JCO 486.pmd - PCO
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SEMANÁRIO NACIONAL OPERÁRIO E SOCIALISTA<br />
CAUSA OPERÁRIA<br />
WWW.<strong>PCO</strong>.ORG.BR/CAUSAOPERARIA • FUNDADO EM JUNHO DE 1979 • ANO XXIX • Nº 486 • DE 15 A 21 DE JUNHO DE 2008 • R$ 3,00<br />
CAMELÔS, ESTUDANTES, PROFESSORES, TRABALHADORES SEM-TERRA<br />
AMPLIAR ESTAS LUTAS<br />
Os enfrentamentos entre os vendedores<br />
ambulantes, a Guarda Civil<br />
Municipal e a Polícia Militar no centro<br />
de São Paulo, na última semana,<br />
são expressão do avanço da crise<br />
econômica e um sinal da completa<br />
incapacidade dos governos municipal,<br />
estadual e federal de dar uma<br />
resposta à população trabalhadora e<br />
aos desempregados.<br />
Os camelôs protestaram na última<br />
sexta-feira contra a repressão<br />
policial que covardemente já assassinou<br />
alguns ambulantes e deixou<br />
diversos feridos.<br />
Há quase três décadas o remédio<br />
da burguesia para um desemprego<br />
que oficialmente atinge mais de dois<br />
milhões de pessoas na Grande S.<br />
Paulo tem sido o subemprego, em<br />
grande medida a atividade dos camelôs,<br />
e a repressão contra este tipo<br />
de atividade.<br />
Estes trabalhadores são perseguidos<br />
pelos criminosos de colarinho<br />
branco que ocupam a prefeitura com<br />
uma sanha e uma crueldade que é<br />
um retrato da baixeza da classe dominante<br />
brasileira.<br />
As Martas Suplicy, os Josés Serra,<br />
os Kassab, dão a centenas de milhares<br />
de famílias nenhuma opção de<br />
sustento ao proibir a atividade dos<br />
ambulantes.<br />
O apito da panela de pressão parece<br />
que está apitando depois de<br />
muita repressão e da ditadura imposta<br />
pela administração municipal sobre<br />
os camelôs. Leia a cobertura<br />
completa nas páginas 8 e 9.<br />
A repressão aos ambulantes vem se acumulando por anos a fio e a cada ano a prefeitura e os empresários procuram avançar na ofensiva contra aqueles que foram<br />
obrigados a trabalhar como camelôs e vender suas mercadorias nas ruas para sobreviver. Veja abaixo cenas do conflito da última sexta-feira no centro de S. Paulo.<br />
Estudantes foram reprimidos pela<br />
polícia na Unifesp na sexta-feira.<br />
SP: Professores têm que passar pela<br />
burocracia para vencer na greve.<br />
Rondônia e Norte do país: os semterra<br />
na luta contra o latifúndio.<br />
WWW.<strong>PCO</strong>.ORG.BR<br />
Assista no portal do <strong>PCO</strong><br />
na Internet cenas em<br />
vídeo, fotos e depoimentos<br />
exclusivos sobre o conflito<br />
entre policiais e camelôs<br />
no centro de S. Paulo<br />
DESDE 1996 - PÁG 12<br />
Inflação em<br />
maio é a maior<br />
em 12 anos<br />
EM LUTA - PÁG 7<br />
O que querem<br />
os sem-terra<br />
de Rondônia?<br />
UMA REVOLUÇÃO ARTÍSTICA EM 1917 - PARTE IV<br />
A Revolução Russa vista<br />
através das lentes do<br />
cinema soviético Página 20<br />
UM PROGRAMA PARA A AMAZÔNIA - PÁG 6<br />
Pela estatização do solo.<br />
Contra o monopólio do<br />
latifúndio estrangeiro e nacional<br />
10.000 SOB AMEAÇA NO MATO GROSSO DO SUL<br />
“Quase impossível indiciar as mulheres”<br />
Apesar de a delegada do caso<br />
reconhecer que “não tem como<br />
encontrar os fetos e, pela Justiça,<br />
sem corpo não há crime de homicídio”,<br />
25 mulheres já foram incriminadas<br />
por prática de aborto em<br />
Campo Grande e a Justiça promete<br />
incriminar outras milhares. Páginas<br />
14 e 15<br />
Leia também as declarações da<br />
tropa de choque da direita para<br />
atacar as mulheres.<br />
LEI DE EXCEÇÃO<br />
Lula aprova<br />
maior rigor na<br />
lei para reprimir<br />
trabalhadores<br />
Com o aprofundamento da crise<br />
mundial, a burguesia brasileira sentiu<br />
que a temperatura da situação<br />
política está subindo e se une para<br />
aprovar o aumento das medidas repressivas<br />
do estado para aprofundar<br />
a punição a todos aqueles que se levantarem<br />
contra o estado. Página 5<br />
Cartaz do filme "Tchapaiev", de 1934, dos irmãos Vassiliev, realizado no<br />
período do realismo socialista.<br />
BOLÍVIA<br />
Os "Barões<br />
do Oriente"<br />
e o trabalho<br />
escravo<br />
Latifundiários e produtores<br />
agropecuários têm o apoio da burguesia<br />
fascista e racista de Santa<br />
Cruz para manter o monopólio do<br />
petróleo, do gás, da água e o trabalho<br />
escravo. Página 18<br />
OS SENHORES DA GUERRA<br />
Quanto vale<br />
dominar o<br />
mundo?<br />
Com a desculpa do "combate<br />
ao terrorismo", o imperialismo<br />
aumenta seus investimentos militares<br />
à medida que a crise mundial<br />
se aprofunda e o regime capitalista<br />
aumenta sua capacidade<br />
de destruição e, com ela, as<br />
suas guerras. Página 19<br />
PLANO MILITAR<br />
Bush queria<br />
colonizar o<br />
Iraque<br />
Os EUA desejam transformar<br />
o Iraque numa colônia. Segundo<br />
a denúncia publicada pelo<br />
jornal britânico The Independent<br />
em sua edição eletrônica<br />
no dia 5 de junho, o governo de<br />
George W. Bush tem um plano<br />
secreto para o país. Página 19
15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA ATIVIDADES 2<br />
Em julho<br />
CURSO DE FORMAÇÃO TEÓRICA MARXISTA<br />
Karl Marx, vida e obra<br />
A AJR convida todos os interessados a participar do seu tradicional Acampamento<br />
de Férias em sua 22 a edição. Neste ano, em comemoração ao 190º aniversário de<br />
Karl Marx, criador e fundador do socialismo científico e do materialismo histórico,<br />
será ministrado o curso “Karl Marx, vida e obra”<br />
A Aliança da Juventude Revolucionária<br />
(AJR), juventude<br />
do Partido da Causa Operária,<br />
realizará em julho seu tradicional<br />
Acampamento de Férias,<br />
que neste inverno estará em sua<br />
XXII edição. O Acampamento<br />
de Férias da AJR acontecerá na<br />
cidade de Ibiúna, a 70 quilômetros<br />
de São Paulo, entre os dias<br />
19 e 27 de julho de 2008.<br />
Neste ano, em comemoração<br />
ao 190º aniversário de Karl<br />
Marx, criador e fundador do<br />
socialismo científico e do materialismo<br />
histórico, bem como<br />
dos 160 anos da publicação do<br />
Manifesto do Partido Comunista<br />
escrito em conjunto com<br />
Friedrich Engels, será ministrado<br />
o curso “Karl Marx, vida<br />
e obra”.<br />
Dando continuidade ao XXI<br />
Acampamento, que ocorreu<br />
em janeiro e no qual foi estudada<br />
a obra monumental de Karl<br />
Marx, O Capital, o curso de<br />
julho trará uma exposição detalhada<br />
da biografia e uma análise<br />
de sua obra. A abordagem<br />
do problema terá o ponto de vista<br />
do Marx como militante revolucionário,<br />
que produziu<br />
toda a sua obra teórica com o<br />
propósito de organizar a classe<br />
operária para a luta política<br />
contra a burguesia e lançar as<br />
bases para a superação da sociedade<br />
capitalista e a emancipação<br />
definitiva da humanidade<br />
para o socialismo. Nesse<br />
sentido, a abordagem do curso<br />
está longe de ser acadêmica.<br />
Será levantado o conteúdo revolucionário<br />
da doutrina socialista<br />
elaborada por ele.<br />
A obra monumental de Karl<br />
Marx é, no entanto, pouco estudada,<br />
em grande medida devido<br />
à oposição da sociedade<br />
dominante, burguesa, conservadora<br />
e contra-revolucionária.<br />
De um lado, tentam fazer com<br />
que caia no esquecimento. De<br />
outro, procuram fazer crer que<br />
seria uma teoria equivocada, ultrapassada.<br />
Esta falsificação<br />
não é demonstrada cientificamente,<br />
mas apenas repetida.<br />
A tentativa da classe dominante<br />
de colocar o marxismo<br />
no esquecimento vem da<br />
magnitude dessa doutrina científica<br />
como uma ferramenta<br />
fundamental e decisiva para<br />
todo movimento revolucionário<br />
dos explorados e oprimidos,<br />
da maioria da humanidade,<br />
para eliminar a situação de<br />
brutal opressão e exploração<br />
que o capitalismo mundial, o<br />
imperialismo, impôs ao mundo<br />
inteiro.<br />
O intuito do curso promovido<br />
pela Aliança da Juventude<br />
Revolucionária é compreender<br />
a obra de Marx de um ponto de<br />
vista real, ou seja, do ponto de<br />
vista da luta revolucionária. Karl<br />
Marx foi um gênio da teoria<br />
política, da filosofia, da ciência<br />
e da organização revolucionária<br />
da classe operária. Foi o fundador,<br />
juntamente<br />
com Engels,<br />
da Associação<br />
Internacional<br />
dos<br />
Trabalhadores,<br />
a I Internacional.<br />
Essa visão<br />
da vida e<br />
da obra de<br />
Marx como<br />
um grande<br />
militante revolucionário<br />
e socialista,<br />
intimamente<br />
ligado<br />
ao movimento<br />
operário,<br />
se<br />
contrapõe a<br />
uma visão<br />
acadêmica,<br />
que tem<br />
como objetivo<br />
distorcer<br />
suas descobertas.<br />
Essa compreensão<br />
é<br />
fundamental<br />
entre os trabalhadores, a juventude,<br />
as mulheres, os negros<br />
e todos os explorados que<br />
sofrem o peso da opressão capitalista.<br />
O curso visa a facilitar<br />
a leitura e o estudo do marxismo.<br />
O grande líder e arquiteto<br />
da Revolução Russa de 1917,<br />
V.I.Lênin, explicou que “sem<br />
teoria revolucionária, não<br />
pode haver movimento revolucionário”.<br />
Neste sentido, a<br />
compreensão da sociedade<br />
capitalista, cujas portas foram<br />
abertas de par em par pela<br />
obra de Karl Marx, é indispensável<br />
para qualquer verdadeira<br />
ação transformadora no<br />
mundo atual em todos os terrenos<br />
da vida social.<br />
Lazer e<br />
convivência<br />
socialista no XXII<br />
Acampamento da<br />
Aliança da<br />
Juventude<br />
Revolucionária<br />
Nos Acampamentos da<br />
AJR, que vêm sendo realizados<br />
O curso será apresentado pelo<br />
companheiro Rui Costa Pimenta<br />
A principal atividade do Acampamento da AJR consiste no curso de formação teórica marxista<br />
combinado com atividades de lazer e cultura em um ambiente diferente da sociedade burguesa.<br />
desde 1998, nesses mais de dez<br />
anos já foram ministrados temas<br />
como “Marxismo e anarquismo”,<br />
“A Revolução Russa<br />
de 1917”, “Vida e Obra de<br />
Leon Trotski” “Uma interpretação<br />
marxista da história do<br />
Brasil”, “A história das internacionais”,<br />
“Teoria e prática<br />
das frentes populares”, “Materialismo<br />
Histórico e Seus Inimigos<br />
Ideológicos”, profundamente<br />
discutidos pelas mais<br />
de 2000 pessoas que já participaram<br />
dos acampamentos.<br />
Ele reúne jovens de todo o<br />
País em uma atividade cujo<br />
centro é o estudo do marxismo,<br />
conjugado com a diversão<br />
e o lazer em locais privilegiados<br />
pela sua beleza natural e o<br />
clima agradável de matas,<br />
montanhas, cachoeiras, praias,<br />
rios, ou seja, lugares propícios<br />
ao descanso, ao entretenimento,<br />
à convivência coletiva<br />
e ao livre debate de idéias<br />
em torno a uma concepção<br />
de mundo que é o marxismo.<br />
O acampamento combina o<br />
lazer com o estudo profundo<br />
do marxismo para proporcionar<br />
à juventude e a todos os interessados<br />
uma oportunidade<br />
de convivência completamente<br />
alternativa às habituais formas<br />
que se pode encontrar nas<br />
instituições tradicionais da sociedade<br />
burguesa, num ambiente<br />
de companheirismo e trabalho<br />
coletivo. A preparação<br />
das refeições e todo o trabalho<br />
FORMAÇÃO MARXISTA<br />
Ouça o curso sobre “O Capital”<br />
de Karl Marx na Internet<br />
O curso de formação teórica<br />
marxista promovido pelo<br />
Partido da Causa Operária e<br />
pela Aliança da Juventude Revolucionária<br />
na 21ª edição de<br />
seu Acampamento de Férias em<br />
janeiro, já está disponível para<br />
ser ouvido na Internet.<br />
A atividade, sem igual em<br />
toda esquerda brasileira e, mesmo,<br />
internacional, compreende<br />
um estudo aprofundado da<br />
de arrumação e limpeza são<br />
feitos pelos próprios participantes<br />
em um regime de revezamento<br />
de trabalho com a<br />
participação de todos.<br />
Para a realização da atividade,<br />
a AJR disponibilizou um<br />
agradável hotel fazenda no interior<br />
de São Paulo, na cidade<br />
de Ibiúna, com local para<br />
camping, com piscina, lago<br />
para pesca, salão de jogos,<br />
ampla área verde e outras facilidades.<br />
Durante as duas semanas de<br />
atividades serão realizados,<br />
além do curso, palestras sobre<br />
temas culturais diversos, apresentações<br />
artísticas, jogos,<br />
apresentação de filmes e campeonatos<br />
esportivos. Tudo<br />
isso é realizado a um preço extremamente<br />
acessível e inclui,<br />
além da estadia, do curso e do<br />
lazer, três fartas refeições diárias<br />
de excelente qualidade.<br />
As exposições serão aulas<br />
onde as principais dúvidas<br />
apresentadas serão esclarecidas.<br />
Entre uma exposição e<br />
outra serão formados grupos<br />
de discussão para um esclarecimento<br />
mais minucioso das<br />
dúvidas.<br />
A participação é aberta a todos<br />
os interessados.<br />
Se você estiver interessado<br />
em participar desta grande atividade<br />
de formação e lazer,<br />
entre em contato com os organizadores<br />
para obter informações<br />
sobre todos os aspectos<br />
do curso, da estadia e o custo:<br />
Por telefone - (11) 5584-9023,<br />
Por e-mail – ajr@pco.org.br,<br />
Por carta – Rua Miguel Stéfano,<br />
nº 349, bairro Saúde, São<br />
Paulo, Capital, CEP 04301-<br />
010. Para ver informações e<br />
fotos dos cursos anteriores,<br />
bem como detalhes desta atividade<br />
e textos teóricos, acesse<br />
a página do Acampamento<br />
da AJR na Internet –<br />
www.pco.org.br/acampamento.<br />
obra de Karl Marx, O Capital,<br />
detendo-se sobre questões fundamentais<br />
do marxismo, do<br />
método do materialismo histórico<br />
para a compreensão da realidade<br />
econômica e social do<br />
capitalismo.<br />
A exposição realizada pelo<br />
companheiro Rui Costa Pimenta<br />
foi toda gravada em áudio e<br />
vídeo e o conteúdo das aulas,<br />
bem como a discussão levantada<br />
pelos participantes, foram<br />
publicados na Internet ao longo<br />
do curso para permitir que<br />
um maior número de pessoas<br />
possa ter acesso a esta discussão<br />
de fundamental importância<br />
para a compreensão científica<br />
da sociedade do marxismo.<br />
Visite o portal do <strong>PCO</strong> na<br />
Internet e ouça o curso na íntegra:<br />
www.pco.org.br<br />
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jornal CAUSA OPERÁRIA<br />
CAMPANHA DE ASSINATURAS 2008<br />
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(20% de desconto à vista)<br />
ou 3 x R$ 50,00<br />
Escreva para o Causa Operária<br />
O Causa Operária está baseado em um claro programa político e no<br />
marxismo e, por este motivo, esforça-se para ser uma tribuna das necessidades<br />
e dos anseios das massas exploradas de trabalhadores da cidade<br />
e do campo, dos negros, das mulheres e da juventude oprimida. Neste sentido,<br />
as páginas do nosso jornal estão abertas para que qualquer trabalhador<br />
faça dele um veículo das suas denúncias contra a exploração e opressão<br />
de qualquer setor da sociedade. Convidamos, ainda, nossos leitores<br />
a fazer desta página um espaço para discussão das idéias relacionadas a<br />
esta luta que julguem importante.<br />
CAUSA OPERÁRIA<br />
Fundado em junho de 1979<br />
Semanário de circulação nacional<br />
Ano XXIX - nº 486 - R$3,00<br />
de 15 a 21 de junho de 2008<br />
Editor - Rui Costa Pimenta - Tiragem - seis mil exemplares - Redação - Av. Miguel<br />
Stéfano nº 349, Saúde, São Paulo, Capital, CEP 040301-010 - Telefone (11) 5589-<br />
6023 - Sede Nacional - São Paulo - Av Miguel Stéfano, nº 349, Saúde, São Paulo,<br />
Capital, CEP 04301-010, Fone (11) 5584-9322 - Correspondência - Todas as<br />
cartas, pedidos de assinaturas ou de informações sobra as publicações Causa<br />
Operária devem ser enviadas para a redação ou para o endereço eletrônico -<br />
pco@pco.org.br, página na internet - www.pco.org.br/causaoperaria
15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA 3<br />
Editorial<br />
Trabalhadores e a população pobre:<br />
alvo número um da inflação<br />
Apopulação brasileira está voltando, e não lentamente,<br />
aos velhos tempos em que a simples menção da palavra<br />
inflação gerava insegurança e via a cada dia diminuir<br />
o dinheiro no bolso. Na verdade, a falta de dinheiro<br />
nunca foi sanada, mas a situação econômica do Brasil nunca foi<br />
tão instável em pelo menos 15 anos.<br />
Todo mês, toda semana (e em breve todo o dia), as pesquisas<br />
sobre a inflação aparecem com novos resultados maiores, novos<br />
aumentos.<br />
A cesta básica aumentou, só no último ano, mais de 30%.<br />
Produtos de consumo de primeira necessidade como arroz, feijão,<br />
pãozinho, leite entre outros estão apresentando altas entre 30%,<br />
40% e até 100% como é o caso do feijão.<br />
A inflação está tendo aumento médio mensal de 1% e já ultrapassou<br />
a meta anual do governo Lula de 4,5%. Atualmente está<br />
acima dos 5%.<br />
A inflação já é uma realidade, em maio atingiu 1,23% de aumento,<br />
os alimentos tiveram alta maior, acima de 3%. Neste quadro os<br />
trabalhadores e a população pobre são os mais atingidos. Segundo<br />
Participe das campanhas realizadas pelo <strong>PCO</strong><br />
OPartido da Causa Operária, em conjunto com sua orga<br />
nização de juventude, a Aliança da Juventude Revolucionária<br />
(AJR) e o Coletivo de Mulheres Rosa Luxemburgo,<br />
está colocando nas ruas, em seus jornais impressos e na Internet,<br />
além de panfletos e debates, denúncias contra os ataques<br />
sofridos pelos trabalhadores e toda a população oprimida. Para isso,<br />
várias campanhas estão sendo feitas de acordo com as necessidades<br />
mais urgentes da população, as demissões, a denúncia dos<br />
assassinatos no campo e da opressão contra as mulheres.<br />
É por isso que o <strong>PCO</strong> vem tomando à frente a defesa dos camponeses<br />
sem-terra de Rondônia, massacrados pelos latifundiários<br />
da região. As organizações independentes dos trabalhadores, por<br />
meio de suas publicações e sua militância, devem denunciar com<br />
todas as forças os ataques da burguesia contra a população pobre.<br />
É nesse sentido que estão as calúnias feitas pela revista Istoé, que<br />
publicou e vem publicando matérias mentirosas sobre os camponeses<br />
pobres de Rondônia, dirigidos pela Liga dos Camponeses<br />
Pobres.<br />
Tudo isso se agrava, pois nem mesmo os demagogos que fazem<br />
parte da frente popular, tanto no governo como o PT e o<br />
PCdoB, quanto os que fazem parte da Frente de Esquerda - Psol,<br />
PSTU e PCB - não moveram palha, sequer para denunciar o<br />
massacre que está acontecendo. Isso, porque, como partidos<br />
burgueses, estão correndo atrás de um cargo público, e escondem<br />
esse real interesse atrás de um discurso esquerdista. Pior ainda,<br />
essa mesma esquerda se vangloria por participar, por exemplo, de<br />
um ato de 1º de maio em conjunto com a direitista Igreja Católica,<br />
diga-se de passagem uma das cabeças de todos os ataques, e<br />
criticam a iniciativa do <strong>PCO</strong> por levar adiante sua campanha.<br />
A mesma coisa podemos afirmar em relação à campanha que<br />
está sendo chamada para defender as dez mil mulheres processadas<br />
no Mato Grosso do Sul. De maneira completamente absurda<br />
o ministério público, cedendo ao lobby da Igreja Católica e de seus<br />
parlamentares, não precisou nem mesmo de flagrante para processar<br />
uma lista de pacientes de uma clínica de aborto. É nitidamente<br />
uma tentativa de aumentar a repressão contra as mulheres<br />
em todo o País.<br />
Mais uma vez, no entanto, a "esquerda" finge que não vê. Mas<br />
dessa vez são pegos com a boca na botija. A explicação para um<br />
Governo, milícias, torturas... repressão organizada contra o povo<br />
Ocaráter da repressão instaurada no Rio de Janeiro contra<br />
a população pobre dos morros e favelas recebeu contornos<br />
mais definidos após a denúncia feita sobre a tortura<br />
de três jornalistas e um morador da favela por policiais de uma<br />
milícia que controla a região.<br />
O fato, apesar de ter tido pouca repercussão na imprensa burguesa,<br />
pois atacar o aparato repressivo do Estado não é a intenção<br />
dos “penas de aluguel” da burguesia, é de suma relevância, pois<br />
expõe de maneira bastante esclarecedora como está se formando<br />
nas favelas do Rio de Janeiro uma estrutura repressiva de grandes<br />
proporções. Os relatos feitos pelos jornalistas das sessões de<br />
tortura, do espancamento, choques elétricos etc., denuncia esta<br />
como uma repressão tipicamente fascista. Sob a alegação ultrafarsante<br />
de combate ao crime nas favelas, pois alegam que as milícias<br />
seriam os defensores do povo, contra os traficantes, na verdade<br />
estão reeditando os piores anos da época da ditadura militar no<br />
Brasil e na América Latina. Ou seja, quando pessoas eram seqüestradas,<br />
sem motivo aparente, pelos agentes da repressão, levadas<br />
para locais ermos, sendo submetidas a sessões de tortura física e<br />
psicológica sem ao menos serem acusadas formalmente de algum<br />
crime cometido; um estado sem direito algum, controlado por uma<br />
Charge da semana<br />
pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), baseada no Índice<br />
de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1), índice específico<br />
para a população pobre com renda de 1 a 2,5 salários mínimos, a<br />
inflação é maior que para a população com renda maior.<br />
A inflação em maio foi acima da média para a população de baixa<br />
renda, registrou aumento de 1,38%. Deste percentual, mais de<br />
50% é influência direta do aumento dos preços dos alimentos.<br />
Enquanto o governo Lula e seus capachos pró-imperialistas,<br />
Henrique Meirelles, presidente do Banco Central e representante<br />
dos banqueiros internacionais e Guido Mantega, ministro da Fazenda,<br />
tentam apresentar a imagem de um País que não condiz com<br />
a realidade, a classe operária e a população trabalhadora sofrem<br />
de perto os efeitos da inflação. De um lado o governo pinta o Brasil<br />
como se fosse a oitava maravilha do planeta, com desenvolvimento<br />
econômico, crescimento industrial, aumento do emprego, diminuição<br />
da pobreza etc. E de outro os trabalhadores vivem o oposto;<br />
a carga tributária de 40% de impostos, salário mínimo de fome,<br />
arrocho salarial, perdas dos direitos trabalhistas são apenas alguns<br />
dos males que afetam a população brasileira.<br />
silêncio tão contundente salta aos olhos: a musa da Frente de<br />
Esquerda, Heloísa Helena, tem em sua ficha a defesa intransigente<br />
da...punição para as mulheres que fizerem aborto. Isso sem contar<br />
a participação em marchas contra o aborto junto com elementos<br />
dos mais direitistas da política nacionais - políticos do DEM,<br />
PP e PSDB - e os projetos de lei, como por exemplo, o que proíbe<br />
o uso da pílula do dia seguinte feito e aprovado por um vereador<br />
do Psol na cidade paulista de Jundiaí.<br />
Todos esses ataques à população pobre faz parte de uma ofensiva<br />
geral da direita, na tentativa de barrar a tendência de ascenso<br />
do movimento de massas na cidade e no campo. A crise que atravessa<br />
a burguesia brasileira, com o total desgaste do regime político,<br />
bem como dos partidos burgueses, faz uma parcela mais<br />
reacionária da burguesia tomar medidas para conter o movimento<br />
operário; faz isso atacando as mulheres, seu setor mais oprimido.<br />
Por fim, ataca diretamente uma parcela mais avançada politicamente<br />
da classe operária, como vemos em vários lugares, mas que<br />
ganha expressividade na categoria dos Correios. Vários companheiros<br />
da corrente nacional de oposição Ecetistas em Luta do <strong>PCO</strong><br />
são perseguidos pela empresa por defender de maneira intransigente<br />
os trabalhadores e denunciar os acordos traidores da burocracia<br />
sindical - PT, PCdoB, PSTU e Psol - que domina a federação e a<br />
maioria dos sindicatos. O companheiro Edson Dorta trabalhador<br />
dos Correios de Campinas foi demitido em 2006 mesmo tendo<br />
comprovado graves problemas de saúde, causados por um acidente<br />
de trabalho. Sua demissão contou com o apoio de toda a burocracia<br />
sindical, que não fazem absolutamente nada pela reintegração<br />
do companheiro.<br />
Somente esse ano foram mais de 200 demitidos, a maioria trabalhadores<br />
que tinham problemas de saúde. Essa política irresponsável<br />
causou a morte de Dalton Lopes Pontes na semana passada,<br />
ele sofria de sérios problemas de saúde e foi demitido depois de<br />
22 anos de correios. Dalton se matou após saber de sua demissão.<br />
Diante desses ataques da direita os trabalhadores devem se<br />
mobilizar para derrotar qualquer política conservadora contra a<br />
população. Há uma tendência da população sair à luta, por isso, cabe<br />
aos militantes sérios e honestos organizar, a partir dessas campanhas,<br />
a classe trabalhadora para a etapa revolucionária que se<br />
aproxima.<br />
horda de extrema-direita.<br />
Ao invés de um fantasioso antagonismo entre as milícias e o<br />
tráfico de drogas há a mais estreita ligação entre estas milícias,<br />
formadas de policiais fardados ou à paisana e os traficantes em<br />
comum acordo na divisão dos lucros e dividendos do tráfico.<br />
O que acontece no Rio de Janeiro é de total conhecimento e<br />
conivência da prefeitura, do governo estadual e federal. É tão<br />
diretamente ligado ao Estado que as milícias contam não só com<br />
policiais, bombeiros, agentes de segurança etc., mas também com<br />
o financiamento de parlamentares. É o patrocínio direto do Estado<br />
às milícias paramilitares fascistas que estão transformando as<br />
favelas do Rio de Janeiro em um território da extrema direita semelhante<br />
à Bolívia e à Colômbia.<br />
A participação do governo Lula e dos governos locais na empreitada<br />
fascista no Rio de Janeiro, e que já existe em menor escala<br />
em outros estados do Brasil, tem como objetivo final aumentar a<br />
repressão no País contra o movimento operário, os movimentos<br />
sociais, os sem-terra, os índios, os estudantes que estão se mobilizando<br />
nas universidades, as mulheres e todos aqueles que<br />
começam a se mobilizar contra o regime repressor e de brutal<br />
exploração imposto pela burguesia.<br />
Uma curiosa campanha<br />
RUI COSTA PIMENTA<br />
Em 1985, os trabalhadores de inúmeras categorias, em<br />
particular os metalúrgicos do ABC saíram em greve pela<br />
redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais.<br />
Recentemente o sindicalismo pelego das chamadas centrais<br />
sindicais, CUT, Força Sindical. UGT e CTB, incluindo as organizações<br />
sindicais menores, ditas da esquerda, como Conlutas<br />
e Intersindical, lançaram uma nova campanha “pela redução da<br />
jornada de trabalho”.<br />
A enorme diferença na situação do movimento operário daquele<br />
momento e o de agora pode ser vista claramente na comparação<br />
das duas campanhas.<br />
A primeira, apesar das limitações enormes impostas pela sua<br />
direção, que não buscou nunca generalizar o movimento, que<br />
foi empurrado por ele, mais que buscou organizá-lo e estimulálo,<br />
foi uma verdadeira luta operária. Esta segunda não é.<br />
A campanha atual pode ser compreendida em suas características<br />
fundamentais. Em primeiro lugar, pelo fato de que não<br />
tem uma reivindicação clara dirigida aos trabalhadores, mas<br />
propõe genericamente “a redução da jornada de trabalho”. Em<br />
quantas horas será esta redução, em que forma será feita, com<br />
ou sem a redução salarial e outras questões fundamentais, nada<br />
é dito, ao menos na propaganda da campanha. Os trabalhadores<br />
são convidados a ler um projeto lei para saber do que se trata.<br />
O projeto não é explicado e seu conteúdo não é apresentado, de<br />
maneira simples, para que todo trabalhador entenda e apóie a reivindicação.<br />
Já este fato serviria para provar que as centrais não pretendem<br />
realizar nenhuma luta operária, pois é absolutamente evidente<br />
que não querem mobilizar a classe operária pela reivindicação,<br />
seja ela qual for. Não querem – e isto também é óbvio<br />
– que a reivindicação seja tomada pelos trabalhadores e se torne<br />
um fator político e econômico na vida do País.<br />
Outro aspecto significativo é o método de “luta” escolhido<br />
para a campanha. Não propõem greves e lutas reais, ou seja, não<br />
propõem colocar em movimento a força das massas da classe<br />
operária. Propõem aos trabalhadores assinar um abaixo-assinado<br />
pedindo ao Congresso Nacional que aprove a lei.<br />
A preocupação central é fazer do Congresso Nacional o árbitro<br />
absoluto e tudo o que os operários têm que fazer é torcer<br />
para que ele seja bom e generoso com a sua reivindicação, e<br />
aguardar pacientemente.<br />
No dia 28 de maio, todas estas organizações, unidas, participaram<br />
de um “dia nacional de luta” pela redução da jornada.<br />
Neste dia de luta, também, não foi chamada à ação a classe<br />
operária. Saíram à rua, em muito pequeno número, a ponto de<br />
que passou despercebida pela maioria das pessoas, os aparelhos<br />
dos sindicatos, os diretores, nem de longe todos, funcionários,<br />
delegados sindicais e outras pessoas cuja vida depende dos<br />
sindicatos. Os poucos que fizeram alguma “manifestação” não<br />
eram operários, mas burocratas sindicais e a sua tradicional<br />
clientela sindical. Não porque a classe trabalhadora não se animasse<br />
a defender a misteriosa reivindicação, mas porque não<br />
foi, efetivamente, convidada para a festa.<br />
Uma conclusão salta aos olhos imediatamente. A mobilização<br />
não se destina a mobilizar os trabalhadores, mas a organizar<br />
a campanha eleitoral dos partidos que se escondem vergonhosamente<br />
detrás das siglas destas “centrais” sindicais. É pura<br />
demagogia com os trabalhadores, assim como foi pura demagogia<br />
o famoso plebiscito da Vale do Rio Doce feito por estes<br />
mesmos atores.<br />
No interior da classe operária é preciso abrir uma discussão<br />
clara a respeito do seguinte problema: tais “lutas” devem ser<br />
apoiadas ou devem ser denunciadas como uma farsa e uma fraude<br />
contra os trabalhadores?<br />
A resposta é clara. Esta “campanha” em nada contribui para<br />
mobilizar a classe operária, retirá-la da paralisia em que se encontra<br />
e elevar a sua consciência. Na realidade, é um obstáculo<br />
ao avanço de qualquer luta, na medida em que cerra fileiras dos<br />
aparelhos sindicais em torno de uma campanha de puro oportunismo<br />
eleitoral burguês e de diversionismo da luta. A “campanha”<br />
tem ainda a qualidade negativa de atrelar os poucos setores<br />
organizados que não pertencem diretamente á burocracia à<br />
política burguesa desta.<br />
Está na hora de abrir um amplo debate sobre estas questões<br />
no interior da classe operária e organizar uma verdadeira campanha<br />
de luta para mobilizar e organizar os trabalhadores com<br />
independência do Congresso e da burocracia.<br />
Só a força das massas operárias e da sua organização pode<br />
conquistar não apenas a redução da jornada, que deve ser para<br />
35 horas semanais, sem redução de salário, mas qualquer outra<br />
reivindicação que não seja pura demagogia.<br />
Como eles disseram...<br />
“Nossos inimigos de classe têm o costume de queixar-se de<br />
nosso terrorismo. Eles gostariam de por o rótulo de<br />
terrorismo a todas as ações do proletariado dirigidas contra<br />
os interesses do inimigo de classe. Para eles, o método<br />
principal de terrorismo é a greve. A ameaça de uma greve, a<br />
organização de piquetes de greve, o boicote econômico a um<br />
patrão super explorador, o boicote moral a um traidor de<br />
nossas próprias filas: tudo isso e muito mais é qualificado de<br />
terrorismo. Se por terrorismo se entende qualquer coisa que<br />
atemorize o prejudique o inimigo, então a luta de classes não<br />
é outra coisa senão terrorismo. E o único que resta<br />
considerar é se os políticos burgueses têm o direito de<br />
proclamar sua indignação moral acerca do terrorismo<br />
proletário, quando todo seu aparato estatal, com suas leis,<br />
polícia e exército não é senão um instrumento do terror<br />
capitalista”.<br />
Leon Trótski<br />
Por que os marxistas se opõem ao terrorismo individual<br />
Datas<br />
16 de junho de 1723<br />
285 anos do nascimento do filósofo do liberal Adam Smith<br />
17 de junho de 1953<br />
55 anos do levante dos operários na Alemanha Oriental<br />
20 de junho de 1923<br />
85 anos da morte de Pancho villa, revolucionário mexicano<br />
Frases da semana<br />
"A atitude do Ministério Público é fascista"<br />
Declaração de advogados conselheiros da OAB-MS<br />
sobre a punição das 25 mulheres que realizaram<br />
aborto no Mato Grosso do Sul
15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA POLÍTICA 4<br />
ANÁLISE POLÍTICA SEMANAL<br />
“O problema é a inflação”<br />
A alta do petróleo e dos preços dos alimentos<br />
preocupa os especuladores das bolsas e coloca a<br />
burguesia mundial em estado de alerta: os anos de<br />
relativa estabilidade com inflação baixa acabaram e<br />
está por vir um novo período de hiperinflação<br />
combinado com as tendências à recessão da<br />
economia norte-americana<br />
As declarações dos analistas<br />
da imprensa burguesa especializada<br />
em economia indicam<br />
que a capacidade dos bancos<br />
centrais de conter a inflação e<br />
permitir que a economia se desenvolva<br />
com a liberação de<br />
crédito acessível ao mercado<br />
parece ter se esgotado.<br />
A onda inflacionária desencadeada<br />
pelo aumento dos preços<br />
dos alimentos e pela disparada do<br />
preço do barril de petróleo – que<br />
já chegou a mais de 130 dólares<br />
e caminha em tendência de alta<br />
contínua – levantou a preocupação<br />
entre os investidores e especuladores<br />
das bolsas de valores<br />
dos principais países do mundo.<br />
Muitos analistas já vêem o barril<br />
de petróleo a 200 dólares contra<br />
os dois dólares da década de 70!<br />
Para compreender a situação<br />
atual e permitir estabelecer as<br />
linhas que podem conduzir seu<br />
desenvolvimento daqui para<br />
frente é necessário fazer uma<br />
retrospectiva e estabelecer um<br />
ponto de partida para a crise.<br />
Como a crise se<br />
desenvolveu até<br />
agora<br />
O mecanismo complexo que<br />
vem conduzindo o desenvolvimento<br />
desta crise até aqui tem<br />
como base a escassez das reservas<br />
de petróleo da principal economia<br />
do mundo, os EUA. A<br />
incapacidade de atender à demanda<br />
futura, detectada em fins<br />
da década de 90 e início da década<br />
atual, levou à invasão do<br />
Iraque em 2003 com o objetivo<br />
explícito de controlar as reservas<br />
do país, um dos mais ricos em<br />
petróleo no mundo.<br />
A tentativa de controlar militarmente<br />
o país e, com isso,<br />
exercer uma pressão sobre os<br />
demais países do Oriente Médio<br />
e procurar desequilibrar a balança<br />
em favor da sustentação da<br />
economia norte-americana se<br />
provou um fracasso. Cinco anos<br />
depois da invasão, o governo<br />
norte-americano se encontra às<br />
voltas com verdadeiro impasse,<br />
que vem se arrastando desde<br />
poucos meses após o início da<br />
invasão.<br />
As incertezas geradas pela<br />
incapacidade de dominar o Iraque<br />
enfraqueceram as expectativas<br />
do mercado de que o imperialismo<br />
norte-americano tenha<br />
a capacidade de suprir a demanda<br />
por petróleo. Esta desconfiança<br />
– fundamentada, diga-se de<br />
passagem, no fracasso militar e<br />
no verdadeiro atoleiro em que se<br />
transformou o Iraque – é reforçada<br />
ainda pelas tendências convulsivas<br />
no desenvolvimento e<br />
expansão da crise para os demais<br />
países do Oriente Médio e de<br />
regiões próximas como o Sul da<br />
Ásia. Entre a invasão do Afeganistão<br />
e do Iraque e os dias atuais<br />
já se passaram inúmeros protestos<br />
em praticamente todos os<br />
países que formam um corredor<br />
de Israel no Mar Mediterrâneo à<br />
China, no extremo oriente. A<br />
expectativa de que os EUA consigam<br />
manter os compromissos<br />
no mercado de futuros diminui<br />
mais rapidamente do que a produção<br />
de combustível e de outros<br />
bens possa provar o contrário.<br />
Se o imperialismo norteamericano<br />
não teve capacidade<br />
de controlar um único país para<br />
conseguir dominar sua produção<br />
de petróleo, o que se pode esperar<br />
da tentativa de impor esta<br />
dominação a muitos outros, cada<br />
um com suas próprias contradições<br />
e quase um terço da população<br />
mundial?<br />
A insegurança em torno ao<br />
petróleo impulsionou a política de<br />
incentivos fiscais e empréstimos<br />
para que os latifundiários e empresas<br />
rurais passem a plantar<br />
cana-de-açúcar e soja para produzir<br />
o chamado “biocombustível”,<br />
isto é, álcool etanol e derivados<br />
da soja conduzida pelo<br />
governo Lula.<br />
A corrida em todo o mundo,<br />
e em primeiro lugar nos EUA, pela<br />
substituição da colheita de alimentos<br />
pelo plantio de grãos<br />
destinados à fabricação de combustível<br />
– no caso norte-americano,<br />
o etanol extraído do milho<br />
– promoveu uma inevitável escassez<br />
de outros produtos destinados<br />
ao consumo interno ou<br />
à exportação. Os EUA, o maior<br />
exportador de alimentos do<br />
mundo, tem um papel fundamental<br />
na escassez mundial. Sobre<br />
estas bases econômicas reais, a<br />
crise evolui nos mercados financeiros<br />
e se espalha, com ainda<br />
mais rapidez.<br />
Por que o<br />
imperialismo teme<br />
a inflação?<br />
Uma análise otimista feita pelo<br />
Wall Street Journal, ligado ao<br />
grupo de Rupert Murdoch, dono,<br />
entre outras coisas, da rede de<br />
televisão a cabo FOX, revela, por<br />
um lado, o avanço da crise e a<br />
situação indefesa da economia<br />
mais poderosa do mundo e, por<br />
outro, uma tentativa de distrair a<br />
audiência com a insólita colocação<br />
de que a “estagflação” pode<br />
ajudar a combater a inflação.<br />
A inflação norte-americana<br />
está atingindo alta de 4,2% em<br />
relação ao ano passado, refletindo<br />
a alta dos preços de combustíveis,<br />
alimentos e transportes.<br />
Os preços dos combustíveis e<br />
energia em geral subiram 17,4%<br />
em maio. Um ano antes, alimentos<br />
e outros preços subiram<br />
apenas 5% enquanto que o custo<br />
do transporte subiu 8,1%,<br />
refletindo parcialmente o acréscimo<br />
sobre os preços das passagens<br />
aéreas.<br />
Os economistas burgueses,<br />
como os do banco Wachovia<br />
Corp., citado pelo Wall Street<br />
Journal, apostam em que a inflação<br />
seja contida pelo fato de que<br />
salários e o custo de vida não<br />
estão colocados. “É menos provável<br />
que a inflação se torne o<br />
grande problema e que as pessoas<br />
venham a temê-la, porque os<br />
aumentos de preços e salários não<br />
estão colocados de maneira<br />
ampla. Isto será mais um peso<br />
sobre os consumidores e os<br />
negócios”.<br />
A imprensa econômica da<br />
burguesia imperialista atentou<br />
para o fato de que o descontentamento<br />
entre os consumidores<br />
tem crescido juntamente com o<br />
aumento de preços dos combustíveis<br />
e sua confiança caído na<br />
medida em que são obrigados a<br />
“gastar mais dinheiro em coisas<br />
que precisam do que em coisas<br />
que querem comprar”.<br />
A diminuição do consumo<br />
alimenta outro fenômeno econômico<br />
em marcha, o da estagnação<br />
econômica, da recessão.<br />
Os especuladores apostam<br />
com 75% de certeza que o Federal<br />
Reserve será obrigado a<br />
aumentar a taxa básica de juros<br />
norte-americana de 2% para<br />
2,25% na sua reunião em agosto.<br />
A onda inflacionária desencadeada<br />
internacionalmente já atinge<br />
praticamente todos os países<br />
do BRIC, o bloco dos países que<br />
o imperialismo chama “emergentes”,<br />
mas que têm o seu desenvolvimento<br />
bloqueado justamente<br />
pela existência do imperialismo.<br />
Na Índia, os índices chegaram<br />
a 8,75%, a mais alta inflação<br />
nos últimos sete anos. A estimativa<br />
dos economistas internacionais<br />
é de que o país ultrapasse<br />
os 10% de inflação em questão<br />
de semanas.<br />
A inflação chinesa, por sua<br />
vez, chega a mais de 8% enquanto<br />
as bolsas de valores vêm trabalhando<br />
em baixa de 7,7%.<br />
As bolsas norte-americanas –<br />
o centro da crise no mercado<br />
financeiro – estimam ganhos<br />
bastante limitados e atribuem à<br />
inflação a dificuldade de expansão<br />
destes dividendos.<br />
“A pesar dos ganhos, o tom<br />
em Wall Street escureceu nas<br />
últimas semanas, enquanto investidores<br />
lidavam com as más<br />
notícias das finanças e viam à<br />
frente a inflação crescendo, os<br />
fracos gastos dos consumidores<br />
e um período prolongado de rendimentos<br />
deprimidos. O índice<br />
Standard & Poor’s 500 retraiu<br />
0,1 pontos percentuais na última<br />
semana e 2,9% sobre os últimos<br />
trinta dias. A volatilidade disparou<br />
também.<br />
“Liz Ann Sonders, estrategista-chefe<br />
de investimentos na<br />
Charles Schwab, afirmou: ‘a<br />
disputa recente no mercado dá a<br />
falsa sensação de esperança aos<br />
investidores que possam ter<br />
pensado que o pior da crise de<br />
“A pesar dos ganhos, o tom em Wall Street escureceu nas últimas semanas, enquanto<br />
investidores lidavam com as más notícias das finanças e viam à frente a inflação crescendo,<br />
os fracos gastos dos consumidores e um período prolongado de rendimentos deprimidos”.<br />
crédito já passou” (Financial<br />
Times, 14/6/2008).<br />
Economia “real” e<br />
mercado financeiro<br />
Se, por um lado, a escassez<br />
dos combustíveis faz a inflação<br />
disparar, aumentando os preços<br />
dos combustíveis – e com estes,<br />
praticamente todos os custos na<br />
sociedade – a economia se vê<br />
atravancada por uma crise nos<br />
sistemas de crédito, uma crise financeira<br />
generalizada cujo epicentro<br />
está localizado nos EUA.<br />
No entanto, entre o Cila da<br />
recessão e o Caribdis da inflação,<br />
como demonstram as expectativas<br />
dos editores de uma das<br />
revistas especializadas no assunto,<br />
“o problema é a inflação”. O<br />
comentário da revista The Economist<br />
desta ainda que “os banqueiros<br />
dos bancos centrais<br />
podem esperar que o encarecimento<br />
dos preços do petróleo e<br />
dos alimentos pode se provar<br />
apenas um efeito passageiro, e<br />
não vão resultar em efeitos secundários<br />
como salários mais<br />
altos. Mas sabem que altas expectativas<br />
de inflação, uma vez<br />
desencadeadas, são difíceis de<br />
serem eliminadas”.<br />
“Investidores temem que os<br />
bancos centrais, no zelo para<br />
provar suas credenciais antiinflacionárias,<br />
podem promover danos<br />
sérios no crescimento econômico.<br />
Os problemas do setor<br />
financeiro estão longe de terem<br />
acabado, como a perda de 2,8<br />
bilhões de dólares do segundo trimestre<br />
do Lehman Brothers ilustrou”.<br />
O mercado financeiro ainda<br />
sofre os efeitos da recente crise<br />
de confiança revelada com um<br />
número até agora não consolidado<br />
de empréstimos a maus-pagadores<br />
no financiamento da<br />
compra de imóveis<br />
no maior mercado<br />
do mundo, os EUA,<br />
o que abalou carteiras<br />
de crédito de diversos<br />
bancos e fundos<br />
de investimento.<br />
O impacto das tendências<br />
inflacionárias<br />
sobre a crise<br />
aberta pode levar à<br />
virtual paralisação<br />
dos mecanismos de<br />
crédito do imperialismo<br />
mundial e diversos<br />
bancos e fundos<br />
de investimento<br />
que chegaram próximos<br />
da falência e<br />
só foram salvos pela<br />
enorme injeção de<br />
dinheiro por parte<br />
dos bancos centrais<br />
de todo o mundo, podem ver seu<br />
fim na operação desesperada<br />
para conter a inflação com a restrição<br />
imposta à tomada de novos<br />
empréstimos com o estabelecimento<br />
de taxas mais altas de<br />
juros.<br />
“Em essência, a economia<br />
global recebeu dois choques nos<br />
últimos 12 meses – o aperto de<br />
crédito e a alta dos preços das<br />
commodities. Estes<br />
choques tornaram<br />
as previsões mais<br />
incertas, não apenas<br />
para a economia mas<br />
para a política monetária.<br />
E a incerteza<br />
deixa os investidores<br />
nervosos, não<br />
menos porque sucede<br />
a um longo período<br />
em que os mercados<br />
pareciam ter<br />
um risco subavaliado<br />
em termos de<br />
preços” (idem).<br />
O poder da crise<br />
está arrastando para<br />
seu centro não apenas<br />
as economias diretamente<br />
ligadas,<br />
dependentes, da<br />
América Latina, mas<br />
a própria concorrência<br />
com os bancos do mercado<br />
europeu está sendo engolida pelo<br />
aperto nos lucros e a diminuição<br />
as expectativas com os resultados<br />
futuros. A credibilidade nos<br />
títulos do governo também está<br />
profundamente abalada. “No<br />
início do ano, os analistas previam<br />
15% de crescimento dos lucros<br />
das empresas européias em<br />
2008. Revisões fizeram baixar<br />
este número a 4%, principalmente<br />
por problemas na indústria financeira.<br />
(...) Os mercados de<br />
moedas são também prováveis<br />
pontos voláteis. O Fed preferiria<br />
articular uma subida para o dólar<br />
contra o euro e o yen e recuperar<br />
de uma queda sobre as<br />
moedas dos países em desenvolvimento<br />
na Ásia”.<br />
Brasil: quase fora<br />
de controle<br />
Apesar de todo o empenho do<br />
governo Lula e sua equipe econômica<br />
formada pelos representantes<br />
do imperialismo em Brasília,<br />
Henrique Meirelles no Banco<br />
Central e Guido Mantega, no<br />
Ministério da Fazenda, para<br />
ocultar este fato, a inflação no<br />
Brasil está em plena ascensão.<br />
Foi divulgado na última segunda-feira,<br />
dia nove, o aumento da<br />
inflação em maio ao maior patamar<br />
dos últimos cinco anos.<br />
Segundo a Fundação Getúlio<br />
Vargas (FGV), o Índice Geral de<br />
Preços – Disponibilidade Interna<br />
(IGP-DI), um dos índices<br />
mais importantes que mede a<br />
inflação, teve um aumento de<br />
1,88% no mês de maio. Em abril<br />
este mesmo índice teve alta de<br />
1,12%. O aumento atingido em<br />
maio é o maior desde janeiro de<br />
2003, quando o IGP-DI teve alta<br />
de 2,17%.<br />
Mais relevante constatar que<br />
o aumento da inflação está em<br />
uma escalada há muito tempo.<br />
Nos últimos 12 meses a inflação<br />
acumulada foi a maior desde<br />
2004. De maio de 2007 a maio de<br />
2008 a inflação foi de 12,14% e<br />
em 2004, 12,23%.<br />
Outros índices que compõem<br />
a inflação também tiveram alta<br />
como o IPA (Índice de Preços ao<br />
Atacado) que subiu em maio<br />
2,22%. No mês de abril o IPA já<br />
havia aumentado 1,3%.<br />
As commodities foram, naturalmente,<br />
os produtos que mais<br />
subiram. Entre eles o aço, o<br />
minério de ferro, os combustíveis,<br />
com destaque para o petróleo<br />
e as matérias-primas agríco-<br />
INFLAÇÃO EUA - 2005 - 2008 (DADOS E ESTIMATIVA)<br />
DESEMPREGO EUA - 2005-2009 (DADOS E ESTIMATIVA)<br />
las. O arroz, por exemplo, voltou<br />
a subir acima dos 10%. Em<br />
maio o produto teve elevação de<br />
15,98%. O minério de ferro<br />
subiu 11,38% e o diesel teve alta<br />
de 7,19%.<br />
A inflação não está mais localizada<br />
apenas nos alimentos e sim<br />
atingindo diversos ramos da indústria.<br />
Os aumentos dos preços<br />
estão acontecendo tanto em produtos<br />
industriais quanto agrícolas.<br />
Em maio, os produtos agrícolas<br />
foram reajustados em<br />
2,47% e os produtos industriais<br />
tiveram alta de 2,17%.<br />
A inflação em junho também<br />
está em alta. A FGV divulgou<br />
nesta terça-feira, dia dez, que a<br />
inflação aumentou em sete capitais<br />
analisadas. O Índice de Preços<br />
ao Consumidor – Semanal<br />
(IPC-S), medido nos sete primeiros<br />
dias de junho registrou alta de<br />
1,12% no geral.Uma semana<br />
antes este IPC-S teve aumento de<br />
0,87%. Em São Paulo, a variação<br />
foi de 1,31%. Na última<br />
semana de maio este índice teve<br />
alta de 1,11%. Em Belo Horizonte<br />
houve aumento de 0,59%, em<br />
Porto Alegre subiu 0,91%, em<br />
Brasília subiu 0,99%. No Rio de<br />
Janeiro subiu 1,13% e em Salvador<br />
0,76%. Em Recife, houve a<br />
maior alta da inflação, 1,43%.<br />
Os alimentos foram os que<br />
mais subiram, 2,98% nesta primeira<br />
semana de maio. Na semana<br />
anterior o aumento já havia<br />
sido grande, 2,33%. As maiores<br />
altas foram do arroz, 18,44%, o<br />
feijão, 4,45%, a carne bovina<br />
4,97%, o açúcar, 4,82% e ovos<br />
e aves, 2,61%.<br />
Outros produtos com alta<br />
foram o bujão de gás, aumento<br />
de 2,19%, água e esgoto, aumento<br />
de 0,34% e vestuário,<br />
0,46%.<br />
Enquanto a inflação atinge o<br />
mundo todo, provocando desemprego<br />
nos Estados Unidos,<br />
greves na Europa, mobilizações<br />
populares nos países pobres da<br />
Ásia, América Latina, Oriente<br />
Médio etc. o governo Lula vive<br />
na “Ilha da Fantasia”. Insiste no<br />
cinismo de dizer que não existe<br />
inflação no Brasil.<br />
Todas as declarações de Lula<br />
acerca da escalada dos preços e<br />
da inflação são tratadas como<br />
momentâneas e passageiras. No<br />
final do mês de abril o presidente<br />
disse, “A inflação é minha preocupação<br />
cotidiana. Penso que<br />
essa é uma coisa sazonal que<br />
resolveremos no curto prazo. A<br />
inflação está sob controle.<br />
Temos uma meta que está plenamente<br />
atingida e nós só precisamos<br />
tomar cuidado e não podemos<br />
relaxar em momento algum”.<br />
Lula também culpou o povo<br />
por estar consumindo demais e<br />
por isso comprando mais e elevando<br />
a inflação. No mês passado<br />
chegou a dizer que “o Brasil<br />
está crescendo, e crescendo de<br />
forma muito importante. Não<br />
podemos deixar a inflação voltar.<br />
E não é culpa do governo, não<br />
é culpa minha nem de vocês.<br />
A culpa é de quem compra e de<br />
quem vende. De quem governa<br />
e de quem não governa.”<br />
Em 30 de maio, a demagogia<br />
típica de Lula foi a mil quando ele<br />
garantiu que o Brasil não teria<br />
mais inflação. “Pode olhar na<br />
minha cara: este país não voltará<br />
a ter recessão, este país não<br />
voltará a ter desemprego”, disse,<br />
como se o desemprego estratosférico<br />
não fosse o maior de<br />
toda a história do país.<br />
Todas estas declarações do<br />
governo Lula têm como objetivo<br />
único esconder a crise financeira<br />
brasileira. O patamar atingido pela<br />
inflação em maio, 12,14%, semelhante<br />
ao índice de janeiro de 2003<br />
é o resultado da política pró-imperialista<br />
de Lula implantada no<br />
primeiro ano de seu mandato. É<br />
a volta à estaca zero da política de<br />
contenção da crise e da inflação.<br />
Em 2003, Lula implantou medidas<br />
para conter a inflação, como<br />
por exemplo, o aumento do superávit<br />
primário, que momentaneamente<br />
conteve a crise, mas agora,<br />
com a retomada da inflação<br />
prova o fracasso desta política.<br />
O sintoma mais claro do aumento<br />
inflacionário se dá justamente<br />
no terreno social onde uma<br />
população esmagada por anos de<br />
crise capitalista e por uma política<br />
destrutiva e confiscatória dos<br />
seguidos governos, está começando<br />
a se manifestar de uma<br />
forma mais ampla e mais clara<br />
contra as barreiras que o regime<br />
político coloca à defesa dos seus<br />
interesses como se pôde ver nas<br />
manifestações cotidianas dos<br />
camelôs de S. Paulo.
