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Novos registros de aves raras e/ou ameaçadas de extinção na ...

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Revista Brasileira <strong>de</strong> Ornitologia, 16(1):58-63março <strong>de</strong> 2008NOTA<strong>Novos</strong> <strong>registros</strong> <strong>de</strong> <strong>aves</strong> <strong>raras</strong> e/<strong>ou</strong> ameaçadas <strong>de</strong> extinção<strong>na</strong> Campanha do sudoeste do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, BrasilMárcio Repenning e Carla Suertegaray Fonta<strong>na</strong>Laboratório <strong>de</strong> Ornitologia, Museu <strong>de</strong> Ciências e Tecnologia, PUCRS. Avenida Ipiranga, 6681, 90619‐900, Porto Alegre, RS, Brasil.E-mail: carla@pucrs.brRecebido em: 19/09/2007. Aceito em: 07/03/2008.Abstract: New records of rare and/or threatened birds of Campanha of s<strong>ou</strong>thwestern Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, Brazil. Birdsfrom open grasslands of s<strong>ou</strong>thwestern Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, Brazil, a region locally known as Campanha, are poorly studied and ofconservation concern, since typical habitat (grasslands, marshes and Espinilho parkland) have been largely replaced by agricultureand exotic tree plantations in recent years. We present range extensions of previ<strong>ou</strong>sly unknown or poorly known, rare and/orendangered species of birds from s<strong>ou</strong>thernmost Brazil: Heliomaster furcifer, data <strong>de</strong>ficient in Rio Gran<strong>de</strong> do Sul; Asthenes pyrrholeuca,previ<strong>ou</strong>sly known in Brazil from a single sight record; the regio<strong>na</strong>lly threatened Cistothorus platensis; the <strong>na</strong>tio<strong>na</strong>lly threatenedDrymornis bridgesii, Pseudoseisura lophotes and Asthenes baeri and the globally threatened and near-threatened Sporophila cin<strong>na</strong>momeaand Polystictus pectoralis, respectively. We also present the first record of Chor<strong>de</strong>iles pusillus for Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, the s<strong>ou</strong>thernmostfor this species. All records were obtained during five field expeditions conducted between May 2005 and July 2007 in the Quaraímunicipality, located at the Brazil/Uruguay bor<strong>de</strong>r.Keywords: Threatened species, Campanha grasslands, Chor<strong>de</strong>iles pusillus, espinilho, Pampa.Palavras-chave: <strong>aves</strong> ameaçadas, campos da Campanha, Chor<strong>de</strong>iles pusillus, espinilho, Pampa.A região pampea<strong>na</strong> (IBGE 2004) da divisa do RioGran<strong>de</strong> do Sul com o Uruguai e Argenti<strong>na</strong>, com <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>çãoconsagrada <strong>de</strong> Campanha <strong>ou</strong> Campanha dosudoeste (Belton 1994, Rambo 2000), é p<strong>ou</strong>co representadaem termos <strong>de</strong> estudos ornitológicos no Estado.Além da vastidão – Campanha do sudoeste correspon<strong>de</strong> a18% da área total do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul <strong>ou</strong> uma área <strong>de</strong>50.000 km 2 (Galvão e Marchiori 1985, Rambo 2000) – aregião é complexa em termos <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s florístico-estruturais.Na região sudoeste do Estado há predomínio <strong>de</strong>campos limpos que por vezes se mesclam com formaçõesdo tipo parque com espinilhos (Acacia caven) e aroeiras(Schinus spp.), banhados e matas ripárias ao longo <strong>de</strong> riose arroios (Billenca e Miñarro 2004, obs. pess.). Ape<strong>na</strong>sno extremo oeste, principalmente no município <strong>de</strong> Barrado Quaraí, é que os campos dão lugar à formação <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>daParque Espinilho, ímpar no Brasil pela presença<strong>de</strong> árvores <strong>de</strong> porte mediano do gênero Prosopis (Galvão eMarchiori 1985). Os campos, os banhados e a formaçãoParque Espinilho abrigam muitas <strong>aves</strong> típicas dos ambientesabertos do centro-sul da América do Sul, o queconfere a região gran<strong>de</strong> singularida<strong>de</strong>, visto que algumasespécies brasileiras apresentam distribuição restrita a estaporção do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (Belton 1994, Sick 1997).Estudos ornitológicos <strong>na</strong> Campanha começaramno inicio do século XX com a coleta <strong>de</strong> espécimes por<strong>na</strong>turalistas como Walter Garbe e Emilie Snethlage, em1914 e 1928, respectivamente (Pinto 1945, Belton 1994,Bencke et al. 2003). Mas foi somente com o estudo <strong>de</strong>William Belton que o conhecimento básico sobre muitasespécies