Doppler - Ecocardiografia na Hipertensão Arterial sistêmica
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56miocárdio, a contração atrial, a restriçãopericárdica, a interação ventriculare o efeito erétil das coronárias 30 .Adicio<strong>na</strong>lmente, os fatores que interferem<strong>na</strong> diástole são sensíveis àssobrecargas impostas ao coraçãodurante o ciclo cardíaco e à contratilidadeventricular 31 .A existência de tantos fatores determi<strong>na</strong>ntesdo enchimento ventricularcertamente representa um obstáculoimportante à avaliação qualitativa equantitativa da função diastólica, quetem sido concentrada em estudosinvasivos que a<strong>na</strong>lisam as relaçõespressão–volume <strong>na</strong> diástole. Destesestudos emergiram índices queprocuram avaliar o relaxamento ventricular,como a constante de tempodo decaimento da pressão ventricularisovolumétrica (tau) 32 , o tempo derelaxamento isovolumétrico e o valorpico da primeira derivada negativada pressão ventricular (-dp/dt); ou acomplacência ventricular, que podeser estimada pela pressão–volumeexpressa como a dv/dp ou o módulode rigidez da câmara 33 . Entretanto,nenhum dos índices desenvolvidosmediante abordagens invasivas demonstrouser isento de limitaçõessignificativas 28 . Estas limitações incluemnão ape<strong>na</strong>s as dificuldadestécnicas para sua obtenção, mas tambéma incapacidade de discrimi<strong>na</strong>rconsistentemente grupos específicosde pacientes com disfunção diastólica34 .O crescente interesse <strong>na</strong> avaliaçãoclínica das propriedades diastólicasdo ventrículo esquerdo, observado durantea última década, estimulou abusca por métodos não-invasivos deinvestigação do desempenho diastólico.Estas técnicas têm como baseuma análise da variação volumétricado enchimento ventricular e incluem:a ecocardiografia modo-M digitizada35 , a angiocardiografia radioisotópica36 , a ressonância magnética, acine TC 37 e a <strong>Doppler</strong>-ecocardiografiaatravés do <strong>Doppler</strong> pulsátil, modoM colorido e <strong>Doppler</strong> tecidual. Todaselas têm em comum a importantelimitação de considerar ape<strong>na</strong>s, <strong>na</strong>avaliação da função diastólica, avariação de volume em função dotempo, sem levar em conta as modificaçõessimultâneas da pressãoventricular. Outra técnica utilizadamais recentemente é a caracterizaçãoultra-sônica tecidual, que tem mostradocapacidade de identificar mudançasprecoces no padrão de colágenodo miocárdio em hipertensos comdisfunção diastólica 11 .A partir do relato inicial em quea técnica de <strong>Doppler</strong>-ecocardiografiapulsátil foi utilizada paracaracterizar o enchimento ventricular38 , acumulou-se um conjuntobastante amplo de observaçõesclínicas e experimentais que consolidaramum papel de destaque paraeste método <strong>na</strong> avaliação da funçãodiastólica. Seu valor está relacio<strong>na</strong>doà capacidade de medir diretamentea velocidade do fluxo sanguíneo,de modo simples, rápido epodendo ser repetido sucessivamente,além de apresentar umaexcelente resolução temporal.O enchimento ventricular esquerdoatravés da valva mitral pode serdocumentado pela <strong>Doppler</strong>-ecocardiografiapulsátil com a amostra devolume posicio<strong>na</strong>da no anel valvarou <strong>na</strong> extremidade dos folhetos valvares,a partir de um transdutor emposição apical. O fluxo transvalvar secaracteriza por uma fase inicial deenchimento rápido, em que a velocidadeaumenta até um valor pico (E),seguida por uma deceleração do fluxoanterógrado em direção à linha debase e um período de baixa velocidade(diástase), observando-se, posteriormente,uma nova aceleração (valorpico: A) e deceleração produzidaspela contração atrial. Um conjunto demedidas padronizadas pode serderivado desses registros de velocidades,incluindo: as velocidadespico E e A durante, respectivamente,o enchimento rápido e tardio do ventrículoesquerdo e os correspondentesvalores de integral no tempo (Ei eAi); as relações E/A e Ei/Ai; e avelocidade de deceleração, que é expressacomo o tempo a partir davelocidade pico no enchimento inicialaté a linha de base. Este padrãode enchimento ventricular esquerdoparece depender fundamentalmentedo gradiente de pressão transvalvarmitral 39 .No entanto, quando estes índicesde enchimento ventricular documentadospela técnica de <strong>Doppler</strong> pulsátilforam cotejados com aqueles obtidospor técnicas invasivas de avaliaçãodo relaxamento e da complacênciaventricular, que envolvem abordagemde pressão e volume ventricular, nãose obteve uma boa correlação 40 . Talconstatação deve ser dependente, emparte, do fato de a <strong>Doppler</strong>-ecocardiografialevar em conta ape<strong>na</strong>s avariação volumétrica, mas não se podedesconsiderar que os métodos invasivostambém apresentam imprecisões 41 .Além disso, a análise volumétrica dofluxo cardíaco pela <strong>Doppler</strong>-ecocardiografiapulsátil padece de limitaçõesrelacio<strong>na</strong>das à variação da área doanel valvar mitral durante a diástole,da ordem de 10% a 35%, e ao movimentolongitudi<strong>na</strong>l do anel valvardurante a diástole 39 , indicando que oregistro de velocidade através da valvamitral pode não refletir, com precisão,a variação instantânea de volumesanguíneo.Não obstante essas limitações, atécnica de <strong>Doppler</strong> pulsátil tem permitidodetectar anormalidades doenchimento diastólico em um conjuntovariado de condições clínicas,incluindo: a doença isquêmica do coração,valvopatias, hipertensão arterialsistêmica, pericardiopatias, miocardiopatiadilatada e hipertrófica 41 .Inclusive, a análise do padrão deAlmeida Filho OC, Maciel BCRev Bras Hipertens vol 10(1): janeiro/março de 2003