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15 DE JUNHO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA<br />

10.000 NO MATO GROSSO DO SUL<br />

“Quase impossível indiciar as mulheres”<br />

Apesar de a delegada do caso reconhecer que “‘não<br />

tem como encontrar os fetos e, pela Justiça, sem<br />

corpo não há crime de homicídio”, 25 mulheres já<br />

foram incriminadas por prática de aborto em Campo<br />

Grande e a Justiça promete incriminar outras<br />

milhares.<br />

Após o indiciamento dessas mulheres, o lobby da Igreja no<br />

Congresso Nacional aumentou sua investida contra os<br />

direitos das mulheres.<br />

Quase 10.000 mulheres<br />

estão sendo perseguidas e<br />

consideradas criminosas no<br />

estado do Mato Grosso do<br />

Sul. Uma ação que não foi<br />

vista nem mesmo nos anos de<br />

ditadura militar. Esse número<br />

corresponde a 5% da população<br />

feminina, fértil, de<br />

Campo Grande, capital do<br />

estado.<br />

O montante corresponde<br />

também a cerca de 40% de<br />

toda a população feminina<br />

cumprindo pena atualmente,<br />

por todos os crimes, no território<br />

nacional (25 mil mulheres),<br />

segundo informações<br />

divulgadas em 2007.<br />

Tribunal de<br />

exceção<br />

As arbitrariedades de todo<br />

processo não são poucas. A<br />

acusação está baseada em mera<br />

suspeita, já que as fichas médicas<br />

apreendidas não são provas<br />

suficientes para confirmar<br />

prática criminosa.<br />

A própria delegada Regina<br />

Márcia R. B. Mota, após busca<br />

na clínica, afirmou à imprensa<br />

local considerar “quase<br />

impossível indiciar as mulheres”.<br />

Ela reconhecia que<br />

“’não tem como encontrar os<br />

fetos e, pela Justiça, sem corpo<br />

não há crime de homicídio’.<br />

Ela também revelou que a clínica<br />

não tem fossa, onde poderiam<br />

ter sido jogados os<br />

fetos abortados, e também não<br />

foram encontrados locais<br />

onde eles podem ter sido alojados.”<br />

(Midiamax, 14/4/<br />

2007)<br />

A verdade é que não há prova<br />

material da prática de crime,<br />

mas indícios. Sem considerar<br />

que o manuseio das fichas<br />

por parte da polícia e do<br />

Ministério Público configura<br />

procedimento ilegal e violação<br />

do sigilo médico.<br />

Além disso, as fichas médicas<br />

ficaram por aproximadamente<br />

três meses, anexadas<br />

ao processo e expostas à<br />

curiosidade popular. A exposição<br />

das fichas violou no<br />

mínimo o direito à privacidade,<br />

intimidade, confidencialidade<br />

das mulheres que estiveram<br />

na clínica.<br />

Apesar disso, 25 mulheres<br />

já foram incriminadas e induzidas<br />

a assumirem um crime<br />

que não cometeram. Deixando<br />

evidente que a conduta da<br />

polícia e da justiça não se orienta<br />

pela proteção e defesa dos<br />

direitos dessas mulheres.<br />

Nas palavras de advogados<br />

conselheiros da OAB-MS “a<br />

atitude do Ministério Público é<br />

fascista.”<br />

“Hipócritas.<br />

Precisamos deixar<br />

de ser hipócritas”<br />

Segundo dados da Organização<br />

Mundial de Saúde (OMS),<br />

são realizados a cada ano cerca<br />

de 50 milhões de abortos no<br />

mundo. Dos quais 19 milhões<br />

acontecem de forma clandestina<br />

e insegura. No Brasil, de<br />

acordo com dados do Instituto<br />

Ipas Brasil são efetuados cerca<br />

de 1,1 milhão abortos anualmente,<br />

75% deles induzidos voluntariamente<br />

e executados de<br />

maneira insegura.<br />

Para Beatriz Vargas, professora<br />

da Faculdade de Direito da<br />

UFMG, o caso do Mato Grosso<br />

do Sul demonstra que no judiciário,<br />

“o espetáculo de ‘eficiência<br />

criminal’ produz um volume<br />

de acusações capaz de<br />

abarrotar, ou paralisar, a 2ª Vara<br />

do Tribunal do Júri de Campo<br />

Grande, mas quando se sabe<br />

