13.07.2015 Views

Revista do Fórum - Numismatas

Revista do Fórum - Numismatas

Revista do Fórum - Numismatas

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

D. MANUEL II – AS MOEDASLeis Monetárias1908 Lei de 13 de Agosto Manda cunhar moeda comemorativa <strong>do</strong>primeiro centenário da Guerra PeninsularPrata1908 Lei de 3 de Setembro Manda cunhar moeda de 500 reiscomemorativa e de homenagem ao primeiroMarquês de Pombal1908 Lei de 9 de Setembro Manda proceder à cunhagem de moedas de500, 200 e 100 reis. Baixa o toque <strong>do</strong>s 200 e100 reis para 835. Refere-se ainda a moedasque não passaram de projectoBronze 1908 Lei de 9 de Setembro Manda proceder à cunhagem de moedas de 5reis em bronzeGrava<strong>do</strong>resVenâncio Pedro de Mace<strong>do</strong> AlvesNasceu a 31 de Janeiro de 1853 e morreu a 1 de Fevereiro de 1933. Foi admiti<strong>do</strong> na Casa da Moeda, como alunoda escola de gravura em 15 de Fevereiro de 1866, passou a praticante de gravura em 3 de Outubro de 1877 e a17 de Maio de 1894 foi nomea<strong>do</strong> chefe das oficinas.José Simões de Almeida (sobrinho)Nasceu em 1880 e morreu em 1950. Foi talvez o grava<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s ensaios M2.QR.01 a 03Casa da MoedaBibliografiaCatálogo Geral de Modelos, Punções, Matrizes, Cunhos, Galvanos e Clichés - Lisboa1960Gomes, Alberto Catálogo das Moedas Portuguesas Seculo XIX e XX - 1ª Edição – 1979Gomes, AlbertoMoedas Portuguesas e <strong>do</strong> Território Português antes da Fundação da Nacionalidade- 2ª Edição – 1996Gomes, Alberto Moedas Portuguesas e <strong>do</strong> Território que hoje é Portugal - 4ª Edição – 2003Gomes, Alberto Moedas Portuguesas e <strong>do</strong> Território que hoje é Portugal - 5ª Edição – 2007Numisma Leilão nº 51 a 69Reis, Pedro Batalha Cartilha da Numismática Portuguesa - 1952 – 1956Reis, Pedro Batalha Preçário das Moedas Portuguesas – 1958Vaz, Joaquim Ferraro Catálogo das Moedas Portuguesas – 1948Vaz, Joaquim Ferraro Livro das Moedas de Portugal - 1970Vaz, Joaquim Ferraro Livro das Moedas de Portugal - 1972Vaz, Joaquim Ferraro Livro das Moedas de Portugal - 1973Vaz, Joaquim Ferraro Livro das Moedas de Portugal - 1978Folgosa, José Maria Dicionário de NumismáticaMarques, Mário Gomes Introdução à Numismática - 19825


CINCO RÉISAnv.: EMANVEL • II • PORTVG: ET • ALGARB: REXCabeça <strong>do</strong> rei à esquerda dentro de um circulo de pontos, ten<strong>do</strong> por baixo as iniciais <strong>do</strong>grava<strong>do</strong>r V. A. E no exergo, entre as duas estrelas, o ano.Rev.: No campo, dentro de uma coroa de louro e carvalho, em duas linhas, 5 REISLei de 9 de Setembro de 1908Metal: BronzeComposição: Cu 960 - Sn 20 - Zn 20Eixo: HorizontalCasa da Moeda: LisboaPeso: 3 gDiametro: 21 mmBor<strong>do</strong>: LisoData Descrição Batalha Reis Ferraro Vaz Alberto Gomes1910 8 E2.09 E2 01.01CEM RÉISAnv.: EMANVEL • II • PORTVG: ET • ALGARB: REXCabeça <strong>do</strong> rei à esquerda, ten<strong>do</strong> por baixo o nome <strong>do</strong> grava<strong>do</strong>r V. ALVES e o ano entre duasestrelas.Rev.: No campo, dentro de uma coroa de louro, em duas linhas, 100 REIS ten<strong>do</strong> por cimaa coroa real.Lei de 9 de Setembro de 1908Metal: PrataComposição: 835Eixo: HorizontalCasa da Moeda: LisboaPeso: 2,5 gDiametro: 20 mmBor<strong>do</strong>: Serrilha<strong>do</strong>Data Descrição Batalha Reis Ferraro Vaz Alberto Gomes1909 4 E2.07 E2 02.011910 4A E2.08 E2 02.021910 Proof-Like (1) E2 02.03(1) - O Proof-Like não é um esta<strong>do</strong> de conservação, mas uma peça especial que em português se denomina bustobaço sobre fun<strong>do</strong> espelha<strong>do</strong>, portanto não confundir com o esta<strong>do</strong> soberbo ou FDC.6


DUZENTOS RÉISAnv.: EMANVEL • II • PORTVG: ET • ALGARB: REXCabeça <strong>do</strong> rei à esquerda, ten<strong>do</strong> por baixo o nome <strong>do</strong> grava<strong>do</strong>r V. ALVES e o ano entre duasestrelas.Rev.: No campo, dentro de uma coroa de louro, em duas linhas, 200 REIS ten<strong>do</strong> por cima acoroa real.Lei de 9 de Setembro de 1908Metal: PrataComposição: 835Eixo: HorizontalCasa da Moeda: LisboaPeso: 5 gDiametro: 24 mmBor<strong>do</strong>: Serrilha<strong>do</strong>Data Descrição Batalha Reis Ferraro Vaz Alberto Gomes1909 3 E2.06 E2 03.01QUINHENTOS RÉISAnv.: EMANVEL • II • PORTVG: ET • ALGARB: REXCabeça <strong>do</strong> rei à esquerda, ten<strong>do</strong> por baixo o nome <strong>do</strong> grava<strong>do</strong>r V. ALVES e o ano entre duasestrelas.Rev.: Armas <strong>do</strong> reino ornamentadas entre <strong>do</strong>is ramos de carvalho e louro, ten<strong>do</strong> por baixo 500REISLei de 9 de Setembro de 1908Metal: PrataComposição: 916 2/3Eixo: HorizontalCasa da Moeda: LisboaPeso: 12,5 gDiametro: 31mmBor<strong>do</strong>: Serrilha<strong>do</strong>Data Descrição Batalha Reis Ferraro Vaz Alberto Gomes1908 2 E2.02 E2 04.011908 Proof-Like (1) E2 04.021909 2A E2.03 E2 04.031909 Data emendada no cunho de 1908 E2 04.04(1) - O Proof-Like não é um esta<strong>do</strong> de conservação, mas uma peça especial que em português se denomina bustobaço sobre fun<strong>do</strong> espelha<strong>do</strong>, portanto não confundir com o esta<strong>do</strong> soberbo ou FDC.7


