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SEMANÁRIO NACIONAL OPERÁRIO E SOCIALISTACAUSA OPERÁRIAWWW.<strong>PCO</strong>.ORG.BR/CAUSAOPERARIA • FUNDADO EM JUNHO DE 1979 • ANO XXX • Nº 518 • DE 25 A 31 DE JANEIRO DE 2009 • R$ 3,00COM O AVAL DE LULA E DAS “CENTRAIS”, O ANO COMEÇA COMUMA ENXURRADA DE DEMISSÕESA reunião realizada entregoverno e burocracia sindical, nasegunda-feira (dia 19), foi apresentadapela imprensa capitalista comouma “iniciativa para combater asdemissões”. Entretanto, os patrõespassaram a terça e quarta-feirafazendo justamente o contrário,que é aprofundar ainda mais aenorme onda de demissões existenteno país.Na realidade, a reunião, convocadapelo presidente Lula, tinhacomo objetivo apenas amolecera burocracia sindical e prepararataques ainda maiores dos patrõesao conjunto da classe trabalhadora.A ressaca da reunião não demoroue veio logo no dia seguinte, com oanúncio de milhares de demissõesnas principais empresas do país. Aexpectativa para os trabalhadores éque o mês de janeiro, conhecido jácomo “mês de demissão”, seja aindapior do que dezembro, quando maisde 650 mil demissões aconteceramno País, ou seja, quase 30 mil pordia. Páginas 10 e 11EM OPOSIÇÃO À POLÍTICA DE CONCILIAÇÃODAS DIREÇÕES DAS “CENTRAIS” SINDICAISOs trabalhadores devemse unir em um movimentonacional para lutar contraas demissõesGM, Fiat, Sadia, Cofap... aceleraram onda de demissões depois de reunião entre governo e burocraciasindical na última segunda-feira, dia 19.POSSE DE OBAMAUma “mudança” sob medidapara a crise do imperialismoO recém-presidente dos EUA, Barack Obama,em seu segundo dia de mandato, fez valerna quinta-feira (22) uma de suas promessas decampanha assinando um decreto pelo fechamentodo centro de detenção de Guantánamono prazo de um ano. Obama decretou tambémem Washington outras duas ordens executivas:a revisão dos processos contra acusados deatos terroristas e a proibição de métodos detortura em interrogatórios.Com estes decretos, Obama procura mostrarum giro de 180 graus em relação à políticade seu predecessor, George W. Bush. Nos oitoanos de Bush, o imperialismo norte-americanoinvadiu o Afeganistão, o Iraque, além de terdado apoio indireto em muitos outros lugares– incluindo a América do Sul. O governo dosEUA aprovou em sua legislação a aplicaçãoda tortura contra “combatentes estrangeiros”,sendo a base de Guantánamo o maior símbolodos horrores aplicados pelo imperialismo.Página 18Alguns países europeus oferecem asilo aos prisioneiros que os EUA não querem receber em seu território.FAIXA DE GAZADerrota de Israel,derrota o imperialismoO holocausto da Faixa de Gaza vai provocar aquilo que a burguesia maistemia, a demolição do maior aliado do imperialismo no Oriente Médio.Depois do premiê israelense EhudOlmert, no sábado, dia 16, ter anunciadounilateralmente um cessar-fogo,suas tropas começam a se retirar daFaixa de Gaza, no domingo. Enquantoisso, as forças policiais do Hamas(Movimento de Resistência Islâmica)já começam a reocupar as principaisruas da cidade de Gaza.A retirada das tropas sionistas daFaixa de Gaza significa mais umaderrota da política imperialista noOriente Médio, resultado da heróicaresistência dos palestinos e das enormesmanifestações em todo o mundo,em especial nos países árabes e umavitória da classe <strong>operária</strong> de todo omundo contra o imperialismo.O cessar-fogo é um enorme recuodo Estado israelense, que apesar dasdeclarações de que “os objetivosforam atingidos”, saem da Faixa deGaza em meio a uma enorme desmoralização,repetindo a situação porque passaram em 2006 no Líbano,quando após 34 dias de massacreda população, tiveram que sair dopaís por conta da extraordinária resistênciado povo libanês através dogrupo armado Hezbollah e da pressãointernacional dos povos árabes.Páginas 4 e 19CRISE NO BRASILQuase 30 mildemissões por diaA crise a avança e os trabalhadoresestão ‘pagando o pato’:285.532 postos de trabalho foramcortados na construção civil, setorque mais emprega no país, no mêsde dezembro. Página 11MINAS GERAISGovernooculta o caosPopulação continua sofrendocom a destruição <strong>causa</strong>da pelasenchentes provocadas pela falta deinvestimentos em saneamento e outrasnecessidades vitais. Página 6MORREM EM TODOO MUNDOMais demeio milhãode grávidasFalta de cuidados médicos é aprincipal <strong>causa</strong> da morte de 536mil mulheres todo ano durante agravidez e o parto. Países pobressão os campeões. Página 13XXIII ACAMPAMENTODE FÉRIAS DA AJRUm grandeêxito políticoO tradicional acampamentode férias da AJR encerrou nestaquarta-feira (dia 21) sua vigésimaterceira edição, que teve como temade estudo “Vida e obra de KarlMarx, parte II”, após ter reunidopor 15 dias jovens de todo o Paísem torno do estudo do marxismo,de atividades culturais, esportivase de lazer. Página 1430 ANOS DA REVOLUÇÃO SANDINISTAA revolução na Nicaráguae o fracasso do SandinismoDando continuidade à análisedas questões levantadas pela crisecapitalista mundial e seus desdobramentosrecentes, publicamosnesta edição um segundo artigotratando da compreensão marxista,isto é, científica e revolucionária,do desenvolvimento da crise atualtal como exposta no ManifestoComunista. Página 1265 ANOS DA MORTE DA ESCULTORACamille Claudel, uma artistaesmagada pela sociedadede seu tempoUma das principais representantesdo movimento modernista emescultura a partir do final do séculoXIX, Claudel teve sua vida marcadaA derrubada de Somoza em julhode 1979 foi o resultado do processorevolucionário das massas nicaragüensesaglutinadas no oportunismoda Frente Sandinista de LibertaçãoNacional. Página 16A política conciliadora de “reconstrução nacional” estrangulou a revolução.160 ANOS DEPOISA crise capitalista e oManifesto Comunistapelo isolamento, a miséria e a loucura,expressões das duras condiçõesimpostas às mulheres na virada doséculo XIX. Página 20


25 DE JANEIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA ATIVIDADES 2Curso de forormação marxistaVeja como foi o 23º Acampamento de Férias da AJRAcompanhe pela página do <strong>PCO</strong> na internet as palestras,atividades de lazer e todo acampamento de férias da AJREntre os dias 6 e 21 de janeiro,a Aliança da Juventude Revolucionáriae o Partido da CausaOperária realizaram o tradicionalcurso de formação marxista, oAcampamento de Férias. Estafoi a 23ª edição do acampamentoque teve como tema “Marx:Vida e a Obra – parte II, dandocontinuidade ao curso realizadono 22º acampamento.Realizado consecutivamentehá mais de dez anos, o Acampamentode Férias da AJR é umaatividade sem igual em toda aesquerda brasileira e mesmo internacional.Já reuniu milharesde jovens em um ambiente delazer e convivência socialista, emtotal oposição ao conservadorismoe o carreirismo existentes nosmeios universitários burgueses.O curso realizado nas fériaspela Aliança da Juventude Revolucionáriae o Partido da CausaOperária tem por objetivo servirde base para um estudo aprofundadoda obra da Karl Marx, in-troduzindo os conceitos e temasfundamentais e abrindo as portaspara a leitura direta da obra deKarl Marx e Friedrich Engels.O ManifestoComunista e aRevolução de 1848Tal como no curso realizadono 22º Acampamento de Férias,entre 26 de julho e 2 de agosto,em Ibiúna, no interior de S. Paulo,onde os principais aspectos daconcepção marxista do mundo,o materialismo, a dialética e outrasnoções fundamentais foramapresentadas, esta edição doacampamento tratou do estudoaprofundado da obra de Marx,abordando as idéias do “Manifestodo Partido Comunista” e seutrabalho como guia teórico eorganizador do movimento operáriona Revolução de 1848 naFrança. A inevitabilidade do socialismo,a luta de classes comomotor da história e a crise financeiramundial foram alguns dasdezenas de temas abordados emmais de 12 aulas.As aulas do curso foram ministradaspelo companheiro RuiCosta Pimenta, presidente nacionaldo <strong>PCO</strong> e editor do jornalCausa Operária.Veja como foi o 23ºacampamentoPara acompanhar como foi o23º Acampamento de Férias daAJR basta acessar o sítio do <strong>PCO</strong>na internet (www.pco.org.br).Já estão disponíveis para downloados áudios das seis primeirasaulas, bem como as perguntasdos participantes e o debate realizadodurante toda a exposição.As aulas serão publicadas aolongo deste mês e, no início defevereiro, o curso completo estarádisponível. Veja também asfotos das aulas, das palestrasrealizadas, o curso de arte e ocurso de literatura e as atividadesde lazer e integração entre osparticipantes como os campeonatosesportivos, a exibição defilmes e a gincana cultural.NÃO PERCA!Causa Operária, 50 anos da Revolução CubanaNeste mês de janeiro, o CausaOperária lançou uma edição especialpara comemorar o aniversáriode 50 anos da RevoluçãoCubana. Esta edição é integralmentededicada à RevoluçãoCubana de 1º de janeiro de 1959.São 20 páginas com uma análisecompleta da revolução que derrubouo regime ditatorial de FulgêncioBatista.Esta edição especial conta comuma longa análise marxista quedescreve toda a história de Cuba,relatando acontecimentos anterioresà revolução de Fidel e Che,durante todo o processo revolu-No último período, a populaçãoe, principalmente, aquelesque atuam na luta organizada daclasse trabalhadora, dos camponesese dos estudantes tiveramuma importante experiênciacom a imprensa capitalista.Esta, a todo o momento trabalhapara dissimular a realidade ousimplesmente mentir cínica edescaradamente, organizandoverdadeiras campanhas na defesados interesses do governoe dos setores mais reacionáriosda sociedade.imprensa independente. Os própriostrabalhadores, a juventude<strong>operária</strong> e estudantil devemmanifestar seu apoio através dosustento material dessa imprensa,uma vez que a independênciapolítica da classe <strong>operária</strong> sópode vir com a independênciafinanceira e em todos os sentidosem relação à burguesia.Por isso, o <strong>PCO</strong> está realizandouma campanha de assinaturasdo Causa Operária, com oobjetivo de fortalecer a divulgaçãodo jornal que existe há quacionárioaté os dias de hoje coma abertura econômica do País.Há também uma cronologiacompleta com todos os principaisacontecimentos da históriade Cuba e uma cronologia exclusivade todos os principais momentosda revolução. O CausaOperária edição especial, 50anos da Revolução Cubana, temtambém uma enciclopédia sobreCuba, com mais de 40 verbetesque explicam termos, acontecimentos,fatos e outras informaçõesda maior importância parauma compreensão e conhecimentoda revolução. Esta ediçãoA necessidade de falsificar arealidade, porém, é proporcionalao tamanho da crise do regimecapitalista que não conseguemais simplesmente escondera realidade, sendo necessáriofalsificá-la na medida em queela se dirige e se organiza cadavez mais contra o governo e oregime sob a intervenção daclasse trabalhadora.Nesse sentido, faz-se necessáriouma maior divulgação dasidéias próprias dos trabalhadorese do fortalecimento de suatambém tem uma lista com minibiografiasde mais de 50 personalidadesde toda a história deCuba como como Fidel Castro,Che Guevara, José Martí e outrasfiguras históricas menosconhecidas. As páginas do jornaltambém estão recheadas comdezenas de fotos e mapas queilustram os fatos e acontecimentosda revolução e da história deCuba.Pôsteres darevoluçãoAdquirindo esta edição especialsobre a Revolução Cubana vocêirá ganhar dois super pôsterescoloridos tamanho A3, exclusivos,com diversas fotos dos revolucionáriose de momentos antológicosda revolução etc.Para adquirir esta edição históricado Causa Operária bastacomprar de algum militante do<strong>PCO</strong>, nas bancas de jornal ouentrar em contato conosco pormeio de carta, pelo endereço, RuaApotribu, 111, Saúde, São Paulo– SP – CEP 04302-000. Ou pelotelefone, (11) 5584-9322 oumesmo pela internet pelo e-mail,pco@pco.org.br.FAÇA JÁ SUA ASSINATURAFortaleça a imprensa <strong>operária</strong> e socialistase 30 anos, sempre na defesa daclasse trabalhadora.Envie já o seupedidoPara fazer sua assinatura,preencha a ficha no final dapágina e envie seu pedido para aSede Nacional do <strong>PCO</strong> à RuaApotribu, 111, Saúde. CEP04302-000, São Paulo, SP; ou,se preferir, entre em contato pelotelefone (11) 5584-9322, ou pore-mail: assinaturas@pco.org.brADQUIRA SEU EXEMPLARToda semana,nas bancasA edição semanal deCausa Operária já podeser encontrada nas bancasde jornal de todas asregiões do País, nasprincipais capitais e cidadesdo Rio Grandedo Sul, São Paulo, Riode Janeiro, Minas Gerais,Espírito Santo,Paraíba, Pernambuco,Rio Grande do Norte,Sergipe, Alagoas, Brasília,Goiás, Amazonase Roraima.Confira na páginado jornal na Internet arelação completacom endereços dasbancas que recebemseu jornal semanalmente.Reserve o seucom o jornaleiro egaranta a leitura semanaldo seu jornalnacional, operário esocialista.Entre em contatocom a redação e ajude a ampliarmais ainda a distribuição dojornal. Leve Causa Operáriapara as bancas da sua cidadee ajude a imprensa independente,de defesa dos interes-ses dos trabalhadores da cidadee do campo, da juventude,das mulheres e dos negros.Ligue para (11) 5584-9322ou escreva para assinaturas@pco.org.brRECEBA SEU EXEMPLAR EM CASA TODAS AS SEMANASAssine o jornal Causa OperáriaNomeRua/AvRuaAv.jornal CAUSA OPERÁRIACAMPANHA DE ASSINATURAS 2009nº ComplementoDistritoPreencha em letra de forma, de modo legível.EstadoBairroPaísCidadeCEP - Caixa Postal CEP -Fone (res.) ( ) - Fax ( ) -Fone(trab.)( ) - Celular ( ) -E-Mail 1E-Mail 2Códigodo assinanteCPF - RG -(obrigatório fornecer o CPF e o RG para pagamento por boleto bancário ou débito em conta)(não preencha este campo)________________________, ______/______/______, ____________________________________________Local Data Assinatura do assinanteOBSERVAÇÕES:________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________Envie já o seu pedidoPreencha a ficha de assinante nesta página e envie para o endereçoabaixo, ou, se preferir, envie seu pedido pela internet, acesseo site: www.pco.org.br/<strong>causa</strong>operaria.Sede Nacional do Partido da Causa Operária à Rua Apotribu, 111, Saúde.CEP 04302-000, São Paulo, SP; entre em contato também pelo telefone (11)5584-9322, ou por e-mail: assinaturas@pco.org.br1 ano de Causa Operária(50 exemplares)+acesso à edição digital deCausa Operária+um brinde especialpor apenas:R$ 120,00(20% de desconto à vista)ou 3 x R$ 50,00Escreva para o Causa OperáriaCausa Operária está baseado em um claro programa político e no marxismoe, por este motivo, esforça-se para ser uma tribuna das necessidadese dos anseios das massas exploradas de trabalhadores da cidade e docampo, dos negros, das mulheres e da juventude oprimida. Neste sentido,as páginas do nosso jornal estão abertas para que qualquer trabalhadorfaça dele um veículo das suas denúncias contra a exploração e opressãode qualquer setor da sociedade. Convidamos, ainda, nossos leitores a fazerdesta página um espaço para discussão das idéias relacionadas a estaluta que julguem importante.CAUSA OPERÁRIAFundado em junho de 1979Semanário de circulação nacionalAno XXX - nº 518 - R$3,00de 25 a 31 de janeiro de 2009Editor - Rui Costa Pimenta - Tiragem - seis mil exemplares - Redação - Av. MiguelStéfano nº 349, Saúde, São Paulo, Capital, CEP 040301-010 - Telefone (11) 5589-6023 - Sede Nacional - São Paulo - Av Miguel Stéfano, nº 349, Saúde, São Paulo,Capital, CEP 04301-010, Fone (11) 5584-9322 - Correspondência - Todas ascartas, pedidos de assinaturas ou de informações sobre as publicações CausaOperária devem ser enviadas para a redação ou para o endereço eletrônico -pco@pco.org.br, página na internet - www.pco.org.br/<strong>causa</strong>operaria


25 DE JANEIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA 3EditoriaisObama: um governoem meio a um “furacão”Aimprensa capitalista realiza nestes dias uma verdadeiracampanha comemorativa em torno da posse doprimeiro presidente negro dos Estados Unidos. Essaaparente alegria é compartilhada por todos os governosburgueses do mundo e até por seus adversários no interior doregime político norte-americano.Procuram apresentar os acontecimentos como a redenção dademocracia nos EUA, bem como a possibilidade de que, sob seu“comando”, a maior potência capitalista mundial e, puxada porele, toda a economia mundial detenham a crise e entrem em umanova etapa de “desenvolvimento”.Tal “análise” guarda tanta correspondência com a realidade,quanto a interpretação de que “a mulher foi criada a partir dacostela de Adão” e está destinada a ocultar da maioria da populaçãoo verdadeiro significado da vitória e ascensão de Obama àpresidência e a verdadeira situação calamitosa com a qual ele etodo o imperialismo terão que se enfrentar no próximo período,no qual as possibilidades de obter êxito em seus planos de “salvação”do naufrágio capitalista são tão grandes como as de umhabitante da China ser premiado em um sorteio hipotético queenvolvesse todos a população daquele País.Querem esconder que “a vitória de Obama significou na realidadea derrota da direita norte-americana, ou seja, a derrota dapolítica fundamental do imperialismo norte-americano e da suaofensiva mundial” (Causa Operária Online, 6/1/2008) e o colapsona qual está mergulhado o capitalismo mundial, que a direitatentou evitar nas últimas décadas atacando as já precárias condiçõesde vida da maioria da população, não só não foi contidoatravés dos planos de “salvação” implementados nos últimosmeses por meio do governo Bush-Obama, como se aprofundaramsignificativamente.Obama assume em um momento em que todos os elementosde aguda crise presentes na atual etapa e que criaram condiçõesfavoráveis à sua vitória não só não arrefeceram, mas ganharamum novo e sensacional impulso, em primeiro lugar, com a derrotado exército imperialista de Israel (armado e comandado, defato, pelo governo norte-americano) diante das massas heróicase miseráveis da Palestina. Uma derrota que não só terá efeitosamplos em toda região – como a liquidação da frente popularpalestina comandada pela Al Fatah, que atua traindo os palestinose apoiando a política imperialista para a região e o aprofundamentoda crise dos governos burgueses árabes que apóiamIsrael e o imperialismo – como em todo o mundo, animando aquelesque lutam contra a dominação imperialista.Junto com esta onda de lutas dos “de baixo”, Obama e todoo imperialismo deparam-se com a deterioração em larga escalada situação econômica. Depois de sua eleição, os EUA foram obrigadosa admitir a situação de recessão (que já se entende por maisde um ano) e também se declararam em recessão os principaispaíses da União Européia e o Japão, outros pólos principais docapitalismo mundial.A idéia estapafúrdia, apresentada pelo governo Lula, de que acrise capitalista mundial encontraria amparo num suposto crescimentodos países ditos “emergentes”, também foi “pro brejo”.A China está revisando pela metade suas previsões de crescimentoe mais de 15 milhões de chineses vão perder o emprego, apenasnos três primeiros meses deste ano. O Brasil, que estava “blindado”diante da crise, de acordo com o governo, a burguesia esua imprensa capitalista venal, está mergulhado em uma crise semprecedentes e, apenas no mês de dezembro mais de 600 mil trabalhadoresperderam o emprego. A situação de calamidade capitalistase repete por todo mundo, sem nenhuma exceção.Que Obama e toda a burguesia mundial, não têm qualquer planomilagroso para conter o colapso capitalista e a luta revolucionáriadas massas contra sua política reacionária fica evidente nosúltimos acontecimentos que evidenciaram uma nova onda do “maremoto”do sistema financeiro mundial (crise do Bank of Américae Citigroup etc.) diante dos quais os governos burgueses –verdadeiras ditaduras a serviço dos bancos – não têm outra “saída”que não seja reeditar pacotes de “socorro” financeiro a serempagos pela população trabalhadora, que vão dar o mesmo resultadodos anteriores, limitar o sangramento, mas, de modo algum,extirpar a hemorragia e curar suas <strong>causa</strong>s.A derrota de Israel, por outro lado evidencia que o “novo”governo norte-americano não tem qualquer alternativa real diantedo levante das massas não só na Palestina como também noIraque, Afeganistão e frente à mobilização da população no mundotodo, desde a Ásia, em países como Paquistão, Birmânia, Nepale Bangladesh; até a América Latina, que colocaram em crise todosos regimes pró-imperialistas.Pior para o imperialismo e melhor para a classe <strong>operária</strong> mundial:a insatisfação dos trabalhadores americanos, em primeirolugar dos negros e imigrantes, da juventude e das mulheres como atual estado de coisas, vai dar lugar a uma nova etapa de lutascomo há muito não se vê. A classe <strong>operária</strong> norte-americana vaise levantar diante da ausência das “mudanças” prometidas, do desemprego,da manutenção da política de agressões aos paísespobres tec. Vai deixar claro que a “força” do atual governo tãoalardeada pela imprensa capitalista não passou de propagandaenganosa.Retirada de Gaza confirma derrota de IsraelNo dia em que tomava posse o novo chefe do imperialismomundial, Barack Obama, Israel concluiu a sua retiradatotal da Faixa de Gaza.Cumprindo o acordo feito com o novo presidente norte-americano,que não queria tomar posse com uma enorme crise noOriente Médio, Israel retirou as suas tropas após três semanas deintensos ataques que deixaram cerca de 1.400 mortos e 5.500feridos.Os ataques tinham como objetivo derrotar política e militarmenteo grupo da resistência Hamas que dirige a Faixa de Gaza desde 2006quando venceram as eleições parlamentares, cujos resultados nuncaforam aceitos pelo imperialismo e por Israel.O massacre promovido por Israel contra a população miserávelde uma das regiões mais pobres do planeta por um dos exércitosmais poderosos do mundo foi amplamente apoiado pelo imperialismomundial e contou com a cumplicidade, inclusive, dos governospseudo-nacionalistas árabes e da “esquerda” burguesa de todoo mundo.A decisão israelense de cessar fogo unilateral e a retirada dastropas demonstram que Israel não conseguiu atingir os seus objetivos,sofrendo uma enorme derrota política.Os sionistas esperavam destruir o Hamas antes da posse deObama, mas a resistência das massas palestinas que se levantaramcontra a ocupação inclusive na Cisjordânia, derrotou os planos deIsrael.Justamente por isso, outro grande derrotado no conflito foi aFatah, que comanda a ANP – Autoridade Nacional Palestina - quecolabora com a política sionista e imperialista. As manifestaçõesna Cisjordânia em apoio ao Hamas mostram que a cada está maisdesmoralizada a liderança de Mammud Abbas e da ANP.A derrota de Israel certamente vai influenciar o resultado daspróximas eleições legislativas de Israel onde candidatos do atualgoverno Tizip Livni e Ehud Bakak, enfrentam a oposição do LikudBenjamin Netanyahu.Mais importante ainda, a derrota do imperialismo anima a lutadas massas oprimidas em todo o mundo, em primeiro lugar, nopróprio Oriente, onde a vitória contra a invasão imperialista comandadadiretamente pelos EUA está próxima no Afeganistão eIraque.Vitória da heróica mobilização do povo palestino e dasmobilizações populares em todo o mundo.Lula admite “crise sem precedentes nahistória da humanidade”Diante dos números, isto é, a demissão de 600 mil trabalhadoressó no mês de dezembro, o governo Lula admite quea crise do capitalismo seja a maior da humanidade, atingindoo Brasil. A classe <strong>operária</strong> deve responder contra as demissõese a retirada de direitos através das ocupações de fábricas.A propaganda política do governo de estabilidade cai por terra.Os números publicados nas primeiras semanas de 2009, sobre obalanço econômico do país, revelou a toda a classe <strong>operária</strong> quea crise já havia atingindo o Brasil há muito tempo.Agora, diante das demissões em massas, queda na produção industrial,inflação, queda no PIB, queda livre na Bovespa, enfiminúmeros parâmetros de análise da economia apontaram que o Brasilestá no vermelho.O governo Lula reconheceu oficialmente que o Brasil estava naciranda da crise internacional em um discurso pronunciado naBolívia no dia 16, avaliando a crise internacional como algo “semprecedentes na história da humanidade” e disse que a turbulênciaameaça a produção e os empregos em todos os países.Na década de 80, a crise levou a reação da classe <strong>operária</strong> quepromoveu o maior Ascenso de suas lutas de toda história do Brasil,o que culminou com o fim da ditadura. A crise abriu grandes possibilidadesde atuação independente da classe <strong>operária</strong>. O resultadomais claro dessa luta foi a criação de uma das mais poderosasorganizações <strong>operária</strong>s da América Latina, a CUT, refletindo a lutado movimento operário por superas a sua atomização e buscar acentralização contra os patrões e o governo e as contradições queessa luta gerou no interior da própria burocracia sindical.Lula conhece a força do movimento operário organizado independenteda burguesia. Neste sentido - como defensor dos interessesdos banqueiros e grandes capitalistas - está tratando de iniciara reação contra a organização do movimento operário, chamandoa burocracia sindical das “centrais” para estabelecer um planocomum.A colaboração de classes da burocracia sindical e o governo temsido um dos pilares fundamentais para impor inúmeras derrotas econômicase políticas dos trabalhadores. Mais uma vez a burocraciaé chamada para se colocar a serviço do governo.A crise intensifica as contradições da sociedade capitalista aumentandoa miséria e exploração da classe <strong>operária</strong>, abrindo umaetapa de lutas do movimento operário contra a burguesia queprocura transferir o ônus da crise para o conjunto dos explorados.A luta do movimento operário só pode ser a expressão dos interessesvitais da classe trabalhadora se estiver baseada em um programae em uma organização independente do Estado capitalistae da política patronal.Esta é a tarefa fundamental da próxima etapa.Seu primeiro passo deve ser o combate por organizar um movimento,uma mobilização nacional da classe <strong>operária</strong> contra as demissões.Baseado não em palavras, mas em ações concretas comoa defesa da ocupação das fabricas para reagir às demissões emmassas que ameaça os operários de todo País.Charge e da semanaEnquanto isso, no Congresso Nacional...O problema do petróleoRUI COSTA PIMENTAOpetróleo é uma questão chave para o imperialismo,que depende dele para sobreviver, e não um meroproblema técnico o econômico, e, justamente por estemotivo, está profundamente imbricado na crise política mundialdesde os anos 70.A necessidade dos monopólios imperialistas anglo-americanosde dominação do petróleo mundial levou a um agravamentoda crise imperialista de meados dos anos 70, comrepercussões em todos os países do mundo. Foi o petróleoque esteve na base da Revolução Iraniana de 79. A luta doimperialismo contra os governos burgueses imperialistas iranianoscomo o de Mossadeg na década de 50 e o estabelecimentoda ditadura do Xá estiveram determinados pela necessidadede dominar não apenas a segunda maior reservado mundo, mas a própria região que mais produz petróleono planeta. A revolução desestabilizou o quadro da dominaçãoimperialista no Oriente Médio consolidado no anos 50,60 e 70, do golpe no Irã ao acordo entre Egito e Israel nosanos 70. A situação criada pela revolução iraniana de 79 nãofoi superada até hoje, sintoma claro de um período de instabilidadegeral.A Revolução Iraniana de 1979, por sua vez, esteve na origemda crise e posterior colapso burocracia da URSS. A invasãosoviética no Afeganistão foi ditada pela necessidadede estabilizar as fronteiras soviéticas diante do crescimentodo islamismo revolucionário. Da mesma forma, a duraresistência oposta pelos EUA à invasão da burocracia stalinistano Afeganistão foi condicionada pela sua necessidadeestratégica de impedir uma maior desestabilização daimportância região petroleira. A destruição da URSS, ao contráriodo que prega a ideologia imperialista não foi um fatode reforço, mas de enfraquecimento do imperialismo, umavez que levou à completa desestabilização de toda a EuropaOriental e ao agravamento da crise nas fronteiras orientaisda ex-URSS, sem falar no estabelecimento de um períodohistórico de retrocesso econômico nas repúblicas principaisda federação. A crise do Oriente Médio agravou-se atravésda Gerra Irã-Iraque, da Guerra do Golfo dos anos 90e, agora, no fracasso imperialista no Afeganistão e no Iraque.A crise revolucionária na palestina foi impulsionada pelacrise geral dos países do Oriente Médio a partir da RevoluçãoIraniana.Ao final de três décadas de manobras e violência imperialistana região, a situação não apenas não pôde ser estabilizadacomo se ampliou exponencialmente. O imperialismomundial se vê colocado diante do enorme fracasso dasua aventura militar no Iraque com uma crise de proporçõesmuito maiores, sem conseguir recuperar a sua supremaciana questão do petróleo. Hoje, ao contrário do que aconteciahá 30 anos, a maior parte das reservas de petróleo está formalmentenas mãos de governos de países atrasados e nãonas mãos das grandes companhias imperialistas. O poderiomilitar norte-americano, garantia em última instância da políticade todo o imperialismo mundial diante da revoluçãoproletária e da luta dos povos coloniais, é abalado novamentedepois do enorme golpe recebido na Guerra do Vietnã. Estaé o pano de fundo da crise atual.Como eles disseram...“De que maneira consegue a burguesia vencer essascrises? De um lado, pela destruição violenta de grandequantidade de forças produtivas; de outro, pela conquistade novos mercados e pela exploração mais intensados antigos. A que leva isso? Ao preparo de crisesmais extensas e mais destruidoras e à diminuição dosmeios de evitá-las”.DatasKarl Marx e Friedrich EngelsO Manifesto do Partido Comunista25 de janeiro de 1882Nasce Wirgínia Woolf, escritora Britânica25 de janeiro de 1984A população vai às ruas pedindo eleições diretas parapresidente da República, registrando uma das maioresmobilizações de massas do Brasil28 de janeiro de 1935A Islândia se torna o primeiro país a legalizar o abortopor motivos médicos e sociais30 de janeiro de 1933Hindenburg cria o Conselho de Hitler, com que os nazistaschegam ao poder na Alemanha, iniciando o III Reich30 de janeiro de 1972Paraquedistas britânicos disparam contramanifestantes que lutavam pelos direitos humanos, emLondonderry (Irlanda do Norte). O fato ficouconhecido como "Domingo sangrento", pois 14 civisdesarmados morreramFrases da semana"Não nos desculparemos por nosso modo de vida,nem baixaremos nossas defesas. Seguimos sendo a naçãomais poderosa e próspera da terra", Obama emseu primeiro discurso como presidente dos EUA“Hoje em dia cresce o apoio ao Hamas na Palestina eno mundo árabe. Dentro de três meses será visto seuverdadeiro respaldo. O que vai se acontecer em Gaza éoutro golpe contra a Al Fatah”, declarou o deputadopela OLP, por Belém, Fayes Saqqa"Saudamos a vitória do povo palestino. Um sofrido,mas glorioso capítulo da luta dos explorados contra oimperialismo e da vitoriosa revolução socialista mundialque está em marcha", da matéria principal da ediçãon° 1874 do Causa Operária Notícias Online


