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Ornitologia sem fronteiras (inclui resumos do IX CBO) - Sociedade ...

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VI. Mutual Funds“When Do Breakpoints Give Mutual Fund Investors a Break?” (with Faten Sabry), Journal ofInvestment Compliance, 9 (2): 5-11, June 2008.“Management Fees and Total Expenses of Mutual Funds in Thailand”, Journal of the AsiaPacific Economy, 16 (1): 15-28, February 2011.“A Survey of Mutual Fund Fees and Expenses in Thailand” (with Pornlapas Na Lamphun),International Journal of Emerging Markets, 7 (4), 411-429, October 2012.3


<strong>IX</strong> CONGRESSO BRASILEIRO DE ORNITOLOGIA"<strong>Ornitologia</strong> <strong>sem</strong> <strong>fronteiras</strong>"VIII Encontro Nacional de Anilha<strong>do</strong>res de AvesII Encontro de <strong>Ornitologia</strong> <strong>do</strong> MercosulPontifícia Universidade Católica <strong>do</strong> ParanáCuritiba, Paraná, Brasil22 a 27 de julho de 2001Realização: <strong>Sociedade</strong> Brasileira de <strong>Ornitologia</strong>, Museu de História NaturalCapão da Imbuia, Prefeitura Municipal de Curitiba, Mülleriana: <strong>Sociedade</strong>Fritz Müller de Ciências Naturais, Universidade Estadual de Londrina-UEL,Universidade <strong>do</strong> Oeste <strong>do</strong> Paraná-UNIOESTE, CEMAVE: Centro deEstu<strong>do</strong>s para a Conservação de Aves Silvestres Brasileiras IBAMA.Apoio: Universidade Livre <strong>do</strong> Meio Ambiente, Secretaria Municipal deMeio Ambiente (Prefeitura Municipal de Curitiba), Pontifícia UniversidadeCatólica <strong>do</strong> Paraná.Patrocínio: Petrobrás-REPAR, CNPq, Fundação O Boticário de Proteção àNatureza, Conservation International <strong>do</strong> Brasil, Fundação Araucária/SETI,Fundação Loro Parque.


<strong>IX</strong> CONGRESSO BRASILEIRO DE ORNITOLOGIACOMISSÃO ORGANIZADORAPresidente: Pedro Scherer-NetoSecretária: Angelica M.K.UejimaEquipe de apoio: Adelinyr de A.Moura Cordeiro, Alberto Urben-Filho,Alexandre Mitroszewski, Aline Dal'Maso Ferreira, Anabel de Lima, AndréaCruz, Angelica M. K. Uejima, Arthur Bispo-de-Oliveira, Carolina CoelhoScherer, Cassiano A.F.R.Gatto, Cassiano Fadel Ribas, Daniele SimoneCar<strong>do</strong>so, Denilson <strong>do</strong> Nascimento Car<strong>do</strong>so, Douglas Kajiwara, Eduar<strong>do</strong>Carrano, Elio César Guzzo, Fernanda Góss Braga, Fernan<strong>do</strong> Costa Straube,Gledson Bianconi, Josiane Saboia, Juliana Quadros, Kassiano F.W.deAlmeida, Liliani Marília Tiepolo, Lori Kleeman-Jr, Márcia Arzua,Maximiliano N. Rodriguez, Michel Miretzki, Miriam Kaehler, Olivia Isfer,Paula Maria Elbl, Raphael Sobania, Renato Bérnils, Rogério Cassio Catelan,Romil<strong>do</strong> Freitas-Silva, Solange Latenek, Sônia Czelusniaki, Tereza CristinaCastellano Margari<strong>do</strong> e Vanessa Cristina Fabri.COMISSÃO CIENTÍFICAPresidente: Fernan<strong>do</strong> Costa StraubeConselheiros: Maria Martha Argel-de-Oliveira, José Flávio Cândi<strong>do</strong>-Jr.,Jorge L.B.Albuquerque, Carla S.Fontana, José Fernan<strong>do</strong> Pacheco, GlaysonA.Bencke, Luiz Fernan<strong>do</strong> de Andrade Figueire<strong>do</strong>, Pedro Scherer-Neto,Maria Alice <strong>do</strong>s Santos Alves, José Maria Car<strong>do</strong>so da Silva, Luiz <strong>do</strong>sAnjos.Consultores científicos: Adrian diGiácomo (Aves Argentinas, BuenosAires, Argentina); Alberto Yanosky (Fundación Moisés Bertoni, Asunción,Paraguay); Alberto Urben-Filho (Mülleriana, Curitiba/PR); AlexandreAleixo (Department of Biologic Sciences and Museum of Natural Sciences,Lousiana State University, Baton Rouge/EUA); André Nemésio(Melopsittacus Publicações Científicas, Belo Horizonte/MG); AngélicaK.Uejima (Mülleriana e PG-Zoologia/UFPR, Curitiba/PR); AugustoJ.Piratelli (Dep.Biologia Animal, IB-UFRRJ, Seropédica/RJ); Caio GracoMacha<strong>do</strong> (Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira deSantana/BA); Carla S.Fontana (Museu de Ciências e Tecnologia, PUC-RS,


Porto Alegre/RS); Carlos A.Bianchi (Zoológico de Brasília, Brasília/DF);Carlos E. Zimmermann (Instituto de Estu<strong>do</strong>s Ambientais, FURB,Blumenau/SC); Cassiano A.F.R. Gatto (Mülleriana e PG-Zoologia/UFPR,Curitiba/PR); Claudia Bauer (Rio de Janeiro/RJ); Cristina Miyaki(Dep.Biologia, IB-USP, São Paulo/SP); Cosette B.Xavier da Silva (IBAMA,Brasília/DF); Dante Buzzetti (Centro de Estu<strong>do</strong>s Ornitológicos, SãoPaulo/SP); Darci M.Barros-Battesti (Laboratório de Parasitologia, InstitutoButantan, São Paulo/SP); Douglas Kajiwara (Museu de História NaturalCapão da Imbuia-PMC, Curitiba/PR); Edson Endrigo (Avesfoto, SãoPaulo/SP); Fábio Olmos (CBRO, São Paulo/SP); Fernan<strong>do</strong> Costa Straube(Mülleriana e CBRO, Curitiba/PR); Francisco Mallet-Rodrigues (CBRO,Rio de Janeiro/RJ); Glayson Ariel Bencke (Museu de Ciências Naturais,Fundação Zoobotânica <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul e CBRO, Porto Alegre/RS);Ives J.Sbalqueiro (Dep.Genética, UFPR, Curitiba/PR); Jacques E. D.Vielliard (UNICAMP, Campinas/SP); Jan K.F.Mähler-Jr. (Divisão deUnidades de Conservação, Secretaria <strong>do</strong> Meio Ambiente <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong>Sul, Porto Alegre/RS); Jaqueline Goerck (BirdLife International, SãoPaulo/SP); João Luiz Xavier <strong>do</strong> Nascimento (CEMAVE-IBAMA,Brasília/DF); Jorge L. B. Albuquerque (Grupo de Indica<strong>do</strong>res Biológicos,UNISUL, Tubarão/SC); José Eduar<strong>do</strong> Simon (Museu de BiologiaProf.Mello Leitão, Santa Tereza/ES); José Fernan<strong>do</strong> Pacheco (CBRO, Riode Janeiro/RJ); José Flávio Cândi<strong>do</strong> Jr. (UNIOESTE, Cascavel/PR); JoséMaria Car<strong>do</strong>so da Silva (CI-Brasil, Belém/PA); José Ragusa Netto (UFMS,Corumbá/MS); José Ricar<strong>do</strong> Pachaly (Instituto de Pesquisa, Estu<strong>do</strong>s eAmbiência Científica, UNIPAR, Umuarama/PR); Juan Mazar Barnett(University of East Anglia, Norwich, UK); Jules Soto (MuseuOceanográfico <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Itajaí, UNIVALI, Itajaí/SC); Juliana Quadros(Mülleriana e PG-Zoologia/UFPR, Curitiba/PR); Leny C.Milleo Costa(PUC-PR, Curitiba/PR); Lenir A.<strong>do</strong> Rosário (FATMA, Florianópolis/SC);Luis Fábio da Silveira (Dep.Zoologia IB-USP e CBRO, São Paulo/SP); LuizFernan<strong>do</strong> de A.Figueire<strong>do</strong> (Centro de Estu<strong>do</strong>s Ornitológicos e CBRO, SãoPaulo/SP); Luiz <strong>do</strong>s Anjos (UEL, Londrina/PR); Marcelo F.Vasconcelos(Belo Horizonte/MG); Marco Antonio de Andrade (Laboratório de EcologiaFlorestal e Manejo de Fauna, UFLA, Lavras/MG); Marco Aurélio Pizo(Dep.Botânica, UNESP, Rio Claro/SP); Marcos André Raposo (IB-USP,São Paulo/SP);Maria Alice <strong>do</strong>s S.Alves (UERJ, Rio de Janeiro/RJ); Mariade Lourdes Cavalheiro (Universidade <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>, Guarapuava/PR; PG-Epidemiologia, USP); Maria Martha Argel-de-Oliveira (São Paulo/SP);Marilia Borgo (Dep.Botânica, UFPR, Curitiba/PR); Marina Anciães(University of Kansas, Lawrence/EUA); Mauricio Pacheco de Andrade


(Laboratório Álvaro, Foz <strong>do</strong> Iguaçu/PR); Michel Miretzki (Mülleriana,Curitiba/PR); Miguel Ângelo Marini (Dep.Ecologia, UFMG, BeloHorizonte/MG); Miriam Kaehler (Dep.Botânica, UFPR, Curitiba/PR);Onil<strong>do</strong> J.Marini-Filho, (Laboratório de Ecologia e Comportamento deInsetos, UFMG, Belo Horizonte/MG); Paulo Chaves Cordeiro(Conservation International, Rio de Janeiro/RJ); Pedro Scherer-Neto(Museu de História Natural Capão da Imbuia, Curitiba/PR); Reginal<strong>do</strong>Donatelli (UNESP, Bauru/SP); Renato S.Bérnils (Mülleriana, Curitiba/PR);Ricar<strong>do</strong> Krul (CEM-UFPR, Curitiba/PR); Ricar<strong>do</strong> Pinto-da-Rocha(Universidade Bandeirantes de São Paulo/SP); Robert P.Clay (GuyraParaguay, Asunción, Paraguai); Sandra Bos Mikich (Dep.Zoologia, UFPR,Curitiba/PR); Sandro Menezes Silva (Dep.Botânica, UFPR, Curitiba/PR);Silvia R.T.Pra<strong>do</strong> (UNIVALI, Itajaí/SC); Tadeu A.Melo-Jr. (UNIFRAN,Franca/SP); Tatiana Neves (Instituto Florestal de São Paulo/SP) e ThalesR.O.de Freitas (Dep.Genética, UFRGS, Porto Alegre/RS).___________________________________


APRESENTAÇÃOO <strong>IX</strong> Congresso Brasileiro de <strong>Ornitologia</strong> acontece exatamente umadécada após a realização, em Belém, <strong>do</strong> primeiro congresso da <strong>Sociedade</strong>Brasileira de <strong>Ornitologia</strong>, substituin<strong>do</strong> os Encontros de Anilha<strong>do</strong>res de Aves(ENAV), separan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>s eventos da <strong>Sociedade</strong> Brasileira de Zoologia emostran<strong>do</strong> definitivamente o crescimento, a força e a independência da<strong>Ornitologia</strong> no Brasil.Acontecen<strong>do</strong> juntamente com a reativação <strong>do</strong> Encontro Nacional deAnilha<strong>do</strong>res de Aves (ENAV) e <strong>do</strong> II Encontro de Ornitólogos <strong>do</strong>MERCOSUL, este congresso caracteriza-se por vários acontecimentos,alguns singulares, outros óbvios, que vão desde a expectativa em relação àprodução e apresentação de trabalhos científicos após o alto número de<strong>resumos</strong> inscritos no Congresso de Florianópolis, geran<strong>do</strong> uma certapreocupação, mas que logo se dissipa e confirma que os ornitólogosbrasileiros estão cada vez mais ativos apresentan<strong>do</strong> mais de 260 <strong>resumos</strong>.Outras expectativas foram sen<strong>do</strong> solucionadas da forma mais inesperadapossível, desde como achar um tema para este evento, já que teríamos aparticipação de profissionais <strong>do</strong>s países <strong>do</strong> Mercosul, procuran<strong>do</strong> integrarcada vez mais os esforços de pesquisa e conservação com aves e ambientesque não têm <strong>fronteiras</strong>. Em uma das reuniões com a comissão organiza<strong>do</strong>ra,Fernan<strong>do</strong> Costa Straube e Alberto Urben Filho sugerem o tema o maisapropria<strong>do</strong> possível: "<strong>Ornitologia</strong> <strong>sem</strong> <strong>fronteiras</strong>", caracterizan<strong>do</strong> umanecessidade de nos unir em objetivos comuns e atingin<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s objetivospara que acontecesse o II Encontro de Ornitólogos <strong>do</strong>s paises que integramo Mercosul.A escolha de um cartaz que divulgasse este evento foi uma gratasurpresa, pois no exato momento de outra reunião para discussão de umemblema, surge o fotógrafo de natureza Carlos Renato Fernandes com umconjunto de fotografias e dentre elas a que dá origem ao cartaz. Detalhes deolhos de animais da fauna brasileira com imagem perfeita formam oconjunto ideal para o cartaz deste congresso, como se estives<strong>sem</strong> nosolhan<strong>do</strong> e retribuin<strong>do</strong> o que fazemos, olhar as aves para estudá-las buscan<strong>do</strong>conhecimento científico útil à sua conservação.Ao longo <strong>do</strong> tempo para a realização deste congresso e eventosassocia<strong>do</strong>s, imaginamos e refletimos sobre a realidade da <strong>Ornitologia</strong> noBrasil e qual o papel a assumir em um futuro próximo. Assistimos amodificações ambientais por fatores antrópicos com conseqüências gravespara a avifauna que não chega a ser suficientemente pesquisada, espécies


desaparecem pressionadas por ação humana e geram discussões que já nãoajudam mais. Enfim, uma postura ética deve <strong>sem</strong>pre prevalecer para quepossamos estar em um congresso mostran<strong>do</strong> o que fazemos, discutin<strong>do</strong> sim,os problemas que nos dizem respeito crian<strong>do</strong> uma dignidade e respeitomútuo que estimulem a continuidade de pesquisas com estes seres quedependem de um universo <strong>do</strong> qual somos parte fundamental.Fazer acontecer este congresso foi algo extremamente gratificantespara to<strong>do</strong>s nós, organiza<strong>do</strong>res e participantes; a to<strong>do</strong>s esses, e aosparticipantes vin<strong>do</strong>s de todas as partes <strong>do</strong> Brasil e <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, desejamos umenorme sucesso, que culminará no engrandecimento cada vez mais a ciênciaornitológica no Brasil.Sejam to<strong>do</strong>s bem-vin<strong>do</strong>s a Curitiba!PEDRO SCHERER-NETOPresidente da Comissão Organiza<strong>do</strong>ra<strong>IX</strong> <strong>CBO</strong>


APRESENTAÇÃOHá uns 10 anos, participei de uma palestra na qual o ora<strong>do</strong>r, entãopessoa de grande prestígio na Companhia Vale <strong>do</strong> Rio Doce e responsávelpela reserva de mata atlântica da CVRD no município de Linhares-ES,defendeu uma linha de raciocínio bastante peculiar: ele afirmou que asespécies não possuem passaporte e, portanto, não reconhecem <strong>fronteiras</strong>políticas. Na ocasião, o ora<strong>do</strong>r fazia esta afirmativa - pensan<strong>do</strong> em termoseconômicos, principalmente - como uma justificativa para se continuar asubstituir nossa flora nativa por espécies introduzidas, como o eucalipto, opinheiro e a leucena. Lembro-me que, na ocasião, essa afirmativa causourevolta em parte da platéia, porque é de conhecimento comum osdesequilíbrios ecológicos e a extensa degradação ambiental que tal práticatem desencadea<strong>do</strong> em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>.Essa "heresia ecológica" nunca saiu da minha cabeça, até porqueenxerguei naquele momento um outro la<strong>do</strong> da questão. As espéciesrealmente não reconhecem <strong>fronteiras</strong> políticas; reconhecem somente<strong>fronteiras</strong> ecológicas. E se elas reconhecem <strong>fronteiras</strong> ecológicas, ospesquisa<strong>do</strong>res que se dedicam ao seu estu<strong>do</strong> deveriam também se esforçarpara não se ater formalmente às <strong>fronteiras</strong> políticas. Não podemos definirnossas áreas e parcerias de pesquisas ten<strong>do</strong> como base as <strong>fronteiras</strong> que nósmesmos delimitamos. É um péssimo hábito, infelizmente relativamentecomum, considerar o outro la<strong>do</strong> da fronteira, seja ela qual for, municipal,estadual ou mesmo entre países, como terra ignota. E, com isso, perdemostambém oportunidades muito ricas de relacionamentos com pesquisa<strong>do</strong>resque podem estar fazen<strong>do</strong> esforços <strong>sem</strong>elhantes "<strong>do</strong> la<strong>do</strong> de lá". O mesmovale para <strong>do</strong>is pesquisa<strong>do</strong>res que se surpreendem trabalhan<strong>do</strong> com a mesmaespécie em pontos distintos de sua distribuição geográfica e que hesitam emestabelecer contato e trocar informações ou se negam a fazê-lo. Asdificuldades de língua, cultura ou distância não são realmenteintransponíveis. A dificuldade maior é romper a barreira mental que existeentre pesquisa<strong>do</strong>res, de qualquer nacionalidade, que limitam seus estu<strong>do</strong>s auma fronteira política ou que definem uma espécie, uma área ou linha depesquisa como "suas" e as defendem como um feu<strong>do</strong>, excluin<strong>do</strong> o resto.Nesse aspecto, o tema <strong>do</strong> <strong>IX</strong> Congresso Brasileiro de <strong>Ornitologia</strong>,"<strong>Ornitologia</strong> <strong>sem</strong> <strong>fronteiras</strong>", vem muito a calhar, porque conclama ospesquisa<strong>do</strong>res a enxergar o estu<strong>do</strong> das aves como atividade que não deve seater a <strong>fronteiras</strong> impostas por nós mesmos. As atividades simultâneas <strong>do</strong> <strong>IX</strong><strong>CBO</strong>, o VII Encontro Nacional de Anilha<strong>do</strong>res de Aves e II Encontro de<strong>Ornitologia</strong> <strong>do</strong> Mercosul, buscam reforçar e estreitar mais os laços que nos


unem, porque o anilhamento pressupõe, muitas vezes, a cooperação depesquisa<strong>do</strong>res trabalhan<strong>do</strong> em outras áreas e/ou enfoques e o Mercosulrepresenta um esforço de compartilhamento global inter-<strong>fronteiras</strong>.Este volume deve, dessa forma, ser visto como algo muito maior queum livro de <strong>resumos</strong> para ser consulta<strong>do</strong> durante o <strong>IX</strong> Congresso Brasileirode <strong>Ornitologia</strong> ou um livro produzi<strong>do</strong> com os principais aspectos desseencontro. Ele deve ser utiliza<strong>do</strong> como uma fonte de referência constante,onde possamos to<strong>do</strong>s, agora ou no futuro, checar quem trabalha outrabalhou com o quê, onde e como, facilitan<strong>do</strong> o contato entrepesquisa<strong>do</strong>res. E um lembrete constante para buscarmos a cooperação e ocompartilhamento nas pesquisas, como forma salutar de se produzir ciênciade qualidade.JOSÉ FLÁVIO CÂNDIDO-JR.Presidente da <strong>Sociedade</strong> Brasileira de <strong>Ornitologia</strong>


PREFÁCIOÉ com grande satisfação que apresento à comunidade de ornitólogos<strong>do</strong> Brasil, bem como <strong>do</strong>s outros países <strong>do</strong> Mercosul e, enfim, de to<strong>do</strong>s osinteressa<strong>do</strong>s, o livro de <strong>resumos</strong> deste <strong>IX</strong> Congresso Brasileiro de<strong>Ornitologia</strong>, realiza<strong>do</strong> em Curitiba entre 22 e 27 de julho de 2001 nasdependências da Pontifícia Universidade Católica <strong>do</strong> Paraná.Esse volume é, simplesmente, mais uma edição <strong>do</strong>s sucessivos livrosde <strong>resumos</strong> que aparecem por ocasião <strong>do</strong>s já tradicionais congressosbrasileiros de <strong>Ornitologia</strong>. Segue-se, dessa forma, uma já consolidadatradição na seleção de bons textos, que <strong>do</strong>cumentam, ainda quesuperficialmente, o avanço da <strong>Ornitologia</strong> brasileira. Ao to<strong>do</strong>, foramrecebi<strong>do</strong>s 260 <strong>resumos</strong>, <strong>do</strong>s quais, pouco menos de 20 foram recusa<strong>do</strong>s,mais um bom indica<strong>do</strong>r <strong>do</strong> que fôra afirma<strong>do</strong> acima.Repetin<strong>do</strong> o protocolo <strong>do</strong> ano anterior (VIII <strong>CBO</strong>, Florianópolis,julho de 2000), montamos um corpo de consultores científicos para analisara qualidade <strong>do</strong>s trabalhos e, principalmente, oferecer volutariamentesugestões para sua melhoria, tanto no aspecto conceitual quanto naapresentação e sequência lógica <strong>do</strong>s tópicos aborda<strong>do</strong>s. Cada um <strong>do</strong>s<strong>resumos</strong> foi avalia<strong>do</strong> por <strong>do</strong>is consultores, escolhi<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com a suaaptidão ou com a sua já comprovada experiência nos varia<strong>do</strong>s assuntos. Nocaso de aceitação de pelo menos um deles, o resumo estava aprova<strong>do</strong>, desdeque obedecidas (ou devidamente replicadas) as sugestões propostas pelosrefferees. Resumos recusa<strong>do</strong>s por ambos os consultores não tiveram chancesde apelação.O procedimento normal que utilizamos foi, <strong>sem</strong> exceções, o avisode recebimento imediatamente após a chegada <strong>do</strong>s textos. Após isso,procedeu-se o envio <strong>do</strong>s trabalhos aos consultores e sua triagem,comunican<strong>do</strong> o resulta<strong>do</strong> tão logo chegavam os pareceres. Esse processo,obrigatoriamente ágil, foi satisfatório na maior parte <strong>do</strong>s casos. Por motivosvários, to<strong>do</strong>s relaciona<strong>do</strong>s a extravio de mensagens, alguns autoresacabaram não sen<strong>do</strong> comunica<strong>do</strong>s sobre a decisão da comissão. Por essafalha, embora não tenha gera<strong>do</strong> problemas maiores, pedimos nossas sincerasdesculpas.Ten<strong>do</strong> o livro pré-monta<strong>do</strong>, já com os <strong>resumos</strong> a ele anexa<strong>do</strong>s,passou-se ao processo de revisão. Nesse senti<strong>do</strong>, foram corrigi<strong>do</strong>s os errosde grafia de nomes científicos e a estruturação <strong>do</strong>s títulos, bem como algunsdetalhes importantes de ortografia, concordância e gramática da línguaportuguesa. Procurou-se também zelar pela escrita correta das unidades eabreviaturas <strong>do</strong> Sistema Internacional de Unidades. Eventualmente, ainda,


alterou-se a menção às siglas de esta<strong>do</strong>s brasileiros para o nome completoda unidade da federação, evitan<strong>do</strong>-se confusão por leitores não brasileirosou pouco adapta<strong>do</strong>s à nossa língua. Devi<strong>do</strong> ao tempo exíguo para ediçãodeste livro, muitos equívocos foram omiti<strong>do</strong>s, pois passaram "por debaixo<strong>do</strong>s bigodes" de nossa atenciosa equipe.Uma vez explana<strong>do</strong>s suscintamente os nossos critérios, pedin<strong>do</strong> acompreensão <strong>do</strong>s leitores para os deslizes, posso me considerar feliz com oresulta<strong>do</strong>. Primeiro porque me senti plenamente confiante em cada uma daspalavras e <strong>do</strong>s pareceres, alguns deles especialmente críticos, de nossosconsultores. Segun<strong>do</strong>, porque pude contar com a compreensão <strong>do</strong>s própriosautores para isso. Foi um grande prazer servir de ponte entre os autores comseus resulta<strong>do</strong>s a mim confia<strong>do</strong>s e os consultores, um esquadrão rigoroso,interessa<strong>do</strong> única e exclusivamente no progresso de nossa ciência!Como editor, eu agradeço a todas essas pessoas que se empenharampara a concretização desse livro. Particularmente quero fazer um destaqueaos amigos Pedro Scherer-Neto e Angelica Kazue Uejima, respectivamentepresidente e secretária <strong>do</strong> <strong>IX</strong> <strong>CBO</strong>, por terem confia<strong>do</strong> em meu trabalho epor acreditarem nessa parceria, firmada definitivamente já no congressoanterior. Queria lembrar também, que eu não poderia ver esse nosso esforçocoroa<strong>do</strong> de êxito se não fosse a existência de três amigos que me ensinarame aprenderam (é incrível como essas palavras são quase sinônimas!) tantosobre os meandros da organização de congressos de <strong>Ornitologia</strong>: JorgeL.Albuquerque, Maria Martha Argel-de-Oliveira e José Flávio Cândi<strong>do</strong>-Jr.Agradeço, em nome de toda a equipe de organização <strong>do</strong> <strong>IX</strong> <strong>CBO</strong>, àsentidades financia<strong>do</strong>ras, com destaque para a Fundação O Boticário deProteção à Natureza que tornou viável essa edição.Por fim, me sinto confortável para expressar minha sincera gratidãopela participação de to<strong>do</strong>s. Quero, <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> coração, que sejam bemvin<strong>do</strong>sa Curitiba e que este livro seja mais um motivo simbólico paraestreitar nossos laços de amizade e companheirismo.FERNANDO COSTA STRAUBEPresidente da Comissão Editorial<strong>IX</strong> <strong>CBO</strong>


A observação de aves na Grécia arcaica:(Séculos <strong>IX</strong> a.C. e VIII a.C.)Alexandre F. MoraisMülleriana: <strong>Sociedade</strong> Fritz Müller de Ciências Naturais. Caixa Postal 1644. Curitiba, PR.80001-970.O surgimento, no nono século, <strong>do</strong>s poemas Ilíada e Odisséia,atribuí<strong>do</strong>s a Homero, e no oitavo da obra de Hesío<strong>do</strong> (Teogonia, Ostrabalhos e os Dias, O Escu<strong>do</strong> de Héracles e fragmentos de outras obras) 1 ,ao mesmo tempo que marcam o fim da chamada Grécia arcaica conservam otestemunho literário deste perío<strong>do</strong> ágrafo da história grega. A presença dasaves nesses poemas é conspícua e nota-se a preocupação com a suaobservação por vários motivos. Nas obras <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is autores foram registradas26 “espécies” de aves: abutre, águia, águia negra, águia marinha, alcione,an<strong>do</strong>rinha, ave memnônida, cimidis, cisne, coruja, corvo, cuco, estorninho,falcão, fênix, gaivota, ganso, garça, gavião, gralha, gralha marinha, grou,mergulhão, pomba, rouxinol, tor<strong>do</strong>. Destas apenas quatro, alcione, avememnônida, cimidis e fênix podem ser considera<strong>do</strong>s animais fantásticos.Muitas das citações são acompanhadas de informações sobre hábitos comoalimentação, sazonalidade, habitat e relações com o homem.Das formas de ultraje <strong>do</strong> cadáver <strong>do</strong> inimigo, a mais recorrente é onegar-lhe as honras fúnebres, deixan<strong>do</strong>-o para ser devora<strong>do</strong> pelas feras. É oabutre, junto com o cão, quem no mais das vezes encarrega-se disso e emtorno dele reúne-se um adagiário, utiliza<strong>do</strong> para ofender o inimigo:...remédio nenhum, com certeza,há de livrá-lo de pasto tornar-se de cães e de abutres... (Il. II.393)...darás pastocom tuas pingues entranhas aos cães e aos abutres de Tróia. (Il. XIII.832)De ti, no entanto, os abutres de Tróia farão bom repasto. (Il. XVI.836)1 Os textos utiliza<strong>do</strong>s são os seguintes: Homero. Ilíada (em versos). Trad. Carlos AlbertoNunes. Ediouro, RJ. s.d.; Homero. Odisséia (em versos). Trad. Carlos Alberto Nunes.Ediouro, RJ. s.d.; Hesío<strong>do</strong>. Obras y fragmentos. Trad. Aurelio Pérez Giménez. EditorialGre<strong>do</strong>s, Madrid. 2000.


Cruel! Dedicas<strong>sem</strong>-lhe os Deuses a mesma afeição que lhe voto,e logo abutres e cães, insepulto, comer o haveriam... (Il. XXII.42)...o teu corpo será para os cães e abutres joga<strong>do</strong>. (Il. XXII.336)Vais, pois servir aqui mesmo de pasto aos abutres. (Od. XXII.30)E também para lamentar o companheiro caí<strong>do</strong>:...se ainda as carnes e as pingues entranhas de muitos Dardâneosjunto das naus <strong>do</strong>s aquivos abutres e cães não sustentam. (Il. VIII.380)Algumas fórmulas revestem-se de sinistra ironia:...aurigas valentes, os quais pelo solo jaziam,vista mais grata aos abutres por certo que às tristes esposas. (Il. XI.161)... tão só abutres atrai, não mais lindas mulheres. (Il. XI.395)A ele, decerto, a essas horas os rápi<strong>do</strong>s cães e os abutresjá lhe arrancaram <strong>do</strong>s ossos a pele, depois de ser morto...(Od. XIV. 133)Corvos também aparecem dilaceran<strong>do</strong> um cadáver numa vívidadescrição:...corvos virão lacerar-teas tenras carnes, aos ban<strong>do</strong>s, baten<strong>do</strong>, rui<strong>do</strong>sos, as asas. (Il. XI.453)Hábitos alimentares de outras aves carnívoras podem serdepreendi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s poemas homéricos. Vêem-se gaivotas, mergulhões egralhas <strong>do</strong> mar pescan<strong>do</strong>:...a deslizar pelo <strong>do</strong>rso das ondas, tal como gaivota,quan<strong>do</strong> nos seios terríveis <strong>do</strong> mar infecun<strong>do</strong> mergulhapara pescar e umedece nas ondas as asas robustas. (Od. V.51-8)...qual mergulhão que surdisse das águas à tona ela emerge(Od.V.337)...para em seguida atirar-se de novo nas ondas marinhas,qual mergulhão. Pelas ondas escuras foi logo escondida. (Od.V.353)...gralhas de língua comprida,dessas <strong>do</strong> mar, que se aprazem nas lides da pesca marinha. (Od. V.66-7)...tal como gralhas marinha à volta <strong>do</strong> casco anegra<strong>do</strong> (Od. XII.418)


A águia, sen<strong>do</strong> depois <strong>do</strong> abutre a ave mais citada por Homero é aque apresenta maior número de itens na dieta. Caça pombas, gansos, grous,cisnes, lebres, ovelhas, gamos e serpentes:...águia altaneira, que tímida pomba nas garras trazia... (Od. XX.243)Como águia fulva que tomba precípite em meio a outras aves,que descuidadas se encontram na margem relvosa de um rio,ban<strong>do</strong> de gansos, ou grous, ou de cisnes de longos pescoços... (Od. XV.690-2)...a águia, a ave, assim dizem, de mais penetrante visão, que ainda mesmoquan<strong>do</strong> muito alto se encontre, distingue uma lebre ligeiradentro de moita fron<strong>do</strong>sa escondida; sobre ela cain<strong>do</strong>,súbito a apanha e lacera, privan<strong>do</strong>-a da cara existência... (Il. XVII.674-8)...águia altaneira,que na planície se atira, através de bulcões adensa<strong>do</strong>s,para prear lebre tímida ou ovelha de lã reluzente... (Il. XXII.308-0)...[uma águia] que um gamozinho de corça veloz carregava nas garras...(Il.VIII.248)Gaviões, falcões e abutres também predam outras aves:...gaviões parecen<strong>do</strong>de rapidíssimo vôo a caçar estorninhos e gralhos,... (Il. XVI.582-3)...[um falcão] veloz, que uma pomba nas garras ia levan<strong>do</strong> (Od. XV.528)Tal como abutre entre os gansos no meio <strong>do</strong>s Teucros se arroja... (Il.XVII.459)Os personagens homéricos escutam com atenção a vocalização dasaves. Podemos ouvir com eles o belo som que produz o cantar da an<strong>do</strong>rinha(Od. XXI.47), o gazeio da garça (Il. X.274), o grasnar <strong>do</strong>s corvos (Il.XVI.428), o grito estridente <strong>do</strong> falcão (Il. X<strong>IX</strong>.350) e os guinchos agu<strong>do</strong>s<strong>do</strong> gavião (Il. XXII.139).A migração das aves encontra eco nos poemas:Num mar de tanta largura, que as aves, quiçá, não conseguemAtravessá-lo num ano, tão grande e terrível é ele. (Od. III.321-2)... a bulha <strong>do</strong>s grous ao céu alto se eleva,no tempo em que, por fugirem <strong>do</strong> inverno e da chuva incessante,voam, com grita estridente, por cima <strong>do</strong> curso <strong>do</strong> Oceano,à geração <strong>do</strong>s Pigmeus conduzin<strong>do</strong> o extermínio e a desgraça,


para, mal surja a manhã, a batalha funesta iniciarem. (Il. III.2 e ss.)A curiosa notícia sobre a migração <strong>do</strong>s grous no inverno para aÁfrica certamente provém em parte da observação <strong>do</strong> movimento sazonaldessas aves para o sul e, em parte da tradição, talvez levada pela penínsulanos navios de comércio, de uma suposta guerra, em terras africanas, entregrous e pigmeus, com desvantagem para esses últimos.Quanto ao vôo das aves, os vários cantos da Ilíada não sãoconcordes em qual é a mais veloz. O abutre é chama<strong>do</strong> de velocíssimo (Il.XIII.531). Mas seria a águia a de vôo mais rápi<strong>do</strong> (Il. XXIV.293)? ou aáguia negra:...como águia impetuosa e repace anegrada,que vence todas as aves em força e no rápi<strong>do</strong> vôo... (Il. XXI.252-3)?O gavião é também um forte concorrente à mais leste das aves:...<strong>sem</strong>elhante ao gavião que persegue as fracas pombas e a que nenhumaave no vôo ultrapassa... (Il. XV.237-8)...gaviões parecen<strong>do</strong>, de rapidíssimo vôo... (Il. XVI.582)Como no monte o gavião, a mais leste de todas as aves,mui facilmente, se atira, a voar, contra tímida pomba,que se lhe escapa de esguelha, e de perto a acomete, soltan<strong>do</strong>guinchos agu<strong>do</strong>s, que o peito o concita a apanhar presa fácil...(Il. XXII.139e ss.)Nas imprecações de Ajáz Telamônio contra Heitor, surpreende-<strong>sem</strong>esmo o que pode ser um dita<strong>do</strong> hípico aplica<strong>do</strong> ao gavião:Enquanto a ti, julgo próximo o instante em que devas, fugin<strong>do</strong>,preces a Zeus levantar e às demais <strong>sem</strong>piternas deidades,para que vençam aos próprios gaviões teus vistosos cavalos (Il. XIII.819)A caça de aves com uso de redes e anzóis também é registrada:...tor<strong>do</strong>s de longos remígios, ou pombasque o pouso buscam ansiosas, às vezes em rede se enlaçam,posta entre os ramos adrede, e descanso horroroso assim acham... (Od.XXII.468)Quan<strong>do</strong>, porém se acabou tu<strong>do</strong> quanto se achava na nave,


a percorrer toda ilha se viram força<strong>do</strong>s, em buscade algumas aves e peixes, muni<strong>do</strong>s de anzóis retorci<strong>do</strong>s,ou <strong>do</strong> que achas<strong>sem</strong>, que o estômago a to<strong>do</strong>s a fome afligia. (Od. XII.331)Essa passagem parece indicar um certo desprezo pela carne de aves ede peixes, que Odisseu e seus companheiros só comem força<strong>do</strong>s pela afliçãoda fome. O exame <strong>do</strong>s hábitos alimentares homéricos, fortemente apoia<strong>do</strong>sno consumo de carne bovina, ovina, caprina e suína, além de trigo,corrobora a suposição.A retirada de filhotes de rapinantes aparece como prática comum:...prorromperam em choro rui<strong>do</strong>so, como aves bulhentas,a águia marinha ou o abutre de garras recurvas, priva<strong>do</strong>spor camponeses <strong>do</strong>s filhos, que, implumes, voar não conseguem...(Od.XVI.216)Seria de se pensar em algum tipo de falconaria, mas os poemas nãodizem de qualquer destinação para águias ou abutres em cativeiro. Noentanto, uma passagem mostra camponeses se aproveitan<strong>do</strong> da caça queban<strong>do</strong>s de corvos exercem sobre outras aves:Bem como corvos de garras compridas e bicos recurvos,<strong>do</strong>s altos montes provin<strong>do</strong>s, sobre aves inermes se abatemque, espavoridas se atiram das nuvens à vasta planície,nada às coitadas valen<strong>do</strong> enfrentá-los, nem deles desviar-se,que eles as matam, prean<strong>do</strong>-as; a caça aos campônios alegra... (Od.XXII.302)Quinhentos anos após, Aristóteles descreve uma cena que pode sercontinuidade dessa técnica e esclarecer o que o verso homérico deixaimplícito:Na Trácia, na parte chamada antigamente Cedrópolis, nos pântanos, oshomens fazem a caça aos pequenos pássaros com ajuda <strong>do</strong>s falcões: osprimeiros batem com varas os caniços e as árvores e fazem fugir ospequenos pássaros. Os falcões se mostram no ar e os perseguem: o me<strong>do</strong> osfaz voltarem para a terra onde os homens batem neles com suas varas e osmatam. (História <strong>do</strong>s Animais 620a33)


A criação de aves <strong>do</strong>mésticas é descrita em <strong>do</strong>is episódios paralelosda Odisséia:... mas, súbito, uma ave à direita lhe surge, águia de garras possantes, queleva, apanha<strong>do</strong> no pátio, um grande ganso <strong>do</strong>méstico... (XV.160)A segunda passagem é o sonho de Penélope:Duas dezenas de gansos aqui no palácio criamos,que da água o trigo retiram, dileto espetác’lo a meus olhos.Vi que descia <strong>do</strong>s montes uma águia de bico recurvo,que a to<strong>do</strong>s eles quebrou o pescoço, matan<strong>do</strong>-os.Num monte ficaram, mortos, na casa,enquanto a águia para o éter retorna...Penélope chora:...pois me afligia bastante por ver os meus gansos <strong>sem</strong> vida...A águia então dirige-se para Penélope dizen<strong>do</strong> que os gansos são ospretendentes e ela mesma é Odisseu, que virá para matá-los.Isso disse a águia no tempo em que o sono se foi agradável.Olho de volta ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> palácio onde os gansos revejo,que pelos tanques o trigo bicavam, tal qual era de uso. (X<strong>IX</strong>.536 e ss.)Depreende-se daqui que a criação de gansos era feita junto à casasenhorial. Na primeira passagem o ganso é apanha<strong>do</strong> no pátio. No segun<strong>do</strong>eles são cria<strong>do</strong> no palácio, ficam mortos na casa e Penélope os revê ao re<strong>do</strong>r<strong>do</strong> palácio, como era de uso. Bastante diferente da pecuária de mamíferos<strong>do</strong>mésticos, praticada em estâncias afastadas <strong>do</strong> palácio e por escravosespecializa<strong>do</strong>s. Chama atenção também a supervisão direta da <strong>do</strong>na da casa,que os chama de seus gansos e chora por eles. A observação <strong>do</strong>s seushábitos é um dileto espetáculo a seus olhos, e ela conhece o seu usocostumeiro. A construção de tanques junto ou talvez dentro <strong>do</strong> paláciodenota uma tecnologia algo sofisticada de criação, simulan<strong>do</strong> o ambiente daave. As duas dezenas de gansos são alimenta<strong>do</strong>s com trigo joga<strong>do</strong> nostanques, talvez pela própria Penélope, e me ocorre, pela proximidade <strong>do</strong>palácio, e na falta de qualquer referência ao consumo dessas aves ou de seus


ovos, que a sua criação teria fins puramente ornamentais e de laser, comoum desenfa<strong>do</strong> para as mulheres da casa.Outros <strong>do</strong>is usos das aves aparecem nos poemas. As flechas sãoprovidas de penas:Tira, depois, <strong>do</strong> carcás, pós o haver destapa<strong>do</strong>, uma seta,Nova e provida de pena, fautora de <strong>do</strong>res atrozes. (Il. IV.117-8)Posteriormente Hesío<strong>do</strong> vai precisar. Penas de abutre:Muchos dar<strong>do</strong>s escalofriantes, dispensa<strong>do</strong>res silenciosos de muerte:delante, teníam muerte y sumergían en llanto; en el centro, eran puli<strong>do</strong>s,muy largos; y por detrás, estaban cubiertos com alas de rojuzo buitre. (Esc.135)Nos jogos fúnebres organiza<strong>do</strong>s por Aquiles pela morte de Pátrocloencontra-se a primeira referência à prática esportiva <strong>do</strong> tiro ao pombo noOcidente:Ferro violáceo, depois, o Pelida aos archeiros promete,dez machadinhas de um corte e outras tantas bipenes brilhantes.Manda em seguida que um mastro de nave anegrada se firmeLonge, na areia, no tope <strong>do</strong> qual uma tímida pombaata a um cordel, por um pé, concitan<strong>do</strong> os Aqueus a provarema pontaria “Quem quer que a ferir chegue a tímida pomba,pode levar para casa as bipenes de bela feitura;quem no cordel, simplesmente, acertar, da ave o tiro falhan<strong>do</strong>,as machadinhas carregue, por ser menos hábil frecheiro”.A estas palavras levanta-se a força de Teucro possante,bem como o claro Meríones, sócio <strong>do</strong> chefe cretense.Postas as sortes num elmo de bronze e agitan<strong>do</strong>-o o Pelida,salta a de Teucro em primeiro lugar. O guerreiro disparacom decisão varonil, <strong>sem</strong> primeiro fazer a promessaa Febo Apolo de tenros cordeiros no altar imolar-lhe.O alvo, por isso, ambiciona<strong>do</strong> falhou, que o frecheiro lho impede,só conseguin<strong>do</strong> atingir o cordel junto ao pé da avezinha.Foi secciona<strong>do</strong> o cordel junto pelo corte da seta amargosa.Cai para o solo a porção <strong>do</strong> cordel presa ao mastro, libran<strong>do</strong>-seno éter a tímida pomba; os Acaios a rir dispararam.Das mãos de Teucro Meríones o arco arrancou, apressa<strong>do</strong>,pois de antemão uma seta aprestara, enquanto ele atiravae a Febo Apolo, o frecheiro, promete, <strong>sem</strong> perda de tempo,


uma hecatombe de tenras ovelhas no altar imolar-lhe.No alto, entre as nuvens, percebe a voltear a medrosa pombinhanuma das voltas a atinge; no peito, sob a asa, acertan<strong>do</strong>-lhe;a flecha o corpo lhe passa, e, na volta <strong>do</strong> tiro certeiro,se vem fincar aos pés de Meríones. A ave primeiropousa no tope <strong>do</strong> mastro da nave de proa anegrada,deixa tombar a cabeça, estiran<strong>do</strong>, <strong>sem</strong> força, as asas;e, quan<strong>do</strong> o espírito, rápi<strong>do</strong>, os membros, por fim, lhe aban<strong>do</strong>na,longe <strong>do</strong> mastro caiu. To<strong>do</strong>s ficaram toma<strong>do</strong>s de espanto.As dez bipenes Meríones, presto, levanta da arena;as machadinhas man<strong>do</strong>u Teucro exímio levar para as naves. (Il. XXIII.850e ss.)Vários episódios detalham a prática da arte premonitória que seserve da observação <strong>do</strong> vôo de aves. Há basicamente quatro mo<strong>do</strong>s de seprever o futuro em Homero. Ou se consulta um oráculo, ou um adivinho, ouinterpreta-se os sonhos, ou o comportamento das aves. Nos três primeiroscasos o <strong>do</strong>m divinatório é concedi<strong>do</strong> diretamente por um deus. Aparticipação <strong>do</strong> adivinho é passiva no processo e ele não se aperfeiçoa coma experiência. A interpretação <strong>do</strong> comportamento das aves, por outro la<strong>do</strong>,depende exclusivamente da competência <strong>do</strong> intérprete. Mentor (na verdadeAtena, disfarçada sob a sua figura) declara-se leigo:Ora desejo prever-te o futuro tal como os eternosna alma mo dizem e como há de dar-se com toda a certeza,conquanto insciente <strong>do</strong> vôo <strong>do</strong>s pássaros e profecias. (Od. I.200-3)O estrangeiro Teoclímeno, anuncian<strong>do</strong> a Penélope que Odisseu já seencontrava em solo pátrio, é inicia<strong>do</strong> na arte:Quan<strong>do</strong> me achava na nave de boa coberta, esse augúriointerpretei pelo vôo das aves, contan<strong>do</strong>-o a Telêmaco. (Od. XVII.160-1)É uma arte que pode ser aprendida e na qual o praticante, pelaexperiência acumulada, pode atingir maiores graus de perfeição:A essas palavras Zeus grande, que ao longe discerne, lhe enviaáguias a par deslizan<strong>do</strong> <strong>do</strong> cimo eleva<strong>do</strong> de um monte.Ficam voan<strong>do</strong> um momento à mercê das correntes aéreas,junto uma da outra manten<strong>do</strong> estendidas e firmes as asas.


Mas, quan<strong>do</strong> da ágora, ao meio chegaram, alfim, tumultuária,eis que volteiam em círculo e batem as asas com força,a contemplar as cabeças com torvo presságio.E ambas então arranhan<strong>do</strong>-se o colo e a cabeça com as garras,pela direita saíram por sobre os telha<strong>do</strong>s das casas.To<strong>do</strong>s ficaram toma<strong>do</strong>s de pasmo ante a vista das aves,dentro <strong>do</strong> peito o volver que futuro os sinais sugeriam.Mas o guerreiro Heliterses Mastórida pôs-se a falar-lhes,dentre os eqüevos o mais competente, <strong>sem</strong> dúvida, na artede conhecer os agúrios e ler pelo vôo das aves.Cheio de bons pensamentos lhes diz, arengan<strong>do</strong>, o seguinte:......Não prognostico <strong>sem</strong> base nos fatos, mas bem experiente.Todas as coisas que outrora afirmei, estou certo, se deram,<strong>sem</strong> discrepância... (Od. II.146 e ss.).A arte divinatória aparece aqui como uma prática, quase pode-sedizer racionalista. É com base nos fatos, na experiência continuada, nocômputo <strong>do</strong>s acertos anteriores, que se adquire a competência na observaçãoe interpretação <strong>do</strong> comportamento das aves. Heliterses prognostica a voltade Odisseu e, na continuação desse episódio o pretendente Eurímacocontesta-o, deixan<strong>do</strong> ver que a adivinhação pelas aves não era consensual egerava polêmica já nos tempos homéricos:Velho é melhor que interpretes oráculos para teus filhos!Vai para casa, não sejam colhi<strong>do</strong>s por males futuros.Muito melhor <strong>do</strong> que tu interpreto os sinais desses fatos.Aves <strong>sem</strong> número voam debaixo <strong>do</strong> sol luminoso,mas não são todas fatídicas... (Od. II.178 e ss.).Após desqualificar a prática, dizen<strong>do</strong>-a assunto de crianças,Eurímaco questiona a competência <strong>do</strong> intérprete. Uma negação talvez maisradical da validade da arte divinatória por meio das aves sai da boca <strong>do</strong>velho Príamo, rei de Tróia:Não te anteponhas ao que hei assenta<strong>do</strong>, nem de ave agoureiraqueira servir em meus paços, pois não poderás convencer-me.Se de um qualquer <strong>do</strong>s mortais esse alvitre tivesse parti<strong>do</strong>,ou sacer<strong>do</strong>te, ou adivinho, ou entendi<strong>do</strong> no vôo <strong>do</strong>s pássaros,de mentiroso eu o tachara <strong>sem</strong> dar-lhe importância nenhuma. (Il.XXIV.218 e ss.)


Divergências à parte, essa arte é suficientemente comum em Homeropara que possamos saber algo dela. É <strong>sem</strong>pre um deus que inspiradetermina<strong>do</strong> comportamento à ave (...<strong>sem</strong> a vontade de um deus não te voouum falcão pela destra... Od. XV.531) Veremos mais abaixo que a opinião deHesío<strong>do</strong> difere da de Homero neste ponto. A forma mais simples de augúrioé essa: se uma ave voa pela sua direita o presságio é bom.Nesse entrementes uma águia de altíssmo vôo passou-lhepela direita. Os Aqueus levantaram um grito de júbilo,encoraja<strong>do</strong>s. (Il.XII.821-3)No entanto os presságios lhe foram propícios,pois aves pela direita voaram. (Od. XXIV.311)Se voa pela esquerda é mau. Quan<strong>do</strong> os pretendentes planejam mataro filho de OdisseuUma ave, porém, pela esquerda lhes veio,águia altaneira que tímida pomba nas garras trazia.Vira-se Anfínomo aos outros e diz, arengan<strong>do</strong>, o seguinte:“Não poderemos, amigos, levar a bom termo essa idéiade dar morte a Telêmaco. Vamos tratar <strong>do</strong>s banquetes”.Esse o discurso de Anfínomo; a to<strong>do</strong>s aprouve o que disse. (Od. XX.242 ess.)A to<strong>do</strong>s, inclusive a Eurímaco, que anteriormente tinha despreza<strong>do</strong> aobservação ornitológica.Quanto às espécies, a mais prestigiosa <strong>sem</strong> dúvida é a águia:...Zeus potente abala<strong>do</strong> se mostrae consentiu, com um sinal, que seu povo não fosse destruí<strong>do</strong>.Uma águia, logo, man<strong>do</strong>u, dentre as aves a mais auspiciosa,que um gamozinho de corça veloz carregava nas garras,o qual soltou, ao passar pelo altar, onde oferendas opimasao deus que a tu<strong>do</strong> responde, soíam trazer os Aquivos.Estes, então, compreenden<strong>do</strong> o sinal que Zeus grande mandara,com novo ar<strong>do</strong>r belicoso atiraram-se contra os Troianos. (Il. VIII.245 e ss.)Vamos, dirige teus votos ao Crônida Zeus poderoso,Que <strong>do</strong> Ida altivo <strong>do</strong>mina as extensas planícies de Tróia,e lhe suplica mandar-te um sinal, a mais forte das aves,


e a que ele próprio prefere, de vôo mais rápi<strong>do</strong>. Venhapela direita que, ten<strong>do</strong>-a, de fato, entre os olhos, reflitas,para, confiante, empreenderes a viagem à nau <strong>do</strong>s Aquivos.Mas se o sinal não mandar Zeus potente, que ao longe discerne,Aconselhar-te não devo, jamais, a ir às naves recurvas... (Il. XXIV.290 ess.)A mais auspiciosa, a mais forte das aves, de vôo mais rápi<strong>do</strong>, apreferida de Zeus é por ele enviada como presságio. Mas não apenas aságuias dão notícias <strong>do</strong> futuro aos homéricos:Quan<strong>do</strong> acabou de falar, um falcão elevou-se-lhe a destra,o mensageiro de Apolo, veloz, que uma pomba nas garrasia levan<strong>do</strong>, a fazer com que as penas caís<strong>sem</strong> no solo... (Od. XV.525 e ss.)E quan<strong>do</strong> se poderia pensar que apenas os rapinantes são usa<strong>do</strong>spelos deuses,Palas Atena uma garça enviou-lhes ao longo da estrada,pela direita. Impossível lhes era, em verdade enxergá-lana noite escura, mas mui claramente o gazeio lhe ouviram.Le<strong>do</strong> Odisseu com o presságio dirige-se a Palas Atena... (Il. X.274 e ss.)A águia é a ave preferida de Zeus. O falcão é o mensageiro deApolo. E ao ouvir a garça, Odisseu reconhece o sinal de sua protetora,Atena. Tu<strong>do</strong> isso leva a crer na existência de atribuição, ao menospopularmente, de certas aves a determina<strong>do</strong>s deuses, que poderia <strong>inclui</strong>routras espécies que as mostradas nos poemas.A partir <strong>do</strong> esquema básico de direita-esquerda, as situações podemcomplicar-se, tornan<strong>do</strong> a interpretação mais difícil. A ave pode estarcarregan<strong>do</strong> uma presa. Na passagem citada acima (Il. VIII.245 e ss.), aentrega de uma vítima para o sacrifício é, <strong>sem</strong> dúvida, um excelenteaugúrio. O ataque da águia aos gansos cria<strong>do</strong>s por Penélope particulariza aprofecia, os gansos são os pretendentes, a águia é Odisseu. O aparecimentoao exército troiano de uma águia carregan<strong>do</strong> uma serpente dá lugar a uminteressante diálogo entre Polidamante e Heitor:Mas, ao chegarem à beira <strong>do</strong> fosso, indecisos, pararam;é que, quan<strong>do</strong> iam transpô-lo, uma ave por eles perpassa:águia de altíssimo vôo, que à esquerda fechou to<strong>do</strong> o exército,


a qual nas garras a imano dragão cor de sangue estringia,vivo, a mexer-se, que não se esquecera <strong>do</strong>s cruentos combates,pois para trás encurvan<strong>do</strong>-se, junto <strong>do</strong> colo, no peito,a ave feriu. Trespassada de <strong>do</strong>r cruciante, esta, logoviolentamente a jogou para longe, no meio <strong>do</strong> povo.Grito estridente solta a águia, partin<strong>do</strong> com o sopro <strong>do</strong> vento.Estremeceram os Teucros, ao verem no meio <strong>do</strong> campo,Como portento de Zeus, a serpente de cores cambiantes.Polidamante de Heitor se aproxima e lhe diz o seguinte:“...Ora preten<strong>do</strong> dizer-te o que julgo ser mais proveitosonão prossigamos, a fim de lutar junto às naves, com os Dânaos.Posso prever o futuro, se, foi um sinal, como penso,a ave que aos Teucros baixou no momento de o fosso transpormos,a águia de altíssimo vôo, que à esquerda fechou to<strong>do</strong> o exércitoa qual nas garras a imano dragão cor de sangue estringia,vivo, soltan<strong>do</strong> muito antes de alçar-se até o ninho queri<strong>do</strong>,<strong>sem</strong> que lhe fosse possível aos filhos, por cibo, levá-lo.Do mesmo mo<strong>do</strong> há de dar-se conosco: se as portas e o muroà viva força rompermos e os Dânaos, dali, repelirmos,retornaremos, depois, pelo mesmo caminho, <strong>sem</strong> ordem,e deixaremos inúmeros Teucros, que os fortes Aquivoshão de fazer perecer, defenden<strong>do</strong> os navios escuros.Era o que, certo, diria qualquer adivinho <strong>do</strong>s que andemmais inteira<strong>do</strong>s de augúrios, e gozem de grande conceito”.Com torvo olhar lhe responde o guerreiro <strong>do</strong> casco ondulante:“Polidamante, essas tuas palavras em nada me agradam.Penso que fora possível fazeres proposta mais digna.Mas, se tu<strong>do</strong> isso de há pouco foi dito, realmente em tom sério,é que os eternos <strong>do</strong> Olimpo fizeram que o juízo perdesses.Queres então que me venha a esquecer <strong>do</strong>s desígnios de Zeus,que peremptória promessa me fez, e a asselou com a cabeça?Ao invés disso desejas que fé demonstremos às avesde altos remígios, com que não me ocupo! Bem pouco me importamquer para a destra se vão, para o la<strong>do</strong> <strong>do</strong> Sol e da Aurora,quer para a esquerda, <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> Ocaso de sombras espessas.Sim, obedientes sejamos somente aos conselhos de Zeus,Que sobre to<strong>do</strong>s os homens e os deuses eternos impera.O mais propício sinal é lutar em defesa da pátria.Por que te mostras medroso de lutas e prélios sangrentos? (Il. XII.199 e ss.)


Esse longo trecho esclarece muitos pontos da arte divinatória. É umdiálogo entre um inicia<strong>do</strong> na adivinhação pelas aves e um cético. O discursode Polidamante mostra o prestígio social que os adivinhos inteira<strong>do</strong>s emaugúrios gozavam. Também o fato inusual da ave perder a presa soltan<strong>do</strong>muito antes de alçar-se até o ninho queri<strong>do</strong> <strong>sem</strong> que lhe fosse possível aosfilhos, por cibo, levá-lo, reforça o senti<strong>do</strong> sobrenatural da cena, como nocaso <strong>do</strong> gamo. A expressão <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> há de dar-se conosco revela omecanismo que rege a adivinhação. O que acontece à ave prefigura aquiloque vai ocorrer aos homens. A resposta de Heitor descortina a lógica dadicotomia esquerda (la<strong>do</strong> <strong>do</strong> Ocaso de sombras espessas; mau augúrio) edireita (la<strong>do</strong> <strong>do</strong> Sol e da Aurora; bom augúrio). A personificação <strong>do</strong>sfenômenos celestes em deuses explica porque o sinal <strong>do</strong> presságio inverte-sequan<strong>do</strong> a ave dirige-se para um ou outro la<strong>do</strong>.O ceticismo de Heitor é total: não demonstra fé nas aves, não seocupa delas e pouco o importa para que la<strong>do</strong> se dirigem. Contrapõe a elas osdesígnios diretos de Zeus. Antes de questionar a coragem de Polidamante,Heitor põe em dúvida sua sanidade. A observação de aves não é atividadedigna de um guerreiro e não deve ser referida em tom sério.A Hesío<strong>do</strong> é atribuída uma Ornitomantea, que viria após osTrabalhos e os Dias, infelizmente perdida.Algunos autores añaden a los Trabajos la Ornitomantea (adivinación porlas aves), unos hexâmetros que Apolonio de Rodes rechaza.Escólio a Hesío<strong>do</strong>, Trabajos 828Y to<strong>do</strong>s los versos añadi<strong>do</strong>s a los Trabajos y los días.Pausanias, <strong>IX</strong> 31, 5 (Testemunhos 1)También hay versos sobre arte divinatoria... e interpretaciones de oráculosunidas a hechos prodigiosos.Pausanias, <strong>IX</strong> 31, 5 (Testemunhos 2.3)Apesar de sua autoria não ser unanimemente reconhecida (jáApolônio de Rodes no século III a. C. considerou-a espúria), a críticamoderna tende a aceitá-la, dada a preocupação <strong>do</strong> autor com o tema e oaparente anúncio feito deste texto nos versos finais d’Os Trabalhos:Feliz y dichoso el que conocien<strong>do</strong> todas estas propiedades de los díastrabaja sin ofender a los Inmortales, consultan<strong>do</strong> las aves y evitan<strong>do</strong>transgressiones. (Tr. 828-9)


Em sen<strong>do</strong> autêntico, seria esse o primeiro livro <strong>do</strong> Ocidente a ter asaves como objeto e, se não nos chegou nenhum fragmento dele, é possívelvislumbrar algumas opiniões de Hesío<strong>do</strong> sobre o assunto em outraspassagens de sua obra, inclusive algumas divergentes das homéricas.Estacio e seu escoliasta, ao arrolarem as explicações para os augúriosornitológicos, consignam a posição de Hesío<strong>do</strong>:Es maravilha de dónde, pero en outro tiempo los ala<strong>do</strong>s tuvieron estehonor: o el funda<strong>do</strong>r de la estancia suprema así se lo dio cuan<strong>do</strong> cubría elcaos fundi<strong>do</strong> em las nuevas <strong>sem</strong>illas; o bien porque fueron transformadas y,separa<strong>do</strong>s sus cuerpos de nuestro origen, entraram en el mun<strong>do</strong> de los quesaben, o bien que um cielo más puro y uma lejana y rara prohibición depermanecer en tierra enseñan cosas verdaderas.Estacio, Tebaida 482 y ss.Há de dar el motivo de que haya si<strong>do</strong> concedi<strong>do</strong> a las aves el predecirhechos futuros. Lo que Virgílio explica como se fuese un filósofo epicúreo,éste lo explica como se fuese un platónico. La primera opinión procede deHesío<strong>do</strong>: que predicen hechos futuros porque el supremo funda<strong>do</strong>r delmun<strong>do</strong>, al configurar el caos a mo<strong>do</strong> de <strong>sem</strong>illas, les concedió este poder.Escólio a Estacio, Tebaida 482 (fr. 355)Enquanto em Homero o comportamento das aves é guia<strong>do</strong> por umdeus, para Hesío<strong>do</strong> são as aves mesmas que possuem o <strong>do</strong>m divinatório equan<strong>do</strong> voam com o fim de sinalizar um evento futuro, fazem-noconscientemente. Elas vêem o futuro porque estavam no passa<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> odeus organizava o caos nas <strong>sem</strong>entes primordiais e este lhes concedeu este<strong>do</strong>m. Além <strong>do</strong> privilégio, o fragmento confere às aves venerandaantigüidade. Eram já animais perfeitos, voan<strong>do</strong> no caos, especta<strong>do</strong>ras dacriação divina, enquanto to<strong>do</strong> o resto <strong>do</strong> universo ainda estava informe. Amão divina, presente em cada episódio liga<strong>do</strong> ao presságio nos poemashoméricos (o deus envia a ave); desloca-se em Hesío<strong>do</strong> para um eventoprimordial, deixan<strong>do</strong> a responsabilidade da ação para as aves. Outranovidade é o uso da ornitomancia para fins matrimoniais. InfelizmenteHesío<strong>do</strong> não chega a detalhar os procedimentos e as espécies utilizadasnessa adivinhação específica:Em el cuarto [dia] del mes, llévate a casa uma esposa después de consultarlas aves que sean más propicias para este asunto. (Tr. 800-1)


Hesío<strong>do</strong>, a se acreditar num fragmento considera<strong>do</strong> espúrio pelacrítica, também valoriza a águia:Y las aves de uñas encorvadas, como se há dicho anteriormente, por decirlode uma vez, no beben en absoluto. Pero Hesío<strong>do</strong> lo desconoce, pues, en ladescripción relativa al asedio de Nínive, há representa<strong>do</strong> bebien<strong>do</strong> aláguila que presidia la adivinación.Aristóteles, Historia de los animales 601a 31 (fr. 364)Concorda com a teoria acima exposta o detalhe de que é a águiaquem preside a adivinhação, e não mais o deus. A passagem seguinte podetambém ser considerada como tratan<strong>do</strong> da ornitomancia:No dejes com salientes la casa al construirla, no sea que allí posada graznela chillona corneja. (Tr. 746-7)O escoliasta Proclo propôs no lugar <strong>do</strong> adjetivo anepíxeston (= comsaliências) a leitura de anepírrekïon (= <strong>sem</strong> sacrifícios) e o senti<strong>do</strong> entãoseria: não se deve deixar de fazer os sacrifícios pela fundação de uma casa,sob a pena de má sorte, representada pela gralha no telha<strong>do</strong>. Finalmente opróximo texto, de um fragmento de localização incerta, a ane<strong>do</strong>ta sobre avigília <strong>do</strong> rouxinol e da an<strong>do</strong>rinha, acompanhada de uma explicaçãoetiológica enraizada nos mitos gregos poderia eventualmente justificar ainclusão <strong>do</strong> rouxinol e da an<strong>do</strong>rinha no rol das aves de augúrio em algumaparte não conservada <strong>do</strong> texto.Dice Hesío<strong>do</strong> que el ruiseõr es la única de las aves que se despreocupa delsueño y que siempre está despierta; que la golondrina no está despierta porcompleto, pero que también ella ha perdi<strong>do</strong> la mitad del sueño. Ylógicamente pagam este castigo a causa de la desgraciada experiência quese atrevieron a empreender en Tracia, la de aquel famoso banquete cruel.Eliano, Varia Historia XII 20(fr. 312)As aves também inauguram em Hesío<strong>do</strong> um novo gênero literário noOcidente, a fábula, que aparece pela primeira vez n’Os Trabalhos e os Dias(v. 203-12).Ahora contaré uma fábula a los reyes, aunque sean sabios.Así habló un halcón a un ruiseñor de variopinto cuello mientras le llevabamuy alto, entre las nubes, atrapa<strong>do</strong> com sus garras. Éste gemía


lastimosamente, ensarta<strong>do</strong> entre las corvas uñas, y aquél, en tono desuperioridad le dirigió estas palabras.“Infeliz! Porque chillas? Ahora te tiene en su poder uno mucho máspoderoso. Irás a <strong>do</strong>nde yo te lleve por muy cantor que seas y me servirás decomida si quiero o te dejaré libre. Loco es lo que quiere ponerse a la alturade los más fuertes! Se ve priva<strong>do</strong> de la victoria y además de sufrirvejaciones, es maltrata<strong>do</strong>.”Así dijo el halcón de rápi<strong>do</strong> vuelo, ave de amplias alas. (Tr. 203-12)Ao final das recomendações que seguem a fábula, coloca Hesío<strong>do</strong>uma formulação geral, em que o próprio Zeus encarrega-se de separar ohomem <strong>do</strong> resto <strong>do</strong> reino animal:Pues esta ley impuso a los hombres el Crónion: a los peces, fieras y avesvola<strong>do</strong>ras, comerse los unos a los otros, ya que no existe justicia entreellos; a los hombres en cambio, les dio la justicia que es mucho mejor. (Tr.277-80)Hesío<strong>do</strong> tem também aplicações mais práticas para a observação dasaves. Os Trabalhos e os Dias constrói um calendário de atividadesagropastoris, que tem dupla base, astronômica e biológica. A migração oucomportamento de vocalização sazonais de certas aves serve como sinalpara o início <strong>do</strong>s trabalhos, e é de se pensar se não houve uma relação lógicaentre prever as estações pelo comportamento das aves e prever o futuro peloseu vôo.O chia<strong>do</strong> <strong>do</strong>s grous, que atravessam a Grécia em outubro na direçãoda África, marca a chegada <strong>do</strong> inverno e atemoriza o homem que não foiprecavi<strong>do</strong>:Estate al tanto cuan<strong>do</strong> oigas la voz de la grulla que desde lo alto de lasnubes lanza cada año su chamada; ella trae la señal de la labranza y marcala estación del invierno lluvioso. Su chilli<strong>do</strong> muerde el corazón del hombreque no tiene bueyes. (Tr. 448 e ss.)O canto <strong>do</strong> cuco alegra os homens porque indica a chegada daprimavera:...cuan<strong>do</strong> el cuclillo cante por primera vez entre las hojas de la encina yalegre a los hombres sobre la terra sin límites, entonces ruega a Zeus quehaga llover al tercer día y no pare hasta que el agua ni sobrepase la pezuña


del buey ni quede por debajo. De este mo<strong>do</strong> el que ara tarde puede obteneriguales resulta<strong>do</strong>s que el que ara pronto. (Tr. 485 e ss.)Na passagem seguinte pode-se ver o imbricamento <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is tipos decalendário utiliza<strong>do</strong>s por Hesío<strong>do</strong>, o astronômico e o biológico:Cuan<strong>do</strong> después del solsticio Zeus cumpla los sesenta días de invierno,entonces a estrela Arturo aban<strong>do</strong>na la sagrada corriente del Oceano y porprimera vez se eleva brillante al anochecer; detrás de ella, la Pandiónidagolondrina de agu<strong>do</strong> llanto salta a la vista de los hombres en el momientoen que comienza de nuevo la primavera. Anticípate a ella y poda las viña;pues así es mejor.Pero em quanto el que lleva su casa encima remonte las plantas desde elsuelo huyen<strong>do</strong> de las Pléyades, entonces ya no es tiempo de cavar las viñas,sino que ahora afila las hoces y despierta a los esclavos. (Tr. 565-78)O verão é marca<strong>do</strong> não pela vocalização de um pássaro, mas pela dacigarra, assim como no passo anterior o mês de maio é indica<strong>do</strong> pela subida<strong>do</strong> caracol às plantas:Cuan<strong>do</strong> el car<strong>do</strong> florece y la cantora cigarra, posada en el árbol, derramasin cesar por debajo de las alas su agu<strong>do</strong> canto, em la estación delagota<strong>do</strong>r verano... (Tr.582-8)Um fragmento de lugar incerto dá um curioso cálculo, obviamentenão provin<strong>do</strong> da observação, para avaliar a idade alcançada pelas ninfas, apartir da longevidade de espécies animais:Nueve generaciones de hombres en flor vive una corneja grazna<strong>do</strong>ra; unciervo, la vida de cuatro conejas; a tres ciervos hace viejos el cuervo;mientras que el fénix a nueve cuervos. A diez fénix hacemos viejos nosotras,las ninfas de hermosos bucles, hijas de Zeus que empuña a égida. (fr. 304)Plutarco, nas Moralia, fez essa conta resultar em nove mil setecentose vinte anos...Os textos de Homero e Hesío<strong>do</strong> mostram uma sociedade em que aobservação de aves é prática instituída e codificada em vários níveis.Camponeses, nobres, guerreiros, adivinhos profissionais e talvez mulheresocupavam-se dela. A ornitomancia com suas complexas regras deinterpretação empolgava os ânimos e gerava reação naqueles que, como


Heitor, liga<strong>do</strong>s ao culto olímpico de Zeus, desprezava essas crençaspopulares por infantis, não sérias e insanas. No mun<strong>do</strong> rural as informaçõesobtidas pela observação das aves, certamente transmitidas por via oral epopular, eram importantes para a normalização <strong>do</strong>s trabalhos. Pôde-seobservar também o interesse venatório nas aves e, possivelmente, aobservação praticada somente por prazer (Penélope e os gansos). Essaprática tão espalhada na Grécia arcaica criou um rico e varia<strong>do</strong> acervopoético e cultural, de técnicas, costumes e crenças em torno da ornitofauna.


Um tributo ao naturalista Friedrich Sellow (1789-1831)José Fernan<strong>do</strong> Pacheco 1eBret M. Whitney 21. Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO). Rua Visconde de Ouro Preto, 71ap. 103. 22250-180, Rio de Janeiro, RJ, E-mail: jfpcbc@ax.apc.org; 2. Museum of NaturalScience, 119 Foster Hall, Louisiana State University, Baton Rouge, Louisiana 70803, USANão é de hoje que a figura <strong>do</strong> naturalista Sellow nos chama aatenção. Ao decidir que iríamos nomear uma nova espécie de pássaro emsua homenagem pensamos seriamente em resgatar algo mais substancial desua vida e de suas atividades ornitológicas no Brasil. Sabíamos que muitacoisa importante e interessante era mal conhecida por grande parte <strong>do</strong>sornitólogos. Contu<strong>do</strong>, não havia espaço (tampouco tradição) para umanarrativa biográfica mais extensa sobre Sellow em um artigo que sedestinava a descrever uma nova espécie e analisar a taxonomia <strong>do</strong> grupo deespécies relacionadas (Whitney et al. 2000).O esforço para resgatar e reunir mais da<strong>do</strong>s acerca da vida eatividades de Sellow não cessou; pois, o primeiro autor esperava descreverparte de suas viagens pelo Nordeste em sua dissertação de mestra<strong>do</strong>.Entretanto, uma mudança de objetivos da referida dissertação levou aoaban<strong>do</strong>no dessa intenção. Restava assim um texto, alinhava<strong>do</strong> em seuspontos principais, sobre a passagem de Sellow pela Bahia e <strong>do</strong>desafortuna<strong>do</strong> destino de seu acervo encaminha<strong>do</strong> ao Museu de Berlim, queaqui resolvemos adaptar e dar divulgação aos interessa<strong>do</strong>s.Sellow não é de to<strong>do</strong> desconheci<strong>do</strong> <strong>do</strong>s ornitólogos, apesar de nossarecente iniciativa (Herpsilochmus sellowi) se constituir na primeirahomenagem em termos de nomeação de uma ave. Ele é lembra<strong>do</strong> em nomesde insetos, répteis, mas sobretu<strong>do</strong> de plantas, onde contam-se dezenas (amirtácea Acca sellowiana, a melastomatácea Tibouchina sellowiana, aorquídea Campylocentrum sellowi etc)O seu nome consta de vários ensaios acerca de naturalistasestrangeiros que trabalharam no Brasil. Suas atividades são melhorconhecidas como coletor botânico ou como acompanhante <strong>do</strong> PríncipeMaximiliano de Wied-Neuwied. Há uma pequena síntese de suas


contribuições à ornitologia brasileira em Pinto (1979:70-73) e em Sick(1997:50). Mas Sellow foi, para nós, mais especial <strong>do</strong> que a literatura emgeral retrata. É preciso recontar aqui esses episódios e demonstrar melhorporque foi tão justa (embora tardia) a nossa homenagem na nomeação deuma espécie endêmica <strong>do</strong> Brasil.Para evitar uma demasiada repetição das mesmas fontes, informamosque to<strong>do</strong> o texto a seguir foi elabora<strong>do</strong> por intermédio de uma combinação<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s presentes em Urban (1893), Stre<strong>sem</strong>ann (1948), Gebhardt (1964)e Hackethal (1995).Friedrich Sellow (ou Sello) nasceu em 12 de março de 1789 emPotsdam, perto de Berlim, Alemanha, onde seu pai Carl Julius Samuel Sellotinha o cargo de jardineiro da côrte e seu avô fora hortelão real. Não é poisde admirar que também ele tivesse si<strong>do</strong> destina<strong>do</strong> à jardinagem e que fosseentregue para o aprendiza<strong>do</strong> a seu tio Johann Wilhelm Sello em Sans-Souciapós o qual assumiu um cargo de auxiliar no Jardim Botânico de Berlim. Ládespertou a atenção <strong>do</strong> Professor Willdenow que introduziu o jovem deespírito aberto na botânica, proven<strong>do</strong>-o quan<strong>do</strong> ele se mu<strong>do</strong>u para Paris comcalorosas recomendações ao já célebre Alexander v. Humboldt. Deste,permanentemente apoia<strong>do</strong> durante sua estada parisiense (1810-1811) eprovisiona<strong>do</strong> pelo embaixa<strong>do</strong>r prussiano com uma mesada, Sellow pôde, daíem diante, estudar ciências naturais na Sorbonne sofren<strong>do</strong> motivações dasmaiores sumidades científicas de seu tempo, como os botânicos Jussieu eDesfontaines e os zoólogos Cuvier, Lamarck e Geoffroy. Em 1811,novamente provi<strong>do</strong> <strong>do</strong>s necessários meios pelo seu benfeitor Humboldt,Sellow dirigiu-se a Londres para completar sua formação científica, fazen<strong>do</strong>aí uso intensivo <strong>do</strong>s herbários e bibliotecas, relacionan<strong>do</strong>-se com botânicosfamosos, além de travar contato, no Museu Britânico, com os zoólogos Dr.Leach (Pacheco 2000) e Dr. Koenig que o ajudaram na ampliação de seusconhecimentos nas ciências naturaisEm janeiro de 1813, Sellow teve um encontro, em Londres, degrandes conseqüências: travou conhecimento com o Conselheiro G. H. v.Langs<strong>do</strong>rff (célebre sobretu<strong>do</strong> entre nós) que se encontrava a caminho <strong>do</strong>Rio de Janeiro como cônsul da Rússia e que achou conveniente destiná-lo auma viagem de exploração ao Brasil. Com isto, Sellow caiu na esfera deuma pessoa cuja influência foi importante e decisiva para ele como tambémpara outros jovens naturalistas daquela época.Langs<strong>do</strong>rff havia inicia<strong>do</strong> sua viagem de São Petersburgo para o Riono outono boreal de 1812 acompanha<strong>do</strong> <strong>do</strong> prepara<strong>do</strong>r francfortiano G. W.Freyress, muito hábil no empalhamento de aves. Deti<strong>do</strong>s porém portemporais no Mar Báltico, os viajantes viram-se força<strong>do</strong>s a permanecer


algumas <strong>sem</strong>anas na Suécia. Em janeiro de 1813 chegaram a Londres, ondese deu o encontro com Sellow, atingin<strong>do</strong> finalmente o seu destino apósalguns meses.Empolga<strong>do</strong> desde seu encontro com Langs<strong>do</strong>rff, pela tenta<strong>do</strong>ra idéiade poder pesquisar nas imensidões desconhecidas <strong>do</strong> Brasil, o jovembotânico empreendia tu<strong>do</strong> que pudesse servir a realização deste plano. Teveêxito em levantar os fun<strong>do</strong>s para uma viagem ao Rio de Janeiro por meio deuma adiantamento de Sir Joseph Banks e <strong>do</strong> botânico Dr. J. Sims, em trocade coleções de ciências naturais que pretendia organizar para eles. Podeassim viajar na primavera boreal de 1814. No Rio foi acolhi<strong>do</strong>hospitaleiramente por Langs<strong>do</strong>rff. Explorou durante cerca de um ano (verãode 1814 a verão de 1815) os arre<strong>do</strong>res mais próximos da capital, sobretu<strong>do</strong> aSerra <strong>do</strong>s Órgãos e a Serra da Estrela, ten<strong>do</strong> nisso tanto sucesso com osinsetos e as exsicatas remetidas que pode logo saldar suas dívidas com osfinancia<strong>do</strong>res ingleses. Enquanto isso, concebia o plano de uma grandeviagem para o norte até o rio São Francisco para a qual recebeuadiantamentos de seus amigos, sobretu<strong>do</strong> de v. Langs<strong>do</strong>rff, que lhe foramconcedi<strong>do</strong>s em troca de naturalia (sobretu<strong>do</strong> insetos e peles de aves). A esteempreendimento associou-se também Freyress, que antes já começara aenviar, por intermediação <strong>do</strong> Major Feldner, peles e outros objetos aoMuseu Zoológico de Berlim. Ambos experimentaram a satisfação de, juntoao fornecimento necessário <strong>do</strong>s passaportes portugueses, ser-lhes concedi<strong>do</strong>um ordena<strong>do</strong> de “naturalista pensionário” de Sua Magestade, comremuneração anual de 1.000 cruza<strong>do</strong>s, a qual Sellow ficou receben<strong>do</strong> até ofim de sua vida.Pouco antes, em julho de 1815, chegara ao Rio de Janeiro o PríncipeMaximiliano de Wied-Newied para encetar uma viagem de exploração noBrasil, sen<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong> a Sellow por Langs<strong>do</strong>rff. O Príncipe ficou tãoencanta<strong>do</strong> com o plano de Sellow que propôs fazerem os três a viagemconjuntamente. Como é descrito pormenorizadamente no célebre relato deviagem <strong>do</strong> Príncipe (Wied 1820-1821, 1958), partiram em 4 de agosto de1815 na direção da Província <strong>do</strong> Espírito Santo (AO99). No final denovembro de 1815 separavam-se em Vitória onde Sellow se detinhacoletan<strong>do</strong> plantas até junho de 1816, enquanto o Príncipe se adiantava rumoa Caravelas.Para que se possa perceber melhor o espírito meticuloso de Sellow éoportuno lembrar uma certa passagem pinçada de uma de suascorrespondências: “Não é fácil conciliar o interesse de uma viagem rápidacom o de fazer boas coleções de material. Prefiro andar mais devagar paratirar maior proveito da viagem” (Pacheco & Bauer 2001).


No rio Mucuri, em novembro de 1816, Sellow encontrou-senovamente com o Príncipe e Freyress; a seguir, separaram-se para <strong>sem</strong>pre.O Príncipe embarcou na Bahia [Salva<strong>do</strong>r] em 10 de maio de 1817 para aEuropa, Sellow progredia porém lentamente atrás, passan<strong>do</strong> por Caravelas(dezembro de 1816), Porto Seguro e só chegan<strong>do</strong> a Bahia (como eraconhecida Salva<strong>do</strong>r) em julho de 1817, de onde remeteu 600 peles de aves,3000 insetos, 300 espécies de plantas (em 4-6 exemplares de cada espécie eum pacotinho de <strong>sem</strong>entes, “tu<strong>do</strong> coleta<strong>do</strong> entre Caravelas e Bahia”), aoProf. H. Lichtenstein, inician<strong>do</strong> assim o relacionamento com os museus deBerlim. Aí já se voltava a atenção sobre esse excelente pesquisa<strong>do</strong>r.Já em 21 de janeiro de 1816, por sugestão de Alexandre v.Humboldt, o recém-nomea<strong>do</strong> Ministro da Cultura prussiano Karl Barão vonAltenstein conseguia mediante uma petição ao chanceler de esta<strong>do</strong>, Príncipev. Hardenberg, um determina<strong>do</strong> pecúlio, coloca<strong>do</strong> a disposição de Sellow.Em dezembro de 1816, no rio Caravelas, Sellow tomouconhecimento desta intercessão decisiva e, através de uma carta dirigida aoMinistro, ofereceu imediatamente seus posteriores serviços comonaturalista-viajante ao esta<strong>do</strong> prussiano. Em sua resposta de 7 de maio de1817 (pormenorizadamente reproduzida em Urban 1893) notou Altenstein:“Apraz-me imensamente ter podi<strong>do</strong> contribuir para que uma pessoa como oSenhor, toma<strong>do</strong> tão incessante afinco pela ciência e possuin<strong>do</strong> em grauaprimora<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os necessários pré-requisitos para realizar algo deextraordinário, tenha condições de dedicar suas energias de imediato a suaterra natal”. Custariam muitos meses ainda antes que Sellow ficasse deposse deste escrito, cujo objetivo era livrá-lo de todas as oprimentespreocupações com o futuro. Entrementes, travava na Bahia relações comWilliam Swainson, famoso naturalista inglês que procedia de Pene<strong>do</strong>,Alagoas. Reunia ainda um remessa adicional para Berlim de objetos quecoletou até fins de setembro de 1817 nas re<strong>do</strong>ndezas da Bahia (=Salva<strong>do</strong>r).Permaneceu na capital até maio de 1818, despachan<strong>do</strong> ainda em 15 de maiouma terceira grande remessa.Enquanto Sellow ainda se detinha na Bahia cheio de ansiosaexpectativa que esperava de sua carta ao ministro v. Altenstein, já havia hámuito chega<strong>do</strong> no Rio (na primavera de 1817) uma legação diplomáticaprussiana sob a chefia <strong>do</strong> Conde v. Flemming, com cartas de recomendaçãopara Sellow, Freyress e Feldner. O jovem Dr. Ignaz F. v. Olfers, comosecretário dessa legação, havia aceito o cargo e a viagem para poderperseguir no Brasil objetivos naturalísticos e desejava agora a companhia deSellow para realizar uma viagem a Minas Gerais e São Paulo. Assim,Sellow recebeu, para sua surpresa, um escrito <strong>do</strong> Conde em que este se


prontificava a custear a passagem da Bahia para o Rio e assumir, por conta<strong>do</strong> governo, todas a despesas <strong>do</strong> novo empreendimento. Chega<strong>do</strong> no Rio emjunho de 1818, Sellow conheceu na pessoa de v. Olfers, um naturalistaprimorosamente prepara<strong>do</strong> e amável companheiro, ao qual ficaria liga<strong>do</strong> atéa morte por sólida amizade.Até a sua prematura morte por afogamento no rio Doce, MinasGerais, em outubro de 1831, Sellow realizou fatigantes expedições sozinhoou acompanha<strong>do</strong> de v. Olfers, aos esta<strong>do</strong>s de Minas Gerais, São Paulo,Paraná, Santa Catarina e Rio Grande <strong>do</strong> Sul, além <strong>do</strong> vizinho Uruguai.Um acervo ornitológico preciosíssimo, mas em mãos erradas !Foi um material prodigioso o que Sellow, nos anos 1817-1831,enviou a Berlim. Sua especialidade era a botânica. Remeteu deangiospermas e pteridófitas cerca de 12.500 números (ocorrênciasdiferentes), 1698 números de <strong>sem</strong>entes; de mamíferos 263, de aves 5457peles, a que acrescentou 110.000 insetos, muitos ninhos e ovos de aves,esqueletos e moluscos; em álcool, peças anatômicas, anfíbios, peixes evermes intestinais; mais de 2.000 amostras geognósticas, além de crânios,utensílios e a<strong>do</strong>rnos de índios. Além disso, já antes havia cedi<strong>do</strong> muitasduplicatas aos museus de Lisboa e Rio de Janeiro.Não é por menos que “Se fosse concedi<strong>do</strong> a Sellow retornar a suapátria teria, pelo estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s tesouros trazi<strong>do</strong>s, granjea<strong>do</strong> <strong>sem</strong> dúvida um<strong>do</strong>s nomes mais brilhantes no âmbito das ciências naturais” julgou obotânico Urban. Quem tiver se inteira<strong>do</strong> <strong>do</strong>s tesouros científicos que oMuseu Zoológico de Berlim deve aos esforços deste homem chegará àmesma convicção, declarou Erwin Stre<strong>sem</strong>ann. Mas se compara este lega<strong>do</strong>com o proveito que a zoologia dele teve, faz a vergonhosa verificação quena terra natal, por incompreensão e indiferença, uma grande herança foimalbaratada – inteiramente se tu<strong>do</strong> tivesse se conjura<strong>do</strong> para roubar-lhe afama de que se tornou merece<strong>do</strong>r até arriscan<strong>do</strong> sua própria vida. O entãodiretor <strong>do</strong> Museu Zoológico de Berlim, Lichtenstein, que em 1813 sucederaao notável sistemata Illiger foi um funcionário administrativo capaz e,conseqüentemente, preocupa<strong>do</strong> com o crescimento da instituição a elesubordinada. Mas fora forma<strong>do</strong> como médico e seus conhecimentos dezoologia permaneceram durante toda a sua vida bastante superficiais. Suaatenção esteve sobretu<strong>do</strong> dirigida em aumentar rapidamente o número deespécies e exemplares de animais de seu museu e para alcançar esteobjetivo, <strong>sem</strong> verba para aquisições, não via maneira melhor <strong>do</strong> que a


sugerida pelo Ministro, a de praticar o escambo com as duplicatas (já apartir de 1818), que no final de contas mais prejudicou o museu <strong>do</strong> que obeneficiou. Seduzi<strong>do</strong> pela sua paixão de coleciona<strong>do</strong>r e acua<strong>do</strong> pelocrescente endividamento <strong>do</strong> museu , Lichtenstein procedeu com muitascoleções valiosas <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> como com a de Sellow – algodificilmente compreensível <strong>do</strong> ponto de vista atual em que, contu<strong>do</strong>, nãoestava sozinho entre os diretores de museus da época. O trabalho que em1818 (com suplemento em 1820) escrevera sobre os dendrocoláptidas é oúnico para o qual utilizou a gigantesca coleta de aves de Sellow, abstraçãofeita de uma “relação de duplicatas” publicada em 1823, na qual tornaconhecidas mais novidades acompanhadas de uma escassa diagnose – eestas provavelmente apenas para poder vendê-las !Quan<strong>do</strong> em 1854 Lichtenstein promoveu a catalogação, em ordemsistemática, da coleção de aves <strong>do</strong> Museu berlinense, das 4931 aves que estainstituição recebeu de Sellow (526 embora despachadas não haviamchega<strong>do</strong> a Berlim devi<strong>do</strong> a um naufrágio) somente sobraram ainda 1634exemplares (to<strong>do</strong>s monta<strong>do</strong>s e coloca<strong>do</strong>s em exposição). As restantesporém, <strong>sem</strong> serem cientificamente estudadas em conjunto, dispersadas. Nafalta de catálogos de entrada mais antigos não é possível verificaratualmente quantos exemplares valiosos passaram a posses estranhas e emgrande parte perdi<strong>do</strong>s para a ciência. Certo é, infelizmente, que entre asespécies contadas por Lichtenstein também estariam espécimes-tipo !Muitos <strong>do</strong>s animais que Sellow enviava <strong>do</strong> Brasil eram na sua chegadaainda indescritos. Mas a Lichtenstein interessava sobretu<strong>do</strong> expor aopúblico to<strong>do</strong>s os objetos <strong>do</strong> que publicações (Em 1854 já podia mostrar aopúblico mais que 14.000 aves empalhadas !) para o que tinha de provê-lascom um nome científico. Já que em seus anos mais avança<strong>do</strong>s Lichtensteinestava sobrecarrega<strong>do</strong> com múltiplos assuntos administrativos,incomodan<strong>do</strong>-se muito pouco com a publicação de outros autores, começoua surgir em breve uma “nomenclatura da exposição berlinense” própria,constituída em grande parte de nomes lichtensteinianos, que jamais forampublica<strong>do</strong>s acompanha<strong>do</strong>s de uma diagnose. Mesmo quan<strong>do</strong> há muitoultrapassa<strong>do</strong>s, estes nomes continuavam a ser usa<strong>do</strong>s em Berlim, até queeste perío<strong>do</strong> tivesse um fim definitivo pela morte de Lichtenstein (1857).Quase todas as espécies que cientistas contemporâneos (Wied,Vieillot, Swainson, Wagler, Temminck) descreveram <strong>do</strong> Brasil orientalcomo novas estavam representadas também no material de Sellow, emgrande parte com datas de coletas mais antigas, além de várias outrasnovidades.


O dano ainda não seria tão grande e nem tão permanente seLichtenstein tivesse respeita<strong>do</strong> a rotulagem <strong>do</strong>s objetos empreendida porSellow.Sellow, como testemunham botânicos que tiveram oportunidade deestudar a gigantesca quantidade de plantas de herbário por ele coletada, eraum coletor muito cuida<strong>do</strong>so, ten<strong>do</strong> plena compreensão para as exigênciasque os pesquisa<strong>do</strong>res meticulosos faziam à rotulagem <strong>do</strong>s objetos, outroracomo hoje em dia. Ele cometeu, entretanto, o desastroso equívoco emmuitos, talvez até na maioria <strong>do</strong>s casos, de não prender em seus objetosetiquetas completas, proven<strong>do</strong>-as somente com números e registran<strong>do</strong> ascorrespondentes informações em folhas soltas adicionadas ao material ouaté as guardan<strong>do</strong> consigo para posterior utilização quan<strong>do</strong> retornasse à terranatal. Tais anotações de Sellow não se restringiam apenas a local e data. Emuma carta dirigida a Lichtenstein, de São Paulo, em 20 de junho de 1829,comunicou: “Para a maioria das aves anotei novamente a cor da iris, <strong>do</strong>bico, <strong>do</strong>s pés, e de todas as partes desprovidas de penas, a altura e alargura de sua asa. Se lhe agradar ter estas anotações antes de minha voltaque penso possa ocorrer dentro de 4 anos, de bom gra<strong>do</strong>, disporei <strong>do</strong> tempode copiá-las a Vossa Senhoria”.De uma carta que Lichtenstein escrevera em 15 de junho de 1848 aoMinistro da Cultura prussiano, deduz-se que naquela época, no Registro daColeção Zoológica, existiam <strong>do</strong>cumentos cuja utilização ainda permitiriauma rotulagem precisa da coleta de animais de Sellow. Além disso, lê-se:“Sellow tinha ajunta<strong>do</strong> às suas primeiras remessas, sobretu<strong>do</strong> de objetoszoológicos, relação nas quais eram da<strong>do</strong>s informações sobre procedênciase a ocorrência natural <strong>do</strong>s objetos numera<strong>do</strong>s remeti<strong>do</strong>s”. Estas relaçõesperderam-se evidentemente desde aquela época e das poucas etiquetinhasnumeradas que os ultra-zelosos administra<strong>do</strong>res de coleções esqueceram deretirar; provavelmente para o to<strong>do</strong> <strong>sem</strong>pre nada se poderá inferir.Lichtenstein provavelmente man<strong>do</strong>u eliminar as etiquetas originaisao entregar as peles guarnecidas com elas ao seu empalha<strong>do</strong>r Rammelsberg,o qual tinha que trabalhar muito rápi<strong>do</strong>, montan<strong>do</strong>, às vezes em um dia, 8aves para a exposição berlinense. As procedências de Sellow foram entãotrocadas por outras de “entendimento geral” como “Brasil”, “Bahia” ou“Montevideo” (no que Lichtenstein ou os estudantes encarrega<strong>do</strong>s deescrever as etiquetas por vezes misturavam tais conceitos geográficos).Também da<strong>do</strong>s de dia, mês ou ano, bem como os números de coleta deSellow eram omiti<strong>do</strong>s como supérfluos, como tu<strong>do</strong> que perturbasse auniformidade e complicasse o texto <strong>do</strong>s rótulos. Destarte, as coleçõeszoológicas de Sellow sofreram uma perda praticamente total na sua


importância para a zoogeografia e em tempos mais recentes quase nãoforam mais consultadas.Para Lichtenstein, um coleciona<strong>do</strong>r que estava apenas ávi<strong>do</strong> emampliar a profusão de espécies de seu museu, qualquer comerciante denaturalia bastar-lhe-ia. Ele também não via em Sellow alguém diferente queum fornece<strong>do</strong>r de espécies que ainda não estavam representadas em Berlime de duplicatas que poderiam ser aproveitadas. Sellow era porém de outraestirpe, um admira<strong>do</strong>r de Alexander v. Humboldt, cuja maneira universal decontemplar o Cosmo servia-lhe de paradigma durante suas viagens. Nãosomente que ele cotejava os produtos <strong>do</strong>s três reinos da natureza com omesmo fervor e nisso considerava tanto o incospícuo como o vistoso –conhecia também muito precisamente a importância das condiçõesecológicas na distribuição geográfica de plantas e animais, não poupan<strong>do</strong>,por isso, esforços em anotar peculiaridades que apontas<strong>sem</strong> neste senti<strong>do</strong>.Pela desproporção em Sellow entre o querer e o realizar aniquilou-sefinalmente a recompensa de to<strong>do</strong>s os seus esforços, avaliou Stre<strong>sem</strong>ann.Embora não tenha si<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s grandes investiga<strong>do</strong>res construtivos era, emto<strong>do</strong> caso, como ele próprio escrevera de São Paulo em 10 de novembro de1829 ao Ministro v.Altenstein, um daqueles “cuja mola propulsoraprincipal é o amor à ciência, a qual no entanto somente na investigação eno estu<strong>do</strong> encontra seu alimento e que em sua prática e na consciência deassim contribuir para o bem tem sua mais bela recompensa, em confrontocom a qual somas de dinheiro ou distinções que por outras vias poderiamser obtidas não tem nenhum atrativo”.AGRADECIMENTOS. Foram imprescindíveis na tradução, discussão einterpretação <strong>do</strong>s diversos textos em língua alemã, ao longo desses últimosanos, o amigo Johann Becker e a Dona Maria Werneck de Castro (1905-2000). Ana Beatriz Aroeira Soares e Claudia Bauer sugeriram diversasmelhorias ao manuscrito após cuida<strong>do</strong>sa leitura.NOTA: Este texto foi previamente publica<strong>do</strong>, com algumas diferenças, emAtualidades Ornitológicas 100:6-7 (2001).Referências bibliográficasGebhardt, L. (1964) Die Ornithologen Mitteleuropas. EinNachschlagewerk. Brühlscher Verlag Giessen, Berlim.


Hackethal, S. (1995) Friedrich Sellow (1789-1831): Skizzen einerunvollendeten Reise durch Südamerika. Fauna Flora Rhld.-Pf.17:215-228.Pacheco, J. F. (2000) Sutis conexões entre W. E. Leach e a ornitologiabrasileira. Atualidades Orn., Ivaiporã 94:5.Pacheco, J. F. e C. Bauer (2000) As aves <strong>do</strong> Espírito Santo <strong>do</strong> PríncipeMaximiliano de Wied. Atualidades Orn. 99:6.Pinto, O. M. O. (1979) A ornitologia <strong>do</strong> Brasil através das idades (séculoXVI a século X<strong>IX</strong>). Empresa Gráfica da Revista <strong>do</strong>s Tribunais, SãoPaulo. [Brasiliensia Documenta XIII]Sick, H. (1997) <strong>Ornitologia</strong> Brasileira. Edição revista e ampliada por J. F.Pacheco. Nova Fronteira, Rio de Janeiro.Stre<strong>sem</strong>ann, E. (1948) Der Naturforscher Friedrich Sellow (+ 1831) undsein Beitrag zur Kenntnis Brasiliens. Zool. Jb., Abt. Syst. Ökol. u.Geographie Tiere 77:401-425.Urban, I. (1893) Biographische Skizzen. 1. Friedrich Sellow (1789-1831).Botan. Jb. Syst., Pflanzengesch. u. Pflanzengeographie 17:177-198.Wied [-Neuwied], M. Prinz zu. (1820-1821) Reise nach Brasilien in denJahren 1815 bis 1817. Heinrich Ludwig Brönner, Frankfurt [amMain].Wied [-Neuwied], M. Príncipe de. 1958. Viagem ao Brasil. 2 a edição.Tradução de Edgard Süssekind de Men<strong>do</strong>nça e Flávio Poppe deFigueire<strong>do</strong>, refundida e anotada por Olivério Mário de OliveiraPinto. Cia Ed. Nacional, São Paulo. 536pp. [Brasiliana, Série 5 a ,Grande Formato, Vol. 1]Whitney, B. M., J. F. Pacheco, D. R. C. Buzzetti & R. Parrini (2000)Systematic revision and biogeography of the Herpsilochmus pileatuscomplex, with description of a new species from northeastern Brazil.Auk 117(4):869-891.


História da <strong>Ornitologia</strong> no ParanáFernan<strong>do</strong> Costa Straube 1ePedro Scherer-Neto 21. Mülleriana: <strong>Sociedade</strong> Fritz Müller de Ciências Naturais. Caixa Postal 1644. Curitiba,PR, Brasil. 80001-970, membro <strong>do</strong> Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos(CBRO),juruva@milenio.com.br; 2. Museu de História Natural Capão da Imbuia. Rua BeneditoConceição, 407. Curitiba, PR - Brasil. 82800-080, schererneto@bbs2.sul.com.br“Não há geração, por maior e maisbrilhante, que seja obra exclusiva de simesma, senão, primeiro que tu<strong>do</strong>, produto detodas as que passaram” (Rocha Pombo).O capítulo que abre o "Aves <strong>do</strong> Paraná: história, lista anotada ebibliografia", publica<strong>do</strong> em 1995, foi idealiza<strong>do</strong> e concebi<strong>do</strong> com apretensão de ser, uma edição após a outra, amplia<strong>do</strong> e enriqueci<strong>do</strong> com asinformações colhidas das mais variadas fontes, <strong>do</strong>cumentais e humanas.Assim, além de nosso esforço em busca da inatingível tarefa de umalista completa das aves que ocorrem no Paraná e <strong>do</strong>s vestígios históricoscom ela envolvi<strong>do</strong>s, procuramos <strong>inclui</strong>r informações não tradicionalmenteconsideradas em pesquisa deste tipo. Era necessário confrontar as fontes,procedimento exigi<strong>do</strong> em qualquer estu<strong>do</strong> histórico, levan<strong>do</strong>-se em conta asmúltiplas facetas <strong>do</strong>s interesses e obrigações aos quais estavam submeti<strong>do</strong>saqueles que fizeram o alicerce da <strong>Ornitologia</strong> paranaense. O resulta<strong>do</strong> éesse, que modestamente apresentamos à comunidade ornitológica brasileirae que abre esse momento festivo e honroso de podermos realizar um eventocomo o Congresso Brasileiro de <strong>Ornitologia</strong> na capital <strong>do</strong> Paraná, nesteprimeiro ano <strong>do</strong> Século 21.Trata-se, <strong>sem</strong> dúvida, de um trabalho não infinito (como foi o desejode vê-lo publica<strong>do</strong>), mas limita<strong>do</strong> por um horizonte no qual se vêem asletras quase indeléveis rabiscadas em rótulos de museu, em artigos e livros,científicos e de divulgação, a<strong>do</strong>çadas por alguns detalhes pessoais <strong>do</strong>s


ilustres visitantes que aqui chegaram desde o Século XVI. Muito há de serfeito ainda, com os mesmos propósitos. Além de naturalistas menosconheci<strong>do</strong>s, mas que visitaram, sob duras privações, os limites <strong>do</strong> Paraná,resta muito a ser descoberto. É quase certo, por exemplo, que coletoresconsagra<strong>do</strong>s em outros campos da História Natural devem ter contribuí<strong>do</strong>com peles, em alguns casos em quantidade considerável, para o acervo devários museus <strong>do</strong> Brasil e <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, alguns famosos, outros poucoconheci<strong>do</strong>s ou inativos.Diversas expedições - inclusive aquelas que contaram com aparticipação de um único coletor - deverão ter seu itinerário e lega<strong>do</strong>investiga<strong>do</strong>. E, por certo, a pesquisa não deve se restringir aos acervos denaturalistas que se dedicaram à <strong>Ornitologia</strong>, mas também àqueles que ofizeram secundariamente, enquanto obtiam preferencialmente os espécimesde outros grupos biológicos. Que dizer, por exemplo, <strong>do</strong>s botânicos famososque por aqui passaram: John Tweedie (no Paraná em 1826), Gustav Wallis(1854-1859), John Weir (1862-1863), Julius Platzmann (1858-1864), KarlA.W.Schwack (ca.1880), Per Karl Hjalmar Dusén (1903-1916)? Que dizersobre os coloniza<strong>do</strong>res europeus, bastante habitua<strong>do</strong>s a um grande interessepelos seres vivos e que, desta forma remetiam lotes esporádicos deespécimes para os museus de seus países? E, ainda, que adicionar daquelesoutros naturalistas que anotaram simplistamente em seus manuscritos erótulos, a indicação de "São Paulo" que, até o ano de 1853, abrigou toda aregião que hoje é conhecida como Paraná?Uma grande e importante missão futura, desta forma, compreenderáa busca mais detalhada e criteriosa pelos acervos de to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>,especialmente os europeus, na procura por <strong>do</strong>cumentos e mesmo espécimesobti<strong>do</strong>s nessa região. As muitas nuanças de estu<strong>do</strong>s deste tipo servem muitopara que tenhamos cada vez mais firme o propósito de continuá-lo. Esseresgate de <strong>do</strong>cumentos, de informações e de relatos que, dentro de algumasdécadas, ficarão gradativamente mais inacessíveis <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res, sãoprincipal objetivo desse trabalho.Os primórdios da <strong>Ornitologia</strong> paranaense e sua subdivisão históricaScherer-Neto e Straube (1995) dividiram a História da <strong>Ornitologia</strong>no Paraná em quatro épocas: “Perío<strong>do</strong> de Natterer” (<strong>inclui</strong>n<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s osesforços ornitológicos regionais <strong>do</strong> Século X<strong>IX</strong>), “Perío<strong>do</strong> de Chrostowski”(início <strong>do</strong> Século XX até a década de 30 <strong>do</strong> Século XX), “Perío<strong>do</strong> deMayer” (entre as décadas de 40 e 60 <strong>do</strong> Século XX) e “Perío<strong>do</strong> Atual” (a


partir da década de 70 <strong>do</strong> Século XX). Os três primeiros intervaloscronológicos são alusivos aos seus mais importantes colabora<strong>do</strong>res para apesquisa de aves silvestres no Esta<strong>do</strong> e, por motivos vários, os únicos aserem aborda<strong>do</strong>s no presente estu<strong>do</strong>.Essa distinção de épocas traz em si, um valor maior <strong>do</strong> que osimbólico, justa homenagem aos abnega<strong>do</strong>s coletores e pesquisa<strong>do</strong>res <strong>do</strong>passa<strong>do</strong>; ela ilustra também o panorama político e social das investigaçõeszoológicas no Brasil como um to<strong>do</strong> e especialmente no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná,ten<strong>do</strong> ainda relação com a situação política <strong>do</strong>s próprios países de origem<strong>do</strong>s naturalistas envolvi<strong>do</strong>s.A reconstituição de itinerários <strong>do</strong>s naturalistas que estiveram noParaná a fim de coletar material para museus de to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, é uma tarefanão apenas importante como básica. Entretanto, estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s percursos poreles percorri<strong>do</strong>s, associa<strong>do</strong>s a informações históricas das variadas épocas,são muito escassos e, em geral, restringem-se a da<strong>do</strong>s pontuais daslocalidades visitadas (Straube, 1993).Há que se considerar, que os próprios viajantes não foram muitocriteriosos na anotação <strong>do</strong>s locais em que trabalharam, utilizan<strong>do</strong>-se comfrequência de topônimos imprecisos ou demasiadamente generalistas. Suasanotações de campo, inclusive, dificilmente têm acesso franquea<strong>do</strong> aoshistoria<strong>do</strong>res, restan<strong>do</strong> apenas a possibilidade de abstrações baseadas emfontes secundárias (rótulos de exemplares, publicações posteriores,informações de terceiros).Para amplificar o problema, as obras de consulta paralela (mapas,dicionários geográficos ou gazetteers) mais antigas - que aproximam commaior fidedignidade as denominações toponímicas - sofrem acentua<strong>do</strong> egradativo processo de deterioração, ao tempo em que nomes de localidadesalteram-se de acor<strong>do</strong> com a política local vigente.De antemão, pode-se afirmar que o Paraná não foi muito privilegia<strong>do</strong>pela visita de naturalistas viajantes, como tanto o foram outros esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>Brasil. Trata-se de um panorama muito diferente daquele presencia<strong>do</strong> emoutras regiões brasileiras, entre os séculos XVII e XVIII. Regiõescontempladas com estu<strong>do</strong>s minuciosos, à maneira antiga, foram o nordeste,objeto de estu<strong>do</strong> de MARCGRAVE e PISO (Teixeira, 1992), a Amazônia deALEXANDRE RODRIGUES FERREIRA (Vanzolini, 1996) e o sudeste <strong>do</strong> séculopassa<strong>do</strong> (Papávero, 1971; Pinto, 1979; Sick, 1997), apenas a título deexemplos clássicos.Nesse tempo, a Zoologia fez rápi<strong>do</strong>s progressos, graças à interaçãode mecanismos para a aceleração <strong>do</strong> conhecimento de faunas (o que levou auma conscientização zoogeográfica) e aperfeiçoamento <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s em


sistemática, fato aplicável a to<strong>do</strong>s os grupos animais (Vanzolini, 1996). Nãoé exagera<strong>do</strong> usar como exemplo que, a obra máxima da classificação <strong>do</strong>sseres vivos, de autoria <strong>do</strong> sueco Carolus Linnaeus, haja surgi<strong>do</strong> em mea<strong>do</strong>s<strong>do</strong> Século XVIII, época que coincide perfeitamente com esse perío<strong>do</strong> detransição, berço de uma Zoologia mais racional <strong>do</strong> que filosófica.No caso particular <strong>do</strong> Paraná, isso não ocorreu; os registros deespécies de aves, anteriores ao Século X<strong>IX</strong> (e mesmo com raras exceçõesaté o início <strong>do</strong> século presente), além de raros, consistiam de relatos poucoexpressivos de viagens de exploração. Quan<strong>do</strong> muito, as viagens quecontemplavam o sul <strong>do</strong> Brasil, restringiam-se a estadias de navios queempreendiam a circum-navegação <strong>do</strong> globo, emergencialmente autoriza<strong>do</strong>sa aportar no litoral de Santa Catarina (Nomura, 1998). Em situaçõesparticulares apenas, calcadas em um senso exagera<strong>do</strong> de territorialidade,expedições se formariam com o propósito de, aos poucos, ter completo<strong>do</strong>mínio das colônias, culminan<strong>do</strong> com uma penetração mais acentuada pelointerior <strong>do</strong> continente.Nesse padrão incluem-se as famosas peregrinações de ALVARNUÑEZ CABEZA DE VACA e de ULRICH SCHMIDEL, que pretendiamconsolidar os limites defini<strong>do</strong>s pelo Trata<strong>do</strong> de Tordesilhas e buscavam umcaminho mais adequa<strong>do</strong> para atingir o interior da América <strong>do</strong> Sul,particularmente o Paraguai e a Argentina, pelos planaltos <strong>do</strong> sul <strong>do</strong> Brasil.Invariavelmente, tais viagens não possuiam caráter especificamentecientífico e voltavam-se a meras descrições de regiões desconhecidas, comvistas a esboços de colonização e mesmo busca por minerais preciosos etesouros. Quan<strong>do</strong> muito adicionavam-se informações sobre animais maisconspícuos ou que chamas<strong>sem</strong> atenção pelo porte ou valor cinegético e, nocaso <strong>do</strong> Paraná, nunca com uma localização geográfica mais precisa que lheconferisse ao menos o valor histórico.A CABEZA DE VACA, que em pleno Século XVI atravessou o Paranáde leste a oeste em apenas <strong>do</strong>is anos (1541-1542), tem-se atribuí<strong>do</strong> registrosde animais no impreciso topônimo “S.Catarina-Paraná” (Feio, 1953), osquais devem ser remeti<strong>do</strong>s, com certas restrições, ao último esta<strong>do</strong>, já quesua passagem por Santa Catarina restringiu-se à porção litorânea da regiãonordeste (Maack, 1968). Isso fica ainda mais evidente se considerarmos queo ínfimo rol de espécies citadas (e ainda menor das passíveis deidentificação), são táxons típicos de formações campestres, existentes noplanalto meridional brasileiro e incompatíveis com a composiçãoavifaunística <strong>do</strong> litoral catarinense.Além das citações clássicas de “co<strong>do</strong>rnas”, “perdizes” e “patos”,uma menção específica se destaca em particular; trata-se da “avestruz”,


alusão evidente à ema (Rhea americana) que, no Paraná é conhecidaatualmente apenas por informações históricas na região de cerra<strong>do</strong>s dadécada de 70 (Scherer-Neto et al., 1996).Adicionalmente, de “ULRICH SCHMIDEL de Straubing, queaventurou-se de 1534 a 1554 em terras da América meridional, inclusive oBrasil, [também] aproveitamos pouco: ‘....avestruzes (emas), galinhas(provavelmente cracídeos como jacus) e patos cria<strong>do</strong>s pelos aborígines,Cairina moschata” (Sick, 1997). No Paraná, SCHMIDEL esteve entre os anosde 1552 e 1553, atravessan<strong>do</strong> o território estadual em uma diagonal nosenti<strong>do</strong> su<strong>do</strong>este-nordeste até chegar ao litoral de São Paulo (Maack, 1959,1968).Essa total inexistência, em tempos pretéritos, de um interesse maiorpela área compreendida pelo Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná é totalmente explicável:localiza-se em posição de transição sob o ponto de vista fitogeográfico. Élimite norte de distribuição da mata de araucária e <strong>do</strong>s campos meridionais;é limite sul da ocorrência <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong>, e quase que também o seria da florestaestacional (que atinge o noroeste <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul ao longo de umaestreita e inexpressiva faixa que segue pelo Rio Uruguai) e da mata atlântica(que chega, com pouca importância ao nordeste gaúcho).Sua dependência política com o Esta<strong>do</strong> de São Paulo, tambémdificultou a análise e aproveitamento de uma série de informações,atribuídas simples e genericamente à “Província de São Paulo”, <strong>sem</strong>qualquer possibilidade de precisar localidades (DIOGO DE TOLEDO LARA EORDONHES no século XVII, MANOEL AIRES DE CASAL no Século X<strong>IX</strong> evários outros).É justo, por essa razão, admitir que a <strong>Ornitologia</strong> no Paraná iniciouapenas no ano de 1820, como consequência da valiosa contribuição <strong>do</strong>austríaco Johann Natterer, sobre cuja contribuição assenta to<strong>do</strong> oconhecimento produzi<strong>do</strong> até os dias de hoje.“PERÍODO DE NATTERER” (Século X<strong>IX</strong>)O Século X<strong>IX</strong>, por suas características políticas e sociais, pode sersubdividi<strong>do</strong>, para os propósitos das ciências zoológicas no Brasil, em <strong>do</strong>isperío<strong>do</strong>s bem defini<strong>do</strong>s. O primeiro, inicia<strong>do</strong> em 1816 (“data histórica paraa nossa ornitologia” segun<strong>do</strong> Pinto, 1979), diz respeito às imediatasconsequências da abertura <strong>do</strong>s portos às nações amigas, determinada porD.João, que causou um grande afluxo de naturalistas viajantes a toda aAmérica <strong>do</strong> Sul, especialmente ao Brasil (Pinto, 1945, 1979; Guix, 1995;


Sick, 1997). Outros episódios políticos importantes tiveram vez nesseperío<strong>do</strong>, particularmente a inevitável mudança da corte real portuguesa, emconsequência da invasão desse país pelos exércitos napoleônicos (Goeldi,1896; Ihering, 1902; Vanzolini, 1996). Até esse perío<strong>do</strong>, o Brasil erasimplesmente fecha<strong>do</strong> aos estrangeiros; viajar, particularmente paraforasteiros, dentro <strong>do</strong>s <strong>do</strong>mínios portugueses <strong>do</strong> Novo Mun<strong>do</strong>, foivirtualmente proibi<strong>do</strong> pelas autoridades <strong>do</strong> Século XVIII (Manthorme,1996).Os objetivos principais, nesse intervalo cronológico, eram a buscapor informações científicas e, preferencialmente espécimes, colhidas comgrandes dificuldades por expedições minuciosamente preparadas. Taisviagens apresentavam características muito marcantes, em grande parteligadas às novas e desconhecidas condições que as terras ignotas daAmérica proporcionavam.É certo, por exemplo, que os naturalistas mais famosos e, em muitoscasos os mais produtivos, mantinham contacto entre si, seja pessoalmente,por correspondências ou por leitura de diários, publica<strong>do</strong>s ou não. Assim,eles podiam planejar suas viagens com bastante antecedência, preven<strong>do</strong> to<strong>do</strong>o percurso e os melhores pontos para estabelecer suas bases principais, apartir das quais realizariam incursões pelo interior afora. E planejamento, naépoca, incluía a existência de portos grandes, associa<strong>do</strong>s à boa conservação<strong>do</strong>s caminhos existentes e disponibilidade de animais de carga a preçosacessíveis e excelentes condições físicas. Nesse aspecto, introduz-se outrodeterminante: o transporte, já que as principais formas de deslocamento noSéculo X<strong>IX</strong>, eram por meio de animais de carga (equinos e muares) quan<strong>do</strong>por terra e por navio, quan<strong>do</strong> por mar.Nesse senti<strong>do</strong>, a coincidência nos itinerários de várias expediçõesestrangeiras ao Brasil, não devem ser exclusivamente atribuídas aointercâmbio entre os naturalistas e sim à restrição de linhas de deslocamento(caminhos coloniais) e aos pontos de partida ou chegada (capitais deprovíncias e de comarcas, portos, “registros de cavalgaduras” etc.). Esselimitante, associa<strong>do</strong> ao evidente temor por hostilidades <strong>do</strong>s índios, fizeramcom que maior parte das expedições não se aventuras<strong>sem</strong> em demasia pelointerior.O padrão geográfico da maior parte das expedições ao Brasil, ficouentão, concentra<strong>do</strong> em linhas de itinerário comuns a quase to<strong>do</strong>s osnaturalistas que as empreenderam. Aparentemente, acabou-se por visitarlocais já antes estuda<strong>do</strong>s, propician<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>s muitas vezes coincidentes.Esse é um <strong>do</strong>s motivos pelos quais o Paraná hospe<strong>do</strong>u tão pequeno número(e em tão restrita área geográfica, concentrada na metade oriental <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>)


de explora<strong>do</strong>res estrangeiros no Século X<strong>IX</strong>, situação repetida em outrasregiões <strong>do</strong> Brasil como o interior <strong>do</strong> nordeste e o pantanal sulmatogrossense.Aspecto interessante é a coincidência da presença de visitantesestrangeiros exatamente no início <strong>do</strong>s processos separatistas da Província <strong>do</strong>Paraná em 1821 e apenas finda<strong>do</strong>s, com a sua emancipação em 1853. Nesseínterim, algumas manifestações causaram situações políticas conturbadas,algumas delas belicosas, inclusive a Guerra da Cisplatina e a RevoluçãoFarroupilha, da qual o Paraná participou indiretamente.O segun<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> Século X<strong>IX</strong>, não teve consequênciasimediatas à <strong>Ornitologia</strong> paranaense, mas contou com episódios políticos quefuturamente delinearam muitas das iniciativas científicas naquele território(vide T.CHROSTOWSKI). Tratam-se <strong>do</strong>s incentivos governamentais àcolonização estrangeira no sul <strong>do</strong> País, inicia<strong>do</strong>s em 1850, graças ainúmeros instrumentos legais. Assim enquadra-se a “Lei de Terras” (Lei nº601 de novembro de 1850), que deu especial atenção e favorecimento àcolonização, ofertan<strong>do</strong> propriedades aos interessa<strong>do</strong>s (especialmentealemães, italianos, poloneses e ucranianos) e as devidas condições paraestabelecimento de frentes agrícolas.Em princípio, as atividades <strong>do</strong> imigrantes foram concentradas nacriação de “quistos étnicos no além-mar”, de forma a propiciar a obtençãode matéria-prima fácil e barata, subjugan<strong>do</strong>-se a “raça inferior nativa”(Richter, 1986). Isso pode ser verifica<strong>do</strong> no próprio contingente germânicoinstala<strong>do</strong> no sul <strong>do</strong> Brasil no fim <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>: 15% da população <strong>do</strong>Rio Grande <strong>do</strong> Sul, 20% da de Santa Catarina e 7% <strong>do</strong> Paraná (Richter,1986). Na realidade, desde mesmo os tempos de CABEZA DE VACA, épocaque pode ser chamada de Renascimento, havia um consenso geral sobre anecessidade de “europeizar” a América e o mun<strong>do</strong> (Theo<strong>do</strong>ro, 1996).Ao fim dessa filosofia, começam a surgir novos objetivos para asvindas de estrangeiros, resulta<strong>do</strong> de uma pressão da população e dirigentespolíticos brasileiros contra o expansionismo passivo das grandes potências.Esse novo senti<strong>do</strong> diplomático viria, então, delinear os propósitos locais eoriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> exterior, quanto às explorações científicas em territórioparanaense.O novo rumo passou, com maior ênfase, a acompanhar os campos daGeologia, visto seu relacionamento com as riquezas naturaiseconomicamente exploráveis, cujas jazidas já encontravam-se bastanteconhecidas nos esta<strong>do</strong>s adjacentes. Não por acaso, fôra ele basea<strong>do</strong> nosuporte da<strong>do</strong> pelas observações <strong>do</strong>s mesmos naturalistas de temposanteriores, como SAINT-HILAIRE, SELLOW, SP<strong>IX</strong> e MARTIUS (Maack, 1968).


JOHANN NATTERER (1820-1821)O “Perío<strong>do</strong> de Natterer”, alusão ao austríaco JOHANN NATTERER, foimarca<strong>do</strong> pela chegada, ao Brasil, de três importantes grupos bávaroaustríacos,que iriam mudar definitivamente a História da Biologia noBrasil. Esses grupos engajaram-se à esquadra monárquica da arquiduquesaLeopoldina da Áustria, vinda para o Brasil para casar-se com D.Pedro I <strong>do</strong>Brasil (Goeldi, 1896; Ramirez, 1968).O primeiro deles consagrou, e com justiça, <strong>do</strong>is naturalistas alemães:JOHANN BAPTIST VON SP<strong>IX</strong> e de KARL FRIEDRICH PHILLIP VON MARTIUS,esse mais volta<strong>do</strong> à Botânica e Antropologia e aquele à Zoologia (paramaiores detalhes dessas expedições vide Spix, 1824, 1825; Spix e Martius,1823-1831; Sick, 1983; Vanzolini, 1981, 1996); o segun<strong>do</strong> grupo eraforma<strong>do</strong> apenas pelo botânico italiano GIUSEPPE RADDI (Goeldi, 1896;Vanzolini, 1996).O terceiro grupo da citada esquadra de Leopoldina, por sua vez, é oque relaciona-se efetivamente com os propósitos da <strong>Ornitologia</strong> paranaense.Trata-se da equipe liderada pelo austríaco JOHANN NATTERER que, a serviço<strong>do</strong> Museu de Viena, dedicou 18 anos à História Natural no Brasil (<strong>inclui</strong>n<strong>do</strong>grandes extensões da Amazônia e regiões centro-oeste e sudeste), oitomeses <strong>do</strong>s quais ao Paraná, seu limite meridional de viagem (para revisõesda expedição vide Rokitansky, 1957; Paynter-Jr. e Traylor-Jr., 1991;Vanzolini, 1993; Straube, 1993).NATTERER e seu ajudante DOMINICK SOCHOR visitaram, entresetembro de 1820 e maio de 1821, uma pequena área da região orientalparanaense, pesquisan<strong>do</strong> e coletan<strong>do</strong> espécimes em diversas localidades naplanície litorânea, na Serra <strong>do</strong> Mar, bem como no primeiro (mata dearaucária e campos de Curitiba) e segun<strong>do</strong> planaltos (campos de PontaGrossa e cerra<strong>do</strong> de Jaguariaíva).Entre esse material haviam aves de bionomia até então totalmenteignorada, assim como espécies ainda desconhecidas para a ciência. As pelesobtidas por NATTERER receberam especial valor devi<strong>do</strong> às anotações decampo sobre cada espécime, nas quais relatava cuida<strong>do</strong>samente da<strong>do</strong>simportantes como características morfológicas, anatômicas e atécomportamentais (Goeldi, 1896; Ihering, 1902). A maior parte de seusmanuscritos, contu<strong>do</strong>, foi perdida em um incêndio ocorri<strong>do</strong> no Museu deViena em 1849 (Pinto, 1979; Sick, 1997), resultan<strong>do</strong> na perda irreparável deum <strong>do</strong>s maiores e mais importantes bancos de da<strong>do</strong>s sobre aves <strong>do</strong>


neotrópico. Consta, contu<strong>do</strong>, que a coleção de aves obtida no Brasil,encontra-se ainda intacta, sob a guarda <strong>do</strong> Naturhistorischen Museum deViena, Áustria. É muito provável que alguns exemplares tenham si<strong>do</strong>destina<strong>do</strong>s a outras instituições, por permuta ou cessão, mas, até o presente,tal afirmação não passa de especulação.Os manuscritos de NATTERER foram amplamente utiliza<strong>do</strong>s comobase para varias descrições de táxons, na época ti<strong>do</strong>s como novos. Delesfizeram uso, por exemplo, C.J.Temminck (Temminck, 1822, 1823, 1824) eprincipalmente August von Pelzeln, que revisou praticamente toda a coleçãode aves (na obra clássica Zur Ornithologie brasiliens) e mamíferos (Pelzeln,1859, 1868, 1871 e 1883).Com localidade-tipo paranaense, seja por determinação original, sejapor indicação posterior (mas também baseada em informações deNATTERER), pode-se citar 13 táxons, assim como vários outros, atualmenteconsidera<strong>do</strong>s sinônimos-junior.Informações sobre ocorrências de espécies foram, em vários casos,também importantes, destacan<strong>do</strong>-se táxons raros e pouco conheci<strong>do</strong>s noBrasil: Eleothreptus anomalus, Clibanornis dendrocolaptoides, Culicivoracaudacuta, Piprites pileatus, Orchesticus abeillei, Amazona brasiliensis,Amazona vinacea, Tigrisoma fasciatum, Eu<strong>do</strong>cimus ruber ou no Paraná eregiões limítrofes: Nothura minor, Taoniscus nanus, Alectrurus tricolor,Pachyramphus viridis, Phibalura flavirostris, Schistochlamys ruficapillus,Sporophila plumbea, Sporophila hypoxantha, Sicalis citrina, Arachloroptera e Gallinago undulata (Pelzeln, 1871; Straube, 1993).Outra informação valiosa, sob o ponto de vista histórico, é quequan<strong>do</strong> em solo paranaense, NATTERER e SOCHOR concentraram suasatividades na coleta de aves, não haven<strong>do</strong> obti<strong>do</strong> nenhum espécime demamífero (Pelzeln, 1883), tal como seria de se supor avalian<strong>do</strong>-se seurendimento em outras regiões brasileiras (Goeldi, 1896). Essa é umasituação no mínimo inusitada, visto que ele próprio pretendia publicar umextensivo estu<strong>do</strong> mastozoológico, com base no volumoso material obti<strong>do</strong> noBrasil (Hershkovitz, 1987). Além disso, exemplares eventualmentecoleta<strong>do</strong>s no sul, especialmente das regiões mais frias com campos e matasde araucária deveriam ser, no mínimo, importantes <strong>do</strong> ponto de vistabiogeográfico. Sobre os répteis, é provável que to<strong>do</strong> o material obti<strong>do</strong> tenhase perdi<strong>do</strong> no incêndio <strong>do</strong> Museu de Viena, uma vez que inexistemquaisquer citações em estu<strong>do</strong> compilatório recente (Vanzolini, 2000).Todas essas viagens acima citadas, foram contemporâneas de outrasbastante conhecidas, como a prolífica expedição de MAXIMILIAN A.PHILLIP,príncipe de Wied-Neuwied (Wied-Neuwied, 1820a, 1820b, 1821, 1830-


1833; Bokermann, 1957) e as participações mais célebres <strong>do</strong> que produtivas<strong>do</strong> francês AUGUSTIN PROVENÇAL DE SAINT-HILAIRE (Saint-Hilaire, 1822,1871) e <strong>do</strong> alemão GEORGE HEINRICH VON LANGSDORFF (ou, natransliteração <strong>do</strong> russo, Grigory Ivanovich Langs<strong>do</strong>rff) (Bertels et al., 1988).A peregrinação <strong>do</strong> primeiro, infelizmente, não contemplou o Paraná,situação diferente das duas últimas, cujos resulta<strong>do</strong>s têm importância maisilustrativa e descritiva da paisagem original <strong>do</strong> que propriamente zoológica.AUGUSTIN FRANÇOIS PROVENÇAL DE SAINT-HILAIRE (1820)SAINT-HILAIRE era botânico (sua valiosa contribuição aoconhecimento da flora <strong>do</strong> Brasil foi compara<strong>do</strong> à de Martius) e chegou aoBrasil junto com o zoólogo Pierre Delalande, que ficou restrito ao Rio deJaneiro, estudan<strong>do</strong> principalmente beija-flores, seu maior interesse (Sick,1997). Na realidade, a coleção de aves de SAINT-HILAIRE chegou a nem 460exemplares, uma parte prepara<strong>do</strong> para exposição, outra em posiçãocientífica (J.Cuisin, 1997 in litt.).Embora criterioso nas suas descrições sobre aspectos sociais efitofisionômicos da região leste <strong>do</strong> Paraná, onde esteve durante o ano de1820, pouco contribuiu para o conhecimento da avifauna, que não relatossobre espécies mais marcantes nas suas peregrinações ou alguns exemplares,posteriormente estuda<strong>do</strong>s por Louis J.P.Vieillot, de Paris (Pinto, 1979).Duas exceções devem ser abertas ao trabalho ornitológico de SAINT-HILAIRE no Paraná. Uma relaciona-se aos exemplares de Tyrannusalbogriseus (sinônimo-júnior de Heteroxolmis <strong>do</strong>minicana), Synallaxissetaria (hoje Leptasthenura setaria) e Tangara chloroptera (que adquiriustatus subespecífico em T.cayana) coleta<strong>do</strong>s pelo naturalista francês e queserviram de base a descrições atribuídas, respectivamente, a Lesson,Temminck e Vieillot (Pinto, 1978). A segunda, e talvez mais importante,relaciona-se com as menções ao guará (Eu<strong>do</strong>cimus ruber) em duaslocalidades <strong>do</strong>s manguezais: nas proximidades da cidade de Paranaguá e nachamada Ilha <strong>do</strong>s Guarás, situada nas adjacências de Guaratuba (Saint-Hilaire, 1851).Seus espécimes encontram-se, em grande parte, deposita<strong>do</strong>s noMuseum national d'Histoire naturelle de Paris, mas é provável que aomenos uma parte dele tenha se dispersa<strong>do</strong> por acervos de outros locais daFrança, consequência da <strong>do</strong>ação a museus provinciais da França e mesmocomércio de peles, procedimentos que se instalaram naquela instituição até adécada de 30 (J.Cuisin, 1997 in litt.).