Anv.: EMANVEL • II • PORTVG: ET • ALGARB: REXCabeça <strong>do</strong> rei à esquerda, ten<strong>do</strong> por baixo o nome <strong>do</strong> grava<strong>do</strong>r V. ALVES e o ano entre duasestrelas.Rev.: MOEDA COMMEMORATIVA MARQUEZ DE POMBALFigura da Victória entre nuvens, coroan<strong>do</strong> o busto <strong>do</strong> Marquês, a seu la<strong>do</strong> numa estátua, e <strong>do</strong>outro la<strong>do</strong> o escu<strong>do</strong> <strong>do</strong> reino encosta<strong>do</strong> a uma couraça, que tem por cima a coroa real e porbaixo uma palma, e no exergo, entre duas estrelas, 500 REISLei de 3 de Setembro de 1908Metal: PrataComposição: 916 2/3Eixo: HorizontalCasa da Moeda: LisboaPeso: 12,5 gDiametro: 31 mmBor<strong>do</strong>: Serrilha<strong>do</strong>Data Descrição Batalha Reis Ferraro Vaz Alberto Gomes1910 Moeda Comemorativa Marquez de Pombal 7 E2.05 E2 05.011910 Proof-Like (1) 7A E2 05.02Anv.: EMANVEL • II • PORTVG: ET • ALGARB: REXCabeça <strong>do</strong> rei à esquerda, ten<strong>do</strong> por baixo o nome <strong>do</strong> grava<strong>do</strong>r V. ALVES e o ano entre duasestrelas.Rev.: CENTENARIO DA GUERRA PENINSULAREscu<strong>do</strong> <strong>do</strong> reino sobre uma couraça, encimada pela coroa real ten<strong>do</strong> por cima as datas 18081814 Entre a couraça e o escu<strong>do</strong> tem um leão à direita e por detrás uma lança com bandeira euma espingarda com baioneta cruzadas e uma peça de artilharia, por baixo, junto à couraça, <strong>do</strong>isramos de carvalho e louro e no exergo, entre <strong>do</strong>is florões 500 REISLei de 13 de Agosto de 1908Metal: PrataComposição: 916 2/3Eixo: HorizontalCasa da Moeda: LisboaPeso: 12,5 gDiametro: 31 mmBor<strong>do</strong>: Serrilha<strong>do</strong>Data Descrição Batalha Reis Ferraro Vaz Alberto Gomes1910 Centenário da Guerra Peninsular 6 E2.04 E2 06.011910 Proof-Like (2) 6A E2 06.02(2) - Na Cartilha da Numismática Portuguesa de Batalha Reis diz o seguinte: "Destas moedas (1000 reis e 500 Reis <strong>do</strong>Centenário da Guerra Peninsular e 500 Reis <strong>do</strong> Centenário <strong>do</strong> Marquês de Pombal) fizeram-se alguns exemplaresbati<strong>do</strong>s sobre chapa brilhante e fican<strong>do</strong> o tipo baço, que são de admirável beleza. RRR (rarissímas)”8


MIL RÉISAnv.: EMANVEL • II • PORTVG: ET • ALGARB: REXCabeça <strong>do</strong> rei à esquerda, ten<strong>do</strong> por baixo o nome <strong>do</strong> grava<strong>do</strong>r V. ALVES e o ano entre duasestrelas.Rev.: CENTENARIO DA GUERRA PENINSULAREscu<strong>do</strong> <strong>do</strong> reino sobre uma couraça, encimada pela coroa real ten<strong>do</strong> por cima as datas 18081814 Entre a couraça e o escu<strong>do</strong> tem um leão à direita e por detrás uma lança com bandeira euma espingarda com baioneta cruzadas e uma peça de artilharia, por baixo, junto à couraça, <strong>do</strong>isramos de carvalho e louro e no exergo, entre <strong>do</strong>is florões 1000 REISLei de 13 de Agosto de 1908Metal: PrataComposição: 916 2/3Eixo: HorizontalCasa da Moeda: LisboaPeso: 25 gDiametro: 37 mmBor<strong>do</strong>: Serrilha<strong>do</strong>Data Descrição Batalha Reis Ferraro Vaz Alberto Gomes1910 Centenário da Guerra Peninsular 5 E2.01 E2 07.011910 Proof-Like (2) 5A E2 07.02(2) - Na Cartilha da Numismática Portuguesa de Batalha Reis diz o seguinte: "Destas moedas (1000 reis e 500 Reis <strong>do</strong>Centenário da Guerra Peninsular e 500 Reis <strong>do</strong> Centenário <strong>do</strong> Marquês de Pombal) fizeram-se alguns exemplaresbati<strong>do</strong>s sobre chapa brilhante e fican<strong>do</strong> o tipo baço, que são de admirável beleza. RRR (rarissímas)”Anv.: AnepigrafeCabeça <strong>do</strong> rei à esquerda.ENSAIOSLei ?Metal: Ver descriçãoComposição: ?Eixo: Não aplicávelCasa da Moeda: LisboaPeso: ?Diametro: 31mm aprox.Bor<strong>do</strong>: ?Data Descrição Batalha Reis Ferraro Vaz Alberto GomesND Ensaio Uniface - Estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> busto real – PrataND Ensaio Uniface - Estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> busto real – Cu-NiND Ensaio Uniface - Estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> busto real – Bronze(3)(3) - No 63º Leilão da Numisma vem com o numero 352 um ensaio com a seguinte descrição: "Ensaio de busto (500Reis) Uniface Cobre (assina<strong>do</strong> Simões)" e no Catálogo Geral <strong>do</strong>s Cunhos da Casa da Moeda a pag. 380 sob o nº 13apresenta um galvano em bronze também assina<strong>do</strong> Simôes e com a indicação de "Estu<strong>do</strong> não aprova<strong>do</strong>" - Assim levaa supor que estes ensaios foram feitos por Simões e não por Venâncio Alves, isto até prova em contrário.9


D. MANUEL II E O FÓRUM1º Centenário da Guerra Peninsular, por José Matos (Alfonsvs)Para comemorar a valorosa participaçãoportuguesa nas batalhas travadas durante asinvasões francesas da Península Ibérica,entre 1808 e 1814, foi ordena<strong>do</strong> pela Lei de13 de Agosto de 1908, que se cunhassemmoedas de prata de 1000 e de 500 réis.Ao conjunto das batalhas, travadas tanto emPortugal como em Espanha: Roliça, Vimeiro,Corunha, Talavera, Buçaco, etc, foi da<strong>do</strong> onome de Guerra Peninsular.Aqui a moeda de 500 reis foi emoldurada porselos fiscais sobre uma carta de sentença,pela disputa de um terreno <strong>do</strong> meu bisavô,em 1909.10


