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15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />

POLÍTICA 6<br />

PROGRAMA AMAZÔNIA<br />

Pela estatização do solo. Contra o monopólio<br />

do latifúndio estrangeiro e nacional<br />

A devastação da Amazônia, que os próprios institutos<br />

geográficos do governo Lula não podem esconder,<br />

expõem claramente a ofensiva do latifúndio nacional<br />

e estrangeiro em todo o País, que em terras do Norte<br />

do País deixam um rastro com o desmatamento<br />

recorde. É necessário levantar um programa<br />

nacional pela tomada de terras para o povo contra o<br />

monopólio criminoso da terra que será seguido de<br />

uma imensa transferência de riqueza nacional para o<br />

capital estrangeiro<br />

A questão fundiária no Brasil,<br />

que tem o latifúndio como<br />

maior fator do atraso nacional,<br />

com uma clara ofensiva estrangeira<br />

que se nota de forma mais<br />

evidente na região Amazônica,<br />

deverá acompanhar um agravamento<br />

desta situação no próximo<br />

período. Graças à política<br />

econômica do governo Lula, há<br />

uma ofensiva estrangeira sobre<br />

as terras nacionais para tentar<br />

tomar de vez todas estas para a<br />

especulação e para a plantação<br />

de produtos agrícolas, única e<br />

exclusivamente para atender<br />

interesses estrangeiros. Hoje,<br />

segundo o INCRA (Instituto<br />

Nacional de Colonização e Reforma<br />

Agrária), 3% do total das<br />

propriedades rurais do País são<br />

latifúndios (têm mais de mil<br />

hectares) e ocupam 56,7% das<br />

terras agriculturáveis. De outro<br />

lado há 4,8 milhões de famílias<br />

sem-terra. Os próprios dados<br />

do INCRA mostram que há 5,5<br />

milhões de hectares registrados<br />

em nome de estrangeiros que<br />

foram organizados pelo instituto,<br />

isto desde 1998, quando este<br />

começou a controlar a aquisição<br />

de imóveis rurais por empresas<br />

sem sede no País ou pessoas<br />

físicas não residentes no Brasil.<br />

Este dado é completamente<br />

subestimado pela prática comum<br />

de compras de terras brasileiras<br />

por empresas ou latifundiários<br />

estrangeiros em mãos de<br />

brasileiros e pelas empresas<br />

estrangeiras que têm sede no<br />

país.<br />

Segundo a organização nãogovernamental<br />

Imazon “36% da<br />

floresta supostamente de propriedade<br />

privada, apenas 4% contam<br />

com títulos de propriedade<br />

regularizados” (BBC Brasil).<br />

Segundo dados do próprio<br />

Banco Central, os investimentos<br />

diretos estrangeiros em atividades<br />

imobiliárias como compras<br />

de terras, aumentaram quase<br />

quatro vezes (347%) no País,<br />

um claro resultado da ofensiva<br />

por terras brasileiras.<br />

O avanço do monopólio da<br />

terra nacional já deixa um imenso<br />

rastro na Amazônia que é a<br />

parte mais visível desta ofensiva<br />

já que para utilizar as terras<br />

é necessário desmatar.<br />

Até o final do ano, segundo o<br />

INPE (Instituto Nacional de<br />

Pesquisas Espaciais), serão 20<br />

mil quilômetros quadrados desmatados<br />

a mais que no ano anterior,<br />

ou seja, um aumento de<br />

17% com o ano passado, o equivalente<br />

a quatro municípios de<br />

São Paulo.<br />

O sistema Deter (Detecção<br />

do Desmatamento em Tempo<br />

Real) do INPE registrou entre<br />

maio de 2007 e abril de 2008,<br />

segundo dados divulgados no<br />

dia 9 de maio, um desmatamento<br />

