quem propôs o texto. A Câmara dos Deputados <strong>da</strong> Argentina já havia <strong>da</strong>doparecer favorável à polêmica lei.A advoga<strong>da</strong> Maria Berenice Dias, fun<strong>da</strong>dora e vice-presi<strong>de</strong>nte nacional do InstitutoBrasileiro <strong>de</strong> Direito <strong>de</strong> Família, <strong>com</strong>emorou a <strong>de</strong>cisão argentina.É um belo exemplo para o Brasil, temos uma proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> gran<strong>de</strong>, há o mesmopeso religioso, e a aprovação vai fazer o nosso legislador pensar no assunto. Ocasamento homossexual ain<strong>da</strong> não existe <strong>por</strong>que ain<strong>da</strong>, em parte, o nossoLegislativo é um pouco covar<strong>de</strong>.A gran<strong>de</strong> pressão acaba acontecendo no Po<strong>de</strong>r Judiciário, <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> MariaBerenice, que recebeu do presi<strong>de</strong>nte Luiz Inácio Lula <strong>da</strong> Silva o troféu do PrêmioDireitos Humanos 2009, na categoria Garantia dos Direitos <strong>da</strong> População LGBT.As pessoas recorrem ao Judiciário, e o juiz, <strong>com</strong>o não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> julgar,acaba <strong>da</strong>ndo uma resposta, que é ca<strong>da</strong> vez mais positiva. O Executivo vem atémesmo adotando algumas <strong>de</strong>cisões primeiro coloca<strong>da</strong>s pelo Judiciário.http://noticias.r7.<strong>com</strong>/internacional/noticias/casamento-gay-na-argentinapressiona-o-brasil-20100715.htmlTexto 2Após 14 horas <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates, Argentina aprova casamento entrepessoas do mesmo sexoNação transforma-se no décimo país do mundo a contar <strong>com</strong> o casamentohomossexual e o primeiro na América Latina15 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2010 | 4h 08Ariel PalaciosBUENOS AIRES – Na madruga<strong>da</strong> <strong>de</strong>sta quinta-feira, 15, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 14 horas <strong>de</strong><strong>de</strong>bates intensos, o Senado argentino aprovou o projeto <strong>de</strong> lei que permite ocasamento entre pessoas do mesmo sexo. Do total <strong>de</strong> senadores presentes, 33votaram a favor. Outros 27 senadores votaram contra. Três parlamentaresabstiveram-se.
Desta forma, a Argentina tornou-se o primeiro país <strong>da</strong> América Latina a contar<strong>com</strong> o casamento homossexual e o segundo em todo o continente americano (naAmérica do Norte, o Canadá conta <strong>com</strong> legislação similar).A votação <strong>de</strong>sta madruga<strong>da</strong> também torna a Argentina no décimo país em todo omundo a oficializar o casamento homossexual (já existe na Holan<strong>da</strong>, Bélgica,Noruega, Suécia, Islândia, Portugal, Espanha, África do Sul e Canadá).O projeto causou profun<strong>da</strong>s divisões nas fileiras do próprio governo <strong>da</strong> presi<strong>de</strong>nteCristina Kirchner, que respaldou a i<strong>de</strong>ia, originalmente apresenta<strong>da</strong> pelo PartidoSocialista. Além disso, o casamento homossexual também gerou divisões <strong>de</strong>ntrodos diversos partidos <strong>da</strong> oposição. Diversos senadores governistas votaramcontra o projeto, enquanto que muitos parlamentares <strong>da</strong> oposição respal<strong>da</strong>ram alei <strong>de</strong> casamento homossexual.‘Guerra <strong>de</strong> Deus’A cúpula <strong>da</strong> Igreja Católica posicionou-se contra o casamento entre pessoas domesmo sexo <strong>de</strong> forma categórica. Nas últimas semanas, o primaz <strong>da</strong> Argentina,car<strong>de</strong>al Jorge Bergoglio, havia convocado uma campanha contra o casamentohomossexual. O car<strong>de</strong>al <strong>de</strong>finiu sua batalha contra o projeto <strong>de</strong> lei <strong>com</strong>o uma“Guerra <strong>de</strong> Deus” (Bergoglio foi um “papável” que no último conclave no Vaticanoficou em segundo lugar na votação para escolher o novo Sumo Pontífice, ficandoatrás <strong>de</strong> Joseph Ratzinger, que foi eleito papa).O bispo <strong>de</strong> Río Cuarto, monsenhor Eduardo Martín, sustentou que oshomossexuais colocam em risco o “futuro <strong>da</strong> pátria”.No entanto, diversos padres em <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> paróquias do país respal<strong>da</strong>ram ainiciativa, indo na contra-mão <strong>da</strong> alta hierarquia. O projeto <strong>de</strong> lei também provocoudivergências entre pastores <strong>de</strong> igrejas evangélicas e entre rabinos <strong>da</strong> <strong>com</strong>uni<strong>da</strong><strong>de</strong>ju<strong>da</strong>ica.O <strong>de</strong>bate sobre o casamento entre homossexuais gerou a maior discussão nasocie<strong>da</strong><strong>de</strong> argentina <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a votação <strong>da</strong> lei do divórcio em 1987.<strong>Uma</strong> pesquisa divulga<strong>da</strong> ontem, elabora<strong>da</strong> pela consultoria Ipsos Mora y Araujoindicou que 54% dos argentinos estão a favor <strong>da</strong> legalização do casamento entrepessoas do mesmo sexo. Outros 44% estavam contra, enquanto que 2% nãocontavam <strong>com</strong> opinião forma<strong>da</strong> sobre o assunto.MichelangeloDo lado <strong>de</strong> fora do edifício do Congresso Nacional milhares <strong>de</strong> pessoas,vincula<strong>da</strong>s a movimentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa dos direitos humanos e <strong>de</strong> minorias sexuais,celebraram o resultado <strong>da</strong> votação.