que a projeção do número nacional<br />

de abortos clandestinos,<br />

por ano, está na casa dos milhões,<br />

tem-se que reconhecer –<br />

desde que se queira renunciar às<br />

últimas conseqüências do absurdo<br />

– o erro de tratar o assunto<br />

como caso de polícia. Nesta<br />

situação, convocar a pena criminal<br />

é, por um lado, ignorar a<br />

questão de fundo, fechar o debate<br />

e fazer vistas grossas à<br />

realidade social. Por outro lado,<br />

é desmoralizar o direito penal,<br />

expondo a justiça ao ridículo.”<br />

Além do que “Impor a pena<br />

criminal a uma população de<br />

milhões só vai demonstrar que<br />

a criminalização não tem respaldo,<br />

a não ser numa certa ‘moral<br />

oficial’”.<br />

Já no poder legislativo a “seleção<br />

de condutas que deverão<br />

constituir crime não se confunde<br />

com o poder de impor convicções<br />

éticas, religiosas ou<br />

morais... Não é legítimo um<br />

direito que contraria a realidade<br />

social dos fatos e se mostra<br />

incapaz de afetar o resultado a<br />

que se propõe impedir.”<br />

De volta à Idade<br />

Média<br />

O que se está julgando e incriminando<br />

no Mato Grosso do<br />

Sul é a atitude de mulheres que<br />

enfrentaram a lei, tornaram-se<br />

clandestinas, diante da necessidade<br />

de efetivar o direito que a<br />

legislação e o Estado não lhes<br />

garantem, como por exemplo, a<br />

autonomia sobre seus corpos.<br />

O “crime” de que são acusadas<br />

está na mesma linha dos<br />

crimes contra a honra, o adultério,<br />

o homossexualismo. É o<br />

crime de infringir os preceitos<br />

de uma parte da sociedade.<br />

Preceitos religiosos que estão<br />

sendo impostos a toda a população<br />

através de legisladores<br />

retrógrados que querem manter<br />

a criminalização das mulheres<br />

através da manutenção do aborto<br />

como crime.<br />

A condenação das mulheres<br />

em Campo Grande mostra o<br />

nítido uso político da legislação<br />

punitiva. Após o indiciamento<br />

dessas mulheres, o lobby da<br />

Igreja no Congresso Nacional<br />

aumentou sua investida contra<br />

os direitos das mulheres. Como<br />

MULHERES 15<br />

ficou demonstrado na rejeição<br />

do Projeto de Lei 1135, que propunha<br />

a mudança no Código Penal<br />

de 1940, através da retirada<br />

do art. 128 que considera aborto<br />

como crime. O projeto foi rejeitado<br />

na Comissão de Seguridade<br />

Social e da Família, onde<br />

estão reunidos os representantes<br />

do que há de mais conservador<br />

na sociedade brasileira, no<br />

que diz respeito aos interesses<br />

de emancipação e libertação das<br />

mulheres.<br />

Iniciativas como essas têm<br />

como objetivo inibir ações de<br />

mulheres que requerem individualmente<br />

seus direitos, mas<br />

também as organizações que<br />

defendem a mudança na lei.<br />

O próximo passo é proibir os<br />

contraceptivos de emergência,<br />

daí a qualquer tipo de remédio<br />

anticoncepcional e até os preservativos.<br />

Conseguido isso, se<br />

animarão a restringir o divórcio<br />

até chegar à institucionalização<br />

do pátrio poder. É a tentativa de<br />

impor uma escravização total da<br />

mulher na sociedade, assim<br />

como já acontece na Igreja<br />

Católica, defensora maior desse<br />

retrocesso.<br />

Ignoram que o Brasil, apesar<br />

das cruzes espalhadas pelos<br />

ambientes do poder público, do<br />

Executivo, passando pelo Legislativo<br />

e Judiciário, não tem religião<br />

oficial, ao contrário, é um<br />

país laico. Portanto, o Estado,<br />

seus poderes, e seus “representantes”<br />

deveriam ser regidos<br />

pelo princípio da laicidade.<br />

Querem nos levar de volta à<br />

Idade Média, quando toda ação<br />

que questionava os dogmas religiosos,<br />

a moral oficial (que levava<br />

em consideração uma única<br />

