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as atividades culturais no eixo da avenida paulista - GVpesquisa

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ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULOFUNDAÇÃO GETÚLIO VARGASAS ATIVIDADES CULTURAISNO EIXO DA AVENIDA PAULISTASÃO PAULO - 1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 2/34AS ATIVIDADES CULTURAIS NO EIXO DA AVENIDAPAULISTARESUMOA Aveni<strong>da</strong> Paulista ocupa uma importância central na ci<strong>da</strong>de de São Paulo sob muitospontos de vista: pela concentração d<strong>as</strong> sedes do poder econômico - particularmente docapital financeiro - , manifestações polític<strong>as</strong>, comemorações, etc. Além dess<strong>as</strong> dimensões,a aveni<strong>da</strong> também figura na condição de importante pólo cultural, representado peloMASP, bem como por uma série de <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> promovid<strong>as</strong> por federações, instituiçõesbancári<strong>as</strong> ou <strong>no</strong>v<strong>as</strong> galeri<strong>as</strong>, a maioria envolvid<strong>as</strong> com o marketing cultural. Aorganização interna dess<strong>as</strong> instituições e a composição do público frequentador sãoaqui analisados numa perspectiva sociológica.SUMMARYUnder many points of view, Paulista avenue h<strong>as</strong> a central importance in the city ofSão Paulo, such <strong>as</strong> the concentration of the seats of eco<strong>no</strong>mic power - particularly offinancialcapital - political demonstrations, celebrations etc. Beyond these dimensions,the avenue h<strong>as</strong> also been a significant cultural pole represented by MASP - the SãoPaulo Museum of Art - <strong>as</strong> well <strong>as</strong> an extensive range of activities promoted by industrialfederations, banking institutions, or new galleries, in most c<strong>as</strong>es involved in institutionalmarketing. The institutions organization and the public consumer composition areanalyzed on a sociological perspective.PALAVRAS-CHAVECultura; consumo; marketing; ci<strong>da</strong>de; agente cultural; público consumidorRELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 3/34ÍNDICE1 - Pa<strong>no</strong>rama Geral ......................................................................................................... 42 - Organização interna d<strong>as</strong> instituições e <strong>da</strong>dos sobre o público frequentador ....... 132.1. Enti<strong>da</strong>des civis e públic<strong>as</strong>.................................................................................. 132.2 Enti<strong>da</strong>des patronais ............................................................................................ 192.3 Bancos e seus espaços <strong>culturais</strong> ........................................................................ 263 - Conclusão ................................................................................................................ 31RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 4/34“AS ATIVIDADES CULTURAIS NO EIXO DA AVENIDA PAULISTA”( 1 )HEITOR FRÚGOLI JR. ( 2 )O presente relatório mostra os principais resultados obtidos na pesquisa sobre oconjunto de <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> <strong>culturais</strong> hoje existentes na av. Paulista, fazendo parte de umestudo mais amplo, de<strong>no</strong>minado “Aveni<strong>da</strong> Paulista: socie<strong>da</strong>de e cultura em São Paulo”( 3 ), para futura defesa de tese.O atual levantamento representa uma primeira aproximação com a esfera cultural <strong>da</strong>aveni<strong>da</strong>, mapeando inicialmente - através do contato com agentes, produtores,coordenadores e orientadores <strong>culturais</strong> - os eventos patrocinados pel<strong>as</strong> enti<strong>da</strong>des alilocalizad<strong>as</strong>, os principais objetivos d<strong>as</strong> instituições que os promovem, os recursoshuma<strong>no</strong>s e materiais destinados a tais fins, os tipos de eventos realizados, sua repercussãoe visibili<strong>da</strong>de, e o material disponível sobre o público freqüentador.Dado o caráter exploratório dessa pesquisa, vários tópicos aqui abor<strong>da</strong>dos merecerãoum posterior aprofun<strong>da</strong>mento, alguns dos quais serão apontados <strong>no</strong> decorrer do texto.1 - PANORAMA GERALO pressuposto principal dessa pesquisa é o de que a av. Paulista ocupa uma importânciacentral na ci<strong>da</strong>de de São Paulo, não somente como espaço de concentração do capitalfinanceiro e sede do poder econômico, m<strong>as</strong> também como local de manifestação políticapor parte de um número crescente de grupos sociais, e, <strong>da</strong> mesma forma, como lugar dedivers<strong>as</strong> fest<strong>as</strong> e comemorações.Além dess<strong>as</strong> dimensões, que lhe conferem uma significativa “centrali<strong>da</strong>de” nametrópole, e que a qualificam como um espaço de m<strong>as</strong>s<strong>as</strong>, a aveni<strong>da</strong> figura também nacondição de importante pólo cultural, certamente estruturado, em termos contemporâneos,1 - Relatório de pesquisa finalizado e entregue ao NPP em abril de 1995. Agradecimentos especiais à profa. Maria Armin<strong>da</strong> do N<strong>as</strong>cimentoArru<strong>da</strong>, ao prof. José Carlos Garcia Durand e a Maximi<strong>no</strong> Antonio Boschi, Erivelto Busto Garcia, Maria Lúcia Skrabe, Ivete CalladoCorrea Neto, Maria Paula Palhares, Maria Lúcia Pereira, Theodora Ribeiro, Marina Yukiko Futi<strong>no</strong>, Débora Ramos Lauand, Henrique deFigueredo Luz, Ivani Di Grazia Costa, Esmeral<strong>da</strong> Ruza<strong>no</strong>wsky, Sandra Guedes, Regina Alice Coria, Yacoff Sarkov<strong>as</strong>, Inês Migliaccio,Rosana Miziara, Sérgio Avancini, Apareci<strong>da</strong> Queiroz Santos, Cleonice Cardillo, Fernando Nemer de Souza, Armando B. de Abreu e aoutr<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> que de alguma forma colaboraram com a pesquisa e que não foram aqui lembrad<strong>as</strong>.2 - Professor de Sociologia <strong>da</strong> EAESP/ FGV.3- Projeto para o Concurso de Seleção <strong>no</strong> Programa de Pós-Graduação em Nível de Doutorado, Deptº de Sociologia, FFLCH, USP, jan./1993,11 p.RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 5/34quando p<strong>as</strong>sou a abrigar a <strong>no</strong>va sede do Museu de Arte de São Paulo (MASP) - , a partirde 1968, <strong>no</strong> arrojado edifício modernista projetado por Lina Bo Bardi.Hoje em dia pode-se com certeza afirmar que o M<strong>as</strong>p, criado em 1947 por iniciativade Assis Chateaubriand, e por décad<strong>as</strong> sob a direção de Pietro Maria Bardi, responsávelpela aquisição de seu acervo internacional, continua inquestionavelmente como principalreferência cultural <strong>da</strong> Aveni<strong>da</strong>, <strong>da</strong><strong>da</strong> sua projeção internacional, abrigando mais de 4mil obr<strong>as</strong> (entre pintur<strong>as</strong>, gravur<strong>as</strong>, escultur<strong>as</strong> e desenhos), d<strong>as</strong> quais duzent<strong>as</strong> emexposição permanente, além d<strong>as</strong> exposições temporári<strong>as</strong>, apresentações musicais(principalmente erudit<strong>as</strong>), de <strong>da</strong>nça, mostr<strong>as</strong> de cinema (<strong>da</strong> qual se destaca sua mostrainternacional organiza<strong>da</strong> a partir de 1977), eventos, cursos e conferênci<strong>as</strong> ( 4 ), tendosomente <strong>as</strong> exposições atraído, em seu conjunto, um público total de 177.723 em 1994( 5 ).Entretanto, observa-se na Paulista a existência de um grande número de instituiçõesde naturez<strong>as</strong> distint<strong>as</strong>, que vêm promovendo <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> <strong>culturais</strong> e atraindo parcel<strong>as</strong>crescentes <strong>da</strong> população. Uma d<strong>as</strong> mais tradicionais é o Serviço Social <strong>da</strong> Indústria -SESI - sediado <strong>no</strong> mesmo prédio <strong>da</strong> Federação d<strong>as</strong> Indústri<strong>as</strong> do Estado de São Paulo -FIESP, cujo Teatro Popular do SESI (TPS), criado em 1963 e funcionando na av. Paulistadesde 1977 ( 6 ), recebeu, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> p<strong>as</strong>sado, 213.101 pesso<strong>as</strong>, em 377 espetáculos ( 7 ), complatéi<strong>as</strong> que transcendem o público industriário (para o qual predominantemente o TPSse destina), além de sua galeria de arte, que, a partir de 1992, após reform<strong>as</strong> arquitetônic<strong>as</strong>e uma <strong>no</strong>va concepção de espaço cultural - impulsiona<strong>da</strong> pela apresentação de obr<strong>as</strong> doacervo do colecionador Gilberto Chateaubriand, viabiliza<strong>da</strong> a partir de uma parceriacom o Museu de Arte Moderna (MAM), do Rio de Janeiro ( 8 ) - vem acolhendo umamplo público (84.812 visitantes em 1994 ( 9 )).Outra enti<strong>da</strong>de patronal com sede na Paulista, a Federação do Comércio do Estadode São Paulo - FCESP - , abriga a administração central do Serviço Social do Comércio- SESC - , que criou, em 1990, o Espaço Cultural SESC Paulista, constituído por um4 - Ver “Receita de festival para o Terceiro Mundo”. Jornal <strong>da</strong> Tarde. S. Paulo, 01/11/1978, s. p. e “Museu vira palco de manifestações”. Folhade São Paulo, S. Paulo, 02/10/1992, s. p.5 - Ver Relatório de Visitação de Exposições. Museu de Arte de São Paulo, S. Paulo, 1995; o público total em 1993 foi de 170.290 (ver Gráficode visitação do M<strong>as</strong>p (jan.-dez./1993), M<strong>as</strong>p, S. Paulo, 1994).6 - Teatro Popular do SESI - 25 a<strong>no</strong>s, SESI/FIESP, Divisão de Promoção Social, S. Paulo, 1988, p. 10, 11 e 12.7 - Dados estatísticos relativos aos exercícios de 1993 e 1994. SESI, Divisão de Difusão Cultural, S. Paulo, 1995, s. p.8 - Ver Galeria de Arte do SESI/ Coleção Gilberto Chateaubriand - Relatório de Avaliação. SESI, Divisão de Difusão Cultural, S. Paulo, 1993.9 - Ver Dados estatísticos relativos aos exercícios de 1993 e 1994, op. cit.RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 6/34auditório voltado principalmente ao Projeto Instrumental SESC Paulista, que apresent<strong>as</strong>emanalmente grupos instrumentais, p<strong>as</strong>sando a contar, desde então, com um públicoregular e cativo d<strong>as</strong> cercani<strong>as</strong>, numa média de 200 pesso<strong>as</strong> por apresentação ( 10 ), alémde sua galeria de arte, já existente alguns a<strong>no</strong>s antes. A principal razão <strong>da</strong> criação doespaço cultural do SESC na Paulista, além <strong>da</strong> importância em si <strong>da</strong> aveni<strong>da</strong>, configurousea partir do diagnóstico de que a área onde o SESC estava situado vinha recebendoinvestimentos vultosos de ordem material e cultural, como a abertura do metrô, aimplantação do Shopping Center Paulista, a edificação <strong>da</strong> futura sede do Instituto CulturalItaú e a restauração <strong>da</strong> “C<strong>as</strong>a d<strong>as</strong> Ros<strong>as</strong>” para a criação de uma “galeria dos museus”,junto à construção, ao fundo, de um edifício comercial abrigando 3 mil funcionários( 11 ).Dentre <strong>as</strong> vári<strong>as</strong> instituições bancári<strong>as</strong> ao longo de to<strong>da</strong> a av. Paulista, afloram<strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> de marketing cultural, tendo se destacado, através de um projeto de longoprazo, o Instituto Cultural Itaú, criado em 1986 por iniciativa de Olavo Egydio Setúbal,ex-prefeito de S. Paulo e diretor presidente <strong>da</strong> holding Itaúsa, cuja primeira uni<strong>da</strong>de, oCentro de Informática e Cultura - CIC/I, foi inaugura<strong>da</strong> na aveni<strong>da</strong> em 03/10/1989,dota<strong>da</strong> a partir de então de um banco de <strong>da</strong>dos informatizado, com módulos voltados àpintura br<strong>as</strong>ileira, memória fotográfica e literatura br<strong>as</strong>ileira, além de uma videoteca,eventos como mostr<strong>as</strong> de vídeos e exposições temátic<strong>as</strong>, além de <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> pe<strong>da</strong>gógic<strong>as</strong>,pautad<strong>as</strong> por visit<strong>as</strong> monitorad<strong>as</strong> de escol<strong>as</strong> de 1º e 2º grau, totalizando um públicomédio de por volta de 160 pesso<strong>as</strong>/dia ( 12 ).Além de um investimento anual fixo de 1,5 milhão de dólares para seus própriosprogram<strong>as</strong> <strong>culturais</strong>, sem patrocinar trabalhos de terceiros, o ICI terá, como já foi dito,uma sede definitiva <strong>no</strong> futuro Espaço Cultural Itaú, com expectativ<strong>as</strong> de um público demil pesso<strong>as</strong>/dia ( 13 ).Outros bancos vêm também produzindo eventos e <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> <strong>culturais</strong>, porém comestratégi<strong>as</strong> diferenciad<strong>as</strong>: o Banco Real, neste sentido, financia projetos distintos, como10- Relatório do Projeto Instrumental SESC Blaupunkt (1990). SESC, S. Paulo, 1991, s. p.11- Ver “Música instrumental <strong>no</strong> happy hour”. Jornal <strong>da</strong> Tarde. S. Paulo, 05/03/1990, p. 12. Ver adiante mais detalhes sobre o InstitutoCultural Itaú e a C<strong>as</strong>a d<strong>as</strong> Ros<strong>as</strong>.12 - B<strong>as</strong>eado em Perfil de atuação - 5 a<strong>no</strong>s. Instituto Cultural Itaú, S. Paulo, out./1994, 