com ocorrência nessa porção do Rio Gran<strong>de</strong>do Sul foi impulsio<strong>na</strong>do. Após o trabalho <strong>de</strong> W. Belton,ape<strong>na</strong>s alguns <strong>registros</strong> pontuais <strong>de</strong> <strong>aves</strong> para a região forampublicados (e.g., Bencke et al. 2002, Accordi 2003,Ruschel e Costa 2003, Bencke 2004). No panoramaatual, um mínimo esforço <strong>de</strong> campo realizado <strong>na</strong> regiãopo<strong>de</strong> resultar em novas informações importantes sobre abiologia básica e distribuição <strong>de</strong> algumas <strong>aves</strong> <strong>raras</strong>, típicas<strong>ou</strong> exclusivas das fitofisionomias características daCampanha.A <strong>de</strong>gradação histórica que result<strong>ou</strong> <strong>na</strong> gradual reduçãodas áreas <strong>de</strong> Parque Espinilho, bem como a radicaltransformação dos campos <strong>de</strong> várzeas e banhados emáreas <strong>de</strong> cultivos, principalmente <strong>de</strong> arroz (Fonta<strong>na</strong> et al.2003, Accordi 2003), são consi<strong>de</strong>radas as principais ameaçaspara muitas <strong>aves</strong> que ocorrem <strong>na</strong> Campanha (Benckeet al. 2003). Nos últimos anos a região ganh<strong>ou</strong> <strong>de</strong>staqueno cenário da conservação, <strong>de</strong>vido à expansão (mecanizaçãoe diversificação) do setor agrícola em substituição àpecuária, ativida<strong>de</strong> principal no passado. Soma-se a essesdiferentes usos do solo a mais recente ameaça à biodiversida<strong>de</strong>do extremo sul do Brasil: as monoculturas emlarga escala <strong>de</strong> arvores exóticas, principalmente eucaliptoe acácia.


<strong>Novos</strong> <strong>registros</strong> <strong>de</strong> <strong>aves</strong> <strong>raras</strong> e/<strong>ou</strong> ameaçadas <strong>de</strong> extinção <strong>na</strong> Campanha do sudoeste do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, BrasilMárcio Repenning e Carla Suertegaray Fonta<strong>na</strong>59Apresentamos a seguir informações sobre a ocorrência<strong>de</strong> algumas espécies ameaçadas <strong>de</strong> extinção, <strong>raras</strong> e/<strong>ou</strong>que, no Brasil têm ocorrência restrita ao extremo oeste doRio Gran<strong>de</strong> do Sul, comentando aspectos relativos suaconservação. Apresentamos também o primeiro registropara o Estado do bacurauzinho (Chor<strong>de</strong>iles pusillus).Cinco expedições (totalizando 20 dias <strong>de</strong> campo)foram conduzidas entre maio <strong>de</strong> 2005 e julho <strong>de</strong> 2007no distrito <strong>de</strong> Areal (30°26’S 56°23’W), cerca <strong>de</strong> 10 kma su<strong>de</strong>ste da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Quaraí, RS, com o objetivo <strong>de</strong>reconhecer áreas com distintas tipologias <strong>de</strong> campo, potenciaispara o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong> monitoramento<strong>de</strong> <strong>aves</strong> em longo prazo. Na estância Areal 3,<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> do Sr. Francisco Outeiro, dois locais estavamem bom estado <strong>de</strong> conservação: (A) uma área <strong>de</strong>campos com espinilhos (Acacia caven); e (B) uma área <strong>de</strong>campos e banhados. Em ambas, a pecuária extensiva é aúnica ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvida, o que manteve parcialmentea estrutura florística <strong>de</strong>sses ambientes, cuja condiçãovaria ligeiramente conforme a intensida<strong>de</strong> do pastoreio.Na área A (30°25’S; 56°23’W) distante ape<strong>na</strong>s 2,5 kmdo Rio Quaraí, limite entre o Brasil e o Uruguai, predomi<strong>na</strong>mcampos ralos em solos rasos e pedregosos comespinilhos (A. caven) esparsos compondo um estrato arbóreo-arbustivo.Esta formação florística será tratada aquicomo “campos com espinilhos”, como são regio<strong>na</strong>lmenteconhecidos. Esta fisionomia lembra bastante a formaçãoParque Espinilho sensu Galvão e Marchiori (1985). A característicamais importante nessa área é a presença <strong>de</strong> espinilhoscom caules grossos e copas amplas, <strong>ou</strong> seja, árvoresantigas. Na área B (30°28’S; 56°21’W) predomi<strong>na</strong>mcampos secos recobertos por gramíneas, principalmenteElionurus sp., campos úmidos e banhados caracterizadospela presença <strong>de</strong> umbelíferas, gramíneas e o<strong>na</strong>gráceas (e.g.,Eryngium sp., Andropogon virgatus, A. lateralis, Ludwigiasp.) ao longo das dre<strong>na</strong>gens <strong>na</strong>turais. Eventualmente,observam-se peque<strong>na</strong>s agregações <strong>de</strong> espinilhos <strong>de</strong> baixoporte em meio aos campos secos.A