CERÂMICA VERDEA iniciativa verde<strong>do</strong> Rock in RioOs fornos de duas cerâmicas <strong>do</strong> Rio de Janeiro foram o destino <strong>da</strong> madeirautiliza<strong>da</strong> para a construção <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> RockREVISTA DA ANICER Nº <strong>73</strong>14Foram 160 atrações musicais e 700 mil pessoas em 7 dias,durante a quarta edição <strong>do</strong> Rock in Rio no Brasil. Númerosque impressionam e talvez por isso, a organização nãotenha poupa<strong>do</strong> esforços para colocar em prática medi<strong>da</strong>sde sustentabili<strong>da</strong>de ousa<strong>da</strong>s. Com a meta de destinar corretamentepara reciclagem, compostagem ou aterros sanitários100% <strong>do</strong>s resíduos sóli<strong>do</strong>s gera<strong>do</strong>s no processo de montageme desmontagem <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Rock, a iniciativa também incluiua neutralização de to<strong>da</strong> a emissão decarbono gera<strong>da</strong> durante o evento.Oito mil tonela<strong>da</strong>s emiti<strong>da</strong>s durante o festivalserão compensa<strong>da</strong>s, através <strong>do</strong> investimentonas Cerâmicas Sul América, em Itaboraíe GGP, em Três Rios, no Rio de Janeiro. Oprojeto de geração de créditos de carbono <strong>da</strong>scerâmicas foi desenvolvi<strong>do</strong> pela consultoria oria SustainableCarbon, com a substituição <strong>do</strong> combustívelfóssil usa<strong>do</strong> nas fábricas por biomassa, troca que gera créditosde carbono para ser vendi<strong>do</strong>s e reinvesti<strong>do</strong>s. “Apesar<strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des inerentes às ações inéditas, não faria senti<strong>do</strong>deixarmos de trabalhar por um desafio que já se tornouparte <strong>da</strong> mentali<strong>da</strong>de e <strong>do</strong> compromisso <strong>do</strong> festival”, disseRoberta Medina, durante coletiva <strong>do</strong> evento realiza<strong>da</strong> noSolar Real, em Santa Teresa.Tu<strong>do</strong> o processo é monitora<strong>do</strong> pelo padrão SocialCarbon,desenvolvi<strong>do</strong> pelo Instituto Ecológica, com sede em Palmas,no Tocantins, que se baseia em seis recursos de sustentabili<strong>da</strong>de:Social, Humano, Natural, Financeiro, Tecnológico eCarbono. Esse padrão garante o monitoramento <strong>do</strong> recursoe faz com que a indústria se torne mais sustentável e produtiva.Para a Analista de Sustentabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> SustainableCarbon, Larissa Tega de Fonseca, iniciativas como esta sãomuito importantes para o meio ambiente. “A neutralizaçãoe a compra de créditos de carbono pelo Rock in Rio mostrama importância e urgência <strong>da</strong>s questões de mu<strong>da</strong>nçasclimáticas por ca<strong>da</strong> setor de nosso país. Além disso, coma compra <strong>do</strong>s créditos de projetos que substituíram com-bustívelfóssil por biomassa, o evento incentiva amu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de regional de uso defontes energéticas esgotáveis por outrasrenováveis e contribui para o desenvolvimentosustentável local”.Parte<strong>do</strong> dinheiro arreca<strong>da</strong><strong>do</strong> através <strong>da</strong> ven<strong>da</strong>destes créditos é investi<strong>do</strong> na própria fábricae na comuni<strong>da</strong>de de seu entorno. Além disso, aCerâmica Sul América vai usar parte <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> naconfecção de cestas básicas para os seus 158 funcionáriose <strong>do</strong>ação de materiais de construção. “Desde a implantação<strong>do</strong> projeto nas cerâmicas, muitas melhorias já foramrealiza<strong>da</strong>s. Na cerâmica GGP, há um médico to<strong>da</strong> semanapara atendimento aos trabalha<strong>do</strong>res. Também, foram ofereci<strong>do</strong>sdiversos cursos de capacitação, inclusive com a implantaçãode um projeto educacional para levar educaçãobásica aos trabalha<strong>do</strong>res. Já na Sul América, destaca-se aAssociação Bem Viver, localiza<strong>da</strong> no Complexo <strong>do</strong> Alemão,que coleta os resíduos de madeira <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de e vendepara a cerâmica. Sen<strong>do</strong> assim, as cerâmicas, além dereduzirem as emissões <strong>do</strong>s gases de efeito estufa, gerambenefícios sociais, ambientais e econômicos para as comuni<strong>da</strong>desem que estão inseri<strong>da</strong>s”, finaliza Larissa.
