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SEMANÁRIO NACIONAL OPERÁRIO E SOCIALISTA<br />

CAUSA OPERÁRIA<br />

WWW.<strong>PCO</strong>.ORG.BR/CAUSAOPERARIA • FUNDADO EM JUNHO DE 1979 • ANO XXIX • Nº 486 • DE 15 A 21 DE JUNHO DE 2008 • R$ 3,00<br />

CAMELÔS, ESTUDANTES, PROFESSORES, TRABALHADORES SEM-TERRA<br />

AMPLIAR ESTAS LUTAS<br />

Os enfrentamentos entre os vendedores<br />

ambulantes, a Guarda Civil<br />

Municipal e a Polícia Militar no centro<br />

de São Paulo, na última semana,<br />

são expressão do avanço da crise<br />

econômica e um sinal da completa<br />

incapacidade dos governos municipal,<br />

estadual e federal de dar uma<br />

resposta à população trabalhadora e<br />

aos desempregados.<br />

Os camelôs protestaram na última<br />

sexta-feira contra a repressão<br />

policial que covardemente já assassinou<br />

alguns ambulantes e deixou<br />

diversos feridos.<br />

Há quase três décadas o remédio<br />

da burguesia para um desemprego<br />

que oficialmente atinge mais de dois<br />

milhões de pessoas na Grande S.<br />

Paulo tem sido o subemprego, em<br />

grande medida a atividade dos camelôs,<br />

e a repressão contra este tipo<br />

de atividade.<br />

Estes trabalhadores são perseguidos<br />

pelos criminosos de colarinho<br />

branco que ocupam a prefeitura com<br />

uma sanha e uma crueldade que é<br />

um retrato da baixeza da classe dominante<br />

brasileira.<br />

As Martas Suplicy, os Josés Serra,<br />

os Kassab, dão a centenas de milhares<br />

de famílias nenhuma opção de<br />

sustento ao proibir a atividade dos<br />

ambulantes.<br />

O apito da panela de pressão parece<br />

que está apitando depois de<br />

muita repressão e da ditadura imposta<br />

pela administração municipal sobre<br />

os camelôs. Leia a cobertura<br />

completa nas páginas 8 e 9.<br />

A repressão aos ambulantes vem se acumulando por anos a fio e a cada ano a prefeitura e os empresários procuram avançar na ofensiva contra aqueles que foram<br />

obrigados a trabalhar como camelôs e vender suas mercadorias nas ruas para sobreviver. Veja abaixo cenas do conflito da última sexta-feira no centro de S. Paulo.<br />

Estudantes foram reprimidos pela<br />

polícia na Unifesp na sexta-feira.<br />

SP: Professores têm que passar pela<br />

burocracia para vencer na greve.<br />

Rondônia e Norte do país: os semterra<br />

na luta contra o latifúndio.<br />

WWW.<strong>PCO</strong>.ORG.BR<br />

Assista no portal do <strong>PCO</strong><br />

na Internet cenas em<br />

vídeo, fotos e depoimentos<br />

exclusivos sobre o conflito<br />

entre policiais e camelôs<br />

no centro de S. Paulo<br />

DESDE 1996 - PÁG 12<br />

Inflação em<br />

maio é a maior<br />

em 12 anos<br />

EM LUTA - PÁG 7<br />

O que querem<br />

os sem-terra<br />

de Rondônia?<br />

UMA REVOLUÇÃO ARTÍSTICA EM 1917 - PARTE IV<br />

A Revolução Russa vista<br />

através das lentes do<br />

cinema soviético Página 20<br />

UM PROGRAMA PARA A AMAZÔNIA - PÁG 6<br />

Pela estatização do solo.<br />

Contra o monopólio do<br />

latifúndio estrangeiro e nacional<br />

10.000 SOB AMEAÇA NO MATO GROSSO DO SUL<br />

“Quase impossível indiciar as mulheres”<br />

Apesar de a delegada do caso<br />

reconhecer que “não tem como<br />

encontrar os fetos e, pela Justiça,<br />

sem corpo não há crime de homicídio”,<br />

25 mulheres já foram incriminadas<br />

por prática de aborto em<br />

Campo Grande e a Justiça promete<br />

incriminar outras milhares. Páginas<br />

14 e 15<br />

Leia também as declarações da<br />

tropa de choque da direita para<br />

atacar as mulheres.<br />

LEI DE EXCEÇÃO<br />

Lula aprova<br />

maior rigor na<br />

lei para reprimir<br />

trabalhadores<br />

Com o aprofundamento da crise<br />

mundial, a burguesia brasileira sentiu<br />

que a temperatura da situação<br />

política está subindo e se une para<br />

aprovar o aumento das medidas repressivas<br />

do estado para aprofundar<br />

a punição a todos aqueles que se levantarem<br />

contra o estado. Página 5<br />

Cartaz do filme "Tchapaiev", de 1934, dos irmãos Vassiliev, realizado no<br />

período do realismo socialista.<br />

BOLÍVIA<br />

Os "Barões<br />

do Oriente"<br />

e o trabalho<br />

escravo<br />

Latifundiários e produtores<br />

agropecuários têm o apoio da burguesia<br />

fascista e racista de Santa<br />

Cruz para manter o monopólio do<br />

petróleo, do gás, da água e o trabalho<br />

escravo. Página 18<br />

OS SENHORES DA GUERRA<br />

Quanto vale<br />

dominar o<br />

mundo?<br />

Com a desculpa do "combate<br />

ao terrorismo", o imperialismo<br />

aumenta seus investimentos militares<br />

à medida que a crise mundial<br />

se aprofunda e o regime capitalista<br />

aumenta sua capacidade<br />

de destruição e, com ela, as<br />

suas guerras. Página 19<br />

PLANO MILITAR<br />

Bush queria<br />

colonizar o<br />

Iraque<br />

Os EUA desejam transformar<br />

o Iraque numa colônia. Segundo<br />

a denúncia publicada pelo<br />

jornal britânico The Independent<br />

em sua edição eletrônica<br />

no dia 5 de junho, o governo de<br />

George W. Bush tem um plano<br />

secreto para o país. Página 19


15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA ATIVIDADES 2<br />

Em julho<br />

CURSO DE FORMAÇÃO TEÓRICA MARXISTA<br />

Karl Marx, vida e obra<br />

A AJR convida todos os interessados a participar do seu tradicional Acampamento<br />

de Férias em sua 22 a edição. Neste ano, em comemoração ao 190º aniversário de<br />

Karl Marx, criador e fundador do socialismo científico e do materialismo histórico,<br />

será ministrado o curso “Karl Marx, vida e obra”<br />

A Aliança da Juventude Revolucionária<br />

(AJR), juventude<br />

do Partido da Causa Operária,<br />

realizará em julho seu tradicional<br />

Acampamento de Férias,<br />

que neste inverno estará em sua<br />

XXII edição. O Acampamento<br />

de Férias da AJR acontecerá na<br />

cidade de Ibiúna, a 70 quilômetros<br />

de São Paulo, entre os dias<br />

19 e 27 de julho de 2008.<br />

Neste ano, em comemoração<br />

ao 190º aniversário de Karl<br />

Marx, criador e fundador do<br />

socialismo científico e do materialismo<br />

histórico, bem como<br />

dos 160 anos da publicação do<br />

Manifesto do Partido Comunista<br />

escrito em conjunto com<br />

Friedrich Engels, será ministrado<br />

o curso “Karl Marx, vida<br />

e obra”.<br />

Dando continuidade ao XXI<br />

Acampamento, que ocorreu<br />

em janeiro e no qual foi estudada<br />

a obra monumental de Karl<br />

Marx, O Capital, o curso de<br />

julho trará uma exposição detalhada<br />

da biografia e uma análise<br />

de sua obra. A abordagem<br />

do problema terá o ponto de vista<br />

do Marx como militante revolucionário,<br />

que produziu<br />

toda a sua obra teórica com o<br />

propósito de organizar a classe<br />

operária para a luta política<br />

contra a burguesia e lançar as<br />

bases para a superação da sociedade<br />

capitalista e a emancipação<br />

definitiva da humanidade<br />

para o socialismo. Nesse<br />

sentido, a abordagem do curso<br />

está longe de ser acadêmica.<br />

Será levantado o conteúdo revolucionário<br />

da doutrina socialista<br />

elaborada por ele.<br />

A obra monumental de Karl<br />

Marx é, no entanto, pouco estudada,<br />

em grande medida devido<br />

à oposição da sociedade<br />

dominante, burguesa, conservadora<br />

e contra-revolucionária.<br />

De um lado, tentam fazer com<br />

que caia no esquecimento. De<br />

outro, procuram fazer crer que<br />

seria uma teoria equivocada, ultrapassada.<br />

Esta falsificação<br />

não é demonstrada cientificamente,<br />

mas apenas repetida.<br />

A tentativa da classe dominante<br />

de colocar o marxismo<br />

no esquecimento vem da<br />

magnitude dessa doutrina científica<br />

como uma ferramenta<br />

fundamental e decisiva para<br />

todo movimento revolucionário<br />

dos explorados e oprimidos,<br />

da maioria da humanidade,<br />

para eliminar a situação de<br />

brutal opressão e exploração<br />

que o capitalismo mundial, o<br />

imperialismo, impôs ao mundo<br />

inteiro.<br />

O intuito do curso promovido<br />

pela Aliança da Juventude<br />

Revolucionária é compreender<br />

a obra de Marx de um ponto de<br />

vista real, ou seja, do ponto de<br />

vista da luta revolucionária. Karl<br />

Marx foi um gênio da teoria<br />

política, da filosofia, da ciência<br />

e da organização revolucionária<br />

da classe operária. Foi o fundador,<br />

juntamente<br />

com Engels,<br />

da Associação<br />

Internacional<br />

dos<br />

Trabalhadores,<br />

a I Internacional.<br />

Essa visão<br />

da vida e<br />

da obra de<br />

Marx como<br />

um grande<br />

militante revolucionário<br />

e socialista,<br />

intimamente<br />

ligado<br />

ao movimento<br />

operário,<br />

se<br />

contrapõe a<br />

uma visão<br />

acadêmica,<br />

que tem<br />

como objetivo<br />

distorcer<br />

suas descobertas.<br />

Essa compreensão<br />

é<br />

fundamental<br />

entre os trabalhadores, a juventude,<br />

as mulheres, os negros<br />

e todos os explorados que<br />

sofrem o peso da opressão capitalista.<br />

O curso visa a facilitar<br />

a leitura e o estudo do marxismo.<br />

O grande líder e arquiteto<br />

da Revolução Russa de 1917,<br />

V.I.Lênin, explicou que “sem<br />

teoria revolucionária, não<br />

pode haver movimento revolucionário”.<br />

Neste sentido, a<br />

compreensão da sociedade<br />

capitalista, cujas portas foram<br />

abertas de par em par pela<br />

obra de Karl Marx, é indispensável<br />

para qualquer verdadeira<br />

ação transformadora no<br />

mundo atual em todos os terrenos<br />

da vida social.<br />

Lazer e<br />

convivência<br />

socialista no XXII<br />

Acampamento da<br />

Aliança da<br />

Juventude<br />

Revolucionária<br />

Nos Acampamentos da<br />

AJR, que vêm sendo realizados<br />

O curso será apresentado pelo<br />

companheiro Rui Costa Pimenta<br />

A principal atividade do Acampamento da AJR consiste no curso de formação teórica marxista<br />

combinado com atividades de lazer e cultura em um ambiente diferente da sociedade burguesa.<br />

desde 1998, nesses mais de dez<br />

anos já foram ministrados temas<br />

como “Marxismo e anarquismo”,<br />

“A Revolução Russa<br />

de 1917”, “Vida e Obra de<br />

Leon Trotski” “Uma interpretação<br />

marxista da história do<br />

Brasil”, “A história das internacionais”,<br />

“Teoria e prática<br />

das frentes populares”, “Materialismo<br />

Histórico e Seus Inimigos<br />

Ideológicos”, profundamente<br />

discutidos pelas mais<br />

de 2000 pessoas que já participaram<br />

dos acampamentos.<br />

Ele reúne jovens de todo o<br />

País em uma atividade cujo<br />

centro é o estudo do marxismo,<br />

conjugado com a diversão<br />

e o lazer em locais privilegiados<br />

pela sua beleza natural e o<br />

clima agradável de matas,<br />

montanhas, cachoeiras, praias,<br />

rios, ou seja, lugares propícios<br />

ao descanso, ao entretenimento,<br />

à convivência coletiva<br />

e ao livre debate de idéias<br />

em torno a uma concepção<br />

de mundo que é o marxismo.<br />

O acampamento combina o<br />

lazer com o estudo profundo<br />

do marxismo para proporcionar<br />

à juventude e a todos os interessados<br />

uma oportunidade<br />

de convivência completamente<br />

alternativa às habituais formas<br />

que se pode encontrar nas<br />

instituições tradicionais da sociedade<br />

burguesa, num ambiente<br />

de companheirismo e trabalho<br />

coletivo. A preparação<br />

das refeições e todo o trabalho<br />

FORMAÇÃO MARXISTA<br />

Ouça o curso sobre “O Capital”<br />

de Karl Marx na Internet<br />

O curso de formação teórica<br />

marxista promovido pelo<br />

Partido da Causa Operária e<br />

pela Aliança da Juventude Revolucionária<br />

na 21ª edição de<br />

seu Acampamento de Férias em<br />

janeiro, já está disponível para<br />

ser ouvido na Internet.<br />

A atividade, sem igual em<br />

toda esquerda brasileira e, mesmo,<br />

internacional, compreende<br />

um estudo aprofundado da<br />

de arrumação e limpeza são<br />

feitos pelos próprios participantes<br />

em um regime de revezamento<br />

de trabalho com a<br />

participação de todos.<br />

Para a realização da atividade,<br />

a AJR disponibilizou um<br />

agradável hotel fazenda no interior<br />

de São Paulo, na cidade<br />

de Ibiúna, com local para<br />

camping, com piscina, lago<br />

para pesca, salão de jogos,<br />

ampla área verde e outras facilidades.<br />

Durante as duas semanas de<br />

atividades serão realizados,<br />

além do curso, palestras sobre<br />

temas culturais diversos, apresentações<br />

artísticas, jogos,<br />

apresentação de filmes e campeonatos<br />

esportivos. Tudo<br />

isso é realizado a um preço extremamente<br />

acessível e inclui,<br />

além da estadia, do curso e do<br />

lazer, três fartas refeições diárias<br />

de excelente qualidade.<br />

As exposições serão aulas<br />

onde as principais dúvidas<br />

apresentadas serão esclarecidas.<br />

Entre uma exposição e<br />

outra serão formados grupos<br />

de discussão para um esclarecimento<br />

mais minucioso das<br />

dúvidas.<br />

A participação é aberta a todos<br />

os interessados.<br />

Se você estiver interessado<br />

em participar desta grande atividade<br />

de formação e lazer,<br />

entre em contato com os organizadores<br />

para obter informações<br />

sobre todos os aspectos<br />

do curso, da estadia e o custo:<br />

Por telefone - (11) 5584-9023,<br />

Por e-mail – ajr@pco.org.br,<br />

Por carta – Rua Miguel Stéfano,<br />

nº 349, bairro Saúde, São<br />

Paulo, Capital, CEP 04301-<br />

010. Para ver informações e<br />

fotos dos cursos anteriores,<br />

bem como detalhes desta atividade<br />

e textos teóricos, acesse<br />

a página do Acampamento<br />

da AJR na Internet –<br />

www.pco.org.br/acampamento.<br />

obra de Karl Marx, O Capital,<br />

detendo-se sobre questões fundamentais<br />

do marxismo, do<br />

método do materialismo histórico<br />

para a compreensão da realidade<br />

econômica e social do<br />

capitalismo.<br />

A exposição realizada pelo<br />

companheiro Rui Costa Pimenta<br />

foi toda gravada em áudio e<br />

vídeo e o conteúdo das aulas,<br />

bem como a discussão levantada<br />

pelos participantes, foram<br />

publicados na Internet ao longo<br />

do curso para permitir que<br />

um maior número de pessoas<br />

possa ter acesso a esta discussão<br />

de fundamental importância<br />

para a compreensão científica<br />

da sociedade do marxismo.<br />

Visite o portal do <strong>PCO</strong> na<br />

Internet e ouça o curso na íntegra:<br />

www.pco.org.br<br />

FORTALEÇA A IMPRENSA SOCIALISTA E INDEPENDENTE<br />

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jornal CAUSA OPERÁRIA<br />

CAMPANHA DE ASSINATURAS 2008<br />

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o site: www.pco.org.br/causaoperaria.<br />

Sede Nacional do Partido da Causa Operária à Rua Apotribu, 111, Saúde.<br />

CEP 04302-000, São Paulo, SP; entre em contato também pelo telefone (11)<br />

5584-9322, ou por e-mail: assinaturas@pco.org.br<br />

1 ano de Causa Operária<br />

(50 exemplares)<br />

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Causa Operária<br />

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ou 3 x R$ 50,00<br />

Escreva para o Causa Operária<br />

O Causa Operária está baseado em um claro programa político e no<br />

marxismo e, por este motivo, esforça-se para ser uma tribuna das necessidades<br />

e dos anseios das massas exploradas de trabalhadores da cidade<br />

e do campo, dos negros, das mulheres e da juventude oprimida. Neste sentido,<br />

as páginas do nosso jornal estão abertas para que qualquer trabalhador<br />

faça dele um veículo das suas denúncias contra a exploração e opressão<br />

de qualquer setor da sociedade. Convidamos, ainda, nossos leitores<br />

a fazer desta página um espaço para discussão das idéias relacionadas a<br />

esta luta que julguem importante.<br />

CAUSA OPERÁRIA<br />

Fundado em junho de 1979<br />

Semanário de circulação nacional<br />

Ano XXIX - nº 486 - R$3,00<br />

de 15 a 21 de junho de 2008<br />

Editor - Rui Costa Pimenta - Tiragem - seis mil exemplares - Redação - Av. Miguel<br />

Stéfano nº 349, Saúde, São Paulo, Capital, CEP 040301-010 - Telefone (11) 5589-<br />

6023 - Sede Nacional - São Paulo - Av Miguel Stéfano, nº 349, Saúde, São Paulo,<br />

Capital, CEP 04301-010, Fone (11) 5584-9322 - Correspondência - Todas as<br />

cartas, pedidos de assinaturas ou de informações sobra as publicações Causa<br />

Operária devem ser enviadas para a redação ou para o endereço eletrônico -<br />

pco@pco.org.br, página na internet - www.pco.org.br/causaoperaria


15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA 3<br />

Editorial<br />

Trabalhadores e a população pobre:<br />

alvo número um da inflação<br />

Apopulação brasileira está voltando, e não lentamente,<br />

aos velhos tempos em que a simples menção da palavra<br />

inflação gerava insegurança e via a cada dia diminuir<br />

o dinheiro no bolso. Na verdade, a falta de dinheiro<br />

nunca foi sanada, mas a situação econômica do Brasil nunca foi<br />

tão instável em pelo menos 15 anos.<br />

Todo mês, toda semana (e em breve todo o dia), as pesquisas<br />

sobre a inflação aparecem com novos resultados maiores, novos<br />

aumentos.<br />

A cesta básica aumentou, só no último ano, mais de 30%.<br />

Produtos de consumo de primeira necessidade como arroz, feijão,<br />

pãozinho, leite entre outros estão apresentando altas entre 30%,<br />

40% e até 100% como é o caso do feijão.<br />

A inflação está tendo aumento médio mensal de 1% e já ultrapassou<br />

a meta anual do governo Lula de 4,5%. Atualmente está<br />

acima dos 5%.<br />

A inflação já é uma realidade, em maio atingiu 1,23% de aumento,<br />

os alimentos tiveram alta maior, acima de 3%. Neste quadro os<br />

trabalhadores e a população pobre são os mais atingidos. Segundo<br />

Participe das campanhas realizadas pelo <strong>PCO</strong><br />

OPartido da Causa Operária, em conjunto com sua orga<br />

nização de juventude, a Aliança da Juventude Revolucionária<br />

(AJR) e o Coletivo de Mulheres Rosa Luxemburgo,<br />

está colocando nas ruas, em seus jornais impressos e na Internet,<br />

além de panfletos e debates, denúncias contra os ataques<br />

sofridos pelos trabalhadores e toda a população oprimida. Para isso,<br />

várias campanhas estão sendo feitas de acordo com as necessidades<br />

mais urgentes da população, as demissões, a denúncia dos<br />

assassinatos no campo e da opressão contra as mulheres.<br />

É por isso que o <strong>PCO</strong> vem tomando à frente a defesa dos camponeses<br />

sem-terra de Rondônia, massacrados pelos latifundiários<br />

da região. As organizações independentes dos trabalhadores, por<br />

meio de suas publicações e sua militância, devem denunciar com<br />

todas as forças os ataques da burguesia contra a população pobre.<br />

É nesse sentido que estão as calúnias feitas pela revista Istoé, que<br />

publicou e vem publicando matérias mentirosas sobre os camponeses<br />

pobres de Rondônia, dirigidos pela Liga dos Camponeses<br />

Pobres.<br />

Tudo isso se agrava, pois nem mesmo os demagogos que fazem<br />

parte da frente popular, tanto no governo como o PT e o<br />

PCdoB, quanto os que fazem parte da Frente de Esquerda - Psol,<br />

PSTU e PCB - não moveram palha, sequer para denunciar o<br />

massacre que está acontecendo. Isso, porque, como partidos<br />

burgueses, estão correndo atrás de um cargo público, e escondem<br />

esse real interesse atrás de um discurso esquerdista. Pior ainda,<br />

essa mesma esquerda se vangloria por participar, por exemplo, de<br />

um ato de 1º de maio em conjunto com a direitista Igreja Católica,<br />

diga-se de passagem uma das cabeças de todos os ataques, e<br />

criticam a iniciativa do <strong>PCO</strong> por levar adiante sua campanha.<br />

A mesma coisa podemos afirmar em relação à campanha que<br />

está sendo chamada para defender as dez mil mulheres processadas<br />

no Mato Grosso do Sul. De maneira completamente absurda<br />

o ministério público, cedendo ao lobby da Igreja Católica e de seus<br />

parlamentares, não precisou nem mesmo de flagrante para processar<br />

uma lista de pacientes de uma clínica de aborto. É nitidamente<br />

uma tentativa de aumentar a repressão contra as mulheres<br />

em todo o País.<br />

Mais uma vez, no entanto, a "esquerda" finge que não vê. Mas<br />

dessa vez são pegos com a boca na botija. A explicação para um<br />

Governo, milícias, torturas... repressão organizada contra o povo<br />

Ocaráter da repressão instaurada no Rio de Janeiro contra<br />

a população pobre dos morros e favelas recebeu contornos<br />

mais definidos após a denúncia feita sobre a tortura<br />

de três jornalistas e um morador da favela por policiais de uma<br />

milícia que controla a região.<br />

O fato, apesar de ter tido pouca repercussão na imprensa burguesa,<br />

pois atacar o aparato repressivo do Estado não é a intenção<br />

dos “penas de aluguel” da burguesia, é de suma relevância, pois<br />

expõe de maneira bastante esclarecedora como está se formando<br />

nas favelas do Rio de Janeiro uma estrutura repressiva de grandes<br />

proporções. Os relatos feitos pelos jornalistas das sessões de<br />

tortura, do espancamento, choques elétricos etc., denuncia esta<br />

como uma repressão tipicamente fascista. Sob a alegação ultrafarsante<br />

de combate ao crime nas favelas, pois alegam que as milícias<br />

seriam os defensores do povo, contra os traficantes, na verdade<br />

estão reeditando os piores anos da época da ditadura militar no<br />

Brasil e na América Latina. Ou seja, quando pessoas eram seqüestradas,<br />

sem motivo aparente, pelos agentes da repressão, levadas<br />

para locais ermos, sendo submetidas a sessões de tortura física e<br />

psicológica sem ao menos serem acusadas formalmente de algum<br />

crime cometido; um estado sem direito algum, controlado por uma<br />

Charge da semana<br />

pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), baseada no Índice<br />

de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1), índice específico<br />

para a população pobre com renda de 1 a 2,5 salários mínimos, a<br />

inflação é maior que para a população com renda maior.<br />

A inflação em maio foi acima da média para a população de baixa<br />

renda, registrou aumento de 1,38%. Deste percentual, mais de<br />

50% é influência direta do aumento dos preços dos alimentos.<br />

Enquanto o governo Lula e seus capachos pró-imperialistas,<br />

Henrique Meirelles, presidente do Banco Central e representante<br />

dos banqueiros internacionais e Guido Mantega, ministro da Fazenda,<br />

tentam apresentar a imagem de um País que não condiz com<br />

a realidade, a classe operária e a população trabalhadora sofrem<br />

de perto os efeitos da inflação. De um lado o governo pinta o Brasil<br />

como se fosse a oitava maravilha do planeta, com desenvolvimento<br />

econômico, crescimento industrial, aumento do emprego, diminuição<br />

da pobreza etc. E de outro os trabalhadores vivem o oposto;<br />

a carga tributária de 40% de impostos, salário mínimo de fome,<br />

arrocho salarial, perdas dos direitos trabalhistas são apenas alguns<br />

dos males que afetam a população brasileira.<br />

silêncio tão contundente salta aos olhos: a musa da Frente de<br />

Esquerda, Heloísa Helena, tem em sua ficha a defesa intransigente<br />

da...punição para as mulheres que fizerem aborto. Isso sem contar<br />

a participação em marchas contra o aborto junto com elementos<br />

dos mais direitistas da política nacionais - políticos do DEM,<br />

PP e PSDB - e os projetos de lei, como por exemplo, o que proíbe<br />

o uso da pílula do dia seguinte feito e aprovado por um vereador<br />

do Psol na cidade paulista de Jundiaí.<br />

Todos esses ataques à população pobre faz parte de uma ofensiva<br />

geral da direita, na tentativa de barrar a tendência de ascenso<br />

do movimento de massas na cidade e no campo. A crise que atravessa<br />

a burguesia brasileira, com o total desgaste do regime político,<br />

bem como dos partidos burgueses, faz uma parcela mais<br />

reacionária da burguesia tomar medidas para conter o movimento<br />

operário; faz isso atacando as mulheres, seu setor mais oprimido.<br />

Por fim, ataca diretamente uma parcela mais avançada politicamente<br />

da classe operária, como vemos em vários lugares, mas que<br />

ganha expressividade na categoria dos Correios. Vários companheiros<br />

da corrente nacional de oposição Ecetistas em Luta do <strong>PCO</strong><br />

são perseguidos pela empresa por defender de maneira intransigente<br />

os trabalhadores e denunciar os acordos traidores da burocracia<br />

sindical - PT, PCdoB, PSTU e Psol - que domina a federação e a<br />

maioria dos sindicatos. O companheiro Edson Dorta trabalhador<br />

dos Correios de Campinas foi demitido em 2006 mesmo tendo<br />

comprovado graves problemas de saúde, causados por um acidente<br />

de trabalho. Sua demissão contou com o apoio de toda a burocracia<br />

sindical, que não fazem absolutamente nada pela reintegração<br />

do companheiro.<br />

Somente esse ano foram mais de 200 demitidos, a maioria trabalhadores<br />

que tinham problemas de saúde. Essa política irresponsável<br />

causou a morte de Dalton Lopes Pontes na semana passada,<br />

ele sofria de sérios problemas de saúde e foi demitido depois de<br />

22 anos de correios. Dalton se matou após saber de sua demissão.<br />

Diante desses ataques da direita os trabalhadores devem se<br />

mobilizar para derrotar qualquer política conservadora contra a<br />

população. Há uma tendência da população sair à luta, por isso, cabe<br />

aos militantes sérios e honestos organizar, a partir dessas campanhas,<br />

a classe trabalhadora para a etapa revolucionária que se<br />

aproxima.<br />

horda de extrema-direita.<br />

Ao invés de um fantasioso antagonismo entre as milícias e o<br />

tráfico de drogas há a mais estreita ligação entre estas milícias,<br />

formadas de policiais fardados ou à paisana e os traficantes em<br />

comum acordo na divisão dos lucros e dividendos do tráfico.<br />

O que acontece no Rio de Janeiro é de total conhecimento e<br />

conivência da prefeitura, do governo estadual e federal. É tão<br />

diretamente ligado ao Estado que as milícias contam não só com<br />

policiais, bombeiros, agentes de segurança etc., mas também com<br />

o financiamento de parlamentares. É o patrocínio direto do Estado<br />

às milícias paramilitares fascistas que estão transformando as<br />

favelas do Rio de Janeiro em um território da extrema direita semelhante<br />

à Bolívia e à Colômbia.<br />

A participação do governo Lula e dos governos locais na empreitada<br />

fascista no Rio de Janeiro, e que já existe em menor escala<br />

em outros estados do Brasil, tem como objetivo final aumentar a<br />

repressão no País contra o movimento operário, os movimentos<br />

sociais, os sem-terra, os índios, os estudantes que estão se mobilizando<br />

nas universidades, as mulheres e todos aqueles que<br />

começam a se mobilizar contra o regime repressor e de brutal<br />

exploração imposto pela burguesia.<br />

Uma curiosa campanha<br />

RUI COSTA PIMENTA<br />

Em 1985, os trabalhadores de inúmeras categorias, em<br />

particular os metalúrgicos do ABC saíram em greve pela<br />

redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais.<br />

Recentemente o sindicalismo pelego das chamadas centrais<br />

sindicais, CUT, Força Sindical. UGT e CTB, incluindo as organizações<br />

sindicais menores, ditas da esquerda, como Conlutas<br />

e Intersindical, lançaram uma nova campanha “pela redução da<br />

jornada de trabalho”.<br />

A enorme diferença na situação do movimento operário daquele<br />

momento e o de agora pode ser vista claramente na comparação<br />

das duas campanhas.<br />

A primeira, apesar das limitações enormes impostas pela sua<br />

direção, que não buscou nunca generalizar o movimento, que<br />

foi empurrado por ele, mais que buscou organizá-lo e estimulálo,<br />

foi uma verdadeira luta operária. Esta segunda não é.<br />

A campanha atual pode ser compreendida em suas características<br />

fundamentais. Em primeiro lugar, pelo fato de que não<br />

tem uma reivindicação clara dirigida aos trabalhadores, mas<br />

propõe genericamente “a redução da jornada de trabalho”. Em<br />

quantas horas será esta redução, em que forma será feita, com<br />

ou sem a redução salarial e outras questões fundamentais, nada<br />

é dito, ao menos na propaganda da campanha. Os trabalhadores<br />

são convidados a ler um projeto lei para saber do que se trata.<br />

O projeto não é explicado e seu conteúdo não é apresentado, de<br />

maneira simples, para que todo trabalhador entenda e apóie a reivindicação.<br />

Já este fato serviria para provar que as centrais não pretendem<br />

realizar nenhuma luta operária, pois é absolutamente evidente<br />

que não querem mobilizar a classe operária pela reivindicação,<br />

seja ela qual for. Não querem – e isto também é óbvio<br />

– que a reivindicação seja tomada pelos trabalhadores e se torne<br />

um fator político e econômico na vida do País.<br />

Outro aspecto significativo é o método de “luta” escolhido<br />

para a campanha. Não propõem greves e lutas reais, ou seja, não<br />

propõem colocar em movimento a força das massas da classe<br />

operária. Propõem aos trabalhadores assinar um abaixo-assinado<br />

pedindo ao Congresso Nacional que aprove a lei.<br />

A preocupação central é fazer do Congresso Nacional o árbitro<br />

absoluto e tudo o que os operários têm que fazer é torcer<br />

para que ele seja bom e generoso com a sua reivindicação, e<br />

aguardar pacientemente.<br />

No dia 28 de maio, todas estas organizações, unidas, participaram<br />

de um “dia nacional de luta” pela redução da jornada.<br />

Neste dia de luta, também, não foi chamada à ação a classe<br />

operária. Saíram à rua, em muito pequeno número, a ponto de<br />

que passou despercebida pela maioria das pessoas, os aparelhos<br />

dos sindicatos, os diretores, nem de longe todos, funcionários,<br />

delegados sindicais e outras pessoas cuja vida depende dos<br />

sindicatos. Os poucos que fizeram alguma “manifestação” não<br />

eram operários, mas burocratas sindicais e a sua tradicional<br />

clientela sindical. Não porque a classe trabalhadora não se animasse<br />

a defender a misteriosa reivindicação, mas porque não<br />

foi, efetivamente, convidada para a festa.<br />

Uma conclusão salta aos olhos imediatamente. A mobilização<br />

não se destina a mobilizar os trabalhadores, mas a organizar<br />

a campanha eleitoral dos partidos que se escondem vergonhosamente<br />

detrás das siglas destas “centrais” sindicais. É pura<br />

demagogia com os trabalhadores, assim como foi pura demagogia<br />

o famoso plebiscito da Vale do Rio Doce feito por estes<br />

mesmos atores.<br />

No interior da classe operária é preciso abrir uma discussão<br />

clara a respeito do seguinte problema: tais “lutas” devem ser<br />

apoiadas ou devem ser denunciadas como uma farsa e uma fraude<br />

contra os trabalhadores?<br />

A resposta é clara. Esta “campanha” em nada contribui para<br />

mobilizar a classe operária, retirá-la da paralisia em que se encontra<br />

e elevar a sua consciência. Na realidade, é um obstáculo<br />

ao avanço de qualquer luta, na medida em que cerra fileiras dos<br />

aparelhos sindicais em torno de uma campanha de puro oportunismo<br />

eleitoral burguês e de diversionismo da luta. A “campanha”<br />

tem ainda a qualidade negativa de atrelar os poucos setores<br />

organizados que não pertencem diretamente á burocracia à<br />

política burguesa desta.<br />

Está na hora de abrir um amplo debate sobre estas questões<br />

no interior da classe operária e organizar uma verdadeira campanha<br />

de luta para mobilizar e organizar os trabalhadores com<br />

independência do Congresso e da burocracia.<br />

Só a força das massas operárias e da sua organização pode<br />

conquistar não apenas a redução da jornada, que deve ser para<br />

35 horas semanais, sem redução de salário, mas qualquer outra<br />

reivindicação que não seja pura demagogia.<br />

Como eles disseram...<br />

“Nossos inimigos de classe têm o costume de queixar-se de<br />

nosso terrorismo. Eles gostariam de por o rótulo de<br />

terrorismo a todas as ações do proletariado dirigidas contra<br />

os interesses do inimigo de classe. Para eles, o método<br />

principal de terrorismo é a greve. A ameaça de uma greve, a<br />

organização de piquetes de greve, o boicote econômico a um<br />

patrão super explorador, o boicote moral a um traidor de<br />

nossas próprias filas: tudo isso e muito mais é qualificado de<br />

terrorismo. Se por terrorismo se entende qualquer coisa que<br />

atemorize o prejudique o inimigo, então a luta de classes não<br />

é outra coisa senão terrorismo. E o único que resta<br />

considerar é se os políticos burgueses têm o direito de<br />

proclamar sua indignação moral acerca do terrorismo<br />

proletário, quando todo seu aparato estatal, com suas leis,<br />

polícia e exército não é senão um instrumento do terror<br />

capitalista”.<br />

Leon Trótski<br />

Por que os marxistas se opõem ao terrorismo individual<br />

Datas<br />

16 de junho de 1723<br />

285 anos do nascimento do filósofo do liberal Adam Smith<br />

17 de junho de 1953<br />

55 anos do levante dos operários na Alemanha Oriental<br />

20 de junho de 1923<br />

85 anos da morte de Pancho villa, revolucionário mexicano<br />

Frases da semana<br />

"A atitude do Ministério Público é fascista"<br />

Declaração de advogados conselheiros da OAB-MS<br />

sobre a punição das 25 mulheres que realizaram<br />

aborto no Mato Grosso do Sul


15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA POLÍTICA 4<br />

ANÁLISE POLÍTICA SEMANAL<br />

“O problema é a inflação”<br />

A alta do petróleo e dos preços dos alimentos<br />

preocupa os especuladores das bolsas e coloca a<br />

burguesia mundial em estado de alerta: os anos de<br />

relativa estabilidade com inflação baixa acabaram e<br />

está por vir um novo período de hiperinflação<br />

combinado com as tendências à recessão da<br />

economia norte-americana<br />

As declarações dos analistas<br />

da imprensa burguesa especializada<br />

em economia indicam<br />

que a capacidade dos bancos<br />

centrais de conter a inflação e<br />

permitir que a economia se desenvolva<br />

com a liberação de<br />

crédito acessível ao mercado<br />

parece ter se esgotado.<br />

A onda inflacionária desencadeada<br />

pelo aumento dos preços<br />

dos alimentos e pela disparada do<br />

preço do barril de petróleo – que<br />

já chegou a mais de 130 dólares<br />

e caminha em tendência de alta<br />

contínua – levantou a preocupação<br />

entre os investidores e especuladores<br />

das bolsas de valores<br />

dos principais países do mundo.<br />

Muitos analistas já vêem o barril<br />

de petróleo a 200 dólares contra<br />

os dois dólares da década de 70!<br />

Para compreender a situação<br />

atual e permitir estabelecer as<br />

linhas que podem conduzir seu<br />

desenvolvimento daqui para<br />

frente é necessário fazer uma<br />

retrospectiva e estabelecer um<br />

ponto de partida para a crise.<br />

Como a crise se<br />

desenvolveu até<br />

agora<br />

O mecanismo complexo que<br />

vem conduzindo o desenvolvimento<br />

desta crise até aqui tem<br />

como base a escassez das reservas<br />

de petróleo da principal economia<br />

do mundo, os EUA. A<br />

incapacidade de atender à demanda<br />

futura, detectada em fins<br />

da década de 90 e início da década<br />

atual, levou à invasão do<br />

Iraque em 2003 com o objetivo<br />

explícito de controlar as reservas<br />

do país, um dos mais ricos em<br />

petróleo no mundo.<br />

A tentativa de controlar militarmente<br />

o país e, com isso,<br />

exercer uma pressão sobre os<br />

demais países do Oriente Médio<br />

e procurar desequilibrar a balança<br />

em favor da sustentação da<br />

economia norte-americana se<br />

provou um fracasso. Cinco anos<br />

depois da invasão, o governo<br />

norte-americano se encontra às<br />

voltas com verdadeiro impasse,<br />

que vem se arrastando desde<br />

poucos meses após o início da<br />

invasão.<br />

As incertezas geradas pela<br />

incapacidade de dominar o Iraque<br />

enfraqueceram as expectativas<br />

do mercado de que o imperialismo<br />

norte-americano tenha<br />

a capacidade de suprir a demanda<br />

por petróleo. Esta desconfiança<br />

– fundamentada, diga-se de<br />

passagem, no fracasso militar e<br />

no verdadeiro atoleiro em que se<br />

transformou o Iraque – é reforçada<br />

ainda pelas tendências convulsivas<br />

no desenvolvimento e<br />

expansão da crise para os demais<br />

países do Oriente Médio e de<br />

regiões próximas como o Sul da<br />

Ásia. Entre a invasão do Afeganistão<br />

e do Iraque e os dias atuais<br />

já se passaram inúmeros protestos<br />

em praticamente todos os<br />

países que formam um corredor<br />

de Israel no Mar Mediterrâneo à<br />

China, no extremo oriente. A<br />

expectativa de que os EUA consigam<br />

manter os compromissos<br />

no mercado de futuros diminui<br />

mais rapidamente do que a produção<br />

de combustível e de outros<br />

bens possa provar o contrário.<br />

Se o imperialismo norteamericano<br />

não teve capacidade<br />

de controlar um único país para<br />

conseguir dominar sua produção<br />

de petróleo, o que se pode esperar<br />

da tentativa de impor esta<br />

dominação a muitos outros, cada<br />

um com suas próprias contradições<br />

e quase um terço da população<br />

mundial?<br />

A insegurança em torno ao<br />

petróleo impulsionou a política de<br />

incentivos fiscais e empréstimos<br />

para que os latifundiários e empresas<br />

rurais passem a plantar<br />

cana-de-açúcar e soja para produzir<br />

o chamado “biocombustível”,<br />

isto é, álcool etanol e derivados<br />

da soja conduzida pelo<br />

governo Lula.<br />

A corrida em todo o mundo,<br />

e em primeiro lugar nos EUA, pela<br />

substituição da colheita de alimentos<br />

pelo plantio de grãos<br />

destinados à fabricação de combustível<br />

– no caso norte-americano,<br />

o etanol extraído do milho<br />

– promoveu uma inevitável escassez<br />

de outros produtos destinados<br />

ao consumo interno ou<br />

à exportação. Os EUA, o maior<br />

exportador de alimentos do<br />

mundo, tem um papel fundamental<br />

na escassez mundial. Sobre<br />

estas bases econômicas reais, a<br />

crise evolui nos mercados financeiros<br />

e se espalha, com ainda<br />

mais rapidez.<br />

Por que o<br />

imperialismo teme<br />

a inflação?<br />

Uma análise otimista feita pelo<br />

Wall Street Journal, ligado ao<br />

grupo de Rupert Murdoch, dono,<br />

entre outras coisas, da rede de<br />

televisão a cabo FOX, revela, por<br />

um lado, o avanço da crise e a<br />

situação indefesa da economia<br />

mais poderosa do mundo e, por<br />

outro, uma tentativa de distrair a<br />

audiência com a insólita colocação<br />

de que a “estagflação” pode<br />

ajudar a combater a inflação.<br />

A inflação norte-americana<br />

está atingindo alta de 4,2% em<br />

relação ao ano passado, refletindo<br />

a alta dos preços de combustíveis,<br />

alimentos e transportes.<br />

Os preços dos combustíveis e<br />

energia em geral subiram 17,4%<br />

em maio. Um ano antes, alimentos<br />

e outros preços subiram<br />

apenas 5% enquanto que o custo<br />

do transporte subiu 8,1%,<br />

refletindo parcialmente o acréscimo<br />

sobre os preços das passagens<br />

aéreas.<br />

Os economistas burgueses,<br />

como os do banco Wachovia<br />

Corp., citado pelo Wall Street<br />

Journal, apostam em que a inflação<br />

seja contida pelo fato de que<br />

salários e o custo de vida não<br />

estão colocados. “É menos provável<br />

que a inflação se torne o<br />

grande problema e que as pessoas<br />

venham a temê-la, porque os<br />

aumentos de preços e salários não<br />

estão colocados de maneira<br />

ampla. Isto será mais um peso<br />

sobre os consumidores e os<br />

negócios”.<br />

A imprensa econômica da<br />

burguesia imperialista atentou<br />

para o fato de que o descontentamento<br />

entre os consumidores<br />

tem crescido juntamente com o<br />

aumento de preços dos combustíveis<br />

e sua confiança caído na<br />

medida em que são obrigados a<br />

“gastar mais dinheiro em coisas<br />

que precisam do que em coisas<br />

que querem comprar”.<br />

A diminuição do consumo<br />

alimenta outro fenômeno econômico<br />

em marcha, o da estagnação<br />

econômica, da recessão.<br />

Os especuladores apostam<br />

com 75% de certeza que o Federal<br />

Reserve será obrigado a<br />

aumentar a taxa básica de juros<br />

norte-americana de 2% para<br />

2,25% na sua reunião em agosto.<br />

A onda inflacionária desencadeada<br />

internacionalmente já atinge<br />

praticamente todos os países<br />

do BRIC, o bloco dos países que<br />

o imperialismo chama “emergentes”,<br />

mas que têm o seu desenvolvimento<br />

bloqueado justamente<br />

pela existência do imperialismo.<br />

Na Índia, os índices chegaram<br />

a 8,75%, a mais alta inflação<br />

nos últimos sete anos. A estimativa<br />

dos economistas internacionais<br />

é de que o país ultrapasse<br />

os 10% de inflação em questão<br />

de semanas.<br />

A inflação chinesa, por sua<br />

vez, chega a mais de 8% enquanto<br />

as bolsas de valores vêm trabalhando<br />

em baixa de 7,7%.<br />

As bolsas norte-americanas –<br />

o centro da crise no mercado<br />

financeiro – estimam ganhos<br />

bastante limitados e atribuem à<br />

inflação a dificuldade de expansão<br />

destes dividendos.<br />

“A pesar dos ganhos, o tom<br />

em Wall Street escureceu nas<br />

últimas semanas, enquanto investidores<br />

lidavam com as más<br />

notícias das finanças e viam à<br />

frente a inflação crescendo, os<br />

fracos gastos dos consumidores<br />

e um período prolongado de rendimentos<br />

deprimidos. O índice<br />

Standard & Poor’s 500 retraiu<br />

0,1 pontos percentuais na última<br />

semana e 2,9% sobre os últimos<br />

trinta dias. A volatilidade disparou<br />

também.<br />

“Liz Ann Sonders, estrategista-chefe<br />

de investimentos na<br />

Charles Schwab, afirmou: ‘a<br />

disputa recente no mercado dá a<br />

falsa sensação de esperança aos<br />

investidores que possam ter<br />

pensado que o pior da crise de<br />

“A pesar dos ganhos, o tom em Wall Street escureceu nas últimas semanas, enquanto<br />

investidores lidavam com as más notícias das finanças e viam à frente a inflação crescendo,<br />

os fracos gastos dos consumidores e um período prolongado de rendimentos deprimidos”.<br />

crédito já passou” (Financial<br />

Times, 14/6/2008).<br />

Economia “real” e<br />

mercado financeiro<br />

Se, por um lado, a escassez<br />

dos combustíveis faz a inflação<br />

disparar, aumentando os preços<br />

dos combustíveis – e com estes,<br />

praticamente todos os custos na<br />

sociedade – a economia se vê<br />

atravancada por uma crise nos<br />

sistemas de crédito, uma crise financeira<br />

generalizada cujo epicentro<br />

está localizado nos EUA.<br />

No entanto, entre o Cila da<br />

recessão e o Caribdis da inflação,<br />

como demonstram as expectativas<br />

dos editores de uma das<br />

revistas especializadas no assunto,<br />

“o problema é a inflação”. O<br />

comentário da revista The Economist<br />

desta ainda que “os banqueiros<br />

dos bancos centrais<br />

podem esperar que o encarecimento<br />

dos preços do petróleo e<br />

dos alimentos pode se provar<br />

apenas um efeito passageiro, e<br />

não vão resultar em efeitos secundários<br />

como salários mais<br />

altos. Mas sabem que altas expectativas<br />

de inflação, uma vez<br />

desencadeadas, são difíceis de<br />

serem eliminadas”.<br />

“Investidores temem que os<br />

bancos centrais, no zelo para<br />

provar suas credenciais antiinflacionárias,<br />

podem promover danos<br />

sérios no crescimento econômico.<br />

Os problemas do setor<br />

financeiro estão longe de terem<br />

acabado, como a perda de 2,8<br />

bilhões de dólares do segundo trimestre<br />

do Lehman Brothers ilustrou”.<br />

O mercado financeiro ainda<br />

sofre os efeitos da recente crise<br />

de confiança revelada com um<br />

número até agora não consolidado<br />

de empréstimos a maus-pagadores<br />

no financiamento da<br />

compra de imóveis<br />

no maior mercado<br />

do mundo, os EUA,<br />

o que abalou carteiras<br />

de crédito de diversos<br />

bancos e fundos<br />

de investimento.<br />

O impacto das tendências<br />

inflacionárias<br />

sobre a crise<br />

aberta pode levar à<br />

virtual paralisação<br />

dos mecanismos de<br />

crédito do imperialismo<br />

mundial e diversos<br />

bancos e fundos<br />

de investimento<br />

que chegaram próximos<br />

da falência e<br />

só foram salvos pela<br />

enorme injeção de<br />

dinheiro por parte<br />

dos bancos centrais<br />

de todo o mundo, podem ver seu<br />

fim na operação desesperada<br />

para conter a inflação com a restrição<br />

imposta à tomada de novos<br />

empréstimos com o estabelecimento<br />

de taxas mais altas de<br />

juros.<br />

“Em essência, a economia<br />

global recebeu dois choques nos<br />

últimos 12 meses – o aperto de<br />

crédito e a alta dos preços das<br />

commodities. Estes<br />

choques tornaram<br />

as previsões mais<br />

incertas, não apenas<br />

para a economia mas<br />

para a política monetária.<br />

E a incerteza<br />

deixa os investidores<br />

nervosos, não<br />

menos porque sucede<br />

a um longo período<br />

em que os mercados<br />

pareciam ter<br />

um risco subavaliado<br />

em termos de<br />

preços” (idem).<br />

O poder da crise<br />

está arrastando para<br />

seu centro não apenas<br />

as economias diretamente<br />

ligadas,<br />

dependentes, da<br />

América Latina, mas<br />

a própria concorrência<br />

com os bancos do mercado<br />

europeu está sendo engolida pelo<br />

aperto nos lucros e a diminuição<br />

as expectativas com os resultados<br />

futuros. A credibilidade nos<br />

títulos do governo também está<br />

profundamente abalada. “No<br />

início do ano, os analistas previam<br />

15% de crescimento dos lucros<br />

das empresas européias em<br />

2008. Revisões fizeram baixar<br />

este número a 4%, principalmente<br />

por problemas na indústria financeira.<br />

(...) Os mercados de<br />

moedas são também prováveis<br />

pontos voláteis. O Fed preferiria<br />

articular uma subida para o dólar<br />

contra o euro e o yen e recuperar<br />

de uma queda sobre as<br />

moedas dos países em desenvolvimento<br />

na Ásia”.<br />

Brasil: quase fora<br />

de controle<br />

Apesar de todo o empenho do<br />

governo Lula e sua equipe econômica<br />

formada pelos representantes<br />

do imperialismo em Brasília,<br />

Henrique Meirelles no Banco<br />

Central e Guido Mantega, no<br />

Ministério da Fazenda, para<br />

ocultar este fato, a inflação no<br />

Brasil está em plena ascensão.<br />

Foi divulgado na última segunda-feira,<br />

dia nove, o aumento da<br />

inflação em maio ao maior patamar<br />

dos últimos cinco anos.<br />

Segundo a Fundação Getúlio<br />

Vargas (FGV), o Índice Geral de<br />

Preços – Disponibilidade Interna<br />

(IGP-DI), um dos índices<br />

mais importantes que mede a<br />

inflação, teve um aumento de<br />

1,88% no mês de maio. Em abril<br />

este mesmo índice teve alta de<br />

1,12%. O aumento atingido em<br />

maio é o maior desde janeiro de<br />

2003, quando o IGP-DI teve alta<br />

de 2,17%.<br />

Mais relevante constatar que<br />

o aumento da inflação está em<br />

uma escalada há muito tempo.<br />

Nos últimos 12 meses a inflação<br />

acumulada foi a maior desde<br />

2004. De maio de 2007 a maio de<br />

2008 a inflação foi de 12,14% e<br />

em 2004, 12,23%.<br />

Outros índices que compõem<br />

a inflação também tiveram alta<br />

como o IPA (Índice de Preços ao<br />

Atacado) que subiu em maio<br />

2,22%. No mês de abril o IPA já<br />

havia aumentado 1,3%.<br />

As commodities foram, naturalmente,<br />

os produtos que mais<br />

subiram. Entre eles o aço, o<br />

minério de ferro, os combustíveis,<br />

com destaque para o petróleo<br />

e as matérias-primas agríco-<br />

INFLAÇÃO EUA - 2005 - 2008 (DADOS E ESTIMATIVA)<br />

DESEMPREGO EUA - 2005-2009 (DADOS E ESTIMATIVA)<br />

las. O arroz, por exemplo, voltou<br />

a subir acima dos 10%. Em<br />

maio o produto teve elevação de<br />

15,98%. O minério de ferro<br />

subiu 11,38% e o diesel teve alta<br />

de 7,19%.<br />

A inflação não está mais localizada<br />

apenas nos alimentos e sim<br />

atingindo diversos ramos da indústria.<br />

Os aumentos dos preços<br />

estão acontecendo tanto em produtos<br />

industriais quanto agrícolas.<br />

Em maio, os produtos agrícolas<br />

foram reajustados em<br />

2,47% e os produtos industriais<br />

tiveram alta de 2,17%.<br />

A inflação em junho também<br />

está em alta. A FGV divulgou<br />

nesta terça-feira, dia dez, que a<br />

inflação aumentou em sete capitais<br />

analisadas. O Índice de Preços<br />

ao Consumidor – Semanal<br />

(IPC-S), medido nos sete primeiros<br />

dias de junho registrou alta de<br />

1,12% no geral.Uma semana<br />

antes este IPC-S teve aumento de<br />

0,87%. Em São Paulo, a variação<br />

foi de 1,31%. Na última<br />

semana de maio este índice teve<br />

alta de 1,11%. Em Belo Horizonte<br />

houve aumento de 0,59%, em<br />

Porto Alegre subiu 0,91%, em<br />

Brasília subiu 0,99%. No Rio de<br />

Janeiro subiu 1,13% e em Salvador<br />

0,76%. Em Recife, houve a<br />

maior alta da inflação, 1,43%.<br />

Os alimentos foram os que<br />

mais subiram, 2,98% nesta primeira<br />

semana de maio. Na semana<br />

anterior o aumento já havia<br />

sido grande, 2,33%. As maiores<br />

altas foram do arroz, 18,44%, o<br />

feijão, 4,45%, a carne bovina<br />

4,97%, o açúcar, 4,82% e ovos<br />

e aves, 2,61%.<br />

Outros produtos com alta<br />

foram o bujão de gás, aumento<br />

de 2,19%, água e esgoto, aumento<br />

de 0,34% e vestuário,<br />

0,46%.<br />

Enquanto a inflação atinge o<br />

mundo todo, provocando desemprego<br />

nos Estados Unidos,<br />

greves na Europa, mobilizações<br />

populares nos países pobres da<br />

Ásia, América Latina, Oriente<br />

Médio etc. o governo Lula vive<br />

na “Ilha da Fantasia”. Insiste no<br />

cinismo de dizer que não existe<br />

inflação no Brasil.<br />

Todas as declarações de Lula<br />

acerca da escalada dos preços e<br />

da inflação são tratadas como<br />

momentâneas e passageiras. No<br />

final do mês de abril o presidente<br />

disse, “A inflação é minha preocupação<br />

cotidiana. Penso que<br />

essa é uma coisa sazonal que<br />

resolveremos no curto prazo. A<br />

inflação está sob controle.<br />

Temos uma meta que está plenamente<br />

atingida e nós só precisamos<br />

tomar cuidado e não podemos<br />

relaxar em momento algum”.<br />

Lula também culpou o povo<br />

por estar consumindo demais e<br />

por isso comprando mais e elevando<br />

a inflação. No mês passado<br />

chegou a dizer que “o Brasil<br />

está crescendo, e crescendo de<br />

forma muito importante. Não<br />

podemos deixar a inflação voltar.<br />

E não é culpa do governo, não<br />

é culpa minha nem de vocês.<br />

A culpa é de quem compra e de<br />

quem vende. De quem governa<br />

e de quem não governa.”<br />

Em 30 de maio, a demagogia<br />

típica de Lula foi a mil quando ele<br />

garantiu que o Brasil não teria<br />

mais inflação. “Pode olhar na<br />

minha cara: este país não voltará<br />

a ter recessão, este país não<br />

voltará a ter desemprego”, disse,<br />

como se o desemprego estratosférico<br />

não fosse o maior de<br />

toda a história do país.<br />

Todas estas declarações do<br />

governo Lula têm como objetivo<br />

único esconder a crise financeira<br />

brasileira. O patamar atingido pela<br />

inflação em maio, 12,14%, semelhante<br />

ao índice de janeiro de 2003<br />

é o resultado da política pró-imperialista<br />

de Lula implantada no<br />

primeiro ano de seu mandato. É<br />

a volta à estaca zero da política de<br />

contenção da crise e da inflação.<br />

Em 2003, Lula implantou medidas<br />

para conter a inflação, como<br />

por exemplo, o aumento do superávit<br />

primário, que momentaneamente<br />

conteve a crise, mas agora,<br />

com a retomada da inflação<br />

prova o fracasso desta política.<br />

O sintoma mais claro do aumento<br />

inflacionário se dá justamente<br />

no terreno social onde uma<br />

população esmagada por anos de<br />

crise capitalista e por uma política<br />

destrutiva e confiscatória dos<br />

seguidos governos, está começando<br />

a se manifestar de uma<br />

forma mais ampla e mais clara<br />

contra as barreiras que o regime<br />

político coloca à defesa dos seus<br />

interesses como se pôde ver nas<br />

manifestações cotidianas dos<br />

camelôs de S. Paulo.