nomenclatura botânica baseia-se em Galvão eMarchiori (1985) e Boldrini et al. (2005). A taxonomiae nomenclatura das <strong>aves</strong> seguem CBRO (2006). O status<strong>de</strong> conservação das espécies ameaçadas é mencio<strong>na</strong>do<strong>na</strong>s escalas regio<strong>na</strong>l (RS), <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l (BR) e global (GA),consi<strong>de</strong>rando as respectivas categorias <strong>de</strong> ameaça (VU:vulnerável, EN: em perigo, CR: criticamente em perigo);também são discrimi<strong>na</strong>das aquelas espécies com DadosInsuficientes (DD) e quase ameaçadas (NT), (Fonta<strong>na</strong>et al. 2003, MMA 2005, IUCN 2006).Descrição dos RegistrosChor<strong>de</strong>iles pusillus: Ao fi<strong>na</strong>l <strong>de</strong> tar<strong>de</strong> do dia 5 <strong>de</strong> fevereiro<strong>de</strong> 2006, logo após o ocaso, observamos um pequenobacurau que forrageava em vôo sobre o campo <strong>na</strong> áreaB, rente à vegetação. À medida que a luminosida<strong>de</strong> diminuíamais dois indivíduos foram observados. Notamosa preferência das <strong>aves</strong> por forragear sobre a vegetação <strong>na</strong>transição do banhado para o campo seco, ambiente compredominância dos capins Andropogon virgatus e A. lateralis.No dia seguinte, à mesma situação foi constatada,no mesmo local, e os indivíduos pu<strong>de</strong>ram ser observadossob boa luminosida<strong>de</strong>, a p<strong>ou</strong>cos metros <strong>de</strong> distância.A característica mais marcante nessas <strong>aves</strong> era uma faixaclara <strong>na</strong>s asas formada pelas pontas esbranquiçadas dasrêmiges secundárias. Outras características anotadas foram:garganta com uma mancha esbranquiçada em forma<strong>de</strong> “v”, peito acinzentado com máculas mais escuraspassando a uma coloração uniforme mais clara no ventre,cauda relativamente curta e reta com uma peque<strong>na</strong> manchatriangular branca termi<strong>na</strong>l e asas com uma manchabranca em forma <strong>de</strong> meia lua <strong>na</strong>s rêmiges primárias. Umdos indivíduos apresentava o dorso mais ferrugíneo doque os <strong>de</strong>mais. Em fevereiro <strong>de</strong> 2007 procuramos pelaespécie no mesmo local, mas sem sucesso. Existe a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> termos registrado indivíduos em trânsito <strong>na</strong>área, porém um esforço maior <strong>de</strong> amostragem <strong>na</strong> regiãofaz-se necessário para elucidar a situação <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong>C. pusillus no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. A área <strong>de</strong> ocorrênciamais próxima conhecida <strong>de</strong> C. pusillus é o <strong>de</strong>partamento<strong>de</strong> Can<strong>de</strong>lária, província <strong>de</strong> Misiones, <strong>na</strong> Argenti<strong>na</strong>,on<strong>de</strong> foi registrado reproduzindo. Este registro represent<strong>ou</strong>uma gran<strong>de</strong> ampliação para o sul da distribuição atéentão conhecida da espécie (Krauczuck 2000). Portanto,os <strong>registros</strong> aqui mencio<strong>na</strong>dos passam a ser os mais meridio<strong>na</strong>isda espécie.Heliomaster furcifer (RS: DD): Uma fêmea alimentand<strong>ou</strong>m filhote foi observada em 10 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2007 <strong>na</strong>área A indicando a reprodução da espécie no local. Heliomasterfurcifer é consi<strong>de</strong>rado mo<strong>de</strong>radamente comumem Parque Espinilho, <strong>na</strong> ponta oeste, sendo raro em <strong>ou</strong>trasregiões do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (Belton 1994). A partirdos <strong>registros</strong> conhecidos para o Estado, com exceçãodaquele <strong>de</strong> Ruschi (1956), é possível que a espécie ocorrapontualmente através <strong>de</strong> toda a Campanha gaúcha. Ograu <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong>sse beija-flor em relação a formaçõescom espinilhos parece comparável ao <strong>de</strong> <strong>ou</strong>trasespécies (e.g., Asthenes baeri, Sublegatus mo<strong>de</strong>stus e Griseotyrannusaurantioatrocristatus) que, no Estado, parecempreferir esse ambiente sem limitar-se a ele (Belton 1994;obs. pess.).Drymornis bridgesii (RS: CR; BR: CR): Em 13 <strong>de</strong> fevereiro2006 observamos um indivíduo que forrageavano chão, revirando esterco <strong>de</strong> gado, e <strong>ou</strong>tro indivíduoem <strong>de</strong>slocamento entre os espinilhos, <strong>na</strong> área A. No fi<strong>na</strong>lda tar<strong>de</strong> do dia 28 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2007 <strong>ou</strong>vimos uma vocalizaçãoda espécie em local próximo ao da observaçãoanterior. A ocorrência <strong>de</strong> D. bridgesii no Brasil era conhe‐Revista Brasileira <strong>de</strong> Ornitologia, 16(1), 2008


