12.03.2015 Views

JCO 486.pmd - PCO

JCO 486.pmd - PCO

JCO 486.pmd - PCO

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA POLÍTICA 4<br />

ANÁLISE POLÍTICA SEMANAL<br />

“O problema é a inflação”<br />

A alta do petróleo e dos preços dos alimentos<br />

preocupa os especuladores das bolsas e coloca a<br />

burguesia mundial em estado de alerta: os anos de<br />

relativa estabilidade com inflação baixa acabaram e<br />

está por vir um novo período de hiperinflação<br />

combinado com as tendências à recessão da<br />

economia norte-americana<br />

As declarações dos analistas<br />

da imprensa burguesa especializada<br />

em economia indicam<br />

que a capacidade dos bancos<br />

centrais de conter a inflação e<br />

permitir que a economia se desenvolva<br />

com a liberação de<br />

crédito acessível ao mercado<br />

parece ter se esgotado.<br />

A onda inflacionária desencadeada<br />

pelo aumento dos preços<br />

dos alimentos e pela disparada do<br />

preço do barril de petróleo – que<br />

já chegou a mais de 130 dólares<br />

e caminha em tendência de alta<br />

contínua – levantou a preocupação<br />

entre os investidores e especuladores<br />

das bolsas de valores<br />

dos principais países do mundo.<br />

Muitos analistas já vêem o barril<br />

de petróleo a 200 dólares contra<br />

os dois dólares da década de 70!<br />

Para compreender a situação<br />

atual e permitir estabelecer as<br />

linhas que podem conduzir seu<br />

desenvolvimento daqui para<br />

frente é necessário fazer uma<br />

retrospectiva e estabelecer um<br />

ponto de partida para a crise.<br />

Como a crise se<br />

desenvolveu até<br />

agora<br />

O mecanismo complexo que<br />

vem conduzindo o desenvolvimento<br />

desta crise até aqui tem<br />

como base a escassez das reservas<br />

de petróleo da principal economia<br />

do mundo, os EUA. A<br />

incapacidade de atender à demanda<br />

futura, detectada em fins<br />

da década de 90 e início da década<br />

atual, levou à invasão do<br />

Iraque em 2003 com o objetivo<br />

explícito de controlar as reservas<br />

do país, um dos mais ricos em<br />

petróleo no mundo.<br />

A tentativa de controlar militarmente<br />

o país e, com isso,<br />

exercer uma pressão sobre os<br />

demais países do Oriente Médio<br />

e procurar desequilibrar a balança<br />

em favor da sustentação da<br />

economia norte-americana se<br />

provou um fracasso. Cinco anos<br />

depois da invasão, o governo<br />

norte-americano se encontra às<br />

voltas com verdadeiro impasse,<br />

que vem se arrastando desde<br />

poucos meses após o início da<br />

invasão.<br />

As incertezas geradas pela<br />

incapacidade de dominar o Iraque<br />

enfraqueceram as expectativas<br />

do mercado de que o imperialismo<br />

norte-americano tenha<br />

a capacidade de suprir a demanda<br />

por petróleo. Esta desconfiança<br />

– fundamentada, diga-se de<br />

passagem, no fracasso militar e<br />

no verdadeiro atoleiro em que se<br />

transformou o Iraque – é reforçada<br />

ainda pelas tendências convulsivas<br />

no desenvolvimento e<br />

expansão da crise para os demais<br />

países do Oriente Médio e de<br />

regiões próximas como o Sul da<br />

Ásia. Entre a invasão do Afeganistão<br />

e do Iraque e os dias atuais<br />

já se passaram inúmeros protestos<br />

em praticamente todos os<br />

países que formam um corredor<br />

de Israel no Mar Mediterrâneo à<br />

China, no extremo oriente. A<br />

expectativa de que os EUA consigam<br />

manter os compromissos<br />

no mercado de futuros diminui<br />

mais rapidamente do que a produção<br />

de combustível e de outros<br />

bens possa provar o contrário.<br />

Se o imperialismo norteamericano<br />

não teve capacidade<br />

de controlar um único país para<br />

conseguir dominar sua produção<br />

de petróleo, o que se pode esperar<br />

da tentativa de impor esta<br />

dominação a muitos outros, cada<br />

um com suas próprias contradições<br />

e quase um terço da população<br />

mundial?<br />

A insegurança em torno ao<br />

petróleo impulsionou a política de<br />

incentivos fiscais e empréstimos<br />

para que os latifundiários e empresas<br />

rurais passem a plantar<br />

cana-de-açúcar e soja para produzir<br />

o chamado “biocombustível”,<br />

isto é, álcool etanol e derivados<br />

da soja conduzida pelo<br />

governo Lula.<br />

A corrida em todo o mundo,<br />

e em primeiro lugar nos EUA, pela<br />

substituição da colheita de alimentos<br />

pelo plantio de grãos<br />

destinados à fabricação de combustível<br />

