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Cochonilha Dysmicoccus brevipes - Emepa

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<strong>Cochonilha</strong> <strong>Dysmicoccus</strong> <strong>brevipes</strong>: a praga cosmopolita da abacaxicultura1 1 2José Teotônio de Lacerda , Rêmulo Araújo Carvalho e Eliazar Felipe de Oliveira1Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A.- EMEPA (teotoniojp@ig.com.br, remuloc@hotmail.com)2Empresa de Assistência técnica e Extensão Rural da Paraíba - EMATER/PB (eliazar.oliveira@uol.com.br)Resumo - O abacaxizeiro (Ananas comosus (L) Merril) é uma planta tropical de elevada importância econômica mundial,destacando-se pela grande área de cultivo, alta produtividade e excelente mercado consumidor. Entretanto, a cultura éameaçada pelas perdas elevadas causadas pela murcha associada à cochonilha (<strong>Dysmicoccus</strong> <strong>brevipes</strong>), considerada um dosproblemas mais importante da abacaxicultura em nível mundial. Essa praga é, normalmente, encontrada vivendo emcolônias, na base das folhas e nas raízes do abacaxizeiro. Os prejuízos causados por essa praga podem ultrapassar 70%. Estetrabalho aborda a descrição, biologia, hábito, sintomas, danos e medidas de controle dessa praga. A integração de váriasmedidas de controle como: destruição dos restos de cultivo, preparo do solo, rotação de cultura, origem das mudas, culturalimpa, controle biológico e controle genético tem sido eficiente no controle da cochonilha. O controle químico deve serusado com orientação, dentro da maior segurança possível, por causa dos efeitos negativos que podem trazer ao meioambiente e ao homem. Apresenta resposta imediata, mas deve ser aplicado seguindo critérios para evitar a eliminação dosinimigos naturais e o desequilíbrio ambiental.Palavras-chave: abacaxi, Ananas comosus, raízes, controle químico, inimigo naturalPineapple mealybug <strong>Dysmicoccus</strong> <strong>brevipes</strong>: the cosmopolitan pestof pineapple cropAbstract - The pineapple (Ananas comosus (L) Merrill) is a tropical plant of high economic importance worldwide,especially for its large area of cultivation, high yield and excellent consumer market. Meanwhile, the crop is threatened byhigh losses caused by wilting associated with pineapple mealybug (<strong>Dysmicoccus</strong> <strong>brevipes</strong>), considered one of the mostimportant problems of the pineapple crop worldwide. This pest is usually found living in colonies on the basis of the leavesand pineapple roots. The damage caused by this pest can exceed 70%. This work addresses the description, biology habit,symptoms, damage and measures to control this pest. The integration of various control measures, such as: destruction of theremains of cultivation, soil tillage, crop rotation, seedling origin, clean culture, biological control and genetic control hasbeen efficient in controlling the pineapple mealybug. The chemical control should be used with guidance, in the safestpossible manner, due to its negative effects to the environment and humans. It provides immediate response, but must beapplied following criteria to prevent the removal of natural enemies and environmental imbalance.Keywords: pineapple, Ananas comosus, roots, chemical control, natural enemyIntroduçãoO abacaxi (Ananas comosus (L.) Merril) é uma plantatropical de grande interesse econômico para o Brasil,possuindo como entraves para o seu desenvolvimento, asaltas infestações de fusariose e ataque de cochonilhas, queoneram os custos de produção e depreciam a qualidade dosfrutos.A cochonilha do abacaxi, <strong>Dysmicoccus</strong> <strong>brevipes</strong>(Cockerell, 1893) (Hemiptera: Pseudococcidae), tambémconhecida por piolho