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Equações Diferenciais Ordinárias (notas de aula) - Unesp

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTAInstituto <strong>de</strong> Biociências, Letras e Ciências Exatas-IBILCEDepartamento <strong>de</strong> MatemáticaEQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIASNotas <strong>de</strong> AulaGerman Lozada-CruzGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPSão José do Rio Preto2 ◦ semestre <strong>de</strong> 2005


c○German Lozada-CruzDepartamento <strong>de</strong> Matemática, IBILCEUniversida<strong>de</strong> Estadual PaulistaR. Cristóvão Colombo, 2265Jardim NazarethSão José do Rio Preto-SP15054-000, BrasilGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP


“A mathematician is a machine for turning coffee into theorems”.Paul ERDÖS, (1913-196)“God not only plays dice. He also sometimesthrows the dice were they cannot be seen”.Stephen HAWKING, (8 January 1942- )“If, I were a medical man, I should prescribe a holiday toany patient who consi<strong>de</strong>red his work important”.Bertrand RUSSELL, (1872-1970)“All’inizio e alla fine abbiamo il mistero.Potremmo dire che abbiamo il disegno di Dio.A questo mistero la matematica ci avvicina, senza penetrarlo”.Ennio De GIORGI, (1928-1996)“A mathematician’s reputation rest on thenumber of bad proofs he has given”.Abram BESICOVICH, (1891-1970)German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP“A blind man tramps at random touching the road with a stick.He places his foot carefully and mumbles to himself.The whole world is displayed in his <strong>de</strong>ad eyes.There are a house, a lawn, a fence, a cowand scraps of the sky–everything he cannot see”.Vl. KHODASEVICHA blind Man


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Sumário1 Introdução às equações diferenciais 11.1 Teoria preliminar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21.2 Lista <strong>de</strong> Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152 Equações lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m 172.1 Problemas que levam a equações diferenciais . . . . . . . . . . . 172.1.1 Corpo em queda livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172.1.2 Crescimento populacional . . . . . . . . . . . . . . . . . 182.1.3 Corda suspensa em repouso . . . . . . . . . . . . . . . . 192.2 Equações lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m . . . . . . . . . . . . . . . 212.2.1 Equações lineares com coeficientes constantes . . . . . . 212.3 Equação homogênea e não-homogênea . . . . . . . . . . . . . . 262.4 Equações diferenciais <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m especiais . . . . . . . . 282.4.1 Equação <strong>de</strong> Bernoulli . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 282.4.2 Equação <strong>de</strong> Riccati . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 302.4.3 Equação <strong>de</strong> Clairaut . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 322.4.4 Equação <strong>de</strong> Lagrange . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 352.5 Teorema <strong>de</strong> existência e unicida<strong>de</strong> . . . . . . . . . . . . . . . . . 372.6 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 392.6.1 Crescimento e <strong>de</strong>crescimento . . . . . . . . . . . . . . . . 39German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP2.6.2 Meia-Vida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 402.6.3 Circuitos em série . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 402.7 Lista <strong>de</strong> exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 403 Equações não-lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m 513.1 Interpretação geométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 513.1.1 Isóclinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 523.1.2 Concavida<strong>de</strong> . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 523.2 Teorema <strong>de</strong> existência e unicida<strong>de</strong> . . . . . . . . . . . . . . . . . 543.2.1 O método <strong>de</strong> Picard . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57v


03.3 Equações em variáveis separadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 583.3.1 Equações que se reduzem a variáveis separáveis . . . . . 623.3.2 Equações homogêneas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 633.3.3 Equações que se reduzem a equações homogêneas . . . . 663.4 Equações exatas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 683.5 Fatores integrantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 713.6 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 753.7 Lista <strong>de</strong> exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 774 Equações lineares <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>m 834.1 Teoria básica da equação homogênea . . . . . . . . . . . . . . . 864.1.1 Fórmula <strong>de</strong> Abel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 904.1.2 Redução <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 914.2 Equação homogênea com coeficientes constantes . . . . . . . . . 984.2.1 Raízes distintas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 994.2.2 Raízes iguais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 994.2.3 Raízes complexas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1004.2.4 Equação <strong>de</strong> Euler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1014.3 Equação não-homogênea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1044.3.1 Método <strong>de</strong> variação das constantes . . . . . . . . . . . . 1054.3.2 Método dos coeficientes in<strong>de</strong>terminados . . . . . . . . . . 1084.4 Aplicações: Vibrações mecânicas e Leis <strong>de</strong> Kepler. . . . . . . . . 1144.5 Lista <strong>de</strong> exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1145 Sistemas lineares bidimensionais 1195.1 Introdução à teoria geométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1215.2 Retrato <strong>de</strong> fase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1215.2.1 Poços, Selas e Centros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1296 Sistemas não-lineares bidimensionais 1356.1 Pontos críticos e órbitas periódicas . . . . . . . . . . . . . . . . 1356.2 Teorema <strong>de</strong> Poincaré-Bendixon . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1356.3 Competição entre duas espécies . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1356.4 Predador-presa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1356.5 Epi<strong>de</strong>mias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPvi


Capítulo1Introdução às equações diferenciaisReceve o nome <strong>de</strong> equação diferencial a equação que contem as<strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong> uma função procurada (incognita) ou seus diferenciais.Por exemplo, xdy = 2ydx ou y ′ = 4x.Resolver uma equação diferencial significa encontrar uma função que<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> x que satisfaz a equação diferencial dada, ou seja que convertedita equação numa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> ao substituirla por y.As equações diferenciais tem gran<strong>de</strong> aplicação na geometria, mecanica,física e outras disciplinas.Vários fenômenos envolvem a variação <strong>de</strong> umaquantida<strong>de</strong> em relação a outra, levando naturalmente a mo<strong>de</strong>los baseados emequações diferenciais.Po<strong>de</strong>mos ter variações temporais <strong>de</strong>, por exemplo, aGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPposição <strong>de</strong> um objeto, a temperatura <strong>de</strong> um material, a concentração <strong>de</strong> umagente químico, a concentração <strong>de</strong> um poluente ou nutriente em um meio, aumida<strong>de</strong> do ar, o número <strong>de</strong> habitantes <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong>, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bactérias<strong>de</strong> uma cultura, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> massa <strong>de</strong> um gás, o produto interno bruto <strong>de</strong>um país, etc.Equações diferenciais simples aparecem em Cálculo I, através do cálculo <strong>de</strong>primitivas <strong>de</strong> funções. Neste caso, dada uma função f = f(t), buscamos umafunção x = x(t) tal quedx(t)dt= f(t). (1.1)1


1 Introdução às equações diferenciaisA relativa simplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta equação está no fato <strong>de</strong> que o lado direito daequação acima não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da incógnita x = x(t). A <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong> x = x(t)está dada explicitamente em termos <strong>de</strong> uma função conhecida. Nesse caso, asolução po<strong>de</strong> ser obtida, em principio, por integração direta.Por outro lado, as equações diferenciais <strong>de</strong> maior interesse são tias que a<strong>de</strong>rivada da função procurada <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da própria função. Um exemplo é aequaçãodx= −λx, (1.2)dton<strong>de</strong> λ > 0. Esta equação aparece em <strong>de</strong>caimento radioativo. Se x = x(t)indica a massa <strong>de</strong> um material radioativo, a primeira <strong>de</strong>rivada x ′ (t) = dx/dtindica a taxa <strong>de</strong> variação <strong>de</strong>ssa massa em relação ao tempo.A equaçãodiferencial indica que essa taxa é negativa, indicando un <strong>de</strong>caimentos, e esse<strong>de</strong>caimento é proporcional à massa do objeto, em cada instante <strong>de</strong> tempo.Isso é natural, pois quanto maior a massa, maior o <strong>de</strong>caimento, ou seja, maisátomos <strong>de</strong>sse material se <strong>de</strong>sintegram em outros.Mais geralmente, equações diferenciais são equações cujá incógnita é umafunção e cuja equação envolve <strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong>ssa função procurada.especificamente, po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar equações da formaMaisF ( t, x, dxdt , · · · , dn x) = 0, (1.3)dt non<strong>de</strong> t é a variável in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, F : R × R × R n → R é uma função real <strong>de</strong>n + 2 variáveis e x : R → R é a função procurada (incógnita).German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP1.1 Teoria preliminarDefinição 1.1.1 (Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> uma EDO) A or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> uma equação diferencialordinária é a or<strong>de</strong>m da maior <strong>de</strong>rivada na equação.Por exemplo a equação (1.3) é uma equação diferencial na forma implícita<strong>de</strong> or<strong>de</strong>m n.2


1.1 Teoria preliminarA equação (1.1) po<strong>de</strong> ser escrita na forma (1.3) tomandoF ( t, x, dx ) dx= f(t) −dtdt .Analogamente, a equação (1.2) correspon<strong>de</strong> asãoF ( t, x, dx ) dx = λx +dt dt .Ambas ((1.1) e (1.2)) são equações <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m. Outros exemplosd 4 xdt = cos(tx), d3 x4x2dt + cos t + t = 0, ( d 2 x3 dt − 2x) 2= x 2 + 1, cos ( dx) = sen x2 dtque são equações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m 4, 3, 2 e 1, respectivamente. Observe que, em cadaequação <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m n, os termos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m mais baixa (ou seja, as <strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong>or<strong>de</strong>m menor que n) po<strong>de</strong>m ou não aparecem explicitamente.Definição 1.1.2 (Grau <strong>de</strong> uma EDO) O grau <strong>de</strong> uma equação diferencialordinária é o valor do expoente <strong>de</strong> maior or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>rivada.Exemplos:1. e x d2 y+ sen xdy = x, é uma EDO <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m 2 e <strong>de</strong> primeiro grau.dx2 dx2.( )d 3 y d 2 2dx + 2 y+ dy3 dx 2 dxgrau.= tan x, é uma EDO <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m 3 e <strong>de</strong> primeiroGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPdy3. + p(x)y = q(x), é uma EDO <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m e <strong>de</strong> primeiro grau.dx( ) d 3 2 ( )y d 2 4y4. − 2 + 4x = 0, é uma EDO <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m 3 e <strong>de</strong> segundodx 3 dx 2grau.Quanto à notação, é claro que ela não é rígida, po<strong>de</strong>mos escrever porexemploF ( x, y, dydx , · · · , dn ydx n )= 0, (1.4)3


1 Introdução às equações diferenciaison<strong>de</strong> x é a variável in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e y = y(x), a função procurada. A notaçãoapropriada <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do contexto; a variável in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte po<strong>de</strong> <strong>de</strong>notar oinstante <strong>de</strong> tempo t ou uma posição x, por exemplo, e a incógnita po<strong>de</strong> ser aposição x <strong>de</strong> um objeto, a temperatura T <strong>de</strong> um material, a concentração s <strong>de</strong>alguma substância química, o valor p <strong>de</strong> um produto financeiro, etc.Para simplificar notação, po<strong>de</strong>mos usar x ′ , x ′′ , x ′′′ , x (iv) , x (v) ,... para indicaras <strong>de</strong>rivadas, quando a variável in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte estiver clara no contexto. Assim,as equações acima po<strong>de</strong>m ser escrita comox iv = cos(tx), x 2 x ′′ + cos t + t = 0, (x ′′ − 2x) 2 = x 2 + 1, cos(x ′ ) = sen(x).No caso específico da variável in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte ser uma variável temporal, écostume, principalmente em Mecânica Clássica, se utilizar a notação ẋ, ẍ paraindicar as <strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong> primeira e segunda or<strong>de</strong>m, comuns nesses problemasgraças à lei <strong>de</strong> Newton.Uma equação diferencial do tipo <strong>de</strong>scrito acima é dita ordinária, poisenvolve apenas <strong>de</strong>rivadas em relação a uma única variável in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntereal. Veremos, também sistemas envolvendo mais <strong>de</strong> uma equação diferencialordinária, com uma mesma variável in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Há, porém vários outrostipos <strong>de</strong> equações diferenciais, como parciais, complexas, integro-diferenciais,funcionais, estocásticas, com retardamento, etc.Essas outras equaçõesdiferenciais mo<strong>de</strong>lam uma gama ainda maior <strong>de</strong> fenômenos e possuem, emgeral, características mais complicadas que as das equações ordinárias, mas hámuitas semelhanças e o entendimento <strong>de</strong>stas é fundamental para o das outras.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPCostumamos classificar as equações diferenciais ordinárias em lineares enão-lineares.As equações diferenciais ordinária lineares são mais fáceis <strong>de</strong> resolver omais suscetíveis <strong>de</strong> resolver entretanto que as não-lineares guardam uma certadificulda<strong>de</strong>.Definição 1.1.3 (EDO linear) Uma EDO linear é aquela em que a variável<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte y e suas <strong>de</strong>rivadas só aparecem em combinações aditivas <strong>de</strong> suas4


1.1 Teoria preliminarprimeiras potências, isto é,on<strong>de</strong>a n (x) dn ydx + a n−1(x) dn−1 yn dx + · · · + a 1(x) dyn−1 dx + a 0(x)y = F (x),1. a i (x) (i = 1, · · · n) e F (x) só <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da variável in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte x.2. A variável <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte y e suas <strong>de</strong>rivadas aparecem só em primeiro grau.3. Não existe multiplicação <strong>de</strong> y com algumas <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>rivadas.4. Não contem funções transcen<strong>de</strong>ntais <strong>de</strong> y e/ ou suas <strong>de</strong>rivadas.Exemplos:1.2.3.d 2 y+ y = 0, é uma EDO linear <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>m.dx2 d 2 ydx + 5dy + 6y = 0, é uma EDO linear <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>m.2 dxd 4 ydx + d3 y dy4 x2 + x3dx3 dx = xex , é uma EDO linear <strong>de</strong> quarta or<strong>de</strong>m.Definição 1.1.4 (EDO não-linear) Uma EDO não linear é uma EDO quenão é linear.Exemplos:1.d 2 ydx + 2 y3 = 0, é uma EDO não- linear pois sua variável <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nteaparace ao cubo (y 3 ).German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPd 2 y2.dx +5dy 2 dx +6y2 = 0, é uma EDO não-linear, pois sua variável <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nteaparece ao quadrado (y 2 ).( )d 2 3 ( ) 3y dydy3.dx + 5 + 6y = 0, é uma EDO não-linear, pois 5 contem2 dxdxa terceira potência da primeira <strong>de</strong>rivada.4.d 2 y dydy+5y +6y = 0, é uma EDO não-linear, pois 5y contem o produtodx2 dx dxda variável y com sua <strong>de</strong>rivada.5


1 Introdução às equações diferenciaisConsi<strong>de</strong>remos a equação diferencial ordinária (1.4).Seja f : I ⊂ R → R uma função que possui n-ésima <strong>de</strong>rivada.Definição 1.1.5 (Solução explícita) A função fchama-se solução explícita<strong>de</strong> (1.4) seIsto é,F (x, f(x), f ′ (x), · · · , f (n) ) = 0, ∀x ∈ I.ao substituir f(x) e suas <strong>de</strong>rivadas por “y” e suas <strong>de</strong>rivadastransformam a equação (1.4) numa igualda<strong>de</strong>.Exemplo 1. Seja a equação diferenciald 2 y+ y = 0. (1.5)dx2 As funções y = sen x, y = 2 cos x, y = 3 sen x−cos x e em geral toda funçãoda forma y = C 1 sen x, y = C 2 cos x, ou y = C 1 sen x + C 2 cos x são soluçõesda equação (1.5) quaisquer que sejam as constantes C 1 e C 2 . Isto é fácil <strong>de</strong>comprovar, ao introduzir as funções mencionadas na equação (1.5).Exemplo 2. Dada a equação diferencialy ′ x − x 2 − y = 0. (1.6)Suas soluções são funções da forma y = x 2 + Cx, on<strong>de</strong> C é uma constantequalquer. De fato, <strong>de</strong>rivando a função y = x 2 + Cx, temos y ′ = 2x + C.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPSubstituindo as expressões <strong>de</strong> y e y ′ na equação (1.6) obtemos a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>Exemplo 3. Verificar que(2x + C)x − x 2 − x 2 − Cx = 0.∫ xf(x) = e x2 e −t2 dt + e x20é uma solução explícita <strong>de</strong> y ′ − 2xy = 1.6


1.1 Teoria preliminarDe fato,f ′ (x) = d ∫ xdx (ex2 e −t2 dt + e x2 )0∫ x= 2xe x2 e −t2 dt + 1 + 2xe x20∫ x= 1 + 2x(e x2 e −t2 dt + e x2 )= 1 + 2xf(x).Exemplo 4. Verificar que f(x) = 2 πf ′′ (x) + f ′ (x)+ f(x) = 0.xAgoraDe fato,f ′ (x) = 2 πf ′′ (x) = 2 πf ′′ (x) + f ′ (x)+ f(x) = 2 xπ∫ π/2∫ π/20∫ π/200∫ π/20∫ π/20cos(x sen θ)dθ é solução explícita <strong>de</strong>− sen(x sen θ) sen θdθ− cos(x sen θ) sen 2 θdθ.− cos(x sen θ) sen 2 θdθGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP= 2 π= 2 π− 2 π− 2 π− 2 π0∫ π/20∫ π/20∫ π/20∫ π/20sen(x sen θ) sen θdθ + 2 xπcos(x sen θ)(1 − sen 2 θ)dθsen(x sen θ) sen θdθxcos(x sen θ) cos 2 θdθsen(x sen θ) sen θdθ.x∫ π/20cos(x sen θ)dθ7


1 Introdução às equações diferenciaisIntegrando por partes a primeira integral do lado direito temosu = cos θdu = − sen θ, v =f ′′ (x) + f ′ (x) sen(x sen θ) cos θ+ f(x) = xx ∣− 2 π= 0.∫ π/20dv = cos(x sen θ) cos θdθsen(x sen θ)xπ/20+∫ π/2sen(x sen θ) sen θdθx0sen(x sen θ) sen θdθxCada uma das equações examinadas nos exemplos 1 e 2 tem uma infinida<strong>de</strong><strong>de</strong> soluções.Mas o leitor po<strong>de</strong>r perguntar será que existem equaçõesdiferenciais que não tem solução?. A resposta é dada no seguinte exemploExemplo 5. A seguinte equação diferencial não tem solução.|y ′ | + 1 = 0. (1.7)Definição 1.1.6 (Solução implícita) Dizemos que uma relação g(x, y) = 0é uma solução implícita da EDO (1.4), se esta relação <strong>de</strong>fine pelo menos umafunção ψ : I ⊂ R → R tal que esta função seja solução <strong>de</strong> (1.4) em I.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPAs soluções explícitas ou implícitas são chamadas simplesmente <strong>de</strong> soluções.Exemplo 1. x 2 + y 2 − 25 = 0 é uma solução implícita <strong>de</strong> x + y dydx = 0em I = (−5, 5). De fato, a relação x 2 + y 2 − 25 = 0 <strong>de</strong>fine duas funçõesimplicitamentey 1 = √ 25 − x 2 , e y 2 = − √ 25 − x 2 .as quais são soluções explicitas da EDO.y ′ 1 = 1 2 (25 − x2 ) −1/2 (−2x) = −x(25 − x 2 ) −1/2 .8


1.1 Teoria preliminarSubstituindo a <strong>de</strong>rivada na equação diferencial temosx + √ ( ) −x25 − x 2 √ = 0.25 − x2Fica para o leitor verificar que a <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong> y ′ 2 também satisfaz a EDO.Pergunta. Que acontece com a relação x 2 + y 2 + 25 = 0?Derivando implicitamente temosx + y dydx = 0(I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> formal).Isto é a solução satisfaz formalmente a EDO mas não é uma solução implícita.Exemplo 2. y 2 −x 3 +8 = 0 é solução implícita <strong>de</strong> dydx − 3x2 = 0 em I = (2, ∞).2yDa fato, da relação y 2 − x 3 + 8 = 0 temos que y = ± √ x 3 − 8 para x > 2.A função y 1 = √ x 3 − 8 tem por <strong>de</strong>rivada y 1 ′ 3x 2=2 √ x 3 − 8 = 3x22y .Conseqüentemente a relação y 2 − x 3 + 8 = 0 <strong>de</strong>fine uma solução implícitada EDO para todo x > 2.Observação: A relação g(x, y) = 0 é uma solução implícita <strong>de</strong> uma EDO, emum intervalo I se <strong>de</strong>fine uma ou mais soluções explícitas em I da EDO.Exemplo 3. A relação x+ye xy = 0 é uma solução implícita<strong>de</strong> (1+xy) e1 + y 2 e xy = 0.xydydx +De fato, primeiro observe que não po<strong>de</strong>mos ter y = f(x) da relaçãoimplícita.Observe que para que se cumpra a relação implícita, qualquer mudançaGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPem x requer uma mudança em y. Conseqüentemente esperamos que a relaçãodada <strong>de</strong>fina implícita ao menos uma função e que seja diferenciável (Teoremada função implicita).Denotemos por g(x, y) = x + ye xy . O ponto P = (0, 0) anula a relaçãoacima, isto é g(P ) = 0. Além disso dgdy (P ) = exy + yxe xy | P = 1 ≠ 0. Logopelo Teorema da função implícita, existem intervalos I = (−δ, δ) (δ > 0),J = (−ε, ε) (ε > 0) e função y : I → J diferenciável talque g(x, y(x)) = 0.Além disso dgdx + dg dydy dx = 0, isto é, 1 + y2 e xy xydy+ (1 + xy) edx = 0.9


1 Introdução às equações diferenciaisTeorema 1.1.1 (Função Implícita) Sejam U ⊂ R 2um conjunto abertocontendo o ponto P = (x 0 , y 0 ) e g : U → R uma função <strong>de</strong> classe C 1 (isto é ge g x , g y são funções contínuas). Suponhamos queg(P ) = 0,∂g(P ) ≠ 0.∂yEntão existem números h e k que <strong>de</strong>terminam um retângulo R ⊂ U tal quepara cada x ∈ I = {x ∈ R : |x − x 0 | < h}, existe um único y = y(x) ∈ J :={y ∈ R : |y − y 0 | < k} que satisfaz g(x, y(x)) = 0.Além disso, y é uma função <strong>de</strong> classe C 1 e∂gdy (x, y(x))dx (x) = − ∂x ∀x ∈ I.∂g∂y (x, y(x))Definição 1.1.7 ( Solução geral) A soluçãoΦ(x, y, C 1 , · · · , C n ) = 0 (1.8)da equação diferencial (1.3), que contem n constantes arbitrárias in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nteschama-se solução geral <strong>de</strong>sta equação diferencial.Dando valores<strong>de</strong>terminados às constantes C 1 , · · · , C n na relação (1.8), obtém-se uma soluçãoparticular da equação (1.3).Reciprocamente, temdo uma família <strong>de</strong> curvas (1.8) excluindo osparâmetros C 1 , · · · , C n do sistema <strong>de</strong> equações diferenciaisGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPΦ = 0,dΦdx = 0, · · · , d n Φdx = 0, nobtém-se em geral uma equação diferencial da forma (1.3), cuya solução geralé a relação (1.8).Exemplo. Achar a equação diferencial da família <strong>de</strong> parábolasy = C 1 (x − C 2 ) 2 . (1.9)10


1.1 Teoria preliminarDerivando duas vezes a expressão (1.9), temosy ′ = 2C 1 (x − C 2 ) e y ′′ = 2C 1 . (1.10)Eliminando das equações (1.9) e (1.10) os parâmetros C 1 e C 2 encontramos aseguinte equação diferencial2yy ′′ = y ′2 .Problema <strong>de</strong> valor inicial (PVI) e problema <strong>de</strong> valor na fronteira(PVF)Com muita frequência e em problemas <strong>de</strong> aplicação,uma equaçãodiferencial resolve-se com algumas condições dadas que a função <strong>de</strong>sconhecida<strong>de</strong>ve satisfazer.Exemplo.Uma partícula se move ao longo do eixo x <strong>de</strong> modo que a suaaceleração em qualquer ponto <strong>de</strong> tempo t 0 esta dada pora = 16 − 24t, a = 4 − 2t, a = 2t − 4t 2 , a = 3 + t 2 − 2t.1. Determine a posição x da partícula medida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a origem O em qualquertempo t > 0, consi<strong>de</strong>rando inicialmente que em t = 0 está localizada emx = 2, e está viajando a uma velocida<strong>de</strong> v = −5.2. Consi<strong>de</strong>rando (1) e sabendo que a partícula está localizada em x = 2 eem x = 7 quando t = 1.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPSolução. (1) Sabemos que uma partícula se move com uma velocida<strong>de</strong> v = dxdte aceleração a = d2 x. Então a equação diferencial édx2 d 2 x= 16 − 24t.dt2 Mas x = 2, v = −5 quando t = 0, isto é, x(0) = 2 e dx (0) = −5. Logo temosdt11


1 Introdução às equações diferenciais⎧d 2 x⎪⎨= 16 − 24t,dt 2x(0) = 2,(PVI)⎪⎩ dxdt (0) = −5.Integrando a primeira equação do (PVI) temosdxdt = 16t − 12t2 + C 1 (1.11)usando a condição na <strong>de</strong>rivada dxdt (0) = −5, temos que C 1 = −5.Integrando a equação (1.11), temosx(t) = 8t 2 − 4t 3 − 5t + C 2 .Agora usando a condição inicial x(0) = 2, temos que C 2 = 2. Logo a posiçãoda partícula é dada pela função x(t) = 8t 2 − 4t 3 − 5t + 2.(2). Neste caso temos o seguinte problema⎧d⎪⎨2 x= 16 − 24t,dt 2x(0) = 2,⎪⎩x(1) = 7.Integrando duas vezes a primeira equação <strong>de</strong> (PVF) temosx(t) = 8t 2 − 4t 3 + C 1 t + C 2 .(PVF)German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPAgora usando as condições <strong>de</strong> x em t = 0 e t = 1, temos que C 2 = 2 e C 1 = 1.Logo x(t) = 8t 2 − 4t 3 + t + 2.Observações:1. A função x que queremos encontrar satisfaz a equação diferencial.2. A função x tem que satisfazer as condições dadas3. No primeiro caso (1), as condições estão valoradas num so, valor <strong>de</strong> x eẋ em t = 0. No outro caso x e ẋ estão valoradas em t = 0 e em t = 1, os12