– no caso norte-americano,<br />

o etanol extraído do milho<br />

– promoveu uma inevitável escassez<br />

de outros produtos destinados<br />

ao consumo interno ou<br />

à exportação. Os EUA, o maior<br />

exportador de alimentos do<br />

mundo, tem um papel fundamental<br />

na escassez mundial. Sobre<br />

estas bases econômicas reais, a<br />

crise evolui nos mercados financeiros<br />

e se espalha, com ainda<br />

mais rapidez.<br />

Por que o<br />

imperialismo teme<br />

a inflação?<br />

Uma análise otimista feita pelo<br />

Wall Street Journal, ligado ao<br />

grupo de Rupert Murdoch, dono,<br />

entre outras coisas, da rede de<br />

televisão a cabo FOX, revela, por<br />

um lado, o avanço da crise e a<br />

situação indefesa da economia<br />

mais poderosa do mundo e, por<br />

outro, uma tentativa de distrair a<br />

audiência com a insólita colocação<br />

de que a “estagflação” pode<br />

ajudar a combater a inflação.<br />

A inflação norte-americana<br />

está atingindo alta de 4,2% em<br />

relação ao ano passado, refletindo<br />

a alta dos preços de combustíveis,<br />

alimentos e transportes.<br />

Os preços dos combustíveis e<br />

energia em geral subiram 17,4%<br />

em maio. Um ano antes, alimentos<br />

e outros preços subiram<br />

apenas 5% enquanto que o custo<br />

do transporte subiu 8,1%,<br />

refletindo parcialmente o acréscimo<br />

sobre os preços das passagens<br />

aéreas.<br />

Os economistas burgueses,<br />

como os do banco Wachovia<br />

Corp., citado pelo Wall Street<br />

Journal, apostam em que a inflação<br />

seja contida pelo fato de que<br />

salários e o custo de vida não<br />

estão colocados. “É menos provável<br />

que a inflação se torne o<br />

grande problema e que as pessoas<br />

venham a temê-la, porque os<br />

aumentos de preços e salários não<br />

estão colocados de maneira<br />

ampla. Isto será mais um peso<br />

sobre os consumidores e os<br />

negócios”.<br />

A imprensa econômica da<br />

burguesia imperialista atentou<br />

para o fato de que o descontentamento<br />

entre os consumidores<br />

tem crescido juntamente com o<br />

aumento de preços dos combustíveis<br />

e sua confiança caído na<br />

medida em que são obrigados a<br />

“gastar mais dinheiro em coisas<br />

que precisam do que em coisas<br />

que querem comprar”.<br />

A diminuição do consumo<br />

alimenta outro fenômeno econômico<br />

em marcha, o da estagnação<br />

econômica, da recessão.<br />

Os especuladores apostam<br />

com 75% de certeza que o Federal<br />

Reserve será obrigado a<br />

aumentar a taxa básica de juros<br />

norte-americana de 2% para<br />

2,25% na sua reunião em agosto.<br />

A onda inflacionária desencadeada<br />

internacionalmente já atinge<br />

praticamente todos os países<br />

do BRIC, o bloco dos países que<br />

o imperialismo chama “emergentes”,<br />

mas que têm o seu desenvolvimento<br />

bloqueado justamente<br />

pela existência do imperialismo.<br />

Na Índia, os índices chegaram<br />

a 8,75%, a mais alta inflação<br />

nos últimos sete anos. A estimativa<br />

dos economistas internacionais<br />

é de que o país ultrapasse<br />

os 10% de inflação em questão<br />

de semanas.<br />

A inflação chinesa, por sua<br />

vez, chega a mais de 8% enquanto<br />

as bolsas de valores vêm trabalhando<br />

em baixa de 7,7%.<br />

As bolsas norte-americanas –<br />

o centro da crise no mercado<br />

financeiro – estimam ganhos<br />

bastante limitados e atribuem à<br />

inflação a dificuldade de expansão<br />

destes dividendos.<br />

“A pesar dos ganhos, o tom<br />

em Wall Street escureceu nas<br />

últimas semanas, enquanto investidores<br />

lidavam com as más<br />

notícias das finanças e viam à<br />

frente a inflação crescendo, os<br />

fracos gastos dos consumidores<br />

e um período prolongado de rendimentos<br />

deprimidos. O índice<br />

Standard & Poor’s 500 retraiu<br />

0,1 pontos percentuais na última<br />

semana e 2,9% sobre os últimos<br />

trinta dias. A volatilidade disparou<br />

também.<br />

“Liz Ann Sonders, estrategista-chefe<br />

de investimentos na<br />

Charles Schwab, afirmou: ‘a<br />

disputa recente no mercado dá a<br />

falsa sensação de esperança aos<br />

investidores que possam ter<br />

pensado que o pior da crise de<br />

“A pesar dos ganhos, o tom em Wall Street escureceu nas últimas semanas, enquanto<br />

investidores lidavam com as más notícias das finanças e viam à frente a inflação crescendo,<br />

os fracos gastos dos consumidores e um período prolongado de rendimentos deprimidos”.<br />