branco, cochonilha pulverulenta-doabacaxi,cochonilha-da-raiz, cochonilha farinhosa ou piolhofarinhento, é uma praga que causa elevados prejuízos àabacaxicultura nacional e mundial, por estar estreitamenterelacionada a uma doença possivelmente de origem virótica,conhecida como 'murcha do abacaxi'. Está disseminada emtodos os países onde o abacaxizeiro é cultivado, podendosobreviver em mais de 30 plantas hospedeiras (Silva etal.,1968).Em 1910, no Hawai, a cochonilha foi detectada causandoa doença denominada murcha-do-abacaxizeiro. Desdeentão, ela vem provocando elevados prejuízos, sendoconsiderada uma praga que causa sérios problemas a culturaem todo mundo (Sanches & Matos, 1999). Esta cochonilha éobservada, em todos os estados do Brasil e em outros paísesprodutores de abacaxi, causando perdas na produção quevariam de 40 a 70% (Manica, 2000).As perdas na produção devido à murcha podemultrapassar os 80%, sobretudo para a cultivar SmoothCayenne e outras cultivares suscetíveis (Sanches, 2005).Segundo Py et al. (1984), os prejuízos podem ser variáveis eexceder os 50%. Já, na Costa do Marfim as perdas veriaramde 70 a 80% (Guérout,1966;1972). Com relação aosprejuízos, a cochonilha chegou a danificar em 30,9% asplantas da cultivar Smooth Cayenne no Estado da ParaíbaTecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.3, n.2, p.15-21, jun. 2009 15


(Choairy et al.,1984). Giacomelli e Py (1981) relataramdiferenças de suscetibilidade à murcha entre cultivares,sendo a cultivar Cayenne mais susceptível quandocomparada à cultivar Pérola. A murcha do abacaxi associadaà cochonilha constitui-se em um dos maiores entraves para oaumento da produtividade da cultura no Estado de MinasGerais, pois, pode gerar perdas na produção de 70% e aindapromover o abandono de muitas áreas cultivadas (SantaCecília & Chalfoun, 1998). Os prejuízos causados por essacochonilha à cultura foram estimados entre 80 e 100% daprodução (Celestino, Gadelha & Vieira, 1991).A ocorrência da cochonilha é constatada durante todo ociclo da cultura, com variação na intensidade de infestação.Os períodos quentes e úmidos são os mais favoráveis aodesenvolvimento dessa praga (Giacomelli, 1969; Choairy,1992). A fecundidade e a longevidade deste inseto sãoafetadas pelo clima. Após um período de elevadapluviosidade, geralmente, ocorre um decréscimo nainfestação da praga (Santa-Cecília, 1990).Durante o desenvolvimento vegetativo, as plantasinfestadas pela cochonilha apresentam paralisação nocrescimento, redução no número de folhas e do comprimentoda raiz (Lim, 1972). Essa praga impede a frutificaçãonormal, provoca o enfraquecimento das plantas pelaconstante sucção de seiva, podendo levá-las a morte. Ascochonilhas, ao sugarem a seiva da planta, injetam toxinasque podem provocar alterações no seu metabolismo,podendo levá-la à morte. O sintoma provocado pelainoculação desta toxina é vulgarmente conhecido pormurcha-do-abacaxizeiro e pode estar associado a agentesviróticos. Em alguns estudos, já foi constatada a presença deum closterovirus a partir de abacaxizeiros com sintomas demurcha de cochonilha, indicando a etiologia da doença(Gunasinghe & German,1986; 1989; Ullman etal.,1989;1991).As cochonilhas vivem em colônias e são comumenteencontradas sugando seiva nas raízes e axilas das folhas, masquando a colônia sofre um aumento populacional, elaspodem ser encontradas também nos frutos, na parte superiordas folhas, coroas e nas mudas (Sanches & Matos, 1999).Este trabalho tem como objetivo relatar uma descrição,aspectos da biologia e hábito, danos e medidas de controle dacochonilha <strong>Dysmicoccus</strong> <strong>brevipes</strong> que ataca a abacaxiculturamundial.Descrição, Biologia e HábitoA fêmea adulta é ovalada e possui uma coloração