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2. A importância da Internet no desenvolvimento dos ... - Nautilus

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A importância <strong>da</strong> <strong>Internet</strong> <strong>no</strong> <strong>desenvolvimento</strong> <strong>dos</strong> adolescentes<strong>2.</strong> A importância <strong>da</strong> <strong>Internet</strong> <strong>no</strong> <strong>desenvolvimento</strong> <strong>dos</strong>adolescentesA <strong>Internet</strong> e a Educação para a Sexuali<strong>da</strong>de 18


A importância <strong>da</strong> <strong>Internet</strong> <strong>no</strong> <strong>desenvolvimento</strong> <strong>dos</strong> adolescentes«The <strong>Internet</strong> is an identity laboratory, overflowing withprops, audiences, and players for our personal experiments.»Patricia Wallace, 2001− Como se explica a rápi<strong>da</strong> adesão <strong>dos</strong> adolescentes à <strong>Internet</strong>?− Que riscos poderão estar associa<strong>dos</strong> à utilização <strong>da</strong> <strong>Internet</strong>?− Como é utilizado o tempo que os adolescentes passam on-line?<strong>2.</strong>1. Os atractivos <strong>da</strong> <strong>Internet</strong>A <strong>Internet</strong> é, actualmente, o meio de comunicação preferido <strong>dos</strong>adolescentes. Uma grande parte considera mesmo que não se pode passar sema <strong>Internet</strong> (Abrantes, 2002). O próprio instrumento de acesso à <strong>Internet</strong> é um <strong>dos</strong>seus atractivos, uma vez que o computador transmite uma sensação de poder aquem sabe utilizá-lo (Justiça, 2002).A adolescência é naturalmente marca<strong>da</strong> por perío<strong>dos</strong> em que predominamsentimentos de tristeza, solidão e insegurança (Sampaio, 1993). Estessentimentos são alivia<strong>dos</strong> pela possibili<strong>da</strong>de de alargar os relacionamentos paraalém <strong>da</strong>s tradicionais fronteiras sociais e geográficas. Não é, portanto, deestranhar que uma pessoa que se sinta só tenha tendência para passar maistempo on-line do que quem não se sente só: encontra, na <strong>Internet</strong>, um mundo quea aju<strong>da</strong> a fugir às emoções negativas associa<strong>da</strong>s à solidão (Morahan-Martin,1999).Muitos autores falam mesmo em “crise de identi<strong>da</strong>de” na adolescência,tendo esta expressão sido utiliza<strong>da</strong> pela primeira vez pelo psicanalista ErikErikson (1968). Refere-se a um período – o quinto estádio de <strong>desenvolvimento</strong>,<strong>dos</strong> 12 aos 18 a<strong>no</strong>s de i<strong>da</strong>de – em que há uma grande incerteza de papéis aassumir alia<strong>da</strong> à preocupação com o que os outros pensam (Costa, 1990). DavidElkind (1978) introduziu o conceito de “audiência imaginária” como sendo umapreocupação <strong>dos</strong> adolescentes resultante do egocentrismo natural nesta fase de<strong>desenvolvimento</strong>: o adolescente sobrevaloriza os olhares e avaliações <strong>dos</strong> outros.Obviamente, na net, o espaço e o tamanho dessa “audiência” são ilimita<strong>dos</strong>, <strong>no</strong>A <strong>Internet</strong> e a Educação para a Sexuali<strong>da</strong>de 19


A importância <strong>da</strong> <strong>Internet</strong> <strong>no</strong> <strong>desenvolvimento</strong> <strong>dos</strong> adolescentesentanto o controlo que se consegue obter sobre a apresentação pessoal é maiordo que, por exemplo, na escola.Analisando, ain<strong>da</strong>, o trabalho de Erikson, é interessante reflectir sobre as“moratórias institucionaliza<strong>da</strong>s” de que <strong>no</strong>s fala. Segundo este autor, umadolescente deve desfrutar de um período de moratória psicossocial, um períodode espera, de experimentação e de ajustamentos <strong>dos</strong> vários papéis sociais.Existem, na socie<strong>da</strong>de ocidental, varia<strong>da</strong>s instituições e estruturas sociais quefacilitam ou inibem a experimentação de papéis típica deste estádio