na Amazônia de 9.495 quilômetros<br />

quadrados, seis vezes a área<br />

da cidade de São Paulo. Este número<br />

vem em uma crescente, já<br />

que só no mês de abril, foram<br />

desmatados 1.123 quilômetros<br />

quadrados. Se se mantiver esta<br />

velocidade de desmatamento do<br />

mês passado em todo o ano, as<br />

terras desmatadas aumentarão<br />

para 13.476 mil quilômetros<br />

quadrados.<br />

Os jornais da burguesia internacional<br />

são uma mostra da<br />

ofensiva que a imprensa capitalista<br />

nacional, em uma demonstração<br />

de cinismo e manipulação<br />

dos fatos, deixa para segundo<br />

plano.<br />

“A conjunção das tragédias<br />

dos últimos meses e a crise alimentar<br />

parecem ter posto o Brasil<br />

no centro da cena política<br />

mundial (...) Suas amplas pradarias,<br />

perfeitas para semear soja,<br />

arroz e feijão, e os extraordinários<br />

recursos petroleiros descobertos<br />

recentemente tornaram o<br />

país a área mais cobiçada pelas<br />

grandes potências” (jornal Página<br />

12, da Argentina).<br />

Os acordos do etanol e dos<br />

biocombustíveis abriram o espaço<br />

para um avanço imenso do<br />

latifúndio sobre todo o território<br />

nacional.<br />

Neste sentido, o desmatamento<br />

da Amazônia é um primeiro<br />

passo para a entrega das<br />

terras para madeireiras e criadores<br />

de gado e em seguida para<br />

plantações de cana-de-açúcar e<br />

soja, esta segunda já tomando<br />

estados inteiros como o Mato<br />

Grosso do Sul.<br />

Este é também o motivo para<br />

o aumento dos alimentos, já que<br />

as terras de produtos de subsistência<br />

alimentar têm que dar<br />

espaço para as plantações de<br />

cana, soja e biocombustíveis<br />

promovendo uma escassez dos<br />

primeiros.<br />

O latifúndio é<br />

incompatível com a<br />

pequena<br />

propriedade: terra<br />

para quem nela<br />

trabalha!<br />

O avanço das tomadas de<br />

terras brasileiras que tem na<br />

Amazônia seu maior alvo, se<br />

expressa diretamente no recrudescimento<br />

do conflito agrário.<br />

De 2006 a 2007 houve um aumento<br />

de 140% do número de<br />

famílias expulsas de suas terras,<br />

pela ação dos fazendeiros:<br />

1.809 famílias expulsas em<br />

2006 e 4.340 em 2007. Em<br />

contrapartida, desde o início do<br />

primeiro mandato de Lula houve<br />

um aumento de ocupações<br />

de terra, que avançam cada vez<br />

mais de maneira proporcional<br />

ao aumento dos despejos.<br />

Enquanto em 2001 e 2002<br />

houve respectivamente 194 e<br />

184 ocupações, nos anos seguintes,<br />

até o último dado divulgado<br />

pela Comissão Pastoral da<br />

Terra, houve um crescimento<br />

exponencial. Foram 391 ocupações<br />

em 2003, 496 ocupações<br />

em 2004, 437 ocupações<br />

em 2005 e 384 ocupações em<br />

2006.<br />

Neste momento, um massacre<br />

é realizado em todos os<br />

estados da Amazônia Legal<br />

contra os sem-terra e os índios.<br />

Cada vez mais o monopólio<br />

da terra é incompatível com a<br />

pequena propriedade rural e<br />

avança para um enorme conflito<br />

com os trabalhadores semterra<br />

ou com pouca terra.<br />

Esta não é somente uma incompatibilidade<br />

graças ao massacre<br />

financiado pelo latifúndio<br />

formando milícias paramilitares<br />

e também comprando terras<br />

para pura especulação e para<br />

impedir concorrências, mas<br />

uma incompatibilidade econômica,<br />

pelo esmagamento da<br />

capacidade de os terem efetivo<br />

