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A Comunidade Latino-Americana em Londres - School of ...

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A <strong>Comunidade</strong> <strong>Latino</strong>-<strong>Americana</strong> <strong>em</strong> <strong>Londres</strong>Cathy McIlwaine e Juan Camilo CockVersão <strong>em</strong> português por Yara Evans2011


<strong>em</strong> Newham, Haringey, Islington, Tower Hamlets eHackney. Assim, de modo geral, os latinoamericanosresid<strong>em</strong> no cinturão interno de<strong>Londres</strong>, conhecido como Inner London.Os latino-americanos <strong>em</strong> <strong>Londres</strong> t<strong>em</strong> alto níveleducacional: 70% dos pesquisados declarou teratingido o nível superior de educação, tendoalguns obtido formação técnica, e 13% formaçãouniversitária ou pós-graduação. A grande maioria<strong>em</strong>igrou para <strong>Londres</strong> devido a falta deoportunidades econômicas nos países de orig<strong>em</strong>.Elephant and Castle, Foto ©Cathy McIlwaineQual o perfil da comunidadelatino-americana <strong>em</strong> <strong>Londres</strong>?Os latino-americanos <strong>em</strong> <strong>Londres</strong> constitu<strong>em</strong> umacomunidade jov<strong>em</strong> e diversificada, na qual estãorepresentados diferentes grupos étnicos e sócioeconomicos.A idade média registrada naamostrag<strong>em</strong> da pesquisa foi de 36 anos, sendoque 63% dos pesquisados tinha entre 20 e 39anos de idade.A comunidade latino-americana estabeleceu-se<strong>em</strong> diferente áreas da cidade, havendoconcentrações importantes nos bairros deSouthwark e Lambeth, e concentrações menoresEmbora o nível de <strong>em</strong>prego na comunidade sejabastante alto (85% dos pesquisados), apenasuma minoria consegue inserir-se no mercado detrabalho exercendo sua própria pr<strong>of</strong>issão. A faltade domínio da língua inglesa (apenas um terço daamostrag<strong>em</strong> t<strong>em</strong> ou conhecimento básico ounenhum) e de oportunidades de ascençãoocupacional leva muitos a exercer atividades nosetor de serviços, <strong>em</strong> restaurantes, hotéis elimpeza de escritório ou limpeza domiciliar. Assim,<strong>em</strong> muitos casos, receb<strong>em</strong> salários baixos, nãogozam de benefício algum n<strong>em</strong> de direitostrabalhistas. Os latino americanos que chegaramrecent<strong>em</strong>ente tender a ser os que estão <strong>em</strong>situação imigratória irregular (nãodocumentados),e que também reportam altosniveís de exploração no local de trabalho.Mais de um terço dos latino-americanos v<strong>em</strong> a<strong>Londres</strong> com a intenção de permanecert<strong>em</strong>porariamente ou o t<strong>em</strong>po suficiente parapoder<strong>em</strong> trabalhar e poupar. Contudo, o alto custode vida na capital leva ao adiamento, por t<strong>em</strong>poindefinido, do retorno ao país de orig<strong>em</strong>. Anecessidade de se fazer r<strong>em</strong>essas de dinheiro4 Queen Mary, University <strong>of</strong> London


Mapa da distribuição da população latino-americana <strong>em</strong> <strong>Londres</strong>frequentes para a manutenção da família exigebastante sacrifício, que se evidencia pela longajornada de trabalho, e que diminui o montantenecessário a uma subsistência digna <strong>em</strong> <strong>Londres</strong>,uma das cidades mais caras do mundo. Estesacrifício se traduz também na poucadisponibilidade de t<strong>em</strong>po para atividades sociais elúdicas, ou para dispender no aprendizado dalíngua inglesa, sendo o conhecimento da línguaum pré-requisito à mobilidade social.Queen Mary, University <strong>of</strong> London 5


Quantos latino-americanosmoram e trabalham <strong>em</strong><strong>Londres</strong>?O número dos latino-americanos que viv<strong>em</strong> <strong>em</strong><strong>Londres</strong> t<strong>em</strong> sido um t<strong>em</strong>a de grande controvérsiajá que muitos não figuram nos registros <strong>of</strong>iciais, etambém porque muitos obtiveram a cidadaniabritânica ou a de outros países da comunidadeeuropéia, enquanto uma proporção tambémsignificativa está <strong>em</strong> situação imigratória irregular 4 .Com o objetivo de se obter um quadro abrangenteda comunidade latino-americana <strong>em</strong> <strong>Londres</strong>, apesquisa aqui relatada baseou-se também <strong>em</strong>triangulação e análise detalhada de dadosproveniente de diversas fontes 5 . Tal exercícioproduziu as seguintes estimativas para trêssegmentos da população:• Os nascidos na América Latina que viv<strong>em</strong> noReino Unido: 79, 300 (ano 2008)• <strong>Latino</strong>-americanos <strong>em</strong> situação imigratóriairregular: 17,100 (excluindo-se os nascidos noReino Unido)• geração de latino-americanos: 17,200A soma destes três segmentos revela a presençade 186,500 latino-americanos no Reino Unido,dos quais 113,500 resid<strong>em</strong> <strong>em</strong> <strong>Londres</strong> (61%).Tal número permite afirmar que a comunidadelatino-americana <strong>em</strong> <strong>Londres</strong> é de tamanhoexpressivo, sendo numericamente comparável aoutros grupos de imigrantes como, por ex<strong>em</strong>plo,os poloneses, que <strong>em</strong> 2009 totalizavam 122,000indivíduos.O que motiva a <strong>em</strong>igração?“Eu trabalhava como pr<strong>of</strong>essora seis dias nas<strong>em</strong>ana, saindo de casa às 6 da manhã e voltandoàs 11 da noite, incluindo o sábado, que era um dialongo e árduo. Em todos os colégios onde eutrabalhava só me pagavam o sálariominímo…Então pensei: com minha capacidadeposso aspirar a um trabalho digno, viver b<strong>em</strong> enão ter que andar implorando por cartas derecomendação”.Viviana, colombiana, 47 anosMais de 40% dos pesquisados reportou a falta deoportunidades econômicas e pr<strong>of</strong>issionais como aprincipal razão que os levou a deixar seu país deorig<strong>em</strong>. Esse motivo foi citado por 57% dosbrasileiros. Pouco mais de um quinto daamostrag<strong>em</strong> deixou a América Latina <strong>em</strong> busca deoportunidades educacionais, como aprender oinglês, ou ainda fazer cursos de nível superior.Cerca de 16% indicaram razões de cunho familiarou social para <strong>em</strong>igrar.Muitos dos entrevistados explicaram que suaimigração resultou de uma combinação defatores. Adriana (colombiana, 58 anos), porex<strong>em</strong>plo, deixou seu trabalho como caixa naColômbia e chegou a <strong>Londres</strong> com umaautorização de trabalho. O motivo imediato da4 Esta definição refere-se a pessoas que não t<strong>em</strong> autorização para residir e/ou trabalhar no país, muito <strong>em</strong>bora tenham entrado legalmente.5 As fontes utilizadas foram: Pesquisa Internacional de Passageiros (International Passenger Survey), as requisições do número de seguridade social (National Insurance Number),dados estatísticos do Ministério do Interior (Home Office), e dados da Pesquisa Populacional Anual (Annual Population Survey) e da Secretaria da Estatística Nacional (Office forNational Statistics).6 Queen Mary, University <strong>of</strong> London


viag<strong>em</strong> foi superar a depressão que s<strong>of</strong>ria desde amorte de seu pai, mas sua saída foi possibilitadapelo fato de ter obtido uma autorização de trabalhoe passag<strong>em</strong> aérea, que foram obtidos com<strong>em</strong>préstimo feito por sua mãe. Para Adriana, vir a<strong>Londres</strong> representou uma oportunidade deaumentar seu nível de renda. Assim, a motivaçãoeconômica, incluindo-se os casos <strong>em</strong> que ospesquisados também mencionaram outrasrazões, ficou <strong>em</strong> evidência <strong>em</strong> muitas dasentrevistas. A proporção de indivíduos que<strong>em</strong>igraram por razões politicas é a menor daamostrag<strong>em</strong> (7%), compreendendo <strong>em</strong> suamaioria chilenos, colombianos e equatorianos.Porque <strong>Londres</strong>?“Aquí não t<strong>em</strong> preconceito, as pessoas t<strong>em</strong> amente aberta, falam sobre qualquer assunto, éfácil conhecer pessoas cultas, com qu<strong>em</strong> se podecomunicar, as pessoas não reparam <strong>em</strong> coisaspequenas, tipo, se voce trocou ou não de roupa,se está casado ou é gay, as pessoas não terespeitam só por ter dinheiro ou porsuperficialidades”Guilherme, Brasil, 39 anosCerca de 40% dos entrevistados afirmaram que aescolha de <strong>Londres</strong> como destino foi baseada napresença de amigos e familiares no Reino Unido.Esse contatos prévios são importantes com<strong>of</strong>ontes de informação, acomodação e acesso atrabalho. As razões econômicas e socias qu<strong>em</strong>otivaram tal escolha combinam-se, porém, aoutas razões. Assim, algumas pessoas escolheram<strong>Londres</strong> por considerá-la uma cidade tolerantecom relação às minorias ou também um centrocultural importante.Cali, Colombia, Foto ©Juan Camilo CockMais de um terço dos entrevistados já tinham tidoum experiência prévia de imigração antes dechegar<strong>em</strong> ao Reino Unido e, destes, 38% haviamvivido na Espanha, compreendendo esse o paísmais citado na amostrag<strong>em</strong>. Cerca de três quartosdos equatorianos e metade dos colombianos quehaviam residido <strong>em</strong> outro país reportaram ter<strong>em</strong>vivido na Espanha. Já os brasileiros tend<strong>em</strong> a viver<strong>em</strong> Portugal (38%) ou Itália (18%) antes de s<strong>em</strong>udar<strong>em</strong> para <strong>Londres</strong>.De todos os que haviam residido <strong>em</strong> outro paísanteriormente, uma grande parte havia adquiridocidadania de um país da comunidade européia,obtida na maioria dos casos por meio danaturalização ou de programas de regularização.A migração de latino-americanos da Espanha aoReino Unido t<strong>em</strong> crescido desde o início da criseeconômica global <strong>em</strong> 2008. A percepção de umamaior disponibilidade de trabalho melhorr<strong>em</strong>unerado foi uma das principias razões amotivar os latino-americanos residentes naEspanha a se mudaram para <strong>Londres</strong>.Queen Mary, University <strong>of</strong> London 7


