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resumo summary 1. introdução 2. revisão de literatura ... - Unifenas

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REVISÃO DE LITERATURADISPLASIA DENTINÁRIA E ODONTODISPLASIA REGIONAL39ANTÔNIO CARLOS DE OLIVEIRA RUELA (*)(* *)RENATO KOBLER PINTO LOPES SAMPAIORESUMOAlgumas vezes, no exame clínico <strong>de</strong>ntário, observa-se anomalia do <strong>de</strong>senvolvimento dos <strong>de</strong>ntes. Entretanto, pela <strong>revisão</strong>da <strong>literatura</strong> realizada, verificou-se que o diagnóstico nem sempre é imediato <strong>de</strong>vido aos sistemas <strong>de</strong> classificação pelo fenótiposerem limitados. Constatou-se também a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento multidisciplinar com o intuito <strong>de</strong> obter estética, função,proteger e recuperar a estrutura <strong>de</strong>ntária, manter ou recuperar a dimensão vertical.DESCRITORES: esmalte, <strong>de</strong>ntina, displasia <strong>de</strong>ntinária, odontodisplasia regionalSUMMARYDENTIN DYSPLASIA AND REGIONAL ODONTODYSPLASIA - LITERATURE REVIEWSometimes, in the <strong>de</strong>ntal clinical exam, it is observed anomalie of the <strong>de</strong>velopment of the teeth. However, for theliterature review accomplished, it was verified that the diagnosis not always it is immediate for the fact of the phenotypicclassification systems to be limited. It was also verified the need of the treatment multidisciplinary with the aim of obtainingaesthetics, function, to protect and to recover the <strong>de</strong>ntal structure, to maintain or to recover the vertical dimension.KEY WORDS: enamel, <strong>de</strong>ntin, <strong>de</strong>ntin dysplasia, regional odontodysplasia<strong>1.</strong> INTRODUÇÃOO diagnóstico é estabelecido após associaçãodos dados obtidos pelo exame clínico (anamnese eexame físico), exame radiográfico e examescomplementares (se necessário). Para isto é necessárioque o profissional tenha conhecimento dascaracterísticas normais dos órgãos e sistemas e dassuas possíveis alterações com respectivas etiologias.Somente é possível estabelecer plano <strong>de</strong> tratamentoa<strong>de</strong>quado se o diagnóstico for preciso.Quando se realiza o exame dos <strong>de</strong>ntes não émuito raro observar anomalias do <strong>de</strong>senvolvimento dos<strong>de</strong>ntes e, entre elas, as da estrutura (amelogêneseimperfeita, <strong>de</strong>ntinogênese imperfeita, displasia<strong>de</strong>ntinária e odontodisplasia regional).O <strong>de</strong>feito da <strong>de</strong>ntina, na Displasia Dentinária(D.D.), geralmente é diagnosticada apenas porradiografias (raízes curtas e câmara pulpar obliteradana D.D.1; câmara pulpar alargada na D.D.2). Já aOdontodisplasia Regional (O.R.) envolve <strong>de</strong>feitos doesmalte e da <strong>de</strong>ntina, com os <strong>de</strong>ntes apresentandoaspecto <strong>de</strong> “<strong>de</strong>ntes fantasmas”.Entretanto, o diagnóstico nem sempre éimediato. Muitas vezes, os sistemas <strong>de</strong> classificaçãopelo fenótipo têm limitações e o conhecimento dasbases genéticas são, ainda, insuficientes. Há anomaliasda estrutura do <strong>de</strong>nte que somente são diagnosticadasem exames <strong>de</strong> rotina e há casos em que o paciente étratado sem que o profissional tenha diagnosticado o<strong>de</strong>feito estrutural.Consi<strong>de</strong>rando-se que o <strong>de</strong>feito <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento da estrutura seja diagnosticadoa<strong>de</strong>quadamente, ainda po<strong>de</strong> haver um impasse: comoestabelecer uma terapêutica? Deve-se tratar ou não?Oque se po<strong>de</strong> fazer para minimizar