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Dissertação - Centro Tecnológico / UFES - Universidade Federal do ...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTOCENTRO TECNOLÓGICOPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTALFERNANDA CAPUCHO CEZANASIMULAÇÃO NUMÉRICA DA DISPERSÃO DE POLUENTESAO REDOR DE UM OBSTÁCULO ISOLADO SOBDIFERENTES CONDIÇÕES DE ESTABILIDADEVITÓRIA2007


FERNANDA CAPUCHO CEZANASIMULAÇÃO NUMÉRICA DA DISPERSÃO DE POLUENTESAO REDOR DE UM OBSTÁCULO ISOLADO SOBDIFERENTES CONDIÇÕES DE ESTABILIDADEDissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental <strong>do</strong><strong>Centro</strong> Tecnológico da <strong>Universidade</strong> <strong>Federal</strong><strong>do</strong> Espírito Santo, como requisito parcial paraobtenção <strong>do</strong> Grau de Mestre em EngenhariaAmbiental, na área de concentração emPoluição <strong>do</strong> Ar.Orienta<strong>do</strong>r: Prof. Dr. Neyval Costa Reis Jr.Co-Orienta<strong>do</strong>ra: Profª Drª Jane Méri SantosVITÓRIA2007


Da<strong>do</strong>s Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)(Biblioteca Central da <strong>Universidade</strong> <strong>Federal</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo, ES, Brasil)C425sCezana, Fernanda Capucho, 1980-Simulação numérica da dispersão de poluentes ao re<strong>do</strong>r de umobstáculo isola<strong>do</strong> sob diferentes condições de estabilidade / FernandaCapucho Cezana. – 2007.139 f. : il.Orienta<strong>do</strong>r: Neyval Costa Reis Júnior.Co-Orienta<strong>do</strong>ra: Jane Meri Santos.Dissertação (mestra<strong>do</strong>) – <strong>Universidade</strong> <strong>Federal</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo,<strong>Centro</strong> Tecnológico.1. Ar – Poluição. 2. Atmosfera. 3. Dispersão. 4. Estabilidade. I. ReisJúnior, Neyval Costa. II. Santos, Jane Meri. III. <strong>Universidade</strong> <strong>Federal</strong> <strong>do</strong>Espírito Santo. <strong>Centro</strong> Tecnológico. IV. Título.CDU: 628


Aos meus pais, Eufêmia e Fernan<strong>do</strong>,ao Isaac,à Renata, Diego e Filipe.


AGRADECIMENTOSAo PPGEA da <strong>UFES</strong> por possibilitar esta oportunidade de aprimoramento de meusconhecimentos.Ao meu orienta<strong>do</strong>r, professor Neyval Costa Reis Júnior, pela confiança, pela oportunidade derealizar este trabalho e principalmente por sua paciência comigo nos momentos em que ficavadesesperada.À minha co-orienta<strong>do</strong>ra, professora Jane Meri Santos, pelos ensinamentos e por estar sempredisposta a ajudar, principalmente na fase final <strong>do</strong> trabalho.Ao professor Maxsuel que compartilhou comigo e com os demais colegas suas experiências econhecimentos, sen<strong>do</strong> sempre muito prestativo.Aos colegas <strong>do</strong> laboratório de Poluição <strong>do</strong> Ar, em especial à Elisa e ao Rafael porcompartilharem comigo a fase final deste trabalho e que cuja amizade, espero não findar-seaqui.Aos meninos da iniciação científica Dudu e Bruno por sempre estarem dispostos a me ajudarcom o CFX.À Camila por ter ajuda<strong>do</strong> imensamente na fase final deste trabalho.Aos meus ex-professores Joccitiel, Jamil e Rocha por me proporcionarem tantosconhecimentos e pelo incentivo constante, que foram cruciais para que eu ingressasse nesteprograma de pós-graduação.Aos amigos Rose e Paulo pela convivência ímpar que tivemos nos últimos anos, com muitasconversas e cafés.Ao queri<strong>do</strong> Isaac por existir em minha vida.Aos meus pais pelo amor incondicional, pela força e incentivo constante.E finalmente, agradeço a Deus por eu ter ti<strong>do</strong> força e persistência para concluir este trabalho.


‘ Von Holst buscou sua viola, sentou-se entre os <strong>do</strong>is rapazes ejuntou-se a eles na execução da serenata em ré maior, umaobra da juventude de Beethoven. Ela é transbordante de alegriae força vital; a confiança na ordem central dissipa a covardia eo cansaço. Enquanto eu ouvia, fortaleceu-se minha convicçãode que, avaliadas pela escala temporal humana, a vida, amúsica e a ciência prosseguiriam para sempre, ainda que nósmesmos não sejamos mais <strong>do</strong> que visitantes transitórios ou, naspalavras de Niels Bohr, simultaneamente expecta<strong>do</strong>res e atores<strong>do</strong> grande drama da vida.’(Werner Heisenberg)


RESUMOO objetivo deste trabalho foi investigar o problema <strong>do</strong> escoamento e dispersão de poluentesao re<strong>do</strong>r de um obstáculo cúbico isola<strong>do</strong>. Foram realizadas simulações numéricasconsideran<strong>do</strong> o escoamento sob condições atmosféricas neutras, estáveis e instáveis numterreno plano em torno de um obstáculo cúbico isola<strong>do</strong>. A modelagem matemática é baseadana solução das equações de conservação (massa, momentum, energia e espécie química), coma utilização <strong>do</strong>s modelos κ−ε Padrão e o modelo das tensões de Reynolds basea<strong>do</strong> na equaçãode ω. O méto<strong>do</strong> de volumes finitos com malha não-estruturada e de elementos de volumetetrahédricos e prismáticos é utiliza<strong>do</strong> para a simulação numérica, através da utilização <strong>do</strong>software comercial ANSYS-CFX. Os resulta<strong>do</strong>s numéricos foram compara<strong>do</strong>s com da<strong>do</strong>sobti<strong>do</strong>s de experimentos de campo e de túnel de vento disponíveis na literatura, bem como comoutras simulações numéricas. Uma comparação entre os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s de diversos modelosde turbulência com da<strong>do</strong>s experimentais, mostrou que o modelo das tensões de Reynolds,basea<strong>do</strong> na equação de ω, teve desempenho superior em relação aos outros modelos. Emparticular, o campo de velocidade foi predito de maneira bastante acurada quan<strong>do</strong> este modelofoi utiliza<strong>do</strong>. Para as simulações <strong>do</strong> escoamento sob diversas condições de estabilidade, oscampos de velocidade obti<strong>do</strong>s foram preditos de maneira acurada, observan<strong>do</strong>-se a influênciada classe de estabilidade no escoamento. Por outro la<strong>do</strong>, não se obteve resulta<strong>do</strong>s tãosatisfatórios para a distribuição de concentração, mas mesmo assim, pôde-se verificar que osefeitos da estabilidade atmosférica foram previstos de forma adequada.Palavras-Chave: poluição <strong>do</strong> ar; dispersão de poluentes; obstáculo; estabilidade atmosférica.


ABSTRACTThe objective of this work was to investigate the flow and dispersion of pollutants in thevicinity of single buildings. Numerical simulations were performed considering the dispersionin neutral, stable and unstable atmospheric conditions over flat terrain with an isolated cubicobstacle. The mathematical modeling is based on the solution of the conservation equations(mass, momentum, energy and chemical species), with the use of the κ−ε standard and theReynolds Stress Model. Six different variations of the Reynolds Stress Model formulationwere tested. The finite volume method with an unstructured mesh is used for the numericalsimulation, by using of the commercial software ANSYS-CFX. The numerical results werecompared with data obtained of experiments of field and wind tunnel available in literature, aswell as with other numerical simulations. A comparison among the results obtained fromvarious turbulence models with experimental data was presented, showing that the Reynoldsstress model, based on the equation of ω presents better performance. The results obtained forthe simulations under different atmospheric stability conditions indicate that this parameterstrongly affects the fluid flow and dispersion around the building.Keywords: air pollution; pollutant dispersion; building; atmospheric stability.


LISTA DE FIGURASFigura 1 – Dispersão de contaminantes ao re<strong>do</strong>r de prédios. (a) Um prédio cúbico isola<strong>do</strong>, (b)Um arranjo de vários prédios. .........................................................................................24Figura 2 – Representação da troposfera e suas principais camadas. ........................................27Figura 3 - Perfis de temperatura e condições de estabilidade atmosférica...............................29Figura 4 – Representação esquemática <strong>do</strong> escoamento ao re<strong>do</strong>r de um prédio cúbico – vista <strong>do</strong>plano central. ....................................................................................................................34Figura 5 - Estruturas típicas <strong>do</strong> escoamento ao re<strong>do</strong>r de um obstáculo cúbico – perspectivatridimensional. ..................................................................................................................35Figura 6 – Representação da dispersão de contaminantes ao re<strong>do</strong>r de um prédio isola<strong>do</strong>, sobdiversas configurações da posição de lançamento. (a) fonte de emissão posicionada naparede posterior <strong>do</strong> prédio, (b) fonte de emissão posicionada sotavento <strong>do</strong> prédio, (c)fonte posicionada no teto <strong>do</strong> prédio, (d) fonte posicionada em alturas maiores que oprédio................................................................................................................................37Figura 7 – Comprimento da região de recirculação como uma função <strong>do</strong> número de Foudepara um prédio cúbico. .....................................................................................................41Figura 8 - Representação esquemática <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio computacional utiliza<strong>do</strong> no presenteestu<strong>do</strong>................................................................................................................................45Figura 9 – Representação esquemática da variação randômica da velocidade em torno damédia. ...............................................................................................................................48Figura 10 - Superfície de um volume finito. ............................................................................70Figura 11 - Face de um volume isola<strong>do</strong> de uma malha............................................................71Figura 12 – Representação <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio computacional utiliza<strong>do</strong> neste estu<strong>do</strong>........................74Figura 13 – Visualização da malha construída para este estu<strong>do</strong>. (a) vista geral, (b) umaaproximação no plano central e prédio e (c) uma aproximação no plano central <strong>do</strong> prédio...........................................................................................................................................75Figura 14 - Campo de Velocidade no plano central <strong>do</strong> prédio para os diferentes modelos deturbulência. .......................................................................................................................78Figura 15 – Distribuição de ECT normaliza<strong>do</strong> por2WHb..........................................................81Figura 16 – Distribuição deFigura 17 - Distribuição de' 'u1normaliza<strong>do</strong> por1u' 'u2normaliza<strong>do</strong> por2u2WHb..........................................................852WHb. ........................................................86


' 'Figura 18 - Distribuição de u normaliza<strong>do</strong> por 2W . .........................................................87u 3 3Figura 19 – Vista <strong>do</strong> plano central <strong>do</strong> campo de velocidades sob condições atmosféricasneutras. (a) κ−ε Padrão, (b) ω e (c) κ−ε Modifica<strong>do</strong> (Santos, 2000)...............................89Figura 20 - Vista <strong>do</strong> plano próximo <strong>do</strong> chão <strong>do</strong> campo de velocidades sob condiçõesatmosféricas neutras. (a) κ−ε Padrão, (b) ω e (c) κ−ε Modifica<strong>do</strong> (Santos, 2000). ........90Figura 21 – Perfil de velocidade vertical próximo à face frontal <strong>do</strong> prédio sob condiçõesatmosféricas neutras. ........................................................................................................91Figura 22 – Distribuição de energia cinética turbulenta ECT no plano central sob condiçõesatmosféricas neutras. (a) κ−ε Padrão, (b) ω e (c) κ−ε Modifica<strong>do</strong> (Santos, 2000). ........93Figura 23 – Distribuição de energia cinética turbulenta ECT no chão sob condiçõesatmosféricas neutras. (a) κ−ε Padrão, (b) ω e (c) κ−ε Modifica<strong>do</strong> (Santos, 2000). ........94Figura 24 – Distribuição de energia cinética turbulenta ECT à metade da altura <strong>do</strong> prédio sobcondições atmosféricas neutras. (a) κ−ε Padrão, (b) ω e (c) κ−ε Modifica<strong>do</strong> (Santos,2000).................................................................................................................................95Figura 25 - Distribuição de concentração no plano central <strong>do</strong> prédio sob condiçõesatmosféricas neutras, com a fonte localizada a 2H b barlavento <strong>do</strong> prédio a uma altura de0,5H b . (a) κ−ε Padrão, (b) ω e (c)κ−ε Modifica<strong>do</strong> (Santos, 2000)..................................97Figura 26 - Distribuição de concentração no chão sob condições atmosféricas neutras, com afonte localizada a 2H b barlavento <strong>do</strong> prédio a uma altura de 0,5H b . (a) κ−ε Padrão, (b)ω e (c) κ−ε Modifica<strong>do</strong> (Santos, 2000). ...........................................................................98Figura 27 - Distribuição de concentração à metade da altura <strong>do</strong> prédio sob condiçõesatmosféricas neutras, com a fonte localizada a 2H b barlavento <strong>do</strong> prédio a uma altura de0,5H b . (a) κ−ε Padrão, (b) ω e (c) κ−ε Modifica<strong>do</strong> (Santos, 2000).................................99Figura 28 – Perfil de concentração no plano central sob condições atmosféricas neutras, com afonte localizada a 2H b barlavento <strong>do</strong> prédio a uma altura de 0,5H b . (a) na metade daaltura <strong>do</strong> prédio, (b) no chão...........................................................................................101Figura 29 – Perfil de concentração transversal à metade da altura <strong>do</strong> prédio e para a distânciade 0,5H b sotavento <strong>do</strong> prédio sob condições atmosféricas neutras, com a fonte localizadaa 2H b barlavento <strong>do</strong> prédio a uma altura de 0,5H b . ........................................................102Figura 30 – Vista <strong>do</strong> plano central <strong>do</strong> campo de velocidades sob condições atmosféricasestáveis. (a) κ−ε Padrão e (b) ω.....................................................................................105Figura 31 – Vista <strong>do</strong> plano próximo <strong>do</strong> chão <strong>do</strong> campo de velocidades sob condiçõesatmosféricas estáveis. (a) κ−ε Padrão e (b) ω. ..............................................................105Hb


Figura 32 - Distribuição de energia cinética turbulenta ECT no plano central sob condiçõesatmosféricas estáveis. (a) κ−ε Padrão e (b) ω. ..............................................................106Figura 33 - Distribuição de energia cinética turbulenta ECT no chão sob condiçõesatmosféricas estáveis. (a) κ−ε Padrão e (b) ω. ..............................................................107Figura 34 - Distribuição de energia cinética turbulenta ECT à metade da altura <strong>do</strong> prédio sobcondições atmosféricas estáveis. (a) κ−ε Padrão e (b) ω. .............................................107Figura 35 – Distribuição de concentração no plano central sob condições atmosféricasestáveis, com a fonte localizada a 10H b barlavento <strong>do</strong> prédio. (a) κ−ε Padrão e (b) ω.........................................................................................................................................109Figura 36 – Distribuição de concentração no chão sob condições atmosféricas estáveis, com afonte localizada a 10H b barlavento <strong>do</strong> prédio. (a) κ−ε Padrão e (b) ω..........................109Figura 37 – Distribuição de concentração à metade da altura <strong>do</strong> prédio sob condiçõesatmosféricas estáveis, com a fonte localizada a 10H b barlavento <strong>do</strong> prédio.(a) κ−ε Padrão e (b) ω. ..................................................................................................110Figura 38 - Perfil de concentração no plano central à metade da altura <strong>do</strong> prédio sobcondições atmosféricas estáveis, com a fonte localizada a 10H b barlavento <strong>do</strong> prédio auma altura de 0,5H b . .......................................................................................................111Figura 39 - Vista <strong>do</strong> plano central <strong>do</strong> campo de velocidades sob condições atmosféricasinstáveis. (a) κ−ε Padrão e (b) ω. ..................................................................................112Figura 40 - Vista <strong>do</strong> plano próximo <strong>do</strong> chão <strong>do</strong> campo de velocidades sob condiçõesatmosféricas instáveis. (a) κ−ε Padrão e (b) ω. .............................................................113Figura 41 – Distribuição de ECT no plano central sob condições atmosféricas instáveis. (a)κ−ε Padrão e (b) ω.........................................................................................................114Figura 42 - Distribuição de ECT no chão sob condições atmosféricas instáveis. (a) κ−εPadrão e (b) ω. ...............................................................................................................114Figura 43 - Distribuição de ECT à metade da altura <strong>do</strong> prédio sob condições atmosféricasinstáveis. (a) κ−ε Padrão e (b) ω. ..................................................................................115Figura 44 - Distribuição de concentração no plano central <strong>do</strong> prédio sob condiçõesatmosféricas instáveis, com a fonte localizada a 10H b barlavento <strong>do</strong> prédio.(a) κ−ε Padrão e (b) ω. ..................................................................................................116Figura 45 - Distribuição de concentração no chão sob condições atmosféricas instáveis, com afonte localizada a 10H b barlavento <strong>do</strong> prédio. (a) κ−ε Padrão e (b) ω..........................117


LISTA DE TABELASTabela 1 - Classes de estabilidade de Pasquill .........................................................................30Tabela 2 - Comprimento de Monin-Obukhov em função das classes de estabilidade dePasquill. ............................................................................................................................31Tabela 3 - Coeficientes empíricas para o modelo κ-ε Padrão ..................................................54Tabela 4 - Constantes empíricas para o modelo LRR. .............................................................59Tabela 5 - Constantes empíricas para o modelo SSG...............................................................59Tabela 6 - Constantes empíricas para o modelo ω ..................................................................61Tabela 7 - Constantes empíricas para o modelo ω -BSL. ........................................................61Tabela 8 - Resumo das condições de contorno utilizadas para a solução das equações deconservação. .....................................................................................................................69Tabela 9 – Condições de fronteira na entrada <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio utilizadas na simulação numéricafeita por Murakami et al. (1996). .....................................................................................77Tabela 10 - Comprimento da região de recirculação atrás <strong>do</strong> prédio (normaliza<strong>do</strong> porHb). .80Tabela 11 – Constantes para a equação de ω de acor<strong>do</strong> com Abe et al. (2003).......................84Tabela 12 – Parâmetros para dispersão em ambientes urbanos (distâncias de 100 a 10000m)........................................................................................................................................103


LISTA DE SIGLAS3DASMBSLCFDCLPDNSDSMECTILULESLRRMGRANSSIMPLESSGTEMPESTUSATridimencionalAlgebraic Stress ModelBaselineComputational Fluid DynamicsCamada Limite PlanetáriaDirect Numerical SimulationDifferential Stress ModelsEnergia Cinética TurbulentaIncomplete Lower UpperLarge Eddy SimulationLaunder, Reece e RodiMultigridReynolds Averaging Navier-StokesSemi-Implicit Method for Pressure-Linked EquationsSpeziale, Sarkar e GatskiTransient Energy Momentum and Pressure Equations Solution in ThreedimensionsUnited States of America


LISTA DE SÍMBOLOSSímbolos Romanosc concentração de contaminante [kg m -3 ]c p calor especifico a pressão constante [J kg -1 s -1 ]C µ, C 1 , C 2 , C 3 , C 4 , C 5 constantes empíricas <strong>do</strong> modelo k -εC , C constantes empíricas' * ' '1C1, C2, C3,*3Cε1, ε 2C , Cεconstantes empíricascvcalor específico a volume constante [J kg -1 s -1 ]descala de comprimento <strong>do</strong> flui<strong>do</strong> [m]Dijtermo de transporte difusivo das tensões de Reynolds [N m -2 s -1 ]Dmdifusividade molecular <strong>do</strong> contaminante no flui<strong>do</strong> [m 2 s -1 ]Frnúmero de Froudeg aceleração da gravidade [m 2 s -2 ]G κ produção de energia cinética por forças de empuxo [N m -2 s]h entalpia [J kg -1 ]H fluxo vertical de calor na superfície [W m -2 ]H bkaltura <strong>do</strong> prédio [m]constante de Von Kármánk c condutividade térmica <strong>do</strong> ar [J m -1 K -1 ]lLL ccomprimento característico [m]comprimento de Monin-Obukhov [m]comprimento da região de recirculação [m]N freqüência de Brunt-Väisälä [s -1 ]M fontes de massa [kg s -1 m -3 ]pP κpressão [Pa]produção de energia cinética turbulenta por tensão decisalhamento [N m -2 s]Pijtermo de produção das tensões de Reynolds [N m -2 s -1 ]q w fluxo de calor vertical no chão por unidade de área [W m -2 ]Renúmero de Reynolds


Ri bulkRi fRichardson bulkRichardson FluxoSijtensor deformação [s -1 ]TTT eTemperatura [K]temperatura média [K]temperatura de equilíbrio hidrostático [K]u*velocidade de fricção [m s -1 ]'uiflutuação da velocidade na direção i [m s -1 ]U componente da velocidade na direção x [m s -1 ]U c velocidade característica <strong>do</strong> flui<strong>do</strong> [m s -1 ]Uicomponente instantânea da velocidade na direção i [m s -1 ]Uivelocidade média [m s -1 ]W velocidade média na direção principal <strong>do</strong> escoamento [m s -1 ]WHbvelocidade na altura <strong>do</strong> prédio [m s -1 ]x izz ocoordenada na direção i [m]coordenada vertical [m]rugosidade da superfície [m]Símbolos Gregosα ,α , α3*β , β , β , β3δij∆t∆θconstantes empíricasconstantes empíricasopera<strong>do</strong>r delta de Kroneckervariação de tempo [s]variação de temperatura [K]∆W variação de velocidade [m s -1 ]∆zvariação de altura [m]ε taxa de dissipação da energia cinética turbulenta [m 2 s -3 ]εijtaxa de destruição das tensões pela ação viscosa [m 2 s -3 ]φvariável genérica


κ energia cinética turbulenta [m 2 s -2 ]µ viscosidade molecular <strong>do</strong> flui<strong>do</strong> [Nsm -2 ]µturbviscosidade turbulenta [Nsm -2 ]Ωijtensor [s -1 ]ω taxa de dissipação específica da turbulência [s -1 ]υ viscosidade cinemática <strong>do</strong> flui<strong>do</strong> [m 2 s -2 ]Πijtermo de produção das tensões de Reynolds devi<strong>do</strong> à pressãoψ ,mψh[Nm -2 s -1 ]parâmetro que depende da classe de estabilidade da atmosferaρ massa específica <strong>do</strong> flui<strong>do</strong> [kg m -3 ]ρodensidade de referência [kg m -3 ]*σ , σ σ2, σ3constantes empíricasσ ε , σke σtconstantes empíricas <strong>do</strong> modelo k -εΦ dissipação viscosa da energia [kg m -1 s -3 ]δ ρvariação da densidade em relação ao esta<strong>do</strong> de referência[kg m -3 ]τijtensor das tensões de Reynolds [N m -2 ]lamτijtensor das tensões de cisalhamento [N m -2 ]turbτijtensor das tensões de Reynolds [N m -2 ]Θ fluxo turbulento de concentração [kg m -2 s -1 ]c,turbiT , turbΘifluxo turbulento de temperatura [W m -2 ] γ constante empiricaθeθoθtemperatura potencial de equilíbrio hidrostático [K]temperatura de referência [K]perfil de temperatura potencial [K]Subscritosi, j, k índices de direção∞corrente livre


H baltura <strong>do</strong> prédioSobrescritos'−flutuações turbulentasvalores médio-temporais


20SUMÁRIO1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................222. REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................................262.1 Conceitos Fundamentais............................................................................................262.1.1 Atmosfera ............................................................................................................262.1.2 Turbulência e estabilidade atmosférica ...............................................................272.1.3 Escoamento e dispersão ao re<strong>do</strong>r de um prédio cúbico.......................................332.2 Trabalhos Correlatos..................................................................................................383. MODELAGEM MATEMÁTICA E MÉTODO NUMÉRICO ....................................453.1 Modelagem Matemática ............................................................................................453.1.1 Equações governantes..........................................................................................453.1.2 Modelagem da turbulência ..................................................................................473.1.2.1 Quantidades médias e o problema <strong>do</strong> fechamento ..................................483.1.2.2 Modelo de viscosidade turbulenta – Fechamento de primeira ordem.....523.1.2.2.1 Modelo κ - ε ................................................................................523.1.2.3 Modelo das tensões de Reynolds – Fechamento de segunda ordem .......543.1.2.3.1 Modelos das Tensões de Reynolds basea<strong>do</strong> na equação de ......563.1.2.3.2 Modelos das tensões de Reynolds basea<strong>do</strong> na equação de ......593.1.3 Forma final das equações governantes ................................................................623.1.4 Condições de contorno ........................................................................................653.2 Modelagem Numérica ...............................................................................................703.2.1 Discretização das equações governantes .............................................................703.2.1.1 Sistema acopla<strong>do</strong> de equações.................................................................723.2.2 Configuração <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio computacional e malha utilizada ...............................74


214. RESULTADOS E DISCUSSÃO .....................................................................................764.1 Validação da modelagem numérica e avaliação de seis modelos de turbulência......764.2 Escoamento e dispersão de poluentes ao re<strong>do</strong>r de um obstáculo cúbico em condiçõesatmosféricas neutra................................................................................................................884.2.1 Escoamento ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> prédio ...........................................................................884.2.2 Dispersão de Poluentes ao Re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Prédio........................................................964.2.3 Comparação entre Túnel de Vento, Experimento e Simulação Numérica........1004.3 Escoamento e dispersão de poluentes ao re<strong>do</strong>r de um obstáculo cúbico em condiçõesatmosféricas estáveis ...........................................................................................................1024.3.1 Escoamento ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> prédio .........................................................................1044.3.2 Dispersão ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> prédio.............................................................................1084.3.3 Comparação entre Experimento e Modelagem Numérica.................................1104.4 Escoamento e dispersão de poluentes ao re<strong>do</strong>r de um obstáculo cúbico em condiçõesatmosféricas instáveis..........................................................................................................1114.4.1 Escoamento ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> prédio .........................................................................1124.4.2 Dispersão de Poluentes ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> prédio .......................................................1154.4.3 Comparação entre Experimentos e Modelagem Numérica ...............................1185. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ....................................................................1205.1 Conclusões...............................................................................................................1205.2 Recomendações para Trabalhos Futuros .................................................................1226. REFERÊNCIAS .............................................................................................................124APÊNDICE A – TESTE DE SENSIBILIDADE DA MALHA COMPUTACIONAL...131


221 INTRODUÇÃOA poluição <strong>do</strong> ar tornou-se um sério problema mundial, sen<strong>do</strong> assunto freqüente e com grandedestaque na mídia em geral. Este problema é mais crítico em áreas urbanas onde existe apresença de edificações e de muitas fontes de poluentes. A poluição <strong>do</strong> ar é responsável pelasalterações das propriedades físicas, químicas ou biológicas da atmosfera. Isso pode causardanos à saúde humana, à flora, à fauna, aos ecossistemas em geral, aos materiais e até afetaras atividades da população ou o seu bem estar (Stern et al., 1984). Torna-se então necessário averificação <strong>do</strong> nível de exposição aos poluentes, que uma população está submetida.Os méto<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s para a medição de concentrações de poluentes, na sua emissão e no arambiente são, em geral, bons instrumentos de controle. Contu<strong>do</strong>, existem casos em que não háa possibilidade da utilização desses méto<strong>do</strong>s, devi<strong>do</strong> ao seu eleva<strong>do</strong> custo, ou mesmo, quan<strong>do</strong>há a necessidade da previsão <strong>do</strong>s níveis de concentração acarreta<strong>do</strong>s por uma fonte ainda nãoexistente, como ocorre no caso <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s de impacto ambiental. Como alternativa, surgemos modelos matemáticos para o cálculo da dispersão atmosférica de poluentes.Atualmente, um modelo matemático muito utiliza<strong>do</strong> devi<strong>do</strong> à facilidade de implementaçãocom baixo custo computacional é o gaussiano. Este modelo resulta da solução da equação deconservação da massa de uma espécie química em condições idealizadas. Muitos esforçosestão sen<strong>do</strong> feitos na intenção de validar o modelo gaussiano para diversas condições deescoamento. Contu<strong>do</strong>, sua generalização para a resolução de problemas mais complexos não étrivial, devi<strong>do</strong> sua dependência restritiva de muitos parâmetros empíricos.Um outro procedimento que tem si<strong>do</strong> estuda<strong>do</strong>, para resolver o problema <strong>do</strong> escoamento edispersão na atmosfera, consiste na utilização de modelos computacionais, que têm comobase, as equações fundamentais de transporte. A principal motivação dessa meto<strong>do</strong>logia édescrever o problema da dispersão de poluentes através de uma modelagem matemática, comum menor número de simplificações.Ainda existem muitos desafios na área da modelagem da dispersão de poluentes na atmosferaà serem pesquisa<strong>do</strong>s. Destacam-se, entre outros, a dispersão de poluentes em regiões derelevo complexo (Apsley e Castro, 1997; Giambanis et al. 1998; Venkatram et al. 2001), emambientes urbanos (Sada e Sato, 2002; Riddle et al. 2004) e sobre diferentes classes deestabilidade atmosférica (Zhang et al., 1996; Santos, 2000).