concedia o direito de permanência no ReinoUnido, tal como o passaporte de países dacomunidade européia. Cerca de 9% entrou noReino Unido com autorização de trabalho ou vistode dependente, o que permite a residênciapermanente após um certo período de t<strong>em</strong>po. Onúmero dos solicitantes de asilo t<strong>em</strong> diminuídoconsideravelmente, de 17% na década de 90, a6% <strong>em</strong> anos posteriores. Apenas uma pequenaminoria entrou no país s<strong>em</strong> documentação válida.Agência de transferência, Foto ©Juan Camilo CockComo os latino-americanoschegam a <strong>Londres</strong> e como seestabelec<strong>em</strong>?Cerca de 65% dos latino-americanospesquisados entrararam no Reino Unido comosolteiros ou desacompañados, sendo que 60%das mulheres <strong>em</strong>igraram desacompanhadas,representando uma proporção muito maior do quea de mulheres de outras comunidades deimigrantes. Quatro de cada dez imigrantesreportaram ter<strong>em</strong> contraído dívidas com familiaresou instituições financieras para poder<strong>em</strong> financiarsua <strong>em</strong>preitada migratória.A esmagadora maioria dos pesquisados entrou noReino Unido com documentação válida, incluindoos dois terços que foram admitidos inicialmentecom vistos t<strong>em</strong>porários. Um quinto dospesquisados foi admitido com documentação queUma alta proporção (70%) dos pesquisados t<strong>em</strong>hoje um status imigratório diferente do que tinhamao ser<strong>em</strong> admitidos ao Reino Unido, mas a maiorparte dos latino-americanos residentes <strong>em</strong><strong>Londres</strong> porta documentação imigratória válida(ou seja, estão autorizados a viver e/ou trabalharno país). Assim, um quarto dos pesquisadospossui passaporte britânico, e um quinto possuepassaporte de um dos países da comunidadeeuropéia, sobretudo Espanha, Portugal e Itália.Cerca de 12% obtiveram o direito a residênciapermanente, ou por meio de permissão a estadias<strong>em</strong> limite ou estadia excepcional.Contudo, um quinto da amostrag<strong>em</strong>,compreendendo imigrantes que chegaram ao paísmais recent<strong>em</strong>ente, está <strong>em</strong> situação imigratóriairregular, <strong>em</strong>bora 93% destes tenham entrado nopaís com visto de turista ou de estudante. Orestante declarou possuir um visto válido à épocada pesquisa.Observam-se também variações no modo deadmissão ao país de acordo com o país de orig<strong>em</strong>.Assim, por ex<strong>em</strong>plo, três quartos dos bolivianosforam admitidos ao país com visto de estudantes,ao passo que muitos dos brasileiros e8 Queen Mary, University <strong>of</strong> London


Como se inser<strong>em</strong> os latinosamericanosno mercado detrabalho londrino?A grande maioria dos latino-americanos que viv<strong>em</strong><strong>em</strong> <strong>Londres</strong> são economicamente ativos. A taxa de<strong>em</strong>prego dos pesquisados é bastante alta (85%),sendo muito superior à de outros grupos deimigrantes residentes na capital britânica (55%),assim como à dos londrinos como um todo (61%).Agência de transferência, Foto ©Yara Evansequatorianos haviam entrado no Reino Unido compassaporte europeu.Os colombianos e peruanos constitu<strong>em</strong> a maioriados que possu<strong>em</strong> passaporte britânico, enquantoos bolivianos tend<strong>em</strong> a possuir visto de estudante.Assim, tais resultados reflet<strong>em</strong> as diferentes viasde admissão ao país, assim como o t<strong>em</strong>po deestada de acordo com a nacionalidade. Mesmoassim, observam-se algumas diferentas quanto aogênero: as mulheres, mais do que os homenstend<strong>em</strong> a estar <strong>em</strong> situação imigratória irregular.Os latino-americanos encontram-se inserido <strong>em</strong>diversos setores de atividade econômica, porémquase a metade dos pesquisados (47%)concentra-se <strong>em</strong> atividades do setor conhecidocomo básico, compreendendo postos detrabalhos de baixa-qualificação e de baixa renda.Dentre os mais comuns destacam-se os quefaz<strong>em</strong> serviços de limpeza e trabalhos domésticos,e também os assistentes de cozinha, porteiros,camareiros e garçons, e guardas de segurança.Esta concentração no setor de serviços é mais altado que a observada <strong>em</strong> outros groupos deimigrantes (17%) e também no resto dapopulação londrina (14%).Um quinto dos latino-americanos pesquisadosreportou trabalhar <strong>em</strong> postos administrativos, oucomo pr<strong>of</strong>issionais <strong>em</strong> ocupações tais comobanqueiros, arquitetos, dentistas, contadores,engenheiros e pr<strong>of</strong>essores. Contudo, há muitomenos latino-americanos exercendo essasatividades <strong>em</strong> comparação à população imigrantecomo um todo, assim como a população londrina<strong>em</strong> geral.Queen Mary, University <strong>of</strong> London 9


Em termos da distribuição nas atividadeseconônomicas segundo a nacinalidade, osbolivianos (57%) e os brasileiros (55%) tend<strong>em</strong> a<strong>em</strong>pregar<strong>em</strong>-se <strong>em</strong> atividades básicas. De modogeral, os bolivianos são os que menos ocupampostos administrativos ou exerc<strong>em</strong> atividadespr<strong>of</strong>issionais, <strong>em</strong> contraste a quase um terço dosperuanos. Cerca de 15% dos latino-americanosna amostrag<strong>em</strong> exerc<strong>em</strong> atividades técnicas,pr<strong>of</strong>issionais ou ainda cargos de gerência, mas nocaso dos argentinos, um grupo minoritário naamostrag<strong>em</strong>, grande parte exerce atividadespr<strong>of</strong>issionais (60%).Em termos de atividade econômica segundo ogênero, tanto as mulheres quanto os homenstend<strong>em</strong> a exercer atividades básicas. Contudo,quando se considera os serviços de assistênciapessoal, as mulheres tend<strong>em</strong> a predominar nosserviços de baixa-qualificação (62%), <strong>em</strong>contraste aos homens (50%). Não há, porémdiferenças significativas entre homens e mulheresno que diz respeito aos escalões mais altos domercado de trabalho, onde proporçõesaproximadas de homens e mulheres exerc<strong>em</strong>atividades pr<strong>of</strong>issionais ou cargos de gerência.Cerca de 10% dos pesquisados reportou ser<strong>em</strong>donos de negócio, que <strong>em</strong> sua maioria prestamserviços ou produtos à própria comunidade latinoamericana.Deste grupo, cerca de 40% sãoproprietários de estabelecimento comercial depequeno porte, enquanto 11% são trabalhadoresautonômos, prestando serviços de encanamento,eletricidade ou serviços pessoais como, por ex<strong>em</strong>plo,manicure. Grosso modo, os colombianos e osperuanos tend<strong>em</strong> a ser donos de negócio, enquantoos homens predominam como donos de negócios.Restaurante, Willesden Junction, Foto ©Yara EvansAçougues, Brixton, Foto ©Juan Camilo CockQue desafios enfrentam oslatino-americanos <strong>em</strong><strong>Londres</strong>?De cada cinco latino-americanos, um não usufruede direitos trabalhistasCerca de 22% dos latino-americanos pesquisadostrabalham na informalidade, ou seja, s<strong>em</strong> aproteção de um contrato escrito. Isto se deve <strong>em</strong>10 Queen Mary, University <strong>of</strong> London