de<strong>desenvolvimento</strong> – são as “moratórias institucionaliza<strong>da</strong>s”. A partir delas, oadolescente usufrui de diferentes mo<strong>dos</strong> de socialização que o podem aju<strong>da</strong>r aresolver a sua crise de identi<strong>da</strong>de (Costa, 1990). Pensamos que, na socie<strong>da</strong>deactual, uma <strong>da</strong>s “moratórias institucionaliza<strong>da</strong>s” é a <strong>Internet</strong>.Os adolescentes consideram que é fácil usar a <strong>Internet</strong> (Abrantes, 2002) esão atraí<strong>dos</strong> pelas salas de chat e jogos on-line, onde podem experimentar edesempenhar diferentes papéis, assim como estabelecer relações com pessoasque partilham <strong>dos</strong> mesmos interesses (Suler, 1996). Os chats são cativantes,pertencem a um universo em que os papéis são varia<strong>dos</strong> e os limites são os <strong>da</strong>imaginação. Existe a possibili<strong>da</strong>de de assumir identi<strong>da</strong>des diferentes e trocarimpressões sobre tudo e sobre na<strong>da</strong>. O grau de a<strong>no</strong>nimato influencia ocomportamento e diminui o grau de inibição, isto é, diminui os constrangimentossociais <strong>no</strong>rmais do comportamento. Como diz Wallace (2001) «A <strong>Internet</strong> é umlaboratório <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de cheio de personagens, audiências e suportes para as<strong>no</strong>ssas experiências.»<strong>2.</strong><strong>2.</strong> Os riscosNa <strong>Internet</strong> há poucas medi<strong>da</strong>s de avaliação crítica <strong>da</strong> informação. Aquanti<strong>da</strong>de e<strong>no</strong>rme de material disponível na net varia consideravelmente emquali<strong>da</strong>de e rigor e devemos ter, e encorajar os jovens a ter, um pensamentocrítico acerca <strong>da</strong> natureza <strong>da</strong>s fontes. A maioria <strong>dos</strong> adolescentes afirma confiar<strong>no</strong>s conteú<strong>dos</strong> <strong>da</strong> <strong>Internet</strong> (Abrantes, 2002). Há alguns a<strong>no</strong>s atrás, por exemplo,os professores encorajavam os alu<strong>no</strong>s a fazerem pesquisa na <strong>Internet</strong>, <strong>no</strong> entantosurgiram <strong>no</strong>vas preocupações: começaram a surgir trabalhos cuja bibliografia éA <strong>Internet</strong> e a Educação para a Sexuali<strong>da</strong>de 20


A importância <strong>da</strong> <strong>Internet</strong> <strong>no</strong> <strong>desenvolvimento</strong> <strong>dos</strong> adolescentesapenas uma lista de recursos <strong>da</strong> web, sendo muitos deles questionáveis (Wallace,2001). Gozar <strong>da</strong> grande liber<strong>da</strong>de que a <strong>Internet</strong> oferece tem o seu preço: exige<strong>da</strong> parte do utilizador habili<strong>da</strong>de e experiência na pesquisa de informação, sob orisco de se perder na desordem e imensidão de conteú<strong>dos</strong>.O acesso a informações de carácter violento, por<strong>no</strong>gráfico, racista oupedófilo levanta problemas inéditos relativamente à protecção de me<strong>no</strong>res (Lajuse Magnier, 1998). Os adolescentes que navegam regularmente na <strong>Internet</strong> estãomuito expostos ao assédio on-line. Um estudo efectuado utilizando uma amostraaleatória de 1501 indivíduos com i<strong>da</strong>des compreendi<strong>da</strong>s entre os 10 e os 17 a<strong>no</strong>se utilizadores regulares <strong>da</strong> <strong>Internet</strong> (Mitchell, Finkelhor e Wolak, 2001), revelouque estes estavam expostos a um risco elevado de assédio sexual: 19% <strong>dos</strong>entrevista<strong>dos</strong> tinham sido alvos de solicitações sexuais não deseja<strong>da</strong>s durante oa<strong>no</strong> que antecedeu o estudo. Este revelou ain<strong>da</strong> que o risco era maior para asraparigas, os adolescentes mais velhos, os adolescentes com problemaspessoais, os participantes em salas de chat e os que mantinham contacto comestranhos on-line. Outro estudo revelou ain<strong>da</strong> que qualquer