1.1 Teoria preliminardos tipos <strong>de</strong> problemas chamam-se problema <strong>de</strong> valor inicial e problema<strong>de</strong> valor <strong>de</strong> fronteira respectivamente.Definição 1.1.8 (Problema <strong>de</strong> valor inicial) Um problema <strong>de</strong> valor inicial(PVI) é um problema que busca <strong>de</strong>terminar a solução <strong>de</strong> uma equaçãodiferencial sujeita a condições sobre a função e suas <strong>de</strong>rivadas em um só valorda variável in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, tais condições chamam-se condições iniciais.Definição 1.1.9 (Problema da valor <strong>de</strong> fronteira) Um problema da valor<strong>de</strong> fronteira (PVF) é analogo que um PVI, só que a variável in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntetoma dois ou mais valores e chamam-se condições <strong>de</strong> fronteira (ou valores<strong>de</strong> contorno).Exemplos:1. (a)(b)⎧⎪⎨⎪⎩⎧⎪⎨⎪⎩d 2 xdt 2 = 16 − 24t 2x(0) = 2 um só valor <strong>de</strong> t (PVI)ẋ(0) = 5,d 2 xdt 2 = 16 − 24t 2x(0) = 2 diferentes valores “2” <strong>de</strong> t (PVF)x(1) = 7,German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP2. ⎧⎨ dy= 2xdx⎩x(0) = 2 um só valor <strong>de</strong> t (PVI)3.⎧⎪⎨⎪⎩d 2 ydx + y 2 = 0y(0) = 1 diferentes valores “2” <strong>de</strong> t (PVF)y(π/2) = 5,(1.12)(1.13)13


1 Introdução às equações diferenciaisObservação: O PVFnão tem solução.⎧⎪⎨⎪⎩d 2 ydx + y = 02y(0) = 1(1.14)y( π) = 5, 2Este exemplo nos leva a conclusão que <strong>de</strong>vemos ter cuidado com um PVF.Em geral um PVI para uma EDO <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m n é o seguinte⎧⎪⎨⎪⎩F (x, y, y ′ , · · · , y (n) ) = 0y(x 0 ) = y 0y ′ (x 0 ) = y 1 ,. = .y (n−1) (x 0 ) = y n−1 .(5) Verifique que f(x) = sen x − cos x é solução do PVI⎧⎪⎨⎪⎩d 2 ydx + y 2 = 0y(0) = −1y ′ (0) = 1.Solução. Calculando f ′ (x) e f ′′ (x) temos(1.15)(1.16)German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPf ′ (x) = cos x + sen xf ′′ (x) = − sen x + cos x.Substituindo na equação diferencial temose f(0) = −1 e f ′ (0) = 1.f ′′ (x) + f(x) = − sen x + cos x + sen x − cos x = 0Naturalmente surge a seguinte pergunta: Todo PVI ou PVF tem solução?14


1 Introdução às equações diferenciais(viii) 8 d4 y= x(1 − x), Equação <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação <strong>de</strong> vigas.dx4 (ix) x 2 d2 ydx + xdy2 dx = (x2 − p 2 ) = 0, Equação <strong>de</strong> Bessel.2. Dadas as seguintes expressões matemáticas <strong>de</strong>termine se são soluções dasequações diferenciais ordinárias.(a) ψ(x) = 2x 3 , é solução explícita <strong>de</strong> x dydx = 3y.(b) ψ(x) = e x −x, é solução explícita <strong>de</strong> dydx +y2 = e 2x +(1−2x)e x +x 2 −1.(c) φ(x) = sen x + x 2 , é solução explícita <strong>de</strong> d2 ydx + y = 2 x2 + 2.(d) φ(t) = 3 cos t − 5 sen t, é solução explícita <strong>de</strong> ẍ + x = 0.(e) ϕ(t) = cos 2t, é solução explícita <strong>de</strong> dx + tx = sen 2t.dt(f) ϑ(x) = 2e 3x − e 2x , é solução explícita <strong>de</strong> d2 ydx − y dy2 dx + 3y = −2e2x .(g) ϑ(x) = e 2x − 3e −x , é solução explícita <strong>de</strong> d2 ydx − dy − 2y = 0.2 dx(h) y(x) = 3 sen 2x + e −x , é soluçã explícita <strong>de</strong> y ′′ + 4y = 5e −x .(i) f(x) = x + 3e −x , é solução explícita <strong>de</strong> y ′ = y = x + 1.(j) y(x) = 2e 3x − 5e 4x , é solução explícita <strong>de</strong> y ′′ − 7y ′ + 12y = 0.3. Demonstre que a relação dada é uma solução implícita da EDO(a) x 2 + y 2 = 6, é solução implícita <strong>de</strong> y ′ = − x y .(b) y − ln y = x 2 + 1, é solução implícita <strong>de</strong> y ′ = 2xyy − 1 .German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP(c) e xy + y = x − 1, é solução implícita <strong>de</strong> y ′ = e−xy − ye −xy + x .(d) x 2 − sen(x + y) = 1, é solução implícita <strong>de</strong> y ′ = 2x sec(x + y) − 1.(e) x 3 + 3xy 2 = 1, é solução implícita <strong>de</strong> 2xyy ′ + x 2 + y 2 = 0, I = (0, 1).(f) 5x 2 y 2 −2x 3 y 2 = 1, é solução implícita <strong>de</strong> xy ′ +y = x 3 y 3 , I = (0, 5/2).(g) sen y + xy − x 3 = 2, é solução implícita <strong>de</strong> y ′′ =6xy ′ + (y ′ ) 3 sen y − 2(y ′ ) 2.3x 2 − y16


Capítulo2Equações lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m2.1 Problemas que levam a equações diferenciais2.1.1 Corpo em queda livreUm objeto <strong>de</strong> massa m se encontra a uma distância h(t) do solo.O seupeso é o produto mg, on<strong>de</strong> g é a aceleração da gravida<strong>de</strong>. A sua velocida<strong>de</strong>vertical é a <strong>de</strong>rivada dh/dt, e a sua aceleração, d 2 h/dt 2 . Pela segunda lei <strong>de</strong>Newton (força=variação <strong>de</strong> momento= massa vezes aceleração, no caso <strong>de</strong>massa constante), temos−mg = m d2 hdt 2o que nos leva à seguinte equação diferencial <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>m:German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPd 2 hdt = −g.2No caso <strong>de</strong> levarmos em consi<strong>de</strong>ração a resistência do ar, causada peloatrito do objeto com o ar, <strong>de</strong>vemos adicionar um termo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte davelocida<strong>de</strong> dh/dt.Diferentes mo<strong>de</strong>lagens costumam ser consi<strong>de</strong>radas, taiscomo resitência <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo linearmente ou quadraticamente da velocida<strong>de</strong>.Na prática, a <strong>de</strong>pendência é mais complicada e a resitência ainda <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>da forma do objeto, conforme estudado em aerodinâmica.Tipicamente, a17


2 Equações lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>mbaixas velocida<strong>de</strong>s, a <strong>de</strong>pendência é predominantemente linear, ao passo quea altas velocida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>vido a turbulência do ar próxima à superfície do objeto,a resistência se torna predominantemente quadrática.No caso <strong>de</strong> resitência linear, temos simplesmente a equaçãom d2 hdh= −mg − kdt 2dt ,on<strong>de</strong> k é um coeficiente <strong>de</strong> resistência apropriado, consi<strong>de</strong>rado positivo. Noteo sinal <strong>de</strong> menos em frente ao coeficiente <strong>de</strong> resistência. A força <strong>de</strong> resistênciaé contrária ao movimento.2.1.2 Crescimento populacionalUm caso simples é o crescimento <strong>de</strong> uma colônia <strong>de</strong> bactérias. As bactériasse reproduzem por divisão celular, com cada bactéria dando origem a duas.Em condições favoráveis, a população <strong>de</strong> bactérias se reproduz a uma taxaproporcional ao numero total <strong>de</strong> bactérias: em um dado intervalo <strong>de</strong> tempo∆t, a população <strong>de</strong> bactérias cresce <strong>de</strong> um número ∆x proporcional ao total x<strong>de</strong> bactérias e proporcional ao intervalo <strong>de</strong> tempo ∆t (quanto mais bactériase quanto maior o intervalo <strong>de</strong> tempo, maior o crescimento). Denotando porµ > 0 a constante <strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong>, temos∆x = µx∆t.Dividindo essa relação por ∆t e tomando o limite quando ∆t → 0, obtemos aequação diferencialO termo µ, dado porGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPdxdt = µx.µ =dxdtx ,é chamado <strong>de</strong> taxa <strong>de</strong> crescimento específico.Com µ constante, as soluções são da forma x(t) = Ce µt e a populaçãocresce exponencialmente.O tempo <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> uma bactéria é o temponecessário para a população dobrar <strong>de</strong> tamanho. Em condições apropriadasem laboratório (meio <strong>de</strong> cultura, temperatura, PH, etc.) o tempo <strong>de</strong> geração <strong>de</strong>18


2.1 Problemas que levam a equações diferenciaisuma colonia da bactéria Vibrio cholerae, por exemplo, é <strong>de</strong> aproximadamente20 minutos. Assim, tomando o minuto como unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tempo, se x(0) = x 0 ,<strong>de</strong>vemos ter x(20) = 2x 0 . Por outro lado, x(20) = x 0 e 20µ , logo µ = ln 220 .O tempo <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> uma colônia <strong>de</strong> bactérias <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> não somente dabactéria mas também do meio em que ela se econtra. Por exemplo, o tempo <strong>de</strong>geração da bactéria Escherichia coli em condições i<strong>de</strong>ais em laboratório é entre15 e 20 minutos, enquanto que no intestino, esse tempo é <strong>de</strong> 12 a 24 horas.Nesse caso <strong>de</strong> reprodução a uma taxa proporcional ao tamanho dapopulação, a população cresce exponencialmente e in<strong>de</strong>finidamente. É Natural,porém, que o crescimento não seja ilimitado. Espera-se que para populaçõesmuito gran<strong>de</strong>s, a taxa <strong>de</strong> crescimento não aumente mais no mesmo ritmo quea população e chegue a ficar negativa, caso a população seja muito gran<strong>de</strong>e os nutrientes se tornem escassos. Assim, é razoável consi<strong>de</strong>rar que a taxa<strong>de</strong> crescimento específico µ <strong>de</strong>penda da população, i.e., µ = µ(x), levando aequações do tipodx= µ(x) x.dt2.1.3 Corda suspensa em repousoImaginemos uma corda suspensa em repouso, presa apenas pelos seus extremos.Po<strong>de</strong>mos representar esta corda por uma curva em um plano xy dad pelográfico <strong>de</strong> uma função y = y(x), com o eixo x paralelo ao chão. Uma equaçãodiferencial po<strong>de</strong> ser obtida para esa função da seguinte forma. Consi<strong>de</strong>re umtrecho [x, x + ∆x] da corda. As forças que agem neste trecho são o peso <strong>de</strong>steGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPtrecho e as tensões exercidas pelo resto da corda nos extremos <strong>de</strong>sse trecho.Suponha que a corda seja homogênea, isto é, com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> linear <strong>de</strong>massa ρ 0 constante ao longo da corda.Se a corda estiver bem tensionadae praticamente na horizontal o peso <strong>de</strong>ste trecho será, então−massa × gravida<strong>de</strong> = −gρ 0 ∆x.a tensão nos extremos age tangente à curva. Denotemos por T (x) o valorem módulo <strong>de</strong>ssa tensão em cada ponto (, y(x)) da corda. No ponto (x, y(x)),19


2 Equações lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>ma inclinação da corda é dada pelo ângulo α(x) tal quedy(x)= tan α(x).dxDessa maneira, no extremo x + ∆x, as componentes horizontal e vertical datensão po<strong>de</strong>m ser escritas comoT (x + ∆x) cos α(x + ∆x) e T (x + ∆x) sen α(x + ∆x).No extremo x, temos as componentes−T (x) cos α(x) e − T (x) sen α(x).Como a corda está em repouso, as forças acima <strong>de</strong>vem estar em equilíbrio.Logo, na componente horizontal,e na componente verticalT (x + ∆x) cos α(x + ∆x) − T (x) cos α(x) = 0,T (x + ∆x) sen α(x + ∆x) − T (x) sen α(x) − gρ 0 ∆x = 0.Da primeira relação, como x e ∆x são arbitrários tiramos que T (x) cos α(x)é , na verda<strong>de</strong>, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> x e igual a uma constante que <strong>de</strong>notamos porGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPT 0 e que chamamos <strong>de</strong> tensão da corda:T (x + ∆x) cos(x + ∆x) = T 0 = T (x) cos α(x).Dividindo a relação na vertical por T 0 e usando a informação acima, obtemosLogo,tan α(x + ∆x) − tan α(x) = gρ 0∆x.dy(x + ∆x)dx− dy(x)dxT 0= λ∆x,20


2.2 Equações lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>mon<strong>de</strong> λ = gρ 0T 0.Dividindo por ∆x e fazendo ∆x ten<strong>de</strong>r a 0, obtemos a equaçãod 2 y(x)= λ.dx 22.2 Equações lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>mDa Definição 1.1.3 uma equação diferencial <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m tem a seguinteforma:A equação (2.1) po<strong>de</strong> ser escrita na seguinte formaa 1 (x) dydx + a 0(x)y = F (x). (2.1)dy+ p(x)y = q(x), (2.2)dxon<strong>de</strong> p(x) = a 0(x) F (x)e q(x) =a 1 (x) a 1 (x) .Observe que p(x) e q(x) estão bem <strong>de</strong>finidas se a 1 (x) ≠ 0.A equação (2.2) é chamada forma normal <strong>de</strong> uma equação diferencial <strong>de</strong>primeira or<strong>de</strong>m linear.2.2.1 Equações lineares com coeficientes constantesSe p(x) = a = cte e q(x) = b = cte, então a equação (2.2) tem a formady+ ay = b, (2.3)dxGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPe esta é chamada equação linear <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m com coeficientes constantes.Vamos analisar os seguintes casos:1. Se a = b = 0 a equação (2.3) se transforma em dy = 0, cuja soluçãodxgeral é dada por y = c = cte.2. Se a ≠ 0 e b = 0, temos que (2.3) tem a seguinte formady+ ay = 0, (2.4)dx21


2 Equações lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>mcuja solução geral é da forma y = Ce −ax , on<strong>de</strong> C é uma constante.A equação (2.4) é chamada equação linear <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m comcoeficientes constantes homogênea.3. Se a = 0 e b ≠ 0, temos que a equação (2.3) tem a seguinte formady= b, (2.5)dxcuja solução geral é da forma y = bx + C, on<strong>de</strong> C =cte.4. Se a ≠ 0 e b ≠ 0, temos a equação (2.3), que é chamada equação linear<strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m com coeficientes constantes não-homogênea.Vamos encontrar a soluçaõ <strong>de</strong>ste equação. De fato,dydx + ay = bdydx = −ay + bdydxy − b a= −a(y − b a )= −a.Integrando ambos lados da ultima equação temosGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPln ∣ by − ∣ = −ax + c1a∣∣y − b ∣ = ce −ax , on<strong>de</strong> c = cteay = b a + ce−ax .Por exemplo a equação diferencial ordinária <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m linearcom coeficientes constantesdy+ 2y = 3,dx22


2.2 Equações lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>mtem solução geral da forma y = y(x) = 3 2 + ce−2x , on<strong>de</strong> c =cte.Infelizmente este método não po<strong>de</strong> ser aplicado para resolver a equação(2.3).Multipliquemos a equação (2.3) pela função e axeax dydx + aeax y = be ax . (2.6)Observe que o lado esquerdo da equação (2.6) é a <strong>de</strong>rivada do produto <strong>de</strong> duasfunções, isto é,ddx (eax y) = be ax .Integrando ambos lados da igualda<strong>de</strong> acima temos∫∫ddx (eax y)dx =be ax dxa ax y = b a eax + C,y = b a + Ce−ax .C = cteA função e ax neste método é chamada fator integrante da EDO (2.3) e a maiordificulda<strong>de</strong> do método é saber como encontra-la.Exemplo. Resolver a equaçãoGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPdy+ 2y = 3. (2.7)dtVamos primeiro encontrar o fator integrante da equação (2.7).1 o passo. Multiplicar a equação (2.7) pro uma função µ(t) in<strong>de</strong>terminada porenquanto, assimLembremos queµ(t) dydt+ 2µ(t)y = 3µ(t) (2.8)d(µ(t)y) = µ(t)dydt dt + dµ y. (2.9)dt23


2 Equações lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>mVemos que o lado esquerdo <strong>de</strong> (2.8) é igual ao lado direito <strong>de</strong> (2.9) se escolhemosResolvendo a equação (2.10) temosµ(t) = Ce 2t ,dµ= 2µ. (2.10)dtC = cte.Como não precisamos do fator integrante mais geral escolhemos C = 1 eusamos µ(t) = e 2t .Voltando a equação (2.7) multiplicamos pelo fator integrante e 2tobtermose2t dydt + 2e2t y = be 2tddt (e2t y) = 3e 2t .Multiplicando esta última equação, obtemose 2t y = 3 2 e2t + Cy = 3 2 + Ce−2t .paraGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPSe b = b(x) a equação (2.3) toma a seguinte forma especialdy+ ay = b(x). (2.11)dxO fator integrante para a equação (2.11) é novamente µ(x) = e ax .24


2.2 Equações lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>mMultiplicando por e ax a equação (2.11) e integrando temosPortantoe∫ax dydx + aeax y = e ax b(x)ddx (eax y) = e ax b(x)∫ddx (eax y)dx = e ax b(x)dx∫e ax y = e as b(s)ds + C.y = Ce −ax + e −ax ∫Logo esta última equação é a solução geral <strong>de</strong> (2.11).Exemplo 1. Resolver a seguinte EDOdydx + 1 2 y = 2 + x.e as b(s)ds. (2.12)Observe que o fator integrante é e 1 2 x e multiplicando a EDO por este fatorintegrante e integrando temose 1 2 x dydx + 1 2 e 1 2 x y = e 1 2 x (2 + x)ddx (e 1 2 x y) = e 1 2 x (2 + x)∫∫ddx (e 1 2 x y)dx = e 1 2 x (2 + x)dx + CGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPe 1 2 x y = 2e 1 2 x (x + 2) − 4e 1 2 x + Cy = 2x + C e − 1 2 x .Exemplo 2. Resolva a equação diferencialdy− 2y = 4 − x.dxComo o coeficiente <strong>de</strong> y é −2, o fator integrante para esta equação é dadopor µ(x) = e −2x . Multiplicando a EDO por este fator integrante e integrando25


2 Equações lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>mtemose∫2x dydx − 2e−2x y = e −2x (4 − x)ddx (e−2x y) = e −2x (4 − x)∫ddx (e−2x y)dx = e −2x (4 − x)dx + Ce −2x y = − 1 2 e−2x (4 − x) + 1 4 e−2x + Cy = − 1 2 (4 − x) + 1 4 + Ce2xy = − 7 4 + x 2 + Ce2x .Os exemplos 1 e 2 acima são casos especiais da equação (2.11) cujas soluçõessão dadas pela equação (2.12).2.3 Equação homogênea e não-homogêneaAgora usaremos o método <strong>de</strong> fatores integrantes para resolver a equação linear<strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m linear na forma geral (2.2).• Se q(x) = 0, dizemos que (2.2) é uma EDO <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m linearhomogênea.• Se q(x) ≠ 0, dizemos que (2.2) é uma EDO <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m linearnão-homogênea.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPVamos agora achar a solução da equação (2.2), para isto multipliquemos poruma função µ(x) ainda in<strong>de</strong>terminada, obtendoµ(x) dy + p(x)µ(x)y = µ(x)q(x). (2.13)dxA expressão à esquerda do sinal <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> é a <strong>de</strong>rivada do produto µ(x)y,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que µ(x) satisfaça a equaçãodµdx = p(x)µ26


2.3 Equação homogênea e não-homogêneacuja solução éµ(x) = Ce ∫ p(x)dx ,Escolhendo C = 1, temos o fator integranteVoltando a equação (2.13), temosµ(x) = e ∫ p(x)dx .C = cte.d(µ(x)y) = µ(x)q(x)dx ∫µ(x)y = µ(s)q(s)ds + C∫y = µ(x) −1 C + µ(x) −1 µ(s)q(s)ds∫y = Ce − ∫ p(x)dx + e − ∫ p(x)dxe ∫ p(s)ds q(s)ds.Exemplo. Resolva o PVI{ty ′ + 2y = 4t 2 ,y(1) = 2Solução. Colocando a equação diferencial na forma padrão(2.14)ẏ + 2 y = 4t, (2.15)t<strong>de</strong> modo que p(t) = 2 e q(t) = 4t. Para resolver a equação diferencial acima,tcalculamos primeiro o fator integrante µ(t)German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPµ(t) = e ∫ p(t)dt = e ∫ 2t dt = e 2 ln |t| = t 2 .Multiplicando a equação (2.15) por t 2 temost 2 dy + 2ty = 4t3dtddt (t2 y) = 4t 3 .27


2 Equações lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>mIntegrando esta última equação temos y = t 2 + ct −2 .condição inicial y(1) = 1 + c = 2, temos que c = 1.do PVI é dada por y = y(t) = t 2 + t −2 .Agora aplicando aPortanto a solução2.4 Equações diferenciais <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m especiais2.4.1 Equação <strong>de</strong> BernoulliA equação <strong>de</strong> Bernoulli tem a seguinte formadydx + p(x)y = Q(x)yn . (2.16)Claramente, para n = 0 e n = 1 a equação (2.16) é linear, para outrosvalores <strong>de</strong> n, esta é não linear. Entretanto, fazendo uma mudança <strong>de</strong> variáveisz = y 1−n a equação (2.16) se transforma em uma equação lineardz+ (1 − n)p(x)z = (1 − n)Q(x). (2.17)dxDe fato, multiplicando a equação (2.16) por (1 − n)y −n obtemos(1 − n)y −n y ′ + (1 − n)p(x)y 1−n = (1 − n)Q(x).Agora observe que z = y 1−n e dzdy= (1 − n)y−ndx dx .Depois a equação (2.17) é resolvida para z, uma solução geral da equção(2.16) po<strong>de</strong> ser encontrada substituindo y 1−n por z. Observe entretanto, quese n > 0 a equação (2.16) também tem a solução y = 0.ExemplosGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP1. Resolva a equação <strong>de</strong> Bernoulli2xy dydx − y2 = x 2 .A equação diferencial ordinária acima se converte emdydx − 1 ( x)2x y = y −1 .228


2.4 Equações diferenciais <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m especiaisFazendo a mudança <strong>de</strong> variáveis z = y 2 , temosPortantodzdx = dz dy dy= 2ydy dx dx .dz(−dx + 1 )z = xxe seu fator integrante é e ∫ − 1 x dx = 1 . Portanto, obtemosxe portanto y = √ x 2 + Cx.2. Resolva a equação(1 dzx dx + − 1 )z = 1x 2d( z)= 1dx xzx = x + Cz = x 2 + Cxdydx = 4 x y + x√ y.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPNeste caso p(x) = − 4 x e n = 1 2 . Fazendo a mudança z = y1/2 , temosPortanto2you equivalentementedzdx = dz dydy dx = 1 2−1/2 dyy−1/2dydx .dx = 1 2 y−1/2 4 x y + x1 2 y−1/2 y 1/2dzdx + (− 2 x )z = x 229


2 Equações lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m∫ 2−e seu fator integrante é e x dx = 1 . Portanto obtemosx2 1 dzx 2 dx − 2 x z = 1( 3 ) 2xd 1dx x z = 12 2x1x z = 1 ln |x| + C2 2e portanto y = x 4 ( 12 ln |x| + C ) 2.2.4.2 Equação <strong>de</strong> RiccatiA equação <strong>de</strong> Riccati tem a seguinte formaz = x 2 ( 1 ln |x| + C)2dydx = P (x)y2 + Q(x)y + R(x). (2.18)Claramente, se R(x) = 0, esta se transforma na equação <strong>de</strong> Bernoulli.R(x) ≠ 0, entretanto, uma solução geral po<strong>de</strong>r ser encontrada sempre queuma solução especifica y = u(x) seja conhecida. Então a mudança <strong>de</strong> variáveisy = u + 1 transforma a equação <strong>de</strong> Riccati em uma equação linear <strong>de</strong> primeirazor<strong>de</strong>m em z.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPDe fato, por hipóteses, se u(x) é uma solução particular da equação <strong>de</strong> Riccatidydx = P (x)y2 + Q(x)y + R(x), entãoUsando a mudança <strong>de</strong> variáveis temosdudx = P (x)u2 + Q(x)u + R(x). (2.19)Sedydx = ddx (u + 1 z ) = dudx − 1 z 2 dzdx . (2.20)30


2.4 Equações diferenciais <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m especiaisSubstituindo (2.20) na equação <strong>de</strong> Riccati, obtemosdudx − 1 dzz 2 dx = P (x)(u + 1 z )2 + Q(x)(u + 1 z ) + R(x)= P (x)(u 2 + 2u z + 1 z 2 ) + Q(x)(u + 1 z ) + R(x)= P (x)u 2 + 2u z P (x) + 1 z P (x) + Q(x)u + 1 Q(x) + R(x)2 z= ( P (x)u 2 + Q(x)u + R(x) ) + ( 2u z P (x) + 1 z 2 P (x) + 1 z Q(x)).Portanto por (2.19), esta equação é simplificada em− 1 dzz 2 dx = 2u z P (x) + 1 z P (x) + 1 2 z Q(x)dz= −2uP (x)z − Q(x)z − P (x)dxdz− (2uP (x) + Q(x))z = −P (x)dxa qual é uma equação diferencial ordinária primeira or<strong>de</strong>m linear.Exemplos1. Resolva a equação <strong>de</strong> Riccatix dydx − 3y + y2 = 4x 2 − 4x.É fácil ver que y = 2x é uma solução particular da equação diferencialdy, obtemosdx =ordinária acima. Pela mudança <strong>de</strong> variáveis y = 2x + 1 z2 − 1 dz. Portanto a equação diferencial ordinária se reduz az 2 dxGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPx(2 − 1 z 2 dzdx ) − 3(2x + 1 z ) + (2x + 1 z )2 = 4x 2 − 4x2x − x z 2 dzdx − 6x − 3 z + 4x2 + 4x z + 1 z 2 = 4x2 − 4x− x z 2 dzdx − 3 z + 4x z + 1 z 2 = 0dzdx + (4 − 3 x )z = 1 x .31


2 Equações lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m2. Resolver a equação <strong>de</strong> Riccatidydx = 2 − 2xy + y2 . (2.21)Facilmente verifica-se que y 1 (x) = 2x é uma solução particular para aequação (2.21). Neste caso temos P (x) = 1, Q(x) = −2x e R(x) = 2.Fazendo a mudança <strong>de</strong> variáveis y = 2x + 1 z temosdydx = 2 − 1 dzz 2 dx .Substituindo esta <strong>de</strong>rivada em (2.21), obtemos a seguinte equaçãodiferencial <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m linear2 − 1 dzz 2 dx = 2 − 2x(2x + 1 z ) + (2x + 1 z )2− 1 dzz 2 dx = 2x z + 1 z 2dz+ 2xz = −1dxO fator integrante para este última equação é e x2 , assim temosddx (ex2 z) = −e x2 .Integrando esta última equação temos e x2 z = − ∫ e x2 dx + C, on<strong>de</strong> C =constante. Logo temos que z = C − ∫ e x2 dx. Logo, a solução da equaçãoGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPe x2e x2(2.21) é dada por y(x) = 2x +C − ∫ e x2 dx .2.4.3 Equação <strong>de</strong> ClairautA equação <strong>de</strong> Clairaut tem a seguinte formay = x dy ( ) dydx + f , (2.22)dx32