15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />
POLÍTICA 5<br />
GOVERNO ANTIPOVO LEI DE EXCEÇÃO<br />
Lula aprova maior rigor na lei para reprimir trabalhadores<br />
Com o aprofundamento da crise mundial, a<br />
burguesia brasileira sentiu que a temperatura da<br />
situação política está subindo e se une para aprovar<br />
o aumento das medidas repressivas do estado para<br />
aprofundar a punição a todos aqueles que se<br />
levantarem contra o estado<br />
Com a cínica utilização dos recentes casos do fazendeiro<br />
Vitalmiro Bastos de Moura, que assassinou a missionária<br />
Dorothy Stang no Pará e foi condenado em 2005 e absolvido<br />
no segundo julgamento, aumentam a repressão.<br />
Na última segunda-feira (9),<br />
Lula assinou três projetos de lei<br />
para mudar as regras do Tribunal<br />
do Júri.<br />
As medidas alteram os pontos<br />
do Decreto-Lei 3689/41, o Código<br />
de Processo Penal, com a<br />
descarada desculpa de tornar<br />
“mais rápido o trâmite dos processos<br />
e simplificar as decisões<br />
judiciais.”<br />
Dentre as mudanças está o<br />
4203/01 que altera as regras do<br />
Tribunal do Júri, onde prevê<br />
redução no tempo dos debates<br />
em que a defesa e a acusação<br />
têm duas horas nos chamados<br />
debates e meia hora em eventuais<br />
réplica e tréplica. Agora, a medida<br />
estabelece que deve ter<br />
apenas uma hora e meia para os<br />
debates e uma hora para eventuais<br />
réplica e tréplica. Prevê também<br />
audiência única para defesa,<br />
acusação e réu.<br />
Com a cínica utilização dos<br />
recentes casos do fazendeiro<br />
Vitalmiro Bastos de Moura que,<br />
assassinou a missionária Dorothy<br />
Stang no Pará e foi condenado<br />
em 2005 e absolvido no segundo<br />
julgamento, aumentam a<br />
repressão contra toda a população,<br />
aprovando a extinção do<br />
direito garantido a novo julgamento<br />
para aqueles condenados<br />
a 20 anos ou mais de prisão. O<br />
julgamento só pode ser adiado em<br />
casos excepcionais, como por<br />
motivo de doença comprovada.<br />
Segundo a Secretaria de Imprensa<br />
da Presidência, as novas<br />
regras entram em vigor dentro de<br />
60 dias.<br />
Aumento da<br />
repressão<br />
Toda a imprensa em uníssono<br />
afirmou que o projeto aprovado<br />
tem o objetivo de simplificar<br />
e acelerar os julgamentos.<br />
O Globo noticiou no dia 9 de<br />
junho que “o presidente Luiz Inácio<br />
Lula da Silva sancionou três<br />
leis que darão maior agilidade à<br />
justiça criminal.”<br />
A comemoração da imprensa<br />
mostra o medo do próximo período<br />
e a urgência para a burguesia<br />
em tentar barrar o levante<br />
popular contra seus desmandos.<br />
Tarso Genro em entrevista no<br />
canal de televisão Globo News,<br />
declarou sobre as novas medidas<br />
de “agradecimento a todos<br />
os senadores e deputados, principalmente<br />
à oposição, que aprovou<br />
por unanimidade na Câmara<br />
e no Senado”, evidenciando<br />
todo o esquema para aprovar o<br />
“pacote antiimpunidade”.<br />
As medidas deverão começar<br />
a valer em dois meses e atingirão<br />
processos que estão em andamento,<br />
como é o caso alardeado<br />
pela imprensa, por exemplo, do<br />
casal Nardoni, acusado de assassinar<br />
a filha.<br />
São medidas aprovadas pelo<br />
governo da frente popular de<br />
Lula que não tem nenhum interesse<br />
em garantir as necessidades<br />
e direitos da população. Esta<br />
MOBILIZAÇÃO DA DIREITA<br />
Veja em que implica algumas das<br />
medidas repressivas aprovadas por Lula<br />
Em um evidente acordo da<br />
burguesia para atacar a população,<br />
no dia 14 de maio foi aprovado<br />
oito projetos de repressão.<br />
Dois serão encaminhados e<br />
aprovados pela tábua de salvação<br />
da burguesia, que é Lula e<br />
seis serão encaminhados para<br />
o Senado.<br />
Veja abaixo algumas das<br />
mudanças tomadas de comum<br />
acordo entre o governo (PT)<br />
e a sua oposição de fachada<br />
(PSDB-DEM).<br />
Juri<br />
Atualmente<br />
Defesa e acusação tem duas<br />
horas e meia nos debates e<br />
mais meia hora em eventuais<br />
réplica ou tréplica<br />
Mudança<br />
O tempo no debate muda<br />
para uma hora e meia e réplica<br />
e tréplica passam para uma<br />
hora<br />
Atualmente<br />
Os jurados são escolhidos<br />
quando ao menos 19 dos 25<br />
sorteados comparecem na sessão<br />
Mudança<br />
O número mínimo de presentes<br />
passa a ser 15 pessoas<br />
Atualmente<br />
O juiz faz perguntas aos jurados<br />
a partir das teses apresentadas<br />
pela acusação e defesa<br />
Mudança<br />
As perguntas são supostamente<br />
mais simples para não<br />
ter confusão<br />
Atualmente<br />
Pessoas condenadas a mais<br />
de 20 anos têm direito a novo<br />
juri.<br />
Mudança<br />
Extingue este direito aprovado<br />
por Lula<br />
Infrações<br />
Atualmente<br />
Juízes não podem considerar<br />
as infrações cometidas<br />
antes de 18 anos<br />
Mudança<br />
Infrações dos menores podem<br />
ser consideradas em novos<br />
processos ainda não foi<br />
aprovado<br />
A JUSTIÇA CONTRA O POVO<br />
Caso Isabella: campanha contra os direitos democráticos do povo<br />
O processo desde o início é uma prova, uma demonstração<br />
de como atropelar os direitos fundamentais do cidadão e de<br />
como inflamar a opinião pública para objetivos direitistas.<br />
O caso da menina Isabella<br />
reforça a tese de como a burguesia<br />
se utiliza desses casos<br />
chocantes para investir uma<br />
campanha direitista contra a<br />
população, aniquilando os direitos<br />
do cidadão e se antecipando<br />
numa maior repressão aos trabalhadores<br />
No Brasil, a justiça burguesa<br />
simplesmente “esqueceu” e<br />
abandonou um princípio quase<br />
que universal do Direito, proposto<br />
pela Constituição Federal<br />
e que é pilar fundamental do Estado<br />
Democrático de Direito,<br />
segundo o qual “ninguém será<br />
considerado culpado até o trânsito<br />
em julgado da sentença<br />
penal condenatória”. Isto é, todos<br />
são inocentes desde que se<br />
prove o contrário.<br />
Entretanto, no dia 10 de junho,<br />
o Tribunal de Justiça de São<br />
Paulo, indeferiu por unanimidade<br />
o pedido de habeas corpus do<br />
casal Alexandre Nardoni e Anna<br />
Carolina Jatobá, mantendo a<br />
prisão dos acusados que estão<br />
é, pelo contrário, uma forma de<br />
ampliar a repressão.<br />
A lei no Brasil funciona em favor<br />
dos poderosos que podem<br />
fazer as maiores atrocidades, aliando-se<br />
a jagunços para matar<br />
sem-terra, roubar milhões em dinheiro<br />
público, desviar dinheiro da<br />
saúde e não serem condenados.<br />
O fazendeiro que assassinou<br />
a missionária foi absolvido, obviamente<br />
não por uma “brecha da<br />
lei”, mas porque comprou sua<br />
absolvição.<br />
A grande maioria da população<br />
vive sob o tacão de ferro da<br />
repressão policial na cidade e no<br />
campo e a aprovação desta medida<br />
é mais um passo no aumento<br />
da repressão, que está diretamente<br />
relacionada com tendência<br />
à mobilização operária e popular<br />
demonstrada no último<br />
período.<br />
respondendo por fraude processual<br />
e homicídio triplamente<br />
qualificado, podendo pegar de<br />
12 a 30 anos de reclusão. Os<br />
desembargadores que julgaram<br />
o pedido da defesa tentaram<br />
justificar descaradamente a decisão<br />
com argumentos vazios.<br />
“A violência do crime é suficiente<br />
para manter o casal preso<br />
em nome da ordem pública”,<br />
disse Caio Canguçu de Almeida,<br />
relator do caso.<br />
Ainda que se tenham dezenas<br />
de indícios da culpa - o que pode<br />
ser absolutamente contestado,<br />
sobretudo nesse momento em<br />
que se descobriu que o policial<br />
a comandar a primeira vistoria<br />
no apartamento onde a menina<br />
foi morta, era envolvido numa<br />
rede de pedofilia e a suspeita de<br />
que, antes de entrar em óbito ela<br />
teria sido abusada sexualmente<br />
– a presunção é sempre da inocência,<br />
afinal de contas a ação<br />
ainda não foi sentenciada pelos<br />
tribunais. Sendo eles apenas<br />
suspeitos é direito constitucional<br />
do acusado responder o<br />
processo em liberdade. A promotoria,<br />
os desembargadores e<br />
a polícia, pelo contrário, já atribuíram<br />
a eles a autoria do crime.<br />
Onde está o direito a plenitude<br />
de defesa do cidadão? O contraditório?<br />
E a privacidade dos<br />
réus, que foram expostos ao<br />
escárnio público pela imprensa<br />
burguesa ? Simplesmente não<br />
existem. Todos os ritos procedimentais<br />
foram totalmente<br />
descartados.<br />
O processo desde o início é<br />
uma prova, uma demonstração<br />
de como atropelar os direitos<br />
fundamentais do cidadão e de<br />
como inflamar a opinião pública<br />
para objetivos direitistas.<br />
Prender o casal à noite; encarcerá-los<br />
antes da sentença condenatória;<br />
a pressão e a intimidação<br />
policial etc., revelam o<br />
quanto o regime político está<br />
esgotado, regredindo aos terríveis<br />
períodos da inquisição e da<br />
Idade Média, onde o homem<br />
estava submetido à arbitrariedade<br />
da Igreja e do senhor feudal.<br />
O pretexto para tal retrocesso<br />
nos direitos do cidadão é<br />
perfeito: os acusados são figuras<br />
acusadas por um crime terrível<br />
e que não contam com<br />
nenhuma simpatia da população<br />
em geral, favorecendo a<br />
manipulação do sentimento<br />
geral de repúdio, aprofundado<br />
em grande medida pela campanha<br />
da própria imprensa burguesa,<br />
para objetivos reacionários,<br />
que visam a retirar direitos<br />
dessa mesma população.<br />
A campanha direitista está<br />
assumindo cada vez maiores<br />
proporções. Mesmo as medidas<br />
que parecem inofensivas,<br />
como a projeto “Cidade Limpa”<br />
do prefeito Kassab em São<br />
Paulo, e as reformas jurídicas,<br />
servem para aprofundar e endurecer<br />
as leis, revelando o<br />
quanto a burguesia tem se armado<br />
de todos os meios possíveis<br />
para garantir a sua dominação.<br />
ENTRE A CRUZ E A ESPADA<br />
TSE não consegue aprovar lei de perseguição política<br />
para candidatos acusados pela justiça burguesa<br />
O Tribunal Superior Eleitoral<br />
adiou a tentativa de aprovar leis<br />
repressivas, como restrições de<br />
propaganda na internet e o impedimento<br />
dos candidatos com<br />
ficha criminal de concorrer às<br />
eleições<br />
A burguesia, afundada em<br />
um mar de lama, encontra-se<br />
desmoralizada a ponto de não<br />
conseguir colocar peso em sua<br />
campanha para extinguir os<br />
direitos políticos do povo. Votada<br />
na terça-feira (10) pelo<br />
TSE (Tribunal Superior Eleitoral),<br />
a possibilidade de candidatos<br />
com ficha pregressa na<br />
polícia e que estão sofrendo<br />
processo não poderem concorrer<br />
a um cargo público, não foi<br />
aprovada. Por quatro votos a<br />
três, a proposta caiu. Portanto,<br />
foi mantida a lei de 1990, que dá<br />
o direito de candidatura para<br />
políticos que estão respondendo<br />
por processos judiciais sem<br />
condenação definitiva.<br />
Os ministros Eros Grau,<br />
Marcelo Ribeiro e Caputo Bastos<br />
votaram no relator, Ari Pargendler,<br />
que considerou a Lei<br />
Complementar 64/1990 suficiente<br />
para limitar o registro de<br />
candidaturas: “Só o trânsito em<br />
julgado (processo em que não<br />
cabe mais recurso) pode impedir<br />
o acesso aos cargos eletivos”,<br />
disse Pargendler (Portal<br />
G1, 10/6/2008). Votaram contra<br />
a manutenção da lei de 1990<br />
o presidente do TSE, Carlos<br />
Ayres Britto, o ministro Felix<br />
Fischer e Joaquim Barbosa.<br />
As ameaças de alguns Tribunais<br />
Regionais Eleitorais (TREs)<br />
de que iriam barrar o registro<br />
dos candidatos com pendências<br />
jurídicas, impedindo-os de<br />
concorrerem nas eleições municipais<br />
de outubro, não passou de<br />
fogo de palha. Não era para<br />
menos. Diante dos inúmeros<br />
escândalos de corrupção das<br />
secretarias regionais ao Congresso<br />
Nacional, um verdadeiro<br />
exército de representantes<br />
escorados nos cargos públicos<br />
estaria fadado à aposentadoria<br />
precoce caso o projeto de lei eleitoral<br />
fosse aprovado. O feitiço se<br />
voltou contra o feiticeiro. A lei,<br />
ao contrário do que quer fazer<br />
parecer, deveria acertar em cheio<br />
os partidos independentes e de<br />
esquerda, dos quais muito dos<br />
representantes atuam no movimento<br />
de massas, custando-lhes<br />
em algumas ocasiões processos<br />
jurídicos por defenderem os interesses<br />
da população pobre e<br />
trabalhadora. Um dirigente sindical,<br />
por exemplo, que não muito<br />
raro tem um processo judicial<br />
como resultado de sua agitação<br />
política contrária aos interesses<br />
dos capitalistas, não poderia se<br />
candidatar. O próprio Partido da<br />
Causa Operária foi alvo de um<br />
projeto piloto encomendado pela<br />
burguesia ao impugnar a candidatura<br />
do presidente do partido,<br />
Rui Costa Pimenta. Com a alegação<br />
de que houvera atraso na<br />
prestação de contas, o candidato<br />
passou a ser boicotado por todos<br />
os canais de TV, rádios e<br />
meios de comunicação impressa.<br />
Não fosse a campanha de<br />
denúncia sobre o esquema montado<br />
para impedir a divulgação de<br />
um partido revolucionário e socialista,<br />
a campanha teria sido<br />
completamente anulada. O episódio<br />
é semelhante à cassação do<br />
registro do PCB em 1947 pelo<br />
governo Vargas. Acusado de ser<br />
uma extensão do Partido Comunista<br />
soviético no Brasil, o partido<br />
passou à clandestinidade.<br />
Enquanto tomam medidas<br />
contra os que se colocam do lado<br />
dos trabalhadores e se opõem à<br />
ditadura contra este que é o atual<br />
regime político, não podemos<br />
deixar de lembrar que o TSE registrou<br />
um marco de “eficiência”<br />
ao julgar 40 “mensalões” em tempo<br />
recorde, inocentando a esmagadora<br />
maioria que hoje pode<br />
concorrer às eleições, quando<br />
deveria estar atrás das grades.<br />
Este simples fato mostra que<br />
o aumento do rigor das leis não<br />
atinge aqueles que as infringem<br />
de modo mais amplo e sistemático,<br />
como os políticos burgueses,<br />
juízes, empresários e banqueiros,<br />
mas apenas à população<br />
pobre trabalhadora e aqueles<br />
que lutam em sua defesa.<br />
“Só o trânsito em julgado (processo em que não cabe mais<br />
recurso) pode impedir o acesso aos cargos eletivos”.<br />
NOTAS<br />
Funcionários<br />
responsáveis pela<br />
detenção de menina<br />
de 15 anos em<br />
delegacia junto com<br />
homens são afastados<br />
apenas por 90 dias<br />
O diretor de Secretaria da 3ª<br />
Vara Penal de Abaetetuba, no<br />
estado do Pará, Graciliano Chaves<br />
da Mota, um dos principais<br />
responsáveis por manter presa<br />
uma menina de 15 ano numa<br />
cela com 20 homens em uma delegacia<br />
do município, foi punido<br />
apenas com o afastamento<br />
de 90 dias por “falta grave”. A<br />
decisão foi tomada pelo Tribunal<br />
de Justiça do Pará.<br />
A menina que hoje está sendo<br />
acompanhada por um programa<br />
de proteção a testemunhas,<br />
disse ter sido estuprada<br />
várias vezes e sofreu maus-tratos<br />
durante o período no qual<br />
esteve detida. A denúncia veio<br />
à tona no final do ano passado<br />
e suscitou uma série de outros<br />
casos semelhantes em outros<br />
estados do País, revelando ser<br />
uma realidade muito freqüente<br />
a detenção de menores de idade<br />
do sexo feminino em delegacias<br />
junto com homens.<br />
Além de Chaves da Mota,<br />
mais um servidor foi afastado<br />
também por 90 dias e ambos<br />
terão cortes de vencimentos<br />
neste tempo, exceto o recebimento<br />
do salário família.<br />
Está mais uma vez provado a<br />
quem realmente a Justiça serve,<br />
ou seja, os grandes capitalistas,<br />
corruptos, assassinos e torturadores,<br />
enquanto o povo sofrido,<br />
que passa fome e é explorado,<br />
é ainda reprimido pela polícia e<br />
pelas leis criadas pela burguesia.<br />
Polícia assassina sobe<br />
o morro do Adeus, no<br />
Rio: um homem<br />
morre<br />
Mais uma vez a Polícia Civil<br />
invade um morro no Rio e deixa<br />
vítimas. A operação que envolveu<br />
policiais da Core (Coordenadoria<br />
de Operações Especiais<br />
da Polícia Civil) e da DCOD<br />
(Delegacia de Combate às Drogas)<br />
ocorreu na manhã do dia 8<br />
de junho no morro do Adeus,<br />
na Penha (zona norte do Rio). O<br />
pretexto para a invasão era cumprir<br />
11 mandados de prisão.<br />
Não há informação sobre<br />
apreensão de drogas, mas um<br />
homem foi assassinado. A polícia<br />
nem ao menos tinha informação<br />
sobre em quem estava<br />
atirando, visto que até o meiodia<br />
o homem não havia sido<br />
identificado.
15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />
POLÍTICA 6<br />
PROGRAMA AMAZÔNIA<br />
Pela estatização do solo. Contra o monopólio<br />
do latifúndio estrangeiro e nacional<br />
A devastação da Amazônia, que os próprios institutos<br />
geográficos do governo Lula não podem esconder,<br />
expõem claramente a ofensiva do latifúndio nacional<br />
e estrangeiro em todo o País, que em terras do Norte<br />
do País deixam um rastro com o desmatamento<br />
recorde. É necessário levantar um programa<br />
nacional pela tomada de terras para o povo contra o<br />
monopólio criminoso da terra que será seguido de<br />
uma imensa transferência de riqueza nacional para o<br />
capital estrangeiro<br />
A questão fundiária no Brasil,<br />
que tem o latifúndio como<br />
maior fator do atraso nacional,<br />
com uma clara ofensiva estrangeira<br />
que se nota de forma mais<br />
evidente na região Amazônica,<br />
deverá acompanhar um agravamento<br />
desta situação no próximo<br />
período. Graças à política<br />
econômica do governo Lula, há<br />
uma ofensiva estrangeira sobre<br />
as terras nacionais para tentar<br />
tomar de vez todas estas para a<br />
especulação e para a plantação<br />
de produtos agrícolas, única e<br />
exclusivamente para atender<br />
interesses estrangeiros. Hoje,<br />
segundo o INCRA (Instituto<br />
Nacional de Colonização e Reforma<br />
Agrária), 3% do total das<br />
propriedades rurais do País são<br />
latifúndios (têm mais de mil<br />
hectares) e ocupam 56,7% das<br />
terras agriculturáveis. De outro<br />
lado há 4,8 milhões de famílias<br />
sem-terra. Os próprios dados<br />
do INCRA mostram que há 5,5<br />
milhões de hectares registrados<br />
em nome de estrangeiros que<br />
foram organizados pelo instituto,<br />
isto desde 1998, quando este<br />
começou a controlar a aquisição<br />
de imóveis rurais por empresas<br />
sem sede no País ou pessoas<br />
físicas não residentes no Brasil.<br />
Este dado é completamente<br />
subestimado pela prática comum<br />
de compras de terras brasileiras<br />
por empresas ou latifundiários<br />
estrangeiros em mãos de<br />
brasileiros e pelas empresas<br />
estrangeiras que têm sede no<br />
país.<br />
Segundo a organização nãogovernamental<br />
Imazon “36% da<br />
floresta supostamente de propriedade<br />
privada, apenas 4% contam<br />
com títulos de propriedade<br />
regularizados” (BBC Brasil).<br />
Segundo dados do próprio<br />
Banco Central, os investimentos<br />
diretos estrangeiros em atividades<br />
imobiliárias como compras<br />
de terras, aumentaram quase<br />
quatro vezes (347%) no País,<br />
um claro resultado da ofensiva<br />
por terras brasileiras.<br />
O avanço do monopólio da<br />
terra nacional já deixa um imenso<br />
rastro na Amazônia que é a<br />
parte mais visível desta ofensiva<br />
já que para utilizar as terras<br />
é necessário desmatar.<br />
Até o final do ano, segundo o<br />
INPE (Instituto Nacional de<br />
Pesquisas Espaciais), serão 20<br />
mil quilômetros quadrados desmatados<br />
a mais que no ano anterior,<br />
ou seja, um aumento de<br />
17% com o ano passado, o equivalente<br />
a quatro municípios de<br />
São Paulo.<br />
O sistema Deter (Detecção<br />
do Desmatamento em Tempo<br />
Real) do INPE registrou entre<br />
maio de 2007 e abril de 2008,<br />
segundo dados divulgados no<br />
dia 9 de maio, um desmatamento<br />
na Amazônia de 9.495 quilômetros<br />
quadrados, seis vezes a área<br />
da cidade de São Paulo. Este número<br />
vem em uma crescente, já<br />
que só no mês de abril, foram<br />
desmatados 1.123 quilômetros<br />
quadrados. Se se mantiver esta<br />
velocidade de desmatamento do<br />
mês passado em todo o ano, as<br />
terras desmatadas aumentarão<br />
para 13.476 mil quilômetros<br />
quadrados.<br />
Os jornais da burguesia internacional<br />
são uma mostra da<br />
ofensiva que a imprensa capitalista<br />
nacional, em uma demonstração<br />
de cinismo e manipulação<br />
dos fatos, deixa para segundo<br />
plano.<br />
“A conjunção das tragédias<br />
dos últimos meses e a crise alimentar<br />
parecem ter posto o Brasil<br />
no centro da cena política<br />
mundial (...) Suas amplas pradarias,<br />
perfeitas para semear soja,<br />
arroz e feijão, e os extraordinários<br />
recursos petroleiros descobertos<br />
recentemente tornaram o<br />
país a área mais cobiçada pelas<br />
grandes potências” (jornal Página<br />
12, da Argentina).<br />
Os acordos do etanol e dos<br />
biocombustíveis abriram o espaço<br />
para um avanço imenso do<br />
latifúndio sobre todo o território<br />
nacional.<br />
Neste sentido, o desmatamento<br />
da Amazônia é um primeiro<br />
passo para a entrega das<br />
terras para madeireiras e criadores<br />
de gado e em seguida para<br />
plantações de cana-de-açúcar e<br />
soja, esta segunda já tomando<br />
estados inteiros como o Mato<br />
Grosso do Sul.<br />
Este é também o motivo para<br />
o aumento dos alimentos, já que<br />
as terras de produtos de subsistência<br />
alimentar têm que dar<br />
espaço para as plantações de<br />
cana, soja e biocombustíveis<br />
promovendo uma escassez dos<br />
primeiros.<br />
O latifúndio é<br />
incompatível com a<br />
pequena<br />
propriedade: terra<br />
para quem nela<br />
trabalha!<br />
O avanço das tomadas de<br />
terras brasileiras que tem na<br />
Amazônia seu maior alvo, se<br />
expressa diretamente no recrudescimento<br />
do conflito agrário.<br />
De 2006 a 2007 houve um aumento<br />
de 140% do número de<br />
famílias expulsas de suas terras,<br />
pela ação dos fazendeiros:<br />
1.809 famílias expulsas em<br />
2006 e 4.340 em 2007. Em<br />
contrapartida, desde o início do<br />
primeiro mandato de Lula houve<br />
um aumento de ocupações<br />
de terra, que avançam cada vez<br />
mais de maneira proporcional<br />
ao aumento dos despejos.<br />
Enquanto em 2001 e 2002<br />
houve respectivamente 194 e<br />
184 ocupações, nos anos seguintes,<br />
até o último dado divulgado<br />
pela Comissão Pastoral da<br />
Terra, houve um crescimento<br />
exponencial. Foram 391 ocupações<br />
em 2003, 496 ocupações<br />
em 2004, 437 ocupações<br />
em 2005 e 384 ocupações em<br />
2006.<br />
Neste momento, um massacre<br />
é realizado em todos os<br />
estados da Amazônia Legal<br />
contra os sem-terra e os índios.<br />
Cada vez mais o monopólio<br />
da terra é incompatível com a<br />
pequena propriedade rural e<br />
avança para um enorme conflito<br />
com os trabalhadores semterra<br />
ou com pouca terra.<br />
Esta não é somente uma incompatibilidade<br />
graças ao massacre<br />
financiado pelo latifúndio<br />
formando milícias paramilitares<br />
e também comprando terras<br />
para pura especulação e para<br />
impedir concorrências, mas<br />
uma incompatibilidade econômica,<br />
pelo esmagamento da<br />
capacidade de os terem efetivo<br />
acesso à terra, aos melhores<br />
locais e aos recursos naturais,<br />
sem falar em investimento e<br />
infraestrutura. O latifúndio é<br />
um marco do atraso nacional,<br />
já que este representa um monopólio<br />
que impede o desenvolvimento<br />
nacional e, sobretudo,<br />
a sobrevivência de milhões de<br />
famílias que vivem do trabalho<br />
na terra para garantir seu sustento.<br />
A oligarquia agrária<br />
constitui um dos principais laços<br />
sociais com o capital financeiro<br />
imperialista. A emancipação<br />
da nação deste atraso é uma<br />
das principais tarefas nacionais.<br />
A única forma de se acabar<br />
com o latifúndio é defendendo<br />
sua extinção e a distribuição de<br />
terras para quem nela trabalha<br />
única e exclusivamente.<br />
Cada vez mais o monopólio da terra é incompatível com a<br />
pequena propriedade rural e avança para um enorme conflito<br />
com os trabalhadores sem-terra ou com pouca terra<br />
POLÍTICA ASSASSINA<br />
Reforma agrária de Lula: entregar toda a Amazônia<br />
para estrangeiros e massacrar os sem-terra e índios<br />
Carlos Minc vem carimbando verbas para os latifundiários a<br />
pretexto de cuidar do meio ambiente<br />
Nunca se vendeu tantas terras<br />
brasileiras para estrangeiros<br />
em todo o País. A crise na<br />
Amazônia, evidenciada pelo<br />
destaque que esta vem tomando<br />
na imprensa burguesa e também<br />
pelo aumento dos conflitos<br />
agrários na região, expôs uma<br />
realidade: a ofensiva estrangeira<br />
pelas terras que toma conta<br />
de todo o território.<br />
Segundo dados do Banco<br />
Central, os investimentos diretos<br />
estrangeiros em atividades<br />
imobiliárias no País, especialmente<br />
em compras de terras,<br />
aumentaram quase quatro vezes<br />
(347%) entre os anos de 2003<br />
e 2007. Não por coincidência<br />
este período marca o início do<br />
mandato de Lula e o período<br />
exato em que a lei de florestas<br />
Públicas do governo foi aprovada,<br />
entregando terras da União<br />
para as mãos dos latifundiários.<br />
Esta política só vem a cada<br />
momento se aprofundando. Os<br />
latifundiários nacionais e os<br />
especuladores estrangeiros, se<br />
aproveitando de novos decretos,<br />
como o aumento da entrega<br />
de terras nestas florestas de<br />
500 para 1.500 hectares sem<br />
licitação, vêm leiloando terras<br />
brasileiras. Esta lei foi assinada<br />
no mesmo dia em que Marina<br />
Silva, ex-ministra do Meio<br />
Ambiente, por um claro acordo,<br />
não só para desfocar as atenções<br />
de uma entrega cada vez mais<br />
escandalosa das terras da Amazônia<br />
para as mãos de magnatas<br />
nacionais e estrangeiros mas<br />
para empossar um ministro que<br />
sustentará ainda mais esta política<br />
de total entreguismo.<br />
Carlos Minc vem carimbando<br />
verbas para os latifundiários<br />
a pretexto de cuidar do Meio<br />
Ambiente.<br />
Os próprios dados do IN-<br />
CRA (Instituto Nacional de<br />
Colonização) mostram, com<br />
números subestimados que 3,8<br />
milhões de hectares dos 5,5<br />
milhões registrados em nome<br />
de estrangeiros foram organizados<br />
pelo instituto, que desde<br />
1998, controlam só a aquisição<br />
de imóveis rurais por empresas<br />
sem sede no País ou pessoas<br />
físicas não residentes no Brasil,<br />
mas que segundo o próprio presidente<br />
do INCRA, Rolf Hackbart,<br />
não “contabiliza e monitora<br />
a ação de estrangeiros que se<br />
associam a empresas nacionais<br />
para investir aqui” (Folha de S.<br />
Paulo, 8/6/2008), ou seja, não<br />
se precisa comprovar nacionalidade<br />
para comprar terras no<br />
Brasil.<br />
Somente no Mato Grosso,<br />
que é um dos centros da ofensiva<br />
na Amazônia, há 1.377<br />
propriedades estrangeiras em<br />
754,7 mil hectares. Mato Grosso<br />
foi responsável em 2007 por<br />
70% de todo o aumento do desmatamento<br />
no País e segundo<br />
os satélites controlados pelo<br />
INPE (Instituto Nacional de<br />
Pesquisas Espaciais), houve um<br />
aumento de 600% de desmatamento<br />
no estado de áreas de<br />
florestas, um recorde absoluto.<br />
A devassa estrangeira ocorre<br />
não só na Amazônia, mas<br />
esta chama a atenção pela ofensiva<br />
generalizada no último período.<br />
São Paulo é o estado que mais<br />
propriedades têm em mãos estrangeiras,<br />
quase dez vezes<br />
mais que o Mato Grosso, mas<br />
com propriedades de menor<br />
porte. São 11.424 propriedades<br />
que somam 504,7 mil hectares,<br />
mais que 2% dos 24.820.900<br />
hectares do território Paulista.<br />
Isto mostra que na Amazônia<br />
a ofensiva se trata de um avanço<br />
das maiores multinacionais<br />
do mundo pelas terras.<br />
Neste sentido, o caso de compras<br />
de terras por uma empresa<br />
sueca, que foi multada pelo Ibama,<br />
é a tentativa de esconder<br />
que as terras da Amazônia estão<br />
sendo entregues de uma vez só<br />
para especuladores imperialistas<br />
de todo o mundo.<br />
O Telhar Agropecuária, empresa<br />
agrícola de milho e soja e<br />
que tem 35 mil hectares no<br />
Estado é uma empresa argentina<br />
com capital estrangeiro. A<br />
SLC Agrícola, empresa de algodão,<br />
é um grupo brasileiro que<br />
é o maior produtor de algodão<br />
do País. Este, no entanto, é formado<br />
de uma sociedade estrangeira<br />
que assinou em março<br />
contrato de financiamento com<br />
o IFC (International Finance<br />
Corporation), braço de investimento<br />
do Banco Mundial. A<br />
empresa comprou no dia 5 de<br />
junho, 10.635 hectares no Mato<br />
Grosso, por R$ 82,9 milhões.<br />
O empresário sueco-britânico<br />
Johan Eliasch, que em 2005<br />
adquiriu 160 mil hectares no<br />
Amazonas e que foi multado<br />
agora, comprou terras por mãos<br />
de empresários estrangeiros e<br />
não figura no balanço do INCRA.<br />
De forma alguma esta aquisição<br />
de terras se restringe à região<br />
amazônica. No oeste baiano, por<br />
exemplo, empresas norte-americanas<br />
e japonesas, em um acordo<br />
com o governo Lula, compraram<br />
uma área de 60 mil hectares<br />
para produzir algodão e instalar<br />
usinas de açúcar.<br />
Lula entrega o País e massacra<br />
os sem-terra para usá-lo<br />
como válvula de escape da crise<br />
energética e financeira do<br />
capitalismo. O acordo do etanol,<br />
e os subsídios para outros tipos<br />
de biodiesel é o seguimento da<br />
cartilha do imperialismo e especialmente<br />
dos EUA, que passam<br />
por sua maior crise energética<br />
com a derrota da ocupação no<br />
Iraque e no Oriente Médio, com<br />
a qual pretendia realizar uma<br />
colossal transferência de recursos<br />
energéticos de um povo<br />
oprimido para seu próprio território.<br />
A ofensiva em terras brasileiras<br />
é também um movimento<br />
que é resultado de uma política<br />
de rapina alimentada pelos especuladores<br />
internacionais. A<br />
nova onda de investimentos<br />
pós-crise imobiliária e recessiva<br />
no mundo com coração nos<br />
EUA é o investimento em commoditties,<br />
ou seja, matéria-prima<br />
agrícola e de minérios. Este<br />
é outro objetivo do capital estrangeiro:<br />
transferir uma imensa<br />
riqueza material dos países<br />
oprimidos para convertê-lo em<br />
capital sólido, em substituição<br />
ao capital volátil que surgiu da<br />
crise imobiliária, um rombo de<br />
dívidas que não conseguiu ser<br />
sustentada pelo capitalismo em<br />
queda livre.<br />
A Amazônia, conhecida como<br />
“pulmão do mundo” por ser a<br />
maior fonte de riquezas de matérias<br />
primas mundiais é a bola da<br />
vez do imperialismo. O seu maior<br />
obstáculo é, portanto, os 25<br />
milhões de pessoas que moram<br />
na Amazônia e os 190 milhões de<br />
brasileiros, e em primeiro lugar<br />
os índios e os sem-terra.<br />
Diante disto é necessário que<br />
os trabalhadores da cidade e do<br />
campo defendam com unhas e<br />
dentes as terras nacionais, por<br />
meio da ocupação de terras do<br />
latifúndio e em uma campanha<br />
contra a privatização de terras<br />
brasileiras e contra o massacre<br />
que está sendo realizado contra os<br />
sem-terra e os índios. Este será o<br />
cerne do conflito agrário no País<br />
e que no próximo períoodo intensificará<br />
a luta pela terra em todo<br />
o País.<br />
FRENTE DE ESQUERDA<br />
Psol: reforma agrária feita pelo estado de direito democrático<br />
O Psol concorreu nas últimas<br />
eleições defendendo um programa<br />
contra os sem-terra. Da<br />
boca da sua candidata presidencial,<br />
os trabalhadores rurais<br />
ouviram que o partido defende<br />
a constituição que considera<br />
criminosa a luta pela terra e que<br />
o programa de reforma agrária<br />
é pura demagogia. Já na época<br />
pré-eleitoral a sua musa, Heloísa<br />
Helena, atacou os sem-terra<br />
do MLST que ocuparam o<br />
Congresso Nacional vociferando<br />
por sua punição ao lado de<br />
figuras da ditadura, como também<br />
no meio das eleições defendeu<br />
que não dá para fazer reforma<br />
agrária, já que “a Constituição<br />
não permite”.<br />
O Psol defendeu o Estado<br />
burguês contra os sem-terra<br />
nas duas ocasiões, mas isto não<br />
é um fato isolado. Este é o programa<br />
do Psol e de seus expoentes,<br />
parlamentares de carreira<br />
e burgueses.<br />
Agora, diante da maior privatização<br />
de terras da região<br />
amazônica, o Psol apela novamente<br />
para as leis do Estado.<br />
Um dos líderes do Psol, Plínio<br />
de Arruda Sampaio, que foi lançado<br />
candidato a deputado em<br />
São Paulo e ex-deputado federal,<br />
defendeu em entrevista à<br />
Folha de S. Paulo no dia 8 de<br />
junho que a compra de terras por<br />
estrangeiros no Brasil deve se<br />
dar exclusivamente por meio<br />
das leis atuais, defendendo a<br />
“distinção legal entre empresa de<br />
capital nacional e estrangeiro”<br />
mas não o impedimento de compras<br />
de terras para estrangeiros<br />
e muito menos a expropriação<br />
dos cerca de 5,5 milhões de<br />
hectares de latifúndio que possuem<br />
os estrangeiros, segundo<br />
o balanço do INCRA (Instituto<br />
Nacional de Colonização e Reforma<br />
Agrária).<br />
Ainda segundo Plínio de Arruda<br />
Sampaio “A compra de<br />
terras por estrangeiros no Brasil<br />
aumenta quando surge um<br />
problema de alimentação no<br />
mundo (...) E especuladores<br />
aproveitam a subida do preço da<br />
terra (...) Ao mesmo tempo<br />
nosso presidente sai por aí a<br />
vender investimento em cana. É<br />
um contra-senso”.<br />
O Psol absorveu também<br />
toda a balela de que o governo<br />
Lula defenderia a reforma agrária<br />
e que sua política é um simples<br />
“contra-senso”, um erro. O<br />
Psol esconde todo o jogo armado<br />
pelo governo, não apenas<br />
cedendo ao imperialismo mas<br />
aprovando leis para expandir o<br />
latifúndio nacional e a entrega de<br />
terras para os estrangeiros e não<br />
apenas pela crise mundial de<br />
alimentos, mas para substituir o<br />
petróleo dos EUA por etanol e<br />
também para financiar os biocombustíveis,<br />
a soja e o álcool.<br />
Para o Psol, falar em “contrasenso”<br />
quer dizer que Lula apenas<br />
“errou” quando aprovou a<br />
lei de Florestas Públicas que<br />
entrega terras de florestas nas<br />
mãos de latifundiários e também<br />
apenas “errou” quando ampliou<br />
as terras entregues para os latifundiários<br />
sem licitação de 500<br />
para 1500 hectares. Para o Psol,<br />
Lula “errou” quando promoveu<br />
em toda a região amazônica e no<br />
País o pior massacre dando<br />
apoio aos ruralistas e acobertando<br />
o massacre do povo semterra<br />
como o que ocorre agora<br />
em Rondônia.<br />
A concordância do Psol e de<br />
Plínio de Arruda Sampaio “em<br />
partes” com o programa de<br />
reforma agrária do governo Lula<br />
é clara. Sampaio não apenas<br />
defende Lula nas entrelinhas<br />
como atua conjuntamente com<br />
o governo em outras ocasiões.<br />
Este é fundador e atual presidente<br />
da ABRA (Associação<br />
Brasileira de Reforma Agrária).<br />
No sítio da organização na internet,<br />
Arruda Sampaio é descrito<br />
como “Elaborador, com sua<br />
equipe, do II Plano Nacional de<br />
Reforma Agrária (PNRA), colaborando<br />
com o governo de<br />
Lula.”<br />
No sítio ainda está publicado<br />
que “A ABRA procura abrir o<br />
diálogo nacional com toda a<br />
sociedade e os movimentos<br />
organizados. Busca o aprofundamento<br />
da democracia e o<br />
estabelecimento de relações<br />
respeitosas com todas as instituições<br />
democráticas. (...). Luta<br />
por um Brasil de todos (...)<br />
dentro do estado de direito democrático”.<br />
Talvez seja por isto, por sua<br />
defesa das leis atuais e do estado<br />
de direito democrático (leiase<br />
a lei perversa do latifúndio,<br />
maior monopólio da economia<br />
no País), que o Psol compactua<br />
com a tese de “erro” de Lula.<br />
Também talvez seja por isto<br />
que a Frente de Esquerda, do<br />
Psol, que lançará novamente<br />
Heloísa Helena e que é formada<br />
também por PSTU, manteve o<br />
mais completo silêncio sobre o<br />
massacre que ocorreu em Rondônia<br />
no dia 9 de abril, no qual<br />
mais de 30 sem-terra desapareceram<br />
por ação dos latifundiários.<br />
Este não é um problema<br />
episódico, pois o MST, dirigido<br />
pelo PT, não soltou uma única<br />
nota em defesa dos sem-terra de<br />
Rondônia, pois ali como em<br />
várias partes do País os semterra<br />
se organizam independentemente<br />
do governo, dos seus<br />
órgãos, de suas leis e do próprio<br />
MST, que assim como o Psol se<br />
atrelam completamente ao estado<br />
e ainda muito mais em época<br />
eleitoral.