15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />

POLÍTICA 5<br />

GOVERNO ANTIPOVO LEI DE EXCEÇÃO<br />

Lula aprova maior rigor na lei para reprimir trabalhadores<br />

Com o aprofundamento da crise mundial, a<br />

burguesia brasileira sentiu que a temperatura da<br />

situação política está subindo e se une para aprovar<br />

o aumento das medidas repressivas do estado para<br />

aprofundar a punição a todos aqueles que se<br />

levantarem contra o estado<br />

Com a cínica utilização dos recentes casos do fazendeiro<br />

Vitalmiro Bastos de Moura, que assassinou a missionária<br />

Dorothy Stang no Pará e foi condenado em 2005 e absolvido<br />

no segundo julgamento, aumentam a repressão.<br />

Na última segunda-feira (9),<br />

Lula assinou três projetos de lei<br />

para mudar as regras do Tribunal<br />

do Júri.<br />

As medidas alteram os pontos<br />

do Decreto-Lei 3689/41, o Código<br />

de Processo Penal, com a<br />

descarada desculpa de tornar<br />

“mais rápido o trâmite dos processos<br />

e simplificar as decisões<br />

judiciais.”<br />

Dentre as mudanças está o<br />

4203/01 que altera as regras do<br />

Tribunal do Júri, onde prevê<br />

redução no tempo dos debates<br />

em que a defesa e a acusação<br />

têm duas horas nos chamados<br />

debates e meia hora em eventuais<br />

réplica e tréplica. Agora, a medida<br />

estabelece que deve ter<br />

apenas uma hora e meia para os<br />

debates e uma hora para eventuais<br />

réplica e tréplica. Prevê também<br />

audiência única para defesa,<br />

acusação e réu.<br />

Com a cínica utilização dos<br />

recentes casos do fazendeiro<br />

Vitalmiro Bastos de Moura que,<br />

assassinou a missionária Dorothy<br />

Stang no Pará e foi condenado<br />

em 2005 e absolvido no segundo<br />

julgamento, aumentam a<br />

repressão contra toda a população,<br />

aprovando a extinção do<br />

direito garantido a novo julgamento<br />

para aqueles condenados<br />

a 20 anos ou mais de prisão. O<br />

julgamento só pode ser adiado em<br />

casos excepcionais, como por<br />

motivo de doença comprovada.<br />

Segundo a Secretaria de Imprensa<br />

da Presidência, as novas<br />

regras entram em vigor dentro de<br />

60 dias.<br />

Aumento da<br />

repressão<br />

Toda a imprensa em uníssono<br />

afirmou que o projeto aprovado<br />

tem o objetivo de simplificar<br />

e acelerar os julgamentos.<br />

O Globo noticiou no dia 9 de<br />

junho que “o presidente Luiz Inácio<br />

Lula da Silva sancionou três<br />

leis que darão maior agilidade à<br />

justiça criminal.”<br />

A comemoração da imprensa<br />

mostra o medo do próximo período<br />

e a urgência para a burguesia<br />

em tentar barrar o levante<br />

popular contra seus desmandos.<br />

Tarso Genro em entrevista no<br />

canal de televisão Globo News,<br />

declarou sobre as novas medidas<br />

de “agradecimento a todos<br />

os senadores e deputados, principalmente<br />

à oposição, que aprovou<br />

por unanimidade na Câmara<br />

e no Senado”, evidenciando<br />

todo o esquema para aprovar o<br />

“pacote antiimpunidade”.<br />

As medidas deverão começar<br />

a valer em dois meses e atingirão<br />

processos que estão em andamento,<br />

como é o caso alardeado<br />

pela imprensa, por exemplo, do<br />

casal Nardoni, acusado de assassinar<br />

a filha.<br />

São medidas aprovadas pelo<br />

governo da frente popular de<br />

Lula que não tem nenhum interesse<br />

em garantir as necessidades<br />

e direitos da população. Esta<br />

MOBILIZAÇÃO DA DIREITA<br />

Veja em que implica algumas das<br />

medidas repressivas aprovadas por Lula<br />

Em um evidente acordo da<br />

burguesia para atacar a população,<br />

no dia 14 de maio foi aprovado<br />

oito projetos de repressão.<br />

Dois serão encaminhados e<br />

aprovados pela tábua de salvação<br />

da burguesia, que é Lula e<br />

seis serão encaminhados para<br />

o Senado.<br />

Veja abaixo algumas das<br />

mudanças tomadas de comum<br />

acordo entre o governo (PT)<br />

e a sua oposição de fachada<br />

(PSDB-DEM).<br />

Juri<br />

Atualmente<br />

Defesa e acusação tem duas<br />

horas e meia nos debates e<br />

mais meia hora em eventuais<br />

réplica ou tréplica<br />

Mudança<br />

O tempo no debate muda<br />

para uma hora e meia e réplica<br />

e tréplica passam para uma<br />

hora<br />

Atualmente<br />

Os jurados são escolhidos<br />

quando ao menos 19 dos 25<br />

sorteados comparecem na sessão<br />

Mudança<br />

O número mínimo de presentes<br />

passa a ser 15 pessoas<br />

Atualmente<br />

O juiz faz perguntas aos jurados<br />

a partir das teses apresentadas<br />

pela acusação e defesa<br />

Mudança<br />

As perguntas são supostamente<br />

mais simples para não<br />

ter confusão<br />

Atualmente<br />

Pessoas condenadas a mais<br />

de 20 anos têm direito a novo<br />

juri.<br />

Mudança<br />

Extingue este direito aprovado<br />

por Lula<br />

Infrações<br />

Atualmente<br />

Juízes não podem considerar<br />

as infrações cometidas<br />

antes de 18 anos<br />

Mudança<br />

Infrações dos menores podem<br />

ser consideradas em novos<br />

processos ainda não foi<br />

aprovado<br />

A JUSTIÇA CONTRA O POVO<br />

Caso Isabella: campanha contra os direitos democráticos do povo<br />

O processo desde o início é uma prova, uma demonstração<br />

de como atropelar os direitos fundamentais do cidadão e de<br />

como inflamar a opinião pública para objetivos direitistas.<br />

O caso da menina Isabella<br />

reforça a tese de como a burguesia<br />

se utiliza desses casos<br />

chocantes para investir uma<br />

campanha direitista contra a<br />

população, aniquilando os direitos<br />

do cidadão e se antecipando<br />

numa maior repressão aos trabalhadores<br />

No Brasil, a justiça burguesa<br />

simplesmente “esqueceu” e<br />

abandonou um princípio quase<br />

que universal do Direito, proposto<br />

pela Constituição Federal<br />

e que é pilar fundamental do Estado<br />

Democrático de Direito,<br />

segundo o qual “ninguém será<br />

considerado culpado até o trânsito<br />

em julgado da sentença<br />

penal condenatória”. Isto é, todos<br />

são inocentes desde que se<br />

prove o contrário.<br />

Entretanto, no dia 10 de junho,<br />

o Tribunal de Justiça de São<br />

Paulo, indeferiu por unanimidade<br />

o pedido de habeas corpus do<br />

casal Alexandre Nardoni e Anna<br />

Carolina Jatobá, mantendo a<br />

prisão dos acusados que estão<br />

é, pelo contrário, uma forma de<br />

ampliar a repressão.<br />

A lei no Brasil funciona em favor<br />

dos poderosos que podem<br />

fazer as maiores atrocidades, aliando-se<br />

a jagunços para matar<br />

sem-terra, roubar milhões em dinheiro<br />

público, desviar dinheiro da<br />

saúde e não serem condenados.<br />

O fazendeiro que assassinou<br />

a missionária foi absolvido, obviamente<br />

não por uma “brecha da<br />

lei”, mas porque comprou sua<br />

absolvição.<br />

A grande maioria da população<br />

vive sob o tacão de ferro da<br />

repressão policial na cidade e no<br />

campo e a aprovação desta medida<br />

é mais um passo no aumento<br />

da repressão, que está diretamente<br />

relacionada com tendência<br />

à mobilização operária e popular<br />

demonstrada no último<br />

período.<br />

respondendo por fraude processual<br />

e homicídio triplamente<br />

qualificado, podendo pegar de<br />

12 a 30 anos de reclusão. Os<br />

desembargadores que julgaram<br />

o pedido da defesa tentaram<br />

justificar descaradamente a decisão<br />

com argumentos vazios.<br />

“A violência do crime é suficiente<br />

para manter o casal preso<br />

em nome da ordem pública”,<br />

disse Caio Canguçu de Almeida,<br />

relator do caso.<br />

Ainda que se tenham dezenas<br />

de indícios da culpa - o que pode<br />

ser absolutamente contestado,<br />

sobretudo nesse momento em<br />

que se descobriu que o policial<br />

a comandar a primeira vistoria<br />

no apartamento onde a menina<br />

foi morta, era envolvido numa<br />

rede de pedofilia e a suspeita de<br />

que, antes de entrar em óbito ela<br />

teria sido abusada sexualmente<br />

– a presunção é sempre da inocência,<br />

afinal de contas a ação<br />

ainda não foi sentenciada pelos<br />

tribunais. Sendo eles apenas<br />

suspeitos é direito constitucional<br />

do acusado responder o<br />

processo em liberdade. A promotoria,<br />

os desembargadores e<br />

a polícia, pelo contrário, já atribuíram<br />

a eles a autoria do crime.<br />

Onde está o direito a plenitude<br />

de defesa do cidadão? O contraditório?<br />

E a privacidade dos<br />

réus, que foram expostos ao<br />

escárnio público pela imprensa<br />

burguesa ? Simplesmente não<br />

existem. Todos os ritos procedimentais<br />

foram totalmente<br />

descartados.<br />

O processo desde o início é<br />

uma prova, uma demonstração<br />

de como atropelar os direitos<br />

fundamentais do cidadão e de<br />

como inflamar a opinião pública<br />

para objetivos direitistas.<br />

Prender o casal à noite; encarcerá-los<br />

antes da sentença condenatória;<br />

a pressão e a intimidação<br />

policial etc., revelam o<br />

quanto o regime político está<br />

esgotado, regredindo aos terríveis<br />

períodos da inquisição e da<br />

Idade Média, onde o homem<br />

estava submetido à arbitrariedade<br />

da Igreja e do senhor feudal.<br />

O pretexto para tal retrocesso<br />

nos direitos do cidadão é<br />

perfeito: os acusados são figuras<br />

acusadas por um crime terrível<br />

e que não contam com<br />

nenhuma simpatia da população<br />

em geral, favorecendo a<br />

manipulação do sentimento<br />

geral de repúdio, aprofundado<br />

em grande medida pela campanha<br />

da própria imprensa burguesa,<br />

para objetivos reacionários,<br />

que visam a retirar direitos<br />

dessa mesma população.<br />

A campanha direitista está<br />

assumindo cada vez maiores<br />

proporções. Mesmo as medidas<br />

que parecem inofensivas,<br />

como a projeto “Cidade Limpa”<br />

do prefeito Kassab em São<br />

Paulo, e as reformas jurídicas,<br />

servem para aprofundar e endurecer<br />

as leis, revelando o<br />

quanto a burguesia tem se armado<br />

de todos os meios possíveis<br />

para garantir a sua dominação.<br />

ENTRE A CRUZ E A ESPADA<br />

TSE não consegue aprovar lei de perseguição política<br />

para candidatos acusados pela justiça burguesa<br />

O Tribunal Superior Eleitoral<br />

adiou a tentativa de aprovar leis<br />

repressivas, como restrições de<br />

propaganda na internet e o impedimento<br />

dos candidatos com<br />

ficha criminal de concorrer às<br />

eleições<br />

A burguesia, afundada em<br />

um mar de lama, encontra-se<br />

desmoralizada a ponto de não<br />

conseguir colocar peso em sua<br />

campanha para extinguir os<br />

direitos políticos do povo. Votada<br />

na terça-feira (10) pelo<br />

TSE (Tribunal Superior Eleitoral),<br />

a possibilidade de candidatos<br />

com ficha pregressa na<br />

polícia e que estão sofrendo<br />

processo não poderem concorrer<br />

a um cargo público, não foi<br />

aprovada. Por quatro votos a<br />

três, a proposta caiu. Portanto,<br />

foi mantida a lei de 1990, que dá<br />

o direito de candidatura para<br />

políticos que estão respondendo<br />

por processos judiciais sem<br />

condenação definitiva.<br />

Os ministros Eros Grau,<br />

Marcelo Ribeiro e Caputo Bastos<br />

votaram no relator, Ari Pargendler,<br />

que considerou a Lei<br />

Complementar 64/1990 suficiente<br />

para limitar o registro de<br />

candidaturas: “Só o trânsito em<br />

julgado (processo em que não<br />

cabe mais recurso) pode impedir<br />

o acesso aos cargos eletivos”,<br />

disse Pargendler (Portal<br />

G1, 10/6/2008). Votaram contra<br />

a manutenção da lei de 1990<br />

o presidente do TSE, Carlos<br />

Ayres Britto, o ministro Felix<br />

Fischer e Joaquim Barbosa.<br />

As ameaças de alguns Tribunais<br />

Regionais Eleitorais (TREs)<br />

de que iriam barrar o registro<br />

dos candidatos com pendências<br />

jurídicas, impedindo-os de<br />

concorrerem nas eleições municipais<br />

de outubro, não passou de<br />

fogo de palha. Não era para<br />

menos. Diante dos inúmeros<br />

escândalos de corrupção das<br />

secretarias regionais ao Congresso<br />

Nacional, um verdadeiro<br />

exército de representantes<br />

escorados nos cargos públicos<br />

estaria fadado à aposentadoria<br />

precoce caso o projeto de lei eleitoral<br />

fosse aprovado. O feitiço se<br />

voltou contra o feiticeiro. A lei,<br />

ao contrário do que quer fazer<br />

parecer, deveria acertar em cheio<br />

os partidos independentes e de<br />

esquerda, dos quais muito dos<br />

representantes atuam no movimento<br />

de massas, custando-lhes<br />

em algumas ocasiões processos<br />

jurídicos por defenderem os interesses<br />

da população pobre e<br />

trabalhadora. Um dirigente sindical,<br />

por exemplo, que não muito<br />

raro tem um processo judicial<br />

como resultado de sua agitação<br />

política contrária aos interesses<br />

dos capitalistas, não poderia se<br />

candidatar. O próprio Partido da<br />

Causa Operária foi alvo de um<br />

projeto piloto encomendado pela<br />

burguesia ao impugnar a candidatura<br />

do presidente do partido,<br />

Rui Costa Pimenta. Com a alegação<br />

de que houvera atraso na<br />

prestação de contas, o candidato<br />

passou a ser boicotado por todos<br />

os canais de TV, rádios e<br />

meios de comunicação impressa.<br />

Não fosse a campanha de<br />

denúncia sobre o esquema montado<br />

para impedir a divulgação de<br />

um partido revolucionário e socialista,<br />

a campanha teria sido<br />

completamente anulada. O episódio<br />

é semelhante à cassação do<br />

registro do PCB em 1947 pelo<br />

governo Vargas. Acusado de ser<br />

uma extensão do Partido Comunista<br />

soviético no Brasil, o partido<br />

passou à clandestinidade.<br />

Enquanto tomam medidas<br />

contra os que se colocam do lado<br />

dos trabalhadores e se opõem à<br />

ditadura contra este que é o atual<br />

regime político, não podemos<br />

deixar de lembrar que o TSE registrou<br />

um marco de “eficiência”<br />

ao julgar 40 “mensalões” em tempo<br />

recorde, inocentando a esmagadora<br />

maioria que hoje pode<br />

concorrer às eleições, quando<br />

deveria estar atrás das grades.<br />

Este simples fato mostra que<br />

o aumento do rigor das leis não<br />

atinge aqueles que as infringem<br />

de modo mais amplo e sistemático,<br />

como os políticos burgueses,<br />

juízes, empresários e banqueiros,<br />

mas apenas à população<br />

pobre trabalhadora e aqueles<br />

que lutam em sua defesa.<br />

“Só o trânsito em julgado (processo em que não cabe mais<br />

recurso) pode impedir o acesso aos cargos eletivos”.<br />

NOTAS<br />

Funcionários<br />

responsáveis pela<br />

detenção de menina<br />

de 15 anos em<br />

delegacia junto com<br />

homens são afastados<br />

apenas por 90 dias<br />

O diretor de Secretaria da 3ª<br />

Vara Penal de Abaetetuba, no<br />

estado do Pará, Graciliano Chaves<br />

da Mota, um dos principais<br />

responsáveis por manter presa<br />

uma menina de 15 ano numa<br />

cela com 20 homens em uma delegacia<br />

do município, foi punido<br />

apenas com o afastamento<br />

de 90 dias por “falta grave”. A<br />

decisão foi tomada pelo Tribunal<br />

de Justiça do Pará.<br />

A menina que hoje está sendo<br />

acompanhada por um programa<br />

de proteção a testemunhas,<br />

disse ter sido estuprada<br />

várias vezes e sofreu maus-tratos<br />

durante o período no qual<br />

esteve detida. A denúncia veio<br />

à tona no final do ano passado<br />

e suscitou uma série de outros<br />

casos semelhantes em outros<br />

estados do País, revelando ser<br />

uma realidade muito freqüente<br />

a detenção de menores de idade<br />

do sexo feminino em delegacias<br />

junto com homens.<br />

Além de Chaves da Mota,<br />

mais um servidor foi afastado<br />

também por 90 dias e ambos<br />

terão cortes de vencimentos<br />

neste tempo, exceto o recebimento<br />

do salário família.<br />

Está mais uma vez provado a<br />

quem realmente a Justiça serve,<br />

ou seja, os grandes capitalistas,<br />

corruptos, assassinos e torturadores,<br />

enquanto o povo sofrido,<br />

que passa fome e é explorado,<br />

é ainda reprimido pela polícia e<br />

pelas leis criadas pela burguesia.<br />

Polícia assassina sobe<br />

o morro do Adeus, no<br />

Rio: um homem<br />

morre<br />

Mais uma vez a Polícia Civil<br />

invade um morro no Rio e deixa<br />

vítimas. A operação que envolveu<br />

policiais da Core (Coordenadoria<br />

de Operações Especiais<br />

da Polícia Civil) e da DCOD<br />

(Delegacia de Combate às Drogas)<br />

ocorreu na manhã do dia 8<br />

de junho no morro do Adeus,<br />

na Penha (zona norte do Rio). O<br />

pretexto para a invasão era cumprir<br />

11 mandados de prisão.<br />

Não há informação sobre<br />

apreensão de drogas, mas um<br />

homem foi assassinado. A polícia<br />

nem ao menos tinha informação<br />

sobre em quem estava<br />

atirando, visto que até o meiodia<br />

o homem não havia sido<br />

identificado.


15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />

POLÍTICA 6<br />

PROGRAMA AMAZÔNIA<br />

Pela estatização do solo. Contra o monopólio<br />

do latifúndio estrangeiro e nacional<br />

A devastação da Amazônia, que os próprios institutos<br />

geográficos do governo Lula não podem esconder,<br />

expõem claramente a ofensiva do latifúndio nacional<br />

e estrangeiro em todo o País, que em terras do Norte<br />

do País deixam um rastro com o desmatamento<br />

recorde. É necessário levantar um programa<br />

nacional pela tomada de terras para o povo contra o<br />

monopólio criminoso da terra que será seguido de<br />

uma imensa transferência de riqueza nacional para o<br />

capital estrangeiro<br />

A questão fundiária no Brasil,<br />

que tem o latifúndio como<br />

maior fator do atraso nacional,<br />

com uma clara ofensiva estrangeira<br />

que se nota de forma mais<br />

evidente na região Amazônica,<br />

deverá acompanhar um agravamento<br />

desta situação no próximo<br />

período. Graças à política<br />

econômica do governo Lula, há<br />

uma ofensiva estrangeira sobre<br />

as terras nacionais para tentar<br />

tomar de vez todas estas para a<br />

especulação e para a plantação<br />

de produtos agrícolas, única e<br />

exclusivamente para atender<br />

interesses estrangeiros. Hoje,<br />

segundo o INCRA (Instituto<br />

Nacional de Colonização e Reforma<br />

Agrária), 3% do total das<br />

propriedades rurais do País são<br />

latifúndios (têm mais de mil<br />

hectares) e ocupam 56,7% das<br />

terras agriculturáveis. De outro<br />

lado há 4,8 milhões de famílias<br />

sem-terra. Os próprios dados<br />

do INCRA mostram que há 5,5<br />

milhões de hectares registrados<br />

em nome de estrangeiros que<br />

foram organizados pelo instituto,<br />

isto desde 1998, quando este<br />

começou a controlar a aquisição<br />

de imóveis rurais por empresas<br />

sem sede no País ou pessoas<br />

físicas não residentes no Brasil.<br />

Este dado é completamente<br />

subestimado pela prática comum<br />

de compras de terras brasileiras<br />

por empresas ou latifundiários<br />

estrangeiros em mãos de<br />

brasileiros e pelas empresas<br />

estrangeiras que têm sede no<br />

país.<br />

Segundo a organização nãogovernamental<br />

Imazon “36% da<br />

floresta supostamente de propriedade<br />

privada, apenas 4% contam<br />

com títulos de propriedade<br />

regularizados” (BBC Brasil).<br />

Segundo dados do próprio<br />

Banco Central, os investimentos<br />

diretos estrangeiros em atividades<br />

imobiliárias como compras<br />

de terras, aumentaram quase<br />

quatro vezes (347%) no País,<br />

um claro resultado da ofensiva<br />

por terras brasileiras.<br />

O avanço do monopólio da<br />

terra nacional já deixa um imenso<br />

rastro na Amazônia que é a<br />

parte mais visível desta ofensiva<br />

já que para utilizar as terras<br />

é necessário desmatar.<br />

Até o final do ano, segundo o<br />

INPE (Instituto Nacional de<br />

Pesquisas Espaciais), serão 20<br />

mil quilômetros quadrados desmatados<br />

a mais que no ano anterior,<br />

ou seja, um aumento de<br />

17% com o ano passado, o equivalente<br />

a quatro municípios de<br />

São Paulo.<br />

O sistema Deter (Detecção<br />

do Desmatamento em Tempo<br />

Real) do INPE registrou entre<br />

maio de 2007 e abril de 2008,<br />

segundo dados divulgados no<br />

dia 9 de maio, um desmatamento<br />

na Amazônia de 9.495 quilômetros<br />

quadrados, seis vezes a área<br />

da cidade de São Paulo. Este número<br />

vem em uma crescente, já<br />

que só no mês de abril, foram<br />

desmatados 1.123 quilômetros<br />

quadrados. Se se mantiver esta<br />

velocidade de desmatamento do<br />

mês passado em todo o ano, as<br />

terras desmatadas aumentarão<br />

para 13.476 mil quilômetros<br />

quadrados.<br />

Os jornais da burguesia internacional<br />

são uma mostra da<br />

ofensiva que a imprensa capitalista<br />

nacional, em uma demonstração<br />

de cinismo e manipulação<br />

dos fatos, deixa para segundo<br />

plano.<br />

“A conjunção das tragédias<br />

dos últimos meses e a crise alimentar<br />

parecem ter posto o Brasil<br />

no centro da cena política<br />

mundial (...) Suas amplas pradarias,<br />

perfeitas para semear soja,<br />

arroz e feijão, e os extraordinários<br />

recursos petroleiros descobertos<br />

recentemente tornaram o<br />

país a área mais cobiçada pelas<br />

grandes potências” (jornal Página<br />

12, da Argentina).<br />

Os acordos do etanol e dos<br />

biocombustíveis abriram o espaço<br />

para um avanço imenso do<br />

latifúndio sobre todo o território<br />

nacional.<br />

Neste sentido, o desmatamento<br />

da Amazônia é um primeiro<br />

passo para a entrega das<br />

terras para madeireiras e criadores<br />

de gado e em seguida para<br />

plantações de cana-de-açúcar e<br />

soja, esta segunda já tomando<br />

estados inteiros como o Mato<br />

Grosso do Sul.<br />

Este é também o motivo para<br />

o aumento dos alimentos, já que<br />

as terras de produtos de subsistência<br />

alimentar têm que dar<br />

espaço para as plantações de<br />

cana, soja e biocombustíveis<br />

promovendo uma escassez dos<br />

primeiros.<br />

O latifúndio é<br />

incompatível com a<br />

pequena<br />

propriedade: terra<br />

para quem nela<br />

trabalha!<br />

O avanço das tomadas de<br />

terras brasileiras que tem na<br />

Amazônia seu maior alvo, se<br />

expressa diretamente no recrudescimento<br />

do conflito agrário.<br />

De 2006 a 2007 houve um aumento<br />

de 140% do número de<br />

famílias expulsas de suas terras,<br />

pela ação dos fazendeiros:<br />

1.809 famílias expulsas em<br />

2006 e 4.340 em 2007. Em<br />

contrapartida, desde o início do<br />

primeiro mandato de Lula houve<br />

um aumento de ocupações<br />

de terra, que avançam cada vez<br />

mais de maneira proporcional<br />

ao aumento dos despejos.<br />

Enquanto em 2001 e 2002<br />

houve respectivamente 194 e<br />

184 ocupações, nos anos seguintes,<br />

até o último dado divulgado<br />

pela Comissão Pastoral da<br />

Terra, houve um crescimento<br />

exponencial. Foram 391 ocupações<br />

em 2003, 496 ocupações<br />

em 2004, 437 ocupações<br />

em 2005 e 384 ocupações em<br />

2006.<br />

Neste momento, um massacre<br />

é realizado em todos os<br />

estados da Amazônia Legal<br />

contra os sem-terra e os índios.<br />

Cada vez mais o monopólio<br />

da terra é incompatível com a<br />

pequena propriedade rural e<br />

avança para um enorme conflito<br />

com os trabalhadores semterra<br />

ou com pouca terra.<br />

Esta não é somente uma incompatibilidade<br />

graças ao massacre<br />

financiado pelo latifúndio<br />

formando milícias paramilitares<br />

e também comprando terras<br />

para pura especulação e para<br />

impedir concorrências, mas<br />

uma incompatibilidade econômica,<br />

pelo esmagamento da<br />

capacidade de os terem efetivo<br />

acesso à terra, aos melhores<br />

locais e aos recursos naturais,<br />

sem falar em investimento e<br />

infraestrutura. O latifúndio é<br />

um marco do atraso nacional,<br />

já que este representa um monopólio<br />

que impede o desenvolvimento<br />

nacional e, sobretudo,<br />

a sobrevivência de milhões de<br />

famílias que vivem do trabalho<br />

na terra para garantir seu sustento.<br />

A oligarquia agrária<br />

constitui um dos principais laços<br />

sociais com o capital financeiro<br />

imperialista. A emancipação<br />

da nação deste atraso é uma<br />

das principais tarefas nacionais.<br />

A única forma de se acabar<br />

com o latifúndio é defendendo<br />

sua extinção e a distribuição de<br />

terras para quem nela trabalha<br />

única e exclusivamente.<br />

Cada vez mais o monopólio da terra é incompatível com a<br />

pequena propriedade rural e avança para um enorme conflito<br />

com os trabalhadores sem-terra ou com pouca terra<br />

POLÍTICA ASSASSINA<br />

Reforma agrária de Lula: entregar toda a Amazônia<br />

para estrangeiros e massacrar os sem-terra e índios<br />

Carlos Minc vem carimbando verbas para os latifundiários a<br />

pretexto de cuidar do meio ambiente<br />

Nunca se vendeu tantas terras<br />

brasileiras para estrangeiros<br />

em todo o País. A crise na<br />

Amazônia, evidenciada pelo<br />

destaque que esta vem tomando<br />

na imprensa burguesa e também<br />

pelo aumento dos conflitos<br />

agrários na região, expôs uma<br />

realidade: a ofensiva estrangeira<br />

pelas terras que toma conta<br />

de todo o território.<br />

Segundo dados do Banco<br />

Central, os investimentos diretos<br />

estrangeiros em atividades<br />

imobiliárias no País, especialmente<br />

em compras de terras,<br />

aumentaram quase quatro vezes<br />

(347%) entre os anos de 2003<br />

e 2007. Não por coincidência<br />

este período marca o início do<br />

mandato de Lula e o período<br />

exato em que a lei de florestas<br />

Públicas do governo foi aprovada,<br />

entregando terras da União<br />

para as mãos dos latifundiários.<br />

Esta política só vem a cada<br />

momento se aprofundando. Os<br />

latifundiários nacionais e os<br />

especuladores estrangeiros, se<br />

aproveitando de novos decretos,<br />

como o aumento da entrega<br />

de terras nestas florestas de<br />

500 para 1.500 hectares sem<br />

licitação, vêm leiloando terras<br />

brasileiras. Esta lei foi assinada<br />

no mesmo dia em que Marina<br />

Silva, ex-ministra do Meio<br />

Ambiente, por um claro acordo,<br />

não só para desfocar as atenções<br />

de uma entrega cada vez mais<br />

escandalosa das terras da Amazônia<br />

para as mãos de magnatas<br />

nacionais e estrangeiros mas<br />

para empossar um ministro que<br />

sustentará ainda mais esta política<br />

de total entreguismo.<br />

Carlos Minc vem carimbando<br />

verbas para os latifundiários<br />

a pretexto de cuidar do Meio<br />

Ambiente.<br />

Os próprios dados do IN-<br />

CRA (Instituto Nacional de<br />

Colonização) mostram, com<br />

números subestimados que 3,8<br />

milhões de hectares dos 5,5<br />

milhões registrados em nome<br />

de estrangeiros foram organizados<br />

pelo instituto, que desde<br />

1998, controlam só a aquisição<br />

de imóveis rurais por empresas<br />

sem sede no País ou pessoas<br />

físicas não residentes no Brasil,<br />

mas que segundo o próprio presidente<br />

do INCRA, Rolf Hackbart,<br />

não “contabiliza e monitora<br />

a ação de estrangeiros que se<br />

associam a empresas nacionais<br />

para investir aqui” (Folha de S.<br />

Paulo, 8/6/2008), ou seja, não<br />

se precisa comprovar nacionalidade<br />

para comprar terras no<br />

Brasil.<br />

Somente no Mato Grosso,<br />

que é um dos centros da ofensiva<br />

na Amazônia, há 1.377<br />

propriedades estrangeiras em<br />

754,7 mil hectares. Mato Grosso<br />

foi responsável em 2007 por<br />

70% de todo o aumento do desmatamento<br />

no País e segundo<br />

os satélites controlados pelo<br />

INPE (Instituto Nacional de<br />

Pesquisas Espaciais), houve um<br />

aumento de 600% de desmatamento<br />

no estado de áreas de<br />

florestas, um recorde absoluto.<br />

A devassa estrangeira ocorre<br />

não só na Amazônia, mas<br />

esta chama a atenção pela ofensiva<br />

generalizada no último período.<br />

São Paulo é o estado que mais<br />

propriedades têm em mãos estrangeiras,<br />

quase dez vezes<br />

mais que o Mato Grosso, mas<br />

com propriedades de menor<br />

porte. São 11.424 propriedades<br />

que somam 504,7 mil hectares,<br />

mais que 2% dos 24.820.900<br />

hectares do território Paulista.<br />

Isto mostra que na Amazônia<br />

a ofensiva se trata de um avanço<br />

das maiores multinacionais<br />

do mundo pelas terras.<br />

Neste sentido, o caso de compras<br />

de terras por uma empresa<br />

sueca, que foi multada pelo Ibama,<br />

é a tentativa de esconder<br />

que as terras da Amazônia estão<br />

sendo entregues de uma vez só<br />

para especuladores imperialistas<br />

de todo o mundo.<br />

O Telhar Agropecuária, empresa<br />

agrícola de milho e soja e<br />

que tem 35 mil hectares no<br />

Estado é uma empresa argentina<br />

com capital estrangeiro. A<br />

SLC Agrícola, empresa de algodão,<br />

é um grupo brasileiro que<br />

é o maior produtor de algodão<br />

do País. Este, no entanto, é formado<br />

de uma sociedade estrangeira<br />

que assinou em março<br />

contrato de financiamento com<br />

o IFC (International Finance<br />

Corporation), braço de investimento<br />

do Banco Mundial. A<br />

empresa comprou no dia 5 de<br />

junho, 10.635 hectares no Mato<br />

Grosso, por R$ 82,9 milhões.<br />

O empresário sueco-britânico<br />

Johan Eliasch, que em 2005<br />

adquiriu 160 mil hectares no<br />

Amazonas e que foi multado<br />

agora, comprou terras por mãos<br />

de empresários estrangeiros e<br />

não figura no balanço do INCRA.<br />

De forma alguma esta aquisição<br />

de terras se restringe à região<br />

amazônica. No oeste baiano, por<br />

exemplo, empresas norte-americanas<br />

e japonesas, em um acordo<br />

com o governo Lula, compraram<br />

uma área de 60 mil hectares<br />

para produzir algodão e instalar<br />

usinas de açúcar.<br />

Lula entrega o País e massacra<br />

os sem-terra para usá-lo<br />

como válvula de escape da crise<br />

energética e financeira do<br />

capitalismo. O acordo do etanol,<br />

e os subsídios para outros tipos<br />

de biodiesel é o seguimento da<br />

cartilha do imperialismo e especialmente<br />

dos EUA, que passam<br />

por sua maior crise energética<br />

com a derrota da ocupação no<br />

Iraque e no Oriente Médio, com<br />

a qual pretendia realizar uma<br />

colossal transferência de recursos<br />

energéticos de um povo<br />

oprimido para seu próprio território.<br />

A ofensiva em terras brasileiras<br />

é também um movimento<br />

que é resultado de uma política<br />

de rapina alimentada pelos especuladores<br />

internacionais. A<br />

nova onda de investimentos<br />

pós-crise imobiliária e recessiva<br />

no mundo com coração nos<br />

EUA é o investimento em commoditties,<br />

ou seja, matéria-prima<br />

agrícola e de minérios. Este<br />

é outro objetivo do capital estrangeiro:<br />

transferir uma imensa<br />

riqueza material dos países<br />

oprimidos para convertê-lo em<br />

capital sólido, em substituição<br />

ao capital volátil que surgiu da<br />

crise imobiliária, um rombo de<br />

dívidas que não conseguiu ser<br />

sustentada pelo capitalismo em<br />

queda livre.<br />

A Amazônia, conhecida como<br />

“pulmão do mundo” por ser a<br />

maior fonte de riquezas de matérias<br />

primas mundiais é a bola da<br />

vez do imperialismo. O seu maior<br />

obstáculo é, portanto, os 25<br />

milhões de pessoas que moram<br />

na Amazônia e os 190 milhões de<br />

brasileiros, e em primeiro lugar<br />

os índios e os sem-terra.<br />

Diante disto é necessário que<br />

os trabalhadores da cidade e do<br />

campo defendam com unhas e<br />

dentes as terras nacionais, por<br />

meio da ocupação de terras do<br />

latifúndio e em uma campanha<br />

contra a privatização de terras<br />

brasileiras e contra o massacre<br />

que está sendo realizado contra os<br />

sem-terra e os índios. Este será o<br />

cerne do conflito agrário no País<br />

e que no próximo períoodo intensificará<br />

a luta pela terra em todo<br />

o País.<br />

FRENTE DE ESQUERDA<br />

Psol: reforma agrária feita pelo estado de direito democrático<br />

O Psol concorreu nas últimas<br />

eleições defendendo um programa<br />

contra os sem-terra. Da<br />

boca da sua candidata presidencial,<br />

os trabalhadores rurais<br />

ouviram que o partido defende<br />

a constituição que considera<br />

criminosa a luta pela terra e que<br />

o programa de reforma agrária<br />

é pura demagogia. Já na época<br />

pré-eleitoral a sua musa, Heloísa<br />

Helena, atacou os sem-terra<br />

do MLST que ocuparam o<br />

Congresso Nacional vociferando<br />

por sua punição ao lado de<br />

figuras da ditadura, como também<br />

no meio das eleições defendeu<br />

que não dá para fazer reforma<br />

agrária, já que “a Constituição<br />

não permite”.<br />

O Psol defendeu o Estado<br />

burguês contra os sem-terra<br />

nas duas ocasiões, mas isto não<br />

é um fato isolado. Este é o programa<br />

do Psol e de seus expoentes,<br />

parlamentares de carreira<br />

e burgueses.<br />

Agora, diante da maior privatização<br />

de terras da região<br />

amazônica, o Psol apela novamente<br />

para as leis do Estado.<br />

Um dos líderes do Psol, Plínio<br />

de Arruda Sampaio, que foi lançado<br />

candidato a deputado em<br />

São Paulo e ex-deputado federal,<br />

defendeu em entrevista à<br />

Folha de S. Paulo no dia 8 de<br />

junho que a compra de terras por<br />

estrangeiros no Brasil deve se<br />

dar exclusivamente por meio<br />

das leis atuais, defendendo a<br />

“distinção legal entre empresa de<br />

capital nacional e estrangeiro”<br />

mas não o impedimento de compras<br />

de terras para estrangeiros<br />

e muito menos a expropriação<br />

dos cerca de 5,5 milhões de<br />

hectares de latifúndio que possuem<br />

os estrangeiros, segundo<br />

o balanço do INCRA (Instituto<br />

Nacional de Colonização e Reforma<br />

Agrária).<br />

Ainda segundo Plínio de Arruda<br />

Sampaio “A compra de<br />

terras por estrangeiros no Brasil<br />

aumenta quando surge um<br />

problema de alimentação no<br />

mundo (...) E especuladores<br />

aproveitam a subida do preço da<br />

terra (...) Ao mesmo tempo<br />

nosso presidente sai por aí a<br />

vender investimento em cana. É<br />

um contra-senso”.<br />

O Psol absorveu também<br />

toda a balela de que o governo<br />

Lula defenderia a reforma agrária<br />

e que sua política é um simples<br />

“contra-senso”, um erro. O<br />

Psol esconde todo o jogo armado<br />

pelo governo, não apenas<br />

cedendo ao imperialismo mas<br />

aprovando leis para expandir o<br />

latifúndio nacional e a entrega de<br />

terras para os estrangeiros e não<br />

apenas pela crise mundial de<br />

alimentos, mas para substituir o<br />

petróleo dos EUA por etanol e<br />

também para financiar os biocombustíveis,<br />

a soja e o álcool.<br />

Para o Psol, falar em “contrasenso”<br />

quer dizer que Lula apenas<br />

“errou” quando aprovou a<br />

lei de Florestas Públicas que<br />

entrega terras de florestas nas<br />

mãos de latifundiários e também<br />

apenas “errou” quando ampliou<br />

as terras entregues para os latifundiários<br />

sem licitação de 500<br />

para 1500 hectares. Para o Psol,<br />

Lula “errou” quando promoveu<br />

em toda a região amazônica e no<br />

País o pior massacre dando<br />

apoio aos ruralistas e acobertando<br />

o massacre do povo semterra<br />

como o que ocorre agora<br />

em Rondônia.<br />

A concordância do Psol e de<br />

Plínio de Arruda Sampaio “em<br />

partes” com o programa de<br />

reforma agrária do governo Lula<br />

é clara. Sampaio não apenas<br />

defende Lula nas entrelinhas<br />

como atua conjuntamente com<br />

o governo em outras ocasiões.<br />

Este é fundador e atual presidente<br />

da ABRA (Associação<br />

Brasileira de Reforma Agrária).<br />

No sítio da organização na internet,<br />

Arruda Sampaio é descrito<br />

como “Elaborador, com sua<br />

equipe, do II Plano Nacional de<br />

Reforma Agrária (PNRA), colaborando<br />

com o governo de<br />

Lula.”<br />

No sítio ainda está publicado<br />

que “A ABRA procura abrir o<br />

diálogo nacional com toda a<br />

sociedade e os movimentos<br />

organizados. Busca o aprofundamento<br />

da democracia e o<br />

estabelecimento de relações<br />

respeitosas com todas as instituições<br />

democráticas. (...). Luta<br />

por um Brasil de todos (...)<br />

dentro do estado de direito democrático”.<br />

Talvez seja por isto, por sua<br />

defesa das leis atuais e do estado<br />

de direito democrático (leiase<br />

a lei perversa do latifúndio,<br />

maior monopólio da economia<br />

no País), que o Psol compactua<br />

com a tese de “erro” de Lula.<br />

Também talvez seja por isto<br />

que a Frente de Esquerda, do<br />

Psol, que lançará novamente<br />

Heloísa Helena e que é formada<br />

também por PSTU, manteve o<br />

mais completo silêncio sobre o<br />

massacre que ocorreu em Rondônia<br />

no dia 9 de abril, no qual<br />

mais de 30 sem-terra desapareceram<br />

por ação dos latifundiários.<br />

Este não é um problema<br />

episódico, pois o MST, dirigido<br />

pelo PT, não soltou uma única<br />

nota em defesa dos sem-terra de<br />

Rondônia, pois ali como em<br />

várias partes do País os semterra<br />

se organizam independentemente<br />

do governo, dos seus<br />

órgãos, de suas leis e do próprio<br />

MST, que assim como o Psol se<br />

atrelam completamente ao estado<br />

e ainda muito mais em época<br />

eleitoral.


