11.07.2015 Views

Novos registros de aves raras e/ou ameaçadas de extinção na ...

Novos registros de aves raras e/ou ameaçadas de extinção na ...

Novos registros de aves raras e/ou ameaçadas de extinção na ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

60<strong>Novos</strong> <strong>registros</strong> <strong>de</strong> <strong>aves</strong> <strong>raras</strong> e/<strong>ou</strong> ameaçadas <strong>de</strong> extinção <strong>na</strong> Campanha do sudoeste do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, BrasilMárcio Repenning e Carla Suertegaray Fonta<strong>na</strong>cida ape<strong>na</strong>s para uma área restrita do extremo oeste doRio Gran<strong>de</strong> do Sul (Bencke et al. 2003). A espécie ocorreregularmente no Parque Estadual do Espinilho (PEE),Barra do Quaraí (Belton 1994, Bencke et al. 2003) e oúnico registro fora <strong>de</strong>ssa unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservação referesea dois indivíduos observados em setembro próximoà BR 482, cerca <strong>de</strong> 30 km a nor<strong>de</strong>ste do PEE (Accordi2003). Portanto, os <strong>registros</strong> para o município <strong>de</strong> Quaraírepresentam uma ampliação da distribuição da espécie noEstado em cerca <strong>de</strong> 100 km para su<strong>de</strong>ste. Esse arapaçu éconsi<strong>de</strong>rado um especialista quanto ao hábitat, vivendoexclusivamente em Parque Espinilho (Bencke et al. 2003)e parece ter população bastante peque<strong>na</strong> <strong>de</strong>vido à reduzidadisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse ambiente no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.Contudo, o registro, aqui divulgado, numa região distantedo PEE e com hábitat sem a presença <strong>de</strong> inhanduvás,Prosopis affinis, e algarrobos, Prosopis nigra, <strong>de</strong>nota que aespécie po<strong>de</strong> ocorrer para além dos domínios da formaçãoParque Espinilho, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a estrutura da vegetaçãoseja semelhante. Parece mais provável que os indivíduosobservados em Quaraí mantenham contato com populaçõesuruguaias e não com a população do PEE, pelaproximida<strong>de</strong> entre os campos com espinilho em territóriogaúcho e uruguaio.Pseudoseisura lophotes (RS: CR; BR: CR): Em 12 <strong>de</strong> fevereiro<strong>de</strong> 2006 observamos um indivíduo que vocaliz<strong>ou</strong>p<strong>ou</strong>cas vezes ao fi<strong>na</strong>l da tar<strong>de</strong> numa peque<strong>na</strong> agregação<strong>de</strong> espinilhos <strong>na</strong> área A. No dia seguinte, pela manhã,próximo do local do primeiro registro, <strong>ou</strong>vimos a vocalizaçãoda espécie emitida em dueto e, em seguida, encontramosum grupo familiar com dois adultos e doisjovens. Estes forrageavam no solo revirando esterco aolado <strong>de</strong> Colaptes campestris, Fur<strong>na</strong>rius rufus, Asthenes baeri,Mimus triurus, M. saturninus e Zonotrichia capensis.Em 28 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2007 dois pares foram registrados <strong>na</strong>mesma localida<strong>de</strong> e, pela localização espacial dos <strong>registros</strong>e comportamento das <strong>aves</strong>, <strong>de</strong>duzimos tratar-se <strong>de</strong> doisterritórios distintos. Durante esta última observação, osindivíduos permaneceram <strong>na</strong> maior parte do tempo forrageandono chão e também vasculhando esterco ao ladodas mesmas espécies mencio<strong>na</strong>das acima. Ambos os paresforam gravados vocalizando em dueto e um possível ninho(pelo tamanho, formato e espessura dos ramos), foiencontrado em um espinilho <strong>de</strong> copa ampla. Em 12 <strong>de</strong>fevereiro <strong>de</strong> 2007 um indivíduo foi observado p<strong>ou</strong>sado<strong>na</strong> ponta <strong>de</strong> um espinilho, à beira da BR 293, cerca <strong>de</strong>um quilômetro da localida<strong>de</strong> dos <strong>registros</strong> anteriores. Emdistintas oportunida<strong>de</strong>s foi possível documentar os <strong>registros</strong>com fotografias e gravações. No Rio Gran<strong>de</strong> do Sulos <strong>registros</strong> da espécie se restringem ao PEE e a algumas<strong>ou</strong>tras áreas próximas com vegetação semelhante, comoa localida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Imbaá (Bencke et al. 2003). Da mesmaforma que o registro <strong>de</strong> D. bridgesii, os <strong>de</strong> P. lophotes ampliamem cerca <strong>de</strong> 100 km para su<strong>de</strong>ste a área <strong>de</strong> ocorrênciada espécie no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. No Estado,P. lophotes habita áreas com vegetação tipo Parque Espinilho;no entanto, a peque<strong>na</strong> população, aparentementeresi<strong>de</strong>nte, registrada em Quaraí indica que a espécie po<strong>de</strong>habitar também locais sem a presença <strong>de</strong> Prosopis spp.,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a fitofisionomia seja similar. Embora p<strong>ou</strong>cose conheça sobre a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dispersão da espécie,pela mesma razão já mencio<strong>na</strong>da para D. bridgesii acredita-seque possa ocorrer um fluxo <strong>de</strong> indivíduos entre apopulação da região <strong>de</strong> Quaraí e as populações do Uruguai.Neste país, P. lophotes e D. bridgesii também temsido registrados fora das formações <strong>de</strong> Parque Espinilho(Aspiroz 2001, Rocha 2005).Asthenes pyrrholeuca: Em 9 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2005, <strong>na</strong> área A,Cristiano E. Roved<strong>de</strong>r e MR observaram, por cerca <strong>de</strong> 30minutos, um par <strong>de</strong>ste fur<strong>na</strong>rí<strong>de</strong>o numa parcela restrita<strong>de</strong> campo com capinzal (c. 1,20 m <strong>de</strong> altura), <strong>de</strong>nsamentepovoado com espinilhos. Os indivíduos vocalizavam sozinhos<strong>ou</strong> em dueto. Mostravam-se bastante arredios e semprese <strong>de</strong>slocavam <strong>de</strong> um espinilho a <strong>ou</strong>tro, por vezes atr<strong>aves</strong>sandoespaços <strong>de</strong> campo aberto. Chamava a atenção omovimento oscilatório vertical da cauda durante o vôo.A cauda mostrava-se um tanto comprida em relação aocorpo e apresentava as retrizes centrais anegradas, contrastandocom o marrom das retrizes exter<strong>na</strong>s; ventre begeacinzentadoe dorso pardo com asas algo mais ferrugíneas;faixa superciliar esbranquiçada p<strong>ou</strong>co conspícua, peque<strong>na</strong>mancha marrom-alaranjada <strong>na</strong> garganta e bico afilado. Asvocalizações emitidas, embora não gravadas, coincidiramcom a gravação apresentada por Straneck (1990) para aespécie. O único registro <strong>de</strong>ssa espécie no Brasil foi parao mês <strong>de</strong> maio, num banhado próximo à <strong>de</strong>sembocadurado arroio Guarapuitam no rio Uruguai, município <strong>de</strong>Uruguaia<strong>na</strong>, extremo oeste do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (Benckeet al. 2002). Por falta <strong>de</strong> evi<strong>de</strong>ncia documental a espéciese encontra <strong>na</strong> lista secundária das <strong>aves</strong> do Brasil (CBRO2006). Asthenes pyrrholeuca é uma espécie com populaçõesmigratórias conhecidas (Gore e Gepp 1978, Fjeldsåe Krabbe 1990, Rydgely e Tudor 1994, Hayes et al. 1994,<strong>de</strong> la Peña e Rumboll 1998, Di Giacomo 2005) e a existência<strong>de</strong> dois <strong>registros</strong> para o mês <strong>de</strong> maio, em anos diferentes,sugere que a espécie possa ocorrer no extremosul do Brasil em trânsito rumo a áreas mais setentrio<strong>na</strong>is,durante a migração austral. Porém, consi<strong>de</strong>rando o estremooeste gaúcho como parte setentrio<strong>na</strong>l da área <strong>de</strong> distribuição<strong>de</strong> A. pyrrholeuca existe também a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> a espécie inver<strong>na</strong>r no estado. A espécie foi mencio<strong>na</strong>dapor Ridgely e Tudor (1994) como <strong>de</strong> provável ocorrênciano sul do Brasil e conta com <strong>registros</strong> em <strong>de</strong>partamentospróximos à fronteira do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, no Uruguai e<strong>na</strong> Argenti<strong>na</strong> (Bencke et al. 2002).Asthenes baeri (RS: VU; BR: VU): Dois pares foram observadosem 13 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2006 e em 28 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong>Revista Brasileira <strong>de</strong> Ornitologia, 16(1), 2008

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!