18 p. e em entrevista com Maria Paula PALHARES,coordenadora pe<strong>da</strong>gógica do CIC/I (09/03/1995).13 - Ver “Os bancos bancam”. Veja, Ed. Abril, 29/06/1994, p. 20 (Cader<strong>no</strong> Veja São Paulo); O. JR. A sedução <strong>da</strong> estética. Construção nº 2389,PINI, S. Paulo, <strong>no</strong>v./1993 (separata); <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> entrevista com M. P. PALHARES, op. cit.RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 7/34a produção integral de peç<strong>as</strong> de teatro, restaurações patrimoniais ou a construção de umfuturo teatro ( 14 ), além de, a partir de 1992, p<strong>as</strong>sar a utilizar o espaço inter<strong>no</strong> de suaagência na Paulista - uma “praça” totalmente coberta, visível <strong>da</strong> calça<strong>da</strong> através devidros, m<strong>as</strong> até então apen<strong>as</strong> um espaço de p<strong>as</strong>sagem para o própria agência e para oselevadores, com plant<strong>as</strong> ornamentais - para a promoção de um conjunto de <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong><strong>culturais</strong> variad<strong>as</strong>.O Espaço Banco Real, como p<strong>as</strong>sou a ser chamado, vem recentemente ganhandomaior regulari<strong>da</strong>de, como a mostra de filmes mudos, organiza<strong>da</strong> pela CinematecaBr<strong>as</strong>ileira, ou a exposição “Antigui<strong>da</strong>des de Freud”, pertencente ao acervo do FreudMuseum, de Londres, que obteve boa repercussão na mídia impressa: estimativ<strong>as</strong> dobanco calculam que, dependendo <strong>da</strong> exposição, por volta de 400 pesso<strong>as</strong> entram naagência por dia apen<strong>as</strong> para ver <strong>as</strong> obr<strong>as</strong> expost<strong>as</strong> ( 15 ).Enquanto parte dos bancos conta com seus próprios departamentos de eventos,como <strong>no</strong> c<strong>as</strong>o acima citado, o Citibank - que em 1987 inaugurou sua sede na Paulistanum edifício projetado por Gian Carlo G<strong>as</strong>perini, e que se tor<strong>no</strong>u depois um marco <strong>da</strong>arquitetura “pós-moderna” <strong>da</strong> Paulista ( 16 ) - , após a<strong>no</strong>s de uma utilização apen<strong>as</strong> episódicade seu espaço cultural - um anfiteatro coberto e um grande saguão, que também servede p<strong>as</strong>sagem para a Al. Santos e pelo qual p<strong>as</strong>sam entre 2,5 a 4,5 mil pesso<strong>as</strong> por dia ( 17 )- , optou por promover <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> mais regulares.Isso se deu através <strong>da</strong> contratação <strong>da</strong> Articultura, empresa de marketing cultural,que concebeu, produziu e divulgou em 1994 o evento “Poétic<strong>as</strong> Paulistan<strong>as</strong>”, com aexposição de trabalhos de jovens artist<strong>as</strong> plásticos, dividi<strong>da</strong> em módulos temáticos. Oprojeto, que também rendeu razoável retor<strong>no</strong> em termo de mídia para o banco, pode vira ser expandido em 1995, com exposições que pretendem expandir o públicofreqüentador ( 18 ).14 - Dados fornecidos em entrevista com Apareci<strong>da</strong> Queiroz SANTOS, gerente de eventos <strong>culturais</strong> do Banco Real - agência av. Paulista (10/02/1995); ver também P. A. SANCHES. “Banco financia projeto teatral que leva ao palco peça de Edward Albee”. Folha de São Paulo, S.Paulo, 10/03/1995, p. 5-4.15 - Ver Cinema Banco Real. Informe publicitário do Espaço Banco Real, S. Paulo, 1994; M. COELHO. “Freud vira objeto de fetiche edesconfiança”. Folha de São Paulo, S. Paulo, 19/10/1994, p. 5-6; E. FOGAÇA. “Arte e cultura <strong>no</strong> lugar <strong>da</strong> fila do caixa”. O Estado de SãoPaulo, S. Paulo, 01/11/1994, p. Z-12 (Cader<strong>no</strong> Seu Bairro). Há uma estimativa que a mostra <strong>da</strong> coleção de Freud contou com um públicode por volta de 18 mil pesso<strong>as</strong> (A. Q. SANTOS, op. cit.).16 - Ver Â. BARROS. “Edifício re<strong>no</strong>va o conceito <strong>da</strong> arquitetura <strong>da</strong> aveni<strong>da</strong> Paulista”. Folha de São Paulo, S. Paulo, 27/04/1986, p. 25(Cader<strong>no</strong> Ci<strong>da</strong>des).17 - Ver A. MORAES. “São Paulo ganha <strong>no</strong>vos espaços <strong>culturais</strong>”. O Estado de São Paulo, S. Paulo, 22/06/1994, p. 1 (Cader<strong>no</strong> 2) e “‘Poétic<strong>as</strong>Paulistan<strong>as</strong>’ abre quarto módulo”. O Estado de São Paulo, S. Paulo, s. p.18 - Dados <strong>da</strong> entrevista com Yacoff SARKOVAS, diretor geral <strong>da</strong> Articultura Comunicação Ilimita<strong>da</strong>, responsável pelo projeto “Poétic<strong>as</strong>Paulistan<strong>as</strong>”, <strong>no</strong> Espaço Cultural Citibank (20/02/1995).RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 8/34O poder público também tem marcado presença na Aveni<strong>da</strong> Paulista através deiniciativ<strong>as</strong> que dependem de conjuntur<strong>as</strong> específic<strong>as</strong>, sofrendo muit<strong>as</strong> vezes de falta decontinui<strong>da</strong>de. Uma dos empreendimentos <strong>culturais</strong> que se destaca é a C<strong>as</strong>a <strong>da</strong> Ros<strong>as</strong>,que resultou de uma negociação envolvendo interesses privados, empresariais, públicose de preservação: mansão construí<strong>da</strong> em 1935 pelo escritório técnico de Ramos deAzevedo e tomba<strong>da</strong> pelo Conselho de Defesa do patrimônio Histórico, Arqueológico,Artístico e Turístico do Estado de São Paulo - Condephaat - em 1985, foi compra<strong>da</strong> <strong>no</strong>a<strong>no</strong> seguinte por Júlio Neves ( 19 ) e Mário Pimenta Camargo, que se comprometeram arestaurá-la segundo critérios do Condephaat e abrí-la para visitação pública, em troca<strong>da</strong> concessão <strong>da</strong> construção, <strong>no</strong> fundo do terre<strong>no</strong>, de um edifício comercial, de 20 an<strong>da</strong>res- o edifício Parque Cultural Paulista ( 20 ).Desapropria<strong>da</strong> <strong>no</strong> início 1991 pelo Gover<strong>no</strong> do Estado (gestão Orestes Quércia), aC<strong>as</strong>a d<strong>as</strong> Ros<strong>as</strong> foi logo depois transforma<strong>da</strong> numa Galeria Estadual de Arte, destina<strong>da</strong>inicialmente a apresentar mostr<strong>as</strong> temporári<strong>as</strong> do acervo artístico do Estado, ampliandosedepois para o conjunto de obr<strong>as</strong> dos museus <strong>da</strong> rede estadual e do Departamento deMuseus e Arquivos, além de exposições do acervo de outros estados e de coleçõesparticulares ou públic<strong>as</strong>, afora palestr<strong>as</strong>, simpósios e cursos, com visit<strong>as</strong> monitorad<strong>as</strong>de escol<strong>as</strong> ( 21 ).Após a realização de divers<strong>as</strong> exposições regulares, que atraíram <strong>no</strong> a<strong>no</strong> p<strong>as</strong>sadoum público diário que variou entre 89 pesso<strong>as</strong> durante a semana e 134 aos fins desemana (“B<strong>as</strong>tidores dos Museus”, 10/05 a 12/06/1994) a 221 pesso<strong>as</strong> durante a semanae 1013 aos fins de semana (“Debret - Aquarel<strong>as</strong> do Br<strong>as</strong>il”, de 22/02 a 20/03/1994) ( 22 ),a C<strong>as</strong>a d<strong>as</strong> Ros<strong>as</strong> encontra-se temporariamente fecha<strong>da</strong> e com desti<strong>no</strong> incerto, após amu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> gestão do gover<strong>no</strong> estadual <strong>no</strong> início do a<strong>no</strong> e a crise do BANESER, quevem atingindo a Secretaria de Cultura de forma particularmente dramática ( 23 ).19 - Arquiteto e urbanista, atual diretor-presidente do M<strong>as</strong>p (ver “Julio Neves <strong>as</strong>sume M<strong>as</strong>p em clima de conciliação”. Folha de São Paulo, S.Paulo, 26/10/1994, p. 1 (Cad. Ilustra<strong>da</strong>))20 - Ver Histórico. C<strong>as</strong>a d<strong>as</strong> Ros<strong>as</strong>/ Galeria dos Museus. S. Paulo, s. d., 1 p. (folheto de divulgação) e L. LAGNADO. “C<strong>as</strong>a d<strong>as</strong> Ros<strong>as</strong> custaUS$ 1,22 mi ao Estado”. Folha de São Paulo, S. Paulo, 22/03/1991, p. 5-3.21 - Ver Histórico, op. cit.22 - Ver Relatório de monitoria: B<strong>as</strong>tidores dos Museus (10/05 a 12/06/1994). C<strong>as</strong>a d<strong>as</strong> Ros<strong>as</strong>/ Galeria dos Museus, S. Paulo, 20/07/1994, p.1 e Relatório de monitoria: Debret - Aquarel<strong>as</strong> do Br<strong>as</strong>il (22/02 a 20/03/1994). C<strong>as</strong>a d<strong>as</strong> Ros<strong>as</strong>/ Galeria dos Museus, S. Paulo, 30/04/1994, p. 1; a exposição que fechou 1994 foi “Virando Vinte - Cotidia<strong>no</strong>, imaginário, Política (São Paulo, 1870-1910)” (23/11/1994 a 22/01/1995) (ver C. CHAGAS. “‘Noventões’ viajam <strong>no</strong> tempo em exposição”. Folha de São Paulo, S. Paulo, 09/12/1994, Esp. A-1).23- Recente p<strong>as</strong>seata dos funcionários <strong>da</strong> Secretaria Estadual <strong>da</strong> Cultura na av. Paulista protestou contra a atual crise (ver E. C. BONASSA.“Cultura pretende contratar sem concurso”. Folha de São Paulo, S. Paulo, 25/01/1995, p. 1-12). Um projeto parecido envolveu em 1991 aPrefeitura de São Paulo e a família Matarazzo em tor<strong>no</strong> <strong>da</strong> mansão <strong>da</strong> família na av. Paulista, na qual a primeira pretendia abrir, na mansãotomba<strong>da</strong>, um “Museu do Trabalhador”, em troca <strong>da</strong> concessão de que fosse construído, <strong>no</strong>s fundos dos terre<strong>no</strong>, um edifício comercial, cujopla<strong>no</strong> era uma torre de 50 pavimentos, projeta<strong>da</strong> por Gian Carlo G<strong>as</strong>perini; tanto a idéia do museu quanto a <strong>da</strong> torre geraram inúmer<strong>as</strong>polêmic<strong>as</strong> e não se concretizaram (ver “F. LANCHA e M. FAGÁ. “Prefeitura e Matarazzo fecham acordo sobre torre na Paulista”. OEstado de São Paulo, S. Paulo, 07/12/1991, p. 1 (Cader<strong>no</strong> Ci<strong>da</strong>des); “Aveni<strong>da</strong> ganha museu na c<strong>as</strong>a Matarazzo”. Folha de São Paulo, S.Paulo, 08/12/1991, p. 4-3; “C<strong>as</strong>a <strong>da</strong> família Matarazzo vai virar museu”. Folha <strong>da</strong> Tarde. S. Paulo, 09/12/1991, p. 5).RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 9/34No campo <strong>da</strong> gestão municipal, cabe destacar du<strong>as</strong> iniciativ<strong>as</strong> <strong>culturais</strong> queobtiveram ressonância na Aveni<strong>da</strong> Paulista. A primeira del<strong>as</strong> é o Projeto Som do MeioDia, que ocorreu <strong>no</strong> vão livre do M<strong>as</strong>p, único projeto então permanente de música ao arlivre, com a apresentação semanal de músicos ligados às principais tendênci<strong>as</strong> <strong>da</strong> músicabr<strong>as</strong>ileira popular e erudita, e que estabeleceu uma platéia diversifica<strong>da</strong> e regular de, emmédia, 2 mil pesso<strong>as</strong>, chegando a 5 mil em shows mais concorridos ( 24 ).Em meados de 1992, entretanto, apresentações dos grupos Olodum e de DanielaMercury - iniciando a carreira naquele momento - levaram um público de por volta de15 a 20 mil ao vão livre, causando grandes engarrafamentos não só na aveni<strong>da</strong> como emoutr<strong>as</strong> regiões, além de afetar a estrutura do MASP, que solicitou à Secretaria <strong>da</strong> Culturaa interrupção do projeto <strong>no</strong> vão livre. Objeções posteriores do MASP impediram suacontinui<strong>da</strong>de naquele local, embora nenhum laudo técnico detalhado tenha sido realizadoe o vão continue sendo ocupado de forma m<strong>as</strong>sifica<strong>da</strong>, em protestos e comemorações( 25 ).Outra iniciativa do poder público que merece menção foi a recuperação, pela gestãode Luiza Erundina, <strong>da</strong> Galeria Consolação - p<strong>as</strong>sagem subterrânea de 40 m situa<strong>da</strong>praticamente numa d<strong>as</strong> extremi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> aveni<strong>da</strong> - , que foi transforma<strong>da</strong>, a partir de1989, num espaço de difusão cultural, incluindo exposições de artes plástic<strong>as</strong> com artist<strong>as</strong>ain<strong>da</strong> não estabelecidos, apresentações de corais, performances, aul<strong>as</strong> públic<strong>as</strong> e outroseventos, além <strong>da</strong> criação de um núcleo de atendimento ao público, com a prestação deinformações sobre endereços e serviços <strong>da</strong> Prefeitura ( 26 ).Geri<strong>da</strong> pela Administração Regional <strong>da</strong> Sé e depois pela Secretaria Municipal deCultura, teve seu ápice provavelmente na época <strong>da</strong> comemoração do centenário <strong>da</strong>aveni<strong>da</strong>, em 1991, quando se intensificou a programação cultural, em função <strong>da</strong>participação <strong>da</strong> Prefeitura, que planejou muitos eventos <strong>no</strong> local, abarcando um grandepúblico, <strong>da</strong>do que por volta de 20 a 30 mil pesso<strong>as</strong> circulam ali diariamente <strong>no</strong>s di<strong>as</strong>24 - J. SOUSA. “‘Som do Meio Dia’ lota vão do M<strong>as</strong>p às sext<strong>as</strong>”. O Estado de S. Paulo. S. Paulo, 20/12/1991, p. 14.25 - Ver “Show do Olodum pára a aveni<strong>da</strong> Paulista”. Folha <strong>da</strong> Tarde. S. Paulo, 30/05/1992, p. A-2; “Grupo Olodum pára o trânsito naPaulista”. Diário Popular. S. Paulo, 30/05/1992, p. 3; “Engarrafamento