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Rima da barragem Igarapeba - CPRH

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SISTEMA DE CONTROLE DE CHEIAS DA BACIA DO RIO UNABARRAGEM IGARAPEBA


Instituto de Tecnologia de Pernambuco ITEP/OSUni<strong>da</strong>de Gestora de Projetos Barragens <strong>da</strong> Mata Sul UGP BarragensR I M ASISTEMA DE CONTROLE DE CHEIAS DA BACIA DO RIO UNABARRAGEM IGARAPEBARecifeNovembro/2011


Estado de PernambucoEquipe TécnicaGovernadorEduardo Henrique Accioly CamposVice-GovernadorJoão Soares Lyra NetoSecretaria de Recursos Hídricos e Energéticos - SRHEJoão Bosco de Almei<strong>da</strong>Secretário Executivo de Recursos Hídricos - SRHEJosé Almir CiriloSecretário Executivo de Energia - SRHEEduardo Azevedo RodriguesGerência Geral de Recursos Hídricos - SRHECarlos Marcelo SáGerência de Infraestrutura Hídrica - SRHEMaria Lorenzza Pinheiro LeitePresidente <strong>da</strong> Agência Pernambucana de Àguas e Clima APACMarcelo CauásAsforaGerente de Revitalização de Bacias - APACTerezinha Matilde Menezes UchôaInstituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP-OS)Diretor PresidenteFrederico Cavalcanti MontenegroDiretor TécnicoPedro Sérgio CunhaDiretora Administrativa FinanceiraFabiana FreitasSuperintendente de Inovação TecnológicaMárcia Maria Pereira LiraCoordenador <strong>da</strong> UGP BarragensIvan Dornelas Falcone de MeloI59Instituto de Tecnologia de PernambucoCoordenação GeralIvan Dornelas, MSc.Engº. CartógrafoCoordenação TécnicaMaria do Carmo Sobral, PhD.Engª. CivilApoio a Coordenação TécnicaAlessandra Maciel de L. Barros, MSc.Engª. CivilGustavo Lira de Melo, MSc.BiólogoRenata M. C. M. de O. Carvalho, Drª.Engª. AgrônomaRita de Cassia Barretto Figueiredo, Drª.Engª. QuímicaAnálise do ProjetoAna Paula Batista Lemos FerreiraEngª. CivilSupervisão Geral E. AmbientaisWbaneide Martins de Andrade, MSc.Bióloga/BotânicaSupervisão Meio FísicoPaulo Alves Silva Filho, MSc.GeógrafoSupervisão Meio BióticoMarcondes Albuquerque de Oliveira, Dr.Biólogo/BotânicoAnálise JurídicaTalden Queiroz Farias, MSc.AdvogadoLuiz Carlos Ernesto de BarrosAdvogadoMeio FísicoAguinaldo Batista de QueirozEngº. QuímicoAlessandra Maciel de Lima Barros, MSc.Engª. CivilAna Mônica Correia, MSc.GeógrafaLuciano Cintrão Barros, Dr.GeógrafoMag<strong>da</strong>la Braga de FariasEngª. QuímicaMaria <strong>da</strong>s Vitórias do Nascimento, MSc.Engª. CivilPaulo Alves Silva Filho, MSc.GeógrafoRizel<strong>da</strong> Rega<strong>da</strong>s de Carvalho, MSc.GeólogaRelatório de Impacto Ambiental: Estudo de ImpactoAmbiental EIA: Sistema de Controle de Cheias <strong>da</strong> Bacia doRio Una- Barragem <strong>Igarapeba</strong>/ Instituto deTecnologia de Pernambuco; Uni<strong>da</strong>de Gestora de ProjetosBarragens <strong>da</strong> Mata Sul. Recife, 2011.62p... : ilISBN:1.Estudo de Impacto Ambiental EIA. 2. Impactos Ambientais. 3. Sistema de Controle de Cheias <strong>da</strong> Baciado Rio Una. 4. Empreendimento. 5. Meio Ambiente. 6. Enchentes. 7. Bacia do Rio Una. I. Instituto deTecnologia de Pernambuco. II. Uni<strong>da</strong>de Gestora de Projetos Barragens <strong>da</strong> Mata Sul. III. Título.CDU 504Romilson Ferreira <strong>da</strong> SilvaMeterologistaSimone Karine Silva <strong>da</strong> Paixão, Especª.Engª. CivilSimone Rosa <strong>da</strong> Silva, Drª.Engª .CivilWanderson Sousa, MSc.MeterologistaWeronica Meira de Souza, Drª.MeterologistaMeio BióticoAlfredo Matos Moura Júnior, Dr.Biólogo/BotânicoAntônio Paulo <strong>da</strong> S. Junior, MSc.Biólogo/ZoólogoArtur Galileu de Miran<strong>da</strong> Coelho, MSc.Biólogo/ZoólogoCristiane Maria V. A. de Castro, Drª.Bióloga/OceanógrafaElba Maria Nogueira Ferraz, Drª.Bióloga/ BotânicaElci<strong>da</strong> de Lima Araújo, Drª.Bióloga/ BotânicaGeraldo Jorge Barbosa de Moura, Dr.Biólogo/ZoólogoGeorge Nilson Mendes, Dr.Engº de Pesca/IctiologiaJoão Paulo F. <strong>da</strong> SilvaEngº FlorestalKarine Matos Magalhães, Drª.Bióloga/ BotânicaKléber Costa de LimaEngº. FlorestalMaristela Casé Costa Cunha, DrªBióloga/OceanógrafaRafael Sales BandeiraBiólogo/QuiropterologiaGeoinformaçãoDaniel Quintino SilvaTecnólogo em GeoprocessamentoDiego Quintino SilvaTecnólogo em GeoprocessamentoCartografiaAna Carolina Schuller, MSc.Engª. CartógrafaAna Mônica Correia MsC.GeógrafaAramis Leite de Lima, MsC.Engº. CartógrafoFelipe José Alves de Albuquerque, MSc.GeógrafoFlávio Porfírio Alves, MsC.Engº. CartógrafoMeio SócioeconômicoEdvânia Tôrres Aguiar Gomes, Drª.GeógrafaGeorge Felix Cabral de Souza, Dr.HistoriadorJosé Geraldo Pimentel NetoGeógrafoLucia Soares EscorelArquiteta e UrbanistaLuis Henrique R. Campos, Dr.EconomistaMarcia Cristina de Souza Matos Carneiro, Drª.Engª. CartógrafaMarcos Antônio G. M. de Albuquerque, Dr.ArqueólogoMaria Eleonôra <strong>da</strong> G. G. Curado, MSc.ArqueólogaMariana Zerbone A. Albuquerque, Drª.GeógrafaMichel Saturnino Barboza, MSc.GeógrafoOsmil Torres Galindo FilhoEconomistaVele<strong>da</strong> Christina Lucena deAlbuquerque, Drª.ArqueólogaApoio TécnicoAndré Filipe Costa de OliveiraBiólogo/QuiropterologiaAnthony Epifânio AlvesBiólogo/MacroinvertebradosbentônicosAriane Silva CardosoBióloga /FitoplânctonAurelyanna Christine BezerraRibeiro, MSc.Engª. de Pesca/OceanógrafaCacil<strong>da</strong> Michele Cardoso RochaBióloga/Macrófitas aquáticasCarina Carneiro de Melo MouraBióloga/HerpetologiaDamião Valdenor de OliveiraBiólogo/AvifaunaElizardo Batista F. LisboaBiólogo/HerpetologiaEricarlos Neiva LimaEngº. de Pesca/IctiologiaFábio Angelo Melo SoaresBiólogo/EcólogoFelipe Francisco Gomes <strong>da</strong> SilvaBiólogo/MastozoologiaGlauber Matias de SouzaGeólogoJana Ribeiro de SantanaEngª. de Pesca/IctiologiaJosinaldo Alves <strong>da</strong> SilvaBiólogo/BotânicaLeonardo <strong>da</strong> Silva ChavesBiólogo/ HerpetologiaMariana Miran<strong>da</strong> d'AssunçãoBióloga/HerpetologiaMilena Duarte de Oliveira SouzaHistoriadora/ArqueologiaOtávio Leite ChavesGeólogoRoberta PereiraBiólogo/QuiropterologiaRubia Nogueira de AndradeHistoriadora/ArqueologiaTatiana de Oliveira CaladoBióloga/Engª. AmbientalTonny Marques de Oliveira JuniorBiólogo/AvifaunaApoio AdministrativoEva Luzia NessoAnalista de SistemasMarlúcia Alves RodriguesPe<strong>da</strong>gogaSolange C. <strong>da</strong> Costa e SilvaAdvoga<strong>da</strong>Viviane Cabral GomesAdministradoraSimone Rosa de Oliveira, MSc.BibliotecáriaMobilização e Articulação SocialCândi<strong>da</strong> Maria Jucá GonçalvesAssistente Social


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem Serro Azul | RESUMOAPRESENTAÇÃODiante dos graves desastres por inun<strong>da</strong>ções ocorri<strong>da</strong>s em junhode 2010, atingindo dezenas de municípios <strong>da</strong> Mata Sul e <strong>da</strong> RegiãoMetropolitana, o Governo de Pernambuco, através <strong>da</strong> Secretaria deRecursos Hídricos e Energéticos - SRHE, firmou contrato com aAssociação Instituto de Tecnologia de Pernambuco ITEP/OS. Emdecorrência desse processo, foi cria<strong>da</strong> a Uni<strong>da</strong>de Gestora de ProjetosBarragens <strong>da</strong> Mata Sul, UGP-Barragens, com o fim de acompanhar ecoordenar os estudos ambientais e projetos de barragens nos riosUna, Sirinhaém e Jaboatão para o controle <strong>da</strong>s enchentes nessaregião.Este Relatório de Impacto Ambiental RIMA apresenta umasíntese dos estudos desenvolvidos para obtenção de licenciamentojunto à Agência Ambiental de Pernambuco <strong>CPRH</strong>, doempreendimento denominado Barragem <strong>Igarapeba</strong>, situa<strong>da</strong> nomédio curso do rio Pirangi, no município de São Benedito do Sul.O RIMA apresenta os principais resultados dos estudos realizadospara os meios físico, biótico e socioeconômico, no que se refere aodiagnóstico ambiental <strong>da</strong> situação atual <strong>da</strong> área, dos prováveisimpactos e <strong>da</strong>s formas de mitigação e controle dos mesmos, além dos<strong>da</strong>dos sobre o empreendimento e dos responsáveis envolvidos noprojeto <strong>da</strong> <strong>barragem</strong> e nos estudos ambientais.


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>SUMÁRIOPARTE I CONHECENDO O EMPREENDIMENTO ......................................... 6Quem é responsável pelo empreendimento e pelos estudos? ....................... 6Como é o empreendimento? ..................................................................... 13PARTE II CONHECENDO O MEIO AMBIENTE ......................................... 15Áreas de influência do empreendimento ............................................... 16Como essas áreas se encontram atualmente ............................................. 19PARTE III CONHECENDO OS IMPACTOS RESULTANTES .......................... 56Quais os impactos analisados e medi<strong>da</strong>s mitigadoras previstas? ............... 56Impactos sobre o Meio Físico ................................................................... 57Impactos sobre o Meio Biótico .................................................................. 58Impactos sobre o Meio Socioeconômico ................................................... 59Quais os programas ambientais recomen<strong>da</strong>dos? ...................................... 60Afinal, como fica a quali<strong>da</strong>de ambiental futura? ........................................ 61Conclusões ................................................................................................ 625


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>PARTE 1 CONHECENDO O EMPREENDIMENTO1. QUEM É RESPONSÁVEL PELO EMPREENDIMENTO E PELOS ESTUDOS?1. IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDIMENTO, DO PROPONENTE, DA EMPRESACONSULTORA E DA EQUIPE TÉCNICA1.1. Identificação do ProjetoEmpreendimento Barragem de contenção de Cheias <strong>Igarapeba</strong>ProjetoSistema de contenção de enchentes <strong>da</strong> Bacia Hidrográfica doRio UnaLocalização/Municípios São Benedito do Sul1.2. Identificação do EmpreendedorRazão social: SECRETARIA DE RECURSOS HÍDRICOS E ENERGÉTICOSCNPJ: 08.662.837/0001-08Endereço:Av. Cruz Cabugá, 1.111 CEP: 5040 -000 Santo Amaro Recife/PEResponsável: João Bosco de Almei<strong>da</strong>Telefone: (081) 31842518e-mail: joaobosco@srhe.pe.gov.br1.3. Identificação <strong>da</strong> empresa consultora responsávelRazão Social ITEP Associação Instituto de Tecnologia de PernambucoCNPJ 05.774.391/0001-15Endereço Av. Professor Luiz Freire, 700 Ci<strong>da</strong>de Universitária Recife/PEResponsável Frederico Cavalcanti MontenegroTelefone (81) 3183-4399E-mail fcm@itep.br6


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>1.4.Identificação <strong>da</strong> equipe multidisciplinar responsável pelo EIA/RIMANome Função Registro Profissional CTF IBAMAEngº. CartógrafoIvan Dornelas Falcone deMeloEngª CivilAna Paula B. L. FerreiraEngª CivilMaria do Carmo MartinsSobralBiólogaWbaneide Martins deAndradeGeógrafoPaulo Alves Silva FilhoBiólogoMarcondes Albuquerquede OliveiraArquiteta e UrbanistaLúcia de Fátima SoaresEscorelEngª CivilAlessandra Maciel deLima BarrosBiólogoGustavo Lira de MeloEngª AgrônomaRenata M. Caminha M.de Oliveira CarvalhoEngª QuímicaRita de Cassia BarretoFigueiredoGeógrafaAna Mônica CorreiaMeteorologistaRomilson Ferreira <strong>da</strong>SilvaMeteorologistaWanderson dosSantos SousaMeteorologistaWeronica Meira deSouzaGeógrafoPaulo Alves Silva FilhoCoordenador TécnicoAnalista do Projeto BásicoCoordenação Técnica deEstudos AmbientaisSupervisão Geral deEstudos AmbientaisSupervisão Meio FísicoSupervisão Meio BióticoSupervisão MeioSócioeconômicoApoio à CoordenaçãoTécnica de EstudosAmbientaisClima e CondiçõesMeteorológicasGeomorfologia/PedologiaMeio FísicoCREAPE 32724/DCREAPE 28680/DCREAPE 2569/DCRBio27620/5DCREAPE 47006/DCRBio27377/5DCREAPE 8843/D643879531352257228803452874792459681883652CREAPE 34277/D 5076580__ 5022743CREAPE 19309/D5365825CRQPE 1301601 318032CREARN 160870332-2* 42878645348037CREARN 160886919-9 5348018CREAPE 35374CREAPE 47006/D52789075287479Engª CivilMaria <strong>da</strong>s Vitóriasdo NascimentoGeotecniaCREARN 160537447-453715947


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>Nome Função Registro Profissional CTF IBAMAEngª CivilSimone Karine Silva<strong>da</strong> PaixãoEngª CivilSimone Rosa <strong>da</strong> SilvaGeólogaRizel<strong>da</strong> Rega<strong>da</strong>s deCarvalhoEngª CivilAlessandra Macielde Lima BarrosEngª QuímicaMag<strong>da</strong>la Braga deFariasEngº QuímicoAguinaldo deQueiroz BatistaBiólogaElba Maria NogueiraFerrazBiólogaElci<strong>da</strong> de LimaAraújoBiólogoMarcondesAlbuquerque deOliveiraBiólogaWbaneide Martinsde AndradeBiólogoAntônio Paulo <strong>da</strong>Silva JuniorBiólogoRafael SalesBandeiraBiólogoGeraldo JorgeBarbosa de MouraBiólogoArtur Galileu deMiran<strong>da</strong> CoelhoBiólogoAlfredo MatosMoura JúniorGeotecniaRecursos HídricosSuperficiaisGeologia e RecursosHídricosSubterrâneosQuali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> ÁguaQuali<strong>da</strong>de do ArRuídosFlora e VegetaçãoTerrestreMastofauna TerrestreMastofauna Ala<strong>da</strong>HerpetofaunaAvifaunaVegetação AquáticaMeio BióticoCREARN 180107987-0CREARS 69372/DCREAPE 38410/DCREAPE 34277/DCRQ1301599CRQ1300698CRBio11075/5DCRBio3684/5DCRBio27377/5DCRBio27620/5DCRBio46786/5DCRBio77436/5DCRBio46786/5DCRBio2774/5DCRBio27115/5D5371641526712125278715076580538392826637028813328809024596828803417210141952428467810422638979648


