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(CON) TEXTOS DE FRONTEIRAS - XI Congresso Luso Afro ...

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ealizado pelos setores pobres e visto de maneira legítima pelas populações locais. Ocontrabando de sobrevivência econômica é, algumas vezes, interpretado como umaprática de resistência das populações camponesas raianas (GODINHO, 2009).Acredito que outros tipos de contrabando realizados na fronteira, bem com aaproximação entre contrabando e outras teorias de fronteira podem ser mais bemestudados e problematizados por meio de novas pesquisas dos cientistas sociais. Talveza própria relação entre contrabando e mentalidade capitalista possa ser um campoimportante de exploração de novas pesquisas. Não que o contrabando possa aqui servisto como um motor material de produção de mentalidade capitalista, mas de pensaresta fronteira do contrabando como um lugar onde se produz, nos camponeses que opraticam, novos valores que podem modificar a tradição da sobrevivência e alimentarpráticas e valores capitalistas, capaz de promover acúmulo de riquezas e demonetarização de alguns dos camponeses contrabandistas e outros atravessadores dosnegócios “ilegais”. Dessa maneira, algumas formas de contrabando funcionariam tantocomo estratégias familiares e individuais de ascensão social, como também comoválvulas de escape que evitaria a explosão de novos conflitos sociais no campo nasregiões de profundas desiguais sociais e de uma ampla população de jornaleiros.Mas os estudos realizados nessa fronteira não se resumem a história e memóriadas práticas de contrabando em contextos históricos e geográficos específicos, hátambém as novas pesquisas que discutem os processos atuais de visibilidade epatrimonialização do contrabando. Os novos estudos abrem uma perspectiva bastantepromissora para entender os atuais processos de integração e as novas estratégias doecoturismo no campo, especialmente nas regiões de baixo desenvolvimento econômicoe de poucos atrativos históricos e naturais. Dessa forma, como analisa Silva (2009),começa a ser gestado um conjunto de estratégias em que o contrabando, de atividadeilegal e oculta no passado, transforma-se em um patrimônio visível e divulgado pelopróprio poder público nesses lugares. Assim passam a ser construídos museus docontrabando com reconstruções de rotas do contrabando e com gravações de como seriauma travessia clandestina pelas fronteiras do tempo passado.Considero significativo toda esta coletânea de estudos recentes sobre ocontrabando do passado em uma fronteira em que a prática não faz mais sentido e que4

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