os danos à estrutura<strong>de</strong>ntária? Se houver necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamentoortodôntico, o mesmo po<strong>de</strong> ser realizado?Visto que há problemas com a classificação ecorrespon<strong>de</strong>nte diagnóstico e que estas anomaliaspo<strong>de</strong>m representar problemas numa eventualnecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento ortodôntico, propôs-se fazeruma <strong>revisão</strong> da <strong>literatura</strong> a respeito <strong>de</strong> dois tipos <strong>de</strong><strong>de</strong>feitos do <strong>de</strong>senvolvimento do <strong>de</strong>nte relacionado àestrutura (Displasia Dentinária e OdontodisplasiaRegional).<strong>2.</strong> REVISÃO DE LITERATURA<strong>2.</strong><strong>1.</strong>Displasia Dentinária (D.D.)Seow e Shusterman, em 1994, afirmaram quea D.D., a qual po<strong>de</strong> ser classificada em tipo 1 outipo 2, forma um grupo raro <strong>de</strong> anormalida<strong>de</strong>s<strong>de</strong>ntinárias herdadas. Shields et al. (1973)propuseram uma classificação para <strong>de</strong>feitos da<strong>de</strong>ntina humana, herdados na qual eles dividiram* Professor <strong>de</strong> Ortodontia da UNIFENAS - C.P. 23, CEP 37130-000 Alfenas-MG** Professor Titular <strong>de</strong> Patologia Oral da UFRJR. Un. Alfenas, Alfenas 4:39-44, 1998


40D.D. em tipo I (DD1) e tipo II (DD2). Witkop(1989) chegou a uma classificação parecida, masusou o termo “displasia <strong>de</strong>ntinária radicular” paraDD1 e “displasia <strong>de</strong>ntinária coronária” para DD<strong>2.</strong>A categorização proposta por Shields et al(1973) po<strong>de</strong> ser feita, confiavelmente, com basena aparência radiográfica dos <strong>de</strong>ntes permanentes(os <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>cíduos têm uma aparência radiográficasimilar).Para Shields et al. (1973) e Witkop (1989)em ambos os tipos <strong>de</strong> D.D., o modo <strong>de</strong> herança éautossômico dominante. Entretanto, não hánenhuma informação com relação ao <strong>de</strong>feito gênicoem qualquer tipo <strong>de</strong> D.D.O’Carrol et al. (1991) sugeriram que asdiferentes apresentações da DD1 <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> doestágio <strong>de</strong> formação do <strong>de</strong>nte na época em que foiafetado.Há relatos <strong>de</strong> que a D.D. po<strong>de</strong> estarassociada a outras <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns como amelogêneseimperfeita (Nakata et al. 1985), calcinose tumoral,artrite reumatói<strong>de</strong> e hipervitaminose D (Witcher etal. 1989), osso esclerótico e anomalias esqueléticas(Morris e Augsburger, 1977). A seguir serão<strong>de</strong>scritos os tipos D.D.:a) Displasia <strong>de</strong>ntinária tipo I (DD1)O’Carrol et al. em 1991, após <strong>revisão</strong> da<strong>literatura</strong>, i<strong>de</strong>ntificaram quatro categorias <strong>de</strong>aparência radiográfica <strong>de</strong> DD1:Na primeira (Figura 1A), há uma obliteraçãocompleta da polpa e geralmente pouco ou nenhum<strong>de</strong>senvolvimento da raiz. Esta forma parece se<strong>de</strong>senvolver antes da bainha <strong>de</strong> Hertwig tercomeçado o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento radiculare é a forma mais severa <strong>de</strong> DD<strong>1.