geralrósea, recoberta por uma secreção pulverulenta de cerabranca, com 34 filamentos cerosos ao redor do corpo, sendoaproximadamente iguais exceto os oito posteriores que sãomais robustos e longos, porém, nunca atingindo a metade docomprimento do corpo que mede 3 mm de comprimento e,sem secreção cerosa, um pouco mais de 1mm (Figura 1). Nafêmea a metamorfose é incompleta, envolvendo três estádiosninfais e fase adulta (Lim, 1973). O macho adulto é deestrutura frágil, delicada, apresentando as peças bucais nãotão desenvolvidas e antenas com oito segmentos. O aspectodo macho, com exceção do primeiro ínstar, é diferente dafêmea, é menor, alado e possui o corpo distinto em cabeça,tórax e abdome, e um par de filamentos caudais longos ebrancos. A metamorfose no macho é completa, apresentandodois estádios ninfais, um pré-pupal, um pupal e um adulto.No primeiro estádio ninfal, imediatamente após aemergência, a ninfa possui coloração marrom-avermelhada,passando para branco-acastanhado, por conta de um par deprolongamentos cerosos brancos e filiformes produzidos nasmargens dos lobos anais (Ghose, 1983).Figura 1. <strong>Cochonilha</strong> <strong>Dysmicoccus</strong> <strong>brevipes</strong>, a principalpraga que ataca o abacaxizeiro.A reprodução é sexuada e as fêmeas são ovovivíparas. Oovo possui forma elíptica, com cório liso e coloraçãoamarelo-alaranjado-pálida (Menezes, 1973). As fecundadascolocam os ovos em uma secreção filamentosa, o ovissaco,eliminada por poros localizados na região postero-ventral doabdome, e após a postura, a forma jovem que se encontratotalmente formada no interior do ovo, inicia o rompimentoda membrana envolvente (Menezes, 1973). A produçãopartenogenética com essa espécie foi concentrada no Havaí(Ito, 1938). As formas jovens do primeiro estádio possuemgrande atividade e podem se locomover com maior rapidez.Já as formas dos estádios posteriores se locomovem maislentamente enquanto os adultos, ao contrário das ninfas,permanecem praticamente imóveis. A produção média dedescendentes gira em torno de 295 indivíduos e alongevidade da fêmea fecundada é em torno de 58 diascontra os 148 dias das fêmeas virgens (Menezes, 1973). Omacho, após o terceiro estádio, não mais se alimenta, ficandoapenas com o papel de fecundar a fêmea. Os segundo,terceiro e quarto estádios vão ocorrer no interior de umcasulo de filamentos ceráceos, construído pela ninfa de16Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.3, n.2, p.15-21, jun. 2009


segundo estádio. O macho, após o quarto estádio, permanecepor alguns dias no interior do casulo até atingir a maturidadesexual. Este pode copular com mais de uma fêmea e esta,após ser fecundada, não mais atrai outros. A longevidademédia do macho está em torno de 28 dias (Menezes, 1973). Arazão sexual é de, aproximadamente, um macho para duasfêmeas. As fêmeas têm a capacidade de ovipositar cerca de240 ovos num período de 40 dias, aproximadamente (Ito,1938; Ghose, 1983).Alguns fatores climáticos podem afetar odesenvolvimento populacional desta praga. No período seco,o índice populacional da cochonilha é elevado, ao passo que,no período das chuvas, em virtude do arrastamento de boaparte dos indivíduos, há um decréscimo da população(Rocha, 1960). Além do clima, outros fatores, como ascondições fisiológicas das plantas e do solo, a presença deformigas e a procedência do material de plantio, contribuempara elevar o nível populacional da praga. As condições maisfavoráveis ao desenvolvimento desta praga são os períodosquentes e úmidos (Choairy, 1992)A cochonilha do abacaxizeiro vive em simbiose porprotocooperação com várias espécies de formigas-doceiras,as quais se nutrem de uma substância adocicada produzidapelas cochonilhas e, em troca, as formigas protegem as