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EFEITO DO TRATAMENTO TÉRMICO DE SOLUBILIZAÇÃO NAMICROESTRUTURA E PROPRIEDADES DE IMPACTO DO AÇOINOXIDÁVEL SUPERAUSTENÍTICO ASTM A 744 Gr. CN3MNMárcio Ritoni 1 , Marcelo Martins 1 , Paulo Roberto Mei 21Sulzer Brasil S.A., Jundiaí, SP, marcio.ritoni@sulzer.com , marcelo.martins@sulzer.com2Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenharia Mecânica da Unicamp, Campi<strong>na</strong>s, SP, pmei@fem.unicamp.brResumoO aço inoxidável superausteníticoASTM A 744 Gr. CN3MN é aplica<strong>do</strong> <strong>na</strong>fabricação <strong>de</strong> equipamentos que trabalham emambientes sob corrosão severa com solicitaçãomecânica. Neste trabalho investigou-se ainfluência <strong>do</strong> <strong>tratamento</strong> <strong>térmico</strong> <strong>de</strong><strong>solubilização</strong> <strong>na</strong> <strong>microestrutura</strong> e proprieda<strong>de</strong>s<strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> material. Foram realiza<strong>do</strong>s<strong>tratamento</strong>s <strong>térmico</strong>s <strong>de</strong> <strong>solubilização</strong> <strong>na</strong> faixa<strong>de</strong> temperaturas entre 1100 e 1250°C. Ensaios<strong>de</strong> impacto (Charpy) em temperatura ambiente ea -46°C foram realiza<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s amostras tratadastermicamente. As análises <strong>microestrutura</strong>isforam feitas por meio <strong>de</strong> microscopia eletrônica<strong>de</strong> varredura, eletrônica <strong>de</strong> transmissão edifração <strong>de</strong> raios-X. Concluiu-se que, paramaximizar a resistência ao impacto, a<strong>solubilização</strong> <strong>de</strong>ve ser feita a 1200°C, queproduz a menor fração volumétrica <strong>de</strong>precipita<strong>do</strong>s. As amostras solubilizadas a 1200 e1240°C apresentaram fase sigma (σ) ecarboneto M 6 C.Palavras chaves: aço inoxidável, açosuperaustenítico, <strong>tratamento</strong> <strong>térmico</strong>,<strong>microestrutura</strong>, dureza, impacto.AbstractThe ASTM A 744 Gr. CN3MN stainlesssteel super-austenitic is employed in themanufacture equipment working in severelycorrosive environments un<strong>de</strong>r mechanical loads.In this work, an investigation was ma<strong>de</strong> of theinfluence of heat treatments on themicrostructure and properties of this type ofmaterial. Solution heat treatments were carrie<strong>do</strong>ut at temperatures ranging from 1100 to1250ºC. Impact (charpy) tests were conductedin the eviroment temperature and -46°C for allsolution treated samples. The microestructurala<strong>na</strong>lyses were carried out by scanning electronmicroscopy, transmission electron microscopyand X-ray diffraction. It was conclu<strong>de</strong>d that, tomaximize the material’s impact strength, thesolution heat treatment should be <strong>do</strong>ne at1200ºC, at which temperature the volumetricfraction of precipitates is lower than at othersolution heat treatment temperatures. Thesamples solution heat treated at 1200 and1240ºC presented sigma (σ) and M 6 C carbi<strong>de</strong>phases.Key Words: Stainless steel, super-austeniticstainless steel, heat treatment, micro-structure,corrosion, precipitates.Metalurgia Física 13


