13.07.2015 Views

língua portuguesa e literatura brasileira (lplb) - Uff

língua portuguesa e literatura brasileira (lplb) - Uff

língua portuguesa e literatura brasileira (lplb) - Uff

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Língua Portuguesa e Literatura BrasileiraTEXTO IAcompanho com assombro o que andam dizendosobre os primeiros 500 anos do brasileiro. Concordocom todas as opiniões emitidas e com as minhas emprimeiríssimo lugar. Tenho para mim que há dois5 referenciais literários para nos definir. De um lado, oproduto daquilo que Gilberto Freyre chamou de casagrandee senzala, o homem miscigenado, potente etendendo a ser feliz. De outro, o Macunaíma, herói semnenhuma definição, ou sem nenhum caráter – como10 queria o próprio Mário de Andrade.Fomos e seremos assim, em nossa essência,embora as circunstâncias mudem e nós mudemos comelas. Retomando a imagem literária, citemos a Capitumenina – e teremos como sempre a intervenção15soberana de Machado de Assis.Um rapaz da platéia me perguntou onde ficaria ohomem de Guimarães Rosa – outra coordenada quenos ajuda a definir o brasileiro. Evidente que o universode Rosa é sobretudo verbal, mas o homem é causa e20 efeito do verbo. Por isso mesmo, o personagem rosianotem a ver com o homem de Gilberto Freyre e de Máriode Andrade. É um refugo consciente da casa-grande eda senzala, o opositor de uma e de outra, criando a suaprópria vereda mas sem esquecer o ressentimento25 social do qual se afastou e contra o qual procura lutar.É também macunaímico, pois sem definiçãocatalogada na escala de valores culturais oriundos de suaformação racial. Nem por acaso um dos personagensmais importantes do mundo de Rosa é uma mulher que30 se faz passar por jagunço. Ou seja, um herói – ou heroína –sem nenhum caráter.Tomando Gilberto Freyre como a linha vertical eMário de Andrade como a linha horizontal de um ânguloreto, teríamos Guimarães Rosa como a hipotenusa35fechandoo triângulo. A imagem geométrica pode serforçada, mas foi a que me veio na hora – e acho que fuientendido.CONY, Carlos Heitor. Folha Ilustrada, 5º Caderno,São Paulo, 21/04/2000, p.12.01Os dois referenciais literários definidores denossa identidade, de acordo com o texto I,seriam:(A)(B)(C)(D)(E)o produto de Gilberto Freyre e a casa-grandee senzala;a linha horizontal de um ângulo reto e ahipotenusa fechando o triângulo;o homem miscigenado e o herói sem nenhumcaráter;o homem de Guimarães Rosa e a mulher quese faz passar por jagunço;os valores culturais e a formação racial.302Assinale a opção que apresenta a afirmativaadequada sobre a relação entre o brasileirode Guimarães Rosa, de Gilberto Freyre e de Mário deAndrade explicitada no texto I.(A)(B)(C)(D)(E)03O homem de Guimarães Rosa, por ser um refugoda casa-grande e da senzala, tomou sua própriavereda, afastando-se do convívio social apontadopor Gilberto Freyre e Mário de Andrade.O brasileiro de Guimarães Rosa se opõe ao deFreyre por não ter lugar nem na casa-grande,nem na senzala e se aproxima de Macunaíma porsua indefinição na escala de valores culturais.O homem de Gilberto Freyre e de Mário deAndrade não apresenta nenhuma oposição àconcepção do brasileiro de Guimarães Rosa,apesar do ressentimento social que ocaracteriza.O homem de Guimarães Rosa, por sersobretudo uma criação verbal, torna-se umrefugo da casa-grande e da senzala, e umaantítese do brasileiro de Mário de Andrade.O brasileiro de Guimarães Rosa se aproxima dode Freyre por sua exclusão social e se distanciade Macunaíma por não ter definição na escala devalores culturais.Os diversos tipos de relação sintática entreorações podem ser estabelecidos semconectivo explícito, através das formas de infinitivo,gerúndio ou particípio, como vemos no seguinteexemplo:“Tomando Gilberto Freyre como a linha verticale Mário de Andrade como a linha horizontal de umângulo reto, teríamos Guimarães Rosa como ahipotenusa fechando o triângulo.” (linhas 32-35)Reconheça o tipo de relação sintática expressapelo gerúndio sublinhado no período acima.(A)(B)(C)(D)(E)conclusãotemporalidadecondicionalidademediaçãoconformidade