criança ouadolescente pode ficar “preso” num site para adultos devido a uma <strong>no</strong>va técnicade marketing que inactiva as opções “retroceder”, “sair” ou “fechar” (NIMF, 1998).Mas, segundo Don Tapscott (1998) (citado por Wallace, 2001), esta <strong>no</strong>vageração de utilizadores <strong>da</strong> <strong>Internet</strong>, ou “N-Geners”, rapi<strong>da</strong>mente aprende aproteger-se. Após algumas pesquisas realiza<strong>da</strong>s on-line, verificou que a maioria<strong>dos</strong> jovens desta geração considera que as pessoas (os adultos responsáveispela sua educação) exageram e preocupam-se demasiado com a existência, porexemplo, de por<strong>no</strong>grafia na <strong>Internet</strong> ou outro tipo de conteú<strong>dos</strong> igualmente“chocantes”; consideram até que conseguem ter mais controle sobre o quequerem ver na <strong>Internet</strong> do que, por exemplo, na televisão. Num destes estu<strong>dos</strong>,Austin Locke, de 15 a<strong>no</strong>s de i<strong>da</strong>de, disse: «O que muitas pessoas nãoconseguem perceber é que tudo o que há de mau na <strong>Internet</strong> é largamentecompensado pelo que a <strong>Internet</strong> tem de bom.»A <strong>Internet</strong> e a Educação para a Sexuali<strong>da</strong>de 21


A importância <strong>da</strong> <strong>Internet</strong> <strong>no</strong> <strong>desenvolvimento</strong> <strong>dos</strong> adolescentesFigura 2 – Cartoon criado por GlasbergenEstu<strong>dos</strong> demonstram que 8-13% <strong>dos</strong> estu<strong>da</strong>ntes america<strong>no</strong>s do ensi<strong>no</strong>secundário usam e abusam <strong>da</strong> <strong>Internet</strong> (Morahan-Martin, 1999). Como járeferimos, um <strong>dos</strong> atractivos <strong>da</strong> <strong>Internet</strong> é a possibili<strong>da</strong>de de fuga à reali<strong>da</strong>de. Noentanto, uma consequência dessa fuga poderá ser o perigo de alienação, asubstituição do mundo real pelo mundo virtual, que parece mais seguro graças àpossibili<strong>da</strong>de de a<strong>no</strong>nimato e consequente diminuição <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong>de pelasopções realiza<strong>da</strong>s (Justiça, 2002).A utilização <strong>da</strong> <strong>Internet</strong> pode tornar-se abusiva quando causa distúrbiosnas rotinas diárias, alterações <strong>no</strong>s relacionamentos e <strong>no</strong> comportamento doindivíduo (Morahan-Martin, 1999). Robert Kraut e a sua equipa (1998) (citado porWallace, 2001) verificaram que, conforme um utilizador aumenta o tempo quedespende on-line, há um decréscimo na comunicação com a família e <strong>no</strong> seucírculo de relações sociais. Estabeleceram ain<strong>da</strong> uma relação entre esse aumentode tempo e o <strong>desenvolvimento</strong> de sentimentos de solidão e depressão.Um <strong>dos</strong> sinais de depressão num adolescente é o isolamento que se podetraduzir, por exemplo, numa troca <strong>da</strong>s relações afectivas por uma relação lúdicacom o computador (Sampaio, 1993). Mas, segundo Daniel Sampaio (1993), sópodemos falar em “depressão” <strong>no</strong> sentido clínico, «quando estamos perantemanifestações cuja intensi<strong>da</strong>de, duração e características interferem <strong>no</strong>crescimento e a<strong>da</strong>ptação social». Este psiquiatra relembra ain<strong>da</strong> a necessi<strong>da</strong>dede distinguir entre uma depressão clinicamente diag<strong>no</strong>stica<strong>da</strong> e os momentosdepressivos que são, na adolescência, «inevitáveis, necessários e transitórios». Amaioria <strong>dos</strong> estu<strong>da</strong>ntes portugueses do ensi<strong>no</strong> secundário acha mesmo que o usoA <strong>Internet</strong> e a Educação para a Sexuali<strong>da</strong>de 22


