11.07.2015 Views

Apostila QBQ 230N - Instituto de Química - USP

Apostila QBQ 230N - Instituto de Química - USP

Apostila QBQ 230N - Instituto de Química - USP

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULOINSTITUTO DE QUÍMICABIOQUÍMICA <strong>QBQ</strong><strong>230N</strong>Biologia NoturnoProfessores :Alexan<strong>de</strong>r Henning Ulrich, Bloco 8 sup., sala 853.Mario Jose Politi, Bloco 12 sup., sala 1258.Monitores:Ariane Ferreira Nunes Alves email:anunesalves@usp.brArquime<strong>de</strong>s Cheffer email: arquiqbq@iq.usp.brErika <strong>de</strong> S. Molina email: molina.kk@gmail.comTalita Glaser email:talita.glaser@usp.br2013


ÍNDICEBIOQUÍMICA <strong>QBQ</strong><strong>230N</strong>.INTRODUÇÃO E NORMAS GERAIS..........................................................................................................................3NORMAS E RECOMEDAÇÕES NO LABORATÓRIO...............................................................................................3AVALIAÇÃO..................................................................................................................................................................4BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA..............................................................................................................................4CALENDÁRIO DE MÓDULOS E ATIVIDADES 2013...............................................................................................5MÓDULO 1: ÁGUA; REAÇÃO ÁCIDO-BASE, PH E SISTEMA TAMPÃO..............................................................6MÓDULO 2: AMINOÁCIDOS: ESTRUTURA, PROPRIEDADES QUIMICAS.........................................................7MICROPIPETADORES.................................................................................................................................................10MÓDULO 3: PROTEINAS: ESTRUTURA PRIMARIA..............................................................................................12Laboratório 1 FRACIONAMENTO DE PROTEÍNAS:................................................................................................13MÓDULO 4: INTRODUÇÃO À CINÉTICA E TERMODINÂMICA QUIMICA.................................................... 21Laboratório 2 COLORIMETRIA E ESPECTROMETRIA:..........................................................................................26MÓDULO 5: PROTEINAS: ESTRUTURA 3D E CONFORMAÇÃO.........................................................................30MÓDULO 6: CINÉTICA ENZIMÁTICA.....................................................................................................................33Laboratório 3: CINÉTICA DA INVERTASE ...............................................................................................................37Laboratório 4: REAÇÃO DE TRANSAMINAÇÃO.....................................................................................................41MÓDULO 7: AÇÚCARES; ESTRUTURA E FUNÇÃO..............................................................................................47MÓDULO 8: GLICÓLISE.............................................................................................................................................51MÓDULO 9: ACETIL-COA e CICLO DE KREBS......................................................................................................54MÓDULO 10: CADEIA RESPIRATÓRIA E FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA.........................................................55MÓDULO 11: GLICONEOGÊNESE............................................................................................................................57MÓDULO 12. ÁCIDOS GRAXOS: ESTRUTURA, FUNÇÃO E METABOLISMO..................................................58MÓDULO 13: LÍPIDEOS, MEMBRANA & TRANSPORTE......................................................................................60MÓDULO 14: CICLO DAS PENTOSES......................................................................................................................63MÓDULO 15. FOTOSSÍNTESE...................................................................................................................................64MÓDULO 16: METABOLISMO DO GLICOGÊNIO E CONTROLE HORMONAL DO METABOLISMO .........66MÓDULO 17: METABOLISMO DE AMINOÁCIDOS...............................................................................................71MÓDULO 18: CICLO DO NITROGÊNIO...................................................................................................................722


INTRODUÇÃO E NORMAS GERAISA disciplina <strong>de</strong> Bioquímica (<strong>QBQ</strong>230-noturno) compreen<strong>de</strong> o programa <strong>de</strong> 18 módulosapresentado no calendário abaixo. Cada módulo focaliza um tópico a ser <strong>de</strong>senvolvidoem um dia <strong>de</strong> aula, envolvendo 2 ativida<strong>de</strong>s:a) Aula expositiva pelo professor, eventualmente complementada por umdos monitores;b) Grupos <strong>de</strong> discussão centrada em questões objetivas, coor<strong>de</strong>nadospelos monitores.Além <strong>de</strong>stes módulos, <strong>de</strong>senvolvidos em sala <strong>de</strong> aula, haverá também um conjunto <strong>de</strong>5 módulos <strong>de</strong> laboratório, consistindo na execução <strong>de</strong> tarefas <strong>de</strong> bancada comprotocolos antecipadamente preparados.No primeiro dia <strong>de</strong> aula serão organizados conjuntos <strong>de</strong> no máximo 5 estudantes quepermanecerão fixos por todo o curso tanto para os grupos <strong>de</strong> discussão como para aspráticas <strong>de</strong> laboratório..NORMAS E INSTRUÇÕES PARA O LABORATÓRIOUSO DE AVENTAL NAS AULAS PRÁTICAS É OBRIGATÓRIO. COMER, BEBER EFUMAR NO RECINTO DO LABORATÓRIO NÃO É PERMITIDO.- Leia cuidadosamente os protocolos experimentais e atente para as instruçõesdos monitores antes <strong>de</strong> iniciar o experimento.- Familiarize-se com o ambiente do laboratório, particularmente, com osreagentes, vidraria e equipamentos disponíveis, procurando utiliza-los comproprieda<strong>de</strong> para evitar erros experimentais, <strong>de</strong>sperdícios <strong>de</strong> material eaci<strong>de</strong>ntes.- Mantenha sua bancada <strong>de</strong> trabalho organizada e livre <strong>de</strong> objetos e usopessoal. Ao terminar o experimento passe água na vidraria utilizada e acoloque no local indicado.- Qualquer dúvida ou aci<strong>de</strong>nte peça auxílio aos monitores, ao professor ou àtécnica do laboratório.- Registre seus resultados em ca<strong>de</strong>rno, pois serão indispensáveis nas PROVASLAB (veja no calendário).3


AVALIAÇÃOA avaliação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho será composta dos seguintes itens:a) Provas em grupo (PROVAS LAB e PG), envolvendo trabalho emgrupo para resolução <strong>de</strong> questões objetivas por um período <strong>de</strong> 4 h,com consultas a livros, apostilas e anotações <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>rno. Notem queos registros das observações qualitativas e resultados quantitativosdas práticas <strong>de</strong> laboratório serão necessários e obrigatórios nasPROVAS LAB.b) Provas escritas individuais <strong>de</strong> avaliação (Av1, Av2 e Av3).O cálculo da média final consistirá na soma das seguintes parcelas: [(média dasPROVAS LAB) X 2 ] + [(média dos GDs) X 0,5] + [ Av1 X 2] + [Av2 X 2,5] + [Av3 X 3,0]dividida por 10.Haverá uma única prova substitutiva para substituir uma das avaliações individuais.Reposições das PROVAS LAB E PG não serão possíveis. A presença em todas asativida<strong>de</strong>s é obrigatória e será registrada em lista diária <strong>de</strong> presença. É importante<strong>de</strong>stacar que faltas a laboratório incorrerão em redução <strong>de</strong> nota na PROVA LABcorrespon<strong>de</strong>nte. Alunos que alcançarem a média final 5,0 e mostrarem freqüência 70% estarão aprovados. Aqueles cuja média for no mínimo igual a 3,0 eapresentarem freqüência 70% po<strong>de</strong>rão fazer a prova <strong>de</strong> recuperação.BIBLIOGRAFIA RECOMENDADADois bons livros texto em português:TORRES, B. B. & MARZZOCCO, A. Bioquímica Básica;VOET, D. ; VOET, J. & PRATT, C. W. Fundamentos <strong>de</strong> Bioquímica;e mais 3 outros, também excelentes, em inglês:VOET, D. & VOET, J. Biochemistry;BERG, J. M., TYMOCZKO, J. L. & STRYER, L. Biochemistry;LEHNINGER, A. L. Principles of Biochemistry;estarão disponíveis para consulta na sala <strong>de</strong> aula durante as discussões em grupo.4


DEZ.NOVEMBROOUTUBROSETEMBROAGOSTOCALENDÁRIO DE MÓDULOS E ATIVIDADES 2013DATA PROF ATIVIDADE TÍTULO AVALIAÇÃOHENNINGÁgua; Reação ácido-base, pH e Sistema tampão. Equilíbrio1Tquímico2 HENNING T Aminoácidos: Estrutura, proprieda<strong>de</strong>s químicas provinhaPOLITIProteínas: análise <strong>de</strong> sequências e métodos <strong>de</strong> separação e8T+MManálise9 POLITI MM+ED Proteínas: Estrutura (software) Provinha15 HENNING P Prática: Fracionamento <strong>de</strong> proteínas Relatório16 HENNING T Introdução à Cinética e Termodinâmica Química22 POLITI P Prática: Colorimetria e espectrofotometria Relatório23 POLITI T Cinética enzimática Provinha29 HENNING T+MM cont. Cinética enzimática30 HENNING AVALIAÇÃO 1 AVALIAÇÂO5-6 Feriado SEMANA DA PÁTRIA12 HENNING T+MM Lipí<strong>de</strong>os, membranas e transporte13 HENNING T Açúcares: estrutura e função Provinha19 POLITI ED+MM Introdução ao metabolismo20 POLITI P Prática: Cinética da invertase Relatório26 HENNING ED+T Glicólise Provinha27 HENNING T Ciclo <strong>de</strong> Krebs Provinha3-4 Feriado Semana Temática da Biologia – não haverá aula10 HENNING T+MM Ca<strong>de</strong>ia respiratória e fosforilação oxidativa11 HENNING T+MM Ca<strong>de</strong>ia respiratória e fosforilação oxidativa Provinha18 HENNING AVALIAÇÃO 2 AVALIAÇÃOHENNINGOxidação <strong>de</strong> ácidos graxos, metabolismo do etanol e <strong>de</strong> corpos24Tcetônicos25 HENNING T Via das pentoses e síntese <strong>de</strong> ácidos graxos Provinha31 HENNING T Metabolismo do glicogênio e controle hormonal Provinha7 HENNING T Metabolismo <strong>de</strong> aminoácidos e ciclo da uréia8 POLITI P Prática: Reação <strong>de</strong> transaminação Relatório14 POLITI ED+T Integração do Metabolismo Provinha15 Feriado NÃO HAVERÁ AULA21 HENNING T Fotossíntese22 HENNING T Ciclo do Nitrogênio Provinha28 HENNING Plantão <strong>de</strong> Dúvidas29 HENNING AVALIAÇÃO 3 AVALIAÇÃO6 HENNING Plantão <strong>de</strong> Dúvidas7 POLITI AVALIAÇÃO SUBSTITUTIVA AVALIAÇÃO5


MÓDULO 1: ÁGUA; REAÇÃO ÁCIDO-BASE, pH E SISTEMA TAMPÃO1. A molécula <strong>de</strong> água, H 2 O, apresenta um ângulo <strong>de</strong> 104,5 graus entre as duasligações O–H, dando-lhe um caráter altamente polar. Além disso, o átomo <strong>de</strong> O possui2 pares <strong>de</strong> elétrons livres, permitindo a formação <strong>de</strong> ligações (ou pontes) <strong>de</strong> H entremoléculas vizinhas. Esta estrutura dá à água proprieda<strong>de</strong>s físicas e químicas <strong>de</strong>enorme importância biológica.2. A água se ioniza através <strong>de</strong> uma reação ácido-base:H 2 O + H 2 O H 3 O + + OH -A reação ácido-base se caracteriza pela troca <strong>de</strong> prótons entre pares conjugados <strong>de</strong>ácidos e bases. A água po<strong>de</strong> se comportar como ácido e como base:AH + H 2 O H 3 O + + A -B + H 2 O BH + OH -Estas são reações <strong>de</strong> equilíbrio, às quais correspon<strong>de</strong>m constantes <strong>de</strong> equilíbrio<strong>de</strong>finidas. Por exemplo: K = [H 3 O + ] [A - ][AH] [H 2 O]K me<strong>de</strong> a afinida<strong>de</strong> relativa das bases, <strong>de</strong> cada par ácido-base conjugados (AH/ A - eH 3 O + / H 2 O), por prótons. Fala-se comumente em constante <strong>de</strong> dissociação <strong>de</strong> umácido (K a ), significando:K a = K [H 2 O] = [H + ] [A - ], on<strong>de</strong> [H 2 O] é essencialmente constante (55 M).[AH]3. [H + ] é a concentração hidrogeniônica e os valores <strong>de</strong> [H + ] para a maioria dassoluções são muito baixos e difíceis <strong>de</strong> serem comparados. Um valor mais prático éconhecido como pH: pH = - log [H + ] como 1/[H + ] = 1/K x [A - ]/[AH] po<strong>de</strong>-se obterpH = - logK + log [A - ]/[AH] por analogia - log K = pK e pH = pK + log [A - ]/[AH]Conclui-se que pK é numericamente igual a pH da solução na qual as concentraçõesmolares do ácido e sua base conjugada são iguais (ie log [A - ]/[AH] = 0).A igualda<strong>de</strong> pH = pK + log [A - ]/[AH] é conhecida como Equação <strong>de</strong> Hen<strong>de</strong>rson-Hasselbach.4. Ácidos são classificados <strong>de</strong> acordo com sua força relativa, ou seja, <strong>de</strong> acordo comsua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transferir um próton para a água. Ácidos com constantes <strong>de</strong>dissociação menores do que aquela <strong>de</strong> H 3 O + (que, por <strong>de</strong>finição, é igual a 1 emsoluções aquosas (vê se consegue confirmar por que!)) são só parcialmente ionizadosem soluções aquosas e são conhecidos como ácidos fracos (K 1). Já os ácidosfortes têm constantes <strong>de</strong> dissociação maiores que a <strong>de</strong> H 3 O + , sendo quasecompletamente ionizados em soluções aquosas (K1).5. Tampões são sistemas aquosos que ten<strong>de</strong>m a resistir a variações no seu pHquando pequenas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ácido (H + ) ou base (OH - ) são adicionadas. Umsistema tampão consiste <strong>de</strong> um ácido fraco (o doador <strong>de</strong> prótons) e sua base6


conjugada (o aceptor <strong>de</strong> prótons). É comum encontrar os seguintes símbolos pararepresentar um ácido (AH ou BH + ) e sua base conjugada (A - ou B:)6. A adição <strong>de</strong> ácido forte (H + ) ou base forte (OH - ) a uma solução aquosa <strong>de</strong> umácido fraco, por exemplo, ácido acético (pK a = 4,76), causa pequenas variações <strong>de</strong> pH,se a solução estiver a um pH próximo do pK do ácido. Este comportamento <strong>de</strong>fine umtampão ácido-base.MÓDULO 2: AMINOÁCIDOS: ESTRUTURA, PROPRIEDADES QUIMICAS1. Aminoácidos, bases purínicas e pirimidínicas, nucleosí<strong>de</strong>os e nucleotí<strong>de</strong>os,hexoses (como glicose), são componentes monoméricos dos principais polímerosbiológicos, ou seja, proteínas, ácidos nucléicos (DNA e RNA) e polissacarí<strong>de</strong>os(glicogênio, amido e celulose). Aminoácidos, bases, nucleosí<strong>de</strong>os e nucleotí<strong>de</strong>os sãomuito solúveis em água e possuem grupos funcionais que participam em reaçõesácido-base. Glicose também é altamente solúvel em água, mas não participa emreações ácido-base.i. Há 20 aminoácidos que compõem proteínas (Tabela 1, p.10), todos mostrando afórmula geral:R+ H 3 N C COO - íon dipolar ou zwitterion encontrado em água pH 7H2. Aminoácidos po<strong>de</strong>m ser agrupados em classes com base nas proprieda<strong>de</strong>s dosseus grupos radicais (R), em particular sua polarida<strong>de</strong> ou tendência <strong>de</strong> interagir comágua em pH biológico ( 7,0).3. Todos os aminoácidos livres comportam como ácidos polipróticos. Quando umaminoácido cristalino é dissolvido em água, ele po<strong>de</strong> agir como um ácido ou comouma base. O grupo carboxílico mostra um pK em torno <strong>de</strong> 2,0, enquanto o grupoamino tem um pK entre 9,0 e 10,0. Portanto, no pH fisiológico (pH 7,0), a maioria dasmoléculas <strong>de</strong> todos os aminoácidos está na forma <strong>de</strong> íons dipolares (zwitterions).Chama-se pI <strong>de</strong> um aminoácido o pH da solução na qual suas moléculaspossuem carga líquida nula. Na ca<strong>de</strong>ia lateral (-R) os aminoácidos apresentamgrupos funcionais, entre os quais existem grupos ácido-base.4. Titulação <strong>de</strong> aminoácidos: A curva <strong>de</strong> titulação mostra como varia o pH em função<strong>de</strong> equivalentes do titulante (ácido ou base forte) adicionados. Para um aminoácido,<strong>de</strong>ve-se observar no mínimo dois patamares nessa curva correspon<strong>de</strong>ndo à titulaçãodos grupos carboxilato e -amino, respectivamente. No meio <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>ssespatamares há um ponto <strong>de</strong> inflexão, cujo valor <strong>de</strong> pH é numericamente igual ao pKa7


do grupo correspon<strong>de</strong>nte. Essa relação numérica entre pH e pKa é facilmentecompreensível da análise da equação <strong>de</strong> Hen<strong>de</strong>rson-Hasselbalch.5. O carbono dos aminoácidos, excetuando-se a glicina, é assimétrico, fazendocom que estas substâncias tenham ativida<strong>de</strong> óptica e, portanto, apresentem pares <strong>de</strong>isômeros ópticos.8


MICROPIPETADORES10


Fonte: http://www.analiticaweb.com.br/11


MÓDULO 3: PROTEINAS: ESTRUTURA PRIMARIA1. A <strong>de</strong>scrição da estrutura das proteínas é dividida em quatro níveis <strong>de</strong> organização:estrutura primária, secundária, terciária e quartenária.2. A estrutura primária se refere à seqüência <strong>de</strong> aminoácidos que compõem aproteína. Trata-se, portanto, da estrutura <strong>de</strong> ligações covalentes. A principal ligaçãocovalente entre aminoácios é a ligação peptídica. Os aminoácidos po<strong>de</strong>m formarpolímeros através da ligação do grupo carboxila <strong>de</strong> um aminoácido com o grupo amino<strong>de</strong> outro. Esta ligação carbono-nitrogênio chamada ligação peptídica, é obtida porexclusão <strong>de</strong> uma molécula <strong>de</strong> água. Quimicamente, a formação da ligação peptídicapo<strong>de</strong> ser representada pela seguinte equação:Esta reação, como está escrita, jamais ocorre nos seres vivos. A união dosaminoácidos por ligação peptídica não é feita por reação direta entre eles, mas através<strong>de</strong> um complexo aparato <strong>de</strong> síntese protéica, que inclui ribossomos, ácidosribonucléicos, várias proteínas e enzimas num processo chamado “tradução”. Aequação mostra apenas o resultado liquido do processo.3. As proprieda<strong>de</strong>s da ligação peptídica impõem restrições ao dobramento dopolímero formado. A ligação peptídica apesar <strong>de</strong> ser representada por um único traço<strong>de</strong> ligação, tem características intermediarias entre uma ligação simples e uma duplaligação, <strong>de</strong>vido às interações entre duas formas <strong>de</strong> ressonância.A conseqüência <strong>de</strong>sse caráter parcial <strong>de</strong> dupla ligação é que não há possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>rotação em torno da ligação peptídica. Assim sendo, os quatro átomos dosgrupamentos que participam da ligação peptídica ficam dispostos em um plano rígido,constituindo o que se costuma chamar <strong>de</strong> grupo peptídico ou unida<strong>de</strong> peptídica (vi<strong>de</strong>retângulos) Notar também que os dois carbonos alpha (C ) vizinhos <strong>de</strong> cada ligaçàopeptídica também se encontram o plano.12