25 DE JANEIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA NACIONAL 5FRENTE ÚNICA PATRONALLula e “centrais” tentamacordo contra os trabalhadoresReunião de burocratas das “centrais” com seu líder buscadar um caráter geral a uma política que já está sendofirmada em vários sindicatos, como a aprovação do bancode horas, diminuição dos salários e aceitação dasdemissõesNa segunda-feira (19) ocorreua reunião entre as “centrais” sindicaise Lula. A reunião foi assistidacom muita expectativa peloscapitalistas, na esperança de quea união do presidente da Repúblicapelego e das centrais patronaisresulte finalmente na solução maisquista: um acordo para flexibilizaras relações de trabalho, que grossomodo signifique baixar saláriose retirar direitos usando comodesculpa o perigo das demissões,que o apoio às propostas patronaisnão irão evitar.Tal acordo, foi o mote da reunião,e é o que a burocracia sindicale os patrões estão tentandohá algum tempo. Na semana anteriora Força Sindical sentou-secom a FIESP decidida a assinara diminuição dos salários, no entanto,a não participação da CUTna reunião e as restrições das demais“centrais” que querem participardo entendimento, obrigaramburocracia e empresários aadiarem o acordo.A decisão da CUT não foi umasimples decisão política de suadireção, completamente ligada aogoverno e aos patrões, mas éconseqüência de uma pressão daprópria base de seus sindicatosem relação às demissões. Suapolítica pelega e traidora, queinclusive já fez alguns sindicatosassinarem acordos como o dasuspensão do contrato de trabalho,encontra uma barreira nostrabalhadores que estão despertandopara os ataques preparadospela burguesia.A reunião é uma tentativa daburguesia, usando Lula, de chegara um acordo com as centrais.Estes buscam chegar a um consensoem torno de como aceitarparte das propostas patronais eapresentar este entendimento(uma verdadeira traição aos trabalhadores)como uma “vitória”,pois aconteça o que acontecer ossindicalistas sempre apresentamo resultado de sua política criminosacomo mais uma “conquista”para os trabalhadores.Alegando que estão defendendoo emprego dos trabalhadores,a burocracia sindical e o burocrata-mor,Lula, estarão discutindoque concessões podem fazer emnome dos trabalhadores em relaçãoàs propostas dos capitalistasde diminuir dos salários, demitirmilhares e ainda retirar direitosdos trabalhadores por meioda flexibilização dos contratos detrabalho, da legislação trabalhistaetc.).Em resumo, na mesa que reunegoverno e centrais está em discussãoos ataques que serão desferidoscontra a classe <strong>operária</strong> emmeio à gigantesca crise econômicaque se abre agora, e que poderáacarretar nas maiores traições já feitaspela burocracia sindical até hoje.Se chegarem a um acordo –o que parece pouco provável, pelasdivisões internas da burocraciae pelas pressões que a burocraciacutista ainda sofre dabase- este será servirá apenaspara legitimar definitivamente, edar um caráter geral, a uma políticaque já está sendo firmada emvários sindicatos.“Enquanto a Federação dasIndústrias do Estado de São Paulo(FIESP), as centrais sindicaise políticos discutem se devem ounão rever direitos trabalhistas paraevitar demissões, pelo menos 130indústrias e nove sindicatos (representando532 mil metalúrgicos)negociam discretamente por contaprópria. Pelo menos oito acordosjá foram fechados” (Estado de SãoPaulo, 18/1/09).Os acordos envolvem golpespatronais como a aprovação debanco de horas e a redução de jornadae salários. O principal setoronde estão ocorrendo “discretamente”tais acordos é justamenteo metalúrgico.Esses acordos criminosos jáforam fechados em Taubaté, noSindicato dos Metalúrgicos, dominadopela CUT, que aprovou juntocom a Volkswagem o banco dehoras. A mesma proposta seráapresentada para os sindicatos deSão Bernardo do Campo, SãoJosé dos Pinhais e São Carlos. EmPorto Alegre, cujo sindicato é daCUT, foi aprovado, com umaempresa de autopeças, a diminuiçãoda jornada e de salários em14,63%.São Paulo é a cidade com maisnegociações, são 92, em queempresas e sindicato, da ForçaSindical, estão tentando fecharacordos.Toda a justificativa para fazeresses acordos é apenas umamaneira de os patrões, em conjuntocom toda a burocracia, intensificaros ataques pois achantagem das demissões é amais pura enganação comodeixa transparecer a própriaburguesia: “Os acordos sãouma alternativa às demissões,mas não deixam os trabalhadoresimunes a cortes” (idem).Contra esta mobilização dospatrões, da burocracia e do governoLula de ataque aos trabalhadores,é necessário umamobilização nacional da classe<strong>operária</strong> contra as demissões,Na mesa onde estão presentes governo e centrais está em discussão os ataques que serãodesferidos contra a classe <strong>operária</strong> em meio à gigantesca crise econômica que se abre agora, eque poderá acarretar nas maiores traições já feitas pela burocracia sindical até hoje.que impulsione as tendências auma resistência dos trabalhadorescontra os ataques patronais,tendo como ponto de partida aúnica proposta capaz de unificaros trabalhadores diante dasdemissões, a ocupação e o controleoperário das fábricas quedemitam ou ameacem com demissõesem massa.O “COMBATE” À CORRUPÇÃO DO GOVERNO LULA:Governo brasileiro sai em defesa dosmonopólios estrangeiros no PaísO Ministério da Justiça bloqueoumais de US$ 2 bilhões quese refere a um caixa de US$ 46milhões na Inglaterra, US$ 450milhões nos Estados Unidos e R$545,7 milhões no Brasil, dinheiroque apareceu com a abertura dascontas do banco Opportunity,cujo dono é Daniel Dantas, exsóciomajoritário da Brasil Telecom.Segundo o Ministério, este é omaior bloqueio de contas consideradasilícitas pelo governo emtoda a história do País.A ação, que teria sido feita emconjunto com os governos imperialistasbritânico e norte-americanoé mais uma operação de tipopropagandística do governo Federalde suposto combate à corrupção.O que está em jogo, noentanto, não são os crimes cometidospelo banqueiro do Opportunity,mas uma imensa disputa desetores da telefonia pelo controlenacional dos serviços.Daniel Dantas foi preso emjulho deste ano permanecendoalgumas horas na prisão da PolíciaFederal acusado de evasão dedivisas e de outros crimes empresariaiscontra seus concorrentesestrangeiros no Brasil.Ao banqueiro, no entanto, pertenciaa menor das empresas detelefonia do País, e a de capitalconsiderado mais nacional do queas grandes da telefonia que participaramda compra das estataisno governo FHC.A crescente concorrência envolvea italiana Telecom Itália, ea empresa espanhola Telefônica,além da Oi que se fundiu recentementecom a Brasil Telecom,tornando-se a sócia majoritária dacorporação. Isso ocorreu depoisde uma intervenção, uma verdadeiramanobra, do governo Lulapara apontar uma nova diretoriapara a Anatel (Agência Nacionalde Telefonia) para mudar a lei queregula as teles no Brasil. O governoLula procura estabelecer ocontrole cada vez maior dos monopólioscapitalistas nos serviçosde telefonia no Brasil.Dantas, que é um dos beneficiáriosdos leilões de FHC paraprivatizar todas as estatais detelefonia no Brasil de uma sóvez é um sócio menor destapolítica e está sendo usado pelogoverno para favorecer tubarõesde ainda maior porte, o quecomprova a própria lei de outorgada telefonia aprovada no fimdo ano passado, possibilitando afusão entre a Oi e a Brasil Telecom.A lei anterior impedia fusõesentre telefônicas de regiõesdiferentes do País.A alteração pode fazer comque conglomerados ainda maioresmonopolizem totalmente o serviçono Brasil acarretando emuma verdadeira destruição dosserviços e, ainda, em mais aumentoscriminosos de taxas no ramoda telefonia.O governo Lula não apenastoma medidas apenas aparentes,que podem ser revistas em poucotempo, como também está aolado dos mais diversos grupos decapitalistas e banqueiros, brasileirose estrangeiros.ABRINDO MAIS O COFRELula vai dar mais R$100 bilhões, viaBNDES, para oscapitalistasO governo anunciou nestasemana que irá liberarmais R$ 100 bilhões do BancoNacional de DesenvolvimentoEconômico e Social(BNDES) para que os bancospossam emprestar parao setor produtivo, sem restrições.Este valor excede osR$ 91 bilhões entregues aoscapitalistas em 2008.A medida é mais uma dasinúmeras adotadas pelo governoLula para favorecer oscapitalistas nacionais e estrangeirospara que estes nãopercam ainda mais com acrise financeira mundial. Enquantoisso, as demissõescorrem soltas. Somente emdezembro foram mais de 600mil trabalhadores no olho darua, completamente desamparados.E o setor produtivo,que agora vai receberesta bolada do governo é umdos setores que está demitindode maneira desenfreada,vide as demissões em massanas montadoras, como aGM de São José dos Campos,com mais de 800 trabalhadoresdemitidos, as demissõesna Companhia Valedo Rio Doce e tantas outras.A posição do governoLula a favor dos empresários,banqueiros e capitalistasé bastante clara, tanto que oministro da Fazenda, GuidoMantega, um dos inúmerosserviçais do imperialismo nogoverno, declarou que o governonão vai tomar nenhumamedida contra os empresáriosque mesmo recebendorios de dinheiro do governo,a título de financiamentopara produção, demitiremmilhares de trabalhadores.A esse respeito, Mantegafez a seguinte declaração,“Não adianta medidacoercitiva do tipo: quem nãoempregar vai ser tirado doparaíso e jogado no inferno”(O Globo, 21/1/2009).A atitude do governo Luladiante da crise desde o inícioé muito clara: aberturados cofres públicos para osbanqueiros e empresários ea sarjeta para os trabalhadores.O ministro foi suficientementecínico em dizer queo “O papel do governo é criaras condições para que nãohaja demissões e isto nósestamos fazendo colocandomais R$ 100 bilhões doBNDES” (idem).O emprego dos trabalhadoresnão importa para ogoverno Lula, o que importaé o bem estar dos capitalistas.Enquanto os trabalhadoresrecebem o inferno dasdemissões, o governo deixao paraíso de bilhões de reaisnos bolsos dos empresários.www.livrariadopco.estantevirtual.com.brMais de 7.500 livros disponíveis na InternetMarxismo, Política, Artes, Socialismo, Ecologia,História, Literatura, Mulheres, Negros etc.• Livros novos e usados • Fitas VHS• Pôsteres • Bótons • Camisetas •CD´s • DVD´sLIVRARIA do <strong>PCO</strong> em São PauloENDEREÇO - Av. 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25 DE JANEIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA CIDADES 6CALAMIDADE PÚBLICAFortes chuvas atingem Minas Gerais edeixam 101 cidades em estado deemergência e mais de 90 mil sem casaAs fortes chuvas que vêm atingindo Minas Gerais, juntocom a falta de investimento dos governos em infraestruturae a incapacidade em prestar auxílio às vítimas,prejudicam milhares de pessoas em todo o estadoAs fortes chuvas que atingiramBelo Horizonte no finalda tarde desta quinta-feira(22) provocaram o transbordamentodo ribeirão Arrudas,inundando centenas de casas.Ao menos três pessoas foramarrastadas pelas enxurradasque duraram cerca de umahora e alguns deslizamentosde terras foram registrados.Bombeiros procuram pessoasdesaparecidas e que possamestar soterradas sobre osescombros em alguns bairrosda capital. O corpo de umamulher foi encontrado pelasequipes de salvamento debaixode uma kombi, próximo daAvenida Tereza Cristina.A região está desde o dia dezde janeiro em estado de emergência.As chuvas afetaram o fornecimentode energia deixandomais de 60 mil pessoassem energia elétrica. Os bairrosmais prejudicados com afalta de energia foram Regina,Lindéia e Vale do Jatobá.Em Perdões, cidade localizadaa 369 km de Belo Horizonte,cerca de 30 casas foramdestruídas e os desabrigadosjá passam de 500. A cidadetambém está em estadode emergência.Segundo a Defesa Civil deMinas Gerais, desde setembro141 cidades foram atingidaspelas chuvas no estado. Destas,101 já decretaram estadode emergência. Segundo o relatóriodivulgado pelo órgão,desde o início das chuvas, 25pessoas já morreram e outras343 pessoas ficaram feridas.Cerca de 8.500 pessoas estãodesabrigadas e mais de 83 milpessoas desalojadas, Ao todo,foram 620 casas e 110 pontesdestruídas.A situação de calamidadeque atingiu agora o estado deMinas Gerais é resultado dafalta de investimento dos governos,permitindo que a populaçãoviva em áreas sem amínima infra-estrutura e nãodando condições para que ascidades possam absorver aschuvas sem <strong>causa</strong>r prejuízo.Não bastasse isso, assimcomo aconteceu em SantaCatariana e no Rio de Janeiro,a situação da população seA situação de calamidade que atingiu agora o estado de Minas Gerais é resultado da faltade investimento dos governos, permitindo que a população viva em áreas sem a mínimainfra-estrutura e não dando condições para que as cidades possam absorver as chuvas sem<strong>causa</strong>r prejuízo.agrava ainda mais depois daschuvas, pois há um completodescaso dos governos em ajudaras vítimas, deixando-asmuitas vezes isoladas, semalimentos, roupas e remédios.MINAS GERAISGoverno e imprensacapitalistas ocultam caosMesmo com a tentativa dogoverno e da imprensa burguesade ocultar o estado de calamidadeque se encontram algumasregiões do país que sofremcom as enchentes, com a faltade investimento dos governos ea política de sucateamento, apopulação continua sofrendocom os estragos <strong>causa</strong>dos pelaschuvas em conjunto com apolítica assassina desses governos.De acordo com o último balançodivulgado nessa terça-feira,20, pela Defesa Civil do estadode Minas Gerais, a recentedeclaração de mais três municípiosque se encontra em situaçãode emergência, elevou de 97para 100 o número de cidadesque se encontram nessa situação.Os dados são mais que assustadores.Ao todo, em MinasGerais, 140 municípios foramatingidos, o que significa dizerque pelos menos 776.188 pessoasforam afetadas, sendo que91.480 perderam tudo, inclusivesuas casas, e dessas mais de8.510 permanecem desabrigadas,sem ter onde morar e precisandode abrigos públicos.Ainda segundo a Defesa Civil,já foram registradas 25mortes em virtudes das enchentese desabamentos e mais de343 pessoas ficaram feridas. Aúltima morte registrada foi a doaposentado Mateus José Martins,de 79 anos, que foisoterradodentro da sua própria casa,localizada no município de EsperaFeliz, na zona da mata mineira.A casa foi atingida por umdeslizamento de terra no dia 7 dedezembro.A situação em Minas Geraisjá é quase tão drástica quanto àdo estado de Santa Catarina, entretanto,o governo e a imprensaburguesa relutaram em divulgaros dados, numa tentativa deocultar do restante do país quea calamidade não era algo isolado,mas que estava se espalhandopor todo o Brasil, já que nãose trata de algo puramente natural,mas é o reflexo da falta deinvestimento em saneamentobásico, infra-estrutura e demaissetores sociais.Além de não trabalhar paraprevenir qualquer estrago dessanatureza, os governos burguesestambém não gastamesforços para solucionar o problemapor eles mesmo criados,tão pouco amenizar a calamidade.Governos Municipais, Estaduaise Federal permanecemindiferentes às dezenas de mortese centenas de feridos vítimasdas enchentes. As poucas verbasliberadas foram abertamenteretidas pelo governo, e nem delonge se igualam à fortuna “doada”para os banqueiros e grandesempresas atingidas pelacrise econômica. Sem contarque a maior parte da ajuda vemda própria população, que sesolidariza com as vítimas e oferecemdonativos, que muitasvezes nem mesmo chegam aosatingidos como ocorreu, porexemplo, em Santa Catarinaonde o Estado além de não ajudar,mandou uma parte do Exércitopara reprimir as pessoas quesaquearam os supermercadospara sobreviver, enquanto quea outra metade roubava osmantimentos das vítimas.Essa política assassina dosgovernos burgueses, que sórepresentam os interesses dosempresários e banqueiros, colocaem risco a vida da populaçãodo país da maneira mais criminosa,e deve, como já vemocorrendo, ser totalmente repudiadapelo povo.JOÃO PESSOANão ao aumento das passagens,passe livre para estudantes edesempregados já!O Conselho de Transporte eTrânsito (CTT), formado peloSintur-JP, a Federação Paraibanadas Associações Comunitárias(Fepac), a União das AssociaçõesComunitárias de João Pessoa(UPAC), os Diretórios Centraisdos Estudantes do Unipê e daUFPB, a União Pessoense dosEstudantes Secundaristas(UPES), Sindicatos dos Taxistase dos Motoristas, Câmara Municipalde João Pessoa, além de representaçõesde órgãos técnicos,como Detran, CPTran, e secretariasde Infra-Estrutura (Seinfra),de Desenvolvimento Urbano (Sedurb)e do Planejamento (Seplan)de João Pessoa, aprovou um reajustede 5,88% nas passagens deônibus. A passagem vai pular de R$1,70 para R$1,80.O último reajustenas passagens dos transportes coletivosem João Pessoa havia sidoem janeiro do corrente ano quandoas tarifas passaram de R$ 1,60para R$ 1,70.O prefeito do PSB, RicardoCoutinho, que ganhou as eleiçõesem aliança com setores da oligarquialocal e capitalistas garantiuaos empresários cinco aumentosna sua gestão.Quando o PSB, PMDB e o PTassumiram a prefeitura a passagempulou de R$ 1,15, para R$1,80 em 2009. Um enorme assaltoaos bolsos da população.Esta éuma demonstração de que Ricardo,assim como todos os governoburgueses, governam emnome dos interesses de uma minoriaparasita em detrimento dascondições de vida da população.Os votos da “representação”estudantil UPES e do DCE daUNIPE a favor do novo aumento,revela o esquema corrupto emque as entidades estudantis foramtransformadas. A burocraciaestudantil necessita dos empresáriospara manterem o esquema dascarteirinhas. Graças ao monopóliogarantido pelo governo Collor,a burocracia pode contar comrios de dinheiro oriundos das carteiras.Esse esquema coloca asentidades reféns dos empresários,transformado-as em portavozes destes contra os interessesdos estudantes.As empresas de ônibus sãoconcessões públicas, ou seja, aprefeitura concede o direito dasempresas prestarem serviços. Porémo que vemos é um enormeconfisco salarial. O aumento daspassagens representa um ataqueas condições de vida das massas.Enquanto e os empresários defendemseus interesses contra opovo, a população é obrigada aarcar com os valores abusivos dotransporte coletivo.A privatização dos transportespor governos e prefeituras, apoiadosem grandes grupos econômicoscapitalistas, foi um dospiores ataques desferidos contrao povo. As altíssimas taxas cobradaspor um serviço público,que graças ao domínio dos monopólioscapitalistas, hoje cai aospedaços, é uma das maiores arbitrariedadesà qual a classe <strong>operária</strong>brasileira foi submetida pelosgovernos da burguesia.A luta da população deve sepautar no movimento amplo pelaa redução imediata das passagense pelo passe livre para os estudantese desempregados, bem comopela defesa da estatização do transportecoletivo sob o controle dasorganizações de trabalhadores eusuários para acabar com o lucrodos monopólios do setor e garantirum transporte público que atendaàs necessidades da população.85 cidades estão em estado deemergência no Rio Grande do SulNesta sexta-feira, 23, a DefesaCivil do Estado do Rio Grandedo Sul anunciou o estado deemergência de 85 cidades.Cerca de 125 mil pessoassofrem com a estiagem, principalmentena região do planalto enas cidades de Passo Fundo eSanto Ângelo, onde a situação éainda mais grave.Por <strong>causa</strong> da estiagem, oEstado corre o risco de perdergrandes áreas de lavoura e diminuira produção agropecuária,afetando a economia da região.No início do mês, já havia sidoregistrado 80% de perdas daprodução. O cultivo de milho,soja e feijão são os mais atingidos.Somente neste mês de janeiro,a precipitação foi reduzidaentre 25 milímetros e 50 milímetros,média histórica das chuvas.Ainda não há previsões de chuvasou do aumento delas nocarnaval, notícia que assustaprincipalmente os trabalhadoresda região.Embora o governo alegue quea seca seja devido a problemas“naturais”, o fenômeno se repetehá anos, sem nunca haver se querum trabalho preventivo na região.Em 2005, por exemplo, mais devinte cidades do Rio Grande do Sulentraram em estado de emergênciatambém por <strong>causa</strong> da seca.Não só no Rio Grande do Sul,mas também diversas áreas doNorte e Nordeste sofrem com aseca.Não há de fato nenhuma políticado governo para combater acrise por que passam as pessoasque vivem nas regiões alastradastanto pela seca, quanto pelas enchentes.Problemas que se repetemano após ano, evidenciandoo fato de que não é somente uma<strong>causa</strong> natural, mas <strong>causa</strong>l, ou seja,calamidades como esta decorremde uma má administração da verbapública, que, ao invés de seremdestinadas para uma melhor estruturaçãodas cidades, ser investidanaquilo que é de interesse daclasse trabalhadora, é covardementedesviada, para servir aointeresses de uma parcela minoritáriada população.O governo Lula tem se utilizadoda miséria e sofrimentodestas populações para fazerdemagogia com programas,como o programa “Água paratodos”, lançado no final do mêsde agosto de 2007, ou essaimensa chantagem com a populaçãopara que se responsabilizempelos efeitos das enchentescom “doações”, sendo queo próprio governo nada faz parasalvar a vida das pessoas atingidaspelos “desastres naturais”.Não há programas sérios decombate a seca, sendo apenasesquemas de corrupção, comdesvios de dinheiro que em nadasolucionam o problema.Pará tem 1581 trabalhadoresem condição de escravidãoEm relatório publicadopela Comissão Pastoral daTerra (CPT) o Pará foi oEstado que mais teve denúnciasde casos de trabalhosanálogos à escravidão no últimoano. Somente em 2008foram 1.581 casos relatadospelo Governo Federal.O setor sucroalcooleiroestá no primeiro da lista deDocumentário“Impugnado”, sobre aseleições de 2006 e aimpugnação do candidatopresidencial do <strong>PCO</strong>, RuiCosta Pimenta, produzidopela Causa Operária TV,departamento daSecretaria Nacional deAgitação e Propaganda doPartido da Causa Operária‘escravos’ libertados pelo governofederal em 2008. Nototal, 2.553 pessoas saíram decondições de trabalho equivalentesà escravidão no setor duranteo ano passado. Isso equivalea 49% do total de 5.224trabalhadores retirados em2008.Em oito dos últimos dezanos, o Estado também foi olíder no número de pessoas libertadasda escravidão. No total,foram 11.053 pessoas libertadasdesde 1995, o segundoestado é o Mato Grosso com5.262 casos, somando ao total33.747 libertações feitas no paísdesde este mesmo ano. Issosão os números oficiais, bastantemascarados pelo governo.Adquira seu DVD IMPUGNADO!A HISTÓRIA DEUMA CAMPANHAELEITORALDIFERENTEOU COMO OPOVO APRENDEUA ACEITAR OMENSALÃOLIVRARIA DO <strong>PCO</strong>: Av. Miguel Stéfano, nº 349, Saúde,São Paulo, CEP 04301-010, Fone (11), 5589-6023


