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Emanuel Silva final2.pdf - Universidade Jean Piaget de Cabo Verde

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<strong>Emanuel</strong> <strong>de</strong> Jesus Semedo da <strong>Silva</strong>Planeamento Estratégico e Desenvolvimento do Município<strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago<strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>Jean</strong> <strong>Piaget</strong> <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong>Campus Universitário da Cida<strong>de</strong> da PraiaCaixa Postal 775, Palmarejo Gran<strong>de</strong>Cida<strong>de</strong> da Praia, Santiago<strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong>6.12.12


<strong>Emanuel</strong> <strong>de</strong> Jesus Semedo da <strong>Silva</strong>, autorda monografia intitulada “PlaneamentoEstratégico e Desenvolvimento doMunicípio <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago”,<strong>de</strong>clara que, salvo fontes <strong>de</strong>vidamente citadase referidas, o presente documento é fruto domeu trabalho.Cida<strong>de</strong> da Praia, 09 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2012<strong>Emanuel</strong> <strong>de</strong> Jesus Semedo da <strong>Silva</strong>Memória Monográfica apresentada à<strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>Jean</strong> <strong>Piaget</strong> <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong>como parte dos requisitos para a obtenção dograu <strong>de</strong> Licenciatura em AdministraçãoPública e Autárquica.


SumárioO presente trabalho intitulado” Planeamento Estratégico e Desenvolvimento do Município<strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago ”, enquadra-se no âmbito do curso <strong>de</strong> licenciatura emAdministração Pública e Autárquica, ministrada pela <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>Jean</strong> <strong>Piaget</strong> <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong>Ver<strong>de</strong>.Esta monografia tem como objectivo analisar a qualida<strong>de</strong> do planeamento local <strong>de</strong>senvolvidono município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago, objectivando a criação <strong>de</strong> instrumento <strong>de</strong> organização ehierarquização das <strong>de</strong>mandas locais e, também como instrumento <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento, através da busca <strong>de</strong> soluções locais para os problemas enfrentados. Paraconhecer a activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planeamento municipal foi estudado, neste trabalho, o planoEstratégico <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago.Para alcançar os objectivos traçados e comprovar as hipóteses <strong>de</strong> trabalho foram analisadas asetapas <strong>de</strong> elaboração do plano estratégico, compreen<strong>de</strong>r o processo <strong>de</strong> planeamento no seuprocesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago e a correlação entre osproblemas e as propostas do plano.A pesquisa é <strong>de</strong> natureza qualitativa, sendo a recolha dos dados e das informações é feita pormeio do estudo documental. Das análises documentais elaborados no quadro teórico chegou aconclusão <strong>de</strong> que o <strong>de</strong>senvolvimento do Município do Tarrafal <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da existência eimplementação a<strong>de</strong>quada do plano estratégico.Palavras-chave: Desenvolvimento; Estratégico; Local; Planeamento.


Agra<strong>de</strong>cimentosA Deus, inteligência e amor supremo do universo, causa primária <strong>de</strong> todas as coisas, a origem<strong>de</strong> tudo que existe e que me criou e <strong>de</strong>u a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> viver nesta planeta.Ao meu Orientador, Prof.º Claudino Maria Semedo, pela inspiração, motivação paciência epela disponibilida<strong>de</strong> que <strong>de</strong>monstrou em me apoiar em todas as fases da realização <strong>de</strong>stetrabalho.Aos professores do curso <strong>de</strong> Licenciatura em Administração Pública e Autárquica, quefizeram <strong>de</strong> mim um verda<strong>de</strong>iro universitário.Aos amigos, em especial Mateus Costa, pelo suporte e apoio constantes.Gostaria <strong>de</strong> expressar o meu elevado sentimento <strong>de</strong> gratidão e reconhecimento à minhafamília, principalmente à minha mãe Maria Etelvina, pelo apoio prestado durante a realização<strong>de</strong>ste curso e a todos aqueles que, <strong>de</strong> uma forma ou <strong>de</strong> outra, contribuíram para oenriquecimento do presente trabalho.Um especial agra<strong>de</strong>cimento a Elsa <strong>de</strong> Jesus pela paciência, apoio e carinho que, <strong>de</strong>monstroudurante a minha formação na Cida<strong>de</strong> da Praia e, em especial à minha querida filha Elisângela<strong>de</strong> Jesus.Queria também agra<strong>de</strong>cer aos meus colegas que, ao longo do curso, partilharam comigoamiza<strong>de</strong> e conhecimentos.


Sigla/AbreviaturaANMCV : Associação Nacional dos Municípios <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong>B.OCDMPCEGP: Boletim Oficial: Cenário <strong>de</strong> Despesa Médio Prazo: Centro <strong>de</strong> Estudo Geográfico e <strong>de</strong> PlaneamentoCEPAL : Comissão Económica para América Latina y CaribeCMTCRCV: Câmara Municipal do Tarrafal: Constituição da República <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong>DECRP : Documento Estratégico <strong>de</strong> Crescimento e Redução <strong>de</strong> PobrezaFOFAGOPs: Força, Oportunida<strong>de</strong>, Fraqueza e Ameaça: Gran<strong>de</strong> Opções do PlanoILPES : Instituto Latino Americano <strong>de</strong> Planeamento Económico e SocialINE: Instituto Nacional <strong>de</strong> EstatísticaMTEF : Medium Term Expenditure FrameworkOEONG: Orçamento <strong>de</strong> Estado: Organização Não GovernamentalPAICV : Partido Africano para a In<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong>PDMPDESPEPES: Plano Director Municipal: Plano <strong>de</strong> Desenvolvimento Económico e Social: Plano Estratégico: Planeamento Estratégico Situacional


PNDPPBSPPIPPRSP: Plano Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento: Planing, Programming, Budgeting System: Programa Plurianual <strong>de</strong> Investimento Público: Estratégia <strong>de</strong> Crescimento Económico e Redução da PobrezaQDMP : Quadro <strong>de</strong> Despesas <strong>de</strong> Médio PrazoQDSMP : Quadro <strong>de</strong> Sistema a Médio Prazo SectoriaisSCP: Secretaria <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação e PlaneamentoSIGOF : Sistema <strong>de</strong> Informação e SeguimentoSNP: Sistema Nacional <strong>de</strong> Planeamento


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoConteúdoIntrodução .............................................................................................................................. 141. Contextualização ................................................................................................................. 142. Justificação do estudo .......................................................................................................... 153. Explicitação da hipótese e pergunta <strong>de</strong> partida ................................................................... 164. Definiçao dos objectvos ...................................................................................................... 164.1. Objectivo geral ..................................................................................................... 164.2. Objectivos especificos .......................................................................................... 165. Estrutura do trabalho ........................................................................................................... 17Capítulo 1: Enquadramento teórica e metodologica ........................................................... 181.1. Conceitos .......................................................................................................................... 181.2. Metodologia ....................................................................................................................... 211.3. Planeamento estratégico na concepção <strong>de</strong> Carlos Matus ................................................. 221.4. Planeamento estratégico situacional ................................................................................. 231.4.1. Epistemologia do planeamento .......................................................................... 261.4.2. O Triângulo do governo .................................................................................... 281.5. Desenvolvimentl local ...................................................................................................... 311.6. Desenvolvimento economico local .................................................................................... 331.7. Desenvolvimento local sustentável .................................................................................. 351.8. Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> elaboração do plano estratégico <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento municipal/regional ...... 39Capítulo 2: Planeamento em <strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong> ............................................................................ 462.1. Sistema <strong>de</strong> planeamento/orçamento ................................................................................. 462.2. Reforma do sistema <strong>de</strong> planeamento ................................................................................ 502.3. Mo<strong>de</strong>lo e os instrumentos actuais do planeamento .......................................................... 529/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoCapítulo 3: ........ Planeamento estratégico e <strong>de</strong>senvolvimento do Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong>Santiago .......................................................................................................................... 563.1. Posição geográfica e divisão administrativa ..................................................................... 563.2. Breve resenha histórica ..................................................................................................... 583.3. Aspectos <strong>de</strong>mográficos ..................................................................................................... 603.3.1. Evolução da população ...................................................................................... 603.3.2. Projecção <strong>de</strong>mográfica ...................................................................................... 623.4. Finalida<strong>de</strong> do Plano Estratégico <strong>de</strong> Desenvolvimento Tarrafal ....................................... 643.5. Orgânica da Câmara Municipal do Tarrafal <strong>de</strong> Santiago ................................................ 643.6. Plano Estratégico do Municipio <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago ................................................. 663.6.1. Matriz <strong>de</strong> análise das etapas <strong>de</strong> diagnósticos ..................................................... 693.6.2. Análise <strong>de</strong> propostas .......................................................................................... 723.6.3. Propostas versus problemas contidos no plano estratégico ............................... 73Conclusão ................................................................................................................................ 79Bibliografias ............................................................................................................................. 81Anexos ...................................................................................................................................... 8610/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoTabelasTabela 01 - Evolução da população resi<strong>de</strong>nte, C.V e Tarrafal (1940-2010)............................ 60Tabela 02 - Evolução da população <strong>de</strong> Tarrafal, segundo o sexo (1970-2010) ....................... 60Tabela 03 - População <strong>de</strong> Tarrafal, segundo a faixa etária e o sexo (2010)............................. 61Tabela 04 - 1.º Cenário - crescimento lento (0.8% a.a) ............................................................ 62Tabela 05 - 2.º Cenário - crescimento médio (Projecção do INE e cálculo) ............................ 63Tabela 06 - 3.º Cenário - crescimento rápido (2,5, ao ano) ...................................................... 6311/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoQuadrosQuadro 01 - Etapas para elaboração <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local ......................... 43Quadro 02 - Fases e etapas do processo <strong>de</strong> planeamento ......................................................... 45Quadro 03 - Comparação das etapas <strong>de</strong> elaboração do plano estratégico ................................ 67Quadro 04 - Itens abordados no diagnóstico do Plano Estratégico <strong>de</strong> Tarrafal ....................... 70Quadro 05 - Matriz <strong>de</strong> interacção problemas/propostas do P E ............................................... 72Quadro 06 - interacção problemas/propostas .......................................................................... 73Quadro 07 - Análise FOFA <strong>de</strong> <strong>de</strong>snvolvimento <strong>de</strong> Tarrafal ................................................... 7712/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoFigurasFigura 01 - Fases do processo <strong>de</strong> planeamento estratégico ...................................................... 40Figura 02 - Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> planeamento/programação/orçamentação e controlo .......................... 53Figura 03 - Sistema <strong>de</strong> planeamento em <strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong> .............................................................. 54Figura 04 - Localização do Concelho <strong>de</strong> Tarrafal .................................................................... 56Figura 05 - Planta <strong>de</strong> divisão administrativa do Concelho <strong>de</strong> Tarrafal .................................... 57Figura 06 - Vila <strong>de</strong> Tarrafal nos anos 70 .................................................................................. 58Figura 07 - Planta da divisão administrativa ............................................................................ 5913/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoIntrodução1.ContextualizaçãoA planificação tem sua razão <strong>de</strong> ser porque os recursos são escassos e há que <strong>de</strong>finir osobjectivos, os meios e a forma mais eficiente e eficaz <strong>de</strong> os atingir que, em síntese, consistemna satisfação das necessida<strong>de</strong>s da comunida<strong>de</strong>.O Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago, além do plano estratégico <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento que oradispõe, também tem um outro instrumento <strong>de</strong> gestão que é o PDM (Plano Director Municipal)do Tarrafal. Esses são os dois gran<strong>de</strong>s instrumentos, além do plano <strong>de</strong>talhado <strong>de</strong> Chão Bomque, o município vem <strong>de</strong>senvolvendo, seguindo as normas <strong>de</strong> planificação que o país vem-seincentivando a todos os municípios a terem esses instrumentos, para uma melhor organizaçãodas activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e <strong>de</strong> uma melhor ocupação do território. Apesar <strong>de</strong> serum município com pouca experiência no que diz respeito à planificação, isso constitui um<strong>de</strong>safio enorme, ultrapassando as questões culturais, a insuficiência <strong>de</strong> recursos e ainsuficiência <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> técnica, além da vonta<strong>de</strong> política que foi claramente um gran<strong>de</strong>incentivo.A planificação não conclui com a <strong>de</strong>cisão racional da actuação proveniente da análise doprograma/projecto <strong>de</strong>senhado, mas também é necessário po<strong>de</strong>r alcançar os objectivos<strong>de</strong>sejados com as actuações pertinentes e para isso é necessário conferir durante todo oprocesso <strong>de</strong> planificação, se aquilo que é planificado coinci<strong>de</strong> com a coisa real, tendo que14/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiagoreformular o projecto ou até mesmo o abandonar, no caso <strong>de</strong> não ser factível a suacontinuação.Para po<strong>de</strong>r alcançar o mo<strong>de</strong>lo que reflecte a nossa socieda<strong>de</strong>, requer-se ter a informaçãoa<strong>de</strong>quada para estimar quais são as intervenções/actuações que <strong>de</strong>verão ser levadas a cabo eisto exige a análise da situação actual que virão <strong>de</strong>terminadas pelo diagnóstico. Isto seráconfrontado com o objectivo <strong>de</strong>sejado, confirmando ou não se as actuações a levar a cabo sãopossíveis, pois caso contrário será necessário levar a cabo os ajustes pertinentes.2. Justificação do estudoApós o fenómeno da globalização, os mecanismos tradicionais <strong>de</strong> planeamento urbano eregional não conseguiam mais respon<strong>de</strong>r às novas necessida<strong>de</strong>s que as cida<strong>de</strong>s apresentavam.Essas necessida<strong>de</strong>s surgiram, em primeiro lugar, do dinamismo do <strong>de</strong>senvolvimento,reflectido nas mudanças económicas, nas turbulências geopolíticas, nas incessantes inovaçõestecnológicas e nas mudanças das atitu<strong>de</strong>s socioculturais; em segundo lugar, dos diversosagentes sociais e económicos que passaram a exigir eficiência, competitivida<strong>de</strong>, produtivida<strong>de</strong>e focalização das políticas urbanas como condição para sua permanência na cida<strong>de</strong>, o queobrigou os agentes públicos a consi<strong>de</strong>rar essas exigências nos momentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão; emterceiro lugar, da integração <strong>de</strong> nações em blocos económicos e a abertura dos mercadoscomerciais a nível global gerou uma intensa rivalida<strong>de</strong> entre cida<strong>de</strong>s para captar investimento,postos <strong>de</strong> trabalho, turistas e financiamentos públicos; e, por último, da complexida<strong>de</strong> e interrelaçãodos problemas que afectaram as cida<strong>de</strong>s e que têm exigido a utilização <strong>de</strong> enfoquesmultidisciplinares para superar as limitações dos planos sectoriais tradicionais.Com base nessas consi<strong>de</strong>rações, o presente trabalho justifica-se, <strong>de</strong> entre outras, pelasseguintes razões:Pelo facto <strong>de</strong> ser um instrumento <strong>de</strong> gestão do município; Por querer fazer um estudo aprofundado que permite <strong>de</strong>finir um plano <strong>de</strong> acção domunicípio, e que permite estimular o <strong>de</strong>senvolvimento local;Por querer aprofundar o tema em si;Por compreen<strong>de</strong>r a sua importância para o po<strong>de</strong>r local, nomeadamente as vantagensadquiridas pelo Município do Tarrafal.15/90


3. Explicitação da hipótese e pergunta <strong>de</strong> partidaPlaneamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoEste trabalho, parte-se da seguinte hipótese: O planeamento estratégico po<strong>de</strong> ser um instrumento que promove o <strong>de</strong>senvolvimentono município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago;Partindo <strong>de</strong>sse pressuposto, coloca-se a seguinte pergunta <strong>de</strong> partida:De que forma o planeamento estratégico po<strong>de</strong> contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimentolocal?4. Definição dos objectivos4.1. Objectivo geral O objectivo geral <strong>de</strong>ste trabalho é analisar a relação entre o planeamento estratégico eo <strong>de</strong>senvolvimento do município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago.4.2. Objectivos específicosTendo em consi<strong>de</strong>ração o objectivo geral, procurou-se alcançar, <strong>de</strong> forma específica, osseguintes objectivos:Compreen<strong>de</strong>r o planeamento estratégico enquanto instrumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentolocal;Dar a conhecer a importância do planeamento estratégico no processo <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento do Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago;Relacionar o <strong>de</strong>senvolvimento do Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago com oplaneamento estratégico.16/90


