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Minério de Ferro e Pelotas, por José Murilo Mourão, 2129KB ... - ABM

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Panorama do Setor Si<strong>de</strong>rúrgico0


Estudo Prospectivodo Setor Si<strong>de</strong>rúrgicoNT <strong>Minério</strong> <strong>de</strong> <strong>Ferro</strong> e <strong>Pelotas</strong>Situação Atual e Tendências 2025<strong>José</strong> <strong>Murilo</strong> <strong>Mourão</strong>1


Centro <strong>de</strong> Gestão e Estudos EstratégicosPresi<strong>de</strong>ntaLucia Carvalho Pinto <strong>de</strong> MeloDiretor ExecutivoMarcio <strong>de</strong> Miranda SantosDiretoresAntonio Carlos Figueira GalvãoFernando Cosme Rizzo AssunçãoProjeto GráficoEquipe Design CGEEEstudo Prospectivo do Setor Si<strong>de</strong>rúrgico: 2008. Brasília: Centro <strong>de</strong> Gestão eEstudos Estudo Estratégicos, Prospectivo 2008 para Energia Fotovoltaica: 2008. Brasília: Centro <strong>de</strong> Gestão e Estudos50 Estratégicos, p : il. Ano200 p : il. ; 21 cm.1. <strong>Minério</strong> <strong>de</strong> <strong>Ferro</strong> – Brasil. 2. <strong>Pelotas</strong> – Brasil. I. Centro <strong>de</strong> Gestão e1.EstudosEnergiaEstratégicos.– Brasil. 2. EnergiaII. Título.Solar - Brasil. I. Título. II. Centro <strong>de</strong> Gestão eEstudos Estratégicos.Centro <strong>de</strong> Gestão e Estudos EstratégicosSCN Qd 2, Bl. A, Ed. Cor<strong>por</strong>ate Financial Center sala 110270712-900, Brasília, DFTelefone: (61) 3424.9600Http://www.cgee.org.brEste documento é parte integrante do Estudo Prospectivo do Setor Si<strong>de</strong>rúrgico com amparo na Ação 51.4 (TecnologiasCríticas em Setores Econômicos Estratégicos) e Subação 51.4.1 (Tecnologias Críticas em Setores EconômicosEstratégicos) pelo Contrato <strong>de</strong> Gestão do CGEE/MCT/2008.Todos os direitos reservados pelo Centro <strong>de</strong> Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE). Os textos contidos nesta publicaçãopo<strong>de</strong>rão ser reproduzidos, armazenados ou transmitidos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que citada a fonte.2


Estudo Prospectivo doSetor Si<strong>de</strong>rúrgicoSupervisãoFernando Cosme Rizzo Assunção, Diretor CGEEHoracídio Leal Barbosa Filho, SupervisorEquipe, CGEEElyas Ferreira <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros, Coor<strong>de</strong>nadorBernardo Godoy <strong>de</strong> Castro, AssistenteConsultor, CGEEMarcelo Matos, De Matos ConsultoriaEquipe, <strong>ABM</strong>Gilberto Luz Pereira, Coor<strong>de</strong>nadorAna Cristina <strong>de</strong> Assis, AssistenteComitê <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação do EstudoABDI, <strong>ABM</strong>, Aços Villares, Arcelor MittalBNDESCGEE, CSNFINEP, GerdauIBRAM, IBSMDIC, MMESamarcoUsiminasValourec-Mannesmann, Villares Metals, VotorantimComitê Executivo do EstudoElyas Ferreira <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros, CGEEGilberto Luz Pereira, <strong>ABM</strong>Horacídio Leal Barbosa Filho, <strong>ABM</strong>Lélio Fellows Filho, CGEERevisãoElyas Ferreira <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>irosMaria Beatriz MangasEn<strong>de</strong>reçosCENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS (CGEE)SCN Quadra 2, Bloco A - Edifício Cor<strong>por</strong>ate Financial Center, Salas 1102/110370712-900 - Brasília, DFTel.: (61) 3424.9600 / 3424.9636 Fax: (61) 3424.9671E-mail: elyasme<strong>de</strong>iros@cgee.org.brURL: http://www.cgee.org.brASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE METALURGIA E MATERIAIS (<strong>ABM</strong>)Rua Antonio Comparato, 218 – Campo Belo04605-030 – São Paulo, SPTel.: (11) 5534-4333 Fax: (11) 5534-4330E-mail: gilberto@abmbrasil.com.brURL: http://www.abmbrasil.com.br3


SUMÁRIOResumo Executivo 5Conclusão 8Capítulo 1 A mineração <strong>de</strong> ferro e a si<strong>de</strong>rurgia 9Capítulo 2 As reservas <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro 13Capítulo 3 Aspectos da produção <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro e pelotas 22Capítulo 4 Mercado <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro e pelotas – perspectivas 28(4.1) Ambiente macroeconômico 28(4.2) Os preços do minério <strong>de</strong> ferro e pelotas 32(4.3) Os mercados interno e transoceânico 38(4.3.1) O mercado interno 38(4.3.2) O mercado transoceânico (seaborne tra<strong>de</strong>) 41Glossário 46Referências bibliográficas 484


RESUMO EXECUTIVODe tudo o que foi exposto nesta nota técnica, os seguintes pontos merecem<strong>de</strong>staque:MINÉRIO DE FERRO NÃO É COMMODITYAs proprieda<strong>de</strong>s dos minérios <strong>de</strong> ferro <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> sua gênese. Diferentesminérios têm i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s distintas e performances variadas nos processos mínerosi<strong>de</strong>rúrgicos.Portanto, <strong>de</strong>vem ser valorados em função do benefício advindo <strong>de</strong> seuuso. A Geometalurgia tem uma im<strong>por</strong>tante contribuição a dar na mensuração dovalor <strong>de</strong> uso (“value in use”) dos minérios <strong>de</strong> ferro e pelotas.AS RESERVAS DE MINÉRIO DE FERRO SERÃO EXTINTAS EM 20 ANOSCom a gran<strong>de</strong> expansão da produção <strong>de</strong> aço na China, e consequentemente<strong>de</strong>manda <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro, o nível <strong>de</strong> produção dos principais paísesex<strong>por</strong>tadores — Brasil e Austrália, principalmente — cresceu em ritmo muitogran<strong>de</strong>, <strong>de</strong> forma a estabilizar o mercado. As reservas conhecidas e <strong>de</strong>claradasnesses países, e as caracterizadas como medida + indicada, são suficientes parasu<strong>por</strong>tar as operações <strong>de</strong> produção, no horizonte dos próximos 20 anos. Portanto, éim<strong>por</strong>tante intensificar investimentos em pesquisas geológicas, visando à melhorcaracterização <strong>de</strong> outros recursos minerais <strong>de</strong> ferro existentes. Muitos projetos, emestágio <strong>de</strong> avaliação técnico-econômica, têm sofrido consi<strong>de</strong>ráveis atrasos, emvirtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>mora nessas pesquisas.HAVERÁ ESCASSEZ DE MINÉRIO GRANULADO NO MERCADOCom a extinção das reservas <strong>de</strong> hematita do quadrilátero ferrífero, a produção <strong>de</strong>granulado estará sendo diminuída, paulatinamente, até a sua quase extinção, napróxima década. Os minérios lavrados terão mais e mais parcelas <strong>de</strong> itabiritos, oque aumentará custos e a geração <strong>de</strong> finos tipo sinter feed e pellet feed. Nesteparticular, há recursos minerais sendo viabilizados, para a produção <strong>de</strong> 100% <strong>de</strong>concentrados muito finos, tipo pellet feed. Também na Austrália, os minériosgranulados vão se <strong>de</strong>teriorando, seja em volume, seja em qualida<strong>de</strong>.A PELOTIZAÇÃO COMO CAMINHO PARA A MINERAÇÃO E SIDERURGIAA pelotização <strong>de</strong> minérios <strong>de</strong> ferro volta com bastante ênfase, no presentemomento, para cobrir <strong>de</strong>mandas que os minérios in natura não po<strong>de</strong>m su<strong>por</strong>tar. A<strong>de</strong>gradação dos granulados abrirá espaços para as pelotas na carga dos altos5


fornos. As restrições ambientais à expansão da sinterização, já em andamento nospaíses <strong>de</strong>senvolvidos, também po<strong>de</strong>rá induzir ao maior consumo <strong>de</strong> pelotas. Ocrescimento da redução direta <strong>de</strong>mandará gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pelotas paraessa aplicação específica. Mais ainda, com a crescente geração <strong>de</strong> “pellet feed”, apelotização consolidar-se-á como a tecnologia mais a<strong>de</strong>quada para tratamento<strong>de</strong>sse material superfino.PREÇO DO MINÉRIO DE FERRO LEVA SIDERÚRGICAS À MINERAÇÃOA gran<strong>de</strong> escalada dos preços <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro no mercado tem causadopreocupação <strong>de</strong> governos e do setor <strong>de</strong> si<strong>de</strong>rurgia. Assim como outros recursosnaturais que, em função do crescimento <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado da <strong>de</strong>manda (carvão,petróleo, etc.), tiveram seus preços aviltados nos últimos anos, o minério <strong>de</strong> ferroacompanhou a tendência <strong>de</strong> alta. O aumento <strong>de</strong> preço tem, <strong>por</strong> outro lado,viabilizado muitos recursos minerais <strong>de</strong> ferro, até há pouco tempo inimagináveis,economicamente. Isso colocará novos produtores nos mercados nacional e mundial,o que aumentará a competição e melhorará o equilíbrio da oferta-<strong>de</strong>manda. Muitassi<strong>de</strong>rúrgicas têm se voltado para a mineração <strong>de</strong> ferro, buscando auto-suprimento,pelo menos em parte <strong>de</strong> suas necessida<strong>de</strong>s. Nesse sentido, po<strong>de</strong>m ser citados osmovimentos da Arcelor-Mittal, JSM japonesas, Posco, Baosteel, etc. No Brasil, aGerdau-Açominas e, recentemente, a Usiminas, com a aquisição da J.Men<strong>de</strong>sMineração, investiu valor superior a US$ 1 bilhão. A questão mais im<strong>por</strong>tante<strong>de</strong>sses fatos é: sendo a mineração <strong>de</strong> ferro uma ativida<strong>de</strong> intensiva em capital, assi<strong>de</strong>rúrgicas não estariam <strong>de</strong>sviando recursos <strong>de</strong> seu “core business” e per<strong>de</strong>ndoo<strong>por</strong>tunida<strong>de</strong>s no mercado <strong>de</strong> aço que está em franco crescimento?SIDERURGIA BRASILEIRA: GARANTIA DO MELHOR MINÉRIO DE FERROA si<strong>de</strong>rurgia brasileira estará garantida quanto ao suprimento do melhor minério <strong>de</strong>ferro e pelotas, existentes no mercado mundial. Altos investimentos estão emexecução, tanto na mineração quanto na pelotização e logística, visando aoatendimento da expansão do setor si<strong>de</strong>rúrgico. Nesse particular, as si<strong>de</strong>rúrgicasBrasileiras po<strong>de</strong>rão tirar proveito dos benefícios dos minérios e pelotas nacionaispara a sua produtivida<strong>de</strong> e competitivida<strong>de</strong>.MINÉRIO DE FERRO: INVESTIMENTOS E LIDERANÇA BRASILEIRAOs investimentos previstos para a expansão da produção <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro noBrasil, cuja capacida<strong>de</strong> atingirá cerca <strong>de</strong> 632 milhões <strong>de</strong> toneladas <strong>por</strong> ano, em2012, garantirão a li<strong>de</strong>rança absoluta do Brasil no mercado mundial. Acompetitivida<strong>de</strong> da mineração brasileira estará favorecida pela melhor qualida<strong>de</strong> e6


pureza dos produtos. O crescimento dos tamanhos navios melhorará a participaçãoBrasileira, nos mercados mais distantes, em geral, e, em particular, na China.7