</strong> Esta forma pareceter a maior prevalência <strong>de</strong> patologias periapicais e<strong>de</strong> extração ou exfoliação do <strong>de</strong>nte.Na segunda categoria, DD1 b (Figura 1B),há uma linha radiolúcida horizontal, em forma <strong>de</strong>meia-lua ao longo da junção cemento-esmalte <strong>de</strong><strong>de</strong>marcação entre a <strong>de</strong>ntina coronária normal e a<strong>de</strong>ntina anormal. Há, geralmente, raízes cônicas ecurtas <strong>de</strong> poucos milímetros <strong>de</strong> comprimento.Resulta em obliteração da polpa quase que total ealguma estrutura <strong>de</strong> raiz rudimentar, como se abainha <strong>de</strong> Hertwig fosse capaz, em um modoseveramente limitado, para formar o ápice do <strong>de</strong>nte.Na terceira categoria, DD1 c (Figura 1C),duas linhas horizontais, em forma <strong>de</strong> meia-lua, comcavida<strong>de</strong> voltada uma para a outra, estão na junçãocemento-esmalte e a raiz tem aproximadamentemeta<strong>de</strong> do comprimento normal. Esta forma <strong>de</strong>displasia parece ocorrer suficientemente tar<strong>de</strong> no<strong>de</strong>senvolvimento individual do <strong>de</strong>nte para permitirsignificante crescimento da raiz, emboraR. Un. Alfenas, Alfenas 4:39-44, 1998A. C. <strong>de</strong> O. RUELA e R. K. P. L. SAMPAIOanormalmente.Na quarta categoria, DD1 d (Figura 1D), háalguma evidência <strong>de</strong> câmara pulpar ao nível dajunção cemento-esmalte. As raízes são <strong>de</strong>comprimentos normais mas po<strong>de</strong>m ser bulbosas noterço coronário, on<strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> pedra pulpar<strong>de</strong>senvolve-se <strong>de</strong>ntro do canal radicular. Esta formaparece chegar o mais tar<strong>de</strong> na vida do <strong>de</strong>nte, <strong>de</strong>vidoà câmara pulpar geralmente não estar obliterada eé a forma menos severa, na qual ocorre completaformação <strong>de</strong> raiz.Nas três primeiras categorias, a incidência<strong>de</strong> áreas radiolúcidas periapicais é variável. Naquarta, somente poucos exemplos têm sidorelatados. Parece que DD1 po<strong>de</strong> ocorrer emdiferentes estágios do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ntário eque quanto mais cedo ocorre, mais severa é aobliteração pulpar e o impedimento <strong>de</strong> crescimentodas raízes (O’Carrol et al. 1991)Figura <strong>1.</strong> Subtipos <strong>de</strong> D.D. tipo I, propostospor O’Carrol et al. (1991).A sugestão <strong>de</strong> O’Carrol et al. (1991) parasubclassificar DD1 em quatro subdivisões, <strong>de</strong>acordo com a aparência radiográfica da câmarapulpar, parece não ser clinicamente praticável<strong>de</strong>vido à simultânea presença <strong>de</strong> todas varieda<strong>de</strong>s<strong>de</strong> câmara pulpar em um paciente específico (Seowe Shusterman, 1994). Subclassificações maissimples em suave ou severa, como a proposta porScola e Watts (1987), po<strong>de</strong>m ser mais relevantesclinicamente.Os <strong>de</strong>ntes com DD1 geralmente apresentamcoroas normais clinicamente em ambas <strong>de</strong>ntições(Brenneise et al. 1989, Flynn e High, 1993, Seow eShusterman, 1994, Shields et al. 1973) em relaçãoà forma, tamanho e consistência (Shields et al.1973).Radiograficamente, verifica-se constriçãocervical do terço médio das câmaras pulpares(Flynn e High, 1993), obliteração total da polpa,exceto em casos <strong>de</strong> remanescentes pulpares finos,<strong>de</strong> forma semi-lunar, paralelos à junção cementoesmalte(Brenneise et al. 1989, Seow e Shusterman,