2.4 Equações diferenciais <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m especiaison<strong>de</strong> f : R → R. A solução geral da Equação (2.22) é da formay = cx + f(c), c = cte. (2.23)Definindo p = dy , a equação (2.22) se transforma emdxy = xp + f(p). (2.24)Diferenciando a equação (2.24) com relação a x, temosp = x dpdx + p + f ′ (p) dpdx0 = dpdx (x + f ′ (p)).Desta última equação temos dpdx = 0 ou x + f ′ (p) = 0.• Se dp = 0, então p = c = cte e a solução geral é dada pela equaçãodx(2.23).• Se x + f ′ (p) = 0, então y = f(p) − pf ′ (p). Neste caso po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>finiruma solução paramétrica da formax = −f ′ (t)y = f(t) − tf ′ (t).Esta última solução é singular, pois, se f ′′ (t) ≠ 0, ela não po<strong>de</strong> ser obtida daGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPfamilia <strong>de</strong> soluções y = cx + f(c).Definição 2.4.1 (Solução singular) Uma solução singular <strong>de</strong> uma equaçãodiferencial é uma solução que satisfaz as seguintes condições:1. Esta resolve a equação diferencial original, em outra palavras esta ésolução da equação diferencial.2. É tangente a toda solução da familia geral <strong>de</strong> soluções da EDO. Portangente enten<strong>de</strong>mos que existe um ponto x on<strong>de</strong> y s (x) = y c (x) andy ′ s(x) = y ′ c(x) on<strong>de</strong> y c é qualquer solução general.33


2 Equações lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>mExemplos1. Encontrar a solução da equação <strong>de</strong> Clairauty = x dy ( ) 2 dydx + 2 . (2.25)dxObserve que a função f : R → R neste caso é dada por f(s) = 2s 2 . Logoa solução geral <strong>de</strong> (2.25) é dada pory c (x) = cx + 2c 2 .Fazendo p = dydx temos y = xp + 2p2 , agora <strong>de</strong>rivando com relação a xtemosp = p + x dp dp+ 4pdx dx .Disto temos que x + 4p = 0, isto é p = −x/4. Logo substituindo equação<strong>de</strong> y temos y = x(−x/4) + +2(−x/4) 2 = −x 2 /8 é solução singular daequação <strong>de</strong> Clairaut.Vamos verificar que realmente y s (x) = −x 2 /8 é uma solução singularda equação (2.25). De fato, da primeira condição da Definição 2.4.1é trivialmente satisfeita. Da segunda condição da Definição 2.4.1,y s (x) = y c (x), obtemos que (−4c, −2c 2 ) é o ponto <strong>de</strong> tangencia <strong>de</strong> y se y c . Também y ′ s(−4c) = c = y ′ c(−4c).2. Resolver a equaçãoGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPy = xy ′ + 1 y ′ . (2.26)Colocando y ′ = p, temos y = xp + 1 , e neste caso a função f é dada porpf(p) = 1 p . Logo a solução geral <strong>de</strong> (2.26) é dada por y = cx + 1 c . Agorapara encontrar a solução singular <strong>de</strong>rivamos com relação a x obtendop = x dpdx + p − 1 p 2 dpdx .34


2.4 Equações diferenciais <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m especiaisDesta equação temos que x = 1 p 2e substituindo em (2.26) temos quey = 2 p . Eliminando p <strong>de</strong>stas duas ultimas equações temos y s(x) = ±2 √ xé solução singular <strong>de</strong> (2.26). O aluno po<strong>de</strong> verificar este fato usando a<strong>de</strong>finição 2.4.1.2.4.4 Equação <strong>de</strong> LagrangeA equação <strong>de</strong> Lagrange tem a seguinte formay = xϕ(p) + ψ(p), (2.27)on<strong>de</strong> p = dydx .Derivando com relação a x a equação (2.27) temosou equivalentementep = ϕ(p) + (xϕ ′ (p) + ψ ′ (p) dpdxp − ϕ(p) = (xϕ ′ (p) + ψ ′ (p) dpdx(2.28)(2.29)Desta equação se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>duzir imediatamente certas soluções, a saber: aequação se transforma numa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> para todo valor constante p = c, quesatisfaça a condiçãoGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPc − ϕ(c) = 0.De fato, sendo p constante, a <strong>de</strong>rivada dp = 0 e ambos membros da equaçãodx(2.29) se anulam. A solução que correspon<strong>de</strong> para cada valor <strong>de</strong> p = c, istoé, dy = c, é uma função linear <strong>de</strong> x. Para encontrar esta função é suficientedxsubstituir na equação (2.27) o valor <strong>de</strong> p = c e assim temosy = xϕ(c) + ψ(c).Se ϕ(p) ≠ p, das equações (2.27) e (2.28) obtemos as solução geral da35


2 Equações lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>mequação <strong>de</strong> Lagrange na forma paramétricax = Cf(p) + g(p) (2.30)y = [Cf(p) + g(p)] ϕ(p) + ψ(p) (2.31)on<strong>de</strong> p é um parâmetro, C é uma constante, f e g são funções conhecidas<strong>de</strong>terminadas. De fato, escrevamos a equação (2.29) na formadxdp −ϕ′ (p)p − ϕ(p) x =ψ′ (p)p − ϕ(p)(2.32)consi<strong>de</strong>rando x = x(p). A equação (2.32) é uma equação diferencial <strong>de</strong> primeiraor<strong>de</strong>m linear, cuja solução é dada por (2.30). Agora usando (2.27) temos aequação (2.31).Além disso, po<strong>de</strong> existir solução singular.ExemploSeja a equaçãoFazendo y ′ = p, temosDerivando com relação a x, obtemosy = xy ′2 + y ′2 . (2.33)y = xp 2 + p 2 . (2.34)p = p 2 + [2xp + 2p] dpdx . (2.35)German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPAgora p = p 2 , quando p 0 = 0 ou p 1 = 1, e como candidatas a soluções seapresentam as funções linearesy = 0 e y = x + 1.Agora vamos encontrar a solução geral da equação (2.34), para isto escrevamosa equação (2.35) na formadxdp − 2pp − p x = 22 1 − p(2.36)36


2.5 Teorema <strong>de</strong> existência e unicida<strong>de</strong>consi<strong>de</strong>rando x = x(p). A solução da equação <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m linear (2.36)é dada porx = −1 +C2(p − 1) 2 . (2.37)Eliminando p das equações (2.34) e (2.37) obtemos a solução geraly = (C + √ x + 1) 2 .A solução singular da equação original será y = 0, já que esta não po<strong>de</strong> ser<strong>de</strong>duzida da solução geral qualquer que seja o valor <strong>de</strong> C.Entretanto, a função y = x + 1 não é solução singular, mas é particular, ese <strong>de</strong>duz da solução geral, pondo C = 0.Observação. Se ϕ(p) = p a equação <strong>de</strong> Lagrange se transforma na equação<strong>de</strong> Clairaut.O aluno po<strong>de</strong> observar que este <strong>de</strong> tipo <strong>de</strong> equações diferenciais <strong>de</strong> primeiraor<strong>de</strong>m se reduzem por meio <strong>de</strong> uma mudança <strong>de</strong> variáveis em equaçõesdiferenciais <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m lineares.Finalizaremos estas <strong>notas</strong> com um resultado que garante a existência eunicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> uma EDO <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m linear.2.5 Teorema <strong>de</strong> existência e unicida<strong>de</strong>Sejam α < β, t 0 ∈ I = (α, β) e p, q : I → R funções.Teorema 2.5.1 (Existência e Unicida<strong>de</strong>) Se as funções p e q são contínuasno intervalo I contendo o ponto t 0 , então existe uma única soluçãoGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPφ : I → R do problema <strong>de</strong> valor inicialon<strong>de</strong> y 0 é um valor inicial dado.dy+ p(t)y = q(t)dty(t 0 ) = y 0 ,(2.38)Demonstração. Primeiro vamos <strong>de</strong>monstrar a unicida<strong>de</strong> da solução supondoque esta existe. De fato, suponhamos que existe duas soluções φ 1 e φ 2 do PVI37


2 Equações lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m(2.38), isto é φ 1 e φ 2 satisfazemedφ 1dt + p(t)φ 1 = q(t)φ 1 (t 0 ) = y 0 ,dφ 2dt + p(t)φ 2 = q(t)φ 2 (t 0 ) = y 0 ,(2.39)(2.40)Denotando z = φ 1 − φ 2 , temos que z satisfaz o seguinte problema <strong>de</strong> valorinicialA solução do PVI (2.41) é dada pordzdt + p(t)z = 0z(t) = ce − ∫ tz(t 0 ) = 0.t 0 p(τ)dτ ,(2.41)on<strong>de</strong> c é uma constante. Aplicando a condição inicial temos que c = 0.Portanto z(t) = 0, para todo t ∈ I, disto segue que φ 1 (t) = φ 2 (t), paratodo t ∈ I, e conseqüentemente φ 1 = φ 2 . Mostrando assim a unicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>solução do PVI (2.38).German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPObserve que o fator integrante para o PVI (2.38) é dado porµ(t) = e∫ tt p(s)ds 0 .Multiplicando pelo fator integrante a primeira equação do (2.38), temose∫ tt 0p(s)ds dydt + e ∫ tddtt p(s)ds ∫ t0 p(t)y = et 0 p(s)ds q(t)( ∫ t)tep(s)ds ∫ t0 ty = ep(s)ds 0 q(t).38


2.6 AplicaçõesIntegrando <strong>de</strong> t 0 ate t a última equação temosPortanto∫ tt 0d(eds∫ t2.6 Aplicações∫ st p(τ)dτ 0 y(s)e∫ st p(τ)dτ 0 y(s))ds =∣ t =t 0tep(τ)dτ 0 y(t) − y(t 0 ) =∫ ttep(τ)dτ 0 y(t) = y 0 +y(t) = y 0 e − ∫ tt p(τ)dτ 0 + e − ∫ t2.6.1 Crescimento e <strong>de</strong>crescimentoO problema <strong>de</strong> valor inicial⎧⎨⎩∫ t ∫ step(τ)dτ 0 q(s)dst∫0t ∫ step(τ)dτ 0 q(s)dst∫0t ∫ step(τ)dτ 0 q(s)dst 0∫ t ∫ set 0∫ t ∫t p(τ)dτs0 et 0dxdt= kx,x(t 0 ) = x 0 ,t 0 p(τ)dτ q(s)ds.t 0 p(τ)dτ q(s)ds.(2.42)on<strong>de</strong> k é uma constante <strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong>, ocorre em muitas teoria físicasGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPenvolvendo crescimento ou <strong>de</strong>crescimento.Por exemplo, em biologia, éfreqüentemente observado que a taxa <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> certa bactérias éproporcional ao número <strong>de</strong> bactérias presentes num instante dado. Durante umcurto intervalo <strong>de</strong> tempo, a população <strong>de</strong> pequenos animais, tais como roedores,po<strong>de</strong> ser prevista com alto grau <strong>de</strong> precisão pela solução da equação (2.42).Em física um problema <strong>de</strong> valor inicial como (2.42) proporciona um mo<strong>de</strong>lopara o cálculo aproximado da quantida<strong>de</strong> remanescente <strong>de</strong> uma substânciaque está sendo <strong>de</strong>sintegrada através <strong>de</strong> radioativida<strong>de</strong>. A equação diferencial(2.42) po<strong>de</strong> ainda <strong>de</strong>terminar a temperatura <strong>de</strong> um corpo em resfriamento. Em39


2 Equações lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>mquímica, a quantida<strong>de</strong> remanescente <strong>de</strong> uma substância durante certas reaçõestambém po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrita por (2.42).A constante <strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong> k em (2.42) é positiva ou negativa e po<strong>de</strong>ser <strong>de</strong>terminada pela solução para o problema usando um valor subseqüente<strong>de</strong> x em um instante t 1 > t 2 .2.6.2 Meia-Vida2.6.3 Circuitos em série2.7 Lista <strong>de</strong> exercícios1. Encontrar, para as familias <strong>de</strong> curvas dadas, as funções que satisfaçamas condições iniciais dadas(a) x 2 − y 2 = C, y(0) = 5.(b) y = (C 1 + C 2 x)e 2x , y(0) = 0, y ′ (0) = 1.(c) y = C 1 sen(x − C 2 ), y(π) = 1, y ′ (π) = 0.(d) y = C 1 e −x + C 2 e x + C 3 e 2x , y(0) = 0, y ′ (0) = 1, y ′′ (0) = −2.2. Demonstrar que a curva cujo coeficiente angular da tangente em cadaponto é proporcional à abscissa do ponto <strong>de</strong> tangencia é uma parábola.3. Achar uma curva que passe pelo ponto (1, 1) <strong>de</strong> tal maneira que ocoeficiente angular da tangente em cada ponto seja proporcional aoquadrado da or<strong>de</strong>nada nesse ponto.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP4. Verifique que y 1 (t) = √ t e y 2 (t) = 1 são soluções da equação diferencialt2t 2 ÿ + 3tẏ − y = 0.5. Verifique que y = y(x) =y ′ =[1 + 2 3 ln(1 + x3 )] 1/2é uma solução do PVIx 2, y(0) = 1.y(1 + x 3 )Para qual intervalo esta solução é válida?40


2.7 Lista <strong>de</strong> exercícios6. Determine por inspeção, pelo menos uma solução para a equaçãodiferencial dada.(a) y ′ = 2x (b) y ′′ = 1 (c) y ′′ = y ′ (d) y ′′ = −y(e) dydx = 5y (f) y′ = y 3 − 8 (g) 2y dydx = 1 (h) y′′ = y.7. Determine um intervalo, no qual y 2 − 2y = x 2 − x − 1 <strong>de</strong>fine uma soluçãopara 2(y − 1)dy + (1 − 2x)dx = 0.8. Explique porque a equação diferencial( ) 2 dy= 4 − y2dx 4 − x 2não possui solução real em Ω = {(x, y) ∈ R 2 : |x| < 2 e |y| > 2}. Háoutras regiões do plano xy em que a equação não possui solução?9. Verifique se a função dada por partes é uma solução para a equaçãodiferencial dada.(a) xy ′ −2y = 0, y ={−x 2 , x < 0x 2 , x 0.(b) (y ′ ) 2 = 9xy, y =10. De um exemplo <strong>de</strong> um PVI o qual tenha mais <strong>de</strong> uma solução.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP{0, x < 0x 3 , x 0.11. Encontre a solução geral da equação diferencial ordinária <strong>de</strong> primeiraor<strong>de</strong>m e use-a para <strong>de</strong>terminar o comportamento das soluções quandot → ∞.(a) y ′ + 3y = x + e −2x . (b) y ′ − 2y = x 2 e 2x .(c) dydt + y = te−t + 1.(d) dy + (1/t)y = 3 cos 2t,dt(f) t dydtt > 0.dy(e)dt − 2y = 3et .+ 2y = sen t, t > 0. (g)dydt + 2ty = 2te−t2 .(h) (1 + t 2 ) dydt + 4ty = (1 + t2 ) −2 . (i) 2y ′ + y = 3x.41


2 Equações lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m(j) t dydt − y = t2 e −t . (k) y ′ + y = 5 sen 2x.(l) 2y ′ + y = 3x 2 .12. Encontre a solução do problema da valor inicial dado.(a) y ′ − y = 2xe 2x , y(0) = 1. (b) dydt + 2y = te−2t , y(1) = 0.(c) t dydt + 2y = t2 − t + 1, y(1) = 1 2 .(d) y ′ + (2/x)y = (cos x)/x 2 , y(π) = 0, t > 0.(e) y ′ − 2y = e 2x .(f) t dy + 2y = sen t, y(π/2) = 1.dt(g) t 3 dydt + 4t2 y = e −t , y(−1) = 0.(h) xy ′ + (x + 1)y = x, y(ln 2) = 1.13. Consi<strong>de</strong>re o PVI ⎧⎨⎩y ′ + 2 3 y = 1 − 1 2 x,y(0) = y 0 .Encontre o valor <strong>de</strong> y 0 para o qual a solução encosta no eixo dos x, masnão o atravessa.14. Mostre que, se a e α são constantes positivas e se b é um número realqualquer, então toda solução da equaçãody+ ay = be−αtdtGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPtem a proprieda<strong>de</strong> que y → 0 quando t → ∞.Suguestão: Consi<strong>de</strong>re os casos a = α e a ≠ α separadamente.15. Construa uma equação diferencial linear <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m cujas soluçõestêm o comportamento estipulado quando t → ∞. Depois resolva suaequação diferencial e confirme que as soluções têm, <strong>de</strong> fato, a proprieda<strong>de</strong>especificada.(a) Todas as soluções têm limite 3 quando t → ∞.42


2.7 Lista <strong>de</strong> exercícios(b) Todas as soluções são assintóticas à reta y = 3 − t quando t → ∞.(c) Todas as soluções são assintóticas à reta y = 2t − 5 quando t → ∞.(d) Todas as soluções se aproximam da curva y = 4−t 2 quando t → ∞.16. O método <strong>de</strong> Variação dos parâmetros. Consi<strong>de</strong>re o seguintemétodo <strong>de</strong> resolução da equação linear geral <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m:dy+ p(t)y = q(t). (2.43)dt(a) Se q(t) = 0, então a equação (2.43) é chamada <strong>de</strong> equaçãohomogênea <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m. Mostre que a solução da equaçãohomogênea éon<strong>de</strong> C é uma constante.(b) Se g(t)y H (t) = Ce − ∫ p(t)dt , (2.44)≠ 0, então a equação (2.43) é chamada <strong>de</strong> equação nãohomogênea<strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m. Suponha que a solução é da formay P (t) = C(t)e − ∫ p(t)dt , (2.45)on<strong>de</strong> agora C é uma função <strong>de</strong> t. Nos referimos a esta como sendouma solução particular. Substituindo y P (t) na equação diferencialdada por esta expressão, mostre que C(t) tem que satisfazer acondiçãodCdt = q(t)e∫ p(t)dt . (2.46)German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP(c) Encontre C(t) da equação (2.46). Depois substitua C(t) na equação(2.45), pela expressão encontrada e <strong>de</strong>terminey(t) = y H (t) + y P (t). (2.47)Verifique que a solução obtida <strong>de</strong>sse modo coinci<strong>de</strong> com a obtidapelo método do fator integrante.método <strong>de</strong> variação dos parâmetros.Esta técnica é conhecida pelo43


2 Equações lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>mA suposição que a solução particular y P po<strong>de</strong> ser escrita na forma y P (t) =C(t)y H (t) teve o efeito <strong>de</strong> reduzir a equação não-homogênea a uma simpleintegração para encontrar C(t).A solução geral para a equação não-homogênea é <strong>de</strong>finida como sendo asuma da solução da equação homogênea e uma solução particular, isto écomo sendo a equação (2.47)Outra maneira <strong>de</strong> obter uma solução particular é pelo chamado métododos coeficientes in<strong>de</strong>terminados.alguns exemplos.Consi<strong>de</strong>remos a seguinte equação diferencialon<strong>de</strong> k é uma constante.A solução da equação homogênea éO qual o vamos ilustrar através <strong>de</strong>y ′ + ky = t,y H (t) = Ce −kt .Agora vamos supor que a solução particular tem a seguinte formaon<strong>de</strong>ey P (t) = C(t)e −kt ,German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP∫C(t) =e y P (t) = C(t)e −kt = 1 (kt − 1).k2 C ′ (t) = te ktte kt dt = 1 k 2 ekt (kt − 1)Então a solução geral para este exemplo éy(t) = Ce −kt + 1 (kt − 1).k2 44


2.7 Lista <strong>de</strong> exercíciosObservemos que y ′ P (t)+ky P (t) = t, então é razoável assumir que y P (t) =at + b, on<strong>de</strong> a e b são constantes a serem <strong>de</strong>terminadas. Substituindo y Pna equação diferencial temos(at + b) ′ + k(at + b) = t.Então, igualando os coeficientes das potências <strong>de</strong> t em ambos os lados<strong>de</strong>sta ultima equação, temosouak = 1 e a + kb = 0,a = 1 ke b = − a k = − 1 k 2 .Isto nos da que y P (t) = at + b = 1 k t − 1 , a qual é a mesma do resultadok2 anterior.17. Use o método do exercício (16) para resolver a equação diferencial dada.(a) dydt − 2y = t2 e 2t .(b) dy + (1/t)y = 3 cos 2t, t > 0.dt(c) t dy + 2y = sen t, t > 0.dtGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP18. Outro método <strong>de</strong> resolução da equação (2.43).Procuremos a solução da equação (2.43) na forma <strong>de</strong> um produto <strong>de</strong> duasfunções que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> t, isto éy(t) = u(t)v(t). (2.48)Po<strong>de</strong>mos tomar arbitrariamente uma <strong>de</strong>stas funções, a outra se<strong>de</strong>terminara então da equação (2.43).45


2 Equações lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>mDerivando ambos os membros da igualda<strong>de</strong> (2.48) temosdydt = udv dt + v dudt .Pondo a expressão obtida para a <strong>de</strong>rivada dy na equação (2.43), obtemosdtouu dvdt + v dudt + puv = qEscolhemos a função v <strong>de</strong> maneira queA solução da equação (2.50) é da forma( ) dvudt + pv + v du = q. (2.49)dtdv+ pv = 0. (2.50)dtv = C 1 e − ∫ p(t)dt .Como é suficiente ter uma solução qualquer distinta da nula, da equação(2.50), tomamos a função v como sendo v(t) = e − ∫ p(t)dt , isto é, tomamosC 1 = 1.Substituindo o valor <strong>de</strong> v(t) na equação (2.49), obtemosGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPou equivalentementecuja solução é dada porv dudt = q(t),dudt = q(t)v(t) ,u(t) =∫ q(t)dt + C.v(t)46


2.7 Lista <strong>de</strong> exercíciosAgora substituindo u(t) e v(t) em (2.48) obtemosou∫ q(t)y(t) = v(t) dt + Cv(t)v(t)∫y(t) = e − ∫ p(t)dte ∫ p(s)ds q(s)ds + Ce − ∫ p(t)dt . (2.51)19. Use o método exposto no item (18) para resolver a equação diferencialdada.(a) dy + ky = t, on<strong>de</strong> k é uma constante.dt(b) dy + ky = A cos ωt, on<strong>de</strong> A e ω são constantes.dt(c) dydt − 2y = t2 e 2t .(d) dy + (1/t)y = 3 cos 2t, t > 0.dt(e) t dy + 2y = sen t, t > 0.dtQual é diferencia do método da variação das constantes com o métodoapresentado no item (18)?20. Resolva os seguintes problemas da valor inicialGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP(a) x dy + y = 2x, y(1) = 0.dx(b) dy + 5y = 0, y(0) = 2.dx(c) y ′ = 2y + x(e 3x − e 2x ), y(1) = 2.(d) x(x − 2)y ′ + 2y = 0, y(3) = 6.47


2 Equações lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m(e) xy ′ + y = e x , y(1) = 2.{(f) dydx + 2y = f(x), f(x) = 1, 0 x 3, y(0) = 0.0, x > 3{(g) dydx + 2xy = f(x), f(x) = x, 0 x < 1, y(0) = 2.0, x 1{(h) (1 + x 2 ) dydx + 2xy = f(x), f(x) = x, 0 x < 1, y(0) = 0.−x, x 1(i) (x − 3)y ′ + ln ty = 2x, y(1) = 2.(j) y ′ + tan xy = sen t, y(π) = 0.(k) (4 − t 2 ) dydt + 2ty = 3t2 , y(1) = −3.21. Resolva as seguintes equações <strong>de</strong> Bernoulli.(a) x dydx + y = 1 (b) dyy 2dx = y(xy3 − 1)(c) x 2 dydx + y2 = xy(d) x 2 dydx − 2xy = 3y4 , y(1) = 1 (e) 2 dy2 dx = y x − x , y(1) = 1.y2 (f) dydx − y x = x (g) y2 dx − (2xy + 3)dy = 0.(h) xy ′ + y − e x , y(a) = b(i) y ′ − y tan x = 1cos x , y(0) = 0(j) 3xdy = y(1 + x sen x − 3y 3 sen x)dx.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP22. Resolva as seguintes equações <strong>de</strong> Riccati.(a) dydx = −2 − y + y2 , y 1 = 2(b) dydx = − 4 x − 1 2 x y + y2 ,y 1 = 2 x(c) dydx = e2x + (1 + 2e x )y + y 2 , y 1 = −e x .48


2.7 Lista <strong>de</strong> exercícios(d) dy = 6 + 5y + y2(e)dx(f) dydx + y2 = − 14x . 2(g) dydx = 1 − x − y + xy2 , y 1 = 1.dydx = 9 + 6y + y2 .23. Resolva as seguintes equações <strong>de</strong> Clairaut. Obtenha uma soluçãosingular.(a) y = xy ′ + 1 − ln y ′(b) y = x dy ( dydx − dx(c) xy ′ − y = e y′ (d) y = xy ′ + y ′2(e) y = xy ′ + y ′ (f) y = xy ′ + √ 1 + y ′2(g) y = xy ′ + 1 y ′ (h) y = xy ′ + y ′ − y ′2(i) y = xy ′ + √ 1 − y ′2 (j) y = xy ′ − 1y . ′224. Resolva as seguintes equações <strong>de</strong> Lagrange.(a) y = 1 2 x(y′ + 4 y ) (b) y = xy′ + √ 1 − y ′2(c) y = (1 + y ′ )x + y ′2 (d) y = − 1 2 y′ (2x + y ′2 )(e) y = 2xy ′ + y ′2 (f) y = x(1 + y ′ ) + y ′2(g) y = yy ′2 + 2xy ′ .German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP) 349


German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP


AequaçãoCapítulo3Equações não-lineares <strong>de</strong> primeiraor<strong>de</strong>mdiferencial <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m na forma implícita é dadaporF (t, x, ẋ) = 0. (3.1)Se esta equação se resolve com relação a ẋ, po<strong>de</strong>mos escreve-la na formaexplícitaẋ = f(t, x). (3.2)Neste caso diz-se que a equação diferencial (3.1) esta solucionada comrelação a sua <strong>de</strong>rivada. Também a equação (3.2) é chamada equação diferencialGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP<strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m não-linear.3.1 Interpretação geométricaConsi<strong>de</strong>remos a equação diferencial (3.2) e seja x = ϕ(t, C) a sua solução geral.Esta solução geral <strong>de</strong>termina todas toda a familia <strong>de</strong> curvas integrais no planotx.Para todo ponto M = (t, x), a equação (3.2) <strong>de</strong>termina um valor da<strong>de</strong>rivada dx , isto é, o coeficiente angular da tangente a curva integral quedtpassa por este ponto. Portanto, a equação diferencial (3.2) <strong>de</strong>fine um conjunto51