15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />

CAMPANHA<br />

O que querem os sem-terra de Rondônia?<br />

Contra o massacre que vêm sofrendo os camponeses<br />

pobres de Rondônia, produzido pelos latifundiários,<br />

chamamos todos os ativistas e trabalhadores a<br />

participar dessa ampla campanha em defesa dos<br />

sem-terra, colhendo abaixo-assinados e entrando em<br />

contato com o Partido da Causa Operária para<br />

marcar debates nas escolas e nos locais de trabalho<br />

Só a ampla mobilização dos<br />

trabalhadores da cidade e do<br />

campo vai garantir liberdade<br />

para os sem-terra e melhores<br />

condições de vida a todos os<br />

camponeses. A oligarquia agrária<br />

no Brasil constitui um dos<br />

principais laços sociais com o<br />

capital financeiro imperialista.<br />

Só a luta pela reforma agrária<br />

vai colocar a produção agrícola<br />

brasileira nas mãos dos trabalhadores.<br />

Por isso os sem-terra<br />

e camponeses pobres de Rondônia<br />

reivindicam:<br />

Fim da repressão!<br />

Os camponeses pobres que<br />

lutam por terra para trabalhar e<br />

se sustentar estão sendo perseguidos<br />

pela polícia do governador<br />

de Rondônia Ivo Cassol (ex<br />

PSDB, ex PPS) e pela Força<br />

Nacional de Segurança e a Polícia<br />

Federal de Lula. Tudo a<br />

mando dos latifundiários da<br />

região, que matam, prendem e<br />

torturam os camponeses, para<br />

perpetuar seu domínio sobre a<br />

EM DEFESA DOS CAMPONESES AMEAÇADOS PELO LATIFÚNDIO<br />

maioria da população. Quem<br />

está lutando por trabalho e terra<br />

não deve ser perseguido. Os<br />

assassinatos cometidos pelos<br />

latifundiários são uma forma de<br />

intimidar os lutadores no campo,<br />

plantando o terror e o medo<br />

nas centenas de famílias camponesas.<br />

No entanto, os sem-terra<br />

resistem e exigem o fim de<br />

toda a repressão no estado.<br />

Punição aos<br />

assassinos dos<br />

sem-terra!<br />

O Brasil é dominado pelos<br />

interesses de lucro da burguesia<br />

e dos latifundiários. Esses parasitas<br />

têm seus rendimentos e sua<br />

riqueza derivados do monopólio<br />

da propriedade do solo e para<br />

manter essa dominação econômica<br />

contam com o poder do<br />

Estado capitalista que prende os<br />

camponeses pobres e deixa<br />

impune essa oligarquia agrária,<br />

responsável pelo assassinato de<br />

milhões de camponeses e lutadores<br />

que reivindicam um pedaço<br />

de terra. Um dos exemplos<br />

mais recentes foi o escandaloso<br />

caso do assassinato da missionária<br />

norte-americana Dorothy<br />

Stang. A justiça absolveu o<br />

réu confesso e que já havia sido<br />

condenado pelo mandato do<br />

assassinato, o fazendeiro Vitalmiro<br />

Bastos de Moura, o Bida.<br />

Em contrapartida condenou o<br />

pistoleiro Rayfran das Neves a<br />

28 anos de prisão. Esse caso<br />

esteve em evidência por se tratar<br />

de uma religiosa estrangeira,<br />

porém, isso é uma constante na<br />

vida de milhões de brasileiros<br />

trabalhadores no campo. Por<br />

isso exigimos punição de todos<br />

os assassinos dos sem-terra em<br />

Rondônia, responsáveis pela<br />

morte de mais de 15 companheiros<br />

e o desaparecimento de pelo<br />

menos 30.<br />

Regularização de<br />

todos os<br />

assentamentos!<br />

Somente no estado de Rondônia<br />

são 13 assentamentos<br />

dirigidos pela Liga dos Camponeses<br />

Pobres (LCP). Os trabalhadores<br />

ocupam a terra e começam<br />

a plantar e tirar, dali, o seu<br />

sustento. É necessária a regularização<br />

de todos os assentamentos<br />

de sem-terra, imediatamente<br />

e sem pagamento de nenhuma<br />

indenização aos latifundiários.<br />

A grande propriedade<br />

fundiária é um entrave ao desenvolvimento<br />

econômico do país.<br />

O fim do latifúndio é uma das<br />

principais tarefas dos trabalhadores<br />

brasileiros e a regularização<br />

dos assentamentos, além de<br />

possibilitar a sobrevivência das<br />

famílias assentadas, inibe a ação<br />

dos jagunços e da polícia que<br />

atuam a mando dos latifundiários,<br />

apoiados nas leis burguesas<br />

que representam apenas<br />

seus interesses.<br />

Fim dos processos<br />

contra os sem<br />

terra!<br />

Há centenas de companheiros<br />

da luta pela terra que estão<br />

sendo processados pelos latifundiários<br />

e pelo Estado, simplesmente<br />

por reivindicar um<br />

pedaço de terra a que têm direito.<br />

A justiça burguesa tem o claro<br />

objetivo de intimidar as organizações<br />

independentes dos trabalhadores<br />

do campo.<br />

Libertação de<br />

todos os presos<br />

políticos da luta<br />

pela terra!<br />

Há outros tantos que são<br />

presos pela polícia com a única<br />

“acusação” de serem militantes<br />

da luta pela terra. A democracia<br />

burguesa mostra a<br />

sua verdadeira face: não tem<br />

nenhuma diferença fundamental<br />

com o regime militar. O<br />

companheiro Russo, por<br />

exemplo, esteve preso por quatro<br />

anos sem nenhuma acusação<br />

contra ele, foi submetido<br />

às piores humilhações às quais<br />

passa um detento no Brasil.<br />

Russo foi torturado pela polícia<br />

dos latifundiários na tentativa<br />

desta de encontrar as lideranças<br />

da Liga dos Camponeses<br />

Pobres. Por isso é preciso<br />

liberdade para os sem-terra<br />

lutar, ocupar e produzir.<br />

Indenização de<br />

todas as famílias<br />

atacadas pelo<br />

latifúndio!<br />

O latifúndio que persegue,<br />

mata e tortura os camponeses<br />

pobres e leva a fome, a pobreza<br />

e o terror a milhares de famílias.<br />

Em 1995 os latifundiários<br />

produziram um massacre<br />

em Corumbiara, Rondônia,<br />

contra os ocupantes da<br />

fazenda Santa Elina. Até hoje<br />

nenhuma família foi indenizada<br />

pelas dezenas de mortes,<br />

torturas e danos morais causados<br />

pelos jagunços e policiais.<br />

Agora, após as calúnias da<br />

revista Istoé, que em uma<br />

POLÍTICA 7<br />

matéria comprada pelos latifundiários<br />

de Rondônia afirma<br />

que a LCP é uma organização<br />

guerrilheira e ligada ao narcotráfico,<br />

já são mais de 15<br />

mortos nos acampamentos de<br />

sem-terra no estado, 30 desaparecidos<br />

e centenas de famílias<br />

sendo expulsas das terras<br />

onde viviam e plantavam e<br />

tendo seus pertences queimados<br />

pelos jagunços.<br />

Que o Estado dê<br />

condições de vida<br />

para os sem-terra<br />

e os<br />

trabalhadores do<br />

campo (crédito<br />

barato, educação,<br />

saúde,<br />

transporte)<br />

Os camponeses que estão<br />

assentados e moram na região<br />

sofrem com o completo descaso<br />

das autoridades. Eles não<br />

têm energia elétrica, saúde, educação<br />

e transportes nos acampamentos.<br />

O acesso a esses<br />

serviços, que são direitos de<br />

toda população, é inclusive dificultado<br />

pelos governos municipais,<br />

estadual e federal. As<br />

cidades e municípios de Rondônia<br />

só existem graças à luta<br />

dos camponeses que migraram<br />

de diversos estados em busca<br />

de uma terra para tirar o seu<br />

sustento. Com o boicote das autoridades,<br />

os próprios sem-terra<br />

têm que construir seus barracos,<br />

escolas, pontes e estradas,<br />

que são destruídos pela<br />

polícia e pelos jagunços.<br />

RONDÔNIA<br />

Ivo Cassol: governador dos latifundiários e do<br />

massacre aos sem-terra está afundado em corrupção<br />

O governador de Rondônia,<br />

Ivo Cassol (sem partido) e o<br />

senador Expedito Júnior (PR-<br />

RO) serão investigados pelo<br />

Supremo Tribunal Federal por<br />

compra de votos nas eleições de<br />

2006<br />

Ivo Cassol e Expedito Júnior<br />

são acusados de comprar votos<br />

às vésperas das eleições.<br />

Cerca de R$ 100,00 teria sido<br />

entregue para cada funcionário<br />

de uma empresa de segurança<br />

ligada ao governo para votar e<br />

angariar votos para a chapa<br />

conjunta entre os dois parlamentares.<br />

O crime de compra de votos<br />

foi denunciado já em 2006, o que<br />

não levou os acusados a serem<br />

punidos mesmo com provas. O<br />

senador continua no cargo por<br />

uma liminar e Ivo Cassol, segundo<br />

denúncia, mesmo tendo coagido<br />

por meio da polícia civil<br />

testemunhas que iriam depor<br />

contra este, continua também<br />

impune.<br />

Cassol tem uma lista de crimes<br />

elevada. Este já tinha sido acusado<br />

de ter praticado fraudes em<br />

licitações em 2005 quando era do<br />

PSDB e prefeito do município de<br />

Rolim de Moura. Na época foram<br />

divulgadas fitas de vídeo de conversas<br />

entre Cassol e deputados<br />

negociando propinas, fitas estas<br />

que foram atestadas em laudo do<br />

próprio Instituto Nacional de Criminalística<br />

da Polícia Federal<br />

como legítimas e sem nenhum<br />

tipo de adulteração no conteúdo<br />

das imagens.<br />

Já em 2006, Cassol foi acusado<br />

pela CPI da Biopirataria<br />

de ter usado efetivos da Polícia<br />

Militar de Rondônia para<br />

derrubar madeira ilegalmente,<br />

utilizando Autorização de<br />

Transporte para Produto Florestal<br />

(ATPFs) falsas corrompendo<br />

o Ibama e outros órgãos<br />

do estado.<br />

Ivo Cassol é governador de<br />

um dos estados mais corruptos<br />

do País. Em sua última gestão<br />

antes de se reeleger em 2006, a<br />

Assembléia Legislativa de Rondônia<br />

teve 22 dos 23 deputados<br />

envolvidos em escândalos comprovados,<br />

na mesma época do<br />

“mensalão” federal.<br />

No mês de abril de 2007, em<br />

meio a um massacre dos trabalhadores<br />

sem-terra ocorrido no<br />

dia 9 de abril, no qual 30 trabalhadores<br />

estão desaparecidos, a<br />

família Cassol foi acusada, principalmente<br />

o filho de Cassol, de<br />

participar da máfia da importação<br />

de automóveis.<br />

O governo do massacre aos<br />

sem-terra e que se aproveita das<br />

leis de privatização de florestas de<br />

Lula está afundado em corrupção<br />

e é para ofuscar seus crimes<br />

que este realiza uma campanha<br />

incessante de calúnias contra os<br />

sem-terra acusando-os de inúmeros<br />

crimes infundados.<br />

MINC NA AMAZÔNIA<br />

Pretexto ecológico para entregar as terras<br />

para o imperialismo e reprimir a população<br />

Carlos Minc foi indicado para<br />

o Ministério do Meio Ambiente<br />

para agilizar a entrega do patrimônio<br />

nacional para tentar salvar a<br />

falência geral do regime.<br />

Nesta semana, Minc solicitou<br />

ao presidente da Federação das<br />

Indústrias do Estado de São Paulo<br />

(Fiesp), Paulo Skaf, para fechar<br />

um acordo para que os produtos<br />

derivados da floresta amazônica<br />

usados pela indústria tenham<br />

origem legal, ou seja, as grandes<br />

empresas que estão autorizadas<br />

a desmatar a Amazônia.<br />

Segundo ele “Não se acaba<br />

com o desmatamento colocando<br />

um policial atrás de cada desmatador”.<br />

“Você precisa criar condições<br />

dignas para os envolvidos nas<br />

cadeias produtivas”. Minc afirma<br />

que é necessário profissionalizar<br />

e regularizar os processos extrativistas.<br />

Um pobre coitado que<br />

precise derrubar uma árvore para<br />

fazer uma casa para se abrigar...<br />

terá que enfrentar a polícia, exército,<br />

Ibama, justiça, mas empresas<br />

nas mãos de estrangeiros, que<br />

fazem isso em escala industrial<br />

estão “legais”.<br />

Minc declarou que pretende<br />

aplicar nacionalmente a mesma<br />

ação para o licenciamento ambiental<br />

utilizada quando secretário<br />

do Meio Ambiente do Rio de Janeiro.<br />

“Havia 15 mil licenças que<br />

não andavam. Criamos um mecanismo<br />

que nos permitiu ser ágeis,<br />

rigorosos e extremamente eficientes<br />

na defesa dos ecossistemas.”<br />

“Na comparação divulgada<br />

pela Feema, Minc reduziu pela<br />

metade o tempo para aprovar<br />

certificações e licenças de instalação<br />

e operação.” (A Tarde 15/<br />

5/2008)<br />

Em um ano e quatro meses de<br />

gestão no Rio de Janeiro, foram<br />

concedidas o mesmo número de<br />

licença dos três anos anteriores.<br />

Carlos Minc se reunirá com o<br />

presidente do Banco Nacional de<br />

Desenvolvimento Econômico e<br />

Social (BNDES), Luciano Coutinho,<br />

e irá propor a abertura de uma<br />

linha de crédito especial para projetos<br />

de “tecnologia limpa”.<br />

Minc quer usar dinheiro do<br />

povo, arrecadado com os impostos,<br />

para financiar máquinas e<br />

equipamentos de empresários<br />

que têm lucros astronômicos no<br />

País.<br />

Segundo anunciado pelo Ministério<br />

do Meio Ambiente, ações<br />

federais de suposto combate ao<br />

desmatamento na Amazônia serão<br />

intensificadas a partir dos<br />

próximos dias.<br />

Carlos Minc se reuniu com<br />

o diretor da Polícia Federal Luiz<br />

Fernando Corrêa para definir as<br />

medidas da chamada terceira<br />

etapa da Operação Arco de<br />

Fogo.<br />

Minc afirmou que ela passará<br />

a contar, além de agentes da<br />

Polícia Federal e do Ibama, com<br />

o apoio de policiais rodoviários e<br />

do Exército, que darão “apoio<br />

logístico no transporte armazenado<br />

e guarda em suas instalações,<br />

dos bens ilegais, madeiras, grãos<br />

ou gado que venham a ser apreendidos.”<br />

Montarão operações nas estradas<br />

de escoamento de produção,<br />

hidrovias e as indústrias,<br />

madeireiras, frigoríficos e siderúrgicas.<br />

A ação já iniciada por Marina<br />

RORAIMA<br />

Autoridades que massacram índios em defesa<br />

do latifúndio montam rede de pedofilia<br />

Um levantamento da Polícia<br />

Federal levou à prisão do procurador<br />

geral de Roraima, Luciano<br />

Alves de Queiroz, acusado<br />

de formar uma rede de pedofilia<br />

no estado e do major,<br />

Raimundo Gomes, e os empresários<br />

Givanildo dos Santos<br />

Castro, Lidiane do Nascimento<br />

e Jackson Ferreira, além de funcionários<br />

de órgãos públicos,<br />

como o do TRF, Hebron Silva<br />

Vilhena.<br />

Luciano Queiroz seria o centralizador<br />

da rede para a qual os<br />

citados acima também trabalhavam.<br />

Este, junto a empresários<br />

e políticos de Roraima seriam os<br />

aproveitadores do comércio<br />

monstruoso de crianças e jovens<br />

que eram abusados.<br />

Queiroz ainda tem ligação<br />

com os arrozeiros de Roraima<br />

que estão atacando os índios. Foi<br />

este o responsável pela ação que<br />

suspendeu uma operação da<br />

Polícia Federal em Roraima na<br />

terra Raposa Serra do Sol.<br />

Neste momento também voltou<br />

à tona o caso do deputado<br />

federal e ex-governador Neudo<br />

Campos (PP-RR), que foi indiciado<br />

na quinta-feira (5) pelo<br />

Supremo Tribunal Federal por<br />

peculato e formação de quadrilha<br />

no “escândalo dos gafanhotos”,<br />

esquema que desviou no<br />

mínimo R$ 70 milhões de verbas<br />

públicas entre 1998 e 2002<br />

para funcionários fantasmas do<br />

governo.<br />

A crise na Amazônia por uma<br />

Silva e Lula está sendo ampliada.<br />

As inúmeras operações e intervenções<br />

nos estados da Amazônia<br />

para reprimir os sem-terra e índios<br />

(Operação Arco de Fogo e Paz<br />

no Campo), a pretexto de defender<br />

o meio-ambiente, são operações,<br />

organizadas pela polícia militar,<br />

o Ibama, a polícia civil, o<br />

Exército e em alguns casos até a<br />

Força Nacional de Segurança, todos<br />

nas mãos dos grandes proprietários<br />

de terras.<br />

O objetivo é perseguir os trabalhadores<br />

do campo, roubando<br />

suas ferramentas, colocando<br />

fogo nos acampamentos.<br />

Os únicos multados são os<br />

próprios trabalhadores. Alguém<br />

acredita que serão dados créditos<br />

para os sem-terra que quiserem<br />

utilizar “tecnologia limpa”?<br />

A verdade é que para os governadores,<br />

latifundiários e empresários<br />

estrangeiros não há qualquer<br />

restrição ou multa.<br />

Lula prepara a entrega do País,<br />

massacra os sem-terra e índios<br />

para usá-lo como válvula de escape<br />

da crise energética e financeira<br />

do falido regime capitalista.<br />

disputa de interesses em imensas<br />

áreas de riqueza traz à tona a<br />

podridão das autoridades dos<br />

estados, ligados à polícia e à Justiça,<br />

mas também ao parlamento.<br />

Esta máfia criminosa, responsável<br />

por assassinar sem-terra e<br />

índios, por desviar verbas públicas<br />

e que gira em torno dos interesses<br />

espúrios dos latifundiários,<br />

é uma verdadeira quadrilha<br />

ligada a todos os comércios clandestinos,<br />

como armas, drogas e<br />

prostituição de mulheres e crianças.<br />

Esta disputa de interesses só<br />

fez vir à tona uma pequena parte<br />

da ficha criminal de uma minúscula<br />

parcela dos altos cargos do<br />

Estado que são ligados a diversos<br />

crimes.<br />

Participe da campanha em<br />

defesa dos camponeses<br />

pobres de Rondônia<br />

O Partido da Causa Operária e<br />

a Aliança da Juventude convocam<br />

todos os ativistas a participar e<br />

contribuir com a campanha em<br />

defesa dos camponeses massacrados<br />

de Rondônia. Seja um<br />

colaborador da campanha em<br />

defesa dos camponeses sem-terra<br />

de Rondônia que estão sofrendo<br />

o ataque dos latifundiários e<br />

das calúnias da imprensa burguesa.<br />

A AJR e o <strong>PCO</strong> organizaram<br />

os primeiros debates com os<br />

companheiros camponeses de<br />

Rondônia. Os cinco primeiros<br />

debates, que aconteceram nas<br />

principais universidades de São<br />

Paulo, já reuniram cerca de 200<br />

pessoas. A série de debates faz<br />

parte da campanha em defesa dos<br />

camponeses pobres de Rondônia,<br />

perseguidos pelos latifundiários<br />

daquele estado, com a conivência<br />

e o apoio do governo Lula e do<br />

governo estadual de Ivo Cassol<br />

(ex-PPS, ex-PSDB).<br />

O ataque contra os sem-terra<br />

de Rondônia e de todo o Brasil, em<br />

particular no Pará e Roraima, faz<br />

parte de uma ofensiva geral da<br />

direita reacionária, apoiada pela<br />

Igreja católica, contra os trabalhadores.<br />

A mesma força reacionária<br />

que está por trás da ameaça de<br />

prisão contra 10 mil mulheres no<br />

Mato Grosso do Sul por terem<br />

realizado aborto.<br />

Por isso é necessário ampliar<br />

a campanha, realizando mais<br />

debates e indo às ruas denunciar<br />

o assassinato de trabalhadores.<br />

Participe da campanha colhendo<br />

abaixo-assinado , enviando<br />

moções . Entre em contato conosco<br />

e marque debates e atividades<br />

na sua universidade, sindicato<br />

e bairro pelo telefone (11)<br />

5584-9322 ou pelo e-mail<br />

pco@pco.org.br<br />

Envie suas moções por fax, e-<br />

mail e correio, com cópia para<br />

nosso e-mail, para:<br />

Presidência da República<br />

Secretaria-Geral da Presidência<br />

da República<br />

Endereço: Pça dos Três Poderes,<br />

Palácio do Planalto, 4ºandar<br />

70.150-900 Brasília-DF<br />

Telefones: (61) 3411-1225<br />

E-mail: sg@planalto.gov.br<br />

SEDH - Secretaria Especial<br />

dos Direitos Humanos<br />

Esplanada dos Ministérios, Bloco<br />

T, Sala 420<br />

Edifício Sede do Ministério da<br />

Justiça<br />

CEP: 70064-900<br />

Brasília, DF<br />

Fax (55 61) 3223-2260<br />

Ouvidoria-Geral da Cidadania<br />

Telefone: (55 61) 3429-3116<br />

E-mail:<br />

direitoshumanos@sedh.gov.br<br />

Ministério das relações exteriores<br />

DDH - Divisão de Direitos Humanos<br />

Anexo I - Salas 730/731<br />

Fax: (61) 3226-4186<br />

Senado<br />

Senador Garibaldi Alves Filho<br />

Fax: (61) 3311-1813<br />

Correio:<br />

garibaldi.alves@senador.gov.br<br />

Senador Tião Viana<br />

Fax: (61) 3311-2955<br />

Correio:<br />

tiao.viana@senador.gov.br<br />

Senador Álvaro Dias<br />

Fax: (61) 3311-2941<br />

Correio:<br />

alvarodias@senador.gov.br<br />

Estado de Rondônia<br />

Palácio Getúlio Vargas - Praça<br />

Presidente Getúlio Vargas<br />

Bairro: Centro<br />

CEP: 78900-000<br />

Porto Velho - RO<br />

Fax: (69) 3216-5206<br />

Assembleia legislativa de Rondônia<br />

Presidente Neodi Carlos<br />

neodioliveira@ale.ro.gov.br<br />

(69) 3216 2736, 2740<br />

1º Vice-presidente Alex Testoni<br />

alextestoni@ale.ro.gov.br (69)<br />

3216 2756 e 3216 2757<br />

2º Vice-presidente Miguel Sena<br />

miguelsena@ale.ro.gov.br (69)<br />

3216-2789/2790<br />

1º Secretário Jesualdo Pires<br />

jesualdopires@ale.ro.gov.br<br />

(69) 3216 2753 / 2754<br />

2º Secretário Chico Paraíba<br />

chicoparaiba@ale.ro.gov.br<br />

(69)3216-2771 e 3216 2772<br />

3º Secretário Ezequiel Neiva<br />

ezequielneiva@ale.ro.gov.br<br />

(69) 3216 2750 e 3216 2751<br />

4º Secretário Maurinho Silva<br />

maurinho@ale.ro.gov.br (69)<br />

3216 2759 e 2760<br />

Secretaria da Segurança, Defesa<br />

e Cidadania de Rondônia<br />

(69) 3216-8918/3216-8919<br />

www.rondonia.ro.gov.br<br />

Prefeitura de Porto Velho<br />

Rua Dom Pedro II, 826<br />

Cep: 78900-000<br />

Porto Velho-RO<br />

Tel/Fax: (69) 3901-3001<br />

Prefeitura de Nova Mamoré<br />

pmnmgab@yahoo.com.br<br />

Fax: 69 3544;2269<br />

Prefeitura de Cujubim<br />

Av Cujubim, 2588<br />

Centro - Cujubim - RO<br />

Tel: (69) 3582-2033<br />

Prefeitura de Ariquemes<br />

Rua Rio Madeira, 3617 - (69)<br />

3535-2545 –<br />

Setor Institucional - Ariquemes<br />

- RO<br />

Prefeitura de Theobroma<br />

Av. Treze de Fevereiro, 1431 -<br />

Cep 78947 - 000 Tel. (69)<br />

3523 - 1159


15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />

MOVIMENTO POPULAR 8<br />

ENFRENTAMENTOS CAMELÔS E A POLÍCIA EM SP<br />

Chega de repressão<br />

Os enfrentamentos entre os<br />

vendedores ambulantes, a<br />

Guarda Civil Municipal e a Polícia<br />

Militar no centro de São<br />

Paulo, na última semana, são<br />

expressão do avanço da crise<br />

econômica e um sinal da completa<br />

incapacidade dos governos<br />

municipal, estadual e federal<br />

de dar uma resposta à população<br />

trabalhadora e os desempregados.<br />

Os camelôs protestaram na<br />

última sexta-feira contra a repressão<br />

policial que covardemente<br />

já assassinou alguns<br />

ambulantes e deixou diversos<br />

feridos.<br />

Há quase três décadas o remédio<br />

da burguesia para um<br />

desemprego que oficialmente<br />

atinge mais de dois milhões de<br />

pessoas na Grande S. Paulo tem<br />

sido o subemprego, em grande<br />

medida a atividade dos camelôs,<br />

e a repressão contra este tipo de<br />

atividade.<br />

Estes trabalhadores são perseguidos<br />

pelos criminosos de<br />

colarinho branco que ocupam a<br />

prefeitura com uma sanha e<br />

uma crueldade que é um retrato<br />

da baixeza da classe dominante<br />

brasileira.<br />

As Martas Suplicy, os Josés<br />

Serra, os Kassabs, dão a centenas<br />

de milhares de famílias nenhuma<br />

opção de sustento ao<br />

proibir a atividade dos ambulantes.<br />

O apito da panela de pressão<br />

parece que está apitando depois<br />

de muita repressão e da ditadura<br />

imposta pela administração<br />

municipal sobre os camelôs.<br />

Os ambulantes estão decididos<br />

a não parar suas manifestações<br />

enquanto as forças repressivas<br />

da prefeitura e do Estado<br />

não pararem com suas provocações.<br />

A repressão aos ambulantes<br />

vem se acumulando por<br />

anos a fio e a cada ano a prefeitura<br />

e os empresários (donos<br />

das grandes lojas e bancos<br />

no centro da capital paulista)<br />

procuram avançar na<br />

ofensiva contra aqueles que,<br />

por não terem outra alternativa,<br />

para não serem jogados<br />

completamente na indigência,<br />

sem dinheiro, sem ter onde<br />

morar e como sobreviver,<br />

optaram por trabalhar como<br />

camelôs e vender suas mercadorias<br />

nas ruas.<br />

As mesmas cenas se reptem<br />

há anos. Os ambulantes são<br />

perseguidos pela criminosa e<br />

mafiosa Guarda Civil Municipal<br />

(GCM), pelo “Rapa”, por fiscais<br />

SÃO PAULO: DURANTE TODA A SEMANA<br />

Camelôs realizaram protestos<br />

contra a repressão policial<br />

Os camelôs de São Paulo<br />

realizaram na última segundafeira<br />

(9), na Rua 25 de Março,<br />

uma manifestação contra a<br />

política de repressão e perseguição<br />

adotada pelo prefeito, Gilberto<br />

Kassab (DEM), que através<br />

da GCM (Guarda Civil<br />

Metropolitana), vem realizando<br />

uma série de retiradas, apreendendo<br />

os produtos dos trabalhadores<br />

e levando alguns dos<br />

comerciantes presos.<br />

De acordo com a própria<br />

Polícia Militar, o protesto contou<br />

com a participação de pelo<br />

menos 200 ambulantes e teve<br />

SÃO PAULO CAMELÔS<br />

Como funciona o esquema de repressão<br />

da GCM e da PM no centro da capital<br />

A prefeitura de Gilberto Kassab<br />

está colocando um imenso<br />

efetivo nas ruas do centro da<br />

cidade de São Paulo para reprimir<br />

os trabalhadores ambulantes<br />

Há algumas semanas os camelôs<br />

vêm realizando protestos<br />

contra a repressão e os casos de<br />

apreensões de mercadorias dos<br />

trabalhadores, às vésperas das<br />

eleições municipais, vêm se<br />

multiplicando.<br />

Na última segunda-feira (9)<br />

os trabalhadores ambulantes<br />

resolveram realizar um grande<br />

protesto, com cerca de 300<br />

pessoas e a polícia os reprimiu<br />

duramente com gás de pimenta,<br />

bombas de efeito moral e<br />

cassetetes. A PM chegou a<br />

prender um dos trabalhadores<br />

acusando-o de danos ao patrimônio<br />

público.<br />

Nesta quarta-feira (11) um<br />

correspondente do Causa Operária<br />

Notícias Online esteve na<br />

NÃO À REPRESSÃO CONTRA O POVO<br />

Pela dissolução da GCM<br />

A Guarda Civil Metropolitana<br />

de São Paulo, criada em 1986<br />

por Jânio Quadros, sob o pretexto<br />

de proteger os bens, serviços<br />

e instalações do município, pouco<br />

a pouco se tornou um dos<br />

principais instrumentos de repressão<br />

do Estado. Não combatem<br />

o crime, mas a população.<br />

Isto porque a criação de uma<br />

polícia pelos órgãos municipais<br />

é inconstitucional e as prefeituras,<br />

como a de São Paulo, se<br />

apóiam nos dispositivos que lhe<br />

concedem o direito de criar um<br />

órgão de fiscalização sobre a preservação<br />

patrimonial (praças,<br />

parques e edifícios públicos)<br />

para estabelecer, à revelia de<br />

qualquer lei, uma nova força<br />

policial contra o povo.<br />

Desta forma, a GCM de São<br />

Paulo foi colocada à disposição<br />

dos grandes empresários e lojistas<br />

do centro da cidade para<br />

atuarem como seus seguranças,<br />

armados e com autoridade<br />

policial para reprimir as manifestações<br />

dos camelôs.<br />

É uma verdadeira milícia fascista,<br />

usada pelos ricos para<br />

atacar os direitos dos pobres,<br />

que são maioria na cidade.<br />

É por este motivo que se viu,<br />

nas últimas manifestações ocorridas<br />

no centro da cidade, que os<br />

guardas correram para a frente<br />

das grandes lojas para dar aos<br />

empresários a “segurança” pela<br />

qual pagam “por fora”.<br />

São os membros da GCM que<br />

perseguem e reprimem os ambulantes<br />

no centro, além de atacarem<br />

também os indigentes e outros<br />

que perambulam pela cidade<br />

à noite. Com quase 6.400 membros,<br />

foi sob o governo de Gilberto<br />

Kassab (DEM) que a GCM iniciou<br />

sua maior ofensiva contra os<br />

ambulantes e teve seu aparelho<br />

início por volta das 10 horas da<br />

manhã.<br />

Durante esse período as ruas<br />

do centro permaneceram paralisadas<br />

e, com medo da reação<br />

dos policiais, alguns comerciantes<br />

chegaram a fechar suas<br />

portas. O movimento dos camelôs<br />

afirma que eles lutam pela<br />

permissão de funcionamento de<br />

novas bancas na região e contra<br />

ações como a promovida no<br />

sábado (7), quando uma operação<br />

organizada pela DAP (Delegacia<br />

Anti-Pirataria) do Deic<br />

(Departamento de Investigações<br />

sobre Crime Organizado) apreendeu<br />

cerca de dois milhões de<br />

produtos na região e prendeu<br />

pelo menos 20 comerciantes<br />

ambulantes. Durante a manifestação,<br />

mais um dos trabalhadores<br />

ambulantes foi preso. A<br />

população que estava nas ruas<br />

da cidade pode ver novamente<br />

cenas de violência contra os trabalhadores<br />

promovida pela policia,<br />

aparelho repressor do<br />

Estado.<br />

A perseguição aos camelôs<br />

faz parte do ataque que a direita<br />

vem realizando contra a população.<br />

Proibir os ambulantes de<br />

trabalhar em uma sociedade em<br />

corruptos da prefeitura que recebem<br />

dinheiro dos empresários<br />

donos de lojas para agredir os<br />

camelôs, roubar suas mercadorias<br />

e expulsá-los das ruas.<br />

Dezenas de milhares de trabalhadores<br />

honestos - que não<br />

passam, na sua grande maioria,<br />

de trabalhadores desempregados<br />

em busca de um sustento<br />

digno - já apanharam, tiveram<br />

seus produtos apreendidos e até<br />

mesmo roubados pelo “Rapa” e<br />

pela GCM e são, em alguns<br />

casos, vítimas de extorsão e de<br />

ameaças para que possam continuar<br />

a trabalhar em alguns<br />

pontos.<br />

Junto com isso, a imprensa<br />

capitalista, venal até a medula<br />

dos ossos, os acusa de propagar<br />

o crime na venda das suas<br />

modestas mercadorias que em<br />

nada prejudicam a população da<br />

cidade.<br />

Como se não bastasse ter<br />

que agüentar os baixos salários<br />

e o desemprego promovidos<br />

pelos governos de Serra e Lula,<br />

que através de sua política de<br />

fome para o povo e favorecimento<br />

dos grandes empresários<br />

e banqueiros, os ambulantes<br />

de São Paulo ainda têm que<br />

enfrentar as diversas polícias<br />

criadas para impedi-los de buscar<br />

sustento com a venda de<br />

seus produtos nos principais<br />

pontos comerciais da cidade. A<br />

odiosa GCM, amparada quando<br />

necessário pela Polícia Militar e<br />

sua tropa de choque, já agiu violentamente<br />

contra os camelôs<br />

em diversas oportunidades.<br />

É preciso dar um basta na<br />

repressão da GCM e da PM<br />

contra os ambulantes que só<br />

querem trabalhar para sobreviver.<br />

Os ambulantes não podem,<br />

simplesmente ficar parados<br />

esperando os guardas da<br />

prefeitura chegar e arrancar de<br />

suas mãos o seu sustento. Não<br />

têm outra alternativa senão se<br />

defender da violência promovida<br />

pelo Estado dos patrões,<br />

dos empresários e dos banqueiros,<br />

contra sua própria sobrevivência.<br />

Apoiamos integralmente<br />

a manifestação dos<br />

ambulantes de S. Paulo em<br />

defesa de seu sustento e contra<br />

a covarde repressão policial.<br />

Chamamos todos os ambulantes,<br />

camelôs e marreteiros<br />

a se organizar e exigir o fim da<br />

repressão, a dissolução da<br />

GCM e o direito ao trabalho,<br />

isto é, direito e oportunidade<br />

para todos que queiram trabalhar;<br />

completa liberdade para o<br />

pequeno comércio ambulante;<br />

isenção de toda e qualquer taxa<br />

ou tributo municipal para os<br />

desempregados etc.<br />

Chamamos todos os trabalhadores<br />

da cidade e a juventude<br />

estudantil a dar apoio incondicional<br />

e ativo à luta dos camelôs.<br />

crise, onde o desemprego assola<br />

a população é o mesmo que<br />

promover a morte desses trabalhadores<br />

e suas famílias. Essa<br />

política assassina e repressora<br />

ganhou destaque em São Paulo<br />

pelo odiado prefeito Kassab. O<br />

mini-ditador está realizando uma<br />

brutal ofensiva contra todos os<br />

trabalhadores e movimentos<br />

sociais, tomando medidas no<br />

mínimo insanas, tais como: proibir<br />

feirantes de gritar, proibir<br />

mendigos de dormir nos bancos,<br />

estipular tempo para passar nas<br />

catracas de ônibus, proibir manifestações<br />

nas ruas etc.<br />

Os camelôs e todos os trabalhadores<br />

devem se unir contra<br />

os ataques dos governantes<br />

burgueses, que em defesa dos<br />

banqueiros e empresários, estão<br />

explorando ainda mais a população<br />

a fim de garantir os lucros<br />

desses tubarões.<br />

Rua 25 de março e nas suas<br />

proximidades colhendo depoimentos<br />

dos trabalhadores ambulantes,<br />

que preparam um<br />

novo protesto contra a Guarda<br />

Civil Metropolitana e o prefeito<br />

Gilberto Kassab.<br />

Os relatos deram conta de<br />

uma verdadeira ditadura da prefeitura.<br />

Há dois meses a repressão<br />

vem claramente aumentando.<br />

A cada esquina havia de cinco<br />

a dez policiais que se juntavam<br />

a fiscais e a policiais militares.<br />

Além disso, bate-paus e<br />

guardas civis rondam constantemente<br />

os trabalhadores em<br />

kombis de vidro microfilmados<br />

e em carros da polícia e a qualquer<br />

momento descem às pressas<br />

dos carros apreendendo os<br />

materiais.<br />

Diversos trabalhadores mostravam<br />

as marcas da violência<br />

da polícia em seu corpo e denunciavam<br />

que inúmeras mercadorias<br />

foram apreendidas. Estes<br />

denunciavam “o rapa”, como os<br />

ambulantes chamam os fiscais,<br />

uma máfia de contrabando de<br />

mercadorias.<br />

Em um espaço menor do que<br />

duas horas o repórter de Causa<br />

Operária pôde deparar-se em<br />

dois momentos com apreensões<br />

de materiais dos camelôs. Em<br />

uma, um senhor de idade deficiente<br />

que vendia laranjas sofreu<br />

uma tentativa de apreensão<br />

por parte da GCM e só se livrou<br />

dos policiais graças ao protesto<br />

de outros ambulantes. Em depoimento,<br />

este senhor disse que há<br />

10 anos trabalha na 25 de março<br />

e que agora os policiais estão<br />

tentando apreender suas mercadorias.<br />

Na segunda apreensão, dois<br />

guardas civis tomaram a bolsa<br />

de um trabalhador ambulante e<br />

retiraram mercadorias de dentro<br />

que sequer estavam à venda,<br />

jogaram em uma sacola lacrando-a<br />

e entregando para a<br />

máfia dos fiscais.<br />

Outros trabalhadores denunciaram<br />

as atrocidades da GCM,<br />

agredindo jovens, homens e<br />

mulheres, inclusive mulheres<br />

grávidas sem qualquer piedade.<br />

As agressões são ainda mais<br />

violentas quando se trata de trabalhadores<br />

imigrantes estrangeiros.<br />

Os conflitos na Rua 25 de<br />

março, às vésperas das eleições<br />

são prática comum dos governos<br />

burgueses como os do PP<br />

de Paulo Maluf, do PT de Marta<br />

Suplicy, do PSDB de José<br />

Serra, copiados agora pelo<br />

DEM de Gilberto Kassab. Isto<br />

ocorre porque a burguesia financia<br />

as verdadeiras máfias que enriquecem<br />

em torno da máfia da<br />

propina apoiada na polícia e nas<br />

guardas civis, que lucram com<br />

a apreensão de materiais e com<br />

a cobrança de taxas dos camelôs.<br />

Esta é a única forma de<br />

manter a repressão contra os<br />

trabalhadores ambulantes. Nas<br />

eleições os partidos burgueses<br />

para serem financiados pelo<br />

grande e médio comércio fazem<br />

uma aliança para reprimir os<br />

trabalhadores.<br />

repressivo fortalecido com o investimento<br />

em câmeras para vigiar<br />

o centro da cidade, projeto<br />

que a prefeitura pretende ainda<br />

expandir para outras regiões.<br />

A GCM já protagonizou diversos<br />

episódios de abuso da<br />

força policial e violência gratuita<br />

contra os camelôs no centro<br />

da cidade. Durante o governo de<br />

Marta Suplicy, o número de<br />

camelôs autorizados a trabalhar<br />

no centro diminuiu de 1.500<br />

para menos de 400. Foi durante<br />

o governo de Marta Suplicy que<br />

a GCM ganhou a atribuição de<br />

atuar como fiscal dos ambulantes<br />

e teve seu contingente aumentado<br />

na Subprefeitura da<br />

Sé.<br />

Há ainda diversas denúncias<br />

de tortura contra os membros<br />

da GCM destacados para atuar<br />

no centro da cidade na repressão<br />

aos camelôs. No ano passado,<br />

três guardas foram remanejados<br />

por terem contra si mais<br />

de 30 denúncias de espancamento<br />

de ambulantes pelas costas.<br />

A prefeitura nega, esconde<br />

os guardas-psicopatas que se<br />

sentem superpoderosos depois<br />

que vestem uma farda e usam<br />

um cassetete para bater nos trabalhadores<br />

ambulantes, ao abrigo<br />

de administradores corruptos,<br />

mas a verdade é que foram<br />

os últimos governos, do PT e do<br />

PSDB que mais investiram no<br />

armamento e equipamento para<br />

transformar a GCM em uma<br />

verdadeira milícia de combate<br />

contra os camelôs, a serviço dos<br />

empresários lojistas que vêem<br />

seus lucros diminuídos pela a<br />

concorrência com o enorme<br />

contingente de desempregados<br />

que sai às ruas para tentar sobreviver<br />

vendendo suas mercadorias<br />

nas calçadas.<br />

Não podemos aceitar mais a<br />

presença da guarda fascista no<br />

centro da maior cidade do país<br />

e pátria das maiores lutas do<br />

proletariado brasileiro.<br />

A repressão aos ambulantes vem se acumulando por anos a<br />

fio e a cada ano a prefeitura e os empresários procuram<br />

avançar na ofensiva contra aqueles que foram obrigados por<br />

trabalhar como camelôs e vender suas mercadorias nas ruas<br />

REPRESSÃO<br />

Polícia apreende dois<br />

milhões de produtos<br />

A Delegacia Anti-Pirataria (DAP) do Departamento de Investigações<br />

sobre Crime Organizado (DEIC) fez no dia 7 de junho<br />

uma operação que apreendeu cerca de 2 milhões de produtos<br />

dos camelôs na rua 25 de março, considerada o maior centro<br />

de comércio popular de São Paulo.<br />

40 policiais participaram da operação e a ordem era apreender<br />

todas as mercadorias que apresentassem qualquer característica<br />

de falsificação. Contudo, as mercadorias passarão ainda<br />

por perícia. Ou seja, a ordem era perseguir e acabar com os<br />

vendedores ambulantes. Foram apreendidas bolsas, óculos,<br />

roupas e brinquedos.<br />

Sob a máscara moralista da luta anti-pirataria, a polícia reprime<br />

os trabalhadores ambulantes. É uma política de destruir os<br />

vendedores ambulantes em nome de leis ditatoriais como a<br />

“cidade limpa” de Kassab, de acordo com os interesses dos<br />

grandes empresários. Cerca de 20 pessoas foram levadas ainda<br />

para o Deic para prestar depoimento.<br />

Em um sábado normal, 400 mil pessoas passam pela região<br />

para consumir as mercadorias de preços populares.<br />

Fora Kassab!<br />

A política do prefeito que<br />

ninguém elegeu, Gilberto Kassab,<br />

deve ser amplamente repudiada.<br />

O prefeito de São<br />

Paulo só tem olhos para os empresários<br />

e banqueiros. É, ele<br />

mesmo, uma figura estreitamente<br />

ligada aos interesses<br />

empresariais, como o das<br />

máfias que dominam o transporte<br />

na cidade e completamente<br />

incapaz de atender<br />

qualquer mínima reivindicação<br />

da população trabalhadora.<br />

À frente de um governo<br />

completamente impopular,<br />

Kassab quer resolver o problema<br />

de anos de desemprego e<br />

falta de condições dos vendedores<br />

ambulantes usando a<br />

força policial.<br />

Enquanto o governo gasta o<br />

dinheiro arrancado da população<br />

através dos altíssimos impostos<br />

cobrados no município<br />

para enriquecer os já ricos empresários<br />

e as famosas máfias<br />

que dominam a cidade, como<br />

a máfia do lixo e do transporte,<br />

e favorecer ainda mais os<br />

grandes comerciantes, os trabalhadores,<br />

e em particular os<br />

desempregados que se tornaram<br />

camelôs, não têm quaisquer<br />

direitos. Não podem sequer<br />

trabalhar nas ruas para<br />

obter seu próprio sustento de<br />

maneira honesta e digna, com<br />

o próprio suor do seu corpo.<br />

A repressão aos trabalhadores<br />

ambulantes é uma política<br />

comum a todos os governos<br />

burgueses. Em São Paulo, de<br />

Maluf (PP) a Marta Suplicy<br />

(PT), todos são inimigos dos<br />

trabalhadores e preferem ver<br />

um ambulante perder toda<br />

mercadoria e ser humilhado<br />

pela polícia nas ruas do que<br />

investir minimamente na criação<br />

de condições para que<br />

esta parcela significativa da<br />

população, que não possui emprego<br />

fixo, condições de abrir<br />

agora um pequeno negócio<br />

estável ou trabalha em condições<br />

precárias possa se sustentar<br />

dignamente em um<br />

emprego de verdade com carteira<br />

assinada e todos os direitos<br />

garantidos. Trabalham ativamente<br />

para criar no país<br />

uma legião de desempregados,<br />

apenas em função das dificuldades<br />

que os empresários<br />

encontram para poder continuar<br />

lucrando.<br />

Kassab já condenou as manifestações<br />

anteriores da população<br />

pobre que se levantou<br />

contra o descaso com os transportes<br />

públicos e a falta<br />

d’água no início do ano. Chamou<br />

os trabalhadores de criminosos<br />

para esconder que o<br />

verdadeiro criminoso, que<br />

lesa a população, é ele e seu<br />

governo bantipovo de empresários<br />

e banqueiros.<br />

Somente um governo dos<br />

próprios trabalhadores, isto é,<br />

um governo formado pelas organizações<br />

independentes da<br />

classe operária, dos conselhos<br />

populares nos bairros e dos<br />

sindicatos, sem patrões e seus<br />

lacaios políticos profissionais<br />

pode criar as condições para<br />

uma verdadeira mudança na<br />

sociedade.