15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />
CAMPANHA<br />
O que querem os sem-terra de Rondônia?<br />
Contra o massacre que vêm sofrendo os camponeses<br />
pobres de Rondônia, produzido pelos latifundiários,<br />
chamamos todos os ativistas e trabalhadores a<br />
participar dessa ampla campanha em defesa dos<br />
sem-terra, colhendo abaixo-assinados e entrando em<br />
contato com o Partido da Causa Operária para<br />
marcar debates nas escolas e nos locais de trabalho<br />
Só a ampla mobilização dos<br />
trabalhadores da cidade e do<br />
campo vai garantir liberdade<br />
para os sem-terra e melhores<br />
condições de vida a todos os<br />
camponeses. A oligarquia agrária<br />
no Brasil constitui um dos<br />
principais laços sociais com o<br />
capital financeiro imperialista.<br />
Só a luta pela reforma agrária<br />
vai colocar a produção agrícola<br />
brasileira nas mãos dos trabalhadores.<br />
Por isso os sem-terra<br />
e camponeses pobres de Rondônia<br />
reivindicam:<br />
Fim da repressão!<br />
Os camponeses pobres que<br />
lutam por terra para trabalhar e<br />
se sustentar estão sendo perseguidos<br />
pela polícia do governador<br />
de Rondônia Ivo Cassol (ex<br />
PSDB, ex PPS) e pela Força<br />
Nacional de Segurança e a Polícia<br />
Federal de Lula. Tudo a<br />
mando dos latifundiários da<br />
região, que matam, prendem e<br />
torturam os camponeses, para<br />
perpetuar seu domínio sobre a<br />
EM DEFESA DOS CAMPONESES AMEAÇADOS PELO LATIFÚNDIO<br />
maioria da população. Quem<br />
está lutando por trabalho e terra<br />
não deve ser perseguido. Os<br />
assassinatos cometidos pelos<br />
latifundiários são uma forma de<br />
intimidar os lutadores no campo,<br />
plantando o terror e o medo<br />
nas centenas de famílias camponesas.<br />
No entanto, os sem-terra<br />
resistem e exigem o fim de<br />
toda a repressão no estado.<br />
Punição aos<br />
assassinos dos<br />
sem-terra!<br />
O Brasil é dominado pelos<br />
interesses de lucro da burguesia<br />
e dos latifundiários. Esses parasitas<br />
têm seus rendimentos e sua<br />
riqueza derivados do monopólio<br />
da propriedade do solo e para<br />
manter essa dominação econômica<br />
contam com o poder do<br />
Estado capitalista que prende os<br />
camponeses pobres e deixa<br />
impune essa oligarquia agrária,<br />
responsável pelo assassinato de<br />
milhões de camponeses e lutadores<br />
que reivindicam um pedaço<br />
de terra. Um dos exemplos<br />
mais recentes foi o escandaloso<br />
caso do assassinato da missionária<br />
norte-americana Dorothy<br />
Stang. A justiça absolveu o<br />
réu confesso e que já havia sido<br />
condenado pelo mandato do<br />
assassinato, o fazendeiro Vitalmiro<br />
Bastos de Moura, o Bida.<br />
Em contrapartida condenou o<br />
pistoleiro Rayfran das Neves a<br />
28 anos de prisão. Esse caso<br />
esteve em evidência por se tratar<br />
de uma religiosa estrangeira,<br />
porém, isso é uma constante na<br />
vida de milhões de brasileiros<br />
trabalhadores no campo. Por<br />
isso exigimos punição de todos<br />
os assassinos dos sem-terra em<br />
Rondônia, responsáveis pela<br />
morte de mais de 15 companheiros<br />
e o desaparecimento de pelo<br />
menos 30.<br />
Regularização de<br />
todos os<br />
assentamentos!<br />
Somente no estado de Rondônia<br />
são 13 assentamentos<br />
dirigidos pela Liga dos Camponeses<br />
Pobres (LCP). Os trabalhadores<br />
ocupam a terra e começam<br />
a plantar e tirar, dali, o seu<br />
sustento. É necessária a regularização<br />
de todos os assentamentos<br />
de sem-terra, imediatamente<br />
e sem pagamento de nenhuma<br />
indenização aos latifundiários.<br />
A grande propriedade<br />
fundiária é um entrave ao desenvolvimento<br />
econômico do país.<br />
O fim do latifúndio é uma das<br />
principais tarefas dos trabalhadores<br />
brasileiros e a regularização<br />
dos assentamentos, além de<br />
possibilitar a sobrevivência das<br />
famílias assentadas, inibe a ação<br />
dos jagunços e da polícia que<br />
atuam a mando dos latifundiários,<br />
apoiados nas leis burguesas<br />
que representam apenas<br />
seus interesses.<br />
Fim dos processos<br />
contra os sem<br />
terra!<br />
Há centenas de companheiros<br />
da luta pela terra que estão<br />
sendo processados pelos latifundiários<br />
e pelo Estado, simplesmente<br />
por reivindicar um<br />
pedaço de terra a que têm direito.<br />
A justiça burguesa tem o claro<br />
objetivo de intimidar as organizações<br />
independentes dos trabalhadores<br />
do campo.<br />
Libertação de<br />
todos os presos<br />
políticos da luta<br />
pela terra!<br />
Há outros tantos que são<br />
presos pela polícia com a única<br />
“acusação” de serem militantes<br />
da luta pela terra. A democracia<br />
burguesa mostra a<br />
sua verdadeira face: não tem<br />
nenhuma diferença fundamental<br />
com o regime militar. O<br />
companheiro Russo, por<br />
exemplo, esteve preso por quatro<br />
anos sem nenhuma acusação<br />
contra ele, foi submetido<br />
às piores humilhações às quais<br />
passa um detento no Brasil.<br />
Russo foi torturado pela polícia<br />
dos latifundiários na tentativa<br />
desta de encontrar as lideranças<br />
da Liga dos Camponeses<br />
Pobres. Por isso é preciso<br />
liberdade para os sem-terra<br />
lutar, ocupar e produzir.<br />
Indenização de<br />
todas as famílias<br />
atacadas pelo<br />
latifúndio!<br />
O latifúndio que persegue,<br />
mata e tortura os camponeses<br />
pobres e leva a fome, a pobreza<br />
e o terror a milhares de famílias.<br />
Em 1995 os latifundiários<br />
produziram um massacre<br />
em Corumbiara, Rondônia,<br />
contra os ocupantes da<br />
fazenda Santa Elina. Até hoje<br />
nenhuma família foi indenizada<br />
pelas dezenas de mortes,<br />
torturas e danos morais causados<br />
pelos jagunços e policiais.<br />
Agora, após as calúnias da<br />
revista Istoé, que em uma<br />
POLÍTICA 7<br />
matéria comprada pelos latifundiários<br />
de Rondônia afirma<br />
que a LCP é uma organização<br />
guerrilheira e ligada ao narcotráfico,<br />
já são mais de 15<br />
mortos nos acampamentos de<br />
sem-terra no estado, 30 desaparecidos<br />
e centenas de famílias<br />
sendo expulsas das terras<br />
onde viviam e plantavam e<br />
tendo seus pertences queimados<br />
pelos jagunços.<br />
Que o Estado dê<br />
condições de vida<br />
para os sem-terra<br />
e os<br />
trabalhadores do<br />
campo (crédito<br />
barato, educação,<br />
saúde,<br />
transporte)<br />
Os camponeses que estão<br />
assentados e moram na região<br />
sofrem com o completo descaso<br />
das autoridades. Eles não<br />
têm energia elétrica, saúde, educação<br />
e transportes nos acampamentos.<br />
O acesso a esses<br />
serviços, que são direitos de<br />
toda população, é inclusive dificultado<br />
pelos governos municipais,<br />
estadual e federal. As<br />
cidades e municípios de Rondônia<br />
só existem graças à luta<br />
dos camponeses que migraram<br />
de diversos estados em busca<br />
de uma terra para tirar o seu<br />
sustento. Com o boicote das autoridades,<br />
os próprios sem-terra<br />
têm que construir seus barracos,<br />
escolas, pontes e estradas,<br />
que são destruídos pela<br />
polícia e pelos jagunços.<br />
RONDÔNIA<br />
Ivo Cassol: governador dos latifundiários e do<br />
massacre aos sem-terra está afundado em corrupção<br />
O governador de Rondônia,<br />
Ivo Cassol (sem partido) e o<br />
senador Expedito Júnior (PR-<br />
RO) serão investigados pelo<br />
Supremo Tribunal Federal por<br />
compra de votos nas eleições de<br />
2006<br />
Ivo Cassol e Expedito Júnior<br />
são acusados de comprar votos<br />
às vésperas das eleições.<br />
Cerca de R$ 100,00 teria sido<br />
entregue para cada funcionário<br />
de uma empresa de segurança<br />
ligada ao governo para votar e<br />
angariar votos para a chapa<br />
conjunta entre os dois parlamentares.<br />
O crime de compra de votos<br />
foi denunciado já em 2006, o que<br />
não levou os acusados a serem<br />
punidos mesmo com provas. O<br />
senador continua no cargo por<br />
uma liminar e Ivo Cassol, segundo<br />
denúncia, mesmo tendo coagido<br />
por meio da polícia civil<br />
testemunhas que iriam depor<br />
contra este, continua também<br />
impune.<br />
Cassol tem uma lista de crimes<br />
elevada. Este já tinha sido acusado<br />
de ter praticado fraudes em<br />
licitações em 2005 quando era do<br />
PSDB e prefeito do município de<br />
Rolim de Moura. Na época foram<br />
divulgadas fitas de vídeo de conversas<br />
entre Cassol e deputados<br />
negociando propinas, fitas estas<br />
que foram atestadas em laudo do<br />
próprio Instituto Nacional de Criminalística<br />
da Polícia Federal<br />
como legítimas e sem nenhum<br />
tipo de adulteração no conteúdo<br />
das imagens.<br />
Já em 2006, Cassol foi acusado<br />
pela CPI da Biopirataria<br />
de ter usado efetivos da Polícia<br />
Militar de Rondônia para<br />
derrubar madeira ilegalmente,<br />
utilizando Autorização de<br />
Transporte para Produto Florestal<br />
(ATPFs) falsas corrompendo<br />
o Ibama e outros órgãos<br />
do estado.<br />
Ivo Cassol é governador de<br />
um dos estados mais corruptos<br />
do País. Em sua última gestão<br />
antes de se reeleger em 2006, a<br />
Assembléia Legislativa de Rondônia<br />
teve 22 dos 23 deputados<br />
envolvidos em escândalos comprovados,<br />
na mesma época do<br />
“mensalão” federal.<br />
No mês de abril de 2007, em<br />
meio a um massacre dos trabalhadores<br />
sem-terra ocorrido no<br />
dia 9 de abril, no qual 30 trabalhadores<br />
estão desaparecidos, a<br />
família Cassol foi acusada, principalmente<br />
o filho de Cassol, de<br />
participar da máfia da importação<br />
de automóveis.<br />
O governo do massacre aos<br />
sem-terra e que se aproveita das<br />
leis de privatização de florestas de<br />
Lula está afundado em corrupção<br />
e é para ofuscar seus crimes<br />
que este realiza uma campanha<br />
incessante de calúnias contra os<br />
sem-terra acusando-os de inúmeros<br />
crimes infundados.<br />
MINC NA AMAZÔNIA<br />
Pretexto ecológico para entregar as terras<br />
para o imperialismo e reprimir a população<br />
Carlos Minc foi indicado para<br />
o Ministério do Meio Ambiente<br />
para agilizar a entrega do patrimônio<br />
nacional para tentar salvar a<br />
falência geral do regime.<br />
Nesta semana, Minc solicitou<br />
ao presidente da Federação das<br />
Indústrias do Estado de São Paulo<br />
(Fiesp), Paulo Skaf, para fechar<br />
um acordo para que os produtos<br />
derivados da floresta amazônica<br />
usados pela indústria tenham<br />
origem legal, ou seja, as grandes<br />
empresas que estão autorizadas<br />
a desmatar a Amazônia.<br />
Segundo ele “Não se acaba<br />
com o desmatamento colocando<br />
um policial atrás de cada desmatador”.<br />
“Você precisa criar condições<br />
dignas para os envolvidos nas<br />
cadeias produtivas”. Minc afirma<br />
que é necessário profissionalizar<br />
e regularizar os processos extrativistas.<br />
Um pobre coitado que<br />
precise derrubar uma árvore para<br />
fazer uma casa para se abrigar...<br />
terá que enfrentar a polícia, exército,<br />
Ibama, justiça, mas empresas<br />
nas mãos de estrangeiros, que<br />
fazem isso em escala industrial<br />
estão “legais”.<br />
Minc declarou que pretende<br />
aplicar nacionalmente a mesma<br />
ação para o licenciamento ambiental<br />
utilizada quando secretário<br />
do Meio Ambiente do Rio de Janeiro.<br />
“Havia 15 mil licenças que<br />
não andavam. Criamos um mecanismo<br />
que nos permitiu ser ágeis,<br />
rigorosos e extremamente eficientes<br />
na defesa dos ecossistemas.”<br />
“Na comparação divulgada<br />
pela Feema, Minc reduziu pela<br />
metade o tempo para aprovar<br />
certificações e licenças de instalação<br />
e operação.” (A Tarde 15/<br />
5/2008)<br />
Em um ano e quatro meses de<br />
gestão no Rio de Janeiro, foram<br />
concedidas o mesmo número de<br />
licença dos três anos anteriores.<br />
Carlos Minc se reunirá com o<br />
presidente do Banco Nacional de<br />
Desenvolvimento Econômico e<br />
Social (BNDES), Luciano Coutinho,<br />
e irá propor a abertura de uma<br />
linha de crédito especial para projetos<br />
de “tecnologia limpa”.<br />
Minc quer usar dinheiro do<br />
povo, arrecadado com os impostos,<br />
para financiar máquinas e<br />
equipamentos de empresários<br />
que têm lucros astronômicos no<br />
País.<br />
Segundo anunciado pelo Ministério<br />
do Meio Ambiente, ações<br />
federais de suposto combate ao<br />
desmatamento na Amazônia serão<br />
intensificadas a partir dos<br />
próximos dias.<br />
Carlos Minc se reuniu com<br />
o diretor da Polícia Federal Luiz<br />
Fernando Corrêa para definir as<br />
medidas da chamada terceira<br />
etapa da Operação Arco de<br />
Fogo.<br />
Minc afirmou que ela passará<br />
a contar, além de agentes da<br />
Polícia Federal e do Ibama, com<br />
o apoio de policiais rodoviários e<br />
do Exército, que darão “apoio<br />
logístico no transporte armazenado<br />
e guarda em suas instalações,<br />
dos bens ilegais, madeiras, grãos<br />
ou gado que venham a ser apreendidos.”<br />
Montarão operações nas estradas<br />
de escoamento de produção,<br />
hidrovias e as indústrias,<br />
madeireiras, frigoríficos e siderúrgicas.<br />
A ação já iniciada por Marina<br />
RORAIMA<br />
Autoridades que massacram índios em defesa<br />
do latifúndio montam rede de pedofilia<br />
Um levantamento da Polícia<br />
Federal levou à prisão do procurador<br />
geral de Roraima, Luciano<br />
Alves de Queiroz, acusado<br />
de formar uma rede de pedofilia<br />
no estado e do major,<br />
Raimundo Gomes, e os empresários<br />
Givanildo dos Santos<br />
Castro, Lidiane do Nascimento<br />
e Jackson Ferreira, além de funcionários<br />
de órgãos públicos,<br />
como o do TRF, Hebron Silva<br />
Vilhena.<br />
Luciano Queiroz seria o centralizador<br />
da rede para a qual os<br />
citados acima também trabalhavam.<br />
Este, junto a empresários<br />
e políticos de Roraima seriam os<br />
aproveitadores do comércio<br />
monstruoso de crianças e jovens<br />
que eram abusados.<br />
Queiroz ainda tem ligação<br />
com os arrozeiros de Roraima<br />
que estão atacando os índios. Foi<br />
este o responsável pela ação que<br />
suspendeu uma operação da<br />
Polícia Federal em Roraima na<br />
terra Raposa Serra do Sol.<br />
Neste momento também voltou<br />
à tona o caso do deputado<br />
federal e ex-governador Neudo<br />
Campos (PP-RR), que foi indiciado<br />
na quinta-feira (5) pelo<br />
Supremo Tribunal Federal por<br />
peculato e formação de quadrilha<br />
no “escândalo dos gafanhotos”,<br />
esquema que desviou no<br />
mínimo R$ 70 milhões de verbas<br />
públicas entre 1998 e 2002<br />
para funcionários fantasmas do<br />
governo.<br />
A crise na Amazônia por uma<br />
Silva e Lula está sendo ampliada.<br />
As inúmeras operações e intervenções<br />
nos estados da Amazônia<br />
para reprimir os sem-terra e índios<br />
(Operação Arco de Fogo e Paz<br />
no Campo), a pretexto de defender<br />
o meio-ambiente, são operações,<br />
organizadas pela polícia militar,<br />
o Ibama, a polícia civil, o<br />
Exército e em alguns casos até a<br />
Força Nacional de Segurança, todos<br />
nas mãos dos grandes proprietários<br />
de terras.<br />
O objetivo é perseguir os trabalhadores<br />
do campo, roubando<br />
suas ferramentas, colocando<br />
fogo nos acampamentos.<br />
Os únicos multados são os<br />
próprios trabalhadores. Alguém<br />
acredita que serão dados créditos<br />
para os sem-terra que quiserem<br />
utilizar “tecnologia limpa”?<br />
A verdade é que para os governadores,<br />
latifundiários e empresários<br />
estrangeiros não há qualquer<br />
restrição ou multa.<br />
Lula prepara a entrega do País,<br />
massacra os sem-terra e índios<br />
para usá-lo como válvula de escape<br />
da crise energética e financeira<br />
do falido regime capitalista.<br />
disputa de interesses em imensas<br />
áreas de riqueza traz à tona a<br />
podridão das autoridades dos<br />
estados, ligados à polícia e à Justiça,<br />
mas também ao parlamento.<br />
Esta máfia criminosa, responsável<br />
por assassinar sem-terra e<br />
índios, por desviar verbas públicas<br />
e que gira em torno dos interesses<br />
espúrios dos latifundiários,<br />
é uma verdadeira quadrilha<br />
ligada a todos os comércios clandestinos,<br />
como armas, drogas e<br />
prostituição de mulheres e crianças.<br />
Esta disputa de interesses só<br />
fez vir à tona uma pequena parte<br />
da ficha criminal de uma minúscula<br />
parcela dos altos cargos do<br />
Estado que são ligados a diversos<br />
crimes.<br />
Participe da campanha em<br />
defesa dos camponeses<br />
pobres de Rondônia<br />
O Partido da Causa Operária e<br />
a Aliança da Juventude convocam<br />
todos os ativistas a participar e<br />
contribuir com a campanha em<br />
defesa dos camponeses massacrados<br />
de Rondônia. Seja um<br />
colaborador da campanha em<br />
defesa dos camponeses sem-terra<br />
de Rondônia que estão sofrendo<br />
o ataque dos latifundiários e<br />
das calúnias da imprensa burguesa.<br />
A AJR e o <strong>PCO</strong> organizaram<br />
os primeiros debates com os<br />
companheiros camponeses de<br />
Rondônia. Os cinco primeiros<br />
debates, que aconteceram nas<br />
principais universidades de São<br />
Paulo, já reuniram cerca de 200<br />
pessoas. A série de debates faz<br />
parte da campanha em defesa dos<br />
camponeses pobres de Rondônia,<br />
perseguidos pelos latifundiários<br />
daquele estado, com a conivência<br />
e o apoio do governo Lula e do<br />
governo estadual de Ivo Cassol<br />
(ex-PPS, ex-PSDB).<br />
O ataque contra os sem-terra<br />
de Rondônia e de todo o Brasil, em<br />
particular no Pará e Roraima, faz<br />
parte de uma ofensiva geral da<br />
direita reacionária, apoiada pela<br />
Igreja católica, contra os trabalhadores.<br />
A mesma força reacionária<br />
que está por trás da ameaça de<br />
prisão contra 10 mil mulheres no<br />
Mato Grosso do Sul por terem<br />
realizado aborto.<br />
Por isso é necessário ampliar<br />
a campanha, realizando mais<br />
debates e indo às ruas denunciar<br />
o assassinato de trabalhadores.<br />
Participe da campanha colhendo<br />
abaixo-assinado , enviando<br />
moções . Entre em contato conosco<br />
e marque debates e atividades<br />
na sua universidade, sindicato<br />
e bairro pelo telefone (11)<br />
5584-9322 ou pelo e-mail<br />
pco@pco.org.br<br />
Envie suas moções por fax, e-<br />
mail e correio, com cópia para<br />
nosso e-mail, para:<br />
Presidência da República<br />
Secretaria-Geral da Presidência<br />
da República<br />
Endereço: Pça dos Três Poderes,<br />
Palácio do Planalto, 4ºandar<br />
70.150-900 Brasília-DF<br />
Telefones: (61) 3411-1225<br />
E-mail: sg@planalto.gov.br<br />
SEDH - Secretaria Especial<br />
dos Direitos Humanos<br />
Esplanada dos Ministérios, Bloco<br />
T, Sala 420<br />
Edifício Sede do Ministério da<br />
Justiça<br />
CEP: 70064-900<br />
Brasília, DF<br />
Fax (55 61) 3223-2260<br />
Ouvidoria-Geral da Cidadania<br />
Telefone: (55 61) 3429-3116<br />
E-mail:<br />
direitoshumanos@sedh.gov.br<br />
Ministério das relações exteriores<br />
DDH - Divisão de Direitos Humanos<br />
Anexo I - Salas 730/731<br />
Fax: (61) 3226-4186<br />
Senado<br />
Senador Garibaldi Alves Filho<br />
Fax: (61) 3311-1813<br />
Correio:<br />
garibaldi.alves@senador.gov.br<br />
Senador Tião Viana<br />
Fax: (61) 3311-2955<br />
Correio:<br />
tiao.viana@senador.gov.br<br />
Senador Álvaro Dias<br />
Fax: (61) 3311-2941<br />
Correio:<br />
alvarodias@senador.gov.br<br />
Estado de Rondônia<br />
Palácio Getúlio Vargas - Praça<br />
Presidente Getúlio Vargas<br />
Bairro: Centro<br />
CEP: 78900-000<br />
Porto Velho - RO<br />
Fax: (69) 3216-5206<br />
Assembleia legislativa de Rondônia<br />
Presidente Neodi Carlos<br />
neodioliveira@ale.ro.gov.br<br />
(69) 3216 2736, 2740<br />
1º Vice-presidente Alex Testoni<br />
alextestoni@ale.ro.gov.br (69)<br />
3216 2756 e 3216 2757<br />
2º Vice-presidente Miguel Sena<br />
miguelsena@ale.ro.gov.br (69)<br />
3216-2789/2790<br />
1º Secretário Jesualdo Pires<br />
jesualdopires@ale.ro.gov.br<br />
(69) 3216 2753 / 2754<br />
2º Secretário Chico Paraíba<br />
chicoparaiba@ale.ro.gov.br<br />
(69)3216-2771 e 3216 2772<br />
3º Secretário Ezequiel Neiva<br />
ezequielneiva@ale.ro.gov.br<br />
(69) 3216 2750 e 3216 2751<br />
4º Secretário Maurinho Silva<br />
maurinho@ale.ro.gov.br (69)<br />
3216 2759 e 2760<br />
Secretaria da Segurança, Defesa<br />
e Cidadania de Rondônia<br />
(69) 3216-8918/3216-8919<br />
www.rondonia.ro.gov.br<br />
Prefeitura de Porto Velho<br />
Rua Dom Pedro II, 826<br />
Cep: 78900-000<br />
Porto Velho-RO<br />
Tel/Fax: (69) 3901-3001<br />
Prefeitura de Nova Mamoré<br />
pmnmgab@yahoo.com.br<br />
Fax: 69 3544;2269<br />
Prefeitura de Cujubim<br />
Av Cujubim, 2588<br />
Centro - Cujubim - RO<br />
Tel: (69) 3582-2033<br />
Prefeitura de Ariquemes<br />
Rua Rio Madeira, 3617 - (69)<br />
3535-2545 –<br />
Setor Institucional - Ariquemes<br />
- RO<br />
Prefeitura de Theobroma<br />
Av. Treze de Fevereiro, 1431 -<br />
Cep 78947 - 000 Tel. (69)<br />
3523 - 1159
15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />
MOVIMENTO POPULAR 8<br />
ENFRENTAMENTOS CAMELÔS E A POLÍCIA EM SP<br />
Chega de repressão<br />
Os enfrentamentos entre os<br />
vendedores ambulantes, a<br />
Guarda Civil Municipal e a Polícia<br />
Militar no centro de São<br />
Paulo, na última semana, são<br />
expressão do avanço da crise<br />
econômica e um sinal da completa<br />
incapacidade dos governos<br />
municipal, estadual e federal<br />
de dar uma resposta à população<br />
trabalhadora e os desempregados.<br />
Os camelôs protestaram na<br />
última sexta-feira contra a repressão<br />
policial que covardemente<br />
já assassinou alguns<br />
ambulantes e deixou diversos<br />
feridos.<br />
Há quase três décadas o remédio<br />
da burguesia para um<br />
desemprego que oficialmente<br />
atinge mais de dois milhões de<br />
pessoas na Grande S. Paulo tem<br />
sido o subemprego, em grande<br />
medida a atividade dos camelôs,<br />
e a repressão contra este tipo de<br />
atividade.<br />
Estes trabalhadores são perseguidos<br />
pelos criminosos de<br />
colarinho branco que ocupam a<br />
prefeitura com uma sanha e<br />
uma crueldade que é um retrato<br />
da baixeza da classe dominante<br />
brasileira.<br />
As Martas Suplicy, os Josés<br />
Serra, os Kassabs, dão a centenas<br />
de milhares de famílias nenhuma<br />
opção de sustento ao<br />
proibir a atividade dos ambulantes.<br />
O apito da panela de pressão<br />
parece que está apitando depois<br />
de muita repressão e da ditadura<br />
imposta pela administração<br />
municipal sobre os camelôs.<br />
Os ambulantes estão decididos<br />
a não parar suas manifestações<br />
enquanto as forças repressivas<br />
da prefeitura e do Estado<br />
não pararem com suas provocações.<br />
A repressão aos ambulantes<br />
vem se acumulando por<br />
anos a fio e a cada ano a prefeitura<br />
e os empresários (donos<br />
das grandes lojas e bancos<br />
no centro da capital paulista)<br />
procuram avançar na<br />
ofensiva contra aqueles que,<br />
por não terem outra alternativa,<br />
para não serem jogados<br />
completamente na indigência,<br />
sem dinheiro, sem ter onde<br />
morar e como sobreviver,<br />
optaram por trabalhar como<br />
camelôs e vender suas mercadorias<br />
nas ruas.<br />
As mesmas cenas se reptem<br />
há anos. Os ambulantes são<br />
perseguidos pela criminosa e<br />
mafiosa Guarda Civil Municipal<br />
(GCM), pelo “Rapa”, por fiscais<br />
SÃO PAULO: DURANTE TODA A SEMANA<br />
Camelôs realizaram protestos<br />
contra a repressão policial<br />
Os camelôs de São Paulo<br />
realizaram na última segundafeira<br />
(9), na Rua 25 de Março,<br />
uma manifestação contra a<br />
política de repressão e perseguição<br />
adotada pelo prefeito, Gilberto<br />
Kassab (DEM), que através<br />
da GCM (Guarda Civil<br />
Metropolitana), vem realizando<br />
uma série de retiradas, apreendendo<br />
os produtos dos trabalhadores<br />
e levando alguns dos<br />
comerciantes presos.<br />
De acordo com a própria<br />
Polícia Militar, o protesto contou<br />
com a participação de pelo<br />
menos 200 ambulantes e teve<br />
SÃO PAULO CAMELÔS<br />
Como funciona o esquema de repressão<br />
da GCM e da PM no centro da capital<br />
A prefeitura de Gilberto Kassab<br />
está colocando um imenso<br />
efetivo nas ruas do centro da<br />
cidade de São Paulo para reprimir<br />
os trabalhadores ambulantes<br />
Há algumas semanas os camelôs<br />
vêm realizando protestos<br />
contra a repressão e os casos de<br />
apreensões de mercadorias dos<br />
trabalhadores, às vésperas das<br />
eleições municipais, vêm se<br />
multiplicando.<br />
Na última segunda-feira (9)<br />
os trabalhadores ambulantes<br />
resolveram realizar um grande<br />
protesto, com cerca de 300<br />
pessoas e a polícia os reprimiu<br />
duramente com gás de pimenta,<br />
bombas de efeito moral e<br />
cassetetes. A PM chegou a<br />
prender um dos trabalhadores<br />
acusando-o de danos ao patrimônio<br />
público.<br />
Nesta quarta-feira (11) um<br />
correspondente do Causa Operária<br />
Notícias Online esteve na<br />
NÃO À REPRESSÃO CONTRA O POVO<br />
Pela dissolução da GCM<br />
A Guarda Civil Metropolitana<br />
de São Paulo, criada em 1986<br />
por Jânio Quadros, sob o pretexto<br />
de proteger os bens, serviços<br />
e instalações do município, pouco<br />
a pouco se tornou um dos<br />
principais instrumentos de repressão<br />
do Estado. Não combatem<br />
o crime, mas a população.<br />
Isto porque a criação de uma<br />
polícia pelos órgãos municipais<br />
é inconstitucional e as prefeituras,<br />
como a de São Paulo, se<br />
apóiam nos dispositivos que lhe<br />
concedem o direito de criar um<br />
órgão de fiscalização sobre a preservação<br />
patrimonial (praças,<br />
parques e edifícios públicos)<br />
para estabelecer, à revelia de<br />
qualquer lei, uma nova força<br />
policial contra o povo.<br />
Desta forma, a GCM de São<br />
Paulo foi colocada à disposição<br />
dos grandes empresários e lojistas<br />
do centro da cidade para<br />
atuarem como seus seguranças,<br />
armados e com autoridade<br />
policial para reprimir as manifestações<br />
dos camelôs.<br />
É uma verdadeira milícia fascista,<br />
usada pelos ricos para<br />
atacar os direitos dos pobres,<br />
que são maioria na cidade.<br />
É por este motivo que se viu,<br />
nas últimas manifestações ocorridas<br />
no centro da cidade, que os<br />
guardas correram para a frente<br />
das grandes lojas para dar aos<br />
empresários a “segurança” pela<br />
qual pagam “por fora”.<br />
São os membros da GCM que<br />
perseguem e reprimem os ambulantes<br />
no centro, além de atacarem<br />
também os indigentes e outros<br />
que perambulam pela cidade<br />
à noite. Com quase 6.400 membros,<br />
foi sob o governo de Gilberto<br />
Kassab (DEM) que a GCM iniciou<br />
sua maior ofensiva contra os<br />
ambulantes e teve seu aparelho<br />
início por volta das 10 horas da<br />
manhã.<br />
Durante esse período as ruas<br />
do centro permaneceram paralisadas<br />
e, com medo da reação<br />
dos policiais, alguns comerciantes<br />
chegaram a fechar suas<br />
portas. O movimento dos camelôs<br />
afirma que eles lutam pela<br />
permissão de funcionamento de<br />
novas bancas na região e contra<br />
ações como a promovida no<br />
sábado (7), quando uma operação<br />
organizada pela DAP (Delegacia<br />
Anti-Pirataria) do Deic<br />
(Departamento de Investigações<br />
sobre Crime Organizado) apreendeu<br />
cerca de dois milhões de<br />
produtos na região e prendeu<br />
pelo menos 20 comerciantes<br />
ambulantes. Durante a manifestação,<br />
mais um dos trabalhadores<br />
ambulantes foi preso. A<br />
população que estava nas ruas<br />
da cidade pode ver novamente<br />
cenas de violência contra os trabalhadores<br />
promovida pela policia,<br />
aparelho repressor do<br />
Estado.<br />
A perseguição aos camelôs<br />
faz parte do ataque que a direita<br />
vem realizando contra a população.<br />
Proibir os ambulantes de<br />
trabalhar em uma sociedade em<br />
corruptos da prefeitura que recebem<br />
dinheiro dos empresários<br />
donos de lojas para agredir os<br />
camelôs, roubar suas mercadorias<br />
e expulsá-los das ruas.<br />
Dezenas de milhares de trabalhadores<br />
honestos - que não<br />
passam, na sua grande maioria,<br />
de trabalhadores desempregados<br />
em busca de um sustento<br />
digno - já apanharam, tiveram<br />
seus produtos apreendidos e até<br />
mesmo roubados pelo “Rapa” e<br />
pela GCM e são, em alguns<br />
casos, vítimas de extorsão e de<br />
ameaças para que possam continuar<br />
a trabalhar em alguns<br />
pontos.<br />
Junto com isso, a imprensa<br />
capitalista, venal até a medula<br />
dos ossos, os acusa de propagar<br />
o crime na venda das suas<br />
modestas mercadorias que em<br />
nada prejudicam a população da<br />
cidade.<br />
Como se não bastasse ter<br />
que agüentar os baixos salários<br />
e o desemprego promovidos<br />
pelos governos de Serra e Lula,<br />
que através de sua política de<br />
fome para o povo e favorecimento<br />
dos grandes empresários<br />
e banqueiros, os ambulantes<br />
de São Paulo ainda têm que<br />
enfrentar as diversas polícias<br />
criadas para impedi-los de buscar<br />
sustento com a venda de<br />
seus produtos nos principais<br />
pontos comerciais da cidade. A<br />
odiosa GCM, amparada quando<br />
necessário pela Polícia Militar e<br />
sua tropa de choque, já agiu violentamente<br />
contra os camelôs<br />
em diversas oportunidades.<br />
É preciso dar um basta na<br />
repressão da GCM e da PM<br />
contra os ambulantes que só<br />
querem trabalhar para sobreviver.<br />
Os ambulantes não podem,<br />
simplesmente ficar parados<br />
esperando os guardas da<br />
prefeitura chegar e arrancar de<br />
suas mãos o seu sustento. Não<br />
têm outra alternativa senão se<br />
defender da violência promovida<br />
pelo Estado dos patrões,<br />
dos empresários e dos banqueiros,<br />
contra sua própria sobrevivência.<br />
Apoiamos integralmente<br />
a manifestação dos<br />
ambulantes de S. Paulo em<br />
defesa de seu sustento e contra<br />
a covarde repressão policial.<br />
Chamamos todos os ambulantes,<br />
camelôs e marreteiros<br />
a se organizar e exigir o fim da<br />
repressão, a dissolução da<br />
GCM e o direito ao trabalho,<br />
isto é, direito e oportunidade<br />
para todos que queiram trabalhar;<br />
completa liberdade para o<br />
pequeno comércio ambulante;<br />
isenção de toda e qualquer taxa<br />
ou tributo municipal para os<br />
desempregados etc.<br />
Chamamos todos os trabalhadores<br />
da cidade e a juventude<br />
estudantil a dar apoio incondicional<br />
e ativo à luta dos camelôs.<br />
crise, onde o desemprego assola<br />
a população é o mesmo que<br />
promover a morte desses trabalhadores<br />
e suas famílias. Essa<br />
política assassina e repressora<br />
ganhou destaque em São Paulo<br />
pelo odiado prefeito Kassab. O<br />
mini-ditador está realizando uma<br />
brutal ofensiva contra todos os<br />
trabalhadores e movimentos<br />
sociais, tomando medidas no<br />
mínimo insanas, tais como: proibir<br />
feirantes de gritar, proibir<br />
mendigos de dormir nos bancos,<br />
estipular tempo para passar nas<br />
catracas de ônibus, proibir manifestações<br />
nas ruas etc.<br />
Os camelôs e todos os trabalhadores<br />
devem se unir contra<br />
os ataques dos governantes<br />
burgueses, que em defesa dos<br />
banqueiros e empresários, estão<br />
explorando ainda mais a população<br />
a fim de garantir os lucros<br />
desses tubarões.<br />
Rua 25 de março e nas suas<br />
proximidades colhendo depoimentos<br />
dos trabalhadores ambulantes,<br />
que preparam um<br />
novo protesto contra a Guarda<br />
Civil Metropolitana e o prefeito<br />
Gilberto Kassab.<br />
Os relatos deram conta de<br />
uma verdadeira ditadura da prefeitura.<br />
Há dois meses a repressão<br />
vem claramente aumentando.<br />
A cada esquina havia de cinco<br />
a dez policiais que se juntavam<br />
a fiscais e a policiais militares.<br />
Além disso, bate-paus e<br />
guardas civis rondam constantemente<br />
os trabalhadores em<br />
kombis de vidro microfilmados<br />
e em carros da polícia e a qualquer<br />
momento descem às pressas<br />
dos carros apreendendo os<br />
materiais.<br />
Diversos trabalhadores mostravam<br />
as marcas da violência<br />
da polícia em seu corpo e denunciavam<br />
que inúmeras mercadorias<br />
foram apreendidas. Estes<br />
denunciavam “o rapa”, como os<br />
ambulantes chamam os fiscais,<br />
uma máfia de contrabando de<br />
mercadorias.<br />
Em um espaço menor do que<br />
duas horas o repórter de Causa<br />
Operária pôde deparar-se em<br />
dois momentos com apreensões<br />
de materiais dos camelôs. Em<br />
uma, um senhor de idade deficiente<br />
que vendia laranjas sofreu<br />
uma tentativa de apreensão<br />
por parte da GCM e só se livrou<br />
dos policiais graças ao protesto<br />
de outros ambulantes. Em depoimento,<br />
este senhor disse que há<br />
10 anos trabalha na 25 de março<br />
e que agora os policiais estão<br />
tentando apreender suas mercadorias.<br />
Na segunda apreensão, dois<br />
guardas civis tomaram a bolsa<br />
de um trabalhador ambulante e<br />
retiraram mercadorias de dentro<br />
que sequer estavam à venda,<br />
jogaram em uma sacola lacrando-a<br />
e entregando para a<br />
máfia dos fiscais.<br />
Outros trabalhadores denunciaram<br />
as atrocidades da GCM,<br />
agredindo jovens, homens e<br />
mulheres, inclusive mulheres<br />
grávidas sem qualquer piedade.<br />
As agressões são ainda mais<br />
violentas quando se trata de trabalhadores<br />
imigrantes estrangeiros.<br />
Os conflitos na Rua 25 de<br />
março, às vésperas das eleições<br />
são prática comum dos governos<br />
burgueses como os do PP<br />
de Paulo Maluf, do PT de Marta<br />
Suplicy, do PSDB de José<br />
Serra, copiados agora pelo<br />
DEM de Gilberto Kassab. Isto<br />
ocorre porque a burguesia financia<br />
as verdadeiras máfias que enriquecem<br />
em torno da máfia da<br />
propina apoiada na polícia e nas<br />
guardas civis, que lucram com<br />
a apreensão de materiais e com<br />
a cobrança de taxas dos camelôs.<br />
Esta é a única forma de<br />
manter a repressão contra os<br />
trabalhadores ambulantes. Nas<br />
eleições os partidos burgueses<br />
para serem financiados pelo<br />
grande e médio comércio fazem<br />
uma aliança para reprimir os<br />
trabalhadores.<br />
repressivo fortalecido com o investimento<br />
em câmeras para vigiar<br />
o centro da cidade, projeto<br />
que a prefeitura pretende ainda<br />
expandir para outras regiões.<br />
A GCM já protagonizou diversos<br />
episódios de abuso da<br />
força policial e violência gratuita<br />
contra os camelôs no centro<br />
da cidade. Durante o governo de<br />
Marta Suplicy, o número de<br />
camelôs autorizados a trabalhar<br />
no centro diminuiu de 1.500<br />
para menos de 400. Foi durante<br />
o governo de Marta Suplicy que<br />
a GCM ganhou a atribuição de<br />
atuar como fiscal dos ambulantes<br />
e teve seu contingente aumentado<br />
na Subprefeitura da<br />
Sé.<br />
Há ainda diversas denúncias<br />
de tortura contra os membros<br />
da GCM destacados para atuar<br />
no centro da cidade na repressão<br />
aos camelôs. No ano passado,<br />
três guardas foram remanejados<br />
por terem contra si mais<br />
de 30 denúncias de espancamento<br />
de ambulantes pelas costas.<br />
A prefeitura nega, esconde<br />
os guardas-psicopatas que se<br />
sentem superpoderosos depois<br />
que vestem uma farda e usam<br />
um cassetete para bater nos trabalhadores<br />
ambulantes, ao abrigo<br />
de administradores corruptos,<br />
mas a verdade é que foram<br />
os últimos governos, do PT e do<br />
PSDB que mais investiram no<br />
armamento e equipamento para<br />
transformar a GCM em uma<br />
verdadeira milícia de combate<br />
contra os camelôs, a serviço dos<br />
empresários lojistas que vêem<br />
seus lucros diminuídos pela a<br />
concorrência com o enorme<br />
contingente de desempregados<br />
que sai às ruas para tentar sobreviver<br />
vendendo suas mercadorias<br />
nas calçadas.<br />
Não podemos aceitar mais a<br />
presença da guarda fascista no<br />
centro da maior cidade do país<br />
e pátria das maiores lutas do<br />
proletariado brasileiro.<br />
A repressão aos ambulantes vem se acumulando por anos a<br />
fio e a cada ano a prefeitura e os empresários procuram<br />
avançar na ofensiva contra aqueles que foram obrigados por<br />
trabalhar como camelôs e vender suas mercadorias nas ruas<br />
REPRESSÃO<br />
Polícia apreende dois<br />
milhões de produtos<br />
A Delegacia Anti-Pirataria (DAP) do Departamento de Investigações<br />
sobre Crime Organizado (DEIC) fez no dia 7 de junho<br />
uma operação que apreendeu cerca de 2 milhões de produtos<br />
dos camelôs na rua 25 de março, considerada o maior centro<br />
de comércio popular de São Paulo.<br />
40 policiais participaram da operação e a ordem era apreender<br />
todas as mercadorias que apresentassem qualquer característica<br />
de falsificação. Contudo, as mercadorias passarão ainda<br />
por perícia. Ou seja, a ordem era perseguir e acabar com os<br />
vendedores ambulantes. Foram apreendidas bolsas, óculos,<br />
roupas e brinquedos.<br />
Sob a máscara moralista da luta anti-pirataria, a polícia reprime<br />
os trabalhadores ambulantes. É uma política de destruir os<br />
vendedores ambulantes em nome de leis ditatoriais como a<br />
“cidade limpa” de Kassab, de acordo com os interesses dos<br />
grandes empresários. Cerca de 20 pessoas foram levadas ainda<br />
para o Deic para prestar depoimento.<br />
Em um sábado normal, 400 mil pessoas passam pela região<br />
para consumir as mercadorias de preços populares.<br />
Fora Kassab!<br />
A política do prefeito que<br />
ninguém elegeu, Gilberto Kassab,<br />
deve ser amplamente repudiada.<br />
O prefeito de São<br />
Paulo só tem olhos para os empresários<br />
e banqueiros. É, ele<br />
mesmo, uma figura estreitamente<br />
ligada aos interesses<br />
empresariais, como o das<br />
máfias que dominam o transporte<br />
na cidade e completamente<br />
incapaz de atender<br />
qualquer mínima reivindicação<br />
da população trabalhadora.<br />
À frente de um governo<br />
completamente impopular,<br />
Kassab quer resolver o problema<br />
de anos de desemprego e<br />
falta de condições dos vendedores<br />
ambulantes usando a<br />
força policial.<br />
Enquanto o governo gasta o<br />
dinheiro arrancado da população<br />
através dos altíssimos impostos<br />
cobrados no município<br />
para enriquecer os já ricos empresários<br />
e as famosas máfias<br />
que dominam a cidade, como<br />
a máfia do lixo e do transporte,<br />
e favorecer ainda mais os<br />
grandes comerciantes, os trabalhadores,<br />
e em particular os<br />
desempregados que se tornaram<br />
camelôs, não têm quaisquer<br />
direitos. Não podem sequer<br />
trabalhar nas ruas para<br />
obter seu próprio sustento de<br />
maneira honesta e digna, com<br />
o próprio suor do seu corpo.<br />
A repressão aos trabalhadores<br />
ambulantes é uma política<br />
comum a todos os governos<br />
burgueses. Em São Paulo, de<br />
Maluf (PP) a Marta Suplicy<br />
(PT), todos são inimigos dos<br />
trabalhadores e preferem ver<br />
um ambulante perder toda<br />
mercadoria e ser humilhado<br />
pela polícia nas ruas do que<br />
investir minimamente na criação<br />
de condições para que<br />
esta parcela significativa da<br />
população, que não possui emprego<br />
fixo, condições de abrir<br />
agora um pequeno negócio<br />
estável ou trabalha em condições<br />
precárias possa se sustentar<br />
dignamente em um<br />
emprego de verdade com carteira<br />
assinada e todos os direitos<br />
garantidos. Trabalham ativamente<br />
para criar no país<br />
uma legião de desempregados,<br />
apenas em função das dificuldades<br />
que os empresários<br />
encontram para poder continuar<br />
lucrando.<br />
Kassab já condenou as manifestações<br />
anteriores da população<br />
pobre que se levantou<br />
contra o descaso com os transportes<br />
públicos e a falta<br />
d’água no início do ano. Chamou<br />
os trabalhadores de criminosos<br />
para esconder que o<br />
verdadeiro criminoso, que<br />
lesa a população, é ele e seu<br />
governo bantipovo de empresários<br />
e banqueiros.<br />
Somente um governo dos<br />
próprios trabalhadores, isto é,<br />
um governo formado pelas organizações<br />
independentes da<br />
classe operária, dos conselhos<br />
populares nos bairros e dos<br />
sindicatos, sem patrões e seus<br />
lacaios políticos profissionais<br />
pode criar as condições para<br />
uma verdadeira mudança na<br />
sociedade.
15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />
MOVIMENTO POPULAR 9<br />
SÃO PAULO<br />
Mobilização dos camelôs toma conta do centro<br />
Os camelôs de São Paulo realizam o maior protesto<br />
do último período. Mais de três mil trabalhadores<br />
ambulantes tomaram a 25 de março e as ruas<br />
próximas durante toda a última sexta-feira (13)<br />
colocando contra a parede a Polícia Militar e a<br />
Guarda Civil Metropolitana do micro-ditador<br />
Gilberto Kassab (DEM), que ficaram completamente<br />
sem ação, mesmo com o financiamento da repressão<br />
aos ambulantes por parte dos lojistas e da máfia da<br />
propina<br />
Os trabalhadores ambulantes<br />
do centro de São Paulo organizavam<br />
desde o início desta<br />
semana um protesto massivo<br />
nesta sexta-feira.<br />
Superando até mesmo as<br />
expectativas dos organizadores<br />
do ato, que reivindicava o fim a<br />
repressão por parte da Guarda<br />
Civil Metropolitana (GCM),<br />
cerca de três mil trabalhadores<br />
ambulantes foram às ruas. A<br />
região central foi tomada por<br />
protestos desde a manhã, que<br />
chegaram a se realizar em até<br />
três pontos diferentes da região<br />
de forma simultânea.<br />
Após duas manifestações,<br />
uma realizada no último sábado<br />
(dia 7) e outra na última segunda-feira<br />
(dia 9), depois de estas<br />
serem duramente reprimidas<br />
pela Guarda Civil Metropolitana<br />
e a Polícia Militar, os ambulantes<br />
resolveram realizar um<br />
protesto para responder à total<br />
ofensiva repressiva de Gilberto<br />
Kassab e de sua polícia. Nos protestos<br />
realizados na segundafeira,<br />
um trabalhador ambulante<br />
foi morto e outros foram<br />
presos, o que foi completamente<br />
escamoteado pela imprensa<br />
burguesa.<br />
Os casos de mortes na região<br />
da 25 de março por parte da<br />
Polícia Militar e da Guarda Civil<br />
Metropolitana são denunciados<br />
pelos ambulantes como<br />
uma constante. Segundo estes,<br />
mais de seis ambulantes foram<br />
assassinados desde janeiro deste<br />
ano pelos carrascos da<br />
GCM.<br />
Também nestes protestos<br />
uma trabalhadora grávida havia<br />
sido espancada pela GCM a<br />
ponto de ter rompido a placenta<br />
e ter sido obrigada a fazer um<br />
aborto.<br />
A repressão monstruosa nestes<br />
dois dias, financiada por<br />
associações de lojistas, um claro<br />
plano destes preparando as<br />
eleições para reeleger o prefeito<br />
da propina, teve como a gota<br />
d´água entre os camelôs estes<br />
dois últimos casos. As manifestações<br />
desta sexta-feira foram<br />
o resultado, no entanto, de além<br />
da intensidade da repressão, da<br />
destruição de todos os meios de<br />
sobrevivência da população<br />
mais pobre da cidade pelos governos<br />
burgueses que se sucedem<br />
para saquear o povo.<br />
O início dos<br />
protestos<br />
A partir das nove horas da<br />
manhã, os ambulantes organizados<br />
iniciaram um protesto com<br />
cerca de 200 pessoas. Estes<br />
começaram percorrendo a rua<br />
25 de março chamando os colegas<br />
a pararem sua atividade.<br />
A manifestação se expandiu então para outras ruas. A Ladeira<br />
Porto Geral foi a primeira delas na qual os camelôs<br />
agruparam ainda mais pessoas.<br />
Os trabalhadores já estavam de<br />
sobreaviso sobre o protesto e,<br />
portanto, aderiram com facilidade<br />
às manifestações.<br />
Os ambulantes portavam faixas<br />
com palavras-de-ordem que<br />
expressavam a sua situação,<br />
como “não tememos a morte,<br />
tememos a miséria” e “Kassab<br />
só governa para os empresários.<br />
Fora GCM!”.<br />
No início da manifestação, os<br />
trabalhadores também entoavam<br />
palavras de ordem como “O<br />
camelô unido jamais será vencido”<br />
e “Abaixo a GCM”.<br />
A partir das 11 horas da<br />
manhã os trabalhadores começaram<br />
exigir que os comerciantes<br />
abaixassem as portas. A<br />
Polícia Militar formava barreiras<br />
em frente aos estabelecimentos<br />
dos lojistas para que estes não<br />
abaixassem suas portas. No<br />
entanto, nem a PM e nem a<br />
associação de comerciantes<br />
formada de mafiosos e batepaus<br />
(inclusive skinheads), cujos<br />
membros insistiam para que<br />
os lojistas mantivessem suas<br />
portas abertas, conseguiram<br />
convencer os médios comerciantes<br />
a enfrentar os camelôs.<br />
A Polícia Militar, se sentindo<br />
acuada, prendeu um dos manifestantes<br />
por ter supostamente<br />
provocado danos a uma loja.<br />
Após isto os trabalhadores ficaram<br />
por cerca de meia-hora em<br />
volta do local onde a polícia<br />
mantinha o camelô cercado<br />
exigindo que este fosse então<br />
libertado.<br />
A PM também tomou da mão<br />
dos camelôs uma bandeira de<br />
seu movimento. A mesma cena<br />
então se repetiu. Cerca de duzentas<br />
pessoas exigiam que a<br />
polícia devolvesse a bandeira,<br />
pressionando esta em coro.<br />
Depois de cerca de 20 minutos<br />
os policiais foram obrigados a<br />
devolver a bandeira roubada e os<br />
camelôs seguiram o protesto,<br />
que a cada momento conseguia<br />
mais adesão.<br />
Os camelôs não aceitaram a<br />
proposta da Polícia Militar de<br />
tomar uma única faixa da Rua e<br />
continuaram o protesto.<br />
A manifestação então se expandiu,<br />
percorrendo diversas<br />
das principais ruas do centro.<br />
Cerca de duas mil pessoas, principalmente<br />
ambulantes das ruas<br />
próximas e anexas à 25 de<br />
março, chegaram a aderir ao<br />
protesto.<br />
Manifestação<br />
cresce e ganha a<br />
adesão de<br />
ambulantes de<br />
todo o centro<br />
A manifestação se expandiu<br />
então para outras ruas. A Ladeira<br />
Porto Geral foi a primeira<br />
delas na qual os camelôs agruparam<br />
ainda mais pessoas.<br />
O terminal Parque Dom Pedro<br />
foi o segundo destino. Este<br />
foi tomado e então os camelôs<br />
subiram a ladeira da rua General<br />
Carneiro. Esta, que cotidianamente<br />
possui produtos sendo<br />
expostos por ambulantes no<br />
chão e nas suas beiradas, foi<br />
aberta totalmente para ser palco<br />
do protesto.<br />
Um mar de pessoas tomava<br />
a ladeira quase de uma extremidade<br />
à outra. Os ambulantes<br />
seguiam correndo em uma<br />
multidão pelas vielas, ruas, passarelas<br />
e calçadões para despistar<br />
a polícia. No meio do caminho<br />
pediam para que lojistas<br />
fechassem suas portas. O cenário<br />
do centro era semelhante a<br />
de um campo de guerra e a ação<br />
dos camelôs se realizava em<br />
uma espécie de “tática de guerrilha”,<br />
realizando caminhos que<br />
surpreendiam a polícia e protestando<br />
de surpresa contra algumas<br />
lojas.<br />
Repressão covarde<br />
da polícia<br />
Próximos à prefeitura, na<br />
Praça do Patriarca, os camelôs<br />
foram surpreendidos pela tentativa<br />
da polícia de impedir a sua<br />
manifestação. Dois policiais em<br />
uma viatura receberam então<br />
pedras e paus e foram obrigados<br />
a desobstruir o caminho e a sair<br />
em retirada.<br />
Ali, alguns trabalhadores,<br />
depois de ganharem confiança<br />
graças à fuga da polícia, levantaram<br />
a idéia de ocupar a sede<br />
da prefeitura de São Paulo, mas<br />
a maioria pressionou para que<br />
estes seguissem em outro sentido,<br />
o da direção da rua São<br />
Bento.<br />
Após os camelôs tomarem<br />
uma paralela desta via, a Guarda<br />
Civil Metropolitana e a PM<br />
tentaram em conjunto cercar os<br />
manifestantes. Após estes entrarem<br />
na rua formou-se uma<br />
fileira de policiais militares atrás<br />
do protesto e, ao mesmo tempo,<br />
na esquina para retornar à rua<br />
São Bento, um grupo de Guarda<br />
Civis Metropolitanos, em<br />
menos de dez homens atacou os<br />
camelôs. Aí estes se dividiram<br />
em dois grupos e alguns trabalhadores<br />
foram cercados pela<br />
PM. Um deles foi derrubado<br />
pelos covardes policiais porque<br />
estava isolado do grupo. Vários<br />
policiais em motos davam cobertura<br />
para a ação covarde.<br />
Tendo tomado um golpe de<br />
cassetete na cabeça e, cercado<br />
por policiais, foi agredido no<br />
chão covardemente. Com a<br />
chegada de mais manifestantes,<br />
os policiais novamente partiram<br />
em retirada.<br />
Os trabalhadores então retornaram<br />
para a 25 de março que<br />
estava então tomada por cordões<br />
policiais da GCM, da Tropa<br />
de Choque, da Rocam, da<br />
Polícia Militar e por policiais da<br />
Rota e do DEIC.<br />
Estes, no entanto, não conseguiram<br />
reagir.<br />
A Guarda Civil Metropolitana<br />
foi desmoralizada pela manifestação<br />
neste momento. Os<br />
trabalhadores atiraram frutas e<br />
pedaços de pau em seu efetivo,<br />
que apenas conseguia quando<br />
muito desviar dos objetos. Neste<br />
momento os camelôs gritavam<br />
palavras de ordem como<br />
“Fora GCM”.<br />
A manifestação então seguiu<br />
novamente para outras ruas.<br />
Neste momento já não eram<br />
os mesmos iniciadores dos protestos<br />
que se manifestavam em<br />
diversos pontos da cidade, mas<br />
formaram-se três grupos de<br />
manifestantes de camelôs que<br />
aderiram ao protesto, que percorriam<br />
as ruas agora exigindo<br />
que os lojistas baixassem suas<br />
portas, o que efetivamente<br />
ocorreu em inúmeros estabelecimentos.<br />
A GCM e a Polícia Militar<br />
claramente defendiam as grandes<br />
lojas formando descaradamente<br />
cordões em frente a estes<br />
estabelecimentos, reforçando<br />
ainda mais a prova de que esta<br />
guarda está sendo financiada<br />
por um pequeno grupo da média<br />
e grande burguesia comerciante,<br />
uma minoria que se alia<br />
à máfia da propina e que financia<br />
o armamento da guarda pretoriana<br />
de Gilberto Kassab no<br />
centro da cidade de São Paulo<br />
para perseguir os camelôs.<br />
Por volta das 14h30, terminaram<br />
os protestos, que duraram<br />
quase seis horas.<br />
Este foi o maior protesto dos<br />
últimos tempos, realizado no<br />
centro da cidade e, sem dúvida,<br />
foi a manifestação mais combativa<br />
e mais politizada dos camelôs<br />
que mostram não esperar<br />
terem atendidas suas reivindicações<br />
de nenhuma autoridade a<br />
não ser pela força da sua mobilização.<br />
Os protestos na rua 25<br />
de março, segundo prometem<br />
os camelôs, deverão continuar<br />
na próxima semana e suas manifestações<br />
contra as barbaridades<br />
do braço armado corrupto<br />
e assassino da prefeitura paulistana<br />
deverão crescer com a<br />
adesão de camelôs de outras<br />
partes da cidade. Na manifestação,<br />
podia-se notar a presença<br />
ostensiva de camelôs do Brás,<br />
uma das maiores concentrações<br />
da cidade com dezenas de milhares<br />
da ambulantes.<br />
Kassab vacilante<br />
em reprimir a<br />
manifestação<br />
O direitista Gilberto Kassab<br />
(DEM) um dos prefeitos mais<br />
impopulares de São Paulo, apesar<br />
de toda a sua vontade de<br />
transformar a maior cidade do<br />
País em uma ditadura pessoal,<br />
se mostrou completamente impotente<br />
diante das manifestações<br />
massivas dos camelôs. A<br />
burguesia que exigia uma repressão<br />
generalizada ao setor<br />
mais oprimido da cidade, literalmente<br />
jogado às ruas, tem como<br />
obstáculo o desenvolvimento de<br />
uma ala combativa e uma tendência<br />
revolucionária surge<br />
entre os desempregados assim<br />
como surge em toda a população.<br />
Esta tendência seguida de<br />
mais repressão geraria uma revolta<br />
generalizada e uma situação<br />
de enfrentamento ainda<br />
maior, no qual claramente as<br />
forças policiais estariam em<br />
desvantagem.<br />
A direita e os grandes capitalistas<br />
e seus governos buscam<br />
aumentar a repressão para conter<br />
estas tendências de luta que<br />
estão dando claros sinais de<br />
crescimento em vários setores<br />
dos mais pobres e dos mais<br />
explorados da classe operária e<br />
das massas. No entanto, mal<br />
começam as manifestações de<br />
rebelião contra esta verdadeira<br />
ditadura, os governos direitistas<br />
mostram-se como o que realmente<br />
são, fracos e impopulares,<br />
rejeitados pela grande maioria<br />
e apoiados nos grandes<br />
capitalistas, na direita e na imprensa<br />
capitalista.<br />
O desenvolvimento de protestos<br />
espontâneos em São<br />
Paulo e outras capitais do País<br />
são a expressão de uma clara<br />
tendência de crise do regime<br />
político, aliado às, cada vez mais<br />
sofríveis, condições de vida do<br />
proletariado, especialmente<br />
aquele jogado ao desemprego.<br />
Estas manifestações em São<br />
Paulo surgem, como as que já<br />
ocorreram este ano em M´Boi<br />
Mirim, quando três mil pessoas<br />
tomaram umas das principais<br />
avenidas da cidade para protestar<br />
contra as condições calamitosas<br />
do transporte público além<br />
de outras manifestações nas<br />
favelas contra a repressão,<br />
como fruto da miséria do povo<br />
e do aprofundamento crise política<br />
da direita tradicional. Estas<br />
tendências revolucionárias<br />
são, não coincidentemente,<br />
canalizadas neste momento<br />
pelos setores que sofrem mais<br />
diretamente com a crise econômica,<br />
como a inflação dos alimentos<br />
e com a política de rapina<br />
no Estado. Este é o caso da<br />
população que sofre nos mercados<br />
com o aumento do preço do<br />
alimento e é o caso dos camponeses<br />
sem-terra que estão sendo<br />
atacados por novas leis de<br />
concessão ao latifúndio para que<br />
este tome as terras dos camponeses<br />
para transferir tudo que é<br />
plantado como riqueza energética<br />
para os EUA e outros países<br />
imperialistas.<br />
A tendência revolucionária<br />
nestes setores da classe operária<br />
e do proletariado são um<br />
prenúncio do alastramento desta<br />
tendência no conjunto das<br />
classes exploradas, em particular<br />
ao poderoso contingente da<br />
classe operária industrial que já<br />
começa a dar os primeiros sinais<br />
de que está se colocando em<br />
movimento.<br />
Esta situação guarda muita<br />
semelhança ao ascenso operário<br />
no País em meados dos anos<br />
80, e depois de um período do<br />
refluxo, resultado da derrota da<br />
greves de 79 e 80 em São Bernardo<br />
e no sindicato dos metalúrgicos<br />
de São Paulo. Aquele<br />
refluxo se encerrava com a retomada<br />
das lutas a partir dos<br />
saques de Santo Amaro promovidos<br />
pelos desempregados,<br />
em atos muito semelhantes aos<br />
atuais.<br />
Desenvolve-se uma tendência<br />
clara à reorganização dos<br />
trabalhadores brasileiros e quem<br />
expressa esta reorganização são<br />
em primeiro lugar os setores<br />
menos controlados pela burocracia<br />
sindical pelega e o setor<br />
mais sofrido do conjunto da<br />
população.<br />
É preciso apoiar, impulsionar,<br />
organizar e dotar estas lutas<br />
de um programa claro de<br />
reivindicações imediatas, de luta<br />
pela centralização das mobilizações<br />
operárias e por um governo<br />
próprio da classe operária das<br />
cidades e dos trabalhadores do<br />
campo.<br />
Veja os depoimentos dos trabalhadores ambulantes da 25 de março<br />
Leia abaixo os documentos<br />
que foram filmados por um<br />
correspondente do Partido da<br />
Causa Operária na rua 25 de<br />
março, na última quinta-feira,<br />
dia 12.<br />
Jaílson,<br />
ambulante<br />
“Ninguém pode trabalhar,<br />
só os guardas. Ninguém pode<br />
trabalhar e descem o cacete<br />
em nós.<br />
Esta marca em meu rosto é<br />
da repressão da guarda, do<br />
protesto de anteontem.”<br />
“A prefeitura do Kassab é<br />
péssima. Para nós é o pior governo<br />
– ‘O Kassab defende só<br />
os ricos’ diz um dos colegas<br />
de Jaílson.<br />
Estão jogando spray de pimenta<br />
na cara da gente direto,<br />
nos olhos de todo mundo,<br />
na cara de camelô e de qualquer<br />
um.”<br />
Hilário, senhor de<br />
idade e deficiente<br />
“Eles não estão deixando o povo<br />
trabalhar. Se o povo não trabalhar<br />
ele vai fazer o que? Eles vão dar<br />
dinheiro pro povo? Tem que deixar<br />
trabalhar.<br />
Trabalho na 25 de março já faz<br />
mais de 10 anos”<br />
Causa Operária: O senhor tem<br />
deficiência física?<br />
Hilário: Sim tenho.<br />
Causa Operária: E eles vieram<br />
se aproveitar disto para tentar apreender<br />
sua mercadoria?<br />
Hilário: Sim, se aproveitam<br />
para tentar pegar minha mercadoria.<br />
O Kassab não vale nada, pra<br />
mim ele não vale nada.<br />
Eu recebo um salário pequeno<br />
de aposentadoria que não dá nem<br />
para comprar um quilo de carne.<br />
Eles não podem me pegar, sou deficiente,<br />
tenho 70 anos. Por que eles<br />
vão me pegar? Se fosse um deles<br />
lá não tava nem trabalhando. Se<br />
No início da manifestação, os trabalhadores também<br />
entoavam palavras de ordem como “O camelô unido jamais<br />
será vencido” e “Abaixo a GCM”.<br />
fosse um deles já tava aposentado.<br />
Eu ganho uma mixaria e ainda querem<br />
pegar essa mixaria. Lá cai um<br />
montão de dinheiro por mês e a<br />
gente aqui não ganha nada e ainda<br />
querem roubar a gente. Eles são os<br />
verdadeiros ladrões.<br />
Lívia, ambulante na<br />
25 de março há dois<br />
anos<br />
“Eles roubam mercadoria, batem<br />
na gente, e a polícia está no<br />
meio também para dizer que vai<br />
amenizar defender mas acabam<br />
ficando do lado deles também. Não<br />
querem que a gente trabalhe também<br />
– ‘Até arma colocaram na<br />
minha cabeça, mandaram eu deitar<br />
no chão e mandaram eu entregar<br />
a mercadoria’”.<br />
“Eles não podem colocar a arma<br />
na cabeça de ninguém porque eles<br />
não são policiais”, diz uma colega<br />
de Lívia. Outra diz; “Tem mais, no<br />
sábado pegaram até um velhinho<br />
de 75 anos, agrediram o velho e<br />
meteram porrada nele, tomaram<br />
suas mercadorias. Não tem hora<br />
não. O pessoal chega às 4h30 da<br />
manhã e eles passam o carro por<br />
cima. Eles batem mesmo não<br />
querem nem saber. A gente não<br />
tem como trabalhar então vender<br />
por fora é o jeito.”<br />
Causa Operária: Próximo das<br />
eleições está aumentando a repressão?<br />
Lívia: “Está aumentando. Kassab<br />
vai tomar um zero à esquerda<br />
nas eleições – ‘Toda pesquisa que<br />
está passando ele nas eleições ele<br />
está perdendo’ – Os camelôs são<br />
todos contra Kassab. Esta daí perdeu<br />
tudo, só porque ela é boliviana<br />
(apontando a trabalhadora ambulante).<br />
O mundo é para todos (...)<br />
Eles não querem saber se você vai<br />
perder ou se machucar, se você<br />
tem filhos”.<br />
“Uma mulher grávida foi agredida.<br />
Um policial agrediu e puxou<br />
minha amiga. Ela quase perdeu a<br />
É preciso apoiar, impulsionar, organizar e dotar estas lutas de<br />
um programa claro de reivindicações imediatas, de luta pela<br />
centralização das mobilizações.<br />
criança. Se perdesse eles iam pagar<br />
uma indenização grande”.<br />
“A gente ia fazer uma manifestação<br />
grande, ia fazer uma passeata.<br />
Os policiais não deixaram a<br />
gente fazer a passeata. Cercaram<br />
a gente no meio da rua e não deixaram.<br />
Mandaram a gente parar<br />
com a passeata. A gente não estava<br />
fazendo nada e eles fizeram a<br />
gente parar a passeata, então o jeito<br />
é quebrar tudo. Quebrando tudo<br />
eles vão deixar a gente trabalhar”<br />
Senhora que não<br />
quis se identificar<br />
“Hoje mesmo eles puxaram<br />
uma senhora pelo cabelo (...)<br />
Chegam batendo como se a gente<br />
não fosse ninguém. A violência<br />
é demais e a gente não pode<br />
fazer nada. A gente sobrevive<br />
daqui (...) Nós precisamos realmente<br />
comer. Pai de família vem<br />
pra cá pra trabalhar, não viemos<br />
aqui passar droga nem roubar”<br />
“Eu mesmo em uma época fui<br />
agredida e fui parar no DP (...)<br />
Quando começou a operação<br />
aqui eles queriam que eu passasse<br />
e minha mercadoria e eu não<br />
passei. Eles me arrastaram e eu<br />
fui parar no DP. Vira e mexe eles<br />
fazem essa operação. Vem piorando<br />
com certeza vem piorando<br />
porque antes eles davam uma<br />
trégua”<br />
Causa Operária: Você acha<br />
que tem alguma coisa a ver com<br />
as eleições?<br />
Com certeza. Agora é tempo<br />
de eleições e eles fazem isso, para<br />
dizer que a rua está limpa (...)<br />
mas a gente não é sujeira, a gente<br />
é trabalhador (...) dizem que a<br />
gente não paga imposto e onde<br />
estão nossos impostos todos os<br />
dias que a gente entra no mercado<br />
para comer – ‘Luz telefone e<br />
contas de casa, como não pagamos<br />
imposto?’”, protesta uma<br />
colega da senhora que era entrevistada.