60<strong>Novos</strong> <strong>registros</strong> <strong>de</strong> <strong>aves</strong> <strong>raras</strong> e/<strong>ou</strong> ameaçadas <strong>de</strong> extinção <strong>na</strong> Campanha do sudoeste do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, BrasilMárcio Repenning e Carla Suertegaray Fonta<strong>na</strong>cida ape<strong>na</strong>s para uma área restrita do extremo oeste doRio Gran<strong>de</strong> do Sul (Bencke et al. 2003). A espécie ocorreregularmente no Parque Estadual do Espinilho (PEE),Barra do Quaraí (Belton 1994, Bencke et al. 2003) e oúnico registro fora <strong>de</strong>ssa unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservação referesea dois indivíduos observados em setembro próximoà BR 482, cerca <strong>de</strong> 30 km a nor<strong>de</strong>ste do PEE (Accordi2003). Portanto, os <strong>registros</strong> para o município <strong>de</strong> Quaraírepresentam uma ampliação da distribuição da espécie noEstado em cerca <strong>de</strong> 100 km para su<strong>de</strong>ste. Esse arapaçu éconsi<strong>de</strong>rado um especialista quanto ao hábitat, vivendoexclusivamente em Parque Espinilho (Bencke et al. 2003)e parece ter população bastante peque<strong>na</strong> <strong>de</strong>vido à reduzidadisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse ambiente no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.Contudo, o registro, aqui divulgado, numa região distantedo PEE e com hábitat sem a presença <strong>de</strong> inhanduvás,Prosopis affinis, e algarrobos, Prosopis nigra, <strong>de</strong>nota que aespécie po<strong>de</strong> ocorrer para além dos domínios da formaçãoParque Espinilho, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a estrutura da vegetaçãoseja semelhante. Parece mais provável que os indivíduosobservados em Quaraí mantenham contato com populaçõesuruguaias e não com a população do PEE, pelaproximida<strong>de</strong> entre os campos com espinilho em territóriogaúcho e uruguaio.Pseudoseisura lophotes (RS: CR; BR: CR): Em 12 <strong>de</strong> fevereiro<strong>de</strong> 2006 observamos um indivíduo que vocaliz<strong>ou</strong>p<strong>ou</strong>cas vezes ao fi<strong>na</strong>l da tar<strong>de</strong> numa peque<strong>na</strong> agregação<strong>de</strong> espinilhos <strong>na</strong> área A. No dia seguinte, pela manhã,próximo do local do primeiro registro, <strong>ou</strong>vimos a vocalizaçãoda espécie emitida em dueto e, em seguida, encontramosum grupo familiar com dois adultos e doisjovens. Estes forrageavam no solo revirando esterco aolado <strong>de</strong> Colaptes campestris, Fur<strong>na</strong>rius rufus, Asthenes baeri,Mimus triurus, M. saturninus e Zonotrichia capensis.Em 28 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2007 dois pares foram registrados <strong>na</strong>mesma localida<strong>de</strong> e, pela localização espacial dos <strong>registros</strong>e comportamento das <strong>aves</strong>, <strong>de</strong>duzimos tratar-se <strong>de</strong> doisterritórios distintos. Durante esta última observação, osindivíduos permaneceram <strong>na</strong> maior parte do tempo forrageandono chão e também vasculhando esterco ao ladodas mesmas espécies mencio<strong>na</strong>das acima. Ambos os paresforam gravados vocalizando em dueto e um possível ninho(pelo tamanho, formato e espessura dos ramos), foiencontrado em um espinilho <strong>de</strong> copa ampla. Em 12 <strong>de</strong>fevereiro <strong>de</strong> 2007 um indivíduo foi observado p<strong>ou</strong>sado<strong>na</strong> ponta <strong>de</strong> um espinilho, à beira da BR 293, cerca <strong>de</strong>um quilômetro da localida<strong>de</strong> dos <strong>registros</strong> anteriores. Emdistintas oportunida<strong>de</strong>s foi possível documentar os <strong>registros</strong>com fotografias e gravações. No Rio Gran<strong>de</strong> do Sulos <strong>registros</strong> da espécie se restringem ao PEE e a algumas<strong>ou</strong>tras áreas próximas com vegetação semelhante, comoa localida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Imbaá (Bencke et al. 2003). Da mesmaforma que o registro <strong>de</strong> D. bridgesii, os <strong>de</strong> P. lophotes ampliamem cerca <strong>de</strong> 100 km para su<strong>de</strong>ste a área <strong>de</strong> ocorrênciada espécie no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. No Estado,P. lophotes habita áreas com vegetação tipo Parque Espinilho;no entanto, a peque<strong>na</strong> população, aparentementeresi<strong>de</strong>nte, registrada