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Anabela Francisca do Nascimento Cunha - XI Congresso Luso Afro ...

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trabalho empregan<strong>do</strong>-os em actividades que pudessem ser economicamente rentáveispara a colónia de Angola. Até mesmo aos degreda<strong>do</strong>s considera<strong>do</strong>s incorrigíveis eramatribuídas funções que a partida deveriam ser desempenhadas por indivíduos livres econsidera<strong>do</strong>s honestos. Em princípio, parece que a expectativa das autoridades coloniaisface a utilização <strong>do</strong>s condena<strong>do</strong>s como força de trabalho, eram grandes se tivermos emconta aspectos como a sua proveniência social 13 , aos crimes que cometiam, suaenvergadura moral e o seu comportamento.Esperava-se que ao trabalharem nas colónias penais agrícolas os degreda<strong>do</strong>spudessem sustentar as suas famílias, trazidas de Portugal ou constituídas em Angola,produzin<strong>do</strong> os seus próprios alimentos, o que não se verificou na prática, uma vez queos degreda<strong>do</strong>s das colónias penais demonstraram ter aversão pelo trabalho agrícola.Essa aversão explica-se talvez pelo facto de muitos degreda<strong>do</strong>s nunca terem trabalha<strong>do</strong>na agricultura. Antes de serem degreda<strong>do</strong>s desempenhavam outras profissões que poucoou nada tinham a ver com a agricultura: jornaleiro, sapateiro, alfaiate, pastor, pedreiro,lavra<strong>do</strong>r, jornalista, entre outras (<strong>Cunha</strong>, 2000, p. 102-105). Um outro motivo que terásuscita<strong>do</strong> a aversão <strong>do</strong>s degreda<strong>do</strong>s face a agricultura é que por ser uma actividade quenão proporcionava lucros imediatos. Uma outra explicação para essa aversão tem a vercom o facto de o trabalho agrícola requerer grande esforço físico e muitos degreda<strong>do</strong>s seencontrarem fisicamente debilita<strong>do</strong>s, devi<strong>do</strong> a <strong>do</strong>enças contraídas em Angola e atémesmo em Portugal antes <strong>do</strong> degre<strong>do</strong>. As condições de vida <strong>do</strong>s degreda<strong>do</strong>s poucocontribuía para a sua saúde, pois passavam por privações que veremos adiante 14 .À semelhança das colónias penais agrícolas, nas colónias penais militarestambém verificava-se por parte de degreda<strong>do</strong>s, uma aversão ao trabalho militar. Nestascolónias a situação que se vivia era mais complexa uma vez que aos degreda<strong>do</strong>s sãoatribuí<strong>do</strong>s crimes bárbaros contra os africanos, uma vez que para o cumprimento dafunção de solda<strong>do</strong>s eram-lhes distribuídas armas. Na posse dessas armas algunsdegreda<strong>do</strong>s fugiam para o mato onde cometiam actos criminosos. Os solda<strong>do</strong>sdegreda<strong>do</strong>s estavam implica<strong>do</strong>s em caso de extorsões cometidas sobre os africanos emuitas vezes aban<strong>do</strong>navam o exército comprometen<strong>do</strong> as expedições para o interior(Telles, 1903).13 Sobre a origem social <strong>do</strong>s degreda<strong>do</strong>s ver Relvas, 2002; <strong>Cunha</strong>, 200414 Sobre as <strong>do</strong>enças contraídas por degreda<strong>do</strong>s e europeus considera<strong>do</strong>s livres ver Bender, 1980; <strong>Cunha</strong>,2004

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