15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />
MOVIMENTO OPERÁRIO E EDUCAÇÃO 10<br />
APEOESP DESESPERO POLÍTICO<br />
Diretoria do PT “mensalão” usa capangas e PM de Serra<br />
contra professores da oposição para poder fraudar a eleição<br />
Eles não movem um dedo para defender a categoria,<br />
mas viram bichos para manter seus cargos e<br />
privilégios<br />
Para legitimar a fraude, “Bebel” contou com o apoio de militantes<br />
do Psol e PSTU que estavam no local da saída das urnas.<br />
O desespero tomou conta da<br />
turma de “Bebel Delúbio” e do<br />
PT mensalão (Chapa 1) nas<br />
eleições da APEOESP.<br />
Diante do profundo repúdio<br />
da categoria na região de Piracicaba<br />
e em todo o Estado a<br />
burocracia que transformou o<br />
sindicato em um condomínio<br />
pelego dominado pelo PT (Chapa<br />
1) e PSTU-Psol (Chapa 2)<br />
pelo fato de que eles não fazem<br />
nada para defender a categoria<br />
diante dos ataques do governo,<br />
resolveram partir para o valetudo,<br />
usar de todos os meios<br />
para impedir a manifestação da<br />
vontade da categoria.<br />
Nesta quinta-feira (5/6/<br />
gurada a inscrição de mesários<br />
de todas as chapas e que estes<br />
e os fiscais pudessem acompanhar<br />
as urnas.<br />
“Bebel” determinou que nada<br />
disso valia. Como se fosse dona<br />
da subsede e da APEOESP. Na<br />
véspera algumas urnas foram<br />
mandadas para a casa de candidatos<br />
da situação e pela manhã<br />
disse que não respeitaria nada e<br />
que as urnas sairiam só com eles.<br />
Professoras e professores<br />
procuraram argumentar, de<br />
nada adiantou. A diretoria que<br />
havia contratado capangas,<br />
chamou a PM de Serra ( a mesma<br />
que sempre age para reprimir<br />
as manifestações dos professores<br />
e outros trabalhadores<br />
e que tortura e mata jovens e<br />
trabalhadores inocentes) para<br />
garantir a fraude.<br />
Mas a burocracia não quer<br />
saber. Eles só pensam em manter<br />
o poder e as mordomias no<br />
Sindicato, enquanto a categoria<br />
come o pão que o diabo amassou<br />
nas salas de aula. Os professores<br />
estão com os salários congelados<br />
e sendo atacados pelo<br />
Decreto 53037/08, do governador<br />
José Serra (PSDB) que abriu<br />
caminho para a demissão de<br />
mais de 70 mil professores<br />
ACT’s (Admitidos em Caráter<br />
Temporário) e estabeleceu uma<br />
série de medidas de ataques aos<br />
professores temporários e efetivos,<br />
como a proibição de que<br />
estes removam seus cargos (trocando<br />
de local de trabalho)<br />
durante o período de estágio<br />
probatório (ampliado por Serra<br />
de dois para três anos) e no caso<br />
de terem mais de 10 faltas por<br />
ano e está sendo obrigada a trabalhar<br />
doente, diante da proibição<br />
de faltas médicas.<br />
Diretoria Unificada<br />
(chapas 1 e 2),<br />
contra a categoria<br />
Para legitimar a fraude, “Bebel”<br />
contou com o apoio de<br />
militantes do Psol e PSTU que<br />
estavam no local da saída das<br />
urnas. A chapa 2 tem apenas um<br />
candidato na subsede - Prof.<br />
Magno - (a chapa 3 inscreveu 80<br />
professores de Piracicaba na<br />
sua chapa e tinha 16 candidatos<br />
a conselheiros). Chapas 1 e 2,<br />
da diretoria, selaram o acordo<br />
contra os professores e a Oposição<br />
e saíram sozinhos com as<br />
urnas.<br />
O episódio evidencia claramente<br />
o papel reacionário dessas<br />
correntes que se agrupam no<br />
Conlutas e Intersindical e que têm<br />
atualmente 44 diretores na<br />
APEOESP sendo cúmplices de<br />
toda a política da burocracia<br />
“governistas” contra a categoria.<br />
Prisões e<br />
agressões de<br />
professores<br />
Agindo claramente contra a<br />
lei e intervindo dentro do Sindicato<br />
em um assunto que não<br />
lhes dizia respeito e atuando,<br />
claramente, para favorecer, a<br />
diretoria do Sindicato, a PM<br />
reforçou a ação de capangas<br />
2008), dezenas de professores<br />
se concentraram em frente à<br />
subsede da APEOESP de Piracicaba<br />
exigindo que fosse garantido<br />
o elementar direito de que as<br />
urnas não fossem conduzidas<br />
exclusivamente por candidatos<br />
e cumpinchas da Chapa 1.<br />
A maioria da comissão eleitoral,<br />
da Chapa 1, aprovou que<br />
todos os mesários seriam da<br />
Chapa 1 (cópia da ata está à<br />
disposição de quem quiser ver).<br />
Mesmo a controlada comissão<br />
eleitoral estadual, na qual todos<br />
os membros são da diretoria<br />
(chapas 1 e 2) recomendou,<br />
depois de solicitação da Oposição<br />
(Chapa 3), que fosse assecontratados<br />
pela situação e partiram<br />
para cima dos professores<br />
da oposição (ampla maioria<br />
no local) para garantir pela força<br />
a saída das urnas.<br />
Tomaram à força das mãos<br />
do professor Messias Ishida,<br />
uma câmera com a qual filmava<br />
o ocorrido para mostrar para<br />
toda categoria, quebrando-a e<br />
destruindo a fita no seu interior,<br />
porque precisavam esconder o<br />
que estavam fazendo. Ao cobrar<br />
dos policiais respeito ao professor<br />
e a todos presentes, reclamando<br />
inclusive que a PM havia<br />
disparado gás de pimenta<br />
dentro da subsede contra professoras,<br />
inclusive grávidas, o<br />
professor Antônio Carlos Silva,<br />
candidato à presidente da Chapa<br />
3, foi violentamente agredido<br />
por policiais e junto com o<br />
professores Messias (EE Pedro<br />
de Mello) e José Carlos da Fonseca<br />
(EE Grillo e Hélio Penteado)<br />
algemados e levados para o<br />
Distrito Policial, onde exigiram<br />
exame de corpo delito, diante<br />
das agressões.<br />
Abaixo a fraude e<br />
a privatização da<br />
APEOESP<br />
Professoras e professores<br />
presentes na subsede ficaram<br />
indignados com o ocorrido. Nas<br />
escolas, ao tomar conhecimento<br />
do ocorrido, professores<br />
chegaram a tentar impedir a<br />
entrada das urnas, como na EE<br />
Mello Cotrin. Muitos professores<br />
se recusaram a votar e produziram<br />
declarações e abaixoassinados<br />
contra as agressões e<br />
a fraude nas eleições.<br />
Diante do ocorrido, os professores<br />
da Corrente Sindical<br />
Causa Operária estão chamando<br />
os professores a reagirem<br />
contra esta tomada à força do<br />
sindicato pela burocracia que<br />
quer impedir a manifestação da<br />
vontade da categoria. A votarem<br />
na Chapa 3 e nos seus candidatos<br />
ao Conselho, como um protesto,<br />
ao mesmo tempo em que<br />
exigem a realização de novas<br />
eleições livres e democráticas.<br />
Uma plenária dos professores,<br />
deliberou realizar uma ampla<br />
campanha contra a “privatização”<br />
da subsede e do sindicato<br />
pela burocracia do PT-<br />
PCdoB (Chapa 1) e do PSTU-<br />
Psol (Chapa 2) que usa o sindicato<br />
para defender seus interesses<br />
e os do governo Serra contra<br />
a categoria.<br />
É necessário fortalecer a<br />
construção de uma nova direção<br />
para as lutas dos professores,<br />
colocando para fora toda a burocracia<br />
e pondo fim a seus<br />
privilégios.<br />
Isto tudo acontece porque a<br />
burocracia está comprometida<br />
até a medula com Serra e seus<br />
decretos contra os professores.<br />
Contra eles, a Oposição de<br />
Verdade está chamando também<br />
a categoria a se mobilizar<br />
a partir das escolas. Começando<br />
por organizar uma grande<br />
caravana dos professores para<br />
a Assembléia geral do próximo<br />
dia 13 de junho: contra os decretos<br />
de Serra e pela reposição das<br />
perdas salariais.<br />
PROFESSORES DO PAÍS PARALISAÇÕES AMPLIAM<br />
Professores do Paraná fazem passeata e preparam greve<br />
Os professores e funcionários<br />
da rede estadual de ensino<br />
público do Paraná, fizeram<br />
paralisação geral de todas as<br />
atividades por 24h, nesta<br />
quarta-feira, realizando passeata<br />
de cinco mil servidores<br />
da rede estadual no centro de<br />
Curitiba, a mobilização visa o<br />
atendimento das reivindicações<br />
da categoria. Também<br />
como parte da manifestação,<br />
os trabalhadores fizeram paralisação<br />
geral de todas as<br />
atividades por 24h, que segundo<br />
sindicato, chegou a<br />
90% de paralisação.<br />
A principal reivindicação<br />
dos professores e funcionários<br />
são os salários, que são<br />
os mais baixos do funcionalismo<br />
público do estado, considerando<br />
o nível de formação,<br />
também é reivindicada a<br />
melhoria do atendimento de<br />
saúde para os educadores,<br />
diminuição do número de alunos<br />
por sala de aula, plano de<br />
carreira para os funcionários<br />
de escola, implantação de<br />
carga de 40 horas para professores.<br />
“Estamos pedindo a<br />
equiparação salarial com os<br />
demais servidores públicos<br />
desde 2002 e até agora nada”,<br />
afirma o presidente do APP-<br />
Sindicato, José Lemos.<br />
A manifestação dos professores,<br />
que se dirigiu ao Palácio<br />
das Araucárias, não teve o<br />
desfecho esperado pelo sindicato,<br />
o governador Roberto<br />
Requião (PMDB), se recusou<br />
a receber os representantes<br />
do sindicato, para negociação,<br />
frente a situação, o sindicalista<br />
Lemos, vacinado frente à<br />
pressão da base indignada<br />
frente a atitude do governo,<br />
anunciou que, ou o governo<br />
paga os 30%, ou a categoria<br />
vai à greve no próximo dia 14.<br />
A situação com várias categorias<br />
do funcionalismo público<br />
frente aos seus governos,<br />
tende a se acirrar ainda<br />
mais no período imediato,<br />
apesar do amortecedor, que<br />
se tornaram a maioria dos<br />
sindicatos no país, para amortecer<br />
ou até eliminar os impactos<br />
em favor dos governos.<br />
A situação de colapso na<br />
educação brasileira, tende a<br />
aumentar e em alguns estados<br />
como é o próprio caso do Paraná,<br />
ou ainda no Piauí, onde<br />
os professores continuam<br />
greve, apesar da mesma ter<br />
sido considerada ilegal pelo<br />
tribunal de justiça do governo,<br />
mostram uma crescente disposição<br />
de luta, que deverá<br />
aumentar frente á crise econômica,<br />
que os vários governadores<br />
procuram jogar nas<br />
costas da população e de seus<br />
servidores, como é exemplo<br />
importante, a revoltante proposta<br />
de reajuste salarial oferecida<br />
em São Paulo, pelo<br />
Prefeito Gilberto Kassab aos<br />
servidores municipais,<br />
0,01%.<br />
FRIOS<br />
Patrão amplia fábrica à custa<br />
da saúde do trabalhador<br />
O Frigorífico Barontini, localizado<br />
na região do ABC, vem faturando<br />
muito às custas dos trabalhadores.<br />
O Barontini trabalha com lingüiça,<br />
Charque e produtos para feijoada.<br />
A empresa vem tratando os<br />
operários como se fossem animais.<br />
Para se ter noção das atrocidades<br />
feitas com os trabalhadores,<br />
vários deles adquiriram doenças<br />
ocupacionais como desvios<br />
na coluna cervical, tendinite,<br />
bursite, etc. Quando algum trabalhador<br />
reclama do serviço<br />
extenuante, os encarregados não<br />
dão a mínima atenção, muito pelo<br />
contrário, reclama que o funcionário<br />
está fazendo corpo mole.<br />
Quando o trabalhador falta ao<br />
serviço à ameaça de agressão<br />
por parte dos encarregados.<br />
As condições de trabalho são<br />
muito precárias, tanto homens<br />
como as mulheres são obrigados<br />
a carregar peso muito acima<br />
da capacidade física.<br />
A CIPA (Comissão Interna<br />
de Prevenção de Acidentes) é<br />
freqüentemente fraudada pelo<br />
patrão, para evitar a compra de<br />
Equipamentos de Proteção Individual<br />
(EPI), os quais praticamente<br />
não existem.<br />
Nesta semana além das medidas<br />
legais contra o patrão estarão<br />
acontecendo agitações<br />
com carro-de-som na porta da<br />
empresa para preparar assembléia<br />
dos trabalhadores.<br />
PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS<br />
Fim da greve<br />
Após 55 dias de greve dos<br />
docentes da Universidade Estadual<br />
do Piauí – UESPI, por reajuste<br />
salarial linear, PCCS e<br />
concurso público, governo do<br />
PT faz demagogia ao definir<br />
que piso salarial de professor<br />
será de R$ 600, menor que o<br />
salário mínimo do DIEESE que<br />
é de R$ 1.900 e diretoria da<br />
ADUEPI bate palmas.<br />
A diretoria da ADUSPI dirigida<br />
pela Conlutas aceitou o<br />
reajuste de 18% linear para todos<br />
os níveis cedido pelo Governo,<br />
retomou as aulas dia 3 de<br />
junho. Os docentes encerraram<br />
a greve por um piso salarial de<br />
R$ 600, já os professores que<br />
trabalham através de dedicação<br />
exclusiva, com carga horária de<br />
40 horas, terão salário de R$<br />
1.200, mesmo assim, menor<br />
que o salário mínimo 1.900<br />
defendido pelo DIEESE, órgão<br />
ligado ao estado. O próprio<br />
governo anunciou que irá encaminhar<br />
nos próximos dias o<br />
projeto de lei concedendo o piso<br />
nacional de R$ 950,00 para os<br />
professores do Estado do Piauí<br />
a ser implantado em sua totalidade<br />
até 2010.<br />
Apesar do reajuste não ter<br />
atender as necessidades vitais<br />
dos professores, a diretoria da<br />
Associação dos Docentes da<br />
UESPI - ADCESP defendeu<br />
publicamente que os 18% foram<br />
uma “grande conquista para a<br />
categoria” e, mais ainda pela<br />
promessa feita pelo governo de<br />
frente popular do PT de revisão<br />
do plano de cargos e salários da<br />
categoria, que a partir dessa<br />
semana se daria início ao estudo<br />
das mudanças inclusive, a<br />
comissão já foi escolhida. Os<br />
planos de cargos, salários e remuneração<br />
que tem sido estabelecido<br />
pelo governo com apoio<br />
da burocracia sindical do PT/<br />
PCdoB de um lado e a do PSTU/<br />
Psol (Conlutas) por outro a nível<br />
nacional tem se colocado a<br />
favor do patrão e do governo. A<br />
categoria não pode ficar esperando<br />
por milagres ou ganhos<br />
reais tendo como direção do<br />
movimento esses setores, uma<br />
vez que essas direções sindicais<br />
não têm nada a oferecer ao<br />
movimento ao não ser, fazer<br />
colaboração de classe em nome<br />
de que estão em defesa dos<br />
docentes e das universidades<br />
públicas. Vejamos o exemplo da<br />
campanha salarial dos docentes<br />
do ensino superior das Instituições<br />
Federais, até o momento<br />
sem reajuste.<br />
Foi também comemorado<br />
pela ADUESPI a autorização do<br />
concurso público para apenas<br />
120 professores efetivos quando<br />
se sabe que a necessidade é<br />
bem maior. A tempos, os estudantes<br />
reivindicam por mais<br />
professores e melhores condições<br />
de ensino, coisa que longe<br />
estar para ser atendido pelo<br />
governo do Estado do Piauí.<br />
Adquira as publicações das<br />
Edições Causa Operária<br />
INFLAÇÃO EXPLORAÇÃO<br />
Trabalhando mais para ganhar cada vez menos<br />
Em pesquisa divulgada pelo<br />
DIEESE (Departamento Intersindical<br />
de Estatísticas e Estudos<br />
Socioeconômicos), o preço<br />
da cesta básica no mês de<br />
maio subiu em 14 das 16 capitais<br />
pesquisadas. Destas, as<br />
cidades de Recife (14,19%),<br />
Natal (8,91%) e Florianópolis<br />
(7,61%) registraram as maiores<br />
altas. Ainda de acordo com<br />
o estudo, os valores mais altos<br />
da cesta básica foram encontrados<br />
em Porto Alegre (R$<br />
236,58), seguido por São Paulo<br />
(R$ 233,92) e Belo Horizonte<br />
(R$ 230,55).<br />
O estudo leva em consideração<br />
as determinações da Constituição<br />
Federal, de que o valor<br />
do salário mínimo deveria suprir<br />
as despesas de um trabalhador<br />
e sua família com alimentação,<br />
moradia, saúde, educação,<br />
vestuário, higiene,<br />
transporte, lazer e previdência.<br />
Portanto, segundo o DIEESE,<br />
um organismo criado pelo próprio<br />
governo na década de 50 e<br />
atualmente dirigido entidades<br />
sindicais ligadas ao governo<br />
Lula e aos patrões, como é o<br />
caso da Força Sindical e da<br />
CUT, o salário mínimo vital<br />
deveria ser de R$ 1.987,51. O<br />
valor é superior em R$ 69,39 ao<br />
estimado em abril (R$<br />
1.918,12).<br />
Logicamente que este é ainda<br />
um índice expurgado, uma<br />
vez que é tradicional do governo<br />
tentar mascarar de todas as<br />
maneiras a crise econômica e a<br />
considerável decadência na<br />
qualidade de vida da população.<br />
Segundo o Dieese, o trabalhador<br />
das 16 capitais brasileiras<br />
pesquisadas precisou cumprir,<br />
em maio, uma jornada<br />
média de 111 horas e 8 minutos<br />
para adquirir os mesmos<br />
bens que no mês anterior demandavam<br />
106 horas e 57<br />
minutos de trabalho. Em comparação<br />
com maio de 2007, a<br />
diferença supera 19 horas, pois<br />
eram necessárias em média 92<br />
horas e 3 minutos de trabalho.<br />
Os trabalhadores, cada vez<br />
mais, estão tendo que viver<br />
para trabalhar, ao invés de trabalhar<br />
para viver. Atualmente,<br />
cerca de 54,91% do que o trabalhador<br />
recebe como piso<br />
salarial é destinado a compra da<br />
cesta básica, um absurdo sem<br />
precedentes na história do País.<br />
A inflação, que sistematicamente<br />
é manipulada pelos índices<br />
oficiais do governo, deve<br />
ser calculada pelas organizações<br />
operárias de maneira independente<br />
do governo e da burocracia<br />
sindical. O salário<br />
mínimo necessário, atendendo<br />
as exigências da Constituição<br />
Federal – apresentado pelo<br />
DIEESE como sendo de R$<br />
1.918,12 é mais um golpe do<br />
governo, uma vez que qualquer<br />
pesquisa de preços independente<br />
mostrará que o valor é muito<br />
abaixo do que realmente seria<br />
necessário. Valor pouco superior<br />
ao atual salário mínimo do<br />
Dieese havia sido calculado<br />
pelo Partido da Causa Operária<br />
e apresentado como programa<br />
nas eleições presidenciais de<br />
2006, de lá para cá é absolutamente<br />
unânime a disparada da<br />
inflação.<br />
A POLÍTICA REVOLUCIONÁRIA<br />
PARA OS SINDICATOS NA<br />
PRÓXIMA ETAPA<br />
Qual é o significado da política<br />
sectária e capituladora do PSTU de<br />
abandono da CUT?<br />
- Balanço do movimento dos bancários<br />
- O PSTU no movimento dos correios:<br />
uma sombra da burocracia<br />
- Balanço do movimento dos professores de<br />
S. Paulo com o texto de Lênin:<br />
“Os revolucionários devem atuar nos<br />
sindicatos reacionários?”
15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />
EDUCAÇÃO 11<br />
APEOESP<br />
Diretoria unificada para tentar impedir a vitória da greve<br />
Incapaz de conter a mobilização contra o governo<br />
Serra, condomínio pelego do PT e PSTU aprovam<br />
mobilização sem qualquer preparação, propõem<br />
aliança com sindicatos patronais e procuram limitar<br />
reivindicações da categoria diante de Serra<br />
Mais de cinco mil professores<br />
reunidos em Assembléia<br />
Geral da APEOESP<br />
(Sindicato dos Professores<br />
do Ensino Oficial do Estado<br />
de São Paulo) aprovaram o<br />
início da greve da categoria,<br />
nesta sexta-feira (13/06), na<br />
Praça da República, São Paulo.<br />
Depois de uma série de “assembléias”<br />
de mentirinha realizadas<br />
pela diretoria (com<br />
menos de mil professores), a<br />
mobilização e a decisão a favor<br />
da greve foram a expressão<br />
contida da revolta da categoria<br />
contra o governo José<br />
Serra (PSDB), principalmente,<br />
diante do decreto 53037/<br />
08 que estabelece, entre outras<br />
medidas de ataque à categoria,<br />
a possibilidade de<br />
demissão de mais de 72 mil<br />
professores temporários<br />
(“ACTs”), por meio da criação<br />
de concursos “simplificados”<br />
para contratação de professores<br />
(desprezando-se ou<br />
desvalorizando-se a classificação<br />
através de pontos obtidos<br />
por tempo de trabalho) e<br />
a criação de barreiras à remoção<br />
e transferência temporárias<br />
(dos cargos dos<br />
seus atuais locais de trabalho)<br />
dos mais de 140 mil professores<br />
efetivos, como um dos<br />
mecanismos de pressão para<br />
que estes peçam demissão ou<br />
se submetam totalmente às<br />
condições draconianas de trabalho<br />
impostas pelo governo.<br />
O decreto é o estopim de<br />
uma crise cujo centro é a profunda<br />
degradação das condições<br />
de vida e de trabalho do<br />
professorado paulista. Seus<br />
salários perderam mais de<br />
70% do seu poder aquisitivo<br />
nas últimas três décadas (o<br />
piso que já foi equivalente a R$<br />
3.000, hoje é de R$ 800), encontram-se<br />
“congelados” há<br />
três anos e não tiveram qualquer<br />
reajuste em 13 anos dos<br />
14 de governos tucanos, desde<br />
a posse de Mário Covas, em<br />
1995.<br />
Como parte do verdadeiro<br />
apagão imposto à Educação,<br />
em São Paulo e em todo o<br />
País, os governos estadual e<br />
federal, impuseram ainda um<br />
desemprego em massa, por<br />
meio da municipalização de<br />
mais de três mil escolas, a<br />
Tudo isso foi encaminhado em perfeita harmonia não só pelas duas<br />
alas da burocracia que integram e transformaram o Sindicato em um<br />
Condomínio pelego, dominado pelo PT e PSTU/Psol, como também<br />
pelos seus satélites regionais<br />
desmoralização do processo<br />
educacional por meio da<br />
“aprovação automática”, a superlotação<br />
das salas de aula e<br />
um conjunto de outras medidas<br />
contra os trabalhadores da<br />
Educação.<br />
As eleições<br />
mostraram a<br />
revolta contra o<br />
governo e a<br />
burocracia<br />
riam recursos coletivos e individuais,<br />
ou seja, de que não<br />
se tratava de algo tão desastroso<br />
assim.<br />
Como de costume, os parlamentares<br />
de “esquerda” vinculados<br />
a esta burocracia,<br />
Carlos Giannazi (PSOL) e<br />
Roberto Felício (PT), apresentaram<br />
projetos de decreto<br />
legislativo propondo a revogação<br />
do decreto 53037 como<br />
forma de abrir um desvio para<br />
uma possível mobilização da<br />
categoria em direção ao covil<br />
da Assembléia Legislativa, tal<br />
qual se deu em outras mobilizações<br />
derrotadas da categoria,<br />
como no caso da SP-<br />
PREV, em 2007.<br />
Ao contrário da corrente<br />
dos professores da Corrente<br />
Sindical Causa Operária (chapa<br />
3, <strong>PCO</strong>)<br />
que fizeram da<br />
denuncia do<br />
projeto o ponto<br />
central de<br />
sua atividade<br />
(inclusive, no<br />
processo eleitoral)<br />
as chapas<br />
da diretoria<br />
mal tocavam<br />
no assunto,<br />
procurando<br />
realizar as eleições<br />
como um<br />
processo descolado<br />
da realidade,<br />
no qual<br />
sob intensa<br />
fraude buscaram<br />
conter a<br />
revolta da categoria.<br />
Mesmo em<br />
meio a este<br />
processo burocrático,<br />
a<br />
revolta da categoria<br />
se manifestou<br />
também<br />
no terreno eleitoral. Mesmo<br />
nos números fabricados<br />
pelas chapas da diretoria, esta<br />
realidade se expressou (ainda<br />
que com distorções). Mais de<br />
60% dos associados não votaram.<br />
E a chapa majoritária<br />
(do PT) apresentou um<br />
“apoio” minúsculo de cerca<br />
de 6% dos professores da categoria.<br />
Isso, incluindo, os<br />
aposentados (setor mais conservador<br />
da categoria) que<br />
eles mesmos declararam ser<br />
mais de 40% dos associados<br />
nas subsedes onde eles detêm<br />
a maioria de eleitores.<br />
A decisão da burocracia de<br />
encaminhar a aprovação da<br />
greve está diretamente ligada<br />
ao fato de que as eleições foram<br />
um termômetro da revolta<br />
da categoria contra a burocracia<br />
e o governo que eles, de<br />
fato, apóiam (cuja temperatura<br />
eles sabem ao certo a que<br />
nível chegou).<br />
Isso ficou evidente, também<br />
na expressiva votação da<br />
Oposição de Verdade (chapa<br />
3) que alcançou entre 5 e 21%<br />
em mais de 22 regiões da<br />
capital, Grande SP e Interior<br />
do Estado, mesmo com toda<br />
a fraude, agressões e cerceamento<br />
de sua campanha pela<br />
burocracia.<br />
Não podendo<br />
impedir a greve,<br />
buscam contê-la<br />
Ciente da revolta e vendo a<br />
disposição da categoria, mesmo<br />
diante do tradicional esquema<br />
da burocracia para<br />
conter a mobilização, esta resolveu<br />
posicionar-se pela greve,<br />
que seria aprovada na Assembléia,<br />
seja qual fosse a<br />
posição da diretoria.<br />
A diretoria, PT-PSTU, tomou,<br />
no entanto, uma série de<br />
medidas que visam claramente<br />
impor limites à mobilização:<br />
impediu a oposição (<strong>PCO</strong>) de<br />
falar na Assembléia (com uso<br />
de seguranças e as suas típicas<br />
provocações policiais) –<br />
e ainda anunciou que estavam<br />
falando todas as “forças” da<br />
categoria; propôs o início<br />
imediato da greve, sem qualquer<br />
preparação (para dificultar<br />
uma adesão massiva);<br />
marcou a próxima assembléia<br />
para uma semana depois (20/<br />
06); propôs a realização de um<br />
ato comum com os sindicatos<br />
patronais de diretores (Udemo)<br />
e supervisores (Apase)<br />
que, no ano passado, usaram<br />
a mobilização dos professores<br />
para conseguir reajustes para<br />
si e, depois, sabotar a mobi-<br />
O decreto de Serra passou<br />
a vigorar em 28/05, em pleno<br />
processo eleitoral do Sindicato.<br />
As duas alas que compõem<br />
a diretoria (chapa 1, do PT e<br />
PCdoB e chapa 2, PSTU e<br />
PSOL), mantiveram suas<br />
campanhas eleitorais tranqüilamente<br />
sem se importar, de<br />
fato com o ataque. Nas minúsculas<br />
reuniões de representantes<br />
de Escolas organizadas<br />
pela diretoria no último dia 3,<br />
os professores foram aconselhados<br />
pela burocracia e pelos<br />
seus advogados de que o decreto<br />
criava restrições apenas<br />
à transferência dos efetivos,<br />
que estavam sendo analisadas<br />
medidas jurídicas, que cabelização<br />
“unitária” e nem sequer<br />
considerou a proposta de<br />
eleger um comando de greve<br />
na assembléia (alegando que a<br />
mesma fere o estatuto da<br />
APEOESP, que determina<br />
que a greve deve ser comandada<br />
pelo Conselho e Representantes,<br />
formado por uma<br />
maioria de fura-greves ligada<br />
à diretoria do Sindicato).<br />
Além disso, tratou de deixar<br />
de lado na mobilização a<br />
luta por questões centrais<br />
para a categoria. Na sua pauta,<br />
diante do violento arrocho<br />
salarial, aparece apenas a reivindicação<br />
de “reajuste salarial”,<br />
sem qualquer índice<br />
mostrando a pré-disposição<br />
de negociar qualquer esmola<br />
com o governo que possa ser<br />
usada para acabar com a mobilização.<br />
Tudo isso foi encaminhado<br />
em perfeita harmonia não só<br />
pelas duas alas da burocracia<br />
que integram e transformaram<br />
o Sindicato em um Condomínio<br />
pelego, dominado pelo PT<br />
e PSTU/Psol, como também<br />
pelos seus satélites regionais<br />
que participam da burocracia<br />
através da sua presença consentida<br />
na administração de<br />
algumas das 94 subsedes da<br />
APEOESP (alguns dos quais<br />
integravam a Chapa 4, nas<br />
últimas eleições).<br />
O caminho a<br />
seguir<br />
A tendência de luta dos professores<br />
atingidos pelas medidas<br />
de Serra e, de uma certa<br />
forma, do conjunto do magistério,<br />
é um fato incontestável.<br />
A categoria está se organizando<br />
com uma rapidez<br />
surpreendente e começa a<br />
ultrapassar os mecanismos de<br />
contenção da burocracia PT-<br />
PSTU. No entanto, ainda agora,<br />
esta tendência é apenas<br />
uma tendência porque o imenso<br />
aparelho burocrático da<br />
direção da entendida atua<br />
como um enorme freio a esta<br />
mobilização, desinformando,<br />
dispersando e paralisando a<br />
vontade de luta da categoria.<br />
É preciso fazer chegar a<br />
cada professor o esclarecimento<br />
de que a diretoria PT-PSTU<br />
está planejando o enterro da<br />
mobilização para aprovar as<br />
medidas draconianas de Serra.<br />
Sobre a base deste esclarecimento<br />
é preciso, a partir das<br />
escolas e das regiões, mobilizar<br />
amplamente os professores<br />
não apenas para a greve,<br />
mas principalmente para a realização<br />
de assembléias massivas<br />
que possam determinar<br />
o rumo da luta contra a traição<br />
da burocracia PT-PSTU.<br />
PARA FAZER A GREVE VITORIOSA<br />
Ganhar as ruas e derrotar a burocracia<br />
A trajetória de traições à<br />
mobilização da categoria do<br />
condomínio pelego que dirige<br />
a entidade (composto pelo PT<br />
e PSTU) deixa claro que não<br />
basta participar da mobilização<br />
e nela se empenhar.<br />
É preciso rejeitar as manobras<br />
políticas e organizativas<br />
que acabam por impor limites<br />
à mobilização e impedir ou limitar<br />
o alcance da luta dos professores.<br />
É necessário que a categoria<br />
tome a greve em suas mãos,<br />
imponha suas reivindicações,<br />
realize uma ampla luta contra<br />
o governo apoiada na mobilização<br />
massiva, nas ruas, de<br />
funcionários, alunos e pais –<br />
rejeitando a política de colaboração<br />
da burocracia com o<br />
governo.<br />
Dentre outras medidas, os<br />
professores da Corrente Sindical<br />
Nacional Causa Operária<br />
propõem:<br />
1) Formação de comandos<br />
de mobilização, sem a burocracia<br />
a partir das escolas, para<br />
atuar de forma independente da<br />
burocracia e dos seus “comandos<br />
fura-greves”;<br />
2) Realização de manifestações<br />
de rua, paralisando as<br />
escolas e chamando toda a comunidade<br />
escolar a se mobilizar<br />
contra o governo;<br />
3) Dirigir a mobilização<br />
contra o governo Serra, rejeitando<br />
a política de apoio às máfias<br />
da Assembléia Legislativa, que<br />
a burocracia usa para fazer<br />
campanha eleitoral de seus partidos<br />
e desmoralizar a luta da<br />
categoria;<br />
4) Ocupar a Av. Paulista,<br />
parar o centro de São Paulo até<br />
o atendimento das reivindicações<br />
da categoria;<br />
5) Adotar como reivindicações<br />
centrais da mobilização:<br />
· Revogação de toda a legislação<br />
tucana contra os professores:<br />
decreto 50037 (remoção<br />
e demissão dos ACTs), Lei<br />
1041/08 (proíbe faltas médicas)<br />
etc;<br />
· Reposição do salário roubado<br />
da categoria: piso de R$<br />
3.000, com reajuste trimestral<br />
de acordo com a inflação;<br />
· Garantir o emprego de<br />
todos os professores, com a<br />
redução da jornada de trabalho,<br />
sem redução dos salários: carga<br />
máxima de 30 horas semanais<br />
e a estabilidade no emprego<br />
para todos os ACTs;<br />
· Fim da aprovação automática<br />
e de todas as medidas<br />
antieducacionais dos governos<br />
tucanos;<br />
· Máximo de 25 alunos por<br />
sala;<br />
· ALE (Adicional de Local<br />
de Exercício) para todos os<br />
professores;<br />
· Fim do “vale-coxinha”,<br />
vale refeição de R$ 15 para todos<br />
os professores, todos os<br />
dias do mês;<br />
· Abaixo a ditadura nas<br />
escolas: eleição dos diretores e<br />
coordenadores pedagógicos<br />
pela comunidade escolar;<br />
· Cancelamento da municipalização,<br />
reabertura de todas<br />
as salas e escolas fechadas<br />
pelos governos tucanos.<br />
6) Assembléias exclusivas<br />
de professores e funcionários,<br />
nenhum acordo com os sindicatos<br />
patronais. Unidade dos<br />
trabalhadores e estudantes para<br />
derrotar o governo. Que todos<br />
os professores que reivindicam<br />
possam fazer uso da palavra.<br />
Não à repressão da burocracia<br />
do PT-PSTU contra a<br />
oposição.<br />
7) Comando de greve,<br />
eleito em assembléia, formado<br />
exclusivamente por trabalhadores<br />
de base, sem integrantes<br />
da burocracia sindical.<br />
8) Colocar os R$ 50 milhões<br />
do orçamento do Sindicato<br />
- dinheiro da categoria - a<br />
serviço da mobilização da comunidade<br />
escolar, com campanha<br />
nas grandes emissoras<br />
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15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />
MOVIMENTO OPERÁRIO 12<br />
DEMISSÕES CORREIOS<br />
Política assassina da empresa mata trabalhador de 25 anos de casa<br />
Trabalhador de 25 anos de empresa e com graves<br />
problemas de saúde se matou após receber carta de<br />
demissão. Dalton, que tinha dificuldades até para<br />
andar, era carteiro no Capão Redondo, onde os<br />
trabalhadores chegam a ter uma jornada de 12 horas<br />
A direção da ECT (Empresa<br />
Brasileira de Correios e Telégrafos)<br />
e o governo Lula já demitiram<br />
mais de 200 trabalhadores<br />
esse ano, só em São<br />
Paulo. Um desses demitidos foi<br />
o carteiro Dalton Lopes Pontes,<br />
que trabalhava na empresa<br />
há 25 anos. Dalton, que<br />
sofria de pneumonia, tinha a<br />
saúde muito debilitada. Tentou<br />
várias vezes se licenciar do<br />
trabalho procurando o médico<br />
da empresa. Já poderia inclusive<br />
ter se aposentado, pelo seu<br />
tempo de trabalho e problemas<br />
de saúde.<br />
Os médicos da ECT, no entanto,<br />
como denunciam colegas<br />
de trabalho e seu irmão,<br />
Dárcio Lopes Pontes, entrevistado<br />
pelo Causa Operária Notícias<br />
OnLine, nunca cederam<br />
a licença médica, alegando que<br />
Dalton estava apto a trabalhar<br />
e que deveria “parar de beber”,<br />
usando o alcoolismo como se<br />
fosse um problema moral e não<br />
uma doença. Esse assédio<br />
moral era usado para ocultar o<br />
fato de que Dalton estava nitidamente<br />
debilitado para o trabalho<br />
que realizava nos Correios.<br />
Mal conseguia caminhar e<br />
segundo seu irmão, quando<br />
chegava em casa, tinha que<br />
subir as escadas de sua casa<br />
rastejando-se. Para um carteiro,<br />
que tem que andar vários<br />
quilômetros carregando uma<br />
bolsa de 20 quilos, o problema<br />
de Dalton como doença ocupacional<br />
fica escandaloso. Fica<br />
escandalosa também a política<br />
assassina da ECT.<br />
CDD Capão<br />
redondo<br />
Dalton trabalhava como Carteiro<br />
no CDD (Centro de Distribuição<br />
Domiciliar) Capão Redondo.<br />
Como constatado pela<br />
equipe de Causa Operária presente<br />
no setor e por denúncias<br />
dos próprios trabalhadores, os<br />
funcionários de lá chegam a<br />
trabalhar 12 horas seguidas.<br />
O horário de entrada dos car-<br />
teiros é às 9 horas da manhã.<br />
Devido à falta de funcionários e<br />
ao excesso de correspondências<br />
diárias, os trabalhadores voltam<br />
da rua para o setor até as 21<br />
horas. Alguns só conseguem<br />
sair do serviço às 22 horas.<br />
Essa situação se repete todos<br />
os dias, sendo que um carteiro<br />
tem uma jornada de oito horas.<br />
Além do mais, a ECT só pode<br />
pagar duas horas de horas extras<br />
por dia, bem menos do que<br />
é exigido dos trabalhadores. Foi<br />
nessas condições que Dalton foi<br />
demitido.<br />
Apesar desta situação calamitosa<br />
nada foi feito até agora<br />
e os trabalhadores ameaçam<br />
parar o setor se nada for feito.<br />
O sindicato do Bando dos Quatro<br />
(PCdoB, PT, PSTU e Psol)<br />
também não moveu uma palha<br />
para ajudar os trabalhadores.<br />
Nesse setor, foram dois trabalhadores<br />
demitidos. Além de<br />
Dalton, o delegado sindical<br />
Douglas Ferraz de Souza, funcionário<br />
da ECT desde 2003<br />
também recebeu sua carta de<br />
demissão.<br />
A demissão e o<br />
assassinato<br />
No dia dia 30 de maio, Dalton<br />
foi convocado para um<br />
exame médico no qual descobriu<br />
que havia sido demitido. A<br />
ECT, de maneira vergonhosa,<br />
convocou outras centenas de<br />
trabalhadores doentes e demitiu-os<br />
na mesma situação.<br />
Pego de surpresa, uma vez<br />
que pensou que a empresa finalmente<br />
lhe daria licença, Dalton,<br />
que já havia declarado algumas<br />
vezes a amigos e ao irmão que<br />
queria colocar um fim à própria<br />
vida, ficou ainda mais deprimido.<br />
No sábado, foi visitar os filhos<br />
e desde então não foi mais<br />
visto. Vestiu sua roupa de carteiro<br />
e deitou ao relento no banco<br />
da praça, na madrugada fria<br />
de domingo para segunda-feira.<br />
Foi encontrado morto em<br />
decorrência da pneumonia<br />
agravada pelo frio.<br />
Em sua tentativa de intimidar<br />
os trabalhadores dos Correios<br />
de São Paulo por meio de uma<br />
política irresponsável e assassina<br />
de demissões, levou à<br />
morte desse trabalhador, com<br />
graves problemas de saúde,<br />
que dedicou 25 anos de sua vida<br />
prestando serviços à empresa.<br />
O trabalhador é tratado como<br />
lixo pela empresa e o governo<br />
Lula, com a participação conivente<br />
da burocracia sindical do<br />
Bando dos Quatro.<br />
CORREIOS SÃO PAULO<br />
Demissões em São Paulo tem a<br />
mão e os dedos da máfia do<br />
PCdoB do sindicato de São Paulo<br />
Após o delegado sindical do Centro de Distribuição Distrital<br />
Capão Redondo, região sul de São Paulo, chamar o sindicato para<br />
levar um carro de som a fim de que os trabalhadores parassem<br />
o serviço para pressionar a direção da ECT contratar mais<br />
carteiros para unidade, a empresa não só se dirigiu ao local para<br />
mapear quem estava mobilizando os carteiros, como em seguida<br />