15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />

MOVIMENTO POPULAR 9<br />

SÃO PAULO<br />

Mobilização dos camelôs toma conta do centro<br />

Os camelôs de São Paulo realizam o maior protesto<br />

do último período. Mais de três mil trabalhadores<br />

ambulantes tomaram a 25 de março e as ruas<br />

próximas durante toda a última sexta-feira (13)<br />

colocando contra a parede a Polícia Militar e a<br />

Guarda Civil Metropolitana do micro-ditador<br />

Gilberto Kassab (DEM), que ficaram completamente<br />

sem ação, mesmo com o financiamento da repressão<br />

aos ambulantes por parte dos lojistas e da máfia da<br />

propina<br />

Os trabalhadores ambulantes<br />

do centro de São Paulo organizavam<br />

desde o início desta<br />

semana um protesto massivo<br />

nesta sexta-feira.<br />

Superando até mesmo as<br />

expectativas dos organizadores<br />

do ato, que reivindicava o fim a<br />

repressão por parte da Guarda<br />

Civil Metropolitana (GCM),<br />

cerca de três mil trabalhadores<br />

ambulantes foram às ruas. A<br />

região central foi tomada por<br />

protestos desde a manhã, que<br />

chegaram a se realizar em até<br />

três pontos diferentes da região<br />

de forma simultânea.<br />

Após duas manifestações,<br />

uma realizada no último sábado<br />

(dia 7) e outra na última segunda-feira<br />

(dia 9), depois de estas<br />

serem duramente reprimidas<br />

pela Guarda Civil Metropolitana<br />

e a Polícia Militar, os ambulantes<br />

resolveram realizar um<br />

protesto para responder à total<br />

ofensiva repressiva de Gilberto<br />

Kassab e de sua polícia. Nos protestos<br />

realizados na segundafeira,<br />

um trabalhador ambulante<br />

foi morto e outros foram<br />

presos, o que foi completamente<br />

escamoteado pela imprensa<br />

burguesa.<br />

Os casos de mortes na região<br />

da 25 de março por parte da<br />

Polícia Militar e da Guarda Civil<br />

Metropolitana são denunciados<br />

pelos ambulantes como<br />

uma constante. Segundo estes,<br />

mais de seis ambulantes foram<br />

assassinados desde janeiro deste<br />

ano pelos carrascos da<br />

GCM.<br />

Também nestes protestos<br />

uma trabalhadora grávida havia<br />

sido espancada pela GCM a<br />

ponto de ter rompido a placenta<br />

e ter sido obrigada a fazer um<br />

aborto.<br />

A repressão monstruosa nestes<br />

dois dias, financiada por<br />

associações de lojistas, um claro<br />

plano destes preparando as<br />

eleições para reeleger o prefeito<br />

da propina, teve como a gota<br />

d´água entre os camelôs estes<br />

dois últimos casos. As manifestações<br />

desta sexta-feira foram<br />

o resultado, no entanto, de além<br />

da intensidade da repressão, da<br />

destruição de todos os meios de<br />

sobrevivência da população<br />

mais pobre da cidade pelos governos<br />

burgueses que se sucedem<br />

para saquear o povo.<br />

O início dos<br />

protestos<br />

A partir das nove horas da<br />

manhã, os ambulantes organizados<br />

iniciaram um protesto com<br />

cerca de 200 pessoas. Estes<br />

começaram percorrendo a rua<br />

25 de março chamando os colegas<br />

a pararem sua atividade.<br />

A manifestação se expandiu então para outras ruas. A Ladeira<br />

Porto Geral foi a primeira delas na qual os camelôs<br />

agruparam ainda mais pessoas.<br />

Os trabalhadores já estavam de<br />

sobreaviso sobre o protesto e,<br />

portanto, aderiram com facilidade<br />

às manifestações.<br />

Os ambulantes portavam faixas<br />

com palavras-de-ordem que<br />

expressavam a sua situação,<br />

como “não tememos a morte,<br />

tememos a miséria” e “Kassab<br />

só governa para os empresários.<br />

Fora GCM!”.<br />

No início da manifestação, os<br />

trabalhadores também entoavam<br />

palavras de ordem como “O<br />

camelô unido jamais será vencido”<br />

e “Abaixo a GCM”.<br />

A partir das 11 horas da<br />

manhã os trabalhadores começaram<br />

exigir que os comerciantes<br />

abaixassem as portas. A<br />

Polícia Militar formava barreiras<br />

em frente aos estabelecimentos<br />

dos lojistas para que estes não<br />

abaixassem suas portas. No<br />

entanto, nem a PM e nem a<br />

associação de comerciantes<br />

formada de mafiosos e batepaus<br />

(inclusive skinheads), cujos<br />

membros insistiam para que<br />

os lojistas mantivessem suas<br />

portas abertas, conseguiram<br />

convencer os médios comerciantes<br />

a enfrentar os camelôs.<br />

A Polícia Militar, se sentindo<br />

acuada, prendeu um dos manifestantes<br />

por ter supostamente<br />

provocado danos a uma loja.<br />

Após isto os trabalhadores ficaram<br />

por cerca de meia-hora em<br />

volta do local onde a polícia<br />

mantinha o camelô cercado<br />

exigindo que este fosse então<br />

libertado.<br />

A PM também tomou da mão<br />

dos camelôs uma bandeira de<br />

seu movimento. A mesma cena<br />

então se repetiu. Cerca de duzentas<br />

pessoas exigiam que a<br />

polícia devolvesse a bandeira,<br />

pressionando esta em coro.<br />

Depois de cerca de 20 minutos<br />

os policiais foram obrigados a<br />

devolver a bandeira roubada e os<br />

camelôs seguiram o protesto,<br />

que a cada momento conseguia<br />

mais adesão.<br />

Os camelôs não aceitaram a<br />

proposta da Polícia Militar de<br />

tomar uma única faixa da Rua e<br />

continuaram o protesto.<br />

A manifestação então se expandiu,<br />

percorrendo diversas<br />

das principais ruas do centro.<br />

Cerca de duas mil pessoas, principalmente<br />

ambulantes das ruas<br />

próximas e anexas à 25 de<br />

março, chegaram a aderir ao<br />

protesto.<br />

Manifestação<br />

cresce e ganha a<br />

adesão de<br />

ambulantes de<br />

todo o centro<br />

A manifestação se expandiu<br />

então para outras ruas. A Ladeira<br />

Porto Geral foi a primeira<br />

delas na qual os camelôs agruparam<br />

ainda mais pessoas.<br />

O terminal Parque Dom Pedro<br />

foi o segundo destino. Este<br />

foi tomado e então os camelôs<br />

subiram a ladeira da rua General<br />

Carneiro. Esta, que cotidianamente<br />

possui produtos sendo<br />

expostos por ambulantes no<br />

chão e nas suas beiradas, foi<br />

aberta totalmente para ser palco<br />

do protesto.<br />

Um mar de pessoas tomava<br />

a ladeira quase de uma extremidade<br />

à outra. Os ambulantes<br />

seguiam correndo em uma<br />

multidão pelas vielas, ruas, passarelas<br />

e calçadões para despistar<br />

a polícia. No meio do caminho<br />

pediam para que lojistas<br />

fechassem suas portas. O cenário<br />

do centro era semelhante a<br />

de um campo de guerra e a ação<br />

dos camelôs se realizava em<br />

uma espécie de “tática de guerrilha”,<br />

realizando caminhos que<br />

surpreendiam a polícia e protestando<br />

de surpresa contra algumas<br />

lojas.<br />

Repressão covarde<br />

da polícia<br />

Próximos à prefeitura, na<br />

Praça do Patriarca, os camelôs<br />

foram surpreendidos pela tentativa<br />

da polícia de impedir a sua<br />

manifestação. Dois policiais em<br />

uma viatura receberam então<br />

pedras e paus e foram obrigados<br />

a desobstruir o caminho e a sair<br />

em retirada.<br />

Ali, alguns trabalhadores,<br />

depois de ganharem confiança<br />

graças à fuga da polícia, levantaram<br />

a idéia de ocupar a sede<br />

da prefeitura de São Paulo, mas<br />

a maioria pressionou para que<br />

estes seguissem em outro sentido,<br />

o da direção da rua São<br />

Bento.<br />

Após os camelôs tomarem<br />

uma paralela desta via, a Guarda<br />

Civil Metropolitana e a PM<br />

tentaram em conjunto cercar os<br />

manifestantes. Após estes entrarem<br />

na rua formou-se uma<br />

fileira de policiais militares atrás<br />

do protesto e, ao mesmo tempo,<br />

na esquina para retornar à rua<br />

São Bento, um grupo de Guarda<br />

Civis Metropolitanos, em<br />

menos de dez homens atacou os<br />

camelôs. Aí estes se dividiram<br />

em dois grupos e alguns trabalhadores<br />

foram cercados pela<br />

PM. Um deles foi derrubado<br />

pelos covardes policiais porque<br />

estava isolado do grupo. Vários<br />

policiais em motos davam cobertura<br />

para a ação covarde.<br />

Tendo tomado um golpe de<br />

cassetete na cabeça e, cercado<br />

por policiais, foi agredido no<br />

chão covardemente. Com a<br />

chegada de mais manifestantes,<br />

os policiais novamente partiram<br />

em retirada.<br />

Os trabalhadores então retornaram<br />

para a 25 de março que<br />

estava então tomada por cordões<br />

policiais da GCM, da Tropa<br />

de Choque, da Rocam, da<br />

Polícia Militar e por policiais da<br />

Rota e do DEIC.<br />

Estes, no entanto, não conseguiram<br />

reagir.<br />

A Guarda Civil Metropolitana<br />

foi desmoralizada pela manifestação<br />

neste momento. Os<br />

trabalhadores atiraram frutas e<br />

pedaços de pau em seu efetivo,<br />

que apenas conseguia quando<br />

muito desviar dos objetos. Neste<br />

momento os camelôs gritavam<br />

palavras de ordem como<br />

“Fora GCM”.<br />

A manifestação então seguiu<br />

novamente para outras ruas.<br />

Neste momento já não eram<br />

os mesmos iniciadores dos protestos<br />

que se manifestavam em<br />

diversos pontos da cidade, mas<br />

formaram-se três grupos de<br />

manifestantes de camelôs que<br />

aderiram ao protesto, que percorriam<br />

as ruas agora exigindo<br />

que os lojistas baixassem suas<br />

portas, o que efetivamente<br />

ocorreu em inúmeros estabelecimentos.<br />

A GCM e a Polícia Militar<br />

claramente defendiam as grandes<br />

lojas formando descaradamente<br />

cordões em frente a estes<br />

estabelecimentos, reforçando<br />

ainda mais a prova de que esta<br />

guarda está sendo financiada<br />

por um pequeno grupo da média<br />

e grande burguesia comerciante,<br />

uma minoria que se alia<br />

à máfia da propina e que financia<br />

o armamento da guarda pretoriana<br />

de Gilberto Kassab no<br />

centro da cidade de São Paulo<br />

para perseguir os camelôs.<br />

Por volta das 14h30, terminaram<br />

os protestos, que duraram<br />

quase seis horas.<br />

Este foi o maior protesto dos<br />

últimos tempos, realizado no<br />

centro da cidade e, sem dúvida,<br />

foi a manifestação mais combativa<br />

e mais politizada dos camelôs<br />

que mostram não esperar<br />

terem atendidas suas reivindicações<br />

de nenhuma autoridade a<br />

não ser pela força da sua mobilização.<br />

Os protestos na rua 25<br />

de março, segundo prometem<br />

os camelôs, deverão continuar<br />

na próxima semana e suas manifestações<br />

contra as barbaridades<br />

do braço armado corrupto<br />

e assassino da prefeitura paulistana<br />

deverão crescer com a<br />

adesão de camelôs de outras<br />

partes da cidade. Na manifestação,<br />

podia-se notar a presença<br />

ostensiva de camelôs do Brás,<br />

uma das maiores concentrações<br />

da cidade com dezenas de milhares<br />

da ambulantes.<br />

Kassab vacilante<br />

em reprimir a<br />

manifestação<br />

O direitista Gilberto Kassab<br />

(DEM) um dos prefeitos mais<br />

impopulares de São Paulo, apesar<br />

de toda a sua vontade de<br />

transformar a maior cidade do<br />

País em uma ditadura pessoal,<br />

se mostrou completamente impotente<br />

diante das manifestações<br />

massivas dos camelôs. A<br />

burguesia que exigia uma repressão<br />

generalizada ao setor<br />

mais oprimido da cidade, literalmente<br />

jogado às ruas, tem como<br />

obstáculo o desenvolvimento de<br />

uma ala combativa e uma tendência<br />

revolucionária surge<br />

entre os desempregados assim<br />

como surge em toda a população.<br />

Esta tendência seguida de<br />

mais repressão geraria uma revolta<br />

generalizada e uma situação<br />

de enfrentamento ainda<br />

maior, no qual claramente as<br />

forças policiais estariam em<br />

desvantagem.<br />

A direita e os grandes capitalistas<br />

e seus governos buscam<br />

aumentar a repressão para conter<br />

estas tendências de luta que<br />

estão dando claros sinais de<br />

crescimento em vários setores<br />

dos mais pobres e dos mais<br />

explorados da classe operária e<br />

das massas. No entanto, mal<br />

começam as manifestações de<br />

rebelião contra esta verdadeira<br />

ditadura, os governos direitistas<br />

mostram-se como o que realmente<br />

são, fracos e impopulares,<br />

rejeitados pela grande maioria<br />

e apoiados nos grandes<br />

capitalistas, na direita e na imprensa<br />

capitalista.<br />

O desenvolvimento de protestos<br />

espontâneos em São<br />

Paulo e outras capitais do País<br />

são a expressão de uma clara<br />

tendência de crise do regime<br />

político, aliado às, cada vez mais<br />

sofríveis, condições de vida do<br />

proletariado, especialmente<br />

aquele jogado ao desemprego.<br />

Estas manifestações em São<br />

Paulo surgem, como as que já<br />

ocorreram este ano em M´Boi<br />

Mirim, quando três mil pessoas<br />

tomaram umas das principais<br />

avenidas da cidade para protestar<br />

contra as condições calamitosas<br />

do transporte público além<br />

de outras manifestações nas<br />

favelas contra a repressão,<br />

como fruto da miséria do povo<br />

e do aprofundamento crise política<br />

da direita tradicional. Estas<br />

tendências revolucionárias<br />

são, não coincidentemente,<br />

canalizadas neste momento<br />

pelos setores que sofrem mais<br />

diretamente com a crise econômica,<br />

como a inflação dos alimentos<br />

e com a política de rapina<br />

no Estado. Este é o caso da<br />

população que sofre nos mercados<br />

com o aumento do preço do<br />

alimento e é o caso dos camponeses<br />

sem-terra que estão sendo<br />

atacados por novas leis de<br />

concessão ao latifúndio para que<br />

este tome as terras dos camponeses<br />

para transferir tudo que é<br />

plantado como riqueza energética<br />

para os EUA e outros países<br />

imperialistas.<br />

A tendência revolucionária<br />

nestes setores da classe operária<br />

e do proletariado são um<br />

prenúncio do alastramento desta<br />

tendência no conjunto das<br />

classes exploradas, em particular<br />

ao poderoso contingente da<br />

classe operária industrial que já<br />

começa a dar os primeiros sinais<br />

de que está se colocando em<br />

movimento.<br />

Esta situação guarda muita<br />

semelhança ao ascenso operário<br />

no País em meados dos anos<br />

80, e depois de um período do<br />

refluxo, resultado da derrota da<br />

greves de 79 e 80 em São Bernardo<br />

e no sindicato dos metalúrgicos<br />

de São Paulo. Aquele<br />

refluxo se encerrava com a retomada<br />

das lutas a partir dos<br />

saques de Santo Amaro promovidos<br />

pelos desempregados,<br />

em atos muito semelhantes aos<br />

atuais.<br />

Desenvolve-se uma tendência<br />

clara à reorganização dos<br />

trabalhadores brasileiros e quem<br />

expressa esta reorganização são<br />

em primeiro lugar os setores<br />

menos controlados pela burocracia<br />

sindical pelega e o setor<br />

mais sofrido do conjunto da<br />

população.<br />

É preciso apoiar, impulsionar,<br />

organizar e dotar estas lutas<br />

de um programa claro de<br />

reivindicações imediatas, de luta<br />

pela centralização das mobilizações<br />

operárias e por um governo<br />

próprio da classe operária das<br />

cidades e dos trabalhadores do<br />

campo.<br />

Veja os depoimentos dos trabalhadores ambulantes da 25 de março<br />

Leia abaixo os documentos<br />

que foram filmados por um<br />

correspondente do Partido da<br />

Causa Operária na rua 25 de<br />

março, na última quinta-feira,<br />

dia 12.<br />

Jaílson,<br />

ambulante<br />

“Ninguém pode trabalhar,<br />

só os guardas. Ninguém pode<br />

trabalhar e descem o cacete<br />

em nós.<br />

Esta marca em meu rosto é<br />

da repressão da guarda, do<br />

protesto de anteontem.”<br />

“A prefeitura do Kassab é<br />

péssima. Para nós é o pior governo<br />

– ‘O Kassab defende só<br />

os ricos’ diz um dos colegas<br />

de Jaílson.<br />

Estão jogando spray de pimenta<br />

na cara da gente direto,<br />

nos olhos de todo mundo,<br />

na cara de camelô e de qualquer<br />

um.”<br />

Hilário, senhor de<br />

idade e deficiente<br />

“Eles não estão deixando o povo<br />

trabalhar. Se o povo não trabalhar<br />

ele vai fazer o que? Eles vão dar<br />

dinheiro pro povo? Tem que deixar<br />

trabalhar.<br />

Trabalho na 25 de março já faz<br />

mais de 10 anos”<br />

Causa Operária: O senhor tem<br />

deficiência física?<br />

Hilário: Sim tenho.<br />

Causa Operária: E eles vieram<br />

se aproveitar disto para tentar apreender<br />

sua mercadoria?<br />

Hilário: Sim, se aproveitam<br />

para tentar pegar minha mercadoria.<br />

O Kassab não vale nada, pra<br />

mim ele não vale nada.<br />

Eu recebo um salário pequeno<br />

de aposentadoria que não dá nem<br />

para comprar um quilo de carne.<br />

Eles não podem me pegar, sou deficiente,<br />

tenho 70 anos. Por que eles<br />

vão me pegar? Se fosse um deles<br />

lá não tava nem trabalhando. Se<br />

No início da manifestação, os trabalhadores também<br />

entoavam palavras de ordem como “O camelô unido jamais<br />

será vencido” e “Abaixo a GCM”.<br />

fosse um deles já tava aposentado.<br />

Eu ganho uma mixaria e ainda querem<br />

pegar essa mixaria. Lá cai um<br />

montão de dinheiro por mês e a<br />

gente aqui não ganha nada e ainda<br />

querem roubar a gente. Eles são os<br />

verdadeiros ladrões.<br />

Lívia, ambulante na<br />

25 de março há dois<br />

anos<br />

“Eles roubam mercadoria, batem<br />

na gente, e a polícia está no<br />

meio também para dizer que vai<br />

amenizar defender mas acabam<br />

ficando do lado deles também. Não<br />

querem que a gente trabalhe também<br />

– ‘Até arma colocaram na<br />

minha cabeça, mandaram eu deitar<br />

no chão e mandaram eu entregar<br />

a mercadoria’”.<br />

“Eles não podem colocar a arma<br />

na cabeça de ninguém porque eles<br />

não são policiais”, diz uma colega<br />

de Lívia. Outra diz; “Tem mais, no<br />

sábado pegaram até um velhinho<br />

de 75 anos, agrediram o velho e<br />

meteram porrada nele, tomaram<br />

suas mercadorias. Não tem hora<br />

não. O pessoal chega às 4h30 da<br />

manhã e eles passam o carro por<br />

cima. Eles batem mesmo não<br />

querem nem saber. A gente não<br />

tem como trabalhar então vender<br />

por fora é o jeito.”<br />

Causa Operária: Próximo das<br />

eleições está aumentando a repressão?<br />

Lívia: “Está aumentando. Kassab<br />

vai tomar um zero à esquerda<br />

nas eleições – ‘Toda pesquisa que<br />

está passando ele nas eleições ele<br />

está perdendo’ – Os camelôs são<br />

todos contra Kassab. Esta daí perdeu<br />

tudo, só porque ela é boliviana<br />

(apontando a trabalhadora ambulante).<br />

O mundo é para todos (...)<br />

Eles não querem saber se você vai<br />

perder ou se machucar, se você<br />

tem filhos”.<br />

“Uma mulher grávida foi agredida.<br />

Um policial agrediu e puxou<br />

minha amiga. Ela quase perdeu a<br />

É preciso apoiar, impulsionar, organizar e dotar estas lutas de<br />

um programa claro de reivindicações imediatas, de luta pela<br />

centralização das mobilizações.<br />

criança. Se perdesse eles iam pagar<br />

uma indenização grande”.<br />

“A gente ia fazer uma manifestação<br />

grande, ia fazer uma passeata.<br />

Os policiais não deixaram a<br />

gente fazer a passeata. Cercaram<br />

a gente no meio da rua e não deixaram.<br />

Mandaram a gente parar<br />

com a passeata. A gente não estava<br />

fazendo nada e eles fizeram a<br />

gente parar a passeata, então o jeito<br />

é quebrar tudo. Quebrando tudo<br />

eles vão deixar a gente trabalhar”<br />

Senhora que não<br />

quis se identificar<br />

“Hoje mesmo eles puxaram<br />

uma senhora pelo cabelo (...)<br />

Chegam batendo como se a gente<br />

não fosse ninguém. A violência<br />

é demais e a gente não pode<br />

fazer nada. A gente sobrevive<br />

daqui (...) Nós precisamos realmente<br />

comer. Pai de família vem<br />

pra cá pra trabalhar, não viemos<br />

aqui passar droga nem roubar”<br />

“Eu mesmo em uma época fui<br />

agredida e fui parar no DP (...)<br />

Quando começou a operação<br />

aqui eles queriam que eu passasse<br />

e minha mercadoria e eu não<br />

passei. Eles me arrastaram e eu<br />

fui parar no DP. Vira e mexe eles<br />

fazem essa operação. Vem piorando<br />

com certeza vem piorando<br />

porque antes eles davam uma<br />

trégua”<br />

Causa Operária: Você acha<br />

que tem alguma coisa a ver com<br />

as eleições?<br />

Com certeza. Agora é tempo<br />

de eleições e eles fazem isso, para<br />

dizer que a rua está limpa (...)<br />

mas a gente não é sujeira, a gente<br />

é trabalhador (...) dizem que a<br />

gente não paga imposto e onde<br />

estão nossos impostos todos os<br />

dias que a gente entra no mercado<br />

para comer – ‘Luz telefone e<br />

contas de casa, como não pagamos<br />

imposto?’”, protesta uma<br />

colega da senhora que era entrevistada.


15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />

MOVIMENTO OPERÁRIO E EDUCAÇÃO 10<br />

APEOESP DESESPERO POLÍTICO<br />

Diretoria do PT “mensalão” usa capangas e PM de Serra<br />

contra professores da oposição para poder fraudar a eleição<br />

Eles não movem um dedo para defender a categoria,<br />

mas viram bichos para manter seus cargos e<br />

privilégios<br />

Para legitimar a fraude, “Bebel” contou com o apoio de militantes<br />

do Psol e PSTU que estavam no local da saída das urnas.<br />

O desespero tomou conta da<br />

turma de “Bebel Delúbio” e do<br />

PT mensalão (Chapa 1) nas<br />

eleições da APEOESP.<br />

Diante do profundo repúdio<br />

da categoria na região de Piracicaba<br />

e em todo o Estado a<br />

burocracia que transformou o<br />

sindicato em um condomínio<br />

pelego dominado pelo PT (Chapa<br />

1) e PSTU-Psol (Chapa 2)<br />

pelo fato de que eles não fazem<br />

nada para defender a categoria<br />

diante dos ataques do governo,<br />

resolveram partir para o valetudo,<br />

usar de todos os meios<br />

para impedir a manifestação da<br />

vontade da categoria.<br />

Nesta quinta-feira (5/6/<br />

gurada a inscrição de mesários<br />

de todas as chapas e que estes<br />

e os fiscais pudessem acompanhar<br />

as urnas.<br />

“Bebel” determinou que nada<br />

disso valia. Como se fosse dona<br />

da subsede e da APEOESP. Na<br />

véspera algumas urnas foram<br />

mandadas para a casa de candidatos<br />

da situação e pela manhã<br />

disse que não respeitaria nada e<br />

que as urnas sairiam só com eles.<br />

Professoras e professores<br />

procuraram argumentar, de<br />

nada adiantou. A diretoria que<br />

havia contratado capangas,<br />

chamou a PM de Serra ( a mesma<br />

que sempre age para reprimir<br />

as manifestações dos professores<br />

e outros trabalhadores<br />

e que tortura e mata jovens e<br />

trabalhadores inocentes) para<br />

garantir a fraude.<br />

Mas a burocracia não quer<br />

saber. Eles só pensam em manter<br />

o poder e as mordomias no<br />

Sindicato, enquanto a categoria<br />

come o pão que o diabo amassou<br />

nas salas de aula. Os professores<br />

estão com os salários congelados<br />

e sendo atacados pelo<br />

Decreto 53037/08, do governador<br />

José Serra (PSDB) que abriu<br />

caminho para a demissão de<br />

mais de 70 mil professores<br />

ACT’s (Admitidos em Caráter<br />

Temporário) e estabeleceu uma<br />

série de medidas de ataques aos<br />

professores temporários e efetivos,<br />

como a proibição de que<br />

estes removam seus cargos (trocando<br />

de local de trabalho)<br />

durante o período de estágio<br />

probatório (ampliado por Serra<br />

de dois para três anos) e no caso<br />

de terem mais de 10 faltas por<br />

ano e está sendo obrigada a trabalhar<br />

doente, diante da proibição<br />

de faltas médicas.<br />

Diretoria Unificada<br />

(chapas 1 e 2),<br />

contra a categoria<br />

Para legitimar a fraude, “Bebel”<br />

contou com o apoio de<br />

militantes do Psol e PSTU que<br />

estavam no local da saída das<br />

urnas. A chapa 2 tem apenas um<br />

candidato na subsede - Prof.<br />

Magno - (a chapa 3 inscreveu 80<br />

professores de Piracicaba na<br />

sua chapa e tinha 16 candidatos<br />

a conselheiros). Chapas 1 e 2,<br />

da diretoria, selaram o acordo<br />

contra os professores e a Oposição<br />

e saíram sozinhos com as<br />

urnas.<br />

O episódio evidencia claramente<br />

o papel reacionário dessas<br />

correntes que se agrupam no<br />

Conlutas e Intersindical e que têm<br />

atualmente 44 diretores na<br />

APEOESP sendo cúmplices de<br />

toda a política da burocracia<br />

“governistas” contra a categoria.<br />

Prisões e<br />

agressões de<br />

professores<br />

Agindo claramente contra a<br />

lei e intervindo dentro do Sindicato<br />

em um assunto que não<br />

lhes dizia respeito e atuando,<br />

claramente, para favorecer, a<br />

diretoria do Sindicato, a PM<br />

reforçou a ação de capangas<br />

2008), dezenas de professores<br />

se concentraram em frente à<br />

subsede da APEOESP de Piracicaba<br />

exigindo que fosse garantido<br />

o elementar direito de que as<br />

urnas não fossem conduzidas<br />

exclusivamente por candidatos<br />

e cumpinchas da Chapa 1.<br />

A maioria da comissão eleitoral,<br />

da Chapa 1, aprovou que<br />

todos os mesários seriam da<br />

Chapa 1 (cópia da ata está à<br />

disposição de quem quiser ver).<br />

Mesmo a controlada comissão<br />

eleitoral estadual, na qual todos<br />

os membros são da diretoria<br />

(chapas 1 e 2) recomendou,<br />

depois de solicitação da Oposição<br />

(Chapa 3), que fosse assecontratados<br />

pela situação e partiram<br />

para cima dos professores<br />

da oposição (ampla maioria<br />

no local) para garantir pela força<br />

a saída das urnas.<br />

Tomaram à força das mãos<br />

do professor Messias Ishida,<br />

uma câmera com a qual filmava<br />

o ocorrido para mostrar para<br />

toda categoria, quebrando-a e<br />

destruindo a fita no seu interior,<br />

porque precisavam esconder o<br />

que estavam fazendo. Ao cobrar<br />

dos policiais respeito ao professor<br />

e a todos presentes, reclamando<br />

inclusive que a PM havia<br />

disparado gás de pimenta<br />

dentro da subsede contra professoras,<br />

inclusive grávidas, o<br />

professor Antônio Carlos Silva,<br />

candidato à presidente da Chapa<br />

3, foi violentamente agredido<br />

por policiais e junto com o<br />

professores Messias (EE Pedro<br />

de Mello) e José Carlos da Fonseca<br />

(EE Grillo e Hélio Penteado)<br />

algemados e levados para o<br />

Distrito Policial, onde exigiram<br />

exame de corpo delito, diante<br />

das agressões.<br />

Abaixo a fraude e<br />

a privatização da<br />

APEOESP<br />

Professoras e professores<br />

presentes na subsede ficaram<br />

indignados com o ocorrido. Nas<br />

escolas, ao tomar conhecimento<br />

do ocorrido, professores<br />

chegaram a tentar impedir a<br />

entrada das urnas, como na EE<br />

Mello Cotrin. Muitos professores<br />

se recusaram a votar e produziram<br />

declarações e abaixoassinados<br />

contra as agressões e<br />

a fraude nas eleições.<br />

Diante do ocorrido, os professores<br />

da Corrente Sindical<br />

Causa Operária estão chamando<br />

os professores a reagirem<br />

contra esta tomada à força do<br />

sindicato pela burocracia que<br />

quer impedir a manifestação da<br />

vontade da categoria. A votarem<br />

na Chapa 3 e nos seus candidatos<br />

ao Conselho, como um protesto,<br />

ao mesmo tempo em que<br />

exigem a realização de novas<br />

eleições livres e democráticas.<br />

Uma plenária dos professores,<br />

deliberou realizar uma ampla<br />

campanha contra a “privatização”<br />

da subsede e do sindicato<br />

pela burocracia do PT-<br />

PCdoB (Chapa 1) e do PSTU-<br />

Psol (Chapa 2) que usa o sindicato<br />

para defender seus interesses<br />

e os do governo Serra contra<br />

a categoria.<br />

É necessário fortalecer a<br />

construção de uma nova direção<br />

para as lutas dos professores,<br />

colocando para fora toda a burocracia<br />

e pondo fim a seus<br />

privilégios.<br />

Isto tudo acontece porque a<br />

burocracia está comprometida<br />

até a medula com Serra e seus<br />

decretos contra os professores.<br />

Contra eles, a Oposição de<br />

Verdade está chamando também<br />

a categoria a se mobilizar<br />

a partir das escolas. Começando<br />

por organizar uma grande<br />

caravana dos professores para<br />

a Assembléia geral do próximo<br />

dia 13 de junho: contra os decretos<br />

de Serra e pela reposição das<br />

perdas salariais.<br />

PROFESSORES DO PAÍS PARALISAÇÕES AMPLIAM<br />

Professores do Paraná fazem passeata e preparam greve<br />

Os professores e funcionários<br />

da rede estadual de ensino<br />

público do Paraná, fizeram<br />

paralisação geral de todas as<br />

atividades por 24h, nesta<br />

quarta-feira, realizando passeata<br />

de cinco mil servidores<br />

da rede estadual no centro de<br />

Curitiba, a mobilização visa o<br />

atendimento das reivindicações<br />

da categoria. Também<br />

como parte da manifestação,<br />

os trabalhadores fizeram paralisação<br />

geral de todas as<br />

atividades por 24h, que segundo<br />

sindicato, chegou a<br />

90% de paralisação.<br />

A principal reivindicação<br />

dos professores e funcionários<br />

são os salários, que são<br />

os mais baixos do funcionalismo<br />

público do estado, considerando<br />

o nível de formação,<br />

também é reivindicada a<br />

melhoria do atendimento de<br />

saúde para os educadores,<br />

diminuição do número de alunos<br />

por sala de aula, plano de<br />

carreira para os funcionários<br />

de escola, implantação de<br />

carga de 40 horas para professores.<br />

“Estamos pedindo a<br />

equiparação salarial com os<br />

demais servidores públicos<br />

desde 2002 e até agora nada”,<br />

afirma o presidente do APP-<br />

Sindicato, José Lemos.<br />

A manifestação dos professores,<br />

que se dirigiu ao Palácio<br />

das Araucárias, não teve o<br />

desfecho esperado pelo sindicato,<br />

o governador Roberto<br />

Requião (PMDB), se recusou<br />

a receber os representantes<br />

do sindicato, para negociação,<br />

frente a situação, o sindicalista<br />

Lemos, vacinado frente à<br />

pressão da base indignada<br />

frente a atitude do governo,<br />

anunciou que, ou o governo<br />

paga os 30%, ou a categoria<br />

vai à greve no próximo dia 14.<br />

A situação com várias categorias<br />

do funcionalismo público<br />

frente aos seus governos,<br />

tende a se acirrar ainda<br />

mais no período imediato,<br />

apesar do amortecedor, que<br />

se tornaram a maioria dos<br />

sindicatos no país, para amortecer<br />

ou até eliminar os impactos<br />

em favor dos governos.<br />

A situação de colapso na<br />

educação brasileira, tende a<br />

aumentar e em alguns estados<br />

como é o próprio caso do Paraná,<br />

ou ainda no Piauí, onde<br />

os professores continuam<br />

greve, apesar da mesma ter<br />

sido considerada ilegal pelo<br />

tribunal de justiça do governo,<br />

mostram uma crescente disposição<br />

de luta, que deverá<br />

aumentar frente á crise econômica,<br />

que os vários governadores<br />

procuram jogar nas<br />

costas da população e de seus<br />

servidores, como é exemplo<br />

importante, a revoltante proposta<br />

de reajuste salarial oferecida<br />

em São Paulo, pelo<br />

Prefeito Gilberto Kassab aos<br />

servidores municipais,<br />

0,01%.<br />

FRIOS<br />

Patrão amplia fábrica à custa<br />

da saúde do trabalhador<br />

O Frigorífico Barontini, localizado<br />

na região do ABC, vem faturando<br />

muito às custas dos trabalhadores.<br />

O Barontini trabalha com lingüiça,<br />

Charque e produtos para feijoada.<br />

A empresa vem tratando os<br />

operários como se fossem animais.<br />

Para se ter noção das atrocidades<br />

feitas com os trabalhadores,<br />

vários deles adquiriram doenças<br />

ocupacionais como desvios<br />

na coluna cervical, tendinite,<br />

bursite, etc. Quando algum trabalhador<br />

reclama do serviço<br />

extenuante, os encarregados não<br />

dão a mínima atenção, muito pelo<br />

contrário, reclama que o funcionário<br />

está fazendo corpo mole.<br />

Quando o trabalhador falta ao<br />

serviço à ameaça de agressão<br />

por parte dos encarregados.<br />

As condições de trabalho são<br />

muito precárias, tanto homens<br />

como as mulheres são obrigados<br />

a carregar peso muito acima<br />

da capacidade física.<br />

A CIPA (Comissão Interna<br />

de Prevenção de Acidentes) é<br />

freqüentemente fraudada pelo<br />

patrão, para evitar a compra de<br />

Equipamentos de Proteção Individual<br />

(EPI), os quais praticamente<br />

não existem.<br />

Nesta semana além das medidas<br />

legais contra o patrão estarão<br />

acontecendo agitações<br />

com carro-de-som na porta da<br />

empresa para preparar assembléia<br />

dos trabalhadores.<br />

PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS<br />

Fim da greve<br />

Após 55 dias de greve dos<br />

docentes da Universidade Estadual<br />

do Piauí – UESPI, por reajuste<br />

salarial linear, PCCS e<br />

concurso público, governo do<br />

PT faz demagogia ao definir<br />

que piso salarial de professor<br />

será de R$ 600, menor que o<br />

salário mínimo do DIEESE que<br />

é de R$ 1.900 e diretoria da<br />

ADUEPI bate palmas.<br />

A diretoria da ADUSPI dirigida<br />

pela Conlutas aceitou o<br />

reajuste de 18% linear para todos<br />

os níveis cedido pelo Governo,<br />

retomou as aulas dia 3 de<br />

junho. Os docentes encerraram<br />

a greve por um piso salarial de<br />

R$ 600, já os professores que<br />

trabalham através de dedicação<br />

exclusiva, com carga horária de<br />

40 horas, terão salário de R$<br />

1.200, mesmo assim, menor<br />

que o salário mínimo 1.900<br />

defendido pelo DIEESE, órgão<br />

ligado ao estado. O próprio<br />

governo anunciou que irá encaminhar<br />

nos próximos dias o<br />

projeto de lei concedendo o piso<br />

nacional de R$ 950,00 para os<br />

professores do Estado do Piauí<br />

a ser implantado em sua totalidade<br />

até 2010.<br />

Apesar do reajuste não ter<br />

atender as necessidades vitais<br />

dos professores, a diretoria da<br />

Associação dos Docentes da<br />

UESPI - ADCESP defendeu<br />

publicamente que os 18% foram<br />

uma “grande conquista para a<br />

categoria” e, mais ainda pela<br />

promessa feita pelo governo de<br />

frente popular do PT de revisão<br />

do plano de cargos e salários da<br />

categoria, que a partir dessa<br />

semana se daria início ao estudo<br />

das mudanças inclusive, a<br />

comissão já foi escolhida. Os<br />

planos de cargos, salários e remuneração<br />

que tem sido estabelecido<br />

pelo governo com apoio<br />

da burocracia sindical do PT/<br />

PCdoB de um lado e a do PSTU/<br />

Psol (Conlutas) por outro a nível<br />

nacional tem se colocado a<br />

favor do patrão e do governo. A<br />

categoria não pode ficar esperando<br />

por milagres ou ganhos<br />

reais tendo como direção do<br />

movimento esses setores, uma<br />

vez que essas direções sindicais<br />

não têm nada a oferecer ao<br />

movimento ao não ser, fazer<br />

colaboração de classe em nome<br />

de que estão em defesa dos<br />

docentes e das universidades<br />

públicas. Vejamos o exemplo da<br />

campanha salarial dos docentes<br />

do ensino superior das Instituições<br />

Federais, até o momento<br />

sem reajuste.<br />

Foi também comemorado<br />

pela ADUESPI a autorização do<br />

concurso público para apenas<br />

120 professores efetivos quando<br />

se sabe que a necessidade é<br />

bem maior. A tempos, os estudantes<br />

reivindicam por mais<br />

professores e melhores condições<br />

de ensino, coisa que longe<br />

estar para ser atendido pelo<br />

governo do Estado do Piauí.<br />

Adquira as publicações das<br />

Edições Causa Operária<br />

INFLAÇÃO EXPLORAÇÃO<br />

Trabalhando mais para ganhar cada vez menos<br />

Em pesquisa divulgada pelo<br />

DIEESE (Departamento Intersindical<br />

de Estatísticas e Estudos<br />

Socioeconômicos), o preço<br />

da cesta básica no mês de<br />

maio subiu em 14 das 16 capitais<br />

pesquisadas. Destas, as<br />

cidades de Recife (14,19%),<br />

Natal (8,91%) e Florianópolis<br />

(7,61%) registraram as maiores<br />

altas. Ainda de acordo com<br />

o estudo, os valores mais altos<br />

da cesta básica foram encontrados<br />

em Porto Alegre (R$<br />

236,58), seguido por São Paulo<br />

(R$ 233,92) e Belo Horizonte<br />

(R$ 230,55).<br />

O estudo leva em consideração<br />

as determinações da Constituição<br />

Federal, de que o valor<br />

do salário mínimo deveria suprir<br />

as despesas de um trabalhador<br />

e sua família com alimentação,<br />

moradia, saúde, educação,<br />

vestuário, higiene,<br />

transporte, lazer e previdência.<br />

Portanto, segundo o DIEESE,<br />

um organismo criado pelo próprio<br />

governo na década de 50 e<br />

atualmente dirigido entidades<br />

sindicais ligadas ao governo<br />

Lula e aos patrões, como é o<br />

caso da Força Sindical e da<br />

CUT, o salário mínimo vital<br />

deveria ser de R$ 1.987,51. O<br />

valor é superior em R$ 69,39 ao<br />

estimado em abril (R$<br />

1.918,12).<br />

Logicamente que este é ainda<br />

um índice expurgado, uma<br />

vez que é tradicional do governo<br />

tentar mascarar de todas as<br />

maneiras a crise econômica e a<br />

considerável decadência na<br />

qualidade de vida da população.<br />

Segundo o Dieese, o trabalhador<br />

das 16 capitais brasileiras<br />

pesquisadas precisou cumprir,<br />

em maio, uma jornada<br />

média de 111 horas e 8 minutos<br />

para adquirir os mesmos<br />

bens que no mês anterior demandavam<br />

106 horas e 57<br />

minutos de trabalho. Em comparação<br />

com maio de 2007, a<br />

diferença supera 19 horas, pois<br />

eram necessárias em média 92<br />

horas e 3 minutos de trabalho.<br />

Os trabalhadores, cada vez<br />

mais, estão tendo que viver<br />

para trabalhar, ao invés de trabalhar<br />

para viver. Atualmente,<br />

cerca de 54,91% do que o trabalhador<br />

recebe como piso<br />

salarial é destinado a compra da<br />

cesta básica, um absurdo sem<br />

precedentes na história do País.<br />

A inflação, que sistematicamente<br />

é manipulada pelos índices<br />

oficiais do governo, deve<br />

ser calculada pelas organizações<br />

operárias de maneira independente<br />

do governo e da burocracia<br />

sindical. O salário<br />

mínimo necessário, atendendo<br />

as exigências da Constituição<br />

Federal – apresentado pelo<br />

DIEESE como sendo de R$<br />

1.918,12 é mais um golpe do<br />

governo, uma vez que qualquer<br />

pesquisa de preços independente<br />

mostrará que o valor é muito<br />

abaixo do que realmente seria<br />

necessário. Valor pouco superior<br />

ao atual salário mínimo do<br />

Dieese havia sido calculado<br />

pelo Partido da Causa Operária<br />

e apresentado como programa<br />

nas eleições presidenciais de<br />

2006, de lá para cá é absolutamente<br />

unânime a disparada da<br />

inflação.<br />

A POLÍTICA REVOLUCIONÁRIA<br />

PARA OS SINDICATOS NA<br />

PRÓXIMA ETAPA<br />

Qual é o significado da política<br />

sectária e capituladora do PSTU de<br />

abandono da CUT?<br />

- Balanço do movimento dos bancários<br />

- O PSTU no movimento dos correios:<br />

uma sombra da burocracia<br />

- Balanço do movimento dos professores de<br />

S. Paulo com o texto de Lênin:<br />

“Os revolucionários devem atuar nos<br />

sindicatos reacionários?”


15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />

EDUCAÇÃO 11<br />

APEOESP<br />

Diretoria unificada para tentar impedir a vitória da greve<br />

Incapaz de conter a mobilização contra o governo<br />

Serra, condomínio pelego do PT e PSTU aprovam<br />

mobilização sem qualquer preparação, propõem<br />

aliança com sindicatos patronais e procuram limitar<br />

reivindicações da categoria diante de Serra<br />

Mais de cinco mil professores<br />

reunidos em Assembléia<br />

Geral da APEOESP<br />

(Sindicato dos Professores<br />

do Ensino Oficial do Estado<br />

de São Paulo) aprovaram o<br />

início da greve da categoria,<br />

nesta sexta-feira (13/06), na<br />

Praça da República, São Paulo.<br />

Depois de uma série de “assembléias”<br />

de mentirinha realizadas<br />

pela diretoria (com<br />

menos de mil professores), a<br />

mobilização e a decisão a favor<br />

da greve foram a expressão<br />

contida da revolta da categoria<br />

contra o governo José<br />

Serra (PSDB), principalmente,<br />

diante do decreto 53037/<br />

08 que estabelece, entre outras<br />

medidas de ataque à categoria,<br />

a possibilidade de<br />

demissão de mais de 72 mil<br />

professores temporários<br />

(“ACTs”), por meio da criação<br />

de concursos “simplificados”<br />

para contratação de professores<br />

(desprezando-se ou<br />

desvalorizando-se a classificação<br />

através de pontos obtidos<br />

por tempo de trabalho) e<br />

a criação de barreiras à remoção<br />

e transferência temporárias<br />

(dos cargos dos<br />

seus atuais locais de trabalho)<br />

dos mais de 140 mil professores<br />

efetivos, como um dos<br />

mecanismos de pressão para<br />

que estes peçam demissão ou<br />

se submetam totalmente às<br />

condições draconianas de trabalho<br />

impostas pelo governo.<br />

O decreto é o estopim de<br />

uma crise cujo centro é a profunda<br />

degradação das condições<br />

de vida e de trabalho do<br />

professorado paulista. Seus<br />

salários perderam mais de<br />

70% do seu poder aquisitivo<br />

nas últimas três décadas (o<br />

piso que já foi equivalente a R$<br />

3.000, hoje é de R$ 800), encontram-se<br />

“congelados” há<br />

três anos e não tiveram qualquer<br />

reajuste em 13 anos dos<br />

14 de governos tucanos, desde<br />

a posse de Mário Covas, em<br />

1995.<br />

Como parte do verdadeiro<br />

apagão imposto à Educação,<br />

em São Paulo e em todo o<br />

País, os governos estadual e<br />

federal, impuseram ainda um<br />

desemprego em massa, por<br />

meio da municipalização de<br />

mais de três mil escolas, a<br />

Tudo isso foi encaminhado em perfeita harmonia não só pelas duas<br />

alas da burocracia que integram e transformaram o Sindicato em um<br />

Condomínio pelego, dominado pelo PT e PSTU/Psol, como também<br />

pelos seus satélites regionais<br />

desmoralização do processo<br />

educacional por meio da<br />

“aprovação automática”, a superlotação<br />

das salas de aula e<br />

um conjunto de outras medidas<br />

contra os trabalhadores da<br />

Educação.<br />

As eleições<br />

mostraram a<br />

revolta contra o<br />

governo e a<br />

burocracia<br />

riam recursos coletivos e individuais,<br />

ou seja, de que não<br />

se tratava de algo tão desastroso<br />

assim.<br />

Como de costume, os parlamentares<br />

de “esquerda” vinculados<br />

a esta burocracia,<br />

Carlos Giannazi (PSOL) e<br />

Roberto Felício (PT), apresentaram<br />

projetos de decreto<br />

legislativo propondo a revogação<br />

do decreto 53037 como<br />

forma de abrir um desvio para<br />

uma possível mobilização da<br />

categoria em direção ao covil<br />

da Assembléia Legislativa, tal<br />

qual se deu em outras mobilizações<br />

derrotadas da categoria,<br />

como no caso da SP-<br />

PREV, em 2007.<br />

Ao contrário da corrente<br />

dos professores da Corrente<br />

Sindical Causa Operária (chapa<br />

3, <strong>PCO</strong>)<br />

que fizeram da<br />

denuncia do<br />

projeto o ponto<br />

central de<br />

sua atividade<br />

(inclusive, no<br />

processo eleitoral)<br />

as chapas<br />

da diretoria<br />

mal tocavam<br />

no assunto,<br />

procurando<br />

realizar as eleições<br />

como um<br />

processo descolado<br />

da realidade,<br />

no qual<br />

sob intensa<br />

fraude buscaram<br />

conter a<br />

revolta da categoria.<br />

Mesmo em<br />

meio a este<br />

processo burocrático,<br />

a<br />

revolta da categoria<br />

se manifestou<br />

também<br />

no terreno eleitoral. Mesmo<br />

nos números fabricados<br />

pelas chapas da diretoria, esta<br />

realidade se expressou (ainda<br />

que com distorções). Mais de<br />

60% dos associados não votaram.<br />

E a chapa majoritária<br />

(do PT) apresentou um<br />

“apoio” minúsculo de cerca<br />

de 6% dos professores da categoria.<br />

Isso, incluindo, os<br />

aposentados (setor mais conservador<br />

da categoria) que<br />

eles mesmos declararam ser<br />

mais de 40% dos associados<br />

nas subsedes onde eles detêm<br />

a maioria de eleitores.<br />

A decisão da burocracia de<br />

encaminhar a aprovação da<br />

greve está diretamente ligada<br />

ao fato de que as eleições foram<br />

um termômetro da revolta<br />

da categoria contra a burocracia<br />

e o governo que eles, de<br />

fato, apóiam (cuja temperatura<br />

eles sabem ao certo a que<br />

nível chegou).<br />

Isso ficou evidente, também<br />

na expressiva votação da<br />

Oposição de Verdade (chapa<br />

3) que alcançou entre 5 e 21%<br />

em mais de 22 regiões da<br />

capital, Grande SP e Interior<br />

do Estado, mesmo com toda<br />

a fraude, agressões e cerceamento<br />

de sua campanha pela<br />

burocracia.<br />

Não podendo<br />

impedir a greve,<br />

buscam contê-la<br />

Ciente da revolta e vendo a<br />

disposição da categoria, mesmo<br />

diante do tradicional esquema<br />

da burocracia para<br />

conter a mobilização, esta resolveu<br />

posicionar-se pela greve,<br />

que seria aprovada na Assembléia,<br />

seja qual fosse a<br />

posição da diretoria.<br />

A diretoria, PT-PSTU, tomou,<br />

no entanto, uma série de<br />

medidas que visam claramente<br />

impor limites à mobilização:<br />

impediu a oposição (<strong>PCO</strong>) de<br />

falar na Assembléia (com uso<br />

de seguranças e as suas típicas<br />

provocações policiais) –<br />

e ainda anunciou que estavam<br />

falando todas as “forças” da<br />

categoria; propôs o início<br />

imediato da greve, sem qualquer<br />

preparação (para dificultar<br />

uma adesão massiva);<br />

marcou a próxima assembléia<br />

para uma semana depois (20/<br />

06); propôs a realização de um<br />

ato comum com os sindicatos<br />

patronais de diretores (Udemo)<br />

e supervisores (Apase)<br />

que, no ano passado, usaram<br />

a mobilização dos professores<br />

para conseguir reajustes para<br />

si e, depois, sabotar a mobi-<br />

O decreto de Serra passou<br />

a vigorar em 28/05, em pleno<br />

processo eleitoral do Sindicato.<br />

As duas alas que compõem<br />

a diretoria (chapa 1, do PT e<br />

PCdoB e chapa 2, PSTU e<br />

PSOL), mantiveram suas<br />

campanhas eleitorais tranqüilamente<br />

sem se importar, de<br />

fato com o ataque. Nas minúsculas<br />

reuniões de representantes<br />

de Escolas organizadas<br />

pela diretoria no último dia 3,<br />

os professores foram aconselhados<br />

pela burocracia e pelos<br />

seus advogados de que o decreto<br />

criava restrições apenas<br />

à transferência dos efetivos,<br />

que estavam sendo analisadas<br />

medidas jurídicas, que cabelização<br />

“unitária” e nem sequer<br />

considerou a proposta de<br />

eleger um comando de greve<br />

na assembléia (alegando que a<br />

mesma fere o estatuto da<br />

APEOESP, que determina<br />

que a greve deve ser comandada<br />

pelo Conselho e Representantes,<br />

formado por uma<br />

maioria de fura-greves ligada<br />

à diretoria do Sindicato).<br />

Além disso, tratou de deixar<br />

de lado na mobilização a<br />

luta por questões centrais<br />

para a categoria. Na sua pauta,<br />

diante do violento arrocho<br />

salarial, aparece apenas a reivindicação<br />

de “reajuste salarial”,<br />

sem qualquer índice<br />

mostrando a pré-disposição<br />

de negociar qualquer esmola<br />

com o governo que possa ser<br />

usada para acabar com a mobilização.<br />

Tudo isso foi encaminhado<br />

em perfeita harmonia não só<br />

pelas duas alas da burocracia<br />

que integram e transformaram<br />

o Sindicato em um Condomínio<br />

pelego, dominado pelo PT<br />

e PSTU/Psol, como também<br />

pelos seus satélites regionais<br />

que participam da burocracia<br />

através da sua presença consentida<br />

na administração de<br />

algumas das 94 subsedes da<br />

APEOESP (alguns dos quais<br />

integravam a Chapa 4, nas<br />

últimas eleições).<br />

O caminho a<br />

seguir<br />

A tendência de luta dos professores<br />

atingidos pelas medidas<br />

de Serra e, de uma certa<br />

forma, do conjunto do magistério,<br />

é um fato incontestável.<br />

A categoria está se organizando<br />

com uma rapidez<br />

surpreendente e começa a<br />

ultrapassar os mecanismos de<br />

contenção da burocracia PT-<br />

PSTU. No entanto, ainda agora,<br />

esta tendência é apenas<br />

uma tendência porque o imenso<br />

aparelho burocrático da<br />

direção da entendida atua<br />

como um enorme freio a esta<br />

mobilização, desinformando,<br />

dispersando e paralisando a<br />

vontade de luta da categoria.<br />

É preciso fazer chegar a<br />

cada professor o esclarecimento<br />

de que a diretoria PT-PSTU<br />

está planejando o enterro da<br />

mobilização para aprovar as<br />

medidas draconianas de Serra.<br />

Sobre a base deste esclarecimento<br />

é preciso, a partir das<br />

escolas e das regiões, mobilizar<br />

amplamente os professores<br />

não apenas para a greve,<br />

mas principalmente para a realização<br />

de assembléias massivas<br />

que possam determinar<br />

o rumo da luta contra a traição<br />

da burocracia PT-PSTU.<br />

PARA FAZER A GREVE VITORIOSA<br />

Ganhar as ruas e derrotar a burocracia<br />

A trajetória de traições à<br />

mobilização da categoria do<br />

condomínio pelego que dirige<br />

a entidade (composto pelo PT<br />

e PSTU) deixa claro que não<br />

basta participar da mobilização<br />

e nela se empenhar.<br />

É preciso rejeitar as manobras<br />

políticas e organizativas<br />

que acabam por impor limites<br />

à mobilização e impedir ou limitar<br />

o alcance da luta dos professores.<br />

É necessário que a categoria<br />

tome a greve em suas mãos,<br />

imponha suas reivindicações,<br />

realize uma ampla luta contra<br />

o governo apoiada na mobilização<br />

massiva, nas ruas, de<br />

funcionários, alunos e pais –<br />

rejeitando a política de colaboração<br />

da burocracia com o<br />

governo.<br />

Dentre outras medidas, os<br />

professores da Corrente Sindical<br />

Nacional Causa Operária<br />

propõem:<br />

1) Formação de comandos<br />

de mobilização, sem a burocracia<br />

a partir das escolas, para<br />

atuar de forma independente da<br />

burocracia e dos seus “comandos<br />

fura-greves”;<br />

2) Realização de manifestações<br />

de rua, paralisando as<br />

escolas e chamando toda a comunidade<br />

escolar a se mobilizar<br />

contra o governo;<br />

3) Dirigir a mobilização<br />

contra o governo Serra, rejeitando<br />

a política de apoio às máfias<br />

da Assembléia Legislativa, que<br />

a burocracia usa para fazer<br />

campanha eleitoral de seus partidos<br />

e desmoralizar a luta da<br />

categoria;<br />

4) Ocupar a Av. Paulista,<br />

parar o centro de São Paulo até<br />

o atendimento das reivindicações<br />

da categoria;<br />

5) Adotar como reivindicações<br />

centrais da mobilização:<br />

· Revogação de toda a legislação<br />

tucana contra os professores:<br />

decreto 50037 (remoção<br />

e demissão dos ACTs), Lei<br />

1041/08 (proíbe faltas médicas)<br />

etc;<br />

· Reposição do salário roubado<br />

da categoria: piso de R$<br />

3.000, com reajuste trimestral<br />

de acordo com a inflação;<br />

· Garantir o emprego de<br />

todos os professores, com a<br />

redução da jornada de trabalho,<br />

sem redução dos salários: carga<br />

máxima de 30 horas semanais<br />

e a estabilidade no emprego<br />

para todos os ACTs;<br />

· Fim da aprovação automática<br />

e de todas as medidas<br />

antieducacionais dos governos<br />

tucanos;<br />

· Máximo de 25 alunos por<br />

sala;<br />

· ALE (Adicional de Local<br />

de Exercício) para todos os<br />

professores;<br />

· Fim do “vale-coxinha”,<br />

vale refeição de R$ 15 para todos<br />

os professores, todos os<br />

dias do mês;<br />

· Abaixo a ditadura nas<br />

escolas: eleição dos diretores e<br />

coordenadores pedagógicos<br />

pela comunidade escolar;<br />

· Cancelamento da municipalização,<br />

reabertura de todas<br />

as salas e escolas fechadas<br />

pelos governos tucanos.<br />

6) Assembléias exclusivas<br />

de professores e funcionários,<br />

nenhum acordo com os sindicatos<br />

patronais. Unidade dos<br />

trabalhadores e estudantes para<br />

derrotar o governo. Que todos<br />

os professores que reivindicam<br />

possam fazer uso da palavra.<br />

Não à repressão da burocracia<br />

do PT-PSTU contra a<br />

oposição.<br />

7) Comando de greve,<br />

eleito em assembléia, formado<br />

exclusivamente por trabalhadores<br />

de base, sem integrantes<br />

da burocracia sindical.<br />

8) Colocar os R$ 50 milhões<br />

do orçamento do Sindicato<br />

- dinheiro da categoria - a<br />

serviço da mobilização da comunidade<br />

escolar, com campanha<br />

nas grandes emissoras<br />

de TV, rádios e jornais, outdoors,<br />

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15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />

MOVIMENTO OPERÁRIO 12<br />

DEMISSÕES CORREIOS<br />

Política assassina da empresa mata trabalhador de 25 anos de casa<br />

Trabalhador de 25 anos de empresa e com graves<br />

problemas de saúde se matou após receber carta de<br />

demissão. Dalton, que tinha dificuldades até para<br />

andar, era carteiro no Capão Redondo, onde os<br />

trabalhadores chegam a ter uma jornada de 12 horas<br />

A direção da ECT (Empresa<br />

Brasileira de Correios e Telégrafos)<br />

e o governo Lula já demitiram<br />

mais de 200 trabalhadores<br />

esse ano, só em São<br />

Paulo. Um desses demitidos foi<br />

o carteiro Dalton Lopes Pontes,<br />

que trabalhava na empresa<br />

há 25 anos. Dalton, que<br />

sofria de pneumonia, tinha a<br />

saúde muito debilitada. Tentou<br />

várias vezes se licenciar do<br />

trabalho procurando o médico<br />

da empresa. Já poderia inclusive<br />

ter se aposentado, pelo seu<br />

tempo de trabalho e problemas<br />

de saúde.<br />

Os médicos da ECT, no entanto,<br />

como denunciam colegas<br />

de trabalho e seu irmão,<br />

Dárcio Lopes Pontes, entrevistado<br />

pelo Causa Operária Notícias<br />

OnLine, nunca cederam<br />

a licença médica, alegando que<br />

Dalton estava apto a trabalhar<br />

e que deveria “parar de beber”,<br />

usando o alcoolismo como se<br />

fosse um problema moral e não<br />

uma doença. Esse assédio<br />

moral era usado para ocultar o<br />

fato de que Dalton estava nitidamente<br />

debilitado para o trabalho<br />

que realizava nos Correios.<br />

Mal conseguia caminhar e<br />

segundo seu irmão, quando<br />

chegava em casa, tinha que<br />

subir as escadas de sua casa<br />

rastejando-se. Para um carteiro,<br />

que tem que andar vários<br />

quilômetros carregando uma<br />

bolsa de 20 quilos, o problema<br />

de Dalton como doença ocupacional<br />

fica escandaloso. Fica<br />

escandalosa também a política<br />

assassina da ECT.<br />

CDD Capão<br />

redondo<br />

Dalton trabalhava como Carteiro<br />

no CDD (Centro de Distribuição<br />

Domiciliar) Capão Redondo.<br />

Como constatado pela<br />

equipe de Causa Operária presente<br />

no setor e por denúncias<br />

dos próprios trabalhadores, os<br />

funcionários de lá chegam a<br />

trabalhar 12 horas seguidas.<br />

O horário de entrada dos car-<br />

teiros é às 9 horas da manhã.<br />

Devido à falta de funcionários e<br />

ao excesso de correspondências<br />

diárias, os trabalhadores voltam<br />

da rua para o setor até as 21<br />

horas. Alguns só conseguem<br />

sair do serviço às 22 horas.<br />

Essa situação se repete todos<br />

os dias, sendo que um carteiro<br />

tem uma jornada de oito horas.<br />

Além do mais, a ECT só pode<br />

pagar duas horas de horas extras<br />

por dia, bem menos do que<br />

é exigido dos trabalhadores. Foi<br />

nessas condições que Dalton foi<br />

demitido.<br />

Apesar desta situação calamitosa<br />

nada foi feito até agora<br />

e os trabalhadores ameaçam<br />

parar o setor se nada for feito.<br />

O sindicato do Bando dos Quatro<br />

(PCdoB, PT, PSTU e Psol)<br />

também não moveu uma palha<br />

para ajudar os trabalhadores.<br />

Nesse setor, foram dois trabalhadores<br />

demitidos. Além de<br />

Dalton, o delegado sindical<br />

Douglas Ferraz de Souza, funcionário<br />

da ECT desde 2003<br />

também recebeu sua carta de<br />

demissão.<br />

A demissão e o<br />

assassinato<br />

No dia dia 30 de maio, Dalton<br />

foi convocado para um<br />

exame médico no qual descobriu<br />

que havia sido demitido. A<br />

ECT, de maneira vergonhosa,<br />

convocou outras centenas de<br />

trabalhadores doentes e demitiu-os<br />

na mesma situação.<br />

Pego de surpresa, uma vez<br />

que pensou que a empresa finalmente<br />

lhe daria licença, Dalton,<br />

que já havia declarado algumas<br />

vezes a amigos e ao irmão que<br />

queria colocar um fim à própria<br />

vida, ficou ainda mais deprimido.<br />

No sábado, foi visitar os filhos<br />

e desde então não foi mais<br />

visto. Vestiu sua roupa de carteiro<br />

e deitou ao relento no banco<br />

da praça, na madrugada fria<br />

de domingo para segunda-feira.<br />

Foi encontrado morto em<br />

decorrência da pneumonia<br />

agravada pelo frio.<br />

Em sua tentativa de intimidar<br />

os trabalhadores dos Correios<br />

de São Paulo por meio de uma<br />

política irresponsável e assassina<br />

de demissões, levou à<br />

morte desse trabalhador, com<br />

graves problemas de saúde,<br />

que dedicou 25 anos de sua vida<br />

prestando serviços à empresa.<br />

O trabalhador é tratado como<br />

lixo pela empresa e o governo<br />

Lula, com a participação conivente<br />

da burocracia sindical do<br />

Bando dos Quatro.<br />

CORREIOS SÃO PAULO<br />

Demissões em São Paulo tem a<br />

mão e os dedos da máfia do<br />

PCdoB do sindicato de São Paulo<br />

Após o delegado sindical do Centro de Distribuição Distrital<br />

Capão Redondo, região sul de São Paulo, chamar o sindicato para<br />

levar um carro de som a fim de que os trabalhadores parassem<br />

o serviço para pressionar a direção da ECT contratar mais<br />

carteiros para unidade, a empresa não só se dirigiu ao local para<br />

mapear quem estava mobilizando os carteiros, como em seguida<br />

demitiu o delegado sindical e o carteiro Dalton Lopes Pontes.<br />

Com a demissão, o carteiro Dalton, não suportou a demissão<br />

e suicidou-se numa praça dois dias depois.<br />

O escândalo da morte prematura do trabalhador do Capão Redondo,<br />

decorrente da política criminosa da direção da ECT levou a direção<br />

da ECT readmitir o delegado sindical do Capão Redondo.<br />

No entanto, o sindicato dirigido pela máfia do PCdoB não<br />

moveu uma palha em relação ao carteiro Dalton, pelo contrário,<br />

foi até o CDD desmobilizar os trabalhadores, dizendo que os<br />

carteiros não precisavam paralisar o serviço, o diretor Guiné do<br />

PCdoB prometeu em fazer um abaixo assinado no dia seguinte.<br />

Os carteiros ficaram esperando... e no dia seguinte quem apareceu<br />

foi o preposto da ECT, que fez uma reunião para enrolar<br />

os trabalhadores e mapear quem a empresa iria demitir.<br />

Escolheu um doente e o delegado sindical, contando com o<br />

apoio do sindicato para demití-los. O sindicato foi avisado da<br />

demissão do delegado sindical com 10 dias de antecedência, como<br />

é determinado pela cláusula 19 do acordo coletivo da categoria.<br />

No entanto, o sindicato perdeu o prazo para não fazer a defesa<br />

do trabalhador. O sindicato de São Paulo a exemplo da Fentect<br />

é uma diretoria controlada pela empresa, funcionam como polícia<br />

da ECT.<br />

CAMPANHA SALARIAL<br />

Vergonha!<br />

O “Bando dos Quatro” (PT-<br />

PCdoB-PSTU-Psol) vai realizar<br />

o mais luxuoso encontro da<br />

história da Fentect – Federação<br />

Nacional dos Trabalhadores<br />

dos Correios. Só o sindicato de<br />

São Paulo vai torrar perto de 100<br />

mil reais do dinheiro da categoria.<br />

A Fentect enviou documento<br />

aos sindicatos informando<br />

que cada delegado enviado à<br />

Brasília para o Conrep – Conselho<br />

de Representantes – deverá<br />

ENTREVISTA<br />

“A empresa mesmo não quer nem saber.<br />

Parece um descartável, usa e joga fora.”<br />

Leia aqui parte da entrevista de<br />

Dárcio Lopes Pontes, irmão do<br />

ecetista que se suicidou depois<br />

que soube de sua demissão<br />

Causa Operária - Como era a<br />

vida de Dalton? Ele era casado?<br />

Tinha filhos?<br />

Dárcio Lopes Pontes -<br />

Ele não estava querendo não<br />

saber de nada, daquele jeito decepcionado,<br />

cada vez mais. Eu<br />

falava pra ele, “pô, você tem que<br />

se afastar você está cada vez pior,<br />

não está em condições nem de<br />

trabalhar”.<br />

Inclusive quando recebi a<br />

notícia que ele tinha sido mandado<br />

embora eu falei: “Dalton você<br />

não está nem em condições de<br />

trabalhar, está numa situação que<br />

era para estar na Caixa faz tempo<br />

já, muito tempo. Você continua<br />

trabalhando, trabalhando, insistindo,<br />

insistindo em trabalho e<br />

ninguém aí pra você”. Ele foi<br />

internado, mas não teve melhora<br />

nenhuma. Não teve retorno nenhum<br />

e sempre piorando, piorando<br />

e ele ia no médico e o médico<br />

falava pra ele ir trabalhar que isso<br />

era bebida, cachaça, que ele tinha<br />

que voltar a trabalhar, que estava<br />

bom, que isso não era motivo de<br />

estar afastado.<br />

CO - Então ele procurou o<br />

médico dos Correios várias vezes?<br />

Dárcio - Procurou várias<br />

vezes, pediu licença e ninguém<br />

“aí”. Que médico que vai deixar<br />

uma pessoa na situação que ele<br />

estava, trabalhando dessa forma,<br />

que não conseguia nem andar,<br />

caindo na rua, mesmo são. O<br />

Correio em vez de ajudar, afastar<br />

ele... O que tinha que fazer era<br />

afastar ele, colocar ele na Caixa<br />

para ele melhorar mesmo, para ele<br />

voltar a trabalhar só quando melhorasse,<br />

não deixar ele trabalhando<br />

nessa situação que ele estava.<br />

Carregando bolsa de carteiro e andando<br />

na rua com o pé inchado,<br />

com pneumonia. E pneumonia<br />

forte ainda.<br />

Empresa nenhuma pode fazer<br />

isso. Lugar nenhum pode fazer<br />

isso com a pessoa, doente não.<br />

Pode mandar embora pessoas...<br />

inclusive quando manda embora<br />

tem que passar pelo médico, fazer<br />

homologação, para ver se a<br />

pessoa está com saúde e ser<br />

mandada embora.<br />

Não existe isso daí, é complicado<br />

o que fizeram com ele, eu<br />

acho que foi uma injustiça tão<br />

grande que eu nunca vi isso na<br />

minha vida, é a primeira vez.<br />

CO - Há quanto tempo ele<br />

trabalhava nos correios?<br />

Dárcio - Há 22 anos. Ele falava<br />

pra mim, “quero morrer trabalhando<br />

pra deixar alguma coisa<br />

para os meus filhos porque se eu<br />

morrer desempregado eu não vou<br />

deixar nada pra eles, nada, nada.<br />

Vão ficar aí vivendo sem nada,<br />

dependendo de um ‘salarinho’ da<br />

mulher, trabalhando de doméstica<br />

na rua aí!”<br />

E ainda recebe uma notícia<br />

dessas... foi o que abalou e acabou<br />

de destruir mais ele ainda, né?<br />

A chegar nesse ponto de falecer.<br />

CO - Você acha que pela<br />

notícia da demissão ele pode ter<br />

se matado?<br />

Dárcio: É... será que ele não<br />

tomou alguma coisa devido à<br />

notícia dele ter sido mandado<br />

embora? Será que ele não tomou<br />

alguma coisa? Ele vivia falando em<br />

veneno de rato. “Vou tomar um<br />

veneno de rato e me matar!”. É<br />

mole? Inclusive tem umas sucatas<br />

aqui no quintal onde apareceram<br />

alguns ratos. Um bicho desse<br />

tamanho, ele falava. Aí ele<br />

comprou um pouco de chumbinho...<br />

CO - Os Correios deram alguma<br />

assistência para ele? Fizeram<br />

algum pronunciamento? Davam<br />

alguma assistência antes para os<br />

filhos dele?<br />

Dárcio - Que eu saiba não<br />

deram nenhuma. Nenhuma assistência,<br />

nenhum pronunciamento,<br />

nada. Só foram os amigos lá dos<br />

Correios. Os amigos foram.<br />

Compareceram no enterro.<br />

CO - E para os filhos? Durante<br />

todo esse tempo que ele trabalhou<br />

nos Correios, eles recebiam<br />

alguma ajuda?<br />

Dárcio - Ele tinha um filho lá<br />

especial. Problema na cabeça,<br />

especial. E eu fiquei sabendo<br />

agora que tinha um benefício para<br />

ele receber, mas nunca recebeu.<br />

CO - O Sindicato dos Correios<br />

de São Paulo procurou os<br />

familiares, tomou alguma providência,<br />

fez algum pronunciamento<br />

sobre o ocorrido?<br />

Dárcio - Não apareceu ninguém<br />

do sindicato, não fizeram<br />

nenhum pronunciamento. Só os<br />

amigos mesmos. Até agora não<br />

teve notícia nenhuma do sindicato.<br />

EXCESSO DE TRABALHO<br />

Carteiros do CDD Jaguaré têm que<br />

dobrar as horas de trabalho todos os dias<br />

No Centro de Distribuição<br />

Domiciliar dos Correios no Jaguaré<br />

os trabalhadores estão sendo<br />

obrigados a trabalhar o dobro<br />

todos os dias. Isso acontece pois<br />

o número de correspondências é<br />

sempre muito grande e exige que<br />

os carteiros levem mais cartas do<br />

que o normal. O CDD está sobrecarregado<br />

de trabalho.<br />

O número de funcionários é<br />

muito menor do que o que seria<br />

necessário para dar conta de<br />

toda a demanda. Faltam carteiros<br />

para entregar as correspondências.<br />

A ECT, para aumentar<br />

seus lucros, deixa de contratar<br />

trabalhadores, superexplorando-os.<br />

Graças a esse acúmulo de serviço,<br />

os trabalhadores estão chegando<br />

da rua todos os dias às 19<br />

e até às 20 horas. A jornada de<br />

trabalho de um carteiro é de oito<br />

horas diárias, mas os carteiros<br />

do CDD Jaguaré chegam a trabalhar<br />

por até 11 horas. Para<br />

piorar, a ECT pressiona os trabalhadores<br />

para cumprirem<br />

todo o serviço. Toda essa situação<br />

está causando problemas<br />

nervosos nos ecetistas. A situação<br />

está insuportável, pois os<br />

trabalhadores afastados por<br />

problemas médicos, a maioria<br />

causados pelo excesso de trabalho,<br />

não são substituídos, agravando-se<br />

ainda mais o problema.<br />

A situação no CDD é caótica.<br />

ser custeado com R$ 1.800,00,<br />

ou seja, o valor correspondente<br />

à cerca de três meses de salário<br />

de um trabalhador que ganha o<br />

piso da categoria, para que o delegado<br />

participe de um encontro<br />

que durará três dias.<br />

O Conselho de Representantes<br />

será realizado no Hotel Nacional,<br />

um dos mais caros e<br />

luxuosos do distrito federal<br />

conhecido pela presença constante<br />

de executivos de grandes<br />

empresas e o preferido de muitos<br />

deputados mensalões para<br />

gastarem o dinheiro do povo<br />

com “seus” cartões corporativos.<br />

A distribuição do dinheiro<br />

dos trabalhadores em ano ano<br />

eleitoral mostra que os “sindicalistas”<br />

do Bando dos Quatro são<br />

fiéis imitadores dos deputados<br />

corruptos do congresso nacional.<br />

Na categoria dos correios o<br />

piso salarial é pouco mais de R$<br />

600,00, ou seja, vão gastar em<br />

apenas três dias de farra, o que<br />

o trabalhador ganha trabalhando<br />

duramente durante três meses.<br />

Os “lutadores da categoria”<br />

vão torrar o salário de três meses<br />

de vários trabalhadores em um<br />

hotel cinco estrelas, com piscina<br />

aquecida, serviço de bar,<br />

sauna seca e a vapor, hidromassagem,<br />

ducha escocesa, massagem<br />

do-in, boate à meia luz<br />

e... tudo que se pode comprar<br />

numa boate.. Um verdadeiro<br />

escândalo.<br />

No Conrep serão181 delegados,<br />

36 observadores e mais os<br />

convidados do Bando dos Quatro<br />

e a diretoria da Fentect, ou<br />

seja, quase 250 pessoas, cada<br />

uma pagando R$ 1.800,00 para<br />

montar o circo do Conrep. O<br />

total dos gastos será de aproximadamente<br />

de 450 mil reais,<br />

isto é, quase meio milhão de<br />

reais, um verdadeiro roubo do<br />

dinheiro da categoria.<br />

Com este dinheiro a Fentect<br />

poderia fazer propaganda na<br />

televisão todos os dias em horário<br />

nobre contra a política de<br />

demissão e privatização da direção<br />

da ECT e do governo Lula<br />

e ainda sobraria dinheiro para<br />

cartazes, adesivos, camisetas,<br />

jornais e carros-de-som e muito<br />

mais para se realizar uma<br />

vigorosa campanha em defesa<br />

do emprego e dos salários dos<br />

trabalhadores ecetistas. Com<br />

este mesmo dinheiro poderiam<br />

ser realizados vários outros<br />

encontros nacionais para organizar<br />

a campanha salarial.<br />

O bando dos quatro (PT,<br />

PCdoB, PSTU e Psol), por estar<br />

no bolso da empresa, não<br />

quer que os trabalhadores se<br />

organizem, já fizeram as assembléias<br />

que escolheram os delegados<br />

escondidos dos trabalhadores<br />

promovendo uma verdadeira<br />

fraude, como a assembléias<br />

de São Paulo e Rio de Janeiro<br />

e agora querem um Conrep de<br />

festa, farra e muita corrupção<br />

para justamente facilitar o ataque<br />

da direção da ECT nesta<br />

campanha salarial, na qual a<br />

empresa quer oficializar o<br />

PCCS do cargo amplo, a política<br />

de demissão pelo Gerenciamento<br />

de Competências e Resultados<br />

(GCR) e pelo absenteísmo,<br />

não reajustar os salários,<br />

dar o calote no adicional de risco<br />

dos carteiros, tudo isso para<br />

preparar a privatização da empresa.<br />

PERSEGUIÇÃO POLÍTICA NA ECT<br />

Mesmo com atestado médico, a empresa<br />

não justifica falta dos trabalhadores<br />

Mesmo seguindo as normas<br />

da ECT, os funcionários que<br />

apresentam o atestado médico,<br />

acreditando que terão sua falta<br />

justificada, são golpeados pela<br />

empresa. Esta considera, em<br />

inúmeros casos, a falta injustificada,<br />

mesmo com o atestado<br />

médico. A canalhice e o cinismo<br />

atingem o mais alto nível e<br />

demonstram até onde vai a política<br />

de intimidação dos trabalhadores.<br />

Aqueles que traem a<br />

categoria,o Bando dos Quatro<br />

(PCdoB, PSTU, PT e Psol) que<br />

usam o sindicato e a federação<br />

nacional para parasitar e trair os<br />

trabalhadores, são amiguinhos<br />

da direção da empresa e junto<br />

com esta o governo Lula tiram<br />

dos trabalhadores a periculosidade<br />

e o PCCS (Plano de Cargos<br />

Carreira e Salários). Já os<br />

trabalhadores e a oposição só<br />

conseguem da ECT a demissão<br />

e a perseguição política.<br />

Os episódios dos atestados<br />

médicos que não valem é claramente<br />

uma oportunidade, ilegal,<br />

diga-se de passagem, que a<br />

empresa encontrou para intimidar<br />

os trabalhadores que lutam<br />

contra os desmandos da ECT.<br />

É uma perseguição política clara:<br />

são mais de 200 demitidos,<br />

a maioria funcionários com<br />

problemas de saúde, inclusive<br />

doenças ocupacionais.<br />

Os companheiros que trabalham<br />

na rampa de desabastecimento<br />

de correspondências da<br />

máquina, no CTE Saúde estão<br />

sofrendo com as péssimas condições<br />

de trabalho. Os trabalhadores<br />

têm que trabalhar em meio<br />

à enorme quantidade de pó solto<br />

pelas cartas. A situação causa<br />

inúmeras doenças ocupacionais,<br />

as doenças respiratórias<br />

tornaram-se corriqueiras devido<br />

às condições de trabalho.<br />

Para piorar, enquanto que no<br />

turno do dia o setor conta com<br />

40 pessoas da área de limpeza,<br />

à noite esse número despenca<br />

para apenas três. É óbvio que<br />

assim não há condições de limpar<br />

a grande quantidade de pó<br />

produzida e os trabalhadores são<br />

obrigados a trabalhar no pó.<br />

A ECT deve parar imediatamente<br />

a perseguição política e<br />

justificar todas as faltas dos<br />

trabalhadores. Os trabalhadores<br />

não devem aceitar as péssimas<br />

condições de trabalho e devem<br />

exigir da ECT o mínimo de salubridade<br />

nos setores.<br />

TRAIÇÃO<br />

Fentect abandona incorporação do<br />

abono apoiando mais um golpe da ECT<br />

Os sindicalistas do Bando dos<br />

Quatro (PT-PCdoB-PSTU-PSol)<br />

que dirigem a Fentect – Federação<br />

Nacional dos Correios –<br />

anunciaram no maior cinismo,<br />

que abriram mão do termo de<br />

compromisso. Na verdade já<br />

estão negociando a proposta do<br />

Adicional de Coleta e Distribuição.<br />

Ficam repetindo que “o Ministro<br />

disse que está trabalhando<br />

junto ao Ministério do Planejamento<br />

para efetivação do acordo,<br />

porém, mesmo que não consiga<br />

efetivar até o final do mês,<br />

o mesmo será pago ainda como<br />

abono.” (Informe Fentect nº<br />

45).<br />

Os sindicalistas pelegos abriram<br />

mão do direito da categoria<br />

ao Termo de Compromisso<br />

assinado pelo presidente da ECT<br />

e o ministro das comunicações<br />

e estão discutindo um novo<br />

acordo, que todo mundo sabe<br />

será mais uma traição da categoria.<br />

Recusaram-se sequer a<br />

entrar na Justiça com ação exigindo<br />

da empresa a incorporação<br />

do abono no mês de abril e<br />

já estão se acertando com a<br />

empresa para aceitar o Adicional<br />

de Coleta e Distribuição, isto<br />

é, a aceitação das metas e resultados<br />

do GCR (Gerenciamento<br />

de Competência de Resultados)<br />

e da política de absenteísmo da<br />

empresa.<br />

O governo está impondo o<br />

não cumprimento do adicional<br />

de risco dos trabalhadores com<br />

total apoio da Federação, que<br />

enquanto isso negocia “a quatro<br />

paredes” o Plano de Cargos,<br />

Carreiras e Salários (PCCS) de<br />

implementação do cargo amplo,<br />

entregando uma luta de décadas<br />

da categoria contra a ECT e os<br />

governos burgueses de Collor,<br />

Itamar, FHC e Lula.<br />

Na realidade, estão todos em<br />

conluio (governo e Bando dos<br />

Quatro) contra os trabalhadores.<br />

- Pelo cumprimento do Termo<br />

de Compromisso com incorporação<br />

do abono e pagamento<br />

retroativo do Fundo de<br />

Garantia, aposentadoria e demais<br />

direitos que derivam da incorporação<br />

do abono aos salários.


15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA ECONOMIA 13<br />

LULA QUER ESCONDER A REALIDADE<br />

Inflação em maio é a maior em 12 anos<br />

Segundo pesquisa divulgada pelo IBGE, a inflação<br />

medida no mês de maio foi a maior registrada desde<br />

maio de 1996<br />

Mais um índice de inflação<br />

bateu recorde nesta semana.<br />

O Índice de Preços ao Consumidor<br />

Amplo (IPCA) registrou<br />

alta de 0,79% no mês de<br />

maio, segundo o Instituto<br />

Brasileiro de Geografia e Estatística<br />

(IBGE). Este aumento<br />

é o maior para um mês de<br />

maio dos últimos 12 anos. Em<br />

maio de 1996, o IPCA teve<br />

alta de 1,22%. O IPCA do<br />

mês passado também foi o<br />

maior desde abril de 2005,<br />

quando o índice registrou elevação<br />

de 0,87%. E também é<br />

superior ao registrado em<br />

abril, alta de 0,55% e quase o<br />

triplo do alcançado em maio<br />

de 2007, 0,28%.<br />

O aumento acumulado dos<br />

últimos doze meses foi de<br />

5,58%, completamente acima<br />

da meta estipulada pelo governo<br />

para a inflação em 2008, de<br />

4,5%. Entre janeiro e maio<br />

deste ano, o aumento acumulado<br />

do IPCA foi de 2,88%.<br />

Outro índice avaliado foi o<br />

Índice Nacional de Preços ao<br />

Consumidor (INPC) que<br />

mede a inflação para as classes<br />

mais pobres. A inflação<br />

para a população pobre e para<br />

os trabalhadores ficou acima<br />

do registrado pelo IPCA,<br />

0,96%.<br />

Os pobres são os mais afetados<br />

porque os produtos que<br />

mais aumentam são os alimentos<br />

que compõem 40% da<br />

renda dos trabalhadores.<br />

Alguns alimentos subiram<br />

acima da média como é o caso<br />

da cenoura que teve alta de<br />

24,84%. O arroz subiu<br />

19,75% no último mês, a batata<br />

19,39%, o pão francês<br />

teve elevação de 4,74% e as<br />

carnes 3,75%.<br />

No geral, os alimentos tiveram<br />

aumento de 1,95% em<br />

maio. De janeiro a maio a alta<br />

foi de 6,4% e nos últimos doze<br />

meses, de maio de 2007 a maio<br />

de 2008, a alta foi de 14,83%.<br />

O aumento dos alimentos no<br />

mês de maio é o maior desde<br />

o início do Plano Real, ou seja,<br />

dos últimos 14 anos, um grave<br />

sinal de que a crise financeira<br />

é bastante profunda.<br />

Segundo uma pesquisadora<br />

do IBGE, os alimentos vão continuar<br />

subindo por muito tempo,<br />

“Os dados evidenciam uma<br />

persistência de aumento e,<br />

dado que os preços estão subindo<br />

no mercado internacional e<br />

que o consumo no mercado doméstico<br />

está forte assim como<br />

no mercado mundial, não se<br />

vislumbra, em curto prazo, movimento<br />

de reversão de alta dos<br />

produtos alimentícios” (Agência<br />

Brasil, 11/6/2008).<br />

A alta na inflação não está<br />

apenas concentrada nos alimentos.<br />

Segundo a pesquisa,<br />

os produtos não alimentícios<br />

subiram em maio 0,46% e desde<br />

o início do ano 1,91%.<br />

A volta da inflação no Brasil<br />

já está fazendo parte da<br />

rotina dos brasileiros, principalmente<br />

da maioria da população<br />

pobre que é explorada<br />

diariamente. Os aumentos<br />

registrados, refletindo principalmente<br />

nos alimentos, atacam<br />

em cheio o nível de vida<br />

da população. Enquanto isso,<br />

as vantagens criadas pelo<br />

governo Lula para atender os<br />

interesses capitalistas no País<br />

são ampliadas.<br />

Lula esconde a realidade e dá<br />

um ganho extra aos capitalistas<br />

às custas do povo que tem os<br />

seus salários congelados, enquanto<br />

os preços são reajustados<br />

em todas as áreas.<br />

O BRASIL TRABALHA PARA SUSTENTAR BANQUEIROS E EMPRESÁRIOS<br />

Governo aprova imposto para arrancar mais R$ 20 bilhões em impostos<br />

Depois de tanto manobrar<br />

para impor mais um imposto<br />

sobre a população o governo<br />

Lula e a corja de “mensalões” do<br />

Congresso Nacional aprovaram<br />

na última quarta-feira, dia 11, a<br />

CSS (Contribuição Social para<br />

a Saúde). Este imposto é a reedição,<br />

ou melhor dizendo a<br />

ressurreição da CPMF (Contribuição<br />

Provisória sobre Movimentação<br />

Financeira) que estava<br />

extinta desde o início de<br />

2008. Fica claro, agora, que<br />

toda a propaganda em torno da<br />

luta da CPMF nada mais era<br />

que jogo de cena.<br />

A votação que aprovou a CSS<br />

aconteceu na Câmara dos Deputados<br />

com a aprovação de<br />

259 deputados, outros 159<br />

INFLAÇÃO<br />

O mundo se prepara para o barril de petróleo a mais de 200 dólares<br />

Alexei Miller afirmou que a<br />

especulação está influenciando<br />

o preço do petróleo, mas que<br />

este não é o “fator determinante”.<br />

Segundo reporta o Wall<br />

Street Journal, os preços do<br />

gás, ligados ao do petróleo bruto,<br />

já subiram 50% desde o início<br />

do ano. A gigante russa é<br />

responsável por fornecer um<br />

quarto do gás consumido pela<br />

União Européia.<br />

E A CRISE DO PETRÓLEO<br />

O que pode basear a estimativa<br />

feita pelo presidente da<br />

empresa russa é o fato de que as<br />

estimativas do que há em reserva<br />

de petróleo norte-americano<br />

– de 110 a 140 milhões de barris<br />

– não correspondem ao que de<br />

fato há nas áreas já exploradas<br />

e tampouco se sabe se é economicamente<br />

viável extrair o que<br />

se presume estar ainda sob o<br />

solo do país.<br />

Os EUA apenas consomem<br />

7,5 bilhões de barris de petróleo<br />

ao ano. A continuar este ritmo,<br />

as reservas estimadas se extinguiriam<br />

em 20 anos, mas as<br />

realmente comprovadas – 21<br />

bilhões de barris – não seriam<br />

suficientes para três anos inteiros.<br />

A observação foi feita por<br />

Holman Jenkins e está citada na<br />

edição desta quarta-feira do<br />

Wall Street Journal.<br />

Embora tentem a todo tempo<br />

desconversar, a realidade que<br />

moveu a máquina de guerra<br />

norte-americana em direção ao<br />

Oriente Médio em busca do<br />

controle sobre as reservas iraquianas<br />

de petróleo é incontestável:<br />

a economia baseada no<br />

petróleo, na especulação com<br />

seus preços e no alto consumo<br />

está entrando em colapso. A<br />

escassez da matéria-prima é o<br />

fundo do problema e na medida<br />

em que as reservas se esgotam,<br />

e torna-se mais e mais improvável<br />

que os EUA sejam bem-sucedidos<br />

na empreitada de arrancar<br />

à força o petróleo das mãos<br />

dos iraquianos, iranianos, sírios,<br />

árabes etc. os preços tendem<br />

a aumentar.<br />

Na última semana a economia<br />

norte-americana registrou<br />

o maior índice de desemprego<br />

dos últimos 22 anos. O desemprego<br />

atingiu o patamar de<br />

5,5% no mês de maio. Um<br />

aumento superior ao registrado<br />

em abril, 5%. Apenas este<br />

dado econômico já indica o<br />

grau da crise financeira pela<br />

qual a maior economia do<br />

mundo está passando. A reação<br />

frente a esta informação<br />

foi expressa em declarações<br />

moderadas de analistas econômicos<br />

e do presidente George<br />

W. Bush, que tentou<br />

apresentar o alto desemprego<br />

como algo normal. Sobre os<br />

resultados do desemprego,<br />

Bush disse que “são coerentes<br />

com um crescimento econômico<br />

lento”, uma farsa total.<br />

O fato é que enquanto a imprensa,<br />

os analistas pagos da<br />

burguesia e o governo Bush<br />

tentam apresentar uma das<br />

RECESSÃO NOS EUA<br />

Reação em cadeia<br />

maiores crises financeiras que<br />

os Estados Unidos já viu como<br />

apenas um crescimento lento,<br />

uma momentânea instabilidade<br />

financeira, está se desenvolvendo<br />

uma crise econômica mundial<br />

que está afetando dezenas de<br />

países.<br />

A recessão norte-americana<br />

já é uma realidade há muito tempo<br />

nos Estados Unidos. O elevado<br />

aumento no desemprego<br />

demonstra ainda mais a fraqueza<br />

da economia norte-americana.<br />

Somente em maio foram<br />

registradas 49 mil demissões e<br />

desde o início de 2008, 250 mil<br />

vagas a menos.<br />

Para a economia norte-americana<br />

o aumento do número de<br />

desempregados significa mais<br />

pessoas consumindo menos. A<br />

diminuição no consumo vai levar,<br />

na verdade já está levando,<br />

a uma política de redução nas<br />

importações dos Estados Unidos.<br />

Ao comprar menos produtos<br />

de outros países, os Estados<br />

Unidos estão afetando diretamente<br />

a economia de todo<br />

o planeta, pois é o maior comprador<br />

mundial. Países com<br />

grandes relações econômicas<br />

com os Estados Unidos, como<br />

os países da Europa e os do<br />

bloco dos “emergentes”, entre<br />

eles, o Brasil, serão os primeiros<br />

afetados.<br />

Por mais que a burguesia<br />

tente por todos os meios esconder<br />

a realidade, o que existe é<br />

um colapso da economia norte-americana.<br />

O que importa é<br />

o resultado prático destes dados<br />

para a economia mundial.<br />

À medida que os Estados Unidos<br />

se afundam na crise, isso<br />

acarreta imediatamente a transferência<br />

desta crise, desemprego,<br />

arrocho, inflação, para o<br />

restante dos países do mundo,<br />

ou seja, uma desestabilização<br />

sem precedentes da economia<br />

mundial.<br />

A ONDA INFLACIONÁRIA LÁ FORA<br />

O imperialismo tenta, mas não consegue disfarçar a crise<br />

contrários e duas abstenções. A<br />

aprovação aconteceu com apenas<br />

dois votos a mais que o<br />

necessário. Na mesma sessão<br />

também foi aprovada a Emenda<br />

29, emenda constitucional que<br />

estipula um aumento nas verbas<br />

para a saúde. O projeto original<br />

da Emenda 29 previa o repasse<br />

de 10% de tudo que a União<br />

arrecada para a Saúde, mas com<br />

a aprovação da CSS como recurso<br />

a ser usado para a área o<br />

governo retirou esta parte do<br />

projeto da emenda, ou seja, o<br />

governo economizou com a<br />

verba da União e sobrecarregou<br />

ainda mais o bolso dos trabalhadores.<br />

A CSS ainda precisa<br />

passar em votação no Senado<br />

Federal para ser aprovada em<br />

A economia baseada no petróleo, na especulação com seus<br />

preços e no alto consumo está entrando em colapso<br />

Os contornos da estagflação<br />

vêm se delineando de maneira<br />

cada vez mais nítida na economia<br />

norte-americana. A alta dos<br />

preços dos combustíveis e alimentos<br />

e a diminuição do consumo<br />

– responsável por cerca<br />

de dois terços do PIB norteamericano<br />

– abalaram o mercado<br />

financeiro e causaram baixas<br />

logo após a sua abertura nesta<br />

terça-feira. O índice Dow Jones<br />

estava em baixa de 54,31 pontos<br />

(0,4%), a bolsa eletrônica<br />

Nasdaq e o índice J. P. Morgan<br />

Chase também chegaram próximos<br />

de retração de 1%. Ao final<br />

do dia, elevado em função da<br />

alta das ações da Coca-Cola<br />

devido a uma avaliação positiva<br />

dos analistas do Deutsche Bank,<br />

o índice Dow Jones chegou a<br />

discreta alta de 0,1%.<br />

A alta não foi suficiente para<br />

modificar o pessimismo dos<br />

analistas financeiros. O Wall<br />

Street Journal, uma das mais<br />

importantes publicações do<br />

mercado financeiro norte-americano,<br />

ressaltou que “apesar<br />

do rebote de terça-feira no rebaixado<br />

setor financeiro, a recente<br />

alta nos custos de energia,<br />

juntamente com os elevados<br />

aumentos de preços dos alimentos,<br />

foram o foco de muitos<br />

investidores que se preocupam<br />

com o perigo que uma inflação<br />

mais alta pode colocar à economia”.<br />

Segundo o diário financeiro,<br />

o banco central norte-americano<br />

vem ensaiando uma mudança<br />

na sua política financeira em<br />

função da inflação. O presidente<br />

do Federal Reserve, Ben Bernanke,<br />

afirmou em discurso na<br />

segunda-feira que o comitê de<br />

política financeira do banco “irá<br />

resistir firmemente a uma erosão<br />

das expectativas de longo<br />

prazo da inflação, na medida que<br />

um deslocamento destas expectativas<br />

seria desestabilizador”<br />

para a economia norte-americana.<br />

A declaração repercutiu no<br />

meio dos investidores como o<br />

anúncio de que um aumento da<br />

taxa de juros norte-americana<br />

pode estar por vir.<br />

Apesar da declaração otimista<br />

de Bernanke, de que a economia<br />

norte-americana pode não retroceder<br />

tanto quanto afirmavam<br />

meses atrás, os economistas dos<br />

maiores bancos e agências do<br />

mercado financeiro não se mostram<br />

tão confiantes. “Não se pode<br />

culpar o Fed por se preocupar<br />

com a inflação a esta altura”, disse<br />

o economista do J. P. Morgan<br />

Chase, James Glassman, acrescentando<br />

que acha que “os mercados<br />

estão exagerando um pouco<br />

na reação ao verdadeiro nível<br />

de risco que está circulando. A<br />

economia norte-americana ainda<br />

está bastante fraca, com o desemprego<br />

em alta”.<br />

A retração dos mercados tem<br />

sido o maior motivo de preocupação<br />

dos economistas burgueses<br />

e grandes investidores. A<br />

revista The Economist teceu<br />

definitivo. Além da criação da<br />

CSS o governo aprovou o aumento<br />

da alíquota do IPI (Imposto<br />

sobre Produtos Importados)<br />

sobre os cigarros, também<br />

com a desculpa de que será<br />

usado para a Saúde.<br />

Lula está utilizando o mesmo<br />

golpe de FHC quando criou a<br />

CPMF, cuja arrecadação seria<br />

dedicada à saúde. O que aconteceu<br />

todos sabem.<br />

Votou com o governo Lula<br />

toda a sua base aliada. O PMDB,<br />

o PR, o PSB, o PSC, o PDT, o<br />

PTB, o PP, o PCdoB e logicamente<br />

o PT. E posando de fachada<br />

de esquerda, a direita<br />

oficial, PPS, DEM, PSDB e a<br />

falsa esquerda, o Psol. O Psol é<br />

a ala esquerda da campanha<br />

considerações em tom de alarme<br />

sobre as expectativas futuras<br />

dos mercados e do banco<br />

central norte-americano: “em<br />

suma, isto [a situação atual]<br />

definitivamente não parece ser<br />

o tipo de baixa da qual ótimos<br />

retornos de longo-prazo podem<br />

ser obtidos. Isto pode ser porque<br />

o mercado ainda tem muito<br />

a cair; Morgan Stanley sugere<br />

que, se o argumento de que o<br />

mercado passará por um longo<br />

período de baixa estiver correto,<br />

as cotações podem cair ainda<br />

50% (...).<br />

“Enquanto ainda há muita<br />

conversa a respeito da estagflação<br />

no momento, não estamos<br />

vendo (nos mercados desenvolvidos,<br />

pelo menos) nada como<br />

a inflação de dois dígitos e a taxa<br />

de desemprego que vimos nos<br />

anos 70. Talvez a grande ameaça<br />

aos investidores seja a de<br />

que os bancos centrais percam<br />

o controle da inflação”.<br />

As bolsas asiáticas também<br />

estão passando por um período<br />

de baixas. A queda, no entanto,<br />

é proporcional à distância do<br />

epicentro da crise, os EUA. A<br />

bolsa de Xangai mergulhou sete<br />

pontos percentuais no início da<br />

semana com receio de medidas<br />

restritivas ao crédito do banco<br />

central chinês. Na Europa, as<br />

bolsas também caíram na última<br />

terça-feira em função dos<br />

mesmos receios despertados<br />

pelas colocações do presidente<br />

do Fed.<br />

pseudo moralizante da direita.<br />

Um porta-voz do governo, o<br />

deputado do Rio Grande do Sul,<br />

Henrique Fontana, esbanjou<br />

cinismo e demagogia ao comemorar<br />

a aprovação do imposto,<br />

“É a vitória de todos que precisam<br />

de um hospital público,<br />

vitória do combate à sonegação”<br />

(Exame, 11/6/2008). Depois de<br />

anos com a CPMF, que teria<br />

como desculpa o investimento<br />

na área da Saúde, e o resultado,<br />

com os hospitais públicos brasileiro<br />

caindo literalmente aos<br />

pedaços com falta de leitos,<br />

médicos, equipamentos hospitalares<br />

etc. o governo tem a<br />

infâmia de dizer que agora com<br />

este “novo”, a Saúde no Brasil<br />

vai melhorar.<br />

O comportamento do sistema<br />

financeiro internacional mostra<br />

que é praticamente impossível<br />

para o mercado sobreviver sem<br />

a injeção constante de fundos<br />

dos bancos centrais cobrindo os<br />

prejuízos e promovendo liquidez<br />

diante dos receios de investidores<br />

e consumidores.<br />

Volta-se a falar com naturalidade<br />

da volta da inflação de dois<br />

dígitos nos países ditos emergentes,<br />

em particular o bloco do<br />

BRIC (Brasil, Rússia, Índia e<br />

China) que já flertam com valores<br />

entre 8% e 12%.<br />

A crise já indisfarçável da<br />

economia internacional revela<br />

que o maior “conquista” dos<br />

últimos 15 anos, a redução da<br />

inflação internacionalmente, não<br />

passou de uma solução precária,<br />

que nunca resolveu a debilidade<br />

da economia, à custa da<br />

desaceleração econômica mundial,<br />

de uma política que levou<br />

à virtual desindustrialização de<br />

países inteiros como o Brasil e<br />

a Argentina, sem falar na devastação<br />

econômica do Leste Europeu<br />

e da ex-URSS, à substituição<br />

da produção norte-americana<br />

pela importação de similares<br />

mais baratos da China e dos tigres<br />

asiáticos, obtidos à base de<br />

mão-de-obra praticamente gratuita<br />

e uma série de outros expedientes<br />

que não fizeram senão<br />

retardar o desenvolvimento da<br />

crise desencadeada a partir do<br />

chamado choque do petróleo da<br />

década de 70.<br />

A CSS funcionará como a<br />

antiga CPMF, terá uma alíquota<br />

que será cobrada sobre qualquer<br />

movimentação financeira.<br />

Inicialmente o governo vai cobrar<br />

0,1% de alíquota, inferior<br />

aos 0,38% que era a CPMF,<br />

mas isso não é nenhuma garantia<br />

de que este percentual possa<br />

inclusive ultrapassar o valor<br />

do imposto anterior. Basta apenas<br />

que o governo apresente<br />

mais uma desculpa esfarrapada,<br />

do tipo, “o arrecadado até<br />

o momento não é o suficiente<br />

para investir na saúde”, e aumentar<br />

sem ressalvas a alíquota.<br />

No primeiro ano de CSS,<br />

que terá início em 2009, a previsão<br />

de arrecadação é entre R$<br />

15 e R$ 20 bilhões.<br />

EUA<br />

8,5 milhões de desempregados<br />

No mês passado foi registrado<br />

um aumento do desemprego<br />

que passou de 5%, no mês de<br />

abril, para 5,5% em maio nos<br />

Estados Unidos.<br />

Este aumento, que aparentemente<br />

seria pequeno, 0,5%, reflete<br />

uma evolução na crise financeira<br />

nos Estados Unidos. Este foi o<br />

maior aumento mensal dos últimos<br />

22 anos, desde o ano de 1986 que<br />

não havia um aumento tão expressivo<br />

do desemprego na economia<br />

norte-americana. E foi também o<br />

índice mais alto do desemprego<br />

desde outubro de 2004.<br />

Este também é um aumento<br />

acumulado de cinco meses consecutivos.<br />

De janeiro a maio o<br />

desemprego teve cinco elevações<br />

seguidas. Desde o início do ano<br />

já houve mais de 300 mil demissões.<br />

Em janeiro, foram demitidas<br />

76 mil pessoas, em fevereiro<br />

83 mil, em março 81 mil, abril 28<br />

mil e agora em maio 49 mil pessoas<br />

perderam o emprego nos<br />

Estados Unidos.<br />

O contingente de desempregados<br />

nos Estados Unidos já é de 8,5<br />

milhões de habitantes. Isto é equivalente<br />

a 5,5% da população economicamente<br />

ativa ou 2,8% de<br />

toda a população norte-americana<br />

ou ainda o mesmo que a população<br />

de Nova Iorque, a cidade<br />

mais populosa dos Estados Unidos.<br />

É notório que este imposto<br />

não vai ser destinado para a<br />

saúde e sim servir como mais<br />

uma fonte de renda, entre tantas<br />

que já existem, para o governo<br />

distribuir para os capitalistas,<br />

em particular pagar juros aos<br />

próprio banqueiros sobre a dívida<br />

pública.<br />

A iniciativa de Lula joga por<br />

terra a idéia de que a economia<br />

está “saudável”, uma vez que,<br />

para manter a economia funcionando<br />

o governo é obrigado a<br />

extrair cerca de 40% de tudo o<br />

que é produzido. Este imposto,<br />

que será pago nominalmente<br />

pelas empresas e usuários dos<br />

serviços bancários, será jogado<br />

como todos os outros sobre as<br />

costas dos trabalhadores.<br />

Estes resultados negativos<br />

para a economia norte-americana<br />

estão refletindo em perdas<br />

tanto para a economia do mercado<br />

financeiro quanto para a economia<br />

real.<br />

Em um ano, o índice de confiança<br />

dos investidores caiu de 95<br />

pontos, em maio de 2007, para 15<br />

pontos no mês passado.<br />

O índice de confiança do consumidor<br />

marcou 59,8 pontos em<br />

março, depois de marcar 62,6<br />

pontos em abril, o pior em 28 anos.<br />

A bolsa de Nova Iorque caiu<br />

3,13%, pior patamar desde fevereiro<br />

de 2007. Na Europa as bolsas<br />

também caíram. Paris teve<br />

queda de 2,28%. E a Bovespa<br />

(Bolsa de Valores de São Paulo),<br />

caiu 2%.<br />

As centenas de milhares de<br />

demissões nos Estados Unidos<br />

nos últimos cinco meses são resultado<br />

do agravamento da recessão<br />

norte-americana iniciada no<br />

setor imobiliário. A diminuição no<br />

consumo está levando as empresas<br />

a cortarem a mão-de-obra para<br />

manter os lucros, mas ao mesmo<br />

tempo estão colocando fora do<br />

mercado consumidor um batalhão<br />

de pessoas, ou seja, o consumo<br />

irá diminuir ainda mais provocando<br />

novas demissões e uma<br />

evolução maior ainda na recessão<br />

dos Estados Unidos e na crise financeira<br />

mundial.


