A transição do trabalho escravo ao trabalho livre ... - Diversitas - USP
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Diadema nasceu no Grande ABC: História Retrospectiva da Cidade VermelhaOs <strong>escravo</strong>s da fazenda São CaetanQ e São Bernar<strong>do</strong> viveram sob a pressãomoral de uma escravidão junto à igreja, cobrin<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o calendáriolitúrgico, poden<strong>do</strong> ter realizadas proclamas e editais de seus casamentos efeitos seus sepultamentos, muitas vezes, dentro da própria capela. Wanderley<strong>do</strong> Santos coloca que, embora o negro que viveu nas senzalas de São Bentotenha se solidariza<strong>do</strong> o quanto pode, teve de viver constantemente sobre apersistente tentativa de eliminação de seus valores, passan<strong>do</strong> a sobrevivercomo outros tantos, em condição inferior, mesmo após sua libertação.De qualquer maneira, com essa rebeldia <strong>do</strong>s <strong>escravo</strong>s da fazenda SãoCaetano, que não se submetiam a esse novo arranjo da ordem, os beneditinosforam toman<strong>do</strong>, nos seguintes anos, atitudes de reordenação possível, peranteseus trabalha<strong>do</strong>res, anteven<strong>do</strong> o enfraquecimento da própria escravidão.Após a rebelião <strong>do</strong>s <strong>escravo</strong>s das olarias da fazenda São Caetano, aOrdem de São Bento decide libertar todas as escravas com mais de 5 filhos;mais tarde, todas as crianças que nascessem a partir daquela data, sen<strong>do</strong> quetodas as fazendas beneditinas no Brasil libertaram seus <strong>escravo</strong>s em 1871,muito antes da Lei Aurea.88 "Neste ano, então, os <strong>escravo</strong>s revoltam-se por que queriam apenastrabalhar na roça. Veio um monge <strong>do</strong> Rio de Janeiro, professor <strong>do</strong>colégio D. Pedro 11 e fez uma inspeção onde concluiu que não podemais haver escravidão quan<strong>do</strong> o indivíduo começa a afirmar quenão vai trabalhar mais como <strong>escravo</strong>. Era necessário reprimir a revolt<strong>ao</strong>u acabar com a escravidão."4José de Souza Martins cita como os beneditinos criaram nestas fazendasuma sociedade de três ordens: a <strong>do</strong>s monges, <strong>do</strong>s negros <strong>escravo</strong>s e umaterceira <strong>do</strong>s bastar<strong>do</strong>s, índios, mestiços, sedimentadas em relações cheias decontradições e peculiaridades para a época. Tal particularidade não foi afetada,de imediato, com o início da vinda <strong>do</strong>s estrangeiros, no relacionamentocom alguns <strong>do</strong>s serviçais negros ou mulatos. Porém, a medida que asabadias voltaram progressivamente à vivência monástica, foi desaparecen<strong>do</strong>essa figura <strong>do</strong> ex-<strong>escravo</strong>.A implantação <strong>do</strong>s Núcleos Coloniais em São Caetano e São Bernar<strong>do</strong>,em 1877 inibiria, mais uma vez a escravidão, pois em tais núcleos_ficavaproibida a escravidão. Os núcleos abrangeriam as duas antigas fazendas deSão Caetano e São Bernar<strong>do</strong> e também a de Francisco Martins Bonilha. A