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o uso de simuladores no ensino de astronomia - INF-Unioeste

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II ENINED - Encontro Nacional <strong>de</strong> Informática e Educação ISSN: 2175-5876O USO DE SIMULADORES NO ENSINO DEASTRONOMIAWillyan Ronaldo Becker 1 , Dulce Maria Strie<strong>de</strong>r 21Bolsista <strong>de</strong> Extensão do Programa Ações Afirmativas/Fundação AraucáriaUNIOESTE - Universida<strong>de</strong> Estadual do Oeste do ParanáGrupo <strong>de</strong> Pesquisa Formação <strong>de</strong> Professores <strong>de</strong> Ciências e MatemáticaRua Universitária, 2069. Jardim Universitário.CEP 85819-110 Cascavel, PRwillyanbecker@hotmail.com2UNIOESTE - Universida<strong>de</strong> Estadual do Oeste do ParanáGrupo <strong>de</strong> Pesquisa Formação <strong>de</strong> Professores <strong>de</strong> Ciências e MatemáticaRua Universitária, 2069. Jardim Universitário.CEP 85819-110 Cascavel, PRDulce.Strie<strong>de</strong>r@unioeste.brResumo. A Astro<strong>no</strong>mia, enquanto campo do conhecimento huma<strong>no</strong>,tem sua origem associada ao aperfeiçoamento da agricultura e suaevolução foi fundamental para a sustentação da vida humana <strong>no</strong>planeta. Atualmente, o ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong> ciências nas escolas tem contribuídona divulgação dos conhecimentos relativos a este campo do saber,entretanto, a formação dos professores ainda é insuficiente para umaabordagem que estimule os alu<strong>no</strong>s à aprendizagem. Neste sentido, <strong>no</strong>presente trabalho abordamos uma alternativametodológica/instrumental para a abordagem do tema em sala <strong>de</strong>aula, por meio do simulador Stellarium, e <strong>de</strong>screvemos momentos <strong>de</strong>formação continuada efetivados para instrumentalizar professores <strong>de</strong>ciências para seu <strong>uso</strong>. Os resultados indicam para a conscientizaçãodos professores acerca do potencial do simulador na facilitação doensi<strong>no</strong> e da aprendizagem <strong>de</strong> Astro<strong>no</strong>mia, ainda que estesreconheçam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma formação docente mais ampla.1. Introdução sobre a Tec<strong>no</strong>logia e o Ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong> Ciências da NaturezaA educação brasileira passa, há décadas, por intensas reflexões etentativas <strong>de</strong> reformulação quanto aos métodos utilizados pelos educadoresem sala <strong>de</strong> aula. Atualmente, a interativida<strong>de</strong> é uma ação que se mostrabastante promissora, especialmente para jovens e crianças. A facilida<strong>de</strong> comque a tec<strong>no</strong>logia, presente <strong>no</strong> contexto vivido externamente à escola, tem <strong>de</strong>atrai-los po<strong>de</strong> auxiliar <strong>no</strong> processo educacional.