23A Figura 1 apresenta duas fotografias <strong>do</strong>s experimentos realiza<strong>do</strong>s para estudar a dispersão decontaminantes ao re<strong>do</strong>r de um prédio cúbico isola<strong>do</strong> (Figura 1a) e consideran<strong>do</strong> o arranjo devários prédios (Figura 1b). Pode-se observar na Figura 1 a influência <strong>do</strong>s obstáculos noescoamento através da alteração da pluma de contaminantes na atmosfera ao seu re<strong>do</strong>r.Portanto, a presença de edificações altera significativamente o padrão <strong>do</strong> escoamentoatmosférico na região de sua vizinhança, alteran<strong>do</strong> profundamente o comportamento dasplumas de poluentes nesta região.O estu<strong>do</strong> da dispersão de poluentes está fortemente associa<strong>do</strong> a fenômenos específicos daatmosfera, como a estratificação vertical de densidade <strong>do</strong> escoamento (estabilidadeatmosférica), que pode agir como um fator de amortecimento ou amplificação da turbulênciagerada pelo obstáculo (Zhang et al., 1996; Santos, 2000).Entretanto, a maioria <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s sobre o escoamento médio e a dispersão de poluentes nasproximidades de obstáculos foi realizada em condições de estabilidade neutra (Yang eMeroney 1970; Mirzai et al., 1994) e mostra que os principais fatores <strong>do</strong> escoamentodependem da forma e orientação <strong>do</strong> obstáculo, das características <strong>do</strong> escoamento que seaproxima e como o processo de difusão é afeta<strong>do</strong>. Todavia, um <strong>do</strong>s mais importantesparâmetros para caracterizar o escoamento incidente no obstáculo é a estratificação ouestabilidade atmosférica (Snyder, 1994; Zhang et al., 1996; Santos, 2000). Conformeresulta<strong>do</strong>s experimentais e numéricos de Higson (1994 e 1995) e Santos (2000) as condiçõesde estratificação da atmosfera podem influenciar fortemente o padrão <strong>do</strong> escoamento ao re<strong>do</strong>rde edificações, alteran<strong>do</strong> significativamente a dispersão de poluentes nesta região.Dessa forma, torna-se necessário ainda, a realização de estu<strong>do</strong>s numéricos para a solução <strong>do</strong>escoamento e dispersão de poluentes ao re<strong>do</strong>r de obstáculos sob diversas condições deestabilidade atmosférica.Entretanto, a simulação numérica <strong>do</strong> escoamento ao re<strong>do</strong>r de obstáculos apresentaconsideráveis desafios para os pesquisa<strong>do</strong>res da área, principalmente relaciona<strong>do</strong>s àmodelagem da turbulência nas imediações das edificações. Muitos estu<strong>do</strong>s têm si<strong>do</strong>realiza<strong>do</strong>s através da utilização de modelos computacionais, que têm como base as equaçõesfundamentais de transporte, entre outros Murakami (1993), Paterson e Apelt (1986), Rodi(1997), Sada e Sato (2002). As abordagens utilizadas variam principalmente quanto àcomplexidade da modelagem da turbulência empregada, que é um <strong>do</strong>s maiores obstáculos


24para as representações mais adequadas da realidade por modelos numéricos.(a)(b)Figura 1 – Dispersão de contaminantes ao re<strong>do</strong>r de prédios. (a) Um prédio cúbico isola<strong>do</strong>, (b) Um arranjo devários prédios. Fonte: Mavroidis (1997).O modelo de turbulência que têm si<strong>do</strong> mais utiliza<strong>do</strong> em simulações numéricas deescoamentos ao re<strong>do</strong>r de edificações é o modelo κ - ε de Jones e Launder (1972), entre outrosSenthoran et al. (2004), Gao e Chow (2004). Entretanto comparações com da<strong>do</strong>sexperimentais (Murakami, 1997; Jeong Andrews, 2002) sugerem que modelos Diferenciaispara as Tensões de Reynolds (Differential Reynolds Stress Model – DSM), têm obti<strong>do</strong>melhores resulta<strong>do</strong>s que o modelo κ - ε.Neste contexto, esta dissertação tem como objetivo geral investigar, através de simulaçõesnuméricas, a dispersão de contaminantes ao re<strong>do</strong>r de único obstáculo cúbico isola<strong>do</strong> sob


25diferentes condições de estabilidade atmosférica. Como objetivos específicos, têm-se: Avaliar o desempenho <strong>do</strong>s modelos de turbulênciak − ε padrão e das Tensões deReynolds, para o estu<strong>do</strong> desta classe de problemas. Para isso será implementa<strong>do</strong> ummodelo para resolver o escoamento ao re<strong>do</strong>r de um obstáculo isola<strong>do</strong>, através daferramenta computacional CFX. Avaliar a influência das classes de estabilidades atmosféricas na dispersão de poluentes aore<strong>do</strong>r de um obstáculo cúbico isola<strong>do</strong> e comparar os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s com da<strong>do</strong>sexperimentais.Esta dissertação está dividida em cinco capítulos. Após a introdução, o Capítulo 2 descrevebrevemente os conceitos básicos da atmosfera, bem como os elementos importantes a seremobserva<strong>do</strong>s para descrever o padrão <strong>do</strong> escoamento e dispersão ao re<strong>do</strong>r de um obstáculocúbico isola<strong>do</strong>. Apresenta-se também neste capítulo, como forma de contextualizar esseestu<strong>do</strong> em relação à produção científica internacional, uma revisão da literatura sobre o estu<strong>do</strong><strong>do</strong> escoamento e dispersão ao re<strong>do</strong>r de obstáculos, utilizan<strong>do</strong> a dinâmica <strong>do</strong>s flui<strong>do</strong>scomputacional (CFD) como ferramenta. No Capítulo 3 são apresentadas as equações deconservação e os modelos de turbulência utiliza<strong>do</strong>s, bem como a ferramenta computacionalutilizada e as condições de contorno necessárias. O Capítulo 4 apresenta os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>se uma discussão acerca deles, conten<strong>do</strong> comparações com da<strong>do</strong>s experimentais. O capítulo 5encerra esta dissertação apresentan<strong>do</strong> as conclusões baseadas nas simulações numéricas e asrecomendações para trabalhos futuros.


262 REVISÃO DA LITERATURANeste Capítulo, primeiramente, são apresenta<strong>do</strong>s alguns importantes conceitos relaciona<strong>do</strong>s àatmosfera e seus fenômenos, tais como turbulência e a estratificação térmica. Em seguida, oescoamento e a dispersão ao re<strong>do</strong>r de um obstáculo são aborda<strong>do</strong>s. Finalmente, paracontextualizar o presente estu<strong>do</strong>, são apresenta<strong>do</strong>s alguns trabalhos realiza<strong>do</strong>s na área deDinâmica <strong>do</strong>s Flui<strong>do</strong>s Computacional (CFD) para o estu<strong>do</strong> da dispersão de poluentes eescoamento na atmosfera ao re<strong>do</strong>r de um obstáculo isola<strong>do</strong>.2.1 Conceitos Fundamentais2.1.1 AtmosferaO escoamento de ar na atmosfera é fortemente influencia<strong>do</strong> pelas tensões de cisalhamento,devi<strong>do</strong> à sua interação com a superfície da Terra e aos escoamentos atmosféricos de largaescala e pelas forças de empuxo, devi<strong>do</strong> ao gradiente de densidade vertical. As influências dastensões de cisalhamento e forças de empuxo são limitadas a uma camada fina da troposferaconhecida como Camada Limite Planetária (CLP) (Figura 2).Imediatamente acima da camada limite planetária, está localizada a camada geostrófica(Figura 2), onde apenas os gradientes horizontais de pressão e as forças de Coriolis exerceminfluência no escoamento (Seinfeld e Pandis, 1998). Em geral, o fenômeno da dispersão depoluentes é apenas estuda<strong>do</strong> nesta pequena parte da troposfera, a CLP, onde os principaisprocessos de transporte e remoção <strong>do</strong>s poluentes ocorrem mais freqüentemente.A altura da CLP não é constante, e varia dentro de uma faixa, dependen<strong>do</strong> da taxa deaquecimento e resfriamento da superfície terrestre, intensidade <strong>do</strong> vento, rugosidade <strong>do</strong>terreno e características topográficas da superfície, movimento vertical de grande escala,advecção horizontal de calor e umidade e localização geográfica. Durante o dia, quan<strong>do</strong> asuperfície está aquecida pelo sol, há uma transferência ascendente <strong>do</strong> calor da superfície paraa atmosfera que se encontra mais fria. Este fenômeno causa uma mistura térmica fazen<strong>do</strong> comque a CLP cresça e atinja uma altura de aproximadamente 1 a 2 km. Por outro la<strong>do</strong>, nãoocorre o movimento de transferência de calor ascendente durante a noite e, conseqüentementea mistura térmica é suprimida, causan<strong>do</strong> um decrescimento da CLP que pode diminuir amenos de 100 m de altura (Panofsky e Dutton, 1984).


27Figura 2 – Representação da troposfera e suas principais camadas.Fonte: Santos (2000)A parte mais baixa da CLP é chamada de Camada Superficial e ocupa cerca de 10% da alturada CLP. Nesta camada as variações verticais <strong>do</strong>s fluxos turbulentos são negligenciadas e destaforma a tensão de cisalhamento e fluxo de calor são considera<strong>do</strong>s constantes. A espessura dacamada superficial depende das condições atmosféricas, varian<strong>do</strong> de 10 m numa noite comcéu limpo e ventos fracos até 100 m em um dia com ventos fortes.2.1.2 Turbulência e estabilidade atmosféricaOs primeiros estu<strong>do</strong>s sobre instabilidade e turbulência foram desenvolvi<strong>do</strong>s por OsborneReynolds e Lorde Rayleigh no século XIX. Reynolds (1883), na sua famosa investigação deescoamentos no interior de tubos, estabeleceu claramente a existência de <strong>do</strong>is regimesfundamentais de escoamento: laminar e turbulento. Reynolds também estabeleceu também aexistência de um parâmetro adimensional de controle da transiçãoUlRe = ,υ(2.1)


28onde U é a escala de velocidade, l é a escala de comprimento e υ é a viscosidade cinemática<strong>do</strong> flui<strong>do</strong>. Este parâmetro ficou conheci<strong>do</strong> posteriormente como sen<strong>do</strong> o número de Reynolds.Para baixos números de Reynolds, os efeitos viscosos são significativos e podem suprimir asinstabilidades <strong>do</strong> escoamento. Por outro la<strong>do</strong>, para altos números de Reynolds os efeitos daviscosidade molecular são muito pequenos para suavizar as perturbações e, portanto sãoforma<strong>do</strong>s os vórtices turbulentos, que são movimentos de rotação e estruturas de fluxoaparentemente aleatórias com uma larga faixa de comprimentos e freqüências, no escoamento.A CLP é, em toda sua extensão, turbulenta. O número de Reynolds na atmosfera é da ordemde610 , o que indica que a escala de tempo <strong>do</strong>s fenômenos moleculares é 10 6 vezes maior <strong>do</strong>que a escala de tempo <strong>do</strong> escoamento médio. Portanto, os efeitos viscosos não sãosuficientemente fortes em comparação as forças inerciais e dessa forma, vórtices turbulentosserão forma<strong>do</strong>s, geran<strong>do</strong> assim um escoamento turbulento.Os vórtices forma<strong>do</strong>s em um escoamento na atmosfera são de diferentes tamanhos e dispõemsede forma totalmente randômica. O tamanho <strong>do</strong> maior vórtice é determina<strong>do</strong> pela geometriaque lhe dá origem, (para escoamentos na atmosfera, a altura da CLP no terreno aberto é umparâmetro apropria<strong>do</strong>, enquanto que, para um escoamento em torno de um obstáculo, oparâmetro apropria<strong>do</strong> é a altura <strong>do</strong> obstáculo). O tamanho <strong>do</strong> menor vórtice é determina<strong>do</strong>pelos efeitos da viscosidade (Isnard, 2004).A estabilidade atmosférica pode ser determinada comparan<strong>do</strong>-se o perfil real de temperatura,com o perfil adiabático (-0,98 ºC/100 m). Quan<strong>do</strong> um perfil de temperatura como este, ocorrena CLP, a atmosfera encontra-se em condições neutras (Figura 3, situação 1) e dessa forma,uma parcela de ar à qualquer altura nunca tende a subir e nem a descer. Neste caso, ela estánuma condição de equilíbrio. Contu<strong>do</strong>, raramente a atmosfera encontra-se nesta condição deequilíbrio, pois as trocas de calor com a superfície e fenômenos de larga escala, geralmenteresultam em perfis de temperatura diferentes <strong>do</strong> perfil de temperatura neutro. Entretanto, esteperfil é utiliza<strong>do</strong> como referência. A atmosfera será considerada como instável (Figura 3,situação 2) se a temperatura diminui com a altura, a uma taxa maior que a neutra, ou seja, seuma parcela de ar for deslocada de sua posição original para cima ou para baixo, continuará amover-se no senti<strong>do</strong> para o qual foi deslocada. No caso em que a diminuição da temperaturacom a altura, acontece a uma taxa menor que a de condição neutra, a atmosfera seráconsiderada como estável (Figura 3, situações 3 e 4, respectivamente). Caso a temperatura


29esteja aumentan<strong>do</strong> com a altura (Figura 3, situação 5), a atmosfera é considerada estável.Logo, se uma parcela de ar for deslocada de sua posição original, terá seu movimento inibi<strong>do</strong>e tenderá a retornar a sua posição inicial. Portanto, em condições de atmosfera instável, osmovimentos na direção vertical são estimula<strong>do</strong>s por forças de empuxo e em condições deatmosfera estável, estes movimentos são inibi<strong>do</strong>s pela ausência das forças de empuxo. Dessaforma, torna-se muito importante classificar em que classe de estabilidade atmosféricaencontra-se a CLP.Figura 3 - Perfis de temperatura e condições de estabilidade atmosféricaA classificação de Pasquil (Pasquil, 1961) é provavelmente a forma mais utilizada paraclassificar a estabilidade da atmosfera, basean<strong>do</strong>-se nas condições meteorológicas. Estasclasses dependem da velocidade <strong>do</strong> vento, da radiação solar durante o dia ou da cobertura denuvens durante a noite (Tabela 1).Uma outra forma de classificar a estabilidade atmosférica é quantificar a geração daturbulência ocasionada por forças de empuxo e por forças mecânicas. A relação entre essasduas fontes de turbulência como uma função da altura é dada pelo número de RichardsonFluxo ( Ri ):fRif' '( g / Te) u=' 'u u ∂W/ ∂z313θ ,(2.2)onde z é a coordenada vertical, g é a aceleração devi<strong>do</strong> à gravidade, T e é a temperatura deequilíbrio hidrostático, W é a velocidade média na direção principal <strong>do</strong> escoamento,representa o fluxo turbulento de temperatura na direção principal <strong>do</strong> escoamento e' 'u 3θu'u '3 1


30representa o fluxo turbulento de momento cisalhante. Segun<strong>do</strong> Stull (2001), o escoamento éconsidera<strong>do</strong> instável se Ri < 0 . Para escoamento neutro, Ri = 0 . Para escoamento estável,fRi > 0 . O valor de Ri = 1 é considera<strong>do</strong> crítico, pois, a taxa de produção da energiaffcinética turbulenta por forças mecânicas equilibra-se com o consumo da energia cinéticaturbulenta por forças de empuxo. Para valores defRifmaiores que 1, os efeitos daestratificação são <strong>do</strong>minantes sobre a geração de turbulência por forças mecânicas, haven<strong>do</strong>uma forte redução <strong>do</strong>s níveis de turbulência (tendência de laminarização). Assim oespalhamento de poluentes será insignificante. Por outro la<strong>do</strong>, se os valores deRifforemmenores que 1, os efeitos supressores da estratificação não são suficientes para afetar aturbulência por forças mecânicas.Tabela 1 - Classes de estabilidade de PasquillA - Condições extremamente instáveisB – Condições moderadamente instáveisC – Condições fracamente instáveisD – Condições neutrasE – Condições fracamente estáveisF – Condições moderadamente estáveisRadiação Solar (I)Cobertura noturnaVelocidade(W/m 2 )de nuvens (ca)<strong>do</strong> VentoI > 700 350 I 700 I < 350 ca ≥ 4/8 ca ≤ 3/8[m/s]< 2 A A – B B - -2 – 3 A - B B C E F3 – 5 B B – C C D E5 - 6 C C – D D D D>6 C D D D DO número de Richardson Fluxo pode ser reescrito consideran<strong>do</strong> o perfil de velocidadelogarítmico na atmosfera neutra e assumin<strong>do</strong> que as tensões de Reynoldsu e o fluxo'u '3 1turbulento de calor' 'u são constantes:3θ


31kgqwzRif= − ,ρcpTeu *(2.3)onde k é a constante de Von Kármán, q w é o fluxo de calor vertical no chão por unidade deárea, u * é a velocidade de fricção e c p é a capacidade específica de calor a pressão constante.O número de Richardson Fluxo é função da distância <strong>do</strong> chão e pode ser visto como umcomprimento adimensional:Ri f=onde L, chama<strong>do</strong> de Comprimento de Monin-Obukhov, pode ser expresso como:LzLρcT up e *= − .(2.5)De acor<strong>do</strong> com Seinfeld (1986), L pode ser interpreta<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> a altura acima <strong>do</strong> solo naqual há um equilíbrio entre produção de energia cinética turbulenta por efeitos mecânicos(cizalhamento) e a sua destruição por efeitos de empuxo. De acor<strong>do</strong> com Panofsky e Dutton(1984), quan<strong>do</strong> L < 0 (geralmente em dias de sol) para alturas maiores que| L | / 10 aconvecção por efeitos de empuxo <strong>do</strong>mina o escoamento e para alturas menores que | L | / 10 aturbulência mecânica é pre<strong>do</strong>minante. Seinfeld (1986) também relaciona L com a estabilidadeatmosférica como mostra<strong>do</strong> na Tabela 2.kgqw(2.4)Tabela 2 - Comprimento de Monin-Obukhov em função das classes de estabilidade de Pasquill. Fonte:Seinfeld (1986)Classe de EstabilidadeL (m)Muito instável - A -100 < L < 0Instável – B, C -10 5 < L < -100Neutra - D | L | > 10 5Estável - E 10 < L < 10 5Muito estável - F 0 < L < 10Uma outra forma de determinar a estabilidade atmosférica é através <strong>do</strong> conheci<strong>do</strong> número deRichardson gradiente:


32g ∂θTe∂zRi =2 ∂W ∂z.(2.6)Quan<strong>do</strong> os perfis de Velocidade e Temperatura não são conheci<strong>do</strong>s, os gradientes podem seraproxima<strong>do</strong>s e um novo parâmetro, conheci<strong>do</strong> como número de Richardson bulk. serádefini<strong>do</strong> porRibulkg=θe∆θ∆z( ∆W )2,(2.7)onde∆ θ e ∆Wdetermina<strong>do</strong> intervalo de alturasão as variações de temperatura e velocidade, respectivamente, para um∆ z .Um outro indica<strong>do</strong>r da estabilidade atmosférica que também é frequentemente utiliza<strong>do</strong> é onúmero de Froude. Segun<strong>do</strong> Snyder (1981) (Apud. Zhang et. al, 1995) o número de Froude(Fr) é considera<strong>do</strong> o mais importante parâmetro individual para ser utiliza<strong>do</strong> em simulaçõesda dispersão atmosférica estável. O número de Froude representa a razão entre as forças deempuxo e as forças de inércia em um flui<strong>do</strong>:FrUc= ,gd(2.6)onde U c e d são, respectivamente, a velocidade característica e escala de comprimento <strong>do</strong>flui<strong>do</strong>. O inverso da raiz quadrada <strong>do</strong> número de Froude é exatamente o número deRichardson bulk.Em estu<strong>do</strong>s de dispersão atmosférica, este conceito é estendi<strong>do</strong> para classificar a atmosfera deneutra a estável e, portanto o número de Froude pode ser descrito como uma função de N daseguinte forma:


33FrUcNd= ,(2.7)onde N é conheci<strong>do</strong> como a freqüência de Brunt-Väisälä e é escrito como:N g=− ρo∂ρ∂z1/ 2,(2.8)onde ρ é a densidade <strong>do</strong> ar e ρoé a densidade de referência.2.1.3 Escoamento e dispersão ao re<strong>do</strong>r de um prédio cúbicoO escoamento na atmosfera se desenvolve, em geral, em regime turbulento, principalmente osescoamentos ao re<strong>do</strong>r de obstáculos. O escoamento ao re<strong>do</strong>r de obstáculos, apresentafenômenos de natureza complexa, com regiões de intensa recirculação e movimentosturbulentos, fortemente tridimensionais e anisotrópicos (Murakami, 1993; Peterka et al. 1985)representan<strong>do</strong> um grande desafio para modelos matemáticos de descrição da turbulência(Santos, 2000). No caso <strong>do</strong> escoamento ao re<strong>do</strong>r de prédios, a complexidade das estruturas <strong>do</strong>escoamento geradas pela presença <strong>do</strong> obstáculo, exige que a solução numérica <strong>do</strong> escoamentoe <strong>do</strong> campo de concentração, seja obtida a partir de modelos sofistica<strong>do</strong>s que descrevem deforma mais precisa as estruturas de fluxo que ocorrem no escoamento. Essas estruturascomplexas são verificadas na Figura 4. Pode-se notar que as regiões importantes paradescrever o escoamento ao re<strong>do</strong>r de prédios são estruturas claramente distintas.Como exposto na Figura 4, observa-se que o escoamento incidente é dividi<strong>do</strong> pela presença<strong>do</strong> prédio e nesse ponto de divisão, ocorre a região de estagnação. As características dessaseparação são dependentes das dimensões <strong>do</strong> prédio.A combinação entre a vorticidade e a distribuição de pressões na parede frontal <strong>do</strong> prédio,resulta na alteração <strong>do</strong> escoamento geran<strong>do</strong> uma região de fluxo descendente próximo aochão. Consequentemente, essa alteração <strong>do</strong> escoamento conduz a separação <strong>do</strong> escoamento egeração de um vórtice. O vórtice forma<strong>do</strong> é desenvolvi<strong>do</strong> ao re<strong>do</strong>r das laterais <strong>do</strong> prédio porefeito de convecção, forman<strong>do</strong> uma estrutura conhecida como vórtice da ferradura (horseshoevortex). O vórtice primário induz à formação de outros vórtices menores, que são


34incorpora<strong>do</strong>s ao vórtice primário ao longo das laterais <strong>do</strong> prédio.No teto e laterais <strong>do</strong> prédio, ocorrem regiões de fluxo reverso, onde o escoamento tem senti<strong>do</strong>contrário ao senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> escoamento principal. Neste caso, o escoamento é então separa<strong>do</strong>.Um aspecto importante no escoamento ao re<strong>do</strong>r de prédios é a localização <strong>do</strong> ponto onde,após a separação, o escoamento passa a se movimentar to<strong>do</strong> no mesmo senti<strong>do</strong>. Esse ponto édenomina<strong>do</strong> ponto de recolamento (reattachment). O recolamento ocorre de forma distinta noteto e laterais <strong>do</strong> prédio e após o prédio em toda a linha de recolamento. Essa linha define acavidade de recirculação, que ocorre após o prédio desde a parede posterior.Figura 4 – Representação esquemática <strong>do</strong> escoamento ao re<strong>do</strong>r de um prédio cúbico – vista <strong>do</strong> plano central.Fonte: Adapta<strong>do</strong> de Murakami (1993).Após passar pelo prédio, o escoamento requer algum tempo para recuperar as características<strong>do</strong> perfil de vento incidente. Esse perfil só é restabeleci<strong>do</strong> com o desaparecimento de todas asperturbações causadas pelo prédio. A região mais afastada <strong>do</strong> prédio, onde ainda persistemalguns efeitos das perturbações é denominada esteira turbulenta (turbulent wake). A esteiraturbulenta, quan<strong>do</strong> comparada à região <strong>do</strong> perfil de vento incidente, possui menor velocidademédia e maior intensidade de turbulência.A Figura 4 apresenta apenas um corte no plano central <strong>do</strong> escoamento. Na Figura 5, pode-sever em perspectiva o escoamento ao re<strong>do</strong>r de um obstáculo cúbico, com as estruturas de fluxoindicadas. Nesta Figura pode-se observar, de forma bem visível, todas as regiões descritasanteriormente: a região <strong>do</strong> vento incidente, as zonas de fluxo reverso no teto e laterais <strong>do</strong>prédio, as linhas de separação no teto e paredes laterais, a zona de recirculação atrás <strong>do</strong>prédio, o vórtice da ferradura e a esteira turbulenta na região mais afastada <strong>do</strong> prédio.


35Como visto anteriormente, a presença de um prédio altera significativamente o padrão <strong>do</strong>escoamento ao seu re<strong>do</strong>r, impedin<strong>do</strong> a passagem livre <strong>do</strong> escoamento. Desta forma, ofenômeno da dispersão de poluentes na região de vizinhança <strong>do</strong> prédio também é altera<strong>do</strong>. Ocomportamento da dispersão de poluentes na região sob influência <strong>do</strong> prédio depende daforma <strong>do</strong> obstáculo, da região onde o poluente é lança<strong>do</strong> e das condições atmosféricas.Dependen<strong>do</strong> da posição de lançamento, a pluma de contaminantes é capturada pela região <strong>do</strong>escoamento afetada pelo prédio. Quan<strong>do</strong> isso ocorre, a distribuição de concentrações sofresérias variações.Figura 5 - Estruturas típicas <strong>do</strong> escoamento ao re<strong>do</strong>r de um obstáculo cúbico – perspectiva tridimensional.Fonte: Hosker (1980).A Figura 6 apresenta uma representação esquemática <strong>do</strong>s padrões de dispersão ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong>obstáculo para diferentes posicionamentos da fonte de emissão de contaminantes.É apresentada na Figura 6a uma fonte de emissão de contaminantes na parede posterior <strong>do</strong>obstáculo. Os contaminantes lança<strong>do</strong>s na região de recirculação são transposta<strong>do</strong>s na direção<strong>do</strong> obstáculo devi<strong>do</strong> ao fluxo reverso na região de recirculação e são rapidamente mistura<strong>do</strong>sdevi<strong>do</strong> à alta intensidade da turbulência e baixos valores de velocidade. A estrutura <strong>do</strong> vórticeda ferradura exerce um importante papel na dispersão <strong>do</strong>s contaminantes na região da esteiraturbulenta (wake). Essa estrutura transporta os contaminantes lateralmente para posteriorreinserção na esteira turbulenta. Na região da esteira turbulenta, a velocidade média nadireção principal possui valores inferiores às <strong>do</strong> escoamento isento de perturbações. Com isso,os níveis de concentração <strong>do</strong>s contaminantes nessa região tendem a ser mais eleva<strong>do</strong>s, quan<strong>do</strong>compara<strong>do</strong>s aos níveis de concentração obti<strong>do</strong>s nas regiões isentas de perturbação.