EXPEDIÇÃO LANGSDORFF (1826)Sobre a famosa Expedição liderada pelo alemão George HeinrichLangs<strong>do</strong>rff (ou Grigory Ivanovich Langs<strong>do</strong>rff), além <strong>do</strong> pouco materialbibliográfico disponível (Ihering, 1902), pode-se afirmar que os seusintegrantes dedicaram não mais <strong>do</strong> que <strong>do</strong>is meses (fevereiro a março de1826) à chamada “Comarca de Curitiba” da qual foram obriga<strong>do</strong>s a retornarquan<strong>do</strong> atingiram a cidade de Castro, devi<strong>do</strong> às enchentes <strong>do</strong> rio Iapó(Bertels et al., 1988). O próprio Langs<strong>do</strong>rff não teve a oportunidade devisitar o Paraná, caben<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o material obti<strong>do</strong> no esta<strong>do</strong>, ao esforço deoutros integrantes da Expedição.Esse episódio é constata<strong>do</strong> nos diários de Langs<strong>do</strong>rff, quan<strong>do</strong> citavaque pretendia “....visitar, no decorrer <strong>do</strong>s seis meses seguintes, a Comarcade Curitiba (ainda pouco estudada)” (Bertels et al., 1988) e significa quemais uma vez o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná fôra priva<strong>do</strong> da visita de uma expediçãode grande vulto, ainda que os resulta<strong>do</strong>s zoológicos desta, como um to<strong>do</strong>,tenham se concentra<strong>do</strong> no campo artístico (Vanzolini, 1996). A Expedição,na realidade, teve menos fama pelos espécimes obti<strong>do</strong>s por algunsintegrantes, especialmente E<strong>do</strong>uard Ménétriès, e sim pela divulgação que aela se fez, com méritos ao famoso trabalho pictórico de TAUNAY, Florence eRugendas. Esse último foi o que tornou-se mais célebre no Brasil, masraramente ilustrava espécies animais em suas pinturas; quan<strong>do</strong> muito, elaseram mediocremente representadas ou incluíam espécies de ocorrênciaincompatível com o cenário retrata<strong>do</strong> (p.ex. flamingos em uma mata escura<strong>do</strong> Rio de Janeiro, vide Sick, 1997). É de se mencionar ainda, que, <strong>do</strong>material coligi<strong>do</strong> por Ménétriès, "nem tu<strong>do</strong> pôde aproveitar-se em benefícioda ciência, visto lhe faltarem etiquetas com indicações precisas sobrelugares e datas em que foram obti<strong>do</strong>s os exemplares" (Pinto, 1979).Quanto à inexpressiva contribuição ao Paraná, além de não termosconhecimento sobre espécimes, tu<strong>do</strong> o que pôde ser levanta<strong>do</strong> por enquanto,são aquarelas <strong>do</strong> pintor AIMÉ ADRIEN TAUNAY, retratan<strong>do</strong> algumas espéciescomuns (e.g. “caracara”: Polyborus plancus; “garca branca”: Egretta alba)nas quais as devidas procedências são mencionadas vaga e imprecisamentecomo: “Sur le chemin de Sorocaba à Castro” ou “Fait pendant la digressionde Sorocaba à Castro”. O mesmo se aplica a alguns <strong>do</strong>s manuscritos <strong>do</strong>próprio Langs<strong>do</strong>rff, alguns deles com títulos explicitamente volta<strong>do</strong>s à<strong>Ornitologia</strong> (Verzeichnis der Vögel weiche auf der Reise von der Fabrica deFerro St.João de Ypanema vom 16-ten Februar 1826 nach Villa deCastro...). O mais naturalista, dentre os membros da expedição que teriamvisita<strong>do</strong> o Paraná, foi o botânico LUDWIG RIEDEL (Berlim, Alemanha, 1790 -


Rio de Janeiro, Brasil, 1861), exatamente no trecho entre Itararé e Castro, noano de 1826 (Urban, 1908). Corrija-se, dessa forma, o afirma<strong>do</strong> por Angeli(1956) que sua estada ocorrera em 1830.Nada é conheci<strong>do</strong> sobre espécimes ornitológicos obti<strong>do</strong>s nessetrecho. Ocorre, na realidade, que pouquíssimos foram os pesquisa<strong>do</strong>rescontemporâneos que puderam analisar o material da Expedição Langs<strong>do</strong>rff ede sua instável equipe, não só referentes aos espécimes zoológicos, comotambém <strong>do</strong>s diários, mapas e várias outras anotações, muitas delas inéditas(Bertels et al., 1988).Grande parte desse acervo, deposita<strong>do</strong> no Museu de São Petersburgo(antiga Leningra<strong>do</strong>), ficou por muito tempo inacessível, particularmenteapós a Segunda Grande Guerra (Alimov et al., 1999). Um <strong>do</strong>s poucos quetiveram oportunidade de estudar os exemplares de São Petersburgo, além <strong>do</strong>próprio Ménétriès e <strong>do</strong> insuperável Charles Hellmayr, foi o polonês TadeuszChrostowski (vide), ainda assim sob falsa identidade, quan<strong>do</strong> desertou noexército tzarista (Chrostowski, 1921; Wachowicz, 1994; Straube e Urben-Filho, 2001).FRIEDRICH SELLOW (1828)Outra presença obscura, e ainda menos <strong>do</strong>cumentada regionalmentena literatura ornitológica paranaense, foi FRIEDRICH SELLOW que percorreugrande parte <strong>do</strong>s roteiros clássicos <strong>do</strong> nordeste e sudeste <strong>do</strong> Brasil (entre1814 e o ano de seu falecimento, 1831). Sua expedição pode ser consideradaincomparável, em alguns aspectos, dentre todas as outras realizadas pornaturalistas contemporâneos.SELLOW obteve apoio oriun<strong>do</strong> de diversas fontes e pessoas, dentreelas o próprio Barão von Langs<strong>do</strong>rff, o conde von Flemming e a coroaportuguesa no Brasil, por meio de D.João VI e depois D.Pedro I, com queminclusive encontrou-se em Porto Alegre durante a guerra pela ProvínciaCisplatina.Em viagem, colaborou e dividiu as dificuldades das peregrinaçõescom naturalistas famosos como o Príncipe de Wied-Neuwied, além deGeorg Wilhelm Freireyss e Ignaz Franz von Olfers (Pacheco e Whitney,2001). Em seu itinerário constam locais tradicionalmente visita<strong>do</strong>s porcoletores contemporâneos, como a cidade de Salva<strong>do</strong>r e a vasta extensãolitorânea dali até Santos, o interior de Minas Gerais (e.g. Ouro Preto,Barbacena) e de São Paulo (e.g. São Paulo, Jundiaí, Piracicaba, Itu,Sorocaba e Itararé), o planalto central e leste <strong>do</strong> Paraná e de Santa Catarina


(mas também o litoral sul desse esta<strong>do</strong>) e quase to<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> RioGrande <strong>do</strong> Sul, bem como a margem esquerda <strong>do</strong> Rio da Prata.O fato magnificamente distintivo de suas viagens diz respeito àsvisitas a regiões <strong>do</strong> extremo sul, <strong>inclui</strong>n<strong>do</strong>-se aí a atual República <strong>do</strong>Uruguai. Após ter visita<strong>do</strong> pioneiramente essa vasta área meridional sulamericana,rumou ao Paraná onde chegou em março de 1828, dedican<strong>do</strong>-sea quase 10 meses de trabalho.Por certo, o naturalista conhecia muito bem os itinerários de outrosnaturalistas viajantes da época, procuran<strong>do</strong> explorar locais por eles nãoamostra<strong>do</strong>s. Um <strong>do</strong>s indicativos dessa preparação nos é da<strong>do</strong> pelo seuencontro com SAINT-HILAIRE e NATTERER (vide acima), além de Olfers, naFazenda Ipanema (hoje município de Iperó, São Paulo), uma das localidadesmais estudadas no Brasil <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>.No Paraná, SELLOW descreveu caminho contrário ao de NATTERER eSAINT-HILAIRE: ele provinha <strong>do</strong> sul, ao contrário deles. Proveniente <strong>do</strong> localhoje denomina<strong>do</strong> Mafra (Santa Catarina), atingiu a cidade limítrofe de RioNegro e, pelo caminho <strong>do</strong>s tropeiros de ga<strong>do</strong> denomina<strong>do</strong> Caminho <strong>do</strong>Viamão, acabou por atingir os limites com São Paulo, na cidade hojechamada de Sengés. Esse longo itinerário, confere-lhe a característica de tersi<strong>do</strong> o único naturalista a percorrer to<strong>do</strong> o trecho paranaense <strong>do</strong> Caminho <strong>do</strong>Viamão.Outro aspecto inédito foi a visita a várias outras localidades,seguin<strong>do</strong> por outros caminhos também importantes na época, mas nãoexplora<strong>do</strong>s por outros naturalistas. Dentre elas destaca-se a região deGuarapuava, para onde dedicou três meses de estu<strong>do</strong>s, especialmente sobreaspectos linguísticos <strong>do</strong>s índios da região. Sua presença nos Campos deGuarapuava, aliás, coincidiu com o fim <strong>do</strong> longo perío<strong>do</strong> de pacificação <strong>do</strong>síndios locais (Camé, Votorão, Dorim, to<strong>do</strong>s da família linguística gê), poriniciativa de Diogo Pinto de Azeve<strong>do</strong> Portugal (Mace<strong>do</strong>, 1951).Além desses topônimos cita<strong>do</strong>s, esteve ainda em Lapa, Contenda,Araucária, Curitiba, Ponta Grossa, Castro, Piraí <strong>do</strong> Sul e Jaguariaíva,portanto, uma grande área oriental <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, já amplamente visitada poroutros viajantes (Papávero, 1973).Depois de to<strong>do</strong> esse percurso, além de rumar mais uma vez para ointerior de São Paulo, SELLOW continuou sua expedição após enviar suascoleções por navio, em 1831, para o Museum für Naturkunde der Humboldt-Universität de Berlim (Papávero, 1973; Belton, 1984).Quan<strong>do</strong> de retorno ao interior de Minas Gerais, acabou morren<strong>do</strong>afoga<strong>do</strong> em condições trágicas, enquanto banhava-se na confluência <strong>do</strong> RioPiracicaba com o Rio Doce (Papávero, 1973; Pinto, 1978). “Segun<strong>do</strong>


informações colhidas por ocasião de uma viagem ao rio Doce, o afogamentode Sellow teria ocorri<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> uns, acidentalmente, ao banhar-se ele nacorredeira conhecida pelo nome de Cachoeira Escura; segun<strong>do</strong> outros,porém, teria pratica<strong>do</strong> o suicídio. Vários fatos parece darem força à últimahipótese, inclusive os termos <strong>do</strong> testamento em que declarara as suasúltimas vontades” (Pinto, 1979).Do magnífico lega<strong>do</strong> de SELLOW, pode-se afirmar ter si<strong>do</strong> compostopor representações de vários campos <strong>do</strong> conhecimento, sejam elasgeográficas, meteorológicas, astronômicas, antropológicas, zoológicas eprincipalmente botânicas. Dentre as aves, contou-se 5 457 espécimens, alémde ninhos, ovos, esqueletos e várias peças anatômicas e parasitaspreserva<strong>do</strong>s em álcool. Vários museus <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> inteiro, além <strong>do</strong> Museu deBerlim, tiveram em seus acervos, parte <strong>do</strong> material acumula<strong>do</strong> pelonaturalista, dentre eles o Museu Nacional de Lisboa e o Museu Nacional <strong>do</strong>Rio de Janeiro, para o qual trabalhou por vários anos como naturalistaviajante(Papávero, 1973; Pinto, 1979).O material obti<strong>do</strong> no Paraná, se é que ainda existe haja vista adestruição de grande parte <strong>do</strong> acervo de Berlim na Segunda Grande Guerra,aguarda estu<strong>do</strong>s pormenoriza<strong>do</strong>s e dele inexiste mesmo uma lista deespécies com as respectivas localidades. Na verdade, boa parte <strong>do</strong> materialzoológico obti<strong>do</strong> no Brasil, foi estuda<strong>do</strong> precariamente porM.H.K.Lichtenstein que, além de substituir os rótulos originais por outros,acabou por acrescentar-lhes nomes novos, <strong>sem</strong> realizar a descriçãoprotocolar básica para fins científicos, resultan<strong>do</strong> em vários nomina nuda.Outra fração desse acervo foi vendida, permutada ou transformada emmaterial expositivo, em muitos casos com perda <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s originais (Pinto,1979; Sick et al., 1981; vide especialmente o magnífico e detalha<strong>do</strong> artigode Pacheco e Whitney, 2001).CAMILO LÉLIS DA SILVA (1848)Quase três décadas depois <strong>do</strong> ano de 1820, ti<strong>do</strong> como marco dasinvestigações científicas no Paraná (Maack, 1968), o cronista CAMILLOLELIS DA SILVA foi designa<strong>do</strong> pela Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Negócios daMarinha <strong>do</strong> Império <strong>do</strong> Brasil, para participar <strong>do</strong>s trabalhos de abertura daestrada entre Guarapuava e o Rio Paraná, o qual se encontrava sobcoordenação <strong>do</strong> Major Henrique de Beaurepaire Rohan (Moreira, 1975).Esse caminho, já anteriormente demarca<strong>do</strong> e de grande importânciaestratégica, teve sua definição apenas após a pacificação <strong>do</strong>s temi<strong>do</strong>s índios<strong>do</strong>s campos de Guarapuava (Mace<strong>do</strong>, 1951).


Como decorrência da exploração dessa vasta área ocidental <strong>do</strong>Paraná e <strong>do</strong> conhecimento das dificuldades regionais para transformá-la emcaminho trivial de passagem rumo ao Rio Paraná (que consistia de ponto deconexão fluvial com o Mato Grosso, oeste de São Paulo, Paraguai eArgentina) é que iniciou-se o estabelecimento da colonização <strong>do</strong> oeste <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong>, determinada já em 1809 pelo Marquês de Pombal (Mace<strong>do</strong>, 1951;Ferreira, 1996).Retornan<strong>do</strong> da penosa expedição, LELIS DA SILVA publicou umpequeno diário de viagem na “Revista Trimensal <strong>do</strong> Instituto HistóricoGeographico e Ethnographico <strong>do</strong> Brasil”, indican<strong>do</strong> as atividades realizadasdia a dia e, em anexo uma “Resenha da caça, peixe e abelheiras” (Lellis-da-Silva, 1865).O trecho percorri<strong>do</strong> (cerca de 320 km), obedeceu um senti<strong>do</strong> lesteoeste,seguin<strong>do</strong> paralelamente ao curso <strong>do</strong> rio Iguaçu até os limitesocidentais <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná, na fronteira com a República <strong>do</strong> Paraguai(Straube e Miretzki, em prep.). A expedição partiu em 23 de maio de 1848,por uma direção basicamente retilínea, desde a “Villa de Belem deGuarapuava” (atualmente Guarapuava) até as margens <strong>do</strong> rio Paraná (“RioParanan”), nas proximidades de onde atualmente localiza-se a cidade de Foz<strong>do</strong> Iguaçu. Retornou ao ponto de origem em 12 de setembro <strong>do</strong> mesmo ano,gastan<strong>do</strong>, portanto, 113 dias para completar to<strong>do</strong> o percurso.Poucas são as menções aproveitáveis, quanto a avistagens oucapturas de aves, restringin<strong>do</strong>-se àquelas espécies de interesse cinegético.Entretanto, algumas menções mais importantes referem-se ao “macuco”(Tinamus solitarius), a “arara” (Ara sp.), ao “pavão” (Pyroderus scutatus) eà jacutinga (Pipile jacutinga), essa última, caçada em grandes quantidadespara servir como alimentação <strong>do</strong>s integrantes da expedição. Outros registrosde menor importância incluem um “inhambú” (Crypturellus sp.), “pato”(Cairina moschata), “jacu” (Penelope obscura) e “tucano-uçu”(Ramphastos toco).Embora pouco úteis no tocante às espécies citadas, é de <strong>sem</strong>encionar a precisão com que foram obtidas as distâncias percorridas entrecada ponto de parada ou acampamento. Essa característica permite resgatarinformações valiosas sobre abundância e pontos de ocorrência <strong>do</strong>s animais,alguns deles extremamente raros naquela região e, portanto, com relevanteinteresse conservacionista.ANTONIO VIEIRA DOS SANTOS (1850)


VIEIRA DOS SANTOS era um cronista e historiógrafo português, que seradicou no Brasil, antes no Rio de Janeiro, depois em Paranaguá em 1787(Wachowicz, 1969). Em sua clássica obra “Memória Histórica da cidade deParanaguá e seu município”, datada originalmente de 1850, inseriu umcapítulo tratan<strong>do</strong> “das aves e passaros voláteis que povoão a região aéria <strong>do</strong>muniçipio de Paranaguá” (Vieira <strong>do</strong>s Santos, 1951). Ali descreve e nomeiaquase 90 espécies, utilizan<strong>do</strong>-se de denominações em português, por vezesmiscigena<strong>do</strong> com o tupi, mas por certo originário de consulta à populaçãolocal <strong>do</strong> litoral paranaense.Dentre táxons passíveis de reconhecimento (“guarapongas, brancascomo a neve”: Procnias nudicollis; “colhereiros cor de roza”: Plataleaajaja; “coricoxos”: Carpornis cucullatus), generalistas (“tucanos”:Ramphastos vitellinus ou R.dicolorus; “martim-pesca<strong>do</strong>r”: gêneros Ceryleou Chloroceryle) e inidentificáveis (“pichicha”; “verdilhões”), destaca-sesua descrição <strong>do</strong> guará (Eu<strong>do</strong>cimus ruber) <strong>do</strong>s quais cita “exerçitos deformozissimos guarás de viva cor escarlate, [que] atravessão em ordemmarçial dessas fermozas bahias; enramão-se nas verdes ramagens <strong>do</strong>smangaes; figuran<strong>do</strong> ao longe grandes flores rózeas, outras desçem ás praiasfiguran<strong>do</strong> batalhões de hum exerçito britannico...”. Outro aspecto digno denota, foi a percepção da grande riqueza de espécies de Trochilidae naplanície litorânea: “beija-flor, ou colibris, há 12 qualidades das mais lindascores, té <strong>do</strong>ira<strong>do</strong>s”.Aspecto adicional é a sua menção a “pardaes”, questão a serinvestigada, pois a datação clássica para o episódio da introdução de Passer<strong>do</strong>mesticus no Brasil tem si<strong>do</strong> considerada como o início <strong>do</strong> século, no anode 1906 (Sick, 1997). Muitos de seus escritos, contu<strong>do</strong>, parecem calcar-<strong>sem</strong>ais em informações obtidas por terceiros, mesmo em publicações antigas,<strong>do</strong> que propriamente de observações próprias (vide Moreira, 1953).THOMAS PLANTAGENET BIGG-WITHER (1872-1875)Outros da<strong>do</strong>s interessantes à <strong>Ornitologia</strong> desse perío<strong>do</strong>, forneceu-noso explora<strong>do</strong>r inglês THOMAS PLANTAGENET BIGG-WITHER, que percorreugrande parte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> entre os anos de 1872 e 1875, relatan<strong>do</strong> seuitinerário e várias aves por ele avistadas ou colecionadas (Bigg-Wither,1878). Embora utilizan<strong>do</strong>-se da descrição das espécies apenas comfinalidade ilustrativa, causa surpresa a forma idônea como as menções sãooferecidas e também as riquezas <strong>do</strong>s detalhes, fato extensivo também aoutros grupos zoológicos.


A exemplo de vários outros cronistas desta época, são comuns ascitações de espécies hoje consideradas raras ou ameaçadas, tal como ajacutinga (Pipile jacutinga), as quais consistem nas poucas informaçõessobre ocorrências neste Esta<strong>do</strong>. É de se mencionar o critério com que oexplora<strong>do</strong>r descrevia as espécies abatidas, muitas vezes comparan<strong>do</strong>-as comoutras que fos<strong>sem</strong> comuns na Europa e, assim, mais familiares para ele.Uma revisão <strong>do</strong> itinerário, localidades visitadas e espécies zoológicas porele citadas têm si<strong>do</strong> objeto de estu<strong>do</strong> (F.Straube et al., em prep.). É provávelque os exemplares coleciona<strong>do</strong>s pela expedição, estejam deposita<strong>do</strong>s noNatural History Museum (ex-British Museum) de Londres, pois espécimensforam efetivamente coleciona<strong>do</strong>s e conserva<strong>do</strong>s conforme admiti<strong>do</strong> eminúmeros locais de sua obra (Bigg-Wither, 1878). Um indicativo disso, estáforneci<strong>do</strong> no editorial <strong>do</strong> periódico The Ibis (Seção “Letters,announcements, e c.”, publica<strong>do</strong> em 1879, série 4, volume 3, página 113)que transcreve uma parte <strong>do</strong> livro épico de BIGG-WITHER, tratan<strong>do</strong> <strong>do</strong>shábitos <strong>do</strong> surucuá (Trogon surrucura). Essa revista tinha como editor ozoólogo Philip L.Sclater, que também trabalhava na coleção ornitológica <strong>do</strong>Museu de Tring, razão pela qual consideramos que tivesse havi<strong>do</strong> o devi<strong>do</strong>intercâmbio. Infelizmente, tornou-se extremamente difícil descobrir sealgum material tivesse si<strong>do</strong> deposita<strong>do</strong> naquele museu, entregue paraidentificação ou mesmo se tivesse de fato existi<strong>do</strong> (R.Prys-Jones, 1999 inlitt.; J.F.Pacheco, 1999 in litt.).BIGG-WITHER, além das claras relações de parentesco com a famíliareal britânica, tinha também afinidades com a Royal Geographic Society, naqual foi admiti<strong>do</strong> alguns anos depois de seu retorno <strong>do</strong> Paraná, após umaconferência sobre o Vale <strong>do</strong> Rio Tibagi, em cuja explanação apregoava apotencialidade diamantífera da região (N.Carneiro in Bigg-Wither, 1974).HERBERT HUNTINGDON SMITH (1881)J.Mawe, D.Kidder e L.Agassiz foram exemplos de uma novapercepção da natureza, estabelecida entre os anos de 1850 e 1860 nosEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América. Recém-saí<strong>do</strong>s de um mun<strong>do</strong> que a<strong>do</strong>tava umtom moralizante para seus trabalhos, representavam uma nova tendência,agora preocupada com as fases da natureza que apresentavam uma faceindiferente e até mesmo hostil ao homem. Associada à arte pictórica, quenorteou a atividade da maior parte desses viajantes, atividades comerciais emilitares passavam a concorrer com os objetivos puramente científicos dasexpedições (Mathorme, 1996).


O norte-americano HERBERT SMITH que, por certo enquadrar-se-ianessa filosofia, fez três viagens ao Brasil, entre os anos de 1870 e 1886.Maior parte <strong>do</strong> material que coligiu era entomológico, mas também aves emamíferos foram seu propósito secundário de trabalho. Isso é verificável emcomentários sobre a sua primeira expedição, que realizou em companhia <strong>do</strong>famoso geólogo Orville Derby. Dela, sabe-se que o objetivo primevo, apesarde basicamente geológico, era obter “a large quantity of specimens of alldepartments of nature” (Hartt, 1874 in Papávero, 1973).Sua contribuição à <strong>Ornitologia</strong> brasileira concentrou-se na região daChapada <strong>do</strong>s Guimarães, próxima a Cuiabá, onde deteve-se por cinco anos.A coleção daquele local foi estudada com detalhes por J.A.Allen (1891-1893), em cujos estu<strong>do</strong>s constam descrições de novos táxons.Desconhecemos menções a espécimes de aves em outras publicações, alémde que o seu material entomológico dispersou-se por vários museus, dentreeles o Museu Nacional <strong>do</strong> Rio de Janeiro (onde não há material dessecoletor proveniente <strong>do</strong> Paraná), o Natural History Museum de Tring(Inglaterra), o Carnegie Museum of Natural History de Pittsburgh (EUA), oAmerican Museum of Natural History de Nova York (Papávero, 1973) e,talvez, também o Museum of Comparative Zoology de Cambridge (EUA)(Paynter-Jr. e Traylor-Jr., 1991).No Paraná, SMITH visitou Paranaguá no segun<strong>do</strong> <strong>sem</strong>estre de 1881,proveniente de Santos e deslocan<strong>do</strong>-se posteriormente para Florianópolis,Rio Grande, Montevidéu e por fim pelo Rio Paraná acima até o Paraguai,Mato Grosso <strong>do</strong> Sul e Mato Grosso. Poucos meses antes, no Rio de Janeiro,SMITH teria recebi<strong>do</strong> apoio <strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r D.Pedro II, sabidamente entusiastae colabora<strong>do</strong>r da História Natural no Brasil.O Rio Grande <strong>do</strong> Sul foi o esta<strong>do</strong> sul-brasileiro contempla<strong>do</strong> commaior número de visitas a localidades <strong>do</strong> interior e litoral (Papávero, 1973),mas até o momento nada se conhece sobre o conteú<strong>do</strong> ornitológico sulino desuas coleções (Belton, 1984).JOSÉ CÂNDIDO DA SILVA MURICY (1896)Análoga ao estilo de BIGG-WITHER, apareceu a obra “Viagem aopaís <strong>do</strong>s jesuítas”, descrição de uma expedição realizada em 1896 pelogeneral JOSÉ CÂNDIDO DA SILVA MURICY, que teve como objetivo alocalização de tesouros e riquezas aban<strong>do</strong>nadas na cidade colonialespanhola de Villa Rica del Espiritu Santo (atualmente município de Fênix,na confluência <strong>do</strong>s rios Corumbataí e Ivaí), quan<strong>do</strong> de sua destruição pelabandeira de Raposo Tavares.


Embora ricas em detalhes, as crônicas de MURICY merecemtratamento especial, haja vista a suspeita clara quanto à fidedignidade <strong>do</strong>sregistros, alguns deles referentes a espécies de presença duvi<strong>do</strong>sa emterritório paranaense, particularmente no caso de mamíferos.Não obstante, à figura de diversas crônicas clássicas, científicas ounão, daquela época, são abundantes as menções a espécies de importânciano conhecimento ornitogeográfico paranaense. Incluem-se nesse senti<strong>do</strong>, ajacutinga (Pipile jacutinga), mencionada em vários locais da obra. Algunsdetalhes adicionais, trazem informações sobre as aves na cultura <strong>do</strong> sul <strong>do</strong>Brasil, inclusive os hábitos <strong>do</strong> carancho (Polyborus plancus) e o temor <strong>do</strong>caboclo ao canto plangente da urutágua (Nyctibius griseus), tida como avede mau-agouro.PERÍODO DE CHROSTOWSKI (início <strong>do</strong> Século XX à década de 30)O Século XX foi marca<strong>do</strong> por vários acontecimentos particularesrelaciona<strong>do</strong>s com as expedições naturalísticas ao Paraná, igualmentefavoreci<strong>do</strong>s por episódios sociais, políticos e geográficos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.No início, as expedições passaram a ter duas linhas de objetivos: ouvoltavam-se a acompanhar uma colonização imigratória tardia, casoparticular <strong>do</strong> poloneses e ucranianos, ou manten<strong>do</strong> a proposta de obtermaterial científico para depósito em vários museus <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.Junto à inegável participação <strong>do</strong>s coloniza<strong>do</strong>res, também ocorreramperío<strong>do</strong>s áureos das instituições zoológicas brasileiras (especialmente oantigo Museu Paulista e o Museu Nacional) as quais, antes mais voltadas àpesquisa das adjacências de seus territórios, agora passavam a exploraroutros locais brasileiros menos conheci<strong>do</strong>s.Isso marcou profundamente a história ornitológica paranaense, ten<strong>do</strong>reflexos até os dias de hoje. Espécimens deposita<strong>do</strong>s em museus <strong>do</strong> exteriore, portanto, de acessibilidade muito dificultada, não apenas pelaimpossibilidade de consultá-los mas porque se tornaram rapidamente peçasprotegidas institucionamente pelo valor historico, foram substituí<strong>do</strong>s porexemplares agora manti<strong>do</strong>s no Brasil, com muito maior facilidade deconsulta.Na realidade, as expedições ornitológicas dedicadas ao Paraná,mantiveram o simples objetivo de obter espécimens para museus e assim,portanto, eram descompromissadas de qualquer interesse em outro campoinvestigativo. Entretanto, o aspecto mais marcante <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> “Perío<strong>do</strong> de


Chrostowski”, são as primeiras visitas de coleciona<strong>do</strong>res brasileiros,mesclan<strong>do</strong>-se com as presenças de estrangeiros, em geral representantes depaíses com menor poder econômico.Assim, como contribuição pioneira de instituições brasileiras, podesetratar de quatro naturalistas-viajantes a serviço <strong>do</strong> Museu Paulista(quan<strong>do</strong> ainda abrigava as coleções ornitológicas, dele desmembradas em1939) que tiveram grande importância na Zoologia <strong>do</strong> Brasilcontemporâneo: J.L.LIMA, W.EHRHARDT, E.GARBE e A.HEMPEL; <strong>do</strong> MuseuNacional veio E.SNETHLAGE, pioneira da <strong>Ornitologia</strong> brasileira e, comoparticipação estrangeira, surgiu A.ROBERT, da Inglaterra.JOÃO LEONARDO LIMA E WILHELM EHRHARDT (1900 E 1901)JOÃO LEONARDO DE LIMA era coletor e prepara<strong>do</strong>r <strong>do</strong> MuseuPaulista, ten<strong>do</strong> viaja<strong>do</strong> por várias regiões, especialmente em São Paulo ealgumas vezes também no Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, Bahia e Rio Grande <strong>do</strong> Sul.Trabalhou, com evidentes pendências a <strong>Ornitologia</strong> (Lima, 1924), comoprepara<strong>do</strong>r de espécimes, colaboran<strong>do</strong> com vários coletores oupesquisa<strong>do</strong>res, dentre eles Olivério Pinto, Curt Schrottky e Glover Allen(Taunay, 1937; Pinto, 1945).Nesse senti<strong>do</strong>, Lima participou de uma curta expedição à regiãoconhecida como “Norte Pioneiro” paranaense, localidade de Jacarezinho(antiga Ourinho, quase homônima de limítrofe cidade paulista de Ourinhos),junto a WILHELM EHRHARDT. Aves colecionadas nessa localidade datam de1900 (março e abril) e 1901 (fevereiro a agosto) (Pinto, 1938, 1944).Cabe lembrar que EHRHARDT é o célebre coletor que contribuiu àscoleções <strong>do</strong> Museu Nacional <strong>do</strong> Rio de Janeiro (inclusive mamíferos) commaterial da antiga “Colônia Hansa-Humboldt” (hoje Corupá, SantaCatarina), local onde residia (Sick et al., 1981). Além disso, LIMA, duranteuma expedição aos arre<strong>do</strong>res de Itapetininga, São Paulo parece teraproveita<strong>do</strong>, em julho de 1927, para visitar a região norte <strong>do</strong> Paraná (Riodas Cinzas, margem direita <strong>do</strong> Rio Paranapanema), onde coletou uma Pipilejacutinga (Pinto, 1938).É difícil determinar com precisão os locais visita<strong>do</strong>s pelosnaturalistas em questão, pois a região delimitada pelo antigo municípioparanaense de “Ourinho” era bastante vasta já no início <strong>do</strong> século.Entretanto, há ao menos uma indicação de localidade específica (Pinto,1944): “Ribeirão <strong>do</strong> Bugre” (também chama<strong>do</strong> de Ribeirão Peroba, hojedivisa <strong>do</strong>s municípios de Bandeirantes e Santo Antônio da Platina) visita<strong>do</strong>em abril de 1901, e que deve se tratar de ao menos um <strong>do</strong>s topônimos por


eles visita<strong>do</strong>s, embora também considera<strong>do</strong> como localidade paulista (Pinto,1938).Dentre o material obti<strong>do</strong> por eles estão representantes da típicaavifauna das florestas estacionais <strong>do</strong> norte e oeste <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e que muitotêm em comum com aquela encontrada no interior de São Paulo e MinasGerais. Destacam-se Aratinga auricapilla, Baryphthengus ruficapillus,Galbula ruficauda, Malacoptila striata, Baillonius bailloni, Pteroglossusaracari, Selenidera maculirostris, Celeus flavescens, Campephilus robustus,Xenops minutus, Myrmotherula gularis, Scytalopus indigoticus,Phaeothlypis rivularis, Euphonia pectoralis, Pyroderus scutatus e Manacusmanacus. É necessária uma menção particular a Nyctibius aethereus,Jacamaralcyon tridactyla e Dryocopus galeatus (esse último coleta<strong>do</strong> emRibeirão <strong>do</strong> Bugre e Jacarezinho), espécies muito raras e cujas distribuiçõessão pouco conhecidas no Brasil devi<strong>do</strong> a escassas informações deocorrências.O filho de Lima, JOSÉ LEONARDO LIMA, que sabidamente seguiu ocaminho naturalista <strong>do</strong> pai, também realizou coleta de espécimes, mas forampouco conheci<strong>do</strong>s os seus resulta<strong>do</strong>s no Paraná. Destacam-se, por exemplo,a obtenção de Eleothreptus anomalus (exemplar no Museu de Zoologia, SãoPaulo, seg. Straube, 1990) e Streptoprocne biscutata (exemplar no FieldMuseum of Natural History, Chicago/EUA, seg. D.Willard in litt, 2001),ambos captura<strong>do</strong>s na localidade de Umbará, perto de Curitiba, em maio de1959.ERNST GARBE (1901, 1907 E 1914)ERNST GARBE foi um <strong>do</strong>s coletores mais produtivos no Brasil emto<strong>do</strong>s os tempos. Visitou por três vezes a cidade de Castro e dali, emincursões secundárias, chegou à conhecida Fazenda Monte Alegre (hojeHarmonia, município de Telêmaco Borba). Nenhuma dessas expediçõesparecem ter si<strong>do</strong> parte de um itinerário maior, sen<strong>do</strong> provavelmentededicadas apenas ao Paraná. Duas delas foram consideráveis em tempodespendi<strong>do</strong>: fevereiro a agosto de 1901, janeiro e setembro de 1907 e umaterceira ocupou <strong>do</strong>is meses: maio a junho de 1914 (Pinto, 1945).Na primeira delas, GARBE ainda não era funcionário de fato <strong>do</strong>Museu Paulista visto que foi contrata<strong>do</strong> apenas em 1902, por iniciativa <strong>do</strong>diretor Hermann von Ihering. No tempo em que ocorreu essa expedição,sobrevivia da remessa de animais para Karl Hagenbeck <strong>do</strong> Jardim Botânicode Hamburgo, e pela arrecadação obtida em um pequeno zoológico monta<strong>do</strong>por ele próprio (Herr, 1931). A segunda viagem ao Paraná, que antecedeu


uma ida à caatinga <strong>do</strong> nordeste (sul da Bahia) e precedeu viagem ao RioDoce, no Espirito Santo, foi também demorada, posto dua duração de 10meses. A última visita ao Paraná, por sua vez, foi uma breve parada para seurumo final, no Rio Uruguai desde suas nascentes até Quaraí, onde deteve-sebasicamente com coleta e preparação de peixes (Taunay, 1926).Para tratar de ERNST GARBE, ainda, não se pode omitir o valor a eleremeti<strong>do</strong> por diversos pesquisa<strong>do</strong>res que analisaram o seu volumosomaterial biológico. Taunay (1926) afirmou: “Era da estirpe desses famososcoleciona<strong>do</strong>res, typo de Natterer, Waterton e Swainson, que em nosso paizangariaram copias prodigiosas de material. Caça<strong>do</strong>r prodigioso, não secontentava em preparar a caça abatida para fins de taxidermia; fazia o maisescrupuloso exame <strong>do</strong>s cadáveres sob o ponto de vista helminthologico eparasitario em geral, colligia ovos e ninhos, tomava notas biologicas,desenvolvia enfim, uma atividade absolutamente prodigiosa e multiforme”.Adicionamos, ainda, a virtude da paciência de coletar espécies que,conforme aprende-se na prática, são difíceis de encontrar e mesmo abater,pelos seus hábitos esquivos.Dentre o material coleciona<strong>do</strong> por GARBE no Paraná, deve-sedestacar Harpyhaliaetus coronatus, Dryocopus galeatus, Anthus nattereri ePiprites pileatus, espécies muito raras em toda sua área de distribuição ecom representação ínfima em acervos ornitológicos de to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>.Adicionam-se a ele, outros táxons de interesse para a ornitogeografiaregional, como Ara maracana, Aratinga auricapilla, Amazona vinacea,Streptoprocne biscutata, Lophornis magnifica, Piculus aurulentus,Campyloramphus falcularius, Clibanornis dendrocolaptoides,Leptasthenura setaria, Batara cinerea, Grallaria varia, Phibaluraflavirostris, Piranga flava, Orchesticus abeillei e Saltator maxillosus (Pinto,1938 e 1944).Com base em informações mais recentes sobre a composiçãoavifaunística paranaense e a distribuição local das espécies (especialmenteScherer-Neto et al., 1991 e 1996), há que se discutir um outro aspectorelaciona<strong>do</strong> com as áreas visitadas por GARBE no Paraná. A presença decertas espécies características <strong>do</strong> bioma <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong> (Silva, 1995a, 1995b,1995c e 1997; Straube, 1998) ou que apresentam limite sul de distribuiçãono Paraná (Thalurania furcata, Ramphocelus carbo, Schistochlamysruficapillus e Tangara cayana) sugerem que, em sua visita, o naturalistateria coleta<strong>do</strong> espécimens quan<strong>do</strong> em trânsito, muito provavelmente aolongo da estrada que liga a cidade de Castro a Telêmaco Borba (sede <strong>do</strong>município que abriga a Fazenda Monte Alegre, a qual, segun<strong>do</strong> Pinto 1938 e


1944, teria si<strong>do</strong> grafada nos rótulos de exemplares <strong>do</strong> Museu Paulista como“Faz. Monte Alegre (Castro)” ou “Castro, Fazenda Monte Alegre”).Há, nesse percurso, uma pequena representação da vegetação típica<strong>do</strong> cerra<strong>do</strong>, atualmente incluída no Parque Estadual <strong>do</strong> Guartelá (Straube,1998) e que poderia ser o topônimo preciso para algumas dessas amostras. Ésabi<strong>do</strong> que (ao menos até o início da década de 30), no caminho entre PontaGrossa e Tibagi, pre<strong>do</strong>minavam paisagens de campo (nos quais assentavamse,regionalmente, várias manchas de cerra<strong>do</strong>) com fragmentos ocasionaisde florestas de araucária, chamadas regionalmente de capões (segun<strong>do</strong>anotações de EMIL KAEMPFER, citadas em Naumburg, 1935).Foi com certeza nesse tipo de paisagem, que GARBE obteve espéciesmuito interessantes de campo limpo, como Heteroxolmis <strong>do</strong>minicana eAnthus nattereri, assim como aquelas próprias de campos inundáveis devárzea ou banha<strong>do</strong>s (Donacospiza albifrons).ALPHONSE ROBERT (1901)No início <strong>do</strong> Século XX, ano de 1901 e certamente entre os meses deagosto a novembro (Thomas, 1902, 1903, 1912, 1917; Hellmayr, 1906,1914, 1915), o Paraná recebeu a visita de uma enigmática expediçãobritânica, voltada à obtenção de material <strong>do</strong> sul <strong>do</strong> Brasil. Era ALPHONSEROBERT, coletor famoso pelas suas relevantes contribuições àMastozoologia da região da Suíça e de Madagáscar e financia<strong>do</strong> pelo Barãode Rotschild e por Sir William Ingram.Aparentemente, ROBERT estaria interessa<strong>do</strong> em mamíferos, emborapouco se sabe acerca de sua contribuição, visto que desconhece-se estu<strong>do</strong>sespecíficos sobre o material, exceto talvez, alguns táxons de roe<strong>do</strong>res ecervídeos ti<strong>do</strong>s como novos e descritos por Oldfield Thomas (1902, 1903,1909, 1917 e 1912).O local seleciona<strong>do</strong> para as coletas foi Roça Nova (município dePiraquara), naquela época uma estação de parada da ferrovia Curitiba-Paranaguá, concluída em 1885 (RFFSA, 1985). A localidade situa-se emuma transição vegetacional entre as florestas ombrófilas densa (mataatlântica sensu stricto) e mista (mata de araucária) a pouco menos de 1 000metros de altitude, circundada por pequenos remanescentes de campos <strong>do</strong>planalto e banha<strong>do</strong>s permanentes em uma várzea nascentes <strong>do</strong> Rio Iguaçu,leste de Curitiba. Atualmente, bem à beira da ferrovia, funciona umapedreira que fornece rochas para reparos na sustentação <strong>do</strong>s trilhos e<strong>do</strong>rmentes (F.Straube obs.pess, 1999).


Dali ROBERT obteve uma série com cerca de 1 000 exemplares deaves (R.Prys-Jones, 1999 in litt.), algumas delas citadas esparsamente empublicações posteriores (e.g. Hellmayr, 1914; Zimmer, 1931 esubsequentes). Infelizmente desconhecemos a existência de catálogos maisdetalha<strong>do</strong>s que tragam à luz outras informações <strong>do</strong> material ornitológicocoligi<strong>do</strong> e por certo material desse tipo não foi mesmo publica<strong>do</strong>.Espécimes encontram-se deposita<strong>do</strong>s no Natural History Museum em Tring(Inglaterra) e, uma parte que fôra vendida pelo próprio Walter Rotschild noinício da década de 30, está no American Museum of Natural History deNova York (EUA) (R.Prys-Jones, 1999 in litt.).Da volumosa obra de John T. Zimmer (vide A.HEMPEL eE.KAEMPFER), relacionamos algumas espécies, cuja procedência de “RoçaNova” (em uma situação grafada erroneamente como “Boca Nova”) apontapara ROBERT como coletor: Trogon rufus, Pachyramphus castaneus,Pyroderus scutatus, Myiodynastes maculatus, Lathrotriccus euleri,Platyrinchus mystaceus e Xanthomyias virescens (Zimmer, 1936c, 1937,1939a, 1939b, 1948 e 1955), além de Penelope obscura (cita<strong>do</strong> porHellmayr, 1914). Também é enigmático o fato de ROBERT ter realiza<strong>do</strong> umaexpedição de grande porte ao Brasil, aspecto que fica ainda mais evidentecom sua visita, meses antes de chegar ao Paraná (maio e junho de 1901), àlocalidade clássica de Ribeirão Jordão, na região <strong>do</strong> Triângulo Mineiro,Minas Gerais, posteriormente visitada por outros coletores de aves (Thomas,1901; Hellmayr e Berlepsch, 1905; Traylor-Jr. e Paynter-Jr., 1991).Um material volumoso como esse, sugere que o objetivo de ROBERTnão era apenas mastozoológico como acreditamos por muito tempo(Scherer-Neto e Straube, 1995), antes de tomar conhecimento da grandesérie depositada em Londres. É sabi<strong>do</strong>, ainda, que ROBERT também esteveem Morretes, porção litorânea paranaense (Hellmayr, 1908; Thomas, 1917),mas desconhecemos, além de citações esparsas, quaisquer indicativos sobrecatálogos ou listas mais detalhadas de aves ali coligidas (v. Paynter-Jr. eTraylor-Jr., 1991).ADOLFO HEMPEL (1903)ADOLPH HEMPEL de<strong>sem</strong>penhava a função de entomólogo <strong>do</strong> entãochama<strong>do</strong> Museu Paulista (Nomura, 1997), mas era também entusiasta da<strong>Ornitologia</strong>, realizan<strong>do</strong> coletas de aves principalmente no Esta<strong>do</strong> de SãoPaulo (Pinto, 1945; Hempel, 1949). Tão logo afastou-se daquela instituição(1900), passou a se dedicar ao estu<strong>do</strong> da entomologia agrícola, ten<strong>do</strong>publica<strong>do</strong> mais de 50 artigos científicos. Ao mesmo tempo, realizava


comércio de exemplares de aves com museus de vários países <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,procedimento comum naquela época (Pinto 1946; Nomura, 1997).Entre janeiro e dezembro de 1903 esteve, talvez <strong>do</strong>micilia<strong>do</strong>provisoriamente, na chamada "Fazenda Cayoa", cuja localização precisaenvolve-se de uma considerável discussão, uma vez ter si<strong>do</strong> ora admitidacomo pertencente ao Esta<strong>do</strong> de São Paulo (Zimmer 1936a, 1936b, Pinto1938, 1944, 1946, Paynter e Traylor 1991), ora ao <strong>do</strong> Paraná (Vanzolini1992). Recentemente, Straube et al. (em prep.) encontram-se empanha<strong>do</strong>snessa tarefa, que já revelou ser correta a segunda afirmativa.Nessa localidade, situada no chama<strong>do</strong> "Norte Pioneiro" <strong>do</strong> Paraná,próxima de Jacarezinho, HEMPEL obteve uma série importante deexemplares, com certeza mais que 340 números de pelo menos 130espécies. Muitas de suas informações de campo, bem como seus rótulosoriginais, foram perdidas, motivo pelo qual se instalou tanta polêmica sobreo ponto exato onde teria realiza<strong>do</strong> seu trabalho de coleção. Grafiasincorretas, decorrentes de publicações que se utilizaram deste materialpioraram o problema.Um estu<strong>do</strong> detalha<strong>do</strong> sobre a localização precisa <strong>do</strong> topônimo, bemcomo de to<strong>do</strong>s os exemplares, <strong>do</strong>s quais foi possível resgatar informaçõesmínimas está sen<strong>do</strong> prepara<strong>do</strong> por F.Straube, E.Willis e Y.Oniki, razão pelaqual detalhes mais pormenoriza<strong>do</strong>s são omiti<strong>do</strong>s no presente estu<strong>do</strong>. Deantemão pode-se afirmar que os espécimes encontram-se dispersos porvários acervos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, dentre eles o New Zealand National Museum(Wellington, Nova Zelândia), American Museum of Natural History (NovaYork, EUA), Carnegie Museum (Pittsburgh, EUA) Peabody Museum ofNatural History (Cambridge, EUA), Field Museum of Natural History(Chicago, EUA), Museum of Comparative Zoology (Cambridge, EUA) e nopróprio Museu de Zoologia (São Paulo). Uma parte desse material foi cita<strong>do</strong>em revisões, tais como Pinto (1938, 1944), Zimmer (1936a, 1936b) e Haffer(1974).MUSEU PARANAENSE: FASE PRECURSORAO Museu Paranaense, instituição fundada em 1874, é considera<strong>do</strong>um <strong>do</strong>s acervos museológicos mais antigos <strong>do</strong> País 2 . Originalmente, tal2 No início de 1995, um grupo de entusiastas, entre funcionários e pesquisa<strong>do</strong>resvoluntários <strong>do</strong> Museu de História Natural Capão da Imbuia, sob a coordenação de Adelinyrde A.M.Cordeiro e Ruth Misiuta, tomou a si a incumbência de realizar um amplo eabrangente estu<strong>do</strong> histórico das coleções biológicas paranaenses desde o tempo <strong>do</strong> MuseuParanaense. Essa iniciativa, entretanto, acabou sucumbin<strong>do</strong> frente o desinteresse e inúmeras


como determina<strong>do</strong> por seus funda<strong>do</strong>res - Agostinho Ermelino de Leão eJOSÉ CÂNDIDO DA SILVA MURICY (vide)- tinha como objetivos o estu<strong>do</strong>,conservação e exposição de objetos relaciona<strong>do</strong>s à arqueologia, etnologia ehistória natural (Fernandes e Nunes, 1956; Trevisan, 1976).Para fins ornitológicos, as atividades realizadas por esse centro depesquisa podem ser divididas em três perío<strong>do</strong>s bem defini<strong>do</strong>s: 1. faseprecursora, desde sua fundação até a década de 20; 2. fase naturalística, <strong>do</strong>fim da década de 30 até o início da década de 60; 3. fase atual, a partir dadécada de 80, interessan<strong>do</strong>-nos neste estu<strong>do</strong> apenas as duas primeiras. Aslacunas cronológicas entre essas fases, nada mais foram <strong>do</strong> que perío<strong>do</strong>s deestagnação, quan<strong>do</strong> o acervo era, quan<strong>do</strong> muito, conserva<strong>do</strong> precariamente.Por duas vezes, tais perío<strong>do</strong>s críticos acabaram por ser substituí<strong>do</strong>s poriniciativas de reorganizações, instituídas pelo poder público.Nesse senti<strong>do</strong>, pode-se citar o Plano de Reorganização de 1939 quedeu início à fase naturalística e, posteriormente, a absorção <strong>do</strong> acervo, emregime de comodato, pela Prefeitura Municipal de Curitiba, a partir de 1980(Fernandes e Nunes, 1956; Cordeiro e Corrêa, 1985).A fase precursora apresenta-se absolutamente obscura no que dizrespeito a <strong>do</strong>cumentação e registros de espécimes. Até o ano de 1906, "...amaioria das coleções correspondiam a material <strong>do</strong>a<strong>do</strong> e, portanto, nem<strong>sem</strong>pre prepara<strong>do</strong>s ou conserva<strong>do</strong>s de maneira conveniente. O Museuapresentava-se então pouco organiza<strong>do</strong> cientificamente, estan<strong>do</strong> a maioriadas coleções zoológicas dispersas e misturadas com as de Etnologia,Arqueologia e Mineralogia" (Leão, 1900 per Cordeiro e Corrêa, 1985).Foi por intermédio de Romário Martins, então diretor da instituição,que procedeu-se o primeiro passo para um inventário criterioso eorganização <strong>do</strong> acervo ornitológico. Segun<strong>do</strong> o próprio Martins (1906)existiam, na coleção, 151 exemplares de 97 espécies de aves. To<strong>do</strong>s osespécimes encontravam-se expostos em mostruários, não haven<strong>do</strong>, portanto,coleções seriadas. Não havia técnico especializa<strong>do</strong> em preparações, deforma que to<strong>do</strong>s os espécimes teriam si<strong>do</strong> taxidermiza<strong>do</strong>s em outros locaise, <strong>sem</strong> exceção, faltavam-lhes a procedência.dificuldades impostas por um novo corpo diretivo que se estabelecera na instituição e nosníveis hierárquicos superiores, naquele mesmo ano. Tanto como inúmeras outras vezes quenos deparamos com a escassez de informações <strong>do</strong>cumentais sobre a história da Biologia noParaná, sentimos profundamente por essa lacuna no presente estu<strong>do</strong>, para o qual teríamosdisponíveis inúmeros outros aspectos para serem investiga<strong>do</strong>s e que, mais uma vez, foiabortada pela falta de sensibilidade e compreensão da importância de uma pesquisa comoessa (FCS).


As peles de aves parecem ter si<strong>do</strong> especialmente interessantes para apolítica administrativa <strong>do</strong> Museu. Tal coleção, para o início <strong>do</strong> século, deveser considerada representativa em comparação com instituições congêneres,especialmente pelo caráter regional a ela conferi<strong>do</strong>. O indicativoincontestável de que a coleção ornitológica funcionava como um "carrochefe"das seções de Zoologia <strong>do</strong> Museu é explícito nas pretensões de seusadministra<strong>do</strong>res de publicar "um trabalho intitula<strong>do</strong> Ornis Paranaense,basea<strong>do</strong> nas collecções <strong>do</strong> Museu" (Martins, 1906). Essa obra, entretanto,não veio a se concretizar, mas por certo tratou-se de uma das primeirasiniciativas para divulgação da riqueza ornitológica neste Esta<strong>do</strong>.Há, no relatório de Martins (1906), citações de espécies bastanteinteressantes para a <strong>Ornitologia</strong> estadual, salientan<strong>do</strong>-se Eu<strong>do</strong>cimus ruber,Crax fasciolata, Dryocopus galeatus, Cistothorus platensis e Psarocoliusdecumanus. Não há, contu<strong>do</strong>, meios para avaliar a origem desses espécimese muito menos a validade das identificações a eles atribuídas. Na realidade,é provável que tenham mesmo si<strong>do</strong> obtidas no Paraná, já que na quasetotalidade (ou todas, levan<strong>do</strong>-se em conta possíveis e espera<strong>do</strong>s erros deidentificação) são comprovadamente ocorrentes nesse Esta<strong>do</strong>.Esse material pode ser considera<strong>do</strong> completamente extravia<strong>do</strong>, vistoque os primeiros espécimes deposita<strong>do</strong>s no Museu de História NaturalCapão da Imbuia datam de 1936. Exemplares mais antigos foram incluí<strong>do</strong>sao acervo várias décadas depois, destacan<strong>do</strong>-se seis peles obtidas pelonaturalista Günther Tessmann no Peru (rio Pachitea e Napo, 1923). Segun<strong>do</strong>J.S.Moure (1988, com.pess.), quan<strong>do</strong> da reorganização <strong>do</strong> MuseuParanaense, vários - senão to<strong>do</strong>s - espécimes foram incinera<strong>do</strong>s porapresentarem-se em condições precárias de conservação, inclusiveinfestação por dermestídeos. O mais provável, dessa forma, é que tal acervoesteja mesmo desapareci<strong>do</strong> por completo.TADEUSZ CHROSTOWSKI, 1º VIAGEM (1910)A primeira década deste século, particularmente o ano de 1910, podeser considerada como o perío<strong>do</strong> mais importante dentre toda a contribuiçãode naturalistas estrangeiros ao Paraná. Tratou-se da época em que seconcentraram os esforços oriun<strong>do</strong>s de oito expedições científicasorganizadas por poloneses ao Paraná, todas entre a última década <strong>do</strong> séculopassa<strong>do</strong> e o ano de 1934 (Wachowicz 1994). Três delas ficaram ao encargo<strong>do</strong> naturalista-ornitólogo TADEUSZ CHROSTOWSKI, as quais incluem-se entreas contribuições mais importantes à <strong>Ornitologia</strong> <strong>do</strong> sul <strong>do</strong> Brasil até adécada de 20.


Curitiba, nas primeiras décadas deste século, já representante política<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná, apresentava inúmeras dificuldades para iniciativascientíficas, viven<strong>do</strong> basicamente <strong>do</strong> reflexo intelectual das grandesmetrópoles brasileiras como Rio de Janeiro e São Paulo (Fernandes e Nunes1956). Assim, o valioso lega<strong>do</strong> dessas três expedições representa muitomais que a obtenção de informações regionais sobre aves silvestresparanaenses, pois permitiu a formação de um banco de da<strong>do</strong>s inatingívelpelo esforço oficial local.Apesar dessa importância, os resulta<strong>do</strong>s ornitológicos (e também deoutros campos, como a Entomologia e Malacologia) das expediçõespolonesas, não receberam o devi<strong>do</strong> mérito em obras sobre História daZoologia (Straube 1993; Nomura 1995), muito embora se tratas<strong>sem</strong> decontribuições obtidas em uma região geograficamente intermediária entreesta<strong>do</strong>s relativamente bem estuda<strong>do</strong>s como São Paulo (e.g. Ihering 1898,1902), Santa Catarina e Rio Grande <strong>do</strong> Sul (e.g. Berlepsch 1873, 1874,Berlepsch e Ihering 1885, Ihering 1899a, 1899b).Isso se deu certamente pela pequena tradição da coleção na qual osespécimes foram deposita<strong>do</strong>s (na época, Museu Polonês de História Naturalde Varsóvia, denominação mantida até 1952), associada à dificuldade deacesso ao material, em decorrência de rivalidades políticas entre nações etambém pela pequena distribuição <strong>do</strong>s periódicos científicos nos quaispartes <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s foram divulga<strong>do</strong>s. Esse panorama, aliás, estende-se atéa atualidade, sen<strong>do</strong> muito raras as menções a pesquisa<strong>do</strong>res poloneses derenome como Jelski, Przewalski, Branicki, Taczanowski, Sztolcman (ouStolzmann), Warszawiecz, Kalinowski e Szyslo em obras históricasclássicas contemporâneas.Não há como deixar de mencionar, ainda, a contribuição de váriosoutros poloneses contemporâneos de CHROSTOWSKI que, emboraestabeleci<strong>do</strong>s no Paraná e regiões limítrofes, mantinham intenso contactocom os museus da Polônia e também de outros países remeten<strong>do</strong>espécimens de aves e vários outros grupos zoológicos. É o caso de JósefSiemiradzki e seus exemplares obti<strong>do</strong>s em São Mateus <strong>do</strong> Sul e na ColôniaAfonso Pena, Robert Wierzejski em Itaiópolis (Santa Catarina), Józef Czakiem Araucária, A.Brückner em Joinville (Santa Catarina), W.Rodziewski,W.Szukiewski e Szymon Tenenbaum em Curitiba, além de B.Srzednicki naregião de Cândi<strong>do</strong> de Abreu (Rio Ubazinho, Colônia Tereza Cristina e RioBaile) (Sztolcman 1926a, 1926b, Kremky 1925, Roszkowski, 1927,Tenenbaum, 1927). Esse intercâmbio é notável e bastante senti<strong>do</strong> noreconhecimento a ele conferi<strong>do</strong> com menções em obras de história da


Zoologia polonesa (Brzek 1959) e mesmo epônimos de formas tidas comonovas (Sztolcman 1926a, 1926b).É interessante notar que CHROSTOWSKI e seus companheirosforçaram as estadas em propriedades rurais de poloneses, abundantesnaquela época, com destaque para o sul <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. É por esse motivo,naturalmente, que essa região contém tantos topônimos de coleta, aocontrário <strong>do</strong>s demais, ao longo <strong>do</strong>s rios Ivaí e Paraná; nesses, a expediçãoparecia, por falta de opção de hospedagem, se fixar por mais tempo emacampamentos ou colônias bem estabeleci<strong>do</strong>s.A primeira viagem ao Paraná (maio de 1910), não tratou-se de umaexpedição no senti<strong>do</strong> formal. CHROSTOWSKI, ao chegar no Paraná, instalousecomo imigrante na colônia de Vera Guarani e, a partir dali, empreendeuexcursões de coleta e observação ornitológica, contemporizan<strong>do</strong>-as comsuas atividades como agricultor. Segun<strong>do</strong> Wachowicz (1994): “no lote deterreno recebi<strong>do</strong> <strong>do</strong> governo brasileiro construiu um rancho de tábuaslascadas de pinheiro, fez um cerca<strong>do</strong>, plantou roça e construiu um apiário.Aos <strong>do</strong>mingos e nas horas possíveis, fazia penetrações no sertão <strong>do</strong> médio[Rio] Iguaçu e trazia espécimes da fauna paranaense. Dos pássaros e outrosanimais, retirava a película e os empalhava. Especial atenção dedicava à suaespecialidade: a ornitologia”.Desde então, até mea<strong>do</strong>s de dezembro daquele mesmo ano, explorouos arre<strong>do</strong>res da colônia, deslocan<strong>do</strong>-se até as localidades de Rio Paciência eChapéu de Sol (Chrostowski, 1911). A intercalação entre datas de coleta deexemplares coleta<strong>do</strong>s nesses topônimos e <strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s em Vera Guarani,indica claramente que o naturalista empreendia excursões para asadjacências da área onde morava. É muito provável que procurasse porlocais distintos, com a finalidade de encontrar espécies de aves diferentesdas que dispunha em Vera Guarani.Nessa colônia existiam tanto florestas primárias ou pouco alteradas,conforme indica<strong>do</strong> pela presença de várias espécies de aves (e.g. Saltatormaxillosus, Campephilus robustus, Chiroxiphia caudata, Turdus albicollis,Xenops rutilans, Chamaeza campanisona, Heliobletus contaminatus eBatara cinerea), como campos e áreas degradadas <strong>do</strong> tipo capoeiras,pomares e jardins (como atestam os espécimes de Colaptes campestris,Zonotrichia capensis, Gnorimopsar chopi, Sicalis flaveola e Xolmiscinerea). O panorama completava-se com alguns hábitats aquáticos, talvezde beira-rio (presença de Phalacrocorax brasilianus, Me<strong>sem</strong>brinibiscayennensis e Hoploxypterus cayanus). CHROSTOWSKI, ainda, tinhadiscernimento <strong>do</strong>s exemplares que já figuravam em sua coleção, sen<strong>do</strong>pouco comuns os casos de repetição.


Além das já citadas incursões nos arre<strong>do</strong>res de Vera Guarani,organizou também uma viagem mais longa, dessa vez ao longo <strong>do</strong> Rio Ivaí.O ponto final desse percurso não é bem aceitável pelas informaçõesapresentadas por ele próprio (Chrostowski, 1911): um ponto distante 350km a nor-noroeste de Vera Guarani. A dúvida criada, deve-se àimprobabilidade de ter percorri<strong>do</strong> um trecho tão extenso em tempodemasia<strong>do</strong> exíguo para as dificuldades de uma incursão desse tipo (Straubee Urben-Filho, 2001). Retornou a Vera Guarani em fins de janeiro de 1911,onde permaneceu em atividade até outubro, mês de seu retorno à Polônia.Suas atividades ornitológicas, representadas por coletas, não forammuito significativas se confrontadas com o perío<strong>do</strong> em que residiu noParaná ou mesmo se comparadas com outros naturalistas contemporâneos.Nessa sua primeira expedição, que durou um ano e três meses,CHROSTOWSKI coletou apenas nem três centenas de exemplares de 100espécies e, em nenhuma data, obteve mais <strong>do</strong> que seis espécimes por dia,inclusive em regiões para as quais teria empreendi<strong>do</strong> expedições especiais.Embora pequeno, o acervo recolhi<strong>do</strong> <strong>inclui</strong> espécies até hoje consideradasinteressantes ao conhecimento ornitológico paranaense, comoHoploxypterus cayanus, Gallinago undulata, Accipiter superciliosus, Aramaracana, Piranga flava e Saltator maxillosus (Chrostowksi, 1912).Outro aspecto importante sobre a carreira de CHROSTOWSKI, é que onaturalista fôra um <strong>do</strong>s precursores de uma nova conscientização por parte<strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res em <strong>Ornitologia</strong>. A partir das primeiras décadas desteséculo, passou-se a rejeitar os méto<strong>do</strong>s tradicionais puramente descritivos demuitos pesquisa<strong>do</strong>res europeus; a nova mentalidade exigia uma observaçãodetalhada da bionomia e das relações das espécies com seu ambiente(M.Para<strong>do</strong>ska in Wachowicz, 1994). Isso é facilmente percebi<strong>do</strong> emdiversas de suas publicações (Chrostowski, 1911, 1921), bem como nasanotações de campo publicadas no catálogo de Jan Sztolcman (1926). Alisão comuns observações sobre os hábitos, ambientes em que ocorriam osindivíduos abati<strong>do</strong>s e, particularmente, comparações entre espéciesaparentadas ou as<strong>sem</strong>elhadas morfologicamente.Aparentemente, o que pode ser explica<strong>do</strong> pela excursão ao Rio Ivaí,CHROSTOWSKI estaria fazen<strong>do</strong> viagens de reconhecimento ao re<strong>do</strong>r (etambém bastante distantes) de Vera Guarani. Isso, seria a forma deconcretizar seu projeto para uma grande expedição ao Paraná, percorren<strong>do</strong>toda sua extensão, de leste a oeste, tal como concretizou dez anos depois.


TADEUSZ CHROSTOWSKI, 2º VIAGEM (1913-1914)A confirmação <strong>do</strong> que fôra apresenta<strong>do</strong> anteriormente, é a espera <strong>do</strong>naturalista polonês pelo seu retorno ao Paraná, tão logo chegou à Polônia.Naquele país, encontrou um emprego qualquer, <strong>sem</strong> correlação com a<strong>Ornitologia</strong>, trabalhan<strong>do</strong> eventualmente como voluntário no tradicionalMuseu Branicki, instituição criada pelos irmãos Constantin e AlexandreBranicki e depois absorvida pelo Museu de Varsóvia, em 1919 (Sztolcman,1921).Segun<strong>do</strong> Wachowicz (1994), seu desejo de voltar ao sul <strong>do</strong> Brasildependia da sensibilização de alguma instituição que financiasse seu projetocientífico. Ao mesmo tempo, “era-lhe muito difícil aceitar o fato de afamília Branicki não seguir mais os ideais <strong>do</strong>s antepassa<strong>do</strong>s. Relegaram oMuseu [de História] Natural da família a segun<strong>do</strong> plano e gastavam seudinheiro em festas, com ares de aristocratas em Paris” (Wachowicz, 1994).Por fim, foi <strong>do</strong> Zoologischen Staatssammlung München (Museu de Zoologiade Munique, Alemanha), por intermédio <strong>do</strong> afama<strong>do</strong> ornitólogo Charles E.Hellmayr que veio o apoio financeiro para a nova incursão. A proposta detrabalho visava o re-descobrimento de certas espécies típicas <strong>do</strong> planaltomeridional brasileiro e apenas conhecidas por exemplares únicos ou emduplicata (por exemplo Picumnus nebulosus, Leptasthenura setaria eL.striolata), obti<strong>do</strong>s por naturalistas antigos, como Auguste de Saint-Hilaire,Johann Natterer e Hermann von Ihering. Tais espécies, típicas das florestasfrias <strong>do</strong> planalto meridional brasileiro, eram ainda pouco representadas emcoleções, sen<strong>do</strong> que outros esforços no senti<strong>do</strong> de reencontrá-las chegaram aser movi<strong>do</strong>s por vários outros naturalistas, dentre eles o famoso ErnstGarbe, naturalista-viajante <strong>do</strong> Museu Paulista (Pinto, 1945). Dessa forma, asegunda expedição de Chrostowski, iniciada em mea<strong>do</strong>s de 1913, parece tersi<strong>do</strong> calcada nesse mesmo objetivo.Hellmayr costumava publicar sobre material coleta<strong>do</strong> pornaturalistas no Brasil e deposita<strong>do</strong>s em vários museus <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Entre1903 e 1910 foram várias as coleções estudadas, dentre elas as de AlphonseRobert e Ferdinand Schwanda.O percurso de Chrostowski englobou uma pequena região <strong>do</strong> centrolesteparanaense e teve a curtíssima duração de pouco mais de um ano. Fôra,na verdade, interrompida pela Primeira Grande Guerra, a qual, não apenasforçava a presença de Chrostowski na Europa como, principalmente,impossibilitou toda e qualquer comunicação com Hellmayr.Essa expedição, iniciada em mea<strong>do</strong>s de 1913, englobou uma pequena região<strong>do</strong> centro-leste paranaense e teve a curtíssima duração de pouco mais de umano. Fôra interrompida em decorrência da Primeira Grande Guerra e, por


ocorrência dela, cessaram as comunicações entre Hellmayr e CHROSTOWSKI.Na tentativa de retornar à Polônia, acabou incluí<strong>do</strong> ao exército tzarista, noqual permaneceu até 1917, quan<strong>do</strong> dele desertou, refugian<strong>do</strong>-se em SãoPetersburgo (Wachowicz, 1994). Naquela cidade, mesmo persegui<strong>do</strong> pelosbolchevistas e sen<strong>do</strong> força<strong>do</strong> a usar falsa identidade, estu<strong>do</strong>u o materialcolhi<strong>do</strong> pela expedição Langs<strong>do</strong>rff (Wachowicz, 1994).O itinerário desta sua segunda expedição ao Paraná não é linear,sen<strong>do</strong> mais coerente admitir que o viajante estabeleceu-se (após um pequenoperío<strong>do</strong> na Colônia Afonso Pena, hoje em São José <strong>do</strong>s Pinhais)inicialmente em Antônio Olinto, ten<strong>do</strong> a partir dali empreendi<strong>do</strong> váriasincursões para os arre<strong>do</strong>res, tal como sucedeu-se na primeira de suasexpedições. Nessa localidade, onde viveu por vários meses, teria organiza<strong>do</strong>dez excursões com 12 quilômetros cada uma (Wachowicz, 1994), dentreelas a cidade de Rio Negro e a confluência <strong>do</strong> Rio Negro com o Rio Iguaçu(hoje em São Mateus <strong>do</strong> Sul).Não é possível, <strong>sem</strong> uma análise detalhada <strong>do</strong>s espécimes erespectivas datas de coleta, uma reconstrução de sua jornada ao Paraná.Apesar desse problema, três localidades são integralmente referendadas pelopróprio CHROSTOWSKI no breve gazetteer de um artigo subsequente(Chrostowski, 1921): “Affonso Penna”, “Sâo Lourenço” e “AntonioOlyntho”; uma quarta, que nele faltou (“Terra Vermelha”), aparece melhorlocalizada como localidade-tipo de Nonnula hellmayri, espécie tida comonova. Não consta, ainda, a localidade de Curitiba, a qual teria também si<strong>do</strong>visitada (Jaczewski, 1924; Sztolcman, 1926).É interessante notar, que essa região em que CHROSTOWSKItrabalhou, coincidiu geografica e cronologicamente com o perío<strong>do</strong> maissangrento da “Revolta <strong>do</strong> Contesta<strong>do</strong>”, uma das maiores guerras civis jápresenciadas no Brasil. Essa insurreição, surgida de uma série de disputasterritoriais, teve origem relacionada com a colonização estrangeira <strong>do</strong> sul<strong>do</strong> Brasil e com um panorama social precário, repetição sulina <strong>do</strong>coronelismo e da reação ao apoio governamental à instalação demultinacionais, especialmente inglesas (Santa Catarina, 1987). Algumaslocalidades de coleta visitadas por CHROSTOWSKI, eram efetivamentepontos-chave de resistência <strong>do</strong>s revoltosos, dentre as quais “Rio Paciência”e “Poço Preto” (o enigmático e mal-localiza<strong>do</strong> topônimo visita<strong>do</strong> por EMILKAEMPFER, vide), ambas atualmente em Santa Catarina (Carvalho, 1914).Do material obti<strong>do</strong> por Chrostowski na segunda viagem, pouco pôdeser apura<strong>do</strong> que não a abstração de seu destino. Uma parte encontra-se defato no Museu de Varsóvia, mas é possível que hajam espécimes emMunique. É certo, entretanto, que não há um espécime sequer coleta<strong>do</strong> por


Chrostowski no Field Museum of Natural History de Chicago (D.Willard,2001 com.pess.), instituição que absorveu Charles Hellmayr em setembro de1922 (Zimmer, 1944). Tal como <strong>do</strong>cumenta<strong>do</strong> por T.Jaczewski (1924), oapoio ofereci<strong>do</strong> por Hellmayr previa, em troca, a cessão de duplicatas,deixan<strong>do</strong> claro, portanto, que a maioria <strong>do</strong>s espécimes tives<strong>sem</strong> si<strong>do</strong>destina<strong>do</strong>s mesmo para Varsóvia.Sobre as espécies obtidas, pode-se admitir que alguns táxonscoleciona<strong>do</strong>s (e.g. Leptasthenura setaria, Clibanornis dendrocolaptoides,Saltator maxillosus e Picumnus nebulosus), e estuda<strong>do</strong>s com minúcias porChrostowski (1921), podem permanecer até os dias de hoje escassos emcoleções zoológicas de to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, amplifican<strong>do</strong> o valor dessacontribuição da segunda expedição ao Paraná.TADEUSZ CHROSTOWSKI, 3º VIAGEM (1921-1924)São vários os motivos, além <strong>do</strong> grande interesse pela avifauna sulbrasileira,que estimularam CHROSTOWSKI a realizar a sua terceiraexpedição ao Paraná, certamente a maior e mais longa viagem ornitológicajá realizada ao Esta<strong>do</strong> em to<strong>do</strong>s os tempos.Embora isola<strong>do</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> científico pelas condições políticas deuma Polônia espoliada e partilhada pela Rússia, Prússia e Áustria,CHROSTOWSKI mantinha contato estreito com pesquisa<strong>do</strong>res de renome na<strong>Ornitologia</strong> contemporânea, destacan<strong>do</strong>-se Hermann von Ihering e EmilieSnethlage, bem como Ernst Hartert <strong>do</strong> Museu Britânico e, principalmente,Charles E.Hellmayr. Além disso, seu conhecimento prévio da fauna e floraparanaense aguçava-lhe a expectativa de uma grande viagem ao Paraná,mesmo enquanto, pelos i<strong>do</strong>s de 1918, estudava minuciosamente o materialtiponeotropical (esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Rio de Janeiro e Minas Gerais e República <strong>do</strong>Chile) da Expedição Langs<strong>do</strong>rff, deposita<strong>do</strong> no Museu Zoológico daAcademia Russa de Ciências, em São Petersburgo (Chrostowski, 1921b).A situação financeira da Polônia, tal como vários outros paísescentro-europeus, encontrava-se muito deteriorada. Sua soberania nacionalencontrava-se seriamente contestada por países mais ricos, como aAlemanha, que a considerava um país artificial, produto de uma EntenteKleinstaat (entendimento de Esta<strong>do</strong>s) (Lepecki, 1962). Desse tipo dementalidade preconceituosa, inclusive, surgiram críticas à expedição, sobreas quais chegou-se a fantasiar interesses secretos da Polônia, uma vez que,“de pesquisa biológica o Brasil não precisava mais, pois já estavasuficientemente estuda<strong>do</strong> por cientistas alemães e de outras nacionalidades”(Lepecki, 1962 traduzida por Wachowicz, 1994).


Com a restauração <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> polonês, em 1919, a reformulação <strong>do</strong>Museu de Varsóvia por força de decretos federais foi decisiva, com oestabelecimento <strong>do</strong> Departamento de Zoologia junto ao Museu Nacional deHistória Natural. Assim, maior parte das coleções <strong>do</strong> Gabinete de Zoologiada Universidade de Varsóvia, bem como a biblioteca <strong>do</strong> famoso MuseuBranicki passaram a integrar o acervo, basicamente por iniciativa de JanuszW. Domaniewski, Benedykt T.Dybowski e Michal Marian Siedlecki(Sztolcman, 1921; Kazubski, 1996).A partir de 1919 (e até 1939), o museu polonês organizou numerosasexpedições científicas para localidades bastante distantes como o México,Egito, Madagascar e, ainda como parte de cruzeiros marítimos ao longo <strong>do</strong>Oceano Atlântico (Kazubski, 1996).Foi após cansativas preparações ocorridas durante o ano de 1921,que Chrostowski conseguiu organizar a viagem que teria si<strong>do</strong>, por muitotempo, seu principal objetivo de trabalho. Ele já era, naquele tempo, oresponsável pela seção de aves neotropicais <strong>do</strong> Museu. Essa posição,associada à persistência de seus executores e à interferência de umpatriotismo fervoroso, serviu decisivamente para viabilizar aquela que seriaa primeira missão científica a regiões tropicais desde a independência daPolônia.Os fun<strong>do</strong>s para tanto, custea<strong>do</strong>s em parte pelo governo polonês,foram completa<strong>do</strong>s pelo próprio Chrostowski e por iniciativa de colegas <strong>do</strong>Museu Polonês, interessa<strong>do</strong>s no sucesso da empreitada. Não à toa, <strong>inclui</strong>useao objetivo geral da viagem, a obtenção de amostras de vários outrosorganismos, como insetos, moluscos, miriápo<strong>do</strong>s e en<strong>do</strong>parasitas(Jaczewski, 1925): os pesquisa<strong>do</strong>res poloneses mostravam níti<strong>do</strong> interesseem ter acesso a material <strong>do</strong> sul <strong>do</strong> Brasil para seus estu<strong>do</strong>s.Não obstante diversas dificuldades, iniciou-se enfim, a terceiraexpedição de CHROSTOWSKI, contan<strong>do</strong> com a colaboração de seus <strong>do</strong>isauxiliares, Stanilaw Borecki e Tadeusz Jaczewski, partin<strong>do</strong> de Varsóvia em4 de dezembro de 1921. Chegaram no Brasil em Salva<strong>do</strong>r (“Bahia”),seguin<strong>do</strong> para o “Rio de Janeiro” de onde, após as necessárias preparações,tomaram o trem até “Marechal Mallet” (hoje Mallet) uma cidade <strong>do</strong> sudeste<strong>do</strong> Paraná.Esse pequeno núcleo municipal, importante centro da colonizaçãopolonesa no sul <strong>do</strong> Brasil seria, a partir de 2 de fevereiro <strong>do</strong> ano seguinte,localidade de coleta de vários espécimes que marcaram o início daexpedição. Fôra também o ponto inicial de uma impressionante jornada pelointerior paranaense, estendida por três anos ininterruptos, durante os quaisforam visitadas quase meia centena de localidades visitadas.


A viagem, que somou quase 1 500 quilômetros de percurso fluvial eterrestre, gerou um acervo com quase 260 espécies e subespécies de aves,tem si<strong>do</strong> considerada a mais importante atividade de coleta de aves noParaná deste século, granjean<strong>do</strong> a CHROSTOWSKI o mereci<strong>do</strong> título depatrono da <strong>Ornitologia</strong> paranaense (Straube, 1993d). Dentre o materialobti<strong>do</strong>, que constitui uma cifra impressionante não apenas pela qualidadecomo pela representatividade, pode-se destacar algumas espécies,reconhecidamente interessantes à <strong>Ornitologia</strong> <strong>do</strong> Paraná e de to<strong>do</strong> o Brasil.Enquadra-se, por exemplo, a jacutinga (Pipile jacutinga) que já naquelaépoca começava a escassear, inclusive em regiões onde fôra especialmenteabundante como o vale <strong>do</strong> Rio Ivaí.Igualmente preciosas são as menções a Geotrygon violacea,Accipiter superciliosus, Jacamaralcyon tridactyla, Leptasthenura striolata,Ramphotrigon megacephala, Tyranniscus burmeisteri, Onychorhynchusswainsoni, Phibalura flavirostris, Anthus nattereri, Psarocolius decumanuse Scaphidura oryzivora que consistem nas únicas (ou dentre poucas)indicações de ocorrência em to<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong> (Scherer-Neto e Straube, 1995) eTigrisoma fasciatum, Mergus octosetaceus, Spizaetus ornatus, Amazonavinacea, Picumnus nebulosus, Clibanornis dendrocolaptoides,Phylloscartes paulista, Piprites pileatus, Polioptila lactea e Saltatormaxillosus, espécies raras ou pouco conhecidas em to<strong>do</strong> o território nacional(Sick, 1997).Atualmente, pouquíssimo pôde ser levanta<strong>do</strong> sobre as condições <strong>do</strong>material ornitológico e mesmo zoo-botânico, etnográfico e mineralógico <strong>do</strong>trabalho <strong>do</strong>s naturalistas poloneses no Paraná. Maior parte <strong>do</strong>s espécimesornitológicos encontra-se estacionária, <strong>sem</strong> uso ou estu<strong>do</strong> e mantidaprovisoriamente meio ao volumoso acervo neotropical <strong>do</strong> Museu e Institutode Zoologia da Academia Polonesa de Ciências (ou Museu Polonês deHistória Natural de Varsóvia, designação usada até a década de 20)(M.Luniak per Z.Bochenski, 1990 in litt.).Deve-se, entretanto, considerar heróico o esforço de muitos <strong>do</strong>spesquisa<strong>do</strong>res da instituição (particularmente Tadeusz Jaczewski, StanislawAdamczewski e Stanislaw Feliksiak), que puderam proteger ou, em algunscasos (como <strong>do</strong> material entomológico depois da Segunda Grande Guerra)reconstruir o acervo científico e expositivo deste museu que data de 1819. Éfato conheci<strong>do</strong> que durante a ocupação alemã da Polônia, exatamente entre8 e 9 de novembro de 1939, oficiais da SS invadiram o Museu de Varsóvia,saquearam espécimes zoológicos seleciona<strong>do</strong>s, assim como vários volumesda biblioteca e equipamentos varia<strong>do</strong>s (Kazubski, 1996). Na realidade,embora o governo alemão não apresentasse qualquer interesse no material


deposita<strong>do</strong> no Museu até mea<strong>do</strong>s da década de 40, passou a considerá-loalvo estratégico, atean<strong>do</strong>-lhe fogo por volta de agosto de 1944. Isso ocorreucomo retaliação às atividades de resistência de diversos pesquisa<strong>do</strong>res dainstituição, ativos <strong>do</strong> movimento de resistência polonês, que chegaram aarmazenar armamentos e explosivos no interior da instituição (Kazubski,1996).Assim, fica factível esperar que parte <strong>do</strong> material obti<strong>do</strong> no Paranápoderia encontrar-se atualmente, e na melhor das hipóteses, em algummuseu alemão ou mesmo em outro país europeu. Tais hipóteses, contu<strong>do</strong>,poderão apenas ser confirmadas - e o enigma elucida<strong>do</strong> - quan<strong>do</strong> forpossível uma nova revisão <strong>do</strong> magnífico lega<strong>do</strong> de Chrostowski em váriosmuseus da Europa e mesmo <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América, pesquisa estaaguardada desde a publicação de Sztolcman, em 1926.O acervo manti<strong>do</strong> em Varsóvia, por sua vez, embora não perfeita eadequadamente conserva<strong>do</strong>, está guarda<strong>do</strong> em uma construção a 30 km deVarsóvia, na cidade de Łomna, <strong>sem</strong> nenhum pesquisa<strong>do</strong>r responsável.Consiste de uma cifra ainda maior <strong>do</strong> que esperávamos; trata-se, a coleçãoChrostowski ali mantida, de 1597 exemplares, de 387 espécies esubespécies, coleta<strong>do</strong>s entre 1910 e 1923 (M.Luniak, 2001 in litt.). Omaterial recolhi<strong>do</strong> pelos abnega<strong>do</strong>s naturalistas no Paraná, teria si<strong>do</strong> aindamaior e mais valioso, não fosse o fato de to<strong>do</strong>s os integrantes da viagemterem contraí<strong>do</strong> malária, quan<strong>do</strong> tentavam finalizar a expedição in<strong>do</strong> de Foz<strong>do</strong> Iguaçu a Guarapuava. A moléstia complicou-se seriamente emCHROSTOWSKI, evoluin<strong>do</strong> em uma pneumonia aguda, o que lhe custou avida, na data de 4 de abril de 1923. Foi enterra<strong>do</strong> no interior da mata, àsmargens <strong>do</strong> Rio Benjamin Constant, no município de Matelândia, nasproximidadades da atual Estrada <strong>do</strong> Colono. Por coincidência, 16 anos maistarde criar-se-ia, nesse mesmo local, o Parque Nacional <strong>do</strong> Iguaçu, com oobjetivo de preservar um <strong>do</strong>s maiores patrimônios naturais e cênicos <strong>do</strong>Brasil.Seu jazigo, originalmente humilde como foram seus próprioshábitos, recebeu em 1934, um monumento em pedra, encima<strong>do</strong> por umacruz de cedro, como homenagem da comunidade polono-brasileira(Wachowicz, 1994); anos depois, foi transferi<strong>do</strong> para o interior da mata,protegi<strong>do</strong> contra o vandalismo (M.Bittencourt e A.Lara, com.pess.).O resulta<strong>do</strong> das expedições polonesas, valeu-nos quase uma dezenade publicações referentes ao material coleta<strong>do</strong>, não apenas sobre aves mastambém miriápo<strong>do</strong>s, moluscos e insetos, especialidade maior de Jaczewski(Chrostowski, 1921; Jaczewski, 1924 e 1925; Domaniewski, 1925, 1929;


Sztolcman e Domaniewski, 1927), bem como plantas, rochas e artefatosetnográficos.Deve-se ao também polonês Jan Sztolcman, o único catálogodisponível sobre o material ornitológico coleta<strong>do</strong> pela Expedição Polonesade 1921-1924 (Sztolcman, 1926a), <strong>inclui</strong>n<strong>do</strong> números e localidades deespécimes, bem como anotações de campo adicionais, originadas dasobservações de CHROSTOWSKI. Embora considerada obra de consultaobrigatória em estu<strong>do</strong>s ornitológicos paranaenses, esse trabalho merecerevisão, não apenas das identificações como <strong>do</strong>s pretensos novos táxons porele propostos. Há, por exemplo, vários casos de determinações específicaspostas em dúvida pelo próprio autor ou incoerentes no senti<strong>do</strong>biogeográfico, como no caso de Ardea herodias, espécie típica da AméricaCentral e <strong>do</strong> Norte e vários outros (e.g. Micrastur gilvicollis, Buteoswainsoni). Além disso, <strong>do</strong>s 25 táxons descritos nessa publicação, nenhum éaceito atualmente, embora uma reavaliação minuciosa <strong>do</strong> material-tipo sejanecessária para uma posição mais definitiva.É de se lastimar que até hoje não se tenha presta<strong>do</strong> o devi<strong>do</strong>reconhecimento a toda essa produção zoológica, já que as mesmaspermanecem ignoradas em quase to<strong>do</strong>s os levantamentos históricos da<strong>Ornitologia</strong> no Brasil; foi apenas a partir de mea<strong>do</strong>s desta década, quecomeçaram a ser cita<strong>do</strong>s em alguns compêndios (Nomura, 1995; Sick,1997).Para maiores detalhes sobre as expedições, localidades de coleta einclusive aspectos biográficos <strong>do</strong>s naturalistas poloneses no Paraná veja-seJaczewski (1923, 1925), Sztolcman (1926a), Domaniewski (1925), Borzek eChwalczewski (1937), Brzek (1959), Rokuski (1976), Sucho<strong>do</strong>lski (1963),Straube (1990d, 1993b, 1993c), Urbanski (1991), Slabczyncy e Slabczynscy(1992), Czopek (1994), Wachowicz (1994), Petrozolin-Skowronska (1995),Nomura (1995) e Straube e Urben-Filho (2001).Uma revisão minuciosa e atualizada da localização geográfica dessestopônimos encontra-se em preparação (Straube e Urben-Filho, em prep.) etem indica<strong>do</strong> que várias localidades <strong>do</strong> centro-sul <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> forammencionadas como referência aos proprietários e, portanto, inexistem emmapas oficiais. Outro detalhe importante diz respeito à alteração de algunsnomes geográficos, inclusive aqueles situa<strong>do</strong>s nas margens de rios comgrande potencial hidrelétrico (e.g. Rio Jordão), alguns deles jácompletamente descaracteriza<strong>do</strong>s ou submersos por obras para geração deenergia.Apesar de muitos topônimos terem suas localizações “corrigidas”por alguns autores, é de se salientar que em alguns casos o equívocos ou


incertezas foram amplifica<strong>do</strong>s. É o caso, por exemplo, de “Coupim”corrigi<strong>do</strong> por Vanzolini (1992) para “Chopinzinho”, mas que se trata, naverdade, de um bairro antigo <strong>do</strong> município de Imbituva, distancia<strong>do</strong> quase200 quilômetros da atualização conferida por esse autor.Certas situações, merece<strong>do</strong>ras de reparos <strong>do</strong>cumenta<strong>do</strong>s merecemênfase, não tanto para grafias incorretas (e.g. “Faz. Duraki”, ao invés deFazenda Durski), mas principalmente para grafias difíceis de seremcorrigidas (e.g. Cará Pintada, alusão ao peixe, no feminino, versus CaraPintada, alusão às faces <strong>do</strong> rosto <strong>do</strong>s índios) (F.Straube e M.Miretzki,inédito).Cabe lembrar, que a maioria dessas localidades foi visitada em váriasde nossas viagens ornitológicas paranaenses e, em algumas situações,tiveram sua avifauna relativamente bem amostrada, também por autorescontemporâneos (e.g. Straube et al., 1987; Anjos e Seger, 1988; Pichorim eBóçon, 1996; Straube e Bornschein, 1995, mas também P.Scherer-Neto,R.Krul, V.Moraes, J.Mähler-Jr., A.Urben-Filho, <strong>inclui</strong>n<strong>do</strong> razoável série deespécimes, deposita<strong>do</strong>s no Museu de História Natural Capão da Imbuia deCuritiba).O itinerário percorri<strong>do</strong>, pode ser resumi<strong>do</strong> em seis partes, definidaspela fitofisionomia e características fisiográficas regionais e pelas atividadesde coleta ornitológica: 1º parte: propriedades rurais de imigrantes polonesesna região centro-sudeste até as nascentes <strong>do</strong> Rio Ivaí, na localidade deTereza Cristina onde inicia a transição fitogeográfica com as florestasestacionais; 2º parte: vale <strong>do</strong> Rio Ivaí até aproximadamente a Corredeira <strong>do</strong>Ferro, onde pre<strong>do</strong>mina a floresta estacional <strong>sem</strong>idecidual <strong>do</strong> planaltoparanaense; 3º parte: dessa cachoeira ate a foz <strong>do</strong> Rio Ivaí cuja paisagem,assentada sobre o Arenito Caiuá, modifica-se gradativamente até atingir afisionomia de uma mata mais seca, com eventuais representações de várzease campos de inundação; 4º parte: vale <strong>do</strong> Rio Paraná desde a latitude 24ºS,aproximadamente coincidente com o Trópico de Capricórnio até a foz <strong>do</strong>Rio Iguaçu, margea<strong>do</strong> por florestas estacionais e brejos sazonais; 5º parte:região onde atualmente situa-se o Parque Nacional <strong>do</strong> Iguaçu, desde acidade de Foz <strong>do</strong> Iguaçu até a localidade de Pinheirinho, local defalecimento de Chrostowski e onde a expedição praticamente cessou ascoletas de aves; 6º parte: travessia de oeste a leste de to<strong>do</strong> o territórioparanaense, deixan<strong>do</strong> a floresta estacional típica <strong>do</strong> Parque Nacional <strong>do</strong>Iguaçu e passan<strong>do</strong> por vários tipos vegetacionais, desde o planalto (matas dearaucária e campos) até a Serra <strong>do</strong> Mar (mata atlântica serrana) e a porção<strong>do</strong> litoral (mata atlântica da planície quaternária). Aspectos maisdetalha<strong>do</strong>s sobre essas regiões e sua vegetação podem ser obti<strong>do</strong>s em Keller


e Keller (1933), Maack (1941, 1968), Braga (1962), Straube (1998b), bemcomo nas suscintas descrições fitofisionômicas de Jaczewski (1925) eSztolcman (1926).MARIA ELIZABETH EMILIE SNETHLAGE (1928)Em fins da década de 20, EMILIE SNETHLAGE, uma das maisimportantes figuras na <strong>Ornitologia</strong> brasileira, visitou o Paraná em duaspassagens. A primeira <strong>inclui</strong>u a região da Serra da Graciosa, na Serra <strong>do</strong>Mar e a segunda, as adjacências da cidade de Foz <strong>do</strong> Iguaçu.SNETHLAGE cumpriu, neste Esta<strong>do</strong>, parte <strong>do</strong> caminho de sua maisimportante expedição em solo brasileiro: visitou a localidade chamadaCorvo, na Serra da Graciosa (abril a maio de 1928), seguin<strong>do</strong> depois parasul até o extremo su<strong>do</strong>este <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul. Seguin<strong>do</strong> viagem, esteveno oeste de Santa Catarina (Porto Feliz, na margem direita <strong>do</strong> Rio Uruguai,hoje Mondaí) e em Posadas, na Argentina, para então, após cinco meses,chegar à outra localidade parananese da peregrinação: Foz <strong>do</strong> Iguaçu(outubro a novembro de 1928). De lá, no final de 1928, rumou para o MatoGrosso <strong>do</strong> Sul, dan<strong>do</strong> continuidade a uma vasta peregrinação pelo BrasilCentral (Cunha,1989).Seu material foi deposita<strong>do</strong> no Museu Nacional <strong>do</strong> Rio de Janeiro e,em pequena parte, cataloga<strong>do</strong> por ela própria em uma edição post mortem(Snethlage, 1936). Do Paraná, sabe-se que obteve especialmente pássarospequenos, especialmente Furnariidae e Formicariidae. Pode-se afirmar, comtoda certeza, que SNETHLAGE teve uma boa surpresa com a avifauna serranaparanaense, encontran<strong>do</strong> em Corvo alguns táxons pouco representa<strong>do</strong>s emcoleções, dentre eles Stephanoxis loddigesi, Picumnus nebulosus,Lepi<strong>do</strong>colaptes falcinellus, Campyloramphus falcularius, Cichlocolaptesleucophrus, Merulaxis ater, Onychorhynchus swainsoni e Hemitriccusobsoletus, alguns desses ainda inexistentes naquele acervo. Dentre omaterial coleciona<strong>do</strong> no Corvo está, por exemplo, o furnarída Anabacerthiaamaurotis, que fomos descobrir como ocorrente no Esta<strong>do</strong>, muito tempodepois (Scherer-Neto e Straube, 1995). Em Santa Catarina, fez uma pequenasérie de Leptasthenura setaria, espécie endêmica das matas de araucáriaonde poucos naturalistas estiveram e que faltava nas coleções <strong>do</strong> MuseuNacional.SNETHLAGE não teve existência marcante apenas para a <strong>Ornitologia</strong>,mas também participou de atividades patrióticas e de defesa de classe. Aexemplo de Marie Sklo<strong>do</strong>wska Curie e Sophia Kovalewski, expoentes daciência européia em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>, impôs-se bravamente no


movimento feminista, surgin<strong>do</strong> como uma das primeiras mulheres (ao la<strong>do</strong>da bióloga Bertha Lutz) a ter participação ativa na política e administraçãopública no Brasil. Um exemplo disso foi sua contratação pioneira para umcargo de nível superior no Museu Paraense Emílio Goeldi, instituição naqual, posteriormente, assumiu o cargo de diretora (Cunha, 1989).Suas longas peregrinações a lugares absolutamente inóspitos daAmazônia eram consideradas, naquela época, uma tarefa extremamenteárdua para uma mulher e, na realidade, tinha convicção de que estavafazen<strong>do</strong> "trabalho de um homem" (vide Sick, 1997). De fato, em um cartãopostal por ela envia<strong>do</strong> ao naturalista curitibano Gui<strong>do</strong> Straube (1914) queselava um intercâmbio de publicações, teria assina<strong>do</strong> no fim da missiva "Dr.E.Snethlage, diretor interino [<strong>do</strong> Museu Goeldi]".De comportamento singular, SNETHLAGE chamava atenção pelaindividualidade e rudeza, para<strong>do</strong>xalmente dividida com a amabilidade e suavestimenta: os longos vesti<strong>do</strong>s, usa<strong>do</strong>s mesmo quan<strong>do</strong> em campanha, emperseguição aos pássaros para seus estu<strong>do</strong>s. Seu perfil foi mais ou menossintetiza<strong>do</strong> por R.Moraes, em 1938 (Cunha, 1989): “Quanto à naturalista,valia por um atesta<strong>do</strong> de altas qualidades germânicas. Se não era formosa,possuía no entanto uma graça e uma simpatia que a tornavam envolvente,além de fina inteligência, <strong>do</strong> trato ameno e da coragem que a sobrepunha,em qualquer momento, ao tipo comum da mulher. Possuía além disso umgolpe de vista psicológico seguro sobre as pessoas, de maneira asurpreender pela máscara humana, os refolhos da alma”.EDWIN STEIGER (1929)A clássica localidade de "Candi<strong>do</strong> de Abreu", percorrida por váriosviajantes especialmente T.CHROSTOWSKI (vide) foi, no ano de 1929, a áreade trabalho de EDWIN STEIGER que coligiu espécimens hoje deposita<strong>do</strong>s noField Museum of Natural History de Chicago, EUA (D.Willard, in litt.,2001). A julgar por sua coleção, pode-se supor que STEIGER não eradedica<strong>do</strong> à <strong>Ornitologia</strong>, ten<strong>do</strong>-se em vista o pequeno número de espécimesobti<strong>do</strong>s, cujas espécies parecem ter si<strong>do</strong> colecionadas mais por um caráterilustrativo <strong>do</strong> que abrangente da comunidade ornitológica local. Onaturalista obteve 32 espécimes nessa localidade, dentre quase um mês (28de outubro a 30 de novembro de 1929), incluídas as peles oriundas de"Apucarana" (Dryocopus lineatus, FMNH-69230) e "Ponta Grossa"(Knipolegus lophotes, FMNH-69232 e Speotyto cunicularia FMNH-69231),essas talvez colhidas durante viagens para os arre<strong>do</strong>res.


Entretanto, dentre o acervo, pode-se destacar alguns táxons degrande interesse no conhecimento da avifauna paranaense, destacan<strong>do</strong>-seAmazona vinacea, Ara maracana, Aratinga auricapilla e principalmenteDryocopus galeatus e Psarocolius decumanus.STEIGER, levan<strong>do</strong>-se em conta as espécies capturadas, usava arma decalibre médio a grosso, uma vez que não abateu nenhuma espécie depequeno porte. Usava, talvez, sua arma mais para a caça de subsistência,abaten<strong>do</strong> eventualmente espécimes para estu<strong>do</strong>, com maior interesse nospsitacídeos (5 espécies) e picídeos (4 espécies), representantes esses dasaves ditas de "couro grosso" e, portanto, de taxidermia mais fácil egarantida. Não descartamos, ainda, que tenha ti<strong>do</strong> alguma relação com onaturalista polonês ARKADY FIEDLER (vide), haja vista a incrívelcoincidência cronológica e de locais amostra<strong>do</strong>s.Também são desse coletor, as peles da localidade de "Rio Baile", emquase todas as fontes atribuídas ao Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul (videPaynter e Traylor, 1991), mas que devem ser transferidas para o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>Paraná. Rio Baile é uma vila situada nos arre<strong>do</strong>res da sede municipal deCândi<strong>do</strong> de Abreu. A pequena coleção desta localidade, também emChicago, consta de apenas oito espécimes de seis espécies (entre as datas de27 de outubro e 26 de novembro de 1929), com destaque para Amazonavinacea e Aratinga auricapilla (D.Willard, in litt. , 2001).ARKADY FIEDLER (1928-1929)Consta haver ocorri<strong>do</strong>, no ano de 1929, uma expedição para as"regiões oestes <strong>do</strong> Paraná", por intermédio <strong>do</strong> cronista e naturalista polonêsARKADY FIEDLER. Ele teria leva<strong>do</strong> várias caixas de aves, mamíferos erépteis para o Museu de História Natural de Poznan, com o en<strong>do</strong>sso <strong>do</strong>então diretor <strong>do</strong> Museu Paranaense, Rubens Assumpção (MuseuParanaense, 1929: no <strong>do</strong>cumento original, consta Adam Fiedler, por certoum equívoco). Segun<strong>do</strong> consta, Fiedler teria vin<strong>do</strong> ao Paraná "...paracontinuar as pesquisas ornitológicas <strong>do</strong> Dr.Chrostowski, interrompidas pelamorte desse naturalista" (Kawka, 2000). FIEDLER, de fato, teria outrasligações com Chrostowski. Seu pai, Antonio, tinha uma gráfica, na qual foiimpresso o livro Parana: wspomnienia z pdrózy w roku 1914 (Memórias daexpedição ao Paraná em 1914) (Chrostowski, 1922), que relata, dentreoutros aspectos, as aventuras <strong>do</strong> naturalista polonês nas matas paranaenses,<strong>inclui</strong>n<strong>do</strong> observações ornitológicas de cunho popular (v. T.Chrostowski). Aleitura de livros como esse teria desperta<strong>do</strong> sua vocação científica eornitológica. FIEDLER ficou muito conheci<strong>do</strong> na Polônia, por seus mais de


300 artigos e livros de relatos, conten<strong>do</strong> descrições de viagens por to<strong>do</strong> omun<strong>do</strong> (Wachowicz e Malczewski, 2000).Sua permanência no Paraná, contu<strong>do</strong>, é apenas confirmada para achamada Colônia Cândi<strong>do</strong> de Abreu (v. Chrostowski e Steiger), onde teriafeito amizade com um imigrante chama<strong>do</strong> Tomas Pazio. Basea<strong>do</strong> nas suasobservações neste local, teria publica<strong>do</strong> <strong>do</strong>is livros, ambos de divulgação,tratan<strong>do</strong> da fauna regional: "Bichos, moi brazylijscy przyjaciele" (Bichos:meus amigos brasileiros, 1931) e <strong>do</strong>s indígenas: "Wsrod indian Koroadów"(Entre os índios Coroa<strong>do</strong>s, 1932). Segun<strong>do</strong> consta, sua coleção teria soma<strong>do</strong>oito mil exemplares da fauna paranaense, <strong>do</strong>s quais 1150 aves, 4000lepidópteros e 2000 coleópteros que acabaram destina<strong>do</strong>s ao Museu deHistória Natural de Poznan (Wachowicz e Malczewski, 2000).EMIL KAEMPFER (1930)A viagem <strong>do</strong> alemão EMIL KAEMPFER e sua esposa, foi uma das maisprodutivas já realizadas ao Brasil neste século. Entre os anos de 1926 e1931, o naturalista contrata<strong>do</strong> pela ornitóloga Elsie Naumburg <strong>do</strong> AmericanMuseum of Natural History de Nova York (EUA), obteve quase 10 000espécimes em várias regiões <strong>do</strong> nordeste, sudeste e sul <strong>do</strong> Brasil eadjacências da República <strong>do</strong> Paraguai, inclusive o Chaco (Naumburg, 1935).Entre fevereiro e junho de 1930, dedicou-se às atividades de coletaornitológica em território paranaense, deslocan<strong>do</strong>-se pelas matas de encostae de altitude da Serra <strong>do</strong> Mar até os planaltos com matas de araucária <strong>do</strong>vale <strong>do</strong> Rio Iguaçu e estacionais da região de Foz <strong>do</strong> Iguaçu.Embora inclua topônimos facilmente localizáveis em cartasgeográficas, o itinerário de KAEMPFER não é <strong>do</strong>s mais fáceis de seremreconstituí<strong>do</strong>s. A indicação das localidades de coleta e topônimos dereferência, apresentada por Naumburg (1935) suscitam algumas dúvidas noque diz respeito ao trajeto e tempo gasto para percorrê-lo. Há, por exemplo,algumas datações muito próximas para os distantes esta<strong>do</strong>s de SantaCatarina e Espírito Santo ou Minas Gerais. Estan<strong>do</strong> acompanha<strong>do</strong> por suaesposa, é admissível que tenham ambos, em algum lugar, se separa<strong>do</strong>,manten<strong>do</strong>-se a obter espécimes simultaneamente.Embora tal procedimento seja relativamente aceitável, prefere-se umoutro, adicional. Segun<strong>do</strong> relatos de mora<strong>do</strong>res antigos da região <strong>do</strong> SaltoPiraí, Santa Catarina (onde esteve em maio e junho de 1929), KAEMPFER esua esposa costumavam remunerar filhos de mora<strong>do</strong>res locais para abaterpássaros, enquanto encarregavam-se <strong>do</strong> penoso trabalho de taxidermia


(M.Da-Ré, 1991 inf.pess.). A esse fato, ou ambos, poder-se-ia atribuir acausa de tais discordâncias cronológicas.Na realidade, certas partes <strong>do</strong> seu itinerário são mesmo enigmáticas.Ao invés de rumar diretamente ao sul, pelo litoral de Santa Catarina paradepois retornar pelo planalto <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul a fim de atingir o MatoGrosso <strong>do</strong> Sul e Paraguai, optou por caminho diferente. Preferiu, ao chegarao Paraná (certamente por navio, proveniente de Vitória, Espírito Santo ede<strong>sem</strong>barcan<strong>do</strong> em Paranaguá) (fevereiro de 1930), cruzá-lo de leste a oeste,desde a Serra <strong>do</strong> Mar até o vale <strong>do</strong> Rio Paraná de onde seguiu para asadjacências sul-matogrossenses (junho de 1930). Supõe-se que, uma vezda<strong>do</strong> ao Porto de Paranaguá, subiu a serra pela centenária Estrada daGraciosa, até chegar ao ponto de maior altitude dessa ro<strong>do</strong>via, na Serra daGraciosa, hospedan<strong>do</strong>-se na localidade chamada Corvo, essa, por sinal, umade suas estações de coleta. Ali teria, por certo, aproveita<strong>do</strong> para coletarespécimes nos mais varia<strong>do</strong>s gradientes altitudinais, uma vez que alocalização desse topônimo está estrategicamente no divisor de águas entreas bacias hidrográficas <strong>do</strong> Atlântico e <strong>do</strong> Iguaçu, permitin<strong>do</strong> também oacesso a regiões altas com florestas alto-montanas e campos de altitude dasmontanhas denominadas Morro Sete e Caranguejeira (F.Straube, obs.pess.).Pouco mais de duas <strong>sem</strong>anas permaneceu na região, ruman<strong>do</strong> então para opróximo local: Fazenda Monte Alegre, hoje no município de TelêmacoBorba (nas proximidades da sede municipal), tradicional ponto de parada,visita<strong>do</strong> inclusive por ERNST GARBE, 16 anos antes (vide E.Garbe). Para láchegou, ao que parece, primeiro por via ro<strong>do</strong>viária até Castro e Tibagi,depois seguin<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong> Rio Tibagi até a citada fazenda.Embora o transporte ferroviário estivesse em francodesenvolvimento no Paraná da época, supor o seu deslocamento por trem éinadmissível, haja vista que o ramal que faz o acesso a Harmonia (atualdenominação da Fazenda Monte Alegre) foi concluí<strong>do</strong> apenas em 1957(RFFSA, 1985). O mesmo não se pode afirmar para a continuidade daexpedição, que chegou a Porto Almeida (situa<strong>do</strong> a poucos quilômetros anoroeste da cidade de União da Vitória, no Rio Iguaçu) muitoprovavelmente por via férrea, seguin<strong>do</strong> por Castro, Ponta Grossa, Irati,Mallet e finalmente União da Vitória.Outra questão incerta refere-se ao mo<strong>do</strong> como dali de Porto Almeida(onde permaneceu coletan<strong>do</strong> por outras duas <strong>sem</strong>anas) seguiu viagem paraatingir a cidade de Guaíra, no extremo oeste <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Nas opções dedeslocamento ro<strong>do</strong>viário <strong>do</strong> Paraná contemporâneo, havia apenas estradasaté Campo Mourão ou Foz <strong>do</strong> Iguaçu, respectivamente nos divisores


Piquiri-Ivaí e Ivaí-Iguaçu. Estradas de ferro, não haviam e o Rio Piquiri nãoé navegável nesse trecho, compreenden<strong>do</strong> suas nascentes.Enquanto permaneça essa dúvida, o final <strong>do</strong> percurso é bastantededutível. Depois de Guaíra desceu pelo Rio Paraná, permanecen<strong>do</strong> poralguns dias em Porto Mendes (distante cerca de 60 km daquela cidade, àsmargens <strong>do</strong> Rio Paraná) e depois em Porto Britânia para atingir Foz <strong>do</strong>Iguaçu. De lá voltou a Guaíra, de onde dirigiu-se pelo Rio Paraná acima, atéas adjacências <strong>do</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul.Há que se corrigir uma questão de grafia com relação a topônimo“Fazenda <strong>do</strong> Iguassú”, o qual refere-se não a uma fazenda e sim a umainterpretação equivocada <strong>do</strong> que Naumburg (1937 e 1940) julgou se tratarde uma abreviatura (“Faz.” ao invés de Foz).Outro aspecto interessante da Expedição Kaempfer ao Brasil, é a<strong>sem</strong>elhança de várias localidades de coleta com as visitadas por EMILIESNETHLAGE. Isso pode ser verifica<strong>do</strong> em alguns pontos <strong>do</strong> sudeste (e.g.Baixo Guandu, afluente <strong>do</strong> Rio Doce, ao norte de Vitória, Espírito Santo) etambém <strong>do</strong> sul (e.g. Corvo e Foz <strong>do</strong> Iguaçu no Paraná e Uruguaiana no RioGrande <strong>do</strong> Sul).Segun<strong>do</strong> Cunha (1989), SNETHLAGE estava na Serra <strong>do</strong> Caparaóentre agosto e setembro de 1929, onde inclusive teria se perdi<strong>do</strong> na mata,fato esse ressalta<strong>do</strong> em sua biografia. Local e data coincidem com alocalização em que KAEMPFER estivera coletan<strong>do</strong>. Assim, é muito provávelque tenham se encontra<strong>do</strong>, caben<strong>do</strong> a SNETHLAGE algumas sugestões delocalidades a serem visitadas no sul <strong>do</strong> Brasil, pois já havia esta<strong>do</strong> ali hápouco mais de um ano antes (vide E.Snethlage). Tal situação vem tambémexplicar a razão pela qual KAEMPFER teria visita<strong>do</strong> por duas ocasiões oEsta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul, fican<strong>do</strong> para a segunda estada (talvez porsugestão daquela naturalista, oferecida em bom e fluente alemão...) ostrabalhos de coleta no extremo su<strong>do</strong>este daquele esta<strong>do</strong>, onde ocorre a típicavegetação <strong>do</strong> espinilho (su<strong>do</strong>este de Uruguaiana), com várias espécies deaves que, no Brasil, ocorrem apenas ali.Apesar dessas coincidências, o percurso de ambos é diferente. No sul<strong>do</strong> Brasil, SNETHLAGE preferiu descrever um caminho em “V” com vérticeno centro sul-riograndense e extremidades no Corvo (a leste) e Guaíra (aoeste). Já KAEMPFER teria transpassa<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o Paraná, de leste a oeste e daliseguiu para o Mato Grosso <strong>do</strong> Sul e Paraguai para então adentrar o litoral <strong>do</strong>Rio Grande <strong>do</strong> Sul, de quan<strong>do</strong> é sua última data de coleta, em 1931. Comtais argumentos pode-se explicar o por quê de não ter visita<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong> deSanta Catarina novamente, visto já tê-lo estuda<strong>do</strong> desde o oeste (margem <strong>do</strong>Rio Uruguai) até o leste: Colônia Hansa-Humboldt (vide W.EHRHARDT) e


depois a cidade portuária de São Francisco, pouco antes de seu encontrocom SNETHLAGE.Sobre o material de KAEMPFER, é sabi<strong>do</strong> que manteve-seanteriormente sob a guarda da própria Elsie Naumburg, sen<strong>do</strong> <strong>do</strong>a<strong>do</strong> aoAmerican Museum of Natural History de Nova York, consistin<strong>do</strong> um acervosepara<strong>do</strong>, chama<strong>do</strong> Coleção Kaempfer. Logo após a morte de Naumburg,to<strong>do</strong>s os espécimes foram reloca<strong>do</strong>s à coleção geral daquele museu,dificultan<strong>do</strong> ainda mais a consulta, acesso e estu<strong>do</strong> geograficamentesetoriza<strong>do</strong> (Belton, 1984).O único esta<strong>do</strong> que conta com lista de espécimes, regionalmentediscrimina<strong>do</strong>s é o Rio Grande <strong>do</strong> Sul, graças à iniciativa de William Beltonque contou 2813 peles (Belton, 1984 e 1985). Informações sobre váriosexemplares que podem ser atribuí<strong>do</strong>s a KAEMPFER (inclusive algunscoleta<strong>do</strong>s no Paraná) constam na monumental obra de Zimmer, publicadacom enfoque taxionômico em vários artigos <strong>do</strong> American Museum Novitates(Zimmer, 1931 e subsequentes). Entretanto, nesses trabalhos seria<strong>do</strong>s, nãohá discriminação de coletor ou data nem museu onde se encontra o material,haven<strong>do</strong> inclusive localidades exclusivas de A.HEMPEL (vide) como a“Fazenda Cayoá” e de A.ROBERT (vide) como Roça Nova, todas também<strong>sem</strong> quaisquer indicações mais detalhadas.Embora a maior parte <strong>do</strong> material estuda<strong>do</strong> por Zimmer seja <strong>do</strong>American Museum, é sabi<strong>do</strong> que ele tinha contacto com váriospesquisa<strong>do</strong>res da época, que remetiam-lhe informações sobre outrosmuseus. É o caso <strong>do</strong> Academy of Natural Sciences (J.Bond e R.Meyer deSchauensee), Museum of Comparative Zoology (J.L.Peters), Field Museumof Natural History (C.E.Hellmayr), Carnegie Museum (W.C.Todd), UnitedStates National Museum (H.Friedmann), bem como de vários museus daEuropa (C.E.Hellmayr), inclusive <strong>do</strong> quase privativo Zoological Museum deBerlim (E.Stre<strong>sem</strong>ann) e <strong>do</strong> Royal Natural History Museum de Estocolmo emesmo um sul-americano, a Coleção Phelps (William Phelps-Jr.). Otrabalho de Zimmer, exaustivo porém não muito criterioso, era volta<strong>do</strong> àsaves <strong>do</strong> Peru, daí o nome da série: Studies on Peruvian Birds. Ele teriausa<strong>do</strong> material de outros países apenas para comparar subespécies (nuncaespécies) afins. Assim, maior parte <strong>do</strong>s táxons da Mata Atlântica, em grandequantidade endêmicas, ficou mesmo fora das suas abordagens.Adicionalmente sobre coleção de KAEMPFER, Collar et al (1992)informam sobre um Sporophila falcirostris, obti<strong>do</strong> na Fazenda MonteAlegre em 11 de março de 1930 que deve, <strong>sem</strong> dúvida alguma, ser atribuí<strong>do</strong>a esse coletor.


Naumburg pretendia estudar com cuida<strong>do</strong> o acervo mas, em virtude de suaopção por atividades humanitárias durante a Segunda Grande Guerra,acabou por adiar tal projeto (Zimmer, 1955; Camargo, 1962). Não obstante,ela própria estu<strong>do</strong>u alguns casos ornitológicos seleciona<strong>do</strong>s, enriqueci<strong>do</strong>scom o material de KAEMPFER, como as subespécies de Zenaida auriculata(Naumburg, 1933) e três táxons ti<strong>do</strong> como novos da região nordeste <strong>do</strong>Brasil, dentre eles o raro Megaxenops parnaguae (Naumburg, 1932).Uma descrição mais detalhada sobre o itinerário da expedição foiapresentada em duas ocasiões, sen<strong>do</strong> a primeira, baseada nas anotações deKAEMPFER, dedicada às características geográficas e vegetacionais <strong>do</strong>slocais visita<strong>do</strong>s (Naumburg, 1928); a segunda, baseada nos rótulos deespécimens, concluiu-se como um dicionário geográfico <strong>do</strong>s topônimos,conten<strong>do</strong> altitude aproximada e intervalo de permanência em cada um deles(Naumburg, 1935). Sua tentativa de publicar um catálogo da coleção acabouinterrompida, fican<strong>do</strong> disponíveis, na literatura, apenas as informações sobreFormicariidae e Rhinocryptidae (Naumburg, 1937 e 1940).Desse último, pode-se selecionar, para os interesses ornitológicos <strong>do</strong>Paraná, alguns espécimens como Corythopis delalandi, Scytalopusindigoticus, Dysithamnus xanthopterus e Hylopezus nattereri. Não há comodeixar de mencionar a obtenção de registros, na localidade de Guaíra, paraos congenéricos Mackenziaena severa e M.leachii que, na maior parte desuas distribuições, são substitutos ecológicos, esse nas porções mais altas<strong>do</strong>s planaltos e serras da floresta atlântica e aquela nas planícies e planaltosde pequena altitude. Algo <strong>sem</strong>elhante também ocorre com Thamnophiluscaerulescens caerulescens e o co-específico T.c.gilvigaster, ambos tambémobti<strong>do</strong>s por KAEMPFER no Paraná. Informações complementares ao acervoparanaense, ainda, referem-se a Xenops minutus e Trogon rufus (Zimmer,1948).Por fim, um exemplar de um raro Tyrannidae, até entãodesconheci<strong>do</strong> da ciência, fez também parte <strong>do</strong> acervo: Hemitriccuskaempferi, descrito por John Todd Zimmer em homenagem ao brilhantecoletor. Essa espécie enigmática, foi coletada em Salto Piraí (perto deJoinville, Santa Catarina) e é muito provável que também ocorra no Paraná(Scherer-Neto e Straube, 1995), embora seja, atualmente conheci<strong>do</strong> emapenas duas localidades <strong>do</strong> Brasil (Teixeira et al., 1991), dificultan<strong>do</strong>qualquer suposição de ocorrência, com base em escassas informações sobresuas preferências ambientais.


EMMET REID BLAKE (1937)Um expedição pouco conhecida fez o americano EMMET REIDBLAKE para, segun<strong>do</strong> informações originais <strong>do</strong>s rótulos, a "FazendaMorungaba, headwaters Rio Itarare, Jaguariahyva, Parana". Essetopônimo já havia si<strong>do</strong> visita<strong>do</strong>, embora rapidamente, por J.Natterer mais deum século antes (Straube, 1993). Dali obteve uma apreciável coleção que,além de peles, incluía material osteológico e expositivo, soman<strong>do</strong> mais de220 exemplares, atualmente deposita<strong>do</strong>s no Field Museum of NaturalHistory de Chicago, EUA (D.Willard, 2001, in litt.).Naquela localidade, situada em uma interessante zona de transiçãoda mata de araucária com campos planálticos e cerra<strong>do</strong>s, procedeu seutrabalho durante mais de <strong>do</strong>is meses (pelo menos entre 3 de novembro a 9de dezembro, de acor<strong>do</strong> com as datas de coleta), no fim <strong>do</strong> ano de 1937. Emuma análise <strong>do</strong> acervo colhi<strong>do</strong> ali, entretanto, pode-se afirmar que oornitólogo não obteve espécies típicas <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong>, que bem próximo dali,estava representa<strong>do</strong> por relativamente extensas áreas, inclusive nosarre<strong>do</strong>res da cidade de Jaguariaíva. Limitou-se o coletor a percorrer as matasde araucária, bem como suas bordas, vegetadas por campos e,eventualmente alguns hábitats aquáticos.Dessa coleção, pode-se enumerar algumas espécies interessantes, porserem incomuns naquela região, como Knipolegus nigerrimus e Brotogeristirica, ou mesmo pouco representadas em coleções, como Accipiter striatus,Pluvialis <strong>do</strong>minica, Asio stygius, Lophornis magnificus, Streptoprocnebiscutata, Phyllomyias fasciatus e Phibalura flavirostris. Blake, certamenteinteressa<strong>do</strong> em alguns táxons em particular, obteve séries significativas dealguns Trochilidae, bem como de espécies selecionadas (Elaenia mesoleuca,Anthus hellmayri, Basileuterus leucoblepharus, Zonotrichia capensis ePoospiza lateralis, dentre outros)."BOB" BLAKE era um exemplo de naturalista devota<strong>do</strong>. No início dacarreira, para ganhar a vida, ministrava aulas de boxe e natação, até que foiconvida<strong>do</strong> pelo ornitólogo Ernest Holt para uma expedição aos limites entreBrasil e Venezuela. Na sequência, antes por intermédio <strong>do</strong> CarnegieMuseum e depois, como funcionário <strong>do</strong> Field Museum of Natural History,viajou para a América Central e regiões setentrionais da América <strong>do</strong> Sul(Venezuela e Guianas). Por fim, fez a expedição ao Paraná "..where hecollected for the research collections and the exhibit halls". (Traylor eWillard, 1999). Após essa viagem, alistou-se no exército americano,participan<strong>do</strong> da Segunda Grande Guerra em fronts na Europa e África. Deretorno, decidiu-se firmemente a publicar suas observações obtidas noneotrópico desejo que concretizou-se com um livro sobre aves <strong>do</strong> México e


com participação como autor na revisão de três famílias de aves (Corvidae,Vireonidae e Icteridae) no famoso Peters' Checklist of the Birds of theWorld. Voltan<strong>do</strong> de sua última expedição, desta vez ao Peru, dedicou-se aum projeto ambicioso, a publicação <strong>do</strong> "Manual of Neotropical Birds",clássico de <strong>Ornitologia</strong> edita<strong>do</strong> apenas em 1977 pela Universidade deChicago (Blake, 1977). A continuidade dessa obra, prevista para serimpressa em cinco volumes, foi abortada enquanto preparava a segun<strong>do</strong>fascículo (Traylor e Willard, 1999). Blake deixou quase 70 títulospublica<strong>do</strong>s, dentre eles descrições de táxons novos da Venezuela e Peru eoutros estu<strong>do</strong>s, em geral enfocan<strong>do</strong> nidificação, primeiros registros deespécies, revisões taxionômicas e aspectos de distribuição e variaçãogeográfica (SIA, RU nº 7308).PERÍODO DE MAYER (Século XX: décadas de 40 a 60)Após to<strong>do</strong> esse rol de visitantes que adentravam os limitesparanaenses colhen<strong>do</strong> espécimes destina<strong>do</strong>s a vários acervos de to<strong>do</strong> omun<strong>do</strong>, começaram a surgir, pelos i<strong>do</strong>s de 1939 e, especialmente no anoseguinte, alguns esforços em prol <strong>do</strong> desenvolvimento científico no Paraná,os quais viriam a ser as atitudes precursoras de uma História Naturalefetivamente comiciliada no Esta<strong>do</strong>.Passadas duas décadas da mais completa estagnação científica nocenário das ciências biológicas no Paraná que tentava, a exemplo de to<strong>do</strong> oBrasil, se reabilitar das privações pós-guerra, reaparece sob novo fôlego afigura <strong>do</strong> Museu Paranaense.Com um novo fôlego, em decorrência <strong>do</strong> fimda Segunda Grande Guerra e da Revolução de 1930, intensificaram-se asexpedições para obtenção de material científico e expositivo, que tiveramcomo ponto de partida a primeira excursão zoológica oficial daquelainstituição, ocorrida em 1939 (Cordeiro e Corrêa, 1985).Graças a isso, com a natural evolução política <strong>do</strong> Museu, passam asurgir novos pesquisa<strong>do</strong>res, ou mesmo alguns mais experientes, toman<strong>do</strong>parti<strong>do</strong> nas suas atividades científicas, muitas vezes asumin<strong>do</strong> cargosadministrativos. Assim surge a figura lendária <strong>do</strong> naturalista alemãoANDREAS MAYER (mais conheci<strong>do</strong> pela forma aportuguesada AndréMayer). É graças a ele, soma<strong>do</strong> a uma série de outros esforços, quefinalmente a <strong>Ornitologia</strong> no Paraná tem seus primeiros momentos. Emboranão se dedicasse propriamente ao estu<strong>do</strong> da <strong>Ornitologia</strong>, MAYERconcentrava, inegavelmente, seus afazeres de naturalista coletor nesse grupoanimal, tal como pode ser nota<strong>do</strong> no acervo obti<strong>do</strong> (cf. Straube e


Bornschein, 1989 contra Lorini e Persson, 1990; Bérnils e Moura-Leite,1990; Wosiacki, 1990).Ao mesmo tempo, coletores de outros importantes museus <strong>do</strong> Brasilpassam a realizar expedições para esse Esta<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong>-se em vista as lacunasdeixadas por naturalistas <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, especialmente em zonas limítrofes. Oentão recém-cria<strong>do</strong> Parque Nacional <strong>do</strong> Iguaçu, próximo da fronteira com aArgentina e Paraguai foi visita<strong>do</strong> por JOÃO MOOJEN, <strong>do</strong> Museu Nacional <strong>do</strong>Rio de Janeiro. Poucos anos depois, ALVARO AGUIRRE e sua equipeestiveram no vale <strong>do</strong> rio <strong>do</strong> Paraná, a serviço <strong>do</strong> Museu da Fauna, tambémno Rio de Janeiro. Por fim, surgiram EMILIO DENTE e DIONISIO SERAGLIA,<strong>do</strong> Museu Paulista, em área muito próxima, na foz <strong>do</strong> Rio Ivaí.Mas o destino estava sela<strong>do</strong>. Embora os naturalistas proveninentesde outros esta<strong>do</strong>s tives<strong>sem</strong> realiza<strong>do</strong> um esforço de coleta apreciável,inclusive com o registro de espécies nunca mais verificadas nos limitesparanaenses, a pesquisa ornitológica havia mesmo, e definitivamente, cria<strong>do</strong>raízes em seu Esta<strong>do</strong> natal.ANDREAS MAYER (DÉCADAS DE 30 A 60)Um <strong>do</strong>s marcos da <strong>Ornitologia</strong> no Paraná ocorreu oficialmente emmaio de 1947: a contratação, pelo Museu Paranaense, <strong>do</strong> alemão ANDREASMAYER, naturalista viajante e prepara<strong>do</strong>r, depois chefe da Seção deTaxidermia da instituição (Cordeiro e Corrêa, 1985).A contribuição de ANDREAS MAYER à História Natural no Paraná éincalculável, pois coletou não só material ornitológico (Straube eBornschein, 1989a), mas também mastozoológico (Lorini e Persson, 1990),herpetológico (Bérnils e Moura-Leite, 1990), ictiológico (Wosiacki, 1990) earacnológico (Pinto-da-Rocha e Caron, 1989). Em seus mais de 20 anos detrabalho, obten<strong>do</strong> espécimens em sua maioria oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Paraná, obtevequase 3000 exemplares de aves, cifra considerável se considerarmos ascondições reinantes na época e o caráter sumamente regional de suasatividades.Muitas das espécies obtidas, algumas delas compon<strong>do</strong> sériessignificativas, tornaram-se muito raras (e.g. Pipile jacutinga, Aramaracana) ou simplesmente não mais foram localizadas no Esta<strong>do</strong> emnossas pesquisas recentes (e.g. Crax fasciolata), tratan<strong>do</strong>-se provavelmentede extinções locais (Bornschein e Straube, 1991c).MAYER, antes de estar oficialmente liga<strong>do</strong> ao Museu Paranaense,residia na colônia alemã de Terra Nova em Castro e, no tempo em que alivivia, junto à sua esposa Emma Mayer, costumava vender espécimes de


aves e mamíferos para o Museu Paranaense, conforme atestam várias desuas correspondências, <strong>sem</strong>pre redigidas em alemão.Diversos contactos postais com o então diretor <strong>do</strong> Museu, oantropólogo José Loureiro Fernandes, tornaram viável, então, a sua vindapara Curitiba, onde se estabeleceu definitivamente, passan<strong>do</strong> a morar umuma casa no bairro Cabral até seu falecimento, na década de 80.Na colônia de Terra Nova, o naturalista concentrou maior parte deseu trabalho. Para lá, mesmo depois de radica<strong>do</strong> na capital, viajavaseguidamente, hospedan<strong>do</strong>-se em sua casa, de estilo típico alemão, em umcampo cerca<strong>do</strong> por mata de araucária. Em seu laboratório improvisa<strong>do</strong>,gastava horas a fio na preparação <strong>do</strong>s espécimes, tempo esse dividi<strong>do</strong> comas incursões para as coletas. Nesse trabalho, colaborava seu grande amigo ecompanheiro de viagens, WILHELM SCHÜLLER e, às vezes, os filhos aindameninos desse senhor, Wilhelm e Werner (com.pess.de ambos, em abril de2001). Na colônia, MAYER era trata<strong>do</strong> com reservas, em virtude de seus"estranhos" hábitos de naturalista, considera<strong>do</strong>s excêntricos pelos colonos.Por esse motivo, e também em alusão ao seu trabalho, era conheci<strong>do</strong> peloapeli<strong>do</strong> de Vogel Mayer.Outro detalhe valioso para um traça<strong>do</strong> de seu perfil é que seu lega<strong>do</strong>não restringiu-se a espécies de um determina<strong>do</strong> tamanho ou outro, de umambiente ou outro... MAYER colecionava com o mesmo interesse ededicação, as aves grandes e pequenas, fos<strong>sem</strong> elas habitantes das matas,<strong>do</strong>s campos ou mesmo <strong>do</strong>s brejos e banha<strong>do</strong>s. Para isso usava umaespingarda de caça de três canos, sen<strong>do</strong> <strong>do</strong>is <strong>do</strong> tipo "espalha-chumbo" e ooutro, de projétil único. Tratava-se da popular drilling, restrita aos caça<strong>do</strong>reseuropeus, principalmente da Alemanha. Os <strong>do</strong>is primeiros canos, um delestipo cylinder (com diâmetro anterior e posterior iguais), outro choke (comdiâmetro posterior menor, favorecen<strong>do</strong> a concentração <strong>do</strong> chumbo), eramusa<strong>do</strong>s para animais de menor porte, para os quais <strong>do</strong>sava cuida<strong>do</strong>samente aquantidade de pólvora e o tamanho das esferas de chumbo. O terceiro cano,calibre 45, servia para "caças grandes", ou seja, animais de grande porte. Talprocedimento facilitava seu deslocamento por entre as ramagens, ten<strong>do</strong> umúnico objeto nas mãos, com um máximo de chance de flagrar os maisvaria<strong>do</strong>s tipos de organismos.Com alguma frequência, ainda, solicitava aos meninos, filhos deimigrantes alemães mora<strong>do</strong>res de Terra Nova, para, muni<strong>do</strong>s de estilingue,caçar passarinhos nos arre<strong>do</strong>res da vila, sen<strong>do</strong> que os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mutirãoserviam-lhe para aumentar a representatividade das amostras (WilhelmSchüller, com.pess. abril, 2001).