A importância <strong>da</strong> <strong>Internet</strong> <strong>no</strong> <strong>desenvolvimento</strong> <strong>dos</strong> adolescentes<strong>da</strong> <strong>Internet</strong> não faz com que se fale me<strong>no</strong>s com os outros, por vezes até serve deassunto de conversa (Abrantes, 2002).Apesar do reduzido número de estu<strong>dos</strong> efectua<strong>dos</strong> nesta área, to<strong>dos</strong>parecem conduzir a uma mesma conclusão: o uso e abuso <strong>da</strong> <strong>Internet</strong> estãoassocia<strong>dos</strong> a sentimentos de solidão e ao isolamento social e familiar. No entanto,a partir <strong>da</strong>qui os estu<strong>dos</strong> divergem nas suas conclusões. É difícil estabelecer umarelação de causali<strong>da</strong>de entre os dois factores: será que a <strong>Internet</strong> tem um carácterviciante que conduz a comportamentos de isolamento social e consequentesmomentos depressivos, ou será que esta relação se estabelece apenas quando oindivíduo já está deprimido e utiliza a <strong>Internet</strong> como mais um escape para a suasolidão?Parece-<strong>no</strong>s que se repete com a <strong>Internet</strong> o mesmo dilema que surgiu coma televisão: algo bom à parti<strong>da</strong>, mas que pode ser bem ou mal utilizado (como asexuali<strong>da</strong>de…). Assim, talvez a solução não seja impedir os alu<strong>no</strong>s de navegar naweb, como defendem alguns pais, mas ensinar e orientar essa navegação.<strong>2.</strong>3. A utilização <strong>da</strong> <strong>Internet</strong> entre os adolescentesTo<strong>dos</strong> nós temos consciência <strong>da</strong> expansão continua<strong>da</strong> <strong>da</strong> utilização <strong>da</strong><strong>Internet</strong> entre a população em geral, e entre os jovens em particular.Os indicadores estatísticos publica<strong>dos</strong> pelo INE referentes ao a<strong>no</strong> de 2001apontam para:• 18% <strong>da</strong> população portuguesa já tinha utilizado a <strong>Internet</strong>;• 66,3% <strong>dos</strong> utilizadores de computador com i<strong>da</strong>des compreendi<strong>da</strong>s entre os15 e os 24 a<strong>no</strong>s utilizavam a <strong>Internet</strong>;• 74,5% <strong>dos</strong> estu<strong>da</strong>ntes utilizadores de computador já tinham navegado naweb;• 51% <strong>dos</strong> estu<strong>da</strong>ntes utilizadores de <strong>Internet</strong> estabelecia a ligação a partir<strong>da</strong> escola/universi<strong>da</strong>de e 37% a partir de casa.Analisando os <strong>da</strong><strong>dos</strong> do INE referentes aos a<strong>no</strong>s posteriores a 2001,verificam-se interessantes evoluções, como por exemplo um aumento <strong>da</strong>percentagem de utilizadores de <strong>Internet</strong> (Tabela 1).A <strong>Internet</strong> e a Educação para a Sexuali<strong>da</strong>de 23


A importância <strong>da</strong> <strong>Internet</strong> <strong>no</strong> <strong>desenvolvimento</strong> <strong>dos</strong> adolescentesUtilização de computador e de <strong>Internet</strong>, 2002-2004 (%)2002 2003 2004Computador 27,4 36,2 37,2<strong>Internet</strong> 19,4 25,7 29,3Tabela 1 – Resulta<strong>dos</strong> do Inquérito à Utilização de Tec<strong>no</strong>logias <strong>da</strong>Informação e <strong>da</strong> Comunicação pelas Famílias, 2002, 2003, 2004 (INE, 2004)Segundo a mesma fonte, do universo de cibernautas em 2004 (29,3%),63,7% tinham i<strong>da</strong>des compreendi<strong>da</strong>s entre os 16 e os 24 a<strong>no</strong>s.Se considerarmos outras fontes, apesar <strong>da</strong> diferença <strong>no</strong>s valoresabsolutos, podemos verificar o mesmo tipo de evolução. Assim, segundo Mata(2002), a percentagem de cibernautas seria de 2% em 1996, 6% em 1997,subindo para 22% em 2000 e para 30% em 2001. O mesmo autor refere que,em 2000, 54% <strong>dos</strong> jovens pertencentes ao escalão etário <strong>dos</strong> 15-19 a<strong>no</strong>sutilizava a <strong>Internet</strong> e, em 2001, esse valor já era de 72%. Alguns indicadoresapontam para percentagens de utilizadores ain<strong>da</strong> mais eleva<strong>da</strong>s entre osestu<strong>da</strong>ntes do ensi<strong>no</strong> secundário, especialmente do 10º