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versão on-line - Programa de Pós-graduação em Ciências da ...

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A imag<strong>em</strong> como matriz histórica <strong>da</strong> nação mo<strong>de</strong>rnaum domínio <strong>de</strong> s<strong>em</strong>elhança entre cópias e mo<strong>de</strong>los e sim “um princípiopragmático que isola, no domínio geral <strong>da</strong>s artes (<strong>da</strong>s maneiras <strong>de</strong> fazer),certas artes particulares que executam coisas específicas, a saber,imitações”; e, finalmente, um regime estético, ou seja, aquele <strong>em</strong> que a artese torna singular, <strong>de</strong>sobriga<strong>da</strong> <strong>de</strong> qualquer regra específica, <strong>da</strong> hierarquia <strong>de</strong>t<strong>em</strong>as, gêneros e artes. Para encurtar a exposição, Rancière afirma entãoque aquilo que se costuma chamar <strong>de</strong> pós-mo<strong>de</strong>rnismo é apenas ac<strong>on</strong>sciência do fim <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado paradigma, qual seja, “a tentativa<strong>de</strong>sespera<strong>da</strong> <strong>de</strong> fun<strong>da</strong>r um ‘próprio <strong>da</strong> arte’ atando-o a uma teleologiasimples <strong>da</strong> evolução e <strong>da</strong> ruptura históricas”. (i<strong>de</strong>m p. 41). O próximopasso <strong>de</strong> Rancière é mostrar que se o regime estético se <strong>de</strong>fine exatamentecomo a “ruína do sist<strong>em</strong>a <strong>da</strong> representação”, ou seja, dos valores e normasque regiam as artes <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Aristóteles até o início do século XIX, é nele quea literatura torna possível, por ex<strong>em</strong>plo, a fotografia, c<strong>on</strong>testando assim asteses dos teóricos que viam na singulari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> máquina (fotográfica oucin<strong>em</strong>atográfica) a mágica <strong>de</strong>ssas novas artes técnicas. O realismo literárioprefigura a fotografia na medi<strong>da</strong> <strong>em</strong> que rompe com a hierarquia dos t<strong>em</strong>ase dos gêneros e passa a focalizar o hom<strong>em</strong> comum, permitindo assim que o<strong>de</strong>talhe possa revelar o todo:Que uma época e uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> possam ser li<strong>da</strong>s nos traços,vestimentas ou gestos <strong>de</strong> um indivíduo qualquer (Balzac),que o esgoto seja revelador <strong>de</strong> uma civilização (Hugo), que afilha do fazen<strong>de</strong>iro e a mulher do banqueiro sejamcaptura<strong>da</strong>s pela mesma potência do estilo como ‘maneiraabsoluta <strong>de</strong> ver as coisas’ (Flaubert), to<strong>da</strong>s essas formas <strong>de</strong>anulação ou <strong>de</strong> subversão <strong>da</strong> oposição do alto e do baixo nãoapenas prece<strong>de</strong>m os po<strong>de</strong>res <strong>da</strong> reprodução mecânica. Elestornam possível que esta seja mais do que a reproduçãomecânica. (RANCIÈRE, 2005, p. 47).A mesma idéia po<strong>de</strong>mos enc<strong>on</strong>trar nas reflexões <strong>de</strong> Susan S<strong>on</strong>tagsobre a fotografia, mais especificamente no ensaio Photography Unlimited,publicado <strong>em</strong> junho <strong>de</strong> 1977, no New York Review of Books, e,posteriormente, incluído <strong>em</strong> livro. Neste ensaio, a crítica norte-americana,<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> comentar o “pavor vago” que Balzac tinha <strong>em</strong> relação àfotografia, afirma que “o processo <strong>da</strong> fotografia é, por assim dizer, umamaterialização do que havia <strong>de</strong> mais original <strong>em</strong> seu método <strong>de</strong>romancista”. (SONTAG, 2004, p. 175). E como era o método <strong>de</strong> Balzac?Ele c<strong>on</strong>sistia na focalização e ampliação <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> maneira que todoum universo po<strong>de</strong>ria ser revelado através <strong>de</strong> um pequeno p<strong>on</strong>to. Em nota,192

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