CONCLUSÃOA mineração <strong>de</strong> ferro Brasileira ocupa posição relevante no cenário mundial,li<strong>de</strong>rando os principais mercados, tanto em volume quanto em qualida<strong>de</strong>. Com osinvestimentos anunciados <strong>de</strong>verá consolidar essa condição, no longo prazo. Sendoativida<strong>de</strong> intensiva em capital, a escala e a qualida<strong>de</strong> das reservas minerais, assimcomo dos ativos <strong>de</strong> produção e logística, continuarão sendo fatores <strong>de</strong>terminantespara a competitivida<strong>de</strong> em nível global.A Geometalurgia e as pesquisas referentes ao valor <strong>de</strong> uso dos produtos minerais(“value in use”) po<strong>de</strong>rão dar su<strong>por</strong>te e elevar o nível das relações comerciais, hajavista que as <strong>de</strong>mandas <strong>por</strong> minério <strong>de</strong> ferro e pelotas <strong>de</strong>verão continuar crescendocom mais vigor na Ásia e, em especial, na China. Portanto, o Brasil encontra-se emposição geográfica <strong>de</strong>sfavorável, comparativamente aos maiores competidores nomercado transoceânico, como os produtores Australianos.A Si<strong>de</strong>rurgia Brasileira, em relação à mundial, estará sendo suprida com osminérios mais puros existentes no mercado, e po<strong>de</strong>rá tirar partido <strong>de</strong>ssa condiçãopara a sua produtivida<strong>de</strong> e competitivida<strong>de</strong>.8


Capítulo 1 – A MINERAÇÃO DE FERRO E A SIDERURGIAA mineração <strong>de</strong> ferro vem experimentando uma expansão vertiginosa nos últimosanos, fruto da gran<strong>de</strong> escalada <strong>de</strong> produção e consumo <strong>de</strong> aço nos países asiáticos,em geral, e, na China, em particular. O crescimento acelerado da riqueza nessaregião, expressa pelo produto interno bruto, leva ao maior consumo <strong>de</strong> aço, emvista <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s investimentos governamentais em infra-estrutura,<strong>de</strong>senvolvimento da indústria <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital, consumo <strong>de</strong> bens duráveis, etc.O minério <strong>de</strong> ferro é a matéria-prima básica da si<strong>de</strong>rurgia, respon<strong>de</strong>ndo pelasunida<strong>de</strong>s metálicas (Fe) <strong>de</strong> alimentação dos reatores <strong>de</strong> redução, como o alto fornoe os módulos <strong>de</strong> redução direta convencionais. Processado nessas instalações, ominério dá origem ao ferro primário (gusa ou DRI/HBI) que, tratado nas aciarias,converte-se em aço. É im<strong>por</strong>tante ressaltar que a sucata <strong>de</strong> ferro e aço tem,também, um im<strong>por</strong>tante papel na si<strong>de</strong>rurgia, haja vista sua utilização direta nosfornos elétricos a arco. No entanto, tem um peso muito menor que o minério <strong>de</strong>ferro, respon<strong>de</strong>ndo <strong>por</strong> cerca <strong>de</strong> 30% do suprimento <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ferro àsi<strong>de</strong>rurgia.Analisando-se a Figura 1 (1) po<strong>de</strong>-se visualizar a inter<strong>de</strong>pendência da mineração <strong>de</strong>ferro e da si<strong>de</strong>rurgia, em mais <strong>de</strong>talhes. Através das operações <strong>de</strong> lavra, faz-se aexplotação do minério da jazida, encaminhando-se o produto bruto, “run of mine”,para o tratamento ou mesmo beneficiamento. Aí, o material é submetido a umasérie <strong>de</strong> operações <strong>de</strong> fragmentação, classificação <strong>por</strong> tamanhos, concentração,<strong>de</strong>saguamento, etc., visando a a<strong>de</strong>quá-lo química, física e metalurgicamente aoatendimento das exigências dos processos si<strong>de</strong>rúrgicos. Um ponto muitoim<strong>por</strong>tante para caracterizar os produtos minerais que saem da usina <strong>de</strong>tratamento é o estado <strong>de</strong> tamanho das partículas minerais ou mesmo da suadistribuição granulométrica. Durante o <strong>de</strong>smonte, lavra, fragmentação e manuseio,muitos finos são gerados, os quais são ina<strong>de</strong>quados ao uso direto nos reatores <strong>de</strong>redução, sendo aglomerados previamente, <strong>por</strong> meio da sinterização ou pelotização.Genericamente, os produtos <strong>de</strong> minerais <strong>de</strong> ferro, em função do tamanho,po<strong>de</strong>riam ser classificados <strong>de</strong> acordo com a <strong>de</strong>scrição contida no Quadro 1.9


Figura 1 – A Mineração <strong>de</strong> ferro e a Si<strong>de</strong>rurgia ( 1 )Quadro 1 - Classificação dos produtos <strong>de</strong> minérios <strong>de</strong> ferroPRODUTOFAIXA DE TAMANHO(mm)APLICAÇÃO BÁSICA“Lump” ou Granulado 6,3 a 31,7“Sinter Feed” 0,15 a 6,3“Pellet Feed” < 0,15Alto-Forno e ReduçãoDiretaAglomeração <strong>por</strong>SinterizaçãoAglomeração <strong>por</strong>PelotizaçãoA mineração <strong>de</strong> ferro é tanto mais econômica quanto mais granulado é possívelgerar. A qualida<strong>de</strong> das reservas e jazimentos é <strong>de</strong>terminante nesse aspecto. Osprocessos <strong>de</strong> concentração e aglomeração são <strong>de</strong> alto custo operacional, requeremgran<strong>de</strong>s montantes <strong>de</strong> investimento e têm consi<strong>de</strong>rável impacto ambiental. Asproduções <strong>de</strong> sinter feed e pellet feed nas minas implicam necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suasprévias aglomerações para que possam ser utilizados na si<strong>de</strong>rurgia. A gran<strong>de</strong>vantagem dos processos <strong>de</strong> aglomeração é a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agregar significativovalor aos produtos — sinter e pelotas —, <strong>por</strong> meio <strong>de</strong> ajustes e controles <strong>de</strong> suasproprieda<strong>de</strong>s químicas, físicas e metalúrgicas. Nesse aspecto, tem-se o conceito <strong>de</strong>carga elaborada para os reatores si<strong>de</strong>rúrgicos, bastante discutida e publicada na10


literatura mundial. Granulado, sinter e pelota constituem, então, os elementosbásicos para alimentação dos reatores <strong>de</strong> redução si<strong>de</strong>rúrgicos, na ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>produção <strong>de</strong> aço, segundo as 2 rotas consolidadas em escala global:Alto Forno (AF) – Conversor a Oxigênio (BOF) eRedução Direta (RD) – Forno Elétrico a Arco (FEA)Enquanto na primeira o ferro primário é obtido na forma líquida no alto-forno, paraalimentação do BOF, na segunda, o ferro é gerado em estado sólido nos reatores <strong>de</strong>redução direta, para carga do FEA. Essas particularida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>ntre outras, sãofundamentais na <strong>de</strong>finição das cargas metálicas <strong>de</strong>sses reatores, <strong>de</strong> forma que namineração são tomados todos os cuidados para que os produtos <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferrotenham performance a<strong>de</strong>quada nesses reatores si<strong>de</strong>rúrgicos. De maneira geral, ascargas metálicas típicas dos altos-fornos e reatores <strong>de</strong> redução direta são:REATORCARGA TÍPICA (Tamanho)ALTO-FORNOGranulado, Sinter (4 a 50 mm), Pelota (8 a 18 mm)REDUÇÃO DIRETAGranulado, Pelota (8 a 18 mm)Diferentes minérios <strong>de</strong> ferro, <strong>de</strong>vido às variadas gêneses, apresentam proprieda<strong>de</strong>stotalmente distintas e, em conseqüência, com<strong>por</strong>tamentos muito variados, não sónas operações <strong>de</strong> lavra e beneficiamento, como também nos reatores dosprocessos si<strong>de</strong>rúrgicos. Essa evidência da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, própria dos minérios <strong>de</strong> ferroe sua diversida<strong>de</strong>, clama <strong>por</strong> avanços na área <strong>de</strong> geometalurgia (2) , <strong>de</strong> forma aotimizar a performance dos minérios nos processos mínero-si<strong>de</strong>rúrgicos. Damesma forma, aglomerados como as pelotas apresentam características eperformance na redução, também, muito particulares e variadas, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo dotipo <strong>de</strong> pellet feed, fun<strong>de</strong>ntes, grau <strong>de</strong> moagem, etc., utilizados na sua fabricação.Dentro <strong>de</strong>ssas constatações e evidências <strong>de</strong> que os minérios <strong>de</strong> ferro e as pelotastêm i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> própria, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> sua gênese e outros fatores, não seriaconcebível aventar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que esses materiais pu<strong>de</strong>ssem serclassificados como uma “Commodity”. As Figuras 2 (3) e 3 (1) elucidam com bastanteclareza como os minérios <strong>de</strong> ferro têm proprieda<strong>de</strong>s e performances que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m<strong>de</strong> sua natureza. Na Figura 2, há uma gran<strong>de</strong> diferença <strong>de</strong> moabilida<strong>de</strong> entre finos<strong>de</strong> procedências diversas, significando com<strong>por</strong>tamentos muito distintos em11


operações <strong>de</strong> moagem, intensivas em consumo <strong>de</strong> energia e <strong>de</strong> alto custooperacional. Por outro lado, a Figura 3 mostra como os aspectos estruturais dosminérios finos, função <strong>de</strong> sua gênese, impactam as operações <strong>de</strong> sinterização e aqualida<strong>de</strong> do sinter, influenciando parâmetros <strong>de</strong> performance, tais como:produtivida<strong>de</strong>, consumo <strong>de</strong> combustível, resistência do sinter, RDI, etc. Em suma,cada tipo <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro tem o seu valor <strong>de</strong> uso na si<strong>de</strong>rurgia (“value in use”)conhecido ou ainda a <strong>de</strong>finir, cabendo à geometalurgia um papel relevante nessacaracterização individual.Figura 2 - Variação da moabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diferentes minérios <strong>de</strong> ferro (3)Figura 3 – Influência da estrutura <strong>de</strong> diferentes finos <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferrona sinterização (performance operacional e qualida<strong>de</strong> do sinter ) ( 1 )12


Capítulo 2 – AS RESERVAS DE MINÉRIO DE FERROO ferro compõe a litosfera em cerca <strong>de</strong> 4%, sendo relativamente abundante (5) . Osprincipais minerais que contêm ferro são: a hematita (Fe2O3 – 69,9 % Fe), amagnetita (Fe3O4 – 72,4 % Fe), a si<strong>de</strong>rita (FeCO3 – 48,3 % Fe) e complexoshidratados, como a limonita e a goethita, com teores variados <strong>de</strong> ferro,<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do grau <strong>de</strong> hidratação.Segundo o USGS (United States Geological Survey) (6) , instituto <strong>de</strong> pesquisasgeológicas do governo americano, os recursos totais <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro na terrasão estimados em 800 bilhões <strong>de</strong> toneladas, com ferro contido <strong>de</strong> 230 bilhões <strong>de</strong>toneladas, ou um teor médio equivalente <strong>de</strong> 28,8 %.As formações ferríferas bandadas, com camadas alternadas <strong>de</strong> sílica e hematita,<strong>de</strong>nominadas Itabiritos, constituem-se nos recursos minerais <strong>de</strong> maior relevância,como é o caso típico brasileiro do quadrilátero ferrífero, em Minas Gerais. Essasformações primárias, enriquecidas em ferro <strong>por</strong> meio <strong>de</strong> processos geológicos,possibilitaram a geração <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos minerais muito ricos, com coexistência <strong>de</strong>hematita e itabiritos.A economicida<strong>de</strong> do aproveitamento <strong>de</strong> um recurso mineral está intrinsecamenteligada às condições geológicas e metalogenéticas da ocorrência. A mineralogia, osteores em Fe, a estrutura e a textura das rochas que contêm o mineral <strong>de</strong> ferro, aparagênese e uma outra série <strong>de</strong> parâmetros geológicos influem na avaliaçãotécnico-econômica.O minério <strong>de</strong> ferro é quase que totalmente utilizado na indústria si<strong>de</strong>rúrgica para aobtenção <strong>de</strong> ferro e aço (> 97 %). Parcelas pequenas do montante <strong>de</strong> produção são<strong>de</strong>stinadas a indústrias <strong>de</strong> cimento, química, etc.Com relação aos recursos econômicos <strong>de</strong> ferro, em nível mundial, vêmaumentando, significativamente, após a segunda gran<strong>de</strong> guerra, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong>:• Intensificação das pesquisas geológicas;• Desenvolvimento das tecnologias <strong>de</strong> aglomeração (aproveitamento dosfinos);• Avanços significativos nas tecnologias <strong>de</strong> mineração e <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong>minerais;• Aspectos favoráveis <strong>de</strong> mercado, etc..Particularmente no Brasil, a evolução dos recursos econômicos (reservas medidas +indicadas + inferidas) mostrou um crescimento substancial no período 1950 a2000, principalmente com a incor<strong>por</strong>ação dos itabiritos <strong>de</strong> Minas Gerais e a<strong>de</strong>scoberta da província mineral <strong>de</strong> Carajás, no Pará. No ano <strong>de</strong> 1999, essesrecursos somavam cerca <strong>de</strong> 58 bilhões <strong>de</strong> toneladas e, em 2005, 70 bilhões <strong>de</strong>toneladas, com teor <strong>de</strong> ferro médio da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 50 %.13