Não bastasse a importante contribuição ao conhecimentoornitológico no Paraná, suas peças, tanto didáticas como para estu<strong>do</strong>s, sãode uma perfeição pouco comum. Partidário de uma rígida escola germânicade taxidermia na qual teria se forma<strong>do</strong>, MAYER era detentor de técnicaúnica, ilustrada pela completa ausência de detritos que maculas<strong>sem</strong> osespécimes e pelo absoluto primor com que ajeitava a plumagem. Raros,ainda, são os exemplares que apresentam couro exposto pela queda daspenas, indican<strong>do</strong> não apenas um capricho indiscutível mas, principalmente,o uso de conservantes poderosíssimos.Sobre isso, uma antiga auxiliar (N.G.Correia, 1983, com.pess.)confidenciou-nos, resumidamente, os procedimentos para conservação daspeles: o epitélio era cuida<strong>do</strong>samente envenena<strong>do</strong> com pasta arseniacallíquida e, anualmente, o couro submeti<strong>do</strong> a pinceladas generosas de umconservante à base de para-dicloro benzeno. Essa técnica, tradicionalmenterealizada até os dias de hoje no Museu de História Natural Capão da Imbuia,permitiu que quase a totalidade de seus espécimes fos<strong>sem</strong> manti<strong>do</strong>síntegros, <strong>sem</strong> sinais de infestação por insetos ou fungos.Estilo de preparação pareci<strong>do</strong> ao de MAYER, não encontramos emnenhum outro museu brasileiro. O molde interno <strong>do</strong> corpo, firmementeteci<strong>do</strong> com palha e arame ou cordão, tinha um eixo de arame grosso que lheatravessava o crânio e sua ponta era <strong>do</strong>brada à guisa de gancho, parasecagem. Depois de pronta, a pele parece cilíndrica, <strong>sem</strong> o achatamento<strong>do</strong>rsal característico e respeitan<strong>do</strong> as proporções <strong>do</strong> animal quan<strong>do</strong> vivo. Éde se mencionar que, para o enchimento de alguns exemplares mais frágeis,utilizava musgo, enrola<strong>do</strong> por um cordão e obedecen<strong>do</strong> a forma original <strong>do</strong>animal.Adicionalmente, é impossível deixar de mencionar o materialexpositivo, também artisticamente trabalha<strong>do</strong>, cuja perfeição na montagemdeveu-se especialmente às suas rigorosas e demoradas observações deanimais vivos, na natureza ou em cativeiro. Das peças, compunha elepróprio os pedestais, moldan<strong>do</strong>-os em gesso envenena<strong>do</strong>, suporta<strong>do</strong> porpalha enrolada por arame ou cordão de algodão, algumas vezes anotan<strong>do</strong> àlápis na face inferior: “AM”. Informação como essa, permitiu-nos resgatar adata de coleta <strong>do</strong> raro Eleothreptus anomalus (Straube, 1990), antes expostona coleção didática e, por nossa iniciativa, desmonta<strong>do</strong> e transferi<strong>do</strong> para oacervo científico.MAYER gastava seu tempo como funcionário <strong>do</strong> Museu preparan<strong>do</strong>peles, moldan<strong>do</strong> pedestais, misturan<strong>do</strong> conservantes e realizan<strong>do</strong> outrastarefas próprias de um prepara<strong>do</strong>r caprichoso. Costumava, segun<strong>do</strong> contamex-funcionários da instituição, permanecer tranca<strong>do</strong> em seu laboratório, cuja


porta era raramente aberta, exceto para apanhar o cafezinho servi<strong>do</strong> pelasserventes que <strong>sem</strong>pre dirigiam um olhar esquivo de curiosidade, antes dereceber um "obriga<strong>do</strong>" com um sotaque alemão carrega<strong>do</strong>.Sua brilhante e produtiva participação em excursões científicas <strong>do</strong>Museu Paranaense foram amplamente reconhecidas em to<strong>do</strong> o Brasil.Olivério Pinto, Eurico Camargo (ambos <strong>do</strong> antigo Museu Paulista), HelmutSick (na época funcionário da Fundação Brasil Central) e Fernan<strong>do</strong> Novaes(Museu Paraense Emílio Goeldi), foram alguns <strong>do</strong>s que analisaram ousimplesmente identificaram seus espécimes. Um pequeno acervo deectoparasitos obti<strong>do</strong>s na região de Guaraqueçaba em 1944, colhi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>sexemplares e conserva<strong>do</strong>s em álcool, foi aproveita<strong>do</strong> por Lin<strong>do</strong>lphoGuimarães (Guimarães, 1945). Não há como deixar de mencionar a suaparticipação na coleta de espécimes de aves nos arre<strong>do</strong>res da Serra <strong>do</strong>sDoura<strong>do</strong>s, associa<strong>do</strong> à expedição liderada por José Loureiro Fernandes eWladimir Kozák e que foi a responsável pela descoberta <strong>do</strong>s índios Xetá, nadécada de 50 (Kozák, 1981). Também participou de expedições pela Seçãode Antropologia da Universidade Federal <strong>do</strong> Paraná nas quais,surpreendentemente, não coletou nenhum material ornitológico (e.g. EstirãoCompri<strong>do</strong>, nas nascentes <strong>do</strong> Rio Ivaí em dezembro de 1951, apud.Fernandes e Blasi, 1956).MAYER, deslocou-se por quase todas as paisagens naturais <strong>do</strong>Paraná, em suas expedições levadas quase <strong>sem</strong>pre na mais completa solidão.Algumas vezes acompanhava-o seu filho Edmun<strong>do</strong> Mayer, cujas pretensõespela <strong>Ornitologia</strong> foram abortadas por ser daltônico. Diz-se, ainda, o que foiconfirma<strong>do</strong> por amigos pessoais de MAYER, que o falecimento prematurodeste filho seria um <strong>do</strong>s motivos para uma depressão profunda pela qualpassou, que o fez aban<strong>do</strong>nar de vez a prática da taxidermia e o gosto pelanatureza.Em uma de suas expedições para o vale <strong>do</strong> Rio Ivaí (1945), desta vezacompanha<strong>do</strong> <strong>do</strong> amigo Schüller, demorou-se vários meses, em busca deaves e mamíferos daquelas que eram regiões absolutamente inóspitas.Conta-se que, certa vez ao retornar a Terra Nova, os <strong>do</strong>is expedicionáriosquase que não foram reconheci<strong>do</strong>s pelos familiares e amigos, pelo avança<strong>do</strong>comprimento de suas barbas... (Wilhelm Schüller, com.pess., abril, 2001).De fato, dentre as regiões visitadas pelo biografa<strong>do</strong>, destacam-sealgumas extremamente importantes para o conhecimento da distribuiçãogeográfica da avifauna local, por encontrarem-se atualmente quase quecompletamente descaracterizadas de sua fisionomia original. Áreasgeográficas especialmente amostradas foram o noroeste (vale <strong>do</strong>s riosParaná e Ivaí), as terras baixas <strong>do</strong> litoral-sul (vale <strong>do</strong> Rio Cubatão) e norte


(região de Guaraqueçaba e estuários da Baía de Paranaguá), e vários pontosplanálticos como os arre<strong>do</strong>res das cidades de Castro, Palmas e Ponta Grossa.Um dicionário geográfico e revisão de itinerários mais detalhada encontraseem preparação.MUSEU PARANAENSE: FASE NATURALÍSTICASain<strong>do</strong> de um perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> mais completo aban<strong>do</strong>no, o MuseuParanaense adentrou sua fase mais brilhante e, ao mesmo tempo, deconstante instabilidade.O interesse oficial para com o patrimônio natural <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> sob aforma de coleções científicas ou expositivas, reiniciou-se apenas em 1935,com o lançamento <strong>do</strong> Plano de Reorganização <strong>do</strong> Museu Paranaense(Fernandes e Nunes, 1956). Mas foi somente quatro anos depois que ascoleções dessa instituição passaram a ter um caráter eminentementecientífico, por iniciativa pessoal de seus administra<strong>do</strong>res e da contribuição,muitas vezes voluntária, de uma equipe de jovens estudantes entusiastas.Esse instinto cooperativo, alimenta<strong>do</strong> pelo caráter multifacetário <strong>do</strong>spesquisa<strong>do</strong>res que ali se estabeleceram, imprimiu à instituição umacaracterística pluralista de interesse amplo, volta<strong>do</strong> à História Natural comoum to<strong>do</strong> e não restrito a especialidades, ao contrário das tendências quecomeçavam a se estabelecer já naquela época. Essa equipe, segun<strong>do</strong>Cordeiro e Corrêa (1985) originou uma escola não-formal, que serviu-separa a formação <strong>do</strong>s cursos de História Natural das universidades <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.Paralelamente a MAYER (vide), por volta <strong>do</strong> ano de 1941, a Seção deZoologia <strong>do</strong> Museu Paranaense passou a receber a colaboração de auxiliaresvoluntários (Cordeiro e Corrêa, 1985), designa<strong>do</strong>s por atos oficiais. Dentreeles, destacou-se por seu significa<strong>do</strong> na área ornitológica, o naturalistaRUDOLF BRUNO LANGE, que contribuiu na coleta de espécimens e com suaspublicações, versan<strong>do</strong> sobre aspectos peculiares da bionomia de certasespécies de aves (Lange, 1967, 1981; Lange e Lange, 1992). LANGEdedicou-se também, e especialmente, à Mastozoologia, deven<strong>do</strong>-se a ele aprimeira lista de mamíferos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná (Lange e Jablonski, 1981).Outros coletores que contribuíram, porém em menor vulto, foram o botânicoRALPH JOÃO GEORGE HERTEL, o malacólogo CARLOS GOFFERJÉ, oantropólogo JOSÉ LOUREIRO FERNANDES, o entomólogo JESUS SANTIAGOMOURE e o taxidermista-prepara<strong>do</strong>r WILSON AGULHAM. To<strong>do</strong>s esses eramcoletores ocasionais, embora tives<strong>sem</strong> contribuí<strong>do</strong> com vários espécimes deaves <strong>do</strong> acervo atualmente deposita<strong>do</strong> no Capão da Imbuia.


Na verdade há muito de obscuro nas expedições <strong>do</strong> antigo MuseuParanaense, pois, os técnicos escala<strong>do</strong>s para as viagens de campo tinhamcompromisso de coletar exclusivamente amostras de grupos zoológicos prédetermina<strong>do</strong>s,o que influía tanto nos preparativos de viagem como nasatividades de<strong>sem</strong>penhadas em campo (C.Gofferjé per R.S.Bérnils,com.pess.1999). Tal exigência chegava a contrariar os jovens naturalistas,que dedicavam-se a atividades paralelas em perío<strong>do</strong>s de folga, contribuin<strong>do</strong>com a ampliação e representatividade das coleções de vários gruposbiológicos. Assim cresceram vários acervos, alguns deles particulares, comdestaque para aracnídeos, miriápo<strong>do</strong>s, moluscos e insetos.Uma nova re-estruturação surgiu no Museu Paranaense em 1942,quan<strong>do</strong> as coleções foram divididas em <strong>do</strong>is grupos, um deles engloban<strong>do</strong>os objetos históricos, numismáticos e etnográficos e, o outro, as coleções deHistória Natural. Tal divergência foi a base para a separação definitiva emduas instituições, fato ocorri<strong>do</strong> em 1956, quan<strong>do</strong> a seção biológica passou aficar sob a guarda da Secretaria Estadual de Agricultura, sob a denominaçãode Instituto de História Natural (IHN) (Cordeiro e Corrêa, 1985).Por volta da década de 60, os primeiros anos <strong>do</strong>ura<strong>do</strong>s da HistóriaNatural paranaense - e por assim dizer, da <strong>Ornitologia</strong> - começaram amanifestar sinais de falência, frente a um panorama político de desprezo aovalor científico das coleções e <strong>do</strong>s próprios cientistas que as idealizaram. OMuseu Paranaense, já reestabeleci<strong>do</strong> da segregação da história naturaldentre suas atribuições, não mais participava das atividades ornitológicas e,assim, seu renome internacional, deixava de servir como argumento em prolda ampliação <strong>do</strong> acervo biológico antes sob sua guarda. Esse aban<strong>do</strong>notemporário, causou perdas irreparáveis no conhecimento da avifauna local,visto que intensificavam-se os processos de colonização e da consequentedescaracterização <strong>do</strong>s ambientes naturais.Um novo arranjo institucional surgiu, mas devi<strong>do</strong> a desacertospolíticos, resultou em poucas modificações pelo avanço das coleções. OIHN passara, em 1963, a se denominar Instituto de Defesa <strong>do</strong> PatrimônioNatural (IDPN) e definitivamente instalou-se em sede própria, no bairro <strong>do</strong>Capão da Imbuia em Curitiba (Cordeiro e Corrêa, 1985).A partir desse perío<strong>do</strong>, o quadro técnico da instituição que, aliás, nãocontava mais com nenhum pesquisa<strong>do</strong>r com interesses pelo estu<strong>do</strong> ou coletade material ornitológico, passou a se dispersar por aposenta<strong>do</strong>ria outransferência para centros de pesquisa mais estáveis, tais como asuniversidades (Cordeiro e Corrêa, 1985). To<strong>do</strong> esse processo vivi<strong>do</strong> pelaúnica instituição de fato poderosa na pesquisa biológica paranaense daquelaépoca resultou, pela absoluta inexistência de atividades voltadas à


<strong>Ornitologia</strong>, em um marasmo <strong>sem</strong> precedentes, no âmbito da HistóriaNatural. O novo perío<strong>do</strong> de estagnação estava instala<strong>do</strong>; e foi supera<strong>do</strong>somente uma década depois.JOÃO MOOJEN (1941-1942)Uma pequena excursão <strong>do</strong> Museu Nacional <strong>do</strong> Rio de Janeiro, paraobtenção de espécimes foi realizada ao recém-cria<strong>do</strong> Parque Nacional <strong>do</strong>Iguaçu, na década de 40. Fôra, tal viagem, efetuada pelo naturalista JOÃOMOOJEN DE OLIVEIRA, entre os anos de 1941 e 1942.Há uma série interessante (cerca de 300 números, rotula<strong>do</strong>s entre osnúmeros MN-20919 a MN-21220) depositada naquele museu, embora naquase totalidade <strong>do</strong> acervo não haja a devida indicação de data de coleta.Exceto em alguns poucos casos (e.g. Ara maracana e alguns espécimes demamíferos), essa informação consta nos rótulos ou nos livros de registro,com os quais foi possível rastrear cronologicamente a visita daquelenaturalista. Esse problema não deixa de ser estranho, uma vez que em seumanual “Captura e preparação de pequenos mamíferos para coleções deestu<strong>do</strong>”, publica<strong>do</strong> no ano seguinte ao seu retorno <strong>do</strong> Paraná, MOOJENmenciona vários da<strong>do</strong>s (inclusive data, nome vulgar, altitude, peso eindicações ecológicas) a serem colhi<strong>do</strong>s como anotações prévias quan<strong>do</strong> dacoleta de espécimes para finalidades científicas (Moojen, 1943).De qualquer forma, aguarda-se uma revisão das espécies obtidas,embora uma análise superficial tenha nos indica<strong>do</strong> que pouco há denovidade para a <strong>Ornitologia</strong> paranaense, representan<strong>do</strong> essa coleção umapequena parte da avifauna típica da floresta estacional da região oeste <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong>.MOOJEN, na realidade, ficaria mais conheci<strong>do</strong> no campo daMastozoologia, ao qual dedicou-se a partir da década de 40, publican<strong>do</strong>artigos sobre roe<strong>do</strong>res e a obra clássica “Roe<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Brasil” (Moojen,1952).ÁLVARO COUTINHO AGUIRRE (1946)ÁLVARO AGUIRRE, a serviço <strong>do</strong> Museu da Fauna <strong>do</strong> Rio de Janeiro,uma das maiores coleções zoológicas expositivas em to<strong>do</strong> o Brasil, realizouquase três dezenas de viagens por várias regiões <strong>do</strong> Brasil. Desse valiosoesforço para obtenção de espécimens, quan<strong>do</strong> era funcionário da extintaDivisão de Caça e Pesca (que abrigava o Museu da Fauna) (Bucher, 1990),fez parte uma visita de uma <strong>sem</strong>ana para a região noroeste <strong>do</strong> Paraná.


Na margem esquerda da foz <strong>do</strong> Rio Paranapanema, especificamentena localidade de São José (atualmente município de São Pedro <strong>do</strong> Paraná),onde estiveram entre agosto e setembro de 1946, obtiveram espéciessignificativas da peculiar avifauna <strong>do</strong> noroeste paranaense. Dentre elas,destacam-se Anhinga anhinga, Ara chloroptera, Galbula ruficauda,Baillonius bailloni, Campyloramphus trochilirostris, Phily<strong>do</strong>r lichtensteinie Manacus manacus.Quan<strong>do</strong> de sua estada ao Paraná, AGUIRRE dirigiu-se para a margemdireita <strong>do</strong> rio Paranapanema (Pontal <strong>do</strong> Paranapanema) no esta<strong>do</strong> de SãoPaulo, bem como as adjacências <strong>do</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul (Porto Primavera,Bataiporã). Ali colecionou material de também grande interesse comoCrypturellus undulatus, Crax fasciolata, Aratinga aurea, Glaucidiumminutissimum, Taraba major, Herpsilochmus atricapillus, Thlypopsissordida, Sporophila collaris, Agelaius ruficapillus, A.cyanopus eAmblyramphus holosericeus, to<strong>do</strong>s representantes de espécies poucoconhecidas, algumas delas de presença supositiva no Paraná. Cabe lembrarque essa última localidade foi visitada posteriormente por ADELMARCOIMBRA-FILHO (agosto de 1971), de onde provêm uma pequena sériedepositada no Museu Nacional <strong>do</strong> Rio de Janeiro, dentre as quais: Tringasolitaria, Campephilus robustus, Tangara cayana e Phily<strong>do</strong>r lichtensteini(Straube et al., 1996).Alguns exemplares deposita<strong>do</strong>s no Museu da Fauna (e.g. Amazonavinacea e Pipra fasciicauda), foram obti<strong>do</strong>s na região de Foz <strong>do</strong> Iguaçu(maio de 1950), assim como nas “proximidades <strong>do</strong> Parque Nacional <strong>do</strong>Iguaçu” (agosto de 1943), mas essa localidade não consta nas listas detopônimos visita<strong>do</strong>s por AGUIRRE (Schubart et al., 1965; Aguirre e Aldrighi,1983 e 1987). É muito provável então, que a obtenção desses espécimesdeva-se a algum <strong>do</strong>s integrantes de sua equipe que, entre o longo perío<strong>do</strong> deatividades de coleta (1939 a 1958), contava com quase dez pessoas, dentretaxidermistas e mesmo colabora<strong>do</strong>res espontâneos, dentre eles o prepara<strong>do</strong>rANTONIO DOMINGOS ALDRIGHI (Aguirre e Aldrighi, 1983).EMÍLIO DENTE E DIONÍSIO SERAGLIA (1954)No início <strong>do</strong> ano de 1954, EMÍLIO DENTE e DIONÍSIO SERAGLIA,“práticos de laboratório” <strong>do</strong> Departamento de Zoologia da Secretaria deAgricultura (atualmente Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo),visitaram o extremo noroeste <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, coletan<strong>do</strong> por <strong>do</strong>is meses (janeiro afevereiro de 1954), material ornitológico em duas localidades <strong>do</strong> vale <strong>do</strong> RioParaná.


Seguin<strong>do</strong> por via férrea, chegaram a Porto Epitácio, no Esta<strong>do</strong> deSão Paulo e de lá, descen<strong>do</strong> o Rio Paraná atingiram a localidade sulmatogrossensede Porto Felipe para chegar, afinal, na sua primeira estaçãode coletas, a foz <strong>do</strong> Rio Paracaí (hoje divisa <strong>do</strong>s municípios de Vila Alta eSão Jorge <strong>do</strong> Patrocínio). Essa localidade situa-se defronte à Ilha Grande,entre as de<strong>sem</strong>bocaduras <strong>do</strong>s rios Ivaí e Piquiri e, como não trouxe bonsresulta<strong>do</strong>s ornitológicos, apesar de suas tentativas de navegar a montante <strong>do</strong>Paracaí e jusante <strong>do</strong> Paraná, mudaram seu acampamento para um localsitua<strong>do</strong> a pouco mais de 30 quilômetros a norte. Tratava-se de PortoCamargo (atualmente no município de Icaraíma), situada em frente à Ilha<strong>do</strong>s Bandeirantes, também às margens <strong>do</strong> Rio Paraná.O acervo obti<strong>do</strong> pelos naturalistas, consistiu de 480 espécimesornitológicos, resulta<strong>do</strong> particularmente volumoso ten<strong>do</strong> em vista um únicomês de trabalho de campo. A coleção foi, posteriormente, analisada porOlivério Pinto e Eurico Camargo que identificaram 134 táxons, <strong>do</strong>s quais<strong>do</strong>is considera<strong>do</strong>s novos: Hylocharis chrysura lessoni e Campyloramphustrochilirostris guttistriatus (Pinto e Camargo, 1956).Algumas aves coletadas por DENTE E SERAGLIA são testemunhoúnico de sua presença no Paraná e não foram mais encontradas em estu<strong>do</strong>ssubsequentes na região noroeste (Straube e Bornschein, 1995; Straube et al,1996). Tratam-se de Antilophia galeata, Phily<strong>do</strong>r dimidiatus eHerpsilochmus atricapillus. Outras, podem ser consideradas raras ou cominformações escassas de ocorrência: Crypturellus undulatus, Anhimacornuta, Coccyzus euleri, Aratinga aurea, Galbula ruficauda,Jacamaralcyon tridactyla, Dryocopus galeatus e Psarocolius decumanus.Há ainda aquelas exclusivas da região noroeste paranaense, cujos espécimesvêm a confirmar as características únicas da composição avifaunística dessaregião paranaense: Veniliornis passerinus, Campyloramphus trochilirostris,Cranioleuca vulpina, Hylocryptus rectirostris, Taraba major, Thamnophilus<strong>do</strong>liatus, Herpsilochmus longirostris, Thryothorus leucotis, Ramphoceluscarbo e Cacicus solitarius (Pinto e Camargo, 1956).Outro resulta<strong>do</strong> digno de nota foi a obtenção de <strong>do</strong>is exemplares daarara-vermelha (Ara chloroptera), espécie atualmente rara no Paraná e que,segun<strong>do</strong> E.DENTE (1984, com.pess.), era bastante comum nas barrancas <strong>do</strong>Rio Paraná, mas apenas na margem esquerda desse acidente fluvial.Pinto e Camargo (1956) quan<strong>do</strong> publicaram a análise sobre omaterial <strong>do</strong> noroeste <strong>do</strong> Paraná, equivocaram-se duplamente em <strong>do</strong>isaspectos. Primeiro em afirmar que a região não havia si<strong>do</strong>, até então,visitada por nenhum coleciona<strong>do</strong>r; segun<strong>do</strong> por acreditar que o acervo nãoteria trazi<strong>do</strong> novidades ornitológicas de monta. Na realidade, ANDREAS


MAYER já teria, naquele tempo, realiza<strong>do</strong> inúmeras expedições para onoroeste paranaense, desde a década de 40. O.Pinto e E.Camargo estavamconscientes disso pois recebiam, vez ou outra, material <strong>do</strong> MuseuParanaense para ser identifica<strong>do</strong> e proveniente dessas excursões (videStraube e Bornschein, 1989a).Afora isso, algumas das espécies citadas por Pinto e Camargo (1956)representavam, <strong>sem</strong> dúvida, interessantes registros que ampliaram adistribuição geográfica conhecida de vários táxons, dentre elesHerpsilochmus longirostris, H.atricapillus, Hylocharis chrysura e váriosoutros.Os exemplares obti<strong>do</strong>s nessa excursão, encontram-se no acervoornitológico <strong>do</strong> Museu de Zoologia de São Paulo e, aparentemente, nãosofreram quaisquer reavaliações, a não ser análises específicas de algunstáxons (e.g. Myiarchus por Lanyon, 1978). Consta ainda que há algunsespécimes desse material no Los Angeles County Museum of NaturalHistory (EUA) (Paynter-Jr. e Traylor-Jr., 1991)Agradecimentos. Este trabalho é fruto de quase duas décadas de constantesrevisões e atualizações, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> originalmente publica<strong>do</strong> - embora deforma muito sumária - no livro "Aves <strong>do</strong> Paraná", edita<strong>do</strong> em 1995. De fato,esse texto faz parte de um esforço que traz colaborações verdadeiramentevaliosas de diversas pessoas. Além daquelas já mencionadas na referidaobra que, de alguma forma contribuíram também com este estu<strong>do</strong>,gostaríamos de lembrar as que seguem discriminadas. Aspectos relativos aespécimes deposita<strong>do</strong>s em vários museus brasileiros, inclusive nossapermissão aos respectivos acervos, foram possíveis graças à intervenção deDante L.M.Teixeira e Jorge B.Nacinovic (Museu Nacional, Rio de Janeiro),Hélio F.de A.Camargo e Luis Fábio Silveira (Museu de Zoologia, SãoPaulo), José Maria Car<strong>do</strong>so da Silva e David C.Oren (Museu ParaenseEmílio Goeldi, Belém). Jacques Cuisin (Museum national d'Histoirenaturelle, Paris) forneceu informações sobre a coleção A.de Saint-Hilaire;John Bates, Shannon Hackett e especialmente David Willard, ajudaram como material <strong>do</strong> Field Museum of Natural History de Chicago; Paul Sweetcontribuiu com da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> American Museum of Natural History de NovaYork.Participaram direta ou indiretamente no nosso texto sobre asExpedições Polonesas, por meio de discussões, cessão de informações oumesmo pelo envio de material bibliográfico: Grzegorz Kopij (UniversidadeNacional de Lesoto), Maciej Luniak (Academia Polonesa de Ciências,


Varsóvia), Zygmunt Bocheński (Museu e Instituto de Zoologia daAcademia Polonesa de Ciências, Varsóvia), Piotr Tryjanowski(Universidade Adam Mickiewicz, Poznán), Malgorzata Filipczak, MarzenaKowalska e Piotr Muras (Universidade Técnica, Lodz), Stefan Wladysiuk eIrene Tomaszewski (Instituto de Artes e Ciências Polonesas no Canadá,Montreal, Canadá), Marek Makowski (Consula<strong>do</strong> Geral da Polônia emCuritiba), Anna Sokolowska-Gogut (Universidade de Economia, Cracóvia),Wlodzimierz Golab (Universidade de Agricultura, Poznan), JustynaAndrzejczak (Universidade de Educação Física, Poznan), Ewa Szaflarska(Universidade de Minas e Metalurgia, Poznan), Krystyna Baron (InstitutoPolonês de Artes e Ciências na América, Nova York, EUA), PiotrDaszkiewicz (Serviço <strong>do</strong> Patrimônio Histórico, Museu Nacional de HistóriaNatural, Paris, França) e Witek Chrostowski (Cracóvia).No assunto Bigg-Wither, participou Robert Prys-Jones (BritishMuseum of Natural History, Londres) e, com relação ao ZoologischenStaatssammlung München (Munique, Alemanha), o apoio partiu de MichaelMiermeier e Matthias Maeuser. Sobre Emmet R.Blake, colaboraram TracyRobinson e William Cox (Smithsonian Institute Archives, Washington,EUA). Enviaram da<strong>do</strong>s importantes sobre as coleções sob seus cuida<strong>do</strong>s:Krzysztof Zyskowski (Peabody Museum of Natural History, YaleUniversity, Cambridge, EUA), James Van Remsen (Louisiana Museum ofNatural Sciences, Louisiana, EUA), Gerald Mayr (ForschunginstitutSenckenberg, Frankfurt, Alemanha), Mary Hennen (Chicago Academy ofSciences, Chicago, EUA). Cederam da<strong>do</strong>s inéditos ou participaram de váriasdiscussões: Dione Serripieri e Paulo E.Vanzolini (Museu de Zoologia, SãoPaulo), Edwin O.Willis e Yoshika Oniki (Universidade Estadual Paulista,Rio Claro), José Fernan<strong>do</strong> Pacheco, Hitoshi Nomura e Emílio Dente (inmemoriam), além <strong>do</strong>s amigos de Curitiba: Amazonas Chagas-Junior, PauloH.Labiak, Juliana Quadros, Liliani M.Tiepolo, Paulo R.Pagliosa Alves,Sérgio A.A.Morato, Angelica K.Uejima, Cassiano A.F.R.Gatto, GledsonV.Bianconi e Silvia R.T.Pra<strong>do</strong>.Referências bibliográficas e literatura consultadaAguirre, A.C. e Aldrighi, A.D. 1983. Catálogo das aves <strong>do</strong> Museu daFauna: primeira parte 1983. Rio de Janeiro, Instituto Brasileiro deDesenvolvimento Florestal. 143 pp.


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Resumos<strong>do</strong><strong>IX</strong> Congresso Brasileiro de <strong>Ornitologia</strong>


R1Morfología y elementos metálicos de la cáscara de huevos del AlcaravánVanellus chilensis (Aves: Charadriiformes)Héctor F. AguilarCentro de Investigación y Reproducción de Especies Silvestres (CIRES). A.P. 397 Mérida 5101 Venezuela; cires@ciens.ula.veEl Alcaraván es un ave de sabanas, esteros, playas de ríos, pone sushuevos en el suelo o entre la maleza baja, son aves muy bulliciosas,crepusculares y hasta nocturnas, fácil de estudiar en condiciones silvestres,existen muy pocas publicaciones sobre este grupo. Su hábitat generalmentese encuentra en áreas abiertas, sabanas con árboles dispersos, y palmichales.Encontrán<strong>do</strong>se, sin embargo, casi en su totalidad en condiciones prístinas,con algunas intervenciones por fincas cultivadas; en los Llanos Venezolanosla ganadería extensiva ha servi<strong>do</strong> para recuperar su hábitat al terminar lossaque de madera, adaptán<strong>do</strong>se bien a las nuevas condiciones que pronto sea<strong>sem</strong>ejan a las propias. La especie no está sometida a presión por capturas ocacería, existen localidades de impacto muy puntual y singular. Sureproducción en cautiverio es de poca ocurrencia por su ausencia enzoocriaderos o zoológicos. Mediante Microscopio Electrónico de Barri<strong>do</strong> seobtienen caracteres importantes de la morfología de las cáscaras. Pensamosque es un recurso que puede <strong>inclui</strong>rse en la Lista de Animales de Caza deVenezuela para su aprovechamiento en los Zoocriaderos Comerciales bajoun marco legal, paralelo a programas de manejo genético y conservación alargo plazo. Los huevos son de color blanco puntea<strong>do</strong>s de beige a marrón,para confundirse con la arena o el suelo, de forma cónica y superficie lisa,de medidas: peso = 28,0 g; Longitud Eje Mayor = 34,3 mm; DiámetroCircunferencia Mayor = 47,1 mm (Procedencia de los huevos: Sur del Lago,E<strong>do</strong>. Zulia, Venezuela). La Membrana está constituida por fibras deproteínas, entrecruzadas finamente y las unidades fundamentales sonestructuras muy porosas con una corona en forma de cúpula tetralobulada de<strong>do</strong>nde se observa converger las fibras de la membrana más externa. Loselementos que encontramos en la cáscara son Ca, Mg, K, P, Na y S, estoselementos intervienen en la formación de la cáscara y luego en la génesisdel embrión, su trasla<strong>do</strong> desde la cáscara hacia el embrión puede ser portransporte químico mediante los electrolitos disueltos en el agua proveniente


del ambiente, estos pasan a través del corialantoides hacia el embrión. Esposible que la presencia de tantos poros sea debi<strong>do</strong> a la estrategia deincubación que no les permite gran exposición de los huevos a la intemperiedurante su incubación, y el metabolismo es muy rápi<strong>do</strong>, por lo que necesitanmayor intercambio gaseoso a través de los poros, esta estrategia requiere depoco tiempo de ausencia de los reproductores que los incuban, para evitar sudeshidratación.Financiamiento parcial: CIRES (Centro de Investigación y Reproducción deEspecies Silvestres), CDCHT ULA (Consejo de Desarrollo Científico,Humanístico y Tecnológico de la Universidad de Los Andes) Mérida,Venezuela.________________________________________________R2Morfología y composición química de la cáscara de huevos de Penelopeobscura y Ortalis guttata obteni<strong>do</strong>s en cautiverio en BrasilHéctor F. Aguilar 1 e Denis de Melo Dantas 21. Centro de Investigación y Reproducción de Especies Silvestres [CIRES]A. P. 397 Mérida 5101 Venezuela; cires@ciens.ula.ve; 2. Zoológico deRecife, BrasilLos Cráci<strong>do</strong>s son aves muy silenciosas, crepusculares o nocturnas,difícil de estudiar en condiciones silvestres, existen muy pocaspublicaciones sobre este grupo. Su hábitat generalmente se encuentra casi ensu totalidad en condiciones prístinas, con escasas intervenciones, ambasespecies no están sometidas a presión por capturas o cacería, pudiera existirlocalidades de impacto muy puntual y singular. Su reproducción encautiverio es fácil, esta cualidad parece ser común a los Cracidae. Loshuevos de los Cráci<strong>do</strong>s son de color blanco, de forma ovalada, superficielisa, es importante conocer en buen esta<strong>do</strong> de salud, su estructura,morfología y conteni<strong>do</strong> químico, para tener un cuadro comparativo en casode enfermedades, ruptura de huevos en el ni<strong>do</strong>, procesos de incubación, etc.estas características ayudan a explicar la fisiología de la génesis de loshuevos, del embrión y los procesos de incubación, y ayudan a comprender


sus propiedades físicas, cuan<strong>do</strong> sean medias. Es importante tener medidasdirectas que nos ofrezcan con certeza las dimensiones de las cáscaras, yaque las predichas por autores para estas y otras especies de Cracidae, no soncompatibles con las que obtenemos de la escala directa del ScanningElectron Microccope (SEM). Para el estudio morfológico y el análisisquímico se utilizo un Scaning Electron Microscope (SEM) Hitachi S-2500,la muestra se fijó a un portamuestras de aluminio, mediante una cintaadhesiva conductora, <strong>do</strong>ble faz, se cubrió con grafito, y se introdujo al SEM.Se realizo el barri<strong>do</strong> en busca de características resaltantes de nuestrointerés, y se realizo el análisis químico por (EDX) Espectroscopía deDispersión de Energía de Rayos-X, en diferentes puntos de la superficie yestructuras internas de la muestra. El conteni<strong>do</strong> químico de la cáscara dehuevo de Penelope obscura está integra<strong>do</strong> por Ca, P, Mg, S, Cl, K, Na, Si,Al en la superficie externa de la cáscara, en la pared interna encontramos Cay Mg como elementos principales. Las medidas se registraron directamentede la escala del SEM, y no se calculan parámetros físicos de la incubaciónporque no disponemos del peso de los huevos. Hemos obteni<strong>do</strong> comomedidas del grosor (G) de la cáscara del huevo de Penelope obscura G: 400µ. La membrana tiene forma de malla entretejida de fibras relativamentegruesas si las comparamos con las membranas de los huevos de otras aves.Las fibras aparentemente retorcidas divergen desde puntos de origen de lasunidades fundamentales, <strong>do</strong>nde se congregan las moléculas de carbonatos decalcio, para comenzar a crecer los cristales de calcita cuyo crecimientoradial forma una roseta. El oviducto segrega mayores cantidades de calcioque agranda estas rosetas para formar una cúpula invertida y continuar sucrecimiento, hasta encontrarse con las unidades fundamentales vecinas.Posiblemente, debi<strong>do</strong> a la temperatura y lentitud del proceso de formaciónde la pared, continua el crecimiento cristalino, hasta que varía la velocidadde reacción, o la temperatura se hace más fría, y se detiene el crecimientocristalino, hasta este punto las unidades fundamentales mantienen suindependencia morfológica, para continuar aumentan<strong>do</strong> de grosor la pared,en una sola estructura amorfa, hasta llegar la superficie <strong>do</strong>nde se termina elsuministro de calcio; en este momento la superficie es cubierta por materiallubricante del oviducto que se seca al ser evacua<strong>do</strong> el huevo, forman<strong>do</strong> unacutícula. La superficie de del huevo de Ortalis guttata es rugosa ytopografía irregular, las unidades fundamentales siempre mantienen suindependencia pero más unidas que en Penelope obscura, en los huevos deOrtalis guttata son mas rectos, las coronas más unidas, sin presentarconcavidades ni cúpulas. Vistas de frente las rosetas de los extremos de lasunidades fundamentales no son muy diferenciables, se pueden observar


algunos poros mayores. El grosor de la cáscara de los huevos de Ortalisguttata G: 230 µ-235 µ, bastante menor que los de Penelope obscura. Elconteni<strong>do</strong> químico encontra<strong>do</strong> para Ortalis guttata es Ca, P, Si, Mg, Al, S,Cl, y K tendien<strong>do</strong> a disminuir los elementos hacia la superficie interna.Financiamiento parcial: CIRES (Centro de Investigación y Reproducción deEspecies Silvestres), CDCHT ULA (Consejo de Desarrollo Científico,Humanístico y Tecnológico de la Universidad de Los Andes), Mérida,República Bolivariana de Venezuela.________________________________________________R3Incubação e alimentação de ninhegos em Conopophaga melanops(Passeriformes: Conopophagidae) em área de Mata Atlântica <strong>do</strong> Rio deJaneiro.Maria Alice S. Alves 1 , Carlos Frederico D. Rocha 1 , Monique Van Sluys 1 eMaurício B. Vecchi 21. Ecologia, Universidade <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro, R. São FranciscoXavier, 524. Rio de Janeiro, RJ.; masa@eurj.br; 2. PPG em Ecologia UFRJ.Conopophaga melanops é endêmica da Mata Atlântica e ocupa osub-bosque de florestas litorâneas, da Paraíba a Santa Catarina. As poucasinformações incluem da<strong>do</strong>s introdutórios sobre nidificação e táticas deforrageamento. Neste trabalho estudamos a arquitetura de um ninho e osovos de C. melanops, quantifican<strong>do</strong> a incubação <strong>do</strong>s ovos e a alimentaçãode filhotes. O estu<strong>do</strong> foi conduzi<strong>do</strong> na Mata Atlântica na Ilha Grande, RJ(outubro a novembro de 2000), totalizan<strong>do</strong> 30 h de observações focais.Durante a incubação, por 4 dias consecutivos, realizamos observações (combinóculos 7x35) por perío<strong>do</strong>s de 6 h com intervalos de 2 h, com início emhorários alterna<strong>do</strong>s. As observações <strong>do</strong>s ninhegos ocorreram de 14:00-16:00h, quan<strong>do</strong> tinham 4, 5, 10 e 11 dias. O ninho, em forma de tigela,constituí<strong>do</strong> de folhas secas e galhos, foi encontra<strong>do</strong> com <strong>do</strong>is ovos, em26/10/00, a 87 cm acima <strong>do</strong> solo, sobre vaso da bromélia Neoregeliajohannis. O ninho mediu (cm): 10,0-12,0 (θ ext), 7,5-9,5 (θ int),


profundidade interna e externa 4,3 e 6,5, respectivamente, e pesou 12,0 g.Os ovos, de cor salmão com manchas escuras no polo rômbico, mediram:23,0-23,1 x 16,8-16,9 mm e pesaram 3,4 e 3,6 g. Macho e fêmea alternarama incubação e o cuida<strong>do</strong> <strong>do</strong>s filhotes. De dia, o macho incubou mais tempoque a fêmea (Mann-Whitney, U’=114, p=0,01, n=12) e à noite, apenas afêmea foi registrada <strong>do</strong>rmin<strong>do</strong> no ninho. Os ovos eclodiram em 07 denovembro e os filhotes permaneceram no ninho por 18 dias. O número devisitas alimentares aos ninhegos não diferiu entre macho e fêmea, mas omacho gastou duas vezes mais tempo no ninho durante o dia <strong>do</strong> que afêmea. Nesta etapa, a fêmea também foi registrada <strong>do</strong>rmin<strong>do</strong> no ninho, ànoite. Embora o número de visitas ao ninho não tenha diferi<strong>do</strong> entre ossexos durante o perío<strong>do</strong> de incubação ou no perío<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> o ninhocontinha filhotes, o tempo gasto pelo macho no ninho durante o dia foimaior <strong>do</strong> que aquele despendi<strong>do</strong> pela fêmea nestes <strong>do</strong>is estágios. Estasdiferenças podem ser compensadas se a fêmea permanece durante o perío<strong>do</strong>noturno no ninho.Órgãos financia<strong>do</strong>res: CNPq e CEADS/UERJ.________________________________________________R4Citogenética da Ordem Falconiformes.Karina Felipe Amaral e Wilham JorgeDepartamento de Biologia Geral - ICB - Universidade Federal de MinasGerais - Belo Horizonte - Minas Gerais; wiljorge@icb.ufmg.brOs Falconiformes são aves de rapina cosmopolitas, sen<strong>do</strong> a AméricaLatina a mais rica em espécies. A classificação sistemática tradicionalbaseia-se principalmente em características físicas, morfológicas ecomportamentais. Trabalhos realiza<strong>do</strong>s nas duas últimas décadas sobreseqüência de nucleotídeos, tem sugeri<strong>do</strong> novas classificações. No presentetrabalho as espécies foram colocadas na classificação tradicional. A maioria<strong>do</strong>s trabalhos de citogenética (número e morfologia <strong>do</strong>s cromossomos),realiza<strong>do</strong>s nas décadas de 70 e 80 classifica as espécies pertencentes a


Ordem Falconiformes, como um grupo bastante heterogêneo, haven<strong>do</strong>grandes diferenças entre os grupos Accipitridae (gaviões), Falconidae(falcões), Pandionidae (águia pesca<strong>do</strong>ra), Sagittariidae (ave secretária) eCathartidae (urubus). O presente trabalho tem como objetivo, diagnosticar asituação em que se encontra a citogenética <strong>do</strong>s Falconiformes, através delevantamento exaustivo e completo da bibliografia pertinente. A famíliaAccipitridae caracteriza-se por apresentar uma grande variação no númerode cromossomos, 2n de 54 a 82, pre<strong>do</strong>minan<strong>do</strong> as espécies com 2n de 66 a68. Apresentam um baixo número de microcromossomos (de 6 a 12), o queas diferenciam das demais espécies de aves. Faz exceção a esta regra aespécie Aquila adalberti, com 24 microcromossomos. A ausência demacros propriamente ditos e a presença de cromossomos médios e pequenossão também típicos desta Família. O cromossomo Z aparece como um <strong>do</strong>smaiores e para o W há sugestões sobre a sua identificação. Das 185espécies de Accipitridae existentes, 51 têm os seus cariótipos descritos, dasquais 5 (9,8%) apresentam o cariótipo completo, ou seja com descrição<strong>do</strong> número diplóide, <strong>do</strong>s cromossomos Z e W e definição <strong>do</strong>s macro emicrocromossomos. A Família Falconidae caracteriza por apresentar umagrande variação no número de cromossomos (de 50 a 90) com os macroacrocêntricos que vão decrescen<strong>do</strong> até os microcromossomos, com exceção<strong>do</strong> gênero Falco, em que há variação de 48 a 52 cromossomos, exceto paraas espécies Milvago chimachima, Polyborus plancus e Phalcoboenusmegalopterus que possuem de 84 a 90 cromossomos. Das 53 espécies deFalconidade existentes, 12 tem o seu cariótipo descrito, <strong>do</strong>s quais apenas 1 (8,3%) apresenta o seu cairótipo completo. Em outras 11 estão descritos onúmero diplóide de cromossomos. As únicas espécies existentes dasfamílias Pandionidae (águia pesca<strong>do</strong>ra= Pandion haliaetus) e Sagittariidae(ave secretária=Sagittarius serpentarius), têm os seus cariótipos descritos,sen<strong>do</strong> que a última, não há identificação <strong>do</strong> Z e <strong>do</strong> W. Quanto aosCathartidae (urubus), considera<strong>do</strong>s ora como Falconiformes ora comoCiconiiformes na classificação tradicional, das 7 espécies existentes, háuma com cariótipo completo e outras duas com descrição <strong>do</strong> númerodiplóide. Com 27% das espécies com descrição <strong>do</strong> número diplóide, essepercentual cai para cerca de 3%, quan<strong>do</strong> se trata da descrição completa,inclusive para sexagem através <strong>do</strong> cromossomo W. Com relação as espéciesbrasileiras, das 62 espécies existentes, 10 (16,1%) estão cariotipadas. Osresulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> presente trabalho mostram a escassez de estu<strong>do</strong>s genéticos(cromossômico e molecular) na Ordem Falconiformes o que deixa margema um vasto campo de estu<strong>do</strong>s nestas áreas.________________________________________________


R5Cariótipo de algumas espécies da família Accipitridae (Falconiformes)Karina Felipe Amaral 1 , Wilham Jorge 1 e Carlos Eduar<strong>do</strong> Carvalho 21 Departamento de Biologia Geral, ICB - UFMG. Belo Horizonte/MG,2wiljorge@icb.ufmg.br; S.O.S. Falconiformes - Belo Horizonte/MG,falconiformes@vsn.net.com.brA família Accipitridae caracteriza-se por apresentar uma grandevariação no número diplóide (de 54 a 82), pre<strong>do</strong>minan<strong>do</strong> as espécies com66 a 68 cromossomos. São características da Família: 1) baixo número demicrocromossomos (de 6 a12) com exceção da Aquila adalberti ( águiaibérica imperial ) com 24 microcromossomos; 2) ausência demacrocromossomos propriamente ditos e a presença de cromossomosmédios e pequenos; 3) a maioria apresenta o cromossomo Z como um <strong>do</strong>smaiores <strong>do</strong> cariótipo; 4) presença de um ou <strong>do</strong>is pares de cromossomos comsatélites. O objetivo <strong>do</strong> presente trabalho é analisar os cromossomos de duasespécies da família Accipitridae: Harpia harpyja e Rupornis magnirostris,utilizan<strong>do</strong> cultivo celular de bulbo de pena e material medular. A Harpiaharpyja (gavião real ou uiraçu verdadeiro) apresentou 2n = 58 sen<strong>do</strong> ocromossomo Z submetacêntrico, com tamanho equivalente ao 1° par. AHarpia harpyja constitui uma única espécie <strong>do</strong> gênero Harpia. O seucariótipo é mais próximo <strong>do</strong> Morphnus guianensis (uiraçu-falso), poisambas apresentam os menores números diplóides da Família Accipitridae.Por outro la<strong>do</strong>, apresentam características fenotípicas <strong>sem</strong>elhantes. O gêneroButeo apresenta 9 espécies com 2n = 68, com exceção <strong>do</strong> Buteojamaicensis, com 2n=70 . A organização <strong>do</strong> cariótipo no gênero Buteo,difere das outras espécies de Accipitridae, com a presença <strong>do</strong> sétimo par, namaioria acrocêntrico. O Rupornis magnirostris (gavião carijó) considera<strong>do</strong>por alguns autores como Buteo magnirostris apresentou 2n = 68 e sétimopar acrocêntrico. O cromossoma sexual está sen<strong>do</strong> identifica<strong>do</strong>.Osresulta<strong>do</strong>s mostram que o Rupornis magnirostris apresentou o seu cariótipo<strong>sem</strong>elhante às espécies <strong>do</strong> gênero Buteo, o que apoia a inclusão destaespécie neste gênero.________________________________________________


R6Utilização <strong>do</strong> hábitat pela gralha-<strong>do</strong>-cerra<strong>do</strong>, Cyanocorax cristatellus(Corvidae), no Distrito Federal.Marina Faria <strong>do</strong> Amaral 1 e Regina Helena Ferraz Mace<strong>do</strong> 21 Depto Ecologia, UnB, mamaral@abor<strong>do</strong>.com.br, 2 Depto Zoologia, UnB,Brasília/DF.Estu<strong>do</strong>s avalian<strong>do</strong> a utilização de hábitat por espécies são relevantesinstrumentos para a biologia da conservação. Embora a avifauna brasileiraapresente grande diversidade, poucos estu<strong>do</strong>s envolven<strong>do</strong> esse parâmetroforam realiza<strong>do</strong>s. Este estu<strong>do</strong> teve como objetivo conhecer padrões deutilização <strong>do</strong> hábitat pela gralha-<strong>do</strong>-cerra<strong>do</strong> (Cyanocorax cristatellus,Corvidae), uma espécie de médio porte, endêmica <strong>do</strong> bioma Cerra<strong>do</strong>. Entremaio de 1999 e dezembro de 2000 estudamos quatro grupos de C.cristatellus em uma área de cerra<strong>do</strong> sensu stricto <strong>do</strong> Parque Nacional deBrasília, DF. Verificamos o número de indivíduos e as extensões das áreasde vida e <strong>do</strong>s territórios ocupa<strong>do</strong>s por cada grupo. Com auxilio de GPS e <strong>do</strong>software ArcView, marcamos e mapeamos a localização de cada grupo ecalculamos as áreas ocupadas. Observamos atividades de forrageamentopara determinar quais os recursos alimentares consumi<strong>do</strong>s e as técnicas decapturas utilizadas. Os quatro grupos amostra<strong>do</strong>s apresentaram em média10,3 indivíduos (varian<strong>do</strong> entre 9 e 11), área de vida média de172 ± 46 ha eárea territorial de 29 ± 8 ha. A gralha-<strong>do</strong>-cerra<strong>do</strong> é onívora. Insetos foramconsumi<strong>do</strong>s em 47,0% <strong>do</strong>s eventos de forrageamento observa<strong>do</strong>s, frutos em39,8%, néctar em 12,0% e vertebra<strong>do</strong>s em 1,2%. As diferentes técnicas decaptura observadas foram pinçamento (glean), vôo para cima (sally),suspenso no ar (hang), poleiro-ar (screen) e marteladas (hammer). Avariedade de técnicas de capturas empregadas e os itens consumi<strong>do</strong>srefletem o oportunismo desta espécie na utilização de recursos. A amplaárea de vida de C. cristatellus pode ser um parâmetro importante noplanejamento de áreas de conservação para a avifauna <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>.Órgão financia<strong>do</strong>res: CAPES, CNPq, “Animal Behavior Society” e“Association of Field Ornithologists”________________________________________________


R7Guildas tróficas em aves de sub-bosque na região Norte Fluminense 1Viviane Alves de Andrade 1 e Augusto Piratelli 21. Bolsista <strong>do</strong> PIBIC CNPq/ Univ. Fed. Rural <strong>do</strong> R.J. E-mail: vivalves@bol.com.br; 2. Univ. Fed. Rural <strong>do</strong> Rio de Janeiro, IB, DBA, BR 465 Km47, Seropédica, RJ. E-mail: piratelli@ufrrj.brConsideran<strong>do</strong>-se que uma guilda seria um grupo de espécies que seutilizam <strong>do</strong> mesmo recurso alimentar em proporções <strong>sem</strong>elhantes, estetrabalho procurou determinar a dieta básica das espécies amostradas e asguildas tróficas da avifauna em fragmentos florestais da região de Campos<strong>do</strong>s Goytacazes, norte fluminense (21 o 45’S; 41 o 19’W). Foram realizadascinco visitas (de outubro/2000 a abril/2001) em quatro fragmentos de matasitua<strong>do</strong>s em meio à extensas plantações de cana de açúcar, utilizan<strong>do</strong>-secapturas com redes ornitológicas e observações visuais e auditivas,totalizan<strong>do</strong> 114 horas-rede e 40 horas de observações. Para determinaçãodas guildas, os méto<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s foram coletas de fezes, observações decampo e referências bibliográficas. Até o momento, foram registradas 42espécies (22 famílias) observadas e/ou capturadas, que representam seteguildas tróficas: insetívoros (34%), carnívoros (21%), onívoros, granívoros,frugívoros, nectarívoros e piscívoros. Essas espécies ainda foram dividida<strong>sem</strong> guildas menores, associadas a seus hábitats, como exemplo insetívorosde áreas abertas, de troncos e brotos, carnívoros diurnos, noturnos. Osresulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s, como prevalência de espécies de áreas abertas ouborda de mata e insetívoros generalistas, denotam a lamentável situaçãodestes fragmentos, que se encontram bastante degrada<strong>do</strong>s.________________________________________________


R8Da<strong>do</strong>s sobre desenvolvimento e crescimento de filhotes de Spizaetustyrannus (gavião-pega-macaco), cria<strong>do</strong>s em cativeiro na FundaçãoParque Zoológico de São Paulo.Tatiane Castilho Andrade e Luiz Francisco SanfilippoSetor de aves, Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Av. MiguelStéfano, 4241. São Paulo, SP. 04301-905 (aves@zoologico.com.br;tathycas@hotmail.com)Pertencente à ordem Falconiformes e à família Accipitridae, ogênero Spizaetus possui <strong>do</strong>is representantes na Anérica latina: S. tyrannus eS. ornatus. Com 72 cm de comprimento total, negro com abdômen e calçõesfinamente salpica<strong>do</strong>s de branco, penacho curto e expandi<strong>do</strong>, S.tyrannus temampla distribuição geográfica, estenden<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> México à Argentina e emto<strong>do</strong> o Brasil. São conhecidas também duas subespécies, das quais Spizaetust. tyrannus ocorre na faixa florestada <strong>do</strong> Brasil este-meridional desde aBahia até o Rio Grande <strong>do</strong> Sul. Na natureza, durante os perío<strong>do</strong>s de 1 a 18de fevereiro de 1965 e de 20 a 25 de julho de 1968, no Canal <strong>do</strong> Panamá,foram encontra<strong>do</strong>s nidifican<strong>do</strong> na copa de uma palmeira real (Roystoneasp). O ninho se encontrava a uma altura de 13,5 m <strong>do</strong> solo, possuin<strong>do</strong> 1,3 mde diâmetro e 0,45 m de profundidade. Já em cativeiro, a reprodução deSpizaetus tyrannus é pouco conhecida. O presente trabalho tem comoobjetivo fornecer da<strong>do</strong>s sobre o crescimento e desenvolvimento <strong>do</strong>s filhotesdessa espécie, cria<strong>do</strong>s com sucesso em cativeiro na Fundação ParqueZoológico de São Paulo. Entre abril de 1996 a março de 1997, obteve-secinco ovos de um jovem casal, que se encontrava há 3 anos em um recintode 5,0 x 3,5 x 4,5 m. Os ovos possuíam coloração azulada com manchasacastanhadas e foram encontra<strong>do</strong>s um de cada vez, no chão <strong>do</strong> recinto quese encontra em exposição no parque. O 1º ovo foi encontra<strong>do</strong> em 11/04/96,já o 2º 123 dias após. O intervalo de tempo para o 3º ovo foi de 38 dias, parao 4º ovo 34 dias e para o 5º 148 dias. Os ovos quan<strong>do</strong> encontra<strong>do</strong>s foramretira<strong>do</strong>s <strong>do</strong> recinto, higieniza<strong>do</strong>s e leva<strong>do</strong>s a incuba<strong>do</strong>ra elétrica. To<strong>do</strong>sforam incuba<strong>do</strong>s a uma temperatura média de 37,5 ºC e a uma umidade quecorresponde a 60%. O perío<strong>do</strong> de incubação para cada filhote variou de 49 a51 dias. Durante este perío<strong>do</strong>, da<strong>do</strong>s foram coleta<strong>do</strong>s possibilitan<strong>do</strong> avaliaro crescimento e desenvolvimento <strong>do</strong> embrião através da curva de densidade


e da curva de peso <strong>do</strong>s ovos. Com base no gráfico de curva de peso <strong>do</strong>sovos, observou-se que o primeiro ovo, encontra<strong>do</strong> em abril de 1996, possuíauma notável diferença se compara<strong>do</strong> aos demais ovos. Este, desde o inícioda incubação até o dia da eclosão, foi o maior, tanto no peso (90,9 g),quanto no peso <strong>do</strong> filhote logo após eclosão (60 g). São valoresconsideráveis se levarmos em conta que os demais possuíram em médiaaproximadamente 74,7 g no peso <strong>do</strong> ovo e 48,6 g no peso <strong>do</strong> filhote. Já nográfico de densidade <strong>do</strong>s ovos, notamos uma curva similar para os cincofilhotes, condizen<strong>do</strong> que to<strong>do</strong>s possuíram praticamente o mesmo grau dedesenvolvimento. Após a eclosão, o primeiro, o segun<strong>do</strong>, o terceiro e oquinto filhote apresentaram em uma <strong>sem</strong>ana um crescimento em pesoaproxima<strong>do</strong> de 21 g, já o quarto filhote apresentou um crescimento de 3 g.Nota-se que apesar de to<strong>do</strong>s os ovos terem o mesmo desenvolvimentoembrionário, nem to<strong>do</strong>s os filhotes tiveram o mesmo crescimento em peso,varian<strong>do</strong> assim de indivíduo para indivíduo. Da<strong>do</strong>s sobre peso <strong>do</strong>s filhotesforam coleta<strong>do</strong>s durante aproximadamente um mês e meio. Os filhotesforam cria<strong>do</strong>s na mão e receberam a mesma alimentação. Logo apóseclosão, no 1º dia, foi ofereci<strong>do</strong> soro aos filhotes e a partir <strong>do</strong> 2º dia aalimentação consistiu-se de neonatos de ratos moí<strong>do</strong>s. Desde a incubação edurante o crescimento, os filhotes nunca tiveram contato visual ou auditivocom os pais. To<strong>do</strong>s os filhotes ainda se encontram vivos.________________________________________________R9Dieta e consumo de frutos de Miconia prasina (Melastomataceae) porChiroxiphia caudata (Pipridae) e Turdus albicollis (Muscicapidae) emuma área de Mata Atlântica da Ilha Grande, Rio de Janeiro.Rafaela D. Antonini 1 e Maria Alice S. Alves 2 .Ecologia, IBRAG, Universidade <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro, Rio deJaneiro/RJ (1. rdantonini@hotmail.com; 2. masa@uerj.br)Os objetivos deste estu<strong>do</strong> foram: i) conhecer a dieta de Chiroxiphiacaudata (tangará-dança<strong>do</strong>r) e de Turdus albicollis (sabiá-coleira); ii)determinar se existem diferenças morfométricas entre machos e fêmeas deC. caudata e iii) comparar essas espécies quanto ao consumo de frutos de


Miconia prasina (Melastomataceae). O estu<strong>do</strong> vem sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> em umaárea de Mata Atlântica pouco perturbada antropicamente a partir defevereiro de 1999. Indivíduos de C. caudata e T. albicollis foramcaptura<strong>do</strong>s, anilha<strong>do</strong>s, pesa<strong>do</strong>s, medi<strong>do</strong>s, induzi<strong>do</strong>s à regurgitação comtártaro emético e suas fezes coletadas. Em 12 indivíduos de M. prasina,foram feitas observações de 30 min, das 7:00 às 17:00 h, com intervalos demesma duração, totalizan<strong>do</strong> 71 h de esforço amostral. Foram identifica<strong>do</strong>s eregistra<strong>do</strong>s o número de aves visitantes, a o a freqüência de visitação e atática de forrageamento utilizada por elas. Nas amostras de fezes de machos(adultos e subadultos) de C. caudata, foram encontradas 50% (n=9)conten<strong>do</strong> apenas <strong>sem</strong>entes, 44,44% (n=8) conten<strong>do</strong> <strong>sem</strong>entes e artrópodes e5,56% (n=1) apenas com artrópodes. Nas amostras de fêmeas, foramencontradas 70% (n=7) apenas com <strong>sem</strong>entes e 30% (n=3) conten<strong>do</strong><strong>sem</strong>entes e artrópodes, não haven<strong>do</strong> amostras apenas com artrópodes.Quanto às medidas morfométricas <strong>do</strong> bico entre machos e fêmeas, houvediferença estatisticamente significativa no cúlmen exposto (teste Kruskal-Wallis H=630,5; p=0,048; gl=1) e na narina-ponta (teste t=-2,353; p=0,021;gl=83), sen<strong>do</strong> as medidas das fêmeas maiores apenas para esta últimamedida. Houve diferença estatisticamente significativa também no peso(t=4,417; p


Órgãos financia<strong>do</strong>res: PIBIC/UERJ; CNPq.________________________________________________R10Avifauna <strong>do</strong> Bosque Reinhard Maack e a importância desteremanescente florestal urbano para a conservação de aves em Curitiba,Paraná.*Márcia Arzua 1 e Alexandre Mitroszewski1 Museu de História Natural Capão da Imbuia, SMMA, PMC, Rua Prof.Benedito Conceição, 407, Curitiba, PR, 82810-080 (1.marzua@zaz.com.br).O Bosque Reinhard Maack (BRM), situa<strong>do</strong> na porção sudeste <strong>do</strong>município de Curitiba (25º29’S e 49º15’W), constitui-se em umremanescente altera<strong>do</strong> de Floresta Ombrófila Mista, com uma área de 8 ha.Neste BMR, realizou-se um levantamento quali-quantitativo da populaçãode aves de seu sub-bosque. As aves foram capturadas com redes-neblinadispostas em três ambientes: a) borda <strong>do</strong> remanescente (capoeira); b) trilhasno interior <strong>do</strong> bosque (mata); c) área limítrofe <strong>do</strong> bosque com área urbana.Foram realizadas coletas mensais em 1999 e 2000, totalizan<strong>do</strong> 24 dias noperío<strong>do</strong>, que somam 119.808 h.m 2 . Foram capturadas 865 aves, distribuída<strong>sem</strong> 54 espécies, quatro ordens e 13 famílias, sen<strong>do</strong> 465 (54%) na capoeira,237 (27%) na mata e 163 (19%) na área limítrofe. Destas, destacam-seTurdus rufiventris que representou 41% <strong>do</strong> total de capturas e o primeiroregistro de Thlypopsis sordida no Primeiro Planalto Paranaense. Outroaspecto importante foi a recaptura de 32 aves, anilhadas no BRM, noperío<strong>do</strong> de 1993 a 1994. O intervalo de seis anos entre a captura e arecaptura dessas aves, mostra a fidelidade desses indivíduos a este bosque.Este remanescente mostra grande importância na preservação de espécies deaves florestais, apesar de receber forte influência antrópica, constituin<strong>do</strong>-senuma importante área para referência e conservação destas.________________________________________________


R11Novo registro de Thlypopsis sordida no Paraná: um provável caso deexpansão regional de distribuição.Márcia Arzua 1 ; Pedro Scherer-Neto 2 ; Daniele Simone Car<strong>do</strong>so; AlexandreMitroszewski e Sônia Maris Czelusniaki.Museu de História Natural Capão da Imbuia, SMMA, PMC, R. Prof.Benedito Conceição, 407, Curitiba, PR, 82810-080 (1. marzua@zaz.com.br;2. schererneto@bbs2.sul.com.br)A área de ocorrência de Thlypopsis sordida estende-se por uma vastaregião que compreende a maior parte da América <strong>do</strong> Sul, abrangen<strong>do</strong> aVenezuela, Colômbia, Bolívia, Peru, Argentina, Paraguai. No Brasil, ocorredesde a região norte, nordeste e sul, ten<strong>do</strong> o Paraná como limite meridionalde distribuição. Neste esta<strong>do</strong>, com base na literatura, a espécie foi registradaem apenas sete localidades, especialmente no vale <strong>do</strong> rio Paraná e somenteum registro no vale <strong>do</strong> rio Ribeira. Durante uma das amostragens <strong>do</strong> projeto“Bioecologia de carrapatos de aves silvestres”, que somam até o momentoum esforço de captura de 119.808 h.m 2 , obteve-se uma única captura, emrede neblina, de um indivíduo macho adulto dessa espécie (27 de agosto de1999) no Bosque Municipal Reinhard Maack (25º29’S; 49º15’W, alt. 950m), situa<strong>do</strong> na porção sudeste <strong>do</strong> município de Curitiba. O referi<strong>do</strong>remanescente florestal, vegeta<strong>do</strong> por mata de araucária, circunda<strong>do</strong> porcapoeiras, apresenta uma área de apenas 8 ha, e localiza-se na periferiadaquele centro urbano. O inusita<strong>do</strong> registro, que amplia razoavelmente adistribuição regional da espécie para o leste paranaense, foi obti<strong>do</strong> em umaborda florestal em contato com uma capoeira. Com base nas informaçõesdistribucionais disponíveis a cerca dessa espécie no Paraná, este seria, aprincípio, considera<strong>do</strong> um representante de regiões mais quentes no esta<strong>do</strong>,haja vista suas ocorrências em zonas de mata estacional. Segun<strong>do</strong> aliteratura, trata-se de um elemento típico de borda e áreas modificadas,inclusive onde há aglomeração de taquarais e beiras de ramagens em subbosquealtera<strong>do</strong>. Ambas informações somadas indicam que estariaocorren<strong>do</strong> um provável caso de expansão de distribuição. O histórico deantropização extremamente rápida <strong>do</strong> qual o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná foi palco nasúltimas cinco décadas, alia-se a tal argumentação, sen<strong>do</strong> passível de


confirmação, para outros táxons que igualmente vem se expandin<strong>do</strong>, comodecorrência da modificação severa <strong>do</strong> hábitat florestal.________________________________________________R12Análise da estrutura e composição de ban<strong>do</strong>s mistos florestais em duaslocalidades de Santa Catarina.Marcos Antônio Guimarães Azeve<strong>do</strong> 1 e Ivo Rohling Ghizoni Jr 2 .1. Pós-graduação em Zoologia, FABIO, PUCRS. Museu de Ciências eTecnologia. Cx.P. 1429. CEP: 90619-900. magazeve<strong>do</strong>@usa.net; 2. Pósgraduaçãoem Ecologia, INPA. Rua 1, Quadra I, Casa 43, Bairro ConjuntoColina <strong>do</strong> Aleixo. Manaus - AM. CEP: 69083-440.ivoghizoni@starmedia.comAlgumas espécies de aves, geralmente fora <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> reprodutivo,formam associações denominadas ban<strong>do</strong>s mistos. Duas hipóteses principaistem si<strong>do</strong> propostas para explicar esses ban<strong>do</strong>s: a maximização <strong>do</strong>forrageamento e defesa anti-preda<strong>do</strong>r. Realizamos um levantamento dasespécies de aves de ban<strong>do</strong>s mistos florestais na Ilha de Santa Catarina: ÁreaTombada da Costa da Lagoa (27º35’52,5’’S e 48º28’44,7’’ W) e ParqueMunicipal da Lagoa <strong>do</strong> Peri (27º43’01,4’’S e 48º30’34,4’’W); e em Itapoá:Reserva Volta Velha (26º04’S e 48º38’W), com o objetivo de comparar suasestruturas. As duas áreas de estu<strong>do</strong> apresentam respectivamente Floresta deEncosta Atlântica e Floresta de Planície Quaternária. Durante olevantamento em campo, trilhas foram percorridas a pé numa velocidadecompatível para este experimento. As observações se iniciaram aoamanhecer e duravam toda a manhã. As espécies presentes nos ban<strong>do</strong>sforam identificadas com auxílio de binóculos e guias de campoespecializa<strong>do</strong>s. As saídas a campo ocorreram entre os meses de junho ejulho de 2000, perfazen<strong>do</strong> um total de 80 h de esforço amostral nas duasáreas. Dentre as 31 espécies levantadas, as mais comumente encontradas emban<strong>do</strong>s mistos na Ilha de Santa Catarina foram: Basileuterus culicivorus,Leptopogon amaurocephalus, Parula pitiayumi, Dysithamnus mentalis,Dacnis cayana, Tangara cyanocephala, Phily<strong>do</strong>r atricapillus, Picumnuscirratus temmincki e Tachyphonus coronatus; enquanto as espécies mais


comuns registradas em Itapoá foram: B. culicivorus, Lepi<strong>do</strong>colaptessquamatus, Habia rubica, Trichothraupis melanops, Tachyphonus cristatus,P. atricapillus, D. mentalis, Automolus leucophthalmus e T. cyanocephala,de um total de 39 espécies. Nossos resulta<strong>do</strong>s indicaram uma sensíveldiferença na estrutura e distribuição <strong>do</strong>s ban<strong>do</strong>s mistos nestas duas áreas. Ovalor <strong>do</strong> χ 2 calcula<strong>do</strong> através <strong>do</strong> T.K.-S (6,9487) foi significativamentediferente (∝ = 5%). Além disso as áreas de estu<strong>do</strong> registraram, segun<strong>do</strong> oteste Jaccard, 0,40 de similaridade, indican<strong>do</strong> uma similaridadefraca/moderada. As diferenças encontradas podem estar relacionadas com oatual esta<strong>do</strong> de conservação, além da distinta estrutura e composiçãoflorestal das duas áreas observadas.________________________________________________R13Plumagens e mudas de Charadriiformes no litoral de Pernambuco,Brasil.Severino Mendes de Azeve<strong>do</strong>-Júnior 1 e 3 Manoel Martins Dias Filho 2 eMaria Eduarda de Larrazábal 31Departamento de Biologia, Área de Zoologia da UFRPE. Rua DomManuel de Medeiros S/N Dois Irmãos, Recife, PE. 52171-900. E-mail:smaj@npd.ufpe.br. 2 Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva daUFSCAR. Via Washigton Luiz, Km 235, Cx. Postal 676, São Carlos, SP.13565-905. 3 Departamento de Zoologia da UFPE. Av. Prof. Moraes Rego,1235. Cidade Universitária, Recife, PE. 50670-420. E-mail:mells@npd.ufpe.brOs Charadriiformes realizam mudas e adquirem as plumagens dejovens e adultos, sen<strong>do</strong> estes: de reprodução, eclipse e intermediária. Foramcaptura<strong>do</strong>s exemplares no litoral de Pernambuco, especificamente na Coroa<strong>do</strong> Avião no canal de Santa Cruz (7° 40′ S e 34° 50′ W) no perío<strong>do</strong> dejaneiro de 1992 a abril de 1995. Para as coletas foram utilizadas 10 redes deneblina, com o objetivo de registrar sobretu<strong>do</strong>, as plumagens e as mudas deCharadrius <strong>sem</strong>ipalmatus, Arenaria interpres, Calidris pusilla, C. alba eSterna hirun<strong>do</strong> associan<strong>do</strong>-as às migrações. Foram verificadas nas espécies


capturadas as plumagens de jovens, adulto eclipse, adulto intermediário eadulto em reprodução. O ciclo de mudas de rêmiges primárias indica que,aqueles indivíduos que estão inician<strong>do</strong> as mudas em junho e julho nãoretornarão as suas áreas reprodutivas e os que iniciam de agosto a outubro,concluin<strong>do</strong> até fevereiro, migrarão neste mesmo ano para as áreas dereprodução. As mudas de retrizes apresentaram variações, no entanto, paraCalidris pusilla adultos, o ciclo foi concluí<strong>do</strong> até março. As mudas daspenas de contorno <strong>do</strong>s segmentos cabeça, <strong>do</strong>rso e ventre, ocorreram desetembro a fevereiro para formação da plumagem de eclipse, e de março aabril para a plumagem de reprodução.________________________________________________R14Recapturas e recuperações de aves migratóriasPernambuco, Brasil.no litoral deSeverino Mendes de Azeve<strong>do</strong>-Júnior 1,2 , Manoel Martins Dias 3 , MariaEduarda de Larrazábal 2 , Wallace R. Telino-Júnior 2 , Rachel M. Lyra-Neves 2 e Clyton José Galamba Fernandes 21Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Biologia, ,Rua Dom Manuel de Medeiros s/n - Dois Irmãos, Recife, Pernambuco,252171-900. E-mail: smaj@npd.ufpe.br; Universidade Federal dePernambuco, Departamento de Zoologia, Mestra<strong>do</strong> em Biologia Animal,Av. Prof. Moraes Rego, 1235 Cidade Universitária, Recife, Pernambuco,50670-420. E-mail: mells@npd.ufpe.br 3 Departamento de Ecologia eBiologia Evolutiva, Universidade Federal de São Carlos, Via WashingtonLuiz, km 235 C. P. 676. São Carlos, São Paulo, 13565-905.As recapturas e recuperações de aves no litoral de Pernambuco,Brasil, ocorreram na Coroa <strong>do</strong> Avião (07°40′S e 34°50′W), pequena ilhalocalizada no canal de Santa Cruz, costa norte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Foi objeto desteestu<strong>do</strong> verificar se as aves recuperadas que migram para o litoral dePernambuco são de origem <strong>do</strong> leste da América. De janeiro de 1987 anovembro de 1997 realizaram-se capturas, anilhamentos, recapturas erecuperações das aves utilizan<strong>do</strong>-se 10 redes de náilon com malha de 36mm, com 12 m de comprimento. Foi estima<strong>do</strong> o tamanho da população de


Calidris pusilla por ter si<strong>do</strong> a espécie de maior participação nas capturas erecapturas. Foram anilhadas 2596 aves das espécies: Pluvialis squatarola,Charadrius <strong>sem</strong>ipalmatus, C. collaris, Arenaria interpres, Actitismacularia, Catoptrophorus <strong>sem</strong>ipalmatus, Calidris fuscicollis, C. pusilla, C.alba, Numenius phaeopus, Limnodromus griseus e Sterna hirun<strong>do</strong>. Foramrecaptura<strong>do</strong>s 90 indivíduos no mesmo perío<strong>do</strong> de estu<strong>do</strong>, corresponden<strong>do</strong> a3,46% <strong>do</strong> total de aves marcadas. Foram recapturadas 12 A. interpres,perfazen<strong>do</strong> 5,85% <strong>do</strong> total anilha<strong>do</strong> para a espécie, 64 C. pusilla,representan<strong>do</strong> 3,45% e 14 C. alba, 6,37%. Em Pernambuco, 14 exemplaresforam recupera<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> 9 procedentes <strong>do</strong> leste da América <strong>do</strong> Norte, 1 daparte central da América <strong>do</strong> Norte , 1 <strong>do</strong> arquipélago de Açores, 1 da ilha daMadeira e 2 <strong>do</strong> sudeste <strong>do</strong> Brasil. Dez recuperações de indivíduosmarca<strong>do</strong>s na área de estu<strong>do</strong> foram efetuadas no leste da América <strong>do</strong> Norte eSul. De acor<strong>do</strong> com este estu<strong>do</strong>, a população de C. pusilla, obteve em 1992a maior estimativa populacional, com 15.152 indivíduos e em 1996 omenor, com 852.________________________________________________R15Padrões de riqueza de aves <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong>Marcelo Bagno 1 e Tarcísio Abreu 2Departamento de Zoologia, Universidade de Brasília, Brasília, D.F. 70910-900. Pós-graduação em Ecologia, IB, UnB, D.F.; e-mail: tlsabreu@unb.brAtualmente cerca de 80% <strong>do</strong> bioma Cerra<strong>do</strong> apresenta alterações emsuas fitofisionomias originais como conseqüência <strong>do</strong>s vários fatores deorigem antrópica decorri<strong>do</strong>s desde o século X<strong>IX</strong>. Adicionalmente em tornode 70% <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> não possui uma amostragem satisfatória para a avifaunae, apenas 1% deste bioma é protegi<strong>do</strong> por unidades de conservação.Mediante este fato, o presente trabalho tem como objetivos: determinar arelação entre número de espécies de aves e tamanho de áreas florestais eabertas e definir padrões de similaridade de espécies entre fitofisionomiascaracterísticas <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>. Entre os anos de 1992 a 2000, foram realiza<strong>do</strong>slevantamentos com um mínimo de mil horas de campo para cada um <strong>do</strong>sseis pontos no Cerra<strong>do</strong>: 1) Reserva Ecológica da Universidade de Brasília,


D.F. (60 ha); 2) Estação Ecológica de Águas Emendadas, D.F (10.500 ha);3) P.N. Chapada <strong>do</strong>s Veadeiros, GO (66.000 ha); 4) S.V.S. Morro Cabelu<strong>do</strong>,GO (541 ha); 5) P.N. das Emas, GO (133.000 ha); e, 6) região <strong>do</strong> futurolago da usina hidrelétrica Luís Eduar<strong>do</strong> Magalhães, Serra <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong>, TO(60.000 ha). As similaridades entre ambientes foram obtidas através <strong>do</strong>Índice de Jaccard. No total, 479 espécies foram incluídas nestas análises,corresponden<strong>do</strong> a 55% da avifauna presente no Cerra<strong>do</strong>. Através deregressão múltipla determinou-se uma forte relação positiva entre o númerode espécies e o tamanho de áreas florestais e abertas, definida pela equação:No. espécies = 10,5 * log (área florestal) + 6,3* log (áreas abertas) + 188,3.O tamanho de áreas florestais apresentou relação mais forte com o númerode espécies em comparação ao tamanho de áreas abertas (R=0.94; p=0.006 eR=0.91; p=0.013, respectivamente). A análise de agrupamento hierárquicocom base nas similaridades entre os ambientes foi compatível para to<strong>do</strong>s ospontos, segregan<strong>do</strong> as fitofisionomias de Cerra<strong>do</strong> em três grupos: mata degaleria/cerra<strong>do</strong> stricto sensu; campos/vereda e; separadamente, os ambientesaquáticos. Este padrão reflete as <strong>sem</strong>elhanças entre as estruturas espaciais<strong>do</strong>s ambientes e a alta taxa de hábito arborícola entre as espécies de aves. Asunidades de conservação devem proteger a maior diversidade defitofisionomias regional, consideran<strong>do</strong>-se principalmente arepresentatividade <strong>do</strong>s ambientes em relação às áreas totais.________________________________________________R16Biogeography and taxonomy of the south-american species of Picoides(Picidae).Juan Mazar BarnettSchool of Biological Sciences, University of East Anglia, Norwich NR47TJ. jmbco@ssdnet.com.arThe study of avian biogeography in South America has for decadesfocused in the lowland rainforests and the tropical Andes. Areas outsidethese regions have received consequently far less attention, in spite of theexistence of some striking patterns of avian distributions. Picoides lignariusand P. mixtus display complex patterns of geographic variation. The former


occurs in the subanctarctic Nothofagus forests along the base of thePatagonian Andes, with an isolated population in scrubby habitats of therainsha<strong>do</strong>wed valleys of central Bolivia. P. mixtus is distributed throughoutlowland scrub and open woodland from central Argentina through to theCerra<strong>do</strong> Region of Brazil and represented by four subspecies. Nearly 300museum specimens were studied to assess the patterns of morphologicalvariation, and morphometric data were analysed statistically to estimatediagnosis of the different subspecies and populations. Relationships wereanalysed with sequences of 575 base pairs from the Control Region of nineindividuals. The results of these analyses were combined with a review ofregional palaeonvironmental information, which allows for biogeographichypotheses to be put forward. The morphological studies identified thatmost of the variation of P. mixtus corresponds to clinal changes, but fourtaxonomic units exist in the group, based on morphology and distribution.The DNA sequences showed that the group represents a very recentradiation, and paraphyly of certain taxa was found possibly due toincomplete lineage sorting. Morphological variation was not related to thepattern of genetic relatedness. A scenario where the present morphologicalvariation and distribution are a likely result of climate and vegetationalshifts during the late Pleistocene (since the last 20.000 years) is proposed.The pattern will need to be analysed in other groups of lowlanddistributions, especially in relation to the effects of the tectonism of theCentral Brazilian plateaux and the subsiding Chaco basin. This revision hasimplications from both conservation and biogeographic standpoints.________________________________________________R17Distribuição, status populacional e ecologia de Pyrrhura pfrimeri(Psittacidae).Carlos Bianchi, Marcelo Reis, Alexandre Portella, Flor Las-Casas, GustavoPéres e Fernanda Lucci.Diretoria de Conservação e Pesquisa, Jardim Zoológico de Brasília. Avenidadas Nações Via L4 Sul, Brasília, DF. CEP 70.610-100. E-mail:bianchic@hotmail.com


A ciganinha (Pyrrhura pfrimeri) é uma espécie endêmica <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>com distribuição restrita às formações de matas decíduas (secas) e<strong>sem</strong>idecíduas <strong>do</strong> Brasil Central. Investigações sobre os limites dedistribuição (com a análise de mapas e verificações "in situ"), situaçãopopulacional (através de censos de linha e ponto; captura e coleta de sanguepara análises de DNA) e da<strong>do</strong>s sobre a ecologia (observação direta) têm si<strong>do</strong>realizadas na área de ocorrência da espécie. Os seguintes resulta<strong>do</strong>s foramobti<strong>do</strong>s até o momento: (1) Distribuição. Foram percorri<strong>do</strong>s cerca de 3.800km de estradas dentro da área potencial de ocorrência da espécie, cobrin<strong>do</strong>aproximadamente 12.200 km 2 . A presença de P. pfrimeri está fortementeassociada à ocorrência das matas secas da região, ten<strong>do</strong> quase os mesmoslimites desta fisionomia florestal, situada geralmente entre a Serra Geral e oRio Paranã. A transformação <strong>do</strong> ambiente em áreas de pasto tem reduzi<strong>do</strong>de forma drástica o hábitat da espécie. (2) Aspectos populacionais. P.pfrimeri foi observada geralmente em grupos com tamanho varian<strong>do</strong> entre 2e 31 indivíduos (média= 8,78; d.p.=5,97; n=79). Os censos (n=43),realiza<strong>do</strong>s em áreas com maiores remanescentes de mata e onde asdensidades da espécie parecem ser mais altas (p. ex. Parque Estadual deTerra Ronca), produziram uma estimativa de 223,95 indivíduos/km 2 . Seisindivíduos (3 machos e 3 fêmeas) foram captura<strong>do</strong>s com redes de neblina,anilha<strong>do</strong>s e tiveram amostras de sangue coletadas. (3) Ecologia. A espéciepossui hábitos essencialmente florestais, fazen<strong>do</strong> pequenas e curtasincursões para deslocamento ou forrageio em áreas mais abertas (culturas oupastos). Alimenta-se principalmente de espécies da mata, mesmo no auge daestação seca, quan<strong>do</strong> o tamanho <strong>do</strong>s grupos aumenta. As primeirasobservações de cópula foram registradas a partir de junho e algunsindivíduos com as caudas danificadas foram avista<strong>do</strong>s a partir de setembro,sugerin<strong>do</strong> que a reprodução da espécie pode ocorrer entre outubro e janeiro.Órgãos Financia<strong>do</strong>res: Fundação Boticário, Jardim Zoológico de Brasília.________________________________________________


R18Dinâmica da avifauna de um remanescente florestal de pequeno porteno município de Tijucas <strong>do</strong> Sul, Paraná, BrasilArthur Ângelo BispoPontifícia Universidade Católica <strong>do</strong> Paraná. (arthurbis@yahoo.com)Este estu<strong>do</strong> analisou a utilização pelas aves de um fragmento deFloresta Ombrófila Mista (Floresta com Araucária) de pequeno porte (16 ha)situa<strong>do</strong> no município de Tijucas <strong>do</strong> Sul (25°45’-26°00’S e 49°20’-49°05’W). O remanescente está localiza<strong>do</strong> no primeiro planalto paranaense,com clima tipo subtropical úmi<strong>do</strong> mesotérmico (Cfb), altera<strong>do</strong> peloextrativismo vegetal e atividades apícolas, porém manten<strong>do</strong> preserva<strong>do</strong> operfil característico da fitofisionomia original. As fases de campo foramrealizadas de novembro de 1999 a abril de 2001, num total de 15 visitas. Osméto<strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s foram as observações visuais/auditivas ecaptura/recaptura, que utiliza<strong>do</strong>s em conjunto registraram uma riqueza de118 espécies de 30 famílias. As espécies que apresentaram maioresfreqüências foram Basileuterus leucoblepharus, Cyclarhis gujanensis eTurdus rufiventris, ao contrário de Clibanornis dendrocolaptoides,Hemitriccus obsoletus e Passerina glaucocaerulea que foram registrada<strong>sem</strong> uma única visita. Foram captura<strong>do</strong>s 406 indivíduos de 55% das espéciesencontradas neste fragmento, sen<strong>do</strong> observa<strong>do</strong> que Turdus rufiventris foi aespécie mais abundante nas capturas com 12,34%, segui<strong>do</strong> por Basileuterusleucoblepharus, 8,39%. No entanto 26,15% das espécies capturadasapresentaram sua abundância relativa igual a 0,24% (n = 1). Em comparaçãocom ambientes maiores e mais preserva<strong>do</strong>s, verifica-se que o tamanho <strong>do</strong>fragmento, a sua distância para outros remanescentes e as influênciasantrópicas em seu entorno estão liga<strong>do</strong>s às baixas freqüências de ocorrênciae abundância relativa. Essa situação favorece o aparecimento de espéciesoportunistas que por vezes são espécies coloniza<strong>do</strong>ras de borda, invasorasou facilmente adaptáveis a hábitats modifica<strong>do</strong>s.________________________________________________


R19Descrição e freqüência <strong>do</strong>s padrões motores relaciona<strong>do</strong>s às atividadesde manutenção e locomoção de Gallinula chloropus (Gruiformes,Rallidae) em Curitiba, Paraná.Natalia Apolonia Belino Bomfim 1 e Leny Cristina Milléo Costa 21 Bacharel em Biologia e-mail: abbnat@bol.com.br; 2 Professora <strong>do</strong> Cursode Biologia da PUCPR/ Rua Imaculada Conceição, 1155, Pra<strong>do</strong> Velho. CxPostal 16210. Cep 80215-901. Curitiba - PR, lcmcosta@rla01.pucpr.brO frango d’água, Gallinula chloropus, é uma espécie de amplaocorrência em ambientes aquáticos, <strong>inclui</strong>n<strong>do</strong> áreas com águas salobraspouco profundas. Em Curitiba esta espécie é encontrada durante to<strong>do</strong> o ano,em áreas urbanas. Apesar de ser comum, poucos relatos são encontra<strong>do</strong>s arespeito <strong>do</strong> seu comportamento, justifican<strong>do</strong>-se trabalhos que venham asomar conhecimentos desta espécie. As atividades de manutenção elocomoção são relevantes no repertório comportamental desta ave, poisocorrem independente <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> reprodutivo. Este trabalho visou descreveros padrões motores referentes a essas atividades e avaliar as suasfreqüências nos indivíduos adultos. Foram realizadas 309 horas deobservação em sete subáreas <strong>do</strong> Parque Municipal Barigüi e em trêssubáreas <strong>do</strong> Parque Municipal São Lourenço, Curitiba, Paraná. Os méto<strong>do</strong>sutiliza<strong>do</strong>s foram “ad libitum” e “animal focal”. Nas atividades demanutenção foram descritas onze posturas: alisamento da plumagem,limpeza <strong>do</strong> corpo, coçar a cabeça, eriçamento de penas, banho, abertura deasas, extensão de asas e patas, repouso, agacha<strong>do</strong>, alimentação no solo ealimentação em água. .A atividade mais freqüente na manutenção foi aalimentação (66,8%, N= 2205) seguida <strong>do</strong> alisamento da plumagem (15,6%,N= 2205). A alimentação na água foi mais freqüente (72,7%, N=1473) <strong>do</strong>que a alimentação no solo (27,3%,N=1473). No deslocamento foramdescritas as posturas de deslocamento em água e deslocamento em terra.Nesta atividade a maior freqüência foi o deslocamento em água (78,1%,N=1399).________________________________________________


R20Aves na Coleção Científica da Universidade Regional de Blumenau,Santa CatarinaCarlos Alberto Borchardt Jr 1 , Sérgio Luiz Althoff 2Zimmermann 3 .e Carlos Eduar<strong>do</strong>1. Acadêmico de Ciências Biológicas. caborchardt@al.furb.br; 2.Laboratório de Zoologia, Universidade Regional de Blumenau; 3.Laboratório de <strong>Ornitologia</strong>/Instituto de Pesquisas Ambientais.cezimmer@furb.rct-sc.brColeções científicas são fundamentais em estu<strong>do</strong>s taxonômicos e deconservação. Santa Catarina apesar de possuir 596 aves registradas, nãoapresenta uma coleção representativa desta diversidade. Este trabalhoapresenta a coleção científica de aves da Universidade Regional deBlumenau . Esta coleção é formada por espécimes <strong>do</strong>a<strong>do</strong>s pela comunidadeem geral e pela recente <strong>do</strong>ação <strong>do</strong> acervo da Fundação <strong>do</strong> Meio Ambiente –FATMA. Os exemplares apresenta<strong>do</strong>s fazem parte da coleção em via seca(taxidermiza<strong>do</strong>s). Dos espécimes conserva-se amostras de teci<strong>do</strong> <strong>do</strong> fíga<strong>do</strong> ecoração armazena<strong>do</strong>s em álcool, material osteológico, conteú<strong>do</strong>estomacal/intestinal, en<strong>do</strong> e ectoparasitas. O armazenamento de to<strong>do</strong> omaterial segue as premissas de coleções zoológicas. A coleção contém 109espécies de aves e 238 espécimes, assim distribuí<strong>do</strong>s: Diomedeidae (1espécie, 1 exemplar), Procellariidae (4,4), Spheniscidae (1,2), Sulidae (1,1),Ardeidae (2,2), Threskiornithidae (1,1), Cathartidae (1,1), Accipitridae(4,7), Falconidae (1,1), Cracidae (1,9), Rallidae (3,7), Charadriidae (1,1),Scolopacidae (2,2), Laridae (3,4), Columbidae (3,7), Psittacidae (3,4),Cuculidae (2,2), Tytonidae (1,3), Strigidae (4,8), Caprimulgidae (2,3),Apodidae (3,16), Trochilidae(5,10), Trogonidae (1,3), Alcedinidae (1,2),Ramphastidae (1,5), Picidae (4,7), Formicariidae (4,7), Conopophagidae(1,1), Furnariidae (2,3), Dendrocolaptidae (2,2) Tyrannidae (12,16),Pipridae (4,13), Cotingidae (2,2), Hirundinidae (1,1), Troglodytidae (1,2),Muscicapidae (3,27), Emberizidae (20,47), Estrildidae (1,4).Esta coleçãoapresenta grande importância regional, pois a maioria <strong>do</strong>s exemplaresprocede <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Itajaí. Destacam-se as seguintes espécies pelos poucosregistros para Santa Catarina: Botaurus pinatus, Lepto<strong>do</strong>n cayanensis,Accipiter striatus, Porphyrula martinica, Coccyzus melacoryphus, Pulsatrix


koeniswaldiana, Asio stigyus, Campephilus robustus, Oxyruncus cristatus,Chlorophonia cyanea e Chlorophanes spiza.________________________________________________R21Descrição <strong>do</strong>s ninhos e ovos de duas espécies de aves amazônicas:Hypocnemis hypoxantha e Myrmotherula cherriei (Passeriformes:Thamnophilidae)Sérgio Henrique Borges e Ricar<strong>do</strong> A.M. de AlmeidaFundação Vitória Amazônica; sergio@fva.org.brA história natural de várias espécies de aves da famíliaThamnophilidae é ainda pouco conhecida, <strong>inclui</strong>n<strong>do</strong> informações sobre abiologia reprodutiva como a descrição de ninhos e ovos. Neste trabalhodescrevemos os ninhos e ovos de duas espécies da família Thamnophilidaepouco conhecidas na Amazônia: Hypocnemis hypoxantha e Myrmotherulacherriei. O canta<strong>do</strong>r amarelo, Hypocnemis hypoxantha, ocorre no Brasilentre os rios Solimões e Negro, além da Colômbia, Equa<strong>do</strong>r e Peru comuma subespécie restrita ao Brasil entre os rios Tapajós e Xingu. Esta espéciehabita florestas de terra firme, onde demonstra uma predileção porvegetação densa e emaranhada. No dia 6 de setembro de 1998 observamosum indivíduo de H. hypoxantha voan<strong>do</strong> em direção a um ninho ondeencontramos <strong>do</strong>is ovos. O ninho foi encontra<strong>do</strong> em uma mata de terra firmede platô no Parque Nacional <strong>do</strong> Jaú (PNJ) entre as palhas de uma palmeira(Astrocarium sp.) a uma altura de 1,5 m <strong>do</strong> solo. O ninho media 40 mm deabertura maior e 70 mm de profundidade interna. Possuía a forma de umataça e o material usa<strong>do</strong> para a sua confecção era composto de folhas secas ehífas de fungo. Os ovos mediam 18,6 x 13,5 mm e 18,2 x 13,0 mm. Os <strong>do</strong>isovos eram de cor creme claro com manchas marrons bem destacadas quevariavam de tamanho concentran<strong>do</strong>-se em um <strong>do</strong>s pólos. Uma breve revisãoda literatura sugere que essa é a primeira descrição <strong>do</strong> ninho e ovos de H.hypoxantha. O ninho e os ovos de H. hypoxantha parecem muito similaresaos de seu congênere H. cantator. A choquinha de peito risca<strong>do</strong>,Myrmotherula cherriei, ocorre no extremo noroeste <strong>do</strong> Brasil na região <strong>do</strong>rio Negro, além da Colômbia e Venezuela. Seus habitats são as matas de


galeria, bordas de igapó e campinas. No dia 22 de maio de 2000 observamosum ninho com <strong>do</strong>is ovos que foram coleta<strong>do</strong>s. O ninho foi encontra<strong>do</strong> emuma mata de igapó no Parque Nacional <strong>do</strong> Jaú entre as bifurcações de umaárvore pequena a mais ou menos 7 metros de altura. O local onde foiencontra<strong>do</strong> o ninho estava alaga<strong>do</strong> e a distância entre o mesmo e a lâminad’água era de somente 30 cm. O nível da água já havia atingi<strong>do</strong> mais oumenos 6,5 m <strong>do</strong> solo no local <strong>do</strong> ninho e as águas ainda estavam subin<strong>do</strong>. Oninho e os ovos foram coleta<strong>do</strong>s uma vez que seriam totalmente atingi<strong>do</strong>spela água. As medidas <strong>do</strong> ninho foram: 55,8 x 47,7 mm de diâmetro internona abertura da taça, 51,7 mm de profundidade interna, 61,7 mm de diâmetroexterno na altura da câmara incubatória e 46,7 mm de diâmetro interno naaltura da câmara incubatória. Possuía a forma de uma tigela e o materialusa<strong>do</strong> era composto de gravetos finos e hífas de fungo. Os ovos mediam16,9 x 12,5 mm e 17,0 x 12,6 mm, e pesavam 12,5 e 12,6 grespectivamente. Eram de cor creme com manchas marrons distribuídas emto<strong>do</strong> o ovo sen<strong>do</strong> menos concentra<strong>do</strong>s nos pólos. Na literatura existe umadescrição muito vaga <strong>do</strong> ninho de M. cherriei, mas, está de acor<strong>do</strong> comnossa descrição no que diz respeito ao ambiente encontra<strong>do</strong> e a estação <strong>do</strong>ano. Uma comparação com o congênere Myrmotherula surinamensis indicaque os ovos desta espécie são muito similares ao de M. cherriei. Nas regiõestropicais, estu<strong>do</strong>s têm indica<strong>do</strong> que boa parte da perda de ovos e filhotestem como causa a predação. Observações de ninhos em matas de igapó noPNJ sugerem que a inundação pode ser um importante fator na mortalidadede aves em fase de reprodução. São necessários estu<strong>do</strong>s mais detalha<strong>do</strong>spara entender a influência da inundação sazonal das matas alagáveis daAmazônia na dinâmica populacional das aves.Orgãos financia<strong>do</strong>res: WWF <strong>do</strong> Brasil, Kolinos <strong>do</strong> Brasil, Fundação VitóriaAmazônica________________________________________________R22Ampliação na distribuição geográfica de duas espécies de avesamazônicas: Myrmeciza disjuncta e Amazona kawalli.Sérgio Henrique Borges e Ricar<strong>do</strong> A. de AlmeidaFundação Vitória Amazônica (sergio@fva.org.br)


O conhecimento da distribuição geográfica das espécies de avesamazônicas tem si<strong>do</strong> continuamente amplia<strong>do</strong> em trabalhos de camporecentes. Durante as pesquisas ornitológicas na região <strong>do</strong> Parque Nacional<strong>do</strong> Jaú foram registradas duas espécies de aves não conhecidas na região.Myrmeciza disjuncta: este Thamnophilidae era anteriormente conheci<strong>do</strong>somente para quatro localidades na Venezuela e partes da Colômbia. Ummacho adulto foi grava<strong>do</strong> em 16 de março de 1999 numa pequena campinana região leste <strong>do</strong> Parque. Mario Cohn-Haft e Kevin Zimmer confirmaramque as vocalizações gravadas eram de M. disjuncta. As gravações foramdepositadas no Arquivo Sonoro Elias Pacheco (UFRJ). Posteriormente umcasal desta espécie foi coleta<strong>do</strong> e deposita<strong>do</strong> na coleção de aves <strong>do</strong> MuseuParaense Emílio Goeldi. M. disjuncta pode ser descrito como um pequenoPasseriforme (os exemplares coleta<strong>do</strong>s pesavam 14 g) <strong>sem</strong>i-terrestre já quena maior parte das observações os indivíduos estavam se deslocan<strong>do</strong> nochão até uma altura máxima de um metro. A vocalização da espécie podeser transcrita como “chiiiiiiii pitchiii pitiiiuu” emitida ativamente entre 5:45e 7:00 h e raramente após este perío<strong>do</strong> de tempo. O tipo de vegetação onde aespécie foi encontrada é classificada como vegetação sobre solos arenosos<strong>do</strong> tipo campina. Trata-se de uma vegetação aberta <strong>do</strong>minada por arbustoemaranha<strong>do</strong>s pontuada por pequenas arvores com cerca de 5 metros. Estetipo de vegetação é típica da bacia <strong>do</strong> rio Negro especialmente nos setoresmédio a alto <strong>do</strong> rio. Este registro é o primeiro desta espécie para o Brasil eamplia em cerca de 500 km ao sul a distribuição previamente conhecida.Uma breve nota notifican<strong>do</strong> o registro de M. disjuncta para o Brasil foipublicada.Amazona kawalli: no dia 3 de julho de 2000, <strong>do</strong>is papagaios foramobserva<strong>do</strong>s numa árvore emergente de cerca de 20 metros em uma matainundada de igapó na foz de um igarapé conheci<strong>do</strong> como igarapé <strong>do</strong>morcego (coordenadas UTM 0465146 e 9712440) no Parque Nacional <strong>do</strong>Jaú. As duas aves foram observadas por mais de 15 minutos sob boascondições de luz. To<strong>do</strong>s os detalhes morfológicos observa<strong>do</strong>s conferem,item a item, com a descrição e com os desenhos de A. kawalli apresenta<strong>do</strong>spor Martuscelli e Yamashita (Ararajuba 5 (2), 1997). Além disto foramfeitas boas gravações das vocalizações <strong>do</strong>s papagaios gentilmenteidentificadas por Carlos Yamashita como pertencentes a A. kawalli. Adistribuição geográfica previamente conhecida para este papagaio incluíalocalidades em vários tributários <strong>do</strong> rio Tapajós, rios Teles Pires, Juruena,Roosevelt, Juruá e áreas ao sul da cidade de Tefé. O registro de A. kawalli


no Parque Nacional <strong>do</strong> Jaú, localiza<strong>do</strong> ao norte <strong>do</strong> rio Amazonas entre osrios Japurá e Negro, contraria a sugestão de que o limite norte dadistribuição da espécie seria o próprio rio Amazonas. A distribuiçãogeográfica de A. kawalli é mais ampla que se pensava e possivelmente estejaassociada a diferenças de micro-hábitats nas matas inundadas da Amazôniaou competição com outras espécies de papagaios <strong>do</strong> gênero Amazona.Fontes financia<strong>do</strong>ras: WWF <strong>do</strong> Brasil e Kolinos <strong>do</strong> Brasil________________________________________________R23O papagaio verdadeiro (Amazona aestiva) e a permanência <strong>do</strong> objeto.Andressa Borsari 1 , Ana Elisa Sestini 2 e Eduar<strong>do</strong> Benedicto Ottoni 3IP-USP R Prof. Melo Moraes, 1721. Bl. A. Cep 05508900 Cid.Universitária, SP; 1 borsari@hotmail.com 2 anaelisa@usp.br 3ebottoni@usp.brA compreensão de que os objetos possuem identidades epropriedades materialmente distintas, fixas no tempo e no espaço, é acaracterística principal <strong>do</strong> conceito de permanência <strong>do</strong> objeto. Desta forma,o indivíduo sabe que estes itens continuam a existir mesmo fora <strong>do</strong> alcanceda visão e que suas propriedades não são modificadas por simplesmovimento. Quinze tarefas, de dificuldade crescente e relacionadas a seisestágios de desenvolvimento sensório-motor, têm si<strong>do</strong> utilizadas para o testede diferentes grupos de animais quanto a este conceito. Para cada tarefa,existe um critério de de<strong>sem</strong>penho e a tarefa seguinte só é aplicada quan<strong>do</strong> osujeito obtém sucesso na tarefa em andamento. Os psitacídeos possuemgrandes áreas estriatais, porção neural que acredita-se ser responsável porcomportamentos indica<strong>do</strong>res de capacidades cognitivas mais complexas.Basean<strong>do</strong>-se nisto, tomou-se como sujeito experimental um papagaioverdadeiro (Amazona aestiva). Brinque<strong>do</strong>s e <strong>sem</strong>entes foram utiliza<strong>do</strong>scomo objetos a serem procura<strong>do</strong>s pelo sujeito. Potes e copos opacosfuncionaram como esconderijos para os objetos. O sujeito deveria observaras manipulações <strong>do</strong> experimenta<strong>do</strong>r, para então recuperar o objetoescondi<strong>do</strong>. O papagaio foi testa<strong>do</strong> da tarefa 1 à tarefa 11, ten<strong>do</strong> alcança<strong>do</strong> o


critério de de<strong>sem</strong>penho apenas até a tarefa 10 e, consequentemente, atingi<strong>do</strong>o quinto estágio de desenvolvimento sensório-motor. Toman<strong>do</strong>-se comobase os resulta<strong>do</strong>s de outros psitacídeos, é possível que este papagaioverdadeiro, atualmente com 20 meses de idade, venha a atingir o sextoestágio. Os resulta<strong>do</strong>s sugerem que o sujeito já considera os deslocamentossucessivos percebi<strong>do</strong>s no campo visual, deixan<strong>do</strong> de procurar o objeto numaposição privilegiada e passan<strong>do</strong> a buscá-lo somente na posição que resulta<strong>do</strong> último deslocamento visível: o acaso cedeu lugar à consciência dasrelações. Além de demonstrar um desenvolvimento paralelo intrigante emvárias linhas evolutivas, a permanência <strong>do</strong> objeto, se estendida acomparações entre espécies intimamente relacionadas, pode revelarinformações importantes sobre características cognitivas, neurobiológicas eevolutivas.________________________________________________R24Variações intersexuais na dieta <strong>do</strong> atobá-marrom (Sula leucogaster) noArquipélago de São Pedro e São PauloRejane Both 1 e Thales R. O. de Freitas 21 - Ufrgs/Curso de Pós-graduação em Ecologia, Cx. P. 15007, Porto Alegre,RS, (rejane@ecologia.ufrgs.br) 2 - Ufrgs/Dep. de Genética, Av. BentoGonçalves, 9500, 91509-900, Porto Alegre, RS.No Brasil, são poucos os estu<strong>do</strong>s envolven<strong>do</strong> a ecologia alimentardas aves marinhas, em especial quanto as possíveis variações intersexuais nadieta. A dieta de S. leucogaster foi estudada com base na análise deregurgita<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s em seis expedições realizadas nos anos de 1999 e2000, ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo (00 o 55’01’’N;29 o 20’44’’W), que está localiza<strong>do</strong> a 1010 Km a nordeste da cidade de Natal(RN). Verificou-se o peso das amostras, o número, a espécie e ocomprimento total das presas em cada amostra. No total, foram coletadas 42amostras de regurgito pertencentes a machos e 42 a fêmeas. Três espécies depeixes teleósteos (Cypselurus cyanopterus, Oxyporhamphus micropterus eCoryphaena hippurus) e uma espécie de cefalópode (Ornithoteuthisantillarum) foram compartilhadas por ambos os sexos. Os peixes Exocoetus


volitans e Gempylus serpens foram registra<strong>do</strong>s exclusivamente emregurgitos de fêmeas. Três espécies de peixes (Nomeus gronovii,Hemiramphus spp. e Scomber japonicus) e uma espécie de cefalópode(Ommastrephes bartramii) foram encontradas exclusivamente nosregurgitos <strong>do</strong>s machos. Apesar das variações qualitativas na dieta entre ossexos, peixes-voa<strong>do</strong>res (Exocoetidae) foram os principais itens alimentares,representan<strong>do</strong> 97,14% e 90,97% das presas encontradas, respectivamente,nos regurgitos <strong>do</strong>s machos (n = 175 presas) e das fêmeas (n = 133 presas).As amostras de regurgitação pertencentes a machos foram compostas emmédia por 4,09 presas e por 1,5 espécies, enquanto que os regurgita<strong>do</strong>s defêmeas foram compostos em média por 3,09 presas e por 1,35 espécies. OCT das presas capturadas pelos machos variou de 24 a 289 mm (Média =150,7 mm; n = 175). Os espécimens preda<strong>do</strong>s pelas fêmeas variaram de 57 a360 mm (Média = 169,5 mm; n = 133). O peso médio <strong>do</strong>s regurgita<strong>do</strong>s <strong>do</strong>smachos foi de 115,1 g (n = 42), enquanto que o das fêmeas foi 135,3 g (n =42). Através <strong>do</strong> Teste de Aleatorização (Programa MULTIV), constatou-sediferença significativa no número de espécimens de presas por amostra e notamanho das presas capturadas por machos e fêmeas (P < 0,05), sen<strong>do</strong> queas amostras de regurgito referentes a fêmeas foram compostas por umnúmero menor de presas, mas de tamanho maior. Não foi encontradadiferença significativa entre os sexos quanto ao peso das amostras e nonúmero de espécies por amostra. A diferença intersexual no tamanho daspresas capturadas pode estar relacionada com a dieta relativamentediferenciada entre os sexos. Porém, a fêmea <strong>do</strong> Atobá-marrom é maior emais pesada <strong>do</strong> que o macho e possui o bico mais grosso e corpulento, o quea capacitaria a capturar presas maiores. Outra hipótese é a maiornecessidade de energia pela fêmea, devi<strong>do</strong> ao maior tamanho e tambémporque tende a se deslocar maiores distâncias da colônia para forragear, jáque é a maior responsável pela alimentação <strong>do</strong>s filhotes.Órgãos financia<strong>do</strong>res: UFRGS/ CAPES/ CNPq/ MARINHA- SECIRM________________________________________________


R25Seqüência de modificação da plumagem de um indivíduo de Pulsatrixkoeniswaldiana.Ana Claudia Rocha BragaRua Comenda<strong>do</strong>r João Gabriel, 143. Mirandópolis. São Paulo, SP. 04052-080 ; kikabraga@hotmail.com.O gênero Pulsatrix, da família Strigidae, é composto por trêsespécies, sen<strong>do</strong> que duas delas ocorrem no Brasil. Pulsatrix koeniswaldianaocorre no sudeste <strong>do</strong> Brasil, <strong>do</strong> Espírito Santo até o Paraná, também aparecena Argentina e no Paraguai. Habita preferencialmente florestas úmidas. Oobjetivo deste estu<strong>do</strong> é descrever a seqüência da mudança de plumagem deum indivíduo P. koeniswaldiana encontra<strong>do</strong> por um funcionário, no chão,em 9 de dezembro de 2000 no Horto Florestal de São Paulo. O animal ficouem cativeiro até 25 de maio e, neste perío<strong>do</strong>, foi observa<strong>do</strong> e fotografa<strong>do</strong>,em intervalos de aproximadamente três <strong>sem</strong>anas, desde a fase de filhote atéadulto, sen<strong>do</strong> possível descrever e ilustrar a seqüência da mudança deplumagem. Comparou-se esta seqüência com a observada nos espécimes deP. perpicillata, deposita<strong>do</strong>s no Museu de Zoologia da Universidade de SãoPaulo. As informações presentes na literatura dão conta de que os filhotesdas três espécies de Pulsatrix são iguais ou muito pareci<strong>do</strong>s: brancos comuma máscara preta. Diferente <strong>do</strong> observa<strong>do</strong> neste trabalho: o indivíduoanalisa<strong>do</strong> apresentou uma coloração bege no corpo, barriga e peito emáscara marrom escura, durante a fase de filhote. Foram constatadas cincofases, nas quais obteve-se o aparecimento progressivo <strong>do</strong> desenho ocre namáscara e de um colar marrom, e a substituição das plumas por penas damesma cor na barriga. Na primeira fase o animal já tinha canhões bemdesenvolvi<strong>do</strong>s de primárias e retrizes. Na última fase, o animal estava com acoloração típica da espécie. Vale ressaltar, que P. koeniswaldiana possui aíris marrom escura, tarsos empluma<strong>do</strong>s e de<strong>do</strong>s nus, bico acinzenta<strong>do</strong>,retrizes fortemente barradas de branco, diferentemente de P. perspicillataque tem, em geral, íris e bico amarela<strong>do</strong>s, tarsos e de<strong>do</strong>s empena<strong>do</strong>s, eretrizes barradas de cinza, com listras mais estreitas e em maior número <strong>do</strong>que as da espécie comparada.________________________________________________


R26Distribución y situación actual del Loro Barranquero (Cyanoliseuspatagonus) en la Provincia de Cór<strong>do</strong>ba, Argentina.Gustavo Bruno 1 e Manuel Nores 21. San José de Calasanz 319, 5000 Cór<strong>do</strong>ba, Argentina.gustavobruno@arnet.com.ar; 2. Centro de Zoología Aplicada. UniversidadNacional de Cór<strong>do</strong>ba. C. C. 122, 5000 Cór<strong>do</strong>ba, Argentina. E-mail:mnores@com.uncor.eduEl Loro Barranquero (Cyanoliseus patagonus) es uno de los cincorepresentantes de la familia Psittacidae que habitan la provincia de Cór<strong>do</strong>ba,Argentina. En este trabajo, se determinó la distribución, situación actual,requerimientos de las colonias y evolución histórica de la especie en laprovincia. El estudio se llevó a cabo en el perío<strong>do</strong> 1991-1999, aunque seintensificó en los <strong>do</strong>s últimos años. La búsqueda de este psitáci<strong>do</strong> se efectuósobre la base de datos bibliográficos, datos de naturalistas y pobla<strong>do</strong>reslocales. Los recuentos se realizaron durante el perío<strong>do</strong> de reproducción,época <strong>do</strong>nde permanecen la mayor parte del tiempo en las barrancas, lo quefacilita el conteo de individuos. Se encontraron 16 colonias dentro de losDeptos. San Alberto, San Javier y Río Cuarto, con un total aproxima<strong>do</strong> de400 individuos. Aunque a nivel provincial la especie debe considerarsecomo escasa y vulnerable, los resulta<strong>do</strong>s indican que es localmente comúnen el Depto. San Javier con el 66 % del total de la población, mientras queen los deptos. San Alberto (15 %) y Río Cuarto (11 %), se la puedeconsiderar localmente frecuente. Como requisitos para establecer unacolonia de nidificación se encontraron la presencia de barrancas de gredageneralmente sobre ríos y arroyos y la ausencia de perturbacionesimportantes. La evolución histórica indica que los loros barranqueros eranabundantes en el oeste de la provincia, experimentan<strong>do</strong> un marca<strong>do</strong>retroceso a lo largo de los años. La conservación de la especie en laprovincia dependería del establecimiento de un marco de protección a lascolonias más importantes, de las que actualmente sólo una se encuentra bajoel amparo de una reserva privada recientemente creada.________________________________________________


R27Distribuição e abundância de seis espécies <strong>do</strong> gênero Sterna no sul <strong>do</strong>Brasil.Leandro Bugoni 1 e Carolus Maria Vooren 1, 21.Fundação Universidade Federal <strong>do</strong> Rio Grande – FURG. Departamento deOceanografia, Laboratório de Elasmobrânquios e Aves Marinhas, C.P. 474,96.201-900, Rio Grande, RS (pgoblb@super.furg.br); 2.(<strong>do</strong>ccmv@super.furg.br).Entre março de 1999 e novembro de 2000 foram realiza<strong>do</strong>s 44censos no Pontal Sul, de<strong>sem</strong>bocadura da Lagoa <strong>do</strong>s Patos (32º08’S;52º05’W) com o objetivo de determinar as variações espaciais e temporaisna abundância de Sterna spp. Censos também foram efetua<strong>do</strong>s nas praiascosteiras ao sul (60 km) e norte da Lagoa <strong>do</strong>s Patos (50 km), 21 vezes emcada área, entre novembro de 1999 e novembro de 2000. A praia foidividida em estratos de 5 km para determinação <strong>do</strong>s padrões de ocupaçãoespacial. Sterna hirun<strong>do</strong> foi a espécie mais abundante entre outubro emarço, com número médio de aves no Pontal Sul de 5.223,3 em janeiro,1.870,8 em outubro, 4.482,7 em novembro e 1.000 em dezembro. Osvalores máximos na área norte foram 5.579,5 aves em janeiro e 3.724,5 emdezembro e na área norte foram 3.329,5 aves em janeiro. A maiorabundância de S. hirundinacea ocorreu no inverno com máximos de 1.426,5aves na área sul em agosto, 901 aves na área norte em julho e 645 aves naárea sul em setembro. Sterna trudeaui ocorreu nas três áreas em to<strong>do</strong>s osmeses <strong>do</strong> ano e teve abundância maior durante o perío<strong>do</strong> não reprodutivo,entre janeiro e julho. Os valores máximos para a espécie foram registra<strong>do</strong>sna área sul com 334,5, 318 e 344,5 aves em março, abril e junho,respectivamente. Sterna superciliaris teve padrão temporal e espacial<strong>sem</strong>elhante a S. trudeaui, com valores máximos na área sul de 149,5, 203 e198 aves em março, abril e maio, respectivamente. Sterna maxima foiencontrada durante to<strong>do</strong> o ano, porém ban<strong>do</strong>s maiores foram vistos nooutono e inverno. Os maiores valores foram encontra<strong>do</strong>s na área norte com209 aves em junho e 246 em julho. Sterna eurygnatha foi a espécie menosabundante, embora tenha ocorri<strong>do</strong> em to<strong>do</strong>s os meses <strong>do</strong> ano. Os valoresmáximos foram registra<strong>do</strong>s na área sul em fevereiro (25,5 aves) e no Pontal


Sul em fevereiro (15,7 aves) e outubro (14,3 aves). Todas as espéciesutilizam a área pre<strong>do</strong>minantemente durante o perío<strong>do</strong> não reprodutivo.Sterna hirundinacea, S. eurygnatha, S. hirun<strong>do</strong> e S. maxima reproduzem-seem locais ao norte e sul da área de estu<strong>do</strong>. Sterna trudeaui e S. superciliaristêm suas principais áreas de reprodução no interior <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. Sternahirun<strong>do</strong>, S. hirundinacea, S. trudeaui e S. eurygnatha não apresentarampadrão de ocupação preferencial por nenhum <strong>do</strong>s estratos da área sul ou daárea norte (Kruskal-Wallis, p>0,05). Sterna superciliaris foi mais abundantenos estratos próximos à de<strong>sem</strong>bocadura da Lagoa <strong>do</strong>s Patos, na área sul(p=0,026). Sterna maxima ocupou preferencialmente os estratos da área sule norte próximos à de<strong>sem</strong>bocadura da Lagoa <strong>do</strong>s Patos (p


constituíram a maior parte da dieta com %FO=93,4, %Nr=32,4, %M(Massareconstituída)=96,3 e Índice de Importância Relativa (IIR)=12.028. Osinsetos contribuíram com %FO=29,1, %Nr=66,9, %M=3,1 e IIR=2.038. Osprincipais itens alimentares foram Paralonchurus brasiliensis (IIR=5.016),formigas aladas (Formicidae) (IIR=1.217), Micropogonias furnieri(IIR=552), Cynoscion guatucupa (IIR=107), Clupeiformes (IIR=102),Macro<strong>do</strong>n ancylo<strong>do</strong>n (IIR=86) e Urophycis brasiliensis (IIR=54).Constatou-se significativa variação mensal nas principais presas ingerida<strong>sem</strong> número (teste G=3.082,11, gl=24, p


R29Variaciones de las hormonas gonadales plasmáticas (17 β estradiol,progesterona y testosterona), durante el ciclo reproductivo de Zenaidaauriculata (Columbidae).Mirian E. Bulfon e Noemí Bee de SperoniDpto. de Diversidad Biológica y Ecología. Fac. de Ciencias ExactasFísicas y Naturales. Vélez Sársfield 299. U.N.Cba. CP 5000. RepúblicaArgentina. mbulfon@com.uncor.eduCon el fin de dilucidar algunos aspectos relaciona<strong>do</strong>s a la biologíareproductiva de las aves, se determinaron en Zenaida auriculata (Palomatorcaza), los niveles de las hormonas gonadales plasmáticas (17 β estradiol,progesterona y testosterona),durante un ciclo reproductivo. Se utilizaronsetenta hembras adultas, capturadas con redes de niebla en el Dto. Río I(Pcia.de Cba), República Argentina, ( 64 ° 30’ longitud oeste y 31° delatitud sur) durante el año 2000. La ausencia de la Bursa de Fabricius, fueutiliza<strong>do</strong> como indica<strong>do</strong>r del esta<strong>do</strong> adulto. En el laboratorio las aves seanestesiaron con Uretano anhydro y se extrajeron 5 ml de sangre porpunción cardíaca. La cuantificación de 17 β estradiol y progesterona, serealizó mediante el test de inmunoensayo por electroquimioluminiscencia(ECLIA) y la de testosterona por RIA. Las gonadas completas seremovieron, pesaron y fijaron en Formalina Neutra pH 7.0.Luego seprocesaron de acuer<strong>do</strong> a la técnica de inclusión en parafina, los cortesseria<strong>do</strong>s de 6 µm de espesor, se colorearon con Hematoxilina-Eosina yTricrómico de Mallory. Los valores máximos de 17 β estradiol seregistraron en el perío<strong>do</strong> (julio a septiembre),(media = 92,3 pg/ml ± 25,6)durante el cual pre<strong>do</strong>minaron los especímenes con las gonadas en fase derecrudescencia avanzada; los mínimos valores en noviembre-diciembre(media = 45,64 pg/ml ± 28,40).Las variaciones entre meses fueronsignificativas (ANOVA: F= 3,89, P < 0.006).Los niveles de progesterona seelevaron paulatinamente a partir de julio hasta octubre (media = 7,63 ng/ml± 1,22). Estas cifras disminuyeron en los meses de marzo, mayo,noviembre y diciembre (media= 3,9 ng/ml ± 1,4). Las variacionesestimadas son diferentemente significativas entre meses (ANOVA: F =9,51, P < 0.001).La testosterona exhibe muy poca variaciones entre losmeses analiza<strong>do</strong>s,(media =0,30 ng/ml ± 0.15) y estadísticamente no son


significativas. De estos resulta<strong>do</strong>s, se infiere que la fase de recrudescenciagonadal en las hembras de Z.auriculata se relaciona estrechamente con elaporte energético de los alimentos. Esta especie consume preferentemente<strong>sem</strong>illas de cultivos regionales (sorgo, mijo, trigo, maíz, etc), los cuales sonabundantes en el área estudiada , durante el perío<strong>do</strong> comprendi<strong>do</strong> entre losmeses de julio y octubre.Financiamento: SECYT - U.N.CBA. Resol. 163/ 99.________________________________________________R30A importância da mata de galeria <strong>do</strong> rio Turuçu como corre<strong>do</strong>r paraaves florestais na Planície Costeira Sul-Rio-Grandense.Marcelo D. M. Burns , Giovanni N. Maurício e Harol<strong>do</strong> E. AsmusMuseu de História Natural, Universidade Católica de Pelotas, R. Félix daCunha 412, C. P. 402, CEP 96010-000, Pelotas ,RS, Brasil. E-mail:mburns@zaz.com.brMatas de galeria, na condição de corre<strong>do</strong>res, são importantes viaspara a dispersão e o deslocamento de organismos florestais, poden<strong>do</strong> ter umpapel fundamental para a conservação. No sudeste <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul,cursos d’água que nascem na vertente atlântica da Serra <strong>do</strong> Sudeste fluempara o sistema lagunar Patos-Mirim e, em conseqüência, as matas de galeriaa eles associadas ligam duas paisagens distintas: a serrana, originalmenteflorestal, e a litorânea, que, embora pre<strong>do</strong>minantemente aberta, abrigamanchas descontínuas de matas arenícolas e palu<strong>do</strong>sas. A mata de galeria <strong>do</strong>rio Turuçu, uma das poucas florestas primárias de galeria da região dePelotas, representa um típico exemplo dessa situação. Para avaliar aimportância da mata de galeria desse rio para a avifauna florestal, realizouseno perío<strong>do</strong> de janeiro a dezembro de 1999 levantamentos ornitológico<strong>sem</strong> três áreas distintas: remanescentes florestais da Serra <strong>do</strong> Sudeste (bacia<strong>do</strong> rio Turuçu), mata de galeria <strong>do</strong> rio Turuçu e matas arenícolas e palu<strong>do</strong>sasda ilha da Feitoria (situadas no litoral lagunar em setores adjacentes à várzea<strong>do</strong> referi<strong>do</strong> rio). Das cerca de 100 espécies de aves de interior ou de bordasde floresta conhecidas para Serra <strong>do</strong> Sudeste através de registros recentes,