Marzzocco & Torres, Bioquímica Básica.O polímero formado po<strong>de</strong>, portanto, ser visualizado como uma ca<strong>de</strong>ia constituída porunida<strong>de</strong>s planares (unida<strong>de</strong>s peptídicas), unidas entre si com uma articulação flexível:o carbono α. Esta ca<strong>de</strong>ia chama-se ca<strong>de</strong>ia polipeptídica. As proteínas po<strong>de</strong>m serformadas por uma ou mais ca<strong>de</strong>ias polipeptídicas.4. Todavia, existem pontos <strong>de</strong> dobramento entre as unida<strong>de</strong>s peptídicas rígidas,graças a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rotação em torno das ligações com o carbono alfa (N-Cα eCα-C), que são ligações efetivamente simples (vi<strong>de</strong> figura acima). Estas ligações sãochamadas phi () e psi () respectivamente.5. A ca<strong>de</strong>ia polipeptídica po<strong>de</strong> ser dividida entre a ca<strong>de</strong>ia principal e as ca<strong>de</strong>iaslaterais (grupos R) ligados aos carbonos alfa.LABORATÓRIO 1: FRACIONAMENTO DE PROTEÍNASI. FUNDAMENTOSMétodos <strong>de</strong> Purificação <strong>de</strong> ProteínasÉ possível purificar e isolar proteínas utilizando-se princípios físico-químicos, quelevam em conta as proprieda<strong>de</strong>s características <strong>de</strong>ssas biomoléculas. Uma <strong>de</strong>ssas13


características está baseada na solubilida<strong>de</strong> das diferentes ca<strong>de</strong>ias laterais dosaminoácidos, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da concentração <strong>de</strong> sais dissolvidos no solvente (forçaiônica da solução), da polarida<strong>de</strong> do solvente (constante dielétrica <strong>de</strong>sse solvente), dopH do meio (ponto isoelétrico da proteína) e da temperatura.Em uma solução aquosa <strong>de</strong> baixa força iônica, a solubilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma proteína, emgeral, aumenta com a concentração salina. Esse fenômeno é conhecido como“salting in”. Em soluções com alta força iônica, entretanto, a solubilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> umaproteína em geral <strong>de</strong>cresce, fenômeno que resulta da competição entre os íons salinosadicionados e o soluto (proteína), diminuindo a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> solvatação do solventeaquoso. Esse fenômeno é conhecido como “salting out”, constituindo uma dastécnicas mais utilizadas para a purificação <strong>de</strong> proteínas. Sulfato <strong>de</strong> Amônio[(NH4) 2 SO 4 ] é o sal mais utilizado para “salting out”, uma vez que sua solubilida<strong>de</strong> éalta (3,9 M a 0C), permitindo gerar soluções aquosas <strong>de</strong> alta força iônica.Proteínas em geral possuem uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> aminoácidos comgrupamentos ionizáveis com diferentes pKs. A um pH característico para cadaproteína, as cargas positivas da molécula são balanceadas pelas cargas negativas,conferindo à proteína carga total zero. Neste pH, <strong>de</strong>nominado ponto isoelétrico (pI),a molécula torna-se imóvel em presença <strong>de</strong> um campo elétrico. Como po<strong>de</strong> ser vistona Figura 1, a solubilida<strong>de</strong> da lactoglobulina po<strong>de</strong> variar com a concentração salina(NaCl). No entanto, em qualquer caso, ao se ajustar o pH para valores próximos ao pIda proteína, ocorre uma solubilização mínima e a maior fração <strong>de</strong> proteínas ficaráinsolúvel.Em muitas situações, po<strong>de</strong>-se utilizar os conceitos <strong>de</strong> “salting out” e <strong>de</strong>precipitação no pI para purificar uma proteína específica.Solubilida<strong>de</strong>mg/mLpHFigura 1 – Solubilida<strong>de</strong> da lactoglobulina em função do pH em diferentes concentrações <strong>de</strong>NaCl.14


Eletroforese e Separação <strong>de</strong> Proteínas Totais (SDS-PAGE)A separação <strong>de</strong> macromoléculas (proteínas, DNA e RNA) po<strong>de</strong> ser feitaaplicando-se um campo elétrico numa matriz sólida, como um gel ou papel, quecontem a mistura <strong>de</strong> interesse. Esse método, amplamente utilizado, <strong>de</strong>nomina-seeletroforese e baseia-se na migração das moléculas em relação a um campo elétrico,<strong>de</strong>vido à sua carga.Normalmente se utiliza um gel, <strong>de</strong>vido a supressão das correntes <strong>de</strong>convenção produzidas por pequenos gradientes <strong>de</strong> temperatura e também porque ogel funciona como uma peneira molecular, permitindo a separação dasmacromoléculas por peso molecular.O gel <strong>de</strong> eletroforese é constituído <strong>de</strong> um polímero <strong>de</strong> acrilamida cuja estruturaestá <strong>de</strong>monstrada na Figura 2. Esta polimerização ocorre na presença <strong>de</strong> radicaislivres, os quais são gerados por persulfato <strong>de</strong> amônio e estabilizados por TEMED(N,N,N’,N’-tetrametilenenodiamino). A polimerização também <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da presença <strong>de</strong>um agente, o N’N’metileno-bis-acrilamida, que facilita a ligação das ca<strong>de</strong>iras entre si,formando um gel cuja porosida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>terminada pelo comprimento das ca<strong>de</strong>ias e pelograu <strong>de</strong> interligação entre estas.Figura 2 – Esquerda: ação <strong>de</strong> peneiramento <strong>de</strong> um gel poroso <strong>de</strong> acrilamida. Direita: formação<strong>de</strong> um gel <strong>de</strong> poliacrilamida. O tamanho do poro po<strong>de</strong> ser controlado pelo ajuste daconcentração do monômero ativado (acrilamida, em azul) e do interligante (bis-acrilamida, emvermelho).A separação <strong>de</strong> proteínas ocorre em condições <strong>de</strong>snaturantes. A mistura <strong>de</strong>proteínas e dissolvida em tampão <strong>de</strong> amostra. Este tampão <strong>de</strong> amostra contém SDS(do<strong>de</strong>cil sulfato <strong>de</strong> sódio), que é um <strong>de</strong>tergente aniônico que acaba rompendo as15


ligações não covalentes existentes na proteína nativa resultando na sua <strong>de</strong>snaturação.Neste tampão também temos -mercaptoetanol que reduz as pontes <strong>de</strong> dissulfetoexistentes na proteína.II. OBJETIVOS1) Precipitar as proteínas totais <strong>de</strong> uma solução <strong>de</strong> leite em pó, utilizando osconceitos <strong>de</strong> precipitação no pI.2) Utilizar eletroforese em gel <strong>de</strong> poliacrilamida/SDS (SDS-PAGE) para separar asproteínas <strong>de</strong> diferentes amostras e estimar sua concentração.III. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL1) Precipitação no pI- Preparar uma série <strong>de</strong> tubos <strong>de</strong> ensaio <strong>de</strong> acordo com a tabela 1Tabela 1 – Preparação dos tubos em diferentes pH’s.Tubo 1 2 3 4 5Ácido Acético 0,1 mM1,0 mLÁcido Acético 1,0 mM1,0 mLÁcido Acético 50 mM1,0 mLÁcido Acético 1,0 M1,0 mLÁcido Acético 2,0 M1,0 mLpH 6,7 5,7 4,7 3,7 2,7Turvação (sim / não)- Adicionar, a cada um dos tubos, uma alíquota (5,0 mL) <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> leite em pó<strong>de</strong>snatado (5%, previamente centrifugado).- Agitar os tubos e aguardar 5 minutos- Separar alíquotas <strong>de</strong> 1,0 mL, distribuir em tubos plásticos pequenos e centrifugar(5000 rpm, 5 minutos, temperatura ambiente). Descartar a fase sobrenadante eressuspen<strong>de</strong>r o precipitado em NaOH 0,1M (1,0 mL) (Observação: utilizar o mesmoprocedimento mesmo para os tubos que aparentemente não apresentam precipitado)- Após a dissolução total do precipitado, separar uma alíquota da solução obtida (10,0L) para SDS-PAGE.2) Eletroforese em gel <strong>de</strong> poliacrilamida/SDS (SDS-PAGE)Para este experimento, serão utilizadas como amostras: alíquotas <strong>de</strong> proteínas purificadas anteriormente, a partir <strong>de</strong> uma solução <strong>de</strong>leite em pó (5%) (amostras 1 a 5) a solução contendo o extrato bruto <strong>de</strong> proteínas totais <strong>de</strong> leite em pó (5,0 L)para comparação (amostra 6) Soro bovino diluído a 10% (10,0 L) para comparação (amostra 7)16


Albumina bovina a 4,0 mg/mL (5,0 L) (padrão <strong>de</strong> peso molecular: 66,0 KDa)Montar o aparato para eletroforese conforme figura 3 (o gel <strong>de</strong> eletroforese serápreparado previamente <strong>de</strong> acordo com o apêndice 1), adicionar na cuba o tampão <strong>de</strong>corrida até cobrir os poços do gel para eletroforese.Adicionar tampão <strong>de</strong> amostra (10 L) a cada uma das amostras, e aquecer (2minutos, 100C) para <strong>de</strong>snaturar as proteínas. Resfriar (gelo) e aplicar 15 L nospoços do gel para eletroforese seguindo a or<strong>de</strong>m da tabela 2.TABELA 2 – ADIÇÃO DAS AMOSTRAS AO SDS-PAGEpoço n° 1 2 3 4 5 6 7 8Amostra padrão amostra 1 amostra 2 amostra 3 amostra 4 amostra 5 amostra 6 amostra 7Aplicar a tensão nos eletrodos do aparato <strong>de</strong> eletroforese (150 V) e aguardar (30minutos) até que o corante marcador (Azul <strong>de</strong> Bromofenol) se aproxime da base do gelInterromper a eletroforese e mergulhar o gel em uma solução <strong>de</strong> coloração:Coomassie Blue R (0,25g) em metanol : ácido acético : água (45% : 10% : 45%).Aguardar (5-10 minutos)Substituir a solução <strong>de</strong> coloração pela solução <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoloração: metanol : ácidoacético : água (45% : 10%: 45%) (15 minutos)Verificar as proteínas coradas, e estimar por comparação, a purificação da amostra.V. APÊNDICEPreparação do gel <strong>de</strong> acrilamida / SDSInicialmente montam-se as placas <strong>de</strong> vidro com os espaçadores posicionados. Vedaro espaço entre as placas com agarose (1% aquecida em ebulição). Aguardarresfriamento.PRECAUÇÕES: Acrilamida é neurotóxica quando não polimerizada. Utilize sempreluvas <strong>de</strong>scartáveis para manipular soluções contendo acrilamida. Evite inalar TEMED(mesmo diluído, po<strong>de</strong> ser tóxico) e butanol.Preparar a solução para o gel <strong>de</strong> resolução (<strong>de</strong> “corrida”): água <strong>de</strong>stilada (3,7 mL) solução A (1,8 mL) solução B (1,9 mL) APS (Persulfato <strong>de</strong> Amônio) (0,12 mL) (solução a 10%) TEMED (0,45 mL) (diluído 40 vezes)OBS: Adicionar o TEMED por último, pois ele o agente polimerizante <strong>de</strong>ste gel.Utilizar a solução imediatamente após o preparo (aplicando-a no espaço entre asplacas <strong>de</strong> vidro com uma pipeta. Serão necessários aproximadamente 4,0 mL <strong>de</strong>17


solução. Aguardar a polimerização do gel (5 minutos). Será necessário <strong>de</strong>ixaraproximadamente 1,0 cm <strong>de</strong> espaço para aplicar o gel <strong>de</strong> empilhamentoOBS: A solução começa a polimerizar muito rapidamente, é necessário atenção erapi<strong>de</strong>z para aplicar a solução no aparato <strong>de</strong> eletroforese.Preparar a solução para o gel <strong>de</strong> empilhamento: Água <strong>de</strong>stilada (1,66 mL) Solução A (0,3 mL) Solução C (0,75 mL) APS (Persulfato <strong>de</strong> Amônio) (0,05 mL) (solução a 10%) TEMED (0,24 mL) (diluído 40 vezes)OBS: Adicionar o TEMED por último, pois ele o agente polimerizante <strong>de</strong>ste gel.Utilizar a solução imediatamente após o preparo, aplicando-a sobre o gel <strong>de</strong>resolução (<strong>de</strong>ve preencher um espaço <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 1 cm <strong>de</strong> altura). Colocar um penteplástico para formar os poços on<strong>de</strong> as amostras serão aplicadas (<strong>de</strong> acordo com a<strong>de</strong>monstração). Serão necessários aproximadamente 1,60 mL <strong>de</strong> solução. Aguardar apolimerização do gel (15 minutos)OBS: A solução começa a polimerizar muito rapidamente, é necessário atenção erapi<strong>de</strong>z para aplicar a solução no aparato <strong>de</strong> eletroforese.Soluções utilizadasSolução A: Acrilamida e bis-acrilamida45 g acrilamida1,2 g bis-acrilamidaágua <strong>de</strong>stilada (até 100 mL)Solução B: Tris-HCl pH 8,818,17 g Tris (em 50 mL <strong>de</strong> água <strong>de</strong>stilada)Ajustar o pH para 8,8 (com HCl)Adicionar SDS (4,0 mL, solução a 10%)Completar o volume com água <strong>de</strong>stilada (até 100 mL)Solução C: Tris-HCl pH 6,86,06 g Tris (em 50 mL <strong>de</strong> água <strong>de</strong>stilada)Ajustar o pH para 6,8 (com HCl)Completar o volume com água <strong>de</strong>stilada (até 100 mL)Tampão <strong>de</strong> corrida:3,0 g <strong>de</strong> Tris, 14,4 g <strong>de</strong> Glicina e 10, 0mL <strong>de</strong> SDS (10%)Ajustar o volume <strong>de</strong> água <strong>de</strong>stilada para 1000 mL18


Tampão <strong>de</strong> amostra:SDS 10% (5,0 mL), 2-mercaptoetanol (0,5 mL), Glicerol (2,0 mL), EDTA 0,1M(0,1 mL), Azul <strong>de</strong> Bromofenol 1% (1,0 mL), Solução C (2,5 mL) e água<strong>de</strong>stilada (até 20,0 mL).19


Figura 3 – Esquema do aparato para eletroforese.20


MÓDULO 4: INTRODUÇÃO À CINÉTICA E TERMODINÂMICA QUIMICA1. A variação <strong>de</strong> energia livre padrão é diretamente relacionada à constante <strong>de</strong>equilíbrio:G o = -2.3RT log K eq2. A composição <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> reação (uma mistura <strong>de</strong> reagentes e produtos)ten<strong>de</strong> a uma variação contínua até que o equilíbrio é alcançado. No equilíbrio, as taxas<strong>de</strong> reação para um lado e para outro são exatamente iguais. As concentrações <strong>de</strong>reagentes e produtos no equilíbrio <strong>de</strong>finem a constante <strong>de</strong> equilíbrio. Na reação:A + BC + D, a constante <strong>de</strong> equilíbrio é dada por:K eq = [C][D] / [A][B]3. Quando um sistema não está em equilíbrio, ele ten<strong>de</strong> ao equilíbrio, e a magnitu<strong>de</strong><strong>de</strong>sta tendência po<strong>de</strong> ser medida como a variação <strong>de</strong> energia livre da reação, G. Aenergia livre <strong>de</strong> Gibbs (G), uma proprieda<strong>de</strong> termodinâmica, é <strong>de</strong>finida pela equação:G = H – TS, on<strong>de</strong> H, T e S são respectivamente entalpia, temperatura absoluta eentropia, todas também proprieda<strong>de</strong>s termodinâmicas.4. Numa transição <strong>de</strong> estado a temperatura (T) e pressão constantes (condiçõescomuns às reações bioquímicas) a variação <strong>de</strong> G (G) é: G = H - TS.Se se trata <strong>de</strong> uma reação bioquímica, H é o calor <strong>de</strong> reação. Quando H é positivoa reação é endotérmica, se H for negativo a reação é exotérmica. Nestas condições,a espontaneida<strong>de</strong> da reação é <strong>de</strong>finida pelo valor <strong>de</strong> G: se G é negativo, a reação éespontânea, sendo <strong>de</strong>nominada exergônica. Se, ao contrário, G for positivo, a reaçãonão ocorre espontaneamente e é <strong>de</strong>nominada en<strong>de</strong>rgônica. Portanto, a reação ocorreno sentido em que a energia livre total diminui.4. No equilíbrio, G = 0. Logo, é possível <strong>de</strong>monstrar a valida<strong>de</strong> das seguintesigualda<strong>de</strong>s:G = G + 2,3 RT logB/A B/A = K G = - 2,3 RT logK5. Em condições padrão, à 25C (298K), com concentrações <strong>de</strong> reagentes e produtosiguais a 1M, pH = 0, a variação <strong>de</strong> energia livre é consi<strong>de</strong>rada padrão, ou G.Entretanto, a maioria das reações bioquímicas ocorrem em pH 7,0, para as quaisutiliza-se G´.6. A Figura 4 (p.35) mostra esquematicamente como varia G com o <strong>de</strong>senvolvimentoda reação, indicado no eixo das abcissas como coor<strong>de</strong>nada <strong>de</strong> reação.Para que a reação ocorra, necessariamente tem-se G final G inicial , isto é, G é negativo.Um ponto importante a ser <strong>de</strong>stacado é que o valor <strong>de</strong> G permite prever se a reaçãopo<strong>de</strong> ocorrer, mas não a velocida<strong>de</strong> com que a reação atinge o equilíbrio. Avelocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da energia livre do Estado <strong>de</strong> Transição que é maior21


que do que o dos reagentes no Estado Inicial, isto é, G* é positivo. Quanto maior ovalor <strong>de</strong> G*, menor será a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reação.7. Na reação genérica A B a velocida<strong>de</strong> (v) é proporcional a [A], isto é, v 1 =k 1 [A]. Avelocida<strong>de</strong> da reação inversa será, consequentemente, v -1 =k -1 [B]. k 1 e k -1 sãoconstantes <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> e reações como AB e BA são ditas <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m,porque as suas respectivas velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> concentração molar <strong>de</strong> umúnico reagente elevado à potência 1. As constantes <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> k 1 e k -1 sãodiferentes da constante <strong>de</strong> equilíbrio da reação, K=[B]/[A]. No estado <strong>de</strong> equilíbrio, por<strong>de</strong>finição, v 1 =v -1 e, portanto, formalmente, K=k 1 /k -1 . As reações representadas pelasequações seguintes: 2AB e A+BC são <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>m, cujas velocida<strong>de</strong>s são,respectivamente, v=k A [A] 2 e v=k AB [A][B]. Notar que a or<strong>de</strong>m da reação não coinci<strong>de</strong>necessariamente com a estequiometria da equação química.8.EnergiaLivre(G)Estado <strong>de</strong> Transição(T)G*Estado Inicial (S)G°'Estado Final (P)Coor<strong>de</strong>nada <strong>de</strong> ReaçãoVariação <strong>de</strong> energia livre (G) no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> uma reação genérica.9. As quinases formam uma classe muito importante e abundante <strong>de</strong> enzimas, que secaracterizam por catalisar a transferência <strong>de</strong> um grupo fosfato <strong>de</strong> alta energia parauma outra substância receptora.10. São chamados compostos <strong>de</strong> alta energia substâncias orgânicas com o grupofosfato em ligações anidrido ou fosfoenol, cuja hidrólise libera fostato inorgânico (Pi)com um G 0’ negativo e em valor absoluto superior a 8kcal/mol. Outros compostosfosforilados com o fosfato em ligações ester ou tioester também mostram um G 0’ <strong>de</strong>hidrólise negativo, mas <strong>de</strong> valor absoluto da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 3kcal/mol. Estas classes <strong>de</strong>compostos estão ilustradas na Tabela 2. O principal composto fosforilado da célula é oATP; cuja fórmula estrutural está na Figura 5. O ATP possui fosfato em ligaçõesanidrido e ester, aos quais correspon<strong>de</strong>m G 0’ <strong>de</strong> hidrólise <strong>de</strong>, respectivamente, -22