Quan<strong>do</strong> faleceu o meu avô, tinha eu 6 anos, conhecia vários <strong>do</strong>cumentos, transmiti<strong>do</strong>s de pais para filhos, que o meuavô me mostrava e que eu muito apreciava. São dezenas de <strong>do</strong>cumentos varia<strong>do</strong>s, que hoje estão em minha posse,desde escrituras a testamentos, de nomeações a certidões, que contam a história de várias gerações desde 1787, data<strong>do</strong> mais antigo. O que me atraiu nestes <strong>do</strong>cumentos desde criança foi o colori<strong>do</strong> <strong>do</strong>s selos fiscais, a caligrafiaespectacular e, claro, o facto de se relacionarem com os meus antepassa<strong>do</strong>s.Claro que o tema deste tópico é essencialmente a moeda comemorativa da guerra peninsular que comprei numa feira.O <strong>do</strong>cumento serve para embelezar, mas igualmente para comparar o valor facial da moeda com o custo da acção e<strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento de 13 folhas: cada uma leva o Imposto <strong>do</strong> selo de 100 réis e no final três selos fiscais de 100, 20 e 90reis. O que totaliza 1510 reis.11


AS MOEDAS E A HISTÒRIA – A GUERRA PENINSULARA chamada Guerra Peninsular sucedeu no início <strong>do</strong> século XIX, na Península Ibérica, integran<strong>do</strong> o eventomais amplo das Guerras Napoleónicas. Envolveu Portugal, Espanha, Grã-Bretanha e França, comrepercussões além da Europa, na independência da América Latina.AntecedentesA Guerra da Restauração entre 1807 e 1814, tem uma sequência de eventos envolven<strong>do</strong> a península queremontam à Campanha <strong>do</strong> Rossilhão (1793–95), quan<strong>do</strong> tropas de Portugal reforçam as da Espanha,integran<strong>do</strong> a primeira aliança liderada pela Inglaterra contra a França revolucionária.A partir da ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder (1799), a Espanha alia-se à França para, por meio dainvasão e da divisão de Portugal entre estes, atingir indirectamente os interesses comerciais <strong>do</strong> Reino Uni<strong>do</strong>da Grã-Bretanha e da Irlanda <strong>do</strong> Norte (Guerra das Laranjas, 1801).Oscilan<strong>do</strong> entre o Reino Uni<strong>do</strong> da Grã-Bretanha e a França enquanto potências, Portugal tenta um equilíbrioque preserve a sua soberania e os seus interesses. Sem conseguir que Portugal encerrasse os seus portos aoReino Uni<strong>do</strong>, Napoleão assinou o Trata<strong>do</strong> de Fontainebleau com a Espanha (27 de Outubro de 1807),projectan<strong>do</strong> repartir o território português a ser conquista<strong>do</strong>, em três reinos:• Lusitânia Setentrional – território entre o rio Minho e o rio Douro, um principa<strong>do</strong> a ser governa<strong>do</strong>pelo soberano <strong>do</strong> extinto reino da Etrúria (então Maria Luísa, filha de Carlos IV de Espanha);• Algarves – região compreendida ao sul <strong>do</strong> Tejo, a ser governada por Manuel de Go<strong>do</strong>y, o Príncipe daPaz, primeiro-ministro de Carlos IV, com o título de rei; e• Resto de Portugal – território circunscrito entre o rio Douro e o rio Tejo, região estratégica pelos seusportos, a ser administrada directamente pela França até à paz geral.Para o cumprimento <strong>do</strong> Trata<strong>do</strong>, Napoleão ordenou a invasão de Portugal, inician<strong>do</strong> o que se denomina porGuerra Peninsular (1807–1814), cuja primeira parte é conhecida como invasões francesas a Portugal.A 1ª InvasãoEmbarque para o Brasil <strong>do</strong> Príncipe Regente de Portugal, D. João VI, e de todaa família real, no Porto de Belém, em 27 de Novembro de 1807. Gravura feitapor Francisco Bartolozzi (1725-1815) a partir de óleo de Nicolas Delariva.Sob o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> General Jean-An<strong>do</strong>che Junot, as tropas francesas entraramna Espanha em 18 de Outubro de 1807, cruzan<strong>do</strong> o seu território em marchaacelerada em pleno Inverno, e alcançan<strong>do</strong> a fronteira portuguesa em 20 deNovembro. Sem encontrar resistência militar, uma coluna de tropas invasorasatingiu Abrantes a 24. Faminto e desgasta<strong>do</strong> pela marcha e pelo rigor da estação, o exército francês tevedificuldade para ultrapassar o rio Zêzere, entran<strong>do</strong> em Santarém a 28, de onde partiu no mesmo dia, rumo aLisboa, onde entrou a 30, à frente de <strong>do</strong>is regimentos em mau esta<strong>do</strong>. Um dia antes, a Família Real e a Corteportuguesa haviam larga<strong>do</strong> ferros da barra <strong>do</strong> rio Tejo, rumo ao Brasil, levan<strong>do</strong> em 34 navios de guerraportugueses, cerca de 15.000 pessoas, deixan<strong>do</strong> o governo de Portugal nas mãos de uma regência, cominstruções para não "resistir" aos invasores.12