25 DE JANEIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA ECONOMIA 7BANCARROTA DOS BANCOSA nova onda da crise:Bank of América e CitigroupO governo norte-americano progride nas “ajudashumanitárias” destinadas aos banqueiros e caminha alargos passos para a estatização. Somente o Bank ofAmerica recebeu do Fed uma doação de US$ 117,2bilhões, enquanto o Citigroup dividiu-se em duas partesPara tentar salvar o sistemafinanceiro da falência, o governonorte-americano, assimcomo todos os governos burguesesdo mundo, distribuiugratuitamente a riqueza produzidapela classe <strong>operária</strong> mundialpara um punhado de banqueiros.Esta política, no entanto, estáse mostrando totalmente ineficazpara deter minimamente acrise.Citigroup: ogigante dividi-seSegundo anúncios oficiais, oCitiroup declarou um prejuízo deUS$ 8,29 bilhões nos últimos trêsmeses de 2008. “O resultado nãofoi o pior da história do banco,que já tinha perdido US$ 9,83bilhões entre outubro e dezembrode 2007, mas mostra que osprejuízos voltaram a se acelerar.No terceiro trimestre do ano passado,ele perdera US$ 2,82 bilhões-US$ 5,47 bilhões menosdo que nos três meses seguintes”(Folha de São Paulo, 17/1/2009).Nem mesmo os 300 bilhõesde dólares doados pelo Fed, FederalReserve, banco central norte-americanoao Citigroup eoutros bancos, em novembro,foi capaz de aliviar a crise dobanco. Dois meses se passarame o terceiro maior banco norteamericanonovamente entra emcrise e é obrigado a dividir-se emduas unidades. A própria burguesiareconhece que esta situação,sem sombra de duvida, está “indicandoa grave crise que vive osetor” (idem).Esta situação provocou umadivisão do conglomerado financeiroem duas unidades. De umlado, o Citicorp, que ficará com“as operações tradicionais (bancocomercial e cartão de crédito,entre outras). Essa unidadeterá ativos de US$ 1,1 trilhão (oPIB indiano, o 12º maior domundo)” (idem), e, do outro, aCiti Holdings, onde se encontraos “ativos arriscados”, que poderãoser vendidos. Cabe a nósa pergunta: quem vai comprar aspartes do banco podre, isto é, ascorretoras e financeiras, se nãoo próprio FED?Esta é uma linha geral de todosos países capitalistas emcrise: a ampla distribuição deverbas públicas para os bancosprivados representa um grandepasso para a estatização dos bancosdos EUA. Como veremos.Bank of Américacaminha paraestatizaçãoNa sexta-feira (16), o Bankof America, o maior banco americano,recebeu uma ajuda deUS$ 117,2 bilhões do Tesouro,somando a injeção de capital ea garantia de perdas. Na prática,a destinação de 117,2 bilhõesde dólares (que representa quase9% do PIB brasileiro de 2007)é um amplo passo para que o governodos EUA estatize o banco,pois “em troca da injeção, ogoverno receberá ações da instituiçãofinanceira (...) na prática,liberou os bancos de seus ativosmais problemáticos” (idem).Essa enorme quantia distribuídaaos bancos coloca a economiacapitalista em xeque já quea única solução para tentar contera crise é a intervenção do Estado,comprando partes podres,substituindo os prejuízos dosbancos pela entrega sem controledo dinheiro da população.Este mesmo fenômeno podeser visto em todos os países capitalistasonde a crise é aguda.Em meados de outubro, o governoLulaatravés deMedida Provisóriapermitiuao Banco Centralbrasileiroe à Caixa EconômicaFederala comprade ações debancos privadosque estejamcom dificuldadesfinanceiras.No mesmomês o BancoCentral do ReinoUnido declarouque iriacomprar açõesde oito dosprincipais bancosbritânicos,comprandopor cerca de50 bilhões deeuros (US$87,69 bilhões),as ações preferenciais dos bancos,para controlar boa parte dainstituição, além de liberar 200bilhões de euros ou US$ 350,72bilhões para que estes bancostenham liquidez (dinheiro emcaixa) suficiente para manteremseem funcionamento.Inúmeras são as receitas milagrosaspara salvar o capitalismo,porém a realidade demonstraque a crise progride comoum doente de câncer terminal.Os efeitos da quimioterapia (pacotesanti-crise) apenas retardama doença, enquanto seusefeitos colaterais aumentam aagonia do paciente. Isso podeser constatado na convulsãopolítica mundial.Em todos os países as massasse levantam contra a políticaimperialista. Esse levantetende a colocar em marcha umdos mais poderosos movimentosda classe <strong>operária</strong> de todomundo, ou seja, a classe <strong>operária</strong>dos EUA, contra a ditadurados bancos.A passos largos, o sistema financeirocaminha para a estatizaçãoatravés do confisco geraldas massas. A estatizaçãoforçada para preservar os bancosrevela a completa e total falênciado capitalismo que já nãoO Bank of America, maior banco norte-americano, recebeu uma ajuda de US$117,2 bilhões do Tesouro, somando a injeção de capital e a garantia de perdas.consegue manter o seu própriofuncionamento econômico.Diante desta situação, a políticados trabalhadores deveser a defesa da estatização completado sistema financeiro, semindenização para os banqueirose, principalmente, sob o controledos trabalhadores.DESEMPREGO EM MASSAEUA demitiram 2,6 milhões de trabalhadores em 2008A crise financeira causou ademissão de pelo menos 2,6milhões de trabalhadores norte-americanosno ano passado,o pior resultado desde 1945.O ano de 2008 foi devastadorpara a economia norteamericana.As bolsas tiveramprejuízos recordes: bancos,agências financiadoras e outrastantas instituições financeirasfecharam as portas; asmontadoras e outras empresasestão funcionando com produçãoextremamente reduzidaetc.Para coroar todo este quadroaterrador, foi divulgadoeste mês que o desempregonos Estados Unidos, no ano de2008, atingiu níveis recordes.Nos últimos doze meses, dejaneiro a dezembro, o númerode demissões foi de aproximadamente2,6 milhões. Os dadosforam divulgados pelo Departamentodo Trabalho dosEstados Unidos, que tambémconstatou que este é o maiornúmero de desempregos desde1945, ou seja, em mais de63 anos. Quase a metade detodas estas demissões se concentraramnos últimos doismeses de 2008. As demissõesA taxa de desemprego que estava em 6,8% em novembro saltou para 7,2% no mêspassado. Este é o maior índice desde janeiro de 1993.em novembro e dezembro somadaschegam a 1,057 milhão.Em novembro, o número dedemitidos foi de 533 mil trabalhadorese em dezembro o númeropraticamente se manteve,524 mil postos de trabalhoforam varridos do mapa.A taxa de desemprego queestava em 6,8% em novembro,saltou para 7,2% no mêspassado. Este é o maior índicedesde janeiro de 1993.Houve um salto de quase 1,0% em menos de dois meses.Em outubro, o índice de desempregoestava em 6,5% e emsetembro, 6,1%.Em números, este percentualé bastante revelador do tamanhoda crise no país mais ricodo mundo. A população economicamenteativa dos EstadosUnidos é de 153,1 milhões deum total de 303 milhões de habitantes.A taxa de 7,2% atingemais de 11 milhões de norteamericanos.São exatamente11,02 milhões de trabalhadoresque estão sem emprego. Esteverdadeiro exército de desempregadosé maior que toda apopulação da cidade de NovaIorque, que tem mais de 10 milhõesde habitantes.A questão do desemprego namaior potência imperialista domundo é bem pior do que parece.Juntamente com estes maisde 11 milhões de desempregadoshá mais outros 5 milhões denorte-americanos à procura deemprego, ou seja, o desempregoestá atingindo no mínimo 16milhões de pessoas.Para o analista da FTN Financial,Lindsey Piegza, essesdados indicam um resultadoainda pior para 2009, “Esse éum relatório bastante desanimador.Ele retrata um cenárioem 2008 muito pior do quepensávamos. Isso não é umbom prognóstico para o desempregono primeiro trimestre.É um dos declínios de empregotrimestrais mais significativosna história do pós-Guerra” (O Estado de S. Paulo,19/1/2008).A recessão nos Estados Unidosque tem mais de um ano deduração, desde dezembro de2007, está em caminho ascendentee deve aumentar aindamais o número de desempregadosem 2009, pois se obteve altosíndices no final do ano passado,período em que naturalmentehá um aumento na ofertade emprego, devido às festasde fim de ano, este númerodeverá ser bastante superiornos primeiros meses de 2009.Os efeitos da queda de empregonos Estados Unidos,com conseqüente redução doconsumo já foi sentido no Brasilque também teve mais de500 mil demitidos, somente emdezembro.Será um efeito em cascataque vai atingir a economia dosprincipais países e provocaruma reação em massa dos trabalhadoresque devem ter umprograma próprio e independentecontra a crise e comoeixo principal a ocupação dasfábricas como forma de impediras demissões.INDÚSTRIA DE BEBIDASSetor usa queda nas vendas compretexto para demitirAs demissões nas principaisempresas de cerveja do mundo,em função da queda nomercado, servem de alerta aostrabalhadores do setor.Mais um ramo da indústriaanuncia os efeitos da crise. Depoisde quatro anos de crescimento,a indústria de bebidasanunciou que as vendas decerveja estagnaram no País. Ofechamento das vendas de2008 deve estar no mesmo patamarde 2007: 10,4 bilhões delitros. As perspectivas para2009 é que esses números semantenham.Na AmBev, líder do mercado,com 67,4% das vendas decervejas no Brasil, os executivosnão vão receber os bônusreferentes a 2008, conseqüênciado resultado aquém do esperado.O período de crescimentofez as principais marcas investiremno aumento de produção.A AmBev comprou a fábrica daCintra em 2007 e abriu, em2008, uma fábrica de maltariae de embalagens. A Schincariolinaugurou uma fábrica noCeará. A Femsa, dona das marcasSol e Kaiser, elevou em20% sua capacidade produtiva.Os investimentos deixaram acapacidade de produção dasempresas muito acima do queé consumido hoje. Ou seja, es-tabeleceu-se uma crise de superproduçãono setor, diante deum mercado que tem retraçãoacelerada diante da redução dopoder aquisitivo da maioria dapopulação e do desemprego.Agora, as cervejarias estãosendo obrigadas a recuar. AAmBev engavetou o plano deabrir nova fábrica no Nordestee os executivos da empresa dizemque caso haja retração, aempresa vai desativar o que forpreciso.O anúncio da queda nas vendasde cervejas deve deixar ostrabalhadores do setor atentos.Os primeiros a arcarem com osprejuízos dos patrões serão ostrabalhadores. A diminuição noconsumo de cerveja é um fatoem vários países.O exemplo das maiores mar-cas internacionais dá o tom decomo deve ser a reação dospatrões no Brasil. A cervejariadinamarquesa Carlsberg,quarta maior do mundo, vaicortar 124 empregos na regiãodo Báltico e já demitido 80 funcionáriosem novembro. Alémdisso está negociando com ossindicatos da Dinamarca paraOs primeiros a arcarem com os prejuízos dos patrõesserão os empregados no setor.tentar cortar 150 postos noPaís. Qualquer semelhançacom as negociações entre aburocracia sindical e os patrõesnão é mera coincidência.As demissões abrem umaperspectiva de luta para os trabalhadoreso mundo inteiro. Opapel da burocracia sindical,que domina os sindicatos emtodos os países é frear a lutada classe <strong>operária</strong> por meio daconciliação com os patrões.NOTASReino Unidoentra emrecessãoNo último semestre de2008, a economia do ReinoUnido registrou a maior quedadesde 1991, caracterizandoo país em estado derecessão.Segundo informações doEscritório Nacional de Estatísticas(ONS), no quarto trimestredo ano passado, oPIB (Produto Interno Bruto)britânico registrou uma contraçãode 1,5% em comparaçãocom o trimestre anterior,que também já estavamarcado por um índice negativo.A taxa de desemprego aumentoupara 3,6% em dezembro,registrando o 11ºmês consecutivo de crescimentodo desemprego nopaís, são pelo menos 1,92milhão de desempregadosno País. Os reflexos da criseeconômica estouram dolado mais fraco, afetando diretamenteostrabalhadores.C cerca de44% das empresas britânicasestão demitindo e a outrametade suspendendo ascontratações.Libra cai apóseconomiabritânica entrar emrecessãoA libra caiu na última sexta-feira(23) frente ao dólar,chegando ao nível mais baixodesde 1985.A moeda também perdeuterreno em relação ao euroapós a notícia de que a economiabritânica entrou em recessão,baseado nos dados do últimotrimestre de 2008.No mercado cambial deLondres, a libra chegou a sernegociada a US$ 1,3567, marcasem precedentes desde setembrode 1985, contra US$1,3857 da cotação final dopregão anterior.A cotação em euro chegoua ser menor ainda, a moedabritânica chegou a ser cotadaa 1,0589 euro, contra1,0693 euro na cotação anterior.Neste mês o Banco da Inglaterra(BC britânico) decidiureduzir em 0,5 ponto a taxabásica de juros, para 1,5%. Ataxa chega, assim, a um níveljamais visto desde a criação daautoridade monetária britânica,em 1694. O comitê depolítica monetária do bancoavaliou que a economia mundial“parece passar por umdeclínio incomum, agudo esincronizado”.China cresce 6,8%no último trimestrede 2008A China anunciou que seucrescimento do PIB (ProdutoInterno Bruto) no último trimestrefoi de 6,8%. Este é umdos menores crescimentos trimestraisda economia chinesanesta década. Nos últimos 12meses, entre janeiro e dezembrode 2008, o PIB chinês foide 9%. É a primeira vez, emseis anos, que a economia daChina não cresce acima de10%. Para se ter um parâmetro,basta saber que no ano de2007 o PIB da China foi de11,9%. Por ser um país muitogrande, o crescimento menorde 10% não é suficiente parao desenvolvimento da China.Este baixo crescimentodeve ser menor ainda em 2009,pois milhares de fábricas estãosendo fechadas e o número dedemissões deve ser de, no mínimo,15 milhões. Isto tende aprovocar uma convulsão popularsem precedentes. Hojena China há um contingente de35 milhões de desempregados.


25 DE JANEIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA POLÍTICA 8ASILO DE CESARE BATTISTIPara a burguesia tudo, para os inimigos a leiO pedido de asilo político solicitado pelo ativista Cesare Battisti e concedido peloMinistro da Justiça Tarso Genro, abriu uma crise diplomática, entre o governo brasileiroe o governo italiano que exige a sua extradição, e uma crise também no regime político.Toda a direita que se perfilou ao lado do Presidente do Supremo Tribunal Federal GilmarMendes, quer que o Brasil extradite Battisti para a Itália, onde ele está condenado àprisão perpétua, acusado de quatro homicídios.Cesare Battisti foi militante nosanos 70, do grupo ProletáriosArmados para o Comunismo(PAC), que a exemplo de outrosgrupos, como as Brigadas Vermelhas,empreenderam diversasações armadas contra os governositalianos de direita liderados pelaDemocracia Cristã.Após longos anos de clandestinidadena Itália, Battisti se refugiouna França, onde o então presidenteFrançois Miterrand haviaestabelecido asilo para os refugiadospolíticos europeus. Ele prometeuem 1985 não extraditarnenhum dos italianos procuradospor terrorismo em seu país, desdeque renunciassem a seu passadomilitante.No início dos anos 90, Battistiobteve permissão para viver naFrança, onde iniciou uma carreirade escritor, tendo publicado 11livros pela editora Gallimard.Battisti foi condenado à revelia,pela justiça italiana em 1993,à prisãoperpétua pelo assassinato dequatro pessoas; entre elas umpolicial, um guarda penitenciário eum joalheiro.Battisti nunca negou a sua participaçãona resistência italianadurante os chamados anos dechumbo: “Assumo este períodohistórico”, além de negar a suaparticipação nos assassinatos quelhe são imputados, Battisti afirmaque a violência dos grupos armadosera uma resposta legitima àviolência dos governos italianos deentão.Em 1968, a exemplo da Françae de outros países, a Itália tambémviveu um enorme ascenso estudantil,mostrando a tendência de crescimentodas lutas estudantis naEuropa, nos EUA e na AméricaLatina.Durante o ascenso estudantil naItália, entre novembro de 1967 ejunho de 1968, ocorreram cerca de100 ocupações de reitorias e universidades.Este movimento seestendeu também aos estudantessecundários. A dura repressão dogoverno italiano imprimiu umagrande politização ao movimentoestudantil.Em 1969 explodem as lutas<strong>operária</strong>s, com grandes greves daFiat de Turim, Pirelli de Milão,entre outras. A política do stalinismolevou estas mobilizações aoimpasse e à derrota. Após a derrotada onda de mobilizações,denominadas de “outono quente”,setores da esquerda que buscavamuma alternativa revolucionária,acabaram sendo tragados pelo foquismoe pelo guevarismo, dandoorigem a organizações como asBrigadas Vermelhas e os ProletáriosArmados para o Comunismo,grupo ao qual se filiou CesareBattisti.Desde o ano 2002, o governodireitista de Silvio Berlusconi pressionapela extradição de Battisti eo então Ministro da Justiça italianoacusava a França de ser um santuáriode terroristas. Após estaspressões, Battisti foi preso na Françaem fevereiro de 2004 e logodepois libertado, para aguardar opedido de extradição feito pelo governoitaliano. Diante da possibilidadedo governo francês aprovara sua extradição para a Itália, Battistifugiu em 21 de agosto de 2004para refugiar-se no Brasil.Battisti foi preso no Brasil em 18de março de 2007, em uma operaçãoque contou com a participaçãodas polícias do Brasil, da Françae da Itália. O então PrimeiroMinistro italiano, o “esquerdista”Romano Prodi, expressou a suasatisfação pela “brilhante operação”que permitiu a prisão deCesare Battisti no Rio de Janeiro.Posteriormente, Battisti foi transferidopara Brasília, onde aguardao recurso pela sua libertação.Perseguição políticaNo dia 13 de janeiro, o ministroda Justiça Tarso Genro concedeuo asilo político a CesareBattisti. Para o ministro, as condenaçõessofridas por Battisti naItália são fruto de processos políticos.Tarso contrariou inclusive,o parecer da Comissão Nacionalpara Refugiados (CONA-RE), que havia por três votos adois, votado contra a concessãodo asilo ao italiano. Tarso sustentousua decisão com a alegação deque Battisti é perseguido por suasconvicções políticas.Vários intelectuais de esquerdano Brasil e em diversos países,apoiaram a decisão de concessãodo asilo, como o deputado brasileiroFernando Gabeira (PV-RJ) eo filósofo francês Bernard-HenryLévy.Tarso apoiou a sua decisão emuma carta do senador italiano FrancescoCossiga, que nos anos 70elaborou as leis que possibilitarama condenação de Battisti, na qual eleafirma que os crimes cometidospelos movimentos de esquerdaitalianos naquele período, forampolíticos.O que a defesa de Battisti alegaé que a sua condenação foi obtidaatravés apenas de um depoimento,do militante Pietro Mutti, fundadordo grupo, Proletários Armadospelo Comunismo (PAC).Logo após a decisão de Tarso,começaram as críticas e as pressõespara que ele revertesse a suadecisão.Logo após a decisão de Tarso,os advogados de Battisti publicaramuma nota onde explicam asrazões da inocência de CesareBattisti:“Somente quem conhece oprocesso superficialmente é quepode considerar a decisão de concederrefúgio político equivocada.“Quem conhece o processoprofundamente, tomando ciênciade seus meandros e detalhes, sabeque a decisão de conceder refúgiopolítico a Battisti é a única medidaque preserva a Constituição brasileirae a tradição do Brasil em casossemelhantes.“Pelas seguintes razões:“1 - O processo contra CesareBattisti é fruto de motivação exclusivamentepolítica;“2 - Cesare Battisti não é autorde qualquer dos quatro assassinatosdos quais é acusado;“3 - Battisti foi inicialmentecondenado a 12 anos e 10 mesesde reclusão e 5 meses de detençãopelos crimes de uso de documentofalso, porte de documento falso,posse de espelhos para falsificaçãode documentos e participaçãoem organização criminosa.Essa condenação transitou emjulgado em 20 de dezembro de1984. Assim, Battisti foi inocentadodas quatro mortes cometidaspelo PAC (Proletários Armadospelo Comunismo).“4 - Por quase uma década,Battisti fica exilado no México edepois na França de FrançoisMitterrand, que concedia asilo atodos os militantes italianos nos1970 que abdicaram da luta armada.Por isso é que foi negado pelaFrança o primeiro pedido de extradição;“5 - Depois de quase 10 anos dotrânsito em julgado, o processocontra Battisti foi reaberto na Itália,com base no depoimento de umúnico preso arrependido (PietroMutti).“6 - Os advogados de Battistino ’processo reaberto‘ forampresos, e o Estado nomeou outrosadvogados para defender Battisti.A defesa, no entanto, foi feita combase em procuração falsificada.Exame grafotécnico posteriorcomprova isso. Sem direito à defesa,o processo resulta em condenaçãoà prisão perpétua semdireito a luz solar. À revelia. Somentecom base no depoimento do“arrependido” Mutti. Chegou-se aocúmulo de condená-lo por dois homicídiosocorridos no mesmo dia,quase na mesma hora, em cidadesseparadas por centenas de quilômetros(Udine e Milão).“Outros cidadãos italianos,militantes políticos na Itália dosanos 1970 (como Pietro Mancini,Luciano Pessina e Achille Lollo),que estavam no Brasil e cujasextradições foram requeridas pelogoverno italiano, tiveram indeferidosos pedidos pelo STF.“7 - Em carta de próprio punho,o ex-presidente da Itália,Francesco Cossiga, admite que asações do governo italiano paraprendê-lo têm motivação unicamentepolítica.“Esperamos que Cesare Battistipossa retomar suas atividades deescritor e iniciar uma nova fase desua vida. Doravante, sem receio deperseguições políticas.“São Paulo, 14 de janeiro de2009.“Luiz Eduardo Greenhalgh“Suzana Figueiredo“Fábio Antinoro“Georghio Tomelin”Questionado, Lula afirmou quea decisão de conceder o asilopolítico a Battisti era uma decisãode soberania nacional e que asautoridades italianas deveriam respeitá-la.Afirmou ainda que, apesarda decisão desagradar às autoridadesitalianas, elas deveriamaceitar as decisões soberanas doEstado brasileiro.A ofensiva doimperialismoitaliano contra oasilo a CesareBattistiNo mesmo dia em que o ministroda Justiça Tarso Genro assinoudocumento dando o status de refugiadopolítico a Cesare Battisti,deu-se o início de uma crise políticaque envolve o governo brasileiro,o governo italiano e os setoresdireitistas do atual regime,como o presidente do SupremoTribunal Federal Gilmar Mendes.O governo italiano se insurgiucontra a posição do governo brasileiro.O ministro da Justiça italiano,Angelino Alfano,afirmou:”Estamos frustrados einfelizes com a decisão do governobrasileiro”. O Promotor milanêsArmando Spataro disse que:“Lançar a hipótese de que Battistipoderia ser alvo de perseguição dojudiciário e do Estado italiano éofensivo ao nosso sistema e àspessoas que ele matou”. O ministrodo Interior, Roberto Maroni,considerou a medida do governobrasileiro “um erro muito grave”e que “é uma ofensa às vitimas doterrorismo, ao sistema judiciárioe ao povo italiano. Battisti é um criminosoque foi condenado porassassinato e merece tudo menoso estatuto de refugiado político”.O vice-ministro do Interior, AlfredoMantovano, considerou “gravee ofensiva” a decisão, além deum “insulto ao nosso sistema democrático”.O senador MaurizioGasparri porta voz do PartidoPovo da Liberdade, de direita, atualmenteno poder, expressou seu“desconcerto e dor”, ao mesmotempo em que Piero Fassino, líderda oposição de esquerda, doPartido Democrático, disse que adecisão do Brasil era: “equivocada”.Diante da decisão de TarsoGenro, o governo italiano segue napressão para que o governo brasileiroreveja sua posição. O ministroda justiça italiano, AngelinoAlfano, afirmou que seu governopensa em mandar Tarso para uma“instância de reflexão” para queassim reconsidere a sua posição.“Faremos tudo o que estiver emnossas mãos. E faremos tambémpesar o fator político de que paísescomo o Brasil, que pretendemcontribuir com a democraciamundial com sua participação noG-8, se dê conta de que a violaçãodo que foi ditado pela justiça deoutros países não lhes facilita o caminho”.Na continuidade de sua campanhade pressões contra o governobrasileiro, o ministro das RelaçõesExteriores, Franco Frattini, afirmouque a decisão do governobrasileiro: “Foi uma decisão politicamenteequivocada, porque consideraa legislação italiana de maneirainaceitável. Faz referência aleis especiais que expõem o detido,inclusive, a tortura, algo quenão faz sentido num país profundamentedemocrático como a Itália.Recebemos com desconcertoa decisão do ministro brasileiro. Adecisão do ministro brasileiro éuma ferida grave para as relaçõesentre a Itália e o Brasil, no campoda cooperação judicial”. O ministroitaliano disse esperar a intervençãode Lula para que a decisão doasilo a Battisti seja modificada.O Presidente italiano, o antigodirigente stalinista Giorgio Napolitanotambém entrou no debateenviando uma carta pessoal a Lula,onde afirma expressar a sua “profundasurpresa, e seu pesar”, peladecisão do governo brasileiro emconceder asilo político a CesareBattisti.O governo italiano pretendeentrar com uma ação no SupremoTribunal Federal , contra a concessãode asilo a Battisti.Lula tem reafirmado insistentementeque manterá a concessãodo asilo a Battisti. As sucessivascapitulações de Lula frente aoimperialismo, porém, não são umagarantia de que o asilo será concedido.Não está afastada a hipótesede uma negociata entre Lula e oSTF.A polêmica revela o caráterprofundamente reacionário da atualpseudo-ordem jurídica e diplomáticainternacional.O asilo político somente poderiaser concedido para aquelesopositores que não tomaram armascontra os seus governos. Istoé, sempre que não forem de direitae genocidas, da preferência doimperialismo, como o Xá do Irã,Somoza, Ferdinando Marcos etc.Em segundo lugar, salta aosolhos não apenas o caráter fraudulentodo julgamento do ex-militanteitaliano, com a clara intenção deperseguição política.Independentemente da motivaçãodo governo do PT – que hámuito abandonou todas as bandeirasdemocráticas – cabe aosdemocratas,à classe <strong>operária</strong> e àssuas organizações, defender demaneira intransigente o direito deasilo, em particular, dos perseguidosdo imperialismo mundial.A ofensiva dadireita: GilmarMendes, Serra,Garibaldi, Folha,EstadãoAs forças mais direitistas doregime político também saíram acampo, em uma campanha reacionáriacontra a concessão do asiloa Battisti.O Presidente do Senado GaribaldiAlves (PMDB-RN) foi oprimeiro a sair contra a decisão deconcessão do asilo a Battisti: “Meparece uma atitude precipitada,uma vez que há pareceres contrários.É também arriscada levandoseem consideração as possíveisconseqüências”.A Folha de S. Paulo, que gostade se apresentar como a defensorada democracia e dos direitoshumanos, saiu com estas pérolas:“O ASILO político a Cesare Battisti,italiano condenado em seupaís à prisão perpétua por quatrohomicídios ocorridos na década de1970, é um equívoco. De uma vez,o governo Lula contrariou decisõesconsumadas dos Judiciáriosda Itália e da França e da CorteEuropéia de Direitos Humanos. NoBrasil, a vontade do Planalto refutouorientação do Comitê Nacionaldos Refugiados e evitou que opedido de extradição de Battisti,feito pela Itália, fosse julgado noSupremo Tribunal Federal. O procurador-geralda República, AntonioFernando Souza, pede seu repatriamento.[...] O caso CesareBattisti é incomparável com asilosconcedidos pelo Brasil a ex-ditadorese ex-governantes sul-americanos.Aqui se tratava de remediarsituações explosivas nos instáveispaíses de origem e/ou de preservara integridade física do asilado,sujeito, de outro modo, àarbitrariedade de sistemas políticose judiciais precários. (Editorial,Folha de S. Paulo, 15/1/2009).Aqui já não se trata de argumentos,mas de puro cinismo.Ademais, o critério para o direitode asilo para os democráticos redatoresda Folha de S. Paulo é ojulgamento do governo sobre osseus opositores, direito que o povode um país não tem em relação aditadores sanguinários.O outro porta-voz da democraciae dos direitos humanos, o jornalO Estado de S. Paulo, em seueditorial de 16/1/2009 afirma, entreoutras coisas, que: “Não se podeexigir de um ministro de Estadouma qualidade de atuação que estejaacima de suas próprias limitações.Mas é de se exigir, seguramente,que não atrapalhe – sem razãoalguma para fazê-lo, fora o velhoranço ideológico – o governo a queserve e o Estado no qual comandaimportante Pasta. Ao dar refúgioa um cidadão italiano, condenadoà prisão perpétua por ter assassinadoquatro pessoas em sua atividadeterrorista, o ministro da Justiça,Tarso Genro, tomou uma decisãodesastrada sob vários aspectose provocou, desnecessariamente,uma crise diplomática entreo Brasil e a Itália”. (Editorial, OEstado de S. Paulo, 16/1/2009).O governador de São Paulo,José Serra (PSDB), também seposicionou contra o asilo dado aBattisti: “Eu não conheço detalhes.Em princípio, não estou de acordo,pelos antecedentes que vi naimprensa. Não olhei os processos,mas me parece um exagero o asilodado”, afirmou o governador, quefoi exilado político na Bolívia, Uruguaie Chile durante os anos 60, porconta da ditadura militar no Brasil(1964-1985)” (Folha de S. Paulo,16/1/2009).A posição de Serra mostra ocinismo das forças de direita noBrasil quando se discute a questãodo asilo político ou qualqueroutra questão democrática.Serra oculta o fato de que centenasde militantes de esquerdano Brasil pegaram em armascontra a ditadura militar e acabarampedindo e obtendo asiloem diversos países da AméricaLatina, Europa e África e,ainda anistia, da qual ele mesmose beneficiou. Qual é a diferençaentre os militantes brasileirose Cesare Battisti? Ambospraticaram ações armadascontra regimes burgueses.Por/ que negar o asilo a Battisti?A explicação é clara: osregimes imperialistas não caírampela ação das massas,como ocorreu com as ditaduraspatrocinadas por eles,servem portanto como pilaresda reação mundial não apenascontra militantes do passado,mas também contra as tendênciasrevolucionárias das massasdo presente e do futuro.Engordando o coro da direitacontra o asilo a CesareBattisti, não poderia faltar o reacionáriopresidente do STFGilmar Mendes, que pretendeutilizar seu cargo na corte supremade justiça para barrar oasilo a Battisti. Mendes caracterizoua decisão sobre o asilopolítico de Cesare Battisticomo um “ato isolado” do ministroTarso Genro (Justiça) edeterminou que a ProcuradoriaGeral da República se manifestassesobre a libertação doitaliano, o que deve mantê-lopreso em Brasília. [...] Mendesafirmou, em texto encaminhadoao Ministério Público, quea corte nunca debateu sobre apossibilidade de suspenderprocesso de extradição, com aconseqüente liberação do envolvido,quando a decisão deconceder asilo político é contráriaao entendimento doConare (Comitê Nacional paraos Refugiados). (Folha de S.Paulo, 17/1/2009).Qual é a discussãoque a burguesiaoculta sobre o asilodado a CesareBattisti?Todas as argumentações dadireita que tenta impugnar a decisãode concessão de asilo aCesare Battisti ocultam as verdadeirasrazões ideológicas. É sabidoque grande parte dos maioresditadores, genocidas, facínoras,que governaram diversospaíses obtiveram asilo em paíseseuropeus, vivendo tranquilamentecom os bilhões roubados deseus povos sob o olhar beneplácitodos regimes burgueses, nosEUA, Europa, Japão.Na relação de genocidas protegidospelo imperialismo, está ohaitiano Jean-Claude Duvalier, oBaby-Doc que se exilou na França.O Filipino Ferdinand Marcos,que morreu exilado no Havaí-EUA, o peruano Alberto Fujimorise asilou no Japão.O Brasil tem larga tradição deabrigar ditadores. O ditador fascistaportuguês Marcelo Caetano,após ser deposto pela revoluçãodos cravos em 1974, mudou-separa o Brasil onde viveu,sem ser incomodado, até 1980.O ditador paraguaio AlfredoStroessner, que governou o Paraguaide 1954 a 1989, após deixaro poder se asilou no Brasil,onde morreu em 2006.Até genocidas nazistas tiveramrefúgio seguro no Brasil.Gustav Franz Wagner, comandantedo campo de concentraçãode Sobibor na Polônia, onde foramexterminados 250 mil judeus,vivia no Brasil com passaportesuíço e usava seu próprionome. Descoberto pela políciaem 1978 foi detido e colocado emuma clinica psiquiátrica, libertado,voltou a viver no seu sítio tranquilamente,até 1980, quando sematou.Até para ladrões internacionaiso Brasil é generoso. RonaldBigss, que participou do famosoassalto ao trem pagador inglêsem 1963, foi preso e condenadona Grã-Bretanha, fugiu daprisão, passou pela França, Austráliae acabou vindo para o Brasilem 1970.Descoberto pela polícia, ogoverno negou a sua extradição,já que Bigss havia casadocom uma brasileira e tinha umfilho com ela. Ficou no Brasilaté 2001, quando retornou voluntariamentepara a Grã-Bretanha.A hipocrisia do governo italiano,que reclama a extradiçãode Battisti pode ser vista naquestão do banqueiro SalvatoreCacciola. O banqueiro denacionalidade brasileira e italianafoi condenado a 13 anosde prisão no escândalo dobanco Marka de sua propriedade,cuja falência fraudulenta deixouum prejuízo aos cofres públicosde 1,5 bilhões de reais.Preso no ano 2000 é libertadomediante um hábeas corpus dadopelo Ministro do STF Marco Auréliode Mello. Fugiu para a Itália,aproveitando-se de sua duplacidadania. Mesmo após insistentespedidos de extradição feitospelo governo brasileiro, o governoitaliano sempre negou extraditarCacciola, alegando ser elecidadão italiano. Cacciola acaboupreso durante uma estadaem Mônaco. O governo brasileirosolicitou a sua extradição e obanqueiro retornou ao Brasil em2008. Ou seja, para o governoitaliano é legal e legítimo protegerum banqueiro corrupto responsávelpelo prejuízo de bilhõesde reais, mas dar asilo a um lutadorda classe <strong>operária</strong> é umdesrespeito às leis democráticasda Itália.Pela concessão doasilo a CesareBattistiToda a gritaria do governo italianoe dos setores direitistas doregime político brasileiro, escondemo caráter de classe da discussão.Para os revolucionários é fundamentaldefender a liberdade ea integridade de todos os lutadoresproletários e populares.Não importando os métodosde luta que tenham utilizado emsua luta contra a burguesia e oimperialismo. Por isso defendemosna década de 70 no Brasil alibertação, o fim dos processose a volta de todos os militantesque estavam presos, exilados ebanidos por terem pegado emarmas contra a ditadura militarno Brasil.Defendemos a liberdade de todosos lutadores que estão presosnas masmorras da burguesia e doimperialismo mundial.Por isso defendemos os que noBrasil lutam pela terra, pela moradia,e que na sua luta passampor cima do sacrossanto direitode propriedade e invadem fazendase propriedades particulares.Defendemos o legitimo direitodos camponeses e sem terraque se armam para se defenderdas agressões das milícias dos latifundiários.Para o governo italiano, CesareBattisti seria um terrorista porquepegou em armas contra oregime burguês imperialista italiano,culpado de inúmeros crimescontra o seu e outros povos. A sualegitimidade para oprimir e explorar,estaria em que consiste emum regime democrático, o queestá muito longe de ser verdadeiro.Reafirmamos o direito legítimodo proletariado e de todos osexplorados e oprimidos de se levantaremcom armas contra aopressão da burguesia e do imperialismo.Desde os ataques de 11 de setembro,o imperialismo mundialpassou a caracterizar qualquer lutadorproletário ou popular de terrorista,ou seja, a caracterizaçãode que a luta contra o imperialismoé um crime contra a humanidade.Assim, qualquer grupo armadoque lute contra a opressão imperialistacomo o ETA (Espanha),FARC (Colômbia), Hesbolah(Líbano), Hamas (Palestina),Al Qaeda (Oriente Médio), sãoconsiderados terroristas pelo imperialismo.Os EUA defendem, inclusive,que existem estados terroristas porapoiarem movimentos de libertaçãonacional. Assim, Irã, Coréia doNorte, Venezuela, Síria, Iraque(na época de Saddam Hussein),seriam estados terroristas.Para nós, os terroristas são osimperialistas i mundiais, tendo àfrente os EUA e seus satélites,como Israel; eles são os verdadeirosterroristas. Israel acaba deperpetrar mais um massacre naFaixa de Gaza, que deixou mais de1200 mortos, sendo 400 criançase 300 mulheres. Isto é um ato terrorista,terrorismo de Estado, porisso reafirmamos que Israel é umEstado terrorista e genocida.Os revolucionários defendem aliberdade e a integridade dos militantesrevolucionários, não importandoos métodos de luta queempregaram.Defendemos a libertação de todoslutadores presos nas prisõesda burguesia e do imperialismo.Defendemos e libertação de todosos lutadores árabes e palestinosdas prisões sionistas.Defendemos a libertação de todospresos da prisão de Guantânamoe de todas as prisões clandestinasmantidas pelo imperialismo.Defendemos a concessão doasilo a Cesare Battisti.