Na Tabela 1, apresentam-se os dados consolidados em nível mundial referentes àsreservas (base 2006) e produção <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro, no triênio 2005-2007(1, 3, 5, 6,8,9) . As reservas mundiais <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro (medida + indicada – m+ i) são daor<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 340 bilhões <strong>de</strong> toneladas. Em ferro contido, há <strong>de</strong> se <strong>de</strong>stacar osseguintes 5 países:PAÍS FERRO CONTIDO tx10 9 RESERVA — (m+i)tx10 9 %FeRússia 31 56 55Austrália 28 45 62Ucrânia 20 68 29China 15 46 33Brasil 14 27 52Em termos <strong>de</strong> ferro contido, o Brasil situa-se em 5º lugar na <strong>de</strong>tenção das reservasmundiais <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro. Porém, em termos <strong>de</strong> teor ou concentração em ferro,esse posicionamento muda, significativamente, para a 3ª posição, entre esses cincopaíses <strong>de</strong> maiores reservas em ferro contido. Quando são analisados outroselementos da composição química, tais como: SiO 2 , Al 2 O 3 , P, S, Ti, V, Pb, Na 2 O,K 2 O etc., <strong>de</strong>letérios para a si<strong>de</strong>rurgia, as reservas brasileiras situam-se lugar <strong>de</strong>absoluto <strong>de</strong>staque, configurando-se como as mais puras, mundialmente.O aspecto do teor <strong>de</strong> ferro coloca o Brasil em posição <strong>de</strong> real vantagem competitivaem custos <strong>de</strong> lavra e beneficiamento, em relação à China e à Ucrânia, queapresentam teores médios <strong>de</strong> 33 e 29%, respectivamente. Embora a Rússia seconfigure com reserva e teor médio em patamares elevados, ainda não se mostroucomo um gran<strong>de</strong> produtor <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro para fins <strong>de</strong> ex<strong>por</strong>tação e competiçãono mercado internacional. Questões ligadas à falta <strong>de</strong> infra-estrutura e logística,bem como a ocorrência <strong>de</strong> elementos químicos, contaminantes e in<strong>de</strong>sejáveis, têmsido fatores <strong>de</strong>terminantes nesse atraso. A Ucrânia também tem problemas <strong>de</strong>ssaor<strong>de</strong>m, com o agravante <strong>de</strong> reservas com baixo teor.Em termos <strong>de</strong> Si<strong>de</strong>rurgia Brasileira, consi<strong>de</strong>rando-se a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> minério <strong>de</strong>ferro atual e projetada, assim como as reservas do país, po<strong>de</strong>-se dizer que as14


empresas <strong>de</strong>sse setor estarão seguras quanto ao suprimento, em quantida<strong>de</strong> equalida<strong>de</strong>, com benefícios para a sua competitivida<strong>de</strong>.Analisando os agressivos ritmos <strong>de</strong> produção dos 3 maiores produtores ecompetidores no mercado transoceânico, Vale, Rio Tinto e BHPB, e ascorrespon<strong>de</strong>ntes reservas <strong>de</strong>claradas <strong>de</strong>ssas empresas, observa-se que a suaexaustão po<strong>de</strong>ria se dar num horizonte <strong>de</strong> até 20 anos (Tabela 1). Novos projetosem estudo, em diferentes países, têm sofrido atrasos consi<strong>de</strong>ráveis, em vista <strong>de</strong><strong>de</strong>sconhecimento total ou parcial dos recursos minerais, sugerindo a necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> maiores investimentos em Pesquisa Geológica, tanto em nível governamentalquanto em privado.Analisando-se o quadro geral, constata-se que Brasil, Austrália e China são os maisim<strong>por</strong>tantes partícipes do negócio minério <strong>de</strong> ferro, nos últimos anos. Têm gran<strong>de</strong>sreservas <strong>de</strong> minério e experimentam níveis <strong>de</strong> produção crescentes, num ritmoimpressionante. Embora o minério chinês seja pobre, contenha elevado grau <strong>de</strong>contaminantes, exija processos complexos <strong>de</strong> lavra e beneficiamento (custos), asua produção se justifica, em vista do alto preço CIF <strong>de</strong>ssa matéria-prima, quandoim<strong>por</strong>tada <strong>de</strong> outros países. É im<strong>por</strong>tante salientar que a China vem sendo o maiorconsumidor e im<strong>por</strong>tador <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro em nível mundial, já há bastantetempo, enquanto os <strong>de</strong>mais países apresentam consumo estável ou com ligeirocrescimento (em termos absolutos).No período 2005 a 2007, a produção mundial <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro cresceu 401milhões <strong>de</strong> toneladas, passando <strong>de</strong> 1,5 para 1,9 bilhões <strong>de</strong> toneladas. Austrália,Brasil e China respon<strong>de</strong>ram <strong>por</strong> 327 milhões <strong>de</strong> toneladas ou 82% <strong>de</strong>ssa expansão.Esse crescimento, num ritmo, no período, <strong>de</strong> 200 milhões <strong>de</strong> toneladas / ano, eraum fato inimaginável, até há pouco tempo atrás, haja vista as complexida<strong>de</strong>sinerentes à expansão e ou implantação <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> mineração. A produção naChina evoluiu <strong>de</strong> 420 para 600 milhões <strong>de</strong> toneladas <strong>por</strong> ano, nesse período, comcrescimento <strong>de</strong> 43% (não há informação oficial chinesa sobre o teor <strong>de</strong> Fe médio <strong>de</strong>sua produção). Estima-se, pelo balanço <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s metálicas <strong>de</strong> ferro na ca<strong>de</strong>iamineração-si<strong>de</strong>rurgia / im<strong>por</strong>tação, que esse teor é muito baixo, na faixa <strong>de</strong> 30 a40%. Verifica-se, também, que há empresas lavrando minério com conteúdo <strong>de</strong> até20%, em Fe. Consi<strong>de</strong>rando-se essas estimativas, po<strong>de</strong>ria ser dito que essaprodução chinesa está mais relacionada ao minério bruto, tipo run of mine, antes<strong>de</strong> processos <strong>de</strong> concentração. Porém, são os números oficiais do governo Chinês.Com esse conteúdo em ferro, não po<strong>de</strong>ria ser utilizado na si<strong>de</strong>rurgia semconcentração, mesmo que misturado com a parcela <strong>de</strong> minério im<strong>por</strong>tado (esterepresenta cerca <strong>de</strong> 50% das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ferro <strong>de</strong>mandadas). Por esse motivo,IISI, UNCTAD e empresas <strong>de</strong> consultoria sugerem a equalização dos números <strong>de</strong>produção oficiais chineses, calculando-se montantes equivalentes, com teor <strong>de</strong>15


ferro <strong>de</strong> 62% ( média <strong>de</strong> suas im<strong>por</strong>tações) (12) . Nessas condições, os dados daprodução chinesa po<strong>de</strong>riam ser analisados com uma nova ótica <strong>de</strong> equalização,conforme consta do Quadro 2, complementando-se os dados oficiais da Tabela 1.16


Tabela 1 - Reservas e produção <strong>de</strong> minérios <strong>de</strong> ferro (1,3,5,6,8,9)17


Quadro 2 - Equalização da produção chinesa (t x 10 6 )CONDIÇÃO 2005 2006 2007Dados oficiais /%Fe 420/36,5 588/32,7 600/30,0Equalização a 62%Fe247 310 290Após equalizados, verifica-se uma substancial queda nos números <strong>de</strong> produçãochinesa, haja vista os baixos teores do minério lavrado e a baixa recuperaçãometalúrgica nos processos <strong>de</strong> beneficiamento. De qualquer forma, para se atingiressa condição, os Chineses têm que lavrar, anualmente, cerca <strong>de</strong> 600 milhões <strong>de</strong>toneladas <strong>de</strong> run of mine.Nesse cenário, o Brasil e a Vale figuram como os maiores produtores <strong>de</strong> minério <strong>de</strong>ferro do mundo, não só em qualida<strong>de</strong>, como também em quantida<strong>de</strong>.Embora as reservas Brasileiras venham aumentando no tempo, é im<strong>por</strong>tante<strong>de</strong>stacar que esse crescimento tem um gran<strong>de</strong> peso dos itabiritos <strong>de</strong> Minas Gerais,mais especificamente, do quadrilátero ferrífero. Novas pesquisas geológicas nãotêm relatado ocorrências <strong>de</strong> hematita compacta, em montante apreciável. Aocontrário, muitos estudos têm mostrado que novos jazimentos serão basicamente<strong>de</strong> itabirito, po<strong>de</strong>ndo gerar até 100% <strong>de</strong> pellet feed, no beneficiamento.A Tabela 2 mostra, <strong>de</strong> forma genérica e qualitativa, a evolução das reservas <strong>de</strong>minério <strong>de</strong> ferro do Quadrilátero Ferrífero, a partir da década <strong>de</strong> 1950. Comocolocado, a participação da hematita vem se reduzindo à medida que a <strong>de</strong> itabirirovai crescendo. Os seguintes pontos merecem <strong>de</strong>staque, na análise <strong>de</strong>sses dados:• As hematitas estão em processo <strong>de</strong> exaustão nas reservas conhecidas doquadrilátero e, <strong>por</strong> conseguinte, <strong>de</strong>verá haver escassez <strong>de</strong> granulado, emfuturo não muito distante,• Sendo mais pobres em ferro, os itabiritos necessitam <strong>de</strong> usinas maiscomplexas <strong>de</strong> beneficiamento, com etapas <strong>de</strong> concentração mais sofisticadase com menores índices <strong>de</strong> recuperação metálica,18


• A geração <strong>de</strong> minério ultrafino, tipo pellet feed, estará aumentando,principalmente com o advento dos novos projetos,• A pelotização vai se configurando e se fortalecendo como um caminho paramineração, em vista do aumento <strong>de</strong> pellet feed, e também para a si<strong>de</strong>rurgia,<strong>de</strong>vido à redução da disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> granulado (pelotas como substituto).Nesse cenário, os custos <strong>de</strong> capital e operacional da mineração serão impactadosnegativamente. O aumento da produtivida<strong>de</strong> será um fator fundamental para quenão haja perda <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> da mineração <strong>de</strong> ferro, num ambiente cada vezmais global. De outro lado, a si<strong>de</strong>rurgia estará rea<strong>de</strong>quando a carga metálica <strong>de</strong>seus reatores <strong>de</strong> redução, po<strong>de</strong>ndo tirar proveito do benefício <strong>de</strong> se usar maiorquantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pelotas, em substituição as parcelas <strong>de</strong> granulado.Em nível mundial, também se observa uma <strong>de</strong>gradação das reservas e da produção<strong>de</strong> lump, tanto em volume quanto em qualida<strong>de</strong> (11) . Em 1983, a produção mundial<strong>de</strong> granulado era <strong>de</strong> 107,5 milhões <strong>de</strong> toneladas, e representava 45% do mercadotransoceânico e 25% da produção total <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro. Em 2000, a <strong>de</strong>speito docrescimento consi<strong>de</strong>rável da produção <strong>de</strong> minério, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lump já haviacaído para 77,1 milhões, representando apenas 19% do mercado transoceânico e7,6% da produção mundial <strong>de</strong> minério. Quanto à qualida<strong>de</strong>, constata-se umaredução progressiva na resistência e nas características químicas (Fe, Al 2 O 3 , P,álcalis, etc.) dos lumps disponíveis no mercado.Quando se analisam os novos projetos <strong>de</strong> empresas estabelecidas e <strong>de</strong> potenciaisemergentes (12) , verifica-se que uma série relativamente gran<strong>de</strong> estará gerandopellet feed (PF), em volume crescente e , <strong>por</strong> vezes, significando toda a futuraprodução. Nessas condições, os investimentos crescem significativamente (fator <strong>de</strong>intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> capital – US$ / tonelada <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> / ano ) e, <strong>de</strong>vido à maiorcomplexida<strong>de</strong> das operações <strong>de</strong> mineração e beneficiamento, haverá acréscimossubstanciais nos custos operacionais. Alguns <strong>de</strong>sses projetos po<strong>de</strong>m ser citados, atítulo <strong>de</strong> ilustração, para confirmação <strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong>:PROJETOCAPACIDADEINVESTIMENTOPRODUTOt x 10 6US$/t/ano% Pellet FeedCarajás/Serra Azul 90 111 30-35MMX Minas/Rio 27 102 100Millenium IronRange15 133 100Grange/Kermaman 6,6 128 10019