64 foram registradas na mata de galeria <strong>do</strong> rio Turuçu. Destas, 46 ocorreramnas matas da ilha da Feitoria, inclusive várias espécies florestais que não sãoconhecidas para nenhuma outra localidade <strong>do</strong> litoral sul <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong>Sul, tais como, Ortalis guttata, Lepi<strong>do</strong>colaptes falcinellus, Chiroxiphiacaudata e Carpornis cucullatus. Sugere-se que essas, entre outras espéciesflorestais, colonizaram as matas relativamente isoladas da ilha da Feitoriaatravés da mata de galeria <strong>do</strong> rio Turuçu. Esses resulta<strong>do</strong>s demonstram aimportância em nível regional (Zona Sul <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>) da mata de galeriadesse rio, cuja conservação implica na necessária manutenção de umimportante corre<strong>do</strong>r para aves florestais, ao longo <strong>do</strong> qual, várias espéciesoriundas das florestas residuais da Serra <strong>do</strong> Sudeste encontram hábitatadequa<strong>do</strong> e uma via para colonização das matas relativamente isoladas <strong>do</strong>litoral lagunar. Recomenda-se, portanto, que planos de conservação levemem consideração a eventual existência de corre<strong>do</strong>res florestais, os quaispodem ser elementos fundamentais para o incremento e a manutenção dabiodiversidade regional.________________________________________________R31Novas informações sobre a ecologia de Synallaxis simoni, táxonendêmico da bacia <strong>do</strong> Rio Araguaia.Dante R.C. Buzzetti¹1 - CEO-Centro de Estu<strong>do</strong>s Ornitológicos São Paulo,SP. R.Dom Manuel173, 04602-050 (buzzetti@uol.com.br).O Furnariidae Synallaxis simoni foi descrito por C. E. Hellmayr em1907, basea<strong>do</strong> em material coleciona<strong>do</strong> na localidade de Leopoldina,atualmente denominada Aruanã, situada na margem direita <strong>do</strong> alto curso <strong>do</strong>rio Araguaia, no esta<strong>do</strong> de Goiás. É bastante recente a elevação deste táxonao nível de espécie (Sick, 1997), sugerida primeiramente por Silva (1995).Há no entanto ainda controvérsias quanto à independência de Synallaxissimoni em relação a Synallaxis albilora, certamente justificadas pelaescassez de exemplares em museus e de informações sobre a biologia de S.simoni. São aqui apresenta<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s preliminares sobre manifestaçõessonoras, preferência de hábitat, biometria, nidificação e plumagem de S.


simoni, obti<strong>do</strong>s durante os trabalhos de caracterização ambiental para oPlano de Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cantão, unidade de conservaçãorecém-criada, que contempla cerca de 90.000 ha de florestas de várzea eformações ripárias das ilhas <strong>do</strong> rio Araguaia, no município de Pium, esta<strong>do</strong><strong>do</strong> Tocantins. Os da<strong>do</strong>s de comportamento foram obti<strong>do</strong>s por observaçãodireta, com o auxílio de binóculos 10 x 40. Vocalizações foram registradascom o uso de grava<strong>do</strong>r TCM-5000 EV e microfone Sennheiser com móduloultradirecional ME-88. No total oito indivíduos foram observa<strong>do</strong>s egrava<strong>do</strong>s, um deles foi captura<strong>do</strong> com rede de neblina, mensura<strong>do</strong>,fotografa<strong>do</strong> e coleciona<strong>do</strong>. O ambiente preferencial de ocorrência da espécieé denomina<strong>do</strong> localmente de “saranzal”, uma vegetação arbustiva densaonde pre<strong>do</strong>minam o saran Sapium haematospermum – Euphorbiaceae e agoiabinha Psidium riparium – Myrtaceae. Esta vegetação se desenvolvesobre cordões arenosos deposita<strong>do</strong>s pelo rio Araguaia e está sujeita agrandes inundações, chegan<strong>do</strong> a ficar completamente submersa na estaçãochuvosa (novembro-maio). Na estação seca, S. simoni foi observa<strong>do</strong> comfreqüência forragean<strong>do</strong> no solo <strong>do</strong> saranzal e na estação chuvosa freqüenta avegetação arbustiva que margeia os varjões adjacentes. Dois ninhos em fasefinal de construção foram localiza<strong>do</strong>s no mês de setembro, apresentavamformato de retorta, com túnel de acesso lateral, eram constituí<strong>do</strong>s de umamassa de gravetos roliços, bastante <strong>sem</strong>elhantes àqueles construí<strong>do</strong>s porvários outros congêneres. Os ninhos estavam coloca<strong>do</strong>s sobre galhos desaran, um deles situa<strong>do</strong> a cerca de 3,0 metros <strong>do</strong> solo. O outro ninhosituava-se a apenas 70 cm de altura e media aproximadamente 77,0 cm x52,0 cm x 29,0 cm, com túnel de acesso à câmara medin<strong>do</strong> de 38,0 cm;havia um indivíduo vocalizan<strong>do</strong> ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> ninho. O canto territorial deSynallaxis simoni é composto de uma única nota descendente, repetidaincessantemente, em média a cada 1,09 s (N=32), com duração média de252 ms e freqüência média varian<strong>do</strong> de 1.700 a 900 Hz. Comparaçõespreliminares indicam que o canto de S. simoni é nitidamente distinto <strong>do</strong>canto de S. albilora, este último composto de uma frase de três notas, aprimeira descendente e a última ascendente, repetidas em intervalos de emmédia 5,5 s (N=4), com duração média de 270 ms e 230 ms,respectivamente e freqüência varian<strong>do</strong> de 5.500 a 3.100 Hz e 3.800 a 5.000Hz, respectivamente. Quanto à biometria, o único exemplar de S. simonianalisa<strong>do</strong> apresentou as principais medidas (total, asa, cauda, cúlmen etarso) significativamente inferiores àquelas de S. albilora. Há ainda pelomenos uma diferença notável entre a plumagem de S. simoni e de S.albilora: o <strong>do</strong>rso de S. simoni é castanho-ferruginoso, enquanto que o <strong>do</strong>rsode S. albilora é par<strong>do</strong> escuro, não contrastan<strong>do</strong> com a cabeça. Embora


preliminares, as constatações acima sugerem, e estu<strong>do</strong>s posteriores podemconfirmar, a independência entre os <strong>do</strong>is táxons.Apoio: Tangará Consultoria em Meio Ambiente e Turismo, Naturatins eSecretaria de Planejamento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Tocantins.________________________________________________R32Da<strong>do</strong>s preliminares sobre a ecologia de Eleothreptus anomalus(Caprimulgidae) no Parque Estadual de Vila Velha, Paraná.Dante R.C. Buzzetti 1 , Angelica M.K. Uejima² , ³, Cassiano A F. R. Gatto 2,3 eMauro Pichorim 21 - CEO-Centro de Estu<strong>do</strong>s Ornitológicos São Paulo,SP. R.Dom Manuel173, 04602-050 (buzzetti@uol.com.br).; 2 - Curso de Pós-Graduação emZoologia, UFPR, CP 19031, Curitiba, PR. CEP 81531- 990(pichorim@bio.ufpr.br); 3 – Mülleriana: <strong>Sociedade</strong> Fritz Müller de CiênciasNaturais. CP 1644 CEP 80011-970 Curitiba-PR(mariakazue@xmail.com.br) (cagatto@bol.com.br)O curiango-<strong>do</strong>-banha<strong>do</strong> Eleothreptus anomalus é um caprimulgídeoraro e pouco conheci<strong>do</strong>, que habita preferencialmente campos e bordas debanha<strong>do</strong>s. São conhecidas apenas cerca de 20 localidades de ocorrência daespécie, nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul <strong>do</strong> Brasil, norte daArgentina e Paraguai. Na região <strong>do</strong>s Campos Gerais <strong>do</strong> Paraná, há apenas oregistro de um indivíduo, vítima de atropelamento, encontra<strong>do</strong> no municípiode Palmeira-PR. Atropelamentos têm si<strong>do</strong> uma constante nos registros deEleothreptus anomalus nos últimos quarenta anos, uma das causas daausência de informações sobre sua biologia na literatura. São apresenta<strong>do</strong>saqui da<strong>do</strong>s preliminares sobre biometria, manifestações sonoras, estratégiasde forrageamento e preferência de hábitat, relativos a cerca de 15 registrosda espécie no Parque Estadual de Vila Velha, região paranaense <strong>do</strong>sCampos Gerais, Ponta Grossa, sen<strong>do</strong> que seis indivíduos foram captura<strong>do</strong>s emensura<strong>do</strong>s. As observações foram realizadas entre janeiro de 2000 e marçode 2001. As aves foram localizadas com o auxílio de lanternas, capturadasmanualmente e observadas em atividade de forrageio. O perío<strong>do</strong> de maior


atividade observa<strong>do</strong> ocorreu durante os primeiros 30 minutos após ocrepúsculo vespertino, sen<strong>do</strong> <strong>sem</strong>pre encontra<strong>do</strong>s indivíduos solitários, ouaos casais durante a estação reprodutiva, em vôos baixos, de até 5 m <strong>do</strong>solo, em ambiente de campo natural com gramíneas nativas baixas,atingin<strong>do</strong> em média 30 cm de altura. Após o perío<strong>do</strong> de maior atividade, asaves foram observadas no solo ou, com menor freqüência, sobre arbustos deaté 1 m de altura. Quan<strong>do</strong> pousa<strong>do</strong>s no solo, observou-se em quatroindivíduos o comportamento de andar para trás quan<strong>do</strong> da aproximação <strong>do</strong>observa<strong>do</strong>r, fato até então não menciona<strong>do</strong> para a espécie ou outrorepresentante da família Caprimulgidae. Dois tipos de manifestaçõessonoras foram registradas, uma delas corresponden<strong>do</strong> possivelmente aocanto territorial da espécie, até então desconheci<strong>do</strong>, que consiste numaseqüência rápida de notas praticamente interligadas, soan<strong>do</strong> como umtrina<strong>do</strong>, com duração média de 0,77 s (N=2) e freqüências varian<strong>do</strong> de 1.900a 8.800 Hz. Quanto à biometria, os machos captura<strong>do</strong>s (n=3) apresentaramas seguintes médias de dimensões: asa 124,7 mm (erro padrão: 0,83), tarso21,0 (e.p.: 0,18) mm, cauda 77,2 mm (e.p,: 0,43), cúlmen total 14,5 mm(e.p.: 0,9), borda anterior da narina à ponta <strong>do</strong> bico 7,1 mm (e.p.: 0,03) ,altura e largura da narina 5,1 e 3,3 mm (e.p. 0,32 e 0,08) respectivamente.Fêmeas (n=3) apresentaram médias maiores na maior parte das medidastomadas: asa 132,6 mm (e.p.: 0,85), tarso 21,6 mm (e.p.: 0,28), cauda 85,6mm (e.p.: 4,3), cúlmen total 16,7 mm (e.p.: 2,2), borda anterior da narina àponta <strong>do</strong> bico 7,4 mm (e.p.: 0,48), largura da narina 6,1 mm (e.p.: 0,14) ealtura da narina 3,1 mm (e.p.: 0,24). O comprimento total médio das fêmeastambém foi superior aos <strong>do</strong>s machos, atingin<strong>do</strong> 212,0 mm (e.p.: 6,5),enquanto que o <strong>do</strong>s machos apenas 187,5 mm (e.p. 2,5). A população deEleothreptus anomalus <strong>do</strong> Parque Estadual de Vila Velha é a únicaconhecida nos Campos Gerais paranaenses, ten<strong>do</strong> grande importância naconservação desta espécie na região. Estu<strong>do</strong>s mais detalha<strong>do</strong>s sobre aecologia deste Caprimulgidae serão desenvolvi<strong>do</strong>s com a finalidade de seobter mais informações e propor medidas efetivas para sua conservação.________________________________________________


R33Observações preliminares de aves visitantes de Miconia cinnamomifolia(Melastomataceae) em uma área de Mata Atlântica.Edwin Ricar<strong>do</strong> Campbell-Thompson¹, Vanessa Matias Bernar<strong>do</strong>² e DenizeAlves Macha<strong>do</strong>³1 e 2 Graduação de Ciências Biológicas. UFSC. Florianópolis, SC. 88010-970 1.(campbeller@hotmail.com), 2. (vansmb@bol.com.br ), 3. InstitutoSynthesis (denize.alves@unetsul.com.br)A produção de frutos é uma estratégia utilizada por muitas plantaspara atrair aves frugívoras com o fim de dispersar suas <strong>sem</strong>entes. A cor,tamanho, número de frutos e número de <strong>sem</strong>entes são alguns parâmetrosornitocóricos utiliza<strong>do</strong>s. O objetivo deste trabalho é identificar as espéciesque visitam a árvore para consumir seus frutos, determinan<strong>do</strong> a freqüênciadas visitas e a estratégia de mandibulação utilizadas pelas aves. Para aidentificação das espécies de aves que exploram os frutos de Miconiacinnamomifolia foram realizadas observações diretas num indivíduo destaespécie na borda de uma floresta secundária no Hotel Plaza Caldas daImperatriz, Santo Amaro da Imperatriz, SC. As observações foram feitasnos meses de março a abril de 2001, no perío<strong>do</strong> da manhã entre as 6:00 às10:00h com duração de três horas. Totalizaram-se 21 horas de observaçãodireta. Até o momento 12 espécies foram identificadas consumin<strong>do</strong> osfrutos, pertencentes a quatro famílias: Tyrannidae (Elaenia sp. ePachyramphus validus), Muscicapidae-Turdinae (Platycichla flaviceps,Turdus subalaris e T. amaurochalinus), Vireonidae (Cyclarhis gujanensis) eEmberizidae-Thraupinae (Tachyphonus coronatus, Thraupis sayaca, T.ornata, T. palmarum, Tangara cyanocephala e Dacnis cayana). Asespécies mais freqüentes foram T. cyanocephala (33,06%, n=121), D.cayana (19,01%, n=121) e T. coronatus (11,57%, n=121). Com relação aotipo de mandibulação o mais utiliza<strong>do</strong> foi apanhar os frutos pousa<strong>do</strong> sobreos ramos. O Dacnis cayana utilizou além desta estratégia a de apanhar osfrutos voan<strong>do</strong> para um poleiro. Foram identificadas ainda quatro espéciesque não consumiram os frutos. Estas espécies são pertencentes a trêsfamílias, sen<strong>do</strong> elas: Vireonidae (Vireo chivi), Emberizidae (Euphonia sp. eCoereba flaveola) e Ramphastidae (Ramphastos dicolorus). A M.cinnamomifolia atrai um número considerável de aves, maximizan<strong>do</strong> assim


a sua dispersão. E pode participar de um importante papel na dispersão deoutras espécies vegetais através da atração das aves, uma vez que possibilitaa dispersão secundária das mesmas.________________________________________________R34Novas ocorrências de aves para o Arquipélago <strong>do</strong>s Abrolhos.Cynthia Campolina 1,3 ; Bernardete Barbosa 2 ; Marcos Rodrigues 31-Pós-graduação em Desenvolvimento Suntentável, UESC- Ilhéus – BAcynthiacampolina@zipmail.com.br; 2-Parque Nacional Marinho deAbrolhos - IBAMA - Caravelas - BA; 3- Departamento de Zoologia - ICB -UFMG - MG - ornito@mono.icb.ufmg.brO Arquipélago <strong>do</strong>s Abrolhos, constituí<strong>do</strong> de cinco ilhas, localiza-se aaproximadamente 70 km (36 milhas náuticas) da cidade de Caravelas,extremo sul da Bahia (17º58'S, 38º42'W). O Arquipélago é um <strong>do</strong>s maisimportantes locais de reprodução de aves marinhas na costa brasileira.Reproduzem-se no Arquipélago Sula dactylatra (atobá-mascara<strong>do</strong>), Sulaleucogaster (piloto), Fregata magnificens (fragata), Phaethon aethereus(grazina-de-bico-vermelho), Phaethon lepturus (grazina-de-bico-amarelo),Anous stolidus (benedito) e Sterna fuscata (trinta-réis-das-rocas). Trata-setambém de um local de invernada, passagem e pernoite (stopover) paravárias outras espécies. Durante o perío<strong>do</strong> de 1999 à 2001 a ilha foi visitadamensalmente e foram registradas novas ocorrências de aves para oArquipélago. Foram observadas cinco espécies de aves marinhas e umaespécie de ave terrestre. Encontrou-se quatro indivíduos jovens, vivos deSphenicus magelanicus (pingüim-de-magalhães) nadan<strong>do</strong> e forragean<strong>do</strong> nomês de setembro de 2000. Existem registros para está espécie até o litoral <strong>do</strong>Alagoas, mas pouco se sabe se tais indivíduos retornam a sua área dereprodução. Puffinus puffinus (bobo-pequeno) nidifica em ilhas nos oceanosAtlântico e Pacífico Norte durante o verão boreal, e migram para ohemisfério sul chegan<strong>do</strong> à África, Brasil, Uruguai e Argentina. Esta espéciefoi observada em pequenos grupos de 5 à 7 indivíduos pescan<strong>do</strong> dentro daárea <strong>do</strong> Arquipélago junto a grupos de 4 a 6 indivíduos de Puffinus gravis


(bobo-grande-de-sobre-branco) durante o perío<strong>do</strong> de junho à novembro de1999. Nesse mesmo perío<strong>do</strong> foi observa<strong>do</strong> cerca de 100 indivíduos deOceanites oceanicus (alma-de-mestre). Esta espécie permaneceu na ilha desetembro de 1999 à novembro de 1999. O. oceanicus nidifica nas ilhassubantárticas durante o verão austral. Fora desta época realiza migraçõestransequatoriais, principalmente pelo oceano Atlântico. Este registrosignifica que o Arquipélago deva ser usa<strong>do</strong> como um local de parada(stopover) para pelo menos uma população desta espécie. Um indivíduovivo de Daption capense (pomba-<strong>do</strong>-cabo) foi encontra<strong>do</strong> na proa de umaembarcação de turismo no mês de outubro de 1999. A ave parecia cansada,foi fotografada e pernoitou na embarcação até o dia seguinte quan<strong>do</strong> alçouvôo até perder de vista. D. capense ocorre no hemisfério sul onde nidificanas ilhas subantárticas. Há registros ao norte de Cabo Frio no Rio de Janeiroe sua ocorrência na costa brasileira é rara. Dois indivíduos de Syrigmasibilatrix (garça-faceira) foram observa<strong>do</strong>s durante o perío<strong>do</strong> de junho àagosto de 1999 pousa<strong>do</strong>s na ilha Re<strong>do</strong>nda, onde pareciam estar forragean<strong>do</strong>normalmente. S. sibilatrix é uma espécie campestre comum em to<strong>do</strong> sul daBahia, cuja distribuição deve ter si<strong>do</strong> aumentada após a eliminação dafloresta de tabuleiro que originalmente cobria toda a região. To<strong>do</strong>s osregistros foram feitos durante o outono/inverno Austral, perío<strong>do</strong> onde ovento sul é pre<strong>do</strong>minante e provavelmente muitas espécies de aves marinhasde ocorrência Austral acabam sen<strong>do</strong> deslocadas por estas massas de ar frio.A exceção a este fato são as observações de Oceanites oceanicus, quepoderia estar usan<strong>do</strong> o Arquipélago como marca<strong>do</strong>r de rota de migraçãoe/ou local de repouso e alimentação. Um programa de monitoramento delongo prazo da avifauna que ocorre ocasionalmente aos re<strong>do</strong>res <strong>do</strong>Arquipélago revelaria se tais observações retratam um padrão de migração edispersão ou apenas acontecimentos aleatórios relaciona<strong>do</strong>s apenas àscorrentes de vento.Apoio: ParNaMar-Abrolhos/IBAMA/Caravelas-BA; Marinha <strong>do</strong> Brasil;CEMAVE/IBAMA-DF; CNPq (Conselho Nacional para o DesenvolvimentoCientífico e Tecnológico) e Fundação O Boticário de Proteção à Natureza.________________________________________________


R35Sucesso reprodutivo de Sula leucogaster (Pelecaniformes, Sulidae) nasIlhas <strong>do</strong>s Currais, Paraná.Flávia de Campos-Martins 11- Universidade Federal de São Carlos – Programa de Pós Graduação emEcologia e Recursos Naturais, pfdc@iris.ufscar.brSucesso reprodutivo é a contribuição proporcional de indivíduospara as futuras gerações. Sula leucogaster é a espécie de sulídeo maiscomum nas costas brasileiras; reproduz-se no Golfo <strong>do</strong> México, Caribe eAtlântico tropical, <strong>inclui</strong>n<strong>do</strong> Ascension, Cabo Verde e ilhas <strong>do</strong> Brasil. Naespécie ocorre uma redução <strong>do</strong> tamanho da ninhada; <strong>do</strong>is ovos sãocoloca<strong>do</strong>s, mas somente um filhote se desenvolve, o que aparentemente,diminuiria o sucesso reprodutivo da espécie. Estu<strong>do</strong>s para avaliar o sucessoreprodutivo de espécies são importantes para indicar o status da população,bem como possíveis influências ambientais na manutenção dessaspopulações. Com o objetivo de avaliar o sucesso reprodutivo da espécie,realizou-se 14 expedições às Ilhas <strong>do</strong>s Currais (25º44’S, 48º22’W), noperío<strong>do</strong> de outubro de 1998 a dezembro de 1999, com duração média de 3dias. Na área amostral acompanhou-se 140 tentativas de reprodução. Dasquais 59% (n=83) fracassaram, 27% (n=38) tiveram sucesso e 14% (n=19)permaneceram em desenvolvimento. As falências foram mais freqüentes nasfases com 1 e 2 ovos, com 41% (n=33) e 37% (n=30) respectivamente, oque mostra uma maior vulnerabilidade nessas fases, principalmente àpredação e às intempéries; esta observação reforça a hipótese <strong>do</strong> segun<strong>do</strong>ovo, servir como segurança contra uma falência <strong>do</strong> primeiro. Nas fases comfilhotes as freqüências de falências ficaram em torno de 4 a 7%. Aamostragem feita no final de abril e início de maio foi a que apresentoumaior índice de falência de 16%, no início de setembro foi registra<strong>do</strong> 14%das falências e em junho 12%. O ciclo reprodutivo da espécie verifica<strong>do</strong> foiem torno de 8 meses. Provavelmente os adultos apresentam maior sucessoreprodutivo durante toda a vida reprodutiva, crian<strong>do</strong> um filhote a cada 8meses, ou seja, se reproduzin<strong>do</strong> 3 vezes em 2 anos. O cuida<strong>do</strong> parental éintenso mesmo depois que o jovem já voa, tornan<strong>do</strong> muito dispendioso acriação de <strong>do</strong>is filhotes na mesma estação reprodutiva. Aparentemente S.


leucogaster apresenta uma população, nas Ilhas <strong>do</strong>s Currais, emcrescimento.Órgão Financia<strong>do</strong>r: FAPESP; apoio: Centro de Estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Mar/ UFPR________________________________________________R36Redução <strong>do</strong> tamanho da ninhada em Sula leucogaster (Pelecaniformes,Sulidae) nas Ilhas <strong>do</strong>s Currais, Paraná.Flávia de Campos-Martins 11- Universidade Federal de São Carlos – Programa de Pós Graduação emEcologia e Recursos Naturais. E-mail: pfdc@iris.ufscar.brA redução da ninhada em aves ocorre quan<strong>do</strong> há uma inferioridadecompetitiva que causa a morte de ninhegos antes de se emplumarem. EmSula leucogaster ocorre uma redução <strong>do</strong> tamanho da ninhada, já que <strong>do</strong>isovos são coloca<strong>do</strong>s e somente um filhote, na maioria das vezes, sedesenvolve. A espécie possuí uma reprodução contínua e desincronizada, ouseja, dentro da colônia observa-se praticamente, to<strong>do</strong>s os estágiosreprodutivos, em to<strong>do</strong>s os meses <strong>do</strong> ano. Com o objetivo de verificar comoocorre a redução <strong>do</strong> tamanho da ninhada e quais os principais fatoresecológicos envolvi<strong>do</strong>s nesse comportamento realizou-se 14 expedições àsIlhas <strong>do</strong>s Currais (25º44’S, 48º22’W), no perío<strong>do</strong> de outubro de 1998 adezembro de 1999, com duração média de 3 dias. Na área amostralacompanhou-se 140 tentativas de reprodução. Os ovos foram medi<strong>do</strong>s epesa<strong>do</strong>s, além de serem numera<strong>do</strong>s com caneta de retroprojetor. Foramfeitas observações comportamentais <strong>do</strong>s ninhos, totalizan<strong>do</strong> 1762,31horas/ninho. To<strong>do</strong>s os ninhos com <strong>do</strong>is ovos tiveram redução <strong>do</strong> tamanho daninhada. Não foi observa<strong>do</strong> nenhum caso de agressão de um filhote ao outro(fratricídio) e nem <strong>do</strong>s pais aos filhotes (infanticídio). O intervalo médioentre a postura <strong>do</strong> primeiro e <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> ovo foi de 11,4 dias. Os primeirosovos apresentaram médias de 61,5 mm de comprimento, 41,9 mm de largurae 55,4 g de peso; os segun<strong>do</strong>s ovos tinham em média 60,5 mm decomprimento, 41,4 mm de largura e 53,5 g de peso; aplicou-se o teste tparea<strong>do</strong> e verificou-se que essas diferenças não foram significativas. A


edução da ninhada ocorre até a fase de recém-eclodi<strong>do</strong>s; é influenciadaprincipalmente pela postura e eclosão desincronizadas, geran<strong>do</strong> umacondição hierárquica entre os irmãos, onde o mais novo morre dentro de 2 a3 dias após a eclosão, fundamentalmente por inanição, devi<strong>do</strong> àmonopolização das ofertas de alimento pelo irmão mais velho. Nas fases,após a redução da ninhada, em que o filhote adquire plumagem pós-natal emdiante, as ofertas de alimento aumentam consideravelmente, sen<strong>do</strong> que 84%(n=101, total=120) das alimentações foram registradas nessas fases. Osegun<strong>do</strong> ovo é produzi<strong>do</strong> como segurança contra uma falha <strong>do</strong> primeiro,aumentan<strong>do</strong> as chances de um filhote se desenvolver com sucesso.Órgão Financia<strong>do</strong>r: FAPESPApoio: Centro de Estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Mar/ UFPR________________________________________________R37Levantamento preliminar da avifauna de mata <strong>do</strong> Parque Ambiental deCascavel (Cascavel, Paraná).José Flávio Cândi<strong>do</strong>-Jr. 1 e Simone Conterno 21. Lab. de Zoologia, CCBS, UNIOESTE, Campus de Cascavel. RuaUniversitária 2069. Cascavel, PR 85.014-110 jflavio@certto.com.br; 2.Curso de Ciências Biológicas, UNIOESTE, Campus de Cascavel. RuaUniversitária, 2069. Cascavel, PR 85.014-110 e-mail: si.bio@bol.com.brAté a década de 60, o oeste <strong>do</strong> Paraná (esta<strong>do</strong> que já apresentou 85%de seu território coberto por florestas) apresentava ainda algumas regiões dematas preservadas, mas hoje estas se encontram restritas a parques ereservas. Como últimos representantes da Floresta Estacional Semidecidual,esses parques têm grande importância conservacionista, porque representamos últimos locais onde se pode estudar as complexas relações entre asespécies desse ecossistema, como condição básica para sua conservação eimplementação de ações de recomposição de outras áreas; e são de extremaimportância para o desenvolvimento de uma mentalidade conservacionistana população, por meio de Educação Ambiental. O Parque Ambiental(antigo Parque Ambiental São Domingos) está localiza<strong>do</strong> às margens da BR


277, distante cerca de 10km da cidade de Cascavel, compreenden<strong>do</strong> umaárea de cerca de 200 ha. Os principais objetivos <strong>do</strong> trabalho são elaborarlista de espécies de aves, conhecer as principais relações ecológicasexistentes entre as espécies de aves presentes, fornecer da<strong>do</strong>s biológicos daavifauna local a serem utiliza<strong>do</strong>s em futuros projetos de regeneraçãoambiental e em atividades de educação ambiental. As observações tiveraminício em julho de 2000 e deverão se estender até junho de 2002, com visitasquinzenais à área. Os registros estão sen<strong>do</strong> feitos por meio de capturas comredes ornitológicas e observações. As redes estão sen<strong>do</strong> utilizadasesporadicamente e sua utilização visa a registrar espécies que não estejamvocalizan<strong>do</strong> ou que tenham hábito críptico. Além <strong>do</strong> registro da espécie,estão sen<strong>do</strong> anota<strong>do</strong>s o local e o ambiente onde ela foi observada. Até omomento estão registradas cerca de 50 espécies de aves, algumas de portemédio/grande, como Penelope superciliaris, Ramphastos dicolorus eDryocopus lineatus. Um da<strong>do</strong> interessante é, até o momento, a totalausência de beija-flores no local. Dentre os passeriformes, algumas mençõesdevem ser feitas, como Pyriglena leucoptera, que parece realizardeslocamentos ou migrações e cujo macho apresenta, na região, apenas umabarra na asa. Há registros de Cissopis leveriana, espécie que tem si<strong>do</strong>severamente capturada para ser mantida em gaiolas e que apresenta fortedeclínio populacional na região. Os estu<strong>do</strong>s no Parque Ambiental SãoDomingos constituem o início de uma série de levantamentos que serãodesenvolvi<strong>do</strong>s em áreas de mata ainda existentes no oeste <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>Paraná para uma avaliação da avifauna remanescente em função <strong>do</strong> tipovegetacional, tamanho da reserva e distância entre reservas e para aimplementação de ações conservacionistas na região.________________________________________________


R38Estu<strong>do</strong> filogeográfico em arara-canindé (Ara ararauna, Psittaciformes:Aves) pela análise de seqüências <strong>do</strong> DNA mitocondrial.Renato Caparroz 1 *; Cristina Yumi Miyaki 1 ; Carlos Abs Bianchi 2 e JoãoStenghel Morgante 1 .1- Departamento de Biologia, Instituto de Biociências, Universidade de SãoPaulo. *renabio@ib.usp.br; 2 - Jardim Zoológico de Brasília/FUNPEB,bianchic@hotmail.comApesar da arara-canindé (Ara ararauna) não ser considerada comouma espécie ameaçada de extinção, sua atual situação é alarmante emalgumas regiões. O estu<strong>do</strong> filogeográfico de uma determinada espécie podefornecer informações relevantes sobre a estrutura genética de suaspopulações, proporcionan<strong>do</strong> subsídios importantes quan<strong>do</strong> da elaboração deprogramas de conservação. No presente trabalho, indivíduos de araracanindéprovenientes de 6 regiões <strong>do</strong> Brasil foram estuda<strong>do</strong>s peloseqüenciamento <strong>do</strong> DNA mitocondrial (DNAmt). O DNA total foi extraí<strong>do</strong>a partir de amostras de sangue coletadas de 16 filhotes <strong>do</strong> su<strong>do</strong>este deGoiás, 10 <strong>do</strong> nordeste de Goiás, 8 <strong>do</strong> sul <strong>do</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, 5 <strong>do</strong> Pará,4 <strong>do</strong> sul de Tocantins e 3 <strong>do</strong> noroeste de Minas Gerais. Após a extração <strong>do</strong>DNA, a seqüência parcial da região controla<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> DNAmt das aves foiobtida pelo sequenciamento direto de produtos de PCR. O alinhamentodestas seqüências gerou uma região de 829 bases de cada uma das aves,sen<strong>do</strong> que apenas em 32 sítios foi encontra<strong>do</strong> polimorfismo de base. Nas 46aves analisadas, foram identifica<strong>do</strong>s 25 haplótipos, <strong>do</strong>s quais 3 estavampresentes em duas ou mais localidades. A análise filogenética dasseqüências obtidas foi realizada nos programas PAUP 4.0b4a e Mega 2.0empregan<strong>do</strong> a máxima verossimilhança e a máxima parcimônia. Por essaanálise não foi possível evidenciar padrão de distribuição <strong>do</strong>s haplótiposcoerente com a localização geográfica das amostras. Estes resulta<strong>do</strong>spreliminares sugerem que esta espécie não apresenta estruturação genéticacaracterística para cada localidade estudada.Apoio Financeiro: FAPESP, CAPES e CNPq.________________________________________________


R39Nota sobre um híbri<strong>do</strong> natural entre Tangara sele<strong>do</strong>n e Tangaracyanocephala.Eduar<strong>do</strong> Carrano e Louri Klemann-JúniorMuseu de História Natural “Capão da Imbuia”. R. Benedito Conceição, 407.CEP 82810 080. Curitiba; educarrano@bbs2.sul.com.br.Vários casos de hibridações naturais, principalmente entre osgêneros Oryzoborus, Sporophila e Passerina são conheci<strong>do</strong>s. Sick (1997)relata a interferência humana como incentivo destes fenômenos; pelaalteração ou supressão da paisagem primitiva e pela captura para cativeiro,principalmente de machos, promoven<strong>do</strong> um desequilíbrio natural destaspopulações. Esta nota relata um híbri<strong>do</strong> natural entre <strong>do</strong>is congêneres: asaíra-de-sete-cores Tangara sele<strong>do</strong>n e a saíra-lenço T. cyanocephala. Estasespécies possuem uma ampla distribuição no Brasil, ocorren<strong>do</strong> <strong>do</strong> Ceará aoRio Grande <strong>do</strong> Sul, onde são simpátricas. O exemplar é proveniente <strong>do</strong>município de Araquari (26º47’S-48º43’W) litoral de Santa Catarina, eencontra-se deposita<strong>do</strong> no acervo de aves <strong>do</strong> Museu de História NaturalCapão da Imbuia, Curitiba, Paraná (MHNCI-5471). O indivíduo trata-se deum macho com plumagem adulta, sen<strong>do</strong> que sua coloração tem opre<strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> padrão de T. sele<strong>do</strong>n, exceto pelo azul na garganta e no altoda cabeça; ventre turquesa; uropígio verde com leve infiltração de amarelo;rêmiges primárias e retrizes <strong>sem</strong>elhantes a T. cyanocephala. Ascaracterísticas morfológicas são similares às encontradas para T. sele<strong>do</strong>n eT. cyanocephala (bico=11,8 mm; tarso=17,2 mm; asa=68,4 mm;cauda=58,6 mm; comprimento total=144 mm e peso=20 g. Este indivíduoconsiste em um registro inédito de hibridismo para este gênero, sen<strong>do</strong> que aregião de procedência deste exemplar, será alvo de um estu<strong>do</strong> maisdetalha<strong>do</strong> para a análise das populações destas espécies.________________________________________________


R40Novos registros de Falconiformes pouco comuns para o esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>Paraná e Santa Catarina.Eduar<strong>do</strong> Carrano, Pedro Scherer-Neto, Cassiano Fadel Ribas e LouriKlemann-JúniorMuseu de História Natural “Capão da Imbuia”. R.Benedito Conceição, 407.82810-080.Curitiba;schererneto@bbs2.sul.com.br;educarrano@bbs2.sul.com.br;cassianofr@ig.com.br..Durante pesquisas em campo realizadas nos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Paraná eSanta Catarina entre 1995 e 2001, foram registradas algumas espécies defalconiformes pouco comuns, revelan<strong>do</strong> novas informações sobredistribuição e status. Chondrohierax uncinatus: um casal foi observa<strong>do</strong> em14/12/96, 28/01/97 e 14/09/97 na Ilha Rasa (25º21’S-48º25’W) APA deGuaraqueçaba, litoral <strong>do</strong> Paraná; <strong>do</strong>is indivíduos em 22/05/99 na Baía deGuaraqueçaba (25º17’S-48º19’W); um indivíduo em 26/02/00 na Floresta<strong>do</strong> Palmito (25º35’S-48º30’W) município de Paranaguá; Accipiterpoliogaster: <strong>do</strong>is indivíduos jovens e um adulto em 25/10/97 na FazendaMonte Alegre (24º20’S-50º35’W) município de Telêmaco Borba, Paraná;um indivíduo adulto em um remanescente de Floresta Ombrófila Mista em20/03/01 na Fazenda Marco Chama (24º10’S-49º33’W) município deSengés, Paraná; Buteo swainsoni: um indivíduo adulto observa<strong>do</strong> nomunicípio de Itapoá (26º08’S-48º35’W), Santa Catarina; este consiste nosegun<strong>do</strong> registro da espécie para o esta<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> observa<strong>do</strong> em PortoBelo, região leste <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> em 02/02/91 (Bornschein e Arruda, 1991);Parabuteo unicinctus: um indivíduo adulto sobrevoan<strong>do</strong> uma área alteradade pastagem em 21/07/95 na localidade <strong>do</strong> Poruquara (25º17’S-48º19’W),município de Guaraqueçaba, Paraná; um indivíduo observa<strong>do</strong> em 28/04/01,localidade <strong>do</strong> Turvo (24º20’S-49º05’W), município de Cerro Azul, Paraná;Leucopternis lacernulata: um indivíduo sobrevoan<strong>do</strong> uma encosta deFloresta Atlântica em 15/05/99 no município de Pirabeiraba (26º11’S-48º54’W), Santa Catarina; um indivíduo captura<strong>do</strong> em rede de neblina em05/08/99 no Parque Municipal São Francisco de Assis (26º55’S-49º04’W)município de Blumenau; Harpyhaliaetus coronatus: <strong>do</strong>is indivíduos jovensforam observa<strong>do</strong>s pousa<strong>do</strong>s em um pinheiro-<strong>do</strong>-paraná Araucaria


angustifolia em 26/10/96, na R.P.P.N de Papagaios Velhos (25º25’S-49º49’W) município de Palmeira, Paraná; um indivíduo adulto voan<strong>do</strong> emuma área de pastagem em 12/11/99 no entorno da Estação Ecológica <strong>do</strong>Caiuá (22º41’S-52º55’W) município de Diamante <strong>do</strong> Norte, Paraná; <strong>do</strong>isindivíduos adultos observa<strong>do</strong>s em 30/11/99 no Parque Estadual de VilaVelha (25º15’S-50º00’W) no município de Ponta Grossa, Paraná.________________________________________________R41Acréscimos à lista de aves da Chapada Diamantina, Bahia.André Moraes Pereira CarvalhaesCx.P.40. Campo Belo, MG. 37270-000; carvalhaes@stratus.com.brA Chapada Diamantina está situada entre as coordenadas 11º e 14ºSe 41º e 43ºO no centro <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> da Bahia. Representa a extremidade norteda Cadeia <strong>do</strong> Espinhaço com enclaves de cerra<strong>do</strong> e mata atlântica dentro <strong>do</strong><strong>do</strong>mínio da caatinga. Nela nascem importantes rios como o de Contas, oParaguaçú e contribui para a captação de águas para o São Francisco. Oconhecimento ornitológico da Chapada Diamantina é ainda incompleto. Opresente estu<strong>do</strong>, que foi parte <strong>do</strong> projeto de <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> <strong>do</strong> autor, visaapresentar novos registros realiza<strong>do</strong>s de junho de 1996 a dezembro de 1999,e informações sobre sua conservação e de seus hábitats na região. Censosqualitativos e quantitativos por transectos foram feitos soman<strong>do</strong> 656 horasde observação. Gravações <strong>do</strong>s sons das aves foram realiza<strong>do</strong>s auxilian<strong>do</strong>nos trabalhos. Poucos trabalhos foram previamente publica<strong>do</strong>s, destacan<strong>do</strong>seParrini et alli (1999) e os acréscimos aqui cita<strong>do</strong>s são basea<strong>do</strong>s nestapublicação. Doze novas espécies foram assinaladas, além das 359previamente conhecidas: socoí-vermelho (Ixobrychus exilis), gavião-tesoura(Elanoides forficatus), caracoleiro (Chondrohierax uncinatus), gavião-ripina(Harpagus bidentatus), saracura-carijó (Rallus maculatus), fura-mato(Pyrrhura cruentata), papa-lagarta-cinzento (Coccyzus cinereus), corujaorelhuda(Rhinoptynx clamator), tesourinha (Reinarda squamata), ipecuá(Thamnomanes caesius), sebinho-raja<strong>do</strong>-amarelo (Hemitriccus striaticollis)e gaturamo-rei (Euphonia cyanocephala). A Chapada Diamantina éconsiderada uma das áreas mais ricas em diversidade biológica da Reserva


da Biosfera da Mata Atlântica. E relacionada como área chave para aconservação de espécies vulneráveis e raras como Aratinga auricapílla,Pyrrhura cruentata, Megaxenops parnaguae e Herpsilochmus pectoralis.Além disto abriga espécies vulneráveis como Harpyhaliaetus coronatus,Leucopternis lacernulata, Penelope jacucaca, Amazona vinacea,Formicivora iheringi, Pyroderus scutatus e Carduelis yarrelli.Órgão financia<strong>do</strong>r: Capes.________________________________________________R42Relatos de ataques de acipitrídeos a humanos em algumas áreasurbanas <strong>do</strong> sudeste <strong>do</strong> Brasil.Carlos Eduar<strong>do</strong> Alencar Carvalho 1,2 ; Jorge Sales Lisboa 2 ; Eduar<strong>do</strong> PioMendes Carvalho Filho 1,2 e Gustavo Diniz Mendes Carvalho 1,21 S.O.S Falconiformes Centro de pesquisas para a conservação de Aves derapina, 30315-050, BH-MG. E-mail: falconiformes@vsnet.com.br;2 ABFPAR – Associação Brasileira de Falcoeiros e Preservação de Aves deRapina –24340-000 Niterói (RJ) – Brasil. E-mail: abfpar.@hotmail.comAtaques de Falconiformes são eventualmente relata<strong>do</strong>s, mas poucosforam descritos principalmente na literatura científica. Registros de ataquesde Falconiformes em humanos em áreas urbanas estão se tornan<strong>do</strong> cada vezmais freqüentes. Este Estu<strong>do</strong> objetiva identificar e caracterizar os ataquesde Rupornis magnirostris e de Buteo brachyurus em humanos em centrosurbanos <strong>do</strong> sudeste <strong>do</strong> Brasil. A área em que foi feito o estu<strong>do</strong> estálocalizada na cidade de Belo Horizonte – MG e na cidade <strong>do</strong> Rio deJaneiro–RJ. Os processos meto<strong>do</strong>lógicos utiliza<strong>do</strong>s para a observação equantificação de da<strong>do</strong>s constituíram-se na observação direta com auxílio debinóculos 10X50 e questionamento direto de vítimas. O trabalho temregistros <strong>do</strong>s anos de 1999 e 2000 totalizan<strong>do</strong> 560 horas de estu<strong>do</strong>. Em BeloHorizonte houve 64 registros de ataques de R. magnirostris e 10 de B.brachyurus, entre os meses de julho a dezembro. No Rio de Janeiro houve150 registros de ataques de R. magnirostris entre os meses de setembro efevereiro. Em to<strong>do</strong>s registros as aves esperavam a vítima ficar de costas para


atacar. A espécie R. magnirostris utilizou 2 táticas de ataque em humanos:Ataque singular (76% <strong>do</strong>s relatos), parte de locais de pouso baten<strong>do</strong> as asas,aproveita a velocidade inicial e atinge o intruso baten<strong>do</strong> com as garras naparte superior. Utiliza também as asas para acertar os olhos ou ouvi<strong>do</strong>s davítima <strong>do</strong> ataque. Ocorreu 1% de ataques não defini<strong>do</strong>s. Ataque duplo(23%<strong>do</strong>s relatos), as 2 aves atacam, se posicionam lateralmente em relação aoalvo, acertan<strong>do</strong> sincronisadamente o indivíduo somente com as garras. EmB. brachyurus observou-se Ataque duplo(70% <strong>do</strong>s relatos), posicionava emlocais visíveis e vocalizava, enquanto seu parceiro atacava pelas costas,acertan<strong>do</strong> com os garras o adversário. Ataque singular alto(20% <strong>do</strong>srelatos), após alcançar aproximadamente 100m <strong>do</strong> chão, em vôo plana<strong>do</strong>,precipitava acertan<strong>do</strong> o intruso com as garras. Ocorreram 10% de ataquesnão defini<strong>do</strong>s. Os Ataques ocorreram <strong>sem</strong>pre na época de reprodução destesraptores, na maioria <strong>do</strong>s casos em um raio de vinte metros de seu ninho,sugerin<strong>do</strong> que estes ataques acontecem devi<strong>do</strong> o alto grau de cuida<strong>do</strong>parental destas espécies.________________________________________________R43Anilhamento e soltura de aves silvestres na Região Metropolitana deSão Paulo e interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.Maria Amélia Santos de Carvalho, Sumiko Namba, Maria Cecília Vicari eTeresa de Lourdes CavalheiroDivisão Técnica de Medicina Veterinária e Biologia da Fauna,Departamento de Parques e de Áreas Verdes, Secretaria Municipal <strong>do</strong> MeioAmbiente. Rua <strong>do</strong> Paraíso 387, São Paulo, SP, 04103-900(svma_fauna@prodam.pmsp.gov.br; roquabe@yahoo.com.br)Em 1992 o município de São Paulo possuía apenas 16,4% de suaárea total (1.509 km 2 ) ocupada por áreas verdes. Com a expansão urbana,crescente e desordenada, esta situação vem se agravan<strong>do</strong>. O AtlasAmbiental <strong>do</strong> Município de São Paulo revelou que no perío<strong>do</strong> de 1986 a1999 o município perdeu 30% de suas áreas verdes, principalmente devi<strong>do</strong> àocupação irregular na Área de Proteção aos Mananciais. Com a


fragmentação e supressão <strong>do</strong>s hábitats, a avifauna é afetada tornan<strong>do</strong>-<strong>sem</strong>ais vulnerável às ações antrópicas. O objetivo deste trabalho é apresentaros resulta<strong>do</strong>s preliminares <strong>do</strong> anilhamento, soltura e recuperação de avessilvestres que deram entrada na Divisão Técnica de Medicina Veterinária eBiologia da Fauna, São Paulo, SP (23º30’S; 46º30’W). As aves foramoriundas de <strong>do</strong>ações ou resgates efetua<strong>do</strong>s por munícipes, Corpo deBombeiros e Centro de Controle de Zoonoses e de apreensões feitas pelaPolícia Florestal e pelo IBAMA. To<strong>do</strong>s indivíduos foram examina<strong>do</strong>s emrelação às suas condições clínicas e biológicas. Basea<strong>do</strong>s nos da<strong>do</strong>sbiométricos (peso, desgaste de penas, mudas, condições reprodutivas),exames parasitológicos e avaliação comportamental das aves, as mesmasforam destinadas para cativeiro (autoriza<strong>do</strong>s pelo IBAMA) ou parareabilitação seguida de soltura. O perío<strong>do</strong> médio de permanência das avesaptas para a soltura foi de 17 dias, sen<strong>do</strong> que os filhotes permaneceram porum perío<strong>do</strong> médio de 75 dias. A escolha <strong>do</strong> local de soltura foi baseada naprocedência e ocorrência das espécies. Cada local foi avalia<strong>do</strong> quanto àavifauna, composição florística, área de mata, área total e grau deinterferência antrópica, de maneira a garantir a sobrevivência <strong>do</strong>sindivíduos. As solturas de aves de apreensão foram realizadas,preferencialmente, em áreas que já sofreram alterações antrópicas. Noperío<strong>do</strong> de outubro de 1998 a abril de 2001 foram marcadas com anilhasCEMAVE 939 aves, sen<strong>do</strong> 65,1% de vida livre, resgatadas por motivos desaúde, idade e outros, e 34,9% de apreensões, totalizan<strong>do</strong> 23 famílias. Asaves de apreensão pertenceram exclusivamente à 3 famílias: Emberizidae(88,9%), Muscicapidae (10,8%) e Mimidae (0,3%). Das solturas, 58,9%foram realizadas no município de São Paulo, 24,6% em outros municípiosda Região Metropolitana de São Paulo e 16,5% no interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.Dentre as espécies marcadas destacam-se Leucopternis lacernulata,Pyroderus scutatus, Procnias nudicollis e Passerina brissonii, ameaçadasde extinção no Esta<strong>do</strong> de São Paulo, segun<strong>do</strong> Decreto Estadual Nº 42.838 de5/02/98, e Lepto<strong>do</strong>n cayanensis, provavelmente ameaçada de extinçãoconforme o mesmo decreto. Até o presente foram recupera<strong>do</strong>s seteindivíduos das seguintes espécies: Sicalis flaveola, Otus choliba, Rupornismagnirostris, Milvago chimachima, Rhinoptynx clamator e Speotytocunicularia. R. clamator foi recuperada 11 meses após a soltura em bomesta<strong>do</strong> nutricional e na mesma coordenada. Speotyto cunicularia, solta nazona norte de São Paulo, foi recuperada 12 meses depois em Cubatão(23º53’S; 46º23’W), mostran<strong>do</strong> um deslocamento de 74 km. Outrospasseriformes têm si<strong>do</strong> observa<strong>do</strong>s nos mesmos locais de soltura.________________________________________________


R44Ornitología Mbya-Guaraní.María Victoria Cebolla-Badie¹ e Ernesto R. Krauczuk²¹Programa de Postgra<strong>do</strong> en Antropología Social, Universidad Nacional deMisiones, Argentina. E-mail: mantra@invs.unam.edu.ar; ²Cátedra deSistemática Teórica, Departamento de Biología, Facultad de CienciasExactas, Químicas y Naturales, Universidad Nacional de Misiones,Argentina. E-mail: ekrauczuk@mixmail.comNos propusimos realizar un relevamiento inicial del conocimiento dela población mbya–guaraní contemporánea sobre las aves del ambiente deselva paranaense con el que la etnia ha interactua<strong>do</strong> durante siglos, ademásde plantear elementos generales de organización, sus denominaciones yclasificaciones. También intentamos conocer los principios que estructuranla nomenclatura y la taxonomía de la avifauna y hacer una comparación conla ornitología occidental. La investigación es de tipo interdisciplinario yaque vincula <strong>do</strong>s campos de saber distintos, por un la<strong>do</strong>, el conocimiento delornitólogo occidental y por otro, el del informante indígena, ambos concondiciones de conocimiento homólogas pero entrena<strong>do</strong>s en formas de verdistintas. De este mo<strong>do</strong>, la investiga<strong>do</strong>ra que actúa desde la antropología esuna simple media<strong>do</strong>ra, una suerte de agente intercultural al que se le haexigi<strong>do</strong> el necesario aprendizaje. Como resulta<strong>do</strong> hemos confecciona<strong>do</strong> unlista<strong>do</strong> de aves con <strong>do</strong>scientas cuarenta y siete entradas <strong>do</strong>nde se consignanlas denominaciones de las familias y los géneros nativos, los distintosnombres que reciben las aves y los datos de las <strong>do</strong>scientas veintinueveespecies relevadas, que incluyen información sobre hábitos alimenticios,nidificación, comportamientos e interrelaciones con otras especies. Estelista<strong>do</strong> ofrece información que puede ser profundizada desde distintasdisciplinas, como la lingüística y la biología. También se expone acerca dellugar que ocupan las aves en el universo religioso mbya, con la recopilaciónde los mitos de origen de las especies y otras narraciones míticas hasta ahoradesconocidas. La clasificación mbya de la avifauna en aves de Charîa y avessagradas, entre ellas las Guyra Aguyje o migratorias, nos habla de unaclasificación ornitológica elaborada desde una cosmovisión muy diferente a


la occidental, plena de magia, presagios y conjuros. Asimismo, ladescripción, aunque rudimentaria, del sistema taxonómico mbya, con sustreinta y ocho familias de aves y la manera en que éstas son agrupadas,aporta elementos hasta ahora desconoci<strong>do</strong>s que pueden alentar a futurasinvestigaciones en el área de la etnobiología.________________________________________________R45Efeitos da abundância de aves granívoras de solo (Tinamidae, Cracidae,Phasianidae e Columbidae) sobre a predação de <strong>sem</strong>entes em umafloresta <strong>sem</strong>idecídua de São Paulo.Alexander Vicente Christianini 2 e Mauro Galetti 3Grupo de Fenologia de Plantas e Dispersão de Sementes, 2 Depto. Botânica e3 Depto. Ecologia, CP.199, 13506-900, UNESP, Rio Claro, SP, Brasil2 avchristianini@hotmail.com, 3 mgaletti@rc.unesp.brPoucos estu<strong>do</strong>s relacionam as implicações da variação naabundância das aves com os organismos com as quais interagem. Nestetrabalho, nós reportamos a abundância e a densidade estimada de avesgranívoras de solo, relacionan<strong>do</strong>-as com a predação de <strong>sem</strong>entes no interiorda floresta e em bordas da Estação Ecológica <strong>do</strong>s Caetetus, Gália, SP(22º24’11’’S, 49º42’05’’W), um fragmento de 2.178 ha de Mata Atlânticade planalto. Durante novembro/2000 a janeiro/2001, a predação de <strong>sem</strong>entespor invertebra<strong>do</strong>s, aves e mamíferos foi quantificada experimentalmente pormeio de três tratamentos (acesso a invertebra<strong>do</strong>s, acesso a pequenosmamíferos e controle, com acesso a to<strong>do</strong>s os preda<strong>do</strong>res). Os tratamentosforam compostos por gaiolas de exclusão seletiva, com telas metálicas dediferentes tamanhos e tanglefood©, que impede o acesso de invertebra<strong>do</strong>s.Dez <strong>sem</strong>entes de milho de pipoca foram colocadas em cada tratamento.Trinta estações de amostragem foram dispostas em cada um de trêsmicrohábitats ao longo de transectos: floresta, clareira e borda. Aamostragem das aves granívoras foi realizada paralelamente, por meio de 43pontos de escuta dispostos no interior da floresta (27 pontos) e na borda (16pontos) a uma distância mínima de 200 metros entre sí Cada ponto foiamostra<strong>do</strong> durante uma visita de 20 minutos, entre 05:00 e 06:30 horas. As


aves amostradas foram: Crypturellus obsoletus, C. tataupa, C. parvirostris(Tinamidae), Penelope superciliaris (Cracidae), O<strong>do</strong>ntophorus capueira(Phasianidae), Columba picazuro, C. cayennensis, Zenaida auriculata,Columbina talpacoti, Claravis pretiosa, Scardafella squammata, Leptotilaverreauxi, Geotrygon montana e G. violacea (Columbidae). Foi calculada aabundância de cada espécie pelo IPA (∑ contatos sp i / total de pontosamostra<strong>do</strong>s - independente da distância de contato) e estimada a densidade(aves/ha) (∑ contatos sp i / área total amostrada - contatos até a distânciamáxima estimada de 100 m <strong>do</strong> ponto). Visan<strong>do</strong> aproximar a detectabilidadeentre pontos na borda e no interior foram excluí<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os contatosvisuais. Analisan<strong>do</strong> todas as espécies de aves amostradas conjuntamente,observamos que aves granívoras apresentaram-se em média maisabundantes (t = 3,97, df = 41, p


R46Efeitos da estrutura de hábitat sobre a predação de <strong>sem</strong>entes por ave<strong>sem</strong> uma floresta <strong>sem</strong>idecídua de São Paulo.Alexander Vicente Christianini 2 e Mauro Galetti 3Grupo de Fenologia de Plantas e Dispersão de Sementes, 2 Depto. Botânica e3 Depto. Ecologia, CP.199, 13506-900, UNESP, Rio Claro, SP, Brasil2 avchristianini@hotmail.com, 3 mgaletti@rc.unesp.brEstu<strong>do</strong>s enfocan<strong>do</strong> a dispersão e predação de <strong>sem</strong>entes sãorecomenda<strong>do</strong>s por serem estes processos determinantes nos estádiossubseqüentes relaciona<strong>do</strong>s à demografia de populações de plantas. Durantenovembro/2000 a janeiro/2001, nós avaliamos a influência de característicasestruturais de hábitat sobre a predação de <strong>sem</strong>entes em uma área de 2.178 hade Mata Atlântica de planalto, a Estação Ecológica <strong>do</strong>s Caetetus, Gália, SP(22º24’11’’S, 49º42’05’’W). A predação de <strong>sem</strong>entes por invertebra<strong>do</strong>s,aves e mamíferos foi quantificada experimentalmente por meio de trêstratamentos (acesso a invertebra<strong>do</strong>s, acesso a pequenos mamíferos econtrole, com acesso a to<strong>do</strong>s os preda<strong>do</strong>res). Os tratamentos foramcompostos por gaiolas de exclusão seletiva, com telas metálicas dediferentes tamanhos e tanglefood©, que impede o acesso de invertebra<strong>do</strong>s.Dez <strong>sem</strong>entes de milho de pipoca foram colocadas em cada tratamento.Trinta estações de amostragem foram dispostas em cada um de trêsmicrohábitats: floresta, clareira e borda. Em cada estação foram amostradasdezessete variáveis descritoras de hábitat (atributos de cobertura e densidadeda vegetação em diferentes estratos da floresta). Paralelamente realizou-seuma amostragem de preda<strong>do</strong>res de <strong>sem</strong>entes. Aves granívoras (Tinamidae,Cracidae, Phasianidae e Columbidae) foram amostradas por meio de 43pontos de escuta dispostos no interior da floresta (27 pontos) e na borda (16pontos) a uma distância mínima de 200 metros entre sí Cada ponto foiamostra<strong>do</strong> durante uma visita de 20 minutos. Pequenos mamíferos foramamostra<strong>do</strong>s durante cinco dias, a partir da disposição de duas armadilhasiscadas com banana e pasta de amen<strong>do</strong>im em cada estação de amostragemde predação de <strong>sem</strong>entes, num total de 900 armadilhas/noite. Câmerasfotográficas automáticas auxiliaram na identificação <strong>do</strong>s vertebra<strong>do</strong>s quevisitavam as estações. Não foram encontradas diferenças na predação de<strong>sem</strong>entes entre microhábitats (Kruskal-wallis two-way, H = 0,24, df = 2,


0,75


detallada y por lo tanto no se sabe exactamente cual es la entidad que estaríahibridizan<strong>do</strong> con C. obsoleta, ni cual es la extensión geográfica de estasformas intermedias. El objetivo de este trabajo es revisar la identidad deesas poblaciones, con especial atención a la posible influencia de lahibridación. Para ello, se examinaron 97 ejemplares de C. pyrrhophia deArgentina y Uruguay y 27 ejemplares de C. obsoleta. Se identificaron 8caracteres variables en el diseño y el color del plumaje. Se comprobó laindependencia de los caracteres entre sí y respecto al sexo, se investigó elpatrón geográfico de cada uno y el patrón multivaria<strong>do</strong>. Adicionalmente seestudiaron 6 variables morfométricas que, por estar correlacionadas entre si,sólo se consideró su patrón multivaria<strong>do</strong>. Siete caracteres del plumajesugieren una condición intermedia de los ejemplares de Uruguay y lamesopotámia argentina, forman<strong>do</strong> amplias clinas hacia el límite con C.obsoleta. La gran variación y combinación de caracteres también sugierehibridación. Sin embargo, C. obsoleta es muy uniforme en sus patrones delplumaje y presenta pocos signos de hibridación en comparación con C.pyrrhophia. De los 8 ejemplares de C. obsoleta de la zona de contacto enCorrientes, sólo cuatro presentan algún carácter que puede ser interpreta<strong>do</strong>como de origen híbri<strong>do</strong>. En el patrón multivaria<strong>do</strong> del plumaje se observauna discontinuidad entre C. pyrrhophia y C. obsoleta, indican<strong>do</strong> un salto enla variación coincidente con la zona de contacto. Por último, los ejemplaresde Uruguay y Entre Ríos no son intermedios morfométricamente ypresentan un carácter exclusivo en el plumaje, no presente en las supuestasformas progenitoras. Estos resulta<strong>do</strong>s sugieren una explicación alternativa ala existencia de una simple zona de hibridación entre C. pyrrhophia y C.obsoleta. En Uruguay podría existir un linaje diferencia<strong>do</strong>, que hibridiza enforma limitada con C. obsoleta y forma una amplia zona de intergradacióncon C. pyrrhophia del centro argentino. Parte del aspecto intermedio de losejemplares uruguayos podría deberse al mantenimiento de un plumajeancestral, compara<strong>do</strong> al plumaje muy claro de C. pyrrhophia de la regiónchaqueña y al plumaje muy oliváceo de C. obsoleta. Sin embargo, con losdatos y análisis presenta<strong>do</strong>s hasta el momento, no es posible contrastar enforma conclusiva estas <strong>do</strong>s explicaciones alternativas.Trabajo desarrolla<strong>do</strong> durante una pasantía en el Laboratorio de Evolución ySistemática de la Facultad de Ciencias, Universidad de la República,Uruguay.________________________________________________


R48Una nueva especie de Pseu<strong>do</strong>seisuropsis del Pleistoceno de Uruguay y suubicación dentro del árbol filogenético de furnári<strong>do</strong>s ydendrocolápti<strong>do</strong>s.Santiago Claramunt e Andrés RinderknechtMuseo Nacional de Historia Natural, CC 399, 11000 Montevideo, Uruguay(sant@internet.com.uy, rinderk@adinet.com.uy).El registro fósil de furnári<strong>do</strong>s y dendrocolápti<strong>do</strong>s es muy escaso,estan<strong>do</strong> limita<strong>do</strong> a unos pocos ejemplares del Pleistoceno. En el presentetrabajo se comunica el hallazgo de un premaxilar casi completo, extraí<strong>do</strong> desedimentos correspondientes al Pleistoceno superior, en el Departamento deCanelones, Uruguay. Para la comparación se examinaron esqueletos dediversas familias de paseriformes neotropicales, incluyen<strong>do</strong> 23 géneros defurnári<strong>do</strong>s y dendrocolápti<strong>do</strong>s actuales y el ejemplar tipo dePseu<strong>do</strong>seisuropsis nehuen Noriega 1991, especie del Pleistoceno inferiormediode Argentina. Se construyó una matriz con 21 caracteres osteológicos(18 craneanos y 3 poscraneanos) que se sometió a un análisis cladístico. Loscaracteres fueron considera<strong>do</strong>s ordena<strong>do</strong>s o desordena<strong>do</strong>s según suspatrones de variación y se incluyó información de Tyrannidae,Thamnophilidae y Conopophagidae como grupos externos. El fósil esasigna<strong>do</strong> al género Pseu<strong>do</strong>seisuropsis. En su morfología general, es casiindistinguible de P. nehuen. También comparten detalles estructurales comoel tipo de tabique nasal y la presencia de un surco longitudinal profun<strong>do</strong> enla cara inferior del premaxilar. No obstante, presenta diferencias notables enel desarrollo del puente nasal y en el surco, que sugieren que el ejemplaruruguayo representa una especie nueva , distinta a P. nehuen. El análisis delos ejemplares de Pseu<strong>do</strong>seisuropsis permite hacer algunas aclaracionessobre la morfología del género. El cráneo no es esquizorrino sino holorrinoy su estructura permite inferir un movimiento tipo proquinético, sien<strong>do</strong>imposible la rincoquinesis. El análisis cladístico ubica al fósil uruguayodentro del linaje Furnariidae-Dendrocolaptidae, y dentro de éste, lo ubicacomo la especie hermana de P. nehuen. El género Pseu<strong>do</strong>seisuropsis no estáparticularmente emparenta<strong>do</strong> con Pseu<strong>do</strong>seisura, como fue propuesto en sudescripción original, sino que aparece como grupo hermano de losdendrocoápti<strong>do</strong>s. Por último, en este análisis primario, la clásica familia


Furnariidae no forman un grupo monofilético ya que los dendrocolápti<strong>do</strong>sse originan muy adentro del árbol de los furnári<strong>do</strong>s.________________________________________________R49A review of Nearctic migrant shorebirds in Paraguay.Robert Paul Clay e Arne Jent LesterhuisGuyra Paraguay, C.C. 1132, Asunción Paraguay, guyra@highway.com.pyAlthough the distribution and abundance of Nearctic migrantshorebirds along the coasts of South America are relatively well known, fewstudies have looked at shorebird populations within the interior of SouthAmerica. Consequently, Guyra Paraguay, with the support of the NationalFish and Wildlife Foundation, initiated a migratory bird program inParaguay in 2000, including regular monitoring at two sites: the Bahía deAsunción (Central Department) and Laguna Salada (Presidente HayesDepartment). The status and distribution in Paraguay of 20 species ofNearctic migrant shorebird was first summarized by Hayes et al. (1990:Con<strong>do</strong>r 90: 947-960) and Hayes (1995: Status, distribution andbiogeography of the birds of Paraguay). Shorebird censuses conductedduring 2000 <strong>do</strong>cumented the occurrence of an additional species, Arenariaintepres, and clarified the status of 18 others. Eight species were recordedfor the first time in geographic regions of the country, and 14 were found tobe more abundant than previously reported. For ten of these species, thechanges were relatively small – generally from rarely recorded in suitablehábitat, to regularly recorded in small numbers. However, four species –Calidris alba, C. himantopus, Tryngites subruficollis and Phalaropustricolor– were found to be considerably more numerous than previously<strong>do</strong>cumented. Of particular note, Phalaropus tricolor, which was formerlyconsidered as rare in the Alto Chaco region, was found to be abundant, withflocks of thousands of individuals regularly observed, including a minimumof 25,000 in one flock at Laguna Salada (Dpto. Pres. Hayes) on 18November 2000. Clearly, there is much to be learnt regarding the status anddistribution of Nearctic migrant shorebirds in Paraguay, particular withregard to sites of conservation importance. Both of the regularly monitored


sites appear to be of regional conservation importance: the Bahía deAsunción for its concentrations of the Near Threatened Tryngitessubruficollis (3.6 % of the global population) and Laguna Salada for itslarge congregations of shorebirds in general (for example, 43,000individuals were recorded during just two censuses in October-November2000).________________________________________________R50Distribución de especies endémicas del Bosque Atlántico en Paraguay.Robert Paul Clay¹, Myriam Velázquez¹, Alberto Madroño-Nieto² e Hugo delCastillo¹1. Guyra Paraguay, C.C. 1132, Asunción, Paraguayguyra@highway.com.py; 2 SEO, Melquiades Biencinto, 34 E-28053Madrid, Spain amadrono@seo.orgLa conservación eficaz de la biodiversidad requiere informacióndetallada sobre la distribución geográfica de especies prioritarias, como lasque se encuentran restringidas a regiones específicas. El Bosque Atlánticoes una de las regiones más diversas pero más amenazadas del mun<strong>do</strong>.Originalmente, el Bosque Atlántico ocupaba más de 9 millones de hectáreasen la Región Oriental del Paraguay, pero hoy en día se encuentraseveramente amenaza<strong>do</strong>, restan<strong>do</strong> probablemente menos de 1 millón de has.Con el objetivo de desarrollar una visión biológica para la conservación delBosque Atlántico en Paraguay, y con el auspicio de WWF, se compiló todala información disponible sobre la distribución de las especies endémicasdel Bosque Atlántico en el país. Esta información incluyó: artículospublica<strong>do</strong>s, especímenes de museo, informes técnicos, información inédita ydatos de campañas realizadas por Guyra Paraguay. De las 181 especiesendémicas del Bosque Atlántico, se considera que 80 han si<strong>do</strong> bien<strong>do</strong>cumentadas en Paraguay, y la ocurrencia de siete especies más debería sertratada como hipotética. Nueve especies endémicas están clasificadas comoamenazadas de extinción a nivel global (2 En Peligro y 7 Vulnerable) y 13como Casi Amenazadas. Sólo cuatro de las 80 especies <strong>do</strong>cumentadas(Leucopternis polionota, Sporophila frontalis, Tangara cyanocephala y


Cyanocorax caeruleus) no han si<strong>do</strong> registradas en los últimos 10 años, delas cuales <strong>do</strong>s, probablemente, son de ocurrencia accidental (S. frontalis y T.cyanocephala). La mayoría (55) de las 80 especies tiene una distribuciónamplia en la Región Oriental, y al menos siete han si<strong>do</strong> registradas en elChaco. Sin embargo, ocho especies cuentan con una distribución restringidahacia el sureste y otras siete especies sólo se encuentran en la cuenca del RíoParaná, una situación alarmante da<strong>do</strong> que resta muy poca cobertura boscosaen las <strong>do</strong>s zonas. Siete de las 15 especies de distribución restringida enParaguay cuentan con una distribución restringida a nivel global (≤ 50,000km²).________________________________________________R51La avifauna del cerra<strong>do</strong> paraguayo.Robert Clay¹, Alberto Madroño-Nieto², Myriam Velázquez¹ y Hugo delCastillo¹1 Guyra Paraguay, C.C. 1132, Asunción, Paraguay rob@guyra.org.py2 SEO, Melquiades Biencinto, 34 E-28053 Madrid, Españaamadrono@seo.orgLa conservación efectiva de la biodiversidad requiere de lainformación detallada sobre la distribución de especies con problemas deconservación. La región del Cerra<strong>do</strong> es el segun<strong>do</strong> bioma de mayorextensión en Sudamérica y es uno de los más diversos pero más amenaza<strong>do</strong>shotspots de biodiversidad en el mun<strong>do</strong>. Sin embargo, sólo recientemente harecibi<strong>do</strong> la atención de conservacionistas y biogeógrafos. El Cerra<strong>do</strong> alcanzasu límite sur en el nordeste de Paraguay, en los Deptos. de Concepción yAmambay, aunque también es posible encontrar una serie de islas decerra<strong>do</strong> dispersas en el sur, en los Deptos. de Canindeyú y Caaguazú. ElCerra<strong>do</strong> Paraguayo se interdigita con otros <strong>do</strong>s biomas: el Chaco y elBosque Atlántico, dificultan<strong>do</strong> así, la delimitación clara entre las regiones.Unas 400 especies de aves, (58% de la avifauna de Paraguay), han si<strong>do</strong>registradas en el Cerra<strong>do</strong> Paraguayo, incluyen<strong>do</strong> 14 especies que no habíansi<strong>do</strong> reportadas en la región del Cerra<strong>do</strong> por Silva (1995: Steenstrupia 21:69-92). De estas c. 400 especies, 14 están consideradas amenazadas de


extinción a nivel global y 8 están Casi Amenazadas. De las 29 especiesendémicas del Cerra<strong>do</strong> (Silva 1995: op. cit.), diez se han registra<strong>do</strong> enParaguay. Con excepción de Taoniscus nanus y Saltator atricollis, lasespecies endémicas del Cerra<strong>do</strong> se encuentran restringidas a áreas de hábitatadecua<strong>do</strong> en los Deptos. de Concepción, Amambay, San Pedro yCanindeyú. T. nanus ha si<strong>do</strong> reportada solamente por Azara (1802) comomuy escasa en el sudeste de Paraguay. En contraste, S. atricollis seencuentra ampliamente distribui<strong>do</strong> por la mitad norte de la región orientalde Paraguay, con registros tan al sur como Asunción. Tres especiesendémicas del Cerra<strong>do</strong> y dependientes de bosques en galería (Phily<strong>do</strong>rdimidiatus, Hylocryptus rectirostris y Phyllomyias reiseri) están restringidasal Depto. de Concepción, mientras que otras tres especies endémicasdependientes de hábitats más abiertos, como “campos”, (Caprimulguscandicans, Geobates poecilopterus y Melanopareia torquata), han si<strong>do</strong><strong>do</strong>cumentadas sólo en los Deptos. de Amambay y Canindeyú. De estamanera, sería necesario impulsar la creación de áreas protegidas e iniciativasde conservación en la región del Cerra<strong>do</strong> Paraguayo.________________________________________________R52Flutuações sazonais das populações de ema, Rhea americana intermediano município de Coxilha, Rio Grande <strong>do</strong> Sul.Thaís Leiroz Codenotti; Edarci Michelin; Marcela Adriana de Souza Leite 1e Ricar<strong>do</strong> Antunes Flores 2 .Universidade de Passo Fun<strong>do</strong>. CP. 611, 99001-970 Passo Fun<strong>do</strong>-RS. e-mail: thais@upf.tche.br . 1. Bolsista BIC-Fapergs; 2. Bolsista BIC-UPF.Com o objetivo de verificar as flutuações sazonais e o montante dapopulação anual de emas (Rhea americana) no município de Coxilha, forampesquisadas cinco propriedades agropecuárias (áreas de estu<strong>do</strong>) com durante<strong>do</strong>is ciclos anuais completos (1999-2000). Aplicou-se o méto<strong>do</strong> de censo debusca de aves, consideran<strong>do</strong> a contagem total <strong>do</strong>s indivíduos avista<strong>do</strong>s.Foram realiza<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is censos mensais em cada área de estu<strong>do</strong>, nos quaisregistrava-se o número total de indivíduos, a composição sexo-etária decada ban<strong>do</strong>, e o biótopo utiliza<strong>do</strong>, além <strong>do</strong> comportamento realiza<strong>do</strong>


naquele momento. Os indivíduos eram localiza<strong>do</strong>s no mapa da propriedade(escala 1:20.000) delinean<strong>do</strong> a direção de deslocamento das aves. Asanálises estacionais foram feitas através da estatística descritiva e <strong>do</strong> testenão paramétrico de Friedman, e a interpretação visava, principalmente,critérios de presença-ausência balanceada de emas em cada propriedadevizinha, consideran<strong>do</strong> uma possível passagem <strong>do</strong>s ban<strong>do</strong>s de umapropriedade para outra, cujos limites são cercas de arame, um rio e umaestrada de chão bati<strong>do</strong>. A distância máxima entre a primeira propriedadecensada e a última é de 10 km. Os resulta<strong>do</strong>s demonstraram que o maiornúmero médio de indivíduos encontra<strong>do</strong> foi 115,76 ± 58,81, e o menor10,26 ± 10,8 nos <strong>do</strong>is anos de estu<strong>do</strong>, em todas as estações. Observou-seque houve uma flutuação natural, especialmente no perío<strong>do</strong> reprodutivo, emque a média <strong>do</strong>s haréns (12,0 ± 6,0) foi registrada na propriedade quepossui biótopos mais varia<strong>do</strong>s e extensos (1.980ha). Entretanto foramregistradas flutuações na populações por interferências humanas (manejoagrícola, atividades de pastejo, etc), obrigan<strong>do</strong> os ban<strong>do</strong>s a deslocarem-separa propriedades vizinhas. O teste de Friedman não apontou diferençasestatisticamente significativas, na análise da presença estacional <strong>do</strong>s ban<strong>do</strong><strong>sem</strong> cada área de estu<strong>do</strong>, e nas análises de conjunto de todas as áreas em cadaestação <strong>do</strong> ano, em que o valor de p foi <strong>sem</strong>pre maior que 0,001. Entretanto,comparan<strong>do</strong> o número médio da população de cada área, mês a mêsapareceram diferenças de conjunto, altamente significativas (x2= 46,15; p=0,0001), revelan<strong>do</strong> que há flutuações permanentes ao longo <strong>do</strong> ano, <strong>do</strong>sdiferentes ban<strong>do</strong>s de emas. Concluiu-se que o montante anual daspopulações é estável em cada área pesquisada, tratan<strong>do</strong>-se de uma únicapopulação, que se desloca sazonalmente de uma propriedade para outra porrazões, principalmente, reprodutivas.________________________________________________


R53Da<strong>do</strong>s preliminares sobre a distribuição espacial da avifauna <strong>do</strong> ParqueAmbiental de Cascavel, em Cascavel (Paraná).Simone Conterno 1 e José Flávio Cândi<strong>do</strong>-Jr. 21. Curso de Ciências Biológicas, UNIOESTE, Campus de Cascavel. RuaUniversitária, 2069. Cascavel, PR 85.014-110; si.bio@bol.com.br; 2. Lab.de Zoologia, CCBS, UNIOESTE, Campus de Cascavel. Rua Universitária2069. Cascavel, PR 85.014-110; jflavio@certto.com.brO Parque Ambiental de Cascavel (antigo Parque Ambiental SãoDomingos), localiza<strong>do</strong> em Cascavel - PR, constitui-se num <strong>do</strong>s últimosremanescentes de vegetação florestal natural <strong>do</strong> oeste <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. Nestesenti<strong>do</strong>, levantamentos associa<strong>do</strong>s a diferentes fisionomias vegetais sãoimportantes para subsidiar planos de manejo e execução de projetos deeducação ambiental e/ou para recreação da comunidade. O ParqueAmbiental está localiza<strong>do</strong> às margens da BR 277, distante cerca de 10km dacidade de Cascavel - PR, e compreende uma área de cerca de 200 ha. Oparque sofreu grandes alterações em sua flora devi<strong>do</strong> à retirada de madeiraentre os anos 60 a 80, e hoje apresenta um aspecto de mosaico, com traçosde mata primária, áreas de mata secundária, área de taquaral e área de matade galeria, que acompanha um riacho existente no local. As áreas dessasformações ainda não foram determinadas. Os levantamentos têm si<strong>do</strong> feitosdentro desses ambientes específicos e busca-se determinar quais espécies deaves apresentam preferência por cada tipo vegetacional. As observaçõestiveram início em julho de 2000 e deverão se estender até junho de 2002,com visitas quinzenais à área. Os registros estão sen<strong>do</strong> feitos por meio decapturas com redes ornitológicas e observações. As redes estão sen<strong>do</strong>utilizadas esporadicamente e sua utilização visa a registrar espécies que nãoestejam vocalizan<strong>do</strong> ou que tenham hábito críptico. Até o momento estãoregistradas cerca de 50 espécies de aves, sen<strong>do</strong> que as que mais têmapresenta<strong>do</strong> uma uniformidade de preferência de ambiente são asencontradas preferencialmente na taquara, como Mackenziaena severa,Thamnophilus caerulescens e Pyriglena leucoptera, embora ainda nãotenham si<strong>do</strong> aplicadas abordagens estatísticas para essa determinação. Asáreas com aspecto de mata de galeria ainda não foram adequadamenteamostradas e, por enquanto, não apresentaram espécies típicas desse


ambiente. Os estu<strong>do</strong>s no Parque Ambiental constituem o início de uma sériede levantamentos que serão desenvolvi<strong>do</strong>s em áreas de mata aindaexistentes no oeste <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná para uma avaliação da avifaunaremanescente em função <strong>do</strong> tipo vegetacional, tamanho da reserva edistância entre reservas.________________________________________________R54Ocorrência de aves endêmicas, raras e ameaçadas em fragmentos deMata Atlântica <strong>do</strong> sul da Bahia.Paulo Henrique Chaves CordeiroConservation International, Av. Antônio Abrahão Caran, 820, conj. 302,Belo Horizonte, 31.275-000 MG, pcord@imagelink.com.brA riqueza de aves na Mata Atlântica <strong>do</strong> sul da Bahia é comparávelàquela <strong>do</strong>s biomas florestais mais ricos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Entretanto, apesar de suaimportância, a região ainda se apresenta pouco estudada. Nesse contexto,esse trabalho busca levantar a ocorrência de aves em novas localidades. Poroutro la<strong>do</strong>, esse estu<strong>do</strong> não faz extensão de distribuição geográfica, poistodas as espécies tratadas já apresentam pontos de ocorrência conheci<strong>do</strong>s naregião. Todas as espécies foram registradas em fragmentos das Matas deTabuleiros Costeiros, florestas que anteriormente pre<strong>do</strong>minavam na região ehoje desaparecem rapidamente. Os da<strong>do</strong>s foram coleta<strong>do</strong>s durante oslevantamentos de avifauna <strong>do</strong> “Projeto Abordagens Ecológicas eInstrumentos Econômicos para o Estabelecimento <strong>do</strong> Corre<strong>do</strong>r <strong>do</strong>Descobrimento”- PROBIO/IESB/CI/UFMG e serão usa<strong>do</strong>s na identificaçãode áreas prioritárias para conservação. Um total de 27 localidades foramlevantadas entre março de 1999 e maio de 2001, quan<strong>do</strong> aproximadamente430 espécies foram registradas. As ocorrências mais importantes sãolistadas a seguir. Na Faz. Subaúma/Cairu foram observadas Pyrrhuracruentata e Touit surda. Na Faz. São João/Nilo Peçanha foi registrada aocorrência de Leucopternis lacernulata, Aratinga auricapilla, P. cruentata,T. surda, Amazona rho<strong>do</strong>corytha, e Xipholena atropurpurea. Na EEE NovaEsperança/W. Guimarães foram registradas A. auricapilla, P. cruentata e X.atropurpurea. Na Faz. Zumbi <strong>do</strong>s Palmares/Camamu foram observadas


Tinamus solitarius, T. surda, Myrmotherula urosticta, e Cotinga maculata.No Ecoparque/Una foram vistas P. cruentata, T. surda, A. rho<strong>do</strong>corytha,Scytalopus psychopompus, M. urosticta, Carpornis melanocephalus e X.atropurpurea. Na Faz. Orion/Arataca e Faz. Boa Sorte/Arataca foiregistra<strong>do</strong> o Acrobatornis fonsecai. Na RPPN Serra <strong>do</strong> Teimoso/Jussariforam registradas Sarcorhampus papa, L. lacernulata e M. urosticta.Acreditamos serem os novos registros relevantes para a conservação dessasespécies, pois fazem adições importantes às diversas listas existentes.Assim, acrescentamos como da<strong>do</strong>s valiosos sobre distribuição de espéciesendêmicas, raras e ameaçadas, trazen<strong>do</strong> informações úteis aos que buscamestudar e conservar a diversidade de aves da região.________________________________________________R55Estu<strong>do</strong> da avifauna em fragmentos de Mata Atlântica <strong>do</strong> sul da BahiaPaulo Henrique Chaves CordeiroConservation International, Av. Antônio Abrahão Caran, 820, conj. 302,Belo Horizonte, 31.275-000 MG, Pcord@imagelink.com.brO projeto “Inventário e Diversidade de Espécies de Aves no Sul daBahia” investiga a riqueza de espécies de aves em diversos remanescentesflorestais ao longo <strong>do</strong> “Corre<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Descobrimento”. A verificação <strong>do</strong> graude substituição de espécies nos fragmentos florestais ao longo <strong>do</strong> gradientelatitudinal e longitudinal (norte-sul; leste-oeste) pretende indicar as áreasque melhor se ajustem ao objetivo geral que é conservar as espécies, propormedidas de gestão ambiental e desenvolvimento sustenta<strong>do</strong>, além de mantera enorme biodiversidade nativa. Cerca de quatrocentas espécies de avesocorrem no sul da Bahia. Diversas espécies possuem grande relevância nocontexto da conservação da biodiversidade na região, sen<strong>do</strong> unicamenteencontradas em localidades <strong>do</strong> sul da Bahia. Entre março de 1999 e maio de2001 foram inventariadas 26 localidades, com esforço de quatro dias emcada uma. Os inventários foram realiza<strong>do</strong>s nos principais tipos de vegetaçãoapropria<strong>do</strong>s para a implementação <strong>do</strong> corre<strong>do</strong>r. Os sistemas avalia<strong>do</strong>s foramos fragmentos de mata primária (ou em estágio final de regeneração) e osfragmentos de mata secundária (ou em estágio intermediário de


egeneração). O méto<strong>do</strong> de censos (visual e bioacústico) foi utiliza<strong>do</strong> parainventariar quantitativamente (censo por pontos) e qualitativamente (censo<strong>sem</strong> transectos) as áreas estudadas. Nesse trabalho também foi dada ênfase aoregistro de espécies endêmicas, raras e ameaçadas. O resulta<strong>do</strong> preliminarconstitui-se de uma caracterização da comunidade de aves encontrada nasáreas (listas das espécies). Posteriormente, avalia-se os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> inventárioavifaunístico a luz de sua utilização para a implementação <strong>do</strong> corre<strong>do</strong>r. Asáreas mais ricas em espécies (inclusive espécies ameaçadas e espéciesendêmicas) foram as de maior tamanho. As reservas com maior riquezaforam PN Monte Pascoal, PN Pau Brasil, PE Conduru, RPPN Veracruz eEcoparque de Una. Por outro la<strong>do</strong>, pequenas reservas como EEE NovaAliaça, RPPN Serra <strong>do</strong> Teimoso, Faz. Zumbi <strong>do</strong>s Palmares, Faz. Jueirana eFaz. Bela Vista constituem unidades de ligação importantes entre os grandesblocos remanescentes. O planejamento <strong>do</strong> uso das diversas paisagens no sulda Bahia pode minimizar a perda de ambientes e otimizar a conservação dadiversidade única de aves na região.________________________________________________R56Caracterização <strong>do</strong> cariótipo e <strong>do</strong>s padrões de bandas G, C e RON emCoragyps atratus (Cathartidae).Deborah Afonso Cornélio 1,2 , Mauro Pichorim 3 , Ives José Sbalqueiro 4Edival<strong>do</strong> Herculano Corrêa de Oliveira 4e1. Laboratório de Citogenética, Setor de Análises Clínicas, Hospital dasClínicas, UFPR; 2. Núcleo de Ciências Biológicas e da Saúde, CentroUniversitário Positivo; deborahz@uol.com.br; 3. Pós-graduação emZoologia, Depto de Zoologia, UFPR; pichorim@bio.ufpr.br; 4. Laboratóriode Citogenética Animal, UFPR; ivesjs@bio.ufpr.br.A família Cathartidae é exclusiva <strong>do</strong> Continente Americano ecomposta por sete espécies. Segun<strong>do</strong> a sistemática tradicional, faz parte daordem Falconiformes, apesar de estu<strong>do</strong>s recentes envolven<strong>do</strong> análise deDNA demonstrarem sua proximidade com os Ciconiiformes.Citogeneticamente estas relações sistemáticas não foram ainda discutidasdevi<strong>do</strong>, em parte, às dificuldades técnicas envolvidas. Até hoje foram


analisa<strong>do</strong>s os cariótipos de apenas três espécies da família Cathartidae(Sarcoramphus papa, Vultur gryphus e Cathartes aura), todas com pelomenos 80 cromossomos. O objetivo <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong> é descrever ocariótipo de Coragyps atratus através <strong>do</strong>s padrões de bandas G, C e RON.Tais acha<strong>do</strong>s possibilitarão futuras comparações cariotípicas que poderãoauxiliar no estabelecimento das relações taxonômicas e evolutivas entreCathartidae e Ciconiidae. As metáfases foram obtidas a partir <strong>do</strong> teci<strong>do</strong> depolpa dérmica de penas em crescimento de <strong>do</strong>is filhotes provenientes de umninho situa<strong>do</strong> nas dependências <strong>do</strong> Setor de Ciências Biológicas/UFPR. Onúmero diplóide foi igual a 80 cromossomos sen<strong>do</strong> os 12 primeiros paresmacrocromossomos que decrescem gradativamente em tamanho. Osmacrocromossomos são submetacêntrico, com exceção <strong>do</strong> terceiro par(subtelocêntrico) e <strong>do</strong> décimo segun<strong>do</strong> par (metacêntrico), e <strong>do</strong>s pares de 7 a11 (acrocêntricos). O cromossomo Z é metacêntrico, equiparan<strong>do</strong>-se emtamanho ao sexto par autossômico. O cromossomo W é acrocêntrico,equivalente ao décimo par autossômico. O padrão de bandas G <strong>do</strong>s maiorespares de macrocromossomos permitiu a identificação precisa <strong>do</strong>shomólogos. As regiões organiza<strong>do</strong>ras de nucléolo (RON) estão presentes nobraço curto de um macrocromossomo <strong>do</strong> sexto ou sétimo par. Os blocos deheterocromatina constitutiva (banda C) localizam-se no braço curto <strong>do</strong> par<strong>do</strong>is, no final <strong>do</strong> braço longo e região centromérica <strong>do</strong> par sete e nas regiõescentroméricas <strong>do</strong>s pares 5, 8, 9, 10 e 12. O cromossomo Z apresenta umbloco heterocromático na região centromérica e o W no braço longo numaregião intercalar. A maioria <strong>do</strong>s microcromossomos foram banda Cpositivos. Os da<strong>do</strong>s citogenéticos aqui apresenta<strong>do</strong>s são descrições inéditaspara Coragyps atratus.Apoio: UFPR, CNPq, CAPES.________________________________________________


R57Observações preliminares <strong>do</strong> comportamento reprodutivo <strong>do</strong> araçaripoca(Selenidera maculirostris) em cativeiro.Marcia CziulikParque das Aves Foz Tropicana – Foz <strong>do</strong> Iguaçu – Paraná,(parquedasaves@uol.com.br)O araçari-poca (Selenidera maculirostris) é um membro da famíliaRamphastidae, com distribuição desde o esta<strong>do</strong> da Bahia ao Rio Grande <strong>do</strong>Sul, nordeste da Argentina e leste <strong>do</strong> Paraguai. Apesar de comum emzoológicos brasileiros, a reprodução em cativeiro era um acontecimentoesporádico até 1997, quan<strong>do</strong> o Parque das Aves, Foz <strong>do</strong> Iguaçu, PR, passoua reproduzí-lo regularmente. Devi<strong>do</strong> a pouca informação sobre ranfastídeo<strong>sem</strong> cativeiro, está sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> desde 1997, um estu<strong>do</strong> sobre ocomportamento reprodutivo da espécie neste Parque. Os casais são manti<strong>do</strong><strong>sem</strong> viveiros com 24 m 2 (4x6x3 m de altura) sen<strong>do</strong> destes 10 m 2 de abrigo e14m 2 de área cercada por tela, que permite a observação pelo público e ocontato visual entre os indivíduos. O ninho utiliza<strong>do</strong> pelo casal é um troncooco de palmeira, fixa<strong>do</strong> em posição transversal, com 60 cm decomprimento, 45 cm de profundidade interna, 18 cm de largura e 7 cm deabertura. As aves recebem alimentação à base de frutas, legumes, carnemoída e ração, duas vezes por dia. A postura, de três a quatro ovos, temocorri<strong>do</strong> entre os meses de outubro à janeiro, com uma exceção em abril. Operío<strong>do</strong> de incubação é de 17 dias. Desde a primeira postura, foramrealizadas observações periódicas, com o objetivo de verificar a frequência<strong>do</strong> uso <strong>do</strong> ninho pelo casal. Em outubro de 2000, foi instalada umamicrocâmera no interior <strong>do</strong> ninho a 30 cm da base e uma lâmpada pingod’água 12W a 10 cm da base. Após a instalação <strong>do</strong> equipamento, duasposturas ocorreram e to<strong>do</strong> o processo, até a saída <strong>do</strong>s filhotes <strong>do</strong> ninho, podeser acompanha<strong>do</strong> em tempo real por um monitor. Para o registro dasimagens utilizou-se um time lapser 960N. As observações mostraram quemacho e fêmea intercalam-se nos cuida<strong>do</strong>s com os ovos e filhotes e que afrequência ao ninho foi consideravelmente maior para o macho durante operío<strong>do</strong> de choco, mas <strong>sem</strong>elhante à da fêmea na fase de cria <strong>do</strong>s filhotes. Ocasal não conseguiu criar mais <strong>do</strong> que <strong>do</strong>is filhotes por ninhada. Um arquivocom 2.136 horas de gravação, será posteriormente estuda<strong>do</strong> para se obter


maiores informações sobre o comportamento reprodutivo, parental e dedesenvolvimento <strong>do</strong>s filhotes.________________________________________________R58Uso de hábitat por Thamnophilus stictocephalus (Thamnophilidae) emfloresta <strong>sem</strong>idecídua em Santarém, Pará.Sidnei de Melo DantasINPA – Mestra<strong>do</strong> em Ecologia. sidnei@inpa.gov.br; smdantas@yahoo.comA fragmentação de florestas tem si<strong>do</strong> tema de muitos estu<strong>do</strong>s devi<strong>do</strong>ao seu grande impacto na biodiversidade e pelo fato de que, em vista dacrescente atividade humana, grande parte <strong>do</strong>s ambientes hoje contínuosestarão fragmenta<strong>do</strong>s no futuro. Neste estu<strong>do</strong> analisou-se a variação nadensidade de Thamnophilus stictocephalus, um Thamnophilidae habitantede sub-bosque, em fragmentos de florestas <strong>sem</strong>idecíduas. O estu<strong>do</strong> foirealiza<strong>do</strong> na região de Alter-<strong>do</strong>-Chão, Santarém, Pará (2º30’10’’S,54º51’27’’W), a qual abriga uma das maiores manchas de savanaamazônica. Na savana encontram-se diversos fragmentos de floresta<strong>sem</strong>idecídua, ou seca, que variam de tamanho entre 4 e 360 ha. Investigousea densidade aparente de Thamnophilus stictocephalus, umThamnophilidae habitante de bordas de floresta, em função <strong>do</strong> tamanho eforma de fragmentos, densidade da vegetação de sub-bosque e biomassa deartrópodes. A densidade aparente de T. stictocephalus foi estimada em duastrilhas de 250m de comprimento em 21 fragmentos e em 8 áreas de matacontínua, contan<strong>do</strong>-se os indivíduos vistos ou ouvi<strong>do</strong>s a até 50 m para umla<strong>do</strong> das mesmas, e foi considerada como o nº de indivíduos pela áreaamostrada (2 x 250m x 50m). A densidade da vegetação <strong>do</strong> sub-bosque foiavaliada pelo méto<strong>do</strong> de chequered board, e para se estimar a biomassa deartrópodes, estes foram coleta<strong>do</strong>s com golpes de rede entomológica no subbosque,em áreas de 160m² por fragmento e área de mata contínua, e abiomassa foi considerada como o peso fresco <strong>do</strong>s artrópodes pela áreaamostrada. A densidade de Thamnophilus não foi relacionadasignificativamente ao tamanho <strong>do</strong>s fragmentos e nem à densidade devegetação. Thamnophilus atrinucha, uma espécie próxima, ocupa vários


ambientes em florestas, e se T. stictocephalus apresenta uma plasticidade<strong>sem</strong>elhante, pode compensar uma redução da área ou da densidade devegetação ocupan<strong>do</strong> outros ambientes nos fragmentos. Houve uma relaçãonegativa com o índice de forma <strong>do</strong>s fragmentos, o qual indica o quanto aforma de um fragmento é irregular. Fragmentos mais irregulares possuemuma área relativa de borda maior, e este resulta<strong>do</strong> pode indicar que a espécieocupa outros ambientes além da borda. Este índice não apresentoucorrelação significativa com o tamanho <strong>do</strong>s fragmentos. Houve uma relaçãopositiva com a biomassa de artrópodes, o que indica que a disponibilidadede alimento exerce um papel importante na sensibilidade destas aves àfragmentação. Deste mo<strong>do</strong>, a fragmentação parece controlar, direta ouindiretamente, a dinâmica da população de T. stictocephalus nessa região.Fontes financia<strong>do</strong>ras: CNPq; Instituto Nacional de Pesquisas da Amazonia -INPA________________________________________________R59Primeiro registro da reprodução de Heteronetta atricapilla no Brasil.Rafael A. Dias 1 e Giovanni N. Maurício 21. Museu de História Natural, Universidade Católica de Pelotas, R. Félix daCunha 412, C.P. 402, 96010-000, Pelotas, RS, Brasil. e-mail:radias.sul@terra.com.br; 2. Laboratório de <strong>Ornitologia</strong>, Museu de Ciênciase Tecnologia, PUCRS, Av. Ipiranga, 6681, C.P. 1429, 90619-900, PortoAlegre, RS, Brasil. e-mail: giomau@uol.com.brHeteronetta atricapilla é uma marreca parasita, registrada no Brasilem Santa Catarina e no Rio Grande <strong>do</strong> Sul, e considerada um migranteaustral neste último esta<strong>do</strong>. Em setembro de 1997, machos de H. atricapillaforam observa<strong>do</strong>s cortejan<strong>do</strong> fêmeas em banha<strong>do</strong>s abertos da localidade deCapão Seco (31 o 48’S, 52 o 20’W), município de Rio Grande, Rio Grande <strong>do</strong>Sul. A partir desta ocasião, evidências da nidificação da espécie foramapuradas junto a ninhos de aves aquáticas (coloniais ou não) na referidalocalidade durante o pico reprodutivo da avifauna local (setembro–janeiro).Seis espécies de aves foram parasitadas por H. atricapilla no local de estu<strong>do</strong>


(entre parênteses estão indica<strong>do</strong>s, respectivamente, o número total de ninhosobserva<strong>do</strong>s, o número total de ninhos parasita<strong>do</strong>s com ovos e/ou filhotesrecém-eclodi<strong>do</strong>s de H. atricapilla e a porcentagem em relação ao totalobserva<strong>do</strong>): Phimosus infuscatus (219, 19, 8.7%), Plegadis chihi (247, 2,0.8%), Netta peposaca (2, 1, 50%), Fulica leucoptera (14, 1, 7.1%), Fulicarufifrons (9, 3, 33%) e Larus maculipennis (53, 6, 11.3%). Dos 32 ninhosparasita<strong>do</strong>s, 75% continham apenas um ovo ou ninhego de H. atricapilla,16% continham <strong>do</strong>is ovos ou ninhegos, 6% três ovos ou ninhegos e 3%quatro ovos <strong>do</strong> parasita. Ninhos <strong>do</strong>s seguintes hospedeiros foramobserva<strong>do</strong>s com mais de um ovo ou ninhego de H. atricapilla: P. infuscatus(5% <strong>do</strong>s ninhos parasita<strong>do</strong>s continham <strong>do</strong>is ovos ou ninhegos de H.atricapilla, 11% três ovos ou ninhegos e 5% quatro ovos), P. chihi (50%continham <strong>do</strong>is ovos), F. rufifrons (33% continham <strong>do</strong>is ovos) e L.maculipennis (33% continham <strong>do</strong>is ovos ou ninhegos). Apenas em trêsninhos (<strong>do</strong>is de P. infuscatus e um de L. maculipennis) foram observa<strong>do</strong>sovos ou ninhegos de H. atricapilla desacompanha<strong>do</strong>s de ovos e/ou ninhegos<strong>do</strong> hospedeiro. Em um destes, P. infuscatus incubou os ovos <strong>do</strong> parasita atéa eclosão (um ovo <strong>do</strong> hospedeiro estava caí<strong>do</strong> sob o ninho). Causas deinsucesso na eclosão de ninhegos de H. atricapilla foram relacionadas àqueda de ovos da câmara oólica <strong>do</strong>s ninhos (duas ocasiões em ninhos de P.infuscatus), oclusão <strong>do</strong>s ovos no ninho pelo hospedeiro (100% <strong>do</strong>s ninhosde Fulica spp.) e possível aban<strong>do</strong>no <strong>do</strong> ninho (P. infuscatus e L.maculipennis em uma ocasião). Consideran<strong>do</strong> o registro de ovos comfilhotes pian<strong>do</strong> em seu interior e a observação de ninhegos recém-eclodi<strong>do</strong>s,o principal perío<strong>do</strong> de deposição de ovos de H. atricapilla no local deestu<strong>do</strong> concentrou-se em fins de outubro. Devi<strong>do</strong> à segurança proporcionadapelos sítios de nidificação (por entre extensões de Scirpus californicus,Cyperaceae), à grande disponibilidade de ninhos e consideran<strong>do</strong> o fato deambas espécies aceitarem incubar os ovos <strong>do</strong> parasita <strong>sem</strong> maioresrestrições (independente da quantidade ou da presença de seus própriosovos), P. infuscatus e P. chihi possivelmente constituem os melhoreshospedeiros para H. atricapilla localmente. Juvenis (n = 3) <strong>do</strong> parasitaforam observa<strong>do</strong>s a partir de mea<strong>do</strong>s de dezembro. Ovos de H. atricapillaapresentaram as seguintes dimensões: 58.84 mm (d.p. = 2.13, min.–máx. =55.4–63.1, n = 24) x 43.55 mm (d.p. = 1.3, min.–máx. = 40.3–45.3, n = 24).Cinco ovos foram coleta<strong>do</strong>s e encontram-se deposita<strong>do</strong>s na coleçãoornitológica <strong>do</strong> Museu de Ciências e Tecnologia, PUCRS.________________________________________________


R60Riqueza de aves en el centro-sur de Sudamérica: la importancia del ejefluvial Paraguay-Paraná.Adrián S. Di Giacomo 1 e Julio R. Contreras 21- Departamento de Conservación, Aves Argentinas/AOP. 25 de mayo 749,2º piso 6, (1002) Buenos Aires, Argentina.digiacomo@avesargentinas.org.ar; 2-División <strong>Ornitologia</strong>, MuseoArgentino de Ciencias Naturales "Bernardino Rivadavia". Av. AngelGallar<strong>do</strong> 470, (1405) Buenos Aires, Argentina, azara@muanbe.gov.ar,jcontreras@paleonet.com.arEl eje fluvial Paraguay-Paraná se extiende latitudinalmente sobre laszonas llanas subecuatoriales de América del Sur entre los 15º y los 34º delatitud sur, comprendien<strong>do</strong> en su de<strong>sem</strong>bocadura al Río de la Plata y sudelta. Representa una "disección" de 3400 kilómetros que atraviesa enmayor o menor extensión a diferentes ecoregiones (selva amazónica, selvaparanaense, cerra<strong>do</strong>, chaco, espinal y pampa). El objetivo del trabajo fueanalizar la variación de la riqueza y composición de aves a lo largo de esterío y su valle de inundación con el fin de detectar patrones biogeográficos.Se emplearon méto<strong>do</strong>s de atla<strong>do</strong> de los registros disponibles para cadaespecie presente, mediante la utilización de un grilla<strong>do</strong> de cuadrículas de 0,5x 0,5 gra<strong>do</strong> geográfico de la<strong>do</strong> superpuesto sobre cartografía de la Cuencadel Plata. Las fuentes de datos fueron las observaciones de ornitólogoscalifica<strong>do</strong>s, los especímenes de museos revisa<strong>do</strong>s hasta el momento y losregistros publica<strong>do</strong>s. Se seleccionaron ciertas cuadrículas, unas ubicadassobre el eje fluvial y otras por fuera, que contenían información máscompleta para realizar las comparaciones y análisis. Para cada especiepresente en dichas cuadrículas se compiló una base de datos con la siguienteinformación: tipo de hábitat (sensu Stotz et al. 1996), afinidad biogeográfica(sensu Cracraft 1985, Haffer 1974, 1985, Muller 1973 and Stotz et al.1996)y el alcance de la distribución geográfica a lo largo del eje fluvial medida engra<strong>do</strong>s de latitud. Los principales resulta<strong>do</strong>s son los siguientes: 1- la riquezade aves es mayor a lo largo del eje Paraguay-Paraná que fuera del valle deinundación para una misma latitud; 2- existe un gradiente en senti<strong>do</strong> Norte-Sur en la riqueza de aves, que va desde 536 especies a los 16º hasta 238especies en las cercanías del Río de la Plata; 3 -dicho gradiente no es lineal,


ya que se encuentra interrumpi<strong>do</strong> por <strong>do</strong>s escalones <strong>do</strong>nde la diversidaddecae en forma más notoria; 4- el eje fluvial atraviesa varias formacionesbiogeográficas, introducien<strong>do</strong> elementos de diferentes estirpes a sucomposición avial; 5- los límites distribucionales de muchas especiesamazónicas, del cerra<strong>do</strong> y paranaenses, inflexionan hacia el sur, extendien<strong>do</strong>notablemente su geonemia a expensas del valle. Algunos de los patronesbiogeográficos encontra<strong>do</strong>s en las aves durante el presente estudio sonsimilares a los halla<strong>do</strong>s en otros grupos biológicos. Se plantea comohipótesis de trabajo que, si bien el eje fluvial y su amplio valle deinundación no pueden ser asigna<strong>do</strong>s a una unidad biogeográfica enparticular, podrían constituir una verdadera unidad funcional, altamenteoperativa en la actualidad. Algunas de las evidencias más relevantes alrespecto podrían estar constituidas por grupos de especies de aves que: 1-presentan el patrón de "inflexión de borde de geonemia"; 2- realizanmovimientos estacionales a lo largo del valle; 3 -presentan cierto gra<strong>do</strong> deendemismo. Asimismo, se alerta sobre la escasa valoración que recibe estavasta región como propósito de conservación frente a las amenazasrepresentadas por las urbanizaciones crecientes, represamientos y la mismaHidrovía Paraguay-Paraná.Financiamiento: CONICET________________________________________________R61Respuesta del Yetapá de Collar (Alectrurus risora) a los incendios depastizales de Chajapé (Imperata brasiliensis) en el este de Formosa,Argentina.Alejandro G. Di Giacomo e Adrián S. Di Giacomo.Departamento de Conservación, Aves Argentinas/AOP. 25 de mayo 749, 2ºpiso 6, (1002) Buenos Aires, Argentina; digiacomo@avesargentinas.org.arEl Yetapá de Collar es una especie globalmente amenazada conestatus "Vulnerable" (BirdLife International 2000). La ecología de estaespecie, típica de los pastizales naturales del NE de Argentina y S delParaguay, es muy poco conocida. Por dicha razón se ha estableci<strong>do</strong> a partir


de 1995 un programa de monitoreo permanente de una población residenteen la Reserva Ecológica El Bagual, Formosa. El programa incluye larealización de censos periódicos en transectas a lo largo de diferentesambientes, el seguimiento de ni<strong>do</strong>s durante la temporada reproductiva y elmarca<strong>do</strong> de individuos con anillos de color. Algunos autores sugieren quepor su preferencia por los pastizales altos, esta especie no toleraría bien elfuego. Entre 1995 y 1999 se estudió la variación en la densidad de A. risoraen un pastizal de Chajapé (Imperata brasiliensis) de unas 100 hectareas yclausura<strong>do</strong> al gana<strong>do</strong> durante los últimos 15 años. Se trata de un tipo depastizal conoci<strong>do</strong> localmente como "pastizal de tierras altas" porque seubica topográficamente sobre el albardón de los arroyos. En el presenteanálisis se consideró especialmente el efecto del fuego sobre la densidadmensual de las aves durante <strong>do</strong>s años en que se produjeron incendiosinvernales masivos sobre el pastizal. Se observó que la densidad promediode Yetapás en el pastizal de Chajapé resultó bastante homogénea durante losaños que no se produjeron incendios. Mediante un modelo de ANOVA de<strong>do</strong>s factores (“con/sin fuego” y “año”) se compararon las densidadesmensuales antes y después de los incendios totales del pastizal durante elinvierno de <strong>do</strong>s años (1996 y 1997) encontrán<strong>do</strong>se que la densidad essignificativamente mayor durante los cuatro meses posteriores al evento deincendio invernal, independientemente del año considera<strong>do</strong> (p


Financiamiento: Alparamis S.A. y Aves Argentinas/AOP.________________________________________________R62Parâmetros populacionais de Sterna sandvicensis eurygnatha no Brasil.Márcio Amorim Efe 1,3 ; Cesar Musso 2 e Luiz Glock 3 .1- PROAVES / CEMAVE - IBAMA, Rua Miguel Teixeira 126, PortoAlegre, 90050-250, RS, efe.ez@terra.com.br; 2- AVIDEPA; e-mail:avidepa@nutecnet.com.br ; 3- Laboratório de Dinâmica Populacional –Programa de Pós-Graduação em Biociências – Zoologia - PUC RS - Av.Ipiranga, 6681 prédio 12 C, sala 250 - 90619-900 - Porto Alegre – Brasil -RSO presente estu<strong>do</strong> apresenta da<strong>do</strong>s a respeito da produtividade,mortalidade, sobrevivência e expectativa de vida na idade específica dacoorte acompanhada na estação reprodutiva de 1993 na Ilha Escalvada, bemcomo apresenta da<strong>do</strong>s de sucesso reprodutivo da população nidificante namesma ilha entre os anos de 1993 e 1997. Para a medida de produtividadeutilizou-se a fórmula onde o sucesso de nascimento foi defini<strong>do</strong> como aporcentagem de ovos que eclodiram dentre o total de ovos amostra<strong>do</strong>s. Ataxa de mortalidade na idade-específica (q x ) foi definida como a proporçãode indivíduos <strong>do</strong> início <strong>do</strong> intervalo de idade que morreram durante ointervalo de idade. A taxa de sobrevivência na idade-específica (s x ) foicalculada com base na proporção de indivíduos vivos no início <strong>do</strong> intervalode idade que sobreviveram durante o intervalo de idade. A expectativa devida na idade específica (e x ) representa o tempo adicional médio que umindivíduo viverá, caso atinga a idade x. O cálculo da taxa de natalidade foiobtida pela divisão <strong>do</strong> número de nascimentos pelo número total de ovospostos e a taxa de mortalidade pela fórmula : filhotes mortos/natalidade x100. A taxa média de crescimento vegetativo para cada ano foi obtidaatravés da fórmula (D/A) 1/4 , onde D é o número de indivíduos nasci<strong>do</strong>s nofinal <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> e A o número de indivíduos nasci<strong>do</strong>s no início <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>.A taxa intrínsica de crescimento populacional (r) foi calculada segun<strong>do</strong> afórmula, r = log e (N t1 /N t0 ), onde N t1 e N t0 representam o número de animaisda população no tempo final e no tempo inicial, respectivamente. A


população de adultos estimada para o Espírito Santo flutua entre 10.000 e13.000 indivíduos entre 1990 e 1996. A produtividade foi estimada em 3643ovos (1993), 4.043 ovos (1994), 5.553 ovos (1995) e 3.780 ovos (1996). Astaxas de mortalidade, sobrevivência e expectativa de vida na idadeespecífica são mostradas na tabela de vida. Da<strong>do</strong>s de sucesso reprodutivorevelam um recrutamento de 2.985 filhotes em 1993, 2.413 filhotes em1994, 5.224 filhotes em 1995 e 3.101 em 1996. O crescimento anual <strong>do</strong>número de fêmeas férteis para o perío<strong>do</strong> projeta<strong>do</strong>, se revelou positivo, comuma taxa de crescimento vegetativo de 1,051 % ao ano, consideran<strong>do</strong> osda<strong>do</strong>s globais em 1997 em relação a 1993. Com base nestes da<strong>do</strong>s projeta-seuma taxa intrínseca de crescimento populacional, r = 0,199. Observações decampo e análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s de ovos inviáveis e filhotes mortos sugerem quea maior causa de mortalidade nas colônias reprodutivas, foramaparentemente, as freqüentes tempestades. Atualmente, nossos resulta<strong>do</strong>srevelam que a população <strong>do</strong> Espírito Santo vem se recuperan<strong>do</strong>. No entanto,mesmo com a tendência aparentemente crescente <strong>do</strong> tamanho populacionalda espécie, o recente passa<strong>do</strong> de desaparecimento da espécie em outras áreasda costa brasileira é motivo de alarme e chama a atenção para acontinuidade <strong>do</strong> monitoramento destas colônias reprodutivas.Órgãos financia<strong>do</strong>res: CEMAVE/IBAMA, AVIDEPA, Chocolates Garoto,Aracruz Celulose, Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, FNMA eCAPES.________________________________________________


R63Variações morfológicas e padrões de crescimento em Sterna sandviceniseurygnatha no Brasil.Márcio Amorim Efe 1,3 ; João Luiz Xavier <strong>do</strong> Nascimento 2 ; Inês de LimaSerrano <strong>do</strong> Nascimento 2 ; Cesar Musso 4 e Luiz Glock 3 .1- PROAVES, SCLN 315, Bloco B, Sala 202, Brasília, DF, 70774-520 –efe.ez@terra.com.br; 2- CEMAVE / IBAMA, Rua Miguel Teixeira 126, PortoAlegre, 90050-250, RS – cemavers.ez@terra.com.br.; 3- Laboratório de DinâmicaPopulacional – Programa de Pós-Graduação em Biociências – Zoologia - PUC RS -Av. Ipiranga, 6681 prédio 12 C, sala 250 - 90619-900 - Porto Alegre – Brasil - RS;4- AVIDEPA – e-mail: avidepa@nutecnet.com.br.A descrição Sterna sandvicensis eurygnatha apresenta grandevariação na morfometria e coloração <strong>do</strong> bico. O presente estu<strong>do</strong> apresentada<strong>do</strong>s a respeito da variabilidade morfométrica de ovos, filhotes e adultos daespécie no Brasil, nos sítios reprodutivos no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo, bemcomo em áreas de alimentação como o Parque Nacional da Lagoa <strong>do</strong> Peixe,no Rio Grande <strong>do</strong> Sul e na Ilha Coroa Vermelha, na Bahia. Foramverifica<strong>do</strong>s três padrões de cores em relação à quantidade de manchasexistentes nos ovos. Os 150 ovos medi<strong>do</strong>s apresentaram o comprimentomédio de 51,83 mm ± 2,0 (48,7 mm – 57,1mm) e largura média de35,91mm ± 1,36 (31,3 mm – 39,6 mm). A massa média <strong>do</strong>s 150 ovos foi de35,49 g ± 3,15 (25g - 45g). Na temporada reprodutiva de 1993, foramanilha<strong>do</strong>s 2.985 filhotes de Sterna sandvicensis eurygnatha, <strong>do</strong>s quais 379foram marca<strong>do</strong>s logo no primeiro dia de vida. Para a plumagem <strong>do</strong>s filhotesde mesma idade foram verifica<strong>do</strong>s seis padrões de cores (preta e branca,branca, castanha, preta, cinza e branca, preta) e para a variação na coloração<strong>do</strong> cúlmem foram registra<strong>do</strong>s sete padrões de cores (cinza, rosa, cinza epreto, claro, claro e preto, rosa e preto, amarelo). As medidas médias (média± d.p.,n) <strong>do</strong>s filhotes nas diversas idades foram: filhotes de 1 dia, 26,92 ±2,48, n=119; 1 <strong>sem</strong>ana, 47,33 ± 10,36, n=15; 2 <strong>sem</strong>anas, 92,1 ± 21,75,n=48; 3 <strong>sem</strong>anas, 125,83 ± 21,81, n=40; 4 <strong>sem</strong>anas, 154,32 ± 23,31, n=38; 5<strong>sem</strong>anas, 162,84 ± 20,46, n=100. A constante de crescimento K foi de 0,951e o tempo para se atingir 50 % da massa assíntótica foi de 1,8 <strong>sem</strong>anas.Foram defini<strong>do</strong>s três padrões de cores <strong>do</strong> cúlmem para adultos (amarelo,amarelo e preto, preto e amarelo). Para o tarso a coloração apresentou <strong>do</strong>is


padrões (amarelo com pintas e manchas pretas ou totalmente preto). Osda<strong>do</strong>s morfométricos <strong>do</strong>s adultos (cúlmen, tarso, asa, cauda, massa)mostraram-se significativamente diferentes entre as aves das três áreas,poden<strong>do</strong>, portanto, aceitar-se a hipótese de que elas pertençam a populaçõesdiferentes.Órgãos financia<strong>do</strong>res: CEMAVE/IBAMA, AVIDEPA, CHOCOLATESGAROTO, ARACRUZ CELULOSE, O BOTICÁRIO, FNMA e CAPES.________________________________________________R64Potencial de dis<strong>sem</strong>inação, pelas aves, de <strong>sem</strong>entes de arroz (Oryza sativa)e sua implicação sobre cultivos transgênicos.Beatriz Emigdio¹´²; Cecilia I. P. Calabuig²´³; Mariana Vidal²´³; MatheusBeltrame²´³; Maximiano P. Cirne²´³ e Roberto Viera²´³.1- Biól., MSc., Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Sementes, UFPel.(bemygdio@uol.com.br); 2- Núcleo de Estu<strong>do</strong>s e Pesquisas Ambientais -NEPA, Universidade Católica de Pelotas, Rua Félix da Cunha 409, 96010-000, Pelotas, R.S, Brasil, www.ucpel.tche.br.; 3- Bolsista de IniciaçãoCientífica – PIBIC/UCPel.O arroz é uma espécie de grande importância econômica para o RioGrande <strong>do</strong> Sul, ocupan<strong>do</strong> uma área anual em torno de 900 mil hectares,desde a fronteira com o Uruguai, passan<strong>do</strong> pela fronteira com a Argentina epela Depressão Central até o litoral norte. Com o surgimento das plantastransgênicas e consideran<strong>do</strong> os possíveis efeitos que possam exercer sobre ohomem e o meio ambiente, necessário se torna saber como uma <strong>sem</strong>ente deuma dada lavoura pode ser dis<strong>sem</strong>inada. Um <strong>do</strong>s possíveis e prováveisveículos, são as diversas espécies de aves que habitam o agroecossistemaorizícola. Sabe-se que as aves podem dispersar <strong>sem</strong>entes, entre outrasformas, por en<strong>do</strong>zoocoria (<strong>sem</strong>entes são ingeridas e, posteriormente,defecadas ou regurgitadas. Trabalhan<strong>do</strong> com esta possibilidade, analisou-seo conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong>s diferentes segmentos <strong>do</strong> trato digestivo de 13 espécies deaves. Estas foram capturadas em lavouras de arroz, da propriedade Granjas4 Irmãos, município de Rio Grande, entre os meses de outubro de 1999 e


março de 2000. Foi evidenciada a presença de <strong>sem</strong>entes de arroz, inteiras,em diferentes segmentos <strong>do</strong> trato digestivo das espécies Plegadis chihi,Dendrocygna viduata, Callonetta leucophrys e Myopsitta monachus. Aanálise de germinação destas <strong>sem</strong>entes revelou que as mesmas permanecemviáveis após terem si<strong>do</strong> ingeridas por estas aves, ainda que com diferentespercentuais de germinação, segun<strong>do</strong> o segmento <strong>do</strong> trato digestivo em queforam coletadas (papo, esôfago, moela e intestino) . Estes resulta<strong>do</strong>sindicam a possibilidade de que <strong>sem</strong>entes de arroz transgênicos possam serdis<strong>sem</strong>inadas para áreas e/ou lavouras não destinadas a cultivostransgênicos.________________________________________________R65Levantamento das aves da RPPN Maurício Dantas, Betânia/Floresta(Pernambuco).Gilmar B. Farias, Manoel Toscano de Brito e Gustavo L. Pacheco 11. Observa<strong>do</strong>res de Aves de Pernambuco (OAP). Av.: AgamenonMagalhães, 28-Q-C. 13 Engenho Maranguape – Paulista – PE – Brasil –53.423-440; www.hotlink.com.br/users/oapaves (oap.aves@hotlink.com.br)A Reserva Ecológica Maurício Dantas é uma Reserva Particular <strong>do</strong>Patrimônio Natural (RPPN) criada em 1997, situada na Caatingapernambucana entre os municípios de Betânia e Floresta. Ocupa uma áreade 1.485 ha, cuja sede encontra-se localizada na Fazenda Rabeca (8º 18’44”S e 38º 11’43” W). O objetivo deste trabalho foi fazer um levantamentoqualitativo das espécies de aves que ocorrem nos diversos ambientes daReserva: (1) aquático (entorno <strong>do</strong>s açudes), (2) topo da chapada (700m), (3)caatinga arbustiva e áreas abertas e (4) leito temporário <strong>do</strong>s riachos. Olevantamento foi realiza<strong>do</strong> por meio de observações com binóculos (8-24x50 e 8x30) e gravações das vocalizações utilizan<strong>do</strong> microcassete paraposterior identificação com as seguintes referências: Frisch (1962, 1981,1982), Hardy, Coffey, Reynard (1988), Hardy, Parker, Coffey (1991),Hardy, Vielliard, Straneck (1993), Vielliard (1995a e 1995b), Vielliard(1999), Vielliard (sd) e Boesman (1999). Esporadicamente foram realizadascapturas com 3 redes de neblina de 36mm e registradas algumas espécies


através de fotografias utilizan<strong>do</strong> teleobjetivas de 200-500 e 1000mm. Deagosto de 2000 à junho de 2001, realizaram-se 6 excursões, totalizan<strong>do</strong> 152horas de campo. Foram listadas 157 espécies de aves pertencentes a 39Famílias, sen<strong>do</strong> as mais representativas: Emberizidae (n=30), Tyrannidae(n=25), Columbidae (n=7), Trochilidae, Furnariidae e Accipitridae (n= 6).No ambiente 1 foram encontradas Tachybaptus <strong>do</strong>minicus, Podilymbuspodiceps, Phalacrocorax brasilianus, Casmerodius albus, Egretta thula,Bubulcus ibis, Butorides striatus, Tigrisoma lineatum, Dendrocygnaviduata, Netta erythrophthalma, Amazonetta brasiliensis, Cairina moschata,Gallinula chloropus, Porphyrula martinica, Jacana jacana, Himantopushimantopus, Vanellus chilensis, Tringa solitaria, Tringa flavipes, Furnariusfigulus, Fluvicola nengeta, Fluvicola albiventer e Tachycineta albiventer.No ambiente 2 destacaram-se Geranoaetus melanoleucus, Phaethornisgounellei e Trogon curucui. Na subida da chapada, exatamente na área detransição entre os ambientes 2 e 3, registramos duas novas ocorrências parao Esta<strong>do</strong> de Pernambuco: Knipolegus nigerrimus e Accipiter superciliosus.No ambiente 3 foram relacionadas Crypturellus parvirostris, Columbinapicui, Pseu<strong>do</strong>seisura cristata, Sericossypha loricata, Thryothoruslongirostris, Paroaria <strong>do</strong>minicana e Icterus jamacaii. Destacamos para esteambiente Penelope jacucaca, Curaeus forbesi e Carduelis yarellii comoespécies ameaçadas de extinção segun<strong>do</strong> a Lista Oficial <strong>do</strong> Ibama (1989).No ambiente 4 foram encontradas com maior freqüência Amazona aestiva,Furnarius leucopus, Myrmorchilus strigilatus, Lepi<strong>do</strong>colaptesangustirostris e Piculus chrysochloros. O levantamento da avifaunacontribuirá para estratégias de conservação que serão implementadas após aconclusão deste estu<strong>do</strong> como palestras com os mora<strong>do</strong>res locais e proteçãodas espécies ameaçadas de extinção.________________________________________________