No ano seguinte, em Agosto, uma força britânica sob o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> general Arthur Wellesley (mais tardeduque de Wellington), desembarcava em Portugal, avançan<strong>do</strong> sobre Lisboa. Travaram-se, na sequência, abatalha de Roliça e a batalha <strong>do</strong> Vimeiro, vencidas pelos alia<strong>do</strong>s Portugal/Reino Uni<strong>do</strong> da Grã-Bretanhaforçan<strong>do</strong> à Convenção de Sintra.A 2ª InvasãoMonumento à Guerra Peninsular, no Porto.Enquanto a invasão de Portugal sucedia, Napoleão forçou a abdicação <strong>do</strong> reiCarlos IV de Espanha e de seu herdeiro, D. Fernan<strong>do</strong> (Baiona, 1808),conduzin<strong>do</strong> ao trono espanhol o seu irmão José Bonaparte. Os espanhóisrevoltaram-se contra os usurpa<strong>do</strong>res franceses, obten<strong>do</strong> apoio das tropasbritânicas estacionadas no norte de Portugal. Sob o coman<strong>do</strong> de John Moore, osBritânicos passam a fronteira no início de 1809, para serem derrota<strong>do</strong>s, naCorunha, pelo Marechal Nicolas Jean de Dieu Soult. Obrigadas a retirar,deixaram a descoberto a fronteira com Portugal, permitin<strong>do</strong> a Soult, invadir opaís pela fronteira de Trás-os-Montes e Alto Douro (Chaves) em Março de1809, avançan<strong>do</strong> até à cidade <strong>do</strong> Porto, cidade que ocuparam a 24 desse mês, fixan<strong>do</strong> fronteira no rio Douro.Em Maio desse mesmo ano, tropas Luso-Britânicas sob o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> General Arthur Wellesley e <strong>do</strong>comandante-em-chefe o Marechal William Carr Beresford, venceram a chamada batalha <strong>do</strong> Douro,reconquistan<strong>do</strong> a cidade <strong>do</strong> Porto (29 de Maio) e expulsan<strong>do</strong> o invasor, que se retirou para a Galiza. Seguin<strong>do</strong>para o sul, as tropas de Wellesley travaram a batalha de Talavera em território espanhol e regressaram aPortugal.É de salientar ainda a importância da escaramuça de Serém, Concelho <strong>do</strong> Vouga — região pantanosa <strong>do</strong> rioVouga e <strong>do</strong> rio Marnel, actualmente pertencente ao Concelho de Águeda —, em que o Capitão-Mor <strong>do</strong>Vouga, José Pereira Simões, travou o avanço para o Sul <strong>do</strong> Marechal Soult, até à chegada <strong>do</strong> CoronelNicholas Trant e <strong>do</strong> Batalhão Académico e, posteriormente, <strong>do</strong> General Arthur Wellesley, com reforços.Como consequência, as hostes <strong>do</strong> Marechal Soult não conseguiram atravessar o rio Vouga, perderam aescaramuça de Serém e foram obriga<strong>do</strong>s a retirar-se para o Norte, ten<strong>do</strong>-se acantona<strong>do</strong> na cidade <strong>do</strong> Porto.A 3ª InvasãoUma terceira invasão francesa <strong>do</strong> território português teve início em 1810, sob o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Marechal AndréMasséna. Penetran<strong>do</strong> pela região Nordeste de Portugal, conquistou a Praça-forte de Almeida (Agosto), nafronteira, marchan<strong>do</strong> em seguida sobre Lisboa. Intercepta<strong>do</strong> pelas forças Luso-Britânicas, foi derrota<strong>do</strong> nabatalha <strong>do</strong> Buçaco (27 de Setembro). Reagrupan<strong>do</strong> as suas forças, retomou a marcha, flanquean<strong>do</strong> as tropasLuso-Britânicas e forçan<strong>do</strong>-as a recuarem para defender a capital. Os franceses atingiram as Linhas de Torresa 14 de Outubro, erguidas na previsão dessa eventualidade e onde as tropas Luso-Britânicas os aguardavamdesde o dia 10, retiran<strong>do</strong>-se, derrota<strong>do</strong>s, ao final <strong>do</strong> dia seguinte.13


A contra-ofensivaA campanha <strong>do</strong>s exércitos britânico, português e espanhol, entre Maio e Agosto de 1813, culminou na batalhade Vitória, seguida um mês depois pela batalha <strong>do</strong>s Pirinéus. Em pouco mais de <strong>do</strong>is meses e depois de umaofensiva de 600 quilómetros com mais de 100 mil homens das três nações em armas, o curso da históriaeuropeia foi modifica<strong>do</strong> de forma decisiva. Seguiu-se uma série de batalhas em território francês até à vitóriaem Toulouse (10 de Abril de 1814), que colocou fim à Guerra Peninsular.ConclusãoO estu<strong>do</strong> das circunstâncias que envolvem a Guerra Peninsular são importantes pelos des<strong>do</strong>bramentos queencerram, debilitan<strong>do</strong> as forças da França e consolidan<strong>do</strong> a hegemonia inglesa que se afirma desde então. Aoeliminar a monarquia de Carlos IV de Bourbon na Europa, Napoleão abriu as portas que conduziram àindependência da América espanhola (com importante apoio da Grã-Bretanha). O mesmo ocorreu ao permitira saída de D. João VI para o Brasil, processo que criaria as pré-condições para a independência da Américaportuguesa. Ainda em 1808, ao aportar a Salva<strong>do</strong>r, na Baia, o Príncipe regente assinou o Decreto de Abertura<strong>do</strong>s Portos às Nações Amigas, vin<strong>do</strong> a assinar, em 1810, os trata<strong>do</strong>s que permitiram a hegemonia britânica nasrelações comerciais entre ambos os países, abrin<strong>do</strong> as portas de um merca<strong>do</strong> em três continentes, com tarifasalfandegárias privilegiadas. Com fôlego renova<strong>do</strong>, sob o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> mesmo Wellington, herói da GuerraPeninsular, a Grã-Bretanha derrotou Napoleão na batalha de Waterloo (1815), desfrutan<strong>do</strong> de uma hegemoniamundial que conservaria até a Primeira Guerra Mundial (1914–18).Por outro la<strong>do</strong>, embora com menor impacto, o governo de Portugal declararia guerra à França e à Espanha,ocupan<strong>do</strong> a Guiana francesa (1809–15) e a Banda Oriental <strong>do</strong> rio da Prata, actual Uruguai (1810–28).A crise económica e institucional em Portugal continental agravou-se com a permanência da corte portuguesano Brasil, o que fortaleceu as ideias liberais no país, conduzin<strong>do</strong> à Revolução <strong>do</strong> Porto (1820) e forçan<strong>do</strong> oretorno <strong>do</strong> soberano à Europa (1821). A tentativa de recolonização <strong>do</strong> Brasil levou à independência deste, noano seguinte (1822). Enquanto que franceses e ingleses continuaram com o seu desenvolvimento económico eindustrial, Portugal viu o seu território transforma<strong>do</strong> em campo de batalha, as cidades constantementepilhadas pelos exércitos estrangeiros e a indústria estagnada.in “Wikipédia”14