25 DE JANEIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA MOVIMENTO OPERÁRIO 9BANCO DE HORAS NOS CORREIOSBando dos Quatro economiza R$ 20 milhões para a direçãocorrupta da ECT superexplorar os trabalhadoresEmpresa economiza o pagamento das horas extras como banco de horas resultado da traição da direção daFentect durante a greve do ano passadoA direção da ECT – EmpresaBrasileira de Correios e Telégrafos– publicou circular na qualafirma que está cancelado o pagamentode horas extrasaos trabalhadoresaté que todas as horasdevidas no banco dehoras sejam pagas pelostrabalhadores quefizeram greve no anopassado.O banco de horas éo resultado da traiçãomais absoluta do Bandodos Quatro (PT-PCdoB-PSTU- Psol),os quais tiveram a capacidadede aceitar obanco de horas comopunição aos trabalhadoresque fizeram greveem 2008, para exigiro cumprimento deacordo assinado peladireção da ECT e peloministro das Comunicações,Hélio Costa.O lucro da ECTcom o banco de horasé tão grande que decidiramgastar em 2009somente metade dovalor pago em horasextras durante o ano de2008, uma vez quequase metade do totaldas horas do banco dehoras ainda não foramcompensadas.O não pagamentodestas horas-extrasaos trabalhadores significauma economiade mais de 20 milhõesde reais para a direçãoda ECT. Segundo tabelaenviada pela direçãoda empresa, em2008 foram gastosmais de 40 milhões dereais em extras.Em 2009 a empresasó autoriza o gasto de poucomais de 20 milhões, uma vez queestá contando com o banco dehoras para fazer toda a carga serAcima, a circular publicada pela direção dos Correios cancelando opagamento de horas extras aos trabalhadores até que todas as horas devidasno banco de horas sejam pagas pelos que fizeram greve no ano passado.Na tabela divulgada pela Empresa há a indicação de uma economia de mais de R$ 20milhões às custas do não pagamento das horas-extras dos trabalhadores.despachada.Os trabalhadores que estão nobanco de horas vão suportar oexcesso de trabalho sem ganharum centavo, porque o Bando dosQuatro aceitou esta traição emplena greve da categoria, quandoa empresa estava totalmenteencurralada com os acampamentosde trabalhadores em frenteao palácio do governo emBrasília, além da péssima propagandapara o governo àsvésperas das eleições.A própria empresa já haviaconcordado, durante a paralisação,em abonar metade dosdias da greve, no entanto, oBando dos Quatro voltou atrásaceitando compensar todos osdias da greve, inaugurando nacategoria do correio este instrumentode super-exploraçãodos trabalhadores que é o bancode horas.Acompanhe a cobertura exclusivadas notícias diárias sobre os Correiosna página da correnteEcetistas em Luta na InternetVISITE A PÁGINA DO PARTIDO DA CAUSAOPERÁRIA E DA CORRENTE ECETISTAS EM LUTAwww.pco.org.br ewww.pco.org.br/correiosPARA “GARANTIR” EMPREGO ATÉ MAIOVale do Rio Doce oferece licençaremunerada com salário reduzido em 50%A maior mineradorado Brasil e uma dasmaiores do mundo,anunciou na quinta-feira(22) que reduzirápela metade o saláriodos trabalhadores emmineração nos estadosde Minas Gerais eMato Grosso do Sul.A proposta para seefetivar precisa seraceita pelos sindicatosdos trabalhadores, esegundo divulgou aAgência Estado, MarcosDalposo, diretorgeralde recursos humanose desenvolvimentoorganizacionalda empresa, “se diz otimistaem fechar acordocom os sindicatos”.Segundo o presidenteda empresa,Roger Agnelli, serágarantido o empregodos empregados filiadosaos sindicatos, atémaio de 2009, paratodos que aceitarem o acordo,“incluindo os que entraremem licença e os que continuaremem atividade” (idem).Agnelli afirmou ainda que aempresa “não pretende demitirmais funcionários nos próximosmeses, mas não garantea permanência de todos empregadosaté o final do ano”.A empresa tem 62 mil funcionáriosem todo mundo,sendo 45 mil no Brasil. EmMinas Gerais, a VALE possui19 mil empregados e no MatoGrosso do Sul, 350.A empresa não divulgou onúmero de trabalhadores quepodem ser afetados pela medida,segundo Agnelli, dependerádo desenrolar da crise.Até agora 1.800 trabalhadoresforam demitidos desde dezembrodo ano passado. Ocorte de produção anunciadofoi da ordem de 30 milhões detoneladas.Enquanto os trabalhadoressão chantageados para aceitarOs trabalhadores estão sendo chamados a pagar com a perda de direitos, de renda, de emprego, paramanter o lucro dos parasitas que compraram uma empresa que explora as riquezas nacionais e foiprivatizada a preço de banana pelo governo FHC.uma proposta que reduz salárioe não garante manutençãono emprego, sem que nada sejafeito pelo governo e muito menospelos sindicatos filiados àsmais diversas $entrais sindicais,o presidente da empresaé recebido pelo ministro da Fazenda,Guido Mantega em reuniãocuja pauta não foi divulgadapra a imprensa, para “discutira economia mundial”.Importante destacar queapesar de esse ser mais um resultadoda crise mundial, aVale, ao contrário de outrasempresas que estão demitindotrabalhadores e recorrendoao dinheiro público paragarantir seus lucros, pretendemanter os investimentosprevistos para 2009, estimadosem US$ 14 bilhões, issosem recorrer a crédito, ouseja, nesse primeiro momentopara manter seus lucrosbasta demitir em massa os trabalhadores.A imprensa burguesa deudestaque para o fato de essasmedidas encontrarem dificuldadepara serem aplicadas,sendo inéditas no Brasil “devidoa leis trabalhistas muitorígidas”. É a volta com todaforça da campanha pela flexibilizaçãodos direitos conquistadosapós muita luta dos trabalhadores.Os trabalhadores estãosendo chamados a pagar coma perda de direitos, de renda,de emprego, para manter olucro dos parasitas que compraramuma empresa que exploraas riquezas nacionais efoi privatizada a preço de bananapelo governo FHC.A única maneira de barraras chantagens dos patrões egovernos burgueses, a retiradade direitos, as demissões,é através da unidade dos trabalhadoresem uma campanhanacional contra as demissões.Os números da Vale• Perdeu de 12 a 15 mil trabalhadoresno processo de preparaçãopara a privatização• Em Minas Gerais, a Vale possui19 mil empregados e no MatoGrosso do Sul, 350• A empresa tem 62 mil funcionáriosem todo o mundo, sendo45 mil no Brasil• Desde a crise demitiu 1800 trabalhadoresno Brasil, sendo 20%em Minas Gerais, 5.500 estão emférias coletivas escalonadas• Atua em 14 Estados brasileiros:Pará, Tocantins, Sergipe,Bahia, Minas Gerais, EspíritoSanto, Rio de Janeiro, São Paulo,Goiás, Mato Grosso do Sul, RioGrande do Sul, Santa Catarina eAmazonas• A empresa está avaliada em100 bilhões de dólares, porém, oleiloada pelo governo FHC pormeros 3,3 bilhões de reaisTRABALHO ESCRAVO1.581 trabalhadores emcondição de escravidãoO Pará foi o estado que maisteve denúncias de casos de trabalhosanálogos à escravidão noúltimo anoEm relatório publicado pelaComissão Pastoral da Terra(CPT) o Pará foi o estado quemais teve denúncias de casos detrabalhos análogos à escravidãono último ano. Somente em2008 foram 1.581 casos relatadospelo Governo Federal.O setor sucroalcooleiro estáno primeiro da lista de ‘escravos’libertados pelo governofederal em 2008. No total, 2.553pessoas saíram de condições detrabalho equivalentes à escravidãono setor durante o ano passado.Isso equivale a 49% dototal de 5.224 trabalhadoresretirados em 2008.Em oito dos últimos dez anoso Pará também foi o estado líderno número de pessoas libertadasda escravidão. No total,foram 11.053 pessoas libertadasdesde 1995, o segundo estadoé o Mato Grosso com 5.262casos somando ao total 33.747libertações feitas no país desde1995. Isso são os números oficiais,bastante mascarados pelogoverno.CAUSA OPERÁRIA ONLINEJORNAL DIÁRIODO <strong>PCO</strong> NA INTERNETNo portal doPartido da CausaOperária na Internetvocê podeencontrar notíciasdiárias, textosteóricos e de análisepolítica.Entre no sitede jornal diáriodo Partido , oCausa OperáriaNotícaisOnline e tenhaacesso diariamente às seguintes sessões• Edição impressa com todas as matériaspublicadas na internet•Datas históricas • Matérias de movimentosindical, política nacional e internacional sobre omovimento estudantil, mulheres, cultura, negros etemas diversos como Ecologia • Aos domingosedição especial de cultura e marxismo além deresenhas de livros e matérias históricasAcesse:www.pco.org.br


25 DE JANEIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA MOVIMENTO OPERÁRIO 10LULA E AS CENTRAISBurocracia sindical e Luladiscutem como apoiar aindamais os patrões diante da criseEm audiência com o presidente Lula as “centrais” sindicais pediram pouco para Lula,não receberam nada, mas seguiram ainda mais compromissadas com a política dogoverno de auxilio aos capitalistasRepresentantes das diversas“centrais” sindicais (CUT, ForçaSindical, CTB, UGT, CGTBetc.) a chamado do própriopresidente da República, LuísInácio Lula da Silva, estiveramreunidos na segunda-feira (19)à noite, no Palácio do Planalto.O encontro, que foi anunciadopela imprensa capitalista e pelossítios na internet da CUT e daCTB como uma iniciativa daburocracia sindical para que ogoverno Lula tome medidas“concretas” para combater asdemissões em massa, que estãoocorrendo em diversos ramosda indústria no país, serviu naverdade para comprometer aindamais essas “centrais” sindicaiscom a política do governode favorecimento dos patrões.Segundo o jornal Folha de S.Paulo, a pauta de reivindicaçãoda burocracia sindical levada aogoverno incluía “aumento de15% no valor do salário mínimo(hoje de R$ 415,00), redução dedois pontos porcentuais na taxabásica de juros, ampliação donúmero de parcelas do segurodesempregoe exigência de garantiade emprego por parte dosempresários como contrapartidaà redução de impostos”. Ouseja, “uma pauta” dos sindicalistas“representantes” dos trabalhadoresna qual não constaqualquer reivindicação capaz degarantir os maiores interessesdiante da crise (como o fim dasdemissões, estabilidade no empregopara todos trabalhadores,fim da distribuição de dinheiropara os banqueiros, estatizaçãodos bancos sob o controle dostrabalhadores etc.).As reivindicações das “centrais”servem apenas para demonstraro enorme grau de servilismodos que supostamenteestariam comprometidos emdefender os interesses do conjuntodos trabalhadores com ogoverno que, até agora, já entregoumais de 300 bilhões aosbanqueiros apenas através dosdepósitos compulsórios liberadospelo Banco Central, com adesculpa de que, com este dinheiro,os bancos poderiam aumentara oferta de crédito e movimentara economia.Nada mais criminoso paraaqueles que supostamente representariamos interesses operários:defender o governo dos patrões,que saqueia as contas doEstado para salvar os capitalistasem crise, enquanto procuramnegociar migalhas para a esmagadoramaioria da população,como forma de conter a enormerevolta diante das cada vez maisEsta política representa uma integração ainda maior das“centrais” sindicais ao governo de frente popular de Lula, e desua política de favorecimento dos grandes capitalistas em crise.precárias condições de vida.No sitio da CUT, a maior emais importante central sindicaldo país, seu presidente ArthurHenrique anuncia a “vitória”conquistada na reunião com opresidente Lula, que foi a garantiade aumento de 15% do valordo salário mínimo, que de R$415,00 subiria para R$ 465,00– um valor muitas vezes menordo que os vencimentos e asbenesses recebidas por essessindicalistas para apoiar o saláriomínimo de fome dos governosburgueses e muito inferiorao que seria um verdadeiro saláriomínimo vital que, inclusive,de acordo com a reacionárialegislação burguesa deveriaser suficiente para atender àsnecessidades vitais do trabalhadore de sua família, o que emum cálculo simples chega-se aconclusão de que não poderiaser menor do que R$ 2.500,00.Entretanto, mesmo este reajuste,vale dizer, miserável dosalário mínimo não foi umaconquista da “negocição” como governo diante da crise, umavez que o reajuste já fazia partede um plano do governo acertadono final de 2007, propondoum aumento “gradual” dossalários, enquanto a inflação,principalmente dos produtos deprimeira necessidade, vem atingindoaumentos de quase trêsdígitos anuais.Sobre as demais “reivindicações”da burocracia sindical, ogoverno nada pôde prometer, anão ser que realizaria uma reuniãona quarta-feira (21) comrepresentantes dos banqueirospara pedir uma redução na taxade juros e ampliação do créditopara consumo, (sítio da CUT,19/1/2009), como se os “apelos”do governo – ainda que sede fato ocorressem – fossemcapaz de sensibilizar os maiores“sanguessugas” da economianacional e da classe <strong>operária</strong>.Talvez a única “conquista”real da burocracia sindical naaudiência realizada com Lula, foia aprovação da proposta de LuísDulci, ministro da SecretariaEspecial da Presidência, de realizaçãode reuniões periódicas(a princípio, quinzenais) entreburocracia sindical, governo eempresários, “numa espécie degabinete de acompanhamentoda conjuntura e de formulaçãode propostas”. Ou seja, quasevinte anos depois, o governoLula e a burocracia sindical estáresgatando a falida política de“câmaras setoriais” implementadaspelo governo Collor como apoio da direção da CUT,comandada pelo atual deputadoVicentinho (PT-SP), eleito emchapa comum com o PCdoB,PDT e PSTU. Esta políticarepresenta uma integração aindamaior das “centrais” sindicaisao governo de frente popularde Lula, e de sua políticade favorecimento dos grandescapitalistas em crise.A encenação de uma políticade reivindicações e de acordos,promovida pela burocraciasindical, serve apenas pararatificar a política do governo dedistribuição de dinheiro para osbancos, criando um compromissodesta burocracia com apolítica de Lula e impedindoqualquer iniciativa de mobilizaçãodos trabalhadores contra aenorme onda de demissões.Esta operação constitui umapolítica abertamente contrarevolucionária,pois procuraconter as tendências de lutapresentes no movimento operárioem um momento em quea burguesia intensifica comonunca seus ataques para transferiro ônus da crise para ostrabalhadores.É preciso denunciar estapolítica de toda a burocracia (oPSTU e sua central Conlutasreclamaram de não ser chamadospara a reunião do primeiroescalão da bruguesia e anunciaramque vão se reunir com oministro do Trabalho para cumpriro mesmo ritual da reuniãocom Lula) e colocar em marchaum movimento independente dosRepresentantes das diversas “centrais” sindicais (CUT, ForçaSindical, CTB, UGT, CGTB etc.) a chamado do própriopresidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, estiveramreunidos na segunda-feira (19) à noite, no Palácio do Planalto.trabalhadores diante da crise.A única saída para os trabalhadoresdiante da crise econômicae contra o ataque violento dospatrões às já precárias condiçõesde vida da população, é a amplamobilização da classe <strong>operária</strong>, demaneira independente dos patrõese de seus pupilos no movimentosindical.Contra as demissões, os trabalhadoresdevem lutar com a únicaarma possível, que é a ocupaçãodas fábricas, e levantar um programade reivindicações não de administraçãodo Estado burguês, masde luta pela redução de jornada detrabalho, sem redução de salários,de 35 horas semanais; saláriomínimo vital de R$ 2,5 mil; estatizaçãodo sistema financeiro; revoluçãoagrária e controle operárioda produção; reivindicaçõesque só podem ser conquistadaspor um governo operário e socialista,um governo dos trabalhadoresda cidade e do campo.CENTRAIS S.A.Burocracia segura classe <strong>operária</strong>para os patrões demitiremA política da burocracia dasdiversas “centrais” sindicaisdo país, da ultra-pelega ForçaSindical, passando pela CUT,que dirige os maiores e mais importantessindicatos do país, ea Conlutas, é de defender a políticado governo Lula e dospatrões, não mobilizando ostrabalhadores e propondo“acordos” para uma soluçãocomum, entre vítimas e carrascos,para a crise.Defensora dos interessespatronais, a burocracia sindicalapóia a política do governoLula de ampliar a transferênciade recursos do Estado (ouseja, dos impostos pagos pelostrabalhadores) para “socorrer”os patrões, através de isençãode impostos e empréstimos,enquanto promovem ainda aflexibilização de direitos trabalhistas,como redução da jornadae dos salários.Força, CUT eConlutas: amesma políticaEm São Caetano do Sul, aForça Sindical, organizaçãopatronal criada pela FIESP (Federaçãoda Indústria do Estadode S. Paulo) na década de90 para justamente frear qualquertendência de luta dos trabalhadores,anuncia através dopresidente do sindicato, AparecidoInácio da Silva, o Cidão,um “gol de placa” ao conseguirprorrogar rescisão contratualdos 1.600 trabalhadorespor mais 40 dias “para buscaralternativas, que podem ir desdea abertura de um PDV (Planode Demissões Voluntárias)ou reduzir horas extras, masnão vamos vender benefícios”,(ABC Repórter, 21/1/2009).Em São Bernardo do Campo,diante de milhares de demissões,o presidente do Sindicatodos Metalúrgicos doABC (CUT), Sérgio Nobre,anunciou a realização de outrareunião com o presidente Lulapara propor ao governo a adoçãode “medidas que facilitemo crédito, a redução da taxa dejuros e do :spread bancário, acriação de políticas de incentivoàs exportações, reduçãodos preços, ampliação domercado interno, formaçãoprofissional e a manutençãodo emprego”, isto é, um programade governo para administraçãodos negócios daburguesia, que não tem nada aver com os interesses de classedos trabalhadores.Da mesma forma, em SãoJosé dos Campos, a diretoriado sindicato dos metalúrgicos,o PSTU/Conlutas, adotaa política idêntica em sua formaa da ala direita da burocraciasindical, não mobilizandoos trabalhadores, para correratrás do presidente dos banqueirospara que ele intervenhacontra as demissões. Deacordo com relato no sítio nainternet do Sindicato dosMetalúrgicos de São José, emreunião realizada na terça-feira(20) com Luis Dulci, secretáriogeral da Presidênciada República, e Luis Antôniode Medeiros, secretario doMinistério do Trabalho, “o governoirá intervir junto à GMpara evitar novas demissões etentar reverter pelo menosuma parte das que já aconteceram”.Mobilizaçãonacional contra asdemissõesA burocracia sindical temum enorme medo em mobilizaros trabalhadores, pois issopode fazer levantar tendênciasrevolucionárias no interiordo movimento operário capazesde atropelar as atuais direçõesque há anos vem traindosistematicamente as categorias,assinando acordos espúrioscom os patrões, comoPDV, banco de horas e reduçãodos salários.Por isso, diante da extraor-Diante desse impasse a única alternativa de luta real dos trabalhadores contra a violentapolítica de ataques dos patrões e da total subserviência aos interesses patronais, por parte daburocracia sindical, é a organização de um amplo movimento nacional, independente, dabase dos trabalhadores, pela ocupação das fábricas.dinária crise econômica temque recorrer ao arbítrio dogoverno, que não vai de modoalgum oferecer qualquer alternativaa não ser a transferênciacada vez maior dos recursosdos próprios trabalhadorespara salvar os patrões dafalência. Nesse mesmo sentido,o aprofundamento da ondade demissões é resultado puroe simples dessa vergonhosacapitulação da burocracia sindical,e deve ser amplamentedenunciada e assimilada pelomovimento organizado daclasse <strong>operária</strong>.Diante desse impasse a únicaalternativa de luta real dostrabalhadores contra a violentapolítica de ataques dos patrõese da total subserviênciaaos interesses patronais, porparte da burocracia sindical,é a organização de um amplomovimento nacional, independente,da base dos trabalhadores,pela ocupação dasfábricas. Essa é a única ferramentaverdadeiramente eficazde luta dos trabalhadores.E é deste movimento quesairá um novo sindicalismocombativo que se coloque àfrente das lutas <strong>operária</strong>s quediante da gravidade dos ataquespatronais precisam e vãoassumir uma nova envergadura.TUDO ACABA EM SARDINHABurocracia sindicalmostra como nãolutar contra asdemissõesMais uma vez a burocraciasindical organizou umamanifestação “contra os jurosaltos”. Na última quarta-feira,21, todas as “centrais”CUT, Força Sindical,CTB, UGT, CGT, CGTB eNCST - que representammais de 25 milhões de trabalhadorese têm nas diretoriasde seus sindicatosmais de 200 mil burocratas– reuniram, juntas, cerca deapenas mil pessoas na AvenidaPaulista, em São Paulo,sob a alegação que estariamfazendo uma ato contraas demissões.Na verdade, o principalobjetivo do ato era mostrarque estão “lutando” contraas demissões, quando – narealidade – não estão fazendoabsolutamente nadacontra a onda de desempregoem massa que em dezembroatingiu:– segundodados oficiais – quase 30mil trabalhadores por dia; e,de quebra, encenar tambémuma “pressão” sobre oCopom (Comitê de PolíticaMonetária) do Banco Centralpara que este reduza ataxa básica de juros (Selic).Algo, previamente combinadocom o governo Lula,com o qual se reuniram naúltima segunda-feira, 19.A maior “reivindicação”do ato era exatamente aquiloque pede a FIESP e todaa burguesia industrial, a reduçãoda taxa de juros.Usada como um dos principaispretextos dos patrõespara as milhares dedemissões.Puro cinismo dos patrõese da burocracia, poisa própria FIESP assumiuser impossível garantir quenão haja cortes. O interessereal da diminuição dosjuros por parte dos empresáriosé a tentativa de aumentarseus ganhos, que estão diminuindopor <strong>causa</strong> da criseinternacional e por conta dapolítica do governo Lula(uma verdadeira ditadura dosbanqueiros) de manter noBrasil as mais altas taxas dejuros do mundo.As demissões fazem partedessa mesma política paragarantir os lucros, ou seja, émais uma medida ao lado daredução dos salários e retiradade direitos.Em Brasília, em frente aoBanco Central, 100 pessoasestiveram reunidas. E ao melhorestilo da burocracia sindical,prepararam uma encenaçãopara “pressionar” oCopom. Foi feito um churrascoe distribuído 150 quilosde sardinha para quempassava na rua. Um verdadeiroescárnio da luta dos trabalhadores.Os “sindicalistas” que nãotêm problemas com desemprego,estão satisfeitos comseus salários e mordomias,brincam de “lutar” enquantocentenas de milhares de trabalhadoressão lançados emuma das maiores desgraçasdo capitalismo que é o desemprego.A cena e o conteúdo das“manifestações” dão bem otom da atuação da burocraciasindical. Conciliação comos patrões e o governo, paratentar fazer crer aos trabalhadoresque os maiores inimigosda classe <strong>operária</strong>possam resolver os problemasdas demissões e, destaforma, procurar evitar que aclasse <strong>operária</strong> entre em açãoe lance mão da única armacapaz de deter a ofensivapatronal, a sua mobilizaçãoindependente dos patrões,dos seus governos e da burocraciasindical.


