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Novos registros de aves raras e/ou ameaçadas de extinção na ...

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<strong>Novos</strong> <strong>registros</strong> <strong>de</strong> <strong>aves</strong> <strong>raras</strong> e/<strong>ou</strong> ameaçadas <strong>de</strong> extinção <strong>na</strong> Campanha do sudoeste do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, BrasilMárcio Repenning e Carla Suertegaray Fonta<strong>na</strong>59Apresentamos a seguir informações sobre a ocorrência<strong>de</strong> algumas espécies ameaçadas <strong>de</strong> extinção, <strong>raras</strong> e/<strong>ou</strong>que, no Brasil têm ocorrência restrita ao extremo oeste doRio Gran<strong>de</strong> do Sul, comentando aspectos relativos suaconservação. Apresentamos também o primeiro registropara o Estado do bacurauzinho (Chor<strong>de</strong>iles pusillus).Cinco expedições (totalizando 20 dias <strong>de</strong> campo)foram conduzidas entre maio <strong>de</strong> 2005 e julho <strong>de</strong> 2007no distrito <strong>de</strong> Areal (30°26’S 56°23’W), cerca <strong>de</strong> 10 kma su<strong>de</strong>ste da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Quaraí, RS, com o objetivo <strong>de</strong>reconhecer áreas com distintas tipologias <strong>de</strong> campo, potenciaispara o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong> monitoramento<strong>de</strong> <strong>aves</strong> em longo prazo. Na estância Areal 3,<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> do Sr. Francisco Outeiro, dois locais estavamem bom estado <strong>de</strong> conservação: (A) uma área <strong>de</strong>campos com espinilhos (Acacia caven); e (B) uma área <strong>de</strong>campos e banhados. Em ambas, a pecuária extensiva é aúnica ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvida, o que manteve parcialmentea estrutura florística <strong>de</strong>sses ambientes, cuja condiçãovaria ligeiramente conforme a intensida<strong>de</strong> do pastoreio.Na área A (30°25’S; 56°23’W) distante ape<strong>na</strong>s 2,5 kmdo Rio Quaraí, limite entre o Brasil e o Uruguai, predomi<strong>na</strong>mcampos ralos em solos rasos e pedregosos comespinilhos (A. caven) esparsos compondo um estrato arbóreo-arbustivo.Esta formação florística será tratada aquicomo “campos com espinilhos”, como são regio<strong>na</strong>lmenteconhecidos. Esta fisionomia lembra bastante a formaçãoParque Espinilho sensu Galvão e Marchiori (1985). A característicamais importante nessa área é a presença <strong>de</strong> espinilhoscom caules grossos e copas amplas, <strong>ou</strong> seja, árvoresantigas. Na área B (30°28’S; 56°21’W) predomi<strong>na</strong>mcampos secos recobertos por gramíneas, principalmenteElionurus sp., campos úmidos e banhados caracterizadospela presença <strong>de</strong> umbelíferas, gramíneas e o<strong>na</strong>gráceas (e.g.,Eryngium sp., Andropogon virgatus, A. lateralis, Ludwigiasp.) ao longo das dre<strong>na</strong>gens <strong>na</strong>turais. Eventualmente,observam-se peque<strong>na</strong>s agregações <strong>de</strong> espinilhos <strong>de</strong> baixoporte em meio aos campos secos.A nomenclatura botânica baseia-se em Galvão eMarchiori (1985) e Boldrini et al. (2005). A taxonomiae nomenclatura das <strong>aves</strong> seguem CBRO (2006). O status<strong>de</strong> conservação das espécies ameaçadas é mencio<strong>na</strong>do<strong>na</strong>s escalas regio<strong>na</strong>l (RS), <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l (BR) e global (GA),consi<strong>de</strong>rando as respectivas categorias <strong>de</strong> ameaça (VU:vulnerável, EN: em perigo, CR: criticamente em perigo);também são discrimi<strong>na</strong>das aquelas espécies com DadosInsuficientes (DD) e quase ameaçadas (NT), (Fonta<strong>na</strong>et al. 2003, MMA 2005, IUCN 2006).Descrição dos RegistrosChor<strong>de</strong>iles pusillus: Ao fi<strong>na</strong>l <strong>de</strong> tar<strong>de</strong> do dia 5 <strong>de</strong> fevereiro<strong>de</strong> 2006, logo após o