demitiu o delegado sindical e o carteiro Dalton Lopes Pontes.<br />
Com a demissão, o carteiro Dalton, não suportou a demissão<br />
e suicidou-se numa praça dois dias depois.<br />
O escândalo da morte prematura do trabalhador do Capão Redondo,<br />
decorrente da política criminosa da direção da ECT levou a direção<br />
da ECT readmitir o delegado sindical do Capão Redondo.<br />
No entanto, o sindicato dirigido pela máfia do PCdoB não<br />
moveu uma palha em relação ao carteiro Dalton, pelo contrário,<br />
foi até o CDD desmobilizar os trabalhadores, dizendo que os<br />
carteiros não precisavam paralisar o serviço, o diretor Guiné do<br />
PCdoB prometeu em fazer um abaixo assinado no dia seguinte.<br />
Os carteiros ficaram esperando... e no dia seguinte quem apareceu<br />
foi o preposto da ECT, que fez uma reunião para enrolar<br />
os trabalhadores e mapear quem a empresa iria demitir.<br />
Escolheu um doente e o delegado sindical, contando com o<br />
apoio do sindicato para demití-los. O sindicato foi avisado da<br />
demissão do delegado sindical com 10 dias de antecedência, como<br />
é determinado pela cláusula 19 do acordo coletivo da categoria.<br />
No entanto, o sindicato perdeu o prazo para não fazer a defesa<br />
do trabalhador. O sindicato de São Paulo a exemplo da Fentect<br />
é uma diretoria controlada pela empresa, funcionam como polícia<br />
da ECT.<br />
CAMPANHA SALARIAL<br />
Vergonha!<br />
O “Bando dos Quatro” (PT-<br />
PCdoB-PSTU-Psol) vai realizar<br />
o mais luxuoso encontro da<br />
história da Fentect – Federação<br />
Nacional dos Trabalhadores<br />
dos Correios. Só o sindicato de<br />
São Paulo vai torrar perto de 100<br />
mil reais do dinheiro da categoria.<br />
A Fentect enviou documento<br />
aos sindicatos informando<br />
que cada delegado enviado à<br />
Brasília para o Conrep – Conselho<br />
de Representantes – deverá<br />
ENTREVISTA<br />
“A empresa mesmo não quer nem saber.<br />
Parece um descartável, usa e joga fora.”<br />
Leia aqui parte da entrevista de<br />
Dárcio Lopes Pontes, irmão do<br />
ecetista que se suicidou depois<br />
que soube de sua demissão<br />
Causa Operária - Como era a<br />
vida de Dalton? Ele era casado?<br />
Tinha filhos?<br />
Dárcio Lopes Pontes -<br />
Ele não estava querendo não<br />
saber de nada, daquele jeito decepcionado,<br />
cada vez mais. Eu<br />
falava pra ele, “pô, você tem que<br />
se afastar você está cada vez pior,<br />
não está em condições nem de<br />
trabalhar”.<br />
Inclusive quando recebi a<br />
notícia que ele tinha sido mandado<br />
embora eu falei: “Dalton você<br />
não está nem em condições de<br />
trabalhar, está numa situação que<br />
era para estar na Caixa faz tempo<br />
já, muito tempo. Você continua<br />
trabalhando, trabalhando, insistindo,<br />
insistindo em trabalho e<br />
ninguém aí pra você”. Ele foi<br />
internado, mas não teve melhora<br />
nenhuma. Não teve retorno nenhum<br />
e sempre piorando, piorando<br />
e ele ia no médico e o médico<br />
falava pra ele ir trabalhar que isso<br />
era bebida, cachaça, que ele tinha<br />
que voltar a trabalhar, que estava<br />
bom, que isso não era motivo de<br />
estar afastado.<br />
CO - Então ele procurou o<br />
médico dos Correios várias vezes?<br />
Dárcio - Procurou várias<br />
vezes, pediu licença e ninguém<br />
“aí”. Que médico que vai deixar<br />
uma pessoa na situação que ele<br />
estava, trabalhando dessa forma,<br />
que não conseguia nem andar,<br />
caindo na rua, mesmo são. O<br />
Correio em vez de ajudar, afastar<br />
ele... O que tinha que fazer era<br />
afastar ele, colocar ele na Caixa<br />
para ele melhorar mesmo, para ele<br />
voltar a trabalhar só quando melhorasse,<br />
não deixar ele trabalhando<br />
nessa situação que ele estava.<br />
Carregando bolsa de carteiro e andando<br />
na rua com o pé inchado,<br />
com pneumonia. E pneumonia<br />
forte ainda.<br />
Empresa nenhuma pode fazer<br />
isso. Lugar nenhum pode fazer<br />
isso com a pessoa, doente não.<br />
Pode mandar embora pessoas...<br />
inclusive quando manda embora<br />
tem que passar pelo médico, fazer<br />
homologação, para ver se a<br />
pessoa está com saúde e ser<br />
mandada embora.<br />
Não existe isso daí, é complicado<br />
o que fizeram com ele, eu<br />
acho que foi uma injustiça tão<br />
grande que eu nunca vi isso na<br />
minha vida, é a primeira vez.<br />
CO - Há quanto tempo ele<br />
trabalhava nos correios?<br />
Dárcio - Há 22 anos. Ele falava<br />
pra mim, “quero morrer trabalhando<br />
pra deixar alguma coisa<br />
para os meus filhos porque se eu<br />
morrer desempregado eu não vou<br />
deixar nada pra eles, nada, nada.<br />
Vão ficar aí vivendo sem nada,<br />
dependendo de um ‘salarinho’ da<br />
mulher, trabalhando de doméstica<br />
na rua aí!”<br />
E ainda recebe uma notícia<br />
dessas... foi o que abalou e acabou<br />
de destruir mais ele ainda, né?<br />
A chegar nesse ponto de falecer.<br />
CO - Você acha que pela<br />
notícia da demissão ele pode ter<br />
se matado?<br />
Dárcio: É... será que ele não<br />
tomou alguma coisa devido à<br />
notícia dele ter sido mandado<br />
embora? Será que ele não tomou<br />
alguma coisa? Ele vivia falando em<br />
veneno de rato. “Vou tomar um<br />
veneno de rato e me matar!”. É<br />
mole? Inclusive tem umas sucatas<br />
aqui no quintal onde apareceram<br />
alguns ratos. Um bicho desse<br />
tamanho, ele falava. Aí ele<br />
comprou um pouco de chumbinho...<br />
CO - Os Correios deram alguma<br />
assistência para ele? Fizeram<br />
algum pronunciamento? Davam<br />
alguma assistência antes para os<br />
filhos dele?<br />
Dárcio - Que eu saiba não<br />
deram nenhuma. Nenhuma assistência,<br />
nenhum pronunciamento,<br />
nada. Só foram os amigos lá dos<br />
Correios. Os amigos foram.<br />
Compareceram no enterro.<br />
CO - E para os filhos? Durante<br />
todo esse tempo que ele trabalhou<br />
nos Correios, eles recebiam<br />
alguma ajuda?<br />
Dárcio - Ele tinha um filho lá<br />
especial. Problema na cabeça,<br />
especial. E eu fiquei sabendo<br />
agora que tinha um benefício para<br />
ele receber, mas nunca recebeu.<br />
CO - O Sindicato dos Correios<br />
de São Paulo procurou os<br />
familiares, tomou alguma providência,<br />
fez algum pronunciamento<br />
sobre o ocorrido?<br />
Dárcio - Não apareceu ninguém<br />
do sindicato, não fizeram<br />
nenhum pronunciamento. Só os<br />
amigos mesmos. Até agora não<br />
teve notícia nenhuma do sindicato.<br />
EXCESSO DE TRABALHO<br />
Carteiros do CDD Jaguaré têm que<br />
dobrar as horas de trabalho todos os dias<br />
No Centro de Distribuição<br />
Domiciliar dos Correios no Jaguaré<br />
os trabalhadores estão sendo<br />
obrigados a trabalhar o dobro<br />
todos os dias. Isso acontece pois<br />
o número de correspondências é<br />
sempre muito grande e exige que<br />
os carteiros levem mais cartas do<br />
que o normal. O CDD está sobrecarregado<br />
de trabalho.<br />
O número de funcionários é<br />
muito menor do que o que seria<br />
necessário para dar conta de<br />
toda a demanda. Faltam carteiros<br />
para entregar as correspondências.<br />
A ECT, para aumentar<br />
seus lucros, deixa de contratar<br />
trabalhadores, superexplorando-os.<br />
Graças a esse acúmulo de serviço,<br />
os trabalhadores estão chegando<br />
da rua todos os dias às 19<br />
e até às 20 horas. A jornada de<br />
trabalho de um carteiro é de oito<br />
horas diárias, mas os carteiros<br />
do CDD Jaguaré chegam a trabalhar<br />
por até 11 horas. Para<br />
piorar, a ECT pressiona os trabalhadores<br />
para cumprirem<br />
todo o serviço. Toda essa situação<br />
está causando problemas<br />
nervosos nos ecetistas. A situação<br />
está insuportável, pois os<br />
trabalhadores afastados por<br />
problemas médicos, a maioria<br />
causados pelo excesso de trabalho,<br />
não são substituídos, agravando-se<br />
ainda mais o problema.<br />
A situação no CDD é caótica.<br />
ser custeado com R$ 1.800,00,<br />
ou seja, o valor correspondente<br />
à cerca de três meses de salário<br />
de um trabalhador que ganha o<br />
piso da categoria, para que o delegado<br />
participe de um encontro<br />
que durará três dias.<br />
O Conselho de Representantes<br />
será realizado no Hotel Nacional,<br />
um dos mais caros e<br />
luxuosos do distrito federal<br />
conhecido pela presença constante<br />
de executivos de grandes<br />
empresas e o preferido de muitos<br />
deputados mensalões para<br />
gastarem o dinheiro do povo<br />
com “seus” cartões corporativos.<br />
A distribuição do dinheiro<br />
dos trabalhadores em ano ano<br />
eleitoral mostra que os “sindicalistas”<br />
do Bando dos Quatro são<br />
fiéis imitadores dos deputados<br />
corruptos do congresso nacional.<br />
Na categoria dos correios o<br />
piso salarial é pouco mais de R$<br />
600,00, ou seja, vão gastar em<br />
apenas três dias de farra, o que<br />
o trabalhador ganha trabalhando<br />
duramente durante três meses.<br />
Os “lutadores da categoria”<br />
vão torrar o salário de três meses<br />
de vários trabalhadores em um<br />
hotel cinco estrelas, com piscina<br />
aquecida, serviço de bar,<br />
sauna seca e a vapor, hidromassagem,<br />
ducha escocesa, massagem<br />
do-in, boate à meia luz<br />
e... tudo que se pode comprar<br />
numa boate.. Um verdadeiro<br />
escândalo.<br />
No Conrep serão181 delegados,<br />
36 observadores e mais os<br />
convidados do Bando dos Quatro<br />
e a diretoria da Fentect, ou<br />
seja, quase 250 pessoas, cada<br />
uma pagando R$ 1.800,00 para<br />
montar o circo do Conrep. O<br />
total dos gastos será de aproximadamente<br />
de 450 mil reais,<br />
isto é, quase meio milhão de<br />
reais, um verdadeiro roubo do<br />
dinheiro da categoria.<br />
Com este dinheiro a Fentect<br />
poderia fazer propaganda na<br />
televisão todos os dias em horário<br />
nobre contra a política de<br />
demissão e privatização da direção<br />
da ECT e do governo Lula<br />
e ainda sobraria dinheiro para<br />
cartazes, adesivos, camisetas,<br />
jornais e carros-de-som e muito<br />
mais para se realizar uma<br />
vigorosa campanha em defesa<br />
do emprego e dos salários dos<br />
trabalhadores ecetistas. Com<br />
este mesmo dinheiro poderiam<br />
ser realizados vários outros<br />
encontros nacionais para organizar<br />
a campanha salarial.<br />
O bando dos quatro (PT,<br />
PCdoB, PSTU e Psol), por estar<br />
no bolso da empresa, não<br />
quer que os trabalhadores se<br />
organizem, já fizeram as assembléias<br />
que escolheram os delegados<br />
escondidos dos trabalhadores<br />
promovendo uma verdadeira<br />
fraude, como a assembléias<br />
de São Paulo e Rio de Janeiro<br />
e agora querem um Conrep de<br />
festa, farra e muita corrupção<br />
para justamente facilitar o ataque<br />
da direção da ECT nesta<br />
campanha salarial, na qual a<br />
empresa quer oficializar o<br />
PCCS do cargo amplo, a política<br />
de demissão pelo Gerenciamento<br />
de Competências e Resultados<br />
(GCR) e pelo absenteísmo,<br />
não reajustar os salários,<br />
dar o calote no adicional de risco<br />
dos carteiros, tudo isso para<br />
preparar a privatização da empresa.<br />
PERSEGUIÇÃO POLÍTICA NA ECT<br />
Mesmo com atestado médico, a empresa<br />
não justifica falta dos trabalhadores<br />
Mesmo seguindo as normas<br />
da ECT, os funcionários que<br />
apresentam o atestado médico,<br />
acreditando que terão sua falta<br />
justificada, são golpeados pela<br />
empresa. Esta considera, em<br />
inúmeros casos, a falta injustificada,<br />
mesmo com o atestado<br />
médico. A canalhice e o cinismo<br />
atingem o mais alto nível e<br />
demonstram até onde vai a política<br />
de intimidação dos trabalhadores.<br />
Aqueles que traem a<br />
categoria,o Bando dos Quatro<br />
(PCdoB, PSTU, PT e Psol) que<br />
usam o sindicato e a federação<br />
nacional para parasitar e trair os<br />
trabalhadores, são amiguinhos<br />
da direção da empresa e junto<br />
com esta o governo Lula tiram<br />
dos trabalhadores a periculosidade<br />
e o PCCS (Plano de Cargos<br />
Carreira e Salários). Já os<br />
trabalhadores e a oposição só<br />
conseguem da ECT a demissão<br />
e a perseguição política.<br />
Os episódios dos atestados<br />
médicos que não valem é claramente<br />
uma oportunidade, ilegal,<br />
diga-se de passagem, que a<br />
empresa encontrou para intimidar<br />
os trabalhadores que lutam<br />
contra os desmandos da ECT.<br />
É uma perseguição política clara:<br />
são mais de 200 demitidos,<br />
a maioria funcionários com<br />
problemas de saúde, inclusive<br />
doenças ocupacionais.<br />
Os companheiros que trabalham<br />
na rampa de desabastecimento<br />
de correspondências da<br />
máquina, no CTE Saúde estão<br />
sofrendo com as péssimas condições<br />
de trabalho. Os trabalhadores<br />
têm que trabalhar em meio<br />
à enorme quantidade de pó solto<br />
pelas cartas. A situação causa<br />
inúmeras doenças ocupacionais,<br />
as doenças respiratórias<br />
tornaram-se corriqueiras devido<br />
às condições de trabalho.<br />
Para piorar, enquanto que no<br />
turno do dia o setor conta com<br />
40 pessoas da área de limpeza,<br />
à noite esse número despenca<br />
para apenas três. É óbvio que<br />
assim não há condições de limpar<br />
a grande quantidade de pó<br />
produzida e os trabalhadores são<br />
obrigados a trabalhar no pó.<br />
A ECT deve parar imediatamente<br />
a perseguição política e<br />
justificar todas as faltas dos<br />
trabalhadores. Os trabalhadores<br />
não devem aceitar as péssimas<br />
condições de trabalho e devem<br />
exigir da ECT o mínimo de salubridade<br />
nos setores.<br />
TRAIÇÃO<br />
Fentect abandona incorporação do<br />
abono apoiando mais um golpe da ECT<br />
Os sindicalistas do Bando dos<br />
Quatro (PT-PCdoB-PSTU-PSol)<br />
que dirigem a Fentect – Federação<br />
Nacional dos Correios –<br />
anunciaram no maior cinismo,<br />
que abriram mão do termo de<br />
compromisso. Na verdade já<br />
estão negociando a proposta do<br />
Adicional de Coleta e Distribuição.<br />
Ficam repetindo que “o Ministro<br />
disse que está trabalhando<br />
junto ao Ministério do Planejamento<br />
para efetivação do acordo,<br />
porém, mesmo que não consiga<br />
efetivar até o final do mês,<br />
o mesmo será pago ainda como<br />
abono.” (Informe Fentect nº<br />
45).<br />
Os sindicalistas pelegos abriram<br />
mão do direito da categoria<br />
ao Termo de Compromisso<br />
assinado pelo presidente da ECT<br />
e o ministro das comunicações<br />
e estão discutindo um novo<br />
acordo, que todo mundo sabe<br />
será mais uma traição da categoria.<br />
Recusaram-se sequer a<br />
entrar na Justiça com ação exigindo<br />
da empresa a incorporação<br />
do abono no mês de abril e<br />
já estão se acertando com a<br />
empresa para aceitar o Adicional<br />
de Coleta e Distribuição, isto<br />
é, a aceitação das metas e resultados<br />
do GCR (Gerenciamento<br />
de Competência de Resultados)<br />
e da política de absenteísmo da<br />
empresa.<br />
O governo está impondo o<br />
não cumprimento do adicional<br />
de risco dos trabalhadores com<br />
total apoio da Federação, que<br />
enquanto isso negocia “a quatro<br />
paredes” o Plano de Cargos,<br />
Carreiras e Salários (PCCS) de<br />
implementação do cargo amplo,<br />
entregando uma luta de décadas<br />
da categoria contra a ECT e os<br />
governos burgueses de Collor,<br />
Itamar, FHC e Lula.<br />
Na realidade, estão todos em<br />
conluio (governo e Bando dos<br />
Quatro) contra os trabalhadores.<br />
- Pelo cumprimento do Termo<br />
de Compromisso com incorporação<br />
do abono e pagamento<br />
retroativo do Fundo de<br />
Garantia, aposentadoria e demais<br />
direitos que derivam da incorporação<br />
do abono aos salários.
15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA ECONOMIA 13<br />
LULA QUER ESCONDER A REALIDADE<br />
Inflação em maio é a maior em 12 anos<br />
Segundo pesquisa divulgada pelo IBGE, a inflação<br />
medida no mês de maio foi a maior registrada desde<br />
maio de 1996<br />
Mais um índice de inflação<br />
bateu recorde nesta semana.<br />
O Índice de Preços ao Consumidor<br />
Amplo (IPCA) registrou<br />
alta de 0,79% no mês de<br />
maio, segundo o Instituto<br />
Brasileiro de Geografia e Estatística<br />
(IBGE). Este aumento<br />
é o maior para um mês de<br />
maio dos últimos 12 anos. Em<br />
maio de 1996, o IPCA teve<br />
alta de 1,22%. O IPCA do<br />
mês passado também foi o<br />
maior desde abril de 2005,<br />
quando o índice registrou elevação<br />
de 0,87%. E também é<br />
superior ao registrado em<br />
abril, alta de 0,55% e quase o<br />
triplo do alcançado em maio<br />
de 2007, 0,28%.<br />
O aumento acumulado dos<br />
últimos doze meses foi de<br />
5,58%, completamente acima<br />
da meta estipulada pelo governo<br />
para a inflação em 2008, de<br />
4,5%. Entre janeiro e maio<br />
deste ano, o aumento acumulado<br />
do IPCA foi de 2,88%.<br />
Outro índice avaliado foi o<br />
Índice Nacional de Preços ao<br />
Consumidor (INPC) que<br />
mede a inflação para as classes<br />
mais pobres. A inflação<br />
para a população pobre e para<br />
os trabalhadores ficou acima<br />
do registrado pelo IPCA,<br />
0,96%.<br />
Os pobres são os mais afetados<br />
porque os produtos que<br />
mais aumentam são os alimentos<br />
que compõem 40% da<br />
renda dos trabalhadores.<br />
Alguns alimentos subiram<br />
acima da média como é o caso<br />
da cenoura que teve alta de<br />
24,84%. O arroz subiu<br />
19,75% no último mês, a batata<br />
19,39%, o pão francês<br />
teve elevação de 4,74% e as<br />
carnes 3,75%.<br />
No geral, os alimentos tiveram<br />
aumento de 1,95% em<br />
maio. De janeiro a maio a alta<br />
foi de 6,4% e nos últimos doze<br />
meses, de maio de 2007 a maio<br />
de 2008, a alta foi de 14,83%.<br />
O aumento dos alimentos no<br />
mês de maio é o maior desde<br />
o início do Plano Real, ou seja,<br />
dos últimos 14 anos, um grave<br />
sinal de que a crise financeira<br />
é bastante profunda.<br />
Segundo uma pesquisadora<br />
do IBGE, os alimentos vão continuar<br />
subindo por muito tempo,<br />
“Os dados evidenciam uma<br />
persistência de aumento e,<br />
dado que os preços estão subindo<br />
no mercado internacional e<br />
que o consumo no mercado doméstico<br />
está forte assim como<br />
no mercado mundial, não se<br />
vislumbra, em curto prazo, movimento<br />
de reversão de alta dos<br />
produtos alimentícios” (Agência<br />
Brasil, 11/6/2008).<br />
A alta na inflação não está<br />
apenas concentrada nos alimentos.<br />
Segundo a pesquisa,<br />
os produtos não alimentícios<br />
subiram em maio 0,46% e desde<br />
o início do ano 1,91%.<br />
A volta da inflação no Brasil<br />
já está fazendo parte da<br />
rotina dos brasileiros, principalmente<br />
da maioria da população<br />
pobre que é explorada<br />
diariamente. Os aumentos<br />
registrados, refletindo principalmente<br />
nos alimentos, atacam<br />
em cheio o nível de vida<br />
da população. Enquanto isso,<br />
as vantagens criadas pelo<br />
governo Lula para atender os<br />
interesses capitalistas no País<br />
são ampliadas.<br />
Lula esconde a realidade e dá<br />
um ganho extra aos capitalistas<br />
às custas do povo que tem os<br />
seus salários congelados, enquanto<br />
os preços são reajustados<br />
em todas as áreas.<br />
O BRASIL TRABALHA PARA SUSTENTAR BANQUEIROS E EMPRESÁRIOS<br />
Governo aprova imposto para arrancar mais R$ 20 bilhões em impostos<br />
Depois de tanto manobrar<br />
para impor mais um imposto<br />
sobre a população o governo<br />
Lula e a corja de “mensalões” do<br />
Congresso Nacional aprovaram<br />
na última quarta-feira, dia 11, a<br />
CSS (Contribuição Social para<br />
a Saúde). Este imposto é a reedição,<br />
ou melhor dizendo a<br />
ressurreição da CPMF (Contribuição<br />
Provisória sobre Movimentação<br />
Financeira) que estava<br />
extinta desde o início de<br />
2008. Fica claro, agora, que<br />
toda a propaganda em torno da<br />
luta da CPMF nada mais era<br />
que jogo de cena.<br />
A votação que aprovou a CSS<br />
aconteceu na Câmara dos Deputados<br />
com a aprovação de<br />
259 deputados, outros 159<br />
INFLAÇÃO<br />
O mundo se prepara para o barril de petróleo a mais de 200 dólares<br />
Alexei Miller afirmou que a<br />
especulação está influenciando<br />
o preço do petróleo, mas que<br />
este não é o “fator determinante”.<br />
Segundo reporta o Wall<br />
Street Journal, os preços do<br />
gás, ligados ao do petróleo bruto,<br />
já subiram 50% desde o início<br />
do ano. A gigante russa é<br />
responsável por fornecer um<br />
quarto do gás consumido pela<br />
União Européia.<br />
E A CRISE DO PETRÓLEO<br />
O que pode basear a estimativa<br />
feita pelo presidente da<br />
empresa russa é o fato de que as<br />
estimativas do que há em reserva<br />
de petróleo norte-americano<br />
– de 110 a 140 milhões de barris<br />
– não correspondem ao que de<br />
fato há nas áreas já exploradas<br />
e tampouco se sabe se é economicamente<br />
viável extrair o que<br />
se presume estar ainda sob o<br />
solo do país.<br />
Os EUA apenas consomem<br />
7,5 bilhões de barris de petróleo<br />
ao ano. A continuar este ritmo,<br />
as reservas estimadas se extinguiriam<br />
em 20 anos, mas as<br />
realmente comprovadas – 21<br />
bilhões de barris – não seriam<br />
suficientes para três anos inteiros.<br />
A observação foi feita por<br />
Holman Jenkins e está citada na<br />
edição desta quarta-feira do<br />
Wall Street Journal.<br />
Embora tentem a todo tempo<br />
desconversar, a realidade que<br />
moveu a máquina de guerra<br />
norte-americana em direção ao<br />
Oriente Médio em busca do<br />
controle sobre as reservas iraquianas<br />
de petróleo é incontestável:<br />
a economia baseada no<br />
petróleo, na especulação com<br />
seus preços e no alto consumo<br />
está entrando em colapso. A<br />
escassez da matéria-prima é o<br />
fundo do problema e na medida<br />
em que as reservas se esgotam,<br />
e torna-se mais e mais improvável<br />
que os EUA sejam bem-sucedidos<br />
na empreitada de arrancar<br />
à força o petróleo das mãos<br />
dos iraquianos, iranianos, sírios,<br />
árabes etc. os preços tendem<br />
a aumentar.<br />
Na última semana a economia<br />
norte-americana registrou<br />
o maior índice de desemprego<br />
dos últimos 22 anos. O desemprego<br />
atingiu o patamar de<br />
5,5% no mês de maio. Um<br />
aumento superior ao registrado<br />
em abril, 5%. Apenas este<br />
dado econômico já indica o<br />
grau da crise financeira pela<br />
qual a maior economia do<br />
mundo está passando. A reação<br />
frente a esta informação<br />
foi expressa em declarações<br />
moderadas de analistas econômicos<br />
e do presidente George<br />
W. Bush, que tentou<br />
apresentar o alto desemprego<br />
como algo normal. Sobre os<br />
resultados do desemprego,<br />
Bush disse que “são coerentes<br />
com um crescimento econômico<br />
lento”, uma farsa total.<br />
O fato é que enquanto a imprensa,<br />
os analistas pagos da<br />
burguesia e o governo Bush<br />
tentam apresentar uma das<br />
RECESSÃO NOS EUA<br />
Reação em cadeia<br />
maiores crises financeiras que<br />
os Estados Unidos já viu como<br />
apenas um crescimento lento,<br />
uma momentânea instabilidade<br />
financeira, está se desenvolvendo<br />
uma crise econômica mundial<br />
que está afetando dezenas de<br />
países.<br />
A recessão norte-americana<br />
já é uma realidade há muito tempo<br />
nos Estados Unidos. O elevado<br />
aumento no desemprego<br />
demonstra ainda mais a fraqueza<br />
da economia norte-americana.<br />
Somente em maio foram<br />
registradas 49 mil demissões e<br />
desde o início de 2008, 250 mil<br />
vagas a menos.<br />
Para a economia norte-americana<br />
o aumento do número de<br />
desempregados significa mais<br />
pessoas consumindo menos. A<br />
diminuição no consumo vai levar,<br />
na verdade já está levando,<br />
a uma política de redução nas<br />
importações dos Estados Unidos.<br />
Ao comprar menos produtos<br />
de outros países, os Estados<br />
Unidos estão afetando diretamente<br />
a economia de todo<br />
o planeta, pois é o maior comprador<br />
mundial. Países com<br />
grandes relações econômicas<br />
com os Estados Unidos, como<br />
os países da Europa e os do<br />
bloco dos “emergentes”, entre<br />
eles, o Brasil, serão os primeiros<br />
afetados.<br />
Por mais que a burguesia<br />
tente por todos os meios esconder<br />
a realidade, o que existe é<br />
um colapso da economia norte-americana.<br />
O que importa é<br />
o resultado prático destes dados<br />
para a economia mundial.<br />
À medida que os Estados Unidos<br />
se afundam na crise, isso<br />
acarreta imediatamente a transferência<br />
desta crise, desemprego,<br />
arrocho, inflação, para o<br />
restante dos países do mundo,<br />
ou seja, uma desestabilização<br />
sem precedentes da economia<br />
mundial.<br />
A ONDA INFLACIONÁRIA LÁ FORA<br />
O imperialismo tenta, mas não consegue disfarçar a crise<br />
contrários e duas abstenções. A<br />
aprovação aconteceu com apenas<br />
dois votos a mais que o<br />
necessário. Na mesma sessão<br />
também foi aprovada a Emenda<br />
29, emenda constitucional que<br />
estipula um aumento nas verbas<br />
para a saúde. O projeto original<br />
da Emenda 29 previa o repasse<br />
de 10% de tudo que a União<br />
arrecada para a Saúde, mas com<br />
a aprovação da CSS como recurso<br />
a ser usado para a área o<br />
governo retirou esta parte do<br />
projeto da emenda, ou seja, o<br />
governo economizou com a<br />
verba da União e sobrecarregou<br />
ainda mais o bolso dos trabalhadores.<br />
A CSS ainda precisa<br />
passar em votação no Senado<br />
Federal para ser aprovada em<br />
A economia baseada no petróleo, na especulação com seus<br />
preços e no alto consumo está entrando em colapso<br />
Os contornos da estagflação<br />
vêm se delineando de maneira<br />
cada vez mais nítida na economia<br />
norte-americana. A alta dos<br />
preços dos combustíveis e alimentos<br />
e a diminuição do consumo<br />
– responsável por cerca<br />
de dois terços do PIB norteamericano<br />
– abalaram o mercado<br />
financeiro e causaram baixas<br />
logo após a sua abertura nesta<br />
terça-feira. O índice Dow Jones<br />
estava em baixa de 54,31 pontos<br />
(0,4%), a bolsa eletrônica<br />
Nasdaq e o índice J. P. Morgan<br />
Chase também chegaram próximos<br />
de retração de 1%. Ao final<br />
do dia, elevado em função da<br />
alta das ações da Coca-Cola<br />
devido a uma avaliação positiva<br />
dos analistas do Deutsche Bank,<br />
o índice Dow Jones chegou a<br />
discreta alta de 0,1%.<br />
A alta não foi suficiente para<br />
modificar o pessimismo dos<br />
analistas financeiros. O Wall<br />
Street Journal, uma das mais<br />
importantes publicações do<br />
mercado financeiro norte-americano,<br />
ressaltou que “apesar<br />
do rebote de terça-feira no rebaixado<br />
setor financeiro, a recente<br />
alta nos custos de energia,<br />
juntamente com os elevados<br />
aumentos de preços dos alimentos,<br />
foram o foco de muitos<br />
investidores que se preocupam<br />
com o perigo que uma inflação<br />
mais alta pode colocar à economia”.<br />
Segundo o diário financeiro,<br />
o banco central norte-americano<br />
vem ensaiando uma mudança<br />
na sua política financeira em<br />
função da inflação. O presidente<br />
do Federal Reserve, Ben Bernanke,<br />
afirmou em discurso na<br />
segunda-feira que o comitê de<br />
política financeira do banco “irá<br />
resistir firmemente a uma erosão<br />
das expectativas de longo<br />
prazo da inflação, na medida que<br />
um deslocamento destas expectativas<br />
seria desestabilizador”<br />
para a economia norte-americana.<br />
A declaração repercutiu no<br />
meio dos investidores como o<br />
anúncio de que um aumento da<br />
taxa de juros norte-americana<br />
pode estar por vir.<br />
Apesar da declaração otimista<br />
de Bernanke, de que a economia<br />
norte-americana pode não retroceder<br />
tanto quanto afirmavam<br />
meses atrás, os economistas dos<br />
maiores bancos e agências do<br />
mercado financeiro não se mostram<br />
tão confiantes. “Não se pode<br />
culpar o Fed por se preocupar<br />
com a inflação a esta altura”, disse<br />
o economista do J. P. Morgan<br />
Chase, James Glassman, acrescentando<br />
que acha que “os mercados<br />
estão exagerando um pouco<br />
na reação ao verdadeiro nível<br />
de risco que está circulando. A<br />
economia norte-americana ainda<br />
está bastante fraca, com o desemprego<br />
em alta”.<br />
A retração dos mercados tem<br />
sido o maior motivo de preocupação<br />
dos economistas burgueses<br />
e grandes investidores. A<br />
revista The Economist teceu<br />
definitivo. Além da criação da<br />
CSS o governo aprovou o aumento<br />
da alíquota do IPI (Imposto<br />
sobre Produtos Importados)<br />
sobre os cigarros, também<br />
com a desculpa de que será<br />
usado para a Saúde.<br />
Lula está utilizando o mesmo<br />
golpe de FHC quando criou a<br />
CPMF, cuja arrecadação seria<br />
dedicada à saúde. O que aconteceu<br />
todos sabem.<br />
Votou com o governo Lula<br />
toda a sua base aliada. O PMDB,<br />
o PR, o PSB, o PSC, o PDT, o<br />
PTB, o PP, o PCdoB e logicamente<br />
o PT. E posando de fachada<br />
de esquerda, a direita<br />
oficial, PPS, DEM, PSDB e a<br />
falsa esquerda, o Psol. O Psol é<br />
a ala esquerda da campanha<br />
considerações em tom de alarme<br />
sobre as expectativas futuras<br />
dos mercados e do banco<br />
central norte-americano: “em<br />
suma, isto [a situação atual]<br />
definitivamente não parece ser<br />
o tipo de baixa da qual ótimos<br />
retornos de longo-prazo podem<br />
ser obtidos. Isto pode ser porque<br />
o mercado ainda tem muito<br />
a cair; Morgan Stanley sugere<br />
que, se o argumento de que o<br />
mercado passará por um longo<br />
período de baixa estiver correto,<br />
as cotações podem cair ainda<br />
50% (...).<br />
“Enquanto ainda há muita<br />
conversa a respeito da estagflação<br />
no momento, não estamos<br />
vendo (nos mercados desenvolvidos,<br />
pelo menos) nada como<br />
a inflação de dois dígitos e a taxa<br />
de desemprego que vimos nos<br />
anos 70. Talvez a grande ameaça<br />
aos investidores seja a de<br />
que os bancos centrais percam<br />
o controle da inflação”.<br />
As bolsas asiáticas também<br />
estão passando por um período<br />
de baixas. A queda, no entanto,<br />
é proporcional à distância do<br />
epicentro da crise, os EUA. A<br />
bolsa de Xangai mergulhou sete<br />
pontos percentuais no início da<br />
semana com receio de medidas<br />
restritivas ao crédito do banco<br />
central chinês. Na Europa, as<br />
bolsas também caíram na última<br />
terça-feira em função dos<br />
mesmos receios despertados<br />
pelas colocações do presidente<br />
do Fed.<br />
pseudo moralizante da direita.<br />
Um porta-voz do governo, o<br />
deputado do Rio Grande do Sul,<br />
Henrique Fontana, esbanjou<br />
cinismo e demagogia ao comemorar<br />
a aprovação do imposto,<br />
“É a vitória de todos que precisam<br />
de um hospital público,<br />
vitória do combate à sonegação”<br />
(Exame, 11/6/2008). Depois de<br />
anos com a CPMF, que teria<br />
como desculpa o investimento<br />
na área da Saúde, e o resultado,<br />
com os hospitais públicos brasileiro<br />
caindo literalmente aos<br />
pedaços com falta de leitos,<br />
médicos, equipamentos hospitalares<br />
etc. o governo tem a<br />
infâmia de dizer que agora com<br />
este “novo”, a Saúde no Brasil<br />
vai melhorar.<br />
O comportamento do sistema<br />
financeiro internacional mostra<br />
que é praticamente impossível<br />
para o mercado sobreviver sem<br />
a injeção constante de fundos<br />
dos bancos centrais cobrindo os<br />
prejuízos e promovendo liquidez<br />
diante dos receios de investidores<br />
e consumidores.<br />
Volta-se a falar com naturalidade<br />
da volta da inflação de dois<br />
dígitos nos países ditos emergentes,<br />
em particular o bloco do<br />
BRIC (Brasil, Rússia, Índia e<br />
China) que já flertam com valores<br />
entre 8% e 12%.<br />
A crise já indisfarçável da<br />
economia internacional revela<br />
que o maior “conquista” dos<br />
últimos 15 anos, a redução da<br />
inflação internacionalmente, não<br />
passou de uma solução precária,<br />
que nunca resolveu a debilidade<br />
da economia, à custa da<br />
desaceleração econômica mundial,<br />
de uma política que levou<br />
à virtual desindustrialização de<br />
países inteiros como o Brasil e<br />
a Argentina, sem falar na devastação<br />
econômica do Leste Europeu<br />
e da ex-URSS, à substituição<br />
da produção norte-americana<br />
pela importação de similares<br />
mais baratos da China e dos tigres<br />
asiáticos, obtidos à base de<br />
mão-de-obra praticamente gratuita<br />
e uma série de outros expedientes<br />
que não fizeram senão<br />
retardar o desenvolvimento da<br />
crise desencadeada a partir do<br />
chamado choque do petróleo da<br />
década de 70.<br />
A CSS funcionará como a<br />
antiga CPMF, terá uma alíquota<br />
que será cobrada sobre qualquer<br />
movimentação financeira.<br />
Inicialmente o governo vai cobrar<br />
0,1% de alíquota, inferior<br />
aos 0,38% que era a CPMF,<br />
mas isso não é nenhuma garantia<br />
de que este percentual possa<br />
inclusive ultrapassar o valor<br />
do imposto anterior. Basta apenas<br />
que o governo apresente<br />
mais uma desculpa esfarrapada,<br />
do tipo, “o arrecadado até<br />
o momento não é o suficiente<br />
para investir na saúde”, e aumentar<br />
sem ressalvas a alíquota.<br />
No primeiro ano de CSS,<br />
que terá início em 2009, a previsão<br />
de arrecadação é entre R$<br />
15 e R$ 20 bilhões.<br />
EUA<br />
8,5 milhões de desempregados<br />
No mês passado foi registrado<br />
um aumento do desemprego<br />
que passou de 5%, no mês de<br />
abril, para 5,5% em maio nos<br />
Estados Unidos.<br />
Este aumento, que aparentemente<br />
seria pequeno, 0,5%, reflete<br />
uma evolução na crise financeira<br />
nos Estados Unidos. Este foi o<br />
maior aumento mensal dos últimos<br />
22 anos, desde o ano de 1986 que<br />
não havia um aumento tão expressivo<br />
do desemprego na economia<br />
norte-americana. E foi também o<br />
índice mais alto do desemprego<br />
desde outubro de 2004.<br />
Este também é um aumento<br />
acumulado de cinco meses consecutivos.<br />
De janeiro a maio o<br />
desemprego teve cinco elevações<br />
seguidas. Desde o início do ano<br />
já houve mais de 300 mil demissões.<br />
Em janeiro, foram demitidas<br />
76 mil pessoas, em fevereiro<br />
83 mil, em março 81 mil, abril 28<br />
mil e agora em maio 49 mil pessoas<br />
perderam o emprego nos<br />
Estados Unidos.<br />
O contingente de desempregados<br />
nos Estados Unidos já é de 8,5<br />
milhões de habitantes. Isto é equivalente<br />
a 5,5% da população economicamente<br />
ativa ou 2,8% de<br />
toda a população norte-americana<br />
ou ainda o mesmo que a população<br />
de Nova Iorque, a cidade<br />
mais populosa dos Estados Unidos.<br />
É notório que este imposto<br />
não vai ser destinado para a<br />
saúde e sim servir como mais<br />
uma fonte de renda, entre tantas<br />
que já existem, para o governo<br />
distribuir para os capitalistas,<br />
em particular pagar juros aos<br />
próprio banqueiros sobre a dívida<br />
pública.<br />
A iniciativa de Lula joga por<br />
terra a idéia de que a economia<br />
está “saudável”, uma vez que,<br />
para manter a economia funcionando<br />
o governo é obrigado a<br />
extrair cerca de 40% de tudo o<br />
que é produzido. Este imposto,<br />
que será pago nominalmente<br />
pelas empresas e usuários dos<br />
serviços bancários, será jogado<br />
como todos os outros sobre as<br />
costas dos trabalhadores.<br />
Estes resultados negativos<br />
para a economia norte-americana<br />
estão refletindo em perdas<br />
tanto para a economia do mercado<br />
financeiro quanto para a economia<br />
real.<br />
Em um ano, o índice de confiança<br />
dos investidores caiu de 95<br />
pontos, em maio de 2007, para 15<br />
pontos no mês passado.<br />
O índice de confiança do consumidor<br />
marcou 59,8 pontos em<br />
março, depois de marcar 62,6<br />
pontos em abril, o pior em 28 anos.<br />
A bolsa de Nova Iorque caiu<br />
3,13%, pior patamar desde fevereiro<br />
de 2007. Na Europa as bolsas<br />
também caíram. Paris teve<br />
queda de 2,28%. E a Bovespa<br />
(Bolsa de Valores de São Paulo),<br />
caiu 2%.<br />
As centenas de milhares de<br />
demissões nos Estados Unidos<br />
nos últimos cinco meses são resultado<br />
do agravamento da recessão<br />
norte-americana iniciada no<br />
setor imobiliário. A diminuição no<br />
consumo está levando as empresas<br />
a cortarem a mão-de-obra para<br />
manter os lucros, mas ao mesmo<br />
tempo estão colocando fora do<br />
mercado consumidor um batalhão<br />
de pessoas, ou seja, o consumo<br />
irá diminuir ainda mais provocando<br />
novas demissões e uma<br />
evolução maior ainda na recessão<br />
dos Estados Unidos e na crise financeira<br />
mundial.