em Quaraí indica que a espécie po<strong>de</strong>habitar também locais sem a presença <strong>de</strong> Prosopis spp.,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a fitofisionomia seja similar. Embora p<strong>ou</strong>cose conheça sobre a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dispersão da espécie,pela mesma razão já mencio<strong>na</strong>da para D. bridgesii acredita-seque possa ocorrer um fluxo <strong>de</strong> indivíduos entre apopulação da região <strong>de</strong> Quaraí e as populações do Uruguai.Neste país, P. lophotes e D. bridgesii também temsido registrados fora das formações <strong>de</strong> Parque Espinilho(Aspiroz 2001, Rocha 2005).Asthenes pyrrholeuca: Em 9 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2005, <strong>na</strong> área A,Cristiano E. Roved<strong>de</strong>r e MR observaram, por cerca <strong>de</strong> 30minutos, um par <strong>de</strong>ste fur<strong>na</strong>rí<strong>de</strong>o numa parcela restrita<strong>de</strong> campo com capinzal (c. 1,20 m <strong>de</strong> altura), <strong>de</strong>nsamentepovoado com espinilhos. Os indivíduos vocalizavam sozinhos<strong>ou</strong> em dueto. Mostravam-se bastante arredios e semprese <strong>de</strong>slocavam <strong>de</strong> um espinilho a <strong>ou</strong>tro, por vezes atr<strong>aves</strong>sandoespaços <strong>de</strong> campo aberto. Chamava a atenção omovimento oscilatório vertical da cauda durante o vôo.A cauda mostrava-se um tanto comprida em relação aocorpo e apresentava as retrizes centrais anegradas, contrastandocom o marrom das retrizes exter<strong>na</strong>s; ventre begeacinzentadoe dorso pardo com asas algo mais ferrugíneas;faixa superciliar esbranquiçada p<strong>ou</strong>co conspícua, peque<strong>na</strong>mancha marrom-alaranjada <strong>na</strong> garganta e bico afilado. Asvocalizações emitidas, embora não gravadas, coincidiramcom a gravação apresentada por Straneck (1990) para aespécie. O único registro <strong>de</strong>ssa espécie no Brasil foi parao mês <strong>de</strong> maio, num banhado próximo à <strong>de</strong>sembocadurado arroio Guarapuitam no rio Uruguai, município <strong>de</strong>Uruguaia<strong>na</strong>, extremo oeste do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (Benckeet al. 2002). Por falta <strong>de</strong> evi<strong>de</strong>ncia documental a espéciese encontra <strong>na</strong> lista secundária das <strong>aves</strong> do Brasil (CBRO2006). Asthenes pyrrholeuca é uma espécie com populaçõesmigratórias conhecidas (Gore e Gepp 1978, Fjeldsåe Krabbe 1990, Rydgely e Tudor 1994, Hayes et al. 1994,<strong>de</strong> la Peña e Rumboll 1998, Di Giacomo 2005) e a existência<strong>de</strong> dois <strong>registros</strong> para o mês <strong>de</strong> maio, em anos diferentes,sugere que a espécie possa ocorrer no extremosul do Brasil em trânsito rumo a áreas mais setentrio<strong>na</strong>is,durante a migração austral. Porém, consi<strong>de</strong>rando o estremooeste gaúcho como parte setentrio<strong>na</strong>l da área <strong>de</strong> distribuição<strong>de</strong> A. pyrrholeuca existe também a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> a espécie inver<strong>na</strong>r no estado. A espécie foi mencio<strong>na</strong>dapor Ridgely e Tudor (1994) como <strong>de</strong> provável ocorrênciano sul do Brasil e conta com <strong>registros</strong> em <strong>de</strong>partamentospróximos à fronteira do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, no Uruguai e<strong>na</strong> Argenti<strong>na</strong> (Bencke et al. 2002).Asthenes baeri (RS: VU; BR: VU): Dois pares foram observadosem 13 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2006 e em 28 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong>Revista Brasileira <strong>de</strong> Ornitologia, 16(1), 2008


<strong>Novos</strong> <strong>registros</strong> <strong>de</strong> <strong>aves</strong> <strong>raras</strong> e/<strong>ou</strong> ameaçadas <strong>de</strong> extinção <strong>na</strong> Campanha do sudoeste do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, BrasilMárcio Repenning e Carla Suertegaray Fonta<strong>na</strong>612007 <strong>na</strong> área A, forrageando no chão ao lado <strong>de</strong> C. campestris,F. rufus, P. lophotes, M. triurus e M. saturninus. Naárea B um par foi observado em 6 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2006 e<strong>ou</strong>tro em 9 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2006 em manchas isoladas <strong>de</strong>pequenos espinilhos no meio do campo. Este último parfreqüentemente <strong>de</strong>scia ao chão para forragear, seguind<strong>ou</strong>m bando misto