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ED 16 REVISTA SAPIENTIA

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Revista Sapientia: Em 2014, a MINUSTAHcompleta dez anos de operações no Haiti. Qualevolução podemos verificar ao longo desseperíodo?General Floriano Peixoto – Vejo, em termos decontribuição internacional – e o Brasil foi oprimeiro país a oferecê-la –, uma nação que, deuma situação calamitosa tornou-se um país pacificado,sob o controle das forças de segurançalocais, a Polícia Nacional do Haiti. E eu tive a honrade participar do primeiro contingente, integrandoa Brigada Brasileira de Força de Paz. A missão,constituída com a finalidade de estabilizar o Haitiao longo desta última década, foi, portanto, alcançada.Muito desse êxito deveu-se à participaçãodas Forças Armadas Brasileiras e do Brasil, nãosomente no oferecimento de tropas no contexto doesforço internacional de pacificação do Haiti, mas,também, no provimento de auxílio específico emdeterminadas circunstâncias. O mesmo pode serdito em relação a outras missões do passado, dasquais nosso país participou. É uma constataçãofactual de que o Brasil, no ambiente da ONU, emparticular, e no cenário internacional, em geral, émuito respeitado e tem um reconhecimento muitogrande pelos locais onde atua. Nossas tropas -tanto Exército, quanto Marinha e Aeronáutica - sãorequisitadas em qualquer ocorrência perigosaonde se necessite de um braço para estabilizarpacificamente uma região, ou mesmo com oemprego da força: o Brasil é sempre lembrado.Revista Sapientia: O senhor esteve duas vezesno Haiti, em 2004 e 2010. Que diferenças pôdeobservar entre esses dois períodos? Como asForças Armadas Brasileiras atuaram nessasduas fases?General Floriano Peixoto – O Brasil está inseridoem um contexto de participação internacional degrande amplitude no Haiti. Outros países tambémestabeleceram um modelo de cooperação paraque o país adquira condição de autossustentabilidade.Minhas percepções, baseadas nas duasoportunidades em que estive naquele país amigo,são muito diversas. Em 2004, o Brasil foi o primeiropaís que pisou no Haiti, como parte da MINUS-TAH, e a situação era caótica. Existia uma guerrainterna, entre gangues, ex-militares... Foi umperíodo de muita tensão e de considerável atritomilitar. Ao longo do tempo, nós estabelecemos asbases, que, inicialmente, eram só em PortoPríncipe, mas o cronograma de chegada dos demaiscontingentes internacionais nos levou para outrasoito em diferentes locais do Haiti. Com o passar dotempo, estabelecemos bolsões operacionaisbastante eficientes para combater e reprimir asgangues, desmantelando, definitivamente, suasestruturas e capturando seus líderes. A situaçãode estabilidade foi-se concretizando com as medidasde eficácia que tomamos. Podemos entãodizer que a pacificação do Haiti se estendeu até2008. A partir de 2009, a segurança já estavaconsolidada e, com isso, os investimentos externoscomeçaram a chegar ao Haiti. O paíscomeçou a recuperar sua confiança internacional,como nação estável, com todas as suas instituiçõesfuncionando plenamente, incluindo portos,aeroportos, hospitais, comércio, enfim, tudooperando normalmente, dentro de um ambienteseguro. Aí você imagina: subitamente, no dia 12 dejaneiro de 2010, às <strong>16</strong>h53, o país sofre aqueleabalo sísmico, que, nas palavras do ministro CelsoAmorim, “foi uma tragédia de dimensões bíblicas”,e o país retorna a uma condição muito mais degradadado que aquela que nós vivenciamos em2004. O fato é que o país começou a se reestruturarem 2010, muito por conta do componentemilitar da ONU, dentro do qual se inseria o Brasilcom uma força mais robusta em presença, porémcom um caráter preponderantemente humanitárioapós o terremoto, de recuperação emergencial.Isso demorou um tempo. Hoje, o país não estámais nesta situação emergencial e recupera acondição de autossutentabilidade, tanto no que dizrespeito à infraestrutura quanto na questão daformação de lideranças, para poder voltar a atrairinvestimentos internacionais e credibilidadeestrangeira. É bom salientar que o terremotodestruiu não só a infraestrutura, como tirou a vidade pessoas muito capacitadas para levar o paísadiante, com sua lucidez administrativa. Oterremoto ceifou o primeiro e o segundo escalõesdo governo e da administração pública. O paísteve, de 2010 até hoje, que se recompor. O Brasilse orgulha muito de ter aberto as portas para qualificaresses profissionais, para reassumir essasfunções que ficaram desprovidas de lideranças,por intermédio de cooperações bilaterais direcionadasà qualificação de administradores haitianos.Revista Sapientia: É notável que a atuaçãobrasileira, ao menos em Timor Leste, que éconsiderado um grande exemplo de êxito demissão de paz, seja pautada não só pelo peace-37

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