36A Figura 6b apresenta uma fonte de emissão localizada à barlavento <strong>do</strong> obstáculo. As plumasprovenientes de fontes localizadas próximo ao prédio não sofrem um significanteespalhamento antes de atingirem o obstáculo, com isso a pluma se mantém mais próxima <strong>do</strong>solo, sen<strong>do</strong> fortemente afetada pelo vórtice da ferradura. Por outro la<strong>do</strong>, as plumas depoluentes lançadas de fontes mais distantes <strong>do</strong> obstáculo apresentam um maior grau deespalhamento antes de incidir no prédio, com isso a pluma é afetada pelo efeito de separação,sen<strong>do</strong> advectada pelas estruturas que levam a pluma sobre o teto e laterais <strong>do</strong> prédio;Já na Figura 6c apresenta-se uma fonte de emissão situada no teto <strong>do</strong> obstáculo. Oscontaminantes lança<strong>do</strong>s <strong>do</strong> teto <strong>do</strong> prédio tendem a seguir pela região de fluxo reverso queocorre no teto. A pluma de contaminantes é introduzida na região de recirculação antes deocorrer o espalhamento nas direções lateral e vertical.A Figura 6d apresenta duas configurações de fontes de emissão posicionadas em alturasmaiores <strong>do</strong> que a altura <strong>do</strong> prédio. Para o caso de fontes localizadas a alturas maiores que o<strong>do</strong>bro da altura <strong>do</strong> prédio (>2H b ) a pluma tende a ser advectada horizontalmente através <strong>do</strong>escoamento. Para fontes de altura de aproximadamente 1,0 H b , localizadas no telha<strong>do</strong>, ocaminho da pluma poderá ser afeta<strong>do</strong> pelo obstáculo e talvez alcançar o solo a uma distânciade aproximadamente 6,0H b à jusante <strong>do</strong> obstáculo. A influência <strong>do</strong> escoamento na região deesteira mais afastada poderá ser nota<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> responsável pelo espalhamento da pluma emdireção ao solo e, conseqüentemente, ocorren<strong>do</strong> altos níveis de concentração em relação àdispersão sem a presença <strong>do</strong> obstáculo.To<strong>do</strong>s os conceitos básicos discuti<strong>do</strong> nesta seção acerca da dispersão de poluentes ao re<strong>do</strong>r deum obstáculo referem-se à condição atmosférica neutra, ou seja, sem a influência das forçasde empuxo. O padrão da dispersão atmosférica muda de forma significativa quan<strong>do</strong> acondição atmosférica passa de neutra à fortemente estratificada, devi<strong>do</strong> à diferença no campode velocidade e nas estruturas da turbulência. Na atmosfera instável, os vórtices turbulentoscausam um extenso espalhamento <strong>do</strong>s contaminantes, devi<strong>do</strong> aos níveis de energia cinéticaturbulenta. Desta forma, os níveis de concentração no centro da pluma tornam-se mais baixos.Na atmosfera estável, os níveis de energia cinética turbulenta são menores devi<strong>do</strong> aomovimento vertical ser suprimi<strong>do</strong> e assim os níveis de concentração no centro da plumatornam-se mais concentra<strong>do</strong>s.


37(a)(b)(c)(d)Figura 6 – Representação da dispersão de contaminantes ao re<strong>do</strong>r de um prédio isola<strong>do</strong>, sob diversasconfigurações da posição de lançamento. (a) fonte de emissão posicionada na parede posterior <strong>do</strong> prédio, (b)fonte de emissão posicionada a barlavento <strong>do</strong> prédio, (c) fonte posicionada no teto <strong>do</strong> prédio, (d) fonteposicionada em alturas maiores que o prédio. Fonte: Meroney (1982).


38Assim como a estratificação atmosférica, a presença de um obstáculo que perturba oescoamento atmosférico na camada superficial afeta a produção da energia cinéticaturbulenta.Como exposto nessa seção, o fenômeno <strong>do</strong> escoamento de dispersão de poluentes ao re<strong>do</strong>r deobstáculos é complexo e, portanto exige a utilização de técnicas sofisticadas de modelagempara correto tratamento <strong>do</strong>s efeitos da turbulência no escoamento e como conseqüência, parao tratamento desses efeitos no cálculo das concentrações de contaminantes.2.2 Trabalhos CorrelatosNesta seção são apresenta<strong>do</strong>s alguns trabalhos realiza<strong>do</strong>s na área de dinâmica <strong>do</strong>s flui<strong>do</strong>scomputacional (CFD) para o estu<strong>do</strong> da dispersão de poluentes e escoamento na atmosfera aore<strong>do</strong>r de um obstáculo isola<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> como objetivo a contextualização <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong>.Um <strong>do</strong>s primeiros trabalhos na área <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> de escoamentos ao re<strong>do</strong>r de obstáculos foirealiza<strong>do</strong> por Parkinson e Jandali (1970). Eles consideram o escoamento como potencialbidimensional ao re<strong>do</strong>r de um corpo, consideran<strong>do</strong> apenas o fluxo não viscoso e irrotacional.Os resulta<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s mostraram boa concordância com os da<strong>do</strong>s de pressão medi<strong>do</strong>s aolongo das superfícies não afetadas pela recirculação <strong>do</strong> flui<strong>do</strong>. Entretanto, não foram geradasinformações sobre as regiões de esteira e de separação.Puttock e Hunt (1979) apresentaram um <strong>do</strong>s primeiros estu<strong>do</strong>s para modelar a dispersão aore<strong>do</strong>r de prédios utilizan<strong>do</strong> as equações de transporte. Eles utilizaram uma abordagem similarà utilizada por Parkinson e Jandali (1970) para descrever o escoamento de flui<strong>do</strong> ao re<strong>do</strong>r deum corpo, ou seja, o escoamento foi descrito como potencial e irrotacional. Contu<strong>do</strong>, aocontrário de Parkinson e Jandali, os autores conseguiram descrever melhor o escoamento naregião de recirculação. Após a solução <strong>do</strong> escoamento, foi obtida uma equação analítica paracalcular as concentrações <strong>do</strong> contaminante com base no coeficiente turbulento de difusão,através da integração da equação de conservação da espécie química. A principal hipóteseassumida foi considerar a concentração constante dentro da esteira turbulenta e, detalhes daestrutura da turbulência nas regiões de vizinhança <strong>do</strong> obstáculo e na região de esteirapoderiam ser deixa<strong>do</strong>s para segun<strong>do</strong> plano.


39Até esse ponto, os trabalhos publica<strong>do</strong>s não apresentam uma descrição satisfatória <strong>do</strong>escoamento ao re<strong>do</strong>r de obstáculos. Os estu<strong>do</strong>s cita<strong>do</strong>s descrevem o escoamento com muitashipóteses simplifica<strong>do</strong>ras, como consideração de escoamento potencial e com baixos valores<strong>do</strong> número de Reynolds. Essas são hipóteses simplifica<strong>do</strong>ras muito fortes para descrever oescoamento ao re<strong>do</strong>r de obstáculos cúbicos na atmosfera. Uma vez que, esse tipo deescoamento ocorre em regime turbulento, fortemente tridimensional e irrotacional.Após esses estu<strong>do</strong>s, e com o avanço da tecnologia <strong>do</strong>s computa<strong>do</strong>res, o uso da soluçãocompleta <strong>do</strong>s escoamentos foi se tornan<strong>do</strong> mais acessível, e uma maior quantidade detrabalhos foram apresenta<strong>do</strong>s na literatura científica, utilizan<strong>do</strong> modelos para descrever oescoamento turbulento ao re<strong>do</strong>r de obstáculos. Murakami et al (1987) e Murakami e Mochida(1988) utilizaram os modelos LES e k-, para resolver o escoamento tridimensional ao re<strong>do</strong>rde um obstáculo cúbico. Os autores avaliaram a influência <strong>do</strong> tamanho da malha, condiçõesde fronteira e modelos de turbulência para resolver os campos de pressão e velocidade noescoamento ao re<strong>do</strong>r de um obstáculo. Segun<strong>do</strong> os autores, os resulta<strong>do</strong>s numéricosencontra<strong>do</strong>s têm uma boa concordância com os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s através de túnel de vento.Paterson e Apelt (1986) desenvolveram um programa computacional basea<strong>do</strong> na soluçãonumérica tridimensional da equação de transporte ao re<strong>do</strong>r de obstáculos cúbicos. O programabaseava-se na solução <strong>do</strong> escoamento através da técnica RANS utilizan<strong>do</strong> o modelo κ-ε. Asequações foram resolvidas através <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> numérico <strong>do</strong>s volumes finitos, utilizan<strong>do</strong> oalgoritmo SIMPLE. Segun<strong>do</strong> os autores, os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s na simulação concordaramsatisfatoriamente com os da<strong>do</strong>s experimentais, que foram obti<strong>do</strong>s em túnel de vento. Contu<strong>do</strong>,observou-se que os da<strong>do</strong>s de flutuações de velocidade foram subestima<strong>do</strong>s pela simulação.Kot (1989) apresentou uma revisão de literatura mostran<strong>do</strong> várias formas de modelagem dadispersão de poluentes ao re<strong>do</strong>r de prédios. O autor apresentou de forma sucinta as limitaçõese possibilidades de aplicação de vários modelos para a solução <strong>do</strong> escoamento e daconcentração de contaminantes ao re<strong>do</strong>r de prédios. Segun<strong>do</strong> o autor, o uso da equação dedifusão para o cálculo das concentrações seria a extensão lógica <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> modelo deturbulência k- , utiliza<strong>do</strong> para descrever o escoamento ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> prédio. Uma alternativapara a substituição <strong>do</strong> modelo k- seria o uso da simulação de grandes escalas (LES).Em 1990 Murakami et. al utilizaram os modelos k- e LES para resolver o escoamento aore<strong>do</strong>r de um obstáculo cúbico isola<strong>do</strong>. Os autores apresentam neste estu<strong>do</strong> uma comparação


40de campos de velocidade média, distribuição de pressão, de energia cinética turbulenta e daspropriedades estatísticas da turbulência. Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s foram compara<strong>do</strong>s com osda<strong>do</strong>s de experimento de túnel de vento e o modelo k- apresenta discrepâncias quan<strong>do</strong>compara<strong>do</strong> com os da<strong>do</strong>s experimentais, sen<strong>do</strong> que a maior falha deste modelo é asuperestimação de energia cinética turbulenta no canto frontal <strong>do</strong> prédio. Os autores atribuemesta falha <strong>do</strong> modelo k- ao fato de ser um modelo de viscosidade turbulenta e da utilizaçãodas Médias de Reynolds. Já os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s da LES concordam de forma bastantesatisfatória com o experimento.Murakami (1993) comparou o desempenho de três diferentes modelos de turbulência (k-,ASM e LES) na solução <strong>do</strong> escoamento ao re<strong>do</strong>r de um obstáculo isola<strong>do</strong>. É importanteressaltar que a maioria <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s por Murakami neste estu<strong>do</strong> foi de umescoamento bidimensional ao re<strong>do</strong>r de um quadra<strong>do</strong> e somente alguns resulta<strong>do</strong>s foramobti<strong>do</strong>s de um escoamento ao re<strong>do</strong>r de um cubo. Murakami apresentou uma comparação decampos de velocidade média, distribuição de pressão, de energia cinética turbulenta e daspropriedades estatísticas da turbulência. Entre os modelos utiliza<strong>do</strong>s, a LES concor<strong>do</strong>u deforma satisfatória com os da<strong>do</strong>s de túnel de vento enquanto que, os modelos k- e ASMfalham na predição de forma satisfatória a distribuição da energia cinética turbulenta e daspropriedades estatísticas da turbulência.Até o presente momento os estu<strong>do</strong>s publica<strong>do</strong>s não tinham trata<strong>do</strong> da estratificação daatmosfera. Apsley (1994) usou um modelo bidimensional para a solução <strong>do</strong> escoamentoturbulento estratifica<strong>do</strong> sobre edifícios e montes usan<strong>do</strong> modelo k- padrão. Os resulta<strong>do</strong>s sobcondições atmosféricas neutras foram compara<strong>do</strong>s com os da<strong>do</strong>s experimentais, mas nãotiveram uma boa concordância com tais valores, que foi atribuí<strong>do</strong> à representaçãobidimensional e <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> estacionário <strong>do</strong> problema. Embora o autor apresentasse algunsexemplos das simulações sob condições atmosféricas estáveis, nenhuma comparação comda<strong>do</strong>s experimentais foi apresentada para estes casos, assim não há nenhuma indicação se, ounão, o algoritmo numérico poderia tratar corretamente os efeitos da estratificação.Zhang et al. (1996) apresentaram o primeiro trabalho consideran<strong>do</strong> os efeitos da estratificaçãono escoamento e a dispersão de poluentes ao re<strong>do</strong>r de um prédio isola<strong>do</strong> consideran<strong>do</strong> umaconfiguração tridimensional. Os autores simularam o campo de escoamento e a dispersão aore<strong>do</strong>r de um prédio cúbico em condições estáveis, resolven<strong>do</strong> as equações de transporte e


41usan<strong>do</strong> o modelo de turbulência k-. Os resulta<strong>do</strong>s numéricos obti<strong>do</strong>s foram compara<strong>do</strong>s comexperimentos realiza<strong>do</strong>s por Snyder (1994). Para efeito de comparação com o experimento,foram realizadas várias simulações numéricas usan<strong>do</strong> diferentes números de Froude, varian<strong>do</strong>de F r = 1 (extremamente estável) até F r = (estratificação neutra). Nestas simulações osautores investigaram o comprimento da cavidade de recirculação atrás <strong>do</strong> prédio como umafunção <strong>do</strong> número de Froude e ambos, modelo numérico e experimento em terreno, mostramque o comprimento da cavidade de recirculação aumenta quan<strong>do</strong> Froude diminui de infinitoaté 3. Na Figura 7 pode-se observar exatamente este comportamento <strong>do</strong> comprimento daregião de recirculação em função <strong>do</strong> número de Froude. Observam-se, também algumasdiferenças quantitativas existente entre modelo numérico e experimento. Os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>modelo numérico e experimento mostram que o comprimento da cavidade de recirculaçãodiminui com o decrescimento <strong>do</strong> número de Froude quan<strong>do</strong> F r 3. No caso de F r 6, oescoamento de flui<strong>do</strong> e o comprimento da cavidade de recirculação são independentes <strong>do</strong>número de Froude.Figura 7 – Comprimento da região de recirculação como uma função <strong>do</strong> número de Foude para um prédiocúbico. Fonte: Adapta<strong>do</strong> de Zhang (1996).Murakami et. al (1996) avaliaram o desempenho de vários modelos de turbulência (k-padrão, ASM, DSM e LES) na solução de um escoamento turbulento ao re<strong>do</strong>r de um prédiocúbico isola<strong>do</strong>. Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s modelos de turbulência foram compara<strong>do</strong>s com


42da<strong>do</strong>s de túnel de vento realiza<strong>do</strong> pelos autores. Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s através <strong>do</strong> modelo LESconcordam de forma satisfatória com o experimento em termos de campo médio develocidade, distribuição de pressão e de energia cinética turbulenta. Por outro la<strong>do</strong>, osresulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s através <strong>do</strong> modelo k- apresentam sérias discrepâncias em relação aosda<strong>do</strong>s <strong>do</strong> experimento. Essas falhas, segun<strong>do</strong> os autores, são atribuídas à hipótese deviscosidade turbulenta isotrópica <strong>do</strong> modelo. O modelo ASM tem um desempenho melhor emrelação ao modelo k-, mas ainda persistem algumas discrepâncias na reprodução daspropriedades anisotrópicas da turbulência ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> canto frontal <strong>do</strong> cubo. Esta imprecisãotem como conseqüência, a aproximação algébrica <strong>do</strong>s tensores desenvolvida para o modeloASM. Esta imprecisão seria corrigida quan<strong>do</strong> o modelo DSM fosse usa<strong>do</strong>, mas o modeloDSM utiliza<strong>do</strong> neste estu<strong>do</strong> pelos autores não consegue reproduzir o recolamento <strong>do</strong>escoamento no teto <strong>do</strong> prédio. Devi<strong>do</strong> a este pobre desempenho, o modelo DSM utiliza<strong>do</strong>,não mostra sua superioridade em relação ao modelo ASM.Delaunay et al. (1997) realizaram uma investigação <strong>do</strong> escoamento e dispersão de um gás aore<strong>do</strong>r de um prédio através da solução das Equações de Navier-Stokes, utilizan<strong>do</strong> o modelodas Tensões de Reynolds de acor<strong>do</strong> com Launder et. al (LRR) (1975) e duas variantes de ummodelo de viscosidade turbulenta (k-) de duas camadas de acor<strong>do</strong> com Rodi (1991). Osresulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s através <strong>do</strong> modelo de turbulência de segunda ordem LRR concordam deforma satisfatória com o experimento. Por outro la<strong>do</strong>, o modelo de viscosidade turbulenta deduas camadas de acor<strong>do</strong> com Rodi não reproduz de forma satisfatória a região de recirculaçãono telha<strong>do</strong>, pois o recolamento ocorre antes da metade <strong>do</strong> comprimento <strong>do</strong> teto <strong>do</strong> prédio. Osautores concluíram com este estu<strong>do</strong> que, um fechamento de segunda ordem para a modelagemda turbulência é necessária para reproduzir a recirculação de fluxos no teto e nas paredeslaterais de um edifício retangular, localiza<strong>do</strong> numa camada limite atmosférica turbulenta. Omodelo de viscosidade turbulenta de duas camadas, falha em predizer estas características,devi<strong>do</strong> à alta produção de turbulência acima <strong>do</strong> obstáculo. De forma geral, o desempenho <strong>do</strong>modelo LRR neste estu<strong>do</strong>, apesar de algumas deficiências, é satisfatório, sen<strong>do</strong> que o fluxoapós o edifício teve boa predição, ten<strong>do</strong> como conseqüência uma boa predição dasconcentrações <strong>do</strong> poluente nas paredes <strong>do</strong> edifício.Santos (2000) realizou um estu<strong>do</strong> da dispersão atmosférica ao re<strong>do</strong>r de prédios isola<strong>do</strong>s, degeometria simples e complexa, através da simulação numérica, sob diferentes classes deestabilidade, utilizan<strong>do</strong> um modelo tridimensional para a solução das equações de


43conservação de massa, quantidade de movimento, energia e conservação da espécie química.O modelo de turbulência utiliza<strong>do</strong> foi o κ−ε com alteração na função de parede e com amodificação das constantes proposta por Kato e Launder. Os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s através dassimulações foram compara<strong>do</strong>s e valida<strong>do</strong>s através de da<strong>do</strong>s de túnel de vento e de da<strong>do</strong>s decampo medi<strong>do</strong>s em Dugway Proving Ground, Utah, USA, como parte integrante desseestu<strong>do</strong>. Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong> concordaram de forma razoável com oexperimento, sen<strong>do</strong> que o campo de velocidade foi predito de forma bastante acurada pelomodelo κ−ε Modifica<strong>do</strong>. Por outro la<strong>do</strong>, os valores de ECT foram superestima<strong>do</strong>s emcomparação ao experimento, mas conseguiu predizer de forma satisfatória a ECT no cantofrontal <strong>do</strong> prédio. A distribuição de concentração também foi predita de forma satisfatória,entretanto não foi possível prever o eleva<strong>do</strong> gradiente de concentração que ocorre noexperimento. De forma geral, Santos (2000) obteve resulta<strong>do</strong>s muito bons quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>com o experimento.Olvera e Choudhuri (2006) desenvolveram um estu<strong>do</strong> da dispersão de hidrogênio e metanonas vizinhanças de um prédio cúbico isola<strong>do</strong>, sob diversas estratificações estáveis daatmosfera, varian<strong>do</strong> de extremante estável até neutra. Segun<strong>do</strong> os autores, a literatura forneceprovas bastante contundentes da capacidade da abordagem da Dinâmica <strong>do</strong>s Flui<strong>do</strong>sComputacional (CFD) como ferramenta de avaliação <strong>do</strong> impacto de lançamento de fontespolui<strong>do</strong>ras em regiões urbanas complexas sobre extremas condições atmosféricas. Dessaforma, a abordagem CFD é utilizada, juntamente com a utilização <strong>do</strong> modelo de fechamentoda turbulência κ−ε. Este estu<strong>do</strong> teve como objetivo avaliar o impacto de um lançamentoacidental de hidrogênio, identifican<strong>do</strong> as características da pluma <strong>do</strong> hidrogênio sobrecondições atmosféricas estavelmente estratificadas. A simulação <strong>do</strong> lançamento de metanotambém foi realizada e os resulta<strong>do</strong>s foram compara<strong>do</strong>s com os de hidrogênio, pelo fato deque o metano é o principal constituinte <strong>do</strong> gás natural e seus riscos são bem conheci<strong>do</strong>s.Primeiramente, um escoamento ao re<strong>do</strong>r de um prédio, sem dispersão de poluentes, foiresolvi<strong>do</strong> e valida<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> que, os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s das simulações sem dispersão depoluentes foram compara<strong>do</strong>s com da<strong>do</strong>s de experimentos e simulações numéricas, através <strong>do</strong>smodelos TEMPEST, que utiliza κ−ε, e LES, de outros autores. Depois, as simulaçõesincluin<strong>do</strong> a dispersão de hidrogênio e metano, foram efetuadas para lançamentos desses gasesde <strong>do</strong>is pontos diferentes, barlavento <strong>do</strong> prédio (na parede posterior) e sotavento <strong>do</strong> prédio (naparede frontal). Para efeito de classificação da estratificação da atmosfera estável de


44extremente estável a neutra, o número de Froude foi utiliza<strong>do</strong>, e simulações com números deFr (1, 3, 6, 12 e ) foram conduzidas. Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s para o comprimento da região derecirculação, foram bastante acura<strong>do</strong>s, concordan<strong>do</strong> de forma razoável com o experimento eLES. Para Froude 3, existe uma superestimação <strong>do</strong> comprimento da região de recirculação,mas o modelo TEMPEST prediz um aumento muito maior que o κ−ε, utiliza<strong>do</strong> pelos autores.Uma justificativa seria a malha utilizada, que segun<strong>do</strong> os autores, foi mais refinada.Existem várias abordagens para a modelagem da turbulência, entre elas, Simulação deGrandes Escalas (Murakami, 1990; Sada e Sato, 2002), a Simulação Numérica Direta (Moin eMahesh (1998) Apud. Wilcox (1998)) e as simulações baseadas nas Equações Médias deReynolds Navier-Stokes (RANS). São muitos os estu<strong>do</strong>s numéricos que utilizam a abordagemRANS, entre outros Murakami et al. (1992), Wilcox (1988), Kot (1989) e Sun (2000). Omodelo κ−ε é o mais difundi<strong>do</strong> <strong>do</strong>s modelos basea<strong>do</strong>s na abordagem RANS, sen<strong>do</strong> também omais utiliza<strong>do</strong> (Murakami et al.,1992; Santos, 2000; Sun et al., 2000). Porém, com o avançoda tecnologia de computa<strong>do</strong>res, muitos pesquisa<strong>do</strong>res têm utiliza<strong>do</strong> modelos de fechamentode segunda ordem (também basea<strong>do</strong>s na abordagem RANS), entre outros, So et al. (1997),Wilcox (1998) e Murakami et al. (1996). Sen<strong>do</strong> que estes modelos incorporam a anisotropiada turbulência.Observam-se, na revisão da literatura, que muitos são os trabalhos realiza<strong>do</strong>s consideran<strong>do</strong> oescoamento e dispersão de poluentes ao re<strong>do</strong>r de obstáculos isola<strong>do</strong>s com a atmosfera neutra,entre outros, Senthooran et. al (2004), Yakhot et. al (2006), Iaccarino et. al (2003), Sun et. al(2001) e Gao et. al (2005), mas poucos são os trabalhos realiza<strong>do</strong>s consideran<strong>do</strong> umescoamento ao re<strong>do</strong>r de um obstáculo isola<strong>do</strong> consideran<strong>do</strong> a atmosfera estável ou instável,como Santos (2000), Zhang (1996) e Olvera e Choudhuri (2006). Dessa forma, este trabalhotem como objetivo principal analisar qual a influencia da atmosfera estável e instável noescoamento e dispersão de poluentes ao re<strong>do</strong>r de um prédio cúbico isola<strong>do</strong>.