5. Estrutura do trabalhoPlaneamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoTendo em consi<strong>de</strong>ração o objectivo fundamental <strong>de</strong>ste trabalho, procurou-se estruturar osconteúdos <strong>de</strong> uma forma coerente, a fim <strong>de</strong> permitir a necessária interligação entre os diversoscapítulos que compõem a presente monografia. Sendo assim, para além das partes pré-textuaise pós-textuais, da introdução e da conclusão, encontra-se estruturado em 3 (três) capítulos:O primeiro capítulo aprofunda o tema <strong>de</strong> pesquisa por meio do enquadramento teórico emetodológico, que auxilia na fundamentação do estudo. Este aborda inicialmente aconceituação sobre planear/planeamento estratégico e <strong>de</strong>senvolvimento local, objectivandoauxiliar na compreensão do estudo <strong>de</strong> caso.O segundo capítulo inci<strong>de</strong> sobre <strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong>. Neste capítulo, procurou-se contextualizar osistema <strong>de</strong> planeamento em <strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong>, a fim <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r os seus impactos ao nível dosmunicípios. Em termos metodológicos, o estudo <strong>de</strong>ste capítulo baseou-se na selecção <strong>de</strong>bibliografia <strong>de</strong> referência e <strong>de</strong> legislação existente em matéria <strong>de</strong> planeamento.O terceiro e último capítulo, enuncia e <strong>de</strong>screve o estudo <strong>de</strong> caso – o município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong>Santiago, procurando realçar aspectos relevantes, nomeadamente, a posição geográfica e aevolução da população. Neste capítulo fez uma análise do Plano Estratégico analisado,correspon<strong>de</strong>ndo às etapas <strong>de</strong> diagnóstico, como também a análise das propostas contidas noPlano Estratégico.17/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoCapítulo 1: Enquadramento teórico e metodológico1.1. ConceitosPlanear/Planeamento EstratégicoDe maneira geral, planear significa “<strong>de</strong>circon anticipación lo que hay que hacer, cómo,conquémedios, cuándo y por quién” (SANCHEZ, 1999, p. 361). Isto quer dizer, comantecipação o que se <strong>de</strong>ve fazer, como, com que meios, quando e por quem.Planejar é <strong>de</strong>finir previamente uma linha <strong>de</strong> acção a seguir para alcançar os objectivos,<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> certos prazos e com emprego <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados meios e recursos, ainda é “paravalorar constantemente si tales objectivos se alcanzan y si la acción planificada es a<strong>de</strong>cuadapara alcanzar la” (SANCHEZ, 1999, p. 361). Significa que, para verificar constantementese tais objectivos estão sendo alcançados e se a acção planeada é a<strong>de</strong>quada para alcançá-los.As críticas foram diminuindo com a incorporação <strong>de</strong> conceitos do planeamento estratégico,que ao planeamento, baseado na solução <strong>de</strong> problemas <strong>de</strong> forma rígida, assume e incorpora“la variable cambioasí como la contemplación <strong>de</strong> diversos es cenarios y alternativas en laplanificación” (SÁNCHEZ, 1999, p. 361). Isto é, variável <strong>de</strong> mudança assim como aincorporação <strong>de</strong> diversos cenários e alternativas para o planeamento.18/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoDois pontos em comum po<strong>de</strong>m ser apontados na maioria das <strong>de</strong>finições sobre planeamento,primeiro a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> objectivos e metas e segundo a eleição <strong>de</strong> meios mais convenientespara alcançá-los (planos e programas). O planeamento é também um processo <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong><strong>de</strong>cisões, um processo <strong>de</strong> previsão ou antecipação, visualização (futuro <strong>de</strong>sejado) e <strong>de</strong>pre<strong>de</strong>terminação.De acordo com LIRA (2006), o planeamento estratégico “es un proceso <strong>de</strong> evaluaciónsistemática <strong>de</strong> la naturaleza <strong>de</strong> un negócio, <strong>de</strong>finiendo los objetivos a largo plazo,i<strong>de</strong>ntificando metas y objetivos cuantitativos, <strong>de</strong>sarrollando estrategias para alcanzardichos objetivos y localizando recursos para llevar a cabo dichas estratégias”. Istosignifica que um processo <strong>de</strong> avaliação sistémica da natureza <strong>de</strong> um negócio, <strong>de</strong>finindo osobjectivos a longo prazo, i<strong>de</strong>ntificando metas e objectivos quantitativos, <strong>de</strong>senvolvendoestratégias para alcançar tais objectivos e <strong>de</strong>finindo recursos para concretizar tais estratégias.Ainda segundo este autor, a etapa crucial do planeamento estratégico é a <strong>de</strong>finição da estratégia,que “es el patrón o plan que integra las principales metas y políticas <strong>de</strong> una organización, y,a la vez establece la secuencia coherente <strong>de</strong> las acciones a realizar”. (LIRA, 2006, p. 34).Isto é, o padrão ou plano que integra as principais metas e políticas <strong>de</strong> uma organização, aomesmo tempo em que estabelece sequência coerente <strong>de</strong> acções a realizar.Uma estratégia a<strong>de</strong>quadamente formulada ajuda a organizar e distribuir recursos <strong>de</strong> umaorganização, com base tanto em seus atributos como também em suas <strong>de</strong>ficiências internas,visando alcançar os objectivos como também antecipar possíveis mudanças no entorno(LIRA, 2006).MORAN (2006), consi<strong>de</strong>ra o planeamento estratégico como uma ferramenta para a promoçãodo <strong>de</strong>senvolvimento. Para ele, “planeamento estratégico, permite estabelecer la visión <strong>de</strong><strong>de</strong>sarrollo local en un <strong>de</strong>terminado horizonte temporal, en base al análisis <strong>de</strong>l entorno y <strong>de</strong>linterno a partir <strong>de</strong> una relación priorizada <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s, amenazas, fortalezas y<strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>s (FODA). Ello permite <strong>de</strong>finir los objetivos estratégicos y los programas yproyectos que harán posible alcanzar esa visión <strong>de</strong> <strong>de</strong>sarrollo”. Significa que permiteestabelecer a visão <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local em um <strong>de</strong>terminado horizonte temporal, combase na análise do entorno e <strong>de</strong> questões internas a partir <strong>de</strong> uma relação priorizada <strong>de</strong>19/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiagooportunida<strong>de</strong>s, ameaças, fortalezas e fraquezas (FOFA). Isto permite <strong>de</strong>finir os objectivosestratégicos, os programas e projectos que tornarão possível alcançar a visão <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento.Para REZENDE (2006), o planeamento estratégico que se reflecte no todo <strong>de</strong> um municípioten<strong>de</strong> a ser <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> dos presi<strong>de</strong>ntes e seus assessores, no qual tomarão <strong>de</strong>cisõespresentes que irão produzir efeitos no futuro, efeitos estes positivos ou negativos, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndoexclusivamente <strong>de</strong> um planeamento abrangente e uma <strong>de</strong>cisão acertada. Esse ambiente <strong>de</strong><strong>de</strong>cisões tem um carácter duplo, um técnico e um político.Segundo, REZENDE & CASTOR (2006), o planeamento estratégico municipal é umprocesso dinâmico e interactivo para a <strong>de</strong>terminação dos objectivos, estratégias e acções domunicípio e da Câmara Municipal. É elaborado por meio <strong>de</strong> diferentes e complementarestécnicas administrativas com o total envolvimento dos actores sociais, ou seja, munícipes,gestores locais e <strong>de</strong>mais interessados na cida<strong>de</strong>. É formalizado para articular políticasmunicipais visando produzir resultados no município e gerar qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida a<strong>de</strong>quada aosseus munícipes. Trata-se <strong>de</strong> um projecto urbano global que consi<strong>de</strong>ra os aspectos sociais,económicos e territoriais, uma forma participativa e contínua <strong>de</strong> pensar o município nopresente e no futuro.Segundo PFEIFFER (2000), o planeamento estratégico municipal é um instrumento <strong>de</strong>gerenciamento com um único propósito: tornar o trabalho <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> ou câmara municipalmais eficiente. O enfoque estratégico no <strong>de</strong>senvolvimento local diminui as in<strong>de</strong>cisões efavorece as transformações económicas, sociais e políticas nas cida<strong>de</strong>s, para tratar comcoerência a multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> iniciativas sobre o município, buscando um consenso entre osmúltiplos actores (inclusive o governo) na selecção <strong>de</strong> um futuro <strong>de</strong>sejável e factível.Para LOPES (1998), coor<strong>de</strong>na os vários níveis e funções estratégicas <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> em umprojecto global. Ainda, MOTTA (2004), reitera que é uma forma <strong>de</strong> aprendizado sobre as<strong>de</strong>mandas e necessida<strong>de</strong>s externas e sobre a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resposta da administraçãomunicipal para revelar expectativas e referências <strong>de</strong> valor. Inúmeras situações po<strong>de</strong>m levaruma cida<strong>de</strong> a formular metodologicamente um planeamento estratégico municipal. Porexemplo, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar um consenso sobre um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> futuro da cida<strong>de</strong> segundoa percepção das mudanças que se produzem ao redor da mesma, <strong>de</strong> dar respostas às crises, à20/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiagorecessão dos sectores básicos da economia territorial e, também, <strong>de</strong> perseguir uma maiorcoesão e integração territorial.De acordo com os autores acima citados, o planeamento estratégico, surge como umaferramenta para afrontar a problemática urbana, na medida em que permite a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>agir sobre as populações e os territórios; sobre a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>, pobreza e informalida<strong>de</strong>; sobreinfra-estruturas urbanas e <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong>; sobre o espaço público; sobre a competitivida<strong>de</strong> e anova economia da cida<strong>de</strong> e seu relacionamento com a gestão urbana; sobre a sustentabilida<strong>de</strong>;e, finalmente, sobre a construção <strong>de</strong> um projecto <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>.1.2. MetodologiaSegundo MICHEL (2005), po<strong>de</strong>-se enten<strong>de</strong>r metodologia como um caminho que se traça paraatingir um objectivo qualquer. É portanto, a forma, o modo para resolver problemas e buscarrespostas para as necessida<strong>de</strong>s e dúvidas. A metodologia científica é um caminho que procuraa verda<strong>de</strong> num processo <strong>de</strong> pesquisa, ou aquisição <strong>de</strong> conhecimento, um caminho <strong>de</strong>procedimentos científicos, critérios normalizados e aceites pela ciência.Na elaboração <strong>de</strong>ste trabalho, <strong>de</strong>finiu-se uma parte teórica e outra prática. Consi<strong>de</strong>ra-se que setrata <strong>de</strong> um estudo com base na pesquisa bibliográfica e sobretudo com base no estudodocumental. O estudo documental tem por objectivo fazer uma investigação com vista aelaborar um quadro teórico, visto que, existem vários tipos <strong>de</strong> documentos e os seus estudos<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do objectivo da investigação, da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> documento e, sobretudo da suanatureza. (KETELE & ROGIERS, 1993)Quanto a consulta documental e pesquisa bibliográfica, foram realizadas consultas <strong>de</strong>documentos e revisão <strong>de</strong> bibliografia, sites, trabalhos monográficos e legislações caboverdianasespecializadas no tema. Nessa base, adoptaram-se as principais <strong>de</strong>finições <strong>de</strong>conceitos fundamentais <strong>de</strong> autores que se têm <strong>de</strong>dicado ao estudo <strong>de</strong> planeamento estratégicoe <strong>de</strong>senvolvimento local.Para se alcançar os objectivos traçados e confirmar as hipóteses e perguntas <strong>de</strong> partidaformuladas, e garantir uma melhor compreensão do planeamento estratégico e21/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoDesenvolvimento do Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago, fez-se a análise FOFA, para ai<strong>de</strong>ntificação as forças, oportunida<strong>de</strong>s, fraquezas e ameaças.1.3. Planeamento Estratégico na Concepção <strong>de</strong> Carlos MattusUm dos principais pesquisadores do planeamento estratégico governamental foi o chilenoCarlos Matus, Ministro da Economia do Governo Allen<strong>de</strong> em 1973, que <strong>de</strong>senvolveu aproposta <strong>de</strong>nominada Planeamento Estratégico Situacional, a partir <strong>de</strong> sua experiência comoadministrador público e <strong>de</strong> consultor do Instituto Latino Americano <strong>de</strong> PlaneamentoEconómico e Social (ILPES / CEPAL).Ao analisar o planeamento tradicional, também chamado <strong>de</strong> normativo, MATUS (1993)direcciona à sua crítica a seis pressupostos da elaboração do planeamento governamental: O sujeito e o objecto planeado são in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes; Existe apenas uma verda<strong>de</strong> para o diagnóstico; O objecto planeado contém actores com comportamento previsíveis; O po<strong>de</strong>r não é um recurso escasso; O planeamento tem por referência o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> um contexto previsível; O plano refere-se a um conjunto <strong>de</strong> objectivos próprios e a situação final é conhecida.Segundo MATUS (1993), os textos tradicionais <strong>de</strong> planeamento afirmam que o planeador éum técnico a serviço <strong>de</strong> uma força social, cuja função consiste em dominar a “técnica <strong>de</strong> fazerplanos”. Nesse contexto, o planeador, ao <strong>de</strong>finir os objectivos do plano, prognóstico que estes<strong>de</strong>vem ser cumpridos exactamente como foram <strong>de</strong>senhados a priori, isto é, as metasestabelecidas pressupõem um fim em si mesmo, não consi<strong>de</strong>rando as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> umfuturo diferente do previsto pelo plano. Portanto, ao estudar e criticar os resultados doplaneamento tradicional na América Latina, MATUS (1993) propõe também seispressupostos para o planeamento estratégico, a saber: O actor que planeia não tem assegurado sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controlar a realida<strong>de</strong>,porque isso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá da acção <strong>de</strong> outros actores; Existe mais <strong>de</strong> uma explicação para a realida<strong>de</strong>, em função dos vários actores; Vários actores sociais enfrentam-se, com objectivos conflituantes;22/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoO po<strong>de</strong>r é escasso e o planeamento <strong>de</strong>ve sistematizar o cálculo político e centrar suaatenção na conjuntura;A incerteza é predominante;A governante lida com problemas no tempo, e com solução aberta à criação e aoconflito.Para MATUS (1993):Planejar é tentar submeter o curso dos acontecimentos à vonta<strong>de</strong> humana, não <strong>de</strong>ixar que noslevem e <strong>de</strong>vemos tratar <strong>de</strong> ser condutores <strong>de</strong> nosso próprio futuro, trata-se <strong>de</strong> uma reflexão pelaqual o administrador público não po<strong>de</strong> planejar isoladamente, esta se referindo a um processosocial, no qual realiza um acto <strong>de</strong> reflexão, que <strong>de</strong>ve ser colectivo, ou seja, planeja quem <strong>de</strong>veactuar como indutor do projecto.Assim, merecem <strong>de</strong>staque os seguintes pontos: Deve existir uma acção <strong>de</strong>liberada para construir o futuro ou influir sobre o futuro; O planeamento e seu sucesso não é um acto solitário, mas envolve ocomprometimento do conjunto <strong>de</strong> agentes que actuam na condução do processo; O planeamento não é algo estático, ele se transforma em virtu<strong>de</strong> dos factos; O planeamento estratégico permite o equilíbrio <strong>de</strong> uma organização e propicia <strong>de</strong>finira sua trajectória a longo prazo.Para MATUS (1993):“No planeamento não po<strong>de</strong>mos recusar a i<strong>de</strong>ia que existem conflitos, que se contrapõem aonosso <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> mudança, esta oposição é realizada por outros indivíduos com diferentes visõese opiniões, que po<strong>de</strong>m aceitar a nossa proposta <strong>de</strong> futuro no todo ou em parte, ou simplesmenterecusar esta possibilida<strong>de</strong>.”1.4. O Planeamento Estratégico SituacionalPlaneamento Estratégico Situacional (PES) é um mo<strong>de</strong>lo da família dos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>planeamento estratégico aplicado ao sector público.O mo<strong>de</strong>lo foi elaborado por MATUS (1993), e apresenta-se como uma alternativa à crise doplaneamento autoritário e tecnocrata. Algumas teorias económicas e sobre estratégias <strong>de</strong>guerra permeiam o discurso do autor e dão suporte às suas i<strong>de</strong>ias.23/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoSegundo seu propositor, o Planeamento Estratégico Situacional é um método <strong>de</strong> planeamentogovernamental, voltado para a organização da máquina administrativa do governo, distinto doplaneamento tradicional e do planeamento estratégico empresarial. Seria próprio para serutilizado como ferramenta a serviço do dirigente político, no governo ou na oposição,permitindo o resgate do valor prático do planeamento. De acordo com MATUS (1993), não<strong>de</strong>vemos confundir o planeamento com a predição. A predição é um recurso <strong>de</strong> cálculoutilizado pelos governantes e planeadores, mas não é o único.Partindo do princípio do planeamento como ao cálculo que prece<strong>de</strong> e presi<strong>de</strong> a acção,apresenta três variáveis para fundamentar a mediação entre o cálculo e a <strong>de</strong>cisão: o horizontetemporal da análise, a sistematicida<strong>de</strong> e as dimensões consi<strong>de</strong>radas na análise do cálculo queprece<strong>de</strong> e presi<strong>de</strong> a acção: O horizonte temporal da análise consi<strong>de</strong>rado para tomar a <strong>de</strong>cisão (enfoque limitadoao presente, o amanhã a cinco anos, a trinta anos); A sistematicida<strong>de</strong> da análise que proceda a <strong>de</strong>cisão (métodos sistemáticos,embasamento teórico, intuição, mera experiência); As dimensões consi<strong>de</strong>radas na análise do cálculo que prece<strong>de</strong> e presi<strong>de</strong> a acção(realida<strong>de</strong> compartimentada ou visão global e situacional).Define o planeamento como um cálculo situacional, articulado e sistemático e exemplifica,mostrando a actuação <strong>de</strong> um político que, geralmente se move no imediatismo situacional, doplaneador tecnocrata, ao contrário, coloca-se na zona do cálculo compartimentado emdiferentes horizontes temporais e do planeamento estratégico situacional, com um pé no cumee outro no chão, tem um campo <strong>de</strong> visão capaz <strong>de</strong> articular o cálculo situacional em diferenteshorizontes temporais, em diferentes domínios da realida<strong>de</strong> e a partir <strong>de</strong> diversas perspectivas<strong>de</strong> análise. Esses posicionamentos <strong>de</strong> diferentes espaços <strong>de</strong> cálculo, segundo MATUS (1993),é que torna difícil o diálogo entre o político, o planeador tecnocrata e o planeador situacional,e assim que o governante afasta-se do planeamento, e os planeadores da realida<strong>de</strong>.MATUS (1993), propõe o cálculo situacional sistemático e, é apresentado nos seisargumentos do porquê o planeamento: O Primeiro Argumento, apresenta a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer alguma mediação entreo presente e o futuro. Focando no “hoje”, no presente, e argumenta que a24/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiagoracionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>cisão tomada hoje <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do que ocorrer amanhã, sendo porisso necessário a <strong>de</strong>finição do critério na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão hoje consi<strong>de</strong>rando a suaimplicação no amanhã. Este argumento <strong>de</strong>staca por isso a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se prever aspossibilida<strong>de</strong>s do amanhã e traçar, antecipadamente, o rumo das acções a seremempreendidas hoje;No Segundo Argumento, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planear (prever), quando apredição é impossível. Tendo como elemento <strong>de</strong> que o que acontece amanhã não épredizível, uma vez que o futuro não apenas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> variáveismutáveis, embora conhecidas; <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> também dos homens que criam essas variáveiscomo critérios possíveis que ultrapassam sua própria imaginação e intenções. Oamanhã, construído hoje, incidirá sobre quem planeia e abrindo novas oportunida<strong>de</strong>sou criando novos problemas, <strong>de</strong>stacando por isso a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se prever aspossibilida<strong>de</strong>s do amanhã para traçar, antecipadamente, o rumo as acções a serempreendidas hoje. O autor foca no hoje… Esse amanhã me afecta hoje, porque hoje éo momento <strong>de</strong> eu fazer alguma coisa com vista a estar em condições <strong>de</strong> tirar proveitodas oportunida<strong>de</strong>s que o amanhã oferecer e <strong>de</strong> evitar problema futuro;O Terceiro argumento, mostra que é preciso ter a capacida<strong>de</strong> para lidar com assurpresas. Os acontecimentos <strong>de</strong> amanhã po<strong>de</strong>m estar fora do espaço <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>que hoje se possa imaginar como provável, o que dificulta com sensatez prever eimaginar. Assim, po<strong>de</strong> ocorrer surpresas amanhã, mostrando assim a vantagem <strong>de</strong> seprever como enfrentar, amanhã, com planos <strong>de</strong> contingência reactivos, as surpresasque hoje escapam à minha previsão, ou tentar evitá-las hoje por meio <strong>de</strong> planos <strong>de</strong>contingência preventivos;No Quarto Argumento, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma mediação entre o passado e ofuturo. O fracasso ao enfrentar o imprevisto com rapi<strong>de</strong>z e eficácia, <strong>de</strong>ve servir <strong>de</strong>exemplo e aprendizagem e evitar futuros erros e pagar somente o custo necessário poreles. Consequentemente, a aprendizagem <strong>de</strong> modo oportuno com o passado recente epôr esse conhecimento a serviço dos outros argumentos <strong>de</strong>sse discurso,fundamentando a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se apren<strong>de</strong>r com a prática, como mediação entre opassado e o futuro;25/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoO Quinto Argumento, mostra a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma mediação entre o conhecimento ea acção. Nessa linha surge o plano como cálculo que prece<strong>de</strong> e presi<strong>de</strong> a acção. Essecálculo explicativo apresenta diferentes visões ou ponto <strong>de</strong> vista dos diversos actoressociais que coexistem em dada situação e que afectam directa ou indirectamente asituação ou o conceito problema. Não é puramente político nem puramente técnico.Tampouco é um cálculo único. Consequentemente, sua primeira dificulda<strong>de</strong> paraconhecer é superar o conceito <strong>de</strong> “ diagnóstico”, que não consi<strong>de</strong>ra a existência <strong>de</strong>visões diferentes sobre a mesma matéria (problema), sugerindo portanto que entre aacção e o conhecimento da realida<strong>de</strong> a seu serviço é indispensável o planeamento,ainda que apenas como mera análise do presente e para o presente, para que seexplicitem as diferentes visões e os diferentes modos <strong>de</strong> calcular dos vários actoresrelevantes. Todo esse complexo cálculo técnico, político e social <strong>de</strong>ve prece<strong>de</strong>r epresidir acção, pois, se não for assim, acção resultará dissociada do cálculo. Se acçãonão estiver fundamentada em cálculo sólido, estaremos diante da imprevisão maisprimária; e se esse cálculo não estabelecer uma ponte com a acção, então terá sidocompletamente supérfluo;O Sexto Argumento, mostra a necessida<strong>de</strong> da existência da coerência global em facedas acções parciais dos actores sociais.1.4.1. Epistemologia do planeamentoO pressuposto básico do planeamento estratégico situacional segundo MATUS (1996), éexplicado pela posição do sujeito e do objecto planeado. No mo<strong>de</strong>lo tradicional o “sujeito”único que planeia “está fora, ou acima” da realida<strong>de</strong> (objecto planeado) e controla a acção do“objecto planeado” e reduz outros actores a simples agentes económicos que apenas reagem aseu acto <strong>de</strong> planear e sendo sujeito único que controla “o sistema” o diagnóstico é uminstrumento para a busca da verda<strong>de</strong> objectiva. Tendo o “controlo” do sistema, a previsãoconfun<strong>de</strong> com a predição sendo por isso conhecer as “leis “ <strong>de</strong> funcionamento do sistema,on<strong>de</strong> a realida<strong>de</strong> complexa é reduzido a um objecto social, sendo por isso seu comportamentoapenas social.26/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoMATUS (1996), apresenta em contrapartida seis Postulados do planeamento EstratégicoSituacional:Postulado 1: “o sujeito” que planeia está incluído no “objecto planeado”. Por sua vez oobjecto planeado inclui outros sujeitos que também planeiam. Neste contexto o sujeito seconfun<strong>de</strong> com o objecto planeado daí o actor não ter o controlo da realida<strong>de</strong> planeada. Poissão vários actores no “ sistema” e não são in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes;Postulado 2: Como são vários actores que coexistem na realida<strong>de</strong> com diferentes capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> planeamento, há várias explicações da realida<strong>de</strong> e todas estão condicionadas pela inserçãoparticular <strong>de</strong> cada actor na mesma realida<strong>de</strong>;Postulado 3: Para compreen<strong>de</strong>r a realida<strong>de</strong> e tornar-se capaz <strong>de</strong> prever sua evolução, já não ésuficiente nem possível reduzir as acções humanas a “comportamentos predizíveis”. Havendovários actores po<strong>de</strong>m coexistir nos sistemas adversários e/ou aliados e nesta situação asacções não são apenas comportamentais e é necessário o “cálculo interactivo” ou “juízoestratégico”, típico da interacção entre actores sociais;Postulado 4: Se o actor que planeia compartilha a realida<strong>de</strong> com outros actores que tambémplaneiam, então, necessariamente, o plano <strong>de</strong>ve abranger o problema <strong>de</strong> vencer ou minar aresistência dos outros aos planos que não sejam meus. O planeamento, portanto, não <strong>de</strong>ve serconfundido com a <strong>de</strong>finição normativa do “<strong>de</strong>ve ser”, mas englobar o “po<strong>de</strong> ser”;Postulado 5: Se o planeamento <strong>de</strong> um actor realizar-se em um meio activamente resistente eem conflito com os outros actores, o normativo será apenas um momento do estratégico e dooperacional e, em consequência, tudo estará impregnado <strong>de</strong> forte incerteza mal <strong>de</strong>finida;Postulado 6: O plano não é monopólio do Estado. Qualquer força social luta por objectivospróprios e está capacitada a fazer um cálculo que prece<strong>de</strong> e presi<strong>de</strong> a acção. Daí que existemvários planos em competição ou em conflito e o final está aberto.O planeamento estratégico contrariamente do planeamento normativo está mais próximo darealida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> se lida com situações no dia-a-dia que <strong>de</strong>vem ser planeadas. É o planeamentocomo cálculo que prece<strong>de</strong> e presi<strong>de</strong> a acção.27/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoMATUS (1996), realça que o planeamento na situação, on<strong>de</strong> coexistem vários actores quetambém planeiam, é contrariamente à abordagem do Planeamento Normativo on<strong>de</strong> o Governotem o monopólio do Plano. O planeamento é o principal componente da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>governo e critica a abordagem do planeamento normativo on<strong>de</strong> impera o conceito do Estado“monopolista” do sistema <strong>de</strong> planeamento, estado este como “sujeito” que controla o “objectoplaneado”. Quando na prática há vários actores que planeiam num contexto on<strong>de</strong> o sujeito seconfun<strong>de</strong> com o objecto planeado.No mo<strong>de</strong>lo em que existe um único actor que planeia é aparentemente mais governável. Nestemo<strong>de</strong>lo tem as seguintes características na óptica <strong>de</strong> MATUS (1996): Um actor planeia e dirige, os <strong>de</strong>mais são simples agentes económicos com reacçõespredizíveis; As acções dos agentes económicos são previsíveis e enumeráveis respon<strong>de</strong>m a umateoria do comportamento social que segue as leis; O sistema gera incertezas, mas a incerteza refere-se exclusivamente à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>que ocorram acções previsíveis e a seus resultados; não existe o não-enumerável e oinimaginável; O actor que planeia e dirige não controla algumas variáveis, mas as variáveis nãocontroladasnão tem condução criativa inteligente porque não respon<strong>de</strong>m a outrosactores que também fazem planos. Ninguém portanto <strong>de</strong>têm o monopólio doplaneamento – este é o primeiro princípio do planeamento mo<strong>de</strong>rno.Pelo facto <strong>de</strong> existirem vários sujeitos que planeiam em igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> circunstâncias, on<strong>de</strong> o“Estado” não é o único sujeito e no objecto planeado coexistirem vários actores num ambiente<strong>de</strong> conflito, neste sistema gera incertezas e nem tudo é predizível.1.4.2. O triângulo do GovernoSegundo MATUS (1996), o Governar exige que constantemente se articulem três variáveisinter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes: projecto <strong>de</strong> governo; capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> governo e governabilida<strong>de</strong> do sistema.O projecto <strong>de</strong> governo se refere ao conteúdo da proposta <strong>de</strong> objectivos e meios, isto é, acçõesque o governo propõe alcançar e não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> apenas do seu conteúdo, mas também dascircunstâncias e da capacida<strong>de</strong> do governo;28/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoA Governabilida<strong>de</strong> do sistema é o controlo do governo sobre as variáveis que actuam noprojecto <strong>de</strong> governo, sendo certo que quanto maior o número <strong>de</strong> variáveis <strong>de</strong>cisivas que umactor controla, maior é sua liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acção e maior é, para ele, a governabilida<strong>de</strong> dosistema e quanto menor for o número <strong>de</strong> variáveis que o actor controla, menos sua liberda<strong>de</strong><strong>de</strong> acção e menor a governabilida<strong>de</strong> do sistema;A Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Governo surge como “perícia” para dirigir e fazer cumprir os objectivospropostos, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>staca o conhecimento das técnicas <strong>de</strong> planeamento. A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>governo expressa-se na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> direcção, gestão e <strong>de</strong> controlo.No triângulo <strong>de</strong> governo, separam-se, <strong>de</strong> um lado, variáveis diferentes e, <strong>de</strong> outro, variáveisque se inter-relacionam para se compreen<strong>de</strong>r a complexida<strong>de</strong> do processo <strong>de</strong> governo comouma unida<strong>de</strong> comum às três variáveis: a diferenciação que leva ao reconhecimento <strong>de</strong>sistemas <strong>de</strong> natureza diferente, <strong>de</strong>signadamente o sistema propositivo <strong>de</strong> acções (projecto <strong>de</strong>governo), o sistema social (governabilida<strong>de</strong> do sistema) e o sistema <strong>de</strong> direcção eplaneamento (capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> governo); a interacção e o mútuo conhecimento, mostrando oque há <strong>de</strong> comum aos três sistemas - acção humana e o projecto <strong>de</strong> governo como propostas<strong>de</strong> acção; a governabilida<strong>de</strong> do sistema referindo-se a possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acção; e a capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> governo, <strong>de</strong>finida como a capacida<strong>de</strong> para gerar e comandar acções.MATUS (1996), numa crítica alusiva ao livro-Plano propõe uma estrutura modular problemas-operações como forma <strong>de</strong> tornar o plano mais prático e operacional. Num cenário <strong>de</strong>conflitos e incerteza próprio no planeamento estratégico situacional, o homem lida comproblemas mal estruturados, por isso <strong>de</strong>ve em vez <strong>de</strong> livro – plana procurar uma estruturamodular, problemas – operações. Se adoptar o modo <strong>de</strong> pensar <strong>de</strong> um homem em acção,constatamos que ele não trabalha por sector, nem com políticas e programas sectoriais.Tampouco se alimenta directamente <strong>de</strong> investigações, mas <strong>de</strong> propostas executivas queprocessam as investigações. O político trabalha com problemas e operações. Um modo <strong>de</strong>conseguir que um plano seja prático, operacional e facilmente adaptável às circunstânciasconsiste em estruturá-los por problemas (oportunida<strong>de</strong>s) e operações. O conceito <strong>de</strong> operaçãosegundo o autor oferece muitas vantagens; é um módulo agregável e <strong>de</strong>sagregável quesintetiza em forma prática os diversos tipos <strong>de</strong> acção que um actor propõe-se a realizar. Essesmódulos po<strong>de</strong>m exigir apenas recursos <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, apenas recursos económicos, apenas29/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiagorecursos organizacionais ou combinações <strong>de</strong>sses recursos mencionados. Consi<strong>de</strong>rando que asoperações exigem recursos económicos, esses po<strong>de</strong>m compreen<strong>de</strong>r gastos correntes,investimentos ou ambos. Assim, com o conceito <strong>de</strong> operação recupera-se a unida<strong>de</strong>indivisível da acção planeada e, ao mesmo tempo, transforma-se o Plano em estruturaorganizacional para a acção, na qual cada operação tem um propósito e um responsável. Aestrutura modular do plano estratégico é também resposta a<strong>de</strong>quada às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>articular o plano e o orçamento por programas. Pelos métodos tradicionais é impossívelarticular o plano e o orçamento porque não po<strong>de</strong> haver correspondência precisa entreparágrafos <strong>de</strong> um livro e módulos <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> recursos. Em troca, o plano é umaestrutura modular equivalente à estrutura modular do orçamento, o problema encontra umasolução óbvia.O sistema Planeamento -programação – orçamentação – controlo, segundo MATUS (1996),só é possível na Abordagem do Planeamento Estratégico com a introdução da estruturamodular do plano estratégico. A crítica ao planeamento tradicional seria o pano <strong>de</strong> fundo paraa elaboração do Planeamento Estratégico Situacional. Nesse sentido, o PlaneamentoEstratégico Situacional é apresentado como um mo<strong>de</strong>lo pautado na <strong>de</strong>mocracia e na<strong>de</strong>scentralização, no qual o plano é fruto <strong>de</strong> criação colectiva, e a partir <strong>de</strong>ssa caracterização esurge perante a crise do chamado planeamento tradicional. O ponto central do planeamentoestratégico situacional são os problemas que as populações e as organizações enfrentam. Eeste <strong>de</strong>ve ser o afazer da prática política on<strong>de</strong> o Planeamento Estratégico Situacional adquireo sentido prático em relação a eles.Para MATUS (1996), o PES po<strong>de</strong> portanto ser entendido como o modo <strong>de</strong> processar tecnopoliticamenteos problemas.O processo <strong>de</strong> planeamento estratégico situacional apresenta quatro momentos focado noproblema: Momento explicativo, no qual se i<strong>de</strong>ntificam e seleccionam problemas, <strong>de</strong>screvendoose analisando suas causas, e i<strong>de</strong>ntificam-se os nós críticos causais, que <strong>de</strong>vem serenfrentados para que se atinjam as metas;Momento normativo -prescritivo, no qual são formulados planos <strong>de</strong> acção, prevendodiversas circunstâncias fora do controlo do governante, elaborando cenários para levar30/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiagoem conta essa incerteza e i<strong>de</strong>ntificando possíveis surpresas que <strong>de</strong>verão serrespondidas por meios <strong>de</strong> plano <strong>de</strong> emergência, on<strong>de</strong> se esclarece a factibilida<strong>de</strong>técnica e económica das metas do plano nos diferentes cenários consi<strong>de</strong>rados; Momento estratégico que i<strong>de</strong>ntifica os actores interessados, positiva ounegativamente, no problema, que explora a viabilida<strong>de</strong> política do plano e propõeestratégias para superar as restrições políticas por meio <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> construçãoda viabilida<strong>de</strong>; eMomento táctico-operacional que no dia-a-dia filtra, processa e pressiona para aexecução do plano em uma batalha constante contra todos os casos <strong>de</strong> urgência, contraa rotina e a improvisão. Segundo MATUS (1996), é neste momento que se estabelece,ou se trava, a mediação entre o conhecimento produzido pelo plano e a acção quetransforma a realida<strong>de</strong> a cada dia. Nesse momento é que se estabelecem os prérequisitos<strong>de</strong> organização exigida pelo predomínio do plano sobre a imprevisão.MATUS (1996), enten<strong>de</strong> que tudo começa com a selecção <strong>de</strong> problemas, tarefa que se tornamais fácil e mais rigorosa quando se dispõe <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> estratégia.Para MATUS (1996), a <strong>de</strong>finição do problema <strong>de</strong>ve ser formulada <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>scentralizadaconsoante nível e focada nos problemas - operações no nível respectivo, cabendo a nívelcentral fazer a selecção <strong>de</strong> mega problemas que por sua complexida<strong>de</strong> e envergadura exigema participação <strong>de</strong> várias organizações. Reconhece-se a dificulda<strong>de</strong> em i<strong>de</strong>ntificarcorrectamente os problemas, sem o qual não é possível estudar as causas e <strong>de</strong>finir operaçõespara enfrentá-los.1.5. Desenvolvimento localPara alcançar o <strong>de</strong>senvolvimento local, <strong>de</strong>staca-se a importância técnica dos agentes,elegendo-a como uma priorida<strong>de</strong> fundamental a qual, <strong>de</strong>ve ser entendida como um processodinâmico <strong>de</strong> melhoria da competência do pessoal ao serviço das autarquias locais,constituindo um instrumento necessário para que se possa conseguir uma boa gestãomunicipal, marcada pela transparência na gestão dos bens públicos. Os municípios31/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago<strong>de</strong>sempenham um papel prepon<strong>de</strong>rante no contexto do conjunto <strong>de</strong> acções que visa a lutacontra a pobreza, o que só é possível através <strong>de</strong> uma boa governação, utilizando da melhorforma os escassos recursos disponíveis. É pela via da capacitação profissional dos seusactores que se consegue elevar o índice <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços prestados e, assim, melhorservir a comunida<strong>de</strong> e promover o respeito pelos direitos humanos dos municípios e <strong>de</strong> todosquantos procuram os serviços das autarquias locais (ANMCV, 2004).A boa governação, na óptica da boa gestão municipal, reclama não só a a<strong>de</strong>quação dasestruturas mas também um forte investimento na formação e capacitação dos eleitos e <strong>de</strong> todoo pessoal ao serviço dos municípios. Assim, a formação <strong>de</strong>ve ser entendida como umprocesso dinâmico <strong>de</strong> melhoria da competência do pessoal ao serviço das autarquias locais, oque constituirá um instrumento necessário para que se possa conseguir uma boa gestãomunicipal, uma gestão transparente da gestão da coisa pública (ANMCV, 2004).Os municípios <strong>de</strong>verão fazer um esforço significativo na melhoria do seu sistema <strong>de</strong>comunicação, informação e relacionamento com os munícipes, <strong>de</strong> forma a melhorconhecerem, em cada momento, as suas reais necessida<strong>de</strong>s e aspirações e trabalharem <strong>de</strong>forma mais eficaz e planeada para a sua satisfação. Um esforço particular <strong>de</strong>ve ser feito nosentido <strong>de</strong> se criar as condições que permitam que a informação circule junto dos agenteslocais, no que concerne às oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cooperação ou financiamento <strong>de</strong> projectos quepossam contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimento local (ANMCV, 2004).No âmbito das intervenções nas activida<strong>de</strong>s económicas geradoras <strong>de</strong> emprego e rendimento<strong>de</strong>vem ser claramente reconhecidos aos municípios o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver activida<strong>de</strong>seconómicas geradoras <strong>de</strong> emprego e rendimento, para além do natural fomento e apoio àsactivida<strong>de</strong>s dos agentes económicos que actuam no seu território. A promoção <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>seconómicas <strong>de</strong>ve constituir uma das vertentes <strong>de</strong> actuação municipal, <strong>de</strong> modo a que osmunicípios intervenham na activida<strong>de</strong> económica quer directamente, através da criação <strong>de</strong>empresas públicas municipais e da participação em empresas públicas preexistentes, querindirectamente através do apoio a empresas privadas e organizações da socieda<strong>de</strong> civil, <strong>de</strong>forma a estimular o <strong>de</strong>senvolvimento económico a nível dos respectivos concelhos,nomeadamente, em áreas como o turismo (ANMCV, 2004).32/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoCom o insubstituível papel das autarquias locais na promoção do <strong>de</strong>senvolvimento local, dacidadania, da liberda<strong>de</strong> e da <strong>de</strong>mocracia nos diversos concelhos, bairros e localida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong>Ver<strong>de</strong>, as autarquias precisam <strong>de</strong> pessoas mais qualificadas para po<strong>de</strong>rem dar resposta àsexigências impostas pela socieda<strong>de</strong> (ANMCV, 2004).1.6. Desenvolvimento Económico LocalO <strong>de</strong>senvolvimento económico local não é simplesmente o reflexo <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento nacional em uma dada localida<strong>de</strong>. O que caracteriza o processo <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento económico local é o protagonismo dos actores locais, na formulação <strong>de</strong>estratégias, na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões económicas e na sua implementação. Trata-se <strong>de</strong> umprocesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento económico que se baseia na autonomia dos agentes locais que,muitas vezes, caminham em oposição ao pensamento dominante.FRANCO (1999), o <strong>de</strong>fine “uma nova estratégia <strong>de</strong> indução ao <strong>de</strong>senvolvimento, que prevê aadopção <strong>de</strong> uma metodologia participativa, pela qual mobilizam-se recursos da Socieda<strong>de</strong>Civil, em parceria com o Estado e com o Mercado, para a realização <strong>de</strong> diagnósticos dasituação <strong>de</strong> cada localida<strong>de</strong>, a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> potencialida<strong>de</strong>s, a escolha <strong>de</strong> vocações e aconfecção <strong>de</strong> planos integrados <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Trata-se <strong>de</strong> uma tecnologia socialinovadora <strong>de</strong> investimento em capital humano e em capital social.”Segundo BENKO & LIPIETZ, (1994) as experiências <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local são apenas aexpressão espacial <strong>de</strong> um novo arranjo industrial “pós-fordista”.BECATTINI (1994), por outro lado, diz que as experiências <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local têmdinâmicas próprias e não é apenas o reflexo da reorganização internacional do capital.SANTOS (2002), ainda acreditem no local como espaço privilegiado para experimentaçõesdominantes.Segundo BENKO & LIPIETZ (1994), “duas revoluções na organização dos processos seriamcapazes <strong>de</strong> inverter a tendência <strong>de</strong> uma nova organização espacial (<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada) da produçãoindustrial”. A primeira <strong>de</strong>las afectaria as relações profissionais entre capital-trabalho. Com acrise do taylorismo pós-guerra, a saída encontrada foi a mobilização dos recursos humanos33/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiagoque se formam não somente nas empresas, mas sobretudo na cultura local, na tradiçãofamiliar, em suma, num sistema local em que se enriquecem as competências técnicoprofissionais.A segunda está relacionada com a organização industrial, a relação entre asempresas. Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> empresas ligadas por relações <strong>de</strong> parceria e sub-contratação substituíramas gran<strong>de</strong>s empresas integradas. Essas dinâmicas operam o regresso ao que era comum nageografia económica do passado: os distritos industriais, em que se concentravam empresasdo mesmo ramo, dividindo trabalho e partilhando um saber-fazer local.Por outro lado, há quem <strong>de</strong>fenda uma certa autonomia do local. BECATTINI (1994), em suaanálise socio-económica dos distritos industriais ressalta o seu sistema <strong>de</strong> valores e <strong>de</strong>pensamento semelhante – expressão <strong>de</strong> uma ética do trabalho e da activida<strong>de</strong>, família e damudança – condicionando os principais aspectos da vida local. Paralelamente a esse sistema<strong>de</strong> valores, <strong>de</strong>senvolve-se um conjunto <strong>de</strong> instituições, normas e regras <strong>de</strong>stinadas a propagaresses valores a todo o distrito, estimulando sua adopção e a transmissão <strong>de</strong> geração emgeração. Essas instituições incluem não só o mercado, a escola e a Igreja, como também asautorida<strong>de</strong>s e organizações políticas locais, além <strong>de</strong> inúmeras outras instâncias públicas eprivadas, económicas, políticas, culturais, religiosas <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> social. Para que estasdinâmicas sociais possam funcionar sem obstáculos, as instituições que integram o município<strong>de</strong>vem, quando possível, respeitar o mesmo sistema <strong>de</strong> valores e regras. Isto não elimina osconflitos <strong>de</strong> interesse entre seus diversos membros, nem retira a consciência <strong>de</strong>sses conflitos,mas institui esses conflitos num contexto <strong>de</strong> superiorida<strong>de</strong> do interesse comunitário comoprincípio base interiorizado pelo conjunto da socieda<strong>de</strong> local.SANTOS (2002), propõem o conceito <strong>de</strong> um <strong>de</strong>senvolvimento local <strong>de</strong> base, “<strong>de</strong> baixo paracima”. A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir sobre esse <strong>de</strong>senvolvimento não é entendida como algo <strong>de</strong>exclusivida<strong>de</strong> do Estado ou das elites económicas e vê na socieda<strong>de</strong> civil o actor principal<strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> construção colectiva. Esse processo cria um potencial para que o efeitoeconómico <strong>de</strong>ssas experiências chegue à esfera política e produza um ciclo <strong>de</strong> crescimentoque contrarie as lógicas <strong>de</strong> exclusão. A noção do <strong>de</strong>senvolvimento local também apresentavários significados, comportando as diferentes dimensões em que se exerce a cidadania e quetem condições <strong>de</strong> criar um espaço <strong>de</strong> interacção dos cidadãos, recuperando a iniciativa e aautonomia na gestão do que é público. Essa concepção não admite mo<strong>de</strong>los paradigmáticos <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento local.34/90