Miléo Filho (2011) explica que os motivos dos professores não atingiremseus alu<strong>no</strong>s, <strong>no</strong> que se refere ao ensi<strong>no</strong>, está ligado às estratégias <strong>de</strong>comunicação utilizadas. Para ele, os educadores têm dado pouca atenção àsinfluencias tec<strong>no</strong>lógicas com que os estudantes têm contato, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> modos <strong>de</strong>vida, linguagens, entre outros, gerando alu<strong>no</strong>s indiferentes ao que ele <strong>de</strong>finecomo “cotidia<strong>no</strong> escolar”. Para além da indiferença <strong>de</strong> muitos educadores, estáa realida<strong>de</strong> profissional enfrentada muitas vezes, em que é comum a ausência<strong>de</strong> laboratórios, tanto <strong>de</strong> informática quanto laboratórios para experimentos.De acordo com Heckler et al (2007), com a tec<strong>no</strong>logia auxiliando <strong>no</strong>ambiente escolar, os alu<strong>no</strong>s tem mais oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem efetiva,aprofundando os conceitos vistos em sala <strong>de</strong> aula, uma vez que po<strong>de</strong>mrealizar simulações e ter contado com diversos textos relacionados com otema.Oliveira Júnior et al (2011) esclarece que na época em que vivemos ainformação e a comunicação tornam-se fundamentais <strong>no</strong> dia-a-dia dapopulação. O sistema educacional tem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se aprimorar combase neste crescimento tec<strong>no</strong>lógico, fazendo máximo <strong>uso</strong> dos elementos bonsque ela trás.Como a informatização ocorre cedo entre os jovens, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>aplicá-la aos estudos torna-se fácil e atrativa. Miranda, Arantes e Studart(2011) acreditam que as simulações para fins pedagógicos serão uma <strong>no</strong>vametodologia para auxiliar a educação na atualida<strong>de</strong> e em um futuro próximo.Heckler et al (2007) analisam que na busca do conhecimento, ocomputador tem papel fundamental ao fazer com que o alu<strong>no</strong> construa einterprete o conhecimento acerca <strong>de</strong> temas direcionados pelo professor. Osautores <strong>de</strong>stacam que tal processo <strong>de</strong> educação é eficiente quando éconstruído um ambiente <strong>de</strong> trabalho em que possa haver a comunicação entreprofessor e alu<strong>no</strong>.Tendo consciência <strong>de</strong> que a aprendizagem é um processo que envolvediferentes graus <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> para os alu<strong>no</strong>s, especialmente <strong>no</strong>sconhecimentos da área <strong>de</strong> física on<strong>de</strong> as dificulda<strong>de</strong>s são, em geral, intensas,o <strong>uso</strong> <strong>de</strong> <strong>simuladores</strong> mostra-se como uma ferramenta alternativa <strong>no</strong> processoeducacional. Oliveira Júnior et al (2011) afirmam que o <strong>uso</strong> <strong>de</strong> simulaçõescolabora com o entendimento dos conceitos, muitas vezes abordados <strong>de</strong> formaabstrata em sala <strong>de</strong> aula.Oliveira Júnior et al (2011) ainda apontam que as simulações, <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong><strong>de</strong> ciências da natureza, especialmente a Física, objetivam representarfenôme<strong>no</strong>s físicos que, por vezes, não po<strong>de</strong>m ser realizados em laboratórioexperimental, criando a oportunida<strong>de</strong> para os alu<strong>no</strong>s estudarem os conceitos.Porém, <strong>de</strong>ve-se salientar que as simulações jamais <strong>de</strong>vem substituir as aulasem laboratório experimental, mas sim serem usadas <strong>de</strong> forma equilibrada.


Muitos dos conceitos trabalhados em sala são, para os que têm contatopela primeira vez, <strong>de</strong> difícil visualização, sendo para uns uma extrapolação darealida<strong>de</strong>. Oliveira Júnior et al (2011) <strong>de</strong>screvem que, além <strong>de</strong> facilitar aoalu<strong>no</strong> enten<strong>de</strong>r e interpretar conceitos <strong>de</strong> difícil compreensão, dão aoportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer a previsão <strong>de</strong> aspectos qualitativos <strong>de</strong> fenôme<strong>no</strong>sfísicos que muitas vezes são abordados apenas em equações matemáticas.Vaniel, Heckler e Araújo (2011) esclarecem