formado por Sicalis flaveola, Z. capensis,Poospiza nigrorufa, Ember<strong>na</strong>gra platensis e M. saturninus.Em distintas oportunida<strong>de</strong>s foi possível obter <strong>registros</strong>fotográficos da espécie. Essa espécie ocorre ape<strong>na</strong>s no setoroeste do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul sendo consi<strong>de</strong>rado umresi<strong>de</strong>nte comum no PEE e ocorrendo em localida<strong>de</strong>s esparsasem direção leste até 56°W (Belton 1994, Benckeet al. 2003, obs. pess.). Sua ocorrência parece estar limitadapela <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong> seu hábitat: áreas <strong>de</strong> campos coma presença <strong>de</strong> manchas esparsas <strong>de</strong> espinilhos e vegetaçãotipo Parque Espinilho.Polystictus pectoralis (RS: DD; BR: VU; GA: NT): Umregistro foi obtido em 22 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2006 e <strong>ou</strong>tro em10 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2006 <strong>na</strong> área B. Em ambas as oportunida<strong>de</strong>sos indivíduos não apresentavam a cabeça negrae as <strong>de</strong>mais características observadas permitiram a<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ção dos mesmos como fêmeas. No primeiroregistro, documentado através <strong>de</strong> fotografia, um indivíduofoi observado forrageando numa parte do banhadocom arbustos (o<strong>na</strong>gráceas), enquanto que no segund<strong>ou</strong>m exemplar foi visto forrageando em meio a hastes <strong>de</strong>inflorescências <strong>de</strong> Saccharum sp. e Eriochrysis sp., comcerca <strong>de</strong> 2 m <strong>de</strong> altura que compunham um capinzalúmido, <strong>de</strong>nso e alto. A ocorrência <strong>de</strong> P. pectoralis emQuaraí durante o <strong>ou</strong>tono e inverno po<strong>de</strong> estar relacio<strong>na</strong>daà migração <strong>de</strong> indivíduos vindos <strong>de</strong> áreas meridio<strong>na</strong>is,uma vez que, a espécie se reproduz <strong>na</strong> província <strong>de</strong> BuenosAires e emigra no inverno (Narosky e Di Giacomo1993). A ausência da espécie <strong>na</strong> área durante expediçõesem janeiro e fevereiro reforça esta sugestão. Estes <strong>registros</strong><strong>de</strong>scartam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa espécie estar extintano Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, como sugerido em Bencke et al.(2003). Entretanto, maiores informações sobre a biologiae distribuição <strong>de</strong>ste pequeno papa-moscas são necessáriaspara uma avaliação satisfatória da sua real situaçãono Estado.Cisthotorus platensis (RS: CR): Registramos a espécieem quatro locais distintos <strong>na</strong> área B. Um grupo familiarcomposto por dois adultos e dois jovens foi observadoem 4 e 6 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2006. Outro par <strong>de</strong> adultos foiobservado em 6 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2006, sendo que um <strong>de</strong>les,em duas oportunida<strong>de</strong>s, carregava alimento no bico.Nas duas ocasiões acompanhamos seu <strong>de</strong>slocamento atéo momento em que o contato visual foi perdido e, quandotor<strong>na</strong>mos a observá-lo, não mais carregava a presa nobico. Muito provavelmente entreg<strong>ou</strong> o alimento a filhotes,que não foram encontrados. Outras duas <strong>aves</strong> adultasainda foram observadas em 10 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2006em territórios adjacentes. Todos os indivíduos ocupavamum campo úmido com capinzal bastante <strong>de</strong>nso compredomínio <strong>de</strong> A. virgatus e A. lateralis (altura média <strong>de</strong>1,50 m), numa área <strong>de</strong> transição entre o banhado e ocampo seco. Observamos em 9 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2007 umadulto que cantava num capinzal em campo seco cobertopor gran<strong>de</strong>s t<strong>ou</strong>ceiras <strong>de</strong> Elionurus sp.. A constatação<strong>de</strong> indivíduos jovens ainda sob os cuidados dos adultosindica a existência <strong>de</strong> uma população reprodutiva no local.Indícios <strong>de</strong> reprodução da espécie no Estado provêmdo banhado do Pontal da Barra, Pelotas (Bencke et al.2003). Na região da Campanha, a corruíra-do-campofoi registrada a sudoeste <strong>de</strong> Rosário do Sul, <strong>na</strong> ReservaBiológica do Ibirapuitã (Belton 1994, Bencke et al.2003) e em São Francisco <strong>de</strong> Assis (D. Gressler com.pess., 2004). A histórica <strong>de</strong>gradação e substituição doscampos da Campanha no Estado por cultivos agrícolasrepresentam a maior ameaça à espécie. Essa