Assim, a pelotização estará se evi<strong>de</strong>nciando como a tecnologia a<strong>de</strong>quada paratratar e aglomerar o pellet feed em pelotas, possibilitando o seu aproveitamentocomo carga dos reatores <strong>de</strong> redução si<strong>de</strong>rúrgicos. Como é intensiva em consumo<strong>de</strong> energia, pesquisas <strong>de</strong>vem ser incentivadas, tais como: transformação prévia dopellet feed hematítico em magnetítico, melhoria da eficiência térmica dos fornos,racionalização do consumo <strong>de</strong> energia elétrica, etc. A pelotização continuará sendoa alternativa tecnológica mais viável, até que novas tecnologias <strong>de</strong> redução possamfazer uso direto <strong>de</strong>sses finos, em escala econômica e comercial. Muitas tentativas einvestimentos têm sido dirigidos nesse sentido, pesquisando-se rotas inovadoras e,<strong>por</strong> vezes, radicais. Até o presente momento, nenhuma <strong>de</strong>las foi provada econsagrada em caráter industrial, <strong>de</strong>stacando-se as seguintes mais estudadas:DIOS, Finmet, Circored, Circofer, Iron Carbi<strong>de</strong>, Hismelt, Tecnored, Finex, etc..Pesquisas nesse sentido <strong>de</strong>vem ser incentivadas, assim como as dirigidas paramaior uso <strong>de</strong> pellet feed em sinterização, pelotização a frio, etc.20


Tabela 2 - Degradação genérica <strong>de</strong> reservas <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro no Quadrilátero Ferrífero (1)21


Capítulo 3 – ASPECTOS DA PRODUÇÃO DE MINÉRIO DE FERRO E PELOTASAs Figuras 4 e 5 mostram dados da produção <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro e pelotas. Foramconsi<strong>de</strong>rados, também, aqueles referentes ao aço e ao ferro primário (gusa +DRI/HBI), <strong>de</strong>vido à sua relação direta com a produção <strong>de</strong> minério. As ex<strong>por</strong>taçõesbrasileiras <strong>de</strong> minério foram <strong>de</strong>stacadas, junto com a produção, como forma <strong>de</strong>avaliar o peso e im<strong>por</strong>tância do mercado externo para a mineração brasileira. Osnúmeros que expressam os volumes <strong>de</strong> minério na estatística mundial, <strong>por</strong>convenção, incluem aqueles correspon<strong>de</strong>ntes às pelotas.As indústrias si<strong>de</strong>rúrgicas e <strong>de</strong> mineração <strong>de</strong> ferro encontravam-se num períododifícil e <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rada expansão, entre 1998 a 2001, resultado <strong>de</strong> várias incertezas eafetadas seriamente pela crise financeira da Ásia. As produções mundiais <strong>de</strong>minério <strong>de</strong> ferro e aço atingiam o patamar <strong>de</strong> 1 bilhão e 800 milhões <strong>de</strong> toneladas,respectivamente. A partir <strong>de</strong> 2002, a China faria o mundo extasiar-se, frente àmaior arrancada na produção <strong>de</strong> aço <strong>de</strong> todos os tempos, saindo <strong>de</strong> um nível <strong>de</strong>produção <strong>de</strong> aço bruto <strong>de</strong> 151 milhões <strong>de</strong> toneladas em 2001, para atingir aespetacular marca <strong>de</strong> 488 milhões <strong>de</strong> toneladas, em 2007. Ou seja, em 6 anos, umcrescimento absoluto <strong>de</strong> 337 milhões <strong>de</strong> toneladas (+ 56 milhões <strong>de</strong> toneladas /ano), ou relativo <strong>de</strong> 223%. Consi<strong>de</strong>rando-se o fato <strong>de</strong> que essa expansão chinesase <strong>de</strong>u fundamentalmente na rota Alto forno – BOF, e que seus recursos emminério <strong>de</strong> ferro eram <strong>de</strong> baixo teor, ocorreu um forte impacto na im<strong>por</strong>tação <strong>de</strong>ssamatéria-prima, o que impulsionou com vigor acentuado a mineração <strong>de</strong> ferro, emtodo o mundo. O Brasil, com a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu minério, tem aproveitado <strong>de</strong>ssaexpansão vertiginosa do mercado, com crescimento <strong>de</strong> suas ex<strong>por</strong>tações, <strong>de</strong> 156milhões <strong>de</strong> toneladas, em 2001, para 269 milhões <strong>de</strong> toneladas, em 2007. Umaumento absoluto <strong>de</strong> 113 milhões <strong>de</strong> toneladas, ou relativo <strong>de</strong> 72%. Para fazerfrente ao seu projeto aço, a China foi obrigada a expandir, tambémsignificativamente, a produção <strong>de</strong> minério, lavrando com teores <strong>de</strong>crescentes emferro. Em 2001, o teor lavrado era da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 38 a 40% e, em 2007, caiu para 30a 32% ( 12 ) . Ou seja, volumes crescentes, ano-a-ano, na lavra e com conteúdo <strong>de</strong>ferro em queda. Essa baixa qualida<strong>de</strong> da produção <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro chinesajustifica a inflexão mais acentuada da curva <strong>de</strong> produção mundial, da Figura 4(consi<strong>de</strong>rados os dados oficiais do governo Chinês).A produção mundial <strong>de</strong> pelotas também está crescendo. Avançou <strong>de</strong> 235 milhões<strong>de</strong> toneladas, em 2001, para cerca <strong>de</strong> 370 milhões <strong>de</strong> toneladas, em 2007. Umcrescimento absoluto <strong>de</strong> 135 milhões <strong>de</strong> toneladas, ou relativo <strong>de</strong> 57%. Éim<strong>por</strong>tante <strong>de</strong>stacar que a maior parcela <strong>de</strong>ssa produção é consumida <strong>de</strong> formacativa, nos países ou nas regiões on<strong>de</strong> se realiza. Assim, pouco mais <strong>de</strong> um quarto22


vai para o mercado transoceânico, ou seja, uma quantida<strong>de</strong> da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 100milhões <strong>de</strong> toneladas/ano.23


Figura 4 – Evolução das produções mundiais<strong>de</strong> minério, aço, ferro gusa+DRI/HBI e pelotas(minério inclui pelotas) (6,13,14)Figura 5 – Evolução da produção, ex<strong>por</strong>tação econsumo <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro no Brasil (dados(6,13,14, 17 )incluem pelotas)24


Na Tabela 3 (3,6,16 ) , apresenta-se um quadro geral da capacida<strong>de</strong> mundial <strong>de</strong>pelotização e , também, da brasileira, além da futura expansão <strong>de</strong>clarada pelasempresas do setor. No Brasil, a Vale iniciou os investimentos em pelotização nadécada <strong>de</strong> 1960, em vista da extinção paulatina <strong>de</strong> suas reservas <strong>de</strong> hematita e daprogressiva participação dos itabiritos na lavra do minério. A geração <strong>de</strong> pellet feedcresceu <strong>de</strong> tal forma que a pelotização tornou-se o único caminho para asobrevivência da empresa e a preservação <strong>de</strong> seu crescimento. Implantou 8 usinas,com investimento próprio ou em parceria com sócios consumidores estrangeiros, noperíodo <strong>de</strong> 1969 a 2002. A associação com gran<strong>de</strong>s si<strong>de</strong>rúrgicas internacionaistrouxe, a partir da década <strong>de</strong> 1970, recursos financeiros para os investimentos esegurança na <strong>de</strong>manda dos produtos pelas empresas formadas na forma <strong>de</strong> JointVenture: Itabrasco, Hispanobrás, Nibrasco e Kobrasco. Na configuração atual, osseguintes sócios permanecem na gestão compartilhada <strong>de</strong>ssas companhias:EMPRESA SÓCIO PARTICIPAÇÃO (%)Itabrasco Ilva/Itália 49HispanobrásNibrascoArcelorMittal/InglaterraJSM (Japanese SteelMills)/Japão4949Kobrasco Posco/Coréia do Sul 50No processo <strong>de</strong> consolidação da área <strong>de</strong> mineração, a partir <strong>de</strong> 2000, a Vale fezaquisições da Ferteco (100% / 1 planta) e parte da Samarco (50% / 2 plantas). Acapacida<strong>de</strong> total brasileira é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 55 milhões <strong>de</strong> toneladas, o que representa15% da produção mundial (377 milhões <strong>de</strong> toneladas). Nessa configuração, a Valetem participação em todos os ativos brasileiros <strong>de</strong> pelotização. No momento atual,2008, a empresa investe em 3 outras gran<strong>de</strong>s unida<strong>de</strong>s brasileiras: Vale 3,Samarco 3 e Vargem Gran<strong>de</strong>, o que possibilitará a oferta ao mercado <strong>de</strong> mais 22,5milhões <strong>de</strong> toneladas <strong>de</strong> pelotas <strong>por</strong> ano, até 2010. Nesse ano, a MMX <strong>de</strong>verá estarentrando com sua primeira unida<strong>de</strong> fabril no Brasil, com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 7 milhões<strong>de</strong> toneladas <strong>de</strong> pelotas <strong>por</strong> ano, <strong>de</strong> acordo com a concepção do seu projeto Minas-Rio.25


Tabela 3 – Capacida<strong>de</strong> mundial <strong>de</strong> pelotização e futura expansão (3,6,16)26


Em nível mundial, consi<strong>de</strong>rando-se os vários projetos em andamento, a capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> produção <strong>de</strong>verá atingir a marca <strong>de</strong> 500 milhões <strong>de</strong> toneladas <strong>de</strong> pelotas <strong>por</strong>ano, em 2015. A China será responsável <strong>por</strong> gran<strong>de</strong> parcela <strong>de</strong>sse crescimento,haja vista seu plano <strong>de</strong> aumento gradual <strong>de</strong> pelotas na carga dos altos fornos <strong>de</strong> 5a 10%, atuais, para 15 a 20%.A produção Brasileira <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro e pelotas, conforme a Figura 5 atingiu orecor<strong>de</strong> <strong>de</strong> 370 milhões <strong>de</strong> toneladas em 2007, no qual se incluem 54 milhões <strong>de</strong>toneladas <strong>de</strong> pelotas (19% e 15% das produções mundiais, respectivamente). Emrelação a 2006, houve um crescimento <strong>de</strong> 16% no minério total e <strong>de</strong> 7% napelotização. As principais empresas produtoras no Brasil, em 2007, foram (15) :EMPRESA PRODUÇÃO t x 10 6 %Vale 296 80CSN 19 5,1MMX 3,5 0,9MCR 2,1 0,6Segundo o DNPM (10) , há no Brasil cerca <strong>de</strong> 300 concessões <strong>de</strong> lavra e 50 minas <strong>de</strong>minério <strong>de</strong> ferro em operação, todas lavrando a céu aberto. São 32 classificadascomo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> <strong>por</strong>te, extraindo mais <strong>de</strong> 1 milhão <strong>de</strong> toneladas <strong>de</strong> ROM (Run ofMine) <strong>por</strong> ano. As <strong>de</strong>signadas <strong>por</strong> médias e pequenas somam 18, com montante <strong>de</strong>ROM menor que 1 milhão <strong>de</strong> toneladas <strong>por</strong> ano. A Vale, que vem realizandointensivos investimentos nessa área ao longo do tempo, inclusive participandoativamente da consolidação do setor em nível mundial, <strong>de</strong>tém o domínio absolutoda produção global <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro e pelotas, para fins <strong>de</strong> comercialização, nosmercados brasileiro e transoceânico (seaborne tra<strong>de</strong>). Contando com mo<strong>de</strong>rnossistemas <strong>de</strong> produção e logística, escala competitiva e investindo consi<strong>de</strong>rável soma<strong>de</strong> recursos em pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento, po<strong>de</strong> assegurar ao parque si<strong>de</strong>rúrgiconacional o suprimento estável <strong>de</strong> minério, em quantida<strong>de</strong>, qualida<strong>de</strong> e preços <strong>de</strong>mercado competitivos.Nesse aspecto, conforme se vê na Figura 5 (17) , o consumo brasileiro <strong>de</strong> minério <strong>de</strong>ferro e <strong>de</strong> pelotas pela si<strong>de</strong>rurgia cresce em ritmo lento, comparativamente àprodução e à ex<strong>por</strong>tação.27