crédito já passou” (Financial<br />

Times, 14/6/2008).<br />

Economia “real” e<br />

mercado financeiro<br />

Se, por um lado, a escassez<br />

dos combustíveis faz a inflação<br />

disparar, aumentando os preços<br />

dos combustíveis – e com estes,<br />

praticamente todos os custos na<br />

sociedade – a economia se vê<br />

atravancada por uma crise nos<br />

sistemas de crédito, uma crise financeira<br />

generalizada cujo epicentro<br />

está localizado nos EUA.<br />

No entanto, entre o Cila da<br />

recessão e o Caribdis da inflação,<br />

como demonstram as expectativas<br />

dos editores de uma das<br />

revistas especializadas no assunto,<br />

“o problema é a inflação”. O<br />

comentário da revista The Economist<br />

desta ainda que “os banqueiros<br />

dos bancos centrais<br />

podem esperar que o encarecimento<br />

dos preços do petróleo e<br />

dos alimentos pode se provar<br />

apenas um efeito passageiro, e<br />

não vão resultar em efeitos secundários<br />

como salários mais<br />

altos. Mas sabem que altas expectativas<br />

de inflação, uma vez<br />

desencadeadas, são difíceis de<br />

serem eliminadas”.<br />

“Investidores temem que os<br />

bancos centrais, no zelo para<br />

provar suas credenciais antiinflacionárias,<br />

podem promover danos<br />

sérios no crescimento econômico.<br />

Os problemas do setor<br />

financeiro estão longe de terem<br />

acabado, como a perda de 2,8<br />

bilhões de dólares do segundo trimestre<br />

do Lehman Brothers ilustrou”.<br />

O mercado financeiro ainda<br />

sofre os efeitos da recente crise<br />

de confiança revelada com um<br />

número até agora não consolidado<br />

de empréstimos a maus-pagadores<br />

no financiamento da<br />

compra de imóveis<br />

no maior mercado<br />

do mundo, os EUA,<br />

o que abalou carteiras<br />

de crédito de diversos<br />

bancos e fundos<br />

de investimento.<br />

O impacto das tendências<br />

inflacionárias<br />

sobre a crise<br />

aberta pode levar à<br />

virtual paralisação<br />

dos mecanismos de<br />

crédito do imperialismo<br />

mundial e diversos<br />

bancos e fundos<br />

de investimento<br />

que chegaram próximos<br />

da falência e<br />

só foram salvos pela<br />

enorme injeção de<br />

dinheiro por parte<br />

dos bancos centrais<br />

de todo o mundo, podem ver seu<br />

fim na operação desesperada<br />

para conter a inflação com a restrição<br />

imposta à tomada de novos<br />

empréstimos com o estabelecimento<br />

de taxas mais altas de<br />

juros.<br />

“Em essência, a economia<br />

global recebeu dois choques nos<br />

últimos 12 meses – o aperto de<br />

crédito e a alta dos preços das<br />

commodities. Estes<br />

choques tornaram<br />

as previsões mais<br />

incertas, não apenas<br />

para a economia mas<br />

para a política monetária.<br />

E a incerteza<br />

deixa os investidores<br />

nervosos, não<br />

menos porque sucede<br />

a um longo período<br />

em que os mercados<br />

pareciam ter<br />

um risco subavaliado<br />

em termos de<br />

preços” (idem).<br />

O poder da crise<br />

está arrastando para<br />

seu centro não apenas<br />

as economias diretamente<br />

ligadas,<br />

dependentes, da<br />

América Latina, mas<br />

a própria concorrência<br />

com os bancos do mercado<br />

europeu está sendo engolida pelo<br />

aperto nos lucros e a diminuição<br />

as expectativas com os resultados<br />

futuros. A credibilidade nos<br />