8kcal/mol e -3,5kcal/mol. Todas estas reações são, portanto, muito voltadas para osprodutos <strong>de</strong> hidrólise, sendo praticamente irreversíveis. No entanto, nenhuma <strong>de</strong>stasreações ocorre na célula a velocida<strong>de</strong> significante se não houver catálise por umaenzima específica, da classe das fosfatases.11. No metabolismo é muito importante a transferência <strong>de</strong> fosfatos <strong>de</strong> um compostofosforilado <strong>de</strong> alta energia para outro. Uma das reações chave <strong>de</strong>ste tipo é:fosfoenolpiruvato + ADP ATP + piruvatoG 0’ =-5kcal/molComo esta reação não ocorre sem catálise, seu controle pela célula é feito através<strong>de</strong> uma enzima quinase específica.NH 2HCNCCNA d e n i n aO -O -O -NCNCH- O - P - O - P - O - P - O - C H 2OOOOHHHHR i b o s eHOOHA MPADPA T PATP = A<strong>de</strong>nosina 5’-trifosfatoNa célula:[ATP] + [ADP] + [AMP] = ConstanteFIGURA 2Fórmula estrutural do ATP.23


12. Além das quinases que catalisam a transferência <strong>de</strong> grupo fosfato do ATP parametabólitos, existem as quinases que tem como substratos proteínas, genericamentereferidas como quinases <strong>de</strong> proteína ou, simplesmente, proteína-quinases.Há alguns milhares <strong>de</strong> proteína-quinases diferentes em um organismo, que catalisama transferência <strong>de</strong> fosfato <strong>de</strong> ATP para o grupo OH da ca<strong>de</strong>ia lateral <strong>de</strong> resíduosespecíficos <strong>de</strong> serina e treonina formando um éster <strong>de</strong> fosfato. As reações <strong>de</strong>ste tiposão genericamente chamadas <strong>de</strong> fosforilações e são modificações covalentes quecausam mudança <strong>de</strong> conformação das proteínas, alterando sua ativida<strong>de</strong> biológica.Por exemplo, um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> enzimas são fosforiladas para sofrer umatransição do estado inativo ao ativo ou vice-versa. Mais raramente as proteínas sãofosforiladas no grupo enólico <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> tirosina.24


Compostos fosforilados.RRC OCH 2P+ H 2OC O + P i G o ' = - 13.000 cal/molCH 3FosfoenolcetonaácidoRRC O P+ H 2OC O H + P iG o ' = - 8.000 cal/molOAnidrido fosfóricoOácidoácidoR O P + H 2 O R OH+ P iÉster fosfóricoálcool ácidoG o ' = - 3.000 cal/molR C S CoA+ H 2O R C OH +HS-CoAG o ' = - 3.000 cal/molOTioésterOácidotioálcoolATPA<strong>de</strong>nosina trifosfatoADPA<strong>de</strong>nosina difosfatoAMPA<strong>de</strong>nosina monofosfato+ H 2O ADP + P iácidoácido+ H 2O AMP + P iácido ácido+ H 2O A OH + P iálcool ácido(A<strong>de</strong>nosina)G o ' = - 8.000 cal/molG o ' = - 8.000 cal/molGo ' = - 3.500 cal/molP i = fosfato inorgânico = HPO 42-= PO 32-P(pH=7,4)Na célula:[ATP] + [ADP] + [AMP] = constante25


LABORATÓRIO 2: COLORIMETRIA E ESPECTROFOTOMETRIAI. FUNDAMENTOSA Colorimetria e a Espectrofotometria po<strong>de</strong>m ser conceituadas como um procedimentoanalítico através do qual se <strong>de</strong>termina a concentração <strong>de</strong> espécies químicas mediantea absorção <strong>de</strong> energia radiante (luz).Fotometria é uma técnica <strong>de</strong> análise quantitativa que envolve a medida <strong>de</strong>intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> luz monocromática <strong>de</strong> um composto químico em solução.Serve para i<strong>de</strong>ntificar o comprimento <strong>de</strong> onda característico para cada composto epara quantificação do composto através <strong>de</strong> 1) absorção direta e 2) através <strong>de</strong> métodocolorimétrico. Essa intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>:1) do comprimento <strong>de</strong> onda escolhido (normalmente usa o máx - on<strong>de</strong> ocomposto absorve mais luz),2) do percurso que o feixe <strong>de</strong> luz percorrerá na solução e3) da concentração do composto nessa solução.A lei <strong>de</strong> Lambert-Beer estabelece que a absorbância é diretamente proporcional áconcentração da espécie absorvente. A fração <strong>de</strong> luz que passa por uma amostra (atransmitância = I t /I 0 ) está relacionada logaritmicamente, e não linearmente, com aconcentração da amostra (figura 1).A lei <strong>de</strong> Lambert-Beer relaciona esses três fatores e estabelece que:A = .l.cOn<strong>de</strong>:A = absorbância é <strong>de</strong>finida pela reação seguinte: A = - log I t /I 0 , que por seruma razão, não possui unida<strong>de</strong> (I o é intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz inci<strong>de</strong>nte; I t éintensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz transmitida); = absortivida<strong>de</strong> molar (característico <strong>de</strong> cada substância), em L.(mol.cm) -1 ;l = caminho óptico (percurso da luz monocromática na solução), em cm;c = concentração da substância em mol/L.lI 0I t26


Figura 1 – I o é intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz inci<strong>de</strong>nte; I t é intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz transmitida apóspercorrer o caminho óptico (l) pela solução da amostra.Desta forma, mantendo-se o caminho óptico constante, a absorbância torna-sediretamente proporcional à concentração da substância no respectivo máx .Nestas condições, po<strong>de</strong>mos utilizar uma solução <strong>de</strong> concentração conhecida docomposto a ser analisado (ou outra substância <strong>de</strong> características químicassemelhantes) para construir um diagrama <strong>de</strong> absorbância em função da concentraçãoda substância em questão. Com este diagrama, <strong>de</strong>nominada curva padrão, po<strong>de</strong>mosmedir a quantida<strong>de</strong> do composto em amostras <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong>sconhecida, pelasimples medida <strong>de</strong> suas absorbâncias <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que, estas estejam nas mesmascondições utilizadas para a construção da curva padrão (mesmos reagentes, mesmatemperatura, etc).Um exemplo <strong>de</strong> uma curva padrão:Absorbância***Concentração (mol/L)**Um dos métodos utilizados para dosagem <strong>de</strong> proteína é chamado <strong>de</strong> métododo Biureto. Esse método faz uso da proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> íons Cu 2+ em meio alcalino <strong>de</strong>formar ligações com o nitrogênio das ligações peptídicas. Desta reação (reação <strong>de</strong>biureto) resulta uma coloração púrpura intensa. Este fato po<strong>de</strong> ser explorado para se<strong>de</strong>terminar por colorimetria a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> uma solução. A cor<strong>de</strong>senvolvida numa reação <strong>de</strong> íons <strong>de</strong> Cu 2+ em meio alcalino com estas proteínas<strong>de</strong>ve-se exclusivamente às ligações peptídicas e a sua intensida<strong>de</strong> é proporcional aquantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tais ligações. A absorbância é <strong>de</strong>tectada no espectrofotômetro (figura2).Um outro método para <strong>de</strong>terminar a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteína é baseado no fatoque certos aminoácidos possuem anéis aromáticos o que os leva a absorver emcomprimentos <strong>de</strong> onda específicos na região <strong>de</strong> UV. Bases purínicas e pirimidínicastambém possuem estas proprieda<strong>de</strong>s.27


II. OBJETIVOSFigura 2 – Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> um espectrofotômetro.1) Determinação da concentração <strong>de</strong> uma proteína em solução aquosa porfotometria.2) Determinação do espectro <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> luz <strong>de</strong> aminoácidos e bases purínicas epirimidínicas.III. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL1) Determinação da concentração <strong>de</strong> uma proteína em solução aquosa porfotometria1a) Determinação do máx do produto da reação <strong>de</strong> biuretoAdicionar no tubo 1:- 1,0 mL <strong>de</strong> padrão <strong>de</strong> albumina (8 mg/mL),- 0,5 mL <strong>de</strong> água,- 2,5 mL <strong>de</strong> reagente <strong>de</strong> biureto.Adicionar no tubo 2:- 1,5 mL <strong>de</strong> água,- 2,5 mL <strong>de</strong> reagente <strong>de</strong> biureto.Após adição dos reagentes, agitar e incubar os tubos por 15 min a 37 o C.Transferir conteúdo dos tubos para cubetas do espectrofotômetro e ler asabsorbâncias nos comprimentos <strong>de</strong> onda 400, 420, 450, 470, 500, 520, 550, 580, 600,630, 650, 680 e 700 nm. Usar a solução <strong>de</strong> biureto como branco (tubo 2).Com isso, você estará construindo a curva <strong>de</strong> absorbância em função docomprimento <strong>de</strong> onda. Estabelecer qual é o máx do produto da reação <strong>de</strong> biureto.1b) Determinação da concentração <strong>de</strong> proteínaPreparar os tubos como <strong>de</strong>scrito na tabela 1 utilizando uma solução <strong>de</strong> 8 mg/mL <strong>de</strong>albumina (proteína padrão) e a solução <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong>sconhecida. No tubo branco não28


<strong>de</strong>verá ser adicionada solução <strong>de</strong> proteína. A or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> adição dos componentes dareação <strong>de</strong>ve ser:- primeiro solução <strong>de</strong> proteína,- água,- por último o regente biureto.Após adição do reagente, agitar e incubar os tubos por 15 min a 37 o C.Transferir o conteúdo dos tubos para cubetas do espectrofotômetro e ler asabsorbâncias a 540nm.Utilizando a curva padrão (tubos <strong>de</strong> 1 a 5) e o valor medido <strong>de</strong> absorção a 540nm daamostra <strong>de</strong>sconhecida, calcular a concentração <strong>de</strong> proteína nesta amostra.Tabela 1 – Dados para a construção da curva padrão para <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong>proteínas.Padrão <strong>de</strong>proteína água reagente concentraçãotubos albumina<strong>de</strong>sconhecida <strong>de</strong>stilada biureto(mg/mL)(8mg/mL)absorbância(540 nm)branco - - 1,5 mL 2,5 mL1 0,1mL - 1,4 mL 2,5 mL2 0,2mL - 1,3 mL 2,5 mL3 0,4mL - 1,1 mL 2,5 mL4 0,7mL - 0,8 mL 2,5 mL5 1,0mL - 0,5 mL 2,5 mLamostra<strong>de</strong>sconhecida- 1,0 mL 0,5 mL 2,5 mL2) Determinação do espectro <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> luz <strong>de</strong> aminoácidos e bases purínicas epirimidínicas2a) Determinação do máxPipetar 1 mL <strong>de</strong> cada solução em uma cubeta <strong>de</strong> quartzo <strong>de</strong> espectrofotômetro:- Leucina (0,2 mg/mL)- Triptofano (0,004 mg/mL)- Tirosina (0,1 mg/mL)- A<strong>de</strong>nina (0,004 mg/mL)- Timina (0,01 mg/mL)Determinar nas diferentes soluções fornecidas:a) máx ,b) absorbância obtida em máx ,c) calcular <strong>de</strong> cada substância.2b) Determinação da curva <strong>de</strong> absorbância x concentraçãoPara construção da curva <strong>de</strong> absorbância em diferentes concentrações <strong>de</strong> triptofano,pipetar os seguintes volumes e medir a absorbância em máx . (tabela 2).Tabela 2 – Absorbância em máx . em diferentes concentrações <strong>de</strong> triptofano.29


tubosTriptofano(0,01 mg/mL)água <strong>de</strong>stiladabranco - 2,0 mL1 0,1 mL 1,9 mL2 0,2 mL 1,8 mL3 0,4 mL 1,6 mL4 0,7 mL 1,3 mLconcentração(mg/mL)absorbânciaobtidaFazer curva <strong>de</strong> absorbância x concentração e verificar se a mesma obe<strong>de</strong>ce a lei <strong>de</strong>Lambert-Beer.MÓDULO 5: PROTEINAS: ESTRUTURA 3D E CONFORMAÇÃO1. A estrutura secundária é <strong>de</strong>finida pela conformação local do esqueleto <strong>de</strong> ligaçõespeptídicas que compõe o eixo da proteína. Esta conformação local po<strong>de</strong> serexplicitamente expressa através dos ângulos phi () e psi () (vi<strong>de</strong> Módulo 3). Emgeral, certas combinações <strong>de</strong> ângulos phi () e psi () são permitidas enquanto outrasnão são permitidas <strong>de</strong>vido a impedimentos estéricos entre âtomos <strong>de</strong> grupos vizinhos.Este princípio po<strong>de</strong> ser resumido numa diagrama <strong>de</strong> Ramachandran (Figura 1).Diagramas <strong>de</strong> Ramachandran. Esquerda: Estruturas secundáriascorrepon<strong>de</strong>ntes às combinações estericamente permitidas para angulos phi epsi. Direta: ângulos observados para todas as ligações em 12 proteínas comestruturas <strong>de</strong> alta resolução <strong>de</strong>terminadas por cristalografia.2. Há duas estruturas secundárias principais: -hélice (Figura 2) e folha pregueada(Figura 3), que são estruturas organizacionais regulares e repetitivas. Estas duasestruturas po<strong>de</strong>m ser caracterizadas por combinações <strong>de</strong> ângulos phi e psi (Figura 1)30


adotadas pela ca<strong>de</strong>ia principal. Além <strong>de</strong> -hélice e folha , as proteínas globularesmostram também alças <strong>de</strong> formas <strong>de</strong>finidas, mas irregulares e não repetitivas.-hélice.Folha pregueada.3. A estrutura terciária <strong>de</strong>screve o arranjo tridimensional da ca<strong>de</strong>ia principal daproteína, incluindo a disposição espacial das ca<strong>de</strong>ias laterais dos aminoácidos. Hámuitas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arranjos tridimensionais para a estrutura terciária dasproteínas.a. As proprieda<strong>de</strong>s bioquímicas e biológicas <strong>de</strong> uma proteína são <strong>de</strong>terminadaspelo arranjo tridimensional <strong>de</strong> sua ca<strong>de</strong>ia, isto é, pela sua estrutura terciária. Logo, nascondições fisiológicas a proteína adquire uma estrutura terciária bem <strong>de</strong>finida enecessária à sua função, que é conhecida como estrutura nativa. O <strong>de</strong>sarranjo daestrutura terciária leva à perda <strong>de</strong> função da proteína, processo que é genericamentechamado <strong>de</strong> <strong>de</strong>snaturação.b. Em proteínas pequenas da estrutura primária <strong>de</strong>fine a estrutura terciária nativada proteína. Nestes casos os processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>snaturação e renaturação da estruturada proteína são reversíveis. A estrutura nativa é a conformação da proteína <strong>de</strong> menornível <strong>de</strong> energia livre (G) e é alcançada espontaneamente (processo exergônico). Oexemplo clássico <strong>de</strong>sse comportamento é dado pela proteína Rnase A, uma enzimaque no seu estado nativo catalisa a hidrólise <strong>de</strong> RNA. Para proteínas gran<strong>de</strong>s oprocesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>snaturação é irreversível e o fenômeno <strong>de</strong> alcance da conformaçãonativa é complexo e ainda mal entendido.c. A estrutura tridimensional das proteínas é mantida por ligações fracas comopontes <strong>de</strong> H, ligações iônicas e interações hidrofóbicas. A exceção é a ponte <strong>de</strong>dissulfeto (-S-S-) que, apesar <strong>de</strong> covalente, é importante na manutenção daconformação nativa <strong>de</strong> proteínas.31


d. Proteínas possuem muitos grupos ionizáveis através <strong>de</strong> reação ácido-base,cujos pKs variam enormemente. O pI <strong>de</strong> uma proteína é <strong>de</strong>finido como pH da soluçãona qual a carga líquida da molécula <strong>de</strong> proteína é nula.4. Existem muitas maneiras diferentes para apresentar estruturas tridimensionais <strong>de</strong>proteínas.Estrutura <strong>de</strong> mioglobina <strong>de</strong> baleia, uma proteína globular típicaTopografia<strong>de</strong> superfícieFita (azul = H)mo<strong>de</strong>lo “space-filling”32


MÓDULO 6: CINÉTICA ENZIMÁTICA1. Enzimas são catalisadores biológicos cuja natureza química é proteica. A naturezaproteica das enzimas lhes proporciona alto grau <strong>de</strong> especificida<strong>de</strong>.2. A gran<strong>de</strong> maioria das reações biológicas não ocorre, ou ocorrem a velocida<strong>de</strong>sbaixíssimas nas condições fisiológicas <strong>de</strong> pH e temperatura. Logo, as reaçõesbiológicas, em geral, necessitam <strong>de</strong> catálise para ocorrer, isto é, necessitam <strong>de</strong>enzimas. Para cada reação há uma enzima específica.3. Na reação genérica A B a direção espontânea da reação é dada pela variação<strong>de</strong> energia livre, .G 0 , conforme esquematizado no gráfico da Figura 5.G 0 é uma constante que se relaciona com a constante <strong>de</strong> equilíbrio da reação pelaexpressão -G 0 =2.3 RTlogK. Por outro lado, as velocida<strong>de</strong>s das reações AB e BAou, respectivamente, as constantes <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> k 1 e k -1 não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do G 0 dareação, mas dos, respectivos, G 0 0,1 e G -1 que por sua vez só <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m daenergia livre (G) do estado <strong>de</strong> transição (energias <strong>de</strong> ativação). A enzima(catalisador) não muda o G 0 da reação, pois catalisadores não interferem comos estados inicial e final das reações, mas mudam o “caminho” da reação e, porconseqüência diminuem a energia do Estado <strong>de</strong> Transição.EnergiaLivre (G)G 10#*G 0# -1Estado <strong>de</strong> transição dareação não catalisada*Estado <strong>de</strong> transição dareação catalisadaEstado Inicial(S)(Reagentes)G 0# 1catG 0G 0# -1catEstado Final(P)(Produtos)Coor<strong>de</strong>nada <strong>de</strong> ReaçãoVariação <strong>de</strong> energia livre (G) na reação genérica A B.33