a<strong>no</strong> de escolari<strong>da</strong>de(Abrantes, 2002)Parece-<strong>no</strong>s, <strong>no</strong> entanto, importante analisar os <strong>da</strong><strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> a partir <strong>da</strong>investigação «Os jovens e a <strong>Internet</strong>» (Abrantes, 2002) pela suaespecifici<strong>da</strong>de e pelo retrato que faz <strong>dos</strong> jovens portugueses face ao<strong>desenvolvimento</strong> <strong>da</strong> <strong>Internet</strong>. Portanto, a maior parte <strong>dos</strong> <strong>da</strong><strong>dos</strong> que referimosneste trabalho sobre o comportamento <strong>dos</strong> adolescentes portugueses face à<strong>Internet</strong> derivam desse estudo.<strong>2.</strong>3.1. FrequênciaNo a<strong>no</strong> de 2003, 50,4% <strong>dos</strong> portugueses utilizadores de <strong>Internet</strong> acedeudiariamente e 34,8 % fê-lo pelo me<strong>no</strong>s uma vez por semana (INE, 2004).Nos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>, a utilização <strong>da</strong> <strong>Internet</strong> entre os 9 e os 17 a<strong>no</strong>s dei<strong>da</strong>de é de, em média, 4 horas semanais e distribui-se por perío<strong>dos</strong> de quase 2horas de ca<strong>da</strong> vez (AAP, 2001).Segundo <strong>da</strong><strong>dos</strong> referentes ao a<strong>no</strong> lectivo de 2002/2003 (Figura 3), amaioria <strong>dos</strong> estu<strong>da</strong>ntes portugueses do 11º a<strong>no</strong> de escolari<strong>da</strong>de, costuma acederA <strong>Internet</strong> e a Educação para a Sexuali<strong>da</strong>de 24


A importância <strong>da</strong> <strong>Internet</strong> <strong>no</strong> <strong>desenvolvimento</strong> <strong>dos</strong> adolescentesa comunicação com utilizadores que estão geograficamente perto é mais vulgardo que com utilizadores distantes (Abrantes, 2002 e Gross, 2004), contrariando aexpectativa inicial de que a <strong>Internet</strong> poderia romper com to<strong>da</strong>s as fronteiras <strong>da</strong>comunicação à escala mundial.Activi<strong>da</strong>des %Visita sítios 94Procura inf. de interesse pessoal 92Motores de busca 91Procura Imagens 89Comunica com outros utilizadores 77Procura inf. para trabalhos escolares 75Vê vídeos/ Ouve música 68Envia mensagens por correio electrónico 65Faz 'download' de Jogos de vídeo 49Deixa comentários <strong>no</strong>s sítios que visita 33Jogos em directo 29Responde a son<strong>da</strong>gens e questionários 27Clica nas mensagens publicitárias 21Participa em grupos de discussão 20Desenha páginas 'Web' 19Compra on-line 14Tabela 2 – Finali<strong>da</strong>des <strong>dos</strong> jovens quando navegam na<strong>Internet</strong> (Abrantes, 2002)Relativamente à população portuguesa em geral conseguimos obter <strong>da</strong><strong>dos</strong>mais recentes, referentes ao a<strong>no</strong> de 2004 (Tabela 3), e que apontam para umamaior incidência na área <strong>da</strong> comunicação (e-mail) e na pesquisa de informaçãosobre bens e serviços (INE, 2004).A <strong>Internet</strong> e a Educação para a Sexuali<strong>da</strong>de 26


A importância <strong>da</strong> <strong>Internet</strong> <strong>no</strong> <strong>desenvolvimento</strong> <strong>dos</strong> adolescentes2004Objectivos de utilização <strong>da</strong> <strong>Internet</strong>Activi<strong>da</strong>des Uni<strong>da</strong>de: %ComunicaçãoEnviar/receber e-mails 80,9Telefonar via <strong>Internet</strong>/videoconferência 10,7Outra (acesso a chats, messenger,etc) 37,0Pesquisa de informação e utilização de serviços onlinePesquisa de informação sobre bens e serviços 79,1Activi<strong>da</strong>des relaciona<strong>da</strong>s com a saúde 18,9Utilização de serviços relativos a viagens e alojamentos 30,9Audição de rádio/visionamento de televisão através <strong>da</strong> <strong>Internet</strong> 27,5Jogar/fazer download de jogos, música, imagens ou música 45,2Leitura/download de jornais/revistas online 50,2Download de software (com excepção de