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>Nome Função Registro Profissional CTF IBAMABiólogaKarine MatosMagalhãesBiólogaMaristela Casé CostaCunhaBiólogaCristiane MariaVarela de Araújo deCastroEngº de PescaGeorge NilsonMendesEngº FlorestalKléber Costa de LimaEngº FlorestalJoão Paulo Ferreira<strong>da</strong> SilvaEconomistaOsmil Torres GalindoFilhoEconomistaLuís HenriqueRomani CamposGeógrafoJosé GeraldoPimentel NetoGeógrafaEdvânia TorresAguiar GomesArquiteta e UrbanistaLúcia de FátimaSoares EscorelEngª CartógrafaMarcia Cristina deSouza MatosCarneiroGeógrafaMariana ZerboneAlves AlbuquerqueGeógrafoMichel SaturtinoBarbozaHistoriadorGeorge F. C. deSouzaVegetação AquáticaFitoplânctonZooplâncton /MacroinvertebradosbentônicosIctiofaunaInventário Florestal eProjeto deCompensação/reposiçãoAmbientalSocioeconomiaUso e Ocupação do SoloMeio SócioeconômicoArqueologia e PatrimônioHistórico e CulturalCRBio27116/5DCRBio27488/5DCRBio67486/5DCREAPE 40448/5DCREAPE 39510/DCREAPE 39099/DCORECON1821/PECORECON4731/PECREAPE 44794/DCREAPE 46723/DCREAPE 8843/DCREAPE 41176/DCREAPE 46750/DCREAPE 47019/D87848229707330547852423512520951815101892215977526484653729731630397188365233630653611525329397* 20526559


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>Nome Função Registro Profissional CTF IBAMAGeólogoGlauber Matias deSouzaGeólogoOtávio Leite ChavesBiólogoJosinaldo Alves <strong>da</strong>SilvaBiólogaCacil<strong>da</strong> MicheleCardoso RochaBiólogaAriane Silva CardosoEngª de PescaAurelyanna ChristineBezerra RibeiroEngº de PescaEricarlos Neiva LimaEngª de PescaJana Ribeiro deSantanaBiólogoAnthony EpifânioAlvesBiólogoFelipe FranciscoGomes<strong>da</strong> SilvaBiólogoAndré Filipe Costa deOliveiraBiólogoFábio Angelo MeloSoaresBiólogaRoberta PereiraBiólogaCarina Carneiro deMelo MouraBiólogoElizardo Batista F.LisboaBiólogoLeonardo <strong>da</strong> SilvaChavesBiólogoMariana Miran<strong>da</strong>dAssunçãoBiólogoDamião Valdenor deOliveiraBiólogoTonny Marques deOliveira JuniorBiólogaTatiana de OliveiraCaladoMapeamentoGeológicoVegetação TerrestreVegetação Aquática11CREAPE 4508/DCREAPE 45081/DCRBio77332/5DCRBio77874/5P5266714526700549277405076234Fitoplâncton __ __ZooplânctonIctiofaunaIctiofauna/Macroinvertebrados BentônicosCREAPE 41391/DCREA/BA2011069486CREA/BA2011071993CRBio85023/5D1007341531414653141425077376Mastofauna Terrestre __ 5360857Mastofauna Ala<strong>da</strong>HerpetofaunaAvifaunaEngenharia Ambiental*Não tem a profissão regulamenta<strong>da</strong> e, portanto, sem órgão de classe.__CRBio67069/5D______________CRBio77128/5D__2723324______________3860865


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>2. ONDE SE LOCALIZA O EMPREENDIMENTOA Barragem <strong>Igarapeba</strong> será implanta<strong>da</strong> na bacia hidrográfica do rio Una, no rio Pirangi.A bacia do rio Una é considera<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s mais importantes do estado de Pernambuco,cobre uma superfície de 6.295,77 km², onde estão inseri<strong>da</strong>s as áreas totais ou parciais de42 municípios. Limita-se ao norte, com as bacias dos rios Ipojuca e Sirinhaém, e o grupo debacias de pequenos rios litorâneos 4; ao sul, com a bacia do rio Mun<strong>da</strong>ú, o Estado deAlagoas, o grupo de bacias de pequenos rios litorâneos 5 e o grupo de bacias de pequenosrios interiores 1; a leste, com o Oceano Atlântico, a bacia do rio Sirinhaém e, a oeste, comas bacias dos rios Ipojuca e Ipanema (Figura 1).Figura 1: Bacia hidrográfica do rio UnaFonte: UGPBarragens, 201112


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>O Município de São Benedito do Sul está localizado na mesorregião <strong>da</strong> Mata Sul emicrorregião <strong>da</strong> Mata Meridional do Estado de Pernambuco, ocupa uma área total de160,476 Km², com uma população de 13.941 habitantes (IBGE, 2010), e densi<strong>da</strong>dedemográfica de 86,87 hab/Km². O município fica a aproxima<strong>da</strong>mente 172,50 Km <strong>da</strong>capital pernambucana, Recife, e o acesso é efetuado pelas rodovias BR-101 e PE-126(Figura 2).Figura 2: Localização do município de São Benedito do SulFonte: UGPBarragens, 20113. DESCRIÇÃO DO EMPREENDIMENTOA <strong>barragem</strong> <strong>Igarapeba</strong> foi dimensiona<strong>da</strong> para acumular 69,6 milhões de m³, além disso,regularizará uma vazão de 1,97 m³/s, para usos múltiplos. Compõe o sistema de Controlede Cheias na região <strong>da</strong> Mata Sul Pernambucana, particularmente na Bacia do rio Pirangi. A<strong>barragem</strong> <strong>Igarapeba</strong> será constituí<strong>da</strong> pelos seguintes elementos principais:Maciço: Compreende o paredão <strong>da</strong> <strong>barragem</strong>, será construído em ConcretoCompactado com Rolo (CCR), terá comprimento máximo de 352,54m, altura máxima de51 m e coroamento na cota 346m;13


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>PARTE II CONHECENDO O MEIO AMBIENTE4. ÁREAS DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTOAs áreas de influência do empreendimento correspondem aos espaços geográficospassíveis de alterações em termos de dinâmica ambiental a partir <strong>da</strong> projeção de cenáriosrelacionados à implantação e operação do mesmo, tratando-se aqui, <strong>da</strong> Barragem<strong>Igarapeba</strong>. Conforme legislação ambiental vigente e exigências do Termo de Referência04/2011 emitido pela <strong>CPRH</strong> (Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco), em 28de março de 2011, serão abor<strong>da</strong>dos e justificados de forma distinta, os meios físico,biótico e antrópico. As áreas de influência do empreendimento serão estabeleci<strong>da</strong>ssegundo os seguintes níveis hierárquicos (<strong>CPRH</strong>, 2010, p. 12):Figura 3: Área de influência do empreendimentol Área de Influência Indireta (AII): aquela onde os impactos provenientes <strong>da</strong>implantação e operação do empreendimento se fazem sentir de maneira indireta e commenor intensi<strong>da</strong>de em relação à área de influência direta. A AII deverá ser no mínimo omédio e baixo curso <strong>da</strong> Bacia Hidrográfica do Rio Una.l Área de Influência Direta (AID): aquela sujeita aos impactos diretos provenientes<strong>da</strong> implantação e operação do empreendimento. A AID deverá ser no mínimo as áreas deentorno dos reservatórios soma<strong>da</strong>s às dos núcleos urbanos à jusante <strong>da</strong>s referi<strong>da</strong>sbarragens, que estejam sob influência dos cursos d'águas afetados peloempreendimento. Preferencialmente a AID deverá ser contínua.15


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>l Área Diretamente Afeta<strong>da</strong> (ADA): aquela onde ocorrem as intervençõesrelaciona<strong>da</strong>s ao empreendimento, incluindo áreas de apoio como canteiros de obra,acessos, áreas de empréstimo e bota-fora, etc., além <strong>da</strong>s áreas de proteção permanente(APP) <strong>da</strong>s barragens.Mapas (AII, AID e ADA)A seguir tem-se os mapas sínteses para os meios físico, biótico e antrópico:Figura 4: Área de influência do Meio Físico (AII, AID e ADA)Fonte: UGPBarragens, 201116


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>Figura 5: Área de influência do Meio Biótico (AII, AID e ADA)Fonte: UGPBarragens, 2011Figura 6: Área de influência indireta (AII)e diretamente afeta<strong>da</strong> (ADA) para o Meio AntrópicoFonte: UGPBarragens, 201117


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>Figura 7: Área de influência direta (AID) e diretamente afeta<strong>da</strong>(ADA) para o Meio AntrópicoFonte: UGPBarragens, 2011Figura 8: Mapa <strong>da</strong> área diretamente afeta<strong>da</strong> (ADA)Fonte: UGPBarragens, 201118


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>5. COMO ESSAS ÁREAS SE ENCONTRAM ATUALMENTE?As áreas foram analisa<strong>da</strong>s para compor um Diagnóstico Ambiental, enfocando osseguintes aspectos, de acordo com o meio estu<strong>da</strong>do, cujos aspectos mais relevantesserão detalhados ao longo do documento.5.1 MEIO FÍSICOa) GeologiaA área estu<strong>da</strong><strong>da</strong> encontra-se inseri<strong>da</strong> no rio Pirangi que é um dos principais tributáriospela margem direita do rio Una, estendendo-se desde a região do Agreste até o litoral doEstado, desaguando no Oceano Atlântico próximo a Barreiros. Geologicamente,compreende os terrenos pré-cambrianos do Domínio Pernambuco-Alagoas, situa<strong>da</strong> aosul do Lineamento Pernambuco.O município São Benedito do Sul pertence ao contexto geomorfológico <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de deSuperfícies Retrabalha<strong>da</strong>s, que é caracterizado por vales profundos e acidentados. Sendorepresentado na área pelas rochas metaplutônicas, com cotas em torno de 413 m. Naárea, o intemperismo é muito acentuado, desenvolvendo um solo bastante espesso. Orelevo é do tipo forte ondulado, com topos planos, vertentes íngremes, e em algunspontos, o rio Pirangi está encaixado em vales estreitos.Geologicamente a região <strong>da</strong> bacia do rio Pirangi nas áreas de influências direta (AID) ediretamente afeta<strong>da</strong> (ADA) do futuro baramento, é representa<strong>da</strong> pela uni<strong>da</strong>de geológicaintrusiva Suíte Metaplutônica leucocrática peraluminosa, e por depósitos quaternáriosrepresentados pelos aluviões (depósitos fluviais) ou elúvio-coluvionares, constituídos porsedimentos terrígenos ( areias, argilas e detritos rochosos).As rochas metaplutônicas denomina<strong>da</strong>s também como Suíte Serrote dos Macacos,entra em contato geológico a este do futuro eixo barrável, nas proximi<strong>da</strong>des de <strong>Igarapeba</strong>,com as rochas do Complexo Cabrobó. Se apresentam como um leucogranitóide,monzogranitos, sienogranitos equigranulares de granulação média. Mineralogicamentesão constituídos por duas micas (muscovita e biotita), quartzo, feldspato alcalino eplagioclásio, contendo também grana<strong>da</strong> e cordierita.No município de São Benedito do Sul só existem dois processos minerários queenvolvem as seguintes substâncias: água mineral e níquel. O processo de água mineral,19


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>situado ao norte <strong>da</strong> área de influência direta (AID) é destinado para engarrafamento eestá na fase de requerimento de lavra.A substância de minério de níquel está na fase de disponibili<strong>da</strong>de, e envolve osmunicípios de São Benedito do Sul, especificamente em <strong>Igarapeba</strong>, parte dos municípiosde Maraial e Jaqueira. Uma parte <strong>da</strong> área requeri<strong>da</strong> está situa<strong>da</strong> na área diretamenteafeta<strong>da</strong> (ADA), próximo ao futuro eixo barrável.As rochas que representam to<strong>da</strong> área de influência direta (AID) do futuro barramentoapresenta dobramentos e fraturamentos comumente fechados, sem evidências dedeformação tectônica de alto grau. Caracterizam-se por serem compactas, impermeáveise resistentes aos processos erosivos. Analisando o contexto geológico estrutural desuperfície, o local é viável para construção <strong>da</strong> obra.Figura 9 - Metagranito ban<strong>da</strong>do.Fonte: Otávio Leite 26/09/2011Figura 10 - Metagranito apresentandoboudin (provável anfibolito).Fonte: Otávio Leite 26/09/2011.Figura 11 - Granito leucocráticoequigranular. Representante característico<strong>da</strong> fácies intrusiva.Fonte: Glauber Matias 13/10/2011Figura 12 - Biotita gnaisse dobrado comfácies migmatiza<strong>da</strong> e dobra<strong>da</strong>.Fonte: Glauber Matias 13/10/2011.20


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>b) Recursos hídricos subterrâneosDo ponto de vista hidrogeológico existem dois tipos de aquífero que são: o tipo fissuralrepresentado por rochas cristalinas e o denominado aquífero poroso ou intersticial querepresenta as rochas sedimentares e sedimentos recentes.No município, o aquífero poroso, livre, é representado pelos sedimentos recentes, quesão os depósitos fluviais (aluviões), e pelos sedimentos intemperizados, provenientes <strong>da</strong>decomposição <strong>da</strong>s rochas. Os aluviões distribuem-se de forma restrita nas áreaspercorri<strong>da</strong>s, com exposições limita<strong>da</strong>s nas margens do rio Pirangi. Pela constataçãovisual, são aquíferos rasos, em detrimento <strong>da</strong>s exposições frequentes <strong>da</strong>s rochascristalinas no seu entorno.O principal tributário <strong>da</strong> bacia do rio Una no município é o rio Pirangi, que possui umregime de escoamento perene, e o padrão de drenagem é o dendrítico. O aquífero fissuralbem como as coberturas Cenozóicas (aluviões) e solos residuais, apresentam forte interrelaçõescom esses corpos de águas superficiais, ora recarregando-os, ora sendo por elesabastecidos.Adquiriu-se a informação de 34 poços ca<strong>da</strong>strados no município, dos quais 28 são deproprie<strong>da</strong>de priva<strong>da</strong> e 06 de domínio público. A captação desses poços é em sua maioriade fontes naturais (29 poços), seguido de tubulares (04 poços) e por fim, só 01 poçoescavado (cacimba /cisterna).O único parâmetro que se obteve para análise <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água subterrânea naregião foi o Resíduo Seco (Sólidos totais dissolvidos). Os resultados obtidos para os doiscasos (poroso e fissural) demonstram uma água de excelente quali<strong>da</strong>de e indica<strong>da</strong> para oconsumo humano com média de 153,68 mg /l para o fissural, e 73,37 mg /l para o aquíferoporoso. No caso em questão, o resultado <strong>da</strong>s águas com resultado de boa quali<strong>da</strong>de, podeser atribuído ao fato que a região está inseri<strong>da</strong> na Zona <strong>da</strong> Mata Sul, onde a precipitaçãopluviométrica média anual é muito superior do que no Sertão, e a recarga provém dopacote do regolito intemperizado que é espesso na região.c) Recursos hídricos superficiaisO regime sazonal <strong>da</strong>s vazões no rio Una indica a ocorrência de um período úmido,compreendido entre abril a agosto, sendo, em geral os meses de junho e julho quandoocorrem os maiores deflúvios. O período de estiagem vai de outubro a março.O posto fluviométrico situado mais próximo <strong>da</strong> futura <strong>barragem</strong> <strong>Igarapeba</strong> é o postoCatende, na ci<strong>da</strong>de de Catende, cerca de 30km à jusante <strong>da</strong> futura <strong>barragem</strong> e com umasérie não muito extensa de <strong>da</strong>dos observados (1999-2008). O regime sazonal <strong>da</strong>s vazõesobserva<strong>da</strong>s no rio Una, no período 1999-2008, no posto Catende indica a ocorrência devazões máximas no período de junho a agosto.A cheia de 2010 provocou prejuízos graves à população e infra-estrutura urbana, talcomo destruição de pontes, casas, <strong>da</strong> linha férrea e uma PCH no rio Pirangi. A Figura 13mostra as casas destruí<strong>da</strong>s com marcas <strong>da</strong> cheia de 2010, em Catende.21