4. Uréia é uma substância muito estável em água, mas que po<strong>de</strong> ser rapidamente<strong>de</strong>compostas por hidrólise se a reação for catalisada pela enzima urease:H 2 NUREASEH 2 NC=O + H 2 O CO 2 + 2 NH 3Trata-se <strong>de</strong> reação <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m, on<strong>de</strong> v=k 1 [uréia], apesar <strong>de</strong> a equaçãoestequiométrica indicar a existência <strong>de</strong> 2 reagentes. Esta reação po<strong>de</strong> seracompanhada em tubo <strong>de</strong> ensaio no laboratório.As Tabelas 3 e 4 mostram resultados obtidos na prática.Cinética da enzima urease.Tubo n o Tempo (minuto) NH 3 (moles)1 0 02 2 0.0843 4 0.1684 6 0.2525 8 0.3366 10 0.420Concentração da uréia: 5 mM; Concentração da urease: 0,1 g/mL;Volume <strong>de</strong> reação: 1 mL; Temperatura: 30 o C.Os dados da Tabela anterior mostram que a velocida<strong>de</strong> da reação é constante aolongo do tempo estudado. Já os dados da Tabela seguinte mostram variaçõesrelativamente complexas da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reação em função da concentração dauréia para um período <strong>de</strong> 10 minutos <strong>de</strong> reação. Os dados da Tabela seguintepermitem medir experimentalmente duas constantes importantes das reaçõesenzimáticas V max (velocida<strong>de</strong> máxima) e K m (constante <strong>de</strong> Michaelis) através daequação v = V max [S] / (K m + [S]).Cinética da enzima urease.Tubo n Uréia (mM) Urease (g) NH 3 (moles)1 2,5 0,1 0,212 5,0 0,1 0,423 10 0,1 0,594 15 0,1 0,675 25 0,1 0,736 50 0,1 0,787 100 0,1 0,798 200 0,1 0,789 200 - 0,0034


Os significados <strong>de</strong> V max e K m são <strong>de</strong>finidos no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> cinética enzimática propostopor Michaelis e Menten no início do século passado on<strong>de</strong> ES é um complexo enzima– substrato formado antes <strong>de</strong> conversão do substrato em produtos.E + S ES E + Pk catk 1k -1A <strong>de</strong>rivação da equação Michaelis – Menten:/ (K m + [S]) é apresentada a seguir.Velocida<strong>de</strong>naquela [S]v = V max [S] / (K m + [S]) = k cat [E t ][S]Velocida<strong>de</strong> máximaConcentraçãodo substratoK diss aparente doComplexo enzima-substratoFração <strong>de</strong> E tot na forma <strong>de</strong> ES =[S]/(K diss + [S])35


5. Substâncias que reduzem a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma enzima são chamadas inibidores.Em termos gerais, inibidores po<strong>de</strong>m atuar em várias maneiras. Aqui vamos focalizarem inibidores que ligam reversivelmente com a enzima com constantes <strong>de</strong>dissociação K I . Estes tipos <strong>de</strong> inibidores po<strong>de</strong>m atuar em duas maneiras diferentes:a) Eles po<strong>de</strong>m competir com o substrato para o mesmo sítio <strong>de</strong> ligação na superfícieda enzima livre. Neste caso são chamados inibidores competitivos ou b) Elespo<strong>de</strong>m ligar em outro sítio na enzima livre (E) e/ou no complexo enzima-substrato(ES). Estes inibidores são chamados inibidores mistos/não-competitivos se po<strong>de</strong>mligar a E e ES e são chamados acompetitivos se ligam somente ao complexo ES.6. A presença <strong>de</strong> um inibidor competitivo se manifesta em uma mudança no valor doK m :K m obs = K m (1+[I]/K I ) = K m on<strong>de</strong> (1+[I]/K I )36


7. A presença <strong>de</strong> um inibidor misto/não-competitivo se manifesta em uma mudançanos valores do K m e no valor do V max : K m obs = K m (1+[I]/K I )/(1+[I]/K I’ ) = K m ’V max obs = V max /’8. A presença <strong>de</strong> um inibidor acompetitivo se manifesta em uma mudança nosvalores do K m e no valor do V max :K m obs = K m / (1+[I]/K I’ ) = K m ’V max obs = V max /’LABORATÓRIO 3: CINÉTICA DA INVERTASEI. FUNDAMENTOSA Cinética Enzimática estuda os mecanismos <strong>de</strong> reações químicas catalisadas porenzimas. Há na estrutura da enzima, uma <strong>de</strong>terminada região diretamenteresponsável pela ação catalítica. Essa região é <strong>de</strong>nominada sítio ativo e a suaconformação correta é fundamental para a ativida<strong>de</strong> enzimática. Ali se localizamdiversos resíduos <strong>de</strong> aminoácidos que po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sempenhar funções <strong>de</strong> orientação dosubstrato e <strong>de</strong> direta interação com este, permitindo que a reação ocorra.Em 1913, L. Michaelis e M. L. Menten, <strong>de</strong>senvolveram estudos consi<strong>de</strong>rando asprincipais proprieda<strong>de</strong>s das enzimas e aplicando as teorias conhecidas <strong>de</strong> CinéticaQuímica para um mo<strong>de</strong>lo simplificado, o qual envolvia a enzima livre (E), o substrato(S), o complexo enzima-substrato (ES) e o produto (P). Esse mo<strong>de</strong>lo po<strong>de</strong> serexpresso pela equação química:k 1k2E + S ES E + Pk-1Michaelis e Menten, com essas consi<strong>de</strong>rações, <strong>de</strong>senvolveram a expressão <strong>de</strong>velocida<strong>de</strong> para uma reação catalisada enzimaticamente, on<strong>de</strong> V é função <strong>de</strong> [S] eV max e K m são constantes:V máx . [S]v =K m + [S]Na figura 1 está apresentada a curva <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> inicial <strong>de</strong> reação em função daconcentração <strong>de</strong> substrato para uma enzima que siga o mo<strong>de</strong>lo proposto por Michaelise Menten. Essa enzima é dita <strong>de</strong> características michaelianas e obe<strong>de</strong>ce à expressão<strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> apresentada acima.37


Vel. Inicial Reação mol ( / min.l)VmáxVmáx / 2KmConcentração <strong>de</strong> Substrato (M)Figura 1 – Velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reação em função da concentração <strong>de</strong> substrato para uma enzimamichaeliana.Nesta curva po<strong>de</strong>-se facilmente i<strong>de</strong>ntificar o efeito <strong>de</strong> saturação do substrato. Nestascircunstâncias, o sistema ten<strong>de</strong> a adquirir velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reação máxima (V máx ),gran<strong>de</strong>za que é função da concentração inicial da enzima livre (E). Po<strong>de</strong>mos também<strong>de</strong>finir uma concentração <strong>de</strong> substrato na qual se obtém meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> V máx . Esse valor<strong>de</strong> [S] é numericamente igual ao K m , parâmetro que <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> certos limites me<strong>de</strong> aafinida<strong>de</strong> da enzima pelo substrato.O método mais preciso para <strong>de</strong>terminação gráfica <strong>de</strong>ssas gran<strong>de</strong>zas numexperimento <strong>de</strong> Cinética Enzimática é através do gráfico <strong>de</strong> duplo-recíproco ou <strong>de</strong>Lineweaver-Burk. Para tanto se <strong>de</strong>ve plotar 1/V em função <strong>de</strong> 1/[S].A enzima escolhida para este estudo é a invertase <strong>de</strong> levedura que catalisa ahidrólise da sacarose para produzir glicose e frutose:C 12 H 22 O 11 + H 2 O C 6 H 12 O 6 + C 6 H 12 O 6Sacarose Glicose FrutoseA <strong>de</strong>terminação da velocida<strong>de</strong> da reação (ou da ativida<strong>de</strong> enzimática) po<strong>de</strong> ser feitaatravés da dosagem dos açúcares redutores formados (frutose e glicose). A dosagembaseia-se na reação entre o ácido 3,5-dinitro-salicílico (DNS) e os açúcares redutores.Estes monossacarí<strong>de</strong>os reduzem o DNS fornecendo um produto <strong>de</strong> cor característica,cuja formação po<strong>de</strong> ser acompanhada a 540 nm.Conhecendo-se por colorimetria a quantida<strong>de</strong> (mols) <strong>de</strong> açúcares redutoresformada, por um cálculo estequiométrico simples, po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>terminar a quantida<strong>de</strong>correspon<strong>de</strong>nte (mols) <strong>de</strong> sacarose hidrolisada. Nestas experiências as velocida<strong>de</strong>sda reação serão expressas em mols <strong>de</strong> sacarose hidrolisada por minuto.Para estudos <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>, o tempo <strong>de</strong> reação <strong>de</strong>ve ser medido com a maiorexatidão possível. Para isso, o grupo <strong>de</strong>verá organizar-se <strong>de</strong> maneira a não permitirque a reação se inicie em tempos diferentes nos vários tubos. Para tal, é importantemanter os tubos em gelo durante a adição dos reagentes. Esses <strong>de</strong>vem seradicionados na or<strong>de</strong>m em que aparecem nos protocolos, com a enzima sendo38


adicionada por último. Levam-se então os tubos, todos juntos, ao banho a 37°C parareagir. Transcorrido o tempo <strong>de</strong>terminado, os tubos <strong>de</strong>vem voltar, todos juntos esimultaneamente, para o gelo. Neste ponto a reação pára.A ativida<strong>de</strong> enzimática é medida em unida<strong>de</strong> (U), sendo que 1 U é a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>enzima necessária para a formação <strong>de</strong> 1 mol <strong>de</strong> produto por minuto.II. OBJETIVOSEstudar as influências das concentrações <strong>de</strong> enzima e substrato nas velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>uma reação enzimática, examinar as curvas obtidas experimentalmente, calcular osparâmetros cinéticos e discutir seus valores e importância.III. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL1) Construção da curva padrãoAdicionar a seis tubos (180 X 20 mm) com volumes crescentes <strong>de</strong> solução padrãoredutora (glicose 6 mM + frutose 6 mM), conforme indicado na tabela 1. Complete ovolume em cada tubo para 2,0 mL com tampão. Adicionar em seguida 2 mL doreagente DNS. As quantida<strong>de</strong>s estão indicadas na tabela 1.Tabela 1 – Curva padrão da solução redutora.tubossolução padrãoredutora (mL)soluçãotampão (mL)reagenteDNS(mL)absorbância(540 nm)sacarosehidrolisada(mols)branco - 2,0 2,0 0,000 0,001 0,2 1,8 2,02 0,4 1,6 2,03 0,6 1,4 2,04 0,8 1,2 2,05 1,0 1,0 2,0Anotar aqui a concentração da solução padrão: ________Após a adição do DNS (ácido 3,5-dinitro-salicílico), colocar os tubos em banho-mariafervente por 10 min. Após este tempo, esfriar em água corrente e adicionar 16 mL <strong>de</strong>água <strong>de</strong>stilada. Agitar com inversão da posição na vertical (3x). Ler as absorbâncias a540 nm contra o branco.39


Construir o gráfico absorbância versus concentração <strong>de</strong> sacarose hidrolisada. Estegráfico será a curva padrão.2. Efeito da concentração da enzimaNumerar sete tubos <strong>de</strong> ensaio (180 X 20 mm) e adicionar os reagentes conformetabela 2.Manter todos os tubos no gelo.tubosTabela 2 – Estudo da concentração <strong>de</strong> enzima x velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reação.sacarose 5%em tampão(mL)tampãopH 4,77(mL)soluçãoenzima(mL)Concentraçãoenzima (M)Abs. 540nmsacarosehidrolisada pormin. (mol/min)branco 1,0 1,0 - 0,00 0,000 0,001 1,0 0,9 0,12 1,0 0,7 0,33 1,0 0,5 0,54 1,0 0,3 0,75 1,0 0,1 0,96 1,0 - 1,0Após a adição da enzima, agitar suavemente. Retirar os tubos do gelo e colocá-losimediatamente (e simultaneamente) em banho-maria a 37C por 5 min. Transcorridoeste tempo, os tubos <strong>de</strong>vem retornar imediatamente para o gelo. Assume-se quenesse instante a reação para. Ainda no gelo, adicionar a cada tubo 2 mL <strong>de</strong> DNS. Napresença <strong>de</strong> DNS, <strong>de</strong>vido à alcalinida<strong>de</strong> do reagente, a enzima para <strong>de</strong> funcionar.Transferir os tubos para banho-maria fervente e esperar 10 min. Findo este tempo,esfriar em água corrente e adicionar 16 mL <strong>de</strong> água <strong>de</strong>stilada em cada tubo. Agitarcom inversão da posição na vertical (3x). Ler as absorbâncias a 540 nm.Fazer o gráfico colocando a concentração da enzima (M) nas abscissas e avelocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> hidrólise expressa em mols <strong>de</strong> sacarose hidrolisada por minuto nasor<strong>de</strong>nadas. Durante a aula <strong>de</strong> laboratório será fornecido o valor da concentração daenzima na solução estoque.3. Efeito da concentração <strong>de</strong> substratoNumerar sete tubos <strong>de</strong> ensaio (180 X 20 mm) e adicionar os reagentes segundo atabela 3.Manter todos os tubos no gelo.Tabela 3 – Estudo da concentração <strong>de</strong> substrato x velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reação.tubossacarose5% emtampão(mL)tampãopH 4,77(mL)soluçãoenzima(mL)concentraçãosacarose (M)Abs. 540nmsacarosehidrolisada pormin. (mol/min)40


anco 1,0 1,0 - 0,000 0,001 0,05 1,45 0,52 0,1 1,4 0,53 0,3 1,2 0,54 0,5 1,0 0,55 0,7 0,8 0,56 1,0 0,5 0,5Proce<strong>de</strong>r exatamente como no caso do estudo da concentração da enzima (itemanterior).Após a adição da enzima, agitar suavemente. Retirar os tubos do gelo e colocá-losimediatamente (e simultaneamente) em banho-maria a 37C por 5 min. Transcorridoeste tempo, os tubos <strong>de</strong>vem retornar imediatamente para o gelo. Assume-se quenesse instante a reação para. Ainda no gelo, adicionar a cada tubo 2 mL <strong>de</strong> DNS. Napresença <strong>de</strong> DNS, <strong>de</strong>vido à alcalinida<strong>de</strong> do reagente, a enzima (valor elevado <strong>de</strong> pH)pára <strong>de</strong> funcionar.Transferir os tubos para banho-maria fervente e esperar 10 min. Findo este tempo,esfriar em água corrente e adicionar 16 mL <strong>de</strong> água <strong>de</strong>stilada em cada tubo. Agitarcom inversão da posição na vertical (3x). Ler as absorbâncias a 540nm.Fazer um gráfico da velocida<strong>de</strong> “versus” concentração inicial do substrato.Estimar os valores <strong>de</strong> V máx e K m .Fazer o gráfico <strong>de</strong> Lineweaver-Burk e calcular os valores <strong>de</strong> V máx e K m .Comparar o valor <strong>de</strong> K m com o encontrado na literatura científica.LABORATÓRIO 5: REAÇÃO DE TRANSAMINAÇÃOI. FUNDAMENTOSEnzimas transaminases ou aminotransferases são importantes no metabolismo <strong>de</strong>aminoácidos, pois transferem o grupo –NH3 + <strong>de</strong> um aminoácido para um –cetoácido. Foram i<strong>de</strong>ntificadas mais <strong>de</strong> 50 tipos <strong>de</strong> transaminases, presentes em todosos tipos <strong>de</strong> células e sendo encontradas tanto no citossol como em mitocôndrias <strong>de</strong>células eucarióticas. O grupo –NH + 3 <strong>de</strong> todos os aminoácidos (com exceção <strong>de</strong> Lys,Arg e Thr) po<strong>de</strong>m ser removidos por transaminases em diferentes organismos. Astransaminases possuem especificida<strong>de</strong> diferenciada: relativamente específica para o–cetoácido aceptor do grupo –NH + 3 e, numa menor intensida<strong>de</strong>, para o aminoácidodoador. A coenzima PLP (piridoxal-fosfato) é essencial para as transaminações evárias outras enzimas envolvidas no catabolismo <strong>de</strong> aminoácidos (figura 1). PLP é<strong>de</strong>rivada da vitamina B6, hidrossolúvel, o piridoxal. A figura 2 mostra como os41


processos catabólicos dos diversos aminoácidos colaboram com o eficientefuncionamento do ciclo <strong>de</strong> Krebs pelo fornecimento <strong>de</strong> intermediários <strong>de</strong>sse ciclo.O ácido glutâmico (Glu), produzido em diversas transaminações, po<strong>de</strong> tanto sofrer<strong>de</strong>saminação oxidativa, produzindo o - cetoglutarato e o íon NH4+, que será utilizadono ciclo da uréia, como doar o grupo –NH + 3 para a biossíntese <strong>de</strong> outros aminoácidos.O Glu é o principal doador <strong>de</strong> grupos –NH + 3 nesta função. A figura 3 ilustra essesprocessos metabólicos.NH 3+OR C COO-HAMINOÁCIDOR CCOO- -CETOÁCIDOOCHNH3HOH 3C+NHCH 2OPHOH 3CCH 2+NHCH 2OPPiridoxal-fosfatoPiridoxamino-fosfatoNH 3+-OOC CH 2CH 2 C-OOC CH 2CH 2OCCOO-COO-GLUTAMATOH -CETOGLUTARATOFigura 1 - Reação <strong>de</strong> transaminação, mostrando a <strong>de</strong>pendência pela coenzima PLP noprocesso <strong>de</strong> transferência dos grupos amino entre aminoácidos e cetoácidos.42