religião) era considerada crime<br />

cujo castigo, pena, punição<br />

levava à forca ou à fogueira.<br />

10.000 MULHERES SOB A MIRA DA REPRESSÃO<br />

Defendendo o indefensável<br />

No último dia seis de junho,<br />

a delegada Regina Márcia R. B.<br />

Mota, da 1ª Delegacia de Polícia,<br />

responsável pelo caso da<br />

Clínica de Planejamento Familiar<br />

de Campo Grande, divulgou<br />

nota à imprensa, para explicar<br />

as ações tomadas pela polícia<br />

até agora.<br />

Além de dar explicações sobre<br />

o que a delegada chama de<br />

“eventual violação de direitos<br />

humanos” a nota visava confirmar<br />

que “Por determinação<br />

Judicial essas fichas retornaram<br />

à 1ª Delegacia na data de seis de<br />

junho de 2008 e continuarão<br />

apreendidas até o encerramento<br />

do processo ou ocorrer a<br />

prescrição de eventuais crimes<br />

de aborto.”<br />

Para se defender da acusação<br />

de violação das fichas médicas,<br />

a delegada se dirige “A todas as<br />

pessoas preocupadas com<br />

eventual violação dos diretos<br />

humanos ou violação de segredo<br />

médico reforçamos que a<br />

apreensão dos prontuários<br />

médicos deu-se em virtude de<br />

mandado judicial requerido por<br />

esta delegada e deferido pelo<br />

juízo da 2ª vara do tribunal do júri<br />

desta Comarca.” Alegação sem<br />

procedência, já que a justiça<br />

autorizou a apreensão dos prontuários,<br />

não investigação, e utilização<br />

de informação para incriminar<br />

pacientes. Isso sim é crime,<br />

já que prontuários médicos,<br />

por lei e por norma, são sigilosos,<br />

podendo ser analisado apenas<br />

com autorização do paciente.”<br />

O que definitivamente não<br />

aconteceu.<br />

A delegada defende-se ainda<br />

da denúncia de que os prontuários<br />

ficaram expostos à curiosidade<br />

popular, afirmando que<br />

desde junho do ano passado<br />

“quando os autos foram relatados<br />

e encaminhados ao Judiciário<br />

tomamos as cautelas necessárias<br />

para que a imagem, intimidade<br />

e nome das mulheres ali<br />

relacionadas fossem preservados.”<br />

A informação não procede.<br />

Porque é de conhecimento<br />

que as fichas ficaram abertas,<br />

inclusive com informações disponibilizadas<br />

na internet, violando<br />

a intimidade dessas mulheres.<br />

Na polícia ou no judiciário,<br />

não importa. Na verdade demonstra<br />

que ambos não querem<br />

assumir a responsabilidade pelo<br />

erro.<br />

Não procede também a afirmação<br />

de que “as fichas assim<br />

que apreendidas foram encaminhadas<br />

ao Instituto Médico<br />

Legal para parecer médico”.<br />

Segundo o promotor Paulo<br />

César dos Passos, responsável<br />

pelo caso no Ministério Público,<br />

uma equipe da própria polícia<br />

civil é quem faz a analise das<br />

fichas, portanto não existe parecer,<br />

porque não existe médico<br />

perito envolvido no caso.<br />

Sobre novos indiciamentos,<br />

segundo a nota “Serão selecionadas<br />

aquelas fichas cujas datas<br />

indicam se estão prescritos<br />

os eventuais crimes de aborto e,<br />

num segundo momento aquelas<br />

em que houver fortes indícios<br />

de que houve a prática do crime<br />

de aborto. Consideramos fortes<br />

indícios: a comprovação de<br />

gravidez, a declarações de curetagem<br />

de aborto retido ou feto<br />

morto retido e exame de ultrasonografia<br />

com comprovação<br />

de feto vivo, além da especificação<br />

do valor pago.”<br />

O que em junho de 2008 a<br />

delegada considera suficiente<br />

para criminalizar milhares de<br />

mulheres, não é o mesmo ponto<br />

de vista que a delega Regina<br />

Márcia esboçava em abril do ano<br />

passado quando fez declarações<br />

a imprensa local afirmando<br />

considerar “quase impossível<br />

indiciar as mulheres”. Isto porque,<br />