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>Figura 13 Casas destruí<strong>da</strong>s commarcas <strong>da</strong> cheia de 2010,em Catende.Fonte: Simone Rosa <strong>da</strong> Silva,26/10/2011.As quatro barragens existentes na AID <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong> situam-se relativamentedistantes <strong>da</strong> futura <strong>barragem</strong> <strong>Igarapeba</strong>, sendo apenas a Barragem Pau Ferro situa<strong>da</strong> norio Pirangi, e não terá influência direta sobre a mesma.A bacia do rio Una apresenta uma diversi<strong>da</strong>de de usos <strong>da</strong> água, destacando-se airrigação e o abastecimento público. O uso <strong>da</strong> água para a irrigação na bacia do Una podeser dividido em: irrigação de cana-de açúcar e irrigação <strong>da</strong>s demais culturas (Figura 14). Aspequenas captações são feitas, geralmente, a partir de rios e riachos perenes ou depequenos açudes, to<strong>da</strong>s elas de natureza priva<strong>da</strong>, em geral de fruteiras e culturasdiversas. A irrigação de cana-de-açúcar ocorre em extensas áreas <strong>da</strong> bacia nos períodosde estiagem e, em geral, são realiza<strong>da</strong>s captações de volumes significativos, diretamenteno rio Pirangi ou afluentes.Figura 14Irrigação de cana-de-açúcarpela Usina Frei Canecano município de Jaqueira.Fonte: Simone Rosa <strong>da</strong> Silva, 26/10/2011.Na AID <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>, verifica-se que o principal uso <strong>da</strong>s águas superficiais épara o abastecimento público e para a agropecuária, tanto para dessedentação deanimais quanto para irrigação de cultivos. A Figura 15 mostra a dessedentação de animaisem São Benedito do Sul. A partir dos levantamentos realizados em campo e consulta aosusuários, não foram identificados conflitos pelo uso <strong>da</strong> água na AID.22


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>Figura 15 - Dessedentaçãoanimal no município deSão Benedito do Sul.Fonte: Simone Rosa <strong>da</strong> Silva,26/10/2011.Foram identificados 11 mananciais de abastecimento público na AID nos quais sãorealiza<strong>da</strong>s captações de água para abastecer diversos municípios. Destaca-se, ain<strong>da</strong>, o uso<strong>da</strong> água para lazer e turismo, principalmente no município de São Benedito do Sul, quepossui várias cachoeiras que representam atrativos à população. A Figura 16 apresentacaptação <strong>da</strong> Compesa em São Benedito do Sul.Figura 16 - Captação <strong>da</strong>COMPESA no RiachoÁgua Fria, em SãoBenedito do SulFonte: Simone Rosa <strong>da</strong> Silva,26/10/2011.Também são comuns pequenas captações de água para abastecimento humano eanimal e consumo em plantas industriais, além do uso pela população local paraativi<strong>da</strong>des domésticas, tais como: lavagem de roupas, louças e recreação e pesca, queocorrem em diversos locais <strong>da</strong> bacia. A Figura 17 mostra utilização do rio Pirangi para lazer<strong>da</strong> população ribeirinha, em Catende.23


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>Figura 17 Lazer <strong>da</strong>população ribeirinha norio Pirangi, em Catende.Fonte: Simone Rosa <strong>da</strong> Silva,26/10/2011.De acordo com as informações <strong>da</strong> APAC, existem atualmente 39 outorgas vigentes naAID <strong>da</strong> futura Barragem <strong>Igarapeba</strong>. O maior número de outorgas é destinado aoabastecimento público, sendo que não há nenhuma captação de água outorga<strong>da</strong> no rioPirangi. Destaca-se entre os usuários outorgados a agroindústria, com captaçõesoutorga<strong>da</strong>s tanto para o abastecimento industrial, quanto para a irrigação de cana-deaçúcar,especialmente nos municípios de Jaqueira, Maraial e Catende. A Figura 18 mostraa captação de água <strong>da</strong> Usina Catende no rio Pirangi, na sede do município de Catende.Figura 18 - Captação deágua <strong>da</strong> Usina Catende,no rio Pirangi.Fonte: Simone Rosa <strong>da</strong> Silva,26/10/2011.AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUAPara realização <strong>da</strong> avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água foram selecionados nove pontos deamostragem, sendo 4 localizados na AID (Jusante de <strong>Igarapeba</strong>; Jusante do Município deJaqueira; Jusante do Município de Catende e Jusante de Pirangi) e 5 localizados na ADA24


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>(ADA I do Reservatório; ADA II do Reservatório; ADA III do Reservatório; Eixo doBarramento e 500m à Jusante do Barramento). As amostras para avaliação dosparâmetros físicos, químicos, biológicos, além de metais e pestici<strong>da</strong>s foram coleta<strong>da</strong>s pelaAssociação Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP).O rio Pirangi, ao longo de seu curso, recebe diretamente os esgotos domésticos <strong>da</strong>ssedes municipais <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des que atravessa, quais sejam: Quipapá, São Benedito do Sul,Maraial, Jaqueira e Catende. As Figuras 19 e 20 apresentam o lançamento de esgotosdoméstico no município de Maraial e Distrito de <strong>Igarapeba</strong>, respectivamente. Ressalta-sea necessi<strong>da</strong>de de garantir uma vazão mínima a jusante <strong>da</strong> <strong>barragem</strong> de <strong>Igarapeba</strong> paraassegurar a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água necessária à manutenção do ecossistema aquático.Figura 19 Lançamento deesgoto doméstico,em MaraialFigura 20 Lançamento deesgoto doméstico,Distrito de<strong>Igarapeba</strong>Fonte: Alessandra Maciel, 26/10/2011.Em relação às fontes de poluição difusa, destaca-se o escoamento superficial de áreasagrícolas, representa<strong>da</strong>s pelas áreas de cultivo <strong>da</strong> cana-de açúcar, diretamente nasmargens do rio Pirangi. Durante eventos de precipitação, o excesso de nutrientes e25


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>poluentes presentes na superfície do solo são carreados para os corpos d'água,contribuindo para a sua degra<strong>da</strong>ção (Figura 21).Fonte: Alessandra Maciel, 26/10/2011.Figura 21 Cultivo <strong>da</strong> cana-de-açúcar nas margens do rio Pirangi, em JaqueiraO lançamento de lixo nas margens dorio Pirangi e efluentes dos matadourostambém são fontes de poluição difusaque necessitam de um tratamentoadequado. A Figura 22 apresenta olançamento de lixo nas margens do rioPirangi, no Distrito de <strong>Igarapeba</strong> e a Figura23 uma Lagoa de destinação dos dejetosanimais do abatedouro municipal deCatende.A quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água do rio Pirangiapresenta-se bastante comprometi<strong>da</strong>não atendendo aos limites estabelecidospela Resolução Conama nº 357/2005 paraClasse 2. O elevado número de ColiformesTermotolerantes observado em todos ospontos de coleta evidencia a poluição dorio Pirangi por esgotos domésticos nãotratados, sendo esta a principal fonte depoluição pontual na AID/ADA doempreendimento. Em relação às fontesde poluição difusa, destacam-se olançamento de lixo pela população, bemcomo os poluentes advindos <strong>da</strong>agricultura que têm sua origem <strong>da</strong>aplicação de fertilizantes e pestici<strong>da</strong>s.Fonte: Alessandra Maciel, 26/10/2011.Figura 22 Lançamento de lixo nas margensdo rio Pirangi, no Distrito de <strong>Igarapeba</strong>Fonte: Alessandra Maciel, 26/10/2011.Figura 23 Lagoa de destinação dos dejetosanimais do abatedouro municipal de Catende26


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>CLIMA E CONDIÇÕES METEOROLÓGICASNa bacia hidrográfica do Una diagnosticou-se grande irregulari<strong>da</strong>de na precipitaçãoanual com valores climatológicos de precipitação total anual oscilando, em média, entre800 mm no setor oeste <strong>da</strong> bacia até 2200 mm no setor leste (Figura 24).Figura 24. Climatologia anual <strong>da</strong> precipitação na bacia hidrográfica do rio Una.Fonte: APAC/ITEP-OS/UMRHidromet.Os quatro meses mais chuvosos correspondem ao período de abril a julho, com o mêsde julho o mais chuvoso com precipitação máxima de aproxima<strong>da</strong> de 160 mm, enquanto operíodo de outubro a dezembro o mais seco. O mês de novembro é considerado o maisseco climatologicamente, com o menor valor histórico registrado em torno de 25 mm.O mês de março pode ser considerado o mês de transição do período seco para ochuvoso. Durante o mês de abril as chuvas começam a ocorrer com mais frequência eintensi<strong>da</strong>de, principalmente no setor oeste <strong>da</strong> bacia. O principal sistema meteorológicoresponsável pela precipitação são as On<strong>da</strong>s de Leste.27


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>GEOMORFOLOGIAO relevo e sua relação com os desastres naturaisAo observar-se a compartimentação do relevo na Bacia Hidrográfica do Rio Una e suarelação com as formas predominantes, verifica-se a existência de vales rasos, associadosaos processos de desertificação, colinas amplas e médias que apresentam perigosrelacionados a movimentos de massa, colinas estreitas que apresentam perigos ligados àerosão linear, além de planícies costeiras e terraços fluviais, nas quais apresentam-se asci<strong>da</strong>des, <strong>da</strong>dos os fatores facilitadores e atrativos para ocupação, a exemplo de áreasrelativamente planas.É importante lembrar que as áreas afeta<strong>da</strong>s pelas intensas chuvas dos últimos anosestão associa<strong>da</strong>s às planícies costeiras e terraços fluviais. Em ambos os casos, osprocessos de ocupação desordena<strong>da</strong> do solo atrela<strong>da</strong> a uma maior ocorrência de chuvas,já que se trata de áreas mais úmi<strong>da</strong>s em termos de regime climático, acabam por propiciarinun<strong>da</strong>ções e deslizamentos com grandes per<strong>da</strong>s materiais e imateriais.Fonte: Paulo Alves Silva Filho (UGP-Barragens/ITEP),Figura 25. Terraço Fluvial do Rio Pirangi na ci<strong>da</strong>de baixa de São Benedito do Sul (a). Casasafeta<strong>da</strong>s por inun<strong>da</strong>ções (b).Fonte: Paulo Alves Silva Filho (UGP-Barragens/ITEP),Figura 26. Evidências de Movimento de Massa na ci<strong>da</strong>de baixa de São Benedito do Sul.28


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>A construção <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong> pode gerar alguns impactos no que tocaprincipalmente à diminuição de nutrientes <strong>da</strong>s águas a jusante <strong>da</strong> <strong>barragem</strong> e processosde erosão, porém totalmente reversíveis a partir de programas de monitoramento.A análise <strong>da</strong>s informações básicas do relevo aponta para a viabili<strong>da</strong>de doempreendimento nessa área sem gerar grandes transtornos para população, além derepresentar uma operação rápi<strong>da</strong> e eficiente diante do cenário catastrófico vivenciadopor grande parte <strong>da</strong> população local.PEDOLOGIACaracterísticas dos SolosO município de São Benedito do Sul é caracterizado por apresentar a presença deArgissolos e Latossolos , além <strong>da</strong> ocorrência de forma significativa de Gleissolos eNeossolos, resultando de uma relação direta com proprie<strong>da</strong>des litoestruturais, formasbásicas do relevo, clima e declivi<strong>da</strong>de.Os Argissolos apresentam-se pouco a medianamente profundos e bem drenados eestão associados às vertentes íngremes; os Latossolos são profundos e bem drenados eocorrem nos topos convexos com formas planas e / ou suavemente aguça<strong>da</strong>s; osGleissolos estão relacionados às áreas de terraço fluvial e fundos de vales estreitos, semifechadosou fechados; os Neossolos são pouco evoluídos, rasos e com presença detextura argilosa.Figura 27. Na seqüência tem-se os perfis do Argissolo Vermelho-Amarelo, ArgissoloAmarelo Latossolo29


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>Figura 28. Na sequência têm-se os perfis do Gleissolo e a ocorrência do Neossolo FlúvicoO entendimento empírico <strong>da</strong> disposição dos solos na área do empreendimento revelaque os Argissolos, Gleissolos, Latossolos e Neossolos apresentam baixa fragili<strong>da</strong>de nosentido de processos erosivos. Por outro lado, considerando os usos <strong>da</strong> terra a partir detrabalhos de campo, projeta-se um cenário em longo prazo de relativa instabili<strong>da</strong>de eerodibili<strong>da</strong>de, <strong>da</strong><strong>da</strong> as per<strong>da</strong>s de solo por meio <strong>da</strong> extração de areia, do cultivo <strong>da</strong> canade-açúcare banana, além <strong>da</strong> presença constante de ovinos e eqüinos.Os elevados níveis de ação antrópica na área apontam riscos de erosão, deslizamentose assoreamento do Rio Pirangi. Diante desse quadro, os impactos que podem serprojetados para a área com a presença <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong> são totalmente reversíveis,uma vez que seu comportamento ambiental encontra-se totalmente alterado.QUALIDADE DO AR E RUÍDOSNão há evidencias de empresas, licencia<strong>da</strong>s e instala<strong>da</strong>s em operação na ÁreaDiretamente Afeta<strong>da</strong> ADA do empreendimento <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>, no Rio Pirangi.As usinas de açúcar, as quais são considera<strong>da</strong>s como de alto potencial de poluição estãolocaliza<strong>da</strong>s na Área de Influência Direta (AID), situa<strong>da</strong>s <strong>da</strong> seguinte forma: Destilaria SãoLuiz , instala<strong>da</strong> no município de Maraial, 10 Km a leste <strong>da</strong> <strong>barragem</strong>; Usina Frei Caneca,instala<strong>da</strong> no município de Jaqueira, 11Km na direção sudeste <strong>da</strong> <strong>barragem</strong>; e UsinaCatende, instala<strong>da</strong> no município de Catende, 23 Km a nordeste <strong>da</strong> <strong>barragem</strong>. Desse modoa quali<strong>da</strong>de do ar na Área Diretamente Afeta<strong>da</strong> ADA não sofre impactos significativosnas suas características de quali<strong>da</strong>de do ar de zona rural, e também não sofrerá os efeitossinergéticos <strong>da</strong>s emissões gera<strong>da</strong>s pela movimentação <strong>da</strong>s máquinas e equipamentos,durante a fase de implantação do empreendimento. Portanto, conclui-se que, ascondições existentes na área de construção <strong>da</strong> <strong>barragem</strong> são típicas de região nãopoluí<strong>da</strong>, o que caracteriza ar natural como de boa quali<strong>da</strong>de.30