1.7. Desenvolvimento Local SustentávelPlaneamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoO conceito <strong>de</strong> Desenvolvimento Sustentável é originário do conceito <strong>de</strong> DesenvolvimentoEconómico. Para enten<strong>de</strong>r esta conceituação, faz-se necessário analisar a história económicado século XX.Conforme CAPORALI (2000), o conceito <strong>de</strong> Desenvolvimento Económico começou a serutilizado a partir do final da Segunda Gran<strong>de</strong> Guerra, quando os vencedores do conflitocomeçaram a se preocupar com a reconstrução dos países <strong>de</strong>rrotados e daqueles países queforam palco dos conflitos via a formação <strong>de</strong> instituições mundiais <strong>de</strong> harmonização <strong>de</strong>interesses e <strong>de</strong> práticas económicas, bem como <strong>de</strong> uma teoria económica que confiava naacção reguladora do Estado a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> crescimento elevadas.Segundo CAPORALI (2000), a crise económica dos anos 30, teve como gran<strong>de</strong> problema o<strong>de</strong>semprego tanto da mão-<strong>de</strong>-obra quanto do capital. Para aquele momento, que se manteveaté o início dos anos 70, o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio era o <strong>de</strong> maximizar o uso <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra e <strong>de</strong>capital, enquanto que os elementos naturais utilizados e os efluentes gerados não recebiam omenor tipo <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ração em função da sua aparente abundância. Em <strong>de</strong>corrência, como oselementos naturais utilizados e os efluentes gerados ficavam inteiramente à margem daeconomia, criou-se um enviés teórico. Este enviés teórico era consolidado pela base da teoriaeconómica gerada durante o século XIX, on<strong>de</strong> a noção <strong>de</strong> riqueza era i<strong>de</strong>ntificada com a <strong>de</strong>preço. Como preço é <strong>de</strong>terminado por uma conjugação entre custos, escassez relativa e<strong>de</strong>manda, a abundância era tida como não-valor, não riqueza, sendo que os crescimentos doscustos gerados pelo sistema económicos eram vistos como riqueza. A compreensão <strong>de</strong>sse erroconceitual é essencial para se perceber como a questão natural ficou à margem da TeoriaEconómica.Sob o prisma da sustentabilida<strong>de</strong>, CAPORALI (2000), afirma que os problemas <strong>de</strong>correntesda conjugação <strong>de</strong> base teórica, i<strong>de</strong>ologia <strong>de</strong> Estado e interesses económicos, foram aexploração irracional <strong>de</strong> recursos naturais e energia, estagnação da pesquisa tecnológicarelativa a poupança <strong>de</strong> energia, intensificação do <strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> capitais e trabalho através daobsolescência planeada. Conjugadas, <strong>de</strong>veriam levar à estagnação do crescimento económicopor um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sperdício dos exce<strong>de</strong>ntes económicos e <strong>de</strong> base natural que é o seupressuposto necessário. A consequência <strong>de</strong>sse panorama <strong>de</strong> dilemas foi o surgimento <strong>de</strong> duas35/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiagocorrentes económicas concorrentes: uma preocupada em actuar sobre a contenção <strong>de</strong> custosnas diversas economias, que se convencionou chamar <strong>de</strong> neoliberalismo; outra, que aindabusca caminhos práticos, inspirada na tradição institucionalista da teoria económica, e queficou conhecida como <strong>de</strong>senvolvimento sustentável. O conceito <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> estádirectamente vinculado a uma relação entre o ser humano e a natureza que, por sua vez,conserva o meio ambiente. Outra relação do conceito <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong> ser feita écom o conceito <strong>de</strong> ética. Esta relação surge da preocupação da quantida<strong>de</strong> e da forma <strong>de</strong> seconsumir actualmente os estoques naturais com a imaginária necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consumo dosmesmos para as gerações futuras.Segundo FRANCO (2000), Sustentabilida<strong>de</strong> diz respeito, também e principalmente, a umpadrão <strong>de</strong> organização <strong>de</strong> um sistema que se mantém ao longo do tempo em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> teradquirido certas características que lhe conferem capacida<strong>de</strong>s auto criativas.Para STAKE (1991), para ser sustentável, o <strong>de</strong>senvolvimento precisa levar em consi<strong>de</strong>raçãofactores sociais, ecológicos, assim como os económicos; as bases dos recursos vivos e nãovivos; as vantagens e <strong>de</strong>svantagens das acções; alternativas a longo e curto prazo.Para SEM (2000), para que efectivamente se obtenha <strong>de</strong>senvolvimento é necessário que sejamretiradas todas, ou as principais, fontes <strong>de</strong> privação <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>: pobreza e tirania, carência<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s económicas e <strong>de</strong>stituição social sistemática, negligência dos serviçospúblicos e intolerância ou interferência excessiva <strong>de</strong> estados repressivos. A liberda<strong>de</strong> políticaviabiliza a promoção da segurança económica, enquanto que as oportunida<strong>de</strong>s sociais, naforma se serviços <strong>de</strong> educação e saú<strong>de</strong>, facilitam a participação económica. As oportunida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> participação no comércio e na produção ajudam na viabilização da geração da abundânciaindividual, bem como na geração <strong>de</strong> recursos públicos para aplicação em serviços sociais.Para ULTRAMARI (2000), falar-se sobre o conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável ficoufácil em função <strong>de</strong> ser um objectivo <strong>de</strong>sejado por todos. No entanto, o conceito <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento sustentável vem sendo adoptado e reproduzido nas mais diversas situaçõessem o <strong>de</strong>vido e fundamental embasamento em termos do seu real significado e viabilida<strong>de</strong>. Sea realida<strong>de</strong> tem provado ser o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável um conceito <strong>de</strong> difícilentendimento e <strong>de</strong> difícil consecução, a complexida<strong>de</strong> aumenta quando esse conceito éintroduzido na problemática urbana.36/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoAinda conforme ULTRAMARI (2000), os problemas ambientais tem, ainda, passado<strong>de</strong>spercebidos pela consciência da maioria da população em geral em função <strong>de</strong> que ascondições sócio-económicas tem tornado possível a sua remoção da proximida<strong>de</strong> dosaglomerados populacionais. Cita como exemplo o lixo que é incinerado ou <strong>de</strong>positado emáreas distantes dos aglomerados urbanos e legislações urbanísticas que exigem a adopção <strong>de</strong>locais funcionais para instalação das indústrias. A adopção <strong>de</strong>ssas medidas atenuantes <strong>de</strong>redução visual dos impactos da activida<strong>de</strong> económica no meio ambiente, passaram a levar osproblemas ambientais a extrapolar os limites locais, tornando-se assim, problemas regionais.Apesar da dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se i<strong>de</strong>ntificar os problemas ambientais urbanos, as cida<strong>de</strong>s sãoentendidas como uma séria ameaça aos recursos ambientais do planeta.Para LIPIETZ (1995), um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável não po<strong>de</strong>rá ser construídoa partir do capitalismo. Entretanto, não sugere que se rompa inicialmente com o mo<strong>de</strong>locapitalista e sim que se busque a sua inflexão no sentido que se permita criar mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento on<strong>de</strong> possam ser agregados valores como autonomia, solidarieda<strong>de</strong> e aresponsabilida<strong>de</strong> ecológica.Conforme (GUIDDENS1998 apud FRANCO, 2000), sugere que os programas convencionais<strong>de</strong> socorro à pobreza sejam substituídos por mo<strong>de</strong>los centrados na comunida<strong>de</strong>, que permitamuma participação mais <strong>de</strong>mocrática proporcionando resultados mais eficazes. A formação <strong>de</strong>comunida<strong>de</strong>s enfatiza as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> apoio, o espírito <strong>de</strong> iniciativa e o cultivo do capital socialcomo meio <strong>de</strong> gerar renovação económica em localida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> baixa renda. O combate àpobreza requer uma injecção <strong>de</strong> recursos económicos, mas aplicados para apoiar a iniciativalocal, isto parte-se do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> que todo <strong>de</strong>senvolvimento é local, seja este local umdistrito, um município, um micro região, uma região <strong>de</strong> um país, uma região do mundo.SCHNEIDER (2000), menciona que para se alcançar o objectivo da perpetuida<strong>de</strong> dosecossistemas, as administrações públicas <strong>de</strong>vem lançar mão das práticas <strong>de</strong> manejo que nãoagridam ao meio ambiente assegurando, <strong>de</strong>sta forma, a perpetuida<strong>de</strong> da produtivida<strong>de</strong> dosecossistemas para as gerações futuras. Somente através <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong> manejo que nãoagridam o meio ambiente, po<strong>de</strong>-se assegurar a perpetuida<strong>de</strong> da produtivida<strong>de</strong> dosecossistemas para as gerações futuras. Por isso, precisamos <strong>de</strong>senvolver junto àsadministrações públicas, um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão que assegure a preservação ambiental. Aquestão da sustentabilida<strong>de</strong> não remete meramente a conservação da natureza e à37/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiagoadministração <strong>de</strong> ecossistemas, em uma concepção mais ampla, aponta para novos mo<strong>de</strong>los<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e para transformações sociais. Sendo assim é preciso trazer a discussãoda sustentabilida<strong>de</strong> para o campo das relações sociais. A conservação dos recursos naturais<strong>de</strong>ve estar articulado com outros objectivos, entre eles o enfrentar da pobreza, a equida<strong>de</strong>, ajustiça social, a <strong>de</strong>mocracia, a garantia <strong>de</strong> organização social, a um ambiente saudável e aobem-estar geral. Esses são os requisitos mínimos para o exercício e o fortalecimento dacidadania e parte inseparável no processo do <strong>de</strong>senvolvimento.Por <strong>de</strong>senvolvimento local sustentável consi<strong>de</strong>ra o conceito apresentado por FRANCO(1998), por ele apontado como resultado <strong>de</strong> um amplo <strong>de</strong>bate entre organizações nãogovernamentais,<strong>de</strong> governo e organismos internacionais:FRANCO (1998), consi<strong>de</strong>ra Desenvolvimento local sustentável é um novo modo <strong>de</strong>promover o <strong>de</strong>senvolvimento que possibilita o surgimento <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s mais sustentáveis,capazes <strong>de</strong> suprir suas necessida<strong>de</strong>s imediatas, <strong>de</strong>scobrir ou <strong>de</strong>spertar suas vocações locais e<strong>de</strong>senvolver suas potencialida<strong>de</strong>s específicas além <strong>de</strong> fomentar o intercâmbio externo,aproveitando-se <strong>de</strong> suas vantagens locais. É importante ressaltar que o conceito <strong>de</strong>sustentabilida<strong>de</strong> é um princípio em construção, sobre o qual não existe uma hegemonia <strong>de</strong>pensamento. Cabe à socieda<strong>de</strong> a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construir um <strong>de</strong>senvolvimentosustentável assim como <strong>de</strong> criar condições para que amplos sectores e actores sociaisparticipem <strong>de</strong>ssa construção, consi<strong>de</strong>rando as realida<strong>de</strong>s ecológicas e socioculturais locais.Para SACHS (1993), são quatro as dimensões da sustentabilida<strong>de</strong>: Sustentabilida<strong>de</strong> social,económica, ecológica e cultural. A primeira dimensão refere-se à equida<strong>de</strong> social, ao pactoentre as actuais gerações; a sustentabilida<strong>de</strong> económica refere-se não só à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>manter fluxos regulares <strong>de</strong> investimentos, mas uma preocupação dominante nos planos <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento tradicionais, e também à gestão eficiente dos recursos produtivos. Asustentabilida<strong>de</strong> ecológica, como o próprio nome indica, refere-se às acções para evitar danosao meio ambiente causados pelos processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. A sustentabilida<strong>de</strong> culturalrefere-se ao respeito que <strong>de</strong>ve ser dado às diferentes culturas e às suas contribuições para aconstrução <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento apropriados às especificida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada cultura ecada local.38/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoPara BARBIERI (2000), um requisito que se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong> do conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentosustentável é a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ampliar a participação da população nos procesos <strong>de</strong>cisórios.Esse requisito está directamente associado à sustentabilida<strong>de</strong> política. Isso significaconsi<strong>de</strong>rar a participação dos que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a redução das activida<strong>de</strong>s estatais no campo do<strong>de</strong>senvolvimento.Ainda para BARBIERI (2000), uma das maiores dificulda<strong>de</strong>s para a formulação eimplementação <strong>de</strong> planos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável resulta do enfraquecimento doEstado como <strong>de</strong>corrência da intensificação da internacionalização da economía sob a tutela domercado, <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> globalização. Esse proceso tem produzido uma perda da capacida<strong>de</strong>dos governos <strong>de</strong> conduzir as questões económicas e sociais com soberania. Uma política <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento sustentável local requer a participação do Estado, dos agentes privados,empresas, consumidores, e entida<strong>de</strong>s da socieda<strong>de</strong> civil organizada. Para esse autor, a novaor<strong>de</strong>m social será formada pelo Estado, pelo mercado e pelas ONG's.1.8. Mo<strong>de</strong>lo do processo <strong>de</strong> elaboração do plano estratégico <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento municipal/regional, segundo alguns autores.Com base em diversos documentos analisados (<strong>de</strong> órgãos, instituições e algunspesquisadores), <strong>de</strong>finiu-se uma metodologia padrão.De acordo com ILPES (1998), as fases do planeamento estratégico são as seguintes:Colecta <strong>de</strong> dados, análise e diagnóstico – Informação, esta fase proporcionaconhecimento da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, as oportunida<strong>de</strong>s e potencialida<strong>de</strong>s,como também os recursos disponíveis para tanto.Definição <strong>de</strong> uma estratégia, estabelecimento <strong>de</strong> objectivos gerais, ou seja, quandose <strong>de</strong>fine aon<strong>de</strong> se quer chegar e o que fazer para alcançar os objectivos.Elaboração do plano <strong>de</strong> acção, esta fase permite a pré-avaliação dos projectosseparadamente, assim como a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> sua estrutura e a consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> suaviabilida<strong>de</strong>.39/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoSelecção e gestão <strong>de</strong> projectos, <strong>de</strong>finem-se e seleccionam-se projectos <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento.Implementação, as i<strong>de</strong>ias se convertem em acções práticas.Avaliação, reflexão avaliativa sobre o impacto das acções, já em outro documento(LIRA, 2006), as fases do processo <strong>de</strong> planeamento estratégico são divididas entreaspectos estratégicos e operativos. Desta forma, os primeiros quatro passos seriamestratégicos, e os <strong>de</strong>mais operativos, como mostra a Figura 07:Preparação doprocessoRedacção doPlano EstratégicoDefinição da MISSÃOE VISÃODesenho do sistema<strong>de</strong> acompanhamento eavaliaçãoComunicaçãoI<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> eCulturaOrganizacionalAnálise e DiagnósticoSituação actualPlano <strong>de</strong> Acção eImplementaçãoEstabelecimento <strong>de</strong>Objectivos eEstratégiaFigura 01: Fases do Processo <strong>de</strong> Planeamento Estratégico.Fonte: LIRA (2006).AspectoEstratégicoAspectoOperativoEste autor apresenta, no esquema acima, o processo <strong>de</strong> planeamento estratégico organizadopor fases, abordando os principais aspectos estratégicos como também operativos. No centroda figura estão situados aspectos relacionados com a comunicação, cultura e i<strong>de</strong>ologia daorganização ou região, que tanto po<strong>de</strong>m actuar como facilitadores e como dificultadores doprocesso.MORAN (2006), <strong>de</strong>staca que o processo <strong>de</strong> planeamento não se encerra com a elaboração dodocumento do plano. O planeamento terá seu ciclo completo quando for constituído dasseguintes etapas: Formulação, a fase que se faz a colecta <strong>de</strong> dados para a sua análise, tendo osseguintes passos:40/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago Visão <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, entendida como uma representação ou imagem do que olocal/ região espera ser e ter no futuro; Diagnóstico, que é a análise dos problemas e potencialida<strong>de</strong>s mais importantes,relacionados a temas económicos, sociais, culturais e ambientais, que permitirãoconstruir uma proposta <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento económico e social; Objectivos estratégicos, que são as modificações ou efeitos que se espera alcançaremno médio e longo prazo para atingir a visão <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento; Acções concertadas, que são as acções que permitem alcançarem os objectivosestratégicos e constituem-se na melhor alternativa <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> opções <strong>de</strong>acções previamente analisadas e avaliadas qualitativa e quantitativamente; traduzemseem activida<strong>de</strong>s e projectos <strong>de</strong>vidamente periodizados. Implantação, a fase <strong>de</strong> se colocar em prática os projectos escolhidos. Avaliação e revisão, <strong>de</strong>verão ter um carácter periódico e sistemático, o que po<strong>de</strong>rálevar à alteração <strong>de</strong> alguns projectos, à <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> novos projectos ou à alteração <strong>de</strong>priorida<strong>de</strong>s.Dentro <strong>de</strong>sta lógica, BUARQUE (2006), divi<strong>de</strong> o processo <strong>de</strong> planeamento em quatro etapassequenciais, interligadas e continuadas:Conhecimento da realida<strong>de</strong> ou diagnóstico, que permite fazer a <strong>de</strong>limitação doobjecto, ou seja, <strong>de</strong>limitação do local que se preten<strong>de</strong> planear, o diagnóstico, queauxilia na compreensão da realida<strong>de</strong> actual do local e o prognósticos, que enquanto odiagnóstico procura captar a realida<strong>de</strong> actual e os factores em maturação, oprognóstico busca antecipar possíveis <strong>de</strong>sdobramentos futuros da realida<strong>de</strong>.Tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões, permite ter uma visão do futuro, que é quando a socieda<strong>de</strong><strong>de</strong>fine “aon<strong>de</strong> se preten<strong>de</strong> chegar com a implementação <strong>de</strong> um plano, o que se <strong>de</strong>fine41/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiagopor meio <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>scrição qualitativa e quantitativa da realida<strong>de</strong> futuro. A visão dofuturo subdivi<strong>de</strong>-se em: Futuro <strong>de</strong>sejado, “estado futuro <strong>de</strong>sejado pela socieda<strong>de</strong>, atemporal e livre <strong>de</strong>restrições, sinalizando para uma imagem objectiva a longo prazo que serve <strong>de</strong>referência para as <strong>de</strong>cisões estratégicas”. Objectivos que serão perseguidos pelo plano <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento; Metas, que “representam a quantificação dos objectivos, explicitando os resultadosquantificáveis pretendidos e que po<strong>de</strong>m ser gerados com a estratégia ou plano em<strong>de</strong>terminados prazos; Formulação das opções estratégicas, que indicam on<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem ser concentradas, <strong>de</strong>modo a mostrar o caminho geral a ser seguido e organizar a socieda<strong>de</strong> em torno doseixos <strong>de</strong> actuação <strong>de</strong>finidos. Esta fase <strong>de</strong>ve resultar <strong>de</strong> uma análise da relação dosproblemas e potencialida<strong>de</strong>s endógenas com as oportunida<strong>de</strong>s e ameaças exógenas; Elaboração dos programas e projectos, que consiste na <strong>de</strong>sagregação das opçõesestratégicas em programas, políticas e projectos específicos por sectores ou dimensõesda realida<strong>de</strong>; Definição dos instrumentos, quando <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>finidos e viabilizados instrumentos(meios financeiros, legais, organizacionais, institucionais) que permitirão a execuçãodo plano; Formulação do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão, que é a “<strong>de</strong>finição da forma como a socieda<strong>de</strong> e oEstado (sector público) <strong>de</strong>vem se organizar para a implementação das acções, dagestão dos instrumentos e programas, e para avaliação dos seus resultados”; Construção da a<strong>de</strong>são e sustentabilida<strong>de</strong> políticas, que significa discutir com asocieda<strong>de</strong> o plano e divulgá-lo;42/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoExecução do plano, para a implementação da estratégia com suas políticas,programas e projectos <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>finidos e viabilizados os instrumentos (meiosfinanceiros, legais, e organizacionais) com que se po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve contar com a efectivaexecução do plano.Acompanhamento, controle, e avaliação das acções, esta é a fase que acompanha o<strong>de</strong>senvolvimento da execução dos projectos, ver qual o grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho e tirar asconclusões necessárias e, se necessário fazer algumas alterações.Segundo BUARQUE (2006), as duas primeiras etapas correspon<strong>de</strong>m à fase <strong>de</strong> elaboraçãopropriamente dita do plano, porém, nesta fase já <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>finidos os elementos básicospara a execução e acompanhamento do mesmo.Ainda outra abordagem metodológica é <strong>de</strong>senvolvida por BLACKELY (1994). Este autorapresenta seis fases que <strong>de</strong>vem ser observadas na elaboração <strong>de</strong> um Plano <strong>de</strong>Desenvolvimento Económico Local. Esta metodologia tem forte influência da questãoeconómica, como mostra o Quadro 01:Quadro 01: Etapas para elaboração <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local.FASESELEMENTOSFASE I – Colecta <strong>de</strong> dados e análiseDefinição da base económicaAvaliação da estrutura actual <strong>de</strong> empregoAvaliação das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> empregoAnálise das oportunida<strong>de</strong>s e restrições aoDesenvolvimento económicoAnálise da capacida<strong>de</strong> institucionalFASE II – Selecção da estratégia <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento localEstabelecimento <strong>de</strong> critérios e objectivosDeterminação dos possíveis cursos <strong>de</strong> acçãoDesenvolvimento <strong>de</strong> estratégia escolhidaFonte: Blackely (1994).43/90


FASESELEMENTOSPlaneamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoFASE III – Selecção dos projectos <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento localI<strong>de</strong>ntificação dos projectos possíveisAvaliação da viabilida<strong>de</strong> dos projectos(Comunida<strong>de</strong>,Comercial, Locacional, Implementação)FASE IV – Elaboração dos planos <strong>de</strong>acçãoPré-avaliação dos resultados do ProjectoAlimentação das entradas do ProjectoEstabelecimento das alternativas financeirasFASE V - Detalhamento dos ProjectosI<strong>de</strong>ntificação das estruturas do ProjectoCondução <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong>talhados <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong>Preparação do plano <strong>de</strong> trabalhoPrograma <strong>de</strong> aplicação, monitoramento eavaliaçãoFASE VI - Preparação e implementaçãodo plano global <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoPreparação da agenda <strong>de</strong> implementação dosprojectosDesenvolvimento <strong>de</strong> um programa global <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimentoDeterminação e marketing dos recursos dacomunida<strong>de</strong>Negociação das necessida<strong>de</strong>s financeirasFonte: Blackely (1994).44/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoA metodologia <strong>de</strong> planeamento adoptada pelo Estudo Rumos 2015 (SCP, 2006) engloba trêsetapas: Diagnóstico, Prognóstico (cenários) e Plano Estratégico (visão, estratégias, programase projectos). Também constam neste estudo as fases <strong>de</strong> implementação e monitoramento.Com base no exposto até o momento, foram estabelecidas as etapas necessárias para aelaboração <strong>de</strong> um plano estratégico <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, visando englobar todas as etapas doprocesso <strong>de</strong> planeamento, como mostrado no Quadro 02:Quadro 02: Fases e etapas do processo <strong>de</strong> planeamento.FASESETAPASFASE I – FormulaçãoColecta <strong>de</strong> dados, análise e diagnósticoPrognóstico (cenários)Propostas (Visão, Estratégias, Programas eProjectos)FASE II - ImplementaçãoFASE III - AvaliaçãoFASE IV - RevisãoFonte: SCP (2006)45/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoCapítulo 2: O Planeamento em <strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong>2.1. Sistema <strong>de</strong> planeamento /orçamentoO estabelecimento <strong>de</strong> normas relativas à coor<strong>de</strong>nação entre programas <strong>de</strong> investimentos,controlo e planificação ganha novos contornos com a aprovação do I Plano Nacional <strong>de</strong>Desenvolvimento para o quadriénio 1982/85 pela Lei nº 20/II/83 e na sequência, é aprovado oPrograma <strong>de</strong> Investimentos público <strong>de</strong> 1982 a 1985 com os respectivos orçamentos. Oprograma apresentava ainda o número médio <strong>de</strong> trabalhadores para a sua realização e numoutro quadro a repartição por ilhas dos anualizados empregos na realização do Plano,surgindo assim <strong>de</strong> forma autónoma da Lei do orçamento do Estado, o <strong>de</strong>senvolvimentoimplica a criação <strong>de</strong> meios e a realização <strong>de</strong> acções que levem <strong>de</strong> forma gradual, mas segura,ao progresso e à conquista da in<strong>de</strong>pendência económica. É <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ste espírito que oprograma do PAICV e a Constituição da República <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong> apontam a planificação danossa economia como instrumento <strong>de</strong>cisivo para a orientação do progresso económico e <strong>de</strong>realização <strong>de</strong> transformações sociais.O País acabava <strong>de</strong> se tornar in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e tinha herdado da colónia um fraco nível <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento das forças produtivas, condições adversas e forte <strong>de</strong>pendência do exterior. OPlaneamento surge também como uma exigência <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, permitindo assimreunir, coor<strong>de</strong>nar os esforços e as iniciativas numa visão integrada a longo prazo.46/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoO Primeiro Plano Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento inseria <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta perspectiva e nasorientações e objectivos <strong>de</strong>finidos pelo PAICV e o Programa <strong>de</strong> Governo aprovado na 2ªSessão Legislativa da II Legislatura da Assembleia Nacional Popular.Neste contexto frágil da construção do Estado surgia o primeiro Programa <strong>de</strong> Investimentosanual (1982) por sector <strong>de</strong> activida<strong>de</strong> e por natureza <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa, dando substância ao primeiroano do Plano Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento (PND). Até então os orçamentos anuais eramaprovados e publicados com melhoria <strong>de</strong> ano para ano, mas sem uma linha <strong>de</strong> orientação préestabelecida.Pela Lei nº 51/II/85, <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> Janeiro (Boletim Oficial nº1) se estabeleceu os princípios enormas básicas a que se <strong>de</strong>verá obe<strong>de</strong>cer a elaboração, votação e alteração do OrçamentoGeral do Estado, bem como a fiscalização e responsabilida<strong>de</strong>s orçamentais.Tratava-se da primeira Lei <strong>de</strong> base do orçamento, muito simples, que apresentava no CapituloI os seguintes princípios e regras: Anualida<strong>de</strong> e equilíbrio; Unida<strong>de</strong> e Universalida<strong>de</strong>; Nãoconsignação; Especialização; Classificação das receitas e <strong>de</strong>spesas.Aqui convém fazer as seguintes realces: princípio da anualida<strong>de</strong> o ano económico coinci<strong>de</strong>com o ano civil e o equilíbrio dizia respeito apenas à relação receitas correntes e <strong>de</strong>spesascorrentes; relativamente ao princípio da Unida<strong>de</strong> e Universalida<strong>de</strong> os orçamentos dasautarquias locais e das empresas públicas embora in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>veriam fazer parte emanexo do orçamento geral do Estado, permitindo uma apreciação da situação financeira <strong>de</strong>todo o sector público; na especificação das receitas e <strong>de</strong>spesas não se mencionava a “ Dotaçãoprovisional 1 “. (este constava do capítulo <strong>de</strong> alterações orçamentais).No Capítulo II (Procedimento para a elaboração do orçamento Geral do Estado) apresentava oprojecto da lei do orçamento, seu conteúdo e o processo da votação, a elaboração doorçamento, realçando a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vinculação ao Plano Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento, eo Decreto Orçamental. Neste capítulo era já obrigado a apresentação dos elementosnecessários à justificação orçamental, sem contudo especificar esses elementos.1 Verba <strong>de</strong> contingência, para reforço <strong>de</strong> verba não prevista ou insuficientemente previstas, para fazerface a situações imprevistas e inadiáveis47/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoO capítulo III retratava da Execução do Orçamento e Alterações Orçamentais. As alteraçõesorçamentais muito rígidas. As que implicavam aumento <strong>de</strong> montante <strong>de</strong> cada sector orgânicofixado na lei do orçamento, com excepção do reforço por contrapartida da dotaçãoprovisional, eram da competência da Assembleia Nacional.O Capítulo IV apresentava o processo da fiscalização e responsabilida<strong>de</strong> orçamentais eelaboração das contas do Estado. A fiscalização administrativa da execução orçamentalcompetia, além da própria entida<strong>de</strong> responsável pela gestão e pela execução, às entida<strong>de</strong>shierarquicamente superiores e <strong>de</strong> tutela, a órgãos gerais <strong>de</strong> inspecção e controloadministrativo e aos serviços da contabilida<strong>de</strong> pública e a fiscalização jurisdicional competiajá ao Tribunal <strong>de</strong> Contas.No último Capitulo V (normas programáticas transitórias) remetia o regime financeiro dosserviços e fundos autónomos a regulamentação por diploma especial, remetia o<strong>de</strong>senvolvimento dos princípios gerais em <strong>de</strong>creto-lei à necessária regulamentação epublicação.Ainda em Janeiro <strong>de</strong> 1985 pela Lei nº52/II/85 Estabelecia os princípios gerais das bases doPlaneamento Nacional, num diploma com três capítulos e <strong>de</strong>zoito artigos.Nos termos constitucionais a economia regia pelo princípio da direcção e planificaçãoestatais, por isso toda a filosofia da elaboração, execução e acompanhamento do Plano exigiaa montagem <strong>de</strong> um aparelho <strong>de</strong> planificação <strong>de</strong>vidamente estruturado e organizado on<strong>de</strong> oPlano se assumia como instrumento fundamental da direcção da economia.O diploma do seu Primeiro capítulo (dos princípios gerais) assegurava que o Plano Nacional<strong>de</strong> Desenvolvimento (PND) era o documento que <strong>de</strong>veria garantir o <strong>de</strong>senvolvimento sócioeconómicoharmonioso e equilibrado do país, no quadro do programa do Partido/Governo eon<strong>de</strong> se concretizava a médio prazo as opções e a estratégia <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>finidaspelo Partido/Governo.A elaboração, execução e controlo da execução do Plano Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimentoassentava no princípio do centralismo <strong>de</strong>mocrático, <strong>de</strong> cuja aplicação teoricamente <strong>de</strong>correriaa necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> garantir a todos os níveis, por um lado, a conjugação da direcção planificadae centralizada com a iniciativa e a autonomia dos órgãos do po<strong>de</strong>r local e das empresas, por48/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiagooutro lado a participação organizada das populações na elaboração e execução do PlanoNacional <strong>de</strong> Desenvolvimento. Se propunha um sistema centralizado <strong>de</strong> planeamento quedireccionava toda economia <strong>de</strong> forma a realizar um <strong>de</strong>senvolvimento harmoniosa eequilibrado em benefício da socieda<strong>de</strong> no seu todo.No capítulo II apresentava um Sistema <strong>de</strong> Planeamento organizado no quadro nacional eregional, e <strong>de</strong>ntro do âmbito político, órgãos consultivos e técnicos do planeamento.Os órgãos <strong>de</strong> planeamento a nível político seria a Assembleia Nacional Popular a quemcompetia legislar em matéria do planeamento, aprovar o Plano Nacional <strong>de</strong> Planeamento e ocontrolo da execução do mesmo. Outro órgão seria o Governo a quem competia a preparaçãoe a execução do Plano Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento. Nesta condição <strong>de</strong>veria apresentar orelatório final da execução do Plano à Assembleia Nacional Popular, para apreciação.Os órgãos consultivos <strong>de</strong> planeamento tinham como objectivo permitir a participação eintervenção das populações, dos órgãos do po<strong>de</strong>r local, das organizações <strong>de</strong> massas 2 eentida<strong>de</strong>s representativas das activida<strong>de</strong>s económicas e sociais na elaboração eacompanhamento do Plano Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento.Os órgãos técnicos <strong>de</strong> Planeamento compreendiam pelo Órgão Central <strong>de</strong> Planeamento,Órgãos Sectoriais <strong>de</strong> Planeamento, Órgãos Regionais <strong>de</strong> Planeamento e Órgãos <strong>de</strong>Planeamento das empresas e organismos públicos.De acordo com o diploma, ao órgão central incumbia, nomeadamente: formular e traduzir emtermos económicos, os objectivos e estratégia <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento; orientarmetodologicamente a activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planificação a todos os níveis, <strong>de</strong> modo a assegurar acoerência do conjunto, e efectuar as compatibilida<strong>de</strong>s necessárias, com vista a elaboração doPlano Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento; garantir o controlo <strong>de</strong> execução do PND e respectivosprogramas <strong>de</strong> investimentos e o seguimento da conjuntura económica e social; elaborar osrelatórios <strong>de</strong> execução e propor as medidas <strong>de</strong> correcção necessárias e propor a constituiçãodos meios técnicos e financeiros necessários a elaboração e execução dos planos.2 Nome dado as organizações <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> civil na altura. Eram essencialmente organizações com fortependor político ou político do partido / Governo num regime <strong>de</strong> partido único.49/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoAos órgãos sectoriais competia a elaboração e o controlo da execução dos planos dorespectivo sector, respeitando as orientações metodológicas emanadas do órgão central doplaneamento.Aos órgãos regionais competia a preparação e o controlo <strong>de</strong> execução dos planos nasrespectivas ilhas ou grupos <strong>de</strong> ilhas e aos órgãos <strong>de</strong> planeamento nas empresas públicas e nosorganismos públicos competia apoiar a Direcção na orientação, coor<strong>de</strong>nação e controlo dasactivida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> planeamento da unida<strong>de</strong>, articulando a sua acção com o órgão sectorial <strong>de</strong>planeamento.Nas disposições gerais e transitórias (Capítulo III) <strong>de</strong>veria o Governo promover a participaçãodas Empresas, Cooperativas e Privadas e tomar as medidas que garantiria a integração <strong>de</strong> suasactivida<strong>de</strong>s nos objectivos e metas do Plano Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento. Deveria ainda oGoverno criar as condições para a implementação faseada do sistema <strong>de</strong> planeamento a todosos níveis (nacional, sectorial e regional) e em regulamentação <strong>de</strong>senvolver os princípiosgerais <strong>de</strong>finidos <strong>de</strong> bases do Planeamento.No orçamento do ano económico <strong>de</strong> 1986 o princípio <strong>de</strong> vinculação do orçamento ao Plano(embora não explicitada nos princípios e regras do orçamento na lei) é plasmado na Lei doorçamento pela primeira vez “ O Governo elaborará o Orçamento Geral do Estado epromoverá a sua execução em conformida<strong>de</strong> com a presente lei e <strong>de</strong> harmonia com as opçõesdo Plano Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento”. Embora não esteja <strong>de</strong>senvolvida o mecanismo <strong>de</strong>articulação e vinculação do orçamento ao planeamento este era o primeiro passo <strong>de</strong> umorçamento tendo por base um “ sistema “ <strong>de</strong> planeamento.2.2. Reforma do sistema <strong>de</strong> planeamentoGlobalmente, po<strong>de</strong>-se afirmar que o sistema actual é caracterizado por um vazio total emtermos <strong>de</strong> regulamentação dos processos, circuitos, mecanismos e instrumentos do sistema <strong>de</strong>planeamento.A nova lei constitucional; as novas exigências da dinâmica sócio económica; as crescentesexpectativas e <strong>de</strong>mandas dos cabo-verdianos; a actual estrutura do sistema nacional <strong>de</strong>planeamento com a consagração do Documento Estratégico <strong>de</strong> Crescimento e Redução da50/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoPobreza e do Quadro <strong>de</strong> Despesa Médio Prazo veio a mostrar inequivocamente a inoperânciada Lei <strong>de</strong> Base <strong>de</strong> 1985.A arquitectura jurídica do planeamento carece pois ainda <strong>de</strong> uma lei-quadro que explicite oquadro conceptual que <strong>de</strong>ve ser tomado como referência, que estabeleça uma orgânica avários níveis, que <strong>de</strong>fina as atribuições e competências do sistema e que estabeleça as normas<strong>de</strong> funcionamento. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma base legal para melhor enquadramento do sistemanacional <strong>de</strong> planeamento é pois uma evidência premente e actual. Não existe em rigorPlaneamento sem sistema <strong>de</strong> planeamento.O sistema nacional <strong>de</strong> planeamento aprovado pela Lei nº 52/II/85, <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> Janeiro, advogaque a economia nacional se rege por princípios da direcção e planificação estatais, mo<strong>de</strong>lohoje ultrapassado e <strong>de</strong>sactualizado face à nova realida<strong>de</strong> jurídica, política, económica e socialimprimida pela nova Constituição <strong>de</strong> 1992.Des<strong>de</strong> 1992 a esta parte, não existe nenhum texto legislativo que enquadra especificamente oprocesso <strong>de</strong> planeamento. Em termos <strong>de</strong> enquadramento jurídico, o Sistema Nacional <strong>de</strong>Planeamento conta actualmente, apenas:Com um suporte legal que legitima o processo <strong>de</strong> enquadramento, preparação e execução doorçamento do Estado, a saber: lei <strong>de</strong> enquadramento 3 , lei <strong>de</strong> aprovação do orçamento, <strong>de</strong>cretolei<strong>de</strong> execução orçamental. É neste quadro que se enquadram actualmente as normas,procedimentos e calendários referentes ao sistema <strong>de</strong> planeamento; e <strong>de</strong> algumas referenciasbásicas no que tange às exigências da Constituição da Republica (Lei Constitucional n.º1/V/99, <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> Novembro). A este respeito, <strong>de</strong>stacam-se: artigos 91.º – O <strong>de</strong>senvolvimentoeconómico e social <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser orientados por planos <strong>de</strong> médio prazo e <strong>de</strong>carácter indicativo; artigo 94.º – O Orçamento do Estado po<strong>de</strong> ser estruturado por programas,anuais ou plurianuais, <strong>de</strong>vendo, neste último caso, inscrever-se no Orçamento <strong>de</strong> cada ano osencargos que a ele se refiram.Como nota importante a <strong>de</strong>stacar na Lei Constitucional n.º 1/V/99 <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> Novembro, é aindicação implícita <strong>de</strong> uma hierarquia dos instrumentos <strong>de</strong> planeamento quando estabelece a3 DL n.º 78/V/98, <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> Dezembro51/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiagoprecedência e prevalência da <strong>de</strong>finição por lei das Gran<strong>de</strong> Opções do Plano (GOP)relativamente ao Plano Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento (PND) e a vinculação das GOP e PNDao Programa do Governo.2.3. Mo<strong>de</strong>lo e os instrumentos actuais do planeamentoO Programa do Governo, as Metas do Desenvolvimento do Milénio e as Gran<strong>de</strong>s Opções doPlano representam o quadro genérico <strong>de</strong> políticas e objectivos gerais que orientamactualmente o exercício <strong>de</strong> planificação ao nível nacional. Deste quadro geral são esboçadasas políticas, os objectivos e os programas que traduzem as intervenções que o Estado e a<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntro dos limites impostos pelos recursos disponíveis ou amobilizar. (DECRPII, 2008/2011)O Documento <strong>de</strong> Estratégia <strong>de</strong> Crescimento e redução da Pobreza II e o Quadro <strong>de</strong> Despesas<strong>de</strong> Médio Prazo (QDMP) 4 são os instrumentos que apoiam, respectivamente, esses exercíciose permitem harmonizar as políticas com as priorida<strong>de</strong>s, bem como a <strong>de</strong>terminação doenvelope <strong>de</strong> recursos necessários à sua implementação. O Orçamento do Estado constitui oúnico documento anual e é a expressão financeira do DECRP e do QDMP 5 . Uma questãocentral que ainda se coloca neste momento em <strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong> é a natureza do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>planeamento, programação e orçamentação que se preten<strong>de</strong> implantar e <strong>de</strong>senvolver nofuturo. (DECRP & QDMP, 20082/2011)O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> planeamento concebido à luz das Gran<strong>de</strong>s Opções do Plano, assentaparcialmente no mo<strong>de</strong>lo PPBS, (Planning, Programming, Budgeting System) cuja arquitectura<strong>de</strong> base está apresentada no seguinte diagrama:4 DECRP e QDMP – Instrumentos recentes na configuração do SNP5 Não existe o instrumento das Gran<strong>de</strong>s Opções Anuais52/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoPlaneamento Programação OrçamentaçãoControloGOP/DECRP IIDECRP/PPIP/QDMPOrçamento doEstadoContabilida<strong>de</strong>Publica/ RDPFigura 02: Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> planeamento/programação/orçamentação e controloFonte: Ministério das Finanças, Planeamento e Desenvolvimento Regional <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong> (2002).Este mo<strong>de</strong>lo em toda a sua dimensão, permite integrar <strong>de</strong> forma coerente e consistente, aformulação <strong>de</strong> políticas públicas, o processo <strong>de</strong> planeamento, programação e orçamento nasua vertente <strong>de</strong>spesa (o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> programas, subprograma, projectos / recursos financeiros)e o controlo (seguimento e avaliação). (DECRP & QDMP, 2008/2011)O exercício <strong>de</strong> programação correspon<strong>de</strong> á operacionalização, das políticas, através da<strong>de</strong>finição da estratégica <strong>de</strong> intervenção, que inclui a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> objectivos específicos, ai<strong>de</strong>ntificação dos correspon<strong>de</strong>ntes resultados a alcançar, bem como o <strong>de</strong>senho das activida<strong>de</strong>sa empreen<strong>de</strong>r e, finalmente recursos a mobilizar (CDMP, 2008).A orçamentação processa-se a vários níveis (nível <strong>de</strong> projecto, <strong>de</strong> acção, subprograma e <strong>de</strong>programa), mas converge para um orçamento sintético e unificado nível global, ou seja, oorçamento municipal sob forma programática. Actualmente, o orçamento municipal, emparticular na sua componente <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa corrente, é ainda elaborado numa base convencional,coexistindo paralelamente com o orçamento <strong>de</strong> investimento, o qual <strong>de</strong>corre directamente daanualização do PND (CDMP, 2008).A função <strong>de</strong> controlo assume um papel essencial, visto que, compreen<strong>de</strong> todos osprocedimentos <strong>de</strong> acompanhamento e avaliação apoiados num sistema <strong>de</strong> informação <strong>de</strong>apoio á gestão dos programas e capaz <strong>de</strong> produzir informação que permita o controlo global ecentral da afectação e dispêndio dos recursos financeiros dos municípios (CDMP, 2008).53/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoTem-se dado passos importantes visando tornar o sistema <strong>de</strong> planeamento mais abrangente,efectivo e integrado, sendo <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar as seguintes:A Abordagem por Programas – metodologicamente o governo já <strong>de</strong>u sinais clarosrelativamente à nova abordagem do planeamento. A nova Proposta <strong>de</strong> Lei <strong>de</strong>enquadramento Orçamental são sintomáticos a esse respeito ao permitir aoperacionalização faseada <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> novos princípios e práticas como oorçamento programa e a gestão por objectivos, preten<strong>de</strong>ndo assim alargar os conceitos<strong>de</strong> orçamento-programa e <strong>de</strong> gestão orçamental por objectivos à elaboração,apresentação e execução do orçamento <strong>de</strong> Estado na sua globalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>finindo erealizando gastos públicos no quadro <strong>de</strong> programas <strong>de</strong>talhados por órgão, função,projecto ou activida<strong>de</strong> a <strong>de</strong>senvolver;A consagração do Quadro <strong>de</strong> Despesas a Médio Prazo (QDMP) e dos Quadros <strong>de</strong>Despesas a Médio Prazo Sectoriais (QDSMP), enquanto instrumentos que orientam aelaboração do Orçamento do Estado, <strong>de</strong>finindo as priorida<strong>de</strong>s das <strong>de</strong>spesas públicas,bem como <strong>de</strong> um Sistema <strong>de</strong> Informação e Seguimento, (SIGOF) que irá apoiar oSistema <strong>de</strong> Planeamento, sobretudo, na recolha, conservação e gestão <strong>de</strong> dados e noseguimento e avaliação dos programas e projectos públicos.De forma genérica, o sistema <strong>de</strong> planeamento em <strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong> integra os seguintesinstrumentos:Programado GovernoGOP / AgendaTransformaçãoEconómicaDECRPCenário FiscalMédio PrazoProgramassectoriaisSubProgramasProgramaInvestimentoPublico(PPIP)Orçamento Geraldo EstadoFuncionamentoInvestimentoRDPFigura 03: Sistema <strong>de</strong> Planeamento em <strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong>Fonte: Ministério das Finanças e Administração Pública <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong>, DECRP (2008).54/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoAs Gran<strong>de</strong>s Opções do Plano (GOPs), que contém a formulação das gran<strong>de</strong>s opçõesestratégias, projectadas sobre o período correspon<strong>de</strong>nte ao da legislatura. Constitui-secomo o quadro <strong>de</strong> referência para a <strong>de</strong>finição das políticas públicas em todos osdomínios em que o Estado intervém directa e indirectamente;Estratégia <strong>de</strong> Crescimento Económico e Redução da Pobreza (PRSP), instrumentorecente na arquitectura <strong>de</strong> planeamento <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong>. Ela materializa as Gran<strong>de</strong>sOpções <strong>de</strong>finindo as políticas, os objectivos e os programas que traduzem asintervenções que o Estado se propõe levar a efeito em coerência com a estratégia<strong>de</strong>finida nas gran<strong>de</strong>s opções <strong>de</strong> médio prazo;O Quadro <strong>de</strong> Despesas Publica a Médio Prazo, conhecido na literaturaespecializada como Medium Term Expenditure Framework (MTEF), é uminstrumento recente na configuração do sistema nacional <strong>de</strong> planeamento, que visaintegrar <strong>de</strong> um modo globalmente coerente as diferentes fase do processo <strong>de</strong>formulação <strong>de</strong> políticas, <strong>de</strong> programação da <strong>de</strong>spesa pública e da respectivaorçamentação. Compreen<strong>de</strong> a <strong>de</strong>spesa corrente e a <strong>de</strong> investimento, racionalizandoassim a <strong>de</strong>spesa pública associada aos programas do DECRP, compatibilizando-ascom a evolução macroeconómica do País, dando-lhe sustentabilida<strong>de</strong>;Orçamento do Estado. Na sua actual configuração o OE assenta num sistema dual,com um orçamento corrente e um orçamento <strong>de</strong> investimento, sendo esta aanualização do Programa Plurianual <strong>de</strong> Investimentos Públicos;O Programa Plurianual <strong>de</strong> Investimento Público, está estreitamente interligadocom o DECRP, na medida em que faz a sua tradução em termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa pública.Deveria ter um carácter plurianual, em coerência com a natureza da programação da<strong>de</strong>spesa <strong>de</strong> investimento que requer por norma um horizonte temporal que exce<strong>de</strong> umúnico exercício orçamental.55/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoCapítulo 3: Planeamento estratégico e <strong>de</strong>senvolvimento do Município <strong>de</strong>Tarrafal <strong>de</strong> Santiago3.1. Posição geográfica e divisão administrativaO Concelho do Tarrafal está situado noextremo Norte da ilha <strong>de</strong> Santiago a umadistância <strong>de</strong> aproximadamente 75quilómetros da capital do país (Cida<strong>de</strong> daPraia), integrando o grupo dos concelhosdo interior <strong>de</strong> Santiago. Em termos <strong>de</strong> área,ocupa uma superfície <strong>de</strong> 112,4 Km 2 o querepresenta cerca <strong>de</strong> 11% da área total dailha <strong>de</strong> Santiago e 2,8% do territórionacional. Este município confronta asu<strong>de</strong>ste e sudoeste com os concelhos <strong>de</strong> S.Miguel e <strong>de</strong> Santa Catarina,respectivamente.Figura 04: Localização do Concelho do TarrafalFonte: CEGP (2012)56/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoAdministrativamente, o concelho do Tarrafal é constituído por uma única freguesia, a <strong>de</strong>Santo Amaro Aba<strong>de</strong>. Des<strong>de</strong> a sua criação em 1917 6 , até 1996, integrava a freguesia <strong>de</strong> SãoMiguel. Com a elevação <strong>de</strong>sta freguesia à categoria do concelho em 1997, Tarrafal passou aabarcar apenas o espaço territorial da freguesia <strong>de</strong> Santo Amaro Aba<strong>de</strong>.Figura 05: Planta <strong>de</strong> divisão administrativa do concelho do TarrafalFonte: PDM (2010)6 Decreto-Lei n. 3108-B <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> Abril, publicado no Suplemento nº3 do B.O nº.25, 1917.57/90