DISPLASIA DENTINÁRIA E ODONTODISPLASIA REGIONAL - REVISÃO...1994, Shields et al. 1973), raízes cônicas, curtas ouausentes (Brenneise et al. 1989, O’Carroll et al.1991) que po<strong>de</strong>m levar à exfoliação precoce dos<strong>de</strong>ntes (Shields et al. 1973), mas algumas vezescônicas, <strong>de</strong> tamanho normal (Flynn e High, 1993);outras com taurodontismo (Seow e Shusterman,1994). Po<strong>de</strong>-se verificar ainda, áreas radiolúcidasperiapicais (Brenneise et al. 1989, Flynn e High,1993, O’Carroll et al. 1991), as quais, em relatoshistológicos po<strong>de</strong>m ser granulomas (Rankow eMiller, 1984) ou cistos (Logan et al. 1982, Rankowe Miller, 1984), associadas com <strong>de</strong>ntes não cariados(Brenneise et al. 1989).Histologicamente, os <strong>de</strong>ntes com DD1mostram esmalte normal (Seow e Shusterman,1994) e <strong>de</strong>ntina imediatamente subjacente aoesmalte (capa <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntina) também normal(Brenneise et al. 1989, Shields et al. 1973). Esteaspecto muda para glóbulos e círculos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntinaanormal quando se aproxima do ápice (Logan etal. 1982, Seow e Shusterman, 1994). Os túbulos<strong>de</strong>ntinários nesta área são bloqueados e <strong>de</strong>sviadosdo seu curso normal por numerosos <strong>de</strong>ntículos(Logan et al. 1982, Seow e Shusterman, 1994,Shields et al. 1973). O <strong>de</strong>feito da <strong>de</strong>ntina estáconfinado, principalmente à raiz e esta formaçãoanormal <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntina parece preencher o canalradicular (Logan et al. 1982, Witkop, 1967).A mudança para a formação <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntinaanormal, após um período <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntinanormal, levou Seow e Shusterman (1994) asugerirem um <strong>de</strong>feito genético baseado em umsistema <strong>de</strong> enzima envolvido na indução normal dafunção odontoblástica. Witkop (1989) sugere quea displasia resulta <strong>de</strong> células epiteliais da bainha <strong>de</strong>Hertwig que fragmentam-se e migram para <strong>de</strong>ntroda papila <strong>de</strong>ntal, on<strong>de</strong> elas induzem diferenciaçãoodontoblástica e formação <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntina.É necessário que se faça o diagnósticodiferencial entre D.D. e Dentinogênese Imperfeita,pois há várias características comuns nestascondições (Seow e Shusterman, 1994).Radiograficamente, D.I. apresenta-se com coroasbulbosas e raízes curtas (Levin et al., 1983),enquanto DD1 mostra taurodontismo, e DD2geralmente mostra coroa e contorno radicularnormal. Além disso, enquanto todas três entida<strong>de</strong>smostram obliteração pulpar, somente DD2 mostratípicas câmaras pulpares “thistle shaped” (Seow eShusterman, 1994).Deve-se tentar manter os <strong>de</strong>ntes pelomáximo <strong>de</strong> tempo possível, embora geralmente oprognóstico seja ruím <strong>de</strong>vido às lesões periapicaise raízes curtas (Regezi e Sciubba, 1991). Quandohá lesões periapicais é necessário tratamentoendodôntico com ou sem curetagem periapical eretro-obturação (Neville et al. 1995).b) Displasia <strong>de</strong>ntinária tipo II (DD2)As características clínicas <strong>de</strong> DD2contrastam severamente com aqueles <strong>de</strong> DD1 econsistem classicamente <strong>de</strong>:- <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>cíduos com coloração azuladaou âmbar (Roosenberg e Phelan, 1983);- <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>cíduos com obliteração pulpartotal e <strong>de</strong>ntes permanentes com configuração pulpar“thistle-tube” (“corola <strong>de</strong> cardo”) e nódulos pulparesnas câmaras pulpares (O’Carroll et al. 1991,Roosenberg e Phelan, 1983);- raízes geralmente <strong>de</strong> tamanho normal(Regezi e Sciubba, 1991, Neville et al. 1995);- <strong>de</strong>ntes permanentes geralmente sem áreasradiolúcidas periapicais (Regezi e Sciubba, 1991);-coroas dos <strong>de</strong>ntes permanentes, geralmente,normais em tamanho, cor e forma (Diamond, 1989).A aparência radiográfica <strong>de</strong> DD2, segundoO’Carroll