15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />
O QUE ELES DIZEM? – PARTE II<br />
Declarações da tropa de choque<br />
da direita para atacar as mulheres<br />
Continuando a série iniciada na edição anterior,<br />
publicamos nesta página algumas das declarações<br />
reacionárias dos políticos e religiosos defensores de<br />
que as mulheres sejam duramente reprimidas por<br />
abortarem<br />
Talmir Rodrigues<br />
(PV - SP)<br />
Da coordenação da Frente Parlamentar<br />
“em defesa da vida contra<br />
o aborto”. O deputado e autor<br />
de projetos contra as mulheres<br />
como o Projeto de Lei PL-2154/<br />
2007 o “disque aborto” que aguarda<br />
a análise em caráter conclusivo<br />
das comissões de Seguridade<br />
Social e Família; de Segurança<br />
Pública e Combate ao Crime Organizado;<br />
e de Constituição e Justiça<br />
e de Cidadania.<br />
Para defender seu projeto afirmou:<br />
“A divulgação do serviço nos<br />
meios de comunicação social e nas<br />
contas telefônicas facilitaria muito<br />
o trabalho dos agentes policiais<br />
de punir as inúmeras clínicas especializadas<br />
em matar as crianças<br />
e os vários estabelecimentos que<br />
vendem ilegalmente substâncias<br />
abortivas” (Portal da Câmara)<br />
Afirmou também que “A luta do<br />
nosso movimento é para que não<br />
haja espaço para o aborto na discussão<br />
das políticas públicas”.<br />
Um médico que propõe ignorar<br />
o fato de que mais de duas mil<br />
mulheres morrem por ano por<br />
abortos mal-feitos é, sem dúvidas,<br />
financiado para atacar as mulheres,<br />
se escondendo atrás da demagogica<br />
campanha de defesa ecológica,<br />
no Partido Verde.<br />
Jorge Tadeu<br />
Mudalen (DEM-SP)<br />
Católico, também da frente reacionária<br />
contra as mulheres, afirma<br />
“cientificamente” ao votar<br />
sobre a questão do aborto.<br />
“Não poderia finalizar meu<br />
voto sem expressar a minha mais<br />
íntima posição pessoal sobre o<br />
valor imensurável da vida desde a<br />
concepção, e não haveria melhores<br />
palavras para dizê-lo do que as<br />
que encontro no Livro Sagrado,<br />
vertidas da boca do Profeta Jeremias:<br />
“Antes que eu te formasse<br />
no ventre materno, eu te conheci,<br />
e, antes que saísses da madre, te<br />
consagrei, e te constituí profeta às<br />
nações”<br />
Severino Cavalcanti<br />
(PP-PE)<br />
Parte da extrema direita da<br />
política nacional, integra a frente<br />
contra as mulheres com Projeto de<br />
Lei 1459/2003 Projeto Apensado<br />
PL 5166/2005 Hidekazu Takayama<br />
(PMDB/PR) Torna ilegal inclusive<br />
o aborto no caso de risco<br />
de vida para a mãe e estupro.<br />
Declarou à imprensa:<br />
“A vida pertence a Deus. Tenho<br />
vários exemplos de mulheres<br />
que são felizes com seus filhos,<br />
mesmo que tenha sido um acidente<br />
horrendo”<br />
Quando perguntado sobre o<br />
uso de preservativo afirmou<br />
“Você está sendo muito indiscreto.<br />
Essa resposta não vou dar.”<br />
O que mostra para onde estes<br />
políticos da Igreja querem levar o<br />
País: a um retrocesso geral, condenando<br />
principalmente as mulheres.<br />
Sobre o casamento afirmou:<br />
“Eu era um homem puro. Casei<br />
com uma mulher que me serviu”.<br />
“A mulher tem que ser virgem<br />
e pura”.<br />
A frente em “defesa da vida<br />
contra o aborto” é uma visível<br />
ofensiva da direita brasileira e da<br />
Igreja contra os direitos da população<br />
e em especial o das mulheres.<br />
Henrique Afonso<br />
(PT – AC)<br />
O evangélico fez declarações<br />
que mostram a truculência em que<br />
a direita e a igreja querem avançar<br />
contra os direitos das mulheres. É<br />
dele o PL 1763/2007 – Propõe o<br />
chamado “Bolsa estupro”, para<br />
que a mulher não utilize um direito<br />
adquirido que é o aborto legal em<br />
caso de violência sexual.<br />
“O aborto, para nós evangélicos,<br />
é um ato contra a vida em<br />
todos os casos, não importa se a<br />
mulher corre risco ou se foi estuprada”,<br />
afirma o deputado Henrique<br />
Afonso.”<br />
“Entendemos que o aborto é<br />
mais monstruoso que o estupro.”<br />
(Deputado Henrique Afonso e<br />
Deputada Jusmari Oliveira PR/BA<br />
em justificativa para o projeto de<br />
Lei).<br />
“Vida sim - aborto não. Nunca<br />
a família, a Igreja e os valores<br />
morais que regem nossa sociedade<br />
foram tão atingidos como nos<br />
últimos anos. São inúmeras iniciativas<br />
que visam desconstruir a<br />
família e a sociedade brasileira e o<br />
Congresso Nacional tem sido a<br />
sede destas ações que buscam, nas<br />
proposições legislativas, guaridas<br />
e respaldos legais. Entre todas as<br />
ações as que mais têm conquistado<br />
adeptos e simpatizantes são<br />
aquelas que visam legalizar o aborto,<br />
que visam legalizar a interrupção<br />
da gravidez em qualquer estágio<br />
gestacional.” (portal de Afonso<br />
Henrique)<br />
Orlando Morando<br />
(PSDB-SP)<br />
É deputado estadual de São<br />
Paulo e Presidente da Frente Parlamentar<br />
em Defesa da Vida contra<br />
o Aborto da Assembléia Legislativa<br />
de São Paulo.<br />
Declarou que “nós estamos<br />
unidos pela vida e vamos sacudir<br />
o Brasil contra essa lei que mata<br />
crianças indefesas. Temos que cutucar<br />
nossos deputados. Política<br />
não se faz só em época de eleição”<br />
... de fato promovem ataques à<br />
população o ano todo e também nas<br />
eleições!<br />
Antonio Marchionni<br />
Formado em teologia pela PUC-<br />
SP e Unicamp faz parte da Frente<br />
em “defesa da vida e contra o<br />
aborto”.<br />
Segundo ele “O aborto é algo<br />
grave, é a ocisão (ato de matar) do<br />
feto. Sufocar o inerme nunca será<br />
um direito humano. Inutilmente<br />
usaremos eufemismos, como interrupção<br />
da gravidez ou direito<br />
humano de decidir ou saúde da<br />
mulher ou caso de saúde pública.<br />
Essas roupagens coloridas não<br />
mudam a substância: trata-se de<br />
uma cisão, que mancha a mão de<br />
sangue e faz muito mal ao filho, aos<br />
pais, ao grupo social. A teologia diz<br />
que o embrião é filho do Altíssimo<br />
e possuidor da alma imortal, que<br />
permanece viva após a ocisão do<br />
corpo: os pais reencontrarão esse<br />
filho no além e terão que explicarse.”<br />
O teólogo, cuja argumentação<br />
religiosa não tem qualquer valor<br />
para as leis de um Estado verdadeiramente<br />
laico, não apenas pretende<br />
impor a toda a sociedade suas<br />
crenças religiosas, como detrás da<br />
fachada moral oculta a sua verdadeira<br />
intenção: promover uma repressão<br />
em larga escala contra as<br />
mulheres, como evidenciou o processo<br />
com vistas à prisão contra<br />
dez mil mulheres no Mato Grosso<br />
do Sul por crime de aborto.<br />
Jofran Frejat<br />
(PR - DF)<br />
O presidente da Comissão de<br />
Seguridade Social e Família da<br />
Câmara dos Deputados<br />
Afirmou que a comissão iria<br />
votar o projeto de legalização do<br />
aborto somente depois da Semana<br />
Santa, “em respeito à data”.<br />
O religioso afirmou cinicamente<br />
sobre a posição Ministro da<br />
Saúde ao ser favorável a legalização<br />
do aborto: “A argumentação do<br />
ministro da Saúde não me convenceu<br />
completamente. Me pergunto<br />
se, com o aborto liberado em<br />
qualquer tempo, os hospitais públicos<br />
terão condição de fazer esse<br />
tipo de procedimento. E também<br />
se a legalização não estaria em confronto<br />
com a política do governo<br />
de controle da natalidade e de paternidade<br />
responsável. Porque a<br />
pessoa pode pensar que, se engravidar,<br />
poderá ir ao hospital e fazer<br />
um aborto”.<br />
Na verdade o que o deputado<br />
defende é a repressão das mulheres<br />
pelo estado burguês corrupto<br />
em nome de uma defesa abstrata<br />
da “defesa da vida”.<br />
Miguel Martini<br />
(PHS-MG)<br />
Junto com o presidente da frente<br />
contra o aborto, Luis Bassuma<br />
(PT-BA), defende que o aborto se<br />
transforme em um crime hediondo<br />
e as mulheres sofram penas<br />
ainda mais duras.<br />
“Minha experiência foi muito<br />
interessante, porque eu sou de uma<br />
família cristã. Tenho dois irmãos<br />
que são padres e uma irmã que é<br />
freira. Meus pais são muito católicos.”<br />
“Deus fez de mim tudo o que<br />
sou hoje.”<br />
“Eu estou na política, porque<br />
Deus me chamou para ser assim,<br />
e a minha maior motivação é a<br />
alegria de ser Seu instrumento”<br />
(entrevista à Canção Nova)<br />
“O aborto é um assassinato<br />
covarde a um ser indefeso. Cabe<br />
a nós legisladores defendê-lo”.<br />
“Acostumado com as pregações,<br />
citou o Código de Direito<br />
Canônico da Igreja Católica (!),<br />
segundo o qual “quem faz aborto<br />
automaticamente deixa de ser<br />
católico”.<br />
A política de Martini é de um religioso<br />
fanático que, a mando da<br />
reacionária e obscurantista igreja<br />
Católica quer reprimir ainda mais<br />
as mulheres.<br />
Odair Cunha<br />
(PT-MG)<br />
O deputado e católico fa-<br />
nático é coordenador, na Região<br />
Sudeste, da Frente Parlamentar<br />
em Defesa da Vida e<br />
Contra o Aborto.<br />
É autor do PL 489/2007<br />
para transformar o aborto em<br />
crime hediondo.<br />
Segundo eles: “Como católico,<br />
não posso me furtar de<br />
tratar este tema também sob o<br />
viés da religião. Plano de Deus,<br />
um ser, quando é gerado, tem<br />
vida desde a sua concepção,<br />
dom divino.<br />
Tanto que se desenvolve,<br />
cresce, toma forma. É inimaginável<br />
que alguém acredite<br />
que tem o poder de interromper<br />
este processo. Ninguém<br />
pode assumir a função de Deus<br />
sobre a vida humana. Só Ele<br />
oferece a oportunidade da vida<br />
e só Ele pode tirá-la.” (artigo<br />
de Cunha em seu site)<br />
É autor da Lei do segundo<br />
estupro, o moral, PL 831/2007<br />
que a mulher que for aos hospitais<br />
usufruir de um direito, o<br />
aborto legal nos casos de estupro,<br />
deve ser obrigada a ver<br />
vídeos de abortos, entre outros<br />
assédios.<br />
“Num momento de dor e/ou<br />
desespero, normalmente devido<br />
ao estupro sofrido, a desinformação<br />
pode fazer com que<br />
a gestante cometa outro ato violento,<br />
contra si mesma e contra<br />
o ser vivo que está gerando.<br />
A Saúde tem por princípio<br />
salvar vidas e evitar seqüelas<br />
nos procedimentos. É o que<br />
pretendemos com este projeto.”<br />
Leandro Sampaio<br />
(PPS – RJ)<br />
Editor da cartilha da frente<br />
parlamentar contra o aborto e<br />
contra as mulheres que é contra<br />
a legalização do aborto e<br />
também a interrupção da gravidez<br />
nos casos de estupro,<br />
como prevê a lei atual.<br />
“Sou católico e sou em defesa<br />
da vida”<br />
“a mulher não pode defender<br />
o aborto... é uma coisa absurda,<br />
a gente não pode negar<br />
a vida, ainda mais uma gestante<br />
“Na Itália o aborto acontece<br />
a 29 anos, para infelicidade<br />
da família italiana”<br />
“Não tem cabimento fazer<br />
um plebiscito sobre a legalização<br />
do aborto, pois a vida é um<br />
direito inalienável garantido na<br />
constituição”<br />
Zilda Arns<br />
A médica pediatra e sanitarista<br />
também está na cruzada<br />
contra os direitos democráticos<br />
das mulheres, defendendo<br />
que a mulher deve ser presa, se<br />
cometer o ato.<br />
São suas as declarações:<br />
“Em primeiro lugar, sou a<br />
favor da vida, e fundamento<br />
meu ponto de vista não somente<br />
na fé cristã, mas também na<br />
ciência e em aspectos éticos e<br />
jurídicos. Já está comprovado<br />
cientificamente que o feto é um<br />
ser humano completo, desde a<br />
sua concepção.”<br />
“Quando dizem que são<br />
apenas células, não é verdade.<br />
A partir da concepção, já é<br />
uma criança”<br />
“O embrião é um ser humano<br />
completo em fase de crescimento<br />
tanto quanto um bebê, uma criança<br />
ou um adolescente.”<br />
Na verdade não há nada de<br />
científico na repressão às mulheres,<br />
o que há é a predominância<br />
do obscurantismo da<br />
idade média de defesa abstrata<br />
“da vida” enquanto mulheres<br />
morrem por abortos mal<br />
feitos e crianças morrem no<br />
Brasil aos montes por inanição<br />
e contra isso não se vêem atos,<br />
projetos de lei nem nada parecido.<br />
MULHERES 14<br />
Veja quem assinou a<br />
condenação das mulheres<br />
que cometeram aborto<br />
Reproduzimos aqui a lista<br />
dos 210 deputados que assinaram<br />
a proposição RCP<br />
0009/08, de autoria do deputado<br />
Luiz Bassuma (PT) e<br />
outros, que requer a criação de<br />
Comissão-Parlamentar de Inquérito<br />
para investigar a denúncia<br />
feita pelo Ministro da<br />
Saúde, José Gomes Temporão,<br />
em entrevista no Programa<br />
Roda Viva da TV Cultura,<br />
no dia 16 de abril de 2007,<br />
sobre a existência do comércio<br />
clandestino de substâncias<br />
abortivas e da prática do<br />
aborto no Brasil.<br />
Adão Pretto PT-RS<br />
Affonso Camargo PSDB-PR<br />
Alfredo Kaefer PSDB-PR<br />
Andreia Zito PSDB-RJ<br />
Angela Amin PP-SC<br />
Angelo Vanhoni PT-PR<br />
Aníbal Gomes PMDB-CE<br />
Anselmo de Jesus PT-RO<br />
Antônio Carlos Biffi PT-MS<br />
Antonio Carlos Mendes Thame<br />
PSDB-SP<br />
Antonio Carlos-PAnnunzio<br />
PSDB-SP<br />
Antônio Roberto PV-MG<br />
Ariosto Holanda PSB-CE<br />
Arnaldo Faria de Sá PTB-SP<br />
Arnon Bezerra PTB-CE<br />
Assis Do Couto PT-PR<br />
Átila Lins PMDB-AM<br />
Átila Lira PSB-PI<br />
Augusto Farias PTB-AL<br />
B. Sá PSB-PI<br />
Barbosa Neto PDT-PR<br />
Bernardo Ariston PMDB-RJ<br />
Brizola Neto PDT-RJ<br />
Bruno Rodrigues PSDB-PE<br />
Carlos Alberto Canuto PMDB<br />
Al<br />
Carlos Alberto Leréia PSDB-<br />
GO<br />
Carlos Melles DEM-MG<br />
Carlos Santana PT-RJ<br />
Carlos Willian PTC-MG<br />
Celso Maldaner PMDB-SC<br />
Celso Russomanno PP-SP<br />
Cezar Schirmer PMDB-RS<br />
Cezar Silvestri PPS-PR<br />
Chico da Princesa PR-PR<br />
Ciro Nogueira PP-PI<br />
Cláudio Diaz PSDB-RS<br />
Cláudio Magrão PPS-SP<br />
Cleber Verde PRB-MA<br />
Colbert Martins PMDB-BA<br />
Costa Ferreira PSC-MA<br />
Cristiano Matheus PMDB Al<br />
Dagoberto PDT-MS<br />
Davi Alves Silva Júnior PDT-<br />
MA<br />
Décio Lima PT-SC<br />
Deley PSC-RJ<br />
Dilceu Sperafico PP-PR<br />
Dr. Nechar PV-SP<br />
Dr. Talmir PV-SP<br />
Dr. Ubiali PSB-SP<br />
Duarte Nogueira PSDB-SP<br />
Edigar Mão Branca Pv-BA<br />
Edinho Bez PMDB SC<br />
Edio Lopes PMDB RR<br />
Edson Duarte PV-BA<br />
Edson Ezequiel PMDB-RJ<br />
Eduardo Amorim PSC SE<br />
Eduardo Cunha PMDB-RJ<br />
Eduardo-GOmes PSDB TO<br />
Eduardo Sciarra DEM-PR<br />
Eduardo Valverde PT RO<br />
Eliene Lima PP-MT<br />
Eliseu-PAdilha PMDB-RS<br />
Elismar Prado PT-MG<br />
Emanuel Fernandes PSDB-<br />
SP<br />
Fábio Souto DEM-BA<br />
Felipe Bornier Phs-RJ<br />
Félix Mendonça DEM-BA<br />
Fernando de Fabinho DEM-<br />
BA<br />
Filipe Pereira PSC-RJ<br />
Francisco Rodrigues DEM Rr<br />
Francisco Rossi PMDB-SP<br />
Francisco Tenorio PMN Al<br />
Frank Aguiar PTB-SP<br />
Gastão Vieira PMDB-MA<br />
Geraldo Pudim PMDB-RJ<br />
Geraldo Thadeu PPS-MG<br />
Gerson-PEres PP-PA<br />
Gilmar-MAchado PT-MG<br />
Giovanni Queiroz PDT-PA<br />
Givaldo Carimbão PSB Al<br />
Gonzaga Patriota PSB-PE<br />
Hugo Leal PSC-RJ<br />
Humberto Souto PPS-MG<br />
Ibsen Pinheiro PMDB-RS<br />
Íris De Araújo PMDB-GO<br />
Jackson-BArreto PMDB Se<br />
Jaime Martins PR-MG<br />
João Bittar DEM-MG<br />
João Campos PSDB-GO<br />
João Carlos-BAcelar PR-BA<br />
João Dado PDT-SP<br />
João-MAgalhães PMDB-MG<br />
João-MAtos PMDB SC<br />
João Oliveira DEM TO<br />
Joaquim Beltrão PMDB AL<br />
Jofran Frejat PR DF<br />
Jorge Khoury DEM-BA<br />
Jorge Tadeu Mudalen DEM-<br />
SP<br />
José Airton Cirilo PT-CE<br />
José Carlos Araújo PR-BA<br />
José Chaves PTB-PE<br />
José Fernando-AParecido De<br />
Oliveira Pv-MG<br />
José Linhares PP-CE<br />
José Pimentel PT-CE<br />
Joseph-BAndeira PT-BA<br />
Julião Amin PDT-MA<br />
Júlio-CEsar DEM Pi<br />
Júlio Delgado PSB-MG<br />
Jusmari Oliveira PR-BA<br />
Juvenil PRTB-MG<br />
Laerte Bessa PMDB Df<br />
Leandro Sampaio PPS-RJ<br />
Lelo Coimbra PMDB-ES<br />
Léo Vivas PRB-RJ<br />
Leonardo Monteiro PT-MG<br />
Leonardo Vilela PSDB-GO<br />
Lincoln Portela PR-MG<br />
Lobbe Neto PSDB-SP<br />
Lucenira Pimentel PR-AP<br />
Luciana Costa PR-SP<br />
Luiz-Bassuma PT-BA<br />
Luiz Bittencourt PMDB-GO<br />
Luiz Carlos Hauly PSDB-PR<br />
Luiz Carreira DEM-BA<br />
Luiz Couto PT-PB<br />
Luiz Fernando Faria PP-MG<br />
Manato PDT-ES<br />
Marcelo Guimarães Filho<br />
PMDB-BA<br />
Marcelo Melo PMDB-GO<br />
Marcelo Ortiz Pv-SP<br />
Marcelo Serafim PSB Am<br />
Marcondes Gadelha PSB-PB<br />
Marcos Medrado PDT-BA<br />
Maria Helena PSB Rr<br />
Maria Lúcia Cardoso PMDB-<br />
MG<br />
Mário de Oliveira PSC-MG<br />
Mário Heringer PDT-MG<br />
Maurício Quintella Lessa PR<br />
Al<br />
Mauro Benevides PMDB-CE<br />
Mauro Nazif PSB Ro<br />
Miguel Corrêa PT-MG<br />
Miguel-MArtini Phs-MG<br />
Moises Avelino PMDB To<br />
Nazareno Fonteles PT Pi<br />
Nelson Bornier PMDB-RJ<br />
Nilson Mourão PT Ac<br />
Nilson Pinto PSDB-PA<br />
Odair Cunha PT-MG<br />
Olavo Calheiros PMDB Al<br />
Osório Adriano DEM Df<br />
Osvaldo Reis PMDB To<br />
Otavio Leite PSDB-RJ<br />
Paes Landim PTB PI<br />
Pastor-Manoel Ferreira PTB-<br />
RJ<br />
Paulo Abi-Ackel PSDB-MG<br />
Paulo Henrique Lustosa<br />
PMDB-CE<br />
Paulo Piau PMDB-MG<br />
Paulo Renato Souza PSDB-SP<br />
Paulo Roberto PTB-RS<br />
Paulo Rocha PT-PA<br />
Paulo Rubem Santiago PDT-<br />
PE<br />
Pedro Chaves PMDB-GO<br />
Pedro Wilson PT-GO<br />
Pompeo De Mattos PDT-RS<br />
Professora Raquel Teixeira<br />
PSDB-GO<br />
Rafael Guerra PSDB-MG<br />
Raimundo Gomes De Matos<br />
PSDB-CE<br />
Ratinho Junior PSC-PR<br />
Reinaldo Nogueira PDT-SP<br />
Ricardo Tripoli PSDB-SP<br />
Roberto Britto PP-BA<br />
Roberto Santiago PV-SP<br />
Rodrigo De Castro PSDB-MG<br />
Rose De Freitas PMDB-ES<br />
Rubens Otoni PT-GO<br />
Sandro Mabel PR-GO<br />
Sandro Matos PR-RJ<br />
Sebastião Bala Rocha PDT-AP<br />
Sebastião Madeira PSDB-MA<br />
Sérgio Brito PDT-BA<br />
Sergio Petecão PMN-AC<br />
Severiano Alves PDT-BA<br />
Silvinho Peccioli DEM-SP<br />
Silvio Costa PMN-PE<br />
Silvio Lopes PSDB-RJ<br />
Silvio Torres PSDB-SP<br />
Simão Sessim PP-RJ<br />
Solange Almeida PMDB-RJ<br />
Sueli Vidigal PDT-ES<br />
Takayama PSC-PR<br />
Uldurico Pinto PMN-BA<br />
Urzeni Rocha PSDB Rr<br />
Valtenir Pereira PSB-MT<br />
Vanderlei Macris PSDB-SP<br />
Veloso PMDB-BA<br />
Vieira Da Cunha PDT-RS<br />
Vilson Covatti PP-RS<br />
Virgílio Guimarães PT-MG<br />
Vital do Rêgo Filho PMDB-PB<br />
Vitor Penido DEM-MG<br />
Waldir Maranhão PP-MA<br />
Waldir Neves PSDB-MS<br />
Walter Ihoshi DEM-SP<br />
Walter Pinheiro PT-BA<br />
Wellington Fagundes PR-MT<br />
William Woo PSDB-SP<br />
Wladimir Costa PMDB-PA<br />
Zé Geraldo PT-PA<br />
Zenaldo Coutinho PSDB-PA<br />
Zonta PP-SC<br />
Assinaturas Que<br />
Não Conferem<br />
Alexandre Silveira PPS-MG<br />
Clodovil Hernandes PR-SP<br />
Leo Alcântara PR-CE<br />
Marcos Antonio PRB-PE<br />
Maurício Trindade PR-BA<br />
Professor Sétimo PMDB-MA<br />
Rodovalho DEM-DF<br />
Wandenkolk Gonçalves<br />
PSDB-PA
15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />
10.000 NO MATO GROSSO DO SUL<br />
“Quase impossível indiciar as mulheres”<br />
Apesar de a delegada do caso reconhecer que “‘não<br />
tem como encontrar os fetos e, pela Justiça, sem<br />
corpo não há crime de homicídio”, 25 mulheres já<br />
foram incriminadas por prática de aborto em Campo<br />
Grande e a Justiça promete incriminar outras<br />
milhares.<br />
Após o indiciamento dessas mulheres, o lobby da Igreja no<br />
Congresso Nacional aumentou sua investida contra os<br />
direitos das mulheres.<br />
Quase 10.000 mulheres<br />
estão sendo perseguidas e<br />
consideradas criminosas no<br />
estado do Mato Grosso do<br />
Sul. Uma ação que não foi<br />
vista nem mesmo nos anos de<br />
ditadura militar. Esse número<br />
corresponde a 5% da população<br />
feminina, fértil, de<br />
Campo Grande, capital do<br />
estado.<br />
O montante corresponde<br />
também a cerca de 40% de<br />
toda a população feminina<br />
cumprindo pena atualmente,<br />
por todos os crimes, no território<br />
nacional (25 mil mulheres),<br />
segundo informações<br />
divulgadas em 2007.<br />
Tribunal de<br />
exceção<br />
As arbitrariedades de todo<br />
processo não são poucas. A<br />
acusação está baseada em mera<br />
suspeita, já que as fichas médicas<br />
apreendidas não são provas<br />
suficientes para confirmar<br />
prática criminosa.<br />
A própria delegada Regina<br />
Márcia R. B. Mota, após busca<br />
na clínica, afirmou à imprensa<br />
local considerar “quase<br />
impossível indiciar as mulheres”.<br />
Ela reconhecia que<br />
“’não tem como encontrar os<br />
fetos e, pela Justiça, sem corpo<br />
não há crime de homicídio’.<br />
Ela também revelou que a clínica<br />
não tem fossa, onde poderiam<br />
ter sido jogados os<br />
fetos abortados, e também não<br />
foram encontrados locais<br />
onde eles podem ter sido alojados.”<br />
(Midiamax, 14/4/<br />
2007)<br />
A verdade é que não há prova<br />
material da prática de crime,<br />
mas indícios. Sem considerar<br />
que o manuseio das fichas<br />
por parte da polícia e do<br />
Ministério Público configura<br />
procedimento ilegal e violação<br />
do sigilo médico.<br />
Além disso, as fichas médicas<br />
ficaram por aproximadamente<br />
três meses, anexadas<br />
ao processo e expostas à<br />
curiosidade popular. A exposição<br />
das fichas violou no<br />
mínimo o direito à privacidade,<br />
intimidade, confidencialidade<br />
das mulheres que estiveram<br />
na clínica.<br />
Apesar disso, 25 mulheres<br />
já foram incriminadas e induzidas<br />
a assumirem um crime<br />
que não cometeram. Deixando<br />
evidente que a conduta da<br />
polícia e da justiça não se orienta<br />
pela proteção e defesa dos<br />
direitos dessas mulheres.<br />
Nas palavras de advogados<br />
conselheiros da OAB-MS “a<br />
atitude do Ministério Público é<br />
fascista.”<br />
“Hipócritas.<br />
Precisamos deixar<br />
de ser hipócritas”<br />
Segundo dados da Organização<br />
Mundial de Saúde (OMS),<br />
são realizados a cada ano cerca<br />
de 50 milhões de abortos no<br />
mundo. Dos quais 19 milhões<br />
acontecem de forma clandestina<br />
e insegura. No Brasil, de<br />
acordo com dados do Instituto<br />
Ipas Brasil são efetuados cerca<br />
de 1,1 milhão abortos anualmente,<br />
75% deles induzidos voluntariamente<br />
e executados de<br />
maneira insegura.<br />
Para Beatriz Vargas, professora<br />
da Faculdade de Direito da<br />
UFMG, o caso do Mato Grosso<br />
do Sul demonstra que no judiciário,<br />
“o espetáculo de ‘eficiência<br />
criminal’ produz um volume<br />
de acusações capaz de<br />
abarrotar, ou paralisar, a 2ª Vara<br />
do Tribunal do Júri de Campo<br />
Grande, mas quando se sabe<br />
que a projeção do número nacional<br />
de abortos clandestinos,<br />
por ano, está na casa dos milhões,<br />
tem-se que reconhecer –<br />
desde que se queira renunciar às<br />
últimas conseqüências do absurdo<br />
– o erro de tratar o assunto<br />
como caso de polícia. Nesta<br />
situação, convocar a pena criminal<br />
é, por um lado, ignorar a<br />
questão de fundo, fechar o debate<br />
e fazer vistas grossas à<br />
realidade social. Por outro lado,<br />
é desmoralizar o direito penal,<br />
expondo a justiça ao ridículo.”<br />
Além do que “Impor a pena<br />
criminal a uma população de<br />
milhões só vai demonstrar que<br />
a criminalização não tem respaldo,<br />
a não ser numa certa ‘moral<br />
oficial’”.<br />
Já no poder legislativo a “seleção<br />
de condutas que deverão<br />
constituir crime não se confunde<br />
com o poder de impor convicções<br />
éticas, religiosas ou<br />
morais... Não é legítimo um<br />
direito que contraria a realidade<br />
social dos fatos e se mostra<br />
incapaz de afetar o resultado a<br />
que se propõe impedir.”<br />
De volta à Idade<br />
Média<br />
O que se está julgando e incriminando<br />
no Mato Grosso do<br />
Sul é a atitude de mulheres que<br />
enfrentaram a lei, tornaram-se<br />
clandestinas, diante da necessidade<br />
de efetivar o direito que a<br />
legislação e o Estado não lhes<br />
garantem, como por exemplo, a<br />
autonomia sobre seus corpos.<br />
O “crime” de que são acusadas<br />
está na mesma linha dos<br />
crimes contra a honra, o adultério,<br />
o homossexualismo. É o<br />
crime de infringir os preceitos<br />
de uma parte da sociedade.<br />
Preceitos religiosos que estão<br />
sendo impostos a toda a população<br />
através de legisladores<br />
retrógrados que querem manter<br />
a criminalização das mulheres<br />
através da manutenção do aborto<br />
como crime.<br />
A condenação das mulheres<br />
em Campo Grande mostra o<br />
nítido uso político da legislação<br />
punitiva. Após o indiciamento<br />
dessas mulheres, o lobby da<br />
Igreja no Congresso Nacional<br />
aumentou sua investida contra<br />
os direitos das mulheres. Como<br />
MULHERES 15<br />
ficou demonstrado na rejeição<br />
do Projeto de Lei 1135, que propunha<br />
a mudança no Código Penal<br />
de 1940, através da retirada<br />
do art. 128 que considera aborto<br />
como crime. O projeto foi rejeitado<br />
na Comissão de Seguridade<br />
Social e da Família, onde<br />
estão reunidos os representantes<br />
do que há de mais conservador<br />
na sociedade brasileira, no<br />
que diz respeito aos interesses<br />
de emancipação e libertação das<br />
mulheres.<br />
Iniciativas como essas têm<br />
como objetivo inibir ações de<br />
mulheres que requerem individualmente<br />
seus direitos, mas<br />
também as organizações que<br />
defendem a mudança na lei.<br />
O próximo passo é proibir os<br />
contraceptivos de emergência,<br />
daí a qualquer tipo de remédio<br />
anticoncepcional e até os preservativos.<br />
Conseguido isso, se<br />
animarão a restringir o divórcio<br />
até chegar à institucionalização<br />
do pátrio poder. É a tentativa de<br />
impor uma escravização total da<br />
mulher na sociedade, assim<br />
como já acontece na Igreja<br />
Católica, defensora maior desse<br />
retrocesso.<br />
Ignoram que o Brasil, apesar<br />
das cruzes espalhadas pelos<br />
ambientes do poder público, do<br />
Executivo, passando pelo Legislativo<br />
e Judiciário, não tem religião<br />
oficial, ao contrário, é um<br />
país laico. Portanto, o Estado,<br />
seus poderes, e seus “representantes”<br />
deveriam ser regidos<br />
pelo princípio da laicidade.<br />
Querem nos levar de volta à<br />
Idade Média, quando toda ação<br />
que questionava os dogmas religiosos,<br />
a moral oficial (que levava<br />
em consideração uma única<br />
religião) era considerada crime<br />
cujo castigo, pena, punição<br />
levava à forca ou à fogueira.<br />
10.000 MULHERES SOB A MIRA DA REPRESSÃO<br />
Defendendo o indefensável<br />
No último dia seis de junho,<br />
a delegada Regina Márcia R. B.<br />
Mota, da 1ª Delegacia de Polícia,<br />
responsável pelo caso da<br />
Clínica de Planejamento Familiar<br />
de Campo Grande, divulgou<br />
nota à imprensa, para explicar<br />
as ações tomadas pela polícia<br />
até agora.<br />
Além de dar explicações sobre<br />
o que a delegada chama de<br />
“eventual violação de direitos<br />
humanos” a nota visava confirmar<br />
que “Por determinação<br />
Judicial essas fichas retornaram<br />
à 1ª Delegacia na data de seis de<br />
junho de 2008 e continuarão<br />
apreendidas até o encerramento<br />
do processo ou ocorrer a<br />
prescrição de eventuais crimes<br />
de aborto.”<br />
Para se defender da acusação<br />
de violação das fichas médicas,<br />
a delegada se dirige “A todas as<br />
pessoas preocupadas com<br />
eventual violação dos diretos<br />
humanos ou violação de segredo<br />
médico reforçamos que a<br />
apreensão dos prontuários<br />
médicos deu-se em virtude de<br />
mandado judicial requerido por<br />
esta delegada e deferido pelo<br />
juízo da 2ª vara do tribunal do júri<br />
desta Comarca.” Alegação sem<br />
procedência, já que a justiça<br />
autorizou a apreensão dos prontuários,<br />
não investigação, e utilização<br />
de informação para incriminar<br />
pacientes. Isso sim é crime,<br />
já que prontuários médicos,<br />
por lei e por norma, são sigilosos,<br />
podendo ser analisado apenas<br />
com autorização do paciente.”<br />
O que definitivamente não<br />
aconteceu.<br />
A delegada defende-se ainda<br />
da denúncia de que os prontuários<br />
ficaram expostos à curiosidade<br />
popular, afirmando que<br />
desde junho do ano passado<br />
“quando os autos foram relatados<br />
e encaminhados ao Judiciário<br />
tomamos as cautelas necessárias<br />
para que a imagem, intimidade<br />
e nome das mulheres ali<br />
relacionadas fossem preservados.”<br />
A informação não procede.<br />
Porque é de conhecimento<br />
que as fichas ficaram abertas,<br />
inclusive com informações disponibilizadas<br />
na internet, violando<br />
a intimidade dessas mulheres.<br />
Na polícia ou no judiciário,<br />
não importa. Na verdade demonstra<br />
que ambos não querem<br />
assumir a responsabilidade pelo<br />
erro.<br />
Não procede também a afirmação<br />
de que “as fichas assim<br />
que apreendidas foram encaminhadas<br />
ao Instituto Médico<br />
Legal para parecer médico”.<br />
Segundo o promotor Paulo<br />
César dos Passos, responsável<br />
pelo caso no Ministério Público,<br />
uma equipe da própria polícia<br />
civil é quem faz a analise das<br />
fichas, portanto não existe parecer,<br />
porque não existe médico<br />
perito envolvido no caso.<br />
Sobre novos indiciamentos,<br />
segundo a nota “Serão selecionadas<br />
aquelas fichas cujas datas<br />
indicam se estão prescritos<br />
os eventuais crimes de aborto e,<br />
num segundo momento aquelas<br />
em que houver fortes indícios<br />
de que houve a prática do crime<br />
de aborto. Consideramos fortes<br />
indícios: a comprovação de<br />
gravidez, a declarações de curetagem<br />
de aborto retido ou feto<br />
morto retido e exame de ultrasonografia<br />
com comprovação<br />
de feto vivo, além da especificação<br />
do valor pago.”<br />
O que em junho de 2008 a<br />
delegada considera suficiente<br />
para criminalizar milhares de<br />
mulheres, não é o mesmo ponto<br />
de vista que a delega Regina<br />
Márcia esboçava em abril do ano<br />
passado quando fez declarações<br />
a imprensa local afirmando<br />
considerar “quase impossível<br />
indiciar as mulheres”. Isto porque,<br />
na época, ela reconhecia<br />
que “’não tem como encontrar<br />
os fetos e, pela Justiça, sem<br />
corpo não há crime de homicídio’.<br />
Ela também revelou que a<br />
clínica não tem fossa, onde<br />
poderiam ter sido jogados os<br />
fetos abortados, e também não<br />
foram encontrados locais onde<br />
eles podem ter sido alojados.”<br />
(Midiamax, 14/4/2007) Mas<br />
agora não apenas considera os<br />
indícios como prova suficiente<br />
como pretende agir com urgência<br />
para impedir a prescrição do<br />
“crime”!<br />
A nota divulgada pela delegada<br />
é a demonstração de que a<br />
justiça e a polícia têm tentado se<br />
explicar a respeito da tentativa<br />
de indiciamento de quase<br />
10.000 mulheres que freqüentaram,<br />
nos últimos anos, a clínica<br />
que funcionava no centro<br />
da capital do Mato Grosso do<br />
Sul.<br />
Porém a repercussão que o<br />
caso tomou até agora ainda não<br />
foi suficiente para barrar a perseguição<br />
e condenação de mulheres<br />
que buscam simplesmente<br />
a liberdade de decidir sobre<br />
seus corpos. Em resposta recebem<br />
a clandestinidade e a satanização<br />
penal. Ação que vem do<br />
Estado. O mesmo Estado que<br />
não esteve presente quando<br />
deveria garantir seus direitos<br />
básicos fundamentais, mas surge<br />
agora para “agir com o rigor<br />
da lei”.<br />
A nota defensiva revela, em<br />
primeiro lugar, aquilo que o lobby<br />
de direita quer esconder: que<br />
se trata de uma verdadeira caça<br />
às bruxas por motivação ideológica<br />
e política e não jurídica e,<br />
segundo, que a campanha contra<br />
a perseguição destas 10 mil<br />
mulheres começa a surtir efeito<br />
à medida que está sendo divulgada.<br />
É preciso divulgá-la mais e<br />
mais.<br />
A nota divulgada pela delegada é a demonstração de que a<br />
justiça e a polícia têm tentado se explicar a respeito da<br />
tentativa de indiciamento de quase 10.000 mulheres<br />
TV GLOBO: IMPRENSA BURGUESA<br />
Em campanha contra os direitos das mulheres<br />
Além de ser responsável pela<br />
matéria que deu origem ao processo<br />
que procura criminalizar<br />
quase 10.000 mulheres no<br />
Mato Grosso do Sul, a afiliada<br />
da Rede Globo no estado, a TV<br />
Morena, tem sua programação<br />
dedicada a criar na população<br />
a mentalidade de aceitação dos<br />
ataques contra seus direitos<br />
como sendo algo positivo.<br />
Há muito tempo está claro o<br />
papel da imprensa burguesa,<br />
sobretudo quando o assunto é<br />
condenar movimentos sociais<br />
e de trabalhadores, confundir e<br />
justificar a retirada e o ataque<br />
aos direitos da população,<br />
manter a ilusão na recuperação<br />
da economia capitalista e ainda<br />
no esforço individual etc.<br />
No caso da televisão o assunto<br />
é ainda mais grave. Isto<br />
porque o governo cede para<br />
meia dúzia de grandes empresários<br />
a concessão para usar a<br />
rede aberta de televisão, ou seja,<br />
o espaço ocupado pela Rede<br />
Globo, Record, SBT e outros,<br />
é espaço público, cedido pelo<br />
governo federal, para fazer da<br />
sua programação propaganda<br />
de seus interesses.<br />
Quando se assiste televisão<br />
no Mato Grosso do Sul, a propaganda<br />
da moral burguesa,<br />
religiosa, da repressão e opressão<br />
contra os trabalhadores,<br />
índios e as mulheres é tão gritante<br />
que hoje nem a tão pregada<br />
teoria da imparcialidade da<br />
imprensa convence sequer o<br />
mais inocente. Em outros estados<br />
o fato não é muito diferente.<br />
No último sábado, dia sete de<br />
junho, o jornal local, MSTV,<br />
apresentou, na mesma edição,<br />
em blocos diferentes, matérias<br />
sobre maternidade e penas alternativas.<br />
Primeiro apresentou uma<br />
menina de 15 anos, grávida de<br />
oito meses, como dona de casa<br />
, para exemplificar mulheres<br />
que levam a gravidez adiante,<br />
fazendo pré-natal, exercícios<br />
etc. Alguns blocos depois apresentaram<br />
uma matéria com<br />
afirmações a respeito da importância<br />
das penas alternativas,<br />
não apenas porque “os presídios<br />
estão lotados, mas também<br />
para melhor re-socialização<br />
dos condenados.”<br />
Uma das autoridades utilizadas<br />
na matéria foi justamente o<br />
juiz responsável pelo caso das<br />
mulheres indiciadas por suspeita<br />
de aborto na clínica e Campo<br />
Grande. O juiz Aluízio Pereira<br />
dos Santos assumiu que as<br />
penas são alternativas ao caos<br />
do sistema carcerário brasileiro,<br />
e ainda servem como uma<br />
boa chance de os condenados<br />
refletirem sobre seus erros. O<br />
sociólogo Paulo Cabra foi mais<br />
longe é afirmou que esse tipo de<br />
pena é “uma prisão sem grades.<br />
Uma chance de fazer os criminosos<br />
se enquadrarem ao que é<br />
certo sem precisarem estar presos<br />
pra isso.”<br />
Fica evidente a campanha<br />
pela condenação das mulheres<br />
e a ilusão de que as penas alternativas<br />
são menos danosas.<br />
Sendo que, na verdade, servem<br />
para condenar inocentes, sem<br />
julgamento, sem direito de defesa,<br />
aproveitando-se do medo,<br />
completamente justificado,<br />
diga-se de passagem, dessas<br />
pessoas de ir parar na cruel<br />
realidade das carceragens brasileiras.<br />
Exemplo disso é o caso das<br />
quase 10.000 mulheres indiciadas<br />
por suspeita de aborto em<br />
Mato Grosso do Sul. Até agora<br />
25 delas aceitaram as penas alternativas<br />
para não serem expostas<br />
ao “Tribunal de Júri”<br />
apesar de não haver provas<br />
suficientes e nem mesmo terem<br />
confessado o aborto.<br />
As matérias da TV Morena<br />
preparam o terreno, já que<br />
acontecem no momento em<br />
que a polícia de Campo Grande<br />
reabriu o inquérito para<br />
convocar mais mulheres para<br />
depor sobre a acusação de<br />
aborto.<br />
O compromisso dessa imprensa<br />
com a tentativa de condenação<br />
das mulheres é tão<br />
grande que chegou ao ponto de<br />
o Ministério Público do estado<br />
indicar os jornalistas da TV<br />
Morena, responsáveis pela reportagem<br />
na Clínica de Planejamento<br />
Familiar de Campo<br />
Grande, como testemunhas de<br />
acusação.<br />
Sem contar que o processo<br />
está todo fundamentado em<br />
matérias veiculadas na imprensa<br />
local e nacional. A começar<br />
pela própria denúncia contra a<br />
clínica e a médica, dona da clínica.<br />
Foi baseada na reportagem<br />
da TV Morena que a delegada<br />
de polícia, Regina Márcia,<br />
conseguiu o mandato de busca<br />
e apreensão.<br />
A partir daí a vida das quase<br />
10.000 mulheres que estiveram<br />
na clínica nos últimos 20 anos,<br />
está nas mãos da justiça. Seus<br />
prontuários médicos foram<br />
apreendidos e violados pela<br />
polícia que, mesmo assumindo<br />
publicamente que seria “quase<br />
impossível indiciar essas mulheres”,<br />
palavras da delegada<br />
em abril de 2007, entregou o<br />
caso ao Ministério Público. Até<br />
agora 25 mulheres já estão pagando<br />
penas alternativas<br />
Esse é o método da imprensa<br />
capitalista, um método podre,<br />
é típico deste topo de publicação<br />
que, contrariando o<br />
caráter progressista da imprensa,<br />
conquista da era moderna,<br />
utiliza a informação pública<br />
para tentar promover uma caça<br />
às bruxas ao estilo dos tempos<br />
mais obscurantistas da humanidade.<br />
Resta a preciosa educação<br />
política de verificar o caráter<br />
mentiroso, intrigante e criminoso<br />
da imprensa capitalista, que<br />
sairá deste episódio ainda mais<br />
desacreditado.<br />
CAUSA OPERÁRIA NOTÍCIAS<br />
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15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />
MOVIMENTO ESTUDANTIL 16<br />
UNIFESP, PARA DEFENDER OS CORRUPTOS:<br />
Ditadura: estudantes ocupam reitoria e são reprimidos<br />
pela guarda fascista do reitor e pela polícia<br />
Na noite desta sexta-feira(13), 48 estudantes da<br />
Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e de<br />
várias outras universidades ocuparam a reitoria e<br />
foram duramente reprimidos por seguranças da<br />
Unifesp e pela PM<br />
Por volta de meia-noite, estudantes<br />
de várias universidades<br />
ocuparam a reitoria da Unifesp,<br />
localizada na Vila Mariana.<br />
Os estudantes entraram<br />
pela Rua Botucatu, pela porta da<br />
frente da reitoria e logo montaram<br />
barricadas para organizar<br />
a segurança no prédio.<br />
Rapidamente cinco seguranças<br />
partiram para cima dos<br />
estudantes com barras de ferro<br />
na mão e xingando-os. Estes<br />
agrediram duramente os estudantes<br />
que tentavam contêlos.<br />
Os estudantes conseguiram<br />
dominar a segurança inclusive<br />
desarmando-os, mas a polícia<br />
chegou para reprimir e espancar<br />
os estudantes. Cerca de 40<br />
policiais em 10 viaturas policiais<br />
participaram da operação,<br />
quase um policial por estudante.<br />
Os policiais acabaram entrando<br />
por duas portas de trás<br />
do prédio por um pronto-socorro.<br />
A tropa do 16º DP entrou no<br />
prédio jogando sprays de pimenta<br />
para sufocar os<br />
estudantes, batendo<br />
com cassetetes e empurrando-os<br />
para o<br />
chão com tudo.<br />
Os policiais ainda<br />
apontavam armas para<br />
os estudantes.<br />
Inclusive pacientes<br />
do pronto-socorro ao<br />
lado da reitoria se sentiram<br />
mal com a quantidade<br />
spray usada pelos<br />
policiais que eram<br />
jogados na cara dos estudantes<br />
para sufocálos.<br />
Estes eram insultados<br />
pelos policiais e<br />
chamados de “maconheiros”,<br />
“vagabundos”<br />
e ainda recebiam<br />
golpes no chão, já dominados.<br />
Em seguida,<br />
os estudantes foram<br />
colocados em fileira e<br />
com as mãos na cabeça.<br />
Os policiais formaram<br />
um corredor no<br />
Os estudantes foram colocados como marginais na<br />
calçada com as mãos nas costas e os policiais se<br />
aproveitaram do marasmo nas ruas para ameaçá-los.<br />
qual batiam com os cassetetes<br />
nas costas dos estudantes que<br />
eram obrigados a passar por ali,<br />
dando ainda golpes em sua cabeça.<br />
Vários estudantes ficaram<br />
feridos.<br />
Os estudantes foram colocados<br />
como marginais na calçada<br />
com as mãos nas costas<br />
e os policiais se aproveitaram<br />
do marasmo nas ruas para ameaçá-los.<br />
Um deles gritou “Vamos<br />
fazer com os estudantes<br />
assim como fizeram na ditadura.<br />
Vocês não querem ser os revolucionariozinhos<br />
e libertários?”.<br />
Um policial<br />
comentava<br />
que “Todos estudantes<br />
que<br />
não são aqui da<br />
Unifesp de medicina<br />
são de<br />
faculdades dos<br />
revolucionariozinhos”.<br />
Os<br />
policiais jogavam<br />
sprays de<br />
pimenta na<br />
cara dos estudantes.<br />
As mulheres<br />
foram<br />
chamadas de<br />
“putas” e os<br />
negros foram<br />
tratados com<br />
violência e humilhados<br />
com<br />
frases racistas.<br />
A polícia<br />
ainda jogou os<br />
estudantes em<br />
camburões da<br />
Força Tática<br />
em número de cinco em cada.<br />
Os estudantes esmagados no<br />
camburão eram balançados<br />
com violência pelos policiais<br />
que dirigiam o automóvel.<br />
Os estudantes tiveram que<br />
permanecer no 16º DP até as 7<br />
horas da manhã, tendo sido todos<br />
fichados.<br />
Equipamentos de gravação<br />
foram apreendidos arbitrariamente<br />
como provas pela polícia<br />
e não foram feitos exames<br />
de corpo delito entre os estudantes<br />
que foram agredidos.<br />
Ao contrário, foram os seguranças<br />
que depuseram como<br />
vítimas para a polícia, apesar de<br />
estes terem espancado os estudantes.<br />
A ação policial foi de aterrorizar<br />
os estudantes passando<br />
inclusive por cima da lei, sem<br />
qualquer documento de reintegração<br />
de posse e ainda agindo<br />
em uma universidade federal<br />
pública, o que é inconstitucional.<br />
Os estudantes ocuparam<br />
para protestar contra a reitoria<br />
corrupta e o rombo imenso<br />
causado nas contas públicas da<br />
universidade. Estiveram presentes<br />
também estudantes da<br />
USP e da AJR (Aliança da Juventude<br />
Revolucionária), que<br />
foram apoiar o movimento.<br />
Enquanto os campi da Unifesp<br />
sofrem com a falta de estrutura,<br />
a retioria da Unifesp<br />
está mergulhada nas denúncias<br />
de corrupção. O campus de<br />
São José dos Campos que ofe-<br />
rece cursos de informática não<br />
tem computadores suficiente e<br />
sequer internet contratada.<br />
Para esse e outros como o<br />
campus de Guarulhos, não há<br />
restaurante universitário ou<br />
moradia estudantil, além de<br />
muitos outros.<br />
Na reitoria, no entanto, dinheiro<br />
não falta. Uma das denúncias<br />
é de um gasto de R$ 80<br />
mil em gastos estritamente pessoais,<br />
como uma viagem para<br />
a Disney e produtos de luxo.<br />
O TCU (Tribunal de Contas<br />
da União) cobra 140 mil reais<br />
que Ulysses acumulou em atividades<br />
privadas realizadas de<br />
forma ilegal por ter um cargo de<br />
dedicação exclusiva à<br />
Universidade.A polícia e a<br />
guarda universitária, que tratou<br />
os estudantes como verdadeiros<br />
marginais, defenderam o<br />
reitor Ulysses Fagundes Neto.<br />
Este, que comprovadamente<br />
usou o dinheiro do cartão corporativo,<br />
promoveu um rombo<br />
nas contas da universidade que<br />
é apurada pela própria Justiça.<br />
Além disso, veio recentemente<br />
veio a público que a gestão<br />
de Fagundes Neto deixou de<br />
prestar em contas somente em<br />
2005 mais de R$ 178 milhões<br />
e ainda apareceram desde então<br />
fraudes que vão desde falta de<br />
licitação em gastos até a terceirização<br />
de imóveis da Unifesp<br />
ilegalmente. A Controladoria<br />
Geral da União apontou 94 irregularidades<br />
na Unifesp.<br />
UNIFESP MANIFESTO DA AJR<br />
Por um CA para a luta e participação de<br />
todos os estudantes<br />
Este é o manifesto da Aliança<br />
da Juventude Revolucionária –<br />
juventude do <strong>PCO</strong> – que está<br />
montando uma chapa para a eleição<br />
do CACS na Universidade<br />
Federal de São Paulo que ocorrerá<br />
no dia 26 de junho. A proposta<br />
central da chapa é dar um basta<br />
a atual paralisia do Centro<br />
Acadêmico e colocá-lo a serviço<br />
do ensino público e de qualidade:<br />
Os CA’s dos cursos do campus<br />
Guarulhos, sem exceção, não<br />
têm qualquer participação estudantil<br />
séria e, por isso, estão totalmente<br />
esvaziados da presença dos<br />
estudantes e, como conseqüência,<br />
de qualquer discussão sobre as reivindicações<br />
estudantis.<br />
A divisão dos CA’s por curso<br />
colocou as entidades em oposição<br />
ao movimento estudantil e às<br />
mobilizações, como por exemplo,<br />
a ocupação da diretoria acadêmica<br />
que terminou somente com a<br />
violência policial. A AJR, assim<br />
como propôs no início do ano de<br />
2007, levanta a proposta de criar<br />
um único centro acadêmico para<br />
os estudantes do campus Guarulhos<br />
como forma de unir os estudantes<br />
de todos os cursos, que<br />
se encontram sob a mesma falta<br />
de condições de ensino e permanência.<br />
Esta paralisia, somada à<br />
tentativa de transformar as entidades<br />
em um grupo de amigos,<br />
tem levado ao afastamento de estudantes<br />
do movimento estudantil.<br />
Por outro lado, é preciso combater<br />
as tentativas de um grupo<br />
minoritário de estudantes direitistas,<br />
verdadeiros pupilos do reitor<br />
e de sua política, de se aproveitar<br />
desta paralisia para através da fachada<br />
de estudantes “independentes”<br />
e democráticos colocar o CA<br />
em um grau de degradação ainda<br />
maior e tentar impedir qualquer<br />
movimento de luta. A unificação<br />
dos Centros Acadêmicos é um<br />
importante passo para superar a<br />
dispersão e criar uma entidade que<br />
sirva para a luta dos estudantes.<br />
A reitoria da Unifesp tem colocado<br />
em prática todos os ataques<br />
do governo Lula à educação,<br />
da Reforma Universitária (Reuni)<br />
aos constantes cortes de verba,<br />
sejam eles referentes aos cortes<br />
nas bolsas ou na falta de contratação<br />
de professores, não construção<br />
de prédios, restaurantes<br />
universitários, moradia estudantil,<br />
etc. Estudantes que lutaram<br />
contra esta situação estão sendo<br />
ameaçados de expulsão, enquanto<br />
o reitor que roubou milhares de<br />
reais do dinheiro da universidade<br />
segue no cargo com o apoio da burocracia<br />
acadêmica. Os estudantes<br />
precisam lutar contra a repressão<br />
existente na universidade (câmeras,<br />
sindicâncias, etc) como<br />
forma de garantir seu direito de<br />
expressão e organização. Nesta<br />
luta os estudantes devem se manter<br />
independente dos professores,<br />
REPRESSÃO NO CHILE<br />
setor mais conservador da universidade,<br />
e da burocracia estudantil.<br />
Somente o governo tripartite<br />
da universidade, formado proporcionalmente<br />
por professores,<br />
funcionários e a maioria estudantil,<br />
poderá imprimir nova vida à<br />
universidade.<br />
O autogoverno para ser exercido<br />
efetivamente deve contar<br />
com a participação decisiva dos<br />
estudantes. Entre os elementos<br />
componentes da universidade, os<br />
estudantes representam o elemento<br />
revolucionário porque<br />
expressam o interesse geral da<br />
universidade como meio de reprodução<br />
da cultura e da socialização<br />
do conhecimento. Os professores<br />
são, nesse sentido, o<br />
elemento mais conservador, porque<br />
privilegiado, da universidade<br />
e os funcionários se dividem entre<br />
os elementos proletário e pequeno<br />
burguês conservador.<br />
Nesse sentido, a proposta de<br />
paridade na representação das<br />
categorias que compõem a universidade<br />
no Conselho Universitário<br />
é apenas uma forma atenuada<br />
da proposta do governo e da<br />
burocracia universitária, que querem<br />
que a maioria estudantil fique<br />
longe das decisões sobre os rumos<br />
da universidade para poderem,<br />
livre da pressão em defesa<br />
da universidade pública e gratuita,<br />
promover a sua destruição.<br />
Estudantes e professores são reprimidos em Santiago<br />
No dia 5 de junho, cerca de<br />
40 manifestantes foram detidos<br />
durante protesto de estudantes<br />
contra a reforma educativa no<br />
Chile.<br />
A manifestação reuniu mais<br />
de oito mil pessoas, 75% dos<br />
professores do ensino público<br />
paralisaram, todos aderindo a<br />
uma paralisação nacional convocada<br />
pelo Colégio de Professores<br />
do Chile, que exige a retirada<br />
da nova Lei Geral de Educação<br />
do Congresso, lei que faz parte<br />
da reforma educativa do Governo<br />
de Michelle Bachelet.<br />
A manifestação iniciou com<br />
um encontro dos estudantes<br />
próximo da Universidade do<br />
Chile - ocupada há semanas por<br />
estudantes - e um bloqueio da<br />
Alameda O´Higgins, que cruza<br />
toda a cidade de Santiago. Nesta<br />
semana, milhares de estudantes<br />
deram início a uma série de<br />
manifestações que incluem protestos<br />
de âmbito nacional convocados<br />
por caminhoneiros e professores.<br />
Dez colégios e duas<br />
universidades foram ocupadas.<br />
Além da Universidade do Chile e<br />
de outras três do mesmo centro<br />
de estudos, foi ocupada a Federação<br />
de Estudantes da Universidade<br />
de Santiago. Esta é uma<br />
continuação da onda de protestos<br />
contra as reformas de Bachelet<br />
que tiveram início em junho<br />
de 2006 com a chamada “revolta<br />
dos pingüins” (alusão aos uniformes<br />
dos secundaristas).<br />
Houve fortes confrontos entre<br />
policiais e estudantes. De<br />
Os grandes protestos<br />
evidenciam a crise da frente<br />
popular.<br />
forma completamente violenta, a<br />
polícia usou gás lacrimogêneo e<br />
jatos d´água para impedir que os<br />
estudantes se manifestassem e bloqueassem<br />
a avenida. O conflito deixou<br />
estudantes feridos e outros, do<br />
Liceu Experimental Artístico, foram<br />
detidos.<br />
No dia 28 de maio, em protesto<br />
também contra a reforma educativa,<br />
300 estudantes foram presos.<br />
Este foi considerado um dos protestos<br />
mais violentos desde 2006.<br />
A nova “Ley General de Educación”<br />
(LGE) vem para substituir a<br />
“Ley Orgánica Constitucional de<br />
Esnseñanza” (LOCE). A LOCE foi<br />
aprovada em março de 1990, logo<br />
após Patrício Aylwin assumir a<br />
presidência. Portanto, a LOCE foi<br />
elaborada quando o país ainda vivia<br />
sob a ditadura de Pinochet. Em abril<br />
do ano passado, a presidente Michele<br />
Bachelet enviou à Câmara dos<br />
Deputados o projeto de lei que cria<br />
a LGE, que nada mais é que uma<br />
“maquiagem” em cima da antiga<br />
lei. A LGE, formulada às portas fechadas<br />
e sem atender aos interesses<br />
dos estudantes, pretende submeter<br />
a educação pública ao controle<br />
do setor privado.<br />
Na quinta-feira (12), dois explosivos<br />
foram detonados na entrada<br />
norte da estação de trem<br />
Central, próximo a Universidade<br />
de Santiago, na periferia Oeste da<br />
capital chilena.<br />
Ambos artefatos explodiram<br />
simultaneamente durante uma<br />
manifestação.<br />
Policiais da equipe antibombas<br />
auxiliados por carros “lançaágua”<br />
e “lança-gases” estavam<br />
no local para dispersar um grupo<br />
de manifestantes que instalou barricadas<br />
e incendiou pneus para<br />
bloquear o trânsito pela Alameda<br />
do Libertador Bernardo<br />
O’Higgins, que cruza Santiago.<br />
Os grandes protestos e as<br />
mobilizações estudantis nos dois<br />
anos de poder de Michele Bachelet<br />
evidenciam a crise da frente<br />
popular, isto é, de governos de<br />
esquerda burgueses que atuam a<br />
favor dos poderosos utilizandose<br />
de uma certa influência no interior<br />
dos movimentos populares.<br />
Este atrelamento do governo<br />
do Partido Socialista com a<br />
burguesia resultou nos maiores<br />
protestos já realizados desde o fim<br />
da ditadura militar. Este é não um<br />
fenômeno único e isolado do<br />
Chile, mas de toda a América<br />
Latina, dominada pelos governos<br />
de frente popular.<br />
MAIS UM! LUTA ESTUDANTIL<br />
Estudantes derrubam reitor<br />
da Fundação Santo André<br />
USP CORTE DE BENEFÍCIOS<br />
O reitor da Fundação Santo<br />
André, Odair Bermelho, foi<br />
destituído do cargo por desvio<br />
de verbas. A decisão foi tomada<br />
nesta última quinta-feira, dia<br />
29, pelo Conselho Diretor da<br />
Fundação Santo André e agora<br />
precisa ser aceita pelo Ministério<br />
Público.<br />
Bermelho é acusado, assim<br />
como a maioria dos reitores de<br />
universidade no País, de desvio<br />
de dinheiro público para uso<br />
particular. O ex-reitor foi acusado<br />
de gastar pouco mais de R$<br />
10 mil com viagens e também<br />
por ter fraudado notas fiscais.<br />
A decisão foi unânime no<br />
Conselho, após a posse dos<br />
novos conselheiros eleitos.<br />
Após a reunião do Conselho<br />
Diretor, os professores da FA-<br />
FIL se reuniram e decretaram<br />
greve até a próxima quinta-feira.<br />
Juntando-se a greve dos<br />
estudantes iniciada na semana<br />
retrasada.<br />
Apesar da decisão ter sido<br />
tomada pelo conselho da universidade<br />
é mais que óbvio que a<br />
saída do reitor deve-se à mobilização<br />
estudantil que ocorreu na<br />
universidade no último período.<br />
Os estudantes ocuparam a<br />
universidades três vezes nos<br />
últimos meses, sendo que a<br />
reitoria foi ocupada duas vezes.<br />
O reitor inclusive mandou a tropa<br />
de choque da polícia militar<br />
reprimir violentamente os estudantes<br />
mais de uma vez, inclusive<br />
com denúncias de perseguição,<br />
por parte da polícia, até a<br />
residências de estudantes.<br />
A saída do reitor está diretamente<br />
ligada à<br />
pressão que os<br />
estudantes fizeram<br />
neste último<br />
período.<br />
E a atitude do<br />
Conselho demonstra<br />
o temor<br />
diante este movimento<br />
que vem<br />
se prolongando e<br />
que iria se intensificar<br />
pela derrubada<br />
de Odair.<br />
Este fato se<br />
soma a onda revolucionária<br />
no<br />
movimento estudantil<br />
que se<br />
iniciou com a<br />
ocupação da reitoria<br />
da USP em<br />
maio do ano<br />
passado e vem<br />
se extendendo<br />
em ocupações por todo país.<br />
Este ano, com mais de cinco<br />
ocupações já realizadas, o movimento<br />
estudantil conquistou<br />
dois importantes marcos: a derrocada<br />
de dois reitores corruptos,<br />
na UnB e agora na Fundação<br />
Santo André.<br />
Além de tudo, aponta para<br />
uma tendência de ascensão<br />
desse movimento e não de queda,<br />
vide com que força, e numa<br />
certa medida, com que facilidade<br />
os estudantes conquistaram<br />
essas importantes vitórias.<br />
Aproveitando este momento<br />
favorável, é necessário uma<br />
ampla mobilização por uma<br />
nova organização da estrutura<br />
da universidade, o governo tripartite<br />
com maioria estudantil.<br />
Única reivindicação capaz de<br />
garantir de fato uma universidade<br />
livre do domínio dessa burocracia<br />
universitária totalmente<br />
vendida para o regime político.<br />
Reitoria cancela auxilio bolsa-trabalho<br />
A reitoria da USP, em sessão<br />
realizada no dia 14 de maio de<br />
2007, lançou o programa “Aprender<br />
com Cultura”, através da<br />
Portaria GR 3946. O Programa<br />
tem como objetivo substituir o<br />
auxílio bolsa-trabalho.<br />
O programa foi assinado pela<br />
reitora Suely Vilela e concebido<br />
pela Comissão de Gestão de Política<br />
de Apoio à Permanência.<br />
Na surdina, a reitoria ataca aos<br />
estudantes prejudicando-os diretamente,<br />
isso porque a Portaria<br />
instituiu que o programa oferecerá<br />
somente 600 bolsas com salário<br />
de R$300,00, ao invés dos R$<br />
400,00 da Bolsa-Trabalho, além<br />
de aumentar 2h na carga horária.<br />
A notícia chegou através de<br />
um e-mail enviado pelo Prof. Ruy<br />
Alberto Correa Altafim, pró-reitor<br />
de cultura e extensão. Na<br />
época algumas funcionárias da<br />
COSEAS já anunciavam a substituição<br />
das bolsas pelo Programa.<br />
Porém, nenhum comunicado<br />
oficial foi enviado aos alunos, que<br />
sem grandes esclarecimentos<br />
foram surpreendidos com a descoberta,<br />
por um aluno, da tal<br />
Portaria.<br />
A Portaria entrará em vigor em<br />
agosto de 2008, ficando revogadas<br />
a partir desta data as Portarias<br />
GR nºs 2612, de 29/8/1990, e<br />
3335, de 8/4/2002, que se referem<br />
à criação do Programa Bolsa-<br />
Trabalho.<br />
O Novo programa diminuirá<br />
consideravelmente o número de<br />
bolsas oferecidas atualmente,<br />
deixando os estudantes completamente<br />
as traças, além de colocar<br />
os estudantes para trabalhar<br />
e mais e conseqüentemente terem<br />
menos tempo para estudar e se<br />
dedicar ao movimento estudantil.<br />
Enquanto isso, a reitoria, em doze<br />
meses, deixará de investir cerca<br />
de R$ 1 milhão na assistência estudantil,<br />
deixando um valor menor<br />
que um salário mínimo para<br />
os bolsistas, ala mais carente da<br />
universidade, é preciso evidenciar<br />
a também falta de esclarecimentos<br />
sobre o destino dessa “sobra”<br />
de dinheiro.<br />
Os estudantes devem se mobilizar<br />
e lutar contra esse processo<br />
de sucateamento das universidades<br />
públicas e pelo governo<br />
tripartite da universidade,<br />
formado proporcionalmente<br />
por professores, funcionários e<br />
a maioria estudantil poderá garantir<br />
uma nova vida à universidade.<br />
Os escândalos das universidades<br />
federais evidenciaram a<br />
corrupção da burocracia na universidade.<br />
O auto-governo é o<br />
único a garantir a independência<br />
política da universidade frente<br />
ao Estado e o grande capital.<br />
O governo tripartite garante<br />
a autonomia da universidade em<br />
decidir sobre o seu destino em<br />
todas as áreas: pedagógica, administrativa,<br />
pesquisa, orçamentária,<br />
política e etc.<br />
SÃO PAULO MAIS REPRESSÃO<br />
Reitor da Belas Artes ameaça caçar diploma de<br />
estudante por causa de pichação<br />
Na quinta-feira (12), em protesto<br />
contra a verdadeira ditadura<br />
imposta dentro das universidades,<br />
os estudantes picharam<br />
o prédio da faculdade.<br />
Cerca de 40 estudantes participaram<br />
da ação, segundo informou<br />
a imprensa.<br />
A imprensa, como não poderia<br />
deixar de ser, alardeou como<br />
“vândalos, criminosos”. Chegaram<br />
ao absurdo de dizer que os<br />
estudantes agrediram os funcionários,<br />
como sempre fazem<br />
com qualquer protesto.<br />
Segundo a própria imprensa,<br />
os jovens serão acusados de<br />
crime ambiental e lesão corporal<br />
dolosa.<br />
Uma expressou da insatisfação<br />
com toda a opressão por<br />
que passa a juventude, pode ser<br />
A saída do reitor está diretamente ligada à<br />
pressão que os estudantes fizeram neste<br />
último período.<br />
agora um pretexto para aumentar<br />
a repressão aos estudantes.<br />
O reitor da faculdade de Belas<br />
Artes afirmou que o estudantes<br />
identificado pode perder o diploma<br />
já recebido.<br />
Um total abuso de autoridade,<br />
que deve ser repudiado.<br />
Os estudantes devem se organizar<br />
contra qualquer pretexto<br />
para incriminar os estudantes.