1 - INTRODUÇÃOO aço inoxidável superausteníticoASTM A 744 Gr. CN3MN é bastante utiliza<strong>do</strong><strong>na</strong> fabricação <strong>de</strong> componentes paraequipamentos que trabalham em ambiente sobcorrosão severa. Os principais elementos <strong>de</strong> ligaadicio<strong>na</strong><strong>do</strong>s nesse aço são: o cromo paramelhorar a resistência à corrosão, o níquel paraestabilizar a austenita, o nitrogênio também éadicio<strong>na</strong><strong>do</strong> com objetivo <strong>de</strong> estabilizar aaustenita e o molibdênio é introduzi<strong>do</strong> paraaumentar a resistência à corrosão por pite. Além<strong>de</strong> influenciar <strong>na</strong> resistência à corrosão, onitrogênio e o molibdênio melhoram asproprieda<strong>de</strong>s mecânicas da liga. O termosuperaustenítico relacio<strong>na</strong><strong>do</strong> aos açosinoxidáveis austeníticos, indica que possuemaltas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cromo, níquel, molibdênioe nitrogênio [1].Durante o processo <strong>de</strong> fabricação,cuida<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem ser toma<strong>do</strong>s para evitar aformação <strong>de</strong> alguns tipos <strong>de</strong> precipita<strong>do</strong>s e fases<strong>de</strong> maneira que o material alcance asproprieda<strong>de</strong>s mecânicas e <strong>de</strong> resistência àcorrosão <strong>de</strong>sejadas. Embora a adição <strong>de</strong>nitrogênio aju<strong>de</strong> a retardar a formação <strong>de</strong> outrasfases além da austenita, é inevitável a formaçãodas mesmas, principalmente no processo <strong>de</strong>fundição <strong>de</strong> peças com gran<strong>de</strong>s espessuras, on<strong>de</strong>o resfriamento é mais lento. Sabe-se que emtemperaturas entre 650 e 980 °C váriosprecipita<strong>do</strong>s surgem <strong>na</strong> estrutura austenítica [2].O <strong>tratamento</strong> <strong>térmico</strong> <strong>de</strong> <strong>solubilização</strong>tem o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar o material <strong>na</strong> melhorcondição para aplicação, dissolven<strong>do</strong> gran<strong>de</strong>parte <strong>do</strong>s precipita<strong>do</strong>s forma<strong>do</strong>s durante oprocesso <strong>de</strong> solidificação e manten<strong>do</strong> oselementos <strong>de</strong> liga em solução sólida <strong>na</strong> matrizaustenítica. A Tabela 1 apresenta diferentesespecificações <strong>de</strong> temperatura <strong>de</strong> <strong>tratamento</strong><strong>térmico</strong> <strong>de</strong> <strong>solubilização</strong> para o açosuperaustenítico ASTM A 744 Gr. CN3MN.Tabela 1: Principais normas e respectivas condições <strong>de</strong> <strong>tratamento</strong> <strong>térmico</strong> <strong>de</strong> <strong>solubilização</strong>.ReferênciaMetals Handbook vol. 4(1982), p.1697 [3]ASTM A 744 Gr. CN3MN(1998) [4]DIN EN 10283 Gr. 1.4593(1998) [5]Norsok Standard M-630MDS R16 Rev.3 (2004) [6]Temperatura <strong>de</strong>patamar (°C)Tempo <strong>de</strong> patamar(minutos/cm)Meio <strong>de</strong>resfriamento1150 a 1205 2,0 Água1150 mínima -- Água1170 mínima 2,4 Água1225 mínima -- --2 - MATERIAIS E MÉTODOSCorpos <strong>de</strong> prova com diâmetro <strong>de</strong> 50mm e comprimento <strong>de</strong> 260 mm foram molda<strong>do</strong>sno processo cura a frio (areia aglomerada comresi<strong>na</strong> orgânica) e preenchi<strong>do</strong>s com o açoinoxidável ASTM A 744 Gr. CN3MN fundi<strong>do</strong>em forno <strong>de</strong> indução a vácuo. A análise químicafoi realizada em amostras sólidas noespectrômetro <strong>de</strong> emissão óptica marca ARL3460 Metals A<strong>na</strong>lyzer.Foram usi<strong>na</strong><strong>do</strong>s corpos <strong>de</strong> prova com 38mm <strong>de</strong> diâmetro e submeti<strong>do</strong>s a <strong>tratamento</strong>s<strong>térmico</strong>s <strong>de</strong> <strong>solubilização</strong> com