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>Figura 29.DestilariaSão Luis,municípiode MaraialEm relação aos ruídos, a região onde será construí<strong>da</strong> a Barragem <strong>Igarapeba</strong> étipicamente rural, margea<strong>da</strong> por canaviais e estra<strong>da</strong>s carroçáveis locais, apresentandotráfico leve de veículos, exceto, durante a safra <strong>da</strong> cana-de-açúcar, quando amovimentação de caminhões de transporte de cana é intensa, contribuindo paraalteração do nível de ruído de fundo, acima de 40 dBA.Figura 30.Transporte <strong>da</strong>cana-de-açúcar,em Maraial31


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>MEIO BIÓTICOFLORA E VEGETAÇÃODe um modo geral a vegetação terrestre nativa <strong>da</strong> ADA e AID <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>,apresenta-se bastante descaracteriza<strong>da</strong> e sem expressão em relação aos elementos <strong>da</strong>paisagem que ocorriam no passado. Essa mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> paisagem em relação à coberturavegetal florestal é decorrente de fatores antrópicos voltados a atender diferentes cicloseconômicos que foram estabelecidos na região. Assim, a paisagem que era domina<strong>da</strong>por vegetação <strong>da</strong> floresta atlântica submontana e encontrava-se assenta<strong>da</strong> em faixasciliares, encostas e topos de morros é hoje ocupa<strong>da</strong> por grandes extensões de áreas depastagens, principalmente com capins (gramíneas) para alimentação de animaisbovinos e eqüinos, acompanha<strong>da</strong> de outras matrizes, como a canavieira e a de cultivosdiversos (Figuras 31 e 32).FIGURA 31. Vista <strong>da</strong> paisagem, evidenciando o relevo e acobertura vegetal d e s contínua. C o o rd e n a d a s :0181452/9025618. Barragem <strong>Igarapeba</strong>, PE.Fonte: Marcondes Oliveira. Data: 16.10.2011FIGURA 32. Vista <strong>da</strong> mancha de vegetação de encosta, em segundoplano, e em primeiro plano visualiza-se área aberta com matriz decapim, próxima às coordena<strong>da</strong>s: 0181381/9025464. Barragem<strong>Igarapeba</strong>, PE. Fonte: Elci<strong>da</strong> L. Araújo e Elba M.N. Ferraz. Data: 16.10.2011.FIGURA 33. Botão floral de Gustavia augusta. Coordena<strong>da</strong>s:0181381/9025464. Barragem <strong>Igarapeba</strong>, PE.Fonte: Marcondes Oliveira. Data: 16.10.2011.FIGURA 34. Botão floral de Gustavia augusta. Coordena<strong>da</strong>s:0181381/9025464. Barragem <strong>Igarapeba</strong>, PE.Fonte: Marcondes Oliveira. Data: 16.10.2011.32


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>FIGURA 35. Espécie de Fabaceae frequente na vegetação <strong>da</strong>Fazen<strong>da</strong> Novo Horizonte, nas imediações <strong>da</strong>s coordena<strong>da</strong>s:01179157/9025908. Barragem <strong>Igarapeba</strong>, PE.Fonte: Marcondes Oliveira. Data: 16.10.2011.FIGURA 36. Espécie de Fabaceae frequente navegetação <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> Novo Horizonte, nasi m e d i a ç õ e s d a s c o o r d e n a d a s :01179157/9025908. Barragem <strong>Igarapeba</strong>, PE.Fonte: Marcondes Oliveira. Data: 16.10.2011.A flora <strong>da</strong> <strong>barragem</strong> <strong>Igarapeba</strong> foi representa<strong>da</strong> por 94 famílias distribuí<strong>da</strong>s em 364espécies, sendo apenas 24 espécies exóticas. Das 364 espécies, 129 são bem distribuí<strong>da</strong>sna floresta atlântica, como por exemplo: Tapirira guianensis (pau pombo), Annona glabra(araticum), Xylopia frutescens (pin<strong>da</strong>íba), Hymenaea courbaril (jatobá), Vismiaguianensis (lacre), Bowdichia virgillioides (sucupira), Inga edulis (ingá tripla), Ocoteaglomerata (louro-cagão), etc.Em to<strong>da</strong> a área <strong>da</strong> <strong>barragem</strong> foi observa<strong>da</strong> a ocorrência de espécies exóticas,sobretudo, espécies de fruteiras de valor alimentício que foram cultiva<strong>da</strong>s pelacomuni<strong>da</strong>de local, como azeitona (Syzygium jabolanum), bananeira (Musa paradisiaca),Cana de açucar (Saccharum officinarum), jaqueira (Artocarpus integrifolia), goiabeira(Psidium guajava), etc. Entre essas espécies, a cana-de-açúcar destaca-se na paisagem,indicando o predomínio de áreas antrópicas na Barragem.As espécies registra<strong>da</strong>s na Barragem de <strong>Igarapeba</strong> apresentam usos diversificados,sendo o uso madeireiro bastante frequente. Na atuali<strong>da</strong>de o corte seletivo <strong>da</strong> madeirapara lenha, carvão, estacas, caibros, etc, representa o fator de uso que mais contribui paraa degra<strong>da</strong>ção do que resta <strong>da</strong> vegetação nativa. Até mesmo porque não existe maisgrandes áreas florestais na região para sofrer corte raso. O uso alimentício <strong>da</strong>s plantas étambém elevado, e além <strong>da</strong>s fruteiras exóticas já comenta<strong>da</strong>s, destaca-se o uso <strong>da</strong>sfruteiras nativas como os ingás (Inga spp.) e o cajueiro (Anacardium occidentale).Apesar <strong>da</strong> importância social <strong>da</strong> construção <strong>da</strong> <strong>barragem</strong>, deve-se registrar que amesma ocasionará impactos biológicos para as espécies vegetais, porque ain<strong>da</strong> existemindivíduos que foram deixados na faixa ciliar e também servem de abrigo para espéciesepífitas. Entre os impactos é possível citar: per<strong>da</strong> de biodiversi<strong>da</strong>de, per<strong>da</strong> de habitat, etc.Contudo, tais impactos podem ser mitigados ou controlados através de medi<strong>da</strong>s e33


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>programas que deverão ser realizados durante o empreendimento, como resgate degermoplasma, controle de plantas invasoras, programas de monitoramento <strong>da</strong> flora, etc.HERPETOFAUNANas áreas Diretamente Afeta<strong>da</strong> (ADA), de Influência Direta (AID) e de Influência Indireta(AII) do empreendimento de São Benedito do Sul encontram-se basicamente quatroambientes próprios para a ocorrência <strong>da</strong> Herpetofauna, ou seja, representantes do grupodos Anfíbios e Répteis: i.Ambientes Aquáticos Lóticos com registro de Cágados e Anuros;ii.Ambientes Aquáticos Lênticos, que pela ausência de correnteza registra-se primariamentelarvas (Girinos) de Anuros (sapos, rãs e pererecas) e secun<strong>da</strong>riamente Cágados e AnurosAdultos; iii.Ambientes florestados em diferentes status de conservação com ocorrênciamarcante de Anuros de serapilheira, lagartos e serpentes e iiii.áreas urbanas e periurbanascom presença de cultivos familiares e pastagem, onde registramos essencialmente espéciesque se alimentam de resíduos oriundos dessas comuni<strong>da</strong>des e de suas ativi<strong>da</strong>desagropastoris, a exemplo de lagartos e serpentes.A Herpetofauna <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong> foi representa<strong>da</strong> por 54 espécies constituintes<strong>da</strong> herpetofauna local (37 anfíbios anuros e 16 répteis), sendo vinte e nove espéciesregistra<strong>da</strong>s na Área Diretamente Afeta<strong>da</strong> (13 spp. anuros e 16 spp. répteis), vinte e seisespécies na Área de Influência Direta (13 spp. anuros e 13 spp. répteis) e quarenta e duasespécies na Área de Influência Indireta (29 spp. anuros e 13 spp. répteis) (Figuras 3, 4, 5 e 6).Os Anfíbios Anuros registrados estão distribuídos em quinze gêneros e oito famílias:Brachycephali<strong>da</strong>e (1 spp.), Bufoni<strong>da</strong>e (2 spp.), Hyli<strong>da</strong>e (25 spp.), Lepto<strong>da</strong>ctyli<strong>da</strong>e (5 spp.),Leiuperi<strong>da</strong>e (1 spp.), Hemiphracti<strong>da</strong>de (2 spp.) e Rani<strong>da</strong>e (1 sp.). Os Répteis registradosestão distribuídos em três grandes grupos, dois Testudines, oito lagartos e seis serpentes.No que se refere aos Testudines foram registrados dois gêneros distribuídos em duasfamílias, Cheli<strong>da</strong>e (1 sp.) e Kinosterni<strong>da</strong>e (1 sp.); em Lacertílias oito gêneros e seis famílias,Gekkoni<strong>da</strong>e (1 sp.), Iguani<strong>da</strong>e (1 sp.), Phyllo<strong>da</strong>ctyli<strong>da</strong>e (1 sp.), Teii<strong>da</strong>e (2 spp.),Tropiduri<strong>da</strong>e (2 spp.) e Polychroti<strong>da</strong>de (1 sp.); em Ophidia seis gêneros e quatro famílias,Boi<strong>da</strong>e (2 spp.), Dipsadi<strong>da</strong>e (2 spp.), Elapi<strong>da</strong>e (1 spp.), Viperi<strong>da</strong>e (1 spp).Dentre as espécies de Anfíbios e Répteis registra<strong>da</strong>s, a grade maioria possui ampladistribuição, ocorrendo em grande parte do Nordeste, em especial na Mata Atlântica,áreas de transição entre Mata Atlântica e Caatinga, áreas de Caatinga e áreas urbaniza<strong>da</strong>s.Dentre as espécies de Anfíbios registra<strong>da</strong>s, nenhuma se encontra classifica<strong>da</strong> segundoo IBAMA (2008) e IUCN (2010) como criticamente em perigo (CR), <strong>da</strong>dos deficientes (DD),em perigo (EN), presumi<strong>da</strong>mente em perigo (PA) ou vulnerável (VU), embora noveespécies (Dendropsophus elegans, Hypsiboas albomarginatus, Hypsiboas atlanticus,Hypsiboas raniceps, Hypsiboas semilineatus, Scinax x-signatus, Lepto<strong>da</strong>ctylus fuscus,Lepto<strong>da</strong>ctylus latrans, Lepto<strong>da</strong>ctylus vastus) estejam classifica<strong>da</strong>s como poucopreocupante na IUCN (2010); estando to<strong>da</strong>s ausentes dos Apêndices I e II <strong>da</strong> CITES (2011).No que se refere aos répteis registrados, destacam-se os lagartos Tupinambismerianae e Iguana iguana associados as serpentes Boa constrictor e Epicrates cenchriapor comporem o Apêndice II <strong>da</strong> CITES (2011).Quanto ao uso pelas comuni<strong>da</strong>des circunvizinhas, destaca-se uma espécie de anfíbioanuro (Lepto<strong>da</strong>ctulus vastos) e duas de Répteis (Phrynops geoffroanus, Tupinambismerianae) que são expressivamente utiliza<strong>da</strong>s como fonte de alimentação econsequentemente são alvos de caça, ressaltando a coleta de ovos do cágado Phrynopsgeoffroanus também para consumo humano.34


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>Destaca-se que embora tenhamos registrado uma riqueza expressiva, as populaçõesexistentes são de ampla distribuição geográfica e abun<strong>da</strong>ntes em todo território nacional,não representando obstáculo a implementação <strong>da</strong> obra almeja<strong>da</strong>, desde que sejaoperacionalmente efetua<strong>da</strong> dentro de critérios que possibilitem a conservação <strong>da</strong>spopulações circunvizinhas.No que se refere aos impactos negativos para a herpetofauna é possível reconhecerdois grandes núcleos, i. A supressão de vegetação e o ii. Acúmulo <strong>da</strong> água <strong>da</strong> <strong>barragem</strong>,pois muitas populações e comuni<strong>da</strong>des terão seus hábitos destruídos ou alterados. Taisimpactos podem ser mitigados ou controlados através de medi<strong>da</strong>s e programas quedeverão ser realizados durante e após a implantação do empreendimento, comotransposição <strong>da</strong> fauna e recursos associados para áreas reconheci<strong>da</strong>mente com suportebiológico e monitoramento constante <strong>da</strong>s espécies, para que possamos constatar se taisalterações ocasionaram impossibili<strong>da</strong>des reprodutivas, ou qualquer outro fator queimpossibilite a manutenção <strong>da</strong> estabili<strong>da</strong>de populacional <strong>da</strong>s espécies constituintes <strong>da</strong>scomuni<strong>da</strong>des circunvizinhas.FIGURA 37. Hypsiboas atlanticus (Caramaschi &Velosa,1996). Fotografia: Eloize Nascimento, 2011.FIGURA 38. Phrynops geoffroanus (Schweigger,1812). Fotografia: Geraldo Moura, 2011.FIGURA 39. Iguana iguana (Linnaeus,1758). Fotografia: Geraldo Moura, 2011.FIGURA 40. Epicrates cenchria (Linnaeus, 1758).Fotografia: Barros-Filho, 201135


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>MASTOFAUNA TERRESTREAtravés <strong>da</strong>s metodologias de captura de pequenos mamíferos (armadilhas tipotomahawk), busca ativa e entrevistas com a comuni<strong>da</strong>de local foram identificados 14espécies, pertencentes a 11 famílias e 6 ordens de mamíferos para área <strong>da</strong> Barragem de<strong>Igarapeba</strong>. Entre os mais abun<strong>da</strong>ntes estiveram: raposa (Cerdocyon thous) (Figura 41),guaxinim (Procyon cancrivorus) (Figura 42), lontra (Lontra longicaudis) e capivara(Hydrochoeris hydrochaeris), que são espécies amplamente distribuí<strong>da</strong>s. A abundâncialocal dessas espécies foi abaixo do esperado, o que foi confirmado pela ausência deregistros indiretos. Uma espécie é ameaça<strong>da</strong> de extinção (gato do mato Leopardustigrinus) e uma é endêmica do Nordeste brasileiro: o sagui (Callitrhix jacchus) (Figura 43).FIGURA 41. Cerdocyon thous.Fonte: http://www.canids.org.FIGURA 42. Procyon cancrivorus.Fonte: http://www.canids.orgFIGURA 44. Metodologia de armadilhasFIGURA 43. Callitrhix jacchus.Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Callithrix_jacchus_Haus_des_Meeres03.jpg36