tira os shows do M<strong>as</strong>p”. Folha <strong>da</strong> Tarde. S. Paulo, 06/06/1992, s.p.; M. L. PAGENOTTO e P. DIAS. “Um dia maluco na ci<strong>da</strong>de”. Jornal <strong>da</strong> Tarde. S. Paulo, 06/06/1992, p. 15; “Show volta a parar trânsitona Paulista”. Folha de São Paulo. S. Paulo, 06/06/1992, p. 3-3. Outros <strong>da</strong>dos obtidos na entrevista com Esmeral<strong>da</strong> RUZANOWSKY,coordenadora artística do projeto “Som do Meio Dia” (21/02/1995).26 - Galeria Consolação - Relatório. Secretaria Municipal de Cultura. Prefeitura do Município de São Paulo, S. Paulo, s. d. As aul<strong>as</strong> públic<strong>as</strong>foram eventos promovidos pela gestão L. Erundina, com a presença de profissionais discutindo tem<strong>as</strong> como AIDS, terceira i<strong>da</strong>de, colet<strong>as</strong>eletiva de lixo, etc. (informação obti<strong>da</strong> com Rosana MIZIARA, coordenadora cultural <strong>da</strong> AR - Sé na gestão p<strong>as</strong>sa<strong>da</strong> (14/02/1995)).RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 10/34úteis ( 27 ). Com a programação interrompi<strong>da</strong> por cinco meses após a mu<strong>da</strong>nça de gestão,em 1993 (Paulo Maluf), a galeria vem retomando uma programação regular centra<strong>da</strong>principalmente em exposições, centraliza<strong>da</strong> pela Secretaria Municipal de Cultura e semcontar mais com o núcleo de atendimento ao público ( 28 ).Além d<strong>as</strong> instituições e projetos até aqui levantados, cabe ain<strong>da</strong> mencionar comoreferência cultural não só na Paulista, como na ci<strong>da</strong>de de São Paulo, a Livraria <strong>da</strong> Cultura,cria<strong>da</strong> em 1947 pela imigrante alemã Eva Herz, e implanta<strong>da</strong> definitivamente <strong>no</strong> ConjuntoNacional - edifício de 150 mil m 2 , projetado por David Libeskind e inaugurado em1956, atraindo o comércio elegante do centro <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 60 ( 29 ) - , a partir de1969 ( 30 ).Dirigi<strong>da</strong> atualmente por seu filho Pedro Herz e considera<strong>da</strong>, em pesquisa de 1993,a melhor livraria de São Paulo, dispõe de um acervo de mais de 50 mil títulos, com umaequipe de vendedores na maioria com formação universitária, recebendo por volta de800 pesso<strong>as</strong> por dia, cujo movimento se acentua <strong>no</strong> horário do almoço e durante ahappy hour, quando em geral ocorrem lançamentos de livros, que em muitos c<strong>as</strong>osatraem um razoável público ao local. Lá também ocorrem há a<strong>no</strong>s <strong>as</strong> “rod<strong>as</strong> de sábado”,durante a manhã, configurando-se um ponto de encontro entre escritores, jornalist<strong>as</strong>,intelectuais, artist<strong>as</strong> e outros, onde se desenvolvem relações de sociabili<strong>da</strong>de, debatesinformais, comemorações, etc. ( 31 ).O quadro até aqui pincelado revela o que há de mais significativo numa determina<strong>da</strong>esfera de <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> <strong>culturais</strong> <strong>da</strong> av. Paulista. Obviamente há outr<strong>as</strong> instituições e espaços<strong>culturais</strong> que não foram detalhados por realizarem <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> mais episódic<strong>as</strong> ou deuma relativa me<strong>no</strong>r visibili<strong>da</strong>de, como p. ex., o marketing institucional <strong>da</strong> Cia. do Metrô,que, levando em conta o caráter diferenciado e moder<strong>no</strong> <strong>da</strong> região, procurou dotar <strong>as</strong>27 - Dado do atual coordenador de exposições <strong>da</strong> Galeria <strong>da</strong> Consolação, Fernando Nemer de SOUZA (14/02/1995); ver também C. RYDLE.“Galeria <strong>da</strong> Consolação volta a ter ativi<strong>da</strong>de em maio”. O Estado de São Paulo. S. Paulo, 20/04/1993, p. 2 (Cader<strong>no</strong> Ci<strong>da</strong>des); segundofuncionários que ali trabalhavam, por volta de metade do público não tomava conhecimento d<strong>as</strong> exposições, e a outra parte tanto acompanhavaos trabalhos como conversava com os informantes <strong>da</strong> prefeitura (ver “Show e mostra festejam dois a<strong>no</strong>s <strong>da</strong> Galeria Consolação”. DiárioPopular, S. Paulo, 05/10/1991, p. 3).28 - Ver C. RYDLE, op. cit. e F. N. SOUZA, op. cit.29 - Aveni<strong>da</strong> Paulista. Instituto Cultural Itaú. S. Paulo, 1993 (Cader<strong>no</strong>s Ci<strong>da</strong>de de São Paulo II), p. 22.30- Ver “Amor aos livros: uma herança de pais para filhos”. Livraria Cultura News nº 2. Liv. Cult. Ed., S. Paulo, 1992, p. 2.31 - Ver Livraria Cultura News nº 1, Liv. Cult. Ed., S. Paulo, 1992; Livraria Cultura News nº 2, op. cit.; Livraria Cultura News nº 7, Liv. Cult.Ed., S. Paulo, 1993; Livraria Cultura News nº 14, Liv. Cult. Ed., S. Paulo, 1993. Matéria recente do Le Monde sobre a av. Paulista (10/09/1994, p. III) menciona a Livraria <strong>da</strong> Cultura: “On y trouve Faulkner en anglais, Chateaubriand en français, des livres de cl<strong>as</strong>se, lesdernières parutions brésiliennes. Le samedi matin, la librairie se transforme en forum culturel: on y parle, on y boit, on y debat”(Livraria Cultura News nº 27, Liv. Cult. Ed., S. Paulo, 1994, p. 3).RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 11/34estações <strong>da</strong> linha subterrânea à av. Paulista de painéis - como os de Tomie Ohtake, naestação Consolação - , murais e escultur<strong>as</strong>, além <strong>da</strong> exposição de quadros e gravur<strong>as</strong> doacervo do MASP na estação Tria<strong>no</strong>n (resultado <strong>da</strong> parceria do Museu com o Gover<strong>no</strong>do Estado (gestão Orestes Quércia)( 32 )); o Núcleo de Comunicação Social e PromoçõesCulturais <strong>da</strong> Caixa Econômica Federal, que promove eventos em su<strong>as</strong> vári<strong>as</strong> agênci<strong>as</strong>,incluindo a realização pontual de exposições <strong>no</strong> vão livre <strong>da</strong> CEF, na Paulista ( 33 ); oEspaço Cultural Cásper Líbero, que periodicamente realiza exposições de artes plástic<strong>as</strong><strong>no</strong> saguão inter<strong>no</strong> de seu edifício, ponto de circulação e encontro de milhares deestu<strong>da</strong>ntes do Colégio Objetivo, <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Paulista - UNIP - e <strong>da</strong> própria CásperLíbero ( 34 ); o Banco Central do Br<strong>as</strong>il, que desde <strong>no</strong>vembro do a<strong>no</strong> p<strong>as</strong>sado apresenta aexposição “O Dinheiro <strong>no</strong> Tempo”, do acervo de seu Museu de Valores ( 35 ); o BancoSafra, que já apresentou outrora concertos em sua sede, na esquina com a Rua Augusta( 36 ).Além desses, há bancos que já patrocinaram <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> <strong>culturais</strong> de relevo naaveni<strong>da</strong>, como o Banco Francês e Br<strong>as</strong>ileiro, que financiou por mais de dez a<strong>no</strong>s os“Concertos BFB do Meio Dia”, organizados pelo Mozarteum e apresentados <strong>no</strong> auditóriodo MASP, além de patrocinar a doação de uma escultura para ser coloca<strong>da</strong> na estaçãoTria<strong>no</strong>n do metrô ( 37 ) e o Banco Nacional, que patroci<strong>no</strong>u, durante o a<strong>no</strong> de 1992, oProjeto Som do Meio Dia, anteriormente citado ( 38 ).Frente a esse pa<strong>no</strong>rama, levantarei os principais resultados obtidos junto a vári<strong>as</strong>d<strong>as</strong> instituições acima indicad<strong>as</strong>, a partir <strong>da</strong> pesquisa realiza<strong>da</strong> com o material existentee produzido pel<strong>as</strong> própri<strong>as</strong> organizações, seus bancos de <strong>da</strong>dos, o material <strong>da</strong> grande32 - Tal iniciativa integra o projeto “Arte <strong>no</strong> Metrô”, envolvendo tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> estações <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, m<strong>as</strong> que, segundo Maria Margari<strong>da</strong> C. LIMENA,teria <strong>da</strong>do tratamento especial à região <strong>da</strong> Paulista, e, com isso, tendo sido alvo de crític<strong>as</strong>, devido ao seu caráter elitista (ver “Aveni<strong>da</strong>Paulista: <strong>as</strong> Imagens <strong>da</strong> Metrópole”. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Ciênci<strong>as</strong> Sociais, PUC/SP, 1994, p. 149-157);ver também “Arte <strong>no</strong> Metrô” in Revista do M<strong>as</strong>p nº 1, M<strong>as</strong>p. Carta Edit., S. Paulo, s. d., p. 128.33 - Dados obtidos com Cleonice CARDILLO, Chefe do Núcleo de Comunicação Social e Promoções Culturais <strong>da</strong> Caixa Econômica Federal (08/02/1995).34 - Ver Paulista 90 nº 8. Informativo <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção Cásper Líbero. S. Paulo, abr./1994, p. 4.35 - Ver O Dinheiro <strong>no</strong> Tempo. Informe publicitário do Banco Central do Br<strong>as</strong>il. S. Paulo, <strong>no</strong>v./1994.36 - Informação obti<strong>da</strong> com Y. SARKOVAS, op. cit.37 - Ver “Financiando cultura” in Revista do M<strong>as</strong>p nº 1, op. cit., p. 122/123.38 - Dados <strong>da</strong> entrevista com E. RUZANOWSKY, op. cit. Não será aqui abor<strong>da</strong>do, em função do recorte geográfico <strong>da</strong> pesquisa, o Espaço BancoNacional de Cinema, na Rua Augusta, funcionando <strong>no</strong> antigo Cine Majestic, com três sal<strong>as</strong>, uma livraria e um bar, fruto do investimento de1 milhão de dólares, inaugurado em outubro de 1993 (ver “Os bancos bancam” in Veja, op. cit., p. 20; pode-se ain<strong>da</strong> mencionar o Club Homs,cujo salão de exposições apresentou a mostra “Cuba: utopia e frac<strong>as</strong>so” (22/08 a 28/08/1994), promovido pelo Instituto Br<strong>as</strong>ileiro de Defesa<strong>da</strong> Liber<strong>da</strong>de Econômica e Anistia Universal; o projeto Banco de Talentos, <strong>da</strong> Federação Br<strong>as</strong>ileira d<strong>as</strong> Associações de Bancos - FEBRABAN,com a apresentação de cinco corais de funcionários de bancos que se apresentaram em diversos pontos <strong>da</strong> av. Paulista (ver “Corais de Natalcantam na Paulista”. Folha de São Paulo. S. Paulo, 02/12/1994, p. Esp. A-1).RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 13/34“pa<strong>no</strong> de fundo” ou contraponto <strong>da</strong> análise, exigindo <strong>no</strong> futuro uma compreensãomais deti<strong>da</strong> e detalha<strong>da</strong>.2 - ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS INSTITUIÇÕES E DADOS SOBRE OPÚBLICO FREQÜENTADORPretendo agora inicialmente mapear, entre <strong>as</strong> instituições promotor<strong>as</strong> de culturaanteriormente citad<strong>as</strong>, uma determina<strong>da</strong> tipologia que permita localizar tanto os traçoscomuns quanto os diferenciados, quanto aos setores organizacionais destacados pel<strong>as</strong>empres<strong>as</strong> para a área cultural, os recursos disponíveis, além do levantamento dosprincipais eventos realizados, o acompanhamento de sua repercussão e visibili<strong>da</strong>de;fechando o mapeamento de ca<strong>da</strong> instituição, quero traçar, a partir dos <strong>da</strong>dos disponíveisn<strong>as</strong> instituições e na grande imprensa, uma tipologia do público usuário, <strong>no</strong> sentido deprocurar traçar o perfil de uma parcela significativa <strong>da</strong> população que se utiliza <strong>da</strong>Aveni<strong>da</strong> Paulista, <strong>no</strong> que diz respeito à sua esfera cultural.2.1 - ENTIDADES CIVIS E PÚBLICAS2.1.1 - MASPO Museu de Arte de São Paulo - MASP - , socie<strong>da</strong>de civil sem fins lucrativos,considerado de utili<strong>da</strong>de pública e enti<strong>da</strong>de filantrópica, conta b<strong>as</strong>icamente com a infraestrutura<strong>da</strong> pinacoteca (2º an<strong>da</strong>r), administração, depósitos, ateliê de restauro e sala deexposições temporári<strong>as</strong> (1º an<strong>da</strong>r) e dois auditórios (de 410 e 78 lugares), du<strong>as</strong> sal<strong>as</strong> deexposições, biblioteca, centro de documentação, hall cívico, loja de arte e restaurante(sub-solo); em seu imenso vão livre - fruto do projeto de Lina Bo Bardi, que pretendiamanter o espaço do antigo belvedere destruído e ao mesmo tempo simbolizar a liber<strong>da</strong>de( 41 ) - vêm ocorrendo múltipl<strong>as</strong> ocupações sociais, de caráter cultural, político,41 - “Quando o músico e poeta america<strong>no</strong> John Cage veio a São Paulo, de p<strong>as</strong>sagem pela aveni<strong>da</strong> Paulista, mandou parar o carro na frente doM<strong>as</strong>p, desceu e, an<strong>da</strong>ndo de um lado para o outro do belvedere, os braços levantados, gritou: ‘É a arquitetura <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de!’