acesso à terra, aos melhores<br />

locais e aos recursos naturais,<br />

sem falar em investimento e<br />

infraestrutura. O latifúndio é<br />

um marco do atraso nacional,<br />

já que este representa um monopólio<br />

que impede o desenvolvimento<br />

nacional e, sobretudo,<br />

a sobrevivência de milhões de<br />

famílias que vivem do trabalho<br />

na terra para garantir seu sustento.<br />

A oligarquia agrária<br />

constitui um dos principais laços<br />

sociais com o capital financeiro<br />

imperialista. A emancipação<br />

da nação deste atraso é uma<br />

das principais tarefas nacionais.<br />

A única forma de se acabar<br />

com o latifúndio é defendendo<br />

sua extinção e a distribuição de<br />

terras para quem nela trabalha<br />

única e exclusivamente.<br />

Cada vez mais o monopólio da terra é incompatível com a<br />

pequena propriedade rural e avança para um enorme conflito<br />

com os trabalhadores sem-terra ou com pouca terra<br />

POLÍTICA ASSASSINA<br />

Reforma agrária de Lula: entregar toda a Amazônia<br />

para estrangeiros e massacrar os sem-terra e índios<br />

Carlos Minc vem carimbando verbas para os latifundiários a<br />

pretexto de cuidar do meio ambiente<br />

Nunca se vendeu tantas terras<br />

brasileiras para estrangeiros<br />

em todo o País. A crise na<br />

Amazônia, evidenciada pelo<br />

destaque que esta vem tomando<br />

na imprensa burguesa e também<br />

pelo aumento dos conflitos<br />

agrários na região, expôs uma<br />

realidade: a ofensiva estrangeira<br />

pelas terras que toma conta<br />

de todo o território.<br />

Segundo dados do Banco<br />

Central, os investimentos diretos<br />

estrangeiros em atividades<br />

imobiliárias no País, especialmente<br />

em compras de terras,<br />

aumentaram quase quatro vezes<br />

(347%) entre os anos de 2003<br />

e 2007. Não por coincidência<br />

este período marca o início do<br />

mandato de Lula e o período<br />

exato em que a lei de florestas<br />

Públicas do governo foi aprovada,<br />

entregando terras da União<br />

para as mãos dos latifundiários.<br />

Esta política só vem a cada<br />

momento se aprofundando. Os<br />

latifundiários nacionais e os<br />

especuladores estrangeiros, se<br />

aproveitando de novos decretos,<br />

como o aumento da entrega<br />

de terras nestas florestas de<br />

500 para 1.500 hectares sem<br />

licitação, vêm leiloando terras<br />

brasileiras. Esta lei foi assinada<br />

no mesmo dia em que Marina<br />

Silva, ex-ministra do Meio<br />

Ambiente, por um claro acordo,<br />

não só para desfocar as atenções<br />

de uma entrega cada vez mais<br />

escandalosa das terras da Amazônia<br />

para as mãos de magnatas<br />

nacionais e estrangeiros mas<br />

para empossar um ministro que<br />

sustentará ainda mais esta política<br />

de total entreguismo.<br />

Carlos Minc vem carimbando<br />

verbas para os latifundiários<br />

a pretexto de cuidar do Meio<br />

Ambiente.<br />

Os próprios dados do IN-<br />

CRA (Instituto Nacional de<br />

Colonização) mostram, com<br />

números subestimados que 3,8<br />

milhões de hectares dos 5,5<br />

milhões registrados em nome<br />

de estrangeiros foram organizados<br />

pelo instituto, que desde<br />

1998, controlam só a aquisição<br />

de imóveis rurais por empresas<br />

sem sede no País ou pessoas<br />

físicas não residentes no Brasil,<br />

mas que segundo o próprio presidente<br />

do INCRA, Rolf Hackbart,<br />

não “contabiliza e monitora<br />