AS MOEDAS E A HISTÒRIA – MARQUÊS DO POMBALSebastião José de Carvalho e Melo, mais conheci<strong>do</strong> como Marquês de Pombal ou Conde de Oeiras,(Lisboa, 13 de Maio de 1699 — Leiria, 8 de Maio de 1782) foi um nobre e estadista português. Foi secretáriode Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Reino (primeiro-ministro) <strong>do</strong> Rei D. José I (1750-1777), sen<strong>do</strong> considera<strong>do</strong>, ainda hoje, uma dasfiguras mais controversas e carismáticas da História Portuguesa.Representante <strong>do</strong> Despotismo ilumina<strong>do</strong> em Portugal no século XVIII, viveu num perío<strong>do</strong> da históriamarca<strong>do</strong> pelo iluminismo, ten<strong>do</strong> desempenha<strong>do</strong> um papel fulcral na aproximação de Portugal à realidadeeconómica e social <strong>do</strong>s países <strong>do</strong> Norte da Europa, mais dinâmica <strong>do</strong> que a portuguesa. Iniciou com esseintuito várias reformas administrativas,económicas e sociais. Acabou na prática com osautos de fé em Portugal e com a discriminação <strong>do</strong>scristãos-novos, apesar de não ter extingui<strong>do</strong>oficialmente a Inquisição portuguesa, em vigor"de jure" até 1821.Foi um <strong>do</strong>s principais responsáveis pela expulsão<strong>do</strong>s Jesuítas de Portugal e suas colónias. A suaadministração ficou marcada por duascontrariedades célebres: a primeiro foi oTerramoto de Lisboa de 1755, um desafio que lheconferiu o papel histórico de renova<strong>do</strong>rarquitectónico da cidade. Pouco depois, oProcesso <strong>do</strong>s Távora, uma intriga comconsequências dramáticas.OrigensMarquês de Pombal, por Louis-Michel van Loo, 1766Filho de Manuel de Carvalho e Ataíde, fidalgo da província, com propriedade na região de Leiria e de suamulher, Teresa Luísa de Men<strong>do</strong>nça e Melo. Na sua juventude estu<strong>do</strong>u direito na Universidade de Coimbra eserviu no exército um curto perío<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong> se mu<strong>do</strong>u para a capital, Lisboa, Sebastião de Melo era umhomem turbulento. A sua primeira mulher foi Teresa de Men<strong>do</strong>nça e Almada (1689-1737), sobrinha <strong>do</strong> condede Arcos, com quem casou por arranjo da família, depois de um rapto consenti<strong>do</strong>. Os pais da recém-formadafamília tornaram a vida <strong>do</strong> casal insustentável, pelo que se retiraram para as suas propriedades próximas dePombal.Carreira diplomáticaEm 1738, Sebastião de Melo foi nomea<strong>do</strong> no seu primeiro cargo público, como embaixa<strong>do</strong>r em Londres. Em1745 foi transferi<strong>do</strong> para Viena, Áustria. Depois da morte da sua primeira mulher, a rainha de Portugal,arquiduquesa Maria Ana de Áustria mostrou-se amiga <strong>do</strong> embaixa<strong>do</strong>r ao arranjar-lhe o casamento com a filha<strong>do</strong> marechal austríaco Daun (Condessa Maria Leonor Ernestina Daun).15


O rei D. João V, no entanto, pouco satisfeito com as prestações de Sebastião de Melo, fê-lo regressar aPortugal em 1749. O rei morreu no ano seguinte e, de acor<strong>do</strong> com uma recomendação da rainha-mãe, o novorei D. José I nomeou Sebastião como ministro <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros. Ao contrário <strong>do</strong> pai, D. José foi-lhemuito benévolo e confiou-lhe gradualmente o controle <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.Secretário de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Reino (Primeiro-Ministro)Em 1755, Sebastião de Melo já era primeiro-ministro <strong>do</strong> reino.Governou com mão de ferro, impon<strong>do</strong> a lei a todas as classes, desdeos mais pobres até à alta nobreza. Impressiona<strong>do</strong> pelo sucessoeconómico inglês, tentou, com sucesso, implementar medidas queincutissem um senti<strong>do</strong> semelhante à economia portuguesa. A regiãodemarcada para a produção <strong>do</strong> vinho <strong>do</strong> Porto, a primeira região aassegurar a qualidade <strong>do</strong>s seus vinhos, data da sua governação. Emsua gestão, Pombal pôs em prática um vasto programa de reformas,cujo objectivo era racionalizar a administração sem enfraquecer opoder real. Para atingir essa meta, o ministro incorporou as novasideias divulgadas na Europa pelos iluministas, mas ao mesmo tempoconservou aspectos <strong>do</strong> absolutismo e da política mercantilista.O Marquês de Pombal foi a figura-chave <strong>do</strong> governo português entre1750 e 1777. Sua gestão foi um perfeito exemplo de despotismoesclareci<strong>do</strong>, forma de governo que combinava a monarquiaabsolutista com o racionalismo iluminista. Uma notável realização dePombal foi a fundação, em 1774, da Vila Real de Santo António,próxima à foz <strong>do</strong> rio Guadiana, no sul de Portugal.Estátua <strong>do</strong> Marquês de Pombal em LisboaAboliu também a escravatura nas Índias portuguesas, reorganizou o exército e a marinha, reestruturou aUniversidade de Coimbra acaban<strong>do</strong> com a discriminação <strong>do</strong>s "cristãos novos" (pelo menos em parte). Masuma das mais importantes reformas foi nos campos das economias e finanças, com a criação de companhias eassociações corporativas que regulavam a actividade comercial, assim como a reforma <strong>do</strong> sistema fiscal.Todas estas reformas granjearam-lhe a inimizade das altas classes sociais, em especial da nobreza,apelidan<strong>do</strong>-o - "novo rico".O terramoto de 1755O desastre abateu-se sobre Portugal na manhã <strong>do</strong> dia 1 de Novembro (dia de To<strong>do</strong>s os Santos) de 1755. Nestadata, Lisboa foi abalada por um violento tremor de terra, com uma amplitude que em tempos actuais éestimada em cerca de nove pontos na escala de Richter. A cidade foi devastada pelo tremor de terra, pelomaremoto (um tsunami) e ainda pelos incêndios que se seguiram.16