25 DE JANEIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA MOVIMENTO OPERÁRIO 11LUTAR CONTRA AS DEMISSÕESQuase 30 mil trabalhadores perderamo emprego por dia em dezembroA crise a avança e os trabalhadores estão pagando opato: 285.532 postos de trabalho foram cortados naconstrução civil, setor que mais emprega no país, no mêsde dezembroO sonho da estabilidade econômicaacabou! Os númerossão assustadores para qualquerum.Com a queda na produçãoindustrial – advento, segundo opróprio presidente Lula, da“maior crise econômica da históriada humanidade” - os empresáriosusam as demissõespara garantir seus lucros e,apenas em dezembro, 654.946trabalhadores foram demitidosem todo país. O dobro comparadoao mesmo período de2007. Esse é o pior índice dosúltimos dez anos.O governo Lula em sua delirantefantasia do crescimentoeconômico queria apresentar2008 como o melhor anopara a classe trabalhadora,porém as demissões em massasanunciaram um ano de intensosataques às condições devida da população.Em dezembro de 2007 foramfechadas 319.424 vagas,que segundo dados oficiais,teria sido o pior desempenhoO único caminho para barrar as demissõesnesse momento são as ocupações de fábricase empresas para garantir o emprego.antes de 2008.Considerando apenas os 23dias úteis de dezembro, os 654mil postos fechados significamque 28,5 mil vagas foram fechadasa cada 24 horas (Folhade São Paulo, 20/01/2009).Um recorde para qualquer país.O desemprego que cresce acada dia é o resultado prático ecrônico da estagnação da economiado Brasil, que há anosvive estrangulada pela exploraçãoimperialista.“Na construção civil, saldonegativo mais que triplicou;maior empregador do país,Estado de SP cortou 44% dasvagas com carteira assinada”(idem). A burguesia e sua máquinade fantasias a imprensaburguesa, procura apresentaras demissões não como tal,mas como perda dos direito àcarteira assinada. Todo trabalhadorsem careiraassinada éum empregadofantasma, semqualquer estabilidade.O desempregotambém seespalha pelocampo. O númerode demissõesna agricultura sócresce. Em2007, foram demitidos121 miltrabalhadores.Em 2008 o cortechegou a134.487 postosde carteira assinadana área rural.As demissõessão aceitas com naturalidadepela burocracia sindical queatua em defesa dos interessesdos empresários, negociandoem nome da classe trabalhado-ra para trair seus interesses.Chama a atenção que só agorano final de janeiro, os númerosdas demissões estejam sendodivulgados. Se em dezembroelas alcançaram a casa dosquase 30 mil por dia é bem possívelque esse número seja igualou superior em janeiro e istoesteja sendo ocultado pela burocraciasindical e pelo governo.Está colocada na ordem dodia a ampla organização da lutado movimento operário, independentedos patrões e da burocraciasindical, como únicamaneira de colocar fim a ondade demissões. O único caminhopara barrar as demissõesnesse momento são as ocupaçõesde fábricas e empresaspara garantir o emprego. Sócom a produção sobre o controledos trabalhadores é que omovimento operário pode conduzira luta contra as demissõesaté a vitória.COM O AVAL DE LULA E DAS CENTRAISUma enxurrada de demissões. GM,Fiat, Sadia, Cofap... aceleraram ondade demissões, depois de reuniãoentre governo e burocracia sindicalA reunião realizada entre governoe burocracia sindical,nesta segunda-feira (19), foiapresentada pela imprensa capitalistacomo uma “iniciativapara combater as demissões”.Entretanto, os patrões passaramesta terça e quarta-feirafazendo justamente o contrário,que é aprofundar aindamais a enorme onda de demissõesexistente no país.Na realidade, a reunião, convocadapelo presidente Lula, tinhacomo objetivo apenas amolecera burocracia sindical epreparar ataques ainda maioresdos patrões ao conjunto da classetrabalhadora. A ressaca dareunião não demorou e veiologo no dia seguinte, com oanúncio de milhares de demissõesnas principais empresas dopaís.A expectativa para os trabalhadoresé que o mês de janeiro,conhecido já como “mês dedemissão”, seja ainda pior doque dezembro, quando segundodados do CAGED (CadastroGeral de Empregados e Desempregados)foram realizadasmais de 650 mil demissões nopaís, ou seja, quase 30 mil pordia!Esta situação <strong>causa</strong> enormepreocupação ao conjunto dostrabalhadores, diante do saldoextremamente negativo do mêsanterior. Em 30 dias foram demitidosmais do que o dobro detodo o ano de 2007, quandoforam dispensados 320 mil trabalhadores.Os números de dezembro jáforam extremamente alarmantes,entretanto, mesmo aindasem o balanço oficial de demissõesneste mês de janeiro, osdados parciais confirmam queeste mês será ainda pior.A General Motors do Brasil,que há menos de duas semanasjá havia promovido a demissãode mais de 800 trabalhadoresde sua principal planta, localizadaem São José dos Campos,anunciou nesta terça (20/01) ademissão de mais 1.630 trabalhadoresde uma única unidade,a de São Caetano do Sul (SP).Foi fechado todo o terceiroturno, atingindo 6 mil trabalhadores,evidenciando que estãosendo preparadas novas demissõesna empresa. Ao todo,foram quase 2,5 mil demissõesrealizadas pela GM em apenasduas semanas.Outro fato marcante nestasemana foram as férias coletivasanunciadas pela Fiat, deBetim (MG), de mais de 800metalúrgicos. Segundo a assessoriade imprensa da montadora,“o motivo para a concessãodas férias é a adequação doprograma de produção à demanda”,reduzindo a produçãode 3 mil carros por dia para 2,3mil (Reuters, 21/1/2009).Atualmente, a Fiat possui 15mil trabalhadores em Betim. Noinício do ano a empresa já haviafechado o turno da madrugadapara reduzir os saláriosdos funcionários, transferindoos cerca de 3 mil trabalhadorespara o turno da tarde,tudo com a mais completaconivência da burocraciasindical. Agora, ospatrões anunciam as fériascoletivas de 10% dafábrica já preparando asdemissões destes trabalhadores,que deve somaroutros 4.702 funcionáriosdemitidos no ano passado.Destes, de acordocom informações do próprioSindicato dos Metalúrgicosde Betim, 1.637perderam seus empregosentre os meses de outubro,novembro e dezembro(idem).No mesmo sentido, aMRS Logística – concessionáriae operadora damalha sudeste da RedeFerroviária Federal –também anunciou nestasemana a demissão de200 funcionários. Segundo informaçõesdo Sindicato dosTrabalhadores em EmpresasFerroviárias de Belo Horizonte(STEFBH), “a empresa planejademitir muito mais”, uma vezque cerca de 500 empregadosestão de férias coletivas (AgênciaEstado, 20/1/2009).Em Santo André e Mauá, afabricante de autopeças MagnetiMarelli Cofap demitiu 400trabalhadores, que somadasas demissões da outra unidadelocalizada em São Bernardo,totalizam cerca de 800. Deacordo com diretoria do Sindicatodos Metalúrgicos deSanto André e Mauá, além daCofap, “outras dez empresasde médio porte já manifesta-ram o desejo de cortar pessoal”,(Agência Estado, 17/1/2009), apontando para a demissãode mais 3 mil nos próximosdias.Além destes, a Sadia, queatravés de sua assessoria deA expectativa para os trabalhadores é que o mês de janeiro, conhecidojá como “mês de demissão”, seja ainda pior do que dezembroimprensa anunciou a perda deR$ 760 milhões apenas noterceiro bimestre de 2008,começou nesta terça-feira ademissão de 350 trabalhadoresem unidades localizadasem diversos estados do país.SÃO CAETANOGM anuncia novas demissõesdisfarçadas de “afastamento”Sob o pretexto de “que vairevisar as previsões de vendasde veículos de porte médio noOs patrões têm uma política comum diante da crise: demitir,cortar salários e direitos para garantir seus lucros.mercado interno para o primeirotrimestre deste ano, em funçãoda crise financeira internacional”(Folha On Line, 21/01/09), a General Motors do Brasilanunciou ontem, em comunicado,que vai afastar 1.633 empregadostemporários da fábrica deSão Caetano até o vencimentode seus contratos, o que naprática significa um aviso préviocom duração diferenciada,uma vez que a GM afirmou quevai honrar o pagamento dossalários apenas pelo tempo determinadonos contratos.Ainda que na forma disfarçadade “afastamento”, essa éa segunda demissão em massarealizada pela empresa. Na semanapassada a montadora, demitiu802 operários da fábricade São José dos Campos, alegandoque as dispensas pretendem“adequar os seus níveis deprodução com a demanda prevista”(idem).De acordo com a GM, “adecisão já foi comunicada aoSindicato dos Metalúrgicos deSão Caetano do Sul”, que nadafez. Esta paralisia não é, no entanto,uma exclusividade daburocracia sindical mafiosa daForça Sindical que dirige aqueleSindicato. Diante das demissõesem São José dos Campos,a burocracia sindical do PSTU/Conlutas nada fez além de proporaudiências com Lula e Serra,além de ato com participaçãode políticos burgueses e sindicalistasque não organizamqualquer luta contra as demissões,mas adoram discursar efingir que estão lutando e defendendoos trabalhadores.A mesma política é adotadapela CUT, que realizou na terça,dia 20, uma passeata dos metalúrgicosdo ABC, mas está assinandoacordos de redução desalários, aceitando demissõespor meio de PDV’s etc. Damesma forma agem as demaiscentrais que se ajoelharam diantede Lula na audiência do diaanterior.Os patrões têm uma políticacomum diante da crise: demitir,cortar salários e direitospara garantir seus lucros. Tudoisso com o aval e subsídios dogoverno Lula que já distribuiumais de R$ 350 bilhões dos impostospagos pelos trabalhadorespara “socorrer” os capitalistas.A burocracia sindical de todasas “centrais” também temuma política comum: apoiar apolítica patronal, mas fingir queestão lutando; garantir seus interessese entregar, sem luta, a“cabeça” de milhões de trabalhadoresque estão ameaçadosde perderem seus empregos.Só na GM já são mais de2.300 operários demitidos;mais de 650 mil perderam oemprego, apenas em dezembro;44% dos trabalhadores daconstrução civil de São Pauloperderam seus empregos; háprevisões de que o total dedemitidos pode chegar a trêsmilhões até abril. E os sindicalistasse confraternizam comLula, comemoram o reajustemiserável de R$ 50 do saláriomínimo; jogam todas suas cartasnas eleições sindicais; organizamcomo gastar as novas emilionárias verbas que suas“$entrais” vão receber do governo...Para eles está tudo bem:empregos garantidos, gordos“salários” e muitas mordomias.Os trabalhadores precisamse opor a esses golpes e traiçõescom uma política independente.É preciso colocar emmarcha uma mobilização nacionalcontra as demissões.A única saída para os trabalhadoresdiante da crise econômicae contra o ataque violentodos patrões as já precáriascondições de vida da população,é a ampla mobilização daclasse <strong>operária</strong>, de maneira independentedos patrões, detodas as $entrais, de toda aburocracia sindical.Contra as demissões, ostrabalhadores devem usaruma arma fundamental e aúnica que garante a unidadeentre trabalhadores demitidose ameaçados de demissão: aocupação das fábricas. Alémde levantar um programa dereivindicações próprias dianteda crise que inclua: reduçãode jornada de trabalho para 35horas semanais, sem reduçãode salários; escala móvel dashoras de trabalho (ou seja,cada vez que a produção cair,as horas necessárias devemser repartidas entre todos ostrabalhadores da fábrica) saláriomínimo vital de R$ 2,5mil; estatização do sistema financeiro;revolução agrária econtrole operário de produção.SANTADER É O PRIMEIROBanqueiros “socorridos” porLula começam a demitirAo mesmo tempo em quecompra um banco britânico,banco espanhol com milharesde agências no Brasil, anuncia400 demissões. O Banco Santanderiniciou a temporada dedemissões no sistema financeirobrasileiro, demitindo, nasemana passada, 400 trabalhadores.Segundo o Sindicato dosBancários de São Paulo, oscortes aconteceram em centrosadministrativos do Santandere do Real, do GrupoSantander Brasil e ocorrerammenos de um ano depois dacompra do Banco Real pelogrupo Santander ter sido apro-vada pelo Banco Central, emjulho de 2008.Esta aquisição melhorou significativamentea posição doSantander no ranking dos maioresbancos em operação noBrasil e, segundo analistas, influencioua fusão entre Itaú eUnibanco.As demissões no setor bancáriocomeçam também poucosmeses depois de os bancosserem beneficiados pelo governoLula por um conjunto demedidas que custaram aoscofres públicos (ou seja, forampagas pelos impostos extraídosdos trabalhadores)mais de R$ 300 bilhões. Dinheirodo povo usado paraajudar os “pobres” banqueirosque, no atual governo – e apesarda crise – bateram todos osrecordes de lucratividade dahistória do País.Em outras palavras, o governoLula além de retirar dinheirosda saúde, educação,saneamento, moradia e outrasnecessidades da populaçãoestá financiando as demissões.Tudo pelo lucro dos banqueiros.No caso do Santander ficaclara a política comum de todaa burguesia. Aproveitar-se dacrise para garantir seus lucrosà custa de uma maior expropriaçãodos trabalhadores. Namesma semana em que realizoucentenas de demissões noBrasil, o banco que ganhou dogoverno tucano o Banespa(banco do estado de São Paulo)de presente em uma dasmuitas privatizações fraudulentas,mantidas pelo governoLula, fechou acordo para compraro Sovereign Bancorp, instituiçãoamericana de poupança,por US$ 1,9 bilhão emações, do qual já detinha – hátrês anos - uma participação dequase 25%.Como de costume, a burocraciasindical limitou-se a“protestar” (seus empregosestão garantidos, junto commordomias custeadas pelosbancários) e solicitar que Lulaimponha limite às demissões.A categoria bancária –como o conjunto dos trabalhadores– está ameaçada pelo“facão” do desemprego dianteda ganância sem limites dosbanqueiros, da política patronaldo governode “socorrêlos”e da paralisiada burocraciasindical. Contraestes é precisoorganizar na categoriaum movimentoindependenteda burocracia,paramobilizar contraas demissões eorganizar a reaçãocom ocupaçãodos bancosque demitam e aparalisação detoda a categoriapara exigir a estabilidadenoemprego e outrasreivindicações,como aestatização dosistema financeirosob o controledos trabalhadores.


25 DE JANEIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA TEORIA 12160 ANOS DEPOISA crise capitalista e oManifesto ComunistaDando continuidade a análise das questões levantadaspela crise capitalista mundial e seus desdobramentosrecentes, publicamos nesta edição um segundo artigotratando da compreensão marxista, isto é, científica erevolucionária, do desenvolvimento da crise atual talcomo exposta no Manifesto ComunistaUma das principais questõessurgidas a partir da eclosão dacrise financeira mundial, entre2007 e 2008, e do surgimentodos primeiros sinais da recessãonorte-americana e mundial,em parte pela imprensa burguesae em parte pelapróma:pria esquerda, foi a tentativade estabelecer qual ocaráter desta crise.Para chegar a conclusão deque o capitalismo caminha decrise em crise, até o ponto emque não é mais possível para aburguesia conter a desagregaçãodas relações de propriedadeburguesas, em que estas seconvertem em um entrave parao desenvolvimento materialinexorável da sociedade, Marxrecorreu à análise e à observaçãoatenta dos dados econômicosde sua época.Assim como o capitalismonasceu das contradições colocadaspelo surgimento da burguesiano feudalismo, das novasrelações econômicas quese estabeleceram a partir deentão, deitando por terra oregime de propriedade feudalque entravava a produção aoinvés de impulsioná-la, a evoluçãodas relações de propriedadeburguesas também setornou um obstáculo para oavanço das forças produtivasdesenvolvidas no capitalismo,que tem como sua expressãoevidente o surgimento da classe<strong>operária</strong> mundial.Como vimos, analisandonas páginas deste jornal, acrise atual é um desenvolvimentoe um aprofundamentodas etapas de crise anteriorese faz parte, de certa maneira,da seqüência de crises quevem se desenvolvendo desdeos anos 70 em todo o mundo,após a quebra do breve e excepcionalperíodo de crescimentocapitalista no pós-guerra,nos anos 50. A crise atualfaz com que a burguesia coloqueem marcha os últimosrecursos e expedientes de quedispõe para tentar conter seusefeitos. Tal como Marx afirmouno Manifesto Comunista,revelando o avanço das crisescapitalistas na primeira metadedo século XIX e a evoluçãodas contradições do capitalismo,“as relações burguesas deprodução e de troca, o regimeburguês de propriedade, a sociedadeburguesa moderna,que conjurou gigantescosmeios de produção e de troca,assemelha-se ao feiticeiro quejá não pode controlar as potênciasinternas que pôs em movimentocom suas palavrasmágicas”.A crescente escassez demeios para conter o desenvolvimentoda crise, é um dospontos evitados e distorcidospelos ideólogos e propagandistasburgueses de uma, supostamente,inesgotável capacidadede regeneração do regimecapitalista.Isto foi evidenciado de maneirabastante contundentepela crise atual que colocou àprova a capacidade dos Estadosmais importantes em todoo mundo de recuperar as finançase a capacidade produtivade suas indústrias sobre abase de uma crescente expropriaçãoda classe <strong>operária</strong>.Foram forçados a assumirparte dos prejuízos, empenhandoas maiores somas emdinheiro para salvar os banqueiros,especuladores domercado financeiro, industriaise grandes comerciantes dafalência.A dominaçãoburguesaameaçadadernas contra as modernas relaçõesde produção e de propriedadeque condicionam a existênciada burguesia e seu domínio”.É a defesa de seu interesseeconômico, material, que motivaa elaboração de teorias absurdassobre a imortalidade docapitalismo, a invencibilidadeda burguesia ou a repetição interminávelde uma sucessão decrises e “retomadas” do crescimentocapitalista ad infinitum.Trata-se de uma conclusãoabsolutamente incongruentecom o desenvolvimentodas crises e, como Marx as caracterizou,a “revolta das forçasprodutivasmodernas contraas modernas relaçõesde produçãoe de propriedade”.Os ideólogosburgueses e algunsdos que fazemparte da esquerda,traficamidéias travestidasde “marxismo”sobre o caráter“cíclico” das crisescapitalistas,isto é, infindável,interminável. Asconclusões quetiram a partir destapremissa, diferemna forma,mas possuem omesmo conteúdo:o dogma deque a revoluçãonão será produtodas contradiçõesdo próprio regimecapitalista ede que o socialismonão passa deuma impossibilidadehistórica, oumesmo um anacronismo.Vejamos, pois,como se comportamestas idéias.Para professoresuniversitários,economistas,cientistas sociaise filósofos burgueses, o capitalismoteria as qualidades dafênix mitológica. Capaz de seregenerar de suas própriascinzas e se erguer novamenteem um ciclo de prosperidade.A revolução não seria maisque um acidente de percurso,um desvio, e não a norma daevolução das contradiçõescapitalistas. Não é a classe<strong>operária</strong> que vai sepultar aburguesia, escrevendo umnovo capítulo na história dahumanidade, mas esta últimaé que se mantém permanentementecapaz de corromper asdireções <strong>operária</strong>s, subjugarproletária à existência de umpartido revolucionário “capaz”de conduzir o proletariado atéa vitória. Fazem coro com aburguesia quando afirmam quea revolução é impossível e adicionamsuas próprias notas:“enquanto um partido revolucionárionão existir”. Isto é, separamo partido revolucionárioda própria revolução materialque se processa na sociedade,como uma entidade metafísica,produzida, de maneira idealista,pela vontade e pelo pensamento.Não é o movimento de umpartido, mas o da própria classe<strong>operária</strong> como produto docapitalismo, da sociedade burguesa,que ameaça a existênciadesta última. O partido revolucionário,por mais importanteque seja, é um dos aspectos darevolução, ou seja, a sua expressãosubjetiva.O caráter da criseatual“Cada crise destrói regularmentenão só uma grande massade produtos já fabricados,mas também uma grande partedas próprias forças produtivasjá desenvolvidas. Uma epidemia,que em qualquer outraépoca teria parecido um paradoxo,desaba sobre a sociedade– a epidemia da superprodução”.A crise atual, apoiada nosexcessos provocados pela especulaçãoimobiliária norteamericanaque arrastaram parao olho do furacão o sistema financeirode todos os países doglobo, não é senão a confirmaçãoe o sinal do estágio aprofundadodesta avaliação cunhadamais de 150 anos atrás, quandoa “epidemia” descrita porMarx ainda estava longe deatingir a profundidade e amplitudeda crise atual. A crise recessivados EUA, hoje arrastaconsigo toda a economia mundial.“A sociedade possui demasiadacivilização, demasiadosmeios de subsistência, demasiadaindústria, demasiado comércio.As forças produtivasde que dispõe não mais favorecemo desenvolvimento dasrelações de propriedade burguesa;pelo contrário, tornaram-sepor demais poderosaspara essas condições, quepassam a entravá-las; e todasas vezes que as forças produtivassociais se libertam destesentraves, precipitam nadesordem a sociedade inteirae ameaçam a existência dapropriedade burguesa”.Em resumo, a idéia centralexposta por Marx é a de que“o sistema burguês tornou-seMarx já o afirmara em 1848: “há dezenas de anos, a história da indústria e do comércio nãoé senão a história da revolta das forças produtivas modernas contra as modernas relações deprodução e de propriedade que condicionam a existência da burguesia e seu domínio”.demasiado estreito para conteras riquezas criadas em seuseio”.É este excesso de riquezaque distingue claramente aépoca atual, dos monopóliosimperialistas e das indústriasque abarcam o mundo inteirona sua produção, do capitalismocom que Marx e Engels sedepararam um século e meioatrás. Este desenvolvimentoda situação das forças produtivasé o que torna a crise capitalistaatual uma catástrofesem comparação com as crisesanteriores, seja pelo quantoé necessário destruir dasforças produtivas com guerraspermanentes (Oriente Médio,África), seja pelo agravamentodas contradições e daverdadeira calamidade social,como as demissões em massae a crise política mundial(Europa, Ásia, Américas).A alternância de crises e ciclosde crescimento do capitalismoatingiu um limite aoexpandir-se por todo o mundoe agravarem-se as condiçõesnas quais isto foi possível.A burguesia podeconter esta crise?Sobre a capacidade da burguesiade superação das crisesdo capitalismo, Marx assinalavano Manifesto: “deque maneira consegue a burguesiavencer essas crises?De um lado, pela destruiçãoviolenta de grande quantidadede forças produtivas; de outro,pela conquista de novosmercados e pela exploraçãomais intensa dos antigos. Aque leva isso? Ao preparo decrises mais extensas e maisdestruidoras e à diminuiçãodos meios de evitá-las”.Por mais que se aferre à defesado capitalismo, não épossível para a burguesia eliminarde uma hora a outra, oque seria necessário para queo seu regime pudesse novamentedeslanchar em umaetapa de crescimento. Não hámeios suficientes para eliminarao mesmo tempo tantasforças produtivas, nem mesmoa possibilidade de que aeconomia de mercadose expandapara terrenosonde não se desenvolveuplenamenteda mesmaforma que o fezséculos atrás portoda a Europa.A crise atual éo resultado dos“meios que a burguesiautilizou”para conter as crisede 1967-1968e a crise de 1973-74. A cada novoepisódio da crisecapitalista, quenão foi, de modoalgum, superada,esta se torna maisviolenta e destrutiva,exatamentecomo descreveMarx no Manifesto,e a burguesiase vê com menosrecursos paracontorná-la, mesmoque temporariamente.“Em oposiçãoao Manifesto, quedescrevia as crisescomercial-industriaiscomouma série de crescentescatástrofes,os revisionistasafirmavam queo desenvolvimentonacional e internacionaldos monopólios garantiriao controle do mercadoe a abolição gradual das crises.Não há dúvida de que apassagem do século passado[séc. XIX] ao atual [séc. XX,N. do R.] caracterizou-se porum desenvolvimento tão impetuosodo sistema que as crisespareciam interrupções ‘acidentais’.Mas esta época estáirremediavelmente ultrapassada.Em última análise, tambémcom respeito a esta questão, averdade está do lado de Marx”escreveu Leon Trótski em1937, quando do aniversáriode 90 anos do Manifesto Comunista.A estatização de setores inteirosdas finanças e o desenvolvimentode um processoanálogo em determinados ramosda indústria interligadosinternacionalmente, como asmontadoras, contraria todosos princípios da liberdade decomércio e testemunham a incapacidadede regeneração docapitalismo por meios próprios.Pouco se pode esperar dadiminuição crescente da margemde lucros, além da competiçãoselvagem entre os monopóliosnacionais. A necessidadede centralizar e organizara produção e a circulação capitalistaprepara as condiçõespara uma sociedade que nãotem como se apoiar em outracoisa que não seja a racionalizaçãoda produção de acordocom as necessidades de todosos que dela participam.Não é o capitalismo propriamenteque se expande com ocrescimento do controle dosmonopólios imperialistas sobrea economia mundial, masas condições de gestação deuma nova sociedade, de umasociedade socialista.ADQUIRA BIBLIOTECA SOCIALISTA MINIA crise atual, apoiada nos excessos provocados pela especulação imobiliária norteamericanaque arrastaram para o olho do furacão o sistema financeiro de todos os países doglobo, não é senão a confirmação e o sinal do estágio aprofundado desta avaliação cunhadamais de 160 anos atrás, quando a “epidemia” descrita por Marx ainda estava longe de atingira profundidade e amplitude da crise atual. A crise recessiva dos EUA, hoje arrasta consigotoda a economia mundial.É bastante compreensível omotivo pelo qual a burguesia eseus porta-vozes travam umaverdadeira guerra de argumentospara sustentar a afirmaçãoinverossímil de que umregime como o atual possaexistir à margem de qualquerevolução e, muito menos, dofato de que, como tudo o maisno mundo, está sujeito àsmesmas leis e ao inevitável desaparecimento.A burguesia se agarra comunhas e dentes às condiçõesque garantem sua existência.Marx já o afirmara em 1848:“há dezenas de anos, a históriada indústria e do comércionão é senão a história da revoltadas forças produtivas mo-os movimentos independentese submeter todo o mundoà sua vontade.Para os “esquerdistas”profundamente ligados à própriaburguesia materialmentee associados aos principais“pensadores” burgueses epequeno-burgueses, principalmentena universidade, adiferença é colocada pela imposiçãode regras arbitráriasao desenvolvimento das contradiçõescapitalistas. Reduzemo problema da revoluçãoR$ 3,00LIVRARIA DO <strong>PCO</strong>: Avenida Miguel Estéfano,nº 349 – Saúde, telefone 5589-6023 ou napágina do partido: www.pco. org.br


25 DE JANEIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA JUVENTUDE 14XXIII ACAMPAMENTO DE FÉRIAS DA AJRUm grande êxito políticoO tradicional acampamento de férias da AJR encerrouna última quarta-feira, dia 21, sua vigésima terceiraedição, que teve como tema de estudo “Vida e obra deKarl Marx, parte II”, após ter reunido por 15 dias jovensde todo o país em torno do estudo do marxismo, deatividades culturais, esportivas e de lazerO objetivo da atividade éfornecer uma oportunidade deconvivência sobre bases totalmentediferentes daquilo que éo habitual nas instituições dasociedade burguesa.A atividade também está emtotal oposição ao desprezo daesquerda nacional pelo estudodo marxismo, única ferramentacapaz de dotar os exploradose oprimidos de uma teoriajusta e necessária na aboliçãoda sociedade capitalista e noestabelecimento da sociedadesocialista.O cursoA atividade principal doacampamento foi a Universidadede férias do <strong>PCO</strong>que teve como tema“Marx, Vida e Obra, parteII – Do Manifesto Comunistaàs Revoluçõesde 1848” que tiveramsuas palestras ministradaspelo presidente nacionaldo <strong>PCO</strong>, o companheiroRui Costa Pimenta.Como forma de auxílio,os participantes receberamuma apostila elaboradaespecialmentepara o curso, com os livros:Manifesto do PartidoComunista; Mensagemda Direção Central àLiga dos Comunistas; ALuta de Classes em França de1848 a 1850; O 18 de Brumáriode Louis Bonaparte; PrincípiosBásicos do Comunismo;e Revolução e Contra-Revoluçãona Alemanha.Durante as exposições, quegeralmente ocorriam na parteda manhã, foram abordadosalguns dos principais aspectosda teoria marxista como a evoluçãodo Socialismo Utópicopara o Socialismo Científico, amais-valia, o materialismo histórico,a posição dos comunistasdiante dos diferentes partidosde esquerda, a questão damulher e da família, a teoria darevolução permanente, a análisesobre as revoluções de1848, os governos de frentepopular,o nacionalismo burguêsnos países atrasados etc.Também foram abordadosdiversos problemas da atualidadecomo a luta do povo palestinocontra a invasão pelo exércitoisraelense à Faixa de Gaza,a eleição de Barack Obama nosEUA, a etapa atual da crise docapitalismo, as demissões emmassa no mundo e no Brasil eOcorreram palestras sobre a arte, como as ministradas pelo professor deletras e tradutor Afonso Teixeira sobre a peça “Hamlet” e os filmesbaseados nessa obra, do poeta e dramaturgo inglês Willian Shakespeare.Além de uma palestra do companheiro Rui sobre “Marxismo e Arte”.a caracterização de classe dospartidos da esquerda brasileiraetc.Os participantes do acampamentotambém se dividiramem grupos para realizar debatese responder a perguntassobre as aulas, permitindo assimo esclarecimento de dúvidaspara uma maior compreensãodo conteúdo das palestras.Comidas típicas evariadasOutro aspecto que tornou oacampamento uma atividademuito prazerosa foram as deliciosasrefeições servidas nocafé da manhã, no almoço e nojantar. Os próprios participantespreparavam as refeiçõesatravés do revezamento dosgrupos, permitindo também oaprendizado de diversos pratosculinários e a realização deum trabalho coletivo, comodeve ser entre os socialistas.Todas as manhãs os acampadostiveram uma mesa fartacom um reforçado café damanhã com patês de ricota epresunto, pasta de amendoim,pão fresquinho, geléias e bolachasdiversas, além do café,capuccino, chás diversos esucos.No almoço nãofaltaram refeiçõesdeliciosas comopeixada, macarrãocom molhosdiversos, feijoada,cassoulet,einsbein comchucrute, churrasco...Os jantarestambém não deixarama desejare contaram comcachorro quente,batata comdiversos tipos derecheios, milhocozido com frutasalém dos diasespeciais emque tiveram anoite do pastel, anoite da pizza e amais querida, a noite do fondue.Uma outra opção extra noacampamento para se comerlanches e tomar diversas bebidasfoi Bar do <strong>PCO</strong>, que tambémcriou um ambiente a maisde descontração e integraçãoentre os participantes.Lazer e DiversãoOs 15 dias de acampamentoforam repletos de atividadesde lazer e de esportes como:banho de piscina, passeio nopedalinho, passeio em trilha,torneios esportivos de futebolmasculino e feminino, de xadrez,de taco (betz).Outra atividade de diversãoque marcou o acampamentofoi a animada gincana cultural.Os acampados se dividiramem três equipes para responderema perguntas elaboradassobre marxismo, movimentooperário e estudantil, história,variedades, negros, mulheres,esportes, arte, literatura, cinemaetc. As equipes tinham queapertar um botão ligado a umdispositivo elétrico que faziaacender uma luz na mesa dogrupo que apertasse primeiro,podendo assim responder apergunta sobre um tema apontadopela roleta e ganhar ou perderpontos.AtividadesCulturaisDurante o acampamentoocorreram inúmerasatividade culturaiscomo a apresentação defilmes, documentários,palestras além da já tradicionalfesta de encerramentodo acampamentocom diversas apresentaçõesmusicais. Não faltaramtambém iniciativasdos participantes com rodasde violão, de leitura,poesias e de livros de literaturadiversos.Na programação dassessões de cinema à noiteestiveram filmes como“Queimada”, “Eles nãousam Black tie”, “No Valedas Sombras”, além de diversosdocumentários como“Sicko – SOS Saúde” - sobreo sistema de saúde norte-americano,“ABC da greve” – sobreas greves dos operários doABC na década de 70, “Quandoos diques se romperam” –sobre o desastre <strong>causa</strong>do pelofuracão Katrina e pelo governonorte-americano à cidadede Nova Orleans.Também ocorreram palestrassobre a arte, como as ministradaspelo professor de letras e tradutorAfonso Teixeira sobre a peça“Hamlet” e os filmes baseados nessaobra, do poeta e dramaturgo inglêsWillian Shakespeare. Além deuma palestra do companheiro Ruisobre “Marxismo e Arte”.Um outro ingrediente quenão podia faltar no acampamentofoi a já tradicional festa de encerramento,com queima de fogos,que comemorou o sucessoda atividade e a vitória da lutado povo palestino e da classe<strong>operária</strong> em todo mundo, ao fazeremas tropas de Israel apoiadaspelo imperialismo saíremda Faixa de Gaza.Até o 24º Acampamento deférias da AJR, no inverno!PARTICIPE DO XXIV ACAMPAMENTO DE FÉRIASCurso sobre a vida e obra deKarl Marx continuará em julhoO Partido da Causa Operáriae sua organização de juventude,a AJR, Aliança da JuventudeRevolucionária, darãocontinuidade em julho de2009, o seu tradicional cursode férias de inverno com otema Marx – Vida e obra.Será a 24ª edição do Acampamentode Férias da AJR,que tem como eixo da atividadea realização do curso deformação marxista, prezandopelo estudo e compreensão domarxismo como arma políticana luta pelo socialismo.Os Acampamentosde Fériasda AJR reúnemjovens detodo o País queacampam emmeio à naturezaparticipandodiariamentedas atividadesorganizadascoletivamente,tais como a realizaçãodas refeiçõese tambéma limpeza emanutenção dolocal. A atividadetambémconta com diversasatividadesque promovem a integraçãoe o lazer dos participantes,como a exibição de filmes, gincanasculturais, grupos de estudo,campeonatos esportivose outras atividades como saraus,passeios turísticos etc.O curso apresentado será,“Marx – Vida e Obra parteIII”. Nesta edição será dadacontinuidade ao tema tratadonos dois últimos cursos, realizadoem julho de 2008 ejaneiro de 2009, a história davida e a contribuição teóricado revolucionário, Karl Marx.Nesta primeira parte foi tratadaa elaboração da filosofiamarxista, o socialismo científico.Na segunda parte foifeita a discussão em torno doperíodo que vai da elaboraçãoe publicação do manifesto comunistaaté a Revolução de1848.O curso tem como objetivonão apenas discutir eentender o marxismo comouma entre tantas correntesde pensamento, mas entenderesta como uma ferramentapara atuar na sociedade,de acordo com uma teoriacientífica que só temrazão de existir ao ser aplicadana prática, para a açãoda classe <strong>operária</strong>.O Acampamento de Fériasda AJR é uma atividade únicaem toda esquerda nacional einternacional, de lazer e deeducação política de um partidorevolucionário.A participação é aberta atodos os interessados, nãosendo necessária a filiaçãonem ao <strong>PCO</strong> nem à AJR.Para participar da atividadeé cobrada uma taxa que visa acobrir os custos (alojamento,alimentação etc.) e da qualuma pequena parte è destinadaà sustentação das atividadespolíticas das duas organizaçõesque promovem o evento.Esta taxa pode variar deatividade para atividade, massitua-se, em geral, muito abaixode qualquer atividade delazer realizada nas mesmascondições.O local do acampamentooferece toda a infra-estruturanecessária para a realização daatividade, tais como cozinha,quartos, banheiros e salão paraa realização do curso, além deoutros que contribuem paraproporcionar descanso e diversãopara os participantes,tais como piscina, lagos, trilhasentre outros.Os jovens ficam alojadosem barracas que devem, depreferência, ser levadas pelospróprios participantes. Para osmais velhos há a opção de alojamentoem quartos.Durante todo o acampamentosão servidas três refeiçõesdiárias: café da manhã,almoço e jantar. Todas as refeiçõessão preparadas pelosgrupos previamente divididose em regime de revezamento.As refeições são bastante fartase bem elaboradas desde ocafé da manhã até o jantar.Também é organizado no local,pela coordenação doevento, uma lanchonete queoferece outras opções de comidase bebidas.Em 2009 o Acampamento deFérias da AJR completa dozeanos. Realizado pela 1ª vez em1998 na Serra da Juréia com aparticipação de 60 pessoas, oAcampamento, de lá para cá, jáfoi realizado nos estados de SãoPaulo, Minas Gerais, Bahia, Goiáse Paraíba e já contou com aparticipação de mais de mil pessoas.Os cursos já abordaramvariados temas como a interpretaçãomarxista da história doBrasil, O Capital de Karl Marx,História da Revolução Russa, oposiçãoentre marxismo e anarquismo,Vida e Obra de Leon Trotskientre outros.XXIII ACAMPAMENTO DEFÉRIAS DA AJROuça o curso deformação política sobreKarl Marx: vida e obra naInternetO curso de formação teóricamarxista promovido peloPartido da Causa Operária epela Aliança da JuventudeRevolucionária na 23ª ediçãode seu Acampamento de Férias,já está disponível paraser ouvido na Internet.A atividade, sem igual emtoda esquerda brasileira e,mesmo, internacional, compreendeum estudo aprofundadoda vida e obra do revolucionárioKarl Marx, detendo-sesobre questões fundamentaisdo marxismo, dométodo do materialismo his-tórico para a compreensão darealidade econômica e socialdo capitalismo.A exposição realizada pelocompanheiro Rui Costa Pimentafoi toda gravada emáudio e vídeo e o conteúdodas aulas, bem como a discussãolevantada pelos participantes,foram publicados naInternet ao longo do cursopara permitir que um maiornúmero de pessoas possa teracesso a esta discussão defundamental importância paraa compreensão científica dasociedade.