R66Exploração de flores e frutos por psitacídeos em mata ciliar <strong>do</strong> RioMiranda, Pantanal <strong>do</strong> Miranda, Mato Grosso <strong>do</strong> Sul.Alan Fecchio 1 e José Ragusa-Netto 21 Graduação em Ciências Biológicas, UFMS, Campo Grande/MS.(alanfecchio@bol.com.br).;2 Departamento de Ciências <strong>do</strong> Ambiente,UFMS, Corumbá/MS (ragusa@pantanalnet.com.br).Psittacidae é uma família com ampla distribuição na regiãoneotropical cuja dieta está fortemente baseada em frutos e <strong>sem</strong>entes, emboraitens como flores e brotos sejam utiliza<strong>do</strong>s, principalmente, em perío<strong>do</strong>s deescassez de alimento. O presente estu<strong>do</strong> teve como objetivo examinar oconsumo de flores e frutos por psitacídeos ao longo <strong>do</strong> ano em mata ciliar<strong>do</strong> Rio Miranda, Pantanal <strong>do</strong> Miranda, Mato Grosso <strong>do</strong> Sul (19º35' S; 57º2'W). A oferta de flores e frutos foi avaliada através de observaçõesfenológicas mensais das espécies arbóreas (370 árvores em quatro trajetosespaça<strong>do</strong>s por cerca de 500 m, perío<strong>do</strong>: abril/2000 a março/2001). Oconsumo de flores e frutos foi estuda<strong>do</strong> através de observações diretas (960horas) durante o percurso de trilhas permanentes (cerca de 5000 m)estabelecidas nos mesmos trechos e perío<strong>do</strong> em que as observaçõesfenológicas foram executadas. Oito espécies de Psittacidae foramobservadas consumin<strong>do</strong> flores e/ou frutos na área de estu<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> que Arachloroptera e Brotogeris chiriri se encontram nos extremos de tamanhodesse grupo de aves. As espécies de maior porte (Ara chloroptera,Propyrrhura auricollis, Amazona aestiva e Pionus maximiliani)consumiram a polpa e <strong>sem</strong>entes de diversas espécies arbóreas. O consumode polpa foi mais expressivo de dezembro a fevereiro quan<strong>do</strong> se deu o picode frutificação <strong>do</strong>s frutos carnosos, enquanto <strong>sem</strong>entes foram exploradas nosdemais meses. Flores praticamente não foram consumidas pelos grandespsitacídeos. Os periquitos (Brotogeris chiriri, Aratinga acuticaudata,Myopsitta monachus, e Nandayus nenday), por outro la<strong>do</strong>, consumiramenormes quantidades de néctar das flores de Ingá (Inga vera), quefloresceram intensamente no final da estação seca, quan<strong>do</strong> frutos carnosospraticamente estavam ausentes. Durante a estação chuvosa os periquitosconsumiram principalmente a polpa de frutos. De certa forma os psitacídeos


exploraram os recursos mais abundantes, com destaque para a exploração denéctar das flores, por periquitos, no perío<strong>do</strong> de depressão na oferta de frutos.FUNDECT/PROPP/UFMS________________________________________________R67Dieta de aves de Mata Atlântica no esta<strong>do</strong> de Minas Gerais através datécnica <strong>do</strong> tártaro eméticoAlexandre Mendes Fernandes 1,2 , Leonar<strong>do</strong> Esteves Lopes 1,3Ângelo Marini 1e Miguel1.UFMG-ICB, Laboratório de Ecologia de Aves. Caixa Postal 486. BeloHorizonte, MG. 30161-970. Bolsistas CNPq; 2. an<strong>do</strong>rinhao@hotmail.com;3. leo@uaimail.com.br.Estu<strong>do</strong>s relativos à dieta de aves são poucos e esparsos,principalmente no que se refere a espécies neotropicais. Investigou-se acomposição da dieta de passeriformes de Mata Atlântica no esta<strong>do</strong> de MinasGerais, onde realizamos coletas na Mata <strong>do</strong> Sossego (Simonésia), MataEscura (Jequitinhonha), Parque Estadual <strong>do</strong> Brigadeiro (Ervália), Mata <strong>do</strong>Jambreiro (Nova Lima), Parque Estadual <strong>do</strong> Rio Doce (Timóteo) e GrandeMata de São Bartolomeu (São Bartolomeu). Também realizou-se coletas empequenos fragmentos de mata adjacentes a algumas dessas áreas. Utilizou-sea técnica de regurgitação por tartarato de antimônio e potássio, sen<strong>do</strong> osregurgitos analisa<strong>do</strong>s em lupa estereoscópica. Os artrópo<strong>do</strong>s foramagrupa<strong>do</strong>s até ordem e as <strong>sem</strong>entes separadas em morfoespécies. Foramobti<strong>do</strong>s um total de 116 regurgitos relativos a 49 espécies de aves.Identificamos um total de 1011 artrópo<strong>do</strong>s, que puderam ser agrupa<strong>do</strong>s em17 ordens de insetos, 5 de aracnídeos e 1 de miriápo<strong>do</strong>s. Apesar derepresentarem apenas 26,7% <strong>do</strong>s indivíduos amostra<strong>do</strong>s, osConopophagidae e Formicariidae juntos consumiram 72,1 % <strong>do</strong> total deformigas. Já os coleoptera foram os principais artrópo<strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>s pelosDendrocolaptidae (n = 8) com 31,1%, Furnariidae (n = 18) com 34,0% eTyrannidae (n = 15) com 23,3%. Entre os Turdinae (n=10) os Isopteraforam os artrópo<strong>do</strong>s pre<strong>do</strong>minantes, com 61,7%. Observou-se gastrópo<strong>do</strong>s


inteiros em alguns poucos regurgitos. A única espécie de aves que consumiuvertebra<strong>do</strong>s foi Attila rufus, cujos <strong>do</strong>is regurgitos examina<strong>do</strong>s continhamossos de Anura (provável Hylidae). Registramos 1535 <strong>sem</strong>entes, que foramagrupadas em 26 morfoespécies. Os Pipridae e Thraupinae, mesmorepresentan<strong>do</strong> apenas 21,5% <strong>do</strong>s indivíduos captura<strong>do</strong>s, foram responsáveispor 87,6% das <strong>sem</strong>entes analisadas, sugerin<strong>do</strong> que esses grupos podem serimportantes dispersores de <strong>sem</strong>entes.________________________________________________R68Análise populacional de Antilophia galeata em matas de galeria <strong>do</strong>Distrito Federal.Anamaria Achtschin Ferreira 1 , Carlos Eduar<strong>do</strong> Anunciação 2Brandão Cavalcanti 3e Roberto1 Doutoranda Depto Ecologia da UnB (iaatchin@yahoo.com.br); 2 Depto deCiências Fisiológicas da Universidade Federal de Goiás(carlose@icb2.ufg.br); 3 Depto de Zoologia - UnB (rbcav@unb.br).A tecnologia baseada em DNA tem contribuí<strong>do</strong> como uma poderosaferramenta de análises populacionais em espécies em cativeiro e silvestres.Devi<strong>do</strong> ao enorme potencial de polimorfismo <strong>do</strong>s microsatélites estesmarca<strong>do</strong>res podem beneficiar de forma substancial estu<strong>do</strong>s detalha<strong>do</strong>ssobre a estrutura de populações. Basea<strong>do</strong> nas características <strong>do</strong>smicrosatélites, esta meto<strong>do</strong>logia foi utilizada com o objetivo de inferirdiferenças genéticas entre populaçõe de matas de galeria <strong>do</strong> Distrito Federal(DF) em função da crescente alteração ambiental que vem se aceleran<strong>do</strong> emfunção das atividades humanas intensificadas nas últimas décadas.Antilophia galeata foi selecionada como espécie alvo <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s por sertípica das matas de galeria,, por ser abundante neste ambiente, facilitan<strong>do</strong> acoleta de da<strong>do</strong>s e por não ter uma ampla capacidade de dispersão em áreasabertas. Foram coletadas amostras de sangue de A. galeata em 6 fragmentosde matas de galeria <strong>do</strong> DF e 1 fragmento no município de Silvânia (GO).Seguin<strong>do</strong> protocolos já utiliza<strong>do</strong>s por outros autores, porém adequa<strong>do</strong>s áespécie analisada, foram feitas as extração <strong>do</strong> DNA <strong>do</strong>s indivíduos. Os loci


a serem analisa<strong>do</strong>s foram amplifica<strong>do</strong>s e visualisa<strong>do</strong>s em gel depoliacrilamida. As análises foram feitas com base na heterogosidadeesperada e observada, análise de componentes principais e teste nãoparamétrico para se inferir a heterogeneidade entre amostras (MRPP - multiresponsepermutation procedure). Todas as análises indicaram que as 7populações analisadas se comportam, <strong>do</strong> ponto de vista genético, como umaúnica população, indican<strong>do</strong> a possibilidade de existência de fluxo gênicoentre estas populações, ou que o número de gerações transcorridas desdeque as alterações ambientais se intensificaram não foi ainda o suficente pararefletir mudanças genéticas.________________________________________________R69Diversidade genética de Antilophia galeata em três matas de galeria <strong>do</strong>Distrito Federal.Anamaria Achtschin Ferreira 1 , Carlos Eduar<strong>do</strong> Anunciação 2Brandão Cavalcanti 3e Roberto1 Doutoranda Depto Ecologia da UnB (iaatchin@yahoo.com.br); 2 Depto deCiências Fisiológicas da Universidade Federal de Goiás(carlose@icb2.ufg.br); 3 Depto de Zoologia - UnB (rbcav@unb.br).O DNA fingerprinting pode ter várias aplicações práticas embiologia e uma delas é a estimativa de diversidade genética e en<strong>do</strong>gamia,que é, por sua vez, uma ferramenta que permite a estruturação de estratégiasde conservação mais eficazes, por considerar a permanência das populaçõesao longo <strong>do</strong> tempo ecológico e evolutivo. Com o objetivo de se determinaro status genético de espécies <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong> senso lato, Antilophia galeata foiselecionada como espécie alvo, por ser típica das matas de galeria, por serabundante neste ambiente, facilitan<strong>do</strong> a coleta de da<strong>do</strong>s e por não ter umaampla capacidade de dispersão em áreas abertas. Foram coletadas amostrasde sangue de A. galeata em 2 fragmentos de matas de galeria <strong>do</strong> DF e 1fragmento no município de Silvânia (GO). Seguin<strong>do</strong> protocolos já utiliza<strong>do</strong>spor outros autores, porém adequa<strong>do</strong>s à espécie em questão, foram feitasanálises através <strong>do</strong> uso de minisatélites. Foram obti<strong>do</strong>s padrões polimórficosde bandas para estas 3 populações e, através da análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s de


presença/ausência de bandas, foram calcula<strong>do</strong>s a variabilidade genética, oíndice de compartilhamento de bandas (BS), a diferença média percentual(APD) e a distância genética entre populações. Embora a variabilidadegenética tenha si<strong>do</strong> <strong>sem</strong>elhante para as três populações indican<strong>do</strong> nãoexistirem diferenciações populacionais, foi constatada a existência deen<strong>do</strong>gamia em uma delas, indican<strong>do</strong> um acompanhamento mais detalha<strong>do</strong>,<strong>do</strong> ponto de vista conservacionista, para esta espécie.________________________________________________R70Efeitos da alteração da matriz ambiental sobre Antilophia galeata(Pipridae).Anamaria Achtschin Ferreira 1 e Roberto Brandão Cavalcanti 21 Doutoranda Depto Ecologia da UnB (iaatchin@yahoo.com.br); 2 Depto deZoologia - UnB (rbcav@unb.br).Antilophia galeata é uma espécie típica de matas de galeria e quepode deslocar moderadamente através de áreas abertas (aproximadamente 3a 4 km). Com o objetivo de avaliar os efeitos da alteração da matrizambiental sobre Antilophia galeata, foi calcula<strong>do</strong> o nível de fragmentaçãodas matas de galeria através de uma imagem de satélite Landsat TM de 95,que abrange aproximadamente 60% da área total <strong>do</strong> Distrito Federal (DF).Estes da<strong>do</strong>s foram avalia<strong>do</strong>s em conjunto com da<strong>do</strong>s de ocorrência deAntilophia galeata em fragmentos de matas de galeria. Foram calculadastambém as distâncias entre 7 fragmentos de matas de galeria e foramcalculadas, ainda, as distâncias potencialmente percorridas por indivíduosdesta espécie, utilizan<strong>do</strong> modelagem através de sistema de informaçãogeográfica. Foi constata<strong>do</strong> que existem 3102415 fragmentos de matas degaleria na fração analisada <strong>do</strong> DF e que, 92,1% destes fragmentos, estãodentro de uma classe de tamanho no qual A. galeata não poderia persistircomo uma população viável. Quan<strong>do</strong> foram compara<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s sobredeslocamento e deslocamento potencial, pode-se observar que as distânciaspercorridas aumentou em alguns casos em 300%. Caso um número eleva<strong>do</strong>de fragmentos fiquem isola<strong>do</strong>s o suficiente para impedir o turnover de


indivíduos entre eles, a persistência de A. galeata nestes locais estariacomprometida.________________________________________________R71Efeitos das alterações da matriz ambiental sobre comunidades de avesde matas de galeria.Anamaria Achtschin Ferreira 1 e Roberto Brandão Cavalcanti 21 Doutoranda Depto Ecologia da UnB (iaatchin@yahoo.com.br); 2 Depto deZoologia - UnB (rbcav@unb.br).O cerra<strong>do</strong> é uma das maiores zonas vegetacionais <strong>do</strong> continente sulamericano,representan<strong>do</strong>, em extensão, aproximadamente 20% <strong>do</strong> territórionacional, ou valores entre 1 500 000 a 2 000 000 km 2 . Este, não é umaformação uniforme, sen<strong>do</strong> composta de quatro tipos vegetacionais quevariam em função <strong>do</strong> estrato arbóreo, ao tamanho, densidade e tipo deárvores, onde temos campo, cerra<strong>do</strong> senso estrito, cerradão e matas degaleria. A alteração ambiental em decorrência das atividades humanas temleva<strong>do</strong> à fragmentação de ambientes naturais fazen<strong>do</strong> com que secomportem como ilhas imersas em uma matriz de ambientes altera<strong>do</strong>s. Como objetivo de avaliar a influência da alteração da matriz ambiental sobrecomunidades de aves de matas de galeria, foram feitos levantamentoutilizan<strong>do</strong> 10 redes de captura ornitológica em sete matas de galeria naregião core <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong>. As coletas foram feitas, em cada uma das matas, porum mínimo de 6 (seis) dias, em que as redes de captura ficaram abertas apartir das 6:00 até as 12:00 h. Foi calcula<strong>do</strong> o tamanho de cada fragmento etambém o percentual de ambientes naturais e altera<strong>do</strong>s no seu entorno, atéuma faixa de 540 m. Foi calcula<strong>do</strong> o coeficiente de correlação entre riquezade espécies e a área <strong>do</strong>s fragmentos e entre a riqueza de espécies e apercentagem de ambientes naturais no entorno <strong>do</strong>s fragmentos amostra<strong>do</strong>s,consideran<strong>do</strong>-se um valor de = 10%. Para este conjunto de da<strong>do</strong>s, não foiencontrada correlação significativa entre tamanho <strong>do</strong> fragmento e a riquezade espécies de aves e sim para a percentagem de ambientes naturais no


entorno <strong>do</strong>s fragmentos (r = 0,75; t calcula<strong>do</strong> = 2,36; t crtico = 2,02). Fragmentosde matas de galeria com o seu entorno preserva<strong>do</strong> se beneficiam <strong>do</strong> efeitotampona<strong>do</strong>r <strong>do</strong> entorno sobre a influência <strong>do</strong> meio externo e facilita, ainda,o “turnover” de espécies que não se deslocariam através de uma matrizambiental muito alterada, levan<strong>do</strong> a uma redução na riqueza dascomunidades nos fragmentos estuda<strong>do</strong>s.________________________________________________R72Diagnóstico da avifauna capturada ilegalmente no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> RioGrande <strong>do</strong> Sul.Claiton Martins-Ferreira e Luiz GlockPrograma de pós-graduação em Biociências – Zoologia – PUCRS, PortoAlegre, RS, cferreira@scientist.com , cferreira@cpovo.net. Bolsistas CNPq.Ciclicamente ocorrem apreensões feitas por autoridades ambientais,com a posterior liberação em sítios determina<strong>do</strong>s. Em nenhum momento, noentanto, se fez qualquer quantificação <strong>do</strong> montante deste deslocamento daavifauna silvestre para espaços ecológicos diferentes de seus sítios deorigem. Com este estu<strong>do</strong> objetivou-se: 1. avaliar a intensidade da “migraçãoforçada” da avifauna capturada ilegalmente no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong>Sul; 2. oferecer subsídios para a tomada de decisão visan<strong>do</strong> açõesconservacionistas; 3. inventariar e quantificar as espécies apreendidas; 4.identificar quais espécies são liberadas e em que locais isto ocorre; 5.identificar as espécies exóticas liberadas no Esta<strong>do</strong>. Foram analisa<strong>do</strong>s osprotocolos de apreensão de aves silvestres registra<strong>do</strong>s pelo Batalhão dePolícia Ambiental (BPA) da Brigada Militar <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong>Sul no perío<strong>do</strong> de 1999 - 2000 em relação à região metropolitana de PortoAlegre/RS e pelo Instituto Brasileiro <strong>do</strong> Meio Ambiente e <strong>do</strong>s RecursosNaturais Renováveis (IBAMA) no perío<strong>do</strong> de 1998 a junho de 2000 emrelação ao Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul. Como resulta<strong>do</strong> da análise dasaves apreendidas tanto pelo IBAMA quanto pelo BPA, foram contabilizadasde 1998 a 2000 o somatório geral de 3797 espécimes sen<strong>do</strong> distribuí<strong>do</strong>s em


26 famílias, 66 gêneros e 93 espécies. A espécie mais apreendida foiParoaria coronata, cardeal, com 1088 indivíduos representan<strong>do</strong> 28, 65% <strong>do</strong>total de aves apreendidas. As soluções encontradas pelos órgãos ambientaisencarrega<strong>do</strong>s da apreensão, levam-nos a encaminhar as aves apreendidas azoológicos, cria<strong>do</strong>uros conservacionistas ou deixá-las na posse <strong>do</strong>scontraventores como fiéis depositários. Espécies exóticas acabam sen<strong>do</strong>liberadas, não em seu território original, mas junto às áreas de apreensão oujunto a cria<strong>do</strong>uros conservacionistas. Das aves enviadas pelo BPA para umcria<strong>do</strong>uro conservacionista para serem soltas, foram encontradas 12 espéciesque têm sua área de distribuição diferente daquela onde se localiza o sítio desoltura. Dessas, 4 espécies são endêmicas de outras regiões brasileiras:Orchesticus abeillei, Ramphocelus bresilius, Sericossypha loricata eEmbernagra longicauda.________________________________________________R73Número de presas e correlação com a precipitação, na dieta anual dacoruja-de-igreja Tyto alba (Strigiformes, Tytonidae) no campus daUFRRJ.Claudio Ferreira da Fonseca 1 e Ildemar Ferreira 21. Graduan<strong>do</strong> em Ciências Biológicas na UFRRJ, da-fonseca@bol.com.br;2.Prof. Adjunto na UFRRJ IB/DBA. Zoologia, ferreira@ufrrj.brA coruja-de-igreja Tyto alba é uma ave cosmopolita bem estudadaem várias partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, porém no Brasil, muito pouco. Engole presasinteiras e regurgita restos não digeri<strong>do</strong>s na forma de pelotas; materialadequa<strong>do</strong> para o estu<strong>do</strong> de sua dieta. O presente trabalho visa caracterizar adieta de Tyto alba quantitativamente e correlacionar a ocorrência <strong>do</strong>s itensalimentares <strong>do</strong>s mesmos com a precipitação. O trabalho foi realiza<strong>do</strong> deabril/1999 a março/2000 no campus da UFRRJ (22º45'S e 43º41'O) comcoletas mensais das pelotas e posterior análise em laboratório. Aprecipitação foi fornecida pela estação meteorológica da Pesagro-EEI. Osmeses de abril a setembro foram convenciona<strong>do</strong>s como estação seca e os deoutubro a março estação chuvosa. A análise da correlação de Spearman foi


feita entre precipitação mensal e a média mensal de presas por pelota de:roe<strong>do</strong>res, anfíbios e ortópteros. Na estação seca analisou-se 242 pelotas,totalizan<strong>do</strong> 1051 presas. Destas, 451 roe<strong>do</strong>res, 178 rãs <strong>do</strong> gêneroLeptodactylus, 379 ortópteros, 29 marsupiais, 13 aves e 1 quiróptero. Naestação chuvosa, analisou-se 172 pelotas, totalizan<strong>do</strong> 1561 presas. Destas,625 rãs <strong>do</strong> gênero Leptodactylus, 858 ortópteros, 70 roe<strong>do</strong>res, 7 marsupiaise 1 ave. Anfíbios apresentaram uma moderada correlação positiva,ortópteros uma baixa correlação positiva e os roe<strong>do</strong>res uma forte correlaçãonegativa. Roe<strong>do</strong>res como presas são <strong>do</strong>minantes na estação seca,demonstra<strong>do</strong> pela forte correlação negativa com a precipitação, como outrosestu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s na América <strong>do</strong> Sul. Anfíbios e Ortópteros foramfrequentes na dieta ao longo <strong>do</strong> ano, mas principalmente na época daschuvas. Essa frequência de anfíbios não foi encontrada em estu<strong>do</strong>srealiza<strong>do</strong>s no Brasil, espera<strong>do</strong> já que foram realiza<strong>do</strong>s em áreas secas,diferente da área <strong>do</strong> presente trabalho que possui vários lagos, propician<strong>do</strong>presas disponíveis durante to<strong>do</strong> ano. A maior quantidade deortópteros(insetos) na época das chuvas também é encontrada em trabalhosrealiza<strong>do</strong>s no Brasil.Órgão Financia<strong>do</strong>r: FAPERJ.________________________________________________R74Classificação de freqüência e abundância de espécies de aves em PortoAlegre, Rio Grande <strong>do</strong> Sul.Carla Suertegaray Fontana 1 e Maria Inês Burger 21Museu de Ciências e Tecnologia, Faculdade de Biologia PUCRS. C.P.1429. CEP: 90619-900. carla@pucrs.br; 2 Museu de Ciências Naturais daFundação Zoobotânica <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul. C.P. 1188. CEP: 90690-000.miburger@cpovo.net.brEste estu<strong>do</strong> quantifica, de forma preliminar, as espécies de aves maiscomuns (em termos de freqüência de ocorrência) e as mais abundantes naárea urbana de Porto Alegre (29º10’- 30º10’S e 51º16’-51º05’W). Noperío<strong>do</strong> de maio de 1998 a dezembro de 1999, foram realizadas observações


pontuais de 8 minutos em 519 pontos de observação, defini<strong>do</strong>s através deamostragem aleatória simples com reposição. Todas as espécies foramregistradas e quantificadas através de visualização direta e/ou audição,consideran<strong>do</strong>-se um raio de 50 m de distância a partir <strong>do</strong> centro <strong>do</strong> ponto.Uma riqueza de 126 espécies foi constatada para o perímetro urbano dacidade, delimita<strong>do</strong> pela meto<strong>do</strong>logia. As espécies mais freqüentes, porordem <strong>do</strong> número de registros, foram: Passer <strong>do</strong>mesticus, Pitangussulphuratus, Furnarius rufus, Coereba flaveola, Turdus rufiventris,Thraupis sayaca, Troglodytes ae<strong>do</strong>n, Notiocheli<strong>do</strong>n cyanoleuca, Columbalivia e Chaetura andrei, seguidas por espécies com freqüência deocorrência menor. Vinte e nove espécies foram registradas apenas uma vezao longo <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, como por exemplo: Tapera naevia, Lepi<strong>do</strong>colaptessquamatus, Synallaxis cinerascens, Syndactyla rufosupercilliata, Molothrusrufoaxillaris. Entre as espécies mais abundantes, também lideradas por P.<strong>do</strong>mesticus, encontram-se quase todas as espécies mais freqüentes. Aprincipal alteração dá-se pela ocupação <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> lugar por C. livia,demonstran<strong>do</strong> ser esta uma espécie muito abundante em locais específicosda cidade, como o centro e pontos da zona norte. A diferença no totalobserva<strong>do</strong> de C. livia e de P. <strong>do</strong>mesticus foi de 1.614 indivíduos e, destamesma espécie em relação à terceira colocada, F. rufus, foi de 419indivíduos, denotan<strong>do</strong> uma grande variação na abundância entre a primeirae a terceira colocadas e uma esperada pre<strong>do</strong>minância na cidade das espéciesnão nativas, relacionadas com a espécie humana. Esta diferença variousucessivamente em média de 8,5 indivíduos, a partir da terceira até a oitavacolocada (F. rufus [n=469] e C. flaveola [n=310], respectivamente),indican<strong>do</strong> que a ordem de classificação por abundância é tênue a partir daterceira colocada e que a abundância relativa de F. rufus, P. sulphuratus, N.cyanoleuca, T. rufiventris, T. sayaca e C. flaveola (3ª–8ª colocadas,respectivamente), em Porto Alegre é <strong>sem</strong>elhante.________________________________________________


R75Populações relituais ou isoladas de Heteroxolmis <strong>do</strong>minicana naArgentina.Rosen<strong>do</strong> M. FragaOrnitología, Museo Argentino de Ciencias Naturales, Av. Angel Gallar<strong>do</strong>470, 1405 Buenos Aires, Argentina (chfraga@ciudad.com.ar).O tiranídeo Heteroxolmis <strong>do</strong>minicana está classifica<strong>do</strong> pela BirdlifeInternational como vulnerável. Tenho estuda<strong>do</strong> esta espécie desde 1990,ten<strong>do</strong> percorri<strong>do</strong> 25000 km nas sete províncias argentinas onde a espécie foicitada. Em adição, usei da<strong>do</strong>s de literatura e espécimes de museu (Argentinae EUA). Encontrei populações em apenas três províncias. Na Argentina, amaior área de distribuição se encontra, atualmente, na província deCorrientes, onde está registrada em mais de 30 localidades, com uma área deocorrência de 30.000 km 2 ou mais (todas as áreas e distâncias calculadascom Arcview GIS). Além dessa província, a espécie fui encontrada em duasáreas isoladas no sudeste de Entre Ríos e no nordeste de Buenos Aires.Nenhuma das áreas tem contato com as outras: as distâncias mínimas entreas áreas são: Corrientes-Entre Ríos 420 km., Entre Ríos-Buenos Aires 382km. A espécie é residente durante to<strong>do</strong> o ano nas três províncias. Apopulação de Entre Ríos tem uma área de ocorrência de apenas 144 km 2Talvez exista contato com populações uruguaias (não pesquisadas) <strong>do</strong> outrola<strong>do</strong> <strong>do</strong> baixo rio Uruguai. Esta população entrerriana foi registrada já em1927 (espécimes no MACN) mas de resto sua história é desconhecida. Apopulação consta de não mais <strong>do</strong> que 5-10 casais nidificantes. Vive depreferência em campos naturais dedica<strong>do</strong>s à pecuária. Numerosos da<strong>do</strong>shistóricos indicam que em Buenos Aires, H. <strong>do</strong>minicana ocupava, por voltade 1900, uma área de ocorrência de 128.000 km 2 . Atualmente, a área é deapenas 4.258 km 2 . Trata-se de uma zona da costa atlântica, onde a espéciese distribui em pra<strong>do</strong>s úmi<strong>do</strong>s ao pé de dunas. Através da análise de imagemde satélite <strong>do</strong> hábitat remanescente, estima-se que a população não devesuperar os 100 casais. A população bonaerense está ameaçada sobretu<strong>do</strong>pelo desenvolvimento turístico (em praias importantes como Pinamar ouVilla Gesell) e pelo plantio de Pinus. No entanto, a recém-criada ReservaNatural de Médanos protege alguns casais da espécie.________________________________________________


R76Levantamento da avifauna <strong>do</strong> Parque <strong>do</strong> Sabiá, Uberlândia (MinasGerais): da<strong>do</strong>s preliminares.Alexandre Gabriel Franchin 2 , Francielle Paulina de Araújo 1 , MarianaHeilbuth Jardim 1 , Fernanda Gomide 1 , Gustavo Bernardino Malacco daSilva 1 , Mariana Resende Silva 1 e Dimas Pioli 3 .1. Graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Uberlândia,MG; 2. Mestran<strong>do</strong> em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais daUniversidade Federal de Uberlândia, MG, (ursulino@rocketmail.com); 3. 2 osecretário <strong>do</strong> CBRO (aves-br@triang.com.br).Áreas verdes urbanas prestam um importante papel para manutençãodas aves, <strong>inclui</strong>n<strong>do</strong> aquelas espécies que foram pressionadas pelafragmentação de seus hábitats naturais adjacentes à cidade. O presenteestu<strong>do</strong> teve como objetivo levantar a riqueza avifaunística <strong>do</strong> Parque <strong>do</strong>Sabiá. O parque localiza-se no perímetro urbano <strong>do</strong> município deUberlândia, possuin<strong>do</strong> uma área de 1 850 000 m 2 , com um bosque de350000 m 2 . Sua vegetação apresenta vários tipos fisionômicos, desde mata<strong>sem</strong>i-decídua a veredas, além de ambientes antropiza<strong>do</strong>s. As visitas aocampo deram-se de abril de 2000 a março de 2001, com duas observaçõesmensais na parte da manhã (7:00-11:00 h), seguin<strong>do</strong>-se um transecto prédefini<strong>do</strong>.Os registros foram feitos visualmente, com auxílio de binóculos(7x50, 10x50), bem como por meio de vocalizações. Para as identificaçõesutilizou-se guias de campo. Foram registradas 128 espécies distribuídas em15 ordens, 35 famílias e 113 gêneros. A ordem Passeriformes <strong>inclui</strong>u amaioria das espécies (n=69, 54%) destacan<strong>do</strong>-se as famílias Emberizidae(n=22, 17%) e Tyrannidae (n=21, 16%). Dentre as ordens não-Passeriformes as mais representativas foram Apodiformes (n=9, 7%), que<strong>inclui</strong> a família Trochilidae (n=8, 6%), seguida de Ciconiiformes eFalconiformes ambas com 8 espécies (6%). Os hábitos alimentares commaior número de espécies foram onívoros (n=50, 39%) e insetívoros (n=40,38%). Ocorreram cinco registros de espécies endêmicas de Cerra<strong>do</strong>(Herpsilochmus longirostris, Hylocryptus rectirostris, Antilophia galeata,Cyanocorax cristatelus, Basileuterus leucophrys).________________________________________________


R77Calendário agrícola, dieta e época de reprodução da pomba-amargosa(Zenaida auriculata) no médio vale <strong>do</strong> Paranapanema, São Paulo.Kelma C. de Freitas 1 , Ronald D. Ranvaud 2 , Hugo de Sousa Dias 3 , JuliaPavan Soler 41 USP-Instituto de Biociências Depto. de Fisiologia, Rua <strong>do</strong> Matão Trav. 14, n.321.05508-900 São Paulo, SP; kfreitas@usp.br,2 USP-Instituto de CiênciasBiomédicas, Av. Lineu Prestes 1524, 05508-900 São Paulo, SP; ranvaud@usp.br, 3CDVale Rua Hermes Rodrigues da Fonseca, 1180 Assis SP;cdvale@femanet.com.br e 4 Instituto e Matemática Estatística Depto. Estatística,Rua <strong>do</strong> Matão 1010. 05508-900 São Paulo, SP; pavan@ime.usp.brNa década de 70 houve uma explosão populacional de pombasamargosasno oeste <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de São Paulo (Falcone,1997). Segun<strong>do</strong>Bucher (1990) esse aumento populacional estaria relaciona<strong>do</strong> as alteraçõesna paisagem. Essas alterações resultaram de mudanças nas práticas agrícolasda região (maior mecanização e aumento na cultura de soja e de trigo). Pormeio de coletas periódicas, estudamos a dieta da pomba durante 39 meses(agosto de 1994 a dezembro de 1997), correlacionan<strong>do</strong>-a ao calendárioagrícola e a reprodução. 94% <strong>do</strong> peso seco <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s papos eraconstituí<strong>do</strong> de apenas 8 <strong>sem</strong>entes. Quatro eram grãos cultiva<strong>do</strong>scomercialmente, na ordem de importância: milho, trigo, arroz e soja. Quatroeram <strong>sem</strong>entes de plantas invasoras: amen<strong>do</strong>im bravo (Euphorbiaheterophylla), capim-marmelada (Brachiaria plantaginea), brachiaria(Brachiaria brizantha) e trapoeraba (Commelina benghalensis). Outros itensforam encontra<strong>do</strong>s nos papos, <strong>inclui</strong>n<strong>do</strong> lagartas-da-soja (Anticarsiagemmatalis), pupas, pedaços de diplópodas e cascas de ovos. Não foramregistradas diferenças notáveis na dieta de um ano para outro. O peso seco<strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong>s papos <strong>sem</strong>pre passa por um valor mínimo (cerca de 4 g) naentresafra de verão (dezembro e janeiro), meses em que não ocorrereprodução. Uma alternância entre <strong>sem</strong>entes cultivadas e invasoras ao longo<strong>do</strong> ano é evidenciada por teste de correlação, com coeficiente negativo deSpearman (-0,741, p=0,006). Por outro la<strong>do</strong> teste de correlação entredisponibilidade de grãos cultiva<strong>do</strong>s e época de reprodução fornece


coeficiente positivo de Spearman (0,642, p=0,024). Concluimos que to<strong>do</strong>sos grãos ou <strong>sem</strong>entes importantes na dieta da pomba estão diretamente(<strong>sem</strong>ente cultivadas) ou indiretamente (plantas invasoras) relaciona<strong>do</strong>s comatividades agrícolas. O milho é o único grão que aparece nos papos emto<strong>do</strong>s os meses <strong>do</strong> ano, e constitui mais de 35% <strong>do</strong> peso <strong>do</strong> materialanalisa<strong>do</strong>. Estes da<strong>do</strong>s reforçam a hipótese de Bucher (1990).Órgãos financia<strong>do</strong>res: CAPES, CDVale, F.N.M.A. (Fun<strong>do</strong> Nacional <strong>do</strong>Meio Ambiente, M. M. A.)________________________________________________R78Morfología de la siringe de los tinamúes Nothoprocta ornata y Nothuradarwinii (Tinamiformes) del Altiplano boliviano, y su relación funcionaly evolutiva con la estructura de sus cantos.Álvaro Garitano-Zavala BurgosUnidad de Zoología, Carrera de Biología e Instituto de Ecología,Universidad Mayor de San Andrés, Casilla 10077, La Paz, Bolivia. e-mail:iecbf@ceibo.entelnet.boLas siringes de tinamúes sólo han si<strong>do</strong> estudiadas por Beddard(1898) y Beebe (1925), quienes concluyen que son relativamente simples encomparación a las de otras aves. El presente estudio describe la morfologíaexterna e interna, así como las relaciones anatómicas (inserciones de losmúsculos extrínsecos y otros ligamentos, y la posición del saco interclavicular)de las siringes de especimenes del altiplano boliviano de Nothoproctaornata y Nothura darwinii. Con estas descripciones se relaciona lamorfología de la siringe de estas <strong>do</strong>s especies con sus respectivas señalesacústicas. De acuer<strong>do</strong> a las características morfológicas, las siringes de lostinamúes estudia<strong>do</strong>s se pueden considerar primitivas, particularmente debi<strong>do</strong> ala ausencia de músculos siringeales intrínsecos, ausencia de osificaciones enlos anillos siringeales, y pre<strong>do</strong>minio de rasgos plesiomórficos en anillostraqueales, bronquiales y siringeales. En N. darwinii se ha determina<strong>do</strong> laausencia de músculos esternotraqueales, característica que se considera


derivada. Respecto a los cantos, N. darwinii utiliza el modelo básico detinamúes sin modulaciones de frecuencia, pero introducien<strong>do</strong> modulaciones deamplitud que crean pequeñas notas repetitivas. En cambio, N. ornata tiene uncanto apomórfico, que ha si<strong>do</strong> capaz de introducir rápidas modulaciones defrecuencia para dar a sus cantos arranques y cortes abruptos, muy diferentes delos demás tinamúes. Los cantos de tinamúes también pueden calificarse comosimples, lo cual estaría relaciona<strong>do</strong> al primitivismo de la siringe que ofrecepoca potencialidad de modulación. Para relacionar las señales acústicas con lamorfología de la siringe, se propone una mecánica siringeal según la cual lasmembranas timpaniformes internas vibran en el lumen bronquial cuan<strong>do</strong> losmúsculos traqueolaterales las tensionan en un nivel intermedio entre larelajación y tensión totales. Este mecanismo explica además la emisión deformantes, así como de frecuencias mayormente bajas en el orden.________________________________________________R79Avifauna da Vila das Três Cruzes, Santa Bárbara <strong>do</strong> Monte Verde,Minas Gerais.Carlos Eduar<strong>do</strong> da Silva Garske 1 , Eduar<strong>do</strong> d’Ávilla Bernhardt 1 , VivianeAlves de Andrade 1 e Ildemar Ferreira 2 .1. Discente <strong>do</strong> Curso de Graduação em Ciências Biológicas, UniversidadeFederal Rural <strong>do</strong> Rio de Janeiro. Seropédica – cgarske@bol.com.br; 2.Professor Adjunto, Departamento de Biologia Animal, Instituto deBiologia, Universidade Federal Rural <strong>do</strong> Rio de Janeiro. Seropédica.A Vila das Três Cruzes, município de Santa Bárbara <strong>do</strong> MonteVerde, está localizada a norte de Rio Preto, na divisa <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s de MinasGerais e Rio de Janeiro. É uma porção da Serra da Mantiqueira de solo rasoe arenoso, apresentan<strong>do</strong> vegetações de Mata Atlântica e campos rupestres,com clima tropical de altitude e verões amenos. Nas últimas décadas, a áreavem sofren<strong>do</strong> um processo crescente de extinção e/ou rarefação de muitasespécies de aves devi<strong>do</strong> à caça, além da exploração descontrolada <strong>do</strong>srecursos naturais. O presente trabalho, realiza<strong>do</strong> desde junho de 1998, temcomo objetivo efetuar o levantamento da avifauna da região que se destacacomo uma importante área de endemismos de aves. A área de estu<strong>do</strong>s se


localiza à vertente sul de uma região denominada Serra Negra (43°48'00''We 21°58'30''S). Para o desenvolvimento <strong>do</strong> trabalho, são montadas redesornitológicas em duas áreas distintas, sen<strong>do</strong> uma denominada Base(localizada a 800 m de altitude em meio ao campo rupestre) e a outraChapadão (localizada a 1200 m de altitude, apresentan<strong>do</strong> uma MataAtlântica exuberante). Uma vez capturadas, as aves são identificadas eregistradas com máquina fotográfica. São feitas também observações diretascom binóculo e anotações em caderneta de campo. Depois de seis saídas decampo, totalizan<strong>do</strong> 55 horas-redes e 40 horas de observação, registramos122 indivíduos captura<strong>do</strong>s e observa<strong>do</strong>s, pertencentes a 25 famílias e 72espécies. Dezesseis famílias ocorreram somente na Base e apenas quatro noChapadão. Phaethornis pretrei foi a única espécie capturada nas duas áreasde coleta. Foi presencia<strong>do</strong>, por um <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> grupo, o momentoem que alguns machos de Chiroxiphia caudata cortejavam uma fêmea damesma espécie, um fato comum durante o perío<strong>do</strong> de reprodução. Em umadas coletas, foi captura<strong>do</strong> um casal de Tangara desmaresti, uma espécieendêmica <strong>do</strong> Brasil. Foi observa<strong>do</strong> também um ban<strong>do</strong> de Cyanocoraxcristatellus, que estava pousa<strong>do</strong> em uma árvore da Fazenda Três Cruzes.Podemos deduzir a partir desses primeiros resulta<strong>do</strong>s o quanto é grande adiversidade de espécies de aves na região, devi<strong>do</strong> principalmente aosrecursos ofereci<strong>do</strong>s pelo hábitat local.________________________________________________


R80A importância <strong>do</strong> curso “Técnicas de Pesquisa e Conservação de AvesSilvestres”, promovi<strong>do</strong> pelo CEMAVE, para a capacitação deornitólogos.Carlos Eduar<strong>do</strong> da Silva Garske 1 , Gustavo Rezende <strong>do</strong> Nascimento 2Sandro Mário Von Matter 3 .e1. Depto. de Biologia Animal, Instituto de Biologia, UFRuralRJ ,cgarske@bol.com.br; 2. Depto. de Biologia, Universidade Católica deGoiás, grn.go@ig.com.br; 3. UERJ, vonmatter@hotmail.com.O uso da técnica de marcação de aves através de anilhas remonta hápouco mais de um século. A sua utilização tem si<strong>do</strong> muito importante para aconservação e manejo da avifauna. Com vistas a aumentar o uso da técnica<strong>do</strong> anilhamento em projetos de pesquisas com aves, o Centro de Pesquisaspara Conservação das Aves Silvestres (CEMAVE), promoveu paraprofissionais e estudantes da área de Ciências Biológicas e afins o cursonacional “Técnicas de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres”,realiza<strong>do</strong> <strong>do</strong>s dias 24 a 28 de outubro de 2000, no Parque Nacional deBrasília, DF. Desde a sua criação, o Centro vem empenhan<strong>do</strong> esforços nadifusão de técnicas de pesquisa em <strong>Ornitologia</strong>, na coordenação <strong>do</strong> SistemaNacional de Anilhamento, na capacitação de novos anilha<strong>do</strong>res e nodesenvolvimento de projetos de investigação da biologia e ecologia dasespécies nos diversos ecossistemas brasileiros, com o objetivo de contribuirpara a conservação das aves e seus ambientes. Foram selecionadas 12pessoas de vários esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Brasil. O curso foi dividi<strong>do</strong> em atividadesteóricas (com apresentação de palestras e vídeos) e práticas (técnicas decaptura de aves, identificação, anilhamento e coleta de da<strong>do</strong>s biológicos ebiométricos). Houve também um censo das aves que ocorrem no ParqueNacional de Brasília, com observações diretas (através de binóculos) eanotações em caderneta de campo. Através de capturas com redes-deneblina,foram identificadas 18 espécies. Durante o censo dentro <strong>do</strong> parque,foram observadas 38 aves de 19 espécies pousadas sobre as árvores ousobrevoan<strong>do</strong> o local. Um casal de mutum Crax fasciolata foi observa<strong>do</strong>caminhan<strong>do</strong> pelo parque. Foi encontra<strong>do</strong> também um ninho de sabiábarrancoTurdus leucomelas com 2 filhotes, os quais foram acompanha<strong>do</strong>sdurante os dias de curso na sede <strong>do</strong> CEMAVE. No final <strong>do</strong> curso, os


participantes apresentaram <strong>sem</strong>inários com questões abordadas nasatividades.________________________________________________R81Distribuição espacial de aves em três ilhas de um trecho <strong>do</strong> alto rioParaná, divisa entre os Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Paraná e Mato Grosso <strong>do</strong> Sul.Márcio Rodrigo Gimenes 1,2 , Luiz <strong>do</strong>s Anjos 1,3,4 , Luciana Baza Men<strong>do</strong>nça 1 ,Alan Loures-Ribeiro 1 , Graziele Hernandes Volpato 3 , Edson Vargas Lopes 3 eReginal<strong>do</strong> José da Silva 3 .1. Pós-graduação em Ecologia de Ambientes AquáticosContinentais/Universidade Estadual de Maringá, CEP 87020-900; 2.mrgimenes@hotmail.com Bolsista CAPES; 3. Departamento de BiologiaAnimal e Vegetal/Universidade Estadual de Londrina; 4. Bolsista APQ-CNPq.A área, a diversidade de hábitats e o nível de perturbação sobre avegetação original são importantes fatores na determinação <strong>do</strong> número deespécies de aves presentes em um local. Neste estu<strong>do</strong> foram compara<strong>do</strong>s onúmero e a composição de espécies de aves entre duas ilhas extensas ebastante antropizadas (ilhas Porto Rico, com 103 ha e Mutum, com 976 ha)com uma ilha bem menor, porém com pouca perturbação antrópica(Bandeira, 14 ha), todas no rio Paraná. Cinco ambientes foram reconheci<strong>do</strong>ssobre essas ilhas: florestas, zonas arbustivas, campos abertos, zonasaquáticas e bancos de areia (exclusivo da ilha Bandeira). Em cada ilha foidetermina<strong>do</strong> um percurso passan<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s estes ambientes, que foipercorri<strong>do</strong> mensalmente de dezembro de 1999 a setembro de 2000,resultan<strong>do</strong> em um total de 80 hs de observação para cada ilha, onde todas asespécies de aves constatadas foram registradas. Foram registradas um totalde 113 espécies, sen<strong>do</strong> que 99 na ilha Mutum, 86 na Bandeira e 82 na PortoRico, valores estatisticamente <strong>sem</strong>elhantes (χ 2 = 1,77; gl = 2; P > 0,05). Apresença de um ambiente adicional na ilha Bandeira não explica o altonúmero de espécies em relação a sua pequena área, pois apenas duasespécies são exclusivas desse ambiente. O aspecto mais importante é a


presença de uma floresta contínua e pouco perturbada nessa ilha, aocontrário das outras, bastante fragmentadas. Essa constatação é confirmadapelo maior número de espécies registradas no ambiente florestal da ilhaBandeira <strong>do</strong> que no mesmo ambiente das outras ilhas e pela maiorporcentagem de espécies de hábito florestal na ilha Bandeira.Órgãos financia<strong>do</strong>res: CNPq e CAPES.________________________________________________R82Diversidad de aves de los esteros del Iberá (Corrientes, Argentina): listapreliminar y nuevos datos sobre especies amenazadas.Alejandro Raúl Girau<strong>do</strong> 1 , Carlos Saibene 2 , Mario Chatellenaz 3 , ErnestoKrauczuk 4 ; Julián Alonso 5 , Justo Herrera 5 e Mariano Ordano 6 .1 INALI-CONICET, José Maciá 1933, 3016, Santo Tomé, Santa Fé, Argentina, E-mail: alegirau<strong>do</strong>@arnet.com.ar. 2 Parque Nacional Mburucuyá, Corrientes,Argentina. 3 Cátedra de Zoología de Vertebra<strong>do</strong>s, Universidad Nacional delNordeste. 4 Ministerio de Ecología de Misiones, Argentina. 5 Parque NacionalIguazú, Argentina. 6 Insituto de Ecología, Xalapa, México.Los esteros del Iberá, con una superficie de 13.000 km 2 , constituyenuno de los humedales de mayor extensión e importancia de AméricaNeotropical. Debi<strong>do</strong> a su extensión, ubicación geográfica, dificil acceso ybaja densidad poblacional se ha manteni<strong>do</strong> poco altera<strong>do</strong> respecto a otroshumedales. Por ser una cuenca aislada, alimentada por lluvias, no harecibi<strong>do</strong> aún un impacto significativo de las actividades humanas. Noobstante, es un área poco conocida en aspectos ornitológicos. En el año1999 se comenzó un proyecto que tuvo por objetivos conocer la diversidadde aves del Iberá y detectar poblaciones de especies amenazadas. Semuestrearon 10 localidades en <strong>do</strong>nde se realizaron 435 conteos de puntos de200 metros de radio y observaciones no sistemáticas que totalizaron 808horas/hombre que abarcaron los principales hábitat existentes. Se registraronhasta el momento 261 especies de aves pertenecientes a 49 familias (un 26% de las aves citadas en Argentina), sien<strong>do</strong> las familias con mayor riqueza


de especies Tyrannidae (41 especies), Emberizidae (35), Icteridae (18),Furnariidae (13), Accipitridae (12), Ardeidae (11), Picidae (10),Hirundinidae (10), Rallidae (9) y Scolopacidae (8). Se encontraroninteresantes poblaciones de especies amenazadas y casi amenzadas entre lasque se destacan Xanthopsar flavus (una población de más de 100individuos), Anthus nattereri (en varias localidades), Sporophila palustris,S. cinnamomea, S. hypocroma, S. ruficollis, Heteroxolmis <strong>do</strong>minicana,Alectrurus risora, Coryphaspiza melanotis, Eleothreptus anomalus yPolystictus pectoralis, todas especies de pastizales. Se realizanobservaciones sobre el uso del hábitat y comportamiento de estas especies ysobre áreas importantes para su conservación.Proyecto financia<strong>do</strong> por la Universidad Nacional del Nordeste, Corrientes.________________________________________________R83Variación de la riqueza y diversidad de ornitofauna en áreas verdesurbanas de las ciudades de La Paz y El Alto (Bolivia).Paola Gismondi Paredes e Álvaro Garitano-Zavala BurgosUnidad de Zoología, Carrera de Biología e Instituto de Ecología,Universidad Mayor de San Andrés, Casilla 10077, La Paz, Bolivia. e-mail:iecbf@ceibo.entelnet.boLa creación de ecosistemas urbanos induce a la pérdida debiodiversidad, mantenién<strong>do</strong>se sin embargo, una biota asociada a ciudadesque puede ser indica<strong>do</strong>ra de la calidad ambiental de las mismas. El presentetrabajo relaciona algunas características de las áreas verdes urbanas de lasciudades de La Paz y El Alto, con indica<strong>do</strong>res de diversidad y composiciónde las comunidades de aves. La determinación de la riqueza y el índice dediversidad Shannon-Wiener de las comunidades orníticas fue obteni<strong>do</strong>consideran<strong>do</strong> a las áreas verdes urbanas (plazas, parques y jardinespúblicos) como unidades muestrales, correlacionan<strong>do</strong> los parámetros dediversidad con los siguientes de cada área verde: la superficie (área toral delas plazas, parques y áreas verdes), gra<strong>do</strong> de cobertura vegetal (valor de laproporción de superficie con vegetación respecto a la superficie sin


vegetación), densidad relativa de una especie de ave introducida (Columbalivia), y la altitud sobre el nivel del mar. La riqueza de aves entre las áreasverdes oscila entre 3 y 32 especies, y el índice de diversidad presentavalores entre 0.80 y 2.75, destacán<strong>do</strong>se en general que la composición deornitofauna en las áreas verdes más ricas comprende pocas especies muyabundantes y muchas poco abundantes. El índice de diversidad y la riquezase correlacionan significativamente con to<strong>do</strong>s los parámetros de las áreasverdes, de forma negativa con la altura y la densidad de C. livia, ypositivamente con la superficie y cobertura vegetal. El incremento de ladiversidad según disminuye la altitud sobre el nivel del mar, ha si<strong>do</strong>observa<strong>do</strong> previamente en el valle de La Paz y otros ecosistemas montanosde los Andes, sin embargo, el análisis de regresión lineal múltiple Stepwise,demuestra que la variable independiente que mejor explica la variación delíndice de diversidad de aves es la proporción de cobertura vegetal de lasáreas verdes. Es importante resaltar que la cantidad de áreas verdes con unasuperficie mayor a los 10000m2 y que tengan a la vez una coberturavegetal mayor al 50% son muy escasas en las ciudades de La Paz y El Alto,lo cual se traduce en que de todas las áreas verdes estudiadas, sólo un 22 %tengan más de 10 especies de aves y sólo el 7 % tenga más de 20 especies,entre las que se pueda encontrar especies no necesariamente sinantrópicas.El porcentaje de áreas verdes por rango de altitud que presentan solamenteespecies sinatrópicas, es de 100% en el rango de 3700 a 3799 m s.n.m.,66.7% en el rango de 3900 y 3999 m s.n.m., y 33.3% en <strong>do</strong>s rangos: 3600 a3699 m s.n.m. y 3400 a 3499 m s.n.m., lo que demuestra que en los rangosaltitudinales con mayor urbanización solo subsisten aves sinantrópicas. Estaescasa planificación en el crecimiento urbano de las <strong>do</strong>s ciudades estudiadasno sólo implica la pérdida de diversidad de las aves que originalmentehabitaban este ecosistema, sino una escasez de áreas verdes, lo cual puede ala larga repercutir negativamente en la salud física y mental de sushabitantes.________________________________________________


R84Da<strong>do</strong>s preliminares sobre a composição da avifauna da Ilha <strong>do</strong>sEucaliptos localizada no reservatório Guarapiranga, São Paulo (SãoPaulo).Fabio Pires Gomes 1 ; Andre C. Alves <strong>do</strong>s Santos 1UNISA – Universidade de Santo Amaro; fabioguara@bol.com.brLevantamentos de avifauna são muito importantes, porque novosregistros de uma espécie em determinada região podem significar umaexpansão de sua área de distribuição geográfica e se a isso associarmos asalterações ambientais, sejam elas naturais ou causadas pelo homem,podemos conhecer melhor o papel biológico destas comunidades. Adiversidade de espécies está diretamente ligada à diversidade de ambientesocorrentes em uma área geográfica, principalmente quan<strong>do</strong> se refere afragmentos florestais. As alterações <strong>do</strong> microclima interno destesfragmentos afetarão diretamente a composição da avifauna local. Estetrabalho tem como objetivo determinar a composição da avifauna da Ilha<strong>do</strong>s Eucaliptos, localizada no centro <strong>do</strong> reservatório Guarapiranga, SãoPaulo-SP. A ilha possui uma área de 32ha, cuja vegetação é constituídaprincipalmente por reflorestamento de eucaliptos, permeada por umacapoeira, mata Atlântica secundária bem preservada e região de interseçãoentre a floresta de eucaliptos e a mata. As observações tiveram início emjulho de 2000. Foram determina<strong>do</strong>s 5 pontos de observações, levan<strong>do</strong>-seem consideração os diferentes tipos de vegetação e a área total da Ilha. Estespontos foram visita<strong>do</strong>s <strong>sem</strong>analmente, 2 vezes ao mês <strong>sem</strong>pre no horáriodas 7:00 as 10:30 horas, contabilizan<strong>do</strong> um total de 35 horas mensais.Foram utiliza<strong>do</strong>s os méto<strong>do</strong>s de identificação visual com um binóculo Tasco10X50, sonora utilizan<strong>do</strong>-se um grava<strong>do</strong>r Aiwa portátil (as vocalizaçõesforam comparadas com arquivos e guias sonoros como “O canto <strong>do</strong>spássaros <strong>do</strong> Brasil”, produzi<strong>do</strong> por J.D.Frisch), filmagem com uma câmeraSONY hand cam e através de registros de materiais como ninhos e penas.As características <strong>do</strong>s pássaros foram anotadas em uma caderneta de campojuntamente com da<strong>do</strong>s ambientais e depois utilizan<strong>do</strong>-se algumas literaturasespecíficas como Sick (1997) e Dunning (1982) foram feitas as devidasidentificações. Durante o perío<strong>do</strong> de 9 meses e num total de 300 horas deobservações, foram identificadas 69 espécies que estão distribuídas em 25


famílias pertencentes a 13 ordens. Entre as espécies registradas, o pavóPyroderus scutatus e o jacuguaçu Penelope obscura constam na lista deaves ameaçadas e provavelmente ameaçadas de extinção <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de SãoPaulo. Outro da<strong>do</strong> importante deste trabalho foi a identificação visual,sonora e a filmagem <strong>do</strong> Pandion haliaetus; esta espécie é o único membroda família Pandionidae. Este é um registro novo pois esta espécie não constanas listas de aves descritas para a cidade de São Paulo. Estes da<strong>do</strong>spreliminares mostram a importância deste fragmento florestal para apreservação destas espécies. Levan<strong>do</strong>-se em consideração o tempo total dapesquisa que será de 1 ano, onde serão acompanhadas as 4 estações <strong>do</strong> ano,o número total de espécies tende a aumentar.________________________________________________R85Aves frugívoras e chuva de <strong>sem</strong>entes em um trecho de Mata AtlânticaVerônica Souza da Mota Gomes 1,2 e Wesley Rodrigues Silva 21. Programa de Pós-Graduação em Ecologia/ Unicamp,vsmgomes@yahoo.com.br; 2. Laboratório de Interações Vertebra<strong>do</strong>s-Plantas, Depto. Zoologia, Unicamp, 13083-970, Campinas, SP,wesley@unicamp.brNos trópicos, a maioria das espécies de angiospermas é dispersa poraves, as quais produzem diferentes padrões espaciais de “chuvas de<strong>sem</strong>entes” em função de seus padrões de frugivoria e deslocamento. Oobjetivo deste estu<strong>do</strong> foi avaliar a importância das aves frugívoras navariação espaço-temporal da chuva de <strong>sem</strong>entes em um trecho de MataAtlântica. De abril de 1999 a março de 2000, a chuva de <strong>sem</strong>entes e as avesfrugívoras de sub-bosque foram estudadas em um fragmento deaproximadamente 4 ha de mata secundária no Parque Estadual Intervales, S.P. As aves foram capturadas em redes de neblina dispostas em cincotransecções montadas a partir de um trilha central pré-existente na área. Emcada uma das transecções foram armadas seis redes de neblina e a distânciamínima entre uma rede e a borda da mata foi 10 m. As redes de cadatransecção ficavam abertas por seis horas no perío<strong>do</strong> de uma manhã em cadaviagem mensal, totalizan<strong>do</strong> 2140 horas-rede. Ao la<strong>do</strong> de cada transecção


foram estabelecidas duas parcelas de 10 x 25 m, onde foi realiza<strong>do</strong> olevantamento florístico de espécies ornitocóricas e estimada a chuva de<strong>sem</strong>entes, a partir de seis coletores de 1 m 2 . Na chuva de <strong>sem</strong>entes foramencontradas várias espécies que não frutificaram na área de estu<strong>do</strong>, mas simna borda da mata. Destas, todas eram ornitocóricas e possuíam registro deconsumo por aves. Nas fezes das aves frugívoras capturadas, <strong>sem</strong>entes deespécies imigrantes na área foram encontradas durante nove <strong>do</strong>s 12 mesesde estu<strong>do</strong>, demonstran<strong>do</strong> a importância dessas aves para a imigração denovas espécies de plantas na área. Porém, as maiores freqüências dasespécies imigrantes nos coletores se deu na estação chuvosa, quan<strong>do</strong> as avescapturadas estavam se alimentan<strong>do</strong> principalmente na própria área. Poroutro la<strong>do</strong>, a Análise de Agrupamento demonstrou que as transecções mais<strong>sem</strong>elhantes entre si quanto à composição de espécies da chuva de <strong>sem</strong>entestambém foram as mais <strong>sem</strong>elhantes em termos de ocorrência de indivíduosanilha<strong>do</strong>s, evidencian<strong>do</strong> a importância destes frugívoros no fluxo de<strong>sem</strong>entes da área. Portanto, aves insetívoro-frugívoras <strong>do</strong> sub-bosque podeminfluenciar o padrão temporal da chuva de <strong>sem</strong>entes, por promoverem aimigração de <strong>sem</strong>entes na área durante vários meses <strong>do</strong> ano e também opadrão espacial, através <strong>do</strong>s seus deslocamentos no interior da mata.Financia<strong>do</strong> pelo CNPq e BIOTA/FAPESP- O Instituto Virtual daBiodiversidade (www.biotasp.org.br) e FMB________________________________________________R86Variação espacial de aves frugívoras no sub-bosque de um trecho deMata Atlântica.Verônica Souza da Mota Gomes 1,2 e Wesley Rodrigues Silva 21.Programa de Pós-Graduação em Ecologia/ Unicamp. E-mail:vsmgomes@yahoo.com.br; 2. Laboratório de Interações Vertebra<strong>do</strong>s-Plantas, Depto. Zoologia, Unicamp, 13083-970, Campinas, SP. E-mail:wesley@unicamp.brA preferência de aves frugívoras por determina<strong>do</strong>s micro-hábitatscom estruturas de vegetação distintas pode influenciar o padrão espacial dedispersão de <strong>sem</strong>entes. O objetivo deste trabalho foi estudar a distribuição


espacial de aves frugívoras de sub-bosque através da variação nas capturasrealizadas em cinco transecções em um trecho de Mata Atlântica e se essavariação poderia ser explicada por variações espaciais na estrutura de subbosquee na abundância de frutos nesse estrato da mata. As cincotransecções, de 80 m aproximadamente, foram montadas em um fragmentode aproximadamente 4 ha de mata secundária no Parque Estadual Intervales(sul <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo) a partir de uma trilha central pré-existente naárea. Em cada uma das transecções, foram armadas seis redes de neblina (12x 2,5 m; 35 mm de malha), que ficavam abertas por seis horas no perío<strong>do</strong> deuma manhã em cada viagem mensal, das 12 realizadas entre abril de 1999 emarço de 2000, totalizan<strong>do</strong> 2140 horas-rede. Ao la<strong>do</strong> de cada transecção,foram estabelecidas duas parcelas de 10 x 25 m, onde eram coleta<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>sacerca da estrutura de sub-bosque (formas de vida, DAP, altura) e daabundância de frutos (estimada por contagem em plantas ornitocóricas). Emum total de 180 capturas de aves frugívoras foram registradas 13 espécies. Atransecção mais variável em termos de número de capturas ao longo <strong>do</strong> anofoi a mais próxima da borda da mata (o ponto médio da transecção estava aaproximadamente 25 m da borda), onde a passagem de pessoas e veículosera grande. Dentre as demais transecções, só houve diferença significativaem relação à variação mensal de capturas entre aquela cujo sub-bosque eramenos denso (poucos arbustos, pre<strong>do</strong>minância de bambu) e aquela commaior abundância de frutos. É possível, portanto, que o efeito de borda, adensidade <strong>do</strong> sub-bosque e a abundância de frutos sejam alguns <strong>do</strong>s fatoresque influenciam a distribuição espacial das aves frugívoras de sub-bosquena Mata Atlântica.Financia<strong>do</strong> pelo CNPq e BIOTA/FAPESP- O Instituto Virtual daBiodiversidade (www.biotasp.org.br) e FMB.________________________________________________


R87Variação temporal de aves frugívoras no sub-bosque de um trecho deMata Atlântica.Verônica Souza da Mota Gomes 1,2 e Wesley Rodrigues Silva 21. Programa de Pós-Graduação em Ecologia/ Unicamp.vsmgomes@yahoo.com.br; 2. Laboratório de Interações Vertebra<strong>do</strong>s-Plantas, Depto. Zoologia, Unicamp, 13083-970, Campinas, SP,wesley@unicamp.brAves frugívoras podem se deslocar entre diferentes áreas de florestaem função da variação nos picos de frutificação das espécies de que sealimentam. O objetivo deste estu<strong>do</strong> foi verificar se a variação temporal daabundância de aves frugívoras no sub-bosque de um trecho de MataAtlântica seria coincidente com a variação temporal da abundância de frutosnesse mesmo estrato da mata. A abundância de aves frugívoras no subbosquefoi amostrada em cinco transecções em um fragmento deaproximadamente 4 ha de mata secundária no Parque Estadual Intervales,sul <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo, de abril de 1999 a março de 2000. Em cadauma, foram armadas seis redes de neblina (12 x 2,5 m; 35 mm de malha),que ficavam abertas por seis horas no perío<strong>do</strong> da manhã em cada viagemmensal, totalizan<strong>do</strong>, ao final <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, 2140 horas-rede. Ao la<strong>do</strong> de cadatransecção, foram estabelecidas duas parcelas de 10 x 25 m, onde eraestimada, por contagem, a abundância de frutos em plantas ornitocóricas deaté 10 m de altura. As 13 espécies frugívoras registradas apresentarampadrões distintos quanto à flutuação de capturas. Turdus albicollis eTachyphonus coronatus foram mais capturadas na estação chuvosa (outubroa março), época que coincidiu com a maior oferta de frutos, estimada tantopela abundância de frutos quanto pelo número de espécies e indivíduosfrutifican<strong>do</strong> nas parcelas. As capturas de Chiroxiphia caudata foramaparentemente relacionadas ao seu comportamento reprodutivo, pois omenor número de capturas durante a estação chuvosa pode ser explica<strong>do</strong>pelo maior envolvimento desse piprídeo nas atividades de formação dearenas (“leks”) nesta época, quan<strong>do</strong>, em geral, diminui a mobilidade demachos. Já Trichothraupis melanops, pre<strong>do</strong>minantemente insetívoro, foimais captura<strong>do</strong> na estação seca (abril a setembro), durante a qual deve teramplia<strong>do</strong> seus deslocamentos pela área à procura de alimento, já que esta


época é marcada por menor disponibilidade geral tanto de frutos quanto deinsetos. Dessa forma, a variação temporal na atividade de aves frugívoras nosub-bosque da Mata Atlântica pode estar relacionada não somente com avariação temporal na oferta de frutos, mas com o grau de dependência defrutos e/ou insetos, comportamento reprodutivo e hábitat de forrageio.Financia<strong>do</strong> pelo CNPq e BIOTA/FAPESP- O Instituto Virtual daBiodiversidade (www.biotasp.org.br) e FMB.________________________________________________R88Dieta de tórtola (Zenaida auriculata) y co<strong>do</strong>rniz (Callipepla californica)en perio<strong>do</strong> estival en la zona centrosur de Chile y competenciaalimentaria entre las <strong>do</strong>s especies.Daniel González-Acuña, José Cruzatt-Molina; Patricio López-Sepulveda eOscar Skewes-Ramm.Universidad de Concepción, Facultad de Medicina Veterinaria, Casilla 537,Chillán, Chile.La co<strong>do</strong>rníz (Callipepla californica) es un ave que fue introducidaen Chile en 1870 en el norte de Chile y desde entonces se ha expandi<strong>do</strong> conéxito por gran parte del territorio nacional. La tórtola (Zenaida auriculata),es un ave endémica en Sudamérica e intensamente cazada en la zona centralde Chile. Durante la época comprendida entre el 24 de noviembre de 1994 yel 25 de abril de 1995, en la zona centrosur de Chile, provincia de Ñuble,VIII Región, se capturaron 100 tórtolas y 96 co<strong>do</strong>rnices a las que despuesde la correspondiente disección, se les analizó el conteni<strong>do</strong> de buche yestómago muscular. Se observó en Z. auriculata un total de 28 tipos de<strong>sem</strong>illas diferentes, de las cuales Echium vulgare, Vicia spp., Triticum spp.,Brassica campestris, Silene gallica y Lens culinaris conformaron en pesomás del 80 % del total de la dieta. En C. californica se determinaron 36tipos diferentes de <strong>sem</strong>illas, de estas Vicia spp., Lolium sp., Triticum sp.,Cyperus sp., Echium vulgare y Silene gallica fueron las <strong>sem</strong>illaspre<strong>do</strong>minantes y representaron más del 50% del total del peso de la dieta.En la tórtola no se encontró insectos, en tanto en co<strong>do</strong>rniz se encontró


0,157 % de artrópo<strong>do</strong>s, de los cuales el más importante fue Dichropusaraucanus (langosta araucana). A pesar de compartir en su dieta <strong>sem</strong>illas deVicia spp., Echium vulgare, Triticum spp., Silene gallica, de acuer<strong>do</strong> alIndice de Shorygin se encontró una baja competencia alimenticia entre las<strong>do</strong>s aves estudiadas.________________________________________________R89Estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s comportamentos de manutenção, agonístico e dereprodução <strong>do</strong> Molothrus bonariensis (Passeriformes, Icteridae) emCuritiba, Paraná.Alcimar Gottschild e Leny Cristina Milléo CostaPUC-PR. Rua Imaculada Conceição 1155, Pra<strong>do</strong> Velho. Curitiba/PR.80215-901. lcmcosta@rla01.pucpr.br.O chopim Molothrus bonariensis, pertence à família Icteridae,distribuin<strong>do</strong>-se na América <strong>do</strong> Sul, desde o norte da Argentina ao norte <strong>do</strong>Brasil. Em Curitiba é observa<strong>do</strong> nos ambientes urbanos viven<strong>do</strong> em ban<strong>do</strong>s,poden<strong>do</strong> mais raramente serem vistos isola<strong>do</strong>s. A maior parte <strong>do</strong>s trabalhoscom o chopim tratam de aspectos morfológicos, ecológicos, distribuiçãogeográfica e parasitismo . Mas pouco se conhece a respeito <strong>do</strong>s padrõesmotores executa<strong>do</strong>s pela ave. O objetivo deste projeto foi descrever ospadrões motores de manutenção, agonístico e reprodutivo <strong>do</strong> chopim. Asobservações foram realizadas nos perío<strong>do</strong>s de julho de 1995 à setembro de1996 e de setembro à novembro de 2000 no Parque Barigüi, no campus daPUCPR e nos bairros de Santa Felicidade e Mercês. O perío<strong>do</strong> deobservação variou de uma a seis horas diárias, totalizan<strong>do</strong> 167 horas com500 machos e 500 fêmeas. Utilizou-se <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s ad libitum para asdescrição <strong>do</strong>s padrões motores e montagem <strong>do</strong> etograma e <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> focalpara avaliar as freqüências das posturas. Foram descritos 26 padrõesmotores sen<strong>do</strong> 11 posturas no comportamento de manutenção ( banho,limpeza da pena e <strong>do</strong> bico, coçar-se, alimentação no solo e no ar,deslocamento no solo e no ar, <strong>do</strong>rmir e descanso) , 6 no comportamentoagonístico ( ameaça, fuga, alerta, confronto, luta e submissão) e 9 nocomportamento reprodutivo ( canto, “abaixar a cabeça”, “cauda levantada”,


”exibição da plumagem”, cópula, “furar os ovos”, agachada, “flexão daspernas”, “solicitação de alimento pelo filhote”. A maior freqüência dasatividades relacionam-se com manutenção (67,80%, N=7063) com maiorincidência no início da manhã, próximo ao meio dia e no final da tarde.Dentre as atividades de manutenção registrou-se uma forma deforrageamento chamada de arrastão, na qual há um maior aproveitamento daárea. A segunda atividade comportamental mais freqüente foi a agonística(29,05%, N=7063) tanto nas relações intra-específicas como nasinterespecíficas. Quanto ao comportamento reprodutivo verificou-se que ochopim não forma pares reprodutivos ,não constróem ninhos, não chocamseus ovos e nem cuidam <strong>do</strong>s filhotes, deixan<strong>do</strong> estas atividades aos paisa<strong>do</strong>tivos.________________________________________________R90Dieta <strong>do</strong> gavião-<strong>do</strong>-rabo-branco (Buteo albicaudatus : Falconiformes)no município de Juiz de Fora, sudeste de Minas Gerais.Marco Antonio Monteiro Granzinolli 1 e José Carlos Motta-Júnior 21-Pos-graduação. Laboratório de Ecologia Trófica – IB – USP –mgranzi@usp.br; 2- Docente Departamento de Ecologia. Lab. de EcologiaTrófica – IB- USP.A dieta de rapineiros vem sen<strong>do</strong> alvo de inúmeros estu<strong>do</strong>s quedemostram o importante papel destes preda<strong>do</strong>res no funcionamento de umacomunidade. No Brasil, trabalhos relaciona<strong>do</strong>s com a ecologia alimentardesses preda<strong>do</strong>res são escassos, e no caso desta espécie, inexistentes. Opresente estu<strong>do</strong> teve início em setembro de 2000 e está sen<strong>do</strong> desenvolvi<strong>do</strong>no município de Juiz de Fora, sudeste <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de Minas Gerais. Acobertura vegetal original está enquadrada como Floresta EstacionalSemidecidual, mas atualmente, pastagens, cultivos e capoeiras constituem aspaisagens pre<strong>do</strong>minantes na região. A dieta está sen<strong>do</strong> analisada através deregurgitos, coleta<strong>do</strong>s mensalmente próximos aos ninhos e pousadeiros. Ositens alimentares identifica<strong>do</strong>s após seis meses de coletas foram: roe<strong>do</strong>res,insetos (principalmente Orthoptera), aves, répteis, anfíbios e um morcego.


Com exceção <strong>do</strong> morcego, to<strong>do</strong>s as outras presas são citadas na literaturacomo integrantes da dieta. Os Vertebra<strong>do</strong>s apresentaram maioresfreqüências de ocorrência em três meses, setembro (55,55%), outubro(51,51%) e março (53,56%), sen<strong>do</strong> seu principal componente roe<strong>do</strong>res. Osinvertebra<strong>do</strong>s, representa<strong>do</strong>s pelos insetos, apresentaram maioresfreqüências em dezembro ( 65,40%), janeiro ( 71,44%) e fevereiro(50,02%), sen<strong>do</strong> que os Orthoptera foi o principal item. Estes resulta<strong>do</strong>sparecem concordar com estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s para outras espécies, queapresentam maiores taxas de consumo de insetos nos meses chuvosos,perío<strong>do</strong> em que esses são mais abundantes; e maiores taxas de consumo devertebra<strong>do</strong>s (principalmente roe<strong>do</strong>res) nos meses mais secos, perío<strong>do</strong> emque suas populações são maiores . Os anfíbios só foram registra<strong>do</strong>s no mêsde fevereiro, representan<strong>do</strong> 8,33%. Aves e répteis tiveram maior taxa deconsumo nos meses em que a predação sobre roe<strong>do</strong>res foi baixa, fornecen<strong>do</strong>indícios de uma possível compensação em aporte de proteína. Estes da<strong>do</strong>spreliminares indicam que Buteo albicaudatus é um preda<strong>do</strong>r oportunistatemporalmente. Sen<strong>do</strong> classifica<strong>do</strong> troficamente, em termos de freqüênciade ocorrência como insetívoro/carnívoro; no entanto, em termos debiomassa consumida carnívoro quase estrito.Apoio: CNPq, CAPES, SEAM, Programa de Pós-graduação de Ecologia deEcossistemas Terrestres e Aquáticos________________________________________________R91Predação e preda<strong>do</strong>res de ninhos experimentais em diferentesfisionomias de cerra<strong>do</strong>.Marco Antonio Monteiro Granzinolli 1 , Luciano Elsinor Lopes 2 e MárcioMartins 31- Pós-graduação em Ecologia. Laboratório. de Ecologia Trófica - IB – USP –mgranzi@usp.br; 2- Pós-graduação em Ecologia. Laboratório de BiologiaReprodutiva de Angiospermas- IB – USP; 3- Docente Depto Ecologia. Laboratóriode Ecologia e Evolução de Vertebra<strong>do</strong>s – IB - USP.A predação sobre ninhos de aves que nidificam no solo pode serrelacionada à comunidade de preda<strong>do</strong>res e à estrutura da vegetação <strong>do</strong> localde nidificação. Os cerra<strong>do</strong>s brasileiros são savanas que apresentam


fisionomias distintas, forman<strong>do</strong> gradientes de cobertura herbácea e arbórea,com grande variação tanto na vegetação quanto na fauna de preda<strong>do</strong>res.Neste trabalho avaliamos a comunidade de preda<strong>do</strong>res e as taxas depredação de ninhos e ovos artificiais dispostos no solo em diferentesfisionomias de Cerra<strong>do</strong> da Estação Ecológica de Itirapina - município deItirapina, esta<strong>do</strong> de São Paulo. Foram estabeleci<strong>do</strong>s 120 ninhos (240 ovos)distribuí<strong>do</strong>s em seis áreas: Cerra<strong>do</strong> Senso Estrito; Campo Cerra<strong>do</strong> Denso;Campo Cerra<strong>do</strong>; Transição Campo Cerra<strong>do</strong> a Campo Sujo, Campo Limpo.Os ninhos eram compostos de <strong>do</strong>is ovos de co<strong>do</strong>rna (Coturnix coturnix),dispostos no centro de uma área circular de areia revolvida com 70 cm dediâmetro. Cada ninho foi inspeciona<strong>do</strong> diariamente, durante quatro dias. Astaxas totais de predação de ovos e ninhos foram, respectivamente, 34,2% e36,7%. As marcas deixadas nas proximidades <strong>do</strong>s ninhos forneceramindícios de autoria de 87 % <strong>do</strong>s casos de predação. To<strong>do</strong>s os preda<strong>do</strong>res deninhos identifica<strong>do</strong>s são relativamente generalistas e, com exceção da ema(Rhea americana), têm algum tipo de registro como eventual preda<strong>do</strong>r deovos. As aves (ema e seriema) foram responsáveis por 24,4 % das predaçõessobre os ovos, os tatus por 26,8%, os roe<strong>do</strong>res por 25,6 % e o lobo-guarápor 9,7%. Verificamos diferenças na composição da comunidade depreda<strong>do</strong>res e em sua participação na predação em cada uma das fisionomias.O lobo-guará, por exemplo, concentrou 75% de seus ataques no CampoLimpo e os roe<strong>do</strong>res nas áreas de Campo Limpo e Campo Cerra<strong>do</strong>. Noentanto, utilizan<strong>do</strong> o teste de Kruskal-Wallis( ∝ = 0,05), não verificamosdiferenças significativas nas taxas de predação de ninhos (W = 7,708; df =5; p = 0,173), bem como de ovos (W = 6,796; df = 5;p = 0,236), em funçãoda fisionomia da vegetação, concordan<strong>do</strong> com autores que atribuíram aausência de relação entre a taxa de predação de ovos e características davegetação ao caráter incidental destes eventos e também à rica guilda depreda<strong>do</strong>res com diferentes estratégias de procura e locais de forrageio.________________________________________________


R92Predação de quirópteros por Tyto alba (Strigiformes: Tytonidae)(suindara) na área urbana <strong>do</strong> município de Lajea<strong>do</strong>, Rio Grande <strong>do</strong>Sul.Hamilton César Zanardi Grillo 1 e Elisangela Marder 21.Biólogo <strong>do</strong> Museu de Ciências Naturais da UNIVATES - Lajea<strong>do</strong>/RS(mcnuni@fates.tche.br); 2.Bolsista <strong>do</strong> Museu de Ciências Naturais daUNIVATES - Lajea<strong>do</strong>/RS (mcnuni@fates.tche.br)Tyto alba é uma coruja cosmopolita, frequentemente encontrada emambientes urbanos ocupan<strong>do</strong> telha<strong>do</strong>s, construções aban<strong>do</strong>nadas e torres deigrejas. No intuito de verificar a ocorrência de predação de quirópteros porsuindaras na área urbana <strong>do</strong> município de Lajea<strong>do</strong> (RS), situa<strong>do</strong> a 29 0 27'26” S e 52 0 58' 10” W, no <strong>do</strong>mínio da floresta estacional decidual aluvialapresentan<strong>do</strong> uma população urbana de 60.169 habitantes e uma populaçãorural de 3.328 habitantes, procedeu-se a análise de 105 egagrópilas (pelotasou regurgitos) íntegras encontradas no único abrigo destas aves situa<strong>do</strong> naárea urbana. O abrigo encontrava-se sob um telha<strong>do</strong> de amianto, sobrechapa de concreto, em uma escola (inclusive com funcionamento noturno)em área movimentada <strong>do</strong> centro da cidade. As pelotas foram coletadasmanualmente e posteriormente desagregadas em solução de álcool 70% etriadas sob lupa. A determinação das espécies de quirópteros deu-se pormeio de morfometria de crânios e mandíbulas relativamente íntegros. Atriagem <strong>do</strong> material coleta<strong>do</strong> revelou que, na área urbana <strong>do</strong> município deLajea<strong>do</strong>, roe<strong>do</strong>res (ratos <strong>do</strong>mésticos) constituem a base alimentar daSuindara (75%), seguida por morcegos (21%) e aves (9%) ( a soma destaspercentagens ultrapassa 100% devi<strong>do</strong> ao fato de os diferntes itens teremsurgi<strong>do</strong> nas mesmas pelotas). Na análise de peças esqueletais e de seusfragmentos foram conta<strong>do</strong>s 53 morcegos com uma média de 2,4 indivíduospor egagrópila. Destes, 15 indivíduos (28%) pertencem a espécie Tadaridabrasiliensis, 1 indivíduo (2%) a Myotis nigricans e 37 indivíduos (70%)ainda não foram determina<strong>do</strong>s devi<strong>do</strong> à excessiva fragmentação de seuscrânios e mandíbulas. A porcentagem de morcegos encontrada nosregurgitos desta ave, são um indicativo da importância <strong>do</strong>s quirópteroscomo integrantes da dieta alimentar da Tyto alba na área urbana <strong>do</strong>município de Lajea<strong>do</strong> (RS).________________________________________________


R93Utilização de ambiente artificial na foto<strong>do</strong>cumentação de pássarosflorestais.Tadeu José de Abreu Guerra 1 ; Pedro Cavalcanti Fatorelli Carneiro 2 ; CharlesDuca Reis 1 ; Eugênio Batista Leite 3 e Miguel Ângelo Andrade 31- Lab. Ecologia de Aves – Departamento de Biologia Geral, cp 486 ICB,UFMG; 2- Setor de Herpetologia - MCN / PUC Minas; 3- DCB / PUCMinas.Fatores como a baixa luminosidade e a condição arisca de muitospássaros, às vezes crípticos, dificultam a realização de boas imagens emambientes florestais. A captura de aves em redes de neblina, juntamentecom a utilização de barracas têm si<strong>do</strong> imprescindíveis para confecção deguias fotográficos para identificação de aves no campo. O presente estu<strong>do</strong>pretendeu testar uma meto<strong>do</strong>logia de foto<strong>do</strong>cumentação de pássaros em umambiente artificial adapta<strong>do</strong> de Dunning (1987). Com a diferença dalocalização <strong>do</strong> fotógrafo, que se posiciona dentro da extensão, a umadistância de <strong>do</strong>is metros <strong>do</strong> objeto – ave. Para construção <strong>do</strong> ambienteforja<strong>do</strong>, utilizou-se uma barraca tipo iglu (2,0 X 2,0 m), uma extensão delona (aprox. 1 m) para o fotógrafo, um pano camufla<strong>do</strong> fixa<strong>do</strong> ao fun<strong>do</strong>,galhos com ramos finos e serapilheira. Foram utiliza<strong>do</strong>s filmes Fuji ProviaASA100, câmera Nikon N6006, Teleobjetiva 70-300 mm Nikon e flashVivitar 285 HV 200m Thiriston. Capturou-se nove espécies dePasseriformes. Destas, foram batidas e analisadas 59 fotos, das quais variouseo tempo de exposição em sincronia (1/60 - 1/125) e a abertura <strong>do</strong>diafragma (f = 5.6 – 16), <strong>sem</strong>pre com o flash ajusta<strong>do</strong> em intensidademáxima. Os melhores resulta<strong>do</strong>s foram obti<strong>do</strong>s com o diafragma entre 8 e11. Usan<strong>do</strong>-se a abertura sugerida pelo flash (f = 8), obteve-se melhoresresulta<strong>do</strong>s quanto ao destaque da ave em relação ao fun<strong>do</strong>. No entanto ,comf = 11 conseguiu-se uma profundidade ideal para se obter nitidez em to<strong>do</strong> oanimal. A distância de apenas 50 cm <strong>do</strong> poleiro ao fun<strong>do</strong> não foi suficientepara atenuar as sombras causadas pela luz direta <strong>do</strong> flash acopla<strong>do</strong> à câmera.Com relação à montagem da barraca no campo, o resulta<strong>do</strong> foi satisfatório,


uma vez que o material é leve, prático e não permite a fuga <strong>do</strong>s pássaros. Ofator que mais dificultou a realização das fotos foi o estresse das aves, quedemoraram a pousar ou não pousaram nos galhos, procuran<strong>do</strong> os cantos dabarraca e permanecen<strong>do</strong> no chão da barraca com as penas eriçadas e aspálpebras <strong>sem</strong>icerradas. Nessas condições, foi necessário umdirecionamento <strong>do</strong> pássaro ao poleiro, utilizan<strong>do</strong>-se um galho. Devi<strong>do</strong> aestas dificuldades, o tempo necessário para cada foto esteve em torno decinco minutos. As melhores fotos foram aquelas em que se conseguiu umaboa nitidez no animal inteiro com um destaque deste em relação ao fun<strong>do</strong>.Com o aumento da extensão utilizada, pode-se afastar mais o poleiro <strong>do</strong>fun<strong>do</strong>, para utilizar diafragmas mais fecha<strong>do</strong>s, ganhan<strong>do</strong> em nitidez <strong>do</strong>objeto, não comprometen<strong>do</strong> o fun<strong>do</strong>, além de poder diminuir o efeito desombra.________________________________________________R94Comportamento alimentar de aves em Struthanthus concinnus(Loranthaceae) em Belo Horizonte, Minas Gerais.Tadeu Tadeu José de Abreu Guerra 1,2 e Miguel Ângelo Marini 1,31-Lab. Ecologia de Aves – Depto de Biologia Geral, cp 486, ICB, UFMG;2- frugivoros@hotmail.com; 3- marini@mono.icb.ufmg.br.A família Loranthaceae é composta por plantas ornitocóricas,hemiparasitas de caule popularmente conhecidas como ervas-de-passarinho.Nos meses de abril, maio, junho e julho de 2000 investigamos a frugivoriaem Struthanthus concinnus observan<strong>do</strong> oito indivíduos localiza<strong>do</strong>s naborda de um fragmento florestal no município de Belo Horizonte, MinasGerais. As observações foram feitas entre 6:00 e 12:00 em 160 perío<strong>do</strong>s de30 minutos totalizan<strong>do</strong> 80 horas (10 h/planta). Ao to<strong>do</strong>, 11 espécies depasseriformes das famílias Tyrannidae (6), Emberizidae (3), Pipridae (1) eVireonidae (1) foram observadas consumin<strong>do</strong> os frutos, totalizan<strong>do</strong> 173registros alimentares. Hylophilus amaurocephalus, Ilicura militaris,Phaeomyias murina e Tersina viridis foram os consumi<strong>do</strong>res maisfreqüentes. As táticas de forrageamento foram analisadas de forma


qualitativa e puderam ser classificadas em <strong>do</strong>is tipos básicos: apanhan<strong>do</strong>empoleira<strong>do</strong> e adejan<strong>do</strong> para apanhar. Os frutos de S. concinnus sãoamarela<strong>do</strong>s, <strong>do</strong> tipo baga, possuem em média 6,8 mm de comprimento e 4,9mm de largura e foram ingeri<strong>do</strong>s inteiros por todas as espécies. As aves,exceto T. viridis, permaneceram em média tempos relativamente curtos (


indivíduos cativos no Centro de Triagem de Animais Silvestres-Cetas emTijucas <strong>do</strong> Sul-Pr em 50 horas de observação. Tanto em campo como emcativeiro foi utiliza<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> “ad libitum”. O total de 23 posturascomportamentais foram agrupadas em 6 categorias : manutenção,locomoção, alimentação, social agonística, social não agonística emiscelânea. A categoria manutenção é a mais representada, com 15posturas.________________________________________________R96Área de vida de Amazona aestiva na região norte de Curitiba, Paraná.Raquel Schier Guerra¹ e Angélica Maria Kazue Uejima²1.Bacharela<strong>do</strong> em Biologia, PUC-PR (raquelsg@bsi.com.br), 2. Mülleriana:<strong>Sociedade</strong> Fritz Müller de Ciências Naturais. Caixa Postal 1644. Curitiba, Pr80011-970; Dep.Zoologia, UFPR (mariakazue@xmail.com.br)Em áreas urbanizadas <strong>do</strong> município de Curitiba, em especial naporção norte da cidade, são encontra<strong>do</strong>s ban<strong>do</strong>s de Amazona aestiva(papagaio-verdadeiro). Presume-se que tenham si<strong>do</strong> introduzi<strong>do</strong>s por solturaou fuga de animais cativos, sen<strong>do</strong> percebi<strong>do</strong>s, segun<strong>do</strong> relatos demora<strong>do</strong>res, há cerca de 5 anos. Foram realizadas observações diretas <strong>do</strong>sgrupos na região entre os meses de fevereiro a novembro de 2000,totalizan<strong>do</strong> 110 horas de obsevações, sen<strong>do</strong> mapea<strong>do</strong>s os deslocamentos <strong>do</strong>sgrupos de Amazona aestiva e determinadas áreas de ocupação ao longo <strong>do</strong>ano. A área de vida média é de 22,38 ha durante a primavera e verão,perío<strong>do</strong> de maior disponibilidade alimentar, sen<strong>do</strong> observa<strong>do</strong>s apenas emcasais, por corresponder ao perío<strong>do</strong> reprodutivo da espécie. Já no outono einverno foram encontra<strong>do</strong>s grupos de até 10 indivíduos numa área média de35,57 ha, interagin<strong>do</strong> e forragean<strong>do</strong> juntos; essas estações correspondem aoperío<strong>do</strong> de menor disponibilidade de alimento, tornan<strong>do</strong> necessário o maiordeslocamento <strong>do</strong>s indivíduos. Os resulta<strong>do</strong>s sugerem que A. aestiva temmaior sociabilidade entre grupos durante outono e inverno, pois casais degrupos diferentes juntam-se na mesma área de vida, não haven<strong>do</strong> interaçõesagressivas entre eles. Foi observa<strong>do</strong> que os indivíduos utilizaram como


áreas <strong>do</strong>rmitórios as plantações de Pinus sp e Eucalyptus sp situa<strong>do</strong> dentro<strong>do</strong> bairro, ao longo de to<strong>do</strong> o ano.________________________________________________R97Estu<strong>do</strong> preliminar da comunidade de aves <strong>do</strong> campus da PUC-Minas,Belo Horizonte.Letícia Guimarães 1 ; Gustavo Leite 2 ; Leonar<strong>do</strong> Torres 2 ; Melissa Almeida 2 ;Rafael Laia 2 e Bruno Garzon 31Bióloga voluntária <strong>do</strong> laboratório de <strong>Ornitologia</strong>; 2 Estagiários <strong>do</strong>laboratório de <strong>Ornitologia</strong>; 3 Coordena<strong>do</strong>r <strong>do</strong> laboratório de <strong>Ornitologia</strong> <strong>do</strong>Museu de Ciências Naturais da PUC Minas (museu@pucminas.br).O presente estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> no campus Coração Eucarístico daPUC-Minas, situa<strong>do</strong> no bairro de mesmo nome, na região oeste de BeloHorizonte. Totalmente cerca<strong>do</strong> pela malha urbana, este apresenta cerca de80% de sua área ocupada por edificações baixas entremeadas por jardins egrama<strong>do</strong>s. O restante é ocupa<strong>do</strong> por uma reserva de mata <strong>sem</strong>idecídua.Durante os meses de abril a outubro de 2000, fez-se o levantamento dasespécies e calculou-se os índices de riqueza, diversidade e densidade nasáreas de jardins e da mata, objetivan<strong>do</strong> a caracterização da avifauna. Ameto<strong>do</strong>logia utilizada foi a de censo por pontos, sen<strong>do</strong> determinadas duastrilhas e marca<strong>do</strong>s 18 pontos na mata e 16 nos jardins. Cada trilha foipercorrida uma vez por <strong>sem</strong>ana, a partir das 6h, e o tempo de permanênciaem cada ponto foi de 8 minutos, soman<strong>do</strong> um esforço amostral de 108 horasde observação. Os da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s foram processa<strong>do</strong>s em planilhas <strong>do</strong>Microsoft Excel. Os jardins apresentaram maior número de espécies (58),sen<strong>do</strong> registradas 21 famílias diferentes. Neste ambiente Passer <strong>do</strong>mesticusapresentou maior densidade ao longo <strong>do</strong>s seis meses (7,9 ind/ha), indican<strong>do</strong>alto nível de influência antrópica. A densidade total de espécies nos jardinsvariou entre 17,2 e 47,7 ao longo <strong>do</strong>s meses, e o índice de diversidadesofreu variações entre 2,25 e 2,85. Na mata foram registradas 46 espéciespertencentes a 25 famílias diferentes, sen<strong>do</strong> que os índices de densidade ediversidade variaram de 12,4 a 44,2 e 1,54 a 2,90, respectivamente. A menor


iqueza neste ambiente pode ser explicada pelas pequenas proporções <strong>do</strong>fragmento e pela grande influência da urbanização em seu entorno. Nas duasáreas a subfamília Tyraninnae foi a melhor representada, constituin<strong>do</strong>29,31% das espécies nos jardins e 15,22% na mata. A menor variação noíndice de diversidade nos jardins com relação à mata provavelmente estárelacionada à sua manutenção (irrigação e substituição de plantas), o quemantém o ambiente estável durante to<strong>do</strong> o ano.________________________________________________R98Avifauna <strong>do</strong> Parque Estadual das Nascentes <strong>do</strong> Rio Taquari, MatoGrosso <strong>do</strong> Sul.Adriani Hass 1 ; Vívian S. Braz 2 e Marcelo A. Bagno 31 Departamento de Ecologia, IB, Universidade de Brasília, CEP: 70910-900, Brasília - DF. ahass@unb.br; 2 P.G. em Ecologia, Depto. Ecologia, IB,Universidade de Brasília, CEP: 70910-900, Brasília - DF. 3. Curso deCiências Biológicas, IB, Universidade de Brasília, Brasília - DF.Inventários de aves são escassos para o Cerra<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> que cerca de70% desse bioma ainda não tem sua avifauna satisfatoriamente amostrada.O desconhecimento da avifauna e as alterações antrópicas que o Cerra<strong>do</strong>vem sofren<strong>do</strong> priorizam a elaboração e divulgação de listas de espécies,base de conhecimento para estratégias de conservação de ambientesnaturais. O PENRT está localiza<strong>do</strong> entre os municípios de Alcinópolis eCosta Rica, no esta<strong>do</strong> de Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, e possui cerca de 30.000 ha,sen<strong>do</strong> um conjunto de furnas onde ocorrem cerra<strong>do</strong>, cerradão e mataestacional <strong>sem</strong>i-decidual além de áreas utilizadas para agricultura epecuária. Com o objetivo de inventariar a avifauna da região, realizamos 07viagens entre 1998 e 2000 (antes e depois da criação <strong>do</strong> PENRT),totalizan<strong>do</strong> 100 horas de esforço, utilizan<strong>do</strong> amostragens ad libitum aolongo <strong>do</strong> dia e noite, e <strong>do</strong>cumentação fotográfica e sonora de importantesregistros. O PENRT possui até o momento 213 espécies de aves, sen<strong>do</strong> que16 taxa são exclusivos ao parque ao compará-lo com o Parque Nacional dasEmas (PNE), maior unidade de conservação federal <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>, localizada a50 km. O parque estadual possui duas espécies ameaçadas de extinção,Excluí<strong>do</strong>:


Falco deiroleucus e Ano<strong>do</strong>rhynchus hyacinthinus e sete espécies endêmicasao Cerra<strong>do</strong>: Amazona xanthops, Herpsilochmus longirostris, Antilophiagaleata, Cyanocorax cristatellus, Neothraupis fasciata, Saltator atricollis ePorphyrospiza caerulescens. Das espécies de aves registradas no PENRT6,6% possuem hábito aquático, 39,4% são espécies campestres e 54% sãoespécies associadas a florestas. A presença de mais da metade da avifaunaassociada às matas pode indicar que o PENRT ainda retém estrutura devegetação (<strong>do</strong>ssel e sub-bosque) em bom esta<strong>do</strong> de preservação, emborato<strong>do</strong> o parque já tenha si<strong>do</strong> explora<strong>do</strong> de alguma maneira. Ainda restam emalguns pontos <strong>do</strong> PENRT áreas de campo úmi<strong>do</strong> e cerra<strong>do</strong> aberto,fitofisionomias com baixíssima representação na região, exceto no PNE. Acriação <strong>do</strong> PENRT foi um passo importante para a conservação de áreas decerra<strong>do</strong> no MS, além de possivelmente garantir o intercâmbio genético entreas populações existentes <strong>do</strong> PNE e PENRT.________________________________________________R99Efeito de geadas na disponibilidade de frutos e atividade de avesfrugívoras na Mata Atlântica <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo.Érica Hasui 1,2 e Wesley Rodrigues Silva 21PG-Ecologia, IB-UNICAMP, 13083-970 Campinas, SP.ericahas@hotmail.com; 2 Laboratório de Interações Vertebra<strong>do</strong>s-Plantas,Depto de Zoologia, UNICAMP, 13083-970 Campinas, SP.wesley@unicamp.brNas altitudes mais elevadas da Mata Atlântica no Esta<strong>do</strong> de SãoPaulo são comuns as ocorrências de geadas. Estas podem ser muito intensa<strong>sem</strong> determina<strong>do</strong>s anos, afetan<strong>do</strong> os padrões de floração e frutificação demuitas plantas ou mesmo levan<strong>do</strong>-as à morte, o que deve resultar emalterações nos recursos utiliza<strong>do</strong>s por aves frugívoras. Este estu<strong>do</strong> procurouavaliar o efeito da variação climática de um ano <strong>sem</strong> geadas (1999) e umano com geadas fortes (2000) sobre a composição e abundância de frutosornitocóricos e a atividades de aves frugívoras. O trabalho foi desenvolvi<strong>do</strong>em duas áreas no Parque Estadual Intervales, em Ribeirão Grande (SP), de


janeiro de 1999 a março de 2001. A disponibilidade de frutos foiquantificada por meio de observações diretas <strong>do</strong> padrão fenológico deindivíduos amostra<strong>do</strong>s em parcelas e por meio de coletores de frutos. Aavifauna foi amostrada através de capturas com redes de neblina e sua dietaavaliada por meio da análise de fezes e de registros de interações <strong>do</strong>comportamento alimentar em caminhadas periódicas pela mata. Para umadas áreas houve redução significativa <strong>do</strong> número de espécies em frutificaçãoentre os anos, mas não entre áreas diferentes, indican<strong>do</strong> que as duas áreasapresentaram respostas <strong>sem</strong>elhantes quanto à variação sazonal de recursodevi<strong>do</strong> às alterações climáticas. A flutuação anual das aves frugívoras foimais intensa nas espécies de pequeno porte, com uma queda acentuada nacaptura entre outubro de 2000 e março de 2001, o perío<strong>do</strong> subseqüente àsgeadas. Nesse mesmo perío<strong>do</strong>, insetos foram mais freqüentes que <strong>sem</strong>entesnas fezes das aves capturadas. Frutos pequenos e suculentos, como os dasespécies de Melastomataceae, também se tornaram escassos neste perío<strong>do</strong>.Esta família de plantas mostrou ser um recurso importante para avesfrugívoras, pois totalizou 42% <strong>do</strong>s registros de <strong>sem</strong>entes obti<strong>do</strong>s nas fezes,sen<strong>do</strong> também um <strong>do</strong>s grupos de plantas mais afeta<strong>do</strong>s pelas geadas. Istopode estar relaciona<strong>do</strong> à distribuição espacial dessas plantas, que ocupamgeralmente hábitats de borda, fican<strong>do</strong> assim mais desprotegidas contrageadas. Geadas podem ser, portanto, eventos catastróficos para certosgrupos de plantas e aves frugívoras na Mata Atlântica paulista.Apoio: Programa BIOTA/FAPESP (www.biota.org.br) e FMB________________________________________________R100


Levantamento avifaunístico e considerações ecológicas na área deinfluência da UHE Belo Monte, rio Xingu, Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pará.Luiza Magalli Pinto Henriques 1 ; Renata de Melo Valente 1 ; DionísioPimentel-Neto 1 , Fagner Ramos Silva 2 , Cristovam Diniz 2 , MarinaGuimarães 3 , Rosenilda Ferreira 3 , Luciana Oliveira 1 e Ana Paula Pereira 2 .1. Museu Paraense Emílio Goeldi, Cx P. 399, 66040-170, Belém, Pará.(magalli@museu-goeldi.br); (renata@museu-goeldi.br). 2. Universidade Federal<strong>do</strong> Pará, campus de Bragança, Bragança, Pará. 3. Universidade Federal <strong>do</strong> Pará,campus de Altamira, Altamira, Pará.A avifauna da região da bacia <strong>do</strong> rio Xingu tem si<strong>do</strong> amostradadesde o início <strong>do</strong> século XX. Entretanto, vários autores apresentaram umgrande número de extensões da distribuição geográfica de várias espéciesdessa região, revelan<strong>do</strong> um conhecimento incompleto de sua avifauna.Como parte <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s para o projeto que visa a construção da usinahidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, foram desenvolvi<strong>do</strong>slevantamentos avifaunísticos na área de influência <strong>do</strong> empreendimento, nosmeses de outubro a dezembro de 2000 e fevereiro a março de 2001. Osambientes amostra<strong>do</strong>s incluem floresta de terra firme, várzea, vegetaçãoribeirinha, capoeira e pastagens. Como méto<strong>do</strong>s de amostragem, foramempregadas capturas com redes de neblina, censos terrestres diurnos enoturnos, censos aquáticos e registros qualitativos que incluíramobservações com binóculo, registro das manifestações sonoras e capturascom tiros de espingarda. Um total de 384 táxons foi identifica<strong>do</strong> para a áreade estu<strong>do</strong>, distribuí<strong>do</strong>s em 57 famílias e/ou subfamílias. O hábitat commaior riqueza de espécies foi a floresta de terra firme, segui<strong>do</strong> pela florestade várzea e pelo conjunto das vegetações antrópicas (capoeiras, roça<strong>do</strong>s,pomares, quintais e pastagens). Mais de 58% da avifauna se encontra ligada,em algum grau, aos hábitats aquáticos ou aos hábitats cria<strong>do</strong>s por rios.Registraram-se 66 espécies (17,94% <strong>do</strong> total ou 30,63% das espéciesregistradas nesses hábitats) exclusivamente nesses hábitats, os quais sãomais impacta<strong>do</strong>s pela construção de uma hidrelétrica. Cinco espéciesregistradas na área de estu<strong>do</strong> fazem parte da lista oficial <strong>do</strong> IBAMA deespécies ameaçadas de extinção no Brasil. Além disso, 24 espéciesapresentaram distribuição geográfica restrita, alta especificidade ao hábitat epequenas populações locais, sen<strong>do</strong> consideradas altamente vulneráveis às


modificações ambientais e estan<strong>do</strong>, portanto, entre as aves com maioresprobabilidades de se tornarem localmente extintas.________________________________________________R101Impactos da retirada seletiva de madeira sobre a avifauna de subbosquena Floresta Nacional <strong>do</strong> Tapajós, ParáLuiza Magalli Pinto Henriques 1 e Joseph Wunderle 21. Museu Paraense Emílio Goeldi, Cx. P. 399, 66040-170, Belém, Pará,magalli@museu-goeldi.br; 2. US Forest Service, Porto Rico.Apesar da exploração madeireira ser menos drástica que odesmatamento, grande parte das áreas utilizadas estão sujeitas a umprocesso de degradação florestal. Uma alternativa a esse processo é omanejo sustenta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s recursos florestais, no qual se situa a exploraçãoseletiva de madeira de baixo impacto. Para se estudar os impactos desse tipode exploração sobre a avifauna de sub-bosque, selecionaram-se 4 blocos de100 ha na área <strong>do</strong> projeto de Manejo Florestal para Extração de Madeira emEscala Industrial na FLONA-Tapajós (20°45’S 55°00’W). Dois blocos,localiza<strong>do</strong>s na Quadra Testemunha, serviram de controle, e 2 blocos,localiza<strong>do</strong>s na Quadra 4, foram explora<strong>do</strong>s com uma intensidade de 20m³/ha entre novembro e dezembro de 1997. Seis sessões simultâneas decaptura com redes de neblina foram conduzidas em cada bloco, uma antesda exploração (agosto-setembro 1997), e 5 após a exploração da madeira(fevereiro-março 1998, novembro 1998, abril 1999, junho 1999). Obteve-seum total de 3425 capturas de 127 espécies em 21.600 horas.rede. Não houvediferença no número de espécies e indivíduos captura<strong>do</strong>s nos blocoscontroles e nos blocos onde a madeira foi retirada (χ 2 =1.8536, p=0.1734,g.l.=1). As abundâncias <strong>do</strong>s frugívoros, nectarívoros e onívorosapresentaram tendência crescente nos blocos explora<strong>do</strong>s (χ 2 =6.4706,p=0.011, g.l.=1, χ 2 =7.4830, p=0.0062, g.l.=1, χ 2 =10.9536, p=0.0009, g.l.=1,respectivamente.); a guilda de insetívoros não apresentou diferençaestatisticamente significante (χ 2 =0.9305, p=0.3347). Cinco espéciesapresentaram efeitos estatisticamente significantes: Malacoptila rufa foi


negativamente afetada; Myrmoborus myotherinus, Pipra rubrocapilla,Arremon taciturnus e Cyanocompsa cyanoides, apresentaram um aumentopopulacional. Os resulta<strong>do</strong>s sugerem que os tratamentos silviculturai<strong>sem</strong>prega<strong>do</strong>s na pré-exploração da madeira contribuíram para um decréscimo<strong>do</strong>s efeitos negativos que foram observa<strong>do</strong>s em outros estu<strong>do</strong>s na regiãoAmazônica.________________________________________________R102A avifauna de sub-bosque da Floresta Nacional <strong>do</strong> Tapajós.Luiza Magalli Pinto Henriques 1 e Joseph Wunderle 21Museu Paraense Emílio Goeldi, Cx. P. 399, 66040-170, Belém, Pará,magalli@museu-goeldi.br; 2 US Forest Service, Porto Rico.Analisa-se a avifauna de sub-bosque da mata de terra firme daFloresta Nacional <strong>do</strong> Tapajós e descreve-se a sua variação espacial etemporal. Essa análise objetivou caracterizar a avifauna da FlorestaNacional <strong>do</strong> Tapajós e estabelecer as bases para comparações das potenciaisalterações na comunidade de aves com outros sítios da região neotropical,em resposta ao incremento da retirada seletiva de madeira. As aves foramamostradas usan<strong>do</strong> redes de neblina em <strong>do</strong>is blocos de 100 ha na quadratestemunha <strong>do</strong> projeto de manejo florestal, onde ocorre extração de madeiraem escala industrial. Obteve-se um total de 1885 capturas de 115 espécie<strong>sem</strong> 10.800 horas-rede, representan<strong>do</strong> 84,6% das espécies capturadas emredes e 36,28% das espécies registradas para a área de estu<strong>do</strong>. A curva deaparecimento de espécies não estabilizou para nenhum <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is blocos; acurva para as amostras agrupadas apresenta um lento acréscimo de espéciesnovas. Portanto, como predito pela curva gerada pelo méto<strong>do</strong> Jackknife,mais espécies deverão ser encontradas antes que a assíntota seja atingida.Cento e quatro espécies (93% da amostra) apresentaram menos de 2% decapturas da amostra total e podem ser consideradas raras. Segui<strong>do</strong>resprofissionais de formigas de correição representaram 7% das espécies e17,8% das capturas; o grupo de espécies que seguem regularmente ban<strong>do</strong>smistos contribuiu com 31,51% das capturas. Estes <strong>do</strong>is grupos, juntamente


com outras aves classificadas como primariamente insetívoras,representaram 78,49% das capturas e 57,4% das espécies. Espéciesprimariamente frugívoras representaram 12,2% das capturas. Nectarívorosrepresentaram 3,66% das capturas. Entretanto, por serem aves de pequenoporte, contribuíram com menos de 1% da biomassa. A hipótese nula de quea abundância relativa em redes deveria ser igual tanto na estação chuvosacomo na estação seca foi rejeitada somente para duas espécies:Glyphorhynchus spirurus, proporcionalmente mais captura<strong>do</strong> durante operío<strong>do</strong> seco, e Pipra rubrocapilla, proporcionalmente mais captura<strong>do</strong>durante o perío<strong>do</strong> chuvoso.________________________________________________R103Técnica para o aproveitamento da carcaça resultante da taxidermia deaves em coleções científicas.Cristian Marcelo Joenckcmjoenck@pucrs.br - Museu de Ciências e Tecnologia - PUCRS.As coleções científicas de aves são essenciais em vários estu<strong>do</strong>s, masalgumas coleções encontram-se defasadas seja por má conservação, falta deinformações, ou falta de aproveitamento <strong>do</strong>s espécimes. As coleçõescientíficas constituem-se a partir de espécimes conserva<strong>do</strong>s em forma depeles, esqueletos, teci<strong>do</strong>s, materiais em meio líqui<strong>do</strong> e outros. Porém,muitas coleções priorizam a conservação <strong>do</strong>s espécimes em forma de pele<strong>sem</strong> preocupar-se com o melhor aproveitamento <strong>do</strong>s mesmos. Em outras,com a confecção de pele-esqueleto, o aproveitamento é apenas da pele e <strong>do</strong>esqueleto e as vezes outros órgãos como a siringe, isso decorre deprocedimentos utiliza<strong>do</strong>s para a analise e retirada <strong>do</strong>s órgãos, que muitasvezes danificam o esqueleto. Com o objetivo de obter mais informaçõescompletas <strong>do</strong>s espécimes para coleções científicas, é descrita uma técnicafácil e rápida realizada a partir da carcaça da ave. Com o auxílio de tesoura,bisturi e pinça, inicia-se: (1) com uma incisão em senti<strong>do</strong> longitudinal nomúsculo peitoral maior, lateralmente em ambos os la<strong>do</strong>s, de forma quepossibilite a visualização das inserções das costelas esternais no esterno; (2)


outra incisão abaixo <strong>do</strong> esterno, em plano sagital, de mo<strong>do</strong> que esta incisãouna-se com as outras anteriores, a fim de formar uma única incisão; (3)utilizan<strong>do</strong> o bisturi ou a ponta da tesoura como um afasta<strong>do</strong>r, é feita adesarticulação das costelas esternais junto ao esterno; (4) com a tesoura éfeito o corte <strong>do</strong>s músculos entre a escápula, em ambas, com as vértebrastorácicas, de maneira a livrar a escápula junto às costelas esternais; (5)posteriormente é feita uma incisão no saco aéreo intraclavicular às vértebrascervicais, <strong>sem</strong>pre de uma maneira que as incisões feitas unam-se às incisõesanteriores; (6) seguran<strong>do</strong> o esterno e puxan<strong>do</strong>-o para cima num senti<strong>do</strong>diagonal em relação às vértebras cervicais, retira-se o esterno com os outrosossos torácicos (escápulas, coracóides e clavículas). Desta maneira, épossível a visualização da distribuição <strong>do</strong>s órgãos poden<strong>do</strong> estes seranalisa<strong>do</strong>s e/ou retira<strong>do</strong>s <strong>sem</strong> danificar o esqueleto, com danos apenas àmusculatura. Esta técnica torna-se uma alternativa em suprir as necessidadesdas coleções em mais materiais a partir de uma mesma carcaça esubsidian<strong>do</strong> melhores informações a diversos estu<strong>do</strong>s.________________________________________________R104Dois registros recentes da águia-cinzenta (Harpyhaliaetus coronatus) noEsta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná.Douglas Kajiwara 1 ; Alberto Urben-Filho 2 e Sérgio A. A. Morato 31. Museu de História Natural "Capão da Imbuia" (kajiwara@b.com.br), 2.Mulleriana: <strong>Sociedade</strong> Fritz Müller de Ciências Naturais(mulleriana@milenio.com.br), 3. Universidade Tuiuti <strong>do</strong> Paraná – Curso deCiências Biológicas (sergio.morato@utp.br)A águia-cinzenta (Harpyhaliaetus coronatus) é um falconiforme degrande porte que ocorre somente na América <strong>do</strong> Sul (leste da Bolívia; oeste<strong>do</strong> Paraguai; centro, sudeste e sul <strong>do</strong> Brasil; norte e centro da Argentina). Éconsiderada uma espécie vulnerável pela IUCN, protegida pela legislaçãofederal brasileira e estadual e, nesse Esta<strong>do</strong> considerada rara. Habita áreascampestres, geralmente próximas de capões ou capoeiras. A ocorrênciadessa espécie para o Paraná era conhecida com base em <strong>do</strong>is indivíduos,


coleta<strong>do</strong>s por J.Natterer (Fazenda Pitangui, Ponta Grossa, 1820) e E.Garbe(Castro, 1907). Recentemente foi constatada e fotografada, em 14 dedezembro de 2000, na Foz <strong>do</strong> Rio da Carreira, Piraí <strong>do</strong> Sul. Um indivíduoencontrava-se pousa<strong>do</strong> na borda de um pequeno plantio de Pinus adjacente auma área de campo natural altera<strong>do</strong>, alçan<strong>do</strong> vôo e circundan<strong>do</strong> o fragmentoapós afugenta<strong>do</strong>. O segun<strong>do</strong> contacto, em 21 de janeiro de 2001, ocorreupróximo a balsa que faz a ligação <strong>do</strong>s municípios de Clevelândia e CoronelDomingos Soares. Um indivíduo estava sobrevoan<strong>do</strong> um capão de Mata deAraucária circunda<strong>do</strong> por campo natural, sen<strong>do</strong> flagra<strong>do</strong> graças à emissãode uma única vocalização. Cabe ressaltar que duas outras espécies(Coragyps atratus e Buteo brachyurus) sobrevoavam, concomitantemente, amesma área, provavelmente aproveitan<strong>do</strong>-se de mesma corrente de ar.________________________________________________R105Las aves del Parque Provincial de la Araucaria (San Pedro, Misiones,Argentina) y su importancia en la conservación del área protegida.Ernesto R. Krauczuk 1 e Juan Diego Bal<strong>do</strong> 21. Dirección General de Ecología, Ministerio de Ecología y R. N. R., SanLorenzo 1538 (3300) Posadas, Misiones, Argentina;ekrauczuk@mixmail.com; 2. Lab. de Citogenética Gral., Dto. de Genética,Facultad de Ciencias Exactas, Qcas y Naturales, Félix de Azara 1552 (3300)Posadas, Misiones, Argentina; diegobal<strong>do</strong>@hotmail.comEn las 92 hectáreas del Parque Provincial de la Araucaria (26º30'S y54º10'O) vivían mas de 50 familias hasta que en 1986 fueron rehubicadas enel límite del mismo con el objetivo de conservar la especie Araucariaangustifolia. A partir de allí el ecosistema ha evoluciona<strong>do</strong> generan<strong>do</strong>ambientes <strong>sem</strong>inaturales con la presencia de árboles nativos de A.angustifolia. En este marco se lleva a cabo una investigación sobre lacomunidad de aves que allí habita. Hasta el momento se realizaron tresvisitas cortas (1994, 1997 y 1998) y cinco campañas: 5 al 7 de setiembre,del 13 al 16 de noviembre de 2000, del 4 al 11 de enero, del 13 al 23 deenero de 2001 y del 11 al 21 de abril de 2001, suman<strong>do</strong> en total 40 días de


observación y 18 días de levantamiento cuantitativo. Los datos cuantitativosse obtuvieron a partir de la meto<strong>do</strong>logía de puntos de escucha, siguien<strong>do</strong> aDos Anjos, (1996). Para ello se establecieron 6 puntos de escucha dentro delParque, equidistantes mas de 300 metros uno de otro, de 20 minutos deduración, con el inicio del muestreo a la salida del sol. Diariamente se censóen cada uno de los seis puntos estableci<strong>do</strong>s en el Area Protegida. Seregistraron a su vez TºC, nubosidad, vientos, bruma, niebla y perturbaciónsonora. Para <strong>inclui</strong>r los datos de aves gregarias se realizaron conteos deltamaño de los ban<strong>do</strong>s a lo largo del día obtenien<strong>do</strong> un valor promedio porespecie durante la campaña; en cada punto se registró el número de ban<strong>do</strong>sque pasaban en un solo senti<strong>do</strong> y se le dio el valor promedio obteni<strong>do</strong> paracada especie. A partir de la información obtenida se obtuvo el ÍndicePuntual de Abundancia (Vielliard e Silva, 1990). Para obtener la proporciónde contactos auditivos / visuales y los valores de uso de hábitat se realizóuna clasificación de paisaje y con ello se obtuvo 12 situaciones diferentespara toma de datos. En tal senti<strong>do</strong> se efectuaron recorri<strong>do</strong>s abarcan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>slos tipos de paisajes presentes dentro del Área Natural Protegida,discriminan<strong>do</strong> los contactos auditivos de visuales siguien<strong>do</strong> a Vielliard eSilva, (1990). En la confección del cuadro de riqueza específica seconsideraron los datos de los estudios cuantitativos, así como los toma<strong>do</strong>scon uso binóculos Pentax PCF y registro de voces. En el ordenamientosistemático se siguió a Altmann e Swift, (1993). En la obtención de lascomunidades de aves, se recurrió Hayes, (1995). El status de conservaciónde las especies fue toma<strong>do</strong> de García Fernández et al., (1997); lasreferencias utilizadas para este ítems son las siguientes EP: esp. en peligro,VU: esp. vulnerable, DI: esp. con datos insuficientes y RB: esp. con riesgobajo. En forma preliminar podemos decir que en el Parque Provincial de laAraucaria y límites, la riqueza específica de aves es de 189 especiespertenecientes a 43 familias. Aún así 4 especies no se pudieron determinar y2 no se pudieron confirmar. Durante los estudios cuantitativos secontabilizaron 6594 contactos en treinta y seis horas de trabajo. Losresulta<strong>do</strong>s mas importantes lo representan los eleva<strong>do</strong>s IPA de Amazonavinacea (EP) y la presencia de especies consideradas dentro de algunas delas categorías de riesgo como es el caso de Penelope superciliaris (VU);Asio stygius (RB); Pionopsitta. pileata (RB); Ramphastos dicolorus (DI);Dryocopus galeatus (VU); Campephilus robustus (DI); Clibanornisdendrocolaptoides (VU); Hypoedaleus guttatus (DI); Mackenziaena severa(DI); Pyroderus scutatus (DI); Phylloscartes eximius (RB); Cyanocoraxcaeruleus (VU) y Amaurospiza moesta (RB). Por otro la<strong>do</strong> la presencia deAmazona pretrei (EP) y Baillonius bailloni (VU) debe ser confirmada. Con


especto a A. vinacea hasta el momento las observaciones permiten inferirque la misma usa el Parque como sitio de pernocte y alimentación en formaalterna a otro/s sitio/s durante el verano y en forma estable en el otoño. Seobserva que la especie es estable a lo largo del tiempo en este sitio. Lasespecies Pionus maximiliani, A. vinacea y C. chrysops se alimentan de<strong>sem</strong>illas de A. angustifolia. Las <strong>do</strong>s primeras especies destruyen las<strong>sem</strong>illas, A. vinacea lo hace en el mismo árbol <strong>do</strong>nde está el alimento, P.maximiliani lo hace de igual manera, pero también traslada <strong>sem</strong>illas de unárbol a otro y C. chrysops suele bajar al piso a buscarlas cuan<strong>do</strong> las hierbasson bajas, casi to<strong>do</strong>s los individuos de esta especie se desplazan con<strong>sem</strong>illas en el pico (6 de 10 individuos) desde el árbol con <strong>sem</strong>illas hastaotro próximo y a veces “entierran” las <strong>sem</strong>illas en la base de troncos o bordedel parquiza<strong>do</strong>. Ante esta acotada síntesis vemos que el valor deconservación de este pequeño parche de araucaria nativa es alto. Debi<strong>do</strong> a ladesestructuración del hábitat, de la creciente fragmentación y desapariciónde los bosques en proximidades la continuidad de estudios científicosresulta sumamente necesaria.________________________________________________R106Comportamento reprodutivo de Euphonia cyanocephala (Emberizidae:Thraupinae)Marilise Men<strong>do</strong>nça Krügel.PUCRS, marilisek@conex.com.brSão escassas as informações a respeito da reprodução de Euphoniacyanocephala. Sabe-se que as espécies <strong>do</strong> gênero Euphonia constroemninhos esféricos, em locais protegi<strong>do</strong>s, com postura geralmente de 2 a 3ovos. Este estu<strong>do</strong> tem por objetivo fornecer informações a respeito <strong>do</strong>comportamento reprodutivo de E. cyanocephala, desde a incubação até asaída <strong>do</strong>s filhotes <strong>do</strong> ninho. O trabalho foi desenvolvi<strong>do</strong> em um bairrosuburbano <strong>do</strong> município de Santa Maria, RS, no perío<strong>do</strong> de 26 de outubro a30 de novembro de 2000, totalizan<strong>do</strong> 45h. Utilizaram-se os méto<strong>do</strong>sad libitum e focal com sessões de 2, 3, 5 e 10 horas. O ninho foi construí<strong>do</strong>


em uma forquilha de timbaúva (Enterolobium contortisiliquum,Leguminosae), a uma altura de 5,70 m. O perío<strong>do</strong> de incubação foi de 14dias, com início em 27/10. Durante a incubação o casal exibiu o seguintecomportamento: chegavam juntos; permaneciam por alguns segun<strong>do</strong>spousa<strong>do</strong>s em galhos próximos ao ninho; voavam juntos até o ninho onde afêmea entrava e o macho retornava ao poleiro. Este permanecia nasproximidades por um a seis min antes de se afastar. Este padrão se repetiuem 86,7% das sessões de incubação (N=15). A fêmea deixava o ninhoexecutan<strong>do</strong> um mergulho e, posteriormente, voava a uma altura de 30cm <strong>do</strong>solo, <strong>sem</strong>pre na mesma direção. A duração média das sessões de incubaçãofoi de 39,6 min+7,74 min, com intervalos (N=16) médios de 6 min+2,87min. De forma <strong>sem</strong>elhante, exibiram o comportamento ao alimentar osfilhotes: chegavam juntos; pousavam por alguns segun<strong>do</strong>s em galhospróximos; voavam juntos até o ninho sen<strong>do</strong> que o macho permanecia paraalimentar e a fêmea retornava ao poleiro; macho retornava ao poleiro;voavam juntos novamente até o ninho onde a fêmea ficava para alimentar eo macho retornava ao poleiro; fêmea deixava o ninho e voltava ao poleiro;em seguida, deixavam o local juntos. A média <strong>do</strong>s intervalos entre cadaalimentação foi de 27,10 min. Este padrão se repetiu em 82% das sessões dealimentação (N=39). A partir de 23/11 o macho começou a fazer umasegunda visita de alimentação após a fêmea. Os filhotes foram alimenta<strong>do</strong>scom Phoradendron sp. (Viscaceae) e permaneram no ninho por 19 dias. Nodia em que os filhotes deixaram o ninho (29/11), somente um deles voou, nofinal da tarde, junto com os pais para outro local enquanto os outros 2filhotes pernoitaram em outra árvore distante 22m da timbaúva. No diaseguinte, também no final da tarde, o casal conduziu um filhote de cada vezpara outro local. Após o que não foram mais vistos. O comportamentoreprodutivo exibi<strong>do</strong> por E. cyanocephala apresenta <strong>sem</strong>elhanças com aqueledescrito para Euphonia hirundinacea.________________________________________________R107


Incubação e alimentação de ninhegos de Furnarius figulus(Furnariidae) em ninho em forma de forno na Lagoa Rodrigo deFreitas, Rio de Janeiro.Adriano R. Lagos 1 , Maria Alice S. Alves 1 e Raquel V. Marques 1Ecologia, DBAV, IB, Universidade <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de JaneiroFurnarius figulus ocorre no Brasil, <strong>do</strong> Nordeste ao Mato Grosso,Pará, Goiás e nas últimas décadas em Minas Gerais, Espirito Santo e Rio deJaneiro. Da<strong>do</strong>s na literatura sobre sua biologia reprodutiva são escassos. Osobjetivos foram: a) informar sobre a arquitetura <strong>do</strong> ninho ocupa<strong>do</strong> por F.figulus; b) quantificar o número de visitas e tempo despendi<strong>do</strong> no ninho porum par reprodutor na fase de incubação e c) categorizar e quantificar itensalimentares leva<strong>do</strong>s aos ninhegos e o número de visitas. O ninho foiencontra<strong>do</strong> na margem da Lagoa Rodrigo de Freitas, em uma amen<strong>do</strong>eira(Terminalia catapa) a 7m de altura. As observações foram realizadas combinóculos 7x35 (<strong>inclui</strong>n<strong>do</strong> a quantificação e categorização <strong>do</strong>s itensalimentares) de jan a mar/01, por 48h. Furnarius figulus foi primeiramenteobservada em 21/12/00, levan<strong>do</strong> material de forro (material vegetal e penas)para o interior de um ninho de barro, em forma de forno. Um <strong>do</strong>s membros<strong>do</strong> par foi marca<strong>do</strong> com anilhas metálica e colorida durante a incubação(possivelmente macho devi<strong>do</strong> à placa de incubação não evidente). Aincubação <strong>do</strong>s ovos durou de 19 a 24 dias. Os filhotes nasceram entre 15 e19/02 e foram registra<strong>do</strong>s no ninho pela última vez dia 09/03. Sen<strong>do</strong> otempo de permanência no ninho entre 21 e 25 dias. As medidas externas <strong>do</strong>ninho (em cm) foram: 20,0x31,0x22,0, 12,5 altura da abertura e 5,0 largurada abertura. Não houve diferença significativa entre os membros <strong>do</strong> par,para número de visitas ou para o tempo despendi<strong>do</strong> no ninho, durante aincubação. Porém, o número de visitas alimentares aos ninhegos diferiusignificativamente (Mann-Whitney, U’=81, p