parece sercapaz <strong>de</strong> se refugiar em áreas restritas <strong>de</strong> capinzais altos,p<strong>ou</strong>co <strong>ou</strong> <strong>na</strong>da afetadas pelo gado, em proprieda<strong>de</strong>s on<strong>de</strong>a pecuária não é intensiva e a agricultura é praticada empeque<strong>na</strong> escala. A preferência da espécie por capinzaisaltos é apontada <strong>na</strong> literatura (veja Bencke et al. 2003,para <strong>de</strong>talhes).Sporophila cin<strong>na</strong>momea (RS: EN; BR: EN; GA: VU):Observamos dois filhotes recém-saídos do ninho, queeram alimentados pelos pais, em 3 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2006,<strong>na</strong> área B. Ainda no mesmo dia observamos mais doismachos adultos em territórios vizinhos. No mesmo local,em 6 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2006, observamos quatro machosadultos e pelo menos oito indivíduos pardos (jovens <strong>ou</strong>fêmeas). Retor<strong>na</strong>mos ao mesmo local em 10 <strong>de</strong> fevereiro<strong>de</strong> 2006 e encontramos ape<strong>na</strong>s um macho adulto acompanhadopor 12 indivíduos pardos. Na mesma área, em 8<strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2007, observamos um macho adulto quealimentava um filhote, e uma fêmea acompanhada <strong>de</strong> doisjovens. Um macho subadulto, com o peito parcialmentecastanho, cantava intensamente em um território vizinho.Num <strong>ou</strong>tro pequeno banhado, distante cerca <strong>de</strong> 2 km dolocal anterior, observamos em 10 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2007dois machos adultos e um subadulto, todos vocalizandointensamente. A vegetação on<strong>de</strong> foram observados filhotesrecém-saídos do ninho restringe-se a <strong>de</strong>nsas agregações<strong>de</strong> arbustos <strong>de</strong> o<strong>na</strong>gráceas (Ludwigia sp.), em banhado.Registros <strong>de</strong> reprodução da espécie no Estado provinham,até então, das proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> banhados com gravatásErygium spp., no município <strong>de</strong> Candiota (Bencke et al.2006) e <strong>de</strong> um ninho do município <strong>de</strong> Manoel Via<strong>na</strong><strong>de</strong>positado <strong>na</strong> coleção Ornitológica da PUCRS (MCP1782), coletado por M. Krügel. Todas as observações <strong>de</strong>S. cin<strong>na</strong>momea em Quaraí limitaram-se a banhados comvegetação <strong>de</strong>nsa, circundados por campos com baixa lotação<strong>de</strong> gado.Revista Brasileira <strong>de</strong> Ornitologia, 16(1), 2008


62<strong>Novos</strong> <strong>registros</strong> <strong>de</strong> <strong>aves</strong> <strong>raras</strong> e/<strong>ou</strong> ameaçadas <strong>de</strong> extinção <strong>na</strong> Campanha do sudoeste do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, BrasilMárcio Repenning e Carla Suertegaray Fonta<strong>na</strong>Consi<strong>de</strong>rações Fi<strong>na</strong>isOs <strong>registros</strong> aqui divulgados confirmam a presença<strong>de</strong> algumas espécies antes consi<strong>de</strong>radas restritas à formaçãoParque Espinilho em <strong>ou</strong>tras formações campestresabertas com estrutura floristica similar, o que constituiuma informação adicio<strong>na</strong>l importante para a conservação<strong>de</strong>ssas espécies. Embora os espinilhos sejam continuamentesuprimidos dando lugar a cultivos agrícolas tradicio<strong>na</strong>is,sendo localmente consi<strong>de</strong>rados “praga”, são maisfacilmente encontrados do que os algarrobos <strong>ou</strong> inhanduvás,pois é uma espécie pioneira <strong>de</strong> distribuição ampla <strong>na</strong>Campanha e localmente abundante. Uma alter<strong>na</strong>tiva paraconservar <strong>aves</strong> típicas <strong>de</strong> Parque Espinilho no Brasil seriaa recuperação <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadas on<strong>de</strong> <strong>ou</strong>trora existiamcampos com espinilho evitando o corte <strong>de</strong>ssas árvores.Medida esta que parece ser viável, sobretudo pela compatibilida<strong>de</strong>entre a pecuária extensiva e a manutenção <strong>de</strong>espinilhais. A localização <strong>de</strong> novas populações <strong>de</strong> espéciestípicas das formações com espinilho <strong>na</strong> região da Campanhaé fundamental para o estabelecimento <strong>de</strong> planos <strong>de</strong>ações com objetivo <strong>de</strong> conservá-las em longo prazo.Medidas <strong>de</strong> manejo <strong>de</strong> campos, compatíveis com apecuária, po<strong>de</strong>riam beneficiar algumas espécies ameaçadasrelacio<strong>na</strong>das à fisionomia