parte à situação imigratória já que 60% dosimigrantes irregulares exerc<strong>em</strong> atividade informal.Tal informalidade implica a negação dos direitostrabalhistas vigentes no Reino Unido, tais como olicença sáude, férias anuais r<strong>em</strong>uneradas, elicença maternidade. Além disso, os que seencontram nessa situação de informalidadecorr<strong>em</strong> o risco de ser<strong>em</strong> despedidos s<strong>em</strong> avisopréviso.Cerca de 75% dos latino-americanos pesquisadospagam imposto e contribu<strong>em</strong> para a seguridadesocial. Contudo, um quarto da amostrag<strong>em</strong> nãopagam n<strong>em</strong> impostos n<strong>em</strong> a seguridade socialporque receb<strong>em</strong> seu salário <strong>em</strong> dinheiro 6 . Destegrupo, mais de 44% são pessoas cuja situaçãoimigratória não se encontra resolvida, <strong>em</strong>bora hajatambém imigrantes não-documentados que t<strong>em</strong>imposto e seguridade descontados de seu sálariomas que estão impedidos de usufruir de qualquerbenefício devido à irregularidade. Este é, porex<strong>em</strong>plo, o caso de Víctor (equatoriano, 29 anos),que pagou trezentas libras para obter o número deseguridade social (Nacional Insurance Number)<strong>em</strong> seu nome e com sua data de nascimento, oque lhe permite trabalhar como faxineiro deescritório para vários <strong>em</strong>pregadores quedescontam de seu sálario as contribuiçõesdevidas à seguridade social.Na maioria dos casos, o status ocupacional doslatino-americanos s<strong>of</strong>re queda“Não estou contente, limpar não é minhapr<strong>of</strong>issão. Eu era pr<strong>of</strong>essor, algo muito diferente,mas vim para cá para ganhar dinheiro. Qualquercoisa serve, e mesmo que o trabalho sejadesagradável, pelo menos serve para ajudar aalcançar os objetivos ou para economizar <strong>em</strong>andar algo para a Colômbia”Pancho, colombiano, 45 anosMais da metade dos latino-americanos queparticiparam da pesquisa se identificou comom<strong>em</strong>bro da classe trabalhadora ou classe médiabaixa (55%). Os brasileiros (46%), sobretudo,consideram-se como integrantes da classetrabalhadora. Cerca de 37% dos pesquisadosdeclararam pertencer a classe média 7 . Muitostambém observaram que seu status social eramais alto <strong>em</strong> seu país de orig<strong>em</strong>. Mais da metadeda amostrag<strong>em</strong> (52%) observou uma queda nostatus social <strong>em</strong> <strong>Londres</strong> relativo ao status quetinham no país de orig<strong>em</strong>. Apenas uma minoriainexpressiva (6%) reportou ter melhorado seustatus social <strong>em</strong> <strong>Londres</strong>.Apenas uma parcela muito pequena dospesquisados (menos de 5%) reportou exerceratividades básicas no país de orig<strong>em</strong>, <strong>em</strong>contraste com os 70% que declararam exercertais atividades <strong>em</strong> <strong>Londres</strong>, pelo menosinicialmente. Contudo, após certo período de6 O desconto do imposto e das contribuições à seguridade social sálario é de total responsabilidade do <strong>em</strong>pregador.7 É provavél que o conceito de classe média utilizado pelos pesquisados se baseie <strong>em</strong> definições utilizadas na América Latina, quedifer<strong>em</strong> significativamente daquele utilizado no Reino Unido.Queen Mary, University <strong>of</strong> London 11


t<strong>em</strong>po, uma proporção importante conseguedeixar tais atividades. De fato, à época dapesquisa somente 40% dos pesquisados exerciaatividades básicas. Tal movimento de ascenção seobserva também nos extr<strong>em</strong>o superior domercado de trabalho, visto que dos 36% quetrabalhavam <strong>em</strong> postos administrativos ouexerciam atividades pr<strong>of</strong>issionais no país deorig<strong>em</strong>, cerca de 17% reportaram ter<strong>em</strong>ascendido socialmente <strong>em</strong> <strong>Londres</strong>.A independência econômica foi ressaltada comoum dos aspectos chaves na melhoria do nível devida das mulheres. Esse é o caso de Rosa Maria(boliviana, 48 anos), a qu<strong>em</strong> o trabalho de limpeza<strong>em</strong> <strong>Londres</strong> faz sentir-se mais valorizada comopessoa, uma vez que sua renda lhe permite ajudaros filhos, o que não tinha condições de fazer naBolívia.Embora a queda no status social afete tanto oshomens quanto as mulheres, os homens s<strong>em</strong>ostram mais relutantes <strong>em</strong> exercer atividadesconsideradas como f<strong>em</strong>ininas, tais como alimpeza e serviços <strong>em</strong> restaurantes. Assim, porex<strong>em</strong>plo, Patricio (peruano, 44 anos) comentouque era técnico agropecuário <strong>em</strong> seu país, quedeixou <strong>em</strong> 1992 para vir a <strong>Londres</strong>. No início, faziaserviços de limpeza, e depois passou a lavarpratos <strong>em</strong> um restaurante até que, finalmente,conseguiu trabalho como taxista, que considerava‘mais adequado para um hom<strong>em</strong>’.Algumas mulheres comentaram que os homensse sent<strong>em</strong> afetados pela perda de poder nomercado de trabalho, o que está ligadodiretamente à intensificação de conflitos entrecasais que, <strong>em</strong> alguns casos, desencadeiam aviolência doméstica. Ana María (boliviana, 43anos) trabalhara como jornalista na Bolívia, aopasso que seu marido trabalhara para o governolocal. Ana explicou que seus probl<strong>em</strong>as conjugaispioraram ao vir<strong>em</strong> para <strong>Londres</strong>. Como ela, seumarido teve que trabalhar <strong>em</strong> limpeza, o quedetestava fazer, referindo-se a essa atividadecomo ‘para mulheres’, mas também queixava-sedo fato de sua esposa trabalhar fora.A mobilidade ocupacional é possível, <strong>em</strong>bora sejarestritaPara algumas pessoas que no início da estada <strong>em</strong><strong>Londres</strong> trabalharam na limpeza foi possívelmudar de ocupação. Contudo, não é comum aoslatino-americanos voltar<strong>em</strong> a exercer as atividadespara as quais se capacitaram <strong>em</strong> seu país deorig<strong>em</strong>. Luciana (brasileira, 39 anos), quetrabalhava como analista de sist<strong>em</strong>as no Brasil,chegou a <strong>Londres</strong> <strong>em</strong> 2004, após viver um ano naItália e um ano <strong>em</strong> Portugal. Porém, nãoconseguiu serviço a não ser na limpeza, estandoFoto ©Juan Camilo Cock12 Queen Mary, University <strong>of</strong> London


insatisfeita tanto com os horários de trabalho, quese mostravam incompatíveis com uma vida social,quanto com a baixa r<strong>em</strong>uneração. Após um ano,seu conhecimento do inglês melhorou o suficientepara permitir-lhe obter trabalho como garçonete,<strong>em</strong>bora não fosse a atividade que exercera noBrasil, <strong>em</strong>bora fosse melhor do fazer limpeza.Alguns dos casos de sucesso pr<strong>of</strong>issional sedev<strong>em</strong> à transferência de pr<strong>of</strong>issionais a <strong>Londres</strong>por suas companhias como é o caso, por ex<strong>em</strong>plo,do colombiano promovido ao cargo de vicepresidentede um banco de prestígiointernacional. Mas o caso de Alonso (colombiano,48 anos) representa uma outra trajetória d<strong>em</strong>obilidade, aberta pelo menos a uma minoria delatino-americanos. Alonso era proprietário de umpequeno negócio de venda de pinturas naColômbia. Ao vir para <strong>Londres</strong> <strong>em</strong> 1998,<strong>em</strong>pregou-se na limpeza mas após seis anosnessa atividade, decidiu tornar-se autônomo,investindo sua poupança na compra de umnegócio de amigos, <strong>em</strong> Elephant and Castle. A seuentender ‘aquí, é fácil ganhar dinheiro e há muitasoportunidades que não exist<strong>em</strong> <strong>em</strong> nossos países;na Colômbia, depois dos 30 anos de idade voce éconsiderado um velho’.Os latino americanos trabalham jornadas longas efragmentadas“Se voce quer poupar, t<strong>em</strong> que trabalhar mais de12 ou 14 horas por dia, ou até 16. Senão nãosobra nada depois de pagar o aluguel, transporte,contas, fora todo o resto!”Miriam, 37 anos, EquadorLoja, Elephant and Castle, Foto ©Cathy McIlwaineOs latino-americanos pesquisados trabalham <strong>em</strong>média 38 hora s<strong>em</strong>anais. Dois terços daamostrag<strong>em</strong> trabalham mais de 35 horass<strong>em</strong>anais, a jornada que constitue o períodointegral no Reino Unido. Quase um quartotrabalha acima de 40 horas s<strong>em</strong>anais e cerca de14% trabalha mais de 48 horas s<strong>em</strong>anais (ajornada máxima estebelecida pela DiretrizEuropéia do T<strong>em</strong>po de Trabalho). Os brasileirossão os que mais trabalham acima de 48 horass<strong>em</strong>anais (17.5%). De modo geral, os homens(19%) trabalham jornadas mais longas do que asmulheres (9%).Do mesmo modo, mais de um terço daamostrag<strong>em</strong> trabalha meio periodo <strong>em</strong> diferentesatividades (menos de 35 horas s<strong>em</strong>anais <strong>em</strong> cadaatividade), o que implica uma jornadafragmentada, sobretudo para os que trabalham<strong>em</strong> serviços de assistência pessoal ou <strong>em</strong> serviçosbásicos, <strong>em</strong> sua maioria, mulheres. Os brasileirostend<strong>em</strong> mais a trabalhar meio período do quegrupos de outras nacionalidades, não por escolha,mas porque trabalham <strong>em</strong> limpeza e <strong>em</strong>Queen Mary, University <strong>of</strong> London 13


