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“Lo más olvidado del olvido” de Isabel Allende

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vê-se ao contrário a que ponto a época mo<strong>de</strong>rna acentuou aconsciência da dificulda<strong>de</strong>, até tornar certos tipos <strong>de</strong> elocução comofisicamente impossíveis para os escritores mais lúcidos e maisrigorosos (GENETTE: 1976, p. 274-275).Mais, a condição <strong>de</strong> anonimato e clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong> vivida pelospersonagens permite pensar o recurso ao nível extradiegético da narrativa comoum recurso clan<strong>de</strong>stino da própria narrativa para legitimar a narração <strong>de</strong> umahistória que, embora diga respeito a qualquer sujeito latino-americano, não po<strong>de</strong>riaser narrada em primeira pessoa sem furtar-lhe a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entendê-la, paraalém da ficção, como uma obra que refaz – recria – os fatos que os dominadoresousam olvidar ou ocultar, a exemplo da vedação em torno dos arquivos daditadura no caso do Brasil.Por essa via interpretativa, a questão colocada por Garretas(1998), <strong>de</strong> que para contar a história é necessário colocar-se em jogo em primeirapessoa, se resolve na medida em que, na ficção ou mesmo num trabalhomemorialista, o resgate da história só é possível como uma validação ouperpetuação, uma vez que o próprio movimento <strong>de</strong> criar a história é recriá-la.Já a verificação <strong>de</strong> Sonia Montecino ajuda-nos a propor umasegunda possibilida<strong>de</strong>. A narradora po<strong>de</strong> ter apenas recriado uma história a qualrecebeu pela via oral:Las mujeres, en nuestro continente, <strong>más</strong> que nadie han sido objeto <strong>de</strong> laopacidad en la expresión escritural: en la mayoría popular analfabetas ya nivel <strong>de</strong> los discursos oficiales (<strong><strong>de</strong>l</strong> conocimiento científico, <strong>de</strong> laliteratura, etc.) generalmente excluidas. Así, el espacio <strong><strong>de</strong>l</strong> habla ha sidosu lugar privilegiado, un espacio gratuito y po<strong>de</strong>roso (MONTECINO:1988, p. 120).A memória, para Sergio Chejfec no texto “La memoria disuelta enla literatura”, é inapreensível em sua realida<strong>de</strong> primeira. De modo que a literatura,a mo<strong>de</strong>rna, diga-se, teve como impulso constante a tensão entre a consciênciaindividual e o mundo, uma vez que existe7

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