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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTOCENTRO TECNOLÓGICODEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTALSAMARA FUZARITHIAGO LIMA PEREIRAAVALIAÇÃO DO INCÔMODO À POPULAÇÃO DA REGIÃO DAGRANDE VITÓRIA POR PARTÍCULAS SEDIMENTÁVEIS: UMESTUDO DE INTER-RELAÇÕES ENTRE NÍVEIS DE INCÔMODO ESEUS FATORES DETERMINANTESVITÓRIA2012


SAMARA FUZARITHIAGO LIMA PEREIRAAVALIAÇÃO DO INCÔMODO À POPULAÇÃO DA REGIÃO DAGRANDE VITÓRIA POR PARTÍCULAS SEDIMENTÁVEIS: UMESTUDO DE INTER-RELAÇÕES ENTRE NÍVEIS DE INCÔMODO ESEUS FATORES DETERMINANTESTrabalho de Conclusão de Curso apresenta<strong>do</strong>ao Departamento de Engenharia Ambiental <strong>do</strong>Centro Tecnológico <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal<strong>do</strong> Espírito Santo, como requisito parcial paraobtenção <strong>do</strong> grau de Bacharel em EngenhariaAmbiental.Orienta<strong>do</strong>ra: Profª. Drª. Jane Méri SantosVITÓRIA2012


SAMARA FUZARITHIAGO LIMA PEREIRAAVALIAÇÃO DO INCÔMODO À POPULAÇÃO DA REGIÃO DA GRANDEVITÓRIA POR PARTÍCULAS SEDIMENTÁVEIS: UM ESTUDO DE INTER-RELAÇÕES ENTRE NÍVEIS DE INCÔMODO E SEUS FATORESDETERMINANTESTrabalho de Conclusão de Curso apresenta<strong>do</strong> ao Departamento de Engenharia Ambiental <strong>do</strong>Centro Tecnológico <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>do</strong> Espírito Santo, como requisito parcial paraobtenção <strong>do</strong> grau de Bacharel em Engenharia Ambiental.Aprova<strong>do</strong> em 03 de julho de 2012.COMISSÃO EXAMINADORA______________________________________________Profª. Drª. Jane Méri SantosUniversi<strong>da</strong>de Federal <strong>do</strong> Espírito SantoOrienta<strong>do</strong>ra______________________________________________Ma. Milena Macha<strong>do</strong> de MeloUniversi<strong>da</strong>de Federal <strong>do</strong> Espírito SantoCo-orienta<strong>do</strong>ra______________________________________________Me. Alexsander Barros SilveiraInstituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos HídricosExamina<strong>do</strong>r Externo______________________________________________Profª. Drª. Taciana Tole<strong>do</strong> de Almei<strong>da</strong> AlbuquerqueUniversi<strong>da</strong>de Federal <strong>do</strong> Espírito SantoExamina<strong>do</strong>ra Interna


AGRADECIMENTOSEm primeiro lugar agradecemos a Deus pela força e coragem durante to<strong>da</strong> esta longacaminha<strong>da</strong>.À nossa família que é a nossa base, <strong>por</strong> to<strong>do</strong> o amor e cui<strong>da</strong><strong>do</strong>, pela educação, pelos bonsensinamentos, pela companhia, enfim <strong>por</strong> tu<strong>do</strong> que somos.À professora e orienta<strong>do</strong>ra Jane Méri, pela o<strong>por</strong>tuni<strong>da</strong>de em participar desta pesquisa sob suaorientação, pelo ensinamento e dedicação dispensa<strong>do</strong>s no auxilio à concretização dessamonografia.À Milena Macha<strong>do</strong>, nossa co-orienta<strong>do</strong>ra, pela contribuição ao trabalho, pela boa vontadedemonstra<strong>da</strong> e <strong>por</strong> ter dedica<strong>do</strong> seu tempo na correção <strong>do</strong> nosso trabalho.Aos amigos que compartilharam conosco vários momentos difíceis e também alegres duranteessa caminha<strong>da</strong>, pelo incentivo e pelo apoio constantes.Agradecemos a to<strong>do</strong>s os professores <strong>do</strong> curso que nos acompanharam durante a graduação eque foram tão im<strong>por</strong>tantes na nossa vi<strong>da</strong> acadêmica, ca<strong>da</strong> um de forma especial contribuiupara a conclusão desse trabalho.E, <strong>por</strong> fim, agradecemos à Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>do</strong> Espírito Santo <strong>por</strong> ter nos <strong>da</strong><strong>do</strong> ao<strong>por</strong>tuni<strong>da</strong>de de nos tornarmos Engenheiros Ambientais e ao departamento e colegia<strong>do</strong> <strong>da</strong>Engenharia Ambiental, pelo apoio institucional.


RESUMOAlém <strong>do</strong>s impactos tradicionalmente considera<strong>do</strong>s sobre a saúde, a poluição <strong>do</strong> ar pode gerarincômo<strong>do</strong>s e ocasionar efeitos psicológicos que afetam a quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> população. Aspartículas sedimentáveis (PS) são potenciais fontes de incômo<strong>do</strong>, uma vez que a suadeposição pode ser percebi<strong>da</strong> visualmente, sen<strong>do</strong> inconvenientes ao bem-estar público e alémdisso, a população exposta pode associá-las à deterioração <strong>da</strong> saúde. Este estu<strong>do</strong> teve <strong>por</strong>objetivo avaliar os níveis de incômo<strong>do</strong> <strong>da</strong> população <strong>da</strong> Região <strong>da</strong> Grande Vitória (RGV) pelapoeira sedimenta<strong>da</strong> e descrever as inter-relações aos seus possíveis fatores determinantes,bem como verificar as relações existentes entre esses níveis e as taxas de deposição de PS. Osníveis de incômo<strong>do</strong> foram obti<strong>do</strong>s através de uma pesquisa de opinião, realiza<strong>da</strong> em julho de2011 e janeiro de 2012, envolven<strong>do</strong> 1028 indivíduos e de uma pesquisa de painel realiza<strong>da</strong>entre os meses de agosto e dezembro de 2011. Os resulta<strong>do</strong>s mostraram que 84% <strong>da</strong>população se sente pelo menos um pouco incomo<strong>da</strong><strong>da</strong> com a poluição <strong>do</strong> ar pela poeira.Quanto aos aspectos pessoais, houve forte correlação, consideran<strong>do</strong> análise de regressãolinear simples, entre incômo<strong>do</strong> e gênero feminino (75,8%). Faixa etária e escolari<strong>da</strong>deapresentaram correlações mais fracas. Fortes correlações também foram observa<strong>da</strong>s entreincômo<strong>do</strong> e percepção <strong>da</strong> poeira (97,6%), assim como entre incômo<strong>do</strong> e percepção de risco àsaúde, avalia<strong>da</strong> pela frequência de i<strong>da</strong> ao médico (93,7%), frequência com que osparticipantes apresentam problemas de saúde (99,5%) e relatos de sintomas à saúde (96,1%)devi<strong>do</strong> à poeira. A avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar e a identificação <strong>da</strong>s fontes industriais comoprincipais fontes de poluição <strong>do</strong> ar também mostraram correlações significativas com osníveis de incômo<strong>do</strong> (95,8% e 86,6%, respectivamente). O nível de incômo<strong>do</strong> tambémmostrou-se associa<strong>do</strong> às taxas de deposição de partículas. A partir <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s, foi possívelconcluir que a população apresenta eleva<strong>do</strong>s níveis de incômo<strong>do</strong> com a poluição <strong>do</strong> ar pelapoeira, sen<strong>do</strong> que os aspectos pessoais, a avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar, a percepção <strong>da</strong> poeira,a percepção de risco à saúde e a identificação <strong>da</strong>s indústrias como principais fontes depoluição atmosférica desempenham um im<strong>por</strong>tante papel na compreensão e estimativa <strong>do</strong>incômo<strong>do</strong>, o que <strong>por</strong> sua vez pode orientar os órgãos gestores <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar naimplementação de padrões que visam o controle <strong>da</strong>s partículas sedimentáveis.Palavras-chave: poluição atmosférica, material particula<strong>do</strong>, partículas sedimentáveis, taxa dedeposição, incômo<strong>do</strong>, percepção de risco.


ABSTRACTBesides those traditionally considered impacts on health, air pollution can cause discomfortand lead to psychological effects that affect quality of life. The settleable particles (PS) arepotential sources of annoyance an, since their deposition can be perceived visually, andinconvenient to the public welfare, and moreover, the exposed population can associate themwith deteriorating health. This study aimed to assess the levels of annoyance of the populationof the Grande Vitoria (RGV) due to sedimented dust and describe the interrelationships oftheir possible determinants, as well as to verify the relationship between these levels and ratesof PS deposition. The levels of annoyance were obtained from a survey conducted in July2011 and January 2012, involving 1028 individuals and a panel survey conducted betweenAugust and December 2011. The results showed that 84% of the population feels at least alittle bothered with air pollution by dust. As for personal aspects, there was a strongcorrelation, considering a simple linear regression analysis between annoyance and femalegender (75.8%). Age and education were weaker correlations. Strong correlations were alsoobserved between the annoyance and dust perception (97.6%), as well as between annoyanceand health risk perception measured by frequency of visits to the <strong>do</strong>ctor (93.7%), frequency ofparticipants that presented some health problems (99.5%) and re<strong>por</strong>ted health symptoms(96.1%) due to dust. The assessment of air quality and identification of industrial sources asthe main sources of air pollution also showed significant correlations with levels of annoyance(95.8% and 86.6%, respectively). The annoyance level also was associated with depositionrates of particles. From the results, we conclude that the population has high levels ofannoyance with air pollution by dust, and that the personal aspects, the assessment of airquality, dust perception, perception of health risk and the identification of industries as mainsources of air pollution play an im<strong>por</strong>tant role in understanding and estimating the annoyance,which in turn can direct the governing bodies of the air quality to implement patterns that seekto control settleable particles.Keywords: air pollution, particulate matter, settleable particles, deposition rate, annoyance,risk perception.


LISTA DE FIGURASFigura 1: Esquema <strong>da</strong> distribuição de tamanho <strong>do</strong> aerossol atmosférico. ................................ 22Figura 2: Distribuição <strong>da</strong> composição química <strong>do</strong>s aerossóis para os íons sulfato, nitrato,amônio, cloreto, sódio e hidrogênio em Claremont, CA. ......................................................... 25Figura 3: Amostra de partículas sedimenta<strong>da</strong>s e caracterização química de seis partículas. ... 26Figura 4: Esquema de recipiente cilíndrico, su<strong>por</strong>te, escu<strong>do</strong> de vento e dimensões para coletorde poeira sedimentável. ............................................................................................................ 33Figura 5: Região de Estu<strong>do</strong> – Municípios de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica. ............. 37Figura 6: Distribuição espacial <strong>do</strong>s pontos de coleta de PS utiliza<strong>do</strong>s no estu<strong>do</strong>. ................... 42Figura 7: Proposta de análise <strong>da</strong>s inter-relações entre incômo<strong>do</strong> e seus fatores determinantes................................................................................................................................................... 46Figura 8: Série histórica <strong>da</strong> taxa de deposição de PS <strong>da</strong>s Estações de Monitoramento deVitória. ...................................................................................................................................... 47Figura 9: Série histórica <strong>da</strong> taxa de deposição de PS <strong>da</strong>s Estações de Monitoramento de VilaVelha. ........................................................................................................................................ 48Figura 10: Série histórica <strong>da</strong> taxa de deposição de PS <strong>da</strong>s Estações de Monitoramento <strong>da</strong>Serra. ......................................................................................................................................... 48Figura 11: Série histórica <strong>da</strong> taxa de deposição de PS <strong>da</strong> Estação de Monitoramento deCariacica. .................................................................................................................................. 49Figura 12: Percentual de entrevista<strong>do</strong>s em relação ao nível de incômo<strong>do</strong>. .............................. 51Figura 13: Percentual de entrevista<strong>do</strong>s <strong>por</strong> nível de incômo<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com o gênero. ....... 52Figura 14: Correlação entre nível de incômo<strong>do</strong> e percentual <strong>do</strong> público feminino. ................ 53Figura 15: Percentual de entrevista<strong>do</strong>s <strong>por</strong> nível de incômo<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com a faixa etária. . 54Figura 16: Correlação entre nível <strong>do</strong> incômo<strong>do</strong> e média <strong>da</strong> faixa etária. ................................. 55Figura 17: Percentual de entrevista<strong>do</strong>s <strong>por</strong> nível de incômo<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com o nível deescolari<strong>da</strong>de. ............................................................................................................................. 56Figura 18: Correlação entre nível <strong>do</strong> incômo<strong>do</strong> e média <strong>da</strong> escolari<strong>da</strong>de. ............................... 56Figura 19: Percentual de entrevista<strong>do</strong>s em relação ao grau de im<strong>por</strong>tância atribuí<strong>do</strong> àquali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar.......................................................................................................................... 57Figura 20: Percentual de entrevista<strong>do</strong>s em relação à avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar. ................ 58Figura 21: Percentual de entrevista<strong>do</strong>s <strong>por</strong> nível de incômo<strong>do</strong> conforme a avaliação <strong>da</strong>quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar.......................................................................................................................... 59Figura 22: Correlação entre nível <strong>do</strong> incômo<strong>do</strong> e média <strong>da</strong> avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar. ..... 60


Figura 23: Percentual de entrevista<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> a percepção de deposição de partículas. ...... 61Figura 24: Percentual de entrevista<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> a percepção de o<strong>do</strong>res. ................................. 61Figura 25: Percentual de entrevista<strong>do</strong>s <strong>por</strong> nível de incômo<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com a frequência depercepção de deposição de partículas. ...................................................................................... 62Figura 26: Correlação entre nível de incômo<strong>do</strong> e média <strong>da</strong> frequência de percepção <strong>da</strong> poeira................................................................................................................................................... 63Figura 27: Percentual de frequência de i<strong>da</strong> ao médico <strong>por</strong> nível de incômo<strong>do</strong>. ....................... 64Figura 28: Correlação entre nível de incômo<strong>do</strong> e média <strong>da</strong> frequência de i<strong>da</strong> ao médico. ...... 65Figura 29: Percentual de freqüência de ocorrência de problemas de saúde <strong>por</strong> nível deincômo<strong>do</strong>. ................................................................................................................................. 66Figura 30: Correlação entre nível <strong>do</strong> incômo<strong>do</strong> e média <strong>da</strong> frequência de ocorrência deproblemas de saúde. .................................................................................................................. 67Figura 31: Percentual de problemas de saúde relata<strong>do</strong>s. .......................................................... 68Figura 32: Percentual de relatos de sintomas à saúde <strong>por</strong> nível de incômo<strong>do</strong>. ........................ 68Figura 33: Correlação entre nível <strong>do</strong> incômo<strong>do</strong> e percentual de indivíduos que relatam algumsintoma à saúde. ........................................................................................................................ 69Figura 34: Percentual de entrevista<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> a identificação <strong>da</strong>s principais fontes depoluição <strong>do</strong> ar <strong>por</strong> região. ......................................................................................................... 70Figura 35: Percentual de entrevista<strong>do</strong>s com ensino superior completo ou incompleto segun<strong>do</strong>a identificação <strong>da</strong>s principais fontes de poluição <strong>do</strong> ar <strong>por</strong> região. .......................................... 72Figura 36: Percentual de entrevista<strong>do</strong>s <strong>por</strong> nível de incômo<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com a identificação<strong>da</strong>s principais fontes de poluição atmosférica. ......................................................................... 73Figura 37: Correlação ente nível de incômo<strong>do</strong> e percentual de entrevista<strong>do</strong>s que identificam asindústrias como principal fonte de poluição <strong>do</strong> ar. ................................................................... 74Figura 38: Comparação entre a média <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong> mensal e taxas de deposição dePS para a estação de Laranjeiras............................................................................................... 75Figura 39: Comparação entre a média <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong> mensal e taxas de deposição dePS para a estação de Carapina. ................................................................................................. 76Figura 40: Comparação entre a média <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong> mensal e taxas de deposição dePS para a estação <strong>do</strong> Ibes. ......................................................................................................... 76Figura 41: Comparação entre a média <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong> mensal e taxas de deposição dePS para a estação <strong>do</strong> Centro de Vila Velha. ............................................................................. 77Figura 42: Comparação entre a média <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong> mensal e taxas de deposição dePS para a estação de Cariacica. ................................................................................................ 77


Figura 43: Comparação entre a média <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong> mensal e taxas de deposição dePS para a estação <strong>da</strong> Ensea<strong>da</strong> <strong>do</strong> Suá. ...................................................................................... 78Figura 44: Comparação entre a média <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong> mensal e taxas de deposição dePS para a estação <strong>do</strong> Centro de Vitória. ................................................................................... 78Figura 45: Comparação entre a média <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong> mensal e taxas de deposição dePS para a estação de Jardim Camburi. ...................................................................................... 79


SUMÁRIO1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 112 OBJETIVO ......................................................................................................... 132.1 GERAL ...................................................................................................................... 132.2 ESPECÍFICOS ........................................................................................................... 133 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................. 143.1 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA .................................................................................. 143.1.1 Poluição atmosférica e incômo<strong>do</strong> ....................................................................... 153.1.2 Poluição atmosférica e percepção de risco ......................................................... 183.2 MATERIAL PARTICULADO .................................................................................. 203.2.1 Distribuição de tamanho <strong>da</strong>s partículas atmosféricas ......................................... 213.2.2 Composição química <strong>do</strong> material particula<strong>do</strong> .................................................... 233.2.3 Efeitos <strong>do</strong> MP sobre a saúde humana ................................................................. 263.3 PARTÍCULAS SEDIMENTÁVEIS .......................................................................... 283.3.1 Deposição de partículas ...................................................................................... 283.3.2 Partículas sedimentáveis e incômo<strong>do</strong> ................................................................. 333.3.3 Padrões de quali<strong>da</strong>de para partículas sedimentáveis .......................................... 354 METODOLOGIA ............................................................................................... 364.1 SELEÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO DE ESTUDO ........................... 364.1.1 Relevo, clima e condições meteorológicas ......................................................... 374.1.2 Poluição atmosférica na RMGV ......................................................................... 384.2 PESQUISA DE OPINIÃO ......................................................................................... 424.2.1 Descrição e exploração <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s ...................................................................... 434.2.2 Análises de correlação ........................................................................................ 454.3 PESQUISA DE PAINEL ........................................................................................... 464.3.1 Descrição e exploração <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s ...................................................................... 474.3.2 Taxa de deposição de partículas sedimentáveis ................................................. 475 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................ 505.1 PESQUISA DE OPINIÃO ......................................................................................... 505.1.1 Incômo<strong>do</strong> em relação a poluição <strong>do</strong> ar ............................................................... 515.1.2 Incômo<strong>do</strong> versus aspectos pessoais .................................................................... 525.1.3 Incômo<strong>do</strong> versus avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar .................................................. 575.1.4 Incômo<strong>do</strong> versus percepção <strong>da</strong> poeira ................................................................ 605.1.5 Incômo<strong>do</strong> versus percepção de risco .................................................................. 63


5.1.6 Incômo<strong>do</strong> versus Fontes Industriais ................................................................... 705.2 ESTUDO PAINEL .................................................................................................... 756 CONCLUSÃO .................................................................................................... 81REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 83ANEXO A – QUESTIONÁRIO: INCÔMODO PELA POLUIÇÃO DO AR ................ 91


111 INTRODUÇÃOAs partículas sedimentáveis (PS) são im<strong>por</strong>tantes principalmente como uma fonte deincômo<strong>do</strong> à população. Ocasionalmente, elas são estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s quanto a problemas de saúde,visto que contém partículas que apesar de inaláveis, não tendem a penetrar além <strong>da</strong> laringe.Os efeitos <strong>da</strong>s nuvens de poeira e <strong>da</strong> sua deposição são visíveis e tangíveis e <strong>por</strong> isso a poeiraé uma <strong>da</strong>s principais causas de reclamação sobre a poluição <strong>do</strong> ar (HALL et al., 1993 apudVALLACK e SHILLITO, 1998).A Organização Mundial <strong>da</strong> Saúde (OMS) define a saúde como um esta<strong>do</strong> de completo bemestarfísico, mental e social, e não apenas a ausência de <strong>do</strong>ença ou enfermi<strong>da</strong>de (WHO, 1948),o que permite afirmar que o incômo<strong>do</strong> causa<strong>do</strong> pela deposição de PS pode ser entendi<strong>do</strong>como uma questão de saúde pública.A Região <strong>da</strong> Grande Vitória (RGV), composta pelos municípios de Vitória, Vila Velha, Serra,Cariacica e Viana, é um <strong>do</strong>s principais pólos de desenvolvimento urbano e industrial <strong>do</strong>Espírito Santo e concentra cerca de 55 a 65% <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des industriais potencialmentepolui<strong>do</strong>ras instala<strong>da</strong>s no esta<strong>do</strong>, tais como: siderurgia, pelotização, pedreira, cimenteira,indústria alimentícia, usina de asfalto, etc (IEMA, 2011b).A RGV possui consideráveis emissões de PS, que associa<strong>da</strong>s às características meteorológicase topográficas <strong>da</strong> região, as quais influenciam a dispersão atmosférica, fazem deste poluenteuma <strong>da</strong>s principais causas de reclamação <strong>da</strong> população. Uma pesquisa realiza<strong>da</strong> <strong>por</strong> Trin<strong>da</strong>deet al. (2006) revelou que cerca de 83% <strong>da</strong> população residente nos municípios de Vitória, VilaVelha e Serra, percentagem calcula<strong>da</strong> a partir de uma amostra de 653 pessoas entrevista<strong>da</strong>s,relata algum nível de incômo<strong>do</strong> associa<strong>do</strong> à poeira em suas residências.A poeira sedimentável é, <strong>por</strong>tanto, uma potencial fonte de incômo<strong>do</strong> à população <strong>da</strong> RGV, oque implica na necessi<strong>da</strong>de de implementação de normas que visem o controle dessepoluente. No município de Vitória, <strong>por</strong> exemplo, a Lei Municipal nº 6700/2006 determina queo poder executivo municipal promova a fixação <strong>do</strong>s níveis de concentração máxima departículas sedimentáveis a fim de proteger a população e criar metas para orientar odesenvolvimento de planos de controle <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar.Os efeitos à saúde decorrentes <strong>do</strong> incômo<strong>do</strong> relaciona<strong>do</strong> à poluição atmosférica são até omomento desconheci<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> necessário um maior conhecimento sobre os níveis de


12incômo<strong>do</strong>, os seus fatores determinantes e as suas associações com os diferentes poluentes(ROTKO et al., 2002). Os fatores que influenciam o incômo<strong>do</strong> incluem os aspectossociodemográficos (gênero, i<strong>da</strong>de, nível educacional, etc.), a percepção <strong>da</strong> poluição e apercepção de riscos à saúde.Há poucas pesquisas que detalham exatamente como as pessoas percebem os diferentes tiposde poluentes ambientais e <strong>por</strong> que motivo reagem adversamente a eles (Amundsen et al.,2008). É im<strong>por</strong>tante destacar que a percepção <strong>da</strong> poluição e a percepção de risco à saúdepodem desempenhar um im<strong>por</strong>tante papel na compreensão e estimativa <strong>do</strong> incômo<strong>do</strong>percebi<strong>do</strong> (STENLUND et al., 2009).Neste contexto, o presente estu<strong>do</strong> teve <strong>por</strong> objetivo avaliar os níveis de incômo<strong>do</strong> <strong>da</strong>população atribuí<strong>do</strong>s à poluição <strong>por</strong> PS na RGV, verificar as inter-relações entre esses níveis efatores determinantes como aspectos pessoais, percepção <strong>da</strong> poeira, percepção de riscos àsaúde e identificação <strong>da</strong>s principais fontes polui<strong>do</strong>ras, bem como verificar a relação entre osníveis de incômo<strong>do</strong> e as taxas mensais de deposição de PS medi<strong>da</strong>s <strong>por</strong> estações demonitoramento localiza<strong>da</strong>s na região.Espera-se, assim, que este estu<strong>do</strong> forneça informações im<strong>por</strong>tantes para a compreensão <strong>do</strong>incômo<strong>do</strong> <strong>da</strong> população, a partir <strong>da</strong> identificação <strong>do</strong>s principais fatores que o influenciam,destacan<strong>do</strong> a im<strong>por</strong>tância de considerar os níveis de incômo<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> <strong>da</strong> implementação <strong>da</strong>snormas que definam os limites máximos de concentração deste poluente.


