O aparelho gastrintestinal parecia totalmente ensopado em aguardente, porqüanto essasubstância invadia todos os escaninhos do estômago e, começando a fazer-se sentir nasparedes do esôfago, manifestava a sua influência até no bolo fecal. Espantava-me o fígadoenorme. Pequeninas figuras horripilantes postavam-se, vorazes, ao longo <strong>da</strong> veia porta,lutando desespera<strong>da</strong>mente com os elementos sanguíneos mais novos. To<strong>da</strong> a estrutura doórgão se mantinha altera<strong>da</strong>. Terrível ingurgitamento. Os lóbulos cilíndricos, modificados,abrigavam células doentes e empobreci<strong>da</strong>s. O baço apresentava anomalias estranhas.- Os alcoólicos - esclareceu Alexandre, com grave entonação - aniquilavam-novagarosamente. Você está examinando as anormali<strong>da</strong>des menores. Este companheiropermanece completamente desviado em seus centros de equilíbrio vital. Todo o sistemaendocrínico foi atingido pela atuação tóxica. Inutilmente trabalha a medula para melhorar osvalores <strong>da</strong> circulação. Em vão, esforçam-se os centros genitais para ordenar as funções quelhes são peculiares, porque o álcool excessivo determina modificações deprimentes sobre aprópria cromatina. Debalde trabalham os rins na excreção dos elementos corrosivos, porquea ação perniciosa <strong>da</strong> substância em estudo anula diariamente grande número de nefrons. Opâncreas, viciado, não atende com exatidão ao serviço de desintegração dos alimentos.Larvas destruidoras exterminam as células hepáticas. Profun<strong>da</strong>s alterações modificam-lhe asdisposições do sistema nervoso vegetativo e, não fossem as glândulas sudoríparas, tornarse-lhe-iatalvez impossível à continuação <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> física.Não conseguia dissimular minha admiração. Alexandre indicava os pontos enfermiços eesclarecia os assuntos com sabedoria e simplici<strong>da</strong>de tão grandes que não pude ocultar oassombro que se apoderara de mim.O instrutor colocou-me, em segui<strong>da</strong>, ao lado de uma <strong>da</strong>ma simpática e idosa. Apósexaminá-la, atencioso, acrescentou:- Repare nesta nossa irmã. É candi<strong>da</strong>ta ao desenvolvimento <strong>da</strong> mediuni<strong>da</strong>de deincorporação. Fraquíssima luz emanava de sua organização mental e, desde o primeiroinstante, notara-lhe as deformações físicas. O estômago dilatara-se-lhe horrivelmente e osintestinos pareciam sofrer estranhas alterações. O fígado, consideravelmente aumentado,demonstrava indefinível agitação. Desde o duodeno ao sigmóide, notavam-se anomalias devulto. Guar<strong>da</strong>va a idéia de presenciar, não o trabalho de um aparelho digestivo usual, e, sim,de vasto alambique, cheio de pastas de carne e caldos gordurosos, cheirando a vinagre decondimentação ativa. Em grande zona do ventre superlotado de alimentação, viam-se muitosparasitos conhecidos, mas, além deles, divisava outros corpúsculos semelhantes a lesmasvoracíssimas, que se agrupavam em grandes colônias, desde os músculos e as fibras doestômago até a válvula ileocecal. Semelhantes parasitos atacavam os sucos nutritivos, comassombroso potencial de destruição.Observando-me a estranheza, o orientador falou em meu socorro:- Temos aqui uma pobre amiga desvia<strong>da</strong> nos excessos de alimentação. To<strong>da</strong>s as suasglândulas e centros nervosos trabalham para atender as exigências do sistema digestivo.Descui<strong>da</strong><strong>da</strong> de si mesma, caiu na glutonaria crassa, tornando-se presa de seres de baixacondição.E porque me conservasse em silêncio, incapacitado de argumentar, ante ensinamentos tãonovos, o instrutor considerou:
- Perante estes quadros, pode você avaliar a extensão <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong>des educativas naesfera <strong>da</strong> Crosta. A mente encarna<strong>da</strong> engalanou-se com os valores intelectuais e fez o culto<strong>da</strong> razão pura, esquecendo-se de que a razão humana precisa de luz divina. O homemcomum percebe muito pouco e sente muito menos. Ante a eclosão de conhecimentos novos,em face <strong>da</strong> on<strong>da</strong> regeneradora do Espiritualismo que banha as nações mais cultas <strong>da</strong> Terraangustia<strong>da</strong>s por longos sofrimentos coletivos, necessitamos acionar as melhorespossibili<strong>da</strong>des de colaboração, para que os companheiros terrestres valorizem as suasoportuni<strong>da</strong>des benditas de serviço e redenção.Compreendi que Alexandre se referia, vela<strong>da</strong>mente, ao grande movimento espiritista, emvirtude de nos encontrarmos nas tarefas de uma casa doutrinária, e não me enganava,porque o bondoso mentor continuou a dizer, gravemente:- O Espiritismo cristão é a revivescência do Evangelho de Nosso Senhor Jesus-Cristo, e amediuni<strong>da</strong>de constitui um de seus fun<strong>da</strong>mentos vivos. A mediuni<strong>da</strong>de, porém, não éexclusiva dos chamados «médiuns». To<strong>da</strong>s as criaturas a possuem, porqüanto significapercepção espiritual, que deve ser incentiva<strong>da</strong> em nós mesmos. Não bastará, entretanto,perceber. É imprescindível santificar essa facul<strong>da</strong>de, convertendo-a no ministério ativo dobem. A maioria dos candi<strong>da</strong>tos ao desenvolvimento dessa natureza, contudo, não se dispõeaos serviços preliminares de limpeza do vaso receptivo. Dividem, inexoravelmente, a matériae o espírito, localizando-os em campos opostos, quando nós, estu<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong> Ver<strong>da</strong>de, ain<strong>da</strong>não conseguimos identificar rigorosamente as fronteiras entre uma e outro, integrados nacerteza de que to<strong>da</strong> a organização universal se baseia em vibrações puras. Inegavelmente,meu amigo - e sorriu -, não desejamos transformar o mundo em cemitério de tristeza edesolação. Atender a santifica<strong>da</strong> missão do sexo, no seu plano respeitável, usar um aperitivocomum, fazer a boa refeição, de modo algum significa desvios espirituais; no entanto, osexcessos representam desperdícios lamentáveis de força, os quais retêm a alma nos círculosinferiores. Ora, para os que se trancafiam nos cárceres de sombra, não é fácil desenvolverpercepções avança<strong>da</strong>s. Não se pode cogitar de mediuni<strong>da</strong>de construtiva, sem o equilíbrioconstrutivo dos aprendizes, na sublime ciência do bem-viver.- Oh! - exclamei - e por que motivo não dizer tudo isto aos nossos irmãos congregadosaqui? Porque não adverti-los austeramente?Alexandre sorriu, benévolo, e acentuou:- Não, André. Tenhamos calma. Estamos no serviço de evolução e adestramento. Nossosamigos não são rebeldes ou maus, em sentido voluntário. Estão espiritualmentedesorientados e enfermos. Não podem transformar-se, dum momento para outro. Competenos,portanto, ajudá-los no caminho educativo.O orientador deixou de sorrir e acrescentou:- É ver<strong>da</strong>de que sonham edificar maravilhosos castelos, sem base; alcançar imensasdescobertas exteriores, sem estu<strong>da</strong>rem a si próprios; mas, gra<strong>da</strong>tivamente, compreenderãoque mediuni<strong>da</strong>de eleva<strong>da</strong> ou percepção edificante não constituem ativi<strong>da</strong>des mecânicas <strong>da</strong>personali<strong>da</strong>de e sim conquistas do Espírito, para cuja consecução não se pode prescindir <strong>da</strong>siniciações dolorosas, dos trabalhos necessários, com a auto-educação sistemática eperseverante. Excetuando-se, porém, essas ilusões infantis, são boas companheiras de luta,aos quais estimamos carinhosamente, não só como nossos irmãos mais jovens, mas tambémpor serem credores de reconhecimento pela cooperação que nos prestam, muitas vezes
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