Língua Portuguesa e Literatura Brasileira04Assinale a opção em que o pronome sublinhadoestabelece uma referência a elemento anteriormenteexpresso no texto:(C)Éramos e somos assim em nossa essência, àmedida que as circunstâncias mudaram e nósmudamos com elas.(A)(B)(C)(D)(E)05“mas foi a que me veio na hora – e acho que fuientendido.” (linhas 36-37)“De um lado, o produto daquilo que GilbertoFreyre chamou de casa-grande e senzala,”(linhas 5-7)“De outro, o Macunaíma, herói sem nenhumadefinição, ou sem nenhum caráter” (linhas 8-9)“Um rapaz da platéia me perguntou onde ficariao homem de Guimarães Rosa – outracoordenada que nos ajuda a definir o brasileiro”.(linhas 16-18)“Acompanho com assombro o que andamdizendo sobre os primeiros 500 anos dobrasileiro.” (linhas 1-2)“É um refugo consciente da casa-grande e dasenzala, o opositor de uma e de outra, criandoa sua própria vereda mas sem esquecer oressentimento social do qual se afastou e contra oqual procura lutar”. (linhas 22-25)A variação no emprego da preposição com opronome o qual , no fragmento acima, deve-se a umfato lingüístico de:(A)(B)(C)(D)aspecto verbalsintaxe de regênciaflexão nominalsintaxe de concordância(E ) flexão verbal06“Fomos e seremos assim, em nossa essência,embora as circunstâncias mudem e nósmudemos com elas.” (linhas 11-13)Assinale a opção em que, ao reescrever-se ofragmento acima, substituiu-se o conectivo sublinhadopor outro de valor condicional, fazendo-se alteraçõesaceitáveis.(A)(B)Fomos e seremos assim em nossa essência,porque as circunstâncias mudaram e nósmudamos com elas.Fomos e seremos assim em nossa essência,enquanto as circunstâncias mudarem e nósmudarmos com elas.4(D)(E)07Teríamos sido e seríamos assim em nossaessência, se as circunstâncias mudassem enós mudássemos com elas.Temos sido e somos assim em nossa essência,conforme as circunstâncias têm mudado e nóstemos mudado com elas.As estrofes abaixo, partes do poema Canção doTamoio, representam um momento da <strong>literatura</strong><strong>brasileira</strong> em que se buscou, através do sentimento nativista,inspiração em elementos nacionais, especialmente nosíndios e em sua civilização.Não chores, meu filho;Não chores, que a vidaÉ luta renhida:Viver é lutar.A vida é combate,Que os fracos abate,Que os fortes, os bravos,Só pode exaltar.Um dia vivemos !O homem que é forteNão teme da morte;Só teme fugir;No arco que entesaTem certa uma presa,Quer seja tapuia,Condor ou tapir.E pois que és meu filho,Meus brios reveste;Tamoio nasceste,Valente serás.Sê duro guerreiroRobusto, fragueiro,Brasão dos tamoiosNa guerra e na paz.As armas ensaia,Penetra na vida:Pesada ou querida,Viver é lutar.Se o duro combateOs fracos abate,Aos fortes, aos bravos,Só pode exaltar.GONÇALVES Dias, Poesia Completa, Rio de Janeiro:José Aguilar Ltda., 1959, p. 372.Identifique o momento literário a que pertenceo poema Canção do Tamoio.(A)(B)(C)(D)(E)BarrocoRealismoModernismoNaturalismoRomantismo


