3 Revisão Bibliográfica 50os quais na atmosfera oxidam-se a sulfato e nitrato. Esses óxidos são oriundos <strong>de</strong>processos <strong>de</strong> combustão. Além disso, a radiação solar e as reações <strong>de</strong>sses gasescom a água da <strong>chuva</strong> formam o ácido nítrico e sulfúrico que diminuem o pH da águada <strong>chuva</strong> <strong>de</strong> acordo com a poluição atmosférica (SEINFELD e PANDIS, 1998).Andra<strong>de</strong> e Sarno (1990), consi<strong>de</strong>ram 5,6 como sendo o valor normal do pH da água<strong>de</strong> <strong>chuva</strong>, em função do equilíbrio com a concentração <strong>de</strong> CO 2 na atmosfera. Porém,segundo Seinfeld e Pandis (1998), a ocorrência <strong>de</strong> <strong>chuva</strong> ácida só <strong>de</strong>ve serconsi<strong>de</strong>rada quando pH for inferior a 5,0.Algumas espécies químicas, iônicas e não iônicas, presentes na precipitaçãoatmosférica <strong>de</strong>sempenham um papel importante nos processos <strong>de</strong> acidificação, alémdas espécies carbonáticas, <strong>de</strong>stacam-se os cátions e os ânions inorgânicos comoNa + , Ca + 2 , Mg + 2 , K + , Cl - , SO 2- 4 , NH + 4 e NO - 3 (MIGLIAVACCA e TEIXEIRA, 2003).De acordo com dados do Relatório <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> do Ar na Região da Gran<strong>de</strong> Vitória<strong>de</strong> 2005 do IEMA, estudos mostram que a poluição veicular na região da Gran<strong>de</strong>Vitória, tal como ocorre em gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s, ainda não é o principal problema queafeta a qualida<strong>de</strong> do ar. Este relatório <strong>de</strong>screva ainda que as principais fontesantropogências <strong>de</strong> emissão atmosférica da Gran<strong>de</strong> Vitória são: Ativida<strong>de</strong>sPortuárias, Cimenteiras, Fabricação <strong>de</strong> Concreto, Frigoríficos, Fundição, IndústriaAlimentícia, Indústria Cerâmica, Indústria Química, Indústria têxtil, Pedreiras,Pelotização, Si<strong>de</strong>rurgia, Usina <strong>de</strong> Asfalto e Veículos. Esses processos liberamsubstâncias consi<strong>de</strong>radas poluentes do ar como compostos <strong>de</strong> enxofre e nitrogênio,compostos orgânicos <strong>de</strong> carbono, monóxido e dióxido <strong>de</strong> carbono, compostoshalogenados e MP.A utilização <strong>de</strong> superfícies para a coleta da água também altera as característicasnaturais da mesma. Durante os períodos <strong>de</strong> estiagem ocorre a <strong>de</strong>posição seca doscompostos presentes na atmosfera, esse fenômeno consiste na sedimentaçãogravitacional e na interceptação do MP ou absorção <strong>de</strong> gases por superfícies(FORNARO e GUTZ, 2003). Então, a qualida<strong>de</strong> da água da <strong>chuva</strong>, na maioria dasvezes, piora ao passar pela superfície <strong>de</strong> captação, que po<strong>de</strong> estar contaminadatambém por fezes <strong>de</strong> pássaros e <strong>de</strong> pequenos animais ou por óleo combustível nocaso <strong>de</strong> superfícies <strong>de</strong> captação no solo.
3 Revisão Bibliográfica 51Dados da literatura confirmam que as características da água da <strong>chuva</strong> variam <strong>de</strong>região para região, pois mostram diferentes resultados <strong>de</strong> avaliação da qualida<strong>de</strong><strong>de</strong>sta água. Enquanto alguns autores concluíram que a água da <strong>chuva</strong> que cai nasuperfície dos telhados é poluída (GOOD, 1993), outros autores encontraram umbaixo potencial <strong>de</strong> poluição associado à mesma (SHINODA, 1990).Águas duras têm um reduzido potencial <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> espuma, implicando em ummaior consumo <strong>de</strong> sabão e po<strong>de</strong>m provocar incrustações nas tubulações, porémsegundo pesquisas realizadas, a água da <strong>chuva</strong> caracteriza-se por apresentar baixovalor <strong>de</strong> dureza (THOMAS e REES, 1999).Segundo Palmier (2001), em regiões on<strong>de</strong> a pobreza castiga a população inclusivepela falta <strong>de</strong> água, o uso potável da água da <strong>chuva</strong> <strong>de</strong>ve ser incentivado. Porém,recomenda-se que a mesma passe por um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinfecção por cloro oumesmo por radiação ultravioleta.3.9 FILTRAÇÃO LENTA3.9.1 HistóricoPor ser um processo <strong>de</strong> purificação muito simples e eficiente, a filtração <strong>lenta</strong>difundiu-se <strong>de</strong> forma muito rápida pela Europa e América. Segundo Costa (1980) eHespanhol (1969), em 1828 os filtros <strong>de</strong> areia foram usados pela primeira vez paraabastecimento público, construídos para abastecer Londres. Destes esperava-seapenas que reduzissem a turbi<strong>de</strong>z da água através <strong>de</strong> mecanismos físicos <strong>de</strong>retenção <strong>de</strong> partículas.Segundo Bolmann (1987), entre 1914 e 1918 o interesse pela filtração <strong>lenta</strong> diminuiusensivelmente <strong>de</strong>vido ao crescimento da utilização da filtração rápida, quepossibilitou a aplicação <strong>de</strong> taxas mais elevadas e consequentemente a produção <strong>de</strong>um volume maior <strong>de</strong> água tratada por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área. Pequenas comunida<strong>de</strong>scomeçaram a optar pela filtração rápida na tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar <strong>de</strong>senvolvimentourbano.