Figura 2 - Os processos catabólicos dos diversos aminoácidos colaboram com oeficiente funcionamento do ciclo <strong>de</strong> Krebs pelo fornecimento <strong>de</strong> intermediários <strong>de</strong>sseciclo.Figura 3 – Formação <strong>de</strong> -cetoglutarato e uréia a partir <strong>de</strong> glutamato.Cromatografia - Separação <strong>de</strong> aminoácidosUm dos problemas que continuamente <strong>de</strong>safiam os bioquímicos é a separação e apurificação <strong>de</strong> um ou mais compostos <strong>de</strong> uma mistura complexa. Uma gran<strong>de</strong>varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> técnicas mo<strong>de</strong>rnas, tanto analíticas quanto preparativas, é <strong>de</strong>nominada<strong>de</strong> cromatografia. O que elas possuem em comum é a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fracionar umamistura complexa <strong>de</strong> substâncias usando diferentes características químicas entre oscomponentes da mistura, o que faz com que eles interajam diferencialmente com afase estacionária e com uma fase móvel.Existem quatro tipos principais <strong>de</strong> cromatografia: cromatografia líquida,cromatografia gasosa, cromatografia <strong>de</strong> camada fina e cromatografia em papel. Aseleção do tipo <strong>de</strong> cromatografia para realizar uma <strong>de</strong>terminada etapa <strong>de</strong> separação é<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do material a ser isolado. Freqüentemente, diversos métodoscromatográficos po<strong>de</strong>m ser usados seqüencialmente para que seja obtido umcomposto na forma pura.Um leito cromatográfico po<strong>de</strong> ser construído <strong>de</strong> várias formas, mas ele sempreconsistirá, basicamente, <strong>de</strong> duas fases: a fase estacionária e a fase móvel. A faseestacionária po<strong>de</strong> ser sólida, líquida ou po<strong>de</strong> consistir <strong>de</strong> uma mistura <strong>de</strong> um sólido43


com um líquido. A fase móvel, que po<strong>de</strong> ser líquida ou gasosa, preenche osinterstícios da fase estacionária e <strong>de</strong>ve ser capaz <strong>de</strong> fluir através <strong>de</strong>sta. As fasesmóvel e estacionária <strong>de</strong>vem ser escolhidas <strong>de</strong> forma que os compostos que serãoseparados durante o processo cromatográfico possuam um coeficiente <strong>de</strong> partição<strong>de</strong>finido entre as duas fases. Neste processo, vários mecanismos <strong>de</strong> distribuiçãopo<strong>de</strong>m ser empregados: a distribuição po<strong>de</strong> ser uma simples partição entre doislíquidos imiscíveis; um equilíbrio <strong>de</strong> adsorção entre uma fase estacionária adsorventee uma fase líquida móvel; ou um equilíbrio <strong>de</strong> troca iônica entre uma fase estacionáriatrocadora <strong>de</strong> íon e uma fase móvel constituída por uma solução <strong>de</strong> um eletrólito.Cromatografia <strong>de</strong> aminoácidos em papelNeste protocolo emprega-se uma mistura <strong>de</strong> solventes que interagem com as fibras<strong>de</strong> celulose no papel <strong>de</strong> formas diferentes. O <strong>de</strong>slocamento do soluto po<strong>de</strong> serexplicado da seguinte forma: as fibras <strong>de</strong> celulose do papel possuem uma forteafinida<strong>de</strong> pela água presente na mistura <strong>de</strong> solvente, mas muito pouca afinida<strong>de</strong> pelafase orgânica. O papel, assim, po<strong>de</strong> ser visto como um suporte inerte contendo umafase estacionária aquosa (polar). Na medida em que o solvente flui através <strong>de</strong> umaseção do papel contendo o soluto, uma partição <strong>de</strong>ste composto ocorre entre a fasemóvel orgânica (pouco polar) e a fase estacionária aquosa (polar). Desta forma, partedo soluto <strong>de</strong>ixa o papel e entra na fase móvel. Com o fluxo contínuo <strong>de</strong> solvente, oefeito <strong>de</strong>sta partição entre a fase móvel e a fase estacionária é a transferência dosoluto do seu ponto <strong>de</strong> aplicação ao papel para um outro ponto localizado a algumadistância do local <strong>de</strong> aplicação, no sentido do fluxo <strong>de</strong> solvente. Após o equilíbrio dopapel com o vapor <strong>de</strong> um solvente saturado com água, o <strong>de</strong>senvolvimento do solventeproduz a separação (figura 2).Figura 1 – Cromatografia em papel ascen<strong>de</strong>nte.Quanto mais apolar for o grupo R, maior a mobilida<strong>de</strong> do aminoácido com a fasemóvel. Conseqüentemente a relação (R F ) entre a distância percorrida pelo aminoácido44


no papel e a distância percorrida pela fase móvel será também maior. A Tabela Iapresenta valores <strong>de</strong> R F <strong>de</strong> alguns aminoácidos nas condições <strong>de</strong>scritas.R F = distância percorrida pelo aminoácido no papeldistância percorrida pela fase móvelAtravés da cromatografia em papel i<strong>de</strong>ntificaremos um aminoácido <strong>de</strong>sconhecido emcomparação com quatro outros conhecidos (<strong>de</strong>nominados <strong>de</strong> aminoácidos-padrão).Com ajuda da Tabela II e dos valores <strong>de</strong> pKa obtidos na titulação, confirmaremos ai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do aminoácido.A solubilida<strong>de</strong> relativa dos aminoácidos nestas duas fases po<strong>de</strong> ser mudada poralterações na polarida<strong>de</strong> do solvente, ou no pH da solução, o qual irá alterar o estadoiônico dos aminoácidos. Sob um conjunto a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> condições, então, cadamolécula <strong>de</strong> uma mistura irá se <strong>de</strong>slocar a uma diferente velocida<strong>de</strong> sobre a faseestacionária e estará a uma distância específica <strong>de</strong> um do ponto <strong>de</strong> origem, quandocessar o fluxo <strong>de</strong> solvente.Devido ao fato dos aminoácidos não absorverem luz no comprimento <strong>de</strong> ondavisível, eles não po<strong>de</strong>m ser vistos. Assim, algum método <strong>de</strong>ve ser usado após acromatografia para localizá-los. A reação <strong>de</strong> ninhidrina é usada para este propósito porque reage com grupamentos amino livres produzindo um composto colorido(usualmente púrpura) (figura3). Diversos aminoácidos,contudo, produzem diversastonalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cores com aninhidrina, o que po<strong>de</strong>ajudar em sua i<strong>de</strong>ntificação.A reação da ninhidrina comprolina, por exemplo, geraum composto amarelo e areação da ninhidrina com atirosina produz umacoloração azul metálica.Figura 2 – Reação da ninhidrina com aminoácidos.II. OBJETIVOSEstudar as reações <strong>de</strong> transaminases e i<strong>de</strong>ntificar os produtos e reagentes através dacromatografia em papel.III. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL1) Preparação do homogeneizado <strong>de</strong> fígado45


Essa etapa será realizada previamente. Fígados <strong>de</strong> camundongos (5 a 7 animais) ou<strong>de</strong> galinha foram extraídos e lavados com PBS (tampão fosfato: 0,05M, pH 7,4),picados e macerados para homogeneização com PBS (até 10,0 mL <strong>de</strong> volume final).O homogeneizado foi centrifugado (800 g, 15 minutos) para eliminar célulasremanescentes, núcleos e <strong>de</strong>bris celulares. O sobrenadante foi aliquotado parautilização em sala <strong>de</strong> aula, mantido em gelo e em seguida mantido congelado (-20C)até sua utilização.2) Preparação da mistura reacionalO sistema completo da reação é composto por um aminoácido, um cetoácido, opreparado enzimático, arsenito <strong>de</strong> sódio e o tampão. O arsenito <strong>de</strong> sódio é empregadocom a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> evitar a oxidação dos cetoácidos pelo sistema enzimático.Montar a seguinte reação:- 0,3 mL <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> –cetoglutarato 0,2M pH 7,4- 0,3 mL <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> Alanina a 0,2M pH 7,4- 0,3 mL <strong>de</strong> preparação enzimática- 0,5 mL <strong>de</strong> tampão fosfato 0,05M pH7,4- 0,4 mL <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> arsenito <strong>de</strong> sódio 0,2ME também um controle negativo (branco) contendo todos os componentes exceto apreparação enzimática, que é substituída por tampão:- 0,3 mL <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> –cetoglutarato 0,2M pH 7,4- 0,3 mL <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> Alanina a 0,2M pH 7,4- 0,8 mL <strong>de</strong> tampão fosfato 0,05M pH7,4- 0,4 mL <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> arsenito <strong>de</strong> sódio 0,2MIncubar os dois tubos (reação e controle negativo) a 37C por 30 minutos. Emseguida, inativar a reação em banho-maria fervente por 3 minutos. Centrifugar a 5000rpm, 10 minutos (centrífuga Eppendorf). Decantar o sobrenadante transferindo paraum segundo tubo Eppendorf e fazer a cromatografia com os padrões a<strong>de</strong>quados.3. CromatografiaEm um papel <strong>de</strong> filtro Whatman número 1 (10 cm X 20 cm) traçar com um lápis umalinha horizontal <strong>de</strong> 2,5 cm <strong>de</strong> altura a partir da origem (ponto <strong>de</strong> contato do papel coma solução na cuba <strong>de</strong> cromatografia). Marcar 7 pontos com 2,5 cm <strong>de</strong> distância entresi.Aplicar, com um capilar <strong>de</strong> vidro fino, sobre os pontos marcados, uma pequenaalíquota dos padrões <strong>de</strong> alanina, glutamato, piruvato, e -cetoglutarato, a mistura <strong>de</strong>reação, o branco (controle negativo) e 2,4-dinitrofenil-hidrazina. Sobre os pontos on<strong>de</strong>foram aplicados os padrões e as amostras, adicionar 3 uL <strong>de</strong> 2,4-dinitrofenil-hidrazina.O solvente utilizado para a cromatografia será uma mistura <strong>de</strong> butanol/etanol/NH 4 OH0,5 M na proporção 70:20:30 (v/v).Após o solvente alcançar 1 cm do final do papel, secar o papel a 80C em estufa emarcar os produtos coloridos formados. Revelar os aminoácidos do cromatograma46


com a solução <strong>de</strong> ninhidrina, secando em seguida o papel. Marcar a posição dasmanchas que aparecerem.MÓDULO 7: AÇÚCARES; ESTRUTURA E FUNÇÃO1. Os carboidratos são compostos que apresentam a fórmula empírica (CH 2 O) n(n> ou = 3), sendo funcionalmente poliidroxial<strong>de</strong>ídos ou poliidroxicetonas. Oscarboidratos mais simples são os monossacarí<strong>de</strong>os, que se apresentam na formas <strong>de</strong>aldoses ou cetoses, conforme o grupo funcional carbonílico que possuem, isto é,respectivamente, al<strong>de</strong>ído ou cetona. Há duas trioses: o gliceral<strong>de</strong>ído, uma aldotriose, ea diidroxiacetona, uma cetotriose (Figura 8). O gliceral<strong>de</strong>ído apresenta um carbono(C2) assimétrico, dando origem a dois isômeros opticos, as formas D e L (Figura 9). Jáa diidroxiacetona não possui C assimétrico e, por isso, não mostra esse tipo <strong>de</strong>isomeria. Os outros monossacarí<strong>de</strong>os po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>rivados pelo crescimento daca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>stas duas trioses. A Figura 10 mostra a família D <strong>de</strong>rivada do D-gliceral<strong>de</strong>ido, cujas fórmulas estruturais planares obe<strong>de</strong>cem as regras <strong>de</strong> Fisher.Gliceral<strong>de</strong>ído e diidroxiacetona.Carbono quiral ou carbono assimétrico.47


Família D <strong>de</strong>rivada do D-gliceral<strong>de</strong>ído.Ciclização da D-glicose48


O aumento da ca<strong>de</strong>ia do monossacarí<strong>de</strong>o leva ao aparecimento <strong>de</strong> novos Csassimétricos e, portanto mais isômeros estruturais, também chamadosestereoisômeros. O número <strong>de</strong> isômeros é dado pela expressão 2 n on<strong>de</strong> n é o número<strong>de</strong> carbonos assimétricos. Por exemplo, em aldoexoses há 4 Cs assimétricos, logo onúmero <strong>de</strong> isômeros é 2 4 =16, sendo 8 da forma D e 8 da forma L. Mas, as estruturaslineares como representadas na Figura 10 tanto para pentoses como para hexosessão poucos estáveis em solução, formando estruturas cíclicas segundo a reaçãomostrada na Figura 11. Esta é uma reação bem conhecida da química orgânica, pelaqual um álcool (OH) faz uma adição nucleofílica a carbonila <strong>de</strong> um al<strong>de</strong>ído, formandoum composto <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação da conhecido como semiacetal. No caso do exemploda Figura 11 a hexose é a D-glicose e, como a figura mostra, a ciclização leva aoaparecimento <strong>de</strong> uma outra isomeria estrutural <strong>de</strong>vido às duas posições possíveis doOH do C1 em relação ao plano do anel, gerando os isômeros e . É importanteenfatizar que o OH do C1 não é quimicamente equivalente aos <strong>de</strong>mais OHs que sãoalcoólicos, sendo por isso chamado <strong>de</strong> OH glicosídico. A existência do OH glicosídicopermite que todos os monossarí<strong>de</strong>os sejam oxidados em condições brandas peloreagente <strong>de</strong> Fehling, uma reação <strong>de</strong> oxido-reação na qual os OHs alcoólicos nãoparticipam.Nomenclatura para estereoisômeros.49


2. Conforme exemplificado na Figura 12 há uma nomenclatura especificamente<strong>de</strong>signada para distinguir pares <strong>de</strong> estereoisômeros. Enantiômeros possuemestruturas isoméricas que são uma imagem especular da outra, por exemplo, cadamembro da família D <strong>de</strong> hexoses mostrada na Figura 10 tem um, e, somente um,enantiômero na família L. São epímeros pares <strong>de</strong> estereoisômeros que diferemapenas pela configuração <strong>de</strong> um C assimétrico. São anômeros os dois isômerosresultantes da posição do OH glicosídico do C1 na estrutura cíclica da hexose. E,finalmente, são <strong>de</strong>nominados diastereoisômeros pares <strong>de</strong> isômeros que não caem emnenhuma das categorias anteriores.3. Ligação glicosídica: os monossacarí<strong>de</strong>os po<strong>de</strong>m se apresentar na forma <strong>de</strong>oligo ou polissacarí<strong>de</strong>os, on<strong>de</strong> os monômeros são ligados através <strong>de</strong> ligaçõesglicosídicas. Oligossacarí<strong>de</strong>os são formados por um pequeno número <strong>de</strong>monossacarí<strong>de</strong>os, resultantes da con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> um OH glicosídico com um OHalcoólico, como exemplificado abaixo pela dimerização <strong>de</strong> duas moléculas <strong>de</strong> α-glicosepor ligação 1-4, originando o dissacarí<strong>de</strong>o maltose:Caso a ligação glicosídica envolva a con<strong>de</strong>nsação dos dois OHs glicosídicos como éo caso da trealose, uma α1-1-diglicose, o dissacarí<strong>de</strong>o não po<strong>de</strong> ser oxidado peloreagente <strong>de</strong> Fehling (dissacarí<strong>de</strong>o não redutor). Já a maltose, que possue um OHglicosídico livre é um dissacarí<strong>de</strong>o redutor, sendo oxidado pelo reagente <strong>de</strong> Fehling.4. Polissacarí<strong>de</strong>os são polímeros constituídos <strong>de</strong> centenas ou milhares <strong>de</strong>resíduos <strong>de</strong> monossacarí<strong>de</strong>os, geralmente glicose, formando ca<strong>de</strong>ias lineares, como acelulose (β1-4-poliglicose), ou ca<strong>de</strong>ias ramificadas, como o glicogênio e o amido.O glicogênio é altamente ramificado, as suas ca<strong>de</strong>ias lineares são formadas porligações α1-4-glicosídicas e suas ramificações <strong>de</strong>correm <strong>de</strong> ligações α1-6-glicosídicas(Figura 13). O glicogênio apresenta uma única extremida<strong>de</strong> redutora livre (C1 noresíduo final na última molécula <strong>de</strong> glicose da ca<strong>de</strong>ia) e inúmeras extremida<strong>de</strong>s nãoredutoras. A partir das extremida<strong>de</strong>s não redutoras há acréscimo ou retirada <strong>de</strong>resíduos do polímero. Portanto, as moléculas <strong>de</strong> glicogênio não têm tamanhos<strong>de</strong>finidos.50


Glicogênio Poli (α1-4) (α1-6) glicose.MÓDULO 8: GLICÓLISE1. A glicólise é a principal via catabólica da glicose compreen<strong>de</strong>ndo as 10 reaçõesenzimaticamente catalisadas que são mostradas na figura abaixo e cujaestequiometria total po<strong>de</strong> ser observada na equação química seguinte:Glicose + 2 NAD + + 2 ADP + 2 P i 2 Piruvato + 2 NADH + 2 ATP + 2 H 2 O + 2 H +A glicólise, como todas as vias catabólicas, é exergônica e a equação acimacorrespon<strong>de</strong> a G o ’ = -43,4 kJ/mol. Mas o dado da variação <strong>de</strong> energia livre maisinteressante é em termos <strong>de</strong> G, cujo valor exato <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada célula específica,por exemplo, em músculo cardíaco estima-se que seja igual a –74,0 kJ/mol.2. A finalida<strong>de</strong> da glicólise é obtenção <strong>de</strong> energia, como a equação estequiométricaindica, cada molécula <strong>de</strong> glicose é <strong>de</strong>gradada a duas <strong>de</strong> piruvato e parte da energialivre liberada nesta <strong>de</strong>gradação é retida nos produtos na forma <strong>de</strong> 2 NADH e 2 ATP.3. A reação que permite a obtenção <strong>de</strong> NADH é a única <strong>de</strong> oxido-redução da glicólise,pela qual gliceral<strong>de</strong>ído-3-P é oxidado a glicerato-1,3-bisP, através da ação oxidante <strong>de</strong>NAD + catalisada pela enzima gliceral<strong>de</strong>ído <strong>de</strong>sidrogenase. A manutenção dacapacida<strong>de</strong> oxidante da glicólise exige que NADH seja re-oxidada a NAD + , umaalternativa para isso é apresentada na figura, através da reação pela qual NADH reduzpiruvato a lactato, recuperando NAD + . Esta alternativa ocorre no músculo esqueléticocom baixos níveis <strong>de</strong> O 2.4. Já ATP é produzido em duas reações distintas pelas quais um radical fosforil étransferido <strong>de</strong>, respectivamente, glicerato-1,3-P e P-enolpiruvato para ADP, emtransferências catalisadas por glicerato-1,3-P-quinase e P-enolpiruvato-quinase. Estamaneira <strong>de</strong> fosforilação <strong>de</strong> ADP é conhecida como fosforilação a nível do substrato,para distingui-la da fosforilação oxidativa da mitocôndria que será vista mais adiante.51


5. Na glicólise, há 3 reações <strong>de</strong> fosforilação irreversíveis catalisadas, respectivamente,pela hexoquinase, fosfofrutoquinase e piruvato-quinase, que funcionam como marcapassosda via, cuja regulação se dá por um elaborado sistema <strong>de</strong> controle alostéricodas enzimas.6. Diversas outras hexoses, como frutose, galactose e manose, também sãometabolisadas pela via glicolítica.7. A glicólise em condições anaeróbicas tem energética e funções variadas, conforme oorganismo. Cabe fazer dois <strong>de</strong>staques importantes.8. Em vertebrados, encontram-se músculos esqueléticos muito pobres em mitocôndria,que são especializados para produzir ATP a partir <strong>de</strong> glicólise anaeróbica, cujaenergética obe<strong>de</strong>ce a seguinte reação geral: Glicose → 2Lactato + 2H + ; ΔG o ’ = -196kJ/mol. Mas, parte <strong>de</strong>ssa energia livre liberada que seria dissipada (61kJ/mol) éretida na forma <strong>de</strong> 2ATP produzidos por mol <strong>de</strong> glicose <strong>de</strong>gradada. Deve-se aindaenfatizar que o lactato não é <strong>de</strong>scartado, pois vai ser aproveitado no fígado, aon<strong>de</strong> éreoxidado a piruvato, alternativa metabólica importante a ser examinada mais à frente.9. Leveduras mostram um exemplo <strong>de</strong> glicólise anaeróbica na forma da fermentaçãoalcoólica, segundo a reação geral: Glicose → 2Etanol + CO 2 ; ΔG o ’ = -235kJ/mol. Aquitambém parte da energia livre, +61kJ/mol, é mantida com a produção <strong>de</strong> 2ATP. Aparte final da fermentação alcoólica compreen<strong>de</strong> duas reações: a primeira envolve a<strong>de</strong>scarboxilação <strong>de</strong> piruvato e liberação <strong>de</strong> acetal<strong>de</strong>ído, catalisada pela enzimapiruvato-carboxilase, que não existe em animais. Na segunda reação a <strong>de</strong>sidrogenasealcoólica catalisa a redução do acetal<strong>de</strong>ído por NADH.52


HOCH 2OHHOOOHOHATPADPGLICÓLISEGlicoseATPADPP -OCH 2OHOOHOHOHGlicose 6-fosfatoOP -O-CH 2HOCH 2 OHHOOHATPFrutose 6-fosfatoATPP -O-CH O 2ADPCH 2 O- PADPHOOHFrutose 1,6 bisfosfatoHOH 2 C-O- PC=OH 2 C-OHHC=OHC-OHH 2 C-O- PDiidroxiacetonafosfatoGliceral<strong>de</strong>ído3-fosfatoP iNAD +NADHO=C-O- PNAD +NADHHC-OHH 2 C-O- P1,3 BisfosfogliceratoADPATPO=C-O -ADPATPHC-OHH 2 C-O- P3-FosfogliceratoCOO -HC-O- PH 2 C-OH2-FosfogliceratoCOO -H 2 OCOO -C-O- PCH 2ADPATPCOO -P iATPFosfoenolpiruvatoADPHC-OHCH 3NAD + NADHC=OCH 3LactatoNAD +NADHPiruvato53