25 DE JANEIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA MOVIMENTO ESTUDANTIL 15ABAIXO A REPRESSÃO AO MOVIMENTO ESTUDANTILPor uma campanhanacional contra a repressãoO momento ascendente do movimento estudantil, comos estudantes rompendo a coação política e ideológicaimposta nas universidades tem levado os governos,sobretudo o governo Lula, a adotar medidas cada vezmais repressivas para resguardar os interesses dogoverno e da burguesia nestas instituiçõesO movimento estudantilvem sendo vítima de uma intensarepressão por parte dasburocracias universitárias edos governos federal e estaduaisem todo o País. Os principaisalvos desta escalada repressivasão, principalmente,os estudantes das universidadespúblicas que têm, no últimoperíodo, rompido o cercoburocrático imposto pelo bandodos quatro (PCdoB,PT,Psol, PSTU) que estão à frentedas paralisadas entidades estudantiscomo os DCE’s e aUNE, e impulsionado uma sériede ocupações de reitorias apartir da ocupação da USPocorrida em maio de 2007.No ano passado, este movimentoganhou ainda mais força.As denúncias de corrupçãocontra os reitores ocorridas em2008, como no caso do reitorda Unifesp, Ulysses FagundesNeto, e da UnB, Timothy Mulholland,esclareceram a umagrande parcela dos estudantesqual a política do governo ecomo funcionam as ditadurasimpostas nas universidades:os reitores e a burocracia universitáriarecebem uma propina(dinheiro da corrupção)paga pelos governos e pelaEstudantes da Unifesp agredidos pela Polícia Militar apósocupação da reitoria.burguesia para implementar apolítica de cortes cada vezmaiores de verbas nas universidadespúblicas, que por estemotivo, estão literalmente caindoaos pedaços.O movimento estudantilpassou a viver um momentopolítico ascendente, um sintomaclaro da crise política quese manifesta com determinadaintensidade no País e queneste caso fica explícita àmedida que os estudantes rompema coação política e ideológicaimposta nas universidades,ou seja, uma ruptura dobloco formado entre a pequenaburguesia universitária e aburguesia, um sintoma de faltade coesão política da burguesiaque governa o País.Diante desta situação, a repressãoque foi sendo introduzidade forma gradual nos últimosanos, com a instalaçãocâmeras de vigilância, presençaconstante da polícia militarnas universidades, proibição dedistribuição de boletins e colagemde cartazes, centenas deprocessos de sindicância etc.,atitudes típicas de um governoditatorial, se intensificoucom o governo Lula, este sendoobrigado a adotar medidascada vez mais repressivas contrao movimento estudantil queclaramente evolui no sentidode exigir o fim das ditadurasimpostas pelos professores aliadosdo governo e de lutar poruma verdadeira autonomia universitária.Unifesp:corrupção erepressãoOs estudantes da Unifesp,que durante o ano de 2008 estiveramà frente da luta contraa burocracia universitária,chegando inclusive a levantara reivindicação revolucionáriade um governo composto pelostrês setores (professores,funcionários e estudantes) deforma proporcional, ou seja,com maioria estudantil, são umexemplo da repressão movidapelo governo Lula e reitoriascontra o movimento estudantil.Enquanto o ex-reitor, UlyssesFagundes Neto, envolvidoem casos de corrupçãoque, somadosos valoresdesviados do orçamentouniversitário,atingemaproximadamentea quantia deR$ 200 milhõesde reais, estácompletamenteimpune e seus aliados,tambémenvolvidos nosescândalos decorrupção continuamna reitoria,como por exemplo,Walter Albertoni,indicadopara ser novo reitorda Unifesp, osestudantes queparticiparam da ocupação dareitoria da universidade em junhoestão respondendo umasindicância como ameaça deserem expulsos e chamados adepor na Polícia Federal.O caráter estritamente políticodestes processos forjadospara intimidar os estudantesque não aceitam mais a situaçãoem que se encontram asuniversidades devido a estasadministrações, pode ser comprovadopor dois motivos: taisatitudes tomadas tanto pelogoverno como pela reitoriasurgiram em um momento emque os estudantes estavamlutando para modificar a atualestrutura de poder das universidades,tendo as ameaças depunições um papel de intimidaçãopara fazer o movimentorecuar.Lula e burocraciauniversitária:racista pode ser,em defesa dauniversidade não!Na própria Unifesp, estudantesligados à Atlética publicaramuma revista com conteúdoexplicitamente racista,chegando ao ponto de fazerapologia ao nazismo e não receberamqualquer tipo de punição.Pelo contrário, tendomembros denunciados por fazeremparte de organizações“neo-nazistas”, estes estudantesforam inúmeras vezes financiadospela reitoria para reprimiratravés da violência físicaas manifestações contra aburocracia universitária.Como pode ser observado,vale o ditado: “aos amigostudo, aos inimigos à lei”. Aosresponsáveis pela destruiçãoda universidade através da implementaçãoda política dogoverno de favorecer interessesparticulares são oferecidasenormes quantias retiradas doorçamento para enriquecê-lose estes permanecem impunes.Aos fascistas que dominam aAtlética e reprimem os estudantessão oferecidos inúmerosprivilégios acadêmicos efinanceiros. Já os estudantesque estão lutando contra adestruição da universidade e aditadura da burocracia universitáriasão reprimidos.É necessária uma campanhanacional contra a repressãoe contra a punição dos estudantesda Unifesp. Ao contrárioda esquerda burguesa epequeno-burguesa que está nogoverno de forma oficial ouoficiosa, e que como declarouo PSTU ao dizer que “a campanhacontra a repressão nãoé nossa prioridade”, a lutacontra a escalada repressivadas burocracias universitáriasé uma condição para garantiro direito à liberdade de organizaçãoe manifestação, algo imprescindívelpara um desenvolvimentocada vez maior domovimento estudantil.REPRESSÃO NA UNIFESPEstudantesresponderão processocriminal em janeiro naPolícia FederalOs estudantes da Unifespque ocuparam a reitoriada universidade em junhode 2008 começarão aresponder o processo criminalna Polícia Federal noinício de janeiro. Ao todosão 48 estudantes, entre elesmilitantes da AJR e estudantesda USP que apoiarama luta na Unifesp, queestão respondendo o processoonde são acusados de“crimes fazendários”, o quesignifica que podem ser acusadosdesde depredação dopatrimônio público até formaçãode quadrilha.A ocupação ocorreu nodia 14 de junho e foi umamanifestação política contraa burocracia universitária,que tinha na vésperasido acusada por mais umato de corrupção: o desviode mais de 178 milhões dereais do orçamento da universidadenos anos de 2005e 2006. Nesta ocasião, osestudantes foram brutalmentereprimidos pela PolíciaMilitar que, momentosapós a ocupação do prédioda reitoria, entrou no locale agrediu os estudantes e oslevou para a delegacia maispróxima onde foram todosfichados.Os estudantes receberamem outubro a intimação,que faz parte de umaintensificação da repressãoao movimento estudantil naUnifesp. Alguns dias antesdeste fato, estes mesmosestudantes foram notificadospela reitoria de que umasindicância havia sido instaladapor <strong>causa</strong> da ocupaçãoocorrida em junho, ouseja, os estudantes são acusadospela burocracia universitáriade infringir umasérie de regras do estatutouniversitário e estão ameaçadosde expulsão.No caso da Unifesp ficamuito claro que existe uma“jogada casada” entre o governoLula e reitoria da universidadepara punir os estudantes,se trata de umaperseguição política atravésda intimidação <strong>causa</strong>dapor uma possível punição,gerando um clima de terrorentre os estudantes e, destamaneira, impedindo queo movimento progrida aindamais.Os estudantes da Unifespestão sendo punidosporque lutaram e colocaramem “xeque” a ditadurada burocracia universitáriacorrupta que domina a universidadee usa a instituiçãoem benefício particular e depequenos grupos, sendoque a expressão mais conscientedesta luta foi a reivindicaçãolevantada por estesestudantes, a de um governotripartite com maioriaestudantil, durante o acampamentorealizado em setembro,após a queda doex-reitor, Ulysses FagundesNeto, que renunciou depoisde mais uma denúncia decorrupção que veio à tonano final de agosto.Estamos diante de umataque à liberdade de manifestaçãopolítica do movimentoestudantil, algo queprecisa ser energicamentecombatido uma vez que aliberdade de organizaçãodos estudantes é uma condiçãofundamental para aexistência do movimento.Neste sentido, a posiçãopolítica do PSTU que afirmaque a luta contra a repressão“não é uma prioridade”revela, por um lado,uma enorme capitulação diantedo governo e das reitoriase, por outro lado,mostra que as “lutas” destepartido não passam de umaencenação porque para lutarcontra a política do governoé preciso encarar arepressão estabelecida,coisa que PSTU demonstra,através destas declarações,que não está disposto a fazer.É necessária uma campanhanacional contra a puniçãodos estudantes da Unifespe contra a repressãoque se generalizou por todasas universidades do Paíscomo forma de por fim àditadura das reitorias e dosgovernos nas universidades.TERESINA – PIAumentaram as passagens na virada do anotentando evitar mobilização da juventudeAproveitando-se das fériasescolares e das festas de fim deano, o prefeito de Teresina aumentouos preços das passagensde ônibus no dia 1° de janeiroesperando desarticular o movimentoestudantil que já haviarealizado grandes mobilizaçõesanteriormente. O preço das passagensde ônibus em Teresinasubiu de R$1,60 para R$1,75. Amedida tomada pela prefeituratem como objetivo esfolar aindamais os trabalhadores, que jápagam uma enorme carga tributária,para sustentar os altíssimoslucros de máfias empresariaiscomo a do transporte público urbano.Tal mudança também afetaráde forma ainda mais drásticaos estudantes e desempregadosque tem uma dificuldade aindamaior em pagar as passagens.O fato do aumento acontecerjustamente durante a virada doano tem como objetivo tentar desarticularos estudantes que estãoem férias.DITADURASob diversas acusações,Antônio César Borges assumeseu cargo na UniversidadeFederal de Pelotas (RS).O reitor é alvo de ações doMinistério Público Federal.Uma das ações contesta “acompra de espaço em jornaislocais para anúncios de agradecimentosao MEC por verbase encartes comemorativosdo aniversário da gestão doreitor com fotos e alusão amelhorias” (Folha On Line,13/01/09).Dentre outras acusaçõesque o reitor sofrendo, está a deO movimento estudantil deTeresina realizou grandes mobilizaçõesnos últimos anos,assim como aconteceu empraticamente todas grandescidades brasileiras. Os protestosocorreram por tentativasanteriores de aumentaro preço das passagens,pela tentativa das empresasde ônibus de reduzir pelametade o número de valetransportesestudantis, demeia-entrada vendidos etambém por reivindicaçõeshistóricas do movimentoestudantil como o passe-livre.Diante da eminência dos protestosestudantis, a burguesiachamou os seus lacaios oficiaisdo movimento estudantil que é aUJS (PCdoB, que dirige a UNEe a UBES), para tentar desviar asmobilizações estudantis para uma“luta” de tipo institucional atravésde uma ação na justiça contraa prefeitura, ou através de umacampanha demonstrando que oaumento seria abusivo, como seo aumento por si só já não fosseum abuso contra a população.A única possibilidade dos estudantespiauienses saírem vitoriososdessa mobilização seráatravés da criação de comitês demobilização contra o aumentodas passagens e pelo passe-livrenas escolas e universidades queatuem de forma independente daburocracia estudantil.MEC empossa outro reitor corruptoter feito convênio com a SantaCasa para oferta de hemodiáliseno hospital da universidade,que beneficiou uma clínicaligada ao ex pró-reitor AlípioCoelho. Existe também aacusação de ter feito, sem licitação,convênio com empresapara produzir frutas noCampus.Esses acontecimentos reafirmamcomo o funcionamentodo regime ditatorial existentena Universidade, onde decisõessão tomadas sem a participaçãoda comunidade universitáriae sua camada maisEstudantes protestam contra oaumento das passagens dos ônibus.representativa, os estudantes,são um mecanismo de verdadeiradestruição do ensino público,em favor dos interessesdos capitalistas da educação ede outros parasitas burguesesque sobrevivem às custas deseus negócios com o Estado,sustentado pelos impostos pagospelos trabalhadores.Os estudantes, apesar deserem maioria, não participamde nenhuma decisão sobre orumo da universidade, ficandoo controle dessa instituição nasmãos dos seus setores mais reacionários.MOBILIZAÇÃO INTERNACIONALLondres: Estudantes ocupamuniversidades contra omassacre na faixa de GazaNeste mês de janeiro pelomenos três universidades emLondres foram ocupadas emprotesto contra o massacrefeito por Israel e o imperialismona Faixa de Gaza.Na terça-feira, dia 13 dejaneiro, os estudantes ocuparama School of Oriental andAsian Studies (SOAS). O protestofoi iniciado com a distribuiçãode um panfleto contrao massacre, com faixas “paremo genocídio em Gaza”,“liberdade para a Palestina” eatacando a imprensa burguesapor não expor a calamidade daregião de Gaza e pelo fato dese colocar contra o povo palestinodesde o estabelecimentodo Estado de Israel, em1948.Segundo o panfleto dos estudantes,“Israel tem o apoiodo governo mais poderoso domundo, enquanto os palestinosnão têm nada para se defendera não ser alguns simples mísseis,as pedras e os seus próprioscorpos”.A ocupação é contra as atrocidadescometidas por Israel epelo imperialismo, contra umaexposição promovida pelo Ministérioda Defesa, que ocorreem uma galeria da universidadeque defende a participação dasminorias étnicas nas guerrascoloniais britânicas e contra aLondon School of Economics.A mobilização dos estudantes britânicos deixa mais uma vezevidente a tendência de luta em todo o mundo.privatização dos espaços da universidade.A pauta de reivindicaçõesentregue ao diretor exigea manifestação da universidadecontra os ataques de Israel,o fechamento da exposiçãodo Ministério da Defesa e maiorcontrole estudantil sobre osespaços da universidade.Os estudantes fizeram chamadosa outros estudantes paraocuparem suas universidades.Atendendo ao chamado, 40estudantes da London School ofEconomics (LSE) ocuparamum dos principais anfiteatros dasua universidade, elaborandouma declaração que reivindicavaà direção da universidadeuma posição de repúdio aoscrimes de Israel.Na mesma semana, osestudantes da Universidadede Essex ocuparam oLTB (Lecture TheatreBuilding, principal blocode auditórios da universidade)em solidariedade aopovo palestino, reivindicandoque a universidadese opusesse aos ataques deIsrael e defendesse a reconstruçãoda Universidadede Gaza.A mobilização dos estudantesbritânicos deixamais uma vez evidente atendência de luta em todoo mundo, em que a populaçãoem geral, especialmentea juventude, se levantacontra as atrocidadesdo podre regime capitalista.


25 DE JANEIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA HISTÓRIA 1630 ANOS DA REVOLUÇÃO SANDINISTAA revolução na Nicarágua e o fracasso do SandinismoA derrubada de Somoza em julho de 1979 foi o resultado do processo revolucionáriodas massas nicaragüenses dirigidas pela Frente Sandinista de Libertação Nacional.A política conciliadora de “reconstrução nacional” levada pela direção sandinista juntoà burguesia e o imperialismo representou, porém, um bloqueio e um estrangulamentoda revolução, fruto de uma ilusão na democracia imperialista que só pode levar àsubordinação do proletariado ao regime burguês e à derrotaDesde que os EUA empreenderamsua primeira incursão naNicarágua, em 1855, o país jáfora invadido quatro vezes porforças militares estrangeiras,sendo 1979 o ano em que asmassas nicaragüenses impuseramuma derrota ao imperialismoe seu governo títere. A revoluçãosandinista foi a últimaexperiência vitoriosa de insurreiçãopopular até hoje, mas apolítica da direção reformistaaglutinada na Frente Sandinistade Libertação Nacional (FSLN)sufocou todas as perspectivasda Nicarágua se tornar um Estadooperário e, em conseqüênciadisso, de se tornar independentedo imperialismo e abrir umnovo caminho para o seu desenvolvimentonacional.Trinta anos após a revolução,hoje a FSLN não só convivepacificamente com os exploradorese assassinos do povo,como fez de tudo nessas trêsúltimas décadas para defendero Estado burguês, a conciliaçãode classes e a propriedade privada.Se, por um lado, o imperialismonorte-americano procuroulevar o país ao seu colapsoeconômico e social, financiandona década de 80 uma guerracivil que levou à morte maisde 50 mil pessoas, a políticalevada pela FSLN e seu principaldirigente, Daniel Ortega,levou a revolução para um becosem saída, forçando a marchado processo revolucionárioatravés da colaboração políticacom o imperialismo e seus agenteslocais em um regime decomum acordo, de fachadademocrática.O fracasso do sandinismo éum resultado de sua política emcomum com os inimigos darevolução, das suas concessõespolíticas e econômicas e de suarepressão contra setores verdadeiramenterevolucionários.FSLN e a burguesia nacionalse unificaram para depor o regimede Anastásio Somoza emtorno de um ponto em comum.Num primeiro momento, estaunião foi apresentada como umamanobra política “tática”, masapós a deposição do governo, aaliança se manteve sob a bandeirada “reconstrução nacional”da Nicarágua, devastada peladitadura sangrenta contra asmassas. Esta política “estratégica”– unidade nacional, democraciapluralista – permanece,no entanto, até os dias de hojee serve unicamente aos interessesda burguesia, impondo umabarreira à organização proletáriaindependente.A revolução iniciada pelostrabalhadores nicaragüenses foidesviada, no auge de seu decurso,por uma reforma política queresguardasse acima de tudo amanutenção do Estado burguês.Os exploradores nacionais, emcompleta decadência frente aoregime pró-imperialista de Somoza,forçaram seu caminho atéa direção da revolução atravésda aliança com a Frente Sandinista.A colonização daNicaráguaA Nicarágua é vista como umpaís estratégico e de suma importânciana América Centraldesde que se tornou uma colôniaespanhola, sendo uma possívelrota de acesso entre osoceanos Pacífico e Atlântico,facilitada pela localização dedois gigantescos lagos próximosà sua costa Pacífica. Esteenorme potencial econômicoatraiu os interesses imperialistasaté o território. A própria independênciada Nicarágua estárelacionada aos interesses dasgrandes potências imperialistasem acabar com o monopólio daEspanha sobre aquele territórioque trazia a possibilidade deabertura de um canal interoceânico.Foi então em 1855 que o“aventureiro” norte-americanoWilliam Walker chegou comseu exército para não só anexara Nicarágua como outros territórioscentro-americanos aosEUA. Proclamando-se presidenteum ano depois, estabeleceu aescravidão e instituiu o inglêscomo idioma oficial.Suas pretensões em tornar-seimperador, no entanto, foramderrubadas por forças nativas epela oposição britânica, sendoobrigado a retornar aos EUA.Uma nova tentativa de WilliamWalker conquistar a região emnome do imperialismo norteamericanofoi colocada emmarcha em 1860, desta vezresultando na sua morte.Seguiram-se após este episódiotrês décadas de regime oligárquico,conhecido como otempo da “paz conservadora”.É daí que emerge a famíliaSomoza, que passa a controlara maior parte da economia dopaís e se perpetua no poder até1979.Esta ditadura sanguinária ésustentada desde então pelosEUA, que em 1933 criam a temívelGuarda Nacional, responsávelpelo assassinato de dezenasde milhares de pessoas, emsua grande maioria crianças ejovens de até 20 anos de idade.Este sustentáculo do imperialismona América Central só seriaderrotado em 1979 com o levantedas massas organizadas emmilícias populares e não pelaação da burguesia ou pela guerrilhasandinista, como sublinhaa historiografia oficial. Na baseda revolução nicaragüense estãoos operários e camponeses,assim como a juventude reunidanos Comitês de Defesa Sandinistas(CDS) organizados emcada bairro. O entrave da revoluçãofoi sua direção conciliadora,portanto incapaz de levar acabo a completa satisfação dasreivindicações das massas: aruptura com a burguesia e apequena-burguesia nacionalistaspor meio da conquista dopoder pelo proletariado, apoiadono campesinato, e a aboliçãototal da propriedade privada,única forma de garantir a vitóriadas massas sobre a ditaduraimperialista, isto é, através daditadura do proletariado.Uma burguesiasufocadaA posse da família Somozasobre a maior parte dos meiosde produção produziu um enormeobstáculo para o desenvolvimentoda burguesia liberal enacionalista, não demorandomuito para a eclosão de revoltascomandadas por José SantosZelaya, uma luta que tevecomo pano de fundo a soberanianacional e a defesa dos interessesde todo o setor cafeeiro.Do outro lado da luta estavam osconservadores, latifundiáriosligados ao setor pecuário.O combate levou à vitória deZelaya e em 1893 este assumiua presidência do país, porém osEUA viram ameaçados seus interessesna América Central epassaram a orquestrar um detalhadoplano de deposição dogoverno de caráter progressista.Comandadas por EmilianoChamorro, tropas iniciaramuma rebelião contra o regime,acusado de ter uma aliança secretacom a Alemanha, Japão eInglaterra para construir o canalinteroceânico sem a participaçãodos EUA.A revolta terminou em 1907com a deposição de Zelaya. Umasérie de leis foi aprovada paragarantir a penetração do imperialismonorte-americano naNicarágua. Em 1912 uma novainvasão é efetuada como partedo Tratado Dawson, que garantiaa permanência de tropasnorte-americanas dentro daNicarágua e a intromissão deWashington sobre as decisõesnacionais.A produção de café passou aser controlada por empresasnorte-americanas e um novotratado assinado em 1914 aprovoua construção do canal interoceânicosob posse do imperialismonorte-americano. Osmarines norte-americanos sóseriam expulsos do país 21 anosdepois, após a revolta lideradapor Augusto César Sandino.Durante o governo de AdolfoDíaz (1911-1917), a Nicaráguatornava-se numa verdadeiracolônia dos EUA, com suaeconomia e suas terras controladaspor empresários e latifundiáriosnorte-americanos apoiadospela oligarquia conservadora.A ala liberal iniciaria nestegoverno novos conflitos contrao regime pró-imperialista embusca de sua participação nopoder e ascenção como classe.Diante da dramática situaçãodos camponeses, desprovidosde terra e meios de produção, omovimento encabeçado porAugusto César Sandino quasetomou o poder na Nicarágua nãofossem as manobras políticasenvolvendo a participação diretado governo Roosevelt, quedecide retirar todos os marinesdo país, tendo consciência deque se não fizesse tal concessão,seria derrotado pelo movimentosandinista apoiado nas massas.O acordo estabeleceu tambéma indicação de um novopresidente, o liberalista (ou conservadormoderado) Juan BautistaSacasa. É criada tambéma Guarda Nacional, comandadapor Anastácio Somoza, indicadoa dedo pelos EUA, com acondição de que esta tropa nãopoderia combater a guerrilhasandinista, mas um golpe jáestava sendo organizado novamentepelo imperialismo. Descobrindoa conspiração, Sandinotenta alertar Sacasa e entãoSomoza prende e assassina osdois líderes políticos, dandoinício a uma ditadura que durarialongos 46 anos.Ao lado de Simón Bolívar eChe Guevara, Augusto Sandinoé considerado o guerrilheiromais importante da AméricaLatina.O movimento dirigido porSandino (1928-33) nasce dointerior dos latifundiários liberaise diferencia-se deles pordefender uma luta intransigentepela retirada incondicionaldos marines. Sandino é o primeiro,mas não o último, na Nicarágua,a cometer o erro de separara luta nacional da revoluçãosocial, assim como o deidentificar a independência políticacom a emancipação nacional.O comandante da GuardaNacional, livre das duas principaisoposições, toma o poder em1936. A dinastia Somoza sóseria derrotada em 1979 comuma revolução protagonizadapelas massas, porém com umadireção conciliadora.O movimentosandinistaA paralisia <strong>causa</strong>da pela mortede Augusto Sandino só seriaencerrada com o assassinato deSomoza Garcia em 1956 pelopoeta e compositor RigobertoLopez Peres, dando início a umnovo período de lutas antiimperialistase numerosos conflitosarmados durante toda a décadade 50. A abertura de uma novasituação política forjava umareorganização do movimentosandinista. Foi a época do crescimentoda classe <strong>operária</strong>, daorganização dos trabalhadoresnos sindicatos e dos estudantesem suas entidades representativas,como a Juventude PatrióticaNicaragüense (JPN). Destafermentação surgia, em1960, a Frente Sandinista deLibertação Nacional (FSLN),principal pólo da luta do povocontra a ditadura somozista.Influenciada diretamentepela vitória da revolução cubanae pela resistência vietnamitacontra a ocupação imperialista,a FSLN expressa uma nova tentativade retomar a luta iniciadapor Augusto Sandino, ou seja,um combate que reunisse oconjunto da burguesia liberal ea luta armada contra a famíliaSomoza e o Partido Conservadorfinanciado pelo imperialismo.Um dos fundadores domovimento, Carlos FonsecaAmador, faz o juramento emnome de todos os sandinistas:“Ante a imagem de AugustoCésar Sandino e Ernesto CheGuevara, ante a recordação dosheróis e mártires da Nicarágua,da América Latina e de toda ahumanidade, ante a História,coloco minha mão sobre a bandeiravermelha e preta que significaPátria Livre ou Morrer ejuro defender com as armas namão o decoro nacional e combaterpela redenção dos oprimidose explorados da Nicaráguae do mundo. Se cumpro estejuramento, a libertação da Nicaráguae de todos os povos seráum prêmio. Se o traio, a mortevergonhosa e a ignomínia serãomeu castigo”.Com o assassinato de SomozaGarcia em 1956, seu filho,Luiz Somoza, assume o poderaté 1967, quando Somoza III éeleito por meio de uma fraudeeleitoral.Em uma situação revolucionária,uma faísca é capaz delevantar de uma hora para outraas massas populares. Foi o queaconteceu em 1972, após Manáguaser devastada por umterremoto que matou mais deseis mil pessoas e deixou cercade 300 mil feridos. Somoza tentoutirar lucro da tragédia fechandoa região central da capitale obrigando a todos, inclusiveo setor empresarial, a semudar para a periferia de Manáguapor preços altíssimos. Alémdisso, o governo desviou toda aajuda financeira enviada peloimperialismo para a reconstruçãodo país.Tais atitudes levantaram osetor liberal da classe dominante.Muitas alas burguesas aderiramimediatamente ao movimentosandinista. Poucos anosdepois, em 1978, quando o jornalistaliberal Pedro Chamorro,editor do maior jornal de oposiçãodo regime, La Prensa, foiassassinado, a burguesia aprofundariaainda mais sua divisão.As massas se insurgiram e esteera o real motor da crise revolucionária,não os elementosburgueses, e os EUA foramforçados a retirar seu apoio dianteda repercussão mundial emtorno do assassinato.Antes da tomada de poder em79, a FSLN se dividiria em trêstendências. Em 1975 surgiamtrês linhas ideológicas com distintasinterpretações sobre aestratégia que o movimento levariadali em diante. O primeiroracha foi a Tendência Proletária(TP), liderada por JaimeWheelock, que se opunha ao“aventurismo guerrilheiro pequeno-burguês”e propunha ainserção do movimento no interiorda classe <strong>operária</strong>. A GuerraPopular Prolongada (GPP),dirigida por Tomas Borge, era alinha maoísta e a Tendência Insurrecionalou Terceirista, dirigidapor Daniel Ortega, a correntemajoritária, que defendia a colaboraçãocom a burguesia pelavia armada para derrotar o governoSomoza.O regime a esta altura estavaem frangalhos e só se mantinhapor meio do dinheiro e da repressãoempreendida pelo imperialismonorte-americano.Na ausência de um partidooperário e revolucionário, asmassas nicaragüenses não tiveramoutra alternativa senão seorganizar dentro da Frente Sandinista.A participação dos exploradosgarantiu a vitória darevolução em 1979, impulsionadanão por um movimentoapoiado na elite nacionalista,mas pela mobilização de massasem toda a América Latina(El Salvador, Guatemala eHonduras na América Central;Chile, Argentina, Bolívia,Peru, Uruguai e Brasil naAmérica do Sul) que derruboutodas as ditaduras militares atéa década de 80, levando oimperialismo a rearticular umnovo modelo de dominaçãopolítica e de controle das direções<strong>operária</strong>s.A contrarevoluçãodentroda revoluçãoO movimento dirigido por Sandino (ao centro) nasce do interior dos latifundiários liberais ediferencia-se deles por defender uma luta intransigente pela retirada incondicional dos marines.“Implacáveis no combate,generosos na vitória”, a FSLNinstituiu um poder de total tolerânciacom a contra-revolução,organizado ostensivamentepelo imperialismo estrangeiro.Sob as bandeiras da“igualdade”, da “democracia”e da “liberdade”, o novo regime,mais do que tudo, receosode que a “comunidade internacional”(leia-se imperialismo)visse a Nicarágua domesmo modo que via Cuba, ouseja, um regime de censura einimigo das liberdades democráticas,o governo Sandinista,apesar de ter tomado opoder, não fez nada para garanti-locom os meios com que ohavia conseguido, isto é, amobilização revolucionária dasmassas, isso devido ao seucomprometimento com a burguesia.O novo governo mantevea imprensa burguesa absolutamentelivre para fazerpropaganda em defesa do velhoregime, bem como um sistemamultipartidário, mantendoos partidos contra-revolucionários- isso quando seorganizava uma guerra civilcontra o governo popular.Além disso, decidiram tambémpela manutenção de uma economiamista, o chamado Planode Reativação Econômica,cujo eixo foi a ampliação daprodução privada, que ao invésde eliminar o principal ponto deapoio do imperialismo no país,o fortalecia. Estatísticas apontavamque o índice médio doProduto Interno Bruto (PIB)correspondia em 1980 a 41%do Estado e 59% do setor privado.A direção sandinista fezconcessões importantíssimasdiante das exigências dosempresários e latifundiários. Areforma agrária aplicada pelogoverno procurava respeitarreligiosamente os termos assumidocom a burguesia de apenasdistribuir as terras queeram propriedade de Somozae seus colaboradores, contendodesta forma a mobilizaçãorevolucionária das massasagrárias. Uma reforma agráriapela metade, ou seja, uma utopia,para não dizer uma medidacontra-revolucionária.Neste ponto, a questão não ésaber se tal quantidade de terrajá seria suficiente para a populaçãocamponesa, mas oque está em jogo não é umaquestão puramente técnico,mas político, conforme assinalavao Causa Operária naépoca: “É possível imaginarque os trabalhadores do campovão se deixar explorar peloslatifundiários não-somozistasenquanto se executar,diante de seus olhos, umavasta, ainda que parcial, reformaagrária? É possívelconceber estes latifundiárioscolocando em risco seus capitaisnas condições de ausênciade uma ordem burguesaestável, de insurreição agráriae confisco de propriedade? Oproblema colocado é: extensãoda reforma agrária ou estrangulamentoda revolução” (CausaOperária, outubro de 1979,edição nº 2).A este respeito, o jornal CausaOperária analisava o conteúdodaquela que foi uma “revoluçãodos trabalhadores feita pelaburguesia”. Em sua segundaedição, datada de outubro de1979, Causa Operária destacavaque “os antagonismos maisprofundos parecem se diluirnuma conciliação nacional. Emnome da prioridade da reconstruçãonacional do país, a revoluçãose recusa a julgar e castigaros colaboradores do velho regimesomozista; cede o governopara a burguesia; inicia umareforma agrária pela metade eespera que o parque industrial dopaís seja colocado em funcionamentopelos inimigos históricosdos explorados: pelo imperialismo(através de empréstimos) epela grande oligarquia nativa”(Causa Operária, outubro de1979, edição nº 2).O fracasso dosandinismoAo mesmo tempo em que aFrente Sandinista se preocupavacom a “reconstrução nacional”ao lado da burguesia, amanutenção da propriedade privadae a segurança da contrarevoluçãodentro da revolução,o movimento operário, camponêse organizações de esquerdadispostas a conduzir as massaspor meio de um programa independenteda burocracia, eramreprimidas. O bloqueio econômicoimposto pelos EUA logoapós a tomada do poder devastoua economia da Nicarágua, resultandoem inúmeras greves. Ogoverno Sandinista imediatamenteintroduziu a intervençãoestatal nos sindicatos e chegoua fechar várias fábricas que foramocupadas pelos trabalhadores,mantendo a revolução nosmarcos do regime capitalista.Semanas após a tomada dopoder, vários grupos operáriose populares foram colocados nailegalidade, como o grupo stalinistapró-Albânia Frente Obrera(FO), coisa que não aconteceucom a burguesia contra-revolucionária.O governo expulsou dopaís a Brigada Simón Bolívar, dopseudo-trotskysta argentinoNahuel Moreno. Mais de cemmilitantes comunistas forampresos e condenados por teremdirigido greves.Como aponta Trotsky, “o caráterde classe de uma revoluçãoé dado pelo caráter do regimepolítico que ela instaura” (A RevoluçãoEspanhola). Portanto,não basta que os trabalhadoresfaçam a revolução, mas é precisoque o poder político fique nasmãos da classe <strong>operária</strong>, apoiadapelo campesinato.A busca desesperada pelaeterna tolerância com os antigoscriminosos somozistas preservoutoda a base do status quoburguês. Os terroristas da GuardaNacional foram todos poupados,protegendo estes assassinosde um julgamento popular.Assembléias populares foraminstaladas somente três anosdepois da revolução, tempo suficientepara os militares somozistasdeixarem a Nicarágua eviverem impunemente. Estesmesmos monstros seriam poucodepois reorganizados pelaCIA e pelo presidente norteamericanoRonald Reagan, queformariam a mais sanguináriaguerrilha contra-revolucionáriada América Latina, os “Contras”,financiados com a vendaclandestina de armas ao Irã, naépoca em guerra contra o Iraque.Os “Contras” atuaram narepressão em El Salvador e Honduras,mas principalmente naNicarágua, onde deram cabo amais de 50 mil pessoas. O colapsonicaragüense gerado pelacontra-revolução levaria a derrotaeleitoral do sandinismo onzeanos mais tarde, quando a frentepró-imperialista União NacionalOpositora (UNO), lideradapor Violeta Chamorro – viúva dePedro Chamorro – derrotou nasurnas Daniel Ortega. Este sóvoltaria à presidência do país em2007, com o esgotamento dapolítica privatista e anti-<strong>operária</strong>,porém, desta vez, com os cumprimentosmais sinceros do imperialismomundial, principalmentedo imperialismo norteamericano,e com a missão deconter novamente as tendênciasrevolucionárias das massas.