na época, ela reconhecia<br />

que “’não tem como encontrar<br />

os fetos e, pela Justiça, sem<br />

corpo não há crime de homicídio’.<br />

Ela também revelou que a<br />

clínica não tem fossa, onde<br />

poderiam ter sido jogados os<br />

fetos abortados, e também não<br />

foram encontrados locais onde<br />

eles podem ter sido alojados.”<br />

(Midiamax, 14/4/2007) Mas<br />

agora não apenas considera os<br />

indícios como prova suficiente<br />

como pretende agir com urgência<br />

para impedir a prescrição do<br />

“crime”!<br />

A nota divulgada pela delegada<br />

é a demonstração de que a<br />

justiça e a polícia têm tentado se<br />

explicar a respeito da tentativa<br />

de indiciamento de quase<br />

10.000 mulheres que freqüentaram,<br />

nos últimos anos, a clínica<br />

que funcionava no centro<br />

da capital do Mato Grosso do<br />

Sul.<br />

Porém a repercussão que o<br />

caso tomou até agora ainda não<br />

foi suficiente para barrar a perseguição<br />

e condenação de mulheres<br />

que buscam simplesmente<br />

a liberdade de decidir sobre<br />

seus corpos. Em resposta recebem<br />

a clandestinidade e a satanização<br />

penal. Ação que vem do<br />

Estado. O mesmo Estado que<br />

não esteve presente quando<br />

deveria garantir seus direitos<br />

básicos fundamentais, mas surge<br />

agora para “agir com o rigor<br />

da lei”.<br />

A nota defensiva revela, em<br />

primeiro lugar, aquilo que o lobby<br />

de direita quer esconder: que<br />

se trata de uma verdadeira caça<br />

às bruxas por motivação ideológica<br />

e política e não jurídica e,<br />

segundo, que a campanha contra<br />

a perseguição destas 10 mil<br />

mulheres começa a surtir efeito<br />

à medida que está sendo divulgada.<br />

É preciso divulgá-la mais e<br />

mais.<br />

A nota divulgada pela delegada é a demonstração de que a<br />

justiça e a polícia têm tentado se explicar a respeito da<br />

tentativa de indiciamento de quase 10.000 mulheres<br />

TV GLOBO: IMPRENSA BURGUESA<br />

Em campanha contra os direitos das mulheres<br />

Além de ser responsável pela<br />

matéria que deu origem ao processo<br />

que procura criminalizar<br />

quase 10.000 mulheres no<br />

Mato Grosso do Sul, a afiliada<br />

da Rede Globo no estado, a TV<br />

Morena, tem sua programação<br />

dedicada a criar na população<br />

a mentalidade de aceitação dos<br />

ataques contra seus direitos<br />

como sendo algo positivo.<br />

Há muito tempo está claro o<br />

papel da imprensa burguesa,<br />

sobretudo quando o assunto é<br />

condenar movimentos sociais<br />

e de trabalhadores, confundir e<br />

justificar a retirada e o ataque<br />

aos direitos da população,<br />

manter a ilusão na recuperação<br />

da economia capitalista e ainda<br />

no esforço individual etc.<br />

No caso da televisão o assunto<br />

é ainda mais grave. Isto<br />

porque o governo cede para<br />

meia dúzia de grandes empresários<br />

a concessão para usar a<br />

rede aberta de televisão, ou seja,<br />

o espaço ocupado pela Rede<br />

Globo, Record, SBT e outros,<br />

é espaço público, cedido pelo<br />

governo federal, para fazer da<br />

sua programação propaganda<br />

de seus interesses.<br />

Quando se assiste televisão<br />

no Mato Grosso do Sul, a propaganda<br />

da moral burguesa,<br />

religiosa, da repressão e opressão<br />

contra os trabalhadores,<br />

índios e as mulheres é tão gritante<br />

que hoje nem a tão pregada<br />

teoria da imparcialidade da<br />

imprensa convence sequer o<br />

mais inocente. Em outros estados<br />

o fato não é muito diferente.<br />

No último sábado, dia sete de<br />

junho, o jornal local, MSTV,<br />

apresentou, na mesma edição,<br />

em blocos diferentes, matérias<br />

sobre maternidade e penas alternativas.<br />

Primeiro apresentou uma<br />

menina de 15 anos, grávida de<br />

oito meses, como dona de casa<br />