3.2. Breve resenha históricaPlaneamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoO concelho do Tarrafal, um dos mais antigos povoados da ilha <strong>de</strong> Santiago é marcada poruma evolução histórica intimamente associada ao processo da divisão administrativa <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong>Ver<strong>de</strong>, <strong>de</strong> um modo geral e, da ilha <strong>de</strong> Santiago, <strong>de</strong> um modo particular.Em 1834, o actual limite do município do Tarrafal, então <strong>de</strong>nominado freguesia do Tarrafal,estava sob a jurisdição do concelho <strong>de</strong> Santa Catarina. Nos anos seguintes a se<strong>de</strong> <strong>de</strong>steconcelho localizou-se alternadamente entre as localida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Picos, Achada Falcão e Tarrafal.Figura 06: Vila do Tarrafal nos anos 70Fonte: PDM (2010)A Vila do Tarrafal funcionou como a se<strong>de</strong> do concelho <strong>de</strong> Santa Catarina entre os anos 1869 e1912.O concelho do Tarrafal foi criado pelo Decreto – Lei nº 3108, publicado no Boletim Oficialnº3, <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> Abril 1917, agrupando as freguesias <strong>de</strong> Santo Amaro Aba<strong>de</strong> e S. MiguelArcanjo, com se<strong>de</strong> na Vila do Tarrafal. Esta configuração administrativa permaneceu até1997, ano que foi criado o concelho do São Miguel, passando o concelho do Tarrafal aabarcar apenas o espaço territorial <strong>de</strong> Santo Amaro Aba<strong>de</strong>.58/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoFigura 07: Planta da divisão administrativaFonte: PDM (2010)Em 1936 foi criado o Campo <strong>de</strong> Concentração do Tarrafal, um estabelecimento prisional<strong>de</strong>stinado aos presos políticos, que <strong>de</strong>viam cumprir “o <strong>de</strong>sterro ou que, tendo estadointernados em outro estabelecimento prisional, se haviam mostrado refractários à disciplina<strong>de</strong>ste estabelecimento ou como elementos perniciosos para outros reclusos 7 ”.Duas décadas <strong>de</strong>pois (em 1954), o Campo <strong>de</strong> Concentração do Tarrafal fechou as suas portas,pondo fim aos actos <strong>de</strong> tortura física e mental que aí se praticava. Em 1956 foi legalmenteencerrado, nos termos do Decreto-Lei número 40.675, <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1956 8 .Na década <strong>de</strong> 70, a construção da Estrada da Serra Malagueta, ligando a Vila <strong>de</strong> Assomada ea Vila do Tarrafal, contribuiu <strong>de</strong>cisivamente para o <strong>de</strong>senvolvimento do concelho aomelhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acessibilida<strong>de</strong>.Após a in<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong> no ano <strong>de</strong> 1975, o concelho passa a ser administradopor um Delegado do Governo. Em 1991, é eleito o primeiro presi<strong>de</strong>nte da Câmara Municipaldo Tarrafal. A partir dos anos 80, o concelho conheceu um crescimento <strong>de</strong>smesurado e<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado, em resultado <strong>de</strong> uma massiva mobilida<strong>de</strong> espacial da população e ausência <strong>de</strong>instrumentos <strong>de</strong> gestão territorial (Planos <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>namento e Planeamento do Território).7 Decreto – Lei número 26:539 <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1936. O teor do primeiro parágrafo <strong>de</strong>ste Decreto-Lei dizque é necessário dar execução imediata ao disposto nos <strong>de</strong>cretos números 23: 203. De 6 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong>1933 e 24: 112, que prevêem a instalação <strong>de</strong> uma Colónia Penal para presos políticos e sociais noUltramar.8 O artigo número 8 do 40:675, <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1954, estabelece que os imóveis on<strong>de</strong> esteve instalado oCampo <strong>de</strong> Concentração <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong> e os materiais que não fossem remetidos para a Colónia Penal <strong>de</strong>BIÈ, em Angola, passassem a fazer parte do património da então província <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong>. Aindaacrescenta que os funcionários da referida prisão fossem colocados no quadro da colónia Penal <strong>de</strong> BIÉ.59/90