25 DE JANEIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA INTERNACIONAL 17CRISE MUNDIALA crise nos quatro cantos do mundoO início de 2009 já demonstra em números acontinuidade da recessão mundial e da maior crise doregime capitalista em toda sua história. A crise atingeos quatro cantos do mundo e a tendência dostrabalhadores é a mobilização contra as demissões e aburguesiaA queda do PIB e da produçãoindustrial é uma tendênciamundial. A mineradora angloaustralianaRio Tinto divulgouque vai cortar 6% de sua produçãode alumínio. Assim comotodos os capitalistas do mundo,que diante da recessão procuramtransferir o ônus da crise paraos trabalhadores, já anunciaramum plano de demissão em escalamundial.Imediatamente a empresa vaidemitir 2.600 funcionários, dosquais 1.100 são trabalhadoresda divisão de alumínio, na China.Estas demissões são o primeiropasso do plano geral daempresa que visa colocar noolho da rua 14 mil trabalhadores,um verdadeiro exército de desempregados,que segundo aempresa pretende “mitigar osefeitos da crise global e da derrocadada cotação das commoditiesmetálicas” (Valor Econômico,21/1/2009).Outra grande empresa demineração, a Anglo American,anunciou a suspensão temporáriada produção da sua maiormina em Caracas, na Venezuela.Em 2007, essa mina de níquelfoi responsável por 60% daA mineradora anglo-australiana Rio Tinto divulgou que vai cortar 6%de sua produção de alumínio.produção total da empresa.As demissões em massa sãouma conseqüência fundamentalda crise histórica do capitalismo.O sistema capitalista nãoconsegue mais digerir a produçãomundial, diante da expropriaçãocrescente da classe <strong>operária</strong>e da imensa maioria das naçõesque não tem as mínimascondições de consumo.China: demissõesem massaNa China, a menina dosolhos do capitalismo, conhecidopor seu potencial de “economiaemergente”, aparece nocenário mundial como um paísem uma espiral de crise.Um dos principais termômetrosda crise é o desemprego.Milhares de fábricas foramfechadas e as previsões de demissõespara o primeiro semestresupera o total dos últimoscinco anos chegando aquase 15 milhões de trabalhadoresapenas no primeiro semestrede 2009. Esta onda dedemissões progride. No últimomês de 2008, o desempregona China subiu cerca de4,2%, uma massa de 8,86milhões de trabalhadores demitidos.A crise tende a seagravar. “Estatísticasdo Ministério dizemque 10 milhões de migrantesrurais, de umtotal calculado em 200milhões, voltaram a trabalharno campo pornão achar emprego noano passado. Essa reversãodo êxodo ruralchinês deve se repetirem 2009” (Folha deSão Paulo, 21/1/2009).A queda do PIB(Produto Interno Bruto)da China é outragrande conseqüênciada espiral. Segundo oBird (Banco Mundial)o PIB, isto é, toda riquezaproduzida naChina, deva retrair em2%, em relação à 2008.A idéia de que a China emergiriacomo “potência” capitalistado século 21, tendo comobase um regime político umaditadura pró-imperialistas deum “partido comunista” quesubmete a classe <strong>operária</strong> chinesaa um regime de verdadeiraescravidão com salários situadosentre os mais baixos domundo, está ruindo assimcomo todos os “modelos” dedesenvolvimento amparado nocapitalismo que entrou em colapsocomo parte de sua crisehistórica, de seu esgotamento.Essa situação provoca umbrutal ataque da burguesia eseus governos de “esquerda”e de direita às condições devida das massas, mas terácomo contrapartida uma brutalreação das massas que vai“balançar” e fazer cair os regimessustentáculos desta situação.EUA: falso suicídiopara não pagardívidasO empresário norte-americano,Marcus Schrenker, foi presopor tentativa de forjar a própriamorte deixando cair o aviãoque pilotava. Marcus foi presoem um acampamento em Quincy,ao Norte da Flórida, ondepassava a noite.O plano do empresário previaum vôo com seu monomotor dacidade de Anderson, no estado deIndiana, em direção a Flórida.Quandosobrevoavao estado doAlabama, fez umchamada de socorroalegando que o vidrodianteiro da aeronavehavia estilhaçado e eleestava sangrando.Ao final da chamadaele colocou o avião nopiloto-automático eejetou do avião.Quando os aviões desuporte da Força Aéreachegaram, elesencontraram o aviãoplanando sozinhosem um condutor,indo em direção à cidadede Milton, ondecaiu numa regiãopantanosa próxima auma área residencial.Ao checar o históricodo empresário,notou-se queeste era proprietáriode três empresas que vinhamsendo investigadas por autoridadeslocais de Indiana. Em janeirode 2007 a polícia havia invadidoa casa de Schrenker com a intençãode buscar anotações, fotografiase computadores relacionadosàs empresas. Dois dias antes daqueda do avião, um juiz em Marylanddeterminou que uma dasempresas de Schrenker, a HeritageWealth Management Inc.,deveria pagar uma dívida de US$533 mil para uma seguradora.Este fato é um índice queindica como a burguesia e apequena burguesia norte-americanaestá reagindo e reagirá àcrise. É uma manifestação docaos provocado pela perda depoderio econômico nos setorespatronais norte-americanos.Japão:dekasseguisprotestam contraas demissõesA comunidade brasileira é a terceiramaior imigrante no Japão.Estrangeiros, entre os quaismilhares de brasileiros (dekasseguis)que foram ao Japãoem busca de melhores saláriose emprego, são os primeirosa sofrerem com as conseqüênciasda crise capitalistaque acertou em cheio as indústriasautomobilísticas e eletrônicasnaquele país.Isso porque os trabalhadoresjaponeses são protegidospor rígidas leis em oposiçãoaos trabalhadores estrangeiroscom contratos temporários.A comunidade brasileira é aterceira maior imigrante noJapão com cerca de 320 milpessoas, atrás apenas dos coreanose chineses.Diante de milhares de demissões,os dekasseguis manifestaram-se,na última semanacontra as demissões e pelaperda de suas moradias, queeram garantidas pelo vínculode trabalho.Segundo o organizador damanifestação, o sindicalistaFrancisco Freitas, presidentedo Sindicato dos TrabalhadoresEstrangeiros no Japão e doSindicato dos Metalúrgicos daprovíncia de Shizuoka, reuniram-senas ruas de Hamamatsucerca de 250 trabalhadoresbrasileiros recém-demitidos,pedindo medidas de proteçãoao governo local.A medida do governo deShizuoka diante da manifestaçãoé insuficiente: ofereceu aosestrangeiros 125 apartamentosque podem ser alugadospor até um ano, sem fiador oucaução, a valores subsidiados.Caso o número de inscritos supereo de imóveis, os inquilinosserão escolhidos por sorteio.Espanha:desempregoaumenta em 50%em 2008É a taxa mais alta desde 1996.Apenas em 2008 o número dedesempregados aumentou46,96%. Em dezembro do anopassado, a lista de desempregadosfoi acrescida de 139 mil pessoas,um aumento de 4,6% emrelação ao mês anterior.A própria secretária-geral deEmprego do governo espanhol,afirma que a tendência é a de aumentoda taxa de desempregadosno país em 2009.Essas altas taxas de desempregosão o reflexo da crise internacionalda economia, ondeos mais prejudicados são os trabalhadores.As lutas contra as demissõessão o primeiro round da luta declasses mundial. A crise economiamundial vai levantar a classe<strong>operária</strong>, em todo o mundo,contra os capitalistas e seu regimese exploração.ABORTO NA BOLÍVIAEvo Morales se coloca contra direitos das mulheres e homossexuaisO presidente da Bolívia,Evo Morales, apresentou projetode alteração constitucionalvotado em referendo nodomingo, 25, pela populaçãoboliviana.Em um projeto aparentementeprogressista de modeloconstitucional que traz emseu texto o reconhecimento dadiversidade da população indígena,discute a posse da terra,línguas oficiais e cultura nacional,Morales revela seu conservadorismoe um projetoconciliador, mantendo as mulheressob o tacão da Igreja eda lei que proíbe o aborto, bemcomo a proibição da união civilentre homossexuais.A postura do presidente bolivianoé muito semelhante a dopresidente do Equador, RafaelCorrea, que também realizoumodificações constitucionaisignorando as reivindicaçõesfemininas e homossexuais.Assim como aconteceu noEquador, primeiro a Igreja“acusou” o projeto constitucionalde “abrir as portas” parao aborto e o casamento homossexual.Imediatamente,Morales, assim como fez Corrêa,declarou publicamente:“Somos da cultura da vida”, eMorales revela seu conservadorismo mantendo as mulheressob o tacão da Igreja e da lei que proíbe o aborto.ainda que o casamento é “entrehomem e mulher”.Diante das “acusações”dos setores conservadores,que Morales diz combater emseu governo, opositores queprovocaram uma onda de violênciae assassinatos dos defensoresdo governo, ele nãoapenas aproveitou para repetira ladainha cínica da Igrejade “defesa da vida” como aindafez questão de “rebateracusações de que seu governose preocupa apenas com osmais pobres e os indígenas,conforme o discurso adotadopelas forças políticas de oposição”(ABI - Agência Bolivianade Informação)Ao mesmo tempo em queMorales procura se apresentarcomo a alternativa dos camponesese indígenas, maioria dapopulação boliviana, a pontode ser “acusado” de favoreceresses setores, ele mesmo seapresenta para “rebater a acusação”lembrando que “aprovouum empréstimo de US$200 milhões para grandes emédias empresas do país,como forma de atenuar osefeitos <strong>causa</strong>dos pela crisefinanceira internacional”(idem)Essa é a principal característicados governos de frentepopular. Aparência de democráticoe em defesa dos setoresoprimidos, mas com apropaganda de “um país paratodos”. A propaganda revelao verdadeiro caráter do governo,que submete os interessesde toda população ao de umaminoria reacionária. Assimcomo faz o governo Lula, como slogan “Brasil, um país detodos” para disfarçar um governode ditadura dos banqueirose total submissão àIgreja e ao imperialismo.Essa é a política que prevalecehoje na maioria dospaíses latino-americanos. Algunsaliados do imperialismonorte-americano, outros comgovernos mais nacionalistas,da burguesia nacional; todosgovernos de conciliação declasses, que coloca os interessesda maioria da populaçãoà reboque de uma minoriaparasitária.Essa é também uma experiênciamuito importante paratoda a classe trabalhadora latino-americana,como tambémpara todos os setoresoprimidos. É a clara demonstraçãode que os governosburgueses e o capitalismo nãoserão capazes de cumprir nemmesmo as tarefas democráticasdos países atrasados.O exemplo mais acabadodisso é a situação das mulheresnesses países. Nem mesmoos direitos democráticosdas mulheres, como o direitoao aborto, podem ser contempladosna fase atual de decadênciae crise do regime.COLÔMBIACerimônia de entrega de corpos de vítimas expõe crise do governo de UribeÀs vésperas das eleiçõescolombianas, o governo doaté então “popular” ÁlvaroUribe vive uma enorme crise,resultado da falência da políticaimperialista para a AméricaLatina.Foi realizado no fim de semana,entre os dias 10 e 11,uma cerimônia de entrega àsfamílias de três corpos de indígenasassassinados pela direitacolombiana. A cerimôniafoi realizada em um povoadolocalizado nas imediações deBogotá.Também no final de janeiro,cinco famílias da cidade deBarrancabermeja, um portopetroleiro sobre o rio Magdalena,localizada na região centralda Colômbia, sepultaramseus parentes assassinadospor paramilitares em maio de1998. Os mortos fazem partede um grupo de 25 jovensoperários que foram brutalmenteassassinados durante arealização de uma greve nestamesma cidade.A entrega destes oito corposfaz parte dos primeirosresultados de uma operaçãoque se iniciou em 2003, coma aprovação da lei “Justiça ePaz”, que segundo o fiscalLuis Gonzáles tem o objetivode identificar cerca de 30 mildesaparecidos nos últimosanos, todos vitimas de assassinatose torturas de gruposparamilitares que atuam aolongo de décadas a frente dogoverno colombiano.O fiscal, que trabalha aolado de mais 16 pessoas, afirmater a localização de pelomenos 1.500 cadáveres enterradosem fossas, dos quaiscogita poder identificar cercade 450. “Já é algo”, diz o fiscalGonzales, que reconheceque ainda há muito trabalho afazer (El País, 10/1/2009).A lentidão dos trabalhosserve para desmascarar totalmentea política do imperialismoe dos seus defensores da“democracia”, como queremapresentar o atual presidenteÁlvaro Uribe, que segue àfrente do país cometendo osmesmos crimes das ditadurasmilitares dos períodos anteriorese dos grupos de direitaque há décadas vem impondoum verdadeiro terror sobremilitantes de esquerda, jovens,Uribe criou a Convivir, que servia para financiar milíciasfascistas contra camponeses.operários e camponeses.Uribe, que apesar de todaa campanha da imprensa próimperialistade que teria índicessuperiores a 70% de aprovação,está passando, as vésperasdas eleições colombianas,pela maior crise políticade seu governo. O esgotamentode seu mandado podeser constatado em novembrodo ano passado, quando teveque fugir de uma reunião commais de 40 mil indígenas quese reuniram na cidade de Calipara discutir a lei de terras nopaís.Na ocasião, a reunião foiencerrada sob vaias e insultosao presidente colombiano,que era chamado pelos indígenasde “paraco, paraco”,que significa “paramilitar”.Uribe, antes de se tornar presidente,foi responsável pela organizaçãode uma das maioresredes cooperativas de latifundiários,a Convivir, que servia parafinanciar milícias fascistas contracamponeses, sindicalistas,jornalistas, intelectuais de esquerdae, obviamente, guerrilheiros.Esta organização atuoucomo um autêntico esquadrãoda morte na Colômbia e é apenasum dos tentáculos de umacomplexa rede financiada pelaCIA envolvendo os paramilitares,empresários, juízes e parlamentarescorruptos e de direita.O aparecimento das vítimascovardemente assassinadaspelo regime dos militares e governos“democráticos” de direita,apoiados em milícias fascistasde latifundiários e pelo imperialismonorte-americano,que é o caso do governo de Uribe,é a expressão do enorme enfraquecimentodo regime políticocolombiano e da direita naAmérica Latina, como parte dafalência política e econômicados governos pró-imperialistase do próprio imperialismo emmeio à crise histórica do capitalismo.


25 DE JANEIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA INTERNACIONAL 18POSSE DE OBAMAUma “mudança” sob medida para a crise do imperialismoCerimônia de posse se dá em meio ao colossalaprofundamento da crise histórica do capitalismo, e àsvésperas de uma nova etapa das lutas do movimentooperário mundial contra o imperialismo norte americanoDe acordo com informaçõesdas autoridades norteamericanas,evidentementeexageradas, mais de dois milhõesde pessoas estavam presentesdurante a posse donovo presidente Barack Obama.Os números teriam superadoo recorde de 1963, durantea posse de Lyndon Jonhson,que contou na épocacom cerca de 1,3 milhões depessoas, outro exagero evidente.A multidão, que se estendiadas portas do Capitólio, sededo Congresso norte-americano,passando por todo gramadoNacional, até o Memorial àLincon, estava aguardando odiscurso de posse do primeiropresidente negro do país. Acerimônia teve início na parteda manhã, mas apenas porvolta das 14:30h (horário deBrasília) chegaram os antigoschefes de estado norte-americanos– Jimmy Carter, GeorgeBush “pai”, George W.Bush, “o filho”, e Bill Clinton– para acompanhar o evento.Antes do discurso de Obama,houve ainda alguns discursos,como de seu vice,Joe Biden, e a apresentaçãoda cantora negra ArethaFranklin, conhecida com “rainhado soul”, que cantou amúsica patriótica “My country‘tis of thee”. Apenas porvolta das 15 horas, meio-diaem Washington, é que teveinício o juramento e o discursode posse do presidente.Um falso otimismopara enfrentar acriseO evento foi transmitido aovivo não apenas para todos osEUA, como também para quasetodos os países do mundo.Toda essa verdadeira campanhapró-Obama, realizada nasúltimas semanas em torno daposse do novo presidente temcomo objetivo passar uma umaimagem de otimismo e, maisimportante ainda, de amplo apoiopopular a Obama, que é na realidadea tentativa do imperialismoe de todos os governos burguesesdo mundo de apresentar estacomo uma “nova fase” da “democracia”norte-americana, buscandose opor à crescente percepçãodo verdadeiro colapso em queestá mergulhado o capitalismo, aoclima de derrota do imperialismoprovocado pelo recuo das tropasgenocidas de Israel, na Palestinaetc.E foi das escadarias do Capitólio,defronte de milhares depessoas, e para todo o mundo, queObama começou seu discursoagradecendo seu antecessor,George W. Bush, “pelos serviçosprestados à nação”. Obama buscouapresentar-se como sendo oportador de uma nova políticapara atender a expectativa dasmassas. Não há dúvida de quehaverá uma “nova” política, masé preciso compreender, antes demais nada o caráter e os limitesdesta política.Por um lado, o imperialismoprecisa recuperar autoridade políticapara arbitrar em meio àcolossal crise capitalista, o quenão é possível fazer apenas atravésda violência, o que ficou demonstrandopelo enorme fracassodo governo Bush. Por outro,buscará perseguir os mesmosobjetivos, que são os do imperialismonorte-americano, da suadefesa, por meios que permitamcriar uma base de sustentaçãopara esta política, destruída porBush e pelos governos anteriores.Em seu discurso, Obama dá otom desta campanha, anunciandoque mesmo nos “momentosdifíceis”, isto é, de completa bancarrotado sistema financeiro e docapitalismo mundial, “a esperançavence o medo” e “a tempestadeserá superada”, palavras ocasque não apontam nenhuma saídaconcreta para o verdadeiro “becosem saída” em que se encontra oimperialismo, que não consegueoferecer outra alternativa para acrise econômica, a não ser mantera mesma política de financiamentodos grandes capitalistas àscustas da expropriação cada vezmaior da classe <strong>operária</strong> dos paísesoprimidos e também norteamericana.Para realizar esta proeza,será necessário controlar asmassas, em primeiro lugar, dentrodos EUA.Já no dia de hoje está previstauma reunião de Obama com suaequipe econômica para tratar dosdetalhes do novo pacote de “ajuda”aos capitalistas – que começoua ser preparado no governoBush – que deve alcançar a quantiarecorde de US$ 850 bilhões.“Coragem para enfrentar asEm seu discurso, Obama deu o tom desta campanha, anunciando que mesmo nos “momentosdifíceis”, isto é, de completa bancarrota do sistema financeiro e do capitalismo mundial, “aesperança vence o medo” e “a tempestade será superada”, palavras ocas que não apontamnenhuma saída concreta para o verdadeiro “beco sem saída” em que se encontra o imperialismo.guerras, assim como foi feito emoutros tempos” (...), “nossossoldados já foram outras vezespara outras partes do mundo lutarpor melhores condições devida e hoje, assim como no passado,novos homens cumprem amesma tarefa”, disse ao se referirsobre as tropas americanas invasorasdo Iraque e do Afeganistão,um dos principais, senão ofundamental, motivo de crise dogoverno Bush. A declaração deixaclaro que um dos grandesdesafios de Obama será o demanter em pé o poder da enormeforça militar norte-americana diantedo colapso da política deguerras que vem desde RonaldReagan, após a derrota no Vietnã.Obama enfrenta seus própriosvietnãs.As expectativas de mudançasdas massas norte-americanascom o governo de Obama tendea provocar um enorme choque damaior e mais importante classe<strong>operária</strong> do mundo contra a suaburguesia. O fracasso da ofensivaimperialista no Oriente Médio,representado agora pela derrotado exercito de Israel na Faixa deGaza, e na América Latina, coma desmoralização da direita naBolívia, Venezuela e na Colômbia,coloca a burguesia norte-americanafrente a frente com a sua própriaclasse <strong>operária</strong>.Os trabalhadores norte-americanos,que no último períodoestão vendo piorar em muito assuas condições de vida – principalmenteos setores mais exploradoscomo os negros e imigrantes– com aumento do desemprego,cortes de gastos sociais dogoverno etc., tudo para financiarum pequeno punhado de parasitasde Wall Street, estão àsvésperas de se levantar paracobrar as “mudanças” tão prometidase protagonizar uma dasmaiores e mais violentas lutascontra o poder do imperialismomundial. As margens de manobrade Obama são estreitas, o queaponta para um agravamento dacrise apesar de todas as manobraspolíticas do imperialismosob o novo governo.GUANTÁNAMOMudar tudo para manter tudo no mesmo lugarO recém-presidente dosEUA, Barack Obama, em seu segundodia de mandato, fez valernesta quinta-feira (22) umade suas promessas de campanhaassinando um decreto pelofechamento do centro de detençãode Guantánamo no prazo deum ano. Obama decretou tambémem Washington outrasduas ordens executivas: a revisãodos processos contra acusadosde atos terroristas e aproibição de métodos de torturaem interrogatórios.Com estes decretos, Obamaprocura mostrar um giro de 180graus em relação à política deseu predecessor, George W.Bush. Nos oito anos de Bush, oimperialismo norte-americanoinvadiu o Afeganistão, o Iraque,além de ter dado apoio indiretoem muitos outros lugares - incluindoa América do Sul. Ogoverno dos EUA aprovou emsua legislação a aplicação datortura contra “combatentesestrangeiros”, sendo a base deGuantánamo o maior símbolodos horrores aplicados peloimperialismo.“Fechar o centro de detençãode Guantánamo é parte da políticaexterna, dos interesses dosEUA e dos interesses da Justiça”,disse Obama durante umaentrevista coletiva (AFP, 22/1/2009). Sobre o destino dos 245prisioneiros que continuam nabase militar, no entanto, disseque discutirá “mais tarde”. Algunspaíses europeus oferecemasilo aos prisioneiros que osEUA não querem receber emseu território. Até agora, Alemanha,Portugal, Irlanda e Suíçaanunciaram sua disposição emdar asilo político aos prisioneirosde Guantánamo.Aprovar o fechamento dabase de Guantánamo em doisdias de mandato cumpre a funçãode adiar o desgaste da opiniãopública e prolongar o otimismorelativo à sua presidência.Com estes decretos, Obama procura mostrar um giro de 180 graus em relação à política de seupredecessor, George W. Bush. O Partido Democrata nunca se viu tão obrigado a cumprir suasobrigações de pilar do imperialismo e tábua de salvação do Partido Republicano e do regime.Pressionado pelo fechamentode Guantánamo, Obama podeconduzir a mudança apenas atécerto ponto, isto é, somente doponto de vista formal, declarandoencerradas as atividades emGuantánamo porque esta é aprisão mais conhecida e mantendo- clandestinamente - basesmilitares e prisões secretascontroladas pela CIA espalhadaspelo mundo todo.O governo Bush foi derrotadodevido a sua política semmáscaras. Cabe agora a Obamaa sua tarefa de levar adiante estapolítica por outros meios, quePressionado pelo fechamento de Guantánamo, Obama pode conduzir amudança apenas até certo ponto, isto é, somente do ponto de vista formal.sejam capazes de fazer frente àcrise que levou à decomposiçãocompleta do regime políticonorte-americano e do imperialismomundial.Obama não foi simplesmenteeleito pelo povo norte-americano.Acima de qualquer coisa,foi o tradicional clube dos maioresempresários e trustes quea humanidade já viu que o escolheramjustamente para imporuma barreira à tendência auma mobilização independentee revolucionária dentro da maiorpotência mundial, uma tendênciaque já deu os seus primeirospassos com uma vitoriosaocupação de fábrica em Chicagoe uma outra ocupação tambémvitoriosa dos estudantesuniversitários em Nova Iorque.O Partido Democrata nuncase viu tão obrigado a cumprirsuas obrigações de pilar do imperialismoe tábua de salvaçãodo Partido Republicanoe do regime político.O Partido Democratasempre foi o partidoque salvou os republicanosde sua ruína.Desta vez não é diferente.A mudança, talvez,seja o fato do partidode Bush e a burguesianorte-americanaestar mais desmoralizadado que nunca.Barack Obama foieleito como um símboloda nova geraçãodo Partido Democrata,porém não é o homemda mudança que muitosesperam, mas apenas o homemda mudança que o imperialismonecessita. Por trás dele está amesma burguesia decadenteque orquestrou todo o processopolítico de mudar as coisaspara que tudo fique exatamenteno mesmo lugar, ou seja, daruma nova cara à política imperialista,mas que leve ao mesmorumo de sempre, oprimir ospovos de todo o mundo.O imperialismo vem sendopressionado pela sua própria crise,o colapso financeiro, a catástrofeeconômica que já se fezsentir no dia-a-dia com a falênciae o fechamento de empresas,o desemprego e a profunda recessãoque se espalha por todoo mundo.O que está em jogo não sãomedidas puramente institucionais.O fechamento de Guantánamoexpressa a decisão e ocompromisso da burguesia norte-americanae do imperialismomundial sobre a alteração dosrumos da política dos EUA. Oscálculos são todos baseados nasituação política mundial, a umpasso de explodir e desencadearum movimento revolucionárionos quatro cantos do planeta.No que diz respeito às questõesessenciais, como a políticaeconômica, Obama já mostrouque se coloca claramente napolítica anterior. Neste momento,ante os olhares de toda a humanidade,no segundo dia demandato, aprova questões queestão entre as expectativas popularese a realidade da crise imperialista.Nesse sentido, vale o que disseObama em seu primeiro discursocomo presidente: “Nãonos desculparemos por nossomodo de vida, nem baixaremosnossas defesas. Seguimos sendoa nação mais poderosa epróspera da terra”.Posse de Obama não animaespeculadores e bolsas caemAutoridades paquistanesasinformaram que mísseis lançadosde um avião-espião norteamericanomataram dez pessoasao leste da fronteira com oAfeganistão, no vilarejo de Zharki,na última sexta-feira, dia 23.O avião teleguiado lançou trêsmísseis atingindo dois prédiosDiante da evidência de queo governo democrata e o conjuntodo imperialismo não temnenhuma alternativa à fracassadapolítica do governo Bushpara a crise capitalista, toda apropaganda (ou conversa fiada)da imprensa burguesa deque a posse de Barack Obamana presidência dos EstadosUnidos representava o começode uma nova etapa e umestímulo ao mercado, não refletiuminimamente no mercadoespeculativo ou como preferemos “analistas” do mercado“”não teve influência sobreo humor dos investidores naúltima terça-feira, dia 20. Odiscurso positivo não foi suficientepara tirar o foco dos problemasdo setor financeiro norte-americano”(ValorOnline,20/1/2009).Os próprios “investidores”norte-americanos não se sentiramestimulados e os principaisíndices financeiros doPaís despencaram: Dow Jonescaiu 4,01%, enquanto o Nasdaqrecuou 5,14%. “Segundoo diretor de investimento daVictoire Finance Capital, AndréCaminada, o discurso deObama foi típico de quementra com vontade” (idem).No entanto, mas do que “vontade”para impulsionar novosganhos para os especuladoresdo setor financeiro seria necessário,neste momento, umverdadeiro milagre diante daonda acelerada de perdas dosbancos nos EUA e Europa.“São Obama”, como ficouperto de anunciar a imprensa,não apresentou em seu discursoou em qualquer manifestaçãono dia da posse, qualquerdetalhe sobre o novo pacote de“socorro” econômico, estimadoem cerca de US$ 825 bilhões,conforme alguns agentesde mercado desejavam. Faltarampalavras que refletissemações concretas que pudessemsurtir efeito diante da crise.“Esperava que o discursotrouxesse certo alívio às notíciasde hoje, o que não aconteceu”,declarou um operador àInvestnews (20/1/2009). Analistasafirmaram ainda que “oque azedou o humor dos investidoresfoi a divulgação de novasnotícias envolvendo o setorfinanceiro” (idem), taiscomo a nova leva de demissõesno Bank of America (BofA) quedeve atingir 4 mil trabalhadores,depois que o banco norteamericanojá havia anunciado,em dezembro último, o cortede 53 mil vagas nos próximosanos.Acompanhando as tendênciasinternacionais, a Bolsa brasileira,Bovespa, zerou com asperdas de ontem todos os ganhosobtidos pelos especuladoresque aqui operam. No finaldo pregão, o Ibovespa registroubaixa de 4,01%, com37.272 pontos.Sobre o mercado brasileiro,Caminada, refletindo a “ondarealista” que domina o mercado– depois que fracassaram astentativas de apresentar o Brasilcomo “imune” à crise avaliouque “a Bovespa passou a espelharo cenário de um ano maisdifícil do que o esperado anteriormente”.E lamuriou-se: “oque choca é ver que o Brasil vaiestar mais inserido nessa turbulênciamundial do que queríamos”(idem). Ou seja, a realidadesuperou toda a ladainha dogoverno Lula que insiste emdizer cinicamente que a economiabrasileira estava blindada.Míssil disparado por aviãonorte-americano mata dezpessoas no Paquistãona região, em um intervalo de 10minutos. Este foi o primeiroataque dos Estados Unidos emterritório paquistanês desde aposse de Barack Obama comopresidente. Desde meados doano passado mais de 30 ataquesforam feitos contra territóriospaquistaneses.Leia a cobertura internacional nojornal diário do <strong>PCO</strong> na Internetwww.pco.org.br