que o <strong>uso</strong> <strong>de</strong> <strong>simuladores</strong>colabora com a educação, permitindo o estudo <strong>de</strong> fenôme<strong>no</strong>s físicos maiscomplexos através da imaginação. Miranda, Arantes e Studart (2011) acreditaque a simulação oferece, a nível pedagógico, a construção <strong>de</strong> conceitos além<strong>de</strong> capacitar o reforço ou a reflexão ao seu entendimento.Miranda, Arantes e Studart (2011) esclarecem que dos Objetos <strong>de</strong>Aprendizagem (OA) é esperado o <strong>de</strong>senvolvimento e aperfeiçoamento daimaginação das pessoas. Apoiando-<strong>no</strong>s neste pensamento, po<strong>de</strong>mos fazer<strong>uso</strong> da tec<strong>no</strong>logia como Objeto <strong>de</strong> Aprendizagem, que além da facilida<strong>de</strong> queesta oferece, ainda possui gran<strong>de</strong> atrativo aos alu<strong>no</strong>s.Miranda, Arantes e Studart (2011) observam ainda que a atual geração<strong>de</strong> alu<strong>no</strong>s teve <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância o contato com a informática. Portanto, oemprego <strong>de</strong>la para colaborar com os processos <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> e <strong>de</strong> aprendizagemten<strong>de</strong> a ser favorável. Estes mesmos autores acreditam que os <strong>simuladores</strong>como Objetos <strong>de</strong> Aprendizagem são uma ferramenta para a aprendizagem <strong>de</strong>forma autô<strong>no</strong>ma, especialmente <strong>no</strong> que se refere ao ensi<strong>no</strong> a distância, além<strong>de</strong> que muitos <strong>simuladores</strong> são encontrados na internet. Também colaborariamna i<strong>de</strong>ntificação pelos próprios alu<strong>no</strong>s <strong>de</strong> concepções alternativas. Salientamainda que as simulações consistem em uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensinar eapren<strong>de</strong>r, mas o papel do professor ainda é imprescindível, juntamente com ocontato a livros, resolução <strong>de</strong> problemas e experimentos em laboratório.Para Vaniel, Heckler e Araújo (2011), o <strong>uso</strong> <strong>de</strong> simulações colaborariana mo<strong>de</strong>rnização das escolas, oferecendo um recurso auxiliar na formação dosalu<strong>no</strong>s, favorecidos pela motivação. Também representaria uma ferramentaauxiliar as aulas, complementando as explicações do professor eoportunizando uma fonte <strong>de</strong> pesquisa para os alu<strong>no</strong>s.Os sistemas <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> necessitam reformulação constante, pois arealida<strong>de</strong> em que cada geração <strong>de</strong> alu<strong>no</strong>s vive é diferente da anterior. Vaniel,Heckler e Araújo (2011) esperam que os futuros docentes também estejamconscientes <strong>de</strong> que o sistema <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> necessita ser aprimorado e que oscursos <strong>de</strong> graduação os preparem para tal, uma vez que os professores sãovistos como “do<strong>no</strong>s da informação” e que isto <strong>de</strong>sestimula os alu<strong>no</strong>s.Wich<strong>no</strong>ski e Zara (2011) também <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que <strong>no</strong> processo <strong>de</strong>aprendizagem, o <strong>uso</strong> <strong>de</strong> experiências virtuais po<strong>de</strong> ser um método <strong>de</strong> facilitar oentendimento e aumentar a proximida<strong>de</strong> do alu<strong>no</strong> aos temas físicos,permitindo com que os alu<strong>no</strong>s reflitam sobre os aspectos qualitativos


Um simulador disponível na área da astro<strong>no</strong>mia é o Stellarium, umsoftware livre que simula um céu realista em tempo real. Com o Stellarium, épossível contemplar vários astros e corpos celestes como planetas, estrelas,nebulosas e galáxias (figura 1.a), posicionado na superfície da Terra.Po<strong>de</strong>-se também regredir ou avançar <strong>no</strong> tempo, que é um gran<strong>de</strong>atrativo do programa, permitindo a visualização <strong>de</strong> eventos, tanto os jáocorridos como os atuais e os que estão para ocorrer, observando assim, osciclos que ocorrem <strong>no</strong> céu e suas influencias <strong>no</strong>s ciclos que ocorrem na Terra.O recurso <strong>de</strong> projetar o céu <strong>no</strong> exato local on<strong>de</strong> o