Embora não se tenha visto o par construir o ninho externamente, é possívelque o par o tenha construí<strong>do</strong> ou realiza<strong>do</strong> pequenas modificações em umninho de F. rufus.Órgãos financia<strong>do</strong>res: PIBIC/UERJ e CNPq/UERJ________________________________________________R108Penas de filhotes de cabeças secas (Mycteria americana) comobioindica<strong>do</strong>ras da contaminação de mercúrio no Pantanal.Silvia Nassif Del Lama 1 , Wilson Figueire<strong>do</strong> Jardim 2 , Daniele CôrtesCarvalho 11. Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de SãoCarlos, São Carlos; 2. Laboratório de Química Ambiental, Unicamp,Campinas; dsdl@power.ufscar.brO mercúrio foi utiliza<strong>do</strong> de forma indiscriminada na região dePoconé e Cuiabá (MT), nas bordas <strong>do</strong> Sistema Pantaneiro. Nos garimpos deouro, o mercúrio metálico foi utiliza<strong>do</strong> no processo de amalgamação e,quan<strong>do</strong> volatiliza<strong>do</strong>, alcançou a atmosfera contaminan<strong>do</strong> a região. Teores demercúrio têm si<strong>do</strong> determina<strong>do</strong>s em sedimentos, moluscos, peixes e avesadultas. Colônias reprodutivas de cabeças secas (Mycteria americana) seformam anualmente em locais mais ou menos próximos <strong>do</strong> centro dacontaminação. Filhotes de cabeças secas permanecem no ninho por 8<strong>sem</strong>anas e, nesse perío<strong>do</strong>, são alimenta<strong>do</strong>s com peixes pesca<strong>do</strong>s em umaárea de 20-40 km ao re<strong>do</strong>r da colônia. Esse é o primeiro trabalho realiza<strong>do</strong>no Pantanal utilizan<strong>do</strong> filhotes de cabeças secas como bioindica<strong>do</strong>res dacontaminação pelo mercúrio. Penas das regiões escapular e peitoral de 8-10filhotes (4-6 <strong>sem</strong>anas) foram coletadas em 7 colônias pantaneiras. As penasforam digeridas com áci<strong>do</strong> nítrico e diluídas com água. A concentração totalde mercúrio foi determinada por espectroscopia de absorção atômica devapor frio. Os níveis de mercúrio variaram de 0,050 µg Hg/g a 3,500 µgHg/g, alcançan<strong>do</strong> um valor médio de 0,529 ± 0,521µg Hg/g. Valores


individuais da concentração de mercúrio não ultrapassaram 3,8 µg Hg/g,não alcançan<strong>do</strong>, portanto, o teor de 5,0 µg Hg/g, considera<strong>do</strong> subletal paraaves aquáticas O nível de Hg encontra<strong>do</strong> na região norte <strong>do</strong> Pantanal, nasproximidades <strong>do</strong> rio Cuiabá e em um <strong>do</strong>s seus afluentes (0,683 ± 0,606µgHg/g) difere significativamente <strong>do</strong> nível da região centro-sul (0,299±0,212µg Hg/g). Os níveis de contaminação detecta<strong>do</strong>s nas penas sãocomparáveis aos determina<strong>do</strong>s na mesma espécie na Flórida e aosdetermina<strong>do</strong>s em peixes que ocupam mesma posição na cadeia alimentar,coleta<strong>do</strong>s na mesma região, durante o perío<strong>do</strong> de estiagem pantaneira.Bolsistas FAPESP,CNPQ________________________________________________R109Caracterização estrutural e funcional de hemoglobinas de gaivotarapineira(Catharacta maccormicki).Gustavo Fraga Landini 1 , Arno Rudi Schwantes 2 , Maria Luiza BarcellosSchwantes 2 , Alfre<strong>do</strong> Di Vito Neto 3 e Marcelo <strong>do</strong>s Santos 3 .1. Bolsista FAPESP Proc. 99/06389-8 (gusfra@uol.com.br); 2. Professores ePesquisa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Depto de Genética e Evolução da Universidade Federal de SãoCarlos, Laboratório de Evolução Molecular (arschwantes@uol.com.br); 3.Pesquisa<strong>do</strong>res e Doutores <strong>do</strong> Depto de Genética e Evolução(vito.alf@zipmail.com.br).As adaptações moleculares refletem a habilidade <strong>do</strong>s organismos dese haverem com as flutuações ambientais a que estão submeti<strong>do</strong>s. O estu<strong>do</strong>das hemoglobinas constitui-se num excelente parâmetro para este estu<strong>do</strong>,pois se situam na interface organismo-meio, ten<strong>do</strong> que retirar dele ooxigênio disponível para suprir as necessidades <strong>do</strong> organismo, além deresponder diretamente às alterações ambientais. Duas coletas dehemoglobinas de skuas (Catharacta maccormicki, uma ave migratória)foram realizadas, em outubro e fevereiro ( com médias de temperatura de -1e de 5 graus Celsius, respectivamente) com o objetivo de comparar aspossíveis adaptações metabólicas devi<strong>do</strong> às condições ambientais extremas


que estas aves estão submetidas. Foram analisadas afinidades hemoglobinaoxigênioem sangue total e em stripped, a influência de nucleotídeosfosfata<strong>do</strong>s que podem alterar esta afinidade e os níveis destes fosfatosintraeritrocitários. Para tanto, filhotes ainda sob o cuida<strong>do</strong> <strong>do</strong>s pais foramsubmeti<strong>do</strong>s ao equilíbrio de oxigenação no local da coleta (ECF – Antártida), nas duas etapas, para obtenção de da<strong>do</strong>s em ambiente natural. Não foramencontradas diferenças significativas nos gráficos de afinidade Hb-O 2 paraos <strong>do</strong>is perío<strong>do</strong>s, o que nos leva a crer, a princípio, que a migração não sejaum fator determinante para modificações funcionais a este nível. Aamplitude de efeito Bohr para as duas situações foi praticamente o mesmo,Φ= -2,1 indican<strong>do</strong> Bohr normal para ambas. A descrição funcional para ahemoglobina stripped demonstrou valores de P50 inferiores aos obti<strong>do</strong>s paraequilíbrio em sangue total, evidencian<strong>do</strong> uma maior afinidade dahemoglobina ao oxigênio na ausência de possíveis modula<strong>do</strong>res. O efeitoBohr <strong>do</strong> la<strong>do</strong> alcalino foi normal, amplitude Φ= -1,9 e <strong>do</strong> la<strong>do</strong> áci<strong>do</strong>,reverso, característica de hemoglobinas de aves. A cooperatividade obtidaentre os grupo heme, em alguns casos, foi considerada relativamente alta, esugerin<strong>do</strong> ser produto da polimerização das cadeias de hemoglobina quemascara o real valor. Os nucleosídeos fosfata<strong>do</strong>s atuam como modula<strong>do</strong>rese podem alterar essa afinidade. Os nucleosídeos testa<strong>do</strong>s e adiciona<strong>do</strong>s àhemoglobina stripped foram o 2,3 DPG (difosfoglicerato) e o IHP (inositolhexafosfato). A escolha destes modula<strong>do</strong>res deve-se ao fato <strong>do</strong> IHP serexclusivo de aves adultas, com poucas exceções, e o 2,3DPG ser modula<strong>do</strong>rexclusivo de hemoglobinas de aves antes da eclosão <strong>do</strong>s ovos. Comoresulta<strong>do</strong>s obteve-se modulação negativa da hemoglobina com a adição <strong>do</strong>smodula<strong>do</strong>res, sen<strong>do</strong> o <strong>do</strong> IHP levemente mais intenso que o DPG. Esteexperimento pode confirmar o fato <strong>do</strong> IHP ser um modula<strong>do</strong>r extremamentepoderoso nas hemoglobinas de aves adultas. O efeito Bohr encontra<strong>do</strong> paraas duas situações foi levemente diferente, sen<strong>do</strong> IHP com Φ= - 1,7 e DPGcom Φ= - 1,9 sugerin<strong>do</strong> que o IHP facilite, mais que o 2,3DPG, a captação<strong>do</strong> oxigênio pela hemoglobina em nível pulmonar e sua liberação nosteci<strong>do</strong>s. Como principais modula<strong>do</strong>res da afinidade hemoglobina-oxigênioem aves adultas, tivemos como resulta<strong>do</strong> a presença de inositóis fosfata<strong>do</strong>s,principalmente o inositol hexafosfato ( IHP ). Ainda não encontramosnenhuma diferença significativa em níveis de IHP entre animais coleta<strong>do</strong>sno inverno e no verão demonstran<strong>do</strong> que a migração não possa ser um fatorque altere tais valores de modula<strong>do</strong>res. Também não encontramos apresença de 2,3 difosfoglicerato intraeritrocitário. De acor<strong>do</strong> com aliteratura, este fosfato (2,3 DPG) está presente nas hemácias de aves comoprincipal modula<strong>do</strong>r somente antes da eclosão <strong>do</strong>s ovos, momento no qual


seu nível decresce vigorosamente. A partir de então, o IHP passa a ser oprincipal modula<strong>do</strong>r.Órgãos Financia<strong>do</strong>res: FAPESP e CNPq.________________________________________________R110Recuperação de Sterna hirun<strong>do</strong>, procedentes <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s eEuropa.Pedro Cerqueira Lima 1 ; Helen Hays 2 ; Rita de Cássia Ferreira da R. Lima 1 eSidnei Sampaio <strong>do</strong>s Santos 1 .1-Cetrel S/A Empresa de Proteção ambiental <strong>do</strong> Pólo Petroquímico deCamaçari, Via Atlântica Km 9 Interligação Estrada <strong>do</strong> Coco - CEP42810000 - Camaçari - Bahia. Email: pedro@cetrel.com.br; 2-AmericanMuseum of Natural History - Central Park W 79th.Street, New York, USA.Dentre os representantes da família Laridae, a espécie Sternahirun<strong>do</strong> é a mais comum no litoral brasileiro. Lara-Resende e Leal (1982)levantaram 213 aves com anilhas americanas, encontradas no Brasil entre1928 e 1980, Cordeiro et al (1996) relacionam 430 recuperações entre1980/1994, onde 218 foram recuperadas no Parque Nacional da Lagoa <strong>do</strong>Peixe (RS). Cordeiro aponta o Rio Grande <strong>do</strong> Sul como recorde emrecuperações de S. hirun<strong>do</strong> procedentes da América <strong>do</strong> Norte, fican<strong>do</strong> aBahia em segun<strong>do</strong> lugar com 99 recuperações. Durante o perío<strong>do</strong> de1995/2001, realizamos campanhas de levantamento e anilhamento dasespécies de aves migratórias e aves residentes, que buscam alimento na foz<strong>do</strong> Rio Real em Mangue Seco, na Bahia (11 27' S, 37 21' W). Em 1996,ampliamos o nosso campo de ação para abranger to<strong>do</strong> o litoral baiano, ondedescobrimos outros importantes pontos de descanso dessa espécie. Paramapear o litoral baiano, utilizamos uma escuna e um avião monomotor.Através dessa meto<strong>do</strong>logia, mapeamos os pontos mais importantes,destacan<strong>do</strong>-se: Cacha Prego (Ilha de Itaparica), Ponta <strong>do</strong> Curral (Morro deSão Paulo), Bahia de Camamu (Ituberá) e Corumbal (Porto Seguro). Em1998, iniciamos campanhas de anilhamento em to<strong>do</strong>s locais anteriormente


menciona<strong>do</strong>s. De 1995 a 2001, recuperamos 308 aves com anilhasamericanas no litoral baiano, especialmente em Mangue Seco e Cacha Pregoque se destacaram como os locais de maior concentração. As recuperaçõesamericanas procediam <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s de Maine, Connecticut, New Jersey eNew York. Em 1996, Monteiro relatou que alguns exemplares de S. hirun<strong>do</strong>procedentes da América, poderiam migrar para a Europa, no entanto omovimento contrário, não seria possível. De 1996 a 2001, capturamos oitoindivíduos da espécie S. hirun<strong>do</strong>, procedentes <strong>do</strong>s Açores, anilha<strong>do</strong>s porMonteiro em 1997. Nos Açores, Monteiro capturou uma S. hirun<strong>do</strong> que foraanilhada por nossa equipe em Mangue Seco. No mesmo ano, VitorEncarnação capturou outra ave procedente de Mangue Seco, na Ilha deSanta Maria, Açores. Estes são os primeiros registros <strong>do</strong> movimentotransatlântico leste/oeste da espécie (Lima, 1996). Através da recuperaçãode aves anilhadas na América <strong>do</strong> Norte e Europa, além de podermos traçaras rotas de migrações, estamos coletan<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s biométricos e estudan<strong>do</strong> oshábitos alimentares, através da utilização de rádios transmissores, queauxiliam no rastreamento <strong>do</strong>s ban<strong>do</strong>s dessa espécie, quan<strong>do</strong> em busca dealimento. Hoje, a Bahia é recordista em recuperações da espécie S. hirun<strong>do</strong>,anilhadas na América <strong>do</strong> Norte e Europa.________________________________________________R111Recuperação de Sterna <strong>do</strong>ugallii, anilhadas nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s eEuropa.Pedro Cerqueira Lima 1 ; Helen Hays 2 ; Rita de Cássia Ferreira da R. Lima 1 eSidnei Sampaio <strong>do</strong>s Santos 1 .1-Cetrel S/A Empresa de Proteção ambiental <strong>do</strong> Pólo Petroquímico deCamaçari, Via Atlântica Km 9 Interligação Estrada <strong>do</strong> Coco - CEP42810000 - Camaçari - Bahia. Email: pedro@cetrel.com.br ; 2-AmericanMuseum of Natural History - Central Park W 79th. Street, New York USA.A Sterna <strong>do</strong>ugallii é listada como espécie ameaçada de extinção noCanadá, EUA. e Caribe (Fish and Wildlife Service, 1987). Durante umlongo perío<strong>do</strong> de mais de 30 anos, não se sabia os locais de invernada dessa


espécie. Em 1995, descobrimos em Mangue Seco na Bahia, uma grandeconcentração de S. <strong>do</strong>ugallii juntamente com mais nove representantes dafamília Laridae, visitan<strong>do</strong> o estuário <strong>do</strong> Rio Real (Hayes et al. 1999) sen<strong>do</strong>este o primeiro registro de concentração dessa espécie conheci<strong>do</strong>. Noperío<strong>do</strong> compreendi<strong>do</strong> ente 1995/2001, realizamos campanhas delevantamento e anilhamento das espécies de aves migratórias e avesresidentes, que buscam alimento na foz <strong>do</strong> Rio Real em Mangue Seco, naBahia (11º27'S, 37º21'W). Em 1996, ampliamos o nosso campo de ação paraabranger to<strong>do</strong> o litoral baiano, onde descobrimos outros importantes pontosde descanso dessa espécie. Para mapear o litoral baiano, utilizamos umaescuna e um avião monomotor. Através dessa meto<strong>do</strong>logia, mapeamos ospontos mais importantes, destacan<strong>do</strong>-se: Cacha Prego (Ilha de Itaparica),Ponta <strong>do</strong> Curral (Morro de São Paulo), Baía de Camamu (Ituberá) eCorumbal (Porto Seguro). Em 1998, iniciamos campanhas de anilhamentoem to<strong>do</strong>s locais anteriormente menciona<strong>do</strong>s. Entre 1995/2001, capturamos120 exemplares da espécie S. <strong>do</strong>ugallii com anilhas americanas. Neste total,a ave de anilha 762-03835 estabeleceu um recorde em longevidade,alcançan<strong>do</strong> 25,6 anos. As nossas pesquisas revelaram que a espécie S.<strong>do</strong>ugallii, distribui-se em to<strong>do</strong> o litoral baiano. Para entendermos melhor oshábitos alimentares dessa espécie, estamos usan<strong>do</strong> rádios transmissores,com o apoio <strong>do</strong> American Museum of Natural History, para acompanhar osseus movimentos durante a busca de alimentos. A S. <strong>do</strong>ugallii, realiza omovimento transatlântico leste/oeste, fato este comprova<strong>do</strong> através darecuperação de uma ave anilhada com rádio transmissor em Mangue Seco erecuperada em uma colônia de reprodução nos Açores e uma outra ave comanilha da Inglaterra, anilhada no ninho, pelo British Museum Band na Ilhade Rockabill em 24/06/2000, capturada em 27 de janeiro de 2001 emMangue Seco. Através da recuperação de aves anilhadas na América <strong>do</strong>Norte e Europa, além de podermos traçar as rotas de migrações, estamoscoletan<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s biométricos e estudan<strong>do</strong> os hábitos alimentares, através dautilização de rádios transmissores, que auxiliam no rastreamento <strong>do</strong>s ban<strong>do</strong>sdessa espécie, quan<strong>do</strong> em busca de alimento. Hoje, a Bahia é recordista emrecuperação da espécie S. <strong>do</strong>ugallii, anilhadas na América <strong>do</strong> Norte eEuropa.________________________________________________


R112Anilhamento de aves na Bahia, Programa de Estu<strong>do</strong> e Conservação deFauna da Cetrel.Pedro Cerqueira Lima e Sidnei Sampaio <strong>do</strong>s SantosCetrel S/A Empresa de Proteção ambiental <strong>do</strong> Pólo Petroquímico deCamaçari, Via Atlântica Km 9 Interligação Estrada <strong>do</strong> Coco - CEP42810000 - Camaçari - Bahia. Email: pedro@cetrel.com.brA Empresa de Proteção Ambiental - Cetrel S/A - ao implantar seuprograma de Estu<strong>do</strong> e Conservação de Fauna em 1991, estabeleceu entre osobjetivos o levantamento e monitoramento da fauna no entorno deinfluência <strong>do</strong> Polo Petroquímico de Camaçari, área abrangen<strong>do</strong> osmunicípios de Dias D’Avila, Camaçari, Mata de São João e São Sebastião<strong>do</strong> Passé, região caracterizada pelos ambientes de vegetação secundários eecossistemas de restinga, dunas, cerra<strong>do</strong> e mata atlântica Como técnicaauxiliar ao monitoramento e coleta de da<strong>do</strong>s biológicos das aves, implantouseum projeto de anilhamento com uso de anilhas fornecidas peloCEMAVE, além <strong>do</strong> uso de anéis plásticos e metais colori<strong>do</strong>s. Durante aexecução <strong>do</strong> programa outras áreas de estu<strong>do</strong> e monitoramento foramincorporadas ao projeto, sen<strong>do</strong> alvos de trabalhos os municípios deTeofilândia, Jandaíra, Sítio <strong>do</strong> Conde, Ilha de Itaparica, Palmeiras, SãoFrancisco <strong>do</strong> Paraguassu, Camamu e Ituberá, na Bahia, amplian<strong>do</strong> assim asações para os ecossistemas estuarino, campos rupestres, caatinga e as matasúmidas <strong>do</strong> baixo sul. Para a captura das aves foram utiliza<strong>do</strong>s mist-nets,puçás e armadilhas específicas a depender <strong>do</strong> comportamento da espécie.Da<strong>do</strong>s métricos foram toma<strong>do</strong>s com uso de régua milimetrada epaquímetros, e peso com dinamômetros e pesolas. Entre agosto de 1991 atéjaneiro de 2001 foram anilha<strong>do</strong>s 15. 947 indivíduos de 299 espécies (40.1% das aves listadas para a Bahia ), marca<strong>do</strong>s com anilhas de metal <strong>do</strong>CEMAVE e/ou anilhas coloridas. As espécies com maior número deindivíduos anilha<strong>do</strong>s foram Phaeprogne tapera (2 917), Anas bahamensis (1536), Bubulcus ibis (1 267), Sterna hirun<strong>do</strong> (986), Sporophila nigricollis(765), Sicalis flaveola (636) e Paroaria <strong>do</strong>minicana (607). Das 295 espéciesanilhadas 19 são migrantes setentrionais e 06 austrais. Obtivemos 963recuperações de 99 espécies. Das 99 espécies recapturadas 11 foramanilhadas por outros pesquisa<strong>do</strong>res brasileiros e estrangeiros: Falco


peregrinus (01–USA) Sterna hirun<strong>do</strong> (308 USA, 08 Portugal, 02Argentina), Sterna <strong>do</strong>ugallii (120 USA, 01 Inglaterra), Sterna sandvicencis(01 - USA) , Sterna eurygnatha (37–ES), Calonectris diomedea borealis (18Portugal , 02 Espanha), Arenaria interpres (02-USA), Phalacrocoraxbransfildensis (01 – Island Nelson, Shetland Sul ), Sula dactylatra (03 –Abrolhos - BA), Sula leucogaster (01–Abrolhos-Ba), Anous stolidus (04). ABahia contribui com o maior índice de recaptura de Sterna hirun<strong>do</strong> (USA,Portugal), Sterna <strong>do</strong>ugallii (USA) e Calonectris diomedea borealis(Portugal, Espanha ). Entre as espécies recapturadas a de maior idade foiSterna <strong>do</strong>ugallii com 25,6 anos. Informações importantes para medidas demanejo e conservação estão sen<strong>do</strong> obtidas durante a recaptura e observaçãode aves marcadas com anilhas coloridas.________________________________________________R113Uso de anilhas de metal em aves silvestres brasileiras, uma pequenacontribuição.Pedro Cerqueira Lima; Sidnei Sampaio <strong>do</strong>s Santos e Rita de Cássia F. daRocha Lima.Cetrel S/A Empresa de Proteção Ambiental <strong>do</strong> Pólo Petroquímico deCamaçari, Via Atlântica Km 9 Interligação Estrada <strong>do</strong> Coco - CEP42810000 - Camaçari - Bahia. Email: pedro@cetrel.com.brDurante a execução <strong>do</strong> Programa de Estu<strong>do</strong> e Conservação da Faunada Cetrel, entre agosto de 1991 e janeiro de 2001, anilhamos 15 947indivíduos de 295 espécies de aves. Da<strong>do</strong>s morfométricos de todas asespécies anilhadas foram toma<strong>do</strong>s com paquímetro, sen<strong>do</strong> o tamanho ediâmetro <strong>do</strong> tarso ou tíbia registra<strong>do</strong>s para avaliação de anilhas adequadasao uso de cada espécie. Nosso esforço de trabalho permitiu anilhar avesainda <strong>sem</strong> indicação de anilhas pelo Manual de Anilhamento de AvesSilvestres (IBAMA 1994), indicação que passamos a sugerir : Crypturellusobsoletus (Anilha R), C. noctivagus (R), Phoebetria palpebrata e P. fusca(V), Pterodroma incerta (R), P. mollis (P), Pachyptila desolata e P. belcheri(H), Procellaria aequinoctialis, P. conspicillata (T), Puffinus griseus (S),


Pelagro<strong>do</strong>ma marina (H), Fregetta tropica (G), Ixobrychus involucris (P),Gampsonyx swainsoniii (L/M), Chondrohierax uncinatus (U), Geranoaetusmelanoleucus (V), Herpetotheres cachinnans (R), Micrastur <strong>sem</strong>itorquatus(R), Milvago chimachima (R), Ortalis araucuan (P), Penelope jacucaca (T),Aramides mangle (R), A. ypecaha (R), Laterallus melanophaius (L), L.viridis (L), Neocrex erythrops (M), Porphyrula flavirostris (R), Gallinagoundulata (R), Stercorarius longicaudus (P), Claravis pretiosa (M),Aratinga cactorum (M), A. aurea (M), Pyrrhura leucotis (L), P. perlata (L),Forpus xanthopterygius (G-altura 3mm), Brotogeris tirica (L), Pionitesleucogaster (P), Pionopsitta pileata (P), Pionus menstruus (R), P.maximiliani (R); Amazona rho<strong>do</strong>corytha (S), A . aestiva (S), A . amazonica(S), Dromoccocyx phasianellus (P),Pulsatrix perspicillata (U), Rhinoptynxclamator (T/U) ,Nyctibius griseus (P-altura 3mm), Caprimulgus rufus (G),Cypseloides senex (J), Chaetura meridionalis (D), Panyptila cayennensis(G), Trogon viridis (H), Chloroceryle inda (G), Ramphastos vitellinus (R),Picumnus pygmaeus (D/E), Phloeoceastes melanoleucos (M), Gyalophylaxhellmayri (G), Megaxenops parnaguae (G), Sakesphorus cristatus (E/G),Myrmotherula urosticta (D), Pyriglena atra (G), Myrmeciza ruficauda (G),M. loricata (G), Todirostrum fumifrons (D), Hemitriccus striaticollis (A/C),Ornithion inerme (C), Phaeoprogne tapera (D/E), Donacobius atricapillus(G) Scaphidura oryzivora (P), Psaracolius decumanus (P), Icteruscayanensis (G), Leistes superciliaris (G), Conirostrum bicolor (D), Tersinaviridis (G), Tangara velia (E), T. sele<strong>do</strong>n (E), Paroaria <strong>do</strong>minicana (G),Sporophila albogularis (D). Algumas anilhas indicadas no Manual deAnilhamento de Aves Silvestres (op.cit ) não são adequadas para a marcaçãodas aves por ter diâmetro igual ou menor ao tarso da ave, e ainda em algunscasos a altura <strong>do</strong> anel é próxima ao comprimento <strong>do</strong> tarso exposto para usoda anilha, situação encontrada nos Psittacidae . Nesta família a altura daanilha deve corresponder à metade da anilha (CEMAVE) e o anel deve serconfecciona<strong>do</strong> em aço inox para evitar o <strong>do</strong>bramento provoca<strong>do</strong> pelapressão exercida pelas bicadas, evitan<strong>do</strong> assim a perda <strong>do</strong> tarso e possívelmorte da ave. Aves que tem indicação de anilha inadequada para uso noanilhamento e as correções, respectivamente, são : Calonectris diomedea (N– S/T), Vanellus chilensis (M– P), Crotophaga ani (J/L– M), Tangaracayana – (C/D – E) e Celeus flavescens (E - M).________________________________________________


R114Avifauna da Mata Atlântica no Baixo Sul, Bahia.Pedro Cerqueira Lima; Sidnei Sampaio <strong>do</strong>s Santos; Zil<strong>do</strong>mar SouzaMagalhães e Rita de Cássia Ferreira da Rocha Lima.Cetrel S/A Empresa de Proteção ambiental <strong>do</strong> Pólo Petroquímico deCamaçari, Via Atlântica Km 9 Interligação Estrada <strong>do</strong> Coco - CEP42810000 - Camaçari - Bahia. Email: pedro@cetrel.com.brA região <strong>do</strong> Baixo Sul baiano, forma<strong>do</strong> pelos municípios deIgrapiúma, Ituberá, Camamu e Valença é responsável por abrigar aindauma significativa parcela da Mata Atlântica, algo em torno de 9 000 ha.Objetivan<strong>do</strong> gerar informações que subsidiem planos de açõesconservacionistas para a região a Fundação BioBrasil, a Cetrel e asPlantações Michelin da Bahia estão realizan<strong>do</strong> o levantamento da fauna,concentran<strong>do</strong> maior esforço com o grupo das aves. Paralelo ao levantamentoo projeto contempla ainda o anilhamento, coleta de da<strong>do</strong>s biológicos,registro fotográfico e sonográfico das aves, além de atividades de educaçãoambiental. Até o momento as atividades foram realizadas em um fragmentode 900 ha, sen<strong>do</strong> possível registrar 212 espécies (34% das aves da MataAtlântica – Conservation Internationl 2000) , das quais 35 formas sãoendêmicas ao <strong>do</strong>mínio da Mata Atlântica (Cracraft, 1985) e 12 estãoindicadas segun<strong>do</strong> IBAMA e IUCN como ameaça<strong>do</strong>s (Crax blumenbachii,Spizaetus tyrannus, Aratinga auricapilla, Touit melanonota, Phaethornismargarettae, Myrmeciza ruficauda, Myrmotherula urostica, Scytalopuspsychopompus Thripophaga macroura, Xipholena atropurpurea, Procniasnudicollis, Carduelis yarrellii). Registros distantes da área de ocorrênciaconhecida foram <strong>do</strong>cumenta<strong>do</strong>s para Hylophilus thoracicus. Foramanilha<strong>do</strong>s até o momento 777 indivíduos de 96 espécies (45,2% das aves jáidentificadas). As famílias e a espécie com maior índice de captura foram:Pipridae ( n = 209, Pipra rubrocapilla n = 86 ), Formicariidae (n = 156,Myrmotherula urostica n = 43 ), Dendrocolaptidae (n = 81, Glyphorynchusspirurus n = 39), Tyrannidae (n = 47, Mionectes oleagineus n = 19),Trochilidae (n = 44, Glaucis hirsuta n = 30), Furnariidae (n = 38, Xenopsminutus n = 25). As capturas foram feitas com redes de neblina à altura detrês metros a partir <strong>do</strong> solo. Durante o anilhamento da<strong>do</strong>s métricos foramtoma<strong>do</strong>s com paquímetros e peso com pesolas. Até momento foram


fotografadas mais de 100 espécies e registro sonográfico de mais 50espécies. Atividades de Educação Ambiental estão sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s com ascomunidades da região através de palestras, exposições de vídeo eparticipação nas atividades de campo. A região é responsável ainda pelamanutenção de cursos d’água que abastecem os rios, merecen<strong>do</strong> atenção oJuliana, que forma no seu curso várias cachoeiras, com destaque para aPancada Grande, ponto turístico na região e local de pouso para <strong>do</strong>rmida demilhares de an<strong>do</strong>rinhões: Cypseloides senex e Streptoprocne zonaris.________________________________________________R115Registro de grandes populações de an<strong>do</strong>rinhas na Bahia.Pedro Cerqueira Lima¹; Sidnei Sampaio <strong>do</strong>s Santos¹; Rita de Cássia Ferreirada Rocha Lima; Aloisio Ferreira da Rocha Neto e Pericles Alves de LimaJúnior².¹Cetrel S/A Empresa de Proteção ambiental <strong>do</strong> Pólo Petroquímico deCamaçari, Via Atlântica Km 9 Interligação Estrada <strong>do</strong> Coco - CEP42810000 - Camaçari - Bahia. Email: pedro@cetrel.com.br; ² CaraíbaMetais – Polo Petroquímico - Camaçari – BahiaUm <strong>do</strong>s fenômenos relaciona<strong>do</strong>s à migração de alguns hirundinídeosé a congregação aos milhares na hora de <strong>do</strong>rmir. Esta concentração pode sedar em locais fortemente ilumina<strong>do</strong>s, com forte o<strong>do</strong>r, calor intenso e muitobarulho. Em uma refinaria de petróleo às margens <strong>do</strong> Rio Negro, Amazonas,foi registrada 1984, uma concentração com mais de 100.000 an<strong>do</strong>rinhas(Sick, 1997). Na Bahia, em 1999, uma concentração com aproximadamente100.000 indivíduos representa<strong>do</strong>s por Phaeoprogne tapera tapera,Phaeoprogne t. fusca, Progne chalybea <strong>do</strong>mestica e Stelgi<strong>do</strong>pteryxruficollis escolheram uma área de siderurgia de cobre da Caraíba Metais, empleno Pólo Petroquímico de Camaçari, para pernoitar. Anilhamos 2 954aves, sen<strong>do</strong> 1 555 Phaeoprogne t. fusca, 974 Phaeoprogne t. tapera, 421Phaeprogne tapera sspp., 03 Stelgi<strong>do</strong>pteryx ruficollis e 1 Progne chalybea.As duas subespécies de Phaeprogne representaram mais de 99% dapopulação. As aves pernoitavam em árvores em uma área cercada porprédios forman<strong>do</strong> um grande quadra<strong>do</strong>. Para mensurar a temperatura das


diferentes estruturas deste quadra<strong>do</strong> utilizamos um termômetro ótico. Osprédios acumularam calor de cerca de 4 a 12 ºC acima da temperaturaambiente às 17:30 h, horário que as an<strong>do</strong>rinhas começaram a chegar; ostroncos da árvores mantêm-se 2 ºC acima da temperatura ambiente. Paramedir as condições climáticas, instalamos uma rede de monitoramento <strong>do</strong> armóvel, que coletou os seguintes da<strong>do</strong>s: velocidade <strong>do</strong> vento (km/h), direção,temperatura ( o C), umidade relativa <strong>do</strong> ar e pluviosidade (mm). Oequipamento foi coloca<strong>do</strong> nas proximidades das árvores onde as an<strong>do</strong>rinhas<strong>do</strong>rmiam, os da<strong>do</strong>s foram colhi<strong>do</strong>s durante o mês de junho. A velocidademínima <strong>do</strong> vento ocorreu dia 14 (10 km/h), máxima dia 17 (36 km/h); atemperatura mínima dia 16 (21,8 o C) e a máxima no mesmo dia (27,8 o C); aumidade relativa <strong>do</strong> ar mínima dia 27 (68,1%) e máxima dia 17 (99,4%); apluviosidade máxima no dia 4 (35,30 mm). A Caraiba Metais, por ser umasiderúrgica, trabalha com fornos de altas temperaturas, proporcionan<strong>do</strong> ummicroclima ideal ao pernoite das an<strong>do</strong>rinhas neste local. Os prédiosabsorvem e armazenam calor e as árvores protegidas pelos prédios evitam adissipação <strong>do</strong> calor durante à noite, proporcionan<strong>do</strong> assim uma zona deconforto. Foram coleta<strong>do</strong>s ainda da<strong>do</strong>s de peso, dinâmica de muda, medidasde comprimento total e idade. Para a captura das aves, foram usadas 20redes de neblina, dispostas duas a duas (uma sobre a outra) em hastesmetálicas com 6 m de comprimento. Além <strong>do</strong> anilhamento, as aves forampintadas com aci<strong>do</strong> pícrico para acompanhar deslocamentos diários embusca de alimentos.Apoio: CETREL, Caraíba Metais e CEMAVE.________________________________________________


R116Monitoramento da avifauna limícola e aquática <strong>do</strong> Parque Barigui(Curitiba, Paraná).Anabel de Lima 1 e Vanessa C.Fabri 2Faculdades Integradas Espírita, Curitiba, PR. 1. anabyo@zipmail.com.br; 2.vanefabri@uol.com.br.O Parque Barigui localiza-se na região norte <strong>do</strong> município deCuritiba (49°18’W e 25°25’S), com área aproximada de 1.500.000 m 2 , éforma<strong>do</strong> por ambientes paludícolas, aquáticos com lago (o qual ocupa 40%da área total <strong>do</strong> parque) e ilhotas, brejos e ambiente terrestre misto,constituí<strong>do</strong> por Floresta Ombrófila Mista e floresta secundária. O trabalhofoi realiza<strong>do</strong> ao longo de um perío<strong>do</strong> estacional completo, de fevereiro de2000 à fevereiro de 2001, com duas observações mensais (manhã e tarde),totalizan<strong>do</strong> 36 horas. Para monitoramento das populações, realizou-secenso, através <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de contagem por pontos, distribuí<strong>do</strong>s por to<strong>do</strong>perímetro <strong>do</strong> lago. Durante a pesquisa, verificou-se que Egretta thula,Casmerodius albus Amazonetta brasiliensis, Gallinula chloropus, Jacanajacana e Vanellus chilensis são aves residentes, poden<strong>do</strong> ser observadas noparque ao longo de to<strong>do</strong> o ano. Phalacrocorax brasilianus foi visualiza<strong>do</strong>apenas entre os meses de julho e janeiro, utilizan<strong>do</strong> o parque principalmentecomo <strong>do</strong>rmitório, permanecen<strong>do</strong> pouquíssimos indivíduos ao decorrer <strong>do</strong>dia alimentan<strong>do</strong>-se. Nycticorax nycticorax foi visualiza<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> mês deagosto até o mês de encerramento da pesquisa, utilizan<strong>do</strong>-o paraalimentação, <strong>do</strong>rmitório e nidificação. Anas versicolor foi constatada apenasno outono de 2000. Himantopus himantopus foi visto alimentan<strong>do</strong>-se entreabril e setembro. Tringa solitaria, Tringa melanoleuca e Tringa flavipes sãoespécies migratórias e foram observadas apenas no verão de 2000, nãoretornan<strong>do</strong> ao parque no verão de 2001. Tal fato foi também observa<strong>do</strong> emrelação a outras espécies, pois constatou-se uma considerável queda nadiversidade das mesmas e em relação ao número total de indivíduos, nomesmo perío<strong>do</strong> estacional. O lago é forma<strong>do</strong> pelo rio Barigui, o qual recebeuma grande descarga de efluentes e resíduos ao longo de seu trajeto, o quecontribui ao processo de assoreamento, sen<strong>do</strong> esse positivo para as aves,pois proporcionou a formação de ilhotas, mas entre fevereiro e novembro de2000, to<strong>do</strong> o lago foi draga<strong>do</strong>, descaracterizan<strong>do</strong> esse ambiente e levan<strong>do</strong>


consigo a vegetação aquática. A má qualidade da água influenciou nofornecimento de alimento, principalmente às aves piscívoras, já que porvários meses constatou-se a mortandade de peixes.________________________________________________R117Efeito da fragmentação florestal sobre aves da família Formicariidae naregião de Londrina, norte <strong>do</strong> Paraná.Edson Varga Lopes 1,2 , Luiz <strong>do</strong>s Anjos 1,3,4 , Alan Loures-Ribeiro 3 , MarcioRodrigo Gimenes 3 , Luciana Baza Men<strong>do</strong>nça 3 , Graziele Hernandes Volpato 1e Reginal<strong>do</strong> José da Silva 1 .1. Departamento de Biologia Animal e Vegetal Universidade Estadual de Londrina,CP 6001 Londrina – PR, CEP 86051-970; 2. edson.vargas@bol.com.br BolsistaP.I.B.C./CNPq; 3. Pós-graduação em Ecologia de Ambientes AquáticosContinentais Universidade Estadual de Maringá; 4. Bolsista APQ-CNPqA maioria das aves da família Formicariidae apresenta estreitarelação com o ambiente florestal. Neste estu<strong>do</strong> foi analisa<strong>do</strong> o efeito dafragmentação florestal sobre 16 espécies de aves desta família na região deLondrina, norte <strong>do</strong> Paraná. Quatro remanescentes florestais foramanalisa<strong>do</strong>s: RA (656 ha); RB (310 ha) liga<strong>do</strong> a RA por corre<strong>do</strong>r florestal de1000 m de comprimento e 500 m de largura; RC (87 ha), isola<strong>do</strong>, a 1000 mde RA ; RD (350 ha), bastante isola<strong>do</strong>, a 6000 m de RA. Amostragensquantitativas por pontos de escuta foram realizadas de setembro de 2000 ajaneiro de 2001. Dois dias de amostragem (uma réplica) foram realiza<strong>do</strong>smensalmente em cada remanescente (40 dias no total ). Em cada dia, cincopontos (100 m de espaçamento) foram amostra<strong>do</strong>s. Número igual deespécies foi registra<strong>do</strong> em RA e RB (12 espécies; 11 em comum); RC e RDapresentaram 6 e 7 espécies respectivamente. Grallaria varia foi registradasomente em RA e Drymophila ferruginea foi registrada somente em RB,enquanto Batara cinerea, Chamaeza campanisoma, Drymophila malura eHylopezus ochroleucus foram registra<strong>do</strong>s somente em RA e RB.Hypoedaleus guttatus (χ²=1,32; gl=3; p>0.05) e Pyriglena leucoptera(χ²=4,79; gl=3; p>0,05) não apresentaram diferença significativa entre o


número de contatos nos quatro remanescentes. Conopophaga lineata(χ²=58,42; gl=3; p


sequência da região D-loop. Observamos um número variável de pequenassequências (CAAA) repetidas em tandem junto à porção 3’ <strong>do</strong> fragmento.Um teste de homologia indicou que parte da região D-loop de Mycteriaamericana apresenta 66% de homologia com as sequências de Ciconiaciconia e Ciconia boyciana.Órgãos Financia<strong>do</strong>res: FAPESP Processo 98/16359-6, Processo 98/06160-8________________________________________________R119Descrição de um ninho de Nyctibius griseus (Caprimulgiformes:Nyctibiidae) <strong>do</strong> norte de Minas Gerais.Leonar<strong>do</strong> Esteves Lopes 1,2 e Felipe Leite1.UFMG-ICB, Laboratório de Ecologia de Aves. Caixa Postal 486. BeloHorizonte, MG. 30161-970 (leo@uaimail.com.br); 2. Bolsista CNPq.A família Nyctibiidae constitui um grupo de aves bem defini<strong>do</strong>,abrigan<strong>do</strong> apenas um gênero, com seis espécies. São aves solitárias enoturnas, restritas às regiões mais quentes <strong>do</strong> Neotrópico. A biologia dessaaves é ainda pouco conhecida, pois são dificilmente detectadas devi<strong>do</strong> a suaplumagem extremamente críptica e imobilidade durante o dia. Encontramosum ninho de Nyctibius griseus (Urutau) no dia 21/12/2000, durante umaexpedição de reconhecimento à região <strong>do</strong> rio Pandeiros, Município deJanuária, norte de Minas Gerais. O rio Pandeiros é um importante afluente<strong>do</strong> São Francisco, atravessan<strong>do</strong> uma região de transição entre o cerra<strong>do</strong> e acaatinga. O ninho foi encontra<strong>do</strong> na borda de uma mata seca, ao la<strong>do</strong> de umpasto, num galho de uma leguminosa (Papilionoidea) de cerca de 6 m dealtura. O ninho, na realidade uma pequena cavidade, localizava-se na partemais elevada de um galho horizontal arquea<strong>do</strong>. O galho media cerca de 15cm de diâmetro e estava a 3,50 m de altura <strong>do</strong> solo. Já a cavidade possuíaaproximadamente 6 cm de diâmetro por 2 cm de profundidade, ten<strong>do</strong> seorigina<strong>do</strong>, provavelmente, da decomposição de um galho quebra<strong>do</strong>, nãohaven<strong>do</strong> a possibilidade de ter si<strong>do</strong> escavada por um Nyctibius adulto.Nenhum tipo de revestimento foi observa<strong>do</strong>. O único filhote mediaaproximadamente <strong>do</strong>is terços <strong>do</strong> adulto, apresentan<strong>do</strong> a plumagem


esbranquiçada, repleta de manchas e estrias escuras. O filhote posicionavasede frente para o adulto, ambos em posição ereta, na borda da cavidade.Ao detectar a nossa presença o adulto mostrou-se bastante agita<strong>do</strong>,acompanhan<strong>do</strong> atentamente a nossa movimentação. Já o filhote permaneceuimóvel, erguen<strong>do</strong> a cabeça lentamente e fechan<strong>do</strong> os olhos, assumin<strong>do</strong> aposição de alerta. Da<strong>do</strong>s de literatura conferem com as características <strong>do</strong>ninho aqui descrito, ou seja, ninho localiza<strong>do</strong> em uma cavidade rasa <strong>sem</strong>revestimento, comportan<strong>do</strong> um único filhote. Por motivos logísticos, não foipossível o acompanhamento subseqüente <strong>do</strong> ninho.________________________________________________R120Registros de um ninho de Ictinia plumbea (Ordem: Falconiformes) emuma área urbana <strong>do</strong> município de Maringá (Paraná).Alan Loures-Ribeiro 3 ; Luiz <strong>do</strong>s Anjos 1,3,4 ; Márcio Rodrigo Gimenes 3 ;Edson Vargas Lopes 1,2 ; Luciana Baza Men<strong>do</strong>nça 3 ; Reginal<strong>do</strong> José da Silva 1e Graziele Hernandes Volpato 1 .1. Departamento de Biologia Animal e Vegetal - Universidade Estadual deLondrina, Cx.P.6001. Londrina, PR. 86051-970; 2. edson.vargas@bol.com.br,Bolsista P.I.B.C/CNPq; 3. Pós-Graduação em Ecologia de Ambientes AquáticosContinentais, Universidade Estadual de Maringá - Bloco G-90. Maringá, PR.87020-900; 4. Bolsista APQ-CNPqO conhecimento de aspectos relaciona<strong>do</strong>s à biologia das aves derapina no Brasil ainda é incipiente, contrastan<strong>do</strong> com o número de estu<strong>do</strong>srealiza<strong>do</strong>s principalmente em países da Europa e nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Aconservação de diferentes espécies de Falconiformes depende <strong>do</strong>conhecimento de aspectos relaciona<strong>do</strong>s a distribuição, taxonomia,abundância e requerimentos de hábitat, informações necessárias para adeterminação <strong>do</strong> “status” em que estas espécies se encontram. Um ninho deIctinia plumbea com um filhote, situa<strong>do</strong> no campus da UniversidadeEstadual de Maringá, foi encontra<strong>do</strong> durante a segunda quinzena <strong>do</strong> mês denovembro de 2000. As observações relacionadas a da<strong>do</strong>s comportamentaisforam realizadas com o auxílio de binóculos de 8 e 10 aumentos, próximas


ao ninho e em diferentes pontos <strong>do</strong> campus. O ninho situava-se em umacanafístula Peltophorum dubium (Leguminosae: Caesalpinioideae) deaproximadamente 15 m de altura. Este localizava-se a cerca de 8 m <strong>do</strong> chão,na base da confluência de três ramos periféricos <strong>do</strong> tronco central, medin<strong>do</strong>aproximadamente 45x30 mm de larguras maior e menor, relativamente raso,no formato de uma tigela. Junto ao ninho, foi encontra<strong>do</strong> um filhote,apresentan<strong>do</strong> plumagem de imaturo, sob os cuida<strong>do</strong>s parentais. Foramlocaliza<strong>do</strong>s ainda fragmentos de ovos no chão, imediatamente abaixo <strong>do</strong>ninho, de cor cinza-claro e portan<strong>do</strong> manchas verde-claro. Ao longo desteperío<strong>do</strong>, o filhote recebeu os cuida<strong>do</strong>s parentais de ambos os pais,principalmente pela fêmea, consumin<strong>do</strong> basicamente pequenos insetos.Nenhum regurgito foi encontra<strong>do</strong> próximo ao entorno <strong>do</strong> ninho. O filhotefoi observa<strong>do</strong> em 4 ocasiões exercitan<strong>do</strong> suas asas e em vôos curtos entre osgalhos da árvore. Este aban<strong>do</strong>nou o local cerca de 10 dias após o início deseu monitoramento. Durante 4 dias o filhote ainda foi observa<strong>do</strong> em árvoresvizinhas e próximo ao ninho.________________________________________________R121Descrição de um ninho de Lepi<strong>do</strong>colaptes fuscus (Dendrocolaptidae) <strong>do</strong>nordeste de Minas Gerais, com da<strong>do</strong>s sobre sua dieta e pterilose <strong>do</strong>sninhegosMiguel Ângelo Marini 1,2 , Leonar<strong>do</strong> Esteves Lopes 1,2 , Alexandre MendesFernandes 1,2 e Fabiane Sebaio 11.UFMG-ICB, Laboratório de Ecologia de Aves. Caixa Postal 486. BeloHorizonte, MG. 30161-970; 2. Bolsistas CNPqLepi<strong>do</strong>colaptes fuscus é um arapaçu de tamanho pequeno a médio,que habita as matas de baixadas e montanhas. Ocorre <strong>do</strong> Ceará ao RioGrande <strong>do</strong> Sul, Goiás, Paraguai e Misiones (Argentina), sen<strong>do</strong> poucos osda<strong>do</strong>s relativos à sua reprodução. Encontramos um ninho em 08/09/2000 emum fragmento de mata seca no município de Jequitinhonha, nordeste deMinas Gerais. O ninho encontrava-se em um buraco no tronco de umaleguminosa (Mimosoidea) a cerca de 1 m de altura. A árvore possuía 90 cm


de diâmetro na base e 70 cm de diâmetro na entrada <strong>do</strong> ninho. A aberturapossuía cerca de 75 cm de comprimento e largura máxima de 3,6 cm. Acâmara oológica encontrava-se 10 cm, abaixo da parte inferior da abertura,estan<strong>do</strong> forrada por uma espessa camada de riti<strong>do</strong>mas. O ninho continha<strong>do</strong>is filhotes pesan<strong>do</strong> 8,0 e 10,1 g, sugerin<strong>do</strong> que a incubação sejaassincrônica. A pterilose (arranjo das penas em áreas definidas decrescimento) natal <strong>do</strong>s ninhegos também foi analisada, revelan<strong>do</strong> diferençassensíveis entre os <strong>do</strong>is filhotes, sugerin<strong>do</strong> que o padrão de plumagens não seencontra completamente desenvolvi<strong>do</strong> no momento que o filhote deixa oovo. A análise <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> estomacal <strong>do</strong>s ninhegos revelou a ingestão deAranea (2), Orthoptera (2) e Coleoptera (1 larva) pelo filhote maior e deAranea (5) e Orthoptera (2) pelo filhote menor. Um adulto que atendia oninho teve o seu conteú<strong>do</strong> estomacal analisa<strong>do</strong> pela técnica <strong>do</strong> tártaroemético, revelan<strong>do</strong> a presença de Aranea (1). Já outro adulto captura<strong>do</strong> nomesmo fragmento revelou Aranea (4), Homoptera (4), Coleoptera (2),Lepi<strong>do</strong>ptera (1), Hemiptera (1), Formicidae (1), Pseu<strong>do</strong>scorpiones (1).Da<strong>do</strong>s sobre placa de incubação e protuberância cloacal de 49 indivíduoscaptura<strong>do</strong>s ao longo de 5 anos no esta<strong>do</strong> de Minas Gerais, indicam que areprodução dessa espécie ocorre principalmente entre os meses de setembroa dezembro, portanto, durante a estação chuvosa.________________________________________________R122Morfometria de Elaenia spp. (Passeriformes, Tyranidae): um estu<strong>do</strong>didático de análise multivariada.Onil<strong>do</strong> João Marini-Filho 1 e Roberto B. CavalcantiDep. de Zoologia, Universidade de Brasília, 70910-900, Brasilia, DF. 1.End. Atual: Lab. Ecologia e Comportamento de Insetos, Dep. Biol. Geral,ICB, UFMG, 31161-970, Belo Horizonte, MG. marinif@mono.icb.ufmg.br.Apresentamos neste trabalho uma breve revisão de <strong>do</strong>is méto<strong>do</strong>s deanálise multivariada, análise de agrupamentos (clusters) e análise decomponentes principais (PCA), bem como os critérios que devem serobedeci<strong>do</strong>s para a boa utilização destes méto<strong>do</strong>s. Posteriormente passamos a


um estu<strong>do</strong> de caso utilizan<strong>do</strong> os méto<strong>do</strong>s expostos para a separaçãomorfológica de oito espécies <strong>do</strong> gênero Elaenia (Passeriformes: Tyranidae):Elaenia flavogaster, E. spectabilis, E. parvirostris, E. albiceps, E.chiriquensis, E. mesoleuca, E. cristata, e E. obscura. Utilizamos seisvariáveis nesta análise: altura, largura e comprimento <strong>do</strong> bico, comprimentoda asa, <strong>do</strong> tarso/metatarso e da cauda. A análise mais apropriada para esteconjunto de da<strong>do</strong>s foi a PCA centralizada e padronizada com partiçõesposteriores. Três espécies, E. obscura, E. spectabilis e E. cristata, ficaramrelativamente bem diferenciadas das outras nesta análise. No entanto, oconjunto de variáveis avaliadas neste estu<strong>do</strong> não foi suficiente para separaralgumas das espécies com maior similaridade morfométrica. Apesar <strong>do</strong>número de variáveis avaliadas aqui não serem suficientes para fazer aseparação morfométrica da maneira desejada por taxonomistas, as análisessugerem a existência de diferenças ecológicas evidenciadas pela separaçãodas espécies no espaço morfométrico determina<strong>do</strong> pelas características <strong>do</strong>formato <strong>do</strong> bico e <strong>do</strong> corpo.________________________________________________R123Inventário preliminar da avifauna <strong>do</strong> Parque de Exposições Tancre<strong>do</strong>de Almeida Neves, Chapecó (Santa Catarina).Mariléa Fátima Matiazzo 1 e Vanessa Barbisan Fortes 21. Polícia de Proteção Ambiental, cppa8p@pm.sc.gov.br; 2. CCAA –UNOESC Campus Chapecó, vanessa@unoesc.rct-sc.br.Os danos causa<strong>do</strong>s ao ambiente pelas ações antrópicas colocam emrisco a fauna em geral que é obrigada a se adaptar aos novos ambientes. Odesequilíbrio ambiental pode levar algumas espécies de aves a causaremenormes prejuízos, principalmente a agricultura, outras tem seu hábitat tãodrasticamente modifica<strong>do</strong> que não resistem, sen<strong>do</strong> muitas vezes extintaslocalmente. As espécies de hábitos alimentares mais generalistas, em geralsão as que melhor conseguem adaptar-se aos ambientes urbanos, sen<strong>do</strong>muitas delas consideradas aves sinantropas. Este trabalho teve como


objetivo o levantamento preliminar da avifauna <strong>do</strong> Parque de ExposiçõesTancre<strong>do</strong> de Almeida Neves, no município de Chapecó/SC. Trata-se de umparque aberto à visitação <strong>do</strong> público, onde são desenvolvidas caminhadas deeducação ambiental, e o conhecimento das espécies de aves que aí ocorremserá utiliza<strong>do</strong> com tal finalidade. O parque possui uma área de 50 000 m 2 ,sen<strong>do</strong> ocupada por edificações entremeadas por vegetação exótica (Pinus spe ornamentais) concentradas mais ao oeste e sul. Ao leste e norte <strong>do</strong> parqueexistem alguns agrupamentos arbóreos de espécies nativas e é onde estãolocalizadas duas lagoas, uma com 400 m 2 e a outra com 125 000 m 2 . Assaídas a campo foram realizadas no perío<strong>do</strong> de junho de 1999 a maio de2000, num total de quinze visitas, onde foram percorri<strong>do</strong>s a pé os diferentesambientes encontra<strong>do</strong>s no parque. As observações foram realizadas comutilização de binóculos 8x35 no perío<strong>do</strong> matutino, durante quatro horasconsecutivas, amostragens complementares esporádicas realizadas à tarde eà noite com duração de duas horas, perfazen<strong>do</strong> um total de 70 horas depesquisa em campo. Foram registradas 50 espécies de aves distribuídas em20 famílias, quais sejam: Ardeidae com 4%, Anatidae com 4%, Accipitridaecom 4%, Falconidae com 2%, Rallidae com 4%, Jacanidae com 2%,Charadriidae com 2%, Columbidae com 6%, Cuculidae com 6%, Strigidaecom 2%, Alcedinidae com 2%, Picidae com 6%, Furnariidae com 2%,Tyrannidae com 10%, Hirundinidae com 4%, Troglodytidae com 2%,Muscicapidae com 4%, Mimidae com 2%, Emberizidae com 30% e famíliaPasseridae com 2%. Agrupan<strong>do</strong>-se por categorias tróficas obteve-se:categoria onívora com 40%, insetívora com 32%, granívora com 16%,frugívora com 2%, carnívora com 4% e piscívora com 6%. Apesar <strong>do</strong>parque ser um ambiente fortemente antrópico, o número de espéciesencontradas é bastante significativo. Os da<strong>do</strong>s provenientes deste estu<strong>do</strong>reforçam a importância deste parque urbano como um local onde apopulação ainda pode ter contato com muitas espécies de nossa avifaunanativa.________________________________________________


R124Peso e tamanho <strong>do</strong> tarso de filhotes de cabeças-secas (Mycteriaamericana) em colônias da América <strong>do</strong> Norte e <strong>do</strong> Sul.Keiko Kusamura Mattos 1 , Silvia Nassif Del Lama 1 , Lawrence Bryan 2 eCristiano Dosual<strong>do</strong> Rocha 11. Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de SãoCarlos, São Carlos, SP; 2. Savannah Ecology Laboratory, Georgia, EUA,pkeiko@iris.ufscar.brIndivíduos de uma mesma espécie quan<strong>do</strong> se desenvolvem emambientes diversos podem diferir quanto a seus caracteres fenotípicos. Essadiferenciação entre grupos amostra<strong>do</strong>s em hábitats diferentes pode serexplicada por diferenças genéticas ou como resultante de um efeitopuramente ambiental nos fenótipos <strong>do</strong>s indivíduos. Colônias reprodutivas decabeças secas ( Mycteria americana ) são formadas na América <strong>do</strong> Norte e<strong>do</strong> Sul. Estu<strong>do</strong>s de marca<strong>do</strong>res genéticos têm demonstra<strong>do</strong> alta identidadegenética entre esses <strong>do</strong>is grupos. Procurou-se nesse trabalho comparar opeso e o tamanho <strong>do</strong> tarso em filhotes de cabeças secas de colônias norte esul americanas a fim de verificar se estas populações são morfologicamentedistinguíveis. A amostra compreendeu 87 filhotes de cabeças secas norteamericanos e 70 sul americanos. Valores médios de peso, tarso e da relaçãopeso/tarso referentes as amostras da América <strong>do</strong> Norte e <strong>do</strong> Sul foramcompara<strong>do</strong>s pelo teste t, ten<strong>do</strong> diferi<strong>do</strong> significativamente. Esse resulta<strong>do</strong>observa<strong>do</strong> pode ser explica<strong>do</strong> pela composição da dieta pois as colôniasnorte americanas estudadas estão localizadas em ambiente costeiro marinhoe as brasileiras no Pantanal. Uma disponibilidade alimentar diferente nessasduas regiões também pode explicar o resulta<strong>do</strong> encontra<strong>do</strong>. Uma correlaçãosignificativa (P


características fenotípicas pois estas envolvem o fator genético e oambiental.Bolsistas FAPESP 98/06160-8 e CNPq________________________________________________R125Descrição de um ninho de Ictinia plumbea (Accipitridae) no campus daUFMS em Três Lagoas, Mato Grosso <strong>do</strong> Sul.Fernanda Pereira de MeloMestra<strong>do</strong> em Ecologia e Conservação, UFMS, Campo Grande/MS;ferjaguar@zipmail.com.brO accipitridae Ictinia plumbea é uma espécie comum, ocorren<strong>do</strong> emto<strong>do</strong> o Brasil. Tem comportamento migratório, desaparecen<strong>do</strong> <strong>do</strong> Leste e <strong>do</strong>Sul no inverno. Na cidade de Três Lagoas, localizada a leste de MatoGrosso <strong>do</strong> Sul, (20º59´S, 51º46´W), é possível observar vários indivíduosdesta espécie, durante os meses de setembro a dezembro. O objetivo <strong>do</strong>estu<strong>do</strong> é descrever a corte e o ninho utiliza<strong>do</strong> por I. plumbea, durante <strong>do</strong>isanos consecutivos, no bosque em frente ao campus II da UFMS. Asobservações foram feitar nas estações reprodutivas de 1997 e 1998,utilizan<strong>do</strong> binóculos 10x50, câmera filma<strong>do</strong>ra, e máquina fotográfica. Nos<strong>do</strong>is anos consecutivos o mesmo ninho foi utiliza<strong>do</strong>. Este ficava aaproximadamente 18 m de altura <strong>do</strong> chão, construí<strong>do</strong> com gravetos, em umaforquilha de uma árvore. Enquanto construíam o ninho, no início desetembro, exibiam comportamento de cópula inúmeras vezes, durantequinze dias. Copulavam nas mais diversas áreas <strong>do</strong> bosque, inclusive dentro<strong>do</strong> ninho. Em 1998 a postura <strong>do</strong>s ovos ocorreu entre os dias três e cinco deoutubro, quan<strong>do</strong> foi observa<strong>do</strong> o casal revezan<strong>do</strong> na incubação. O filhotenasceu após 33 dias. No final de novembro o filhote já estava to<strong>do</strong>empluma<strong>do</strong>, e foi observa<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s pais caçan<strong>do</strong> um siriri Tyrannusmelancholicus, para alimentá-lo. Este foi apenas um <strong>do</strong>s inúmeros ninhosencontra<strong>do</strong>s neste bosque. Foram observa<strong>do</strong>s também ninhos de Gampsonyxswainsonii, Elaenia flavogaster, Lepi<strong>do</strong>colaptes angustirostris e


Todirostrum cinereum, frisan<strong>do</strong> a importância da manutenção desta áreacomo possibilidade de reprodução para esta e outras espécies. Estes da<strong>do</strong>scorroboram com os descritos na literatura e outros estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s emoutras regiões, com esta mesma espécie.________________________________________________R126Comportamento reprodutivo <strong>do</strong> cuitelão, Jacamaralcyon tridactyla, comnova evidência para convergência ecológica entre galbulídeos emeropídeos.Tadeu Artur de Melo-JúniorDepto. Biologia, UNIFRAN. Av. Dr. Arman<strong>do</strong> Salles de Oliveira, 201,Parque Universitário, Franca, SP. 14404-600; tadeu_melojr@yahoo.com.brA estrutura de um ninho pode refletir características evolutivasassociadas às estratégias reprodutivas das aves. Espécies neotropicais queutilizam cavidades em barranco como local de ninho ou <strong>do</strong>rmitório,permanecem pouco estudadas quanto a essas estratégias. O objetivo dessetrabalho é apresentar da<strong>do</strong>s sobre arquitetura das cavidades ecomportamento reprodutivo <strong>do</strong> cuitelão, Jacamaralcyon tridactyla. Essaespécie usa regularmente cavidades como <strong>do</strong>rmitórios ou locais denidificação. Entre agosto de 1998 a maio de 1999 foram monitoradas 16cavidades ocupadas por indivíduos de J. tridactyla, sen<strong>do</strong> quatro dessassituadas no Parque Estadual Fernão Dias (PEFD) (19º56’S e 44º04’W) e asdemais (n = 12) na RPPM da Usina Maurício (UMCL) (21º25’S e42º49’W). Para estudar a arquitetura das cavidades, foram medidas a largurae altura da abertura, altura em relação ao solo e profundidade das galerias.As aberturas apresentaram em média as seguintes dimensões: largura = 59 ±10 mm, altura = 64 ± 13 mm. As médias obtidas para altura da abertura dacavidade em relação ao solo e profundidade foram, respectivamente, 2,31 ±1,25 m e 1,42 ± 0,22 m. O tempo total de escavação pelas aves em trêscavidades monitoradas variou entre 56-78 dias. Adicionalmente, foramencontradas cavidades inativas (n = 5) usadas e modificadas para


eprodução por <strong>do</strong>is passeriformes oscines: a an<strong>do</strong>rinha-serra<strong>do</strong>ra(Stelgi<strong>do</strong>pteryx ruficollis) e o saí-an<strong>do</strong>rinha (Tersina viridis). A reproduçãode J. tridactyla ocorreu entre os meses de setembro-dezembro, sen<strong>do</strong>associada com a estação chuvosa. O perío<strong>do</strong> de incubação verifica<strong>do</strong> paraessa espécie variou entre 18-19 dias. O perío<strong>do</strong> de alimentação <strong>do</strong>s filhotes<strong>do</strong> cuitelão nas cavidades variou entre 28-30 dias. Durante esta fase, foidetectada a presença de <strong>do</strong>is auxiliares no ninho, levan<strong>do</strong> alimento para ointerior de uma cavidade no PEFD. Esse tipo de assistência parental tambémé constatada para várias espécies de abelharucos (Meropidae), queapresentam outras características ecológicas convergentes com osgalbulídeos, especialmente no mo<strong>do</strong> de forrageamento e na alimentação defilhotes. Os comportamentos descritos indicam que o cuitelão possui umcomplexo sistema social que merece uma investigação mais detalhada.1.FAPESP (97/04642-2), CNPq, Cia. Força e Luz Cataguases-Leopoldina.________________________________________________R127Comportamento alimentar de Jacamaralcyon tridactyla (Galbuliformes,Galbulidae), em duas reservas no Esta<strong>do</strong> de Minas Gerais.Tadeu Artur de Melo-JúniorDepto. Biologia, UNIFRAN. Av. Dr. Arman<strong>do</strong> Salles de Oliveira, 201,Parque Universitário, Franca, SP. 14404-600; tadeu_melojr@yahoo.com.brO cuitelão, Jacamaralcyon tridactyla, é uma espécie monotípica degalbulídeo ameaçada de extinção. É ave endêmica da Mata Atlântica,ocorren<strong>do</strong> nos fragmentos da floresta estacional <strong>sem</strong>idecídua. O objetivodesse trabalho foi levantar da<strong>do</strong>s sobre o forrageamento da espécie em <strong>do</strong>isambientes distintos: (1) área urbana de 20 ha, com plantação de eucalipto, e(2) fragmento florestal de 220 ha. Foram seleciona<strong>do</strong>s seis grupos de aves,previamente marcadas, em duas reservas no Esta<strong>do</strong> de Minas Gerais. NoParque Estadual Fernão Dias (PEFD) (19º56’S e 44º04’W) foram estuda<strong>do</strong>strês grupos totalizan<strong>do</strong> dez indivíduos (n1 = 2, n2 = 6, e n3= 2), sen<strong>do</strong>outros três grupos estuda<strong>do</strong>s na RPPM da Usina Maurício (UMCL)


(21º25’S e 42º49’W), totalizan<strong>do</strong> 15 indivíduos (n4 = 3, n5 = 5, e n6 = 7).As aves foram visualmente monitoradas entre abril-julho de 1998,totalizan<strong>do</strong> 192 horas de campo. Nas duas áreas houve aumento nasatividades de espreita (Kruskal-Wallis, PEFD H = 4,11, p = 0,53 e UMCL H= 23,36, p = 0,001) e forrageamento no perío<strong>do</strong> da manhã, com pico nomeio <strong>do</strong> dia e decréscimo à tarde. A maioria das presas (n = 283) foicapturada na região da borda com a estratégia sally-strike, entre 2-6 m dealtura e entre 2-4 m de distância <strong>do</strong> poleiro. Os itens consumi<strong>do</strong>s foramHymenoptera (35,6 %), Lepi<strong>do</strong>ptera (18,4 %), O<strong>do</strong>nata (12,6 %), Diptera(6,3 %), Homoptera (4,2 %) e Hemiptera (1 %). Adicionalmente, foramdetectadas presas não observadas visualmente, mas presentes em pelotas deregurgitação: Coleoptera e Orthoptera. Posteriormente, foi verifica<strong>do</strong> oconsumo de Isoptera, durante o perío<strong>do</strong> reprodutivo. A maioria <strong>do</strong>s itensapresa<strong>do</strong>s possuía comprimento menor que 2 cm (n = 118, 41,7%). Osregistros para manipulação de presas (n = 177) após a captura, indicam quepara a maioria <strong>do</strong>s insetos, foi usa<strong>do</strong> um tempo inferior a <strong>do</strong>is minutos (n =80, 45,2%). Espécies de Lepi<strong>do</strong>ptera consumidas pelas aves foramdeterminadas por asas coletadas (n = 46) embaixo <strong>do</strong>s poleiros principais eindicam que J. tridactyla pode ser seletivo para esse item. Porém, paradeterminar se a ave utiliza preferencialmente itens disponíveis naproximidade <strong>do</strong>s poleiros ou se seleciona presas de fato, seria necessário odesenvolvimento de estu<strong>do</strong> que quantificasse esses recursos.FAPESP (97/04642-2), CNPq e Cia. Força e Luz Cataguases-Leopoldina.________________________________________________R128Análise da as<strong>sem</strong>bléia de aves de uma área em Itapuã, Viamão, RioGrande <strong>do</strong> SulAndré de Men<strong>do</strong>nça-Lima e Sandra Maria HartzUFRGS, Dep. de Ecologia, Lab. de ecologia de vertebra<strong>do</strong>s, Porto Alegre,RS; men<strong>do</strong>ncalima@hotmail.com e hartzsm@ecologia.ufrgs.brEste trabalho pretendeu averiguar modificações na as<strong>sem</strong>bléia deaves durante diferentes estações <strong>do</strong> ano. O local de estu<strong>do</strong>s apresentaFloresta Estacional Semi-Decidual, campos limpos, campos sujos,plantações (e.g. cana-de-açúcar, azevém, milho) e capões de mata isola<strong>do</strong>s.


As expedições à campo ocorreram durante o inverno de 2000 e verão de2001. Foram percorridas trilhas aleatórias em áreas de mata, campo e bordade mata. As espécies de aves foram determinadas por visualização e/ou pelavocalização. As categorias tróficas e os hábitats foram determina<strong>do</strong>s comauxílio de bibliografia específica e com observações de campo. Durante arealização <strong>do</strong> trabalho constatou-se a presença de 115 espécies de aves nolocal de estu<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> 93 espécies no inverno e 106 no verão. O hábitatsmais utiliza<strong>do</strong> pelas aves foi mata e borda de mata tanto no inverno quantono verão, respectivamente 25,8% e 28,4%. O número de espécies exclusivasde matas (11 sp.) manteve-se constante durante as duas estações <strong>do</strong> ano. Acategoria trófica de maior representatividade foi a <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res deartrópo<strong>do</strong>s, tanto no inverno (33,3%) quanto no verão (34%). A chegada deaves migratórias de verão ocasionou um aumento no número de avesconsumi<strong>do</strong>ras de frutos e insetos <strong>do</strong> inverno (10 espécies) para o verão (18espécies). Cabe ressaltar a utilização de um campo com cultivo de cana-deaçúcarcomo corre<strong>do</strong>r para espécies como T. caerulescens, Basileuterusculicivorus e Todirostrum plumbeiceps, para deslocarem-se de um capãopara uma mata. Registros de Piculus aurulentus e Dendrocolaptesplatyrostris foram importantes, pois aumentam a extensão de ocorrênciadestas aves para o Esta<strong>do</strong>.Financia<strong>do</strong>r: UFRGS - PPG-Ecologia e CNPq________________________________________________R129Uso de plantas nativas e exóticas pelos beija-flores (Trochilidae) numaárea urbanizada em Londrina, norte <strong>do</strong> Paraná.Luciana Baza Men<strong>do</strong>nça 1,2 , Luiz <strong>do</strong>s Anjos 1,3,4 , Graziele HernandesVolpato 3 , Alan Loures-Ribeiro 1 , Marcio Rodrigo Gimenez 1 e Edson VargaLopes 3 .1. Pós-graduação em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais UniversidadeEstadual de Maringá; 2. lu_baza@yahoo.com.br 3. Departamento de BiologiaAnimal e Vegetal, Universidade Estadual de Londrina, CP 6001 Londrina - PR.86051-970; 4. Bolsista APQ-CNPq;Os beija-flores são aves que se alimentam basicamente <strong>do</strong> néctar dasflores. Consideran<strong>do</strong> que a composição e fisionomia da vegetação de uma


área urbanizada geralmente diferem daquela anteriormente presente naregião, no presente trabalho analisou-se (1) como os beija-flores exploramessa paisagem e (2) o comportamento das espécies durante o forrageio. Osestu<strong>do</strong>s foram realiza<strong>do</strong>s na área urbanizada <strong>do</strong> campus da UniversidadeEstadual de Londrina (230 ha; 23º19’19”S, 51º12’04”W), onde a vegetaçãonativa fora amplamente substituída por espécies exóticas. Semanalmente,entre abril e agosto de 2000, foram realizadas observações padronizadas aolongo de um transecto (ca. 2000 m) com tempo de percurso de cerca de 3horas, percorri<strong>do</strong> duas vezes em cada dia de observação (45 dias ou 238horas de observação). Para os beija-flores a<strong>do</strong>tou-se a nomenclaturaproposta por Schuchmann (1999). Dez espécies de beija-flores foramregistradas. As espécies mais frequentes foram Florisuga fuscus,Chlorostilbon aureoventris, Hylocharis chrysura, e Polyerata lactea,enquanto Campylopterus macroura apresentou a menor frequência deocorrência. Os beija-flores utilizaram um total de 23 espécies vegetais (17exóticas e 6 nativas), sen<strong>do</strong> as espécies exóticas mais visitadas que asnativas. O comportamento de forrageio foi bastante diversifica<strong>do</strong> entre asespécies. P. lactea visitou 17 espécies de plantas enquanto C. macrourautilizou apenas 2. A. nigricollis e H. squamosus foram as espécies commaior similaridade no uso <strong>do</strong>s recursos florais. Grande parte das espéciesobservadas exibiu comportamento territorial. C. macroura, F. fuscus, eLeucochloris albicollis foram as espécies <strong>do</strong>minantes, enquanto C.aureoventris e o “trapliner” Phaethornis pretrei foram afastadas <strong>do</strong>srecursos florais em to<strong>do</strong>s os encontros interespecíficos. Quan<strong>do</strong> P. pretrei éretira<strong>do</strong> da análise, houve relação entre <strong>do</strong>minância e massa corpórea. Acoexistência de 10 espécies de beija-flores encontradas na UEL resulta,provavelmente, da combinação de diferentes características morfológicas,distribuição local e sazonal das espécies de beija-flores e diferenças nocomportamento de forrageio.Órgãos financia<strong>do</strong>res: CNPq, CAPES.________________________________________________


R130Dieta de Myrmeciza ferruginea (Formicariidae) comparada àdisponibilidade de presas em floresta amazônica de terra firme.Luiz Augusto Mace<strong>do</strong> MestrePrograma de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais – UFSCar.lmestre@inpa.gov.br.As aves insetívoras são um <strong>do</strong>s grupos mais afeta<strong>do</strong>s peladescaracterização e fragmentação de hábitats naturais, pois declinamdrasticamente em riqueza e abundância nos primeiros anos após oisolamento promovi<strong>do</strong> pela fragmentação de florestas. A espécieMyrmecyza ferruginea é um insetívoro terrestre que ainda permaneceu empequenas áreas fragmentadas, diferente da maioria das espécies simpátricasque forrageiam sobre a liteira. A tendência desta espécie a ser menosvulnerável a extinção nos fragmentos sugere uma generalização nos padrõesde forrageio, ou apenas que a abundância de suas principais presas nãomodifiquem com a perturbação local. Este estu<strong>do</strong> está sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> defevereiro a outubro de 2001 nas reservas administradas pelo Projeto deDinâmica Biológica de Fragmentos Florestais <strong>do</strong> convênioINPA/Smithsonian, caracterizadas como floresta tropical úmida de terrafirme situadas a norte de Manaus (2 o 20’00”S e 60 o 00’00”W). As áreas deestu<strong>do</strong> incluem quatro fragmentos de 1 ha, três de 10 ha, localiza<strong>do</strong>s nasfazendas Colosso, Porto Alegre e Dimona e áreas de floresta continua nestasfazendas e em reservas mais ao norte (41 e Gavião). As amostragens dedieta são realizadas apenas em áreas de floresta contínua. As aves sãolocalizadas em seus territórios e atraídas por playback para uma redeneblinadisposta próxima, sen<strong>do</strong> capturadas apenas após as 7:00 h e, nomáximo, até às 15:00 h, para terem um tempo de forrageio antes e depois <strong>do</strong>procedimento. O indivíduo é pesa<strong>do</strong>, marca<strong>do</strong>, induzi<strong>do</strong> a regurgitar atravésda administração oral de tártaro emético (solução de tartarato de antimônio epotássio, 1,5% de solução/0,8 ml por 100 g de peso) e solto após oprocedimento. O conteú<strong>do</strong> estomacal regurgita<strong>do</strong> é preserva<strong>do</strong> em álcool80% e analisa<strong>do</strong> sob lupa. Para cada amostra, os fragmentos de presa sãoidentifica<strong>do</strong>s e organiza<strong>do</strong>s em categorias taxonômicas, que relacionam onível ordem e, quan<strong>do</strong> possível, o esta<strong>do</strong> de maturação (larva ou adulto). Osfragmentos identifica<strong>do</strong>s como pertencentes ao mesmo exemplar, são


conta<strong>do</strong>s e medi<strong>do</strong>s para estimar o número mínimo e o tamanho das presas.Simultaneamente as amostragens de dieta, são feitas amostragens mensaisda comunidade de artrópo<strong>do</strong>s de liteira em fragmentos e em florestacontínua. Uma área de 30 x 30 cm de liteira é amostrada em 5 pontossortea<strong>do</strong>s. Nas áreas de floresta contínua as amostras de <strong>do</strong>is plotes fixos de10 ha, são somadas a mais 3, em 1 ha ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> local de captura de cadaaves induzida a regurgitar. Os artrópo<strong>do</strong>s (com exceção de àcaros ecolêmbolos) com mais de 0,5 mm são tria<strong>do</strong>s visualmente e organiza<strong>do</strong>s emcategorias taxonômicas, que relacionam o nível ordem, tamanho e, quan<strong>do</strong>possível, o esta<strong>do</strong> de maturação (larva ou adulto). Nesta análise preliminar,as dez amostras de regurgito indicaram que ovos de insetos (33%), aranhas(20%), coleópteros (15%) e ortópteros (12%) são os itens maisfreqüentemente consumi<strong>do</strong>s por Myrmeciza ferruginea. Os 20% restantessão compostos por formigas, opiliões, hemipteros e larvas de coleópteros.Foram estimadas 55,8% de presas entre 2 e 6 mm, 37,9% maiores que 6 mme 6,3% ente 0,5 e 2 mm. A abundância variou entre 3 e 16 indivíduosestima<strong>do</strong>s por amostra e a riqueza entre 2 e 6 taxon por amostra. Para aanálise da disponibilidade de presas utilizei da<strong>do</strong>s amostra<strong>do</strong>s de fevereiroa maio de 2001, 3128 artrópo<strong>do</strong>s dispostos em 25 grupos taxonômicos. Ostáxons mais abundantes na liteira foram Formicidae, Isoptera, Diplopoda,Coleoptera e Araneae medin<strong>do</strong> entre 0,5 e 2 mm. O que demonstra queMyrmeciza ferruginea tem preferência por determina<strong>do</strong>s itens e não estáalimentan<strong>do</strong>-se apenas <strong>do</strong> mais disponível. As variação <strong>do</strong> número total depresas em potencial, presentes na comunidade de liteira, não diferiramsignificativamente em relação aos fragmentos de 1 ha, 10 ha e florestascontínuas (KW = 0,369 / p = 0,832 NS). A análise gráfica destes da<strong>do</strong>smostra uma maior quantidade de ovos de insetos na floresta contínua,porém, a abundância de aranhas, coleópteros e ortópteros é equivalente.Assim, pode-se inferir, nesta primeira análise, que a abundância total <strong>do</strong>sprincipais itens alimentares consumi<strong>do</strong>s por Myrmeciza ferruginea não estámodifican<strong>do</strong> significativamente nos hábitats fragmenta<strong>do</strong>s, uma possívelexplicação para esta continuar habitan<strong>do</strong> os fragmentos. No entanto, apossibilidade de mudança de dieta com a modificação <strong>do</strong> hábitat, a pequenaárea de vida e a preferência por microhábitats próximos a clareiras sejamoutros fatores que contribuam para esta espécie ser menos vulnerável àfragmentação. Os resulta<strong>do</strong>s a serem obti<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong>, contribuirão parao conhecimento mais específico das interações aves – insetos em áreasfragmentadas, possibilitan<strong>do</strong> inferências de quais seriam os principaisefeitos da fragmentação de hábitat sobre a dieta de aves insetívoras e sobre a


disponibilidade de insetos que ocorrem em fragmentos florestais naAmazônia Central.Fontes financia<strong>do</strong>ras: CAPES; PDBFF - INPA/STRI; WWF________________________________________________R131Escolha de local de nidificação e sucesso reprodutivo de três espécies deTyrannidae utilizan<strong>do</strong> cavidades artificiais em ambiente urbano.Érica de S. MódenaGraduação em Ciências Biológicas, UFMS. Campo Grande, MS;ermodena@terra.com.brDiversas espécies de aves que dependem de cavidades em árvorespara a nidificação podem apresentar reduções no tamanho populacional emdecorrência da retirada de árvores. Como algumas espécies de Tyrannidaeque utilizam cavidades em árvores para a nidificação são comuns emambiente urbano, foi realiza<strong>do</strong> um experimento com cavidades artificiaisafim de avaliar a taxa de ocupação <strong>do</strong>s Tyrannidae em relação a diferentestipos de aberturas de cavidades artificiais e alguns aspectos da vegetação.Além disso, a hipótese de que o sucesso reprodutivo está relaciona<strong>do</strong> adiferentes tipos de aberturas foi testada através de um experimentoconduzi<strong>do</strong> em cinco locais distintos no campus da UFMS, que variavamcom relação ao adensamento de edificações e de vegetação secundária. Ostratamentos consistiram de trinta caixas de madeira (13x13x15 cm)instaladas em árvores à 3m de altura <strong>do</strong> solo, as quais foram diferenciada<strong>sem</strong> 3 conjuntos basea<strong>do</strong> no diâmetro de abertura de entrada, pequena (5,5cm), média (6,0) e grande (6,5). Em cada local, foi marcada uma parcela de20 m de raio em torno de cada caixa e as árvores com diâmetro superior a 15cm foram identificadas ao nível de família, medi<strong>do</strong> o diâmetro de altura <strong>do</strong>peito (DAP) e a distância de cada planta à arvore onde estava disposta acaixa. A ocupação das caixas pelas aves foi acompanhada de agosto de 1999a outubro de 2000. Três espécies de aves pertencentes à família Tyrannidae,Myiarchus ferox, Myiarchus swainsoni e Myiodynastes maculatus ocuparam


nove caixas para a nidificação durante o perío<strong>do</strong> amostra<strong>do</strong>. A taxa deocupação nas cavidades artificiais não diferiu com relação ao diâmetro deabertura, à riqueza nem com a distância das árvores. No entanto, foiinversamente correlacionada com o DAP médio. Portanto, essas espéciesocuparam preferencialmente áreas com uma maior abundância de árvores ede menor DAP médio, o que poderia proporcionar uma maiordisponibilidade de insetos. O sucesso reprodutivo diferiu entre os diâmetrosde aberturas. As aves que utilizaram as caixas pequenas alcançaram ummaior sucesso reprodutivo quan<strong>do</strong> comparadas às médias e grandes. Adificuldade de acesso <strong>do</strong>s preda<strong>do</strong>res, provavelmente pode ter influencia<strong>do</strong>positivamente o sucesso reprodutivo <strong>do</strong>s indivíduos que ocuparam as caixaspequenas. Ninhos em cavidades são comumente preda<strong>do</strong>s por Felis<strong>do</strong>mesticus e Didelphis sp., animais freqüentes na área de estu<strong>do</strong>. Essetrabalho mostra que nas áreas de estu<strong>do</strong> essas espécies podem se reproduzirem cavidades artificiais.________________________________________________R132Registro de variegação em marreca-piadeira, Dendrocygna viduata,coletada em Santa Vitória <strong>do</strong> Palmar, Rio Grande <strong>do</strong> Sul.Leonar<strong>do</strong> Vianna MohrCEMAVE–IBAMA e PROAVES - Rua Miguel Teixeira 126, Porto Alegre,90050-250, RS, leovmohr@portoweb.com.br.A supressão parcial de pigmentação, em plumagem de aves, podereceber duas denominações, albinismo parcial ou variegação, consistin<strong>do</strong>em áreas de plumagem com padrão mancha<strong>do</strong>, onde algumas penas nãoapresentam qualquer tipo de pigmento e as demais possuem coloraçãonormal. Durante as atividades de coleta de da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> projeto demonitoramento de aves cinegéticas no Rio Grande <strong>do</strong> Sul, desenvolvi<strong>do</strong>pelo Centro de Pesquisas para Conservação das Aves Silvestres(CEMAVE/IBAMA), participou-se de barreiras de fiscalização de caça,promovidas pelo IBAMA/RS, nas quais foram coletadas, basicamente,informações sobre espécie e número de aves abatidas e proporção sexual.


Em uma barreira realizada em 06/09/1998, em Camaquã, obteve-se umespécime de marreca-piadeira, D. viduata, abati<strong>do</strong> na Fazenda Bela Vista,em Santa Vitória <strong>do</strong> Palmar, que apresentou um padrão de coloraçãoaberrante nas penas centrais da região ventral, que eram totalmente brancas,ao invés <strong>do</strong> padrão barra<strong>do</strong>. Aparentemente, este é o primeiro registro <strong>do</strong>fenômeno, para a família Anatidae, no Rio Grande <strong>do</strong> Sul.Órgão financia<strong>do</strong>r: CEMAVE/IBAMA________________________________________________R134Aspergillus fumigatus e Aspergillus niger isola<strong>do</strong>s em ovos embriona<strong>do</strong>sde Struthio camelus (avestruz), em Cabo Frio, Rio de Janeiro.Lívia H. Moreira da Silva 1 ; Ary E. About-Dutra 2 e Nicolau M. Serra-Freire 31)Universidade <strong>do</strong> Grande Rio (Unigranrio), Profª Ornitopatologia, Av. Marquesde Herval, 1216, Duque de Caxias, CEP 25071-200, lhsil@uol.com.br; 2)Universidade <strong>do</strong> Grande Rio (Unigranrio), Profª Doenças Bacterianas e Virais, Av.Marques de Herval, 1216, Duque de Caxias, CEP 25071-200; 3)FIOCRUZ, Dep.Entomologia, Laboratório de Ixodides, Av. Brasil, 4365, Manguinhos, CEP 21045-900, nmsf@ioc.fiocruz.brEm uma propriedade de Estruticultura em Cabo Frio, RJ, Brasil, quevisa o desenvolvimento reprodutivo <strong>do</strong> plantel de avestruzes, havia baixaeclodibilidade nos ovos coloca<strong>do</strong>s para a incubação artificial. Os ovo<strong>sem</strong>briona<strong>do</strong>s de varias idades de incubação (20 a 35 dias) e cuja morteembrionada estava confirmada pela ovoscopia foram submeti<strong>do</strong>s aosexames macroscópico e laboratorial. Ao exame macroscópico pode-seobservar, nos líqui<strong>do</strong>s alantóide e amniótico, a presença de varias colônia<strong>sem</strong> desenvolvimento e a casca <strong>do</strong> ovo apresentava áreas escuras e manchasnegras. Deste material então foi feito um zaragatoa e inocula<strong>do</strong> em meio decultura, Agar Sabouraud, para o isolamento e identificação das colônias.Foram isola<strong>do</strong>s e identifica<strong>do</strong>s Aspergillus fumigatus e Aspergillus nigerdestas amostras, caracterizan<strong>do</strong> a baixa assepsia das incubadeiras enasce<strong>do</strong>uros da propriedade por erros de manejo, pois estes fungos já são de


interesse na avicultura moderna sen<strong>do</strong> um problema causan<strong>do</strong> a morteembrionada pela baixa desinfecção das incubadeiras que devem ser feitasregularmente para garantir a descontaminação e resolver o problema.________________________________________________R135Estratégia de forrageio e técnica de captura de duas espécies detiranídeos <strong>do</strong> campus da Universidade Estadual de Feira de Santana,Bahia.Mariara de Souza Mota 1 e Caio Graco Macha<strong>do</strong> 2 .LORMA (Laboratório de <strong>Ornitologia</strong> e Mastozoologia), DCBio, UEFS, BR1116, km 03; 44031-460. Feira de Santana, BA;mariaramota@zipmail.com.br ; 2 graco@uefs.br )Os tiranídeos apresentam diversas técnicas para capturar suas presas,o que é aventa<strong>do</strong> como a causa <strong>do</strong> sucesso evolutivo desta família. Opresente trabalho buscou identificar as técnicas de captura de presas de duasespécies de tiranídeos (Fluvicola nengeta e Tyrannus melancholicus) e otipo de comportamento, segun<strong>do</strong> a teoria <strong>do</strong> forrageamento ótimo. A coleta<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s foi realizada entre os meses de abril e maio de 2001 no campus daUEFS, uma área de vegetação aberta e antropizada, composta de jardins egrama<strong>do</strong>s. As observações eram feitas no início da manhã e no final datarde, sen<strong>do</strong> registra<strong>do</strong>s, para cada contato com estas aves: o horário etempo de contato, número de investidas feitas para capturar presas, tipos detécnicas de captura utilizadas e altura de forrageio. Fluvicola nengetaapresentou 799 investidas distribuídas em 5 categorias diferentes, sen<strong>do</strong> quea técnica “investida em solo andan<strong>do</strong>” representou o maior número deinvestidas (n=483). Assim, essa espécie pode ser considerada comoespecialista, visto que o uso de uma técnica ultrapassou 50% <strong>do</strong> total deinvestidas. A velocidade de forrageio apresentada foi de 2,66investidas/minuto, o que a classificou, quanto ao comportamento deforrageio, como “forragea<strong>do</strong>ra ativa”. Foram registradas 180 investidasfeitas por Tyrannus melancholicus, categorizadas em três tipos de técnicasde captura sen<strong>do</strong> que a mais comum foi a “investida em vôo” com 88


investidas, porém ele não foi considera<strong>do</strong> um especialista. A espécieapresentou baixa velocidade de forrageio (0,49 investidas/minuto), sen<strong>do</strong> oseu comportamento de forrageamento classifica<strong>do</strong> como <strong>do</strong> tipo “senta-eespera”.________________________________________________R136Dieta de Falco sparverius (Falconidae, Falconiformes) em ambientenatural, Chapecó, Santa Catarina.Eliara Solange Müller 1 e Vanessa Barbisan Fortes 11. Centro de Ciências Agroambientais e de Alimentos – UNOESC Chapecó.vanessa@unoesc.rct-sc.brFalco sparverius é um pequeno Falconídeo que distribui-se pelaregião neártica e neotropical. Habita paisagens campestres e é relativamenteabundante na zona rural, porém é ausente em áreas florestadas e grandesflorestas contínuas, tais como a Amazônia. O objetivo deste trabalho foianalisar a dieta de um casal de quiri-quiri (observa<strong>do</strong> no campus daUNOESC desde de junho de 1999), por meio da análise das pelotas deregurgito e restos de presas coletadas junto ao <strong>do</strong>rmitório e nasproximidades <strong>do</strong>s poleiros de alimentação. Coletou-se 190 pelotas, as quaisforam secadas, pesadas e posteriormente conservadas em álcool 70% atéque se procedesse a análise. Foram analisadas 136 pelotas até o presentemomento, com auxílio de estereomicroscópio, separan<strong>do</strong>-se os itens por<strong>sem</strong>elhança morfológica e identifican<strong>do</strong> os por comparações com coleçõesde referência. Das amostras analisadas, 100% continham partes de insetosnão identifica<strong>do</strong>s, 99,3% coleópteros, 67,6% ortópteros (Acrididae) e 1,5%ortópteros (Grillidae), 1,5% isópteros, e 40,4% partes de vertebra<strong>do</strong>s. Dasamostras em que os vertebra<strong>do</strong>s estiveram presentes, 24,3% continhampenas, 14,7% pêlos e 14% ossos, sen<strong>do</strong> possível alocar as vértebras emMammalia (acélicas) ou Aves (heterocélicas). Em uma das amostras foiencontrada uma mandíbula pertencente a Rodentia. Os pêlos, em sua maiorparte, pertenciam a Rodentia, sen<strong>do</strong> em duas amostras identifica<strong>do</strong>s pêlos deDidelphimorphia. Em 1,5% das amostras foram encontradas escamas.


Material vegetal esteve presente em 58,8% das amostras (41,2% <strong>sem</strong>entes e34,6% gramíneas). Matéria bruta (pedras, fios e grãos de areia) estevepresente em 8,8% das amostras. Pupas de dípteros encontraram-se em11,8%, dípteros adultos 0,7%, hymenópteros 5,2%, caracóis 0,7%. Estesitens não fazem parte da dieta <strong>do</strong>s falcões, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> provavelmenteingeri<strong>do</strong>s juntamente com as presas ou coleta<strong>do</strong>s com as pelotas. Dos restoscoleta<strong>do</strong>s junto aos poleiros de alimentação e visualizações feitas durante apesquisa foi possível identificar coleópteros da família Scarabaeidae,Cerambycidae e Curculionidae, Lepi<strong>do</strong>ptera, Orthoptera, Aves (Passer<strong>do</strong>mesticus e Tyrannus melanocholicus), mamíferos (Rodentia eChiroptera), répteis serpentiformes e anfíbios (O<strong>do</strong>ntophrynus americanuse Physalaemus sp.). A dieta de Falco sparverius teve uma pequena variaçãosazonal.________________________________________________R137Avifauna <strong>do</strong> Parque Natural Municipal São Francisco de Assis,Blumenau, Santa Catarina.Jorge Alberto Müller ¹, Pedro Scherer Neto ², Eduar<strong>do</strong> Carrano ² e JuaresAndreiv ³1. Departamento de Engenharia Florestal, Universidade Regional deBlumenau/FURB; jamuller@furb.br; 2. Museu de História Natural “Capão daImbuia”, Curitiba; schererneto@bbs2.sul.com.br, educarrano@bbs2.sul.com.br); 3.Curso de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, UFPR;jandreiv@floresta.ufpr.brO Parque Natural Municipal São Francisco de Assis (26º55’S-49º04’W) está situa<strong>do</strong> na cidade de Blumenau, possuin<strong>do</strong> uma área de 23 harecoberta por Floresta Ombrófila Densa secundária em avançada fase deregeneração. Este parque constitui-se num fragmento limita<strong>do</strong> pelo centrourbano e bairros da cidade, estan<strong>do</strong> inseri<strong>do</strong> na APA – Área de ProteçãoAmbiental que totaliza 57 ha. Em seu interior estão localizadas diversastrilhas utilizadas pelos visitantes para caminhadas e atividades de educaçãoambiental. Realizou-se um inventário qualitativo da avifauna entre 1997 e


1999 em amostragens trimestrais com <strong>do</strong>is dias de duração (288 horas),utilizan<strong>do</strong>-se as técnicas tradicionais em pesquisa ornitológica: contatovisual, auditivo e captura em rede-de-neblina. Foram registradas 112espécies, pertencentes a 29 famílias e 10 ordens, o que representa 18,8% dasespécies da avifauna catarinense (Rosário, 1996). Do total registra<strong>do</strong>, 32espécies (28,5%) são não-passeriformes e 80 espécies (71,5%) sãoPasseriformes. Dentre os Passeriformes, 40,1% da avifauna total incluem-sedentre os Suboscines (45 espécies) e 31,4% para os Oscines (35), geran<strong>do</strong>um índice Suboscines/Oscines de 1,28, que pode ser interpreta<strong>do</strong> comosignificativo e indica<strong>do</strong>r de razoável esta<strong>do</strong> de conservação para ambientesflorestais (Slud, 1976). As famílias que apresentaram maior riquezaespecífica foram Emberizidae com 25 espécies, Tyrannidae (15),Furnariidae (10), Formicariidae (8) e Psittacidae e Trochilidae com cincoespécies cada uma. Foram encontradas 10 espécies endêmicas <strong>do</strong> Brasil(Sick, 1997): Leucopternis lacernulata, Ortalis squamata, Brotogeris tirica,Rampho<strong>do</strong>n naevius, Scytalopus indigoticus, Myrmeciza loricata,Conopophaga melanops, Cichlocolaptes leucophrus, Hemithraupisruficapilla e Thraupis ornata. Durante o inventário pôde-se destacar osregistros <strong>do</strong> macuru Nonnula rubecula e <strong>do</strong> cais-cais Euphonia chalybea,além da captura de um indivíduo de gavião-pomba-pequeno Leucopternislacernulata espécie ameaçada de extinção que vem sofren<strong>do</strong> com asmodificações em seu hábitat (Collar et al. 1992).________________________________________________R138Levantamento preliminar da avifauna <strong>do</strong> Centro Municipal deCampismo (CEMUCAM), Cotia, São Paulo.Sumiko Namba, Maria Amélia Santos de Carvalho, Anelisa FerreiraMagalhães, Brígida Gomes Fries, Rosanna Gualdieri Quagliuolo Benesi,Cristina Laskowski, Fábio Pires Gomes e Leo Ramos MalagoliDivisão Técnica de Medicina Veterinária e Biologia da Fauna, Departamento deParques e de Áreas Verdes, Secretaria Municipal <strong>do</strong> Meio Ambiente. Rua <strong>do</strong>Paraíso 387, São Paulo, SP, 04103-900; fauna@prodam.pmsp.sp.gov.br.O Centro Municipal de Campismo (CEMUCAM) está situa<strong>do</strong> nascoordenadas 23º30’S e 46º50’W e fica próximo à Reserva Florestal <strong>do</strong>


Morro Grande, incluída na Reserva da Biosfera <strong>do</strong> Cinturão Verde daCidade de São Paulo. O CEMUCAM abrange uma área de 58 harepresentada por campos e lagos antrópicos, várzeas e matas mesófilas<strong>sem</strong>idecíduas em estágios sucessionais distintos. Este trabalho tem comoobjetivo o levantamento qualitativo da avifauna, como subsídio para aelaboração de um plano de manejo que vise a proteção e conservação dabiodiversidade. O levantamento foi realiza<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong> da manhã, atravésda observação com binóculos, da identificação da vocalização e da capturacom redes de neblina de 7 m de comprimento e malha de 22 mm. Noperío<strong>do</strong> de outubro de 1998 a abril de 2001 foram feitas 22 expedições aolocal em trajetos que contemplaram diferentes ambientes, perfazen<strong>do</strong> umtotal de 60 horas de observação. A fim de ampliar os registros <strong>do</strong>levantamento, monitorar as solturas realizadas no local e treinar a equipe deestagiários, foi realiza<strong>do</strong>, no perío<strong>do</strong> de abril de 2000 a março de 2001, umtrabalho piloto de captura, totalizan<strong>do</strong> a abertura de 75 redes em área aberta,perfazen<strong>do</strong> 56 horas em 17 incursões. O levantamento registrou até opresente 85 espécies de 28 famílias. Dentre elas destaca-se a ocorrência deSpizaetus tyrannus, Amazona aestiva e Diopsittaca nobilis, espéciesameaçadas de extinção no Esta<strong>do</strong> de São Paulo segun<strong>do</strong> o Decreto EstadualNº 40.838 de 5/02/98 e Penelope obscura, espécie provavelmenteameaçada de extinção, conforme o mesmo decreto. Os registros de A.aestiva, em 14/09/99, 2303/01 e 0705/01, sugerem provável fuga decativeiro, com estabelecimento na região, ou a expansão natural deocorrência. Observações continuarão sen<strong>do</strong> conduzidas para acompanhar talfato. Durante o perío<strong>do</strong> de abertura de redes foram captura<strong>do</strong>s 29 indivíduosde 8 espécies diferentes, distribuídas em 11 famílias: Stringidae,Trochilidae, Furnariidae, Bucconidae, Picidae, Tyrannidae, Mimidae eEmberizidae. Foram feitas 5 recapturas, dentre elas a de Nystalus chacuru,espécie que ainda não havia si<strong>do</strong> observada no levantamento. Os resulta<strong>do</strong>sobti<strong>do</strong>s, apesar de preliminares, revelam que o CEMUCAM abriga umariqueza faunística, justifican<strong>do</strong> ações governamentais de proteção <strong>do</strong>srecursos naturais, que vêm sofren<strong>do</strong> crescente interferência da populaçãolocal. O levantamento terá continuidade e a abertura de redes contemplaráoutros ambientes.________________________________________________


R139Monitoramento de colônias de avoante, Zenaida auriculata, no nordeste<strong>do</strong> Brasil, entre 1991 e 1999.João Luiz Xavier <strong>do</strong> NascimentoCEMAVE-IBAMA. Parque Nacional de Brasília, Via EPIA, Brasília, DF.70630-000 – E-mail:joaoluiz@openline.com.brA avoante ou arribaçã ocorre de forma descontínua por to<strong>do</strong> o Brasil,inclusive no Arquipélago de Fernan<strong>do</strong> de Noronha. No Nordeste, suaprincipal área de distribuição corresponde à faixa da caatinga, onde suareprodução acompanha a distribuição das chuvas (após), quan<strong>do</strong> há grandedisponibilidade de <strong>sem</strong>entes no solo. Em 1990, Azeve<strong>do</strong> Júnior e Antasdefiniram que a reprodução ocorre de fevereiro a maio na região <strong>do</strong> médioRio São Francisco, Bahia e Oeste de Pernambuco, Sul <strong>do</strong> Ceará e Su<strong>do</strong>este<strong>do</strong> Piaui. De maio a junho no Centro-Sul de Pernambuco, região <strong>do</strong> Seridó(divisa da Paraiba com o Rio Grande <strong>do</strong> Norte) e Rio Grande <strong>do</strong> Norte. Aespécie é alvo de intensa de caça para comércio, como tira-gosto, ocorren<strong>do</strong>a pressão em momento crítico da sua biologia, a reprodução. As aves seagregam em colônias de milhares de indivíduos, denominadas localmente depombais ou pombeiros. Com o objetivo de subsidiar ações para conservaçãoda espécie, o CEMAVE mantém um banco de da<strong>do</strong>s com registros dascolônias, oriun<strong>do</strong>s de trabalhos de campo, referências bibliográficas einformações de diversas unidades <strong>do</strong> IBAMA e colabora<strong>do</strong>res. Entre 1991 e1998, três colônias fugiram ao padrão conheci<strong>do</strong>, estabelecen<strong>do</strong>-se na regiãolitorânea, sen<strong>do</strong> duas no Rio Grande <strong>do</strong> Norte (1993 e 1998) e uma naParaiba (1998), todas utilizan<strong>do</strong> canaviais como substrato, de forma similarao que se tem verifica<strong>do</strong> em São Paulo e Paraná. Afim de avaliar adistribuição das colônias entre 1991 a 1999, considerou-se o modeloconheci<strong>do</strong> em literatura como hipótese a ser testada. Para análise daocorrência de pombais em áreas litorâneas elaborou-se a hipótese de que asaves se deslocaram radicalmente para leste em resposta a oferta insuficientede alimento na caatinga, resulta<strong>do</strong> de chuvas em valores menores que onecessário para produção adequada de <strong>sem</strong>entes nativas. Durante o perío<strong>do</strong>de estu<strong>do</strong>, foram registra<strong>do</strong>s 72 pombais de avoantes os quais, de mo<strong>do</strong>geral, seguiram o padrão conheci<strong>do</strong> em literatura. Em 1993 e 1998, ano emque ocorreram colônias no litoral, a média pluviométrica anual


correspondeu, respectivamente, a 392 mm e 458 mm. Em 1994, ano em quese registrou o maior número de colônias (29) a média pluviométrica anualfoi igual a 454 mm.Órgãos financia<strong>do</strong>res: IBAMA, ICCN, IBAMA/CEMAVE e UECE.________________________________________________R140Dieta das aves marinhas no Parque Nacional <strong>do</strong>s Abrolhos, Bahia.Inês de Lima Serrano <strong>do</strong> Nascimento 1 e Severino Mendes de Azeve<strong>do</strong>Júnior 21. IBAMA-CEMAVE/NE, Caixa Postal 102, João Pessoa, PB. 58040-970(ines@openline.com.br); 2. UFPE – Departamento de Zoologia, CidadeUniversitária, S/N, Recife, PE (smaj@npd.ufpe.br).A maioria das aves marinhas são consideradas oportunistas ealimentam-se <strong>do</strong> que está disponível. Entretanto, a obtenção de alimentodemanda alto consumo de energia e estreitas relações com a biologiareprodutiva. O objetivo geral deste trabalho foi analisar qualitativamente acomposição da dieta das aves marinhas no Parque Nacional <strong>do</strong>s Abrolhos,no Esta<strong>do</strong> da Bahia, a fim de conhecer o uso <strong>do</strong>s recursos alimentares,verificar a frequência de ocorrência e diversidade das presas ingeridas.Foram realizadas 3 expedições ao arquipélago, entre os perío<strong>do</strong>s de 10 a 15de dezembro/98, 05 e 06 de junho e 16 a 20 de julho/99, onde foramcoleta<strong>do</strong>s regurgitos de 4 espécies: Fregata magnificens, Sula dactylatra,Anous stolidus e Phaethon aethereus. Entre os principais resulta<strong>do</strong>s (n= 70amostras) foram identificadas 14 famílias e 25 espécies de peixes,respectivamente e uma espécie de molusco, da família Loliginidae.Verificou-se que 99% da composição da dieta das aves correspondeu aClasse Pisce, com a exceção de P. aethereus que apresentou 10% de lulas(Mollusca). Consideran<strong>do</strong>-se os hábitos das presas identificadas, observouseque a maior porcentagem são costeiros, sen<strong>do</strong> as famílias Clupeidae,Engraulidae e Exocoetidae as mais predadas. Com relação à diversidade depresas, F. magnificens demonstra uma gama maior <strong>do</strong> que as outras


espécies, embora a distribuição não seja uniforme, com o valor daequitabilidade <strong>do</strong> Índice de Diversidade (Shannon-Wiever), indican<strong>do</strong>algumas presas <strong>do</strong>minan<strong>do</strong> a amostra. Já P. aethereus e S. dactylatra têmmenos presas, mas a distribuição entre elas é mais uniforme, em especialpara a primeira. As informações obtidas indicam que as aves provavelmenteobtêm alimento na área <strong>do</strong> Parque, incrementan<strong>do</strong> o papel da unidade naproteção das espécies de aves estudadas.________________________________________________R141Levantamento avifaunístico <strong>do</strong> Parque Nacional <strong>do</strong> Araguaia,Tocantins.João Luiz Xavier <strong>do</strong> Nascimento 1 e Jussara Mace<strong>do</strong> Flores 21 CEMAVE/IBAMA - Centro de Pesquisas para Conservação das AvesSilvestres - Parque Nacional de Brasília, via EPIA, Brasília, DF. 70630-000.joaoluiz@openline.com.br2 PROAVES Associação Brasileira para Conservação das Aves - SCLN 315,Bloco B, sala 202, Brasília –DF. proaves@abor<strong>do</strong>.com.brO Parque Nacional <strong>do</strong> Araguaia (área de 562.312 ha), situa-se noterço norte da Ilha <strong>do</strong> Bananal no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Tocantins, numa faixa detransição entre a Floresta Amazônica e o Cerra<strong>do</strong>. O Parque está incluí<strong>do</strong>como Área Úmida de Importância Internacional pela Convenção deRAMSAR desde 1993. A região apresenta duas estações bem definidas:seca (junho a setembro) e cheia (70% das chuvas de novembro a março).Para subsidiar Avaliação Ecológica Rápida <strong>do</strong> Parque, realizou-selevantamento de campo entre 8 e 17 de abril de 1999. Consistiram deregistros visuais, auditivos e capturas com redes de neblina. As aves foramanilhadas e coleta<strong>do</strong>s seus da<strong>do</strong>s biológicos. O esforço de captura foi de1.480 horas-rede, em mata inundável, borda de mata e varjão. Capturou-se166 indivíduos, de 49 espécies. Revisou-se as listas de aves <strong>do</strong> Plano deManejo de 1981 e <strong>do</strong> Plano de Ação Emergencial de 1995, acrescentan<strong>do</strong>-se66 espécies, o que totalizou 219 espécies e 218 taxa de aves. Basea<strong>do</strong>s emlevantamento bibliográfico, relacionou-se 102 espécies que podem ocorrerna região. Pre<strong>do</strong>minaram as espécies insetívoras (65 espécies), seguidas das


onívoras (71 espécies) e carnívoras (27 espécies). Problemas de conservaçãoforam registra<strong>do</strong>s durante o perío<strong>do</strong> de estu<strong>do</strong> como, a circulação e autilização <strong>do</strong>s recursos naturais de forma indiscriminada pelos índios,inclusive com a utilização de matilhas de cães que caçam no Parque,queimadas, posseiros, ga<strong>do</strong>, pesca predatória, comércio de animaissilvestres, e ainda a perspectiva da construção da hidrovia Araguaia-Tocantins. As características <strong>do</strong> Parque como, tamanho da área, acessosrestritos e áreas extensas, pouco ou não estudadas, pressupõem anecessidade da continuidade <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s para uma conclusão <strong>do</strong> inventário,conhecimento da distribuição das espécies por hábitats, movimentação eestimativas populacionais, para que medidas eficazes de conservaçãopossam ser avaliadas tanto a nível local, quanto em escalas maiores, pelaimportância da área para os sistemas ecológicos de sua influência. Até adata <strong>do</strong> envio <strong>do</strong> resumo, o parque encontra-se invadi<strong>do</strong> por índios desdeoutubro de 2000.Órgãos financia<strong>do</strong>res: ELETRONORTE, IBAMA, PROAVES.________________________________________________R142Estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s impactos decorrentes da implantação da Usina Hidrelétricade Porto Primavera (Sérgio Motta) sobre a avifauna da região.João Luiz Xavier <strong>do</strong> Nascimento 1 , Jussara Mace<strong>do</strong> Flores 2 , Simone FragaTenório Pereira Linares 2 e Edmur Donola 3 .1 CEMAVE-IBAMA. Parque Nacional de Brasília, Via EPIA, Brasília, DF.70630-000. E-mail: joaoluiz@openline.com.br; 2 PROAVES – AssociaçãoBrasileira para Conservação das Aves. SCLN 315, Bloco B, Sala 202.Brasília, DF.70774-520, proaves@abor<strong>do</strong>.com.br.;3 CESP- CompanhiaEnergética de São Paulo. E-mail: edmur.<strong>do</strong>nola@cec.cesp.com.brO reservatório da Usina Hidrelétrica de Porto Primavera inundaráuma área de 185.000 ha, sen<strong>do</strong> 27.100 ha em São Paulo e 157.300 ha noMato Grosso <strong>do</strong> Sul. Destes totais, 40.000 ha correspondem a várzeas.Segun<strong>do</strong> o EIA/RIMA, apresenta<strong>do</strong> em 1992, 298 taxa de aves foram


lista<strong>do</strong>s para a região, sen<strong>do</strong> 292 a nível específico e 6 a nível de gênero.Com o objetivo de avaliar os impactos da implantação da referida Usinasobre as comunidades de aves em sua área de influência, considerou-se ahipótese de que a inundação das áreas, prevista com o enchimento <strong>do</strong>reservatório, provocará redução local na diversidade de espécies de aves.Foram realiza<strong>do</strong>s 2 censos aéreos de aves aquáticas ou dependentes daexistência de ambientes aquáticos para sobrevivência. Para a captura de avesflorestais utilizou-se redes-neblina de 29 mm, 36 mm e 61 mm, e para amarcação anilhas metálicas <strong>do</strong> CEMAVE/IBAMA. Os censos aéreosapresentaram valores totais próximos (2.877 e 2.725 aves, respectivamente).O valor total de espécies amostradas corresponde a apenas 42,8 % <strong>do</strong> totalrelaciona<strong>do</strong> no EIA-RIMA. Em relação às espécies aquáticas oudependentes de ambientes aquáticos, registradas verificou-se umadefasagem de 62% em relação ao EIA-RIMA.Órgãos financia<strong>do</strong>res: CESP.________________________________________________R143Frugivoria por aves em Pithecellobium dulce (Mimosaceae) no interiorda Bahia.Cristiane E. C. Nunes 1 e Caio Graco Macha<strong>do</strong> 2 .LORMA –Laboratório de <strong>Ornitologia</strong> e Mastozoologia - DCBio, UEFS, BR116, km 03, 44.031-460. Feira de Santana, BA. 1. crise@mail.uefs.br ; 2.graco@mail.uefs.br)Pithecellobium dulce é uma espécie originária <strong>do</strong> México e, apesarde não ser nativa, ocorre naturalmente no Brasil. Possui porte arbóreo eproduz frutos deiscentes ornitocóricos, de cor avermelhada, com <strong>sem</strong>entespretas que contrastam com arilo branco, sen<strong>do</strong> este utiliza<strong>do</strong> como recursoalimentar por vários animais. Este estu<strong>do</strong> investigou em uma áreaantropizada <strong>do</strong> interior da Bahia quais as espécies de aves que se alimentam<strong>do</strong> arilo de P. dulce e quais delas podem ser dispersoras potenciais de suas<strong>sem</strong>entes. As coletas foram realizadas no Município de Feira de Santana,


Campus da UEFS (12º12’30’’ S e 38º58’00’’ W), nos meses de novembro edezembro de 2000, durante o pico de frutificação da espécie, totalizan<strong>do</strong> 51horas de campo. A meto<strong>do</strong>logia utilizada foi observação indivíduo - focal,sen<strong>do</strong> monitora<strong>do</strong>s três indivíduos isola<strong>do</strong>s. Para cada espécie de avefrugívora que se alimentava de arilo registrava-se: número de indivíduos,hora inicial e final da visita, número de investidas (número de vezes em queabocanha pedaços de arilo e poden<strong>do</strong> ou não remover a <strong>sem</strong>ente), técnicausada no forrageio e interações agonísticas intra e inter específicas. Cincoespécies de aves foram observadas utilizan<strong>do</strong> arilo de P. dulce como recursoalimentar. Em um total de 49 contatos, a espécie mais freqüente foi Mimussaturninus com 59,6% das visitas, seguida de Thraupis sayaca com 23,4%.Tangara cayana, Pitangus sulphuratus, Paroaria <strong>do</strong>minicana somaramjuntos 17%. Destas 5 espécies, apenas o Mimus saturninus engolia a<strong>sem</strong>ente com o arilo, enquanto que as outras apenas removiam pedaçosdeste. Sugere-se que Mimus saturninus possa ser um potencial dispersor de<strong>sem</strong>entes de P. dulce, uma vez que removia as mesmas, engolin<strong>do</strong>-as, sen<strong>do</strong>que estas foram descartadas longe da planta-mãe.________________________________________________R144Comportamento da jaçanã (Jacana jacana) (Charadriiformes:Jacanidae) em uma lagoa urbana no município de Três Lagoas (MatoGrosso <strong>do</strong> Sul).Alessandro Pacheco Nunes 1 e Augusto Piratelli 2Univ. Federal de Mato Grosso <strong>do</strong> Sul; CEUL/DCN - alessandronunes@bol.com.br;Univ. Federal Rural <strong>do</strong> Rio de Janeiro, IB/DBA –pirateli@ufrrj.brDevi<strong>do</strong> à ação antrópica, a paisagem no ambiente urbano raramentecoincide em suas características mais básicas com a original, oferecen<strong>do</strong>portanto, condições diferentes a serem exploradas pela avifauna.Objetivan<strong>do</strong> conhecer o comportamento da jaçanã (Jacana jacana), foramrealizadas observações <strong>sem</strong>anais na Lagoa Maior (20 o 47’S e 51 o 42’W),Município de Três Lagoas (MS), de abril a novembro de 2000, alternan<strong>do</strong>-


se os perío<strong>do</strong>s matutino e vespertino, das 06:00h às 09:00h e das 15:00h às18:00h respectivamente, totalizan<strong>do</strong> 84 horas de observações. Foi percorri<strong>do</strong>to<strong>do</strong> o perímetro da lagoa (2.900 m), em pontos diferentes a cada visita,efetuan<strong>do</strong>-se as observações com o auxílio de um binóculo de aumento10x25. Foi localizada uma população de 12 indivíduos, que passam a maiorparte <strong>do</strong> tempo em atividade de forrageio, dispersas em pequenos grupos(<strong>do</strong>is a cinco). Entretanto, alternam esta atividade com outras como o banhoe limpeza das penas, bico e lobos membranosos, sen<strong>do</strong> estas, realizadas emgrande parte no perío<strong>do</strong> da manhã. As aves por vezes se tornavamagressivas com a aproximação de indivíduos de outros ban<strong>do</strong>s em seusterritórios, conviven<strong>do</strong> entretanto, em harmonia com outras espéciespresentes no local. A dieta desta espécie é bastante diversificada, <strong>inclui</strong>n<strong>do</strong>insetos, <strong>sem</strong>entes, pequenos peixes e mesmo quirela deixada por mora<strong>do</strong>res<strong>do</strong> entorno da lagoa. As jaçanã apresentam <strong>do</strong>is ciclos sazonais em seucomportamento; um de descanso, quan<strong>do</strong> se tornam mais gregárias, e outrode atividade reprodutiva (setembro a novembro), ocorren<strong>do</strong> a formação decasais e o afastamento <strong>do</strong>s filhotes <strong>do</strong>s ban<strong>do</strong>s. Observou-se pequenodimorfismo sexual nesta espécie, ten<strong>do</strong> a fêmea maior porte em relação aomacho, constatan<strong>do</strong>-se que, durante a reprodução, o macho constrói o ninho,incuba os ovos e cuida <strong>do</strong>s filhotes, enquanto a fêmea apenas realiza apostura e o auxilia na defesa <strong>do</strong> território, comprovan<strong>do</strong> o comportamentopoliândrico desta espécie. Provavelmente, uma dieta diversificada estariacontribuin<strong>do</strong> para a permanência desta espécie no local estuda<strong>do</strong>, mesmoapós intensas alterações causadas pelo homem.________________________________________________R145Avifauna <strong>do</strong> Campus da UFMS em Três Lagoas (Mato Grosso <strong>do</strong> Sul).Alessandro Pacheco Nunes 1 ; Paulo Antônio da Silva 2 e Augusto Piratelli 31. Univ. Federal de Mato Grosso <strong>do</strong> Sul - CEUL/DCN - alessandronunes@bol.com.br;2. Estudante de Graduação – UFMS – CEUL/DCN -ogpaulo@bol.com.br; 3. Univ. Federal Rural <strong>do</strong> Rio de Janeiro – IB/DBA -pirateli@ufrrj.brMuitas aves encontram refúgio em áreas urbanas como bosques,parques e hortos. As alterações nestes ambientes ameaçam seriamente suaexistência, através da diminuição destas áreas, da qual dependem para sua


sobrevivência e reprodução. Objetivan<strong>do</strong> conhecer a avifauna <strong>do</strong> Campus daUFMS (Unidades II e III) com uma área de 41.600 m 2 , no Município deTrês Lagoas - MS (20 0 47 ’ S e 51 0 39 ’ W), foram realizadas observações deabril a dezembro de 2000, inicialmente <strong>sem</strong>anais e posteriormente a cadaquinze dias, das 06:00h às 09:00h. Os Passeriformes perfazem 52% daavifauna, com 47 espécies, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> registra<strong>do</strong> um total de 90 espécies de23 famílias, sen<strong>do</strong> as mais abundantes, Emberizidae (17 espécies eabundância relativa de 18%) e Tyrannidae (14 espécies e abundânciarelativa de 15%). Das 238 espécies de aves registradas para a região, 81(34%) estão presentes no Campus. Analisan<strong>do</strong> os hábitos alimentares dasespécies, observou-se o pre<strong>do</strong>mínio de insetívoros (36 espécies; 41%) comoPicmnus albosquamatus, segui<strong>do</strong> pelos frugívoros (17 espécies; 19%), taiscomo Aratinga aurea e Euphonia chlorotica, e os onívoros, (13 espécies;14%) como Pitangus sulphuratus e Turdus leucomelas. Conforme apreferência por hábitat, 40 espécies (44%) são típicas de áreas abertas, talcomo Vanellus chilensis, enquanto aquelas de cerra<strong>do</strong>, como Cariamacristata somam 12 espécies (13%). A presença de vegetação de cerra<strong>do</strong>dentro da área estudada possivelmente oferece condições para oestabelecimento destas espécies, e o Campus funcionaria como um refúgiopara tais espécies, proporcionan<strong>do</strong> abrigo, alimento e sítios de nidificaçãopara algumas espécies como Columba picazuro e Nemosia pileata. Portanto,a manutenção destas áreas torna-se extremamente importante para asobrevivência destas espécies.________________________________________________R146Avifauna da Área de Proteção Ambiental de Ibirapuitã, Rio Grande <strong>do</strong>Sul.Aílton Carneiro de Oliveira 1 , Jussara Mace<strong>do</strong> Flores 2 , Márcio Amorim Efe 2 ,Monica Koch 3 e Sherezino Barbosa Scherer 11. CEMAVE/IBAMA. Parque Nacional de Brasília, Via Epia, S.M.U., 70630.000.Brasília/DF (cemave@ibama.gov.br); 2. PROAVES (proaves@abor<strong>do</strong>.com.br); 3.IBAMA / DEVIS / DIREC (kmonica@sede.ibama.gov.br).A Área de Proteção Ambiental (APA) <strong>do</strong> Ibirapuitã, localiza-se asu<strong>do</strong>este <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, possui 318.767 ha e dista 600 km de Porto Alegre.