25 DE JANEIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA INTERNACIONAL 19FAIXA DE GAZADerrota de Israel, derrota do imperialismoRetirada das tropas sionistas da Faixa de Gaza significamais uma derrota da política imperialista no OrienteMédio, resultado da heróica resistência dos palestinose das enormes manifestações em todo o mundo, emespecial nos países árabes; uma vitória da classe<strong>operária</strong> de todo o mundo contra o imperialismoDepois do premiê israelenseEhud Olmert, no último sábado,ter anunciado unilateralmente umcessar-fogo, suas tropas começama se retirar da Faixa de Gaza,ontem. Enquanto isso, as forçaspoliciais do Hamas (Movimentode Resistência Islâmica) já começama reocupar as principaisruas da cidade de Gaza.O cessar-fogo é um enormerecuo do Estado israelense, queapesar das declarações de que“os objetivos foram atingidos”,saem da Faixa de Gaza em meioa uma enorme desmoralização.Os israelenses passaram pelamesma situação em 2006 noLíbano, quando após 34 dias demassacre da população, tiveramque sair do país por conta daextraordinária resistência dopovo libanês através do grupoarmado Hezbollah e da pressãointernacional dos povos árabes,expresso pelas declarações dopresidente iraniano, MahmoudAhmadinejad, que na épocaanunciou: “se o regime sionistacometer outra ação estúpida eatacar a Síria, este ataque seráconsiderado como um ataquecontra todo o mundo islâmico”(Tribuna da Imprensa, 14/7/2006).Vitória do povopalestino e doHamasIsmael Haniyeh, a principalliderança do Hamas na Faixa deGaza, em mensagem televisionadano domingo (17), declarouque o cessar-fogo foi um“triunfo” e que o “inimigo fracassouem atingir seus objetivos”.Apesar da trégua anunciadapor Israel e aceita pelo Hamas,alguns grupos palestinos de resistência,como a Frente Popularde Libertação da Palestinaanda não aceitaram o cessarfogoe continuam a atacar oexército israelense enquanto astropas invasoras não abandonaremtotalmente o seu território.A derrota da Israel, expressaatravés da retirada de suastropas, é resultado da heróicaresistência dos palestinos e dasenormes manifestações emtodo o mundo, em especial nospaíses árabes, inclusive naquelesque são base de apoio aoestado sionista, como Egito, eCisjordânia, onde cresce acada dia a oposição ao governodo Fatah.A capacidade do Hamas paralançar foguetes contra Israelnão diminuiu durante a ofensivado Exército israelense, segundodeclarações das liderançasdo Hamas. “Nosso arsenalA falência do estado de Israel é um dos principais pilarespara a derrota do imperialismo mundial.de foguetes não foi afetado econtinuamos disparando durantea guerra, sem interrupção.Continuamos em condiçõesde disparar e graças aDeus nossos foguetes atingirãooutros alvos em Israel”, disseAbu Obeida, porta-voz dasBrigadas Ezzedine Al-Qassam,braço armado do Hamas, ementrevista coletiva na segundafeira(19).O holocausto da Faixa deGaza realizado pelo exército vaiprovocar aquilo que a burguesiamais temia e que a imprensaburguesa mundial chamoude “efeito colateral”, a demoliçãodo maior aliado do imperialismodentro do território palestino,o partido de “esquerda”,que como a quase totalidade daesquerda mundial, abandonouqualquer perspectiva real de lutapela revolução e pela vitória deseu povo para desfrutar dassuas relações incestuosas como Estado de Israel e o imperialismomundial, servindo claramenteaos interesses da burguesiamundial em controlar astendências revolucionárias presentesna Palestina e em todo oOriente Médio.O próprio Hamas, um dosprincipais alvos da covardeagressão sionista sai fortalecidodo massacre, como expressão –ainda que com profundas limitaçõespolíticas – da revolta e heróicaresistência do povo palestino,constituindo-se num dosfatores da derrota política sofridapor Israel.Viva a revoluçãomundialO Hamas e todos que lutaramna Palestina e em todomundo saem fortalecidos. Aderrota de Israel vai animarainda mais a luta dos povosmassacrados pelo imperialismono Iraque e no Afeganistãoque estão cada dia mais pertode uma nova e espetacular vitóriacontra o imperialismomundial.Saem enfraquecidos o regimesionista de Israel e seus senhores,o imperialismo norteamericano.A resistência palestinana Faixa de Gaza e a crescentepressão dos povos árabescolocou em xeque a existênciado próprio Estado de Israel,abrindo caminho para uma violentaluta contra a política deopressão imperialista nesta queé uma das regiões mais ricas empetróleo do mundo e possuiuma das populações mais miseráveisdo planeta.Perdem também os governospseudo-nacionalistas doOriente e de todo o mundo quemostraram não ser capazes deir além de inúteis palavras naoposição ao imperialismo.Foram totalmente derrotadospelos fatos – a prova fundamentalde qualquer teoria –os “esquerdistas” pequenoburgueses que não acreditam –minimamente – na luta independentee revolucionária dasmassas e procuram disseminara ilusão de que a vitória da revoluçãomundial é impossívelporque essa “esquerda” estácada vez mais débil por contade seus vínculos com a burguesiae seu Estado, tal comoacontece com a Al Fatah, naPalestina.Saudamos a vitória do povopalestino. Um sofrido, masglorioso capítulo da luta dosexplorados contra o imperialismoe da vitoriosa revoluçãosocialista mundial que está emmarcha.Depois doHezbollah, umanova derrotapolíticaA resistência no Líbano comandadapelo Hezbollah em2006 impôs uma derrota militarque abalou Israel, a maiorpotência militar do OrienteMédio. Agora, o cessar fogoem Gaza representa uma novaderrota política que poderá levarum levante geral contra oEstado sionista.Apesar de toda violência, eda inferioridade militar, opovo palestino resistiu naFaixa de Gaza e sua luta, aolado das mobilizações nospaíses árabes e em todo omundo está obrigando Israela realizar um cessar fogo parciale recuar.Os povos oprimidos de todoo mundo assistiram com grandeentusiasmo a declaração doprimeiro-ministro israelense,Ehud Olmert, ao anunciar umatrégua unilateral em Gaza apartir das 22h no sábado (17).O fracasso da investidacontra o povo palestino naFaixa de Gaza significará umaimportante derrota do Estadode Israel, braço armado doimperialismo norte-americanono Oriente Médio.A Faixa de Gaza é o territóriomais densamente povoadodo planeta, com 1,4 milhão dehabitantes para uma área de360 km². Cerca de 60% da po-pulação é composta por refugiados.Comparado com o Líbano,que possui o triplo da populaçãode Gaza - cerca dequatro milhões de habitantes.Apesar dessa enorme diferençaquantitativa, os jornaisburgueses anunciaram que “onúmero de palestinos mortospor Israel em três semanas deoperação militar contra o Hamasna Faixa de Gaza superouna sexta-feira (16) a quantidadede libaneses mortos pelasmesmas forças ao longo dos34 dias de ataque em 2006”(Folha de São Paulo online,17/1/2009). Foram assassinadoscerca de 1.160 palestinos,dos quais 400 mulheres e 300crianças, 4.700 civis feridos.Como podemos constatarpelos números, a força militardo Líbano é imensamente superiora dos palestinos da Faixade Gaza. Em 2006, quandoIsrael foi derrotado pelo Hezbollah,o país teve 120 militarese 43 civis mortos, já na lutacontra o povo palestino o númerode soldados israelensemortos em combates correspondea menos de 10% dasbaixas antes registradas.A carnificina imperialista naPalestina representa um capítuloda revolução mundialconstituindo uma importantevitória dos povos oprimidos. Abrutal agressão israelense contraas massas palestinas impulsionouuma reação generalizadadas massas pobres do Orientee em todo o mundo, constituindo-seem um elementoimportante no agravamento dacrise histórica do capitalismoem uma das regiões mais “explosivas”do planeta, nestemomento, o Oriente Médio.Somou-se à resistência militara luta em quase todos ospaíses do globo, onde acontecemmanifestações contra oholocausto promovido por Israelcom o apoio do imperialismodos Estados Unidos.PALESTINATropas israelenses deixam destruição e morte para trásOs disparos de um navio deguerra israelense contra umbarco de pesca palestino nacosta da cidade de Gaza na quinta-feira,dia 22 – deixando umhomem e uma menina mortos– confirmam a volta ao “normal”da rotina diária de opressãoe tirania do sionismo contraa população palestina.A reduzida fronteira permitidapara a pesca foi opretexto para o disparoque atingiu uma residênciaem um campode refugiadosacrescentando doismortos ao númerosurpreendente de maisde 1.300 que caíramapós mais de 20 diasde ataques israelensescontra o território palestino.Os navios israelensescontinuamdisparando a partir doMar Mediterrâneocontra a costa deGaza, mesmo após ocessar-fogo de domingopassado (dia18).Um segundo disparoatingiu uma áreapróxima a um depósitomantido pela ONU.A Faixa de Gazapermanecerá sitiadamesmo após a retiradadas tropas israelenses.Tanques e destacamentosserão mantidospróximos àsfronteiras e aviõesespiãocontinuarão asobrevoar o territóriopalestino. O acordo de cessarfogonão inclui a suspensão dasrestrições impostas por Israeldesde antes dos ataques sobreas fronteiras da Faixa de Gaza.A entrada de materiais de construçãoé vital para que a cidadepossa ser reconstruída, segundoafirmou à rede britânicaBBC o chefe da divisão humanitáriada ONU, John Holmes.Israel tem permitido apenas aentrada de alimentos e remédiosno território palestino.“Na teoria temos permissão,na prática está sendo bastantedifícil entrar em Gaza”, afirmouo membro da ONU.Ao mesmo tempo, o secretário-geralda ONU, Ban Kimooncondenou as medidas dedefesa tomadas pelo Hamas eafirmou que o lançamento defoguetes a partir de Gaza contraIsrael é uma violação de leishumanitárias básicas.Os relatos colhidos pela imprensainternacional atestam amaneira impiedosa com que osataques dos sionistas foram dirigidoscontra a populaçãomassacrada de Gaza. Cenascomo a execução sumária deO fósforo branco disparado pelos israelensesatingiu até mesmo edifícios da ONU.mulheres e crianças que se rendiamapós terem sido acuadascom mais de 30 pessoas abrigadasem uma casa deram otom da ofensiva (BBC, 21/1/2009).A destruição <strong>causa</strong>da porcápsulas de fósforo branco disparadaspelos israelenses atingiuaté mesmo edifícios daONU, tornando impossível escondero que vem sendo ocultadojá há anos pela venal imprensacapitalista internacionale os cínicos governos imperialistas.A arma química, capazde aderir à pele humana e <strong>causa</strong>rqueimaduras até os ossos,foi apresentada como ilegal pelaorganização imperialista – quenão tem, diga-se de passagem,como objetivo assumir a defesados palestinos e seus laresdestruídos pelos ataques israelenses- porém as maiores censurascontinuam reservadas aomiserável e desamparado povopalestino. As queimaduras <strong>causa</strong>daspor fósforo branco sãode difícil cicatrização e podem,ao mesmo tempo, ter a inalaçãoou ingestão de seus gasescomo elemento fatal.A população demais de 1,4 milhõesde pessoas está desamparada.Com oterritório fechado àentrada de jornalistasestrangeiros, aspoucas informaçõesdivulgadas até agoraapontam para umsaldo de mais de1.300 mortos, pelomenos um terço destetotal compostopor mulheres, criançase idosos.Um número igualmentegrande de feridostambém foideixado para trásapós os ataques,mais de 5.500.Mais de 22 miledifícios residenciaisforam severamenteabalados pelasbombas lançadaspor Israel. A Cidadede Gaza teve praticamentetoda suainfra-estrutura destruída,com canosde esgoto correndoa céu aberto e maisde quatro mil edifícioscompletamente destruídos.Estima-se ainda que maisde 50,8 mil palestinos deGaza estejam desabrigados ehá um número de mais de 400mil deixados sem água encanada.A energia elétrica funcionaapenas durante metade do dia.Mais de 100 mil pessoas foramdesalojadas.Cerca de 1.500 fábricas eateliês, 20 mesquitas, 31 instalaçõesde segurança e 10 encanamentosde água e esgotoforam demolidos.As informações, ainda preliminares,apresentam um retratoda destruição <strong>causa</strong>dapelo cão de guarda do imperialismonorte-americano noOriente Médio.Mulheres e crianças são as maioresvítimas na Faixa de GazaO mais recente balançodos serviços médicos da Palestina,mostra que o ataquede Israel de 27 de Dezembroa 17 de Janeiro matou 1330palestinos, entre os quais437 eram crianças, 110 mulherese 123 idosos. Os israelenses,que alegavamestar se defendendo, tiveramdez soldados e três civismortos.Os dados apresentadospela ONU (Organização dasNações Unidas) expõem aterrível realidade da região.Pelo menos quatro mil casasforam destruídas e outras17 mil parcialmenteatingidas. Mais de 51 milpalestinos estão sem moradiae 400 mil sem acesso aágua potável, expostas aoesgoto a céu aberto. Cercade 5.480 pessoas ficaramferidas.Em conferência à imprensana sede da ONU, em NovaIorque, John Holmes disseque da totalidade de feridos 1855 são crianças e 725 sãomulheres.O responsável da ONUconfirmou que Israel fezbombardeios indiscriminados.E o número de mortos éprovisório, pois a possibilidadeda existência de cadáveressobre os escombros é muitogrande.Organizações internacionaisde mulheres afirmam e jápublicaram documentos afirmandoque as mulheres palestinassão as principais vítimasno conflito com Israel,porque suportam a pior parteda guerra e a ocupação.Além de sofrerem abusosdiretos por parte do Exércitoisraelense, sofrem com asconseqüências indiretas,como o aumento do desempregoe a pobreza.As palestinas são vítimasde múltiplas violações derivadasdas políticas e restriçõesimpostas por Israel, etambém de um sistema denormas, tradições e leis.Há casos de restrições impostasà liberdade de circulação quelimitam o acesso das mulheresaos serviços médicos, à educaçãoe ao emprego.Há relatos de que muitasmulheres foram obrigadas a darà luz nos postos de controle, aolado da estrada e em certos casosos bebês morreram porqueos soldados israelenses as impediamde chegar a um hospital.As mulheres palestinassão as maiores vítimas, juntocom crianças e idosos dosúltimos ataques israelensesna Faixa de Gaza.OCUPAÇÃO DA PALESTINAA caminho de uma situação revolucionáriaEm reunião de emergênciarealizada em Doha, EmiradosÁrabes, o presidente do Irã,Mahmoud Ahmadinejad, exigiuque os dirigentes israelensessejam levados à Justiça pelaofensiva em Gaza, chamando“os líderes criminosos (de Israel)”de “responsáveis pelamorte de gente inocente”, segundocobertura da rede denotícias árabe Al Jazeera. Adeclaração do presidente iranianose deu em meio à reuniãoda Liga Árabe, na qual estavampresentes 13 dirigentesdos 22 países que fazem parteda organização.Apesar do Irã não fazer parteda Liga, foi convidado paraparticipar da reunião pelo emirdo Catar, xeque Hamad binKhalifa al-Zani, que começou areunião criticando o presidenteda Autoridade Nacional Palestina(ANP), Mahmoud Abbas,por não assistir à cúpulade chefes de Estado árabes.“Esperávamos que nosso irmãoMahmoud Abbas estivesseconosco para discutir oassunto de sua gente” (idem).Representantes de grupospalestinos como Hamas, JihadIslâmica e a Frente Popularpara a Libertação da Palestinatambém estavam presentes aoencontro. O representante doHamas, Khaled Meshaal, emseu discurso afirmou que oconflito na Faixa de Gaza nãoé apenas contra o Hamas e quea “agressão foi lançada depoisde Israel se dar conta de quenão haverá nenhuma soluçãosem a criação de um Estadopalestino e sem a restauraçãode Jerusalém, por isso quisimpor novas regras para acabarcom a resistência” (idem).Para um cessar fogo porparte do Hamas, Meshaalanunciou suas condições: otérmino da agressão israelensecom imediata retirada dastropas de Israel da Faixa deGaza, o fim dos bloqueios quea região sofre a cerca de doisanos e a reabertura do postofronteiriço de Rafah, ao sul dopaís, na divisa com o Egito.O “número um” do Hamasjá havia se posicionado sobrea proposta israelense, dizendoque “não vamos aceitar essascondições para um cessarfogo e que a resistência continuaráenquanto durar a ofensivaem Gaza” (El País, 16/01/09). A posição do Hamas e dosdemais países árabes que participaramdo encontro e queestão profundamente pressionadospela enorme revolta popularem seus países contra ogenocídio promovido por Israeljoga um balde de água frianas pretensões israelenses e doimperialismo.Apesar da tentativa dos governosárabes “moderados”em forçar um acordo de capitulaçãoaos palestinos, quepara se contrapor ao encontroem Doha realizam uma reuniãono Kuwait com a presençade ministros da Arábia Sauditae Egito, está cada vez maislonge qualquer cessar fogo.Até agora foram assassinadosmais de 1.100 palestinos, sendoa maior parte das vitimascompostas de civis.


25 DE JANEIRO DE 2009 CAUSA OPERÁRIA CULTURA 20A Valsa Clotho A escultora Camille Claudel As faladeirassação que de certa maneiratambém lhe proporcionava ocontato com clientes importantespara financiar sua atividade.Mas desde esta época,porém, lhe <strong>causa</strong>va cada vezmais incômodo o fato de Rodinnão se decidir por separar-sedefinitivamente de sua esposa,Rose Beuret.Do início da década de1890 em diante, a relação dosdois será cada vez maisassediada pelos problemasmateriais e afetivos de Camille.Conforme passavamos anos, essa indefinição<strong>causa</strong>va nela uma grandeagitação e incerteza comrelação ao seu futuro.UMA ARTISTA EMASCENSÃOA partir de1892, com aintensificaçãodasb r i g a se n t r eClaudeleR o -d i n ,a l é mde ump r o -v á v e la b o r -to, fica v aclaroorumo que tomava a relação dosdois artistas. O final era certo.Neste mesmo ano, Rodin iniciauma série de esculturas citadascomo o marco final de suarelação com Camille. Primeiroa série A Aurora, A Convalescentee O Adeus; e a seguir asestátuas Orfeu, onde o músicomitológico implora o retorno65 anos da morte da escultora - parte IIde sua amada, e a fantásticaOrfeu e Eurídice, todas datandode 1892-93, constituindovariações da mesma alegoria,representando a perda da mulheramada.Ao mesmo tempo, despontavana obra de Camillea força renovada de uma expressividadeincandescentee sensível. Algumas de suasobras capitais são exatamentedeste período.Com o intuito de pressionarRodin para separar-se deuma vez por todas de Rose,Camille muda-se para o Boulevardd´Italie, afastando-setemporariamente dele, semromper relações, contudo.Nesse breve retiro, ela executaa espantosa esculturaA Pequena Castelã, absurdaem sua vivacidade e levezade traços, além da belíssimaA Valsa, representando umcasal apaixonado dançandoem estado meditativo, e aespantosa Clotho, esculturamais significativa do período,uma reflexão sobre a velhice ea decadência, temas que preocupavamentão Camille. Outraobra significativa do períodoé o busto Rodin, exposta em1892, com recepção favorávelpor parte da crítica. Era umavisão idealizada e imponentedo artista, sério e patriarcal,que contrastava vivamentecom os esboços em desenhorealizados por Claudel, quemostrava um Rodin maiscaricato, ridicularizadocomo figura grotescae decadente,ao lado de umafigura esquálidarepresentandoRose, uma caricatura da farsaque Rodin insistia em representar.Em 1894, com a intensificaçãoda briga entre os dois,somado com a pressão que oartista estava sofrendo pelascríticas à sua obra mais ambiciosa,Balzac - onde o grandeescritor era representado,Entre os anos de 1887e 1890, Rodin executavasua obra capital,As Portas do Inferno.Entre os inúmeros gruposescultóricos presentes nestegrandioso projeto, em 1888 eleconcebeu a figura O Pensadorque, anos mais tarde, alcançariaseu pleno êxito comoescultura independente. Apenasum ano mais tarde, Rodinparticipa de uma exposiçãodecisiva em sua carreira, juntamentecom alguns quadros dojá consagrado pintor impressionistada primeira geração,Claude Monet, que consolidamde maneira definitiva o nomedo escultor como figura deproa do movimento renovadordas artes e representantelegítimo do impressionismoem escultura. Ele estava entãocom quase cinqüenta anos, eracasado com uma respeitávelsenhora de sociedade e desfrutavade uma razoável situaçãofinanceira. Nos bastidores desua vida, morando em umde seus muitos ateliês, mascom uma participaçãoativa tanto em suaobra quando em seucoração e pensamentos,estava CamilleClaudel, quenaqueles anos, apesarde já possuir umaidentidade artísticamadurae definida,possuía o status de umareles aprendiz, desprezadapela crítica como mera virtuosatécnica. No ano emque Rodin expõe ao lado deMonet, Claudel apresentavaseu impressionante busto APrece, uma jovem absorta emum profundo êxtase contemplativo,extraordinária emsua naturalidade. Ao lado doescultor mais velho em plenaascensão, Claudel amadurecetambém rapidamente, maspara ela, as portas estranhamentenão se abrem com tantafacilidade. Neste mesmo período,ela inscreve-se em umconcurso para a construção deum monumento em uma praçapública em sua cidade natal,mas tem seu nome recusadoapesar da mediocridade dosdemais participantes.Ela sentia dificuldades atémesmo em estabelecer contatocom outros jovens artistastambém em começo de carreira.Ser vista como a amante deum escultor consagrado muitomais velho que ela <strong>causa</strong>va escândaloentre a alta sociedadeconservadora e precaução porparte dos artistas jovens, queprocuravam inserir-se tambémneste mercado através de boasrelações com a clientela burguesa,a única capaz de pagarpela compra de mármores e afundição de bronzes.Apesar das dificuldadespráticas, sua relação amorosacom Rodin servia para elacomo uma compencenascorriqueiras. Uma, de1898, refletindo sobre a solidãoé O Profundo Pensamento,onde uma mulher descansaescorada em uma lareira; outraé Sonho ao Canto da Lareira, de1900, uma variação do mesmotema. Uma figura femininameditando em pose contemplativa,o rosto observandoArtista brilhante que teve sua história vinculada a um dos mais importantes escultoresmodernistas do século XX, Camille Claudel deixou sua marca na história da arte impressaàs custas de um imenso sacrifício pessoalnão à maneira clássica, masem distorções significativas,afim de ressaltar alguns traçosde sua personalidade -; Rodinresolve sair do país temporariamente,rompendo tambémcom Camille.Um ano antes, Camillehavia iniciado seu projetomais importante até então,um grupo de três estátuasintitulado A Idade Madura, emclara vinculação ao momentopresente de sua vida. Durantea ausência de Rodin, em 1894,ela terminava a primeira figurado grupo: A Implorante, umamulher de joelhos, os braçosestendidos e o torço inclinado,em muda agonia, figuraesplêndida em seu drama, queobviamente era o da própriaartista.A MATURIDADEDE SUA OBRAO conjunto completo de AIdade Madura, uma dramáticareflexão sobre o ritmo implacávelda vida e suas inevitáveisperdas, trazia, além da figuraA Implorante, também umhomem sendo conduzido comuma entidade sobrenaturalrepresentando a morte. Paraalém das conotações afetivas,este trabalho genial de Camillemarcava também uma novaetapa em sua obra.A crise de seu relacionamentoafetivo é também o períodoem que as esculturas deCamille mais irão se distanciardas referências de seu mestree amante, adquirindo, finalmente,uma feição particular,já sem nenhuma vinculaçãocom o estilo de Rodin.Inicialmente, o Museu deBelas-Artes interessa-se pelapeça, mas acaba cancelandoa encomenda, e será apenaspelas mãos de um admiradorparticular de seu trabalho, oCapitão Tissier, que A IdadeMadura ganha uma versãodefinitiva em bronze.É deste mesmo períodosua delicada escultura As Faladeiras,uma peça bastantepequena e delicada, fora dospadrões tradicionais para esculturasna época e talhada emônix, representando uma cenado universo feminino, ondequatro mulheres conversam,contando, uma no ouvido daoutra, alguma fofoca ou segredo.Era a primeira vez queCamille utilizava alguma cenado cotidiano como tema parasuas obras, e não imagens alegóricasidealizadas e a nudezexplícita que caracterizava suaobra pregressa e a de Rodin.Tanto na forma quanto noconteúdo, Claudel se libertavada influência de Rodin.Obra importante desteperíodo é também A Onda, de1897, também esculpida emônix em uma peça de pequenaescala, representando trêsbanhistas surpreendidascom a presença deuma grande ondaque se fecha sobrea cabeça delas. Estanova etapa de seu trabalhose completa com maisduas outras peças retratandoo fogo.Após seu afastamento gradualde Rodin desde 1893,que culminaria com a rupturadefinitiva em 1898, seu contatocom a sociedade artísticae cultural foi também sendogradualmente prejudicado.Camille nunca fora muitosociável e, procurando afastarsedo círculo social de Rodin,comprometia-se também profissionalmente.OS PROBLEMASMATERIAISA escultura nesse sentido, éuma profissão particularmentedifícil de se sustentar, com inúmerosgastos. É necessário pagarum ateliê grande o bastantepara estocar as peças, manterdiversos ajudantes, modelosregulares, além da matéria primae a fundição. Isso tornavaos escultores ainda mais dependentesde ricos financiadorese encomendas regulares parase manterem em atividade.Camille, por outro lado, sempredesprezou essas cobranças, eraextremamente exigente comsua obra e recusava-se a cedero que fosse às tendências domercado artístico, não tinhatalento também para ficar bajulandopistolões da burguesiafrancesa e criticava freqüentementeRodin pelas concessõesque ele se via obrigado a fazerpara manter um cliente e aescravização que representavaestar sempre em algum eventosocial, garimpando financiadoresem potencial.Devido às críticas que recebiade Camille, Rodin tambémnão insistia para ela se inserirno mecanismo financeiro domercado de arte.Essa intransigência deClaudel para com sua obra lherendia poucos clientes, e apóssua ruptura com a sociedadede Rodin, foi-se confirmandoum processo inevitável: o isolamentode Claudel.Seu trabalho, sempre vinculadoao de Rodin, ainda nãohavia se afirmado como frutode uma sensibilidade original.Poucos falavam de sua obra,apesar de um grupo de críticosfiéis sempre procurar colocar aprodução de Claudel em perspectiva.Mas os preconceitos contraela eram inúmeros. Primeiroo fato de Camille destacar-seem uma atividade tipicamentemasculina, como a escultura,depois uma moralidade hipócritaque procurava desprezálapor sua relação com Rodin;ou a mentalidade estreita quetambém insistia em rebaixá-laa mera aprendiz, que supostamentese limitava a copiara “grandiosidade” do mestre.Por fim, sua falta de disposiçãopara conquistar clientes, quelhe rendeu a fama de ser umamulher terrível, intratável,com um péssimo gênio.Tal panorama negativoacabaria por isolar cada vezmais Camille, culminando comsua degradação física e esmagamentopsíquico, até levar àesterilidade de seu trabalhocriativo.

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