alu<strong>no</strong> está contribuipara um maior entendimento dos temas em estudo (figura 1.b). A possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> observar as diferenças e semelhanças em relação ao outros locais tambémé <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância, evitando confusões <strong>de</strong> informações oferecidas pordiferentes meios <strong>de</strong> comunicação e o local on<strong>de</strong> o alu<strong>no</strong> se encontra.Com o Stellarium, po<strong>de</strong>-se acompanhar e enten<strong>de</strong>r as fases da lua,eclipses, movimento dos planetas e satélites, tanto naturais como artificiais.Seu zoom po<strong>de</strong>roso permite-<strong>no</strong>s observar <strong>de</strong>talhes surpreen<strong>de</strong>ntes dos corposcelestes, como se estivéssemos fazendo <strong>uso</strong> <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> telescópio.(a) Júpiter e algumas luas.(b) Satur<strong>no</strong>.Figura 2. Exemplos <strong>de</strong> observação <strong>de</strong> planetas.O simulador Stellarium permite ainda a observação da disposição <strong>de</strong>constelações e da mitologia a elas associadas pelas populações <strong>de</strong> diferenteslocais e culturas, mostrando asimagens e representações da culturaoci<strong>de</strong>ntal, <strong>de</strong> diversos povos indígenascomo os Tupis-guaranis, da culturacoreana, dos egípcios, entre diversosoutros, conforme mostrado na figura 3.Este recurso po<strong>de</strong> se tornar <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>valor para um estudo interdisciplinarem sala <strong>de</strong> aula, além <strong>de</strong> permitir a


discussão <strong>de</strong> elementos da História da Ciência.Figura 3. Arte das constelações, pelo Stellarium.Ao consi<strong>de</strong>rar este simulador com gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> contribuição paraos processos <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> e <strong>de</strong> aprendizagem em Astro<strong>no</strong>mia, auxiliando <strong>no</strong>difícil caminho <strong>de</strong> superação <strong>de</strong> concepções alternativas dos alu<strong>no</strong>s, osautores do presente trabalho <strong>de</strong>cidiram por apresenta-lo a um grupo <strong>de</strong>professores <strong>de</strong> ciências por meio do oferecimento <strong>de</strong> oficinas, as quais serão<strong>de</strong>scritas a seguir.2.1. OficinasA formação continuada é uma valorosa forma <strong>de</strong> incentivar osprofessores ao <strong>uso</strong> <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas e/ou diferenciadas tec<strong>no</strong>logias em sala <strong>de</strong> aula.Como uma forma <strong>de</strong> auxiliar os professores do Ensi<strong>no</strong> Fundamental e Médio<strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong> Astro<strong>no</strong>mia, foram disponibilizados momentos <strong>de</strong> estudo, pormeio da realização <strong>de</strong> oficinas sobre o Software Stellarium.As oficinas fazem parte do projeto <strong>de</strong> “Ensi<strong>no</strong> e Aprendizagem emCiências da Natureza – Astro<strong>no</strong>mia e Agricultura”, que visa analisar ainfluencia da Astro<strong>no</strong>mia na Agricultura e contribuir para a melhoria daaprendizagem na Educação Básica e a formação <strong>de</strong> professores integrandoalu<strong>no</strong>s do Ensi<strong>no</strong> Fundamental e Médio, alu<strong>no</strong>s da universida<strong>de</strong>, professoresda escola e da universida<strong>de</strong>, em momentos <strong>de</strong> reflexão acerca do tema“Astro<strong>no</strong>mia” e seu caráter interdisciplinar.As oficinas realizadas até o momento foram duas, sendo estasconsi<strong>de</strong>radas “oficinas piloto” utilizadas como forma <strong>de</strong> observação das açõese reações dos professores e possível reestruturação do planejamento inicial<strong>de</strong>ste momento <strong>de</strong> formação. O projeto <strong>de</strong> extensão acima citado, tem aprevisão da realização <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos momentos formativos para o segundosemestre letivo <strong>de</strong> 2011.As “oficinas piloto” sobre o <strong>uso</strong> do Stellarium foram disponibilizadaspara um grupo específico <strong>de</strong> professores do Ensi<strong>no</strong> Fundamental e Médio daregião, que são também integrantes <strong>de</strong> um