Apresenta formação vegetal com diversos tipos fisionômicos (savanasestépicas, estepes e florestas deciduais), destacan<strong>do</strong>-se Acacia farnesiana,forman<strong>do</strong> o espinilho como parte da savana estépica. , proporcionalmentemais captura<strong>do</strong> durante o, consistin<strong>do</strong> de capturas com redes-de-neblina de36 mm e 61 mm, registros visuais e auditivos. Esforço de captura foi igual a2.350 hora-rede. Foram registradas (<strong>inclui</strong>n<strong>do</strong> revisão bibliográfica) 175espécies de 46 famílias. De 434 indivíduos captura<strong>do</strong>s Zonotrichia capensisfoi a espécie mais abundante (14,5%) segui<strong>do</strong> de Turdus rufiventris(6,7%),Turdus amaurochalinus(4,6%), Elaenia flavogaster(4,8%) e Leptotilaverreauxi(4,6%). Com base nos registros de estágio de placa de incubaçãoverificou-se 11 espécies em atividade reprodutiva em abril e de agosto aoutubro (Syndactyla rufosuperciliata, Elaenia flavogaster, Turdusamaurochalinus, Turdus albicollis, Turdus subalaris, Turdus rufiventris,Poospiza lateralis, Poospiza nigrorufa, Zonotrichia capensis, Basileuterusleucoblepharus e Basileuterus culicivorus) sugerin<strong>do</strong> que a atividade dereprodução acentua-se a partir de setembro. Recomendamos continuidadedas pesquisas para subsidiar o manejo da área devi<strong>do</strong> ao intenso pastoreioverifica<strong>do</strong> em seu interior e grandes extensões agrícolas no entorno.Órgão financia<strong>do</strong>r: IBAMA: APA <strong>do</strong> Ibirapuitã e CEMAVE.________________________________________________R147Análise comportamental de Phalacrocorax brasilianus na Ilha <strong>do</strong>s Ratos(Baía de Guaratuba-PR) e nos Parques Municipal <strong>do</strong> Barigüi eMunicipal São Lourenço, Curitiba, Paraná.Tayla Coelho Gonçalves de Oliveira 1 e Leny Cristina Milléo Costa 21 PUC-PR. Rua Imaculada Conceição, 1155, Pra<strong>do</strong> Velho. Cx Postal 16210.80215-901. Curitiba-PR; 1. tayla_coelho@yahoo.com; 2. lcmcosta@rla01.pucpr.brO Phalacrocorax brasilianus, biguá, é uma ave pelicaniforme deplumagem escura, com bico estreito, afia<strong>do</strong> e adunco na ponta. Apresentamíris <strong>do</strong> olho verde clara, pés com membranas interdigitais e uma caudarígida e longa. Alimenta-se basicamente de peixes, mas também de


pequenos anfíbios, répteis e crustáceos. O biguá ocorre em to<strong>do</strong> o Brasil; éde vasta distribuição mundial, inclusive em regiões de clima frio. Habitamcostas marinhas, rios, lagos e açudes. Nidificam sobre árvores em matasalagadas, sarandizais. São poucas ou nenhuma, as informações que se tem arespeito <strong>do</strong> comportamento dessa ave, o que vem justificar a realizaçãodeste trabalho. O estu<strong>do</strong> tem como objetivo analisar o comportamento daespécie nos ambientes marinho e dulcícola. As observações vêm sen<strong>do</strong>realizadas na Ilha <strong>do</strong>s Ratos (Baía de Guaratuba-Pr) e nos Parques Barigüi eSão Lourenço, Curitiba, Paraná, desde junho de 2000. Além de registrar odeslocamento na baía, correlacionan<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> dia, rota e números deindivíduos, far-se-á uma descrição <strong>do</strong>s padrões motores da ave. Para tal,estão sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s os méto<strong>do</strong>s ad libitum para a descrição das posturas e“animal focal” para análise das freqüências com que as posturas sãodesencadeadas. Até o momento somam-se 292 horas de campo e foramdescritos 30 padrões motores para o biguá, entre eles postura de descanso,postura de agachamento, postura de deslocamento na água e no ar, posturade limpeza com o bico, postura de secagem das penas, postura de alisamentoda plumagem, coçar com a pata, forrageio, alimentação, extensão de asa ebanho. Com 388 unidades de focal, a maior freqüência de posturas vêmsen<strong>do</strong> a limpeza com o bico segui<strong>do</strong> da postura de descanso. Na baía asrotas observadas com maior freqüência têm si<strong>do</strong> oeste e noroeste, tanto paraa chegada como para a saída <strong>do</strong>s animais. Para estes registros tem se toma<strong>do</strong>como referencial a própria ilha.________________________________________________R148Estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s nichos ecológicos de três espécies de Basileuterus (Parulinae)em matas de galeria na região <strong>do</strong> Pantanal: resulta<strong>do</strong>s preliminaresCleide Rose <strong>do</strong>s Anjos Oliveira 1 e Peter Petermann 2 ;1: Projeto Ecologia <strong>do</strong> Pantanal - Instituto de Biociências, UFMT; gia <strong>do</strong>Pantanal - Instituto Max-Planck, Plön, AlemanhaNas matas de galeria das cabeceiras <strong>do</strong>s rios que correm para oPantanal, há três espécies de Basileuterus (Parulinae): B.hypoleucus,


B.flaveolus e B.leucophrys, cujas distribuições abrangem principalmente ocerra<strong>do</strong> brasileiro. Na área de estu<strong>do</strong>, na região <strong>do</strong> Pantanal, B.leucophrys eB.hypoleucus encontram-se nos limites da sua distribuição geográfica.B.leucophrys habita matas alagáveis e B.flaveolus matas mais secas,enquanto B.hypoleucus é encontra<strong>do</strong> em ambos os hábitats. Neste estu<strong>do</strong>,procuramos adaptações morfológicas e comportamentais, que possamexplicar o uso <strong>do</strong>s diferentes hábitats destas espécies. Em três áreas deestu<strong>do</strong>s, nas cabeceiras <strong>do</strong>s rios pantaneiros e no próprio Pantanal, mais de40 Basileuterus spp. foram captura<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> pesa<strong>do</strong>s, anilha<strong>do</strong>s, tiradas asmedidas externas e soltos. Além disso, o comportamento e uso de hábitatforam estuda<strong>do</strong>s usan<strong>do</strong>-se gravações das vocalizações e playback. Adiferença morfológica principal entre as espécies é o tamanho, sen<strong>do</strong> que naárea de estu<strong>do</strong> o peso médio de B.hypoleucus (10,4±0,8 g; n=30 incl.recapturas) representa 81% o <strong>do</strong> B.flaveolus (13,7±0,6 g; n=15) e 56% o <strong>do</strong>B.leucophrys (18,6±0,6 g; n=12). Apesar da pequena diferença <strong>do</strong> tamanhoentre B.hypoleucus e B.flaveolus, estas duas espécies dividem os mesmostipos de mata, enquanto B.leucophrys e B.flaveolus se excluem mutuamente.B.hypoleucus se distingue no comportamento e uso <strong>do</strong> hábitat <strong>do</strong>s outros, efoi observa<strong>do</strong> a alturas maiores (de 6 a ± 15 metros), em galhos finos egeralmente horizontais, só ou em grupos de três ou quatro, acompanhan<strong>do</strong>ban<strong>do</strong>s mistos, enquanto as outras espécies usam quase exclusivamente osestratos mais baixos da mata, e não foram observadas seguin<strong>do</strong> ban<strong>do</strong>smistos. Eliminan<strong>do</strong> a influência <strong>do</strong> peso sobre as medidas morfológicas(dividin<strong>do</strong> as medidas lineares pelo raiz quadrada <strong>do</strong> peso) as proporçõesdas extremidades são muito parecidas entre as espécies, com duas exceçõesnotáveis: B.leucophrys possui pés proporcionalmente maiores (15% no caso<strong>do</strong> primeiro de<strong>do</strong>) se compara<strong>do</strong> ao B.flaveolus e ao B.hypoleucus, o queindica que está adapta<strong>do</strong> á substratos de superfícies mais amplas, comotroncos caí<strong>do</strong>s, e solo úmi<strong>do</strong>, comuns nas matas alagáveis da região <strong>do</strong>estu<strong>do</strong>. Nos proporções alares nota se uma redução <strong>do</strong> comprimento da asa eda álula de 10,8% e 18,8%, resp., <strong>do</strong> B.hypoleucus para B.leucophrys, sen<strong>do</strong>B.flaveolus intermediário, como provável adaptação a ambientes maisfecha<strong>do</strong>s. A variabilidade fenológica (plumagem e vocalizações) entre subpopulaçõesrelativamente isoladas merece um estu<strong>do</strong> mais amplo, já que emB.hypoleucus e principalmente em B.leucophrys foram constatadasdiferenças tanto na plumagem quanto nas vocalizações, entre as aves daspopulações aqui estudadas e imagens e gravações publicadas.CNPq 1 ; PEP (Convênio IB-UFMT/MPIL, financia<strong>do</strong> pelo programa SHIFT /CNPQ-IBAMA-DLR) 1,2 .________________________________________________


R149Trânsito de aves na Unidade <strong>do</strong> IBAMA em Iguape (São Paulo) no anode 2000: aves apreendidas de tráfico e de cativeiros ilegais, aves <strong>do</strong>adase sua destinação.Danielle Palu<strong>do</strong>IBAMA/SP; ibamaigp@matrix.com.brAves provenientes de <strong>do</strong>ação ou de apreensão pela Polícia Florestale IBAMA chegam ao IBAMA/Iguape regularmente, da região <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong>Ribeira, SP. Esta corresponde à maior área de Mata Atlântica no Esta<strong>do</strong>, ecompreende muitas Unidades de Conservação. No ano de 2000, 156 avesforam registradas, corresponden<strong>do</strong> a 80 % <strong>do</strong>s animais recebi<strong>do</strong>s. Com oobjetivo de analisar a origem, tratamento e destinação das aves e melhoraros procedimentos toma<strong>do</strong>s pelo IBAMA na região, foram coleta<strong>do</strong>s osda<strong>do</strong>s de forma organizada em fichas, processa<strong>do</strong>s preliminarmente nestetrabalho. Em 92% <strong>do</strong>s casos houve identificação até o nível de espécie, nosdemais até gênero, a partir <strong>do</strong>s manuais de identificação disponíveis (Sick,1997; Harrison, 1987). Registrou-se 76% de aves de origem continental e23% de aves marinhas, <strong>do</strong>s seguintes táxons: Emberizinae (22%),Spheniscidae (15%), Psittacidae (13%), Turdinae (8%), Fringillidae (7%),Tytonidae e Ramphastidae (5% cada), Cardinalidae, Icterinae, Laridae,Cracidae, Procellariidae (3% cada), Tinamidae, Coerebinae, Columbinae,Corvidae, Cotingidae, Diomedeidae e Rallidae (1% cada). Pelo menos seteespécies são consideradas ameaçadas de extinção. Quanto ao destino, 16 %das aves morreram, 59 % foram soltas, 6 % permaneceram em viveiros <strong>do</strong>IBAMA e 18 % foram encaminhadas para viveiros de outras instituições,como zoológicos e cria<strong>do</strong>uros conservacionistas. Passeriformes não<strong>do</strong>mestica<strong>do</strong>s e não exóticos à região são a maioria <strong>do</strong>s animais soltos epsitacídeos e passeriformes <strong>do</strong>mestica<strong>do</strong>s e exóticos a maioria <strong>do</strong>s manti<strong>do</strong><strong>sem</strong> cativeiro. Aves marinhas invariavelmente chegam por <strong>do</strong>ação,debilitadas ou sujas de óleo, e tem os maiores índices de mortalidade (44%).Parcerias com outras instituições para tratamento <strong>do</strong>s animais e maior


definição <strong>do</strong>s critérios de soltura, como por exemplo a soltura no local deorigem, são alguns bons resulta<strong>do</strong>s que o trabalho gerou.________________________________________________R150Uma hipótese cladística para Momotidae (Coraciiformes), baseada emcaracteres osteológicos.Márcia Cristina Pascotto 1 e Reginal<strong>do</strong> José Donatelli 21. Laboratório de Vertebra<strong>do</strong>s, Depto. Ciências Biológicas, FC, UNESP,Bauru, SP. CP 473, Bauru, São Paulo. 17033-360. 1.mcpascot@hotmail.com; 2. rj<strong>do</strong>nat@techno.com.br.O estu<strong>do</strong> da sistemática de Momotidae (Coraciiformes) recebeupouca atenção até o final <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> o enfoque principal oestabelecimento de seu grupo-irmão. A ausência de uma hipótese cladísticaabrangen<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os táxons de Momotidae foi o objetivo central destainvestigação, pretenden<strong>do</strong> ainda verificar os relacionamentos de parentescoentre os táxons dessa família. O relacionamento cladístico <strong>do</strong>s Momotidaefoi construí<strong>do</strong> com base em 34 caracteres da osteologia craniana comauxílio da Sistemática Cladística. A monofilia da família é fortementecorroborada por dez sinapomorfias:1) lacrimal fundi<strong>do</strong> com o frontal; 2)processo pós-orbital longo; 3) fossa temporal rasa e oval; 4) área muscularáspera desenvolvida e globosa; 5) processo orbitoesfenoidal presente; 6)concavidade da abertura da narina profunda; 7) processo maxilopalatinofundi<strong>do</strong> medialmente; 8) fossa medial da mandíbula ampla; 9) fossa lateralda mandíbula dividida em duas porções, rostral e caudal; e 10) tubérculointercotilar da mandíbula extremamente desenvolvi<strong>do</strong>. Uma inédita hipótesede classificação é proposta para os Momotidae, evidencian<strong>do</strong> a existência deduas subfamílias: Momotinae, a qual compreende os gêneros (Momotus(Baryphthengus)), e Aspathinae, a qual reúne os gêneros (Aspatha(Hylomanes (Eumomota (Electron)))).FAPESP (Proc. 98/13815-0)________________________________________________


R151Descrição <strong>do</strong> cariótipo de harpia (Harpia harpyja) (Accipitridae),através das colorações convencionais e DAPIOneida Lacerda Pasquali 2 , Ives José Sbalqueiro 3 e Edival<strong>do</strong> H. C. deOliveira 3, 41. Prefeitura Municipal de Curitiba, Departamento de Zoológico, Curitiba,PR; oneidazoo@hotmail.com; 2. Laboratório de Citogenética Animal,Universidade Federal <strong>do</strong> Paraná, Curitiba, PR ivesjs@bio.ufpr.br; 3.Laboratório de Citogenética, Universidade Federal <strong>do</strong> Pará, Belém, PA;ehco@ufpa.brA análise citogenética de aves tem contribuí<strong>do</strong> para oestabelecimento das relações taxonômicas e evolutivas entre os diferentesgrupos, assim como também para o entendimento <strong>do</strong>s processos envolvi<strong>do</strong>sna evolução <strong>do</strong> cariótipo. De uma forma mais aplicada, a citogenética podeauxiliar nas questões de espécies crípticas e também possibilitar aidentificação <strong>do</strong> sexo em espécies que não apresentam dimorfismo sexualfenotípico aparente, substituín<strong>do</strong> a técnica cirúrgica, normalmente bastantetraumática para o animal e que nem <strong>sem</strong>pre traz bons resulta<strong>do</strong>s pelasdificuldades em se identificar as gônadas. Para obtenção de cromossomos,utilizamos cultura de leucócitos de sangue periférico, para confirmação <strong>do</strong>sexo de duas harpias (Harpia harpyja), espécie em perigo de extinção peladestruição <strong>do</strong> hábitat e caça indiscriminada, e que apresentava umadistribuição original <strong>do</strong> México ao norte da Argentina. Para análise, aslâminas foram coradas com DAPI, que tem afinidade por A-T e assimproduz um padrão <strong>sem</strong>elhante às bandas G. Ambas apresentaram 2n = 58. Aseparação entre micro e macrocromossomos não é tão clara somentelevan<strong>do</strong>-se em conta o tamanho <strong>do</strong>s mesmos. Entretanto, os quatro menorespares apresentaram um padrão de coloração diferente <strong>do</strong>s demais, bemmenos intenso. O cromossomo Z, submetacêntrico, apresenta um tamanhointermediário ao 1° e ao 2° pares, e as combinações ZZ e ZW são facilmentediferenciadas nas metáfases, comprovan<strong>do</strong> que a análise cromossômicapode trazer bons resulta<strong>do</strong>s na sexagem de aves. Para confirmação <strong>do</strong>


diagnóstico, sondas cromossomo Z-específicas de Gallus <strong>do</strong>mesticus foramhibridizadas em ambos os animais, confirman<strong>do</strong> o heteromorfismo <strong>do</strong> parsexual em harpia.Apoio: UFPR, CNPq, CAPES, Prefeitura Municipal de Curitiba.________________________________________________R152Tipificação da avifauna associada a uma faixa de restinga no litoralparanaenseNelson Novaes Pedroso-Jr.Laboratório de Biologia da Conservação, CEM/UFPR. Av. Beira-Mar, s/n.º.Caixa Postal 02 CEP 83255-971, Pontal <strong>do</strong> Paraná, PR;nelson@cem.ufpr.br. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e RecursosNaturais / UFSCarAs formações de restinga são cordões arenosos litorâneos e, portratarem-se de áreas naturais recém criadas, a vegetação apresenta-sebastante diversa <strong>do</strong> ponto de vista fisionômico e sucessional. A avifaunaassociada a este ecossistema parece ter pouca especificidade, sen<strong>do</strong> oresulta<strong>do</strong> de um mosaico de ambientes que o compõem. Desta forma, arestinga é uma extensão da distribuição de muitas espécies, o que, sen<strong>do</strong> oleste <strong>do</strong> Brasil cada vez mais e mais altera<strong>do</strong> em sua paisagem natural,ressalta a necessidade de seu estu<strong>do</strong> e conservação. Este trabalho objetivoucaracterizar alguns ambientes que compõem uma parcela de restinga <strong>do</strong>litoral paranaense para, assim, estimar a riqueza e a abundância das espéciesde aves associadas a esses diferentes ambientes, de forma a permitir suatipificação. Para o levantamento quantitativo, foram efetua<strong>do</strong>s censos entrejulho de 1997 e junho de 1998, percorren<strong>do</strong>-se três transectos paralelos eeqüidistantes entre si, e perpendiculares a linha de costa, permitin<strong>do</strong> cobrirdiferentes níveis sucessionais da área de estu<strong>do</strong>. Esta pôde ser dividida emquatro ambientes menores: dunas primárias, dunas secundárias, brejosintercordões (banha<strong>do</strong>s) e dunas internas. Um total de 64 espécies de avesforam registradas ocupan<strong>do</strong> esses ambientes. As areias litorâneas passam a


ser fixadas e colonizadas pela vegetação a partir <strong>do</strong> cordão de dunasprimárias ou embrionárias, que abrigam principalmente membros da famíliaCharadriidae, embora possua como espécie mais freqüente Anthus lutescens.O cordão seguinte, das dunas secundárias, abrigou menor número deespécies, abrigan<strong>do</strong> principalmente duas espécies residentes, Speotytocunicularia e Vanellus chilensis. Após esta faixa de dunas existe uma longaplanície alagada onde se desenvolve as áreas de banha<strong>do</strong>. Nas porções compre<strong>do</strong>mínio de tufos de Scirpus, as espécies mais abundantes foramCerthiaxis cinnamomea, Porzana albicollis, Zonotrichia capensis ePitangus sulphuratus. Nas demais áreas, com campo úmi<strong>do</strong> e águasrepresadas, membros da família Ardeidae, juntamente com Amazonettabrasiliensis, Gallinago paraguaiae e Vanellus chilensis, foram os maisrepresentativos . Por fim, as dunas internas, com vegetação estruturalmentemais complexa, apresentaram maior riqueza de espécies, na sua grandemaioria Passeriformes.________________________________________________R153Hábitos comportamentais de coruja-buraqueira, Speotyto cunicularia(Aves, Strigidae) em Curitiba, Paraná.Luís Miguel Silva Pereira 1 e Leny Cristina Milléo Costa 2Pontifícia Universidade Católica <strong>do</strong> Paraná, Curitiba/PR. 1.sta@rla01.pucpr.com.br; 2. lcmcosta@rla02.pucpr.br.A coruja-buraqueira apresenta porte pequeno, cerca de 23centímetros, possui uma cabeça re<strong>do</strong>nda, tem sobrancelhas brancas, olhosamarelos e pernas longas. Encontra-se difundida da Terra <strong>do</strong> Fogo aoCanadá; no Brasil, vivem nos campos e cerra<strong>do</strong>s de to<strong>do</strong> o país. Os hábitoscomportamentais de coruja buraqueira, Speotyto cunicularia, foramobserva<strong>do</strong>s no Centro de treinamento da Telepar e no Parque Iguaçu, emCuritiba, Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná, no perío<strong>do</strong> de agosto de 1999 a novembro de2000. Este estu<strong>do</strong> teve por objetivo obter da<strong>do</strong>s sobre os hábitoscomportamentais dessa espécie, utilizan<strong>do</strong> como méto<strong>do</strong>s o ad libitum e oanimal focal, totalizan<strong>do</strong> 354 horas de observação. Foram descritas 16


posturas referentes aos comportamentos de manutenção, agonístico ereprodutivo. O comportamento de manutenção é a atividade observada commais freqüência, com a coruja passan<strong>do</strong> a maior parte <strong>do</strong> tempo em repouso.O comportamento agonístico foi evidencia<strong>do</strong> através das ações agressivasinterespecíficas relacionadas à defesa e ao ataque. O comportamentoreprodutivo foi estuda<strong>do</strong> através da limpeza <strong>do</strong> ninho e cuida<strong>do</strong>s com aprole. Este pássaro permanece próximo ao ninho durante to<strong>do</strong> o dia,ocupan<strong>do</strong> o mesmo ninho to<strong>do</strong>s os anos. Convencionou-se estabelecer trêscategorias para relacionar a idade <strong>do</strong>s indivíduos: filhotes, enquantopermanecem no ninho receben<strong>do</strong> alimentação <strong>do</strong>s pais; jovens quan<strong>do</strong> saem<strong>do</strong> ninho, mas são dependentes <strong>do</strong>s pais e sub-adultos quan<strong>do</strong> já sãoindependentes, mas ainda permanecem no território <strong>do</strong>s pais.________________________________________________R154Diversidade e sazonalidade da avifauna <strong>do</strong> Campus Carreiros daUniversidade Federal <strong>do</strong> Rio Grande- Rio Grande, Rio Grande <strong>do</strong> Sul.Joaber Pereira Jr.; Ana Paula Votto; Fernan<strong>do</strong> Quintela; Josiane Silva;Departamento de Ciências Morfobiológicas, FURG; dmbjpj@super.furg.brO Campus Carreiros da FURG com 250 ha, é uma importante áreaverde <strong>sem</strong>i-preservada, urbana de Rio Grande. Localiza<strong>do</strong> em um estreitocorre<strong>do</strong>r é ladea<strong>do</strong> pelos sacos da Mangueira e Justino, liga<strong>do</strong>s à Lagoa <strong>do</strong>sPatos. Próximo há ainda a Lagoa Verde e o Oceano Atlântico. Os váriosambientes, mais ou menos altera<strong>do</strong>s pela ocupação humana, representamrecursos como alimentação, abrigo e área de reprodução. A diversidade debiótopos contribui para atrair várias espécies de aves mesmo com o impactoda ocupação antrópica. Este trabalho tem como objetivo levantar as espéciesde aves que utilizam o espaço <strong>do</strong> Campus, consideran<strong>do</strong> a sazonalidade e ostipos de ambientes. Os resulta<strong>do</strong>s deverão integrar um <strong>do</strong>cumento didáticocientífico,configuran<strong>do</strong> o Campus como um recurso para o ensino. A áreafoi dividida em sete biótopos: Campo limpo (CL), com vegetação rasteira,Campo sujo (CS), caracteriza<strong>do</strong> pela presença de arbustos; Áreas florestadas(AF), com eucaliptos, pinheiros e acácias; Lagos e margens (LM), forma<strong>do</strong>s


por água da chuva e percolação; Banha<strong>do</strong>s (B), áreas alagadas pelo menosnuma parte <strong>do</strong> ano; Mata de dunas (MD), composta de acácias fixa<strong>do</strong>ras;Áreas edificadas e proximidades (AE). Foram realizadas observaçõesnaturalísticas (média 15 saídas por estação- <strong>do</strong>is anos de observações), combinóculos, registros em fichas e fotográfico. Foram registradas 88 espécies,distribuídas em 81 gêneros e 38 famílias. No perío<strong>do</strong> de outono de1999 atéo verão de 1999/2000 o maior número de espécies foi registra<strong>do</strong> naprimavera (65), seguida pelo verão (59), inverno (45) e outono (33). Já noperío<strong>do</strong> de outono de 2000 até verão de 2000/2001, o maior número deespécies foi registra<strong>do</strong> no inverno (57), segui<strong>do</strong> pelo verão (56), primavera(55) e outono (51). No outono de 1999 o maior número de sps. registra<strong>do</strong>foi em AF (21), no inverno em CS (26), na primavera em CS (40) e noverão de 1999/2000 em LM e MD (41, cada). No outono de 2000 o maiornúmero de sps. foi em MD (36), no inverno em MD (33), na primavera emLM (34) e no verão de 2000/2001 em LM (37). A comparação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s deprimavera e verão (1999/2000 versus 2000/2001), mostrou diminuição dadiversidade, o que pode ser atribuí<strong>do</strong> à redução da vegetação, novasedificações, entre outros fatores.________________________________________________R155Aves de uma área <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong> no divisor continental entre as bacias deLa Plata e <strong>do</strong> Amazonas, sul <strong>do</strong> Mato Grosso.Peter Petermann 1 , Cleide Rose <strong>do</strong>s Anjos Oliveira 2 , Bianca Bernar<strong>do</strong>n 2 ,Fabiano Ficagna de Oliveira 2 e Hérica Clair Garcêz Nabuco 21: Projeto Ecologia <strong>do</strong> Pantanal - Instituto Max-Planck de Limnologia, Plön,Alemanha; PPeterman@aol.com; 2: Projeto Ecologia <strong>do</strong> Pantanal - Institutode Biociências, UFMT, Cuiabá-MTDentro <strong>do</strong> Projeto Ecologia <strong>do</strong> Gran Pantanal (PEP - UFMT/MPIL)os impactos da erosão sobre os cabeceiras <strong>do</strong>s rios que descem para oPantanal são analisadas. Desde março 2000 foram estudadas aves daFazenda Sta. Fé e áreas vizinhas no município de Jaciara-MT, através decapturas com redes de neblina, gravação de vocalizações, e observações


com binóculos e lunetas. Esta região ainda pouco estudada merece interesse<strong>do</strong> ponto de vista biogeográfico por estar situada no planalto brasileiro nodivisor continental das bacias <strong>do</strong> Paraguai-Paraná (representa<strong>do</strong> pelo rioTenente Amaral), e <strong>do</strong> Amazonas (representa<strong>do</strong> pelo Rio das Mortes). Avegetação original é <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong>, com uma malha densa de matas de galeria.Há cerca de 30 anos a região é usada para agricultura intensiva, ten<strong>do</strong> nasoja, no milho e na cana de açúcar suas culturas pre<strong>do</strong>minantes. Porém,existem entre os campos fragmentos de diferentes extensões da vegetaçãooriginal, cerra<strong>do</strong>, cerradão, veredas e matas de galeria. A avifauna écomposta basicamente de aves <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong> (como Antilophia galeata,Basileuterus leucophrys), com poucos elementos amazônicos (Mionectesoleagineus) ou <strong>do</strong> Pantanal vizinho (Inezia inornata). Os resulta<strong>do</strong>spreliminares <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s ornitológicos indicam que até uma paisagemaltamente antropisada pode permitir a sobrevivência de espéciesespecializadas e ameaçadas de extinção, desde que se mantenham áreasnaturais ou <strong>sem</strong>i-naturais intercaladas. Entre as espécies globalmenteameaçadas na área de estu<strong>do</strong> destacam-se Harpyhaliaetus coronatus,nidifican<strong>do</strong> em 2001, Amazona xanthops presente em ban<strong>do</strong>s de até 19indivíduos, Culicivora caudacuta, e Coryphaspiza melanotis com umasignificante população nidifican<strong>do</strong>, encontra<strong>do</strong> tanto no cerra<strong>do</strong> quanto emcampos de soja ou pastos. Parte significante da avifauna da área de estu<strong>do</strong> écomposta por aves migratórias na passagem, tais como: Ciconia maguari,Circus buffoni, Podager nacunda, Pyrocephalus rubinus ou Tachycinetaleucorrhoa. Mas além destas espécies, aparecem nas épocas de migração(principalmente abril-maio e outobro-novembro) espécies não notóriascomo migratórias: Geotrygon montana, Thalurania furcata (permanecen<strong>do</strong>no inverno), Pachyramphus polychopterus, Platyrinchus mystaceus, ePhylloscartes flaveolus. Possivelmente parte das populações destas espéciesapresentam comportamento migratório. Para estas aves de hábitatsflorestais, as matas de galeria e fragmentos de cerradão tem importânciacomo área de repouso e de abastecimento de energia para a migração."Projeto de Ecologia <strong>do</strong> Gran Pantanal" (Convênio IB-UFMT/MPIL,financia<strong>do</strong> pelo programa SHIFT / CNPQ-IBAMA-DLR) 1,2 ; CNPq 2 .________________________________________________


R156Diversidade da Aves em Alphaville, São PauloEdílson A. PichilianiInstituto Presbiteriano Mackenzie-Tamboré, Av. Mackenzie s/n – Barueri –SP – 06460-130. Área de Ciências Biológicas e Programas de Saúde, 4166-2133; edpichiliani@mackenzie.com.br.A avifauna da região de Alphaville (municípios de Barueri e Santanade Parnaíba, Região Metropolitana de São Paulo) nunca teve suadiversidade estudada. Foram amostradas, no perío<strong>do</strong> de junho a dezembrode 2000, cinco áreas: <strong>do</strong>is con<strong>do</strong>mínios residenciais (vegetação compostapor árvores e arbustos localiza<strong>do</strong>s nos jardins e praças); campus daUniversidade Mackenzie (região de charco, mata secundária e área depastagem); região empresarial e comercial (áreas construídas alternadas porterrenos baldios e pela presença <strong>do</strong> Rio Tietê); mata secundária próxima aum con<strong>do</strong>mínio residencial. As observações foram realizadas visualmentecom binóculo, em sua maioria no perío<strong>do</strong> matutino totalizan<strong>do</strong> 305 horas. Aidentificação das espécies ocorreu por visualização e/ou vocalização. Ao fimde cada mês foi analisa<strong>do</strong> o número total de espécies, a representatividadetaxonômica, os índices de diversidade (Simpson e Shannon-Wiener), ariqueza de espécies (Jack Knife, Ice, Ace, Bootstrap e Chao) e similaridadeentre as áreas amostradas (Jaccard e Sorensen). O objetivo principal destetrabalho foi determinar a composição e diversidade da avifauna deAlphaville. Foram registradas 154 espécies, pertencentes a 39 famílias, paratodas as áreas. As duas famílias com maior números de espécies foram a <strong>do</strong>stiranídeos e a <strong>do</strong>s emeberezídeos, com 27 espécies cada. AlphavilleResidencial I com 73 espécies, Alphaville Residencial VI com 76, InstitutoPresbiteriano Mackenzie-Tamboré com 97, Centro Empresarial e Comercialcom 82 e Mata com 107 espécies. As áreas de maior diversidade e riquezaforam em ordem decrescente Mata, Mackenzie, Centro Empresarial eComercial, Alphaville Residencial VI e Alphaville Residencial I. Os índicesde similaridade relacionam as duas áreas residenciais e entre o CentroEmpresarial e o Instituto Mackenzie, sen<strong>do</strong> que a área de mata ficou distante<strong>do</strong>s outros quatro setores. O número de espécies observadas apresentavalores próximos aos já descritos em outras áreas urbanas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de SãoPaulo como a Faz. Santa Genebra (Campinas/SP) com 146 espécies,


Universidade de São Paulo (São Paulo/SP) com 141 espécies e ParqueEstadual da Cantareira (São Paulo/SP, levantamento incompleto) com 121espécies. Outras áreas antrópicas apresentaram um número bem menorcomo os Parques da região Metropolitana de São Paulo com 93 espécies e oBairro Residencial Planalto Paulista, São Paulo/SP, com 68 espécies).________________________________________________R157Primeiros registros de Panyptila cayennensis no Paraná e comentáriossobre a suposta ocorrência de Tachornis squamata no esta<strong>do</strong> (Apodidae)Mauro Pichorim 1 e Marcos R. Bornschein 21.Curso de Pós-graduação em Zoologia - UFPR, c.p. 19020, Curitiba, PR,81531-990; pichorim@bio.ufpr.br; 2 Mater Natura Instituto de Estu<strong>do</strong>sAmbientais. End. p/corresp.: Av. República Argentina 1927, ap. 904.Curitiba, PR, 80620-010; mbr@bbs2.sul.com.brPanyptila cayennensis é uma espécie florestal que tem distribuiçãodisjunta desde o México ao sudeste <strong>do</strong> Brasil, onde o registro mais austral éa localidade de Iguape, São Paulo. Em 12/V/1999, MRB e Bianca L. Reinertobservaram um indivíduo a cerca de 10-30 m de altura sobrevoan<strong>do</strong> asimediações da ponte da Sanepar no Rio São João, município de Guaratuba(0 m s.n.m.), a 6,6 km da divisa com Santa Catarina. Em 17/VIII/1999,MRB e BLR observaram três indivíduos na Reserva Particular <strong>do</strong>Patrimônio Natural Salto Morato, município de Guaraqueçaba (20 ms.n.m.). Voavam a cerca de 20 m <strong>do</strong> solo, sobre uma área de vegetaçãosecundária em diferentes estágios de sucessão. Em 27-28/VII/2000, MRBobservou cerca de 15 indivíduos no Rio <strong>do</strong> Poço - Reserva Particular <strong>do</strong>Patrimônio Natural Serra <strong>do</strong> Itaqui, município de Guaraqueçaba (5 ms.n.m.). Em média voavam a cerca de 20-30 m <strong>do</strong> solo, mas por vezesalcançavam alturas bem mais elevadas. Deslocavam-se sobre pastagem efloresta estan<strong>do</strong> eventualmente mistura<strong>do</strong>s com Chaetura cinereiventris. Em06/IV/2001, MP observou <strong>do</strong>is indivíduos na Serra <strong>do</strong> Capivari, municípiode Campina Grande <strong>do</strong> Sul (1050 m s. n. m.). Juntos com Streptoprocnezonaris e S. biscutata voavam la<strong>do</strong> a la<strong>do</strong> ou um ligeiramente a frente <strong>do</strong>


outro, dan<strong>do</strong> a impressão que se perseguiam. Deslocavam-se sobrevegetação secundária em diferentes estágios de sucessão, masprincipalmente próximos a uma parede rochosa de 30 m de altura, ondeaparentemente alimentavam-se. No amanhecer <strong>do</strong> dia seguinte, no mesmolocal, um indivíduo foi captura<strong>do</strong> com rede ornitológica disposta próxima defendas rochosas usadas por S. biscutata para reprodução e pernoite,permitin<strong>do</strong> concluir que ele pernoitou no local. Apesar de não serconsiderada uma espécie migrante, os registros no Paraná apenas no outonoe inverno sugerem relação com algum movimento migratório. Salientamosque temos realiza<strong>do</strong> amplas pesquisas de campo na região litorânea <strong>do</strong>Paraná nos últimos anos, sen<strong>do</strong> pouco provável que a espécie tenha passa<strong>do</strong>desapercebida nos inventários realiza<strong>do</strong>s na primavera e verão. Por fim,destacamos que esta espécie pode ter si<strong>do</strong> observada anteriormente noesta<strong>do</strong> e registrada erroneamente como Tachornis squamata, que está listadapara o litoral com base em <strong>do</strong>is registros visuais. Na ocasião de um deles(Limeira), estávamos presentes e consideramos que as condições deobservação não eram adequadas para a separação das espécies envolvidas.Além disso, T. squamata tem ocorrência vinculada à presença de palmeiras<strong>do</strong> gênero Mauritia, que não ocorrem no litoral <strong>do</strong> Paraná. Sen<strong>do</strong> assim,sugerimos desconsiderar os registros de T. squamata para o esta<strong>do</strong>, até quesurjam novas evidências.Apoio: UFPR, CNPq, SPVS e Fundação O Boticário de Proteção àNatureza.________________________________________________R158Reprodução e novos registros de Cypseloides fumigatus (Apodidae) noEsta<strong>do</strong> <strong>do</strong> ParanáMauro Pichorim 1 , Alexandre Lorenzetto 2 e Marcos R. Bornschein 31. Curso de Pós-graduação em Zoologia - UFPR, c.p. 19020, Curitiba, PR, 81531-990; pichorim@bio.ufpr.br;. 2. Av. Cândi<strong>do</strong> de Abreu 660, Curitiba, PR, 80530-000; alexlorenzetto@uol.com.br; 3. Mater Natura Instituto de Estu<strong>do</strong>s Ambientais.End. p/corresp.: Av. República Argentina 1927, ap. 904. Curitiba, PR, 80620-010;mbr@bbs2.sul.com.brCypseloides fumigatus ocorre na América <strong>do</strong> Sul em populaçõesdisjuntas localizadas no Brasil, Paraguai, Argentina e Bolívia. É a espécie


típica <strong>do</strong> gênero, sen<strong>do</strong> considerada comum. No Paraná conta com poucosregistros, o que provavelmente se deve às dificuldades de identificação.Neste trabalho relatamos registros recentes da espécie e o primeiro caso dereprodução no Paraná. Observamos a espécie nas seguintes localidades edatas: Barra <strong>do</strong> Superagui – Ilha <strong>do</strong> Superagui, município de Guaraqueçaba(15/X/1992); Praia Deserta – Ilha <strong>do</strong> Superagui, município de Guaraqueçaba(21/XII/1999); Morro Anhangava, município de Quatro Barras(12/XII/1994, 20/I/1995, 06/I/1997, 14/I/1997); Chácara Santo Amaro,município de Guaratuba (02/X/1996); Coroa<strong>do</strong>s, município de Guaratuba(27/XII/1998); Serra <strong>do</strong> Capivari, município de Campina Grande <strong>do</strong> Sul(05/XI/2000, 25/XI/2000, 26/XII/2000, 19/I/2001); Parque Estadual de VilaVelha, município de Ponta Grossa (02/XII/2000, 22/XII/2000, 18/III/2001);Parque Estadual das Lauráceas, município de Adrianópolis (09 e 13/I/2000).A maioria das observações foram de grupos pequenos (4-15 indivíduos),mas em uma ocasião foi observa<strong>do</strong> um grupo com 26 e noutra um com cercade 50 indivíduos. Sempre voavam muito próximos um <strong>do</strong>s outros e emalgumas ocasiões realizavam pequenas perseguições e vocalizavam. Alguns<strong>do</strong>s locais de registro eram próximos de sítios de pernoite de Streptoprocnezonaris e S. biscutata, mas C. fumigatus não os utilizava para tal, a não serno Parque Estadual de Vila Velha. Um ninho foi encontra<strong>do</strong>, em24/XI/2000, numa fenda rochosa próxima a uma pequena cachoeira a 1050m de altitude na localidade Serra <strong>do</strong> Capivari. Quan<strong>do</strong> descoberto nãopossuía ovos e somente em 26/XII/2000 é que foi observa<strong>do</strong> pela primeiravez com um ovo (28,35 x 19,4 mm; 5,8 g). Em 09/I/2001 o ninhoencontrava-se com um filhote de olhos fecha<strong>do</strong>s, <strong>sem</strong> nenhuma penugem eaparentan<strong>do</strong> ter entre um e três dias de vida. Em 19/I/2001 o filhote estavato<strong>do</strong> coberto por uma penugem cinza de 4 mm. Em 04/II/2001 o ninhoencontrava-se vazio. O ninho segue o padrão já descrito para a espécie,possuin<strong>do</strong> a forma de uma pequena tigela construída sobre um substratohorizontal com musgos, terra e pequenas raízes. Possuía as seguintesdimensões: diâmetro externo = 11 x 12 cm; profundidade = 1,3 cm;diâmetro da câmara de incubação = 7 x 7,5 cm e altura = 3 cm. O ninhoestava bem fixa<strong>do</strong> no solo da fenda através de raízes que cresciam por entreo material nidular. A câmara incuba<strong>do</strong>ra era forrada com raízes finas esecas. Embora reproduza no Paraná, é provável que migre durante o perío<strong>do</strong>invernal dada a ausência de registros nesta época.Apoio: UFPR, CNPq e Fundação O Boticário de Proteção à Natureza.________________________________________________


R159Anilhamento com esforço constante: uma ferramenta para omonitoramento populacional de aves.Renato Torres Pinheiro¹ e German LópezDepart. de Ecologia, Univ. de Alicante, 03090, Alicante, Espanha;renato_josi@hotmail.comAs alterações <strong>do</strong> meio ambiente como a poluição, perda emodificação de hábitats e o câmbio climático, são apenas alguns <strong>do</strong>sprocessos que ocorrem na escala global e exercem um impacto negativosobre várias populações animais. Diante de tantas alterações muitaspopulações de aves estão diminuin<strong>do</strong> e algumas espécies sen<strong>do</strong> levadas àextinção. O estabelecimento de programas de monitoramento que vi<strong>sem</strong> aobtenção de da<strong>do</strong>s sobre os parâmetros demográficos e tendênciaspopulacionais são críticos para determinar as causas <strong>do</strong>s câmbiospopulacionais e para identificar as estratégias que tornem efetivas aconservação dessas populações. Um <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s mais amplamenteutiliza<strong>do</strong>s e que vem dan<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>s positivos tanto na Europa como naAmérica <strong>do</strong> Norte é o que utiliza o "Anilhamento com Esforço Constante",por meio de uma rede de estações de anilhamento na qual a meto<strong>do</strong>logía épadronizada. Este programa permite que os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s nas diferenteslocalidades sejam comparáveis entre sí e em diferentes anos defuncionamento. Através <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s dessa maneira é possíveldeterminar: (a) índices das alterações populacionais através das variaçõesinter-anuais no total de adultos captura<strong>do</strong>s, (b) informações sobre aprodutividade, por meio da relação anual entre o número de jóvens e adultoscaptura<strong>do</strong>s, a proporção de residentes e o número de recrutamentos napopulação adulta, (c) da<strong>do</strong>s de sobrevivência através das recapturas entreanos e das relações entre o hábitat e alterações populacionais uma vez quecada estação está associada a um hábitat específico. No presente trabalhofazemos uma revisão <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s pelos programas que utilizamesta meto<strong>do</strong>logia em vários países e apresentamos da<strong>do</strong>s inéditos de duasespécies de passeriformes migratórios, Carricero Común Acrocephalusscirpaceus e Carricero Tordal Acrocephalus arundináceus provenientes de


uma estação que vem utilizan<strong>do</strong> esta meto<strong>do</strong>logía a dez anos no sul daEspanha. Nosso objetivo é prover informações à comunidade ornitológicabrasileira a fim de estabelecer um programa de monitoramento similar, oque supõe um importante passo para que possam ser a<strong>do</strong>tadas medidas deconservação efetivas da avifauna brasileira.________________________________________________R160Levantamento da ornitofauna em fragmento de mata atlântica (ParqueEstadual da Serra <strong>do</strong> Mar – Núcleo Caraguatatuba, Litoral Norte <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> de São Paulo).Camila Vicentini Pinheiro 1 , Carlos Eduar<strong>do</strong> Bustamante Portes 2 , Júlio CésarSilva Santos 2 , Alberto Resende Monteiro 21 – Rua Vital Brasil, 62 – Centro – 11660-320, Caraguatatuba – SP – Brasilmajovi@uol.com.br; 2 – Universidade <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba - UNIVAP - Grupo deBiodiversidade - Instituto de Pesquisa Desenvolvimento – IPeD – Av. ShishimaHifumi, 2911 – Urbanova – 12244-000 – São José <strong>do</strong>s Campos – SP – Brasil –monteiar@univap.brO Parque Estadual da Serra <strong>do</strong> Mar possui aproximadamente 310 milhectares, sen<strong>do</strong> portanto, a maior porção contínua preservada de MataAtlântica <strong>do</strong> Brasil. Na literatura consultada sobre a região, especificamentesobre o núcleo Caraguatatuba, não foram encontradas publicações sobrelevantamentos e/ou estu<strong>do</strong>s mais detalha<strong>do</strong>s sobre as espécies de avessilvestres existentes nesta área. Desta forma, pretendeu-se contribuir para omelhor conhecimento e conservação desta biodiversidade. As técnicas deidentificação utilizadas foram: uso de binóculos para a busca direta, playbacke uso de redes de captura <strong>do</strong> tipo “mist net”. As redes foram abertasaos sába<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>mingos das 6 horas às 17 horas. Durante o tempo em que asredes permaneceram abertas, realizou-se a busca direta e o play-back. Aofinal deste trabalho, totalizan<strong>do</strong> 189 horas/campo, foram identificadas 70espécies, distribuídas entre 28 famílias. Destaca-se a presença de Pipilejacutinga, Tinamus solitarius, Tangara sele<strong>do</strong>n e Ilicura militaris. As avescapturadas foram marcadas utilizan<strong>do</strong>-se anilhas de metal fornecidas pelo


CEMAVE – Centro de Pesquisas para a Conservação de Aves Silvestres.Foram captura<strong>do</strong>s e anilha<strong>do</strong>s 118 indivíduos e 33 foram recaptura<strong>do</strong>s,destacan<strong>do</strong>-se a Ordem Passeriformes.________________________________________________R161Conhecimento tradicional e utilização de aves na região su<strong>do</strong>este <strong>do</strong>esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> ParanáÉrika Fernandes-Pinto 1 e A<strong>do</strong>lf Carl Kruger 2 .1 - UFSCar. Rua Tapajós, 418. CEP: 80.510-330 - Curitiba/PR -erika.fernandes@avalon.sul.com.br; 2 - UFSCar.Em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> as populações humanas possuem relaçõesparticulares com os recursos naturais, com os quais interagem e <strong>do</strong>s quaisapropriam-se através de estratégias adaptadas a cada realidade regional. Apopulação rural pode apresentar diferentes formas de utilização da faunasilvestre e em muitas regiões <strong>do</strong> Brasil a caça e a pesca ainda sãoimportantes atividades de subsistência. Este trabalho foi desenvolvi<strong>do</strong> emnove municípios da região su<strong>do</strong>este <strong>do</strong> Paraná e teve como objetivosresgatar/registrar o conhecimento <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res mais antigos sobre aavifauna local e detectar as formas de utilização das espécies. Asinformações foram obtidas através de entrevistas <strong>sem</strong>i-estruturadas cominformantes indica<strong>do</strong>s pelos demais membros da comunidade e com arealização de turnês guiadas pelos mesmos, no perío<strong>do</strong> entre agosto/1998 esetembro/1999. Foram entrevista<strong>do</strong>s um total de 105 mora<strong>do</strong>res. As avesforam relacionadas como "pássaros" e os critérios mais importantes paraidentificação das espécies foram características morfológicas externas,padrões de coloração, vocalizações e o<strong>do</strong>res. Cerca de 105 nomesvernáculos de aves foram cita<strong>do</strong>s no contexto geral das entrevistas,corresponden<strong>do</strong> a 85 espécies científicas. A ave mais citada foi o jacu(Penelope obscura, 60% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s), seguida pelos "nhumbus"(Crypturellus spp.) e a pomba-saleira (Columba spp., ambos com 50%), ajacutinga (Pipile jacutinga) e o macuco (Tinamus solitarius, ambos com40%). Cerca de 30 espécies foram relacionadas às seguintes categorias de


utilização: uso alimentar (17 espécies), uso medicinal (6 espécies), paramanutenção em cativeiro como xerimbabo (15 espécies), para cruzamentocom animais <strong>do</strong>mésticos (1 espécie) e uso ornamental (1 espécie). Alémdisto, 16 aves foram relacionadas como prejudiciais ou daninhas. Aatividade de caça revelou-se um elemento característico da cultura ecostumes da população estudada, sen<strong>do</strong> ainda hoje bastante significativa.Várias espécies de valor cultural encontram-se atualmente ameaçadas e aelaboração de um sistema eficiente de conservação deve, necessariamente,considerar a estreita ligação entre a população da região e a componenteavifaunística e os usos da diversidade biológica local têm que ser avalia<strong>do</strong>s.Órgão financia<strong>do</strong>r: Copel (Companhia Paranaense de Energia).________________________________________________R162Avifauna de fragmentos florestais em área de cultivo de cana-de-açúcarna região norte fluminense.Augusto Piratelli 1 ; Viviane Alves de Andrade 2 e Mauri Lima-Filho 31. Univ. Fed. Rural <strong>do</strong> Rio de Janeiro, IB, Depto. Biologia Animal, BR 465 KM47, Seropédica, RJ - 23851-970. E-mail: pirateli@ufrrj.br: pirateli@ufrrj.br; 2.Bolsista <strong>do</strong> PIBIC CNPq/UFRRJ. E-mail: vivalves@bol.com.br; 3. UFRRJ,Campus Dr. Leonel Miranda, Campos <strong>do</strong>s Goytacazes, RJ. E-mail:clmufrrj@rol.com.br.É sabi<strong>do</strong> que a fragmentação florestal provoca sensível redução nabiodiversidade, particularmente quan<strong>do</strong> os remanescentes de vegetaçãonativa ficam isola<strong>do</strong>s no interior de vastas monoculturas. No presenteestu<strong>do</strong>, avalia-se a avifauna em quatro fragmentos florestais na região deCampos <strong>do</strong>s Goytacazes, norte <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro. Os trabalhosvem sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s em área de cultivo de cana-de-açúcar na Usina SantaCruz (21º45’S; 41º19’W), através de visitas mensais desde outubro/2001,amostran<strong>do</strong>-se cada fragmento por cerca de seis horas a cada visita. Sãoefetuadas capturas com redes ornitológicas e registros visuais e auditivospor meio de caminhadas por trilhas já existentes. Quarenta e duas espécies


foram detectadas até o momento, sen<strong>do</strong> Tyrannidae a família com maiornúmero de espécies. Várias espécies apenas transitam de passagem sobre osfragmentos (ex. Egretta thula); outras são residentes (Manacus manacus) ealgumas utilizam-se destes fragmentos como repouso para abrigo noturno(Amazona amazonica). Destaca-se também a presença de Rhynchocyclusolivaceus, com status de vulnerável na lista de aves ameaçadas <strong>do</strong> Rio deJaneiro. Espécies pequenas de sub-bosque aparentemente não transitamentre os fragmentos, dada sua relativamente grande distância. Avespreda<strong>do</strong>ras, como Rupornis magnirostris deslocam-se entre eles e as áreasabertas. Outras espécies, como Cariama cristata e Porzana albicollis sóforam obervadas nas áreas de canavial ou alagadas próximas aosfragmentos. Mesmo em situação crítica, os fragmentos estuda<strong>do</strong>s aindaabrigam algumas espécies ecologicamente interessantes, como A.amazonica e R. olivaceus, e sua manutenção é importante para a avifauna daregião.Apoio: CNPq (Bolsa <strong>do</strong> PIBIC); Campus Dr. Leonel Miranda – UFRRJ(apoio logístico), Usina Santa Cruz (cessão da área de estu<strong>do</strong>s);DPPG/UFRRJ – apoio financeiro.________________________________________________R163Biologia <strong>do</strong> uirapuru-laranja, Pipra fasciicauda (Passeriformes:Pipridae)Augusto Piratelli 1 e Mariana Crespo Mello 21. Depto. Biologia Animal, Instituto de Biologia, Univ. Fed. Rural <strong>do</strong> Riode Janeiro, Seropédica, RJ. E-mail: pirateli@ufrrj.br ; 2. Bolsista PIBIC,CNPq/UFMS, DCN/CEUL, Três Lagoas, MSGrandes áreas de cerra<strong>do</strong> vêm sen<strong>do</strong> substituídas por monoculturas epecuária e inundadas por represamento de rios, comprometen<strong>do</strong> asobrevivência de várias espécies. Este trabalho objetivou conhecer aspectosda biologia e da ecologia <strong>do</strong> uirapuru laranja, Pipra fasciicauda, espécieque, no Brasil Central, ocorre principalmente em ambientes florestais. O


estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> de julho de 1994 a setembro de 1996 em quatorze locaisde coletas, abrangen<strong>do</strong> vegetação de mata de galeria, cerradão, cerra<strong>do</strong>senso restrito e eucaliptais), to<strong>do</strong>s na região leste de Mato Grosso <strong>do</strong> Sul.As aves foram capturadas com redes ornitológicas de 36 e 61 mm 2 demalha, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> anilhadas antes de sua soltura. A muda de penas foiverificada pela existência de canhões de penas novas e a presença decomissura labial (apresentada pelos jovens) determinou a maturidade. Aavaliação da reprodução foi efetuada pela presença da placa de incubação. Adieta foi estudada através da análise de fezes e/ou regurgitos. Foramcaptura<strong>do</strong>s 49 indivíduos, ocorren<strong>do</strong> 15 recapturas, sen<strong>do</strong> 26 (53,06%)fêmeas e 23 (46,93%) machos. Só ocorreram capturas em cerradão (n= 33),mata de galeria (n=26) e em um cerra<strong>do</strong> (n=2). As rede de 36 mmcapturaram mais indivíduos (n = 43; χ2 = 7,56, p = 0,01). O pico de mudade corpo ocorreu antes da época reprodutiva, sobrepon<strong>do</strong>- se à muda de vôo.A reprodução deu-se principalmente de agosto a novembro. Na dieta, houveampla pre<strong>do</strong>minância da frugivoria (93% das amostras), com consumo defrutos de Miconia sp. e Curatella americana, entre outros. O sub-bosque dasmatas ribeirinhas e outras matas adjacentes são os ambientes preferi<strong>do</strong>s deP. fasciicauda, e o desaparecimento destes ambientes comprometerão aocorrência da espécie na região.Apoio: CNPq (PIBIC); Chamflora Três Lagoas Agroflorestal Ltda. (apoiologístico) e DPPG/UFRRJ (apoio financeiro).________________________________________________R164Caracterização da estratégia de forrageio de Mimus saturninus(Mimidae), no município de Feira de Santana, Bahia.Tânia Santana Pita 1 e Caio Graco Macha<strong>do</strong> 1,2 .LORMA _ Laboratório de <strong>Ornitologia</strong> e Mastozoologia-DCBio, UEFS, BRll6, Km03, CEP 44031-460. Feira de Santana, BA. E-mails: 1.pstania@bol.com.br, 2. graco@uefs.br.O entendimento <strong>do</strong> comportamento de forrageio pode ser umelemento importante para subsidiar estu<strong>do</strong>s de ecologia, além de poder útil


para se avaliar o parentesco entre taxas e sua posição sistemática. Astécnicas de forrageio foram bastante estudadas entre os tiranídeos durante adécada de 70. Para os mimídeos inexistem trabalhos detalha<strong>do</strong>s sobre suasas técnicas e estratégias de forrageamento. Objetivou-se, neste estu<strong>do</strong>,investigar e analisar a estratégia e as técnicas de forrageio de Mimussaturninus, ave bastante comum em áreas abertas, naturais ou antropizadas,no interior da Bahia. As coletas <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s foram feitas no campus daUniversidade Estadual de Feira de Santana, em Feira de Santana, BA(12 o 12’30” S e 38 o 58”00” W). A vegetação <strong>do</strong> campus é constituída porjardins e grama<strong>do</strong>s, com árvores espaçadas e edificações. As coletas <strong>do</strong>sda<strong>do</strong>s foram feitas alternadamente pela manhã e tarde, entre março e maiode 2001, totalizan<strong>do</strong> 40 horas de trabalho de campo. Registrou-se o tempo ea velocidade de forrageio, as técnicas de captura e o número de investidaspara captura de presas. Foram registra<strong>do</strong>s, em 7 horas de observação diretade M. saturninus forragean<strong>do</strong>, 708 investidas para capturar presas. Atécnica de captura mais utilizada foi “investida no solo andan<strong>do</strong>” querepresentou 96,9% <strong>do</strong>s registros, o que categoriza esta espécie comoespecialista. Os 3,1% <strong>do</strong>s registros restantes foram de indivíduos que sealimentaram de frutos caí<strong>do</strong>s no chão, corroboran<strong>do</strong> a omnívora na espécie,embora tenha havi<strong>do</strong> uma pre<strong>do</strong>minância da dieta insetívora durante esteestu<strong>do</strong>. A velocidade média de forrageio foi de 1,68 investidas/minuto, oque sugere que M. saturninus possa ser considera<strong>do</strong> como forragea<strong>do</strong>r ativo.________________________________________________R165Biología reproductiva de Columbina picui picui (Columbidae): ciclotesticular.Andrea Ponce, Mirian E. Bulfon e Noemí Bee de SperoniDepto de Diversidad Biológica y Ecología. Fac. de Ciencias ExactasFísicas y Naturales. Vélez Sársfield 299. U.N.Cba. CP 5000. RepúblicaArgentina. mbulfon@com.uncor.eduLa torcacita común (Columbina picui picui), es un ave de ampliadistribución en el territorio argentino, tienen hábitos <strong>sem</strong>iterrícolas yperi<strong>do</strong>mésticos y se alimentan preferentemente de granos. Treintaejemplares machos de C. P. picui se capturaron con redes de niebla en el


Dpto.San Alberto ( Pcia de Cór<strong>do</strong>ba), R. Argentina,(65º 01’ Longitud O y31º 39’ Latitud S), durante el ciclo reproductivo 2000-2001. La ausencia deBursa de Fabricius, fue utiliza<strong>do</strong> como indica<strong>do</strong>r del esta<strong>do</strong> adulto. Las avesse anestesiaron con Uretano anhydro (2,5g./ Kg de peso) y se disecaron.Ambos testículos completos fueron removi<strong>do</strong>s, medi<strong>do</strong>s con un calibrevernier (0-120 mm) y pesa<strong>do</strong>s con una Balanza de Precisión Mettler (0,1mg), se fijaron en Formalina-Neutra pH 7.0. y se procesaron de acuer<strong>do</strong> a latécnica de inclusión en parafina. Los cortes seria<strong>do</strong>s de 6 µm, se colorearoncon Hematoxilina-Eosina y Tricrómico de Mallory. El objetivo de esteestudio fue analizar las variaciones morfohistológicas de laespermatogénesis y espermiogénesis de los túbulos <strong>sem</strong>iníferos y el teji<strong>do</strong>intersticial, a los efectos de caracterizar los distintos estadíos del desarrollogonadal en esta ave, durante un ciclo reproductivo completo. Sediferenciaron cuatro fases bien marcadas: Reposo (febrero-agosto)observán<strong>do</strong>se espermatogonias inactivas con cromatina condensada en susnúcleos, abundantes células de Sertoli y células intersticiales conectivas.Recrudescencia temprana (septiembre), espermatogonias en división, yespermatocitos primarios hacia la luz de los túbulos. En el área intersticialse localizan, entre los fibroblastos, grupos de 3 ó 4 células de Leydig.Culminación (octubre-noviembre), la espermatogénesis es intensa y la líneagerminal se completa, (espermatocitos y espermátidas en diferenciación), seobserva una activa espermiogénesis y abundantes manojos deespermatozoides hacia la luz de los túbulos. En el intersticio, abundantescélulas de Leydig. Regresión (diciembre-enero) la espermatogénesis esincompleta y en la luz de los túbulos se destacan restos celulares mientrasque en el área intersticial numerosas células conectivas. De estos resulta<strong>do</strong>sse infiere que el ciclo testicular de C.p.picui. en la población estudiada, esmarcadamente estacional, con una fase de recrudesencia gonadal (setiembre– enero) y una quiescencia sexual prolongada (febrero–agosto).SECYT - U.N.CBA. Resol. 163/99.________________________________________________


R166Distribuição <strong>do</strong>s cucos terrestres: vicariância ou dispersão?Sérgio Roberto Posso e Reginal<strong>do</strong> José DonatelliUniversidade Estadual Paulista - UNESP - DCB, Laboratório deVertebra<strong>do</strong>s. CP 473, 17033-360. Bauru/ SP (srposso@hotmail.com) e(rj<strong>do</strong>nat@techno.com.br).Os cucos terrestres são considera<strong>do</strong>s os mais antigos dentre os cucose ocorrem no Neotrópico (Crotophaginae e Neomorphinae), África(Centropodinae), Madagascar e Sul da Ásia (Couinae). Entretanto, não hátrabalhos em zoogeografia nos Cuculidae e há controvérsias se o hábitoterrestre surgiu mais de uma vez neste grupo. Assim, procurou-se verificar afreqüência <strong>do</strong> surgimento deste hábito e recuperar a história da distribuição<strong>do</strong> grupo por meio da análise filogenética e biogeografia histórica. Paratanto, utilizou-se 109 caracteres provenientes da osteologia craniana damaioria (90%) <strong>do</strong>s gêneros pertencentes aos Cuculiformes. Musophagidaefoi utiliza<strong>do</strong> como grupo externo. Através <strong>do</strong> programa Hennig 86 obteve-se<strong>do</strong>is cla<strong>do</strong>gramas mais parcimoniosos (330 passos, IC=0,54 e IR=0,73)ambos demonstran<strong>do</strong> que o hábito terrestre é primitivo e surgiu uma únicavez nos cucos. A hipótese biogeográfica mais parcimoniosa indicadistribuição <strong>do</strong>s cucos terrestres por vicariância através da separação <strong>do</strong>scontinentes à partir da Gondwana. Isto implica que a idade deste grupo émas antiga (Cretáceo) <strong>do</strong> que se conhece por registros fósseis (Paleoceno) eque provavelmente surgiram no Hemisfério Sul, fato corrobora<strong>do</strong> peloendemismo de seus parentes próximos na América <strong>do</strong> Sul (Opisthocomushoazin) e África (Musophagidae). Já os cucos arborícolas (Cuculinae ePhaenicophaeinae) são deriva<strong>do</strong>s, cosmopolitas e provavelmente sedistribuíram por dispersão.Agência financia<strong>do</strong>ra: FAPESP, proc. 99/08000-0________________________________________________


R167Novo registro de Orthopsittaca manilata para o Esta<strong>do</strong> de São PauloDidier David Pozza 1 e Fabrício Dias 21. Mestra<strong>do</strong> em Ecologia, UFSCar, Bolsista CAPES; stoned@com4.com.br;2-Graduação de Biologia, UNIFRAN.Orthopsittaca manilata é um psitacídeo cuja distribuição estárelacionada com a palmeira buriti (Mauritia sp.), cujo fruto é o principalitem de sua dieta. É uma espécie naturalmente rara no esta<strong>do</strong> de São Paulo,sen<strong>do</strong> sua ocorrência registrada somente para o extremo nordeste <strong>do</strong> mesmo.Está classificada em São Paulo como criticamente em perigo devi<strong>do</strong> àdestruição <strong>do</strong> seu hábitat e à distribuição marginal no esta<strong>do</strong>. O únicoregistro disponível da espécie em São Paulo é de Willis e Oniki (1993), queencontraram um grupo no município de Buritizal em 1987. Em maio de1999, uma população com cerca de 30 indivíduos foi localizada e registradaem vídeo na divisa <strong>do</strong>s municípios de Igarapava e Pedregulho, numa regiãoconhecida como “Furna da Braúlia”. Esta localidade é um vale de áreasúmidas compostas por brejos e lagoas. O grupo pernoita num buritizalsitua<strong>do</strong> num brejo. Ao amanhecer, deslocam-se <strong>do</strong> <strong>do</strong>rmitóriopermanecen<strong>do</strong> fora to<strong>do</strong> o dia. Retornam ao anoitecer para o <strong>do</strong>rmitório queé compartilha<strong>do</strong> com um grupo de Theristicus caudatus. O grupo foimonitora<strong>do</strong> de maio a dezembro de 1999 e em julho de 2000, manten<strong>do</strong>-seestável. Não foram verifica<strong>do</strong>s animais jovens e nenhum indício decomportamento reprodutivo devi<strong>do</strong> ao pouco tempo de observações.Entretanto, é possível que a espécie reproduza-se no local, pois o mesmofornece ambiente propício para a nidificação da espécie.________________________________________________


R168Uso del hábitat en las aves de bosque del Parque Nacional Iguazú,Argentina.Jorge J. ProtomastroConsejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas, Argentina yCentro de Investigaciones Ecológicas Subtropicales, Parque NacionalIguazú, Argentina. CC 43, 3370 Puerto Iguazú, Misiones, Argentina;proto@fnn.netSe analizó el uso del hábitat en un conjunto de 99 especies. Losdatos corresponden a 174 estaciones repartidas en siete cuadros de 25 ha (1estación/100 m). Los conteos incluyen aves observadas y escuchadas. Cadaestación fue relevada cuatro veces mediante conteo puntuales de 10 minutosy radio de 25 m. Se excluyeron las especies con menos de cuatroobservaciones en total. Los datos ambientales incluyen densidad, riqueza ydiversidad de árboles (índice de Simpson utilizan<strong>do</strong> áreas basales totales porespecie), y densidad de ramas y bambúes en el sotobosque. El relevamientoincluyó bosque primario, bosques secundario joven y viejo, y bosque conafloramiento periódico de la capa freática. Se analizaron en forma separadalas relaciones entre especies, y las relaciones entre especies y variablesambientales. Las especies conforman un espacio multidimensional que fueanaliza<strong>do</strong> mediante Análisis de Correspondencias (CA: CorrespondenceAnalysis). Se esperaba que algunas especies estuvieran más relacionadasentre si que otras, dependien<strong>do</strong> de los ambientes utiliza<strong>do</strong>s (por ejemplo,especies de borde versus especies de interior de bosque). CA extrae los ejesde variación, no correlaciona<strong>do</strong>s, que mejor explican la composición de lacomunidad en base a promedios recíprocos de variación, entre especies yentre estaciones de muestreo (Hill 1973). Las relaciones entre especies yvariables ambientales fueron analizadas mediante Ordenamientos deCorrespondencias Canónicas (CCA: Canonical Correspondence Analysis),procedimiento que extrae los ejes que mejor explican la relación especiesvariablesambientales de acuer<strong>do</strong> a un modelo unimodal, que toma en cuentael óptimo y el rango de tolerancia de las especies (CANOCO: Ter Braak1988). Aquí se esperaba encontrar que la cobertura arbórea, la diversidad deespecies de árboles y la densidad del sotobosque explicaran la mayor partede las variación en la comunidad de aves. Cada eje (eigenvector) poseen un


eigenvalor (rango 0-1) que determina la dispersión de las especies en dichoeje. Valores >0.5 denotan buena separación de las especies en un eje. Lasaves de borde y bosque secundario joven mostraron valores positivos en elprimer eje del CA (eigenvalor: 0.4067), mientras las especies de interiormostraron valores negativos. El segun<strong>do</strong> eje no tuvo una interpretación clara(eigenvalor: 0.2912), especies con distribución localizada en el bosque deinundación presentaron valores negativos. El CCA mostró eigenvalores muybajos en los <strong>do</strong>s primeros ejes (0.1031 y 0.0908) no hallán<strong>do</strong>se una relaciónentre la variación en la avifauna y la variación en el ambiente. De acuer<strong>do</strong> aeste análisis la avifauna de bosque en Iguazú tiene una distribución pocorestringida por el rango de variación ambiental existente, desde bosqueprimario a bosques secundarios. Sin embargo existe una estructura de lacomunidad relacionada con las especies de borde y bosque secundario noexplicada por el CCA. El bosque de inundación posee algunas especies dedistribución restringida características.________________________________________________R169Um modelo de dinâmica populacional de uma colônia de pombasZenaida auriculata no Médio Vale <strong>do</strong> Paranapanema, São Paulo.Ronald D. Ranvaud 1 , Luciano N. Menezes 2 e Enrique H. Bucher 31. USP-Instituto de Ciências Biomédicas, Av. Lineu Prestes 1524, 05508-900 São Paulo, SP; ranvaud@usp.br; 2. Instituto de Biociências Depto. deFisiologia, Rua <strong>do</strong> Matão Trav. 14, n.321, CEP 05508-900 São Paulo, SP;lmenezes@femanet.com.br; 3. Centro de Zoologia Aplicada, UniversidadNacional de Cór<strong>do</strong>ba, Casilla de Correos 122, Cór<strong>do</strong>ba 5000, Argentina;buchereh@si.cor<strong>do</strong>ba.com.arVárias colônias reprodutivas da pomba Zenaida auriculata,instaladas em canaviais e cobrin<strong>do</strong> entre 60 e 1000 ha, apareceram emvários pontos <strong>do</strong> interior de SP e PR nos anos 70 e 80. A maioria destascolônias durou apenas alguns anos. Uma, no entanto, no município deTarumã continua vigorosa. Da<strong>do</strong>s de alguns parâmetros reprodutivos destacolônia (eficiência de incubação, I, e de emancipação, E), e o padrão


temporal das posturas (em ondas sincronizadas) permitem estabelecerlimites superiores e inferiores <strong>do</strong>s outros parâmetros vitais (sobrevivência deprimeiro ano, P, e sobrevivência anual <strong>do</strong>s adultos, A), que não forammedi<strong>do</strong>s até o momento. O modelo proposto considera que a populaçãoreprodutiva esteja estável de um ano para o outro, e considera que aintensidade de imigrações e emigrações sejam iguais. Nessas circunstânciasé fácil gerar gráficos que descrevam os vínculos entre os parâmetrosmenciona<strong>do</strong>s em termos de leques de retas, rotuladas pelo número médio deintentos reprodutivos por ano e por casal em idade reprodutiva. Ao longo de1996 e 1997 I.E foi determina<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> 0,375, e o número médio deintentos reprodutivos por casal e por ano, no mesmo perío<strong>do</strong>, foi de 3 a 4.Estes valores situam a sobrevivência anual de adultos entre 50 e 65% e asobrevivência de primeiro ano entre 25 e 40%. Pelos gráficos é possíveldeterminar o segun<strong>do</strong> destes parâmetros, se o outro for conheci<strong>do</strong> ouestima<strong>do</strong>.Órgãos financia<strong>do</strong>res: CAPES, CDVale, F.N.M.A.________________________________________________R170Projetos de Monitoramento de Aves Silvestres da FunPEB.Marcelo Lima Reis.Fundação Pólo Ecológico de Brasília (mukira@usa.net)Nos últimos anos os zoológicos “modernos” deixaram de ser umsimples local de demonstração de animais e passaram a incorporar funçõesmais nobres para justificar a manutenção <strong>do</strong>s animais fora <strong>do</strong> seu ambientenatural, como: a recreação aliada a Educação Ambiental, a Conservação e aPesquisa Científica. O Jardim Zoológico de Brasília (JZB), atual FundaçãoPólo Ecológico de Brasília (FunPEB), vem nos últimos anos aprimoran<strong>do</strong> osméto<strong>do</strong>s de manejo e estu<strong>do</strong>s em cativeiro, além de elaborar e executarprojetos de pesquisa tanto “ex situ” como “in situ”, principalmente atravésde parcerias com outras instituições de pesquisa. Assim iniciou-se <strong>do</strong>isprojetos sobre a avifauna regional: um para o estu<strong>do</strong> da comunidade na área


da FunPEB (área de exposição e da ARIE – “Santuário <strong>do</strong> Riacho fun<strong>do</strong>”,contígua ao Zôo) e outro para as aves que chegam ao Zôo através deapreensões de órgãos de fiscalização e da população. No primeiro, após oinventário <strong>do</strong> local, iniciamos a fase de monitoramento, principalmente dacomunidade da avifauna da mata de galeria <strong>do</strong> “Santuário”. As captura sãofeitas com rede de neblina, mais também em armadilhas para pequenosmamíferos e na marcação são utilizadas anilhas <strong>do</strong> CEMAVE, seguin<strong>do</strong>meto<strong>do</strong>logia científica padrão de coleta de da<strong>do</strong>s. Também esta sen<strong>do</strong> feitoo acompanhamento <strong>do</strong>s filhotes de espécies gregárias que nidificam na área<strong>do</strong> Zôo, como quero-quero, garças, biguás, guacuru e coruja-buraqueira,através da captura e anilhamento <strong>do</strong>s filhotes no ninho. O segun<strong>do</strong> é amarcação através <strong>do</strong> anilhamento das aves recebidas pela FunPEB, ounascidas em cativeiro, e que serão soltas em áreas naturais <strong>do</strong> DistritoFederal e Entorno. Até o momento registrou-se para a área da FunPEB 208espécies e foram capturadas e anilhadas mais de 50 indivíduos entre eles:Turdus rufiventris (3), Coereba flaveola (1), Hylocryptus rectirostris (1),Thamnophilus punctatus (1), Antilophia galeata (1), Thryothorus leucotis(1), Rhynchotus rufescens (2), Ammodramus humeralis (5) Saltator atricolis(4), Nyctidromus albicollis (3) e Leptotila rufaxilla (2) e os filhotes de:Casmerodius albus (10), Vanellus chilensis (8), Nycticorax nycticorax (2) eEgretta thula (1). No Projeto de Translocação (soltura) até o momento jáforam marca<strong>do</strong>s e libera<strong>do</strong>s mais de 70 espécimes, entre eles: Sporophilacaerulescens (4), Sporophila nigricollis (3), Turdus rufiventris (4), Saltatorsimilis (2), Mimus saturninus (1), Gnorimopsar chopi (12), Falcosparverius (4), Falco femoralis (1), Tyto alba (10), Polyborus plancus (5),Rhamphastos toco (4) e Nycticorax nycticorax (11). Como resulta<strong>do</strong>s destesestu<strong>do</strong>s esperamos obter da<strong>do</strong>s biológicos e ecológicos sobre a comunidadedas aves da FunPEB e também sobre a reintrodução de indivíduos nanatureza.Apoio: FAP/DF e CEMAVE________________________________________________


R171Relações filogenéticas entre Aratinga solstitialis solstitialis, A. s. jandayae A. s. auricapilla estudadas por meio da análise de seqüências de DNAmitocondrial.Camila C. Ribas 1 , Erika Sendra Tavares 1 , Cristina Yumi Miyaki 1Depto de Biologia, Instituto de Biociências, USP, Rua <strong>do</strong> Matão, n.277,05508-900, São Paulo, SP, Brasil; ribasc@usp.brAratinga solstitialis solstitialis, A. s. jandaya e A. s. auricapilla sãoconsideradas, por alguns autores, como raças geográficas, enquanto queoutros autores preferem considerá-las como três espécies distintas. Essestrês taxons ocorrem em alopatria na América <strong>do</strong> Sul - solstitialis no nordesteda Amazônia, Guiana e Venezuela, jandaya no nordeste e centro-oeste <strong>do</strong>Brasil e auricapilla no sudeste - e apresentam padrões de coloração bemdistintos. No presente trabalho estão sen<strong>do</strong> estudadas as relaçõesfilogenéticas entre esses três taxons, além das suas relações com outrasespécies de psitacídeos neotropicais, <strong>inclui</strong>n<strong>do</strong> Ano<strong>do</strong>rhynchus leari, A.hyacinthinus, Propyrrhura couloni, P. auricolis, Ara ararauna,Orthopsittaca manilata, Diopsittaca nobilis, Guarouba guarouba, Aratingacactorum, A. aurea, A. weddelli, A. leucophthalmus e Nandayus nenday. Foirealiza<strong>do</strong> o seqüenciamento de regiões <strong>do</strong> DNA mitocondrial, <strong>inclui</strong>n<strong>do</strong> orDNA 12S (~400 pares de bases), rDNA 16S (~600 pb), citocromo b (~400pb) e região controla<strong>do</strong>ra (~1000 pb). As seqüências obtidas foramanalisadas utilizan<strong>do</strong> Máxima Verossimilhança e Máxima Parcimônia. Osresulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s indicam que (1) há diferenciação molecular entre os trêstaxons, mas a divergência entre eles é pequena se comparada a outrosgrupos de espécies pertencentes ao mesmo gênero; (2) auricapilla e jandayasão mais próximas entre si e solstitialis aparece como seu grupo irmão; (3) aespécie estudada mais próxima a esses três taxons é Nandayus nenday.Estimativas baseadas no relógio molecular indicam que a separação entresolstitialis e os outros <strong>do</strong>is taxons ocorreu há cerca de 1,7 milhões de anos eque a separação entre auricapilla e jandaya ocorreu há cerca de 1 milhão deanos, data que coincide com o início <strong>do</strong> Pleistoceno.Apoio financeiro: FAPESP, CAPES e CNPq.________________________________________________


R172Comunidade de aves em uma lagoa marginal <strong>do</strong> médio rio SãoFrancisco, noroeste de Minas Gerais.Rômulo RibonPG em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre / UFMG – Av.Antônio Carlos 6627, CEP 31270-010, Belo Horizonte – MG(ribon@icb.ufmg.br); 2 - Museu de Zoologia João Moojen de Oliveira, VilaGianetti, 32, 36570-000, Viçosa – MG (endereço atual)As lagoas marginais ao longo de rios brasileiros são ambientesimportantes para a manutenção de populações de peixes nos rios que asinundam sazonalmente, bem como de anfíbios e outros organismoslimícolas. Entretanto, assim como para estes organismos, o mo<strong>do</strong> como aavifauna distribui-se nesses ambientes ao longo <strong>do</strong> ano é ainda amplamentedesconheci<strong>do</strong>. O presente trabalho avalia a variação na riqueza e abundânciada avifauna da Lagoa <strong>do</strong> Sossego, situada ao la<strong>do</strong> da sede <strong>do</strong> Projeto deIrrigação da Jaíba (PIJ-I), Etapa I, em Mocambinho – MG, na margemdireita <strong>do</strong> rio São Francisco. Foram feitos censos a pé e com canoa a remo,anotan<strong>do</strong>-se to<strong>do</strong>s os indivíduos vistos e ouvi<strong>do</strong>s na lagoa e arre<strong>do</strong>res, emquatro manhãs <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de seca local (15/<strong>IX</strong>/1996; 21/V/1997; 18/IV e25/VII/1998) e em outras quatro no perío<strong>do</strong> chuvoso (18/XI/1996; 25/I,21/III e 19/I/1998). As aves limícolas foram classificadas em duas “guildasde dependência da água”: “dependentes” (D) e “parcialmente dependentes”(PD). De mo<strong>do</strong> similar, espécies terrestres foram classificadas em duasguildas de dependência de ambientes úmi<strong>do</strong>s (matas ciliares, locaisantropiza<strong>do</strong>s com maior umidade que a caatinga no perío<strong>do</strong> da seca e,caatinga no perío<strong>do</strong> das chuvas): “dependentes” (DM) e “independentes”(IM), analisan<strong>do</strong>-se a riqueza e distribuição sazonais desses grupos nasdiferentes estações. Foram identificadas 121 espécies de aves na LS e emsuas margens, sen<strong>do</strong> 44 (36 %) dependentes <strong>do</strong> meio aqüático (p. ex.Pandion haliaetus, Tringa solitaria, T. flavipes, T. melanoleuca,Hoploxyterus cayanus), nove (7,4 %) parcialmente dependentes (p. ex.Pyrocephalus rubinus, Agelaius ruficapillus, Molothrus badius), 21 (17,3%) dependentes de matas ciliares e áreas úmidas (p. ex. Furnarius rufus,Myiozetes similis, Pseu<strong>do</strong>seisura cristata) e 47 espécies (38,8 %)


independentes desses ambientes (p. ex. Nothura boraquira, Pitangussulphuratus, Euscarthmus meloryphus). Houve grande variação no númerode espécies e de indivíduos, de forma inversamente proporcional à altura dalâmina d’água da lagoa, com as maiores discrepâncias ocorren<strong>do</strong> comespécies dependentes e parcialmente dependentes <strong>do</strong> maio aqüático.Variações nesses <strong>do</strong>is grupos contribuíram mais para os extremos nonúmero total de indivíduos e espécies ao longo <strong>do</strong> ano com extremosmáximo (69 espécies e 638 indivíduos) e mínimo (24 espécies, 109indivíduos) sen<strong>do</strong> registra<strong>do</strong>s em setembro/1996 e janeiro/1997,respectivamente. Este trabalho destaca a importância das lagoas marginais<strong>do</strong> rio São Francisco para a manutenção da diversidade regional de espécies,bem como de espécies migratórias transcontinentais.Apoio: Sytec 3 e CODEVASF.________________________________________________R173Abundância de aves em um fragmento de Mata Atlântica da Zona daMata de Minas Gerais através <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de contagem por pontos.Rômulo Ribon 1, 2 , Natália Rust Neves 2 e Emílio Campos Aceve<strong>do</strong> Nieto 21- PG em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre / UFMG – Av.Antônio Carlos 6627, cep 31270-010 Belo Horizonte – MG(ribon@icb.ufmg.br); 2 - Museu de Zoologia João Moojen de Oliveira, VilaGianetti, 32, 36570-000, Viçosa - MG; (nrust@ieg.com.br;ecani@bol.com.br)A elaboração de estratégias para a conservação da avifauna exige,dentre outros, da<strong>do</strong>s sobre sua abundância e distribuição. Este estu<strong>do</strong>,realiza<strong>do</strong> durante os meses de abril, junho e setembro de 1996, abril de 1997e maio e novembro de 1999, visou caracterizar quantitativamente a avifaunade um fragmento de Mata Atlântica secundária de 384,5 hectares (“Mata <strong>do</strong>Paraíso”; 20º 45´ S, 42º 51´ W) em Viçosa – MG. Utilizou-se o méto<strong>do</strong> deamostragem por pontos, demarcan<strong>do</strong>-se 15 pontos fixos, distribuí<strong>do</strong>s a cada150 metros, ao longo de duas trilhas no interior de trechos de mata


secundária em estágio avança<strong>do</strong> de regeneração, obten<strong>do</strong>-se o índice pontualde abundância (IPA) para cada espécie. Os pontos foram amostra<strong>do</strong>sdurante 10 minutos em cada visita conforme recomendações em Ralph et al.1995 (Pacific Southwest Research Station. Gen. Tech. Rep. PSW-gtr -149.Albany, CA). Em 90 contagens (6 visitas x 15 pontos) foram feitos 2091contatos, com média de 16,5 contatos / amostra, identifican<strong>do</strong>-se um total de134 espécies de 27 famílias. As cinco espécies mais abundantes foramChiroxiphia caudata (IPA = 1,60), Basileuterus culicivorus (1,58),Trichothraupis melanops (0,63), Conopophaga lineata (0,61) e Pyriglenaleucoptera (0,61). Num fragmento florestal de 251 ha, também com 134espécies registradas, em Campinas – SP, B. culicivorus e C. lineataestiveram entre as espécies mais abundantes (Vielliard e Aleixo, Rev. Bras.Zool. 1995), embora a abundância relativa das outras espécies tenha diferi<strong>do</strong>em graus varáveis nas duas áreas, provavelmente devi<strong>do</strong> a diferenças naatuação de fatores intrínsecos e extrínsecos moldan<strong>do</strong> a dinâmicapopulacional das diferentes espécies nas duas áreas. Adicionalmente, deveseconsiderar que aqueles autores utilizaram 20 minutos de amostragem, aoinvés de 10 minutos, como no presente trabalho.Apoio: PROBIO/GEF/CNPq; ECMVS-UFMG/USFWS; Programa Naturezae <strong>Sociedade</strong> (WWF-SUNY, Projeto CSR 142-00); ABC (PMAY 00396).________________________________________________R174Utilização espaço-temporal <strong>do</strong> recurso floral de Citharexylummyrianthum (Verbenaceae) por beija-floresMárcia Alexandra de Andrade Rocca e Marlies Sazima 2Programa de Pós-graduação em Ecologia e Departamento de Botânica, IB,Unicamp, Campinas, SP; roccacca@hotmail.comCitharexylum myrianthum é uma espécie arbórea, pioneira, típica demata pluvial atlântica e de galeria. Ocorre <strong>do</strong> sul da Bahia até o Rio Grande<strong>do</strong> Sul e sua florada explosiva ocorre entre outubro e dezembro, produzin<strong>do</strong>grande quantidade de flores por dia por indivíduo. Tipicamente esfingófila,


é mais uma espécie de antese crepuscular-noturna que tem seu néctarexcedente explora<strong>do</strong> por visitantes no dia seguinte. As flores tubulosas,brancas, acumulam até o final da noite cerca de 15µl de néctar comconcentração de 16% e não produzem mais néctar pela manhã. Três plantasna região urbana de Campinas e uma silvestre na região de Picinguaba,Ubatuba, SP, foram acompanhadas ao longo da florada. Para determinar aatividade <strong>do</strong>s beija-flores, foram realiza<strong>do</strong>s três perío<strong>do</strong>s de observações,entre 0600-0700h, 0800-0900h e 1000-1100h, totalizan<strong>do</strong> 95 horas deobservação diurna. Foram registradas as espécies de aves visitantes, horárioe número de indivíduos, interações agonísticas com outras aves, região dacopa visitada e o número de flores visitadas a cada visita. Para a localizaçãodas visitas às flores, a copa foi dividida em três pisos e cada piso em áreasde 3x3. Dentro deste gride imaginário, as visitas e os poleiros <strong>do</strong>s beijafloresforam localiza<strong>do</strong>s espacialmente na copa. Oito espécies de beijaflore<strong>sem</strong> Campinas e sete em Picinguaba, entre residentes e migratórias,exploraram o recurso de C. myrianthum, interagin<strong>do</strong> agonisticamente entresi e utilizan<strong>do</strong> o recurso espacialmente e temporalmente de formasdiferentes. As espécies de maior porte e mais agressivas foram responsáveispor mais de 50% das flores visitadas, excluin<strong>do</strong> coespecíficos e outrasespécies <strong>do</strong>s horários e das regiões da copa com maior concentração derecurso. O número de flores visitadas foi <strong>sem</strong>pre muito menor que odisponível, haven<strong>do</strong> mais interações agonísticas no início e no pico daflorada, assim como no início da manhã, quan<strong>do</strong> o número de beija-flore<strong>sem</strong> cada planta foi maior. A sobreposição na utilização <strong>do</strong> recurso, segun<strong>do</strong>o índice de Petraits, foi também maior nestas fases. Posteriormentediminuiu, não ocorren<strong>do</strong> sobreposição simultânea na utilização espacial etemporal. Não ocorreram interações entre beija-flores e os insetos visitantesfreqüentes, mas a ave Coereba flaveola (Emberizidae, Passeriformes),pilha<strong>do</strong>ra de néctar, foi <strong>sem</strong>pre perseguida.Programa de Mestra<strong>do</strong>: CAPES e CNPq________________________________________________


R175Variabilidade genética nas populações de cabeça-seca (Mycteriaamericana) <strong>do</strong> Pantanal Matogrossense.Cristiano Dosual<strong>do</strong> Rocha 1 e Sílvia Nassif Del LamaDepartamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos,Via Washington Luiz, Km 235, São Carlos, SP. CEP 13.565-905; 1.pcdr@iris.ufscar.brO cabeça seca (Mycteria americana) é uma ave pernalta que formagrandes grupos durante seu ciclo reprodutivo. Esses agrupamentosrepresentam unidades populacionais e são chama<strong>do</strong>s de ninhais. Em umestu<strong>do</strong> genético alozímico prévio, desenvolvi<strong>do</strong> pela mesma equipe, ficouevidente um alto grau de identidade genética entre as populações <strong>do</strong>sninhais pantaneiros, e entre as populações norte e sul americanas. Dan<strong>do</strong>continuidade a esse projeto essa análise foi estendida com a inclusão de trêslocos de microssatélites e o loco proteico da albumina. Foram tipa<strong>do</strong>s 118indivíduos de 6 colônias para o loco <strong>do</strong> microssatélite WS4 e 86 indivíduosde 5 colônias para o loco da albumina. As análises nos locos WS2 e WS6são ainda preliminares. As freqüências alélicas <strong>do</strong>s alelos encontra<strong>do</strong>s noloco WS4 (S e F) foram 0,45 e 0,55, respectivamente. Para a albumina, asfreqüências alélicas encontradas para os alelos A e B foram de 0,44 e 0,56.Os resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s no loco WS4 neste trabalho reforçam a baixadiferenciação genética entre as populações de cabeças secas. O loco daalbumina se revelou como um excelente marca<strong>do</strong>r genético pois apresentaalto grau de polimorfismo, comparável ao <strong>do</strong> microssatélite WS4. Essaanálise contribuirá para a compreensão <strong>do</strong> processo de estruturação genéticadessas populações e sua dinâmica populacional, essenciais para o manejo econservação da espécie.Órgão Financia<strong>do</strong>r: FAPESP, Fundação de Amparo à Pesquisa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> deSão Paulo.Processo 98/06160-8________________________________________________


R176Biologia reprodutiva da população de cabeça-seca (Mycteria americana)<strong>do</strong> Pantanal Matogrossense.Cristiano Dosual<strong>do</strong> Rocha 1,3 , Alexandre Tadeu Barbosa <strong>do</strong>s Santos 1Shannon Noel Bouton 2e1 Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de SãoCarlos, Via Washington Luiz, Km 265, São Carlos, SP; 13.565-905; 2 BirdsDivision, Museum of Zoology, 1109 Geddes Ave, University of Michigan,Ann Arbor, MI 48109-1079 3. pcdr@iris.ufscar.brForam estudadas 2 colônias reprodutivas de cabeças secas noPantanal (Porto da Fazenda, 16 o 27'29,6"S, 56 o 07'00"W, e Tucum16°26′33″S, 56°03′25,45″W) no ano de 2000. A colônia de Porto daFazenda possuía mais de 900 ninhos <strong>do</strong>s quais foram monitora<strong>do</strong>s 314ninhos. Esses ninhos monitora<strong>do</strong>s foram dividi<strong>do</strong>s em 3 grupos: 151 ninhosno grupo 1, 69 ninhos no grupo 2 e 94 ninhos no controle. A colônia deTucum possuía aproximadamente 450 ninhos <strong>do</strong>s quais foram monitora<strong>do</strong>s180 ninhos. Esses 180 ninhos foram dividi<strong>do</strong>s em 2 grupos: 111 ninhos nogrupo 1 e 69 ninhos no grupo 2. O monitoramento foi feito em “blinds”construí<strong>do</strong>s em árvores, a 12 metros de altura aproximadamente. Asobservações eram feitas em dias alterna<strong>do</strong>s com um tempo médio de 3,5horas de observação por dia. O perío<strong>do</strong> das observações foi <strong>do</strong> começo dejulho até o final de setembro. A maioria das aves chegou no final de Maiopara a formação <strong>do</strong> ninhal e a maior parte <strong>do</strong>s ovos foi posta no final deJunho. Mais de 20% <strong>do</strong>s ninhos foram aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s depois <strong>do</strong>s ovos teremeclodi<strong>do</strong> e a média de filhotes por ninho foi de 2,2 (1-3). A porcentagem deninhos bem sucedi<strong>do</strong>s foi de 45% e o sucesso de filhotes que deixaram oninho foi por volta de 44%. Estes resulta<strong>do</strong>s estão coerentes com os da<strong>do</strong>spublica<strong>do</strong>s para as colônias da América <strong>do</strong> Norte e da Venezuela.Órgão Financia<strong>do</strong>r: Amec, Associação Ecológica Melgassense.________________________________________________


R177Primeiros registros de ni<strong>do</strong>parasitismo por Molothrus bonariensis emKnipolegus nigerrimus na Serra <strong>do</strong> Caraça, Minas Gerais.Vânia Bértila Rochi<strong>do</strong>Rua Dr. Ismael de Faria, 169, apartamento 601A, 30380-500, BeloHorizonte, MGA maria-preta-de-garganta-vermelha (Knipolegus nigerrimus) é umaespécie pouco conhecida com relação à sua biologia reprodutiva, sen<strong>do</strong> seuninho recentemente descrito. Desta forma, o objetivo deste trabalho érelatar, pela primeira vez, a ocorrência de ni<strong>do</strong>parasitismo por Molothrusbonariensis em ninhos de K. nigerrimus. O estu<strong>do</strong> foi desenvolvi<strong>do</strong> naReserva Particular <strong>do</strong> Patrimônio Natural <strong>do</strong> Caraça (20 o 05’S – 43 o 28’W),municípios de Catas Altas e Santa Bárbara, Minas Gerais. To<strong>do</strong>s osregistros foram <strong>do</strong>cumenta<strong>do</strong>s através de filma<strong>do</strong>ras. No dia 10 de outubrode 2000, uma fêmea de K. nigerrimus foi encontrada sobre um ninholocaliza<strong>do</strong> em uma construção humana sobre um patamar de cimento a 1,83m <strong>do</strong> solo. O ninho continha cinco ovos, sen<strong>do</strong> que três deles possuíamcaracterísticas típicas de ovos de K. nigerrimus, com coloração branca epequenas pintas marrons mais concentradas no pólo rômbico. Os outros <strong>do</strong>isovos possuíam características diferentes <strong>do</strong>s demais. No dia 21 de outubrofoi observada a presença de <strong>do</strong>is ninhegos recém-eclodi<strong>do</strong>s de M.bonariensis e os mesmos três ovos de K. nigerrimus. Os ninhegos foramencontra<strong>do</strong>s mortos no dia 31 deste mesmo mês. Os três ovos de K.nigerrimus não eclodiram. No dia 14 de novembro de 2000, uma fêmea deK. nigerrimus foi encontrada sobre um ninho localiza<strong>do</strong> em uma construçãohumana sobre um patamar de cimento a 3,84 m <strong>do</strong> solo. No dia 21 destemesmo mês foi constatada a presença de três ovos no ninho. Dois delespossuíam características típicas de ovos de K. nigerrimus. O terceiro ovopossuía características diferentes <strong>do</strong>s demais, sen<strong>do</strong> levantada a suspeita deque se tratava de ni<strong>do</strong>parasitismo. No dia 27 de novembro, foi observada apresença de um ninhego recém-eclodi<strong>do</strong> de M. bonariensis e mais <strong>do</strong>is ovosde K. nigerrimus. No dia 3 de dezembro, pela manhã, foi encontra<strong>do</strong> umfilhote recém-eclodi<strong>do</strong> de K. nigerrimus ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> ninhego de M.bonariensis e de um ovo ainda não eclodi<strong>do</strong> de K. nigerrimus. À tarde destemesmo dia, este ninhego de K. nigerrimus foi encontra<strong>do</strong> morto no ninho.


Foram feitas observações até o dia 10 de dezembro, quan<strong>do</strong> o filhote de M.bonariensis aban<strong>do</strong>nou o ninho. O outro ovo de K. nigerrimus não eclodiu.As dimensões destes <strong>do</strong>is ninhos com forma de tigela circular (média ±desvio-padrão) foram: altura externa menor: 4 ± 0 cm, altura externa maior:6,5 ± 0,71 cm, altura interna: 3,75 ± 0,35 cm, diâmetro externo: 10,5 ± 0,71cm, diâmetro interno: 8 ± 1,41 cm. Estes são os primeiros registros deni<strong>do</strong>parasitismo por M. bonariensis em K. nigerrimus.________________________________________________R178Ni<strong>do</strong>parasitismo por Molothrus bonariensis (Emberizidae: Icterinae)em Hirundinea ferruginea (Tyrannidae: Fluvicolinae) na Serra <strong>do</strong>Caraça, Minas Gerais.Vânia Bértila Rochi<strong>do</strong>Rua Dr. Ismael de Faria, 169, apartamento 601A, Bairro Luxemburgo,30380-500, Belo Horizonte, MGEmbora possua uma ampla distribuição geográfica, o birro(Hirundinea ferruginea) é uma espécie ainda pouco conhecida com relaçãoaos seus aspectos reprodutivos. Desta forma, o objetivo deste estu<strong>do</strong> érelatar a ocorrência de ni<strong>do</strong>parasitismo pelo chopim (Molothrusbonariensis) em um ninho desta espécie na Reserva Particular <strong>do</strong>Patrimônio Natural <strong>do</strong> Caraça (20 o 05’S e 43 o 28’W), nos municípios deCatas Altas e Santa Bárbara, esta<strong>do</strong> de Minas Gerais. Os registros foram<strong>do</strong>cumenta<strong>do</strong>s através de filmagens. No dia 5 de dezembro de 2000, foiencontra<strong>do</strong> um ninho de H. ferruginea conten<strong>do</strong> <strong>do</strong>is ovos <strong>sem</strong>elhantesentre si e um diferente em tamanho e em coloração, suspeitan<strong>do</strong> deni<strong>do</strong>parasitismo. O ninho estava localiza<strong>do</strong> em uma parede externa de umaigreja, a 5,37 m <strong>do</strong> solo. Este ninho tinha forma de tigela circundada porpequenas pedras. No dia 8 deste mês, foi constatada a eclosão <strong>do</strong> único ovocom características diferentes <strong>do</strong>s outros <strong>do</strong>is, corresponden<strong>do</strong> a umninhego de M. bonariensis. A identificação da espécie foi feita com base naexperiência pessoal da autora. A casca deste ovo também foi coletada. O


ninhego e os <strong>do</strong>is outros ovos foram constata<strong>do</strong>s novamente no dia posterioraté as 18:00 h. Entretanto, no dia 10, o ninho se encontrava vazio, não sen<strong>do</strong>mais verificada a presença de ovos e/ou ninhegos, suspeitan<strong>do</strong>-se depredação por roe<strong>do</strong>res, muito comuns nessa igreja. Este parece ser oprimeiro registro de ni<strong>do</strong>parasitismo por M. bonariensis em H. ferruginea.________________________________________________R179Interações entre Augastes lumachellus e seus recursos florais no Morro<strong>do</strong> Pai Inácio, Chapada Diamantina, Bahia.Claudio de Oliveira Romão 1,2 , Miriam Gimenes 1,3 e Caio Graco Macha<strong>do</strong> 1,4 .1. UEFS, DCBio, LORMA – Laboratório de <strong>Ornitologia</strong> e Mastozoologia.BR-116, Km 03, Feira de Santana, BA. 44031-460. 2. Programa de Pós-Graduação em Botânica, UEFS (LENT - Laboratório de Entomologia(mgimenes@uefs.br). 4. (graco@uefs.br).O Morro <strong>do</strong> Pai Inácio, localiza<strong>do</strong> na Cadeia <strong>do</strong> Espinhaço,apresenta ecossistema típico de campo rupestre. O beija-flor <strong>do</strong> gêneroAugastes possui duas espécies endêmicas na Cadeia <strong>do</strong> Espinhaço, sen<strong>do</strong>Augastes lumachellus o representante <strong>do</strong> gênero na porção norte, com suadistribuição geográfica limitada às regiões elevadas da Bahia, especialmentenos campos rupestres. O objetivo deste trabalho é determinar as espéciesflorais visitadas por A. lumachellus e sua interação com outros visitantesflorais que ocorrem em uma área no Morro <strong>do</strong> Pai Inácio, durante a estaçãochuvosa. As observações foram realizadas de abril a setembro/2000, durante3 dias consecutivos, em uma área localizada em uma fissura deaproximadamente 3 metros de profundidade, no topo <strong>do</strong> Morro <strong>do</strong> PaiInácio. As espécies de plantas visitadas por A. lumachellus foram coletadase identificadas. Foram realizadas observações sobre o horário das visitaspara coleta de néctar deste beija-flor, bem como seu comportamento nasflores e também sua interação com outros visitantes que coletavam nosmesmos recursos florais. Foram registra<strong>do</strong>s um total de 4918 visitas de A.lumachellus às flores de 8 espécies de plantas. As flores de Hyptis hagei(Lamiaceae) foram as mais visitadas por A. lumachellus (68,4%). Este


visitantes atuou como poliniza<strong>do</strong>r eficiente nas flores de H. hagei, queapresentou o pico de floração no mês de maio. As flores de Pavonialuetzelbergii (Malvaceae) também estavam floridas durante to<strong>do</strong> o estu<strong>do</strong> eforam visitadas por A. lumachellus (25,8% das visitas) e pelas abelhas <strong>do</strong>gênero Bombus, sen<strong>do</strong> que apenas o beija-flor atuava como poliniza<strong>do</strong>reficiente. Outras espécies de plantas foram visitadas em menor freqüencia epertenciam às famílias: Gesneriaceae, Labiatae, Verbenaceae, Bromeliaceae,Asteraceae e Cactaceae, totalizan<strong>do</strong> 5,7% <strong>do</strong>s registros. De forma geral, asflores visitadas por A. lumachellus não apresentavam a síndrome daornitofilia, porém todas as visitas foram legítimas e em algumas espécies elepodia atuar como poliniza<strong>do</strong>r eficiente.Órgãos financia<strong>do</strong>res: CAPES/UEFS________________________________________________R180Levantamento da avifauna <strong>do</strong>s cria<strong>do</strong>uros conservacionistas ecomerciais <strong>do</strong> Distrito Federal.Tatiana de Rezende Rosa 1 , Mieko Ferreira Kanegae 2 , Marcela de CastroTrajano 2 e Marconi Pinheiro Marinho 3 .1. IBAMA/DIFAS, rtatiana@sede.ibama.gov.br; 2. Universidade deBrasília, mieko@unb.br, trajano@tba.com.br; 3. mpmarinho@bol.com.brO IBAMA, órgão ambiental federal, responsável por executar açõesde proteção e manejo de espécies da fauna brasileira, normatizou através dasPortarias nº139/93 e nº118N/97, a criação de animais silvestres brasileiroscom fins conservacionistas e comerciais, respectivamente. Os cria<strong>do</strong>urosconservacionistas têm por finalidade manter e reproduzir em cativeiroindivíduos de espécies da fauna brasileira que não possuem, por fatoresdiversos, condições de retornar à natureza. Por sua vez, os cria<strong>do</strong>uroscomerciais foram instituí<strong>do</strong>s visan<strong>do</strong> o comércio legaliza<strong>do</strong> de espécimes, oque à médio prazo, diminuirá o tráfico de animais silvestres. No DistritoFederal estão registra<strong>do</strong>s 9 (nove) cria<strong>do</strong>uros comerciais e 10 (dez)cria<strong>do</strong>uros conservacionistas que possuem aves em seu plantel. Estes foram


analisa<strong>do</strong>s com o objetivo de identificar o status das espécies existentes,divulgar sua existência junto à comunidade acadêmica e avaliar o alcance<strong>do</strong>s objetivos propostos por suas portarias regulamenta<strong>do</strong>ras. Analisou-se asespécies mais abundantes e aquelas com ocorrência mais freqüente noscria<strong>do</strong>uros, sua origem, aspectos reprodutivos e justificativas para suacriação. Foram observadas 126 espécies de aves nos cria<strong>do</strong>urosconservacionistas (810 indivíduos) e 25 nos cria<strong>do</strong>uros comerciais (490indivíduos). Dos cria<strong>do</strong>uros comerciais analisa<strong>do</strong>s, 4 reproduzem bicu<strong>do</strong>s(Oryzoborus angolensis), espécie que já vem sen<strong>do</strong> criada em cativeiroatravés de cria<strong>do</strong>res associa<strong>do</strong>s a Clubes Ornitófilos desde antes daregulamentação da Portaria. Por este motivo, é a espécie com maior plantel,possuin<strong>do</strong> 256 indivíduos, o que perfaz 32,2 % <strong>do</strong> total de espécimes. Osegun<strong>do</strong> grupo de maior plantel é o <strong>do</strong>s psitacídeos com 102 indivíduos(20,8%) distribuí<strong>do</strong>s em 2 cria<strong>do</strong>uros. Apesar desse grande número e <strong>do</strong>interesse popular na aquisição legal de animais desse grupo, não houvenascimentos no DF, o que se justifica pela ausência de técnicas de manejoadequadas. A ema (Rhea americana) é comercializada por três cria<strong>do</strong>uros,totalizan<strong>do</strong> 60 indivíduos como matrizes e reprodutores (12,24%). Esta éuma espécie de crescente interesse comercial devi<strong>do</strong> ao consumo de suacarne e subprodutos. No entanto, devi<strong>do</strong> ao pequeno plantel existente, oobjetivo atual <strong>do</strong>s cria<strong>do</strong>uros consiste na venda de aves para formação denovos plantéis. Em relação aos cria<strong>do</strong>uros conservacionistas, observou-seque o interesse no registro está liga<strong>do</strong> a manutenção de animais por“hobby”. Porém o IBAMA se utiliza da estrutura existente para depositaranimais apreendi<strong>do</strong>s, que se dá pela inexistência de um Centro de Triagemno Distrito Federal. Frente a este fato a maioria <strong>do</strong>s cria<strong>do</strong>uros possuisuperpopulação e um grande número de espécies não pretendidasinicialmente. As espécies presentes em maior quantidade nos cria<strong>do</strong>urosconservacionistas são Ara ararauna (6,3%), Amazona aestiva (4,2%) eGnorimopsar chopi (3,7%), fato justificável por serem espécies de grandeinteresse popular. As espécies existentes em maior número de cria<strong>do</strong>urossão Paroaria <strong>do</strong>minicana e G. chopi (8 cria<strong>do</strong>uros), A. ararauna (7) eSicalis flaveola (6). Um fato interessante foi o nascimento em um mesmocria<strong>do</strong>uro de 25 filhotes de A. ararauna e 4 de Harpya harpyja. Das 135espécies existentes somente 47 estão pareadas (34,8%) e destas apenas 11reproduziram. Das espécies observadas 1,6% apresentam prioridade urgentepara conservação, 11,1% apresenta alta prioridade para pesquisa e 7,1%possuem abundância relativa rara. Podemos citar Crax blumenbach eAno<strong>do</strong>rhynchus hyacinthinus como pertencentes às 3 categorias. Essesda<strong>do</strong>s demonstram o grande potencial <strong>do</strong>s cria<strong>do</strong>uros conservacionistas para


pesquisa e conservação das espécies. Diante disto, observamos que osobjetivos propostos para esses cria<strong>do</strong>uros não estão sen<strong>do</strong> alcança<strong>do</strong>s emsua totalidade, porém, o fato justifica-se pelo curto perío<strong>do</strong> de existência desuas Portarias regulamenta<strong>do</strong>ras, pela falta de estu<strong>do</strong>s sistematiza<strong>do</strong>s e pelafalta recursos humanos para realização de um acompanhamento efetivo porparte <strong>do</strong> IBAMA. Devi<strong>do</strong> a carência de estu<strong>do</strong>s detalha<strong>do</strong>s, <strong>do</strong> alto custo<strong>do</strong>s animais provenientes <strong>do</strong>s cria<strong>do</strong>uros comerciais e <strong>do</strong> númeroinsuficiente de filhotes para abastecimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r, não épossível afirmar que esses cria<strong>do</strong>uros inibem o tráfico de animais. Noentanto, com o aumento <strong>do</strong> plantel e a maior oferta de filhotes espera-se adiminuição <strong>do</strong> custo final <strong>do</strong>s animais. Espera-se que com este trabalhotorne-se pública a existência <strong>do</strong>s cria<strong>do</strong>uros comerciais e conservacionistas,o que servirá de incentivo a realização de novos estu<strong>do</strong>s econsequentemente, subsídios ao alcance <strong>do</strong>s objetivos propostos peloIBAMA.________________________________________________R181Influência <strong>do</strong> comportamento alimentar de aves frugívoras nadispersão de <strong>sem</strong>entes em uma área de Floresta Ombrófila Mista,Tijucas <strong>do</strong> Sul, Paraná.Josiane Saboia 1 e James Joseph Roper 2 .1.Pontifícia Universidade Católica <strong>do</strong> Paraná; jsaboia@uol.com.br; 2.Universidade Federal <strong>do</strong> Paraná; jjr@null.net.Diferenças morfológicas <strong>do</strong>s frutos como tamanho, cor, textura oumo<strong>do</strong> de exposição influenciam no comportamento alimentar <strong>do</strong>s animais,afetan<strong>do</strong> a dispersão das <strong>sem</strong>entes. O presente trabalho tem como objetivodemonstrar a eficiência de algumas aves como agentes dispersoras de<strong>sem</strong>entes, através da análise <strong>do</strong> seu padrão comportamental no consumo <strong>do</strong>sfrutos, bem como sua freqüência de visitação às plantas ornitocóricas. Aárea em estu<strong>do</strong> corresponde a um remanescente de Floresta Ombrófila Mista(16 ha) alterada, no município de Tijucas <strong>do</strong> Sul, Paraná (25°45’S e49°05’W). Durante as observações, foram anota<strong>do</strong>s as espécies de aves


visitantes em cada espécie de planta com fruto, número de visitas e ocomportamento de coleta e manipulação <strong>do</strong> fruto. Obteve-se um total de 220horas de observações, sen<strong>do</strong> registradas 25 espécies de aves pertencentes a 9famílias, consumin<strong>do</strong> frutos de 16 espécies de plantas, totalizan<strong>do</strong> 300visitas. Nos diferentes mo<strong>do</strong>s de consumo, engolir os frutos foi ocomportamento mais utiliza<strong>do</strong> pelas aves (67%), segui<strong>do</strong> por bicar (27%) eamassar (5%), sen<strong>do</strong> que a família Emberizidae foi a que mais apresentoudiferenças: bicar (52%), engolir (36%) e amassar (12%). Maioresfreqüências de visitação foram apresentadas por Turdus rufiventris(Muscicapidae) (91 visitas em 10 plantas, 30%), segui<strong>do</strong> por Thraupissayaca (Emberizidae) (43 visitas em 11 plantas, 14,6%), Elaenia sp(Tyrannidae) (32 visitas em 11 plantas, 10,6%). Apesar de outros fatoresinfluenciarem na dispersão de <strong>sem</strong>entes, as aves que tiveram ocomportamento de engolir os frutos são as possíveis dispersoras eficientes econsideran<strong>do</strong> a importância da freqüência de visitação das aves nadis<strong>sem</strong>inação de <strong>sem</strong>entes, as espécies citadas foram as mais significativas.________________________________________________R182Da<strong>do</strong>s bio-etológicos <strong>do</strong> Sporophila lineola lineola (Emberizidae) noEsta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Ceará de 1987 a 1999.Luís Gonzaga Sales-Júnior e István MajorUECE/DB/LABIO, Av. Paranjana 1700, Itaperi, Fortaleza-Ce, CEP:60.740-000, fone/fax (0xx85) 2992716, lgsj@uece.br .Sporophila lineola, conheci<strong>do</strong> popularmente no nordeste brasileirocomo bigodeiro e no eixo centro-sudeste como estrelinha, é um Emberizidaemigratório tropical. Ocorre desde o norte da América <strong>do</strong> Sul até o norte daArgentina, surgin<strong>do</strong> no Brasil setentrional e central, em geral no início daprimavera para nidificar. A captura e o comércio ilegal desta espécie aolongo <strong>do</strong>s anos tem contribuí<strong>do</strong> para o seu declínio populacional no Ceará.Ao longo de 1987 a 1999, foram feitas diversas campanhas de campo, como fito de capturar, anilhar e coletar da<strong>do</strong>s etológicos e biológicos desta ave.A chegada desta ave no Ceará, deu-se logo após o início das primeiras


chuvas, quan<strong>do</strong> ocorre razoável número de gramíneas e ciperáceasfrutifican<strong>do</strong>. A nidificação no Ceará inicia-se normalmente na segundaquinzena de fevereiro, quan<strong>do</strong> os machos já escolheram seu território, o qualé defendi<strong>do</strong> com afinco. O ninho é construí<strong>do</strong> freqüentemente entre 2 a 4 mde altura, sobre uma pequena forquilha de: Spondias purpurea (n=17),Anacardium occidentale (n=9), Tamarindus indica (n=6) e Mimosacaesalpiniaefolia (n=3). O ninho tem o forma<strong>do</strong> de uma pequena tigela,sen<strong>do</strong> construí<strong>do</strong> de raízes de gramíneas de forma bem rala. Dos 35 ninhosobserva<strong>do</strong>s, 14 continham 3 ovos. Os filhotes aban<strong>do</strong>nam o ninho após 8-10dias, todavia são alimenta<strong>do</strong>s e protegi<strong>do</strong>s pelos pais por mais 15 dias.Tanto o macho como a fêmea cuidam da prole. Quan<strong>do</strong> a fêmea é predadaou capturada por traficantes de aves, o macho assume toda aresponsabilidade da criação <strong>do</strong>s filhotes, inclusive o choco <strong>do</strong>s ovos(observa<strong>do</strong> em 4 casos). Apesar de serem altamente territoriais, formamgrandes concentrações nos baixios, durante o perío<strong>do</strong> de alimentação, quenormalmente constitui-se de <strong>sem</strong>entes de: Panicum fasciculatum, Panicumverticillatum, Brachiaria plataginosa, Echinochloa colonum, Cyperus sp.,dentre outras. Ao longo deste estu<strong>do</strong>, foram anilha<strong>do</strong>s 100 indivíduos, cujasmedidas biométricas em média (em cm, respectivamente para machos,fêmeas e jovens) foram: asa (7,73, 7,55 e 7,46), cauda (4,57, 4,51 e 4,09),tarso (1,54, 1,63 e 1,47), culmen (8,32, 8,00 e 8,58), mandíbula (5,77, 5,08e 5,44) e fronte de machos (1,04). É imprescindível que seja incentiva<strong>do</strong> ocontinuo monitoramento <strong>do</strong> S. lineola, com o fito de melhor conhecer suamigração e locais de reprodução, visan<strong>do</strong> sobretu<strong>do</strong> sua preservação.________________________________________________R183Avaliação rápida das potencialidades ecológicas e econômicas das aves<strong>do</strong> Parque Nacional de Ubajara, Ceará, e aspectos de sua biologia.Luis Gonzaga Sales-Júnior 1 e João Luiz Xavier <strong>do</strong> Nascimento 21. R.. Poeta Sidney Neto, 133. Edson Queiroz, Fortaleza, CE. 60814-480;lgsj@uece.br; 2. CEMAVE-IBAMA. Parque Nacional de Brasília, ViaEPIA, Brasília, DF. 70630-000; joaoluiz@openline.com.brO Parque Nacional de Ubajara (563 ha) está localiza<strong>do</strong> em Ubajara,CE, no <strong>do</strong>mínio da Caatinga. Para auxiliar na revisão <strong>do</strong> plano de manejo <strong>do</strong>Parque, de 1981, estu<strong>do</strong>s sobre as aves da região foram realiza<strong>do</strong>s em


novembro de 1998 e junho de 1999. Estes consistiram <strong>do</strong> inventariamentodas espécies, por meio de registros visuais (32 horas-homem) e capturascom redes-neblina (900 horas-rede), anilhamento, coleta de da<strong>do</strong>sbiológicos e avaliação <strong>do</strong> seu potencial ecológico e como gera<strong>do</strong>r de divisaspara a região. Os da<strong>do</strong>s de muda, desgaste de rêmiges primárias e placa deincubação sugerem que existem <strong>do</strong>is perío<strong>do</strong>s de muda e reprodução nestasáreas (mea<strong>do</strong>s e final <strong>do</strong> ano) ocorren<strong>do</strong> a presença simultânea de muda ereprodução em diversas espécies. O registro preliminar de 127 espécies deaves, <strong>inclui</strong>n<strong>do</strong> endemismos (Aratinga cactorum, Picumnus pygmaeus,Xiphocolaptes falcirostris, Sporophila albogularis, e Paroaria <strong>do</strong>minicana),duas espécies ameaçadas de extinção (Hemitriccus mirandae e Carduelisyarellii) e 18 espécies migratórias ou presumivelmente migratórias, sobre asquais são necessários estu<strong>do</strong>s (Zenaida auriculata, Claravis pretiosa,Sublegatus modestus, Lathrotriccus euleri, Knipolegus nigerrimus,Machetornis rixosus, Pitangus sulphuratus, Megarynchus pitangua,Myiozetetes similis, Myiodynastes maculatus, Empi<strong>do</strong>nomus varius,Tyrannus melancholicus, Progne chalybea, Turdus amaurochalinus,Sporophila lineola, Sporophila nigricollis, Sporophila albogularis eCarduelis yarellii) justifica esforço para ampliação da área <strong>do</strong> ParqueNacional, ten<strong>do</strong> em vista alterações crescentes no entorno. As aves,associadas à beleza cênica <strong>do</strong> lugar, conferem importante potencial turísticoà região, na modalidade de observação de aves na natureza, representan<strong>do</strong>incremento na economia local e geração de empregos. Novos investimento<strong>sem</strong> pesquisas com espécies de aves bioindica<strong>do</strong>ras serão úteis na atualizaçãoperiódica <strong>do</strong> plano de manejo, preven<strong>do</strong> ações específicas de controle ourecuperação de espécies animais ou vegetais, na avaliação da capacidadesuporte <strong>do</strong> ambiente e para aprimorar o zoneamento <strong>do</strong> Parque.Órgão financia<strong>do</strong>r: CEMAVE-IBAMA.________________________________________________


R184Recenseamento da avifauna lacustre <strong>do</strong> açude da UniversidadeEstadual <strong>do</strong> Ceará (Fortaleza, Ceará) durante o segun<strong>do</strong> <strong>sem</strong>estre de2000.Luís Gonzaga Sales-Júnior 1 , Carla Jane Ferreira de Oliveira 2 , Paolo Jomarde Sousa Brito 2 e Larissa Germana de Oliveira Almeida 2 .1. UECE/DB/LABIO, Av. Paranjana 1700, Fortaleza-Ce, CEP: 60.740-000,lgsj@uece.br ; 2. Graduação de Ciências Biológicas da UECE.O campus da UECE conta com um açude de 60 mil m 3 no qualdelimitou-se <strong>do</strong>is pontos amostrais de 30 metros de raio cada, cujasobservações foram feitas durante 10 min com intervalo de mesmo perío<strong>do</strong>,inician<strong>do</strong> as 16:10 h e terminan<strong>do</strong> às 17:10 h, totalizan<strong>do</strong> 3 amostras/dia (30minutos/amostra). Em cada ponto foram realizadas 10 visitas realizadas deagosto a dezembro de 2000. O ponto 1 localiza-se a jusante <strong>do</strong> açude,<strong>do</strong>mina<strong>do</strong> por macrófitas (Eichhornia crassipes, Salvinia sp., Pistia sp.,Eleocharis sp., Typha sp, etc.); o ponto 2 situa-se próximo da barragem,com <strong>do</strong>mínio da zona limnética, com discreta zona bêntica/flutuante emsuas margens. A partir <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s de campo calculou-se: n o de espécies, D =densidade (ind/ha), f = freqüência (%), IA = Índice de Abundância e C =Índice de Agrupamento. O IA calcula-se a partir <strong>do</strong> número de indivíduospor espécie, cuja classe de abundância enquadra-se em: rara (R), poucofreqüente (PF), freqüente (F), abundante (A) e muito abundante (MA). Oíndice de agrupamento relaciona o número de indivíduos da espécie pelonúmero de parcelas em: solitário (S), casal (C), pouco gregário (PG),gregário (G) e muito gregário (MG). Foram registradas 29 espécies de aveslacustres, distribuídas em 14 famílias e 9 ordens. O ponto 1 apresentou: de09 (27/nov) à 15 (11/set) espécies; D de 119,0 (23/out) a 273,2 (04/dez); fde 51,6 (06/nov) a 93,3 (13/nov) e C de 3,7 (11/set) a 6,2 (18/set). O ponto 2apresentou: de 09 (19/out) a 18 (22/set) espécies; D de 39,9 (30/nov) a 139,3(22/set); f de 43,1 (30/nov) a 88,9 (19/out) e C de 2,3 (30/nov) a 4,9(20/out). As aves mais freqüentes <strong>do</strong> ponto 1, foram: Phaeprogne tapera(IA: A-MA, C: MG); Pitangus sulphuratus (IA: PF-F, C: PG-MA);Gallinula chloropus (IA: R-PF, C: S-PG); Jacana jacana (IA: PF-A, C: G-MG); Tyrannus melancholicus (IA: PF-F, C: PG-MG) e Certhiaxiscinnamomea (IA: PF-F, C: C-PG). As aves mais freqüentes <strong>do</strong> ponto 2,


foram: J. jacana (IA: PF-A, C: S-MG); C. cinnamomea (IA: R-PF, C: S-PG), e Tachycineta albiventer (IA: A-MA, C: MG). As aves lacustresapresentaram-se mais freqüentes na área 1, onde verifica-se maiorconcentração de macrófitas, as quais devem propiciar melhor condições dealimento e de proteção.________________________________________________R185Anilhamento de Harpia harpyja no Amazonas.Tânia M. Sanaiotti 1 e Ivan Soler 2 .1. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Cx. Postal 478, 69.011-970-Manaus-AM, sanaiott@inpa.gov.br; 2. Soluções Verticais, Av. EfigênioSales 2224, casa 30, 69.060-670-Manaus-AM.Jovens da espécie Harpia harpyja são frequentemente manti<strong>do</strong>s emcativeiro por comunidades ribeirinhas na região <strong>do</strong> médio rio Amazonas,com a finalidade de comercialização ou ave de estimação. Este projeto visareintroduzir jovens, manti<strong>do</strong>s há poucos meses em cativeiro, e acompanharseus movimentos e permanência nas proximidades <strong>do</strong> ninho. Antes dareintrodução os jovens são marca<strong>do</strong>s. Anilhas para o porte de H. harpyjanão estão disponíveis no merca<strong>do</strong> e no CEMAVE. Anilhas de alumínioforam confeccionadas especialmente para este estu<strong>do</strong>. O segun<strong>do</strong> autorutilizou barra de alumínio espessura 2 mm, para moldar a anilha de 10 cmde circunferência interna, e 2 cm de largura, com a inscrição INPA CP478MANAUS. A eficiência <strong>do</strong> programa de reintrodução dependeexclusivamente da colaboração das comunidades ribeirinhas nasproximidades <strong>do</strong> ninho. O primeiro jovem marca<strong>do</strong>, que estava há 2 mese<strong>sem</strong> cativeiro foi reintroduzi<strong>do</strong> com sucesso em seu habitat natural no rioAmazonas (01°26’03,7”S e 61°36’04,1”W). O trabalho de educaçãoambiental envolveu o esclarecimento da comunidade de ribeirinhos, para asoltura <strong>do</strong> filhote em cativeiro bem como, o envolvimento de membros dacomunidade na vigia da árvore <strong>do</strong> ninho e acompanhamento <strong>do</strong> filhote apósser solto. Neste primeiro caso, o monitoramento <strong>do</strong> filhote marca<strong>do</strong> ereintroduzi<strong>do</strong> tem si<strong>do</strong> feito via radiofonia, onde membros da comunidade


enviam mensagens mensais relatan<strong>do</strong> sobre a permanência <strong>do</strong> filhote naárvore <strong>do</strong> ninho.Fonte financia<strong>do</strong>ra: INPA-CPEC/PPI 1-3200.________________________________________________R186Dieta de filhotes de Harpia harpyja na região de Manaus.Tânia M. Sanaiotti 1 , Carlos E. Rittl Filho 2 , Benjamim da Luz 3 e Ivan Soler 3 .1. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Cx. Postal 478, 69.011-970-Manaus-AM. sanaiott@inpa.gov.br; 2. 3 Curso de Pós-Graduação emEcologia, INPA; 3. Soluções Verticais, Av. Efigênio Sales 2224, casa 30,69.060-670-Manaus-AM, fone (92) 9962-6390.A dieta de Harpia harpyja na Amazônia brasileira foi estudadaapenas em Paragominas, PA. O presente estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> em floresta deterra firme ao norte de Manaus, AM, em um ninho construí<strong>do</strong> a 25m dealtura, em cedrorana (Cedrelinga castenaeformis) e descreve a dieta de <strong>do</strong>isfilhotes de um mesmo casal monitora<strong>do</strong> em duas estações reprodutivasconsecutivas, 1996 e 1998. A dieta de cada filhote foi registrada pelos ossosencontra<strong>do</strong>s abaixo <strong>do</strong> ninho e observação de uma plataforma no <strong>do</strong>sselfeita a 40m da árvore <strong>do</strong> ninho. Nós visitamos o ninho a cada mês para acoleta de ossos e para a observação da plataforma. Os ossos foramguarda<strong>do</strong>s e compara<strong>do</strong>s com espécimens da Coleção de Mamíferos <strong>do</strong>INPA Estimamos o número de presas consumidas pelo número de crâniosencontra<strong>do</strong>s. O filhote de 1997 foi acompanha<strong>do</strong> durante 10 meses econsumiu 11 indivíduos de 3 espécies de mamíferos: Choloepus didactylus(73%), Bradypus tridactylus (18%) e Chiropotes satana (9%). O filhote de1999 foi acompanha<strong>do</strong> durante 14 meses e consumiu 15 indivíduos de 5espécies de mamíferos: Choloepus didactylus (44%), Bradypus tridactylus(25%), Potos flavus (13%), Chiropotes satana (6%) e Alouatta seniculus(6%) e um indivíduo de ave não identificada (1%). Informações adicionaispor observação direta feitas da plataforma não acrescentaram novas espéciesna dieta. Os ítens variaram entre anos para a mesma localidade, e no geral


as<strong>sem</strong>elham-se mais ao encontra<strong>do</strong> nos estu<strong>do</strong>s da Guiana que no deParagominas.Fonte financia<strong>do</strong>ra: PPI 1-3200 e 1-3210-INPA.________________________________________________R187Padrões de diversidade de Falconiformes na América <strong>do</strong> Sul:geoestatística e contraste com um modelo nulo bidimensional.Carlos Eduar<strong>do</strong> R.Sant’Ana 1 ; T.F.L.V.B.Rangel 2 e J.A.F.Diniz-Filho.1. Centro Federal de Educação Tecnológica - CEFET/GO, Laboratório deBiologia, Cx.P.: 204, 74001-970, Goiânia – GO. kadu@cefetgo.br.; 2.Departamento de Biologia Geral, ICB, UFG, Cx.P.: 131, 74001-970,Goiânia – GO. t.rangel@zaz.com.br;Os gradientes latitudinais de diversidade têm si<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s padrõesobserva<strong>do</strong>s mais freqüentemente em Ecologia e Biogeografia, e diversosmecanismos ecológicos e evolutivos têm si<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s para explicá-los. Ageometria das distribuições geográficas das espécies possui um papelimportante na definição da variação espacial da diversidade, e estácorrelacionada com a forma <strong>do</strong> continente. Neste trabalho, analisou-sepadrões de riqueza de espécies de Falconiformes da América <strong>do</strong> Sulutilizan<strong>do</strong> técnicas de análise geoestatística para descreve-los e compará-loscom o espera<strong>do</strong> por um modelo nulo bidimensional. As distribuições das 80espécies de Falconiformes foram re-mapeadas sobre uma malha com 780quadrículas de 135 km de la<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> registra<strong>do</strong> o número de espécies paracada quadrícula. O <strong>sem</strong>i-variograma foi ajusta<strong>do</strong> por um modelo linear erevelou uma forte estrutura espacial na riqueza de espécies, sen<strong>do</strong> queapenas quadrículas situadas a mais de 4500 km podem ser consideradasestatisticamente independentes. O mapa obti<strong>do</strong> pela krigagem revelou altariqueza de espécies no norte e no litoral sudeste da América central,associada a um redução na região Andina no oeste e sul <strong>do</strong> continente. Nãohá, portanto, um gradiente latitudinal simples. O modelo nulo bidimensionalpermitiu calcular a riqueza esperada para 32 quadrículas distribuídas ao


longo <strong>do</strong> continente, com 675 km entre cada uma delas. Esse valor espera<strong>do</strong>é da<strong>do</strong> por 4pqstS, onde p,q,s e t são as distâncias relativas de cadaquadrícula para os extremos <strong>do</strong> continente, e S é o “pool” continental deespécies. Nesse modelo, o pico de riqueza ocorre no centro <strong>do</strong> continente,decrescen<strong>do</strong> em um gradiente para bordas. As principais diferenças entre asriquezas observadas e esperadas estão nos extremos <strong>do</strong> continente, e acorrelação entre elas não é significativa (r = 0.215; P > 0.05). Assim, ariqueza de falconiformes não pode ser explicada somente pelas restriçõescausadas pela forma <strong>do</strong> continente sulamericano, sen<strong>do</strong> que o tipopre<strong>do</strong>minante de hábitat na quadrícula explica 77% da variação na riqueza.Isto sugere que fatores ecológicos e evolutivos devem também serinvoca<strong>do</strong>s para explicar a estrutura espacial na riqueza de espécies destasaves.Apoio financeiro: CNPq e FUNAPE/UFG________________________________________________R188Levantamento quantitativo das aves migratórias na Coroa <strong>do</strong> Avião,Pernambuco, entre 2000 e 2001.Susanna Analine <strong>do</strong> Nascimento Santos 1 e Severino Mendes de Azeve<strong>do</strong>-Júnior 21. Bolsista <strong>do</strong> PIBIC/CNPq/UFRPE, susanna.a@zip.com.br; 2.Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Biologia,Área de Zoologia. Av. Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife,PE, 52171900; smaj@npd.ufpe.brA costa de Pernambuco constitui uma região tradicionalmentefrequentada pelas aves migratórias durante suas movimentações sazonais.São centenas de indivíduos Charadiidae, Scolopacidae e Laridae, queutilizam o litoral para pouso, alimentação, troca de plumagem, mudas eganho de peso. Pretende-se no presente estu<strong>do</strong> realizar o levantamentoquantitativo das aves migratórias na Coroa <strong>do</strong> Avião (7° 40′ S e 34° 50′ W),parte integrante <strong>do</strong> Canal de Santa Cruz, localizada no litoral norte de


Pernambuco. O trabalho foi desenvolvi<strong>do</strong> quinzenalmente, em situação depreamar, com duração de 3 dias, para cada amostragem, totalizan<strong>do</strong> 142horas mensais, no perío<strong>do</strong> de agosto de 2000 a maio de 2001. O censo daspopulações foi realiza<strong>do</strong> através <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> direto, com o auxílio de luneta ebinóculo. As informações associadas obtidas foram: horário, a data, situaçãoda maré, vento, atividade da população, nome das espécies e número deindivíduos. Foram observadas as seguintes espécies, consideradasconstantes ( presentes em mais de 50% das contagens): Pluvialis squatarola,Charadrius <strong>sem</strong>ipalmatus, Arenaria interpres, Calidris pusilla e C. alba,acessórias (presentes entre 25% e 50% das contagens) : Sterna hirun<strong>do</strong> eSterna eurygnatha e acidental (presente em menos de 25% das contagens):Limnodromus griseus. No cômputo geral, os maiores valores das contagensforam registra<strong>do</strong>s em novembro de 2000, para Charadrius<strong>sem</strong>ipalmatus(n=556) Arenaria interpres(n=201), C. alba(n=292) e emjaneiro de 2001 para Pluvialis squatarola(n=72). Concordan<strong>do</strong> comtrabalhos anteriores, que citam valores aproxima<strong>do</strong>s, a constância de 98%observada para P. squatarola, C. <strong>sem</strong>ipalmatus, A. interpres, C. pusilla e C.alba indica que o litoral Norte de Pernambuco, continua sen<strong>do</strong> área deinvernada dessas populações.________________________________________________R189Anilhamento de aves silvestres no Parque das Nascentes, Blumenau(Santa Catarina).Carlos Augusto Krieck <strong>do</strong>s Santos 1 ; Carlos Alberto Borchardt Júnior 1 eCarlos Eduar<strong>do</strong> Zimmermann 21. Acadêmicos <strong>do</strong> Curso de Ciências Biológicas- FURB; 2. Laboratório De<strong>Ornitologia</strong> - Instituto de Pesquisas Ambientais – IPA/FURB;cezimmer@furb.brO Parque das Nascentes com 5.300 hectares localiza-se na região sul<strong>do</strong> Município de Blumenau, (27° 01' e 27° 06' S; 49° 01' e 49° 10' W),Esta<strong>do</strong> de Santa Catarina. A cobertura vegetal é classificada como FlorestaOmbrófila Densa. O estu<strong>do</strong> da comunidade de aves em um determina<strong>do</strong>


ecossistema é utiliza<strong>do</strong> para monitorar os efeitos <strong>do</strong>s impactos antrópicossobre o ambiente. Este trabalho procurou conhecer, ampliar e atualizar alista de espécies de aves <strong>do</strong> Parque através da captura e anilhamento,contribuin<strong>do</strong> para o monitoramento desta Unidade de Conservação. Foramutilizadas 10 redes de neblina de 12 x 2,5 metros, sen<strong>do</strong> quatro colocada<strong>sem</strong> áreas abertas e as demais em áreas com floresta secundária. De março adezembro de 2000 foram realizadas seis expedições de 3 a 5 dias paracaptura e marcação. As redes permaneceram abertas por 4 horas por perío<strong>do</strong><strong>do</strong> dia totalizan<strong>do</strong> 155 horas/rede. O índice de diversidade de Shannon-Weaver (H´= -∑ pilnpi), o índice de equidistribuição (E = H'/ Hmax) e afreqüência de ocorrência foram calcula<strong>do</strong>s. 212 indivíduos foramcaptura<strong>do</strong>s, distribuí<strong>do</strong>s em 54 espécies. Em médias, 18,83 (± 4,87) espéciese 38, 5 (± 7,29) indivíduos eram captura<strong>do</strong>s por coleta, com 7,33 indivíduosrecaptura<strong>do</strong>s. A maioria das espécies (46,6%) apresentaram freqüência de16,7% (presentes em uma coleta). As demais se distribuíram entrefreqüências de 20 e 83%. O índice de diversidade obti<strong>do</strong> foi de 3,99nats/ind., conferin<strong>do</strong> um índice de equidistribuição de 0,91, evidencian<strong>do</strong>uma satisfatória distribuição das densidades. As espécies com maisindivíduos captura<strong>do</strong>s foram: Sicalis flaveola com 19 indivíduos; Turdusrufiventris com 16; Turdus amaurochalinus com 14; Chiroxiphia caudatacom 9; Basileuterus culicivorus, Vireo chivi e Tangara cyanocephalaobtiveram 8 indivíduos captura<strong>do</strong>s. Sete espécies de aves tiveram seuprimeiro registro, amplian<strong>do</strong>-se a lista oficial <strong>do</strong> Parque das Nascentes para208 espécies, representan<strong>do</strong> 34,7% da avifauna catarinense.Trabalho realiza<strong>do</strong> com auxílio <strong>do</strong> Programa de Incentivo a Pesquisa –PIPe/ FURB, e pelo Fun<strong>do</strong> Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente –FNMA/MMA.________________________________________________


R190Análise biogeográfica da avifauna em uma área de transição Cerra<strong>do</strong>-Caatinga no centro-sul <strong>do</strong> Piauí, Brasil.Marcos Pérsio Dantas Santos 1 e José Maria Car<strong>do</strong>so da Silva 21. Museu Paraense Emílio Goeldi/MPEG, Belém/PA, Pós-Graduação;persio@museu-goeldi.br; 2 2. UFPE: jmcsilva@hotlink.com.brVários autores sugeriram que as faunas de vertebra<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> eda Caatinga não são distintas, mas que a fauna da Caatinga é somente umsubconjunto da fauna <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>. A razão para isto seria a extensa misturadestas faunas durante os perío<strong>do</strong>s glaciais <strong>do</strong> Quaternário, o que teriacausa<strong>do</strong> um processo de homogeneização biogeográfica. O objetivo destetrabalho é avaliar a distribuição das espécies de aves ao longo de uma áreade transição entre o Cerra<strong>do</strong> e a Caatinga, no centro-sul <strong>do</strong> Piauí, para testaras predições da hipótese de homogeneização. As predições são: (a) a área detransição seria ocupada por espécies amplamente distribuídas que nãoreconhecem as bordas desses biomas; (b) a avifauna da Caatinga seriaapenas um subconjunto da avifauna <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>; e (c) elementos com centrode distribuição no Cerra<strong>do</strong> ou na Caatinga seriam encontra<strong>do</strong>ssintopicamente na área de transição entre os <strong>do</strong>is biomas. A distribuição dasespécies de aves foi estudada com base em estu<strong>do</strong>s de campo (contagensatravés de pontos com raio fixo), complementa<strong>do</strong>s por registros da literaturae de espécimens em museus. As 279 espécies registradas na área detransição foram classificadas em duas categorias (as amplamentedistribuídas e as que reconhecem as bordas entre os biomas) e também deacor<strong>do</strong> com a preferência de hábitat (dependente, <strong>sem</strong>i-dependente aindependente de floresta). Os seguintes resulta<strong>do</strong>s foram encontra<strong>do</strong>s.Primeiro, apesar de muitas espécies encontradas na área de estu<strong>do</strong> seremamplamente distribuídas (69,7%), há várias espécies (30,3%) quereconhecem a borda entre o Cerra<strong>do</strong> e a Caatinga e, portanto, não apóiam aprimeira predição da hipótese de homogeneização. Segun<strong>do</strong>, a avifauna daCaatinga não é um subconjunto da avifauna <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> porque ambas asregiões apresentam espécies endêmicas. Terceiro, espécies que tem seuscentros de distribuição no Cerra<strong>do</strong> ou na Caatinga não são encontradas nosmesmos locais ao longo da área de transição, indican<strong>do</strong> que ocupamdiferentes paisagens. Por conseguinte, a distribuição das espécies de aves ao


longo da transição entre o Cerra<strong>do</strong> e a Caatinga não apóiam as três maiorespredições da hipótese de homogeneização.Órgãos Financia<strong>do</strong>res: WWF-Brasil; USAID; MPEG – Pós-Graduação.________________________________________________R191Alimentação de aves em frutos de duas espécies exóticas: Ligusturmlucidum em Venâncio Aires (Rio Grande <strong>do</strong> Sul) e Ligustrum japonicumem Belo Horizonte (Minas Gerais).Daniel Ricar<strong>do</strong> Scheibler 1 e Tadeu Artur de Melo-Júnior 1, 2 .1. Depto. Zoologia, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, SP,drschei@hotmail.com; 2. Depto. Biologia, Universidade de Franca, Franca,SP, tadeu_melojr@yahoo.com.br.Na região neotropical faltam estu<strong>do</strong>s que avaliem a dispersão defrutos de plantas exóticas e seu efeito no estabelecimento das populações.Ligustrum é um gênero de Oleaceae cuja maioria das espécies originam-seda Ásia Oriental, sen<strong>do</strong> amplamente utilizadas com fins paisagísticos emto<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Na Argentina, Ligustrum lucidum tem invadi<strong>do</strong> hábitatsnaturais em regiões de ocorrência da floresta subtropical. No Rio Grande <strong>do</strong>Sul, essa espécie também já pode ser encontrada em formações originadas apartir de dispersão natural. Ligustrum japonicum é outra espécie cultivadano Brasil e, como L. lucidum, nada se conhece sobre aspectos da suaecologia, como competição com a flora nativa ou formas de dispersão. Esteestu<strong>do</strong> teve por objetivo registrar as aves que se alimentam de frutos de L.lucidum e L. japonicum em <strong>do</strong>is municípios <strong>do</strong> Brasil. Para Venâncio Aires,RS (29 o 36’S, 52 o 11’W), numa área rural, obtivemos 1143 registros deingestão de frutos de 11 plantas de L. lucidum, com 32h de observação emagosto/99 e para Belo Horizonte, MG (19 o 55’S, 46 o 56’W), em ambienteurbano, 78 registros de ingestão de frutos de 4 plantas de L. japonicum, em20h de observação entre maio e junho/98. Em Venâncio Aires, foramregista<strong>do</strong>s: Turdus amaurochalinus (77,3%), Turdus albicolis (9,1%),Elaenia flavogaster (5,5%), Turdus rufiventris (3,1%), Elaenia spectabilis


(2,3%), Pitangus sulphuratus (1,0%), Schiffornis virescens (1,0%), Thraupissayaca (0,3%), Mimus saturninus (0,2%) e Salta<strong>do</strong>r similis (0,2%). ParaBelo Horizonte, foram registra<strong>do</strong>s: Turdus leucomelas (48,8%), T.rufiventris (19,2%), E. flavogaster (14,1%), T. sayaca (7,7%), P.sulphuratus (5,1%), Myiarchus ferox (3,8%) e M. saturninus (1,3%). Emambos os locais, os Turdídeos, especialmente T. amaurochalinus emVenâncio Aires e T. leucomelas em Belo Horizonte, usam os frutos deLigustrum como importante fonte de alimento durante o inverno, quan<strong>do</strong> adisponibilidade de frutos da flora nativa diminui. No caso de L. lucidum, asplantas eram utilizadas pelas aves que rapidamente esgotavam o recurso.Sementes de L. lucidum não necessitam passar pelo trato digestivo deanimais para germinar. Por outro la<strong>do</strong>, aves frugívoras, ao transportar<strong>sem</strong>entes, podem contribuir para aumentar as taxas de dispersão ou atuarcomo importantes agentes no estabelecimento inicial de populações dessaplanta em novas áreas.________________________________________________R192Avifauna da Estação Ecológica <strong>do</strong> Caiuá (Diamante <strong>do</strong> Norte, Paraná) eregiões adjacentes.Pedro Scherer-Neto 1 , Eduar<strong>do</strong> Carrano 2 , Cassiano Fadel Ribas 3Museu de História Natural Capão da Imbuia. R. Benedito Conceição, 407.82810-080. Curitiba, Paraná. 1. schererneto@bbs2.sul.com.br; 2.educarrano@bbs2.sul.com.br; 3. cassianofr@ig.com.brA Estação Ecológica <strong>do</strong> Caiuá (22º 41’S; 52º 55’W) está localizadano extremo noroeste <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná, município de Diamante <strong>do</strong> Norte,região limítrofe com os esta<strong>do</strong>s de São Paulo e Mato Grosso <strong>do</strong> Sul. Possuiuma área de 1 400 ha, sen<strong>do</strong> sua cobertura vegetal composta por FlorestaEstacional Semidecidual, constituin<strong>do</strong>-se no mais importante remanescentedesta fitofisionomia no noroeste <strong>do</strong> Paraná. O inventário qualitativo daavifauna foi realiza<strong>do</strong> de outubro de 1994 a maio de 2000, em 15amostragens trimestrais com quatro dias de duração, totalizan<strong>do</strong> um esforçode campo de 1920 horas/homem. A identificação das aves foi efetuada por


contato visual e auditivo, percorren<strong>do</strong>-se estradas e caminhos existentes naárea de estu<strong>do</strong> e também nas adjacências <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s de São Paulo e MatoGrosso <strong>do</strong> Sul. A pesquisa foi enriquecida com a captura de aves paraanilhamento na estação ecológica e em fragmentos florestais no seu entornoRealizaram-se percursos de barco pelo rio Paranapanema e Paraná e tambémpelo reservatório da Usina Hidrelétrica de Rosana. Foram registradas 318espécies de aves pertencentes a 56 famílias e 20 ordens, representan<strong>do</strong> 42 %da avifauna paranaense (Scherer-Neto & Straube,1995) e 76% <strong>do</strong> total deaves citadas em Straube et al. (1996). Foram anilhadas 227 avespertencentes a 41 espécies, sen<strong>do</strong> as mais capturadas: Pipra fasciicauda(86), Sittasomus griseicapillus (16) e Turdus leucomelas (12). Durante oestu<strong>do</strong> foram efetua<strong>do</strong>s registros importantes para a avifauna paranaense:Rhea americana, Pilherodius pileatus, Harpyhaliaetus coronatus,Gampsonyx swainsoni, Heliornis fulica, Columba speciosa, Arachloroptera, Propyrrhura maracana, Aratinga aurea, Momotus momota,Galbula ruficauda, Campephilus melanoleucos, Cyanocorax cyanomelas,Dacnis nigripes, Sporophila leucoptera e Amblyramphus holosericeus; alémde registros inéditos para o esta<strong>do</strong> como Coccyzus erythrophthalmus,Phacello<strong>do</strong>mus rufifrons e Griseotyrannus aurantioatrocristatus.Apoio: Instituto Ambiental <strong>do</strong> Paraná – IAP.________________________________________________R193Morfometria, peso e mudas <strong>do</strong> macuquinho-da-várzea Scytalopusiraiensis.Pedro Scherer-Neto 1 , Cassiano Fadel Ribas 2 , Eduar<strong>do</strong> Carrano 3 , DouglasKajiwara 4 , Solange Regina Latenek.Museu de História Natural Capão da Imbuia. Rua Benedito Conceição 407. 82810-080. Curitiba, Paraná; 1. schererneto@bbs2.sul.com.br; 2. cassianofr@ig.com.br;3. educarrano@bbs2.sul.com.br; 4. kajiwara@b.com.brDurante os trabalhos propostos pelo Banco Mundial paraminimização de impactos sobre uma população de macuquinho-da-várzeaScytalopus iraiensis em decorrência <strong>do</strong> enchimento <strong>do</strong> reservatório sobre o


io Irai, na Região Metropolitana de Curitiba, foi realiza<strong>do</strong> um resgateparcial da população existente. Este trabalho ocorreu no perío<strong>do</strong> de abril ajunho de 1999 em uma área particular na margem direita <strong>do</strong> rio Irai,município de Quatro Barras (25º23’S; 49º05’W) altitude 890 m s.n.m. Paraa captura foram utilizadas 20 redes de neblina, abertas até o chão, cercan<strong>do</strong>uma área onde as aves eram atraídas pela repetição de sua voz gravada emfitas magnéticas. Foram captura<strong>do</strong>s 16 indivíduos da espécie, sen<strong>do</strong> tomadasas medidas morfométricas conforme Sick (1997), utilizan<strong>do</strong> paquímetroMitutoyo e balança Pesola 30 g. Os valores das medidas realizadas foramexpressos por médias e desvios-padrão das estimativas. O menor e o maiorvalor encontra<strong>do</strong> (amplitude) encontra-se indica<strong>do</strong> entre parênteses. Peso 13g ±1,31 (10-15 g) (n=14); Bico (cúlmen exposto) 10,19 ±0,95 mm (8,8-12,4mm) (n=15); Tarso 18,1 ±1,35 mm (14,9 -19,8 mm) (n=15); Asa (chord)47,68 ±2,04 mm (44,4-52,2 mm) (n=15); Cauda 41,01 ±3,64 mm (35,6-49,3mm) (n=11) e comprimento total (com penas) 125,64±3,47 (110-136 mm)(n=12). Do total de indivíduos captura<strong>do</strong>s, nove apresentavam muda derêmiges da sexta a décima primária; cinco com muda na segunda e <strong>do</strong>is naquinta e sexta rêmige secundária. Em relação às mudas de contorno, 11 avesapresentavam mudas na região cefálica, <strong>do</strong>rsal e ventral; três com muda<strong>do</strong>rsal e ventral e apenas um com muda cefálica. As mudas de cauda foramobservadas em três indivíduos, um deles <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> ao quarto par e <strong>do</strong>isoutros no segun<strong>do</strong> e quarto par respectivamente. Foi captura<strong>do</strong> umindivíduo o qual apresentava coloração marrom pardacento, diferin<strong>do</strong>completamente <strong>do</strong>s exemplares descritos pelos autores da espécie e demaisaves capturadas.Apoio: Museu de História Natural “Capão da Imbuia”, Curitiba, Paraná.________________________________________________


R194Levantamento de aspectos comportamentais durante atividades denidificação em um casal de bem-te-vis Pitangus sulphuratus emambiente urbano (Campo Grande, Mato Grosso <strong>do</strong> Sul).Larissa Schneider 1 e Antonio Luis Serbena 21. Curso de Ciências Biologicas da UFMS. Rua Brasilândia 594. 79041-050. Campo Grande/MS; laribio@terra.com.br; 2. Rua João Tschannerl,571. 80820-010, Curitiba/PR; serbena@biologo.mailbr.com.brO bem-te-vi é uma ave que possui uma grande distribuiçãogeográfica e ocupa uma ampla variedade de hábitats desde áreas urbanas atéáreas agrícolas <strong>sem</strong>i-abertas. São abundantes na região urbana de CampoGrande e facilmente visualiza<strong>do</strong>s por apresentarem vocalizações estridentes.Este estu<strong>do</strong> objetivou fazer um levantamento <strong>do</strong>s comportamentos de umcasal de bem-te-vis durante atividades de nidificação. Para as observaçõesfoi utiliza<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> ad libitum e posteriormente, após o observa<strong>do</strong>r estarfamiliariza<strong>do</strong> com os comportamentos, utilizou-se o méto<strong>do</strong> de amostragemsequencial. Foram totalizadas 20 horas de observação durante os meses deoutubro e novembro de 2000 na área urbana de Campo Grande - MS, sobreuma conífera, onde as aves estavam construin<strong>do</strong> o ninho. O ninho situava-sea cerca de sete metros de altura onde a árvore mais próxima localizava-se acerca de dez metros de distância. Foram identificadas quatro categoriascomportamentais durante as atividades de nidificação: defesa <strong>do</strong> ninho,côrte, atividades de manutenção das penas, construção <strong>do</strong> ninho. A categoriadefesa <strong>do</strong> ninho possui três comportamentos: vigilância <strong>do</strong> ninho, defesaindividual e defesa social. As outras categorias possuem apenas umcomportamento cada, sen<strong>do</strong> suas denominações correspondentes à da suarespectiva categoria. Foram feitas duas medidas, com auxílio de umcronômetro, <strong>do</strong>s tempos de permanência <strong>do</strong>s indivíduos no ninho durante asatividades de construção <strong>do</strong> ninho, com intervalo de uma <strong>sem</strong>ana entre asmedidas. Na primeira <strong>sem</strong>ana (média: 32,2 s; d.p: ±24,8 s; n= 30) o tempode permanência no ninho foi menor que na segunda (média: 1720 s.; d.p:±990,2 s; n= 3). Atribui-se provavelmente a mudança <strong>do</strong> comportamento daconstrução <strong>do</strong> ninho para a postura <strong>do</strong>s ovos, que exige maior tempo.Entretanto, as observações foram interrompidas após uma violentatempestade de verão que ocasionou a derrubada <strong>do</strong> ninho no solo,encerran<strong>do</strong> as atividades das aves sobre esta conífera, sen<strong>do</strong> avistadas emoutras árvores nas imediações.