suascolônias das intempéries e dos inimigos naturais, cobrindo-acom terra e restos orgânicos e servindo-lhes de agentes dedispersão, dos hospedeiros nativos e dos restos de culturas,para os novos plantios (Sanches & Matos, 1999).Além do abacaxizeiro, a D. <strong>brevipes</strong> pode ser encontradaprincipalmente em raízes de um grande número de plantas,tais como: arroz, batatinha, algodoeiro, abacateiro,amendoim, amoreira, ananás, bananeira, cajueiro, cana-deaçúcar,fruta-do-conde, caquizeiro, citrus, coqueiro, diversoscapins, dendezeiro, Hybiscus spp., Cyberus spp.,jaboticabeira, milho, sorgo, palmeira, tamareira, sapé,cafeeiro, soja, bambu, jaca, cacau e mangueira (Lima,1939;Costa & Redaelli,1948; Galli,1958; Silva et al.,1968).Sintomas e DanosOs primeiros sintomas de ataque da praga na plantaocorrem no sistema radicular, antes do aparecimento dossintomas foliares. O crescimento das raízes é afetado emtorno dos 42 dias após a infestação, enquanto os primeirossintomas foliares somente aparecem entre 63 e 82 dias,podendo o desenvolvimento desses sintomas se estender até295 dias (Sanches & Matos,1999). Com o ataque dacochonilha, as raízes paralisam o crescimento, entram emcolapso por causa do apodrecimento dos tecidos, exceto asraízes muito novas, que aparentemente estão sadias (Figura2). As plantas, ao serem arrancadas do solo, apresentam umsistema radicular totalmente destruído e raramente sãolocalizadas cochonilhas, que migram para outras plantas àprocura de alimento.Figura 2. Sintomas iniciais da cochonilha do abacaxizeiro,na Estação Experimental do Abacaxi, em Sapé, PB, Brasil.O período de tempo entre a infestação e o aparecimentodos sintomas da murcha, sua intensidade e evoluçãodependem de vários fatores, principalmente, daquelesligados à cochonilha, à planta e dos climáticos (Py etal.,1984). Geralmente, a expressão dos sintomas ficaevidente de dois a três meses após a infestação, em plantas decinco meses de idade, e em quatro a cinco meses, naquelasinfestadas aos nove meses de idade (Piza Júnior,1969;Cunha et al.,1994).Em plantas da cultivar Smooth Cayenne, Carter (1933)descreveu quatro estágios da sequência sintomatológica damurcha-do-abacaxizeiro associada à cochonilha:1-inicialmente as folhas apresentam coloração vermelhobronzeadas,cujas margens tendem a se recurvar para a faceinferior, mas as extremidades permanecem eretas; 2-posteriormente as folhas perdem turgescência, com a cortendendo para o rosa vivo e amarelo, suas extremidadesapresentam um leve “bronzeamento”. Ocasionalmente, asfolhas apresentam a ponta enrolada, com uma área necróticano ápice; 3 - as folhas encurvam-se para baixo, com asmargens amarelas, e suas partes medianas tornam-se rosavivo com uma tendência das extremidades a se enrolarem; 4 -as folhas mais jovens estão eretas, mas não túrgidas. Asextremidades da maioria das outras folhas estão enroladas,com intensidade variável de murcha e cor bege; aquelas quepermanecem verdes são descoradas com manchas rosadasesparsas, principalmente nas folhas recurvadas.A m u r c h a d o a b a c a x i z e i r o p o d e r e d u z i rpronunciadamente a colheita, pela morte de plantas sem quetenham frutificado (Figura 3), ou impedindo a frutificaçãonormal, pelo elevado número de frutos atrofiados e murchos,impróprios para o consumo.Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.3, n.2, p.15-21, jun. 200917


