CAPACITAÃÃO PARA COMITÃS DE ÃTICA EM PESQUISA
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CAPACITAÇÃO <strong>PARA</strong> COMITÊS <strong>DE</strong> ÉTICA <strong>EM</strong> <strong>PESQUISA</strong>nessa ocasião, foi criado em São Paulo o CAC (Comitêde Acompanhamento Comunitário de Pesquisas emHIV/Aids), que contava com a participação dos GruposPela Vidda, GIV (Grupo de Incentivo à Vida) e GAPA /SP.Este comitê elaborou uma carta (CAC, 1996) dirigida àpopulação em geral e a diferentes fóruns de representaçãoda sociedade.O texto da carta começa reafirmando a credibilidadeda ciência, enquanto instituição que detém autoridadepara ”avaliar a eficácia de um medicamento e seuvalor prático para o paciente”. Em seguida, revê aposição sobre os voluntários, que são agora: “Pessoasseduzidas pela propaganda de remédio inovador epelas condições de tratamento diferenciado...”. Apósbreve histórico sobre o desenvolvimento do ensaio doIndinavir no Brasil, elaboram suas críticas ao estudo,considerando quatro aspectos, eminentemente éticos:“fornecem tratamento pior que o da rede pública”;“insistem na monoterapia com o Indinavir”; “negamaos voluntários informações sobre sua saúde”;“assistem a piora do paciente sem tomar providências”.O texto termina com uma clara convocação ao controlesocial: “conclamamos as Comissões de Ética dosrenomados centros de pesquisa envolvidos, CRM – SP,CNS ,Conep, Programas Nacional e Estadual de DST/Aids e todos os interessados na prática da ética emexperimentos com seres humanos que apurem estasgraves denúncias e tornem públicas suas posições . Sãocentenas de vida em jogo!!!” (CAC,1996:22 - 23).A rede se expande incluindo numerosos atores e aquestão da ética, que ao ultrapassar os limites da éticaprofissional e problematizar a ética em pesquisa comseres humanos, mobiliza novos aliados. O parecersolicitado à recém criada Conep, teve resposta em7/12/96 recomendando a suspensão do ensaio por violarprincípios éticos. A Conep não só acatou as denúnciascontra o Protocolo nº 028, como concluiu parecerquestionando a monoterapia e o não fornecimento deexames que eram feitos nos pacientes.Com um artigo intitulado Pesquisa Polêmica daMerck Chega ao Fim (Cadernos Pela Vidda, 1997a:23)os ativistas fazem uma reflexão sobre a fragilidade dosistema de regulação da ética em pesquisa no Brasil.Durante o processo de questionamento do desenho doensaio, quando recorreram às diversas instâncias oficiaisde decisão como as comissões de ética dos centros, oPrograma Nacional de DST e Aids, o CRM-SP, esbarraramno corporativismo ou na “lentidão de uma legislaçãoarcaica”. Assim, a única alternativa foi a pressãoinformal exercida sobre os médicos dos centrosenvolvidos na pesquisa, mediante dos debates públicos,entrevistas e artigos publicados na mídia nacional einternacional .Oficialmente, quem decretou o fim do protocolofoi o Data Safety Monotoring Board (Cadernos PelaVidda, 1997a). Entretanto, essa decisão só foi tomadaduas semanas após o parecer da Conep.DiscussãoOs ensaios clínicos controlados e randomizados sãoconsiderados, tanto pela comunidade científica quantopelas agências reguladoras, como o padrão ouro paratestar a eficácia e a segurança do uso de medicamentos,porque “produz evidências mais diretas e inequívocasno sentido de esclarecer uma relação de causa-efeitoentre dois eventos” (Pereira, 1995:290). Neste tipo deexperimento, os sujeitos da pesquisa são alocados, demaneira aleatória, em grupos denominados de braçosexperimental e de controle, para em seguida, seremexpostos a uma dada-intervenção. Como os parâmetrospara o controle do experimento são definidos a priori,a qualidade dos dados produzidos sobre a intervençãoe seus efeitos costuma ser de excelente nível, do queresulta sua “alta credibilidade como produtor deevidências científicas” (Pereira, 1995:291).Entretanto, apesar do seu inegável prestígioacadêmico, são identificadas algumas limitaçõesdeterminadas por questões de natureza ética e/oumetodológica, principalmente, quando são realizadosem países subdesenvolvidos (Lurie, 1997). Dentre elas,ressaltamos a exigência de que a população de sujeitosda pesquisa seja estável e cooperativa (Pereira, 1995).Considerando o número de pessoas normalmenteenvolvidas nesses estudos, que pode variar de algumasdezenas a milhares de indivíduos, pode-se imaginar odesafio que representa para os pesquisadores garantira aderência de tantos sujeitos da pesquisa às regrasestabelecidas no protocolo. Além do cumprimento132