títulos do governo também está<br />

profundamente abalada. “No<br />

início do ano, os analistas previam<br />

15% de crescimento dos lucros<br />

das empresas européias em<br />

2008. Revisões fizeram baixar<br />

este número a 4%, principalmente<br />

por problemas na indústria financeira.<br />

(...) Os mercados de<br />

moedas são também prováveis<br />

pontos voláteis. O Fed preferiria<br />

articular uma subida para o dólar<br />

contra o euro e o yen e recuperar<br />

de uma queda sobre as<br />

moedas dos países em desenvolvimento<br />

na Ásia”.<br />

Brasil: quase fora<br />

de controle<br />

Apesar de todo o empenho do<br />

governo Lula e sua equipe econômica<br />

formada pelos representantes<br />

do imperialismo em Brasília,<br />

Henrique Meirelles no Banco<br />

Central e Guido Mantega, no<br />

Ministério da Fazenda, para<br />

ocultar este fato, a inflação no<br />

Brasil está em plena ascensão.<br />

Foi divulgado na última segunda-feira,<br />

dia nove, o aumento da<br />

inflação em maio ao maior patamar<br />

dos últimos cinco anos.<br />

Segundo a Fundação Getúlio<br />

Vargas (FGV), o Índice Geral de<br />

Preços – Disponibilidade Interna<br />

(IGP-DI), um dos índices<br />

mais importantes que mede a<br />

inflação, teve um aumento de<br />

1,88% no mês de maio. Em abril<br />

este mesmo índice teve alta de<br />

1,12%. O aumento atingido em<br />

maio é o maior desde janeiro de<br />

2003, quando o IGP-DI teve alta<br />

de 2,17%.<br />

Mais relevante constatar que<br />

o aumento da inflação está em<br />

uma escalada há muito tempo.<br />

Nos últimos 12 meses a inflação<br />

acumulada foi a maior desde<br />

2004. De maio de 2007 a maio de<br />

2008 a inflação foi de 12,14% e<br />

em 2004, 12,23%.<br />

Outros índices que compõem<br />

a inflação também tiveram alta<br />

como o IPA (Índice de Preços ao<br />

Atacado) que subiu em maio<br />

2,22%. No mês de abril o IPA já<br />

havia aumentado 1,3%.<br />

As commodities foram, naturalmente,<br />

os produtos que mais<br />

subiram. Entre eles o aço, o<br />

minério de ferro, os combustíveis,<br />

com destaque para o petróleo<br />

e as matérias-primas agríco-<br />

INFLAÇÃO EUA - 2005 - 2008 (DADOS E ESTIMATIVA)<br />

DESEMPREGO EUA - 2005-2009 (DADOS E ESTIMATIVA)<br />

las. O arroz, por exemplo, voltou<br />

a subir acima dos 10%. Em<br />

maio o produto teve elevação de<br />

15,98%. O minério de ferro<br />

subiu 11,38% e o diesel teve alta<br />

de 7,19%.<br />

A inflação não está mais localizada<br />

apenas nos alimentos e sim<br />

atingindo diversos ramos da indústria.<br />

Os aumentos dos preços<br />

estão acontecendo tanto em produtos<br />

industriais quanto agrícolas.<br />

Em maio, os produtos agrícolas<br />

foram reajustados em<br />

2,47% e os produtos industriais<br />

tiveram alta de 2,17%.<br />

A inflação em junho também<br />

está em alta. A FGV divulgou<br />

nesta terça-feira, dia dez, que a<br />

inflação aumentou em sete capitais<br />

analisadas. O Índice de Preços<br />

ao Consumidor – Semanal<br />

(IPC-S), medido nos sete primeiros<br />

dias de junho registrou alta de<br />

1,12% no geral.Uma semana<br />

antes este IPC-S teve aumento de<br />

0,87%. Em São Paulo, a variação<br />

foi de 1,31%. Na última<br />

semana de maio este índice teve<br />

alta de 1,11%. Em Belo Horizonte<br />

houve aumento de 0,59%, em<br />

Porto Alegre subiu 0,91%, em<br />

Brasília subiu 0,99%. No Rio de<br />