. Acostuma<strong>da</strong>aos elogios pelo ‘maior vão livre do mundo, com carga permanente, coberto em pla<strong>no</strong>’, achei que o julgamento do grande artista talvezestivesse conseguindo comunicar aquilo que (eu) queria dizer quando projetei o M<strong>as</strong>p: o museu era um ‘na<strong>da</strong>’, uma procura <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de,a eliminação de obstáculos, a capaci<strong>da</strong>de de ser livre frente às cois<strong>as</strong>” (depoimento de Lina Bo Bardi na FAU/USP, abr./1989) (M<strong>as</strong>p: a cor<strong>da</strong> paixão pela arte. M<strong>as</strong>p/Suvinil, S. Paulo, 1990, s. p.).RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 14/34comemorativo e comercial ( 42 ), sendo que, desde o a<strong>no</strong> p<strong>as</strong>sado, o próprio M<strong>as</strong>p vemtambém utilizando-o, como quando por oc<strong>as</strong>ião <strong>da</strong> pré-estréia <strong>da</strong> 18ª Mostra Internacionalde Cinema ( 43 ).Sua administração está dividi<strong>da</strong> em sete Coordenadori<strong>as</strong> - de exposições,intercâmbio, atendimento, biblioteca, auditório, loja e de acervo e desenvolvimento - ,que se subordinam ao Conservador-Chefe e Conservador-Chefe Adjunto, vinculados,por sua vez, ao Conselho Deliberativo e ao Diretor-Presidente.Sendo impossível <strong>no</strong> espaço deste texto um estudo mais detido do conjunto desu<strong>as</strong> <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> <strong>culturais</strong> - exposições, concertos, eventos, cursos, conferênci<strong>as</strong>, debates,seminários, lançamentos de livros - relevantes e ocorrid<strong>as</strong> <strong>no</strong> MASP durante <strong>as</strong> últim<strong>as</strong>décad<strong>as</strong> ( 44 ), pode-se entretanto resgatar alguns tópicos que interessam mais de perto àpresente pesquisa.O primeiro deles diz respeito à necessi<strong>da</strong>de de parceri<strong>as</strong>, uma vez que a receitaadvin<strong>da</strong> <strong>da</strong> ven<strong>da</strong> de ingressos de exposições, concertos, ven<strong>da</strong> de livros e participação<strong>no</strong> restaurante do subsolo são insuficientes para a manutenção de seu funcionamento( 45 ). Predominam a parceria de bancos e empres<strong>as</strong>, além do apoio de órgãos públicos ede convênios internacionais com outros museus ( 46 ). O ex-conservador-chefe FábioMagalhães explicitou em divers<strong>as</strong> oc<strong>as</strong>iões a importância dessa parceria, sobretudo comempresários e banqueiros, e que se efetivou em diversos momentos, seja para obr<strong>as</strong> demanutenção e de reforma ou para abertura de <strong>no</strong>vos equipamentos, seja para,indiretamente, viabilizar divers<strong>as</strong> exposições temporári<strong>as</strong> ( 47 ). Dessa forma, ain<strong>da</strong> quese trate de uma instituição qualitativamente diversa d<strong>as</strong> outr<strong>as</strong> aqui trabalhad<strong>as</strong>, por setratar de uma <strong>as</strong>sociação eminentemente cultural, o equacionamento de sua relação como patrocínio de empres<strong>as</strong> o aproxima d<strong>as</strong> demais existentes <strong>no</strong> <strong>eixo</strong> <strong>da</strong> Aveni<strong>da</strong> Paulista.Outro <strong>as</strong>pecto que interessa mais diretamente ao presente estudo é a configuraçãode seu público freqüentador. Um histórico de 1986 apontava uma freqüência semanalvariando entre 1,2 e 1,6 mil - o que resultaria num montante, muito aproximado, de42 - Como <strong>as</strong> manifestações pelo impeachment, <strong>as</strong> comemorações <strong>da</strong> copa do mundo, a feira de antigui<strong>da</strong>des. Segundo R. SEGRE, “Essefragmento de terre<strong>no</strong> livre que <strong>as</strong>soma sobre a ci<strong>da</strong>de permite que a comuni<strong>da</strong>de perceba que ain<strong>da</strong> pode utilizar ludicamente algum espaçopúblico” (América Latina. Fim de milênio. Raízes e perspectiv<strong>as</strong> de sua arquitetura. Ed. Studio Nobel, S. Paulo, 1991, p. 203).43- Quando foi exibido o filme “Ass<strong>as</strong>si<strong>no</strong>s por natureza” (dir.: Oliver Stone), em 19/10/1994.44- Para se ter uma idéia desse pa<strong>no</strong>rama, ver P.M. BARDI, História do MASP, Instituto Quadrante/Empresa d<strong>as</strong> Artes, S. Paulo, 1992, p. 162/166.45 - Ver “O Museu e seus parceiros” in Revista do M<strong>as</strong>p, op. cit., p. 120.46 - Ver <strong>no</strong>ta acima.47- Ver “A. C. CRUZ. “Empresa pinta colun<strong>as</strong> do M<strong>as</strong>p”. O Estado de São Paulo. S. Paulo, 16/08/1990, s. p.; “Projeto Galaxy, de olho <strong>no</strong>sjovens artist<strong>as</strong>”. Jornal <strong>da</strong> Tarde. S. Paulo, 10/07/1991, p. 18; “O mecenato existe”. O Estado de São Paulo. S Paulo, 23/10/1994, s. p.; E.MAGOSSI. “União patrocina o ‘Café do M<strong>as</strong>p’”. Gazeta Mercantil, S. Paulo, 28/12/1992, s. p.RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 15/3462,5 a 83,4 mil pesso<strong>as</strong>/a<strong>no</strong>-, com uma esmagadora maioria de estu<strong>da</strong>ntes de 1º e 2ºgraus ( 48 ). Em outro estudo, Luiz Hossaka, conservador-chefe adjunto que trabalha há44 a<strong>no</strong>s <strong>no</strong> M<strong>as</strong>p, indica como freqüentador típico o profissional liberal e o estu<strong>da</strong>nteuniversitário, sendo que o estu<strong>da</strong>nte secundário seria “pescado” n<strong>as</strong> escol<strong>as</strong> ( 49 ). Pesquisado DataFolha em 1992 com 1.079 <strong>paulista</strong><strong>no</strong>s apontou que 31% já tinham ido ao M<strong>as</strong>p,sendo que, dentre esses, na última vez que estiveram <strong>no</strong> Museu, 33% foram visitar umaexposição temporária, 27% ver o acervo permanente, 20% p<strong>as</strong>sear, ficar e namorar <strong>no</strong>vão livre e 16% ver um show ao ar livre; predominava, entre os freqüentadores, o nívelde escolari<strong>da</strong>de superior e ren<strong>da</strong> familiar acima de 10 salários mínimos ( 50 ).O último relatório de visitação de exposições do MASP ( 51 ), levanta por sua vez<strong>da</strong>dos importantes sobre o público não pagante (86.404), que compõe 48,6% do total(177.723), e que é composto b<strong>as</strong>icamente por alu<strong>no</strong>s do 1º grau (10,4%), 2º grau (4,1%),universitários (1,8%), grupos institucionais (em visita técnica ou em curso) (1,8%),livres (incluindo me<strong>no</strong>res de 15 a<strong>no</strong>s, maiores de 65 a<strong>no</strong>s e dia de visitação gratuita (5ªf.)) (38,7%), vernissages (12%), eventos (coquetéis fechados, lançamentos de livros,etc.) (2,5%) e uso do subsolo (28,3%) ( 52 ). Nesse c<strong>as</strong>o, por volta de 18% do público nãopagante é constituído por estu<strong>da</strong>ntes, que são recebidos de forma organiza<strong>da</strong> pelo Museu( 53 ).2.1.2 - PROJETO SOM DO MEIO DIA (SECRETARIA MUNICIPAL DECULTURA)O Projeto Som do Meio Dia, já mencionado na p. 5, que ocorreu entre 1986 e1982 <strong>no</strong> vão livre do M<strong>as</strong>p, permite um avanço na análise d<strong>as</strong> <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> <strong>culturais</strong>presentes na aveni<strong>da</strong> Paulista. Promovido pela Secretaria Municipal de Cultura, teveseu início na gestão Mário Cov<strong>as</strong>, com a intenção de reativar espaços públicos através48 - Ver Histórico. M<strong>as</strong>p. S. Paulo, abr./1986, p. 4. Pesquisa de 1976 confirma esse quadro, apontando inclusive uma maior incidência dopúblico jovem na exposição permanente (muit<strong>as</strong> vezes ali por motivações escolares), e uma maior diversi<strong>da</strong>de de faix<strong>as</strong> etári<strong>as</strong> n<strong>as</strong> exposiçõestemporári<strong>as</strong> (ver Comparação entre o M<strong>as</strong>p e o Museu de Arte Sacra de São Paulo. Trabalho para o curso de História Social <strong>da</strong> Arte/FFLCH/ USP, 1987, p. 9).49 - Histórico. M<strong>as</strong>p. S. Paulo, s d., s. p. Provavelmente, para a realização de trabalhos escolares ou visit<strong>as</strong> monitorad<strong>as</strong>.50- Ver “O <strong>paulista</strong><strong>no</strong> e o M<strong>as</strong>p”. Folha <strong>da</strong> Tarde. S. Paulo, outubro/1992, p. 1 (Cader<strong>no</strong> M<strong>as</strong>p 45 a<strong>no</strong>s). Não há <strong>da</strong>dos sobre i<strong>da</strong>de e profissão.51 - Ver Relatório de visitação de exposições, op. cit.; outros <strong>da</strong>dos obtidos em entrevista com Henrique de Figueredo LUZ, <strong>as</strong>sistente <strong>da</strong>coordenação de atendimento do M<strong>as</strong>p (21/02/1995).52 - O uso do subsolo d<strong>eixo</strong>u de ser gratuito a partir de ago./1994 (ver Relatório de visitação de exposições, op. cit.).53 - 462 grupos escolares e institucionais foram recebidos em 1994 pelo M<strong>as</strong>p, dentro do programa “Escola <strong>no</strong> M<strong>as</strong>p” (ver mais detalhes <strong>no</strong>Relatório de visitação de exposições, op. cit.).RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 16/34de espetáculos musicais (um desdobramento do Projeto Cultura na Ci<strong>da</strong>de), sendo que<strong>no</strong>s primeiros a<strong>no</strong>s ocorreu simultaneamente na Praça <strong>da</strong> República e <strong>no</strong> vão livre doM<strong>as</strong>p - que cedeu o espaço para <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> <strong>culturais</strong>, num convênio firmado na épocacom a Secretaria Municipal de Cultura - , tendo depois persistido apen<strong>as</strong> na Aveni<strong>da</strong>Paulista ( 54 ).O Som do Meio Dia era organizado b<strong>as</strong>icamente por uma equipe de produção,vincula<strong>da</strong> a uma coordenação de produção, e por uma equipe de administração e apoio,vincula<strong>da</strong> a uma coordenação artística; amb<strong>as</strong> <strong>as</strong> coordenações subordinavam-se, porsua vez, ao Deptº de Teatros <strong>da</strong> Secretaria Municipal de Cultura, totalizando por voltade 15 profissionais ( 55 ).O projeto p<strong>as</strong>sou a imprimir uma marca na programação cultural <strong>da</strong> aveni<strong>da</strong>, umavez que criou um espaço significativo tanto para os músicos - ligados, segundo o projeto,“a estilos e gêneros musicais autênticos, excetuando os modismos e à música comercialde consumo” ( 56 ) - , que tinham a oportuni<strong>da</strong>de de contato com uma platéia numerosa edistinta dos shows pagos em auditórios fechados, como para o público, que tinha acessogratuito a espetáculos de quali<strong>da</strong>de.Du<strong>as</strong> pesquis<strong>as</strong> de opinião pública realizad<strong>as</strong> <strong>no</strong>s di<strong>as</strong> 07/12/1990 e 14/12/1990,totalizando 315 entrevistados, traçou b<strong>as</strong>icamente o seguinte perfil ( 57 ):- Acompanha com freqüência o Som do Meio Dia: Sim - 75%- Opinião sobre o projeto: Excelente - 86%- Como soube do projeto: Faix<strong>as</strong> - 44%- Profissão ( 58 ):Estu<strong>da</strong>ntes - Aprox. 58%Bancários - Aprox. 17%Office-boys - Aprox. 12%- Faixa etária ( 59 ): De 20 a 24 a<strong>no</strong>s: Aprox. 30%De 25 a 29 a<strong>no</strong>s: Aprox. 22%- Bairro onde reside: Zona Sul - 40%- Bairro onde trabalha: Cerqueira César - 35%Bela Vista - 19%Av. Paulista - 17%- Sexo: M<strong>as</strong>culi<strong>no</strong> - 61%54 - Relatório - Som do Meio Dia (1990). Secretaria Municipal de Cultura. S. Paulo, 1991, s. p.55 - Relatório - Som do Meio Dia (1990), op. cit., s. p.56 - Relatório - Som do Meio Dia (1990), op. cit., s. p.57 - Relatório - Som do Meio Dia (1990), op. cit., s. p.58 - Os <strong>da</strong>dos são, nesse c<strong>as</strong>o, apresentados num gráfico, sem uma precisa quantificação numérica.59 - Idem à <strong>no</strong>ta anterior.RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 17/34Realizado às sext<strong>as</strong> ao meio-dia, configurou-se <strong>no</strong> vão livre não somente um espaçode ativi<strong>da</strong>de cultural, m<strong>as</strong> também uma espécie de ponto de encontro e sociabili<strong>da</strong>de,<strong>no</strong>ta<strong>da</strong>mente entre o público estu<strong>da</strong>ntil, que predominava n<strong>as</strong> apresentações.Como já foi dito na p. 6, du<strong>as</strong> apresentações com um grande público entre maio ejunho de 1992 oc<strong>as</strong>ionaram uma reviravolta <strong>no</strong> projeto:“Isso oc<strong>as</strong>io<strong>no</strong>u, realmente, esse transtor<strong>no</strong> todo, porque, muito excepcionalmente,se fechava <strong>as</strong> du<strong>as</strong> vi<strong>as</strong> <strong>da</strong> Paulista para os shows <strong>no</strong>rmais que a gente fazia. Vez ououtra se fechava a calça<strong>da</strong> em shows de artist<strong>as</strong> conhecidos, que reuniam um públicogrande. Agora, nesses dois, realmente, parou tudo. Então, de certa forma, realmenteprejudicou todo o trânsito <strong>da</strong> região, refletiu em to<strong>da</strong> a ci<strong>da</strong>de. E a outra questão é,justamente este estilo de música que a Daniela estava fazendo, que é um reggae, umsamba-reggae, com dez a quinze mil pesso<strong>as</strong> <strong>da</strong>nçando naquela laje, realmente é muitodelicado. M<strong>as</strong> ess<strong>as</strong> foram <strong>as</strong> du<strong>as</strong> exceções, durante to<strong>da</strong> a realização do projeto.Naquela época era o Fábio Magalhães o conservador-chefe do M<strong>as</strong>p, entãoimediatamente, em função do show <strong>da</strong> Daniela, foram feit<strong>as</strong> reuniões com a Secretaria<strong>da</strong> Cultura, entraram em contato para se estar colocando, <strong>as</strong>sim, um receio geral,disso estar abalando a estrutura do M<strong>as</strong>p. E, enfim, naquela época, acho que nãochegou a ser feito nenhum laudo definitivo com relação à capaci<strong>da</strong>de, que até foi umacoisa que eu tinha sugerido que se fizesse, com relação à capaci<strong>da</strong>de do vão, comrelação à capaci<strong>da</strong>de de sustentação de público dele, de carga, uma vez que é umespaço aberto, e qualquer pessoa tem acesso àquele espaço. Então, acho que na ver<strong>da</strong>denão foi feito um laudo pericial definitivo