________________________________________________R195Dieta <strong>do</strong> atobá-mascara<strong>do</strong> (Sula dactylatra), da viuvinha-marrom(Anous stolidus) e <strong>do</strong> trinta-réis-<strong>do</strong>-manto-negro (Sterna fuscata), naReserva Biológica <strong>do</strong> Atol das Rocas, Atlântico Nordeste <strong>do</strong> BrasilAlbano Schulz-NetoPrograma de Pós-graduação em Ciências Biológicas, UFPB;albano@openline.com.br.O estu<strong>do</strong> das dietas é central para entender-se o modus vivendi dasaves marinhas, <strong>inclui</strong>n<strong>do</strong> as necessárias adaptações ao ambiente, dan<strong>do</strong>informações sobre composição da dieta e sobreposição entre espécies,nutrição fornecida à prole, escolha de presas, composição de comunidadesmarinhas nas áreas de forrageio, entre outras. Visan<strong>do</strong> levantar da<strong>do</strong>snutricionais de Sula dactylatra, Anous Stolidus e Sterna fuscata, no Atol dasRocas/RN, realizou-se estu<strong>do</strong>s em agosto de 1999. Para as espécies demenor porte utilizou-se seringa de 60 ml e sonda uretral de 4 mm dediâmetro externo e 450 mm de comprimento, a qual era inserida no tratodigestivo, até a base <strong>do</strong> estômago, sen<strong>do</strong> injetada água <strong>do</strong> mar. O mesmoprocedimento foi utiliza<strong>do</strong> para a Sula dactylatra, porém com recipientemaior para acondicionar a água, bomba de combustível manual, e sonda de8 mm de diâmetro. Depois de fixa<strong>do</strong>s e preserva<strong>do</strong>s, os itens foramidentifica<strong>do</strong>s, medi<strong>do</strong>s e pesa<strong>do</strong>s em laboratório. S. dactylatra, A. stolidus eS. fuscata tiveram, respectivamente, 32, 28 e 23 itens diferentesidentifica<strong>do</strong>s, a grande maioria de peixes, com freqüências e contribuiçõesnutricionais mais elevadas <strong>do</strong>s mesmos, exceto S. fuscata, que apresentouvalores <strong>sem</strong>elhantes de contribuição para peixes e lulas. Houve diferençassignificativas entre alguns <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s das diferentes faixas etáriasde cada espécie, e entre as diferentes espécies. As 3 espécies de avescompetiram diretamente pelos peixes Oxyporhamphus micropterus,Exocoetus volitans, Dactylopterus volitans e E. obtusirostris, e pelas lulasOmmastrephes bartramii e Ornithoteuthis antillarum, porém a sobreposição


alimentar geral não mostrou-se significativa, concluin<strong>do</strong>-se que devi<strong>do</strong> aestratégias utilizadas por elas, esta não afeta negativamente tais populações.Apoio: FUNAPE.________________________________________________R196Taxa de sobrevivência inicial de papagaio-verdadeiro (Amazonaaestiva), em programa de repovoamento no Pantanal Sul-Mato-Grossense, Brasil.Gláucia Helena Fernandes Seixas 1 , Alessandra Mara Sá Firmino 1 , CarolinaRibas Pereira 2 , Adriana Akemi Kuniy 2 e Daniel Rocha <strong>do</strong> Espírito Santos 21 Técnicas da FEMA-P/SEMCT MS - Rua Rio Turvo, s/nº, Q3., S3. Pq. Poderes -Campo Grande, MS 79.041-902, Brasil (papagaio2000@uol.com.br ouglaucia@<strong>sem</strong>a.ms.gov.br); 2 Estagiários <strong>do</strong> CRAS/FEMA-P/SEMACT MS -Reserva Ecológica Parque <strong>do</strong>s Poderes - Campo Grande, MS 79.041-902O presente trabalho tem como objetivo apresentar a taxa desobrevivência inicial, encontrada em um programa de repovoamento depapagaio-verdadeiro, realizada pelo CRAS/FEMA-P/SEMACT MS. Osresulta<strong>do</strong>s aqui apresenta<strong>do</strong>s referem-se aos nove (8 a 17 de fev. de 2001)dias após soltura, de filhotes recepciona<strong>do</strong>s pelo CRAS em 1999. Estespermaneceram por, aproximadamente, dezesseis meses sen<strong>do</strong>acompanha<strong>do</strong>s quanto aos aspectos nutricionais, sanitários ecomportamentais. Após, foram dividi<strong>do</strong>s em <strong>do</strong>is lotes e encaminha<strong>do</strong>s paraduas áreas: Faz. Refúgio da Ilha (33 indivíduos) e Faz. San Francisco (37indivíduos), no Pantanal de Miranda/MS. Os animais foram marca<strong>do</strong>s comanilhas de aço numeradas e na Faz. San Francisco cinco receberemradiotransmissores. Soltos em come<strong>do</strong>uros, receberam suplemento alimentardiário, composto por frutas, verduras e <strong>sem</strong>entes. Nas duas áreas forammonitora<strong>do</strong>s diariamente, através de observação direta para contagem <strong>do</strong>sanimais não equipa<strong>do</strong>s com radiotransmissores e rastreamento com receptormanual, para os animais equipa<strong>do</strong>s com radiotransmissores. Durante esteperío<strong>do</strong> observou-se que a maioria <strong>do</strong>s animais permaneciam no local de


soltura. Na Faz. Refúgio da Ilha foram realizadas ~97 horas de observação(x=10 h/dia, variação 8-12, dp=1,42), onde a contagem máxima deanimais/dia foi, em média, 24 indivíduos (11-30, dp=5,35), não ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong>registra<strong>do</strong> nenhum óbito. Na Faz. San Francisco foram realizadas ~109horas de observação (x=12 h/dia, variação de 10-13, dp=1,15), onde acontagem máxima de animais/dia foi, em média, 18 indivíduos (14-23,dp=3,61). Nesta área última área, 5 óbitos foram registra<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> umpapagaio com radiotransmissor (cerca de 300 m da área de soltura, no meioda vegetação) e 2 papagaios retornaram ao CRAS. A taxa de sobrevivênciaobservada neste perío<strong>do</strong> foi, em média, 72% para a Faz. Refúgio da Ilha e48% para a Faz. San Francisco. Estu<strong>do</strong>s anteriores sugerem que programasde repovoamento não devem considerar a sobrevivência como fatordeterminante <strong>do</strong> sucesso, assim o presente projeto deverá estender-se peloperío<strong>do</strong> que os animais permanecerem na área, visan<strong>do</strong> relacionar a área devida ocupada com a capacidade de obter alimento e nidificar.Apoio financeiro: FEMA-P/SEMACT MS, EMBRAPA-Pantanal, UFMS,Conservation International <strong>do</strong> Brasil, Foz Tropicana-Parque das Aves,Fundação O Boticário de Proteção à Natureza e American Bird Conservancye Refúgio Ecológico Caiman.________________________________________________R197Crescimento de filhotes de papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), emanimais de vida livre e de cativeiro.Gláucia Helena Fernandes Seixas 1 e Guilherme de Miranda Mourão 21. FEMA-P/SEMCT MS - Rua Rio Turvo, s/nº, Q3., S3. Pq. <strong>do</strong>s Poderes -Campo Grande, MS 79.041-902, Brasil (papagaio2000@uol.com.br ouglaucia@<strong>sem</strong>a.ms.gov.br); 2. Embrapa Pantanal, C.p.109. Corumbá, MS79320-900.De 1997 a 1999, analisamos o aumento <strong>do</strong> peso corporal e <strong>do</strong>comprimento da asa de ninhegos de uma população de papagaio-verdadeiro,em vida livre no Pantanal Sul-Mato-Grossense e de um grupo cria<strong>do</strong> no


Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), da Secretaria deEsta<strong>do</strong> de Meio Ambiente de MS. Adicionalmente, examinamos os efeitos <strong>do</strong>fator “anos de coleta” (variável composta por vários fatores que não puderamser individualiza<strong>do</strong>), sexo, ordem de nascimento e infestação por ectoparasitasno crescimento <strong>do</strong>s papagaios. Utilizamos o modelo de Richards para estimaros parâmetros de crescimento (tamanho assíntotico "A", tempo total decrescimento "T" e parâmetro que descreve a forma da curva "m"). Os <strong>do</strong>isgrupos apresentaram pesos corporais assintóticos <strong>sem</strong>elhantes, mas os filhotesde cativeiro necessitaram de um tempo maior para aproximar a assíntota. Osjovens de vida livre perderam peso próximo ao momento de deixar o ninho eo comprimento da asa continuou aumentan<strong>do</strong> após deixarem o ninho. Nosninhegos <strong>do</strong> cativeiro, as asas levaram 55% mais tempo para aproximar aassíntota <strong>do</strong> que o peso corporal. A análise <strong>do</strong>s resíduos <strong>do</strong>s pesos observa<strong>do</strong><strong>sem</strong> relação a curva ajustada pelo modelo de Richards não revelou diferençasno crescimento corporal, entre sexos e entre local de criação, mas ANOVArevelou que os papagaios cria<strong>do</strong>s no CRAS, imediatamente antes de seremsoltos na natureza, foram mais pesa<strong>do</strong>s que os animais cria<strong>do</strong>s em vida livre,imediatamente antes de deixarem os ninhos. O crescimento em peso variouentre anos nas aves de cativeiro, mas não nas de vida livre. A infestação porbernes e a ordem de nascimento afetaram negativamente o crescimento <strong>do</strong>sninhegos de vida livre.Apoio financeiro: FEMA-P/SEMACT MS, EMBRAPA-Pantanal, UFMS,Conservation International <strong>do</strong> Brasil, Foz Tropicana-Parque das Aves,Fundação O Boticário de Proteção à Natureza e American Bird Conservancye Refúgio Ecológico Caiman.________________________________________________


R198Biologia reprodutiva <strong>do</strong> papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva)(Psittacidae), no Pantanal Sul-mato-grossense, Brasil.Gláucia Helena Fernandes Seixas 1 e Guilherme de Miranda Mourão 21. CRAS/FEMA-P/SEMCT MS- Rua Rio Turvo, s/nº, Q3., S3. Pq. <strong>do</strong>s Poderes -Campo Grande, MS 79.041-902, Brasil (papagaio2000@uol.com.br ouglaucia@<strong>sem</strong>a.ms.gov.br); 2. Embrapa Pantanal, C.p.109. Corumbá, MS 79320-900.Este estu<strong>do</strong> objetivou caracterizar os ninhos e ambientes denidificação <strong>do</strong> papagaio-verdadeiro e estimar o tamanho e sobrevivência dasninhadas em uma fazenda localizada na porção sul <strong>do</strong> Pantanal Mato-Grossense (Município de Miranda, MS), no perío<strong>do</strong> de 1997 a 1999,disponibilizan<strong>do</strong> estas informações a Secretaria de Esta<strong>do</strong> de MeioAmbiente de MS. Os ninhos foram encontra<strong>do</strong>s somente entre agosto edezembro de cada ano. Monitoramos 94 ninhos encontra<strong>do</strong>s em diferentesespécies de árvores, com dimensões variáveis, distribuí<strong>do</strong>s por todas asprincipais fitofisionomias na área de estu<strong>do</strong>: cerra<strong>do</strong> denso, cerra<strong>do</strong> aberto,mata (cerradão), campo sujo, campo inundável com capões de mata e áreasde uso agropecuário. Nestes ninhos foram postos 238 ovos, nasceram 141filhotes, <strong>do</strong>s quais 97 sobreviveram até deixarem o ninho. O sucesso <strong>do</strong>sninhos, analisa<strong>do</strong> pelo méto<strong>do</strong> de Mayfield foi de 53%, similar aoencontra<strong>do</strong> para outras espécies deste gênero. O tamanho da postura nãovariou significativamente nos três anos de estu<strong>do</strong>, mas o sucesso <strong>do</strong>s ninhose a taxa de sobrevivência <strong>do</strong>s ovos e filhotes foram menores em 1998 <strong>do</strong>que nos demais anos. A predação e a não eclosão de ovos foram os maioresresponsáveis por esta diferença, porém as causas que levaram a estasdiferenças não foram esclarecidas. O desmatamento, chuvas precoces evisita aos ninhos podem ter ti<strong>do</strong> influência na diminuição das taxas desobrevivências observadas em 1998.Apoio financeiro: FEMA-P/SEMACT MS, EMBRAPA-Pantanal, UFMS,Conservation International <strong>do</strong> Brasil, Foz Tropicana-Parque das Aves,Fundação O Boticário de Proteção à Natureza e American Bird Conservancye Refúgio Ecológico Caiman________________________________________________


R199Distância social em an<strong>do</strong>rinhas Notiocheli<strong>do</strong>n cyanoleuca(Hirundinidae) durante atividades de manutençãoAntonio Luis Serbena 1 e Larissa Schneider 21. Rua João Tschannerl, 571. Curitiba, PR; serbena@biologo.mailbr.com.br;2. Curso de Ciências Biologicas da UFMS; laribio@terra.com.brVárias espécies animais que possuem hábitos sociais apresentamuma distância mínima entre os indivíduos da mesma espécie, supostamentepara minimizar eventos agonísticos e diminuir a competição por recurso.Entretanto, esta distância pode ser afetada pela presença de outrosindivíduos de espécies diferentes ou na presença de preda<strong>do</strong>res. EmNotiocheli<strong>do</strong>n cyanoleuca (Hirundinidae), este comportamento pode serobserva<strong>do</strong> durante atividades de descanso quan<strong>do</strong> estão pousadas sobre osfios de luz. Quan<strong>do</strong> em ban<strong>do</strong>, estas aves mantém a distância entre sideterminadas pelo alcance da bicada da ave vizinha. Neste trabalhoobjetivou-se determinar a influência da presença de outras aves na distânciaentre as an<strong>do</strong>rinhas quan<strong>do</strong> pousadas conjuntamente, em ambiente urbano.O presente estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> em Gaurama - RS - cidade de pequeno portepre<strong>do</strong>minantemente ocupada por áreas agrícolas e de matas dereflorestamento de coníferas. Para a observação <strong>do</strong>s comportamentos foiutiliza<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> scan sampling, com medidas instantâneas a cada cincominutos, sen<strong>do</strong> calculadas as distâncias entre as aves por estimativa visualcom precisão de 0,20 metros até o máximo de três metros. Foram totalizadas7 horas de observação durante o mês de janeiro de 2001, com 237amostragens. Houve a presença de duas espécies de aves além dasan<strong>do</strong>rinhas: Tyrannus savana, tesourinha e Mimus saturninus, sabiá <strong>do</strong>campo. As an<strong>do</strong>rinhas mantiveram maior distância em relação ao sabiá <strong>do</strong>campo <strong>do</strong> que entre si (Mann-Whitney, n 1 =228, n 2 =9, U=602, Z=-2,10,p=0,03). Na presença da tesourinha, as an<strong>do</strong>rinhas não permaneciam nospostes, levantan<strong>do</strong> vôo, de mo<strong>do</strong> que não houve registro de distância entreas aves. A tesourinha apresentou o hábito de repelir outras espécies de avesenquanto estava presente nos fios. Na presença <strong>do</strong>s sabiás, as an<strong>do</strong>rinhasa<strong>do</strong>taram a estratégia de manter uma distância maior deles maspermanecerem sobre os fios, dividin<strong>do</strong> o espaço, supostamente para


diminuir a competição por espaço. Mas, perante aves de maior porte como atesourinha cuja reação constante era de espantar as outras espécies, aestratégia foi a<strong>do</strong>tar a fuga, pois ao permanecerem nos fios a reaçãoagonística das tesourinhas poderiam causar graves danos às an<strong>do</strong>rinhas.________________________________________________R200Abundância e padrões de agregação de aves aquáticas no PantanalMaristela Benites da Silva 1 , Melissa Pereira Fernandes 2 , Eliézer JoséMarques 31 Mestra<strong>do</strong> em Ecologia e Conservação, UFMS, CP 549, 79070-900, CampoGrande, MS, marisil@nin.ufms.br; 2 Bolsista de Iniciação Científica/CNPq/UFMS;3 Departamento de Biologia/UFMS, ejmarq@nin.ufms.brO Pantanal Matogrossense, um importante complexo de áreasúmidas da região Neotropical, abriga várias espécies de aves aquáticas que,embora ocorram em diferentes densidades ao longo <strong>do</strong> ano, se utilizam dadiversidade desses ambientes para a alimentação e/ou reprodução. Estetrabalho, ora sen<strong>do</strong> desenvolvi<strong>do</strong> nas sub-regiões <strong>do</strong> Miranda e Abobral,tem por objetivo avaliar a abundância de aves aquáticas em diferentesambientes e os padrões de agregação nos locais de forrageamento. Foramrealiza<strong>do</strong>s censos no perío<strong>do</strong> entre janeiro e abril de 2001, ao longo de trêspercursos: na ro<strong>do</strong>via BR-262, com 47 km de extensão; na Estrada-Parque,com 48 km; e, um trecho compreendi<strong>do</strong> nos rios Miranda e Vermelho, comaproximadamente 31km, ou seja, <strong>do</strong>is transectos percorri<strong>do</strong>s via terrestre eum por via aquática. As aves foram identificadas e registradas quan<strong>do</strong>presentes nos diferentes ambientes, caracteriza<strong>do</strong>s quanto ao tipo (baía,caixa-de-empréstimo, campo inunda<strong>do</strong>, corixo, rio e vazante) e coberturavegetal (A= 0, B < 25%, C 25-50%, D 50-75% e E > 75%). As agregações,a priori, foram definidas como um agrupamento com número de indivíduos>5. Foram registradas 21 espécies, sen<strong>do</strong> Ardea cocoi a mais abundante(360 indivíduos), seguida por Mycteria americana (331), Phalacrocoraxbrasilianus (211), Aramus guarauna (148), Jabiru mycteria (147) eCasmerodius albus (125 indivíduos). Apesar de A. cocoi aparecer como a


espécie mais abundante, em 71% <strong>do</strong>s registros estava isolada, enquanto M.americana estava mais freqüentemente associada a outras espécies (81%<strong>do</strong>s registros). O ambiente com maior freqüência de aves foi caixa-deempréstimo,com 72,8% <strong>do</strong> total, sen<strong>do</strong> os locais com cobertura vegetal Eos que apresentaram maior ocorrência de aves (47,5%). Foram registradas11 agregações, sen<strong>do</strong> a maior delas composta por 9 espécies e 178indivíduos.Apoio: CAPES, CNPq e UFMS________________________________________________R201Estratégias de forrageamento <strong>do</strong> Jabiru mycteria no Pantanal Matogrossense.Maristela Benites da Silva 1 , Melissa Pereira Fernandes 2 , Eliézer JoséMarques 31 Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, UFMS, CP 549, 79070-900, CampoGrande, MS, marisil@nin.ufms.br; 2 Bolsista de Iniciação Científica/CNPq/UFMS;3 Departamento de Biologia/UFMS, ejmarq@nin.ufms.brO Jabiru mycteria (tuiuiú) é uma espécie ecologicamentedependente <strong>do</strong>s ambientes aquáticos, onde encontra os itens mais freqüentesde sua dieta (insetos, caranguejos, moluscos, anfíbios e peixes) ou constróiseus ninhos, geralmente em árvores esparsas. Muitos estu<strong>do</strong>s envolven<strong>do</strong> asatividades de forrageamento de aves paludícolas foram e são realiza<strong>do</strong>s emvários países. No Brasil, e mais especificamente no Pantanal, apesar dareconhecida importância quanto à riqueza de espécies e diversidade deambientes úmi<strong>do</strong>s, pouco se conhece a respeito <strong>do</strong>s padrões de uso derecursos e a dinâmica de ocupação dessas áreas por essas aves. O presentetrabalho, ora sen<strong>do</strong> desenvolvi<strong>do</strong> no Pantanal Mato-grossense, sub-regiões<strong>do</strong> Miranda e Abobral, tem por objetivo identificar os tipos de ambientes eestratégias de forrageamento utilizadas, bem como os itens que fazem parteda dieta dessas aves. Os tuiuiús, isola<strong>do</strong>s ou presentes em agregações, sãoobserva<strong>do</strong>s com a utilização de binóculos (7x35) e lunetas (12x36x30),


anotan<strong>do</strong>-se as estratégias utilizadas e, quan<strong>do</strong> possível, as presascapturadas. Os ambientes aquáticos são identifica<strong>do</strong>s e caracteriza<strong>do</strong>squanto ao tipo (rio, baía, vazante, campo inunda<strong>do</strong> e outros) e coberturavegetal. No perío<strong>do</strong> de janeiro a abril de 2001, durante 3 dias em cada mês,foram registra<strong>do</strong>s 17 indivíduos em atividades de forrageamento,totalizan<strong>do</strong> 28 horas de observação. O tipo de ambiente com maior númerode registros foi o campo inunda<strong>do</strong> (73,3%), com cobertura vegetal >75%.Os animais para<strong>do</strong>s e introduzin<strong>do</strong> seguidamente o bico na água e/ousubstrato (28,6%), ou se movimentan<strong>do</strong> lentamente e introduzin<strong>do</strong> o bico naágua e/ou substrato (22,7%) foram as estratégias mais freqüentementeexibidas nas atividades de forrageamento. Dentre os itens captura<strong>do</strong>s,pequenos caranguejos e moluscos (48,9% e 44,3%, respectivamente) foramos mais freqüentes, representan<strong>do</strong> os peixes somente 6,8% <strong>do</strong> total.Apoio: CAPES, CNPq e UFMS________________________________________________R202Status de conservação da arara-vermelha (Ara chloroptera) no Esta<strong>do</strong><strong>do</strong> Espírito SantoJosé Eduar<strong>do</strong> Simon 11. Museu de Biologia Prof. Mello leitão. Santa Teresa-ES. 29.650-000;simon@ebr.com.brA arara-vermelha (Ara chloroptera) é um psitacídeo com ampladistribuição no Brasil, ocupan<strong>do</strong> as regiões densamente florestadas <strong>do</strong>noroeste (Amazônia), leste (<strong>do</strong> Piauí ao Paraná) e centro-oeste (MatoGrosso) <strong>do</strong> país. Para o Espírito Santo, em particular, os registros existentes(bibliográficos/museológicos) apontam como área de ocorrência a região <strong>do</strong>rio Doce, onde parece ter si<strong>do</strong> abundante até o século X<strong>IX</strong>. Entretanto, nasúltimas cinco décadas nenhum novo registro da espécie foi estabeleci<strong>do</strong> paraa região. Com objetivo de verificar se esse fato relacionava-se meramentecom a carência de estu<strong>do</strong>s, dedicamos, durante os <strong>do</strong>is últimos anos, cercade 250 horas de trabalhos de campo (<strong>inclui</strong>n<strong>do</strong> entrevistas) para a


localização de alguma população remanescente no Espírito Santo. Taistrabalhos abrangeram vários municípios sob influência da sua área deocorrência e outros <strong>do</strong> norte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, contemplan<strong>do</strong> áreas favoráveiscomo reservas florestais (e.g. Reserva Florestal de Sooretama) e margensflorestadas residuais de alguns <strong>do</strong>s principais rios da região estudada (porexemplo, rios Comboios, Doce, São Mateus, Preto e Itaúnas). Apesar disso,nenhum contato com a espécie na natureza foi obti<strong>do</strong>, a não ser pelo registrode 2 indivíduos avista<strong>do</strong>s no morro Vargem Alta (Ibiraçu, janeiro/1999),provenientes de solturas <strong>do</strong> IBAMA. Quanto às entrevistas realizadas,nem mesmo mateiros experientes e ex-caça<strong>do</strong>res acusaram sua ocorrêncianos municípios trabalha<strong>do</strong>s. Logo, nossos trabalhos sugerem odesaparecimento da Arara-vermelha no ES, descartan<strong>do</strong>-se a possibilidadede ser esse um caso decorrente da falta de registros pela carência deprospecções de campo. Embora a porção ao sul <strong>do</strong> ES seja área potencial dadistribuição da Arara-vermelha, a chance de aí ainda ocorrerem populaçõesremanescentes é bastante remota, como evidenciam inventários de avifaunasrecentemente realiza<strong>do</strong>s na região. Compreender o seu atual status deconservação no ES não parece difícil, poden<strong>do</strong> sugerir a captura deespécimes para cativeiro e a intensificada destruição das florestas da região<strong>do</strong> rio Doce como os fatores responsáveis por sua extinção no Esta<strong>do</strong>. A suasituação em outros esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Brasil oriental não é diferente <strong>do</strong> verifica<strong>do</strong>para o ES, estan<strong>do</strong>, por exemplo, também extinta no RJ. Embora nessasituação, essa ave não consta da Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaçadade Extinção, poden<strong>do</strong> a sua comum ocorrência em outras regiões <strong>do</strong> paísexplicar a negligência sobre a população da Mata Atlântica. Com efeito,listas gerais sobre espécies ameaçadas parecem ter pouca importância comosubsídios para a conservação de biotas regionais, sen<strong>do</strong> Ara chloropetra umbom exemplo disso.________________________________________________


R203Status de conservação <strong>do</strong>s Tinamidae <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito SantoJosé Eduar<strong>do</strong> Simon e Adriano Garcia ChiarelloMuseu de Biologia Prof. Mello Leitão. Santa Teresa-ES. 29.650-000;simon@ebr.com.brO Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo possuia originalmente quase que atotalidade de sua área (87%) coberta por formações florestais, cuja vastidãoe exuberância impressionaram naturalistas <strong>do</strong> século X<strong>IX</strong> que por aípassaram, como Wied-Neuwied e August Saint-Hilaire. Suas florestaspermaneceram pouco alteradas até o início <strong>do</strong> século XX, já que é estima<strong>do</strong>,por exemplo, que até 1912, florestas ainda cobriam 65% <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. Odesmatamentos intensificaram muito desde então, especialmente entre asdécadas de 40 e 60, e hoje estima-se que florestas nativas ocupem menos de9% de sua área. O presente trabalho objetivou identificar o status deconservação <strong>do</strong>s Tinamidae <strong>do</strong> Espírito Santo, por tratarem-se de espéciesrestritas a determina<strong>do</strong>s ambientes e tradicionalmente caçadas no Esta<strong>do</strong>.As espécies ameaçadas e suas respectivas categorias de ameaça (EXextinta;CP-criticamente em perigo; EP-em perigo; VU-vulnerável) foramestabelecidas pelos critérios da IUCN, com as modificações de Lins et al.(1997) e Sluys et al. (2000), sen<strong>do</strong> que os da<strong>do</strong>s sobre as espécies analisadasbasearam-se em registros publica<strong>do</strong>s/museológicos e em nossos trabalhosde campo no ES durante os últimos 5 anos. Como resulta<strong>do</strong>, verificou-seque das nove espécies de Tinamidae de ocorrência para o Esta<strong>do</strong>, quatropodem ser consideradas como ameaçadas de extinção. Embora nenhumadelas esteja extinta (<strong>sem</strong> registros data<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s últimos 30 anos), umaenquadra-se na categoria CP (Tinamus solitarius), duas outras em EP(Crypturellus variegatus e C. noctivagus) e a restante em VU (C. soui).Conforme registros de sua ocorrência para o ES, todas revelaram-se comoelementos típicos das matas de baixada (matas de tabuleiro), hoje muitodescaracterizadas na maior parte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e onde ainda ocorre significativapressão de caça. Estu<strong>do</strong>s de campo indicaram que as maiores populaçõesdessas 4 espécies estão restritas à Reserva Biológica de Sooretama (24,000ha; IBAMA) e à Reserva Florestal de Linhares (22.000 ha; CVRD), queformam o maior bloco remanescente das matas de tabuleiro entre sul daBahia e norte <strong>do</strong> Rio de Janeiro. Comparan<strong>do</strong>-se o status de conservação<strong>do</strong>s Tinamidade ameaça<strong>do</strong>s <strong>do</strong> ES com aquele conheci<strong>do</strong> de outros esta<strong>do</strong>s,


comprovam-se diferenças regionais, como é o caso, por exemplo, de C.noctivagus, da<strong>do</strong> como extinto para o RJ. Em relação às listas gerais, notasea ausência <strong>do</strong>s quatro Tinamidae ameaça<strong>do</strong>s <strong>do</strong> ES na relação dasespécies globalmente ameaçadas (IUCN, 2000), e a presença de apenas duasdelas (T. solitarius e C. noctivagus) na lista oficial da Fauna BrasileiraAmeaçada de Extinção (Bernardes et al., 1990). Com efeito, poucosignifica<strong>do</strong> parecem ter as listas gerais para a gestão de biotas regionais,deven<strong>do</strong> os esta<strong>do</strong>s como o ES esforçarem-se para a definição oficial <strong>do</strong>status de conservação da sua própria avifauna. Em adição, reconhece-se acarência de inventários regionais como uma das grandes limitações para aelaboração das listas de espécies ameaçadas de extinção.________________________________________________R204Primeiro registro da gaivota-rapineira-chilena, Catharacta chilensis(Laridae, Stercorariinae), na costa de Santa Catarina, Brasil.Jules M. R. SotoMuseu Oceanográfico <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Itajaí (MOVI), UNIVALI, CP 360,88302-202, Itajaí, SC, movisc@terra.com.br.A gaivota-rapineira-chilena, Catharacta chilensis (Bonaparte, 1857),foi por muito tempo considerada subespécie de C. skua (Brünnich, 1764)(espécie-tipo), sen<strong>do</strong> definitivamente separada e adequadamentecaracterizada, apenas no final da década de 90. Restrita à América <strong>do</strong> Sul,nidifica na porção sul <strong>do</strong> continente, em costões rochosos <strong>do</strong> Chile eArgentina, dispersan<strong>do</strong>-se ao longo da costa pacífica e atlântica, comregistros <strong>do</strong> Peru ao Brasil. Em junho de 1994, um espécime foi avista<strong>do</strong> efotografa<strong>do</strong> a cerca de 100 km da costa de Florianópolis, Santa Catarina(27º17’S, 47º20’W). A análise das fotografias evidenciou característicastípicas de um adulto de C. chilensis, como o contrastante “capuz” escuro, oculmen bicolor (mais claro na base), as penas amareladas no pescoço e ocolori<strong>do</strong> geral “ferrugem”. Três fotografias foram colecionadas na Seção de<strong>Ornitologia</strong> <strong>do</strong> Museu Oceanográfico <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Itajaí (MOVI 16708). Nosu<strong>do</strong>este <strong>do</strong> Atlântico, a espécie possui alguns registros na costa patagônica,


nenhuma citação para o Uruguai e duas breves menções para o Rio Grande<strong>do</strong> Sul, tratan<strong>do</strong>-se das únicas na costa brasileira até então. O presentetrabalho assinala o primeiro registro de C. chilensis no Esta<strong>do</strong> de SantaCatarina e o mais setentrional no su<strong>do</strong>este <strong>do</strong> Atlântico.________________________________________________R205A necessidade de implantação de uma área de proteção, direcionada àaves limnícolas, na de<strong>sem</strong>bocadura <strong>do</strong> Rio Araranguá, Esta<strong>do</strong> de SantaCatarina, Brasil.Jules M. R. Soto 1 e Alexandre Filippini 21. Museu Oceanográfico <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Itajaí (MOVI), UNIVALI, CP 360,88302-202, Itajaí, SC, movisc@terra.com.br; 2. Centro de Pesquisa paraConservação das Aves Silvestres (CEMAVE), IBAMA, Rua João PioDuarte Silva, 535, Córrego Grande, 88037-000, Florianópolis, SC.O litoral sul <strong>do</strong> Brasil é reconhecidamente uma importante região dealimentação e descanso de aves limnícolas migratórias ou não. Neste quadrodestaca-se o Parque Nacional da Lagoa <strong>do</strong> Peixe, onde há a maiorconcentração destas aves na América <strong>do</strong> Sul, localiza<strong>do</strong> entre os municípiosde Mostardas, Tavares e São José <strong>do</strong> Norte, na costa central <strong>do</strong> Rio Grande<strong>do</strong> Sul. Durante o processo migratório para esta importante região, muitasáreas de descanso são escolhidas por uma série de espécies, os chama<strong>do</strong>s“poseiros”, os quais tem em comum a tranqüilidade necessária e adisponibilidade de águas rasas com aporte de banha<strong>do</strong>s, que favorecem agrande abundância de organismos que são utiliza<strong>do</strong>s como alimento porestas aves. Com estas características, poucos ambientes ainda mantêm-seinaltera<strong>do</strong>s, apesar de serem vitais como áreas de suporte à chegada destasaves aos destinos finais. Com este pensamento, a única área no Esta<strong>do</strong> deSanta Catarina que apresenta tais condições, concentran<strong>do</strong> grande númerode aves limnícolas, localiza-se ao sul <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, na de<strong>sem</strong>bocadura <strong>do</strong> RioAraranguá, Município de Araranguá. O local é monitora<strong>do</strong> pela equipe <strong>do</strong>MOVI desde 1994, sen<strong>do</strong> registradas 42 espécies até o momento,destacan<strong>do</strong>: Himantopus himantopus, Haematopus palliatus, Rynchops


nigra, Larus <strong>do</strong>minicanus, L. maculipennis, Egretta thula, Charadriuscollaris, Calidris canutus, Pluvialis <strong>do</strong>minica, Phalacrocorax brasilianus,Sterna hirundinacea, S. hirun<strong>do</strong>, S. superciliaris, S. sandvicensis, S.maxima, S. trudeaui e S. nilotica. O interesse local de que seja construí<strong>do</strong>um molhe, associa<strong>do</strong> ao crescente número de veículos e pessoas quetransitam e que procuram o local para a pesca e banho, tornam necessáriasmedidas urgentes que vi<strong>sem</strong> a criação de uma área de proteção,provavelmente municipal, salvaguardan<strong>do</strong> este, que é um importante pontode concentração das aves costeiras <strong>do</strong> sul de Santa Catarina.________________________________________________R206Recaptura de um espécime de albatroz-de-nariz-amarelo, Thalassarchechlororhynchos (Procellariiformes, Diomedeidae), no sul <strong>do</strong> Brasil,anilha<strong>do</strong> na Ilha Gough, Atlântico Sul.Jules M. R. Soto e Ro<strong>do</strong>lfo da S. RivaMuseu Oceanográfico <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Itajaí (MOVI), UNIVALI, CP 360,88302-202, Itajaí, SC, movisc@terra.com.br.A forma nominal <strong>do</strong> albatroz-de-nariz-amarelo, Thalassarchechlororhynchos Gmelin, 1789, nidifica no Arquipélago Tristão da Cunha eIlha Gough, dispersan<strong>do</strong>-se logo após para médias latitudes das costas daAmérica <strong>do</strong> Sul e África. É uma das espécies de aves mais abundantes aolargo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul, concentran<strong>do</strong>-se junto àembarcações pesqueiras, que às vitimam principalmente através da pesca deespinhel (longline). Em 7 de novembro de 2000, durante operações de pescacomercial, um espécime macho juvenil de T. chlororhynchos foi captura<strong>do</strong>aos 30º25’S, 47º16’W, com as seguintes medidas (em mm): comprimentototal - 789; comprimento da asa - 457; comprimento da cabeça - 178;comprimento <strong>do</strong> cúlmem - 107; comprimento <strong>do</strong> tarso - 78; comprimento <strong>do</strong>de<strong>do</strong> médio <strong>sem</strong> unha - 91; comprimento <strong>do</strong> de<strong>do</strong> médio com unha - 110; eenvergadura - 1700. O mesmo apresentava anilha metálica (ZOOPRETORIA 8 47968) que indicou ter si<strong>do</strong> anilha<strong>do</strong> em 4 de março de 1999,ainda ninhego, em Tafelkop, Goneydale, Ilha Gough (40º21´S, 09º53´W). O


intervalo entre o anilhamento e a recaptura, foi de 1 ano, 8 meses, 5 dias e3534 km. A pele e esqueleto incompleto foram tomba<strong>do</strong>s na Seção de<strong>Ornitologia</strong> <strong>do</strong> Museu Oceanográfico <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Itajaí sob o código MOVI16431.________________________________________________R207Aproveitamento de cadáveres de pinípedes (Otariidae) por avescosteiras no sul <strong>do</strong> Brasil.Jules M. R. Soto e Ro<strong>do</strong>lfo da S. RivaMuseu Oceanográfico <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Itajaí (MOVI), UNIVALI, CP 360,88302-202, Itajaí, SC, movisc@terra.com.br.A relação entre aves e pinípedes é conhecida na literatura através dainteração trófica, geralmente relacionada ao aproveitamento <strong>do</strong> descarte depesca, onde ambos disputam o alimento <strong>sem</strong> agressões aparentes queresultem em ferimento. Em saídas de campo efetuadas entre 1990 e 2000(n=32, total de 13365 km), ao longo da costa de Santa Catarina e RioGrande <strong>do</strong> Sul, foram observadas aves aproveitan<strong>do</strong> cadáveres <strong>do</strong>spinípedes Arctocephalus australis, A. tropicalis e Otaria flavescens. Damesma forma como foi previamente relata<strong>do</strong> em relação aos cetáceos porMontibeler e Soto (2000), houve um pre<strong>do</strong>mínio quase exclusivo deCoragyps atratus no Esta<strong>do</strong> de Santa Catarina, sen<strong>do</strong> no Rio Grande <strong>do</strong> Sul,substituí<strong>do</strong> por Milvago chimango, Polyborus plancus e Larus <strong>do</strong>minicanus,com raras exceções observadas na costa <strong>do</strong> Município de Torres. Tambémcomo nos cetáceos, as partes mais atingidas foram os olhos, genitália,mamas e umbigo, mas diferin<strong>do</strong> no comportamento, visto que as aves forammenos audaciosas com os pinípedes, não sen<strong>do</strong> observa<strong>do</strong>s espécimesataca<strong>do</strong>s ainda vivos, mesmo que em estágio terminal e de <strong>sem</strong>iconsciência,bastante comum nos juvenis de A. australis. Os pinípedes foramencontra<strong>do</strong>s, na grande maioria das vezes, mais afasta<strong>do</strong>s da influência dasondas que os cetáceos, o que limitou sobremaneira a fauna cadavérica deorigem marinha (Crustacea, Polychaeta), mas favoreceu o desenvolvimentode larvas de insetos (Diptera), atrain<strong>do</strong> Pitangus sulphuratus em alguns


casos. Deve-se ressaltar que, com exceção de O. flavescens, a maior parte<strong>do</strong>s pinípedes morreu de causas naturais, principalmente infecçõesrespiratórias em juvenis de A. australis. Com isso, acreditamos que a grandebiomassa de espécimes mortos encontra<strong>do</strong>s nos meses de inverno eprimavera, tenha uma considerável parcela de importância na cadeia tróficadas aves mencionadas, colaboran<strong>do</strong> para atrair e/ou mantê-las na orla,principalmente no Rio Grande <strong>do</strong> Sul, onde os pinípedes são maisfreqüentes.________________________________________________R208Novos registros de aves para o Arquipélago Fernan<strong>do</strong> de Noronha,Brasil.Jules M. R. Soto e Josivan R. da Silva1. Museu Oceanográfico <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Itajaí (MOVI), UNIVALI, CP 360,88302-202, Itajaí, SC, movisc@terra.com.br. 2. Parque Nacional Marinhode Fernan<strong>do</strong> de Noronha (IBAMA), Alameda <strong>do</strong> Boldró, s/n, 53990-000,Fernan<strong>do</strong> de Noronha, PE.O Arquipélago Fernan<strong>do</strong> de Noronha recebe regularmente avescontinentais e insulares, surpreenden<strong>do</strong> com registros inéditos para o Brasilou mesmo para a América <strong>do</strong> Sul. Após a lista publicada por Soto et al.(2000), nova expedição ao arquipélago foi realizada em setembro de 2000, oque resultou em inclusões de espécies nunca assinaladas no local. Os novosregistros são embasa<strong>do</strong>s nos da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s pela referida expedição e nasobservações pessoais <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> autor. Fotografias <strong>do</strong>s espécimes foramdepositadas na Seção de <strong>Ornitologia</strong> <strong>do</strong> Museu Oceanográfico <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong>Itajaí (MOVI). As espécies são: an<strong>do</strong>rinha-<strong>do</strong>-mar-de-cauda-forcada,Oceanodroma leucorhoa (Hydrobatidae) - 5 espécimes coleta<strong>do</strong>s no Portode Santo Antônio, em junho de 1999, sen<strong>do</strong> <strong>do</strong>is ainda com vida;colhereiro-branco, Platalea leucorhodia (Threskiornithidae) - um espécimepermaneceu no arquipélago entre 25 de dezembro de 1996 e fevereiro de1999, sen<strong>do</strong> geralmente avista<strong>do</strong> no Açude <strong>do</strong> Cerca<strong>do</strong> das Emas, próximo àSede <strong>do</strong> Parque; trinta-réis-de-ban<strong>do</strong>, Sterna sandvicensis (Laridae) - um


pequeno ban<strong>do</strong> foi fotografa<strong>do</strong> na Praia da Caieira por Cornelis Hazevoet,<strong>do</strong> Departamento de <strong>Ornitologia</strong> <strong>do</strong> Museu Bocage, Lisboa, em data aindanão especificada; pombo-<strong>do</strong>méstico, Columba livia <strong>do</strong>mestica (Columbidae)- 5 espécimes coleta<strong>do</strong>s entre 1995 e 2000, sen<strong>do</strong> <strong>do</strong>is destes anilha<strong>do</strong>s, umda Espanha (anilha azul - 230419 ESP-99/RFCE, anilha verde - 10 e anilhametálica <strong>sem</strong> inscrição), encontra<strong>do</strong> na Vila <strong>do</strong> Trinta em 6 de janeiro de2000 e outro de Portugal (6424423/96 PORT), encontra<strong>do</strong> em mea<strong>do</strong>s de2000; e corruíra, Troglodytes ae<strong>do</strong>n (Troglodytidae) - um único espécimeobserva<strong>do</strong> na Sede Administrativa <strong>do</strong> Distrito, em 26 de setembro de 2000.O presente trabalho faz o primeiro registro de P. leucorhodia na América <strong>do</strong>Sul e os primeiros registros de O. leucorhoa, S. sandvicensis, C. livia<strong>do</strong>mestica e T. ae<strong>do</strong>n no Arquipélago Fernan<strong>do</strong> de Noronha.________________________________________________R209Reavistagens de espécies de aves visitantes e introduzidas, noArquipélago Fernan<strong>do</strong> de Noronha, Brasil.Jules M. R. Soto 1 , Marcelo B. de Souza-Filho 1 , Thiago Z. Serafini 1Josivan R. da Silva 2e1. Museu Oceanográfico <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Itajaí (MOVI), UNIVALI, CP 360,88302-202, Itajaí, SC, movisc@terra.com.br. 2. Parque Nacional Marinhode Fernan<strong>do</strong> de Noronha (IBAMA), Alameda <strong>do</strong> Boldró, s/n, 53990-000,Fernan<strong>do</strong> de Noronha, PE.A avifauna <strong>do</strong> Arquipélago Fernan<strong>do</strong> de Noronha possui muitasespécies consideradas visitantes ocasionais, além <strong>do</strong> aparecimento edesaparecimento repentinos de espécies introduzidas. Durante expediçãoefetuada em setembro de 2000, muitas destas espécies foram observadas ouobteve-se indícios concretos de suas ocorrências através <strong>do</strong> quarto autor,destacan<strong>do</strong>: Ardea cocoi, Bubulcus ibis e Casmerodius albus (Ardeidae),Falco peregrinus (Falconidae), Porphyrula martinica (Rallidae), Arenariainterpres e Numenius phaeopus (Scolopacidae), Paroaria <strong>do</strong>minicana(Emberizidae), e Passer <strong>do</strong>mesticus (Ploceidae). Algumas destas espécies,como B. ibis e P. <strong>do</strong>mesticus, estabeleceram população residente apenas na


década de 90, haven<strong>do</strong> fortes evidências de que estejam em plenocrescimento. A contagem direta de B. ibis totalizou 42 indivíduos, que seconcentraram principalmente no cemitério, Açude <strong>do</strong> Xaréu e Mangue <strong>do</strong>Sueste. Uma estimativa da população de P. <strong>do</strong>mesticus nas áreasresidenciais, indicou um número não inferior à 500 indivíduos. Ardea cocoi,C. albus e P. martinica foram novamente avistadas, as duas primeiras noMangue <strong>do</strong> Sueste e a terceira no Açude <strong>do</strong> Xaréu, todas em 11 de agosto de2000. Estas três espécies haviam si<strong>do</strong> registradas para o arquipélago combase em apenas um ou <strong>do</strong>is espécimes de cada, avista<strong>do</strong>s em março de 1985e 11 de junho de 1986 (Nacinovic e Teixeira, 1989). Também F. peregrinusperece ser um visitante regular, visto que, entre novembro de 1999 e julhode 2000, três novos registros foram confirma<strong>do</strong>s na Praia <strong>do</strong> Leão, o quesoman<strong>do</strong>-se aos da<strong>do</strong>s já existentes, obtemos a seguinte freqüência (1987-2000, n=7): junho (n=1), julho (n=2), outubro (n=1), novembro (n=1) edezembro (n=2). Observada desde Nicoll (1904), A. interpres ainda é ummaçarico freqüente e numeroso, sen<strong>do</strong> facilmente avista<strong>do</strong> na praia da Baía<strong>do</strong> Sueste, onde forma ban<strong>do</strong>s com mais de 30 indivíduos. Dois indivíduosde N. phaeopus hudsonicus foram avista<strong>do</strong>s no aeroporto em setembro de2000. Observada desde 1982, P. <strong>do</strong>minicana aparentemente estabilizou umapequena população que concentra-se principalmente no entorno da SedeAdministrativa <strong>do</strong> Distrito.________________________________________________R210A problemática da invasão de Passer <strong>do</strong>mesticus (Passeriformes,Ploceidae) no Arquipélago Fernan<strong>do</strong> de Noronha, Brasil.Jules M. R. Soto, Marcelo B. de Souza-Filho e Thiago Z. SerafiniMuseu Oceanográfico <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Itajaí (MOVI), UNIVALI, CP 360,88302-202, Itajaí, SC, movisc@terra.com.br.O Arquipélago Fernan<strong>do</strong> de Noronha é um ambiente insularoceânico bastante vulnerável à ações antrópicas. Mesmo após a criação <strong>do</strong>Parque Nacional Marinho, muitas alterações continuaram ou foramaceleradas, devi<strong>do</strong> principalmente ao reflexo produzi<strong>do</strong> pelo “progresso”


instaura<strong>do</strong> em áreas não abrangidas pelo parque. O grande fluxo de pessoas,movimentan<strong>do</strong> cargas em barcos e aviões, favoreceu sobremaneira asintroduções de espécies exóticas, cujas nocividades ainda não estão bemavaliadas. Dentre estas espécies destaca-se o pardal Passer <strong>do</strong>mesticus(Linnaeus, 1758), que atualmente é visto em todas as áreas de ocupaçãohumana da ilha principal. Segun<strong>do</strong> Sick e Pabst (1968), esta espécie foiintroduzida no Brasil por volta de 1906, com base em alguns poucosespécimes provenientes de Portugal e libera<strong>do</strong>s na Praça da República, Riode Janeiro. Hoje a espécie é comum em quase todas as cidades brasileiras,sen<strong>do</strong> conhecida pela agressividade e territorialismo, interferin<strong>do</strong> nos nichosdas espécies nativas. O histórico de P. <strong>do</strong>mesticus em ilhas oceânicasbrasileiras é bastante recente, sen<strong>do</strong> que o primeiro ban<strong>do</strong>, com 16indivíduos, foi observa<strong>do</strong> no Atol das Rocas em 1985 (Sick, 1997). Oprimeiro registro para Fernan<strong>do</strong> de Noronha foi efetua<strong>do</strong> por Silva-Júnior(1998), mencionan<strong>do</strong> que a partir de 1997 a espécie passou a ser vista e quejá em 1998 haviam inúmeros ban<strong>do</strong>s com mais de 10 indivíduos. Durante asexpedições efetuadas pela equipe <strong>do</strong> MOVI, nos anos de 1989 e 1990,nenhum indício da presença da espécie foi encontra<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> que emsetembro de 2000, já era bastante abundante, sen<strong>do</strong> estima<strong>do</strong>s um mínimode 500 indivíduos nas áreas de ocupação humana, poden<strong>do</strong> chegar a cercade 2000. É importante ressaltar que a espécie não foi observada nas matasnativas nem nas casas afastadas das vilas, o que sugere estar ainda emfranco crescimento populacional. Com isso, faz-se necessária a tomada demedidas urgentes para quantificar sistematicamente a população destas aves,assim como avaliar possíveis interferências que possam estar causan<strong>do</strong>sobre as populações <strong>do</strong>s pássaros endêmicos Vireo gracilirostris e Elaeniaridleyana, que reúnem desvantagens em relação ao hábitat e porte.________________________________________________R211A utilização de Chorisia speciosa (Bombacaceae) por beija-flores naregião de cerra<strong>do</strong>.Cleide Rezende de Souzacrezen@terra.com.brA paineira, Chorisia speciosa é uma árvore ornamental muitoabundante na vegetação de cerra<strong>do</strong>. Medin<strong>do</strong> de 15 a 30 metros de altura,


tronco volumoso de 80 a 120 cm de diâmetro. Na região floresce nos mesesde abril à maio sen<strong>do</strong> uma espécie de planta de grande importância melífera,contribuin<strong>do</strong> como fonte alimentar para muitas espécies de beija-flores.Neste estu<strong>do</strong> objetivamos identificar as principais espécies de beija-floresque utilizam Chorisia speciosa como fonte alimentar. O trabalho foirealiza<strong>do</strong> durante os meses de abril e maio perío<strong>do</strong> de floração, nos anos de2000 e 2001 no município de Selvíria MS. Diariamente foram realizadasobservações focais sob a planta florida, registran<strong>do</strong> todas as espécies detroquilídeos visitantes. Os beija-flores foram observa<strong>do</strong>s, no perío<strong>do</strong>, das (06:00h – 09h:30min) e das (15:00h – 17h:30min ) e identifica<strong>do</strong>s comauxílio de binóculo. Foram registradas 7 espécies a saber: Eupetomenamacroura, Amazilia fimbriata, Clorostilbom aureoventris, Anthracothoraxnigricollis, Hylocharis chrysura, Phaethornis pretrei, Thalurania glaucopis.Das espécies observadas as mais freqüentes foram Eupetomena macroura eClorostilbom aureoventris ambas espécies apresentaram comportamentos deterritorialidade. Nos perío<strong>do</strong>s observa<strong>do</strong>s não houve diferença quanto aonúmero de visitas. Saben<strong>do</strong> que o principal atrativo deste vegetal é o néctar ,alguns insetos são atraí<strong>do</strong>s para a planta desta forma além das espécies debeija-flores, constatou a presença de outras espécies de aves como: Thraupissayaca, Gnorimopsar chopi, Pitangus sulphuratus, Myarchus ferox quebeneficiavam-se capturan<strong>do</strong> os insetos. Com a realização <strong>do</strong> trabalho foipossível verificar o papel de Chorisia speciosa sen<strong>do</strong> uma espécie vegetalimportante na atração de beija-flores e como recurso alimentar para aavifauna silvestre.________________________________________________R212As áreas de endemismo das aves Passeriformes da Floresta AtlânticaMarcelo Car<strong>do</strong>so de Sousa 1 e José Maria Car<strong>do</strong>so da Silva 21. Mestra<strong>do</strong> em Biologia Animal, UFPE, Recife-PE; mcsousa@infonet.com.br; 2.Depto.Zoologia, Laboratório de <strong>Ornitologia</strong>, UFPE, Recife-PE;jmcsilva@npd.ufpe.brÁreas de endemismo têm uma grande importância em biogeografia ena moderna biologia da conservação. Apesar disso, não há um consensosobre quais os méto<strong>do</strong>s apropria<strong>do</strong>s para identificar e delimitar as áreas de


endemismo em escalas intra-continentais. Dentre os méto<strong>do</strong>s existentes paraa identificação dessas áreas, o mais comumente utiliza<strong>do</strong> é o proposto porLattin (1957). Esse méto<strong>do</strong> consiste na superposição de mapas dedistribuição de táxons com distribuição restrita para indicar áreas com altasconcentrações de congruência. Um novo méto<strong>do</strong> para identificar áreas deendemismo proposto por Morrone (1994) aplica algoritmos utiliza<strong>do</strong>s emanálises filogenéticas para identificar um conjunto de áreas quecompartilham um conjunto único de táxons. A maioria <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>srealiza<strong>do</strong>s com o intuito de estabelecer as áreas de endemismo da FlorestaAtlântica baseavam-se principalmente no méto<strong>do</strong> tradicional. O presentetrabalho tem <strong>do</strong>is objetivos principais. O primeiro é identificar as áreas deendemismo da Floresta Atlântica utilizan<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> de Morrone (1994). Osegun<strong>do</strong> é o de comparar as posições das áreas identificadas por es<strong>sem</strong>éto<strong>do</strong> com a posição das áreas identificadas por outros autores utilizan<strong>do</strong>méto<strong>do</strong>s e grupos taxonômicos bastante distintos. Um conjunto de 22quadra<strong>do</strong>s de 1x1 graus foram distribuí<strong>do</strong>s na Floresta Atlântica. Asdistribuições das espécies de aves passeriformes endêmicas da FlorestaAtlântica nesses quadra<strong>do</strong>s foram avaliadas. Uma matriz de da<strong>do</strong>s foiconstruída, na qual as colunas representam as espécies (análogas aoscaracteres) e as linhas representam os quadra<strong>do</strong>s (análogos aos táxons). Namatriz, a ausência da espécie no quadra<strong>do</strong> foi codificada como um caráterprimitivo (0) e a presença de espécies como um caráter deriva<strong>do</strong> (1). Umquadra<strong>do</strong> hipotético codifica<strong>do</strong> como (0) zero foi incluí<strong>do</strong> em toda linha damatriz para servir como raiz <strong>do</strong> cla<strong>do</strong>grama. O cla<strong>do</strong>grama foi encontra<strong>do</strong>utilizan<strong>do</strong> o programa de computa<strong>do</strong>r Hennig 86 (Farris, 1989). O coman<strong>do</strong>ie* (“implict enumeration”) foi utiliza<strong>do</strong>, porque ele é o único que encontracom certeza o cla<strong>do</strong>grama mais parcimonioso. Apenas um cla<strong>do</strong>gramaparcimonioso foi encontra<strong>do</strong>. A partir dele, seis áreas de endemismo foramidentificadas: Pernambuco, São Francisco, Diamantina, Bahia, Rio deJaneiro e São Paulo. Dentre os aspectos novos para o conhecimento dabiogeografia da Floresta Atlântica, a maior novidade é a identificação deduas novas áreas de endemismo nunca antes indicadas para a região (SãoFrancisco e Diamantina). Concluímos que o méto<strong>do</strong> de identificação deáreas de endemismo proposto por Morrone (1994) mostrou-se eficiente paraidentificar e delimitar áreas de endemismo na Floresta Atlântica. A a<strong>do</strong>çãodesse méto<strong>do</strong>, associa<strong>do</strong> com a tecnologia disponível nos programasmodernos de mapeamento, possibilitará, certamente, a identificação maisprecisa das áreas de endemismo intra-continentais, com interessantesconseqüências tanto para a biogeografia histórica como para a modernabiologia da conservação.


R213Passeriformes como hospedeiros de Amblyomma longirostre (Acari:Ixodidae) na Praia <strong>do</strong> Sul e <strong>do</strong> Aventureiro, Ilha Grande, Rio deJaneiro.Alline Storni 1 , Maria Alice S. Alves 2 e Marinete Amorim 31- Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Universidade <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>Rio de Janeiro. (allinestorni@hotmail.com). 2- Ecologia, Universidade <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro, (masa@uerj.br). 3 Laboratório de Ixodides/Deptº.Entomologia/IOC-FIOCRUZ (mamorim@ioc.fiocruz.br).O parasitismo constitui uma importante força seletiva em populaçõese comunidades por reduzir a energia destinada a processos fisiológicos deseus hospedeiros. O presente estu<strong>do</strong> teve por objetivo conhecer a fauna decarrapatos infestan<strong>do</strong> uma comunidade de aves silvestres. O estu<strong>do</strong> foirealiza<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong> de 05 a 12 de fevereiro de 2001 na Restinga da Praia<strong>do</strong> Sul e na Praia <strong>do</strong> Aventureiro, Ilha Grande, RJ. Durante este perío<strong>do</strong> asaves foram capturadas com redes ornitológicas, individualmente marcadascom anilhas metálicas fornecidas pelo CEMAVE/IBAMA, medidas,pesadas e inspecionadas para captura de carrapatos no corpo das aves.Foram registra<strong>do</strong>s os locais <strong>do</strong> corpo <strong>do</strong> hospedeiro em que foramencontra<strong>do</strong>s os carrapatos assim como a abundância total destes no corpode cada ave. Os carrapatos coleta<strong>do</strong>s foram coloca<strong>do</strong>s em frascos comálcool 70% devidamente etiqueta<strong>do</strong>s e transporta<strong>do</strong>s para o Laboratório deIxodides para posterior identificação. No laboratório, os ixodideos (n=73)foram identifica<strong>do</strong>s como Amblyomma longirostre com auxílio de chavedicotômica de Aragão e Fonseca (1961). Foram captura<strong>do</strong>s 66 indivíduos de22 espécies de aves, todas Passeriformes, sen<strong>do</strong> as mais freqüentementecapturadas Ramphocelus bresilius (n=23), Thalurania glaucopis (n=8),Forpus xanthopterygius (n=5), Conopophaga melanops (n=4) e Tyrannusmelancholicus (n=3). Dentre estes indivíduos, 18% estavam infesta<strong>do</strong>s comcarrapatos. Só foram encontradas larvas (n= 61) e ninfas (n=12) parasitan<strong>do</strong>a comunidade de aves estudada, sugerin<strong>do</strong> que as aves são hospedeiros detransporte, auxilian<strong>do</strong> na dispersão da fase imatura de A. longirostre. Oscarrapatos foram encontra<strong>do</strong>s na parte superior <strong>do</strong>s olhos (71.7%), nopescoço (26.3%) e próximo ao bico (2%), sugerin<strong>do</strong> que estes ixodídeos


ocupam lugares no corpo <strong>do</strong> hospedeiro os quais estes não consigam retirálos,favorecen<strong>do</strong> assim o ciclo de vida <strong>do</strong> parasita no corpo <strong>do</strong> hospedeiro.Órgão Financia<strong>do</strong>r: CNPq________________________________________________R214Razão sexual em colônias reprodutivas de cabeça-seca (Mycteriaamericana) <strong>do</strong> Pantanal MatogrossenseAlessandra M. Tomasulo, Sílvia N. Del Lama e Indhira D. de Oliveira.Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos,São Carlos, São Paulo, Brasil. CEP 13565-905.Muitos fatores parecem afetar a razão sexual na natureza.Populações naturais de aves podem manipular a razão sexual em resposta àfatores ambientais ou em outras condições. Embora a razão sexual namaioria das populações de aves permaneça em 1:1, ocorrem situações emque a produção de um <strong>do</strong>s sexos é favorecida. O objetivo deste trabalho foiverificar se desvios na razão sexual ocorriam nas populações da espéciealtricial Mycteria americana em ninhais <strong>do</strong> Pantanal Matogrossense.Amostras de sangue foram coletadas de filhotes em nove colônias. A técnicautilizada para identificação <strong>do</strong>s sexos baseou-se na amplificação <strong>do</strong> geneCHD pela reação em cadeia da polimerase (PCR). Na colônia da FazendaIpiranga (MT), na região de Poconé, observou-se um desvio significativofavorecen<strong>do</strong> a produção de fêmeas. Esse resulta<strong>do</strong> revela que hámanipulação da razão sexual nessa espécie e essa é a primeira vez que essetipo de desvio é encontra<strong>do</strong> no grupo <strong>do</strong>s Ciconiiformes. O desvio ocorreuem uma colônia com atividade em declínio. O nível de nidificação nesselocal tem si<strong>do</strong> baixo nos últimos quatro anos e em 98 não houve formaçãoda colônia. Segun<strong>do</strong> essa hipótese, os desvios seriam mais comuns em áreasocupadas de forma alternativa pelas aves, com uma produção maior defêmeas, provavelmente o sexo mais dispersivo nessa espécie.Orgãos Financia<strong>do</strong>res: FAPESP 98/06160-8, CNPq, CAPES________________________________________________


R215Estu<strong>do</strong>s de assimetria flutuante em populações de Cabeça-seca(Mycteria americana) <strong>do</strong> Pantanal.Alessandra M. Tomasulo, Sílvia Nassif Del Lama e Keiko Kusamura deMattos 1 .Laboratório de Genética Bioquímica. Universidade Federal de São Carlos,São Carlos – São Paulo.A homeostase <strong>do</strong> desenvolvimento é a capacidade <strong>do</strong> organismotamponar distúrbios genéticos e ambientais durante seu desenvolvimento.Distúrbios não tampona<strong>do</strong>s impedem o estabelecimento da simetria <strong>do</strong>scaracteres morfológicos nos indivíduos. A homeostase pode ser avaliadapelo méto<strong>do</strong> da assimetria flutuante (AF). Entre os distúrbios de origemgenética podemos citar o baixo nível de heterozigose e entre os distúrbiosambientais, a disponibilidade alimentar, a presença de poluentes, parasitas,temperatura, entre outros. A técnica AF portanto pode auxiliar nomonitoramento da plasticidade genética e da qualidade <strong>do</strong> hábitat, refletin<strong>do</strong>distúrbios que ocorreram durante o desenvolvimento <strong>do</strong> organismo. Aproposta desse trabalho é verificar se ocorre assimetria flutuante nos filhotesde cabeça seca gera<strong>do</strong>s em colônias <strong>do</strong> Pantanal nos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> MatoGrosso e Mato Grosso <strong>do</strong> Sul. Medidas <strong>do</strong> tarso, asa e falange foramtomadas de 214 indivíduos manipula<strong>do</strong>s em 1999 (15 em Porto da Fazenda,34 na Fazenda Retirinho, 12 em Baía Bonita ) e em 2000 ( 64 em Porto daFazenda, 46 em Tucum, 43 na Fazenda Ipiranga). Todas as medidas foramfeitas de ambos os la<strong>do</strong>s da ave com paquímetro analógico Mitutoyo deprecisão 0,05 mm; cada caractere foi medi<strong>do</strong> duas vezes. A AF foi expressapela fórmula: var.{(D-E)/ [(D+E)/ 2]} que corrige para o tamanho absolutoda característica. Utilizan<strong>do</strong>-se testes estatísticos verificou-se a nãoocorrência de assimetria flutuante para as medidas coletadas em 1999. Asamostras de 2000 foram parcialmente analisadas e apresentaram resulta<strong>do</strong>s<strong>sem</strong>elhantes aos obti<strong>do</strong>s para a amostra de 1999. Estu<strong>do</strong>s genéticosconfirmam a existência de uma considerável variabilidade nessa espécie. Anão existência de assimetria aponta, portanto, para a ausência de um nível de


estresse ambiental que pudesse causar distúrbios e alterar a homeostase <strong>do</strong>desenvolvimento nessa espécie no Pantanal.Orgãos financia<strong>do</strong>res: CAPES, CNPq, FAPESP________________________________________________R216Inventário preliminar da avifauna da Fazenda Primavera(Adrianópolis, Paraná)Alberto Urben-Filho 1 e Lígia Mieko Abe 21. Mülleriana: <strong>Sociedade</strong> Fritz Müller de Ciências Naturais(mulleriana@milenio.com.br); 2. Museu de História Natural Capão da Imbuia(ligiabe@netpar.com.br).A avifauna paranaense é tida como uma das mais bem conhecidas <strong>do</strong>Brasil, no entanto, análises da distribuição desse conhecimento apontampara uma concentração exagerada de pontos de registros para poucas áreasparticulares e, consequentemente, grandes lacunas onde sequer pode-sehipotetizar sobre a composição de suas comunidades avifaunísticas. Umadessas grandes falhas é a zona compreendida pela Bacia <strong>do</strong> Rio Ribeira,desde suas nascentes até o seu terço médio, na região leste <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, aqual, até o momento conta com não mais de 30 espécies assinaldas naliteratura corrente. Com base nessas informações, foi busca<strong>do</strong> apoiofinanceiro e logístico com empresas que atuas<strong>sem</strong> na região para que sefos<strong>sem</strong> feitos inventários sistemáticos nessa porção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, a fim deiniciar uma proposta estratégica de inventários em regiões poucopesquisadas. A primeira área de estu<strong>do</strong>, denomina-se Fazenda Primavera,uma propriedade da Berneck Aglomera<strong>do</strong>s S/A, situada no município deAdrianópolis e engloban<strong>do</strong> cerca de 13 400 ha. Apresenta relevo acidenta<strong>do</strong>em grande parte de sua extensão, com altitudes que podem chegar a 1 200metros s.n.m. Junto ao Parque Estadual de Lauráceas, formam umas dasmaiores e mais bem conservadas áreas florestais <strong>do</strong> Paraná. Toda a região écaracterizada pelo pre<strong>do</strong>mínio das Florestas Ombrófila Densa e Mista (ecampos limpos a ela associa<strong>do</strong>), além de enclaves e ecótones com os tipos


vegetacionais circundantes nas regiões limítrofes e nos vales <strong>do</strong>s principaisrios que drenam a região. Foram inventariadas até o momento 230 espécies,cerca de 30% de toda avifauna paranaense, demonstran<strong>do</strong>, mesmopreliminarmente, tratar-se de uma das regiões mais ricas <strong>do</strong> Paraná.Registros inéditos, de aves pouco conhecidas e/ou raras foram obti<strong>do</strong>s, comdestaque para Tinamus solitarius, Pipile jacutinga, Amazona vinacea,Triclaria malachitacea, Glaucidium minutissimum, Heliothryx aurita,Dysithamnus stictothorax, Drymophila ochropyga, Chamaeza meruloides,Hemitriccus nidipendulus, Lipaugus lanioides, Pyroderus scutatus eRamphocaenus melanurus.Apoio financeiro: Berneck Aglomera<strong>do</strong>s S/A________________________________________________R217Primeiro registro de Chamaeza meruloides para o Paraná.Alberto Urben-Filho 1 , Fernan<strong>do</strong> C.Straube 2 e Cassiano A.F.R.Gatto 3Mülleriana: <strong>Sociedade</strong> Fritz Müller de Ciências Naturais. Caixa Postal 1644.80011-970. Curitiba. Paraná. 1. mulleriana@milenio.com.br, 2.juruva@milenio.com.br, 3. Mestra<strong>do</strong> em Zoologia, UFPR;cagatto@hotmail.com.Recentemente revalidada, Chamaeza meruloides é um típicoendemismo da Mata Atlântica que ocupa as altitudes médias da Serra <strong>do</strong>Mar, desde a Bahia e Espírito Santo a Santa Catarina, simpátrica, em grandeparte de sua distribuição, com suas congenéricas C. ruficauda e C.campanisona. Registros dessa espécie ainda não haviam si<strong>do</strong> obti<strong>do</strong>s noParaná, embora os da<strong>do</strong>s fragmenta<strong>do</strong>s indicas<strong>sem</strong> uma grandepossibilidade de ocorrência neste Esta<strong>do</strong>. Constatações de C.meruloidesforam possíveis em três ocasiões, todas no vale <strong>do</strong> Rio Ribeira, porçãonordeste <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Tal área corresponde a uma transição orográfica entre asserras <strong>do</strong> Mar e Paranapiacaba, onde estão presentes vegetações <strong>do</strong>s tiposflorestas ombrófilas Densa (em menores altitudes) e Mista (nas áreas maisaltas). A principal atividade econômica regional é o plantio de arbóreas


exóticas, que lhe confere um aspecto típico de mosaico, entremean<strong>do</strong>florestas nativas com cultivos florestais. O primeiro registro obti<strong>do</strong>, foirealiza<strong>do</strong> em 11 de outubro de 2000, no município de Campina Grande <strong>do</strong>Sul, às margens <strong>do</strong> Rio Capivari, nas proximidades da queda d'águadenominada Salto Grande, a aproximadamente 480 metros s.n.m.; avocalização foi obtida por meio de grava<strong>do</strong>r Sony TCM 5000 EV emicrofone unidirecional Sennheiser. Na ocasião, um espécime foi coligi<strong>do</strong>,posteriomente incluí<strong>do</strong> ao acervo ornitológico <strong>do</strong> Museu de História Natural"Capão da Imbuia" (MHNCI-5423). Os demais contactos ocorreram nomunicípio de Adrianópolis, nos arre<strong>do</strong>res da Vila de Tatupeva (alt. 300 m) eda localidade de Mato Limpo (alt. 800 m), em 7 de outubro de 2000 e 8 demaio de 2001, respectivamente. Em ambas as ocasiões, a identificaçãobaseou-se no canto. Tais informações, por si só, não revestem-se de grandevalor no senti<strong>do</strong> biogeográfico, uma vez que a presença da espécie é, desdesua revalidação, plenamente esperada no Paraná. Entretanto, ressaltam que aquestão de sintopia entre os três táxons atlânticos <strong>do</strong> gênero, tal como sesucede em algumas regiões <strong>do</strong> sudeste, não parece ser uma realidade noextremo sul de sua distribuição. Em to<strong>do</strong>s os locais onde C.meruloides foiregistrada até o momento, apenas C.campanisona esteve presente, o quepermitiu, inclusive, uma fácil distinção de seus cantos in situ. Pelo contrário,C.ruficauda parece restrita às regiões de maior altitude da Serra <strong>do</strong> Mar.Nesse senti<strong>do</strong>, cabe discutir sobre a validade de to<strong>do</strong>s os registros não<strong>do</strong>cumenta<strong>do</strong>s das três espécies obti<strong>do</strong>s até então, assim como to<strong>do</strong>s aquelesexemplares que aguardam nova revisão.Financiamento parcial: Copel (Companhia Paranaense de Energia) eBerneck Aglomera<strong>do</strong>s S.A.________________________________________________


R218Distribuição ecológica e abundância de aves de sub-bosque,representada em capturas com redes de neblina, na área de influênciada UHE Belo Monte, rio Xingu, Pará.Renata de Melo Valente 1 ; Luiza Magalli Pinto Henriques 1 ; DionísioPimentel Neto 1 ; Luciana Oliveira 1 ; Rosenilda Ferreira 2 ; Marina Guimarães 2 ;Cristovam Diniz Filho 3 ; Fagner Ramos Silva 3 e Ana Paula Pereira 3 .1. Museu Paraense Emílio Goeldi, Cx. P. 399, 66040-170, Belém, Pará.(renata@museu-goeldi.br); (magalli@museu-goeldi.br). 2. Universidade Federal<strong>do</strong> Pará, Campus de Altamira, Altamira, Pará; 3. Universidade Federal <strong>do</strong> Pará,Campus de Bragança, Bragança, Pará.A construção da UHE Belo Monte pode causar impactos ambientaisnegativos, diretos e imediatos sobre o rio Xingu, e indiretos sobre toda a suabacia hidrográfica. Com o objetivo de estabelecer as bases para omonitoramento das potenciais alterações na comunidade de aves emresposta à implementação desse projeto, amostraram-se as aves de subbosqueatravés de censos com redes de neblina em <strong>do</strong>is hábitats, floresta deterra firme e floresta de várzea, durante os meses de outubro a dezembro de2000 e fevereiro a março de 2001. Após 4320 horas-rede, obteve-se um totalde 950 capturas de aves, amostran<strong>do</strong>-se 104 espécies, distribuídas em 24famílias e/ou subfamílias, representan<strong>do</strong> 27,4% <strong>do</strong> total de espéciesregistradas na área de estu<strong>do</strong>. Noventa e seis espécies foram registradas namata de terra firme e somente quarenta e uma espécies na mata de várzea, oque indica uma maior diversidade da avifauna na floresta de terra firme emrelação à floresta de várzea. As estimativas Jackknife geradas para cadahábitat e para o seu conjunto predizem um incremento <strong>do</strong> número deespécies antes que as assíntotas sejam atingidas. Noventa e duas espécies(88,5% da amostra total) apresentaram menos de 2% <strong>do</strong> total de capturas esão, portanto, consideradas raras. Realmente, das 104 espécies capturadas,36 (34,6% <strong>do</strong> total) estiveram representadas por apenas 1 ou 2 indivíduos,geran<strong>do</strong> uma distribuição de cauda muito longa de espécies raras. Na matade várzea, capturaram-se menos espécies e indivíduos <strong>do</strong> que na mata deterra firme. A distribuição das amostras através da ordenação polar Bray-Curtis demonstrou que estes <strong>do</strong>is hábitats possuem uma composição de


espécies característica e altamente dissimilar, reflexo da composição eestrutura da vegetação encontrada nessas áreas.________________________________________________R219Distribuição ecológica e abundância de aves de sub-bosque,representada pelo méto<strong>do</strong> de contagem por pontos, na área deinfluência da UHE Belo Monte, rio Xingu, Pará.Renata de Melo Valente e Luiza Magalli Pinto Henriques.Museu Paraense Emílio Goeldi, Cx P. 399, 66040-170, Belém, Pará.(renata@museu-goeldi.br); (magalli@museu-goeldi.br).Como parte <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s para o projeto que visa a construção dausina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, foram desenvolvi<strong>do</strong>slevantamentos da avifauna na área de influência <strong>do</strong> empreendimento, nosmeses de outubro a dezembro de 2000 e fevereiro a março de 2001. Ométo<strong>do</strong> de contagem por pontos foi aplica<strong>do</strong> em 4 áreas, sen<strong>do</strong> uma ilhafluvial sazonalmente inundável, com vegetação típica de várzea, uma matade terra firme localizada na margem direita <strong>do</strong> rio Xingu e duas matas deterra firme localizadas na margem esquerda. No total, foram estabeleci<strong>do</strong>s264 pontos de amostragem Os censos foram conduzi<strong>do</strong>s aproximadamentedas 05:45 – 11:00 h, com pontos de registro a cada 200 m, identifican<strong>do</strong>-seas espécies observadas e ouvidas num raio de 50 m. Foram registradas 167espécies de aves, pertencentes a 40 famílias e/ou subfamílias, representan<strong>do</strong>44,1% <strong>do</strong> total de espécies identificadas em to<strong>do</strong>s os ambientes amostra<strong>do</strong>sna área de estu<strong>do</strong> (que <strong>inclui</strong>, além das florestas de terra firme e de várzea,vegetação ribeirinha, praias arenosas, capoeiras, pastagens e pomares). Asestimativas Jackknife geradas para cada hábitat e para o conjunto de hábitatspredizem um incremento no número de espécies antes que as assíntotassejam atingidas. Das 167 espécies de aves registradas durante os censos,apenas 12 (7,2% <strong>do</strong> total) apresentaram uma taxa de registro superior a 2% enão são consideradas raras. Cinqüenta e seis espécies (33,5%) estiveramrepresentadas por apenas um ou <strong>do</strong>is indivíduos <strong>do</strong> total registra<strong>do</strong> (2802), oque gerou uma distribuição de cauda bastante longa de espécies raras. Na


floresta de várzea foram registradas menos espécies (65) <strong>do</strong> que na florestade terra firme (149). A distribuição das amostras através da ordenação polarde Bray-Curtis demonstrou que estes <strong>do</strong>is hábitats possuem umacomposição de espécies característica e altamente dissimilar. Resulta<strong>do</strong>s<strong>sem</strong>elhantes foram obti<strong>do</strong>s para as mesmas áreas através da análise de da<strong>do</strong>sde capturas com redes de neblina, embora este méto<strong>do</strong> restrinja-se àamostragem da avifauna de sub-bosque.________________________________________________R220Incubação artificial, translocação e reintrodução de ninhegos de araraazul(Ano<strong>do</strong>rhynchus hyacinthinus) no Pantanal de Miranda – MS.Flávia Carolina Vargas 1 , Patrícia de Jesus Faria 1 e Neiva Maria Robal<strong>do</strong>Guedes 2 .1. Assistentes de Pesquisa <strong>do</strong> Projeto e 2 Coordena<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Projeto AraraAzul; 2. UNIDERP – projetoararaazul@uol.com.brAtualmente um <strong>do</strong>s principais obstáculos ao aumento <strong>do</strong> sucessoreprodutivo das araras-azuis (Ano<strong>do</strong>rhynchus hyacinthinus) é a predação deovos e o desaparecimento de filhotes recém nasci<strong>do</strong>s (RN) com até cincodias de vida. O objetivo deste trabalho foi evitar tais problemas e adquirircerto conhecimento para aumentar o número de filhotes que voam noPantanal de Miranda. Para tanto, recolhemos três ovos que estavam paraeclodir em três ninhos que historicamente tinham ovos ou filhotes preda<strong>do</strong>se/ou perdi<strong>do</strong>s. Os ovos foram substituí<strong>do</strong>s por imitações de madeira ou ovosde galinha tamanho D pequeno. Somente os ovos de galinha foram aceitospelas araras-azuis. Os ovos retira<strong>do</strong>s foram leva<strong>do</strong>s para o laboratório, naBase <strong>do</strong> Projeto na Caiman e incuba<strong>do</strong>s artificialmente. Após o nascimentoos filhotes foram manti<strong>do</strong>s na incubadeira e foram alimenta<strong>do</strong>s e pesa<strong>do</strong>s acada 2 horas. A alimentação foi feita com uma ração especial para filhotesde aves, da marca “Exact hand feeding formula for baby birds” <strong>do</strong>fabricante Kaytee. Foram feitas observações de comportamento, atividade ereflexo para alimentação. Os filhotes que nasceram pesan<strong>do</strong> em média 23 g,ganharam 5,51 g de peso por dia e foram leva<strong>do</strong>s aos ninhos com a média


de 56 g de peso. Os filhotes foram reintroduzi<strong>do</strong>s após 5 dias de idade,naqueles ninhos onde os ovos de galinhas continuaram sen<strong>do</strong> incuba<strong>do</strong>spelos pais (N.228). A translocação foi necessária por causa da rejeição <strong>do</strong>ovo de madeira e consequente aban<strong>do</strong>no <strong>do</strong> ninho pelo casal (N.225), bemcomo no ninho onde os filhotes teriam uma diferença de idade superior acinco dias (N.180). Para tanto, retiramos um filhote com oito dias de idade(N.207) e translocamos para o ninho com filhote de mesma idade (N.180).O segun<strong>do</strong> filhote deste ninho (N.180) que nasceu em laboratório foireintroduzi<strong>do</strong> (N.207). To<strong>do</strong>s os filhotes foram bem aceitos e alimenta<strong>do</strong>spelos pais e voaram no tempo médio de 107 dias, sen<strong>do</strong> que apenas osegun<strong>do</strong> filhote (N.228) demorou mais de 120 dias para deixar o ninho.Estes resulta<strong>do</strong>s foram positivos e podemos concluir que o manejo de ovos efilhotes é importante para a conservação desta espécie na natureza e poderáser realiza<strong>do</strong> no futuro.Projeto: UNIDERP, FMB, WWF, Toyota, Caiman, CI, Hyacinth MacawFund e Vanzin.________________________________________________R221Levantamento preliminar da avifauna <strong>do</strong> Parque Estadual Matas <strong>do</strong>Segre<strong>do</strong>, Campo Grande, Mato Grosso <strong>do</strong> Sul.Jacqueline Bonfim Vasques¹, José Ragusa Netto², José Antônio MasieroCoelho³, Geoclemir Barbosa Rodrigues³, Alan Fecchio¹ e André LopesPereira¹.1. Graduação em Ciências Biológicas, UFMS, C.P. 549, 79070-900, CampoGrande, MS (furnarius19@bol.com.br); 2. Departamento de Ciências <strong>do</strong>Ambiente, Campus Pantanal, Corumbá, MS. 3. auxiliar de campo e mateiro.O Esta<strong>do</strong> de Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, vem sofren<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong> tempo,consideráveis transformações em suas áreas naturais, devi<strong>do</strong> principalmenteà expansão da pecuária e da agricultura. Sen<strong>do</strong> assim, grandes áreas decerra<strong>do</strong> e cerradão são destruídas para dar lugar às pastagens. Porém,fragmentos persistem em meio às áreas abertas. Este trabalho tem como


objetivo contribuir para o conhecimento da avifauna <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong> de MatoGrosso <strong>do</strong> Sul. O estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> em um fragmento florestal localiza<strong>do</strong>na área urbana <strong>do</strong> município de Campo Grande, MS. O Parque EstadualMatas <strong>do</strong> Segre<strong>do</strong>, possui uma área de 177 ha, e sua vegetação écaracterizada por cerra<strong>do</strong> em vários estágios de regeneração, cerradão,matas de galeria e áreas antropizadas. As aves foram registradas a partir decontatos visuais, utilizan<strong>do</strong>-se binóculos 8x21 e contatos auditivos. Para aamostragem das aves, percorreram-se transectos dispostos pelas trilhas <strong>do</strong>local, as quais representam os diversos ambientes aí encontra<strong>do</strong>s. De agostode 2000 a maio de 2001, realizaram-se 80 horas de observações. Foramregistradas 85 espécies de aves, distribuídas em 30 famílias. Emberizidae(n=16), Tyrannidae (n=12) e Psittacidae (n=7), foram as famílias queapresentaram maior número de espécies. Dentre as espécies observadas,destacam-se Crax fasciolata, Trogon curucui, Momotus momota, Amazonaxantops, Amazona aestiva, Ramphastos toco e Antilophia galeata, poisforam diversas vezes encontradas na área de estu<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> que em algumas,no caso de papagaios e tucanos, em grupos numerosos com mais de 10indivíduos. Os da<strong>do</strong>s aqui apresenta<strong>do</strong>s são preliminares, sen<strong>do</strong> aindanecessário realizar mais observações sistemáticas no local, para uma melhoramostragem de sua avifauna.Apoio: FUNDAÇÃO PANTANAL________________________________________________R222Garrapatas de aves del Uruguay: antecedentes y nuevas contribuciones.José Venzal 1-4 , Oscar Castro 1 , Perla Cabrera 1 , Carlos de Souza 2 e SantiagoClaramunt 31. Departamento de Parasitología Veterinaria, Facultad de Veterinaria, Universidadde la República, Av. Alberto Lasplaces 1550, C.P. 11600. Montevideo, Uruguay;dpvuru@adinet.com.uy; 2. Departamento de Ciencias Microbiológicas, Facultad deVeterinaria, Montevideo, Uruguay; 3. Museo Nacional de Historia Natural,Montevideo, Uruguay e Aves Uruguay – GUPECA, Montevideo, Uruguay.Los ectoparásitos de aves del Uruguay, principalmente las silvestres,han si<strong>do</strong> en general poco estudia<strong>do</strong>s. En lo que respecta a las garrapatasexisten algunos antecedentes, pero gran parte de ellos son confusos, a lo


cual se le suma la inexistencia de ejemplares deposita<strong>do</strong>s en colecciones.Dentro de la familia Argasidae (garrapatas blandas) solo se ha menciona<strong>do</strong>Argas persicus en Gallus gallus <strong>do</strong>mesticus, pero posiblemente la especiecorrecta sea Argas miniatus, la cual ha si<strong>do</strong> hallada en Río Grande <strong>do</strong> Sul,Brasil, pero hasta no tener nuevos registros no sabremos cuál es la exactaidentidad específica. En cuanto a la familia Ixodidae (garrapatas duras), sehalló Ixodes auritulus en Turdus rufiventris y Turdus amaurochalinus(Turdidae), sien<strong>do</strong> este el único registro de esta especie en el país que datade 1951, y larvas y ninfas de Amblyomma maculatum en Nothura maculosa(Tinamidae) y Gallus gallus <strong>do</strong>mesticus, pero se debe aclarar que A.maculatum no existe en Uruguay, por lo que posiblemente se trate de unaconfusión con Amblyomma tigrinum, con la cual guarda similitudesmorfológicas. De A. tigrinum, hallamos larvas parasitan<strong>do</strong> a Drymornisbridgesii (Dendrocolaptidae), ave con hábitos bastante terrícolas. Tambiénregistramos larvas y ninfas de Amblyomma spp. en Crypturellus obsoletus(Tinamidae), Syndactyla rufosuperciliata (Furnariidae) y Phylloscartesventralis (Tyrannidae). Pero sin duda el hallazgo más importante es el delarvas y ninfas de Ixodes pararicinus en Syndactyla rufosuperciliata yPhacello<strong>do</strong>mus striaticollis (Furnariidae), lo que constituye el primerhallazgo de las formas inmaduras de esta especie en la naturaleza. Loanterior destaca la importancia de las aves en el ciclo biológico de algunasespecies de garrapatas, que en su forma adulta parasitan bovinos, equinos,ovinos y cérvi<strong>do</strong>s como Mazama, como es el caso de I. pararicinus, ocarnívoros como A. tigrinum, estan<strong>do</strong> sus formas inmaduras en avessilvestres. En cambio I. auritulus cumple to<strong>do</strong> su ciclo solamente en aves.________________________________________________


R223Densidade de ninhos de Agelaius ruficapillus em lavouras de arrozirriga<strong>do</strong> no sul <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul, Brasil, em relação ao sistema decultivo e a proximidade de talhões de eucalipto.Roberto Vieira 1 , Maximiano P. Cirne 1 , Rafael A. Dias 2 , Cleber JoséGuizzone 1 , Juliana D. Farias 1 , Cecília P. Calabuig 1 , Matheus B. Almeida 1 eBeatriz M. Emygdio 1.1. Setor de <strong>Ornitologia</strong>, Universidade Católica de Pelotas, R. Félix da Cunha 412,C.P. 402, 96010-000, Pelotas, RS, Brasil; robvi@atlas.ucpel.tche.br; 2. Museu deHistória Natural, Universidade Católica de Pelotas, R. Félix da Cunha 412, C.P.402, 96010-000, Pelotas, RS, Brasil.No sul <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul, Agelaius ruficapillus constrói seusninhos em macrófitas emergentes ou vegetação arbustiva e arbórea de áreasúmidas entre outubro e janeiro. A partir da fase reprodutiva <strong>do</strong> arroz (janeiroe fevereiro), a espécie igualmente utiliza lavouras de arroz irriga<strong>do</strong> paranidificação. Foi verifica<strong>do</strong> que formações arbustivas (especialmente talhõesde Eucalyptus spp.) servem de atrativo para A. ruficapillus em áreas decultivo de arroz, constituin<strong>do</strong> locais de descanso, abrigo e reprodução. Opresente trabalho comparou a densidade de ninhos de A. ruficapillus naslavouras Major Isidro (sistemas de cultivo pré-germina<strong>do</strong> e plantio-direto;distante 0–350 m de um talhão de eucalipto) e Caiubá (sistema de cultivoplantio-direto; <strong>sem</strong> presença de talhões de eucalipto), Granja Quatro Irmãos(32 o 14’S, 52 o 29’W), município de Rio Grande, Rio Grande <strong>do</strong> Sul. Adensidade foi estimada através de contagem de ninhos ativos em quadrantesde 25 m², distribuí<strong>do</strong>s aleatoriamente nas referidas lavouras entre 30 dejaneiro e 3 de fevereiro de 2001. Não foram verificadas diferençassignificativas nos valores médios de altura <strong>do</strong> arroz e profundidade dalâmina d’água entre os sistemas de cultivo da lavoura M. Isidro, bem comoentre esta última e a lavoura Caiubá. A densidade média de ninhos ativospor hectare foi similar em ambos sistemas de cultivo da lavoura M. Isidro(pré-germina<strong>do</strong>: média = 8.8, d.p. = 8.67, min.–máx. = 0–20, n = 5; plantiodireto:média = 10.4, d.p. = 7.27, min.–máx. = 4–20, n = 5). Consideran<strong>do</strong>os sistemas de cultivo da lavoura M. Isidro como uma unidade, a densidademédia de ninhos por hectare foi significativamente maior nesta (média =9.6, d.p. = 7.59, min.–máx. = 0–20, n = 10) em relação à lavoura Caiubá


(média = 3.6, d.p. = 3.5, min.–máx. = 0–8, n = 10). Os resulta<strong>do</strong>s sugeremque A. ruficapillus nidifica em maiores densidades em lavouras próximas atalhões de eucalipto, possivelmente porque estes servem de atrativo para asaves durante os estágios iniciais de sua reprodução, especialmente comorefúgios de onde fêmeas podem partir para inspecionar os ninhosconstruí<strong>do</strong>s pelos machos. Por outro la<strong>do</strong>, ninhos edifica<strong>do</strong>s na proximidadede talhões podem se beneficiar de um possível efeito quebra-vento destes.Órgão financia<strong>do</strong>r: Granja 4 Irmãos S/A.________________________________________________R224Salmonella Bredney em arara-azul Ano<strong>do</strong>rhynchus hyacinthinus.Valter Oshiro Vilela 1 , Neiva Maria Robal<strong>do</strong> Guedes 1 , Flábio RibeiroAraújo 1 , Claude André Solari 3 , Wander Fernandes Oliveira Filiú 1 , VivianeLima Catelan 2 , Mariele Mucke Alves 2 , Michelli Almeida de Carmo 2 ,Rebeca Abrão de Souza 2 e Flávia Carolina Vargas 4 .1. UNIDERP – projetoararaazul@uol.com.br; 2. Alunos de iniciaçãocientifica da UNIDERP; 3. UNIRIO; 4. Assistente de Pesquisa <strong>do</strong> ProjetoArara Azul.Coloridas, bonitas, inteligentes as aves da familia Psitacidae sãomuito requisitadas como animais de estimação. Algumas espécies fazemimitações, falam e tem fácil adaptação ao cativeiro, tornan<strong>do</strong>-se requisitadaspara o comércio. Cerca de 20% <strong>do</strong>s psitacídeos brasileiros encontram-seameaça<strong>do</strong>s de extinção. A arara-azul Ano<strong>do</strong>rhynchus hyacinthinus é umadelas. Sua situação na natureza só começou a mudar com as atividades <strong>do</strong>Projeto Arara Azul/UNIDERP, que desde 1990 vem contribuin<strong>do</strong> para aconservação da espécie na natureza. Hoje a arara-azul é um <strong>do</strong>s psitacídeosbrasileiros, ainda ameaça<strong>do</strong>, mas com boa perspectiva de sobrevivência alongo prazo. Vários estu<strong>do</strong>s estão sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s com a arara-azul e umasérie de conhecimentos que estão sen<strong>do</strong> adquiri<strong>do</strong>s sobre a espécie em vidalivre. Assim, estudar a ecologia da espécie e averiguar os tipos demicrorganismos associa<strong>do</strong>s, é vital para conservação, pois algumas aves


podem ser agentes de <strong>do</strong>ença infecto contagiosa. Este trabalho teve comoobjetivo pesquisar a presença de salmonelas em cinco exemplares de ararasazuis,oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> pantanal de MS, no perío<strong>do</strong> de maio de 2000 a fevereirode 2001. Em todas as aves, procedeu-se a necropsia, retiran<strong>do</strong> o fíga<strong>do</strong>,coração e baço, processa<strong>do</strong>s em pool, com a seguinte meto<strong>do</strong>logia: préenriquecimentoem água peptonada, enriquecimento em cal<strong>do</strong> selênitocistina sen<strong>do</strong> ambos posteriormente plaquea<strong>do</strong>s em ágar MacConkey, eosinaazul de metileno e verde brilhante. As colônias com características <strong>do</strong>gênero Salmonella sp foram inoculadas em meio Rugai, submetidas àconfirmação sorológica polivalente O e H e enviadas a UNIRIO paracaracterização <strong>do</strong> sorovar. No exame bacteriológico identificamos umfilhote com um mês de idade albergan<strong>do</strong> o sorovar S. Bredney. Este acha<strong>do</strong>parece ser o primeiro relato desta bactéria em arara azul de vida livre. Épossível que esse filhote tenha adquiri<strong>do</strong> a contaminação pelo contato comos pais ou por via transovariana. Com relação à última, em aves um <strong>do</strong>ssinais é mortalidade embrionária ou morte logo após o nascimento. Portantoavaliar a presença de salmonelas em araras-azuis contribui com aepidemiologia esclarecen<strong>do</strong> o papel destes microrganismos como causa demortalidade em embriões e adultos.Projeto: UNIDERP, FMB, WWF, Toyota, Caiman, CI, Hyacinth MacawFund e Vanzin.________________________________________________R225Ornitofauna encontrada no Complexo Esportivo <strong>do</strong> SESI em Caxias <strong>do</strong>Sul, Rio Grande <strong>do</strong> Sul.Roges Roveda Vinhola da SilvaBiólogo. Rua Odila Boff Pedroni,146, Kayser. Caxias <strong>do</strong> Sul, RS.(rogesrs@hotmail.com )Com o aumento das áreas urbanas sobre as áreas verdes, muitasespécies de aves não são encontradas nas cidades. Os ambientes comopraças, parques e áreas com vegetação são os últimos refúgios para algumas


espécies de aves. No Complexo Esportivo <strong>do</strong> SESI (29 o 08’29”S e51 o 09’47”W), situa<strong>do</strong> na área urbana <strong>do</strong> município de Caxias <strong>do</strong> Sul, comuma área de 19 ha e coberta por vegetação nativa e exótica, foi realiza<strong>do</strong> olevantamento qualitativo da avifauna local. Para este levantamento foramrealizadas 22 visitas ao local, no perío<strong>do</strong> de janeiro a novembro de 2000. Asobservações em campo consistiram em duas visitas por mês, em diasdiferentes, sen<strong>do</strong> uma no perío<strong>do</strong> da manhã e outra durante a tarde emcondições de tempo com pre<strong>do</strong>minância de sol. Dentro <strong>do</strong> complexo foipercorri<strong>do</strong> o caminho da rua principal, trilhas, além de entradas nas matas.As observações foram realizadas com o auxílio de binóculo 7 x 25 e, para aidentificação de algumas espécies, usou-se posterior as observações,bibliografia específica. Das 71 espécies de aves registradas, 11 foramencontradas em to<strong>do</strong>s os meses da pesquisa: Colaptes campestris, Furnariusrufus, Heliobletus contaminatus, Camptostoma obsoletum, Pitangussulphuratus, Troglodytes ae<strong>do</strong>n, Turdus rufiventris, Zonotrichia capensis,Poospiza lateralis, Thraupis sayaca e Basileuterus culicivorus. As famíliasTyrannidae (16), Emberizidae (13) e Furnariidae (6), representaram 52%das aves encontradas no local. Foram constatadas as ocorrências deespécies que não são encontradas comumente nas áreas urbanas, como:Colaptes campestris, Syndactila rufosuperciliata, Thamnophliuscaerulescens, Conophaga lineata, dentre outras. Foram também registradasLeptasthenura setaria, inteiramente ligada a presença da Araucariaangustifolia e Leptasthenura striolata restrita ao sul <strong>do</strong> Brasil (SICK,1997). Apesar <strong>do</strong> conjunto florístico encontra<strong>do</strong> no Complexo Esportivo <strong>do</strong>SESI ser composto na sua maior parte por vegetação exótica, foi encontradauma considerável riqueza de aves no local, em meio à área urbana.________________________________________________


R226Lista preliminar das aves observadas na área <strong>do</strong> Jardim Botânico deCaxias <strong>do</strong> Sul, Rio Grande <strong>do</strong> Sul.Roges Roveda Vinhola da SilvaRua Odila Boff Pedroni, 146, Kayser. Caxias <strong>do</strong> Sul, RS.(rogesrv@terra.com.br)A área <strong>do</strong> Jardim Botânico de Caxias <strong>do</strong> Sul, em Caxias <strong>do</strong> Sul, estalocalizada na zona urbana (29º08'29"S e 51º09'47"W), com cerca de 50 hacobertos por vegetação de mata secundária, ambientes de campo, capoeira epequenos banha<strong>do</strong>s. No local encontra-se a represa São Miguel, uma dasrepresas que fornece água para a população caxiense. O Jardim Botânicoesta em processo de implantação. Durante o ano de 2000 foi realiza<strong>do</strong> olevantamento qualitativo da avifauna <strong>do</strong> local. Para este, nos dias 25 e 26 dejulho foram realizadas 4 observações e no dia 04 de novembro foramrealizadas 2 observações, num total de 30 horas de pesquisa em campo. Asobservações foram realizadas durante 3 manhãs e 3 tardes, em diasdiferentes com pre<strong>do</strong>minância de sol. Para auxílio nas observações foiutiliza<strong>do</strong> binóculo 7 x 25 e posteriormente manuais para identificação dasespécies. O caminho percorri<strong>do</strong> consistiu na estrada principal e trilhas quepassam pelos ambientes. Foram registradas 70 espécies de aves,representan<strong>do</strong> 11,5 % das aves encontradas no RS por Belton (1994). Afamília Emberizidae apresentou maior riqueza de espécies na área de estu<strong>do</strong>.As famílias registradas e o respectivo número de espécies foram: Tinamidae(1), Phalacrocoracidae (1), Ardeidae (1), Threskiornithidae (1), Cathartidae(2), Accipitridae (1), Falconidae (1), Rallidae (3), Jacanidae (1),Charadriidae (1), Columbidae (4), Psittacidae (1), Cuculidae (2), Apodidae(1), Trochilidae (2), Alcedinidae (2), Picidae (2), Furnariidae (6),Formicariidae (2), Tyrannidae (10), Hirundinidae (1), Troglodytidae (1),Mimidae (1), Muscicapidae (3), Vireonidae (2), Emberizidae (15),Fringillidae (1) e Estrildidae (1). Grande parte das espécies ocorrentes nolago são essencialmente aquáticas, como: Phalacrocorax brasilianus,Ceryle torquata, Chloroceryle amazona, além <strong>do</strong>s ralídeos e ardeídeosregistra<strong>do</strong>s. Algumas espécies são restritas aos ambientes de floresta, foramregistradas:Thamnophilus caerulescens,T. ruficapillus, Basileuterusleucoblepharus, B. culicivorus, Syndactyla rufosuperciliata, dentre outras.


Quanto às aves que freqüentam o ambiente campestre, capinzais e grama<strong>do</strong>sestão principalmente: Mimus saturninus, Sporophila caerulescens,Columbina talpacotti, C. picui, Guira guira, Colaptes campestris,Machetornis rixosus e Sicalis flaveola. Nos pequenos banha<strong>do</strong>s ocorreram:Synallaxis spixi, Poospiza nigrorufa, Embernagra platensis, além de outrasaves relacionadas com a ocorrência em ambientes aquáticos. Nos ambientesde capoeira foram registradas comumente Synallaxis cinerascens,Passerina glaucocaerulea e Todirostrum plumbeiceps. A ocorrência destasespécies nos seus respectivos ambientes demonstra que durante aimplantação da infra-estrutura no Jardim Botânico de Caxias <strong>do</strong> Sul certosambientes devem ser preserva<strong>do</strong>s. Diante destes resulta<strong>do</strong>s preliminares onúmero de espécies encontra<strong>do</strong> é considera<strong>do</strong> importante devi<strong>do</strong> àlocalização da área no meio urbano e ao fato de ser uma área de reserva deflora e fauna. Estes da<strong>do</strong>s fornecem um importante diagnóstico das avesencontradas no local para o monitoramento das espécies durante aimplantação da infra-estrutura <strong>do</strong> Jardim Botânico de Caxias <strong>do</strong> Sul.________________________________________________R227Preferência de área e de substrato durante o forrageio das aves que sealimentam no solo na Universidade Estadual de Londrina (Paraná).Graziele Hernandes Volpato 1,2 , Luiz <strong>do</strong>s Anjos 1,3,4 , Luciana BazaMen<strong>do</strong>nça 3 , Alan Loures-Ribeiro 3 , Marcio Rodrigo Gimenez 3 , Edson VargaLopes 11. Departamento de Biologia Animal e Vegetal Universidade Estadual deLondrina, CP 6001 Londrina - PR, CEP 86051-970; 2.gravolpato@yahoo.com.br; 3. Pós-graduação em Ecologia de AmbientesAquáticos Continentais Universidade Estadual de Maringá; 4. Bolsista APQ- CNPq.Novas paisagens criadas pelos ambientes urbanos permitem umadiferente exploração <strong>do</strong> meio pela avifauna. O objetivo deste trabalho édeterminar áreas e substratos preferenciais durante o forrageio de aves quese alimentam no solo. Para as observações das aves foram definidas 3 áreas(A1, A2 e A3) no Centro de Ciências Biológicas da universidade, que foram


ealizadas <strong>sem</strong>analmente em cada área, no perío<strong>do</strong> da manhã e da tarde, demarço a agosto de 2000, totalizan<strong>do</strong> 236 horas. A <strong>sem</strong>elhança entre as áreasestudadas foi estimada pela análise de agrupamento. A similaridadequalitativa foi calculada pelo índice de Sorenson (C S ) e a quantitativa peloíndice de Morisita-Horn (C MH ), e a preferência pelo substrato pelo Teste χaior número de espécies foram registradas em A1 (12 espécies); em A2foram 10 e em A3 foram 6 espécies. A1 apresentou 91,1% de pavimentaçãode solo; A2, 23% e A3 0%. A1-A2 apresentaram a maior similaridadequalitativa e quantitativa (C S = 0,72; C MH = 0,91), resulta<strong>do</strong> <strong>sem</strong>elhante àanálise de agrupamento. Em A1, todas as espécies foram registradas emsubstrato pavimenta<strong>do</strong>, enquanto 9 espécies foram registradas em substratonão pavimenta<strong>do</strong>. Além disso, foi observa<strong>do</strong> um maior registro de espéciesno substrato pavimenta<strong>do</strong> (264 registros) <strong>do</strong> que no substrato nãopavimenta<strong>do</strong> ( 80 registros; χ P < 0,05). Em A2, 9 espécies foramregistradas em substrato não pavimenta<strong>do</strong>, enquanto 4 espécies foramregistradas em substrato pavimenta<strong>do</strong>; 89 registros de espécies de avesforam feitas em substrato não pavimenta<strong>do</strong> e 42 em substrato pavimenta<strong>do</strong> (χ P < 0,05). A preferência por um substrato ou local para o forrageio podeestar relaciona<strong>do</strong> à maior probabilidade de captura de presa como à menorexposição aos preda<strong>do</strong>res.________________________________________________R228Análise das estratégias de forrageamento das aves que se alimentam nosolo na Universidade Estadual de Londrina, Paraná.Graziele Hernandes Volpato 1,2 , Luiz <strong>do</strong>s Anjos 1,3,4 , Luciana BazaMen<strong>do</strong>nça 3 , Alan Loures-Ribeiro 3 , Márcio Rodrigo Gimenez 3 e EdsonVarga Lopes 11. Departamento de Biologia Animal e Vegetal Universidade Estadual de Londrina,CP 6001 Londrina - PR, CEP 86051-970; 2. gravolpato@yahoo.com.br; 3. Pósgraduaçãoem Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais UniversidadeEstadual de Maringá; 4. Bolsista APQ - CNPqOs méto<strong>do</strong>s de forrageio variam substancialmente entre as espéciesde aves. O objetivo deste trabalho é quantificar as estratégias deforrageamento relacionadas com o méto<strong>do</strong> de procura e captura ou ataquede presas por aves que realizam essa atividade no solo. O estu<strong>do</strong> foi


desenvolvi<strong>do</strong> no Centro de Ciências Biológicas (CCB) da UniversidadeEstadual de Londrina, onde foram definidas três áreas de observação de aves– A1; A2 e A3. As observações foram realizadas <strong>sem</strong>analmente em cadaárea, no perío<strong>do</strong> da manhã e da tarde, de março a agosto de 2000,totalizan<strong>do</strong> 236 horas. Estratégias de procura (caminhar, saltar e correr) eestratégias de captura (respiga<strong>do</strong>r, corren<strong>do</strong>, pequenos vôos e salta<strong>do</strong>r)foram registradas para cada espécie de ave. Diferenças entre o número deregistros de estratégias foi estima<strong>do</strong> pelo Teste χaior número de espéciesque forrageiam no solo foram registradas em A1 (12 espécies); em A2foram 10 e em A3 foram 6 espécies. Das espécies de aves observadas, 7utilizaram somente a estratégia de saltar, enquanto 3 a de caminhar e 4 a decaminhar e correr, enquanto procuram o alimento. Do total de 14 espéciesobserva<strong>do</strong> nesse estu<strong>do</strong>, 10 utilizaram exclusivamente a estratégiarespiga<strong>do</strong>r. Somente 4 espécies utilizaram mais de uma estratégia durante oataque; Machetornis rixosus (χ P > 0,05) o qual não apresentou diferençano número de registro entre as quatros estratégias observadas e Mimussaturninus (χ; P < 0,05), Pitangus sulphuratus (χ; P < 0,05) e Crotophagaani (χ P < 0,05) os quais apresentaram maior número de registro pararespiga<strong>do</strong>r. A estratégia respiga<strong>do</strong>r foi a mais usada pelas aves estudadas, oque poderia ser explica<strong>do</strong> pelo baixo custo energético.________________________________________________R229Meto<strong>do</strong>logia de montagem e manutenção de rede suspensa ou bandeiraem área de mata fechada, detalhes e dicas úteis.Sandro Mário Von Matter 11. Universidade Federal Rural <strong>do</strong> Rio de Janeiro, Laboratório de <strong>Ornitologia</strong>,Instituto de Biologia/Departamento de Biologia Animal(vonmatter@hotmail.com).São escassos na literatura científica brasileira explanações detalhadassobre méto<strong>do</strong>s de captura de aves, caben<strong>do</strong> ao pesquisa<strong>do</strong>r criar ou adaptarmeto<strong>do</strong>logias <strong>sem</strong> precedentes. O presente trabalho tem como objetivoelucidar detalhes e dicas da armação de rede suspensa; técnica utilizada para


captura de aves que ocupam os estratos superiores da vegetação arbórea.Seus componentes principais são a corda principal (corda que passa porcima de duas árvores) e a estrutura de hasteamento que se prende a anterior(duas cordas que hasteiam a rede à altura desejada). Inicia-se pelos pontosde sustentação da corda principal, duas árvores resistentes, na alturaescolhida para a rede (em geral 12 metros). Inicialmente, amarra-se um peso(chumbo de pesca) à uma linha de nylon; arremessa-se o chumbo com oauxílio de um estilingue por cima e através de uma forquilha da árvore;chicoteia-se a linha até que o peso chegue no chão. Para substituir a linhapela corda, amarra-se a linha na corda, e cobre-se essa parte para que fiquelisa, para se garantir que a corda não ficará enroscada, para isso utiliza-seuma fita adesiva ou uma tampa de caneta, passan<strong>do</strong> a linha através datampa, amarran<strong>do</strong> na ponta da corda e à enfia dentro da tampa. Asubstituição deve ser feita detrás da árvore para a frente <strong>do</strong> local onde a redeficará, se inicia a suspender a corda puxan<strong>do</strong> devagar a linha até aproximidade da forquilha onde se deve chicotear a linha para que a cordapasse <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong>, repete-se o mesmo procedimento para a outra árvore.Na parte da corda que ficou no chão se prende a parte de “hasteamento”.Mede-se o comprimento da rede na “corda principal”, marca-se o ponto <strong>do</strong>s<strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s, neles serão inseridas polias. A elas se ligarão cordas, onde irãose prender os laços da rede de neblina. Para se determinar o local demontagem da rede, pode-se realizar observações prévias das aves, não sedeve alterar o lugar em demasia, e a rede não deve ficar em local deincidência direta da luz, o que a tornaria visível. Utilizan<strong>do</strong>-se desse méto<strong>do</strong>o ornitólogo terá em mãos da<strong>do</strong>s, que poderão ser utiliza<strong>do</strong>s em estu<strong>do</strong>s demigração vertical, estratificação de nichos, compara<strong>do</strong>s com da<strong>do</strong>s de subbosque,e poderá realizar estu<strong>do</strong>s com aves que habitam os estratossuperiores da mata.________________________________________________


R230Riqueza e interações agonísticas em uma população de aves da famíliaTrochilidae em ambiente urbano (Niterói, Rio de Janeiro)Sandro Mário Von Matter 11.Universidade Estadual <strong>do</strong> Rio de Janeiro, Laboratório de Zoologia,Instituto de Biologia/Departamento de Biologia Animal/Vegetal; vonmatter@ hotmail.com.O Brasil é um <strong>do</strong>s grandes sítios de distribuição de beija-flores, comcerca de 80. Estu<strong>do</strong>s sobre essa família em ambiente urbano sãoconsideravelmente escassos. Os objetivos desse trabalho foram determinar ariqueza de espécies de beija-flores, freqüência de visitação floral, interaçõesagonísticas e estratégias de sobrevivência perante à urbanização na área <strong>do</strong>centro da cidade de Niterói / RJ. Foram utilizadas 57 garrafas com águaaçucarada à 20%, as quais foram distribuídas eqüitativamente numa gradede 5,0 ha, demarcada de 20x20m Esse estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> de fevereiro de2000 à março 2001. As observações foram realizadas <strong>sem</strong>analmente,durante 3 dias, divididas em <strong>do</strong>is perío<strong>do</strong>s, o perío<strong>do</strong> diurno das 6h às 18h, eno perío<strong>do</strong> noturno das 23h às 2h, em intervalos de 30 min, num total de1440 horas Foram identificadas seis espécies de beija flores: Euptomenamacroura, Phaethornis pretrei, Amazilia fimbriata, Thalurania glaucopis,Chlorostillbon aureoventris, Melanotrochilus fuscus, além de Coerebinae -Coereba flaveola. Também foi observada uma grande população demorcegos da espécie Glossophaga solicina. Entre os resulta<strong>do</strong>s foiverifica<strong>do</strong> um alto grau de competição inter e intraespecíficas entre as aves,e destas com a população de morcegos. A espécie Eupetomena macrouraocorreu em 55% da área de estu<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> a espécie <strong>do</strong>minanteterritorialmente, com média de 33 visitas diárias, sen<strong>do</strong> a espécie com maiorinteração agonística, atacan<strong>do</strong> até indivíduos de Glossophaga solicina nocrepúsculo <strong>do</strong> anoitecer; o passeriforme C. flaveola, com média de 28visitas, com alto grau de competição com E. macroura; P. pretrei apresentataxa de visitação significativa apenas no inverno, com média de 15 visitas; eC. aureoventris apresentou em média apenas 4, ocorren<strong>do</strong> em <strong>do</strong>is perío<strong>do</strong>sdistintos, no amanhecer e no escurecer, e mesmo no escuro completo, asoutras espécies tiveram média de 4 visitas, enquanto que os morcegos sealimentavam em ban<strong>do</strong> e até o final da água açucarada. Esse estu<strong>do</strong> levanta


a hipótese da competição, em ambiente urbano, entre troquilídeos equirópteros, sen<strong>do</strong> os morcegos extremamente eficientes quanto aoesgotamento de recursos alimentares.________________________________________________R231Avifauna da Área de Influencia <strong>do</strong> Corre<strong>do</strong>r Ecológico <strong>do</strong> Atlântico Sul(Biorregião de Zimbros, Santa Catarina).Carlos Eduar<strong>do</strong> ZimmermannLaboratório de <strong>Ornitologia</strong>/Instituto de Pesquisas Ambientais, UniversidadeRegional de Blumenau–FURB. Caixa Postal 1507. 89010-971.cezimmer@furb.br.A biorregião de Zimbros é formada pelos municípios de Itapema,Porto Belo e Bombinhas, no litoral centro norte catarinense. Nos últimos 10anos esta região experimenta uma rápida e preocupante expansãoimobiliária, onde áreas de preservação permanente (restingas, manguezais eencostas) estão sen<strong>do</strong> ocupadas indiscriminadamente. Recentemente umconsórcio de entidades governamentais e não governamentais lançou oprojeto de gestão de toda essa região, denomina<strong>do</strong> “Corre<strong>do</strong>res Ecológicos<strong>do</strong> Atlântico Sul”, procuran<strong>do</strong> harmonizar o crescimento econômico daregião, a preservação <strong>do</strong>s ecossistemas e a melhoria da qualidade de vidadas comunidades envolvidas. Este trabalho tem por objetivo apresentar alista preliminar das espécies de aves que ocorrem na área de influência <strong>do</strong>referi<strong>do</strong> projeto, servin<strong>do</strong> de base para ações posteriores de gestão e manejo.A área de estu<strong>do</strong>s apresenta formações vegetais <strong>do</strong> tipo mangues e restingas,além de uma considerável área com Floresta Ombrófila Densa localizadanas encostas de mais difícil acesso. Foram feitas também, observações naárea urbana <strong>do</strong>s municípios envolvi<strong>do</strong>s. A presente lista foi composta pelaobservação direta das espécies de aves nesses ambientes, com o uso debinóculo prismático 8 x 22. As observações iniciaram-se em 1995 com ostrabalhos concentra<strong>do</strong>s entre os meses de novembro a março. Até omomento, com 90 horas de campo, identificou-se 120 espécies de aves.Dentre essas merece referência Nyctibius griseus, com poucos registros para


o Esta<strong>do</strong>, e Eupetomena macroura, considerada rara. O manguezal revelouseextremamente importante para certas espécies, como Thryothoruslongirostris, observada apenas nesse ambiente. Outras espécies utilizam omanguezal para pernoitar, como as espécies de garças, Casmerodius albus,Egretta thula, Egretta caerulea, Bubulcus ibis e Nycticorax nycticorax.Com a continuidade <strong>do</strong>s trabalhos novas espécies serão acrescentadas àlista, reforçan<strong>do</strong> ainda mais a necessidade de um planejamento adequa<strong>do</strong> daocupação de toda esta região <strong>do</strong> litoral catarinense, criação e ampliação decorre<strong>do</strong>res ecológicos visan<strong>do</strong> a conservação da biodiversidade.________________________________________________

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