"A educação de base - objeto <strong>do</strong> ensi<strong>no</strong> radiofônico - visava não somente aalfabetização, mas também a conscientização e politização das populações rurais,[pois] o próprio méto<strong>do</strong> de alfabetização era um processo de conscientização epolitização partin<strong>do</strong> não das tradicionais cartilhas de alfabetização, mas de termoscomo povo, voto, liberdade, libertação, trabalho, salário, direito, dignidade, justiça,<strong>do</strong>ença, fome, união, força, sindicato, alfabetização, analfabeto, cristão, amor,responsabilidade etc."Esta pesquisa não identificou tal fato. Nos primeiros a<strong>no</strong>s das EscolasRadiofônicas, mais precisamente de 1958 a 1961, os conteú<strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>s pelasEscolas obedeceram a uma linha tradicional de ensi<strong>no</strong>, ministran<strong>do</strong> aulas para ascinco séries <strong>do</strong> antigo curso primário. As entrevistas efetivadas junto às primeirasprofessoras-locutoras - em julho de 1992 - e o material didático ainda preserva<strong>do</strong> porelas comprovam a linha tradicional desse ensi<strong>no</strong>. A <strong>no</strong>vidade ficava por conta dautilização <strong>do</strong> rádio, instrumento de comunicação de massas, com o poder de difundirrapidamente qualquer mensagem, inclusive o pensamento católico junto às massasrurais. A esse respeito, D. Eugênio Sales assim expressou-se: "Sempre pensava quedevia haver uma maneira de atingir a to<strong>do</strong>s, mesmo os mais pobres e os maisdistantes. E este meio eu o procurei durante a<strong>no</strong>s" (Collard, apud Cruz, 198258).A propósito, observe-se o conteú<strong>do</strong> dessa "Leitura Silenciosa" que ilustravaum "Teste de Verificação da Aprendizagem" a ser aplica<strong>do</strong> <strong>no</strong> 2º semestre de 1958(Anexo 8.6)."Bebeu a limonada?Sim. Eu a bebi toda. Não estava má.A limonada é uma boa bebida.E o Mateus?Mateus bebeu mate".Essa "Leitura Silenciosa" constituía-se <strong>no</strong> único texto de leitura que o testeapresentava. As palavras trabalhadas facilitavam o processo de alfabetização, poiseram compostas de fonemas estruturalmente simples, não conten<strong>do</strong>, entretanto, sinalda "conscientização" e/ou "politização referidas por Ferrari (1968).O méto<strong>do</strong> de alfabetização utiliza<strong>do</strong> nesses primeiros a<strong>no</strong>s, segun<strong>do</strong>depoimento de ex-professoras-locutoras entrevistadas, era o de<strong>no</strong>mina<strong>do</strong> "méto<strong>do</strong>globalizante", que "aprenderam quan<strong>do</strong> cursavam a Escola Normal", não existin<strong>do</strong>
ainda a intencionalidade de "politizar" nessa linha de "conscientização", o que veio aocorrer a partir <strong>do</strong> MEB e da influência da JUC/AP na Equipe Nacional (informaçãoverbal).Dentro da orientação <strong>do</strong> "méto<strong>do</strong> globalizante", eram escolhidas unidadestemáticas que correspondiam às programações desenvolvidas pelo SAR <strong>no</strong> perío<strong>do</strong>,cujo conteú<strong>do</strong> seria trabalha<strong>do</strong> durante as aulas, num espaço de aproximadamente ummês. Os demais conteú<strong>do</strong>s ou matérias deveriam gerar em tor<strong>no</strong> desse tema maior. Asprofessoras-locutoras criavam tu<strong>do</strong>, não existin<strong>do</strong> nenhuma orientação externa.Para desenvolver sua programação, as Escolas Radiofônicas estavam assimestruturadas: professora-locutora, responsável pela elaboração e transmissão dasaulas pela Emissora Rural; monitor, pessoa das comunidades trabalhadas, geralmenteindicadas pelo pároco local, por possuir algum atributo de liderança na comunidade,ou mesmo por ser reconhecidamente uma "boa pessoa" e ter alguns rudimentos deleitura e cálculo. Ao monitor competia fazer a matrícula <strong>do</strong>s alu<strong>no</strong>s - "listava osalu<strong>no</strong>s num papel e enviava para o SAR"; rádio de freqüência cativa, forneci<strong>do</strong> peloSAR, além de outros materiais, como lampião a querosene (quan<strong>do</strong> não tinha energiaelétrica, o que geralmente ocorria), giz, quadro de giz etc.. Essa estruturação foialterada com a criação <strong>do</strong> MEB em 1961.O MEB, pode-se dizer, foi fruto <strong>do</strong> II Encontro <strong>do</strong>s Bispos <strong>do</strong> Nordeste(1959), realiza<strong>do</strong> em Natal (RN). Na "Declaração <strong>do</strong>s Bispos <strong>do</strong> Nordeste", frutodesse Encontro, os 22 arcebispos e bispos presentes sugerem ao PresidenteKubitscheck as seguintes realizações a serem executadas na área da "Educação deBase e Promoção Operária":"1. Estabelecimento de medidas de financiamento para um Programa deEducação de Base através de Escolas Radiofônicas para o Nordeste.2. Programa de Educação de Base através de Escolas Radiofônicas emSergipe.3. Programa de Educação de Base <strong>no</strong> <strong>Norte</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Alagoas através deEscolas Radiofônicas, missão rural e centro de treinamento.4. Programa Piloto de Desenvolvimento de Artesanato - <strong>Rio</strong> <strong>Grande</strong> <strong>do</strong> <strong>Norte</strong>.5. Curso de Líderes Rurais em Cooperativismo da Missão IntermunicipalRural Arquidiocesana, <strong>do</strong> Maranhão.6. Escola de Pesca em Maceió". (Encontro <strong>do</strong>s Bispos <strong>do</strong> Nordeste, 2,1959:28).
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ROLIM, Francisco Cartaxo. Religião
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