Os latino-americanos receb<strong>em</strong>, <strong>em</strong> média,salários acima do salário minímo <strong>em</strong>bora osmesmos sejam menor do que o necessário paralevar uma vida digna <strong>em</strong> <strong>Londres</strong>Associação de <strong>Latino</strong>-Americanos Os Trabalhadores, Foto©Juan Camilo Cockrestaurantes, onde as horas de trabalho includ<strong>em</strong>o período da madrugada, assim como o final detarde e a noite. Algo s<strong>em</strong>elhante ocorre comatividades que envolv<strong>em</strong> cuidar de pessoas, quequase s<strong>em</strong>pre são de meio período e de baixar<strong>em</strong>uneração. Wilson (equatoriano, 47 anos)trabalhara como policial no Equador, mudando-separa a Espanha, onde viveu 19 anos, trabalhandocomo soldador e na construção de ruas. Aomudar-se para <strong>Londres</strong> <strong>em</strong> 2008, trabalhou naúnica atividade que consegui encontrar, alimpeza. À época da entrevista, Wilson tinha trêstrabalhos de limpeza, um das 4 às 7 da manhã,outro de período integral, das 9 às 5 da tarde, eainda outro das 7 às 10 da noite, cada um comuma companhia diferente. Wilson explicou quelevava até uma hora para ir de ônibus de umtrabalho ao outro, <strong>em</strong>bora aproveitasse o t<strong>em</strong>pode viag<strong>em</strong> para dormir.Restaurante Brasileiro, Foto ©Yara EvansOs latino-americanos ganham <strong>em</strong> média £7,07por hora, que à época do estudo era superior aosalário mínimo britânico (£5,73 por hora).Contudo, esse valor é inferior ao salário dignovigente no período da pesquisa (£7,60 por hora),que é o valor necessário <strong>em</strong> <strong>Londres</strong> para retiraras pessoas da pobreza. Somente 44% dos latinoamericanosreceb<strong>em</strong> acima do salário digno. Apesquisa revelou também que há latino-14 Queen Mary, University <strong>of</strong> London


americanos recebendo abaixo do salário minímo.Este é o caso de Eugenia (boliviana, 29 anos), quetrabalha <strong>em</strong> uma agência de r<strong>em</strong>essa de dinheiroe recebe apenas £3,80 por hora.Carnaval <strong>em</strong> <strong>Londres</strong>, Foto ©Cathy McIlwaineEmbora, a mediana do salário para homens e paramulheres seja o mesmo (£7 por hora), asmulheres (11%) mais do que os homens (6%)tend<strong>em</strong> a receber salários abaixo do saláriomínimo. Comumente, os que trabalham <strong>em</strong>atividades básicas, como <strong>em</strong> vendas e serviços aoconsumidor, receb<strong>em</strong> os salários mais baixos, <strong>em</strong>média £6,50 por hora. Já os que trabalham <strong>em</strong>postos de alta qualificação receb<strong>em</strong> uma médiade £15 por hora. Os brasileiros e os bolivianos sãoos que receb<strong>em</strong> os salários mais baixos.A exploração no local de trabalho é umaexperiência comum entre os latino-americanos“…. No hotel nos <strong>of</strong>ereciam mais horas detrabalho para fazer uma faxina pesada… [umavez] quando terminei, havia trabalhado parareceber entre £1,000 e £1,500 mas quando mederam o recibo, vi que só me pagaram £600.Alarmada, fui reclamar com o gerente, umcolombiano, mas não pude recuperar a diferença.Os que não tinham documentação perderam maisde £1,000.Yaneth, Colombia, 33 anosCerca de dois quintos da amostrag<strong>em</strong> declararamter tido probl<strong>em</strong>as no local de trabalho. Destegrupo, mais da metade queixou-se de não terrecebido pagamento pelo trabalho realizado, <strong>em</strong>ais de um terço s<strong>of</strong>reu abuso verbal ao exigir opagamento. Um terço também declarou estardescontente por não ter recebido pagamentopelas horas extras trabalhadas. A pesquisarevelou, ainda, exploração pelos próprios<strong>em</strong>pregadores latino-americanos ou seus agentes.As queixas por maltrato são muito comuns,observando-se uma correlação entre a situaçãoimigratória e o trato no local de trabalho, sendo osestudantes e os não-documentados os que maisreportaram ter<strong>em</strong> tido probl<strong>em</strong>as.Os imigrantes s<strong>em</strong> documentação válidaenfrentam crescentes probl<strong>em</strong>as, sobretudoporque as leis de imigração t<strong>em</strong> se tornado maisestritas e os <strong>em</strong>pregadores estão sob grandepressão para verificar a validade dadocumentação de seus <strong>em</strong>pregados. Emconsequência, muitos dos pesquisadosreportaram ter<strong>em</strong> perdido o <strong>em</strong>prego.Queen Mary, University <strong>of</strong> London 15


Até mesmo os latino-amerianos que exerciamatividades pr<strong>of</strong>issionais comentaram ter enfretadosituações de desvantag<strong>em</strong>. Assim, José(venezuelano, 37 anos), um economista que égerente de logística <strong>em</strong> uma multinacionalobservou que, a pesar de possuir passaportebritânico, s<strong>em</strong>pre se sentiu excluído no local detrabalho: ‘voce nunca vai se sentir b<strong>em</strong> notrabalho porque os ingleses olham para voce deum jeito diferente. Eles te exclu<strong>em</strong> de seus grupossociais, <strong>em</strong>bora isso seja útil no trabalho. Talveznão seja intencional, mas voces sente… eu mesinto discriminado apesar de ser um pr<strong>of</strong>issionalqualificado’.A crise financiera t<strong>em</strong> exacerbado probl<strong>em</strong>aseconômicos“A construção foi afetada assim como as firmas dearquitetura. Os investidores e os grandes projetosforam suspensos e eles deixaram de contratar.Infelizmente, terminamos um trabalho na Escócia,e com o cancelamento de outros projetos, o diretorda companhia não pode mais renovar o meucontrato’.Danilo, Colombia, 32 anos(colombiano, 32 anos) que havia obtido o visto deimigrante altamente qualificado (Highly SkilledMigrant Programme) e trabalhava para uma firmade arquitetos, sendo posteriormente despedido.A crise financeira afetou também a imigraçãoentre países europeus. Várias organizações latinoamericanassediadas <strong>em</strong> <strong>Londres</strong> reportaram umaumento expressivo no número de pessoas queresidiam na Espanha e que procuravam agora osserviços de orientação e aconselhamento parapoder<strong>em</strong> se estabelecer no Reino Unido, o que sedebe ao fato de que os efeitos da crise se fizeramsentir muito mais acentuadamente naquele país.Igualmente, a pesquisa revela que a r<strong>em</strong>essa dedinheiro ou produtos aos países de orig<strong>em</strong> v<strong>em</strong> sereduzindo, quando não suspendida por completo.Contudo, apesar das dificuldades <strong>em</strong> <strong>Londres</strong>,nenhum dos pesquisados tinha planos de voltarao país de orig<strong>em</strong>, visto acreditar<strong>em</strong> que a criseafetará ainda mais a América Latina.Embora a crise financiera tenha afetado a todos<strong>em</strong> <strong>Londres</strong>, a pesquisa revelou os efeitosespecíficos sentidos por diferentes grupos deimigrantes. Apesar de haver trabalho disponível,existe a percepção entre os pesquisados de que aexploração nos setores de limpeza e restaurantev<strong>em</strong> aumentando. Não obstante, a perda do<strong>em</strong>prego também se manifesta entre ospr<strong>of</strong>issionais. Essa foi a experiência de Danilo16 Queen Mary, University <strong>of</strong> London


Como é o dia-a-dia <strong>em</strong><strong>Londres</strong>?Os latino-americanos tend<strong>em</strong> morar <strong>em</strong> unidadesdomiciliares extensasA amostrag<strong>em</strong> revelou uma média de 3 pessoaspor unidade domiciliar, <strong>em</strong>bora <strong>em</strong> alguns casoshaja 11 pessoas por domicílio. Essa média ésuperior à média do Reino Unido, que <strong>em</strong> 2008era de 2.4.Pouco mais de um quinto da amostrag<strong>em</strong> (22%)representa domicílios composto de um casal comfilhos, enquanto outro quinto (21%) representadomicílios de casais s<strong>em</strong> filhos. E ainda outroquinto (20%) dos pesquisados declarou viver só,enquanto 11% comprendía domicílios onde umadulto toma conta dos filhos. O adulto nesseúltimo grupo é na grande maioria uma mulher,<strong>em</strong>bora haja homens morando somente com seusfilhos. Apenas uma pessoa declarou estar vivendocomo casal do mesmo sexo <strong>em</strong> um domicílio, masé provavél que haja mais casos assim.A acomodação é inadequadaSegundo a pesquisa, 45% dos latino-americanosnão estão contentes com a qualidade daacomodação onde viv<strong>em</strong>, incluindo pessoas queexerc<strong>em</strong> atividades pr<strong>of</strong>issionais e cargos degerência, o que sugere ser a baixa qualidade daacomodação um probl<strong>em</strong>a generalizado.Mais de 40% dos latino-americanos viv<strong>em</strong> <strong>em</strong>acomodação alugada, enquanto um quinto vive<strong>em</strong> acomodação sub-alugada. A acomodaçãoalugada de particular é mais comum entre osréc<strong>em</strong>-chegados ao Reino Unido. Neste grupopredominam os não-documentados, que tend<strong>em</strong>a receber salários baixos. Os brasileiros são os qu<strong>em</strong>ais tend<strong>em</strong> a viver neste tipo de acomodação(81%), b<strong>em</strong> como os imigrantes nãodocumentados(93%) que são os que maistend<strong>em</strong> a viver <strong>em</strong> acomodação sub-alugada,dadas as dificuldades <strong>em</strong> alugar um imóvel <strong>em</strong>seu próprio nome.Southwark, Foto ©Juan Camilo CockOs latino-americanos t<strong>em</strong> acesso limitado aosist<strong>em</strong>a de habitação pública (incluindo-sepropriedades da prefeitura e de associações), eapenas 16% reportaram estar<strong>em</strong> morando nessetipo de acomodação. Essa é uma proporçãomenor do que a proporção para <strong>Londres</strong> como umtodo (24%), e explica-se, <strong>em</strong> alguns casos, pel<strong>of</strong>ato da situação imigratória não permitir acesso aQueen Mary, University <strong>of</strong> London 17