Janeiro subiu 1,13% e em Salvador<br />

0,76%. Em Recife, houve a<br />

maior alta da inflação, 1,43%.<br />

Os alimentos foram os que<br />

mais subiram, 2,98% nesta primeira<br />

semana de maio. Na semana<br />

anterior o aumento já havia<br />

sido grande, 2,33%. As maiores<br />

altas foram do arroz, 18,44%, o<br />

feijão, 4,45%, a carne bovina<br />

4,97%, o açúcar, 4,82% e ovos<br />

e aves, 2,61%.<br />

Outros produtos com alta<br />

foram o bujão de gás, aumento<br />

de 2,19%, água e esgoto, aumento<br />

de 0,34% e vestuário,<br />

0,46%.<br />

Enquanto a inflação atinge o<br />

mundo todo, provocando desemprego<br />

nos Estados Unidos,<br />

greves na Europa, mobilizações<br />

populares nos países pobres da<br />

Ásia, América Latina, Oriente<br />

Médio etc. o governo Lula vive<br />

na “Ilha da Fantasia”. Insiste no<br />

cinismo de dizer que não existe<br />

inflação no Brasil.<br />

Todas as declarações de Lula<br />

acerca da escalada dos preços e<br />

da inflação são tratadas como<br />

momentâneas e passageiras. No<br />

final do mês de abril o presidente<br />

disse, “A inflação é minha preocupação<br />

cotidiana. Penso que<br />

essa é uma coisa sazonal que<br />

resolveremos no curto prazo. A<br />

inflação está sob controle.<br />

Temos uma meta que está plenamente<br />

atingida e nós só precisamos<br />

tomar cuidado e não podemos<br />

relaxar em momento algum”.<br />

Lula também culpou o povo<br />

por estar consumindo demais e<br />

por isso comprando mais e elevando<br />

a inflação. No mês passado<br />

chegou a dizer que “o Brasil<br />

está crescendo, e crescendo de<br />

forma muito importante. Não<br />

podemos deixar a inflação voltar.<br />

E não é culpa do governo, não<br />

é culpa minha nem de vocês.<br />

A culpa é de quem compra e de<br />

quem vende. De quem governa<br />

e de quem não governa.”<br />

Em 30 de maio, a demagogia<br />

típica de Lula foi a mil quando ele<br />

garantiu que o Brasil não teria<br />

mais inflação. “Pode olhar na<br />

minha cara: este país não voltará<br />

a ter recessão, este país não<br />

voltará a ter desemprego”, disse,<br />

como se o desemprego estratosférico<br />

não fosse o maior de<br />

toda a história do país.<br />

Todas estas declarações do<br />

governo Lula têm como objetivo<br />

único esconder a crise financeira<br />

brasileira. O patamar atingido pela<br />

inflação em maio, 12,14%, semelhante<br />

ao índice de janeiro de 2003<br />

é o resultado da política pró-imperialista<br />

de Lula implantada no<br />

primeiro ano de seu mandato. É<br />

a volta à estaca zero da política de<br />

contenção da crise e da inflação.<br />

Em 2003, Lula implantou medidas<br />

para conter a inflação, como<br />

por exemplo, o aumento do superávit<br />

primário, que momentaneamente<br />

conteve a crise, mas agora,<br />

com a retomada da inflação<br />

prova o fracasso desta política.<br />

O sintoma mais claro do aumento<br />

inflacionário se dá justamente<br />

no terreno social onde uma<br />

população esmagada por anos de<br />

crise capitalista e por uma política<br />

destrutiva e confiscatória dos<br />

seguidos governos, está começando<br />

a se manifestar de uma<br />

forma mais ampla e mais clara<br />

contra as barreiras que o regime<br />

político coloca à defesa dos seus<br />

interesses como se pôde ver nas<br />

manifestações cotidianas dos<br />

camelôs de S. Paulo.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!