ocaso, observamos um pequenobacurau que forrageava em vôo sobre o campo <strong>na</strong> áreaB, rente à vegetação. À medida que a luminosida<strong>de</strong> diminuíamais dois indivíduos foram observados. Notamosa preferência das <strong>aves</strong> por forragear sobre a vegetação <strong>na</strong>transição do banhado para o campo seco, ambiente compredominância dos capins Andropogon virgatus e A. lateralis.No dia seguinte, à mesma situação foi constatada,no mesmo local, e os indivíduos pu<strong>de</strong>ram ser observadossob boa luminosida<strong>de</strong>, a p<strong>ou</strong>cos metros <strong>de</strong> distância.A característica mais marcante nessas <strong>aves</strong> era uma faixaclara <strong>na</strong>s asas formada pelas pontas esbranquiçadas dasrêmiges secundárias. Outras características anotadas foram:garganta com uma mancha esbranquiçada em forma<strong>de</strong> “v”, peito acinzentado com máculas mais escuraspassando a uma coloração uniforme mais clara no ventre,cauda relativamente curta e reta com uma peque<strong>na</strong> manchatriangular branca termi<strong>na</strong>l e asas com uma manchabranca em forma <strong>de</strong> meia lua <strong>na</strong>s rêmiges primárias. Umdos indivíduos apresentava o dorso mais ferrugíneo doque os <strong>de</strong>mais. Em fevereiro <strong>de</strong> 2007 procuramos pelaespécie no mesmo local, mas sem sucesso. Existe a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> termos registrado indivíduos em trânsito <strong>na</strong>área, porém um esforço maior <strong>de</strong> amostragem <strong>na</strong> regiãofaz-se necessário para elucidar a situação <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong>C. pusillus no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. A área <strong>de</strong> ocorrênciamais próxima conhecida <strong>de</strong> C. pusillus é o <strong>de</strong>partamento<strong>de</strong> Can<strong>de</strong>lária, província <strong>de</strong> Misiones, <strong>na</strong> Argenti<strong>na</strong>,on<strong>de</strong> foi registrado reproduzindo. Este registro represent<strong>ou</strong>uma gran<strong>de</strong> ampliação para o sul da distribuição atéentão conhecida da espécie (Krauczuck 2000). Portanto,os <strong>registros</strong> aqui mencio<strong>na</strong>dos passam a ser os mais meridio<strong>na</strong>isda espécie.Heliomaster furcifer (RS: DD): Uma fêmea alimentand<strong>ou</strong>m filhote foi observada em 10 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2007 <strong>na</strong>área A indicando a reprodução da espécie no local. Heliomasterfurcifer é consi<strong>de</strong>rado mo<strong>de</strong>radamente comumem Parque Espinilho, <strong>na</strong> ponta oeste, sendo raro em <strong>ou</strong>trasregiões do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (Belton 1994). A partirdos <strong>registros</strong> conhecidos para o Estado, com exceçãodaquele <strong>de</strong> Ruschi (1956), é possível que a espécie ocorrapontualmente através <strong>de</strong> toda a Campanha gaúcha. Ograu <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong>sse beija-flor em relação a formaçõescom espinilhos parece comparável ao <strong>de</strong> <strong>ou</strong>trasespécies (e.g., Asthenes baeri, Sublegatus mo<strong>de</strong>stus e Griseotyrannusaurantioatrocristatus) que, no Estado, parecempreferir esse ambiente sem limitar-se a ele (Belton 1994;obs. pess.).Drymornis bridgesii (RS: CR; BR: CR): Em 13 <strong>de</strong> fevereiro2006 observamos um indivíduo que forrageavano chão, revirando esterco <strong>de</strong> gado, e <strong>ou</strong>tro indivíduoem <strong>de</strong>slocamento entre os espinilhos, <strong>na</strong> área A. No fi<strong>na</strong>lda tar<strong>de</strong> do dia 28 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2007 <strong>ou</strong>vimos uma vocalizaçãoda espécie em local próximo ao da observaçãoanterior. A ocorrência <strong>de</strong> D. bridgesii no Brasil era conhe‐Revista Brasileira <strong>de</strong> Ornitologia, 16(1), 2008

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