et al. (1991) é <strong>de</strong> um <strong>de</strong>nte <strong>de</strong> tamanhonormal, mas com extensão da câmara pulpar paraa raiz, <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> pedra(s) pulpar(res) nacâmara pulpar, e uma súbita constrição na base dacâmara em um canal muito estreito, como indicadopela Figura 1D (o chamado “thistle-tube-shaped”).Os <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>cíduos, radiograficamente,revelam variados graus <strong>de</strong> obliteração pulpar. Os<strong>de</strong>ntes cujas raízes ainda estão no estágio <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento revelam formação <strong>de</strong> massasenquanto as raízes ainda estão se <strong>de</strong>senvolvendo.Estas massas estão situadas aproximadamente aomesmo nível em todos os <strong>de</strong>ntes (Diamond, 1989).Histologicamente, os <strong>de</strong>ntes afetados emDD2 mostram uma camada fina <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntinacoronária e uma súbita transição para <strong>de</strong>ntinadisplásica a qual é esclerótica e amorfa com poucostúbulos (Shields et al 1973).A <strong>de</strong>ntina radicular é quase totalmente isentados túbulos <strong>de</strong>ntinários. Quando vistos, elesgeralmente têm um menor diâmetro e um contornomais irregular do que os túbulos encontrados na<strong>de</strong>ntina coronária e a margem da pare<strong>de</strong> do túbuloé pouco <strong>de</strong>marcada (Waltimo et al. 1991).Pacientes com DD2 parecem não requerercuidados especiais com os <strong>de</strong>ntes (Diamond, 1989).Ao contrário da DDI (on<strong>de</strong> há áreas radiolúcidasperiapicais), espera-se que os <strong>de</strong>ntes permanentessejam retidos normalmente (Roosenberg & Phelan,1983). Cuidados preventivos e restauradoresrotineiros são importantes (Diamond, 1989).41R. Un. Alfenas, Alfenas 4:39-44, 1998


42Figura <strong>2.</strong> Radiografia <strong>de</strong> paciente com DD1,mostrando obliteração da polpa dos <strong>de</strong>ntesposteriores (Seow e Shusterman, 1994).Odontodisplasia Regional (O.R.)Segundo os autores Kahn (1991), Neuperte Wright (1989), O’Neil et al. (1990) e Pandis etal. (1991) a O. R. é uma rara anormalida<strong>de</strong> do<strong>de</strong>senvolvimento da formação do <strong>de</strong>nte na qualesmalte e <strong>de</strong>ntina são afetados. Afeta a <strong>de</strong>ntição<strong>de</strong>cídua e permanente, na maxila, mandíbula ouambos os ossos. A maxila é envolvida comfreqüência duas vezes maior que a mandíbula. Acondição é mais comum no sexo feminino e maisna região anterior em relação a posterior. Não hátendência para maior ocorrência em um grupoétnico ou raça (Neupert e Wright, 1989, Regezi eSciubba, 1991).Há relato na <strong>literatura</strong> (Guzman et al. 1990)<strong>de</strong> casos bilaterais ou multiquadrantes, alguns dosquais cruzam a linha média. Estes mais rarosexemplos <strong>de</strong>vem ser referidos comoodontodisplasia generalizada (Kahn, 1991).Vários outros termos po<strong>de</strong>m ser usados,como: suspensão do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ntáriolocalizado, displasia odontogênica, odontogêneseimperfeita, malformação <strong>de</strong>ntária unilateral,amelogênese imperfeita em segmento nãohereditária, <strong>de</strong>nte fantasma e odontodisplasiaregional (Kahn, 1991). Este último acredita-se sero termo mais apropriado (Kahn, 1991, Neupert eWright, 1989), <strong>de</strong>vido à condição ten<strong>de</strong>r a afetarvários <strong>de</strong>ntes adjacentes num segmento do osso(Neupert e Wright, 1989).Os casos <strong>de</strong> O.R. são diagnosticados pelacombinação <strong>de</strong> características clínicas,radiográficas e histológicas (Raez, 1990). Além dacoloração, vista clinicamente, o diagnóstico inicialpo<strong>de</strong> resultar <strong>de</strong> fratura da coroa ou pesquisaradiográfica rotineira (Kahn, 1991).Clinicamente, os <strong>de</strong>ntes aparecemmanchados, hipocalcificados e hipoplásicos(Neupert e Wright, 1989, Raez, 1990).Radiograficamente, os <strong>de</strong>ntes têm uma imagemR. Un. Alfenas, Alfenas 4:39-44, 1998A. C. <strong>de</strong> O. RUELA e R. K. P. L. SAMPAIOradiolúcida, com pouca <strong>de</strong>marcação entre esmaltee <strong>de</strong>ntina e têm largas câmaras pulpares com ápicesabertos (Kahn, 1991, Kerebel et al. 1989, Kinironset al. 1988, Lukinmaa et al. 1996, O’Neil et al.1990). Histologicamente, há marcada redução na<strong>de</strong>ntina, alargamento da camada <strong>de</strong> pré-<strong>de</strong>ntina,gran<strong>de</strong>s áreas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntina interglobular e um padrãotubular irregular da <strong>de</strong>ntina. O epitélio reduzido doesmalte, ao redor dos <strong>de</strong>ntes não erupcionados,tem corpos calcificados irregulares (Kerebel etal. 1989, Kinirons et al. 1988).Devido ao <strong>de</strong>feito, camadas finas <strong>de</strong> esmaltee <strong>de</strong>ntina <strong>de</strong> radio<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> reduzida, o <strong>de</strong>nteapresenta-se com contorno tênue, flocoso, criandouma aparência <strong>de</strong> “fantasma”. As câmaras pulparese os canais são alargados, enquanto as raízesaparecem curtas e grossas com ápices abertos.Além disto, <strong>de</strong>ntículos falsos ou verda<strong>de</strong>iros sãoocasionalmente vistos na polpa (Kahn, 1991, O’Neilet al. 1990).Mais freqüentemente o incisivo central,incisivo lateral e canino estão envolvidos, masqualquer <strong>de</strong>nte, geralmente consecutivo, po<strong>de</strong> serafetado. A erupção dos <strong>de</strong>ntes po<strong>de</strong> estar diminuídaou não ocorrer. Se um <strong>de</strong>nte <strong>de</strong>cíduo está envolvido,o correspon<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>nte permanente é,invariavelmente, afetado. Geralmente, a queixainicial é um abcesso periapical e(ou) inchaçogeneralizado na vizinhança dos <strong>de</strong>ntes afetados(Kahn, 1991). Estes sintomas são atribuídos aoacesso bacteriano da polpa através <strong>de</strong> fendas noesmalte e <strong>de</strong>ntina, os quais são <strong>de</strong>feituosos ouepitélio odontogênico <strong>de</strong>scontínuo ao redor dofolículo <strong>de</strong>ntário (Pandis et al. 1991, Raez, 1990).Numerosas teorias são discutidas, incluindo<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns circulatórias locais, associação comnevus vascular, trauma, distúrbios metabólicos,transmissão genética, infecções locais e mutaçãosomática, vírus latente no germe <strong>de</strong>ntário (Kahn,1991, Kinirons et al. 1988, Pandis et al. 1991).Nenhuma teoria tem sido capaz <strong>de</strong> explicarcompletamente esta anormalida<strong>de</strong> (Neupert eWright, 1989). Parece lógico que o fator causal atuatanto na <strong>de</strong>ntição <strong>de</strong>cídua quanto na permanente(Kahn, 1991).O tratamento consiste na extração dos<strong>de</strong>ntes envolvidos (Kahn, 1991; Raez, 1990).Quando se trata <strong>de</strong> crianças, jovens, tantos <strong>de</strong>ntesafetados quanto possível <strong>de</strong>vem ser preservadospara reter o <strong>de</strong>senvolvimento normal dos ossos epara causar menos efeitos psicológicos. Emcrianças mais velhas, <strong>de</strong>ntes permanentes comabscesso <strong>de</strong>vem ser extraídos com manutençãodos outros retidos até que uma prótese permanentepossa ser construída (Kahn, 1991).