resfriamento emágua. As temperaturas e tempo <strong>de</strong> patamar estãomostra<strong>do</strong>s <strong>na</strong> Tabela 2.Para a análise da <strong>microestrutura</strong> foramcortadas amostras <strong>de</strong> 20 mm <strong>de</strong> diâmetro por 20mm <strong>de</strong> espessura, lixadas e polidas com pasta <strong>de</strong>diamante. As amostras foram atacadas com águarégia modificada (60 ml <strong>de</strong> HCL, 20 ml HNO 3 e20 ml <strong>de</strong> HC 2 H 3 O 2 ) por, aproximadamente, 3minutos. Os ensaios por meio <strong>de</strong> microscopiaótica foram realiza<strong>do</strong>s num microscópio mo<strong>de</strong>loUnion Met 800X e a fração volumétrica <strong>de</strong>precipita<strong>do</strong>s foi <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da com uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong>Metalurgia Física 14


pontos sobre uma <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da área da<strong>microestrutura</strong> conforme a norma E 562 [7].Utilizou-se um Microscópio Eletrônico <strong>de</strong>Varredura LEO Stereoscan 440, com resolução<strong>de</strong> 4,5 nm a 30 kV, para observação daestrutura. As microanálises foram realizadas emMicroscópio Eletrônico <strong>de</strong> Varredura, PhilipsXL30FEG, com resolução <strong>de</strong> 2 nm a 30 kV,acopla<strong>do</strong> a um equipamento <strong>de</strong> microanálise porRaios-X Oxford, Link ISIS 300, com janela fi<strong>na</strong><strong>de</strong> diamante com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção até oelemento boro.TABELA 2 – Tratamentos <strong>térmico</strong>s realiza<strong>do</strong>snos corpos <strong>de</strong> prova usi<strong>na</strong><strong>do</strong>s.SolubilizaçãoTemperatura(ºC)Tempo <strong>de</strong>patamar (h)1250 1,51240 1,51225 1,51215 1,51200 1,51170 1,51150 1,51100 1,5O ensaio <strong>de</strong> impacto (Charpy) foirealiza<strong>do</strong> num equipamento OTTO WOLPERTcom a meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong>scrita <strong>na</strong> norma ASTM A370 (1997) [8]. Os corpos <strong>de</strong> prova foramusi<strong>na</strong><strong>do</strong>s <strong>na</strong> geometria exigida, com entalhe emV, conforme norma ASTM A 370 – item 19,fig. 11. Foram realiza<strong>do</strong>s quatro ensaios <strong>na</strong>temperatura ambiente e quatro ensaios <strong>na</strong>temperatura <strong>de</strong> -46°C para cada amostra.Exames por difração <strong>de</strong> raios-X foramrealiza<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong> amostras cortadas com 20mm <strong>de</strong> diâmetro por 20 mm <strong>de</strong> espessura,lixadas e polidas com pasta <strong>de</strong> diamante <strong>de</strong>granulometria 1μm. Os ensaios foram realiza<strong>do</strong>sem equipamento Rigaku Rotaflex, mo<strong>de</strong>loRU200B e câmara multipurposer, utilizan<strong>do</strong> aradiação <strong>do</strong> cobre Kα1 com comprimento <strong>de</strong>onda 1,54056 Ǻ. Os resulta<strong>do</strong>s foramcompara<strong>do</strong>s com as fichas padrão <strong>de</strong> cadaestrutura com base no banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>sinter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l JCPDS (Joint Committee onPow<strong>de</strong>r Diffraction Standards).Como técnicas complementares foramrealizadas análises por meio <strong>de</strong> microscopiaeletrônica <strong>de</strong> transmissão (MET) em amostrassolubilizadas a 1200 e a 1240°C, para i<strong>de</strong>ntificara estrutura cristali<strong>na</strong> <strong>do</strong>s precipita<strong>do</strong>s