15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />

O QUE ELES DIZEM? – PARTE II<br />

Declarações da tropa de choque<br />

da direita para atacar as mulheres<br />

Continuando a série iniciada na edição anterior,<br />

publicamos nesta página algumas das declarações<br />

reacionárias dos políticos e religiosos defensores de<br />

que as mulheres sejam duramente reprimidas por<br />

abortarem<br />

Talmir Rodrigues<br />

(PV - SP)<br />

Da coordenação da Frente Parlamentar<br />

“em defesa da vida contra<br />

o aborto”. O deputado e autor<br />

de projetos contra as mulheres<br />

como o Projeto de Lei PL-2154/<br />

2007 o “disque aborto” que aguarda<br />

a análise em caráter conclusivo<br />

das comissões de Seguridade<br />

Social e Família; de Segurança<br />

Pública e Combate ao Crime Organizado;<br />

e de Constituição e Justiça<br />

e de Cidadania.<br />

Para defender seu projeto afirmou:<br />

“A divulgação do serviço nos<br />

meios de comunicação social e nas<br />

contas telefônicas facilitaria muito<br />

o trabalho dos agentes policiais<br />

de punir as inúmeras clínicas especializadas<br />

em matar as crianças<br />

e os vários estabelecimentos que<br />

vendem ilegalmente substâncias<br />

abortivas” (Portal da Câmara)<br />

Afirmou também que “A luta do<br />

nosso movimento é para que não<br />

haja espaço para o aborto na discussão<br />

das políticas públicas”.<br />

Um médico que propõe ignorar<br />

o fato de que mais de duas mil<br />

mulheres morrem por ano por<br />

abortos mal-feitos é, sem dúvidas,<br />

financiado para atacar as mulheres,<br />

se escondendo atrás da demagogica<br />

campanha de defesa ecológica,<br />

no Partido Verde.<br />

Jorge Tadeu<br />

Mudalen (DEM-SP)<br />

Católico, também da frente reacionária<br />

contra as mulheres, afirma<br />

“cientificamente” ao votar<br />

sobre a questão do aborto.<br />

“Não poderia finalizar meu<br />

voto sem expressar a minha mais<br />

íntima posição pessoal sobre o<br />

valor imensurável da vida desde a<br />

concepção, e não haveria melhores<br />

palavras para dizê-lo do que as<br />

que encontro no Livro Sagrado,<br />

vertidas da boca do Profeta Jeremias:<br />

“Antes que eu te formasse<br />

no ventre materno, eu te conheci,<br />

e, antes que saísses da madre, te<br />

consagrei, e te constituí profeta às<br />

nações”<br />

Severino Cavalcanti<br />

(PP-PE)<br />

Parte da extrema direita da<br />

política nacional, integra a frente<br />

contra as mulheres com Projeto de<br />

Lei 1459/2003 Projeto Apensado<br />

PL 5166/2005 Hidekazu Takayama<br />

(PMDB/PR) Torna ilegal inclusive<br />

o aborto no caso de risco<br />

de vida para a mãe e estupro.<br />

Declarou à imprensa:<br />

“A vida pertence a Deus. Tenho<br />

vários exemplos de mulheres<br />

que são felizes com seus filhos,<br />

mesmo que tenha sido um acidente<br />

horrendo”<br />

Quando perguntado sobre o<br />

uso de preservativo afirmou<br />

“Você está sendo muito indiscreto.<br />

Essa resposta não vou dar.”<br />

O que mostra para onde estes<br />

políticos da Igreja querem levar o<br />

País: a um retrocesso geral, condenando<br />

principalmente as mulheres.<br />

Sobre o casamento afirmou:<br />

“Eu era um homem puro. Casei<br />

com uma mulher que me serviu”.<br />

“A mulher tem que ser virgem<br />

e pura”.<br />

A frente em “defesa da vida<br />

contra o aborto” é uma visível<br />

ofensiva da direita brasileira e da<br />

Igreja contra os direitos da população<br />

e em especial o das mulheres.<br />

Henrique Afonso<br />

(PT – AC)<br />

O evangélico fez declarações<br />

que mostram a truculência em que<br />

a direita e a igreja querem avançar<br />

contra os direitos das mulheres. É<br />

dele o PL 1763/2007 – Propõe o<br />

chamado “Bolsa estupro”, para<br />

que a mulher não utilize um direito<br />

adquirido que é o aborto legal em<br />

caso de violência sexual.<br />

“O aborto, para nós evangélicos,<br />

é um ato contra a vida em<br />

todos os casos, não importa se a<br />

mulher corre risco ou se foi estuprada”,<br />

afirma o deputado Henrique<br />

Afonso.”<br />

“Entendemos que o aborto é<br />

mais monstruoso que o estupro.”<br />

(Deputado Henrique Afonso e<br />

Deputada Jusmari Oliveira PR/BA<br />

em justificativa para o projeto de<br />

Lei).<br />

“Vida sim - aborto não. Nunca<br />

a família, a Igreja e os valores<br />

morais que regem nossa sociedade<br />

foram tão atingidos como nos<br />

últimos anos. São inúmeras iniciativas<br />

que visam desconstruir a<br />

família e a sociedade brasileira e o<br />

Congresso Nacional tem sido a<br />

sede destas ações que buscam, nas<br />

proposições legislativas, guaridas<br />

e respaldos legais. Entre todas as<br />

ações as que mais têm conquistado<br />

adeptos e simpatizantes são<br />

aquelas que visam legalizar o aborto,<br />

que visam legalizar a interrupção<br />

da gravidez em qualquer estágio<br />

gestacional.” (portal de Afonso<br />

Henrique)<br />

Orlando Morando<br />

(PSDB-SP)<br />

É deputado estadual de São<br />

Paulo e Presidente da Frente Parlamentar<br />

em Defesa da Vida contra<br />

o Aborto da Assembléia Legislativa<br />

de São Paulo.<br />

Declarou que “nós estamos<br />

unidos pela vida e vamos sacudir<br />

o Brasil contra essa lei que mata<br />

crianças indefesas. Temos que cutucar<br />

nossos deputados. Política<br />

não se faz só em época de eleição”<br />

... de fato promovem ataques à<br />

população o ano todo e também nas<br />

eleições!<br />

Antonio Marchionni<br />

Formado em teologia pela PUC-<br />

SP e Unicamp faz parte da Frente<br />

em “defesa da vida e contra o<br />

aborto”.<br />

Segundo ele “O aborto é algo<br />

grave, é a ocisão (ato de matar) do<br />

feto. Sufocar o inerme nunca será<br />

um direito humano. Inutilmente<br />

usaremos eufemismos, como interrupção<br />

da gravidez ou direito<br />

humano de decidir ou saúde da<br />

mulher ou caso de saúde pública.<br />

Essas roupagens coloridas não<br />

mudam a substância: trata-se de<br />

uma cisão, que mancha a mão de<br />

sangue e faz muito mal ao filho, aos<br />

pais, ao grupo social. A teologia diz<br />

que o embrião é filho do Altíssimo<br />

e possuidor da alma imortal, que<br />

permanece viva após a ocisão do<br />

corpo: os pais reencontrarão esse<br />

filho no além e terão que explicarse.”<br />

O teólogo, cuja argumentação<br />

religiosa não tem qualquer valor<br />

para as leis de um Estado verdadeiramente<br />

laico, não apenas pretende<br />

impor a toda a sociedade suas<br />

crenças religiosas, como detrás da<br />

fachada moral oculta a sua verdadeira<br />

intenção: promover uma repressão<br />

em larga escala contra as<br />

mulheres, como evidenciou o processo<br />

com vistas à prisão contra<br />

dez mil mulheres no Mato Grosso<br />

do Sul por crime de aborto.<br />

Jofran Frejat<br />

(PR - DF)<br />

O presidente da Comissão de<br />

Seguridade Social e Família da<br />

Câmara dos Deputados<br />

Afirmou que a comissão iria<br />

votar o projeto de legalização do<br />

aborto somente depois da Semana<br />

Santa, “em respeito à data”.<br />

O religioso afirmou cinicamente<br />

sobre a posição Ministro da<br />

Saúde ao ser favorável a legalização<br />

do aborto: “A argumentação do<br />

ministro da Saúde não me convenceu<br />

completamente. Me pergunto<br />

se, com o aborto liberado em<br />

qualquer tempo, os hospitais públicos<br />

terão condição de fazer esse<br />

tipo de procedimento. E também<br />

se a legalização não estaria em confronto<br />

com a política do governo<br />

de controle da natalidade e de paternidade<br />

responsável. Porque a<br />

pessoa pode pensar que, se engravidar,<br />

poderá ir ao hospital e fazer<br />

um aborto”.<br />

Na verdade o que o deputado<br />

defende é a repressão das mulheres<br />

pelo estado burguês corrupto<br />

em nome de uma defesa abstrata<br />

da “defesa da vida”.<br />

Miguel Martini<br />

(PHS-MG)<br />

Junto com o presidente da frente<br />

contra o aborto, Luis Bassuma<br />

(PT-BA), defende que o aborto se<br />

transforme em um crime hediondo<br />

e as mulheres sofram penas<br />

ainda mais duras.<br />

“Minha experiência foi muito<br />

interessante, porque eu sou de uma<br />

família cristã. Tenho dois irmãos<br />

que são padres e uma irmã que é<br />

freira. Meus pais são muito católicos.”<br />

“Deus fez de mim tudo o que<br />

sou hoje.”<br />

“Eu estou na política, porque<br />

Deus me chamou para ser assim,<br />

e a minha maior motivação é a<br />

alegria de ser Seu instrumento”<br />

(entrevista à Canção Nova)<br />

“O aborto é um assassinato<br />

covarde a um ser indefeso. Cabe<br />

a nós legisladores defendê-lo”.<br />

“Acostumado com as pregações,<br />

citou o Código de Direito<br />

Canônico da Igreja Católica (!),<br />

segundo o qual “quem faz aborto<br />

automaticamente deixa de ser<br />

católico”.<br />

A política de Martini é de um religioso<br />

fanático que, a mando da<br />

reacionária e obscurantista igreja<br />

Católica quer reprimir ainda mais<br />

as mulheres.<br />

Odair Cunha<br />

(PT-MG)<br />

O deputado e católico fa-<br />

nático é coordenador, na Região<br />

Sudeste, da Frente Parlamentar<br />

em Defesa da Vida e<br />

Contra o Aborto.<br />

É autor do PL 489/2007<br />

para transformar o aborto em<br />

crime hediondo.<br />

Segundo eles: “Como católico,<br />

não posso me furtar de<br />

tratar este tema também sob o<br />

viés da religião. Plano de Deus,<br />

um ser, quando é gerado, tem<br />

vida desde a sua concepção,<br />

dom divino.<br />

Tanto que se desenvolve,<br />

cresce, toma forma. É inimaginável<br />

que alguém acredite<br />

que tem o poder de interromper<br />

este processo. Ninguém<br />

pode assumir a função de Deus<br />

sobre a vida humana. Só Ele<br />

oferece a oportunidade da vida<br />

e só Ele pode tirá-la.” (artigo<br />

de Cunha em seu site)<br />

É autor da Lei do segundo<br />

estupro, o moral, PL 831/2007<br />

que a mulher que for aos hospitais<br />

usufruir de um direito, o<br />

aborto legal nos casos de estupro,<br />

deve ser obrigada a ver<br />

vídeos de abortos, entre outros<br />

assédios.<br />

“Num momento de dor e/ou<br />

desespero, normalmente devido<br />

ao estupro sofrido, a desinformação<br />

pode fazer com que<br />

a gestante cometa outro ato violento,<br />

contra si mesma e contra<br />

o ser vivo que está gerando.<br />

A Saúde tem por princípio<br />

salvar vidas e evitar seqüelas<br />

nos procedimentos. É o que<br />

pretendemos com este projeto.”<br />

Leandro Sampaio<br />

(PPS – RJ)<br />

Editor da cartilha da frente<br />

parlamentar contra o aborto e<br />

contra as mulheres que é contra<br />

a legalização do aborto e<br />

também a interrupção da gravidez<br />

nos casos de estupro,<br />

como prevê a lei atual.<br />

“Sou católico e sou em defesa<br />

da vida”<br />

“a mulher não pode defender<br />

o aborto... é uma coisa absurda,<br />

a gente não pode negar<br />

a vida, ainda mais uma gestante<br />

“Na Itália o aborto acontece<br />

a 29 anos, para infelicidade<br />

da família italiana”<br />

“Não tem cabimento fazer<br />

um plebiscito sobre a legalização<br />

do aborto, pois a vida é um<br />

direito inalienável garantido na<br />

constituição”<br />

Zilda Arns<br />

A médica pediatra e sanitarista<br />

também está na cruzada<br />

contra os direitos democráticos<br />

das mulheres, defendendo<br />

que a mulher deve ser presa, se<br />

cometer o ato.<br />

São suas as declarações:<br />

“Em primeiro lugar, sou a<br />

favor da vida, e fundamento<br />

meu ponto de vista não somente<br />

na fé cristã, mas também na<br />

ciência e em aspectos éticos e<br />

jurídicos. Já está comprovado<br />

cientificamente que o feto é um<br />

ser humano completo, desde a<br />

sua concepção.”<br />

“Quando dizem que são<br />

apenas células, não é verdade.<br />

A partir da concepção, já é<br />

uma criança”<br />

“O embrião é um ser humano<br />

completo em fase de crescimento<br />

tanto quanto um bebê, uma criança<br />

ou um adolescente.”<br />

Na verdade não há nada de<br />

científico na repressão às mulheres,<br />

o que há é a predominância<br />

do obscurantismo da<br />

idade média de defesa abstrata<br />

“da vida” enquanto mulheres<br />

morrem por abortos mal<br />

feitos e crianças morrem no<br />

Brasil aos montes por inanição<br />

e contra isso não se vêem atos,<br />

projetos de lei nem nada parecido.<br />

MULHERES 14<br />

Veja quem assinou a<br />

condenação das mulheres<br />

que cometeram aborto<br />

Reproduzimos aqui a lista<br />

dos 210 deputados que assinaram<br />

a proposição RCP<br />

0009/08, de autoria do deputado<br />

Luiz Bassuma (PT) e<br />

outros, que requer a criação de<br />

Comissão-Parlamentar de Inquérito<br />

para investigar a denúncia<br />

feita pelo Ministro da<br />

Saúde, José Gomes Temporão,<br />

em entrevista no Programa<br />

Roda Viva da TV Cultura,<br />

no dia 16 de abril de 2007,<br />

sobre a existência do comércio<br />

clandestino de substâncias<br />

abortivas e da prática do<br />

aborto no Brasil.<br />

Adão Pretto PT-RS<br />

Affonso Camargo PSDB-PR<br />

Alfredo Kaefer PSDB-PR<br />

Andreia Zito PSDB-RJ<br />

Angela Amin PP-SC<br />

Angelo Vanhoni PT-PR<br />

Aníbal Gomes PMDB-CE<br />

Anselmo de Jesus PT-RO<br />

Antônio Carlos Biffi PT-MS<br />

Antonio Carlos Mendes Thame<br />

PSDB-SP<br />

Antonio Carlos-PAnnunzio<br />

PSDB-SP<br />

Antônio Roberto PV-MG<br />

Ariosto Holanda PSB-CE<br />

Arnaldo Faria de Sá PTB-SP<br />

Arnon Bezerra PTB-CE<br />

Assis Do Couto PT-PR<br />

Átila Lins PMDB-AM<br />

Átila Lira PSB-PI<br />

Augusto Farias PTB-AL<br />

B. Sá PSB-PI<br />

Barbosa Neto PDT-PR<br />

Bernardo Ariston PMDB-RJ<br />

Brizola Neto PDT-RJ<br />

Bruno Rodrigues PSDB-PE<br />

Carlos Alberto Canuto PMDB<br />

Al<br />

Carlos Alberto Leréia PSDB-<br />

GO<br />

Carlos Melles DEM-MG<br />

Carlos Santana PT-RJ<br />

Carlos Willian PTC-MG<br />

Celso Maldaner PMDB-SC<br />

Celso Russomanno PP-SP<br />

Cezar Schirmer PMDB-RS<br />

Cezar Silvestri PPS-PR<br />

Chico da Princesa PR-PR<br />

Ciro Nogueira PP-PI<br />

Cláudio Diaz PSDB-RS<br />

Cláudio Magrão PPS-SP<br />

Cleber Verde PRB-MA<br />

Colbert Martins PMDB-BA<br />

Costa Ferreira PSC-MA<br />

Cristiano Matheus PMDB Al<br />

Dagoberto PDT-MS<br />

Davi Alves Silva Júnior PDT-<br />

MA<br />

Décio Lima PT-SC<br />

Deley PSC-RJ<br />

Dilceu Sperafico PP-PR<br />

Dr. Nechar PV-SP<br />

Dr. Talmir PV-SP<br />

Dr. Ubiali PSB-SP<br />

Duarte Nogueira PSDB-SP<br />

Edigar Mão Branca Pv-BA<br />

Edinho Bez PMDB SC<br />

Edio Lopes PMDB RR<br />

Edson Duarte PV-BA<br />

Edson Ezequiel PMDB-RJ<br />

Eduardo Amorim PSC SE<br />

Eduardo Cunha PMDB-RJ<br />

Eduardo-GOmes PSDB TO<br />

Eduardo Sciarra DEM-PR<br />

Eduardo Valverde PT RO<br />

Eliene Lima PP-MT<br />

Eliseu-PAdilha PMDB-RS<br />

Elismar Prado PT-MG<br />

Emanuel Fernandes PSDB-<br />

SP<br />

Fábio Souto DEM-BA<br />

Felipe Bornier Phs-RJ<br />

Félix Mendonça DEM-BA<br />

Fernando de Fabinho DEM-<br />

BA<br />

Filipe Pereira PSC-RJ<br />

Francisco Rodrigues DEM Rr<br />

Francisco Rossi PMDB-SP<br />

Francisco Tenorio PMN Al<br />

Frank Aguiar PTB-SP<br />

Gastão Vieira PMDB-MA<br />

Geraldo Pudim PMDB-RJ<br />

Geraldo Thadeu PPS-MG<br />

Gerson-PEres PP-PA<br />

Gilmar-MAchado PT-MG<br />

Giovanni Queiroz PDT-PA<br />

Givaldo Carimbão PSB Al<br />

Gonzaga Patriota PSB-PE<br />

Hugo Leal PSC-RJ<br />

Humberto Souto PPS-MG<br />

Ibsen Pinheiro PMDB-RS<br />

Íris De Araújo PMDB-GO<br />

Jackson-BArreto PMDB Se<br />

Jaime Martins PR-MG<br />

João Bittar DEM-MG<br />

João Campos PSDB-GO<br />

João Carlos-BAcelar PR-BA<br />

João Dado PDT-SP<br />

João-MAgalhães PMDB-MG<br />

João-MAtos PMDB SC<br />

João Oliveira DEM TO<br />

Joaquim Beltrão PMDB AL<br />

Jofran Frejat PR DF<br />

Jorge Khoury DEM-BA<br />

Jorge Tadeu Mudalen DEM-<br />

SP<br />

José Airton Cirilo PT-CE<br />

José Carlos Araújo PR-BA<br />

José Chaves PTB-PE<br />

José Fernando-AParecido De<br />

Oliveira Pv-MG<br />

José Linhares PP-CE<br />

José Pimentel PT-CE<br />

Joseph-BAndeira PT-BA<br />

Julião Amin PDT-MA<br />

Júlio-CEsar DEM Pi<br />

Júlio Delgado PSB-MG<br />

Jusmari Oliveira PR-BA<br />

Juvenil PRTB-MG<br />

Laerte Bessa PMDB Df<br />

Leandro Sampaio PPS-RJ<br />

Lelo Coimbra PMDB-ES<br />

Léo Vivas PRB-RJ<br />

Leonardo Monteiro PT-MG<br />

Leonardo Vilela PSDB-GO<br />

Lincoln Portela PR-MG<br />

Lobbe Neto PSDB-SP<br />

Lucenira Pimentel PR-AP<br />

Luciana Costa PR-SP<br />

Luiz-Bassuma PT-BA<br />

Luiz Bittencourt PMDB-GO<br />

Luiz Carlos Hauly PSDB-PR<br />

Luiz Carreira DEM-BA<br />

Luiz Couto PT-PB<br />

Luiz Fernando Faria PP-MG<br />

Manato PDT-ES<br />

Marcelo Guimarães Filho<br />

PMDB-BA<br />

Marcelo Melo PMDB-GO<br />

Marcelo Ortiz Pv-SP<br />

Marcelo Serafim PSB Am<br />

Marcondes Gadelha PSB-PB<br />

Marcos Medrado PDT-BA<br />

Maria Helena PSB Rr<br />

Maria Lúcia Cardoso PMDB-<br />

MG<br />

Mário de Oliveira PSC-MG<br />

Mário Heringer PDT-MG<br />

Maurício Quintella Lessa PR<br />

Al<br />

Mauro Benevides PMDB-CE<br />

Mauro Nazif PSB Ro<br />

Miguel Corrêa PT-MG<br />

Miguel-MArtini Phs-MG<br />

Moises Avelino PMDB To<br />

Nazareno Fonteles PT Pi<br />

Nelson Bornier PMDB-RJ<br />

Nilson Mourão PT Ac<br />

Nilson Pinto PSDB-PA<br />

Odair Cunha PT-MG<br />

Olavo Calheiros PMDB Al<br />

Osório Adriano DEM Df<br />

Osvaldo Reis PMDB To<br />

Otavio Leite PSDB-RJ<br />

Paes Landim PTB PI<br />

Pastor-Manoel Ferreira PTB-<br />

RJ<br />

Paulo Abi-Ackel PSDB-MG<br />

Paulo Henrique Lustosa<br />

PMDB-CE<br />

Paulo Piau PMDB-MG<br />

Paulo Renato Souza PSDB-SP<br />

Paulo Roberto PTB-RS<br />

Paulo Rocha PT-PA<br />

Paulo Rubem Santiago PDT-<br />

PE<br />

Pedro Chaves PMDB-GO<br />

Pedro Wilson PT-GO<br />

Pompeo De Mattos PDT-RS<br />

Professora Raquel Teixeira<br />

PSDB-GO<br />

Rafael Guerra PSDB-MG<br />

Raimundo Gomes De Matos<br />

PSDB-CE<br />

Ratinho Junior PSC-PR<br />

Reinaldo Nogueira PDT-SP<br />

Ricardo Tripoli PSDB-SP<br />

Roberto Britto PP-BA<br />

Roberto Santiago PV-SP<br />

Rodrigo De Castro PSDB-MG<br />

Rose De Freitas PMDB-ES<br />

Rubens Otoni PT-GO<br />

Sandro Mabel PR-GO<br />

Sandro Matos PR-RJ<br />

Sebastião Bala Rocha PDT-AP<br />

Sebastião Madeira PSDB-MA<br />

Sérgio Brito PDT-BA<br />

Sergio Petecão PMN-AC<br />

Severiano Alves PDT-BA<br />

Silvinho Peccioli DEM-SP<br />

Silvio Costa PMN-PE<br />

Silvio Lopes PSDB-RJ<br />

Silvio Torres PSDB-SP<br />

Simão Sessim PP-RJ<br />

Solange Almeida PMDB-RJ<br />

Sueli Vidigal PDT-ES<br />

Takayama PSC-PR<br />

Uldurico Pinto PMN-BA<br />

Urzeni Rocha PSDB Rr<br />

Valtenir Pereira PSB-MT<br />

Vanderlei Macris PSDB-SP<br />

Veloso PMDB-BA<br />

Vieira Da Cunha PDT-RS<br />

Vilson Covatti PP-RS<br />

Virgílio Guimarães PT-MG<br />

Vital do Rêgo Filho PMDB-PB<br />

Vitor Penido DEM-MG<br />

Waldir Maranhão PP-MA<br />

Waldir Neves PSDB-MS<br />

Walter Ihoshi DEM-SP<br />

Walter Pinheiro PT-BA<br />

Wellington Fagundes PR-MT<br />

William Woo PSDB-SP<br />

Wladimir Costa PMDB-PA<br />

Zé Geraldo PT-PA<br />

Zenaldo Coutinho PSDB-PA<br />

Zonta PP-SC<br />

Assinaturas Que<br />

Não Conferem<br />

Alexandre Silveira PPS-MG<br />

Clodovil Hernandes PR-SP<br />

Leo Alcântara PR-CE<br />

Marcos Antonio PRB-PE<br />

Maurício Trindade PR-BA<br />

Professor Sétimo PMDB-MA<br />

Rodovalho DEM-DF<br />

Wandenkolk Gonçalves<br />

PSDB-PA


15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />

10.000 NO MATO GROSSO DO SUL<br />

“Quase impossível indiciar as mulheres”<br />

Apesar de a delegada do caso reconhecer que “‘não<br />

tem como encontrar os fetos e, pela Justiça, sem<br />

corpo não há crime de homicídio”, 25 mulheres já<br />

foram incriminadas por prática de aborto em Campo<br />

Grande e a Justiça promete incriminar outras<br />

milhares.<br />

Após o indiciamento dessas mulheres, o lobby da Igreja no<br />

Congresso Nacional aumentou sua investida contra os<br />

direitos das mulheres.<br />

Quase 10.000 mulheres<br />

estão sendo perseguidas e<br />

consideradas criminosas no<br />

estado do Mato Grosso do<br />

Sul. Uma ação que não foi<br />

vista nem mesmo nos anos de<br />

ditadura militar. Esse número<br />

corresponde a 5% da população<br />

feminina, fértil, de<br />

Campo Grande, capital do<br />

estado.<br />

O montante corresponde<br />

também a cerca de 40% de<br />

toda a população feminina<br />

cumprindo pena atualmente,<br />

por todos os crimes, no território<br />

nacional (25 mil mulheres),<br />

segundo informações<br />

divulgadas em 2007.<br />

Tribunal de<br />

exceção<br />

As arbitrariedades de todo<br />

processo não são poucas. A<br />

acusação está baseada em mera<br />

suspeita, já que as fichas médicas<br />

apreendidas não são provas<br />

suficientes para confirmar<br />

prática criminosa.<br />

A própria delegada Regina<br />

Márcia R. B. Mota, após busca<br />

na clínica, afirmou à imprensa<br />

local considerar “quase<br />

impossível indiciar as mulheres”.<br />

Ela reconhecia que<br />

“’não tem como encontrar os<br />

fetos e, pela Justiça, sem corpo<br />

não há crime de homicídio’.<br />

Ela também revelou que a clínica<br />

não tem fossa, onde poderiam<br />

ter sido jogados os<br />

fetos abortados, e também não<br />

foram encontrados locais<br />

onde eles podem ter sido alojados.”<br />

(Midiamax, 14/4/<br />

2007)<br />

A verdade é que não há prova<br />

material da prática de crime,<br />

mas indícios. Sem considerar<br />

que o manuseio das fichas<br />

por parte da polícia e do<br />

Ministério Público configura<br />

procedimento ilegal e violação<br />

do sigilo médico.<br />

Além disso, as fichas médicas<br />

ficaram por aproximadamente<br />

três meses, anexadas<br />

ao processo e expostas à<br />

curiosidade popular. A exposição<br />

das fichas violou no<br />

mínimo o direito à privacidade,<br />

intimidade, confidencialidade<br />

das mulheres que estiveram<br />

na clínica.<br />

Apesar disso, 25 mulheres<br />

já foram incriminadas e induzidas<br />

a assumirem um crime<br />

que não cometeram. Deixando<br />

evidente que a conduta da<br />

polícia e da justiça não se orienta<br />

pela proteção e defesa dos<br />

direitos dessas mulheres.<br />

Nas palavras de advogados<br />

conselheiros da OAB-MS “a<br />

atitude do Ministério Público é<br />

fascista.”<br />

“Hipócritas.<br />

Precisamos deixar<br />

de ser hipócritas”<br />

Segundo dados da Organização<br />

Mundial de Saúde (OMS),<br />

são realizados a cada ano cerca<br />

de 50 milhões de abortos no<br />

mundo. Dos quais 19 milhões<br />

acontecem de forma clandestina<br />

e insegura. No Brasil, de<br />

acordo com dados do Instituto<br />

Ipas Brasil são efetuados cerca<br />

de 1,1 milhão abortos anualmente,<br />

75% deles induzidos voluntariamente<br />

e executados de<br />

maneira insegura.<br />

Para Beatriz Vargas, professora<br />

da Faculdade de Direito da<br />

UFMG, o caso do Mato Grosso<br />

do Sul demonstra que no judiciário,<br />

“o espetáculo de ‘eficiência<br />

criminal’ produz um volume<br />

de acusações capaz de<br />

abarrotar, ou paralisar, a 2ª Vara<br />

do Tribunal do Júri de Campo<br />

Grande, mas quando se sabe<br />

que a projeção do número nacional<br />

de abortos clandestinos,<br />

por ano, está na casa dos milhões,<br />

tem-se que reconhecer –<br />

desde que se queira renunciar às<br />

últimas conseqüências do absurdo<br />

– o erro de tratar o assunto<br />

como caso de polícia. Nesta<br />

situação, convocar a pena criminal<br />

é, por um lado, ignorar a<br />

questão de fundo, fechar o debate<br />

e fazer vistas grossas à<br />

realidade social. Por outro lado,<br />

é desmoralizar o direito penal,<br />

expondo a justiça ao ridículo.”<br />

Além do que “Impor a pena<br />

criminal a uma população de<br />

milhões só vai demonstrar que<br />

a criminalização não tem respaldo,<br />

a não ser numa certa ‘moral<br />

oficial’”.<br />

Já no poder legislativo a “seleção<br />

de condutas que deverão<br />

constituir crime não se confunde<br />

com o poder de impor convicções<br />

éticas, religiosas ou<br />

morais... Não é legítimo um<br />

direito que contraria a realidade<br />

social dos fatos e se mostra<br />

incapaz de afetar o resultado a<br />

que se propõe impedir.”<br />

De volta à Idade<br />

Média<br />

O que se está julgando e incriminando<br />

no Mato Grosso do<br />

Sul é a atitude de mulheres que<br />

enfrentaram a lei, tornaram-se<br />

clandestinas, diante da necessidade<br />

de efetivar o direito que a<br />

legislação e o Estado não lhes<br />

garantem, como por exemplo, a<br />

autonomia sobre seus corpos.<br />

O “crime” de que são acusadas<br />

está na mesma linha dos<br />

crimes contra a honra, o adultério,<br />

o homossexualismo. É o<br />

crime de infringir os preceitos<br />

de uma parte da sociedade.<br />

Preceitos religiosos que estão<br />

sendo impostos a toda a população<br />

através de legisladores<br />

retrógrados que querem manter<br />

a criminalização das mulheres<br />

através da manutenção do aborto<br />

como crime.<br />

A condenação das mulheres<br />

em Campo Grande mostra o<br />

nítido uso político da legislação<br />

punitiva. Após o indiciamento<br />

dessas mulheres, o lobby da<br />

Igreja no Congresso Nacional<br />

aumentou sua investida contra<br />

os direitos das mulheres. Como<br />

MULHERES 15<br />

ficou demonstrado na rejeição<br />

do Projeto de Lei 1135, que propunha<br />

a mudança no Código Penal<br />

de 1940, através da retirada<br />

do art. 128 que considera aborto<br />

como crime. O projeto foi rejeitado<br />

na Comissão de Seguridade<br />

Social e da Família, onde<br />

estão reunidos os representantes<br />

do que há de mais conservador<br />

na sociedade brasileira, no<br />

que diz respeito aos interesses<br />

de emancipação e libertação das<br />

mulheres.<br />

Iniciativas como essas têm<br />

como objetivo inibir ações de<br />

mulheres que requerem individualmente<br />

seus direitos, mas<br />

também as organizações que<br />

defendem a mudança na lei.<br />

O próximo passo é proibir os<br />

contraceptivos de emergência,<br />

daí a qualquer tipo de remédio<br />

anticoncepcional e até os preservativos.<br />

Conseguido isso, se<br />

animarão a restringir o divórcio<br />

até chegar à institucionalização<br />

do pátrio poder. É a tentativa de<br />

impor uma escravização total da<br />

mulher na sociedade, assim<br />

como já acontece na Igreja<br />

Católica, defensora maior desse<br />

retrocesso.<br />

Ignoram que o Brasil, apesar<br />

das cruzes espalhadas pelos<br />

ambientes do poder público, do<br />

Executivo, passando pelo Legislativo<br />

e Judiciário, não tem religião<br />

oficial, ao contrário, é um<br />

país laico. Portanto, o Estado,<br />

seus poderes, e seus “representantes”<br />

deveriam ser regidos<br />

pelo princípio da laicidade.<br />

Querem nos levar de volta à<br />

Idade Média, quando toda ação<br />

que questionava os dogmas religiosos,<br />

a moral oficial (que levava<br />

em consideração uma única<br />

religião) era considerada crime<br />

cujo castigo, pena, punição<br />

levava à forca ou à fogueira.<br />

10.000 MULHERES SOB A MIRA DA REPRESSÃO<br />

Defendendo o indefensável<br />

No último dia seis de junho,<br />

a delegada Regina Márcia R. B.<br />

Mota, da 1ª Delegacia de Polícia,<br />

responsável pelo caso da<br />

Clínica de Planejamento Familiar<br />

de Campo Grande, divulgou<br />

nota à imprensa, para explicar<br />

as ações tomadas pela polícia<br />

até agora.<br />

Além de dar explicações sobre<br />

o que a delegada chama de<br />

“eventual violação de direitos<br />

humanos” a nota visava confirmar<br />

que “Por determinação<br />

Judicial essas fichas retornaram<br />

à 1ª Delegacia na data de seis de<br />

junho de 2008 e continuarão<br />

apreendidas até o encerramento<br />

do processo ou ocorrer a<br />

prescrição de eventuais crimes<br />

de aborto.”<br />

Para se defender da acusação<br />

de violação das fichas médicas,<br />

a delegada se dirige “A todas as<br />

pessoas preocupadas com<br />

eventual violação dos diretos<br />

humanos ou violação de segredo<br />

médico reforçamos que a<br />

apreensão dos prontuários<br />

médicos deu-se em virtude de<br />

mandado judicial requerido por<br />

esta delegada e deferido pelo<br />

juízo da 2ª vara do tribunal do júri<br />

desta Comarca.” Alegação sem<br />

procedência, já que a justiça<br />

autorizou a apreensão dos prontuários,<br />

não investigação, e utilização<br />

de informação para incriminar<br />

pacientes. Isso sim é crime,<br />

já que prontuários médicos,<br />

por lei e por norma, são sigilosos,<br />

podendo ser analisado apenas<br />

com autorização do paciente.”<br />

O que definitivamente não<br />

aconteceu.<br />

A delegada defende-se ainda<br />

da denúncia de que os prontuários<br />

ficaram expostos à curiosidade<br />

popular, afirmando que<br />

desde junho do ano passado<br />

“quando os autos foram relatados<br />

e encaminhados ao Judiciário<br />

tomamos as cautelas necessárias<br />

para que a imagem, intimidade<br />

e nome das mulheres ali<br />

relacionadas fossem preservados.”<br />

A informação não procede.<br />

Porque é de conhecimento<br />

que as fichas ficaram abertas,<br />

inclusive com informações disponibilizadas<br />

na internet, violando<br />

a intimidade dessas mulheres.<br />

Na polícia ou no judiciário,<br />

não importa. Na verdade demonstra<br />

que ambos não querem<br />

assumir a responsabilidade pelo<br />

erro.<br />

Não procede também a afirmação<br />

de que “as fichas assim<br />

que apreendidas foram encaminhadas<br />

ao Instituto Médico<br />

Legal para parecer médico”.<br />

Segundo o promotor Paulo<br />

César dos Passos, responsável<br />

pelo caso no Ministério Público,<br />

uma equipe da própria polícia<br />

civil é quem faz a analise das<br />

fichas, portanto não existe parecer,<br />

porque não existe médico<br />

perito envolvido no caso.<br />

Sobre novos indiciamentos,<br />

segundo a nota “Serão selecionadas<br />

aquelas fichas cujas datas<br />

indicam se estão prescritos<br />

os eventuais crimes de aborto e,<br />

num segundo momento aquelas<br />

em que houver fortes indícios<br />

de que houve a prática do crime<br />

de aborto. Consideramos fortes<br />

indícios: a comprovação de<br />

gravidez, a declarações de curetagem<br />

de aborto retido ou feto<br />

morto retido e exame de ultrasonografia<br />

com comprovação<br />

de feto vivo, além da especificação<br />

do valor pago.”<br />

O que em junho de 2008 a<br />

delegada considera suficiente<br />

para criminalizar milhares de<br />

mulheres, não é o mesmo ponto<br />

de vista que a delega Regina<br />

Márcia esboçava em abril do ano<br />

passado quando fez declarações<br />

a imprensa local afirmando<br />

considerar “quase impossível<br />

indiciar as mulheres”. Isto porque,<br />

na época, ela reconhecia<br />

que “’não tem como encontrar<br />

os fetos e, pela Justiça, sem<br />

corpo não há crime de homicídio’.<br />

Ela também revelou que a<br />

clínica não tem fossa, onde<br />

poderiam ter sido jogados os<br />

fetos abortados, e também não<br />

foram encontrados locais onde<br />

eles podem ter sido alojados.”<br />

(Midiamax, 14/4/2007) Mas<br />

agora não apenas considera os<br />

indícios como prova suficiente<br />

como pretende agir com urgência<br />

para impedir a prescrição do<br />

“crime”!<br />

A nota divulgada pela delegada<br />

é a demonstração de que a<br />

justiça e a polícia têm tentado se<br />

explicar a respeito da tentativa<br />

de indiciamento de quase<br />

10.000 mulheres que freqüentaram,<br />

nos últimos anos, a clínica<br />

que funcionava no centro<br />

da capital do Mato Grosso do<br />

Sul.<br />

Porém a repercussão que o<br />

caso tomou até agora ainda não<br />

foi suficiente para barrar a perseguição<br />

e condenação de mulheres<br />

que buscam simplesmente<br />

a liberdade de decidir sobre<br />

seus corpos. Em resposta recebem<br />

a clandestinidade e a satanização<br />

penal. Ação que vem do<br />

Estado. O mesmo Estado que<br />

não esteve presente quando<br />

deveria garantir seus direitos<br />

básicos fundamentais, mas surge<br />

agora para “agir com o rigor<br />

da lei”.<br />

A nota defensiva revela, em<br />

primeiro lugar, aquilo que o lobby<br />

de direita quer esconder: que<br />

se trata de uma verdadeira caça<br />

às bruxas por motivação ideológica<br />

e política e não jurídica e,<br />

segundo, que a campanha contra<br />

a perseguição destas 10 mil<br />

mulheres começa a surtir efeito<br />

à medida que está sendo divulgada.<br />

É preciso divulgá-la mais e<br />

mais.<br />

A nota divulgada pela delegada é a demonstração de que a<br />

justiça e a polícia têm tentado se explicar a respeito da<br />

tentativa de indiciamento de quase 10.000 mulheres<br />

TV GLOBO: IMPRENSA BURGUESA<br />

Em campanha contra os direitos das mulheres<br />

Além de ser responsável pela<br />

matéria que deu origem ao processo<br />

que procura criminalizar<br />

quase 10.000 mulheres no<br />

Mato Grosso do Sul, a afiliada<br />

da Rede Globo no estado, a TV<br />

Morena, tem sua programação<br />

dedicada a criar na população<br />

a mentalidade de aceitação dos<br />

ataques contra seus direitos<br />

como sendo algo positivo.<br />

Há muito tempo está claro o<br />

papel da imprensa burguesa,<br />

sobretudo quando o assunto é<br />

condenar movimentos sociais<br />

e de trabalhadores, confundir e<br />

justificar a retirada e o ataque<br />

aos direitos da população,<br />

manter a ilusão na recuperação<br />

da economia capitalista e ainda<br />

no esforço individual etc.<br />

No caso da televisão o assunto<br />

é ainda mais grave. Isto<br />

porque o governo cede para<br />

meia dúzia de grandes empresários<br />

a concessão para usar a<br />

rede aberta de televisão, ou seja,<br />

o espaço ocupado pela Rede<br />

Globo, Record, SBT e outros,<br />

é espaço público, cedido pelo<br />

governo federal, para fazer da<br />

sua programação propaganda<br />

de seus interesses.<br />

Quando se assiste televisão<br />

no Mato Grosso do Sul, a propaganda<br />

da moral burguesa,<br />

religiosa, da repressão e opressão<br />

contra os trabalhadores,<br />

índios e as mulheres é tão gritante<br />

que hoje nem a tão pregada<br />

teoria da imparcialidade da<br />

imprensa convence sequer o<br />

mais inocente. Em outros estados<br />

o fato não é muito diferente.<br />

No último sábado, dia sete de<br />

junho, o jornal local, MSTV,<br />

apresentou, na mesma edição,<br />

em blocos diferentes, matérias<br />

sobre maternidade e penas alternativas.<br />

Primeiro apresentou uma<br />

menina de 15 anos, grávida de<br />

oito meses, como dona de casa<br />

, para exemplificar mulheres<br />

que levam a gravidez adiante,<br />

fazendo pré-natal, exercícios<br />

etc. Alguns blocos depois apresentaram<br />

uma matéria com<br />

afirmações a respeito da importância<br />

das penas alternativas,<br />

não apenas porque “os presídios<br />

estão lotados, mas também<br />

para melhor re-socialização<br />

dos condenados.”<br />

Uma das autoridades utilizadas<br />

na matéria foi justamente o<br />

juiz responsável pelo caso das<br />

mulheres indiciadas por suspeita<br />

de aborto na clínica e Campo<br />

Grande. O juiz Aluízio Pereira<br />

dos Santos assumiu que as<br />

penas são alternativas ao caos<br />

do sistema carcerário brasileiro,<br />

e ainda servem como uma<br />

boa chance de os condenados<br />

refletirem sobre seus erros. O<br />

sociólogo Paulo Cabra foi mais<br />

longe é afirmou que esse tipo de<br />

pena é “uma prisão sem grades.<br />

Uma chance de fazer os criminosos<br />

se enquadrarem ao que é<br />

certo sem precisarem estar presos<br />

pra isso.”<br />

Fica evidente a campanha<br />

pela condenação das mulheres<br />

e a ilusão de que as penas alternativas<br />

são menos danosas.<br />

Sendo que, na verdade, servem<br />

para condenar inocentes, sem<br />

julgamento, sem direito de defesa,<br />

aproveitando-se do medo,<br />

completamente justificado,<br />

diga-se de passagem, dessas<br />

pessoas de ir parar na cruel<br />

realidade das carceragens brasileiras.<br />

Exemplo disso é o caso das<br />

quase 10.000 mulheres indiciadas<br />

por suspeita de aborto em<br />

Mato Grosso do Sul. Até agora<br />

25 delas aceitaram as penas alternativas<br />

para não serem expostas<br />

ao “Tribunal de Júri”<br />

apesar de não haver provas<br />

suficientes e nem mesmo terem<br />

confessado o aborto.<br />

As matérias da TV Morena<br />

preparam o terreno, já que<br />

acontecem no momento em<br />

que a polícia de Campo Grande<br />

reabriu o inquérito para<br />

convocar mais mulheres para<br />

depor sobre a acusação de<br />

aborto.<br />

O compromisso dessa imprensa<br />

com a tentativa de condenação<br />

das mulheres é tão<br />

grande que chegou ao ponto de<br />

o Ministério Público do estado<br />

indicar os jornalistas da TV<br />

Morena, responsáveis pela reportagem<br />

na Clínica de Planejamento<br />

Familiar de Campo<br />

Grande, como testemunhas de<br />

acusação.<br />

Sem contar que o processo<br />

está todo fundamentado em<br />

matérias veiculadas na imprensa<br />

local e nacional. A começar<br />

pela própria denúncia contra a<br />

clínica e a médica, dona da clínica.<br />

Foi baseada na reportagem<br />

da TV Morena que a delegada<br />

de polícia, Regina Márcia,<br />

conseguiu o mandato de busca<br />

e apreensão.<br />

A partir daí a vida das quase<br />

10.000 mulheres que estiveram<br />

na clínica nos últimos 20 anos,<br />

está nas mãos da justiça. Seus<br />

prontuários médicos foram<br />

apreendidos e violados pela<br />

polícia que, mesmo assumindo<br />

publicamente que seria “quase<br />

impossível indiciar essas mulheres”,<br />

palavras da delegada<br />

em abril de 2007, entregou o<br />

caso ao Ministério Público. Até<br />

agora 25 mulheres já estão pagando<br />

penas alternativas<br />

Esse é o método da imprensa<br />

capitalista, um método podre,<br />

é típico deste topo de publicação<br />

que, contrariando o<br />

caráter progressista da imprensa,<br />

conquista da era moderna,<br />

utiliza a informação pública<br />

para tentar promover uma caça<br />

às bruxas ao estilo dos tempos<br />

mais obscurantistas da humanidade.<br />

Resta a preciosa educação<br />

política de verificar o caráter<br />

mentiroso, intrigante e criminoso<br />

da imprensa capitalista, que<br />

sairá deste episódio ainda mais<br />

desacreditado.<br />

CAUSA OPERÁRIA NOTÍCIAS<br />

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15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />

MOVIMENTO ESTUDANTIL 16<br />

UNIFESP, PARA DEFENDER OS CORRUPTOS:<br />

Ditadura: estudantes ocupam reitoria e são reprimidos<br />

pela guarda fascista do reitor e pela polícia<br />

Na noite desta sexta-feira(13), 48 estudantes da<br />

Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e de<br />

várias outras universidades ocuparam a reitoria e<br />

foram duramente reprimidos por seguranças da<br />

Unifesp e pela PM<br />

Por volta de meia-noite, estudantes<br />

de várias universidades<br />

ocuparam a reitoria da Unifesp,<br />

localizada na Vila Mariana.<br />

Os estudantes entraram<br />

pela Rua Botucatu, pela porta da<br />

frente da reitoria e logo montaram<br />

barricadas para organizar<br />

a segurança no prédio.<br />

Rapidamente cinco seguranças<br />

partiram para cima dos<br />

estudantes com barras de ferro<br />

na mão e xingando-os. Estes<br />

agrediram duramente os estudantes<br />

que tentavam contêlos.<br />

Os estudantes conseguiram<br />

dominar a segurança inclusive<br />

desarmando-os, mas a polícia<br />

chegou para reprimir e espancar<br />

os estudantes. Cerca de 40<br />

policiais em 10 viaturas policiais<br />

participaram da operação,<br />

quase um policial por estudante.<br />

Os policiais acabaram entrando<br />

por duas portas de trás<br />

do prédio por um pronto-socorro.<br />

A tropa do 16º DP entrou no<br />

prédio jogando sprays de pimenta<br />

para sufocar os<br />

estudantes, batendo<br />

com cassetetes e empurrando-os<br />

para o<br />

chão com tudo.<br />

Os policiais ainda<br />

apontavam armas para<br />

os estudantes.<br />

Inclusive pacientes<br />

do pronto-socorro ao<br />

lado da reitoria se sentiram<br />

mal com a quantidade<br />

spray usada pelos<br />

policiais que eram<br />

jogados na cara dos estudantes<br />

para sufocálos.<br />

Estes eram insultados<br />

pelos policiais e<br />

chamados de “maconheiros”,<br />

“vagabundos”<br />

e ainda recebiam<br />

golpes no chão, já dominados.<br />

Em seguida,<br />

os estudantes foram<br />

colocados em fileira e<br />

com as mãos na cabeça.<br />

Os policiais formaram<br />

um corredor no<br />

Os estudantes foram colocados como marginais na<br />

calçada com as mãos nas costas e os policiais se<br />

aproveitaram do marasmo nas ruas para ameaçá-los.<br />

qual batiam com os cassetetes<br />

nas costas dos estudantes que<br />

eram obrigados a passar por ali,<br />

dando ainda golpes em sua cabeça.<br />

Vários estudantes ficaram<br />

feridos.<br />

Os estudantes foram colocados<br />

como marginais na calçada<br />

com as mãos nas costas<br />

e os policiais se aproveitaram<br />

do marasmo nas ruas para ameaçá-los.<br />

Um deles gritou “Vamos<br />

fazer com os estudantes<br />

assim como fizeram na ditadura.<br />

Vocês não querem ser os revolucionariozinhos<br />

e libertários?”.<br />

Um policial<br />

comentava<br />

que “Todos estudantes<br />

que<br />

não são aqui da<br />

Unifesp de medicina<br />

são de<br />

faculdades dos<br />

revolucionariozinhos”.<br />

Os<br />

policiais jogavam<br />

sprays de<br />

pimenta na<br />

cara dos estudantes.<br />

As mulheres<br />

foram<br />

chamadas de<br />

“putas” e os<br />

negros foram<br />

tratados com<br />

violência e humilhados<br />

com<br />

frases racistas.<br />

A polícia<br />

ainda jogou os<br />

estudantes em<br />

camburões da<br />

Força Tática<br />

em número de cinco em cada.<br />

Os estudantes esmagados no<br />

camburão eram balançados<br />

com violência pelos policiais<br />

que dirigiam o automóvel.<br />

Os estudantes tiveram que<br />

permanecer no 16º DP até as 7<br />

horas da manhã, tendo sido todos<br />

fichados.<br />

Equipamentos de gravação<br />

foram apreendidos arbitrariamente<br />

como provas pela polícia<br />

e não foram feitos exames<br />

de corpo delito entre os estudantes<br />

que foram agredidos.<br />

Ao contrário, foram os seguranças<br />

que depuseram como<br />

vítimas para a polícia, apesar de<br />

estes terem espancado os estudantes.<br />

A ação policial foi de aterrorizar<br />

os estudantes passando<br />

inclusive por cima da lei, sem<br />

qualquer documento de reintegração<br />

de posse e ainda agindo<br />

em uma universidade federal<br />

pública, o que é inconstitucional.<br />

Os estudantes ocuparam<br />

para protestar contra a reitoria<br />

corrupta e o rombo imenso<br />

causado nas contas públicas da<br />

universidade. Estiveram presentes<br />

também estudantes da<br />

USP e da AJR (Aliança da Juventude<br />

Revolucionária), que<br />

foram apoiar o movimento.<br />

Enquanto os campi da Unifesp<br />

sofrem com a falta de estrutura,<br />

a retioria da Unifesp<br />

está mergulhada nas denúncias<br />

de corrupção. O campus de<br />

São José dos Campos que ofe-<br />

rece cursos de informática não<br />

tem computadores suficiente e<br />

sequer internet contratada.<br />

Para esse e outros como o<br />

campus de Guarulhos, não há<br />

restaurante universitário ou<br />

moradia estudantil, além de<br />

muitos outros.<br />

Na reitoria, no entanto, dinheiro<br />

não falta. Uma das denúncias<br />

é de um gasto de R$ 80<br />

mil em gastos estritamente pessoais,<br />

como uma viagem para<br />

a Disney e produtos de luxo.<br />

O TCU (Tribunal de Contas<br />

da União) cobra 140 mil reais<br />

que Ulysses acumulou em atividades<br />

privadas realizadas de<br />

forma ilegal por ter um cargo de<br />

dedicação exclusiva à<br />

Universidade.A polícia e a<br />

guarda universitária, que tratou<br />

os estudantes como verdadeiros<br />

marginais, defenderam o<br />

reitor Ulysses Fagundes Neto.<br />

Este, que comprovadamente<br />

usou o dinheiro do cartão corporativo,<br />

promoveu um rombo<br />

nas contas da universidade que<br />

é apurada pela própria Justiça.<br />

Além disso, veio recentemente<br />

veio a público que a gestão<br />

de Fagundes Neto deixou de<br />

prestar em contas somente em<br />

2005 mais de R$ 178 milhões<br />

e ainda apareceram desde então<br />

fraudes que vão desde falta de<br />

licitação em gastos até a terceirização<br />

de imóveis da Unifesp<br />

ilegalmente. A Controladoria<br />

Geral da União apontou 94 irregularidades<br />

na Unifesp.<br />

UNIFESP MANIFESTO DA AJR<br />

Por um CA para a luta e participação de<br />

todos os estudantes<br />

Este é o manifesto da Aliança<br />

da Juventude Revolucionária –<br />

juventude do <strong>PCO</strong> – que está<br />

montando uma chapa para a eleição<br />

do CACS na Universidade<br />

Federal de São Paulo que ocorrerá<br />

no dia 26 de junho. A proposta<br />

central da chapa é dar um basta<br />

a atual paralisia do Centro<br />

Acadêmico e colocá-lo a serviço<br />

do ensino público e de qualidade:<br />

Os CA’s dos cursos do campus<br />

Guarulhos, sem exceção, não<br />

têm qualquer participação estudantil<br />

séria e, por isso, estão totalmente<br />

esvaziados da presença dos<br />

estudantes e, como conseqüência,<br />

de qualquer discussão sobre as reivindicações<br />

estudantis.<br />

A divisão dos CA’s por curso<br />

colocou as entidades em oposição<br />

ao movimento estudantil e às<br />

mobilizações, como por exemplo,<br />

a ocupação da diretoria acadêmica<br />

que terminou somente com a<br />

violência policial. A AJR, assim<br />

como propôs no início do ano de<br />

2007, levanta a proposta de criar<br />

um único centro acadêmico para<br />

os estudantes do campus Guarulhos<br />

como forma de unir os estudantes<br />

de todos os cursos, que<br />

se encontram sob a mesma falta<br />

de condições de ensino e permanência.<br />

Esta paralisia, somada à<br />

tentativa de transformar as entidades<br />

em um grupo de amigos,<br />

tem levado ao afastamento de estudantes<br />

do movimento estudantil.<br />

Por outro lado, é preciso combater<br />

as tentativas de um grupo<br />

minoritário de estudantes direitistas,<br />

verdadeiros pupilos do reitor<br />

e de sua política, de se aproveitar<br />

desta paralisia para através da fachada<br />

de estudantes “independentes”<br />

e democráticos colocar o CA<br />

em um grau de degradação ainda<br />

maior e tentar impedir qualquer<br />

movimento de luta. A unificação<br />

dos Centros Acadêmicos é um<br />

importante passo para superar a<br />

dispersão e criar uma entidade que<br />

sirva para a luta dos estudantes.<br />

A reitoria da Unifesp tem colocado<br />

em prática todos os ataques<br />

do governo Lula à educação,<br />

da Reforma Universitária (Reuni)<br />

aos constantes cortes de verba,<br />

sejam eles referentes aos cortes<br />

nas bolsas ou na falta de contratação<br />

de professores, não construção<br />

de prédios, restaurantes<br />

universitários, moradia estudantil,<br />

etc. Estudantes que lutaram<br />

contra esta situação estão sendo<br />

ameaçados de expulsão, enquanto<br />

o reitor que roubou milhares de<br />

reais do dinheiro da universidade<br />

segue no cargo com o apoio da burocracia<br />

acadêmica. Os estudantes<br />

precisam lutar contra a repressão<br />

existente na universidade (câmeras,<br />

sindicâncias, etc) como<br />

forma de garantir seu direito de<br />

expressão e organização. Nesta<br />

luta os estudantes devem se manter<br />

independente dos professores,<br />

REPRESSÃO NO CHILE<br />

setor mais conservador da universidade,<br />

e da burocracia estudantil.<br />

Somente o governo tripartite<br />

da universidade, formado proporcionalmente<br />

por professores,<br />

funcionários e a maioria estudantil,<br />

poderá imprimir nova vida à<br />

universidade.<br />

O autogoverno para ser exercido<br />

efetivamente deve contar<br />

com a participação decisiva dos<br />

estudantes. Entre os elementos<br />

componentes da universidade, os<br />

estudantes representam o elemento<br />

revolucionário porque<br />

expressam o interesse geral da<br />

universidade como meio de reprodução<br />

da cultura e da socialização<br />

do conhecimento. Os professores<br />

são, nesse sentido, o<br />

elemento mais conservador, porque<br />

privilegiado, da universidade<br />

e os funcionários se dividem entre<br />

os elementos proletário e pequeno<br />

burguês conservador.<br />

Nesse sentido, a proposta de<br />

paridade na representação das<br />

categorias que compõem a universidade<br />

no Conselho Universitário<br />

é apenas uma forma atenuada<br />

da proposta do governo e da<br />

burocracia universitária, que querem<br />

que a maioria estudantil fique<br />

longe das decisões sobre os rumos<br />

da universidade para poderem,<br />

livre da pressão em defesa<br />

da universidade pública e gratuita,<br />

promover a sua destruição.<br />

Estudantes e professores são reprimidos em Santiago<br />

No dia 5 de junho, cerca de<br />

40 manifestantes foram detidos<br />

durante protesto de estudantes<br />

contra a reforma educativa no<br />

Chile.<br />

A manifestação reuniu mais<br />

de oito mil pessoas, 75% dos<br />

professores do ensino público<br />

paralisaram, todos aderindo a<br />

uma paralisação nacional convocada<br />

pelo Colégio de Professores<br />

do Chile, que exige a retirada<br />

da nova Lei Geral de Educação<br />

do Congresso, lei que faz parte<br />

da reforma educativa do Governo<br />

de Michelle Bachelet.<br />

A manifestação iniciou com<br />

um encontro dos estudantes<br />

próximo da Universidade do<br />

Chile - ocupada há semanas por<br />

estudantes - e um bloqueio da<br />

Alameda O´Higgins, que cruza<br />

toda a cidade de Santiago. Nesta<br />

semana, milhares de estudantes<br />

deram início a uma série de<br />

manifestações que incluem protestos<br />

de âmbito nacional convocados<br />

por caminhoneiros e professores.<br />

Dez colégios e duas<br />

universidades foram ocupadas.<br />

Além da Universidade do Chile e<br />

de outras três do mesmo centro<br />

de estudos, foi ocupada a Federação<br />

de Estudantes da Universidade<br />

de Santiago. Esta é uma<br />

continuação da onda de protestos<br />

contra as reformas de Bachelet<br />

que tiveram início em junho<br />

de 2006 com a chamada “revolta<br />

dos pingüins” (alusão aos uniformes<br />

dos secundaristas).<br />

Houve fortes confrontos entre<br />

policiais e estudantes. De<br />

Os grandes protestos<br />

evidenciam a crise da frente<br />

popular.<br />

forma completamente violenta, a<br />

polícia usou gás lacrimogêneo e<br />

jatos d´água para impedir que os<br />

estudantes se manifestassem e bloqueassem<br />

a avenida. O conflito deixou<br />

estudantes feridos e outros, do<br />

Liceu Experimental Artístico, foram<br />

detidos.<br />

No dia 28 de maio, em protesto<br />

também contra a reforma educativa,<br />

300 estudantes foram presos.<br />

Este foi considerado um dos protestos<br />

mais violentos desde 2006.<br />

A nova “Ley General de Educación”<br />

(LGE) vem para substituir a<br />

“Ley Orgánica Constitucional de<br />

Esnseñanza” (LOCE). A LOCE foi<br />

aprovada em março de 1990, logo<br />

após Patrício Aylwin assumir a<br />

presidência. Portanto, a LOCE foi<br />

elaborada quando o país ainda vivia<br />

sob a ditadura de Pinochet. Em abril<br />

do ano passado, a presidente Michele<br />

Bachelet enviou à Câmara dos<br />

Deputados o projeto de lei que cria<br />

a LGE, que nada mais é que uma<br />

“maquiagem” em cima da antiga<br />

lei. A LGE, formulada às portas fechadas<br />

e sem atender aos interesses<br />

dos estudantes, pretende submeter<br />

a educação pública ao controle<br />

do setor privado.<br />

Na quinta-feira (12), dois explosivos<br />

foram detonados na entrada<br />

norte da estação de trem<br />

Central, próximo a Universidade<br />

de Santiago, na periferia Oeste da<br />

capital chilena.<br />

Ambos artefatos explodiram<br />

simultaneamente durante uma<br />

manifestação.<br />

Policiais da equipe antibombas<br />

auxiliados por carros “lançaágua”<br />

e “lança-gases” estavam<br />

no local para dispersar um grupo<br />

de manifestantes que instalou barricadas<br />

e incendiou pneus para<br />

bloquear o trânsito pela Alameda<br />

do Libertador Bernardo<br />

O’Higgins, que cruza Santiago.<br />

Os grandes protestos e as<br />

mobilizações estudantis nos dois<br />

anos de poder de Michele Bachelet<br />

evidenciam a crise da frente<br />

popular, isto é, de governos de<br />

esquerda burgueses que atuam a<br />

favor dos poderosos utilizandose<br />

de uma certa influência no interior<br />

dos movimentos populares.<br />

Este atrelamento do governo<br />

do Partido Socialista com a<br />

burguesia resultou nos maiores<br />

protestos já realizados desde o fim<br />

da ditadura militar. Este é não um<br />

fenômeno único e isolado do<br />

Chile, mas de toda a América<br />

Latina, dominada pelos governos<br />

de frente popular.<br />

MAIS UM! LUTA ESTUDANTIL<br />

Estudantes derrubam reitor<br />

da Fundação Santo André<br />

USP CORTE DE BENEFÍCIOS<br />

O reitor da Fundação Santo<br />

André, Odair Bermelho, foi<br />

destituído do cargo por desvio<br />

de verbas. A decisão foi tomada<br />

nesta última quinta-feira, dia<br />

29, pelo Conselho Diretor da<br />

Fundação Santo André e agora<br />

precisa ser aceita pelo Ministério<br />

Público.<br />

Bermelho é acusado, assim<br />

como a maioria dos reitores de<br />

universidade no País, de desvio<br />

de dinheiro público para uso<br />

particular. O ex-reitor foi acusado<br />

de gastar pouco mais de R$<br />

10 mil com viagens e também<br />

por ter fraudado notas fiscais.<br />

A decisão foi unânime no<br />

Conselho, após a posse dos<br />

novos conselheiros eleitos.<br />

Após a reunião do Conselho<br />

Diretor, os professores da FA-<br />

FIL se reuniram e decretaram<br />

greve até a próxima quinta-feira.<br />

Juntando-se a greve dos<br />

estudantes iniciada na semana<br />

retrasada.<br />

Apesar da decisão ter sido<br />

tomada pelo conselho da universidade<br />

é mais que óbvio que a<br />

saída do reitor deve-se à mobilização<br />

estudantil que ocorreu na<br />

universidade no último período.<br />

Os estudantes ocuparam a<br />

universidades três vezes nos<br />

últimos meses, sendo que a<br />

reitoria foi ocupada duas vezes.<br />

O reitor inclusive mandou a tropa<br />

de choque da polícia militar<br />

reprimir violentamente os estudantes<br />

mais de uma vez, inclusive<br />

com denúncias de perseguição,<br />

por parte da polícia, até a<br />

residências de estudantes.<br />

A saída do reitor está diretamente<br />

ligada à<br />

pressão que os<br />

estudantes fizeram<br />

neste último<br />

período.<br />

E a atitude do<br />

Conselho demonstra<br />

o temor<br />

diante este movimento<br />

que vem<br />

se prolongando e<br />

que iria se intensificar<br />

pela derrubada<br />

de Odair.<br />

Este fato se<br />

soma a onda revolucionária<br />

no<br />

movimento estudantil<br />

que se<br />

iniciou com a<br />

ocupação da reitoria<br />

da USP em<br />

maio do ano<br />

passado e vem<br />

se extendendo<br />

em ocupações por todo país.<br />

Este ano, com mais de cinco<br />

ocupações já realizadas, o movimento<br />

estudantil conquistou<br />

dois importantes marcos: a derrocada<br />

de dois reitores corruptos,<br />

na UnB e agora na Fundação<br />

Santo André.<br />

Além de tudo, aponta para<br />

uma tendência de ascensão<br />

desse movimento e não de queda,<br />

vide com que força, e numa<br />

certa medida, com que facilidade<br />

os estudantes conquistaram<br />

essas importantes vitórias.<br />

Aproveitando este momento<br />

favorável, é necessário uma<br />

ampla mobilização por uma<br />

nova organização da estrutura<br />

da universidade, o governo tripartite<br />

com maioria estudantil.<br />

Única reivindicação capaz de<br />

garantir de fato uma universidade<br />

livre do domínio dessa burocracia<br />

universitária totalmente<br />

vendida para o regime político.<br />

Reitoria cancela auxilio bolsa-trabalho<br />

A reitoria da USP, em sessão<br />

realizada no dia 14 de maio de<br />

2007, lançou o programa “Aprender<br />

com Cultura”, através da<br />

Portaria GR 3946. O Programa<br />

tem como objetivo substituir o<br />

auxílio bolsa-trabalho.<br />

O programa foi assinado pela<br />

reitora Suely Vilela e concebido<br />

pela Comissão de Gestão de Política<br />

de Apoio à Permanência.<br />

Na surdina, a reitoria ataca aos<br />

estudantes prejudicando-os diretamente,<br />

isso porque a Portaria<br />

instituiu que o programa oferecerá<br />

somente 600 bolsas com salário<br />

de R$300,00, ao invés dos R$<br />

400,00 da Bolsa-Trabalho, além<br />

de aumentar 2h na carga horária.<br />

A notícia chegou através de<br />

um e-mail enviado pelo Prof. Ruy<br />

Alberto Correa Altafim, pró-reitor<br />

de cultura e extensão. Na<br />

época algumas funcionárias da<br />

COSEAS já anunciavam a substituição<br />

das bolsas pelo Programa.<br />

Porém, nenhum comunicado<br />

oficial foi enviado aos alunos, que<br />

sem grandes esclarecimentos<br />

foram surpreendidos com a descoberta,<br />

por um aluno, da tal<br />

Portaria.<br />

A Portaria entrará em vigor em<br />

agosto de 2008, ficando revogadas<br />

a partir desta data as Portarias<br />

GR nºs 2612, de 29/8/1990, e<br />

3335, de 8/4/2002, que se referem<br />

à criação do Programa Bolsa-<br />

Trabalho.<br />

O Novo programa diminuirá<br />

consideravelmente o número de<br />

bolsas oferecidas atualmente,<br />

deixando os estudantes completamente<br />

as traças, além de colocar<br />

os estudantes para trabalhar<br />

e mais e conseqüentemente terem<br />

menos tempo para estudar e se<br />

dedicar ao movimento estudantil.<br />

Enquanto isso, a reitoria, em doze<br />

meses, deixará de investir cerca<br />

de R$ 1 milhão na assistência estudantil,<br />

deixando um valor menor<br />

que um salário mínimo para<br />

os bolsistas, ala mais carente da<br />

universidade, é preciso evidenciar<br />

a também falta de esclarecimentos<br />

sobre o destino dessa “sobra”<br />

de dinheiro.<br />

Os estudantes devem se mobilizar<br />

e lutar contra esse processo<br />

de sucateamento das universidades<br />

públicas e pelo governo<br />

tripartite da universidade,<br />

formado proporcionalmente<br />

por professores, funcionários e<br />

a maioria estudantil poderá garantir<br />

uma nova vida à universidade.<br />

Os escândalos das universidades<br />

federais evidenciaram a<br />

corrupção da burocracia na universidade.<br />

O auto-governo é o<br />

único a garantir a independência<br />

política da universidade frente<br />

ao Estado e o grande capital.<br />

O governo tripartite garante<br />

a autonomia da universidade em<br />

decidir sobre o seu destino em<br />

todas as áreas: pedagógica, administrativa,<br />

pesquisa, orçamentária,<br />

política e etc.<br />

SÃO PAULO MAIS REPRESSÃO<br />

Reitor da Belas Artes ameaça caçar diploma de<br />

estudante por causa de pichação<br />

Na quinta-feira (12), em protesto<br />

contra a verdadeira ditadura<br />

imposta dentro das universidades,<br />

os estudantes picharam<br />

o prédio da faculdade.<br />

Cerca de 40 estudantes participaram<br />

da ação, segundo informou<br />

a imprensa.<br />

A imprensa, como não poderia<br />

deixar de ser, alardeou como<br />

“vândalos, criminosos”. Chegaram<br />

ao absurdo de dizer que os<br />

estudantes agrediram os funcionários,<br />

como sempre fazem<br />

com qualquer protesto.<br />

Segundo a própria imprensa,<br />

os jovens serão acusados de<br />

crime ambiental e lesão corporal<br />

dolosa.<br />

Uma expressou da insatisfação<br />

com toda a opressão por<br />

que passa a juventude, pode ser<br />

A saída do reitor está diretamente ligada à<br />

pressão que os estudantes fizeram neste<br />

último período.<br />

agora um pretexto para aumentar<br />

a repressão aos estudantes.<br />

O reitor da faculdade de Belas<br />

Artes afirmou que o estudantes<br />

identificado pode perder o diploma<br />

já recebido.<br />

Um total abuso de autoridade,<br />

que deve ser repudiado.<br />

Os estudantes devem se organizar<br />

contra qualquer pretexto<br />

para incriminar os estudantes.


