para</strong> Tanquinho, que aparecemdesprovidos de mata ciliar e com acúmulo de lixo.Outro fato de destaque observado nestas andanças é a poluição dos brejos <strong>no</strong> município de Ribeira doPombal. Trata-se de poluição por esgotos lançada pela cidade em córregos que escoam nas áreas debrejos das fazendas, degradando áreas produtivas, de pastos, agricultura e pomares.3.3. Poluição UrbanaA respeito desse problema é <strong>no</strong>tória a ausência de aterros sanitários na maioria das cidades do interiorbaia<strong>no</strong>, e a presença dos lixões, geralmente à margem de estradas, colmatados por moscas, que levam aconseqüências negativas à saúde da população, vistos nas cidades de Araci e Teofilândia.A ausência também de rede de esgotamento sanitário é mais um problema, além do fato de que muitascasas na zona rural não possuírem sanitários. O abastecimento de água também é precário (controlado),e geralmente não atendem aos bairros mais carentes, as casas por exemplo, que possuem reservatóriospeque<strong>no</strong>s, sofrem da falta de água.CONCLUSÃOQuem percorre hoje a região <strong>semi</strong>-árida baiana, pode perceber que a maioria dos municípios necessitada implantação de uma eficaz política de combate à seca, ou seja, de ações que implementamalternativas e técnicas de como obter um melhor aproveitamento dos recursos do <strong>semi</strong>-árido, tais comoos vegetais medicinais, os frutos nativos, as forrageiras, as plantas fibrosas entre outros.Percebe-se que a agricultura de subsistência (milho e feijão) <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s de seca é eco<strong>no</strong>micamenteinviável, daí a necessidade de atividades econômicas complementares, que venham dar sustento àspopulações, já que o desemprego é elevado nesta região.


Em municípios mais carentes, um fenôme<strong>no</strong> social vem acontecendo <strong>no</strong>s períodos de seca crítica: coma ausência de produção na lavoura, as famílias muitas vezes são sustentadas pelos salários dosaposentados e pensionistas.Atenção deve ser dada à questão da degradação dos recursos hídricos, que ocorre com a poluição ecom a destruição de nascentes e matas ciliares, problemas que também devem estar vinculados àadministração municipal.Por fim, é de fundamental importância a implantação de pla<strong>no</strong>s de manejo da caatinga, criação dereservas particulares e públicas <strong>para</strong> a conservação e replantio de áreas. Tornam-se urgentes ações queobjetivem minimizar a destruição que tem sido efetuada, ao longo de décadas, sobre este ecossistema,cuja biodiversidade é extremamente singular e complexa.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASAB’SABER, A N. O Domínio Morfoclimático das Caatingas Brasileiras. Revista Geomorfologia 43.Universidade de São Paulo: São Paulo, 1974.HAGGE, R.C.F. Meio Ambiente, Desenvolvimento e Qualidade de Vida em Araci-Bahia. Anais do IICongresso Nacional de meio Ambiente na Bahia. Salvador, 2000.___________ Contribuição da Geomorfologia aos Estudos Ambientais do Semi-árido Nordesti<strong>no</strong>.Araci-Bahia-Brasil. 8 o Encuentro de Geógrafos de América Latina. Chile, 2001.__________ Aplicação da Geografia Física ao Estudo de Bacia Hidrográfica, com Utilização deTrabalho de Campo, Bacia do Rio Itapicuru-Bahia. Simpósio de geografia Física Aplicada - UFPE.Recife, 2001.MENDES, B. V. Curso Desenvolvimento Sustentável do Semi-árido. Universidade Aberta doNordeste. Fundação Demócrito Rocha.Fortaleza, 1995.SILVA, D. D. da S. et alli. Gestão de Recursos Hídricos – Aspectos Legais, Econômicos e Sociais.Editores Brasília, DF, 2000.

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