através <strong>de</strong>difração <strong>de</strong> elétrons em área selecio<strong>na</strong>da(SAEDP). A preparação das amostras foi feitada seguinte maneira: corte, lixamento epolimento eletrolítico ou polimento por feixe <strong>de</strong>íons. As análises foram realizadas emmicroscópio <strong>de</strong> transmissão Philips CM120.3 - RESULTADOS E DISCUSSÕES3.1) Análise QuímicaA composição química <strong>do</strong> aço utiliza<strong>do</strong>é apresentada <strong>na</strong> Tabela 3 e foi balanceada <strong>de</strong>maneira a aten<strong>de</strong>r a especificação da normaASTM A 744 Gr.CN3MN e ao valor mínimo<strong>do</strong> PRE, conforme especifica<strong>do</strong> <strong>na</strong> própriatabela.3.2) Ensaio <strong>de</strong> impacto (Charpy)A energia absorvida no ensaio <strong>de</strong>impacto apresenta variação em função dasdiferentes temperaturas <strong>de</strong> <strong>tratamento</strong> <strong>térmico</strong><strong>de</strong> <strong>solubilização</strong> conforme mostra<strong>do</strong> <strong>na</strong> Tabela 4e Figura 1. Nota-se, que, com o <strong>tratamento</strong><strong>térmico</strong> <strong>de</strong> <strong>solubilização</strong>, a energia absorvida aoimpacto aumenta a medida que a temperatura <strong>de</strong><strong>solubilização</strong> aumenta até a temperatura <strong>de</strong>1200°C. A partir <strong>de</strong> 1200°C, a energiaabsorvida no ensaio <strong>de</strong> impacto diminuibruscamente. O comportamento <strong>do</strong> materialreferente às proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> impacto é similar<strong>na</strong>s duas temperaturas <strong>de</strong> ensaio (ambiente e-46°C).Metalurgia Física 15


Tabela 3: Composição química <strong>do</strong> aço utiliza<strong>do</strong>.C Mn Si P S Cr Ni Mo Cu N PRE*CN3MN(norma)0,03max2,00max1,00max0,04max0,01max20,0-22,023,5-25,56,0-7,00,75max0,18-0,26≥40Amostra 0,019 0,88 0,69 0,02 0,006 21,98 24,84 6,35 0,010 0,23 46,6*PRE=Cr%+3,3Mo%+16N% (ASTM A890/A890M, 1991) [9]Tabela 4: Influência das temperaturas <strong>de</strong> <strong>solubilização</strong> <strong>na</strong> absorção <strong>de</strong> energia ao impacto.Temperatura <strong>de</strong><strong>solubilização</strong> (°C)Impacto temp.ambiente (J)Desvio PadrãoImpacto temp. -46º(J)Desvio Padrão1.100 39,8 5 50,5 8,11.150 106,2 9,1 69,1 10,31.170 127,7 6,7 84 9,61.200 196,3 12,7 151,1 15,71.215 43,7 2,8 34,3 9,11.225 52 7,1 42,4 4,91.240 41,2 5,6 36,1 4,51.250 59,6 9 38,8 2,6Impacto (J)250,0200,0150,0100,050,00,01.075 1.100 1.125 1.150 1.175 1.200 1.225 1.250 1.275Temperatura <strong>de</strong> <strong>solubilização</strong>Impacto temp. ambiente (J)Impacto temp. -46º (J)Figura 1: Influência das temperaturas <strong>de</strong> <strong>solubilização</strong> <strong>na</strong>absorção <strong>de</strong> energia ao impacto.3.3) Análise <strong>microestrutura</strong>lO aço inoxidável superaustenítico possui matrizaustenítica com precipita<strong>do</strong>s <strong>de</strong> diferentes morfologias. A Figura2 apresenta a <strong>microestrutura</strong> bruta <strong>de</strong> fundição <strong>de</strong> uma amostraque foi resfriada no mol<strong>de</strong> <strong>de</strong> areia até a temperatura ambiente.Nota-se <strong>na</strong> Figura 2a queexistem precipita<strong>do</strong>s dispersospela matriz nos espaçosinter<strong>de</strong>ndríticos e nos contornos<strong>de</strong> grão. A Figura 2b mostra em<strong>de</strong>talhes a morfologia <strong>do</strong>sprecipita<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s <strong>na</strong>estrutura bruta <strong>de</strong> fundição.Nota-se <strong>na</strong> Figura 3, quemesmo com <strong>tratamento</strong> <strong>térmico</strong><strong>de</strong> <strong>solubilização</strong> a 1200°C e1240°C, os precipita<strong>do</strong>scontinuam presentes <strong>na</strong> matrizaustenítica. A morfologia <strong>do</strong>sprecipita<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s<strong>microestrutura</strong>s das amostrassolubilizadas (Figuras 3a e 3b) ésimilar às encontradas <strong>na</strong>amostra bruta <strong>de</strong> fundição(Figura 2b). Na amostrasolubilizada a 1200°C nãoforam encontra<strong>do</strong>s precipita<strong>do</strong>snos contornos <strong>de</strong> grãos.Metalurgia Física 16


As quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> precipita<strong>do</strong>s variam <strong>na</strong>s amostrascom diferentes temperaturas <strong>de</strong> <strong>tratamento</strong> <strong>térmico</strong> <strong>de</strong><strong>solubilização</strong> conforme mostra<strong>do</strong> <strong>na</strong> Tabela 5 e Figura 4. Notase,que, com o <strong>tratamento</strong> <strong>térmico</strong> <strong>de</strong> <strong>solubilização</strong>, a fraçãovolumétrica <strong>de</strong> precipita<strong>do</strong>s diminui <strong>na</strong>s temperaturas acima <strong>de</strong>1170°C apresenta valor mínimoa 1200°C (2,1%) e volta aaumentar <strong>na</strong>s temperaturasacima <strong>de</strong> 1200°C chegan<strong>do</strong> aum patamar maior que 7%.AcicularArre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>Contornoa)<strong>de</strong> grãob)Figura 2: Amostra bruta <strong>de</strong> fundição – MEV – ataque com água régia.Arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>Aciculara) b)Figura 3: a) Amostra solubilizada a 1200°C, b) Amostra solubilizada a 1240°C. MEV – ataque comágua régia.3.4) Análise química <strong>do</strong>sprecipita<strong>do</strong>sTabela 5: Influência da temperatura <strong>de</strong> <strong>solubilização</strong> <strong>na</strong>s fraçõesvolumétricas <strong>de</strong> precipita<strong>do</strong>s.Temperatura <strong>de</strong><strong>solubilização</strong> (°C)% Precipita<strong>do</strong>encontra<strong>do</strong>Desvio Padrão1.100 4,8 0,561.150 4,7 0,401.170 5,2 0,601.200 2,1 0,241.215 4,1 0,481.225 7,4 0,651.240 7,2 0,711.250 7,4 0,48As Figuras 5 e 6mostram o percentual em peso<strong>do</strong>s principais elementos <strong>de</strong> ligapresentes nos precipita<strong>do</strong>sa<strong>na</strong>lisa<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s amostrassolubilizadas a 1200 e 1240°C.Estas duas temperaturas foramescolhidas para a microanálisepor representarem o ponto <strong>de</strong>inversão <strong>do</strong>s valores dasenergias absorvidas no ensaio<strong>de</strong> impacto conforme ilustra oMetalurgia Física 17


gráfico da Figura 1. Nota-se que os precipita<strong>do</strong>s são ricos emmolibdênio e cromo. Os precipita<strong>do</strong>s <strong>de</strong> contornos <strong>de</strong> grãosencontra<strong>do</strong>s <strong>na</strong> amostra solubilizada 1240°C apresentam teor <strong>de</strong>molibdênio <strong>de</strong> 25%, sen<strong>do</strong> ligeiramente maior que os outrosformatos da mesma amostra. A Tabela 6 apresenta umacomparação entre a composição química <strong>do</strong>s precipita<strong>do</strong>s dasamostras solubilizadas a 1200 e 1240°C, com a composiçãoquímica média <strong>de</strong> precipita<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s em trabalhosrealiza<strong>do</strong>s por outros autores em materiais similares.