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>MASTOFAUNA ALADAA composição <strong>da</strong> fauna de morcegos ain<strong>da</strong> é pouco estu<strong>da</strong><strong>da</strong> no Nordeste do Brasil,problemática também observa<strong>da</strong> para to<strong>da</strong> a região <strong>da</strong> Barragem de <strong>Igarapeba</strong>. Aspesquisas científicas já conduzi<strong>da</strong>s em municípios adjacentes inseridos na Bacia do Rio Una,listam 26 espécies de morcegos na região, onde sua maioria foi registra<strong>da</strong> em Jaqueira, naReserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) Frei Caneca (SILVA et al 2010).Através do uso de três metodologias de coleta de <strong>da</strong>dos primários para mastofaunaala<strong>da</strong>, sendo elas as capturas com redes de neblina, busca ativa de abrigos e entrevistascom moradores <strong>da</strong> região foram identifica<strong>da</strong>s 9 espécies de morcegos para as Áreas deInfluência Direta (AID) e Diretamente Afeta<strong>da</strong> (ADA) <strong>da</strong> Barragem de <strong>Igarapeba</strong>,distribuí<strong>da</strong>s em duas famílias. As espécies mais abun<strong>da</strong>ntes nas capturas foram: Carolliaperspicillata (frugívoro de sub-bosque), Phyllostomus discolor (onívoro), Dermanuracinerea (frugívoro de sub-bosque) e Glossophaga soricina (nectarívoro).A fauna de morcegos registra<strong>da</strong> é composta principalmente por espécies de ampladistribuição geográfica nacional e nenhuma espécie está ameaça<strong>da</strong> de extinção. Valesalientar o registro <strong>da</strong> presença de morcegos hematófagos na região, sendo importante aimplantação de um programa de monitoramento <strong>da</strong>s populações desses indivíduos,durante e após, o processo de instalação do empreendimento.FIGURA 45.Dermanuracinerea, ADA<strong>Igarapeba</strong>.Fonte: Rafael S.Bandeira. Data:22.10.2011.FIGURA 46.Rhynchonycterisnaso em abrigoADA <strong>Igarapeba</strong>.Fonte: Rafael S.Bandeira. Data:22.10.2011.FIGURA 47.Glossophaga soricina com filhoteem abrigo ADA <strong>Igarapeba</strong>.Fonte: Rafael S. Bandeira. Data:23.10.2011.FIGURA 48.Busca deabrigos AID<strong>Igarapeba</strong>.Fonte: Rafael S.Bandeira. Data:22.10.2011.37


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>AVIFAUNA (AVES)As aves constituem um grupo de vertebrado bastante diverso, distribuídos emtodo o mundo e que apresentam importantes papéis no funcionamento emanutenção dos ecossistemas. Desta forma, os levantamentos <strong>da</strong> avifauna sãoimportantes ferramentas para o estudo de impactos ambientais, em função <strong>da</strong>grande diversi<strong>da</strong>de e de nichos que as mesmas exploram.Para a amostragem <strong>da</strong> avifauna <strong>da</strong> ADA e AID <strong>da</strong> Barragem de <strong>Igarapeba</strong> foramselecionados três ambientes afim de que fossem registra<strong>da</strong>s tanto espécies que ocupamdiferentes habitats quanto aquelas restritas a apenas um deles.Nos três habitats estu<strong>da</strong>dos na região do empreendimento foram registra<strong>da</strong>s 131espécies de aves, distribuí<strong>da</strong>s em 40 famílias e 18 ordens. Do total de espécies, 122 (97%)foram registra<strong>da</strong>s através do método de listas, por contato visual e/ou auditivo. Asentrevistas contribuíram no registro de 8 espécies (7%).As espécies com maiores índices de frequência alcançados foram o bem-te-vi(Pitangus sulphuratus) e o suiriri (Tyrannus melancholicus), segui<strong>da</strong>s pela sanhaçucinzento(Tangara sayaca) e anu-preto (Crotophaga ani). A predominância dessasespécies generalistas pode indicar que as áreas amostra<strong>da</strong>s sofreram e ain<strong>da</strong> sofremimpactos antrópicos que descaracterizaram as fitofisionomias naturais.Dois táxons registrados são considerados endêmicos <strong>da</strong>s florestas do Centro deEndemismo Pernambuco e/ou ameaçados de acordo com o MMA (2008), o Pica-pauanão-de-pintas-amarelasPicumnus exilis pernambucensis Zimmer, 1947 e o Bico-viradomiúdoXenops minutus alagoanus Pinto, 1954.Das 131 espécies de aves registra<strong>da</strong>s na AID, são considera<strong>da</strong>s como sendo de altasensibili<strong>da</strong>de: cuspidor-de-mascara-preta (Conopophaga melanops), o tangará-falso(Chiroxiphia pareola), o <strong>da</strong>nçarino cabeça-encarna<strong>da</strong> (Pipra rubrocapilla), e a maria-debarriga-branca(Hemitriccus griseipectus) (Figura 15). To<strong>da</strong>s são ditas espécies florestais eforam registra<strong>da</strong>s apenas na Mata do Perí perí. Com o enchimento do reservatório, essefragmento não será inun<strong>da</strong>do, não causando um grande prejuízo à comuni<strong>da</strong>de de aves.Tal resultado indica que apesar do alto nível de antropização desse fragmento ele ain<strong>da</strong> écapaz de manter recursos necessários para suportar espécies mais exigentes.Algumas espécies foram frequentemente observa<strong>da</strong>s em bandos com váriosindivíduos, se alimentando no pasto ou deslocando-se para locais de repouso, como agarça-vaqueira (Bubulcus ibis), os urubus (Cathartes e Coragyps) e a polícia-inglesa-do-sul(Sturnella superciliaris) (Figura 16).38


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>A ausência de mata ciliar ao longo do rio é um dos principais fatores para a baixadiversi<strong>da</strong>de de espécies de média e alta sensibili<strong>da</strong>de. Porém, nos fragmentos de mata(AID) ocorre a presença de espécies de média e alta sensibili<strong>da</strong>de ambiental indica queessas áreas ain<strong>da</strong> têm relevância para a manutenção dessas e <strong>da</strong>quelas menos exigentes.Hemitriccus griseipectusArundinicola leucocephalaFigura 49: Maria-de-barriga-branca (Hemitriccus griseipectus) à esquer<strong>da</strong>, fotografado na mata do Períperí e a freirinha (Arundinicola leucocephala) à direita (Foto: Tonny Marques, 2011).Sturnella superciliarisRupornis magnirostrisFigura 50: Policia inglesa (Sturnella superciliaris) à esquer<strong>da</strong>, fotografado na beira do Rio Pirangi e Gaviãocaboclo (Rupornis magnirostris), à direita. (Fotos: Tonny Marques, 2011).39


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>ECOSSITEMA AQUÁTICOA ocorrência de eventos extremos, tais como eventos de seca e enchentes, sobretudonos ambientes aquáticos, modificam de forma considerável as comuni<strong>da</strong>des instala<strong>da</strong>snesses locais. Os organismos que habitam as margens, leito e coluna d'água são eficientespara indicar as modificações <strong>da</strong>s condições ambientais. No rio Pirangi, flora (fitoplânctone macrófitas) e fauna invertebra<strong>da</strong> (zooplâncton e macrozoobentos) aquática foramcaracteriza<strong>da</strong>s por uma baixa diversi<strong>da</strong>de de organismos e pouca biomassa.Possivelmente, o volume de chuvas, acima do normal, descaracterizou o leito do rio,modificando to<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de aquática.Com relação ao fitoplâncton, organismos microscópicos fotossintetizantes, principaisprodutores primários no ambiente aquático, apesar <strong>da</strong> baixa diversi<strong>da</strong>de de espécies, osgrupos registrados (clorofíceas, diatomáceas e cianobactérias) são comumenteencontrados em rios em outros locais. Na ADA e AID a composição do fitoplâncton foisemelhante. A ocorrência de diatomáceas dos gêneros Gyrosigma sp., Navícula sp. ePinnularia sp., que ocorrem aderi<strong>da</strong>s ao substrato, indica que o movimento <strong>da</strong> águaintenso trouxe para a coluna d'água organismos que encontram-se, normalmente, nofundo do rio. Entretanto, uma única amostragem não é suficiente para umacaracterização adequa<strong>da</strong> <strong>da</strong> área, necessitando de coletas em uma maior área amostral econsiderando variações sazonais. Apesar <strong>da</strong> ocorrência de Anabaena sp., umacianobactérias potencialmente produtora de cianotoxinas, na amostra coleta<strong>da</strong> a 500 m ajusante do futuro barramento, a água pode ser considera<strong>da</strong> de boa quali<strong>da</strong>de, pois não foiregistra<strong>da</strong> presença de cianobatérias nas análises quantitativas.Apesar de que nenhum organismo indicador ter sido identificado para a região de ADAe AID, a ocorrência de apenas 1 táxon demonstra que a comuni<strong>da</strong>de zooplanctônicaapresenta-se com baixa diversi<strong>da</strong>de. Em to<strong>da</strong>s as amostras coleta<strong>da</strong>s, tanto na ADAquanto na AID, só houve ocorrência de Chaoborus (Figura 13), um díptero <strong>da</strong> classeInsecta em sua forma larval. A presença de larvas de insetos em amostras de zooplânctoné um fato comum, essas larvas são classifica<strong>da</strong>s como pre<strong>da</strong>dores do zooplâncton e temsua presença geralmente associa<strong>da</strong> a baixa diversi<strong>da</strong>de e/ou a ausência de outrosorganismos comumente encontrados em amostras de zooplâncton como protozoários,rotíferos e crustáceos. Isto justifica, em parte, a não ocorrência de outros representantesdo zooplâncton, pois podem ter sido pre<strong>da</strong>dos pelas larvas de Chaoborus sp. Este fatopode estar correlacionado com as fortes chuvas ocorri<strong>da</strong>s na área que tenha causado umdeslocamento desta comuni<strong>da</strong>de em direção a sua foz, ou que o ambiente já estejacomprometido. Porém, mais estudos são necessários para eluci<strong>da</strong>r tal questionamento,pois a ocorrência de apenas uma coleta não é suficiente para entender a dinâmica <strong>da</strong>comuni<strong>da</strong>de zooplanctônica, uma vez que a mesma sofre variações ao longo de um ano,principalmente devido aos períodos seco e chuvoso.FIGURA 51. Foto do gêneroChaoborus, Diptera, Insecta,encontrado nas amostras dezooplâncton na ÁreaDiretamente Afeta<strong>da</strong> (ADA) eÁrea de Influência Direta (AID).Fonte: Key to the zooplankton of theNortheast - USA (2011).40


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>As macrófitas aquáticas foram representa<strong>da</strong>s por 07 espécies. Número consideradobaixo quando comparado a ambientes como o Pantanal Mato-grossense e algunsreservatórios. Contudo, esta pouca representativi<strong>da</strong>de se deve, provavelmente, ao fatode os pontos de coleta ter sido visitado apenas uma vez e, o período chuvoso deste ano,foi extremo, arrancando parte <strong>da</strong> flora aquática, carregando-as rio abaixo. Os valores dediversi<strong>da</strong>de e biomassa seca encontrados foram considerados, em geral, baixos, tanto naADA quanto na AID. A presença de espécies invasoras, como Alternanthera philoxeroidese Eichhornia paniculata, e a inexistência de um padrão de distribuição <strong>da</strong>s macrófitas aolongo dos pontos de amostragem, tanto na ADA quanto na AID, podem estar relacionadosas marcas de inun<strong>da</strong>ção em to<strong>da</strong>s as margens do rio, demonstrando que o rio tinhapassado por um período de forte alagamento, com fortes corredeiras, o que deve terarrastado o seu leito, diminuindo assim, o número de macrófitas antes existentes. Apresença de ervas flutuantes e a ausência de macrófitas fixas em quanti<strong>da</strong>de, também é,novamente, um forte indicativo de que este rio passou por uma forte correnteza, estando,portanto, as macrófitas re-colonizando o ambiente. Porém, estudos de sucessãoprecisam confirmar esta observação em campo. De uma maneira geral, a macrofloraaquática <strong>da</strong> área de estudo ain<strong>da</strong> não encontra-se bem estu<strong>da</strong><strong>da</strong> e conheci<strong>da</strong>. Adiversi<strong>da</strong>de deve aumentar consideravelmente com mais estudos assim como a biomassadeve variar em períodos climáticos distintos.Figura 52.Espécie de macrófita(Pistia stratiotes)encontra<strong>da</strong> na estaçãode amostragem ADA I,<strong>da</strong> futura <strong>barragem</strong> de<strong>Igarapeba</strong> na Bacia dorio Una (PE), em 27 desetembro de 2011.Foto: Cacil<strong>da</strong> Rocha(27/09/2011)Figura 53.Espécie de macrófita (Eichhorniasp.) encontra<strong>da</strong> na estação deamostragem ADA II, <strong>da</strong> futura<strong>barragem</strong> de <strong>Igarapeba</strong> na Baciado rio Una (PE), em 27 desetembro de 2011.Foto: Cacil<strong>da</strong> Rocha( 27/09/2011)41


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>Figura 54. Estação de amostragem à Montante <strong>da</strong> futura <strong>barragem</strong> de <strong>Igarapeba</strong> na Bacia do rio Una (PE),em 27 de setembro de 2011. Foto: Cacil<strong>da</strong> Rocha( 27/09/2011)Figura 55. Estação de amostragem na Área Diretamente Afeta<strong>da</strong> (ADA I) <strong>da</strong> futura <strong>barragem</strong> de <strong>Igarapeba</strong> naBacia do rio Una (PE), em 27 de setembro de 2011. Foto: Cacil<strong>da</strong> Rocha( 27/09/2011)A comuni<strong>da</strong>de de macrozoobentos em um rio é muitas vezes utiliza<strong>da</strong> como um efetivoindicador <strong>da</strong>s características do corpo d'água, integrando processos como a superfíciegeológica, a vegetação <strong>da</strong> bacia de drenagem, o seu uso e ocupação e mu<strong>da</strong>nças ocorri<strong>da</strong>sno ecossistema. Esta comuni<strong>da</strong>de está representa<strong>da</strong> por vários filos, dentre eles podemoscitar: artrópodos, moluscos, anelídeos e nematóides. Através <strong>da</strong>s análises <strong>da</strong>s amostras<strong>da</strong> ADA e <strong>da</strong> AID observou-se a ocorrência de 11 táxons distribuídos em três filos: Anneli<strong>da</strong>(Oligochaeta), Mollusca (Bivalvia e Gastropo<strong>da</strong>), e Arthropodes (Crustacea e Insecta).De modo geral, os pontos de coleta na AID apresentaram maior número de grupostaxonômicos e maior densi<strong>da</strong>de do que na ADA, isto evidencia que o rio Pirangi, ao longodo seu percurso contribui para o aumento <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de a jusante. Embora seja possívelobservar uma tendência a aumento de diversi<strong>da</strong>de ao longo do percurso do rio, é possívelverificar que, de modo geral, os insetos dominam o macrozoobentos, exceto nas estaçõesCatende e Pirangi, onde ocorre uma dominância <strong>da</strong> espécie Melanoides tuberculatus, queé um molusco bentônico que pode atingir até 4 cm, é capaz de ocupar uma ampladiversi<strong>da</strong>de de ambientes, que vai de oligotróficos a eutróficos, lênticos ou lóticos,42