Língua Portuguesa e Literatura Brasileira08(A)(B)(C)(D)(E)Sobre autores de nossa <strong>literatura</strong> e aspectosde sua obra é incorreto afirmar:Mário de Andrade, escritor do Modernismo,foi um pesquisador incessante das variadasmanifestações da cultura <strong>brasileira</strong> e, por seuespírito crítico, exerceu influência decisiva narenovação de nossa <strong>literatura</strong>. Estudou eescreveu também sobre folclore, música epintura.Machado de Assis, importante escritor nascidono século XIX, produziu uma obra rica emgêneros literários, destacando-se principalmenteno conto e no romance, com seu poder deanálise da psicologia humana. Destacam-seentre seus contos: A Missa do Galo, ACartomante, Uns Braços.José de Alencar foi um escritor do século XIX,cuja vasta obra inclui romances nas linhasregionalista, urbana, indianista e histórica,além de numerosos textos sobre as relaçõesentre a língua e a <strong>literatura</strong> nacional.Álvares de Azevedo foi um poeta românticoque se destacou sobretudo na temáticaindianista. Exaltou principalmente o sentimentode honra e a valentia do índio. Escreveu algunsdos poemas mais conhecidos de nossa <strong>literatura</strong>,tais como: Lira dos Vinte Anos, Macário, Marabá,O Canto do Guerreiro.Guimarães Rosa, importante escritor doséculo XX, foi um inovador em termos delinguagem. Utilizou-se de vários processospara elaborar seu texto, tais como: criação depalavras, exploração de aspectos sonoros,adaptação estética do linguajar regionalistapleno de arcaísmos. De sua obra, queexpressa uma profunda visão dos problemashumanos, podem-se citar Grande sertão:veredas, Sagarana, Primeiras Estórias.TEXTO IIO meu fim evidente era atar as duas pontas davida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois,senhor, não consegui recompor o que foi nem o quefui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é5 diferente. Se só me faltassem os outros, vá; umhomem consola-se mais ou menos das pessoas queperde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. Oque aqui está é, mal comparando, semelhante àpintura que se põe na barba e nos cabelos, e que10 apenas conserva o hábito externo, como se diz nasautópsias; o interno não agüenta tinta. Uma certidãoque me desse vinte anos de idade poderia enganaros estranhos, como todos os documentos falsos, masnão a mim. Os amigos que me restam são de data15 recente; todos os antigos foram estudar a geologiados campos santos. Quanto às amigas, algumasdatam de quinze anos, outras de menos, e quasetodas crêem na mocidade. Duas ou três fariam crernela aos outros, mas a língua que falam obriga muita20 vez a consultar os dicionários, e tal freqüência écansativa.Entretanto, vida diferente não quer dizer vidapior; é outra coisa. A certos respeitos, aquela vidaantiga aparece-me despida de muitos encantos que25 lhe achei; mas é também exato que perdeu muitoespinho que a fez molesta, e, de memória, conservoalguma recordação doce e feiticeira. Em verdade,pouco apareço e menos falo. Distrações raras. Omais do tempo é gasto em hortar, jardinar e ler; como30 bem e não durmo mal.Ora, como tudo cansa, esta monotonia acaboupor exaurir-me também. Quis variar, e lembrou-meescrever um livro. Jurisprudência, filosofia e políticaacudiram-me, mas não me acudiram as forças35 necessárias. Depois, pensei em fazer uma Históriados Subúrbios menos seca que as memórias dopadre Luís Gonçalves dos Santos relativas à cidade;era obra modesta, mas exigia documentos e datascomo preliminares, tudo árido e longo. Foi então que40 os bustos pintados nas paredes entraram a falar-me ea dizer-me que, uma vez que eles não alcançavamreconstituir-me os tempos idos, pegasse da pena econtasse alguns. Talvez a narração me desse ailusão, e as sombras viessem perpassar ligeiras,45 como ao poeta, não o do trem, mas o do Fausto: Aívindes outra vez, inquietas sombras ?...ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Capítulo II,Rio de Janeiro: José Aguilar, 1971, v. 1,p. 810-11.5


