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“Lo más olvidado del olvido” de Isabel Allende

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masculino. Esta é uma história da personagem feminina e a narradora <strong>de</strong>ixa bementendido ao introduzir sua narração com o pronome pessoal feminino Ella.Contudo, dois problemas se apresentam para a análise quando sebusca compreen<strong>de</strong>r a força <strong>de</strong>ssa personagem. Primeiro, a presença <strong>de</strong> umanarradora situada no nível narrativo extradiegético – entendido nos termos <strong>de</strong>Gérard Genette, referido por Lopes e Reis no Dicionário <strong>de</strong> Teoria da Narrativa(REIS e LOPES: 1988) – que relata uma história a qual não seria conhecida amenos que fosse a própria vítima, ou se estivesse muito, muito próxima dasvítimas.Já que se trata <strong>de</strong> uma personagem que apresenta uma força tão<strong>de</strong>terminante para o andamento da narrativa, por que não encontramos aí umanarradora autodiegética? Por que ela não narrou a própria história, mas a tem emboca <strong>de</strong> outro que a reproduz? Uma história tão sofrida, como a <strong>de</strong>sses doispersonagens, é passível <strong>de</strong> ser contada em terceira pessoa? É possívelrepresentar o que se passou a partir <strong>de</strong>sse nível narrativo, cuja perspectivaafasta-se dos elementos diegéticos?Ora, para os autores do Dicionário <strong>de</strong> Teoria da Narrativa, “onarrador do nível extradiegético, relatando uma história (...) po<strong>de</strong> ter tomado parteou não” (i<strong>de</strong>m: p. 126). Nesse sentido, para a interpretação que busco, o resultadoimediato da escolha <strong>de</strong>sse nível narrativo – consi<strong>de</strong>rada a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> anarradora ser participante direta da história, portanto, elemento diegético – éaproximá-la do leitor, <strong>de</strong> modo que ambos vejam a representação sob o mesmoprisma.A alternância entre o discurso indireto e o discurso direto livre,momentos em que se ouvem mais claramente as vozes às quais a narradorarecorre, aproxima dois elementos do nível extradiegético – narradora e leitor. Nãose trata <strong>de</strong> um leitor <strong>de</strong>savisado, mas <strong>de</strong> um leitor inteirado daquela história, que aviveu. Por meio <strong>de</strong> uma referência direta a ele, quando diz “te acuerdas” (umapergunta), entre outros exemplos, a narradora estimula a memória esquecida por4

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