, para exemplificar mulheres<br />

que levam a gravidez adiante,<br />

fazendo pré-natal, exercícios<br />

etc. Alguns blocos depois apresentaram<br />

uma matéria com<br />

afirmações a respeito da importância<br />

das penas alternativas,<br />

não apenas porque “os presídios<br />

estão lotados, mas também<br />

para melhor re-socialização<br />

dos condenados.”<br />

Uma das autoridades utilizadas<br />

na matéria foi justamente o<br />

juiz responsável pelo caso das<br />

mulheres indiciadas por suspeita<br />

de aborto na clínica e Campo<br />

Grande. O juiz Aluízio Pereira<br />

dos Santos assumiu que as<br />

penas são alternativas ao caos<br />

do sistema carcerário brasileiro,<br />

e ainda servem como uma<br />

boa chance de os condenados<br />

refletirem sobre seus erros. O<br />

sociólogo Paulo Cabra foi mais<br />

longe é afirmou que esse tipo de<br />

pena é “uma prisão sem grades.<br />

Uma chance de fazer os criminosos<br />

se enquadrarem ao que é<br />

certo sem precisarem estar presos<br />

pra isso.”<br />

Fica evidente a campanha<br />

pela condenação das mulheres<br />

e a ilusão de que as penas alternativas<br />

são menos danosas.<br />

Sendo que, na verdade, servem<br />

para condenar inocentes, sem<br />

julgamento, sem direito de defesa,<br />

aproveitando-se do medo,<br />

completamente justificado,<br />

diga-se de passagem, dessas<br />

pessoas de ir parar na cruel<br />

realidade das carceragens brasileiras.<br />

Exemplo disso é o caso das<br />

quase 10.000 mulheres indiciadas<br />

por suspeita de aborto em<br />

Mato Grosso do Sul. Até agora<br />

25 delas aceitaram as penas alternativas<br />

para não serem expostas<br />

ao “Tribunal de Júri”<br />

apesar de não haver provas<br />

suficientes e nem mesmo terem<br />

confessado o aborto.<br />

As matérias da TV Morena<br />

preparam o terreno, já que<br />

acontecem no momento em<br />

que a polícia de Campo Grande<br />

reabriu o inquérito para<br />

convocar mais mulheres para<br />

depor sobre a acusação de<br />

aborto.<br />

O compromisso dessa imprensa<br />

com a tentativa de condenação<br />

das mulheres é tão<br />

grande que chegou ao ponto de<br />

o Ministério Público do estado<br />

indicar os jornalistas da TV<br />

Morena, responsáveis pela reportagem<br />

na Clínica de Planejamento<br />

Familiar de Campo<br />

Grande, como testemunhas de<br />

acusação.<br />

Sem contar que o processo<br />

está todo fundamentado em<br />

matérias veiculadas na imprensa<br />

local e nacional. A começar<br />

pela própria denúncia contra a<br />

clínica e a médica, dona da clínica.<br />

Foi baseada na reportagem<br />

da TV Morena que a delegada<br />

de polícia, Regina Márcia,<br />

conseguiu o mandato de busca<br />

e apreensão.<br />

A partir daí a vida das quase<br />

10.000 mulheres que estiveram<br />

na clínica nos últimos 20 anos,<br />

está nas mãos da justiça. Seus<br />

prontuários médicos foram<br />

apreendidos e violados pela<br />

polícia que, mesmo assumindo<br />

publicamente que seria “quase<br />

impossível indiciar essas mulheres”,<br />

palavras da delegada<br />

em abril de 2007, entregou o<br />

caso ao Ministério Público. Até<br />

agora 25 mulheres já estão pagando<br />

penas alternativas<br />

Esse é o método da imprensa<br />

capitalista, um método podre,<br />

é típico deste topo de publicação<br />

que, contrariando o<br />

caráter progressista da imprensa,<br />

conquista da era moderna,<br />

utiliza a informação pública<br />

para tentar promover uma caça<br />

às bruxas ao estilo dos tempos<br />

mais obscurantistas da humanidade.<br />

Resta a preciosa educação<br />

política de verificar o caráter<br />

mentiroso, intrigante e criminoso<br />

da imprensa capitalista, que<br />

sairá deste episódio ainda mais<br />

desacreditado.<br />

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