453 MODELAGEM MATEMÁTICA E MÉTODO NUMÉRICONeste Capítulo serão descritos a modelagem matemática e o méto<strong>do</strong> numérico utiliza<strong>do</strong>s pararepresentar o escoamento e dispersão ao re<strong>do</strong>r de um prédio cúbico isola<strong>do</strong>. A configuraçãoutilizada para este estu<strong>do</strong> é mostrada na Figura 8, que apresenta um obstáculo cúbico numterreno plano.As Seções seguintes apresentam as equações governantes utilizadas nas simulações <strong>do</strong>escoamento e da dispersão de poluentes, bem como as condições de contornos e osprocedimentos utiliza<strong>do</strong>s para a solução destas equações.Figura 8 - Representação esquemática <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio computacional utiliza<strong>do</strong> no presente estu<strong>do</strong>.3.1 Modelagem MatemáticaO escoamento de um flui<strong>do</strong> e o processo de dispersão de poluentes na atmosfera sãogoverna<strong>do</strong>s pelas equações de conservação da massa, quantidade de movimento, energia eespécie química. Na próxima seção são apresentadas as equações governantes na sua formacompleta.3.1.1 Equações governantesAs equações que governam o escoamento de flui<strong>do</strong> na sua forma completa e consideran<strong>do</strong> o


46flui<strong>do</strong> como Newtoniano são escritas como:Equação da Conservação de Massa∂ρ∂+∂t( ρU)∂ xii= 0 .(3.1)Equação da Conservação da Quantidade de Movimento∂ρU∂tondei∂+( ρU U )i∂ xjj∂τij= −ρgδ3i,∂ x j(3.2)τij= 2 µ Sij 2 ∂U− p + µ 3 ∂xkk δij(3.3)eSij1 ∂Ui=2 ∂xj∂U+∂xij .Equação da Conservação de Energia∂ρh∂+∂tonde (para um gás perfeito)( ρUh)∂ xii=∂∂kcxi ∂h∂xi∂T ∂pUx +∂+Φ +i ∂t= cp∂T.∂xEquação da Conservação de Massa da Espécie Químicaii∂p+ Hx ,∂i (3.4)(3.5)(3.6)( ρc)∂∂t∂(ρc)∂ + = ρD∂ xi∂ xim∂c + Μ ,∂xionde x i são as coordenas cartesianas,(3.7)Uié a componente instantânea da velocidade na direçãoi [Lt -1 ], p é a pressão [mL -1 t -2 ], c é a concentração de contaminante [m/m] e h é a entalpia


47[L 2 t -2 ] . ρ , µlam, c p e k c são, respectivamente, a massa específica [mL -3 ], a viscosidademolecular <strong>do</strong> flui<strong>do</strong> [mL -1 t -1 ], calor especifico a pressão constante [L 2 t -2 T -1 ] e a condutividadetérmica <strong>do</strong> ar [mLT -1 t -3 ]. D é a difusividade molecular <strong>do</strong> contaminante no flui<strong>do</strong> [L 2 t -1 ]. H emM são as fontes de energia [mL -1 t -3 ] e massa [mt -1 L -3 ], respectivamente. Φ é a dissipaçãoviscosa da energia [mL -1 t -3 ]. Com as dimensões escritas como segue: [m] massa, [L]comprimento, [t] tempo e [T] temperatura.Como foi descrito nos Capítulos anteriores, o escoamento na atmosfera é praticamente sempreturbulento. As equações de conservação, da forma que foram escritas acima, são válidas paraa solução <strong>do</strong> escoamento em regime laminar ou turbulento. Contu<strong>do</strong>, como será apresentadanas próximas Seções, a solução numérica utilizan<strong>do</strong> diretamente as equações como descritas éimpraticável, devi<strong>do</strong> aos níveis de discretização, espacial e temporal, extremamente eleva<strong>do</strong>spara a caracterização <strong>do</strong>s menores vórtices. Dessa forma, na Seção 3.1.3 serão apresentadas asequações governantes na sua forma final.3.1.2 Modelagem da turbulênciaSão três as classes de modelos para descrever escoamentos turbulentos:• Simulação Numérica Direta (DNS): a DNS resolve diretamente a partir das equaçõesde conservação todas as escalas da turbulência;• Modelos basea<strong>do</strong>s nas Equações Médias de Reynolds (RANS): modela todas asescalas da turbulência basean<strong>do</strong>-se nas equações médias de Reynolds;• Simulação de Grandes Escalas (LES): simula diretamente as grandes escalas e modelaas pequenas escalas <strong>do</strong> escoamento turbulento.O uso da DNS para solução de escoamentos turbulentos na atmosfera ainda não é factível <strong>do</strong>ponto de vista prático, uma vez que essa técnica de simulação consome recursoscomputacionais em níveis fora da realidade atual <strong>do</strong>s computa<strong>do</strong>res. O seu uso éextremamente restrito a escoamentos com geometrias simples e a baixos números deReynolds. Por outro la<strong>do</strong>, os modelos de simulação de grandes escalas (LES), resolvem asgrandes escalas <strong>do</strong> escoamento turbulento diretamente e as pequenas escalas são modeladasatravés de um modelo de submalha. Dessa forma, a solução computacional obtida étransiente. Portanto, a DNS calcula diretamente todas as escalas <strong>do</strong> movimento enquanto aLES calcula as grandes escalas e modela as pequenas. Mas, ainda assim os recursos


48computacionais requeri<strong>do</strong>s para a LES são bastante dispendiosos. Assim, outras técnicas paradescrever a turbulência, são necessárias.Na próxima Seção, é apresentada uma das formas mais utilizadas para o fechamento daturbulência, que é o procedimento clássico introduzi<strong>do</strong> por Osborne Reynolds em 1895, ondetodas as quantidades são escritas como uma média mais uma flutuação.3.1.2.1 Quantidades médias e o problema <strong>do</strong> fechamentoDevi<strong>do</strong> a presente limitação para solução de problemas de escoamentos turbulentos, pois umaabordagem completamente determinística não é possível, um tratamento estatístico foiproposto por Osborne Reynolds em 1895. Esse tratamento consiste na aplicação dadecomposição das propriedades envolvidas, na forma de valores médios e suas flutuações(Figura 9), nas equações de conservação da quantidade de movimento, daí o nome ReynoldsAveraging Navier-Stokes (RANS). Escrevemos o valor instantâneo da velocidade e dequalquer variável escalar genérica φ da seguinte forma, respectivamente:Ui= Uii'+ u ;φ = φ + φ′.(3.9)Figura 9 – Representação esquemática da variação randômica da velocidade em torno da média. Santos(2000)Após a substituição de todas as variáveis nas equações de conservação pelas suas quantidadesmédias mais flutuações, as equações são integradas em um intervalo de tempo ∆t. Na teoria,


49esse intervalo de tempo deve ser infinito, entretanto ∆t é apenas grande o suficiente para queexceda as escalas de tempo das variações de mais baixa freqüência (grandes escalas). Estadefinição é adequada apenas para a condição de turbulência estacionária (escoamentos emregime permanente), em caso de escoamentos transientes a variável em um tempo t é tomadacomo sen<strong>do</strong> a média de um grande número de experimentos idênticos que é denominadamédia das repetições (ensemble average) (Stull, 2001).Antes de reescrever as equações governantes usan<strong>do</strong> as médias de Reynolds, a aproximaçãode Boussinesq é considerada, de mo<strong>do</strong> que a densidade seja apenas uma função datemperatura e não da pressão, ou seja, a densidade só irá variar com a temperatura, e ainfluência da variação da densidade só será importante nos termos de empuxo da equação demomento. Consequentemente, a densidade é considerada constante e igual areferência), e então o termoρo(valor de− ρgna Equação 3.2 é substituí<strong>do</strong> por − δρgonde δρindica avariação da densidade em relação ao esta<strong>do</strong> de referência ( δρ= ρ − ρ ).oPara escrever as equações de conservação em termos de quantidades médias, comoapresentadas abaixo, assume-se que o escoamento é permanente e incompressível, aspropriedades µ lam , k c , c p e D m são constantes, a dissipação viscosa na equação de conservaçãoda energia é negligenciada e não existe fonte de energia.Equação de Conservação de Massa∂Ui= 0 .∂ xiEquação da Conservação da Quantidade de Movimentoonde∂' '( UiUj) ∂( uiuj)∂ xi+∂ xi= p 2 µ ∂Uk−x +i ρo3 ρo∂xk∂∂ µ δρδij+ 2 Sij− gδ3j, ρo ρo(3.10)(3.11)


50Sij1 ∂Ui=2 ∂xj∂U+∂xij ,(3.12)ep2 µ ∂Uδ+k− +ijρoρo∂x 23kµSρoij= τlamij,− u'u 'i j= τturbij.(3.13)Equação da Conservação de Energia' '∂(UiT) ∂(uiT)+∂x∂xii∂=∂xikc cpρo∂T∂xi ,(3.14)ondeckc ∂TT , lam= Θipρo∂xi,u 'T ' T , turbiΘi= .(3.15)Equação da Conservação da espécie químicaonde' '∂(U ic) ∂( uic+∂ xi∂ xiDm∂cω,lam= Θiρo∂ xi,) ∂ Dm= ∂ xi ρo∂c∂xiΜ+ ,ρ− .ou 'c ' ω,turbi= Θi(3.16)(3.17)Os termos adicionais que aparecem nas equações de quantidade de movimento e das variáveisT , turbescalares ( τ , Θ e Θturbijiω, turbi) são conheci<strong>do</strong>s como fluxos turbulentos. O fluxo turbulentoturbda equação de conservação da quantidade de movimento ( )tensões de Reynolds. Na forma matricial:τ é denomina<strong>do</strong> Tensor dasij


51 ' ' ' ' ' 'u1u1u1u2u1u3turb= −' ' ' ' ' 'τ iju2u1u2u2u2u3.' ' ' ' ' 'u3u1u3u2u3u3(3.18)No Tensor de Reynolds, os elementos da diagonal (i=j) representam os componentes detensão normal e os elementos fora da diagonal representam as tensões cisalhantes. O processode tomada da média de Reynolds nas equações de conservação faz, portanto, apareceremcorrelações envolven<strong>do</strong> flutuações da velocidade na equação <strong>do</strong> movimento médio. Dessaforma, o problema da modelagem da turbulência é reduzi<strong>do</strong> ao cálculo <strong>do</strong> tensor das tensõesde Reynolds e <strong>do</strong>s outros fluxos turbulentos.Após a integração média de Reynolds, existem mais variáveis <strong>do</strong> que equações. As equaçõespara todas as quantidades físicas principais tais como velocidade, concentração e energia sãodefinidas, mas não existem equações para os fluxos turbulentos. É, então, necessário,providenciar um novo conjunto de equações que relacione as grandezas médias às grandezasinstantâneas. Esse procedimento de obtenção de novas relações funcionais que completem aformulação <strong>do</strong> problema é chama<strong>do</strong>, em turbulência, de “problema <strong>do</strong> fechamento”. Dessaforma, torna-se necessário utilizar apenas um número finito de equações e aproximar asvariáveis desconhecidas em termos de quantidades conhecidas. Quan<strong>do</strong> os termos de segundaordem são aproxima<strong>do</strong>s, através de valores calcula<strong>do</strong>s das primeiras equações, o fechamentoé denomina<strong>do</strong> fechamento de primeira ordem. De forma análoga, se são desenvolvidasequações de transporte para calcular os termos de segunda ordem, surgem termosdesconheci<strong>do</strong>s de terceira ordem, que são aproxima<strong>do</strong>s através <strong>do</strong>s valores calcula<strong>do</strong>s nasequações de primeira e segunda ordem. Neste caso, o fechamento é dito de segunda ordem.Existem várias formas de modelar os termos que surgem da integração proposta pelasequações médias de Reynolds. Os modelos que são apresenta<strong>do</strong>s a seguir diferem justamenteno tratamento da<strong>do</strong> a estes termos.É importante ressaltar que os fluxos turbulentos de temperatura e concentração são resolvi<strong>do</strong>satravés da viscosidade turbulenta µturb. Na Seção 3.1.3 são apresentadas as equações na formafinal e portanto como os termos de fluxos turbulentos de temperatura e concentração sãoresolvi<strong>do</strong>s.


523.1.2.2 Modelo de viscosidade turbulenta – Fechamento de primeira ordemA forma mais simples de se definir o problema <strong>do</strong> fechamento da turbulência é considerar queos fenômenos de transferência de quantidade de movimento molecular e turbulento seprocessem de mo<strong>do</strong> análogo. Esta abordagem, proposta pioneiramente por Boussinesq em1877, sugeria que a tensão turbulenta deveria estar relacionada ao gradiente local develocidades <strong>do</strong> escoamento médio através de uma viscosidade associada às características <strong>do</strong>flui<strong>do</strong>, <strong>do</strong> escoamento e da geometria envolvida no problema sob consideração (Silveira Neto,2002).De acor<strong>do</strong> com a analogia de Boussinesq, o tensor de Reynolds é da<strong>do</strong> por1 ' ' ' ' ' 'onde = ( u1u1+ u2u2+ u3u3)µτ = S ,turbijturbρ 0ij(3.19)κ é a energia cinética turbulenta e µturb, a viscosidade turbulenta,2que é função da intensidade da turbulência <strong>do</strong> escoamento.Nas próximas Seções são apresenta<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os modelos de turbulência utiliza<strong>do</strong>s nestetrabalho, bem como as suas equações na forma final e todas as constantes empíricasnecessárias para cada uma das formulações.3.1.2.2.1 Modelo κ - εO modelo κ-ε é, atualmente, o modelo de turbulência mais difundi<strong>do</strong> pelos códigoscomputacionais utiliza<strong>do</strong>s em aplicações de dinâmica <strong>do</strong>s flui<strong>do</strong>s computacional. O modeloκ-ε Padrão foi desenvolvi<strong>do</strong> por Jones e Launder (1972). Após isso as constantes <strong>do</strong> modeloforam aprimoradas por Launder e Sharma (1974). Ao longo <strong>do</strong>s anos, diversos estu<strong>do</strong>s têmsi<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong>s no senti<strong>do</strong> de ampliar a generalidade e a sua precisão, entre outros Yakhot eOrzag (1986), Speziale (1987), Lien e Leschziner (1994) e Lun et al. (2003).O conceito básico <strong>do</strong> modelo κ-ε consiste em:• Inserir uma equação diferencial de conservação adicional para o cálculo de κ;• Inserir uma segunda equação diferencial de conservação adicional para o cálculo de ε;• Especificar o valor da viscosidade turbulenta µ turb .


53A viscosidade turbulenta é determinada através da equação2µρκµ = Cturbε, (3.20)onde κ é a energia cinética turbulenta,ε é a dissipação da energia cinética turbulenta e C µéuma constante empírica <strong>do</strong> modelo. Um valor usual de C µ é 0,09 (Launder e Spalding, 1974).Para determinar os valores da energia cinética turbulenta (κ) e da dissipação da energiacinética turbulenta (ε ), são resolvidas duas equações diferenciais adicionais:∂ ( U κ∂xj)j∂ µturb ∂κ= + Ρκ+∂ρσ Gxj κ ∂xj κ− ε(3.21)e∂ ( U ε )∂xjj∂ 2 µturb ∂ε εε= ( C1κ C3Gκ) C2∂x + Ρ + −jρσ, ε ∂xj κκ(3.22)comΡκ= −u u'i'j∂U∂xjiµ turb ∂Ui=ρ ∂xj∂U+∂xij∂Ui ∂xj;(3.23)Gκ'−βgδu T'i3 i=µturb1 ∂ρgρ σ ρ ∂z= ;t(3.24)µ ∂u=ρ ∂x'ij∂u∂x'iε ,j(3.25)onde C 1 , C 2 , C 3 , σ ε , σke σtsão constantes dadas empiricamente, de acor<strong>do</strong> com a Tabela 3,P κ é a produção de energia cinética turbulenta por tensão de cisalhamento, G κ é a produção de


54energia cinética por forças de empuxo e ε é a taxa de dissipação de energia cinética.Tabela 3 - Coeficientes empíricas para o modelo κ-ε PadrãoC 1 C 2 C 3 σ ε σkσt1,44 1,92 1,44 1,3 1,0 0,9Segun<strong>do</strong> Murakami (1993), o modelo κ-ε, em geral, não consegue boa representação para aturbulência anisotrópica e gradientes adversos de pressão em escoamento com separação. Omodelo também produz excessiva energia cinética turbulenta em regiões de escoamentoincidente. Assim, várias correções têm si<strong>do</strong> propostas para estender a sua generalidade.De acor<strong>do</strong> com Santos (2000), a hipótese de viscosidade turbulenta assumida no modelo κ-ε,é a causa da inacurácia e das limitações deste modelo. Por exemplo, a superestimação deenergia cinética turbulenta no canto frontal <strong>do</strong> obstáculo é uma das conseqüências dautilização desta hipótese. Santos (2000) também afirma que, em geral, os modelos de duasequações falham em representar a anisotropia da turbulência e gradientes adversos de pressão.3.1.2.3 Modelo das tensões de Reynolds – Fechamento de segunda ordemOs modelos basea<strong>do</strong>s no conceito de viscosidade turbulenta fornecem resulta<strong>do</strong>s satisfatóriospara escoamentos turbulentos bidimensionais sobre superfícies planas, mas não são capazesde prever corretamente os efeitos da curvatura da linha de corrente sobre o escoamento. Umaoutra limitação dessa classe de modelos acontece na avaliação das tensões normais deReynolds, de grande importância em escoamentos com separação (Deschamps, 2002). Umaalternativa para a solução desses problemas é a obtenção das tensões de Reynolds diretamentede suas equações de transporte.Dessa forma os modelos DSM (Differential Stress Models) surgem com este objetivo. Nestaclasse de modelos, os componentes <strong>do</strong> Tensor de Reynolds são resolvi<strong>do</strong>s através da inserçãode uma equação diferencial de transporte para cada um <strong>do</strong>s componentes. O modelo dasTensões de Reynolds é, potencialmente, mais generalista <strong>do</strong> que os demais modelos basea<strong>do</strong>snas médias de Reynolds, como por exemplo, o modelo κ - ε. Contu<strong>do</strong>, deve-se observar queos custos computacionais são aumenta<strong>do</strong>s com a inserção de mais equações diferenciaisparciais a serem resolvidas, pois o modelo implica na solução de seis equações diferenciaisparciais - uma equação para cada um <strong>do</strong>s componentes independentes <strong>do</strong> tensor de Reynolds.


55Uma vez que as tensões de Reynolds são calculadas através de uma equação de conservação,o fechamento se dá em segunda ordem.A equação <strong>do</strong> modelo de transporte das tensões de Reynolds para escoamentos sob condiçãoatmosférica neutra é apresentada a seguir.Uk∂u u'i∂xk'j= P + D + Πijijij−εij,(3.26)ondePij ∂Ui= ′ ′− ujuk ∂xk∂U− u′′iuk∂xkj;(3.27)Dij( p′δ u′+ p′δ u′)∂ 1µ ∂ u′′iuj= u′′ ′iujuk+jk i ik j−∂xkρρ ∂xk;(3.28)Πij=p′ ∂u′∂u′i j+ ρ ∂xj∂xi;(3.29)εijµ ∂u′∂u′ρ ∂x∂xi j= 2 .kk(3.30)O termo <strong>do</strong> la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong> da Equação 3.26 representa o transporte das tensões de Reynoldspor convecção. O termo Pijrepresenta a taxa de produção das tensões de Reynolds por efeitosda deformação <strong>do</strong> escoamento médio. A correlação entre flutuações de pressão e flutuaçõesde deformação <strong>do</strong> escoamento,já que para um escoamento incompressível:Πij, é muito importante. Podemos notar que seu traço é zero,


56∂u′i∂xi= 0.(3.31)Dessa forma, pode ser interpreta<strong>do</strong> que o termoΠijnão contribui para o nível total de energiada turbulência, atua somente para a redistribuição da energia entre as tensões normais. Ostermos agrupa<strong>do</strong>s emDijestão associa<strong>do</strong>s ao transporte difusivo que somente redistribuiespacialmente as tensões. Os <strong>do</strong>is primeiros termos que aparecem emDijestão associa<strong>do</strong>s aotransporte turbulento, enquanto o último representa a contribuição da ação molecular nadifusão, poden<strong>do</strong> ser despreza<strong>do</strong> em regiões <strong>do</strong> escoamento totalmente turbulentas.Finalmente, o termo εijrepresenta a taxa de destruição das tensões pela ação viscosa, sen<strong>do</strong>que este termo garante que a energia continuamente retirada <strong>do</strong> escoamento médio pelocampo turbulento através <strong>do</strong> termoPijserá destruída, evitan<strong>do</strong>, portanto um crescimentoilimita<strong>do</strong> das tensões (Deschamps, 2002).Adicionalmente, no caso de escoamentos estratifica<strong>do</strong>s, que não são neutros, um termoadicional aparece, para que os efeitos de empuxo sejam incorpora<strong>do</strong>s.Para que a Equação 3.26 seja resolvida, torna-se necessário a modelagem <strong>do</strong>s termosΠij,e εij. O ideal seria que essa modelagem fosse simples e universal, mas isso não é possível.Portanto a determinação <strong>do</strong>s termosDij,DijΠije εijdepende da formulação <strong>do</strong> modelo. As duaspróximas Seções abordam a modelagem desses termos, bem como a equação utilizada pararesolver a dissipação da turbulência que aparece na equação que modela as tensões deReynolds.3.1.2.3.1 Modelos das Tensões de Reynolds basea<strong>do</strong> na equação de Os modelos de turbulência DSM segun<strong>do</strong> Launder, Reece e Rodi (1975), o LRR - IP e LRR –QI (“IP” denota a Isotropização da produção das tensões e “QI” denota a Quase-Isotropizaçãoda produção das tensões) e o modelo de turbulência DSM segun<strong>do</strong> Speziale, Sarkar e Gatski(1991), o SSG, pertencem ao grupo de modelos DSM basea<strong>do</strong>s na equação de . A seguir seráapresenta<strong>do</strong> como os termosDij,Πije εijsão, respectivamente, modela<strong>do</strong>s.


57O termo de correlação tensão-pressãoΠijpara o modelo LRR é da<strong>do</strong> por:Πijε = C1κβ dij−______' 'uiuj23 ε '0,125uiu κ2 κδijαPij−3 − + Pδij −______'j γκ Sij−13S23kkδPδ3 22 κ+ κδij0,015( Pijdij) ,3 − − ε nijij + −(3.32)ondedij= u u'i'm∂U∂xmj+ u'ju'm∂U∂xij;(3.33)P 21= ;P kk(3.34)Sij1 ∂Ui=2 ∂xj∂U+∂xijα = ( + C β = C − γ = C − C Ce 82) /11, (822) /11, (6024) / 55,1,2(3.35)são constantes dadasempiricamente (Tabela 4).Para o modelo SSG o termo de correlação tensão-pressãoΠijé da<strong>do</strong> por:Πij'= −C1ε+ C' *( C − C b b )5ik______* ' '1umun3 3 ij jiκSij+ C4κbC κ( b Ω + b Ω ),jkjk∂U∂xikmnbij' − C2εbikSjkikb+ bjkkjS1− b3ikmnb2− b3nmmnδij +Smnδij +(3.36)


58ondeSij1 ∂Ui=2 ∂xj∂U+∂xij;(3.37)Ωij1 ∂Ui=2 ∂xj∂U−∂xij;(3.38)bij=______' 'uiuj2− κδij32κ(3.39)C , C C C C C C são constantes dadas empiricamente (Tabela 5).' * ' ' *e1 1,2,3,3,4,5Os termosDije εij, para ambos os modelos SSG e LRR, são escritos como:Dij= −Cs∂∂xk κ' uiuε ________'m∂________' 'ujuk∂xm+________' 'ujum∂________' 'uiuk∂xm+________' 'ukum∂________' 'uiuj∂xm(3.40)e2ε ijεδ ij3= ,(3.41)ondeCsé uma constante dada empiricamente para o fechamento das equações.Uma vez que a dissipação da turbulência aparece na equação que modela as tensões deReynolds, torna-se então necessário uma equação que resolva . Esta classe de modelosdescreve os valores de com base em uma equação de transporte para esta variável, demaneira análoga ao modelo κ - ε, dada por


59∂∂xε∂U∂x− Cε− Cκ∂∂xκ' ukuε∂ε∂xm' ' i'( Ujε) = Cε1uiujε 2 εm,jκjk(3.42)onde Cε1, Cε 2e Cεsão constantes dadas empiricamente.Pode-se observar que a Equação 3.42 se difere da equação de ε <strong>do</strong> modelo κ - ε Padrão(Equação 3.22), pelo termo de difusão. Os coeficientes de difusão anisotrópicos sãosubstituí<strong>do</strong>s por uma formulação isotrópica.Nas Tabelas 4 e 5 são apresentadas as constantes empíricas para fechamento <strong>do</strong>s modelos deturbulência LRR e SSG, respectivamente.Tabela 4 - Constantes empíricas para o modelo LRR.C1C2CsCεCε1Cε 21,8 0,60 0,11 0,18 1,44 1,92Tabela 5 - Constantes empíricas para o modelo SSG.C'1C*1C'2C'3*C C3 4C5CsCε1Cε 23,4 1,8 4,2 0,8 1,3 1,25 0,4 0,11 1,44 1,923.1.2.3.2 Modelos das tensões de Reynolds basea<strong>do</strong> na equação de Para esta classe de modelos, o tensor de Reynolds também é resolvi<strong>do</strong> através da inserção deuma equação diferencial de transporte dessas tensões, de acor<strong>do</strong> com a Equação 3.26.Segun<strong>do</strong> Wilcox (1998), nem to<strong>do</strong>s os modelos das Tensões de Reynolds utilizam umaequação para ε . Utiliza-se então, uma equação para a taxa de dissipação específica daεturbulência ω , que pode ser escrita da seguinte forma ω = . Esta quantidade tem dimensãoκde [t -1 ]. A seguir, são apresenta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is modelos desta classe, Omega Reynolds Stress eBaseline (BSL) Reynolds Stress, bem como a equação de ω e as formulações para ostermos D ,ijΠije εijpara cada um <strong>do</strong>s modelos.


60Os termosforma:Dij,Πijeεijsão descritos para ambos os modelos, ω e ω - BSL, da seguinteDij=∂∂xk*µturb'∂uiu∂xk'iσ ;(3.43)Πij'= β C1ωuiu2 + κδij−αP3 2 − Pδij − β d3 2 − Pδij − γκS3 _____* 'iijijij−13Skkδij ;(3.44)ε2β3= ,*ijωκδ ij(3.45)ondedij= u u'i'm∂U∂xmj+ u'ju'm∂U∂xij;(3.46)P 21= ;P kk(3.47)Sij1 ∂Ui=2 ∂xj∂U+∂xij* *e σ , β , C1, α = ( 8C2 − 2) / 11, β = ( 8 22) / 11, γ = ( 60C2 − 4) / 55empíricas.(3.48)são constantesComo a taxa de dissipação especifica ω aparece na equação que modela as tensões deReynolds, torna-se então necessário uma equação que resolva ω. Esta classe de modelosdescreve os valores de ω com base em uma equação de transporte para esta variável, demaneira análoga ao modelo κ - ω. A seguir será apresentada a equação de ω para cada um <strong>do</strong>smodelos.Omega Reynolds Stress


61O modelo Omega Reynolds Stress -ω foi proposto por Wilcox (1988) e é basea<strong>do</strong> na equaçãode ω (Equação 3.49), que denota a taxa específica de dissipação.∂(U∂x) ω '= α uiuκjω ' ∂Ui 2jj∂xj∂− βω +∂xkµσ ρ ∂ω∂xk,(3.49)onde α , β e σ são constantes empíricas (Tabela 6).Baseline (BSL) Reynolds StressO modelo ω - BSL utiliza uma equação modificada para ω (Equação 3.50) modificada porMenter (1994).∂Uiωω '= α3uiu∂xκj'j∂U∂xji2 ∂− β3ω+∂xkµσ3turb ∂ω + ∂xk1 ∂κ∂ω1−F1)2σ ω ∂x∂x( ,2kk(3.50)onde α3, β3, σ3e σ2são constantes empíricas e F 1 é uma função que modifica a equaçãopara ω (Tabela 7).As constantes da equação de ω para o modelo ω -BSL, descritas acima, são escritas emfunção de outras constantes, da seguinte forma:α3= F1α1+ (1 − F1) α2β3= F1β1+ (1 − F1) β2σ = + − 3F1σ1(1 F1) σ2.(3.51)Nas Tabelas 6 e 7 são dadas todas as constantes empíricas necessárias para o fechamento <strong>do</strong>smodelos ω e ω -BSL, respectivamente.Tabela 6 - Constantes empíricas para o modelo ω .α β σ*σ*β C1C20,52 0,072 0,5 0,5 0,09 1,8 0,52Tabela 7 - Constantes empíricas para o modelo ω -BSL.*α1α2β1β2σ1σ2 σ*β C1C20,553 0,44 0,072 0,0828 2 0,856 0,5 0,09 1,8 0,52


62A vantagem da utilização da equação de ω é que esta permite um tratamento mais precisopara as condições de parede no <strong>do</strong>mínio, incluin<strong>do</strong> escoamentos com separação da camadalimite e com baixos números de Reynolds (Wilcox, 1998).3.1.3 Forma final das equações governantesAs equações governantes que descrevem o fenômeno físico envolvi<strong>do</strong> neste problema forammostradas na Seção 3.1.2.2. Nesta seção são apresentadas as equações governantes na suaforma final.Os efeitos da turbulência são <strong>do</strong>minantes em relação aos efeitos viscosos nas regiõestotalmente turbulentas, dessa forma µturb>> µlamnestas regiões e, portanto, a difusão devi<strong>do</strong> àdifusividade molecular é negligenciada.Neste estu<strong>do</strong>, o problema <strong>do</strong> escoamento ao re<strong>do</strong>r de um prédio cúbico é considera<strong>do</strong> comoum escoamento permanente e, portanto, nenhum parâmetro varia com o tempo.A dispersão de contaminantes da fonte localizada na vizinhança <strong>do</strong> prédio é obviamenteafetada pelo padrão <strong>do</strong> escoamento e por características da emissão. Neste estu<strong>do</strong>, a emissão éconsiderada contínua. A distribuição de concentração é afetada pelo escoamento <strong>do</strong> flui<strong>do</strong>.Entretanto, o escoamento não é afeta<strong>do</strong> pela distribuição de concentração, desde que o nívelde concentração <strong>do</strong> contaminante não seja suficientemente alto para afetar a densidade <strong>do</strong> ar,ou a densidade <strong>do</strong> gás contaminante seja aproximadamente igual à densidade <strong>do</strong> ar.A equação de conservação de energia pode ser reescrita em termos da temperatura potencial, que é definida como a temperatura que a parcela teria se fosse expandida ou comprimidaadiabaticamente, ou seja, sem troca de calor, de seu esta<strong>do</strong> real de pressão e temperatura parauma pressão padrão (geralmente 1 atm). Esta mudança nas variáveis é muito importante, poispermite que na condição atmosférica neutra não seja necessário resolver a equação de energia∂θdevi<strong>do</strong> ao fato de que = 0 nesta condição de estabilidade atmosférica.∂zTen<strong>do</strong> como objetivo reescrever a equação de conservação de energia em termos de θ , énecessário estabelecer uma relação entre os gradientes de T e θ . Basean<strong>do</strong>-se na primeira leida termodinâmica e na lei <strong>do</strong>s gases ideais e consideran<strong>do</strong> que a variação da temperatura com