a ação de estrangeiros que se<br />

associam a empresas nacionais<br />

para investir aqui” (Folha de S.<br />

Paulo, 8/6/2008), ou seja, não<br />

se precisa comprovar nacionalidade<br />

para comprar terras no<br />

Brasil.<br />

Somente no Mato Grosso,<br />

que é um dos centros da ofensiva<br />

na Amazônia, há 1.377<br />

propriedades estrangeiras em<br />

754,7 mil hectares. Mato Grosso<br />

foi responsável em 2007 por<br />

70% de todo o aumento do desmatamento<br />

no País e segundo<br />

os satélites controlados pelo<br />

INPE (Instituto Nacional de<br />

Pesquisas Espaciais), houve um<br />

aumento de 600% de desmatamento<br />

no estado de áreas de<br />

florestas, um recorde absoluto.<br />

A devassa estrangeira ocorre<br />

não só na Amazônia, mas<br />

esta chama a atenção pela ofensiva<br />

generalizada no último período.<br />

São Paulo é o estado que mais<br />

propriedades têm em mãos estrangeiras,<br />

quase dez vezes<br />

mais que o Mato Grosso, mas<br />

com propriedades de menor<br />

porte. São 11.424 propriedades<br />

que somam 504,7 mil hectares,<br />

mais que 2% dos 24.820.900<br />

hectares do território Paulista.<br />

Isto mostra que na Amazônia<br />

a ofensiva se trata de um avanço<br />

das maiores multinacionais<br />

do mundo pelas terras.<br />

Neste sentido, o caso de compras<br />

de terras por uma empresa<br />

sueca, que foi multada pelo Ibama,<br />

é a tentativa de esconder<br />

que as terras da Amazônia estão<br />

sendo entregues de uma vez só<br />

para especuladores imperialistas<br />

de todo o mundo.<br />

O Telhar Agropecuária, empresa<br />

agrícola de milho e soja e<br />

que tem 35 mil hectares no<br />

Estado é uma empresa argentina<br />

com capital estrangeiro. A<br />

SLC Agrícola, empresa de algodão,<br />

é um grupo brasileiro que<br />

é o maior produtor de algodão<br />

do País. Este, no entanto, é formado<br />

de uma sociedade estrangeira<br />

que assinou em março<br />

contrato de financiamento com<br />

o IFC (International Finance<br />

Corporation), braço de investimento<br />

do Banco Mundial. A<br />

empresa comprou no dia 5 de<br />

junho, 10.635 hectares no Mato<br />

Grosso, por R$ 82,9 milhões.<br />

O empresário sueco-britânico<br />

Johan Eliasch, que em 2005<br />

adquiriu 160 mil hectares no<br />

Amazonas e que foi multado<br />

agora, comprou terras por mãos<br />

de empresários estrangeiros e<br />

não figura no balanço do INCRA.<br />

De forma alguma esta aquisição<br />

de terras se restringe à região<br />

amazônica. No oeste baiano, por<br />

exemplo, empresas norte-americanas<br />

e japonesas, em um acordo<br />

com o governo Lula, compraram<br />

uma área de 60 mil hectares<br />

para produzir algodão e instalar<br />

usinas de açúcar.<br />

Lula entrega o País e massacra<br />

os sem-terra para usá-lo<br />

como válvula de escape da crise<br />

energética e financeira do<br />

capitalismo. O acordo do etanol,<br />

e os subsídios para outros tipos<br />

de biodiesel é o seguimento da<br />

cartilha do imperialismo e especialmente<br />

dos EUA, que passam<br />

por sua maior crise energética<br />

com a derrota da ocupação no<br />

Iraque e no Oriente Médio, com<br />

a qual pretendia realizar uma<br />

colossal transferência de recursos<br />

energéticos de um povo<br />

oprimido para seu próprio território.<br />

A ofensiva em terras brasileiras<br />

é também um movimento<br />

que é resultado de uma política<br />

de rapina alimentada pelos especuladores<br />