curso <strong>de</strong> especialização lato sensugratuito intitulado “Especialização em Ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong> Ciências e Matemática”oferecido pelo Grupo <strong>de</strong> Pesquisa Formação <strong>de</strong> Professores <strong>de</strong> Ciências eMatemática do CCET/UNIOESTE em parceria como o CECA/UNIOESTE. Estecurso <strong>de</strong> especialização tem um total <strong>de</strong> vinte e cinco (25) alu<strong>no</strong>s, dos quais<strong>de</strong>zoito (18) mostraram-se interessados em realizar a oficina, sendo que, nasdatas estipuladas, onze (11) compareceram livremente para este momento <strong>de</strong>formação.As oficinas foram realizadas <strong>no</strong> laboratório <strong>de</strong> Física do Núcleo <strong>de</strong>Estudos Interdisciplinares da UNIOESTE e tiveram duração <strong>de</strong> quatro horas(4h). O simulador foi instalado previamente <strong>no</strong>s computadores <strong>de</strong>ste


laboratório e durante as oficinas o foco foi a apresentação <strong>de</strong> suasferramentas, o incentivo ao <strong>uso</strong> <strong>de</strong>stas pelos professores participantes, além<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s específicas solicitadas para que possíveis dúvidas fossemesclarecidas.As discussões associadas ao <strong>uso</strong> do Stellarium nas escolas forampermeando todas as ativida<strong>de</strong>s durante a oficina, envolvendo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sugestõesda professora e do monitor, até os questionamentos dos professores. Osparticipantes <strong>de</strong>monstraram gran<strong>de</strong> interesse <strong>no</strong> tema Astro<strong>no</strong>mia <strong>de</strong> formaampla e, principalmente, sobre formas <strong>de</strong> aproveitar o conhecimentoestruturado na oficina em suas aulas.Um dos momentos em que os professores <strong>de</strong>monstraram gran<strong>de</strong>interesse foi o <strong>uso</strong> da ferramenta do Stellarium que permite realizar estudos dacultura <strong>de</strong> diversos povos, <strong>de</strong>ntre os quais tratamos os Tupis-Guaranis e aOci<strong>de</strong>ntal. O <strong>no</strong>me e os <strong>de</strong>senhos das constelações chamaram a atenção e,com a informação, trazida pelo monitor da oficina, sobre o significado <strong>de</strong>stasrepresentações, os participantes pu<strong>de</strong>ram compreen<strong>de</strong>r as origens e osmotivos que levaram estes povos a visualizarem tais figuras <strong>no</strong> céu.Informações adicionais ao simulador, sobre as culturas dos povos (como porexemplo, quando a constelação <strong>de</strong> Aquário começava a ficar visível <strong>no</strong> céu, otempo das chuvas estava se iniciando) levaram também a discussão sobre aimportância do papel do professor nas aulas que fazem <strong>uso</strong> da tec<strong>no</strong>logia.O programa permite a simulação <strong>de</strong> eclipses, o que trouxe gran<strong>de</strong>interesse aos participantes da oficina, pois poucos dias antes da realizaçãodas oficinas ocorreu um eclipse lunar total que foi visível na região. Apóssimularem o eclipse ocorrido, muitos tiveram a curiosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> visualizar oeclipse solar ocorrido em 1994, o último do tipo em <strong>no</strong>ssa região. Osprofessores foram então estimulados a fazerem tal simulação, durante a qualmuitos relataram suas lembranças <strong>de</strong>ste evento.Uma outra ativida<strong>de</strong> realizada foi relativa a compreensão do sistemaheliocêntrico, on<strong>de</strong> <strong>no</strong>vamente o papel do professor junto as ativida<strong>de</strong>s com o<strong>uso</strong> <strong>de</strong> <strong>simuladores</strong> foi <strong>de</strong>stacada. Nesta ativida<strong>de</strong>, com a montagem dotelescópio (<strong>no</strong> programa) <strong>no</strong> formato equatorial, foi retirado o chão e ainfluencia da atmosfera, foi selecionado o planeta Vênus e avançado <strong>no</strong>tempo. Ao passar dos dias, po<strong>de</strong>-se acompanhar as fases que o planetaapresenta durante sua translação em tor<strong>no</strong> do Sol. Alguns professores<strong>de</strong>monstram dúvidas sobre como isto realmente prova que Vênus órbita o sol,aos quais foi dada a explicação teórica<strong>de</strong> que durante a sua fase cheia,Vênus se mostra peque<strong>no</strong>. Conformeas fases vão passando <strong>de</strong> cheia paraminguante (figura 4) e <strong>de</strong> minguantepara <strong>no</strong>va, o tamanho do planetaaumenta, voltando a diminuir nas fases