agressiva e raramente reversível, ocorre em plantas isoladasou em linhas e reboleiras de pequenas dimensões, já aocasionada pela seca é progressiva, uniforme e semprereversível com as plantas reverdecendo com o retorno daschuvas e ocupam vastas áreas (Sanches & Matos, 1999).Métodos culturaisMedidas de ControleFigura 3. Planta de abacaxizeiro com sintomas avançadosda cochonilha <strong>Dysmicoccus</strong> <strong>brevipes</strong>.Existe importante diferença de comportamento entrecultivares no que diz respeito ao ataque da cochonilha-doabacaxizeiro.A cultivar Smooth Cayenne, a mais cultivadaem todo mundo, é muito sensível ao ataque desta praga,enquanto a cultivar Pérola apresenta certa tolerância (Figura4). Na Paraíba, apesar da sua alta incidência na cv. Pérola nãoafeta significativamente a produtividade, porém, os maioresprejuízos (acima de 30%) ocorreram na cv. Smooth Cayenne(Choairy, 1992). Na Bahia, Sanches & Diamantino (1997)observaram, na cv. Smooth Cayenne, uma incidênciademurcha em 90% das plantas avaliadas.Figura 4. Planta de abacaxizeiro Pérola e Smooth Cayenneatacadas pela cochonilha <strong>Dysmicoccus</strong> <strong>brevipes</strong>.Em situação de falta ou excesso de água no solo, a plantado abacaxi também pode apresentar sintomas semelhantesàqueles da murcha associada à cochonilha. Para diferenciálos,observa-se que a murcha associada à cochonilha éConsistem no emprego de determinadas práticasculturais de controle baseando-se em conhecimentosbiológicos e ecológicos da praga:Preparo do solo: um bom preparo do solo, antes daimplantação da cultura, já é suficiente para controlar asformigas-doceiras, principalmente as 'lava-pés' (Solenopsissp.), reduzindo-se consequentemente a disseminação dacochonilha, na área.Rotação de cultura: o plantio alternado do abacaxizeirocom algumas leguminosas, exceto o amendoim, poderáreduzir a população da cochonilha a um nível consideradobaixo.Origem das mudas: as mudas devem ser colhidas em áreasque tenham sido bem conduzidas com baixo índicepopulacional da cochonilha, evitando a sua disseminação deuma região para outra e colaborando para que sua ocorrênciainicial em novos cultivos seja baixa.Cura: a exposição das mudas ao sol, após a colheita, durante8 a 15 dias, aproximadamente, pode auxiliar no extermíniodas cochonilhas que eventualmente se encontram nas folhasmais externas ou bases das mudas.Destruição dos restos culturais: a destruição dos restos docultivo anterior, onde o inseto pode permanecer alojado, éimportante para o seu controle, por promover menosincidência inicial no novo cultivo.Controle biológico: várias espécies de inimigos naturaisque atacam as pragas do abacaxi são encontradas no Brasil(Silva et al., 1968; Menezes, 1973; Santa Cecília, 1990;Sanches, 1993).Controle genético: há uma considerável variação no grau desuscetibilidade das variedades de abacaxi em relação àmurcha. A cultivar Smooth Cayenne é altamente suscetível,enquanto a cultivar Pérola é mais resistente (tolerante). Aobtenção de híbridos entre a cultivar S. Cayenne e asespécies de Ananás ananassoides, A. bracteatus ePseudananas sagenarius mostraram-se altamenteresistentes a essa doença (Sanches & Matos, 1999).Controle químicoO controle eficiente da D. <strong>brevipes</strong> baseia-se na aplicaçãode inseticidas antes do plantio e durante o ciclo vegetativo. Ocontrole químico da praga deve-se iniciar antes do plantio,com o tratamento da mudas por imersão durante um períodomínimo de um minuto em uma emulsão de inseticidaacaricida.Após o mergulho, as caixas de plástico contendo as18Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.3, n.2, p.15-21, jun. 2009