com relação a isso. Houve laudos generalizados,de que a estrutura não comportava uma carga dinâmica com freqüência. M<strong>as</strong>, enfim, apartir <strong>da</strong>í teve que se redirecionar o projeto” (Esmeral<strong>da</strong> Ruza<strong>no</strong>wsky, coordenadoraartística do Projeto Som do Meio Dia ( 60 )).Um acordo acertado entre a SMC e o M<strong>as</strong>p definiu que os shows mais numerososseriam realizados na Praça Alexandre de Gusmão, ao lado do Tria<strong>no</strong>n, enquanto que <strong>no</strong>vão livre ocorreriam os acústicos ou eruditos. Na oc<strong>as</strong>ião, um ato público <strong>no</strong> vão livre,organizado pelo grupo de comunicação performática Fabrica de Sonho e pouco numeroso,protestou contra a medi<strong>da</strong>, por representar a supressão de um espaço público culturalconquistado. Um mês depois, um plebiscito com 1087 pesso<strong>as</strong> realizado pela SMC <strong>no</strong>60 - Entrevista concedi<strong>da</strong> em 21/02/1995.RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 18/34vão livre ratificou a decisão de se reservar a praça para os shows de música popular e ovão para música erudita (754 votos), m<strong>as</strong> problem<strong>as</strong> posteriores, como reclamações porparte dos moradores do entor<strong>no</strong> <strong>da</strong> praça, retira<strong>da</strong> do patrocínio do Banco Nacionalpelo fato de não acontecer mais integralmente <strong>no</strong> vão do M<strong>as</strong>p e, principalmente, aênf<strong>as</strong>e de Fábio Magalhães na interrupção d<strong>as</strong> apresentações, mesmo com <strong>as</strong>modificações, em função <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>de de uma tragédia, representou o fim do projeto( 61 ). Contraditoriamente, o projeto foi interrompido justo quando adquiria maiorpopulari<strong>da</strong>de, o que, por sua vez, permite se avaliar alguns limites claros quanto aocontor<strong>no</strong> d<strong>as</strong> ocupações de m<strong>as</strong>sa na aveni<strong>da</strong>.2.1.3 - CASA DAS ROSAS/ GALERIA DOS MUSEUS (SECRETARIADE ESTADO DA CULTURA)A C<strong>as</strong>a d<strong>as</strong> Ros<strong>as</strong>, como foi dito, é outro espaço significativo do ponto de vista <strong>da</strong>iniciativa pública na área cultural. Entretanto, seu temporário fechamento e a imensadificul<strong>da</strong>de em obter contato com pesso<strong>as</strong> que ali trabalharam impediu que pudessemser levantados de forma mais sistemática sua organização interna, principalmente porqueos documentos disponíveis relatam sobretudo seu importante processo de constituição.Dessa forma, apen<strong>as</strong> apontarei aqui os <strong>da</strong>dos disponíveis sobre o público que compareceua quatro exposições durante 1994, apresentando-os em seqüência cro<strong>no</strong>lógica ( 62 ):“Debret - Aquarel<strong>as</strong> do Br<strong>as</strong>il” - 22/02 a 20/03/1994- Público total: 11.572 (visit<strong>as</strong> monitorad<strong>as</strong> - 15,0%)- Média de público diário: Durante a semana - 221Aos fins de semana - 1.013- Perfil do visitante ( 63 ):1º - Estu<strong>da</strong>ntes2º - Serviços administrativos3º - Professores61- Ver “M<strong>as</strong>p treme e Som do Meio-Dia mu<strong>da</strong> de lugar”. O Estado de São Paulo. S. Paulo, 06/06/1992, p. 14; “Manifestação pede volta dosshows <strong>no</strong> Vão Livre do M<strong>as</strong>p”. Diário Popular. S. Paulo, 13/06/1992, p. 3; “Show <strong>no</strong> M<strong>as</strong>p, agora, só quando a música for ‘suave’”. Jornal<strong>da</strong> Tarde. S. Paulo, 20/06/1992, s. p.; J. SODRÉ. “Som do Meio-Dia: em dose dupla”. Jornal <strong>da</strong> Tarde. S. Paulo, 08/07/1992, s. p.; A.MACHADO. “M<strong>as</strong>p pode virar <strong>no</strong>vo ‘bateau-mouche’”. Folha de São Paulo. S. Paulo, 09/12/1992, p. 4-5.62 - Ver Relatório de monitoria: Debret - Aquarel<strong>as</strong> do Br<strong>as</strong>il. op. cit.; Relatório de monitoria: Bonec<strong>as</strong> (V. França) (29/03 a 17/04/1994). C<strong>as</strong>ad<strong>as</strong> Ros<strong>as</strong>/ Galeria dos Museus. S. Paulo, 12/05/1994; Relatório de monitoria: B<strong>as</strong>tidores dos Museus, op. cit.; Relatório de monitoria:Br<strong>as</strong>il - Imagens dos a<strong>no</strong>s 80 e 90 (19/06 a 28/08/1994). C<strong>as</strong>a d<strong>as</strong> Ros<strong>as</strong>/ Galeria dos Museus. S. Paulo, agosto/1994.63 - O relatório apresentava esse perfil sob a forma de gráfico, sem uma numeração precisa, e, na outra visita, não estava mais disponível, tendosido possível <strong>no</strong> c<strong>as</strong>o apen<strong>as</strong> levantar a colocação, em ordem decrescente.RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 19/34“Bonec<strong>as</strong>” (Verônica França) - 29/03 a 17/04/1994- Público total: 2.800 (visit<strong>as</strong> monitorad<strong>as</strong> - 9,4%)- Média de público diário: Durante a semana - 98Aos fins de semana - 213- Perfil do visitante:Serviços administrativos: 20,3%Estu<strong>da</strong>ntes: 19,0%Professores: 8.9%“B<strong>as</strong>tidores dos Museus” - 10/05 a 12/06/1994- Público total: 3.832 (visit<strong>as</strong> monitorad<strong>as</strong>: 7,3%)- Média de público diário: Durante a semana: 89Aos fins de semana: 134- Perfil do visitante:Estu<strong>da</strong>ntes: 23,9%Serviços administrativos: 19,5%Professores: 9,9%“Br<strong>as</strong>il - Imagens dos a<strong>no</strong>s 80 e 90” - 19/07 a 28/08/1994- Público total: 4.174 (visit<strong>as</strong> monitorad<strong>as</strong> - 1,6%)- Média de público diário: Durante a semana - 100Aos fins de semana - 131- Perfil do visitante:Estu<strong>da</strong>ntes: 25,8%Serviços administrativos: 24,3%Professores: 9,2%2.2 - ENTIDADES PATRONAISAs federações patronais - FIESP e FCESP - com su<strong>as</strong> respectiv<strong>as</strong> enti<strong>da</strong>des sociais- SESI e SESC - ocupando um lugar de destaque na aveni<strong>da</strong> Paulista, fornecem umpadrão de promoção cultural que guar<strong>da</strong> determinad<strong>as</strong> semelhanç<strong>as</strong>.RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 20/342.2.1 - SESIA responsabili<strong>da</strong>de mais direta pela promoção cultural do SESI é sua Divisão deDifusão Cultural - DDC - , vincula<strong>da</strong> hierarquicamente a uma Superintendência, que ésubordina<strong>da</strong>, por sua vez, ao Departamento Regional do SESI, cuja direção de seuConselho é exerci<strong>da</strong> pelo Presidente <strong>da</strong> FIESP. A DDC administra uma série de <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong>espalhad<strong>as</strong> pelo Estado de São Paulo - como o elenco itinerante do Teatro Popular doSESI, Núcleo de Artes Cênic<strong>as</strong>, Lazer Musical, Bibliotec<strong>as</strong> e Serviço de Caixa-Estantes- , e agencia outr<strong>as</strong> em sua sede, na aveni<strong>da</strong> - como o elenco estável do TPS (adulto einfantil), <strong>as</strong> Terç<strong>as</strong> Musicais e a Galeria de Arte, além de uma biblioteca e uma videoteca( 64 ).Entre <strong>as</strong> <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> do SESI presentes na Paulista, sem dúvi<strong>da</strong> seu Teatro Popular- com peç<strong>as</strong> inteiramente produzid<strong>as</strong> pela própria enti<strong>da</strong>de - , representa o principalmarco. Foi criado em 1948, dois a<strong>no</strong>s após a criação do SESI, como um grupo amadorde trabalhadores que se apresentavam para trabalhadores, sendo que, de 1959 a 1962p<strong>as</strong>sou por uma transição, como um grupo misto de profissionais e amadores, até tornarseuma companhia profissional, subsidia<strong>da</strong> também por fundos governamentais, edirigi<strong>da</strong>, desde o início <strong>da</strong> f<strong>as</strong>e de transição, pelo mesmo diretor, Osmar RodriguesCruz, com um elenco mais ou me<strong>no</strong>s fixo, além de técnicos e funcionários, encenandopeç<strong>as</strong> de autores nacionais e estrangeiros em temporad<strong>as</strong> que variaram entre um e doisa<strong>no</strong>s de duração, contando com um público permanentemente numeroso. Para TheodoraRibeiro, divulgadora <strong>da</strong> DDC e profissional do SESI há 25 a<strong>no</strong>s, a inauguração de su<strong>as</strong>ede própria à aveni<strong>da</strong> Paulista em 1977 contribuiu para a maior eficiência deste trabalho:“Antes, à medi<strong>da</strong> que o teatro mu<strong>da</strong>va de sala, o público se confundia. Não conseguiaentender o teatro como um grupo fixo, com um trabalho contínuo” ( 65 ).Pode-se destacar, nessa f<strong>as</strong>e, a peça “O poeta <strong>da</strong> vila e seus amores”, de autoria dePlínio Marcos, encena<strong>da</strong> entre 1977 e 1978, com uma platéia total de 343.461 em 639apresentações, e “O Santo Milagroso” (1981/1982), de Lauro César Muniz, que teveuma <strong>as</strong>sistência de 603.150 em 717 apresentações ( 66 ).Em 1993, após um seminário discutindo <strong>no</strong>vos rumos para o TPS, o SESI p<strong>as</strong>soua contratar <strong>no</strong>vos diretores e elenco para temporad<strong>as</strong> mais curt<strong>as</strong>, abrindo uma outra64 - Dados <strong>da</strong> entrevista com Maria Lúcia PEREIRA, diretora <strong>da</strong> Divisão de Difusão Cultural do SESI/ SP (02/03/1995).65 - Ver Teatro Popular do SESI - 20 a<strong>no</strong>s. SESI, S. Paulo, 1983, p. 62-64.66 - Teatro Popular do SESI - 25 a<strong>no</strong>s, op. cit., p. 34.RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 21/34f<strong>as</strong>e, liga<strong>da</strong> a uma certa modernização <strong>da</strong> proposta, não só em termos de experimentação,m<strong>as</strong> também em busca de uma maior visibili<strong>da</strong>de na mídia, com a finali<strong>da</strong>de de afinar aimagem do empresariado com a moderni<strong>da</strong>de:“Eu acho que tem, primeiramente, uma questão artística e é coloca<strong>da</strong>, m<strong>as</strong> nãomuito claramente. Eu acho que é um projeto que está começando a se delinear e sefortalecer, porque ele começa só com este desejo de se ancorar <strong>no</strong>s <strong>no</strong>vos tempos. Isto,naturalmente, tem conseqüênci<strong>as</strong>. Primeiro, a visibili<strong>da</strong>de. Você está mexendo comgente que está na mídia diariamente, então isto te dá visibili<strong>da</strong>de. Segundo, ela temuma finali<strong>da</strong>de mercadológica, você está vendendo uma imagem do empresário, doempresariado, quer dizer, este tipo de coisa é promovido por um empresariadopreocupado com a moderni<strong>da</strong>de, certo? Um empresariado que influi, que p<strong>as</strong>sa a influir<strong>no</strong>s desti<strong>no</strong>s do país, de maneira mais explícita, inclusive, na maneira como este paíspensa e como este país se reflete, que é a arte. Acho que o que está por trás, na ver<strong>da</strong>de,é isto” (Maria Lúcia Pereira, diretora <strong>da</strong> Divisão de Difusão Cultural do SESI/ SP ( 67 )).O publico alvo tradicional do TPS é o industriário, através de um forte esquema dedivulgação do SESI junto às empres<strong>as</strong>, tornando-se um hábito para trabalhadores <strong>da</strong>periferia que chegam, em muitos c<strong>as</strong>os, a <strong>as</strong>sistir às peç<strong>as</strong> mais de uma vez. Para TheodoraRibeiro, a experiência de <strong>as</strong>sistir às peç<strong>as</strong> é antecedi<strong>da</strong>, para muitos, pela experiência dese apreciar a própria Aveni<strong>da</strong> Paulista, enquanto se aguar<strong>da</strong> o início do espetáculo.Entretanto, <strong>no</strong> decorrer <strong>da</strong> tempora<strong>da</strong> ocorre em geral uma alteração desse perfil, com adiminuição <strong>da</strong> presença do industriário e aumento de outros segmentos, como o estu<strong>da</strong>ntil( 68 ).O projeto Terç<strong>as</strong> Musicais, voltado sobretudo à música erudita e existente desde1977, também conta com o mesmo esquema de divulgação, m<strong>as</strong> não o mesmo retor<strong>no</strong>quanto à presença de industriários, abrangendo um público de maior escolari<strong>da</strong>de emais situado <strong>no</strong> entor<strong>no</strong> <strong>da</strong> sede do SESI, numa média de 366 pesso<strong>as</strong> por espetáculoem 1994. P<strong>as</strong>sando atualmente por uma reformulação, com ênf<strong>as</strong>e em apresentações demúsicos mais consagrados <strong>da</strong> MPB, deverá p<strong>as</strong>sar a ter também um outro perfil distintode público ( 69 ).67 - Ver <strong>no</strong>ta 64.68 - Ver mais detalhes adiante. Dados <strong>da</strong> entrevista com Theodora RIBEIRO, divulgadora <strong>da</strong> Divisão de Difusão Cultural do SESI (03/02/1995).69 - Dados d<strong>as</strong> entrevist<strong>as</strong> com T. RIBEIRO, op. cit. e M. L. PEREIRA, op. cit.RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 22/34A Galeria de Arte, que, conforme consta na p. 2, p<strong>as</strong>sou <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s pormu<strong>da</strong>nç<strong>as</strong> de concepção - incluindo a criação de uma subdivisão de <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> artístic<strong>as</strong>,para um melhor acompanhamento <strong>da</strong> dinâmica específica <strong>da</strong> galeria, que vem cumprindo,segundo a DDC, os objetivos de se estabelecer definitivamente como pólo cultural deSão Paulo, sendo que em 1992, dos 71,7 mil pesso<strong>as</strong> que a visitaram, por volta de 3,2mil vieram através de visit<strong>as</strong> monitorad<strong>as</strong>, com um público composto de