MÓDULO 9: ACETIL-COA E CICLO DE KREBS1. Em condições aeróbicas, o <strong>de</strong>stino do piruvato produzido na glicólise é sofrer uma<strong>de</strong>scarboxilação oxidativa catalisada pela piruvato <strong>de</strong>sidrogenase, que é um complexomultienzimático existente no interior da mitocôndria <strong>de</strong> eucariotos. Portanto, o piruvatoprecisa entrar na mitocôndria para ser <strong>de</strong>gradado por essa via. A reação geral é aseguinte:Piruvato + CoA + NAD + Acetil-CoA + NADH + CO 22. O acetilCoA resultante da metabolização do piruvato é totalmente oxidado no ciclodo ácido cítrico, também chamado ciclo <strong>de</strong> Krebs, conforme a seguinte reação geral:Acetil-CoA + 3 NAD + + FAD + GDP + P i + 2 H 2 O→ 2 CO 2 + 3 NADH + FADH 2 + GTP+ CoA + 2 H +3. O ciclo <strong>de</strong> Krebs, esquematizado na figura, compreen<strong>de</strong> 8 reações, envolvendo 8enzimas e 8 ácidos carboxílicos, di e tri-ácidos, todos dispersos na matriz damitocondria. Portanto, começando no piruvato e passando pelo acetilCoA, ocorreoxidação completa <strong>de</strong>sses metabolitos liberando 3CO 2 sem participação <strong>de</strong> O 2molecular. Os agentes oxidantes em todas as reações são NAD + ou FAD e as formasreduzidas <strong>de</strong>stas co-enzimas (NADH + FADH 2 ), resultantes do processo, só sãoreoxidadas na ca<strong>de</strong>ia respiratória, uma via especializada que se localiza na membranamitocondrial interna e será consi<strong>de</strong>rada mais adiante.4. O ciclo <strong>de</strong> Krebs, conforme sua reação geral indica, é essencialmente catabólico,pois promove a oxidação do radical acetil a 2CO 2 e retém parte da energia livre <strong>de</strong>stareação na forma <strong>de</strong> coenzimas reduzidos que, posteriormente, servirão à produção <strong>de</strong>ATP através da fosforilação oxidativa. Para cumprir esta função basta que os 8intermediários do ciclo ocorram em concentrações catalíticas. Mas, o ciclo possui outrafunção, além da catabólica, diversos <strong>de</strong> seus intermediários alimentam as vias <strong>de</strong>síntese <strong>de</strong> aminoácidos, lipí<strong>de</strong>os e glicose, isto é, o ciclo tem também funçãoanabólica e, portanto, <strong>de</strong>ve ser classificado como anfibólico. Para que o ciclo<strong>de</strong>sempenhe concomitantemente ambas as funções, catabólica e anabólica, asconcentrações dos intermediários são mantidas e controladas através <strong>de</strong> um complexosistema <strong>de</strong> reações auxiliares, conhecidas como reações anapleróticas. Um exemplo<strong>de</strong> reação anaplerótica é a carboxilação <strong>de</strong> piruvato para obter oxalacetato, catalisadapela enzima piruvato carboxilase.5. A transformação <strong>de</strong> piruvato em acetil-CoA, é uma reação para a qual convergemdiversas vias catabólicas e anabólicas, além da glicólise. Por esse motivo a piruvato<strong>de</strong>sidrogenase está sujeita a um controle altamente elaborado, compreen<strong>de</strong>ndo doisníveis <strong>de</strong> regulação: a) controle alostérico através da inibição pelo produto, exercidopor NADH e acetil-CoA; b) modificação covalente reversível da subunida<strong>de</strong> E 1 daenzima, por fosforilação/<strong>de</strong>sfosforilação.54


6. As enzimas citrato sintase, isocitrato <strong>de</strong>sidrogenase e -cetoglutarato<strong>de</strong>sidrogenase são as reguladoras do fluxo metabólico através do ciclo <strong>de</strong> Krebs eestão sujeitas a controle alostérico, envolvendo NADH como inibidor e Ca + e ADPcomo ativadores.Piruvato CoASH + NAD+CO2 + NADHAcetil-CoAH2OCoASHOxaloacetatoCitratoNADH + H+H2ONAD+L-Malatocis-AconitatoH2OH2OFumaratoCiclo <strong>de</strong> KrebsIsocitratoFADH2NAD+FADNADH + H+SuccinatoGTPOxalosuccinatoCO2 CoASHCO2GDP + PiSuccinil-CoAa-CetoglutaratoNADH+ H+NAD+MÓDULO 10: CADEIA RESPIRATÓRIA E FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA1. Fosforilação oxidativa é o processo bioquímico pelo qual a oxidação <strong>de</strong> NADH eFADH 2 , produzidos na glicólise e ciclo <strong>de</strong> Krebs, ocorre acoplada à produção <strong>de</strong> ATP,a partir <strong>de</strong> ADP + Pi. Este processo se dá na ca<strong>de</strong>ia respiratória ou ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>transporte <strong>de</strong> elétrons, que compreen<strong>de</strong> um conjunto or<strong>de</strong>nado <strong>de</strong> enzimas etransportadores <strong>de</strong> elétrons inseridos na membrana interna da mitocôndria.2. A ca<strong>de</strong>ia respiratória contem 4 complexos, I,II, III e IV, or<strong>de</strong>nados por or<strong>de</strong>mcrescente <strong>de</strong> potencial redox, indo do potencial padrão <strong>de</strong> NAD + /NADH (E 0 ’= -0,315V)ao do O 2 /H 2 O (E 0 ’= +0,815V). Os elétrons são transferidos do complexo I ou II para ocomplexo III pela coenzima Q (ou ubiquinona), e do complexo III para o complexoIV pelo citocromo C para chegar ao O 2 . NADH e FADH 2 , ce<strong>de</strong>m elétrons,respectivamente, aos complexo I e II. A transferência exergônica <strong>de</strong> elétrons do nívelredox <strong>de</strong> NADH para o <strong>de</strong> O 2 (ΔE 0 ’= 1,130V) envolve uma diferença <strong>de</strong> energia livre55


liberada (ΔG 0 ’= -218kJ/mol) que é em parte retida pelo transporte <strong>de</strong> H + do ladointerno para o externo da membrana, criando o gradiente eletroquímico <strong>de</strong> prótons quepermitirá “empurrar” o processo en<strong>de</strong>rgônico <strong>de</strong> fosforilação <strong>de</strong> ADP por Pi para gerarATP, através da bomba <strong>de</strong> prótons que constitui a ATP sintase (também conhecidacom F 1 F 0 - ATPase).EspaçoIntermembranar2 H+4 H+Cit C2 H+Complexo I Q Complexo III Complexo IVMatrixMitocondrialNAD+NADH + H+1/2 O2 + 2H+H2OComplexo IIFADH23. A ATP sintase é distinta e fisicamente separada da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong>elétrons. A transferência <strong>de</strong> 2e <strong>de</strong> NADH até O 2 envolve um ΔG 0 ’= -218kJ/mol, quegera um incremento no gradiente <strong>de</strong> prótons suficiente para mover a ATP sintase,permitindo a produção <strong>de</strong> 3 moles <strong>de</strong> ATP (ΔG 0 ’= +30,5kJ/mol). Nestas condições, aATP sintase trabalha com uma eficiência termodinâmica igual a 42%. É, no entanto,necessário <strong>de</strong>stacar que quando os 2e saem do nível redox <strong>de</strong> FADH 2 , formam-seapenas 2ATP. Naturalmente, para uma melhor medida da real eficiênciatermodinâmica da fosforilação oxidativa seria preciso estimar o ΔG da transferência <strong>de</strong>elétrons em vez do ΔG 0 ’.4. A gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia livre que seria dissipada na oxidação completa daglicose a CO 2 e H 2 O [C 6 H 12 O 6 + 6 O 2 6 CO 2 + 6 H 2 O; G 0 ’= -2823 kJ/mol] éaproveitada para produção <strong>de</strong> ATP, graças quase exclusivamente ao processo <strong>de</strong>fosforilação oxidativa, ren<strong>de</strong>ndo 38ATP por mol <strong>de</strong> glicose (incluindo neste total 2ATPda glicólise e 2 do ciclo <strong>de</strong> Krebs).5. Vários mecanismos da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> elétrons e <strong>de</strong> seu acoplamento àsíntese <strong>de</strong> ATP foram elucidados através da utilização <strong>de</strong> inibidores e <strong>de</strong>sacopladores,entre os quais estão: rotenona, amital, antimicina A, cianeto e DNP. Rotenona e amital inibem a redução dos complexo I e III por NADH. Antimicina A inibe o transporte <strong>de</strong> elétrons no complexo II. Cianeto inibe o transporte no complexo IV.56


DNP é <strong>de</strong>sacoplador, pois promove o “vazamento“ <strong>de</strong> H + ,levando à dissipação dogradiente <strong>de</strong> prótons e contínuo transporte <strong>de</strong> elétrons, <strong>de</strong>sacoplado da síntese <strong>de</strong>ATP.6. A síntese <strong>de</strong> ATP a partir <strong>de</strong> ADP e P i na mitocôndria, que é catalisada pela ATPsintase, é dirigida pelo processo <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> elétrons. Mas como a ATP sintase éfisicamente separada das proteínas do transporte <strong>de</strong> elétrons, a energia livre liberadano transporte <strong>de</strong> elétrons <strong>de</strong>ve ser conservada em uma forma que possa ser utilizadapela ATP sintase. A energia livre do transporte <strong>de</strong> elétrons é conservada pelobombeamento <strong>de</strong> H + da matriz mitocondrial para o espaço intermembranar, criandoum gradiente <strong>de</strong> H + . A volta dos prótons ao interior da mitocôndria étermodinamicamente favorável. A membrana interna da mitocôndria é impermeável aprótons em toda sua extensão, exceto na ATP sintase; e é então por este canal que osprótons atravessam a membrana, <strong>de</strong> volta à matriz mitocondrial. A variação <strong>de</strong> energialivre associada ao transporte <strong>de</strong> um próton através da membrana interna damitocôndria po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminada através <strong>de</strong> medidas da diferença <strong>de</strong> pH e dopotencial <strong>de</strong> membrana estabelecidos em mitocôndrias consumindo oxigênio.MÓDULO 11: GLICONEOGÊNESE1. O fígado humano precisa manter níveis mínimos da glicose circulante, porquecérebro e hemácias <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m quase exclusivamente <strong>de</strong> glicose para produção <strong>de</strong>energia. No entanto, a reserva <strong>de</strong> glicogênio hepático não é suficiente para essafinalida<strong>de</strong>. Por isso, o fígado sintetiza glicose <strong>de</strong> novo a partir <strong>de</strong> lactato, piruvato,glicerol, intermediários do ciclo <strong>de</strong> Krebs e aminoácidos, através <strong>de</strong> uma via anabólicachamada <strong>de</strong> gliconeogênese. No jejum, mesmo o jejum <strong>de</strong> poucas horas, agliconeogênese é a principal fonte da glicose liberada pelo fígado na circulação.2. A glicólise, como já foi visto, é um a via catabólica com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produzirenergia na forma <strong>de</strong> 2 NADH + 2 ATP a partir da <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong> glicose a piruvato <strong>de</strong>acordo com a equação química seguinte:Glicose + 2 NAD + + 2 ADP + 2 Pi 2 Piruvato + 2 NADH + 2 ATP + 2 H 2 O + 2 H +A gliconeogênese tem a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sintetizar glicose a partir <strong>de</strong> piruvato, isto é, fazo caminho metabólico inverso ao da glicólise. Mas, a gliconeogênese, contrariamenteà glicólise, é muito en<strong>de</strong>rgônica. Para produzir glicose a partir <strong>de</strong> piruvato necessitamse2 NADH + 4 ATP +2 GTP, conforme a estequiometria indicada na equação abaixo:2 Piruvato + 2 NADH + 4 ATP + 2 GTP + 2 H 2 O Glicose + 2 NAD + + 4 ADP + 2 GDP + 6 P i+ 2 H +3. A gliconeogênese utiliza enzimas glicolíticas reversivelmente, mas três <strong>de</strong>ssasenzimas, a hexoquinase, a fosfofrutoquinase e a piruvato quinase, catalisam reaçõescom G -muito negativo, sendo essencialmente irreversíveis. Estas reações sãosubstituídas na gliconeogênese por reações exergônicas, tornando57


termodinamicamente favorável a síntese <strong>de</strong> glicose a partir <strong>de</strong> piruvato. Destasreações, as duas primeiras correspon<strong>de</strong>ntes às enzimas hexoquinase efosfofrutoquinase, são substituídas por reações simples <strong>de</strong> hidrólise <strong>de</strong> ligação fosfoester,catalisadas, respectivamente, pelas enzimas glicose-6-P-fosfatase e frutose-1,6-bis-fosfatase. Já a terceira reação, que permite a volta <strong>de</strong> piruvato para P-enolpiruvatoé mais complexa e se dá em duas etapas catalisadas, respectivamente, por piruvatocarboxilasee P-enolpiruvato-carboxiquinase.4. O balanceamento entre glicólise e gliconeogênese é coor<strong>de</strong>nadamente controladopor um complexo sistema <strong>de</strong> regulação enzimática, envolvendo interações alostéricase modificações covalentes. Todo esse controle está concentrado nas 3 reações nasquais glicólise e gliconeogênese seguem reações in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, irreversíveis eopostas, que são: 1) glicose / glicose-6-P; 2) frutose-6-P / frutose-1,6-bisP; 3) P-enolpiruvato / piruvato.MÓDULO 12. ÁCIDOS GRAXOS: ESTRUTURA, FUNÇÃO E METABOLISMO1. Lípi<strong>de</strong>s ou lipí<strong>de</strong>os são substâncias biológicas solúveis em solventes orgânicos,como clorofórmio e metanol e, praticamente, insolúveis em água. Os lípi<strong>de</strong>scompreen<strong>de</strong>m: a) ácidos graxos, em geral na forma <strong>de</strong> triacilglicerois; b)glicerofosfolípi<strong>de</strong>s; c) esfingolípi<strong>de</strong>s; d) colesterol e <strong>de</strong>rivados. Este módulo serestringe a ácidos graxos e triacilglicerois.2. Ácidos graxos são ácidos carboxílicos com longas ca<strong>de</strong>ias hidrocarbonadas,encontrados na forma <strong>de</strong> tri-esteres <strong>de</strong> glicerol. A maioria possui um número par <strong>de</strong> C,predominando os <strong>de</strong> 16 C (ácido palmítico) e os <strong>de</strong> 18 C (ácido oléico). Gran<strong>de</strong> parteapresenta dupla ligação (insaturado) e muitos são poli-insaturados.3. As proprieda<strong>de</strong>s físicas dos ácidos graxos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do grau <strong>de</strong> insaturação daca<strong>de</strong>ia hidrocarbonada. As moléculas dos ácidos graxos saturados são muito flexíveis,facilitando a atração e coesão entre si. Duplas ligações entre C impõe rigi<strong>de</strong>z à ca<strong>de</strong>ia,tornando-a menos flexível e limitando a coesivida<strong>de</strong> entre as moléculas do ácidograxo. Em conseqüência disso, a temperatura <strong>de</strong> fusão (transição <strong>de</strong> fasesólido/líquido) diminui com o grau <strong>de</strong> insaturação dos ácidos graxos.4. Os triacilglicerí<strong>de</strong>os <strong>de</strong>sempenham um papel <strong>de</strong> reserva <strong>de</strong> energia metabólica.Algumas <strong>de</strong> suas proprieda<strong>de</strong>s físico-quimicas são i<strong>de</strong>ais para essa função: a) elevadograu <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> seus C, maximizando a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia livre liberada naoxidação e b) alta hidrofobicida<strong>de</strong>, permitindo estocagem livre <strong>de</strong> água (estoquesanidros). Não é por acaso que os triglicerí<strong>de</strong>os compõe cerca <strong>de</strong> 90% da reserva <strong>de</strong>energia metabólica e também da dieta lipídica dos humanos.5. A reserva <strong>de</strong> triacilglicerí<strong>de</strong>os do tecido adiposo é mobilizada através da hidrólise aglicerol e ácidos graxos livres, catalisada por lípase específica. Os ácidos graxos livres58


são carregados pela corrente sanguínea na forma <strong>de</strong> complexos com albumina, querepresenta 50% da proteína do plasma. Ácidos graxos livres são muito insolúveis, a~1microM formam micelas, que são altamente tóxicas.6. A via catabólica <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong> ácidos graxos para produção <strong>de</strong> ATP ocorre namatriz mitocondrial e se chama beta-oxidação. Esta via leva à clivagem sequencial daca<strong>de</strong>ia do ácido graxo em pares <strong>de</strong> C, liberando a cada ciclo: 1 acetilCoA, 1 NADH e 1FADH 2 (ver reações abaixo), que alimentarão, respectivamente, o ciclo <strong>de</strong> Krebs e aca<strong>de</strong>ia respiratória. Mas, a beta-oxidação exige previamente uma ativação inicial queconsome 1 ATP e libera o ácido graxo na forma <strong>de</strong> acilCoA. Esta etapa preliminar <strong>de</strong>ativação se dá associada à membrana externa da mitocôndria e, a transferência daacilCoa para <strong>de</strong>ntro da mitocôndria, é mediada pela carnitina.7. A oxidação completa <strong>de</strong> uma molécula <strong>de</strong> palmitato (16 C) a CO 2 e H 2 O, através dabeta-oxidação, ciclo <strong>de</strong> Krebs e ca<strong>de</strong>ia respiratória, ren<strong>de</strong> 129 ATP. É importante<strong>de</strong>stacar que este rendimento, medido em ATP/mol-oxidado, é muito superior ao daoxidação completa <strong>de</strong> açucares e proteínas, pois a oxidação <strong>de</strong> um ácido graxo leva áliberação <strong>de</strong> 37,6 kJ/g <strong>de</strong> energia livre, enquanto oxidação <strong>de</strong> açucares ou proteínaslibera apenas 16,7 kJ/g.8. Os ácidos graxos são sintetizados no citosol por via anabólica própria que adicionaseqüencialmente unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 2 C á ca<strong>de</strong>ia em crescimento. Esta via é alimentada poracetilCoA, mas só a primeira unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2 C entra como acetilCoA, as subseqüentessão na forma <strong>de</strong> malonilCoA. Portanto, o acetilCoA precisa ser previamente ativado amalonilCoA, por carboxilação e consumo <strong>de</strong> 1 ATP, para permitir a reação <strong>de</strong>con<strong>de</strong>nsação, levando ao crescimento da ca<strong>de</strong>ia do ácido graxo <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2C, por ciclo <strong>de</strong> síntese. A ativação <strong>de</strong> acetilCoA é catalisada pela acetilCoAcarboxilase,uma enzima sujeita a controle complexo, envolvendo regulação alostéricae ativação / <strong>de</strong>sativação por modificação covalente (fosforilação / <strong>de</strong>sfosforilação).9. A síntese <strong>de</strong> palmitato (16 C) é altamente en<strong>de</strong>rgônica, obe<strong>de</strong>cendo a sequinteestequiometria:AcetilCoA + 7 malonilCoA + 14 NADPH + 7H + palmitato + 7 CO 2 + 14 NADP + + 8CoA + 6H 2 OA elongação da ca<strong>de</strong>ia além <strong>de</strong> 16 C e a inserção <strong>de</strong> duplas ligações é feita por outrossistemas enzimáticos especializados, que se localizam na membrana do retículoendoplasmático. Mas, mamíferos não possuem enzimas para introduzir duplasligações em ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> ácidos graxos acima do C9. Por isso, linoleato (18:2) elinolenato (18:3), são ácidos graxos essenciais que precisam ser adquiridos pela dieta.59