Sebastião de Melo sobreviveu por sorte, mas não se impressionou. Imediatamente tratou da reconstrução dacidade, de acor<strong>do</strong> com a famosa frase: "E agora? Enterram-se os mortos e alimentam-se os vivos". Apesar dacalamidade, Lisboa não foi afectada por epidemias e menos de um ano depois já se encontrava reconstruída. Abaixa da cidade foi redesenhada por um grupo de arquitectos, com a orientação expressa de resistir aterramotos subsequentes. Foram construí<strong>do</strong>s modelos para testes, nos quais os terramotos foram simula<strong>do</strong>spelo marchar de tropas. Os edifícios e praças da Baixa Pombalina de Lisboa ainda prevalecem, sen<strong>do</strong> uma dasatracções turísticas de Lisboa.Sebastião de Melo fez também uma importante contribuição para a sismologia: elaborou um inquérito envia<strong>do</strong>a todas as paróquias <strong>do</strong> país. Exemplos de questões aí incluídas: os cães e outros animais comportaram-se deforma estranha antes <strong>do</strong> evento?; O nível da água <strong>do</strong>s poços subiu ou desceu?; Quantos edifícios foramdestruí<strong>do</strong>s? Estas questões permitiram aos cientistas portugueses a reconstrução <strong>do</strong> evento e marcaram onascimento da sismologia enquanto ciência.O Processo <strong>do</strong>s TávorasNa sequência <strong>do</strong> terramoto, D. José I deu ao seu primeiro-ministro poderes acresci<strong>do</strong>s, tornan<strong>do</strong> Sebastião deMelo numa espécie de dita<strong>do</strong>r. À medida que o seu poder cresceu, os seus inimigos aumentaram e as disputascom a alta nobreza tornaram-se frequentes. Em 1758 D. José I é feri<strong>do</strong> numa tentativa de regicídio.Retrato <strong>do</strong> Marquês de Pombal com a insígnia da Ordem de CristoA família de Távora e o Duque de Aveiro foram implica<strong>do</strong>s no atenta<strong>do</strong> eexecuta<strong>do</strong>s após um rápi<strong>do</strong> julgamento. Expulsou e confiscou os bens da Companhiade Jesus (jesuítas), porque a sua influência na sociedade portuguesa e as suasligações internacionais eram um entrave ao fortalecimento <strong>do</strong> poder régio.Sebastião de Melo não mostrou misericórdia, ten<strong>do</strong> persegui<strong>do</strong> cada um <strong>do</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, incluin<strong>do</strong> mulheres e crianças. Com este golpe final, o poder da nobrezafoi decisivamente contraria<strong>do</strong>, marcan<strong>do</strong> uma vitória sobre os inimigos <strong>do</strong> rei. Pelasua acção rápida, D. José I atribuiu ao seu leal ministro o título de Conde de Oeirasem 1759.No seguimento <strong>do</strong> caso Távora, o novo Conde de Oeiras não conheceu qualquer nova oposição. Adquirin<strong>do</strong> otítulo de Marquês de Pombal em 1770, teve quase exclusivamente o poder de governar Portugal até à morte deD. José I em 1777. A sucessora, rainha Maria I e o seu mari<strong>do</strong> Pedro III detestavam o Marquês. Maria nuncaper<strong>do</strong>ou a impiedade mostrada para com a família Távora e retirou-lhe to<strong>do</strong>s os cargos.A Rainha ordenou que o Marquês se resguardasse sempre a uma distância de pelo menos 20 milhas dela. Sepassasse em viagem por uma das suas propriedades, o Marquês era obriga<strong>do</strong> por decreto a afastar-se de casa.Maria I teria alegadamente sofri<strong>do</strong> de ataques de raiva apenas ao ouvir o nome <strong>do</strong> antigo primeiro-ministro deseu pai.O Marquês de Pombal morreu pacificamente na sua propriedade em 15 de Maio de 1782. Os seus últimos diasde vida foram vivi<strong>do</strong>s em Pombal e na Quinta da Gramela, propriedade que herdara de seu tio, o arciprestrePaulo de Carvalho e Ataíde, em 1713. Hoje, ele é relembra<strong>do</strong> numa enorme estátua colocada numa das maisimportantes praças de Lisboa, que tem o seu nome. Marquês de Pombal é também o nome da estação demetropolitano mais movimentada de Lisboa.17


ReformasReformas económicasApesar <strong>do</strong>s problemas, Sebastião de Melo levou a cabo um ambicioso programa de reformas. Entre outrasrealizações, seu governo procurou incrementar a produção nacional em relação à concorrência estrangeira,desenvolver o comércio colonial e incentivar o desenvolvimento das manufacturas. No âmbito dessa política,em 1756 foi criada a Companhia para a Agricultura das Vinhas <strong>do</strong> Alto Douro, à qual o ministro concedeuisenção de impostos no comércio e nas exportações, estabelecen<strong>do</strong> assim a primeira zona de produçãovinícola demarcada no mun<strong>do</strong>, colocan<strong>do</strong>-se os célebres marcos pombalinos nas delimitações da região. Em1773, surgia a Companhia Geral das Reais Pescas <strong>do</strong> Reino <strong>do</strong> Algarve, destinada a controlar a pesca no sulde Portugal.Ao mesmo tempo, o marquês criou estímulos fiscais para a instalação de pequenas manufacturas voltadas parao merca<strong>do</strong> interno português, <strong>do</strong> qual também faziam parte as colónias. Essa política proteccionista englobavamedidas que favoreciam a importação de matérias-primas e encareciam os produtos importa<strong>do</strong>s similares aosde fabricação portuguesa. Como resulta<strong>do</strong>, surgiram no reino centenas de pequenas manufacturas produtoras<strong>do</strong>s mais diversos bens.O ministro fun<strong>do</strong>u também o Banco Real em 1751 e estabeleceu uma nova estrutura para administrar acobrança <strong>do</strong>s impostos, centralizada pela Real Fazenda de Lisboa, sob seu controle directo.Reformas religiosasA acção reforma<strong>do</strong>ra de Pombal estendeu-se ainda ao âmbito da política e <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Nesse campo, oPrimeiro-Ministro empenhou-se no fortalecimento <strong>do</strong> absolutismo <strong>do</strong> rei e no combate a sectores einstituições que poderiam enfraquecê-lo. Diminuiu o poder da Igreja, subordinan<strong>do</strong> o Tribunal <strong>do</strong> SantoOfício (Inquisição) ao Esta<strong>do</strong> e, em 1759, expulsou os jesuítas da metrópole e da colónia, confiscan<strong>do</strong> seusbens, sob a alegação de que a Companhia de Jesus agia como um poder autónomo dentro <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>português.Apesar de a Inquisição não ter si<strong>do</strong> oficialmente desmantelada, ela sofreu com o governo de Pombal umprofun<strong>do</strong> abalo, com medidas que a enfraqueceriam.• Em 5 de Outubro de 1768 obrigou por decreto os nobres portugueses anti-semitas (na altura chama<strong>do</strong>sde "puritanos") que tivessem filhos em idade de casar, a organizar casamentos com famílias judaicas.• Em 25 de Maio de 1773 fez promulgar uma lei que extinguia as diferenças entre cristãos-velhos(católicos sem suspeitas de antepassa<strong>do</strong>s judeus) e cristãos-novos, tornan<strong>do</strong> inváli<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s osanteriores decretos e leis que discriminavam os cristão-novos. Passou a ser proibi<strong>do</strong> usar a palavra"cristão-novo", quer por escrito quer oralmente. As penas eram pesadas: para o povo - chicoteamentoem praça pública e exílio em Angola; para os nobres - perda de títulos, cargos, pensões oucondecorações; para o clero - expulsão de Portugal.• Em 1 de Outubro de 1774, publicou um decreto que fazia os veredictos <strong>do</strong> Santo Ofício dependeremde sanção real, o que praticamente anulava a Inquisição portuguesa. Deixariam de se organizar emPortugal os Autos-de-fé.18