O que é créditode carbono?Aoportuni<strong>da</strong>de de vender créditos de carbono começoucom o Protocolo de Kyoto, de 1997, que estabeleceumetas de redução <strong>do</strong>s gases <strong>do</strong> efeito estufa, comoCO2 e metano, com o objetivo de minimizar o aquecimentoglobal. Em média, os países desenvolvi<strong>do</strong>s assumiramo compromisso de reduzir em 5,2% os gases emiti<strong>do</strong>s.O Protocolo também definiu três mecanismos para auxiliarna redução de gases. No primeiro, são cria<strong>da</strong>sações de troca de crédito entre países desenvolvi<strong>do</strong>s.O outro é o comércio de emissões atravésde negociaçõesentre países desenvolvi<strong>do</strong>s,quetêm metas de redução,e aquelesque ain<strong>da</strong> estãoem desenvolvimento.O último procedimentoé o quevem sen<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong>pelas indústriascerâmicas. Conheci<strong>do</strong> comoMecanismo de DesenvolvimentoLimpo (MDL), o processo inclui aadequação <strong>da</strong> fábrica, a redução<strong>da</strong> emissão de gases tóxicos e o ressarcimento<strong>do</strong> que foi investi<strong>do</strong> por meio<strong>da</strong> ven<strong>da</strong> <strong>do</strong>s créditos para empresas estrangeiras e quetêm cota de redução a cumprir.COMO VENDER CRÉDITO DE CARBONO?O primeiro passo para as empresas interessa<strong>da</strong>s em vendercréditos de carbono é elaborar o projeto de substituição<strong>da</strong>s tecnologias. Neste trabalho, é importante ressaltaros resulta<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s alterações, como os índices deimpacto ambiental e o montante de redução de emissãode gases que será consegui<strong>do</strong>.Em segui<strong>da</strong>, o projeto deve ser analisa<strong>do</strong> por uma organizaçãocertifica<strong>do</strong>ra autoriza<strong>da</strong> pela ONU (Organização<strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s). Depois de vali<strong>da</strong><strong>do</strong> o <strong>do</strong>cumentoe implementa<strong>da</strong>s as alterações na fábrica, é neces-sário monitorar e registrar os <strong>da</strong><strong>do</strong>s relaciona<strong>do</strong>sao processo produtivo, por exemplo, quanto foiusa<strong>do</strong> debiomassa e aquanti<strong>da</strong>dede gases emiti<strong>do</strong>s.Após um ano,em média, aempresa fazum relatóriocom os registrosobti<strong>do</strong>sno perío<strong>do</strong> e solicita a ven<strong>da</strong> <strong>do</strong>s crédi-tos consegui<strong>do</strong>s. O <strong>do</strong>cumento seguepara auditoria, que verifica a vali<strong>da</strong>de<strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s e autoriza a comercializaçãoem nível mundial.Existem casos em que empresas se reúnem, somamcréditos e comercializam conjuntamente, pois sozinhasnão conseguiriam atingir a cota mínima de comercialização.Isso significa que mesmo pequenos empreendimentospodem participar de ações com foco na ven<strong>da</strong>de créditosREVISTA DA ANICER Nº <strong>73</strong>15