% <strong>de</strong> precipita<strong>do</strong>9,08,07,06,05,04,03,02,01,00,01.075 1.100 1.125 1.150 1.175 1.200 1.225 1.250 1.275Temperatura <strong>de</strong> <strong>solubilização</strong>Figura 4: Influência da temperatura <strong>de</strong> <strong>solubilização</strong> <strong>na</strong>s fraçõesvolumétricas <strong>de</strong> precipita<strong>do</strong>s.% em peso <strong>do</strong> elemento605040302010034 36282223181417arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong> acicular matrizFigura 5: Composições químicas <strong>do</strong>s precipita<strong>do</strong>s (arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>se aciculares) encontra<strong>do</strong>s <strong>na</strong> amostra solubilizada a 1200°C emcomparação com a matriz austenítica.% em peso <strong>do</strong> elemento605040302010034 3429 2922 2113 14arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong> acicular contorno <strong>de</strong>grão44264572627 24 25 22 25196matrizFigura 6: Composições químicas <strong>do</strong>s precipita<strong>do</strong>s(arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>s, aciculares e <strong>de</strong> contorno <strong>de</strong> grão) encontra<strong>do</strong>s <strong>na</strong>amostra solubilizada a 1240°C em comparação com a matrizaustenítica.FeCrMoNiFeCrMoNiA composição química <strong>do</strong>sprecipita<strong>do</strong>s das fases sigma echi foram as que mais seaproximaram. Isso é um indício<strong>de</strong> que os precipita<strong>do</strong>s queexistem <strong>na</strong>s amostras po<strong>de</strong>m ser<strong>de</strong>stas duas fases.3.5) Difração <strong>de</strong> raios-XA Figura 7 apresenta osângulos <strong>de</strong> difração <strong>de</strong> raios-Xda amostra solubilizada a 1200°C <strong>na</strong>s faixas <strong>do</strong> espectrocompreendida entre os ângulosque possuem maior intensida<strong>de</strong><strong>de</strong> difração. Nota-se que oscinco picos i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>scoinci<strong>de</strong>m exatamente com osplanos <strong>de</strong> difração da austenita.O pico referente ao ângulo95,94 plano (222) não ficouevi<strong>de</strong>nte no ensaio. Apesar <strong>de</strong>existirem precipita<strong>do</strong>s <strong>na</strong>amostra solubilizada a 1200 °C,conforme mostra<strong>do</strong> nos examesmicrográficos, a peque<strong>na</strong> fraçãovolumétrica (2,1%) dificulta ai<strong>de</strong>ntificação pela técnica <strong>de</strong>raios-X.As Figuras 8 e 9apresentam os ângulos <strong>de</strong>difração <strong>de</strong> raios-X da amostrasolubilizada a 1240°C <strong>na</strong>sfaixas <strong>do</strong> espectrocompreendida entre os ângulosque possuem maior intensida<strong>de</strong><strong>de</strong> difração. Os planos daaustenita foram i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> espectro difrata<strong>do</strong>,porém os ângulos 50,67 e 90,67referentes aos planos (220) e(311) respectivamente, nãoficaram evi<strong>de</strong>ntes no ensaio.Além da austenita, surgiramoutros planos difrata<strong>do</strong>s quepertence a fase sigma, porémnão foram encontra<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s osplanos pertencentes a esta fase<strong>na</strong> faixa <strong>do</strong> espectro difrata<strong>do</strong>.Embora a comparação dacomposição química <strong>do</strong>sMetalurgia Física 18