mudas devem ser colocadas na rampa próximo do tanque, afim de que o excesso da solução retorne ao tanque, evitandodesperdícios, e colocadas, logo em seguida, verticalmentedurante 12 horas para que o líquido atinja à base das folhas. Otratamento preventivo pode ser também, realizado nasmudas ainda na planta-mãe, na fase de crescimento (ceva),reduzindo assim a mão-de-obra, empregando-se alguns dosprodutos indicados. Outra opção de tratamento das mudas é autilização de um grama de fosfina por metro cúbico, que após72 horas de exposição, apresentam uma eficiência de 100%no controle da cochonilha e não ocasionam nenhum efeitofitotóxico à planta (Melo et al.,1991). Esse processo temapresentado excelentes resultados com mudas da cultivarSmooth Cayenne, entretanto, quando utilizadas mudas dascultivares Pérola e Jupi, estas começam a emitirinflorescência 60 dias após o plantio (Choairy, 1992).Para se evitar maior disseminação da cochonilha, devese,também, controlar as formigas, dando preferência asformulações contendo atrativos que tenham uma ação maislenta, para que possa ser introduzida dentro do ninho umamaior quantidade de ingrediente ativo, além de se efetuarbom preparo do solo para destruir seus ninhos.O controle da cochonilha no decorrer da fase vegetativa,pode ser realizado mediante pulverizações no 2º, 5º e 8º mêsapós o plantio com produtos indicados, aplicando-se porplanta respectivamente, 30, 50 e 70 mL de emulsão contendoum dos produtos listados na Tabela 1. Para que a soluçãoatinja as colônias de D. <strong>brevipes</strong> é necessária uma boacobertura, desde o centro da roseta foliar até a base dasfolhas. Para controlar eficientemente a cochonilha, se faznecessário uma quantidade de solução a ser empregada porhectare de 2.000 a 3.000 litros (Py, 1969).Tabela 1. Produtos registrados no Ministério da Agricultura Pecuária e do Abastecimento para <strong>Dysmicoccus</strong> <strong>brevipes</strong> combase no Agrofit /2008.ProdutosIngrediente Ativo(Grupo Químico)FormulaçãoClasseToxicológica Risco AmbientalActara 10 GRActara 250 WGConfidor 700 WGEthion 500Ethiongel 950Kohinor 200 SCWarranttiametoxam (neonicotinoide)tiametoxam (neonicotinoide)imidacloprido (neonicotinoide)etiona (organofosforado)etiona (organofosforado)imidacloprido (neonicotinoide)imidacloprido (neonicotinoide)GR - GranuladoWG - Granulado DispersívelWG - Granulado DispersívelEC - Concentrado EmulsionávelGL - Gel EmulsionávelSC - Suspensão ConcentradaWG - Granulado DispersívelIIIIIIIVIIIIIIIVIIIIIIIIIIIIIIIIIIIConsiderações FinaisA cochonilha Dysmiccocus <strong>brevipes</strong> é considerada umadas principais pragas da abacaxicultura mundial e deve sermonitorada e acompanhada durante todo o cultivo,principalmente, quando as mudas são oriundas de plantioscom histórico de infestação desta praga.A importância do controle dessa praga deve serressaltada. Portanto, é necessária a integração de váriasmedidas de controle, iniciando com a destruição dos restosdo cultivo anterior, obtendo as mudas de plantios que tenhamsido submetidos a bom tratamento fitossanitário, utilizandométodos que visam manter a população desse inseto abaixodo nível de dano econômico, protegendo as plantas, ohomem, os animais e, principalmente, o meio ambiente.O controle químico deve ser usado com orientação,dentro da maior segurança possível, por causa dos efeitosnegativos que podem trazer ao meio ambiente e ao homem.Este tipo de controle apresenta resposta imediata, mas deveser aplicado seguindo alguns critérios para evitar aeliminação dos inimigos naturais e o desequilíbrioambiental.ReferênciasA G R O F I T. S I S T E M A D E A G R O T Ó X I C O SF I T O S S A N I T Á R I O S . D i s p o n í v e l e m :. Acesso em: 5 dezembro 2008.CARTER, W. A wilt of pineapple similar to mealybug wiltbut caused by drought. Pineapple Quarterly, v.3, p. 181 -184, 1933.CELESTINO, R.C.A.; GADELHA, R.S. de S.; VIEIRA, A.Diferenças entre os sintomas do ataque de cochonilha eda deficiência de cobre em plantas de abacaxi. Niterói:PESAGRO, 1991. 2p. (PESAGRO. Boletim, v. 209, n. 1/2).Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.3, n.2, p.15-21, jun. 200919


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