15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />

TEORIA 17<br />

190 ANOS DO SEU NASCIMENTO<br />

Karl Marx<br />

GEORGE PLEKHANOV<br />

Reproduzimos nesta edição um artigo do pioneiro do<br />

marxismo na Rússia, Jorge Plekhânov, escrito para o<br />

primeiro jornal do Partido Operário Social-<br />

Democrata Russo, o Iskra<br />

O número trinta e cinco do<br />

Iskra vem à luz no dia do vigésimo<br />

aniversário da morte<br />

de Karl Marx, ao qual se dedica<br />

o lugar preeminente nesse<br />

número.<br />

Se é certo que o grande<br />

movimento internacional do<br />

proletariado foi o fenômeno<br />

social mais notável do século<br />

XIX, não se pode deixar de<br />

reconhecer que o fundador da<br />

Associação Internacional de<br />

Trabalhadores foi o homem<br />

mais notável desse século.<br />

Lutador e pensador ao mesmo<br />

tempo, não só organizou os<br />

primeiros quadros do exército<br />

internacional dos trabalhadores,<br />

como também forjou<br />

para ele, em colaboração com<br />

seu amigo constante, Friedrich<br />

Engels, a arma espiritual<br />

com que este exército desferiu<br />

tão rudes golpes no inimigo<br />

e que lhe dará, a seu tempo,<br />

a vitória completa. Se o<br />

socialismo se converteu em<br />

ciência é a Karl Marx que o<br />

devemos. E se os trabalhadores<br />

conscientes compreendem<br />

bem, atualmente, que<br />

para a emancipação definitiva<br />

da classe trabalhadora é necessária<br />

a revolução social e<br />

que esta revolução deve ser<br />

obra da própria classe trabalhadora,<br />

se são atualmente<br />

inimigos irreconciliáveis infatigáveis<br />

da ordem de coisas<br />

burguesa, isso se deve à influência<br />

do socialismo científico.<br />

Do ponto de vista da “razão<br />

prática”, o socialismo científico<br />

se distingue do utópico<br />

precisamente porque<br />

põe a descoberto as contradições<br />

radicais da sociedade<br />

capitalista e denuncia implacavelmente<br />

toda inutilidade<br />

dos planos de reforma social,<br />

às vezes muito engenhosos e<br />

sempre inspirados na maior<br />

boa vontade, preconizados<br />

pelos socialistas utópicos das<br />

distintas escolas como meio<br />

mais seguro para acabar com<br />

a luta de classes e reconciliar<br />

o proletariado com a burguesia.<br />

O proletariado contemporâneo<br />

que assimilou a teoria<br />

do socialismo científico e que<br />

permaneça fiel ao espírito do<br />

mesmo, não pode deixar de<br />

ser revolucionário, por lógica<br />

e por sentimento, isto é, não<br />

pode deixar de pertencer à<br />

variedade mais “perigosa” de<br />

revolucionários.<br />

Coube a Marx a grande<br />

honra de ser o socialista mais<br />

odiado pela burguesia do século<br />

XIX. Mas coube-lhe também<br />

a invejável honra de ser<br />

o mestre mais respeitado pelo<br />

proletariado dessa mesma<br />

época. Ao mesmo tempo que<br />

se concentrava ao seu redor<br />

o rancor dos exploradores,<br />

seu nome ia adquirindo notoriedade<br />

e respeito cada dia<br />

maiores entre os explorados.<br />

E agora, no princípio do século<br />

XX, os proletários conscientes<br />

de todos os países<br />

consideram-no como seu<br />

mestre e se vangloriam de<br />

Marx como um dos espíritos<br />

mais vastos e mais profundos,<br />

como um dos caracteres<br />

mais nobres e abnegados que<br />

conhece a história. “O santo<br />

cuja lembrança se festeja no<br />

dia primeiro de maio se chama<br />

Karl Marx”, escrevia um<br />

periódico burguês em Viena,<br />

em fins de abril de 1890. E,<br />

com efeito, a manifestação<br />

anual dos trabalhadores de<br />

todo o mundo constitui uma<br />

homenagem majestosa, ainda<br />

que não premeditada, à memória<br />

do homem genial cujo<br />

programa uniu em um todo<br />

estruturado a luta cotidiana<br />

dos trabalhadores por melhores<br />

condições de venda de sua<br />

força de trabalho com a luta<br />

revolucionária contra o regime<br />

econômico vigente. A<br />

única coisa que se pode dizer<br />

é que tal festa não tem nada em<br />

comum com as festas religiosas:<br />

o proletariado contemporâneo<br />

honra seus “santos”<br />

pelo quanto a atuação dos<br />

mesmos tenha contribuído<br />

para aproximar os tempos<br />

felizes em que a humanidade<br />

emancipada instaurará seu<br />

reino celestial na terra, deixando<br />

o céu para os anjos e<br />

pássaros...<br />

o:Entre as absurdas lendas<br />

postas em circulação com relação<br />

a Marx, consta a fábula<br />

de que o autor de O Capital<br />

professava sentimentos adversos<br />

com relação aos russos.<br />

Na realidade odiava o<br />

czarismo russo, o qual desempenha<br />

o papel ignominioso<br />

de gendarme internacional<br />

disposto a arrasar todo movimento<br />

de emancipação em<br />

qualquer lugar que ele se inicie.<br />

Marx seguia todas as manifestações<br />

sérias do desenvolvimento<br />

interior da Rússia<br />

com um interesse e, sobretudo,<br />

com um conhecimento<br />

profundo da matéria, difícil de<br />

achar entre seus contemporâneos<br />

ocidentais. O operário<br />

alemão Lessner conta, em<br />

suas lembranças sobre Marx,<br />

a alegria deste quando apareceu<br />

a tradução russa de O<br />

Capital e quão agradável lhe<br />

era a crença de que na Rússia<br />

surgiriam pessoas capazes de<br />

compreender e difundir as<br />

idéias do socialismo científico.<br />

O prólogo da tradução<br />

russa do Manifesto Comunista,<br />

assinado por ele e Engels,<br />

demonstra que a simpatia pelos<br />

revolucionários russos e o<br />

desejo impaciente de vê-los<br />

vitoriosos o mais depressa<br />

possível os conduzia, inclusive,<br />

a exagerar a importância<br />

do nosso movimento revolucionário<br />

naquela época. Suas<br />

relações com Lopatin e Hartmann<br />

mostram a alegre acolhida<br />

de que eram objeto em<br />

sua casa hospitaleira os revolucionários<br />

russos proscritos.<br />

Sua desavença com Herzen foi<br />

provocada, em parte, por um<br />

quid pro quo acidental e, em<br />

parte, por uma desconfiança<br />

merecida em relação a esse<br />

socialismo eslavófilo do qual,<br />

por desgraça, se havia feito<br />

profeta na literatura ocidental<br />

nosso brilhante compatriota,<br />

sob a influência das grandes<br />

decepções de 1848-1851. O<br />

vigoroso ataque de Marx contra<br />

esse socialismo eslavófilo,<br />

na primeira edição de O Capital<br />

não só não merece ser condenado<br />

como também é digno<br />

de elogios, sobretudo na atualidade,<br />

quando este socialismo<br />

ressuscita em nosso país<br />

sob a forma do partido chamado<br />

socialista-revolucionário.<br />

Finalmente, no que diz respeito<br />

à luta encarniçada de Marx<br />

contra Bakunin na Associação<br />

Internacional de Trabalhadores,<br />

nada tem a ver com a origem<br />

russa desse anarquista e<br />

se explica simplesmente pela<br />

oposição irredutível existente<br />

entre as concepções de um e<br />

de outro. Quando as publicações<br />

do grupo Emancipação<br />

do Trabalho começaram a difundir<br />

as idéias social-democratas<br />

entre os revolucionários<br />

russos, Engels, numa carta<br />

a V. I. Zasulich, manifestava<br />

seu pesar pelo fato que<br />

isto não tivesse acontecido<br />

durante o tempo em que<br />

Marx estava vivo, o<br />

qual, a julgar por suas<br />

palavras, teria acolhido<br />

com grande<br />

alegria a obra editorial<br />

desse grupo.<br />

O que diria o<br />

grande autor de<br />

O Capital se tivesse<br />

vivido até<br />

nossos dias e soubesse<br />

que conta<br />

com muitos adeptos<br />

entre os trabalhadores<br />

russos?<br />

Qual não seria<br />

sua satisfação se<br />

pudesse inteirarse<br />

de acontecimentos<br />

tais como<br />

os que se deram recentemente<br />

em Rostov<br />

do Don! Na época<br />

em que viveu, um<br />

marxista russo era<br />

um fenômeno raro e<br />

os homens avançados<br />

do nosso país,<br />

no melhor dos casos,<br />

contemplavam<br />

este fenômeno<br />

raro com um<br />

sorriso de bondosa<br />

comiseração. Agora<br />

as idéias marxistas<br />

predominam no movimento<br />

revolucionário<br />

russo, e os revolucionários<br />

de nosso país, que, por<br />

velho costume, rechaçam-nas<br />

total ou parcialmente, na realidade,<br />

há muito tempo que<br />

deixaram de avançar apesar de<br />

sua fraseologia revolucionária<br />

- sonora na maior parte dos<br />

casos - para passar, sem que<br />

tenham dado conta disso, ao<br />

vasto campo dos atrasados.<br />

Foram ditas e repetidas não<br />

poucas futilidades a propósito<br />

de suas freqüentes querelas<br />

com os adversários. Gente<br />

agradável, mas de visão estreita,<br />

explicou essas querelas<br />

por uma pretensa irresistível<br />

paixão pela polêmica, originada<br />

por sua vez, de um mal caráter.<br />

Na realidade, a luta<br />

quase que ininterrupta que<br />

teve que sustentar, sobretudo<br />

no início de sua atuação pública,<br />

tinha sua origem não nas<br />

particularidades de seu caráter<br />

pessoal e sim pelo significado<br />

social das idéias que<br />

defendia. Marx foi um dos primeiros<br />

socialistas que soube<br />

colocar-se inteiramente, na<br />

teoria e na prática, do ponto de<br />

vista da luta de classes e separar<br />

os interesses do proletariado<br />

dos da pequena burguesia.<br />

Desse modo, não é<br />

surpreendente que se visse<br />

obrigado a enfrentar freqüentemente<br />

os teóricos do socialismo<br />

pequeno burguês,<br />

muito numerosos então, sobretudo<br />

entre os intelectuais<br />

alemães. Cessar a polêmica<br />

com esses teóricos significaria<br />

renunciar à idéia de unir o<br />

proletariado num partido especial<br />

dotado de uma finalidade<br />

histórica própria e que não<br />

marche a reboque da pequena<br />

burguesia. “Nossa finalidade<br />

- dizia o periódico de<br />

Marx, A Nova Gazeta do<br />

Reno, em abril de 1850 - consiste<br />

numa crítica implacável<br />

dirigida mais contra nossos<br />

falsos amigos, que contra<br />

nossos inimigos declarados; e<br />

ao ocupar esta posição, renunciamos<br />

alegremente à popularidade<br />

democrática barata”.<br />

Os inimigos declarados<br />

eram menos perigosos precisamente<br />

porque não poderiam<br />

obscurecer a consciência de<br />

classe dos proletários, enquanto<br />

os socialistas pequeno-burgueses,<br />

com seus programas<br />

“acima das classes”,<br />

iam arrastando muitos trabalhadores.<br />

A luta contra eles era<br />

inevitável e Marx realizou<br />

com a mestria inimitável que<br />

lhe era própria. Nós, os revolucionários<br />

russos, não devemos<br />

esquecer seu exemplo,<br />

pois nos vemos obrigados a<br />

atuar em condições muito<br />

semelhantes às existentes na<br />

Alemanha pré-revolucionária.<br />

Nós que, por assim dizer, nos<br />

achamos cercados pelos teóricos<br />

pequeno-burgueses do<br />

“socialismo russo” especifico,<br />

devemos nos lembrar<br />

agora que os interesses do<br />

proletariado nos obrigam a<br />

criticar implacavelmente nossos<br />

falsos<br />

amigos,<br />

por exemplo, os “socialistas-revolucionários”<br />

bastante<br />

conhecidos por nossos<br />

leitores, por mais que nossa<br />

implacável critica provoque a<br />

indignação dos amigos bem<br />

intencionados, mas de visão<br />

estreita, com pretensões de<br />

paz e acordo entre as distintas<br />

“frações” revolucionárias.<br />

A doutrina de Marx é a “álgebra<br />

da revolução”. A compreensão<br />

da mesma é necessária<br />

a todos quantos queiram<br />

travar uma luta consciente:<br />

contra a ordem de coisas existentes<br />

em nosso pais. E isso<br />

é tão certo que houve um tempo<br />

em que muitos ideólogos<br />

da burguesia russa sentiram<br />

necessidade de fazer-se marxistas.<br />

As idéias de Marx<br />

eram insubstituíveis para eles<br />

na sua luta contra as teorias<br />

antidiluvianas do populismo,<br />

as quais se encontravam em<br />

viva contradição com as novas<br />

relações econômicas na<br />

Rússia. Isto os jovens ideólogos<br />

burgueses compreenderam<br />

bem, eles que conheciam<br />

melhor do que os demais a<br />

literatura contemporânea das<br />

ciências sociais. Esses ideólogos<br />

se colocaram sob a<br />

bandeira do marxismo e, lutando<br />

sob a mesma, adquiriram<br />

uma notoriedade considerável.<br />

Mas quando os populistas<br />

foram destroçados,<br />

quando suas vetustas teóricas<br />

se converteram num monte de<br />

ruínas lamentáveis, nossos<br />

marxistas de novo cunho decidiram<br />

que o marxismo já tinha<br />

cumprido sua missão e<br />

que havia chegado o momento<br />

de submetê-lo a uma crítica<br />

rigorosa. Esta “crítica” se<br />

efetuava sob o pretexto de que<br />

o pensamento social devia<br />

continuar avançando, mas o<br />

único resultado da mesma foi<br />

que, sob a cobertura dessa<br />

crítica, nossos fogosos aliados<br />

realizaram um movimento<br />

de retrocesso e se instalaram<br />

nas posições teóricas dos<br />

burgueses ocidentais de matiz<br />

social-reformista. Por<br />

mais lamentável que fosse o<br />

resultado dessa campanha<br />

crítica proclamada de um<br />

modo tão altissonante, por<br />

mais doloroso que fosse para<br />

os social-democratas russos<br />

assistir a essas transformações<br />

“críticas” de pessoas<br />

com quem haviam lutado recentemente<br />

contra o inimigo<br />

comum, e que tinham a esperança<br />

de encontrar uma afinidade<br />

mais estreita mais a frente,<br />

estes deviam reconhecer,<br />

raciocinando em sã consciência,<br />

que a retirada de nossos<br />

neo-marxistas para a “montanha<br />

sagrada” do reformismo<br />

burguês não só era completamente<br />

natural como também<br />

era uma configuração indireta<br />

da justeza da interpretação<br />

materialista da história, criada<br />

por Marx. Em nosso país,<br />

em 1895-1896, se sentiam<br />

atraídas pelo marxismo, pessoas<br />

que nem por sua posição<br />

social nem por sua contextura<br />

mental e moral tinham alguma<br />

coisa em comum com o<br />

proletariado ou com sua luta<br />

emancipadora. Houve uma<br />

época em que o marxismo esteve<br />

em moda em todas as repartições<br />

públicas petersburguenses.<br />

Se<br />

este estado<br />

de coisas<br />

pudesse<br />

ter se<br />

prolongado,<br />

teria demonstrado<br />

que os fundadores do socialismo<br />

científico tinham se<br />

equivocado ao afirmar que o<br />

modo de pensar é determinado<br />

pelo modo de viver e que<br />

as classes altas não podem ser<br />

as depositárias das idéias sociais<br />

revolucionárias de nossos<br />

dias. Mas a “crítica de<br />

Marx”, iniciada imediatamente<br />

depois de terminada a luta<br />

contra as aspirações reacionárias<br />

do populismo, confirmou<br />

mais uma vez que Marx e<br />

Engels tinham razão: o modo<br />

de pensar dos “críticos” se<br />

achava determinado por sua<br />

posição social; ao rebelar-se<br />

contra o “fanatismo do dogma”,<br />

na realidade se rebelavam<br />

unicamente contra o<br />

conteúdo social-revolucionário<br />

da teoria marxista. O Marx<br />

de que tinham necessidade<br />

não era o que, durante toda<br />

sua vida – cheia de trabalho,<br />

de luta e de privações – fez<br />

arder o fogo sagrado do ódio<br />

contra a exploração capitalista.<br />

Marx, como caudilho do<br />

proletariado revolucionário,<br />

lhes parece grosseiro e “pouco<br />

científico”.O único Marx<br />

que tinham necessidade era<br />

aquele que no Manifesto. Comunista<br />

declarava que se<br />

achava disposto a apoiar a<br />

burguesia na medida em que<br />

esta era revolucionária em sua<br />

luta contra a monarquia absoluta<br />

e contra a pequena burguesia,<br />

O que lhes interessava<br />

era a parte democrática do<br />

programa social-democrata<br />

de Marx. Isto não poderia ser<br />

mais natural, mas precisamente<br />

essas aspirações completamente<br />

naturais de nossos<br />

“críticos”, tornavam evidente<br />

a falta de fundamento das<br />

esperanças dos que imaginam<br />

poder contar com eles como<br />

socialistas. Seu lugar era nas<br />

filas da oposição liberal, à qual<br />

subministraram na pessoa do<br />

diretor de Osvobokdenie (A<br />

Liberação) P. Struve – um intérprete<br />

zeloso e inteligente.<br />

O destino da teoria marxista<br />

mostra sua justeza, não<br />

só na Rússia. Como é sabido,<br />

os homens de ciência do ocidente,<br />

durante muito tempo,<br />

menosprezaram tal teoria por<br />

considerá-la um fruto sem<br />

sabor do fanatismo social-revolucionário.<br />

Mas à medida<br />

que foi transcorrendo o tempo,<br />

apareceu cada vez com<br />

mais evidência, mesmo para<br />

os olhos que olhavam através<br />

das lentes de limitação burguesa,<br />

que esse fruto do fanatismo<br />

social-revolucionário<br />

tinha, pelo menos, uma<br />

vantagem indiscutível: a de<br />

fornecer um método de investigação<br />

da vida social extraordinariamente<br />

fértil.<br />

Quanto mais se avançava no<br />

estudo científico da cultura<br />

primitiva, da História, do<br />

Direito, da Literatura e da<br />

Arte, mais os investigadores<br />

se aproximavam do materialismo<br />

histórico, apesar de que<br />

a maioria dos mesmos ou não<br />

soubesse absolutamente<br />

nada da teoria histórica de<br />

Marx ou temesse como o<br />

fogo seus pontos de vista<br />

materialistas, imorais e perigosos,<br />

aos olhos da burguesia<br />

contemporânea, para a<br />

tranqüilidade social. Assim<br />

vemos como a interpretação<br />

materialista começa a adquirir<br />

direito de cidadania no<br />

mundo científico. A obra A<br />

Interpretação Econômica da<br />

História, do professor norteamericano<br />

Seligman, que<br />

apareceu recentemente,<br />

atesta que os sacerdotes<br />

oficiais da<br />

ciência já<br />

começaram<br />

a<br />

dar-se conta da grande importância<br />

científica da teoria<br />

histórica de Marx. Seligman<br />

deixa transparecer, entre outros,<br />

os motivos psicológicos<br />

que impediram, até agora que<br />

o mundo científico burguês<br />

aceitasse e compreendesse<br />

essa teoria e se esforça por<br />

convencer seus colegas que<br />

se pode prescindir das conseqüências<br />

socialistas, assimilando<br />

unicamente a teoria<br />

histórica que lhes serve de<br />

base. Esta engenhosa consideração<br />

– que assinalamos de<br />

passagem, já se manifestava<br />

timidamente mas de um modo<br />

completamente claro nas<br />

Observações Críticas de P.<br />

Struve – vem confirmar uma<br />

vez mais a verdade já velha de<br />

que é mais fácil um camelo<br />

passar pelo buraco de uma<br />

agulha que um ideólogo da<br />

burguesia passar para o ponto<br />

de vista do proletariado.<br />

Marx era um revolucionário<br />

dos pés à cabeça. Erguiase<br />

contra Deus e o capital<br />

como o Prometeu de Goethe<br />

se levanta contra Zeus. E,<br />

como esse Prometeu, podia<br />

dizer de si mesmo que sua<br />

missão consistia em educar<br />

alguns homens que souberam<br />

sofrer e gozar de um modo<br />

humano, que souberam “não<br />

respeitar-te a Ti, divindade<br />

inimiga dos homens”. A esta<br />

divindade servem precisamente<br />

os ideólogos burgueses.<br />

Sua missão consiste precisamente<br />

em defender os<br />

direitos da mesma por meio<br />

das armas espirituais, do<br />

mesmo modo que a polícia e<br />

as tropas sustentam-se com<br />

suas armas brancas e de fogo.<br />

Os homens de ciência burgueses<br />

aceitarão unicamente<br />

a teoria que não lhes pareça<br />

perigosa para Deus e o capital.<br />

Os homens de ciência da<br />

França, em geral, os dos países<br />

de língua francesa, são<br />

mais francos nesse sentido.<br />

Assim, por exemplo, Laveleye<br />

já dizia que a ciência econômica<br />

devia ser radicalmente<br />

transformada porque havia<br />

deixado de cumprir a missão<br />

da qual era incumbida, desde<br />

que Bastiat, irrefletidamente,<br />

havia comprometido a defesa<br />

da ordem de coisas existentes.<br />

E muito recentemente,<br />

A. Béchaud, num livro dedicado<br />

à escola francesa de<br />

economia política, apreciava,<br />

sem rodeios, o valor das distintas<br />

doutrinas econômicas,<br />

do ponto de vista de ver qual<br />

delas “dá uma arma mais efetiva<br />

aos adversários do socialismo”.<br />

Em vista disso, é<br />

compreensível que os ideólogos<br />

da burguesia que tenham<br />

assimilado as idéias de Marx,<br />

adotem, invariavelmente uma<br />

atitude “crítica”. A medida<br />

de sua posição “crítica” no<br />

que diz respeito a Marx é a incompatibilidade<br />

das concepções<br />

deste revolucionário infatigável<br />

e intransigente, com<br />

os interesses da classe dominante.<br />

Compreende-se assim<br />

que o burguês que pense de<br />

um modo conseqüente reconheça<br />

a justeza das idéias históricas<br />

de Marx melhor que<br />

sua teoria econômica: é mais<br />

fácil falsificar o materialismo<br />

histórico do que, por exemplo,<br />

a doutrina da mais-valia.<br />

Esta última – à qual um dos<br />

“críticos” burgueses de Marx<br />

mais salientes aplicou o expressivo<br />

qualificativo de teoria<br />

da exploração – conservará<br />

sempre nos meios ilustrados<br />

e científicos da burguesia<br />

a reputação de doutrina<br />

sem fundamento. Estes<br />

repudiam a teoria econômica<br />

de Marx e preferem a teoria<br />

econômica “subjetiva”, que<br />

tem a propriedade de considerar<br />

os fenômenos da vida<br />

econômica da sociedade independentemente<br />

de suas relações<br />

de produção, nas quais<br />

radica a origem da exploração<br />

do proletariado pela burguesia,<br />

exploração que é muito<br />

inconveniente recordar, precisamente<br />

agora quando a<br />

consciência de classe dos<br />

trabalhadores avança a passos<br />

tão rápidos.<br />

As idéias econômicas,<br />

históricas e filosóficas de<br />

Marx podem ser aceitas<br />

na ameaçadora integridade<br />

de seu conteúdo<br />

revolucionário apenas<br />

pelos ideólogos do<br />

proletariado, cujo interesse<br />

de classe<br />

está, não com a<br />

conservação, mas<br />

com a supressão<br />

da ordem de coisas<br />

capitalistas:<br />

com a revolução<br />

social.


15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />

INTERNACIONAL 18<br />

BOLÍVIA CRISE POLÍTICA<br />

“Barões do Oriente” não querem abrir mão do trabalho escravo<br />

Latifundiários e produtores agropecuários têm o<br />

apoio da burguesia fascista e racista de Santa Cruz<br />

para manter o monopólio do petróleo, do gás, da<br />

água e o trabalho escravo<br />

O Conselho Nacional pela<br />

Democracia (Conalde), órgão<br />

ultra-direitista criado pelos prefeitos<br />

e Comitês Cívicos dos seis<br />

departamentos de oposição ao<br />

governo central da Bolívia (Santa<br />

Cruz, Cochabamba, Chuquisaca,<br />

Tarija, Beni e Pando) pretende<br />

perpetuar o latifúndio na<br />

Bolívia, principalmente na região<br />

da chamada Meia-Lua,<br />

onde Santa Cruz já aprovou em<br />

maio seu estatuto autônomo à<br />

revelia da Constituição Política<br />

do Estado.<br />

O ministro de Defesa boliviano,<br />

Walker San Miguel, disse<br />

durante uma entrevista coletiva<br />

no Palácio Quemado (sede da<br />

presidência) em La Paz que “o<br />

estatuto cruzenho, na parte que<br />

se refere à propriedade agrária,<br />

protege os interesses dos latifundiários”<br />

(ABI - Agência Boliviana<br />

de Informação).<br />

A declaração da Conalde divulgada<br />

em abril deste ano é bem<br />

explícita quanto à defesa destes<br />

interesses. Os sete pontos da<br />

declaração dizem o seguinte:<br />

- Que a configuração da TCO<br />

(Terras Comunitárias de Origem)<br />

de Alto Parapetí, não tem<br />

outra intenção que a de expropriar<br />

os recursos naturais desta<br />

região hidrocarborífera que é a<br />

maior e a mais importante do<br />

país.<br />

- Que só 20% do território que<br />

contempla a TCO é produtivo,<br />

80% do território são zonas de<br />

montanhas e por sua topografia<br />

não são produtivas, no entanto<br />

contemplam as reservas de gás,<br />

petróleo e água potável.<br />

- Que a configuração das TCO<br />

não se sustenta em estudos técnicos.<br />

- Que é considerado um desmembramento<br />

territorial dos<br />

departamentos de Tarija, Chuquisaca<br />

e Santa Cruz.<br />

- Que significa um cerceamento<br />

das regalias e do futuro dos<br />

departamentos autônomos.<br />

- Que a verdadeira intenção<br />

do Governo Nacional é a<br />

confrontação entre irmãos e<br />

bloquear os referendos dos<br />

estatutos autônomos.<br />

- Que esta política errada do<br />

governo tenta distrair a atenção<br />

dos verdadeiros problemas do<br />

país, que são emprego, a inflação,<br />

a cesta básica e a segurança<br />

de todos os bolivianos.<br />

O conteúdo do documento é<br />

uma resposta à lei constitucional<br />

das Terras Comunitárias de<br />

Origem (TCO), que distribuirá<br />

cerca de 157 mil hectares para<br />

comunidades indígenas camponesas<br />

na região do chaco cruzenho<br />

de Alto Parapetí, zona produtora<br />

de soja. Porém, a distribuição<br />

só será feita caso o governo<br />

conclua que estas propriedades<br />

rurais não cumpram com<br />

nenhuma função econômica ou<br />

social. Denúncias de órgãos de<br />

defesa dos direitos humanos e da<br />

própria Organização das Nações<br />

Unidas (ONU) denunciam que<br />

pelo menos mil famílias indígenas<br />

guaranis estão submetidas a<br />

trabalhos escravos nas fazendas<br />

desta região.<br />

Somando a TCO à proibição<br />

da exportação do óleo de cozinha<br />

- cuja matéria-prima é a soja -<br />

decretada pelo governo para<br />

garantir o abastecimento da demanda<br />

interna e evitar o aumento<br />

do preço do produto, a crise<br />

na região está a ponto de explodir.<br />

Reforma agrária<br />

de fachada<br />

Enquanto os “barões do Oriente”<br />

– termo que remete aos<br />

barões do estanho na revolução<br />

de 1952 - estão completamente<br />

voltados para a exportação e o<br />

imperialismo, os camponeses<br />

são explorados e submetidos a<br />

condições subumanas.<br />

A oligarquia fascista e racista<br />

fomenta uma campanha de desinformação<br />

e de provocação<br />

para dividir os trabalhadores<br />

bolivianos contra qualquer iniciativa<br />

de mudança da questão<br />

agrária. Por mais que a proposta<br />

do governo burguês de Evo<br />

Morales seja moderada e insuficiente,<br />

a direita não querem abrir<br />

mão de uma mínima parcela do<br />

seu monopólio sobre a terra e<br />

seus recursos naturais, como o<br />

petróleo, o gás e a água.<br />

O governo irá propor a realização<br />

de um referendo que deverá<br />

definir qual extensão uma<br />

propriedade rural deverá ter para<br />

ser considerada latifúndio: 10 mil<br />

hectares ou cinco mil hectares.<br />

Além disso, a nova Carta Magna<br />

aprovada pelo governo em dezembro<br />

do ano passado estabelece<br />

claramente que “reconhecerá,<br />

protegerá e garantirá a propriedade<br />

pública e a propriedade<br />

privada individual ou comunitária<br />

da terra, desde que cumpram<br />

uma função social ou uma função<br />

econômica social”. Estrangeiros<br />

não podem adquirir terras<br />

no País.<br />

O governo de Evo Morales e<br />

do MAS (Movimento ao Socialismo)<br />

não é suficiente para atender<br />

às necessidades do povo<br />

boliviano e está cada vez mais em<br />

contradição com estes anseios, pois<br />

à medida que a direita fascista abre<br />

um grande espaço para atuar, o<br />

governo tenta permanentemente<br />

fazer acordos com um grupo que<br />

está somente interessado em derrubá-lo<br />

sob as ordens do imperialismo.<br />

Nesse sentido, a Constituição<br />

Política do Estado boliviano<br />

não promove nenhuma reforma<br />

agrária, mas, pelo contrário,<br />

mantém o regime nas<br />

mãos da burguesia contra os<br />

interesses dos trabalhadores.<br />

O governo de Evo Morales e do MAS (Movimento ao Socialismo)<br />

não é suficiente para atender às necessidades do povo boliviano e<br />

está cada vez mais em contradição com estes anseios<br />

BOLÍVIA SAÍDA PELOS FUNDOS<br />

Ex-ministro acusado de genocídio<br />

quer se esconder nos EUA<br />

Milhares de manifestantes protestaram em frente à Embaixada<br />

dos EUA em La Paz contra a decisão de conceder asilo político<br />

para Carlos Sánchez Berzain, ex-ministro da Defesa boliviano<br />

que, juntamente com o ex-presidente, Gonzalo Sánchez de<br />

Lozada, estão sendo processados por genocídio e peculato<br />

Milhares de manifestantes<br />

protestaram na terça-feira (10)<br />

em frente à Embaixada dos EUA<br />

em La Paz contra a decisão<br />

outorgada por Washington em<br />

conceder asilo político para<br />

Carlos Sánchez Berzain, exministro<br />

da Defesa boliviano<br />

que, juntamente com o ex-presidente,<br />

Gonzalo Sánchez de<br />

Lozada, estão sendo processados<br />

por genocídio e peculato.<br />

São dois dos maiores criminosos<br />

contra os interesses da<br />

população. Em seu governo,<br />

Lozada tentou exportar o gás<br />

boliviano para os EUA pelos<br />

portos chilenos, cujo povo reivindica<br />

uma saída para o Pacífico.<br />

Uma rebelião de massas<br />

derrubou este governo no dia 17<br />

de outubro de 2003 e no mesmo<br />

dia ambos já haviam saído<br />

fugidos para os EUA. A brutal<br />

repressão contra os protestos<br />

daquele ano deixou ao menos 65<br />

mortos e mais de 400 feridos.<br />

Outras nove pessoas morreram<br />

meses depois em decorrência<br />

das graves seqüelas causadas<br />

por lesões.<br />

Os manifestantes vindos de<br />

cidades como El Alto se concentraram<br />

em frente à embaixada e<br />

tentaram romper um cordão de<br />

segurança formado por mais de<br />

200 policiais e carros blindados.<br />

Pedras e pedaços de pau foram<br />

arremessados contra o jardim na<br />

intenção de fazer cair a bandeira<br />

dos EUA hasteada. Entre os manifestantes<br />

estiveram presentes,<br />

além de camponeses e operários,<br />

estudantes da Universidade Popular<br />

e secundaristas de El Alto.<br />

O embaixador norte-americano,<br />

Philip Goldberg - recentemente<br />

acusado de espionagem<br />

à serviço da CIA para vigiar<br />

cidadãos cubanos e venezuelanos<br />

na Bolívia - disse apenas que<br />

seu governo não irá fazer nenhuma<br />

declaração sobre a decisão.<br />

No entanto, segundo o diário La<br />

Razón, o governo norte-americano<br />

ainda não recebeu de seu<br />

fiel aliado o pedido de extradição.<br />

O governo boliviano apresentou<br />

na quarta-feira (11) um projeto<br />

de lei ao Congresso Nacional<br />

para beneficiar os feridos e<br />

familiares das vítimas dos massacres<br />

ocorridos em fevereiro,<br />

setembro e outubro de 2003 com<br />

um pagamento único que vai de<br />

2.800 bolivianos a 144,3 (em<br />

torno de R$ 640 a R$ 32.700).<br />

Segundo o porta-voz da presidência,<br />

Iván Canelas, disse que<br />

“o Executivo espera que os<br />

parlamentares dêem celeridade<br />

a este projeto de lei que reconhece<br />

às vítimas das jornadas lutuosas<br />

no governo de Gonzalo<br />

Sánchez de Lozada”.<br />

O ex-ministro da Defesa tem<br />

asilo político nos EUA indefinido<br />

desde 1º de maio de 2007<br />

poderá perder este benefício<br />

caso seja acusado formalmente<br />

pelos crimes que cometeu<br />

durante o governo Lozada. É o<br />

que assinala a carta remetida<br />

pelo Departamento Federal de<br />

Segurança Interna, em Miami,<br />

Flórida, assinada por Erich<br />

Cauller naquele dia: “Você foi<br />

beneficiado como exilado nos<br />

EUA por um tempo indefinido,<br />

no entanto, o status de asilo não<br />

lhe dá o direito de permanecer<br />

de forma permanente nos EUA”.<br />

“O status de asilo pode terminar<br />

se você não tiver mais um<br />

temor fundado de perseguição<br />

por causa de mudanças fundamentais<br />

às circunstâncias nas<br />

que obteve a proteção de outro<br />

país, ou tenha cometido certos<br />

delitos ou esteja involucrado em<br />

outras atividades que o torna<br />

inelegível para ter o estatuto de<br />

asilo nos EUA”.<br />

Assassinos profissionais,<br />

Berzain e Lozada tentaram roubar<br />

o gás boliviano para dar de<br />

graça aos EUA, mas a mobilização<br />

revolucionária do povo depôs<br />

o governo, porém não antes<br />

que este deixasse mais um<br />

rastro de sangue na historia do<br />

país. Agora que o ex-ministro<br />

está sendo processado por seus<br />

crimes, pede socorro à Casa<br />

Branca para viver tranqüilamente<br />

nos EUA.<br />

PAQUISTÃO MASSACRE CONTRA FOGO-AMIGO<br />

Zona tribal na fronteira com o Afeganistão<br />

é alvo de ataque norte-americano<br />

Identificando seu alvo apenas<br />

como “forças anti-afegãs”,<br />

o exército norte-americano<br />

confirmou o uso de ataques<br />

aéreos e artilharia contra o território<br />

paquistanês matando 11<br />

soldados<br />

A tensão entre os EUA e o<br />

Paquistão vem aumentando<br />

desde que o novo gabinete ministerial<br />

foi indicado. Oito militantes<br />

do Talibã foram mortos<br />

na madrugada de terça para<br />

quarta-feira, em meio ao ataque<br />

aéreo a uma das zonas tribais do<br />

Paquistão, próximo à fronteira<br />

da província de Kunar no Afeganistão.<br />

A operação é a pior intervenção<br />

dos EUA na região desde a<br />

invasão do Afeganistão em<br />

2001. Alegando se defender de<br />

um ataque, o exército norteamericano<br />

afirmou que reagiu a<br />

disparos contra seus soldados.<br />

O porta-voz de uma organização<br />

pró-talibã no Paquistão,<br />

Malvi Umar, afirmou ter lançado<br />

“um ataque sobre eles [os<br />

EUA] de diversos lados causando<br />

bastante dano – e então as<br />

forças norte-americanas e da<br />

OTAN iniciaram uma série de<br />

ataques aéreos” (BBC, 11/6/<br />

2008),<br />

Apenas neste ano, segundo<br />

os correspondentes da rede<br />

britânica BBC no país, mais de<br />

50 pessoas foram mortas em<br />

sucessivos ataques aéreos norte-americanos<br />

em território paquistanês.<br />

As relações entre Bush e<br />

Musharraf estão se deteriorando.<br />

O governo norte-americano<br />

acusa Islamabad de não estar<br />

fazendo “o suficiente” para<br />

impedir que os militantes do<br />

Talibã se instalem na fronteira<br />

entre Afeganistão e Paquistão,<br />

nas zonas tribais. As acusações<br />

vão ainda mais longe e insinuam<br />

que as negociações de paz entre<br />

o governo e o Talibã podem<br />

apenas dar mais tempo ao Talibã<br />

para manobrar.<br />

Antes, principal aliado do<br />

imperialismo norte-americano<br />

no Sul da Ásia, o Paquistão se<br />

viu abalado pela enorme onda de<br />

protestos que tomou conta do<br />

país no ano passado, a começar<br />

pelo massacre dos estudantes<br />

islâmicos na Mesquita Vermelha<br />

em maio/junho e pela onda<br />

de protestos contra a presença<br />

do exército nas ruas. A ditadura<br />

militar do ex-general Pervez<br />

Musharraf se enfraqueceu a tal<br />

ponto que foi necessário para<br />

este recrutar os políticos que ele<br />

mesmo derrubou para subir ao<br />

poder para participar de um<br />

processo eleitoral montado com<br />

o único fim de reabilitar o seu<br />

regime. Musharraf foi “eleito”<br />

novamente pelo colégio eleitoral<br />

e assumiu a presidência em<br />

troca de seu afastamento das<br />

forças armadas. O governo formado<br />

a partir daí já está em avançado<br />

grau de decomposição,<br />

menos de três meses depois de<br />

sua formação.<br />

VENEZUELA CRISE NA AMÉRICA DO SUL<br />

Chávez quer amansar o imperialismo<br />

No momento em que a CIA<br />

e o governo colombiano acusam<br />

a Venezuela de financiar a guerrilha<br />

das FARC (Forças Armadas<br />

Revolucionárias da Colômbia),<br />

o presidente Hugo Chávez<br />

disse nesta semana que o “tempo<br />

de guerrilha acabou” e pediu<br />

para que o novo líder do grupo,<br />

Alfonso Cano - que substituiu<br />

Manuel “Tirofijo” Marulanda<br />

após sua morte - que liberte<br />

unilateralmente todos os reféns.<br />

O pedido foi feito durante seu<br />

programa semanal de rádio e<br />

TV.<br />

Segundo Chávez, “o tempo<br />

das guerrilhas acabou. As condições<br />

estão dadas para que se<br />

inicie um processo de paz. Eu<br />

digo a Cano. Vamos, solte toda<br />

essa gente, e logo. Há idosos,<br />

mulheres, doentes. Já basta de<br />

tanta guerra, chegou a hora de<br />

se sentar e falar de paz. Com um<br />

grupo de países iniciemos as<br />

conversações para um acordo<br />

de paz” (Agência Brasil, 6/6/<br />

2008).<br />

A declaração de Chávez caiu<br />

como uma luva para o presidente<br />

da Colômbia, Álvaro Uribe, e<br />

dos EUA, George W. Bush.<br />

Ambos elogiaram a proposta<br />

para que as FARC deponham<br />

suas armas e libertem todos os<br />

reféns.<br />

O maior desejo de Chávez -<br />

da Colômbia e dos EUA também<br />

- é que as FARC se tornem um<br />

partido político, uma tentativa<br />

de “domesticar” a situação e<br />

amansar o imperialismo.<br />

A proposta tem um claro<br />

objetivo de minar a tendência à<br />

mobilização independente e revolucionária<br />

não só da população<br />

colombiana e venezuelana,<br />

mas de toda América Latina.<br />

Além disso, Chávez quer<br />

evitar que seu governo seja<br />

acusado pelos terroristas de<br />

Estado, como Bush, Uribe e<br />

Ehud Olmert (Israel), de apoiar<br />

uma organização “terrorista”,<br />

pois não quer se chocar diretamente<br />

com o imperialismo e sua<br />

campanha de “guerra ao terror”.<br />

O objetivo central é frear qualquer<br />

mobilização independente<br />

do governo “bolivariano” e em<br />

todo subcontinente. Isso está<br />

claro numa das declarações do<br />

presidente venezuelano: “Vocês<br />

das FARC se converteram numa<br />

desculpa do império para ameaçar<br />

a todos nós. No dia em que<br />

houver paz na Colômbia acabará<br />

a desculpa do império”<br />

(Idem).<br />

Na medida em que o pavio<br />

está cada vez mais curto e as<br />

massas latino-americanas prenunciam<br />

claramente uma situação<br />

revolucionária em breve,<br />

qualquer coisa que estimule<br />

um movimento de massas<br />

poderá passar por cima da<br />

burocracia e tomar um curso<br />

próprio em direção à revolução<br />

proletária. O freio de contenção<br />

do governo Chávez funcionou<br />

com uma eficiência<br />

monstruosa contra os operários<br />

em greve da Sidor (Siderúrgica<br />

de Orinoco), reprimidos<br />

pelas forças de repressão.<br />

A “DEMOCRACIA”BIOMBO DA DITADURA<br />

Há 200 anos, dois partidos se<br />

revezam no governo do país<br />

As eleições nos EUA, tradicionalmente<br />

marcadas pela alternância<br />

entre dois partidos da<br />

burguesia no poder, são a expressão<br />

de que a democracia<br />

imperialista não passa de uma<br />

cobertura para a ditadura da<br />

burguesia.<br />

Os dois partidos da burguesia<br />

imperialista norte-americana se<br />

revezam no poder da maior economia<br />

do planeta desde sua independência<br />

em 1789.<br />

Sob diferentes nomes, agrupando<br />

os interesses de diferentes<br />

alas da burguesia em momentos<br />

diversos, o bipartidarismo<br />

norte-americano é a maior expressão<br />

da ausência total de democracia.<br />

O primeiro partido formado,<br />

o Partido Federalista, assumiu<br />

após o mandato de George Washington<br />

(1789-1794), formado<br />

por Alexander Hamilton, um dos<br />

principais membros do gabinete<br />

de Washington, e se manteve no<br />

poder até 1801. Sua oposição,<br />

constituída do Partido Democrata-Republicano,<br />

de Thomas Jefferson<br />

e James Madison, que<br />

em 1828 se dividiu e deu origem<br />

ao atual partido Democrata. A<br />

dissolução do Partido Federalista<br />

e a criação do Partido Democrata-Republicano<br />

se deu pelo<br />

enfraquecimento do primeiro e<br />

pela adoção, da parte do segundo,<br />

das suas idéias com relação<br />

à política fiscal, o sistema tarifário,<br />

a preferência pela relação<br />

comercial com a Inglaterra etc.<br />

O partido governou sem oposição<br />

por quase trinta anos.<br />

Neste período formou-se o<br />

partido Whig, ou Republicano<br />

Nacional, fundado em 1833 e<br />

dissolvido em 1854, fazendo<br />

oposição ao governo de Andrew<br />

Jackson e do Partido Democrata.<br />

Entre 1841 e 1853, dois<br />

mandatos Whig se alternaram<br />

com um democrata e logo em<br />

seguida outros dois mandatos da<br />

oposição. À época, o Partido<br />

Democrata estava profundamente<br />

associado ao poder escravagista.<br />

Os Whig se dividiram<br />

em torno à questão para debandar<br />

em seguida, dando margem<br />

ao aparecimento do Partido Republicano,<br />

em oposição à expansão<br />

da escravidão negra no Sul<br />

do país.<br />

Em 1854, formou-se o atual<br />

Partido Republicano, que veio a<br />

assumir a presidência pela primeira<br />

vez com Abraham Lincoln<br />

em 1861. Lincoln foi sucedido<br />

por seu vice, o democrata Andrew<br />

Johnson em 1865, que, em<br />

seguida, entregou a presidência<br />

a uma série de mandatos republicanos,<br />

de 1869 a 1885, iniciando<br />

a tradicional alternância entre<br />

os governos democrata e republicano<br />

conforme as necessidades<br />

da política do grande capital<br />

norte-americano.<br />

O sistema eleitoral norte-americano<br />

garante que a alternância<br />

entre os dois partidos desloque de<br />

um a outro o ônus pelo desenvolvimento<br />

da crise econômica, o<br />

que fica particularmente claro<br />

após a crise dos anos 60 e 70 nos<br />

EUA, desde a invasão do Vietnã<br />

pelas tropas norte-americanas<br />

em 1959, à virtual derrota do<br />

exército norte-americano em<br />

1968 e a sua retirada em 1975.<br />

A guerra de Eisenhower (Republicano,<br />

1953-1961) se transformou<br />

na guerra de Kennedy e<br />

Lyndon Johnson (Democratas,<br />

1961-1969), e daí na de Nixon e<br />

Gerald Ford (Republicanos,<br />

1969-1977).<br />

O vai e vem democrata e republicano<br />

continuou com Jimmy<br />

Carter (Democrata, 1977-1981),<br />

Ronald Regan e George Bush<br />

(pai) (Republicanos, 1981-<br />

1993), Bill Clinton (Democrata,<br />

1993-2001) e George W. Bush<br />

(Republicano).<br />

Outra demonstração cabal<br />

do compromisso de ambos os<br />

partidos (Democrata e Republicano)<br />

com a manutenção do regime<br />

político norte-americano<br />

e a sustentação da dominação<br />

imperialista mundial é evidente<br />

na política do governo Bush –<br />

que tal qual seu antecessor democrata,<br />

ocupou a Casa Branca<br />

por dois mandatos consecutivos<br />

– após os atentados contra<br />

o World Trade Center em<br />

2001. No Congresso e no Senado,<br />

de os concorrentes de<br />

ambos os partidos à presidência<br />

vêm, votaram unanimemente<br />

a invasão do Afeganistão.<br />

Dois anos depois, embora a<br />

maioria do Partido Democrata<br />

no Congresso tenha votado<br />

contra a guerra no Iraque (81<br />

a favor e 126 contra), nada foi<br />

feito para impedir a aprovação<br />

dos sucessivos orçamentos de<br />

guerra.<br />

Mais: todos os senadores do<br />

Partido Democrata, a exceção de<br />

um único, votaram pelo texto<br />

original do Ato Patriótico, a lei de<br />

exceção de George W. Bush. A<br />

maioria dos senadores democratas<br />

também votou por sua renovação<br />

em 2006.<br />

A burguesia, internacionalmente,<br />

tenta copiar o modelo de<br />

“democracia” norte-americana e<br />

já chegou até mesmo a cogitar<br />

impô-lo, por exemplo, no Brasil.<br />

A oposição entre Democratas<br />

e Republicanos não passa de<br />

cobertura para um plano político<br />

em comum. Enquanto isso,<br />

não deixa de existir uma infinidade<br />

de outros grupos políticos<br />

nos EUA, fadados a não ascender,<br />

seja por suas debilidades,<br />

seja pela enorme pressão do sistema<br />

monopolizado pela burguesia<br />

imperialista.