63a altura ocorre de forma adiabática, a relação entre pressão e temperatura pode ser expressa daseguinte forma:onde γ corresponde a razãode massa de ar.T ( zT ( z21cpcvev) p(z=) p(z21) )( γ −1)γ,(3.52)c é o calor específico a volume constante por unidadeO ar seco originalmente no esta<strong>do</strong> ( T ,p ) trazi<strong>do</strong> adiabaticamente a pressão ao nível <strong>do</strong> solopoteria a temperatura θ e portanto, a Equação 3.52 pode ser reescrita da seguinte forma:Após derivar a Equação 3.53 obtemos:−( γ −1) γ p θ = T . p o (3.53)onde( γ −1)Λ = −γT dpp dz1 dθ1 dT ( γ −1)1 dp 1 dT= −= θ dz T dz γ p dz T dz=gc p+ Λ,(3.54)(assumin<strong>do</strong> o equilíbrio hidrostático) é a taxa de lapsoadiabático, cujo valor equivale a≈ 0 ,976°C / 100 m para o ar seco. Como θ é similar emmagnitude a T , é possível reescrever:dθ≅dzdTdz.(3.55)Após a obtenção da relação entre os gradientes de θ e T é possível reescrever a equação deenergia em termos de θ . Entretanto, também é conveniente, reescrever o termo de empuxo daequação de momento em termos de θ , de forma que T seja elimina<strong>do</strong> das equaçõesgovernantes e o problema seja defini<strong>do</strong> completamente em função de θ .O termo de empuxo na componente vertical para a equação de momento não deve incluir avariação da densidade que existe sob condições neutras. Então, as forças de empuxo sãodevi<strong>do</strong> à diferença entre o gradiente de temperatura atual e a taxa <strong>do</strong> lapso adiabático.Rearranjan<strong>do</strong> a Equação 3.53 da formacvc ppθ =RρpR c po


64e substituin<strong>do</strong>(3.56)ρ = ρ o+ δρ, p = po + δpe θ = θ o+ δθna Equação 3.56 e após algumamanipulação (Panofsky e Dutton (1984)), a relação densidade e temperatura potencial podeser representada comoδθθoδρρv= + .oc δpc ppo(3.57)Supon<strong>do</strong> que as parcelas de ar deslocadas tendem a ajustar a sua pressão igualan<strong>do</strong> com apressão <strong>do</strong> ambiente,δpp opode ser negligenciada. Então,δθ δρ= .θoρ oδθgConseqüentemente, o termo de empuxo na equação de momento torna-se .θo(3.58)Assumin<strong>do</strong> todas as considerações e hipóteses acima, as Equações 3.10, 3.11, 3.14 e 3.16,podem ser reescritas da seguinte forma:Equação de Conservação de Massa∂U∂ xii= 0Equação da Conservação da Quantidade de Movimento.(3.59)∂( U U )i∂ xij∂=∂ xiµρoturb ∂U ∂xij∂U+∂xji p− ρo2 δθ+ κ δij− gδ3 θo3 j.(3.60)Equação da Conservação de Energia∂(Uiθ ) ∂=∂x∂xii µ turb ∂θ ρoσt∂xi.


65(3.61)Equação da Conservação da espécie química∂(U ic) ∂ µturb∂cΜ= +∂ xi∂ xi ρoσc∂xi ρo,(3.62)ondeσteσcsão constantes dadas empiricamente segun<strong>do</strong> Launder e Spalding (1974), quevalem respectivamente 0,9 e 0,77.As equações apresentadas nas Seções 3.1.2.2 e 3.1.2.3 já estão na sua forma final e, portanto,não é necessário escrevê-las novamente nesta seção.3.1.4 Condições de contornoA representação esquemática <strong>do</strong> problema <strong>do</strong> escoamento ao re<strong>do</strong>r de um prédio cúbico foiapresentada na Figura 8. Depois de defini<strong>do</strong> o referencial a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> e a forma final dasequações governantes, resta definir as condições de contorno para a solução dessas equações.Neste problema são seis as fronteiras que necessitam de condições de contorno apropriadaspara velocidade, temperatura, energia cinética turbulenta, dissipação de energia cinéticaturbulenta, concentração e tensões de Reynolds (quan<strong>do</strong> o modelo das Tensões de Reynoldsfor emprega<strong>do</strong>).Na entrada <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio as componentes vertical e transversal da velocidade são consideradasnulas. A componente na direção principal <strong>do</strong> escoamento é obtida pelo perfil logarítmico, quedepende da estabilidade atmosférica e da rugosidade da superfície, é dada poru *z z z0U1 = ln − m −ψmk zo L L ψ ,(3.63)onde u*é a velocidade de fricção, k é a constante de Von Kàrmàn, z o é a rugosidade dasuperfície, L é o comprimento de Monim Obukhov, que caracteriza a classe de estabilidade daatmosfera, e ψmé um parâmetro que depende da classe de estabilidade da atmosfera. Na z0Equação 3.63 o termo ψm pode ser desconsidera<strong>do</strong>, pois é muito pequeno e, portanto, a L


66Equação 3.63 pode ser reescrita da seguinte forma (Panofsky e Dutton, 1984):Uu*=k zln zo z −ψm L 1,(3.64)onde o termoψmpode ser escrito como (Stull, 2001 ):ψm zL0, z = −4,7 , L 1+Yln 22 1+Y22 − 2arctg( Y )π+ ,2para condições neutras;para condições estáveis;para condições instáveis.(3.65)com1 4 z Y = 1 − . L O perfil de temperatura potencial θ é determina<strong>do</strong> na entrada <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio, de forma análogaao perfil de velocidade e pode ser escrito como:ondeθ −θ o 1 z = ln− ψhT*k zozL,(3.66)T*− H=c pρ ou*(3.67)θ é a temperatura de referência, H representa o fluxo vertical de calor na superfície eeoψhéum parâmetro que depende da classe de estabilidade da atmosfera, poden<strong>do</strong> ser escrito da


67seguinte forma (Stull, 2001):ψmzL z− 4,7 ,L = 1 2ln 1 + 1− 152 zL1 2,para condições estáveis;para condições instáveis.(3.68)A energia cinética turbulenta na entrada <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio é determinada de acor<strong>do</strong> com o da<strong>do</strong>experimental. Quan<strong>do</strong> este da<strong>do</strong> não é avalia<strong>do</strong> no experimento, utiliza-se a seguinte relação:κu 2 *C= .µ(3.69)O valor da dissipação da energia cinética turbulenta ε na entrada <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio é determina<strong>do</strong>segun<strong>do</strong> a relação:µε =ρturbo∂U∂zµ−ρturbog 1 ∂θ.θ σ ∂zot(3.70)A concentração na entrada <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio é considerada igual à zero.As tensões de Reynolds na entrada <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio (quan<strong>do</strong> o modelo das tensões de Reynolds éutiliza<strong>do</strong>) são determinadas de acor<strong>do</strong> com classe de estabilidade. Para o caso da atmosferaneutra, são considera<strong>do</strong>s os seguintes valores (Arya, 1999):' '1 1u u'2u u'3'2'3= 6,25u= 3,61u= 1,69uPara a atmosfera estável, são considera<strong>do</strong>s os valores (Stull, 2001):u u2*2*;2*.;(3.71)


68u u + u u' '1 1u u'3'3'2'2= 2,5u= 8,5u2*,2*;(3.72)ondeu = (Panofsky e Duton, 1984).' ' ' '1u1u2u2Para atmosfera instável são utiliza<strong>do</strong>s os seguintes perfis para as tensões (Stull, 2001):u u + u u'1'3'1u u'3'2'2= (1,9 u+ u u*'3'32 − z) L= constante;2 3,(3.73)ondeu = (Panofsky e Duton, 1984).' ' ' '1u1u2u2Segun<strong>do</strong> Santos (2000) as fronteiras lateral e superior são consideradas distantes o suficiente,de forma que não perturbem o escoamento e o lançamento de poluentes ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> obstáculo.Para as fronteiras laterais, a componente transversal da velocidade é considerada nula, bemcomo a derivada de todas as outras variáveis na direção transversal. Neste estu<strong>do</strong>, apenasmetade <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio foi resolvi<strong>do</strong>, de forma que uma das fronteiras laterais é considerada comoum plano de simetria.No solo, as componentes da velocidade são consideradas nulas, assim como o fluxo de massa.A temperatura no chão é considerada constante e depende da classe de estabilidade em que seencontra a atmosfera. No topo <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio, a velocidade vertical é considerada nula. Todas asderivadas verticais das outras variáveis são consideradas nulas.Nas paredes <strong>do</strong> prédio é considerada a condição de não deslizamento, dessa forma, ascomponentes da velocidade são nulas. Além disso, o fluxo de massa é considera<strong>do</strong> nulo.Portanto a derivada da concentração na direção normal às paredes é nula.Na saída <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio, as derivadas de todas as variáveis na direção principal são consideradasnulas.A Tabela 8 apresenta um resumo das condições de contorno a<strong>do</strong>tadas para a solução <strong>do</strong>escoamento e concentração ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> prédio.


69Tabela 8 - Resumo das condições de contorno utilizadas para a solução das equações de conservação.LocalizaçãoCondição de ContornoEntradacaso instável)(1,9constante;estável;caso2,58,5neutro;caso1,693,616,25;1;1;;ln10;;ln0;322*'3'3'3'3'2'2'1'1'2'2'1'12*'3'32*'2'2'1'12*'3'32*'2'22*'1'11*2***132 −==++===+===∂∂−∂∂=∂∂−==−=−=−===Lzuuuuuuuu uuuu uuuuuuuu uuuuuuuuu uzgzUzzuCuLzzzkTcLzzzkuUUUtooturboturbmoturbhoomoθσθρµρµεψκρµκψθθψµSaída .00;0;0;1''11111131211 =∂∂=∂∂=∂∂=∂∂=∂∂=∂∂=∂∂=∂∂=∂∂xu uxxxxcxxUxUxUiiωεκθLateral .00;0;0;2''2222223212 =∂∂=∂∂=∂∂=∂∂=∂∂=∂∂=∂∂=∂∂=xu uxxxxcxxUxUUiiωεκθSimetria .00;0;0;2''2222223212 =∂∂=∂∂=∂∂=∂∂=∂∂=∂∂=∂∂=∂∂=xu uxxxxcxxUxUUiiωεκθChãoalgebricamente.é calcula<strong>do</strong>0;0;0;;0;3''333321ωεκθθ =∂∂=∂∂=∂∂=∂∂====xu uxxxcUUUiichãoTopo .00;0;0;3''3333333231 =∂∂=∂∂=∂∂=∂∂=∂∂=∂∂==∂∂=∂∂xu uxxxxcxUxUxUiiωεκθParedes <strong>do</strong>Prédioparede.direção normal àé a0,0;321 nncnUUU =∂∂=∂∂===θ


703.2 Modelagem NuméricaA modelagem numérica tem como objetivo possibilitar a solução das equações de Navier-Stokes quan<strong>do</strong> aplicadas a escoamentos reais, uma vez que soluções analíticas para estasequações somente são obtidas para escoamentos simples em condições ideais. Dessa forma, asequações devem ser substituídas por aproximações algébricas, as quais são resolvidas com autilização de algum méto<strong>do</strong> numérico. Esta abordagem envolve a discretização <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínioespacial <strong>do</strong> problema em volumes de controle finitos utilizan<strong>do</strong> uma malha.3.2.1 Discretização das equações governantesO méto<strong>do</strong> numérico utiliza<strong>do</strong>, para discretização das equações no <strong>do</strong>mínio espacial, é basea<strong>do</strong>no méto<strong>do</strong> de volumes finitos (Patankar, 1980), por meio uma malha não-estruturada. Estamalha é formada por elementos de volume tetraédricos, prismáticos e piramidais.As equações governantes são integradas sobre cada volume de controle no qual o <strong>do</strong>mínioespacial foi discretiza<strong>do</strong>, de mo<strong>do</strong> que todas as quantidades de interesse (massa, energia,quantidade de movimento e espécie quimica) sejam conservadas de maneira discreta sobrecada volume de controle.A Figura 10 mostra um volume típico de uma malha. Cada nó está cerca<strong>do</strong> por um conjuntode superfícies que compreendem o volume finito. Todas as soluções das variáveis epropriedades fluidas são armazenadas nos nós <strong>do</strong> elemento. É importante ressaltar que a cadavolume de controle existe um nó, portanto a quantidade de nós equivale a quantidade devolumes de controle.Figura 10 - Superfície de um volume finito. Fonte: ANSYS CFX 10.0.


71Para a integração das equações de conservação de massa, quantidade de movimento e energia,sobre um volume de controle fixo, aplica-se o Teorema de Divergência de Gauss. A aplicaçãodeste teorema possibilita a conversão de integrais de volume em integrais de superfície, sen<strong>do</strong>as integrais de superfície correspondentes aos fluxos que cruzam as superfícies <strong>do</strong> volume decontrole e as integrais de volume correspondentes aos termos de fonte ou acumulação.O primeiro passo para resolver as equações contínuas é aproximá-las numericamente usan<strong>do</strong>funções discretas. De acor<strong>do</strong> com a Figura 11, que representa um elemento isola<strong>do</strong> da malha,os fluxos da superfície podem ser representa<strong>do</strong>s discretamente por pontos de integração paraconcluir a conversão da equação contínua em sua forma discreta. Os pontos de integração sãolocaliza<strong>do</strong>s no centro de cada segmento da superfície, em um elemento 3D, que cerca ovolume finito.Figura 11 - Face de um volume isola<strong>do</strong> de uma malha. Fonte: ANSYS CFX 10.0.Após a discretização das equações, elas devem ser resolvidas por algum aplicativocomputacional capaz de operar estas aproximações. Neste estu<strong>do</strong>, foi emprega<strong>do</strong> o aplicativoCFX-10 (ANSYS Inc.). Neste aplicativo as equações hidrodinâmicas para as velocidades epara a pressão são resolvidas de maneira acoplada, isto é, como um único sistema. Dessaforma, a discretização das equações, para qualquer passo de tempo, é resulta<strong>do</strong> de umesquema implícito.A solução para cada conjunto de equações, tais como velocidades e pressão, massa, energia,turbulencia e espécie química, consiste em duas operações numéricas. Para cada passo detempo: As equações não-lineares são linearizadas e incluídas na matriz de solução; As equações lineares são resolvidas usan<strong>do</strong> um méto<strong>do</strong> Algebraic Multigrid (CFX-10.0).


723.2.1.1 Sistema acopla<strong>do</strong> de equaçõesO conjunto de equações lineares que surgem após a aplicação <strong>do</strong> Méto<strong>do</strong> <strong>do</strong>s VolumesFinitos, para to<strong>do</strong>s os volumes de controle <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio, são equações de conservação na formadiscreta. O sistema de equações empregadas neste méto<strong>do</strong> pode ser descrito pela seguinteEquaçãonb a φi= bi i,nb i(3.74)onde φ é a solução, b é o valor <strong>do</strong> la<strong>do</strong> direito, a os coeficientes da equação, i identifica onúmero <strong>do</strong> volume finito ou nó em questão, e nb significa vizinhança ("neighbour"), quetambém inclui o coeficiente central multiplican<strong>do</strong> a solução na i-ésima posição. O nó deve teralgum número em relação a tais vizinhanças, para que o méto<strong>do</strong> seja igualmente aplicávelpara malhas estruturadas e não-estruturadas.Para uma equação escalar, cadanbaie birepresenta apenas números. No caso de equaçõesacopladas tridimensionais de massa e quantidade de movimento, estas variáveis sãorepresentadas por uma matriz (4 x 4) ou por um vetor (4 x 1), que podem ser expressos daseguinte formae uvφ i= ,w p eianbinbauuauvauwaupavuavvavwavp= ,awuawvuawwa wpapuapvapwappi(3.75)(3.76)


73bibubv= .bw bp i(3.77)Como benefícios <strong>do</strong> emprego <strong>do</strong> acoplamento das equações, podem-se citar a maior robusteze eficiência na solução <strong>do</strong> problema, a simplicidade <strong>do</strong> tratamento <strong>do</strong> problema e ageneralidade, isto é, a condição de se aplicar para inúmeros problemas e méto<strong>do</strong>s dediscretização.O ANSYS CFX 10.0, utilizada o méto<strong>do</strong> interativo Incomplete Lower Upper (ILU) com“Multigrid (MG) accelerated” para resolver o sistema discreto de equações lineares, queaparecem após a discretização.O sistema linear para a solução das equações discretas pode ser escrito na forma matricial,como a seguir.[ A ][ ] = [ b]φ ,(3.78)Onde [A] é a matriz coeficiente, [φ ] é a vetor solução e no la<strong>do</strong> direito da Equação encontrase[b].A Equação 3.78 pode ser resolvida de forma iterativa começan<strong>do</strong> com uma soluçãoaproximada,nf , que será melhorada através de uma correção,'φ , para obter-se uma melhorsoluçãofn+1, ou seja,1φ n+ = φn +'φ ,(3.79)'onde φ é a solução desen<strong>do</strong>, r n o resíduo, obti<strong>do</strong> de,rnnφ ,A ' = rφn= b − A .(3.80)(3.81)Aplican<strong>do</strong>-se este algoritmo repetidamente, encontrar-se-á, uma solução com acuráciadesejada para o problema.


74Maiores detalhes quanto ao méto<strong>do</strong> de solução, a discretização numérica e seus efeitos noaplicativo CFX, podem ser encontra<strong>do</strong>s no guia <strong>do</strong> usuário <strong>do</strong> ANSYS CFX-10.0.3.2.2 Configuração <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio computacional e malha utilizadaA Figura 12 apresenta a representação <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio computacional utiliza<strong>do</strong>. Devi<strong>do</strong> à naturezasimétrica <strong>do</strong> problema, apenas metade <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio foi resolvi<strong>do</strong>. O <strong>do</strong>mínio computacionalpossui as dimensões x 1 = 12H b , x 2 = 9H b e x 3 = 4,5H b . A altura <strong>do</strong> obstáculo é igual a 1,15 m,o centro <strong>do</strong> obstáculo foi localiza<strong>do</strong> a 3,5H b da entrada <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio, a fonte emissora foilocalizada a 1,5H b barlavento <strong>do</strong> centro <strong>do</strong> obstáculo com uma altura de 0,5H b . Essasdimensões foram determinadas de acor<strong>do</strong> com Santos (2000).Figura 12 – Representação <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio computacional utiliza<strong>do</strong> neste estu<strong>do</strong>.A Figura 13a mostra uma vista geral da malha computacional utilizada neste trabalho e nasFiguras 13b e 13c é feita uma aproximação para melhor visualização desta malha. Éimportante ressaltar, que foi utiliza<strong>do</strong> o aplicativo CFX-Mesh, <strong>do</strong> pacote computacionalANSYS CFX 10.0, para gerar a malha utilizada neste estu<strong>do</strong> e que foi realiza<strong>do</strong> um teste demalha para verificar a independência <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s em função <strong>do</strong> tamanho da malhacomputacional, conforme será apresenta<strong>do</strong> no Apêndice A. Dessa forma, pode-se observar aFigura 13, que é uma malha não-estruturada, com elementos de volume tetraédricos eprismáticos. Esta malha foi gerada consideran<strong>do</strong> uma não uniformidade, sen<strong>do</strong> que, osmenores elementos de volume estão situa<strong>do</strong>s nas proximidades <strong>do</strong> prédio. Na região próximaas paredes <strong>do</strong> prédio e próxima ao chão, foram gera<strong>do</strong>s elementos prismáticos. Esses


75elementos de volume são gera<strong>do</strong>s por uma sucessão de linhas retas, paralelas ao chão e àsparedes <strong>do</strong> prédio, que interceptam a malha de tetraedros. Neste caso, define-se o local ondeserão cria<strong>do</strong>s, a quantidade de curvas e um fator de escala para o espaçamento entre elas. Aconstrução desta porção de prismas possibilita que os elementos gera<strong>do</strong>s tenham suas facesperpendiculares e/ou paralelas à direção principal <strong>do</strong> escoamento, assim como um maiornúmero de nós nas regiões onde observam-se grandes gradientes (próximo às fronteirasfísicas).(a)(b)Figura 13 – Visualização da malha construída para este estu<strong>do</strong>. (a) vista geral, (b) vista ampliada <strong>do</strong> planocentral e prédio e (c) vista ampliada no plano central <strong>do</strong> prédio.(c)


764 RESULTADOS E DISCUSSÃONeste capítulo, são apresenta<strong>do</strong>s os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s através das simulações numéricasrealizadas com a utilização da ferramenta computacional CFX. Este capítulo está dividi<strong>do</strong> emquatro seções. A primeira seção apresenta uma análise da acurácia da simulação numéricaatravés de uma avaliação da capacidade de predição de diversos modelos de turbulência noproblema de escoamento ao re<strong>do</strong>r de uma edificação isolada. Nas Seções 4.2, 4.3 e 4.4 sãoapresenta<strong>do</strong>s os resulta<strong>do</strong>s da simulação numérica <strong>do</strong> escoamento e dispersão de poluentes aore<strong>do</strong>r de um prédio cúbico (com a aplicação <strong>do</strong>s modelos de turbulência seleciona<strong>do</strong>s naSeção 4.1) sob as diferentes condições de estabilidade da atmosfera, neutra, estável e instável,respectivamente.4.1 Validação da modelagem numérica e avaliação de seis modelos deturbulênciaO primeiro passo na análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s neste trabalho é avaliar a acurácia <strong>do</strong> modelonumérico, através da comparação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s com os da<strong>do</strong>s experimentais. Nesta seção éapresentada a comparação entre as simulações numéricas realizadas neste estu<strong>do</strong>, utilizan<strong>do</strong>diferentes modelos de turbulência, com resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s em experimento de túnel realiza<strong>do</strong>por Murakami (1990) e outras simulações numéricas, realizadas por Murakami et. al (1996) eSantos (2000). Essas comparações tornam possível avaliar as limitações <strong>do</strong>s modelos. Estaconfiguração foi utilizada para a realização <strong>do</strong> teste de sensibilidade da malha (apresenta<strong>do</strong> noApêndice 1), que determina o tamanho adequa<strong>do</strong> da malha a ser utilizada neste estu<strong>do</strong>.Murakami et al. (1990) realizaram experimento em túnel de vento usan<strong>do</strong> um modelo deobstáculo na forma de um cubo com 200 mm de altura. O número de Reynolds basea<strong>do</strong> navelocidade na altura ( WHb) <strong>do</strong> prédio e na altura <strong>do</strong> prédio ( Hb) foi de 7×10 4 . Nesteexperimento foi investigada a distribuição de velocidade média, das tensões normais e daenergia cinética turbulenta.Murakami et al. (1996) realizaram um estu<strong>do</strong>, onde compararam os da<strong>do</strong>s de túnel de ventode Murakami et al. (1990) com simulações numéricas, utilizan<strong>do</strong> quatro diferentes modelosde turbulência (o modelo κ − ε Padrão, o modelo das tensões de Reynolds algébrico e


77diferencial e modelo de simulação de grandes escalas). Os autores avaliaram os modeloscomparan<strong>do</strong> a distribuição de velocidade, energia cinética turbulenta e as componentes dastensões normais obtidas <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> numérico com os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s <strong>do</strong> experimento de túnel devento. A Tabela 9 apresenta as condições de fronteira no estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> por Murakami et al.(1996).Tabela 9 – Condições de fronteira na entrada <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio utilizadas na simulação numérica feita porMurakami et al. (1996).ASM, DSM e κ-ε padrão1/1x 34U ∝ U2= U3κ é calcula<strong>do</strong> como 0.025*W Hb 2 .1/ 22µ = ρκ l ε = Cµκ3 / lturbl = C ∂U−1P=1/ 2 1/ 2 1µκ ∂xkε3u para ASM. κ'u 'i i=2κ3' '' '' 'u u = 1,2κ ; u u = 0,48κ; u u 0, 32 para DSM.1 12 23 3=A Figura 14 mostra o campo de velocidade média no plano central <strong>do</strong> prédio cúbico obti<strong>do</strong> deexperimento de túnel de vento, LES, ASM, DSM e κ-ε Padrão realiza<strong>do</strong>s por Murakami etal.(1996), <strong>do</strong> modelo κ-ε Modifica<strong>do</strong> por Santos (2000), <strong>do</strong> modelo κ-ε Padrão e os cincodiferentes modelos diferenciais das tensões de Reynolds SSG, LRR-IP, LRR-QI, ω-BSL e ωrealiza<strong>do</strong>s neste trabalho.Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s por to<strong>do</strong>s os modelos de turbulência e pelos da<strong>do</strong>s de túnel de ventoapresentam características qualitativas similares, tais como a formação <strong>do</strong> vórtice daferradura, o fluxo reverso no teto <strong>do</strong> prédio e a região de recirculação atrás <strong>do</strong> prédio. Porém,a investigação quantitativa dessas características revela diferenças marcantes entre osresulta<strong>do</strong>s.


78Túnel de Vento (Murakami et al., 1996) LES (Murakami et al., 1996)κ-ε Padrão (Murakami et al., 1996) κ-ε Modifica<strong>do</strong> (Santos, 2000)κ-ε Padrão (Presente estu<strong>do</strong>) ASM (Murakami et al., 1996)ω (Presente estu<strong>do</strong>)DSM (Murakami et al., 1996)LRR IP (Presente estu<strong>do</strong>)LRR IQ (Presente estu<strong>do</strong>)ω −BSL (Presente estu<strong>do</strong>)SSG (Presente estu<strong>do</strong>)Figura 14 - Campo de Velocidade no plano central <strong>do</strong> prédio para os diferentes modelos de turbulência.