Capítulo 4 – MERCADOS DE MINÉRIO DE FERRO E PELOTAS –PERSPECTIVAS4.1 – AMBIENTE MACROECONÔMICOO ano <strong>de</strong> 2007 (6) foi marcado <strong>por</strong> uma série <strong>de</strong> acontecimentos no mundo, comimpacto positivo sobre o setor mineral, em particular na mineração <strong>de</strong> ferro, mas,também, <strong>por</strong> incertezas e riscos:• Rápido crescimento econômico em muitos países populosos e em<strong>de</strong>senvolvimento;• Altos e crescentes níveis <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> minerais e <strong>de</strong> petróleo;• Aumento dos preços dos minerais, minérios e energia em geral;• Continuado movimento <strong>de</strong> consolidação do setor <strong>de</strong> mineração;• Manifestações nacionalistas <strong>de</strong> estatização <strong>de</strong> ativos em mineração eaumento abusivo <strong>de</strong> taxas e impostos nas ativida<strong>de</strong>s do setor mineral, comgran<strong>de</strong>s perdas para os empreen<strong>de</strong>dores (Bolívia, Venezuela, China, Rússia,Romênia, países Africanos, etc.); e• Crise no setor imobiliário dos Estados Unidos (“subprime loan”).No início <strong>de</strong> 2007, uma parte do mundo experimentava um robusto crescimentoeconômico (PIB). Isso era especialmente verda<strong>de</strong>iro para 4 países em<strong>de</strong>senvolvimento. China e Índia li<strong>de</strong>ravam a corrida, com 11 e 9%,respectivamente. Brasil e Rússia caminhavam mais mo<strong>de</strong>radamente, <strong>por</strong>ém comnúmeros também expressivos: 4,8 e 7,9%, respectivamente. Já, para os países<strong>de</strong>senvolvidos, o crescimento era <strong>de</strong> inexpressivo a mo<strong>de</strong>rado. Nos EUA, a taxaestava em <strong>de</strong>clínio <strong>de</strong> 3,1%, ao final <strong>de</strong> 2006, para 2,1%, no primeiro quarto <strong>de</strong>2007, enquanto a União Européia variava no entorno <strong>de</strong> 2,5%. No Japão, tambémno primeiro quarto, houve um crescimento <strong>de</strong> 2,1 para 2,3 %. Ao longo do ano, aChina continuou apresentando altas taxas <strong>de</strong> crescimento, <strong>por</strong>ém com índices <strong>de</strong>inflação crescentes, obrigando o banco central a aumentar as taxas <strong>de</strong> juros váriasvezes. A Índia também continuou com alta taxa <strong>de</strong> crescimento do PIB ao longo <strong>de</strong>2007, experimentando, também, aumento da inflação. O Brasil teve crescimentoanual em torno <strong>de</strong> 5,0%, e, como a China, experimentou pressões inflacionárias nofinal do ano. Na Rússia, o crescimento manteve-se no entorno <strong>de</strong> 8% e, comoChina, Índia e Brasil, com inflação preocupante.Japão e União Européia apresentaram taxas <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong>crescentes, nosegundo semestre, sendo que na União Européia houve mo<strong>de</strong>rado aumento <strong>de</strong>preços ao consumidor. Sendo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> im<strong>por</strong>tação <strong>de</strong> minerais para asindústrias <strong>de</strong> transformação, os altos preços transformaram-se numa preocupação.28


Nos EUA, dois fatores foram os principais responsáveis pela redução do crescimentoeconômico e aumento <strong>de</strong> preços: o alto preço do petróleo e a limitação do crédito.O problema do petróleo estava e continua sendo causado pelo crescimentoacelerado do consumo, principalmente na China. A escassez <strong>de</strong> crédito teve comofundamento a crise do setor imobiliário no país (“subprime loans”), que se esten<strong>de</strong>uaté os mercados financeiros dos países <strong>de</strong>senvolvidos. EUA, União Européia e Japãoforam obrigados a injetar centenas <strong>de</strong> bilhões <strong>de</strong> dólares americanos para manter aliqui<strong>de</strong>z no mercado <strong>de</strong> capitais. É im<strong>por</strong>tante <strong>de</strong>stacar que esses problemas dosempréstimos e hipotecas resi<strong>de</strong>nciais começaram a restringir e a dificultar o acessodo setor <strong>de</strong> mineração ao financiamento <strong>de</strong> projetos, principalmente das empresasemergentes (Junior Companies).Nesse cenário, consi<strong>de</strong>rando-se que o consumo <strong>de</strong> aço e, <strong>por</strong> conseguinte, o <strong>de</strong>minério <strong>de</strong> ferro têm relação estreita com o crescimento econômico ou PIB dospaíses, <strong>de</strong>ve-se esperar certa estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda per capta nos paises<strong>de</strong>senvolvidos, pelo menos no médio prazo (Figuras 6, 7 e 8).Quanto aos países em <strong>de</strong>senvolvimento, a China <strong>de</strong>verá continuar a comandar ocrescimento da <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> minerais e minérios, em especial o <strong>de</strong> ferro, haja vistaseu ambicioso plano <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do país e da si<strong>de</strong>rurgia. Embora tenhaenormes reservas <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro, elas são <strong>de</strong> baixo teor, com taxa <strong>de</strong>recuperação pequena, baixa qualida<strong>de</strong> dos produtos concentrados e altos custosoperacional <strong>de</strong> extração, <strong>de</strong> beneficiamento e <strong>de</strong> trans<strong>por</strong>te. Na ca<strong>de</strong>ia mineraçãosi<strong>de</strong>rurgiachinesa, estudos técnico-econômicos indicam que esse país <strong>de</strong>verácontinuar a im<strong>por</strong>tar gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro, representando 50 a60% <strong>de</strong> suas necessida<strong>de</strong>s.Índia, Rússia e Brasil experimentarão, também, crescimento do setor <strong>de</strong> si<strong>de</strong>rurgia.Porém, como são <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s reservas <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro, terão plenascondições suprir suas necessida<strong>de</strong>s, sem impactar a <strong>de</strong>manda do mercadotransoceânico (“seaborne tra<strong>de</strong>”). Isso será verda<strong>de</strong>, claro, se esse processo forconduzido com planejamento a<strong>de</strong>quado, em que sejam feitos os investimentosnecessários na mineração <strong>de</strong> ferro e na infra-estrutura dos dois primeiros. ComoÍndia e Rússia são ex<strong>por</strong>tadores <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro, atualmente, terão <strong>de</strong>promover o seu crescimento <strong>de</strong> forma equilibrada, para não causar <strong>de</strong>sequilíbrio naoferta <strong>de</strong> minério ao mercado mundial.29


Figura 6 – Evolução e projeção da taxa <strong>de</strong> crescimento do PIB <strong>de</strong> países <strong>de</strong>senvolvidos e em <strong>de</strong>senvolvimento (FMI) (19)30


Figura 7 – Relação entre PIB e consumoFigura( 17, 19 )aparente <strong>de</strong> aço, em base per capita/ano.8 – Evolução e projeção do PIB per capitaano para alguns países <strong>de</strong>senvolvidos e em<strong>de</strong>senvolvimento ( 19 )31


A situação brasileira é bastante diferente, haja vista que o consumo interno <strong>de</strong>minério pela si<strong>de</strong>rurgia é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 15% da quantida<strong>de</strong> produzida no país.Portanto, o setor si<strong>de</strong>rúrgico nacional estará suprido, no médio e longo prazo, como melhor produto disponível no mercado mundial.O Brasil, com suas gran<strong>de</strong>s reservas em quantida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong>, seu mo<strong>de</strong>rnoparque produtor, instalações <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> escala e integrada no conceito minaferrovia-<strong>por</strong>to,continuará a beneficiar-se do crescimento da mineração <strong>de</strong> ferro e<strong>de</strong> sua li<strong>de</strong>rança no mercado mundial <strong>de</strong>sse insumo.4.2 – OS PREÇOS DO MINÉRIO DE FERRO E PELOTASO preço <strong>de</strong> referência minério <strong>de</strong> ferro (“benchmarking price”) é <strong>de</strong>finido, mundial eanualmente, em complexas negociações entre grupos <strong>de</strong> si<strong>de</strong>rúrgicas e osprincipais fornecedores. A Vale e as anglo-australianas, Rio Tinto e BHPB, (the big3), que <strong>de</strong>têm em torno <strong>de</strong> 75% do mercado transoceânico, li<strong>de</strong>ram as discussõespelo lado da oferta. Pelo lado da <strong>de</strong>manda, as si<strong>de</strong>rúrgicas organizam-se emgrupos e, normalmente, com as seguintes representações: a Thyssen-Krupp li<strong>de</strong>raas alemãs, negociando os preços para a Europa e a Nippon Steel, coor<strong>de</strong>nando asjaponesas, assume as discussões para <strong>de</strong>finição dos preços na Ásia. Com o adventoda expansão acelerada da produção <strong>de</strong> aço na China, e conseqüente aumento da<strong>de</strong>manda <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro no “seaborne”, as si<strong>de</strong>rúrgicas chinesas têmparticipado das negociações nos últimos anos, sob a li<strong>de</strong>rança da Baosteel.Definidos os acordos, e ajustadas as condições em base FOB/<strong>por</strong>to <strong>de</strong> referência dofornecedor, os preços passam a vigorar em todos os mercados. No caso daspelotas, a Vale toma a li<strong>de</strong>rança da oferta nas negociações, tanto na Europa quantona Ásia, em vista <strong>de</strong> sua participação no mercado transoceânico <strong>de</strong> pelotas (40%,incluindo sua participação na Samarco).No caso do Brasil, os preços <strong>de</strong> referência para o mercado interno são <strong>de</strong>finidos,excluindo-se do FOB/<strong>por</strong>to os preços <strong>de</strong> trans<strong>por</strong>te mina-<strong>por</strong>to <strong>de</strong> embarque. Ouseja, é <strong>de</strong>finido um preço <strong>de</strong> referência FOB/mina, servindo <strong>de</strong> base para asnegociações com as si<strong>de</strong>rúrgicas nacionais.Na <strong>de</strong>finição dos preços dos diferentes minérios, fatores como localização dos<strong>por</strong>tos <strong>de</strong> embarque, preços dos fretes marítimos, conteúdo em ferro, ultrafinos eimpurezas, <strong>de</strong>ntre outros, são levados em consi<strong>de</strong>ração. No contexto da logística,os minérios das Américas e África, em especial os Brasileiros, dominam o mercadoEuropeu, os Australianos têm maior presença nos mercados Asiáticos.Como explicado anteriormente, a produção <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro gera 3 produtosbásicos: granulado (lump), sinter feed e pellet feed. O sinter feed constitui-se,atualmente, na carga metálica mais im<strong>por</strong>tante para a Si<strong>de</strong>rurgia. Passa pelo32