Reformas na educaçãoNa esfera da educação, introduziu importantes mudanças no sistema de ensino <strong>do</strong> reino e da colónia - que atéessa época estava sob a responsabilidade da Igreja -, passan<strong>do</strong>-o ao controle <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. A Universidade deÉvora, por exemplo, pertencente aos jesuítas, foi extinta, e a Universidade de Coimbra sofreu profundareforma, sen<strong>do</strong> totalmente modernizada.A "reforma universitária" <strong>do</strong> Marquês de Pombal incluía também o fim da proibição de alunos ou professorescom ascendência judaica nos quadros <strong>do</strong> estabelecimento de ensino.Reformas no aparelho de Esta<strong>do</strong>Marquês de Pombal introduziu, de igual mo<strong>do</strong>, importantes mudanças no aparelho de esta<strong>do</strong> português. Acriação das primeiras compilações de direito civil, que substituiu assim o direito canónico, representou oprimeiro passo para a afirmação de Pombal enquanto estadista e o esta<strong>do</strong> como entidade superior e autónomaface ao resto da sociedade, inclusive até à própria Igreja Católica. De facto, o esta<strong>do</strong> português pronunciou-sevárias vezes em desacor<strong>do</strong> com a Santa Sé, estabelecen<strong>do</strong>-se corte de relações diplomáticas até à morte de D.José e posterior subida ao trono de D. Maria I.O clientelismo fez florescer um novo conceito na História portuguesa, o chama<strong>do</strong> pombalismo. o pombalismonão era, apenas, uma rede clientelar, sen<strong>do</strong> também, ao mesmo tempo, quan<strong>do</strong> analisada a obra pombalina,uma <strong>do</strong>utrina política. Toda a feitura de Marquês de Pombal foi no senti<strong>do</strong> de racionalizar o esta<strong>do</strong> e dePortugal superar atrasos vários na sua economia. Nacionalizar e proteger a economia, tornan<strong>do</strong> o próprioesta<strong>do</strong> ― legalmente ― gestor e tutor da sua economia. Em suma, o pombalismo é um conceito que fazreferência a todas as alterações feitas por Marquês de Pombal e seus colabora<strong>do</strong>res.O Marquês de Pombal e o BrasilExiste uma certa dissonância entre a percepção popular <strong>do</strong> Marquês entre os portugueses (que o vêem comoherói nacional) e entre alguns brasileiros, principalmente osda região sul, (que o vêem como tirano e opressor).Na visão <strong>do</strong> governo português, a administração da colóniadevia ter sempre como meta a geração de riquezas para oreino. Esse princípio não mu<strong>do</strong>u sob a administração <strong>do</strong>Marquês. O regime de monopólio comercial, por exemplo,não só se manteve, como foi acentua<strong>do</strong> para se obter maioreficiência na administração colonial.Litografia <strong>do</strong> Marquês de Pombal em rótulo de cigarro.19


D. MANUEL II - AS NOTASNeste curto reina<strong>do</strong>, poucas foram as notas emitidas para circulação. Aliás praticamente todas as notasacabaram com a sobrecarga REPUBLICA.VALOR FACIAL DATA COR CHAPA DIM. (mm) REF. PICK500 REIS 30-09-1910 Verde Ch. 3 119 x 73 1051000 REIS 30-09-1910 Azul Claro Ch. 3 120 x 77 1062500 REIS 20-06-1909 Verde Ch. 4 125 x 81 1072500 REIS 20-06-1909 Verde Ch. 4 125 x 81 1072500 REIS 30-06-1909 Verde Ch. 4 125 x 81 1072500 REIS 30-09-1910 Verde Ch. 4 125 x 81 1075000 REIS 30-12-1909 Cinzento Escuro Ch. 7 139 x 89 1045000 REIS 30-03-1910 Cinzento Escuro Ch. 7 139 x 89 10410000 REIS 22-05-1908 Castanho Ch. 3 165 x 105 8110000 REIS 30-12-1909 Castanho Ch. 3 165 x 105 8110000 REIS 22-05-1908 Verde Ch. 4 161 x 103 10810000 REIS 30-09-1910 Verde Ch. 4 161 x 103 10820000 REIS 30-12-1909 Verde Azula<strong>do</strong> Ch. 9 179 x 115 10950000 REIS 30-09-1910 Verde Escuro Ch. 3 193 x 120 8550000 REIS 30-09-1910 Azul Ch. 4 192 x 117 110100000 REIS 30-06-1908 Azul Ch. 1 197 x 118 78100000 REIS 10-03-1909 Azul Ch. 1 197 x 118 78100000 REIS 22-05-1908 Verde Ch. 2 204 x 126 111100000 REIS 10-03-1909 Verde Ch. 2 204 x 126 111100000 REIS 30-09-1910 Verde Ch. 2 204 x 126 111Mil Reis2.500 Reis21


A MOEDA DO ANO DE 2007Mais uma vez se realizou a votação para a moeda <strong>do</strong> ano e, mais uma vez de parabéns está o foristaAugusto Rodrigues, com o Cruza<strong>do</strong> Calvário em ouro <strong>do</strong> reina<strong>do</strong> de D. João I. Vejamos os resulta<strong>do</strong>s de2007:1º - Augusto Rodrigues - Cruza<strong>do</strong> Calvário em ouro de D. João III - 117 Pontos2º - Alfonsvs - Cruza<strong>do</strong> de 1690, cunha<strong>do</strong> no Porto de D. Pedro II - 99 Pontos24


6º - ToninhoMantorras - Peça de 1743 em ouro de D. João V - 67 Pontos7º - Alfonsvs - LXXX Reais de D. Filipe I ND (1582) - 66 Pontos8º - Alfonsus - Pataco de D. Pedro IV em Bronze - 62 Pontos26


9º - ToninhoMantorras - Barbuda de D. Fernan<strong>do</strong> - 46 Pontos10º - Alfonsvs - Maluco (80 Reis) de 1829 de D. Maria II - 38 Pontos11º - W7 Moedas - India - D. João V - Rupia Goa N/D NAOI - 37 Pontos27