jogos, música, vídeo) 28,3Procurar emprego ou enviar candi<strong>da</strong>turas/curriculum 11,1Compra e ven<strong>da</strong> de bens e serviços, serviços bancáriosServiços bancários através <strong>da</strong> <strong>Internet</strong> - <strong>Internet</strong> banking 25,9Compra, encomen<strong>da</strong>/ven<strong>da</strong> de bens e serviços/outros serviços financeiros 12,5Ligação às autori<strong>da</strong>des/serviços públicosObtenção de informação através <strong>dos</strong> sites de organismos <strong>da</strong> Administração Pública 35,1Download de impressos/formulários oficiais 26,0Preenchimento e envio online de impressos/formulários 25,7Emissão de sugestões/reclamações às autori<strong>da</strong>des/serviços públicos 5,9Recurso a portais <strong>da</strong> Administração Pública com serviços administrativosintegra<strong>dos</strong> 19,3Participação em processos de consulta pública online de definição políticaspúblicas/foruns de discussão de assuntos públicos 7,3Educação/FormaçãoDesenvolvimento de activi<strong>da</strong>des de educação formal (escola, universi<strong>da</strong>de, etc.) 20,3Realização cursos educação pós-formal/cursos relaciona<strong>dos</strong> c/ oportuni<strong>da</strong>des deemprego 6,6Tabela 3 – Resulta<strong>dos</strong> do Inquérito à Utilização de Tec<strong>no</strong>logias <strong>da</strong> Informação e <strong>da</strong> Comunicaçãopelas Famílias, 2004 (INE, 2004)Analisando os resulta<strong>dos</strong> de algumas pesquisas realiza<strong>da</strong>s <strong>no</strong>utros paísesconcluímos que a reali<strong>da</strong>de <strong>dos</strong> resto do mundo ocidental provavelmente não sedistancia muito <strong>da</strong> <strong>no</strong>ssa.Um estudo efectuado com alu<strong>no</strong>s do 10º a<strong>no</strong> de escolari<strong>da</strong>de duma escola<strong>da</strong> Califórnia mostra-<strong>no</strong>s que a maior parte <strong>da</strong> interacção social on-line era feitaatravés de e-mail e serviços de mensagens instantâneas; os contactos eramestabeleci<strong>dos</strong> com amigos <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong> diária, isto é, <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong> “offline”; osA <strong>Internet</strong> e a Educação para a Sexuali<strong>da</strong>de 27


A importância <strong>da</strong> <strong>Internet</strong> <strong>no</strong> <strong>desenvolvimento</strong> <strong>dos</strong> adolescentesassuntos abor<strong>da</strong><strong>dos</strong> eram de carácter íntimo mas perfeitamente usuais para asi<strong>da</strong>des em causa (Gross, 2004).É importante assinalar o papel que os telemóveis desempenham na vi<strong>da</strong><strong>dos</strong> adolescentes actuais. Sabe-se que 92% <strong>dos</strong> alu<strong>no</strong>s portugueses do 11º a<strong>no</strong>de escolari<strong>da</strong>de possui telemóvel (Paiva, 2003). Verifica-se, mesmo, umasubstituição <strong>da</strong> <strong>Internet</strong> relativamente à sua função de comunicação por e-mail oumensagens instantâneas pelos serviços de SMS (small messaging service) <strong>dos</strong>operadores de telemóvel (Madell e Muncer, 2004).Segundo um estudo que teve como objectivo avaliar o uso <strong>da</strong> <strong>Internet</strong> entreestu<strong>da</strong>ntes do 10º a<strong>no</strong> de escolari<strong>da</strong>de de Nottingham, Rei<strong>no</strong> Unido, (Goold,Ward e Carlin, 2003):• To<strong>dos</strong> (287 alu<strong>no</strong>s de idêntica distribuição de sexos) tinham acesso à<strong>Internet</strong> na escola e 224 (78%) também <strong>no</strong>utro local;• Acediam pelo me<strong>no</strong>s uma vez por semana 178 (62%) para ler e enviar e-mails, jogar, conversar em salas de chat e fazer trabalhos de casa;• Ninguém tinha como objectivo obter informação sobre saúde, mas 179(64,4%) participantes afirmaram que utilizariam um site de informação eauxílio médico sobre doenças de transmissão sexual e planeamentofamiliar;• 202 (70,4%) participantes mostraram-se interessa<strong>dos</strong> numa “linha” ondepudessem colocar questões por e-mail a um profissional <strong>da</strong> área.Cerca de 42% <strong>dos</strong> adolescentes america<strong>no</strong>s já procurou informação naweb sobre questões relaciona<strong>da</strong>s com a saúde. No entanto, é importante referirque há uma relação entre a classe social a que o adolescente pertence e o tipo deinformação que procura na área <strong>da</strong> saúde. Os jovens de classes sociais maisdesfavoreci<strong>da</strong>s procuram mais informação sobre determina<strong>dos</strong> temas do que osjovens de classes sociais mais altas: DST’s e comportamentos sexuais, violênciaentre grupos e entre namora<strong>dos</strong>, paterni<strong>da</strong>de/materni<strong>da</strong>de e abuso emocional esexual (Borzekowski e Rickert, 2001).A <strong>Internet</strong> e a Educação para a Sexuali<strong>da</strong>de 28


A importância <strong>da</strong> <strong>Internet</strong> <strong>no</strong> <strong>desenvolvimento</strong> <strong>dos</strong> adolescentes<strong>2.</strong>3.3. A procura de informação sobre sexuali<strong>da</strong>deNa adolescência é <strong>no</strong>rmal a procura de informação e de interacção fora <strong>da</strong>família e é por isso que to<strong>da</strong> a informação sobre questões relaciona<strong>da</strong>s com asexuali<strong>da</strong>de deve estar disponível para ser consulta<strong>da</strong> pelos jovens (Sampaio,1993).Há evidências de que os adolescentes não só utilizam a <strong>Internet</strong> para osfins já referi<strong>dos</strong>, mas também como recurso para encontrar respostas às suasquestões. Por exemplo, 25% <strong>da</strong>s questões recebi<strong>da</strong>s em www.drgreen.com, queé um site direccionado para os pais interessa<strong>dos</strong> em cui<strong>da</strong><strong>dos</strong> pediátricos, são deadolescentes (Bay-Cheng, 2001). Entre os adolescentes america<strong>no</strong>s que jáprocuraram na web informação sobre saúde, 27% tentou esclarecer dúvi<strong>da</strong>ssobre sexuali<strong>da</strong>de (activi<strong>da</strong>de sexual, contracepção, gravidez, etc.) e 5%pesquisaram informação sobre abuso sexual (Borzekowski e Rickert, 2001).Quando fizemos referência aos atractivos <strong>da</strong> <strong>Internet</strong> (v. Cap. <strong>2.</strong>1.)apontámos a sua crescente acessibili<strong>da</strong>de e as oportuni<strong>da</strong>des que oferece parase poder procurar informação de forma discreta, independente e anónima. Éprecisamente quando os utilizadores são adolescentes que procuram informaçãosobre sexuali<strong>da</strong>de, que a <strong>Internet</strong> acrescenta uma <strong>no</strong>va dimensão, ain<strong>da</strong> poucoexplora<strong>da</strong>, à Educação para a Sexuali<strong>da</strong>de.As salas de chat frequenta<strong>da</strong>s quase exclusivamente por adolescentes são“locais” privilegia<strong>dos</strong> onde estes expõem as suas preocupações sobresexuali<strong>da</strong>de, uma vez que oferecem melhores condições de segurança e deprivaci<strong>da</strong>de do que o mundo real (Subrahmanyam, Greenfield e Tynes, 2004).Também os fóruns integra<strong>dos</strong> em sites cujo público-alvo são os adolescentesregistam um grande número de participações relaciona<strong>da</strong>s com a saúde em gerale com a sexuali<strong>da</strong>de (Suzuki e Calzo, 2004). Os jovens hesitam na decisão de sedirigirem, cara a cara, a um médico, a um familiar ou a colegas quando têmdúvi<strong>da</strong>s sobre questões de saúde e, principalmente, questões relaciona<strong>da</strong>s com asexuali<strong>da</strong>de; preocupam-se com a confidenciali<strong>da</strong>de e a exposição <strong>da</strong> suaintimi<strong>da</strong>de (Suzuki e Calzo, 2004). Não é, portanto, de admirar que a <strong>Internet</strong> sejaum meio ca<strong>da</strong> vez mais utilizado para obtenção destas informações.A <strong>Internet</strong> e a Educação para a Sexuali<strong>da</strong>de 29

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