DISPLASIA DENTINÁRIA E ODONTODISPLASIA REGIONAL - REVISÃO...Os objetivos do tratamento incluemcuidados com mastigação e erupção dos <strong>de</strong>ntesexpostos, aumento <strong>de</strong> função, melhora da estética,diminuição dos efeitos psicológicos e proteção dos<strong>de</strong>ntes erupcionados afetados(Kahn, 1991; Raez,1990).O tratamento envolve a fabricação <strong>de</strong>próteses parciais <strong>de</strong> acrílico, substituindo os <strong>de</strong>ntes“fantasmas”, para proporcionar função e aumentara dimensão vertical, acompanhando-se o pacienteperiodicamente para controlar o crescimento faciale a erupção dos <strong>de</strong>ntes “fantasmas”. No futuro<strong>de</strong>ve-se tomar <strong>de</strong>cisão com relação a estes <strong>de</strong>ntes“fantasmas” ainda não erupcionados para evitaras seqüelas da retenção <strong>de</strong> tecido epitelial (Kahn,1991, O’Neil et al. 1990).<strong>de</strong> áreas radiolúcidas periapicais, absorção radicular,fraturas radiculares (D.D.1). Nos casos <strong>de</strong> O.R.,o tratamento ortodôntico parece inviável.4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBRENNEISE, C. V.; DWORNIK, R. M.,BRENNEISE, E. E. Clinical, radiographic, andhistological manifestations of <strong>de</strong>ntin dysplasia,type I: report of case. Am. J. Dent. Assoc.Chicago, v. 119, n. 6, p. 721-723, Dec. 1989.DIAMOND, O. Dentin dysplasia type II: report ofcase. ASCD J. Dent. Child. Chicago, v.56,n. 4, p. 310-312, Jul-Aug 1989.FLYNN, C. M.; HIGH, A. S. The diagnosis of<strong>de</strong>ntinal dysplasia type <strong>1.</strong> Dentomaxillofac.Radiol. Oxford, v. 22, n. 1, p. 43, Feb. 1993.GUZMAN, R.; ELLIOTT, M. A.; ROSSIE, K. M.Odontodysplasia in a pediatric patient: literaturereview and case report. Pediatric Dent.Chicago, v. 12, p. 45-48, 1990.43Figura 3. Aparência “fantasma” dos <strong>de</strong>ntescom O.R. (Kinirons et al. 1988).3. CONCLUSÕESConsi<strong>de</strong>rando-se os artigos consultadosa respeito dos <strong>de</strong>feitos do <strong>de</strong>senvolvimento daestrutura dos <strong>de</strong>ntes, conclui-se:a) a D.D. tipo I po<strong>de</strong> ser diferenciada daD.D. tipo II pelo fato da primeira apresentar raízescurtas ou ausentes com áreas radiolúcidasperiapicais e polpa geralmente obliterada. A D.D.2 apresenta câmara pulpar com extensão emdireção ao ápice radicular;b) o diagnóstico <strong>de</strong> O.R. é estabelecido,principalmente, pelo aspecto <strong>de</strong> “<strong>de</strong>ntes fantasmas”(câmara pulpar alargada, raízes espessas com ápiceaberto, camada fina <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntina e esmalte compouco contraste entre os dois);c) o tratamento <strong>de</strong>ve envolver umaassociação <strong>de</strong> especialida<strong>de</strong>s (estomatologia,patologia, endodontia, <strong>de</strong>ntística, prótese, ortodontiae, algumas vezes psicologia) com o intuito <strong>de</strong>fornecer estética, função, proteger e recuperar aestrutura <strong>de</strong>ntária, manter ou recuperar a dimensãovertical;d) em alguns casos <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>tratamento ortodôntico, <strong>de</strong>ve-se avaliar a presençaKAHN, M. A. Regional odontodysplasia: casereport with etiologic and treatmentconsi<strong>de</strong>rations. Oral Surg. Oral Med. OralPathol. St. Louis, v. 72, n. 4, p. 462-467, Oct.199<strong>1.</strong>KEREBEL, B.; KEREBEL, L. M.; HERON, D.,et al. Regional odontodysplasia: newhistopathological data. J. Biol. Buccale.Madrid, v. 17, n. 2, p. 121-128, Jun. 1989(Abstract).KINIRONS, M. J.; O’BRIEN, F. V.; GREGG, T.A. Regional odontodysplasia: an evaluation ofthree cases based on clinical,microradiographic and histopathologicalfindings. Br. Dent. J. London, v. 165, n. 4, p.136-139, Aug. 1988.LEVIN, L. S.; LEAF, S. H.; JELMINI, R. J.Dentinogenesis imperfecta in the brandywineisolate (DI type III): clinical, radiologic, andscanning electron microscopic studies of the<strong>de</strong>ntition. Oral Surg. Oral Med. Oral Pathol.St. Louis, v. 56, n. 3, p. 267-274, Sep. 1983.LOGAN, J.; BECKS, H.; SILVERMAN, S., et al.Dentinal dysplasia. Oral Surg. Oral Med. OralPathol. St. Louis, v. 15, p. 317-333, 198<strong>2.</strong>R. Un. Alfenas, Alfenas 4:39-44, 1998


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