3 Equações não-lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m<strong>de</strong> direções ou como se diz, <strong>de</strong>termina um campo <strong>de</strong> vetores no plano tx.Des<strong>de</strong> o ponto <strong>de</strong> vista geométrico o problema <strong>de</strong> encontrar a solução <strong>de</strong>uma equação diferencial <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m consiste em achar curvas, cujastangentes estejam orientadas <strong>de</strong> modo que sua direção coincida com a direçãodo campo em estes pontos.3.1.1 IsóclinasA isóclina é o lugar geométrico (no plano tx) dos pontos nos quais as soluçõestêm uma mesma inclinação. Mais precisamente, para cada número real k,temos a isóclina dada pelo conjunto <strong>de</strong> pontos (t, x) tais quef(t, x) = k.Cada solução da equação diferencial <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m que passa por um pontoda isóclina, tem, nesse ponto, inclinição dx/dt = k.No caso da equação diferencial dxdt = −x , temos as isóclinas x = −kt. Nestetcaso as isóclinas são retas no plano tx. Em cada ponto da isóclina x = −ktpassa uma solução com inclinição k, o que po<strong>de</strong> ser visualizado traçando-sesegmento <strong>de</strong> reta com inclinação k, ao longo da isóclina.A partir apenasdas isóclinas e dos segmentos <strong>de</strong> reta correspon<strong>de</strong>ntes, é possível visualizar ocomportamento das soluções.3.1.2 Concavida<strong>de</strong>Uma outra informação útil que po<strong>de</strong> ser obtida diretamente da equação éa concavida<strong>de</strong> das soluções.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPA concavida<strong>de</strong> é dada pelo sinal da segunda<strong>de</strong>rivada, com a função sendo côncava para cima se ẍ > 0 e côncava parabaixo se ẍ < 0. No caso da equação do <strong>de</strong>caimento radiotivo, ẋ = −λx, temosẍ = −λẋ = λ 2 x.Assim, ẍ é positivo quando x > 0, é negativo quando x < 0, e se anulaquando x = 0. Nesse caso, as regiões <strong>de</strong> concavida<strong>de</strong> para cima e para baixodas soluções são separadas pela “curva” ẍ = 0 = λ 2 x, isto é, por x = 0.52


3.1 Interpretação geométricaMais geralmente, dada uma equação diferencial <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>ma segunda <strong>de</strong>rivada é dada porẋ = f(t, x),ẍ = ∂f ∂f(t, x) + (t, x)dx∂t ∂x dt = ∂f ∂f(t, x) + (t, x)f(t, x).∂t ∂xAssim, as regiões <strong>de</strong> concavida<strong>de</strong> das soluções no plano tx são dadas pelo sinal<strong>de</strong> ∂f ∂f(t, x) + (t, x)f(t, x) e, portanto, <strong>de</strong>limitadas em geral, pela curva <strong>de</strong>∂t ∂xnível zero <strong>de</strong>ssa função∂f ∂f(t, x) + (t, x)f(t, x) = 0.∂t ∂xEssas curvas <strong>de</strong> nivel zero são os pontos <strong>de</strong> inflexão das soluções.Po<strong>de</strong> acontecer, no entanto, <strong>de</strong> f(t, x) não estar <strong>de</strong>finida em todo o plano,<strong>de</strong> modo que a concavida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser separada pela região <strong>de</strong> in<strong>de</strong>finição dafunção.Exemplo. Consi<strong>de</strong>re a equaçãodydx = y x .As isóclinas são as retas y = mx que, por coindidência, também têm inclinaçãom. Assim, é fácil <strong>de</strong>duzir que as próprias isóclinas são as soluções da equação,o que po<strong>de</strong> ser diretamente verificado:German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPdydx = ddx (mx) = m = y x .Para a equação (3.2) vale o seguinte teorema sobre existência e unicida<strong>de</strong><strong>de</strong> solução <strong>de</strong> uma equação diferencial. Antes <strong>de</strong> enunciar o teorema vamosver algumas <strong>de</strong>finições.Definição 3.1.1 (Função Lipschitziana) Seja f : Ω ⊂ R × R → R umafunção. Dizemos que f é Lipschitziana na segunda variável x em Ω se(i) f é contínua em Ω e53


3 Equações não-lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m(ii) existe uma constante L tal que para todo (t, x), (t, y) ∈ Ω|f(t, x) − f(t, y)| L|x − y|.Exemplo 1. Sejam I, J ⊂ R intervalos da reta. Se f : Ω = I × J → R écontínua e admite ∂f(t, x), com sup ∣ ∂f∂x (t,x)∈Ω ∂x (t, x)∣ ∣ K então f é Lipschitziana.De fato, pela Desigualda<strong>de</strong> do valor médio temos|f(t, x) − f(t, y)| sup0


3.2 Teorema <strong>de</strong> existência e unicida<strong>de</strong>2. Ω = R 2 , f(t, x) = 3x 2/3 . Para todo c ∈ R a função ϕ c : R → R <strong>de</strong>finidaporϕ c (t) ={(t − c) 3 , t c0, t cé uma solução da equação ẋ = 3x 2/3 em I = R como se vê por verificaçãoimediata.Mas a função ϕ ≡ 0 também é solução <strong>de</strong>sta equação.Estes exemplos ilustram o fato <strong>de</strong> que as equações diferenciais <strong>de</strong> primeiraor<strong>de</strong>m não-linear possuem em geral uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> soluções.Porém noexemplo 1, em cada ponto <strong>de</strong> Ω passa uma única solução, isto é dado (t 0 , x 0 ) ∈Ω existe uma única solução ϕ tal que ϕ(t 0 ) = x 0 .O mesmo não acontece no exemplo 2; neste caso em cada ponto da forma(t 0 , 0) passa uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> soluções.Teorema 3.2.1 (Existência e unicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> solução) Sejam Ω = I a × B be f : Ω ⊂ R × R → R função contínua e localmente Lipschitziana na segundavariável em Ω, on<strong>de</strong> I a = {t ∈ R : |t − t 0 | a} e B b = {x ∈ R : |x − x 0 | b}.Se |f| M em Ω, então existe uma única solução <strong>de</strong>em I α , on<strong>de</strong> α = min{a, b/M}.⎧⎨ ẋ = f(t, x)⎩x(t 0 ) = x 0(PVI-NL)German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPO significado geométrico <strong>de</strong>ste teorema é que existe só uma única funçãox = x(t) cujo gráfico passa pelo ponto (t 0 , x 0 ).Observações:(i) Devemos estar cientes da distinção entre a existência <strong>de</strong> uma solução epo<strong>de</strong>r exibir tal solução. Evi<strong>de</strong>ntemente, se encontramos uma soluçãoexibindo-a, po<strong>de</strong>mos dizer que ela existe, por outro lado, uma soluçãopo<strong>de</strong> existir e não ser possível expressá-la.diferencialPor exemplo a equaçãodxdt = t2 + x 2 (3.3)55


3 Equações não-lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>mtem uma única solução que passa por (t 0 , x 0 ), pois f(t, x) = t 2 + x 2 écontínua e localmente Lipschitziana.Se (t 0 , x 0 ) = (0, 1), então existe uma única solução para (3.3) que passapor (0, 1), isto é, existe uma única ϕ : [−α, α] → R tal quePorém,elementares.⎧⎨ dϕdt (t) = t2 + ϕ(t) 2 ,⎩ϕ(0) = 1.a equação não po<strong>de</strong> ser resolvida em termos <strong>de</strong> funções(ii) As hipótesis enunciadas no Teorema 3.2.1 são suficientes mas nãonecessárias. Quando as hipótesis do Teorema 3.2.1 estão satisfeitas, segueque sempre existe uma única solução para (PVI-NL) quando (t 0 , x 0 ) éum ponto interior <strong>de</strong> Ω. Porém se as condições do Teorema (PVI-NL)não estão satisfeitas, então o problema <strong>de</strong> valor inicial (PVI-NL) po<strong>de</strong>ter ou naõ solução, ter mais <strong>de</strong> uma solução ou ter uma única solução.A condição <strong>de</strong> f ser Lipschitziana no Teorema 3.2.1 po<strong>de</strong> ser substituídapela continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ∂f/∂x sem alterar a conclusão do Teorema.aplicabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste Teorema com esta hipótese <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>∂f/∂x é mais fácil quanto ao Teorema 3.2.1. De fato no exemplo 2∂f/∂x = 2x −1/3 não é contínua nos pontos da forma (t 0 , 0).Exemplos:1. Consi<strong>de</strong>remos o problema <strong>de</strong> valor inicialGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP{ẋ = |x| 1/2 ,x(0) = 0.Neste caso a função f(t, x) = |x| 1/2 é contínua em todo R 2claramente que x ≡ 0 é solução. Mas existe ainda outra função⎧⎪⎨1x(t) = 4 t2 , t 0⎪⎩ − 1 4 t2 , t < 0.Ae vemos56


3.2 Teorema <strong>de</strong> existência e unicida<strong>de</strong>Isto corre porque ∂f/∂x não é contínua na origem 0.2. Consi<strong>de</strong>remos o seguinte problema <strong>de</strong> valor inicial{ẋ = x 2 ,x(1) = 1.A função f(t, x) = x 2 e ∂f/∂x são contínuas em todo o plano R 2 , assim oTeorema 3.2.1 diz que existe uma e apenas uma solução em um intervalo(1 − α, 1 + α).3.2.1 O método <strong>de</strong> PicardO problema <strong>de</strong> valor inicial (PVI-NL) po<strong>de</strong> ser escrito <strong>de</strong> outra maneira.Integrando ambos os lados da equação (PVI-NL) <strong>de</strong> t 0 ate t temos∫ tt 0ẋ(s)ds =x(s) ∣ ∣ t t 0=∫ tt 0f(s, x(s))ds∫ tx(t) = x 0 +t 0f(s, x(s))ds∫ tt 0f(s, x(s))ds. (3.4)Reciprocamente se <strong>de</strong>rivarmos (3.4) com relação a t obtemos (PVI-NL). Emoutras palavras a equação integral (3.4) e o problema <strong>de</strong> valor inicial (PVI-NL)são equivalentes. Tentaremos resolver (3.4) por um método <strong>de</strong> aproximaçõessucessivas.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPConsi<strong>de</strong>remos x 0 (t) = x 0 como sendo a primeira aproximação da funçãox(t). Substituindo x(s) por x 0 (s) no lado direito <strong>de</strong> (3.4) temos umafunção x 1 (t) = x 0 + ∫ tt 0f(s, x 0 (s))ds como sendo a segunda aproximaçãoda função x(t). Substituindo x 0 (s) por x 1 (s) no lado direito <strong>de</strong> (3.4)temos uma nova função x 2 (t) = x 0 + ∫ tt 0f(s, x 1 (s))ds como sendo a terceiraaproximação da função x(t). Dessa maneira obtemos uma sequência <strong>de</strong> funçõesx 0 (t), x 1 (t), x 2 (t), · · · cujo n-ésimo termo é <strong>de</strong>finido pela relaçãox n (t) = x 0 +∫ tf(s, x n−1 (s))ds. (3.5)t 057


3 Equações não-lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>mA fórmula (3.5) é conhecida como método iterativo <strong>de</strong> Picard.Exemplo: Consi<strong>de</strong>re o problema <strong>de</strong> valor inicial{ẋ = x − 1,x(0) = 2.Use o método <strong>de</strong> Picard para encontrar as aproximações x 1 , x 2 , x 3 , x 4 .(3.6)Solução. Se i<strong>de</strong>ntificamos x 0 = 2 e f(t, x n−1 (t) = x n−1 (t) − 1, a equação (3.5)torna-sex n (t) = 2 +∫ tIntegrando esta última expressão temosx 1 (t) = 2 +x 2 (t) = 2 +x 3 (t) = 2 +x 4 (t) = 2 +∫ t0∫ t0∫ t0∫ t001ds = 2 + t(x n−1 (s) − 1)ds, n = 1, 2, · · · .(2 + s − 1)ds = 2 + t + t2 2(2 + s + s22 − 1)ds = 2 + t + t2 2 + t32 · 3(2 + s + s22 + s32 · 3 − 1)ds = 2 + t + t2 2 + t32 · 3 + t42 · 3 · 4 .Por indução, po<strong>de</strong>-se mostrar que o n-ésimo termo da sequência <strong>de</strong> funções éx n (t) = 2 + t + t2 2 +t32 · 3 + t42 · 3 · 4 + · · · + t n2 · 3 · · · n .Desta última forma, vemos que o limite <strong>de</strong> x n (t) quando n → ∞ é x(t) = 1+e t .German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPFácilmente verificamos que a função x(t) é solução do problema (3.6).3.3 Equações em variáveis separadasEquações diferenciais <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m da formadxdt= g(t)h(x), (3.7)on<strong>de</strong> g : (t 1 , t 2 ) ⊂ R → R e h : (a 1 , a 2 ) ⊂ R → R são funções contínuas e h nãose anula em (a 1 , a 2 ) são ditas equações <strong>de</strong> variáveis separadas e, em principio58


3.3 Equações em variáveis separadaspo<strong>de</strong>m ser resolvidas facilmente. Po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar a condição inicialSe ϕ é solução <strong>de</strong> (3.7) obtemosou sejaon<strong>de</strong>x(t 0 ) = x 0 .˙ϕ(t) = g(t)h(ϕ(t))g(t) = ˙ψ(ϕ(t)) ˙ϕ(t) =ψ(x) =∫ xx 0dτh(τ) .Integrando ambos os lados entre t 0 e t resultaϑ(t) =∫ tt 0g(s)ds = ψ(ϕ(t))˙ (ψ ◦ ϕ)(t) (3.8)e dai no intervalo I contendo t 0 tal que t ∈ I implica b 1 < g(s)ds < b 2 , at 0solução éϕ(t) = ψ −1 (ϑ(t)) (3.9)A função ψ −1 existe pelo teorema da função inversa, pois ψ ′ (x) = 1h(x) ≠ 0.O leitor <strong>de</strong>ve verificar que (3.9) é a única solução.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPObserve que a solução obtida é dada implicitamente, para constantes <strong>de</strong>integração apropriadas, pela relaçãoentre as integrais in<strong>de</strong>finidas.∫∫g(t)dt =dxh(x)Observação: Se g(x) = 1 na equação (3.7) temos a equação diferencial <strong>de</strong>variáveis separáveis mais simple.teorema <strong>de</strong> existência e unicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> solução.A solução geral é dada no exercício 1 do∫ t59


3 Equações não-lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>mComo dx = dx dt a equação (3.7) po<strong>de</strong> escrita na formadtIntegrando ambos membros da equação (3.10) temos∫1dx = g(t)dt. (3.10)f(x)∫1f(x) dx =A equação (3.10) po<strong>de</strong> ser escrita na formag(t)dt + C.Segundo o visto anteriormente sua solução geral é∫M(t)dt + N(x)dx = 0. (3.11)∫M(t)dt +N(x)dx = C.Exemplo 1 Seja a equação diferencial <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> variáveisseparadasIntegrando obtemos sua solução geraltdt + xdx = 0.t 2 2 + x22 = C 1.Como o primeiro membro da última equação é não-negativo, o mesmo será oGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPsegundo membro. Denotando 2C 1 por C 2 temost 2 + x 2 = C 2 .Esta é a equação <strong>de</strong> uma familia <strong>de</strong> circunferências concêntricas <strong>de</strong> raio C ecentro na origem <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas.A equação diferencial da formaM 1 (t)N 1 (x)dt + M 2 (t)N 2 (x)dx = 0 (3.12)60


3.3 Equações em variáveis separadaschama-se equação diferencial <strong>de</strong> variáveis separadas. Esta po<strong>de</strong> ser reduzida auma equação da forma (3.11) se N 1 (x) e M 2 (t) não se anulamouM 1 (t)N 1 (x)N 1 (x)M 2 (t) dt + M 2(t)N 2 (x)N 1 (x)M 2 (t) dx = 0M 1 (t)M 2 (t) dt + N 2(x)dx = 0.N 1 (x)Exemplo 2. Seja a equação diferencialSeparando as variáveis temosIntegrando, temosisto é,dxdt = −x t .dtt + dx x = 0.∫ ∫ dt dxt + x = C 1ln |t| + ln |x| = ln |C|ou ln |tx| = ln |C|, don<strong>de</strong> temos a solução geral y = C x .Exemplo 3. Seja a equação diferencial(1 + t)xdt + (1 − x)tdx = 0.Separando as variáveis temos1 + tdt + 1 − x dx = 0.t xIntegrando temosln |tx| + t − x = C.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPEsta última relação é soluçlão geral <strong>de</strong>finida implícitamente.61


3 Equações não-lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m3.3.1 Equações que se reduzem a variáveis separáveisA equação da formaẋ = f(at + bx + c) (3.13)reduz-se a variáveis separáveis fazendo a mudança <strong>de</strong> variáveis z = at + bx + c.Calculando ż = a + bẋ e substituindo ẋ em (3.13)temosż = a + bf(z)a qual se reduz a uma equação <strong>de</strong> variáveis separáveis1dt − dz = 0.a + bf(z)Exemplo. Resolver a seguinte equação diferencialdx= 3x − t + 1.dtFazendo a mudança <strong>de</strong> variáveis z = 3x − t + 1 temos dzdt = 3dx − 1. Logodtnas novas variáveis temosdz= 3z − 1.dtSeparando as variáveis e integrando temosGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPdz3z − 1 = dt13 ln |3z − 1| = t + ln |C 1||3z − 1| = C 2 e 3tz = 1 3 + C 3e 3te voltando as variáveis originais temos x = t 3 − 2 9 + Ce3t .62


3.3 Equações em variáveis separadas3.3.2 Equações homogêneasDefinição 3.3.1 (Função homogênea) Uma função f : R 2 → R chama-sehomogênea <strong>de</strong> grau n respeito às variáveis t e x, se para todo λ ∈ R verifica-sea i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>para algum n ∈ R.f(λt, λx) = λ n f(t, x),Exemplo 1. A função f(t, x) = 3√ t 3 + x 3 é homogênea <strong>de</strong> primeiro grau, poisf(λt, λx) = 3√ (λt) 3 + (λx) 3 = λ 3√ t 3 + x 3 = λf(t, x).Exemplo 2. f(t, x) = tx − x 2 é uma função homogênea <strong>de</strong> segundo grau, pois(λt)(λx) − (λx) 2 = λ 2 (tx − x 2 ).Exemplo 3. f(t, x) = t2 − x 2é uma função homogênea <strong>de</strong> grau zero, poistx(λt) 2 − (λx) 2= t2 − x 2(λt)(λx) tx, isto é f(λt, λx) = λ0 f(t, x).Exemplo 4. f(t, x) = 3√ t 2 + x 2 é uma função homogênea <strong>de</strong> gra 2/3, poisf(λt, λx) = 3√ (λt) 2 + (λx) 2 = λ 2/3 f(t, x).Definição 3.3.2 (Equação diferencial homogênea) A EDO <strong>de</strong> primeiraor<strong>de</strong>m não lineardx= f(t, x) (3.14)dtchama-se homogênea respeito a t e x, se a função f é homogênea <strong>de</strong> grau zerorespeito a t e x.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPSolução <strong>de</strong> uma equação homogênea. Pela hipótese f(λt, λx) = f(t, x).Tomando λ = 1 t , temos f(t, x) = f( 1 t t, 1 t x) = f(1, x t ),isto é, a função homogênea <strong>de</strong> grau zero só <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do quociente dosargumentos.63


3 Equações não-lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>mNeste caso, a equação (3.14) tem a formadxdt = f(1, x ). (3.15)tFazendo a mudança u = x , isto é x = tu, temostdxdt = u + tdu dt .Substituindo este valor da <strong>de</strong>rivada em (3.15) obtemosu + t du = f(1, u),dtque é uma equação diferencial <strong>de</strong> variáveis separáveisIntegrando, encontramosdtt + 1du = 0.u − f(1, u)∫ ∫ dtt +1du = C.u − f(1, u)Substituindo u pelo quociente x , <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> integrar, obtemos a solução geraltda equação (3.15).German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPExemplo. Seja a equação diferencialdxdt =txt 2 − x . 2No segundo membro temos uma função homogênea <strong>de</strong> grau zero. Portanto,trata-se <strong>de</strong> uma equação homogênea. Fazendo a mudança <strong>de</strong> variáveis u = x t ,temosx = ut,dxdt = u + tdu dt , u + tdu dt =u1 − u 2 , tdu dt =u31 − u 2 .64


3.3 Equações em variáveis separadasSeparando as variáveis temos1 − u 2du = dtu 3 t ,don<strong>de</strong> <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> integrar temos( 1u − 1 )du = dt3 u t ,− 11− ln |u| = ln |t| + ln |C| ou − = ln |utC|.2u2 2u2 Substituindo u obtemos a integral geral da equação diferencial− t2= ln |Cx|.2x2 Observe que é impossível expressar x como função explícita <strong>de</strong> x através <strong>de</strong>funções elementares. Entretanto, é fácil expressar t em função <strong>de</strong> xt = ±x √ −2 ln |Cx|.Observação: A equação diferencial da formaM(t, x)dt + N(t, x)dx = 0será homogênea só em um único caso, em que M(t, x) e N(t, x) sejam funçõeshomogêneas <strong>de</strong> um mesmo grau. Isto segue da fato que o quociente <strong>de</strong> duasfunções homogêneas <strong>de</strong> um mesmo grau é uma função homogênea <strong>de</strong> grau zero.Exemplo: As equações diferenciais(2t + 3x)dt + (t − 2x)dx = 0(t 2 + x 2 )dt − 2txdx = 0German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPsão homogêneas.65


3 Equações não-lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m3.3.3 Equações que se reduzem a equações homogêneasA equação diferencial ordináriadxdt = F ( at + bx + c ), (3.16)a 1 t + b 1 x + c 1on<strong>de</strong> F : R → R, reduz-se a uma equação homogênea.• Se c 1 = c = 0, a equação (3.16) é, evi<strong>de</strong>ntemente, homogênea. Pois reduz-seà equação (3.14).• Suponhamos, agora que c e c 1 (ou alguns <strong>de</strong>les) são diferentes <strong>de</strong> zero. Nestecaso consi<strong>de</strong>remos o seguinte sistema <strong>de</strong> equações lineares⎧⎨ at + bx + c = 0⎩a 1 t + b 1 x + c 1 = 0.(3.17)Se o <strong>de</strong>terminante <strong>de</strong> (3.17) é diferente <strong>de</strong> zero isto é, ab 1 − a 1 b ≠ 0. O sistematem uma única solução, (t, x) = (h, k). Então se fazermos a seguinte mudança<strong>de</strong> variáveis u = t − h, v = x − k, temos du = dt, dv = dx eau + bva 1 u + b 1 v =at + bx + c.a 1 t + b 1 x + c 1Logo em estas novas variáveis temos a seguinte equação homogêneadvdu = F ( au + bv )a 1 u + b 1 vGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPSe o <strong>de</strong>terminante do sistema (3.17) é zero, isto é, ab 1 − a 1 b = 0, existek ∈ R tal que a 1 t + b 1 x = k(at + bx). Fazemos então a seguinte mudança <strong>de</strong>variável z = at + bx e a equação tem a formadzdt = a + bF ( z + c )kz + c 1que é <strong>de</strong> variáveis separáveis.66


3.3 Equações em variáveis separadasExemplo. Consi<strong>de</strong>re a equação diferencialdxdt = t − x + 2t + x − 2 .Resolvemos primeiro o sistema{t − x + 2 = 0t + x − 2 = 0,cuja solução é (h, k) = (0, 2). Fazemos a mudança <strong>de</strong> variáveis (u, v) = (t, x−2)e obtemos a equaçãodvdu = u − vu + vque é homogênea. Agora fazemos a seguinte mudança z = v uIntegrando temosz + u dzdu = u − uzu + uzu dzdu = 1 − z 1 − 2z − z2− z =1 + z 1 + z1 + z1 − 2z − z dz = 1 2 u du.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPe elevando ao quadrado temos− 1 2 ln |1 − 2z − z2 | = ln |u| + ln |C 1 |ln |1 − 2z − z 2 | −1/2 = ln |xC 1 ||1 − 2z − z 2 | −1/2 = |uC 1 |(1 − 2z − z 2 ) 1/2 = C 2u1 − 2z − z 2 = C u 2 .67


3 Equações não-lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>mVoltando as variáveis u e v temos1 − 2 v u − ( v ) 2 C =u u =⇒ 2 u2 − 2uv − v 2 = C,e nas coor<strong>de</strong>nadas t e x, a solução geral (na forma implícita) é3.4 Equações exatasSeja f : Ω ⊂ R 2t 2 − 2t(x − 2) − (x − 2) 2 = C, C ∈ R.→ R uma função com <strong>de</strong>rivadas parciais contínuas, suadiferencial (também chamada diferencial total) éAgora, se f(t, x) = c, segue <strong>de</strong> (3.18) quedf = ∂f ∂fdt + dx. (3.18)∂t ∂x∂f ∂fdt + dx = 0. (3.19)∂t ∂xEm outras palavras, dada uma família <strong>de</strong> curvas a um parâmetro f(t, x) =c, po<strong>de</strong>mos gerar uma equação diferencial <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m calculando adiferencial. Por exemplo, se t 2 − 5tx + x 3 = c, então (3.19) dá(2t − 5x)dt + (−5t + 3x 2 )dx = 0. (3.20)German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPPara os nossos propósitos é importante consi<strong>de</strong>rar o problema inverso, istoé, dada uma equação diferencial <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m como (3.20), po<strong>de</strong>mos saberse ela é equivalente à diferencial d(t 2 − 5tx + x 3 ) = 0?Consi<strong>de</strong>remos equações diferenciais ordinárias da formaM(t, x)dt + N(t, x)dx = 0. (3.21)Definição 3.4.1 (Equação exata) Dizemos que a equação (3.21) é uma68


3.4 Equações exatasequação diferencial exata em Ω ⊂ R 2 , se existe uma função u : Ω → R tal queNeste caso∂u∂t (t, x) = M(t, x) e ∂u(t, x) = N(t, x), ∀(t, x) ∈ Ω.∂xdu = ∂u ∂udt + dx = M(t, x)dt + N(t, x)dx = 0,∂t ∂te (3.21) é equivalente a du = 0.Logo x = x(t), t ∈ I ⊂ R é solução <strong>de</strong> (3.21) se e somente se u(t, x(t)) = c.Por exemplo, t 2 x 3 dt + t 3 x 2 dx = 0, é uma equação diferencial exata, pois olado esquerdo da equação é uma diferencial exatad( 1 3 t3 x 3 ) = t 2 x 3 dt + t 3 x 2 dx.Note que M(t, x) = t 2 x 3 e N(t, x) = t 3 x 2 e vale ∂M∂x = 3t2 x 2 = ∂N∂t .O seguinte resultado mostra que a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas <strong>de</strong>rivadas parciais nãoé uma coincidência.Proposição 3.4.1 Sejam M, N : Ω ⊂ R 2 → R funções contínuas com<strong>de</strong>rivadas parciais <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m contínuas em Ω. EntãoM(t, x)dt + N(x, t)dx = 0 é exata ⇐⇒ ∂M∂x = ∂N em Ω.∂tGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPDemonstração. Suficiência. Como M(t, x)dt + N(x, t)dx = 0 é exata existeu : Ω → R tal que ∂u∂t = M e ∂u = N. Então∂x∂M∂x = ∂2 u∂x∂t = ∂2 u∂t∂x = ∂ ∂u∂t ∂x = ∂N∂t .Necessida<strong>de</strong>. Suponhamos que ∂M∂x = ∂N∂tR tal que tal que ∂u∂t = M e ∂u∂x= N em Ω.em Ω. Devemos encontrar u : Ω →69