79To<strong>do</strong>s os modelos são capazes de prever a recirculação anterior à edificação, característica <strong>do</strong>vórtice da ferradura. As principais diferenças são encontradas na região de separação <strong>do</strong>escoamento e no teto <strong>do</strong> prédio. A LES, o ASM de Murakami, o κ-ε Modifica<strong>do</strong> e osresulta<strong>do</strong>s, obti<strong>do</strong>s neste trabalho, pelos modelos ω-BSL e ω são capazes de representar aseparação e o recolamento da camada limite no teto <strong>do</strong> prédio. Porém, os modelos DSM deMurakami, SSG, LRR-IP, LRR-QI e κ-ε Padrão falham em representar estes fenômenos deforma acurada. Enquanto os modelos DSM de Murakami, SSG, LRR-IP e LRR-QI falham emrepresentar o recolamento da camada limite no teto <strong>do</strong> prédio, o modelo κ-ε Padrão falha emrepresentar a região de separação.Diferenças significativas também são encontradas na região de recirculação atrás <strong>do</strong> prédio.As dimensões e a forma desta região são muito afetadas pelo escoamento no teto e nas laterais<strong>do</strong> prédio. Com exceção da LES, que prediz o comprimento da região de recirculação deforma acurada, to<strong>do</strong>s os outros modelos superestimam o comprimento da região derecirculação.Na Tabela 10 pode ser observa<strong>do</strong>, para os diferentes modelos e para o experimento em túnelde vento, o comprimento da região de recirculação atrás <strong>do</strong> prédio (X R ) (Murakami et al.,1993). Os valores obti<strong>do</strong>s pelos modelos utiliza<strong>do</strong>s neste trabalho são muito diferentesdaqueles obti<strong>do</strong>s em túnel de vento e LES.Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s por DSM de Murakami, SSG, LRR-IP e LRR-QI revelam grandesdiscrepâncias em relação ao experimento, devi<strong>do</strong> ao fato <strong>do</strong>s modelos serem capazes depredizer a separação, mas não o recolamento <strong>do</strong> escoamento no teto <strong>do</strong> prédio, produzin<strong>do</strong>assim um acréscimo de momentum no fluxo de ar acima da região de recirculação, o queaumenta o comprimento de recirculação. Por outro la<strong>do</strong>, os modelos ω-BSL e ω, apesar depredizerem tanto a separação quanto o recolamento <strong>do</strong> escoamento no teto <strong>do</strong> prédio, aindasuperestimam os valores <strong>do</strong> comprimento de recirculação atrás <strong>do</strong> prédio, mas apresentammenores valores de X R <strong>do</strong> que os modelos DSM de Murakami, SSG, LRR-IP e LRR-QI.A Figura 15 mostra a distribuição de ECT obtida num plano central <strong>do</strong> obstáculo cúbico.Observa-se que a LES, novamente, apresenta resulta<strong>do</strong>s que concordam satisfatoriamentecom o experimento, segui<strong>do</strong> <strong>do</strong>s modelos das tensões de Reynolds, κ-ε Modifica<strong>do</strong> e κ-εPadrão. Apesar <strong>do</strong>s modelos tensões de Reynolds subestimarem os valores de ECT no teto <strong>do</strong>prédio, apresentam uma distribuição de ECT mais próxima <strong>do</strong> experimento de túnel de vento


80Tabela 10 - Comprimento da região de recirculação atrás <strong>do</strong> prédio (normaliza<strong>do</strong> porDescriçãoExperimento ( Murakami et al 1990) 1,2LES (Murakami et al 1996) 1,4κ-ε Padrão (Murakami et al 1990) -DSM (Murakami et al 1996) -ASM (Murakami et al 1996) -κ-ε Modifica<strong>do</strong> (Santos) 2,17κ-ε Padrão 2,25SSG 2,4LRR IP 2,25LRR QI 2,2-BSL 2,1 2,1X RHb).<strong>do</strong> que o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> modelo κ-ε Padrão. Dentre os modelos DSM, os modelos ω-BSL e ω,são os que melhor representam a distribuição de ECT, concordan<strong>do</strong> de forma satisfatória como experimento. A produção de ECT no canto frontal <strong>do</strong> prédio sofre uma grandesuperestimação quan<strong>do</strong> o modelo κ-ε Padrão é utiliza<strong>do</strong>. Esta superestimação é a principalcausa da pobre predição da separação da camada limite no teto <strong>do</strong> prédio pelo modelo κ-εPadrão. Segun<strong>do</strong> Leschziner (1996), a pobre predição <strong>do</strong> modelo κ-ε Padrão é devi<strong>do</strong>, asbem conhecidas, limitações <strong>do</strong>s modelos de viscosidade turbulenta e <strong>do</strong> tratamento dasfunções de parede. Por outro la<strong>do</strong>, o modelo κ-ε Modifica<strong>do</strong> não superestima os valores deECT no canto frontal <strong>do</strong> prédio, isto é devi<strong>do</strong> às modificações nas funções de parede e amodificação no termo de produção de ECT que foram realizadas por Santos (2000), de acor<strong>do</strong>com as proposições de Kato e Launder (1993).Em geral, to<strong>do</strong>s os modelos de turbulência apresentam algumas discrepâncias, quan<strong>do</strong>compara<strong>do</strong>s com os da<strong>do</strong>s experimentais. Entretanto, os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s pela LES sãoconsideravelmente melhores que o restante <strong>do</strong>s modelos. Por outro la<strong>do</strong>, os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>spelo modelo κ-ε Padrão apresentam as maiores discrepâncias em relação aos da<strong>do</strong>sexperimentais.


81Experimento (Murakami, 1996) LES (Murakami, 1996)κ−ε Padrão (Murakami, 1996) κ−ε Modifica<strong>do</strong> (Santos, 2000)κ−ε Padrão (Presente estu<strong>do</strong>) ASM (Murakami, 1996)DSM (Murakami, 1996)ω (Presente estu<strong>do</strong>)ω−BSL (Presente estu<strong>do</strong>)LRR-IP (Presente estu<strong>do</strong>)LRR-QI (Presente estu<strong>do</strong>)SSG (Presente estu<strong>do</strong>)Figura 15 – Distribuição de ECT normaliza<strong>do</strong> por2WHb.


82Pode-se notar que os modelos DSM basea<strong>do</strong> na equação de ε predizem de forma menosprecisa a distribuição de ECT no plano central <strong>do</strong> prédio <strong>do</strong> que os modelos DSM basea<strong>do</strong> naequação de . Isto se deve, ao melhor tratamento das funções de parede que tem o modeloDSM basea<strong>do</strong> nas equações de .As Figuras 16, 17 e 18 mostram a distribuição no plano central <strong>do</strong> prédio deu ' u 1 1', u ' u ' e 2 2u3' u3', respectivamente. Uma vez que as componentes <strong>do</strong> Tensor de Reynolds não sãofornecidas diretamente pelo modelo κ-ε, as componentes normais <strong>do</strong> tensor das tensões sãocalculadas como:2µ− u1'u1'=ρ− u− u23' u' u23o2µ' =ρ2µ' =ρturbturboturbo∂U∂x11∂U∂x2∂U∂x3232− κ32− κ32− κ3(4.1)Os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> experimento em túnel de vento mostram que os valoresu ' são maiores' u 1 1queu ' u 2 2' e u ' ' 3u3no teto <strong>do</strong> prédio, indican<strong>do</strong> a <strong>do</strong>minância de u ' u 1 1'nessa região. Naregião de recirculação, atrás <strong>do</strong> prédio, onde o vórtice de Von Kàrmàn aparece e, desta formau ' ' 2assume valores maiores que u ', sen<strong>do</strong> <strong>do</strong>minante nesta região. Os valores de u '2 u' u 1 1' 3u3são menores em geral, exceto na região bem próxima à face frontal <strong>do</strong> prédio, onde os valoresdeu3' u3'são os maiores. A LES consegue reproduzir de maneira bastante acurada adistribuição deu ' u 1 1', u ' u ' e ' '2 2u3u3no plano central <strong>do</strong> prédio, predizen<strong>do</strong> a <strong>do</strong>minância deu ' ' 1no teto <strong>do</strong> prédio e a <strong>do</strong>minância de u ' na região de recirculação atrás <strong>do</strong> prédio.1 u' u 2 2Porém, na face frontal <strong>do</strong> prédio não é observada a <strong>do</strong>minância deu3' u3'em relação às outrastensõesu ' u 1 1'e u ' u ' 2 2. Por outro la<strong>do</strong>, os modelos κ-ε Padrão e κ-ε Modifica<strong>do</strong>, nãoconseguem predizer de forma correta a anisotropia da turbulência e prediz valores similaresparau ' u 1 1', u ' u ' e ' '2 2u3u3. Os modelos ω-BSL e ω predizem de forma razoável adistribuição deu ' u 1 1', u ' u ' e ' '2 2u3u3no plano central <strong>do</strong> prédio. É possível observar (Figuras16, 17 e 18) que existe a <strong>do</strong>minância de u ' no teto <strong>do</strong> prédio em relação à u ' e u ' .' u 1 1' u 2 2' 3u3


83Na região de recirculação, os valores deu ' u 2 2' e u ' ' 3u3são bastante similares, sen<strong>do</strong> maiores<strong>do</strong> que os valores deu ' nesta região. Estes modelos, também não conseguem predizer a' u 1 1<strong>do</strong>minância deu3' u3'em relação à u ' u 1 1'e u ' u ' 2 2na face frontal <strong>do</strong> prédio. O modelo SSGtem um comportamento pareci<strong>do</strong> com os modelos LES, ω-BSL e ω, ou seja, conseguepredizer a <strong>do</strong>minância deu ' no teto <strong>do</strong> prédio, de u ' na região de recirculação, mas' u 1 1' u 2 2não consegue predizer a <strong>do</strong>minância deu3' u3'na face frontal <strong>do</strong> prédio. O modelo LRR IP,consegue predizer a <strong>do</strong>minância deu ' em relação u ' e u ' no teto <strong>do</strong> prédio, mas o' u 1 1' u 2 2' 3u3modelo LRR QI apresenta valores pareci<strong>do</strong>s deu ' u 1 1'e u ' u ' 2 2nesta região. Em geral osmodelos LRR IP e LRR QI apresentam valores bastante diferentes quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s aoexperimento, não conseguin<strong>do</strong> predizer a <strong>do</strong>minância deu ' em relação à u ' e u '' u 2 2' u 1 1' 3u3na região de recirculação e a <strong>do</strong>minância defrontal <strong>do</strong> prédio.u3' u3'em relação à u ' u 1 1'e u ' u ' 2 2na paredeOs padrões de distribuição deu ' u 1 1', u ' u ' e ' '2 2u3u3obti<strong>do</strong>s pelos modelos sãosignificativamente diferentes <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s experimentais. Novamente, os resulta<strong>do</strong>s de LESreproduzem bem as propriedades de anisotropia da turbulência e apresentam a melhorconcordância com o experimento.Por outro la<strong>do</strong>, o modelo κ-ε Padrão não reproduz as propriedades de anisotropia para todasas componentes <strong>do</strong>s tensores, dan<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>s muito diferentes daqueles <strong>do</strong> experimento eexcessivamente grandes no canto frontal <strong>do</strong> prédio, refletin<strong>do</strong> a falta de acurácia na prediçãoda distribuição de ECT nesta região, que é superestimada.Os modelos DSM também dão resulta<strong>do</strong>s um pouco diferentes quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s com oexperimento. As distribuições deu ' obtidas pelos modelos DSM indicam que os valores' u 1 1no teto <strong>do</strong> prédio são subestima<strong>do</strong>s enquanto os valores na face frontal <strong>do</strong> prédio e na regiãode recirculação logo atrás <strong>do</strong> prédio são superestima<strong>do</strong>s. As distribuições deu ' u 2 2' tambémindicam valores que não concordam de forma satisfatória com o experimento, poissuperestimam esses valores no teto <strong>do</strong> prédio e subestimam esses valores na face frontal <strong>do</strong>prédio e na região de recirculação atrás <strong>do</strong> prédio.Os valores deu3' u3'obti<strong>do</strong>s através <strong>do</strong>s modelos DSM têm valores um pouco diferentesdaqueles obti<strong>do</strong>s pelo experimento, como podemos observar através da Figura 14. Todavia, é


84possível observar que os modelos DSM basea<strong>do</strong>s na equação de têm um desempenholigeiramente superior aos modelos DSM basea<strong>do</strong>s na equação de .Conforme espera<strong>do</strong>, os modelos DSM obtiveram desempenho inferior a LES, massignificativamente melhor que os modelos κ - ε Padrão e κ - ε Modifica<strong>do</strong>. Entre os modelosDSM, foi possível observar que os modelos basea<strong>do</strong>s na equação de tiveram umdesempenho superior aos modelos basea<strong>do</strong>s na equação de , principalmente na predição daforma e dimensões da região de recirculação e distribuição de ECT, conseguin<strong>do</strong> prever bema anisotropia da turbulência.Dessa forma, os modelos de turbulência utiliza<strong>do</strong>s nas próximas seções, para a solução <strong>do</strong>problema <strong>do</strong> escoamento e dispersão de poluentes ao re<strong>do</strong>r de um obstáculo cúbico isola<strong>do</strong>sob diversas condições de estabilidade da atmosfera, serão, o bem conheci<strong>do</strong>, κ - ε Padrão e omodelo . A escolha <strong>do</strong> modelo ω deve-se ao seu bom desempenho na predição <strong>do</strong>escoamento ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> prédio, como pode ser verifica<strong>do</strong> nesta Seção. Por la<strong>do</strong>, foi verifica<strong>do</strong>que o modelo κ - ε Padrão não tem um desempenho satisfatório, mas mesmo assim foiescolhi<strong>do</strong> para ser utiliza<strong>do</strong> nas próximas seções, pelo fato de que suas limitações são bemconhecidas e para que possa ser realizada uma comparação com os resulta<strong>do</strong>s de Santos(2000), verifican<strong>do</strong> as diferenças entre esses <strong>do</strong>is modelos.É importante ressaltar que as constantes para a equação de , que é resolvida quan<strong>do</strong> omodelo é utiliza<strong>do</strong>, foram modificadas de acor<strong>do</strong> com Abe et. al (2003). Os autoresafirmam que as constantes da equação de ω <strong>do</strong> modelo de Wilcox (1994) influenciam nocomprimento de zonas de recirculação, pois tendem a gerar resulta<strong>do</strong>s em que essas zonas derecirculação são maiores que as zonas de recirculação obtidas quan<strong>do</strong> o modelo κ−ε éutiliza<strong>do</strong>. Apesar, de não estar utilizan<strong>do</strong> o modelo κ−ω neste trabalho, a equação de ω paraos modelos ω-BSL e ω é exatamente a mesma <strong>do</strong> modelo κ−ω. Dessa forma, foramescolhidas as constantes para a equação de ω sugeridas por Abe et al. (2003) que sãoapresentadas na Tabela 11.Tabela 11 – Constantes para a equação de ω de acor<strong>do</strong> com Abe et al. (2003).α β*β C1C20,45 0,0747 0,09 1,8 0,52


85Experimento MurakamiLES Murakamiκ−ε Padrão Murakamiκ−ε Modifica<strong>do</strong> SantosPresente Estu<strong>do</strong> κ−ε PadrãoPresente Estu<strong>do</strong> ωPresente Estu<strong>do</strong> BSLPresente Estu<strong>do</strong> LRR-IPPresente Estu<strong>do</strong> LRR-QI' '2Figura 16 – Distribuição de u1normaliza<strong>do</strong> por WHb.1uPresente Estu<strong>do</strong> SSG


86Experimento MurakamiLES Murakamiκ−ε Padrão Murakamiκ−ε Modifica<strong>do</strong> SantosPresente Estu<strong>do</strong> κ−ε PadrãoPresente Estu<strong>do</strong> ωPresente Estu<strong>do</strong> BSLPresente Estu<strong>do</strong> LRR-IPPresente Estu<strong>do</strong> LRR-QI' '2Figura 17 - Distribuição de u2normaliza<strong>do</strong> por WHb.2uPresente Estu<strong>do</strong> SSG


87Experimento MurakamiLES Murakamiκ−ε Padrão Murakamiκ−ε Modifica<strong>do</strong> SantosPresente Estu<strong>do</strong> κ−ε PadrãoPresente Estu<strong>do</strong> ωPresente Estu<strong>do</strong> BSLPresente Estu<strong>do</strong> LRR-IPPresente Estu<strong>do</strong> LRR-QI' 'Figura 18 - Distribuição de u normaliza<strong>do</strong> por 2W .u 3 3HbPresente Estu<strong>do</strong> SSG


884.2 Escoamento e dispersão de poluentes ao re<strong>do</strong>r de um obstáculo cúbicoem condições atmosféricas neutraNesta seção é apresentada a simulação numérica <strong>do</strong> escoamento e da dispersão de poluentesao re<strong>do</strong>r de um obstáculo isola<strong>do</strong> sob condições atmosféricas neutras. Primeiramente, sãoapresentadas as características <strong>do</strong> escoamento e então, a distribuição de concentração éapresentada. Finalmente, uma comparação <strong>do</strong>s perfis de concentração com da<strong>do</strong>sexperimentais (Mavroidis, 1997) e a simulação numérica realizada por Santos (2000),utilizan<strong>do</strong> o modelo κ - ε Modifica<strong>do</strong>, é realizada.A simulação numérica apresentada nesta seção representa o escoamento e a dispersão ao re<strong>do</strong>rde um prédio cúbico com altura (H b ) igual a 1,15 m. A velocidade na altura <strong>do</strong> prédio é igual4,57 m/s, a velocidade de fricção é igual a 0,37 m/s e o comprimento da rugosidadesuperficial é igual a 6,55×10 -3 m. O número de Reynolds (Re) é igual a 3,74×10 5 . Como aatmosfera é neutra,L Hbtende ao infinito e Ribulké igual à zero.4.2.1 Escoamento ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> prédioA determinação <strong>do</strong> campo de velocidade de forma acurada é importante, pois tem influênciana distribuição <strong>do</strong> campo de concentrações. Como descrito na Seção 2.1, a presença <strong>do</strong>obstáculo altera significativamente o padrão <strong>do</strong> escoamento ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> prédio. Sob a classede estabilidade atmosférica neutra, o principal mecanismo de alteração <strong>do</strong> escoamento aore<strong>do</strong>r <strong>do</strong> prédio é devi<strong>do</strong> às tensões de cisalhamento impostas pelas paredes.Na Figura 19 é apresentada uma vista <strong>do</strong> campo médio de velocidades no plano central <strong>do</strong>escoamento, obti<strong>do</strong> de simulação numérica com a utilização <strong>do</strong>s modelos κ - ε Padrão e (presente estu<strong>do</strong>, Figuras 19a, 19b, respectivamente) e através da utilização <strong>do</strong> modelo κ - εModifica<strong>do</strong> da simulação realizada por Santos (2000) (Figura 19c). Na Figura 20 éapresentada uma vista <strong>do</strong> campo médio de velocidades no plano próximo ao chão (considerasea altura <strong>do</strong> volume de controle mais próximo <strong>do</strong> chão), através <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong> (Figuras20a e 20b) e por Santos (2000) (Figura 20c).


89(a)(b)(c)Figura 19 – Vista <strong>do</strong> plano central <strong>do</strong> campo de velocidades sob condições atmosféricas neutras. (a) κ−ε Padrão,(b) ω e (c) κ−ε Modifica<strong>do</strong> (Santos, 2000).As Figuras 19 e 20 mostram características importantes <strong>do</strong> escoamento ao re<strong>do</strong>r de um prédio,tais como o escoamento incidin<strong>do</strong> na parede frontal e forman<strong>do</strong> um fluxo reverso nestaregião, o fluxo reverso no teto <strong>do</strong> prédio e o vórtice da ferradura. Isso mostra que os modelosconseguem prever bem, qualitativamente, essas características. As principais diferenças entreos modelos são em relação à forma e magnitude dessas regiões, conforme discuti<strong>do</strong> na Seção4.1.O escoamento que incide sobre a parede frontal <strong>do</strong> prédio, transforma a quantidade demovimento na direção principal em quantidade de movimento nas direções vertical e lateral,fazen<strong>do</strong> com que o escoamento contorne o obstáculo. Pode-se observar nas Figuras 19 e 20,que no momento em que o escoamento contorna o obstáculo, aparecem o descolamento <strong>do</strong>


90escoamento no teto <strong>do</strong> prédio e nas paredes laterais e, também a formação <strong>do</strong> vórtice daferradura.(a)(b)(c)Figura 20 - Vista <strong>do</strong> plano próximo <strong>do</strong> chão <strong>do</strong> campo de velocidades sob condições atmosféricas neutras.(a) κ−ε Padrão, (b) ω e (c) κ−ε Modifica<strong>do</strong> (Santos, 2000).A formação da recirculação, na parte posterior ao prédio, é bem nítida em to<strong>do</strong>s os trêsmodelos. O comprimento da recirculação obti<strong>do</strong> <strong>do</strong> κ - ε Padrão (Presente Estu<strong>do</strong>) e κ - εModifica<strong>do</strong> da simulação de Santos (2000) é de, respectivamente, 2,25H b e 2,17H b , enquantoque o modelo (Presente Estu<strong>do</strong>) apresenta um comprimento de 2,1H b . Segun<strong>do</strong> Murakami(1990), o comprimento da região de recirculação ao re<strong>do</strong>r de um obstáculo cúbico, emcondições atmosféricas neutras, é de 1,2H b . Portanto, o desempenho <strong>do</strong> modelo , utiliza<strong>do</strong>neste estu<strong>do</strong>, é ligeiramente melhor que o κ - ε Modifica<strong>do</strong> da simulação de Santos (2000).


91A Figura 21 mostra o perfil vertical da velocidade resultante próximo da face frontal <strong>do</strong>prédio (considera-se a distância <strong>do</strong> volume de controle mais próximo da face <strong>do</strong> prédio).Pode-se observar que o ponto de estagnação <strong>do</strong> escoamento é maior quan<strong>do</strong> o modelo κ - εPadrão é utiliza<strong>do</strong>. Para o modelo κ - ε Padrão, o ponto de estagnação ocorre para um valorde aproximadamentede aproximadamente0 ,67H be 0 ,65Hb(Peterka et. al, 1985).0 ,75Hbe para o modelo , o ponto de estagnação ocorre para um valor0 ,65Hb. A literatura aponta que a altura de estagnação deve estar entre1,00,8X30,60,4Presente Estu<strong>do</strong> k-ePresente Estu<strong>do</strong> w0,20,00,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4UFigura 21 – Perfil vertical de velocidade próximo à face frontal <strong>do</strong> prédio sob condições atmosféricas neutras.Os modelos utiliza<strong>do</strong>s no presente estu<strong>do</strong> predizem o descolamento na face frontal e orecolamento posterior no teto <strong>do</strong> prédio. O modelo κ - ε Modifica<strong>do</strong> de Santos (2000) tambémprediz este comportamento.Nas paredes laterais, o campo de velocidades previsto através <strong>do</strong>s três modelos, κ - εModifica<strong>do</strong>, κ - ε Padrão e , prevêem o descolamento das linhas de corrente, que éevidencia<strong>do</strong> pelo fluxo reverso, e posterior recolamento nas paredes laterais.Nas Figuras 22, 23 e 24 são apresentadas as distribuições de energia cinética turbulenta (ECT)no plano central, no chão e à metade da altura <strong>do</strong> prédio, respectivamente, para os trêsdiferentes modelos de turbulência.Na Figura 22 observa-se que os valores de ECT no canto frontal <strong>do</strong> prédio são eleva<strong>do</strong>sdevi<strong>do</strong> aos altos gradientes de velocidade. Como discuti<strong>do</strong> na Seção 4.1, o modelo κ - εPadrão apresenta um valor muito maior de ECT no canto frontal <strong>do</strong> prédio <strong>do</strong> que os outros


92<strong>do</strong>is modelos. Nos modelos κ - ε Modifica<strong>do</strong> e são apresenta<strong>do</strong>s valores de ECT no teto <strong>do</strong>prédio maiores <strong>do</strong> que aqueles que ocorrem no canto frontal <strong>do</strong> prédio. Isso não ocorrequan<strong>do</strong> o modelo κ - ε Padrão é utiliza<strong>do</strong>. Na região de recirculação, os valores de ECT sãomenores para to<strong>do</strong>s os modelos. A Figura 23 apresenta a distribuição de ECT no chão. Osvalores de ECT para to<strong>do</strong>s os modelos são muito pequenos. Por outro la<strong>do</strong>, os valores de ECTà metade da altura <strong>do</strong> prédio são um pouco maiores, como pode ser visto na Figura 24.O modelo apresenta valores de ECT no chão, um pouco maiores <strong>do</strong> que o modelo κ - εPadrão. Por outro la<strong>do</strong>, os valores de ECT apresenta<strong>do</strong>s pelo modelo κ - ε Modifica<strong>do</strong> sãomuito menores que os valores obti<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s outros <strong>do</strong>is modelos. A mesma tendência ocorrequan<strong>do</strong> analisamos os valores de ECT no plano paralelo ao chão e à metade da altura <strong>do</strong>prédio.A formulação <strong>do</strong>s modelos κ - ε Padrão e é muito diferente, portanto a forma com que osvalores de ECT são obti<strong>do</strong>s é muito diferente. O modelo κ - ε Padrão obtém os valores deECT através da equação de κ. Por outro la<strong>do</strong>, o modelo obtém os valores de ECT através da1 ' ' ' ' ' 'expressão κ = ( u1u1+ u2u2+ u3u3)2, pois o modelo resolve uma equação de transporte paracada uma das tensões de Reynolds. Dessa forma, não é possível uma explicação <strong>do</strong> fato <strong>do</strong>modelo predizer valores de ECT maiores <strong>do</strong> que o modelo κ - ε Padrão.


93210-1 0 1 2 3 4 5 6 72(a)10-1 0 1 2 3 4 5 6 7210.040.02(b)0.1+0.09 to 0.10.08 to 0.090.07 to 0.080.06 to 0.070.05 to 0.060.04 to 0.050.03 to 0.040.02 to 0.030.01 to 0.0202 3 4 5 6 7 8 9 100.03X3(c)Figura 22 – Distribuição de energia cinética turbulenta ECT no plano central sob condições atmosféricas neutras.(a) κ−ε Padrão, (b) ω e (c) κ−ε Modifica<strong>do</strong> (Santos, 2000).0.0250.015


9421.510.50-1 0 1 2 3 4 5 6 72(a)1.510.50-1 0 1 2 3 4 5 6 7(b)X121.510.50-0.50.0080.00550.00250.00350.0030.003 0.00350.010+0.009 to 0.0100.008 to 0.0090.007 to 0.0080.006 to 0.0070.005 to 0.0060.004 to 0.0050.003 to 0.0040.002 to 0.0030.001 to 0.002-1-1.50.0045-22 3 4 5 6 7 8 9 10X(c)Figura 23 – Distribuição de energia cinética turbulenta ECT no chão sob condições atmosféricas neutras.(a) κ−ε Padrão, (b) ω e (c) κ−ε Modifica<strong>do</strong> (Santos, 2000).


9521.510.50-1 0 1 2 3 4 5 6 72(a)1.510.50-1 0 1 2 3 4 5 6 7(b)2X11.510.500.0350.020.0250.030.020.0250.10+0.09 to 0.100.08 to 0.090.07 to 0.080.06 to 0.070.05 to 0.060.04 to 0.050.03 to 0.040.02 to 0.030.01 to 0.02-0.50.035-10.015-1.5-22 3 4 5 6 7 8 9 10X(c)Figura 24 – Distribuição de energia cinética turbulenta ECT à metade da altura <strong>do</strong> prédio sob condiçõesatmosféricas neutras. (a) κ−ε Padrão, (b) ω e (c) κ−ε Modifica<strong>do</strong> (Santos, 2000).