este tipo de assitência, além do que t<strong>em</strong> havidoum declínio no número de unidades disponíveisnas últimas décadas. Os grupos de latinoamericanosque possu<strong>em</strong> o passaporte britâncio,como os equatorianos (25%) e os colombianos(24%), são os que mais tend<strong>em</strong> a residir <strong>em</strong>habitação do governo. E as mulheres (22%), maisdo que os homens (8%), resid<strong>em</strong> <strong>em</strong> habitação dogoverno, o que se deve ao fato de elas, <strong>em</strong> geral,ser<strong>em</strong> as responsaveís pelos filhos e o estado lhesdar prioridade a ter filhos menores de idade sobseus cuidados.A proporção dos que são proprietários de suaacomodação na amostrag<strong>em</strong> é baixa, cerca de14%, proporção que é tres vezes menor que amédia para <strong>Londres</strong>. A possibilidade de serproprietário está relacionada à possessão dacidadania britânica (82%) e ao tipo de atividadeeconômica exercida. De todos os grupos latinoamericanos,os peruanos são os que mais sãoproprietários.Os latino-americanos divid<strong>em</strong> acomodação,vivenciando superlotaçãoUm terço dos latino-americanos pesquisadosdivide acomodação com outras famílias (<strong>em</strong>média, duas famílias). A superlotação constitui umdos probl<strong>em</strong>as mais sérios vivenciados pelacomunidade, e <strong>em</strong>bora apenas 15% daamostrag<strong>em</strong> tenha identificado esse probl<strong>em</strong>aexplicitamente, os dados suger<strong>em</strong> uma proporçãomuito maior. Isto porque, apesar das pessoasafirmar<strong>em</strong> viver só por não ter obrigações comoutros no mesmo domicílio, na verdade divid<strong>em</strong> oquarto com outras pessoas, e às vezes até a salade estar é utilizada como quarto, o que indicasuperlotação.Marisol (boliviana, 37 anos), chegou <strong>em</strong> <strong>Londres</strong><strong>em</strong> 2003 <strong>em</strong> busca de uma vida melhor para seusfilhos. Ao separar-se do marido, foi morar <strong>em</strong>Southwark, divindo uma casa com outras quatr<strong>of</strong>amílias. No seu domicílio não há sala, cadafamília ocupa um quarto e t<strong>em</strong> que dividir umbanheiro. Ela paga £50 por s<strong>em</strong>ana de alugel.Foto ©Cathy McIlwaineDe qualquer modo, mesmo a proporção de 15% éalta para <strong>Londres</strong>, onde o índice médio desuperlotação é de 6.8%. S<strong>em</strong> dúvida, tal situaçãoestá relacionada aos baixos salários. Dos quedivid<strong>em</strong> acomodação, mais da metade t<strong>em</strong> rendainferior a £1,000 mensais. A pesquisa revelou queos bolivianos são os que mais tend<strong>em</strong> a dividiracomodação com outras famílias. Em termos degênero, os homens (60%) tend<strong>em</strong> mais a dividircom outras famílias do que as mulheres (40%),assim como esteram <strong>em</strong> condições de18 Queen Mary, University <strong>of</strong> London


superlotação. Por ex<strong>em</strong>plo, Wilson (equatoriano,47 anos) mora <strong>em</strong> um pequeno apartamento comcopa e cozinha, que divide com outras seispessoas, dividindo seu quarto com umconterrâneo. Cada um dos moradores paga £60por s<strong>em</strong>ana de aluguel.Cerca de 40% dos imigrantes não-documentados,assim como as pessoas que exerc<strong>em</strong> atividadesbásicas (53%), moram <strong>em</strong> acomodação deocupação múltipla, enquanto os que já estão hámais t<strong>em</strong>po no Reino Unido viv<strong>em</strong> <strong>em</strong> unidadefamiliar, compreendendo casal e filhos. Mais dametade destes chegou ao Reino Unido antes de1999.Os equatorianos, <strong>em</strong> geral, viv<strong>em</strong> somente comsuas famílias (26.5%), assim como os quepossu<strong>em</strong> passaporte britânico ou os que t<strong>em</strong> vistode residência no Reino Unido (38%). Essesdomicílios de unidade familiar compreend<strong>em</strong>indivíduos que receb<strong>em</strong> salários mais altos, acimade £2,000 por mes. Os latino-americanos quechegaram a <strong>Londres</strong> a partir de 2000 constitu<strong>em</strong> amaioria dos que divid<strong>em</strong> acomodação (81%),assim como a maioria dos que viv<strong>em</strong> só (77%).As relações de gênero mudam, mas n<strong>em</strong> tanto“Éle ficou pior <strong>em</strong> <strong>Londres</strong> porque trabalhava anoite toda e eu trabalhava durante o dia. Quasenão nos víamos, e ele começou a ficar com ciúmese acabou ficando violento, me batendodiariamente por causa de suas suspeitas eciúmes. Ele detestava seu trabalho e também <strong>of</strong>ato de que nós dois fazíamos o mesmo tipo detrabalho”Ana María, boliviana, 43 anosDois quintos dos latino-americanos naamostrag<strong>em</strong> são casados, um terço é são solteiros,11% são divorciados, 7% co-habitam e 3% sãoviúvos. Há mais mulheres (43%) casadas do quehomens (38%). Um quarto dos pesquisados écasado com cônjuge de nacionalidade diferente desua própria. Mesmo quando a nacionalidade édiferente da do país de orig<strong>em</strong>, dos que estãocasados com alguém de nacionalidade diferenteda própria, 22% são casados com britânicos oucom cidadãos da União Européia.Segundo a amostrag<strong>em</strong>, as relações entre homense mulheres, assim como a forma de pensar doslatino-americanos, t<strong>em</strong> mudado com aexperiência de morar fora de seu país. Alguns dospesquisados ressaltaram que os homensparticipam mais das tarefas domésticas do queantes, o que pode resultar do fato de que seustrabalhos e os de suas cônjuges são de longajornada, exigindo assim sua participação nastarefas domésticas. Conforme observa Maya(colombiana, 38 anos), “aquí os dois t<strong>em</strong> quecolaborar no lar. Ele nunca me ajudava naColombia, sequer lavava um prato, mas aqui nãot<strong>em</strong> alternativa. Mas não acho que ele tenhamudado sua forma de pensar”.Assim, a mudança nas práticas relativas a divisãosexual do trabalho não implica necessariamente<strong>em</strong> mudança de mentalidade. Em um grupo focal,por ex<strong>em</strong>plo, uma participante afirmou “a maioriados homens é machista, não importa ond<strong>em</strong>or<strong>em</strong>; as oportunidades t<strong>em</strong> mudado e aqui asmulheres são mais independentes, as mulheresmudam e os homens também, mas os homens <strong>of</strong>az<strong>em</strong> porque t<strong>em</strong> que fazer, não porqu<strong>em</strong>udaram sua mentalidade’.Queen Mary, University <strong>of</strong> London 19


Exist<strong>em</strong> também a percepção de que as mulheresque estão <strong>em</strong> situação migratória regularizada et<strong>em</strong> acesso a serviços públios t<strong>em</strong> mais direitos noReino Unido são protegidas pelo governo. Angela(colombiana, 42 anos) comenta “na Colômbia, seo marido bate na mulher, ela não t<strong>em</strong> direitos, masaquí ela t<strong>em</strong>, e os homens t<strong>em</strong> medo de agredi-lasporque sabe que elas t<strong>em</strong> proteção”.Contudo, muitas mulheres encontram-se <strong>em</strong> altograu de vulnerabilidade. São elas as que estão <strong>em</strong>situação imigratória irregular, as que sãodependentes do cônjuge, as que possu<strong>em</strong> apenasum visto t<strong>em</strong>porário, e ainda, as que nãodominam o idioma. Impossibilitadas de pedirsocorro à polícia ou recorrer a serviços públicos deapoio, devido ao medo ou falta de informação, elassão mais susceptíveis de ser<strong>em</strong> exploradas nolocal de trabalho e s<strong>of</strong>rer violência doméstica. Defato, muitas das mulheres pesquisadas nãoestavam informadas sobre seus directos, n<strong>em</strong>sentiam-se confiantes de reportar abusos e crimesà polícia, sobretudo os relacionados à violênciadoméstica.A r<strong>em</strong>essa é uma prática generalizada entre oslatino-americanosOs latino-americanos r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> um média de£2,000 por ano a seus países de orig<strong>em</strong>. Quasedois terços (64%) envia dinheiro ou presentes àsua família. Apenas um quinto envia menos que£500 por ano, enquanto mais de um terço enviaacima de £3,000 por ano. Um de cada cinco enviamais de £5,000 anualmente.Agência de transferência, Foto ©Cathy McIlwaineAinda, os latino-americanos enviam <strong>em</strong> média12% de sua renda <strong>em</strong> dinheiro. Mas tambémpoupam cerca de 23% de sua renda s<strong>em</strong>anal,parte da qual será r<strong>em</strong>etida posteriormente. Osbrasileiros são os que mais faz<strong>em</strong> r<strong>em</strong>essas,enviando <strong>em</strong> torno de 24% de sua renda. E oshomens enviam mais dinheiro do que asmulheres: pouco mais de um quarto dos homensr<strong>em</strong>ete mais de £5,000 ao ano, comparado a 13%das mulheres. Por ex<strong>em</strong>plo, Jacó (brasileiro, 32anos), que chegou <strong>em</strong> <strong>Londres</strong> <strong>em</strong> 2005, t<strong>em</strong>uma conta bancária no Brasil, para a qual envia£200 todo mes, com o objetivo de comprar umacasa <strong>em</strong> sua terra natal.20 Queen Mary, University <strong>of</strong> London