3 Equações não-lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>mFixemos um ponto (t 0 , x 0 ) ∈ Ω. Da relação ∂u∂tcom ϕ(x) a <strong>de</strong>terminar.temosu(t, x) =∫ tt 0M(s, x)ds + ϕ(x)= M encontramos queDerivando esta última igualda<strong>de</strong> com relação a x∫∂u t∂x = ∂M∂x (s, x)ds + ϕ′ (x)N(t, x) =Portanto ϕ ′ (x) = N(t 0 , x) ee nossa função procurada éu(t, x) =t∫0tt 0∂N∂t (s, x)ds + ϕ′ (x)= N(t, x) − N(t 0 , x) + ϕ ′ (x).ϕ(x) =∫ t∫ xt 0M(s, x)ds +x 0N(t 0 , z)dz + c,∫ xExemplo. Resolver a seguinte equação diferencialx 0N(t 0 , z)dz + c.(3t 2 + 6tx 2 )dt + (6t 2 x + 4x 3 )dx = 0.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPNesta equação temos M(t, x) = 3t 2 + 6tx 2 e N = 6t 2 x + 4x 3 . Portanto∂M ∂N= 12tx =∂x ∂te a equação é exata. Pondo ∂u∂t = M temospara todo (t, x) ∈ R 2∫u(t, x) = (3t 2 + 6tx 2 )dt + ϕ(x) = t 3 + 3t 2 x 2 + ϕ(x).70


3.5 Fatores integrantesAssim6t 2 x + 4x 3 = ∂u∂x = 6t2 x + ϕ ′ (x)4x 3 = ϕ ′ (x)x 4 + c 1 = ϕ(x).Portanto u(t, x) = t 3 + 3t 2 x 2 + x 4 + c. Assim, as curvas soluções (t, x(t))da equação diferencial satisfazem t 3 + 3t 2 x 2 + x 4 = c.3.5 Fatores integrantesDefinição 3.5.1 (Fator integrante) Se a equação diferencialM(t, x)dt + N(t, x)dx = 0 (3.22)não é exata em Ω ⊂ R 2 , chama-se fator integrante a toda função real µ =µ(t, x) <strong>de</strong>finida em Ω tal queé uma equação diferencial exata em Ω.Observação:µ(t, x)M(t, x)dt + µ(t, x)N(t, x)dx = 0 (3.23)É claro que toda solução x = x(t), t ∈ I, <strong>de</strong> µ(t, x)M(t, x)dt +µ(t, x)N(t, x)dx = 0, que verifica: µ(x, x(t)) esta <strong>de</strong>finida e µ(t, x(t)) ≠ 0 paraGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPtodo t ∈ I é também solução <strong>de</strong> M(t, x)dt + N(t, x)dx = 0 em I.Exemplo. Encontrar a solução da equação diferencialx(1 + tx)dt − tdx = 0. (3.24)Nesta equação temos M(t, x) = x(1 + tx) e N(t, x) = −t. Claramente ∂M∂x =1 + 2tx ≠ −1 = ∂N . Portanto a equação diferencial não é exata.dtEntretanto para x ≠ 0 multiplicamos a equação diferencial por µ(t, x) = 1 x 271


3 Equações não-lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>me obtemosé exata.x(1 + tx)dt − 1 x 2 x tdx = 02( 1 x + t)dt − 1 tdx = 0 (3.25)x2 Assim, µ(t, x) = 1 x 2 é fator integrante <strong>de</strong> (3.24) no conjunto Ω ={(t, x) ∈ R 2 : x ≠ 0}.Para resolver (3.25) proce<strong>de</strong>mos∫u(t, x) = ( 1 x + t)dt + ϕ(x) = t x + t2 2 + ϕ(x).Mas como ∂u∂x = − tx + 2 ϕ′ (x) temos que ϕ ′ (x) = 0, isto é, ϕ = c. Portantotoda solução x = x(t) satisfaz a seguinte equação implícitaDesta equação temos quex =tx + t2 = C, C ∈ R.22t2C − t , C ∈ R, para t tal que 2c − 2 t2 ≠ 0.Observe que neste exemplo o fator integrante já foi dado µ(t, x) = 1 x 2 .Surge naturalmente a pergunta como encontrar o fator integrante?isto é,German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPSe a equação diferencial (3.23) é exata, entãoou seja∂(µM)= ∂(µN) ,∂x ∂tµ ∂M∂x + M ∂µ∂x = µ∂N ∂t + N ∂µ∂t ,M ∂µ∂x − N ∂µ ( ∂N∂t = µ ∂t − ∂M ).∂x72


3.5 Fatores integrantesAo dividir por µ os dois lados da ultima equação, obtemosM ∂ ln µ∂x − N ∂ ln µ = ∂N∂t ∂t − ∂M∂x . (3.26)É evi<strong>de</strong>nte que toda função µ(t, x) que satisfaz a equação (3.26) é uma fatorintegrante da equação (3.22).Embora M, N, ∂M∂x , ∂N sejam funções conhecidas <strong>de</strong> t e x, a dificulda<strong>de</strong>∂taqui para <strong>de</strong>terminar µ(t, x) na equação (3.26), é que precisamos resolver umaequação diferencial parcial. Como não estamos preparados para isto vamosfazer uma hipótese simplificadora.Suponhamos que µ seja uma função <strong>de</strong> uma variável, por exemplo µ = µ(t).Neste caso ∂µ = 0 e (3.26) po<strong>de</strong> ser escrita como∂x−N ∂ ln µ = ∂N∂t ∂t − ∂M( ∂x∂M∂ ln µ ∂x − ∂N )∂t=.∂t NContinuamos com um impasse, se o quociente do lado direito da ultimaigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> tanto <strong>de</strong> t e x. Vamos supor que este <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> só <strong>de</strong> t,logo temosµ(t) = e ∫ ( ∂M∂x − ∂N∂t )N dt .Analogamente se µ = µ(x), neste caso temos ∂µ = 0 e (3.26) po<strong>de</strong> ser∂tescrita comoGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPM ∂ ln µ∂x= ∂N∂t − ∂M( ∂x∂N∂ ln µ∂x= ∂t − ∂M )∂x.MNovamente supondo que o lado direito da ultima equação só <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> xtemosµ(x) = e ∫ ( ∂N∂t − ∂M∂x )M dx .73


3 Equações não-lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>mExemplo. A equação diferencial não-linear <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>mnão é exata.txdt + (2t 2 + 3x 2 − 20)dx = 0 (3.27)De fato, M(t, x) = tx, N(t, x) = 2t 2 + 3x 2 − 20 eObserve que∂M∂N= t ≠ 4t =∂x ∂t .( ∂M∂x − ∂N )∂t=Nt − 4t2t 2 + 3x 2 − 20vemos que este quociente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> tanto <strong>de</strong> t e x. Também observe que( ∂N∂t − ∂M )∂x= 4t − t = 3 M tx x ,isto é este quociente so <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> x. Logoµ(x) = e ∫ 3x dx = e 3 ln x = x 3 .Multiplicando a equação (3.27) por µ(x) = x 3 temosGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPtx 4 dt + (2t 2 x 3 + 3x 5 − 20x 3 )dx = 0. (3.28)Nesta equação diferencial <strong>de</strong>notamos ˜M = tx 3 e Ñ = 2t2 x 3 + 3x 5 − 20x 3 evemos que∂ ˜M∂x = 4tx3 = ∂Ñ∂t .Agora <strong>de</strong> ∂u∂t = ˜M = tx 4 temos u = t2 x 42 + ϕ(x).74


3.6 AplicaçõesDe ∂u∂x = 2t2 x 3 + ϕ ′ (x) = 2t 2 x 3 + 3x 5 − 20x 3 temosϕ ′ (x) = 3x 5 − 20x 3ϕ(x) = x63 − 5x4 .Logo u(t, x) = 1 2 t2 y 4 + x63 − 5x4 e u(t, x) = c, on<strong>de</strong> c =cte, são as soluções <strong>de</strong>(3.28).3.6 AplicaçõesVimos que, uma população P é <strong>de</strong>scrita pordP= kP, k > 0, (3.29)dtentão P (t) apresenta um crescimento exponencial não limitado. Em muitascircunstâncias, essa equação proporciona um mo<strong>de</strong>lo irreal <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong>uma população, isto é, o que se observa <strong>de</strong> fato difere substancialmente doprevisto pela equação.Em 1840, o matemático-biólogo P. F. Verhulst preocupou-se com asformulações matemáticas para previsão <strong>de</strong> populações humanas <strong>de</strong> váriospaíses. Uma das equações estudadas por ele foidP= P (a − bP ), (3.30)dtGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPem que a e b são constantes positivas. A equação (3.30) ficou conhecida comoa equação logística e sua solução é chamada <strong>de</strong> função logística.Se a > 0 é uma taxa média <strong>de</strong> nascimento, vamos supor que a taxa médiadPdt é a<strong>de</strong> óbito seja proporcional à população P (t) no instante t. Logo, se 1 Ptaxa <strong>de</strong> crescimento por indivíduo em uma população, então1PdPdt = (taxa média<strong>de</strong> nascimento)−(taxa média<strong>de</strong> óbito)= a − bP, (3.31)em que b é uma constante positiva <strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong>. Multiplicando (3.31)75


3 Equações não-lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>mpor P , obtemos imediatamente (3.30).Solução da equação logísticadPP (a − bP ) = dt[ 1/aP + b/a ]dP = dta − bP1a ln |P | − 1 ln |a − bP | = t + ca lnP∣a − bP ∣ = at + acPa − bP = c 1e at . (3.32)Segue-se da última equação queP (t) =ac 1e at1 + bc 1 e = ac 1. (3.33)at bc 1 + e−at Agora, se for dada uma condição inicial P (0) = P 0 ≠ a/b, a equação (3.32)implica c 1 =obtemosGráficos <strong>de</strong> P(t)P 0a − bP 0.Substituindo esse valor em (3.33) e simplificando,P (t) =aP 0. (3.34)bP 0 + (a − bP 0 )e−at German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPA forma do gráfico da função logística P (t) po<strong>de</strong> ser obtida sem muitoesforço. Embora a variável t represente usualmente o tempo e raramente nospreocupemos com exemplos em t < 0, será interessante incluir esse intervalona elaboração dos vários gráficos <strong>de</strong> P . A partir <strong>de</strong> (3.34), vemos quelimt→∞ P (t) = a b e76lim P (t) = 0.t→−∞


3.7 Lista <strong>de</strong> exercíciosAgora, <strong>de</strong>rivando (3.30), obtemod 2 Pdt = P (−bdP ) + (a − bP )dP2 dt dt= dP (a − 2bP )dt= P (a − bP )(a − 2bP )= 2b 2 P (P − a b )(P − a ). (3.35)2bNo cálculo, vimos que pontos em que d 2 P/dt 2 = 0 são os possíveis pontos <strong>de</strong>inflexão, mas P = 0 e P = a/b po<strong>de</strong>m obviamente ser <strong>de</strong>scartados. Logo,P = a/2b é o único ponto possível no qual concavida<strong>de</strong> do gráfico po<strong>de</strong> mudar.Para 0 < P < a/2b, segue-se <strong>de</strong> (3.35) que P ′′> 0 e a/2b < P < a/bimplica P ′′ < 0. Portanto o gráfico passa <strong>de</strong> convexo para côncavo no pontocorrespon<strong>de</strong>nte a P = a/2b. Quando o valor inicial satisfaz 0 < P 0 < a/2b, ográfico <strong>de</strong> P (t) assume a forma <strong>de</strong> um S. Para a/2b < P 0 < a/b, o gráfico éainda em forma <strong>de</strong> S, mas o ponto <strong>de</strong> inflexão ocorre em um valor negativo <strong>de</strong>t. Se P 0 > a/b, a equação (3.35) mostra que P ′′ > 0 para todo t no domínio<strong>de</strong> P (t) no qual P > 0. Quando P 0 < 0, a equação (3.35) implica que P ′′ < 0.Porem, p = 0 não é um ponto <strong>de</strong> inflexão, pois, quando a − bP 0 < 0, umainspeção <strong>de</strong> (3.34) revela uma assíntota vertical em3.7 Lista <strong>de</strong> exercíciost = − 1 a ln ( bP 0).bP 0 − aGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP1. Nos seguintes problemas <strong>de</strong>termine uma região do plano tx para a quala equação diferencial téria uma única solução passando por um ponto(t 0 , x 0 ) na região.(a) dxdt = x2/3(d) (t 2 + x 2 ) dxdt = x2 ,(f) dxdt − x = t,(b) t dxdt = x(g) (1 + t3 ) dxdt = t2 ,(c) (4 − x2 ) dxdt = t2(e) dxdt = √ tx,77


3 Equações não-lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m(h) (x − t) dxdt = x + t,(j) dxdt = (t − 1) ex/(t−1) .dx(i)dt = t3 cos x,2. Verifique que y = cx é uma solução para a equação diferencial xy ′ = ypara todo valor do parâmetro c. Encontre pelo menos duas soluções parao problema <strong>de</strong> valor inicial{xy ′ = y,y(0) = 0.Observe que a função <strong>de</strong>finida por partesy ={0, x < 0x, x 0satisfaz a condição y(0) = 0. Ela é uma solução para o problema <strong>de</strong> valorinicial?3. (a) Consi<strong>de</strong>re a equação diferencialdxdt = 1 + x2 .Determine uma região do plano tx tal que a equação diferencialtenha uma única solução passando por um ponto (t 0 , x 0 ) da região.(b) Formalmente, mostre que x = tg t satisfaz a equação diferencial e aGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPcondição inicial x(0) = 0.(c) Explique porque x = tg t não é uma solução para o problema <strong>de</strong>valor inicialno intervalo (−2, 2).⎧⎨⎩dxdt= 1 + x 2 ,x(0) = 0.(d) . Explique porque x = tg t é uma solução para o problema <strong>de</strong> valorinicial da parte (c) no intervalo (−1, 1).78


3.7 Lista <strong>de</strong> exercícios4. Nos seguintes problemas use o método <strong>de</strong> Picard para encontrarx 0 , x 1 , x 2 , x 3 , x 4 . Determine o limite <strong>de</strong> sequência {x n } quando n → ∞.(a) dxdx+ x = 0, x(0) = 1 (b) − t = x, x(0) = 1dt dt(c) dxdx= 2tx, x(0) = 1 (d) + 2tx = t, x(0) = 0dt dt(e) dxdt + x2 = 0, x(0) = 0 (f) dxdt = 2et − x, x(0) = 1.5. Resolva a equação diferencial dada por separação <strong>de</strong> variáveis.(a) xdt − tdx = 0, (b) (1 + u)vdu + (1 − v)udv = 0,(c) (1 + y)dx − (1 − x)dy = 0, (d) (t 2 − xt 2 ) dxdt + x2 + t 2 = 0,(e) (y − a)dx + x 2 dy = 0, (f) zdt − (t 2 − a 2 )dz = 0,(g) dxdy = 1 + x21 + y , (h) (1 + 2 s2 )dt − √ tds = 0,(i) dρ + ρ tan θdθ = 0,(j) sen θ cos ϕdθ − cos θ sen ϕdϕ = 0,(k) sec 2 θ tan ϕdθ + sec 2 ϕ tan θdϕ = 0,(l) (1 + x 2 )dy − √ 1 − y 2 dx = 0,(m) √ 1 − x 2 dy − √ 1 − y 2 dx = 0,(n) 3e x tan ydx + (1 − e x ) sec 2 ydy = 0,(o) (x − y 2 x)dx + (y − x 2 y)dy = 0, (p) dy = sen 5x,dx(q) dydx = y3x , (r) (4y + 2 yx2 )dy + (2x + xy 2 )dx = 0(s) dy xy + 3x − y − 3=dx xy − 2x + 4y − 8 .German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP6. Resolva a equação diferencial dada sujeita à condição inicial indicada.(a) (e −y + 1) sen xdx = (1 + cos x)dy, y(0) = 0(b) ydy = 4x(y 2 + 1) 1/2 dx, y(0) = 1(c) dxdy = 4(x2 + 1), x( π 4 ) = 1(d) x 2 y ′ = y − xy, y(−1) = −1.7. Resolva as seguintes equações diferenciais que se reduzem a variáveisseparadas.79


3 Equações não-lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m(a) dy = (x + y + 1)2(b)dx(c) dydx = 2 + √ y − 2x + 3(e) dydx = 1 + ey−x+5dydx = tan2 (x + y)(d) dy= sen(x + y)dx(f) dydx = 1 − x − y .x + y8. Resolva as seguintes equações diferenciais que se reduzem a variáveisseparadas.(a) (3y + 7x + 7)dx − (3x − 7y − 3)dy = 0(b) (x + 2y + 1)dx − (2x + 4y + 3)dy = 0(c) (x + 2y + 1)dx − (2x − 3)dy = 09. Determine se a função dada é homogênea. Especifique o grau <strong>de</strong>homogeneida<strong>de</strong> quando for o caso.(a) f(x, y) = x 3 + 2xy 2 − y4(b) f(x, y) = x3 y − x 2 y 2x(x + 8y) 2(c) f(x, y) = √ xx + y(4x + 3y) (d) f(x, y) =y 2 + √ x 4 + y 4x 2x(e) f(x, y) = cos(f) f(x, y) = senx + yx + yln x3(g) f(x, y) = ln x 2 − 2 ln y (h) f(x, y) =ln y 3(i) f(x, y) = (x −1 + y −1 ) 2 (j) f(x, y) = (x + y + 1) 2 .10. Encontre a solução das seguintes equações homogêneas .German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP(a) (y − x)dx + (x + y)dy = 0 (b) (x + y)dx + xdy = 0(c) (x + y)dx + (y − x)dy = 0(e) (8y + 10x)dx + (5y + 7x)dy = 0(f) dt + tds = 0 (g) (s − √ st)dt + tds = 0(h) xy 2 dy = (x 3 + y 3 )dx(i) x cos( y x )(ydx + xdy) = y sen(y )(xdy − ydx).x(d) xdy − ydx = √ x 2 + y 2 dx11. Resolva a equação diferencial dada sujeita à condição inicial indicada.80


3.7 Lista <strong>de</strong> exercícios(a) xy 2 dydx = y3 − x 3 , y(1) = 2(b) 2x 2 dydx = 3xy + y2 , y(1) = 2(c) (x + ye y/x )dx − xe y/x dy = 0, y(1) = 0(d) (y 2 + 3xy)dx = (4x 2 + xy)dy, y(1) = 1(e) y 2 dx + (x 2 + xy + y 2 )dy = 0, y(0) = 1.12. Verifique se a equação diferencial dada é exata.(a) (2x − 1)dx + (3y + 7)dy = 0(b) (5x + 4y)dx + (4x − 8y 3 )dy = 0(c) (2y 2 x − 3)dx + (2yx 2 + 4)dy = 0(d) (x 3 + y 3 )dx + 3xy 2 dy = 0(e) ( 1x + 1 x − x ) (dx + ye y x )+ dy = 0.2 x 2 + y 2 x 2 + y 213. Encontre a solução das seguintes equações diferenciais exatas.(a) (x 2 + y)dx + (x − 2y)dy = 0(b) (y − 3x 2 )dx − (4y − x)dy = 0 (c) (y 3 − x)y ′ = y(d) [ y 2(x − y) − 1 ] [1 dx + 2 x y − x 2 ]dy = 0(x − y) 2(e) 2(3xy 2 + 2x 3 )dx + 3(2x 2 y + y 2 )dy = 0xdx + (2x + y)dx(f) = 0 (g) ( 1(x + y) 2 x + 3y2 ) 2ydy = 2 x 4 x 3(h) x2 dy − y 2 dxydx − xdy= 0 (i) xdx + ydy = .(x − y) 2 x 2 + y 2German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP14. Resolva a equação diferencial dada, verificando que a função indicadaµ(x, y) seja um fator integrante.(a) 6xydx + (4y + 9x 2 )dy = 0, µ(x, y) = y 2(b) (−xy sen x + 2y cos x)dx + 2x cos xdy = 0,µ(x, y) = xy(c) (2y 2 + 3x)dx + 2xydy = 0, µ(x, y) = x(d) −y 2 dx + (x 2 + xy)dy = 0, µ(x, y) = 1x 2 y(e) (x 2 + 2xy − y 2 )dx + (y 2 + 2xy − x 2 )dy = 0, µ(x, y) = (x + y) −2 .81


3 Equações não-lineares <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m15. Mostre que qualquer equação diferencial separável <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m naforma h(y)dy − g(x)dx = 0 é também exata.16. Determine uma função M(x, y) para que a seguinte equaçaõ diferencialseja exata:M(x, y)dx + ( xe xy + 2xy + 1 x)dy = 0.17. Verificar que a mudança <strong>de</strong> variáveis para coor<strong>de</strong>nadas polares x =r cos θ, y = r sen θ também transforma uma equação homogêneady= h(x, y)dxem uma equação <strong>de</strong> variáveis separadas da formadr= −rh(cos θ, sen θ).dθ18. Determine k sabendo que µ(x, y) = yk é fator integrante da equaçãoxdiferencial ydx + (xy 2 − x log x)dy = 0 e, logo resolva esta equação parao dado inicial y(1) = 2.19. Para x ≠ 0 e x ≠ 1 consi<strong>de</strong>re a equação diferencialdydx = y2 + x(x − 4)y + 2x 2. (3.36)x 2 (x − 1)(a) Demonstre que a mudança <strong>de</strong> variáveis z = y transforma a equaçãox(3.36) em uma equação <strong>de</strong> variáveis separadasGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPdz (z − 2)(z − 1)= . (3.37)dx x(x − 1)(b) Encontre todas as soluções constantes e a solução geral implícita <strong>de</strong>la equação (3.37).(c) Encontre a solução particular <strong>de</strong> (3.36) que passa pelo ponto ( 3 2 , 6)e o intervalo máximo on<strong>de</strong> está <strong>de</strong>finida.82


Capítulo4Equações lineares <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>mNestecapítulo, vamos consi<strong>de</strong>rar equações <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>m, isto éequação diferenciais que tem a formaF (t, x, ẋ, ẍ) = 0 (4.1)Sob certa hipóteses na função F a equação (4.1) po<strong>de</strong> ser escrita na formaẍ = f(t, x, ẋ). (4.2)Como no caso <strong>de</strong> equações diferenciais <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m, para este tipo<strong>de</strong> equações diferenciais também temos um teorema <strong>de</strong> existência e unicida<strong>de</strong><strong>de</strong> solução. Antes <strong>de</strong> enunciarmos, e a modo <strong>de</strong> exemplo do que acontece emGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPsituações muito gerais, analisemos a seguinte equaçãoIntegrando sucessivamente temosẍ = t 2 + sen t.ẋ = t3 3 − cos t + c 1x = t412 − sen t + c 1t + c 2 .83


4 Equações lineares <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>mComo a solução geral agora <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> duas constantes arbitrarias, ao impora condição inicial x(0) = 1, obtemos que c 2 = 1. Dessa forma, a familia <strong>de</strong>soluções que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da constante c 1é solução do problema {x = t412 − sen t + c 1t + 1.ẍx(0) = 1= t 2 + sen tPara fixar a constante c 1 necessitamos <strong>de</strong> uma condição adicional, que po<strong>de</strong>ser o valor da solução em outro ponto (problema <strong>de</strong> valor na fronteira) ou, ovalor da <strong>de</strong>rivada no mesmo ponto (problema <strong>de</strong> valor inicial).Teorema 4.0.1 (Existência e unicida<strong>de</strong>) Sejam Ω ⊂ R 3 um subconjuntoaberto, (t 0 , x 0 , y 0 ) ∈ Ω e f : Ω → R uma função contínua.Suponha quef tenha <strong>de</strong>rivada parcial con relação a segunda variável x e con relação aterceira variável y em todo ponto <strong>de</strong> Ω e que ∂f/∂x e ∂f/∂y são contínuas emΩ. Então o problema <strong>de</strong> valor inicial⎧⎪⎨ ẍ = f(t, x, ẋ)x(t 0 ) = x 0⎪⎩ẋ(t 0 ) = y 0 .tem uma única solução <strong>de</strong>finida numa vizinhança do ponto t 0 .(4.3)German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPA equação (4.2) é dita linear se a função f tem a formaf(t, x, ẋ) = g(t) − q(t)x − p(t)ẋ, (4.4)isto é, se f é linear em x e ẋ. Nesse caso escrevemos, em geral, a equação (4.2)comoẍ + p(t)ẋ + q(t)x = g(t), (4.5)on<strong>de</strong> o ponto significa a diferenciação com relação a t. No lugar <strong>de</strong> equação84


(4.5), encontramos, com freqüência, a equaçãoa 2 (t) d2 xdt + a 1(t) dx2 dt + a 0(t)x = b(t). (4.6)É claro que, se a 2 (t) ≠ 0, po<strong>de</strong>mos dividir a equação (4.6) por a 2 (t), obtendo,assim, a equação (4.5) comp(t) = a 1(t)a 2 (t) ,q(t) = a 0(t)a 2 (t) ,b(t)g(t) =a 2 (t) . (4.7)Ao discutir a equação (4.5) e tentar resolvê-la, vamos nos restringir aintervalos nos quais as funções p, q e g sejam contínuas.Se a equação (4.1) não for da forma (4.5) ou (4.6), então ela é dita nãolinear.A equação (4.5) também é chamada forma normal <strong>de</strong> uma equaçãodiferencial linear <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>m.Para <strong>de</strong>duzir com maior facilida<strong>de</strong> importantes proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong>equações diferenciais, associado as funções p(t) e q(t) acima, consi<strong>de</strong>remos ooperador L que pega qualquer função u, duas vezes diferenciáveis no intervaloI e associa a função L[u] <strong>de</strong>finida porL[u](t) = ü(t) + p(t) ˙u(t) + q(t)u(t). (4.8)Usando este operador a equação (4.5) escreve-se na formaL[x](t) = g(t). (4.9)German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPTal operador chama-se operador diferencial linear pois verifica1. L[u 1 + u 2 ] = L[u 1 ] + L[u 2 ]2. L[αu] = αL[u], para todo α ∈ R.Combinando ambas as proprieda<strong>de</strong>s obtemos[ n]∑ ∑3. L α k u k = n α k L[u k ].k=1k=185