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>alimentam-se de partículas orgânicas aderi<strong>da</strong>s ao sedimento e é capaz de atingir altas-2densi<strong>da</strong>des, de até 17.000 ind m . Esta é uma espécie exótica capaz de modificar ascomuni<strong>da</strong>des bentônicas dos habitats que coloniza. Devido a sua capaci<strong>da</strong>de de tolerarambientes com baixo teor de oxigênio dissolvido, podemos inferir que este ponto podeestar sofrendo um processo de eutrofização.O inseto Chironomi<strong>da</strong>e (Figura 56) e o anelídeo Oligochaeta (Figura 57) sãofreqüentemente relacionados com altos teores de matéria orgânica no sedimento, e sãoresponsáveis pelo processo de liberação de nutrientes do sedimento para a colunad'água, representando, dessa forma, uma grande importância para o ambiente. Com isso,podemos concluir que, a presença e dominância de representantes demacroinvertebrados bentônicos que indicam ambientes com alto teor de matériaorgânica e com certo grau de eutrofização tanto na ADA quanto na AID, refletem umabacia que já sofre com impactos ambientais, embora em algumas estações apresentecerta diversi<strong>da</strong>de. A presença de espécie invasora, como é o caso do M. tuberculatus,demonstra certa fragili<strong>da</strong>de do ecossistema, onde espécies nativas estão perdendorepresentativi<strong>da</strong>de no local. Tal espécie invasora pode vir a dominar o ambiente caso hajauma excessiva eutrofização no local, pois a mesma apresenta a<strong>da</strong>ptações para habitarambientes com eleva<strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de de nutrientes e baixa quanti<strong>da</strong>de de oxigênio.FIGURA 56. Chironomi<strong>da</strong>e.Fonte: Anthony Epifânio 15/09/2010FIGURA 57. Oligochaeta.Fonte: Anthony Epifânio 15/09/2010ICTIOFAUNA (PEIXE)Para o levantamento ictiológico do rio Pirangi na área de construção <strong>da</strong> <strong>barragem</strong><strong>Igarapeba</strong>-PE foram realiza<strong>da</strong>s capturas de pescado em pontos a montante <strong>da</strong> <strong>barragem</strong>,na área considera<strong>da</strong> de influência direta (AID) na ponte a montante e ajusante. Foramamostrados também pontos na área diretamente afeta<strong>da</strong> (ADA), na cachoeira, no rio, nafazen<strong>da</strong> Rogério, bem como, no eixo <strong>da</strong> <strong>barragem</strong>.No período de estudo foram identifica<strong>da</strong>s 17 espécies de peixes, destas 11 foramcita<strong>da</strong>s nas entrevistas, distribuí<strong>da</strong>s em 11 famílias e 6 ordens. As famílias Cichli<strong>da</strong>e eCharaci<strong>da</strong>e foram as mais representativas com três espécies ca<strong>da</strong>. A piaba foi cita<strong>da</strong> por20 dos entrevistados, segui<strong>da</strong> do jundiá com 16 e tilápia com 14. Entre as espéciesrelata<strong>da</strong>s, apenas o tambaqui é reconheci<strong>da</strong>mente de piracema e necessitará deesca<strong>da</strong>ria para complementar seu ciclo reprodutivo.43


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>A espécie Astyanax gr. Bimaculatus foi a mais representativa e captura<strong>da</strong> na AID e ADA,segui<strong>da</strong> <strong>da</strong> Hypostomus spp., que foi captura<strong>da</strong> apenas na AID, <strong>da</strong> Geophagus cf.brasiliensis e <strong>da</strong> Parotocinclus jumbo (Figura 58). Os peixes de maiores tamanhosregistrados nas capturas foram a Oreochromis niloticus, segui<strong>da</strong> do Geophagus cf.brasiliensis (Figura 59), as demais espécies identifica<strong>da</strong>s não ultrapassaram 150 mm decomprimento.Nenhuma <strong>da</strong>s espécies de peixes levanta<strong>da</strong>s nos dois ambientes estão incluí<strong>da</strong>s naslistas <strong>da</strong>s espécies ameaça<strong>da</strong>s de extinção.FIGURA 58. Parotocinclus jumbo.Fonte: Jana Ribeiro, 2011.FIGURA 59. Geophagus cf. brasiliensis.Fonte: Jana Ribeiro, 2011.MEIO ANTRÓPICOSOCIOECONOMIAA <strong>barragem</strong> de <strong>Igarapeba</strong> apresenta seus impactos socioeconômicos principalmenteem municípios que compõem a Zona <strong>da</strong> Mata Sul do estado de Pernambuco. Os estudosmostraram que a formação histórica <strong>da</strong> região apresenta algumas implicações para aanálise destes impactos. Os principais pontos apontados foram: i) a população <strong>da</strong> regiãopossui baixa escolari<strong>da</strong>de e capacitação para o trabalho; ii) a dinâmica produtiva <strong>da</strong> canade açúcar levou a que se ocupassem áreas de risco de enchentes e de desabamento; iii) osperíodos <strong>da</strong> entressafra <strong>da</strong> cana-de-açúcar são marcados por altos níveis de desemprego;iv) a região é marca<strong>da</strong> por alta concentração fundiária; v) grande parte <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>despossui problemas em seu processo formal de escrituração; vi) existe grande potencial depolitização contra as ações de contenção <strong>da</strong>s enchentes.No tocante à dinâmica populacional os pontos mais importantes levantados peloestudo foram: i) alguns municípios estão perdendo população para os vizinhos ou paraoutras regiões, como a RMR e outros grandes centros urbanos; ii) apesar <strong>da</strong> maioria dosmunicípios já apresentarem alto percentual de sua população nos núcleos urbanos, ain<strong>da</strong>existe pressão migratória no sentido campo-ci<strong>da</strong>de; iii) a expectativa de vi<strong>da</strong> está44


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>aumentando com o envelhecimento <strong>da</strong> população e a redução <strong>da</strong> taxa de natali<strong>da</strong>de,gerando necessi<strong>da</strong>de de ajustes nos investimentos públicos com caráter social.O perfil econômico dos municípios mais afetados pela <strong>barragem</strong> de <strong>Igarapeba</strong> mostragrande dependência de transferências do setor público, com baixa participação <strong>da</strong>indústria e dos serviços que dinamizam a ativi<strong>da</strong>de econômica. Os grandesestabelecimentos industriais ain<strong>da</strong> estão ligados ao complexo sulcroalcooleiro,evidenciando que a outra fonte de dependência econômica ain<strong>da</strong> é a cana-de-açúcar.Para a produção açucareira a questão ambiental apresenta-se como um dos elementoscentrais. O desmatamento tem contribuído para a redução <strong>da</strong>s fontes energéticas eaquíferas, prejudicando o lençol freático, além de aumentar os custos sociais eeconômicos <strong>da</strong> produção <strong>da</strong> cultura <strong>da</strong> cana. A utilização abusiva de defensivos temdestruído a fauna e a biodiversi<strong>da</strong>de do ecossistema local e prejudicado as formas desobrevivência do trabalhador, em particular no que se refere à produção de culturasalimentares e alimentos oriundos de rios, riachos e cursos d'água. Ademais,assentamentos de trabalhadores têm contribuído para o desmatamento, para a extinçãode fontes de água e para a depre<strong>da</strong>ção ambiental.Para as ativi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> agricultura e <strong>da</strong> pecuária, o desenvolvimento e oamadurecimento em base sustentável <strong>da</strong> produção por associativismo e cooperativismosão condições fun<strong>da</strong>mentais para que os pequenos produtores se insiram de maneiramais estável e rentável no mercado, oferecendo produtos de maior valor agregado, commais quali<strong>da</strong>de, proporcionando-lhes melhores condições de comercialização. Aconstrução <strong>da</strong> <strong>barragem</strong> de <strong>Igarapeba</strong> será uma boa oportuni<strong>da</strong>de para se reestu<strong>da</strong>r aquestão associativista uma vez que o empreendimento estimulará a economia local,principalmente no que diz respeito ao fornecimento de produtos e serviços aostrabalhadores, o que representará geração de empregos não só nos serviços como emoutros setores. O incremento nas ativi<strong>da</strong>des ocorrerá devido ao aumento <strong>da</strong> deman<strong>da</strong>por produtos e serviços na região e para que a população local possa usufruir dessesbenefícios é necessário que ela esteja prepara<strong>da</strong> para atender a essa deman<strong>da</strong>.O padrão de desenvolvimento observado na Área de Influência Indireta (AII) ain<strong>da</strong>apresenta traços marcantes que podem não contribuir para sua sustentabili<strong>da</strong>de.Evidenciam-se problemas de natureza econômica, social e cultural, que configuramdiversos elementos de exclusão social e que forçam sua população a migrar, seja de formapendular, para trabalhar na capital do estado ou ain<strong>da</strong> que grande parte se desloque paraa Região Metropolitana de Recife. Ressalta-se também a possibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> migração dostrabalhadores rurais e de pequenos produtores para os setores dos serviços e <strong>da</strong>indústria, sobretudo para a construção civil, tanto na capital pernambucana quanto nasoutras regiões do País.No âmbito <strong>da</strong> questão agrária, a posse e o uso <strong>da</strong> terra são de extrema importânciapara a sustentabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> produção agrícola dessa região. Por sua vez, deve-sereconhecer que para essa região é necessário se pensar uma reestruturação do sistemade produção <strong>da</strong> cana-de-açúcar, em favor de outras ativi<strong>da</strong>des que sejam rentáveis, emáreas marginais à produção de cana.Alternativas para essa reestruturação podem ser aponta<strong>da</strong>s no próprio âmbito dosistema de produção <strong>da</strong> cana-de-açúcar como: a utilização de terras de usinas paralisa<strong>da</strong>s45


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong> que inclusive podem e devem ser usa<strong>da</strong>s para receber a população que serádesapropria<strong>da</strong> para a construção <strong>da</strong> <strong>barragem</strong> de <strong>Igarapeba</strong>-, ou em dificul<strong>da</strong>deseconômico-financeiras e de terras de arren<strong>da</strong>tários e fornecedores de cana de médio egrande porte.Os indicadores sociais dos municípios contemplados na área de influência <strong>da</strong><strong>barragem</strong> de <strong>Igarapeba</strong> melhoraram entre 1991 e 2000, porém, todos ain<strong>da</strong>permaneceram com índices abaixo <strong>da</strong> média pernambucana. Os númerosapresentados sugerem que para 2010 esses municípios deverão manter oprocesso de melhora dos indicadores de Desenvolvimento Humano por conta deinvestimentos na região, tais como uma indústria de calçado, em Palmares;investimentos na área de alojamento e alimentação, como a implantaçãoprevista de hotéis, em Barreiros; e, sobretudo, pelo grande montante deinvestimentos que vem ocorrendo, nos últimos cinco anos, no ComplexoIndustrial Portuário - Suape, de relativa proximi<strong>da</strong>de com a região e que podemtrazer efeitos difusos na área.Pode-se afirmar com precisão que a construção <strong>da</strong> <strong>barragem</strong> de <strong>Igarapeba</strong> seráfun<strong>da</strong>mental para a melhoria dos indicadores de longevi<strong>da</strong>de. Será também uma boaoportuni<strong>da</strong>de de melhoria principalmente no que diz respeito ao fornecimento deprodutos e serviços aos trabalhadores, o que representará geração de emprego e ren<strong>da</strong>não só nos serviços como em outros setores, além dos inegáveis benefícios nainfraestrutura <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de agropecuária, outra importante fonte de ren<strong>da</strong> para a região.Nesse contexto, será de suma importância para a melhoria, também, dos indicadores deren<strong>da</strong> <strong>da</strong> AII.Os indicadores de saúde mostram que a construção <strong>da</strong> <strong>barragem</strong> de <strong>Igarapeba</strong> seráain<strong>da</strong> mais importante para a melhoria dessa dimensão. Com a melhoria <strong>da</strong>s condições deinfraestrutura básica, com destaque para as condições de acesso a água e saneamento,deve-se observar uma redução importante do número total de óbitos, sobretudo aquelesligados a 'doenças infecciosas e parasitárias', entre as quais se destacam diarréias,enterites e pneumonias, e à 'doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas', que atacamprincipalmente as crianças.Embora se verifique nos últimos dez anos um avanço na formação de professoresatravés de programas de capacitação, essa formação não é, ain<strong>da</strong>, a ideal e não contribuisignificativamente para a elevação do rendimento escolar, o que reforça a tese <strong>da</strong> baixaquali<strong>da</strong>de do ensino.A dimensão educacional tem alcançado avanços significativos, em especial naEducação Básica, compreendi<strong>da</strong> pela educação infantil, ensino fun<strong>da</strong>mental e ensinomédio, com melhoras sensíveis tanto na rede particular quanto na rede pública. Porém,diferenças expressivas na quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> infraestrutura física <strong>da</strong>s escolas ain<strong>da</strong> persistem,mostrando-se mais deteriora<strong>da</strong> à medi<strong>da</strong> que se passa do âmbito federal para o estaduale ain<strong>da</strong> mais precária em nível municipal.Por fim, a educação de nível superior ain<strong>da</strong> é excessivamente restrita a grande parcela<strong>da</strong> população. Na AII, onde é significativamente diminuta a proporção de pessoas entre 18e 24 anos que tem acesso a esse nível de ensino, fica evidente esse quadro desfavorável.Destaca-se também que, exceto Palmares, todos os outros municípios <strong>da</strong> AII, em 2000,não chegavam a constatar um índice equivalente a 3% <strong>da</strong> população jovem que contam46


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>com o privilégio de cursar um nível superior, proporção praticamente dez vezes abaixo<strong>da</strong> de outros países <strong>da</strong> América Latina, como a Argentina, por exemplo, cujo percentualmédio gira em torno de 30%.Figura 60. Vista panorâmica <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de <strong>Igarapeba</strong>Figura 61. Lavoura de sobrevivênciaFigura 62. Pecuária47


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>ARQUEOLOGIA E PATRIMÔNIO HISTÓRICOA legislação federal aplicável ao patrimônio histórico-cultural protege os conjuntosurbanos, e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,ecológico e científico.O estudo do Patrimônio Cultural na Barragem de <strong>Igarapeba</strong> foi realizado através delevantamento de <strong>da</strong>dos secundários e primários acerca do município de São Benedito doSul, no estado de Pernambuco. Durante o Diagnóstico foram levantados os aspectosculturais do município estu<strong>da</strong>do, incluindo o levantamento do patrimônio material(arqueológico e histórico), do patrimônio imaterial (festas, <strong>da</strong>nças, comi<strong>da</strong>s típicas,len<strong>da</strong>s, artesanato), do patrimônio espeleológico (cavernas e furnas) e do patrimôniopaisagístico, relativos à área de influência indireta (AII).Os aspectos relativos ao patrimônio imaterial do referido município, no geral, ocorremna região pernambucana como um todo. Merece destaque as festas populares como oCarnaval, São João e festas religiosas, onde ocorrem manifestações culturais típicas comoo frevo, ciran<strong>da</strong> e quadrilhas juninas. A Tempera<strong>da</strong>, bebi<strong>da</strong> feita com cachaça, ervas,sementes e mel é tradicional do município.O patrimônio material identificado, do ponto de vista arqueológico e histórico,corresponde a ocorrências de material lítico e cerâmico relacionado a grupos indígenasque outrora habitaram a região (referente ao período pré-histórico) e remanescentes deestruturas históricas (Engenhos), referentes ao ciclo (tardio) <strong>da</strong> cana-de-açúcar emPernambuco, principalmente do século XX.Na área que será diretamente afeta<strong>da</strong> (AID e ADA) pela construção <strong>da</strong> <strong>barragem</strong> foirealizado um levantamento detalhado para identificação do patrimônio cultural presentena área. As informações foram obti<strong>da</strong>s através de entrevistas com a população e atravésde prospecção visual, enfocando a identificação de eventuais vestígios arqueológicos ehistóricos. O estudo realizado revelou o potencial arqueológico pré-histórico e histórico<strong>da</strong> área, com base tanto nas informações de habitantes <strong>da</strong>s cercanias, quanto <strong>da</strong>identificação direta de evidencias de registros arqueológicos. As referências históricascorrespondem ao século XX, época que predominava na região a economia açucareira.Parte <strong>da</strong> linha férrea localiza<strong>da</strong> na margem do Rio Pirangi, entre os edifícios <strong>da</strong>s estaçõesferroviárias de São Benedito e <strong>Igarapeba</strong>, está inseri<strong>da</strong> na área <strong>da</strong> Barragem de <strong>Igarapeba</strong>.No que tange o patrimônio imaterial não foram relata<strong>da</strong>s len<strong>da</strong>s ou eventos diretamenteassociados à área. O estudo realizado revelou o potencial e diversi<strong>da</strong>de cultural destaregião como um todo.A área por onde se desenvolve o curso do rio, mormente no trecho onde estãoprevistas as obras, corresponde a uma região de rochas ígneas, portanto, as obras nãoatingirão áreas de substrato calcário - onde haveria possibili<strong>da</strong>de de interferências queafetassem cavernas de interesse espeleológico relevante. Tampouco existem indícios ouinformação de ocorrência de fósseis, quer animais quer vegetais nesta área.As obras do empreendimento envolvem ain<strong>da</strong> riscos com relação ao patrimônioarqueológico e natural/paisagístico. A expectativa de tais riscos converge para as áreas deinun<strong>da</strong>ção e aquelas aonde serão necessárias ações de movimentação de terra (quandoexiste a possibili<strong>da</strong>de de destruição total ou parcial de sítios arqueológicos ain<strong>da</strong> não48