internacionais. A<br />

nova onda de investimentos<br />

pós-crise imobiliária e recessiva<br />

no mundo com coração nos<br />

EUA é o investimento em commoditties,<br />

ou seja, matéria-prima<br />

agrícola e de minérios. Este<br />

é outro objetivo do capital estrangeiro:<br />

transferir uma imensa<br />

riqueza material dos países<br />

oprimidos para convertê-lo em<br />

capital sólido, em substituição<br />

ao capital volátil que surgiu da<br />

crise imobiliária, um rombo de<br />

dívidas que não conseguiu ser<br />

sustentada pelo capitalismo em<br />

queda livre.<br />

A Amazônia, conhecida como<br />

“pulmão do mundo” por ser a<br />

maior fonte de riquezas de matérias<br />

primas mundiais é a bola da<br />

vez do imperialismo. O seu maior<br />

obstáculo é, portanto, os 25<br />

milhões de pessoas que moram<br />

na Amazônia e os 190 milhões de<br />

brasileiros, e em primeiro lugar<br />

os índios e os sem-terra.<br />

Diante disto é necessário que<br />

os trabalhadores da cidade e do<br />

campo defendam com unhas e<br />

dentes as terras nacionais, por<br />

meio da ocupação de terras do<br />

latifúndio e em uma campanha<br />

contra a privatização de terras<br />

brasileiras e contra o massacre<br />

que está sendo realizado contra os<br />

sem-terra e os índios. Este será o<br />

cerne do conflito agrário no País<br />

e que no próximo períoodo intensificará<br />

a luta pela terra em todo<br />

o País.<br />

FRENTE DE ESQUERDA<br />

Psol: reforma agrária feita pelo estado de direito democrático<br />

O Psol concorreu nas últimas<br />

eleições defendendo um programa<br />

contra os sem-terra. Da<br />

boca da sua candidata presidencial,<br />

os trabalhadores rurais<br />

ouviram que o partido defende<br />

a constituição que considera<br />

criminosa a luta pela terra e que<br />

o programa de reforma agrária<br />

é pura demagogia. Já na época<br />

pré-eleitoral a sua musa, Heloísa<br />

Helena, atacou os sem-terra<br />

do MLST que ocuparam o<br />

Congresso Nacional vociferando<br />

por sua punição ao lado de<br />

figuras da ditadura, como também<br />

no meio das eleições defendeu<br />

que não dá para fazer reforma<br />

agrária, já que “a Constituição<br />

não permite”.<br />

O Psol defendeu o Estado<br />

burguês contra os sem-terra<br />

nas duas ocasiões, mas isto não<br />

é um fato isolado. Este é o programa<br />

do Psol e de seus expoentes,<br />

parlamentares de carreira<br />

e burgueses.<br />

Agora, diante da maior privatização<br />

de terras da região<br />

amazônica, o Psol apela novamente<br />

para as leis do Estado.<br />

Um dos líderes do Psol, Plínio<br />

de Arruda Sampaio, que foi lançado<br />

candidato a deputado em<br />

São Paulo e ex-deputado federal,<br />

defendeu em entrevista à<br />

Folha de S. Paulo no dia 8 de<br />

junho que a compra de terras por<br />

estrangeiros no Brasil deve se<br />

dar exclusivamente por meio<br />

das leis atuais, defendendo a<br />

“distinção legal entre empresa de<br />

capital nacional e estrangeiro”<br />

mas não o impedimento de compras<br />

de terras para estrangeiros<br />

e muito menos a expropriação<br />

dos cerca de 5,5 milhões de<br />

hectares de latifúndio que possuem<br />

os estrangeiros, segundo<br />

o balanço do INCRA (Instituto<br />

Nacional de Colonização e Reforma<br />

Agrária).<br />

Ainda segundo Plínio de Arruda<br />

Sampaio “A compra de<br />

terras por estrangeiros no Brasil<br />

aumenta quando surge um<br />