4 Equações lineares <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>m4.1 Teoria básica da equação homogêneaUma equação linear <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>m é dita homogênea se a função g(t)na equação (4.5), ou b(t) na equação (4.6), for igual a zero para todo t. Casocontrário, a equação é dita não-homogênea.Nesta seção vamos estudar a equação diferencial <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>m linearhomogêneaẍ + p(t)ẋ + q(t)x = 0, (4.10)on<strong>de</strong> p e q são funções contínuas em um intervalo I ⊂ R.Usando o operador diferencial L esta equação reduz-se aL[x](t) = 0. (4.11)Como conseqüência da linearida<strong>de</strong> do operador L temos os seguinte resultadoTeorema 4.1.1 (1). Se x 1 é solução da equação (4.11), então para todoα ∈ R, αx 1 é solução.(2). Se x 1 e x 2 são soluções <strong>de</strong> (4.11), então x 1 + x 2 é solução.(3). Se x 1 , x 2 , · · · , x n são soluções <strong>de</strong> (4.11), então qualquer combinação linear<strong>de</strong>las, digamosn ∑k=1α k x k é solução.(4). Se (4.11) (com coeficientes p(t) e q(t) reais) tem solução complexa x(t) =u(t) + iv(t), então a parte real u(t) e a parte imaginaria v(t) são soluções(reais) <strong>de</strong> (4.11).(5). Se x(t) é uma solução <strong>de</strong> (4.11) e existe t 0 ∈ I tais que x(t 0 ) = 0 eẋ(t 0 ) = 0, então x(t) = 0 para todo t ∈ I.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPDemonstração. (1) e (2) é <strong>de</strong>ixado como exercíco. (3) é uma conseqüênciadireta <strong>de</strong> (1) e (2). Para (4), notemos que se x(t) = u(t) + iv(t) é solução <strong>de</strong>(4.11), entãoL[x](t) = L[u](t) + iL[v](t) = 0, para todo t ∈ I.Mas um número complexo é zero só se sua parte real e imaginaria são zero,temosL[u](t) = 0, L[v](t) = 0, para todo t ∈ I86


4.1 Teoria básica da equação homogêneae portanto u e v são soluções <strong>de</strong> (4.11) em I.Finalmente (5) segue diretamente do teorema <strong>de</strong> existência e unicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>solução, já que a função i<strong>de</strong>nticamente nula também é solução.Definição 4.1.1 As funções x 1 , x 2 , · · · , x n são ditas linearmente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes(LD) no intervalo I ⊂ R, se existem constantes α 1 , · · · α n não todas nulas talqueα 1 x 1 (t) + · · · + α n x n (t) = 0 para todo t ∈ I. (4.12)As funções x 1 , x 2 , · · · , x n são ditas linearmente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes (LI) nointervalo I ⊂ R se (4.12) verifica-se só quando α 1 = α 2 = · · · = α n = 0.Exemplo 1. As funções 1, t, t 2 , · · · , t n são LI em qualquer intervalo I.De fato, seα 0 + α 1 t + α 2 t 2 + · · · + α n t n = 0para todo t ∈ Ientão, todo t ∈ I é raiz <strong>de</strong>ste polinômio que é <strong>de</strong> grau n.Como todopolinômio exceto o polinômio nulo, tem só um número finito <strong>de</strong> soluções, temosque α 1 = · · · = α n = 0.Exemplo 2. Se k 1 ≠ k 2 as funções e k 1t e e k 2t são LI em qualquer intervalo.De fato, da relaçãoα 1 e k 1t + α 2 e k 2t = 0para todo t ∈ IGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPtemos queα 1 + α 2 e (k 2−k 1 )t = 0 para todo t ∈ I.Derivando esta última relação com relação a t temosα 2 (k 2 − k 1 )e (k 2−k 1 )t = 0 para todo t ∈ I.Portanto α 2 = α 1 = 0.Teorema 4.1.2 Se x 1e x 2 são LD em I, então o <strong>de</strong>terminante (chamado87


4 Equações lineares <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>mWronskiano)x 1 (t) x 2 (t)W [x 1 , x 2 ](t) == 0 ∀t ∈ I.∣ẋ 1 (t) ẋ 2 (t) ∣Demonstração. Sejam α 1 e α 2 constantes ambas não nulas tal queTambém temosα 1 x 1 (t) + α 2 x 2 (t) = 0 para todo t ∈ I.α 1 ẋ 1 (t) + α 2 ẋ 2 (t) = 0 para todo t ∈ I.Se, por exemplo α 2 ≠ 0 multiplicando a primeira equação por ẋ 1 (t) e a segundapor x 1 (t) e substraindo ambas equações, obtemos para todo t ∈ ILogo W [x 1 , x 2 ](t) = 0.α 2 (ẋ 1 (t)x 2 (t) − x 1 (t)ẋ 2 (t)) = 0α 2 W [x 1 , x 2 ](t) = 0.Teorema 4.1.3 Sejam x 1 e x 2 soluções LI em I da equação linear homogênea(4.10) com coeficientes p(t) e q(t) contínuos em I. Então o Wronskianox 1 (t)W [x 1 , x 2 ](t) =∣ẋ 1 (t)x 2 (t)≠ 0 ∀t ∈ I.ẋ 2 (t) ∣German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPREVER ESTE TEOREMA, use as <strong>notas</strong> <strong>de</strong><strong>aula</strong> e a apostila do La<strong>de</strong>iraDemonstração. Suponhamos que existe t 0 ∈ I tal que W [x 1 , x 2 ](t 0 ) = 0.Então existem constantes não ambas nulas α 1 e α 2 , tais que⎧⎨α 1 x 1 (t 0 ) + α 2 x 2 (t 0 ) = 0⎩α 1 ẋ 1 (t 0 ) + α 2 ẋ 2 (t 0 ) = 0.Mas, então x(t) = α 1 x 1 (t) + α 2 x 2 (t) também é solução e verifica x(t 0 ) = 0 e88


4.1 Teoria básica da equação homogêneaẋ(t 0 ) = 0. Isto implica que x(t) = 0 para todo t ∈ I, e logo α 1 = α 2 = 0. Istoé uma contradição e portanto W [x 1 , x 2 ](t) ≠ 0 para todo t ∈ I.Teorema 4.1.4 Sejam x 1 e x 2 soluções LI em I da equação linear homogênea(4.10) com coeficientes p(t) e q(t) contínuos em I. Então a solução geral <strong>de</strong>staequação éx(t) = α 1 x 1 (t) + α 2 x 2 (t), com α 1 , α 2 ∈ R.Demonstração. Seja x(t) uma solução qualquer da equação (4.10). Devemosmostrar que existem constantes α 1 , α 2 tais que x(t) = α 1 x 1 (t) + α 2 x 2 (t), paratodo t ∈ I. Fixemos t 0 ∈ I e sejam x 0 = x(t 0 ) e z 0 = ẋ(t 0 ). Consi<strong>de</strong>remosα 1 = x 0ẋ 2 (t 0 ) − z 0 x 2 (t 0 ), α 2 = −x 0ẋ 1 (t 0 ) + z 0 x 1 (t 0 ).W [x 1 , x 2 ](t 0 )W [x 1 , x 2 ](t 0 )É imediato verificar que com estes valores <strong>de</strong> α 1 e α 2 , obtemos⎧⎨α 1 x 1 (t 0 ) + α 2 x 2 (t 0 ) = x 0⎩α 1 ẋ 1 (t 0 ) + α 2 ẋ 2 (t 0 ) = z 0 .Então a solução y(t) = α 1 x 1 (t) + α 2 x 2 (t) verifica as condições iniciais y(t 0 ) =x 0 , ẏ(t 0 ) = z 0 . Como a solução x(t) também as verifica, concluímos x(t) =y(t) = α 1 x 1 (t) + α 2 x 2 (t), para todo t ∈ I.Corolário 4.1.1 O número máximo <strong>de</strong> soluções linearmente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntesGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPpara a equação (4.10) é dois.Exemplo 1 Consi<strong>de</strong>re a equaçãoẍ − x = 0.Verificasse facilmente que as funções x 1 (t) = e t e x 2 (t) = e −t são soluçõesparticulares. Além disso, como estas são LI, a solução geral é dada porx(t) = α 1 e t + α 2 e −t .89


4 Equações lineares <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>m4.1.1 Fórmula <strong>de</strong> AbelSe conhecemos uma solução particular x 1 (t) da equaçãoẍ + p(t)ẋ + q(t)x = 0,fazemos a seguinte substituição x(t) = x 1 (t)z(t) com z(t) = ∫ u(t)dt. Temosqueẋ = ẋ 1 z + x 1 ż e ẍ = ẍ 1 z + 2ẋ 1 ż + x 1¨z.Substituindo na equação obtemosẍ 1 z + 2ẋ 1 ż + x 1¨z + p(ẋ 1 z + x 1 ż) + qx 1 z = 0(ẍ 1 + pẋ 1 + qx 1 )z + (2ẋ 1 + px 1 )ż + x 1¨z = 0(2ẋ 1 + px 1 )ż + x 1¨z = 0.Como ż(t) = u(t), fica a equação <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> variáveis separáveis(2ẋ 1 + px 1 )u + x 1 ˙u = 0.A po<strong>de</strong>mos escrever na seguinte formacuja solução éIsto implica quee portanto( )duu = −2ẋ1 − p dt,x 1German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPu(t) = 1 ∫ x 1 (t) 2 e− p(t)dt .∫ e− ∫ p(t)dtz(t) =x 1 (t) dt, 2∫ e− ∫ p(t)dtx 2 (t) = x 1 (t)dt (Fórmula <strong>de</strong> Abel)x 1 (t)290


4.1 Teoria básica da equação homogêneaé uma segunda solução <strong>de</strong> nossa equaçãoẍ + p(t)ẋ + q(t)x = 0.Finalmente observer que esta soluções são LI já que o correspon<strong>de</strong>nteWronskiano éW [x 1 , x 2 ](t) = e − ∫ p(t)dt .Exemplo. Resolver a equação t 2 ẍ − tẋ + x = 0, sabendo que x 1 (t) = t é umasolução particular.O primeiro passo é escreve a equação na forma em que possamos aplicar oprocedimento anterior (ẍ livre <strong>de</strong> variáveis). Dividindo por t 2 temosDesta forma p(t) = − 1 tẍ − 1 t ẋ + 1 t 2 x = 0.e usando a fórmula <strong>de</strong> Abel obtemos∫ − ∫ 1(−e t )dt ∫ eln t∫ dtz(t) =dt = =t 2 t 2 t = ln te portanto a segunda solução que obtemos éx 2 (t) = tz(t) = t ln t,German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPo que implica queé a solução geral.4.1.2 Redução <strong>de</strong> or<strong>de</strong>mx(t) = (c 1 + c 2 ln t)t(1) Seja f : I ⊂ R → R e consi<strong>de</strong>remos a equação diferenciald 2 xdt 2= f(t).91


4 Equações lineares <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>mUm exemplo <strong>de</strong>ste tipo foi visto visto no inicio <strong>de</strong>ste capítulo. Como emaquele exemplo, integramos uma vez com relação e obtemos uma equaçãodiferencial <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m∫dxdt =f(t)dt + c 1 = f 1 (t) + c 1 .Voltando a integrar novamente temos a solução geral∫x(t) =f 1 (t)dt + c 1 t + c 2on<strong>de</strong> c 1 e c 2 são constantes arbitrárias.{ π}Exemplo. Para t /∈2 + nπ : n ∈ Zdiferenciald 2 xdt = 2 sec2 t.consi<strong>de</strong>remos a equaçãoQueremos encontrar a solução geral e as soluções particulares x(π) = 1e ẋ(π) = 0.Para cada n ∈ Z seja I n =( π2 + (n − 1)π, π )2 + nπ . Observe quequando |n| par (resp. ímpar) temos que cos t > 0 (resp. cos t < 0)para todo t ∈ I n .Uma primeira integração nos dae uma segundadxdt = tg t + c 1German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPLogo a solução geral éx(t) = ln ( 1 )+ c1 t + c 2 .| cos t|x(t) = ln ( 1 )+ c1 t + c 2 , t ∈ I n , n ∈ Z.| cos t|As soluções que verificam x(π) = 1 estão em I 1 = (− π 2 , π ). Resolvendo2a equação 1 = x(π) = c 1 π + c 2 , temos c 2 = 1 − c 2 π. Logo as soluções que92


4.1 Teoria básica da equação homogêneaverificam x(π) = 1 sãox(t) = ln ( 1 )+ c(x − π) + 1, x ∈ I1 .| cos t|Se queremos que verifiquem ẋ(π) = 0, temos que 0 = ẋ(π) = c 1 . Logo asolução é única e é dada porx(t) = ln ( 1 ) π+ 1, x ∈ (−| cos t|2 , π 2 ).(2) Seja Ω ⊂ R 2 um conjunto aberto e f : Ω → R uma função contínua econsi<strong>de</strong>remos a seguinte equação diferenciald 2 xdt = f( t, dx ).2 dtNeste caso introduzimos a variável p = dxdpe obtemosdt dt = d2 xdt Então2substituindo temosdp= f(t, p)dtque é uma equação diferencial <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPExemplo. Resolver a seguinte equação diferencialt d2 xdt + 2dx2 dt = t.Seja p = dxdp, então temosdt dt = d2 xe a equação diferencial <strong>de</strong> primeiradt 2or<strong>de</strong>m t dp + 2p = t. Esta é equivalente a seguinte equação diferencial <strong>de</strong>dtprimeira or<strong>de</strong>m e lineardpdt + 2 t p = 193


4 Equações lineares <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>mcuja solução ép(t) = e − ∫ 2 [ ∫t dt c 1 + e ∫ 2∫ ]= e[c −2 ln t 1 + e 2 ln t= 1 ∫ ][ct 2 1 + t 2 dt= 1 [ ]ct 2 1 + t3 .3t dt ]Mas p = dxdximplica quedt dt = c 1t + t . Integrando temos2 3que é a solução geral.x(t) = − c 1t + t2 6 + c 2,c 1 , c 2 ∈ R(3) Seja Ω ⊂ R 2 um conjunto aberto e f : Ω → R uma função contínua econsi<strong>de</strong>remos a seguinte equação diferenciald 2 xdt = f( x, dx ).2 dtTambém neste caso introduzimos a variável p = dxdt , obtendod 2 xdt = dp2 dt = dp dxdx dt = p dpdxGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPe a equação diferencial reduz-se ap dp = f(x, p)dxque é uma equação diferencial <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m.Exemplo. Encontrar a solução geral da equação diferencialx d2 xdt − ( dx) 2= 0.2 dt94


4.1 Teoria básica da equação homogêneaColocando p = dxdtdptemos pdx = d2 xe a equação diferencial tem a formadt 2xp dpdx − p2 = 0que também po<strong>de</strong> ser escrita na formadpp = dx xcuja solução é p = c 1 x. Voltando as variáveis x e t temosa qual é equivalente adxdt = c 1xdxx = c 1dt.Integrando temos ln |x| = c 1 t + ln |c 2 | e tomando a exponencial temos(4) Equações do tipox = c 2 e c 1t .F (t, x, ẋ, ẍ) = 0on<strong>de</strong> F : Ω ⊂ R 4 → R é a diferencial total <strong>de</strong> uma função ψ(t, x, ẋ).Neste caso nossa equação diferencial é dψ = 0 e portanto as soluções sãoGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPsoluções da equação diferencial <strong>de</strong> primer or<strong>de</strong>mon<strong>de</strong> c 1 é uma constante arbitrária.ψ(t, x, ẋ) = c 1Exemplo. Encontrar a solução geral da equação diferencialxẍ + (ẋ) 2 = 0.95


4 Equações lineares <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>mA equação diferencial po<strong>de</strong> ser escrita comod(xẋ) = 0o que implica que xẋ = c 1 ou que é o mesmo xdx = c 1 dt cuja soluçãogeral é dada por x22 = c 1t + c 2 .(5) Equações do tipoF (t, x, ẋ, ẍ) = 0tal que existe uma função µ(t, x, ẋ) <strong>de</strong> modo que µ(t, x, ẋ)F (t, x, ẋ, ẍ) édiferencial total <strong>de</strong> uma função ψ(t, x, ẋ).Como o caso anterior resolvemos a equação ψ(t, x, ẋ) = c 1 . Então cadasolução <strong>de</strong>sta equação é solução <strong>de</strong> F (t, x, ẋ, ẍ) = 0 ou/ e µ(t, x, ẋ) =0. Logo <strong>de</strong>vemos eliminar as soluções supérfluas, isto é, aquelas queverificam µ(t, x, ẋ) = 0 ou aquelas que in<strong>de</strong>finem µ e não verificamF (t, x, ẋ, ẍ) = 0.Exemplo. Encontremos usando este metodo novamente a solução geral<strong>de</strong>xẍ − (ẋ) 2 = 0.Multiplicando por µ(x) = 1 x 2 , obtemosLogo temosxẍ − (ẋ) 2x 2= d(ẋx ) = 0.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPdxx = c 1dtln |x| = c 1 t + ln |c 2 |x(t) = c 2 e c 1t .A única candidata a ser funçã supérflua é x ≡ 0 (já que µ não está<strong>de</strong>finida para x = 0), mas não é, já que claramente é solução da equaçãodiferencial original.96


4.1 Teoria básica da equação homogênea(6) Equação do tipoF (t, x, ẋ, ẍ) = 0on<strong>de</strong> F é uma função homogênea respeito a segunda, terceira e quartavariável, isto é, para todo λ ∈ R existe n ∈ R tal que para todo (t, x, y, z)tem-seF (t, λx, λy, λz) = λ n F (t, x, y, z).Introduzimos uma nova variável z mediante a expressãox = e ∫ zdt .Derivando ambos lados com respeito <strong>de</strong> t duas vezes, obtemosẋ = ze ∫ zdte ao substituir em nossa equação temoseẍ = (z 2 + ż)e ∫ zdt0 = F (t, x, ẋ, ẍ) = F (t, e ∫ zdt , ze ∫ zdt , (z 2 + ż)e ∫ zdt )= e n ∫ zdt F (t, 1, z, z 2 + ż).Então F (t, 1, z, z 2 + ż) = 0 que é uma equação diferencial da formaf(t, z, ż) = 0 a qual é <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m.Exemplo. Resolver a seguinte equação diferencialxẍ − (ẋ) 2 = 6tx 2 .Aqui F (t, x, ẋ, ẍ) = xẍ − (ẋ) 2 − 6tx 2 que é homogênea <strong>de</strong> grau n =2 na segunda, terceira e quarta variável. Pondo z = e ∫ zdt a equaçãotransforma-see 2 ∫ zdt (z 2 + ż − z 2 − 6t) = 0que é equivalente a ż = 6t. A solução <strong>de</strong>sta última equação é z = 3t 2 +c 1o que implica que x = e ∫ (3t 2 +c 1 )dt e portanto x = e t3 +c 1 t+c 2.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP97


4 Equações lineares <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>m4.2 Equação homogênea com coeficientes constantesNesta seção vamos estudar a equação (4.10) quando p(t) = p = cte e q(t) = q =cte, isto é, vamos estudar a equaçãoẍ + pẋ + q = 0. (4.13)A equação (4.13) é chamada equação diferencial <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>m linearhomogênea com coeficientes constantes. Segundo temos visto para encontrara solução geral <strong>de</strong>sta equação diferencial é suficiente encontrar duas soluçõeslinearmente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes (Teorema 4.1.4).Busquemos as soluções particulares da forma x(t) = e kt , on<strong>de</strong> k ∈ R (ouC) é uma constante a <strong>de</strong>terminar. Então temosSubstituindo em (4.13) temosComo e kt ≠ 0 temos queẋ = ke kt e ẍ = k 2 e kte kt (k 2 + pk + q) = 0.k 2 + pk + q = 0. (4.14)Logo x(t) = e k 1t é solução da equação (4.13) se e somente se k 1 é solução daequação quadrática (4.14).A equação (4.14) é chamada equação característica associada a equaçãoGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP(4.13). A equação característica tem duas raízes, as quais as <strong>de</strong>notaremos pork 1 e k 2 . Entãok 1 = −p + √ p 2 − 4q2ek 2 = −p − √ p 2 − 4q.2Denotemos por d := p 2 − 4q o discriminante da equação característica.São possíveis os seguintes casos:(a) k 1 e k 2 são números reais e distintos (k 1 ≠ k 2 )98


4.2 Equação homogênea com coeficientes constantes(b) k 1 e k 2 são números reais e iguais (k 1 = k 2 )(c) k 1 e k 2 são números complexos.Analisemos cada caso por separado.4.2.1 Raízes distintasSe d > 0 então as raízes k 1 e k 2 são reais e distintas. Neste casok 1 = −p + √ d2e a solução geral <strong>de</strong> (4.13) é dada por4.2.2 Raízes iguaisek 1 = −p − √ d2x(t) = c 1 e k 1t + c 2 e k 2t , c 1 , c 2 ∈ R.Se d = 0, então k 1 = k 2 = − p 2 ∈ R e x 1(t) = e k 1t é solução <strong>de</strong> (4.13).Afirmação. x 2 (t) = te k 1t é solução <strong>de</strong> (4.13).De fato,ẋ 2 (t) = k 1 te k 1t + e k 1t = k 1 x 2 (t) + x 1 (t) (4.15)ẍ 2 (t) = k 1 ẋ 2 (t) + k 1 x 1 (t) (4.16)Da equação (4.15) temos x 1 (t) = ẋ 2 (t) − k 1 x 2 (t). Substituindo esta equaçãoem (4.16) obtemosGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPo que implica queẍ 2 (t) = k 1 ẋ 2 (t) + k 1 (ẋ 2 (t) − k 1 x 2 (t)) = 2k 1 ẋ 2 (t) − k 2 1x 2 (t)= −pẋ 2 (t) − p24 x 2(t)= −pẋ 2 (t) − qx 2 (t)ẍ 2 (t) + pẋ 2 (t) + qx 2 (t) = 0.Isto prova a afirmação.99


4 Equações lineares <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>mComo x 1 (t) e x 2 (t) são soluções LI (use o Wronskiano), segue que a soluçãogeral <strong>de</strong> (4.13) é dado por4.2.3 Raízes complexasx(t) = (c 1 + c 2 t)e k 1t , c 1 , c 2 ∈ R.Se d < 0, então k 1 e k 2 são números complexos conjugadoson<strong>de</strong> α = − p √d2 e β = 2 .Desta formak 1 = α + iβ,k 2 = α − iβe k 1t = e (α−iβ)t = e αt (cos βt + sen βt) e e k 2t = e (α−iβ)t = e αt (cos βt − sen βt)são soluções complexas <strong>de</strong> (4.13). Logo a parte real x 1 (t) = e αt cos βt e a parteimaginaria x 2 (t) = e αt sen βt são soluções <strong>de</strong> (4.13) (item (4) do Teorema4.1.1). Além disso, como elas são LI a solução geral da equação (4.13) é dadaporx(t) = e αt (c 1 cos βt + c 2 sen βt), c 1 , c 2 ∈ R.Exemplo 1. Consi<strong>de</strong>remos a equação diferencialA equação característica éẍ − 3ẋ + 2x = 0.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPk 2 − 3k + 2 = 0cujas raízes são k 1 = 1 e k 2 = 2. Portanto a solução geral é dada porx(t) = c 1 e t + c 2 e 2t , c 1 , c 2 ∈ R.Exemplo 2. Consi<strong>de</strong>remos a equação diferencialẍ + 4ẋ + 5x = 0.100


4.2 Equação homogênea com coeficientes constantesA equação característica ék 2 + 4k + 5 = 0,cujas raízes são k 1 = −2 + i e k 2 = −2 − i. Portanto a solução geralx(t) = e −2t (c 1 cos t + c 2 sen t), c 1 , c 2 ∈ R.Exemplo 3. Consi<strong>de</strong>remos a equação diferencialẍ + 2ẋ + x = 0.A equação característica ék 2 + 2k + 1 = 0,cujas raízes são k 1 = k 2 = −1. Portanto a solução geral é dada por4.2.4 Equação <strong>de</strong> Eulerx(t) = (c 1 + c 2 t)e −t , c 1 , c 2 ∈ R.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPSão equações diferenciais da formacom a 2 , a 1 , a 0 constantes reais, a 2 ≠ 0.a 2 t 2 d2 xdt + a 1t dx2 dt + a 0x = 0 (4.17)Se fazemos a substituição t = e y (para t > 0), obtemos dtdy = ey e portanto101


4 Equações lineares <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>mdydt = e−y . Desta maneiraSubstituindo em (4.17) obtemosẋ = dxdt = dx dy dx= e−ydy dt dyẍ = d2 xdt = d ( )−y dxe = d (e 2 dt dy dy()= e −y d2 x dx dy− e−ydy2 dy dt( d= e −2y 2 xdy − dx ).2 dy( da 2 e 2y e −2y 2 xdy − dx )+ a 2 1 e y edy−y dx) dydy dt−y dxdy + a 0x = 0que é equivalente a uma equação linear homogênea com coeficientes constantesA equação característica <strong>de</strong> (4.18) éd 2 xa 2dy + (a 2 1 − a 2 ) dxdy + a 2x = 0 (4.18)a 2 k 2 + (a 1 − a 2 )k + a 0 = 0.Deste modo se k 1 é raiz <strong>de</strong>sta equação, x 1 (y) = e k 1y é solução <strong>de</strong> (4.18), o queimplica queGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPx(t) = e k 1 ln t = t k 1é solução <strong>de</strong> nossa equação original (4.17).Observação. Na pratica as vezes é conveniente buscar diretamente soluções<strong>de</strong> (4.17) da forma x(t) = t k 1.Exemplo 1. Resolver a equação diferencialt 2 ẍ + 5 tẋ − x = 0.2102


4.2 Equação homogênea com coeficientes constantesA correspon<strong>de</strong>nte equação característica ék 2 + 3 2 k − 1 = 0,cujas raízes são k 1 = 1 2 e k 2 = −2. Portanto a solução geral é dada porx(t) = c 1 t 1/2 + c 2 t −2 , c 1 , c 2 ∈ R.Exemplo 2. Resolver a equação diferencialt 2 ẍ − tẋ + x = 0.A equação característica ék 2 − 2k + 1 = 0,cujas raízes são k 1 = k 2 = 1. Portanto são soluções para a equaçãotransformada são x 1 (y) = e y e x 2 (y) = ye y .Assim,x 1 (t) = t e x 2 (t) = (ln t)tsão soluções LI <strong>de</strong> nossa equação e a solução geral éx(t) = (c 1 + c 2 ln t)t, c 1 , c 2 ∈ R.Exemplo. Resolver a seguinte equação diferencialt 2 ẍ + tẋ + x = 0.A correspon<strong>de</strong>nte equação característica ék 2 + 1 = 0,German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPcujar raízes são k 1 = i e k 2 = −i. Portanto são soluções para a equação103