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>manifestos), incluindo-se aí a movimentação do terreno para a implantação <strong>da</strong>s obrascivis.As áreas a serem inun<strong>da</strong><strong>da</strong>s, em parte correspondem às áreas que periodicamente(por ocasião <strong>da</strong>s enchentes) são naturalmente inun<strong>da</strong><strong>da</strong>s Por outro lado, a configuraçãodo relevo, no trecho a ser inun<strong>da</strong>do, permite a presença de assentamentos humanos eain<strong>da</strong> a preservação de seus vestígios eventualmente transportados por enxurra<strong>da</strong>s, oumesmo encoberto pelos sedimentos depositados.O risco de destruição dos sítios arqueológicos e do patrimônio histórico será de caráterirreversível, mas poderá ser significativamente reduzido mediante a adoção de medi<strong>da</strong>sapropria<strong>da</strong>s, que permitam transformar os registros em informações concernentes aopovoamento pré-histórico e histórico <strong>da</strong> área.Documentação Fotográfica:Figura 63. Estação Ferroviária de São Benedito do Sul.Data: 19/09/2011. Fonte: Acervo Arqueolog Pesquisas.Figura 64. Estação Ferroviária de <strong>Igarapeba</strong>. Data: 20/09/2011. Fonte: Acervo Arqueolog Pesquisas.Figura 65. Linha férrea margeando o Rio Pirangi.Data: 26/10/2011. Fonte: Acervo Arqueolog Pesquisas.Figura 66. Aqueduto <strong>da</strong> Empresa. Data: 26/10/2011.Fonte: Acervo Arqueolog Pesquisas.49


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>Figura 67. Bueiro do Engenho Paraíso. Data: 20/09/2011.Fonte: Acervo Arqueolog Pesquisas.Figura 68. Ro<strong>da</strong> d'água do Engenho Roncador.Data: 26/10/2011. Fonte: Acervo Arqueolog Pesquisas.Figura 69. Cachimbo localizado no sítio pré-histórico Chãodo Cajá. Fonte: Acervo Arqueolog Pesquisas.Figura 70. Machado de pedra poli<strong>da</strong>, utilizado por gruposindígenas, localizado em São Benedito do Sul.Fonte: Acervo Arqueolog Pesquisas.Figura 71. Material arqueológico histórico localizado naárea de estudo <strong>da</strong> Barragem de <strong>Igarapeba</strong>.Data: 25/10/2011. Fonte: Acervo Arqueolog Pesquisas.Figura 72. Residência do século XX <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> Peri-Peri.Data: 24/10/2011.Fonte: Acervo Arqueolog Pesquisas.50


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>Figura 73. Bumba meu Boi do Bloco Jocajá, em São Beneditodo Sul. Data: 20/09/2011.Fonte: Acervo Arqueolog Pesquisas.Figura 74. Sede do Bloco de carnaval Jocajá. Data: 20/09/2011.Fonte: Acervo Arqueolog Pesquisas.Figura 75. Confecção de vassouras de palha no EngenhoRoncador. Data: 26/10/2011.Fonte: Acervo Arqueolog Pesquisas.Figura 76. Edificações históricas de São Benedito do Sulafeta<strong>da</strong>s pela enchente de 2010. Data: 19/09/2011.Fonte: Acervo Arqueolog Pesquisas.51


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>USO E OCUPAÇÃO DO SOLOA caracterização de uso e ocupação do solo foi elabora<strong>da</strong> considerando-se <strong>da</strong>dosprimários de observação local e <strong>da</strong>dos secundários de informações institucionais, tendocomo principais <strong>da</strong>dos obtidos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco (Condepe-Fidem),Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e o Instituto de PesquisaEconômica Aplica<strong>da</strong> (IPEA). O objetivo foi levantar, compreender e apresentar adistribuição espacial <strong>da</strong>s principais ativi<strong>da</strong>des econômicas e suas analogias referentes àsformas de ocupação e a importância dos processos que contribuem para a deterioraçãodo meio ambiente físico espacial (desmatamentos, erosões e assoreamentos)relacionados principalmente aos recursos hídricos.A Área de Influência Indireta (AII) é composta pelos municípios a montante <strong>da</strong> área <strong>da</strong>construção <strong>da</strong> nova <strong>barragem</strong> de <strong>Igarapeba</strong>: Jurema e Quipapá. Foi realiza<strong>da</strong> uma análisedo uso do solo destes municípios a partir de <strong>da</strong>dos secundários, sendo possível, destaforma, fazer um diagnóstico do uso do solo desta área. Em relação ao uso <strong>da</strong>s terras naárea de influência indireta, a área de pastagens é superior a de lavoura, matas e florestas.A área de pastagens é de 16.935 hectares, enquanto que a área de lavouras é de 11.339hectares, já a área de matas é bastante inferior, um total de 1.524 hectares.Em relação à estrutura fundiária <strong>da</strong> área de influência indireta, observa-se apredominância de produtores em terras como proprietários, com poucos projetos deassentamentos na região, sendo um total de dois, ambos federais e localizados emQuipapá. Diante disto, o que se observa é que não se identifica uma concentração deterras, visto que na média, a área dessas terras são inferiores a um módulo rural,caracterizando a predominância de pequenas proprie<strong>da</strong>des e minifúndios.Observou-se a predominância do cultivo de lavouras temporárias como o feijão emJurema, e cana de açúcar e mandioca em Quipapá, onde também se destaca a produçãode banana, que é uma cultura permanente. Além destas, identificou-se uma diversi<strong>da</strong>de<strong>da</strong>s culturas, encontrando-se também maracujá, milho, tomate, batata doce, coco, elaranja. Essas culturas são características de áreas de transição <strong>da</strong> Zona <strong>da</strong> Matapernambucana para o semi-árido. Quipapá se apresenta com características produtivasde Zona <strong>da</strong> Mata, com o módulo fiscal de 14 hectares, enquanto que Jurema temcaracterísticas de Agreste, com o módulo fiscal de 35 hectares, que representa uma áreamenos fértil devido à menor disponibili<strong>da</strong>de de água.Em relação ao rebanho predominante, destaca-se o galináceo em Jurema e o rebanhobovino em Quipapá, apesar <strong>da</strong> grande área de pastagens. O gado bovino também estápresente nesta área, criado de forma extensiva, ocupando vastas extensões de terra.Em relação ao saneamento, foi possível identificar que na área a rede geral é a principalforma de abastecimento de água, entretanto a forma de abastecimento não canaliza<strong>da</strong>tem um número elevado, ocorrendo principalmente por meio de poços e nascentes. Emrelação ao esgotamento sanitário, observa-se uma precarie<strong>da</strong>de apesar do alto índice debanheiros. Não necessariamente ligados à rede geral de coleta. O esgotamento sanitárioé feito de forma precária sendo partecom o uso de fossas rudimentares e valas, mais <strong>da</strong>52


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>metade dos domicílios estão ligados a rede geral em Quipapá. Em Jurema as condições desaneamento são também precárias, com domicílios não ligados à rede geral.Já a área de influência direta abarca os seguintes municípios a jusante <strong>da</strong> área <strong>da</strong>construção <strong>da</strong> nova <strong>barragem</strong> de <strong>Igarapeba</strong>: São Benedito do Sul, Jaqueira, Maraial,Catende, Palmares, Água Preta, Barreiros, Taman<strong>da</strong>ré e São José <strong>da</strong> Coroa Grande. Foirealiza<strong>da</strong> uma análise do uso do solo destes municípios a partir de <strong>da</strong>dos secundários eprimários, sendo possível, desta forma, fazer um diagnóstico do uso do solo desta área.De acordo com <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Agência CONDEPE/FIDEM, os municípios São Benedito do Sul,Jaqueira, Maraial, Catende e Palmares têm 100% de sua área inseri<strong>da</strong> na Uni<strong>da</strong>de dePlanejamento Hídrico (UP) -5 Rio Una. Já os municípios de Água Preta e Barreiros não seencontram totalmente inseridos na UP-5, mas a sede dos municípios estão localiza<strong>da</strong>s naárea <strong>da</strong> Bacia do Una, enquanto os municípios de Taman<strong>da</strong>ré e São José <strong>da</strong> Coroa Grandese encontram inseridos na Bacia do Rio Una, porém suas sedes não.Em relação às ativi<strong>da</strong>des agropecuárias na área de influência direta, a área de lavoura ébastante superior a de pastagens, matas e florestas em todos os municípios. Observou-sea predominância do cultivo <strong>da</strong> cana de açúcar em to<strong>da</strong> AID, e em relação ao rebanhopredominante, destaca-se o bovino, criado e forma extensiva, porém com a presença decriação de galináceo em alguns municípios, como São Benedito do Sul, Jaqueira, Catendee São José <strong>da</strong> Coroa Grande. Estes municípios estão inseridos na Zona <strong>da</strong> Matapernambucana, que tradicionalmente observa-se a predominância do cultivo <strong>da</strong> cana deaçúcar, com a presença de engenhos e usinas.Em relação à estrutura fundiária <strong>da</strong> área de influência direta, observa-se apredominância de produtores em terras como proprietários, entretanto, as mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>desde ocupantes e assentados também se destacam na área, como no município de Catende,onde mais de 60% <strong>da</strong> área são de ocupantes, e em São José <strong>da</strong> Coroa Grande o destaque épara o produtor sem área de culyivo. Por se tratar de uma área de Zona <strong>da</strong> Mata, onde oíndice de produtivi<strong>da</strong>de é maior que as outras regiões do estado de Pernambuco, omódulo fiscal é de 14 hectares.As terras com proprie<strong>da</strong>de excedem em média quatro módulos fiscais, caracterizandopequenas e médias proprie<strong>da</strong>des, mas isso não quer dizer que não haja grandesproprie<strong>da</strong>des. Entretanto as terras de assentados e ocupantes são inferiores a ummódulo fiscal, em torno de cinco hectares. Identificou-se um grande número deassentamentos na região, sendo um total de 53, entre federais e estaduais, com destaquepara os municípios de Água Preta, Taman<strong>da</strong>ré, Barreiros e São José <strong>da</strong> Coroa Grande, como maior número de projetos. Entretanto, o maior assentamento em área e número defamílias assenta<strong>da</strong>s é o PA Governador Miguel Arraes, no município de Catende, com acaracterística de ser um Assentamento Agroindustrial. Já nos municípios de Jaqueira eMaraial não se identificou nenhum projeto de assentamento.Em relação ao saneamento, foi possível identificar que a rede geral é a principal formade abastecimento de água, entretanto, observa-se uma grande presença de poços ecaptação de água de forma não canaliza<strong>da</strong>. Os municípios que possuemproporcionalmente melhor atendimento pela rede geral são Palmares e Barreiros,enquanto que os municípios de São Benedito do Sul, Maraial, Água Preta, Taman<strong>da</strong>ré eSão José <strong>da</strong> Coroa Grande possuem um alto índice de abastecimento de água através de53


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>poços e nascentes. Em relação ao saneamento, foi possível identificar que a rede geral é aprincipal forma de abastecimento de água, entretanto, observa-se uma grande presençade poços e captação de água de forma não canaliza<strong>da</strong>. Os municípios que possuemproporcionalmente melhor atendimento pela rede geral são Palmares e Barreiros,enquanto que os municípios de São Benedito do Sul, Maraial, Água Preta, Taman<strong>da</strong>ré eSão José <strong>da</strong> Coroa Grande possuem um alto índice de abastecimento de água através depoços e nascentes.O uso do solo <strong>da</strong> Área Diretamente Afeta<strong>da</strong> (ADA) é caracterizado por poucas áreas devegetação nativa, e pela predominância de pastos com extensos capinzais, e pelapresença <strong>da</strong> monocultura de cana de açúcar. Também se identificou áreas de agriculturafamiliar e ativi<strong>da</strong>de pecuarista extensiva de bovinos e caprinos. Nas áreas de agriculturafamiliar, observa-se predominantemente o cultivo de árvores frutíferas, com destaquepara o cultivo de bananas nas proximi<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s margens de rios e nas encostas, comotambém a presença de agricultura de subsistência. Também se identifica na área a criaçãode caprinos e galináceos para consumo próprio. Contudo, a ADA possui baixa densi<strong>da</strong>dedemográfica, com a existência de apenas três sítios (Figuras 77, 78 e 79), com apredominância de áreas destina<strong>da</strong>s à pecuária. Na área diretamente afeta<strong>da</strong> não seidentificou a presença de núcleos urbanos, configurando-se como uma áreaexclusivamente agrícola, com as terras destina<strong>da</strong>s à agricultura e à pecuária. Não foiidentificado parcelamento do solo entre espaço urbano e rural devido às poucasedificações nas proprie<strong>da</strong>des encontra<strong>da</strong>s na ADA.Figura 77. Edificação de apoio do primeiro sítio com lavoura permanente de banana epecuária. Fonte: Christoph Hedntk, 27.10.2011.54


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>Figura 78.Sítio BoaFé na ADA.Fonte:ChristophHedntk,27.10.2011.Figura 79.Residência detrabalhadoresdo terceirosítio na ADA.Fonte: ChristophHedntk,27.10.2011.A ADA é corta<strong>da</strong> por uma linha férrea,identificando-se em diversos pontos a presença detrilhos <strong>da</strong> Estra<strong>da</strong> de Ferro Sul de Pernambuco,inaugura<strong>da</strong> em 1884 (Figura 80). Na áreadiretamente afeta<strong>da</strong> se identificou ausência detorres de transmissão, seja de telefonia, TV e rádio,mas se identifica a presença de rede elétrica emto<strong>da</strong>s as proprie<strong>da</strong>des, contudo a rede elétrica foiprejudica<strong>da</strong> com a enchente e algumasproprie<strong>da</strong>des têm problemas quanto ao serviço deenergia elétrica.Figura 80. Trilhos <strong>da</strong> Estra<strong>da</strong> de Ferro Sulde Pernambuco na ADAFonte: Christoph Hedntk, 27.10.2011.Os impactos identificados foram localizados,avaliados e descritos e, para ca<strong>da</strong> um deles foramsugeri<strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s mitigadoras e de controleambiental, além de ações de monitoramento.55


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>PARTE 2 - IMPACTOS RESULTANTES1 QUAIS OS IMPACTOS ANALISADOS E MEDIDAS MITIGADORAS PREVISTAS?A identificação dos impactos previsíveis em decorrência <strong>da</strong> implantação <strong>da</strong> <strong>barragem</strong>,as medi<strong>da</strong>s que deverão ser toma<strong>da</strong>s para minimizar os efeitos negativos e maximizar ospositivos, em to<strong>da</strong>s as etapas <strong>da</strong> obra são, de fato, as informações e os instrumentosessenciais para a sustentabili<strong>da</strong>de ambiental <strong>da</strong> área modifica<strong>da</strong>. Por sua vez, osProgramas de Controle e Monitoramento Ambiental propostos para acompanharpossíveis mu<strong>da</strong>nças e adequar seu curso, contribuem para a consoli<strong>da</strong>ção de um Sistemade Gestão Ambiental na área <strong>da</strong> bacia que será afeta<strong>da</strong>.PROCESSO METODOLÓGICO ADOTADO PARA AAVALIAÇÃO DOS IMPACTOSGrupo de Discussão MultidisciplinarMATRIZ DE CORRELAÇÃO(Meio Físico - Meio Biótico-Meio - Meio Antrópico)DESCRIÇÃO dos ImpactosAVALIAÇÃO dos ImpactosMEDIDAS de Mitigação e ControlePROPOSTAS de MonitoramentoPROGNÓSTICO AMBIENTALOs principais impactos identificados foram localizados, avaliados e descritos e, paraca<strong>da</strong> um deles foram sugeri<strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s mitigadoras e de controle ambiental, além deações de monitoramento.56


