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Ricardo Ferreira Freitas - Contemporânea - UERJ

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Ed.14 | Vol.8 | N1 | 2010Al é m d o s m u r o s : n a r r a t i v a s d o m e d o n o cotidiano u r b a n oO medo e a fala do crime não apenas produzem certos tipos deinterpretações e explicações, habitualmente simplistas e estereotipadas,como também organizam a paisagem urbana e o espaço público,moldando o cenário para as interações sociais que adquirem novosentido numa cidade que progressivamente vai se cercando de muros.A fala e o medo organizam as estratégias cotidianas de proteção e reaçãoque tolhem os movimentos das pessoas e restringem seu universode interações. Além disso, a fala do crime também ajuda a violênciaa proliferar ao legitimar reações privadas ou ilegais – como contratarguardas particulares ou apoiar esquadrões da morte ou justiceiros-, num contexto em que as instituições da ordem parecem falhar.(CALDEIRA, 2000, p. 27).135A violência faz parte da história da humanidade, não sendo, como sabemos,característica exclusiva da contemporaneidade. Ao longo dos milênios,os homens se agrediram uns aos outros alegando razões de diferentes ordens:instinto de sobrevivência, guerras religiosas, disputa pelo território, conflitosétnicos, entre muitas outras. Nos dias atuais, é chocante perceber que todo oavanço tecnológico e científico dos últimos séculos não livrou as pessoas dasdiversas violências alimentadas pelas sociedades. Na contemporaneidade, essequadro se expressa pelo horror, tendo a mídia como um de seus principaisarticuladores. As agressões vêm dos lados mais díspares atingindo nossas vidasou nossos objetos: assaltos, homicídios, vírus de computador, acidentes detrânsito. A cidade contemporânea é um permanente desafio, onde as inúmerasespirais de violência são implacavelmente representadas pelos meios de comunicação.Não há como não estar em contato com o medo. Ele é vivido na rua,no espaço público, ou na mídia; neste último caso, os requintes dos detalhessão jornalisticamente cobertos de maneira objetiva para que o cidadão possaacompanhar (lendo, vendo ou ouvindo) a próxima tragédia rapidamente.Escolhemos, neste trabalho, a Barra da Tijuca como campo de estudospor ser o bairro que mais cresce no Rio de Janeiro e também por ser umbairro com o qual a mídia ocupa expressivo espaço tanto no jornalismo comona publicidade. Segundo o Instituto Pereira Passos (IPP), em 2020, a RegiãoAdministrativa da Barra da Tijuca (Recreio, Vargem Grande, Vargem Pequena,Camorim, Joá, Itanhangá, Grumari e Barra da Tijuca) terá 507.520 habitantes.Hoje, são mais de 200 mil habitantes de acordo com o último censo do IBGE(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).As manifestações da violência no cotidiano urbano acontecem de diversasmaneiras. Assaltos, acidentes de carro, furtos, tráfico de drogas, arrombamentose fraudes são alguns dos assuntos recorrentes na leitura diáriados jornais. Esse repertório de agressões incrementa o medo das pessoas pelosespaços públicos da cidade e, ao mesmo tempo, constrói um imaginário debanalização da violência, no qual armas e quadrilhas são fortes elementos.Nem mesmo, as antigas brincadeiras de crianças que simulavam guerras entrebandidos e mocinhos mantêm os personagens de antes. Hoje, os jogos de ruaPara além do Rio de Janeiro: a comunicação da arquitetura estrangeira da Barra da Tijuca

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