Em geral, os latino-americanos que chegarammais recent<strong>em</strong>ente ao Reino Unido possu<strong>em</strong>conta bancária <strong>em</strong> seus países de orig<strong>em</strong>,enquanto apenas um de cada cinco dos quechegaram antes de 1989 t<strong>em</strong> conta bancária <strong>em</strong>seu pais de orig<strong>em</strong>. Mas o t<strong>em</strong>po de estada <strong>em</strong>geral não condiciona o envio de dinheiro. Assim, aproporção dos que faz<strong>em</strong> r<strong>em</strong>essas é um poucosó mais mais alta entre os que chegaram nos anos80 (67%) do que os que chegaram nos anos 90(64%). Há, porém, variações relacionadas aatividade econômica, os pr<strong>of</strong>issionais ou os queexerc<strong>em</strong> cargo de gerência, por ex<strong>em</strong>plo, tend<strong>em</strong>a enviar uma proporção menor de seus salários.Os latino-americanos que receb<strong>em</strong> salários baixosfaz<strong>em</strong> grande sacrificios econômicos para poderenviar dinheiro para suas familias no país deorig<strong>em</strong>. Jesús (boliviano, 47 anos), por ex<strong>em</strong>plo,chegou <strong>em</strong> <strong>Londres</strong> <strong>em</strong> 2003 e, desde então, suasituação imigratória t<strong>em</strong> sido irregular na maiorparte do t<strong>em</strong>po. Sua esposa, seu pai e seus cinc<strong>of</strong>ilhos moram todos na Bolívia e depend<strong>em</strong> delepara sobreviver. No ano anterior a pesquisa, elehavia enviado um total de £12,000 a sua família.Cerca de 60% do montante enviado é utilizado namanuntenção da família, o que d<strong>em</strong>onstra aimportâcia das r<strong>em</strong>essas para muitos lugares naAmérica Latina. As r<strong>em</strong>essas feitas são tambémutilizadas na educação de m<strong>em</strong>bros da famíliaassim como na construção de casas (um quintoda amostrag<strong>em</strong> <strong>em</strong> cada caso). Os pr<strong>of</strong>issionais(40%) são menos propensos a enviar dinheiropara gastos familiares do que os trabalhadores <strong>em</strong>atividades básicas (67%), e tend<strong>em</strong> a enviardinheiro para construção (26%) e educação (9%).Há pouca evidência de que exista um sist<strong>em</strong>ageneralizado de r<strong>em</strong>essas coletivas. São raros oscasos como o de Jaime (boliviano, 57 anos), quecriou uma organização juntamente com outrosdez colegas para arrecadar e enviar fundos para acompra de alimentos e a construção de uma igreja<strong>em</strong> uma comunidade pobre.A comunidade utiliza diferentes estratégias paralidar com a adversidade econômicaEmbora muito dos que receb<strong>em</strong> salários baixos et<strong>em</strong> responsabilidades financeiras tanto <strong>em</strong><strong>Londres</strong> quando no país de orig<strong>em</strong>, n<strong>em</strong> todos oslatino-americanos que t<strong>em</strong> direito a benefícios doestado os requisitam.Apenas um de cada cinco latino-americanosrecebe alguna forma de subsídio do governo, umaproporção que é b<strong>em</strong> menor do que a proporçãopara a população de <strong>Londres</strong>. Os tipos deasistencia estatal mais comuns são os que estãodisponíveis a <strong>em</strong>pregados <strong>em</strong> atividades de baixaAgência de transferência, Foto ©Cathy McIlwaineQueen Mary, University <strong>of</strong> London 21


Outra medida utilizada para lidar comadversidades econômicas é a poupança. Quasedois terços dos latino-americanos pesquisadosconsegu<strong>em</strong> economizar, <strong>em</strong> média, £300 pormes.Muitos latino-maericanos não utilizam os serviçosde saúde públicaCarnaval <strong>em</strong> <strong>Londres</strong>, Foto ©Juan Camilo Cockrenda, tal como o Working Tax Crédit (subsidiopara os que trabalham mais de 16 horass<strong>em</strong>anais) e subsídio de acomodação. Osequatorianos (26%) e os colombianos (29%) sãoos que mais receb<strong>em</strong> subisidios do governo,enquanto os bolivianos e os brasileiros são os qu<strong>em</strong>enos os requisitam (12% <strong>em</strong> cada caso).Cerca de dois quintos dos latino-americanoshaviam feito <strong>em</strong>préstimo para financiar gastos dosdia-a-dia, como comprar alimentos e educação.Em outros casos, os <strong>em</strong>préstimos são utilizadospara adquirir eletrodomésticos, veículos epropriedades. Dois terços dos pesquisadoshaviam feito <strong>em</strong>préstimo com agênciasfinanceiras, e um quarto havia tomado<strong>em</strong>préstimo com a família ou amigos.Um de cada cinco latino-americanos nunca foi aum clínico geral (Genera, GPl Practitioner) doserviço nacional de saúde (National HealthService) no Reino Unido, e a maioria dos quenunca o fizeram está no Reino Unido há menos decinco anos. Mas 63% dos brasileiros e 77% dosbolivianos haviam ido a um GP.Os latino-americanos <strong>em</strong> situação imigratóriairregular eram as que menos haviam visitado umGP (45%). Embora muitos estejam autorizados ase registrar<strong>em</strong> com um GP, muitos não o faz<strong>em</strong>por causa de sua situação imigratória.O uso de outros tipos de serviço de saúde é menosfrequente. Assim, por ex<strong>em</strong>plo, 43% dospesquisados haviam utilizado o serviço de<strong>em</strong>ergência <strong>em</strong> hospitais, 40% havia ido aodentista, 32% havia utilizado outros serviçoshospitalares, e apenas 6% havia ido a umapoliclínica. Quase um quinto das latinoamericanashavia participado de programas deplanejamento familiar.Quase metade dos brasileiros declarou ter dívidas.Este grupo, assim como os bolivianos, figuramprominent<strong>em</strong>ente entre os que não t<strong>em</strong> contabancária no Reino Unido. Cerca de 10% dospesquisados t<strong>em</strong> necessidade de recorrer a firmasque descontam cheques.22 Queen Mary, University <strong>of</strong> London


anos): “Em seis anos, nós só estiv<strong>em</strong>os no Brasilduas vezes, e quando fomos, fiz um check-upcompleto, de saúde, e odontológico”.Alguns latino-americanos recorr<strong>em</strong> aos serviçosde organizações comunitáriasVale notar que 40% dos latino-americanos naamostrag<strong>em</strong> haviam recorrido a serviçosparticulares de saúde, e que quase metadedesses serviços foram prestados por médicoslatino-americanos. E alguns dos que utilizavam osserviços de médicos particulares tambémrecorriam aos serviços de seu GP. Isto indica que aconsulta a um médico constitui, às vezes, umaescolha, mais do que uma necessidade. Ospesquisados apresentaram várias razões pararecorrer<strong>em</strong> ao setor de saúde privado: muitosdesejam obter um melhor atendimento (41%),outros o faz<strong>em</strong> ou porque estão nãodocumentados,ou ainda porque t<strong>em</strong> maisconfiança <strong>em</strong> um médico particular (12%), eainda outros o faz<strong>em</strong> por causa da barreira doidioma (9%). A proporção de pessoas querecorr<strong>em</strong> ao serviços de saúde privado não variade acordo com a renda, mas são os pr<strong>of</strong>issionaisos que mais utilizam esses serviços.Quase um terço dos latino americanos recorreramaos serviços de alguna organização de apoio aoimigrante. Os pr<strong>of</strong>issionais (33%) recorr<strong>em</strong> commais frequência do que a média para aamostrag<strong>em</strong> como um todo, <strong>em</strong> contraste aos quetrabalham <strong>em</strong> serviços básicos e comr<strong>em</strong>uneração inferior a £500 mensais (28%).Cerca de metade das pessoas que solicitaramasilo utilizaram os serviços de alguma organizaçãocomunitária, o que d<strong>em</strong>onstra a importânciadestes serviços para a comunidade.Muitas famílias utilizam mais de umaorganização ao mesm t<strong>em</strong>po. Por ex<strong>em</strong>plo,Laura(peruana, 37 anos), recebeu ajuda do Serviçopelos Direitos da Mulher para procurar umalbergue quando ficou s<strong>em</strong> moradia, e também doMigrants Resource Centre para ajudar a resolverprobl<strong>em</strong>as relativos a sua situação imigratória. Suamãe, por sua vez, recebeu ajuda da organizaçãoCarila e participa de atividades <strong>of</strong>erecidas peloProyecto de <strong>Latino</strong>americanos de la Tercera Edad.Aproximadamente um terço dos pesquisadosconsultaram médicos e pr<strong>of</strong>issionais de saúde <strong>em</strong>seus países de orig<strong>em</strong> quando de visita. Este é ocaso, por ex<strong>em</strong>plo, de Felicidade (brasileira, 44Queen Mary, University <strong>of</strong> London 23