processo <strong>de</strong> aglomeração em sinterização, gerando o sinter que alimenta os altosfornos.O sinter é um aglomerado relativamente friável que não resiste a gran<strong>de</strong>manuseio e trans<strong>por</strong>te, o que po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>gradá-lo, gerando finos in<strong>de</strong>sejáveis para oalto forno. Por essas razões, via <strong>de</strong> regra, as plantas <strong>de</strong> sinterização estãolocalizadas <strong>de</strong>ntro das Si<strong>de</strong>rúrgicas, compondo seu ativo produtivo. De sua vez, opellet feed é aglomerado nas pelotizações, gerando as pelotas para alto-forno eredução direta. As pelotas constituem-se num material muito mais resistente amanuseio que o granulado e o sinter, apresentando alto nível <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> químicofísico-metalúrgica.Por ajustes no processo produtivo, é possível produzi-las comampla varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> composição química, variando-se, <strong>por</strong> exemplo: os teores <strong>de</strong>sílica e <strong>de</strong> alumina, ganga básica (CaO +MgO), elementos <strong>de</strong>letérios(P,S,V,Ti,Pb,Cl). No caso das pelotizações, os ativos estão, em parte, <strong>de</strong>ntro doscomplexos si<strong>de</strong>rúrgicos ou em minas <strong>de</strong> sua proprieda<strong>de</strong>, e parte em instalaçõesdos fornecedores <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro (nas minas e nos <strong>por</strong>tos). Sendo osinvestimentos em ativos <strong>de</strong> pelotização <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> monta, as mineradoras têmassumido essa ativida<strong>de</strong> e dominado o mercado mundial <strong>de</strong> pelotas.Para se ter uma idéia da im<strong>por</strong>tância <strong>de</strong>sses minérios na Si<strong>de</strong>rurgia, o que impactaas negociações <strong>de</strong> preços, as cargas médias dos altos-fornos, em diferentes países,no início dos anos 2000, são apresentadas no Quadro 3. É im<strong>por</strong>tante caracterizarque a carga básica dos reatores <strong>de</strong> redução direta é a pelota, usada em mais <strong>de</strong>90% dos reatores no mundo. O complemento é feito com lump <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>,cuja ocorrência no mundo vem diminuindo. A tendência nessa área é <strong>de</strong> uso <strong>de</strong>100% <strong>de</strong> pelotas, <strong>de</strong> alto conteúdo em ferro (% Fe > 67).Vê-se a im<strong>por</strong>tância do sinter feed para a Si<strong>de</strong>rurgia, <strong>por</strong> ser o produto base nanegociação anual e o primeiro a ter o preço <strong>de</strong>finido (benchmarking price). Emfunção do seu peço, <strong>de</strong>finem-se os preços dos <strong>de</strong>mais produtos, caracterizando-seos prêmios para o lump e pelota (premium values). No caso do pellet feed, sendoum produto ultrafino e <strong>de</strong> uso limitado em sinterização, normalmente há uma<strong>de</strong>preciação em relação ao sinter feed, da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> até 10%, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da suaqualida<strong>de</strong>. Pellet feed muito puro, rico em ferro (% Fe > 68%) e <strong>de</strong> baixaimpureza, próprios para a produção <strong>de</strong> pelotas para redução direta (em francaexpansão), po<strong>de</strong>rão ter seus preços muito valorizados, sobre passando aquelesbásicos do sinter feed.33


Quadro 3 - Carga média dos altos-fornos (início dos anos 2000)PAÍS % SINTER % LUMP % PELOTAEstados Unidos 10 3 87Europa 65 15 20Japão 75 20 5China 75 19 6Brasil(Integradas)75 20 6Brasil (Guseiros) - 100 -A pelotização está passando <strong>por</strong> momento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> expansão e ganhará maisespaço na carga dos altos-fornos. O crescimento <strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong> na China tem sidomuito acelerado, prevendo-se que as pelotas estarão participando da carga dosaltos-fornos em pro<strong>por</strong>ção <strong>de</strong> 15 a 20%, <strong>por</strong> volta <strong>de</strong> 2012-2015. Isso impactará omercado <strong>de</strong> pellet feed, haja vista que os chineses <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rão da im<strong>por</strong>tação<strong>de</strong>sse ultrafino para a alimentação <strong>de</strong> seu parque “pelotizador”. As minerações, <strong>por</strong>seu lado, estão implantando novas unida<strong>de</strong>s, e estudando outras mais, paraaproveitar as o<strong>por</strong>tunida<strong>de</strong>s que vão surgindo. A pelotização é intensiva em capitale energia, <strong>por</strong>ém é o único processo existente para tratar os minérios ultrafinos e<strong>de</strong>stiná-los aos altos-fornos e reatores <strong>de</strong> redução direta. Em face <strong>de</strong>ssaim<strong>por</strong>tância crescente, nos últimos anos os preços das pelotas foram elevadosconsi<strong>de</strong>ravelmente.A gran<strong>de</strong> escalada da China, em direção ao aço, impulsionou sobremaneira omercado <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro e pelotas. Na Figura 9, po<strong>de</strong>-se verificar a evolução <strong>de</strong>preços, no período <strong>de</strong> 2000 a 2008, para o sinter feed e pelotas da Vale, em baseFOB, <strong>por</strong>to <strong>de</strong> Tubarão (1) . Naquela figura, observa-se, também, a tendência <strong>de</strong>aumento do prêmio das pelotas, em relação ao sinter feed.É convenção, no mercado, <strong>de</strong>finir-se o preço da unida<strong>de</strong> metálica (1% Fe), para 1tonelada, em base seca. Isto se <strong>de</strong>ve ao fato <strong>de</strong> que os minérios terem diferentesteores <strong>de</strong> ferro. Assim se expressa esse preço como: “Centavos <strong>de</strong> DólaresAmericanos (USD Cents) / 1% Fe / 1 tonelada seca.”Na figura 10 é mostrada a evolução dos preços <strong>de</strong> frete “spot” nas rotas Brasil-China e Austrália-China, entre 2000 e 2008. Subiram, vertiginosamente, com aexpansão chinesa e com o gran<strong>de</strong> volume <strong>de</strong> produtos em im<strong>por</strong>tação, em especialo minério <strong>de</strong> ferro. Os oceanos navegáveis vão se congestionando e navios e <strong>por</strong>tos<strong>de</strong> maiores tamanhos são <strong>de</strong>mandados.34


A Austrália e suas mineradoras, em face da sua privilegiada posição geográfica,têm gran<strong>de</strong> vantagem em relação ao Brasil, no tocante à competitivida<strong>de</strong> na China.A diferença atual <strong>de</strong> frete, no trans<strong>por</strong>te <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro, é altamente relevante.Para que as empresas <strong>de</strong> mineração brasileiras possam continuar fortementepresentes nesse mercado, alguns pontos serão fundamentais:• Conceituar o diferencial positivo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> dos minérios <strong>de</strong> ferrobrasileiros, com <strong>de</strong>finição clara <strong>de</strong> valor <strong>de</strong> uso (value in use);• Aumentar a produtivida<strong>de</strong> e racionalizar os custos operacionais;• Incentivar e ou <strong>de</strong>senvolver a indústria naval, criando os “meganavios” <strong>de</strong>capacida<strong>de</strong> maior que 500 mil toneladas <strong>de</strong> carga, como já estuda a Vale (1) .Com relação ao primeiro ponto, a Geometalurgia po<strong>de</strong>rá dar uma contribuiçãorelevante, <strong>por</strong> meio da caracterização das reservas <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro e <strong>de</strong>finiçãoda performance dos minérios no beneficiamento e na si<strong>de</strong>rurgia. Aqui, os centros<strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento privados e governamentais, em especial asUniversida<strong>de</strong>s, terão um papel relevante. Os fundamentos assim gerados sãoessenciais para os <strong>de</strong>senvolvimentos <strong>de</strong> negócios, tanto em momento <strong>de</strong> expansãoquanto <strong>de</strong> retração <strong>de</strong> mercado.Consi<strong>de</strong>rando-se os preços <strong>de</strong> fretes no seaborne, pesquisas <strong>de</strong>vem serincentivadas para agregação <strong>de</strong> valor aos minérios <strong>de</strong> ferro, <strong>por</strong> exemplo, a préredução,com eliminação parcial do oxigênio e concentração <strong>de</strong> ferro nos produtosminerais.A gran<strong>de</strong> escalada <strong>de</strong> preços dos minérios <strong>de</strong> ferro e pelotas tem incomodadosobremaneira os si<strong>de</strong>rurgistas e impulsionado as pesquisas minerais, mundo afora.35


Figura 9 – Evolução dos preços <strong>de</strong> sinter feed epelotas <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro, em base FOB, <strong>por</strong>to<strong>de</strong> Tubarão da Vale (1)Figura 10 – Evolução dos preços “spot” <strong>de</strong>frete em navios tipo “Cape Size” para a China( 11, 20, 21 )(minério <strong>de</strong> ferro)36


Nesse aspecto, as seguintes tendências têm sido constatadas:• Gran<strong>de</strong>s si<strong>de</strong>rúrgicas e/ou grupos estão investindo em ativos <strong>de</strong> mineração<strong>de</strong> ferro como forma <strong>de</strong> garantir, pelo menos, parte <strong>de</strong> seu suprimento eredução dos custos <strong>de</strong> matéria-prima. Nesse segmento, po<strong>de</strong>m ser citados:grupo Arcelor Mittal (<strong>de</strong>seja atingir até 40% <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>manda), grupo Tata-Corus, JSM, Posco, Baosteel, grupo Usiminas-Cosipa, grupo Gerdau, etc..• Viabilização <strong>de</strong> recursos minerais <strong>de</strong> ferro, antes inimaginável, no médioprazo. Destacam-se, nesse caso, os projetos geradores <strong>de</strong> 100% <strong>de</strong> pelletfeed, intensivos em capital e em fatores <strong>de</strong> custo operacional.No Brasil, a aquisição recente da mineração J.Men<strong>de</strong>s pelo grupo Usiminas-Cosipa,com investimento superior ao bilhão <strong>de</strong> dólares americanos, fez acen<strong>de</strong>r asdiscussões sobre o papel dos setores <strong>de</strong> mineração <strong>de</strong> ferro e si<strong>de</strong>rurgia no<strong>de</strong>senvolvimento nacional. E algumas questões têm sido levantadas nas mídiasnacional e internacional:• O atual mercado <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro Brasileiro compromete acompetitivida<strong>de</strong> da si<strong>de</strong>rurgia nacional frente aos <strong>de</strong> outros países?• A Si<strong>de</strong>rurgia, <strong>de</strong>sviando recursos <strong>de</strong> investimento para a mineração, nãoestaria fugindo <strong>de</strong> seu “core business” e per<strong>de</strong>ndo o<strong>por</strong>tunida<strong>de</strong>s nomercado <strong>de</strong> aço?Há muitas controvérsias nas opiniões sobre esse tema, não havendo um consenso arespeito. De qualquer forma, outros grupos si<strong>de</strong>rúrgicos <strong>de</strong>senvolvem ações nadireção das minas <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro.Ainda com relação à <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> preços dos minérios e pelotas, em que a unida<strong>de</strong>metálica (1% Fe) é “precificada”, há <strong>de</strong> se tecer algumas consi<strong>de</strong>rações sobre ocaso específico das pelotas. Embora haja uma diferenciação entre as pelotas <strong>de</strong>redução direta e as <strong>de</strong> alto-forno, sendo aquelas premiadas em 10% — <strong>de</strong>vido aosaltos teores <strong>de</strong> ferro e pureza —, não há qualquer diferenciação estabelecida paraos diferentes tipos <strong>de</strong> pelotas para alto-forno. A Figura 11 (3) mostra a relação entreo teor <strong>de</strong> ferro e a basicida<strong>de</strong> quaternária das pelotas, para diferentes tipos teores<strong>de</strong> ganga ácida (SiO 2 +Al 2 O 3 ), na qual fica caracterizada a gran<strong>de</strong> gama <strong>de</strong> pelotaspossíveis <strong>de</strong> se produzir, <strong>de</strong>stacando se os grupos das pelotas ácidas, fun<strong>de</strong>ntes esuperfun<strong>de</strong>ntes. Assim, <strong>de</strong>finindo-se um preço base para a unida<strong>de</strong> metálica daspelotas para alto-forno ou mesmo redução direta, há um <strong>de</strong>sestímulo ao<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> pelotas fun<strong>de</strong>ntes ou superfun<strong>de</strong>ntes, <strong>de</strong> melhor performancenos reatores si<strong>de</strong>rúrgicos (ca<strong>de</strong>ia redução-aciaria), haja vista que o aumento dabasicida<strong>de</strong> da pelota implica 2 pontos negativos para os produtores:37