143 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA3.1 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICADe acor<strong>do</strong> com Cança<strong>do</strong> et al. (2006), a poluição atmosférica pode ser defini<strong>da</strong> como apresença de substâncias estranhas na atmosfera, resultantes <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des humanas ou deprocessos naturais, em concentrações suficientes para interferir, direta ou indiretamente, nasaúde, segurança e bem-estar <strong>do</strong>s seres vivos.Seinfeld e Pandis (2006) definem a poluição atmosférica como uma situação na qualsubstâncias resultantes de ativi<strong>da</strong>des antropogênicas estão presentes no ar em concentraçõessuficientemente maiores que seus níveis normais no ambiente. Essas concentrações sãocapazes de produzir efeitos mensuráveis sobre humanos, animais, vegetação ou materiais.Outra definição, <strong>da</strong><strong>da</strong> pela OMS, considera como poluição atmosférica a contaminação <strong>do</strong>ambiente interno ou externo <strong>por</strong> qualquer agente químico, físico ou biológico que modifica ascaracterísticas naturais <strong>da</strong> atmosfera (WHO, 2012).A Resolução nº 03/90 <strong>do</strong> Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), a qual dispõesobre padrões de quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar, entende como poluente atmosférico:[...] qualquer forma de matéria ou energia com intensi<strong>da</strong>de e em quanti<strong>da</strong>de,concentração, tempo ou características em desacor<strong>do</strong> com os níveis estabeleci<strong>do</strong>s, eque tornem, ou possam tornar o ar:I. impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde;II. incoveniente ao bem-estar público;III. <strong>da</strong>noso aos materiais, à fauna e flora;IV. prejudicial à segurança, ao uso e gozo <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de e às ativi<strong>da</strong>desnormais <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de (CONAMA, 1990).E define padrão de quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar como a seguir.Art. 1º São padrões de quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar as concentrações de poluentes atmosféricosque, ultrapassa<strong>da</strong>s, poderão afetar a saúde, a segurança e o bem-estar <strong>da</strong> população,bem como ocasionar <strong>da</strong>nos à flora e à fauna, aos materiais e ao meio ambiente emgeral.


15É im<strong>por</strong>tante destacar que a Resolução CONAMA nº 03/90 não estabelece um padrão para aspartículas sedimenta<strong>da</strong>s, embora sejam classifica<strong>da</strong>s como um poluente de acor<strong>do</strong> com adefinição que considera a inconveniência ao bem-estar público e o prejuízo ao uso e gozo <strong>da</strong>proprie<strong>da</strong>de e <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des normais <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de.3.1.1 Poluição atmosférica e incômo<strong>do</strong>De acor<strong>do</strong> com Rotko et al. (2002), além <strong>do</strong>s impactos tradicionalmente considera<strong>do</strong>s sobre asaúde, a poluição <strong>do</strong> ar também pode ser percebi<strong>da</strong> como incômo<strong>do</strong>. Além disso, os efeitospsicológicos <strong>da</strong> poluição <strong>do</strong> ar podem, muitas vezes, ser mais im<strong>por</strong>tantes para o bem-estar <strong>do</strong>que os efeitos biofísicos. O autor destaca ain<strong>da</strong> que os efeitos à saúde causa<strong>do</strong>s peloincômo<strong>do</strong> percebi<strong>do</strong> são desconheci<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> necessária a realização de outros estu<strong>do</strong>s sobreos níveis de incômo<strong>do</strong> pela poluição <strong>do</strong> ar, os determinantes e as associações com osdiferentes poluentes.Com o objetivo de avaliar os efeitos combina<strong>do</strong>s <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> e <strong>da</strong> poluição <strong>do</strong> ar provenientes <strong>do</strong>tráfego de veículos sobre o incômo<strong>do</strong> <strong>da</strong> população, Klæboe et al. (2000) realizaram umtrabalho na ci<strong>da</strong>de de Oslo, Noruega. Foram realiza<strong>do</strong>s três estu<strong>do</strong>s (1987, 1994 e 1996),envolven<strong>do</strong> em ca<strong>da</strong> um deles cerca de 1000 participantes seleciona<strong>do</strong>s <strong>por</strong> amostragemaleatória. No estu<strong>do</strong> de 1987 foram utiliza<strong>da</strong>s entrevistas pessoais, enquanto que nos <strong>do</strong>isúltimos foram feitas entrevistas <strong>por</strong> telefone. Foram feitas perguntas sobre o nível deincômo<strong>do</strong> (forte, fraco ou nenhum) <strong>por</strong> ruí<strong>do</strong> e pelo cheiro <strong>do</strong>s gases de escapamento deveículos. As estimativas de poluição <strong>do</strong> ar e de ruí<strong>do</strong> foram calcula<strong>da</strong>s para ca<strong>da</strong> pontoreceptor (residência <strong>do</strong> indivíduo). O modelo de dispersão atmosférica EPISODE foi utiliza<strong>do</strong>e a média trimestral de dióxi<strong>do</strong> de nitrogênio (NO 2 ) foi escolhi<strong>da</strong> como um indica<strong>do</strong>r geral depoluição <strong>do</strong> ar. Modelos de regressão logística de exposição-efeito foram utiliza<strong>do</strong>s paracalcular a probabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s pessoas estarem altamente incomo<strong>da</strong><strong>da</strong>s com o cheiro <strong>do</strong>s gasesde escapamento e com o ruí<strong>do</strong> <strong>do</strong> tráfego ro<strong>do</strong>viário. Os resulta<strong>do</strong>s indicaram que quantomais eleva<strong>do</strong>s os níveis de ruí<strong>do</strong> de tráfego ro<strong>do</strong>viário aos quais as pessoas estão expostas,maior a probabili<strong>da</strong>de delas estarem altamente incomo<strong>da</strong><strong>da</strong>s com o cheiro <strong>do</strong>s gases deescapamento e vice-versa.


16Em um segun<strong>do</strong> trabalho realiza<strong>do</strong> em Oslo, Clench-Aas et al. (2000) forneceraminformações sobre os efeitos <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s de desvio de tráfego no autorrelato de sintomas àsaúde <strong>por</strong> uma população de 1100 adultos, residentes na ci<strong>da</strong>de. Os poluentes de interesseforam o NO 2 , as partículas inaláveis grossas (MP 10 ) e as partículas finas (MP 2,5 ). Osparticipantes foram solicita<strong>do</strong>s a relatar o grau de incômo<strong>do</strong> <strong>por</strong> sintomas relaciona<strong>do</strong>s àsaúde (frequentemente, às vezes ou nunca), sen<strong>do</strong> investiga<strong>do</strong>s 14 sintomas, incluin<strong>do</strong>problemas nas vias respiratórias superiores e inferiores e a redução <strong>do</strong> bem-estar. Dentreto<strong>do</strong>s os sintomas, a fadiga foi significativamente relaciona<strong>da</strong> ao maior número de poluentes e<strong>por</strong> isso, os resulta<strong>do</strong>s se concentraram nesse sintoma. Os resulta<strong>do</strong>s foram obti<strong>do</strong>s <strong>por</strong>regressão logística e as curvas de exposição-efeito puderam ser usa<strong>da</strong>s para prever a redução<strong>da</strong> fadiga com o declínio <strong>da</strong> concentração média de poluição. Por exemplo, um declínio de 50para 40 µg/m³ na média trimestral de NO 2 diminuiu em cerca de 5 a 10% o risco de estarincomo<strong>da</strong><strong>do</strong> pela fadiga.Em um estu<strong>do</strong> europeu de exposição à poluição atmosférica (EXPOLIS), Rotko et al. (2002)pesquisaram a percepção de incômo<strong>do</strong> em casa, no trabalho e no tráfego em seis ci<strong>da</strong>des:Atenas (Grécia), Basileia (Suíça), Milão (Itália), Oxford (Reino Uni<strong>do</strong>), Praga (RepúblicaCheca) e Helsínquia (Finlândia). No total, 1736 indivíduos adultos, sortea<strong>do</strong>s aleatoriamente,participaram <strong>da</strong> pesquisa. Os níveis de incômo<strong>do</strong> foram compara<strong>do</strong>s com as concentrações deMP 2,5 e NO 2 , medi<strong>da</strong>s individualmente em ca<strong>da</strong> microambiente (casa, trabalho e tráfego),sen<strong>do</strong> que ca<strong>da</strong> participante relatou o nível de incômo<strong>do</strong> após um perío<strong>do</strong> de 48 h de mediçãoem uma escala que variou de 0 (nenhum incômo<strong>do</strong>) a 10 (incômo<strong>do</strong> insu<strong>por</strong>tável). Osresulta<strong>do</strong>s mostraram que os níveis médios de incômo<strong>do</strong> e as concentrações médias de MP 2,5e NO 2 entre as ci<strong>da</strong>des foram correlaciona<strong>do</strong>s e algumas destas correlações foram eleva<strong>da</strong>s.Como exemplo, foi observa<strong>da</strong> uma alta correlação (95%) entre o nível médio de incômo<strong>do</strong> emcasa e a exposição pessoal de 48-h a NO 2 . O estu<strong>do</strong> ressaltou também a necessi<strong>da</strong>de de maispesquisas sobre os níveis de incômo<strong>do</strong> pela poluição <strong>do</strong> ar, seus determinantes e asassociações com diferentes poluentes, visto que outros componentes podem causar incômo<strong>do</strong>,além <strong>do</strong>s específicos considera<strong>do</strong>s no estu<strong>do</strong>.Em Valência, na Espanha, Llop et al. (2008) estu<strong>da</strong>ram as respostas de incômo<strong>do</strong> pelapoluição <strong>do</strong> ar e pela poluição sonora em mulheres grávi<strong>da</strong>s. Os objetivos <strong>da</strong> pesquisa eramdescrever o grau de incômo<strong>do</strong>, determinan<strong>do</strong> os fatores influentes, e relacionar o nível deincômo<strong>do</strong> com a exposição ao NO 2 . O incômo<strong>do</strong> causa<strong>do</strong> pela poluição <strong>do</strong> ar e pelo ruí<strong>do</strong>,


17incluin<strong>do</strong> seus fatores determinantes, foi estu<strong>da</strong><strong>do</strong> para uma população de 786 gestantes <strong>por</strong>meio <strong>da</strong> aplicação de questionários. O nível de incômo<strong>do</strong> foi relata<strong>do</strong> em uma escala quevariou de 0 (nenhum incômo<strong>do</strong>) a 10 (incômo<strong>do</strong> insu<strong>por</strong>tável). Os níveis de NO 2 foramdetermina<strong>do</strong>s combinan<strong>do</strong>-se medições em 93 pontos localiza<strong>do</strong>s dentro <strong>da</strong> área de estu<strong>do</strong> eposterior interpolação com uso de técnicas geoestatísticas. Os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>mostraram que uma alta <strong>por</strong>centagem (aproxima<strong>da</strong>mente 50%) de mulheres relatou incômo<strong>do</strong>de nível médio a alto devi<strong>do</strong> ao ruí<strong>do</strong> e à poluição <strong>do</strong> ar e permitiram concluir que oincômo<strong>do</strong> causa<strong>do</strong> <strong>por</strong> poluentes ambientais pode levar a alguns efeitos psicológicos, quediminuem a quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>, ou até mesmo a efeitos fisiológicos, que afetam odesenvolvimento pré-natal, sen<strong>do</strong> fatores que devem ser observa<strong>do</strong>s na implementação depolíticas ambientais.Em estu<strong>do</strong> mais recente realiza<strong>do</strong> na Noruega, Amundsen et al. (2008) analisaram as relaçõesexposição-resposta relativas ao incômo<strong>do</strong> causa<strong>do</strong> pela poluição atmosférica veicular. Nesteestu<strong>do</strong>, foram estabeleci<strong>da</strong>s associações entre o incômo<strong>do</strong> causa<strong>do</strong> <strong>por</strong> poeira e cheiro degases de escapamento com indica<strong>do</strong>res de poluição atmosférica (NO 2 , MP 10 e MP 2,5 ). Paraanalisar as principais questões <strong>da</strong> pesquisa foram utiliza<strong>do</strong>s os três estu<strong>do</strong>s empreendi<strong>do</strong>s emOslo nos outonos de 1987, 1994 e 1996 (KLÆBOE et al., 2000) e <strong>do</strong>is estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s naci<strong>da</strong>de de Drammen em 1998 e 1999 (FYHRI, 2001). As relações médias foram estima<strong>da</strong>s <strong>por</strong>meio de um modelo de regressão logística (logit), o qual permitiu a obtenção de curvasexposição-resposta. Fatores determinantes como gênero, i<strong>da</strong>de, nível educacional, ocupação,tabagismo e sensibili<strong>da</strong>de foram controla<strong>do</strong>s <strong>por</strong> meio de uma análise multivaria<strong>da</strong>. Demaneira geral, as relações mostraram um aumento significativo no incômo<strong>do</strong> pela poluição <strong>do</strong>ar como função <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res de exposição (NO 2 , MP 10 e MP 2,5 ). Um resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>estimou que para uma exposição de 30 µg/m³ de MP 10 , cerca de 30% <strong>da</strong> população estariaaltamente incomo<strong>da</strong><strong>da</strong> pela poeira, enquanto que pelo menos 65% estaria pouco incomo<strong>da</strong><strong>da</strong>.Uma conclusão im<strong>por</strong>tante <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> foi a de que as pessoas podem apresentar alto nível deincômo<strong>do</strong>, mesmo quan<strong>do</strong> expostas a níveis de poluição abaixo <strong>do</strong>s valores recomen<strong>da</strong><strong>do</strong>s.Stenlund et al. (2009) estu<strong>do</strong>u os fatores que influenciam o incômo<strong>do</strong> e os sintomas de saúdedecorrentes <strong>da</strong> poluição <strong>do</strong> ar. O estu<strong>do</strong> teve como objetivo principal investigar os efeitos deuma intervenção de redução de poluição <strong>do</strong> ar (pre<strong>do</strong>minantemente poeira e fuligem) sobre apoluição percebi<strong>da</strong>, o incômo<strong>do</strong> e os sintomas de saúde. Outro objetivo foi realizar um testecom um modelo a fim de descrever a inter-relação entre poluição <strong>do</strong> ar, poluição percebi<strong>da</strong>,


18percepção de risco à saúde, incômo<strong>do</strong> e sintomas de saúde. As pesquisas foram realiza<strong>da</strong>s naci<strong>da</strong>de de Oxelösund na Suécia, antes e após o fechamento de uma planta de sinterização.Foram seleciona<strong>do</strong>s, aleatoriamente, indivíduos <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de com i<strong>da</strong>de entre 18 e 75 anos,sen<strong>do</strong> 738 na primeira etapa <strong>da</strong> pesquisa (1995) e 684 na segun<strong>da</strong> etapa (1998). Os resulta<strong>do</strong>sindicaram que após o fechamento <strong>da</strong> planta de sinterização, o ambiente foi percebi<strong>do</strong> comomenos empoeira<strong>do</strong>, os mora<strong>do</strong>res foram mais positivos em sua percepção de risco e relatarammenos incômo<strong>do</strong> devi<strong>do</strong> à poeira, fuligem e substâncias que causam o<strong>do</strong>r. Por outro la<strong>do</strong>, nãofoi encontra<strong>da</strong> diferença entre os sintomas de saúde relata<strong>do</strong>s nas duas etapas <strong>da</strong> pesquisa. Oestu<strong>do</strong> concluiu que a intervenção foi bem sucedi<strong>da</strong> no que diz respeito à percepção <strong>da</strong>poluição <strong>por</strong> poeira e fuligem, ao incômo<strong>do</strong> atribuí<strong>do</strong> à poeira, fuligem e substânciaso<strong>do</strong>ríferas e à percepção de risco. Além disso, a percepção <strong>da</strong> poluição e a percepção de riscoà saúde desempenham um im<strong>por</strong>tante papel na compreensão e estimativa <strong>do</strong> incômo<strong>do</strong>percebi<strong>do</strong>.A análise <strong>do</strong>s trabalhos descritos nesta seção permite constatar o crescente interesse <strong>por</strong>estu<strong>da</strong>r outros efeitos <strong>da</strong> poluição <strong>do</strong> ar que não os tradicionalmente considera<strong>do</strong>s sobre asaúde. Na maioria <strong>do</strong>s trabalhos, os níveis de incômo<strong>do</strong> foram estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s quanto à poluiçãodecorrente <strong>do</strong> tráfego de veículos, associa<strong>do</strong>s a poluentes de referência como o NO 2 , aspartículas inaláveis grossas (MP 10 ) e as partículas finas (MP 2,5 ). O trabalho realiza<strong>do</strong> <strong>por</strong>Stenlund et al. (2009) inova ao considerar aspectos subjetivos como a percepção de risco nadescrição <strong>do</strong>s níveis de incômo<strong>do</strong>. Consideran<strong>do</strong> a poluição atmosférica na RGV,caracteriza<strong>da</strong> <strong>por</strong> consideráveis emissões de partículas sedimentáveis (PS) e a ausência deestu<strong>do</strong>s que analisam os fatores que influenciam a intensi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> incômo<strong>do</strong> causa<strong>do</strong> <strong>por</strong> estepoluente, justifica-se a im<strong>por</strong>tância <strong>da</strong> realização <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong>.3.1.2 Poluição atmosférica e percepção de riscoConforme Santaella (1998 apud FREIRE, 2011), perceber é estar diante de algo que seapresenta, não somente através <strong>do</strong>s olhos, mas também de outros órgãos sensoriais,alimentan<strong>do</strong> o sistema cognitivo e nessa perspectiva não há engessamento de interpretações edefinições, não existin<strong>do</strong> certo ou erra<strong>do</strong>.


19Segun<strong>do</strong> Amundsen et al. (2008), há poucas pesquisas que detalham exatamente como aspessoas percebem os diferentes tipos de poluentes ambientais e <strong>por</strong> que reagem adversamentea eles, destacan<strong>do</strong> que as pessoas podem reagir cognitivamente e o conhecimento de que elase suas famílias vivem em ambientes insalubres pode ser considera<strong>do</strong> um agente estressor, oque pode ser provoca<strong>do</strong> <strong>por</strong> estímulos visuais, o<strong>do</strong>res não prejudiciais ou até mesmo <strong>por</strong>notícias veicula<strong>da</strong>s pela mídia.De acor<strong>do</strong> com Stenlund et al. (2009), a percepção <strong>da</strong> poluição <strong>do</strong> ar é basea<strong>da</strong>pre<strong>do</strong>minantemente no aspecto visual e químico-sensorial e tem mostra<strong>do</strong> ser um bomindica<strong>do</strong>r de poluição atmosférica.Sobre o aspecto visual, Hyslop (2009) relata que o mesmo tem um efeito em nossa fisiologia epsicologia, destacan<strong>do</strong> que a percepção <strong>da</strong> poluição está relaciona<strong>da</strong> com o estresse, oincômo<strong>do</strong> e os sintomas de depressão. Além disso, o autor relata que os seres humanos podemdetectar visualmente baixos níveis de poluição e que as percepções são influencia<strong>da</strong>s pelolocal, acesso à informação e características socioeconômicas.De acor<strong>do</strong> com Freire (2011), a percepção de risco corresponde à maneira como as pessoasinterpretam as ameaças e vulnerabili<strong>da</strong>des às quais se encontram expostas e a forma deperceber o risco para um indivíduo ou determina<strong>do</strong> grupo social, fornece elementos paraanalisar o grau de conhecimento, interesses e valores em relação ao grau de aceitação ouintolerância desse risco.A percepção de risco atribuí<strong>da</strong> à exposição ambiental envolve aspectos pessoais <strong>do</strong> indivíduocomo crenças, atitudes, julgamentos e sentimentos. Dentre esses sentimentos, pode-se citar apreocupação com o comprometimento <strong>da</strong> saúde (STENLUND et al., 2009).Segun<strong>do</strong> Bianco et al. (2008), as pessoas recebem informações e formam os seus valoresbasea<strong>da</strong>s em suas experiências passa<strong>da</strong>s, comunicações de fontes científicas e <strong>da</strong> mídia, degrupos familiares, entre outros. De forma semelhante, as percepções de riscos à saúde sãoincor<strong>por</strong>a<strong>da</strong>s em diferentes ambientes econômicos, sociais e culturais (OMS, 2003 apudBIANCO et al., 2008).Embora ca<strong>da</strong> pessoa provavelmente perceba o risco de maneira diferente, pesquisasextensivas têm identifica<strong>do</strong> algumas características comuns que influenciam a percepção derisco, destacan<strong>do</strong> três fatores principais: a natureza <strong>do</strong> perigo em si, as características <strong>da</strong>s


20pessoas que percebem o risco e o contexto social em que o risco ocorre (BIANCO et al.,2008).Alguns estu<strong>do</strong>s têm investiga<strong>do</strong> a percepção <strong>da</strong> poluição e a percepção de risco associa<strong>da</strong>s àpoluição <strong>do</strong> ar em diversos países como Austrália (BADLAND e DUNCAN, 2009), ReinoUni<strong>do</strong> (HOWEL et al., 2003; DAY, 2007, MOFFATT e PLESS-MULLOLI, 2003), Esta<strong>do</strong>sUni<strong>do</strong>s (NIKOLOUPOULOU et al., 2011), República Checa (ŠLACHTOVÁ et al., 1998) eCanadá (WAKEFIELD et al., 2001). Outros estu<strong>do</strong>s fazem uma ampla revisão sobre oassunto, consideran<strong>do</strong> os resulta<strong>do</strong>s de diversas pesquisas realiza<strong>da</strong>s (BICKERSTAFF eWALKER, 2001; DALTON, 2003; BICKERSTAFF, 2004).No Brasil, um estu<strong>do</strong> recente (MONIZ et al., 2012), investigou a percepção de riscosambientais e à saúde de mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> município de Bom Jesus <strong>da</strong> Serra, Bahia quanto aexposição ao amianto. Foram aplica<strong>do</strong>s questionários em uma amostra de 83 indivíduos,seleciona<strong>do</strong>s intencionalmente, consideran<strong>do</strong> características como faixa etária, gênero, tempoe local de moradia. Dentre os principais riscos ambientais relata<strong>do</strong>s, a contaminação <strong>do</strong> arpela poeira foi pre<strong>do</strong>minante, sen<strong>do</strong> a poeira de amianto cita<strong>da</strong> como causa<strong>do</strong>ra de problemasde saúde para os residentes <strong>do</strong> município, principalmente na área próxima à mina.As definições apresenta<strong>da</strong>s aqui mostram que a percepção <strong>da</strong> poluição e a percepção de riscotêm influência sobre o quanto a população se sente ameaça<strong>da</strong> ou vulnerável frente a umestressor ambiental. No caso específico de poluição <strong>por</strong> PS, há uma escassez de trabalhos queabor<strong>da</strong>m estes conceitos, que podem ser muito im<strong>por</strong>tantes para compreender o incômo<strong>do</strong>causa<strong>do</strong> <strong>por</strong> essas partículas, visto que podem ser percebi<strong>da</strong>s no ambiente com maiorfreqüência que outros poluentes devi<strong>do</strong> ao aspecto visual e sensorial.3.2 MATERIAL PARTICULADOA United States Environmental Protection Agency - US-EPA (2012) define o materialparticula<strong>do</strong> (MP) como uma mistura complexa de partículas extremamente pequenas egotículas de líqui<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> constituí<strong>do</strong> <strong>por</strong> diversos componentes, incluin<strong>do</strong> áci<strong>do</strong>s (comonitratos e sulfatos), compostos orgânicos, metais e partículas de solo ou poeira.