15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />
TEORIA 17<br />
190 ANOS DO SEU NASCIMENTO<br />
Karl Marx<br />
GEORGE PLEKHANOV<br />
Reproduzimos nesta edição um artigo do pioneiro do<br />
marxismo na Rússia, Jorge Plekhânov, escrito para o<br />
primeiro jornal do Partido Operário Social-<br />
Democrata Russo, o Iskra<br />
O número trinta e cinco do<br />
Iskra vem à luz no dia do vigésimo<br />
aniversário da morte<br />
de Karl Marx, ao qual se dedica<br />
o lugar preeminente nesse<br />
número.<br />
Se é certo que o grande<br />
movimento internacional do<br />
proletariado foi o fenômeno<br />
social mais notável do século<br />
XIX, não se pode deixar de<br />
reconhecer que o fundador da<br />
Associação Internacional de<br />
Trabalhadores foi o homem<br />
mais notável desse século.<br />
Lutador e pensador ao mesmo<br />
tempo, não só organizou os<br />
primeiros quadros do exército<br />
internacional dos trabalhadores,<br />
como também forjou<br />
para ele, em colaboração com<br />
seu amigo constante, Friedrich<br />
Engels, a arma espiritual<br />
com que este exército desferiu<br />
tão rudes golpes no inimigo<br />
e que lhe dará, a seu tempo,<br />
a vitória completa. Se o<br />
socialismo se converteu em<br />
ciência é a Karl Marx que o<br />
devemos. E se os trabalhadores<br />
conscientes compreendem<br />
bem, atualmente, que<br />
para a emancipação definitiva<br />
da classe trabalhadora é necessária<br />
a revolução social e<br />
que esta revolução deve ser<br />
obra da própria classe trabalhadora,<br />
se são atualmente<br />
inimigos irreconciliáveis infatigáveis<br />
da ordem de coisas<br />
burguesa, isso se deve à influência<br />
do socialismo científico.<br />
Do ponto de vista da “razão<br />
prática”, o socialismo científico<br />
se distingue do utópico<br />
precisamente porque<br />
põe a descoberto as contradições<br />
radicais da sociedade<br />
capitalista e denuncia implacavelmente<br />
toda inutilidade<br />
dos planos de reforma social,<br />
às vezes muito engenhosos e<br />
sempre inspirados na maior<br />
boa vontade, preconizados<br />
pelos socialistas utópicos das<br />
distintas escolas como meio<br />
mais seguro para acabar com<br />
a luta de classes e reconciliar<br />
o proletariado com a burguesia.<br />
O proletariado contemporâneo<br />
que assimilou a teoria<br />
do socialismo científico e que<br />
permaneça fiel ao espírito do<br />
mesmo, não pode deixar de<br />
ser revolucionário, por lógica<br />
e por sentimento, isto é, não<br />
pode deixar de pertencer à<br />
variedade mais “perigosa” de<br />
revolucionários.<br />
Coube a Marx a grande<br />
honra de ser o socialista mais<br />
odiado pela burguesia do século<br />
XIX. Mas coube-lhe também<br />
a invejável honra de ser<br />
o mestre mais respeitado pelo<br />
proletariado dessa mesma<br />
época. Ao mesmo tempo que<br />
se concentrava ao seu redor<br />
o rancor dos exploradores,<br />
seu nome ia adquirindo notoriedade<br />
e respeito cada dia<br />
maiores entre os explorados.<br />
E agora, no princípio do século<br />
XX, os proletários conscientes<br />
de todos os países<br />
consideram-no como seu<br />
mestre e se vangloriam de<br />
Marx como um dos espíritos<br />
mais vastos e mais profundos,<br />
como um dos caracteres<br />
mais nobres e abnegados que<br />
conhece a história. “O santo<br />
cuja lembrança se festeja no<br />
dia primeiro de maio se chama<br />
Karl Marx”, escrevia um<br />
periódico burguês em Viena,<br />
em fins de abril de 1890. E,<br />
com efeito, a manifestação<br />
anual dos trabalhadores de<br />
todo o mundo constitui uma<br />
homenagem majestosa, ainda<br />
que não premeditada, à memória<br />
do homem genial cujo<br />
programa uniu em um todo<br />
estruturado a luta cotidiana<br />
dos trabalhadores por melhores<br />
condições de venda de sua<br />
força de trabalho com a luta<br />
revolucionária contra o regime<br />
econômico vigente. A<br />
única coisa que se pode dizer<br />
é que tal festa não tem nada em<br />
comum com as festas religiosas:<br />
o proletariado contemporâneo<br />
honra seus “santos”<br />
pelo quanto a atuação dos<br />
mesmos tenha contribuído<br />
para aproximar os tempos<br />
felizes em que a humanidade<br />
emancipada instaurará seu<br />
reino celestial na terra, deixando<br />
o céu para os anjos e<br />
pássaros...<br />
o:Entre as absurdas lendas<br />
postas em circulação com relação<br />
a Marx, consta a fábula<br />
de que o autor de O Capital<br />
professava sentimentos adversos<br />
com relação aos russos.<br />
Na realidade odiava o<br />
czarismo russo, o qual desempenha<br />
o papel ignominioso<br />
de gendarme internacional<br />
disposto a arrasar todo movimento<br />
de emancipação em<br />
qualquer lugar que ele se inicie.<br />
Marx seguia todas as manifestações<br />
sérias do desenvolvimento<br />
interior da Rússia<br />
com um interesse e, sobretudo,<br />
com um conhecimento<br />
profundo da matéria, difícil de<br />
achar entre seus contemporâneos<br />
ocidentais. O operário<br />
alemão Lessner conta, em<br />
suas lembranças sobre Marx,<br />
a alegria deste quando apareceu<br />
a tradução russa de O<br />
Capital e quão agradável lhe<br />
era a crença de que na Rússia<br />
surgiriam pessoas capazes de<br />
compreender e difundir as<br />
idéias do socialismo científico.<br />
O prólogo da tradução<br />
russa do Manifesto Comunista,<br />
assinado por ele e Engels,<br />
demonstra que a simpatia pelos<br />
revolucionários russos e o<br />
desejo impaciente de vê-los<br />
vitoriosos o mais depressa<br />
possível os conduzia, inclusive,<br />
a exagerar a importância<br />
do nosso movimento revolucionário<br />
naquela época. Suas<br />
relações com Lopatin e Hartmann<br />
mostram a alegre acolhida<br />
de que eram objeto em<br />
sua casa hospitaleira os revolucionários<br />
russos proscritos.<br />
Sua desavença com Herzen foi<br />
provocada, em parte, por um<br />
quid pro quo acidental e, em<br />
parte, por uma desconfiança<br />
merecida em relação a esse<br />
socialismo eslavófilo do qual,<br />
por desgraça, se havia feito<br />
profeta na literatura ocidental<br />
nosso brilhante compatriota,<br />
sob a influência das grandes<br />
decepções de 1848-1851. O<br />
vigoroso ataque de Marx contra<br />
esse socialismo eslavófilo,<br />
na primeira edição de O Capital<br />
não só não merece ser condenado<br />
como também é digno<br />
de elogios, sobretudo na atualidade,<br />
quando este socialismo<br />
ressuscita em nosso país<br />
sob a forma do partido chamado<br />
socialista-revolucionário.<br />
Finalmente, no que diz respeito<br />
à luta encarniçada de Marx<br />
contra Bakunin na Associação<br />
Internacional de Trabalhadores,<br />
nada tem a ver com a origem<br />
russa desse anarquista e<br />
se explica simplesmente pela<br />
oposição irredutível existente<br />
entre as concepções de um e<br />
de outro. Quando as publicações<br />
do grupo Emancipação<br />
do Trabalho começaram a difundir<br />
as idéias social-democratas<br />
entre os revolucionários<br />
russos, Engels, numa carta<br />
a V. I. Zasulich, manifestava<br />
seu pesar pelo fato que<br />
isto não tivesse acontecido<br />
durante o tempo em que<br />
Marx estava vivo, o<br />
qual, a julgar por suas<br />
palavras, teria acolhido<br />
com grande<br />
alegria a obra editorial<br />
desse grupo.<br />
O que diria o<br />
grande autor de<br />
O Capital se tivesse<br />
vivido até<br />
nossos dias e soubesse<br />
que conta<br />
com muitos adeptos<br />
entre os trabalhadores<br />
russos?<br />
Qual não seria<br />
sua satisfação se<br />
pudesse inteirarse<br />
de acontecimentos<br />
tais como<br />
os que se deram recentemente<br />
em Rostov<br />
do Don! Na época<br />
em que viveu, um<br />
marxista russo era<br />
um fenômeno raro e<br />
os homens avançados<br />
do nosso país,<br />
no melhor dos casos,<br />
contemplavam<br />
este fenômeno<br />
raro com um<br />
sorriso de bondosa<br />
comiseração. Agora<br />
as idéias marxistas<br />
predominam no movimento<br />
revolucionário<br />
russo, e os revolucionários<br />
de nosso país, que, por<br />
velho costume, rechaçam-nas<br />
total ou parcialmente, na realidade,<br />
há muito tempo que<br />
deixaram de avançar apesar de<br />
sua fraseologia revolucionária<br />
- sonora na maior parte dos<br />
casos - para passar, sem que<br />
tenham dado conta disso, ao<br />
vasto campo dos atrasados.<br />
Foram ditas e repetidas não<br />
poucas futilidades a propósito<br />
de suas freqüentes querelas<br />
com os adversários. Gente<br />
agradável, mas de visão estreita,<br />
explicou essas querelas<br />
por uma pretensa irresistível<br />
paixão pela polêmica, originada<br />
por sua vez, de um mal caráter.<br />
Na realidade, a luta<br />
quase que ininterrupta que<br />
teve que sustentar, sobretudo<br />
no início de sua atuação pública,<br />
tinha sua origem não nas<br />
particularidades de seu caráter<br />
pessoal e sim pelo significado<br />
social das idéias que<br />
defendia. Marx foi um dos primeiros<br />
socialistas que soube<br />
colocar-se inteiramente, na<br />
teoria e na prática, do ponto de<br />
vista da luta de classes e separar<br />
os interesses do proletariado<br />
dos da pequena burguesia.<br />
Desse modo, não é<br />
surpreendente que se visse<br />
obrigado a enfrentar freqüentemente<br />
os teóricos do socialismo<br />
pequeno burguês,<br />
muito numerosos então, sobretudo<br />
entre os intelectuais<br />
alemães. Cessar a polêmica<br />
com esses teóricos significaria<br />
renunciar à idéia de unir o<br />
proletariado num partido especial<br />
dotado de uma finalidade<br />
histórica própria e que não<br />
marche a reboque da pequena<br />
burguesia. “Nossa finalidade<br />
- dizia o periódico de<br />
Marx, A Nova Gazeta do<br />
Reno, em abril de 1850 - consiste<br />
numa crítica implacável<br />
dirigida mais contra nossos<br />
falsos amigos, que contra<br />
nossos inimigos declarados; e<br />
ao ocupar esta posição, renunciamos<br />
alegremente à popularidade<br />
democrática barata”.<br />
Os inimigos declarados<br />
eram menos perigosos precisamente<br />
porque não poderiam<br />
obscurecer a consciência de<br />
classe dos proletários, enquanto<br />
os socialistas pequeno-burgueses,<br />
com seus programas<br />
“acima das classes”,<br />
iam arrastando muitos trabalhadores.<br />
A luta contra eles era<br />
inevitável e Marx realizou<br />
com a mestria inimitável que<br />
lhe era própria. Nós, os revolucionários<br />
russos, não devemos<br />
esquecer seu exemplo,<br />
pois nos vemos obrigados a<br />
atuar em condições muito<br />
semelhantes às existentes na<br />
Alemanha pré-revolucionária.<br />
Nós que, por assim dizer, nos<br />
achamos cercados pelos teóricos<br />
pequeno-burgueses do<br />
“socialismo russo” especifico,<br />
devemos nos lembrar<br />
agora que os interesses do<br />
proletariado nos obrigam a<br />
criticar implacavelmente nossos<br />
falsos<br />
amigos,<br />
por exemplo, os “socialistas-revolucionários”<br />
bastante<br />
conhecidos por nossos<br />
leitores, por mais que nossa<br />
implacável critica provoque a<br />
indignação dos amigos bem<br />
intencionados, mas de visão<br />
estreita, com pretensões de<br />
paz e acordo entre as distintas<br />
“frações” revolucionárias.<br />
A doutrina de Marx é a “álgebra<br />
da revolução”. A compreensão<br />
da mesma é necessária<br />
a todos quantos queiram<br />
travar uma luta consciente:<br />
contra a ordem de coisas existentes<br />
em nosso pais. E isso<br />
é tão certo que houve um tempo<br />
em que muitos ideólogos<br />
da burguesia russa sentiram<br />
necessidade de fazer-se marxistas.<br />
As idéias de Marx<br />
eram insubstituíveis para eles<br />
na sua luta contra as teorias<br />
antidiluvianas do populismo,<br />
as quais se encontravam em<br />
viva contradição com as novas<br />
relações econômicas na<br />
Rússia. Isto os jovens ideólogos<br />
burgueses compreenderam<br />
bem, eles que conheciam<br />
melhor do que os demais a<br />
literatura contemporânea das<br />
ciências sociais. Esses ideólogos<br />
se colocaram sob a<br />
bandeira do marxismo e, lutando<br />
sob a mesma, adquiriram<br />
uma notoriedade considerável.<br />
Mas quando os populistas<br />
foram destroçados,<br />
quando suas vetustas teóricas<br />
se converteram num monte de<br />
ruínas lamentáveis, nossos<br />
marxistas de novo cunho decidiram<br />
que o marxismo já tinha<br />
cumprido sua missão e<br />
que havia chegado o momento<br />
de submetê-lo a uma crítica<br />
rigorosa. Esta “crítica” se<br />
efetuava sob o pretexto de que<br />
o pensamento social devia<br />
continuar avançando, mas o<br />
único resultado da mesma foi<br />
que, sob a cobertura dessa<br />
crítica, nossos fogosos aliados<br />
realizaram um movimento<br />
de retrocesso e se instalaram<br />
nas posições teóricas dos<br />
burgueses ocidentais de matiz<br />
social-reformista. Por<br />
mais lamentável que fosse o<br />
resultado dessa campanha<br />
crítica proclamada de um<br />
modo tão altissonante, por<br />
mais doloroso que fosse para<br />
os social-democratas russos<br />
assistir a essas transformações<br />
“críticas” de pessoas<br />
com quem haviam lutado recentemente<br />
contra o inimigo<br />
comum, e que tinham a esperança<br />
de encontrar uma afinidade<br />
mais estreita mais a frente,<br />
estes deviam reconhecer,<br />
raciocinando em sã consciência,<br />
que a retirada de nossos<br />
neo-marxistas para a “montanha<br />
sagrada” do reformismo<br />
burguês não só era completamente<br />
natural como também<br />
era uma configuração indireta<br />
da justeza da interpretação<br />
materialista da história, criada<br />
por Marx. Em nosso país,<br />
em 1895-1896, se sentiam<br />
atraídas pelo marxismo, pessoas<br />
que nem por sua posição<br />
social nem por sua contextura<br />
mental e moral tinham alguma<br />
coisa em comum com o<br />
proletariado ou com sua luta<br />
emancipadora. Houve uma<br />
época em que o marxismo esteve<br />
em moda em todas as repartições<br />
públicas petersburguenses.<br />
Se<br />
este estado<br />
de coisas<br />
pudesse<br />
ter se<br />
prolongado,<br />
teria demonstrado<br />
que os fundadores do socialismo<br />
científico tinham se<br />
equivocado ao afirmar que o<br />
modo de pensar é determinado<br />
pelo modo de viver e que<br />
as classes altas não podem ser<br />
as depositárias das idéias sociais<br />
revolucionárias de nossos<br />
dias. Mas a “crítica de<br />
Marx”, iniciada imediatamente<br />
depois de terminada a luta<br />
contra as aspirações reacionárias<br />
do populismo, confirmou<br />
mais uma vez que Marx e<br />
Engels tinham razão: o modo<br />
de pensar dos “críticos” se<br />
achava determinado por sua<br />
posição social; ao rebelar-se<br />
contra o “fanatismo do dogma”,<br />
na realidade se rebelavam<br />
unicamente contra o<br />
conteúdo social-revolucionário<br />
da teoria marxista. O Marx<br />
de que tinham necessidade<br />
não era o que, durante toda<br />
sua vida – cheia de trabalho,<br />
de luta e de privações – fez<br />
arder o fogo sagrado do ódio<br />
contra a exploração capitalista.<br />
Marx, como caudilho do<br />
proletariado revolucionário,<br />
lhes parece grosseiro e “pouco<br />
científico”.O único Marx<br />
que tinham necessidade era<br />
aquele que no Manifesto. Comunista<br />
declarava que se<br />
achava disposto a apoiar a<br />
burguesia na medida em que<br />
esta era revolucionária em sua<br />
luta contra a monarquia absoluta<br />
e contra a pequena burguesia,<br />
O que lhes interessava<br />
era a parte democrática do<br />
programa social-democrata<br />
de Marx. Isto não poderia ser<br />
mais natural, mas precisamente<br />
essas aspirações completamente<br />
naturais de nossos<br />
“críticos”, tornavam evidente<br />
a falta de fundamento das<br />
esperanças dos que imaginam<br />
poder contar com eles como<br />
socialistas. Seu lugar era nas<br />
filas da oposição liberal, à qual<br />
subministraram na pessoa do<br />
diretor de Osvobokdenie (A<br />
Liberação) P. Struve – um intérprete<br />
zeloso e inteligente.<br />
O destino da teoria marxista<br />
mostra sua justeza, não<br />
só na Rússia. Como é sabido,<br />
os homens de ciência do ocidente,<br />
durante muito tempo,<br />
menosprezaram tal teoria por<br />
considerá-la um fruto sem<br />
sabor do fanatismo social-revolucionário.<br />
Mas à medida<br />
que foi transcorrendo o tempo,<br />
apareceu cada vez com<br />
mais evidência, mesmo para<br />
os olhos que olhavam através<br />
das lentes de limitação burguesa,<br />
que esse fruto do fanatismo<br />
social-revolucionário<br />
tinha, pelo menos, uma<br />
vantagem indiscutível: a de<br />
fornecer um método de investigação<br />
da vida social extraordinariamente<br />
fértil.<br />
Quanto mais se avançava no<br />
estudo científico da cultura<br />
primitiva, da História, do<br />
Direito, da Literatura e da<br />
Arte, mais os investigadores<br />
se aproximavam do materialismo<br />
histórico, apesar de que<br />
a maioria dos mesmos ou não<br />
soubesse absolutamente<br />
nada da teoria histórica de<br />
Marx ou temesse como o<br />
fogo seus pontos de vista<br />
materialistas, imorais e perigosos,<br />
aos olhos da burguesia<br />
contemporânea, para a<br />
tranqüilidade social. Assim<br />
vemos como a interpretação<br />
materialista começa a adquirir<br />
direito de cidadania no<br />
mundo científico. A obra A<br />
Interpretação Econômica da<br />
História, do professor norteamericano<br />
Seligman, que<br />
apareceu recentemente,<br />
atesta que os sacerdotes<br />
oficiais da<br />
ciência já<br />
começaram<br />
a<br />
dar-se conta da grande importância<br />
científica da teoria<br />
histórica de Marx. Seligman<br />
deixa transparecer, entre outros,<br />
os motivos psicológicos<br />
que impediram, até agora que<br />
o mundo científico burguês<br />
aceitasse e compreendesse<br />
essa teoria e se esforça por<br />
convencer seus colegas que<br />
se pode prescindir das conseqüências<br />
socialistas, assimilando<br />
unicamente a teoria<br />
histórica que lhes serve de<br />
base. Esta engenhosa consideração<br />
– que assinalamos de<br />
passagem, já se manifestava<br />
timidamente mas de um modo<br />
completamente claro nas<br />
Observações Críticas de P.<br />
Struve – vem confirmar uma<br />
vez mais a verdade já velha de<br />
que é mais fácil um camelo<br />
passar pelo buraco de uma<br />
agulha que um ideólogo da<br />
burguesia passar para o ponto<br />
de vista do proletariado.<br />
Marx era um revolucionário<br />
dos pés à cabeça. Erguiase<br />
contra Deus e o capital<br />
como o Prometeu de Goethe<br />
se levanta contra Zeus. E,<br />
como esse Prometeu, podia<br />
dizer de si mesmo que sua<br />
missão consistia em educar<br />
alguns homens que souberam<br />
sofrer e gozar de um modo<br />
humano, que souberam “não<br />
respeitar-te a Ti, divindade<br />
inimiga dos homens”. A esta<br />
divindade servem precisamente<br />
os ideólogos burgueses.<br />
Sua missão consiste precisamente<br />
em defender os<br />
direitos da mesma por meio<br />
das armas espirituais, do<br />
mesmo modo que a polícia e<br />
as tropas sustentam-se com<br />
suas armas brancas e de fogo.<br />
Os homens de ciência burgueses<br />
aceitarão unicamente<br />
a teoria que não lhes pareça<br />
perigosa para Deus e o capital.<br />
Os homens de ciência da<br />
França, em geral, os dos países<br />
de língua francesa, são<br />
mais francos nesse sentido.<br />
Assim, por exemplo, Laveleye<br />
já dizia que a ciência econômica<br />
devia ser radicalmente<br />
transformada porque havia<br />
deixado de cumprir a missão<br />
da qual era incumbida, desde<br />
que Bastiat, irrefletidamente,<br />
havia comprometido a defesa<br />
da ordem de coisas existentes.<br />
E muito recentemente,<br />
A. Béchaud, num livro dedicado<br />
à escola francesa de<br />
economia política, apreciava,<br />
sem rodeios, o valor das distintas<br />
doutrinas econômicas,<br />
do ponto de vista de ver qual<br />
delas “dá uma arma mais efetiva<br />
aos adversários do socialismo”.<br />
Em vista disso, é<br />
compreensível que os ideólogos<br />
da burguesia que tenham<br />
assimilado as idéias de Marx,<br />
adotem, invariavelmente uma<br />
atitude “crítica”. A medida<br />
de sua posição “crítica” no<br />
que diz respeito a Marx é a incompatibilidade<br />
das concepções<br />
deste revolucionário infatigável<br />
e intransigente, com<br />
os interesses da classe dominante.<br />
Compreende-se assim<br />
que o burguês que pense de<br />
um modo conseqüente reconheça<br />
a justeza das idéias históricas<br />
de Marx melhor que<br />
sua teoria econômica: é mais<br />
fácil falsificar o materialismo<br />
histórico do que, por exemplo,<br />
a doutrina da mais-valia.<br />
Esta última – à qual um dos<br />
“críticos” burgueses de Marx<br />
mais salientes aplicou o expressivo<br />
qualificativo de teoria<br />
da exploração – conservará<br />
sempre nos meios ilustrados<br />
e científicos da burguesia<br />
a reputação de doutrina<br />
sem fundamento. Estes<br />
repudiam a teoria econômica<br />
de Marx e preferem a teoria<br />
econômica “subjetiva”, que<br />
tem a propriedade de considerar<br />
os fenômenos da vida<br />
econômica da sociedade independentemente<br />
de suas relações<br />
de produção, nas quais<br />
radica a origem da exploração<br />
do proletariado pela burguesia,<br />
exploração que é muito<br />
inconveniente recordar, precisamente<br />
agora quando a<br />
consciência de classe dos<br />
trabalhadores avança a passos<br />
tão rápidos.<br />
As idéias econômicas,<br />
históricas e filosóficas de<br />
Marx podem ser aceitas<br />
na ameaçadora integridade<br />
de seu conteúdo<br />
revolucionário apenas<br />
pelos ideólogos do<br />
proletariado, cujo interesse<br />
de classe<br />
está, não com a<br />
conservação, mas<br />
com a supressão<br />
da ordem de coisas<br />
capitalistas:<br />
com a revolução<br />
social.
15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />
INTERNACIONAL 18<br />
BOLÍVIA CRISE POLÍTICA<br />
“Barões do Oriente” não querem abrir mão do trabalho escravo<br />
Latifundiários e produtores agropecuários têm o<br />
apoio da burguesia fascista e racista de Santa Cruz<br />
para manter o monopólio do petróleo, do gás, da<br />
água e o trabalho escravo<br />
O Conselho Nacional pela<br />
Democracia (Conalde), órgão<br />
ultra-direitista criado pelos prefeitos<br />
e Comitês Cívicos dos seis<br />
departamentos de oposição ao<br />
governo central da Bolívia (Santa<br />
Cruz, Cochabamba, Chuquisaca,<br />
Tarija, Beni e Pando) pretende<br />
perpetuar o latifúndio na<br />
Bolívia, principalmente na região<br />
da chamada Meia-Lua,<br />
onde Santa Cruz já aprovou em<br />
maio seu estatuto autônomo à<br />
revelia da Constituição Política<br />
do Estado.<br />
O ministro de Defesa boliviano,<br />
Walker San Miguel, disse<br />
durante uma entrevista coletiva<br />
no Palácio Quemado (sede da<br />
presidência) em La Paz que “o<br />
estatuto cruzenho, na parte que<br />
se refere à propriedade agrária,<br />
protege os interesses dos latifundiários”<br />
(ABI - Agência Boliviana<br />
de Informação).<br />
A declaração da Conalde divulgada<br />
em abril deste ano é bem<br />
explícita quanto à defesa destes<br />
interesses. Os sete pontos da<br />
declaração dizem o seguinte:<br />
- Que a configuração da TCO<br />
(Terras Comunitárias de Origem)<br />
de Alto Parapetí, não tem<br />
outra intenção que a de expropriar<br />
os recursos naturais desta<br />
região hidrocarborífera que é a<br />
maior e a mais importante do<br />
país.<br />
- Que só 20% do território que<br />
contempla a TCO é produtivo,<br />
80% do território são zonas de<br />
montanhas e por sua topografia<br />
não são produtivas, no entanto<br />
contemplam as reservas de gás,<br />
petróleo e água potável.<br />
- Que a configuração das TCO<br />
não se sustenta em estudos técnicos.<br />
- Que é considerado um desmembramento<br />
territorial dos<br />
departamentos de Tarija, Chuquisaca<br />
e Santa Cruz.<br />
- Que significa um cerceamento<br />
das regalias e do futuro dos<br />
departamentos autônomos.<br />
- Que a verdadeira intenção<br />
do Governo Nacional é a<br />
confrontação entre irmãos e<br />
bloquear os referendos dos<br />
estatutos autônomos.<br />
- Que esta política errada do<br />
governo tenta distrair a atenção<br />
dos verdadeiros problemas do<br />
país, que são emprego, a inflação,<br />
a cesta básica e a segurança<br />
de todos os bolivianos.<br />
O conteúdo do documento é<br />
uma resposta à lei constitucional<br />
das Terras Comunitárias de<br />
Origem (TCO), que distribuirá<br />
cerca de 157 mil hectares para<br />
comunidades indígenas camponesas<br />
na região do chaco cruzenho<br />
de Alto Parapetí, zona produtora<br />
de soja. Porém, a distribuição<br />
só será feita caso o governo<br />
conclua que estas propriedades<br />
rurais não cumpram com<br />
nenhuma função econômica ou<br />
social. Denúncias de órgãos de<br />
defesa dos direitos humanos e da<br />
própria Organização das Nações<br />
Unidas (ONU) denunciam que<br />
pelo menos mil famílias indígenas<br />
guaranis estão submetidas a<br />
trabalhos escravos nas fazendas<br />
desta região.<br />
Somando a TCO à proibição<br />
da exportação do óleo de cozinha<br />
- cuja matéria-prima é a soja -<br />
decretada pelo governo para<br />
garantir o abastecimento da demanda<br />
interna e evitar o aumento<br />
do preço do produto, a crise<br />
na região está a ponto de explodir.<br />
Reforma agrária<br />
de fachada<br />
Enquanto os “barões do Oriente”<br />
– termo que remete aos<br />
barões do estanho na revolução<br />
de 1952 - estão completamente<br />
voltados para a exportação e o<br />
imperialismo, os camponeses<br />
são explorados e submetidos a<br />
condições subumanas.<br />
A oligarquia fascista e racista<br />
fomenta uma campanha de desinformação<br />
e de provocação<br />
para dividir os trabalhadores<br />
bolivianos contra qualquer iniciativa<br />
de mudança da questão<br />
agrária. Por mais que a proposta<br />
do governo burguês de Evo<br />
Morales seja moderada e insuficiente,<br />
a direita não querem abrir<br />
mão de uma mínima parcela do<br />
seu monopólio sobre a terra e<br />
seus recursos naturais, como o<br />
petróleo, o gás e a água.<br />
O governo irá propor a realização<br />
de um referendo que deverá<br />
definir qual extensão uma<br />
propriedade rural deverá ter para<br />
ser considerada latifúndio: 10 mil<br />
hectares ou cinco mil hectares.<br />
Além disso, a nova Carta Magna<br />
aprovada pelo governo em dezembro<br />
do ano passado estabelece<br />
claramente que “reconhecerá,<br />
protegerá e garantirá a propriedade<br />
pública e a propriedade<br />
privada individual ou comunitária<br />
da terra, desde que cumpram<br />
uma função social ou uma função<br />
econômica social”. Estrangeiros<br />
não podem adquirir terras<br />
no País.<br />
O governo de Evo Morales e<br />
do MAS (Movimento ao Socialismo)<br />
não é suficiente para atender<br />
às necessidades do povo<br />
boliviano e está cada vez mais em<br />
contradição com estes anseios, pois<br />
à medida que a direita fascista abre<br />
um grande espaço para atuar, o<br />
governo tenta permanentemente<br />
fazer acordos com um grupo que<br />
está somente interessado em derrubá-lo<br />
sob as ordens do imperialismo.<br />
Nesse sentido, a Constituição<br />
Política do Estado boliviano<br />
não promove nenhuma reforma<br />
agrária, mas, pelo contrário,<br />
mantém o regime nas<br />
mãos da burguesia contra os<br />
interesses dos trabalhadores.<br />
O governo de Evo Morales e do MAS (Movimento ao Socialismo)<br />
não é suficiente para atender às necessidades do povo boliviano e<br />
está cada vez mais em contradição com estes anseios<br />
BOLÍVIA SAÍDA PELOS FUNDOS<br />
Ex-ministro acusado de genocídio<br />
quer se esconder nos EUA<br />
Milhares de manifestantes protestaram em frente à Embaixada<br />
dos EUA em La Paz contra a decisão de conceder asilo político<br />
para Carlos Sánchez Berzain, ex-ministro da Defesa boliviano<br />
que, juntamente com o ex-presidente, Gonzalo Sánchez de<br />
Lozada, estão sendo processados por genocídio e peculato<br />
Milhares de manifestantes<br />
protestaram na terça-feira (10)<br />
em frente à Embaixada dos EUA<br />
em La Paz contra a decisão<br />
outorgada por Washington em<br />
conceder asilo político para<br />
Carlos Sánchez Berzain, exministro<br />
da Defesa boliviano<br />
que, juntamente com o ex-presidente,<br />
Gonzalo Sánchez de<br />
Lozada, estão sendo processados<br />
por genocídio e peculato.<br />
São dois dos maiores criminosos<br />
contra os interesses da<br />
população. Em seu governo,<br />
Lozada tentou exportar o gás<br />
boliviano para os EUA pelos<br />
portos chilenos, cujo povo reivindica<br />
uma saída para o Pacífico.<br />
Uma rebelião de massas<br />
derrubou este governo no dia 17<br />
de outubro de 2003 e no mesmo<br />
dia ambos já haviam saído<br />
fugidos para os EUA. A brutal<br />
repressão contra os protestos<br />
daquele ano deixou ao menos 65<br />
mortos e mais de 400 feridos.<br />
Outras nove pessoas morreram<br />
meses depois em decorrência<br />
das graves seqüelas causadas<br />
por lesões.<br />
Os manifestantes vindos de<br />
cidades como El Alto se concentraram<br />
em frente à embaixada e<br />
tentaram romper um cordão de<br />
segurança formado por mais de<br />
200 policiais e carros blindados.<br />
Pedras e pedaços de pau foram<br />
arremessados contra o jardim na<br />
intenção de fazer cair a bandeira<br />
dos EUA hasteada. Entre os manifestantes<br />
estiveram presentes,<br />
além de camponeses e operários,<br />
estudantes da Universidade Popular<br />
e secundaristas de El Alto.<br />
O embaixador norte-americano,<br />
Philip Goldberg - recentemente<br />
acusado de espionagem<br />
à serviço da CIA para vigiar<br />
cidadãos cubanos e venezuelanos<br />
na Bolívia - disse apenas que<br />
seu governo não irá fazer nenhuma<br />
declaração sobre a decisão.<br />
No entanto, segundo o diário La<br />
Razón, o governo norte-americano<br />
ainda não recebeu de seu<br />
fiel aliado o pedido de extradição.<br />
O governo boliviano apresentou<br />
na quarta-feira (11) um projeto<br />
de lei ao Congresso Nacional<br />
para beneficiar os feridos e<br />
familiares das vítimas dos massacres<br />
ocorridos em fevereiro,<br />
setembro e outubro de 2003 com<br />
um pagamento único que vai de<br />
2.800 bolivianos a 144,3 (em<br />
torno de R$ 640 a R$ 32.700).<br />
Segundo o porta-voz da presidência,<br />
Iván Canelas, disse que<br />
“o Executivo espera que os<br />
parlamentares dêem celeridade<br />
a este projeto de lei que reconhece<br />
às vítimas das jornadas lutuosas<br />
no governo de Gonzalo<br />
Sánchez de Lozada”.<br />
O ex-ministro da Defesa tem<br />
asilo político nos EUA indefinido<br />
desde 1º de maio de 2007<br />
poderá perder este benefício<br />
caso seja acusado formalmente<br />
pelos crimes que cometeu<br />
durante o governo Lozada. É o<br />
que assinala a carta remetida<br />
pelo Departamento Federal de<br />
Segurança Interna, em Miami,<br />
Flórida, assinada por Erich<br />
Cauller naquele dia: “Você foi<br />
beneficiado como exilado nos<br />
EUA por um tempo indefinido,<br />
no entanto, o status de asilo não<br />
lhe dá o direito de permanecer<br />
de forma permanente nos EUA”.<br />
“O status de asilo pode terminar<br />
se você não tiver mais um<br />
temor fundado de perseguição<br />
por causa de mudanças fundamentais<br />
às circunstâncias nas<br />
que obteve a proteção de outro<br />
país, ou tenha cometido certos<br />
delitos ou esteja involucrado em<br />
outras atividades que o torna<br />
inelegível para ter o estatuto de<br />
asilo nos EUA”.<br />
Assassinos profissionais,<br />
Berzain e Lozada tentaram roubar<br />
o gás boliviano para dar de<br />
graça aos EUA, mas a mobilização<br />
revolucionária do povo depôs<br />
o governo, porém não antes<br />
que este deixasse mais um<br />
rastro de sangue na historia do<br />
país. Agora que o ex-ministro<br />
está sendo processado por seus<br />
crimes, pede socorro à Casa<br />
Branca para viver tranqüilamente<br />
nos EUA.<br />
PAQUISTÃO MASSACRE CONTRA FOGO-AMIGO<br />
Zona tribal na fronteira com o Afeganistão<br />
é alvo de ataque norte-americano<br />
Identificando seu alvo apenas<br />
como “forças anti-afegãs”,<br />
o exército norte-americano<br />
confirmou o uso de ataques<br />
aéreos e artilharia contra o território<br />
paquistanês matando 11<br />
soldados<br />
A tensão entre os EUA e o<br />
Paquistão vem aumentando<br />
desde que o novo gabinete ministerial<br />
foi indicado. Oito militantes<br />
do Talibã foram mortos<br />
na madrugada de terça para<br />
quarta-feira, em meio ao ataque<br />
aéreo a uma das zonas tribais do<br />
Paquistão, próximo à fronteira<br />
da província de Kunar no Afeganistão.<br />
A operação é a pior intervenção<br />
dos EUA na região desde a<br />
invasão do Afeganistão em<br />
2001. Alegando se defender de<br />
um ataque, o exército norteamericano<br />
afirmou que reagiu a<br />
disparos contra seus soldados.<br />
O porta-voz de uma organização<br />
pró-talibã no Paquistão,<br />
Malvi Umar, afirmou ter lançado<br />
“um ataque sobre eles [os<br />
EUA] de diversos lados causando<br />
bastante dano – e então as<br />
forças norte-americanas e da<br />
OTAN iniciaram uma série de<br />
ataques aéreos” (BBC, 11/6/<br />
2008),<br />
Apenas neste ano, segundo<br />
os correspondentes da rede<br />
britânica BBC no país, mais de<br />
50 pessoas foram mortas em<br />
sucessivos ataques aéreos norte-americanos<br />
em território paquistanês.<br />
As relações entre Bush e<br />
Musharraf estão se deteriorando.<br />
O governo norte-americano<br />
acusa Islamabad de não estar<br />
fazendo “o suficiente” para<br />
impedir que os militantes do<br />
Talibã se instalem na fronteira<br />
entre Afeganistão e Paquistão,<br />
nas zonas tribais. As acusações<br />
vão ainda mais longe e insinuam<br />
que as negociações de paz entre<br />
o governo e o Talibã podem<br />
apenas dar mais tempo ao Talibã<br />
para manobrar.<br />
Antes, principal aliado do<br />
imperialismo norte-americano<br />
no Sul da Ásia, o Paquistão se<br />
viu abalado pela enorme onda de<br />
protestos que tomou conta do<br />
país no ano passado, a começar<br />
pelo massacre dos estudantes<br />
islâmicos na Mesquita Vermelha<br />
em maio/junho e pela onda<br />
de protestos contra a presença<br />
do exército nas ruas. A ditadura<br />
militar do ex-general Pervez<br />
Musharraf se enfraqueceu a tal<br />
ponto que foi necessário para<br />
este recrutar os políticos que ele<br />
mesmo derrubou para subir ao<br />
poder para participar de um<br />
processo eleitoral montado com<br />
o único fim de reabilitar o seu<br />
regime. Musharraf foi “eleito”<br />
novamente pelo colégio eleitoral<br />
e assumiu a presidência em<br />
troca de seu afastamento das<br />
forças armadas. O governo formado<br />
a partir daí já está em avançado<br />
grau de decomposição,<br />
menos de três meses depois de<br />
sua formação.<br />
VENEZUELA CRISE NA AMÉRICA DO SUL<br />
Chávez quer amansar o imperialismo<br />
No momento em que a CIA<br />
e o governo colombiano acusam<br />
a Venezuela de financiar a guerrilha<br />
das FARC (Forças Armadas<br />
Revolucionárias da Colômbia),<br />
o presidente Hugo Chávez<br />
disse nesta semana que o “tempo<br />
de guerrilha acabou” e pediu<br />
para que o novo líder do grupo,<br />
Alfonso Cano - que substituiu<br />
Manuel “Tirofijo” Marulanda<br />
após sua morte - que liberte<br />
unilateralmente todos os reféns.<br />
O pedido foi feito durante seu<br />
programa semanal de rádio e<br />
TV.<br />
Segundo Chávez, “o tempo<br />
das guerrilhas acabou. As condições<br />
estão dadas para que se<br />
inicie um processo de paz. Eu<br />
digo a Cano. Vamos, solte toda<br />
essa gente, e logo. Há idosos,<br />
mulheres, doentes. Já basta de<br />
tanta guerra, chegou a hora de<br />
se sentar e falar de paz. Com um<br />
grupo de países iniciemos as<br />
conversações para um acordo<br />
de paz” (Agência Brasil, 6/6/<br />
2008).<br />
A declaração de Chávez caiu<br />
como uma luva para o presidente<br />
da Colômbia, Álvaro Uribe, e<br />
dos EUA, George W. Bush.<br />
Ambos elogiaram a proposta<br />
para que as FARC deponham<br />
suas armas e libertem todos os<br />
reféns.<br />
O maior desejo de Chávez -<br />
da Colômbia e dos EUA também<br />
- é que as FARC se tornem um<br />
partido político, uma tentativa<br />
de “domesticar” a situação e<br />
amansar o imperialismo.<br />
A proposta tem um claro<br />
objetivo de minar a tendência à<br />
mobilização independente e revolucionária<br />
não só da população<br />
colombiana e venezuelana,<br />
mas de toda América Latina.<br />
Além disso, Chávez quer<br />
evitar que seu governo seja<br />
acusado pelos terroristas de<br />
Estado, como Bush, Uribe e<br />
Ehud Olmert (Israel), de apoiar<br />
uma organização “terrorista”,<br />
pois não quer se chocar diretamente<br />
com o imperialismo e sua<br />
campanha de “guerra ao terror”.<br />
O objetivo central é frear qualquer<br />
mobilização independente<br />
do governo “bolivariano” e em<br />
todo subcontinente. Isso está<br />
claro numa das declarações do<br />
presidente venezuelano: “Vocês<br />
das FARC se converteram numa<br />
desculpa do império para ameaçar<br />
a todos nós. No dia em que<br />
houver paz na Colômbia acabará<br />
a desculpa do império”<br />
(Idem).<br />
Na medida em que o pavio<br />
está cada vez mais curto e as<br />
massas latino-americanas prenunciam<br />
claramente uma situação<br />
revolucionária em breve,<br />
qualquer coisa que estimule<br />
um movimento de massas<br />
poderá passar por cima da<br />
burocracia e tomar um curso<br />
próprio em direção à revolução<br />
proletária. O freio de contenção<br />
do governo Chávez funcionou<br />
com uma eficiência<br />
monstruosa contra os operários<br />
em greve da Sidor (Siderúrgica<br />
de Orinoco), reprimidos<br />
pelas forças de repressão.<br />
A “DEMOCRACIA”BIOMBO DA DITADURA<br />
Há 200 anos, dois partidos se<br />
revezam no governo do país<br />
As eleições nos EUA, tradicionalmente<br />
marcadas pela alternância<br />
entre dois partidos da<br />
burguesia no poder, são a expressão<br />
de que a democracia<br />
imperialista não passa de uma<br />
cobertura para a ditadura da<br />
burguesia.<br />
Os dois partidos da burguesia<br />
imperialista norte-americana se<br />
revezam no poder da maior economia<br />
do planeta desde sua independência<br />
em 1789.<br />
Sob diferentes nomes, agrupando<br />
os interesses de diferentes<br />
alas da burguesia em momentos<br />
diversos, o bipartidarismo<br />
norte-americano é a maior expressão<br />
da ausência total de democracia.<br />
O primeiro partido formado,<br />
o Partido Federalista, assumiu<br />
após o mandato de George Washington<br />
(1789-1794), formado<br />
por Alexander Hamilton, um dos<br />
principais membros do gabinete<br />
de Washington, e se manteve no<br />
poder até 1801. Sua oposição,<br />
constituída do Partido Democrata-Republicano,<br />
de Thomas Jefferson<br />
e James Madison, que<br />
em 1828 se dividiu e deu origem<br />
ao atual partido Democrata. A<br />
dissolução do Partido Federalista<br />
e a criação do Partido Democrata-Republicano<br />
se deu pelo<br />
enfraquecimento do primeiro e<br />
pela adoção, da parte do segundo,<br />
das suas idéias com relação<br />
à política fiscal, o sistema tarifário,<br />
a preferência pela relação<br />
comercial com a Inglaterra etc.<br />
O partido governou sem oposição<br />
por quase trinta anos.<br />
Neste período formou-se o<br />
partido Whig, ou Republicano<br />
Nacional, fundado em 1833 e<br />
dissolvido em 1854, fazendo<br />
oposição ao governo de Andrew<br />
Jackson e do Partido Democrata.<br />
Entre 1841 e 1853, dois<br />
mandatos Whig se alternaram<br />
com um democrata e logo em<br />
seguida outros dois mandatos da<br />
oposição. À época, o Partido<br />
Democrata estava profundamente<br />
associado ao poder escravagista.<br />
Os Whig se dividiram<br />
em torno à questão para debandar<br />
em seguida, dando margem<br />
ao aparecimento do Partido Republicano,<br />
em oposição à expansão<br />
da escravidão negra no Sul<br />
do país.<br />
Em 1854, formou-se o atual<br />
Partido Republicano, que veio a<br />
assumir a presidência pela primeira<br />
vez com Abraham Lincoln<br />
em 1861. Lincoln foi sucedido<br />
por seu vice, o democrata Andrew<br />
Johnson em 1865, que, em<br />
seguida, entregou a presidência<br />
a uma série de mandatos republicanos,<br />
de 1869 a 1885, iniciando<br />
a tradicional alternância entre<br />
os governos democrata e republicano<br />
conforme as necessidades<br />
da política do grande capital<br />
norte-americano.<br />
O sistema eleitoral norte-americano<br />
garante que a alternância<br />
entre os dois partidos desloque de<br />
um a outro o ônus pelo desenvolvimento<br />
da crise econômica, o<br />
que fica particularmente claro<br />
após a crise dos anos 60 e 70 nos<br />
EUA, desde a invasão do Vietnã<br />
pelas tropas norte-americanas<br />
em 1959, à virtual derrota do<br />
exército norte-americano em<br />
1968 e a sua retirada em 1975.<br />
A guerra de Eisenhower (Republicano,<br />
1953-1961) se transformou<br />
na guerra de Kennedy e<br />
Lyndon Johnson (Democratas,<br />
1961-1969), e daí na de Nixon e<br />
Gerald Ford (Republicanos,<br />
1969-1977).<br />
O vai e vem democrata e republicano<br />
continuou com Jimmy<br />
Carter (Democrata, 1977-1981),<br />
Ronald Regan e George Bush<br />
(pai) (Republicanos, 1981-<br />
1993), Bill Clinton (Democrata,<br />
1993-2001) e George W. Bush<br />
(Republicano).<br />
Outra demonstração cabal<br />
do compromisso de ambos os<br />
partidos (Democrata e Republicano)<br />
com a manutenção do regime<br />
político norte-americano<br />
e a sustentação da dominação<br />
imperialista mundial é evidente<br />
na política do governo Bush –<br />
que tal qual seu antecessor democrata,<br />
ocupou a Casa Branca<br />
por dois mandatos consecutivos<br />
– após os atentados contra<br />
o World Trade Center em<br />
2001. No Congresso e no Senado,<br />
de os concorrentes de<br />
ambos os partidos à presidência<br />
vêm, votaram unanimemente<br />
a invasão do Afeganistão.<br />
Dois anos depois, embora a<br />
maioria do Partido Democrata<br />
no Congresso tenha votado<br />
contra a guerra no Iraque (81<br />
a favor e 126 contra), nada foi<br />
feito para impedir a aprovação<br />
dos sucessivos orçamentos de<br />
guerra.<br />
Mais: todos os senadores do<br />
Partido Democrata, a exceção de<br />
um único, votaram pelo texto<br />
original do Ato Patriótico, a lei de<br />
exceção de George W. Bush. A<br />
maioria dos senadores democratas<br />
também votou por sua renovação<br />
em 2006.<br />
A burguesia, internacionalmente,<br />
tenta copiar o modelo de<br />
“democracia” norte-americana e<br />
já chegou até mesmo a cogitar<br />
impô-lo, por exemplo, no Brasil.<br />
A oposição entre Democratas<br />
e Republicanos não passa de<br />
cobertura para um plano político<br />
em comum. Enquanto isso,<br />
não deixa de existir uma infinidade<br />
de outros grupos políticos<br />
nos EUA, fadados a não ascender,<br />
seja por suas debilidades,<br />
seja pela enorme pressão do sistema<br />
monopolizado pela burguesia<br />
imperialista.