Os latino-americanos tend<strong>em</strong> a recorrer ao setorprivado para resolver questões legaisAproximadamente 41% dos pesquisadosrecorreram, <strong>em</strong> algum momento, aos serviços deadvogados ou assesores legais particulares. Cercade dois terços dos que o fizeram, não contou comajuda financeira do governo (legal aid) para cobriros gastos, que pod<strong>em</strong> variar de £10 por hora até£5,000 pelo caso. Muitos dos usuáriosprocuraram assessoria relativa a questões deimigração, assim como orientação para abrir<strong>em</strong>negócio, para ação de divórcio ou para legalizarum testamento.As experiências dos que utilizam serviçosparticulares são variadas. Luz Marta (equatoriana,30 anos), por ex<strong>em</strong>plo, pagou £1,800 a umadvogado que havia prometido obter adocumentação para regularizar sua situaçãoimigratória, mas ela havia perdido a esperançaporque seu pedido de asilo havia sido rejeitado.As igrejas t<strong>em</strong> um papel importante na vida doslatino-americanosA grande maioria (90%) dos latino-americanos <strong>em</strong><strong>Londres</strong> diz se identificar com alguma religião,sendo a católica a mais citada (63%), seguidosdos que se diz<strong>em</strong> evangélicos (17%). Cerca de70% dos pesquisados frequenta a igreja, sendoque 35% destes vão à igreja uma vez por s<strong>em</strong>ana,e outros 31% vão com menos frequência. Dos quefrequentam a igreja, 67% frequenta a católica e28% frequenta uma igreja evangélica. A grand<strong>em</strong>aioria frequenta missas ou cultos dirigidos alatino-americanos, onde padres ou pastores<strong>of</strong>iciam <strong>em</strong> espanhol ou português.Festa de natal, Elephant and Castle, Foto ©Juan Camilo CockWestminster Abbey, Foto ©Cathy McIlwaine24 Queen Mary, University <strong>of</strong> London


46% dos que frequentam a igreja católicaregularmente receb<strong>em</strong> salários inferiores a £1,000mensais, constituindo as mulheres a maioria dosque prestam serviços pessoais. Em todo caso,cabe ressaltar que pertencer ativamente a umaigreja pode afetar o b<strong>em</strong>-estar econômico. Osm<strong>em</strong>bros de algumas igrejas evangélicas, porex<strong>em</strong>plo, dev<strong>em</strong> doar o dízimo (10% do salário)para ajudar a financiar a igreja, o que representaum montante importante, sobretudo para os quet<strong>em</strong> baixa renda.Os latino-americanos mantém fortes laços comfamiliares e amigos nos países de orig<strong>em</strong>St Ignatius Catholic Church, Seven Sisters,Foto © Cathy McIlwaineAs igrejas, é de se notar, t<strong>em</strong> papel importante naprovisão de apoio social e espiritual. Em algunscasos <strong>of</strong>erec<strong>em</strong> também serviços de assessoria<strong>em</strong> questões de imigração, educação e saúde. Epara os que não pr<strong>of</strong>essam religião alguma, aigreja atua também como um espaço desocialização, que as pessoas procuram para poderacessar redes sociais.No geral, as pessoas de baixa renda tend<strong>em</strong> afrequentar mais a igreja. Mais da metade (56%)dos que pertenc<strong>em</strong> a congregações evangélicas eA grande maioria dos pesquisados,independent<strong>em</strong>ente de nacionalidade ou classesocial, mantém contato permanente com afamília, parentes e amigos <strong>em</strong> seus países deorig<strong>em</strong>. O contato é feito por meio de telefone delinha fixa (79%), ou ainda correio eletrônico ouchat pela internet. A comunicação é bastantefrequente: quase um quarto da amostrag<strong>em</strong>mantém contato diário, um quinto se comunica acada dois ou tres dias, e um terço entra <strong>em</strong>contato uma vez por s<strong>em</strong>ana. Os brasileirostend<strong>em</strong> a manter comunicação diária (40%,comparado a amostrag<strong>em</strong> como um todo, 23%).As redes sociais tanto auxiliam quanto minam ob<strong>em</strong>-estar social“Eu s<strong>em</strong>pre digo que meu coracão e minha menteestão aquí, mas muita gente t<strong>em</strong> sua mente lá e ocorpo aquí… e isso não é bom”Alfonso, Paraguai, 41 anosQueen Mary, University <strong>of</strong> London 25


diferentes grupos da comunidade. Uma das maismarcantes é a distância entre os latinoamericanosde língua española e de línguaportuguesa. De fato, somente 44% dos brasileirosse identificam como latino-americanos,comparado a 70% dos que são de páises delíngua espanhola. Os brasileiros são também osque menos tend<strong>em</strong> a participar de atividadesculturais da comunidade latino-americana, comoevidencia o fato de apenas um terço participar docarnaval de verão.Marcha, Foto © Cathy McIlwaineUm aspecto importante das redes sociais são asamizades. Em geral os latino-americanos criamredes sociais fortes, com uma média de cincoamigos. Porém, tais redes apresentam um quadromisto no que diz respeito à questão da confiançaentre os latino-americanos. Cerca de 53% daamostrag<strong>em</strong> afirmou confiar <strong>em</strong> outros latinoamericanos,enquanto 27% assinalou oindividualismo e a inveja como características queprejudicam as relações. Há também tensões entreTorneio de futebol, Foto ©Juan Camilo CockOutra característica ressaltada, e que afeta tantoos brasileiros quanto os outros latino-americanos,é a carência de vínculos sociais com acomunidade britânica. Segundo Camilo(colombiano, 21 anos), “são necessáriasiniciativas para instigar a maior solidariedade nacomunidade latino-americana para que hajamaior integração, e a comunidade se sinta menosfechada <strong>em</strong> si mesma”.De que maneira se alteram ascondições e oportunidades dasegunda geração deimigrantes latino-americanos?A segunda geração de latino-americanos queparticipou da pesquisa compreendeu 23 homense 29 mulheres com idade média de 21 anos. Agrande maioria era solteira, apenas dez eramcasados ou co-habitavam, e só uma pessoa eradivorciada. O país de orig<strong>em</strong> mais comum dosm<strong>em</strong>bros da segunda geração era a Colômbia, equase metade das mães e 19 dos pais eramprovenientes desse país.26 Queen Mary, University <strong>of</strong> London


A grande maioria t<strong>em</strong> nacionalidade britânica(49), enquanto 34 t<strong>em</strong> nacionalidade dupla,sendo estes colombianos <strong>em</strong> sua maioria. Apenas3 indivíduos t<strong>em</strong> nacionalidade de países delíngua espanhola. Quase todos se identificamcomo britânico-latino, os outros se denominam‘latino-americanos’, ‘mestiço’ ou ‘misto’. Uma boaparte se identifica também como britânica e latinoamericana.Contudo, muitos mais se identificamcomo latino-americanos (45) do que britânicos(37). Quase todos falam o castelhan<strong>of</strong>luent<strong>em</strong>ente, e apenas um dos jovens nãoentende ou fala o castelhano.Os m<strong>em</strong>bros dessa segunda geração visitam oscentros e atividades frequentados pelos latinoamericanos<strong>em</strong> <strong>Londres</strong>. Destes, 21 afirmaramque seus amigos eram sobretudo latinoamericanosbritânicos, mas 26 mantém amizadescom jovens de diversas origens étnicas, e somentecinco t<strong>em</strong> amigos britânicos brancos. Essasegunda geração mantém contato com os país deorig<strong>em</strong> de seus pais por meio de chamadastelefônicas, conversas pela Internet ou correioeletrônico, o que faz<strong>em</strong> pelo menos uma vez pormes. De um total de 52 pessoas, 25 faziamr<strong>em</strong>essas de dinheiro e presentes à AméricaLatina, e 45 haviam visitado a terra de seus paispelo menos cinco vezes.A segunda geração atinge alto nível educacional epr<strong>of</strong>issional“Eles s<strong>of</strong>reram muito e foi difícil para mim chegarao College. Quando seus pais são nãodocumentadoseles t<strong>em</strong> que trabalhar até muitotarde da noite a s<strong>em</strong>ana toda, e voce crescesomente com seus irmãos e amigos. A vida foidifícil para eles que s<strong>em</strong>pre viviam amedrontados,tiv<strong>em</strong>os que mudar de casa muitas vezes porquetínhamos medo da polícia”.Darío, 18 anos, ecuatoriano de dupla nacionalidadeO fato de ter<strong>em</strong> crescido <strong>em</strong> lugares onde seuspais tinham que lutar pelo sustento <strong>em</strong> situaçõesde vulnerabilidade gerou entre os jovens o desejode melhorar suas condições de vida. Nãosurpreende, por tanto, que 40 dos 52 jovenspesquisados haja afirmado aspirar a melhorestrabalhos que os que faz<strong>em</strong> seus pais.Latin American Youth Against Violence, Foto ©CathyMcIlwaineOs níveis de educação dos que nasceram noReino Unido e que chegaram a <strong>Londres</strong> antes decompletar 7 anos de idade são altos: 41 dos 52pesquisados estavam cursando pelo menos oCollege. Outros ainda cursavam o Sixth Form,Queen Mary, University <strong>of</strong> London 27