21As fontes de emissão de material particula<strong>do</strong> podem ser naturais ou antropogênicas. Emissõesnaturais incluem erupções vulcânicas, ressuspensão <strong>da</strong> poeira <strong>do</strong> solo, brisa marinha eincêndios naturais. As principais fontes antropogênicas incluem a queima de combustíveisfósseis, os processos industriais, a queima de biomassa, a pavimentação de estra<strong>da</strong>s, aconstrução civil e a demolição (JACOBSON, 2002).As partículas variam em tamanho, geometria, massa, concentração, composição química, eproprie<strong>da</strong>des físicas. Seinfeld e Pandis (2006) relatam que uma vez no ar, as partículas podemter seu tamanho e composição altera<strong>do</strong>s pela condensação de espécies gasosas ou pelaeva<strong>por</strong>ação, pela coagulação com outras partículas e pela reação química. Por isso, os autoresdestacam que, dentre os constituintes atmosféricos, o MP possui uma complexi<strong>da</strong>de única e asua descrição completa requer a especificação não apenas <strong>da</strong> sua concentração, mas também<strong>do</strong> seu tamanho, composição química, fase (sóli<strong>da</strong> ou líqui<strong>da</strong>) e morfologia.3.2.1 Distribuição de tamanho <strong>da</strong>s partículas atmosféricasUm im<strong>por</strong>tante parâmetro físico na determinação <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des, efeitos e destino <strong>da</strong>spartículas na atmosfera é o seu tamanho, caracteriza<strong>do</strong> <strong>por</strong> seu diâmetro aerodinâmico(LIMA, 2006).A US-EPA (2012) classifica o material particula<strong>do</strong> em duas categorias: partículas inaláveisgrossas e partículas finas. As partículas inaláveis grossas: são aquelas que possuem diâmetromaior que 2,5 micrômetros e menor que 10 micrômetros, enquanto que as partículas finas sãoaquelas que possuem diâmetro menor ou igual a 2,5 micrômetros.Como exemplo de partículas inaláveis grossas tem-se as partículas encontra<strong>da</strong>s perto deestra<strong>da</strong>s empoeira<strong>da</strong>s e indústrias e como exemplo de partículas finas tem-se as partículasencontra<strong>da</strong>s na fumaça e na neblina, as quais podem ser emiti<strong>da</strong>s diretamente a partir defontes tais como os incêndios florestais ou podem se formar a partir <strong>da</strong> reação química entregases emiti<strong>do</strong>s <strong>por</strong> usinas, indústrias e automóveis (US-EPA, 2012).De acor<strong>do</strong> com Seinfeld e Pandis (2006), as partículas finas e grossas, em geral, sãoorigina<strong>da</strong>s e transforma<strong>da</strong>s separa<strong>da</strong>mente, são removi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> atmosfera <strong>por</strong> diferentesmecanismos, requerem técnicas distintas de controle nas fontes, possuem composição química


22e proprie<strong>da</strong>des ópticas diferentes e variam significativamente nos seus padrões de deposiçãono trato respiratório. Devi<strong>do</strong> a esses fatores, a distinção entre partículas finas e grossas éfun<strong>da</strong>mental em qualquer discussão sobre física, química, medição ou efeitos à saúde. AFigura 1 apresenta um diagrama esquemático idealiza<strong>do</strong>, representan<strong>do</strong> a distribuição típica<strong>da</strong>s partículas na atmosfera, consideran<strong>do</strong> os fenômenos que influenciam os seus tamanhos.Figura 1: Esquema <strong>da</strong> distribuição de tamanho <strong>do</strong> aerossol atmosférico. Fonte: Albuquerque, 2010.


23De acor<strong>do</strong> com o esquema apresenta<strong>do</strong> na Figura 1, as partículas podem frequentemente serdividi<strong>da</strong>s basicamente em mo<strong>da</strong>s.A mo<strong>da</strong> de nucleação compreende as partículas ultrafinas com diâmetros de até 10 nm,enquanto que a mo<strong>da</strong> de núcleos de Aitken abrange a faixa de tamanho de cerca de 10 nm a100 nm (0,1 µm) de diâmetro. Estas duas mo<strong>da</strong>s respondem pela preponderância de partículasem número, mas <strong>por</strong> causa <strong>do</strong> seu pequeno tamanho, estas partículas apresentam pequenapercentagem com relação à massa total de partículas no ar. As partículas <strong>da</strong> mo<strong>da</strong> denucleação são geralmente aerossóis novos cria<strong>do</strong>s no local a partir <strong>da</strong> fase gasosa <strong>por</strong>nucleação, sen<strong>do</strong> que esta mo<strong>da</strong> pode ou não estar presente, dependen<strong>do</strong> <strong>da</strong>s condiçõesatmosféricas. A maior parte <strong>do</strong>s núcleos de Aitken inicia a sua vi<strong>da</strong> atmosférica comopartículas primárias e posteriormente, material secundário se condensa sobre elas à medi<strong>da</strong>que são trans<strong>por</strong>ta<strong>da</strong>s através <strong>da</strong> atmosfera (SEINFELD e PANDIS, 2006).A mo<strong>da</strong> de acumulação, estenden<strong>do</strong>-se de 0,1 a cerca de 2,5 µm de diâmetro, geralmenteresponde pela maior parte <strong>da</strong> área de superfície <strong>do</strong> aerossol e <strong>por</strong> uma parte substancial <strong>da</strong>massa <strong>do</strong> aerossol. As partículas <strong>da</strong> mo<strong>da</strong> de acumulação são resultantes de emissõesprimárias; <strong>da</strong> condensação de sulfatos secundários, de nitratos, de compostos orgânicos emfase gasosa e <strong>da</strong> coagulação de partículas menores. A mo<strong>da</strong> de acumulação é assim chama<strong>da</strong><strong>por</strong>que os mecanismos de remoção de partículas são menos eficientes neste regime, fazen<strong>do</strong>com que as partículas se acumulem (SEINFELD e PANDIS, 2006).Por último, a mo<strong>da</strong> grossa, a partir de 2,5 µm de diâmetro, é forma<strong>da</strong> <strong>por</strong> processosmecânicos tais como vento ou erosão (poeira, maresia, pólen, etc.). A maior parte <strong>do</strong> materialna mo<strong>da</strong> grossa é primária, mas existem alguns sulfatos e nitratos secundários. As partículasgrossas têm veloci<strong>da</strong>des de sedimentação suficientemente <strong>grande</strong>s, o que faz com que elassejam removi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> atmosfera em um tempo razoavelmente curto (SEINFELD e PANDIS,2006).3.2.2 Composição química <strong>do</strong> material particula<strong>do</strong>O material particula<strong>do</strong> apresenta uma considerável variabili<strong>da</strong>de de elementos em suacomposição, devi<strong>do</strong> à <strong>grande</strong> quanti<strong>da</strong>de de partículas finas, as quais possuem <strong>grande</strong>capaci<strong>da</strong>de de absorção, em associação com poluentes gasosos secundários. Dessa forma,


24para se determinar a composição química de qualquer particula<strong>do</strong>, deve-se obter informaçõesquanto a sua origem e seu histórico atmosférico (GODISH, 1991 apud ALMEIDA, 1999).Estu<strong>do</strong>s de caráter científico buscam, em geral, relacionar composição química com vistas àidentificação <strong>da</strong>s fontes <strong>do</strong> MP, ao entendimento <strong>da</strong>s transformações químicas na atmosfera,ao provimento de subsídios para uma melhor compreensão <strong>do</strong>s efeitos adversos <strong>do</strong> MP àsaúde humana e para as ações de controle ambiental (SOUZA et al., 2010).De acor<strong>do</strong> com Seinfeld e Pandis (2006), uma fração significante <strong>do</strong> aerossol troposférico temorigem antropogênica e podem conter íons como sulfato, amônio, nitrato, sódio e cloreto,metais traços, material carbonáceo, elementos <strong>da</strong> crosta terrestre e água. A fração carbonácea<strong>do</strong>s aerossóis consiste tanto de carbono elementar quanto carbono orgânico. O carbonoelementar, também denomina<strong>do</strong> de carbono negro, carbono grafítico ou fuligem, é emiti<strong>do</strong>diretamente na atmosfera, pre<strong>do</strong>minantemente de processos de combustão. Já o carbonoorgânico particula<strong>do</strong> pode ser emiti<strong>do</strong> diretamente <strong>por</strong> fontes ou pode resultar <strong>da</strong> condensaçãoatmosférica de gases orgânicos de baixa volatili<strong>da</strong>de.Dentre as espécies cita<strong>da</strong>s anteriormente, o sulfato, o amônio, o carbono orgânico e elementare certos metais de transição são encontra<strong>do</strong>s pre<strong>do</strong>minantemente nas partículas finas,enquanto que os materiais <strong>da</strong> crosta, incluin<strong>do</strong> silício, cálcio, magnésio, alumínio e ferro, e aspartículas orgânicas biogênicas (pólen, es<strong>por</strong>os, fragmentos de plantas) estão geralmente nafração grosseira de aerossol. O nitrato pode ser encontra<strong>do</strong> tanto na mo<strong>da</strong> fina como na mo<strong>da</strong>grossa, sen<strong>do</strong> que na mo<strong>da</strong> fina geralmente é o resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong> reação de áci<strong>do</strong> nítrico/amôniapara a formação de nitrato de amônio e na mo<strong>da</strong> grossa é o produto de reações partículagrossa/áci<strong>do</strong> nítrico (SEINFELD e PANDIS, 2006).Uma distribuição típica <strong>do</strong> tamanho/composição <strong>do</strong> aerossol urbano é mostra<strong>da</strong> na Figura 2(WALL et al., 1988 apud SEINFELD e PANDIS, 2006).


25Figura 2: Distribuição <strong>da</strong> composição química <strong>do</strong>s aerossóis para os íons sulfato, nitrato, amônio, cloreto,sódio e hidrogênio em Claremont, CA. Fonte: A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> de Seinfeld e Pandis, 2006No município de Vitória, Conti et al. (2009) realizou um estu<strong>do</strong> sobre a caracterizaçãoquímica e morfológica <strong>da</strong> poeira sedimenta<strong>da</strong> <strong>por</strong> deposição seca. As amostras foramanalisa<strong>da</strong>s através de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Espectroscopia deFluorescência <strong>por</strong> Raios X, para obter a caracterização morfológica e química. Os resulta<strong>do</strong>smostraram que a maioria <strong>da</strong>s partículas coleta<strong>da</strong>s variou de 5 a 100 µm, sen<strong>do</strong> que algumaspartículas menores que 5 µm também foram coleta<strong>da</strong>s e, geralmente, apareceram comoaglomera<strong>do</strong>s na amostra. A Figura 3 apresenta a caracterização química de seis partículasobti<strong>da</strong> através <strong>da</strong> Espectroscopia de Fluorescência <strong>por</strong> Raios X. A composição química <strong>da</strong>spartículas sedimenta<strong>da</strong>s pôde ser relaciona<strong>da</strong> com as principais fontes industriais e naturais <strong>da</strong>região, como minério de ferro, solo, carvão e aerossol marinho. A análise permitiucaracterizar as partículas 1 e 5 como carvão, as partículas 2, 4 e 6 como minério de ferro e apartícula 3 como solo. Além disso, foi possível notar diferenças morfológicas entre aspartículas provenientes de fontes diferentes.


26Figura 3: Amostra de partículas sedimenta<strong>da</strong>s e caracterização química de seis partículas. Fonte: Conti etal., 20093.2.3 Efeitos <strong>do</strong> MP sobre a saúde humanaO tamanho <strong>da</strong>s partículas está diretamente relaciona<strong>do</strong> ao seu potencial para causar problemasde saúde. Há uma maior preocupação com as partículas inaláveis (diâmetro menor ou igual a10 µm) <strong>por</strong>que essas são as que geralmente passam pela garganta e nariz e uma vez inala<strong>da</strong>s,podem afetar os pulmões e o coração e causar graves efeitos à saúde (US-EPA, 2012).Almei<strong>da</strong> (1999) destaca que, em função de sua composição química, o MP pode provocarefeitos nocivos a um indivíduo devi<strong>do</strong> a sua exposição a substâncias tóxicas, sen<strong>do</strong> quatro osfatores que influenciam na extensão <strong>do</strong>s <strong>da</strong>nos desses efeitos: a concentração, a duração <strong>da</strong>exposição, a toxici<strong>da</strong>de e a suscetibili<strong>da</strong>de individual.


27A gama de efeitos <strong>da</strong>s partículas sobre a saúde é ampla, mas pre<strong>do</strong>minantemente atingem osistema respiratório e cardiovascular. To<strong>da</strong> a população é afeta<strong>da</strong>, mas a susceptibili<strong>da</strong>de aesse tipo de poluição pode variar com a saúde ou i<strong>da</strong>de <strong>da</strong> pessoa (WHO, 2005).Geralmente, os efeitos e sintomas provoca<strong>do</strong>s pelas partículas suspensas no ar em curto prazosão: reações inflamatórias no pulmão, insuficiência respiratória, efeitos adversos no sistemacardiovascular, aumento <strong>do</strong> uso de medicamentos, aumento de internações hospitalares,mortali<strong>da</strong>de. Já sob longo perío<strong>do</strong> de exposição os sintomas e efeitos são: diminuição <strong>da</strong>capaci<strong>da</strong>de de respiração, redução <strong>da</strong> função pulmonar <strong>da</strong>s crianças, obstrução pulmonarcrônica, redução <strong>da</strong> expectativa de vi<strong>da</strong>, mortali<strong>da</strong>des <strong>por</strong> <strong>do</strong>enças cardiovasculares erespiratórias e contração de câncer nos pulmões (WHO, 2005).De acor<strong>do</strong> com Saldiva (2005), os grupos populacionais mais significativamente afeta<strong>do</strong>s pelomaterial particula<strong>do</strong> são fetos, crianças abaixo <strong>do</strong>s cinco anos de vi<strong>da</strong>, i<strong>do</strong>sos e <strong>por</strong>ta<strong>do</strong>res de<strong>do</strong>enças crônicas. Além disso, os fatores socioeconômicos influenciam a suscetibili<strong>da</strong>de aoMP, <strong>da</strong><strong>do</strong>s que o seu impacto em termos de mortali<strong>da</strong>de será tanto maior quanto menor oíndice de desenvolvimento social e econômico <strong>da</strong> população exposta.Um estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> pelo Programa Nacional <strong>da</strong> Racionalização <strong>do</strong> Uso <strong>do</strong>s Deriva<strong>do</strong>s <strong>do</strong>Petróleo e <strong>do</strong> Gás Natural (CONPET, 2006) apresentou os efeitos <strong>da</strong> poluição atmosféricasobre a saúde <strong>da</strong> população, relatan<strong>do</strong> o MP como o poluente atmosférico maisconsistentemente associa<strong>do</strong> a efeitos adversos à saúde humana. Esse fato é atribuí<strong>do</strong> àcomposição química <strong>do</strong> MP que, em geral, consiste em um núcleo de carbono elementar,sobre o qual estão agrega<strong>do</strong>s gases, compostos orgânicos, sulfatos, nitratos e metais.Em estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> <strong>por</strong> Pope et al. (2002), foi investiga<strong>da</strong> a associação entre a exposição alongo prazo à poluição <strong>do</strong> ar <strong>por</strong> partículas finas e a mortali<strong>da</strong>de <strong>por</strong> câncer de pulmão ecardiopulmonar. Aproxima<strong>da</strong>mente 500.000 adultos residentes nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e PortoRico participaram <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>. Os resulta<strong>do</strong>s mostraram que a poluição <strong>por</strong> particula<strong>do</strong> fino(MP 2,5 ) foi associa<strong>da</strong> com a mortali<strong>da</strong>de <strong>por</strong> to<strong>da</strong>s as causas, câncer de pulmão ecardiopulmonar, sen<strong>do</strong> que para uma elevação de 10 µg/m³ foi associa<strong>da</strong> com um aumento <strong>do</strong>risco de aproxima<strong>da</strong>mente 4%, 6% e 8%, respectivamente, o que permitiu concluir que aexposição prolonga<strong>da</strong> à poluição <strong>do</strong> ar é um im<strong>por</strong>tante fator de risco ambiental.


28Quanto às partículas sedimentáveis, Saldiva (2012), relata que ain<strong>da</strong> não há tantas evidênciasde seus efeitos nocivos à saúde, ponderan<strong>do</strong> que esses efeitos podem existir, mas não háestu<strong>do</strong>s que os comprovem.3.3 PARTÍCULAS SEDIMENTÁVEISA American Society for Testing and Materials (ASTM, 1998) define o Material Particula<strong>do</strong>Sedimentável como a seguir:[...] qualquer material composto <strong>por</strong> partículas suficientemente pequenas para passar<strong>por</strong> uma peneira de 1 mm e <strong>grande</strong>s o suficiente para sedimentarem, em virtude <strong>do</strong>seu peso, em um recipiente exposto ao ar ambiente (ASTM D1739, 1998, traduçãolivre).Pode-se notar pela definição <strong>da</strong> ASTM que não há um limite inferior para classificar oMaterial Particula<strong>do</strong> Sedimentável, mas um limite superior defini<strong>do</strong> pela abertura <strong>da</strong> peneira,sen<strong>do</strong> as partículas sedimentáveis aquelas que possuem diâmetro inferior a 1 mm (1000 µm).No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1991) define a poeirasedimentável como a seguir:Poeira presente na atmosfera, suscetível à coleta <strong>por</strong> sedimentação livre, compostade partículas sóli<strong>da</strong>s ou líqui<strong>da</strong>s suficientemente <strong>grande</strong>s para se depositarem nofrasco coletor e bastante pequenas para atravessarem a peneira de 0,84 mm (ABNTMB-3402, 1991).Analogamente à definição <strong>da</strong><strong>da</strong> pela ASTM, a definição estabeleci<strong>da</strong> pela ABNT consideraapenas um limite superior para a poeira sedimentável, sen<strong>do</strong> este limite de 0,84mm (840 µm).3.3.1 Deposição de partículasDe acor<strong>do</strong> com Noll (2001), as partículas atmosféricas depositam-se <strong>por</strong> diversos processos,incluin<strong>do</strong> difusão turbulenta, difusão Browniana, efeitos inerciais e sedimentaçãogravimétrica. Existem <strong>do</strong>is mecanismos principais de remoção na atmosfera, incluin<strong>do</strong> adeposição seca e a deposição úmi<strong>da</strong> (TASDEMIR e ESEN, 2007).


29Alguns processos físico-químicos afetam o tempo de permanência <strong>da</strong>s partículas naatmosfera, sen<strong>do</strong> mais efetivos em algumas classes de tamanho, embora o tempo de residênciausual não exce<strong>da</strong> algumas semanas. Muito perto <strong>do</strong> solo, o principal mecanismo de remoçãode partícula é a deposição seca, enquanto que em altitudes acima de cerca de 100 m, aremoção <strong>por</strong> precipitação é o principal mecanismo (SEINFELD e PANDIS, 2006).A deposição atmosférica é uma im<strong>por</strong>tante fonte de várias substâncias tóxicas para as águassuperficiais e ambientes terrestres, incluin<strong>do</strong> metais como Arsênio (As), Cádmio (Cd),Mercúrio (Hg) e Chumbo (Pb) e compostos orgânicos como dioxinas, furanos,hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA S ) e pestici<strong>da</strong>s organoclora<strong>do</strong>s (SAKATA eMARUMOTO, 2004; SAKATA et al., 2006).A seguir serão descritos sucintamente os <strong>do</strong>is principais mecanismos de deposição departículas.3.3.1.1 Deposição secaSegun<strong>do</strong> Tasdemir e Esen (2007), o mecanismo de deposição seca refere-se tanto àtransferência de gases como a de partículas para a superfície, incluin<strong>do</strong> solo, água evegetação, quan<strong>do</strong> não há precipitação.Através <strong>da</strong> deposição seca, traços químicos são transferi<strong>do</strong>s, tanto pela ação gravitacionalquanto pelo movimento <strong>do</strong> ar, para a superfície <strong>da</strong> terra (SAKATA e MARUMOTO, 2004).Diversos parâmetros influenciam na taxa de remoção <strong>da</strong>s partículas atmosféricas peladeposição seca. Dentre eles, Var<strong>da</strong>r (2002) destaca: as características físicas <strong>da</strong> partícula(tamanho, densi<strong>da</strong>de, forma), as proprie<strong>da</strong>des químicas <strong>do</strong> aerossol, as condiçõesmeteorológicas (temperatura, veloci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> vento, estabili<strong>da</strong>de atmosférica); e ascaracterísticas <strong>da</strong> superfície (terreno, vegetação, rugosi<strong>da</strong>de).Zhang et al. (2001) destaca que o conhecimento sobre a deposição seca de partículas estálonge de ser completo, devi<strong>do</strong> às complexas interações entre a deposição e o tamanho <strong>da</strong>partícula, densi<strong>da</strong>de, terreno, vegetação, condições meteorológicas e espécies químicas.