problema de alimentação no<br />

mundo (...) E especuladores<br />

aproveitam a subida do preço da<br />

terra (...) Ao mesmo tempo<br />

nosso presidente sai por aí a<br />

vender investimento em cana. É<br />

um contra-senso”.<br />

O Psol absorveu também<br />

toda a balela de que o governo<br />

Lula defenderia a reforma agrária<br />

e que sua política é um simples<br />

“contra-senso”, um erro. O<br />

Psol esconde todo o jogo armado<br />

pelo governo, não apenas<br />

cedendo ao imperialismo mas<br />

aprovando leis para expandir o<br />

latifúndio nacional e a entrega de<br />

terras para os estrangeiros e não<br />

apenas pela crise mundial de<br />

alimentos, mas para substituir o<br />

petróleo dos EUA por etanol e<br />

também para financiar os biocombustíveis,<br />

a soja e o álcool.<br />

Para o Psol, falar em “contrasenso”<br />

quer dizer que Lula apenas<br />

“errou” quando aprovou a<br />

lei de Florestas Públicas que<br />

entrega terras de florestas nas<br />

mãos de latifundiários e também<br />

apenas “errou” quando ampliou<br />

as terras entregues para os latifundiários<br />

sem licitação de 500<br />

para 1500 hectares. Para o Psol,<br />

Lula “errou” quando promoveu<br />

em toda a região amazônica e no<br />

País o pior massacre dando<br />

apoio aos ruralistas e acobertando<br />

o massacre do povo semterra<br />

como o que ocorre agora<br />

em Rondônia.<br />

A concordância do Psol e de<br />

Plínio de Arruda Sampaio “em<br />

partes” com o programa de<br />

reforma agrária do governo Lula<br />

é clara. Sampaio não apenas<br />

defende Lula nas entrelinhas<br />

como atua conjuntamente com<br />

o governo em outras ocasiões.<br />

Este é fundador e atual presidente<br />

da ABRA (Associação<br />

Brasileira de Reforma Agrária).<br />

No sítio da organização na internet,<br />

Arruda Sampaio é descrito<br />

como “Elaborador, com sua<br />

equipe, do II Plano Nacional de<br />

Reforma Agrária (PNRA), colaborando<br />

com o governo de<br />

Lula.”<br />

No sítio ainda está publicado<br />

que “A ABRA procura abrir o<br />

diálogo nacional com toda a<br />

sociedade e os movimentos<br />

organizados. Busca o aprofundamento<br />

da democracia e o<br />

estabelecimento de relações<br />

respeitosas com todas as instituições<br />

democráticas. (...). Luta<br />

por um Brasil de todos (...)<br />

dentro do estado de direito democrático”.<br />

Talvez seja por isto, por sua<br />

defesa das leis atuais e do estado<br />

de direito democrático (leiase<br />

a lei perversa do latifúndio,<br />

maior monopólio da economia<br />

no País), que o Psol compactua<br />

com a tese de “erro” de Lula.<br />

Também talvez seja por isto<br />

que a Frente de Esquerda, do<br />

Psol, que lançará novamente<br />

Heloísa Helena e que é formada<br />

também por PSTU, manteve o<br />

mais completo silêncio sobre o<br />

massacre que ocorreu em Rondônia<br />

no dia 9 de abril, no qual<br />

mais de 30 sem-terra desapareceram<br />

por ação dos latifundiários.<br />

Este não é um problema<br />

episódico, pois o MST, dirigido<br />

pelo PT, não soltou uma única<br />

nota em defesa dos sem-terra de<br />

Rondônia, pois ali como em<br />

várias partes do País os semterra<br />

se organizam independentemente<br />

do governo, dos seus<br />

órgãos, de suas leis e do próprio<br />

MST, que assim como o Psol se<br />

atrelam completamente ao estado<br />

e ainda muito mais em época<br />

eleitoral.

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