3.3. Aspectos <strong>de</strong>mográficosPlaneamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago3.3.1. Evolução da populaçãoO concelho do Tarrafal é um dos mais antigos do país, conhecendo, na sua história,configurações geográficas as mais diversas, sendo a última a <strong>de</strong>corrente do <strong>de</strong>smembramentoda Freguesia <strong>de</strong> S. Miguel nos anos noventa do século passado. Em todo o caso, resulta daanálise dos dados <strong>de</strong>mográficos que o Município continua tendo um crescimento populacionalcontínuo, principalmente, nos centros urbanos principais. Trata-se <strong>de</strong> um dos municípios comforte po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> atracção <strong>de</strong> populações, nomeadamente <strong>de</strong> turistas.Tabela n.º 01: Evolução da população resi<strong>de</strong>nte, <strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong> e Tarrafal (1940-2010)Concelho 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010<strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong> 181.740 149.984 199.902 270.999 295.703 341.491 434.625 491.575Tarrafal 18.840 13.222 19.140 26.251 24.202 11.627 17.884 18.565Fonte: INE (2010)Os dados da tabela acima mostram que a população do Tarrafal tem conhecido umcrescimento com algumas oscilações. Com efeito, constata-se uma redução da população nadécada <strong>de</strong> cinquenta, provavelmente <strong>de</strong>corrente das fomes dos finais dos anos quarenta enovamente nos anos oitenta, neste caso resultante do gran<strong>de</strong> fluxo emigratório.Tabela nº 02: Evolução da população do Tarrafal segundo o sexo (1970-2010)1970 1980 % 1990 % 2000 % 2010 %Total 11.896 11.494 11.627 17.884 18.565Homens 5.896 4.702 4.907 7.904 8.400Mulheres 6.092 6.792 6.720 9.880 10.165Fonte: INE (2010)Em relação à evolução da população por sexo, houve sempre a tendência <strong>de</strong> crescimento nastrês últimas décadas.60/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoTabela nº 03: População do Tarrafal segundo a faixa etária e o sexo (2010)Grupo Etário Sexo TotalMasculinoFeminino0-4 974 992 19665-9 1033 1094 212710-14 1311 1288 259915-19 1223 1283 250620-24 823 907 173025-29 686 741 142730-34 421 480 90135-39 359 460 81940-44 370 587 95745-49 319 542 86150-54 212 482 69455-59 106 320 42660-64 51 141 19265-69 87 158 24570-74 152 254 40675-79 120 194 31480-84 103 156 25985-89 23 50 7390-94 16 25 4195+ 4 8 12Fonte: INE (2010)Os dados da tabela acima mostram que a faixa etária dos 0 – 95+, há sempre uma tendênciasuperior do sexo feminino em relação ao sexo masculino, com a excepção da única faixaetária, ou seja, dos 10 – 14 anos, em que se tem conhecido um crescimento maior do sexomasculino em relação ao sexo feminino. Com efeito, constata-se que há um maior número dapopulação do sexo feminino no concelho <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago. Ainda, constata-se que afaixa etária com maior predominância no concelho <strong>de</strong> Tarrafal vai do 5 a 19 anos, isto querdizer que a população do concelho é maioritariamente jovem, não fugindo a margem nacional61/90


3.3.2. Projecção <strong>de</strong>mográficaPlaneamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoAs projecções do INE mostram que a população estimada para o Município do Tarrafal em2005 seria <strong>de</strong> 20.647. Este crescimento <strong>de</strong>mográfico do concelho <strong>de</strong>ve-se, essencialmente, aocrescimento natural e alguns fluxos migratórios internos.Tendo em conta essa dinâmica, propomos trabalhar as perspectivas <strong>de</strong> crescimento<strong>de</strong>mográfico do Município, segundo três cenários e tomando como base explicativa, asfundamentações avançadas pelo INE.1º Cenário – crescimento lentoNo primeiro cenário, consi<strong>de</strong>rando <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong>mográfico lento, estima um crescimentoanual <strong>de</strong> 0,8%. Tal estimativa tem em conta a taxa actual <strong>de</strong> crescimento da população dascomunida<strong>de</strong>s rurais do Município, transpondo esta taxa para os centros urbanos do Concelho,prevê-se que a população do município no horizonte 2020, seja <strong>de</strong> 21.089 habitantes.Tabela n.º 04: 1º Cenário – crescimento lentoAno Total Homem Mulher2000 17.884 7.904 9.8802010 19.474 8.559 10.7002011 19.630 8.627 10.7862012 19.787 8.696 10.8722013 19.945 8.766 10.9592014 20.105 8.836 11.0472015 20.266 8.907 11.1352016 20.428 8.978 11.2242017 20.591 9.050 11.3142018 20.756 9.122 11.4052019 20.922 9.195 11.4962020 21.089 9.269 11.588Fonte: INE (2010)2º Cenário – crescimento médioNo segundo cenário, médio, retoma integralmente as projecções oficiais feitas pelo INE, ouseja <strong>de</strong> um crescimento anual médio <strong>de</strong> 1,8% a.a. Estima-se assim que no ano <strong>de</strong> 2020 omunicípio tenha cerca <strong>de</strong> 27.025 habitantes.62/90