12º - <strong>do</strong>liveirarod - 1 Rúpia de 1847 de D. Maria II, India Portuguesa, Goa - 34 Pontos13º - Alfonsvs - Ceitil de D. Sebastião - 11 PontosESTE ANO HÁ MAIS…28


Aproveitan<strong>do</strong> uma ideia reforçada por alguns amigos (o Alberto Praça é um <strong>do</strong>s ‘culpa<strong>do</strong>s’), resolvi incluír no CDceiTis as excelentes reportagens extra comunicação social, muito bem elaboradas pelos excelentes profissionais <strong>do</strong>‘click’ presentes no aniversário <strong>do</strong> fórum.São imagens para mais tarde recordar, daquele que foi o primeiro <strong>do</strong>s muitos e anima<strong>do</strong>s encontros que seadivinham.O restante conteú<strong>do</strong> reporta-se ao software <strong>do</strong>s ceiTis.Sem vos querer enfadar muito com esta minha veia prosápica para a qual não me sinto minimamentevocaciona<strong>do</strong>, deixo aqui uma pequena antevisão ou esboço desses conteú<strong>do</strong>s:Menu de entrada(no almoço foram moedinhas ☺ )ceiTisceiTis – o programa <strong>do</strong>s ceiTisfotoceiTil – o programa que permite adicionar ‘infos’ nas imagens <strong>do</strong>s ceitisAniversário <strong>do</strong> fórum – tu<strong>do</strong> o relaciona<strong>do</strong> com encontroFotos – (fotos <strong>do</strong>s foristas: AJPinho, Banda<strong>do</strong>lopes, Laulo, Leos, Mbarreleiro,SantosVictor, Vitornumis)Fotos <strong>do</strong> jantar da MadeiraA medalhaOutros – alguns outros ‘extras’ inseri<strong>do</strong>s no CDAinda a tempo (mesmo na hora <strong>do</strong> fecho editorial) ainda foi possível incluir os nº 0 e 1 (este mesmo que está aler) da <strong>Revista</strong> <strong>do</strong> Fórum no CD.Muito mais haveria para incluir (a riqueza de conteú<strong>do</strong> de alguns tópicos <strong>do</strong> fórum seria sem dúvida uma maisvalia para a obra); no entanto, a enorme falta de tempo, sempre esse tempo que nos foge, não permitiu melhorar estefruto da nossa carolice. Talvez numa próxima versão.Para terminar, na próxima página terá uma antevisão global <strong>do</strong> programa <strong>do</strong>s ceitis.Nota: foi preparada uma versão deste programa para ser entregue no encontro <strong>do</strong> fórum. No entanto, porimprevistos alheios à nossa vontade, não foi possível a sua conclusão em tempo útil. Assim sen<strong>do</strong>, e uma vez que ofactor tempo deixou de ser a condicionante principal, foi resolvi<strong>do</strong> meter mãos à obra para transformar a ‘base deda<strong>do</strong>s’ <strong>do</strong>s ceiTis em algo mais consistente. É assim que aparece a versão 2.0 (muuuuitas hora, dias e semanas detrabalho depois); esperamos sinceramente ser <strong>do</strong> vosso agra<strong>do</strong> (pelo menos para os ceiTis-dependentes ☺) e que elecorresponda às expectativas.29


Os ceitis são pequenas moedas de rara beleza, lavradas inicialmente no reina<strong>do</strong> de D. Afonso V, prolongan<strong>do</strong>-se a suacunhagem até ao final <strong>do</strong> reina<strong>do</strong> de D. Sebastião (sensivelmente entre as datas de 1448 a 1566).A sua correcta identificação tem si<strong>do</strong> objecto de atura<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s por parte <strong>do</strong>s especialistas (é necessária umacuida<strong>do</strong>sa e simultânea análise de vários elementos que exige um profun<strong>do</strong> conhecimento destas espécies numismáticas - atipologia: tipo de castelo, mar, escu<strong>do</strong>, muralhas, legendas, e casa monetária; o peso; o diâmetro e demais elementos).Este software (basea<strong>do</strong> no excelente site <strong>do</strong>s Ceitis <strong>do</strong> forista Luís Nóbrega – um <strong>do</strong>s mestres nacionais de refª nestetema), permite ter disponível uma base de da<strong>do</strong>s de ceitis (com aprox. 900 ex.), to<strong>do</strong>s eles devidamente cataloga<strong>do</strong>s ereferencia<strong>do</strong>s pela ‘normalização’ por to<strong>do</strong>s aceite, definida pelo Ex.mo Sr. Engº Francisco Magro no seu livro Ceitis©.Nota: este programa não é nem poderia ser uma cópia dessa obra; baseia-se apenas nos seus conceitos para aplicar nabase de da<strong>do</strong>s. Refira-se aos interessa<strong>do</strong>s que será de to<strong>do</strong> impossível ‘sonhar com ceitis’ sem a sua consulta e obrigatórialeitura (de fácil compreensão, mas de conteú<strong>do</strong>s extremamente ricos e úteis para a identificação e conhecimento <strong>do</strong>sceitis).O programa apresenta um MENU principal (acessível de qualquer ponto), apartir <strong>do</strong> qual pode ‘navegar’ pelas diversas funções de que dispõe.• Ceitis – Fichas & colecções• Ceitis – Imagens• Ceitis – Reina<strong>do</strong>s• Ceitis – O trata<strong>do</strong>!• Ceitis – Imagens• Ceitis – Ajuda + ExtrasNa parte <strong>do</strong> Trata<strong>do</strong> dispõe de variada informação sobre ceitis e suacatalogação.No fun<strong>do</strong> ‘ensina’ a catalogar ou identificar ceitis.Contém também alguns links úteis e textos de foristas que generosamentecolaboraram na obra.Uma ficha típica de um ceitil.Contém quase todas as informações relevantes para a identificação de um ceitil.Neste momento, a base de da<strong>do</strong>s tem aproximadamente 900 ex. (e a aumentar)To<strong>do</strong>s eles fazem parte das colecções de alguns foristas e estão devidamente‘normaliza<strong>do</strong>s’ pelo mestre Luís e demais foristas.Pode ainda encontrar mais algumas funcionalidades úteis no programa.Se pretender informação mais pormenorizada pode consultar este tópico (http://forum-numismatica.com tópicoeventos) <strong>do</strong> fórum de numismática.Brevemente será aí disponibiliza<strong>do</strong> o ficheiro de ajuda <strong>do</strong> programa.Usem e abusem, pois o programa é de livre cópia (é o nosso pequeno contributo para ajuda no conhecimento destepequeno mas soberbo e fascinante espécime numismático).30

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!