15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />
INTERNACIONAL 19<br />
ORÇAMENTO BÉLICO QUANTO VALE DOMINAR O MUNDO<br />
Os senhores da guerra<br />
Com a desculpa de “combate ao terrorismo”, o<br />
imperialismo aumenta seus investimentos militares à<br />
medida que a crise mundial se aprofunda e o regime<br />
capitalista aumenta sua capacidade de destruição e,<br />
com ela, as suas guerras<br />
Um estudo divulgado na segunda-feira<br />
(10) pelo Instituto<br />
Internacional de Pesquisa da Paz<br />
de Estocolmo (Sipri, na sigla em<br />
inglês) revelou que os gastos<br />
militares em todo mundo aumentaram<br />
45% nos últimos dez<br />
anos. EUA, Rússia e China estão<br />
no topo da lista dos países<br />
que mais compraram armas e o<br />
investimento bélico continua<br />
em expansão. Somente entre<br />
2006 e 2007 o aumento dos orçamentos<br />
militares dos países<br />
foi de cerca de 6%.<br />
Segundo o estudo, as guerras<br />
do Iraque e Afeganistão, além do<br />
investimento militar da Rússia e<br />
da China, adquiridas após considerável<br />
crescimento econômico,<br />
são os principais fatores para<br />
o aumento dos gastos militares<br />
entre 1998 e 2007. Outra razão<br />
levantada seria a quantidade de<br />
forças de segurança espalhadas<br />
em todo mundo: foram realizadas<br />
61 operações em 2007, o<br />
maior número desde 1999.<br />
Um outro dado mostra que o<br />
período de menor gasto militar<br />
ocorreu entre 1988 e 1997, anos<br />
que se seguiram após o fim da<br />
Guerra Fria e da União Soviética,<br />
que sozinha foi responsável<br />
por reduzir cerca de um terço<br />
dos gastos militares no mundo.<br />
Em 2007, os gastos globais<br />
com equipamento bélico foram<br />
de US$ 1.339 trilhão, ou seja,<br />
US$ 202 por cada habitante do<br />
planeta Terra, segundo informou<br />
o Sipri.<br />
Armados até os<br />
dentes<br />
tador de petróleo - contribuíram<br />
para esta escalada militar.<br />
Já a China teve um crescimento<br />
econômico anual de 10%<br />
nos últimos anos, o maior de<br />
todos. Parte desta renda foi injetada<br />
na Segurança, triplicando<br />
os gastos no período entre 1998<br />
e 2007 e equivalendo até 2,1%<br />
do seu PIB (Produto Interno<br />
Bruto). Trata-se de um orçamento<br />
militar considerado moderado,<br />
pois a média mundial é<br />
de 2,5% do PIB.<br />
Os EUA, porém, são de longe<br />
os maiores investidores (e<br />
fornecedores) da indústria bélica.<br />
O ano de 2007 atingiu recorde<br />
como o maior gasto militar<br />
desde a Segunda Guerra<br />
Mundial. Desde os atentados de<br />
11 de setembro, o Pentágono<br />
aumentou seu orçamento em<br />
59% em relação a 2001. Só as<br />
guerras do Iraque e do Afeganistão<br />
já custaram ao contribuinte<br />
norte-americano mais de<br />
US$ 3 trilhões, o que esvaziou<br />
os cofres públicos e é hoje um<br />
dos elementos centrais para a<br />
recessão econômica no País. Os<br />
EUA representam 45% dos gastos<br />
militares mundiais!<br />
A indústria bélica é uma das<br />
mais lucrativas do mundo, ao<br />
lado do narcotráfico e da prostituição.<br />
O estudo do Sipri mostrou<br />
que entre 2002 e 2007 houve<br />
um aumento de 7% das exportações<br />
de armas, seja por meio<br />
de vendas, convênios ou acordos<br />
de cooperação. EUA, Rússia,<br />
França, Reino Unido e Alemanha<br />
representam juntos 80%<br />
das transações. Entre os maiores<br />
compradores entre 2003 e<br />
2007 estão a Coréia do Sul,<br />
China, Turquia, Grécia, Índia,<br />
Israel, Arábia Saudita e África<br />
do Sul. Na América do Sul, os<br />
maiores compradores neste<br />
período foram o Chile e a Venezuela.<br />
O Brasil é o 12º maior<br />
investidor militar do mundo.<br />
Solução para a<br />
pobreza mundial: o<br />
extermínio em<br />
massa<br />
Pesquisas elaboradas anteriormente<br />
por organizações<br />
não-governamentais mostraram<br />
que 95% das armas usadas<br />
na África são compradas<br />
dos EUA e da Europa. O levantamento<br />
engloba apenas o<br />
mercado legal de armas, pois<br />
no mercado negro a venda<br />
também é exorbitante.<br />
A Oxfam International mostrou<br />
que apenas o custo das<br />
A Rússia aumentou seu orçamento<br />
militar no ano passado em<br />
13% em relação a 2006. Segundo<br />
a pesquisa, a reconquista da<br />
confiança dos países capitalistas<br />
somado aos benefícios gerados<br />
com o aumento dos preços<br />
do gás e do petróleo - a<br />
Rússia é o segundo maior exporguerras<br />
na África supera todo<br />
o dinheiro destinado ao desenvolvimento<br />
do continente.<br />
O estudo intitulado “Os milhões<br />
perdidos da África. O<br />
fluxo internacional de armas e<br />
o custo dos conflitos”, elaborado<br />
conjuntamente com a<br />
Rede Internacional de Ação<br />
contras as Armas (IANSA, em<br />
inglês) e a Safeworld, constata<br />
que o custo das guerras na<br />
África entre 1990 e 2005 foi de<br />
US$ 284 bilhões, o equivalente<br />
a toda a ajuda destinada ao<br />
desenvolvimento do continente<br />
no mesmo período.<br />
Em 15 anos, pelo menos 23<br />
conflitos foram suficientes<br />
para reduzir em 15% o PIB<br />
africano por ano, ou seja, US$<br />
18 bilhões por ano. Os países<br />
que mais financiam o extermínio<br />
em massa no continente<br />
negro são EUA, Reino Unido,<br />
Rússia, Alemanha e China. Só<br />
os EUA venderam aos países<br />
africanos mais de 10 bilhões de<br />
euros e é o maior exportador<br />
de armas para a África, seguindo<br />
da Rússia (quatro bilhões)<br />
e Reino Unido (2,3 bilhões).<br />
Mas o campeão de vendas entre<br />
os anos de 2003 e 2006 foi a<br />
Alemanha, com 450 milhões,<br />
seguido da Rússia (300 milhões)<br />
e China (250 milhões).<br />
Toda esta quantia não leva em<br />
consideração as armas que entram<br />
no continente através de<br />
contrabando.<br />
A classe operária<br />
no centro do alvo<br />
O investimento militar nos<br />
países explorados pelo imperialismo<br />
é um dos principais<br />
causadores da miséria, da<br />
fome e das epidemias que atingem<br />
bilhões de pessoas em<br />
todo o mundo. Além disso, o<br />
aumento do orçamento militar<br />
mundial, justificado pela desculpa<br />
do “combate ao terrorismo”<br />
está apontada contra o<br />
movimento de massas revolucionário<br />
tantas vezes visto<br />
com terror pelo imperialismo.<br />
Não é por acaso que a marinha<br />
norte-americana reativou recentemente<br />
sua IV Frota na<br />
América do Sul como mais<br />
uma tentativa de preparar o<br />
clima para um conflito militar<br />
no sub-continente.<br />
Os aumentos recordes do<br />
petróleo, dos alimentos e da<br />
crise econômica e financeira<br />
mundial se convertem com<br />
cada vez mais frequencia em<br />
repressão contra as massas<br />
das cidades e do campo. A<br />
classe operária mundial está no<br />
centro do alvo do imperialismo<br />
em um período iminente da<br />
luta que se abrirá abertamente<br />
entre a burguesia e o proletariado<br />
mundial.<br />
RETRATO DO FRACASSO BAIXAS MILITARES<br />
Tropas britânicas perdem seu 100º soldado no Afeganistão<br />
Um atentado suicida ocorrido<br />
no domingo, dia 8, no Sul do<br />
Afeganistão matou ao menos<br />
três soldados britânicos, elevando<br />
a cifra de mortos entre as<br />
tropas britânicas para 100 desde<br />
o início da ocupação no país,<br />
em 2001.<br />
O Ministério de Defesa britânico<br />
confirmou a morte de<br />
três pára-quedistas que foram<br />
atacados enquanto realizavam<br />
uma patrulha de rotina a pé,<br />
perto de sua base de operação<br />
no Alto Vale Sangin.<br />
Segundo o chefe do Exército,<br />
Jock Stirrup, “os esforços<br />
internacionais estão começando<br />
a efetuar uma mudança<br />
real”.<br />
“Em algumas partes do Afeganistão,<br />
onde não havia nenhuma<br />
lei, agora existe um governo<br />
e o império da lei” (El País, 8/<br />
6/2008).<br />
As declarações de Stirrup<br />
não conseguem disfarçar o fato<br />
de que a cifra de 100 soldados<br />
britânicos mortos expressa um<br />
dos momentos de maior crise da<br />
ocupação imperialista no Afeganistão,<br />
há tempos fadada ao fracasso.<br />
O Reino Unido mantém atualmente<br />
cerca de sete mil soldados<br />
no Afeganistão, a maioria<br />
concentrada no Sul do País<br />
como parte da ISAF (Assistência<br />
à Segurança no Afeganistão),<br />
uma coalizão internacional<br />
liderada pelos EUA. Desde<br />
que esta coalizão depôs o Talebã<br />
do poder no dia 13 de novembro<br />
de 2001, a ocupação<br />
nunca conseguiu manter o país<br />
minimamente estável, apesar<br />
de todo o dinheiro e arsenal<br />
despejados. Seis anos após a<br />
invasão, o Afeganistão é representado<br />
por um governo títere<br />
do imperialismo e completamente<br />
desmoralizado. O atual<br />
presidente Hamid Karzai é um<br />
dos mais impopulares e seu<br />
governo registra uma série de<br />
denúncias de corrupção, uma<br />
CAMINHONEIROS E FERROVIÁRIOS<br />
Segunda onda de greves contra a alta do petróleo toma a Europa<br />
Na segunda-feira (9) os caminhoneiros<br />
espanhóis iniciaram<br />
uma paralisação por<br />
tempo indeterminado protestando<br />
contra o aumento de<br />
20% dos preços do diesel<br />
apenas neste ano. Os trabalhadores<br />
ferroviários franceses<br />
também estão paralisados.<br />
A paralisação desta semana<br />
se soma à de duas semanas<br />
atrás, de pescadores de toda<br />
a península Ibérica, da França<br />
e da Itália, contra o aumento<br />
dos preços do petróleo e do<br />
diesel, que tem inviabilizado<br />
sua atividade.<br />
Na madrugada desta segunda-feira,<br />
os caminhoneiros<br />
espanhóis bloquearam estradas<br />
e promoveram lentidão<br />
fazendo seus caminhões circularem<br />
em conjunto em baixa<br />
velocidade pelas principais<br />
estradas que ligam a capital<br />
Madri a outras regiões do<br />
país. A “operação tartaruga”<br />
também se estendeu até cidades<br />
no País Basco e em Valência.<br />
A fronteira com a França<br />
também foi bloqueada por<br />
cerca de 200 caminhões, estacionados<br />
próximos ao pedágio<br />
na cidade catalã de La<br />
Jonquera. O piquete foi bemsucedido<br />
e os poucos furagreves<br />
tiveram seus pára-brisas<br />
e lanternas quebrados e<br />
pneus furados.<br />
A maioria dos grevistas é de<br />
caminhoneiros autônomos ou<br />
que trabalham para pequenas<br />
e médias empresas de carga,<br />
segundo informou a agência<br />
EFE. A greve convocada pela<br />
Fenadismer, entidade sindical<br />
composta principalmente por<br />
transportadores autônomos,<br />
obteve apoio também das associações<br />
de transportadores<br />
de Portugal e França.<br />
O secretário de Organização<br />
do Partido Socialista Operário<br />
Espanhol (PSOE), José<br />
Blanco, apelou, em uma declaração<br />
feita pela televisão,<br />
para que os grevistas suspendam<br />
a paralisação e afirmou<br />
que “o governo está estudando<br />
medidas, não só no âmbito<br />
nacional, como na União Européia,<br />
para fazer frente a esta<br />
situação e tratar, dentro das<br />
suas possibilidades, de procurar<br />
respostas positivas”. O<br />
secretário acrescentou ainda:<br />
“É verdade que o governo não<br />
tem capacidade de baixar o<br />
preço do petróleo, mas tem<br />
capacidade de estabelecer<br />
medidas que ajudem o setor.<br />
Chamo os grevistas a conduzir<br />
suas reivindicações pela via<br />
do diálogo, pela via do entendimento”.<br />
A greve dos pescadores,<br />
iniciada semanas atrás, ganhou<br />
novo impulso com a paralisação<br />
dos transportes rodoviários.<br />
Os barcos de pesca<br />
que haviam retornado a<br />
trabalhar na última semana,<br />
após a primeira onda de greves<br />
de pescadores, voltaram<br />
a atracar nos principais portos<br />
ao longo da costa espanhola.<br />
A ameaça de desabastecimento<br />
é o pior pesadelo para<br />
os governantes europeus, que<br />
se apressaram em afirmar que<br />
não faltará eletricidade ou<br />
combustível em função da alta<br />
do petróleo, mas que a greve<br />
dos caminhoneiros deve ser<br />
suspensa por colocar em risco<br />
a distribuição de alimentos.<br />
Na realidade, 15% dos<br />
postos da região de Madrid e<br />
cerca de outros 40% da Catalunha<br />
já estão sem combustível.<br />
“Somos nós que transportamos<br />
as mercadorias que este<br />
país precisa para se manter<br />
em funcionamento”, afirmou<br />
o presidente da federação de<br />
associações de transportistas<br />
espanhóis, Fenadismer, Julio<br />
Villacusa. E acrescentou: “se<br />
nós pararmos porque não temos<br />
dinheiro para comprar<br />
combustível, então o país vai<br />
parar” (El País, 9/6/2008).<br />
Os trabalhadores franceses,<br />
por sua vez, pretendem<br />
paralisar o transporte dos<br />
trens intermunicipais e que ligam<br />
a capital aos subúrbios,<br />
bem como os TGV (trens de<br />
alta velocidade) que ligam<br />
Paris a outras regiões do<br />
país.<br />
O movimento grevista iniciado<br />
pelos pescadores portugueses,<br />
espanhóis e franceses<br />
vem se expandindo e<br />
tem como uma de suas principais<br />
reivindicações a de que<br />
a União Européia permita aos<br />
governos dos países subsidiar<br />
os preços do diesel para<br />
tornar possível sua atividade.<br />
A União Européia, por sua<br />
vez, permanece firme na posição<br />
de que os subsídios,<br />
além de serem ilegais diante<br />
da lei européia, são insustentáveis<br />
a longo prazo.<br />
As crescentes contradições<br />
do regime capitalista e a<br />
evolução da crise imperialista,<br />
onde a alta dos preços dos<br />
combustíveis devido à nova<br />
onda de crise do petróleo, a<br />
recessão norte-americana e a<br />
crise dos mercados financeiros<br />
internacionais se combinam<br />
com o crescente estrangulamento<br />
econômico, sentido<br />
em um primeiro momento<br />
pelos pequenos proprietários<br />
e autônomos que trabalham<br />
com seus próprios barcos e<br />
caminhões e os ataques aos<br />
direitos conquistados pela<br />
classe operária européia,<br />
como jornadas de trabalho<br />
menores, salários maiores e<br />
benefícios como aposentadorias<br />
especiais e estabilidade no<br />
emprego.<br />
PLANO MILITAR<br />
Revelado plano secreto para manter o Iraque sob ocupação perpétua<br />
Os EUA desejam transformar<br />
o Iraque numa colônia.<br />
Segundo a denúncia publicada<br />
pelo jornal britânico The Independent<br />
em sua edição eletrônica<br />
do dia 5 de junho, o governo<br />
George W. Bush tem um plano<br />
secreto militar para manter o<br />
Iraque ocupado por tempo indeterminado.<br />
“Um acordo secreto que está<br />
sendo negociado em Bagdá perpetuaria<br />
a ocupação militar norte-americana<br />
no Iraque indefinidamente,<br />
independente do resultado<br />
da eleição presidencial<br />
dos EUA em novembro” (The<br />
Independent, 5/6/2008).<br />
Após cinco anos de ocupação,<br />
a única saída encontrada<br />
pelo governo não seria a retirada<br />
das tropas e o reconhecimento<br />
do fracasso da ocupação<br />
e da tentativa do imperialismo<br />
em não ter conseguido conquistar<br />
os poços de petróleo do Iraque,<br />
mas perpetuar a ocupação.<br />
Chamado de “Aliança Estratégica”,<br />
o plano consiste em<br />
aprovar o acordo até o final do<br />
mês para Bush declarar uma<br />
vitória militar antes de deixar o<br />
poder e impedir uma eventual<br />
retirada das tropas pelo próximo<br />
governo, não se importando<br />
com os efeitos devastadores que<br />
este acordo pode provocar dentro<br />
dos EUA.<br />
A realização de um tal plano<br />
poderia absolver os democratas<br />
da necessidade de romper suas<br />
promessas de retiradas, escondendo-se<br />
atrás do fato consumado.<br />
Não é por acaso que o candidato<br />
republicano, John McCain,<br />
afirmou recentemente em sua<br />
campanha que os EUA estão a<br />
ponto de obter uma vitória no<br />
Iraque. O acordo prevê ainda o<br />
fortalecimento de sua campanha<br />
eleitoral.<br />
Estão instalados atualmente<br />
no Iraque cerca de 151 mil efetivos<br />
que em julho passarão a<br />
somar 142 mil, quando 10 mil<br />
soldados serão retirados. Segundo<br />
os termos do novo acordo,<br />
os EUA poderão usar a longo<br />
prazo mais de 50 bases militares,<br />
dar carta branca aos<br />
soldados norte-americanos e<br />
terceirizados (Black Water),<br />
permitir a efetuação de prisões<br />
de iraquianos sem qualquer restrição<br />
e realizar com total liberdade<br />
operações militares sem<br />
consultar o governo de Bagdá.<br />
Além disso, Washington pretende<br />
controlar também o espaço<br />
aéreo iraquiano até 29 mil pés<br />
(8,8 quilômetros) para garantir<br />
sua permanente “guerra contra<br />
o terrorismo” no Iraque.<br />
O jornal britânico não diz<br />
como teve acesso às informações,<br />
no entanto é provável que<br />
o acordo secreto tenha vazado<br />
por causa do efeito extremamente<br />
negativo causado em<br />
uma ala do governo iraquiano.<br />
delas - e a mais escandalosa -<br />
é o tráfico de ópio, responsável<br />
por nada menos que 93% da<br />
produção mundial da droga, segundo<br />
dados da Organização<br />
das Nações Unidas (ONU). O<br />
negócio chega a movimentar<br />
por ano US$ 2,6 bilhões (52%<br />
do PIB afegão).<br />
Some isso à rotina de repressão<br />
por parte das tropas nacionais<br />
e estrangeiras e não será<br />
difícil de perceber por que o<br />
Talebã conseguiu reconquistar<br />
“É uma terrível violação da<br />
nossa soberania. Este acordo de<br />
segurança deslegitimará o governo<br />
de Bagdá, que será considerado<br />
um peão dos EUA”<br />
(Idem).<br />
Alguns representantes árabes<br />
já deram declarações sobre o<br />
que acham do plano. Ali Akbar<br />
Hashemi Rafsanjani, um dos<br />
políticos burgueses mais influentes<br />
do Irã, disse que “um<br />
acordo dessa natureza constituirá<br />
numa ocupação permanente.<br />
O que este acordo busca no<br />
fundo é converter os iraquianos<br />
em escravos dos norte-americanos”.<br />
Já o primeiro-ministro iraquiano,<br />
Nouri al-Maliki, se opõe aos<br />
termos do novo acordo, mas<br />
disse que seu governo de coalizão<br />
cairá do poder se não tiver<br />
o apoio dos EUA. De maneira<br />
geral, todos os parlamentares<br />
iraquianos se opõem ao acordo,<br />
mas o repúdio está sendo explorado<br />
mais como uma forma de<br />
obterem maior popularidade<br />
como pseudodefensores da independência<br />
do Iraque. Mas há<br />
outros políticos que são vistos<br />
como verdadeiros opositores ao<br />
plano, como o “líder espiritual”<br />
xiita, o aiatolá Ali al-Sistani, uma<br />
das pessoas que defenderam o<br />
referendo sobre a nova Constituição<br />
iraquiana e a eleição do<br />
Parlamento em 2003.<br />
O acordo militar, desta vez,<br />
não será submetido a nenhum<br />
referendo. Obviamente ele não<br />
seria aprovado por nenhum iraquiano,<br />
exceto os capachos que<br />
estão no governo e as milícias<br />
sustentadas pelo imperialismo<br />
para combater os grupos insurgentes<br />
de oposição.<br />
O clérigo xiita Moqtada al-<br />
Sadr também pediu aos seus<br />
seguidores que não aceitem<br />
nenhum plano contra a independência<br />
do Iraque.<br />
Hoje, mais do que nunca os<br />
cerca de 54% do território nos<br />
últimos anos.<br />
O fracasso das tropas britânicas<br />
e norte-americanas -<br />
esta já perdeu mais de quatro<br />
mil soldados em cinco anos de<br />
ocupação no Iraque - reflete a<br />
crise de conjunto da dominação<br />
do imperialismo mundial,<br />
uma vez que o regime capitalista<br />
não tem mais condições de<br />
se sustentar por meio do seu<br />
domínio militar, nem político<br />
e nem econômico.<br />
GREVES NA EUROPA<br />
Veja aqui as principais<br />
manifestações recentes<br />
Bélgica: Pescadores entraram em conflito com a política em um<br />
protesto próximo à sede da União Européia em 4 de junho<br />
Bulgária: 150 caminhoneiros formaram um comboio próximo a<br />
Sofia em 28 de maio<br />
França: caminhoneiros e taxistas bloquearam avenidas em Paris<br />
no dia 3 de maio e apoio à greve dos pescadores<br />
Itália: Pescadores das duas costas do país iniciaram greve no dia<br />
30 de maio<br />
Portugal: Pescadores permaneceram nos portos no dia 30 de maio<br />
Espanha: frota naval espanhola iniciou greve no dia 30 de maio.<br />
Pescadores de Madri distribuíram 20 toneladas de peixe gratuitamente<br />
à população<br />
Reino Unido: caminhoneiros bloquearam as avenidas de Londres<br />
no dia 28 de maio. Pescadores realizaram grandes protestos na capital<br />
no dia 3 de junho<br />
Fonte: BBC<br />
EUA querem se apoderar do<br />
petróleo iraquiano. Esta é uma<br />
política de tudo ou nada para os<br />
EUA, pois pode desencadear<br />
uma revolta de massas contra a<br />
ocupação e coloca em cheque<br />
até mesmo o próprio regime<br />
norte-americano, uma vez a<br />
burguesia está cada vez mais<br />
dividida.<br />
Esta se cumprindo o mesmo<br />
roteiro levado adiante pela direita<br />
norte-americana que usou<br />
todos os recursos no Vietnã até<br />
que a mobilização nos próprios<br />
EUA os obrigaram a sair depois<br />
de um verdadeiro genocídio<br />
contra a população civil e da perda<br />
de dezenas de milhares de vidas<br />
da população trabalhadora e da<br />
juventude norte-americana. A<br />
necessidade dos monopólios e do<br />
imperialismo de permanecer no<br />
Iraque, uma necessidade desesperada,<br />
empurra o país mais<br />
poderoso do mundo para uma<br />
enorme crise política interna.
15 DE JUNHO DE 2008<br />
CAUSA OPERÁRIA<br />
CULTURA 20<br />
Uma revolução artística em 1917 - parte IV<br />
Revolução Russa vista através<br />
das lentes do cinema soviético<br />
Dentre todas as formas artísticas, o cinema surgido na revolução foi aclamado como a expressão típica da Revolução<br />
Russa. Uma arte de grande alcance, verdadeiramente coletiva, internacionalista e revolucionária. Através de seus<br />
geniais diretores, o cinema soviético constituiu um dos mais envolventes relatos da revolução social que modificou<br />
para sempre a sociedade russa<br />
A ofensiva da contrarevolução<br />
A década de 1930 marca o<br />
início de uma nova etapa do cinema<br />
soviético, caracterizada<br />
pela realização de épicos grandiosos<br />
que marcaram época, repletos<br />
de feitos nobres e heróis<br />
idealizados, além do início ao<br />
“culto à personalidade” dos grandes<br />
líderes históricos, da Rússia<br />
czarista ao Estado soviético.<br />
Eram os primeiros anos do realismo<br />
socialista, expressão que<br />
gradualmente foi tomando conta<br />
de todas as artes dentro do<br />
País, até a consolidação definitiva<br />
do estilo, quando oficializado<br />
pela direção burocrática stalinista<br />
em 1932, segundo o decreto<br />
sobre a reestruturação das organizações<br />
artísticas. Esse decreto<br />
transformou o realismo socialista<br />
em uma política de Estado<br />
para as artes, uma tentativa de<br />
condução da criação artística no<br />
País. Na realidade, uma das maiores<br />
camisas de força, ao menos<br />
no plano estatal, que uma<br />
cultura já sofreu, porque não há<br />
e nem nunca houve nada mais<br />
tirânico que o capitalismo sobre<br />
as artes.<br />
Politicamente, o período correspondia<br />
à consolidação do grupo<br />
stalinista dentro do Estado<br />
operário. A crise da burocracia<br />
desembocaria no governo bonapartista<br />
de Stálin. Desde a morte<br />
de Lênin, em 1924, havia se<br />
iniciado no interior do partido<br />
uma luta ferrenha pelo poder.<br />
Seus diversos setores, ao final<br />
se dividiram em dois grandes blocos,<br />
o de Trótski por um lado,<br />
defendendo a continuidade da revolução,<br />
e o de Stálin, que impulsionaria<br />
uma série de derrotas<br />
desastrosas e acabaria por se<br />
tornar a expressão mais acabada<br />
da contra-revolução que havia<br />
se infiltrado no interior do<br />
aparelho do Estado. O Processo<br />
alcançou um de seus pontos altos<br />
em 1927, quando os stalinistas<br />
referendaram no Congresso<br />
do partido, uma sanção contra a<br />
oposição liderada por Leon<br />
Trótski, o líder do Exército Vermelho.<br />
Acusando-a de ser um<br />
“desvio pequeno burguês”, o<br />
grupo foi dissolvido e seu líder<br />
deportado. Após a derrota da<br />
oposição de esquerda, ala proletária<br />
e revolucionária do partido,<br />
foi a vez da ala direita e, finalmente,<br />
da própria facção stalinista<br />
em uma perseguição política<br />
que parecia não ter fim. Desta<br />
situação extremamente crítica<br />
surge não apenas o impropriamente<br />
denominado ‘culto da<br />
personalidade’ de Stálin como a<br />
necessidade da burocracia de<br />
controlar todas as manifestações<br />
de atividade intelectual de maneira<br />
férrea, da política à música.<br />
A política degenerada dos stalinistas,<br />
gradualmente foi se alastrando<br />
como um vírus pelo interior<br />
do país, e seus efeitos caíram,<br />
como não poderia ser diferente,<br />
implacavelmente também<br />
sobre todas as artes, mudando<br />
de maneira definitiva sua direção<br />
a partir dali.<br />
Pelo fato de ser a expressão<br />
artística mais completamente dependente<br />
de um grande financiamento,<br />
e por conseqüência, do<br />
Estado Soviético, devido às suas<br />
características técnicas de indústria<br />
e não de artesanato individual,<br />
o cinema sentiu de maneira<br />
imediata os efeitos dessa<br />
brutal transformação.<br />
O estabelecimento do<br />
pesadelo chamado<br />
realismo socialista<br />
Uma outra faceta da mediocridade<br />
política desses novos líderes<br />
stalinistas, era a sua completa<br />
ignorância também em relação<br />
às artes. Daí sua tentativa<br />
de conduzir seu desenvolvimento<br />
e suas expressões. O processo<br />
acarretou no surgimento de<br />
uma arte oficialista, artificial, que<br />
pregava um otimismo sem limites,<br />
falso e acrítico, além idolatria<br />
da imagem dos líderes políticos,<br />
e particularmente de Stalin.<br />
Essa idolatria não seguia nenhum<br />
critério além o de “garantir<br />
a unidade da nação”. Os ideólogos<br />
do realismo socialista pregavam<br />
também uma única forma<br />
expressiva aceitável: o realismo,<br />
uma caricatura dos gigantescos<br />
pintores e escritores<br />
do século XIX, ignorando completamente<br />
a irreversível evolução<br />
das artes para o modernismo<br />
e não conseguindo chegar<br />
nem mesmo perto da antiga tradição<br />
da cultura russa, da qual<br />
fizeram um pastiche de péssimo<br />
gosto, com as devidas exceções.<br />
Desta feita, todos os experimentalismos<br />
e buscas por novas<br />
formas que dominou o cinema<br />
durante toda a década de 1920,<br />
foram tachados, de uma hora<br />
para outra, de “decadentes”,<br />
“burguêses” e “formalistas”.<br />
Karl Radek, ex-membro da oposição<br />
de esquerda, renegado e<br />
transformado em serviçal do stalinismo,<br />
declarava James Joyce<br />
como manifestação da decadência<br />
capitalista e o mesmo fazia o<br />
abominável Georg Lukacs com<br />
o extraordinário Franz Kafka,<br />
uma dos maiores e mais influentes<br />
escritores da modernidade.<br />
Ao contrário do que muitos<br />
teóricos pretendem mostrar, o<br />
problema do realismo socialista<br />
era o fato de ser uma tentativa<br />
do Estado de limitar e conduzir<br />
o processo de criação artística<br />
de todo um país, sob uma fórmula<br />
já previamente estabelecida,<br />
e não o mero fato de ser “realista”.<br />
A fórmula do realismo,<br />
perfeitamente aceitável em si<br />
mesma, desde que produto de<br />
uma verdadeira sensibilidade artística<br />
e honestidade intelectual<br />
serviu para encobrir a proibição<br />
de qualquer verdadeira criação<br />
através da imposição de um<br />
modelo pret-a-porter para todos<br />
os artistitas. O realismo foi o<br />
ápice da cultura burguesa e produziu<br />
o mais extraordinário período<br />
de criação cultural da história<br />
humana, em particular na<br />
literatura. O “realismo socialista”<br />
jamais poderia ser considerado<br />
realista neste sentido, mas<br />
uma caricatura de realismo. O<br />
realismo foi a manifestação da<br />
maturidade e da autoconfiança<br />
do artista burguês em sua capacidade<br />
de dominar e expressar o<br />
mundo à sua volta, o “realismo<br />
socialista” foi uma idealização das<br />
idéias preconcebidas dos mestres<br />
do regime burocrático que<br />
de socialista nada tinha.<br />
No final das contas, o realismo<br />
socialista era a realização do<br />
sonho de qualquer governante.<br />
A glorificação e a defesa de seu<br />
próprio regime a um extremo<br />
que nem Luís XIV havia chegado.<br />
Segundo a aguda observação<br />
de Trótski, a arte cortesã do<br />
Rei Sol era apenas uma idealização<br />
da monarquia, onde o artista<br />
no entanto acreditava no que estava<br />
fazendo. O realismo socialista<br />
era a transfiguração de um<br />
regime apodrecido feita sob o<br />
cano de uma pistola e, portanto,<br />
totalmente falsa. Desta maneira,<br />
este pseudo realismo surgia<br />
apenas como a forma mais adequada<br />
para esse processo de aulicismo<br />
policial sem precedentes<br />
almejado por Stálin.<br />
O fim dos<br />
vanguardismos<br />
Esta ‘fórmula’ estética elaborada<br />
pelos teóricos stalinistas<br />
adaptou-se de maneira diversa<br />
para cada uma das manifestações<br />
artísticas, desde a literatura até<br />
o design de produtos. Ele definia,<br />
em linhas gerais, os preceitos<br />
que deveriam ser seguidos<br />
pelos artistas. ‘Realista’ na forma<br />
e ‘socialista’ no conteúdo, ou<br />
seja, descrever sobre a realidade<br />
da classe trabalhadora no país<br />
sempre de maneira naturalista, linear,<br />
didática e descritiva. Tal era<br />
a teoria. Na realidade, as obras<br />
do realismo socialista são toscas<br />
idealizações que retratam uma<br />
imagem, um preconceito que a<br />
burocracia governante queria<br />
apresentar de uma classe operária<br />
inexistente. Não eram pessoas<br />
reais, com contradições reais,<br />
mas ídolos e modelos artificiais<br />
que o regime burocrático<br />
pretendia impingir às massas para<br />
ocultar a gigantesca luta que a<br />
classe operária russa travava<br />
contra o atraso econômico, contra<br />
o cerco do imperialismo e<br />
contra a pressão da própria burocracia<br />
detrás de uma fachada<br />
otimista. Os criadores da grande<br />
época do realismo russo de<br />
Turgeniev a Tólsoi passando por<br />
toda a literatura populista e marxista<br />
morreriam de vergonha diante<br />
desse gênero de “realismo”.<br />
Todas as obras que tivessem um<br />
conteúdo crítico - característica<br />
indissociável das verdadeiras<br />
obras do realismo-naturalismo -<br />
que os stalinistas considerassem<br />
nocivo à perpetuação de sua dominação<br />
no aparelho do Estado,<br />
ou que mostrasse uma realidade<br />
que não fosse aquela visão fantasiosa<br />
de fartura e bonança por<br />
eles pretendida eram imediatamente<br />
censuradas e seus realizadores<br />
perseguidos, em uma<br />
gigantesca e espantosa caça às<br />
bruxas.<br />
Os artistas que se recusaram<br />
a modificar suas linhas criativas<br />
foram “afastados”, e muitos deles<br />
perseguidos. Foram caçados<br />
milhares e dezenas de milhares<br />
dos melhores cérebros da pátria<br />
da Revolução de Outubro. Esse<br />
foi o destino de alguns dos principais<br />
criadores do “cinema de<br />
ouro” dos anos 20.<br />
Uma multidão de plumítivos<br />
de aluguel disfarçados de teóricos<br />
da literatura como Georg<br />
Lukacs despejavam veneno contra<br />
os “traidores do socialismo”.<br />
Lev Kuleshov, por exemplo,<br />
o pioneiro das montagens, professor<br />
de Pudovkin e Eisenstein,<br />
perdeu todo o financiamento<br />
para seus filmes, abandonou o<br />
cinema e caiu no mais completo<br />
esquecimento, a ponto de a maioria<br />
de sua obra nunca mais ter<br />
sido encontrada. Até o final de<br />
sua vida ele restringiu suas atividades<br />
a dar aulas no instituto de<br />
cinema em que trabalhava. Dziga<br />
Vertov, o favorito de Lênin,<br />
com seus filmes sem roteiros,<br />
desafiava o pseudo didatismo do<br />
“realismo” stalinista, e acabou<br />
sendo também afastado nos<br />
anos 30 para funções secundárias<br />
em filmes de propaganda de<br />
produtos. O mesmo ocorreu a<br />
outros diretores da linha de frente<br />
do cinema soviético, como Pudovkin,<br />
Kozintsev e Trauberg.<br />
Mesmo Dovzhenko, que apesar<br />
de seguir uma linha expressiva<br />
já vinculada com a tradição<br />
realista, tendo chegado inclusive<br />
a atacar o vanguardismo de<br />
Eisenstein como “excessivamente<br />
intelectual”, acabou acusado<br />
pelo próprio Stalin de “nacionalismo”<br />
ucraniano, e proibido de<br />
trabalhar em seus próprios estúdios<br />
na Ucrânia. O que mostra<br />
que a estética do “realismo” stalinismo<br />
era a menor das preocupação<br />
do “pai dos povos” como<br />
Stálin era chamado pelos seus<br />
áulicos e plumitivos em todas as<br />
áreas da cultura.<br />
A maioria destes diretores teve<br />
suas carreiras praticamente encerradas<br />
devido ao censor ideológico<br />
stalinista, não conseguindo<br />
mais realizar nenhuma obra<br />
relevante, com exceção de Eisenstein.<br />
Mesmo ele chegou a<br />
tentar, como último recurso, trabalhar<br />
em Hollywood, mas constatou<br />
logo a seguir o despreparo<br />
da indústria imperialista em digerir<br />
sua obra. Preferiu, por fim,<br />
ficar em seu País e enfrentar a<br />
burocracia stalinista. Após intensos<br />
conflitos e discussões, acabou<br />
tendo que se adaptar à nova<br />
estética para continuar na ativa.<br />
Acompanhando sua carreira,<br />
pode-se testemunhar suas sucessivas<br />
tentativas de denunciar<br />
o governo contra-revolucionário<br />
de Stálin.<br />
O realismo socialista e<br />
o cinema sonoro<br />
Apesar do estrito campo de<br />
atuação em que os diretores tiveram<br />
de trabalhar, ainda assim<br />
grandes obras puderam ser realizadas.<br />
Ao mesmo tempo em que<br />
pareciam os primeiros filmes<br />
sonorizados, uma grande onda<br />
de produções procurou adaptarse<br />
a esse novo e revolucionário<br />
recurso de comunicação. Em um<br />
país onde quase 90% da população<br />
era analfabeta, o advento<br />
do cinema falado foi recebido<br />
como o verdadeiro e monumental<br />
progresso que realmente é, e<br />
imediatamente estimulado por<br />
toda a indústria. Sempre vanguardistas,<br />
sempre pioneiros Eisenstein,<br />
Pudovkin e Dovzhenko,<br />
entusiasmados, uniram-se em<br />
1928 e redigiram o famoso “Manifesto<br />
do Som” que teve repercussão<br />
internacional em sua época.<br />
Apenas no final de 1927, a<br />
Warner Brothers lançava o primeiro<br />
filme falado, O cantor de<br />
jazz, com Al Jolson no papel principal.<br />
A primeira obra relevante do<br />
cinema falado surgiu, porém,<br />
apenas em 1931. Era “O Caminho<br />
da Vida”, de Nicolai Ekk. O<br />
jovem diretor seguia já naturalmente<br />
os preceitos realistas nos<br />
novos tempos, de maneira que<br />
realizou esse filme sem dificuldades,<br />
com intenções sociais e<br />
didáticas extremamente leves e<br />
vivazes. O filme conta a história<br />
de alguns jovens delinqüentes<br />
que são recolhidos pela Comissão<br />
para a Infância do Comitê<br />
Central Executivo, que começa<br />
a se mobilizar para acabar com<br />
o problema dos jovens abandonados<br />
no País. Os garotos são<br />
inseridos dentro de uma comuna<br />
operária onde exercem trabalhos<br />
e procuram começar uma<br />
vida nova fora da criminalidade.<br />
As vezes, porém o passado ressurge,<br />
com um dos marginais<br />
que procura recuperar a influência<br />
sobre os garotos. O filme<br />
é um retrato da eficiência das<br />
novas políticas públicas colocadas<br />
nas mãos da população e<br />
como ela conseguia resolver de<br />
maneira efetiva seus problemas<br />
sociais. Usando o ‘realismo’<br />
como recurso, Ekk conseguiu<br />
explorá-lo no ele tinha de mais<br />
vigoroso e exuberante.<br />
A retomada do herói<br />
individual<br />
Durante todo o período do<br />
cinema mudo nos anos 20, a<br />
evocação dos momentos históricos<br />
recentes, como a Primeira<br />
Guerra e as revoluções, de 1905<br />
e 1917, eram realizados num<br />
espírito de síntese, com audaciosos<br />
experimentos formais. Na<br />
etapa realista dos anos 30 a coisa<br />
acontecia de maneira diversa.<br />
Em “Okraina”, de 1933, apesar<br />
da existência do personagem<br />
coletivo e do internacionalismo<br />
revolucionário, o diretor Boris<br />
Barnet, consegue dar um tratamento<br />
íntimo e repleto de anotações<br />
psicológicas para seu filme,<br />
que descreve o reflexo dos grandes<br />
acontecimentos da história<br />
russa em um afastado vilarejo<br />
nos confins do País.<br />
Um tratamento similar ocorre<br />
em diversos filmes históricos<br />
do período. Muitos deles conseguem<br />
fazer uma síntese eficiente<br />
entre o personagem coletivo<br />
e a utilização de um herói<br />
central, que seria o foco da expressividade<br />
do realismo socialista<br />
dos anos posteriores. As<br />
principais realizações dessa<br />
transição são filmes como<br />
“Tchapaiev”, de 1934, dos irmãos<br />
Vassiliev; “Os Marinheiros<br />
de Kronstadt”, de 1936, de<br />
E. Dzigan; e “Homem com o<br />
Fuzil”, de 1938, de S. Yutkevitch.<br />
Em todos esses filmes,<br />
chama a atenção o herói bolchevique<br />
que trabalha em conjunto<br />
com outros heróis ‘independentes’,<br />
geralmente operários, camponeses<br />
ou soldados comuns,<br />
que se unem em torno da luta<br />
por seus direitos políticos e acabam<br />
por descobrir a necessidade<br />
de uma rígida disciplina revolucionária.<br />
Este recurso, os filmes realistas<br />
utilizariam até a exaustão,<br />
terminando por substituir completamente<br />
a multidão revolucionária<br />
pelo personagem individualizado<br />
que encarnava não só<br />
o partido bolchevique como<br />
também a própria revolução.<br />
Entre os diversos filmes a utilizarem<br />
esse recurso dramático,<br />
a “Trilogia de Máximo”, dirigido<br />
em parceria por Grigori Kozintsev<br />
e Leonid Trauberg, é um<br />
dos mais bem sucedidos.<br />
Realizada entre 1935 e 1937<br />
a trilogia é composta pelos filmes<br />
“A Juventude de Máximo”,<br />
“A Volta de Máximo” e “O Bairro<br />
de Vyborg”, que narram o<br />
processo de tomada de uma<br />
consciência revolucionária por<br />
Máximo, um jovem de um longínquo<br />
vilarejo russo.<br />
Esta guinada do herói coletivo<br />
para o herói individual expressa<br />
o registro na consciência<br />
dos artistas do refluxo da<br />
classe operária, única verdadeira<br />
força revolucionária, substituída<br />
pela miragem e pela ilusão<br />
do papel dos grandes homens e<br />
grandes líderes.<br />
A era do “culto à<br />
personalidade”<br />
Um traço característico da<br />
era stalinista era o uso indiscriminado<br />
de imagens das lideranças<br />
da burocracia. Juntamente<br />
com isso, uma vez que todo clero<br />
necessita de um santo, vinha<br />
a canonização do grande Lênin,<br />
por sua autoridade incontestável<br />
como líder da revolução,<br />
como ponto culminante da cultura<br />
política e intelectual russa,<br />
figura incomoda da qual o stalinismo<br />
não conseguia se desfazer.<br />
Sua imagem foi incansavelmente<br />
explorada e associada à<br />
imagem de Stálin na tentativa do<br />
infame pigmeu de mostrar-se<br />
como legítimo sucessor do antigo<br />
líder bolchevique no poder.<br />
Essa operação foi acompanhada<br />
também por outra transformação<br />
no formato dos filmes.<br />
Os heróis, que antes eram encarnados<br />
por militantes do partido<br />
que se confundiam com<br />
operários comuns, nesta segunda<br />
etapa passam a ser representados<br />
pelas próprias lideranças<br />
bolcheviques, sobretudo Lênin<br />
e Stalin. Um número impressionante<br />
de filmes nesses moldes<br />
foram realizados em finais dos<br />
anos 30. Uma peculiaridade desses<br />
filmes era o fato de serem<br />
produzidos sempre segundo a<br />
historiografia oficial do momento,<br />
sendo modificados ao longo<br />
dos anos conforme a conveniência<br />
da burocracia. Desta maneira,<br />
foi completamente suprimida<br />
a participação de Trótski,<br />
figura de proa da revolução, sua<br />
imagem sendo substituída, freqüentemente,<br />
pela do próprio<br />
Stálin, de escasso protaganismo.<br />
Nesses moldes é relevante<br />
citar os filmes de M. Romm, o<br />
grande sucesso “Lênin em Outubro”,<br />
e o posterior “Lênin em<br />
1918”.<br />
Esta nova concepção dos heróis<br />
soviéticos teve sua expressão<br />
derradeira nas obras monumentais<br />
de Mark Donskoy e de<br />
Serguei Eisenstein.<br />
Donskoy é hoje lembrado<br />
principalmente pela realização de<br />
sua trilogia épica sobre a vida<br />
de um dos mais populares escritores<br />
da União Soviética:<br />
Máximo Gorki. Sua série de três<br />
filmes sobre a vida do escritor<br />
recebeu o título de “Trilogia de<br />
Gorki”, e foi concebida em apenas<br />
dois anos, entre 1937 e<br />
1938. A descrição da brutal e<br />
comovente vida do escritor foi<br />
dividida entre os filmes “A Infância<br />
de Gorki”, “Ganhando o<br />
meu Pão” e “Minhas Universidades”,<br />
todos baseados nos escritos<br />
auto-biográficos desse<br />
que foi o principal expoente da<br />
transição do realismo literário<br />
para a literatura do século XX<br />
na Rússia.<br />
A contra-revolução nas<br />
telas<br />
Com “Alexandre Nevsky”,<br />
Eisenstein iniciou-se também<br />
neste terreno particularmente<br />
novo para ele. Até então, o autor<br />
de “Outubro” só havia realizado<br />
filmes com personagens<br />
coletivos, propagandistas da revolução<br />
mundial. Fazia já quase<br />
uma década que o cineasta não<br />
conseguia concluir nenhum filme.<br />
Todos eles interditados por<br />
ordens expressas de Stálin, incluindo<br />
seu “Prado de Bejin”,<br />
sob alegação que este não se enquadrava<br />
nos preceitos do realismo<br />
socialista.<br />
Já “Alexandre Nevski”, encomendado<br />
por Stálin em pessoa,<br />
foi acompanhado de perto<br />
por agentes policiais stalinistas,<br />
destacados especialmente para<br />
supervisionar a produção do filme<br />
e evitar “deslizes desnecessários”.<br />
O filme seria utilizado como<br />
uma peça de propaganda antinazista,<br />
visando preparar os ânimos<br />
da população para a guerra<br />
que se armava sob a ameaça<br />
de Hitler.<br />
O filme foi concluído em<br />
1938. O lançamento, entretanto,<br />
demorou ainda cerca de três<br />
anos para acontecer. O motivo<br />
era a política de ziguezague da<br />
burocracia, que suspendeu seu<br />
lançamento ao ser firmado o<br />
pacto Hitler-Stalin que entregava<br />
a Polônia ao monstro nazista.<br />
Mudanças substanciais apareciam<br />
nessa película e correspondiam<br />
às radicais transformações<br />
ocorridas nos rumos da revolução<br />
e o correspondente<br />
amadurecimento da burocracia<br />
soviética.<br />
O filme é de uma impressionante<br />
beleza plástica, e teve a<br />
trilha sonora composta pelo<br />
grande compositor Serguei<br />
Prokofiev. Mas ao contrário do<br />
que se esperaria de um filme do<br />
realismo “proletário” e “socialista”,<br />
ao invés de terem idealizado<br />
uma película antinazista e<br />
proletária, os brilhantes consultores<br />
políticos de Stalin acabaram<br />
por realizar uma peça antialemã<br />
e rasteiramente nacionalista,<br />
de exaltação à Grande<br />
“Mãe” Rússia, ao pior estilo<br />
burguês-feudal. Além destes<br />
componentes, todo o filme é<br />
centrado na figura do “glorioso<br />
capitão” Alexandre Nevsky, herói<br />
nacional das Orígens do estado<br />
autocrático russo. Haveria<br />
personagens melhores a escolher...<br />
Por outro lado, a parte que<br />
dependeu do brilhantismo de Eisenstein<br />
não decepciona de maneira<br />
alguma, já que o diretor<br />
colocou em prática, com grande<br />
êxito, todas suas teorias sobre<br />
a articulação do som no cinema,<br />
em contraponto com a<br />
imagem.<br />
Seu último filme, encomendado<br />
pelo “camarada timoneiro”<br />
é também um brado de revolta.<br />
O grandioso épico “Ivan,<br />
O Terrível”, concebido para ter<br />
três partes.<br />
Após ser ovacionado com o<br />
lançamento da parte um do filme,<br />
o segundo acabou sendo<br />
retido pelos sensores stalinistas,<br />
que obrigaram o diretor a se retratar<br />
pessoalmente perante o<br />
partido. Nessa segunda parte de<br />
seu longa, Eisenstein pintava<br />
Ivan como um facínora, obcecado<br />
pelo poder, megalômano<br />
e paranóico, num paralelo óbvio<br />
com o líder soviético. Até<br />
certo ponto, uma injustiça com<br />
o obcecado Ivan.<br />
Mas a verdadeira cartada final<br />
da megalomania de Stalin ainda<br />
estava por se revelar. Antes<br />
do início da refilmagem da segunda<br />
parte de Ivan, Stalin comunicou<br />
a Eisenstein sua próxima<br />
encomenda oficial. A realização<br />
da epopéia definitiva,<br />
intitulada “Cáucaso, Moscou,<br />
Vitória”, que contaria os miraculosos<br />
feitos políticos do<br />
“grande pai” do povo russo, o<br />
próprio Joseph Stálin.<br />
Pouco tempo depois, antes<br />
de mesmo de retornar ao trabalho,<br />
Eisenstein teve um enfarte<br />
fulminante e morreu.<br />
Era já 1948, um dos períodos<br />
mais penosos de toda a existência<br />
do cinema soviético. Havia<br />
uma luta intensa contra o<br />
chamado “cosmopolitismo”.<br />
Um termo incerto que podia<br />
adquirir diferentes significados,<br />
mas que se referia a tudo o que<br />
a burocracia estatal pudesse<br />
definir como novas diretrizes<br />
para o cinema. Esses enfrentamentos<br />
criaram um clima de<br />
temor e perseguição que desorganizou<br />
por algum tempo toda<br />
a indústria, e só pode se restabelecer<br />
de fato, após a morte<br />
de Stalin, em 1953.