Tabela n.º 05: 2º Cenário - crescimento médioPlaneamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoAno Total Homem Mulher2000 17.884 7.904 9.8802010 23.786 10.425 13.3612011 24.216 10.599 13.6172012 24.663 10.778 13.8852013 24.959 10.907 14.0522014 25.259 11.038 14.2212015 25.562 11.170 14.3922016 25.869 11.304 14.5652017 26.179 11.440 14.7392018 26.493 11.577 14.9162019 26.811 11.716 15.0952020 27.025 11.857 15.168Fonte: INE (2010)3º Cenário – crescimento rápidoPara o terceiro cenário, <strong>de</strong> crescimento rápido, fixa uma taxa <strong>de</strong> crescimento anual <strong>de</strong> 2,5%.Esta taxa <strong>de</strong> crescimento, prevê uma forte migração interna, fruto da continuação dosinvestimentos privados no município e do aumento do fluxo turístico. Para este cenário, em2015, o Município teria uma população resi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> 25.901 e <strong>de</strong> 29.305 em 2020.Tabela n.º 06: 3º Cenário – crescimento rápidoAno Total Homem Mulher2000 17.884 7.904 9.8802010 22.893 10.120 12.7732011 23.465 10.373 13.0922012 24.052 10.632 13.4202013 24.653 10.898 13.7552014 25.269 11.170 14.0992015 25.901 12.049 13.8522016 26.549 12.350 14.1992017 27.213 12.659 14.5542018 27.893 12.975 14.9182019 28.590 13.299 15.2912020 29.305 13.621 15.684Fonte: INE (2010)De referir, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo, que o primeiro cenário parece ser pouco factível tendo em conta, porum lado, o crescimento natural (em termos médios baixará a taxa <strong>de</strong> fecundida<strong>de</strong> mas tambéma <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> conhecerá uma queda), mas os fluxos populacionais internos, resultados63/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago<strong>de</strong>signadamente dos investimentos públicos e privados farão com que o Município sejarecipiendário <strong>de</strong> populações <strong>de</strong> outros municípios.3.4. Finalida<strong>de</strong> do Plano Estratégico <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>de</strong> TarrafalDe acordo com o <strong>de</strong>finido no Documento um gran<strong>de</strong> objectivo <strong>de</strong>ste Plano é fazer com queparalelamente ao Crescimento Económico aconteça a diminuição da pobreza com a criação <strong>de</strong>postos <strong>de</strong> trabalho duradouros, haja melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida nas suas diferentesvertentes e diminuição do sentimento <strong>de</strong> insegurança, o não crescimento daToxico<strong>de</strong>pendência, enfim que a geração <strong>de</strong> riqueza contribua <strong>de</strong>cididamente para aconstrução <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> segundo critérios <strong>de</strong> justiça e equida<strong>de</strong>.3.5. Orgânica da Câmara Municipal <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoPara a concretização <strong>de</strong>ste plano, ou seja, a sua implementação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> muito da estruturalocal, neste caso, da Câmara Municipal <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago. Assim, segue a organigrama(anexo 1).O Presi<strong>de</strong>nte da Câmara Municipal é um dos três órgãos do po<strong>de</strong>r local instituída em <strong>Cabo</strong>Ver<strong>de</strong> (artigo 94.º - Estatuto dos Municípios) - anexo 2. Segundo a orgânica do município <strong>de</strong>Tarrafal <strong>de</strong> Santiago, são subordinados a Secretaria Municipal, a Direcção <strong>de</strong> Estudos ePolíticas <strong>de</strong> Desenvolvimento, o Gabinete Técnico e Serviços Autónomos, são coor<strong>de</strong>nadospelo Presi<strong>de</strong>nte da CMT.À Secretaria Municipal, compõe a Divisão do Orçamento e Contabilida<strong>de</strong>, Divisão <strong>de</strong> Sistema<strong>de</strong> Informação, Divisão <strong>de</strong> Recursos Humanos, Administração e Património e, este subdivi<strong>de</strong>em Secção <strong>de</strong> Aprovisionamento e Património e em Secção <strong>de</strong> Expediente e Arquivo Geral e,ainda Divisão dos Serviços Urbanos e por último a Divisão Financeira que subdivi<strong>de</strong> emSecção <strong>de</strong> Impostos Municipais, Tesouraria, Secção <strong>de</strong> Taxas e Licenças e Secção <strong>de</strong>Mercados e Feiras. Ainda, é <strong>de</strong> salientar que tem a tutela das <strong>de</strong>legações Municipais.Em relação à Direcção <strong>de</strong> Estudos e Políticas <strong>de</strong> Desenvolvimento, este subdivi<strong>de</strong> em Divisão<strong>de</strong> Activida<strong>de</strong>s Económicas e Meio Ambiente, Divisão dos Serviços Recreativos, Culturais e64/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoDesportivos e Divisão <strong>de</strong> Desenvolvimento Social, que tem a tutela da Secção <strong>de</strong> ProtecçãoCivil.O Gabinete Técnico Municipal, subdivi<strong>de</strong> em Divisão <strong>de</strong> Planeamento e Or<strong>de</strong>namento doterritório, Divisão <strong>de</strong> Obras e Fiscalização, que por conseguinte tem a Secção <strong>de</strong> Fiscalizaçãoe Secção <strong>de</strong> Infra-estruturas e Obras.As duas últimas estruturas municipais são da competência da Câmara Municipal (artigo 82.º -Estatuto dos Municípios), que são repartidos pelos diferentes Pelouros, atribuídos aosrespectivos Vereadores (anexo 2).São essas as estruturas locais que têm a obrigação <strong>de</strong> criar as condições necessáriasjuntamente com os parceiros <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do Concelho <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago, para asua implementação num período <strong>de</strong> 10 a 15 anos.Não só é necessário criar condições para a sua implementação como também, o seguimento emonitoramento que, segundo o plano estratégico do Tarrafal, cita:“Deve-se consi<strong>de</strong>rar este Plano como um Organismo vivo e, que portanto reage ao que sepassa na sua envolvente, seja no Município, na Ilha <strong>de</strong> Santiago, no País, em África, naEuropa ou no resto do Mundo. E, portanto o seu seguimento e monitorização <strong>de</strong>verão ter umcarácter periódico e sistemático, realizado por organismos criados para o efeito. Esta dinâmicapo<strong>de</strong>rá levar à alteração <strong>de</strong> alguns projectos, à <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> novos projectos ou à alteração <strong>de</strong>priorida<strong>de</strong>s.As Estruturas Municipais já existentes (Executivo Municipal e Assembleia Municipal), bemcomo o Ministério da Descentralização, Habitação e Or<strong>de</strong>namento do Território, no quadrodas suas atribuições e competências, e <strong>de</strong>ntro do seu regular funcionamento, têm a obrigação<strong>de</strong> ser os primeiros responsáveis pela regular implementação <strong>de</strong> todo o Processo.Preten<strong>de</strong> que o acompanhamento e monitorização sejam feitos por um número alargado <strong>de</strong>entida<strong>de</strong>s e por organismos criados especificamente para o efeito, propõe-se: Conselho do Plano, estrutura alargada, presidida pelo Presi<strong>de</strong>nte da Câmara, que<strong>de</strong>verá ter a participação dos Agentes Económicos, Sociais e Culturais, Associações65/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago<strong>de</strong> Desenvolvimento Comunitário, Associações Juvenis e Desportivas, ONGs,Estruturas Cooperativas e individualida<strong>de</strong>s com acção relevante na vida do Concelho,bem como os representantes locais dos Ministérios e Empresas Públicas.Comissão Executiva, estrutura leve (7 a 9 pessoas), Presidida pelo Presi<strong>de</strong>nte daCâmara (ou um seu representante) e composta por representantes das principaisOrganizações Sócio Económicas, Associações Locais e Organismos <strong>de</strong>sconcentradosdo Governo.Comissão Mista Governo – Município, composta por representantes do Governo e doMunicípio. A Comissão Mista <strong>de</strong>verá reunir <strong>de</strong> 3 em 3 meses.O Conselho do Plano reunir-se-á ordinariamente 2 vezes por ano on<strong>de</strong> tomará conhecimentodo andamento dos Projectos.A Comissão Executiva terá reuniões mensais, com a excepção <strong>de</strong> no início dos trabalhospo<strong>de</strong>r reunir com mais frequência.3.6. Plano Estratégico do Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoO planeamento é <strong>de</strong> aplicação tão universal que dá origem a vários tipos, <strong>de</strong>finidos em funçãodos mais variados critérios: âmbito geográfico (on<strong>de</strong> se aplica), a duração (durante quantotempo) e a dimensão programática (planear o quê, para quê, para quem). A escolha do tipo <strong>de</strong>planeamento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> sobretudo da natureza das entida<strong>de</strong>s, instituições e organismos que oaplicam, nomeadamente, empresas públicas e privadas, administração pública, instituiçõessem fins lucrativos e organizações não-governamentais.Tradicionalmente, consi<strong>de</strong>ram-se os seguintes tipos <strong>de</strong> planeamento, <strong>de</strong> acordo com o prazopara a sua execução: a curto prazo, com planos e programas operacionais até um ano e queincluem os planos <strong>de</strong> gestão e orçamentais; a médio prazo, com planos tácticos, <strong>de</strong> 1 a 5 anos,nos quais se incluem, normalmente, os planos para selecção <strong>de</strong> projectos ou atribuição <strong>de</strong>recursos e a longo prazo, com planos estratégicos a mais <strong>de</strong> 5 anos, que incluem a <strong>de</strong>finiçãodos gran<strong>de</strong>s objectivos gerais e dos caminhos a percorrer para os alcançar. O Planeamento66/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoEstratégico do Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago, <strong>de</strong> acordo com o prazo <strong>de</strong> execuçãoenquadra-se no plano <strong>de</strong> longo prazo, ou seja, num horizonte <strong>de</strong> <strong>de</strong>z (10) a quinze (15) anos.De acordo com o quadro n. 03, fez-se uma abordagem sobre as etapas <strong>de</strong> elaboração do planoestratégico <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, comparado ao Plano estratégico do Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong>Santiago.Quadro n.º 03: Comparação entre as etapas da elaboração <strong>de</strong> PEPlaneamento EstratégicoPlano Estratégico do Município <strong>de</strong>Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoFASE I – Conhecimento da Realida<strong>de</strong> Delimitação do Objecto (limitesfísicos e institucionais); Diagnóstico (compreensão darealida<strong>de</strong> actual);FASE I – Conhecimento da Realida<strong>de</strong> Delimitação do Objecto (limitesfísicos e institucionais); Diagnóstico (compreensão darealida<strong>de</strong> actual);Prognóstico (Cenários);FASE II – Tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões Visão do Futuro; Formulação das opções estratégicas; Elaboração dos programas eprojectos; Definição dos instrumentos(financeiros, legais e institucional); Formulação do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão(<strong>de</strong>finição da forma <strong>de</strong> organizaçãoe distribuição <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>s);FASE II – Tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões Visão do Futuro; Formulação das opções estratégicas; Elaboração dos programas eprojectos; Definição dos instrumentos(financeiros, legais e institucional); Formulação do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão(<strong>de</strong>finição da forma <strong>de</strong> organização edistribuição <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>s);Fonte: Elaboração Própria, com base na Metodologia <strong>de</strong> Planeamento, BUARQUE (2006)67/90


Planeamento Estratégico Construção da a<strong>de</strong>são esustentabilida<strong>de</strong> política (ciclos <strong>de</strong>discussão estruturada com asocieda<strong>de</strong>).Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoPlano Estratégico do Município <strong>de</strong>Tarrafal <strong>de</strong> Santiago Construção da a<strong>de</strong>são esustentabilida<strong>de</strong> política (ciclos <strong>de</strong>discussão estruturada com asocieda<strong>de</strong>).FASE III – Execução do PlanoFASE IV – Avaliação e RevisãoFASE III – Execução do PlanoFASE IV – Avaliação e RevisãoFonte: Elaboração Própria, com base na Metodologia <strong>de</strong> Planeamento, BUARQUE (2006)De acordo com o quadro, baseado nas etapas <strong>de</strong> elaboração <strong>de</strong> um plano estratégico <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento local, vendo as etapas <strong>de</strong> elaboração do Plano Estratégico <strong>de</strong>Desenvolvimento do Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago é <strong>de</strong> salientar que não existe na Fase Io prognóstico no plano <strong>de</strong> Tarrafal. Constata-se que é um plano que segue praticamente todasas etapas <strong>de</strong> elaboração com a excepção <strong>de</strong> prognóstico, por isso, consi<strong>de</strong>ra-se um plano <strong>de</strong>boa qualida<strong>de</strong>.No PE do município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago, na verda<strong>de</strong> existe um conjunto <strong>de</strong> informaçõesimportantes no que se refere às etapas <strong>de</strong> elaboração <strong>de</strong> um plano estratégico, mas <strong>de</strong> umaforma pouco claro que às vezes suscita muita dúvida. Por exemplo, no caso <strong>de</strong> visão <strong>de</strong> futuroque este plano menciona, só com um estudo aprofundado se po<strong>de</strong> esclarecer se dispõe ou não.De acordo com o MORAN (2006), o processo <strong>de</strong> planeamento não se encerra com aelaboração do documento do plano, mas sim o planeamento só terá seu ciclo completo quandofor constituído as etapas por ele mencionado neste trabalho.Ainda, no PE do município, no que diz respeito a <strong>de</strong>finição dos instrumentos, precisamentereferente a instrumentos financeiros, não dispõe <strong>de</strong> orçamento na ficha <strong>de</strong> projecto, mas simsomente o fonte <strong>de</strong> financiamento, o que na verda<strong>de</strong> segundo BUARQUE (2006), além <strong>de</strong> teruma fonte <strong>de</strong> financiamento, <strong>de</strong>vem ter também, um orçamento <strong>de</strong>talhado ou mesmo um68/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiagoorçamento bruto, permitindo assim uma noção exacta do custo <strong>de</strong> cada projecto a ser<strong>de</strong>senvolvido pelo plano.No PE do município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago, as fichas <strong>de</strong> projectos simplesmente orienta parano futuro a elaboração <strong>de</strong> um projecto <strong>de</strong>talhado, utilizando todos os itens que nele po<strong>de</strong>ráconstar. Outra questão importante a levar em conta no PE <strong>de</strong> Tarrafal é uma urgente criação<strong>de</strong> estruturas competentes e com pessoas tecnicamente preparado para a sua concretização e,uma equipa que avalie e faça revisão do mesmo, tendo em conta às mudanças frequentes <strong>de</strong>várias or<strong>de</strong>ns quer a nível local, nacional e internacional.3.6.1. Matriz <strong>de</strong> análise das etapas <strong>de</strong> diagnósticosO alvo <strong>de</strong>sta análise abarca a etapa <strong>de</strong> elaboração do Plano, as <strong>de</strong>mais (implementação,seguimento e monitoramento) não fazem parte do objectivo da análise. Desta forma, <strong>de</strong>acordo com o plano foi possível a construção da matriz <strong>de</strong> análise da primeira fase do PlanoEstratégico do município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago.Com base no exposto, a seguir é apresentada a lista <strong>de</strong> itens contidos em um diagnóstico, <strong>de</strong>acordo com o quadro 04:69/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoQuadro 04: Itens abordados no diagnóstico no Plano Estratégico <strong>de</strong> Tarrafal.GRANDES TEMAS ITENS SUBITENS Meio Ambientais CaracterísticasFísicas Clima Relevo Saneamento Básico Abastecimento <strong>de</strong> água Esgotamento sanitário Colecta <strong>de</strong> lixo Energia Eléctrica Geração e Transmissão Distribuição Consumo e fontesalternativas Acessibilida<strong>de</strong>sTransportese Re<strong>de</strong> viária EquipamentosColectivos Saú<strong>de</strong> Desporto Expectativa <strong>de</strong> vida,Mortalida<strong>de</strong> infantil,Mortalida<strong>de</strong> porcausas Saú<strong>de</strong> Camas hospitalares porhabitantes Infra-estruturas<strong>de</strong>sportivas Equipas <strong>de</strong>sportivas Segurança N.º <strong>de</strong> efectivospoliciaisBombeirosFonte: Elaboração própria, com base no Diagnóstico <strong>de</strong> Tarrafal (2010)70/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoGRANDES TEMAS ITENS SUBITENS Serviços Públicos Or<strong>de</strong>namentoTerritório CMT, Serviços<strong>de</strong>sconcentrados<strong>de</strong> Estado Habitação Sistema Social eEconómico População,EmpregoPobrezae População absoluta Distribuiçãopopulaçãoda Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mográfica Crescimentopopulaçãoda População por faixaetária População por género Educação Alfabetização Educação infantil Matrículasestabelecimentosensino básicoe Escolarida<strong>de</strong>,atendimento,aprovação e abandonoEnsino básico Juventu<strong>de</strong> Associativismo História e Cultura Activida<strong>de</strong>Económica Agricultura Pesca Comércio ServiçosFonte: Elaboração própria, com base no Diagnóstico <strong>de</strong> Tarrafal (2010)71/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoNo quadro <strong>de</strong> diagnóstico engloba a análise <strong>de</strong> diferentes dimensões, intervenientes naabordagem do <strong>de</strong>senvolvimento local: económica, <strong>de</strong>mográfica, <strong>de</strong> infra-estruturas, social, <strong>de</strong>informação e conhecimento, ambiental e político-institucional-legal.No PE do Tarrafal, po<strong>de</strong>-se dizer que <strong>de</strong> acordo com o diagnóstico levantado em 2009, para aelaboração do referido plano estratégico, muita coisa já se foram concretizadas, como o casoda estrada asfaltadas Assomada/Tarrafal, que hoje é uma realida<strong>de</strong>, também, a coberturaeléctrica é praticamente coberta a 100%, com a excepção <strong>de</strong> Lagoa e Achada Lagoa, zonas <strong>de</strong>difícil acesso. Refere-se a questão <strong>de</strong> água potável, que segundo o Serviço Autónomo <strong>de</strong>Água <strong>de</strong> Tarrafal (2012), o concelho está coberta com 94% <strong>de</strong> água nas re<strong>de</strong>s públicas.3.6.2. Análise <strong>de</strong> propostasPara esta análise, foi utilizada matriz multicriterial, on<strong>de</strong> foram cruzados os problemas (ouconstrangimentos) levantados na etapa <strong>de</strong> diagnóstico e sua correspondência com as propostas(programas e projectos). Desta forma, foi possível verificar se as propostas contidas no planoreflectiram a realida<strong>de</strong> local, ou seja, se são respostas aos problemas <strong>de</strong>tectados.Foram levados em consi<strong>de</strong>ração os programas e projectos. As interacções foram classificadascomo forte, média e fraca/nenhuma interacção, conforme Quadro 05:Quadro 05: Matriz <strong>de</strong> interacção problemas/propostas do PEProblemas Propostas Nível <strong>de</strong> InteracçãoProblema 1 Propostas 1Problema 2 Propostas 2Forte InteracçãoMédia InteracçãoProblema nFonte: Elaboração própria (2012)Propostas nFraca/NenhumaInteracçãoEsta matriz correspon<strong>de</strong> à etapa <strong>de</strong> formulação e fases <strong>de</strong> diagnóstico. Neste estudo, foi feitaanálise das propostas (Plano), bem como cruzamento dos problemas e propostas apontadas noPlano, bem como o respectivo nível <strong>de</strong> interacção.72/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago3.6.3. Problemas versus propostas contidos no plano estratégicoPreten<strong>de</strong>-se enten<strong>de</strong>r o conteúdo do Plano no que se refere às propostas, sendo que oobjectivo é compreen<strong>de</strong>r como o Plano Estratégico do Município <strong>de</strong> Tarrafal po<strong>de</strong> contribuirpara o <strong>de</strong>senvolvimento do município.Quadro 06: Interacção Problemas/PropostasN.º Problemas/Constrangimentos(Diagnóstico)1 Acesso Assomada/Tarrafal <strong>de</strong>calceta grossa2 Fraca qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> camasturísticasPropostas (Projectos)Pavimentação com betuminosodo troço Assomada – TarrafalInteracçãoForte Hotel / restaurante Escola Média3 Prestação <strong>de</strong> serviço <strong>de</strong>ficientena restauração Promover a FormaçãoProfissional no domínioTurístico4 Falta <strong>de</strong> segurança Criação <strong>de</strong> Postos da PN em5 Abastecimento <strong>de</strong> água<strong>de</strong>ficiente6 Cobertura <strong>de</strong> re<strong>de</strong> eléctricainsuf.Chão Bom e Achada Tenda;Sensibilização da populaçãopara as questões <strong>de</strong> segurança.Abastecimento <strong>de</strong> águadomiciliária às localida<strong>de</strong>sElectrificação das localida<strong>de</strong>sdo interior7 Recolha <strong>de</strong> lixo <strong>de</strong>ficiente Plano Director <strong>de</strong> recolha e8 Alta taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego nosjovens9 Aumento do consumo <strong>de</strong>álcool e drogaFonte: Elaboração Própria (2012)<strong>de</strong>stino final dos resíduossólidosOcupação para JovensDesempregadosPrograma Municipal <strong>de</strong>Prevenção das Toxico<strong>de</strong>pend.ForteForteForteForteForteMédiaMédia73/90


N.º Problemas/Constrangimentos(Diagnóstico)10 Escassez <strong>de</strong> espaços parajovens11 Desequilíbrios nas famíliasmonoparentaisPlaneamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoPropostas (Projectos)Criação <strong>de</strong> Espaços Jovens emtodas as localida<strong>de</strong>sConselho Local <strong>de</strong> AcçãoSocialInteracçãoForteMédia12 42% das famílias pobres Observatório Social Fraca13 Nível da educação muito baixa Programa <strong>de</strong> Alfabetização <strong>de</strong>14 Incipiente recolha eaprovisionamento das águasdas chuvasAdultosConstrução <strong>de</strong> açu<strong>de</strong>s, pequenasbarragens e obras hidráulicas <strong>de</strong>regularização das ribeiras e<strong>de</strong>sassoreamento e limpeza dasexistentes15 Iluminação pública <strong>de</strong>ficiente Iluminação Pública nosprincipais aglomerados urbanos16 Zonas ainda encravadas Plano <strong>de</strong> <strong>de</strong>sencravamento emelhoria dos acessos àslocalida<strong>de</strong>s do interior17 Inexistência <strong>de</strong> sinalizações Sinalização turística e18 Sistema <strong>de</strong> rega gota-gota compouca expressãodireccionalSinalização vertical e horizontalIncentivo e formação nosistema <strong>de</strong> rega “gota a gota”19 Pesca <strong>de</strong> forma tradicional Incentivo e formação <strong>de</strong> jovenspescadores20 Or<strong>de</strong>namento do território Finalização e Implementação doincipienteFonte: Elaboração Própria (2012)PDMPlano <strong>de</strong> DesenvolvimentoUrbano da Vila do TarrafalForteForteForteMédiaMédiaForteForteForte74/90