crescente e cheia. Com estas fases e este “aumentar e diminuir” do planetaconclui-se que sua orbita é em tor<strong>no</strong> do sol e não da Terra.Figura 4. Vênus na fase minguante, visto através do Stellarium.Ao final das oficinas os participantes foram solicitados a contribuir comuma avaliação e observações escritas sobre suas percepções relativas àAstro<strong>no</strong>mia e seu ensi<strong>no</strong> nas escolas. Segundo os relatos escritos dospróprios professores, a Astro<strong>no</strong>mia é muitas vezes <strong>de</strong>ixada <strong>de</strong> lado, fato este<strong>de</strong>vido a sua inexperiência e a pouco ou nenhum contato com ela durante aformação inicial em curso <strong>de</strong> graduação. Em relação à capacitação dosprofessores para o ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong> Astro<strong>no</strong>mia, eles próprios mencionaram que acarga horária é muito pequena pela importância <strong>de</strong>sse conteúdo, inclusive dasoficinas oferecidas e aqui <strong>de</strong>scritas.Nas avaliações escritas, os professores indicam que o Stellarium é umaótima ferramenta, tanto para eles mesmos apren<strong>de</strong>rem mais sobre o tema,quanto para utilização junto aos alu<strong>no</strong>s nas escolas. Isto po<strong>de</strong> ser observado<strong>no</strong> relato, transcrito abaixo, <strong>de</strong> uma das professoras participante da oficina:“O tema Astro<strong>no</strong>mia é muito abstrato e como o conteúdo dagraduação foi muito resumido, atuar em sala <strong>de</strong> aulatrabalhando com esse conteúdo é muito difícil.. manusear oStellarium é uma forma <strong>de</strong> conseguir enten<strong>de</strong>r o espaço, alocalização e movimentação dos astros. É uma forma <strong>de</strong>transformar a teoria em algo mais palpável. (...) Astro<strong>no</strong>mia éum tema que fica <strong>de</strong> lado não só na graduação, mas <strong>no</strong> próprioensi<strong>no</strong> básico, isto porque os professores não tem segurançapara falar sobre o mesmo(...)”.O relato <strong>de</strong>scrito acima <strong>de</strong>ixa claro o problema enfrentado pelosprofessores quando o assunto é Astro<strong>no</strong>mia. A falta <strong>de</strong> disciplinas queabor<strong>de</strong>m o tema durante a graduação e a falta <strong>de</strong> material didático para seuplanejamento e abordagem, obriga o professor a <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado este conteúdo.Outro relato revela as dificulda<strong>de</strong>s enfrentadas e enfatiza a importânciada formação dos professores, por exemplo, em oficinas como a realizada:“O tema Astro<strong>no</strong>mia para mim, sempre foi algo muito abstrato emeu conhecimento acerca <strong>de</strong>ste assunto esteve sempre ligadoao conhecimento popular. Quando criança ouvia muito meusfamiliares comentando principalmente sobre a lua e suasinfluencias. Em minha formação, tive pouco contato com essetema, o que para mim foi um obstáculo a superar quando tiveque trabalhar na disciplina <strong>de</strong> Ciências com turmas da 5ª serie.Foi neste período que tive mais contato e passei a conhecermelhor assuntos relacionados a Astro<strong>no</strong>mia. Hoje me senticomo uma criança realizando as ativida<strong>de</strong>s propostas; alguns


aspectos que para mim eram tão abstratos passaram a serfirmados. Foi bom ter este contato, e com certeza fará parte <strong>de</strong>minhas ativida<strong>de</strong>s como educadora”.As ativida<strong>de</strong>s do projeto aqui <strong>de</strong>scritas, bem avaliadas pelosparticipantes conforme acima relatado, foram beneficiadas pela cedência <strong>de</strong>uma bolsa <strong>de</strong> extensão do programa Ações Afirmativas/Fundação Araucária oque viabilizou a atuação mais intensa do autor principal <strong>de</strong>ste texto, alu<strong>no</strong> do2º a<strong>no</strong> do Curso <strong>de</strong> Engenharia Agrícola, em parceria com a professoraatuante e coor<strong>de</strong>nadora do projeto na escola Horácio Ribeiro dos Reis e aprofessora coor<strong>de</strong>nadora do projeto na UNIOESTE.A realização das “oficinas piloto” foi <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância e indicouajustes em seu planejamento e a relevância do