303.3.1.2 Deposição úmi<strong>da</strong>De acor<strong>do</strong> com Seinfeld e Pandis (2006), a deposição úmi<strong>da</strong> refere-se ao mecanismo naturalpelo qual partículas ou gases são removi<strong>do</strong>s <strong>da</strong> atmosfera <strong>por</strong> fatores hidrometeorológicoscomo neblina, orvalho, chuva e neve, que arrastam essas partículas ou gases para a superfícieterrestre, engloban<strong>do</strong> os seguintes processos:• Dissolução de gases atmosféricos em gotículas presentes no ar como, <strong>por</strong> exemplo,gotículas de nuvem, chuva ou nevoeiro;• Remoção de partículas atmosféricas quan<strong>do</strong> elas servem como núcleo para acondensação <strong>do</strong> va<strong>por</strong> d’água para formar uma gotícula de nuvem ou nevoeiro, sen<strong>do</strong>subsequentemente incor<strong>por</strong>a<strong>da</strong>s na gotícula;• Remoção de partículas atmosféricas quan<strong>do</strong> a partícula colide com uma gotícula, tantodentro como abaixo <strong>da</strong>s nuvens.Alguns processos de deposição úmi<strong>da</strong> descritos <strong>por</strong> Alves (2011) são lista<strong>do</strong>s a seguir:• Remoção <strong>por</strong> precipitação: remoção de espécies químicas pela nuvem de chuva;• Intercepção <strong>da</strong> nuvem: impacto <strong>da</strong>s gotículas de nuvem que geralmente ocorrem emtopos de altas montanhas;• Deposição <strong>por</strong> neblina: remoção <strong>do</strong> material pela sedimentação <strong>da</strong>s gotículas denevoeiro;• Deposição <strong>por</strong> neve: remove o material em suspensão durante as tempestades de neve.Alves (2011) destaca ain<strong>da</strong> que o processo de deposição úmi<strong>da</strong> é complexo devi<strong>do</strong> às diversasfases que estão presentes, sen<strong>do</strong> que além <strong>da</strong>s fases gás e aerossol, a fase aquosa pode seapresentar sob diferentes formas (água na nuvem, chuva, neve, cristais de gelo, chuva comgelo, granizo, etc.).3.3.1.3 Quantificação <strong>da</strong>s partículas sedimentáveisA quantificação <strong>da</strong>s partículas que se depositam sobre a superfície assume <strong>grande</strong> im<strong>por</strong>tânciapara a realização de diversos estu<strong>do</strong>s. Como exemplo, podemos citar os estu<strong>do</strong>s de


31caracterização de poeira (ARSLAN e BOYBAY, 1990; TRINDADE e ALVES, 2006;SANTOS e REIS JR, 2010).De acor<strong>do</strong> com Sow, Goossens e Rajot (2006), existem duas abor<strong>da</strong>gens para quantificar adeposição de poeira atmosférica: os cálculos teóricos e as medições experimentais que podemser denomina<strong>da</strong>s de técnicas indiretas e diretas, respectivamente (SEINFELD e PANDIS,1998 apud GOOSSENS, 2005). Neste trabalho, serão enfatiza<strong>da</strong>s as medições experimentais(técnicas diretas).As medições experimentais consistem na medição <strong>do</strong> material deposita<strong>do</strong> em superfícies <strong>por</strong>meio de coletas (ARSLAN e BOYBAY, 1990; SAKATA e MARUMOTO, 2004;GOOSSENS, 2005; SOW, GOOSSENS e RAJOT, 2006; TASDEMIR e ESEN, 2007).Segun<strong>do</strong> Sow, Goossens e Rajot (2006), a deposição de poeira é medi<strong>da</strong> usan<strong>do</strong>-se superfíciessubstitutas ou coletores de sedimentos.As superfícies substitutas são superfícies que supostamente imitam a superfície original,sen<strong>do</strong> amplamente utiliza<strong>da</strong>s em túneis de vento pela facili<strong>da</strong>de de instalação e incor<strong>por</strong>ação àsuperfície original, o que evita perturbações no escoamento. Entretanto, as superfíciessubstitutas não são usualmente recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>s para experimentos de campo devi<strong>do</strong> aproblemas práticos e instrumentais (SOW, GOOSSENS e RAJOT, 2006).Para as medições de poeira realiza<strong>da</strong>s em campo geralmente são utiliza<strong>do</strong>s aparelhoscoletores, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> descritos muitos tipos de coletores que variam desde equipamentossimples aos complexos instrumentos equipa<strong>do</strong>s com dispositivos aerodinâmicos paraminimizar a perturbação <strong>do</strong> fluxo de ar (SOW, GOOSSENS e RAJOT, 2006).Neste trabalho será <strong>da</strong><strong>da</strong> atenção especial aos recipientes cilíndricos, que são os tipos decoletores utiliza<strong>do</strong>s na Região <strong>da</strong> Grande Vitória para quantificação <strong>da</strong> poeira sedimentável.Os recipientes cilíndricos são descritos pela norma ASTM D1739-98 (Stan<strong>da</strong>rd Test Methodfor Collection and Measurement of Dustfall - Settleable Particulate Matter). Essa normaestabelece um procedimento para a coleta e quantificação de poeira, incluin<strong>do</strong> as fraçõessolúvel e insolúvel em água.Os recipientes possuem tamanho e forma padrão, sen<strong>do</strong> prepara<strong>do</strong>s e sela<strong>do</strong>s em umlaboratório para posteriormente serem abertos e expostos em locais adequa<strong>do</strong>s, escolhi<strong>do</strong>s de


32forma que o MP possa se depositar dentro deles <strong>por</strong> um perío<strong>do</strong> aproxima<strong>do</strong> de 30 dias. Apósesse perío<strong>do</strong>, os recipientes são fecha<strong>do</strong>s e leva<strong>do</strong>s para laboratório para determinação <strong>da</strong>smassas <strong>do</strong>s componentes solúveis e insolúveis <strong>do</strong> material coleta<strong>do</strong>. Os resulta<strong>do</strong>s sãoexpressos em gramas <strong>por</strong> metro quadra<strong>do</strong> <strong>por</strong> 30 dias (g/m²/30dias).O méto<strong>do</strong> tem a vantagem de ser extremamente simples, sen<strong>do</strong> útil no estu<strong>do</strong> de tendências delongo prazo e para a obtenção de amostras de partículas sedimentáveis para posterior análisequímica (ASTM, 1998).A norma estabelece que o recipiente deve ser um cilindro com diâmetro mínimo de 150 mm ealtura não inferior a duas vezes o seu diâmetro. Alves (2011) ressalta ain<strong>da</strong> que a capaci<strong>da</strong>devolumétrica <strong>do</strong> recipiente deve ser compatível com o índice pluviométrico <strong>da</strong> região.Os coletores devem ser coloca<strong>do</strong>s sobre um su<strong>por</strong>te, o qual servirá de apoio para a partesuperior <strong>do</strong> recipiente a uma altura de 2 m acima <strong>do</strong> solo. O su<strong>por</strong>te deve incluir uma barreiracontra o vento, que consiste em um anteparo construí<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com dimensões específicasestabeleci<strong>da</strong>s pela norma, a fim de proteger o recipiente (ASTM, 1998).A Figura 4 apresenta uma ilustração <strong>do</strong> recipiente preconiza<strong>do</strong> pela ASTM D1739-98,incluin<strong>do</strong> o su<strong>por</strong>te e as dimensões estabeleci<strong>da</strong>s.


33Figura 4: Esquema de recipiente cilíndrico, su<strong>por</strong>te, escu<strong>do</strong> de vento e dimensões para coletor de poeirasedimentável. Fonte: A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> de Alves (2011).O cálculo <strong>da</strong> taxa de deposição () em g/m 2 /30dias de partículas sedimentáveis (PS),utiliza<strong>do</strong> para a quantificação <strong>do</strong> material particula<strong>do</strong>, tanto solúvel quanto insolúvel, érealiza<strong>do</strong> conforme a equação a seguir: = Onde () é a massa determina<strong>da</strong> <strong>do</strong> material particula<strong>do</strong> solúvel e insolúvel em grama,normaliza<strong>da</strong> usualmente para um perío<strong>do</strong> de 30 dias de coleta e () é a área de abertura <strong>da</strong>tampa <strong>do</strong> recipiente em m 2 (SICA 2006).3.3.2 Partículas sedimentáveis e incômo<strong>do</strong>As partículas sedimentáveis são im<strong>por</strong>tantes principalmente como uma fonte de incômo<strong>do</strong> àpopulação. Ocasionalmente, elas são estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s quanto a problemas de saúde, visto quecontém partículas com diâmetros aerodinâmicos entre 10 e 20 µm, que apesar de inaláveis,não tendem a penetrar além <strong>da</strong> laringe. Os efeitos de nuvens de poeira e <strong>da</strong> sua deposição sãovisíveis e tangíveis e <strong>por</strong> isso a poeira é uma <strong>da</strong>s principais causas de reclamação sobre apoluição <strong>do</strong> ar, juntamente com o o<strong>do</strong>r (HALL et al., 1993 apud VALLACK e SHILLITO,1998).De acor<strong>do</strong> com Trin<strong>da</strong>de et al., (2006), o incômo<strong>do</strong> surge tanto <strong>do</strong> acúmulo <strong>do</strong> material nasedificações, que depreciam as pinturas, <strong>da</strong>n<strong>do</strong> um aspecto de envelhecimento, e nos móveis<strong>da</strong>s casas causan<strong>do</strong> aos mora<strong>do</strong>res a sensação de constante sujeira, quanto <strong>da</strong> associação <strong>da</strong>smacropartículas não inaláveis a <strong>do</strong>enças respiratórias. Além disso, Hyslop (2009) relata que apercepção visual <strong>da</strong> suji<strong>da</strong>de tem efeitos fisiológicos e psicológicos nos seres humanos.É im<strong>por</strong>tante destacar que de acor<strong>do</strong> com a OMS (WHO, 1948), a saúde é um esta<strong>do</strong> decompleto bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de <strong>do</strong>ença ouenfermi<strong>da</strong>de. Entenden<strong>do</strong> que o incômo<strong>do</strong> gera insatisfação, pode-se dizer que há o


34comprometimento <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> <strong>do</strong> indivíduo incomo<strong>da</strong><strong>do</strong>, assim como <strong>do</strong> seu “bemestarsocial”, e, consequentemente, <strong>da</strong> sua saúde.Na Região <strong>da</strong> Grande Vitória – ES, Trin<strong>da</strong>de et al. (2006) realizou um estu<strong>do</strong> para analisar apercepção ambiental <strong>da</strong> população à poeira sedimentável. Foi feita uma pesquisa quantitativa,<strong>por</strong> meio <strong>da</strong> aplicação de questionários a 653 indivíduos, maiores de 14 anos, distribuí<strong>do</strong>spro<strong>por</strong>cionalmente entre os municípios <strong>da</strong> Serra, Vila Velha e Vitória. A percepção <strong>da</strong>população foi relata<strong>da</strong> com perguntas relaciona<strong>da</strong>s à intensi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> incômo<strong>do</strong> percebi<strong>do</strong>, aocomprometimento <strong>do</strong> gozo de suas proprie<strong>da</strong>des, à quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar, à identificação <strong>da</strong>sprincipais fontes emissoras de PS na região e à associação <strong>da</strong> poeira com problemas de saúde.No geral, a pesquisa constatou que 47% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s se sentem muito incomo<strong>da</strong><strong>do</strong>s coma poeira, 28% se dizem extremamente incomo<strong>da</strong><strong>do</strong>s e 24% pouco incomo<strong>da</strong><strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> queapenas 1% <strong>da</strong> população não relatou incômo<strong>do</strong>. Consideran<strong>do</strong> a poluição <strong>por</strong> poeira dentro<strong>da</strong>s residências, 83,1% <strong>do</strong>s indivíduos manifestaram incômo<strong>do</strong>. A quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar na GrandeVitória foi avalia<strong>da</strong> como péssima <strong>por</strong> 13% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, enquanto 47% a classificoucomo ruim e 27% como boa. Com relação à associação <strong>da</strong> poeira com a saúde, 97% <strong>da</strong>amostra associou a poeira a algum problema de saúde, mas não pelo incômo<strong>do</strong> social, e simpela associação <strong>da</strong>s macropartículas à inalação e a consequente geração de enfermi<strong>da</strong>des,sen<strong>do</strong> que 53% <strong>da</strong>s pessoas entrevista<strong>da</strong>s relataram como <strong>do</strong>enças causa<strong>da</strong>s pela poeiraalergias, bronquite, asma e sinusites.Outro estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> na Ilha <strong>do</strong> Boi, Região <strong>da</strong> Grande Vitória <strong>por</strong> Souza (2011), objetivouavaliar os níveis de incômo<strong>do</strong> percebi<strong>do</strong>s pela população e suas variações sazonais causa<strong>do</strong>spela presença de PS. Foram aplica<strong>do</strong>s questionários a 148 indivíduos com i<strong>da</strong>de superior a 16anos entre os meses de outubro a dezembro de 2010. Os resulta<strong>do</strong>s mostraram que to<strong>da</strong>s asfaixas etárias abrangi<strong>da</strong>s pelo estu<strong>do</strong> indicaram eleva<strong>do</strong>s níveis de incômo<strong>do</strong>. Quanto àsazonali<strong>da</strong>de, 79% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s afirmou perceber variações nas concentrações de PS,sen<strong>do</strong> que a maioria associou tais variações a fatores meteorológicos, como a direção <strong>do</strong>vento. Uma pesquisa de painel foi realiza<strong>da</strong> entre os meses de dezembro de 2010 e junho de2011, <strong>da</strong> qual participaram 17 indivíduos que relataram os níveis de incômo<strong>do</strong> comfrequência diária, semanal e mensal. Os níveis de incômo<strong>do</strong> foram correlaciona<strong>do</strong>s com <strong>da</strong><strong>do</strong>sde partículas totais, PS e meteorológicos. Pôde-se constatar que existe correlação entre osfluxos de deposição de PS e os níveis de incômo<strong>do</strong> relata<strong>do</strong>s, o que permitiu pro<strong>por</strong> que uma


35pesquisa de incômo<strong>do</strong> possa servir como base para a implementação de um padrão dequali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar para PS na Região <strong>da</strong> Grande Vitória.3.3.3 Padrões de quali<strong>da</strong>de para partículas sedimentáveisDiversos países possuem padrões de referência para o valor limite <strong>da</strong> deposição de partículassedimentáveis. A Tabela 1 a seguir mostra alguns padrões referentes a médias anuais <strong>da</strong>staxas de PS.Tabela 1: Exemplos de padrões de quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar para partículas sedimentáveis.PaísPadrão (g/m 2 /mês)*Argentina 10Canadá 4,5 a 8EUA 5,5 a 8Espanha 6Finlândia 10Alemanha 10,5Austrália 10* Média AnualFonte: Vallack e Shillito (1998)No Brasil, o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro, através <strong>da</strong> NT.603.R-4 – “critérios e padrões dequali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar ambiente”, aprova<strong>da</strong> pela deliberação <strong>da</strong> Comissão Estadual de ControleAmbiental (CECA) nº 021, de 15 de março de 1978, estabelece padrões para partículassedimentáveis. Os padrões foram estabeleci<strong>do</strong>s para áreas industriais (10g/m²/mês) e para asdemais áreas, inclusive residenciais e comerciais (5g/m²/30mês). O méto<strong>do</strong> de referência édenomina<strong>do</strong> Méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> Jarro de deposição de poeira. O esta<strong>do</strong> de Minas Gerais, através <strong>da</strong>Deliberação Normativa nº 01, de 26 de Maio de 1981, <strong>do</strong> Conselho Estadual de PolíticaAmbiental (COPAM, 1981), também estabeleceu padrões mensais de quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar parapartículas sedimentáveis os quais seguem os mesmos valores e méto<strong>do</strong>s <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio deJaneiro.


364 METODOLOGIANesta seção são descritos os aspectos meto<strong>do</strong>lógicos para alcançar os objetivos <strong>do</strong> trabalho.Inicialmente, é apresenta<strong>da</strong> a seleção e caracterização <strong>da</strong> região de estu<strong>do</strong>, incluin<strong>do</strong>características climáticas e meteorológicas, além de informações sobre a poluição <strong>do</strong> ar.Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s sobre o incômo<strong>do</strong> <strong>da</strong> população foram obti<strong>do</strong>s de uma pesquisa de opinião, a qualfaz parte <strong>do</strong> projeto “Avaliação <strong>do</strong> incômo<strong>do</strong> à população <strong>por</strong> partículas sedimenta<strong>da</strong>s:estu<strong>do</strong> de correlação entre a percepção de incômo<strong>do</strong> e as taxas de deposição de partículassedimentáveis”. Esse projeto, financia<strong>do</strong> pela Fun<strong>da</strong>ção de Amparo à Pesquisa <strong>do</strong> EspíritoSanto (FAPES) e pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), écoordena<strong>do</strong> pela Prof.ª Dr.ª Jane Méri Santos e inclui o desenvolvimento de um trabalho de<strong>do</strong>utora<strong>do</strong>, sob autoria de Milena Macha<strong>do</strong> de Melo, que dirigiu a pesquisa de opiniãoutiliza<strong>da</strong> nesse estu<strong>do</strong> e forneceu os <strong>da</strong><strong>do</strong>s necessários para o presente trabalho.A pesquisa de opinião consistiu em um levantamento de campo, <strong>por</strong> meio <strong>da</strong> aplicação dequestionários à população <strong>da</strong> Região <strong>da</strong> Grande Vitória, a fim de avaliar a relação entre osníveis de incômo<strong>do</strong> relata<strong>do</strong>s e as concentrações de PS medi<strong>da</strong>s pelas estações demonitoramento localiza<strong>da</strong>s na região. Foi realiza<strong>da</strong> também uma pesquisa de painel, com oobjetivo de estu<strong>da</strong>r as variações mensais nos níveis de incômo<strong>do</strong> <strong>da</strong> população. As principaisetapas para o desenvolvimento dessa pesquisa são também descritos nesta seção.4.1 SELEÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO DE ESTUDOA região de estu<strong>do</strong> defini<strong>da</strong> para a realização <strong>da</strong> pesquisa de opinião sobre o incômo<strong>do</strong>causa<strong>do</strong> <strong>por</strong> PS compreende os municípios de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica (Figura5), os quais, juntamente com os municípios de Viana, Guarapari e Fundão configuram aRegião Metropolitana <strong>da</strong> Grande Vitória (RMGV).


37Figura 5: Região de Estu<strong>do</strong> – Municípios de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica.Fonte: A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> de IEMA, 2011A RMGV abrange uma área de 1.461 km 2 e é um <strong>do</strong>s principais polos de desenvolvimentourbano e industrial <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, com<strong>por</strong>tan<strong>do</strong> uma população de 1,5 milhões de habitantes(IBGE, 2010). Assim, embora ocupe apenas 5% <strong>do</strong> território capixaba, essa região concentraquase metade <strong>da</strong> população <strong>do</strong> Espírito Santo (IJSN, 2008).4.1.1 Relevo, clima e condições meteorológicasDe acor<strong>do</strong> com o IEMA (2008), o relevo <strong>da</strong> Grande Vitória é caracteriza<strong>do</strong> <strong>por</strong>:• Cadeias montanhosas nas <strong>por</strong>ções Noroeste (Mestre Álvaro) e Oeste (Região Serrana);• Planícies (Aero<strong>por</strong>to e manguezais) e planaltos (Planalto Serrano) na <strong>por</strong>ção Norte;• Planícies (Barra <strong>do</strong> Jucu) na <strong>por</strong>ção Sul.


38De acor<strong>do</strong> com Santiago (2009), a RMGV compreende uma área forma<strong>da</strong> <strong>por</strong> uma topografiacomplexa, varian<strong>do</strong> desde planícies litorâneas até colinas. A ocupação <strong>do</strong> solo também évaria<strong>da</strong>, incluin<strong>do</strong> extensas áreas com cobertura vegetal e <strong>grande</strong>s áreas pavimenta<strong>da</strong>s nasci<strong>da</strong>des e entorno. A proximi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> região com o oceano e a topografia são fatores quecontrolam as condições meteorológicas, sen<strong>do</strong> bem representa<strong>do</strong>s os efeitos de mesoescalacomo brisa marinha e terrestre, formação de chuva e ilhas de calor.O clima <strong>da</strong> Região <strong>da</strong> Grande Vitória é classifica<strong>do</strong> como tropical quente e úmi<strong>do</strong> (IEMA,2008). Este tipo climático se caracteriza <strong>por</strong> verões longos (geralmente de outubro a abril) ecom temperaturas eleva<strong>da</strong>s, com ocorrências de máximas, geralmente, em dezembro e janeiro.O inverno é ameno, com temperatura média <strong>do</strong> mês mais frio em torno de 18°C, sen<strong>do</strong> asensação de frio verifica<strong>da</strong> es<strong>por</strong>adicamente quan<strong>do</strong> há ocorrência de frentes frias.Quanto ao principal sistema de circulação atmosférica que atua na região, o anticiclonesubtropical <strong>do</strong> Atlântico Sul é responsável pela pre<strong>do</strong>minância de ventos “Leste” (E) e“Nordeste” (NE) (IEMA, 2008).4.1.2 Poluição atmosférica na RMGVA quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar em uma região resulta de complexas interações, incluin<strong>do</strong> a emissão depoluentes atmosféricos <strong>por</strong> fontes fixas e móveis, locais e remotas, naturais e antropogênicasem conjunto com condições meteorológicas e topográficas. Essas interações determinam aconcentração de poluentes na atmosfera, o que <strong>por</strong> sua vez indica a quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar na região.Os municípios de Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica e Viana concentram 55 a 65% <strong>da</strong>sativi<strong>da</strong>des industriais potencialmente polui<strong>do</strong>ras instala<strong>da</strong>s no Espírito Santo, tais como:siderurgia, pelotização, pedreira, cimenteira, indústria alimentícia, usina de asfalto, dentreoutras (IEMA, 2011b).Em 2011, <strong>por</strong> meio de um Acor<strong>do</strong> de Cooperação Técnica entre a Secretaria de Esta<strong>do</strong> deMeio Ambiente e Recursos Hídricos (SEAMA), Instituto Estadual de Meio Ambiente eRecursos Hídricos (IEMA) e a empresa EcoSoft Consultoria e Softwares Ambientais, foielabora<strong>do</strong> o Inventário de Emissões Atmosféricas <strong>da</strong> Região <strong>da</strong> Grande Vitória (IEMA,2011a). Foram considera<strong>da</strong>s as emissões provenientes de vias de tráfego, indústrias de


39diversos segmentos, <strong>por</strong>tos, aero<strong>por</strong>tos, as emissões residenciais e comerciais e as emissões defontes naturais (biogênicas).A Tabela 2 ilustra um resulta<strong>do</strong> geral obti<strong>do</strong> no Inventário, consideran<strong>do</strong> apenas as emissõesde Material Particula<strong>do</strong> em suas frações total (MP Total ), menor que 10 µm (MP 10 ) e menor que2,5 µm (MP 2,5 ).Tabela 2: Taxas Médias de Emissões de Poluentes para as Ativi<strong>da</strong>des Inventaria<strong>da</strong>s.Ativi<strong>da</strong>deTaxa de Emissão [kg/h]MP Total MP 10 MP 2,5Emissões Industriais 1.047,5 594,7 293,8Emissões Veiculares 2.891,6 2.053,1 1.093,1Logística (Portos e Aero<strong>por</strong>tos) 98,6 97,3 96,8Emissões Residenciais e Comerciais 2,0 1,1 1,1Aterros Sanitários 0,5 0,5 0,5Outras Emissões 3,0 2,6 2,1Total 4.043,1 2.749,3 1.487,5Fonte: A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> de IEMA, 2011a.Foram identifica<strong>da</strong>s como principais contribuições de MP, as emissões veiculares (70,4%) eas emissões industriais (25,5%), sen<strong>do</strong> que aproxima<strong>da</strong>mente 68% <strong>da</strong>s emissões veicularesforam atribuí<strong>da</strong>s à ressuspensão de partículas <strong>da</strong>s vias e cerca de 24% <strong>da</strong>s emissões industriaisforam atribuí<strong>da</strong>s às indústrias de mineração e siderurgia.4.1.2.1 Rede automática de monitoramento <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar (RAMQAr)Com o objetivo de conhecer e controlar o impacto causa<strong>do</strong> pelas diversas fontes polui<strong>do</strong>ras <strong>da</strong>Região <strong>da</strong> Grande Vitória, o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos(IEMA) implantou uma Rede Automática de Monitoramento <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Ar (RAMQAr)nessa região.O monitoramento automático de poluentes atmosféricos visa fornecer uma medição contínua<strong>do</strong>s níveis de quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar, o que possibilita a a<strong>do</strong>ção de medi<strong>da</strong>s mais rápi<strong>da</strong>s e eficientesno que se refere ao controle e fiscalização.


