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Revista Logos 36 - Logos - UERJ

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Gonçales Comunicação e natureza humana: argumentos a favor de uma atualização epistemológicamais complexa com a qual a ciência lida –, mas não resta nenhuma dúvida deque ele não é a massa informe a ser manipulada livremente pela cultura ou peloambiente social. Pelo contrário, a vertiginosa diversidade cultural que os sereshumanos exibem é fruto das estruturas cerebrais fixas compartilhadas por todaa humanidade: “os humanos comportam-se de maneira flexível porque sãoprogramados” (PINKER, 2004, p. 67). O que as ciências da mente, do cérebro,dos genes e da evolução buscam agora é compreender essas estruturas e asmaneiras com as quais elas influenciam o comportamento humano. Mas, conclusivamente,a tábula rasa revelou-se plena de pré-inscrições, o bom selvagemmostrou todas as suas facetas, o indivíduo ressurgiu fortalecido e autônomo, ea soberania do universo simbólico-coletivo da cultura hoje se encontra tão semsentido quanto ontem o foi a da nobreza e do clero.A natureza humana nas principais correntes teóricas da comunicaçãoO humano que surge a partir dessa nova compreensão é um ser inteiramentenatural – todas as suas características, inclusive as socioculturais, estãofirmemente ancoradas na biologia da espécie, e esta, no processo de lentas modificaçõesprovidas pelo processo algorítmico da evolução. Crenças e desejos,interesses e propensões, tendências e comportamentos individuais e coletivos;em suma, a vida mental dos seres humanos também passou a ser compreendidado ponto de vista sistêmico das relações ecológicas e não mais apenas doponto de vista simbólico da antiga primazia do cultural.Como a Comunicação reflete essa mudança de enfoque? Uma revisão dasprincipais correntes teóricas da área revela que algumas refletem parcialmente, enquantooutras sequer refletem. Ao contrário da Psicologia e da Antropologia (e, emmenor medida, da Sociologia), a Comunicação demonstra-se alheia às proposiçõesdo enfoque sistêmico e individual, atuando, de maneira geral, na análise simbólicae na pesquisa-denúncia da economia política dos meios de comunicação. Para aComunicação, com algumas poucas relativizações, a tábula rasa e o bom selvagemseguem como vigorosas verdades: como um pressuposto epistemológico pré-reflexivoao qual, perigosamente, o pensamento não se dedica.Para o objetivo desse artigo – dedicar pensamento crítico a esses pressupostos– as diversas correntes teóricas da pesquisa em Comunicação foram agrupadasem dois núcleos, segundo o recorte que fazem do objeto de estudo do campo:a) Paradigma crítico-funcionalista: dedicado à compreensão do entornoda Comunicação Social, reúne a Escola Funcionalista e a Escola deFrankfurtb) Paradigma estético-informacional: dedicado a examinar a economiainterna do processo comunicacional, é dividido em dois subnúcleos:b1) Teoria da Informação e Semiótica/Semiologiab2) Estética da RecepçãoLOGOS <strong>36</strong>Comunicação e Entretenimento: Práticas Sociais, Indústrias e Linguagens. Vol.19, Nº 01, 1º semestre 2012128

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