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>Impactos sobre o Meio FísicoQuanto ao meio físico, os impactos mais importantes estão relacionados às águassuperficiais, especialmente às mu<strong>da</strong>nças de regime de fluxo, que terão forte rebatimentosobre a flora e a fauna aquáticas. Os solos também foram destacados, tendo em vista ogrande movimento de terras que ocorrerá na área <strong>da</strong> <strong>barragem</strong>, para a sua construção eexploração de jazi<strong>da</strong>s (fase de implantação). A contaminação <strong>da</strong>s águas e dos solos e aretenção de nutrientes também foram destaca<strong>da</strong>s. A redução <strong>da</strong> carga sóli<strong>da</strong> a jusante,com aumento dos processos erosivos <strong>da</strong>s margens e alteração na morfologia do canalcausará impacto na agricultura ribeirinha. Foi recomen<strong>da</strong><strong>da</strong> a preservação/recuperação<strong>da</strong> cobertura vegetal nas APPs para redução dos processos erosivos laminares e lineares.Além disso, destaca-se a retenção dos nutrientes produzidos a montante <strong>da</strong> <strong>barragem</strong>, nolago <strong>da</strong> mesma, reduzindo a fertili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s águas a jusante, afetando as comuni<strong>da</strong>des <strong>da</strong>fauna.Elemento Ambiental Impacto AmbientalClima e meteorologia Alteração do clima localGeologiaDegra<strong>da</strong>ção de áreas de empréstimoContaminação e recarga do aquíferoGeomorfologia e solosMu<strong>da</strong>nças na paisagem regionalInstabili<strong>da</strong>de dos solos no entorno do reservatórioAlteração <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de do soloErosão <strong>da</strong>s margensRedução do valor fertilizante <strong>da</strong> água após a <strong>barragem</strong>Alteração do regime hídricoInterferência nos diversos usos <strong>da</strong> águaRecursos hídricosAssoreamento do futuro reservatóriosuperficiais eControle de inun<strong>da</strong>çõessubterrâneosPer<strong>da</strong>s de água no reservatório por evaporação e infiltraçãoAlterações na quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> águaQuali<strong>da</strong>de do ar e ruídosAumento de ruídos gerados por máquinas e trânsitoAumento de poeira, fumaça e gases no entorno <strong>da</strong> obraParcelamento do solo Redução <strong>da</strong>s áreas destina<strong>da</strong>s aos usos ruraisEstrutura fundiária Redução <strong>da</strong>s dimensões territoriais <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des fundiáriasInfraestruturaSocioambientalAmpliação <strong>da</strong> rede de saneamento básico e abastecimentoDesvio de linhas de transmissão de energia elétrica e férreaAmpliação <strong>da</strong>s práticas educacionais57


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>Impactos sobre o Meio BióticoÉ no meio biótico onde ocorrem os maiores impactos pela supressão <strong>da</strong> coberturavegetal para a implantação <strong>da</strong> <strong>barragem</strong>, que tem rebatimento imediato sobre a fauna,tendo em vista a per<strong>da</strong> dos habitats terrestres e aquáticos.Apesar <strong>da</strong> importância social <strong>da</strong> construção <strong>da</strong> <strong>barragem</strong>, deve-se registrar que amesma ocasionará impactos biológicos para as espécies vegetais, como por exemplo,per<strong>da</strong> de biodiversi<strong>da</strong>de, aumento <strong>da</strong> fragmentação e efeito de bor<strong>da</strong>, os quais podem sermitigados ou controlados através de medi<strong>da</strong>s e programas que deverão ser realizadosdurante a implantação do empreendimento, como resgate de germoplasma, plantio demu<strong>da</strong>s nos fragmentos remanescentes, implantação de corredores ecológicos, controlede plantas invasoras e programas de monitoramento <strong>da</strong> flora e <strong>da</strong> fauna.Elemento AmbientalFlora terrestre eestrutura <strong>da</strong> vegetaçãoFauna:Vertebrados Terrestrese Alados (Mastofaunaterrestre,quiropterofauna,avifauna eherpetofauna)Meio Biótico Aquático:(Fitoplâncton,MacrófitasZooplâncton,Macrozoobentos) eIctiofaunaImpacto AmbientalPer<strong>da</strong> de biodiversi<strong>da</strong>de e <strong>da</strong>s características <strong>da</strong>s populaçõesvegetaisFragmentação vegetal e efeito de bor<strong>da</strong>Per<strong>da</strong> de variabili<strong>da</strong>de genéticaRedução do tamanho <strong>da</strong>s populações remanescentesInterrupção do fluxo gênico e de alguns mecanismos dedispersãoPer<strong>da</strong> de biodiversi<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> variabili<strong>da</strong>de genéticaPer<strong>da</strong> de habitat e microhabitats pela destruição dos fragmentosflorestaisDesequilíbrio na comuni<strong>da</strong>de faunística e redução <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>dede suporte à vi<strong>da</strong> silvestreEliminação ou deslocamento de populações exclusivamenteterrestresFuga de espécies e invasão de domicíliosAumento <strong>da</strong> caça oportunística e de espécies vetoras dedoençasAparecimento de espécies exóticasDeslocamento de fauna por distúrbios sonorosAumento na interação entre animais silvestres e seres humanosPer<strong>da</strong> de biodiversi<strong>da</strong>de e diminuição do fluxo gênicoElevação de espécies nocivas e invasorasAlteração na dinâmica <strong>da</strong>s populações locaisAlteração na estrutura <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>desPer<strong>da</strong> de habitatDispersão de ovos e larvasDesenvolvimento <strong>da</strong> aqüicultura e <strong>da</strong> pesca e aumento <strong>da</strong> pescaoportunistaAparecimento de espécies exóticas e elevação de espéciesnocivas58


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>Impactos sobre o Meio SocioeconômicoNo meio socioeconômico, os destaques foram alterações no setor produtivo, ademan<strong>da</strong> por mão de obra, dinamização econômica no município, aumento de doençasrespiratórias e de veiculação hídrica durante a construção, além do deslocamento devestígios arqueológicos e alterações na paisagem e nos costumes.Elemento Ambiental Impacto AmbientalEstrutura de ofertaprodutivaDeman<strong>da</strong> de mão deobraDeman<strong>da</strong> agrega<strong>da</strong>Infraestrutura deserviços públicosEducaçãoSaúdePatrimônioParcelamento do SoloInfraestruturaSocioambientalEliminação de áreas com ativi<strong>da</strong>des agropecuáriasDiminuição na oferta de alimentosRedução <strong>da</strong>s per<strong>da</strong>s na oferta de bens e serviçosPossibili<strong>da</strong>de de implantação de projetos turísticosContratação de mão-de-obra para a implantação <strong>da</strong> <strong>barragem</strong>Per<strong>da</strong> de postos de trabalho nas uni<strong>da</strong>des produtivasDinamização <strong>da</strong>s economias municipaisAumento <strong>da</strong>s receitas municipaisAumento <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> de serviços públicos durante a construçãoAumento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de oferta de água para os municípios <strong>da</strong> AIDAumento <strong>da</strong> educação ambiental <strong>da</strong> populaçãoElevação <strong>da</strong> incidência de doenças respiratórias e do risco de acidentesAlteração na incidência de doenças de veiculação hídricaAlteração no valor patrimonial <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des próximas à <strong>barragem</strong>e no leito a jusante do rioEstudos Preliminares do patrimônio culturalDestruição do contexto arqueológicoComprometimento <strong>da</strong>s linhas férreas entre as estações ferroviárias deSão Benedito do Sul e a de <strong>Igarapeba</strong> pelo enchimento do reservatórioRedução <strong>da</strong>s áreas destina<strong>da</strong>s aos usos ruraisRedução <strong>da</strong>s dimensões territoriais <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des fundiáriasAmpliação <strong>da</strong> rede de saneamento básico e abastecimentoDesvio de linhas de transmissão de energia elétricaDesvio de linha férreaAmpliação <strong>da</strong>s práticas educacionais59


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>2. QUAIS OS PROGRAMAS AMBIENTAIS RECOMENDADOS?O Sistema de Gestão Ambiental proposto para o empreendimento tem seusfun<strong>da</strong>mentos na legislação pertinente e na articulação interinstitucional necessária à suaefetivação. Sua concepção busca favorecer e estimular a participação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, nãoapenas no que se refere aos programas educativos, mas em to<strong>da</strong>s as açõesimplementa<strong>da</strong>s. Nesse sentido, o processo de gestão incorporará como instrumentosbásicos os 14 Programas Ambientais previstos para o empreendimento <strong>da</strong> <strong>barragem</strong><strong>Igarapeba</strong>.3. AFINAL, COMO FICA A QUALIDADE AMBIENTAL FUTURA?A <strong>barragem</strong> <strong>Igarapeba</strong>, que tem como finali<strong>da</strong>de principal reduzir os desastres deinun<strong>da</strong>ções no Distrito de <strong>Igarapeba</strong>, e municípios a jusante, quais sejam: Maraial,Jauqeira e Catende. O reservatório também poderá ser utilizado para outras finali<strong>da</strong>des,tendo em vista o uso múltiplo previsto para o mesmo. Essas funções proporcionarão umamelhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> população diretamente afeta<strong>da</strong>, permitindo adinamização de ativi<strong>da</strong>des econômicas e aumento de emprego e ren<strong>da</strong>, além de oferecerum espaço ameno de grande beleza paisagística.60


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>Temática do PCA DenominaçãoPCA 1 - Monitoramento hidrológicoMEIO FÍSICOPCA 2 - Controle de processos erosivosPCA 3 - Monitoramento <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> águaPCA 4 - Resgate e translocação <strong>da</strong> faunaPCA 5 - Inventário dos ecossistemas aquáticosMEIO BIOTICOPCA 6 - Monitoramento <strong>da</strong> ictiofaunaPCA 7 - Monitoramento <strong>da</strong> mastofauna terrestrePCA 8 - Resgate e conservação <strong>da</strong> floraPCA 9 - Monitoramento <strong>da</strong> vegetação e in vasão biológicaPCA 10 - Educação ambientalMEIOSOCIOECONÔMICOPCA 11 - Negociação para reassentamento <strong>da</strong> população desapropria<strong>da</strong>PCA 12 - Diversificação <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des produtivasPCA 13 - Prospecção e de resgate arqueológicoPCA 14 - Monitoramento, resgate arqueológico e educação patrimonialA construção <strong>da</strong> <strong>barragem</strong> <strong>Igarapeba</strong> implica necessariamente na ocorrência de váriosimpactos adversos sobre o ambiente atual, cuja importância foi avalia<strong>da</strong> e coberta por umconjunto de propostas de mitigação e por Programas de Controle Ambiental, quepermitirão desenvolver a gestão ambiental <strong>da</strong> área. Dentre os impactos positivos,ressaltam-se o estímulo à economia local, principalmente, por conta <strong>da</strong> contratação demão-de-obra nos municípios de São Benedito do Sul, Palmares, Catende, Maraial eJaqueira, e do fornecimento de produtos e serviços ao empreendimento, contribuindosignificativamente para a geração direta de emprego e ren<strong>da</strong>, além de incentivar de formaindireta a geração de postos de trabalho em outros setores.É importante ressaltar que a diminuição do risco de inun<strong>da</strong>ções a jusante correspondeao principal impacto positivo <strong>da</strong> construção <strong>da</strong> <strong>barragem</strong> <strong>Igarapeba</strong>. Desse modo, oprognóstico desse estudo é o de que a <strong>barragem</strong> <strong>Igarapeba</strong> deve ser construí<strong>da</strong>.61


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>2. CONCLUSÕESA construção <strong>da</strong> <strong>barragem</strong> <strong>Igarapeba</strong> é uma ação estruturadora, inseri<strong>da</strong> numa políticapública de redução de desastres que vem sendo implementa<strong>da</strong> pelo governo do Estado,reunindo várias iniciativas inter-relaciona<strong>da</strong>s, como é o caso do Controle de Enchentes <strong>da</strong>Mata Sul, <strong>da</strong>s Mu<strong>da</strong>nças Climáticas, do Combate à Desertificação, <strong>da</strong> Política Estadual deResíduos Sólidos, do Mapeamento <strong>da</strong> Suscetibili<strong>da</strong>de e Risco de Desastres dePernambuco, recategorização <strong>da</strong>s Reservas Ecológicas, entre outras.O Estudo de Impacto Ambiental EIA foi desenvolvido com o objetivo de avaliar osdiferentes tipos de impactos ambientais, associados às distintas fases de planejamento,implantação e de operação <strong>da</strong> <strong>barragem</strong> Igarrapeba, sendo realizado um Diagnóstico doambiente a ser afetado pelo empreendimento, com a obtenção de diversos <strong>da</strong>dosprimários, contemplando os elementos ambientais dos meios físico, biótico esocioeconômico.Foram identificados 80 prováveis impactos, os quais foram analisados e avaliados,mostrando que os elementos mais fortemente afetados serão a cobertura vegetal, afauna terrestre e, especialmente, a fauna e flora aquáticas. Para mitigar, controlar e aténeutralizar o efeito desses impactos foram propostas medi<strong>da</strong>s mitigadoras e, elaborados14 Programas de Controle e Monitoramento Ambiental, para subsidiar odesenvolvimento <strong>da</strong> Gestão Ambiental <strong>da</strong> área.Embora o empreendimento em questão afete real e/ou potencialmente fatoresambientais <strong>da</strong> área de influência de forma negativa, foram identificados oito impactosreais e positivos, sendo um no meio físico e sete no meio socioeconômico decorrentes <strong>da</strong>ativi<strong>da</strong>de em licenciamento: o maior impacto positivo é o controle de inun<strong>da</strong>ção, sendoeste o principal objetivo <strong>da</strong> Barragem <strong>Igarapeba</strong>; o controle de cheias e a proteção <strong>da</strong>população ribeirinha, especialmente, no Distrito de <strong>Igarapeba</strong>, Maraial, Jaqueira eCatende.A análise dos impactos positivos e negativos e a convicção <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de obrasestruturadoras associa<strong>da</strong>s a políticas públicas efetivas para a redução dos desastresrecorrentes de inun<strong>da</strong>ções na região <strong>da</strong> Mata Sul, mostrou que é importante, aconstrução <strong>da</strong> <strong>barragem</strong> <strong>Igarapeba</strong>, no menor tempo possível, antes que outros episódiosclimáticos extremos, com chuvas concentra<strong>da</strong>s e intensas voltem a produzir os cenáriosde destruição que ocorreram em 2010 e 2011.Por fim, considerando o caráter dinâmico e especifici<strong>da</strong>de de um empreendimentodessa natureza, é possível que, ao longo do tempo, ou até mesmo durante a fase dediscussão e análise deste EIA, seja necessária a adoção de medi<strong>da</strong>s complementares nãoprevistas neste documento. Assim sendo, é relevante o acompanhamento sistemático deto<strong>da</strong>s as fases de operacionalização do empreendimento, de forma a possibilitar aadoção, de modo pró-ativo, de medi<strong>da</strong>s complementares que se fizerem necessárias. Doponto de vista técnico, pode-se considerar que os cui<strong>da</strong>dos ambientais prévios, e asmedi<strong>da</strong>s mitigadoras e de controle, quando bem implementa<strong>da</strong>s, contribuirãoefetivamente para a viabili<strong>da</strong>de ambiental <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de descrita e avalia<strong>da</strong> nestedocumento.62


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