40A RAMQAr é composta <strong>por</strong> nove estações, distribuí<strong>da</strong>s entre os municípios componentes <strong>da</strong>Região <strong>da</strong> Grande Vitória <strong>da</strong> seguinte forma:• Serra: 3 estações (Laranjeiras, Carapina e Ci<strong>da</strong>de Continental);• Vitória: 3 estações (Jardim Camburi, Ensea<strong>da</strong> <strong>do</strong> Suá e Vitória-Centro);• Vila Velha: 2 estações (Vila Velha-Ibes e Vila Velha-Centro);• Cariacica: 1 estação (Cariacica).Os poluentes monitora<strong>do</strong>s são as Partículas Totais em Suspensão (PTS), Partículas Inaláveismenores que 10 µm (MP 10 ), Dióxi<strong>do</strong> de Enxofre (SO 2 ), Monóxi<strong>do</strong> de Carbono (CO), Óxi<strong>do</strong>sde Nitrogênio (NO X ), Hidrocarbonetos (HC) e Ozônio (O 3 ). Para viabilizar a análise <strong>da</strong>quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar, realiza-se ain<strong>da</strong>, o monitoramento <strong>do</strong>s seguintes parâmetros meteorológicos:Direção e Veloci<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s Ventos (DV e VV); Precipitação Pluviométrica (PP); Umi<strong>da</strong>deRelativa <strong>do</strong> Ar (UR); Temperatura (T); Pressão Atmosférica (P) e Insolação (I).4.1.2.2 Rede de monitoramento de partículas sedimentáveisA Rede de Monitoramento de Partículas Sedimentáveis é composta <strong>por</strong> 11 pontos de coleta,sen<strong>do</strong> que 8 pontos ficam localiza<strong>do</strong>s nas estações de monitoramento <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar(RAMQAr). Além desses, existem 2 pontos localiza<strong>do</strong>s na Ilha <strong>do</strong> Boi e 1 ponto adicionallocaliza<strong>do</strong> no centro de Vitória. A Tabela 3 apresenta a localização <strong>da</strong>s estações demonitoramento de PS.


41Tabela 3: Da<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s estações de monitoramento de partículas sedimentáveis.Nome <strong>da</strong> Estação Locali<strong>da</strong>de/Bairro MunicípioR01 Laranjeiras Hospital Dório Silva / Laranjeiras SerraR02 Carapina Companhia Siderúrgica de Tubarão Arcelor Mittal / Carapina SerraR03 Jardim Camburi Uni<strong>da</strong>de de Saúde / Jardim Camburi VitóriaR04 Ensea<strong>da</strong> Corpo de Bombeiros / Ensea<strong>da</strong> <strong>do</strong> Suá VitóriaR05 Vitória Centro Ministério <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> / Centro VitóriaVitória Centro (Banca) Banca Cultura / Em frente a estação R05 / Centro VitóriaR06 Ibes 4° Batalhão <strong>da</strong> Polícia Militar / Ibes Vila VelhaR07 Vila Velha Centro Colégio Marista Nossa Senhora <strong>da</strong> Penha / Centro Vila VelhaR08 Cariacica CEASA / Coordena<strong>do</strong>ria <strong>da</strong> Defesa Agropecuária /Vila Capixaba CariacicaSENAC Hotel SENAC Ilha <strong>do</strong> Boi / Ilha <strong>do</strong> Boi VitóriaClube Ítalo Clube Ítalo Brasileiro <strong>do</strong> Espírito Santo / Ilha <strong>do</strong> Boi VitóriaFonte: A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> de Santos e Reis, 2010.Os coletores de PS <strong>da</strong>s estações de monitoramento foram confecciona<strong>do</strong>s e instala<strong>do</strong>s deacor<strong>do</strong> com a norma ASTM D1739-98 e permitem coletar massa suficiente para a realizaçãode análises químicas.Nessa pesquisa, foram considera<strong>da</strong>s as estações de monitoramento de PS localiza<strong>da</strong>s junto àRAMQAr, com exceção <strong>da</strong> Estação Vitória Centro, que foi substituí<strong>da</strong> pela Estação <strong>da</strong> Bancade Jornais “Cultura” visto que a estação <strong>da</strong> RAMQAR no Centro de Vitória é localiza<strong>da</strong> noprédio <strong>do</strong> sede <strong>do</strong> Ministério <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> e, <strong>por</strong>tanto, os coletores de poeira estão instala<strong>do</strong>spróximos às paredes <strong>do</strong> prédio comprometen<strong>do</strong> a representativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> amostragem para aárea de abrangência <strong>do</strong> coletor, assim foi instala<strong>do</strong> outro ponto de coleta numa locali<strong>da</strong>de sema proximi<strong>da</strong>de de edificações muito próximas ao coletor. A Figura 6 mostra a distribuiçãoespacial <strong>do</strong>s pontos de coleta de PS utiliza<strong>do</strong>s no estu<strong>do</strong>.


42Figura 6: Distribuição espacial <strong>do</strong>s pontos de coleta de PS utiliza<strong>do</strong>s no estu<strong>do</strong>.Fonte: Google Earth ®4.2 PESQUISA DE OPINIÃOA pesquisa de opinião também classifica<strong>da</strong> como uma pesquisa de levantamento ou survey(Barnett, 1991) foi realiza<strong>da</strong> <strong>por</strong> meio de entrevistas face a face com aplicação de questionáriodurante o inverno (20 a 24 de julho de 2011) e durante o verão (25 de janeiro a 03 defevereiro de 2012). O objetivo <strong>da</strong> realização de duas etapas foi verificar a existência desazonali<strong>da</strong>des na percepção de incômo<strong>do</strong> pela população entre as duas estações <strong>do</strong> ano.Na primeira etapa (julho 2011) foram entrevista<strong>da</strong>s 515 pessoas, enquanto que na segun<strong>da</strong>etapa (janeiro 2012) foram entrevista<strong>da</strong>s 513 pessoas, totalizan<strong>do</strong> 1028 indivíduos, maiores de16 anos distribuí<strong>do</strong>s pro<strong>por</strong>cionalmente ao re<strong>do</strong>r de ca<strong>da</strong> estação de monitoramento <strong>da</strong>quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar na Região <strong>da</strong> Grande Vitória.


43Da<strong>do</strong>s <strong>da</strong> população foram obti<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> censo demográfico de 2010 realiza<strong>do</strong>pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O tamanho <strong>da</strong> amostra foicalcula<strong>do</strong> pela técnica de amostragem estratifica<strong>da</strong> simples com alocação pro<strong>por</strong>cionalconforme Barnett (1991).O instrumento de coleta de <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> pesquisa de opinião foi o questionário estrutura<strong>do</strong> nãodisfarça<strong>do</strong>, no qual a população conhece os objetivos <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> e não há interferência <strong>do</strong>entrevista<strong>do</strong>r (ANEXO A). Este instrumento foi elabora<strong>do</strong> para a obtenção de <strong>da</strong><strong>do</strong>s quepermitissem analisar a correlação entre os níveis de incômo<strong>do</strong> relata<strong>do</strong>s e as taxas dedeposição de PS. As questões foram elabora<strong>da</strong>s com o objetivo de retratar a percepção <strong>da</strong>população entrevista<strong>da</strong>, avalian<strong>do</strong> a intensi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> incômo<strong>do</strong> provoca<strong>do</strong>, o comprometimento<strong>do</strong> uso de suas proprie<strong>da</strong>des, a identificação <strong>da</strong>s principais fontes emissoras de PS na região,além de identificar se a população associa a poeira como responsável <strong>por</strong> algum tipo de <strong>da</strong>nocausa<strong>do</strong> a sua saúde.Ao final <strong>do</strong> questionário, os entrevista<strong>do</strong>s foram questiona<strong>do</strong>s sobre a disponibili<strong>da</strong>de emcolaborar na pesquisa de painel, realiza<strong>da</strong> mensalmente <strong>por</strong> telefone.4.2.1 Descrição e exploração <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>sOs <strong>da</strong><strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s na pesquisa de opinião foram organiza<strong>do</strong>s de forma a evidenciarinformações relevantes, em termos <strong>do</strong>s objetivos <strong>da</strong> pesquisa. Para tratamento <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s foiutiliza<strong>do</strong> o programa Excel 2007. Para a descrição de <strong>da</strong><strong>do</strong>s, de uma forma geral, foram feitasanálises simples a partir de distribuições de frequências, as quais puderam ser representa<strong>da</strong>sgraficamente. Para as análises de correlação propostas nos objetivos <strong>da</strong> pesquisa, além <strong>da</strong>srepresentações gráficas, foram utiliza<strong>do</strong>s modelos de Regressão Linear Simples (RLS), osquais também foram gera<strong>do</strong>s no Excel 2007 e são descritos a seguir.4.2.1.1 Regressão linear simplesDe acor<strong>do</strong> com Barbetta (2009), uma análise de regressão é geralmente feita sob umreferencial teórico que justifique a a<strong>do</strong>ção de alguma relação matemática de causali<strong>da</strong>de. Omodelo de regressão linear simples relaciona uma variável Y chama<strong>da</strong> de variável dependenteou resposta, com uma variável X, denomina<strong>da</strong> variável explicativa ou independente.


44A análise de regressão toma <strong>por</strong> base um conjunto de observações parea<strong>da</strong>s (x,y), relativas àsvariáveis X e Y. No modelo de regressão linear simples assume-se que há uma dependêncialinear entre x e y, consideran<strong>do</strong> um erro aleatório decorrente <strong>da</strong>s flutuações <strong>do</strong>s pontos (x,y)em torno <strong>da</strong> reta imaginária. O modelo pode então ser descrito <strong>por</strong>: = + + Onde:Y: variável dependente ou resposta;: constante de interceptação <strong>da</strong> reta com o eixo x;: inclinação <strong>da</strong> reta;X: variável independente ou explicativa;: variável aleatória residual que descreve os efeitos em Y não explica<strong>do</strong>s <strong>por</strong> X.A ideia básica <strong>do</strong> modelo de regressão linear simples é encontrar estimativas para oscoeficientes e , com base na amostra de observações (x,y), de forma que a reta passe omais próximo possível <strong>do</strong>s pontos observa<strong>do</strong>s. Esses coeficientes podem ser obti<strong>do</strong>s pelométo<strong>do</strong> de mínimos quadra<strong>do</strong>s, que consiste em fazer com que a soma quadrática <strong>do</strong>s efeitosaleatórios (∑ ), seja a menor possível, fornecen<strong>do</strong> expressões para os cálculos de e .A quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s ajustes é feita pela análise <strong>do</strong> coeficiente de determinação (R 2 ), que é oquadra<strong>do</strong> <strong>do</strong> coeficiente de correlação R de Pearson, sen<strong>do</strong> que quanto mas próximo de 1 forR² melhor é a quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ajuste. O coeficiente de determinação pode ser interpreta<strong>do</strong> comouma medi<strong>da</strong> descritiva <strong>da</strong> pro<strong>por</strong>ção <strong>da</strong> variação de Y.O modelo de regressão linear simples foi utiliza<strong>do</strong> para verificar a influência <strong>da</strong>s seguintesvariáveis nos níveis de incômo<strong>do</strong>, que foi toma<strong>da</strong> como variável dependente (Y), apresenta<strong>do</strong>spela população:• Aspectos pessoais (gênero, faixa etária e escolari<strong>da</strong>de);• Avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar;• Percepção <strong>da</strong> poeira;• Percepção de risco;• Identificação <strong>da</strong>s indústrias como principal fonte de poluição.


454.2.2 Análises de correlaçãoPara to<strong>da</strong>s as análises o nível de incômo<strong>do</strong> foi toma<strong>do</strong> sob uma escala quantitativa: na<strong>da</strong> (1),pouco (2), modera<strong>da</strong>mente (3), muito (4) e extremamente (5), de acor<strong>do</strong> com a questão A.1 <strong>do</strong>questionário em Anexo.Para analisar a relação entre os níveis de incômo<strong>do</strong> e aspectos pessoais foram considera<strong>da</strong>s asvariações nas respostas <strong>por</strong> gênero (masculino ou feminino), faixa etária e escolari<strong>da</strong>de, <strong>da</strong><strong>do</strong>sobti<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Bloco F <strong>do</strong> questionário. O nível de incômo<strong>do</strong> foi confronta<strong>do</strong> com o percentual<strong>do</strong> público feminino, a média <strong>da</strong> faixa etária e a média <strong>da</strong> escolari<strong>da</strong>de em ca<strong>da</strong> ponto <strong>da</strong>escala.A inter-relação <strong>da</strong> avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar com os níveis de incômo<strong>do</strong> considerou amédia <strong>da</strong> avaliação feita pela população que a relatou como péssima, ruim, regular, boa eexcelente (Bloco A - Questão A.4).Para analisar os efeitos <strong>da</strong> percepção <strong>da</strong> poeira sobre os níveis de incômo<strong>do</strong> relata<strong>do</strong>s, foramconsidera<strong>da</strong>s as médias <strong>da</strong> freqüência de percepção em ca<strong>da</strong> nível específico (Bloco A –Questão A.5).A influência <strong>da</strong> percepção de risco sobre os níveis de incômo<strong>do</strong> considerou três questõesrelaciona<strong>da</strong>s à saúde <strong>da</strong> população (Bloco B - Questões B.7, B.9 e B.10). Neste caso, foramtoma<strong>da</strong>s como variáveis explicativas no modelo de regressão a média de freqüência de i<strong>da</strong> aomédico, a média <strong>da</strong> freqüência com que o indivíduo entrevista<strong>do</strong> ou alguém <strong>da</strong> famíliaapresenta problemas de saúde e o percentual de indivíduos que relatam sintomas à saúde.A análise de correlação entre níveis de incômo<strong>do</strong> e identificação de fontes polui<strong>do</strong>ras foi feitaconsideran<strong>do</strong> o percentual de indivíduos que identificaram as indústrias como a principalfonte de poluição <strong>do</strong> ar (Bloco C – Questão C.1).As inter-relações propostas neste estu<strong>do</strong> compreendem uma a<strong>da</strong>ptação <strong>da</strong> meto<strong>do</strong>logiaa<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> <strong>por</strong> Stenlund et al. (2009). O nível de incômo<strong>do</strong> foi toma<strong>do</strong> como aspecto central aoqual foram associa<strong>do</strong>s os seus fatores determinantes, como é apresenta<strong>do</strong> na Figura 7:


46Figura 7: Proposta de análise <strong>da</strong>s inter-relações entre incômo<strong>do</strong> e seus fatores determinantes.4.3 PESQUISA DE PAINELA pesquisa de painel é uma pesquisa contínua, realiza<strong>da</strong> ao longo de um determina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>de tempo, com o objetivo de entender o com<strong>por</strong>tamento de uma amostra. Essa pesquisa foifeita <strong>por</strong> uma entrevista realiza<strong>da</strong> <strong>por</strong> telefone, durante a última semana de ca<strong>da</strong> mês parato<strong>do</strong>s os entrevista<strong>do</strong>s que aceitaram em participar desta etapa.Os entrevista<strong>do</strong>s que participaram <strong>da</strong> primeira etapa <strong>da</strong> pesquisa (julho 2011) responderam aopainel durante o perío<strong>do</strong> de agosto a dezembro de 2011, enquanto que os <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> etapa(janeiro 2012) participaram <strong>do</strong> painel de fevereiro a junho de 2012.A entrevista <strong>por</strong> telefone consistia na aplicação de duas perguntas. A primeira pergunta foiformula<strong>da</strong> <strong>da</strong> seguinte forma: “Em relação ao incômo<strong>do</strong> pela poeira/pó preto como o Sr.(ª) sesentiu durante este mês?”. Foi a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> a seguinte escala de nível de incômo<strong>do</strong>: “na<strong>da</strong>incomo<strong>da</strong><strong>do</strong>” (1), “pouco incomo<strong>da</strong><strong>do</strong>” (2), “modera<strong>da</strong>mente incomo<strong>da</strong><strong>do</strong>” (3), “muitoincomo<strong>da</strong><strong>do</strong>” (4) e “extremamente incomo<strong>da</strong><strong>do</strong>” (5). A segun<strong>da</strong> questão foi formula<strong>da</strong> <strong>da</strong>mesma forma que a primeira, com exceção de que ao invés de relatar o nível de incômo<strong>do</strong>percebi<strong>do</strong> durante o mês, o entrevista<strong>do</strong> descreveu o seu nível de incômo<strong>do</strong> no exato


47momento <strong>da</strong> entrevista. As escala a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> para o nível de incômo<strong>do</strong> foi a mesma <strong>da</strong> questãoanterior.4.3.1 Descrição e exploração <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>sPara verificar a relação entre a taxa de deposição de partículas sedimentáveis e a resposta <strong>da</strong>comuni<strong>da</strong>de ao incômo<strong>do</strong> foram utiliza<strong>do</strong>s os <strong>da</strong><strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s a partir <strong>da</strong> primeira perguntarealiza<strong>da</strong> na pesquisa de painel, consistin<strong>do</strong> no relato <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong> mensal (agosto adezembro de 2011). Foram considera<strong>do</strong>s também os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> pesquisa de opinião (julho de2011 e janeiro de 2012), totalizan<strong>do</strong> sete conjunto de <strong>da</strong><strong>do</strong>s para ca<strong>da</strong> estação demonitoramento. Para tratamento <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s foi utiliza<strong>do</strong> o programa Excel 2007.4.3.2 Taxa de deposição de partículas sedimentáveisOs <strong>da</strong><strong>do</strong>s de taxa de deposição de Partículas Sedimentáveis foram obti<strong>do</strong>s junto ao InstitutoEstadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), que mantém uma Rede deMonitoramento de PS na Região <strong>da</strong> Grande Vitória. O monitoramento <strong>do</strong> fluxo de deposiçãode PS é realiza<strong>do</strong> desde Abril de 2009 e as séries históricas são apresenta<strong>da</strong>s nas Figura 8 a11, <strong>por</strong> município e <strong>por</strong> estações.Taxa de Deposição de PS [g/m².30 dias]2520151050Tempo (Meses)Jardim Camburi Ensea<strong>da</strong> <strong>do</strong> Suá Banca CentroFigura 8: Série histórica <strong>da</strong> taxa de deposição de PS <strong>da</strong>s Estações de Monitoramento de Vitória.


48Taxa de Deposição de PS [g/m².30 dias]2520151050Tempo (Meses)Vila Velha IbesVila Velha CentroFigura 9: Série histórica <strong>da</strong> taxa de deposição de PS <strong>da</strong>s Estações de Monitoramento de Vila Velha.Taxa de Deposição de PS [g/m².30 dias]2520151050Tempo (Meses)LaranjeirasCarapinaFigura 10: Série histórica <strong>da</strong> taxa de deposição de PS <strong>da</strong>s Estações de Monitoramento <strong>da</strong> Serra.


49Taxa de Deposição de PS [g/m².30 dias]2520151050Tempo (Meses)CariacicaFigura 11: Série histórica <strong>da</strong> taxa de deposição de PS <strong>da</strong> Estação de Monitoramento de Cariacica.


505 RESULTADOS E DISCUSSÕESOs resulta<strong>do</strong>s deste trabalho, que seguem apresenta<strong>do</strong>s nesta seção, estão estrutura<strong>do</strong>s em <strong>do</strong>istópicos, “Pesquisa de Opinião” e “Pesquisa Painel”. A primeira subseção apresenta a análise<strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s a partir <strong>da</strong> pesquisa de opinião. E a subseção <strong>da</strong> Pesquisa Painel apresentaos resulta<strong>do</strong>s a partir de análises de comparação entre os níveis de incômo<strong>do</strong> mensais, obti<strong>do</strong>sna pesquisa painel, e as taxas de deposição de partículas sedimentáveis, obti<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong>sestações de monitoramento.5.1 PESQUISA DE OPINIÃOOs resulta<strong>do</strong>s que serão apresenta<strong>do</strong>s a seguir, conforme discuti<strong>do</strong> na Seção 4.2, são relativosàs pesquisas de opinião realiza<strong>da</strong>s nos meses de julho de 2011, onde 515 pessoas foramentrevista<strong>da</strong>s, e janeiro de 2012, onde 513 pessoas participaram <strong>da</strong> pesquisa, totalizan<strong>do</strong> 1028indivíduos entrevista<strong>do</strong>s, escolhi<strong>do</strong>s aleatoriamente.A Tabela 4 abaixo apresenta o perfil <strong>do</strong>s participantes <strong>da</strong> pesquisa de acor<strong>do</strong> com o gênero e afaixa etária.Tabela 4: Perfil <strong>do</strong>s participantes <strong>da</strong> Pesquisa de Opinião.Resposta TotalGêneroFaixa etáriaMasc. Fem. 16-18 19-24 25-34 35-44 45-54 55-64 > 65Base 1028 398 630 63 209 180 132 182 128 126Percentual 100 38,7 61,3 6,1 20,3 17,5 12,8 17,7 12,4 12,3O público feminino teve maior participação na pesquisa (61,3%) que o público masculino(38,7%). A pesquisa foi realiza<strong>da</strong> em 7 (sete) dias segui<strong>do</strong>s com a finali<strong>da</strong>de de considerar umfinal de semana e <strong>da</strong>r o<strong>por</strong>tuni<strong>da</strong>de de resposta aos que trabalham fora de segun<strong>da</strong> à sextafeira.Mas apesar desse cui<strong>da</strong><strong>do</strong>, em decorrência desses 5 (cinco) dias <strong>da</strong> semana, nota-se queessa maior participação <strong>da</strong>s mulheres é devi<strong>do</strong> principalmente ao perfil socioeconômico <strong>da</strong>sregiões <strong>da</strong>s entrevistas fruto <strong>da</strong>s permanências <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de patriarcal no Brasil.


51Consideran<strong>do</strong> as 8 (oito) regiões abrangi<strong>da</strong>s pela pesquisa, Centro de Vitória apresenta maiorparticipação <strong>da</strong>s mulheres (72,3%) enquanto que Ibes apresenta o menor percentual para essegênero (51,8%). Para as demais 6 regiões os valores percentuais <strong>do</strong> público feminino variamde 55,4% a 67,3%.Quanto a faixa etária, indivíduos com i<strong>da</strong>de entre 19 e 24 anos representam a faixa etária commaior participação na pesquisa (20,3%), segui<strong>da</strong> <strong>da</strong> faixa de indivíduos com i<strong>da</strong>de entre 45 e54 anos (17,7%), 25 e 34 anos (17,5%), 35 e 44 anos (12,8%), 55 e 64 anos (12,5%), acima de65 anos (12,3%) e <strong>do</strong>s indivíduos com i<strong>da</strong>de entre 16 e 18 anos (6,1%). Dessa maneira apesquisa alcançou uma boa homogenei<strong>da</strong>de no perfil relativo à faixa etária, contribuin<strong>do</strong> deuma forma positiva para a interpretação de próximos resulta<strong>do</strong>s, haja vista que uma amostranunca é exatamente igual a uma população-alvo. Há sempre um erro, e este erro será maiorquan<strong>do</strong> o tamanho <strong>da</strong> amostra for pequeno ou quan<strong>do</strong> a população-alvo não for homogênea.5.1.1 Incômo<strong>do</strong> em relação a poluição <strong>do</strong> arA fim de avaliar o incômo<strong>do</strong> <strong>da</strong> população com a poluição <strong>do</strong> ar, efetuou-se a seguintepergunta: “Em relação à poluição <strong>do</strong> ar, como você está se sentin<strong>do</strong> agora?” As respostasestão tabula<strong>da</strong>s na Figura 12, onde verifica-se um eleva<strong>do</strong> percentual de entrevista<strong>do</strong>s querelataram se sentir “extremamente” ou “muito incomo<strong>da</strong><strong>do</strong>s” com poluição <strong>do</strong> ar (41%)enquanto que 16% relatam não se incomo<strong>da</strong>r. Uma pessoa (0,1%) não informou seu nível deincômo<strong>do</strong>.14%16%NADA INCOMODADOPOUCO INCOMODADO27%20%MODERADO INCÔMODOMUITO INCOMODADO23%EXTREMAMENTEINCOMODADOFigura 12: Percentual de entrevista<strong>do</strong>s em relação ao nível de incômo<strong>do</strong>.


52Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s na Figura anterior comprovam que de fato a maior parte <strong>da</strong> população(84%) está pelo menos um pouco incomo<strong>da</strong><strong>da</strong> com a poluição <strong>do</strong> ar. A partir <strong>da</strong>í pretende-seapresentar a seguir as análises <strong>da</strong>s possíveis relações <strong>da</strong>s variáveis que podem influenciar napercepção <strong>do</strong>s níveis de incômo<strong>do</strong>.5.1.2 Incômo<strong>do</strong> versus aspectos pessoaisAo analisar os níveis de incômo<strong>do</strong> separa<strong>da</strong>mente de acor<strong>do</strong> com gênero, pode-se observarpela Figura 13 que há uma maior pro<strong>por</strong>ção <strong>do</strong> público feminino na faixa <strong>do</strong>s maisincomo<strong>da</strong><strong>do</strong>s com a poluição <strong>do</strong> ar. Foi desconsidera<strong>da</strong> a pessoa que não informou o seu nívelde incômo<strong>do</strong>.Percentual de IndivíduosEntrevista<strong>do</strong>s100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%FEMININOMASCULINONível <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>Figura 13: Percentual de entrevista<strong>do</strong>s <strong>por</strong> nível de incômo<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com o gênero.Enquanto que a participação <strong>do</strong> público feminino na pesquisa representou 61,3% <strong>do</strong>sentrevista<strong>do</strong>s, para aqueles que respondem se sentir “Muito Incomo<strong>da</strong><strong>do</strong>s” esse mesmopúblico representa 70,2% e ain<strong>da</strong> representa 48,5% <strong>do</strong>s que respondem se sentir “Na<strong>da</strong>Incomo<strong>da</strong><strong>do</strong>s”. O que permite concluir que em geral as mulheres se sentem maisincomo<strong>da</strong><strong>da</strong>s com a poluição <strong>do</strong> ar <strong>do</strong> que os homens.


53Com a finali<strong>da</strong>de de verificar a correlação entre nível de incômo<strong>do</strong> e o sexo feminino atravésde Análise de Regressão Linear Simples, foi considera<strong>do</strong>, em um gráfico de dispersão, ca<strong>da</strong>nível de incômo<strong>do</strong> estrutura<strong>do</strong> em nível ordinal de mensuração, visto que representam umaescala (1 - Na<strong>da</strong>; 2 - Pouco; 3 - Modera<strong>do</strong>; 4 - Muito e 5 - Extremo) e seus respectivospercentuais de público feminino, conforme segue ilustra<strong>do</strong> pela Figura 14.54Nível de Incômo<strong>do</strong>321R² = 0,75800 20 40 60 80Percentual <strong>do</strong> Público FemininoFigura 14: Correlação entre nível de incômo<strong>do</strong> e percentual <strong>do</strong> público feminino.Nota-se uma relação positiva entre a variável “Nível de Incômo<strong>do</strong>” e “Percentual <strong>do</strong> PúblicoFeminino” em que 75,8% <strong>da</strong>s variações <strong>do</strong>s níveis de incômo<strong>do</strong> são explica<strong>da</strong>s pelasvariações <strong>do</strong> percentual <strong>do</strong> público feminino. Esse resulta<strong>do</strong> indica que o percentual demulheres em uma amostra pode ser um fator determinante <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong> relata<strong>do</strong>,visto que o aumento desse percentual implica em elevação <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong>.Ao realizar a mesma análise de acor<strong>do</strong> com a faixa etária <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, obtêm-se oresulta<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong> na Figura 15. Não foram considera<strong>da</strong>s as oito pessoas que nãoinformaram seu nível de incômo<strong>do</strong> ou a sua i<strong>da</strong>de.


54Percentual de Indivíduos Entrevista<strong>do</strong>s100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%ACIMA DE 65 ANOSDE 55 A 64 ANOSDE 45 A 54 ANOSDE 35 A 44 ANOSDE 25 A 34 ANOSDE 19 A 24 ANOSDE 16 A 18 ANOSNível <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>Figura 15: Percentual de entrevista<strong>do</strong>s <strong>por</strong> nível de incômo<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com a faixa etária.Os indivíduos entrevista<strong>do</strong>s na faixa etária de 16 a 34 anos, que somam 44% <strong>do</strong> total deentrevista<strong>do</strong>s, apresentam menores percentuais <strong>do</strong>s que relatam estar se sentin<strong>do</strong>“extremamente incomo<strong>da</strong><strong>do</strong>s” (26,4%), enquanto que as pessoas entrevista<strong>da</strong>s na faixa etáriaacima de 35 anos, que somam 55,3% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, apresentam maiores percentuais <strong>do</strong>sque relatam o nível mais alto de incômo<strong>do</strong> (75,6%). Dessa forma, constata-se que há umacorrelação entre a i<strong>da</strong>de e os níveis eleva<strong>do</strong>s de incômo<strong>do</strong> relata<strong>do</strong>s, onde o público maisvelho se apresenta ligeiramente mais incomo<strong>da</strong><strong>do</strong>.A Figura 16 apresenta a análise feita <strong>por</strong> Regressão Linear Simples entre os níveis deincômo<strong>do</strong> relata<strong>do</strong>s (1 - Na<strong>da</strong>; 2 - Pouco; 3 - Modera<strong>do</strong>; 4 - Muito e 5 - Extremo) e a média<strong>da</strong> faixa etária em ca<strong>da</strong> nível de incômo<strong>do</strong> <strong>da</strong> amostra entrevista<strong>da</strong>, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> uma escalanumérica representativa para ca<strong>da</strong> intervalo <strong>da</strong> faixa etária: 1 – 16 a 18 anos; 2 – 19 a 24 anos;3 - 25 a 34 anos; 4 – 35 a 44 anos; 5 – 45 a 54 anos; 6 – 55 a 64 anos e 7 – acima de 65 anos.


555Nível <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>4321R² = 0,55900,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0Média <strong>da</strong> Faixa EtáriaFigura 16: Correlação entre nível <strong>do</strong> incômo<strong>do</strong> e média <strong>da</strong> faixa etária.Nota-se, pela análise, que a reta de regressão ajusta<strong>da</strong> para os <strong>da</strong><strong>do</strong>s de “nível de incômo<strong>do</strong>” e“média <strong>da</strong> faixa etária” apresenta coeficiente de determinação, R 2 , de 55,9%, um valor nãosatisfatório. Porém, pode-se constatar a correlação positiva entre as variáveis, com tendênciade aumento <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong> um aumento na média <strong>da</strong> faixa etária <strong>da</strong> amostra.Quanto à escolari<strong>da</strong>de, o público com maior participação na pesquisa foi <strong>da</strong>queles quepossuem ensino médio/técnico completo (33,7%) segui<strong>do</strong> <strong>do</strong>s que possuem ensino superiorcompleto (23,8%) e <strong>do</strong>s que possuem ensino superior incompleto (16,3%). Dessa maneiratemos que mais <strong>da</strong> metade <strong>do</strong> público em geral entrevista<strong>do</strong> (73,8%) apresenta mais de 11anos de estu<strong>do</strong>. Ca<strong>da</strong> indivíduo percebe e responde diferentemente frente às ações sobre omeio, mas a escolari<strong>da</strong>de pode ser um facilita<strong>do</strong>r na compreensão de certos aspectos.Pela análise <strong>da</strong> Figura 17, nota-se que não houve diferenças significativas ou tendênciasrelaciona<strong>da</strong>s ao nível de escolari<strong>da</strong>de, consideran<strong>do</strong> os cinco níveis de incômo<strong>do</strong>. Porexemplo, para o público que relata não se incomo<strong>da</strong>r com a poluição <strong>do</strong> ar, temos que 43,5%é representa<strong>do</strong> <strong>por</strong> pessoas com nível superior completo ou incompleto, enquanto que opúblico que relata extremo incômo<strong>do</strong> é constituí<strong>do</strong> de 43,2% de pessoas com esse mesmonível de escolari<strong>da</strong>de. Foram desconsidera<strong>da</strong>s as seis pessoas que não responderam sobre seunível de incômo<strong>do</strong> ou sobre sua escolari<strong>da</strong>de.


56Percentual de Indivíduos Entrevista<strong>do</strong>s100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%SUPERIOR COMPLETOSUPERIOR INCOMPLETOMÉDIO/TÉCNICO COMPLETOMÉDIO/TÉCNICO INCOMPLETOFUNDAMENTAL COMPLETOFUNDAMENTAL INCOMPLETONível <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>NÃO ESTUDOUFigura 17: Percentual de entrevista<strong>do</strong>s <strong>por</strong> nível de incômo<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com o nível de escolari<strong>da</strong>de.Por análise de Regressão Linear Simples, consideran<strong>do</strong> para ca<strong>da</strong> nível de incômo<strong>do</strong> a média<strong>da</strong> escolari<strong>da</strong>de, sen<strong>do</strong>: 1 – Nunca Estu<strong>do</strong>u; 2 - Ensino Fun<strong>da</strong>mental Incompleto; 3 - EnsinoFun<strong>da</strong>mental Completo; 4 - Ensino Médio/Técnico Incompleto; 5 - Ensino Médio/TécnicoCompleto; 6 - Ensino Superior Incompleto e 7 - Ensino Superior Completo, o resulta<strong>do</strong>alcança<strong>do</strong> é mostra<strong>do</strong> pela Figura 18.54Nível <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>321R² = 0,46700,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0Média <strong>da</strong> Escolari<strong>da</strong>deFigura 18: Correlação entre nível <strong>do</strong> incômo<strong>do</strong> e média <strong>da</strong> escolari<strong>da</strong>de.


57Observa-se que há uma correlação não satisfatória entre os níveis de incômo<strong>do</strong> e a média <strong>da</strong>escolari<strong>da</strong>de, sen<strong>do</strong> o coeficiente de determinação, R 2 , de 46,7%. Isto pode ser explica<strong>do</strong> pelofato, já descrito anteriormente, de que não há diferenças significativas e nenhuma tendênciaentre a média <strong>da</strong> escolari<strong>da</strong>de com a variação <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong>, ou seja, há uma certahomogenei<strong>da</strong>de entre os níveis. Por exemplo, em to<strong>do</strong>s os níveis de incômo<strong>do</strong> há umapre<strong>do</strong>minância de indivíduos com pelo menos ensino médio completo. Apesar <strong>da</strong> fracacorrelação, o ajuste <strong>da</strong> reta de regressão forneceu uma correlação positiva entre as variáveis,isto é, com aumento <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong> um aumento na média <strong>da</strong> escolari<strong>da</strong>de.5.1.3 Incômo<strong>do</strong> versus avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> arA Figura 19 ilustra o resulta<strong>do</strong> encontra<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> os entrevista<strong>do</strong>s foram questiona<strong>do</strong>s sobreo grau de im<strong>por</strong>tância que atribuem à quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar.54,570,190,10 0,975,7438,42SEM IMPORTÂNCIAPOUCO IMPORTANTEMODERADA IMPORTÂNCIAMUITO IMPORTANTEEXTREMAMENTE IMPORTANTENS/NRFigura 19: Percentual de entrevista<strong>do</strong>s em relação ao grau de im<strong>por</strong>tância atribuí<strong>do</strong> à quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar.A maioria <strong>da</strong> amostra entrevista<strong>da</strong> (93%) avalia a quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar como “muito” ou“extremamente im<strong>por</strong>tante”, o que demonstra que a população tem consciência de que aquali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar é imprescindível para a sua saúde e quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>, além de mostrar umapreocupação individual e coletiva quanto à atenção dispensa<strong>da</strong> ao meio ambiente.Com a finali<strong>da</strong>de de analisar a avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar pelos entrevista<strong>do</strong>s foi realiza<strong>da</strong> aseguinte pergunta: “Como você avalia a quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar em seu bairro/região?” Os resulta<strong>do</strong>s


58<strong>da</strong>s entrevistas (Figura 20) mostram que 47,4% <strong>do</strong> total de entrevista<strong>do</strong>s respondem que é“péssima” ou “ruim”. Quan<strong>do</strong> discrimina<strong>do</strong>s <strong>por</strong> região, foi obti<strong>do</strong> um valor percentualmínimo para a região de Laranjeiras (31,4%) e máximo para a região de Ensea<strong>da</strong> <strong>do</strong> Suá(58,6%).1% 0%38%14%23%24%PÉSSIMARUIMREGULARBOAEXCELENTENS/NRFigura 20: Percentual de entrevista<strong>do</strong>s em relação à avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar.O resulta<strong>do</strong> de monitoramento <strong>da</strong>s regiões de abrangência <strong>da</strong>s estações <strong>da</strong> RAMQAR, para osúltimos anos, apresenta quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar na maior parte <strong>do</strong> tempo inseri<strong>do</strong> na categoria “boa”com algumas situações de condição “regular”. Esta classificação segue a referênciaestabeleci<strong>da</strong> pelos padrões legais <strong>do</strong> CONAMA 03/1990 que são considera<strong>do</strong>s desatualiza<strong>do</strong>sem relação às diretrizes de 2005 <strong>da</strong> OMS. O fato de <strong>grande</strong> parte <strong>da</strong> população considerar aquali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar “péssima” ou “ruim” se deve, provavelmente, à relação feita entre a quali<strong>da</strong>de<strong>do</strong> ar e a poeira, visto que esta, diferentemente <strong>do</strong>s poluentes monitora<strong>do</strong>s, é mais percebi<strong>da</strong>pela população pelo fato de ser visível principalmente quan<strong>do</strong> está deposita<strong>da</strong> sobre assuperfícies <strong>do</strong>miciliares. Tem-se, <strong>por</strong> exemplo, que a soma <strong>da</strong>s taxas de deposição departículas sedimenta<strong>da</strong>s <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de abril de 2009 (início <strong>do</strong> monitoramento de PS) atéjaneiro de 2012 para ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s 8 (oito) estações, assume maior valor acumula<strong>do</strong> para aestação <strong>da</strong> Ensea<strong>da</strong> <strong>do</strong> Suá. Logo, é muito provável que a avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar pelosmora<strong>do</strong>res dessa região seja influencia<strong>da</strong> pelos altos índices de deposição de partículassedimenta<strong>da</strong>s.A Figura 21, referente à avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar para ca<strong>da</strong> nível de incômo<strong>do</strong>, mostraque 83,0% <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res que relatam o maior nível de incômo<strong>do</strong> com a poluição avaliam a


59quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar como “péssima” ou “ruim”, enquanto que apenas 15,3% <strong>do</strong>s indivíduos queapresentam o menor nível de incômo<strong>do</strong> avaliam a quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar dessa mesma maneira.Dessa forma, há uma relação direta entre a avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar e os níveis deincômo<strong>do</strong> relata<strong>do</strong>s pela população, onde indivíduos mais incomo<strong>da</strong><strong>do</strong>s avaliam a quali<strong>da</strong>de<strong>do</strong> ar de forma mais negativa.Percentual de indivíduos Entrevista<strong>do</strong>s100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%EXCELENTEBOAREGULARRUIMPÉSSIMANível <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>Figura 21: Percentual de entrevista<strong>do</strong>s <strong>por</strong> nível de incômo<strong>do</strong> conforme a avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar.Para analisar a relação entre o nível de incômo<strong>do</strong> e a avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar, foi feitauma análise <strong>por</strong> ajuste de reta, a qual segue ilustra<strong>da</strong> pela Figura 22. Para ca<strong>da</strong> nível deincômo<strong>do</strong> relata<strong>do</strong>, foi considera<strong>da</strong> a média <strong>da</strong> avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar pela população,relativa aos valores representativos para ca<strong>da</strong> classificação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar nessequestionamento: 1 – Péssima; 2 – Ruim; 3 – Regular; 4 – Boa e 5 – Excelente.


605Nível <strong>do</strong> incômo<strong>do</strong>4321R² = 0,95800,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5Média <strong>da</strong> Avaliação <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ArFigura 22: Correlação entre nível <strong>do</strong> incômo<strong>do</strong> e média <strong>da</strong> avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar.As variações nos níveis de incômo<strong>do</strong> são explica<strong>da</strong>s, em 95,8% <strong>da</strong>s vezes, pelas variações navariável média <strong>da</strong> avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar, constituin<strong>do</strong> assim uma forte correlação entreesses <strong>do</strong>is parâmetros. É im<strong>por</strong>tante destacar que a correlação é negativa visto que, de acor<strong>do</strong>com a escala de avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong>, valores menores indicam pioresavaliações e vice-versa. Pode-se concluir que há uma inter-relação entre a avaliação que apopulação faz <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar e o nível de incômo<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> im<strong>por</strong>tante ressaltar quemesmo que a quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar na região seja “boa” ou “regular”, um indivíduo que a avaliacomo “ruim” ou “péssima”, pode apresentar alto nível de incômo<strong>do</strong>, consideran<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> que ocálculo <strong>do</strong> índice de quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar não leva em conta as taxas de deposição de PS, as quaissão muito prováveis, como já dito, de influenciar na avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar.5.1.4 Incômo<strong>do</strong> versus percepção <strong>da</strong> poeiraA fim de avaliar a percepção <strong>da</strong> poeira pela população, foi pergunta<strong>do</strong> sobre a frequência comque o entrevista<strong>do</strong> percebe a poluição <strong>do</strong> ar através de situações como depósitos de pó,partículas, flocos, etc. O resulta<strong>do</strong> segue ilustra<strong>do</strong> pela Figura 23:


611%4%51%14%30%NUNCARARAMENTEÀS VEZESFREQUENTEMENTESEMPREFigura 23: Percentual de entrevista<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> a percepção de deposição de partículas.Nota-se que cerca de 81% <strong>da</strong>s pessoas entrevista<strong>da</strong>s respondem perceber os depósitos departículas “sempre” ou “frequentemente” em seu cotidiano, um valor bem eleva<strong>do</strong>, haja vistaque esse percentual corresponde a 826 pessoas que compartilham de uma mesma resposta.Carapina apresenta o maior percentual de pessoas que relatam essas frequências de percepção(90,5%) enquanto Ibes apresenta o menor (70,3%).Seguin<strong>do</strong> o mesmo raciocínio <strong>da</strong> análise anterior, a fim de avaliar a percepção <strong>da</strong> populaçãocom relação aos o<strong>do</strong>res foi pergunta<strong>do</strong> sobre a frequência com que se percebe a poluição <strong>do</strong>ar através de mau cheiro proveniente <strong>do</strong>s escapamentos <strong>do</strong>s veículos, <strong>da</strong>s chaminés e <strong>do</strong>sresíduos industriais. O resulta<strong>do</strong> é apresenta<strong>do</strong> na Figura 24.9%26%26%15%24%NUNCARARAMENTEÀS VEZESFREQUENTEMENTESEMPREFigura 24: Percentual de entrevista<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> a percepção de o<strong>do</strong>res.


62Neste caso, cerca de 52% <strong>do</strong>s indivíduos entrevista<strong>do</strong>s dizem que “sempre” ou“frequentemente” percebem esses tipos de o<strong>do</strong>res. Centro de Vitória apresenta maiorpercentual (72,3%) enquanto que Centro de Vila Velha apresenta o menor (41,7%).Ao comparar essas duas últimas análises, é possível concluir que a população em geralpercebe com maior frequência a poluição <strong>do</strong> ar através <strong>da</strong> deposição de poeira <strong>do</strong> que, <strong>por</strong>exemplo, através de o<strong>do</strong>res. Essa comparação é possível visto que tanto poeira quanto o<strong>do</strong>res,quan<strong>do</strong> existem em um determina<strong>do</strong> local, podem ser percebi<strong>do</strong>s pela maioria <strong>do</strong>s indivíduos.Logo, quan<strong>do</strong> os participantes relatam o seu nível de incômo<strong>do</strong> com a poluição <strong>do</strong> ar, é muitoprovável que ele esteja relaciona<strong>do</strong> principalmente ao incômo<strong>do</strong> pela poeira, visto que esta épercebi<strong>da</strong> com maior freqüência.Ain<strong>da</strong> com relação à percepção <strong>da</strong> poeira, as pessoas que dizem estar mais incomo<strong>da</strong><strong>da</strong>s coma poluição <strong>do</strong> ar percebem com maior frequência a deposição <strong>da</strong>s partículas, como é mostra<strong>do</strong>na Figura 25. Foram desconsidera<strong>da</strong>s 6 (seis) pessoas que não responderam sobre seu nível deincômo<strong>do</strong> ou sobre sua frequência de percepção <strong>da</strong> poeira.Percentual de Indivíduos Entrevista<strong>do</strong>s100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%SEMPREFREQUENTEMENTEÀS VEZESRARAMENTENUNCANível de Incômo<strong>do</strong>Figura 25: Percentual de entrevista<strong>do</strong>s <strong>por</strong> nível de incômo<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com a frequência de percepção dedeposição de partículas.O valor encontra<strong>do</strong> ao considerar apenas os que relataram o maior nível de incômo<strong>do</strong> é de97,2% de pessoas perceben<strong>do</strong> “sempre” ou “frequentemente” a deposição <strong>da</strong> poeira, enquantoque para os que relatam o menor nível de incômo<strong>do</strong> esse percentual foi de 56,4%. A análise


63<strong>do</strong> gráfico permite concluir que há relação entre o nível de incômo<strong>do</strong> e a percepção <strong>da</strong>deposição de poeira.Com a finali<strong>da</strong>de de verificar a correlação entre os níveis de incômo<strong>do</strong> relata<strong>do</strong>s pelosentrevista<strong>do</strong>s e a frequência de percepção <strong>da</strong> poeira, foi realiza<strong>da</strong> a seguinte análise: para ca<strong>da</strong>nível de incômo<strong>do</strong> relata<strong>do</strong> foi feita a média <strong>da</strong> frequência de percepção (1 – Nunca; 2 –Raramente; 3 – Às vezes; 4 – Frequentemente e 5 – Sempre). A Figura 26apresenta oresulta<strong>do</strong> dessa relação.54Nível de Incômo<strong>do</strong>321R² = 0,97600,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0Média <strong>da</strong> Frequência de Percepção <strong>da</strong> PoeiraFigura 26: Correlação entre nível de incômo<strong>do</strong> e média <strong>da</strong> frequência de percepção <strong>da</strong> poeira.Nota-se uma relação positiva entre a variável “Nível de Incômo<strong>do</strong>” e “Média <strong>da</strong> Frequência<strong>da</strong> Percepção <strong>da</strong> Poeira”, em que 97,6% <strong>da</strong>s variações <strong>do</strong>s níveis de incômo<strong>do</strong> são explica<strong>da</strong>spelas variações <strong>da</strong> média <strong>da</strong> frequência <strong>da</strong> percepção <strong>da</strong> poeira, ou seja, os entrevista<strong>do</strong>s querelatam maiores níveis de incômo<strong>do</strong> com a poluição <strong>do</strong> ar também relatam maior frequênciade percepção <strong>da</strong> poeira. Ressalta-se mais uma vez a im<strong>por</strong>tância <strong>da</strong>s partículas sedimentáveisna compreensão <strong>do</strong>s níveis de incômo<strong>do</strong>.5.1.5 Incômo<strong>do</strong> versus percepção de riscoA percepção de risco relaciona<strong>da</strong> à poluição <strong>do</strong> ar pelas partículas foi avalia<strong>da</strong> sob trêsaspectos: frequência de i<strong>da</strong> ao médico, frequência com que os participantes apresentamproblemas de saúde e relatos de sintomas à saúde devi<strong>do</strong> à poeira.