estu<strong>da</strong>ntes eindustriários, não havendo <strong>da</strong>dos sobre a composição dos visitantes espontâneos ( 70 ).Quanto ao perfil mais detalhado do público, pode-se levantar os seguintes traços( 71 ), embora se tratem de pesquis<strong>as</strong> episódic<strong>as</strong>, que fazem recortes parciais:TPS (29/09 a 03/10/1993) ( 72 ):- I<strong>da</strong>de: Média de 27,6 a<strong>no</strong>s- Sexo: Femini<strong>no</strong> - 62%- Estado civil: Solteiros - 71%- Escolari<strong>da</strong>de: 2º grau completo e incompleto - 44%- Formação profissional: Diversifica<strong>da</strong>, com 13% de professores- Local de residência: Capital - 80%- Zona de residência: Zona Sul - 31%- Área de trabalho: Outr<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> - 24%Estu<strong>da</strong>ntes - 19%Serviços - 15%- Faixa de ren<strong>da</strong> mensal: Até Cr$ 50 mil - 72% ( 73 )- Meio de transporte utilizado: Ônibus - 45%Automóvel - 35%- C<strong>as</strong>o o TPS fosse pago, estariam aqui: Sim - 57%70 - Ver Galeria de Arte do SESI/ Coleção Gilberto Chateaubriand - Relatório de avaliação. op. cit., p. 3.71 - São citados aqui apen<strong>as</strong> os <strong>da</strong>dos que interessam mais ao presente trabalho.72 - Perfil do frequentador do Teatro Popular do SESI - Relatório Geral. FIESP/ CIESP/ DEPEA. Divisão de Difusão Cultural, S. Paulo, 1993.73 - O salário mínimo na época era de por volta de Cr$ 5,5 mil.RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 23/34TPS - 3 <strong>as</strong> MUSICAIS (19/10, 26/10, 02/11, 09/11, 23/11 e 07/12/1993) ( 74 )- I<strong>da</strong>de: Média de 39,5 a<strong>no</strong>s- Sexo: Femini<strong>no</strong> - 62%- Estado civil: Solteiros - 54%- Escolari<strong>da</strong>de: Superior completo e incompleto - 44%- Formação profissional: Diversifica<strong>da</strong>, com 22% de professores- Local de residência: Capital - 92%- Zona de residência: Zona Sul - 42%- Área de trabalho: Outr<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> - 33%Não trabalham - 18%Serviços - 13%Comércio - 13%- Faixa de ren<strong>da</strong> mensal: Até Cr$ 50 mil - 40%- Meio de transporte utilizado: Ônibus - 34%Automóvel - 30%- C<strong>as</strong>o o TPS fosse pago, estariam aqui: Sim - 57%Galeria de Arte do SESI (<strong>da</strong>dos sobre uma amostra d<strong>as</strong> visit<strong>as</strong> monitorad<strong>as</strong> de 1992)( 75 )- I<strong>da</strong>de: 11 a 14 a<strong>no</strong>s - 37%15 a 18 a<strong>no</strong>s - 35%- Sexo: Femini<strong>no</strong> - 61%- Escolari<strong>da</strong>de: 1º grau - 62%2º grau - 23%2.2.2 - SESCO SESC - São Paulo também possui uma v<strong>as</strong>ta rede de <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> <strong>culturais</strong>,esportiv<strong>as</strong> e de saúde que não serão aqui detalhad<strong>as</strong>, <strong>da</strong>do o interesse <strong>no</strong> que diz respeitoao que se concentra na av. Paulista, onde funciona sua Sede Regional. Nela não haviaaté há pouco tempo a promoção de <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> <strong>culturais</strong>, tendo sido aberta inicialmente74 - Perfil do frequentador do Teatro Popular do SESI/ Terç<strong>as</strong> Musicais - Relatório Geral. FIESP/ CIESP/ DEPEA. Divisão de Difusão Cultural,S. Paulo, 1994.75 - Ver Galeria de Arte do SESI/ Coleção Gilberto Chateaubriand - Relatório de avaliação, op. cit., p. 3. As visit<strong>as</strong> monitorad<strong>as</strong> naquele a<strong>no</strong>perfizeram 4,7% do total d<strong>as</strong> visit<strong>as</strong>.RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 24/34a galeria <strong>da</strong> arte, em meados dos a<strong>no</strong>s 80, que p<strong>as</strong>sou a contar com exposições mensais,e, em 1990, criado o Espaço Cultural SESC Paulista, que integraria a galeria e o auditório- que até então era utilizado somente para <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> intern<strong>as</strong> ao SESC - , sendo queneste p<strong>as</strong>sou a acontecer o Projeto SESC Instrumental ( 76 ):“A galeria já existia há um tempo, pois se imagi<strong>no</strong>u um objetivo muito específicode <strong>da</strong>r ao espaço um caráter não tanto voltado para a reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Paulista, m<strong>as</strong>dotá-lo de <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> que servissem também de modelo para outr<strong>as</strong> <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong>semelhantes <strong>no</strong> SESC como um todo. A galeria, que já existia há algum tempo, tem umcaráter também comercial e de ven<strong>da</strong>, e também de privilegiar artist<strong>as</strong> <strong>no</strong>vos. E tem ahaver também com o espaço <strong>da</strong> Paulista, mais sofisticado, com <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> tendo umacerta projeção, maior do que em qualquer outro local. Agora, a idéia do projetoinstrumental veio exatamente para tentar integrar o espaço do auditório com a galeria,<strong>no</strong> sentido de cois<strong>as</strong> acontecendo simultaneamente, e se projetando, não só numaexposição, m<strong>as</strong> também num lançamento de livro, de disco, em debates, que tivessem ahaver com música, arte, cultura, num projeto muito mais amplo. Acabou acontecendoque ca<strong>da</strong> um se restringiu ao seu próprio espaço e a coisa não aconteceu. Isso não seestendeu para outr<strong>as</strong> uni<strong>da</strong>des e acabou sendo abandonado. Ficou a música de umlado e a galeria do outro, sem nenhuma integração” (Maximi<strong>no</strong> A. Boschi, coordenadordo Projeto SESC Instrumental ( 77 )).Retomando <strong>as</strong>pectos já citados na p. 3, o Projeto SESC Instrumental iniciou suatrajetória em 1990, incorporando a experiência <strong>da</strong> instituição em outros projetos, voltadosobretudo à música instrumental br<strong>as</strong>ileira, a partir do diagnóstico <strong>da</strong> carência na ci<strong>da</strong>dede espaços de apresentação para o instrumentista, iniciando com uma programação de<strong>no</strong>mes mais conhecidos, segui<strong>da</strong> de maior espaço para grupos <strong>no</strong>vos e eruditos, tendosido, em seu primeiro a<strong>no</strong>, patrocinado pela Blaupunkt ( 78 ).Como já foi afirmado na p. 2, uma d<strong>as</strong> motivações do projeto deveu-se aodiagnóstico, naquela área <strong>da</strong> Paulista, de uma série de investimentos urba<strong>no</strong>s e deconcentração de pesso<strong>as</strong> e serviços, além do <strong>eixo</strong> <strong>da</strong> Paulista-Consolação ser considerado76 - Tanto a galeria de arte quanto o projeto instrumental estão subordinados a uma gerência de apoio operacional, vincula<strong>da</strong>, por sua vez, àDiretoria Regional do SESC, liga<strong>da</strong> ao Presidente <strong>da</strong> FCESP e ao Conselho Deliberativo.77 - Entrevista concedi<strong>da</strong> em 22/02/1995.78 - Ver “SESC e Blaupunkt reúnem músicos em um projeto”. Folha do ABC. São Bernardo do Campo, 02/08/1990, s. p.RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 25/34“... uma d<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> de maior oferta de <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> de lazer, de espaços <strong>culturais</strong> econvivência social, com cinem<strong>as</strong> (Bel<strong>as</strong> Artes, Gazeta e Shopping), restaurantes,lanchonetes e hotéis, além de espaços <strong>culturais</strong> criados (M<strong>as</strong>p, Espaço Cultural Itaú,Citibank, Crowne Plaza) ou em processo de implantação” ( 79 ).Dessa forma, o público alvo do projeto não foi necessariamente o comerciário <strong>da</strong>ci<strong>da</strong>de ou mesmo <strong>da</strong> região <strong>da</strong> Paulista ( 80 ), sendo que este último apresenta um perfiljovem (48,3% entre 18 e 24 a<strong>no</strong>s), solteiro (75,4%), com formação secundária (53,4%),com baixa remuneração (29,6% com 2 a 3 s. m. e 22% com 3 a 5 s. m.), vendedor(43,2%), que vai para o trabalho de transporte coletivo (47,4% de ônibus e 33% demetrô), cuja empresa não paga o almoço (62,7%), com a TV como principal lazer(33,9%), que nunca foi ao M<strong>as</strong>p (60,2%) e que discor<strong>da</strong> que a Paulista seja local dep<strong>as</strong>seat<strong>as</strong> (68,6%), cujo capital cultural, portanto, talvez demand<strong>as</strong>se um outro tipo deativi<strong>da</strong>de por parte do SESC.Pesquisa em 14/05/1990 com 202 pesso<strong>as</strong> que compareceram ao Projeto SESCInstrumental, <strong>no</strong>s primórdios do projeto, apontou <strong>as</strong> seguintes característic<strong>as</strong> ( 81 ):- Como tomou conhecimento do projeto: Jornal - 50%- Quant<strong>as</strong> vezes veio <strong>as</strong>sistí-lo: Veio outr<strong>as</strong> vezes - 60%- Ao vir do instrumental, está vindo: Do trabalho - 45%De c<strong>as</strong>a - 43%- Bairro de onde está vindo: Paraíso, Aclimação, V. Mariana, Jardins, Bela Vista,Cerqueira César e Consolação - 40%- Ocupação: Trabalha - 77%Estu<strong>da</strong> - 39%- Qual a profissão ( 82 ):Profissionais liberais - 31%Produção artística, publicitária e jornalística - 29%Serviços administrativos - 28%Técnicos - 10%- Salário: De 5 a me<strong>no</strong>s de 10 s. m. - 19%De 10 a me<strong>no</strong>s de 20 s. m. - 13%79 - Relatório do Projeto Instrumental SESC Blaupunkt (1990), op. cit., s. p.SESC, 1991, p. 2.80 - Pesquisa “Os Comerciários <strong>da</strong> Paulista”, SESC, S. Paulo, 1991.81 - Ver Pesquisa sobre o público do Instrumental SESC Paulista. SESC/ GEDES/ GELTI. S. Paulo, 1990.82 - Há aqui a citação de um conjunto de profissões, sendo que procurei mencionar apen<strong>as</strong> o padrão comum predominante.RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 26/34- Instrução: Superior - 62%2º Grau - 32%- Sexo: M<strong>as</strong>culi<strong>no</strong> - 61%- I<strong>da</strong>de: De 19 a 30 a<strong>no</strong>s - 57%De 31 a 45 a<strong>no</strong>s - 29%- Estado civil: Solteiro - 71%OBS.: No início de 1991, o balanço do projeto retomando essa pesquisa frisava umpúblico composto na maioria de estu<strong>da</strong>ntes, profissionais liberais e músicos, com 35%entre 20 e 30 a<strong>no</strong>s e 32% entre 30 e 40 a<strong>no</strong>s, além de apontar uma variação do públicoconforme o tipo de apresentação (música popular ou erudita, músico mais ou me<strong>no</strong>sconhecido), sendo estimado que por volta de 30% do público tor<strong>no</strong>u-se freqüentadorhabitual ( 83 ). Ain<strong>da</strong> segundo Maximi<strong>no</strong> A. Boschi, a principal característica principaldo público seria a informali<strong>da</strong>de, com habituês que constantemente perguntam pelaprogramação, sugerem <strong>no</strong>mes, etc. ( 84 ).2.3 - BANCOS E SEUS ESPAÇOS CULTURAIS2.3.1 - ICIP<strong>as</strong>semos então aos bancos que, como foi afirmado entre <strong>as</strong> p. 3 e 5, vêmrepresentando um crescente espaço de <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> <strong>culturais</strong> na aveni<strong>da</strong>, dentro <strong>da</strong> lógicado marketing institucional, dentre os quais o Instituto Cultural Itaú - que, segundo sua<strong>as</strong>sessoria, tem por objetivo divulgar a cultura br<strong>as</strong>ileira n<strong>as</strong> su<strong>as</strong> mais variad<strong>as</strong> form<strong>as</strong>de expressão ( 85 ) se destaca por uma estratégia mais articula<strong>da</strong> que os demais.A uni<strong>da</strong>de de atendimento ao público, o Centro de Informática e Cultura - CIC/I -conta com du<strong>as</strong> coordenadori<strong>as</strong> - administrativa e pe<strong>da</strong>gógica - que dirige o trabalhodos orientadores <strong>culturais</strong>, que, por sua vez, atendem diariamente os usuários do CIC.Nessa uni<strong>da</strong>de operacional funcionam o banco de <strong>da</strong>dos informatizados - com módulos<strong>da</strong> pintura br<strong>as</strong>ileira (séc. XVI a XX), de fotografia (memória <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de São Paulo) e deliteratura (com o cad<strong>as</strong>tramento até aqui de poesi<strong>as</strong>) - , a apresentação de filmes e vídeos83 - Relatório do Projeto Instrumental SESC Blaupunkt (1990), op. cit., s. p.84 - Dados <strong>da</strong> entrevista com Maximi<strong>no</strong> Antonio BOSCHI, coordenador do projeto SESC Instrumental (22/02/1995).85 - O. JR., op. cit., s. p.RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 27/34(com vários curt<strong>as</strong> produzidos pelo ICI sobre períodos <strong>da</strong> história política e culturalbr<strong>as</strong>ileira, artist<strong>as</strong>, personali<strong>da</strong>des e outros tem<strong>as</strong>, com a disponibili<strong>da</strong>des desses emvideoteca e filmoteca), além de um programa de <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> pe<strong>da</strong>gógic<strong>as</strong> (com visit<strong>as</strong>monitorad<strong>as</strong> de escol<strong>as</strong> de 1º e 2º grau), <strong>da</strong> realização de mostr<strong>as</strong> temátic<strong>as</strong>, seminários,etc. ( 86 ).Num outro local, também na Paulista, funciona a sede do ICI, b<strong>as</strong>icamente com aárea de administração cultural, de pesquis<strong>as</strong>, do processamento d<strong>as</strong> informações <strong>no</strong>sbancos de <strong>da</strong>dos eletrônicos, <strong>da</strong> produção dos curt<strong>as</strong>-metragens, <strong>da</strong> publicação de livros,catálogos, gráficos e folhetos, e <strong>da</strong> gestão de outr<strong>as</strong> uni<strong>da</strong>des do ICI, como o