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ED 16 REVISTA SAPIENTIA

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visibilidade internacionalmente, mas o problema éque o Brasil doa US$ 1 milhão para esse fundo, oque não é suficiente para gerar impacto. Então euacho que dizer que vamos contribuir nessapolítica de desenvolvimento e não pagar nada...eu não sei se isso não pode complicar esseprojeto de querer ter um impacto visível.Sapientia – Além de estreitar as relaçõesbilaterais e de angariar votos em organismosmultilaterais, haveria outros ganhos com apolítica de cooperação em âmbito interno?Oliver Stuenkel – Quando a gente fala de ajudaeconômica ao desenvolvimento, se for, por exemplo,na região, há um impacto imediato, defortalecer não só a situação econômica, mastambém a situação política. Um grande projetobrasileiro que contribui ao desenvolvimentoeconômico na Bolívia também tem um efeitopositivo na situação política, pois a estabiliza. Ogrande objetivo regional do Brasil é defender osregimes democráticos e manter a estabilidade,que evita fluxos de refugiados para cá, reduz orisco de crime organizado internacional. A estabilidadepolítica é bom para os investimentosbrasileiros nessas regiões.Na África, além das questões dasvotações, vimos ganhos importantes no pleito decandidatos brasileiros em organizações internacionais,como o Graziano, o Azevêdo. Isso nãoé trivial, são conquistas. Os dois têm tido umaatuação muito boa. O Azevêdo é, entre os diplomatasinternacionais, um dos mais conhecidos domundo. De maneira talvez um pouco abstrata,isso traz uma grande vantagem para o Brasil. Eleé uma pessoa muito importante. Na África, há oaspecto diplomático e o aspecto econômico. Aparticipação econômica brasileira é cada vezmaior. O Brasil tem uma responsabilidadeenorme de participar desses processos. Só paravocê ter uma noção, empresas brasileiras emMoçambique pagam US$ 800 milhões emimposto. Isso é mais do que a ajuda econômicaamericana ou europeia. A importância econômicado Brasil para o governo de Moçambique é muitogrande. Isso faz que o Brasil tenha responsabilidadeem assegurar que não haja instabilidadepolítica, o que seria péssimo para os investimentosbrasileiros. Muitas vezes a participação emprojetos de desenvolvimento abre portas paraempresas brasileiras entrarem no país.Eu acho que também existe uma respon-sabilidade humanitária. Com a crise econômicaeuropeia e americana, a gente não pode maisapenas depender desses países ricos para lidarcom catástrofes humanitárias porque, querendoou não, a maneira como esses países lidam comessas situações é seletiva. Algumas catástrofesservem mais do que outras, e a participação dosemergentes nesse sentido é importante paraequilibrar a situação. Um dos países que maisrecebem ajuda econômica americana no OrienteMédio é Israel. O PIB per capita de Israel é muitomaior do que o da Palestina, o que levou o Brasil adoar mais para a Palestina. Isso mostra que aparticipação em projetos de desenvolvimento émuito importante ao longo prazo.Sapientia – Apesar de não conferir prioridade àpolítica externa, há pelo menos uma bandeiraque a Presidenta Dilma levanta, que é a questãoda governança da internet. São Paulo vai sediarum encontro em abril.Oliver Stuenkel – Eu acho que a decisão deassumir a liderança nessa área foi um passo,considerando a insatisfação popular em relaçãoao programa de espionagem americano. Esseprimeiro passo foi importante. Agora é precisomostrar que o Brasil não apenas recebe todomundo para uma conferência, mas, de fato,também apresenta propostas concretas de comolidar com essa questão.Sapientia – Em outubro 2013, a Presidenta seencontrou com o CEO da ICANN, Fadi Chehadé,ocasião em que ficou definido que São Paulosediaria o encontro. Quais são os interesses doBrasil em jogo? A ICANN é subordinada aosEUA, por isso gostaria de saber qual a posição doBrasil, na medida em que me parece que o Brasildefende tirar a centralidade dessa organizaçãoem relação ao tema?Oliver Stuenkel – Existe um dilema porque aICANN atua de maneira bastante independente e,a princípio, o fato de a ICANN ser subordinada aogoverno norte-americano não tem afetado aindependência desse órgão. O problema é que aprincipal contraproposta, que conta com o apoioda China e da Rússia, inclui tirar o controle dagovernança da internet da ICANN, passando-a àUnião Internacional de Telecomunicações (UIT),que, por ser da ONU, daria muito poder aosgovernos. Se essa proposta for implementada,isso poderá facilitar muito o controle que os Estados10

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