15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />

INTERNACIONAL 19<br />

ORÇAMENTO BÉLICO QUANTO VALE DOMINAR O MUNDO<br />

Os senhores da guerra<br />

Com a desculpa de “combate ao terrorismo”, o<br />

imperialismo aumenta seus investimentos militares à<br />

medida que a crise mundial se aprofunda e o regime<br />

capitalista aumenta sua capacidade de destruição e,<br />

com ela, as suas guerras<br />

Um estudo divulgado na segunda-feira<br />

(10) pelo Instituto<br />

Internacional de Pesquisa da Paz<br />

de Estocolmo (Sipri, na sigla em<br />

inglês) revelou que os gastos<br />

militares em todo mundo aumentaram<br />

45% nos últimos dez<br />

anos. EUA, Rússia e China estão<br />

no topo da lista dos países<br />

que mais compraram armas e o<br />

investimento bélico continua<br />

em expansão. Somente entre<br />

2006 e 2007 o aumento dos orçamentos<br />

militares dos países<br />

foi de cerca de 6%.<br />

Segundo o estudo, as guerras<br />

do Iraque e Afeganistão, além do<br />

investimento militar da Rússia e<br />

da China, adquiridas após considerável<br />

crescimento econômico,<br />

são os principais fatores para<br />

o aumento dos gastos militares<br />

entre 1998 e 2007. Outra razão<br />

levantada seria a quantidade de<br />

forças de segurança espalhadas<br />

em todo mundo: foram realizadas<br />

61 operações em 2007, o<br />

maior número desde 1999.<br />

Um outro dado mostra que o<br />

período de menor gasto militar<br />

ocorreu entre 1988 e 1997, anos<br />

que se seguiram após o fim da<br />

Guerra Fria e da União Soviética,<br />

que sozinha foi responsável<br />

por reduzir cerca de um terço<br />

dos gastos militares no mundo.<br />

Em 2007, os gastos globais<br />

com equipamento bélico foram<br />

de US$ 1.339 trilhão, ou seja,<br />

US$ 202 por cada habitante do<br />

planeta Terra, segundo informou<br />

o Sipri.<br />

Armados até os<br />

dentes<br />

tador de petróleo - contribuíram<br />

para esta escalada militar.<br />

Já a China teve um crescimento<br />

econômico anual de 10%<br />

nos últimos anos, o maior de<br />

todos. Parte desta renda foi injetada<br />

na Segurança, triplicando<br />

os gastos no período entre 1998<br />

e 2007 e equivalendo até 2,1%<br />

do seu PIB (Produto Interno<br />

Bruto). Trata-se de um orçamento<br />

militar considerado moderado,<br />

pois a média mundial é<br />

de 2,5% do PIB.<br />

Os EUA, porém, são de longe<br />

os maiores investidores (e<br />

fornecedores) da indústria bélica.<br />

O ano de 2007 atingiu recorde<br />

como o maior gasto militar<br />

desde a Segunda Guerra<br />

Mundial. Desde os atentados de<br />

11 de setembro, o Pentágono<br />

aumentou seu orçamento em<br />

59% em relação a 2001. Só as<br />

guerras do Iraque e do Afeganistão<br />

já custaram ao contribuinte<br />

norte-americano mais de<br />

US$ 3 trilhões, o que esvaziou<br />

os cofres públicos e é hoje um<br />

dos elementos centrais para a<br />

recessão econômica no País. Os<br />

EUA representam 45% dos gastos<br />

militares mundiais!<br />

A indústria bélica é uma das<br />

mais lucrativas do mundo, ao<br />

lado do narcotráfico e da prostituição.<br />

O estudo do Sipri mostrou<br />

que entre 2002 e 2007 houve<br />

um aumento de 7% das exportações<br />

de armas, seja por meio<br />

de vendas, convênios ou acordos<br />

de cooperação. EUA, Rússia,<br />

França, Reino Unido e Alemanha<br />

representam juntos 80%<br />

das transações. Entre os maiores<br />

compradores entre 2003 e<br />

2007 estão a Coréia do Sul,<br />

China, Turquia, Grécia, Índia,<br />

Israel, Arábia Saudita e África<br />

do Sul. Na América do Sul, os<br />

maiores compradores neste<br />

período foram o Chile e a Venezuela.<br />

O Brasil é o 12º maior<br />

investidor militar do mundo.<br />

Solução para a<br />

pobreza mundial: o<br />

extermínio em<br />

massa<br />

Pesquisas elaboradas anteriormente<br />

por organizações<br />

não-governamentais mostraram<br />

que 95% das armas usadas<br />

na África são compradas<br />

dos EUA e da Europa. O levantamento<br />

engloba apenas o<br />

mercado legal de armas, pois<br />

no mercado negro a venda<br />

também é exorbitante.<br />

A Oxfam International mostrou<br />

que apenas o custo das<br />

A Rússia aumentou seu orçamento<br />

militar no ano passado em<br />

13% em relação a 2006. Segundo<br />

a pesquisa, a reconquista da<br />

confiança dos países capitalistas<br />

somado aos benefícios gerados<br />

com o aumento dos preços<br />

do gás e do petróleo - a<br />

Rússia é o segundo maior exporguerras<br />

na África supera todo<br />

o dinheiro destinado ao desenvolvimento<br />

do continente.<br />

O estudo intitulado “Os milhões<br />

perdidos da África. O<br />

fluxo internacional de armas e<br />

o custo dos conflitos”, elaborado<br />

conjuntamente com a<br />

Rede Internacional de Ação<br />

contras as Armas (IANSA, em<br />

inglês) e a Safeworld, constata<br />

que o custo das guerras na<br />

África entre 1990 e 2005 foi de<br />

US$ 284 bilhões, o equivalente<br />

a toda a ajuda destinada ao<br />

desenvolvimento do continente<br />

no mesmo período.<br />

Em 15 anos, pelo menos 23<br />

conflitos foram suficientes<br />

para reduzir em 15% o PIB<br />

africano por ano, ou seja, US$<br />

18 bilhões por ano. Os países<br />

que mais financiam o extermínio<br />

em massa no continente<br />

negro são EUA, Reino Unido,<br />

Rússia, Alemanha e China. Só<br />

os EUA venderam aos países<br />

africanos mais de 10 bilhões de<br />

euros e é o maior exportador<br />

de armas para a África, seguindo<br />

da Rússia (quatro bilhões)<br />

e Reino Unido (2,3 bilhões).<br />

Mas o campeão de vendas entre<br />

os anos de 2003 e 2006 foi a<br />

Alemanha, com 450 milhões,<br />

seguido da Rússia (300 milhões)<br />

e China (250 milhões).<br />

Toda esta quantia não leva em<br />

consideração as armas que entram<br />

no continente através de<br />

contrabando.<br />

A classe operária<br />

no centro do alvo<br />

O investimento militar nos<br />

países explorados pelo imperialismo<br />

é um dos principais<br />

causadores da miséria, da<br />

fome e das epidemias que atingem<br />

bilhões de pessoas em<br />

todo o mundo. Além disso, o<br />

aumento do orçamento militar<br />

mundial, justificado pela desculpa<br />

do “combate ao terrorismo”<br />

está apontada contra o<br />

movimento de massas revolucionário<br />

tantas vezes visto<br />

com terror pelo imperialismo.<br />

Não é por acaso que a marinha<br />

norte-americana reativou recentemente<br />

sua IV Frota na<br />

América do Sul como mais<br />

uma tentativa de preparar o<br />

clima para um conflito militar<br />

no sub-continente.<br />

Os aumentos recordes do<br />

petróleo, dos alimentos e da<br />

crise econômica e financeira<br />

mundial se convertem com<br />

cada vez mais frequencia em<br />

repressão contra as massas<br />

das cidades e do campo. A<br />

classe operária mundial está no<br />

centro do alvo do imperialismo<br />

em um período iminente da<br />

luta que se abrirá abertamente<br />

entre a burguesia e o proletariado<br />

mundial.<br />

RETRATO DO FRACASSO BAIXAS MILITARES<br />

Tropas britânicas perdem seu 100º soldado no Afeganistão<br />

Um atentado suicida ocorrido<br />

no domingo, dia 8, no Sul do<br />

Afeganistão matou ao menos<br />

três soldados britânicos, elevando<br />

a cifra de mortos entre as<br />

tropas britânicas para 100 desde<br />

o início da ocupação no país,<br />

em 2001.<br />

O Ministério de Defesa britânico<br />

confirmou a morte de<br />

três pára-quedistas que foram<br />

atacados enquanto realizavam<br />

uma patrulha de rotina a pé,<br />

perto de sua base de operação<br />

no Alto Vale Sangin.<br />

Segundo o chefe do Exército,<br />

Jock Stirrup, “os esforços<br />

internacionais estão começando<br />

a efetuar uma mudança<br />

real”.<br />

“Em algumas partes do Afeganistão,<br />

onde não havia nenhuma<br />

lei, agora existe um governo<br />

e o império da lei” (El País, 8/<br />

6/2008).<br />

As declarações de Stirrup<br />

não conseguem disfarçar o fato<br />

de que a cifra de 100 soldados<br />

britânicos mortos expressa um<br />

dos momentos de maior crise da<br />

ocupação imperialista no Afeganistão,<br />

há tempos fadada ao fracasso.<br />

O Reino Unido mantém atualmente<br />

cerca de sete mil soldados<br />

no Afeganistão, a maioria<br />

concentrada no Sul do País<br />

como parte da ISAF (Assistência<br />

à Segurança no Afeganistão),<br />

uma coalizão internacional<br />

liderada pelos EUA. Desde<br />

que esta coalizão depôs o Talebã<br />

do poder no dia 13 de novembro<br />

de 2001, a ocupação<br />

nunca conseguiu manter o país<br />

minimamente estável, apesar<br />

de todo o dinheiro e arsenal<br />

despejados. Seis anos após a<br />

invasão, o Afeganistão é representado<br />

por um governo títere<br />

do imperialismo e completamente<br />

desmoralizado. O atual<br />

presidente Hamid Karzai é um<br />

dos mais impopulares e seu<br />

governo registra uma série de<br />

denúncias de corrupção, uma<br />

CAMINHONEIROS E FERROVIÁRIOS<br />

Segunda onda de greves contra a alta do petróleo toma a Europa<br />

Na segunda-feira (9) os caminhoneiros<br />

espanhóis iniciaram<br />

uma paralisação por<br />

tempo indeterminado protestando<br />

contra o aumento de<br />

20% dos preços do diesel<br />

apenas neste ano. Os trabalhadores<br />

ferroviários franceses<br />

também estão paralisados.<br />

A paralisação desta semana<br />

se soma à de duas semanas<br />

atrás, de pescadores de toda<br />

a península Ibérica, da França<br />

e da Itália, contra o aumento<br />

dos preços do petróleo e do<br />

diesel, que tem inviabilizado<br />

sua atividade.<br />

Na madrugada desta segunda-feira,<br />

os caminhoneiros<br />

espanhóis bloquearam estradas<br />

e promoveram lentidão<br />

fazendo seus caminhões circularem<br />

em conjunto em baixa<br />

velocidade pelas principais<br />

estradas que ligam a capital<br />

Madri a outras regiões do<br />

país. A “operação tartaruga”<br />

também se estendeu até cidades<br />

no País Basco e em Valência.<br />

A fronteira com a França<br />

também foi bloqueada por<br />

cerca de 200 caminhões, estacionados<br />

próximos ao pedágio<br />

na cidade catalã de La<br />

Jonquera. O piquete foi bemsucedido<br />

e os poucos furagreves<br />

tiveram seus pára-brisas<br />

e lanternas quebrados e<br />

pneus furados.<br />

A maioria dos grevistas é de<br />

caminhoneiros autônomos ou<br />

que trabalham para pequenas<br />

e médias empresas de carga,<br />

segundo informou a agência<br />

EFE. A greve convocada pela<br />

Fenadismer, entidade sindical<br />

composta principalmente por<br />

transportadores autônomos,<br />

obteve apoio também das associações<br />

de transportadores<br />

de Portugal e França.<br />

O secretário de Organização<br />

do Partido Socialista Operário<br />

Espanhol (PSOE), José<br />

Blanco, apelou, em uma declaração<br />

feita pela televisão,<br />

para que os grevistas suspendam<br />

a paralisação e afirmou<br />

que “o governo está estudando<br />

medidas, não só no âmbito<br />

nacional, como na União Européia,<br />

para fazer frente a esta<br />

situação e tratar, dentro das<br />

suas possibilidades, de procurar<br />

respostas positivas”. O<br />

secretário acrescentou ainda:<br />

“É verdade que o governo não<br />

tem capacidade de baixar o<br />

preço do petróleo, mas tem<br />

capacidade de estabelecer<br />

medidas que ajudem o setor.<br />

Chamo os grevistas a conduzir<br />

suas reivindicações pela via<br />

do diálogo, pela via do entendimento”.<br />

A greve dos pescadores,<br />

iniciada semanas atrás, ganhou<br />

novo impulso com a paralisação<br />

dos transportes rodoviários.<br />

Os barcos de pesca<br />

que haviam retornado a<br />

trabalhar na última semana,<br />

após a primeira onda de greves<br />

de pescadores, voltaram<br />

a atracar nos principais portos<br />

ao longo da costa espanhola.<br />

A ameaça de desabastecimento<br />

é o pior pesadelo para<br />

os governantes europeus, que<br />

se apressaram em afirmar que<br />

não faltará eletricidade ou<br />

combustível em função da alta<br />

do petróleo, mas que a greve<br />

dos caminhoneiros deve ser<br />

suspensa por colocar em risco<br />

a distribuição de alimentos.<br />

Na realidade, 15% dos<br />

postos da região de Madrid e<br />

cerca de outros 40% da Catalunha<br />

já estão sem combustível.<br />

“Somos nós que transportamos<br />

as mercadorias que este<br />

país precisa para se manter<br />

em funcionamento”, afirmou<br />

o presidente da federação de<br />

associações de transportistas<br />

espanhóis, Fenadismer, Julio<br />

Villacusa. E acrescentou: “se<br />

nós pararmos porque não temos<br />

dinheiro para comprar<br />

combustível, então o país vai<br />

parar” (El País, 9/6/2008).<br />

Os trabalhadores franceses,<br />

por sua vez, pretendem<br />

paralisar o transporte dos<br />

trens intermunicipais e que ligam<br />

a capital aos subúrbios,<br />

bem como os TGV (trens de<br />

alta velocidade) que ligam<br />

Paris a outras regiões do<br />

país.<br />

O movimento grevista iniciado<br />

pelos pescadores portugueses,<br />

espanhóis e franceses<br />

vem se expandindo e<br />

tem como uma de suas principais<br />

reivindicações a de que<br />

a União Européia permita aos<br />

governos dos países subsidiar<br />

os preços do diesel para<br />

tornar possível sua atividade.<br />

A União Européia, por sua<br />

vez, permanece firme na posição<br />

de que os subsídios,<br />

além de serem ilegais diante<br />

da lei européia, são insustentáveis<br />

a longo prazo.<br />

As crescentes contradições<br />

do regime capitalista e a<br />

evolução da crise imperialista,<br />

onde a alta dos preços dos<br />

combustíveis devido à nova<br />

onda de crise do petróleo, a<br />

recessão norte-americana e a<br />

crise dos mercados financeiros<br />

internacionais se combinam<br />

com o crescente estrangulamento<br />

econômico, sentido<br />

em um primeiro momento<br />

pelos pequenos proprietários<br />

e autônomos que trabalham<br />

com seus próprios barcos e<br />

caminhões e os ataques aos<br />

direitos conquistados pela<br />

classe operária européia,<br />

como jornadas de trabalho<br />

menores, salários maiores e<br />

benefícios como aposentadorias<br />

especiais e estabilidade no<br />

emprego.<br />

PLANO MILITAR<br />

Revelado plano secreto para manter o Iraque sob ocupação perpétua<br />

Os EUA desejam transformar<br />

o Iraque numa colônia.<br />

Segundo a denúncia publicada<br />

pelo jornal britânico The Independent<br />

em sua edição eletrônica<br />

do dia 5 de junho, o governo<br />

George W. Bush tem um plano<br />

secreto militar para manter o<br />

Iraque ocupado por tempo indeterminado.<br />

“Um acordo secreto que está<br />

sendo negociado em Bagdá perpetuaria<br />

a ocupação militar norte-americana<br />

no Iraque indefinidamente,<br />

independente do resultado<br />

da eleição presidencial<br />

dos EUA em novembro” (The<br />

Independent, 5/6/2008).<br />

Após cinco anos de ocupação,<br />

a única saída encontrada<br />

pelo governo não seria a retirada<br />

das tropas e o reconhecimento<br />

do fracasso da ocupação<br />

e da tentativa do imperialismo<br />

em não ter conseguido conquistar<br />

os poços de petróleo do Iraque,<br />

mas perpetuar a ocupação.<br />

Chamado de “Aliança Estratégica”,<br />

o plano consiste em<br />

aprovar o acordo até o final do<br />

mês para Bush declarar uma<br />

vitória militar antes de deixar o<br />

poder e impedir uma eventual<br />

retirada das tropas pelo próximo<br />

governo, não se importando<br />

com os efeitos devastadores que<br />

este acordo pode provocar dentro<br />

dos EUA.<br />

A realização de um tal plano<br />

poderia absolver os democratas<br />

da necessidade de romper suas<br />

promessas de retiradas, escondendo-se<br />

atrás do fato consumado.<br />

Não é por acaso que o candidato<br />

republicano, John McCain,<br />

afirmou recentemente em sua<br />

campanha que os EUA estão a<br />

ponto de obter uma vitória no<br />

Iraque. O acordo prevê ainda o<br />

fortalecimento de sua campanha<br />

eleitoral.<br />

Estão instalados atualmente<br />

no Iraque cerca de 151 mil efetivos<br />

que em julho passarão a<br />

somar 142 mil, quando 10 mil<br />

soldados serão retirados. Segundo<br />

os termos do novo acordo,<br />

os EUA poderão usar a longo<br />

prazo mais de 50 bases militares,<br />

dar carta branca aos<br />

soldados norte-americanos e<br />

terceirizados (Black Water),<br />

permitir a efetuação de prisões<br />

de iraquianos sem qualquer restrição<br />

e realizar com total liberdade<br />

operações militares sem<br />

consultar o governo de Bagdá.<br />

Além disso, Washington pretende<br />

controlar também o espaço<br />

aéreo iraquiano até 29 mil pés<br />

(8,8 quilômetros) para garantir<br />

sua permanente “guerra contra<br />

o terrorismo” no Iraque.<br />

O jornal britânico não diz<br />

como teve acesso às informações,<br />

no entanto é provável que<br />

o acordo secreto tenha vazado<br />

por causa do efeito extremamente<br />

negativo causado em<br />

uma ala do governo iraquiano.<br />

delas - e a mais escandalosa -<br />

é o tráfico de ópio, responsável<br />

por nada menos que 93% da<br />

produção mundial da droga, segundo<br />

dados da Organização<br />

das Nações Unidas (ONU). O<br />

negócio chega a movimentar<br />

por ano US$ 2,6 bilhões (52%<br />

do PIB afegão).<br />

Some isso à rotina de repressão<br />

por parte das tropas nacionais<br />

e estrangeiras e não será<br />

difícil de perceber por que o<br />

Talebã conseguiu reconquistar<br />

“É uma terrível violação da<br />

nossa soberania. Este acordo de<br />

segurança deslegitimará o governo<br />

de Bagdá, que será considerado<br />

um peão dos EUA”<br />

(Idem).<br />

Alguns representantes árabes<br />

já deram declarações sobre o<br />

que acham do plano. Ali Akbar<br />

Hashemi Rafsanjani, um dos<br />

políticos burgueses mais influentes<br />

do Irã, disse que “um<br />

acordo dessa natureza constituirá<br />

numa ocupação permanente.<br />

O que este acordo busca no<br />

fundo é converter os iraquianos<br />

em escravos dos norte-americanos”.<br />

Já o primeiro-ministro iraquiano,<br />

Nouri al-Maliki, se opõe aos<br />

termos do novo acordo, mas<br />

disse que seu governo de coalizão<br />

cairá do poder se não tiver<br />

o apoio dos EUA. De maneira<br />

geral, todos os parlamentares<br />

iraquianos se opõem ao acordo,<br />

mas o repúdio está sendo explorado<br />

mais como uma forma de<br />

obterem maior popularidade<br />

como pseudodefensores da independência<br />

do Iraque. Mas há<br />

outros políticos que são vistos<br />

como verdadeiros opositores ao<br />

plano, como o “líder espiritual”<br />

xiita, o aiatolá Ali al-Sistani, uma<br />

das pessoas que defenderam o<br />

referendo sobre a nova Constituição<br />

iraquiana e a eleição do<br />

Parlamento em 2003.<br />

O acordo militar, desta vez,<br />

não será submetido a nenhum<br />

referendo. Obviamente ele não<br />

seria aprovado por nenhum iraquiano,<br />

exceto os capachos que<br />

estão no governo e as milícias<br />

sustentadas pelo imperialismo<br />

para combater os grupos insurgentes<br />

de oposição.<br />

O clérigo xiita Moqtada al-<br />

Sadr também pediu aos seus<br />

seguidores que não aceitem<br />

nenhum plano contra a independência<br />

do Iraque.<br />

Hoje, mais do que nunca os<br />

cerca de 54% do território nos<br />

últimos anos.<br />

O fracasso das tropas britânicas<br />

e norte-americanas -<br />

esta já perdeu mais de quatro<br />

mil soldados em cinco anos de<br />

ocupação no Iraque - reflete a<br />

crise de conjunto da dominação<br />

do imperialismo mundial,<br />

uma vez que o regime capitalista<br />

não tem mais condições de<br />

se sustentar por meio do seu<br />

domínio militar, nem político<br />

e nem econômico.<br />

GREVES NA EUROPA<br />

Veja aqui as principais<br />

manifestações recentes<br />

Bélgica: Pescadores entraram em conflito com a política em um<br />

protesto próximo à sede da União Européia em 4 de junho<br />

Bulgária: 150 caminhoneiros formaram um comboio próximo a<br />

Sofia em 28 de maio<br />

França: caminhoneiros e taxistas bloquearam avenidas em Paris<br />

no dia 3 de maio e apoio à greve dos pescadores<br />

Itália: Pescadores das duas costas do país iniciaram greve no dia<br />

30 de maio<br />

Portugal: Pescadores permaneceram nos portos no dia 30 de maio<br />

Espanha: frota naval espanhola iniciou greve no dia 30 de maio.<br />

Pescadores de Madri distribuíram 20 toneladas de peixe gratuitamente<br />

à população<br />

Reino Unido: caminhoneiros bloquearam as avenidas de Londres<br />

no dia 28 de maio. Pescadores realizaram grandes protestos na capital<br />

no dia 3 de junho<br />

Fonte: BBC<br />

EUA querem se apoderar do<br />

petróleo iraquiano. Esta é uma<br />

política de tudo ou nada para os<br />

EUA, pois pode desencadear<br />

uma revolta de massas contra a<br />

ocupação e coloca em cheque<br />

até mesmo o próprio regime<br />

norte-americano, uma vez a<br />

burguesia está cada vez mais<br />

dividida.<br />

Esta se cumprindo o mesmo<br />

roteiro levado adiante pela direita<br />

norte-americana que usou<br />

todos os recursos no Vietnã até<br />

que a mobilização nos próprios<br />

EUA os obrigaram a sair depois<br />

de um verdadeiro genocídio<br />

contra a população civil e da perda<br />

de dezenas de milhares de vidas<br />

da população trabalhadora e da<br />

juventude norte-americana. A<br />

necessidade dos monopólios e do<br />

imperialismo de permanecer no<br />

Iraque, uma necessidade desesperada,<br />

empurra o país mais<br />

poderoso do mundo para uma<br />

enorme crise política interna.


15 DE JUNHO DE 2008<br />

CAUSA OPERÁRIA<br />

CULTURA 20<br />

Uma revolução artística em 1917 - parte IV<br />

Revolução Russa vista através<br />

das lentes do cinema soviético<br />

Dentre todas as formas artísticas, o cinema surgido na revolução foi aclamado como a expressão típica da Revolução<br />

Russa. Uma arte de grande alcance, verdadeiramente coletiva, internacionalista e revolucionária. Através de seus<br />

geniais diretores, o cinema soviético constituiu um dos mais envolventes relatos da revolução social que modificou<br />

para sempre a sociedade russa<br />

A ofensiva da contrarevolução<br />

A década de 1930 marca o<br />

início de uma nova etapa do cinema<br />

soviético, caracterizada<br />

pela realização de épicos grandiosos<br />

que marcaram época, repletos<br />

de feitos nobres e heróis<br />

idealizados, além do início ao<br />

“culto à personalidade” dos grandes<br />

líderes históricos, da Rússia<br />

czarista ao Estado soviético.<br />

Eram os primeiros anos do realismo<br />

socialista, expressão que<br />

gradualmente foi tomando conta<br />

de todas as artes dentro do<br />

País, até a consolidação definitiva<br />

do estilo, quando oficializado<br />

pela direção burocrática stalinista<br />

em 1932, segundo o decreto<br />

sobre a reestruturação das organizações<br />

artísticas. Esse decreto<br />

transformou o realismo socialista<br />

em uma política de Estado<br />

para as artes, uma tentativa de<br />

condução da criação artística no<br />

País. Na realidade, uma das maiores<br />

camisas de força, ao menos<br />

no plano estatal, que uma<br />

cultura já sofreu, porque não há<br />

e nem nunca houve nada mais<br />

tirânico que o capitalismo sobre<br />

as artes.<br />

Politicamente, o período correspondia<br />

à consolidação do grupo<br />

stalinista dentro do Estado<br />

operário. A crise da burocracia<br />

desembocaria no governo bonapartista<br />

de Stálin. Desde a morte<br />

de Lênin, em 1924, havia se<br />

iniciado no interior do partido<br />

uma luta ferrenha pelo poder.<br />

Seus diversos setores, ao final<br />

se dividiram em dois grandes blocos,<br />

o de Trótski por um lado,<br />

defendendo a continuidade da revolução,<br />

e o de Stálin, que impulsionaria<br />

uma série de derrotas<br />

desastrosas e acabaria por se<br />

tornar a expressão mais acabada<br />

da contra-revolução que havia<br />

se infiltrado no interior do<br />

aparelho do Estado. O Processo<br />

alcançou um de seus pontos altos<br />

em 1927, quando os stalinistas<br />

referendaram no Congresso<br />

do partido, uma sanção contra a<br />

oposição liderada por Leon<br />

Trótski, o líder do Exército Vermelho.<br />

Acusando-a de ser um<br />

“desvio pequeno burguês”, o<br />

grupo foi dissolvido e seu líder<br />

deportado. Após a derrota da<br />

oposição de esquerda, ala proletária<br />

e revolucionária do partido,<br />

foi a vez da ala direita e, finalmente,<br />

da própria facção stalinista<br />

em uma perseguição política<br />

que parecia não ter fim. Desta<br />

situação extremamente crítica<br />

surge não apenas o impropriamente<br />

denominado ‘culto da<br />

personalidade’ de Stálin como a<br />

necessidade da burocracia de<br />

controlar todas as manifestações<br />

de atividade intelectual de maneira<br />

férrea, da política à música.<br />

A política degenerada dos stalinistas,<br />

gradualmente foi se alastrando<br />

como um vírus pelo interior<br />

do país, e seus efeitos caíram,<br />

como não poderia ser diferente,<br />

implacavelmente também<br />

sobre todas as artes, mudando<br />

de maneira definitiva sua direção<br />

a partir dali.<br />

Pelo fato de ser a expressão<br />

artística mais completamente dependente<br />

de um grande financiamento,<br />

e por conseqüência, do<br />

Estado Soviético, devido às suas<br />

características técnicas de indústria<br />

e não de artesanato individual,<br />

o cinema sentiu de maneira<br />

imediata os efeitos dessa<br />

brutal transformação.<br />

O estabelecimento do<br />

pesadelo chamado<br />

realismo socialista<br />

Uma outra faceta da mediocridade<br />

política desses novos líderes<br />

stalinistas, era a sua completa<br />

ignorância também em relação<br />

às artes. Daí sua tentativa<br />

de conduzir seu desenvolvimento<br />

e suas expressões. O processo<br />

acarretou no surgimento de<br />

uma arte oficialista, artificial, que<br />

pregava um otimismo sem limites,<br />

falso e acrítico, além idolatria<br />

da imagem dos líderes políticos,<br />

e particularmente de Stalin.<br />

Essa idolatria não seguia nenhum<br />

critério além o de “garantir<br />

a unidade da nação”. Os ideólogos<br />

do realismo socialista pregavam<br />

também uma única forma<br />

expressiva aceitável: o realismo,<br />

uma caricatura dos gigantescos<br />

pintores e escritores<br />

do século XIX, ignorando completamente<br />

a irreversível evolução<br />

das artes para o modernismo<br />

e não conseguindo chegar<br />

nem mesmo perto da antiga tradição<br />

da cultura russa, da qual<br />

fizeram um pastiche de péssimo<br />

gosto, com as devidas exceções.<br />

Desta feita, todos os experimentalismos<br />

e buscas por novas<br />

formas que dominou o cinema<br />

durante toda a década de 1920,<br />

foram tachados, de uma hora<br />

para outra, de “decadentes”,<br />

“burguêses” e “formalistas”.<br />

Karl Radek, ex-membro da oposição<br />

de esquerda, renegado e<br />

transformado em serviçal do stalinismo,<br />

declarava James Joyce<br />

como manifestação da decadência<br />

capitalista e o mesmo fazia o<br />

abominável Georg Lukacs com<br />

o extraordinário Franz Kafka,<br />

uma dos maiores e mais influentes<br />

escritores da modernidade.<br />

Ao contrário do que muitos<br />

teóricos pretendem mostrar, o<br />

problema do realismo socialista<br />

era o fato de ser uma tentativa<br />

do Estado de limitar e conduzir<br />

o processo de criação artística<br />

de todo um país, sob uma fórmula<br />

já previamente estabelecida,<br />

e não o mero fato de ser “realista”.<br />

A fórmula do realismo,<br />

perfeitamente aceitável em si<br />

mesma, desde que produto de<br />

uma verdadeira sensibilidade artística<br />

e honestidade intelectual<br />

serviu para encobrir a proibição<br />

de qualquer verdadeira criação<br />

através da imposição de um<br />

modelo pret-a-porter para todos<br />

os artistitas. O realismo foi o<br />

ápice da cultura burguesa e produziu<br />

o mais extraordinário período<br />

de criação cultural da história<br />

humana, em particular na<br />

literatura. O “realismo socialista”<br />

jamais poderia ser considerado<br />

realista neste sentido, mas<br />

uma caricatura de realismo. O<br />

realismo foi a manifestação da<br />

maturidade e da autoconfiança<br />

do artista burguês em sua capacidade<br />

de dominar e expressar o<br />

mundo à sua volta, o “realismo<br />

socialista” foi uma idealização das<br />

idéias preconcebidas dos mestres<br />

do regime burocrático que<br />

de socialista nada tinha.<br />

No final das contas, o realismo<br />

socialista era a realização do<br />

sonho de qualquer governante.<br />

A glorificação e a defesa de seu<br />

próprio regime a um extremo<br />

que nem Luís XIV havia chegado.<br />

Segundo a aguda observação<br />

de Trótski, a arte cortesã do<br />

Rei Sol era apenas uma idealização<br />

da monarquia, onde o artista<br />

no entanto acreditava no que estava<br />

fazendo. O realismo socialista<br />

era a transfiguração de um<br />

regime apodrecido feita sob o<br />

cano de uma pistola e, portanto,<br />

totalmente falsa. Desta maneira,<br />

este pseudo realismo surgia<br />

apenas como a forma mais adequada<br />

para esse processo de aulicismo<br />

policial sem precedentes<br />

almejado por Stálin.<br />

O fim dos<br />

vanguardismos<br />

Esta ‘fórmula’ estética elaborada<br />

pelos teóricos stalinistas<br />

adaptou-se de maneira diversa<br />

para cada uma das manifestações<br />

artísticas, desde a literatura até<br />

o design de produtos. Ele definia,<br />

em linhas gerais, os preceitos<br />

que deveriam ser seguidos<br />

pelos artistas. ‘Realista’ na forma<br />

e ‘socialista’ no conteúdo, ou<br />

seja, descrever sobre a realidade<br />

da classe trabalhadora no país<br />

sempre de maneira naturalista, linear,<br />

didática e descritiva. Tal era<br />

a teoria. Na realidade, as obras<br />

do realismo socialista são toscas<br />

idealizações que retratam uma<br />

imagem, um preconceito que a<br />

burocracia governante queria<br />

apresentar de uma classe operária<br />

inexistente. Não eram pessoas<br />

reais, com contradições reais,<br />

mas ídolos e modelos artificiais<br />

que o regime burocrático<br />

pretendia impingir às massas para<br />

ocultar a gigantesca luta que a<br />

classe operária russa travava<br />

contra o atraso econômico, contra<br />

o cerco do imperialismo e<br />

contra a pressão da própria burocracia<br />

detrás de uma fachada<br />

otimista. Os criadores da grande<br />

época do realismo russo de<br />

Turgeniev a Tólsoi passando por<br />

toda a literatura populista e marxista<br />

morreriam de vergonha diante<br />

desse gênero de “realismo”.<br />

Todas as obras que tivessem um<br />

conteúdo crítico - característica<br />

indissociável das verdadeiras<br />

obras do realismo-naturalismo -<br />

que os stalinistas considerassem<br />

nocivo à perpetuação de sua dominação<br />

no aparelho do Estado,<br />

ou que mostrasse uma realidade<br />

que não fosse aquela visão fantasiosa<br />

de fartura e bonança por<br />

eles pretendida eram imediatamente<br />

censuradas e seus realizadores<br />

perseguidos, em uma<br />

gigantesca e espantosa caça às<br />

bruxas.<br />

Os artistas que se recusaram<br />

a modificar suas linhas criativas<br />

foram “afastados”, e muitos deles<br />

perseguidos. Foram caçados<br />

milhares e dezenas de milhares<br />

dos melhores cérebros da pátria<br />

da Revolução de Outubro. Esse<br />

foi o destino de alguns dos principais<br />

criadores do “cinema de<br />

ouro” dos anos 20.<br />

Uma multidão de plumítivos<br />

de aluguel disfarçados de teóricos<br />

da literatura como Georg<br />

Lukacs despejavam veneno contra<br />

os “traidores do socialismo”.<br />

Lev Kuleshov, por exemplo,<br />

o pioneiro das montagens, professor<br />

de Pudovkin e Eisenstein,<br />

perdeu todo o financiamento<br />

para seus filmes, abandonou o<br />

cinema e caiu no mais completo<br />

esquecimento, a ponto de a maioria<br />

de sua obra nunca mais ter<br />

sido encontrada. Até o final de<br />

sua vida ele restringiu suas atividades<br />

a dar aulas no instituto de<br />

cinema em que trabalhava. Dziga<br />

Vertov, o favorito de Lênin,<br />

com seus filmes sem roteiros,<br />

desafiava o pseudo didatismo do<br />

“realismo” stalinista, e acabou<br />

sendo também afastado nos<br />

anos 30 para funções secundárias<br />

em filmes de propaganda de<br />

produtos. O mesmo ocorreu a<br />

outros diretores da linha de frente<br />

do cinema soviético, como Pudovkin,<br />

Kozintsev e Trauberg.<br />

Mesmo Dovzhenko, que apesar<br />

de seguir uma linha expressiva<br />

já vinculada com a tradição<br />

realista, tendo chegado inclusive<br />

a atacar o vanguardismo de<br />

Eisenstein como “excessivamente<br />

intelectual”, acabou acusado<br />

pelo próprio Stalin de “nacionalismo”<br />

ucraniano, e proibido de<br />

trabalhar em seus próprios estúdios<br />

na Ucrânia. O que mostra<br />

que a estética do “realismo” stalinismo<br />

era a menor das preocupação<br />

do “pai dos povos” como<br />

Stálin era chamado pelos seus<br />

áulicos e plumitivos em todas as<br />

áreas da cultura.<br />

A maioria destes diretores teve<br />

suas carreiras praticamente encerradas<br />

devido ao censor ideológico<br />

stalinista, não conseguindo<br />

mais realizar nenhuma obra<br />

relevante, com exceção de Eisenstein.<br />

Mesmo ele chegou a<br />

tentar, como último recurso, trabalhar<br />

em Hollywood, mas constatou<br />

logo a seguir o despreparo<br />

da indústria imperialista em digerir<br />

sua obra. Preferiu, por fim,<br />

ficar em seu País e enfrentar a<br />

burocracia stalinista. Após intensos<br />

conflitos e discussões, acabou<br />

tendo que se adaptar à nova<br />

estética para continuar na ativa.<br />

Acompanhando sua carreira,<br />

pode-se testemunhar suas sucessivas<br />

tentativas de denunciar<br />

o governo contra-revolucionário<br />

de Stálin.<br />

O realismo socialista e<br />

o cinema sonoro<br />

Apesar do estrito campo de<br />

atuação em que os diretores tiveram<br />

de trabalhar, ainda assim<br />

grandes obras puderam ser realizadas.<br />

Ao mesmo tempo em que<br />

pareciam os primeiros filmes<br />

sonorizados, uma grande onda<br />

de produções procurou adaptarse<br />

a esse novo e revolucionário<br />

recurso de comunicação. Em um<br />

país onde quase 90% da população<br />

era analfabeta, o advento<br />

do cinema falado foi recebido<br />

como o verdadeiro e monumental<br />

progresso que realmente é, e<br />

imediatamente estimulado por<br />

toda a indústria. Sempre vanguardistas,<br />

sempre pioneiros Eisenstein,<br />

Pudovkin e Dovzhenko,<br />

entusiasmados, uniram-se em<br />

1928 e redigiram o famoso “Manifesto<br />

do Som” que teve repercussão<br />

internacional em sua época.<br />

Apenas no final de 1927, a<br />

Warner Brothers lançava o primeiro<br />

filme falado, O cantor de<br />

jazz, com Al Jolson no papel principal.<br />

A primeira obra relevante do<br />

cinema falado surgiu, porém,<br />

apenas em 1931. Era “O Caminho<br />

da Vida”, de Nicolai Ekk. O<br />

jovem diretor seguia já naturalmente<br />

os preceitos realistas nos<br />

novos tempos, de maneira que<br />

realizou esse filme sem dificuldades,<br />

com intenções sociais e<br />

didáticas extremamente leves e<br />

vivazes. O filme conta a história<br />

de alguns jovens delinqüentes<br />

que são recolhidos pela Comissão<br />

para a Infância do Comitê<br />

Central Executivo, que começa<br />

a se mobilizar para acabar com<br />

o problema dos jovens abandonados<br />

no País. Os garotos são<br />

inseridos dentro de uma comuna<br />

operária onde exercem trabalhos<br />

e procuram começar uma<br />

vida nova fora da criminalidade.<br />

As vezes, porém o passado ressurge,<br />

com um dos marginais<br />

que procura recuperar a influência<br />

sobre os garotos. O filme<br />

é um retrato da eficiência das<br />

novas políticas públicas colocadas<br />

nas mãos da população e<br />

como ela conseguia resolver de<br />

maneira efetiva seus problemas<br />

sociais. Usando o ‘realismo’<br />

como recurso, Ekk conseguiu<br />

explorá-lo no ele tinha de mais<br />

vigoroso e exuberante.<br />

A retomada do herói<br />

individual<br />

Durante todo o período do<br />

cinema mudo nos anos 20, a<br />

evocação dos momentos históricos<br />

recentes, como a Primeira<br />

Guerra e as revoluções, de 1905<br />

e 1917, eram realizados num<br />

espírito de síntese, com audaciosos<br />

experimentos formais. Na<br />

etapa realista dos anos 30 a coisa<br />

acontecia de maneira diversa.<br />

Em “Okraina”, de 1933, apesar<br />

da existência do personagem<br />

coletivo e do internacionalismo<br />

revolucionário, o diretor Boris<br />

Barnet, consegue dar um tratamento<br />

íntimo e repleto de anotações<br />

psicológicas para seu filme,<br />

que descreve o reflexo dos grandes<br />

acontecimentos da história<br />

russa em um afastado vilarejo<br />

nos confins do País.<br />

Um tratamento similar ocorre<br />

em diversos filmes históricos<br />

do período. Muitos deles conseguem<br />

fazer uma síntese eficiente<br />

entre o personagem coletivo<br />

e a utilização de um herói<br />

central, que seria o foco da expressividade<br />

do realismo socialista<br />

dos anos posteriores. As<br />

principais realizações dessa<br />

transição são filmes como<br />

“Tchapaiev”, de 1934, dos irmãos<br />

Vassiliev; “Os Marinheiros<br />

de Kronstadt”, de 1936, de<br />

E. Dzigan; e “Homem com o<br />

Fuzil”, de 1938, de S. Yutkevitch.<br />

Em todos esses filmes,<br />

chama a atenção o herói bolchevique<br />

que trabalha em conjunto<br />

com outros heróis ‘independentes’,<br />

geralmente operários, camponeses<br />

ou soldados comuns,<br />

que se unem em torno da luta<br />

por seus direitos políticos e acabam<br />

por descobrir a necessidade<br />

de uma rígida disciplina revolucionária.<br />

Este recurso, os filmes realistas<br />

utilizariam até a exaustão,<br />

terminando por substituir completamente<br />

a multidão revolucionária<br />

pelo personagem individualizado<br />

que encarnava não só<br />

o partido bolchevique como<br />

também a própria revolução.<br />

Entre os diversos filmes a utilizarem<br />

esse recurso dramático,<br />

a “Trilogia de Máximo”, dirigido<br />

em parceria por Grigori Kozintsev<br />

e Leonid Trauberg, é um<br />

dos mais bem sucedidos.<br />

Realizada entre 1935 e 1937<br />

a trilogia é composta pelos filmes<br />

“A Juventude de Máximo”,<br />

“A Volta de Máximo” e “O Bairro<br />

de Vyborg”, que narram o<br />

processo de tomada de uma<br />

consciência revolucionária por<br />

Máximo, um jovem de um longínquo<br />

vilarejo russo.<br />

Esta guinada do herói coletivo<br />

para o herói individual expressa<br />

o registro na consciência<br />

dos artistas do refluxo da<br />

classe operária, única verdadeira<br />

força revolucionária, substituída<br />

pela miragem e pela ilusão<br />

do papel dos grandes homens e<br />

grandes líderes.<br />

A era do “culto à<br />

personalidade”<br />

Um traço característico da<br />

era stalinista era o uso indiscriminado<br />

de imagens das lideranças<br />

da burocracia. Juntamente<br />

com isso, uma vez que todo clero<br />

necessita de um santo, vinha<br />

a canonização do grande Lênin,<br />

por sua autoridade incontestável<br />

como líder da revolução,<br />

como ponto culminante da cultura<br />

política e intelectual russa,<br />

figura incomoda da qual o stalinismo<br />

não conseguia se desfazer.<br />

Sua imagem foi incansavelmente<br />

explorada e associada à<br />

imagem de Stálin na tentativa do<br />

infame pigmeu de mostrar-se<br />

como legítimo sucessor do antigo<br />

líder bolchevique no poder.<br />

Essa operação foi acompanhada<br />

também por outra transformação<br />

no formato dos filmes.<br />

Os heróis, que antes eram encarnados<br />

por militantes do partido<br />

que se confundiam com<br />

operários comuns, nesta segunda<br />

etapa passam a ser representados<br />

pelas próprias lideranças<br />

bolcheviques, sobretudo Lênin<br />

e Stalin. Um número impressionante<br />

de filmes nesses moldes<br />

foram realizados em finais dos<br />

anos 30. Uma peculiaridade desses<br />

filmes era o fato de serem<br />

produzidos sempre segundo a<br />

historiografia oficial do momento,<br />

sendo modificados ao longo<br />

dos anos conforme a conveniência<br />

da burocracia. Desta maneira,<br />

foi completamente suprimida<br />

a participação de Trótski,<br />

figura de proa da revolução, sua<br />

imagem sendo substituída, freqüentemente,<br />

pela do próprio<br />

Stálin, de escasso protaganismo.<br />

Nesses moldes é relevante<br />

citar os filmes de M. Romm, o<br />

grande sucesso “Lênin em Outubro”,<br />

e o posterior “Lênin em<br />

1918”.<br />

Esta nova concepção dos heróis<br />

soviéticos teve sua expressão<br />

derradeira nas obras monumentais<br />

de Mark Donskoy e de<br />

Serguei Eisenstein.<br />

Donskoy é hoje lembrado<br />

principalmente pela realização de<br />

sua trilogia épica sobre a vida<br />

de um dos mais populares escritores<br />

da União Soviética:<br />

Máximo Gorki. Sua série de três<br />

filmes sobre a vida do escritor<br />

recebeu o título de “Trilogia de<br />

Gorki”, e foi concebida em apenas<br />

dois anos, entre 1937 e<br />

1938. A descrição da brutal e<br />

comovente vida do escritor foi<br />

dividida entre os filmes “A Infância<br />

de Gorki”, “Ganhando o<br />

meu Pão” e “Minhas Universidades”,<br />

todos baseados nos escritos<br />

auto-biográficos desse<br />

que foi o principal expoente da<br />

transição do realismo literário<br />

para a literatura do século XX<br />

na Rússia.<br />

A contra-revolução nas<br />

telas<br />

Com “Alexandre Nevsky”,<br />

Eisenstein iniciou-se também<br />

neste terreno particularmente<br />

novo para ele. Até então, o autor<br />

de “Outubro” só havia realizado<br />

filmes com personagens<br />

coletivos, propagandistas da revolução<br />

mundial. Fazia já quase<br />

uma década que o cineasta não<br />

conseguia concluir nenhum filme.<br />

Todos eles interditados por<br />

ordens expressas de Stálin, incluindo<br />

seu “Prado de Bejin”,<br />

sob alegação que este não se enquadrava<br />

nos preceitos do realismo<br />

socialista.<br />

Já “Alexandre Nevski”, encomendado<br />

por Stálin em pessoa,<br />

foi acompanhado de perto<br />

por agentes policiais stalinistas,<br />

destacados especialmente para<br />

supervisionar a produção do filme<br />

e evitar “deslizes desnecessários”.<br />

O filme seria utilizado como<br />

uma peça de propaganda antinazista,<br />

visando preparar os ânimos<br />

da população para a guerra<br />

que se armava sob a ameaça<br />

de Hitler.<br />

O filme foi concluído em<br />

1938. O lançamento, entretanto,<br />

demorou ainda cerca de três<br />

anos para acontecer. O motivo<br />

era a política de ziguezague da<br />

burocracia, que suspendeu seu<br />

lançamento ao ser firmado o<br />

pacto Hitler-Stalin que entregava<br />

a Polônia ao monstro nazista.<br />

Mudanças substanciais apareciam<br />

nessa película e correspondiam<br />

às radicais transformações<br />

ocorridas nos rumos da revolução<br />

e o correspondente<br />

amadurecimento da burocracia<br />

soviética.<br />

O filme é de uma impressionante<br />

beleza plástica, e teve a<br />

trilha sonora composta pelo<br />

grande compositor Serguei<br />

Prokofiev. Mas ao contrário do<br />

que se esperaria de um filme do<br />

realismo “proletário” e “socialista”,<br />

ao invés de terem idealizado<br />

uma película antinazista e<br />

proletária, os brilhantes consultores<br />

políticos de Stalin acabaram<br />

por realizar uma peça antialemã<br />

e rasteiramente nacionalista,<br />

de exaltação à Grande<br />

“Mãe” Rússia, ao pior estilo<br />

burguês-feudal. Além destes<br />

componentes, todo o filme é<br />

centrado na figura do “glorioso<br />

capitão” Alexandre Nevsky, herói<br />

nacional das Orígens do estado<br />

autocrático russo. Haveria<br />

personagens melhores a escolher...<br />

Por outro lado, a parte que<br />

dependeu do brilhantismo de Eisenstein<br />

não decepciona de maneira<br />

alguma, já que o diretor<br />

colocou em prática, com grande<br />

êxito, todas suas teorias sobre<br />

a articulação do som no cinema,<br />

em contraponto com a<br />

imagem.<br />

Seu último filme, encomendado<br />

pelo “camarada timoneiro”<br />

é também um brado de revolta.<br />

O grandioso épico “Ivan,<br />

O Terrível”, concebido para ter<br />

três partes.<br />

Após ser ovacionado com o<br />

lançamento da parte um do filme,<br />

o segundo acabou sendo<br />

retido pelos sensores stalinistas,<br />

que obrigaram o diretor a se retratar<br />

pessoalmente perante o<br />

partido. Nessa segunda parte de<br />

seu longa, Eisenstein pintava<br />

Ivan como um facínora, obcecado<br />

pelo poder, megalômano<br />

e paranóico, num paralelo óbvio<br />

com o líder soviético. Até<br />

certo ponto, uma injustiça com<br />

o obcecado Ivan.<br />

Mas a verdadeira cartada final<br />

da megalomania de Stalin ainda<br />

estava por se revelar. Antes<br />

do início da refilmagem da segunda<br />

parte de Ivan, Stalin comunicou<br />

a Eisenstein sua próxima<br />

encomenda oficial. A realização<br />

da epopéia definitiva,<br />

intitulada “Cáucaso, Moscou,<br />

Vitória”, que contaria os miraculosos<br />

feitos políticos do<br />

“grande pai” do povo russo, o<br />

próprio Joseph Stálin.<br />

Pouco tempo depois, antes<br />

de mesmo de retornar ao trabalho,<br />

Eisenstein teve um enfarte<br />

fulminante e morreu.<br />

Era já 1948, um dos períodos<br />

mais penosos de toda a existência<br />

do cinema soviético. Havia<br />

uma luta intensa contra o<br />

chamado “cosmopolitismo”.<br />

Um termo incerto que podia<br />

adquirir diferentes significados,<br />

mas que se referia a tudo o que<br />

a burocracia estatal pudesse<br />

definir como novas diretrizes<br />

para o cinema. Esses enfrentamentos<br />

criaram um clima de<br />

temor e perseguição que desorganizou<br />

por algum tempo toda<br />

a indústria, e só pode se restabelecer<br />

de fato, após a morte<br />

de Stalin, em 1953.

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