oferecimento <strong>de</strong> maior número<strong>de</strong> oficinas. Neste sentido, a perspectiva é <strong>de</strong> que quatro (4) <strong>no</strong>vos momentos<strong>de</strong> formação como os oferecidos serão disponibilizados para os professores daregião ainda durante o a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 2011.3. Algumas Consi<strong>de</strong>rações FinaisUm gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> professores da disciplina <strong>de</strong> Ciências do Ensi<strong>no</strong>Fundamental, têm consciência <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>ficiências <strong>de</strong> formação em relaçãoaos conteúdos <strong>de</strong> Astro<strong>no</strong>mia. Tal consciência os <strong>de</strong>ixa angustiados einseguros <strong>no</strong>s momentos <strong>de</strong> abordagem <strong>de</strong> tal tema com os alu<strong>no</strong>s. Contudo,gran<strong>de</strong> parte dos professores têm buscado cada vez mais o aperfeiçoamentopara melhorar suas aulas, fazendo o <strong>uso</strong> do que a tec<strong>no</strong>logia tem <strong>de</strong> melhorpara oferecer. Neste sentido, vale consi<strong>de</strong>rar a importância do oferecimento <strong>de</strong>maior número <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação continuada.A Astro<strong>no</strong>mia é uma excelente ferramenta motivadora para aaprendizagem e quando aliada a tec<strong>no</strong>logia, torna-se mais fácil e atrativa. Os<strong>simuladores</strong> tem o potencial <strong>de</strong> auxiliar nesta aprendizagem, mas <strong>de</strong> formaalguma procura substituir o papel relevante do professor, as aulas emlaboratório experimental ou a beleza <strong>de</strong> um céu estrelado.ReferênciasCHÉREAU, F. Stellarium (Version 0.10.6). [Programa <strong>de</strong> Computador].HECKLER, V; SARAIVA, F. F. O; FILHO, K. S. O. Uso <strong>de</strong> <strong>simuladores</strong>, imagens eanimações como ferramentas auxiliares <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong>/aprendizagem <strong>de</strong> óptica. RevistaBrasileira <strong>de</strong> Ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong> Física, v. 29, n. 2, (p.267-273). São Paulo: 2007.MILÉO FILHO, P. R. Interativida<strong>de</strong>s e Audiovisuais <strong>no</strong> Ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong> Física. In: XIXSimpósio Nacional <strong>de</strong> Ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong> Física – SNEF 2011 – Manaus, AM. Disponível em. Acesso em13 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2011.


MIRANDA, M. S; ARANTES, A. R; STUDART, N. Objetos <strong>de</strong> Aprendizagem doEnsi<strong>no</strong> <strong>de</strong> Física: Usando Simulações do PhET. In: XIX Simpósio Nacional <strong>de</strong> Ensi<strong>no</strong><strong>de</strong> Física – SNEF 2011 – Manaus, AM. Disponível em. Acesso em13 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2011.OLIVEIRA JÚNIOR, F. M.; FREIRE, M. L. F; UCHOA, A; GOMES, V. C; SILVA, C.V. da. O Uso <strong>de</strong> Simulações Computacionais Como Ferramenta <strong>de</strong> Ensi<strong>no</strong> eAprendizagem dos Conceitos <strong>de</strong> Circuitos Elétricos. In: XIX Simpósio Nacional <strong>de</strong>Ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong> Física – SNEF 2011 – Manaus, AM. Disponível em. Acesso em13 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2011.VANIEL, B. V; HECKLER, V; ARAÚJO, R. R. Investigando a Inserção das TIC eSuas Ferramentas <strong>no</strong> Ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong> Física: Estudo <strong>de</strong> Caso <strong>de</strong> um Curso <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong>Professores. In: XIX Simpósio Nacional <strong>de</strong> Ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong> Física – SNEF 2011 – Manaus,AM. Disponível em . Acesso em 13 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2011.WICHNOSKI, P; ZARA, R. A. Avaliação do Uso <strong>de</strong> Simuladores <strong>no</strong> Ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong>Circuitos <strong>de</strong> Capacitores. In: XIX Simpósio Nacional <strong>de</strong> Ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong> Física – SNEF2011 – Manaus, AM. Disponível em . Acesso em 13 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2011.

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