de equatorianos que trabalham na limpeza.Apesar de ter feito a faculdade, Enrique decidiumontar sua própria companhia de limpeza. Cabeobservar, também, que mais da metade dosjovens pesquisados (29) receb<strong>em</strong> benefícios dogoverno, ou independent<strong>em</strong>ente, ou comom<strong>em</strong>bro da família.A segunda geração também s<strong>of</strong>re a discriminaçãoLatin American Youth Forum, Foto ©Juan Camilo Cockpreparando-se para os exames finais de admissãoà universidade (A Levels). Outros 19 dospesquisados ou estavam cursando ou haviamcompletado cursos técnicos ou universitários.Embora seja difícil esboçar um quadro amplodessa geração baseado no tamanho daamostrag<strong>em</strong>, os dados suger<strong>em</strong> uma tendência atrabalhar <strong>em</strong> postos não qualificados (ou seja,básicos). Alguns o faz<strong>em</strong> apenast<strong>em</strong>porariamente, para ajudar nos custos daeducação, mas nenhum deles considera taistrabalhos como sua principal ocupação. Deste 52jovens, 30 estavam estudando à época dapesquisa, e 14 estavam trabalhando comopr<strong>of</strong>issionais ou <strong>em</strong> cargos de gerência.Mesmo quando a proporção de jovens queocupavam postos administrativos ou cargos degerência é mais alta do que a da primeira geração,fica evidente <strong>em</strong> alguns casos que a ascençãopr<strong>of</strong>issional ocorre nas atividades de baixar<strong>em</strong>uneração e nas quais seus próprios pais se<strong>em</strong>pregam. Por ex<strong>em</strong>plo, Enrique (26 anos) é filhoCerca de dois terços dos jovens pesquisadosidentificaram a discriminação como umaconstante <strong>em</strong> suas vidas. Em muitos casos, amesma se relaciona a exploração no local detrabalho, mas também discriminação no âmbitoeducacional e até por parte da polícia. Porex<strong>em</strong>plo, Carlos (20 anos, filho de colombianos)comentou que “meus amigos e eu, todos falamoso inglês, mas no College nos colocam no final dafila, nos níveis mais inferiores e não pod<strong>em</strong>osprogredir. Nunca nos incentivam a continuar osestudos para chegar a universidade”. Igualmente,Juanita (17 anos) comenta “<strong>em</strong> Elephant & Castle,a polícia s<strong>em</strong>pre nos detém e nos indiciam’Que probl<strong>em</strong>as enfrentam oslatino-americanos <strong>em</strong><strong>Londres</strong>?Muitos latino-americanos se sent<strong>em</strong>discriminados“Os imigrantes chegam ao país saudaveís e o paísos faz<strong>em</strong> ficar doentes, por causa de maltrato,pela discriminação e pelos probl<strong>em</strong>as que t<strong>em</strong>que enfrentar”Pedro, San Salvador, 57 anos28 Queen Mary, University <strong>of</strong> London


Mais de dois terços (69%) dos pesquisadosdeclararam s<strong>of</strong>rer discriminação diariamente noReino Unido. Os bolivianos reveleram ser os qu<strong>em</strong>ais s<strong>of</strong>r<strong>em</strong> discriminação (78%) e, sobretudo, oshomens. Os jovens também reportaram ques<strong>of</strong>r<strong>em</strong> discriminação, sobretudo os que t<strong>em</strong> entre30 e 40 anos de idade (73% destes).Em relação a situação imigratória, os nãodocumentadossão os que mais se sent<strong>em</strong>discriminados (81%). Contudo, 71% dos quepossu<strong>em</strong> passaporte britânico tambémreportaram ter s<strong>of</strong>rido discriminação, o que sugereser esse um probl<strong>em</strong>a bastante arraigado mas quenão está necessariamente relacionado a situaçãoimigratória.Os probl<strong>em</strong>as relacionados à situação imigratóriasão uma constante na comunidade latinoamericana.Embora somente 19% dospesquisados não tenha documentação válida,muitos na comunidade t<strong>em</strong> tido probl<strong>em</strong>as ligadosà situação imigratória. Enquanto algumas pessoasestão preocupadas por ser<strong>em</strong> nãodocumentados,outras t<strong>em</strong> medo de possuirdocumentos falso. Esse é o caso de Lídia(ecuatoriana, 44 anos), que adquiriu umpassaporte falso na Espanha para poder conseguirtrabalho e enviar £500 todos mes para sua mãe etres filhos <strong>em</strong> Quito.A forma mais comum de discriminação reportadafoi a exploração no local de trabalho (70%),seguida pelo limitado acesso à acomodação(28%) e à educação (26%). A discriminaçãotambém se manifesta como hostilidade por parteda polícia (26%), abuso <strong>em</strong> lugares públicos ou notransporte público, e desvantag<strong>em</strong> no acesso aoserviço nacional de saúde. Um de cada cinco dospesquisados afirmaram ter tido probl<strong>em</strong>as comserviços bancários ou na interação comfuncionários públicos.Barreiras criadas pela situação imigratória“Sou uma pessoa muito solitáriai.S<strong>of</strong>ri muitodesde que cheguei, mas tenho que seguir <strong>em</strong>frente. Tenho medo de que me pegu<strong>em</strong> compassaporte falso, mas eu ser uma pessoa decente,eu pago imposto”Lidia, Equador, 44 anosMarcha, Foto ©Cathy McIlwaineQueen Mary, University <strong>of</strong> London 29


As pessoas não-documentadas tend<strong>em</strong> a s<strong>of</strong>rerpsicológicamente, uma vez que t<strong>em</strong> que aprendera conviver com o medo e a insegurança, e com oestigma social que acompanha essa situaçãoimigratória. Maria (boliviana, 40 anos), porex<strong>em</strong>plo, comentou: “deveriam reconhecer quenós somos pessoas trabalhadoras, honradas, enão criminosos”A situação imigratória foi citada maisfrequent<strong>em</strong>ente pelos bolivianos como um dosmaiores obstáculos a se poder viver <strong>em</strong> condiçõesmais toleraveís. Em geral, os homens (20%) s<strong>em</strong>ostraram mais preocupados <strong>em</strong> resolver osprobl<strong>em</strong>as de imigração do que as mulheres(15%), o que não é de causar surpresa, visto qu<strong>em</strong>ais homens do que mulheres tend<strong>em</strong> a ser<strong>em</strong>não-documentados.Dificuldades com o idioma“Há muitos cursos de inglês, mas a questão dairregularidade é uma grande barreira, porques<strong>em</strong>pre ped<strong>em</strong> documentos. Seria bom que<strong>of</strong>erecess<strong>em</strong> cursos gratuitos com horários maisacessiveís”.Marcelo, brasileiro, 32 anosMarcha, Foto ©Cathy McIlwaineA dificuldade de se expressar <strong>em</strong> inglês surgiucomo um dos maiores probl<strong>em</strong>as enfretados peloslatino-americanos, sendo reportado por 38% dospequisados, dos quais a metade eramcolombianos. Mas o acesso a trabalho decente étambém uma questão importante para 14% dospequisados. A pesquisa revelou uma relaçãoestreita entre conhecimento do idioma e situaçãoimigratória, já que os não-documentados são osque menos possibilidade t<strong>em</strong> de poder financiarestudos da língua inglesa.A pesquisa pediu a opinião dos participantessobre os projetos e iniciativas que achamnecessários para ajudar a comunidade latinoamericanaa enfrentar seus probl<strong>em</strong>as. Váriasiniciativas foram mencionadas. A mais citadacomo urgente e prioritária foi uma anistia aos nãodocumentados.Em segundo lugar foi apontada anecessidade da criação de maiores oportunidadespara o aprendizado do idioma. Uma terceirainiciativa sugerida foi a <strong>of</strong>erta de melhores serviçosde assessoria quanto as assuntos de imigração.Os latino-americanos são agora parte importanteda diversificada população de <strong>Londres</strong>,comparavél <strong>em</strong> tamanho a outros grupos deimigrantes e minorias étnicas que são maisreconhecidas e receb<strong>em</strong> maior atenção dogoverno britânico. A pesquisa aqui relatadaressalta o fato de que, <strong>em</strong>bora seja esta umacomunidade que t<strong>em</strong> se consolidado nos últimosanos e apesar de alguns de seus m<strong>em</strong>bros jáestar<strong>em</strong> integrados social e economicamente, acomunidade como um todo ainda enfrentadesafios importantes relativos à estabilidade sociale economica assim como múltiplas barreiras à suaintegração.30 Queen Mary, University <strong>of</strong> London


AgradecimientosNão resta dúvida de que os latino-americanos nãosó participam de modo vital na vida da capitalbritânica, mas requer<strong>em</strong> atenção e iniciativas quefacilit<strong>em</strong> sua integração, conforme afirma Miriam(equatoriana, 49 anos):“O governo deve reconhecer que existimos econtribuimos…Somos uma parte importantedeste país e, por tanto, precisamos serreconhecidos. Precisamos de mais cursos deinglês, de melhores trabalhos e de muito maisapoio”.Esperamos que este relatório contribua para que acomunidade latino-americanoa obtenha oreconhecimento que merece e que inspireiniciativas que comec<strong>em</strong> a lidar com as questõesmais pre<strong>em</strong>entes. Do mesmo modo, esperamosque os dados apresentados aqui sirvam paracontribuir para o trabalho das autoridades, doslíderes, das organizações e das campanhas dacomunidade.Milne, da London Trust , assim como a FrancesCarlisle e a Tania Bronstein, da Latin AmericanWomen’s Resource Centre, pelo patrocínio eapoio. Nosso pr<strong>of</strong>undo agradecimento também àequipe de pesquisa: Marcela Benedetti, Luz DaryDuque Parra, Yara Evans, Claudia Forero, AnaCarla Franca, Brian Linneker, Felicia Luvumba,Azul Mertn<strong>of</strong>f, Sara Santiago Chavez, OliviaSheringham, Mayra Tipán, Yenny Tovar, VladimirVelásquez Cárdenas e Carolina Velásquez Correa.Agradec<strong>em</strong>os ainda a todas as organizações,igrejas e consulados que contribuíram para arealização deste projeto, b<strong>em</strong> como a PabloMateos e a Sarah Bradshaw, por seus comentáriose sugestões, e a Ed Oliver pelo mapa dos <strong>Latino</strong>Americanos <strong>em</strong> <strong>Londres</strong>. Somos agradecimostambém ao Office <strong>of</strong> National Statistics e UK DataArchive <strong>em</strong> Essex, por disponibilizar dados doAnnual Population Survey, InternationalPassenger Survey Data e Vital Statistics on Births.Os depositários os proprietários de direitosautorais e o UK Data Archive estão isentos dequalquer reponsabilidade pelas análises ouinterpretação de dados apresentadas nesserelatório. Agradec<strong>em</strong>os a Westfield Trust quefinanciou esta versão do relatório.Finalmente, todo os que participaramdessa pesquisa e cujas experiências foramregistradas nesse documento são latinoamericanos.Queen Mary, University <strong>of</strong> London 31


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