4 Equações lineares <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>mtransformada x 1 (y) = cos y e x 2 (y) = sen y. Assim,x 1 (t) = cos(ln t) e x 2 (t) = sen(ln t)são soluções LI <strong>de</strong> nossa equação e a solução geral é dada porx(t) = c 1 cos(ln t) + c 2 sen(ln t), c 1 , c 2 ∈ R.4.3 Equação não-homogêneaConsi<strong>de</strong>remos a equação não-homogêneaẍ + p(t)ẋ + q(t)x = g(t), (4.19)on<strong>de</strong> p, q e g são funções contínuas num intervalo I e g(t) ≠ 0.formaUsando o operador diferencial L <strong>de</strong>finido em (4.8), esta equação toma aL[x](t) = g(t). (4.20)As seguintes proprieda<strong>de</strong>s são conseqüência imediata da linearida<strong>de</strong> dooperador L.(1). Se x é solução <strong>de</strong> L[x](t) = 0 e ˜x é solução (particular) <strong>de</strong> L[x](t) = g(t),então x + ˜x é solução <strong>de</strong> L[x](t) = g(t).(2). Se x i é solução <strong>de</strong> L[x](t) = g i (t), para i = 1, 2, · · · , n, então x(t) =n∑∑α i x i (t) é solução <strong>de</strong> L[x](t) =n α i g i (t), on<strong>de</strong> α i , i = 1, 2, · · · , n sãoi=1constantes.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP(3). Suponha que as funções p, q, U, V : R → R. Então, se a equaçãotem soluçãoi=1L[x](t) = U(t) + iV (t)x(t) = u(t) + iv(t)com u, v : R → R, então u(t) é solução <strong>de</strong> L[x](t) = U(t) e v(t) é solução <strong>de</strong>L[x](t) = V (t).104


4.3 Equação não-homogêneaTeorema 4.3.1 Consi<strong>de</strong>re a equação L[x](t) = g(t) com coeficientes p, q e gcontínuos em um intervalo I. Se c 1 x 1 (t) + c 2 x 2 (t), com c 1 , c 2 ∈ R,é a soluçãogeral <strong>de</strong> L[x](t) = 0, e ˜x é uma solução particular <strong>de</strong> L[x](t) = g(t), entãoé a solução <strong>de</strong> L[x](t) = g(t).x(t) = c 1 x 1 (t) + c 2 x 2 (t) + ˜x(t), c 1 , c 2 ∈ R,Demonstração. Seja ˜x 1 uma solução qualquer <strong>de</strong> L[x](t) = g(t). Temos quemostrar que existem constantes c 1 , c 2 ∈ R tal que˜x 1 (t) = c 1 x 1 (t) + c 2 x 2 (t) + ˜x(t), ∀t ∈ I.Mas como ˜x 1 −˜x é solução da equação L[x](t) = 0, existem constantes c 1 , c 2 ∈ Rtal queo que termina a <strong>de</strong>monstração.˜x 1 (t) − ˜x(t) = c 1 x 1 (t) + c 2 x 2 (t), ∀t ∈ I,Exemplo. Resolver a equação diferencial ẍ + x = t. Claramente x(t) = t ésolução particular <strong>de</strong> L[x](t) = ẍ + x = t.Consi<strong>de</strong>remos agora a equação homogênea ẍ + x = 0.caraterística é k 2 + 1 = 0 e portanto sua solução geral éc 1 cos t + c 2 sen t, c 1 , c 2 ∈ R.Sua equaçãoGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPPortanto a solução geral <strong>de</strong> nossa equação inicial éx(t) = c 1 cos t + c 2 sen t + t, c 1 , c 2 ∈ R.4.3.1 Método <strong>de</strong> variação das constantesA continuação introduzimos um procedimento para encontrar uma soluçãoparticular <strong>de</strong> uma equação linear não-homogênea sob a hipótese <strong>de</strong> queconhecemos a solução geral da correspon<strong>de</strong>nte equação homogênea.105


4 Equações lineares <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>mComo sempre L <strong>de</strong>nota o operadorL[u](t) = ü(t) + p(t) ˙u(t) + q(t)u(t),on<strong>de</strong> p, q : I ⊂ R → R são funções contínuas no intervalo I.Suponham que c 1 u 1 (t) + c 2 u 2 (t), c 1 , c 2 ∈ R é a solução geral <strong>de</strong> L[u](t) = 0.Dada uma função g contínua no intervalo I, procuraremos uma soluçãoparticular <strong>de</strong> L[u](t) = g(t) da formau p (t) = c 1 (t)u 1 (t) + c 2 (t)u 2 (t).temos então duas funções incógnitas c 1 (t) e c 2 (t). Estas <strong>de</strong>bem ser tais quec 1 (t)u 1 (t) + c 2 (t)u 2 (t) satisfaçam a equaçãoü p (t) + p(t) ˙u p (t) + q(t)u p (t) = g(t).Isto é temos duas funções incógnitas e uma única equação. Po<strong>de</strong>mos entãopedir que c 1 (t) e c 2 (t) satisfaçam uma equação adicional que facilite seu cálculo.Observe que se u p (t) = c 1 (t)u 1 (t) + c 2 (t)u 2 (t), então˙u p (t) = c 1 (t) ˙u 1 (t) + c 2 (t) ˙u 2 (t) + ċ 1 (t)u 1 (t) + ċ 2 (t)u 2 (t).Para que pelo menos ao fazer ao primeira <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong> u(t), as funções c 1 (t)e c 2 (t) se comportem como constante, impomos a condição adicionalċ 1 (t)u 1 (t) + ċ 2 (t)u 2 (t) = 0, ∀t ∈ I.Com esta condição obtemosu p (t) = c 1 (t)u 1 (t) + c 2 (t)u 2 (t)˙u p (t) = c 1 (t) ˙u 1 (t) + c 2 (t) ˙u 2 (t)ü p (t) = c 1 (t)ü 1 (t) + c 2 (t)ü 2 (t) + ċ 1 (t) ˙u 1 (t) + ċ 2 (t) ˙u 2 (t).German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP106


4.3 Equação não-homogêneaSubstituindo em nossa equação e or<strong>de</strong>nando obtemosg(t) = ċ 1 (t) ˙u 1 (t) + ċ 2 (t) ˙u 2 (t) + c 1 (t)(ü 1 + p(t) ˙u 1 (t) + q(t)u 1 (t))+ c 2 (t)(ü 2 + p(t) ˙u 2 (t) + q(t)u 2 (t))= ċ 1 (t) ˙u 1 (t) + ċ 2 (t) ˙u 2 (t).Portanto nossas funções c 1 (t) e c 2 (t) <strong>de</strong>vem satisfazer o seguinte sistema⎧⎨ċ 1 (t)u 1 (t) + ċ 2 (t)u 2 (t) = 0⎩ċ 1 (t) ˙u 1 (t) + ċ 2 (t) ˙u 2 (t) = g(t)com ċ 1 (t) e ċ 2 (t) como funções incógnitas.Observe para todo t ∈ I o <strong>de</strong>terminanteu 1 (t)∣ ˙u 1 (t)u 2 (t)˙u 2 (t) ∣coinci<strong>de</strong> com o Wronskiano da equação homogênea. Como u 1 e u 2 são LIW [u 1 , u 2 ](t) ≠ 0, e portanto o sistema sempre tem solução. Estas soluções sãoċ 1 (t) = −g(t)u 2(t)W [u 1 , u 2 ](t)Finalmente integrando obtemos∫c 1 (t) = −e ċ 2 (t) = g(t)u 1(t)W [u 1 , u 2 ](t) .∫g(t)u 2 (t)W [u 1 , u 2 ](t) dt e c 2(t) = −German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPExemplo. Resolver a equação diferencial ẍ + x = 1cos t .g(t)u 1 (t)W [u 1 , u 2 ](t) dt.Solução. Como a solução geral <strong>de</strong> ẍ + x = 0 é c 1 cos t + c 2 sen t, colocamosu p (t) = c 1 (t) cos t + c 2 (t) sen t,107


4 Equações lineares <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>mcomo sendo a solução particular e tratamos <strong>de</strong> resolver o sistemaResolvendo o sistema temosLogo a solução geral é⎧⎨ċ 1 (t) cos t + ċ 2 (t) sen t = 0⎩−ċ 1 (t) sen t + ċ 2 (t) cos t = 1cos t .ċ 1 (t) = − sen tcos tc 1 (t) = ln | cos t|ċ 2 = 1c 2 (t) = t.x(t) = c 1 cos t + c 2 sen t + ln | cos t| cos t + t sen t, c 1 , c 2 ∈ R.4.3.2 Método dos coeficientes in<strong>de</strong>terminadosEste método aplica-se para encontrar uma solução particular para equações dotipoa 2 ẍ + a 1 ẋ + a 0 x =m∑e rit (P i (t) cos q i t + Q i sen q i t) , (4.21)on<strong>de</strong> a 0 , a 1 , a 2 , r i e q i (i = 1 : m) são constantes reais, a 2(i = 1 : m) são polinômios.i=1≠ 0, e P i e Q iGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPA correspon<strong>de</strong>nte equaçao característica da equação homogênea éa 2 k 2 + a 1 k + a 0 = 0. (4.22)Observe que o tipo particular <strong>de</strong> funções que aparecem no lado direito daequação (4.21) consta <strong>de</strong> termos da forma, k, t n , com n inteiro positivo,e rt , cos qt, sen qt, ou bem expressões que po<strong>de</strong>m-se obter por um número finito<strong>de</strong> adições, substrações e/ou multiplicações das anteriores.108


4.3 Equação não-homogêneaExemplos <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> equações sãoẍ + 3ẋ + 5x = 2e 3t e ẍ + 5ẋ + 4x = 8t 2 + 3 + 2 cos 2t.O seguinte teorema nos da um método para encontrar uma soluçãoparticular no caso m = 1. Se m > 1, para cada i = 1, · · · , m, usando estemétodo po<strong>de</strong>mos encontrar uma solução particular x i (t) da equaçãoLogoa 2 ẍ + a 1 ẋ + a 0 x = e r it (P i (t) cos q i t + Q i sen q i t) .é solução particular <strong>de</strong> (4.21).Consi<strong>de</strong>remos então a equaçãoy p (t) =m∑x i (t)i=1a 2 ẍ + a 1 ẋ + a 0 x = e rt (P (t) cos qt + Q sen qt) . (4.23)on<strong>de</strong> a 0 , a 1 , a 2 , r e q são constantes reais, a 2 ≠ 0, e P e Q são polinômios.Teorema 4.3.2 Seja n = max{grau P, grau Q}.(a) se r ± iq não é raiz da equação característica (4.22), então a equação(4.23) tem solução particular da formax p (t) = e rt (R n (t) cos qt + S n (t) sen qt)on<strong>de</strong> R n (t) e S n (t) são polinômios <strong>de</strong> grau n.(b) Se r ± iq é raiz <strong>de</strong> multiplicida<strong>de</strong> α <strong>de</strong> (4.22), então a equação (4.23)tem solução particular da formax p (t) = t α e rt (R n (t) cos qt + S n (t) sen qt)German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPon<strong>de</strong> R n (t) e S n (t) são polinômios <strong>de</strong> grau n.109


4 Equações lineares <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>mEm cada caso os coeficientes dos polinômios R n (t) e S n (t) calculam-sesubstituindo x p (t) na equação.Exemplo. Encontremos uma solução particular da equaçãoẍ + 4ẋ + 5x = 2 e 3t .Como r ± iq = 3 não é raiz da equação característicak 2 + 4k + 5 = 0,e o máximo entre os grau dos polinômios P (t) = 2 e Q(t) = 0 é zero, <strong>de</strong>vemosbuscar uma solução particular da formax p (t) = Ae 3t .Para encontrar o valor <strong>de</strong> A calculamosẋ p (t) = 3Ae 3t e ẍ = 9Ae 3t ,e substituindo na equação diferencial obtemosPortantoe nossa solução particular é9Ae 3t + 12Ae 3t + 5Ae 3t = 2e 3t .German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP26Ae 3t = 2e 3t =⇒ A = 113 ,x p (t) = 1 13 e3t .Exemplo. Encontremos uma solução particular <strong>de</strong> equaçãoẍ + 5ẋ + 4x = 3 + 8t 2 + 2 cos 2t.110


4.3 Equação não-homogêneaA equação característica ék 2 + 5k + 4 = 0,cujas raízes são k 1 = −1 e k 2 = −4. Escrevamos a equação na formaL[x](t) = g 1 (t) + g 2 (t),com g 1 (t) = 3 + 8t 2 e g 2 (t) = 2 cos 2t.Para L[x](t) = g 1 (t), temos que r ± iq = 0 não é raiz <strong>de</strong> equaçãocaracterística e o grau <strong>de</strong> P (t) = 3 + 8t 2 é dois, temos solução particularda formax 1 p(t) = A 0 + A 1 t + A 2 t 2 .Para L[x](t) = g 2 (t), temos que r ±iq = ±2i também não é raiz da equaçãocaracterística. Além disso como o máximo entre os graus <strong>de</strong> P (t) = 2 e Q(t) =0 é zero, temos solução particular da formax 2 p(t) = A 3 cos 2t + A 4 sen 2t.Desta forma a equação inicial L[x](t) = g 1 (t) + g 2 (t), tem solução particularda formax p (t) = x 1 p + x 2 p = A 0 + A 1 t + A 2 t 2 + A 3 cos 2t + A 4 sen 2t.Temosẋ p (t) = A 1 + 2A 2 t − 2A 3 sen 2t + 2A 4 sen 2tẍ p (t) = 2A 2 − 4A 3 cos 2t − 4A 4 sen 2t.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP111


4 Equações lineares <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>mAssim,L[x p ](t) = 2A 2 − 4A 3 cos 2t − 4A 4 sen 2t + 5(A 1 + 2A 2 t − 2A 3 sen 2t+ 2A 4 sen 2t) + 4 ( A 0 + A 1 t + A 2 t 2 + A 3 cos 2t + A 4 sen 2t )= (2A 2 + 5A 1 + 4A 0 ) + (10A 2 + 4A 1 )t + 4A 2 t 2 + 10A 4 cos 2t− 10A 3 sen 2t,e comparando comg 1 (t) + g 2 (t) = 3 + 8t 2 + 2 cos 2t,obtemos as equações2A 2 + 5A 1 + 4A 0 = 310A 2 + 4A 1 = 0cujas soluções sãoLogo4A 2 = 810A 4 = 2−10A 3 = 0A 3 = 0, A 4 = 1 5 , A 2 = 2, A 1 = −5, A 0 = 6.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPé a solução particular procurada.x p (t) = 6 − 5t + 2t 2 + 1 sen 2t5Exemplo. Procuremos uma solução particular <strong>de</strong>A equação característica éẍ − ẋ − 6x = e −2t + 2e −3t .k 2 − k − 6 = (k + 2)(k − 3) = 0.112


4.3 Equação não-homogêneaComor = −2 é raiz <strong>de</strong> multiplicida<strong>de</strong> um da equação característica, a equaçãoL[x](t) = e −2t tem solução da formax 1 (t) = A 0 te −2t .Por outro lado r = −3 não é raiz da equação característica, logo L[x](t) = e −3ttem solução da formaSeja entãoDerivando obtemosLogox 2 (t) = A 1 e −3t .x p (t) = A 0 te −2t + A 1 e −3t .ẋ p (t) = A 0 e −2t − 2A 0 te −2t − 3A 1 e −3tẍ p (t) = −4A 0 e −2t + 4A 0 te −2t + 9A 1 e −3tL[x p ](t) = −4A 0 e −2t + 4A 0 te −2t + 9A 1 e −3t − (A 0 e −2t − 2A 0 te −2t − 3A 1 e −3t )− 6(A 0 te −2t + A 1 e −3t )German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP= −5A 0 e −2t + 6A 1 e −3t ,e comparando com e −2t + 2e −3t , obtemosPortantoA 0 = − 1 5e A 1 = 1 3 .x p (t) = − 1 5 te−2t = 1 3 e−3té a solução particular procurada.113


4 Equações lineares <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>m4.4 Aplicações: Vibrações mecânicas e Leis <strong>de</strong> Kepler.4.5 Lista <strong>de</strong> exercícios1. Sabe-se que y = c 1 e x +c 2 e −x é uma família a dois parâmetros <strong>de</strong> soluçõespara y ′′ − y = 0 em R. Encontre um membro <strong>de</strong>ssa família satisfazendoas condições iniciais y(0) = 0, y ′ (0) = 1.2. Encontre dois membros da família <strong>de</strong> soluções para xy ′′ − y ′ = 0, quesatisfaçam as condições iniciais y(0) = 0, y ′ (0) = 0.3. Determine se as funções dadas são linermente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes ou<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes em (−∞, ∞).(a) f1 1 (x) = x, f 2 (x) = x 2 , f 3 (x) = 4x − 3x 2(b) f 1 (x) = 5, f 2 (x) = cos 2 x, 4 sen 2 x(c) f 1 (x) = x, f 1 (x) = x − 1, f 3 (x) = x + 3(d) f 1 (x) = 1 + x, f 2 (x) = x, f 3 (x) = x 24. Mostre, calculando o Wronskiano, que as funções dadas são linearmentein<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes no intervalo indicado.(a) x 1/2 , x 2 ; (0, ∞) (b) 1 + x, x 3 ; (−∞, ∞)(c) sen x, csc x, (0, π)(d) tg x, ctg x; (0, π/2)(e) e x , e −x , e 4x ; (−∞, ∞) (f) x, x ln x, x 2 ln x; (0, ∞)5. Verifique que a função dada a dois parâmetros <strong>de</strong> funções é a soluçãoGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPgeral para a equação diferencial não-homogênea no intervalo indicado.(a) y ′′ − 7y ′ + 10y = 24e x , y = c 1 e 2x + c 2 e 5x + 6e x , (−∞∞)(b) y ′′ − y = sec x, y = c 1 cos x + c 1 sen x + x sen x + cos x ln(cos x),(−π/2, π/2)(c) y ′′ − 4y ′ + 4y = 2e 2x + 4x − 12,y = c 1 e 2x + c 2 xe 2x + x 2 e 2x + x − 2, (−∞, ∞)(d) 2x 2 y ′′ + 5xy ′ + y = x 2 − x, y = c 1 x −1/2 + c 2 x −1 + 1 5 x2 − 1 x, (0, ∞).6114


4.5 Lista <strong>de</strong> exercícios6. Seja y 1 e y 2 duas soluções para a equação diferencial <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>ma 2 (x)y ′′ + a 1 (x)y ′ + a 0 (x)y = 0.(a) Se W = W [y 1 , y 2 ] é o Wronskiano <strong>de</strong> y 1 e y 2 , mostre que(b) Mostre queon<strong>de</strong> c é uma constante.a 2 (x) dWdx + a 1(x)W = 0.W = ce − ∫ [a 1 (x)/a 2 (x)] dx7. Encontre uma segunda solução para cada equação diferencial. Useredução <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m ou a fórmula <strong>de</strong> Abel.(a) y ′′ + 5y ′ = 0; y 1 = 1 (b) y ′′ − y ′ = 0; y 1 = 1(c) y ′′ − 4y ′ + 4y = 0; y 1 = e 2x(e) y ′′ − y = 0; y 1 = cosh x(f) 9y ′′ − 12y ′ + 4y = 0; y 1 = e 2x/3(d) y ′′ + 16y = 0; y 1 = cos 4x(g) x 2 y ′′ − 7xy ′ + 16y = 0; y 1 = x 4(h) (1 − 2x − x 2 )y ′′ + 2(1 + x)y ′ − 2y = 0; y 1 = x + 1.8. Encontre a solução geral para a equação diferencial dada.(a) 4y ′′ + y ′ = 0 (b) y ′′ − 36y = 0(c) y ′′ + 9y = 0 (d) y ′′ + 8y ′ + 16y = 0(e) y ′′ 3y ′ − 5y = 0 (f) 12y ′′ − 5y ′ − 2y = 0(g) 3y ′′ + 2y ′ + y = 0 (h) 8y ′′ + 2y ′ − y = 0(i) 2y ′′ − 3y ′ + 4y = 09. Resolva a equação diferencial dada sujeita às condições iniciais indicadas(a) y ′′ + 16y = 0, y(0) = 2, y ′ (0) = −2(b) y ′′ + 6y ′ + 5y = 0, y(0) = 0, y ′ (0) = 3(c) 2y ′′ − 2y ′ + y = 0, y(0) = −1, y ′ (0) = 0German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP115


4 Equações lineares <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>m(d) y ′′ + y ′ + 2y = 0, y(0) = y ′ (0) = 0(e) y ′′ − 3y ′ + 2y = 0, y(1) = 0, y ′ (1) = 1.10. Resolva a equação diferencial dada pelo método dos coeficientesin<strong>de</strong>terminados(a) y ′′ + 3y ′ + 2y = 6 (b) y ′′ − 10y ′ + 25y = 30x + 3(c) 1 4 y′′ + y ′ + y = x 2 − 2x(e) y ′′ − y ′ = −3(d) y ′′ + 3y = −48x 2 e 3x(f) y ′′ − y ′ + 1 4 y = 3 + ex/2(g) y ′′ + 4y = 3 sen 2x (h) y ′′ + y = 2x sen x.11. Resolva a equação diferencial dada sujeita às condições iniciais indicadas.(a) y ′′ + 4y = −2, y(π/8) = 1/2, y ′ (π/8) = 2(b) 5y ′′ + y ′ = −6x, y(0) = 0, y ′ (0) = 1(c) y ′′ + 4y ′ + 5y = 35e −4x , y(0) = −3, y ′ (0) = 1(d) d2 xdt + 2 ω2 x = F 0 sen ωt, x(0) = x ′ (0) = 0(e) y ′′ + y = cos x − sen x, y(π/2) = y ′ (π/2) = 0.12. Resolva cada equação diferencial pelo método da variação dosparâmetros. Defina um intervalo no qual a solução geral seja válida.(a) y ′′ + y = sec x(b) y ′′ + y = sen x(c) y ′′ + y = cos 2 x(d) y ′′ − y = cosh x(e) y ′′ + 3y ′ + 2y = 11 + e x (f) y ′′ − 2y ′ + y = e −x ln xGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP13. Resolva a equação diferencial pelo método da variação dos parâmetros,sujeita à condição inicial y(0) = 1, y ′ (0) = 0.(a) 4y ′′ − y = xe x/2(b) y ′′ + 2y ′ − 8y = 2e −2x − e −x(c) 2y ′′ + y ′ − y = x + 1(d) y ′′ − 4y ′ + 4y = e 2x (12x 2 − 6x).116


4.5 Lista <strong>de</strong> exercícios14. Encontre a solução geral da equação diferenciald 2 ydx + x dy2 1 − x dx − 11 − x y = 1 − xsabendo que uma solução da equação homogênea é y 1 (x) = e x .15. Resolver as seguintes equações <strong>de</strong> Euler.(a) x 2 d2 ydx + 3xdy2 dx + y = 0 (b) x2 y ′′ − xy ′ − 3y = 0(c) x 2 y ′′ + xy ′ + 4y = 0 (d) y ′′ + y′x = y x = 0 2(e) x 2 y ′′ − 4xy ′ + 6y = 0(f) y ′′ = 2yx . 216. Sabendo-se que as funções t −1/2 sen t e t −1/2 cos t são soluções linearmentein<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da equação t 2 ẍ + tẋ + (t 2 − 1 )x = 0, t > 0, encontre a4solução geral <strong>de</strong>t 2 ẍ + tẋ + (t 2 − 1 4 )x = 3t3/2 sen t.17. Determine duas soluções linearmente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> t 2 ẍ − 2x = 0 daforma x = t r . Usando essas duas soluções, <strong>de</strong>termine a solução geral <strong>de</strong>t 2 ẍ − 2x = t 2 .18. Uma solução da equação ẍ + p(t)ẋ + q(t)x = 0 é (1 + t) 2 , e o Wronskiano<strong>de</strong> duas soluções quaisquer, <strong>de</strong>sta equação, é constante.Determine aGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPsolução geral <strong>de</strong>ẍ + p(t)ẋ + q(t)x = 1 + t.117


German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP


Capítulo5Sistemas lineares bidimensionaisUm sistema bidimensional <strong>de</strong> equações diferenciais <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m é umsistema <strong>de</strong> equações da seguinte forma⎧⎪⎨dx= f(t, x, y)dtdy(5.1)⎪⎩dt = g(t, x, y).Nesse sistema, t é a variável in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, x = x(t) e y = y(t) são as funçõesprocuradas (incógnitas), e f, g : Ω ⊂ R 3 → R.Vários mo<strong>de</strong>los aparecem nessa forma. Por exemplo, x e y po<strong>de</strong>m indicara população <strong>de</strong> duas espécies que interagem entre si, com f e g indicandoGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPa influência <strong>de</strong>ssa interação na taxa <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> cada população. Asespécies po<strong>de</strong>m estar em competição por um mesmo alimento, em simbiose,ou uma é presa e a outra, o predador.particular para f e g.Em cada caso, teremos uma formaVamos consi<strong>de</strong>rar, inicialmente, sistemas bidimensionais no caso particular<strong>de</strong> funções lineares em x e y, ou seja, para cada t, essas funções lineares em xe y. Assim, f e g tem a formaf(t, x, y) = a(t)x + b(t)y + e(t),g(t, x, y) = c(t)x + d(t)y + h(t).119


5 Sistemas lineares bidimensionaisDessa forma, temos os sistemas lineares:⎧⎪⎨dx= a(t)x + b(t)y + e(t)dtdy ⎪⎩ = c(t)x + d(t)y + h(t).dtNo caso em que e(t) = 0 e h(t) = 0, temos os chamados sistemas lineareshomogêneos:⎧⎪⎨ dx= a(t)x + b(t)ydt⎪dy⎩ = c(t)x + d(t)y.dtSe a(t) = a, b(t) = b e c(t) = c e d(t) = d, temos os chamados sistemas linearescom coeficientes constantes:⎧⎪⎨dx= ax + by + e(t)dtdy ⎪⎩ = cx + dy + h(t).dtCaso os termos não-homogêneos e(t) e h(t) variem com t, o sistema é nãoautônomo.No caso <strong>de</strong>sses coeficientes não <strong>de</strong>pem<strong>de</strong>rem <strong>de</strong> t, temos os sistemaslineares autônomos não homogêneos:⎧⎪⎨dx= ax + by + edtdy ⎪⎩ = cx + dy + h.dtGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPFinalmente, temos os sistemas lineares autônomos homogêneos, tambémchamados sistemas lineares homogêneos com coeficientes constantes:⎧⎪⎨dx= ax + bydtdy ⎪⎩ = cx + dy.dtVamos tratar a seguir este último caso.120


5.2 Retrato <strong>de</strong> fase5.1 Introdução à teoria geométricaA teoria qualitativa(geométrica) que fizemos para equações <strong>de</strong> primeiraor<strong>de</strong>m po<strong>de</strong> ser estendida a sistemas <strong>de</strong> equações. Po<strong>de</strong>mos assim,construir um diagrama(retrato) <strong>de</strong> fase,indicando o comportamento qualitativa das soluções.lineares, conceitos <strong>de</strong>fundamentais.nesse caso um plano <strong>de</strong> fase,No caso <strong>de</strong> equaçõesÁlgebra Linear como autovetores e autovalores serãoPrimeiro, observe que sistemas da formapo<strong>de</strong>m ser escritos em forma vetorialon<strong>de</strong>⎧⎪⎨dx= ax + bydtdy(5.2)⎪⎩dt = cx + dy.du= Au, (5.3)dt( ) (xau = , A =yc)b.dPo<strong>de</strong>mos, assim, fazer uma analogia com o caso escalar. No caso <strong>de</strong> umaequação escalar dxdt = ax, a solução geral é x = Ceat . No caso vetorial, somostentados a escreveru(t) = e At C,on<strong>de</strong> C =( )C 1C 2é um vetor <strong>de</strong> “constantes <strong>de</strong> integração”. Veremos comofazer isso rigorosamente mais adiante. Primeiro, vamos resolver as equaçõesGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP<strong>de</strong> uma forma mais simples e estudar os retratos <strong>de</strong> fase.5.2 Retrato <strong>de</strong> faseDefinição 5.2.1 Os pontos on<strong>de</strong> a expressão à direita do sinal <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong>na equação (5.1) são iguais a zero, são chamados <strong>de</strong> pontos críticos, ou <strong>de</strong>equilíbrio. Tais pontos correspon<strong>de</strong>m a soluções constantes.121