64Quanto ao primeiro aspecto, perguntou-se sobre a frequência de i<strong>da</strong> ao médico, posto desaúde, hospital, etc. especificamente <strong>por</strong> causa <strong>da</strong> poeira. Os resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s,consideran<strong>do</strong> os diferentes níveis de incômo<strong>do</strong>, são mostra<strong>do</strong>s na Figura 27. Foramdesconsidera<strong>da</strong>s 9 (nove) pessoas que não informaram sobre seu nível de incômo<strong>do</strong> ou sobrea frequência de i<strong>da</strong> ao médico.Percentual de Indivíduos Entrevista<strong>do</strong>s100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%SEMPREFREQUENTEMENTEÀS VEZESRARAMENTENUNCANível <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>Figura 27: Percentual de frequência de i<strong>da</strong> ao médico <strong>por</strong> nível de incômo<strong>do</strong>.O público que se diz extremamente incomo<strong>da</strong><strong>do</strong> com a poluição <strong>do</strong> ar relata maior frequênciade i<strong>da</strong> ao médico, posto de saúde, hospital, etc. <strong>por</strong> causa <strong>da</strong> poeira, sen<strong>do</strong> que, 37,6% relatamir ao médico “sempre” ou “frequentemente”, enquanto que 10,5% <strong>do</strong>s “na<strong>da</strong> incomo<strong>da</strong><strong>do</strong>s”relatam essa mesma freqüência.A fim de avaliar a relação entre os níveis de incômo<strong>do</strong> e a frequência de i<strong>da</strong> ao médico <strong>por</strong>causa <strong>da</strong> poeira, novamente para ca<strong>da</strong> nível de incômo<strong>do</strong> relata<strong>do</strong> foi feita a média <strong>da</strong>frequência de i<strong>da</strong> ao médico, sen<strong>do</strong> a escala igualmente: 1 – Nunca; 2 – Raramente; 3 – Àsvezes; 4 – Frequentemente e 5 – Sempre. O resulta<strong>do</strong> é apresenta<strong>do</strong> na Figura 28:


655Nível de Incômo<strong>do</strong>4321R² = 0,93700,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0Média <strong>da</strong> Frequência de I<strong>da</strong> ao MédicoFigura 28: Correlação entre nível de incômo<strong>do</strong> e média <strong>da</strong> frequência de i<strong>da</strong> ao médico.Observa-se que há uma boa correlação entre os níveis de incômo<strong>do</strong> e a média <strong>da</strong> frequênciade i<strong>da</strong> ao médico, sen<strong>do</strong> que 93,7% <strong>da</strong>s variações nos níveis de incômo<strong>do</strong> são explica<strong>da</strong>spelas variações na variável média <strong>da</strong> frequência de i<strong>da</strong> ao médico.De maneira análoga, foi pergunta<strong>do</strong> sobre a frequência com que o entrevista<strong>do</strong> ou alguém quemora com ele apresenta problemas de saúde devi<strong>do</strong> à poluição <strong>do</strong> ar. Isto é, mesmo que elenão vá ao médico, qual a constância que apresenta problemas de saúde devi<strong>do</strong> à poeira. Osresulta<strong>do</strong>s mostram novamente uma relação clara entre os níveis de incômo<strong>do</strong> e os relatos deproblemas de saúde conforme ilustra<strong>do</strong> pela Figura 29. Dessa vez 13 pessoas que nãoinformaram sobre seu nível de incômo<strong>do</strong> ou sobre a frequência com que apresenta problemasde saúde foram desconsidera<strong>da</strong>s.


66Percentual de Indivíduos Entrevista<strong>do</strong>s100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%SEMPREFREQUENTEMENTEÀS VEZESRARAMENTENUNCANível <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>Figura 29: Percentual de freqüência de ocorrência de problemas de saúde <strong>por</strong> nível de incômo<strong>do</strong>.Neste caso, 58,5% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s “extremamente incomo<strong>da</strong><strong>do</strong>s” respondem apresentarproblemas de saúde devi<strong>do</strong> à poeira “sempre” ou “frequentemente”, enquanto que 19,3% <strong>do</strong>sindivíduos “pouco incomo<strong>da</strong><strong>do</strong>s” relatam essa mesma frequência. O percentual de pessoasque vão ao médico apresentou menor valor quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> ao percentual <strong>do</strong>s que apenasapresentam problemas de saúde, muito provavelmente pelas dificul<strong>da</strong>des encontra<strong>da</strong>s noatendimento médico e também <strong>por</strong> buscarem a automedicação, prática muito comum noBrasil, <strong>por</strong> estarem habitua<strong>do</strong>s com alguns sintomas.Similarmente à análise anterior, a Figura 30 mostra a inter-relação entre os níveis deincômo<strong>do</strong> e a média <strong>da</strong> frequência com que os entrevista<strong>do</strong>s apresentam algum problema desaúde devi<strong>do</strong> à poluição <strong>do</strong> ar pela poeira.


675Nível <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>4321R² = 0,99500,0 1,0 2,0 3,0 4,0Média <strong>da</strong> Frequência de Ocorrência de Problemas de SaúdeFigura 30: Correlação entre nível <strong>do</strong> incômo<strong>do</strong> e média <strong>da</strong> frequência de ocorrência de problemas desaúde.Tem-se uma forte e positiva correlação entre a variável “Nível de Incômo<strong>do</strong>” e “Média <strong>da</strong>frequência de ocorrência de problemas de saúde”, onde 99,5% <strong>da</strong>s variações <strong>do</strong>s níveis deincômo<strong>do</strong> são explica<strong>da</strong>s pelas variações <strong>da</strong> média <strong>da</strong> frequência que os entrevista<strong>do</strong>sapresentam problemas de saúde devi<strong>do</strong> à poeira.Quanto ao último aspecto analisa<strong>do</strong> na percepção de risco, 69,7% <strong>da</strong> amostra relata apresentaralgum sintoma devi<strong>do</strong> à poluição <strong>do</strong> ar pela poeira. Os principais problemas de saúdeaponta<strong>do</strong>s pelos indivíduos são mostra<strong>do</strong>s na Figura 31:


68Percentual de indivíduos que relataramalgum problema de saúde45,0040,0035,0030,0025,0020,0015,0010,005,000,00Figura 31: Percentual de problemas de saúde relata<strong>do</strong>s.“Alergia” foi o problema de saúde mais cita<strong>do</strong> (41,4%), segui<strong>do</strong> de “Rinite” (18,3%) e“Bronquite” (8,1%). “Outros” representam, <strong>por</strong> exemplo, <strong>do</strong>enças como sinusite, pneumonia,faringite, irritação nos olhos e bronquite asmática que foram cita<strong>da</strong>s em menores pro<strong>por</strong>çõespelos entrevista<strong>do</strong>s que relataram problemas de saúde.A Figura 32 compara o público de acor<strong>do</strong> com to<strong>do</strong>s os níveis de incômo<strong>do</strong> com relação à<strong>por</strong>centagem de relatos de problemas de saúde.Percentual de IndivíduosEntrevista<strong>do</strong>s100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%Não RelatamRelatamNível <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>Figura 32: Percentual de relatos de sintomas à saúde <strong>por</strong> nível de incômo<strong>do</strong>.


69Do público que respondeu estar se sentin<strong>do</strong> extremamente incomo<strong>da</strong><strong>do</strong>, 80,3% relata algumproblema de saúde devi<strong>do</strong> à poluição <strong>do</strong> ar pela poeira, enquanto que no público querespondeu se sentir pouco ou na<strong>da</strong> incomo<strong>da</strong><strong>do</strong> esse percentual cai para 54,6%. A correlaçãoentre os níveis de incômo<strong>do</strong> e o percentual de indivíduos que relata algum sintoma à saúdedevi<strong>do</strong> à poluição <strong>do</strong> ar pela poeira é mostra<strong>da</strong> pela Figura 33.54Nível <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>321R² = 0,96100 20 40 60 80 100Percentual de Indivíduos que Relatam Sintomas à SaúdeFigura 33: Correlação entre nível <strong>do</strong> incômo<strong>do</strong> e percentual de indivíduos que relatam algum sintoma àsaúde.O ajuste <strong>da</strong> reta de regressão mostra uma correlação positiva entre os <strong>da</strong><strong>do</strong>s, isto é, comaumento <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong> um aumento no percentual de indivíduos que relatamsintomas à saúde, apresentan<strong>do</strong> coeficiente de correlação igual a 96,1%.As inter-relações <strong>do</strong>s aspectos considera<strong>do</strong>s na análise de percepção de risco inferem que apopulação entende a poeira como causa<strong>do</strong>ra de deterioração <strong>da</strong> saúde, associan<strong>do</strong> aspartículas sedimentáveis ao fato de ir ao médico, apresentar problemas ou relatar algumsintoma à saúde pela possível inalação e a consequente geração de <strong>do</strong>enças. Os resulta<strong>do</strong>sobti<strong>do</strong>s mostram que o incômo<strong>do</strong> está relaciona<strong>do</strong> ao entendimento que a poeira causaproblemas à saúde, sen<strong>do</strong> que apresenta maior nível de incômo<strong>do</strong> quem faz a associação entrea percepção de risco à saúde e a poeira. Isso mostra que o incômo<strong>do</strong> é conceitualmentecomplexo e sua análise deve considerar mais que a insatisfação causa<strong>da</strong> pela poeira devi<strong>do</strong> àsujeira dentro <strong>da</strong>s casas. Nesta abor<strong>da</strong>gem, entende-se a diferença entre os conceitos depercepção <strong>da</strong> poluição e percepção de risco, ao considerar que a primeira abrange aspectos


70visuais ou sensoriais, ao passo que a segun<strong>da</strong> considera aspectos individuais comosentimentos, emoções e julgamentos, dentre os quais está incluí<strong>da</strong> a preocupação com ocomprometimento <strong>da</strong> saúde.5.1.6 Incômo<strong>do</strong> versus fontes industriaisA pesquisa de opinião aplica<strong>da</strong>, também intencionou avaliar a percepção <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>squanto às fontes mais significativas de emissão de poeira em sua região. No questionáriohavia como opções de resposta: “Emissão Veicular”; “Industrial”; “Solos”; “ConstruçãoCivil”; “Brisa Marinha” e “Outros”. O resulta<strong>do</strong> segue ilustra<strong>do</strong> pela Figura 34:Percentual de Indivíduos Entrevista<strong>do</strong>s100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%OUTROSNS/NRBRISA MARINHACONSTRUÇÃOCIVILSOLOSINDÚSTRIASVEÍCULOSFigura 34: Percentual de entrevista<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> a identificação <strong>da</strong>s principais fontes de poluição <strong>do</strong> ar <strong>por</strong>região.Com exceção de Centro de Vitória e Cariacica, em to<strong>da</strong>s as 6 (seis) demais regiões <strong>da</strong>sentrevistas, a fonte identifica<strong>da</strong> como a de maior contribuição de poluição atmosférica foramas “indústrias”. Jardim Camburi apresentou maior percentual (78,9%), segui<strong>do</strong> de Ensea<strong>da</strong> <strong>do</strong>Suá (63,5%), Carapina (55,4%), Laranjeiras (53,9%), e Centro de Vila Velha e Ibes (37,2%).Nessas mesmas locali<strong>da</strong>des, com exceção de Jardim Camburi a segun<strong>da</strong> fonte de poluição <strong>do</strong>ar mais cita<strong>da</strong> foi “veículos”. Jardim Camburi apresentou como segun<strong>da</strong> fonte mais


71im<strong>por</strong>tante a “construção civil” (10,5%). Os entrevista<strong>do</strong>s de Centro de Vitória e Cariacicapercebem que os “veículos” são os maiores responsáveis pela poluição atmosférica (54,5% e50,6% respectivamente). Em Vitória, o segun<strong>do</strong> lugar corresponde à “construção civil”(25,7%) e em Cariacica à “ressuspensão <strong>do</strong> solo” (22,3%).Um estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> <strong>por</strong> Santos e Reis (2011), determinou a origem <strong>do</strong> material particula<strong>do</strong>sedimenta<strong>do</strong>, utilizan<strong>do</strong> o modelo matemático denomina<strong>do</strong> Balanço Químico de Massa,basea<strong>do</strong> nos resulta<strong>do</strong>s de análises de composição química relativos aos meses de abril de2009 a março de 2010 e novembro de 2010. Na região de Laranjeiras a maior contribuição dePS, identifica<strong>do</strong> pelo estu<strong>do</strong>, é devi<strong>do</strong> ao conjunto de fontes “pedreira, ressuspensão e solos”(de 37% a 78% no perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>). Na região <strong>do</strong> Ibes as contribuições de PS são maissignificativas <strong>do</strong> conjunto de fontes “pedreira, ressuspensão, solos e construção civil” (entre41% e 60%), a fonte veículos contribui com cerca de 15%. A estação de Carapina está nocentro de uma clareira de altas árvores que apesar de estarem 20 metros distantes <strong>do</strong> coletorsão influencia<strong>da</strong>s fortemente pelo material orgânico presente na vegetação, logo não éapresenta<strong>da</strong> quanto à caracterização. Em Jardim Camburi, o conjunto de fontes “construçãocivil, ressuspensão e solos” representa, em média 68% <strong>da</strong> contribuição de PS, segui<strong>da</strong> deveículos com cerca de 13%. As fontes “construção civil e ressuspensão” são <strong>do</strong>minantes naregião <strong>do</strong> Centro de Vitória (cerca de 67%) segui<strong>da</strong> de veículos (17%). Na região <strong>da</strong> Ensea<strong>da</strong><strong>do</strong> Suá, as fontes pre<strong>do</strong>minantes são “construção civil e ressuspensão” (48%) segui<strong>da</strong> emim<strong>por</strong>tância pelo conjunto de fontes “siderurgia e carvão/coque” (40%). Na região deCariacica, o conjunto de fontes “pedreira e solos” corresponde a cerca de 70% <strong>da</strong> contribuiçãode PS, segui<strong>da</strong> de veículos com cerca de 18%. E <strong>por</strong> último na região de Vila Velha Centro, oconjunto de fontes “construção civil e ressuspensão” apresentam contribuições entre 47% e77%, segui<strong>do</strong> <strong>do</strong> conjunto de fontes “siderurgia e coque/carvão” (cerca de 22%).Comparan<strong>do</strong> os <strong>da</strong><strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s na pesquisa de opinião com as fontes de poeira identifica<strong>da</strong>s<strong>por</strong> Santos e Reis (2011), percebe-se uma <strong>grande</strong> diferença entre o que a população pensasobre a origem <strong>da</strong> poeira e as suas ver<strong>da</strong>deiras fontes. Por exemplo, o conjunto de fontes“solo, ressuspensão e construção civil”, mais expressivo, não foi aponta<strong>do</strong> pela populaçãocomo relevante. Apenas em Cariacica e Centro de Vitória as fontes “Solos” e “ConstruçãoCivil” soma<strong>da</strong>s aparecem em segun<strong>do</strong> lugar depois de “Veículos” com 29,4% e 26,7%respectivamente. Dessa maneira percebe-se um conflito entre o que a população identificacomo principais fontes emissoras de poeira e o estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> na região. Esse fato não se


72justifica pelo nível de escolari<strong>da</strong>de, uma vez que, quan<strong>do</strong> considera<strong>do</strong>s apenas osentrevista<strong>do</strong>s que possuem curso superior completo ou incompleto (413 indivíduos), as fontesidentifica<strong>da</strong>s não diferem significativamente (Figura 35) <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> obti<strong>do</strong> para to<strong>da</strong> aamostra (Figura 34).Percentual de indivíduos com "ensinosuperior completo" ou "incompleto"100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%OUTROSNS/NRVENTOS/BRISACONSTRUÇÃOCIVILSOLOSINDÚSTRIASVEÍCULOSFigura 35: Percentual de entrevista<strong>do</strong>s com ensino superior completo ou incompleto segun<strong>do</strong> aidentificação <strong>da</strong>s principais fontes de poluição <strong>do</strong> ar <strong>por</strong> região.Novamente com exceção de Centro de Vitória e Cariacica, em to<strong>da</strong>s as 6 demais regiões <strong>da</strong>pesquisa, a fonte identifica<strong>da</strong> como a de maior contribuição de poluição atmosférica foram asindústrias. Dessa vez Ensea<strong>da</strong> <strong>do</strong> Suá apresentou maior percentual (77,3%) segui<strong>do</strong> de JardimCamburi (76,2%), Carapina (62,5%), Laranjeiras (56,1%), Centro de Vila Velha (51,1%) eIbes (31,8%). Os entrevista<strong>do</strong>s de Centro de Vitória e Cariacica percebem que os veículos sãoos maiores responsáveis pela poluição atmosférica (46,5% e 40% respectivamente). Osvalores percentuais sofreram pequenas alterações, mas na maioria <strong>da</strong>s regiões a sequência deim<strong>por</strong>tância <strong>da</strong>s fontes se manteve igual.Detalhan<strong>do</strong> os cinco níveis de incômo<strong>do</strong>, pela Figura 36 é possível notar a variação <strong>do</strong>percentual <strong>da</strong>s fontes identifica<strong>da</strong>s como causa<strong>do</strong>ras <strong>da</strong> poluição <strong>do</strong> ar. Como exemplo, temosque 30,6% <strong>do</strong>s indivíduos que relatam não estar incomo<strong>da</strong><strong>do</strong> com a poluição <strong>do</strong> ar identificam


73as indústrias como sen<strong>do</strong> a principal fonte de poluição atmosférica e que 51,1% <strong>do</strong>sentrevista<strong>do</strong>s extremamente incomo<strong>da</strong><strong>do</strong> consideram as indústrias como principal fonte.Percentual de Indivíduos Entrevista<strong>do</strong>s100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%OUTROSTODOSVENTOS/BRISACONSTRUÇÃO CIVILSOLOSINDÚSTRIASVEÍCULOSNível <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>Figura 36: Percentual de entrevista<strong>do</strong>s <strong>por</strong> nível de incômo<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com a identificação <strong>da</strong>s principaisfontes de poluição atmosférica.Com a finali<strong>da</strong>de de avaliar a correlação entre o nível de incômo<strong>do</strong> e a identificação <strong>da</strong>sindústrias como principal fonte de poluição atmosférica foi feita uma análise <strong>por</strong> RegressãoLinear Simples, consideran<strong>do</strong> para ca<strong>da</strong> nível de incômo<strong>do</strong> os percentuais de indivíduos queidentificam as indústrias como principal fonte de poluição <strong>do</strong> ar. Veja Figura 37:


745Nível de Incômo<strong>do</strong>4321R² = 0,86600 10 20 30 40 50 60Percentual de Entrevista<strong>do</strong>s que Identificam as Indústrias como Principal Fontede Poluição <strong>do</strong> ArFigura 37: Correlação ente nível de incômo<strong>do</strong> e percentual de entrevista<strong>do</strong>s que identificam as indústriascomo principal fonte de poluição <strong>do</strong> ar.O ajuste <strong>da</strong> reta de regressão para essa análise fornece uma correlação positiva entre os <strong>da</strong><strong>do</strong>s,isto é, com aumento <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong> um aumento no percentual de entrevista<strong>do</strong>sque identificam as indústrias como principal fonte de poluição <strong>do</strong> ar, apresentan<strong>do</strong> coeficientede correlação, R 2 , de 86,6%.Mesmo a maioria <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s avalian<strong>do</strong> as indústrias como sen<strong>do</strong> a principal fonte depoluição atmosférica, quan<strong>do</strong> pergunta<strong>do</strong>s sobre os possíveis ganhos/benefícios trazi<strong>do</strong>s pelasindústrias <strong>da</strong> região, 57,5% responde que as mesmas são im<strong>por</strong>tantes <strong>por</strong>que ao mesmo temposão fontes de emprego, desenvolvem a região e são im<strong>por</strong>tantes para a economia. Segui<strong>da</strong> desão im<strong>por</strong>tantes <strong>por</strong>que são principalmente fontes de emprego com 26,2%. Enquanto quequan<strong>do</strong> questiona<strong>do</strong>s sobre os possíveis prejuízos/malefícios que as indústrias trazem para asua região, 41,7% responde que as indústrias são ao mesmo tempo prejudiciais à saúde e aomeio ambiente, enfeiam a paisagem local e oferecem riscos de acidentes graves. Segui<strong>do</strong> de24,7% que respondem que as indústrias são principalmente prejudiciais ao meio ambiente edepois de 19,2% que dizem que são principalmente prejudiciais à saúde <strong>da</strong> população. Esseresulta<strong>do</strong> indica que a socie<strong>da</strong>de se atenta aos efeitos adversos <strong>da</strong>s indústrias ao meioambiente e à saúde, mas não deixa de reconhecer to<strong>do</strong>s os benefícios pro<strong>por</strong>ciona<strong>do</strong>s pelasmesmas.


755.2 ESTUDO PAINELA pesquisa de painel foi realiza<strong>da</strong> entre os meses de agosto de 2011 e dezembro de 2011. Acoleta de <strong>da</strong><strong>do</strong>s de incômo<strong>do</strong> mensais também contemplou os meses <strong>da</strong> pesquisa de opinião,ou seja, julho de 2011 e janeiro de 2012, totalizan<strong>do</strong> 7 (sete) <strong>da</strong><strong>do</strong>s mensais relativo ao nívelde incômo<strong>do</strong>. No mês de agosto, <strong>por</strong> telefone, 320 pessoas responderam sobre seu nível deincômo<strong>do</strong> com a poluição <strong>do</strong> ar pela poeira, em setembro foram 262, em outubro foram 265,novembro contou com 232 pessoas responden<strong>do</strong> à pesquisa e dezembro com 239. Os meses<strong>da</strong> pesquisa de opinião, como descrito na subseção anterior, teve participação de 515 e 513pessoas para julho de 2011 e janeiro de 2012 respectivamente.As Figuras 38 a 45 apresentam a média <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong> mensal compara<strong>do</strong> às taxas dedeposição de partículas sedimentáveis para ca<strong>da</strong> mês de desenvolvimento <strong>da</strong> pesquisa. Nestecaso, as oito regiões <strong>da</strong>s estações de monitoramento na pesquisa foram estu<strong>da</strong><strong>da</strong>ssepara<strong>da</strong>mente. Reforçan<strong>do</strong> que a média é relativa aos valores que representam ca<strong>da</strong> nível deincômo<strong>do</strong> relata<strong>do</strong> pelos entrevista<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong>: 1 – Na<strong>da</strong> Incomo<strong>da</strong><strong>do</strong>; 2 – Pouco Incomo<strong>da</strong><strong>do</strong>;3 – Modera<strong>da</strong>mente Incomo<strong>da</strong><strong>do</strong>; 4 – Muito Incomo<strong>da</strong><strong>do</strong> e 5 – Extremamente Incomo<strong>da</strong><strong>do</strong>.418,03,516,0Média <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>32,521,510,50Jul - 11 Ago - 11 Set - 11 Out - 11 Nov - 11 Dez - 11 Jan - 1214,012,010,08,06,04,02,00,0Taxa de Deposição (g/m²30d)MesesMédia <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>Taxa de DeposiçãoFigura 38: Comparação entre a média <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong> mensal e taxas de deposição de PS para aestação de Laranjeiras.