CIC/II, emCampin<strong>as</strong>, o Núcleo de Informática e Cultura - NIC/I, de me<strong>no</strong>r porte, em Belo Horizontee Uni<strong>da</strong>des de Informática e Cultura - UIC - , espécies de pequen<strong>as</strong> “ilh<strong>as</strong> de informação”,existentes hoje em 10 ci<strong>da</strong>des br<strong>as</strong>ileir<strong>as</strong>. Todo esse complexo é subordinado ao Conselhode Administração e à Diretoria Executiva, presidi<strong>da</strong> pelo ex-prefeito Olavo EgydioSetúbal, que também preside a Itaúsa, empresa líder do grupo Itaú, que criou o ICI,sendo que a partir do segundo semestre desse a<strong>no</strong> tanto a uni<strong>da</strong>de de atendimento aopúblico quanto a sede administrativa e de pesquisa p<strong>as</strong>sarão a funcionar <strong>no</strong> EspaçoCultural Itaú, numa torre de estrutura de aço de treze an<strong>da</strong>res que custou ao banco porvolta de mais 10 milhões para a construção, voltado à expansão dess<strong>as</strong> <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> <strong>culturais</strong>( 87 ).A relação do ICI com a Aveni<strong>da</strong> Paulista pode ser estabeleci<strong>da</strong> em muitos níveis:segundo documento do ICI, a escolha do espaço na av. Paulista, se deve ao fato de setratar de “região de reconheci<strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>no</strong> quadro urba<strong>no</strong> por sua história e tradição,privilegia<strong>da</strong> quanto à disponibili<strong>da</strong>de de meios de acesso e à sua expressa vocação emrelação à oferta de bens e serviços <strong>culturais</strong>” ( 88 ); em 1990, numa eleição do “símbolo<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de”, promovi<strong>da</strong> pelo Banco Itaú e pela Rede Globo, a aveni<strong>da</strong> foi vitoriosa com332.493 votos, sendo que o primeiro módulo fotográfico lançado pelo CIC/I documentajustamente a memória <strong>da</strong> Paulista, por oc<strong>as</strong>ião <strong>da</strong> comemoração de seu centenário ( 89 );mais recentemente, o CIC/I promoveu um encontro, ministrado por seus orientadores,com um p<strong>as</strong>seio “histórico-cultural” pela aveni<strong>da</strong> ( 90 ).86 - Ver Apresentação do Instituto Cultural Itaú. ICI. S. Paulo, 1990, p. 3 e 4 e Perfil <strong>da</strong> atuação - 5 a<strong>no</strong>s, op. cit.87 - Ver “Os bancos bancam”, op. cit., p. 20 e Perfil de atuação - 5 a<strong>no</strong>s, op. cit.88 - Apresentação do Instituto Cultural Itaú, op. cit., p. 3.89 - Ver Relatório do Projeto Eleja São Paulo. Banco Itaú S. A., S. Paulo, 1990; “Aveni<strong>da</strong> Paulista, imagem oficial de São Paulo”.Semanal Itaú nº 1007, Publicação interna do Itaú S. A., S. Paulo, 17 a 24/07/1991, p. 9. Futuramente essa conexão será melhortrabalha<strong>da</strong>.90 - 09/03/1995: Av. Paulista - imagens e histórico; 16/03/1995: Av. Paulista como Museu Aberto - p<strong>as</strong>seio e visita a instituições<strong>culturais</strong> (Programa de Formação Contínua I, CIC/I - ICI, S. Paulo, 1995).RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 28/34Os <strong>da</strong>dos disponíveis sobre o público freqüentador do CIC/I, tais como vári<strong>as</strong>outr<strong>as</strong> instituições aqui levantad<strong>as</strong>, representam recortes parciais que mereceriamaprofun<strong>da</strong>mento. A primeira e única pesquisa qualitativa com o usuário espontâneo doCIC/I, feita em dois períodos (26/10 a 01/11/1994 e 23/11 a 30/11/1994) com 645pesso<strong>as</strong> ( 91 ) revela os seguintes <strong>da</strong>dos:- Sexo: Femini<strong>no</strong> - 55,3%- I<strong>da</strong>de: De 15 a 24 a<strong>no</strong>s - 46,5%De 25 a 34 a<strong>no</strong>s - 28,4%- Estado civil: Solteiro - 74,8%- Escolari<strong>da</strong>de: 3º grau - 58,7%2º grau - 32,8%- Estu<strong>da</strong> atualmente: Sim - 68,3% (maioria <strong>no</strong> 3º grau - 48,8%)- Trabalha atualmente: Sim - 65,3%- Ocupação principal:Educação - 30,7%Arte, arquitetura e comunicação - 19,9%Setor financeiro, industrial e comercial - 16,6%Ren<strong>da</strong> mensal (pessoal): De 5 a 10 s. m. - 26,6%De 2 a 5 s. m. - 25,1%- Meio de transporte utilizado: Ônibus - 35,4%Metrô - 30,2%- Freqüência: 1ª vez - 57,9%Entretanto o público predominante do CIC/I, segundo sua coordenadoriaadministrativa, é o estu<strong>da</strong>ntil - numa proporção aproxima<strong>da</strong> de 60% do 1º grau e 40%do 2º (que p<strong>as</strong>sou a ser incorporado <strong>no</strong> a<strong>no</strong> p<strong>as</strong>sado) - com um cálculo aproximado <strong>da</strong>vin<strong>da</strong> de 12 mil alu<strong>no</strong>s/a<strong>no</strong> em visit<strong>as</strong> programad<strong>as</strong> ( 92 ):“... o professor agen<strong>da</strong> para trazer uma cl<strong>as</strong>se de alu<strong>no</strong>s e ele pode agen<strong>da</strong>r de umaa dez, vinte, trinta, quant<strong>as</strong> cl<strong>as</strong>ses ele quiser, desde que ele tenha infra-estrutura para91 - Relatório de pesquisa: avaliação do perfil do público espontâneo do CIC-I. CIC/I - ICI. S. Paulo, 1995.92 - Dados obtidos com Ivete Callado CORREA NETO, coordenadora administrativa do CIC/I, em 09/11/1994. No futuro estará à disposiçãouma pesquisa mais precisa sobre <strong>as</strong> visit<strong>as</strong> monitorad<strong>as</strong>.RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 29/34trazer estes grupos. O Instituto paga um ônibus por dia para a escola pública, tantomunicipal como estadual, a gente tem uma cota de ônibus para aju<strong>da</strong>r este trabalho.Então, neste sentido, a gente tem tido experiência de poder trazer cl<strong>as</strong>ses <strong>da</strong> periferiade São Paulo, gente lá do Itaim Paulista, de Parelheiros, de para lá de Os<strong>as</strong>co, enfim,você tem possibilitado então um acesso, a partir desta aju<strong>da</strong>, do grande público mesmoe... de abrir um leque, de atender, <strong>as</strong> vári<strong>as</strong> cl<strong>as</strong>ses sociais. A intenção é atingir atodos, indiscrimina<strong>da</strong>mente. A partir de uma visita programa<strong>da</strong>, onde você tem umprofessor com um grupo de alu<strong>no</strong>s, a gente faz primeiro um trabalho de quali<strong>da</strong>de como professor. Se nós temos hoje qu<strong>as</strong>e dez mil imagens <strong>no</strong> banco de <strong>da</strong>dos, somandotodos os módulos, a quanti<strong>da</strong>de de informação que você tem neste banco de <strong>da</strong>dos, aquanti<strong>da</strong>de de filmes que se tem na c<strong>as</strong>a, tanto produção do ICI, como produçãoindependente que o ICI adquiriu de alguma forma - tem uns filmes que foram comprados,outros que foram doados - , então, um grupo quando vem para cá, ele vem para cápara ver o quê? Porque o importante aqui não é o computador, o importante é oconteúdo, o que está dentro” (Maria Paula Palhares, coordenadora pe<strong>da</strong>gógica do CIC/I ( 93 )).2.3.2 - ESPAÇO CULTURAL CITIBANK E OUTROSOutros bancos na aveni<strong>da</strong> Paulista vem equacionando a relação com a cultura emoutr<strong>as</strong> estratégi<strong>as</strong>: o c<strong>as</strong>o do Espaço Cultural Citibank, já mencionado na p. 4, traz umaperspectiva a ser analisa<strong>da</strong>.A partir do diagnóstico, por parte do departamento de marketing do banco, que o<strong>as</strong>sim chamado espaço cultural era até então utilizado somente para eventos inter<strong>no</strong>s ecorporativos, contratou-se a empresa Articultura, especializa<strong>da</strong> em marketing cultural,que, após a apresentação de algum<strong>as</strong> propost<strong>as</strong>, termi<strong>no</strong>u por desenvolver, durante osegundo semestre de 1994, <strong>as</strong>sumindo tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> etap<strong>as</strong> - concepção, produção, divulgação,apreciação do projeto pela curadoria e artist<strong>as</strong>, avaliação do retor<strong>no</strong> em termos de imageminstitucional, espaço obtido na mídia, etc. - , o projeto “Poétic<strong>as</strong> Paulistan<strong>as</strong>”, uma sériede quatro mostr<strong>as</strong> de jovens artist<strong>as</strong> plásticos, selecionados por uma curadoria a partirde uma pesquisa em 50 ateliês <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, com produção já consoli<strong>da</strong><strong>da</strong> porém ain<strong>da</strong>não incorpora<strong>da</strong> ao mercado de arte ( 94 ):93 - Entrevista concedi<strong>da</strong> em 09/03/1995.94 - Dados <strong>da</strong> entrevista com Y. SARKOVAS, op. cit. e do Relatório do projeto “Poétic<strong>as</strong> Paulistan<strong>as</strong>”. Citibank. S. Paulo, 1995.RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 30/34“No Br<strong>as</strong>il, mesmo em meio a uma crise sem precedentes, <strong>as</strong> conexões entre <strong>as</strong>empres<strong>as</strong> e <strong>as</strong> <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> artístic<strong>as</strong> ampliam-se de forma significativa. Pressionados pelaausência de suportes institucionalizados para pesquisa, criação, produção e circulaçãode bens artísticos e <strong>culturais</strong>, os profissionais do setor buscam amparo <strong>no</strong>s recursosempresariais, fazendo surgir um mercado embrionário de patrocínio às artes.Já o marketing empresarial procura <strong>no</strong>vos meios de promoção para su<strong>as</strong> marc<strong>as</strong> eprodutos e, neste processo, vem se utilizando, ca<strong>da</strong> vez mais, d<strong>as</strong> <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> artístic<strong>as</strong>como ferramenta de comunicação. Esta técnica, que <strong>no</strong> Br<strong>as</strong>il se convencio<strong>no</strong>u de<strong>no</strong>minarde marketing cultural, movimenta hoje boa parte do mercado artístico e provavelmentejá se constitui sua principal fonte de recursos.O marketing cultural é uma relação de negócio, regi<strong>da</strong> pelo equilíbrio entre o custoe o benefício <strong>da</strong> ação de patrocínio. Difere do mecenato, onde prevalece o espírito <strong>da</strong>benemerência. A obtenção do patrocínio exige do administrador cultural conhecimentosobre <strong>as</strong> estratégi<strong>as</strong> e objetivos de comunicação d<strong>as</strong> marc<strong>as</strong> e produtos, levando-o ainteragir com divers<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> d<strong>as</strong> empres<strong>as</strong>, como <strong>as</strong> de relações públic<strong>as</strong>, marketing,publici<strong>da</strong>de, promoção e até recursos huma<strong>no</strong>s e tributos” (Yacoff Sarkov<strong>as</strong>, diretorgeral <strong>da</strong> Articultura ( 95 )).Após uma avaliação positiva do projeto anteriormente realizado ( 96 ), a proposta decontinui<strong>da</strong>de por parte <strong>da</strong> Articultura <strong>no</strong> Espaço Cultural Citibank implicaria emexposições envolvendo tem<strong>as</strong> científicos e tec<strong>no</strong>lógicos que ampliariam o públicofreqüentador, m<strong>as</strong> que depende do aval <strong>da</strong> diretoria do Citibank - que p<strong>as</strong>sou recentementepor uma total mu<strong>da</strong>nça - , o que talvez possa indicar, por um lado, o alto profissionalismodo projeto, com avaliação mais concreta de custos e benefícios, m<strong>as</strong> talvez sem apossibili<strong>da</strong>de de romper o caráter circunscrito e intermitente implícito nesse tipo deterciarização, que enfrenta obstáculos para uma política cultural de longo prazo.Os demais bancos <strong>da</strong> Paulista não serão aqui trabalhados, pela ausência de <strong>da</strong>dosque pudessem receber o mesmo tratamento dispensado às outr<strong>as</strong> instituições. Em geral,tratam-se de bancos que contam com departamentos de eventos em vári<strong>as</strong> esfer<strong>as</strong>,95 - “Arte-Empresa: parceria multiplicadora” in Marcos MENDONÇA (coord.). Uma saí<strong>da</strong> para a arte. Carthago & Forte Ed., S.96 - Foi obtido um razoável espaço de divulgação, tanto na mídia impressa quanto na televisiva ( ver Relatório do projeto “Poétic<strong>as</strong> Paulistan<strong>as</strong>”,op. cit., clipping impresso e Documentário em vídeo do projeto “Poétic<strong>as</strong> Paulistana”.Citibank. S. Paulo, Prod.: Philbus, Dir.: YacoffSARKOVAS, 1994, clipping eletrônico ); foram realizad<strong>as</strong>, segundo o relatório, 21 visit<strong>as</strong> monitorad<strong>as</strong> ao longo do projeto, com umamédia de 35 a 40 alu<strong>no</strong>s ( relatório <strong>da</strong> monitoria infantil).RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 31/34incluindo a cultural, e promovem <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> com maior regulari<strong>da</strong>de, como o já citadoc<strong>as</strong>o do Banco Real (p. 3/4) ( 97 ), ou de forma episódica, como o c<strong>as</strong>o do Banco Safra ou<strong>da</strong> Caixa Econômica Federal.3 - CONCLUSÃONão se pretende aqui sumariar os principais <strong>da</strong>dos obtidos, que aparecem ao longodo texto, m<strong>as</strong> apen<strong>as</strong> apontar alguns tópicos que chamam a atenção, sendo que muitosdeles mereceriam posterior aprofun<strong>da</strong>mento.Os <strong>da</strong>dos mostram que se configura claramente na aveni<strong>da</strong> Paulista um forte pólocultural - ou “corredor cultural”, segundo alguns - , com significativo desempenho porparte de instituições cuja vinculação primordial com aquele espaço é de naturezaempresarial, econômica e financeira.A <strong>no</strong>ção de “centrali<strong>da</strong>de cultural” <strong>da</strong> Paulista na metrópole, embora