5 Sistemas lineares bidimensionaisPara o sistema (5.3), os pontos on<strong>de</strong> Au = 0 correspon<strong>de</strong>m a soluções <strong>de</strong>equilíbrio (constantes) e também chamados pontos críticos. Vamos supor queA é invertível, <strong>de</strong> modo que <strong>de</strong>t A ≠ 0. Então, x = 0 = (0, 0) é o único ponto<strong>de</strong> equilíbrio para o sistema (5.3).Definição 5.2.2 Uma trajetória(ou solução) do sistema (5.2) é uma curvaα : R → R 2 <strong>de</strong>finida por t → α(t) = (x(t), y(t)) que satisfaça (5.2).Uma órbita do sistema(5.2) é a imagem <strong>de</strong> uma trajetória e a<strong>de</strong>notaremos por γ, isto é, γ = {(x(t), y(t)) : t ∈ R}. Nesse caso, as órbitassão curvas no plano xy. A forma <strong>de</strong>ssas curvas indica o comportamento <strong>de</strong>cada trajetória.O retrato <strong>de</strong> fase do sistema (5.2) é o conjunto <strong>de</strong> órbitas do sistema, coma indicação do sentido <strong>de</strong> cada órbita em relação ao sentido <strong>de</strong> crescimentoda variável temporal t. O retrato <strong>de</strong> fase indica o comportamento <strong>de</strong> todas astrajetórias possíveis.Para ilustrar a representação <strong>de</strong> órbitas no retrato <strong>de</strong> fase, consi<strong>de</strong>re osistema massa-mola sem amortecimentom d2 x+ kx = 0.dt2 Vimos que a solução geral neste caso tem a formax(t) = C 1 cos(t √ k/m) + C 2 sen(t √ k/m).German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPIsso nos dá a posição do sistema massa-mola em relação à posição <strong>de</strong> equilíbrio,mostrando que o sistema oscila in<strong>de</strong>finidamente. Introduzindo a velocida<strong>de</strong>como uma nova variável, po<strong>de</strong>mos reescrever essa equação como um sistema<strong>de</strong> equações <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m, ou seja,⎧dx⎪⎨ dt = ydy ⎪⎩dt = − k m x.122


5.2 Retrato <strong>de</strong> faseComo y(t) é a <strong>de</strong>rivada temporal <strong>de</strong> x(t), po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>duzir, da solução geralpara x(t), quey(t) = −C 1√k/m sen(t√k/m) + C2√k/m cos(t√k/m).Tanto x(t) e y(t) são funções priódicas. O retrato <strong>de</strong> fase natural para o sistemaé o plano xy, pois, em um certo instante, o conhecimento <strong>de</strong> apenas uma dasvariáveis não <strong>de</strong>termina a solução. Ou seja, não basta sabermos a posição dopêndulo em um certo instante para <strong>de</strong>terminarmos o comportamento futurodo pêndulo, é necessário conhecermos, também, a velocida<strong>de</strong> instantânea dopêndulo naquela instante. Nesse plano xy, o comportamento é dado pela curva(x(t), y(t)).Consi<strong>de</strong>remos a equação matricialdx= A(t)x + b(t) (5.4)dton<strong>de</strong> A = (a ij (t)) é a matriz <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m n × n cujos elementos a ij (t) sãofunções contínuas e b(t) = (b i (t)) é o vetor coluna cujos elementos b i (t) sãofunções contínuas também.sobre existência e unicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> solução.Para a equação (5.4) vale o seguinte resultadoTeorema 5.2.1 Para todo (t 0 , x 0 ) ∈ I ×Ω ⊂ R×R n existe uma única soluçãoϕ(t) = ϕ(t, t 0 , x 0 ) <strong>de</strong> (5.4) <strong>de</strong>finida em I tal que ϕ(t 0 ) = x 0 .Corolário 5.2.1 Sejam ϕ, ψ soluções da equação homogêneaGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPẋ = A(t)x. (5.5)(a) Se a, b são constantes arbitrárias, reais ou complexas, então γ = aϕ +bψé solução <strong>de</strong> (5.5).(b) Se ϕ(s) = 0 para algum s ∈ I então ϕ(t) = 0, ∀t ∈ I.Consi<strong>de</strong>remos o espaço C := C(I, R n ) = {ϕ : I → R n : ϕ é contínua }. Cé um espaço vetorial munido das operações <strong>de</strong> soma <strong>de</strong> funções e produto <strong>de</strong>uma constante, real ou complexa conforme for o caso, por uma função.123


5 Sistemas lineares bidimensionaisObservemos o seguinte:(i) O Corolário 5.2.1, parte (a) mostra que o conjunto A := {ϕ ∈ C :ϕ é solução <strong>de</strong> (5.5)} é um subespaço vetorial <strong>de</strong> C sobre os reais oucomplexos conforme o caso).(ii) Seja s ∈ I. Definamos a aplicação E s : A → R n <strong>de</strong>finida por E s (ϕ) =ϕ(s). É óbvio que E s é uma aplicação linear. Ela é sobrejetiva peloTeorema 5.2.1, pois E s (ϕ(t, s, x 0 )) = x 0 para qualquer x 0 ∈ R n . PeloCorolário 5.2.1, parte (b), implica que o ker(E s ) = {0}, portanto, ela éinjetiva. Logo E s é um isomorfismo.Em particular, dim A = dim R n = n.Resumindo estas proprieda<strong>de</strong>s temos:Proposição 5.2.1 O conjunto A <strong>de</strong> todas as soluções <strong>de</strong> (5.5) é um espaçovetorial <strong>de</strong> dimensão n.Mais ainda, para cada s ∈ I, a aplicação que ax 0 ∈ R n associa a solução ϕ(t, s, x 0 ), que passa por (s, x 0 ) é um isomorfismo<strong>de</strong> R n sobre A.Em particular, se v 1 , v 2 , · · · , v n formam uma base <strong>de</strong> R n , então ϕ 1 =ϕ(t, s, v 1 ), ϕ 2 = ϕ(t, s, v 2 ), · · · , ϕ n = ϕ(t, s, v n ) formam uma base <strong>de</strong> A, isto é,toda solução <strong>de</strong> (5.5) se exprime como combinação linear única <strong>de</strong> ϕ 1 , · · · , ϕ n ,com coeficientes reais ou complexos, segundo o caso.COLOCAR o Teste da in<strong>de</strong>pendência linearcomo também a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> matriz solução <strong>de</strong>ẋ(t) = A(t)x.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPDefinição 5.2.3 (Matriz fundamental) Uma matriz φ(t) <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m n × ncujas colunas formam uma base do espaço <strong>de</strong> soluções <strong>de</strong> (5.5) chama-se matrizfundamental <strong>de</strong> (5.5).O seguinte teorema mostra que o conhecimento <strong>de</strong> uma matriz fundamental<strong>de</strong> (5.5) implica no conhecimento da “solução geral” <strong>de</strong> (5.4).124


5.2 Retrato <strong>de</strong> faseTeorema 5.2.2 Se φ(t) é uma matriz fundamental <strong>de</strong> (5.5), então a soluçãoϕ(t, t 0 , x 0 ) <strong>de</strong> (5.4) tal que ϕ(t 0 , t 0 , x 0 ) = x 0 é dada por[ϕ(t, t 0 , x 0 ) = φ(t) φ −1 (t 0 )x 0 +]φ −1 (s)b(s)ds . (5.6)t 0Em particular, ϕ(t, t 0 , x 0 ) = φ(t)φ −1 (t 0 )x 0 , no caso homogêneo.Demonstração. Imediata por substituição direta em (5.4). Vamos indicaro processo heurístico que motiva a fórmula (5.6), chamada na terminologiaclássica “fórmula <strong>de</strong> variação das constantes”.Assim,∫ tSeja C(t) tal que ϕ(t) = ϕ(t, t 0 , x 0 ) = φ(t)C(t). Então,A(t)ϕ(t) + b(t) = ϕ ′ (t) = φ ′ (t)C(t) + φ(t)C ′ (t)e como C(t 0 ) = φ −1 (t 0 )x 0 , temos= A(t)φ(t)C(t) + φ(t)C ′ (t) = A(t)ϕ(t) + φ(t)C ′ (t).C ′ (t) = φ −1 (t)b(t)C(t) = φ −1 (t 0 )x 0 +∫ tt 0φ −1 (s)b(s)ds.Proposição 5.2.2 (Fórmula <strong>de</strong> Liouville) Seja φ(t) uma matriz cujascolunas são soluções <strong>de</strong> (5.5). Então para todo t ∈ I e t 0 ∈ fixo,<strong>de</strong>t φ(t) = <strong>de</strong>t φ(t 0 ) e ∫ traçoA(s)dsGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP∑on<strong>de</strong> traço A = n a ii , se A = (a ij ).i=1Consi<strong>de</strong>remos agora a equação linear homogênea com coeficientesconstanteson<strong>de</strong> A é uma matrix <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m n × n real ou complexa.ẋ = Ax (5.7)Seja φ(t) a matriz fundamental <strong>de</strong> (5.7) tal que φ(0) = I (i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>). Éclaro, pelo Teorema 5.2.1 que φ esta <strong>de</strong>finida para todo t ∈ R.125


5 Sistemas lineares bidimensionaisNo caso n = 1, A = a ∈ R ou C, e temos φ(t) = e at .Na seguinteproposição mostraremos que a aplicação t → φ(t) tem proprieda<strong>de</strong>s análogasà função exponencial. Isto motivará a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> exponencial <strong>de</strong> matrizes.Proposição 5.2.3 Seja φ(t) a fundamental <strong>de</strong> (5.7).(a) φ ′ (t) = Aφ(t), φ(0) = I(b) para todo t, s ∈ R, φ(t + s) = φ(t)φ(s)(c) [φ(t)] −1 = φ(−t)(d) a série∞∑ t k A kk=0converge para φ(t) em R, uniformemente em cada intervalo compacto.Definição 5.2.4 A matriz e Amatriz A, isto ék!(5.8)<strong>de</strong>finida por φ(1) chama-se exponencial dae A := φ(1) =∞∑k=0Reescrevendo a proposição (5.2.3) temos que(a) <strong>de</strong>Atdt= Ae At , e 0A = I(b) e A(t+s) = e At e As(c) (e At ) −1 = e −At(d) e At =compacto.A kk! .German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP∞∑ t k A kk=0Proposição 5.2.4k!sendo a convergência da série em cada intervalo(a) Sejam B, C e C matrizes <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m n × n tal queBC = CA. Então e Bt C = Ce At .(b) Se AB = BA, então para todo te At B = Be At e e At e Bt = e (A+B)t .126


5.2 Retrato <strong>de</strong> faseVejamos alguns exemplos:Exemplo 1. Dado um sistema linear homogêneo (5.7) suponhamos que A sejauma matriz diagonalizável. Existe então uma matriz P não-singular tal queP −1 AP é uma matriz diagonal D, digamos⎛⎞λ 1 0 · · · 00 λD =2 · · · 0⎜ .⎝ . . .. ⎟. ⎠ = diag(λ j).0 0 · · · λ nAssim po<strong>de</strong>mos utilizar P para gerar uma mudança linear <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadasem R n(x = P y) e re-escrever (5.7) sob a forma equivalente ẏ = Dy ouainda sob a forma <strong>de</strong> n equações ẏ j = λ j y j . Cada uma <strong>de</strong>stas equações temsolução da forma exponencial y j = y j (0)e λ jt . Po<strong>de</strong>mos obter então a matrizfundamental para (5.7) tomando-se a matriz e Dt = diag(e λjt ). Observamosque e at = ∑ ∞ 1j=0j! tj a j , <strong>de</strong> modo que e Dt = ∑ ∞ 1j=0j! tj D j . Esta série em geralconverge, para a solução da equação linear homogênea (5.7), mesmo no casoem que A não seja diagonalizável.Usando o item (a) da Proposição 5.2.4 temos que y = e Dt y 0 = P −1 e At P y 0e x = P y = P e Dt P −1 x 0 .Exemplo 2. Se A é uma matriz nilpotente, isto é, existe um número inteiropositivo r tal que A r = 0, entãoe At = I + At + · · · + Ar−1 t r−1(r − 1)! .German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPUm exemplo <strong>de</strong> matriz nilpotente é a seguinte⎛⎞0 1 0 · · · 00 0 1 · · · 0E 1 =0 0 0 · · · 0.⎜ . ⎝.. . . . 1⎟⎠0 0 0 · · · 0Isto é, E 1 é uma matriz <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m n × n, com todos seus elementos da forma127


5 Sistemas lineares bidimensionaisa i i+1 igual a 1, isto é, um lugar à direita da diagonal principal, iguais a 1 eo resto dos elementos iguais a 0. E 1 é nilpotente, pois E1k é a matriz cujoselementos à direita da diagonal principal são igual a 1 e os restantes elementossão iguais a zero. Logo E n 1 = 0. Em particularou mais equivalentemente1 t n−1e E1t = I + E 1 t + · · · + En−1(n − 1)!⎛t 21 t · · ·2! 3! (n − 1)!t 2 t (n−2)0 1 t · · ·e E1t =2! (n − 2)!. . . . . .. .⎜⎝0 0 0 · · · 1 t⎟⎠0 0 0 0 · · · 1t 3t (n−1)Lema 5.2.1 Seja A uma matriz complexa (respectivamente, real). Se λ é umvalor próprio complexo (respectivamente, valor próprio real) <strong>de</strong> A e v é vetorpróprio correspon<strong>de</strong>nte, então ϕ(t) = e λt v é uma solução da equação complexa(respectivamente, real) (5.7).Demonstração. Se Av = λv. Logo ϕ ′ (t) = λe λt v = A(e λt v) = Aϕ(t).Proposição 5.2.5 Se a matriz complexa (respectivamente, real) A <strong>de</strong> or<strong>de</strong>mn × n tem valores próprios complexos (respectivamente, reais) λ 1 , λ 2 , · · · , λ ne v 1 , v 2 , · · · , v n são vetores próprios (Av i = λ i v i ) linearmente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes,German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPentão a matriz V (t), cuja i-ésima, i = 1, 2, · · · , n coluna é ϕ i (t) = v i e λ it , éuma matriz fundamental <strong>de</strong> (5.7). Em particulare At = V (t)V −1 (0).Demonstração. Obvia a partir do Lema 5.2.1 e da in<strong>de</strong>pendência linear dosv i = ϕ i (0). A ultima parte segue da unicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> X ′ = AX, X(0) =I.⎞128


5.2 Retrato <strong>de</strong> faseObservação.Sejam A uma matriz real, λ = α + iβ um valor próprio ev = v 1 + iv 2 um vetor próprio <strong>de</strong> A correspon<strong>de</strong>nte a λ. Então, ¯v = v 1 − iv 2 éum vetor próprio correspon<strong>de</strong>nte a ¯λ = α − iβ. Pois ¯λ¯v = Av = A¯v, por A serreal.Pela proposição 5.2.5, ϕ(t) = e λt v e ¯ϕ(t) = e¯λt¯v são soluções linearmentein<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da equação (5.7), com A consi<strong>de</strong>rada complexa. Logo,ϕ 1 (t) = 1 2 [ϕ(t) + ¯ϕ(t)] e ϕ 2(t) = 1 [ϕ(t) − ¯ϕ(t)]2isão soluções reais <strong>de</strong> (5.7), com ϕ 1 (0) = v 1 , ϕ 2 (0) = v 2 , como equação real.Por serem v 1 , v 2 linearmente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes segue-se que estas soluções sãolinearmente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Os vetores v 1 e v 2 são linearmente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes,pois caso contrário teríamos v 2 = cv 1 , don<strong>de</strong> v = (1 + ic)v 1 e ¯v = (1 − ic)v 1resultariam linearmente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes en C n .Por exemplo, se A é 2 × 2 temos queϕ 1 (t) = e αt [cos βtv 1 − sen βtv 2 ] = Re ϕ(t)ϕ 2 (t) = e αt [sen βtv 1 + cos βtv 2 ] = Im ϕ(t),é uma base <strong>de</strong> soluções <strong>de</strong> (5.7), on<strong>de</strong> v 1 + iv 2 é vetor próprio associado aλ = α + iβ.5.2.1 Poços, Selas e CentrosAgora voltamos aos sistemas bidimensionais (5.2) com a, b, c e d números reaise ad − cb ≠ 0. Ou equivalentemente equações homogêneas do tipo (5.3) com<strong>de</strong>t A ≠ 0.German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPSegundo o Lema (5.2.1) para resolver o sistema <strong>de</strong> equações diferenciais(5.3), precisamos resolver o sistema <strong>de</strong> equações algébricas Av = λv ou(A − λI)v = 0, (5.9)on<strong>de</strong> I é matriz i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m 2×2. Este último problema é precisamenteo que <strong>de</strong>termina os autovalores e autovetores da matriz A. Portanto o vetorϕ(t) = e λt v é uma solução da (5.3) <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que λ seja um autovalor e v seja um129


5 Sistemas lineares bidimensionaisautovetor associado da matriz A.Para que a equação (5.9) tenha solução v ≠ 0, a matriz A − λI não po<strong>de</strong>ser invertível. Logo, <strong>de</strong>vemos ter<strong>de</strong>t(A − λI) = 0. (5.10)Observamos que a expressão <strong>de</strong>t(A − λI) é um polinômio <strong>de</strong> grau 2 (n) emλ (se A é <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m n × n), chamado polinômio caracteístico <strong>de</strong> A. Assim,a equação <strong>de</strong>t(A − λI) = 0, possui 2 (n) raízes λ 1 , λ 2 (λ 1 , · · · , λ n ) que po<strong>de</strong>mser reais ou complexas e algumas po<strong>de</strong>m ter multiplicida<strong>de</strong> maior do que um.Como em nosso caso A é uma matriz 2 × 2 o polinômio característico <strong>de</strong> Aé dado porDistinguimos os seguintes casos:λ 2 − (a + d)λ + (ad − cb) = 0.(a) Os valores próprios λ 1 , λ 2 <strong>de</strong> A são reais e distintos, isto R ∋ λ 1 , λ 2 eλ 1 ≠ λ 2 .(b) Os valores próprios reais e iguais, isto R ∋ λ 1 , λ 2 e λ 1 = λ 2 .(c) Os valores próprios são complexos conjugados, isto C ∋ λ 1 , λ 2 e λ 1 =Caso (a).α + iβ, λ 2 = ¯λ 1 = α − iβ com β ≠ 0.Sejam v 1 , v 2 vetores próprios correspon<strong>de</strong>ntes aos valores próprios λ 1 , λ 2 .Denotemos por E 1 , E 2 as linha geradas por estes vetores. A proposição 5.2.5garante que toda solução <strong>de</strong> (5.3) (isto é, a trajetória <strong>de</strong> A) po<strong>de</strong> ser escritana formaGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPCaso (a 1 ). λ 2 < λ 1 < 0, nó atratorϕ(t) = c 1 e λ 1t v 1 + c 2 e λ 2t v 2 .Toda trajetória ten<strong>de</strong> a 0, quando t → +∞, exceto a origem que permanecefixa, toda trajetória ten<strong>de</strong> a ∞, quando t → −∞. Se c 1 ≠ 0, a reta tangenteà trajetória ten<strong>de</strong> à linha E 1 , quando t → +∞.De fato, se t → +∞, c 2e λ 2tc 1 e λ 1t = c 2c 1e (λ 2−λ 1 )t → 0, pois λ 2 − λ 1 < 0. Se c 1 = 0,as soluções são semiretas <strong>de</strong> E 2 .130


5.2 Retrato <strong>de</strong> faseCaso (a 2 ). λ 2 > λ 1 > 0, nó instável(fonte)Discusão similar ao caso anterior, mudando o sentido das setas.Caso (a 3 ). λ 2 > 0 > λ 1 , selaAs trajétorias que passam por pontos <strong>de</strong> E 1 (c 2 = 0) (ou <strong>de</strong> E 2 (c 1 = 0))permanecem nesta linha e ten<strong>de</strong>m para 0, quando t → +∞ (ou t →−∞). Se c 1 , c 2 ≠ 0, as soluções ten<strong>de</strong>m para ∞, quando t → ±∞. Acomponente segundo E 1 (respectivamente, E 2 ) ten<strong>de</strong> a 0 (respectivamente,∞), quando t → +∞, a componente segundo E 2 (respectivamente, E 1 ) ten<strong>de</strong>a 0 (respectivamente, ∞).Caso (b). λ 1 = λ 2 = λ, nó impróprioDistinguimos dois casos:Caso (b 1 ).Núcleo <strong>de</strong> A − λI é bidimensional.Em outras palavras, λ tem vetorespróprios v 1 , v 2 linearmente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Pela proposição 5.2.5 toda solução<strong>de</strong> (5.3) po<strong>de</strong> ser escrita na formaϕ(t) = e λt (c 1 v 1 + c 2 v 2 ).Todas as órbitas, exceto a solução nula, são semiretas.Caso (b 2 ).Núcleo <strong>de</strong> A − λI = E 1 é unidimensional. Seja v um gerador <strong>de</strong> E 1 e wum vetor não colinear com v. Rever isto, ver as as <strong>notas</strong>feitas a mao A matriz do operador x → Ax na base {v, w} é da formaGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP( )λ α, α ≠ 0,0 µpois Av = λv, Aw = µw + αv. Os valores próprios <strong>de</strong>sta matriz são λ e µ.Logo, λ = µ. Definindo v 1 = αv e v 2 = w, temosAv 1 = λv 1 , Av 2 = λv 2 + v 1 .Usando estas proprieda<strong>de</strong>s da base {v 1 , v 2 }, verifica-se, por substituição direta,131


5 Sistemas lineares bidimensionaisqueϕ(t) = e λt [(c 1 + tc 2 )v 1 + c 2 v 2 ]é a solução <strong>de</strong> (5.3) por ϕ(0) = c 1 v 1 + c 2 v 2 .As órbitas que passam por E 1 (c 2 = 0), exceto a origem que é ponto fixo,são semiretas. Para outra órbitas, (c 2 ≠ 0) a sua reta tangente ten<strong>de</strong> a E 1 ,quando t → ±∞, poisc 2 e λt(c 1 + tc 2 )e = 1λt c 1+ t → 0.c 2Se λ < 0 (respectivamente, λ > 0), toda trajetória ten<strong>de</strong> a 0, quandot → +∞ (respectivamente, −∞).Caso (c).Da observação da seção anterior segue que toda solução <strong>de</strong> (5.3) po<strong>de</strong> serescrita na forma ϕ(t) = c 1 ϕ 1 (t) + c 2 ϕ 2 (t), on<strong>de</strong>ϕ 1 (t) = e αt [cos βtv 1 − sen βtv 2 ] ϕ 1 (t) = e αt [sen βtv 1 + cos βtv 2 ] .Fazendo, c 1 = ρ cos w, c 2 = ρ sen w. Temosϕ(t) = e αt ρ [(cos w cos βt + sen w sen βt)v 1 + (sen w cos βt − cos w sen βt)v 2 ]= e αt ρ [cos(w − βt)v 1 + sen(w − βt)v 2 ] .Caso (c 1 ). α = 0, centroGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPTodas as oluções, exceto a solução nula são elipses.Caso (c 2 ). α < 0, foco atratorToda solução ten<strong>de</strong> para origem espiralando en torno da origem quandot → +∞. Isto é, |ϕ(t)| → 0 e w − βt, ângulo entre ϕ(t) e E 1 , ten<strong>de</strong> para +∞ou −∞, segundo β seja negativo ou positivo.Caso (c 3 ). α > 0, foco instávelToda solução ten<strong>de</strong> para 0 espiralando em torno da origem, quando t →−∞.132


5.2 Retrato <strong>de</strong> faseExemplo 1. Consi<strong>de</strong>re o sistema( )1 1ẋ = x. (5.11)4 1Determine o comportamento qualitativo das soluções. Depois encontre asolução geral e <strong>de</strong>senhe diversas trajetórias.Para encontrar explicitamente soluções, vamos supor que x(t) = e λt v esubstituir na equação (5.11). Isto nos leva as sistema <strong>de</strong> equações algébricas() ( ) ( )1 − λ 1 v 1 0= . (5.12)4 1 − λ v 2 0A equação (5.12) tem uma solução não-trivial se, e somente se, o <strong>de</strong>terminanteda matriz <strong>de</strong> coeficientes é zero.encontrados pela equação1 − λ 1∣ 4 1 − λ∣ = (1 − λ)2 − 4Logo os valores permitidos para λ são= λ 2 − 2λ − 3 = 0.(5.13)A equação (5.13) tem raízes λ 1 = 3 e λ 2 = −1, esses são autovalores da matriz<strong>de</strong> coeficientes na equação (5.11). Se λ = 3, o sistema (5.12) se reduz a umaúnica equação− 2v 1 + v 2 = 0. (5.14)German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRPLogo, v 2 = 2v 1 e o autovetor correspon<strong>de</strong>nte a λ 1 po<strong>de</strong> ser escolhido como( )v 1 =12. (5.15)Analogamente, o correspon<strong>de</strong>ndo a λ 2 = −1, encontramos que v 2 = −2v 1 , <strong>de</strong>modo que o autovetor é( )v 2 1= . (5.16)−2133


5 Sistemas lineares bidimensionaisAs soluções correspon<strong>de</strong>ntes da equação diferencial saão( )( )x 1 (t) =1e 3t , x 2 1(t) =2−2e −t . (5.17)O wronskiano <strong>de</strong>ssas soluções éW [x 1 , x 2 e 3t](t) =∣2e ∣e −t ∣∣∣∣= −4e 2t ,−2e −t (5.18)que nunca se anula. Portanto, as soluções x 1 (t) e x 2 (t) formam um conjuntofundamental <strong>de</strong> soluções e a solução geral do sistema (5.11) éon<strong>de</strong> c 1 e c 2 são constantes arbitrárias.x = c 1 x 1 (t) + c 2 x 2 (t)( ) ( )1= c 1 e 3t 1+ c 2 e −t ,2−2(5.19)German Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP134


Capítulo6Sistemas não-lineares bidimensionais6.1 Pontos críticos e órbitas periódicas6.2 Teorema <strong>de</strong> Poincaré-Bendixon6.3 Competição entre duas espécies6.4 Predador-presa6.5 Epi<strong>de</strong>miasGerman Lozada CruzMatemática-IBILCEIBILCE-SJRP135


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