Tabela 6: Comparação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s da micro-análise com valores da literatura.Elemento químico Ferro Cromo Molibdênio NíquelComposição química das fases encontradasneste trabalho (mín. e máx. % em peso),liga 22Cr-25Ni-7Mo-0,3N.Composição química da fase chi (χ)encontrada por Heino (1999a), (% em peso),liga 24Cr-22Ni-7Mo-0,5N [10].Composição química da fase sigma (σ)encontrada por Heino (1999b), (% em peso),liga 20Cr-18Ni-6Mo-0,2N [11].27 a 36 23 a 31 18 a 25 12 a 1936,0 27,5 21,8 10,833,7 29,0 27,0 8,3intensida<strong>de</strong> (cps)1000900800700600O plano 222500no ângulo40095,94 da γ300não ficou200evi<strong>de</strong>nte.100030 40 50 60 70 80 90 100 110 120ângulo (2θ)γ (111)γ (200)Figura 7: Difração <strong>de</strong> raios-X da amostra solubilizada a 1200°C,<strong>na</strong> faixa <strong>do</strong> espectro compreendida entre os ângulos <strong>de</strong> difração40 a 120°.intensida<strong>de</strong> (cps)300250200150100σ (330)γ (220)γ (111)σ (212)σ (411)σ (331)σ (222)γ (311)O plano 220 noângulo 50,67 daγ não ficouevi<strong>de</strong>nte.γ (400)3.6) Microscopia eletrônica <strong>de</strong>transmissão (MET)As observações porMET foram efetuadasprincipalmente em campo claro(BF) tentan<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ntificar asfases precipitadas comtamanhos que permitissem obterum SAEDP (difração <strong>de</strong>elétrons em área selecio<strong>na</strong>da)representativo. As Figuras 10 e11 apresentam precipita<strong>do</strong>sreferentes às amostrassolubilizadas a 1200 e 1240°Crespectivamente.Osprecipita<strong>do</strong>s foram i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>scomo carboneto M 6 C (Figura10) e fase sigma (Figura 11).50035 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55ângulo (2θ)Figura 8: Difração <strong>de</strong> raios-X da amostra solubilizada a 1240°C,<strong>na</strong> faixa <strong>do</strong> espectro compreendida entre os ângulos <strong>de</strong> difração35 a 55º.precipita<strong>do</strong>s feita <strong>na</strong> Tabela 6 mostra a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existirfase chi, a mesma não foi encontrada pela técnica <strong>de</strong> difração <strong>de</strong>raios-X.Metalurgia Física 19


intensida<strong>de</strong> (cps)30025020015010050γ (220) σ (333)O plano 311 noângulo 90,67 da γnão ficou evi<strong>de</strong>nte.065 67 69 71 73 75 77 79 81 83 85 87 89 91 93 95ângulo (2θ)Figura 9: Difração <strong>de</strong> raios-X da amostra solubilizada a 1240°C,<strong>na</strong> faixa <strong>do</strong> espectro compreendida entre os ângulos <strong>de</strong> difração65 a 95º.ligeiramente maior <strong>do</strong> que os<strong>de</strong>maisprecipita<strong>do</strong>sencontra<strong>do</strong>s <strong>na</strong> mesma amostra.Embora as composiçõesquímicas <strong>do</strong>s precipita<strong>do</strong>sa<strong>na</strong>lisa<strong>do</strong>s assemelhem-se comas fases sigma (σ) e chi (χ)encontradas <strong>na</strong>s literaturas, nãofoi possível afirmar a existênciada fase chi (χ).- As amostrassolubilizadas a 1200 e 1240°Capresentaram fase sigma (σ) ecarboneto M 6 C <strong>na</strong> matrizaustenítica conformei<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> pela técnica <strong>de</strong>microscopia eletrônica <strong>de</strong>transmissão e <strong>de</strong> raios-X nocaso da amostra solubilizada a1240°C.REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICASa) b)Figura 10: a) Imagem <strong>de</strong> precipita<strong>do</strong>s <strong>de</strong> carboneto M6Ca<strong>na</strong>lisa<strong>do</strong> por microscopia eletrônica <strong>de</strong> transmissão <strong>na</strong> amostrasolubilizada a 1200°C; b) Padrão <strong>de</strong> difração por áreaselecio<strong>na</strong>da (SAEDP) <strong>de</strong> carbonetos M6C, eixo <strong>de</strong> zo<strong>na</strong> [-5,5,6].4 – CONCLUSÕESPara o aço inoxidável superaustenítico ASTM A 744 Gr.CN3MN solubiliza<strong>do</strong> <strong>na</strong> faixa <strong>de</strong> temperaturas entre 1100 e1250°C conclui-se que:- A melhor temperatura para o <strong>tratamento</strong> <strong>térmico</strong> <strong>de</strong><strong>solubilização</strong> foi 1200°C, on<strong>de</strong> a resistência ao impacto foimaior (196 J) e a fração volumétrica <strong>de</strong> precipita<strong>do</strong>s foi a menor(2,1%). Nesta temperatura <strong>de</strong> <strong>solubilização</strong> não foramencontra<strong>do</strong>s precipita<strong>do</strong>s nos contornos <strong>de</strong> grãos.- Em temperaturas acima <strong>de</strong> 1200°C ocorreu areprecipitação <strong>de</strong> fases previamente dissolvidas a 1200°C.- Os precipita<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s amostras apresentarampeque<strong>na</strong>s diferenças <strong>na</strong>s composições químicas. Os precipita<strong>do</strong>s<strong>de</strong> contornos <strong>de</strong> grãos encontra<strong>do</strong>s <strong>na</strong> amostra solubilizada a1240°C apresentaram teores <strong>de</strong> molibdênio <strong>de</strong> 25%, sen<strong>do</strong>[1] A. F. Padilha; P. R. Rios,Decomposition of Austenite inAustenitic Stainless Steel, USP– Departamento <strong>de</strong> EngenhariaMetalúrgica e <strong>de</strong> Materiais, BR,p. 325-337, 2002.[2] J. F. Grubb, D. E. Deemer,AL-6XN Alloy, AlleghenyLudlum, USA, p. 2-7, 2002.[3] Metals Handbook vol. 4.Heat Treating. AmericanSociety for Metals, Metals Park– Ohio U.S.A. 1982, p.1697-1705.[4] American Society forTesting and Materials ASTMA744h / A744M. Standardspecification for casting, ironchromium-nickel,corrosionresistant, for severe service.American Society for Testingand Materials, U.S.A, 1998,p.1-5.Metalurgia Física 20


stainless steel. MaterialsScience and Technology,Chalmers University ofTechnology, Swe<strong>de</strong>n, 101 p.,1999b.a) b)Figura 11: a) Imagem <strong>de</strong> um precipita<strong>do</strong> <strong>de</strong> fase sigma a<strong>na</strong>lisa<strong>do</strong>por microscopia eletrônica <strong>de</strong> transmissão <strong>na</strong> amostrasolubilizada a 1240°C; b) Padrão <strong>de</strong> difração por áreaselecio<strong>na</strong>da (SAEDP) da fase sigma (σ), eixo <strong>de</strong> zo<strong>na</strong> [1,0,2].[5] European Standard EN 10283. Corrosion-resistant steelcasting. Deutsche Institute fur Nourmung (DIN), Germany,Berlin, 1998, 8p.[6] Norsok Standard M-630 MDS R16 Rev.3. Material DataSheets for Piping. Standards Norway, Norway, 2004, 85p.[7] ASTM A370. Standard Test Methods and Definition forMechanical Testing of Steel Products. American Society forTesting and Materials, U.S.A, 1997, p.7-10.[8] American Society for Testing and Materials ASTM E-562-90. Practice for <strong>de</strong>termining volume fraction by systematicmanual point count. U.S.A., 1990, 15p.[9] ASTM A890/A890M – 91. Standard practice for castings,iron-chromium-nickel-molyb<strong>de</strong>num corrosion-resistant, duplex(Austenitic/ferritic) for general application. American Societyfor Testing and Materials. Easton. V.01.02. Ferrous Castings;Ferroalloys, p.556-569.[10] Heino, S., Knutson, M., Karlsson, B., Precipitation in ahigh nitrogen superaustenitic stainless steel. Materials ScienceForum, Chalmers University of Technology, Swe<strong>de</strong>n, p. 143-148, 1999a.[11] Heino, S., Knutson, M., Karlsson, B., Precipitationbehavior in heat affected zone of wel<strong>de</strong>d superausteniticMetalurgia Física 21

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