964.2.2 Dispersão de Poluentes ao Re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> PrédioA dispersão de poluentes é fortemente influenciada pelo campo de velocidades e peladistribuição de ECT. Como visto na seção 2.1, a localização da fonte também influencia nopadrão da dispersão de poluentes ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> prédio. Para o presente estu<strong>do</strong> uma fonte depoluentes foi colocada à 2H b barlavento <strong>do</strong> prédio com uma altura de 0,5H b . Segun<strong>do</strong>Mavroidis (1997), para uma fonte situada a uma altura de 0,5H b a pluma de contaminantesserá transportada pelo vórtice da ferradura para as laterais <strong>do</strong> prédio próximo ao solo e a outraparte da pluma será transportada sobre o prédio sen<strong>do</strong> introduzida na região de recirculaçãono teto <strong>do</strong> prédio. Portanto, nesta região, ocorre um aumento <strong>do</strong>s níveis de concentraçãoquan<strong>do</strong> comparadas com fontes localizadas em posições mais elevadas.A Figura 25 apresenta a distribuição de concentração de contaminantes no plano central <strong>do</strong>prédio, obtidas através de simulações numéricas utilizan<strong>do</strong> os modelos κ - ε Padrão (Figura25a), (Figura 25b) e κ - ε Modifica<strong>do</strong> (Figura 25c).Como pode ser observa<strong>do</strong> na Figura 25, na região de incidência da pluma, os valores deconcentração obti<strong>do</strong>s através <strong>do</strong>s modelos κ - ε Padrão e κ - ε Modifica<strong>do</strong> são bastantepareci<strong>do</strong>s. Por outro la<strong>do</strong>, o modelo prediz valores de concentração um pouco menores emrelação aos outros modelos. Isto pode ser explica<strong>do</strong> pelo fato de que os valores de ECT para omodelo são, em geral, maiores. No teto <strong>do</strong> prédio, as concentrações obtidas <strong>do</strong> modelo κ - εPadrão não se diluem tanto quanto as obtidas pelo modelo κ - ε Modifica<strong>do</strong>, e suasconcentrações tornam-se maiores na região de recirculação e em toda região de cisalhamentolivre, logo acima da recirculação. Quan<strong>do</strong> o modelo é utiliza<strong>do</strong> os níveis de concentração depoluentes no teto <strong>do</strong> prédio sofrem uma diluição muito grande, devi<strong>do</strong> aos altos valores deECT nesta região.Nas Figuras 26 e 27 são apresentadas as distribuições de concentração de poluentes nosplanos horizontais, no solo e à metade da altura <strong>do</strong> prédio (0,5H b ). As concentrações próximasao solo apresentam maiores valores <strong>do</strong> que as concentrações em 0,5H b . Este comportamentodeve-se a influência <strong>do</strong> vórtice da ferradura. Além de espalhar lateralmente os poluentes, ovórtice da ferradura transporta-os para as proximidades <strong>do</strong> solo, devi<strong>do</strong> à localização da fonteemissora, conforme pontua<strong>do</strong> por Mavroidis (1997).


97210-1 0 1 2 3 4 5 6 72(a)10-1 0 1 2 3 4 5 6 7(b)20.11.510.21.00.32.00.40.5 3.00.9 0.8 0.7 0.6 0.52.002 3 4 5 6 7 8 9 10(c)Figura 25 - Distribuição de concentração no plano central <strong>do</strong> prédio sob condições atmosféricas neutras, com afonte localizada a 2H b barlavento <strong>do</strong> prédio a uma altura de 0,5H b . (a) κ−ε Padrão, (b) ω e (c)κ−ε Modifica<strong>do</strong>(Santos, 2000)A distribuição de concentração no chão é bastante similar quan<strong>do</strong> os modelos κ - ε Padrão eκ - ε Modifica<strong>do</strong> são utiliza<strong>do</strong>s, apesar <strong>do</strong> modelo κ - ε Padrão predizer valores um poucomaiores. Por outro la<strong>do</strong>, o modelo ω prediz valores de concentração um pouco menores <strong>do</strong>que os outros modelos, neste plano. A mesma tendência da concentração ocorre no planohorizontal em 0,5H b , com os modelos κ - ε Padrão e κ - ε Modifica<strong>do</strong> predizen<strong>do</strong> valoresmaiores de concentração <strong>do</strong> que o modelo ω.


9821.510.50-1 0 1 2 3 4 5 6 72(a)1.510.50-1 0 1 2 3 4 5 6 7(b)21.510.52.01.51.00.90.20.80.10.70.60.30.50.4X10-0.5-1-1.5-22 3 4 5 6 7 8 9 10X3(c)Figura 26 - Distribuição de concentração no chão sob condições atmosféricas neutras, com a fonte localizada a2H b barlavento <strong>do</strong> prédio a uma altura de 0,5H b . (a) κ−ε Padrão, (b) ω e (c) κ−ε Modifica<strong>do</strong> (Santos, 2000).


9921.510.50-1 0 1 2 3 4 5 6 72(a)1.510.50-1 0 1 2 3 4 5 6 72(b)X11.510.502.01.03.0 0.90.80.70.10.60.20.30.50.4-0.5-1-1.5-22 3 4 5 6 7 8 9 10X(c)Figura 27 - Distribuição de concentração à metade da altura <strong>do</strong> prédio sob condições atmosféricas neutras, com afonte localizada a 2H b barlavento <strong>do</strong> prédio a uma altura de 0,5H b . (a) κ−ε Padrão, (b) ω e (c) κ−ε Modifica<strong>do</strong>(Santos, 2000).De acor<strong>do</strong> com as Figuras 25, 26 e 27, os modelos κ - ε Padrão e apresentam valoresdiferentes de concentração. Em geral, os valores de concentração obtidas <strong>do</strong> modelo sãomenores que os valores obti<strong>do</strong>s <strong>do</strong> modelo κ - ε Padrão. Isto se deve ao fato de que, em geral,os valores preditos de ECT são maiores quan<strong>do</strong> o modelo é utiliza<strong>do</strong>.


1004.2.3 Comparação entre experimento em túnel de vento, experimento decampo e simulação numérica.Para avaliar a acurácia <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s numéricos obti<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong>, através da utilização<strong>do</strong>s modelos κ−ε Padrão e ω, são feitas comparações com resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>sexperimentalmente em túnel de vento e em campo por Mavroidis (1997) e com resulta<strong>do</strong>s dassimulações numéricas realizadas por Santos (2000).Nos experimentos em túnel de vento não é possível representar os movimentos de grandesescalas na atmosfera (Mavroidis, 1997). As simulações numéricas apresentadas neste estu<strong>do</strong>também não reproduzem os fenômenos de grandes escalas presentes na atmosfera. Então,espera-se que os resulta<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s pelas simulações numéricas sejam mais próximos<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s experimentalmente em túnel de vento <strong>do</strong> que os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s emexperimentos de campo.As Figuras 28 e 29 apresentam uma comparação entre os da<strong>do</strong>s experimentais dasconcentrações obtidas em túnel de vento e campo por Mavroidis (1997), os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>satravés da simulação numérica, utilizan<strong>do</strong> o modelo κ - ε Modifica<strong>do</strong>, realizada por Santos(2000) e as simulações numéricas, utilizan<strong>do</strong> <strong>do</strong>s modelos κ−ε Padrão e ω realizadas nesteestu<strong>do</strong>.Na Figura 28 pode-se observar que o modelo κ−ε Padrão subestima os valores deconcentração nas regiões próximas ao prédio, mas estes valores são superestima<strong>do</strong>s à medidaque o escoamento se distancia <strong>do</strong> prédio. Por outro la<strong>do</strong>, os modelos κ - ε Modifica<strong>do</strong> eω apresentam uma tendência em subestimar os valores de concentração. É importante notarque nenhum <strong>do</strong>s modelos representa de forma adequada o gradiente de concentração, que seapresenta de forma bastante clara nos experimentos. Segun<strong>do</strong> Santos (2000), esta deficiência<strong>do</strong>s modelos em predizer o gradiente de concentração pode ser explicada pela representaçãoinacurada da anisotropia das tensões de Reynolds. Os modelos de viscosidade turbulentafalham em predizer de forma correta as tensões de Reynolds, sen<strong>do</strong> que o modelo κ - ε nãoconsegue representar a <strong>do</strong>minância da componente transversal'u2u'2das tensões de Reynoldsna região de recirculação atrás <strong>do</strong> prédio. Por outro la<strong>do</strong>, o modelo ω é capaz de predizer deforma razoável a anisotropia da turbulência, como foi apresenta<strong>do</strong> na Seção 4.1.


101Santos (2000), também afirma que uma outra possível razão para a representação inacurada<strong>do</strong> gradiente de concentração nos resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s, seria a superestimação da ECT na facefrontal <strong>do</strong> prédio, que dilui muito os poluentes nesta região antes que eles sejam carrega<strong>do</strong>spara a região de recirculação. O que parece ocorrer para to<strong>do</strong>s os modelos.Presente Estu<strong>do</strong> k-e PadrãoPresente Estu<strong>do</strong> wk-e Modifica<strong>do</strong> (Santos, 2000)Tunel de vento (Mavroidis, 1997)Experimento (Mavroidis, 1997)2,0Concentração ( cW Hb (H b )² )/Q1,51,00,50,00,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0x 1 /H b2,0(a)Concentração ( cW Hb (H b )² )/Q1,51,00,50,00,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0x 1 /H b(b)Figura 28 – Perfil de concentração no plano central sob condições atmosféricas neutras, com a fonte localizada a2H b barlavento <strong>do</strong> prédio a uma altura de 0,5H b . (a) na metade da altura <strong>do</strong> prédio, (b) no chão.As curvas de concentração que são apresentadas na Figura 29 mostram uma mesma tendênciapara to<strong>do</strong>s os modelos de turbulência. Pode-se observar que, que os modelos de turbulênciaκ−ε Padrão e κ−ε Modifica<strong>do</strong> predizem valores de concentração, em geral, maiores que os


102obti<strong>do</strong>s em túnel de vento. Somente nas proximidades <strong>do</strong> prédio, dentro da região derecirculação, essa superestimação não ocorre. Por outro la<strong>do</strong>, o modelo ω prediz valores deconcentração sempre menores <strong>do</strong> que o experimento em túnel de vento e campo. Essasubestimação pode ser explicada, pelo fato de que o modelo ω prediz, em geral, valoresmaiores de ECT <strong>do</strong> que os outros modelos, haven<strong>do</strong> assim uma maior diluição <strong>do</strong>s poluentesao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> obstáculo.Presente Estu<strong>do</strong> k-e PadrãoPresente Estu<strong>do</strong> wk-e Modifica<strong>do</strong> (Santos, 2000)Tunel de vento (Mavroidis, 1997)Experimento (Mavroidis, 1997)1,5Concentração ( cW Hb (H b )² )/Q1,00,50,00,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0x 2 /H bFigura 29 – Perfil de concentração transversal à metade da altura <strong>do</strong> prédio e para a distância de 0,5H b sotavento<strong>do</strong> prédio sob condições atmosféricas neutras, com a fonte localizada a 2H b barlavento <strong>do</strong> prédio a uma altura de0,5H b .4.3 Escoamento e dispersão de poluentes ao re<strong>do</strong>r de um obstáculo cúbicoem condições atmosféricas estáveisNesta seção serão apresenta<strong>do</strong>s os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> escoamento e dispersão de poluentes ao re<strong>do</strong>rde um obstáculo isola<strong>do</strong> sob condições atmosféricas estáveis. Para efeito de comparação, amesma configuração investigada por Higson (1995) é utilizada. Higson (1995) investigou adispersão de poluentes ao re<strong>do</strong>r de um obstáculo cúbico isola<strong>do</strong> em condições estáveis einstáveis. Dessa forma, os valores médios de concentração calcula<strong>do</strong>s neste trabalho sãocompara<strong>do</strong>s com os de Higson (1997). A fonte de poluentes foi posicionada a 10H bbarlavento <strong>do</strong> prédio.


103Conforme relata<strong>do</strong> por Santos (2000), quan<strong>do</strong> a fonte de poluentes é posicionada a 10H bbarlavento <strong>do</strong> prédio (de acor<strong>do</strong> com a configuração de Higson), os valores de ECT e o perfilde velocidade sofrem consideráveis mudanças à medida que o escoamento se aproxima <strong>do</strong>prédio, de forma que alteram profundamente a distribuição de concentração ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong>obstáculo. Para evitar este problema, de acor<strong>do</strong> com Santos (2000), somente a equação deconservação de massa deve ser resolvida e devem ser considera<strong>do</strong>s perfis de velocidade eECT constantes até 3H b barlavento <strong>do</strong> prédio. Neste estu<strong>do</strong>, considerou-se uma distribuiçãogaussiana até 3H b barlavento <strong>do</strong> prédio. A partir deste ponto, todas as equações deconservação foram resolvidas, ten<strong>do</strong> como condição de contorno na entrada, para aconcentração, a distribuição gaussiana calculada. A distribuição gaussiana foi calculada deacor<strong>do</strong> com a seguinte Equação:C(x,y,z)2Qs− yexp22πUsσyσz 2σy − ( z − H )exp 2σz=2onde x, y, z são as coordenadas cartesianas ou espaciais <strong>do</strong> ponto onde se deseja estimar aconcentração <strong>do</strong> contaminante [L], C é2 ,(4.2)a concentração esperada <strong>do</strong> contaminante nacoordenada (x,y,z) [mL -3 ], Qs é a quantidade de contaminante lançada pela fonte de emissão[mt -1 ], H é a altura efetiva de lançamento, U s é a velocidade média <strong>do</strong> vento na direçãoprincipal <strong>do</strong> escoamento e medida no topo da chaminé [Lt -1 ], σye σzsão os desvios médiosda distribuição de concentração nas direções y e z [L]. Os desvios σye σzforam calcula<strong>do</strong>sconforme a formulação de Briggs, de acor<strong>do</strong> com a Tabela 12.Tabela 12 – Parâmetros para dispersão em ambientes urbanos (distâncias de 100 a 10000m)Classe de PasquilσyA-B 0,32x(1 + 0,0004 x) -0.5 0,24x(1 + 0,001 x) 0.5C 0,22x(1 + 0,0004 x) -0.5 0,20xD 0,16x(1 + 0,0004 x) -0.5 0,14 x (1 + 0,0003 x) -0.5E-F 0,11x(1 + 0,0004 x) -0.5 0,08 x (1 + 0,0015 x) -0.5A simulação numérica apresentada nesta seção representa o escoamento e dispersão depoluentes ao re<strong>do</strong>r de um obstáculo cúbico com 1,15 m de altura, sen<strong>do</strong> que a velocidade naaltura <strong>do</strong> prédio é de 1,09 m/s, o comprimento da rugosidade é de 1,77x10 -3 . O número deReynolds é igual a 2,37x10 5 , o comprimento de Monin Obukhov é L = 1,2 m e o número deFroude igual a 3,3.σz


1044.3.1 Escoamento ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> prédioAs Figuras 30 e 31 apresentam os campos de velocidade, obti<strong>do</strong>s de simulações numéricas,através <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is diferentes modelos de turbulência, κ−ε Padrão e ω. Pode-se observar que opadrão <strong>do</strong> escoamento ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> prédio é fortemente influencia<strong>do</strong> pela estratificação estávelda atmosfera. As principais diferenças que podem ser observadas entre o escoamento ao re<strong>do</strong>r<strong>do</strong> prédio, sob condições atmosféricas estáveis e sob condições neutras, são quanto à forma etamanho da região de recirculação <strong>do</strong> escoamento, no teto e laterais <strong>do</strong> prédio, e logo asotavento <strong>do</strong> prédio. Estas diferenças podem ser explicadas pelos valores de ECT, que emgeral, são menores <strong>do</strong> que aqueles que ocorrem sob condição atmosférica neutra.Na Figura 30a e b, observa-se que as velocidades na região da face frontal <strong>do</strong> prédio sãomaiores <strong>do</strong> que no caso neutro, de forma que, o comprimento da região de recirculação noteto <strong>do</strong> prédio é maior <strong>do</strong> que no caso neutro.A região de recirculação atrás <strong>do</strong> prédio sofre um aumento para os <strong>do</strong>is modelos deturbulência utiliza<strong>do</strong>s. No caso <strong>do</strong> modelo κ−ε Padrão, o comprimento da região derecirculação aumenta de 2,27 para 2,51 e para o modelo ω, a região de recirculação aumentade 1,75 para 1,94. Zhang et al. (1996), observaram que, o aumento da região de recirculação<strong>do</strong> caso neutro ( Fr = ∞ ) para o estável ( Fr ≅ 3, 0 ), comparável à simulação realizada nesteestu<strong>do</strong>, ocorreu quan<strong>do</strong> foi utiliza<strong>do</strong> o modelo κ−ε (TEMPEST). O valor encontra<strong>do</strong> porZhang et al. (1996) para o comprimento da região de recirculação, com Fr = 3, 0 , foi deLc = 3,35 , para o modelo κ−ε (TEMPEST) enquanto que, no experimento, o valorencontra<strong>do</strong> é Lc = 2, 2 .Olvera e Choudhuri (2006), também realizaram uma investigação numérica, utilizan<strong>do</strong> omodelo κ−ε, <strong>do</strong> comportamento <strong>do</strong> comprimento da região de recirculação em função <strong>do</strong>número de Froude. Os autores verificaram que o valor <strong>do</strong> comprimento da região derecirculação, para Fr = 3, 0 , foi de Lc = 2, 75 . Os autores afirmam que a malha computacional(bastante refinada) utilizada é que foi responsável por esta melhor predição <strong>do</strong> comprimentoda região de recirculação. Portanto, o valor encontra<strong>do</strong> para Lc , no presente estu<strong>do</strong>, concordade forma bastante razoável com o valor encontra<strong>do</strong> por Olvera e Choudhuri (2006).


105(a)(b)Figura 30 – Vista <strong>do</strong> plano central <strong>do</strong> campo de velocidades sob condições atmosféricas estáveis. (a) κ−ε Padrãoe (b) ω.(a)(b)Figura 31 – Vista <strong>do</strong> plano próximo <strong>do</strong> chão <strong>do</strong> campo de velocidades sob condições atmosféricas estáveis.(a) κ−ε Padrão e (b) ω.


106As Figuras 32, 33 e 34, apresentam a distribuição de ECT, para os <strong>do</strong>is modelos deturbulência, no plano central, no chão e à metade da altura <strong>do</strong> prédio, respectivamente. Emgeral, para os modelos utiliza<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong>, os valores de ECT são menores que osencontra<strong>do</strong>s no caso neutro. Isso faz com que ocorra uma menor mistura <strong>do</strong>s poluentes.Na Figura 32 é apresentada a distribuição de ECT no plano central <strong>do</strong> prédio. Nota-se que omodelo ω prediz valores de ECT maiores <strong>do</strong> que os valores preditos pelo modelo κ−ε Padrão.É possível observar, na Figura 33, que a distribuição de ECT no chão, obtida pelo modeloκ−ε Padrão, prediz valores ligeiramente maiores <strong>do</strong> que o modelo ω. A mesma tendência,ocorre à metade da altura <strong>do</strong> prédio, exceto na região de cisalhamento livre, logo acima daregião de recirculação, onde o modelo κ−ε Padrão prediz valores menores que <strong>do</strong> modelo ω.210-1 0 1 2 3 4 5 6 7(a)210-1 0 1 2 3 4 5 6 7Figura 32 - Distribuição de energia cinética turbulenta ECT no plano central sob condições atmosféricasestáveis. (a) κ−ε Padrão e (b) ω.(b)


10721.510.50-1 0 1 2 3 4 5 6 72(a)1.510.50-1 0 1 2 3 4 5 6 7(b)Figura 33 - Distribuição de energia cinética turbulenta ECT no chão sob condições atmosféricas estáveis.(a) κ−ε Padrão e (b) ω.21.510.50-1 0 1 2 3 4 5 6 72(a)1.510.50-1 0 1 2 3 4 5 6 7(b)Figura 34 - Distribuição de energia cinética turbulenta ECT à metade da altura <strong>do</strong> prédio sob condiçõesatmosféricas estáveis. (a) κ−ε Padrão e (b) ω.


1084.3.2 Dispersão ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> prédioNesta seção é apresentada a dispersão de poluentes ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> obstáculo cúbico isola<strong>do</strong>, sobcondições atmosféricas estáveis. Para efeito de comparação com o experimento de Higson(1995), a fonte de poluentes foi localizada à 10H b barlavento <strong>do</strong> prédio. A mudança noescoamento causada pela estratificação da atmosfera, irá modificar o padrão da dispersão <strong>do</strong>spoluentes nas vizinhanças <strong>do</strong> prédio.As Figuras 35, 36 e 37 apresentam a distribuição <strong>do</strong>s valores de concentração no planocentral, no chão e à metade da altura <strong>do</strong> prédio, respectivamente, para os <strong>do</strong>is diferentesmodelos de turbulência. Como era esperada, uma menor diluição da pluma de poluentesocorre quan<strong>do</strong> a atmosfera encontra-se sob condição estável. De fato, ocorre uma inibição <strong>do</strong>movimento vertical, que reduz o espalhamento da pluma verticalmente (Figura 35). Por outrola<strong>do</strong>, ocorre um aumento no movimento lateral ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> prédio, que faz com que a plumatenha um maior espalhamento lateralmente (Figura 36).É possível observar que a pluma de poluentes é levada para o chão quan<strong>do</strong> chega próximo aoprédio (Figuras 35a e 35b), notan<strong>do</strong>-se a forte influência <strong>do</strong> vórtice da ferradura na diluiçãoda pluma nesta região.Após contornar o prédio (Figuras 35 a e 35b), a pluma de poluentes sofre uma maior diluição,quan<strong>do</strong> o modelo ω é utiliza<strong>do</strong>. Isso pode ser explica<strong>do</strong>, pelo fato de que, os valores deenergia cinética turbulenta encontra<strong>do</strong>s, no teto <strong>do</strong> prédio e na região de recirculação, sãoligeiramente superiores para o modelo ω.No chão, bem próximo ao prédio (Figuras 36a e 36b), pode-se observar que os valores deconcentração são maiores para o modelo κ−ε Padrão, devi<strong>do</strong> ao fato de que, a pluma depoluentes chega ainda muito concentrada ao atingir o prédio, e só então é levada, porinfluência <strong>do</strong> vórtice da ferradura, ao chão.


1092X310-3 -2 -1 0 1 2 3 4 5(a)210-2 -1 0 1 2 3 4 5(b)Figura 35 – Distribuição de concentração no plano central sob condições atmosféricas estáveis, com a fontelocalizada a 10H b barlavento <strong>do</strong> prédio. (a) κ−ε Padrão e (b) ω.21.510.50-3 -2 -1 0 1 2 3 4 52(a)1.510.50-3 -2 -1 0 1 2 3 4 5(b)Figura 36 – Distribuição de concentração no chão sob condições atmosféricas estáveis, com a fonte localizada a10H b barlavento <strong>do</strong> prédio. (a) κ−ε Padrão e (b) ω.


11021.510.50-3 -2 -1 0 1 2 3 4 52(a)1.510.50-3 -2 -1 0 1 2 3 4 5(b)Figura 37 – Distribuição de concentração à metade da altura <strong>do</strong> prédio sob condições atmosféricas estáveis, coma fonte localizada a 10H b barlavento <strong>do</strong> prédio. (a) κ−ε Padrão e (b) ω.4.3.3 Comparação entre experimento e modelagem numéricaPara avaliar a qualidade <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s gera<strong>do</strong>s através da simulação numérica através <strong>do</strong>smodelos κ−ε Padrão e ω, os resulta<strong>do</strong>s de concentração média obti<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong> foramcompara<strong>do</strong>s aos resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s experimentalmente por Higson (1995).Na Figura 38 é apresentada uma comparação <strong>do</strong>s valores de concentração no plano central àmetade da altura <strong>do</strong> prédio com da<strong>do</strong>s experimentais obti<strong>do</strong>s por Higson (1995). Nota-se queos valores de concentração são sempre superestima<strong>do</strong>s pelos modelos κ−ε Padrão eω, utiliza<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong>. Entretanto, o modelo ω, consegue uma boa predição <strong>do</strong> valor deconcentração na parede frontal <strong>do</strong> prédio. Ambos os modelos, κ−ε Padrão e ω, conseguempredizer, de forma razoável, o eleva<strong>do</strong> gradiente de concentração que ocorre na esteiraturbulenta <strong>do</strong> prédio.Nota-se também que o modelo ω, é o que melhor consegue reproduzir o eleva<strong>do</strong> gradiente deconcentração, que claramente pode ser observa<strong>do</strong> nos da<strong>do</strong>s experimentais. Os níveis deconcentração que consideram conditional mean, concordam melhor com os resulta<strong>do</strong>s de


111CFD. De fato, pois neste caso, são desconsidera<strong>do</strong>s os perío<strong>do</strong>s com concentração igual a zerodevi<strong>do</strong> as grandes escalas <strong>do</strong> movimento.Figura 38 - Perfil de concentração no plano central à metade da altura <strong>do</strong> prédio sob condições atmosféricasestáveis, com a fonte localizada a 10H b barlavento <strong>do</strong> prédio a uma altura de 0,5H b .4.4 Escoamento e dispersão de poluentes ao re<strong>do</strong>r de um obstáculo cúbicoem condições atmosféricas instáveisNesta Seção será apresentada uma simulação numérica <strong>do</strong> escoamento e da dispersão depoluentes ao re<strong>do</strong>r de um obstáculo cúbico isola<strong>do</strong> sob condições atmosféricas instáveis. Oobjetivo dessa simulação é investigar qual o efeito da estratificação térmica no escoamento edispersão de poluentes ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> obstáculo. Para efeito de comparação, a simulaçãoefetuada, está de acor<strong>do</strong> com a configuração estudada por Higson (1995). A principaldiferença entre a simulação realizada nesta Seção e a realizada na Seção 4.3 é a diferenteclasse de estabilidade considerada. Dessa forma, a fonte de poluentes foi posicionada a 10H bbarlavento <strong>do</strong> prédio, consideran<strong>do</strong> a distribuição gaussiana até 3H b sotavento <strong>do</strong> prédio.A simulação numérica apresentada nesta seção representa o escoamento e a dispersão ao re<strong>do</strong>rde um prédio cúbico com altura (H b ) igual a 1,15 m. A velocidade na altura <strong>do</strong> prédio é igual3,53 m/s, a velocidade de fricção é igual a 0,26 m/s e o comprimento da rugosidadesuperficial é igual a 3,507×10 -3 m. O número de Reynolds (Re) é igual a 5,01×10 5 . Como aatmosfera é instavel, L = −7m.


1124.4.1 Escoamento ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> prédioAs principais diferenças que podem ser observadas entre o escoamento ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> prédio,sob condições atmosféricas instáveis, estáveis e neutras, são quanto à forma e tamanho daregião de recirculação <strong>do</strong> escoamento, no teto e laterais <strong>do</strong> prédio, e da região de recirculaçãoatrás <strong>do</strong> prédio. É possível verificar essas diferenças fazen<strong>do</strong> uma análise das Figuras 39 e 40.As Figuras 39a e 39b, apresentam o campo de velocidade no plano central, utilizan<strong>do</strong> osmodelos κ−ε Padrão e ω. Pode-se οbservar que a formação <strong>do</strong> vórtice da ferradura não é tãointensa quanto no caso da atmosfera estável. Por outro la<strong>do</strong>, o descolamento <strong>do</strong> escoamentono teto <strong>do</strong> prédio ocorre de forma muito mais intensa <strong>do</strong> que no caso da atmosfera estável.Este comportamento acontece, pois os movimentos verticais são amplifica<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> aatmosfera encontra-se sob condições instáveis. Portanto, os movimentos laterais terão efeitosbem menores em relação aos movimentos verticais, como pode ser observa<strong>do</strong> na Figura 40. Épossível observar também que o escoamento não recola no teto <strong>do</strong> prédio, para ambos osmodelos κ−ε Padrão e ω, isso acarreta um aumento no comprimento da região derecirculação atrás <strong>do</strong> prédio.(a)(b)Figura 39 - Vista <strong>do</strong> plano central <strong>do</strong> campo de velocidades sob condições atmosféricas instáveis.(a) κ−ε Padrão e (b) ω.