• Aumento do custo operacional, em face da menor produtivida<strong>de</strong> e dosmaiores consumos <strong>de</strong> fun<strong>de</strong>ntes e energia;• Diminuição do faturamento (preço), <strong>de</strong>vido aos menores teores em ferro<strong>de</strong>sses tipos <strong>de</strong> pelotas.Assim, os avanços nessa área da pelotização terão <strong>de</strong> ser su<strong>por</strong>tados <strong>por</strong> estudosmais aprofundados, relativos ao valor <strong>de</strong> uso (value in use) <strong>de</strong>ssa varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>pelotas.Figura 11 - Relação entre o teor <strong>de</strong> ferro e a basicida<strong>de</strong> da pelota paradiferentes teores <strong>de</strong> ganga ácida (SiO 2 + Al 2 O 3 ) (3)4.3 – OS MERCADOS INTERNO E TRANSOCEÂNICO4.3.1 – O MERCADO INTERNOO consumo atual <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro e pelotas na si<strong>de</strong>rurgia brasileira é da or<strong>de</strong>m<strong>de</strong> 60 milhões <strong>de</strong> toneladas <strong>por</strong> ano, para uma produção <strong>de</strong> aço bruto, em 2007, <strong>de</strong>33,8 milhões <strong>de</strong> toneladas. Estima-se que cerca <strong>de</strong> 12 milhões <strong>de</strong> toneladas <strong>por</strong>ano seja <strong>de</strong> produção cativa (CSN, V&M e Arcelor Mittal-Belgo, etc.), restando,então, em torno 48 milhões para suprimento do restante do mercado. Nessa<strong>de</strong>manda, incluem-se os produtores in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> gusa para ex<strong>por</strong>tação,consumindo cerca <strong>de</strong> 15 milhões <strong>de</strong> toneladas <strong>por</strong> ano <strong>de</strong> granulado, uma únicaplanta <strong>de</strong> redução direta Hyl III, pertencente ao grupo Gerdau-Usiba, que consomecerca <strong>de</strong> 0,6 milhões <strong>de</strong> tonelada <strong>por</strong> ano <strong>de</strong> granulado+pelotas, e as <strong>de</strong>maissi<strong>de</strong>rúrgicas integradas (na faixa <strong>de</strong> 32 a 35 milhões <strong>de</strong> toneladas <strong>por</strong> ano). Estasúltimas consomem, basicamente, sinter feed, granulado e pelotas. Neste particular,38


a tendência é <strong>de</strong> aumentar o uso <strong>de</strong> pelotas na carga dos seus altos-fornos, sejapara aumento <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> e performance ou pelo fato da <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> e escassez futura <strong>de</strong> granulados. O consumo <strong>de</strong> minério tipo pellet feednas usinas <strong>de</strong> pelotização não merece maior <strong>de</strong>staque, haja vista que os produtoresbrasileiros <strong>de</strong> pelotas encontram solução <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seus grupos econômicos, nãohavendo <strong>de</strong>manda direta no mercado aberto.Nos últimos anos, os consumos efetivos (7,13) <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro e pelotas nasi<strong>de</strong>rurgia brasileira têm sido os seguintes (valores em milhões <strong>de</strong> toneladas <strong>por</strong>ano):DESCRIÇÃO 2004 2005 2006<strong>Minério</strong> <strong>de</strong> ferro (finos + lump) 55,7 52,6 50,4<strong>Pelotas</strong> 3,2 4,9 4,8Segundo o Tex Re<strong>por</strong>t (22) , a si<strong>de</strong>rurgia brasileira <strong>de</strong>verá crescer nos próximos anosem razão da expansão marginal da capacida<strong>de</strong> das usinas e, também, <strong>de</strong> instalação<strong>de</strong> novas unida<strong>de</strong>s produtoras. O mercado registra os seguintes novos projetos, oque irá aumentar a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> minério e pelotas no mercado interno:PROJETOESTADOCAPACIDADE(t x 10 6 )Cia. Si<strong>de</strong>rúrgica <strong>de</strong> Vitória –CSVCia. Si<strong>de</strong>rúrgica do Atlântico –CSAEspírito Santo 5,0Rio <strong>de</strong> Janeiro 5,0Expansão USIMINAS-COSIPAMinas Gerais/ SãoPaulo3,0Cia. Si<strong>de</strong>rúrgica do Ceará –CSCCeará 2,5Com a implantação <strong>de</strong>sses projetos, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> aço brutabrasileira — atualmente 37,1 milhões <strong>de</strong> toneladas <strong>por</strong> ano (23) — <strong>de</strong>verá ultrapassara marca <strong>de</strong> 50 milhões <strong>de</strong> toneladas <strong>por</strong> ano, até 2012. Com isso, haverá, uma<strong>de</strong>manda adicional <strong>de</strong> minérios e pelotas da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 20 milhões <strong>de</strong> toneladas <strong>por</strong>ano (não há informação do quanto a Usiminas usará <strong>de</strong> minério próprio da minaJ.Men<strong>de</strong>s, recém adquirida).39


Esses novos projetos, principalmente o CSV, CSA e CSC <strong>de</strong>verão <strong>de</strong>mandar maiorpro<strong>por</strong>ção <strong>de</strong> pelotas, na carga dos reatores <strong>de</strong> redução. Estimativas preliminaresindicam uma subida potencial <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> pelotas para o patamar <strong>de</strong> 15 milhões<strong>de</strong> toneladas <strong>por</strong> ano, em 2012 (1) .Para dar su<strong>por</strong>te a essa expansão da si<strong>de</strong>rurgia nacional , assim como aten<strong>de</strong>r aocrescente mercado externo, as mineradoras brasileiras têm um ambicioso plano <strong>de</strong>investimentos. Novas empresas têm empreendido um gran<strong>de</strong> trabalho, visando àcaracterização <strong>de</strong> reservas e <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> rotas <strong>de</strong> tratamento para os minérios. Osnovos projetos serão implantados, seja para aumento marginal <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>instalações existentes (brownfield) ou em caráter pioneiro (greenfield). De acordocom o que está anunciado (15) , merecem <strong>de</strong>staques os planos da Vale (novo SerraSul, na região <strong>de</strong> Carajás – PA, com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 90 milhões <strong>de</strong> toneladas <strong>por</strong> anoe 10 bilhões <strong>de</strong> dólares americanos <strong>de</strong> investimento), da CSN (com gran<strong>de</strong>expansão da mineração Casa <strong>de</strong> Pedra), e da MMX – Minas Rio ( contemplandomineroduto e planta <strong>de</strong> pelotização). Entre 2008 e 2012, a produção Brasileira <strong>de</strong>minério <strong>de</strong> ferro e pelotas <strong>de</strong>verá evoluir na forma mostrada no Quadro 4.Esse planejamento <strong>de</strong> investimento mostra o quanto o Brasil está comprometidocom o mercado <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro, seja interno ou externo. É digno <strong>de</strong> nota ogran<strong>de</strong> salto da Vale, que, em 4 anos, agregará ao seu parque <strong>de</strong> produção acapacida<strong>de</strong> anual <strong>de</strong> 125 milhões <strong>de</strong> toneladas. Destacam-se, também, osprogramas da CSN, MMX e Mhag. Parte <strong>de</strong>sse minério será <strong>de</strong>slocada para aprodução <strong>de</strong> pelotas, cujos investimentos das empresas brasileiras, para aumento<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> até 2012, serão muito significativos e foram discutidos em capítuloanterior.Quadro 4 - Projeção da evolução da produção <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro (t x 10 6 )EMPRESA 2008 2009 2010 2011 2012Vale 325 360 400 422 450CSN 29 50 65 65 82MMX 12 22 39 46 46Mhag 1 4 10 10 30MCR - Rio Tinto 2 5 8 8 9Mineração2 2 2 2 6J.Men<strong>de</strong>sV&M Mineração 3 4 4 4 4London Mining 1 3 3 3 5TOTAL 375 450 531 560 63240


4.3.2 – O MERCADO TRANSOCEÂNICO (SEABORNE TRADE)No ano <strong>de</strong> 2007, da produção total brasileira <strong>de</strong> minério e pelotas — 370 milhões<strong>de</strong> toneladas —, 270 milhões foram ex<strong>por</strong>tadas para os seguintes países domercado transoceânico:China - 35%; Japão - 11%; Alemanha - 9%; Itália - 5%; França - 4,6%;Coréia do Sul - 3,4%; Argentina - 3%; Trinidad y Tobago - 2,7% e outros - 26,3%.A China vem se firmando, nesses últimos anos, como o gran<strong>de</strong> consumidor dominério <strong>de</strong> ferro brasileiro e mundial, culminando, em 2007, com a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong>,aproximadamente, 95 milhões <strong>de</strong> toneladas <strong>de</strong> minério e pelotas das mineradorasbrasileiras.As principais empresas fornecedoras <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro nesse mercado são a Valee as duas Anglo-australianas, Rio Tinto e BHPB. Juntas, respon<strong>de</strong>m, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2004,<strong>por</strong> mais <strong>de</strong> 70 % das vendas neste setor. Em particular, as participações noseaborne <strong>de</strong>ssas 3 empresas mineradoras, no ano <strong>de</strong> 2006, foram:Vale – 39,4%, Rio Tinto – 24,4% e BHPB – 14,2% .O grupo Vale vem ganhando fatia expressiva, tendo aumentado em 5,6% seu“market share”, no mercado transoceânico, no período entre 2004 e 2006.Quando se analisam os dados dos últimos 10 anos, relativos à evolução daprodução mundial <strong>de</strong> aço e <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro (inclusive pelotas) nomercado transoceânico, fica claro o fenômeno China. As figuras 12 e 13 mostramcomo os chineses cresceram na produção <strong>de</strong> aço e no consumo <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferrodo seaborne, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999. Mostram, também, as estimativas <strong>de</strong>sses parâmetros, nohorizonte 2012. Naquele ano, a China estará produzindo cerca <strong>de</strong> 710 milhões <strong>de</strong>toneladas <strong>de</strong> aço bruto <strong>por</strong> ano, representando 42% da produção mundial.Paralelamente, <strong>de</strong>mandará 625 milhões <strong>de</strong> toneladas <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro e pelotas,no mercado transoceânico, ou o equivalente a 56% <strong>de</strong> toda a <strong>de</strong>manda mundial.Esse crescimento espantoso da China na área da si<strong>de</strong>rurgia tem criado muitaso<strong>por</strong>tunida<strong>de</strong>s para as mineradoras <strong>de</strong> ferro. Po<strong>de</strong> ser verificado que entre 1999 e2007, a <strong>de</strong>manda no transoceânico cresceu 369 milhões <strong>de</strong> toneladas. Até 2012, aexpectativa é a <strong>de</strong> um crescimento <strong>de</strong> mais 335 milhões <strong>de</strong> toneladas. Para esses 2períodos, a fatia <strong>de</strong> crescimento da China foi e será <strong>de</strong> 320 e 250 milhões <strong>de</strong>toneladas, respectivamente. Isso mostra como a China continuará comandando aexpansão mundial da si<strong>de</strong>rurgia, até 2012.Com relação às pelotas <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro, alguns fatores fundamentais têmimpulsionado o mercado <strong>de</strong>sse material, a saber:• Restrições ambientais à expansão da sinterização, nos países <strong>de</strong>senvolvidos(pelotas como substituto <strong>de</strong> parcela <strong>de</strong> sinter na carga dos altos fornos);41


• Melhoria <strong>de</strong> performance dos reatores <strong>de</strong> redução e do balanço geral <strong>de</strong>emissões (CO2, dioxinas, SO x, NO x), com o uso <strong>de</strong> maior percentual <strong>de</strong>pelotas na carga dos altos fornos;• Expansão acelerada da redução direta, na região da África/Oriente Médio (aspelotas são a base da carga dos reatores); e• Escassez <strong>de</strong> minério granulado em volume e ou qualida<strong>de</strong> (pelotas comosubstituto parcial ou total dos granulados na redução direta e no altoforno).Em 2006, o mercado transoceânico <strong>de</strong> pelotas era da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 97 milhões <strong>de</strong>toneladas. A <strong>de</strong>manda esteve distribuída da seguinte forma, em percentual dototal:Europa – 30%, China – 23%, Ásia (excluindo-se a China) – 20%,África +Oriente Médio – 17%, Américas – 10%.42


Figura 12 – Evolução e estimativa das produções<strong>de</strong> aço bruto no mundo e na China (1,13)Figura 13 – Evolução e estimativa das<strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro no mundo e na( 1, 13 )China no “Seaborne”43