76Média <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>43,532,521,510,50Jul - 11 Ago - 11 Set - 11 Out - 11 Nov - 11 Dez - 11 Jan - 12Meses18,016,014,012,010,08,06,04,02,00,0Taxa de Deposição (g/m²30d)Média <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>Taxa de DeposiçãoFigura 39: Comparação entre a média <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong> mensal e taxas de deposição de PS para aestação de Carapina.Média <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>43,532,521,510,50Jul - 11 Ago - 11 Set - 11 Out - 11 Nov - 11 Dez - 11 Jan - 12Meses18,016,014,012,010,08,06,04,02,00,0Taxa de Deposição (g/m²30d)Média <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>Taxa de DeposiçãoFigura 40: Comparação entre a média <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong> mensal e taxas de deposição de PS para aestação <strong>do</strong> Ibes.


77Média <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>43,532,521,510,50Jul - 11 Ago - 11 Set - 11 Out - 11 Nov - 11 Dez - 11 Jan - 12Meses18,016,014,012,010,08,06,04,02,00,0Taxa de Deposição (g/m²30d)Média <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>Taxa de DeposiçãoFigura 41: Comparação entre a média <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong> mensal e taxas de deposição de PS para aestação <strong>do</strong> Centro de Vila Velha.Média <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>43,532,521,510,50Jul - 11 Ago - 11 Set - 11 Out - 11 Nov - 11 Dez - 11 Jan - 12Meses18,016,014,012,010,08,06,04,02,00,0Taxa de Deposição (g/m²30d)Média <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>Taxa de DeposiçãoFigura 42: Comparação entre a média <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong> mensal e taxas de deposição de PS para aestação de Cariacica.


78Média <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>43,532,521,510,50Jul - 11 Ago - 11 Set - 11 Out - 11 Nov - 11 Dez - 11 Jan - 12Meses18,016,014,012,010,08,06,04,02,00,0Taxa de Deposição (g/m²30d)Média <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>Taxa de DeposiçãoFigura 43: Comparação entre a média <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong> mensal e taxas de deposição de PS para aestação <strong>da</strong> Ensea<strong>da</strong> <strong>do</strong> Suá.Média <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>43,532,521,510,50Jul - 11 Ago - 11 Set - 11 Out - 11 Nov - 11 Dez - 11 Jan - 12Meses18,016,014,012,010,08,06,04,02,00,0Taxa de Deposição (g/m²30d)Média <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>Taxa de DeposiçãoFigura 44: Comparação entre a média <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong> mensal e taxas de deposição de PS para aestação <strong>do</strong> Centro de Vitória.


79Média <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>43,532,521,510,50Jul - 11 Ago - 11 Set - 11 Out - 11 Nov - 11 Dez - 11 Jan - 12Meses18,016,014,012,010,08,06,04,02,00,0Taxa de Deposição (g/m²30d)Média <strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong>Taxa de DeposiçãoFigura 45: Comparação entre a média <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong> mensal e taxas de deposição de PS para aestação de Jardim Camburi.Pela análise <strong>da</strong>s Figuras, nota-se certa tendência de acompanhamento, consideran<strong>do</strong> aumentoe diminuição, pela média <strong>do</strong>s níveis de incômo<strong>do</strong> mensais às taxas de deposição de poeiramedi<strong>da</strong>s nas estações de monitoramento.Para a estação de Laranjeiras (Figura 38), com exceção <strong>do</strong> mês de setembro, nota-se que oaumento/diminuição <strong>da</strong> taxa de deposição de poeira medi<strong>do</strong> na estação é acompanha<strong>do</strong> peloaumento/diminuição <strong>da</strong> média <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong> relata<strong>do</strong> pela população. Como exemplo,no mês de outubro de 2011 enquanto que a taxa de deposição medi<strong>da</strong> foi de 11,7 g/m²30d amédia <strong>do</strong> incômo<strong>do</strong> mensal para aquela região foi de 2,87, no mês seguinte, em novembro, ataxa de deposição aumentou para 13,1 g/m²30d e a média <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong>, que tambémsofreu aumento, foi para 3,36 g/m²30d.Assim como para Laranjeiras, é possível notar que as estações <strong>do</strong> Ibes (Figura 40), deCarapina (Figura 39), de Jardim Camburi (Figura 45), Cariacica (Figura 42) e Centro deVitória (Figura 44), apresentam, na média, o mesmo com<strong>por</strong>tamento, isto é, osacréscimos/decréscimos, com exceção de um ou no máximo <strong>do</strong>is meses, seguem uma mesmatendência para os <strong>do</strong>is parâmetros avalia<strong>do</strong>s. Inclusive obten<strong>do</strong> valor de coeficiente de


80correlação entre as variáveis “média <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong>” e “taxa de deposição de poeira”de até 61,82% para a estação de Carapina.Para as estações <strong>do</strong> Centro de Vila Velha (Figura 41) e Ensea<strong>da</strong> <strong>do</strong> Suá (Figura 43), <strong>por</strong> maisde <strong>do</strong>is meses, a média <strong>do</strong> nível de incômo<strong>do</strong> não segue o mesmo com<strong>por</strong>tamento de aumentoou diminuição quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> às suas respectivas taxas de deposição mensais. Entretantoos níveis médios de incômo<strong>do</strong> não apresentaram variações significativas ao longo <strong>do</strong>s meses.É im<strong>por</strong>tante ressaltar que as inter-relações obti<strong>da</strong>s neste estu<strong>do</strong> mostraram que há outrosfatores que influenciam o nível de incômo<strong>do</strong>, o qual não pode ser descrito apenas com basenas taxas de deposição de PS. Assim, como recomen<strong>da</strong>ção para trabalhos futuros propõe-se autilização de uma análise estatística multivaria<strong>da</strong> com controle <strong>do</strong>s fatores que interferem osníveis de incômo<strong>do</strong>.


816 CONCLUSÃOOs resulta<strong>do</strong>s <strong>da</strong> pesquisa de opinião permitiram verificar que a população apresenta eleva<strong>do</strong>sníveis de incômo<strong>do</strong> relaciona<strong>do</strong> à poluição <strong>do</strong> ar pela poeira e que esses níveis apresentaminter-relações com os fatores descritos neste estu<strong>do</strong>, representa<strong>do</strong>s <strong>por</strong> aspectos pessoais,avaliação que a população faz <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar, percepção <strong>da</strong> poeira, percepção de risco àsaúde e à identificação <strong>da</strong>s principais fontes de poluição atmosférica.Quanto aos aspectos pessoais (gênero, faixa etária e escolari<strong>da</strong>de), foi possível concluir quehá influência <strong>do</strong>s mesmos sobre o nível de incômo<strong>do</strong> relata<strong>do</strong> pela população. A inter-relaçãoentre nível de incômo<strong>do</strong> e gênero feminino apresentou forte correlação, indica<strong>da</strong> <strong>por</strong> seucoeficiente de correlação (75,8%), o que indica que ser <strong>do</strong> sexo feminino é um fatordeterminante para o nível de incômo<strong>do</strong>. Este fato reforça que o perfil sociodemográfico deuma população deve ser considera<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> esta é avalia<strong>da</strong> quanto à intensi<strong>da</strong>de de seuincômo<strong>do</strong> com a poluição, visto que este perfil pode interferir e/ou se combinar a outrosfatores que também influenciam os níveis de incômo<strong>do</strong>.A avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar demonstrou correlação expressiva com o nível de incômo<strong>do</strong>(95,8%), indican<strong>do</strong> que quanto pior a quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar, avalia<strong>da</strong> qualitativamente pelapopulação, maior é o nível de incômo<strong>do</strong> relata<strong>do</strong>. Foi possível concluir também que, emcontraparti<strong>da</strong> aos resulta<strong>do</strong>s de monitoramento <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar na RGV, que estão em<strong>grande</strong> parte inseri<strong>do</strong>s na categoria “boa” com algumas situações de condição “regular”, amaioria <strong>da</strong> população a avalia como “péssima” ou “ruim”. Dessa forma, mesmo que aquali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar na região seja “boa” ou “regular”, a população pode apresentar alto nível deincômo<strong>do</strong>. É im<strong>por</strong>tante destacar que o cálculo <strong>do</strong> índice de quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar não leva emconta as taxas de deposição de PS, as quais são muito prováveis de influenciar a avaliação quea população faz <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar.A percepção <strong>da</strong>s partículas deposita<strong>da</strong>s sobre as superfícies <strong>do</strong>miciliares também se relacionafortemente (97,6%) com os níveis de incômo<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> considera<strong>da</strong> com que frequência, emmédia, a população percebe essas partículas em seu dia-a-dia. A alta correlação pode seratribuí<strong>da</strong> ao fato de que a poluição <strong>por</strong> PS é visível e tangível, sen<strong>do</strong> percebi<strong>da</strong> pela maioria<strong>da</strong> população , o que implica que quanto maiores os níveis de PS na atmosfera, maior será asua percepção e, consequentemente, maior o nível de incômo<strong>do</strong>.


82Uma forte e expressiva correlação foi observa<strong>da</strong> entre a poeira sedimentável e a percepção dedeterioração <strong>da</strong> saúde, isto é, a percepção de riscos à saúde devi<strong>do</strong> à possível inalação <strong>da</strong>poeira e a consequente geração de <strong>do</strong>enças. As inter-relações <strong>do</strong>s aspectos considera<strong>do</strong>s naanálise de percepção de risco inferem que a população entende a poeira como causa<strong>do</strong>ra dedeterioração <strong>da</strong> saúde, associan<strong>do</strong> as partículas sedimentáveis ao fato de ir ao médico(96,1%), apresentar problemas de saúde (99,5%) ou relatar algum sintoma à saúde (96,1%).Nesta abor<strong>da</strong>gem foi possível verificar a im<strong>por</strong>tância <strong>do</strong> conceito de percepção de risco, queincluem aspectos individuais como sentimentos e julgamentos, dentre os quais se inclui apreocupação com o comprometimento <strong>da</strong> saúde. Assim, apesar <strong>da</strong> escassez de estu<strong>do</strong>s sobreos efeitos à saúde <strong>da</strong>s partículas sedimentáveis, foi possível concluir que a percepção de riscoà saúde desempenha um papel im<strong>por</strong>tante na compreensão <strong>do</strong> incômo<strong>do</strong>.As fontes industriais foram identifica<strong>da</strong>s pela amostra como as principais fontes de emissãode poeira na região, resulta<strong>do</strong> conflitante com um estu<strong>do</strong> recente de caracterização departículas que aponta solo, ressuspensão e construção civil como o conjunto maissignificativo. A correlação entre nível de incômo<strong>do</strong> e a identificação <strong>da</strong>s indústrias comoprincipal fonte polui<strong>do</strong>ra foi significativa (86,6%) e demonstrou que este aspecto também teminfluência sobre a resposta <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, a qual não foi justifica<strong>da</strong> pelo seu nível deescolari<strong>da</strong>de.A relação entre as taxas de deposição de PS e os níveis de incômo<strong>do</strong> mostrou a viabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>pesquisa de painel para verificar a sazonali<strong>da</strong>de na resposta <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de, visto que namaioria <strong>da</strong>s regiões houve uma tendência de acompanhamento entre as concentraçõesmedi<strong>da</strong>s pelas estações de monitoramento e a intensi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> incômo<strong>do</strong> percebi<strong>do</strong>. Quanto aoscasos em que não houve essa tendência é im<strong>por</strong>tante ressaltar que as inter-relações obti<strong>da</strong>sneste estu<strong>do</strong> mostraram que há outros fatores que influenciam o nível de incômo<strong>do</strong>, o qualnão pode ser descrito apenas com base nas taxas de deposição de PS. Dessa forma, não deveser descarta<strong>da</strong> a hipótese de que o incômo<strong>do</strong> pode advir de fatores combina<strong>do</strong>s, o que deve serconsidera<strong>do</strong> na definição de políticas públicas que visem o controle <strong>da</strong> poluição <strong>por</strong> partículassedimentáveis.


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90WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION. Disponível em: . Acesso em: 12 abr. 2012.ZHANG, L; GONG, S; PADRO, J; BARRIE, L. A size-segregated particle dry depositionscheme for an atmospheric aerosol module. Atmospheric Environment. V. 35, p. 549-560,2001.


91ANEXO A – QUESTIONÁRIO: INCÔMODO PELA POLUIÇÃO DO ARIncômo<strong>do</strong> Pela Poluição <strong>do</strong> Ar – Questionário nº |___|___|___|BLOCO A: PERCEPÇÃO E INTENSIDADE DO INCÔMODOA1. Em relação à poluição <strong>do</strong> ar, como o(a) Sr(a). está se sentin<strong>do</strong> agora:Na<strong>da</strong> Pouco Modera<strong>do</strong> Muito ExtremamenteIncomo<strong>da</strong><strong>do</strong> Incomo<strong>da</strong><strong>do</strong> Incômo<strong>do</strong> Incomo<strong>da</strong><strong>do</strong> Incomo<strong>da</strong><strong>do</strong>|______________|______________|_____________|______________|1 2 3 4 59. NS/NRA2. Indique o grau de im<strong>por</strong>tância <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar para o(a) Sr(a).Sem Pouco Modera<strong>da</strong> Muito ExtremamenteIm<strong>por</strong>tância Im<strong>por</strong>tante Im<strong>por</strong>tância Im<strong>por</strong>tante Im<strong>por</strong>tante|_______________|_____________|_____________|______________|1 2 3 4 59. NS/NRA3. Em relação à poluição <strong>do</strong> ar, na sua casa, como o(a) Sr(a). Se sente?Na<strong>da</strong> Pouco Mais ou Menos Muito ExtremamenteExposto Exposto Exposto Exposto Exposto|______________|______________|_____________|______________|1 2 3 4 59. NS/NRA4. Como o(a) Sr(a). avalia a quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar em seu bairro/região?Péssima Ruim Regular Boa Excelente|______________|______________|_____________|______________|1 2 3 4 59. NS/NRO(A) Sr(a) percebe a poluição <strong>do</strong> ar através de quais dessas situações?A5. Depósitos de pó, partículas, flocos, etc.Nunca Raramente Às Vezes Frequentemente Sempre|______________|______________|_____________|______________|1 2 3 4 59. NS/NRA6. Pela presença de o<strong>do</strong>res de veículos, chaminés, resíduos industriais,Nunca Raramente Às Vezes Frequentemente Sempre|______________|______________|_____________|______________|1 2 3 4 59. NS/NRA7. Pela opaci<strong>da</strong>de, turvamento, escurecimento, enfumaçamento <strong>do</strong> ar.Nunca Raramente Às Vezes Frequentemente Sempre|______________|______________|_____________|______________|1 2 3 4 59. NS/NRA8. Pelo mau esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> vegetação, <strong>do</strong>s jardins, <strong>do</strong> quintal, etc.Nunca Raramente Às Vezes Frequentemente Sempre|______________|______________|_____________|______________|1 2 3 4 59. NS/NRA9. Outras formas, especificar: _________________________ 9. NS/NRBLOCO B: CONSEQUÊNCIAS DA POLUIÇÃOA poluição <strong>do</strong> ar leva o(a) Sr(a) a:


92B1. Limpar a casa para a retira<strong>da</strong> <strong>da</strong> poeira:Nunca Raramente Às Vezes Frequentemente Sempre |_______________|______________|______________|______________|1 2 3 4 59. NS/NRB2. Não deixar as janelas <strong>da</strong> casa abertas <strong>por</strong> causa <strong>da</strong> poeira:Nunca Raramente Às Vezes Frequentemente Sempre|_______________|______________|______________|______________|1 2 3 4 59. NS/NRB3. Não deixar a roupa secan<strong>do</strong>/toman<strong>do</strong> sol fora de casa <strong>por</strong> causa <strong>da</strong> poeira:Nunca Raramente Às Vezes Frequentemente Sempre|_______________|______________|______________|_____________|1 2 3 4 59. NS/NRB4. Renovar ou limpar ou pintar a facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> casa <strong>por</strong> causa <strong>da</strong> poeira:Nunca Raramente Às Vezes Frequentemente Sempre|_______________|______________|______________|______________|1 2 3 4 59. NS/NRB5. Limitar as brincadeiras <strong>da</strong>s crianças fora de casa <strong>por</strong> causa <strong>da</strong> poeira:Nunca Raramente Às Vezes Frequentemente Sempre|_______________|______________|______________|______________|1 2 3 4 59. NS/NRB6. Evitar frequentar os espaços públicos (praças, ruas, etc.) <strong>por</strong> causa <strong>da</strong> poeira:Nunca Raramente Às Vezes Frequentemente Sempre|_______________|______________|______________|______________|1 2 3 4 59. NS/NRB7. Ir ao médico, posto de saúde, hospital, etc. <strong>por</strong> causa <strong>da</strong> poeira:Nunca Raramente Às Vezes Frequentemente Sempre|_______________|______________|______________|_____________|1 2 3 4 59. NS/NRB8. Outro tipo de limitação ou incômo<strong>do</strong>:__________________________________________________99. NS/NRB9. Com que frequência o(a) Sr(a) ou alguém que mora na sua casa tem problemas de saúde causa<strong>do</strong>(s) pela poluição <strong>do</strong> ar?Nunca Raramente Às Vezes Frequentemente Sempre|______________|______________|______________|______________|1 2 3 4 59. NS/NRB10. Qual ou quais problema(s) principal(is)?B10A. ________________________________________________99. NS/NRB10B._________________________________________________99. NS/NRBLOCO C: IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES DE POLUIÇÃOC1. Na opinião <strong>do</strong>(a) Sr(a) qual é a principal fonte de poluição <strong>do</strong> ar na suaregião?1. Poluição devi<strong>do</strong> à emissão <strong>do</strong>s veículos (veicular).2. Poluição causa<strong>da</strong> pelas emissões industriais (industrial).3. Poluição pela ressuspensão <strong>do</strong> solo (solos).4. Poluição pelas obras de construção civil5. Poluição trazi<strong>da</strong> pela brisa <strong>do</strong> mar (ventos, etc.).6. Outros. Especificar: _______________________________________


9399. NS/NR.C2. Sobre os possíveis ganhos/benefícios trazi<strong>do</strong>s pelas indústrias localiza<strong>da</strong>s na sua região quais o(a) Sr(a) poderia citar como osmais im<strong>por</strong>tantes?1. São fontes de emprego.2. São essenciais para o desenvolvimento <strong>da</strong> região.3. São im<strong>por</strong>tantes para a economia <strong>da</strong> região.4. To<strong>da</strong>s essas opções.5. Outras: ________________________________________________99. NS/NR.C3. Sobre os possíveis prejuízos/malefícios que as indústrias trazem para a sua região, quais o(a) Sr(a) poderia citar como os maisim<strong>por</strong>tantes?1. São prejudiciais à saúde.2. São prejudiciais ao meio ambiente.3. Distorcem ou enfeiam paisagem local.4. Apresentam riscos de acidentes industriais graves.5. To<strong>da</strong>s essas opções.6. Outros: ______________________________________________99. NS/NR.BLOCO D: METEOROLOGIAD1. O(A) Sr(a) percebe se a poluição <strong>do</strong> ar mu<strong>da</strong> de acor<strong>do</strong> com a época <strong>do</strong> ano?1. Sim 2. Não 9. NS/NRD2. Se sim, em qual/quais mês/meses <strong>do</strong> ano a poluição <strong>do</strong> ar é maior?1.JAN 4. ABR 7. JUL 10. OUT2.FEV 5. MAI 8. AGO 11. NOV3.MAR 6. JUN 9. SET 12. DEZD3. Na opinião <strong>do</strong>(a) Sr(a) a poluição <strong>do</strong> ar é maior em qual condição de tempo?1. Ensolara<strong>do</strong> 2. Nubla<strong>do</strong> 3. Chuvoso 9. NS/NRD4. Para o(a) Sr(a) a poluição <strong>do</strong> ar é maior:1. De dia 2. De noite 3. Não faz diferença 9. NS/NRBLOCO E: ÓRGÃOS AMBIENTAISE1. O(A) Sr(a) acha que a quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar na sua região é monitora<strong>da</strong>?Nunca Raramente Às Vezes Frequentemente Sempre|______________|______________|______________|______________|1 2 3 4 59. NS/NRE2. O(A) Sr(a) consegue identificar alguma organização ou órgão que cui<strong>da</strong> <strong>do</strong> monitoramento <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar?1. Sim 2. Não 9. NS/NRE3. Se sim, qual? _______________________________________9. NS/NRBLOCO F: ASPECTOS PESSOAISF1. O(A) Sr(a) trabalha fora?1. Sim 2. Não 3. Desemprega<strong>do</strong> 4. Aposenta<strong>do</strong>5. Estu<strong>da</strong>nte 9. NS/NR.F2. O(A) Sr(a) é fumante?1. Sim 2. Nunca fumei 3. Fumei e parei 9. NS/NRF3. Sexo <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>?1. Masculino 2. FemininoF5. Esta<strong>do</strong> Civil <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>?1. Solteiro 2. Casa<strong>do</strong> 3. Separa<strong>do</strong> 4. Viúvo 5. União estável 9. NS/NR.


94F6. Possui Filhos?1. Sim. Quantos? ______________ 2. Não.F7. Faixa Etária?1. De 16 a 18 anos 2. De 19 a 24 anos 3. De 25 a 34 anos4. De 35 a 44 anos 5. De 45 a 54 anos 6. De 55 a 64 anos7. Acima de 65 anos 9. NS/NRF8. Escolari<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Entrevista<strong>do</strong>?1. Não estu<strong>do</strong>u2. Ensino Fun<strong>da</strong>mental Incompleto.3. Ensino Fun<strong>da</strong>mental Completo.4. Ensino Médio/ Técnico Incompleto.5. Ensino Médio/ Técnico Completo.6. Ensino Superior Incompleto.7. Ensino Superior Completo.9. NS/NRF9. Soman<strong>do</strong> a ren<strong>da</strong> de to<strong>da</strong>s as pessoas que residem com o(a) Sr(a), qual é aproxima<strong>da</strong>mente a ren<strong>da</strong> familiar?1. Até 3 SM (até R$ 1.635,00).2. De 3 SM até 10 SM (de R$ 1.636,00 até R$ 5.450,00).3. De 10 SM até 20 SM (de R$ 5.451,00 até R$ 10.900,00).4. De 20 SM até 50 SM (de R$ 10.901,00 até R$ 27.250,00).5. Acima de 50 SM (mais de R$ 27.250,00).9. NS/NR.F10. Nome <strong>do</strong> Entrevista<strong>do</strong>: ______________________________F11. Telefone para Contato: ______________________________F12. Endereço: Rua:_____________________________________Nº.: __________ Complemento: __________________________Bairro: ________________________________________________O(A) Sr(a) concor<strong>da</strong> em colaborar em outras entrevistas mensais?1. Sim. 2. Não.Entrevista<strong>do</strong>r: __________________________________________Data: __________Hora: ___________

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