N.º Problemas/Constrangimentos(Diagnóstico)21 Recolha ilegal <strong>de</strong> inertes nasribeiras e nas praias22 Degradação dos solos nasencostas23 Gran<strong>de</strong> percentagem dasfamílias utiliza lenhas naconfecção dos alimentos24 Pecuária familiar aindautilizando muito pastoreirolivre25 Campo <strong>de</strong> concentração poucoutilizado como equipamentoculturalPlaneamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoPropostas (Projectos)Implementação do PlanoAmbiental MunicipalImplementação do PlanoAmbiental MunicipalApoio às famílias na compra <strong>de</strong>bilhas <strong>de</strong> GásIncentivo á criação <strong>de</strong> gadoestabuladaCentro <strong>de</strong> EstudosInternacionais <strong>de</strong> Chão Bom “Resistências e Liberda<strong>de</strong>”InteracçãoMédiaMédiaForteForteMédia26 Reduzido n.º <strong>de</strong> efectivospoliciais e <strong>de</strong> viaturas27 Dependência psico-sociológicaduma parte da população emrelação ao governo e autarquias28 Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reorganizaçãodos serviços municipais29 Re<strong>de</strong> móvel não atinge atotalida<strong>de</strong> do territóriomunicipal30 Inexistência <strong>de</strong> um porto <strong>de</strong>recreio para embarcaçõesturísticas33 Inexistência <strong>de</strong> centros para 3.ªida<strong>de</strong>Fonte: Elaboração Própria (2012)Aumento do número <strong>de</strong>efectivos e viaturas da PNForte Frentes <strong>de</strong> trabalho jovem FracaOptimização da EstruturaOrgânica e Quadro <strong>de</strong> PessoalProlongar a re<strong>de</strong> <strong>de</strong>telecomunicações fixa e móvela todo o território ConcelhioEstudo <strong>de</strong> localização para umaMarina TurísticaConstrução <strong>de</strong> Centros <strong>de</strong> Dia para a 3ªIda<strong>de</strong>ForteForteMédiaForte75/90


N.º Problemas/Constrangimentos(Diagnóstico)34 Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> públicainsuficiente face às actuaisnecessida<strong>de</strong>s35 Deficientes condições domercado municipal <strong>de</strong> ChãoBom36 Sucata e resíduos <strong>de</strong>construção civil dispersos nosbairros limítrofes da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Mangui e <strong>de</strong> Chão BomPlaneamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoPropostas (Projectos)Interacção Plano Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> MédiaQualificação do MercadoMunicipal <strong>de</strong> Chão BomPlano <strong>de</strong> limpeza das lixeirase sucatas na Cida<strong>de</strong> e ChãoBomForteForteFonte: Elaboração Própria (2012)Este quadro aborda o processo <strong>de</strong> interacção entre os problemas e as propostas (projectos),visando concretamente a relação existente entre elas no sentido <strong>de</strong> ver se <strong>de</strong> facto estãointerligados, <strong>de</strong> forma a elevar a um <strong>de</strong>senvolvimento do Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago.No PE <strong>de</strong> Tarrafal, <strong>de</strong> acordo com o referido no ponto anterior, o abastecimento <strong>de</strong> água noconcelho abarca 94%, o que é um sinal positivo. Em relação ao saneamento, é <strong>de</strong> salientar queas duas principais localida<strong>de</strong>s do município <strong>de</strong> Tarrafal estão abarcadas com re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgoto e,em pleno funcionamento.Uma das principais preocupações <strong>de</strong>ste plano era a asfaltagem do troço Assomada/Tarrafal,que hoje po<strong>de</strong>-se dizer que é uma realida<strong>de</strong>, porque neste momento a obra está praticamenteno seu término, o que leva a um <strong>de</strong>senvolvimento do concelho <strong>de</strong> Tarrafal a um ritmo maisacelerado e, com maiores investimentos, principalmente a nível turísticos, em que o concelhotem enormes potencialida<strong>de</strong>s, seguido na análise FOFA.76/90


Quadro 07: Analise FOFA <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do TarrafalForçasPlaneamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoOportunida<strong>de</strong>s Alta taxa da população jovem - 63%Praias <strong>de</strong> areias brancas Boas condições para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> energiasrenováveisMagnificas baias e enseadasPesca <strong>de</strong>sportiva e mergulhosExcelente condição p/ turismo <strong>de</strong> sole praia e turismo resi<strong>de</strong>ncial Forte movimento associativo eculturalExistência <strong>de</strong> terrenos públicosCampo concentração e sua históriaAntigo mercado enquanto espaçoculturalPossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aumento do volume<strong>de</strong> pescaExistência <strong>de</strong> estação <strong>de</strong> tratamento<strong>de</strong> água residuaisDesenvolvimento <strong>de</strong> aquacultura marFraquezasRecolha <strong>de</strong> lixo <strong>de</strong>ficiente Incipiente recolha eaprovisionamento das águas daschuvasEnceramento das zonas ruraisNecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reorganização dosserviços municipais Campo <strong>de</strong> concentração poucoutilizado como equipamento culturalAmeaças Deficiente qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> camasturística e prestação <strong>de</strong> serviço narestauraçãoReduzido n° <strong>de</strong> efetivos policias e <strong>de</strong>viaturas Desequilíbrios <strong>de</strong> famíliasmonoparentaisBaixo nível da educaçãoIluminação pública <strong>de</strong>ficienteInexistência <strong>de</strong> centros 3° ida<strong>de</strong>Degradação dos solosPouca expressão <strong>de</strong> arruamento emChão BomMercado municipal <strong>de</strong> Chão Bomcom poucas condições <strong>de</strong>funcionamentoSucata e resíduos <strong>de</strong> construção civildispersos nos bairros limítrofes dacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mangui e <strong>de</strong> Chão Bom.Re<strong>de</strong> móvel não abrange a todalocalida<strong>de</strong>Inexistência <strong>de</strong> ponto <strong>de</strong> recreio paraembarcações turísticasFonte: Elaboração Própria (2012)77/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoO PE <strong>de</strong> Tarrafal aborda a questão <strong>de</strong> or<strong>de</strong>namento do território, mais precisamente o PDM <strong>de</strong>Tarrafal. Este documento é hoje o principal instrumento <strong>de</strong> gestão territorial e o concelho já odispõe e, aprovado pela Assembleia Municipal <strong>de</strong> Tarrafal (vi<strong>de</strong> acta em anexo 3). Estedocumento permite o Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago estruturar-se, <strong>de</strong>lineando os seusprojectos <strong>de</strong> forma organizada, <strong>de</strong> forma a ter um <strong>de</strong>senvolvimento sustentável do município.No município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago, das propostas (projectos) apresentadas, todasapresentaram interacção com alguma satisfação. A maioria das propostas apresentouinteracção forte com pelo menos um dos problemas. Seguramente, percebe-se maior clarezanas propostas em relação aos problemas, visto que estes foram sistematizados e, a partir disto,foram <strong>de</strong>finidos os programas e, com base nestes, foram traçados os projectos.De maneira geral, percebe-se existência <strong>de</strong> correlação entre problemas e propostas. Uma parterazoável das propostas apresentou média interacção com os problemas <strong>de</strong>tectados e tambémfortes interacções foram constatadas na maioria das correlações com pelo menos um problemaapontado. Desta forma po<strong>de</strong>-se concluir que, face a uma <strong>de</strong>finição principalmente qualitativodos problemas, estas apresentaram correlações significativas com as propostas. Isto po<strong>de</strong><strong>de</strong>monstrar que o “conhecimento tácito” dos participantes do processo, ou seja, o diagnósticoqualitativo, foi incorporado nas propostas. No estudo <strong>de</strong> caso, os integrantes das comissõessectoriais normalmente eram pessoas conhecedoras do assunto a ser tratado. O objectivo distoparece ter sido alcançado, visto que era justamente “aproveitar” o conhecimento existente nolocal e muitas vezes não sistematizado (em estudos técnicos, por exemplo).Em grau <strong>de</strong> proposição mais geral, as <strong>de</strong>ficiências da etapa <strong>de</strong> diagnóstico não ficaram tãoevi<strong>de</strong>ntes. Estas <strong>de</strong>ficiências apareceram quando foram analisadas a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong>staspropostas e a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>las, ou seja, se existia previsão <strong>de</strong> orçamento, <strong>de</strong> cronograma e <strong>de</strong>metas, bem como a coerência (<strong>de</strong> nomenclatura e estrutura) <strong>de</strong>stas propostas. Para a <strong>de</strong>finição<strong>de</strong> meta, orçamento e cronograma, é importante conhecer, quantitativamente, os problemasexistentes. De maneira geral, percebe-se que as propostas não alcançaram este grau <strong>de</strong><strong>de</strong>talhamento.78/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoConclusãoEste capítulo visa a apresentação das conclusões emergidas do estudo. Ao longo do presenteestudo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a <strong>de</strong>finição dos pressupostos <strong>de</strong> investigação que lhe <strong>de</strong>ram forma até aosresultados obtidos, muitas interrogações e obstáculos foram encontradas no seu<strong>de</strong>senvolvimento e vários foram ultrapassadas.Neste sentido, este trabalho configurou-se num estudo exploratório na qual foram cumpridostodos os procedimentos conducentes a obtenção dos resultados. Neste sentido, as conclusõeschegadas permitem a generalização dos resultados, o estabelecimento <strong>de</strong> relações entrevariáveis e factores, a verificação ou rejeição das hipóteses.Se consi<strong>de</strong>rar que o município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago partiu <strong>de</strong> uma situação on<strong>de</strong> oplaneamento era um processo pouco <strong>de</strong>senvolvido, isso po<strong>de</strong>-se afirmar que o processo <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento local estimulou a activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planeamento. Conclui <strong>de</strong> facto, uma gran<strong>de</strong>participação da população no processo <strong>de</strong> planeamento estratégico do município <strong>de</strong> Tarrafal<strong>de</strong> Santiago, o que <strong>de</strong>ixa claro que este plano espelha a realida<strong>de</strong> local do concelho.Outro factor que po<strong>de</strong>ria ter influenciado na qualida<strong>de</strong> do Plano foi o papel <strong>de</strong>sempenhadopela figura do presi<strong>de</strong>nte da câmara municipal e <strong>de</strong> alguns vereadores que teve um papel <strong>de</strong>extrema importância para o envolvimento da comunida<strong>de</strong> em torno do processo <strong>de</strong>planeamento.79/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoOutra conclusão verificada neste trabalho, a análise do Plano Estratégico mostrou que <strong>de</strong> umaforma geral, não cumpriram etapas fundamentais para o planeamento, tais como avaliaçãoquantitativa e prognóstico quantitativo. A falta <strong>de</strong>stes elementos pô<strong>de</strong> ser percebida no Planojá que, na maioria dos casos, as propostas limitaram-se a indicar os meios para colocar asacções em prática.Po<strong>de</strong>-se concluir ainda que, face a uma <strong>de</strong>finição principalmente qualitativo dos problemas,estas apresentaram correlações significativas com as propostas. Isto po<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar que o“conhecimento tácito” dos participantes do processo, ou seja, o diagnóstico qualitativo, foiincorporado nas propostas.O estudo <strong>de</strong> caso realizado neste trabalho permitiu visualizar a importância do local noprocesso <strong>de</strong> elaboração do Plano Estratégico. Para uma afirmação mais precisa serianecessária uma investigação mais aprofundada sobre o assunto.O problema <strong>de</strong> asfalte da estrada Assomada/Tarrafal, electrificação e a questão <strong>de</strong> água nasre<strong>de</strong>s domiciliárias no município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago levantada no diagnóstico <strong>de</strong>Tarrafal, po<strong>de</strong>-se concluir com isso que neste momento o asfalte está na fase final, quase100% das localida<strong>de</strong>s estão electrificadas e 94% das localida<strong>de</strong>s do município dispõe <strong>de</strong> águana re<strong>de</strong> e com a excepção <strong>de</strong> Lagoa e Achada lagoa, num total <strong>de</strong> vinte e duas (22)localida<strong>de</strong>s.Enfim, <strong>de</strong> maneira geral, percebe-se existência <strong>de</strong> correlação entre problemas e propostas. Amaioria das propostas apresentou média interacção com os problemas <strong>de</strong>tectados e tambémfortes interacções foram constatadas na maioria das correlações com pelo menos um problemaapontado.80/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoBibliografiaLivrosBACATTINI, Giacomo. O Distrito Marshalliano: uma noçãoCELTA Editora LDA, 1994.ócio-económica. Portugal:BENKO, Georges; LIPIETZ, Alain (orgs.). As regiões ganhadoras. Distritos e Re<strong>de</strong>s: osnovos paradigmas da geografia económica. Portugal: CELTA Editora LDA. 1994.BLAKELY, Edward J. Planning Local Economic Development: Theory and Practice.Estados Unidos: SAGE Publications. 1994.BUARQUE, Sérgio. Construindo o <strong>de</strong>senvolvimento local sustentável – Metodologia <strong>de</strong>planejamento. Rio <strong>de</strong> Janeiro. Garamond. 2006.FRANCO, Augusto. Desenvolvimento Local Integrado. São Paulo: Cortês. 1999.________________. Além da renda. Brasília: Milenium. 2000.LIPIETZ, A. Será impossível um <strong>de</strong>senvolvimento ecológico viável? Portugal:Contemporânea. 1995.LIRA, Luis. Revalorización <strong>de</strong> la Planificación <strong>de</strong>l Desarrollo. Série “Gestión Pública” n 59.Santiago: ILPES-CEPAL. 2006.LOPES, R. A cida<strong>de</strong> intencional: o planeamento estratégico <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s. Rio <strong>de</strong>Janeiro: Mauad. 1998.MATTUS, Carlos. Politica, Planejamento & Governo. IPEA. Brasília, tomos I e II. 1993.______________. A<strong>de</strong>us, Senhor Presi<strong>de</strong>nte. Governantes Governados. São Paulo.Edições Fundap. 1996.81/90


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Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoSEMEDO, Claudino Maria Monteiro. A Qualificação da Despesa Pública: o instrumentoda <strong>de</strong>sconcentração orçamental, caso <strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong>. Dissertação (Mestrado emAdministração Pública). <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong> e <strong>Universida<strong>de</strong></strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong><strong>de</strong> Sul (Brasil). Praia 2010.SitografiasCAPORALI, R. Do <strong>de</strong>senvolvimento económico ao <strong>de</strong>senvolvimento sustentável. In:SEMINÁRIO INTERNACIONAL ECOCITY. Curitiba. Anais. 2000. Disponível em:. Acesso em: 13 jun. 2011.ULTRAMARI, C.; Das falácias naturalistas. In: SEMINÁRIO INTERNACIONALECOCITY, 4., 2000. Curitiba. Anais. Disponível em:. Acesso em: 13jun. 2011.Artigo <strong>de</strong> RevistaBARBOSA, Emerson Rodrigues; BRONDANI, Gilberto. Planeamento EstratégicoOrganizacional. Volume I. N.2 DEZ/2004 – FEV/2005.Documentações/RelatóriosMINISTÉRIO DAS FINANÇAS. Cenário <strong>de</strong> Despesa <strong>de</strong> Médio Prazo – Manual <strong>de</strong>Elaboração. Julho <strong>de</strong> 2008.___________________. Manual do Processo e das Técnicas <strong>de</strong> Planeamento Sócio –Económico, 2002.__________________. Documento <strong>de</strong> Estratégia <strong>de</strong> Crescimento e <strong>de</strong> Redução daPobreza I. Setembro 2004.__________________. Documento <strong>de</strong> Estratégia <strong>de</strong> Crescimento e <strong>de</strong> Redução daPobreza II. 2009.84/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoMINISTÉRIO DAS FINANÇAS E BANCO MUNDIAL. Revisão <strong>de</strong> Despesas Públicas doSector <strong>de</strong> Educação. 2000.Legislação ConsultadasANMCV. Colectânea <strong>de</strong> Legislação Municipal <strong>Cabo</strong>-verdiana, 2ª Edição.2010.ASSEMBLEIA NACIONAL, CRCV. 4 Edição. 2ª Revisão. Ordinária <strong>de</strong> 2010._______________. Lei n.º 134/IV/95, <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> Julho, que aprova o Estatuto dos Municípios._______________. Lei nº 20/II/83, <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> Janeiro, que aprova o I Plano Nacional <strong>de</strong>Desenvolvimento para o quadriénio 1982/85._______________. Lei nº 51/II/85, 10 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1985 Estabelece os princípios e normasbásicas a que <strong>de</strong>verá obe<strong>de</strong>cer a elaboração, votação e alteração do Orçamento Geral doEstado, bem como a fiscalização e responsabilida<strong>de</strong>s orçamentais._______________. Lei nº 52/II/85, <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> Janeiro, que estabelece os princípios gerais dasbases do Planeamento Nacional._______________. Decreto-lei nº 78/V/98, <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> Dezembro, Altera a Lei <strong>de</strong>Enquadramento Orçamental.85/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoAnexos86/90


Anexo 1Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoFonte: CMT (2008)87/90


Anexo 2Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> Santiago88/90


Anexo 3Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoAssembleia MunicipalCida<strong>de</strong> do Tarrafal | Ilha <strong>de</strong> Santiago | <strong>Cabo</strong> Ver<strong>de</strong>Tel. 266 26 51EXTRATO DA ACTA Nº 13 DA 4ª SESSÂO EXTRAORDINÁRIA, REALIZADA NO DIA VINTEE UM DE OUTUBRO DE DOIS MIL E ONZE.No dia vinte e um <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> dois mil e onze, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, pelas novehoras, sob a presidência do Sr. António Gomes, Presi<strong>de</strong>nte da Assembleia Municipal do Tarrafal,coadjuvado pelo Secretário, Sr. Pedro da Costa <strong>de</strong> Pina, reuniu-se a referida Assembleia, na sua quartaSessão Extraordinária, com as seguintes presenças e ausências dos <strong>de</strong>putados municipais e or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>trabalhos:Presenças: Adilson Fortes da Costa, Ana Mafalda Gomes, António Florêncio da Costa Carvalho,António Gomes, Fernando Augusto Rodrigues Gomes, Joaquim Bernardo Moreira, José Furtado Brito,José Orlando Lopes Garcia, Manuel <strong>de</strong> Jesus Tavares, Luís Monteiro da Costa, Maria Celeste Lopesda Costa, Maria Correia e <strong>Silva</strong> Cardoso, Maria Isabel Alexandre Soares <strong>Silva</strong>, Pedro Amante <strong>de</strong>Ramiro Furtado, Pedro da Costa <strong>de</strong> Pina e Pedro da <strong>Silva</strong> Gomes.Ausência: Ivone Varela GomesOr<strong>de</strong>m dos Trabalhos:I – Período da Intervenção dos Munícipes;II – Período da Or<strong>de</strong>m do Dia;1- Apreciação e Aprovação do Plano Director Municipal;1- Apreciação e Aprovação do Plano Director Municipal.A apresentação do documento em análise foi da responsabilida<strong>de</strong> da Câmara Municipal que serecorreu aos Serviços da Empresa Loid Engenharia que o elaborou para fazer uma apresentação<strong>de</strong>talhada. Neste contexto, <strong>de</strong>u-se ênfase, sempre que necessário, aos aspectos que consi<strong>de</strong>rourelevantes na elaboração <strong>de</strong> um Plano Director, tendo sido <strong>de</strong>stacado as suas vertentes <strong>de</strong> planificação,organização e regulamentação. A apresentação do Plano foi feita com base nos suportes gráficos eseguidamente passou-se à apresentação do Regulamento.Após a apresentação, os <strong>de</strong>putados presentes solicitaram alguns esclarecimentos, os quais foram dados<strong>de</strong> momento pelo apresentador.Concluída a apresentação e os respectivos esclarecimentos, o documento foi submetido àvotação na especialida<strong>de</strong> e na globalida<strong>de</strong>, tendo sido obtido o seguinte resultado:<strong>de</strong>z votos a favor, zero votos contra e quatro abstenções.89/90


Planeamento Estratégico e DesenvolvimentoDo Município <strong>de</strong> Tarrafal <strong>de</strong> SantiagoFace aos resultados da votação e no uso da faculda<strong>de</strong> conferida ao abrigo do disposto naalínea c) do nº 2 do artigo 81º da Lei nº 134 /IV/ 95, <strong>de</strong> 03 <strong>de</strong> Julho, a Assembleia Municipaldo Tarrafal <strong>de</strong>liberou o seguinte:Assembleia Municipal do Tarrafal aprovou o Plano Director Municipal do Tarrafal.Assembleia Municipal do Tarrafal, 21 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2011.90/90

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