Língua Portuguesa e Literatura Brasileira09“A certos respeitos, aquela vida antigaaparece-me despida de muitos encantos quelhe achei; mas é também exato que perdeu muitoespinho que a fez molesta, e, de memória, conservoalguma recordação doce e feiticeira.” (linhas 23-27)Em relação à posição do narrador, expressano fragmento acima, conclui-se que:(A)(B)(C)(D)(E)10A narrativa é feita a partir das mesmas idéiassobre si que o narrador possuía no momentomesmo em que os episódios da vida antigaocorreram.O narrador aspira a uma reconstrução textualdo passado, ignorando o ponto de vistado momento em que o texto é escrito.O julgamento sobre a vida antiga não é omesmo que o narrador tinha, no tempo emque os eventos narrados ocorreram.O narrador, em determinado momento de suavida, pretende reconstituir os eventos ocorridosem seu passado, tal como ocorreram então.A análise dos encantos da vida antiga partedos mesmos pressupostos que o narradortinha, na época em que antigamente vivia.No fragmento “O meu fim evidente era atar asduas pontas da vida, e restaurar na velhice aadolescência.” (linhas 1-2), pode-se substituir a palavrasublinhada, sem alteração de sentido, por:(A)(B)(C)(D)(E)11limitemomento finaltérminoobjetivoponto extremoAssinale a opção em que os elementosgrifados no texto exemplificam a figura delinguagem apresentada.(A)(B)Paronomásia é o emprego de palavrassemelhantes no som, porém de sentidodiferente./ “Entretanto, vida diferente nãoquer dizer vida pior; é outra coisa.”Eufemismo é uma substituição de um termo,pela qual se pode evitar usar expressõesmais diretas ou chocantes, para referir-se adeterminados fatos. / “Os amigos que me6(C)(D)(E)12restam são de data recente; todos os antigosforam estudar a geologia dos campossantos.”Anáfora é a repetição de uma ou maispalavras no princípio de duas ou mais frases,de membros da mesma frase, ou de dois oumais versos. / “Ora, como tudo cansa, estamonotonia acabou por exaurir-me também.Quis variar, e lembrou-me escrever um livro.”Metonímia é a designação de um objeto porpalavra designativa de outro objeto que temcom o primeiro uma relação. / “O que aquiestá é, mal comparando, semelhante àpintura que se põe na barba e nos cabelos, eque apenas conserva o hábito externo, comose diz nas autópsias; o interno nãoagüenta tinta.”Onomatopéia é o emprego de palavra cujapronúncia imita o som natural da coisasignificada. / “Foi então que os bustospintados nas paredes entraram a falar-me e adizer-me que, uma vez que eles nãoalcançavam reconstituir-me os tempos idos,pegasse da pena e contasse alguns.”Uma das características da prosa de Machadode Assis é a presença de referências ao leitorde seus textos.Identifique o fragmento em que o narradoremprega uma forma lingüística que expressa o leitora quem se dirige:(A)(B)(C)(D)(E)“Pois, senhor, não consegui recompor o quefoi nem o que fui.” (linhas 2-4)“Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia édiferente.” (linhas 4-5)“Uma certidão que me desse vinte anos deidade poderia enganar os estranhos, comotodos os documentos falsos, mas não a mim.”(linhas 11-14)“Duas ou três fariam crer nela aos outros,mas a língua que falam obriga muita vez aconsultar os dicionários, e tal freqüência écansativa.” (linhas 18-21)“Quanto às amigas, algumas datam de quinzeanos, outras de menos, e quase todas crêemna mocidade.” (linhas 16-18)


Língua Portuguesa e Literatura Brasileira13“Duas ou três fariam crer nela aos outros, masa língua que falam obriga muita vez aconsultar os dicionários, e tal freqüência é cansativa.”(linhas 18-21)O termo sublinhado (contração da preposiçãoem com o pronome reto ela) retoma um outro demesma função sintática. Identifique-o:que aqui está é, mal comparando, semelhante àpintura que se põe na barba e nos cabelos, e queapenas conserva o hábito externo, como se diz nasautópsias; o interno não agüenta tinta.” (linhas 5-11)(A)(A) certidão (linha 11)(B) mocidade (linha 18)(C) mim (linha 14)(D) lacuna (linha 7)(E) pintura ( linha 9)(B)14“Talvez a narração me desse a ilusão, e assombras viessem perpassar ligeiras, como aopoeta, não o do trem, mas o do Fausto : Aí vindes outravez, inquietas sombras ? ...” (linhas 43-46)Os dois pontos e o recurso gráfico do itálico notrecho acima permitem-nos a seguinte interpretação dafrase “Aí vindes outra vez, inquietas sombras ? ...” :(C)(A)(B)(C)(D)(E)Indica a citação da obra “Fausto” escrita pelopoeta do trem.Refere-se a um desabafo proferido pelonarrador, ao se libertar de memórias antigas.Corresponde a uma explicação sobre o valorde uma narração literária.Trata-se de um meio de o poeta do trem selibertar da lembrança de outro poeta.Trata-se de uma citação de frase empregadaanteriormente em obra literária.(D)15O narrador do texto II pouco aparece e menosfala, não tem amigos de longa data, e tenta,com certo humor, “atar as duas pontas da vida”, emsua narrativa.Assinale a opção em que, através de outralinguagem — o cartum —, percebe-se um certohumor semelhante ao que constitui o texto II, deMachado de Assis, sobretudo no seguinte trecho:“Se só me faltassem os outros, vá; umhomem consola-se mais ou menos das pessoas queperde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. O(E)Caulos. Só dói quando eu respiro. PortoAlegre: L&PM, sd.7

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!