pampea<strong>na</strong> no Brasil. No caso <strong>de</strong>Passeriformes que sofrem com a <strong>de</strong>struição e a <strong>de</strong>gradaçãodos campos e banhados, a prática da pecuária com baixalotação permite que porções peque<strong>na</strong>s <strong>de</strong> habitat a<strong>de</strong>quadoeventualmente sejam mantidas <strong>na</strong>s proprieda<strong>de</strong>s, sejapela p<strong>ou</strong>ca ocupação do gado (campos “sujos”), <strong>ou</strong> pela suanão ocupação (banhados). São possivelmente esses relitos<strong>de</strong> hábitat que possibilitam que espécies mais sensíveis semantenham em escala regio<strong>na</strong>l. Com a conscientização ea colaboração dos proprietários para que mantenham áreas<strong>de</strong> campo como reserva legal e/<strong>ou</strong> a criação <strong>de</strong> ReservasParticulares do Patrimônio Natural (RPPNs), a situação<strong>de</strong> ameaça para muitas <strong>aves</strong> especialistas <strong>de</strong> campos e banhadoscom estruturas florísticas mais complexas po<strong>de</strong>riaser amenizada. A criação e implementação <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> Conservação do tipo Refúgios <strong>de</strong> Vida Silvestre igualmentecontribuiria para a conservação <strong>de</strong>ssas <strong>aves</strong>.No entanto, a tarefa <strong>de</strong> conservar as <strong>aves</strong> <strong>de</strong> campose banhados <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá, sobretudo, da valorização das paisagensabertas como ambientes <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> biológicae prestadoras <strong>de</strong> importantes serviços ambientais.Agra<strong>de</strong>cimentosSomos gratos ao Sr. Francisco Outeiro por permitir o acesso a suaproprieda<strong>de</strong>, a Cristiano Eidt Roved<strong>de</strong>r pela companhia em campo, aSra.Vera Fonta<strong>na</strong> pelas facilida<strong>de</strong>s logísticas e hospitalida<strong>de</strong> em sua fazenda,à Dra. Ilsi Boldrini e sua equipe pela <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ção do material botânico.Ao Daniel Gressler pelas informações prestadas. Ao Rafael A. Dias,aos revisores ad hoc Glayson A. Bencke e Giovanni N. Maurício e aoEditor Luis Fábio Silveira, pela leitura crítica e sugestões ao manuscrito.ReferênciasAccordi, I.A. (2003). Contribuição ao conhecimento ornitológico daCampanha gaúcha. Atualida<strong>de</strong>s Ornitológicas, 112:12.Aspiroz, A.B. (2001). Aves <strong>de</strong>l Uruguay. Lista e introducción a subiología y conservación. Montevi<strong>de</strong>o: GUPECA – Aves Uruguay.Bencke, G.A.; Fonta<strong>na</strong>, C.S. e Lima, A.M. (2002). Registro <strong>de</strong>dois novos passeriformes para o Brasil: Serpophaga griseiceps(Tyrannidae) e Asthenes pyrrholeuca (Fur<strong>na</strong>riidae). Ararajuba,2:266‐269.Bencke, G.A.; Fonta<strong>na</strong>, C.S.; Dias, R.A.; Maurício, G.N. e MählerJr., J.K.F. (2003). Aves. Pp. 189‐480. 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<strong>Novos</strong> <strong>registros</strong> <strong>de</strong> <strong>aves</strong> <strong>raras</strong> e/<strong>ou</strong> ameaçadas <strong>de</strong> extinção <strong>na</strong> Campanha do sudoeste do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, BrasilMárcio Repenning e Carla Suertegaray Fonta<strong>na</strong>63Rambo, B. (2000). A fisionomia do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul: ensaio <strong>de</strong>monografia <strong>na</strong>tural. 3 Edição. São Leopoldo: Editora Unisinos.Ridgely, R.S. and Tudor, G. (1994). The birds of S<strong>ou</strong>th America, TheSuboscines Passerines v.2. Austin: University of Texas Press.Rocha, G. (2005). Aves <strong>de</strong>l Uruguay, El país <strong>de</strong> los Pájaros Pintados v.1.Montevi<strong>de</strong>o: Banda Oriental.Ruschel, C. e Costa, R. (2003). Registros da gaivota-<strong>de</strong>-cabeça-cinza,Larus cirrocephalus (Vieillot, 1818) no Oeste do Rio Gran<strong>de</strong> doSul. Atualida<strong>de</strong>s Ornitológicas, 111:11.Ruschi, A. (1956). A trochiliofau<strong>na</strong> <strong>de</strong> Porto Alegre e arredores. Bol.Mus. Biol. Prof. Mello-Leitão, sér. Biol., 18:1‐9.Sick, H. (1997). Ornitologia Brasileira, uma introdução. Rio <strong>de</strong> Janeiro:Editora Nova Fronteira.Straneck, R.J. (1990). Canto <strong>de</strong> las <strong>aves</strong>: missiones, pampea<strong>na</strong>s, <strong>de</strong>lasserranias centrales, patagonicas, <strong>de</strong>l nor<strong>de</strong>ste, <strong>de</strong> los esteros y palmares,8 cassetes. Buenos Aires: Editorial L.O.L.A.Revista Brasileira <strong>de</strong> Ornitologia, 16(1), 2008

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