Reações <strong>de</strong> um ciclo <strong>de</strong> beta-oxidação:OR – CH 2 – CH 2 – CH 2 – C – S-CoA(acil-CoA)oxidaçãoFADFADH 2HOR – CH 2 – C = C – C – S-CoA(enoil-CoA)HhidrataçãoH 2 OHO HOR – CH 2 – C – C – C – S-CoA(L-hidroxiacil-CoA)H Hoxidação NAD +NADHOOR – CH 2 – C – CH 2 –C –S-CoA(ceto acil-CoA)tióliseCoAOR – CH 2 – C – S-CoA + H 3 C – C –S-CoA (acetil-CoA)O10. É importante <strong>de</strong>stacar que animais <strong>de</strong>gradam eficientemente glicose até acetilCoApela glicólise e assim po<strong>de</strong>m converter C <strong>de</strong> açúcar em ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> lipí<strong>de</strong>o <strong>de</strong> reserva.Mas, estes organismos não po<strong>de</strong>m fazer o caminho <strong>de</strong> volta <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> ácidograxo para glicose, pois não possuem reações que convertam acetilCoA em piruvatoou oxalacetato.MÓDULO 13: LÍPIDEOS, MEMBRANA & TRANSPORTE1. Moléculas anfifílicas, como lipí<strong>de</strong>os com uma única cauda hidrofóbica, ácidosgraxos livres e <strong>de</strong>tergentes, quando em solução aquosa e acima <strong>de</strong> um limiar <strong>de</strong>concentração (concentração micelar crítica ou cmc) formam agregados globulareschamados micelas.60


2. Por outro lado, lipí<strong>de</strong>os com duas caudas hidrofóbicas, como glicerofosfolipí<strong>de</strong>os eesfingolipí<strong>de</strong>os, ten<strong>de</strong>m a formar bicamadas lipídicas, que são a base estrutural dasmembranas biológicas.MicelaBicamada3. As membranas biológicas são compostas por proteínas associadas a uma matriz <strong>de</strong>bicamada lipídica. As proteínas que compõe as membranas pertencem a duascategorias: a) integrais ou intrínsecas e b) periféricas ou extrínsecas. Este arranjoestrutural foi originalmente proposto em 1972 por Singer e Nicholson como o mo<strong>de</strong>lo<strong>de</strong> mosaico fluído para as membranas biológicas, que foi plenamente confirmado porresultados experimentais estruturais e funcionais.Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> mosaico fluído para membranas biológicas61


4. As membranas são barreiras hidrofóbicas que oferecem gran<strong>de</strong> resistência àpassagem <strong>de</strong> solutos hidrofílicos, cuja permeação exige proteínas transportadorasespecíficas, conforme esquematizado na figura abaixo. Desta maneira a membrana,através <strong>de</strong> transportadores específicos, regula o transporte <strong>de</strong> metabolitos entrecompartimentos celulares.5. Um exemplo clássico <strong>de</strong> transporte é a tomada <strong>de</strong> glicose pela hemácia mediadapor um transportador específico, cuja velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da concentração externa <strong>de</strong>62


glicose e obe<strong>de</strong>ce a uma curva hiperbólica <strong>de</strong> saturação já bem conhecida da cinéticaenzimática, sendo K t análogo a K m : Esta forma <strong>de</strong> transporte é conhecida comotransporte passivamente mediado ou difusão facilitada. Trata-se <strong>de</strong> um processoexergônico, pelo qual o soluto, no caso a glicose, atravessa espontaneamente amembrana indo do compartimento <strong>de</strong> maior para o <strong>de</strong> menor concentração.6. Existem 5 transportadores conhecidos que mediam a difusão facilitada <strong>de</strong> glicoseem humanos: GLUT1 a 5, cujos K t s são diferentes para aten<strong>de</strong>r as necessida<strong>de</strong>sfuncionais dos tecidos nos quais são expressos. GLUT1 é o transportador emhemácias, já GLUT2 é expresso no fígado e células beta do pâncreas, enquantoGLUT4 aparece no músculo esquelético, tecido adiposo etc.7. Mas, no epitélio do intestino a glicose obtida da dieta é transportada para <strong>de</strong>ntro dacélula contra o gradiente <strong>de</strong> concentração, portanto através <strong>de</strong> um processoen<strong>de</strong>rgônico que exige consumo <strong>de</strong> energia metabólica para ocorrer e é referido comotransporte ativo. Neste caso o transportador é chamado simport, pelo qual a glicose étransportada junto com Na + e é termodinamicamente possível porque existe umgradiente eletroquímico <strong>de</strong> Na + <strong>de</strong> fora para <strong>de</strong>ntro da célula. Há múltiplas formas <strong>de</strong>transporte ativo, das quais este exemplo da glicose é apenas uma <strong>de</strong>las. Gran<strong>de</strong> parteda energia metabólica consumida pelas células se <strong>de</strong>ve á manutenção da enormediversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transportadores que promovem a transferência <strong>de</strong> metabolitos e íonscontra gradientes <strong>de</strong> concentração.MÓDULO 14: CICLO DAS PENTOSES1. Muitas funções celulares que envolvem reações en<strong>de</strong>rgônicas são efetuadasgraças à hidrólise exergônica <strong>de</strong> ATP. Outras reações en<strong>de</strong>rgônicas, como a síntese<strong>de</strong> ácidos graxos e colesterol e a fotossíntese, requerem NADPH, que tem um gran<strong>de</strong>po<strong>de</strong>r redutor.2. O grupo fosforila no carbono 2 <strong>de</strong> uma das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ribose do NADPH odiferencia <strong>de</strong> NADH. NADH é oxidado pela ca<strong>de</strong>ia respiratória para gerar ATP,enquanto que NADPH serve como um doador <strong>de</strong> elétrons em reações biossintéticasredutoras.3. Na via das pentoses, NADPH é gerado quando a glicose-6-fosfato é oxidada aribose-5-fosfato, que é um açúcar <strong>de</strong> 5 carbonos, componente <strong>de</strong> vários compostosimportantes, como ATP, CoA, NAD + , FAD, RNA e DNA.4. A via das pentoses também catalisa a interconversão <strong>de</strong> açúcares <strong>de</strong> 3, 4, 5, 6 e 7carbonos, em uma série <strong>de</strong> reações não oxidativas que ocorrem no citosol.5. As reações da via das pentoses são as seguintes: glicose-6-fosfato é <strong>de</strong>sidrogenado e convertido a ribulose-5-fosfato, em trêsreações, produzindo 2 NADPH + H + . ribulose-5-fosfato é isomerizada a ribose-5-fosfato.63


Nestas reações, 2 NADPH + H + e uma ribose-5-fosfato são gerados para cada glicose-6-fosfato oxidada. ribose-5-fosfato é convertida a gliceral<strong>de</strong>ído-3-fosfato e frutose-6-fosfato pelatranscetolase e transaldolase. A transcetolase catalisa a transferência <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>C2 <strong>de</strong> uma cetose para uma aldose. A transaldolase transfere unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> C3 <strong>de</strong> umaaldose para uma cetose.As reações <strong>de</strong> transcetolase e transaldolase criam uma ligação reversível entre a viadas pentoses e a via glicolítica. O resultado <strong>de</strong>ssas reações é a formação <strong>de</strong> 2hexoses e 1 triose a partir <strong>de</strong> 3 pentoses:C 5 + C 5 C 3 + C 7 TranscetolaseC 7 + C 3 C 4 + C 6 TransaldolaseC 5 + C 4 C 3 + C 6 Transcetolase6. O excesso <strong>de</strong> ribose-5-fosfato formado pela vias das pentoses po<strong>de</strong> sercompletamente convertido em intermediários da via glicolítica.7. A primeira reação da via das pentoses, a <strong>de</strong>sidrogenação da glicose-6-fosfato, épraticamente irreversível. E é essa a reação em que a via das pentoses é controlada.O fator regulatório mais importante é o nível <strong>de</strong> NADP + , o receptor <strong>de</strong> elétrons naoxidação da glicose-6-fosfato a 6-fosfogluconolactona. Além disso, NADPH competecom NADP + pela ligação à enzima. A parte não oxidativa da via das pentoses écontrolada principalmente pela disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> substratos.8. A via percorrida pela glicose-6-fosfato <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da necessida<strong>de</strong> celular <strong>de</strong> NADPH+ H + , ribose-5-fosfato e ATP: Quando muito mais ribose-5-fosfato é requerida que NADPH + H + , a maior parte <strong>de</strong>glicose-6-fosfato é convertida a frutose-6-fostato e gliceral<strong>de</strong>ído-3-fosfato pela viaglicolítica, a transaldolase e a transcetolase convertem esses em ribose-3-fosfato. Quando a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> NADPH + H + e ribose-5-fosfato estão balanceadas, areação predominante é a formação <strong>de</strong> 2 NADPH e uma ribose-5-fosfato <strong>de</strong> glicose-6-fosfato pela fase oxidativa da via das pentoses. Quando muito mais NADPH + H + é requerido que ribose-5-fosfato, a glicose-6-fosfato é completamente oxidada a CO 2 , ou convertida a piruvato.MÓDULO 15. FOTOSSÍNTESE1. A fotossíntese é o processo pelo qual a energia luminosa é transformada emenergia química e po<strong>de</strong>r redutor, armazenada nas moléculas <strong>de</strong> ATP e NADH +H + .Num segundo passo fase escura (na verda<strong>de</strong>, fase in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> luz) a energiaarmazenada é utilizada para síntese <strong>de</strong> glicose a partir <strong>de</strong> CO 2 +H 2 O. A fotossínteseocorre nos cloroplastos, uma organela que, como a mitocôndria, possui umamembrana externa altamente permeável e uma membrana interna praticamenteimpermeável, separadas por um espaço intermembranar.64


A equação geral da fotossíntese é:6 CO 2 + 6 H 2 O C 6 H 12 O 6 + 6 O 2 G o´= +2.870 KJ x mol -12. As reações <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> luz ocorrem na membrana tilacói<strong>de</strong> e envolvemprocessos semelhantes ao transporte <strong>de</strong> elétrons e fosforilação oxidativa damitocôndria. As reações in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> luz ocorrem no estroma.3. Os primeiros estudos <strong>de</strong> fotossíntese realizados levaram à conclusão <strong>de</strong> que CO 2era a fonte do O 2 gerado na fotossíntese. Em 1931, entretanto, <strong>de</strong>monstrou-se quebactérias fotossintetizantes anaeróbicas, sintetizam glicose a partir <strong>de</strong> CO 2 , sem gerarO 2 :CO 2 + 2 H 2 S luz (CH 2 O) + 2 S + H 2 O4. A reação geral da fotossíntese po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>monstrada como segue:CO 2 + 2 H 2 A luz (CH 2 O) + 2 A + H 2 OEm cianobactérias, H 2 A é H 2 S, e em plantas, H 2 O. Isso sugere que a fotossíntese sejaum processo <strong>de</strong> duas fases, nos quais a energia solar é utilizada para oxidar H 2 A (faseclara):2 H 2 A luz 2 A + 4[H]e o agente redutor resultante [H] subsequentemente reduz CO 2 (fase escura):4[H] + CO 2 luz (CH 2 O) + H 2 O5. O principal fotorreceptor na fotossíntese é a clorofila. A luz absorvida pelas clorofilasantena e pigmentos acessórios é transferida para centros <strong>de</strong> reação fotossintéticos,on<strong>de</strong> ocorrem as principais reações da fotossíntese.6. Plantas e cianobactérias utilizam o po<strong>de</strong>r redutor gerado pela oxidação <strong>de</strong> H 2 Odirigida pela luz para produzir NADPH.7. A produção <strong>de</strong> O 2 na fotossíntese requer 2 fotossistemas: Fotossistema I (P700)gera um forte agente redutor, capaz <strong>de</strong> reduzir NADP + , e concomitantemente, umoxidante fraco; Fotossistema II (P680) gera um forte agente oxidante, capaz <strong>de</strong> oxidarH 2 O, e concomitantemente, um redutor fraco. O redutor fraco reduz o oxidante fraco.Assim, fotossistemas I e II precisam funcionar em série para acoplar a oxidação daH 2 O com a redução <strong>de</strong> NADP+ (transferência <strong>de</strong> elétrons <strong>de</strong> H 2 O para NADP + ,formando O 2 e NADPH + H + ).8. Quando iluminado, o FS II passa para uma forma excitada e per<strong>de</strong> elétrons, osquais são transportados por reações <strong>de</strong> óxido-redução para o fotossistema I. O PS Iiluminado fornece elétrons para a redução <strong>de</strong> NADP+. Como resultado temos aoxidação do FS II e a redução do FS I. A reposição <strong>de</strong> elétrons em PS II é feita porelétrons provenientes da oxidação <strong>de</strong> água e, em PSI, por elétrons emitidos por PSII.9. Os componentes envolvidos no transporte <strong>de</strong> elétrons <strong>de</strong> H 2 O para NADP+ comprodução <strong>de</strong> NAPDPH + H+ estão organizados em três partículas, que estão ligadas amembrana tilacói<strong>de</strong>: (1) fotossistema II; (2) complexo do citocromo b 6 f; (3)fotossistema I (fotofosforilação não-ciclica).65


10. Os cloroplastos geram ATP <strong>de</strong> maneira muito semelhante à da mitocôndria, ouseja, através do acoplamento da dissipação <strong>de</strong> um gradiente <strong>de</strong> prótons à síntese <strong>de</strong>ATP.11. Na fotofosforilação cíclica, os elétrons emitidos por P700 (PSI) são transferidos aocomplexo citocromo b 6 f, retornando finalmente a P700. Não há síntese <strong>de</strong> NADPH +H + , nem liberação <strong>de</strong> oxigênio.12. Na fase clara da fotossíntese, ATP e NADPH + H + são sintetizados, e esses sãoutilizados na fase escura para a síntese <strong>de</strong> carboidratos. A via pela qual as plantasincorporam CO 2 em carboidratos é <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> Ciclo <strong>de</strong> Calvin.13. O ciclo <strong>de</strong> Calvin engloba duas fases: (1) a fase <strong>de</strong> produção, na qual 3 moléculas<strong>de</strong> ribulose-5-fosfato reagem com 3 moléculas <strong>de</strong> CO 2 , gerando 6 moléculas <strong>de</strong>gliceral<strong>de</strong>ído-3-fosfato, com o gasto <strong>de</strong> 9 ATPs e 6 NADPH + H + ; (2) a fase <strong>de</strong>recuperação, na qual os átomos <strong>de</strong> carbono <strong>de</strong> 5 gliceral<strong>de</strong>ído-3-fosfato entram emuma série <strong>de</strong> reações para dar origem a 3 ribulose-5-fosfato, com as quais o ciclorecomeça.MÓDULO 16: METABOLISMO DO GLICOGÊNIO E CONTROLE HORMONAL1. O glicogênio é um polissacarí<strong>de</strong>o que funciona como forma <strong>de</strong> reserva <strong>de</strong> energiaem animais e microrganismos. Em animais, o glicogênio está <strong>de</strong>positado no fígado,um órgão central <strong>de</strong> reserva <strong>de</strong> energia, e, também, nos músculos, on<strong>de</strong> é <strong>de</strong>gradadolocalmente. O glicogênio hepático é exportado para manter a glicemia.2. A natureza polimérica e semi-solúvel do glicogênio constitui-se numa maneiraperfeita <strong>de</strong> armazenar energia na forma <strong>de</strong> glicose. O estoque <strong>de</strong> glicogênio do fígadona forma <strong>de</strong> glicose causaria tamanha pressão osmótica, que a viabilida<strong>de</strong> dohepatócito seria impossível.3. O glicogênio é um polímero <strong>de</strong> -D-glico-piranose altamente ramificado. Na ca<strong>de</strong>iaos monômeros são interligados por ligações glicosídicas (14); nos pontos <strong>de</strong>ramificação a ligação também é glicosídica, mas (16).4. A glicose, na forma <strong>de</strong> glicose-1-P, é liberada da reserva <strong>de</strong> glicogênio pelafosforólise da ligação (14) da extremida<strong>de</strong> não redutora do polímero. Esta reaçãoé catalisada pela glicogênio fosforilase.5. A glicogênio fosforilase <strong>de</strong>grada até restarem 4 resíduos antes <strong>de</strong> uma ramificaçãoaté que a enzima <strong>de</strong>sramificadora transfere 3 dos 4 resíduos para outra extremida<strong>de</strong>da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> glicogênio formando uma nova ligação (14). O resíduo restante estáligado a ca<strong>de</strong>ia pela ligação (16) que é hidrolisada pela enzima <strong>de</strong>sramificadoraatravés <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong> (16) glicosidase.66


6. Glicose-1-fosfato é convertida a glicose-6-fosfato pela fosfoglicomutase, esta po<strong>de</strong>ser liberada pela circulação no fígado pela ação da glicose-6-fosfatase ou <strong>de</strong>gradadapelo músculo.7. A síntese do glicogênio se dá através <strong>de</strong> via uma diferente da <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação. Aglicose-1-P é primeiro ativada à uridinadifosfato-glicose, ou simplesmente UDP-G.UDP-G é o substrato da glicogênio sintase que catalisa a adição <strong>de</strong> um resíduo <strong>de</strong>glicose ao carbono 4 da glicose <strong>de</strong> uma extremida<strong>de</strong> não redutora do glicogênio,liberando ainda como produto UDP. Esta reação necessita <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias glicogênicaspré-existentes que funcionam como PRIMER da reação, oferecendo extremida<strong>de</strong>s nãoredutoras para reagir com UDP-G.Gli 6-P Gli 1-PGli 1-P + UTP UDP-Gli + PP I (1-fosfato uridil transferase)UDP-Gli + glicogênio (n) UDP + glicogênio (n + 1)O UDP é convertido a a UTP as custas da utilização <strong>de</strong> ATP:PP I + H 2 O 2 P I (pirofosfatase)UDP + ATP UTP + ATP (nucleosí<strong>de</strong>o difosfato quinase)8. A glicogênio fosforilase e glicogênio sintase formam um ciclo que,respectivamente, libera e <strong>de</strong>posita glicose-1-P no estoque da glicogênio:Glicose-1PUTP + H 2 OUDPG2 P iGlicogênio nFosforilaseSintaseIP i Glicogênio n+1 UDPÉ fácil notar que se estas enzimas funcionarem concomitantemente o ciclo seráFÚTIL, cujo único resultado líquido será dissipação <strong>de</strong> energia através da reação:UTP + H 2 O UDP + P iConclui-se que, necessariamente, no hepatócito estas enzimas são coor<strong>de</strong>nadamentereguladas, isto é, quando a fosforilase é ativada para mobilizar glicose-1-P, a sintase é<strong>de</strong>sativada, e vice-versa, conforme a necessida<strong>de</strong> celular.9. Ambas fosforilase e sintase são reguladas por fosforilação (modificação covalente)em resíduos específicos <strong>de</strong> serina, reações catalisadas pela mesma proteína-quinaseque possui dupla especificida<strong>de</strong>, sendo por isso chamada <strong>de</strong> sintase-fosforilasequinase. A fosforilase e a sintase são espécies fosforiladas, portanto a fosforilação,catalisada pela sintase-fosforilase quinase, causa ativação da fosforilase e inativaçãoda sintase.67