aqui intuí<strong>da</strong>,merece ain<strong>da</strong> um melhor exame do ponto de vista conceitual e empírico: primeiro,porque implica na discussão dos pressupostos de centrali<strong>da</strong>de n<strong>as</strong> metrópoles, ondeuma d<strong>as</strong> referênci<strong>as</strong> é justamente a forte descentralização, além de se referir à esferacultural, exigindo uma clara circunscrição de seu significado ( 98 ); segundo, porque nãosó se precisaria do levantamento de outr<strong>as</strong> <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> na Paulista - como p. ex., o cinema,que não foi trabalhado aqui pela natureza do presente relatório - , como seria necessárioum mapeamento, ain<strong>da</strong> que superficial, de outros espaços urba<strong>no</strong>s onde também seconcentram equipamentos e <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> <strong>culturais</strong>, para efeito de comparação.Não há dúvi<strong>da</strong> que o M<strong>as</strong>p confere a principal “aura cultural” ao espaço <strong>da</strong> Paulista,por to<strong>da</strong> sua trajetória, acervo, importância cultural e arquitetônica. Essa importância éconsensualmente reconheci<strong>da</strong>, fazendo parte <strong>da</strong> construção de identi<strong>da</strong>de de alguns dessesespaços <strong>culturais</strong> o estabelecimento de relações de comparação e oposição ao Museu -como p. ex., espaço informal vs. formal, de artist<strong>as</strong> <strong>no</strong>vos vs. consagrados, popular vs.erudito, etc.Alguns desses outros espaços, entretanto, vão também obtendo legitimi<strong>da</strong>de, emfunção de estratégi<strong>as</strong> de alianç<strong>as</strong> com outros museus (vide galeria do SESI) ou de polític<strong>as</strong>97- Entre outr<strong>as</strong> mostr<strong>as</strong> de 1994, pode-se citar : Exposição de Map<strong>as</strong> Raros, do acervo ico<strong>no</strong>gráfico <strong>da</strong> Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro( setembro ), Produção Contemporânea de Artes Visuais do México, organiza<strong>da</strong> pelo Consulado geral <strong>da</strong>quele país ( agosto ) e ExposiçãoAnual Conjunta de Ikebana, promovid<strong>as</strong> por divers<strong>as</strong> enti<strong>da</strong>des japones<strong>as</strong> ( <strong>da</strong>dos obtidos com A.Q.SANTOS, op. cit. ).98 - Ver Edward W. SOJA.Geografi<strong>as</strong> Pós- Modern<strong>as</strong>. Jorge Azhar Ed., R. Janeiro, 1993 e Nestor G. CANCLINI. “México 2000 : ciu<strong>da</strong>d sinmapa” in Medio Ambiente y urbanizacion, a<strong>no</strong> 10, nº 43/44, I.I.E.D., B. Aires, jun-sept./1993, p. 111-124.RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 32/34de longo prazo, com uma certa auto<strong>no</strong>mia frente à empresa que os subsidia (como oc<strong>as</strong>o do ICI).O impulso recente <strong>da</strong>do ao marketing cultural favorece que a aveni<strong>da</strong> Paulista sejaidentifica<strong>da</strong> ao me<strong>no</strong>s como espaço de uma intensificação <strong>da</strong> relação entre empresa ecultura, como atesta uma recente matéria na grande imprensa:“O a<strong>no</strong> de 1994 deve ser lembrado como um marco na história do investimentoempresarial em cultura <strong>no</strong> Br<strong>as</strong>il. É nisso que acreditam produtores <strong>culturais</strong> e empresáriosouvidos pela Folha. Uma expressão concreta dessa crença, manifesta<strong>da</strong> ao longo doa<strong>no</strong>, foi o surgimento de diversos espaços <strong>culturais</strong> vinculados a empres<strong>as</strong> em São Paulo.Seus sobre<strong>no</strong>mes são: Citibank, Fiat, Real, Safra, Caixa Econômica Federal e BancoNacional. Qu<strong>as</strong>e todos apareceram neste a<strong>no</strong> e se situam na aveni<strong>da</strong> Paulista” ( 99 ).Mapea<strong>da</strong> pelo relatório, essa dimensão vem se tornando ca<strong>da</strong> vez mais visível <strong>no</strong>contexto urba<strong>no</strong>, o que coloca por sua vez a possibili<strong>da</strong>de de se pensar a aveni<strong>da</strong> sobum outro par de oposição: enquanto <strong>as</strong> <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> <strong>culturais</strong> ligad<strong>as</strong> à esfera eminentementepública ou sem fins lucrativos, como o M<strong>as</strong>p, C<strong>as</strong>a d<strong>as</strong> Ros<strong>as</strong> ou Galeria <strong>da</strong> Consolação,enfrentam, em diferentes níveis, inúmeros percalços materiais para a viabilização deseus projetos, há, por outro lado, um setor privatizado que, sob diferentes estratégi<strong>as</strong>,vem se tornando, ain<strong>da</strong> que potencialmente, um espaço de inúmer<strong>as</strong> <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> <strong>culturais</strong>.O campo do marketing cultural, entretanto, depende de leis que favoreçam ouimpulsionem o patrocínio de <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> artístic<strong>as</strong>, como <strong>no</strong> p<strong>as</strong>sado, a lei Sarney e a leiRouanet, ou a mais recente Lei Mendonça, que não foram abor<strong>da</strong>d<strong>as</strong> nesse relatório,m<strong>as</strong> que têm uma importância central. Para se ter uma idéia somente abor<strong>da</strong>ndo o espaço<strong>da</strong> Paulista, pode-se dizer que o ICI se beneficiou d<strong>as</strong> três acima citad<strong>as</strong>, <strong>as</strong>sim como oBanco Nacional em 1992, <strong>no</strong> c<strong>as</strong>o do patrocínio do “Som do Meio Dia” ( 100 ).Indo além, à medi<strong>da</strong> que se expandirem <strong>as</strong> <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> <strong>culturais</strong> patrocinad<strong>as</strong> porempres<strong>as</strong>, deverão se refinar os medidores <strong>da</strong> relação custo/benefício, ou seja, há atendência a se pensar a cultura enquanto um produto, que deve acarretar retor<strong>no</strong>sinstitucionais ou mesmo materiais para o financiador ( 101 ), o que, tendo como horizonte99 - D.PIZA. “Empres<strong>as</strong> descobrem cultura como negócio”. Folha de São Paulo. S.Paulo, 26/12/1994, p. 5-1.100 - Dados <strong>da</strong> entrevista com Y. SARKOVAS, op. cit.; ver também “Os promeiros beneficiados pela lei Marcos Mendonça. Com pagamentoparcelado”. Jornal <strong>da</strong> Tarde, S.Paulo, 28/11/1991, s.p.101- Ver E.C. BONASSA. “Fiesp procura <strong>no</strong>va mentali<strong>da</strong>de cultural “Folha de São Paulo. S.Paulo, 14/02/1995, p. 5-3.RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 33/34o espaço <strong>da</strong> Paulista, pode significar uma maior importância do ponto de vista culturala depender, obviamente, <strong>da</strong> disposição d<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> e de uma certa “profissionalização”dos produtores <strong>culturais</strong> ( 102 ).Os distintos quadros organizacionais ligados à cultura e levantados aqui relacionamsediretamente com o tipo de instituição enfoca<strong>da</strong>, podendo dessa forma ser separa<strong>da</strong>pelo me<strong>no</strong>s em três grupos:1 - No primeiro deles está o M<strong>as</strong>p, com um alto grau de complexi<strong>da</strong>de e cujo estudodetalhado mereceria, como foi dito, um trabalho à parte; a C<strong>as</strong>a d<strong>as</strong> Ros<strong>as</strong>, queforneceria um contraponto m<strong>as</strong> que, infelizmente, não pode ser devi<strong>da</strong>mentepesquisa<strong>da</strong>, por motivos alheios à minha vontade; um outro desdobramento possívelseria entender como, <strong>no</strong> campo <strong>da</strong> Secretaria Municipal de Cultura, projetos como“O Som do Meio Dia” ou a Galeria Consolação são ou foram implementados, osproblem<strong>as</strong> com mu<strong>da</strong>nç<strong>as</strong> de gestão, etc.2 - As federações possuem estrutur<strong>as</strong> em muito semelhantes em função de trajetóri<strong>as</strong>históric<strong>as</strong> que a aproximam, com razoável na tradição em promoções <strong>culturais</strong>, embora,em se tratando de aveni<strong>da</strong> Paulista, o SESI venha realizando <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> há décad<strong>as</strong>,enquanto que, <strong>no</strong> c<strong>as</strong>o SESC, há um projeto relativamente recente, que ain<strong>da</strong> precis<strong>as</strong>e legitimar frente à administração para sua continui<strong>da</strong>de;3 - Quanto aos bancos, há form<strong>as</strong> muito distint<strong>as</strong> de promoção cultural, sendo que orelatório levantou mais detalha<strong>da</strong>mente pelo me<strong>no</strong>s três c<strong>as</strong>os: o ICI, com uma enti<strong>da</strong>dedota<strong>da</strong> de uma certa auto<strong>no</strong>mia, uma política cultural de longo prazo e a produçãodos próprios projetos <strong>culturais</strong>, sem financiar terceiros; o Citibank, que, ao me<strong>no</strong>snuma etapa inicial, articulou seu espaço cultural através de uma empresa especializa<strong>da</strong>em marketing cultural; o Real, que, dentro de sua própria estrutura, vem promovendoeventos com uma certa regulari<strong>da</strong>de; nesse c<strong>as</strong>o, ain<strong>da</strong> é precipitado propor umatipologia, pois os quadros organizacionais variam em amplitude, auto<strong>no</strong>mia eregulari<strong>da</strong>de, além de ser necessário um prazo maior para se avaliar os resultados<strong>culturais</strong> advindos do crescimento do marketing institucional.102- Ver José Carlos G. DURAND. “A delica<strong>da</strong> fronteira entre empresa e cultura”in M. MENDONÇA ( coord.) . Uma saí<strong>da</strong> para a arte, op. cit.,p. 31-39.RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995


EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 34/34Quanto ao público freqüentador dess<strong>as</strong> <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong>, cabem algum<strong>as</strong> observações.Embora <strong>as</strong> pesquis<strong>as</strong> qualitativ<strong>as</strong> sejam qu<strong>as</strong>e tod<strong>as</strong>, com rar<strong>as</strong> exceções, oc<strong>as</strong>ionais ouparciais, o conjunto dess<strong>as</strong> apresentam <strong>as</strong>pectos para reflexão:1 - Salta aos olhos a predominância do setor jovem e estu<strong>da</strong>ntil em muit<strong>as</strong> <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong>espontâne<strong>as</strong> (vide destaque em M<strong>as</strong>p, Som do Meio Dia, C<strong>as</strong>a d<strong>as</strong> Ros<strong>as</strong>, SESI e ICI)e muito mais ain<strong>da</strong> quanto ao conjunto de <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> monitorad<strong>as</strong>, que estão presentes,em me<strong>no</strong>r ou maior escala, em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> instituições citad<strong>as</strong> (com exceção do SESCInstrumental e o Som do Meio Dia, projetos de outra natureza);2 - Os profissionais liberais ligados sobretudo a serviços e administração, tambémaparecem, com um destaque um pouco me<strong>no</strong>r que o esperado em divers<strong>as</strong> pesquis<strong>as</strong>,embora com recortes e cl<strong>as</strong>sificações distint<strong>as</strong> que não permitem um quadro realmentepreciso (vide M<strong>as</strong>p, Som do Meio Dia (bancários), C<strong>as</strong>a d<strong>as</strong> Ros<strong>as</strong>, SESI, SESC,ICI);3 - Outro traço significativo é que, através d<strong>as</strong> <strong>ativi<strong>da</strong>des</strong> <strong>culturais</strong> há um forte afluxo demembros d<strong>as</strong> cl<strong>as</strong>ses populares à Aveni<strong>da</strong> Paulista, presente na maioria d<strong>as</strong> visit<strong>as</strong>monitorad<strong>as</strong>, praticad<strong>as</strong> por qu<strong>as</strong>e tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> instituições levantad<strong>as</strong> (ver item 1) - queem geral trabalham com muit<strong>as</strong> escol<strong>as</strong> <strong>da</strong> periferia ou de bairros com população debaixo poder aquisitivo; <strong>as</strong> cl<strong>as</strong>ses populares também estão presentes através <strong>da</strong>freqüência ao TPS, ao me<strong>no</strong>s n<strong>as</strong> f<strong>as</strong>es iniciais d<strong>as</strong> temporad<strong>as</strong>, quando é maior oafluxo de industriários; em ambos os c<strong>as</strong>os, há uma certa dose de indução (obrigaçõesescolares ou, <strong>no</strong> c<strong>as</strong>o do SESI, forte esquema de divulgação) e de acompanhamentoinstitucional nessa presença popular; uma exceção à regra é a forte presença dosoffice-boys, verifica<strong>da</strong> p. ex., <strong>no</strong> “Som do Meio Dia” ( 103 ).O conjunto de <strong>da</strong>dos aqui levantados pede que haja tanto um aprofun<strong>da</strong>mento naesfera cultural, quanto o cruzamento com outr<strong>as</strong> esfer<strong>as</strong> <strong>da</strong> aveni<strong>da</strong> Paulista, com su<strong>as</strong>dimensões financeira, política, arquitetônica, etc., <strong>no</strong> sentido de entender de formaabrangente sua importância na metrópole de São Paulo, que constitui o pa<strong>no</strong> de fundo<strong>da</strong> presente investigação.103- Outros <strong>da</strong>dos com razoável destaque, como p. ex., a predominância de moradores na Zona Sul, de solteiros, de um público de maioriafeminina, de instrução superior e a utilização de transporte coletivo mereceriam um posterior aprofun<strong>da</strong>mento.RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 6 /1995

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