Nessa área da pelotização, a China não se configura como o maior <strong>de</strong>mandador noseaborne, em vista do uso <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rado percentual <strong>de</strong> pelotas na carga <strong>de</strong> seus altosfornos. Também, fez opção <strong>por</strong> criar o seu próprio parque pelotizador. Continuaráim<strong>por</strong>tando uma parcela <strong>de</strong> suas necessida<strong>de</strong>s, <strong>por</strong>ém, apenas como complemento dasua produção.O market share no seaborne <strong>de</strong> pelotas era o seguinte, no ano <strong>de</strong> 2006:Vale – 40%, LKAB – 18%, IOC – 11%, GIIC – 5% e outros 26%.O grupo Vale vem se firmando na li<strong>de</strong>rança absoluta do mercado <strong>de</strong> pelotas, aexemplo do que já acontece no <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro. Além das associações <strong>de</strong> sucessono Brasil, a empresa esta se expandindo para outros países, buscando parceirosconsumidores <strong>de</strong> pelotas. Dessa forma, já participa minoritariamente <strong>de</strong> umempreendimento <strong>de</strong> pelotização na China e anunciou que está estudando a viabilida<strong>de</strong><strong>de</strong> outros, em Omã, na Malásia, e na própria China.Nas figuras 14 e 15, são mostradas as estimativas <strong>de</strong> crescimento da <strong>de</strong>manda nessemercado. Verifica-se que, entre 2006 e 2015, haverá um acréscimo da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 45milhões <strong>de</strong> toneladas, na <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> pelotas <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro, segundoestimativas do grupo Vale. O Oriente Médio, local on<strong>de</strong> estão localizados gran<strong>de</strong>sprojetos <strong>de</strong> redução direta, respon<strong>de</strong>rá pela maior fatia, ou seja: 22 milhões <strong>de</strong>toneladas (em base anual). Devido a esse aspecto, constata-se, também, que o maiorcrescimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda se dará em pelotas tipo redução direta; 33 milhões <strong>de</strong>toneladas, contra 12 milhões <strong>de</strong> toneladas do tipo alto-forno.As pelotas <strong>de</strong> redução direta, conforme visto anteriormente, exigem o uso <strong>de</strong> pelletfeed muito rico. Em vista disso, têm um prêmio em preço <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 10%, sobre aspelotas para alto-forno. O Brasil, com suas reservas <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>rá tirarproveito <strong>de</strong>sse crescimento da área <strong>de</strong> redução direta, seja ven<strong>de</strong>ndo diretamente aspelotas ou ven<strong>de</strong>ndo pellet feed concentrado para plantas <strong>de</strong> pelotização do seaborne.44


Projeção <strong>de</strong> Demanda <strong>por</strong> <strong>Pelotas</strong>150Demanda <strong>Pelotas</strong> (Mt)110312222∆ = 45 Mt3314297702006EuropaÁsia*ÁfricaFigura14 – Estimativa <strong>de</strong> crescimento da<strong>de</strong>manda <strong>de</strong> pelotas no seaborne, <strong>por</strong> região (1,O MédioAméricasChina2015160Projeção <strong>de</strong> Demanda <strong>por</strong> <strong>Pelotas</strong> <strong>por</strong> Segmento142Dem anda <strong>por</strong> pelotas (Mt)120804097326512∆ = 45 Mt33657702006 AF RD 2015Figura 15 – Estimativa do crescimento da<strong>de</strong>manda <strong>por</strong> pelotas no seaborne, <strong>por</strong> tipo<strong>de</strong> produto. (1,22)45


GLOSSÁRIO1 – BOF – abreviatura, em inglês, <strong>de</strong> Basic Oxigen Furnace. Na literaturasi<strong>de</strong>rúrgica po<strong>de</strong> ser entendido como conversor a oxigênio, equipamento utilizadopara refino do ferro gusa e, consequentemente, produção <strong>de</strong> aço. Também,conhecido como LD.2 – Commodity ( 4 ) - segundo a Wikipédia, é um termo da língua inglesa que,como o seu plural commodities, significa mercadoria in natura, bruta ou compequeno grau <strong>de</strong> industrialização, <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> uniforme in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da origem,produzida em gran<strong>de</strong>s volumes, <strong>por</strong> vários produtores, e transacionada em bolsa <strong>de</strong>mercadorias.3 – Core Business – expressão inglesa que po<strong>de</strong>ria ser traduzida como objetivo oufoco principal <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> econômica.4 – DRI/HBI – <strong>de</strong>signação, em inglês, dos produtos da redução direta; DRI-directreduced iron / HBI-hot briquetted iron.5 – EUA – abreviarura, em <strong>por</strong>tuguês, <strong>de</strong> Estados Unidos da América.6 – Fe – símbolo do elemento químico ferro.7 – FMI – abreviatura, em <strong>por</strong>tuguês, para Fundo Monetário Internacional8 – FOB – abreviatura da expressão inglesa free on board, utilizada em transaçõescomerciais, significando material posto ou embarcado no navio.9 – Lump, Sinter Feed e Pellet Feed – <strong>de</strong>signação, em inglês, respectivamentepara: minério em pedaços ou granulado; minério fino, próprio para alimentar asusinas <strong>de</strong> aglomeração <strong>por</strong> sinterização na produção <strong>de</strong> sinter; minério fino, própriopara alimentar as usinas <strong>de</strong> aglomeração <strong>por</strong> pelotização, na produção <strong>de</strong> pelota.10 – Market Share – expressão inglesa que significa a fatia do mercado que um<strong>de</strong>terminado fornecedor <strong>de</strong>tém.11 – Pelota - aglomerado na forma <strong>de</strong> esferas, obtido a partir <strong>de</strong> pellet feed, noprocesso pirometalúrgico <strong>de</strong> pelotização.12 – PIB – Produto interno bruto.13 – Premium Price – expressão, em inglês, que po<strong>de</strong>ria ser entendida como ovalor a ser pago a mais <strong>por</strong> um produto, em relação a outro, <strong>de</strong>vido ao seu maiorvalor agregado.14 – RDI – abreviatura em inglês <strong>de</strong> reduction <strong>de</strong>gradation in<strong>de</strong>x, significando umparâmetro <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> metalúrgica <strong>de</strong> sinter, granulado e pelota.15 - Reservas <strong>de</strong> <strong>Minério</strong> ( 10 ) : As reservas são classificadas como Medida,Indicada e Inferida, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do grau <strong>de</strong> conhecimento da jazida. Maisrecentemente, introduziu-se um conceito complementar <strong>de</strong> reserva lavrável.15.1 - Reserva Medida - Volume ou tonelagem <strong>de</strong> minério computado pelasdimensões reveladas em afloramentos, trincheiras, galerias, trabalhos subterrâneos46


e sondagens, sendo o teor <strong>de</strong>terminado pelos resultados <strong>de</strong> amostragem<strong>por</strong>menorizada, <strong>de</strong>vendo os pontos <strong>de</strong> inspeção, amostragem e medida estarem tãoproximamente espacejados, e o caráter geológico tão bem <strong>de</strong>finido que asdimensões, a forma e o teor da substância mineral possam ser perfeitamenteestabelecidos. A reserva computada <strong>de</strong>ve ser rigorosamente <strong>de</strong>terminada noslimites estabelecidos, os quais não <strong>de</strong>vem apresentar variação superior a 20%(vinte <strong>por</strong> cento) da quantida<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>ira.15.2 - Reserva Indicada - Volume ou tonelagem <strong>de</strong> minério computado a partir<strong>de</strong> medidas e amostras específicas, ou <strong>de</strong> dados da produção, e, parcialmente, <strong>por</strong>extrapolação até distância razoável, com base em evidências geológicas. Asreservas computadas são as aprovadas pelo DNPM nos Relatórios <strong>de</strong> Pesquisa e/oureavaliação <strong>de</strong> reservas.15.3 - Reserva Inferida - Estimativa do volume ou tonelagem <strong>de</strong> minériocalculada com base no conhecimento da geologia do <strong>de</strong>pósito mineral, havendopouco trabalho <strong>de</strong> pesquisa.15.4 - Reserva Lavrável – Mais recentemente, o DNPM introduziu o conceito <strong>de</strong>reserva lavrável, no intuito <strong>de</strong> dimensionar com maior acuida<strong>de</strong> as reservasdisponíveis. Correspon<strong>de</strong>ndo à reserva técnica e economicamente aproveitável,levando-se em consi<strong>de</strong>ração a recuperação da lavra. É a reserva in situ.Estabelecida no perímetro da unida<strong>de</strong> mineira, <strong>de</strong>terminado pelos limites daabertura <strong>de</strong> exaustão (cava ou flanco para céu aberto e realces ou câmaras parasubsolo), excluindo-se os pilares <strong>de</strong> segurança e as zonas <strong>de</strong> distúrbios geomecânicos.Correspon<strong>de</strong> à reserva técnica e economicamente aproveitável levandoseem consi<strong>de</strong>ração a recuperação da lavra, a relação estéril/minério e a diluição(contaminação do minério pelo estéril), <strong>de</strong>correntes do método <strong>de</strong> lavra emutilização.16 – Run of Mine – <strong>de</strong>signação, em inglês, do produto bruto da lavra que alimentaa usina <strong>de</strong> tratamento ou beneficiamento.17 – Sinter – <strong>de</strong>signação, em inglês, para o aglomerado obtido a partir <strong>de</strong> sinterfeed, no processo pirometalúrgico <strong>de</strong> sinterização.18 – Tu – símbolo que representa <strong>por</strong>to <strong>de</strong> Tubarão da Vale, em Vitória ES.19 – USD – símbolo da moeda dos Estados Unidos (dólares americanos).20 – Value in Use – expressão inglesa que significa valor <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> um produto,ou seja, o valor que se <strong>de</strong>ve atribuir a ele, em face <strong>de</strong> sua performance.47


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1 – Vale, Cia. Vale do Rio Doce S.A. – Publicações das áreas técnicas e <strong>de</strong>economia, em congressos, seminários e em seu site, pelos <strong>de</strong>partamentos DITF,DIRI e DIMV. www.vale.com/Investidores2 – Vieira,C.B. et alii. Avaliação técnica <strong>de</strong> minérios <strong>de</strong> ferro para sinterização, nassi<strong>de</strong>rúrgicas e minerações brasileiras: uma análise crítica. Revista da Escola <strong>de</strong>Minas, volume 56, no. 2, Abril-Junho 2003, Ouro Preto MG. www.rem.com.br3 - <strong>Mourão</strong>, J.M. – Anotações em arquivo particular. j-murilo@uol.com.br4 – Wikipédia – A enciclopédia livre . pt.wikipedia.org5 – Quaresma, L.F. - Balanço Mineral Brasileiro 2001, Elemento <strong>Ferro</strong>. DNPM,Departamento Nacional <strong>de</strong> Produção Mineral, Brasília, DF. www.dnpm.gov.br6 – USGS, United States Geological Survey – Mineral Commodity Summaries 2008,and Iron Ore Re<strong>por</strong>ts by Jorgenson, J.D.. www.usgs.gov7 – Jesus,C.A.G. – Avaliação Mineral 2007 , Elemento <strong>Ferro</strong>. DNPM, Brasília, DF.www.dnpm.gov.br8 –Rio Tinto Co. – Annual Balances. www.riotinto.com9 – BHPB, BHP Billiton Co. – Annual Balances . www.bhpbilliton.com10 – Anuário Mineral Brasileiro 2006 / Ano base 2005 - DNPM, Brasília, DF.www.dnpm.gov.br11 – Baffinland, Iron Mines Cor<strong>por</strong>ation – Iron Ore Industry Trends and Analysis,2007. www.baffinland.com12 – Canaccord Adams – Iron Ore Conference – London, January 18 th , 2008.www.canaccordadams.com13 – IISI, International Iron and Steel Institute - Steel Statistical Yearbook 2007.www.wordsteel.org14 – UNCTAD – Statistical Re<strong>por</strong>ts . www.unctad.org15 – SINFERBASE, Sindicato Nacional da Indústria da Extração do <strong>Ferro</strong> e MetaisBásicos – Relatório Estatístico sobre <strong>Minério</strong> <strong>de</strong> <strong>Ferro</strong> 2008 . www.sinferbase.com.br16 – The Tex Re<strong>por</strong>t Ltd. – Vol 39, No. 9306, 14/08/2007 - World Pellet ProductionCapacity Likely To Reach 400 Mt in 2008, Japan . www.texre<strong>por</strong>t.co.jp17 – MME, Ministério das Minas e Energia do Brasil – Anuário Estatístico do SetorMetalúrgico (consumo <strong>de</strong> matérias primas). www.mme.gov.br18 – Soares, R.C. – Expansão da Si<strong>de</strong>rurgia Brasileira: Impactos Nacional eInternacional. Trabalho apresentado no 1º. Encontro Nacional <strong>de</strong> Si<strong>de</strong>rurgia,promovido pelo IBS, Junho 2008. www.ibs.org.br19 – IMF, International Monetary Fund – World economic outlook database, April2008. www.imf.org48


20 – Steel Guru News – Spot price for iron ore in China flat <strong>de</strong>spite freight increase,June 13 th , 2008. www.steelguru.com21 – Stockhouse - 2008 Price for iron ore, June 6 th , 2007. www.stockhouse.com22 – The Tex Re<strong>por</strong>t Ltd. - Iron Ore Manual 2007 – www.texre<strong>por</strong>t.co.jp23 – IBS , Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Si<strong>de</strong>rurgia – Si<strong>de</strong>rurgia, Investimento e Expansãoda Produção. Trabalho disponível no site: www.ibs.org.br49

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