113(a)(b)Figura 40 - Vista <strong>do</strong> plano próximo <strong>do</strong> chão <strong>do</strong> campo de velocidades sob condições atmosféricas instáveis.(a) κ−ε Padrão e (b) ω.As Figuras 41, 42 e 43 apresentam as distribuições de ECT para um plano central, no chão e àmetade da altura <strong>do</strong> prédio, respectivamente, para os <strong>do</strong>is modelos de turbulência utiliza<strong>do</strong>s.Observa-se que os contornos de ECT são bastante similares em relação à atmosfera estável,sen<strong>do</strong> que no caso estável estes valores são ligeiramente maiores.Na Figura 41 pode ser observa<strong>do</strong> que os valores de ECT no teto <strong>do</strong> prédio são ligeiramentemaiores quan<strong>do</strong> o modelo κ−ε Padrão é utiliza<strong>do</strong>. Por outro la<strong>do</strong>, em toda a região decisalhamento livre, acima da recirculação atrás <strong>do</strong> prédio, o modelo ω prediz valores maiores<strong>do</strong> que o modelo κ−ε Padrão.A Figura 42 mostra a distribuição de ECT no chão para os <strong>do</strong>is modelos. No canto frontal <strong>do</strong>prédio, o modelo κ−ε Padrão prediz valores ligeiramente superiores em relação ao modeloω. Em geral, os <strong>do</strong>is modelos predizem valores bastante similares de ECT no chão. De formaanáloga, os valores de ECT calcula<strong>do</strong>s pelos modelos, κ−ε Padrão e ω, no plano horizontal àmetade da altura <strong>do</strong> prédio são similares. O modelo κ−ε Padrão prediz valores ligeiramentemaiores <strong>do</strong> que o modelo ω, na parede lateral <strong>do</strong> prédio. Por outro la<strong>do</strong>, o modelo ω prediz


114valores maiores de ECT na região sotavento <strong>do</strong> prédio.210-2 -1 0 1 2 3 4 5 62(a)10-2 -1 0 1 2 3 4 5 6(b)Figura 41 – Distribuição de ECT no plano central sob condições atmosféricas instáveis. (a) κ−ε Padrão e (b) ω.21.510.50-2 -1 0 1 2 3 4 5 62(a)1.510.50-2 -1 0 1 2 3 4 5 6(b)Figura 42 - Distribuição de ECT no chão sob condições atmosféricas instáveis. (a) κ−ε Padrão e (b) ω.


11521.510.50-2 -1 0 1 2 3 4 5 62(a)1.510.50-2 -1 0 1 2 3 4 5 6(b)Figura 43 - Distribuição de ECT à metade da altura <strong>do</strong> prédio sob condições atmosféricas instáveis. (a) κ−εPadrão e (b) ω.4.4.2 Dispersão de Poluentes ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> prédioNesta seção é apresentada uma comparação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s de concentração média obti<strong>do</strong>sneste estu<strong>do</strong> com da<strong>do</strong>s de experimento de campo obti<strong>do</strong>s por Higson (1995), com afinalidade de avaliar a qualidade <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s numéricos gera<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong> utilizan<strong>do</strong> osmodelos κ−ε Padrão e ω. Como descrito no inicio desta Seção, a configuração utilizada nesteestu<strong>do</strong> é a mesma utilizada por Higson (1995). Dessa forma, a fonte de poluente foiposicionada à 10H b barlavento <strong>do</strong> prédio.A Figura 44 mostra a distribuição de concentração no plano central, através <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is modelosde turbulência, κ−ε Padrão e ω. Nota-se que a pluma de poluentes chega mais diluída à 3H bbarlavento <strong>do</strong> prédio <strong>do</strong> que no caso estável. Essa maior diluição da pluma é exatamente porcausa da classe de estabilidade. No caso estável uma menor diluição <strong>do</strong>s poluentes é esperada,pois existe uma supressão <strong>do</strong>s movimentos verticais e neste caso, em que a atmosfera éconsiderada instável, existe uma amplificação <strong>do</strong>s movimentos verticais, ocorren<strong>do</strong> dessaforma, uma maior diluição.


116Analisan<strong>do</strong> a Figura 44, é possível observar que as concentrações <strong>do</strong> poluente na região 1H bbarlavento <strong>do</strong> prédio são bastante similares. Porém, os modelos κ−ε Padrão e ω apresentamgradientes de concentração, nesta região, muito suaves. Ou seja, existe uma pouca diluição dapluma de poluentes nesta região.A Figura 45 apresenta os valores de concentração no chão, calcula<strong>do</strong>s através <strong>do</strong>s modelos deturbulência, κ−ε Padrão e ω. Nota-se que a mesma tendência apresentada no plano central, degradientes de concentração suaves, é observada no chão. Novamente, a mesma tendência depouca diluição da pluma no chão quan<strong>do</strong> os modelos κ−ε Padrão e ω são utiliza<strong>do</strong>s, ocorrepara os valores de concentração à metade da altura <strong>do</strong> prédio, como pode ser observa<strong>do</strong> naFigura 46.210-2 -1 0 1 2 3 4 5 62(a)10-2 -1 0 1 2 3 4 5 6(b)Figura 44 - Distribuição de concentração no plano central <strong>do</strong> prédio sob condições atmosféricas instáveis, com afonte localizada a 10H b barlavento <strong>do</strong> prédio. (a) κ−ε Padrão e (b) ω.


11721.510.50-2 -1 0 1 2 3 4 5 62(a)1.510.50-2 -1 0 1 2 3 4 5 6(b)Figura 45 - Distribuição de concentração no chão sob condições atmosféricas instáveis, com a fonte localizada a10H b barlavento <strong>do</strong> prédio. (a) κ−ε Padrão e (b) ω.21.510.50-2 -1 0 1 2 3 4 5 62(a)1.510.50-2 -1 0 1 2 3 4 5 6(b)Figura 46 - Distribuição de concentração à metade da altura <strong>do</strong> prédio sob condições atmosféricas instáveis, coma fonte localizada a 10H b barlavento <strong>do</strong> prédio. (a) κ−ε Padrão e (b) ω.


1184.4.3 Comparação entre Experimentos e Modelagem NuméricaNesta Seção é feita uma comparação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s de concentração média obti<strong>do</strong>s nopresente estu<strong>do</strong>, utilizan<strong>do</strong> os modelos κ−ε Padrão e ω, com os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>sexperimentalmente Higson (1995).Pode ser observa<strong>do</strong> na Figura 47 que os valores de concentração <strong>do</strong> poluente calcula<strong>do</strong>satravés <strong>do</strong>s modelos κ−ε Padrão e ω, concordam de forma satisfatória com o experimento deHigson (1995), no caso conditional mean, após a pluma de contaminantes ter contorna<strong>do</strong> oprédio. Mas falham em representar os valores de concentração antes que a pluma chegue aoprédio, não representan<strong>do</strong> o eleva<strong>do</strong> gradiente de concentração que aparece claramente nosda<strong>do</strong>s experimentais.É importante ressaltar a influência das condições de contorno no problema da dispersão depoluentes ao re<strong>do</strong>r de um obstáculo isola<strong>do</strong> sob condições atmosféricas instáveis. Comodescrito na Seção 4.3, foi utiliza<strong>do</strong> uma distribuição de concentração gaussiana comocondição de contorno. É bem sabi<strong>do</strong> das limitações <strong>do</strong> modelo gaussiano, portanto umapossível razão pela qual o perfil de concentração não tenha si<strong>do</strong> predito de forma satisfatóriaseja a utilização deste modelo para calcular as concentrações da fonte emissora até 3H bbarlavento <strong>do</strong> prédio. Uma vez que a pluma chega muito diluída próximo ao prédio e jáatingiu o chão antes de 3H b barlavento <strong>do</strong> prédio.Uma outra razão para esta inacurada predição <strong>do</strong>s valores de concentração pode ser acondição de contorno para temperatura na entrada <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio, pois o perfil de temperaturautiliza<strong>do</strong> foi o perfil logarítmico obti<strong>do</strong> da teoria de similaridade. De acor<strong>do</strong> com Santos(2000) para determinar a temperatura na superficie é preciso calcular o comprimento derugosidade, que é obti<strong>do</strong> através <strong>do</strong> perfil de velocidade. Contu<strong>do</strong>, Panofsky e Dutton (1984)(Apud. Santos, 2000), afirmam que não é possível obter um perfil de temperatura realísticoquan<strong>do</strong> o comprimento de rugosidade utiliza<strong>do</strong> é obti<strong>do</strong> <strong>do</strong> perfil de velocidade. Portanto,com este processo alternativo, ocorrem gradientes de temperatura eleva<strong>do</strong>s no chão, quepodem afetar a distribuição de concentração <strong>do</strong> poluente.


Figura 47 – Perfil de concentração no plano central à metade da altura <strong>do</strong> prédio sob condições atmosféricasinstáveis, com a fonte localizada a 10H b barlavento <strong>do</strong> prédio a uma altura de 0,5H b .119


1205 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕESNeste Capítulo são apresentadas as principais conclusões sobre o estu<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong> nestadissertação, bem como, recomendações para trabalhos futuros.5.1 ConclusõesNesta dissertação foram estuda<strong>do</strong>s o escoamento e dispersão de poluentes ao re<strong>do</strong>r de umobstáculo cúbico isola<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> com objetivo avaliar a influência da estabilidade atmosféricano escoamento e dispersão de poluentes ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> obstáculo. O modelo matemáticoutiliza<strong>do</strong> é basea<strong>do</strong> nas equações de conservação da massa, quantidade de movimento, energiae espécie química com a utilização <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de volumes finitos. Para a escolha <strong>do</strong> modelode turbulência, foram realizadas análises da capacidade de predição de diversos modelos deturbulência para esta classe de problemas. Nesta parte <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, foi verificada asuperioridade <strong>do</strong>s modelos DSM em relação ao modelo κ−ε. Dessa forma, para as simulaçõesrealizadas neste trabalho sob diferentes condições de estabilidade atmosféricas, foi escolhi<strong>do</strong>o modelo das tensões de Reynolds, ω, por ter resulta<strong>do</strong>s satisfatórios, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> comexperimentos, e que consequentemente, teve um bom desempenho. O modelo κ−ε também foiescolhi<strong>do</strong> para realização deste estu<strong>do</strong>, pois é um modelo bastante difundi<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> que todasas suas limitações são bastante conhecidas. Após a conclusão da etapa da análise e,conseqüente, escolha <strong>do</strong>s modelos de turbulência, foram realizadas três simulações <strong>do</strong>escoamento ao re<strong>do</strong>r de um obstáculo cúbico isola<strong>do</strong> sob diferentes condições de estabilidade.A primeira simulação, sob condições atmosféricas neutras, considerou a configuraçãoutilizada por Mavroidis (1997). As outras duas simulações realizadas consideraram aatmosfera sob condições estáveis e instáveis, de acor<strong>do</strong> com a configuração utilizada porHigson (1995).Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s na primeira simulação (consideran<strong>do</strong> a configuração de Mavroidis(1997)) foram compara<strong>do</strong>s com os experimentos realiza<strong>do</strong>s por Mavroidis (1997) e comsimulação numérica realizada por Santos (2000), através <strong>do</strong> modelo κ−ε Modifica<strong>do</strong>. Deforma que, os resulta<strong>do</strong>s da simulação para a descrição <strong>do</strong> escoamento através <strong>do</strong>s modelos,κ−ε Padrão e ω, obtidas neste estu<strong>do</strong> foram compara<strong>do</strong>s com os resulta<strong>do</strong>s da simulaçãonumérica realizada por Santos (2000), pois os da<strong>do</strong>s experimentais gera<strong>do</strong>s por Mavroidis


121(1997) contemplam apenas a distribuição de concentrações médias.Os resulta<strong>do</strong>s para o escoamento obti<strong>do</strong>, neste caso, foram satisfatórios. Os <strong>do</strong>is modelosutiliza<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong> conseguem predizer o descolamento <strong>do</strong> escoamento no canto frontal<strong>do</strong> prédio e posterior recolamento no teto <strong>do</strong> prédio. No caso <strong>do</strong> modelo κ−ε Padrão asvelocidades no canto frontal <strong>do</strong> prédio são menores <strong>do</strong> que quan<strong>do</strong> modelo ω é utiliza<strong>do</strong>.Dessa forma, o comprimento da região de recirculação no teto <strong>do</strong> prédio, quan<strong>do</strong> o modeloω é utiliza<strong>do</strong>, é maior <strong>do</strong> que quan<strong>do</strong> o modelo κ−ε Padrão é utiliza<strong>do</strong>. De forma geral, oescoamento ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> prédio sob condições atmosféricas neutras, foi predito de formaacurada. Os resulta<strong>do</strong>s de concentração foram compara<strong>do</strong>s, simultaneamente, com osresulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s numericamente por Santos (2000) e da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s experimentalmente porMavroidis (1997). Os resulta<strong>do</strong>s de concentração encontra<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong> concordaram deforma razoável com o experimento por ambos os modelos utiliza<strong>do</strong>s. É importante ressaltar,que mesmo o modelo ω, falhou em predizer o eleva<strong>do</strong> gradiente de concentração nasproximidades <strong>do</strong> prédio. Porém, o modelo ω, consegue representar de forma satisfatória aanisotropia da turbulência, conforme Seção 4.1. Mas, ainda falha em predizer de formaacurada os valores de ECT no canto frontal <strong>do</strong> prédio.No caso das simulações realizadas consideran<strong>do</strong> a configuração de Higson (1995) sobcondições atmosféricas estáveis e instáveis, foram observadas algumas discrepâncias emrelação aos valores de concentração quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s com os da<strong>do</strong>s experimentais deHigson (1995). Esta inacurada representação <strong>do</strong>s valores de concentração pode ser explicadapor três principais motivos: a condição de contorno utilizada para concentração na entrada <strong>do</strong><strong>do</strong>mínio, pois foi utilizada uma distribuição gaussiana; a condição de contorno para atemperatura na entrada <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio; uma representação anisotrópica <strong>do</strong> fluxo turbulento deconcentração e de temperatura, para o cálculo <strong>do</strong>s campos de concentração e de temperatura,respectivamente, pois apesar de ter-se leva<strong>do</strong> em consideração a anisotropia da turbulênciaatmosférica na solução <strong>do</strong> escoamento (quan<strong>do</strong> o modelo de tensões de Reynolds foiutiliza<strong>do</strong>), na solução da concentração e temperatura isto não foi considera<strong>do</strong>.Para a atmosfera estável, a simulação numérica realizada obteve da<strong>do</strong>s de concentração queconcor<strong>do</strong>u de forma razoável com o experimento. Apesar <strong>do</strong>s valores de concentração seremsuperestima<strong>do</strong>s, os modelos utiliza<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong> conseguem representar de formasatisfatória o gradiente de concentração. Por outro la<strong>do</strong>, na simulação numérica consideran<strong>do</strong>


122a atmosfera instável, não foi possível observar o eleva<strong>do</strong> gradiente de concentraçãoencontra<strong>do</strong> no experimento. Uma possível razão para este fato é que a pluma de poluentessofre uma grande diluição antes de chegar à região de recirculação atrás <strong>do</strong> prédio, sen<strong>do</strong> queesta forte diluição pode ser conseqüência da distribuição gaussiana utilizada.Como exposto, os modelos utiliza<strong>do</strong>s são sujeito a parâmetros empíricos e condições queinterferem na solução <strong>do</strong> escoamento e dispersão. As condições de contorno tambéminfluenciam os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s através da simulação numérica. É importante ressaltar quetodas as condições de contorno utilizadas neste estu<strong>do</strong>, bem como tamanho <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio, foramde acor<strong>do</strong> com Santos (2000). Em seu trabalho, Santos (2000), verificou qual o tamanho <strong>do</strong><strong>do</strong>mínio, de forma que não interferisse nos resulta<strong>do</strong>s da simulação.5.2 Recomendações para Trabalhos FuturosConforme descrito, na Seção 5.1, os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong> necessitam de umaperfeiçoamento para uma melhor representação <strong>do</strong>s fenômenos de transporte na atmosfera.Alguns fatores importantes acerca da modelagem realizada nesse estu<strong>do</strong>, que necessitam deuma investigação mais aprofundada, são apresenta<strong>do</strong>s a seguir:• Modelagem <strong>do</strong>s termos da equação de transporte para o tensor das tensões deReynolds: nos modelos das tensões de Reynolds, uma equação de transporte para cadauma das tensões é resolvida, de forma que a anisotropia da turbulência é considerada.Contu<strong>do</strong>, os termosDij,Πij, εij, que aparecem nesta equação de transporte, devemser modela<strong>do</strong>s e essa modelagem depende de muitos parâmetros empíricos. Nestadissertação foi realizada uma investigação acerca da modelagem desses termos, masainda assim os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s não foram satisfatórios. No caso da modelagem <strong>do</strong>termoεij, acredita-se que a modelagem utilizada neste estu<strong>do</strong> foi satisfatória, poisuma equação para ω foi resolvida e não uma equação para ε. Dessa forma, umainvestigação maior sobre a modelagem <strong>do</strong>s outros <strong>do</strong>is termos ( D ,ijΠij) ainda énecessária. É importante ressaltar também que muitas constantes empíricas sãoutilizadas e uma calibração <strong>do</strong> modelo seria adequada.• Investigação <strong>do</strong> fenômeno que ocorre quan<strong>do</strong> a fonte está localizada a uma grandedistância barlavento <strong>do</strong> obstáculo: neste estu<strong>do</strong>, a fonte de poluentes, para os casosem que a atmosfera foi considerada estável e instável, foi posicionada a 10H b


123barlavento <strong>do</strong> prédio. Como discuti<strong>do</strong> anteriormente, quan<strong>do</strong> a fonte de poluentes éposicionada a 10H b barlavento <strong>do</strong> prédio, os valores de ECT e o perfil de velocidadesofrem consideráveis mudanças à medida que o escoamento se aproxima <strong>do</strong> prédio, deforma que alteram profundamente a distribuição de concentração ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong>obstáculo, produzin<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>s não realísticos. Uma investigação desse problemadeve ser realizada, de forma que uma melhor representação numérica <strong>do</strong> escoamentoseja feita.


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131APÊNDICE A – TESTE DE SENSIBILIDADE DA MALHACOMPUTACIONALO principal objetivo <strong>do</strong> teste de sensibilidade da malha é investigar a independência <strong>do</strong>sresulta<strong>do</strong>s em função da resolução da malha. Os erros numéricos provenientes dadiscretização das equações de conservação são minimiza<strong>do</strong>s com o refinamento da malha.Quan<strong>do</strong> é alcançada uma solução independente da malha o tamanho da malha pode serreduzi<strong>do</strong> e nenhuma variação significativa deve ser obtida nos resulta<strong>do</strong>s finais. Assim, amalha usada nas simulações deve ser fina o suficiente para assegurar que a solução não édependente das aproximações <strong>do</strong> esquema de discretização. Mas, em problemastridimensionais, como o investiga<strong>do</strong> no presente trabalho, com os recursos computacionaisatualmente disponíveis, nem sempre é possível refinar-se tanto a malha a ponto de a soluçãoseja independente desta. Assim, as soluções numéricas estariam incutidas de erros associa<strong>do</strong>sà malha empregada. Dessa forma, é necessário ter-se conhecimento de tais limitações eavaliar esses erros para saber se a solução obtida tem utilidade, dentro <strong>do</strong>s níveis de precisãorequeri<strong>do</strong>s no problema.Para avaliar a sensibilidade da malha, foram selecionadas três malhas com diferentesresoluções para simular o problema descrito no Capítulo 3: a malha 1 definida como grossa(100.000 nós), a malha 2 definida como intermediária (200.000 nós) e a malha 3 definidacomo fina (400.000 nós). Essas malhas são mostradas nas figuras A.1, A.2 e A.3,respectivamente.As malhas foram geradas de forma que a localização <strong>do</strong>s menores elementos estivesse pertodas regiões de maiores gradientes. Assim, os volumes de controle são muito pequenos perto<strong>do</strong> prédio, especialmente nos cantos <strong>do</strong> prédio, e distante <strong>do</strong> prédio esses volumes sãomaiores. As malhas foram geradas através <strong>do</strong> aplicativo CFX-Mesh <strong>do</strong> pacote computacionalAnsys Workbench. Dessa forma, as malhas geradas são não estruturadas com elementostetraédricos, prismáticos e piramidais.Este teste de sensibilidade da malha foi realiza<strong>do</strong> utilizan<strong>do</strong> <strong>do</strong>is modelos de turbulência: omodelo κ − ε Padrão e o modelo DSM – SSG.


132Figura A.1 – Malha 1 com 100.000 nós.Figura A.2 – Malha 2 com 200.000 nós.


133Figura A.3 – Malha 3 com 400.000 nós.As figuras A.4 e A.5 mostram os perfis verticais e transversais de velocidade u1obti<strong>do</strong>s dastrês diferentes malhas e <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is diferentes modelos de turbulência. Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s <strong>do</strong>modelo κ − ε mostram valores muito próximos para as diferentes malhas. Já os resulta<strong>do</strong>sobti<strong>do</strong>s utilizan<strong>do</strong>-se o modelo DSM – SSG revelam pequenas diferenças entre as malhas,mas pode-se observar que existe uma tendência nos valores destes perfis.A figura A.6 mostra os perfis transversais de ECT obti<strong>do</strong>s das três diferentes malhas. Pode-seobservar que os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s utilizan<strong>do</strong>-se o modelo κ − ε das malhas 2 e 3 são bempareci<strong>do</strong>s e os resulta<strong>do</strong>s da malha 1 convergem para as outras duas malhas. Nesta figurapode-se também verificar os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s utilizan<strong>do</strong>-se o modelo DSM – SSG. Apesarde existirem algumas discrepâncias entre os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s com as diferentes malhasentende-se que as tendências apresentadas nas três curvas são semelhantes e as variações sãotoleráveis para a precisão requerida. Assim, considera-se que as soluções obtidas representamsatisfatoriamente a distribuição de ECT.


1342,52,52,02,01,51,5Z [m]Z [m]1,01,00,50,50,00,0 0,5 1,0 1,5U 1 [m/s]0,0-0,5 0,0 0,5 1,0 1,5U 1 [m/s](a.1) κ − ε padrão(a.2) DSM – SSG2,52,52,02,01,51,5Z [m]1,0Z [m]1,00,50,50,0-0,5 0,0 0,5 1,0 1,5U 1 [m/s]0,0-0,5 0,0 0,5 1,0 1,5U 1 [m/s]2,5(b.1) κ − ε padrão2,5(b.2) DSM – SSG2,02,01,51,5Z [m]Z [m]1,01,00,50,50,00,0 0,5 1,0 1,5U 1 [m/s]0,0-0,5 0,0 0,5 1,0 1,5U 1 [m/s](c.1) κ − ε padrão(b.2) DSM – SSGFigura A.4 – Perfil Vertical de Velocidade no plano de simetria para (a.1) e (a.2) centro <strong>do</strong> prédio, (b.1) e (b.2)1H b e (c.1) e (c.2) 3H b a montante <strong>do</strong> centro <strong>do</strong> prédio.


135Para investigar a influência <strong>do</strong> tamanho da malha na distribuição de concentração, uma fontefoi colocada no plano de simetria a 2Hb a montante <strong>do</strong> centro <strong>do</strong> prédio e a uma altura de0,5Hb. As figuras A.7 e A.8 mostram os perfis de concentração nas direções transversal evertical, respectivamente. Pode-se ver que os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s das três diferentes malhasutilizan<strong>do</strong>-se, tanto o modeloκ − ε quanto o modelo DSM – SSG, revelam-se algumasdiscrepâncias, principalmente nas regiões próximas ao prédio. Entretanto esta diferença éaceitável para as finalidades deste trabalho, consideran<strong>do</strong> que para um refinamento adicionalnecessita-se de um maior esforço computacional, principalmente quan<strong>do</strong> é utiliza<strong>do</strong> o modeloDSM – SSG.Os resulta<strong>do</strong>s gera<strong>do</strong>s para os cálculos <strong>do</strong> escoamento e da concentração ao re<strong>do</strong>r de umprédio cúbico com as malhas grossa, intermediária e fina foram suficientemente próximosentre si. Quan<strong>do</strong> variações entre os resulta<strong>do</strong>s foram encontradas, entende-se que astendências <strong>do</strong>s mesmos ainda foram semelhantes e estan<strong>do</strong> tais variações dentro <strong>do</strong>s limitesaceitáveis para a precisão requerida para o problema. Levan<strong>do</strong> em consideração esta análise etambém o custo computacional associa<strong>do</strong> a cada uma das malhas, fica estabeleci<strong>do</strong> que a malhaintermediária será a escolhida para a realização das investigações numéricas a serem realizadas aolongo <strong>do</strong> Capítulo 4.


1361,01,00,80,80,60,6U 1 [m/s]0,4U 1 [m/s]0,40,20,20,00,0-0,20,0 2,0 4,0 6,0Y [m]-0,20,0 2,0 4,0 6,0Y [m](a.1) κ − ε padrão(a.2) DSM – SSG1,01,00,80,8U 1 [m/s]0,60,4U 1 [m/s]0,60,40,20,20,00,0 2,0 4,0 6,0Y [m]0,00,0 2,0 4,0 6,0Y [m](b.1) κ − ε padrão(b.2) DSM – SSGFigura A.5 – Perfil Transversal de Velocidade na metade da altura <strong>do</strong> prédio e (a.1) e (a.2) 0,75Hb e (b.1) e (b.2)3H b a montante <strong>do</strong> centro prédio.


1370,060,050,050,040,04κ/(W Hb ) 20,03κ/(W Hb ) 20,030,020,020,010,0 2,0 4,0 6,0Y [m]0,010,0 2,0 4,0 6,0Y [m](a.1) κ − ε padrão(a.2) DSM – SSG0,050,0350,040,030κ /(W Hb ) 20,03κ/(W Hb ) 20,0250,020,0200,010,0 2,0 4,0 6,0Y [m]0,0150,0 2,0 4,0 6,0Y [m](b.1) κ − ε padrão(b.2) DSM – SSGFigura A.6 - Perfil Transversal de Energia Cinética Turbulenta na metade da altura <strong>do</strong> prédio e (a.1) e (a.2)0,75Hb e (b.1) e (b.2) 3H b a montante <strong>do</strong> centro prédio.


1381,41,21,21,0Concentração ( cW Hb (H b )² )/Q1,00,80,60,4Concentração ( cW Hb (H b )² )/Q0,80,60,40,20,20,00,0 2,0 4,0 6,0Y [m]0,00,0 2,0 4,0 6,0Y [m](a.1) κ − ε padrão(a.2) DSM – SSG0,60,40,5Concentração ( cW Hb (H b )² )/Q0,40,30,20,1Concentração ( cW Hb (H b )² )/Q0,30,20,10,00,0 2,0 4,0 6,0Y [m]0,00,0 2,0 4,0 6,0Y [m](b.1) κ − ε padrão(b.2) DSM – SSGFigura A.7 – Perfil Transversal de Concentração para as três diferentes malhas a (a.1) e (a.2) 0,75 H b e (b.1) e(b.2) 6 H b a montante <strong>do</strong> centro <strong>do</strong> prédio.


1392,52,52,02,01,51,5Z [m]Z [m]1,01,00,50,50,00,0 0,5 1,0 1,5Concentração ( cW Hb (H b )² )/Q0,00,0 0,3 0,6 0,9Concentração ( cW Hb (H b )² )/Q(a.1) κ − ε padrão(a.2) DSM – SSG2,52,52,02,01,51,5Z [m]1,0Z [m]1,00,50,50,00,0 0,2 0,4 0,6 0,8Concentração ( cW Hb (H b )² )/Q0,00,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5Concentração ( cW Hb (H b )² )/Q(b.1) κ − ε padrão(b.2) DSM – SSGFigura A.8 – Perfil Vertical de Concentração para as três diferentes malhas a (a.1) e (a.2) 0,75H b e (b.1) e (b.2)6H b a montante <strong>do</strong> centro <strong>do</strong> prédio.

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