10. A fosforilase a e a sintase I (formas ativas), por um lado, e a fosforilase b e asintase D (formas não ativas), por outro, são, respectivamente interconversíveis. Paratanto é necessário que fosforilase a e a sintase I sejam <strong>de</strong>sfosforiladas, através <strong>de</strong>uma reação que requer catálise. A principal enzima, catalisadora comum <strong>de</strong>stas<strong>de</strong>sfosforilações, é a fosfoproteína fosfatase 1.11. A integração metabólica requerida pelo bom funcionamento do organismo faz comque as interconversões coor<strong>de</strong>nadas da fosforilase e sintase do glicogênio no fígado,por fosforilação, sejam controladas extracelularmente por hormônios específicos,principalmente: adrenalina, glucagon e insulina.12. As formas inativas fosforilase b e sintase D são intracelularmente estimuladas porfatores alostéricos positivos, por razões <strong>de</strong> economia interna do metabolismo celular,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> controle hormonal. São estimuladores alostéricos da fosforilaseb e sintase D, respectivamente, 5’-AMP e glicose-6P.13. A regulação metabólica é feita <strong>de</strong> interferência direta <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas reaçõesquímicas que compõem o metabolismo, aumentando ou reduzindo sua velocida<strong>de</strong>. Oresultado direto <strong>de</strong>ste processo é a maior oferta <strong>de</strong> substratos ou acúmulo <strong>de</strong>metabólitos que acabará por influenciar outras vidas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>stes compostos ea forma mais eficiente <strong>de</strong> regulação <strong>de</strong>sta re<strong>de</strong> é aumentar a concentração ou alterar aeficiência da enzima.14. Po<strong>de</strong> se controlar a síntese ou <strong>de</strong>gradação enzimática; também se po<strong>de</strong> modular aativida<strong>de</strong> enzimática através <strong>de</strong> mudanças conformacionais da própria enzimaprovocada através da ligação <strong>de</strong> compostos ou grupos na ca<strong>de</strong>ia peptídica: regulaçãoalostérica e regulação por modificação covalente. A concentração enzimática tambémpo<strong>de</strong> variar conforme a oferta do substrato; alteração mediada através <strong>de</strong> hormônios.15. Hormônios são sinais químicos que permitem a comunicação entre células. Sãosintetizados em células glandulares para atingir células alvo através da circulaçãosanguínea. As células alvo respon<strong>de</strong>m a hormônios específicos por possuírem osrespectivos receptores hormonais. A ligação do hormônio ao receptor segue umareação <strong>de</strong> equilíbrio semelhante à interação enzima-substrato: H + R [RH]: aconstante <strong>de</strong> dissociação <strong>de</strong> RH (K D ), correspon<strong>de</strong>nte à reação inversa é muito baixa -(10 -12 a 10 -9 M) - <strong>de</strong>vido à alta afinida<strong>de</strong> entre hormônio e receptor.16. Uma parte importante dos receptores hormonais são proteínas integrais <strong>de</strong>membrana, muitas da quais tem, atualmente, sua estrutura primária conhecida e suaestrutura tridimensional mo<strong>de</strong>lada, em conseqüência da clonagem e seqüenciamentodos seus respectivos genes. Por exemplo, o receptor -adrenérgico do hormônioadrenalina, encontrado em hepatócito e outros tipos celulares, possui um pesomolecular <strong>de</strong> 64 kD, compreen<strong>de</strong>ndo uma única ca<strong>de</strong>ia peptídica que, <strong>de</strong> maneiraserpentiforme, atravessa a membrana 7 vezes, <strong>de</strong>ixando do lado extracelular, aextremida<strong>de</strong> N-terminal e 3 alças, e do lado intracelular, outras 3 alças mais a68


extremida<strong>de</strong> C-terminal. A porção extracelular do receptor contém o sítio <strong>de</strong> ligação daadrenalina, enquanto a porção intracelular se associa a um trímero <strong>de</strong> proteínasconhecidas como proteína-G, por ter um sítio específico para ligação do nucleotí<strong>de</strong>oGTP. São hoje conhecidos mais <strong>de</strong> 1000 receptores, <strong>de</strong> múltiplos hormônios, com estaestrutura básica formando a superfamília chamada dos receptores associados aproteína-G. A função <strong>de</strong>ste receptor é transduzir o sinal “adrenalina” <strong>de</strong> fora para<strong>de</strong>ntro da célula, processo que é mediado pelas proteínas-G. Há também receptorespresentes no citoplasma nuclear e citoplasmático e neste caso, o hormônio precisa teralta solubilida<strong>de</strong> a lipí<strong>de</strong>os, atravessando a membrana plasmática como os hormôniosesterói<strong>de</strong>s para encontrar o seu receptor <strong>de</strong>ntro da célula.17. Os hormônios estão envolvidos no metabolismo em dois níveis: indução ourepressão gênica <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas enzimas ou através da modificação covalente: Afosforilação é mediada pelas proteínas quinases que transferem o grupo fosfato doATP para resíduos específicos <strong>de</strong> serina, treonina e tirosina, formando uma ligaçãoéster fosfórico ou a retirada do grupo fosfato é catalisada pela ação <strong>de</strong> fosfoproteínasfosfatases através da hidrólise.18. ligação <strong>de</strong> adrenalina ao receptor -adrenérgico acoplado a proteína G ativa aenzima a<strong>de</strong>nilato ciclase através da ativação da subunida<strong>de</strong> (por ligação <strong>de</strong> GTP),presente na face interna da membrana citoplasmática, qual ativa a a<strong>de</strong>nilato ciclase,catalisando a formação <strong>de</strong> cAMP a partir <strong>de</strong> ATP e <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ando a transdução <strong>de</strong>sinal. A <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> cAMP, por Sutherland e colaboradores há cerca <strong>de</strong> 40 anos,levou à criação do conceito do segundo mensageiro da ação hormonal, sendo cAMP oprimeiro a ser <strong>de</strong>scrito, e permitiu dar início à progressiva compreensão dosmecanismos <strong>de</strong> ação do receptor <strong>de</strong> adrenalina. Devemos lembrar que os primeirosmensageiros químicos extracelulares são os hormônios. cAMP tem efeito transiente eé hidrolisada pela ação da fosfodiesterase. Na célula, o balanço entre as reações <strong>de</strong>síntese (a) e <strong>de</strong>gradação (b) regula a concentração intracelular do cAMP.a) ATP + H 2 O cAMP + 2 P i ; catalisada pela a<strong>de</strong>nilato ciclaseb) cAMP + H 2 O AMP; catalisada pela fosfodiesterase.19. A base da ação metabólica do cAMP é a ativação alostérica <strong>de</strong> uma quinase cujossubstratos são proteínas, sendo conhecida como proteína quinase <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>cAMP, ou simplesmente PKA (Protein Kinase <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt on cAMP). A PKA, uma vezativada, catalisa a fosforilação ativadora (modificação covalente) <strong>de</strong> uma cascata <strong>de</strong>proteínas quinases que terminam na fosforilação da fosforilase a e da sintase doglicogênio, causando, respectivamente, a ativação e a inativação <strong>de</strong>ssas enzimas. Oresultado final <strong>de</strong>ssa seqüência <strong>de</strong> ativações enzimáticas, com alternância <strong>de</strong>regulação alostérica e modificação covalente, é a fosforólise do glicogênio liberandoglicose-1P, comandada por sinais hormonais extracelulares.20. Os efeitos <strong>de</strong> ativação ou não da via <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do receptor ativado, no caso dosreceptores adrenérgicos, os efeitos <strong>de</strong> 1 são mediados através dos íons cálcio e e69


a ativação <strong>de</strong> 2 leva a inibição da via <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nilato ciclase. Há casos aon<strong>de</strong> a proteínaG é do tipo G s sendo ativadora <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nilato ciclase e do tipo G R inibindo a a<strong>de</strong>nilatociclase. Algumas toxinas po<strong>de</strong>m ativar ou bloquear a via <strong>de</strong> transdução <strong>de</strong> sinal: toxinada cólera e a toxina da coqueluche.21. Dois hormônios são os principais responsáveis pelo equilíbrio da concentração daglicose circulante: glucagon e insulina.22. O glucagon é um hormônio que tem efeitos equivalentes aos da adrenalina nocontrole do metabolismo do glicogênio: possui um receptor da família dos receptoresacoplados a proteína-G e ativa a cascata que se inicia com cAMP/PKA. Este éliberado em condições <strong>de</strong> hipoglicemia ativando processos <strong>de</strong>gradativos paramanutenção da glicemia sanguínea. A PKA (proteína quinase ativada por cAMP)fosforila a fosforilase quinase tornando-a ativa. A fosforilase quinase fosforila agoraglicogênio fosforilase. A glicogênio fosforilase ativada (quando fosforilada, glicogêniofosforilase b a) catalisa a hidrólise <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> glicose do glicogênio liberandogrupos <strong>de</strong> glicose-1-fosfato. No mesmo tempo, a fosforilase quinase, ativada pelacascata do receptor <strong>de</strong> glucagon-proteína-G, cAMP/PKA, fosforila a glicogêniosintase, a qual se torna inativa quando fosforilada (síntase I sintase D).23. A insulina tem efeito oposto, promove a absorção <strong>de</strong> glicose pelo fígado emúsculos e usa <strong>de</strong>posição nas reservas <strong>de</strong> glicogênio. Mas é importante notar que ainsulina tem mecanismos <strong>de</strong> ação totalmente diferentes da adrenalina e do glucagon.Os receptores <strong>de</strong> insulina não pertencem à família dos receptores acoplados aproteína-G e não têm ação sobre a a<strong>de</strong>nilato ciclase. Seus receptores são do grupo <strong>de</strong>receptores cujo domínio intracelular apresenta ativida<strong>de</strong> intrínseca <strong>de</strong> proteína-quinase<strong>de</strong> tirosina. A insulina estimula fosfoproteínas fosfatases. Para reverter a ação doglucagon, a insulina promove a ativação da fosfoproteína fosfatase que catalisa a<strong>de</strong>sfosforilação da glicogênio fosforilase e da glicogênio sintase, levando a inativaçãoda primeira (fosforilase a b) e ativação da segunda (síntase D sintase I). Destaforma o fluxo glicoseglicogênio é favorecido. O transporte da glicose no interior dascélulas com a atuação da insulina é um processo passivo mediado por uma família <strong>de</strong>permeases <strong>de</strong>nominadas GLUT (glucose transporter).24. Respostas celulares rápidas <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas por hormônios só po<strong>de</strong>m ser obtidasatravés da ativação, ou da inibição, <strong>de</strong> enzimas pré-existentes. Hormônios esterói<strong>de</strong>s(por exemplo cortisol) quando secretados difun<strong>de</strong>m-se pela membrana citoplasmáticae ligam-se ao seus receptores intracelulares os quais, quando ativados, promovem nonúcleo a regulação do metabolismo pela indução da transcrição <strong>de</strong> genes quecodificam enzimas específicas, levando à síntese <strong>de</strong> novo das proteínascorrespon<strong>de</strong>ntes, fenômeno conhecido como indução enzimática. Mas o mecanismo<strong>de</strong> indução enzimática <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ado por hormônios resulta necessariamente numaresposta celular lenta, uma vez que os RNAs mensageiros (mRNAs) precisam sertranscritos, processados, transportados para o citoplasma e finalmente traduzidospara produzir as proteínas enzimáticas exigidas.70


25. A adrenalina estimula uma resposta local no músculo. A liberação <strong>de</strong> adrenalina éinduzida por estímulo nervoso autônomo em situações <strong>de</strong> perigo, exercício físico, ehipoglicemia e induz a <strong>de</strong>gradação do glicogênio com os fins <strong>de</strong> fornecer glicose-1-fosfato como fonte <strong>de</strong> energia para ativida<strong>de</strong>s musculares que permitem ao animalreagir a estas situações.26. Regulação da glicólise e gliconeogênese. A glicólise é uma das vias metabólicasprincipais para o fornecimento <strong>de</strong> energia. No fígado, encontra-se também agliconeogênese, a qual é, <strong>de</strong> forma geral, uma via antagônica da glicólise. A regulaçãodas duas vias é feita <strong>de</strong> forma reciproca, isto é, quando uma <strong>de</strong>las está ativa, a outraestá inibida. Há três vias sob controle metabólico: as conversões reversíveis <strong>de</strong>: (i)glicose para glicose-6-fosfato (hexoquinase e glicose-6-fosfatase); (ii) frutose-6-fosfatoe frutose-1,6-bisfosfato (fosfofrutoquinase e frutose-1,6-bisfosfatase; e (iii)fosfoenolpiruvato e piruvato (piruvato quinase e fosfoenolpiruvato carboxiquinase,piruvato carboxilase). A fosfofrutoquinase é o principal ponto <strong>de</strong> regulação da glicólise.AMP e frutose-2,6-bisfosfato agem como efetuadores alostéricos positivos. A formação<strong>de</strong> frutose-2,6-bisfosfato está sob controle hormonal. Em condições <strong>de</strong> hipoglicemia, oglucagon estimula a produção <strong>de</strong> cAMP no fígado. Isso ativa a PKA a fosforilar einativar a fosfofrutoquinase e ativar a frutose-bisfosfatase-2, diminuindo aconcentração <strong>de</strong> frutose-2,6-bisfosfatase. Como resultado, o equilíbrio entre asreações <strong>de</strong> fosfofrutoquinase é alterado, em favor da síntese <strong>de</strong> frutose-6-fosfato,aumentado o fluxo gliconeogênico e a síntese <strong>de</strong> glicose-6-fosfato. Ao contrário, emcondições <strong>de</strong> hiperglicemia, as concentrações <strong>de</strong> cAMP diminuíram, e o conseqüenteaumento <strong>de</strong> frutose-2,6-bisfosfato ativa a fosfofrutoquinase e promove a glicólise.MÓDULO 17: METABOLISMO DE AMINOÁCIDOS1. Em animais, o N do grupo amino dos aminoácidos são eficientemente obtidos apartir <strong>de</strong> NH + 4 pelas reações catalisadas pelas enzimas <strong>de</strong>sidrogenase glutâmica eglutamina sintetase, fornecendo, respectivamente, glutamato e glutamina.2. Ainda em animais <strong>de</strong> forma geral, os aminoácidos alanina e aspartato po<strong>de</strong>m serobtidos a partir <strong>de</strong>, respectivamente, piruvato e oxalacetato, através da reação <strong>de</strong>transaminação tendo glutamato como doador <strong>de</strong> grupo amino. Outros aminoácidosexigem reações adicionais, além da transaminação para sua síntese final. Mas, comoregra, os esqueletos <strong>de</strong> C dos aminoácidos são obtidos a partir dos intermediários daglicólise, do ciclo <strong>de</strong> Krebs e do ciclo das pentoses.3. Há, no entanto, aminoácidos que não po<strong>de</strong>m ser sintetizados por animais <strong>de</strong>vido afalta do precursor que fornece o esqueleto <strong>de</strong> C. Estes são ditos aminoácidosessenciais e tem que ser obtidos na dieta. Por exemplo, humanos tem que conseguirda dieta 9 aminoácidos essenciais.71


4. Triglicerí<strong>de</strong>os e glicogênio são compostos <strong>de</strong> reserva, mobilizados quando hánecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia. Em animais, não existem espécies <strong>de</strong> proteína com funções<strong>de</strong> reserva energética, mas no jejum prolongado proteínas são hidrolisadas paraliberar aminoácidos que serão catabolisados para produção <strong>de</strong> energia. O fígado é ocentro <strong>de</strong> catabolisação <strong>de</strong> aminoácidos.5. O catabolismo <strong>de</strong> aminoácidos envolve a eliminação <strong>de</strong> N na forma <strong>de</strong> NH + 4 e atransformação dos esqueletos <strong>de</strong> C em intermediários da glicólise e do ciclo <strong>de</strong> Krebs.6. Duas reações principais permitem a eliminação do amino grupo. Diversosaminoácidos po<strong>de</strong>m transferir o grupo amino para o alfa-cetoglutarato numa reaçãocatalisada por transaminases:aspartato + alfa-cetoglutarato oxalacetato + glutamatoPor outro lado, glutamina e glutamato po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>saminados em reaçõescatalisadas pela glutaminase e <strong>de</strong>sidrogenase glutâmica, respectivamente:+glutamina + H 2 O glutamato + NH 4glutamato + NAD + (ou NADP + ) + H 2 O NH + 4 + alfa-cetoglutarato + NADH (ouNADPH) + H +O cátion amônio é tóxico, sendo utilizado para a síntese <strong>de</strong> glutamina ou convertidoem uréia no ciclo correspon<strong>de</strong>nte, para fins <strong>de</strong> excreção.7. Aminoácidos como alanina, aspartato e glutamato são ditos glicogênicos porquepo<strong>de</strong>m ser convertidos em, respectivamente, piruvato, oxalacetato e alfa-cetoglutarato,que, por sua vez, po<strong>de</strong>m ser transformados em fosfoenolpiruvato para síntese <strong>de</strong>glicose. Já os aminoácidos leucina e lisina são chamados cetogênicos por produziremexclusivamente acetilCoA como produto <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação, portanto servindo à síntese<strong>de</strong> corpos cetônicos, mas não <strong>de</strong> glicose.MÓDULO 18: CICLO DO NITROGÊNIO1. Os gases mais abundantes no ar atmosférico, O 2 e N 2 , são essenciais para aexistência da vida biológica no planeta Terra, mas divergem quanto à reativida<strong>de</strong>química. O O 2 tem proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> radical livre reagindo com relativa facilida<strong>de</strong>, daíservir muito bem como oxidante final na respiração <strong>de</strong> todos os organismos. Já o N 2possui uma tripla ligação altamente estável que lhe confere baixíssima reativida<strong>de</strong>química. Apesar disso, o N 2 gasoso da atmosfera é a fonte do elemento N que garantea vida na Terra. Por essas razões físico-químicas a redução do N 2 atmosférico pelossistemas biológicos tem características muito peculiares.2. A redução química do N 2 a NH 3 exige condições drásticas, 500 graus Celsius <strong>de</strong>temperatura e 300 atm <strong>de</strong> pressão, certamente incompatíveis com a vida biológica.Mas bactérias especializadas do gênero Rhyzobium, que são simbiontes <strong>de</strong> plantas72


leguminosas, reduzem eficientemente N 2 a NH + 4 , uma espécie química totalmentecompatível com o metabolismo <strong>de</strong> todos os organismos. Portanto, o N 2 fixado por essasimbiose entre planta e bactéria garante a disponibilida<strong>de</strong> do elemento N para todasas formas <strong>de</strong> vida terrestre. As bactérias fixadoras <strong>de</strong> N 2 possuem um complexoenzimático singular, a nitrogenase. A reação <strong>de</strong> redução do N 2 a NH + 4 (fixação <strong>de</strong>nitrogênio), qual envolve um redutor po<strong>de</strong>roso a gran<strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> energia naforma <strong>de</strong> ATP, é catalisado pela nitrogenase, qual usa NADPH + H + como doador <strong>de</strong>elétrons:N 2 + 8 H + + 8 e- + 16 ATP + 16 H 2 O 2 NH 3 + H 2 + 16 ADP +16 P i3.A volatilida<strong>de</strong> do NH + 4 (NH 3 + H + ) não favorece sua permanência no solo, masexistem bactérias autotróficas <strong>de</strong> vida livre, muito abundantes e largamentedisseminadas, que são especializadas na oxidação do cátion amônio a nitrito e nitratopara fins <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> energia metabólica. Desta maneira o elemento N éestavelmente <strong>de</strong>positado no solo na forma <strong>de</strong> espécies químicas, sais <strong>de</strong> nitrito enitrato, que são eficientemente absorvidas pelas raízes das plantas e prontamentereduzidas a NH + 4 no interior da célula vegetal.As etapas sumariamente mencionadas compreen<strong>de</strong>m o ciclo do nitrogênio nanatureza: a) redução do N 2 a NH + 4 ; b) oxidação <strong>de</strong> NH + 4 a nitrito e nitrato; c) redução<strong>de</strong> nitrito e nitrato a NH +4 e d) transformação do elemento N <strong>de</strong> inorgânico paraorgânico com a síntese <strong>de</strong> aminoácidos a partir <strong>de</strong> NH + 4 , reação possível em todas aformas <strong>de</strong> organismos biológicos.73

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!